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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Causa-raiz das Nossas Deficiências Físicas

Uma vez que o exterior reflete o interior, é nesse último que devemos procurar a causa- raiz de qualquer manifestação no Corpo Denso. Essas causas não são verificáveis por um exame apenas no Corpo Denso, mas podem ser discernidas por alguém capaz de investigar as condições dos Corpos mais sutis. Para saber as causas, encontradas nesses corpos sutis, dos efeitos manifestados no Corpo Denso é preciso possuir poderes espirituais para ler a Memória da Natureza, onde é gravado tudo desde o início dos tempos.

As pesquisas feitas no lado oculto da saúde e da doença fornecem uma luz surpreendente sobre a ciência da cura. Dos inúmeros fatos revelados, alguns podem ser citados, a título ilustrativo. Vejam no Livro Astrodiagnose – Um Guia para a Cura Definitiva vários exemplos.

As linhas da causa alcançam o passado distante e unem as forças de vida de cada uma das nossas palavras e transferem para dentro a substância cristalizada na nossa habitação e ambiente corporais presentes.

Se, portanto, não estamos satisfeitos com a nossa condição presente, faremos bem em lembrar que temos, por nosso próprio pensamento e ação no passado, nos tornado o que somos hoje; e que um pensamento e uma ação mais inteligentes hoje produzirão para nós um futuro melhor.

Nenhuma influência externa é responsável por nossas limitações; ninguém pode influir no nosso progresso em direção à perfeição, se nós não quisermos.

O Espírito interior é o único monitor do destino do ser humano. Nele reside todo o poder. A regeneração da sua natureza e a iluminação do Espírito prosseguem juntos. O pensamento é o grande poder regenerador: “transformai-vos, renovando a vossa Mente“, admoestou São Paulo. E novamente: “glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo“. Aqui temos as duas afirmações fundamentais de cura definitiva fornecidas por um dos médicos supremos de todos os tempos.

Para conhecer a saúde contínua e radiante é necessário viver em constante comunhão com a divindade interior. Nessa relação, a liberdade de todos os laços da causalidade passada. Esse foi o ensinamento do Cristo e de todos os iluminados que vieram após Ele, independentemente do tempo, lugar ou credo.

Afinal, sabemos que o ser humano não é um Corpo, mas um espírito interno, um Ego que utiliza o Corpo com crescente facilidade conforme evolui.

E, também, não há dúvida alguma: a lei para o Corpo é a “sobrevivência do mais apto”. Mas, para o Espírito a lei de evolução pede “Sacrifício”.

É claro e manifesto: quando o ser humano se inclina para uma diretriz de conduta mais elevada no trato com os demais, o impulso deve vir de dentro, de uma fonte não idêntica à do Corpo.

Do contrário não lutaria contra este, para fazer prevalecer esse impulso sobre os interesses mais óbvios do Corpo. Além disso, essa força tem que ser mais forte que a do Corpo, para triunfar e sobrepor-se aos desejos, impelindo ao sacrifício em benefício dos fisicamente mais débeis. 

Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda é a sombra que projeta. Quanto mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos e nossas deficiências e compreendê-los de um modo fraterno, paciente e compassivo.

Enquanto renascidos aqui, é certo que “aprendemos mais com os nossos erros do que com os nossos êxitos”. Devemos, pois contemplar o Mundo Físico através da luz apropriada; considerá-lo uma valiosa escola de experiências, onde aprendemos lições da mais alta importância.

E é por isso que, em certo sentido, o Mundo Físico é uma espécie de Escola-Modelo ou um laboratório experimental, onde se aprende a trabalhar corretamente nos outros Mundos, conheçamos ou não a sua existência, o que prova a grande sabedoria dos criadores do plano.

Se apenas conhecêssemos os Mundos superiores, cometeríamos muitos erros que só se revelariam quando as condições físicas fossem utilizadas como critério.

Lembre-se: o nosso papel neste atual Esquema de Evolução é conquistar e aprender a criar a partir da Região Química do Mundo Físico; ou seja: o baluarte da evolução é aqui!

Que as Rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Enfermidade ou a Doença Nunca Vem sem Causa

Prepara-se o caminho e adquire-se a enfermidade ou a doença, por não se fazer caso das Leis de Deus, as Leis da Natureza. Muitos sofrem as consequências das transgressões de seus pais, e ainda que não sejam responsáveis pelo que eles fizeram, é seu dever averiguar em que consiste a violação das Leis de Deus e como evitar o adquirir os mesmos hábitos dos pais, observando vida correta, que os ponha em melhores condições.

A maioria, não obstante, sofre por seguir uma norma de conduta errada. Desrespeitam seus hábitos no comer, beber, vestir, trabalhar, em se comportar. A transgressão das Leis de Deus tem resultado certo, e quando a enfermidade ou a doença sobrevém, muitos não atribuem seu sofrimento à verdadeira causa, e murmuram contra Deus por motivo de suas doenças ou enfermidades. Mas Deus não é responsável pelos sofrimentos acarretados com a infração das Leis da Natureza.

A Natureza suporta muitos abusos sem oferecer resistência aparente, e trata de fazer um esforço tendente a encobrir os efeitos do mau trato sofrido, e este esforço para corrigir suas condições se manifesta muitas vezes por meio de violenta febre e por outros transtornos físicos.

Quando o abuso da saúde é levado ao extremo, a ponto de degenerar em enfermidade ou em doença, o paciente pode muitas vezes fazer por si mesmo o que ninguém pode fazer por ele. A primeira providência é averiguar o verdadeiro caráter da enfermidade ou da doença e, então pôr-se, com conhecimento de causa, ao trabalho de combatê-la. Se a obra harmoniosa do organismo se tem desequilibrado por excesso de trabalho, ou de comer, ou outra irregularidade, não se deve agravar estas dificuldades, ingerindo drogas intoxicantes.

O comer sem moderação é muitas vezes causa de enfermidades ou doenças, e o que necessita a natureza em tal caso é livrar-se da carga que se lhes impôs.

Em muitos casos é conveniente que o paciente se prive de uma ou até de duas refeições, para que os órgãos digestivos, que se encontram fatigados pelo excesso de trabalho, tenham oportunidade de descansar. O regime de frutas por vários dias tem produzido muitas vezes grande alívio aos que trabalham mentalmente. Muitas vezes um curto período de abstinência completa, seguido de uma refeição simples e moderada, tem proporcionado notável melhora por meio da reação da natureza.

Alguns adoecem por excesso de trabalho, e para os tais, nada há melhor do que o descanso, livre de preocupações, e um rigoroso regime que lhes permita recuperar a saúde. Para os que têm o cérebro e os nervos esgotados, devido a trabalho contínuo e por viver fechado em escritórios pequenos, um passeio ao campo, onde possam viver vida simples e livre de cuidados, em contacto íntimo com a natureza, será o mais proveitoso.

Na saúde, como na enfermidade, a água pura é uma das mais excelentes bênçãos celestiais. Seu devido uso favorece a saúde. A aplicação externa de água é uma das maneiras mais fáceis e satisfatórias de regular a circulação do sangue. Um banho frio ou temperado é excelente tônico. Os banhos quentes abrem os poros e facilitam a eliminação das impurezas. Tanto os banhos quentes como os mornos acalmam os nervos e normalizam a circulação. Muitos não aprenderam por experiência própria quais são os efeitos benéficos do devido uso da água, e têm-lhe aversão. Os tratamentos hidroterápicos não são apreciados devidamente, e para aplicá-los com habilidade se requerem trabalhos que muitos não querem fazer, mas ninguém se deve desculpar por sua ignorância ou indiferença neste assunto. Quanto ao seu uso, há muitas maneiras em que se pode aplicar para aliviar a dor e deter a enfermidade.

Essa parte do cuidado da parte física é o mínimo que um paciente (alguém que está sob uma enfermidade ou doença) deve fazer: ser cooperativo!

Agora a causa sempre estará na parte não visível ao olho físico, ou seja, sempre é espiritual. E é aqui que deve ser buscada a cura. A inscrição do paciente no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz muito o ajudará na orientação de como proceder. Tentar fazer por si só, sem essa ajuda, é possível, mas muito difícil, especialmente quando o paciente não cuida da sua parte espiritual quando não está doente ou enfermo (ou só se lembra quando está nessa condição). Aqui, é quase impossível tentar sozinho. Desde a fundação da Fraternidade Rosacruz aqui na Região Química do Mundo Físico, no início do século XX, temos testemunhado milhões de casos de irmãos e irmãs Estudantes Rosacruz que alcançam a cura de uma doença ou enfermidade de um modo que, para quem não conhece, definiria como milagre.

E nunca se esqueça: o fato da causa da doença ou enfermidade estar na parte espiritual não quer dizer que o paciente não deva cuidar da parte física, pois o seu Corpo Denso é o instrumento que ele continuará utilizando na aquisição de experiências antes, durante e depois de quaisquer enfermidades ou doenças. Pelo menos, enquanto estiver vivo aqui!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de agosto/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Paternidade e a Maternidade Responsáveis

Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança…” (Gn 1:26) disse Deus: e o primeiro ser humano foi criado. E como tal, fomos criados com a capacidade de criar todos os corpos que precisamos para evoluir ainda que, nesse momento evolutivo e para se manifestar aqui na Região Química do Mundo Físico, precisamos nos juntar, vontade e imaginação, polo positivo e polo negativo, masculino e feminino, homem e mulher, para dar a oportunidade a um irmão ou irmã, um Ego evoluir aqui (e, concomitantemente a isso, garantir que teremos no futuro a chance também de evoluir aqui porque um irmão e uma irmã se propuseram a nos fornecer um Corpo Denso). Assim sendo, os pais são coparticipantes de Deus na obra da criação de seres humanos. E é por isso que, além da alegria que os filhos trazem, há uma responsabilidade enorme dos pais em relação a eles.

Quando da gravidez, a mulher precisa zelar e zelar muito pelo pequenino ser que é seu dependente. O primeiro passo numa paternidade e maternidade responsáveis, é que os pais tenham saúde física e mental para transmiti-las aos filhos. Mas se até o momento da concepção os pais agem, daí para frente a maior responsabilidade é da mãe. A necessidade de um acompanhamento médico é imprescindível a fim de prevenir ou sanar problemas. A alimentação sadia, evitando bebidas alcoólicas, tabaco e quaisquer tipos de drogas (lícitas ou ilícitas), complementada a orientação médica. Hábitos sadios são necessários para o perfeito desenvolvimento do pequenino ser ainda tão dependente da mãe.

E nesta hora em que a mãe traz em si o fruto do amor, o pai deve redobrar o carinho e os cuidados para que haja a complementação lógica de tudo que ela deve fazer.

Mas os pais não são responsáveis somente pelo desenvolvimento físico de seu bebê. A par dos cuidados já mencionados, é necessário um ambiente harmonioso, com muita paz e muito amor.

Uma criança amada e desejada dificilmente será uma criança carente e desajustada. Mesmo uma gravidez indesejada não deve gerar pensamentos destrutivos em relação à criança como se ela tivesse vindo sem nenhuma participação dos pais. A célebre frase “sou dona do meu corpo” nada significa quando se tem outro ser dentro de nós, pois nossos direitos vão somente até onde começamos direitos dos demais.

Os filhos são talentos que Deus nos confiou e dos quais nos pedirá contas. É necessário não só guardá-los para que se não percam as qualidades que trouxeram, como também incentivá-los a cultivar essas mesmas qualidades para que se desenvolvam.

Se os pais colaboram com Deus na formação de um novo ser, também devem, como Deus o faz, respeitar a individualidade desse mesmo ser. Devem orientá-los com palavras e exemplos, dar-lhes, na medida do possível, as bases necessárias para que vivam mais plenamente e aproveitem sua estadia nesse mundo para progredirem o mais que possam.

Mas de maneira alguma podem se achar donos de seus filhos. Nunca pensar ou agir como se eles fossem sua propriedade, o “meu” filho e não um indivíduo a quem eles por ajudarem-no a vir ao mundo, se tornou propriedade sua. Deus respeita-nos como indivíduos e não viola nosso livre arbítrio. Quem somos nós para nos julgarmos donos de alguém?

Não podemos ter a pretensão de que nossos filhos são propriedades nossas como o são nossas casas ou carros.

Os pais têm a missão divina de formar os filhos, orientá-los intelectual, moral e materialmente falando, tomando-os aptos a se desenvolverem melhor e, quando partirem desta vida, deixarem melhor o mundo em que viveram.

Devem sempre lhes dar exemplo, apoio e amor, trazendo-os ou pelo menos procurando trazê-los de volta ao bom caminho quando dele se afastarem.

Deus faz conosco tudo que foi acima mencionado e nós devemos fazer isso em relação a nossos filhos: ver neles um ser criado à imagem e semelhança de Deus e que, com a nossa colaboração, deve encontrar seu próprio caminho e cuja realização só dele depende.

(de Maria José A. S. de P. Coimbra, publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – junho/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Entendendo a Doutrina do Perdão dos Pecados

Popularmente se ensina, na Religião Cristã, que o Cristo morreu por nossos pecados e que se cremos n’Ele seremos perdoados. A incapacidade de crer – ou mesmo de compreender – o perdão dos nossos pecados levou muitos a crer exclusivamente na Lei de Causa e Efeito. Outros acham, ainda, que por causa das Religiões orientais ensinarem a Lei de Consequência e do Renascimento mais abertamente que as Religiões ocidentais, essas Religiões orientais são melhores, mais desenvolvidas e mais completas.

Procuraremos mostrar aqui como a Lei de Causa e Efeito ou a Lei de Consequência, muitas vezes chamada também de Lei de Compensação ou Lei de Retribuição, harmoniza-se perfeitamente com a Doutrina do Perdão dos Pecados, fornecida por Cristo, e como ambas agem de maneira vital na nossa evolução.

Na Bíblia, no Cap. 6, 7-9 da Epístola de Gálatas, é-nos dito: “Não vos enganeis; com Deus não se brinca porque tudo que o homem semear, isso também colherá.“, mostrando que a Lei de Causa e Efeito é uma realidade no nosso cotidiano e estamos sempre colhendo o que nós semeamos, nessa vida e nas vidas passadas.

Entretanto, podemos colher coisas boas se semeamos coisas boas, ou seja, podemos utilizar do nosso poder criador e colocar em ação causas não geradas antes, causas originais, que não tem nada a haver com o nosso passado, pois como também lemos na continuação em Gálatas (6,9-10): “Não nos cansemos de fazer o bem, pois no momento devido haveremos de colher (…). Enquanto dispomos de tempo, façamos bem a todos“.

Agora, sem dúvida existe um porquê das Religiões orientais possuírem apenas uma parte do ensinamento completo que se encontra na Religião Cristã. Todas as Religiões só existem porque existem pessoas que necessitam do grau de ensinamento que tais Religiões propõem. As Religiões orientais são Religiões muito antigas, dadas a todos nós num tempo em que todos nós precisávamos de tal tipo de ensinamento.

Naquele tempo éramos de natureza mais espiritual do que somos hoje. Todos éramos conscientes que renascíamos, de tempo em tempo, aqui na Terra, sempre construindo novos corpos para evoluirmos mais.

Sabíamos que o nosso verdadeiro lar não era aqui na Terra, que aqui éramos peregrinos e considerávamos a nossa existência aqui: como ruim, desinteressante, restritiva e não dávamos muita atenção para tal existência.

Ou seja, ficávamos inseridos nos nossos veículos, mas vivendo uma realidade espiritual.

O nosso Planeta era insípido, mal-acabado, selvagem, não conquistado. Dominado por vulcões, desertos, terras áridas, terremotos, tormentas, tempestades; era impraticável qualquer tentativa de levar uma existência produtiva e construtiva num lugar assim. Passávamos nossa existência aspirando ao momento de voltar para o nosso verdadeiro lar. Enquanto estávamos de dentro, aprendendo a construir os órgãos e os sistemas do nosso Corpo Denso, ainda tínhamos o que fazer durante a estada nos nossos veículos.

Mas, quando tínhamos aprendido a construir todos os órgãos e sistemas dos nossos Corpos Denso e Vital, nada mais tínhamos que fazer.

Então, passamos a ser indolentes, preguiçosos, aspirando a terminar a existência aqui na Terra, para voltarmos para o nosso Lar. Insistíamos em não dar atenção a esse Mundo Físico e, em particular, ao nosso Planeta. Se tal situação continuasse, todo o trabalho de aprendizagem de construção dos dois veículos para funcionar no Mundo Físico tinha sido jogado fora. Pois, teríamos os dois veículos, mas se não os utilizássemos, a fim de os aperfeiçoarmos, rapidamente eles se cristalizariam e a atrofia total os fariam completamente inúteis.

Sabemos que para um Corpo funcionar em um determinado Mundo, necessitamos tomar material disponível desse Mundo. Como não estávamos focando nosso trabalho nesse Mundo Físico, então tínhamos material muito pobre para construir o Corpo Denso e o Corpo Vital. Portanto, nossos dois Corpos eram incompletos, cristalizados, lentos e ineficientes. Duravam muito pouco aqui na Terra. Não tínhamos material disponível. Assim, se não partíssemos para o domínio desse Mundo, todo trabalho, até então, estaria perdido. Tínhamos que dar continuidade ao nosso caminho, então chamado de Involução, mergulhando e conquistando o ponto mais denso que nós podíamos chegar nesse atual Esquema de Evolução: a Região Química do Mundo Físico.

Foi então que, quando estávamos numa Época, conhecida na terminologia Rosacruz, como Época Atlante, fomos divididos em nações e famílias, a fim de: se tornar mais fácil a orientação para a conquista desse Mundo; desmanchar o sentimento de fraternidade universal que tínhamos (lembrem-se: inocentes e inconscientes do Mundo Físico); atender os diferentes graus de evolução que cada um de nós temos; e tornarmos conscientes desse Mundo Físico, desenvolvendo a nossa individualidade.

Entramos no regime de Jeová (especialista na construção de Corpos Denso e Vital): das Religiões de Raça; da orientação dos Arcanjos, como Espíritos de Raça, de Tribo e de Família, agregando-nos em tais grupos; e dos Anjos, quando Jeová destacou para cada um de nós um Anjo da Guarda perdurando, tudo isso, o tempo necessário para que cada um de nós se torne suficientemente forte para nos emanciparmos de toda a influência externa.

Com todo esse esquema armado, partimos para dominar esse Mundo Físico: aprendemos a construir os pulmões. Com isso pudemos trabalhar em partes da Terra que nos dava mais mobilidade, mais poder de ação, e não mais no meio submerso, enevoado e embaçado da Atlântida; herdamos a Terra Prometida, que nos fala na Bíblia. Aliás, tal termo resultou porque logo após a implantação desse novo esquema houve a necessidade de apropriar um Planeta com as mínimas condições para a nossa aprendizagem.

Condensação das águas, inundações, afloramento de terra firme, foram delineando as partes do Planeta que seria povoada por nós. Quando tudo estava pronto, herdamos essa Terra Prometida.

Com a Terra Prometida foi nos dada a orientação encontrada em no Livro do Gênesis 1,28: “frutificai e repovoai a Terra“, ou seja: naquela época foi necessário construirmos Corpos Denso e Vital para que tivéssemos muitos irmãos e muitas irmãs renascidos aqui. Aprendemos a adquirir bens materiais a fim de focarmos mais no Mundo Físico, esquecendo temporariamente a existência de outra coisa que não a vida terrestre. Impuseram o matrimônio dentro da família, a fim de focarmos mais no Mundo Físico e facilitar a congregação nossa em família.

Estimularam o uso de bebidas fermentadas externamente (alcoólicas) e do fumo, a fim de focarmos mais no Mundo Físico, paralisando a nossa sensibilidade espiritual. Foram dadas as Leis com os seguintes argumentos: se obedecêssemos às ordens dadas pelos vários Espíritos de Raça, seríamos recompensados. Por outro lado, se transgredíssemos e desobedecêssemos às suas Leis, deveríamos pagar: passando fome, sendo acometidos por pestes e outras calamidades de ordem material.

Com isso focamo-nos mais no Mundo Físico, afinal sob esse regime não havia nenhuma promessa de paraíso, pois como lemos no Antigo Testamento: “mesmo os céus pertencem ao Senhor, mas a Terra Ele a deu aos filhos dos homens.“. E foi com todo esse estímulo e motivação que nos aplicamos com a maior diligência para tirar o melhor proveito possível de tudo, pensando ser essa vida aqui a única oportunidade de estarmos aqui.

O grande efeito disso aqui está a nossa volta: convertemos o ocidente num verdadeiro jardim, num paraíso para a evolução material no planeta Terra; construímos, nós mesmos, durante nossos renascimentos, uma Terra fertilíssima e rica de toda espécie e minerais que precisamos para nossas indústrias; e, assim, atingimos o nosso objetivo de conquistar a Região Química do Mundo Físico.

O nadir desse mergulho na Região Química do Mundo Físico, conhecido como Nadir da Materialidade, foi atingido por nós ainda no final da Época Atlante. Ou seja, a conquista total dessa Região já foi feita por nós.

Em outras palavras, já no início da presente Época Ária, que é a Época a seguinte a Época Atlante, como conhecida na terminologia Rosacruz, deveríamos estar no caminho de volta em direção a conquista da Região Etérica do Mundo Físico.

Mas, e esse é um “mas” importantíssimo, havia alguns perigos de apego, de esquecimento, de revolta e de perdição que tal esquema poderia propiciar para nós. Além, obviamente, de que, nós sendo criadores potenciais divinos, dificilmente aceitaríamos ser guiados em tudo, por um longo tempo, por seres externos.

E foi aí que nos atrasamos: com a Lei de Jeová, onde a transgressão deveria ser paga, acumulamos muitas dívidas, porque estávamos sempre transgredindo.

Com isso, cada existência aqui no Mundo Físico estava servindo somente para pagar dívidas. Não sobrava tempo para criarmos nada de original. Somos muito teimosos e curiosos.

Somente sob a Lei de Causa e Efeito não poderíamos mais evoluir: apegamo-nos demais na conquista de bens materiais. Assim, aos poucos, o egoísmo e a autossatisfação tornaram-se soberanos e as boas ações, que são a base da vida celestial onde se realiza o progresso espiritual, foram negligenciadas; quanto mais inteligentes nos tornávamos, mais a astúcia e a cobiça estimulavam-nos a acumular um tesouro na Terra, sem o menor pensamento dirigido para o tesouro do céu, tão necessário para o progresso espiritual; com pouco material para construir Corpos Denso e Vital mais sutis, esses foram se cristalizando cada vez mais e se isso continuasse indefinidamente, a evolução teria sido paralisada, a Terra cristalizada; ainda tomamos a rédea da nossa evolução, atendendo os apelos dos Espíritos Lucíferos, entretanto, usando e abusando da força sexual criadora divina, o que aumentou o grau de cristalização dos nossos Corpos. E, assim, mais uma vez, precisamos de ajuda externa para evitar que nós nos perdêssemos nesse Esquema de Evolução.

E veio, então, o Cristo, que teve como premissa principal mudar a máxima “olho por olho, dente por dente” para “amai os vossos inimigos“.

Ele trouxe a Doutrina do Perdão dos Pecados, que resolveu o nosso problema de transgredir a Lei e acumular dívidas a serem pagas sob a Lei de Causa e Efeito.

Vamos ver como ela permite que façamos isso: obviamente deve haver uma base sólida nessa Doutrina. Vamos a ela: quando observamos em torno de nós notamos os diferentes aspectos da natureza, encontramos com outras pessoas com as quais convivemos e mantemos várias transações e todas as visões, sons e cenas observamos por meio de nossos órgãos dos sentidos. Mas muitos detalhes nos escapam, pois, nossa atenção é, muitas vezes, dividida. Perdemos grande parte das experiências por falta da nossa aplicação.

Além disso, essa nossa Memória Consciente que utilizamos para essas observações, lamentavelmente falha. Mas temos outro tipo de Memória, a Subconsciente. Vejamos como ela funciona: o Éter, contido no ar que respiramos, leva, consigo, até os pulmões e daí até o sangue uma pintura fiel e detalhada de tudo que está em nossa volta: cenas, sentimentos, desejos, palavras e atos. O sangue, saturado por essas imagens etéricas gravadas, chega até o nosso coração. No ventrículo esquerdo do coração, num local chamado ápice se encontra o Átomo-semente do nosso Corpo Denso. Todas as imagens trazidas pelo sangue são gravadas nesse Átomo-semente. Desse Átomo-semente, tais imagens são refletidas no Éter Refletor do nosso Corpo Vital, onde está a Memória Subconsciente. Ou seja: essa Memória possui a recordação de todas as imagens que nós vivemos compostas dos atos, sentimentos, desejos e pensamentos. É esse arquivo de imagens que compõe o Panorama da Vida que revivemos quando morremos e que é a base de toda nossa aprendizagem nos Mundos Espirituais após a morte.

Todos os atos, pensamentos, sentimentos e desejos bons e maus que fizemos para os outros, lá estão gravados. Pelos considerados maus, sofremos no Purgatório e muito teremos que expiar numa nova vida devido essas más ações, tais como restrições, doenças, dificuldades e atraso evolutivo. Os atos bons, por outro lado, são assimilados no Primeiro Céu e formam a base das nossas qualidades, caráter, alegria, oportunidades e avanço evolutivo, para a próxima vida.

E é exatamente na eliminação das imagens que compõe o que passaremos no Purgatório, que atua a Doutrina do Perdão dos Pecados. Se cada um nós, examinarmos todos os dias, as imagens que vivemos e, a cada uma que fizemos mal aos outros com um caráter: piedoso, devoto, com uma disposição de arrependimento e de reforma íntima, tentando ou com novas ações, ou com orações, ou com nova disposição, ressarcir o prejuízo evolutivo causado por nós aos outros, conseguiremos apagar as imagens dos nossos erros que estão registrados no Átomo-semente do Corpo Denso, sejam tais erros por comissão ou por omissão. Está aqui a imensa importância do Exercício de Retrospecção!

Ou seja, após a morte, tais imagens não estarão mais lá para fazerem parte do Panorama da Vida e, consequentemente, não estarão no Purgatório e, nem como novas causas de restrições, doenças, dificuldades e atraso evolutivo a serem expiadas numa nova vida. Afinal: lição aprendida, ensino suspenso.

Com isso concluímos que somente a doutrina da Lei de Causa e Efeito não satisfaz as necessidades do verdadeiro Aspirante a Vida Espiritual. Mas a Doutrina Cristã, composta da Lei de Consequência e a do Perdão dos Pecados, fornece um ensino mais completo do método empregado pelos grandes Líderes que ajudam a humanidade para nos levarmos para frente e para cima no Caminho da Evolução.

Afinal, com a Doutrina do Perdão dos Pecados cada um de nós temos a força necessária para lutar, apesar dos repetidos fracassos e para conseguir a subjugação da nossa natureza inferior que insiste em conquistar a, já muito bem conquistada, Região Química do Mundo Físico.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diagrama 4 – A Consciência dos Quatro Reinos

Vamos compreender o grau de consciência que resulta da posse dos veículos empregados pela vida evolutiva nos quatro Reinos estudando o Diagrama 4.

Diagrama 4 – A Consciência dos Quatro Reinos

O ser humano – o Ego, o Pensador – desceu à Região Química do Mundo Físico e, nela começando a dirigir os seus veículos, obteve o estado de consciência de vigília e continua aprendendo a controlar esses veículos.

Os órgãos do Corpo de Desejos e os da Mente não se desenvolveram ainda. A Mente nem sequer é ainda um Corpo; é um veículo. Atualmente não é mais do que um simples elo, um envoltório, que o Ego usa como ponto focal. É o último dos veículos que se formaram.

O Ego, o Espírito Virginal manifestado, trabalha gradualmente da substância mais sutil a mais densa, construindo assim os veículos, primeiro em substância sutil e depois em substância cada vez mais densa.

O Corpo Denso foi o primeiro a ser construído e chegou agora ao seu quarto grau de evolutivo; o Corpo Vital encontra-se em seu terceiro estágio; o Corpo de Desejos está no segundo sendo, portanto, ainda como uma nuvem; e a Mente é ainda mais sutil e está no seu primeiro grau evolutivo.

Como o Corpo de Desejos e a Mente não desenvolveram ainda quaisquer órgãos fica evidente que isolados seriam inúteis como veículos de consciência. Entretanto, o Ego penetra dentro do Corpo Denso, liga tais veículos sem órgãos com os centros físicos dos sentidos, e assim obtém o estado de consciência de vigília no Mundo Físico.

Aqui um importante ponto que você deve notar e sempre considerar nas suas análises e conclusões a respeito do seu Corpo Denso (o seu corpo físico): os veículos superiores (Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente) têm valor presentemente porque estão conectados com o Corpo Denso, cujo mecanismo é tão esplendidamente organizado. Se você sempre levar isso em consideração não cometerá o erro, tão frequente em muitas pessoas, de menosprezar o Corpo Denso ao saber que existem Corpos superiores, dele falando como de coisa “grosseira” e “vil” e dirigindo os olhos ao céu ansioso por abandonar logo esse amálgama de barro terreno para voar nos seus “veículos superiores”.

As pessoas que menosprezam o Corpo Denso (ao saber que existem Corpos superiores) e ansiosamente focam no momento de abandoná-lo logo para voar nos seus “veículos superiores”, geralmente, não compreendem a diferença entre “superior” e “perfeito”.

Vamos eliminar essa dúvida: certamente o Corpo Denso é o veículo mais inferior no sentido de ser o mais pesado e por relacionar o ser humano com o mundo dos sentidos, a Região Química do Mundo Físico, com todas as limitações que isso implica. Contudo, o Corpo Denso tem atrás de si um enorme período evolutivo; está em seu quarto grau de desenvolvimento e atingiu presentemente um maravilhoso e grandioso grau de eficiência. É o veículo mais bem organizado de todos os que você possui agora e tempo virá em que alcançará a perfeição.

Já o Corpo Vital está em seu terceiro grau evolutivo e menos organizado do que o Corpo Denso. E mais: o Corpo de Desejos e a Mente são, ainda, meras nuvens – quase completamente desorganizados. Nos seres humanos mais inferiores estes veículos nem mesmo são ovoides definidos, mas sim formas indefinidas.

O Corpo Denso é um instrumento admiravelmente construído, o que pode ser comprovado por todo aquele que tenha a pretensão de conhecer a constituição do ser humano. Observe-se, por exemplo, o fêmur, o osso que suporta todo o peso do Corpo. Sua parte externa é formada por uma delgada camada de osso compacto. A parte interna é fortalecida por feixes entrecruzados de osso celular, dispostos em maneira tão maravilhosa que a mais perfeita ponte ou obra de engenharia jamais poderiam chegar a formar um pilar de igual fortaleza com tão pouco peso. Os ossos do crânio são construídos de maneira semelhante, empregando-se sempre o mínimo de material e obtendo-se o máximo de fortaleza. Considere a sabedoria manifestada na construção do coração e diga-se, depois, se esse soberbo mecanismo pode ser menosprezado. O ser humano sábio é grato pelo seu Corpo Denso, e dele cuida da melhor maneira possível porque sabe que é, presentemente, o mais valioso dos seus instrumentos.

Vamos agora, falar do Ego animal, o Espírito Virginal manifestado da onda de vida animal: em sua descida alcançou somente o Mundo do Desejo. Não se desenvolveu ainda até o ponto de poder “entrar” em um Corpo Denso. Portanto, o animal não tem espírito interno individual, mas um Espírito-Grupo que o dirige de fora.

O animal tem o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, mas o Espírito-Grupo que o dirige encontra-se fora.

O Corpo Vital e o Corpo de Desejos do animal não estão completamente dentro do Corpo Denso, especialmente no que concerne à cabeça. Por exemplo, a cabeça etérica de um cavalo sobressai muito além e acima da cabeça densa. Quando, em raros casos, acontece de a cabeça etérica de um cavalo penetrar na cabeça do seu Corpo Denso, esse cavalo pode aprender a ler, a contar e a executar operações elementares de aritmética. Devido a essa peculiaridade os cavalos, os cães, os gatos e outros animais domésticos percebem o Mundo do Desejo, ainda que nem sempre distingam a diferença entre esse e o Mundo Físico. Um cavalo pode se espantar ante uma figura invisível para o cavaleiro. Um gato pode tentar se esfregar em pernas invisíveis, pois, ainda que veja o fantasma, não percebe que as pernas não são densas, nas quais se poderia esfregar. O cão, mais sábio que o cavalo e o gato, sentirá, muitas vezes, que há alguma coisa que ele não compreende quando aparece seu dono já falecido e não pode lamber as mãos dele. Ele uivará pesarosamente esse se deitará em um canto com o rabo entre as pernas.

Vejamos como o Espírito-Grupo de um animal trabalha: se um animal é ferido esse sofre, mas não tanto quanto o Espírito-Grupo. Os animais se movem sob os ditames do Espírito-Grupo.

Ouve-se falar de “instinto animal” e de “instinto cego”. Não existe essa coisa indefinida e vaga como instinto “cego”. Não há nada “cego” na maneira como o Espírito-Grupo guia seus membros, mas há isto sim, Sabedoria escrita com maiúscula.

O clarividente treinado, quando funciona no Mundo do Desejo, pode se comunicar com esses Espíritos-Grupo das espécies animais e constatar que são muito mais inteligentes do que uma grande porcentagem de seres humanos. Pode observar o maravilhoso tino que demonstram ao dirigir os animais, que são os seus Corpos físicos.

É o Espírito-Grupo que reúne os bandos de aves no outono e os impele a emigrar para o sul, nem demasiado cedo nem demasiado tarde, para escapar ao sopro gelado do inverno. E é ele ainda quem os dirige de volta, na primavera, fazendo-os voar à altura adequada, altura que difere segundo as diferentes espécies.

O Espírito-Grupo do castor ensina-o a construir represas que cruzam a corrente no ângulo exatamente apropriado, considerando a velocidade da corrente e todas as demais circunstâncias, precisamente como faria um engenheiro experimentado, e demonstrando que está tão atualizado sobre cada particularidade do seu ofício quanto qualquer indivíduo tecnicamente preparado em universidade. É a sabedoria do Espírito-Grupo que dirige a construção da célula hexagonal da colmeia com tanta exatidão geométrica; que ensina o caracol a construir e formar sua casa em perfeita e bela espiral; que ensina o molusco do oceano a arte de decorar sua concha iridescente. Sabedoria, sabedoria por toda parte! Tão grande, tão imensa, que o observador atento não pode deixar de sentir-se pleno de admiração e reverência.

Nesse ponto pode ocorrer naturalmente o pensamento: se o Espírito-Grupo é tão sábio, considerando o curto período de evolução do animal comparado com o do ser humano, por que não manifesta esse último uma sabedoria muito maior? Por que deve o ser humano ser ensinado a construir represas e geometrizar, enquanto o Espírito-Grupo faz tudo isso sem ter sido ensinado?

A resposta a tais perguntas está relacionada com a descida do Espírito Universal na matéria de densidade sempre crescente. Nos Mundos superiores, onde os seus veículos são poucos e mais sutis, ele se acha em estreito contato com a Sabedoria Cósmica, que se revela de modo tão sublime no Mundo Físico, porém, conforme o espírito desce, a luz da sabedoria torna-se temporariamente mais e mais empanada até quase desvanecer-se totalmente no mais denso de todos os Mundos.

Uma ilustração tornará isto mais claro. A mão do ser humano é o seu servo mais valioso; sua destreza permite-lhe responder a mais ligeira ordem. Em algumas profissões, tais como a de caixa de bancos, o delicado tato das mãos torna-se tão sensível que ele é capaz de distinguir uma moeda falsa de uma verdadeira. Isto se processa tão maravilhosamente que quase se pode pensar que a mão foi dotada de inteligência individual.

Sua maior eficiência, porém, revela-se talvez na reprodução da música, pois é capaz de reproduzir as mais formosas melodias que embevecem a alma. O tato delicado e acariciante da mão extrai do instrumento os mais suaves acordes na linguagem da alma, dizendo suas tristezas, alegrias, esperanças, temores e anseios, de uma maneira que só a música pode fazê-lo. É a linguagem do mundo celeste, o verdadeiro lar do espírito, e apresenta-se à chispa divina aprisionada na carne, como a mensagem de sua terra natal. A música impressiona a todos, sem levar em conta Raça, credo ou qualquer outra distinção mundana. E quanto mais elevado e espiritual é o indivíduo, tanto mais claro ela lhe fala. Mesmo o indivíduo mais rude não fica impassível ao ouvi-la.

Imaginemos agora um mestre de música que vestisse luvas muito finas e tentasse tocar seu violino. Notaríamos logo que seu tato delicado tornar-se-ia menos sutil. A alma da música ter-se-ia afastado. Se colocasse outro par de luvas mais grossas por cima do primeiro par, suas mãos ficariam tolhidas a tal ponto que, provavelmente, criariam uma desarmonia ao invés da harmonia original dos acordes. Se por último pusesse outro par de luvas mais pesadas sobre os já postos, ele ficaria total e temporariamente incapaz de tocar. Então aquele que não o tivesse ouvido, anteriormente, sem as luvas, diria, por certo, ser impossível que tal professor pudesse tocar formosas melodias, especialmente se ignorasse o empecilho nas mãos dele.

Ora, o mesmo acontece com o Espírito: cada passo para baixo, cada descida para a matéria mais densa é para ele o mesmo que para o músico seria vestir as luvas. Cada passo para baixo limita seu poder de expressão, mas acostuma-se a essas limitações e encontra seu foco, do mesmo modo que o olho encontra seu foco depois de entrar numa casa escura em dia claro de verão. Ao brilho do Sol a pupila contrai-se dentro dos seus limites. Assim, ao entrar na casa tudo parece escuro, mas conforme a pupila se dilata e admite a luz, o ser humano pode ver tão bem na escuridão da casa como via à luz do Sol.

O objetivo da evolução humana é capacitar o Espírito a encontrar seu foco no Mundo Físico, onde atualmente a luz da Sabedoria parece embaçada. Contudo, em seu devido tempo, quando tenhamos “encontrado a luz”, a sabedoria do ser humano brilhará francamente por meio de seus atos, ultrapassando em muito a sabedoria manifestada pelo Espírito-Grupo do animal.

Além disso, devemos fazer distinção entre o Espírito-Grupo e os Espíritos Virginais da onda de vida que atualmente se expressa como animais. O Espírito-Grupo pertence a uma evolução diferente (onda de vida Arcangélica) e é o guardião dos espíritos animais.

O Corpo Denso em que funcionamos é composto de inúmeras células, tendo cada uma sua consciência celular separada, ainda que de ordem inferior. Enquanto essas células fazem parte do nosso Corpo estão sujeitas e dominadas por nossa consciência. Um Espírito-Grupo animal funciona num Corpo espiritual, que é seu veículo inferior. Esse veículo compõe-se de um número variável de Espíritos Virginais, imbuídos durante esse tempo da consciência do Espírito-Grupo. Esse último dirige os veículos construídos pelos Espíritos Virginais, cuidando deles e ajudando-os a aperfeiçoar esses veículos. Conforme aqueles que estão ao seu cargo evoluem, o Espírito-Grupo também evolui. Sofre assim uma série de metamorfoses, de modo idêntico àquele pelo qual crescemos e ganhamos experiência por introduzirmos em nosso organismo as células do alimento que comemos, elevando também dessa maneira – e por indução temporária – a sua consciência.

Assim, o Ego separado e autoconsciente que se encontra em cada Corpo humano dirige as ações do seu veículo particular, enquanto o espírito do animal, separado, mas ainda não individualizado nem autoconsciente, forma parte do veículo de uma entidade com consciência própria pertencente a uma evolução diferente – o Espírito-Grupo.

Esse Espírito-Grupo dirige as ações animais em harmonia com a lei cósmica, até que os Espíritos Virginais a seu cargo tenham adquirido consciência própria e se tornado humanos. Então, gradualmente começarão a manifestar vontade própria, libertando-se cada vez mais do Espírito-Grupo e tornando-se responsáveis pelos seus próprios atos. Contudo, o Espírito-Grupo continua a influenciá-los (ainda que em grau decrescente) como Espírito de Raça, de tribo, de comunidade ou de família, até que cada indivíduo se torne capaz para agir em plena harmonia com a lei cósmica. Só então o Ego se libertará e se tornará inteiramente independente do Espírito-Grupo, que por sua vez entrará numa fase superior de evolução.

A posição ocupada pelo Espírito-Grupo no Mundo do Desejo fornece ao animal uma consciência diferente da do ser humano, que tem uma consciência de vigília clara e definida, pelo que vê as coisas fora de si nítida e distintamente.

Devido ao caminho evolutivo em espiral, os animais domésticos mais avançados, particularmente o cão, o cavalo, o gato e o elefante, veem os objetos quase que da mesma maneira, embora não tão claramente definidos. Todos os outros animais têm uma “consciência pictórica” interna parecida ao sonho do ser humano, ou seja: sono com sonhos. Quando um desses animais encara um objeto, percebe imediatamente dentro de si uma imagem, acompanhada de uma forte impressão de malefício ou benefício para ele. Se o sentimento é de medo, associa-se a uma sugestão do Espírito-Grupo de como escapar ao perigo iminente. Esse estado de consciência negativo facilita ao Espírito-Grupo guiar, por sugestão, os Corpos Densos das espécies a seu cargo, já que os animais não têm vontade própria.

O ser humano não pode ser manejado tão facilmente de fora, seja ou não com o seu consentimento. Conforme a evolução progride e sua vontade se desenvolve de modo crescente, menos acessível ele se torna à sugestão externa e mais se liberta para agir a seu talante, sem levar em conta a sugestão alheia. Esta é a diferença capital entre o ser humano e os seres dos outros Reinos. Estes agem de acordo com a lei e sob os ditames do Espírito-Grupo (que chamamos instinto), enquanto o ser humano se converte gradativamente numa lei em si mesmo. Não perguntamos ao mineral se ele quer ou não se cristalizar, nem à flor se quer ou não florescer, nem ao leão se deixará ou não de devorar. Todos estão, tanto nas grandes quanto nas pequenas coisas, sob o domínio absoluto do Espírito-Grupo, pois carecem de iniciativa e livre arbítrio, o que em certo grau são atributos de todo ser humano. Todos os animais da mesma espécie aparentam ser quase iguais porque emanam do mesmo Espírito-Grupo, enquanto entre as quinze centenas de milhões de seres humanos que povoam a Terra não há dois que pareçam exatamente iguais; nem sequer os gêmeos quando adolescentes, porque a estampa que seu Ego individual interno põe sobre cada um produz a diferença, tanto na aparência quanto no caráter.

Todos os bois pastam erva e todos os leões comem carne, mas “aquilo que é alimento para um ser humano pode ser veneno para outro”. Isto é mais uma ilustração da absoluta influência do Espírito-Grupo. Tal influência contrasta com a do Ego, que faz cada ser humano necessitar de uma porção de alimento diferente da que precisa outro. Os médicos notam com perplexidade a mesma peculiaridade ao administrar medicamentos. O mesmo medicamento atua diferentemente sobre cada indivíduo, enquanto em dois animais da mesma espécie produz sempre efeitos idênticos. Isto se dá porque todos os animais seguem os ditames do Espírito-Grupo e da Lei Cósmica, agindo sempre semelhantemente, sob circunstâncias idênticas. Somente o ser humano pode, até certo ponto, seguir seus próprios desejos dentro de limites determinados. É certo que seus erros são muitos e graves, o que leva muitas pessoas a julgar que melhor seria que o ser humano fosse obrigado a seguir o caminho reto. Contudo, se assim fosse nunca aprenderia a retidão. As lições de discernimento entre o bem e o mal não podem ser aprendidas sem o exercício da livre escolha do próprio caminho, e sem que se aprenda a rejeitar o erro como uma verdadeira “matriz de dor”. Se agisse com retidão apenas por não ter uma alternativa nem oportunidade de agir diferentemente, ele seria um autômato e não um Deus em evolução. Como o construtor aprende pelos seus erros, corrigindo-os nas edificações futuras, assim também o ser humano, por meio de seus tropeços e das dores que produzem, alcança uma sabedoria superior à do animal (por ser autoconsciente) o qual só atua sabiamente porque a isso é impelido pelo Espírito-Grupo. No devido tempo o animal alcançará o estado humano, terá liberdade de escolha, cometerá erros e por eles aprenderá, tal como acontece atualmente conosco.

O animal, simbolizado pelo madeiro horizontal da cruz, está entre a planta e o ser humano. Sua espinha dorsal é horizontal, e através dela passam as correntes do Espírito-Grupo animal que circulam em torno da Terra.

Vamos agora, falar do Ego vegetal, o Espírito Virginal manifestado da onda de vida vegetal, as plantas: o Espírito-Grupo do Reino Vegetal (que pertence a onda de vida angélica) tem seu veículo inferior na Região do Pensamento Concreto. Estando a dois graus do seu veículo denso, a consciência das plantas corresponde ao sono sem sonhos. O Reino Vegetal, em geral, tem suas raízes no solo químico, mineral. Os Espíritos-Grupo das plantas estão no centro da Terra. Como devemos recordar, se encontram na Região do Pensamento Concreto que, assim como os outros Mundos, interpenetra a Terra. Destes Espíritos-Grupo emanam fluxos ou correntes em todas as direções para a periferia da Terra, exteriorizando-se através e ao longo das plantas ou árvores.

A planta absorve seus alimentos pelas raízes. A planta dirige seus órgãos de geração para o Sol. O Reino Vegetal é sustentado pelas correntes espirituais do Espírito-Grupo desde o centro da Terra, as quais nela penetram pela raiz. A planta absorve o venenoso dióxido de carbono expirado pelo ser humano e exala, em troca, o vivificante oxigênio que esse utiliza.

Por último, vamos agora, falar do Ego mineral, o Espírito Virginal manifestado da onda de vida mineral: o Espírito-Grupo do mineral tem seu veículo inferior na Região do Pensamento Abstrato, estando, portanto, a três passos afastados do seu Corpo Denso. Consequentemente encontra-se em estado de inconsciência profunda, parecida à condição de transe. O Reino Mineral não possui Corpo Vital individual e, portanto, não pode ser o veículo de correntes que pertencem aos Reinos superiores. Resumindo: o ser humano é um espírito individual interno, um Ego separado de qualquer outra entidade, que dirige e trabalha um conjunto de veículos de dentro. Já os vegetais e animais são dirigidos de fora por um Espírito-Grupo que tem jurisdição sobre certo número de animais ou vegetais em nosso Mundo Físico. Estão, pois, separados somente na aparência.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: Clarividência

Pergunta: Por que os Mundos superiores são invisíveis para a maioria das pessoas?

Resposta: Porque os sentidos sutis, por meio dos quais esses Mundos podem ser percebidos, estão latentes na maioria das pessoas.

Pergunta: O fato de nem todos verem esses Mundos constitui argumento contra a existência deles?

Resposta: Não, pelo fato de um cego não poder ver a luz nem a cor isto não constitui argumento contra sua existência.

Pergunta: De que podemos estar certos?

Resposta: Se o cego recuperar a vista verá a luz e a cor. Se os sentidos superiores dos que atualmente estão cegos para os Mundos suprafísicos, são despertados pelos meios apropriados, também eles poderão ver esses Mundos que presentemente lhes estão ocultos.

Pergunta: Quando se desenvolver a visão superior conheceremos os Mundos superiores de uma vez?

Resposta: Não, quando um cego recupera sua visão, não conhece imediatamente todas as coisas da Região Química do Mundo Físico.

Pergunta: Um vidente pode se enganar em suas observações dos Mundos superiores?

Resposta: Há muito mais facilidade para adquirir o conhecimento nos Mundos suprafísicos do que na nossa condição física atual, mas não tão grande que possa eliminar a necessidade de um estudo concentrado e a possibilidade de erro nas observações. Na realidade o testemunho sincero e idôneo dos observadores ocultistas prova que se deve prestar muito mais cuidado à observação lá, do que aqui.

Pergunta: Como podemos saber se as observações dos outros são corretas?

Resposta: Os Clarividentes devem se exercitar antes que a sua observação tenha um valor real e quanto mais eficiente se tornam, tanto mais modestos se apresentam ao manifestar o que veem, tanto maior diferencia lhes merecem as versões alheias, pois sabem quanto há para aprender e compreendem quão pouco um único observador pode aprender de todos os incidentes e detalhes das coisas investigadas.

Pergunta: Isto se aplica as diferentes opiniões dos observadores?

Resposta: Sim, isto se aplica também as diferentes versões que as pessoas superficiais julgam ser um argumento contra a existência dos Mundos superiores. Dizem que se esses Mundos existem, os investigadores deveriam descrevê-los de forma idêntica.

Pergunta: Esta opinião é lógica?

Resposta: De forma nenhuma; se um jornal envia vinte jornalistas para fazerem reportagens sobre uma cidade, nem dois deles apresentarão descrições idênticas. Será um argumento contra a existência da cidade o fato de serem diferentes as crônicas? Certamente que não.

Pergunta: A que se deve essa diferença?

Resposta: Compreende-se, facilmente, porque cada pessoa vê a cidade segundo seu ponto de vista próprio e essas diferenças nas crônicas, em vez de serem confusas e prejudiciais, pode-se afirmar sem receio que a leitura de todas elas tornará mais fácil a compreensão da cidade, mais ampla e melhor do que se lêssemos uma só e desprezássemos as outras.

Pergunta: Como se aplica isso aos Mundos invisíveis?

Resposta: Isto é aplicável aos que investigam e observam os Mundos superiores. Cada investigador tem sua maneira peculiar de observar as coisas e as descrever unicamente sob o ponto de vista que lhe é peculiar. A narrativa apresentada por um pode ser diferente das que os outros fizerem, mas todas serão igualmente verdadeiras sob o ponto de vista individual de cada observador.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1979 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

É Tempo de Renovação Espiritual

É Tempo de Renovação Espiritual

O Ego, quando entrou pela primeira vez na posse de seus veículos, na Época Lemúrica, não possuía o cérebro, nem a laringe. Para suprir essa deficiência, metade da força criadora sexual foi desviada para cima e empregada para construir esses órgãos. Construindo o cérebro, o Ego poderia transmitir os seus pensamentos e construindo a laringe ele poderia se comunicar com os outros seres renascidos aqui na Região Química do Mundo Físico. Daí deduzimos que o pensamento é criador por derivar da força criadora sexual.

O ato de transmitir o pensamento aqui, uma vez esse pensamento criado pelo Ego, envolve não somente o emprego de cérebro físico, como também do cérebro etérico, do Corpo de Desejos e da Mente. Assim, o pensamento é a mola impulsora de toda atividade humana, através da Mente, para se expressar aqui.

Como disse Max Heindel: “Como o homem pensa em seu coração, assim ele é”. De fato, o pensamento é a força criadora que permite ao Ego se expressar.

Com isso, nossos pensamentos passam a ter uma forte influência sobre nós, isto é, uma nova conduta em nossas disposições e em nossa vida íntima. Como também, esses pensamentos têm grande influência na sociedade a que pertencemos e na família com que moramos.

Quando nascemos neste Mundo Físico, o Ego acabou por construir Corpos de diferentes graus de cristalização e por ter essa estrutura cristalizada é dotado de limitações quanto ao que é capaz de fazer, mas, mesmo assim, é dotado também de forças e poderes latentes. Pois somente assim o Ego é capaz de atingir a meta da vida que é a evolução do inconsciente para o consciente, da desarmonia para a harmonia, da passividade para a criatividade. Isso passa a ser nossa obrigação diária, já que a meta da nossa vida é a evolução, e temos que desenvolver e empregar esses poderes no caminho para a perfeição.

Contudo, quando olhamos uma criancinha com seu pequeno corpo desamparado e dependente de sua mãe, torna-se difícil imaginá-lo como um ser humano crescido e capacitado para usar livremente seu corpo e dotado de todas as forças invisíveis, esteja pronto para manifestar-se no seu tempo apropriado. É graças a essas forças e poderes latentes que é possível a evolução no caminho espiritual.

A criança tem a Mente aberta e sempre pronta a receber novas ideias e experimentar novas maneiras de agir e de fazer coisas novas. Algumas crianças crescem e tornam-se preguiçosas e acomodadas, das quais muitas delas estão satisfeitas com sua situação atual e não se esforçam para mudar nada. Outras crescem com esperança e sonhos e pensam em atingir a maioridade rapidamente para realizar grandes coisas na vida.

Todavia, quando crescemos, muitas vezes, acontece que ao depararmos com repetidas frustrações, acabamos por perder um pouco dessas esperanças e sonhos.

Na Epístola de São Paulo aos Filipenses, cap. 4, 8, é nos sugerido o seguinte: “Quanto no mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro… se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai”.

Porém o verdadeiro Aspirante à vida superior deve e precisa usar sua força de vontade e continuar trabalhando até conseguir a sua meta, isto independe de idade ou desilusões encontradas no caminho. Temos que eleger o caminho que desejamos trilhar e persistir sempre nele, apesar dos tropeços.

Porque quando essas forças dentro de nós são liberadas, elas podem produzir um efeito grandioso em prol do nosso crescimento espiritual. O que precisamos é estar atentos para canalizar essa força de forma adequada no sentido do bem e no emprego das leis espirituais.

Como lemos na Epístola de São Paulo aos Romanos (12:2) “Não sejas conformado a este mundo, mas sejas transformado pela renovação da tua Mente, para que possas comprovar que essa é boa, aceitável, e é a perfeita vontade de Deus”.

No livro escrito por Max Heindel: “A Teia do Destino” encontramos uma passagem que nos esclarece que desde a puberdade, e durante toda nossa vida, existe uma força espiritual que é gerada internamente e que poderá ser usada para três fins que são: “Geração, Degeneração e Regeneração”. Porém dependerá de nós a escolha do caminho para percorrer. Sabemos que no caminho da evolução não existe a possibilidade de ficar parado esperando as coisas acontecerem. Estas são as duas alternativas que nos apresentam e que são: a regeneração ou a degeneração.

Contudo, se algumas vezes perdemos nosso rumo aqui na Terra, esquecendo os valores reais e eternos diante de tantas coisas desanimadoras, é momento de nos conscientizarmos dessa nossa situação e passarmos a fazer um inventário das nossas atitudes e de nossa existência aqui e depois procurar os valores superiores e a maneira correta para renovarmos nossa força.

No Livro do Apocalipse, cap. 21:5 encontramos o seguinte: “E aquele que estava sentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas”, e acrescentou: “Escreve, porque estas palavras são muito dignas de fé e verdadeiras”.

Isso mostra que estamos regenerando. Ela se dá por meio do renascimento, quando o Ego passa pelo ciclo de manifestação para adquirir experiência e pelo ciclo de retração para um período de avaliação e planejamento.

Podemos chamar esses ciclos de manifestação e retração como nascimento e morte. Pela morte procurarmos eliminar as imperfeições mediante as experiências vivenciadas no Purgatório e no Primeiro Céu e pelo nascimento criamos um corpo novo e melhor para adquirirmos mais experiências. Todavia, não precisamos esperar a morte para nos regenerarmos e eliminar nossos maus hábitos. Podemos e devemos praticá-lo na nossa vida terrena mediante o Exercício da Retrospecção todas as noites, antes de dormir. Sabemos que para a maioria esse Exercício é muito difícil, mas devemos nos empenhar e muito nessa prática, pois somente assim conseguiremos a regeneração e perfeição independente do processo de renascimento físico e assim seguiremos o caminho da Iniciação não pelo caminho serpenteante do Caduceu de Mercúrio, mas pelo bastão desse símbolo.

No Evangelho Segundo São Mateus, cap. 10, 34 lemos: “Não penseis que vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz e sim a espada”. Isso mostra que devemos eliminar o velho que está dentro de nós e nos adaptar ao novo processo, tanto aos costumes quantos as atitudes de vingança, vaidade, egoísmo e orgulho. Devemos aplicar essa espada dentro de nós mesmos e substituir essas atitudes por outras mais elevadas para que possamos nos transformar em seres mais sutis e elevados, sem interesses materiais e sem ambições terrenas.

Também, no Evangelho Segundo São Mateus, cap. 11, 29-30 lemos: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração, e acharei o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é leve e meu peso é suave”. Sabemos que nossa habitação é o coração, então não devemos jamais fechar essa porta, pois se nos esforçarmos para melhorarmos e corrigirmos, com certeza, eliminaremos de nosso coração tudo o que seja inferior e negativo. E recordemos o conselho do mestre Cristo quando disse: “Imite a mim que sou manso e humilde de coração”.

O trabalho do Cristo anual nos auxilia no foco da renovação/regeneração e através do Espírito Planetário do Cristo estamos recebendo o impulso e crescimento para nos purificarmos. Sem esse impulso de vida cósmica não seria possível germinar semente alguma na Terra e não existiria o ser humano, o animal ou nenhuma outra forma de vida. As nossas vidas, embora sejam castigadas por duras provas, devemos vê-las como oportunidades gloriosas de progresso para busca da sabedoria e da verdade. Porque todos nós temos uma tarefa a ser cumprida neste mundo. Na verdade, temos capacidade para suportar e superar qualquer dificuldade, mas muitas vezes enfraquecemos diante dessas dificuldades e acabamos por esmorecer.

Contudo, um Estudante Rosacruz é um pioneiro nessa luta, precisa se esforçar e porque não se comprometer SEMPRE na busca do bom, nobre e verdadeiro para encher nossos corações de paz, amor, tolerância e compreensão e assim conseguir ajudar eficazmente para criar um mundo com condições melhores para nós e para nossos irmãos e irmãs? Lembremos que um verdadeiro Estudante Rosacruz está sendo constantemente observado por seres humanos visíveis (aqui renascidos) e invisíveis na nossa vida diária e muitos se espelhando nele para crescimento evolutivo de cada um deles.

Vamos aproveitar este período em que o Cristo está voltando o seu foco nesse Planeta onde, atualmente, é o Seu Regente, para que nos coloquemos metas a serem atingidas em nossos ideais espirituais como coisas simples do nosso dia a dia, porém, difíceis de serem eliminadas do nosso pensamento e do nosso coração como: ressentimento, divergências, medo, egoísmo, orgulho, apego ao passado e outras atitudes mais.

Porque isto são as tentações pequenas que se não as vencermos, certamente deixamos de nos estruturar para desempenhar um trabalho maior no caminho espiritual.

Para finalizar, sigamos o conselho de Cristo Jesus: coloquemos o “arado na terra” e não olhemos para trás, pois cada um receberá sua recompensa na medida justa de suas obras.

“Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os cuidados de um Estudante Rosacruz trilhando o Caminho de volta à Deus

Os cuidados de um Estudante Rosacruz trilhando o Caminho de volta à Deus

Nesse atual Esquema de Evolução em que estamos inseridos, houve um momento em que éramos ingênuos e inocentes. Guiados em tudo, protegidos em tudo, não tomávamos decisões próprias. Contudo, de acordo com o plano traçado por nosso Criador Deus Pai tínhamos que conhecer todas “as moradas” que ele criou para nós, os Seus filhos. E, ainda, considerando que fomos “feitos à Sua imagem e semelhança”, dentro de nós temos o preceito divino de criar por nós mesmos, de ousar, de ser original. Daí que continuar a ser autômato, guiado em tudo, não poderia ser um estado a durar todo o Esquema de Evolução.

Afinal, a Epigênese, aquela faculdade definida como “a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e não uma simples escolha entre dois cursos de ação”, faz parte de cada um de nós. Fomos criados com ela. Deus Pai já nos criou com ela. Então, como poderíamos ser autômatos, guiados em tudo para sempre?

Foi, então, graças à ajuda de seres vindos do Planeta Marte, os seres lucíferos – também conhecidos como Anjos caídos, espíritos lucíferos – que conseguimos nos livrar dessa dependência eterna.

Conhecemos o bem e o mal, usamos e abusamos da força sexual criadora. Conhecemos a dor e o sofrimento. Vivenciamos o egoísmo e a ambição. Todavia, conquistamos a Região Química do Mundo Físico. Transformamos essa Região num paraíso na Terra. Um lugar agradável de passarmos a nossa existência física. Tudo isso, como planejado pelo nosso Deus Pai.

Mergulhamos nessa Região do Mundo Físico a tal ponto de esquecermos dos outros Mundos! Acostumamo-nos a viver tão bem nesse Mundo que, para muitos, é impossível a existência de outros Mundos!

Estamos tão à vontade nesse Mundo, que tudo que procuramos fazemos comparações com algo desse Mundo. Pensar no concreto ficou mais fácil do que pensar no abstrato! Somos treinados a assim proceder desde que renascemos nesse Mundo, vida após vida.

Quando crianças, devido às forças que operam pelo polo negativo do Éter Refletor do nosso Corpo Vital serem extremamente ativas, temos uma clarividência involuntária. Ou seja: podemos “ver” outros Mundos, além deste. Frequentemente, quando crianças, falamos daquilo que, então, vemos, até que, por “dizer bobagens”, os castigos ou o ridículo que os adultos nos impõem nos fazem desistir de falar. É fato que as crianças têm invisíveis companheiros de brinquedo, que os visitam com frequência durante alguns anos de idade. Portanto, em virtude dessa insistência dos adultos e do mergulho na idade escolar – onde começamos a nossa convivência com a sociedade -, vamos fixando mais nossa atenção na Região Química do Mundo Físico.

Entretanto, estamos no mundo ocidental, no lado ocidental desse campo de evolução que conhecemos como Planeta Terra. Particularmente, estamos na parte onde estão a aprendizagem mais avançada para a espiritualidade: o Cristianismo.

Em outras palavras: os nossos irmãos e irmãs que renascem e vivem nesse lado já passaram o Nadir da Materialidade, o ponto mais baixo, mais denso que nós, como Espíritos Virginais, podemos alcançar na Região Química do Mundo Físico. Ou seja: já aprendemos a obter dessa Região tudo que poderíamos obter. Já conquistamos essa Região! Já conhecemos essa “morada” que Deus criou para nós. Ou ainda: já terminamos a Involução – a parte do Esquema de Evolução em que nos dedicamos à aquisição da consciência e à construção dos veículos (Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente) – e começamos a subir novamente na evolução – a parte do Esquema de Evolução onde convertemos os nossos Corpos em Almas e desenvolvemos a consciência até convertê-la em divina omnisciência. Ou seja, o objetivo é transformar e desenvolver as possibilidades latentes em poderes dinâmicos.

Tal qual lemos na Parábola do Filho Pródigo (Lc 15:11-32) em que o filho mais jovem sai da casa do pai. Após gastar tudo que tinha e conhecer tudo que podia, volta arrependido, mas cheio de conhecimento de outras moradas. Do mesmo modo, nós saímos da casa do Pai, ingênuos e inocentes – portanto, ignorantes – e começamos a nossa longa peregrinação através dos cinco Mundos mais densos que o Mundo que habitávamos no início (o Mundo dos Espíritos Virginais), os quais são: Mundo do Espirito Divino, Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico.

Estamos voltando já com o conhecimento adquirido na Região Química do Mundo Físico. Não somos mais ingênuos neste Mundo. Somos conscientes e conseguimos conhecer este Mundo. Já sabemos compreender e podemos vivenciar o verdadeiro propósito desta vida, ou seja, a aquisição de experiências (e não a busca da felicidade).

E, mais ainda, já aprendemos que existem dois modos de adquirir essas tão valiosas experiências: pessoalmente (mediante a experimentação, muitas vezes dolorosa e dura) ou observando os atos alheios (raciocinando e refletindo sobre eles, guiados pela luz da experiência que já tenhamos alcançado).

Só o fato de já sabermos que esse é o objetivo desta existência mostra que estamos voltando à “casa do Pai”. E a aquisição dessas experiências é a nossa demonstração ao Pai de que aproveitamos o que ele criou para nós, que nos exercitamos como criadores.

São os talentos da Parábola que lemos em Mt 25:14-30, em que aqueles que utilizaram e multiplicaram tudo que Deus lhes deu, receberam mais. Entretanto, o preguiçoso, o medroso, o sovina, o avarento, até o único talento que tinha foi-lhe tirado, como lemos no versículo 29 do mesmo capítulo 25 citado acima: “Pois ao que tem muito, mais lhe será dado e ele terá em abundância. Mas ao que não tem, até mesmo o pouco lhe será tirado”.

Essa volta significa uma reorientação na nossa existência terrestre. É certo que continuaremos ainda, por muito tempo, na roda de nascimentos e mortes neste Mundo Físico, morrendo e voltando de tempos em tempos. É certo que continuaremos ainda, por muito tempo, com relações familiares, com obrigação de adquirir bens, de passarmos por tudo isso que significa funcionar no Mundo Físico. Afinal aqui é o baluarte da nossa evolução. Entretanto, considerando que a finalidade de nossa existência neste Mundo não é mais a aquisição de bens até ficarmos ricos, não é mais protegermos somente nossa família ou os nossos conhecidos, amparando-os e defendendo dos outros desconhecidos, enfim, não é mais a conquista deste Mundo, nem o de mostrar para os outros como se faz, então está na hora de buscarmos essa reorientação.

Com esse propósito de reorientarmos nossa existência, poderemos: assimilar melhor as lições que aqui aprendemos; construir corpos perfeitos para funcionar em cada Região de cada Mundo que Deus criou nos tornando conscientes dos outros Mundos, funcionar neles conscientemente e ajudar, mais eficientemente, nossos irmãos que tanto necessitam, companheiros na jornada, em direção à Deus.

Essa reorientação significa a renúncia de nós mesmos, detalhada pormenorizadamente na Bíblia, particularmente no Novo Testamento, que foi escrito especialmente para os que buscam a realização espiritual pelo único meio que é possível: o Cristianismo. Afinal, “a Bíblia foi nos dada pelos Anjos do Destino que, estando acima de todos os erros, dão a cada um e a todos exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento”.

Ao nos submetermos em viver os ensinamentos de Cristo, conforme fornecidos no Novo Testamento, oferecemos voluntariamente nossos Corpos como um sacrifício vivente sobre o altar da fraternidade e do amor incondicional, amor ágape.

Essa renúncia não é nada fácil. E também não haveria de ser. Passamos tanto tempo exercitando a aquisição de tudo que podíamos que, quando chega o tempo de exercitarmos o desapego, é lógico que haverá dificuldades.

Se a renúncia se dá com alguma reserva, porque talvez não se tenha plena confiança em Deus, sofremos por achar que não conseguimos fazer nada correto, que Deus é injusto. É o caso, por exemplo, de confiar em Deus, mas procurar se resguardar cultuando várias religiões ao mesmo tempo – em especial as não-cristãs –, pedindo para todas a solução do problema. É o caso de quando se tem uma doença (ou alguém querido doente) ir a todos os médicos, do mais barato ao mais caro e, só depois (quantas vezes quando a situação não pode ser explicada pelos médicos, ou que se trata de problema complicado!) “apelar” a Deus, e ainda tentando barganhas.

Se a renúncia se dá de uma maneira desordenada e superficial, a princípio tudo se oferece, despe-se de tudo, mas depois, combatido pela tentação, voltam às comodidades e não se progride em nada. Entristece-se e se revolta com os que buscam a verdadeira renúncia, não compreendendo que o problema está dentro da própria pessoa.

Nem os do primeiro, nem os do segundo caso chegarão à verdadeira renúncia que traz a verdadeira liberdade do coração puro.

Engana-se quem acha que engana a Deus.

Os dois primeiros casos estão como a história do jovem rico que lemos em Mt 19:16-22: “E eis que alguém se aproximou e Lhe disse: ‘Mestre, que de bom devo fazer para alcançar a vida eterna?’. Cristo disse: ‘Por que me perguntas pelo bom? Um só é o bom. Se quiseres entrar na vida, observa os mandamentos’. Disse-lhe ele: ‘Quais?’. Cristo respondeu: ‘Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não prestarás testemunho falso, honra pai e mãe e ama teu próximo como a ti mesmo’. Disse o jovem: ‘Tudo isso tenho observado. O que ainda me falta?’. Respondeu-lhe Cristo: ‘Se quiseres ser perfeito, vai vende tudo que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem e me segue’”.

Ao ouvir isso, o jovem se foi triste, porque possuía muitos bens.

A renúncia a que Cristo sugere é bem entendida, em sua totalidade, no livro de Jó, no Antigo Testamento.

Lá lemos exemplos de total desapego de si mesmo, das suas posses, da sua felicidade, de todos a quem ele ama, por amor e confiança em Deus.

Esse desapego e renúncia nos liberam para o próximo passo para cima e para frente: a conquista e o trabalho consciente na Região Etérica do Mundo Físico.

E por que é tão necessária essa renúncia, esse desapego das coisas que, até então, nos agarramos?

Devido à Região Etérica do Mundo Físico ser a contraparte do Mundo do Espírito de Vida, o primeiro Mundo, de baixo para cima, onde cessa toda a separatividade, onde reina a fraternidade, onde Cristo — nosso guia e salvador — tem, como o Iniciado mais elevado do Período Solar, dos Arcanjos, o seu corpo mais inferior: o corpo Espírito de Vida.

Portanto, ao exercitarmos essa renúncia aqui, estamos adiantando para funcionarmos na Região Etérica num futuro não tão longínquo como todos pensam. Ao mesmo tempo estamos ajudando os nossos irmãos a percorrer esse caminho.

Se estamos numa Escola de Preparação para a Iniciação como a Fraternidade Rosacruz, Aspirante à Ordem Rosacruz, podemos ter certeza de que não é por acaso. Se somos verdadeiramente Aspirantes à Vida Superior, também não é por acaso. Simplesmente, chamamos para nós a responsabilidade de sermos vanguardeiros. Cada um sendo esteio no meio que está inserido. Cada um sendo a luz pequenina em cima do monte à disposição de quem dela precisa. Cada um sendo exemplo no meio em que está apontando o caminho, na maioria das vezes, não com pregações ou proselitismo, mas com exemplos de vida, de comportamento no seu dia a dia.

Afinal, enquanto Estudantes Rosacruzes são muitos os que nos observam e fazem de nós exemplos para suas vidas. São muitos os que dependem de nós, saibamos ou não. Portanto, se tropeçamos muitos tropeçam também. Se desistimos, muitos fracassam também. Contudo, a maior responsabilidade sempre será nossa. Afinal, escolhemos, de livre vontade, esse caminho. O caminho que vai de volta para a Casa do Pai!

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

PRIMEIRA PARTE – CONSTITUIÇÃO ATUAL DO SER HUMANO E O MÉTODO DO SEU DESENVOLVIMENTO – CAPÍTULO II – OS QUATRO REINOS

Os três Mundos do nosso Planeta são atualmente o campo onde se processa a evolução de diversos Reinos de vida em vários graus de desenvolvimento. Destes, só quatro nos interessam presentemente, a saber: o Mineral, o Vegetal, o Animal e o Humano.

Estes quatro Reinos estão relacionados com os três Mundos de maneiras diferentes, de acordo com o progresso conseguido por esses grupos de vida em evolução na escola da experiência. No que diz respeito à forma, os Corpos Densos de todos os Reinos são compostos das mesmas substâncias químicas: sólidos, líquidos e gases da Região Química. O Corpo Denso do ser humano é um composto químico tanto quanto o da pedra, se bem que essa última esteja ocupada só pela vida mineral. Todavia, mesmo falando do ponto de vista puramente físico e deixando à margem qualquer outra consideração, notamos várias diferenças importantes se comparamos o Corpo Denso do ser humano com o do mineral da Terra. O ser humano move-se, cresce e propaga a sua espécie, mas o mineral, em seu estado natural, nada disso pode fazer.

Comparando o ser humano com os vegetais verificamos que ambos, planta e ser humano, têm um Corpo Denso, capaz de crescer e propagar-se. Contudo, o ser humano tem faculdades que a planta não possui: sente, tem o poder de mover-se e perceber as coisas que estão fora dele.

Quando comparamos o ser humano com os animais constatamos que ambos possuem as faculdades da sensação, do movimento, crescimento, da propagação e do senso de percepção. Contudo, o ser humano tem, ainda, a faculdade da linguagem, uma estrutura cerebral superior e as mãos, os quais são uma grande vantagem física. É de se notar especialmente o desenvolvimento do polegar que torna a mão humana muitíssimo mais útil do que a do antropoide. O ser humano desenvolveu, além disso, uma linguagem definida com a qual expressa seus pensamentos e sentimentos. Tudo, enfim, situa o Corpo Denso do ser humano em uma classe à parte, mais avançada do que as dos três Reinos inferiores.

Para compreender as diferenças entre os quatro Reinos é preciso buscar nos Mundos invisíveis as causas que dão a um Reino o que a outros é negado.

Para se funcionar em qualquer Mundo e expressar as qualidades que lhe são peculiares, é necessário antes de tudo, possuir um veículo formado de sua matéria. Para funcionarmos no Mundo Físico denso precisamos de um Corpo Denso adaptado ao nosso ambiente. Se assim não fosse seríamos fantasmas, como geralmente dizem, e seríamos invisíveis à maioria dos seres físicos. Assim, também precisamos de um Corpo Vital para poder expressar vida, crescimento ou externar as outras qualidades pertinentes à Região Etérica.

Para expressar sentimentos e emoções é necessário ter um veículo composto de matéria do Mundo do Desejo; e uma Mente, formada por substância da Região Concreta do Mundo do Pensamento é necessária para tornar o pensamento possível.

Ao examinarmos os quatro Reinos em relação à Região Etérica, constatamos que o mineral não possui Corpo Vital separado. Logo compreendemos a razão pela qual não pode crescer, nem se propagar ou nem mostrar vida com sensações.

Como hipótese necessária para sustentar outros fatos conhecidos, a ciência materialista admite que no sólido mais denso, tanto quanto no gás mais rarefeito e atenuado, não se tocam sequer dois átomos; que existe um envoltório de Éter ao redor de cada átomo; e que os átomos no universo flutuam em um oceano de Éter.

O cientista ocultista sabe que isso é exato na Região Química, e que o mineral não possui um Corpo Vital de Éter separado. E, como o Éter planetário é o único que envolve os átomos do mineral, então se compreende a diferença acima. Como já dissemos, é necessário ter um Corpo Vital, um Corpo de Desejos separados, etc., para poder expressar as qualidades correspondentes aos diferentes Reinos, porque os átomos do Mundo do Desejo, do Mundo do Pensamento e até dos Mundos superiores interpenetram o mineral, da mesma forma que interpenetram o Corpo Denso humano. Se a interpenetração do Éter planetário, o Éter que envolve os átomos do mineral, fosse bastante para permitir-lhe sentir e se propagar, sua interpenetração pelo Mundo do Pensamento planetário seria também suficiente para permitir-lhe pensar, o que não pode acontecer por faltar-lhe um veículo separado. O mineral é penetrado somente pelo Éter planetário e é, portanto, incapaz de crescimento individual. Todavia, como o mais inferior dos quatro Éteres – o Químico – é ativo no mineral, a ele são devidas as forças químicas nos minerais.

Considerando agora o vegetal, o animal e o ser humano em relação à Região Etérica, notamos que cada um deles tem um Corpo Vital separado, além de serem compenetrados pelo Éter planetário que forma a Região Etérica. Existe, não obstante, uma diferença entre o Corpo Vital do vegetal e os Corpos Vitais do animal e do ser humano. No Corpo Vital do vegetal estão em plena atividade somente o Éter Químico e o Éter de Vida. Portanto, o vegetal pode crescer pela ação do Éter Químico e propagar a sua espécie mediante a atividade do Éter de Vida do Corpo Vital separado que possui. O Éter de Luz também está presente, embora parte latente, e falta o Éter Refletor, por completo. Portanto, é óbvio que as faculdades sensoriais e a memória, que são qualidades desses Éteres, não podem ser expressas pelo Reino Vegetal.

Se dirigirmos nossa atenção para o Corpo Vital do animal, constatamos que nele os Éteres Químico, de Vida e de Luz são dinamicamente ativos. Consequentemente, o animal possui as qualidades de assimilação e crescimento, originadas pelas atividades do Éter Químico, e a faculdade de se propagar por meio do Éter de Vida, comuns aos Reinos Vegetal e Animal. Contudo, além disso, e devido à ação do terceiro ou Éter de Luz, ele tem as faculdades de gerar calor interno e de percepção sensorial. O quarto Éter, todavia, é inativo no animal, pelo que carece de pensamento e de memória. O que a isso se assemelha, é de natureza diferente, como adiante demonstraremos.

Quando analisamos o ser humano, vemos que os quatro Éteres são dinamicamente ativos em seu altamente organizado Corpo Vital. Por meio das atividades do Éter Químico ele é capaz de assimilar o alimento e crescer; as forças ativas no Éter de Vida capacitam-no a propagar sua espécie; as forças no Éter de Luz suprem seu Corpo Denso de calor, atuam sobre seu Sistema Nervoso e músculos, abrindo-lhe assim as portas da comunicação com o mundo externo por meio dos sentidos; e o Éter Refletor capacita o Espírito a controlar seu veículo por meio do pensamento. Esse Éter armazena, ainda, experiências passadas sob a forma de memória.

O Corpo Vital do vegetal, do animal e do ser humano estende-se além da periferia do Corpo Denso, do mesmo modo que a Região Etérica, que é o Corpo Vital de um Planeta, estende-se além da parte densa deste, o que demonstra, mais uma vez, a veracidade do axioma Hermético: “Como em cima, assim é embaixo”. A distância dessa extensão do Corpo Vital do ser humano é cerca de uma polegada e meia[1]. A parte que está fora do Corpo Denso é muito luminosa, e aparenta a cor da flor recém-aberta do pessegueiro. Ela é vista muitas vezes por pessoas que possuem certa clarividência involuntária. O autor verificou, ao falar com tais pessoas, que as mesmas, não crendo tratar-se de algo incomum, frequentemente não compreendem o que veem.

O Corpo Denso, construído na matriz do Corpo Vital durante a vida pré-natal, com uma exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital. Assim como as linhas de força na água congelada são os condutores para a formação dos cristais de gelo, as linhas de força no Corpo Vital determinam a forma do Corpo Denso. Durante toda a vida o Corpo Vital é o construtor e restaurador da forma densa. Se não fosse pelo coração etérico, o coração denso romper-se-ia rapidamente em consequência da tensão que lhe impomos continuamente. Todos os abusos praticados com o Corpo Denso são neutralizados pelo Corpo Vital, tanto quanto é possível, o qual trava uma luta constante contra a morte do Corpo Denso.

A exceção referida consiste no fato de que o Corpo Vital do homem é feminino ou negativo, enquanto o da mulher é masculino ou positivo. Nisso reside a chave de numerosos e intrincados problemas da vida. A mulher dá vazão às suas emoções pela polaridade indicada devido ao seu Corpo Vital positivo que gera um excesso de sangue. Isso a obriga a trabalhar sob enorme pressão interna, a qual romperia o envoltório físico se não houvesse uma válvula de segurança. Essa válvula é, por um lado, o fluxo periódico e, por outro, as lágrimas que em ocasiões especiais limitam a pressão, posto que ambos: fluxo periódico e lágrimas são, realmente, uma “hemorragia branca”.

O homem pode ter – e tem – emoções tão fortes quanto às da mulher, mas geralmente ele é capaz de dominá-las sem lágrimas, pois seu Corpo Vital negativo não gera quantidade de sangue maior do que aquela que pode controlar com facilidade.

Contrariamente ao que sucede com os veículos superiores da humanidade, o Corpo Vital (salvo em certas circunstâncias que explicaremos adiante, quando chegarmos ao assunto “Iniciação”) geralmente não abandona o Corpo Denso até o momento da morte. Então as forças químicas do Corpo Denso, já fora do domínio da vida evolutiva, tratam de restituir a matéria à sua condição primitiva, desintegrando-a e assim, tornando-a apta para a formação de outras formas na economia da Natureza. A desintegração, portanto, é devida à atividade das forças planetárias no Éter Químico.

A contextura do Corpo Vital pode ser grosso modo, comparada a essas molduras de quadros formados por centenas de pequenas peças de madeira que se encaixam e apresentam inumeráveis pontos ao observador. O Corpo Vital apresenta, ao observador, milhões de pontos. Esses pontos encaixam-se no interior dos átomos densos e, ao imbui-los de força vital, fazem-nos vibrar muito mais intensamente que os dos minerais da terra ainda não submetidos a essa aceleração e animação.

Quando uma pessoa está se afogando, ou caindo de uma grande altura, ou se enregela, o Corpo Vital abandona o Corpo Denso. Em consequência, os átomos desse tornam-se momentaneamente inertes. Quando a pessoa se reanima ou volta a si ele reentra no Corpo Denso, voltando os “pontos” minúsculos a introduzir-se nos átomos densos. A inércia dos átomos causa neles certa resistência ao reinício da vibração, e essa é a causa da intensa sensação de formigamento que ocorre em tais ocasiões. Essa sensação normalmente não é notada pela mesma razão que temos consciência do parar ou começar a trabalhar de um relógio, mas não atentamos para o seu tique-taque enquanto trabalha.

Em certos casos o Corpo Vital deixa parcialmente o Corpo Denso como, por exemplo, quando a mão “adormece”. Pode-se ver então a mão etérica do Corpo Vital pendendo como uma luva, sob o braço denso. E os pontos, introduzindo-se novamente na mão física, causam o mesmo formigamento peculiar já referido. Às vezes, na hipnose, a cabeça do Corpo Vital divide-se e pende para os lados da cabeça do Corpo Denso, metade sobre cada ombro, ou permanece em volta do pescoço como a gola de um suéter. A ausência do formigamento ao despertar deve-se ao fato de que, durante a hipnose, parte do Corpo Vital do hipnotizador substituiu parte do Corpo Vital da vítima.

Quando se usam anestésicos, o Corpo Vital é parcialmente expulso juntamente com os demais veículos superiores. Se a aplicação é excessiva, o Éter de Vida é expelido e a morte sobrevém. O mesmo fenômeno pode ser observado nos médiuns materializantes. Na realidade a diferença entre o médium materializante e as pessoas comuns é a seguinte: no homem ou mulher comum os Corpos: Vital e Denso, no atual estado da evolução, acham-se firmemente interligados um no outro, enquanto no médium essa conexão é mais fraca. Nem sempre foi assim, e tempo virá novamente em que o Corpo Vital poderá abandonar normalmente o Corpo Denso, mas presentemente esse processo ainda não se completou. Quando um médium permite que seu Corpo Vital seja usado por entidades do Mundo do Desejo que querem materializar-se, esse Corpo geralmente “sai” pelo lado esquerdo – pelo baço – a sua “porta” particular. Então, as forças vitais não podendo fluírem por todo o Corpo como habitualmente o fazem, o médium fica extenuado. Por isso alguns recorrem até ao uso de estimulantes para contrabalançar esses efeitos convertendo-se, com o tempo, em beberrões incuráveis.

A força vital do Sol que nos rodeia como um fluido incolor é absorvida pelo Corpo Vital através da contraparte etérica do baço, onde passa por uma curiosa transformação de cor. Torna-se rosa-pálido e se espalha pelos nervos, percorrendo todo o Corpo Denso. Em relação ao Sistema Nervoso, a força vital é o mesmo que a eletricidade para o telégrafo. Embora haja fios, aparelhos e telegrafistas, tudo em boa ordem, se não houver eletricidade será impossível enviar mensagens.

O Ego, o cérebro e o Sistema Nervoso podem estar, aparentemente, em perfeita ordem, mas se falta força vital para levar a mensagem do Ego através dos nervos aos músculos, o Corpo Denso permanecerá inerte. É precisamente isto o que sucede quando se paralisa uma parte do Corpo Denso, o Corpo Vital adoeceu e a força vital já não pode fluir. Em tais casos, como na maioria das enfermidades, a perturbação está nos veículos invisíveis. O reconhecimento desse fato, consciente ou inconscientemente, dá motivos a que médicos, dos mais famosos, empreguem a sugestão – atuando sobre os veículos superiores – como medicação auxiliar. Quanto mais fé e esperança o médico possa incutir no paciente, tanto mais rapidamente poderá desaparecer a doença e dar lugar à perfeita saúde.

Durante a saúde o Corpo Vital especializa uma superabundância de força vital que, depois de atravessar o Corpo Denso, irradia-se em linhas retas em todas as direções desde sua periferia, como os raios que se irradiam do centro de um círculo. Contudo, nos casos de doença, o Corpo Vital atenua-se e, então, não pode absorver a mesma quantidade de força, para continuar alimentando o Corpo Denso. Então, as linhas do fluido vital que sobressaem do Corpo curvam-se e decaem, mostrando a falta de força que se produziu. Em estado saudável, a grande força destas irradiações repele os germes e micróbios, inimigos da saúde do Corpo Denso, mas na enfermidade, quando a força vital é fraca, essas emanações não conseguem eliminar com a mesma facilidade os germes da doença. Portanto, é maior o perigo de contrair uma doença quando são baixas as forças vitais do que quando a saúde é robusta.

Nos casos de amputação de partes do Corpo Denso, o Éter planetário é o único a acompanhar a parte separada. O Corpo Vital, separado e o Corpo Denso, sofre uma decomposição sincronicamente após a morte. A mesma coisa sucede com a contraparte etérica do membro amputado: ir-se-á desintegrando gradualmente com o membro denso. Contudo, nesse ínterim o ser humano ainda conserva o membro etérico, daí sua asserção de que pode sentir seus dedos ou dores nos mesmos. Existe também uma conexão entre o membro sepultado e a sua contraparte etérica, independentemente da distância. Sabe-se do caso de um ser humano que sentiu uma dor aguda, algo assim como se lhe tivessem cravado um prego em sua perna amputada. A dor persistiu até que, exumada a perna, verificou-se que efetivamente nela tinha sido cravado um prego no momento de a encaixotarem para enterrar. Removido o prego, a dor cessou instantaneamente. Nas mesmas circunstâncias estão as pessoas que continuam a sofrer dor no membro amputado, mesmo decorridos dois ou três anos após a operação. Depois desse tempo a dor cessa. Isto é devido à permanência da enfermidade na parte etérica, não amputada. Contudo, logo que a parte amputada se desintegra o membro etérico também se desintegra, e a dor desaparece.

Tendo observado as relações dos Quatro Reinos com a Região Etérica do Mundo Físico, estudemos agora sua relação com o Mundo do Desejo.

Tanto os minerais quanto os vegetais carecem de Corpo de Desejos separado. Estão compenetrados unicamente pelo Corpo de Desejos planetário, ou seja, pelo Mundo do Desejo. Não possuindo veículo separado, são incapazes de sentir, de desejar, de se emocionar, faculdades estas que pertencem ao Mundo do Desejo. A pedra nada sente quando é quebrada, mas seria errôneo deduzir-se que não há qualquer sentimento relacionado com tal ato. Essa é a opinião do materialista e da massa incompreensiva. O cientista ocultista sabe que não há ato algum, grande ou pequeno, que não seja sentido através do universo. Embora por falta de um Corpo de Desejos individual a pedra não possa sentir, o Espírito da Terra sente, porque é o seu Corpo de Desejos que compenetra a pedra. Se um ser humano corta o dedo, esse não sente dor simplesmente por não ter Corpo de Desejos separado, mas o ser humano sente, porque seu Corpo de Desejos compenetra o dedo. Se uma planta é arrancada pela raiz, o Espírito da Terra sente de modo equivalente ao ser humano a quem arranquem um cabelo. A Terra é um Corpo vivo e sensível. Todas as formas sem Corpo de Desejos separado, por meio do qual o espírito pode sentir, estão inclusas no Corpo de Desejos da Terra, e esse Corpo de Desejos possui sensibilidade. Quebrar uma pedra ou cortar uma flor causa prazer à Terra, ao passo que arrancar uma planta pela raiz causa sofrimento. A razão disto será esclarecida na última parte dessa obra, pois nesse ponto qualquer explicação seria incompreensível para a maioria dos leitores.

O Mundo do Desejo planetário pulsa através dos Corpos Denso e Vital do animal e do ser humano, da mesma maneira que compenetra o mineral e a planta. Contudo, além disso, o animal e o ser humano possuem Corpos de Desejos separados que os capacitam a sentir desejos, emoções e paixões. Contudo, existe uma diferença entre eles: o Corpo de Desejos do animal é inteiramente formado por matéria das Regiões mais densas do Mundo do Desejo, enquanto no do ser humano, mesmo nas Raças mais inferiores, um pouco da matéria das Regiões superiores entra em sua composição. Os sentidos dos animais e das Raças humanas inferiores focalizam-se quase inteiramente na satisfação dos desejos e paixões mais inferiores, cuja expressão se encontra na matéria das regiões inferiores do Mundo do Desejo. Por isso e para que possam ter emoções mais elevadas, educá-las e dirigi-las para objetivos superiores, necessitam da matéria correspondente em seus Corpos de Desejos. À medida que o ser humano progride na escola da vida suas experiências ensinam-no, e seus desejos se tornam melhores, mais puros. Dessa forma, gradativamente, a matéria do Corpo de Desejos passa por uma correspondente modificação. A matéria mais pura e brilhante das regiões superiores do Mundo do Desejo substitui as cores sombrias da parte inferior. O Corpo de Desejos aumenta de tamanho, de modo que o de um santo torna-se verdadeiramente algo glorioso a ser observado, de transparência luminosa, e de uma pureza de cores incomparável, impossível de descrever. Só o vendo é possível apreciá-lo.

Atualmente, na composição do Corpo de Desejos da grande maioria dos seres humanos entra matéria das regiões superiores e inferiores. Ninguém é tão mau que não tenha algo de bom. Isto é expressão da matéria das regiões superiores que encontramos em seus Corpos de Desejos. Por outro lado, são muito poucos os tão bons que não empreguem alguma matéria das regiões inferiores.

Do mesmo modo que os Corpos: Vital e de Desejos planetários interpenetram a matéria densa da Terra, como vimos no exemplo da esponja, da areia e da água, assim também os Corpos: Vital e de Desejos interpenetram o Corpo Denso do vegetal, do animal e do ser humano. Contudo, durante a vida, o Corpo de Desejos do ser humano não tem a mesma forma que seus Corpos Denso e Vital. Somente após a morte ele assume essa forma. Durante a vida tem simplesmente a aparência de um ovoide luminoso que, nas horas de vigília, envolve completamente o Corpo Denso, assim como no ovo a clara envolve a gema. Estende-se de doze a dezesseis polegadas[2] além do Corpo Denso. Nesse Corpo de Desejos existe certo número de centros sensoriais que ainda se encontram em estado latente na maioria dos seres humanos. O despertar destes centros de percepção corresponde ao descerrar dos olhos no cego do nosso exemplo anterior. A matéria do Corpo de Desejos humano permanece em movimento contínuo de incrível rapidez. Nem há nele um lugar estável para qualquer partícula, como no Corpo Denso. A matéria que num determinado momento está na cabeça, encontra-se nos pés ao instante seguinte, para voltar outra vez. Não há órgão algum no Corpo de Desejos, como nos Corpos Denso e Vital, mas há centros de percepção que ao entrarem em atividade parecem vórtices, sempre permanecendo na mesma posição em relação ao Corpo Denso. A maioria desses vórtices encontra-se em volta da cabeça. Na maioria das pessoas esses centros não passam de simples remoinhos, sem utilidade como meios de percepção. Podem ser despertados, contudo, ainda que dos métodos usados dependam os resultados conseguidos.

No Clarividente involuntário, desenvolvido no sentido negativo e impróprio, estes vórtices giram da direita para a esquerda, ou seja, na direção oposta à dos ponteiros de um relógio.

No Corpo de Desejos do Clarividente voluntário, devidamente desenvolvido, os vórtices giram na mesma direção dos ponteiros de um relógio, fulgurando esplendorosamente e ultrapassam muito a brilhante luminosidade do Corpo de Desejos comum. Estes centros, como meios de percepção das coisas no Mundo do Desejo, permitem ao Clarividente voluntário ver e investigar à vontade, ao passo que as pessoas cujos centros giram da direita para a esquerda são como espelhos que refletem o que se passa em sua frente e, por isso mesmo, incapaz de obter informações reais. A razão disto será explicada mais adiante, mas o que ficou dito constitui uma das diferenças fundamentais entre um médium e um Clarividente desenvolvido de modo apropriado. Para muitas pessoas é quase impossível distinguir entre ambos, mas existe uma regra que todo mundo pode seguir com plena confiança: nenhum Clarividente genuinamente desenvolvido utiliza-se de sua faculdade por dinheiro ou coisa equivalente, nem tampouco para satisfazer curiosidades, mas só e unicamente para ajudar a humanidade.

Quem quer que seja capaz de ensinar o método apropriado para o desenvolvimento dessa faculdade nunca cobrará nada, nem sequer por uma só lição. Os que pedem ou recebem dinheiro para exercer essa faculdade ou dar lições sobre ela, nada possuem que valha a pena pagar. A regra mencionada é guia seguríssimo e pode ser seguida com absoluta confiança.

Num futuro bastante longínquo o Corpo de Desejos do ser humano será organizado definitivamente, conforme atualmente estão os Corpos: Vital e Denso. Quando esse estágio for alcançado todos nós teremos o poder de funcionar no Corpo de Desejos tal como funcionamos agora no Corpo Denso que, contrariamente ao Corpo de Desejos – mais novo, por assim dizer – é o mais antigo e mais bem organizado dos Corpos do ser humano.

O Corpo de Desejos está radicado no fígado, assim como o Corpo Vital está no baço.

Em todos os seres de sangue quente, que possuem sensações, paixões e emoções – os quais se expressam no mundo com desejos – são os mais altamente desenvolvidos e os que realmente vivem em toda a extensão do termo, não vegetam meramente; em tais criaturas as correntes do Corpo de Desejos fluem do fígado para o exterior. A matéria de desejos flui continuamente em correntes que circulam ao longo de linhas curvas por todos os pontos da periferia do ovoide, e retornam ao fígado através de certo número de vórtices, assim como a água em ebulição flui continuamente para fora da fonte de calor, a ela retornando uma vez completado o ciclo.

plantas são carentes desse princípio impulsivo e energético. Daí elas não poderem manifestar vida e movimento, conforme os organismos mais altamente desenvolvidos.

Onde há vitalidade e movimento, mas não sangue vermelho, não existe Corpo de Desejos separado. O ser encontra-se num estado de transição da planta para o animal e, portanto, move-se totalmente sob o impulso do Espírito-Grupo.

Nos animais de sangue frio, que têm fígado e sangue vermelho existe um Corpo de Desejos separado, e o Espírito-Grupo dirige as correntes para dentro, porque nesse caso o espírito separado (do peixe ou do réptil individual, por exemplo) está completamente fora do veículo denso.

Quando o organismo evolui ao ponto de o espírito separado poder começar a entrar em seus veículos, então o espírito individual começa a dirigir as correntes para fora. É o princípio da existência passional e do sangue quente. O sangue vermelho e quente, no fígado do organismo suficientemente evoluído para ter um espírito interno, o qual energiza as correntes de matéria de desejo que se exteriorizam, é que leva o ser humano e o animal a manifestar desejos e paixões. Nos animais, o espírito não está completamente dentro dos seus veículos. Isto só ocorrerá quando os pontos do Corpo Vital e do Corpo Denso se corresponderem, como se explica no Capítulo XII. Por essa razão o animal não é um “ser vivente”, isto é, não vive tão completamente como o ser humano, nem é capaz de ter desejos e emoções tão sutis como as do ser humano, porque não tem plena consciência.

Os mamíferos atuais se encontram em plano superior ao do ser humano quando passou pela fase animal de sua evolução. Isto é devido a terem sangue vermelho e quente, o que naquele estágio o ser humano não possuía. Essa diferença de condição deve-se ao caminho em espiral da evolução. Isto explica ainda por que o ser humano é agora um tipo de humanidade superior à que formaram os Anjos atuais quando se encontravam no estágio chamado humano. Os mamíferos de hoje, que alcançaram sangue vermelho e quente e são capazes de, até certo ponto, experimentarem desejos e emoções, serão no Período de Júpiter um tipo de humanidade melhor e mais pura do que essa que atualmente somos. Todavia, alguns da nossa humanidade atual, mesmo no Período de Júpiter, serão abertamente malvados. Não poderão, como agora, ocultar suas paixões, mas serão desavergonhados em relação ao mal que farão.

À luz dessa exposição sobre as relações entre o fígado e a vida do organismo, é digno de nota o fato de que em várias línguas europeias (inglês, alemão e escandinavo) a palavra fígado (liver) significa tanto esse órgão do Corpo quanto “aquele que vive”.

Dirigindo a nossa atenção à relação dos quatro Reinos com o Mundo do Pensamento notamos que os minerais, os vegetais e os animais carecem de um veículo que os correlacione com esse Mundo. Todavia, sabemos que alguns animais pensam. Contudo, são os animais domésticos mais avançados que permaneceram gerações inteiras em estreito contato com o ser humano, despertando por isso mesmo faculdades que outros animais, desprovidos dessa vantagem, não possuem. Isto se baseia no mesmo princípio que faz com que um fio altamente carregado de eletricidade “induza” uma corrente mais fraca em outro que lhe esteja próximo, assim como um ser humano de forte moralidade pode despertar uma tendência parecida em outro de natureza mais débil, ou assim como esse pode ser dominado pela influência negativa de caracteres malignos. Tudo quanto fazemos, dizemos, ou somos, reflete-se em torno de nós. Eis a razão por que pensam os mais avançados animais domésticos. Por serem os mais elevados de sua espécie, estão quase no ponto da individualização, e as vibrações da Mente do ser humano têm “induzido” neles uma atividade similar, de ordem inferior. Salvo essa exceção, o Reino Animal não adquiriu ainda a faculdade de pensar. Não estão ainda individualizados. Isto é o que constitui a grande e importante diferença entre o ser humano e os demais Reinos. O ser humano é um indivíduo. Os animais, os vegetais e os minerais dividem-se em espécies. Não estão individualizados no mesmo sentido em que se encontra o ser humano.

Certo é que dividimos a humanidade em Raças, tribos e nações, e que notamos a diferença entre os caucasianos, os negros, os indianos, etc. Contudo, a questão não é esta. Se quisermos estudar as características do leão, do elefante ou de qualquer outra espécie de animais inferiores, é necessário apenas tomar qualquer exemplar da espécie. Conhecidas as características de um animal, conheceremos as características da espécie a que pertence. Todos os membros da mesma tribo animal são semelhantes. Isto é um fato. Um leão, ou seu pai ou seu filho, todos se assemelham, não há diferença alguma na maneira como poderão agir sob as mesmas circunstâncias. Todos têm as mesmas preferências e aversões; um é igual ao outro.

No entanto isto não acontece com os seres humanos. Se quisermos conhecer as características dos negros, não basta examinar um só indivíduo. Seria necessário examinar cada um individualmente e, ainda assim, não chegaríamos a conhecer realmente aos negros “como um todo”. Isso simplesmente porque o que é uma característica do indivíduo não pode aplicar-se à Raça coletivamente.

Se quisermos conhecer o caráter de Abraão Lincoln, de nada nos servirá estudar o caráter de seu pai, de seu avô, ou de seu filho, porque eles difeririam completamente entre si. Cada um tinha suas próprias peculiaridades totalmente distintas das idiossincrasias de Abraão Lincoln.

Por outro lado, podemos descrever os minerais, os vegetais e os animais se prestarmos atenção às características de um de cada espécie, enquanto nos seres humanos há tantas espécies quanto são os indivíduos. Cada indivíduo – cada pessoa, é uma espécie – é uma lei em si mesmo, inteiramente separado e distinto de qualquer outro indivíduo, tão diferente dos seus concidadãos como diferentes são duas espécies distintas do Reino inferior. Podemos escrever a biografia de um ser humano, mas não a de um animal, porque não a poderia ter. Isto resulta de existir em cada ser humano um espírito individual, interno, que dita os pensamentos e ações de cada ser humano individual, enquanto existe apenas um “Espírito-Grupo”, comum a todos os diferentes animais ou plantas da mesma espécie. O Espírito-Grupo atua sobre todos eles agindo de fora. Ambos, o tigre que perambula nas florestas da Índia e o tigre encerrado na jaula de um parque zoológico são expressões do mesmo Espírito-Grupo. Influencia a ambos, de maneira idêntica, a partir do Mundo do Desejo, um dos Mundos internos, onde a distância quase não existe.

Os Espíritos-Grupo dos três Reinos inferiores estão diferentemente situados nos Mundos superiores, como veremos quando investigarmos a consciência dos diversos Reinos. Contudo, para compreender, convenientemente, as posições desses Espíritos-Grupo nos mundos internos, é necessário recordar-se e compreender-se claramente o que foi dito sobre todas as formas do Mundo visível: são cristalizações de modelos e ideias dos Mundos internos, conforme os exemplos do arquiteto e do inventor de máquinas. Assim como os sucos do Corpo brando e viscoso do caracol se cristalizam na crosta dura que carrega sobre as costas, também os Espíritos nos Mundos superiores cristalizam semelhantemente, fora de si mesmos, os Corpos materiais, densos, dos diferentes Reinos.

Assim, os chamados Corpos “superiores”, tão refinados e sutis que chegam a ser invisíveis, não são, de maneira alguma, “emanações” do Corpo Denso. Os veículos densos de todos os Reinos correspondem à concha do caracol que é a cristalização dos seus sucos. O caracol representa o espírito, e seus sucos em via de cristalização representam a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital. Estes diversos veículos foram emanados pelo espírito de si mesmo, com o propósito de adquirir experiência através deles. É o espírito que move o Corpo Denso à vontade, como o caracol move a sua concha, e não o Corpo que governa os movimentos do espírito. Quanto mais estreitamente pode o espírito pôr-se em contato com o seu veículo, mais pode dominá-lo e expressar-se por seu intermédio, e vice-versa. Essa é a chave dos diferentes estados de consciência nos diferentes Reinos. O estudo dos Diagramas 3 e 4 dará uma compreensão clara dos veículos de cada Reino, da maneira como estão correlacionados com os diferentes Mundos e dos estados de consciência resultantes.

O Diagrama 3 mostra que o Ego separado é segregado definitivamente dentro do Espírito Universal na Região do Pensamento Abstrato, e que unicamente o ser humano possui a cadeia completa de veículos que o correlaciona com todas as divisões dos três Mundos. O animal carece de um elo dessa cadeia: a Mente; a planta carece de dois elos: a Mente e o Corpo de Desejos; e o mineral carece de três dos elos da cadeia necessária para funcionar conscientemente no Mundo Físico: a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital.

A razão das várias diferenças é que o Reino Mineral é a expressão da última corrente de vida evolutiva; o Reino Vegetal é animado por uma Onda de Vida mais antiga no Caminho da Evolução; a Onda de Vida do Reino Animal tem um passado mais antigo ainda; e o ser humano, isto é, a vida que se expressa atualmente através da forma humana, tem atrás de si, a mais longa jornada de todos os quatro Reinos, seguindo, portanto, na dianteira. Em seu devido tempo as três Ondas de Vida que agora animam os três Reinos inferiores alcançarão o estado humano, e nós teremos passado a um estado de desenvolvimento superior.

Para compreendermos o grau de consciência que resulta da posse dos veículos empregados pela vida evolutiva nos quatro Reinos, dirijamos nossa atenção ao Diagrama 4.

O ser humano – o Ego, o Pensador – desceu à Região Química do Mundo Físico e, nela começando a dirigir os seus veículos, obteve o estado de consciência de vigília e continua aprendendo a controlar esses veículos. Os órgãos do Corpo de Desejos e os da Mente não se desenvolveram ainda. O último nem sequer é ainda um Corpo. Atualmente não é mais do que um simples elo, um envoltório, que o Ego usa como ponto focal. É o último dos veículos que se formaram. O espírito trabalha gradualmente da substância mais sutil a mais densa, construindo assim os veículos, primeiro em substância sutil e depois em substância cada vez mais densa. O Corpo Denso foi o primeiro a ser construído e chegou agora ao seu quarto grau de densidade; o Corpo Vital encontra-se em seu terceiro estágio; o Corpo de Desejos está no segundo sendo, portanto, ainda como uma nuvem; e o envoltório mental é ainda mais sutil. Como esses veículos não desenvolveram ainda quaisquer órgãos fica evidente que isolados seriam inúteis como veículos de consciência. Entretanto, o Ego penetra dentro do Corpo Denso, liga tais veículos sem órgãos com os centros físicos dos sentidos, e assim obtém o estado de consciência de vigília no Mundo Físico.

O Estudante deve notar, de modo especial, que estes veículos superiores têm valor presentemente porque estão conectados com o Corpo Denso, cujo mecanismo é tão esplendidamente organizado. Desse modo não cometerá o erro, tão frequente em muitas pessoas, de menosprezar o Corpo Denso ao saber que existem Corpos superiores, dele falando como de coisa “grosseira” e “vil” e dirigindo os olhos ao céu ansioso por abandonar logo esse amálgama de barro terreno para voar nos seus “veículos superiores”.

Tais pessoas, geralmente, não compreendem a diferença entre “superior” e “perfeito”. Certamente o Corpo Denso é o veículo mais inferior no sentido de ser o mais pesado e por relacionar o ser humano com o mundo dos sentidos, com todas as limitações que isso implica. Contudo, como já dissemos, tem atrás de si um enorme período evolutivo, está em seu quarto grau de desenvolvimento e atingiu presentemente um maravilhoso e grandioso grau de eficiência. É o veículo mais bem organizado de todos os que o ser humano possui agora e tempo virá em que alcançará a perfeição. O Corpo Vital está em seu terceiro grau evolutivo e menos organizado do que o Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente são ainda, como se disse, meras nuvens – quase completamente desorganizados. Nos seres humanos mais inferiores estes veículos nem mesmo são ovoides definidos, mas sim formas indefinidas.

O Corpo Denso é um instrumento admiravelmente construído, o que pode ser comprovado por todo aquele que tenha a pretensão de conhecer a constituição do ser humano. Observe-se, por exemplo, o fêmur, o osso que suporta todo o peso do Corpo. Sua parte externa é formada por uma delgada camada de osso compacto. A parte interna é fortalecida por feixes entrecruzados de osso celular, dispostos em maneira tão maravilhosa que a mais perfeita ponte ou obra de engenharia jamais poderiam chegar a formar um pilar de igual fortaleza com tão pouco peso. Os ossos do crânio são construídos de maneira semelhante, empregando-se sempre o mínimo de material e obtendo-se o máximo de fortaleza. Considere a sabedoria manifestada na construção do coração e diga-se, depois, se esse soberbo mecanismo pode ser menosprezado. O ser humano sábio é grato pelo seu Corpo Denso, e dele cuida da melhor maneira possível porque sabe que é, presentemente, o mais valioso dos seus instrumentos.

O espírito animal em sua descida alcançou somente o Mundo do Desejo. Não se desenvolveu ainda até o ponto de poder “entrar” em um Corpo Denso. Portanto, o animal não tem espírito interno individual, mas um Espírito-Grupo que o dirige de fora. O animal tem o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, mas o Espírito-Grupo que o dirige encontra-se fora. O Corpo Vital e o Corpo de Desejos do animal não estão completamente dentro do Corpo Denso, especialmente no que concerne à cabeça. Por exemplo, a cabeça etérica de um cavalo sobressai muito além e acima da cabeça densa. Quando, em raros casos, acontece de a cabeça etérica de um cavalo penetrar na cabeça do seu Corpo Denso, esse cavalo pode aprender a ler, a contar e a executar operações elementares de aritmética. Devido a essa peculiaridade os cavalos, os cães, os gatos e outros animais domésticos percebem o Mundo do Desejo, ainda que nem sempre distingam a diferença entre esse e o Mundo Físico. Um cavalo pode se espantar ante uma figura invisível para o cavaleiro. Um gato pode tentar se esfregar em pernas invisíveis, pois, ainda que veja o fantasma, não percebe que as pernas não são densas, nas quais se poderia esfregar. O cão, mais sábio que o cavalo e o gato, sentirá, muitas vezes, que há alguma coisa que ele não compreende quando aparece seu dono já falecido e não pode lamber as mãos dele. Ele uivará pesarosamente esse se deitará em um canto com o rabo entre as pernas. A seguinte ilustração talvez possa mostrar a diferença entre o ser humano, com seu espírito individual interno, e o animal com seu Espírito-Grupo.

Imaginemos um quarto dividido ao meio por uma cortina, um lado representando o Mundo do Desejo e o outro o Mundo Físico. Dois homens, um em cada divisão, não podem ver-se mutuamente. Contudo, na cortina há dez furos pequenos e o ser humano que se encontra na divisão que representa o Mundo do Desejo pode meter seus dez dedos por esses furos para o outro lado que representa o Mundo Físico. Isto pode dar uma excelente representação do Espírito-Grupo que está no Mundo do Desejo. Os dedos representam os animais pertencentes a uma espécie. Pode movê-los a seu gosto, mas não pode empregá-los tão livre e tão inteligentemente quanto o ser humano que se encontra na divisão física pode mover seu Corpo. Esse último vê os dedos que atravessam a cortina e observa que todos se movem, mas não pode ver a relação que existe entre eles. Para ele todos parecem separados e distintos uns dos outros. Não pode ver que são os dedos do ser humano que, atrás da cortina, governa seus movimentos com sua inteligência. Se fere um destes dedos, não é ferido somente o dedo, mas principalmente o ser humano que está por trás da cortina. Se um animal é ferido esse sofre, mas não tanto quanto o Espírito-Grupo. O dedo, não tendo consciência individualizada, move-se conforme a vontade do ser humano assim como os animais se move sob os ditames do Espírito-Grupo. Ouve-se falar de “instinto animal” e de “instinto cego”. Não existe essa coisa indefinida e vaga como instinto “cego”. Não há nada “cego” na maneira como o Espírito-Grupo guia seus membros, mas há isto sim, Sabedoria escrita com a letra “S” maiúscula. O Clarividente treinado, quando funciona no Mundo do Desejo, pode se comunicar com esses Espíritos-Grupo das espécies animais e constatar que são muito mais inteligentes do que uma grande porcentagem de seres humanos. Pode observar o maravilhoso tino que demonstram ao dirigir os animais, que são os seus Corpos físicos.

É o Espírito-Grupo que reúne os bandos de aves no outono e os impele a emigrar para o sul, nem demasiado cedo nem demasiado tarde, para escapar ao sopro gelado do inverno. E é ele ainda quem os dirige de volta, na primavera, fazendo-os voar à altura adequada, altura que difere segundo as diferentes espécies.

O Espírito-Grupo do castor ensina-o a construir represas que cruzam a corrente no ângulo exatamente apropriado, considerando a velocidade da corrente e todas as demais circunstâncias, precisamente como faria um engenheiro experimentado, e demonstrando que está tão atualizado sobre cada particularidade do seu ofício quanto qualquer indivíduo tecnicamente preparado em universidade. É a sabedoria do Espírito-Grupo que dirige a construção da célula hexagonal da colmeia com tanta exatidão geométrica; que ensina o caracol a construir e formar sua casa em perfeita e bela espiral; que ensina o molusco do oceano a arte de decorar sua concha iridescente. Sabedoria, sabedoria por toda parte! Tão grande, tão imensa, que o observador atento não pode deixar de sentir-se pleno de admiração e reverência.

Nesse ponto pode ocorrer naturalmente o pensamento: se o Espírito-Grupo é tão sábio, considerando o curto período de evolução do animal comparado com o do ser humano, por que não manifesta esse último uma sabedoria muito maior? Por que deve o ser humano ser ensinado a construir represas e geometrizar, enquanto o Espírito-Grupo faz tudo isso sem ter sido ensinado?

A resposta a tais perguntas está relacionada com a descida do Espírito Universal na matéria de densidade sempre crescente. Nos Mundos superiores, onde os seus veículos são poucos e mais sutis, ele se acha em estreito contato com a Sabedoria Cósmica, que se revela de modo tão sublime no Mundo Físico, porém, conforme o espírito desce, a luz da sabedoria torna-se temporariamente mais e mais empanada até quase desvanecer-se totalmente no mais denso de todos os Mundos.

Uma ilustração tornará isto mais claro. A mão do ser humano é o seu servo mais valioso; sua destreza permite-lhe responder a mais ligeira ordem. Em algumas profissões, tais como a de caixa de bancos, o delicado tato das mãos torna-se tão sensível que ele é capaz de distinguir uma moeda falsa de uma verdadeira. Isto se processa tão maravilhosamente que quase se pode pensar que a mão foi dotada de inteligência individual.

Sua maior eficiência, porém, revela-se talvez na reprodução da música, pois é capaz de reproduzir as mais formosas melodias que embevecem a Alma. O tato delicado e acariciante da mão extrai do instrumento os mais suaves acordes na linguagem da Alma, dizendo suas tristezas, alegrias, esperanças, temores e anseios, de uma maneira que só a música pode fazê-lo. É a linguagem do mundo celeste, o verdadeiro lar do espírito, e apresenta-se à chispa divina aprisionada na carne, como a mensagem de sua terra natal. A música impressiona a todos, sem levar em conta Raça, credo ou qualquer outra distinção mundana. E quanto mais elevado e espiritual é o indivíduo, tanto mais claro ela lhe fala. Mesmo o indivíduo mais rude não fica impassível ao ouvi-la.

Imaginemos agora um mestre de música que vestisse luvas muito finas e tentasse tocar seu violino. Notaríamos logo que seu tato delicado tornar-se-ia menos sutil. A Alma da música ter-se-ia afastado. Se colocasse outro par de luvas mais grossas por cima do primeiro par, suas mãos ficariam tolhidas a tal ponto que, provavelmente, criariam uma desarmonia ao invés da harmonia original dos acordes. Se por último pusesse outro par de luvas mais pesadas sobre os já postos, ele ficaria total e temporariamente incapaz de tocar. Então aquele que não o tivesse ouvido, anteriormente, sem as luvas, diria, por certo, ser impossível que tal professor pudesse tocar formosas melodias, especialmente se ignorasse o empecilho nas mãos dele.

Ora, o mesmo acontece com o Espírito: cada passo para baixo, cada descida para a matéria mais densa é para ele o mesmo que para o músico seria vestir as luvas. Cada passo para baixo limita seu poder de expressão, mas acostuma-se a essas limitações e encontra seu foco, do mesmo modo que o olho encontra seu foco depois de entrar numa casa escura em dia claro de verão. Ao brilho do Sol a pupila contrai-se dentro dos seus limites. Assim, ao entrar na casa tudo parece escuro, mas conforme a pupila se dilata e admite a luz, o ser humano pode ver tão bem na escuridão da casa como via à luz do Sol.

O objetivo da evolução humana é capacitar o Espírito a encontrar seu foco no Mundo Físico, onde atualmente a luz da Sabedoria parece embaçada. Contudo, em seu devido tempo, quando tenhamos “encontrado a luz”, a sabedoria do ser humano brilhará francamente por meio de seus atos, ultrapassando em muito a sabedoria manifestada pelo Espírito-Grupo do animal.

Além disso, devemos fazer distinção entre o Espírito-Grupo e os Espíritos Virginais da Onda de Vida que atualmente se expressa como animais. O Espírito-Grupo pertence a uma evolução diferente e é o guardião dos espíritos animais.

O Corpo Denso em que funcionamos é composto de inúmeras células, tendo cada uma sua consciência celular separada, ainda que de ordem inferior. Enquanto essas células fazem parte do nosso Corpo estão sujeitas e dominadas por nossa consciência. Um Espírito-Grupo animal funciona num Corpo espiritual, que é seu veículo inferior. Esse veículo compõe-se de um número variável de Espíritos Virginais, imbuídos durante esse tempo da consciência do Espírito-Grupo. Esse último dirige os veículos construídos pelos Espíritos Virginais, cuidando deles e ajudando-os a aperfeiçoar esses veículos. Conforme aqueles que estão ao seu cargo evoluem, o Espírito-Grupo também evolui. Sofre assim uma série de metamorfoses, de modo idêntico àquele pelo qual crescemos e ganhamos experiência por introduzirmos em nosso organismo as células do alimento que comemos, elevando também dessa maneira – e por indução temporária – a sua consciência.

Assim, o Ego separado e autoconsciente que se encontra em cada Corpo humano dirige as ações do seu veículo particular, enquanto o espírito do animal, separado, mas ainda não individualizado nem autoconsciente, forma parte do veículo de uma entidade com consciência própria pertencente a uma evolução diferente – o Espírito-Grupo.

Esse Espírito-Grupo dirige as ações animais em harmonia com a lei cósmica, até que os Espíritos Virginais a seu cargo tenham adquirido consciência própria e se tornado humanos. Então, gradualmente começarão a manifestar vontade própria, libertando-se cada vez mais do Espírito-Grupo e tornando-se responsáveis pelos seus próprios atos. Contudo, o Espírito-Grupo continua a influenciá-los (ainda que em grau decrescente) como Espírito de Raça, de tribo, de comunidade ou de família, até que cada indivíduo se torne capaz para agir em plena harmonia com a lei cósmica. Só então o Ego se libertará e se tornará inteiramente independente do Espírito-Grupo, que por sua vez entrará numa fase superior de evolução.

A posição ocupada pelo Espírito-Grupo no Mundo do Desejo fornece ao animal uma consciência diferente da do ser humano, que tem uma consciência de vigília clara e definida, pelo que vê as coisas fora de si nítida e distintamente. Devido ao caminho evolutivo em espiral, os animais domésticos mais avançados, particularmente o cão, o cavalo, o gato e o elefante, veem os objetos quase que da mesma maneira, embora não tão claramente definidos. Todos os outros animais têm uma “consciência pictórica” interna parecida ao sonho do ser humano. Quando um desses animais encara um objeto, percebe imediatamente dentro de si uma imagem, acompanhada de uma forte impressão de malefício ou benefício para ele. Se o sentimento é de medo, associa-se a uma sugestão do Espírito-Grupo de como escapar ao perigo iminente. Esse estado de consciência negativo facilita ao Espírito-Grupo guiar, por sugestão, os Corpos Densos das espécies a seu cargo, já que os animais não têm vontade própria.

O ser humano não pode ser manejado tão facilmente de fora, seja ou não com o seu consentimento. Conforme a evolução progride e sua vontade se desenvolve de modo crescente, menos acessível ele se torna à sugestão externa e mais se liberta para agir a seu talante, sem levar em conta a sugestão alheia. Esta é a diferença capital entre o ser humano e os seres dos outros Reinos. Estes agem de acordo com a lei e sob os ditames do Espírito-Grupo (que chamamos instinto), enquanto o ser humano se converte gradativamente numa lei em si mesmo. Não perguntamos ao mineral se ele quer ou não se cristalizar, nem à flor se quer ou não florescer, nem ao leão se deixará ou não de devorar. Todos estão, tanto nas grandes quanto nas pequenas coisas, sob o domínio absoluto do Espírito-Grupo, pois carecem de iniciativa e livre arbítrio, o que em certo grau são atributos de todo ser humano. Todos os animais da mesma espécie aparentam ser quase iguais porque emanam do mesmo Espírito-Grupo, enquanto entre as quinze centenas de milhões de seres humanos que povoam a Terra não há dois que pareçam exatamente iguais; nem sequer os gêmeos quando adolescentes, porque a estampa que seu Ego individual interno põe sobre cada um produz a diferença, tanto na aparência quanto no caráter.

Todos os bois pastam erva e todos os leões comem carne, mas “aquilo que é alimento para um ser humano pode ser veneno para outro”. Isto é mais uma ilustração da absoluta influência do Espírito-Grupo. Tal influência contrasta com a do Ego, que faz cada ser humano necessitar de uma porção de alimento diferente da que precisa outro. Os médicos notam com perplexidade a mesma peculiaridade ao administrar medicamentos. O mesmo medicamento atua diferentemente sobre cada indivíduo, enquanto em dois animais da mesma espécie produz sempre efeitos idênticos. Isto se dá porque todos os animais seguem os ditames do Espírito-Grupo e da Lei Cósmica, agindo sempre semelhantemente, sob circunstâncias idênticas. Somente o ser humano pode, até certo ponto, seguir seus próprios desejos dentro de limites determinados. É certo que seus erros são muitos e graves, o que leva muitas pessoas a julgar que melhor seria que o ser humano fosse obrigado a seguir o caminho reto. Contudo, se assim fosse nunca aprenderia a retidão. As lições de discernimento entre o bem e o mal não podem ser aprendidas sem o exercício da livre escolha do próprio caminho, e sem que se aprenda a rejeitar o erro como uma verdadeira “matriz de dor”. Se agisse com retidão apenas por não ter uma alternativa nem oportunidade de agir diferentemente, ele seria um autômato e não um Deus em evolução. Como o construtor aprende pelos seus erros, corrigindo-os nas edificações futuras, assim também o ser humano, por meio de seus tropeços e das dores que produzem, alcança uma sabedoria superior à do animal (por ser autoconsciente) o qual só atua sabiamente porque a isso é impelido pelo Espírito-Grupo. No devido tempo o animal alcançará o estado humano, terá liberdade de escolha, cometerá erros e por eles aprenderá, tal como acontece atualmente conosco.

O Diagrama 4 mostra que o Espírito-Grupo do Reino Vegetal tem seu veículo inferior na Região do Pensamento Concreto. Estando a dois graus do seu veículo denso, a consciência das plantas corresponde ao sono sem sonhos. O Espírito-Grupo do mineral tem seu veículo inferior na Região do Pensamento Abstrato, estando, portanto, a três passos afastados do seu Corpo Denso. Consequentemente encontra-se em estado de inconsciência profunda, parecida à condição de transe.

Acabamos de mostrar que o ser humano é um espírito individual interno, um Ego separado de qualquer outra entidade, que dirige e trabalha um conjunto de veículos de dentro. Mostramos também que os vegetais e animais são dirigidos de fora por um Espírito-Grupo que tem jurisdição sobre certo número de animais ou vegetais em nosso Mundo Físico. Estão, pois, separados somente na aparência.

As relações das plantas, dos animais e do ser humano com as correntes de vida na atmosfera terrestre são representadas, simbolicamente, pela cruz. O Reino Mineral não está representado porque, conforme vimos, não possui Corpo Vital individual e, portanto, não pode ser o veículo de correntes que pertencem aos Reinos superiores. Platão, que foi um Iniciado e, frequentemente, emitia verdades ocultas, disse: “A Alma do Mundo está crucificada”.

O madeiro inferior da Cruz indica a planta, que tem suas raízes no solo químico, mineral. Os Espíritos-Grupo das plantas estão no centro da Terra. Como devemos recordar, se encontram na Região do Pensamento Concreto que, assim como os outros Mundos, interpenetra a Terra. Destes Espíritos-Grupo emanam fluxos ou correntes em todas as direções para a periferia da Terra, exteriorizando-se através e ao longo das plantas ou árvores.

O ser humano é representado pela haste superior da cruz: uma planta invertida. A planta absorve seus alimentos pelas raízes. O ser humano recebe-os pela cabeça. A planta dirige seus órgãos de geração para o Sol. O ser humano, a planta invertida, volve-os para o centro da Terra. Enquanto a planta é sustentada pelas correntes espirituais do Espírito-Grupo desde o centro da terra, as quais nela penetram pela raiz, o ser humano, como mais tarde mostraremos, recebe do Sol a influência espiritual mais elevada pela cabeça, como planta invertida que é, já que o Sol lhe envia seus raios de cima para baixo. A planta absorve o venenoso dióxido de carbono expirado pelo ser humano e exala, em troca, o vivificante oxigênio que esse utiliza.

O animal, simbolizado pelo madeiro horizontal da cruz, está entre a planta e o ser humano. Sua espinha dorsal é horizontal, e através dela passam as correntes do Espírito-Grupo animal que circulam em torno da Terra.

Nenhum animal pode permanecer em posição vertical, porque nessa posição as correntes do Espírito-Grupo não podiam guiá-lo. Morreria por não estar suficientemente individualizado a ponto de suportar as correntes espirituais que penetram através da medula espinhal humana. O veículo de expressão de um Ego individual necessita possuir três coisas: a marcha em posição vertical, para pôr-se em contato com as correntes mencionadas; a laringe vertical, por ser tal laringe a única capaz de falar (os papagaios e estorninhos são exemplos de laringe vertical); e, em virtude das correntes solares, deve ter sangue quente. Esse último é da maior importância para o Ego, o que, logicamente, será explicado e ilustrado mais adiante. Tais requisitos são aqui mencionados apenas como remate final sobre a posição dos quatro Reinos em relação um ao outro e aos diversos Mundos.


[1] N.R.: cerca de 3,8 centímetros

[2] N.R.: em torno de 31 a 41 centímetros

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