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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Sonho de Rosas

Aquela Sonhadora que tem Mercúrio e Vênus em Aquário sonhou, e em seu sonho viu, estendendo-se por todos os lados até o horizonte, um vasto deserto, inteiramente coberto de pedras; pedras que não eram raras nem preciosas, nem mesmo pitorescas, mas disformes, feias, incrustadas de terra e poeira — uma visão cansativa. E a voz que fala sem palavras disse a ela: “Essas pedras são as almas do mundo”. Então, a Sonhadora voltou seus olhos para o céu e viu mais beleza do que o mundo das almas das pessoas sonhava, pois na abóbada azul surgiu uma grande cruz, branca e luminosa, e suas extremidades pareciam desabrochar em flores.

Do seu centro irradiavam-se cinco correntes de raios dourados e, pendendo sobre a cruz, parecia haver uma coroa de flores. Mas, a Sonhadora mal prestou atenção a isso, absorta na maravilha da estrela de cinco pontas, porque seus raios eram mais dourados do que o ouro mais fino e cada um, embora em número incontável, era claro e individual como um cabelo brilhante. Dos dois fluxos estelares inferiores os raios caíam nas pedras e ela viu que um raio ia para cada pedra. E eis que não eram mais pedras: cada uma delas havia se tornado uma rosa. E a voz que fala sem palavras disse: “Veja como cheiram estas rosas”. E a Sonhadora riu ao pensar que o perfume pudesse ser visto.

O mundo estava agora completamente coberto de rosas, e ela viu como cada rosa (que fora uma pedra), em resposta aos raios da estrela, enviou um raio de resposta, mas não um puro brilho dourado como aqueles lançados pela estrela; no entanto, belos raios cheios de cor e matiz, extrema e infinitamente variados. Pois cada rosa enviava seu próprio raio responsivo e não havia duas iguais, já que todas as cores da Terra dos Sonhos estavam lá, incomparáveis em beleza e variedade, muito além de qualquer uma vista por aqueles que pensam que estão acordados!

Os raios das rosas refletiam em sua fonte e caíam na coroa de rosas que estava pendurada na cruz. Assim, como os raios da Cruz haviam transformado as pedras em rosas, agora os raios das rosas operavam uma transformação maravilhosa, pois ao tocá-las a Sonhadora não viu uma coroa de rosas, mas um halo formado de seres celestiais como fogo brilhante que rodopiava e girava como roda, tão brilhantemente luminoso que com grande alegria a Sonhadora acordou.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Travessia

A peregrinação do Espírito – nossa – em evolução é uma longa travessia.

Travessia é, também, a vida, o dia, a circunstância.

Em períodos infinitamente grandes até aos mais fugazes, nós estamos sempre transitando, recolhendo meios para realização do nosso destino: a dinamização das faculdades latentes, que nos torna à estatura d’Aquele que nos emanou.

Em toda a literatura espiritualista, quer esotérica, quer exotérica, figuram sempre, como expressivo símbolo, as travessias: as viagens, o êxodo, atravessar rios e mares, etc. É sempre alegoria de transições de consciência, no processo de expansão do ser e de um povo.

O caminho a percorrer está sempre dentro de nós. Nunca é externo. O exterior é simples meio para atingirmos o fim, que é a realização interna. O caminho não é marcado por distância, senão por expansão de consciência. Por isso disse Cristo: “EU SOU O CAMINHO…”. Ninguém pode chegar à união com o Pai Universal, com o Criador, senão pelo encontro e expansão do “Eu interno”. Pelo semelhante atingimos o semelhante. Pelo dissemelhante nos isolamos e nos afastamos. Tal é o sentido de Religião e de queda: uma questão vibratória.

Deus, no céu (superior, elevado) é Luz, é Vida (em vibração mais alta). Satanás (o adversário, em nós, a natureza inferior), no inferno (inferior estado de consciência) é treva, é morte.

Na mitologia greco-romana temos o relato do mergulho do espírito na matéria e as transições pelas quais poderá alcançar as delícias de Eliseu – a ilha dos escolhidos e dos heróis – que se distinguiram na batalha da vida, nos desafios da evolução.

Quando Júpiter dividiu seu Reino, coube a Plutão o governo do Hades. Ele raptou Prosérpina (Perséfone) para sua esposa. Hermes (Mercúrio) levava para o Hades os mortos e os entregava, às margens do primeiro rio (rio Estige = tenebroso) ao barqueiro Caronte que os atravessava e, na margem oposta os deixava sob a vigilância do cão Cérbero (de três cabeças), para que de lá não fugissem. Os maus sofriam castigos de remorso e o suplício da Hidra, serpente de 50 cabeças.

O Hades tinha cinco rios: o Estige (tenebroso), Aqueronte (das penas), Flegeton (do fogo), Cocito (dos lamentos) e Lete (do esquecimento).

Mito não é fantasia, e sim uma alegoria. Aqui temos o relato de como a Centelha Divina mergulhou no Esquema de Evolução, envolvendo-se sucessivamente nos Corpos que formou, com auxílio das Hierarquias Criadoras (Prosérpina raptada às regiões inferiores), unindo-se à Morte (Plutão, regente de Escorpião, correspondente à oitava Raça, da morte), isto é, perdendo consciência de Si próprio identificando-se como um ser humano, aparentemente separado e à parte do Espírito.

Quem nos mantém nessa ilusão é o intelecto condicionado (Hermes), cada vez que renascemos (voltamos aos planos inferiores) e somos vinculados aos Átomos-sementes dos três Corpos (Cérbero, cão de três cabeças).

Pelo mau uso do sexo (suplício da Hidra, relativa à Câncer, que governa a vida geradora) e ignorantes transgressões (que provocam remorsos) vamos despertando a consciência pela dor inevitável (Lei de Consequência).

A maioria da humanidade vive mergulhada como num sono (irmão gêmeo da morte, que habitava o Hades), gerando os sonhos (vida irreal) e julgando-se o que não é (Morfeu, o criador das formas nos sonhos). Oportuno é lembrar que, no mito, o sono e seu filho Morfeu trazem na mão uma papoula, da qual se extrai o ópio, símbolo da inconsciência em que mergulhamos.

Para libertar-nos desse estado há cinco transições (cinco rios). Do ponto de vista comum, do ser humano em geral, significa transcender os cinco sentidos pela metanóia ou ligação com o Espírito de Verdade, o Consolador em nós (Mente abstrata), portal para uma vida mais ampla, dos escolhidos (Eliseu). Daí por diante, os cinco rios representam as cinco primeiras iniciações, para superarmos em definitivo todas as diferenças humanas e nos identificarmos em essência, com nossos semelhantes e com toda a Criação.

Os Evangelhos relatam que o Cristo e seus Apóstolos atravessaram muitas vezes o Mar da Galileia, sempre com missões diferentes. Essas passagens aludem à missão do Espírito (Cristo) nos corpos (apóstolos), aparentemente numa rotina diária, mas em verdade, sempre submetido a novos desafios, a oportunidades renovadas de elevação.  A vida parece igual; os dias parecem repetir-se num monótono ritmo. Mas, o espiritualista, ao despertar, enxerga em tudo novas facetas e renovados convites de desdobramento de consciência. Cada vez que aceita esse desafio e aproveita essa oportunidade, ele faz uma transição.

Na tradição Cristã encontramos a vida de São Cristóvão, padroeiro dos viajantes e dos transportes em geral. É representado por um homem com uma criança ao ombro, atravessando o rio com auxílio de um cajado comprido. É uma maravilhosa alegoria! Representa o ser humano consciente de sua missão, que reconhece, ama e obedece ao Eu verdadeiro e superior, buscando ser um canal impessoal de Sua vontade.

São Cristóvão era um homem forte (internamente) e desejava servir alguém que lhe fosse superior em coragem e força. Conheceu um rei extraordinário e passou a servi-lo. Um dia falaram em “diabo” e o rei se persignou. Cristóvão estranhou e perguntou ao rei: “Por que fazes o sinal da cruz ao ouvires falar em diabo?”. O monarca lhe respondeu: “Por que é um poder temível”. Falou Cristóvão: “se ele é mais forte que ti, então servirei a ele”. Foi em busca de Satanás e passou a servi-lhe, até que um dia, vendo uma luz, o diabo tapou os olhos e fugiu. Cristóvão o abandonou e, indo ao encontro da luz, perguntou-lhe: “Que devo fazer para servi-la?”, E a Luz orientou-o: “Vai ajudar os viajantes na travessia daquele rio perigoso”. E o levou até lá, dizendo: “é uma tarefa difícil e ninguém a aceita”. Desde então, Cristóvão se tornou um servidor da Luz, para atravessar a vau os viajantes.

Um dia foi acordado, madrugada ainda, por um menininho que lhe pedia para ajudá-lo a atravessar o rio. Cristóvão, admirado por vê-lo só, não ousou fazer-lhe perguntas: sua tarefa era ajudar a travessia. Além disso, o menino era singularmente seguro de si.

Pô-lo no ombro e se meteu no rio. Quando chegou ao meio, inexplicavelmente as águas começaram a subir e a correnteza se tornava cada vez mais forte, ameaçando arrastá-lo. Para complicar a situação, o menino começou a tornar-se cada vez mais pesado.  Cristóvão concentrou toda sua imensa força e coragem e a duras penas chegou à outra margem, exausto. Desceu docemente a criança dos ombros e, olhando- a profundamente, observou: “Meu Deus! Eu parecia estar carregando o mundo! E por que o rio se tornou inopinadamente cheio e impetuoso?”.

O menino sorriu e respondeu: “Agora te chamarás Cristóforo, ou aquele que conduz o Cristo, ajudando o Senhor a levar a cruz do mundo”. E desapareceu.

Todos nós podemos nos transformar em Cristóforos, quando assumirmos conscientemente nosso destino espiritual. Temos de reunir recursos internos, confiança própria e poder. Temos de passar a servir à Luz interna, depois de nos convencermos da inutilidade de servir ao poder ambicioso, à fama vaidosa, ao apego de bens e ao amor sensual. Temos que deixar de servir à natureza inferior e reconquistar nossa verdadeira identidade.

Então, começaremos a repartir com os outros nossa experiência dessa transição de consciência para a vida real, até que, inesperadamente, quando estivermos internamente maduros, sejamos provados para ser admitidos à iniciação.

A Igreja descanonizou S. Cristóvão, devolvendo à estória seu caráter alegórico. Os Cristãos esotéricos guardam carinhosamente a lenda, pela esplêndida mensagem que encerra.

Se executamos cada vez mais eficientemente o Exercício Esotérico da Observação perceberemos que há sempre pessoas diferentes que ajudamos a atravessar e que atravessam em nossa experiência. Isso quer dizer que devemos tomar consciência da vida, aproveitando os ensinamentos que ela nos oferece continuamente. Cada circunstância tem sua razão de ser e se ela nos envolveu, é porque temos relação com ela: devemos encontrar essa relação dentro de nós. Cada lição, cada acontecimento, cada pessoa que acorre à nossa experiência é um barqueiro, é uma ajuda, para realizarmos com mais proveito a travessia. Ao mesmo tempo servimos de barqueiro aos outros. Cada qual tem sua contribuição a dar na travessia, de vez que a Individualidade, a Epigênese, nos concede faculdades pessoais, que os outros não possuem e que podem completar os recursos deles.

De modo especial, o barqueiro é o que reúne mais recursos e os oferece com amor aos demais. Segundo a necessidade interna, somos sempre atraídos para a pessoa ou circunstância que mais nos pode edificar, mesmo que sua aparência seja negativa.

Desse modo, a travessia de cada ato ou de cada dia, enriquece-se e se torna atraente, pela variedade de contribuições. Ajudamos os outros a atravessar e eles nos ajudam igualmente na transição. Queiramos ou não, a vida é uma Fraternidade, que tende a se tornar luminosa e valiosa, na medida em que tomamos consciência do servir. Cada encontro é um mistério e uma revelação quando nos dispomos a dialogar e permutar amorosamente os recursos anímicos.

Pena é que a travessia se faz inconscientemente. A maioria evolui com muita dor, envolvendo-se na correnteza do rio da vida (circunstâncias) e machucando-se nas pedras. Essa inconsciência e ilusão de separatividade ao espírito fazem com que a Personalidade se apegue ao exterior, identificando-se com tudo que o cerca, de modo negativo e egoísta. Se ajudarmos alguém na travessia, fazemos questão de que ele nos elogie, nos agradeça ou retribua de alguma forma. Só a essência serve pelo servir. Quando a pessoa é um instrumento consciente de seu Espírito, sabe que a tarefa é atravessar a si e aos demais. Sua missão termina aí.

O servir amoroso e desapegado é importante. Ele aproveita melhor os meios de evolução e faz a pessoa progredir mais depressa. É uma travessia mais rápida e mais agradável, porque não se apega aos meios evolutivos, mas os usa bem e enquanto são úteis. É como construir uma jangada, atravessar o rio e depois abandoná-la na outra margem. O apegado se sobrecarrega, retardando a jornada: leva a jangada e as tralhas nas costas.  Ora, à medida que evoluímos no caminho, os meios se tornam diferentes. Novos níveis determinam novas necessidades. Os níveis ultrapassados devem ser abandonados.

A pessoa apegada se identifica com os meios. Está sempre vivendo no passado, negligenciando as oportunidades presentes e a renovação inevitável. Ainda mais: deixa-se contaminar pelos meios, devido ao errôneo relacionamento com eles. Há uma estória referente a esse ponto, conforme segue.

Dois monges, em meio à jornada, defrontaram um rio e já se dispunham a atravessá-lo quando veio uma jovem pedir-lhes que a ajudassem na travessia. Um deles se negou e o outro, de boa vontade, tomou-a nos braços e a carregou até à outra margem. Separaram-se dela e continuaram seu caminho. Depois de meia hora de mutismo, o outro monge disse ao companheiro que ajudou a moça: “Irmão, estou muito triste com você! Jamais pude supor que você agisse de tal modo!”. O outro, admirado, perguntou: “De que você está falando?”. “Da moça – respondeu ele – da jovem que você estreitou nos braços, na travessia do rio!”. “Como? – contestou o monge – eu a deixei na outra margem e você ainda está com ela?”

A mensagem é clara: a moça representa, para um monge, uma tentação. Tentações também são todas as coisas mundanas que, encontrando um ponto fraco em nosso íntimo, possam afetar-nos. As coisas não são, em si, nem boas nem más; nem pecaminosas nem virtuosas. Quem lhes confere qualidades é o ser humano, segundo seu íntimo. Uma pessoa especializada pode e deve viver no mundo, para servir de “sal da terra”. Se o sal não se misturar à comida, de que servirá? Em si, o sal é intragável e a comida insossa. Se soubermos nos relacionar, sem identificação nem apreciação viciosa, com o mundo, ele nos ajuda a evoluir. Tal é a lição do monge que não se negou a ajudar a moça na travessia do rio. O fato de tomá-la nos braços, de estreitá-la obrigatoriamente, ao segurá-la e transportá-la, não o contaminou nem lhe despertou paixões e cobiça. Já o outro monge, progredindo por outros meios e evitando tudo o que chama “pecaminoso”, está, em verdade, recalcando desejos e pode cair facilmente através da insatisfação, um dia. Por si, julga o outro.

Outro pormenor interessante se pode sacar da estória: não há virtude em evitar os desafios da vida e recluir-se numa vida contemplativa e de exclusiva prática devocional. A virtude decorre da experiência e da superação do errôneo relacionamento com os meios evolutivos. Não há nada mal. Até no aparente mal há o bem em gestação. Deus é Onipresente e Ele é Luz e Amor. Tudo, afinal, resulta proveitoso à evolução.

Os Senhores do Destino ou Anjos do Destino utilizam os meios mundanos como incentivo para promover a evolução. A fama, o poder, o dinheiro e o amor são as grandes molas da ação humana. É fazendo que se aprende. As atividades em si não são boas nem más. Quando obrigatoriamente nos metemos nelas, vamos aprendendo a transcendê-las, no que refere ao apego, aos abusos, etc.; não que isso sirva de pretexto para chafurdarmos no que é reconhecidamente prejudicial. Referimo-nos aos inevitáveis desafios e tentações da vida.

O monge que levou a moça ensina isso: ao servir, foi servido. O estímulo do amor, da fama, do poder, da fortuna, dinamiza nossas faculdades e nos ajudam a fazer grandes travessias – as transições para melhor. Aprendemos e deixamos as falhas que a prática vai revelando.

Ao contrário, quem se omite para não ser tentado, mais facilmente poder cair nas armadilhas de sua natureza inferior. Suas críticas, sua malícia, são reflexos de seus recalques.

Realmente, a evolução não se processa apenas no que chamam de “ocultismo”, referindo-se a fenômenos, a desenvolvimento de faculdades etc. A espiritualidade é cultivo interno; é regeneração de caráter. Ela abrange toda a Personalidade viciada e condicionada, devolvendo ao intelecto, as emoções, aos sentimentos e ao Corpo Denso, condições de servirem como instrumentos eficazes do Espírito, por meio da regeneração dos hábitos.

Certa vez um discípulo, exultante, correu ao Mestre e lhe disse: “Mestre, consegui! Consegui!”. O Mestre, calmamente lhe perguntou: “Conseguiste o que, meu filho?” “Consegui cruzar o rio, andando por cima das águas. Consegui a levitação! Levei trinta anos! Mas consegui!” – exclamou o discípulo, cheio de euforia. O Mestre ficou sério alguns minutos e depois lhe observou: “Que pena! Quanta coisa melhor poderias ter feito nesses trinta anos!”.

De fato, a evolução é global. Os meios estão na própria vida de todos os dias: nas coisinhas costumeiras. A evolução está no modo como fazemos, como encaramos, como utilizamos: e tudo isso depende de nosso íntimo, de nosso conhecimento da verdade, da vivência, do amor.

Os fenômenos são decorrências inevitáveis da espiritualização do ser, mas não o fim, em si mesmo. No fundo, a busca de fenômenos esconde a pretensão da Personalidade, de distinguir-se, de parecer melhor e maior que os demais, impressionando-os com algo incomum. Não é por isso que se mede a espiritualidade. Há muito paranormal com limitação e falhas gritantes.

É importante meditarmos sobre a travessia e o modo como utilizamos os meios, para realizá-la de modo mais eficaz, rápido e agradável. Seja pelas lições do rio da vida, seja pelas constantes tarefas diárias (travessias do Cristo com os apóstolos, no Mar da Galileia), seja pelo poder da vontade persistente e da coragem (Cristóforo), seja pelos meios que nos facilitam mais, através do apego e discernimento; seja, enfim, pelos estímulos comuns da existência (ajudar a moça) – importante é que façamos a travessia para níveis mais altos; importante é que sigamos o interno impulso que nos chama para frente e para cima. Todavia, mais feliz o que tem a coragem e a paciente perseverança de se regenerar diariamente a fim de que a ascese decorra com segurança.

(por Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Rosacruz – novembro/1976 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Por que chamam Netuno de oitava superior de Mercúrio?

Resposta: Mercúrio está, geralmente, associado a razão e a inteligência; a ele atribuímos a regência sobre o sistema nervoso, que é o meio de transmissão entre o Espírito encarnado e o Mundo exterior. Da mesma forma que Netuno significa as inteligências sub-humanas e super-humanas que vivem e se movimentam nos Reinos espirituais do universo, mas que operam com e sobre nós, assim Mercúrio indica a inteligência humana focalizada no Mundo Físico terrestre no qual vivemos desde o nosso nascimento até a nossa morte. Por conseguinte, podemos dizer que Netuno é a oitava de Mercúrio; mas há nisso um sentido ainda mais profundo.

Se consultarmos um manual de anatomia ou de fisiologia do corpo humano, verificaremos que os sulcos longitudinais[1] na medula espinal[2] se dividem em três partes, que encerram um tubo oco. Cada uma dessas colunas é regida por uma das Hierarquias que estão em contato mais próximo de nós: a lunar, a marcial ou a mercurial, predominando conforme o estágio de evolução do indivíduo. No canal espinal[3], os raios de Netuno iniciam o fogo espiritual espinal por meio do qual o Espírito humano é capaz de penetrar pelo véu da carne e entrar em contato com os Mundos do além. Essa visão é colorida de acordo com a coluna da medula espinal mais ativamente excitada.

Na infância da humanidade, a força criadora, que está atualmente voltada para o exterior para construir navios, casas, ferrovias, telefones, etc., era usada internamente para construir os órgãos do nosso Corpo Denso, e da mesma forma como fotografamos o Mundo Físico ao nosso redor sobre a placa de uma câmara escura, assim também os Mundos espirituais são refletidos no canal espinal. Foi lá que, primeiramente, o ser humano contemplou o Deus lunar, Jeová, cujos Anjos eram, então, os tutores dele. Mais tarde, os Anjos que ficaram para trás em relação a evolução dos seus companheiros, e cujas necessidades evolutivas eram, portanto, diferentes, forçaram a entrada na medula espinal do ser humano. A visão interna espiritual dos seres humanos se extinguiu quando “seus olhos abriram-se e viram que estavam nus[4].

Então, os seres humanos perderam o contato com o “Eu superior”. Eles só viam a pessoa, e a dócil criatura de Jeová se transformou logo em um ser selvagem e bruto sob o impulso dos Espíritos de Lúcifer, a Hierarquia de Marte. Contudo, sob as instigações desses, o ser humano aprendeu, também, a conquistar os obstáculos materiais, a construir externamente e a se tornar o arquiteto do mundo. Para neutralizar o egoísmo feroz alimentado pelos Anjos marciais e para humanizar o gênero humano, os nossos Irmãos Maiores de Mercúrio, humanos como nós, cujo elevado grau evolutivo requeria vibrações mais elevadas, como as que são geradas e que prevalecem nas proximidades do Sol, foram solicitados a investir também na medula espinal do ser humano. Através dos esforços deles é que a civilização tomou uma forma diferente. A humanidade está recomeçando, novamente, a olhar para dentro, e quando o raio mercurial encontra o raio de Netuno, no canal espinal, o ser humano encontra novamente o seu “Eu superior” – o Cristo nasce internamente[5].

Portanto, há uma conexão entre a Lua, Mercúrio e Netuno. Os que entram em contato com Netuno por meio da Lua, podem se tornar médiuns irresponsáveis, vítimas de obsessão, etc., mas quando Mercúrio é a porta de entrada, a razão e a compreensão passam a guiar o Espírito aspirante. Um Mercúrio com Aspectos adversos[6] pode, às vezes, induzir aqueles que buscam a entrar pela porta errada, o que poderá resultar em perturbações mentais. Contudo, se estiverem conscientes do perigo, um cuidado e uma persistência contínua geralmente abrirão a porta do templo, pois as forças do bem estão agora em ascendência e crescem cada vez mais fortes à medida que o tempo passa.

(Pergunta nº 118 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: A medula espinal apresenta os seguintes sulcos longitudinais, que percorrem em toda a sua extensão: o sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral.

[2] N.T.: Os termos “medula espinal” e “medula espinhal” são sinônimos, e ambos podem ser usados para fazer referência à medula e aos nervos periféricos. Os termos “espinal” e “espinais” são os termos utilizados na terminologia anatômica oficial.

[3] N.T.: Também chamado de canal medular (também conhecido como canal espinhal ou canal vertebral) é o espaço dentro das vértebras onde passa a medula espinal.

[4] N.T.: Gn 3:7

[5] N.T.: Refere-se ao nascimento do Cristo Interno.

[6] N.T.: Quadraturas, Oposições e algumas Conjunções.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Comece de Dentro para Fora

Comece de dentro para fora! Deus se manifesta do centro de cada coisa criada, num sentido de expansão: de dentro para fora. Grave bem isto, traçando um círculo com um ponto no centro: o centro é você, um Espírito, um Deus individualizado, do qual devem emanar as manifestações espirituais, em direção à periferia (a Personalidade) e daí ao próximo, ao mundo.

Expande-se a luz, a partir do centro gerador. Você é luz, porque Deus é Luz e você foi feito (a) à Imagem e Semelhança d’Ele. A luz não deve ser colocada sob o alqueire (escondida na Personalidade), mas exposta no candeeiro, para iluminar a todos. Assim brilhe a sua luz, para que seja glorificado o seu Cristo Interno.

Irradia-se o calor, a partir do foco central; expande-se o som, a partir do instrumento que o produziu.

Assim também você, qual uma sementinha de Deus, enterrada no plano evolutivo, deve expandir-se, lançar as raízes, erguer a haste, atingir a superfície da realização espiritual. Depois você crescerá por uma nova vida (Iniciações) até se converter numa árvore, com sua sombra protetora e amena; dando os frutos que alimentam os famintos de verdade; espalhando sementes que possam cumprir a mesma missão expansiva de realização e de serviço.

Tal é a ordem da natureza. Ninguém pode limitar, sufocar ou impedir esse centrífugo impulso de Deus em tudo. Se sufocamos o calor, ele se acumula e se transforma em fogo, destruindo-nos de algum modo. Se sufocamos o ar e o comprimimos além de certo limite, ele acaba explodindo e nos explodindo. Se limitamos um caudal de água e não lhe permitimos o fluxo, ele acaba destruindo as barreiras, provocando grandes danos.

O mesmo se dá com a manifestação centrífuga do Espírito, através de seus veículos, Ele deve cumprir uma tarefa de dinamização e expansão de faculdades latentes, no cumprimento de seu destino evolutivo. O corpo há de ser exercitado e superutilizado; as emoções e a Mente há de purificar-se e aprimorar-se. O que não se exercita, cristaliza-se, fatalmente. Doutro lado, se a Mente se entretém apenas com pensamentos negativos, acaba se envenenando e comprometendo o ser. Se as emoções se contêm no ódio, no ressentimento, na inveja, nos medos de toda espécie, tristezas, um dia, como um vulcão, entrará em erupção, devastando-nos o corpo. No aspecto físico, a má alimentação, em qualidade e quantidade, provoca retenção de tóxicos, anormalidades várias. Tudo isto somado, explica os males e sofrimentos da chamada “moderna civilização”.

A ciência acadêmica reconhece essas evidências. O médico sabe que a úlcera foi de origem nervosa; que a diabetes foi ocasionada por traumas; que os infartos e derrames (acidentes vasculares) são produzidos por esta vida agitada, egoísta, angustiada, insatisfeita, ignorante – apesar da (pseudo) cultura. A Astrologia Rosacruz explica bem estas correlações.

Por exemplo, tomemos Vênus num horóscopo: ele rege a glândula Timo, a circulação venosa – no aspecto físico; rege o amor, a simpatia, a coalizão, a doçura, o senso estético – no aspecto emocional; rege o relacionamento financeiro, conjugal e social – no aspecto mental.

Se Vênus está com Aspectos adversos (Quadratura, Oposição e algumas das Conjunções), todas essas atividades ficam limitadas, prejudicadas, desvirtuadas, segundo o Signo, a Casa e o Astro com os quais esteja configurado adversamente. De modo geral podemos dizer que seu Aspecto adverso tende a uma má ligação (Timo), atraindo pais ou responsáveis desamorosos ou indiferentes; a circulação venosa não fluirá livre e normalmente; a pessoa terá dificuldades em trabalhos de equipe; será desalinhada em seus hábitos; terá carência de compreensão e aceitação das pessoas, provocando-lhes e atraindo idêntica atitude; falhará no harmonioso relacionamento com o (a) cônjuge e sócios; não terá equilíbrio e justeza no modo de adquirir recursos e empregá-los.

Justamente por falta dessas capacidades, a pessoa não poderá tomar consciência de suas falhas; buscará justificar-se; se revoltará com as dificuldades que atrai a sua vida. Só a sofrimento poderá despertá-la, tirando-lhe o indevido apoio nos recursos externos e materiais – sabendo que tudo depende de seu íntimo, de sua consciência, para a relação com o exterior.

É claro que, nessa expansão justa das faculdades, para conservarmos a harmonia com o mundo, é mister a prudência, o equilíbrio, a vigilância, o conhecimento de si, o discernimento em cada situação, tudo isto dependendo das configurações de Saturno e Mercúrio. Tais qualidades são desejáveis de cultivar – para substituir os comuns recursos de esperteza, de astúcia, de desonestidade, de negligência, de egoísmo, enfim que obstruem a força centrífuga de Deus em nós. A Personalidade não pode nem deve conter a natural expansão do Espírito, em sua ânsia evolutiva.

Vejam como a força de uma semente em expansão vai rompendo os obstáculos, contornando os mais difíceis ou, se necessário, rompendo-os à sua passagem! Já vi árvores romperem rochas enormes, para poderem abrir caminho para o alto.

Além de nos prejudicarmos, quando ignorantemente tentamos obstruir a expansiva ação do Divino interno, fechamo-nos ao cicio natural de reabastecimento; negamo-nos a entrar no ritmo divino. Isto é pior que tudo.

O ciclo de Lavoisier oferece uma clara ilustração deste ponto: a fonte jorra livremente; seu fio d’água desce a montanha e se junta em sua jornada, a outros fios d’água, formando regatos; estes formam os rios menores que oferecem tributo na formação dos maiores, que finalmente desaguam no mar. É uma aglutinação de esforços; uma jornada de serviço, fertilizando terras, alimentando, dessedentando. No oceano, as águas se evaporam pelo calor, formam-se as nuvens que se deslocam para as montanhas e desfazem-se em chuva. Esta mergulha na terra e vai reabastecer os canais abertos das fontes. É um trabalho dos elementos, a serviço das Hierarquias Criadoras. As fontes continuam a fluir constantemente reabastecidas, sem necessidade da inteligência e recursos humanos.

Se a fonte se fechasse, negando sua contribuição – ou as águas a romperiam com a pressão ou tratariam de encontrar nova saída. O importante é saber: sem esvaziar-se ela não pode ser suprida novamente; sem dar, ela não pode receber.

Cada um de nós é uma fonte – porém, uma fonte diferente, porque, mercê de nosso nível evolutivo, temos consciência própria, ignorantemente usada, por causa de nossos vícios e condicionamentos. Temos condições de dar uma água muito mais valiosa ao mundo, mas incoerentemente, somos aquela fonte citada na Epístola de São Tiago 1:3: “que jorra, ao mesmo tempo, água doce e amarga“. E, às vezes, nem jorramos. Abusamos de nossa prerrogativa e nos fechamos. As consequências aí estão nesse mundo de desarmonias que todos conhecem.

Importante é sabermos que, pelo conhecimento e regeneração de nossa Personalidade, podemos nos transformar numa fonte maravilhosa, cujos canais, à medida da evolução, se alargam e recebem, mais e mais, do suprimento divino interno, quando sabem jorrar com discernimento e amor.

Em tudo, no microcosmo como no macrocosmo, o que gradua a evolução é a capacidade de dar, de fazer jorrar do manancial interno o fluxo irresistível de Deus em expansão. Um galho produz mais que o outro, quando seus canais internos se abrem mais ao fluxo da seiva comum da árvore; uma estrela brilha mais que outra, quando dinamizou internamente maior potencial de luz.

No ser humano esse reabastecimento resulta do trabalho evolutivo. Temos um manancial interno – que se encontra inativo; um potencial. Só o dinamizamos em parte e essa parte é que constitui nosso atual nível evolutivo, nosso grau de consciência, nosso fluxo anímico, expresso pelos recursos pessoais. O resto não se pode medir, porque é infinito; é a própria herança de Deus, e cujo dinamizar nos torna “perfeitos como o Pai celestial” – segundo o convite evangélico.

Precisamos jorrar, isto é, dinamizar as faculdades latentes e pô-las a serviço do divino. A única dificuldade que existe reside na Personalidade viciosa, que não deseja esvaziar-se dos condicionamentos para encher-se do novo ser, da nova consciência. Ela é que anestesia nossa vontade e procura dissuadir-nos desse despertar. No entanto, à medida que vamos nos regenerando, o impulso centrífugo do Cristo interno irá abrindo caminho a manifestação das potencialidades divinas, rumo ao destino que o impele.

Assim, sempre, o trabalho é interno, é individual, é de dentro para fora!

 (Por Gilberto A V Silos – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1976-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mente no Tema Natal ou no Horóscopo Natal

Quando vamos ponderar as qualidades mentais de uma pessoa, em um tema astrológico, a primeira coisa que devemos considerar é a posição de Mercúrio. Primeiramente, notemos em que Signo está ele colocado, depois a Casa e, finalmente, os Aspectos que mantém com os outros Astros.

Para não nos estendermos demasiadamente nesta explanação, remeteremos o caro leitor ao livro “Mensagem das Estrelas” para estudar e compreender os efeitos produzidos pelo Astro da razão, nos diferentes Signos do Zodíaco.

Lá encontrará, também, as qualidades básicas de Mercúrio nos doze Signos. Tais qualidades devem ser estudadas cuidadosamente pois do proveito desse estudo dependem os fundamentos em que basearemos depois nossas conclusões. O outro Astro a considerar, no estudo da razão ou mentalidade, é a Lua. Se há um bom Aspecto entre a Lua e Mercúrio, especialmente se esses dois Astros estão colocados nos ângulos do tema e em Signos que podem expressar suas melhores qualidades, podemos confiar que o paciente cooperará com o médico em sua cura.

Todavia, Mercúrio em Conjunção com Saturno proporciona a uma pessoa uma mentalidade obstinada, teimosa, lenta e propensa à melancolia. Mas, Mercúrio em Trígono ou Sextil com Saturno, proporciona a ela uma memória retentiva, uma Mente bem equilibrada possibilitando o desenvolvimento de boas qualidades de razoamento. Marte e Urano em Conjunção com Mercúrio, proporciona ao paciente uma mentalidade impressionável, sensitiva e emocional; também lhe proporciona tendências a ser um lunático, com pouco controle sobre a Mente. Mas, Marte e Urano em Sextil ou Trígono com Mercúrio, fornecerá a ela uma tendência à sensibilidade e à acuidade mental. Mercúrio ou a Lua em Aspecto adverso (Quadratura ou Oposição) à Netuno, proporciona a ela uma Mente inclinada às condições antinaturais e doentias; propenderá às manias e ao fanatismo na prática da Religião, da mediunidade, das bebidas alcoólicas e das drogas. Observe-se a Casa e o Signo em que estão colocados esses Astros, para conhecer o modo como tendem a se manifestar.

Sendo Netuno a oitava superior de Mercúrio, tem ele influência sobre a Mente superior. Netuno em Aspecto adverso com Urano ou com a Lua proporciona tendências para indesejáveis experiências de psiquismo. Afligido por Marte, especialmente em Conjunção com esse ígneo Planeta, o nativo se vê tentado a empregar amiúde o hipnotismo ou a magia negra sobre os demais, expondo-se, por si mesmo, a ser vítima dos que, faltos de quaisquer escrúpulos, usam essas horrendas práticas sobre os outros.

Quando as aflições mentais se verificam na oitava ou décima segunda Casa têm uma influência mais sutil do que em qualquer outra posição. As aflições ou Aspectos adversos ocorrentes na oitava Casa podem resultar à Mente tendências suicidas.

Desejamos imprimir firmemente na memória do leitor que nunca e por nenhuma razão baseie seu diagnóstico somente em um ou dois Aspectos, senão que deve julgar o horóscopo como um todo. Para ilustrar o perigo em que pode se incorrer pelo exame superficial, tomemos o tema de um homem com Mercúrio em Capricórnio e na sexta Casa, formando um só Aspecto, que era uma débil Quadratura com Netuno. Julgando o horóscopo à ligeira se poderia dizer que o nativo tem a tendência a ter uma mentalidade obtusa. No entanto, quando criança foi o primeiro aluno de sua classe. Em matemática e ortografia era verdadeiramente notável. Já homem, ocupou postos relevantes em suas posições e profissão, sendo depois um diretor de uma empresa que exigia muita habilidade executiva e aguda mentalidade. Para esclarecer isso passemos ao que indicavam os outros Astros de seu tema: tinha sete Astros em Signos de Ar, cinco Astros em Signos mentais, a Lua e Netuno com Aspectos benéficos entre si e nos ângulos, o Sol e a Lua em Signos Fixos. Ao resumir o horóscopo pode-se ver claramente por que tal pessoa alcançou tão elevada posição num trabalho mental, apesar de um débil Mercúrio.

Assim, pois, cremos necessário que o leitor tenha sempre em mira, sem esquecer jamais, o conjunto do tema astrológico – o horóscopo –, empregando bem o raciocínio antes de emitir juízo sobre um horóscopo, quer se trate de qualidades mentais, quer de morais, espirituais ou físicas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Hierarquias Zodiacais – Sagitário: Liberdade, Justiça e Visão

(*) Advertência:

A descrição aqui apresentada é mais exata conforme a cúspide da 1ª Casa esteja mais próxima do ou no segundo decanato do Signo (10º grau até 20º grau);

Quando os 3 últimos graus de um Signo estão ascendendo, ou quando os 3 primeiros graus ascendem no momento do nascimento, diz-se que a pessoa nasceu “na cúspide” entre dois Signos, e, então, a natureza básica dos Signos envolvidos são mescladas no corpo dela.

Astros nas Casas:

  1. Os Astros no Signo Ascendente podem modificar a descrição;
  2. Astros colocados na 12ª Casa e que se encontram dentro de seis graus dessa podem modificar a descrição.

Em tais casos o Estudante deve usar seu conhecimento do caráter dos Astros em conjunto com a descrição do Signo.

(Veja mais no Livro: Mensagem das Estrelas – O Signo Ascendente – Max Heindel e Augusta Foss Heindel)

O verdadeiro sagitariano pode ser uma das mais nobres e agradáveis personalidades dentre os vários tipos encontrados no Zodíaco. Sobressai-se não só quanto ao corpo, mas também quanto a Mente e Coração e são dignos de uma atenção especial.

Virgílio disse: “Feliz é o homem que é capaz de aprender a causa das coisas”.

A profundidade do sagitariano, acrescentada à sua felicidade natural e bom temperamento, mostra que o sucesso já lhe é peculiar. A pessoa de Sagitário compreende e manifesta o fato de que o “gênio” se desenvolve com a solidão e o caráter com a luta e o correr da vida.

Tendo seus pés no chão, são práticos e como sua consciência está ligada às esferas celestes, o sagitariano preserva o divino no relacionamento entre níveis inferiores e superiores de manifestação. Aceita e avalia, baseado na verdade e na justiça, os elementos necessários para o reconhecimento da liberdade e tolerância perante as forças da vida.

Análise, solidariedade, equilíbrio de poder e uma força criadora se movimentam dentro do coração da criança de Sagitário. Assim como o símbolo desse Signo é meio-humano, meio-animal (Centauro), que se levanta do mais baixo para o mais alto através da aspiração, assim também é o movimento dessa Hierarquia Criadora, do domínio do presente para o do futuro. A aspiração e o idealismo do sagitariano o manterá em constante procura e luta pelo amor, pela beleza e perfeição que ele, instintivamente, sabe que a vida oferece. Mesmo que suas aspirações estejam muito além das, normalmente, almejadas pelo ser humano, ele sempre se movimentará no sentido de obter o ideal e a meta a que se propôs.

Visando os Astros, a consciência humana, uma vez libertada das limitações de credo e do dogma, vai se movimentar em harmonia com o coro da liberdade. Pouca restrição é necessária com esse Espírito vibrante e Sagitário logo aprende que a liberdade está reservada àqueles que fazem um progresso definitivo na grande escola da vida. Podemos estar ligados ao passado, mas estamos livres para o futuro. A vida e a ação de hoje dão a medida do progresso futuro. Devemos olhar para nós próprios a cada dia que passa, sob a luz de uma análise honesta.

Precisamos aceitar nossas qualidades e construir sobre o que possuímos de bom, avaliando cada fraqueza e tentação, dirigindo, conscientemente, nossa força de vontade, esforçando-nos para corrigir os fatores suspeitos e as ações censuráveis.

Desta maneira, o sagitariano ou outra pessoa qualquer poderá obter um quadro preciso de sua Personalidade. Os sagitarianos, muitas vezes, não usufruem de certos privilégios e bênçãos na vida, devido ao fato de não verem coisas que são óbvias. Suas tendências são para se dirigirem a um alvo ou um ideal que estão muito além do seu alcance. Raramente atingem seu objetivo total, mas, mesmo assim, vão sempre além do ponto de partida. Contudo, muitas experiências maravilhosas e válidas são perdidas, não são vistas ou apreciadas, porque os sagitarianos precisam aprender a julgar todas as coisas com igual interesse, lembrando-se que o esforço sério e sincero para alcançar seus ideais e objetivos é a principal meta na vida. Toda a experiência é válida, porque o agir contribui para o crescimento do caráter. O sucesso na realização das ambições da vida obtém-se pelo equilíbrio e objetividade. Todas as outras coisas encontrarão expressão, mas ficam, normalmente, subordinadas ao caminho principal ou ideal.

Cada uma das Hierarquias Criadoras estudadas (de Áries a Escorpião) representa uma força de intensa magnitude, manifestando-se em todos os assuntos da vida, dando aos diferentes grupos da humanidade lições que ajudam no desenvolvimento dos poderes espirituais. Isto é verdadeiro nas cinco primeiras Hierarquias Criadoras, de Áries até Leão, cuja força e ação fincaram os alicerces sobre os quais outros princípios criadores puderam agir. Com Virgem, Libra e Escorpião entramos num domínio de manifestação diretamente associada à nossa evolução atual. Em Escorpião, consideramos o Caminho da Regeneração, o que nos ajudou a compreender e a fazer uso correto da força criadora deste Signo da Água, intenso e emocional. Já vimos que o Ego foi equilibrado pela balança de Libra. Uma vez pesado, testado e preparado para a Iniciação, o Aspirante à vida superior passa por testes cruciais que revelam a sua habilidade e força para servir com os Irmãos Maiores, que se dedicaram inteiramente à eterna perpetuação da vida e do serviço.

O Despertar da Mente Superior – com o domínio do princípio criador de Escorpião, a regeneração, um novo impulso, uma força espiritual ardente é, então, acrescentada às manifestações da unidade criadora que se fez conhecida da humanidade. Sagitário vem atirando suas flechas (ideais) em nossas Mentes e esta expressão suprema do fogo criador desperta a Mente superior, não o Corpo Denso. Precisamos aprender a não fugir dos dardos e das flechas pontiagudas de Sagitário, pois elas não ferem quando são recebidas. Por outro lado, seu alvo é nos levar para grandes alturas e imensos triunfos. A necessidade de nos movermos, além da capacidade inerente a cada um, é uma luta intensa; mas, embora direto, proposital, muitas vezes brusco e sempre franco, Sagitário tem sempre em seu coração os melhores motivos e os mais bondosos interesses em relação aos outros.

Quando Sagitário dedica-se para conseguir despertar em outros os instintos superiores, mesmo que isso leve tempo, é um sinal de amor e devoção e esse esforço supremo é certo que resultará em iluminação. Quando Sagitário reconhece em outros a pureza de propósitos e a afinidade espiritual, liga-se a esses Egos de tal maneira que testa os indivíduos até seu limite. Quanto maior o amor, mais forte e mais duradouras serão as promessas, porém, maiores também serão os testes e as tentações de maneira a quebrar e frustrar o empenho perfeito do Ego.

Sagitário pode se sair bem ao ajudar as pessoas a vencer essas fraquezas humanas, fazendo sentir que problemas menores necessitam de considerações e reações menores. Mesmo que o impulso e a impaciência rompam esse relacionamento, a ligação espiritual de um pelo outro nunca morre. Atenção a detalhes permitirá unidade de objetivos e coordenação de esforços. O amor floresce na luz e a verdade é restaurada e renovada à medida que a fé e a confiança se misturam com a devoção. Será que a experiência em coisas tristes, transformada em esplendor espiritual, me admitirá na sua presença Sagrada? Você entende e aceita as lutas da minha vida?

Essas são as perguntas que o Ego apresenta a Sagitário, à medida que minhas lutas me conduzem ao Caminho, a procura da união eterna com a Fonte de tudo que existiu anteriormente.

Sagitário possui o poder de vida acumulada e quando este princípio nos é dado, nossas vidas irradiam em grandeza e o Ego se eleva na recepção de energia dessa entidade divina. Uma vez que tenhamos contatado essa grande Hierarquia Criadora, corremos e nunca mais paramos. O ar livre será o lar das crianças de Sagitário e uma vida livre lhes é dada para que possam criar, em planos superiores, sobre uma força totalmente nova.

Nunca Sagitário deu tanto para o mundo e suas flechas furam a aura da Terra e aqueles que estão dentro dela, de modo que o Espírito de Deus possa entrar pelas aberturas e feridas por elas causadas. Estamos sendo constantemente atingidos e devemos receber tudo o que Sagitário nos envia, aberta e conscientemente. Se não abrirmos nossos corações para seus ideais e força, Ele necessitará furar a superfície com dardos puros da verdade, até que a sabedoria profunda se torne inata no ser humano. Júpiter, o hábil ajudante de Sagitário, está sempre conosco e se correspondermos aos princípios de Júpiter, encontraremos uma verdade que queima como fogo e um fogo que purifica … o fogo do Espírito Virginal manifestado, o Ego.

Construindo para o futuro – O fogo espiritual de Sagitário é tão grande que não podemos suportá-lo por muito tempo; mas este poder criador virá sempre, pois ele continua a construir de maneira renovada, em esferas superiores.

Assim como Áries representa a sempre presente Força Vital do Universo e Leão nos leva de volta ao passado e possui um registro imortal de nossas ações, Sagitário constrói para o futuro. A capacidade para a ação futura é dada por meio da força da Epigênese (que cria valores novos e originais a partir de modelos antigos) que o ser humano combina o fogo da vida (Áries) com a força do amor (Leão) para tornar possível as experiências futuras (vidas) através do fogo reprodutivo do Espírito (Sagitário).

Estes elementos são essencialmente espirituais e particularmente criativos porque os Signos envolvidos são ardentes e masculinos: Áries, Leão e Sagitário.

Os sagitarianos são Espíritos livres e toleram certas condições por tempo limitado. Quando se movimentam, expressam claramente suas convicções em termos definidos. Não ficam parados e estagnados uma vez que a força potencial esteja dirigida para os canais apropriados. A ação traz a experiência e essa assegura o crescimento, à medida que a vida se desenvolve. O sucesso dependerá, em grande parte, da combinação e utilização da sabedoria e do julgamento.

Quando Sagitário é atraído por um interesse profundamente religioso ou filosófico, o uso dos princípios cósmicos se torna um guia na vida, o que levará a uma satisfação intensa, particularmente aonde uma presença divina e uma reta postura espiritual sejam elementos inerentes. Estes fatores fortalecem-se durante as muitas vidas até que suas manifestações venham à tona, sobressaindo-se.

Sagitário, o Signo da 9a Casa, é regido por Júpiter. Aspectos benéficos (Sextil, Trígono e algumas Conjunções) para com Júpiter oferecem oportunidade de combinar os elementos indicados pelos Astros (Sol, Lua e Planetas) concernentes. Onde Vênus e Urano, Mercúrio e Netuno estejam envolvidos, lições importantes, como respeito às “oitavas planetárias”, são dadas.

A influência de Vênus, quando usada corretamente, é uma dádiva a toda a humanidade. A beleza, doçura e o carinho que Vênus pode nos transmitir, faz com que adquira um lugar nos corações de homens e mulheres que nenhum outro Astro possui. Urano, o Planeta do altruísmo e do pensamento original, amante da liberdade e vibrante em todos os aspectos, tende a desenvolver um amor que abrange toda a humanidade. Sua ação é, talvez, mais sutil do que a de Vênus, porém mais duradoura.

Quando juntos, Vênus e Urano podem produzir o maior amor e a mais pura expressão de afeição e devoção que se pode imaginar (mais ainda quando com Aspectos benéficos em Sagitário e/ou com Júpiter). Naturalmente, as tendências de Vênus à fraqueza e a se deixar levar por temperamentos negativos devem ser superadas. Contudo, com Urano envolvido, toda esta energia pode ser até estimulante, emocionante e se transformar, para sempre, no mais produtivo canal.

Mercúrio e Netuno são indicadores do potencial espiritual. À medida que evoluímos, nossa compreensão passa das qualidades do enfoque geral de Mercúrio para a compreensão divina de Netuno. O relacionamento desses Planetas é, portanto, muito próximo, visto que as ações de um se fundem com o desenrolar do outro. Novamente, com Sagitário e/ou Júpiter envolvidos, Mercúrio e Netuno formam um paralelo de suma importância. O resultado poderá ser uma compreensão divina expressa na escrita, na fala e no ensino, se o Aspirante à vida superior souber tirar proveito desses aspectos.

Sagitário é a criança, cuja imaginação está fora deste mundo. O fato de viver em um estado sonhador, de belas e elevadas visões, talvez inacessíveis ideais, não impede a felicidade final. Com uma atitude positiva, Sagitário sabe que a ajuda virá e que o sucesso será uma realidade. Onde quer que Sagitário esteja, as aspirações naturais serão bem-sucedidas e imbuirá, nos outros, as flechas da verdade.

Assim como recebemos nossas forças da Mãe Terra, também olhamos e procuramos nos lugares elevados, um sinal daquilo que está por vir. Sagitário não se detém em nada, mas dá somente o suficiente para o dia. Este é o Fogo do Espírito. Andamos, hoje, em sintonia com a força que constrói o amanhã.

(de Thomas G. Hansen – com prefácio da Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – Traduzido do original inglês: Zodiacal Hierarchies de Thomas G. Hansen e publicado na revista Rays from the Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship, no período de abril de 1980 a março de 1981 – publicada na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em dezembro de 1981)

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A Alquimia Espiritual

É possível transmutar ferro em ouro! Essa, na realidade, magna verdade alquímica, foi explorada jocosamente num recente comercial da TV norte-americana, agrupada, sem muito critério, com crendices antigas como: “Se o destino do ser humano fosse voar, teria asas”, “A superfície da Terra é plana” e, por último, “Todas as ‘aspirinas’ são iguais”. O patrocinador finaliza, logicamente, decantando as qualidades de sua ‘aspirina’ “especial”. A química ensejou, naturalmente, verdadeiros milagres em nossa vida diária, porém, a alquimia é a verdadeira chave para os mistérios internos, esclarecendo o propósito da vida. Somente quando essas duas ciências se encontrarem, eclodirão descobertas definitivas no campo da química. Quando existir maior conhecimento do público a esse respeito, dando conta de que os problemas que afligem o Mundo Físico têm sua origem na desarmonia implantada nos Corpos invisíveis (aos olhos físicos), certamente teremos anúncios nos meios de comunicação com mais ou menos este teor: “Amigo, seu Corpo Vital anda esgotado e o seu Corpo de Desejos o impele para a destruição? Prove a Alquimia! Conheça o propósito da vida! Receba a sua herança espiritual! Use a Alquimia!”.

A Ciência, ou a Arte da Alquimia trata dos seguintes pontos do Grande Trabalho: 1. Encontrar o Elixir da Juventude; 2. Encontrar a Pedra Filosofal; e 3. Transmutar os metais inferiores em ouro.

Perseguidos, por reis e clérigos, em sua ânsia de glória, os alquimistas da Idade Média foram alvos do fogo da Inquisição, da prisão e da tortura. Quando as suas descobertas contrariavam ideias da época e sabendo que o conhecimento é uma arma perigosa, nas mãos daqueles cujos Corações e Mentes não são temperados com a pureza, sabedoria e compaixão, os alquimistas enterraram os seus segredos em lendas e mistérios.

O tesouro está agora à espera de todos aqueles que o desejam descobrir, através de uma vida pura, plena de devoção, trabalho, meditação e aplicação da Lei da Analogia, mencionada no axioma hermético: “Como é em cima assim é embaixo”.

O propósito de Deus e da Natureza é a perfeição. Todos os metais são, realmente, ouro em formação. Todos os seres humanos são, realmente, deuses em formação. Como alquimistas espirituais percebemos que é essa a nossa herança e aspiramos a servir. Porém, para servir eficientemente devemos, antes de mais nada, aperfeiçoar-nos através da transmutação da “natureza inferior” (metais comuns) em “natureza superior” (ouro).

Nós (o microcosmo) somos o Grande Trabalho (realizado pelos padrões do macrocosmo). Constituímo-nos, ao mesmo tempo, no próprio laboratório no qual o Trabalho está sendo efetuado. Nossas ferramentas são as nossas habilidades e os veículos aperfeiçoados em vidas passadas que trouxemos para essa existência. Nosso minério é formado das experiências da presente vida. NOTEM: as nossas reações a essas experiências e a utilização das oportunidades apresentadas determinam a quantidade de ouro extraído (imortal) do nosso minério, e a escória que sobra (o transitório). Temos uma abundância de minério à nossa disposição cuja diversificação é maravilhosa. Como a luz branca se refrata, quando entra na atmosfera, em sete raios e cores diferentes, há muitas oportunidades à nossa disposição! É claro que no Mundo Físico preferimos a alegria, riqueza, saúde e popularidade à dor, pobreza, sofrimento, doença e ostracismo. Porém, do ponto de vista espiritual, todas oferecem experiências de grande valor para a nossa alma. Um bastão parece torto quando colocado na água. Nós também quando mergulhados no materialismo temos de acautelar-nos a fim de que as nossas motivações na aquisição de conhecimentos e de experiência não sejam pervertidas como no exemplo do bastão refratado na água. Os escritos de Max Heindel nos ensinam que os quatro grandes motivos de toda ação humana são: Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama. Ou seja, o desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo Contudo, devem ser usados na seguinte exaltada escala de valores:  “o Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da Alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe; a Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes; o Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade, e a Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração”. Tanto chamemos a experiência de dor ou de júbilo, monotonia, medo ou felicidade, saibamos que se trata do minério do qual nós, seres imortais, extraímos o nosso ouro. E para se conseguir ouro requer-se a presença de todos os sete metais espirituais, conforme abaixo.

O CHUMBO

Esse é considerado o metal mais inferior. Com sua grande densidade, tem afinidade com o Planeta Saturno, e é pesado, como pesados são o trabalho, as lições e as responsabilidades advindas do Destino Maduro designadas por Saturno. O interesse exclusivo nas posses e na gratificação dos sentidos nos torna escravos do meio ambiente e assim, sujeitos às suas vicissitudes. Somos obrigados a fazer meia-volta, por meio do medo, da pobreza, da perda de entes queridos, das enfermidades, cristalização e morte. Como escreveu Goethe: “Quem nunca comeu seu pão abatido pela tristeza, quem nunca passou noites em claro esperando pelo amanhecer, esse não conhece ainda os poderes celestiais”.

Saturno é o grande mestre nesta escola da vida e, quando, finalmente, aprendermos a lição, não haverá mais repetição do sofrimento. Suportar a cruz com dignidade, exercitando o tato, a vigilância e a consideração, com disciplina e perseverança durante a adversidade constrói o caráter e, certamente, ajudará na purificação do chumbo espiritual.

O ESTANHO

Esse metal se encontra sob a influência da grande fortuna astral: Júpiter. Tratando-se de um Planeta dinâmico, encontramos grande dificuldade na assimilação de suas lições, como há dificuldade na assimilação das lições de Saturno. As ligas de estanho, os minérios com os quais devemos trabalhar, são: boa saúde, riqueza, prosperidade, popularidade e êxito na vida, aspectos altamente desejáveis do ponto de vista físico, porém, extremamente perigosos para a alma que pode morrer de inanição, caso um correto critério espiritual não seja aplicado pelo ser humano.

A riqueza acarreta grandes responsabilidades: dependendo de seu emprego tanto eleva, como corrompe. O estanho (abundância) sem o tempero de Mercúrio (intelecto) pode armar ciladas mortais. A extravagância, a arrogância e a indolência são sinais de estanho misturado com escórias. Até a partilha dos bens exige grande discernimento: é extremamente errado oferecer uma vida despreocupada à outrem, usurpando-lhe o direito às suas experiências dolorosas, que ajudam a construir o caráter.

O que auxilia a purificação do estanho espiritual é esse conjunto de qualidades: gratidão para tudo o que se possui, e um sincero e sábio dividir para o bem espiritual de todas as pessoas envolvidas.

O FERRO

Esse metal é forte, firme e inflexível, sendo um dos mais úteis pelo fato de fortalecer os outros, com os quais se encontra combinado. A ferramenta construtiva do operário e a arma destrutiva do criminoso são feitas de ferro. Isso nos indica que a qualidade é obtida pela direção em que é usada essa energia. O ferro vibra harmonicamente com o Planeta Marte, o Planeta da energia dinâmica e da ação. Esse Planeta é o Regente do Corpo de Desejos e dos Signos Zodiacais Áries e Escorpião, cujos centros de energia são, respectivamente, “EU SOU” e “EU DESEJO”. Mal dirigida, essa energia se expressa por meio da cólera, do temperamento explosivo, da beligerância, das cabeçadas impulsivas, da concupiscência, vingança e do egoísmo voraz que tentará lograr as suas finalidades, sem levar em consideração os danos e a dor provocadas aos outros. Porém, o ser “egoísta”, na atualidade é “Ego-destruidor” porque “com a mesma medida com que medirdes, também sereis medidos.” (Lc 6:38).

Não podemos nos deixar levar por essa energia, tampouco tentar sufocá-la, já que sem ela não teríamos energia, seríamos temerosos e carentes de iniciativa. Os maiores pecadores podem transformar-se nos maiores santos, quando essa energia é redirecionada por meio da purificação dos desejos, do cultivo do equilíbrio, da coragem, e da superação firme e constante dos obstáculos que se encontram no caminho. Para a obtenção da Pedra Filosofal há grande necessidade de ferro espiritual, porquanto o trabalho requer dedicação positiva na conquista da natureza inferior, a dedicação enérgica e altruísta às necessidades dos outros, para que o Estudante Rosacrfuz seja um soldado das Forças da Luz e um operário diligente na Nova Jerusalém.

O COBRE

Esse metal tem afinidade vibratória com o Planeta Vênus, regente da atração, coalisão e harmonia. Às vezes, encontramos dificuldades extremas em tolerar alguma pessoa; a sua mera presença nos causa irritação. Isso é ainda mais desconcertante quando essa pessoa nos é estreitamente vinculada. Tal acontecerá até nos conscientizarmos de que essa pessoa é, realmente, o nosso “Professor”! Assim como um diapasão faz vibrar outro diapasão afinado em tom idêntico, haverá despertamento, em nosso caráter, de partes negativas, ao simples encontro dessa pessoa que nos enerva. Essa é a lei: o negativo deve ser eliminado e substituído pela compreensão e harmonia.

Vênus é também o Planeta da beleza e do amor. A sua energia não regenerada, ou seja, a escória do cobre, são manifestações de sensualidade, preguiça, dominação possesiva e egoísta de um outro ser. A oitava superior do amor se externa pela estética faculdade que reconhece o divino em toda a Criação, incluindo em seu amor a todos, formando uma Fraternidade Universal.

A admirável apologia de São Paulo à caridade (ICor 13[1]) representa, com perfeição, o amor transmutado, ou seja, o cobre purificado: “A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”.

O MERCÚRIO

Esse metal vibra em uníssono com o Planeta Mercúrio, o Planeta da Mente. Gotas dele (tão fugidio como os próprios pensamentos) podem penetrar substâncias impermeáveis a outros metais, unindo-as, da mesma forma que muitos de nossos pensamentos isolados podem formar um conceito organizado através dos processos mentais. Porém, devemos estar atentos à qualidade desses pensamentos, bem como, ao seu efeito sobre a nossa Alma!

A Mente, elo entre o Ego e o seu Tríplice Corpo, permite a percepção dele no mundo material, tirando proveito, dessa forma, das muitas e variadas lições à sua disposição, isso no caso de seu funcionamento normal. Como diz Max Heindel, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos: “Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que especializamos dentro da periferia da nossa aura individual. Dessa Região nós observamos, através dos sentidos, as impressões produzidas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, como também os sentimentos e emoções gerados por elas no Corpo de Desejos e refletidos na Mente. Dessas imagens mentais formamos as nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato relativas aos assuntos a que se referem. Tais conclusões são ideias.”.

A Mente, esse veículo de recente aquisição, encontra-se numa necessidade premente de exercício e de disciplina. O estudo da matemática, da Astrologia Rosacruz, do Esquema, Obra e Caminho da Evolução e da música elevada (que tenha harmonia, ritmo e melodia que nos eleve às Regiões superiores do Mundo do Pensamento) são formas construtivas de ginástica mental de alto nível.

Os Exercícios Esotéricos matutino de Concentração e noturno de Retrospecção, recomendados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, são de inestimável valor para a aquisição de disciplina mental, pois empregam a faculdade de penetração do mercúrio. Passado algum tempo, a Mente consegue transpassar a parte exterior e contemplar o que há de mais íntimo no objeto estudado. O Exercício Esotérico de Retrospecção emprega a qualidade altamente refletora do mercúrio: quando corretamente executado, revela a escória de mercúrio, formada por razões pervertidas, falsas e egoístas de cada uma de nossos pensamentos, desejos, sentimentos, nossas emoções, palavras, nossos atos, nossas ações e obras. É mister que haja purificação dos minérios de mercúrio, como os nossos pensamentos, desejos, sentimentos, as nossas emoções, palavras, os nossos atos, as nossas ações e obras, visto que o incorreto uso da Mente dispersa a fonte da juventude, ou força vital ascendente.

A Tríplice Alma é afetada pela nossa reação às situações vividas. Devemos admitir o fato, uma vez constatado o erro, procurando, em seguida fazer a devida correção em todos os planos, por meio do arrependimento e da reforma íntima. Numa conclusão apressada, não percebemos os fatos, devido ao bloqueio exercido pelos nossos conceitos errados que obscurecem a luz da verdade.

A escória do mercúrio espiritual é removida por meio de exercícios mentais construtivos, do Exercício Esotérico do Discernimento e do uso correto das faculdades da comunicação.

A PRATA

Esse metal nobre sintoniza-se com a Lua, regente da natureza emocional, a qual, se purificada, transforma-se na “água viva” mencionada pelo Cristo, ou na “prata viva” dos alquimistas — o ELIXIR VITAE.

A Lua rege também a fecundação e o princípio da maternidade. O zelo para com um outro ser humano é um trabalho sagrado e que prepara o Estudante Rosacruz para trabalhos maiores. Os minérios da prata são formados pelas experiências domésticas do Estudante Rosacruz, no papel paterno ou materno, e dependem estritamente da harmonia ou não, desses relacionamentos. Quando há resistência, ou má vontade para com essas responsabilidades, ou preferências egoístas, ou emocionais, a prata carece de pureza.

Aqueles que temperam com o amor os alimentos para a sua família; cuidam dos pequeninos com luminosa alegria; exercitam a inteligência; promovem a harmonia doméstica e preenchem as necessidades dos seus dependentes por motivos altruístas e afeição sincera, estão juntando prata pura.

O OURO

Esse metal é o doador de vida da economia, indústria e comércio das nações; é regido pelo dador da vida: o Sol. O despotismo é uma forma de ouro alquímico impuro. Aquele em cujas mãos se encontra o poder, deverá preocupar-se com o seu sábio exercício, para a elevação de todos. Quando uma honra, ou uma posição elevada são negadas, a experiência deve ser vivida com dignidade e entendimento, a fim de purificar o ouro espiritual.

O nosso ouro é o Ego, a imperecível chispa da Divina Chama. O ouro transmutado (o Corpo-Alma, que nos oferece a imortalidade consciente) é um ouro mais refinado, porquanto a virtude tem mais valor que a inocência.

Quando todos os metais estão presentes, deve haver equilíbrio: quantidades iguais de prata e ferro, tornam os desejos altruístas e dão energia ao serviço. A fulgurante alegria e a beleza do cobre aliviam a pesada labuta do chumbo. Por sua vez, o chumbo equilibra a frivolidade do cobre, quando em excesso. O mercúrio tempera a abundância do estanho jupiteriano pelo Exercício Esotérico do Discernimento; uma quantidade correspondente de estanho neutraliza um excesso de mercúrio (orgulho intelectual), por intermédio de orações e obediência, aspirações elevadas e FILANTROPIA.

Após conseguido o equilíbrio entre os metais, eles resistirão à transmutação, a menos que haja remoção das respectivas características separadoras: isso se faz reduzindo todos os metais à Matéria Primordial, que é a substância primária da qual os Elohim formaram o Universo.

A PEDRA FILOSOFAL

Os alquimistas concordaram com os princípios básicos do trabalho a ser realizado, porém os seus métodos diferem. Segundo Max Heindel, “cada pedra tem sua individualidade própria, correspondendo à Individualidade do filósofo que a produziu. Por esse motivo, é difícil produzir uma fórmula generalizando o trabalho, sendo aconselhável dar indicações individuais àqueles que adquiriram, pelo menos, o direito à sua elaboração.”.

A arte da Alquimia Espiritual pode ser aprendida, mais não ensinada. Deve ser uma experiência pessoal e mística. Os seguintes degraus, enunciados por Paracelso, contêm farto material para meditação:

  • a calcinação – é o aquecimento dos metais inferiores, no ar, a temperaturas tão elevadas, que ficam reduzidos a pó. A fornalha é aquecida por intermédio duma chama que se encontra na sua parte superior. A chama espiritual (o Cristo Interno) localiza-se na parte superior e dirige-se para baixo, na direção da base do cordão espinhal. Similarmente ao emprego dado ao mercúrio na mineração, ou seja, de separar o ouro de seu minério, os fogos da Mente se tornam intensos através da aspiração, dedicação, autodisciplina e pureza dos desejos; e como se elevam, carregam consigo o ouro Crístico. Os fogos purificadores da autoanálise e arrependimento, desintegram e limpam a natureza inferior.
  • a sublimação – é um estágio mais avançado de refinamento.
  • a solução – nela dissolve-se o material já em forma de pó, em líquido isento de umidade. O mercúrio é um líquido, portanto não umedece o pó com o qual se encontra. Pela solução da razão penetrante e clara compreensão, o puro (verdade) é separado do impuro (ilusão). Conforme disse São Paulo: “Sede transformados pela renovação de vossas Mentes”. Os alquimistas consideram a “Aqua Mercurialis” a alma de seu trabalho. Não há trabalho espiritual sem a purificação e a espiritualização da Mente.
  • a putrefação – é o estágio em que se consegue a “Matéria Primordial”. … “A terra estava sem forma e vazia… e o Espírito de Deus se movia na superfície das águas”. Aqui exemplifica-se o enunciado dos alquimistas de que “a água é tudo” e de que a pedra é feita de fogo (ignis noster) e água (aqua permanens) agindo sobre a Matéria Primordial, em estado de putrefação. A Centelha de vida nova espera a sua libertação, conforme aconteceu na Crucificação e na Ressurreição e como exposto no Evangelho Segundo São João 12:24: “Na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só. Mas se morrer, dará muito fruto”.
  • a destilação – produz a separação entre a água e o material oleoso. Esse processo produz a prata, ou “condição Lunar”: da escuridão da Matéria Primordial se produz a “pedra branca”.
  • a coagulação – consiste na união dos opostos, fogo é água. A pedra branca da Lua é transmutada na pedra vermelha do Sol: … “Na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito (fogo), não pode entrar no Reino de Deus.”.

Obtém-se, dessa maneira a pedra que transforma em ouro tudo que por ela é atingido, e todo o corpo é impregnado com a iluminação do Cristo Interno, a Pedra Filosofal viva, que os alquimistas chamam de estado de “tinctura”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.T.: ICor 13: 1Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.2Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. 3Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. 4A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. 5Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. 6Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. 7Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá.9Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. 10Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. 12Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. 13Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Tocha da Razão por Guia

Einstein afirmou em certa ocasião: “Nunca perca a sua santa curiosidade”. E que dádiva maravilhosa essa santa curiosidade nos outorgou! Por seu intermédio encontramos ensinamentos capazes de nos explicar tão claramente a época tão conturbada em que vivemos, ajudando-nos a manter uma conduta serena em meio ao rugir das tempestades.

Enquanto aprofundávamo-nos à procura das respostas, nem imaginávamos quão bem ocultas estavam as pérolas tão avidamente almejadas.  Cristo-Jesus asseverou: “Conhecereis a verdade e a verdade vós libertará[1]. Pôncio Pilatos tão somente soube perguntar: “O que é a verdade?” Como não recebia respostas do seu mundo interior, nenhuma resposta lhe foi dada do exterior.

Muitos encontram fragmentos da verdade e por eles combatem tenazmente. Julgando único seu fragmento, investem desabridamente contra todos os outros. Esse não é um bom método para se alcançar a verdade. Há verdades de maior ou menor profundidade. Há ângulos enfocando certas fases dessa verdade e há profundezas que o nosso entendimento não alcança.

O Hino Rosacruz de Abertura[2] nos ensina que, tendo a tocha da razão por guia, compreenderemos pontos até então completamente obscuros. Suas palavras irradiam essa verdade: pelo uso da razão e pela persistência, seremos capazes de anular a discórdia produzida no mundo.

Nesses poucos versos do hino, Max Heindel procurou imprimir ênfase a cada palavra para que obtenhamos respostas às nossas indagações: como? Por quê? Qual o método? Qual o nosso raio de ação? O fundador da Fraternidade Rosacruz sempre destacou o fator tempo. Sua vida nos mostrou essa imagem: cada hora tem de ser aproveitada; não há imobilismo, nem pausas, tampouco saltos ou recuos para outras sendas. Assegurou-nos de que assim agindo, seremos capazes de sublimar o mal do mundo pelo bem do qual somos canais.

Todas as Religiões e todas as ciências ocultas velam as suas verdades transcendentais. Há acesso somente para aqueles conhecedores da chave indispensável à percepção da verdade no meio das falsas explicações, mitos e símbolos. Esses servem para iludir aqueles que merecem ser iludidos, preservando a verdade da qual ainda devem ser afastados. A verdade é perigosa para quem é destituído de mérito ou preparo, da mesma forma como o fogo oferece riscos a uma criança. Siegfried teve de deixar pai e mãe, credo, convencionalismos, ideias preconcebidas, opiniões e desejos mundanos antes de iniciar sua busca, como lemos no livro “Mistérios das Grandes Óperas”.

A esse respeito Max Heindel nos ensina em “Cartas aos Estudantes”: “devemos viver nas condições e ambiente em que nos encontramos, procurando aprender as lições que essas condições proporcionam. Quem flutua nas nuvens em busca de ideias espirituais, negligenciando seus deveres no mundo, erra da mesma forma como aqueles que batalham no lodo do materialismo impelidos pela ambição, atraídos pelas luzes multicores da glória, ou por outros valores mundanos”.

As duas categorias de pessoas necessitam de ajuda, porém em direções diferentes. Uns devem colocar firmemente seus pés na Terra. Outros devem elevar-se até enxergar as luzes do céu, para onde cumprem dirigir seus esforços na acumulação de tesouros de valor mais permanente.

Max Heindel afirma que só há uma Grande Verdade: Deus. Esse, porém, possui infinitas facetas, ou várias formas de manifestação. Essa é a razão de todas as Religiões. Cada agrupamento tem a sua lição a aprender. A criança na fase pré-escolar recebe um ensinamento; no curso fundamental outro; no universitário tem direito a um currículo mais avançado. E o que é verdadeiro para o filósofo, não o será necessariamente para o camponês. Cada Mente recebe a verdade de modo diferente. Todos nós já palmilhamos muitos caminhos em nossas vidas: sob o raio de Marte, impelindo-nos à atividade e à paixão, muitas vezes às custas dos nossos semelhantes; sob a suavidade de Vênus, ou a austeridade de Saturno, ou ainda sob a benevolência de Júpiter. Alegramo-nos na esperança de perceber a amplitude de consciência que nos será outorgada pelo raio de Urano, mesmo que devamos nos contentar, hoje, com o raio de Mercúrio. Estamos ascendendo para a Luz Branca, do Sol, e que unirá todas os outros matizes.

Como podemos considerar-nos afortunados por viver em uma época em que esses conhecimentos foram liberados pelos Irmãos Maiores para todos que os procuram. Antigamente eram acessíveis unicamente aos Iniciados. Após a crucificação de Cristo Jesus, porém, o Véu do Templo rasgou de alto a baixo, revelando-nos que a Luz Branca é um reflexo ainda imperfeito da Grande Luz. Por isso, é exortado que usemos “a tocha da razão por guia”. É por isso que Max Heindel escreveu: “Devemos ser capazes de reconhecer a verdade internamente”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.T.: Jo 8:32

[2] N.T.: Hino Rosacruz de Abertura

Seguindo a órbita a girar

lei firme, o astro vem mostrar;

do eterno Deus ele é expressão

quais ciclos de alternação.

O Astro dança em linha oval;

no espaço e tempo em espiral,

e as harmonias ao girar

de esferas vão ressoar.

Por não saber a lei geramos dor,

a morte e desarmonia;

sofrendo, agora, procuramos

ter, de novo, paz e harmonia.

A lei buscamos aprender

e a verdade conhecer,

e o que encontrarmos da verdade

dar ao bem da humanidade.

Cumpramos todos o dever

do nobre e reto proceder;

sem ódio por amor agir

e nunca ao nosso dever fugir.

Sabendo por amor obrar

e o repetindo sem cessar,

o medo e o pecado, assim,

iremos dominar enfim.

Co’a tocha da razão por guia

nós buscamos restaurar

a juventude e harmonia

que só a verdade pode dar.

Falhando, embora, vamos ver

a persistência há de vencer,

e num crescendo gradual

o bem sublimará o mal.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Simbologia e Qualidades de Virgem

Virgem é um Signo mental, regido por Mercúrio, cuja cor é o violeta. Virgem é representado, no Velho Testamento, no Mito Solar de Jacó (o Sol) e seus filhos (os Signos do Zodíaco), por Dinah. Na história da evolução humana marcou o início de nossa evolução espiritual, o ponto em que o Espírito, através da Mente, começou a se manifestar como ser humano externo. Outro simbolismo de Virgem é o da Virgem Celestial, que pela Imaculada Concepção gerou Cristo, não do Cristo de nós conhecido, mas de todos os Salvadores do Zodíaco. É um dos Signos mais sublimes do Zodíaco, um dos mais místicos e tão repleto de significado oculto que seu completo sentido não pode ser compreendido plenamente, salvo por uma luz interna iniciática. No Apocalipse, Virgem é a Senhora que traz na cabeça sete estrelas (os setes Astros do nosso Sistema Solar) e a Lua a seus pés, representando o ideal de pureza dado a Terra, cujo ideal, uma vez conquistado, nos possibilitará a gerar o Cristo Interno.

As pessoas com Virgem no Ascendente[1] são de estatura mediana, de grande crâneo e o queixo frágil (grande intelecto e pouca vontade), pés pequenos, voltados para dentro, dificultando o andar. Vivos e ativos, percepção fácil, de boa eloquência, facilidade para aprender línguas, escritores férteis. Gostam mais de trabalhos internos que de contato com o público. Com o passar dos anos, por falta de exercício, tendem a ficar com volumoso abdômen, trazendo aos intestinos lento funcionamento e acúmulo de toxinas, que provocarão enfermidades. Negativos, gostam de falar de doenças e de ser doentes, em vez de reagir, exigindo, pois, o auxílio de pessoas firmes, quase cruéis, para levá-las de volta a saúde e tirar-lhes o conformismo suicida. Não gostam de ver sangue; são “coração de galinha”. Mas se dominam estas tendências, tornam-se ótimos enfermeiros e farmacêuticos, porque gostam de assuntos relacionados com a saúde, tais como: química, farmácia, alimentação, higiene, etc.

Genericamente, o temperamento dos nascidos em Virgem não é simpático, pois a predominância intelectual os torna cínicos, céticos a novos conhecimentos não demonstráveis, gostam de coisas fáceis, de mandar e quando mandam são dominadores, atraindo muitos inimigos duradouros. Seus Amigos igualmente são firmes.

A disposição mercuriana lhes traz muitas mudanças de condições. Quando se interessam por qualquer assunto, que lhes traga recompensas fazem-se industriosos e merecem as ganhos e triunfos.

Todavia, estas características são gerais. Só o exame pessoal do tema pode determinar o “todo” individual com segurança.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: entre 11 e 20 graus e sem Astros na primeira Casa

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sugestões para a sua Saúde: quem trabalha para promove-la e exemplos do papel da Lua

Assim como a água se congela pelas linhas de força etérica nela contidas, invisíveis, mas presentes durante todo o tempo, e tomando formas sólidas de vários contornos que chamamos cristais de gelo, assim também o alimento que nós liquefazemos como sangue, congela ao longo das linhas etéricas no nosso Corpo Vital e tomando formas diferentes como cartilagens, ossos, etc., formando-se cada espécie do tecido congruentemente com as linhas etéricas dessa parte particular do Corpo.

Os chamados “mortos”, os que estão renascidos aqui, são os agentes principais do processo da assimilação. Eles são os construtores, enquanto os “vivos”, os que estão renascidos aqui, são os destruidores. Os “vivos” têm mais força para destruir que os “mortos” para construir e é por essa razão que a doença ou a enfermidade se origina.

A missão da Fraternidade Rosacruz é: ensinar as leis da natureza e como viver em harmonia com elas ajudando as pessoas a corrigir enganos passados. Daí o caráter curativo obra da Fraternidade Rosacruz! Os profissionais da saúde (médicos, médicas, enfermeiros, enfermeiras, terapeutas e afins) são particularmente úteis nesse trabalho, e aqueles que se juntaram a nós como Probacionistas são, cuidadosamente, ensinados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz a tratar seus pacientes – definidos aqui como os irmãos e irmãs com algum problema de saúde que se inscreveram e cumprem com o que lhe é solicitado em um Departamento de Cura de um Centro que possui tal serviço – durante a noite, quando ambos, paciente e Probacionista, estão fora dos seus Corpos Densos, pois estão em estado de sono. Os Probacionistas leigos na arte de tratar de doenças e enfermidades, quando estão aqui em estado de vigília, são como assistentes dos Probacionistas profissionais de saúde, variando seu número de acordo com as circunstâncias.

A Lua é o corpo celeste promotor dos eventos. Embora os acontecimentos sejam regidos por outros Astros (Sol e Planetas), tais acontecimentos não se realizam enquanto a Lua não os provocar.

Há dentro do Corpo Denso um fluxo e um refluxo (uma maré), assim como há no Mundo exterior. Há períodos críticos em certas doenças e enfermidades que podem ser previstos, com segurança, pela Lua. É muito importante que todos conheçam a enorme influência desse nosso satélite natural.

Há uma força cósmica que culmina por ocasião da Lua Nova e outra quando da Lua Cheia. Tudo o que se inicia desde a Lua Nova aumenta em intensidade e culminando quando a Lua estiver Cheia.

Esse período marca o fluxo de vida que vem do Sol, refletido pela Lua. Essa força é um grande auxiliar na recomposição do Corpo Denso e para conservá-lo em estado saudável. Da Lua Cheia até a Lua Nova, essa grande força se torna cada vez mais diminuída e tudo que é iniciado nesse período tende a definhar e a morrer gradualmente.

Sabendo que a Lua tem essa influência, conforme aumente ou diminua em intensidade luminosa, concluímos que esse fator deve ser levado em consideração quando aplicarmos algum tratamento. Todos os tratamentos podem ser divididos em duas classes gerais: estimulantes e sedativos. A primeira classe tem efeito mais acentuado e é mais bem aplicada durante o aumento da luz da Lua (Lua Nova até a Lua Cheia – período dito da Lua crescente). A outra é melhor empregá-la durante o período decrescente da Lua (Lua Cheia até a Lua Nova – período dito da Lua decrescente ou minguante).

A regra geral é: desde a Lua Nova até a Lua Cheia os estimulantes produzem mais efeito e os sedativos, menor. Diminua a dose de estimulantes e aumente a dos sedativos. A única exceção a essa regra é quando a Lua crescente se aproxima de uma Conjunção com Saturno. Neste caso, dê doses maiores de estimulantes e menores doses de sedativos.

Quando a Lua crescente se aproxima de uma Conjunção com Marte e Mercúrio, os estimulantes têm seu máximo efeito e os sedativos o mínimo.

Quando a Lua crescente está em Aspecto benéfico (Conjunção, Sextil ou Trígono) com Júpiter e Vênus, os estímulos cardíacos produzem seu efeito mais duradouro. A palpitação é tratada com melhores resultados quando a Lua está decrescendo e faz Aspectos benéficos (Conjunção, Sextil ou Trígono) com esses dois Planetas. Aplique estimulantes cardíacos com muita cautela quando a Lua estiver com Aspectos adversos (Quadratura ou Oposição) com esses dois Planetas, especialmente durante uma Lua Nova. Os anestésicos também, nessas ocasiões, poderão produzir resultados fatais. Se inibimos o nervo pneumogástrico em certa medida, aquietamos a ação do coração e, assim, estamos aplicando o que em medicina chama-se um sedativo. A manipulação desse nervo de modo a estimular sua ação tem valor similar ou equivalente à aplicação de um estimulante medicinal.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 4/72, traduzido da revista Rays from the Rose Cross – Fraternidade Rosacruz – SP)

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