Resposta: Para entendermos isso, vamos relembrar o significado da palavra Ego na Filosofia Rosacruz. No mesmo livro Conceito Rosacruz do Cosmos, citado acima, estudamos os seguintes trechos:
“Antes do princípio do Período de Saturno, os Espíritos Virginais, atualmente seres humanos, estavam no Mundo dos Espíritos Virginais. Eram ‘Todo-Conscientes’ como Deus, em Quem (não de Quem), se diferenciavam. Contudo não eram autoconscientes. A aquisição dessa faculdade é, em parte, o objetivo da evolução, que submerge os Espíritos Virginais num oceano de matéria de crescente densidade, o que os priva por fim da consciência do Todo.”.
“Dessa maneira, no Período de Saturno os Espíritos Virginais foram submersos no Mundo do Espírito Divino e encerrados em tênue envoltura da substância desse Mundo, no qual penetraram parcialmente por meio da ajuda dos Senhores da Chama. No Período Solar os Espíritos Virginais foram submersos no Mundo do Espírito de Vida, ainda mais denso, ficando assim mais cegos para a consciência do Todo, envolvidos, como estavam, por um segundo véu da substância desse Mundo. E nesse segundo véu penetraram parcialmente ainda com a ajuda dos Querubins. O sentimento de Unidade com o Todo também não foi perdido porque o Mundo do Espírito de Vida é um Mundo universal, interpenetrando e sendo comum a todos os Astros de um Sistema Solar. No Período Lunar, porém, os Espíritos Virginais se aprofundando mais em matéria ainda mais densa, entraram na Região do Pensamento Abstrato, onde se lhes agregou o mais opaco dos seus véus, o Espírito Humano. Daí em diante o Espírito Virginal perdeu a consciência do Todo.”.
“E assim o Espírito Virginal se viu encerrado num Tríplice véu, sendo o véu externo, o Espírito Humano, o que efetivamente o cegou a unidade da Vida, convertendo-o em um Ego e mantendo a ilusão de separatividade adquirida durante a Involução. A Evolução dissolverá gradualmente essa ilusão, trazendo de volta a consciência do todo, enriquecida pela consciência de si mesmo.”.
Ante o exposto, concluímos que o termo Ego designa certa fase do desenvolvimento do Espírito Virginal, indicando a fase de despertamento dos seus três aspectos e dos véus de substância dos Mundos do Espírito Divino, do Espírito de Vida e da Região do Pensamento Abstrato (veículos: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, respectivamente). A última substância mencionada é de natureza separatista, obscurecendo a visão do Espírito Virginal, embora isso não altere sua condição de imortalidade. Com o tempo essa ilusão de separatividade desaparecerá, e o Tríplice Espírito readquirirá a consciência global, acrescendo-se ainda a autoconsciência. Por conseguinte, o Ego é imortal. Não podemos adotar o termo Ego corretamente, sem incluir nele o Espírito Virginal como causa essencial interna. Usamos o mencionado termo para indicar o Tríplice Espírito mais o resultado da Involução.
Com referência à última pergunta, afirmamos ser o Espírito Virginal inerentemente Tríplice. Foi criado à imagem e semelhança de Deus, possuindo implicitamente os princípios da Vontade, Sabedoria e Atividade, para os quais correspondem as designações Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, respectivamente. Esses princípios ou aspectos do Espírito foram despertados em determinados Períodos durante a jornada involutiva (primeira parte desse Esquema de Evolução), dando origem aos respectivos veículos ou Corpos, por meio das experiências adquiridas através desses veículos, desenvolve-se a Tríplice Alma que será absorvida pelo Tríplice Espírito. Além disso, o Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao final do Período de Júpiter; o Espírito de Vida ao final do Período de Vênus e a Mente ao final do Período de Vulcano. Afirmar-se que o Espírito Virginal será absorvido pelos Espíritos Divino, de Vida e Humano não é de todo correto. O Espírito Divino, um dos aspectos do Tríplice Espírito, absorverá os outros dois aspectos, porém os três estarão em íntima relação, uns com os outros. Não poderíamos afirmar que o Espírito Virginal absorveria os Espíritos Divino, de Vida e Humano, porque nesse caso ele absorveria a si mesmo.
Assim, o Espírito Virginal, que deverá absorver a Tríplice Alma e a Mente ao final do Período de Vulcano, é essencialmente o mesmo que iniciou a peregrinação no Período de Saturno, e adquirirá Poder Anímico e a Mente Criadora como fruto de sua peregrinação através da matéria. Avançará da impotência à onipotência, da inconsciência à omnisciência.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz janeiro/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
As “Escrituras” apresentam as várias seções da Oração do Senhor na ordem adequada a nós, operando em seu nível mais alto, que está em contato com Deus. Na discussão que se segue, que parte do ponto de vista de nós focados em nosso nível mais inferior, na Região Química do Mundo Físico, a ordem das seções foi alterada para enfatizar nossos níveis graduados de aplicação.
A Oração do Senhor pode ser interpretada de vários pontos de vista diferentes, todos válidos. No nível mais baixo ou exotérico, é pura e simplesmente uma oração de pedido contendo um conjunto de reivindicações a Deus. Uma indicação clara de que essa oração se aplica a outros níveis também é o fato de que, como pedidos, certas partes da oração soam incongruentes ou são enganosas.
Provavelmente, a frase mais chocante e incongruente é o pedido a Deus para “não nos deixeis cair em tentação”, pois certamente Deus sabe o que faz. Pedir a Deus pelo nosso pão diário é incerto, pois isso não faz “o maná cair do céu”. Há um processo social complicado de produção e distribuição de alimentos. Aqueles que estão diretamente envolvidos na produção de alimentos fazem um excedente para a comunidade distribuir para aqueles que ajudam de outras maneiras. Em outras palavras, o pão diário tem que ser ganho pelo serviço à comunidade.
Todas essas dificuldades são esclarecidas quando a prece é interpretada de níveis progressivamente mais altos ou esotéricos. De um ponto de vista um pouco mais elevado, que é direcionado para dentro de nós, a Oração do Pai-Nosso se torna um manual de instruções para o cuidado e manutenção dos nossos vários veículos que nós, Espírito, possuímos. Quando assim considerada, a Oração revela a complexidade desses veículos. Primeiramente, recebemos um Corpo Denso e o “manual de instruções” diz: “Dê-lhe comida, diariamente”. “Perdão” é o bálsamo para o próximo veículo, o Corpo Vital que permeia o Corpo Denso e produz vitalidade ou a falta dela.
A matéria física, por exemplo, o cálcio, nunca fica doente; é a força vital e organizadora que, quando funciona mal, produz, nesse caso, as doenças ósseas. Isso se deve ao “pecado” ou transgressão das Leis de Deus. Em um nível óbvio, a raiva e a irritabilidade são fontes bem conhecidas de doenças. Em um nível mais sutil, todas as doenças são causadas por emoções, sentimentos e desejos em desarmonia (ou seja, criados a parte do uso de material das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo). Quando a harmonia mental e espiritual é restaurada, a força vital funciona em harmonia e ficamos sadios e não doentes. “Tentação” é o problema dos nossos desejos, sentimentos e das nossas emoções, mostrando a necessidade de controlá-los. Somos nós que devemos controlar nossos desejos para não cair nas tentações.
“Livrai-nos do mal” é uma diretriz para a Mente, pois a razão pode ser usada objetivamente e sem emoção para planejar atos bons ou ruins.
É somente no nível do pedido que a oração é passiva. Em qualquer grau mais elevado, ela é dinâmica, pois requer uma ação definida nossa. Como um “manual de instruções”, a Oração não apenas mostra a complexidade dos nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), mas também a responsabilidade dada por Deus em reação a eles, por isso temos que cuidar dos nossos veículos e usá-los sabiamente.
No próximo nível mais alto, um direcionado para fora, a Oração do Senhor é um manual ambiental que define as nossas relações com um ambiente complexo que inclui nossos semelhantes. No nível físico, a Terra deve ser mantida como uma fonte contínua de alimento (o “pão diário”) e temos que cuidar e zelar do nosso ambiente físico para mantê-lo como fonte renovável de vida e energia, que são a base da ciência da ecologia. Assim como podemos poluir a Terra física e torná-la um deserto, também podemos poluir as atmosferas vitais, emocionais e mentais ao nosso redor. Certas áreas podem se tornar salubres ou irritantes; certas atmosferas podem gerar raiva e violência ou promover tranquilidade; e certos grupos podem fomentar o pensamento maligno, egoísta ou o planejamento altruísta. Assim, a Oração indica que o nosso ambiente também é deixado sob nossos cuidados e custódia e temos que trabalhar ativamente para mantê-lo bem, porque somos tão responsáveis pelas condições ao nosso redor quanto pelas condições dentro de nós.
Outro passo para cima eleva a oração a níveis espirituais onde define claramente as nossas qualidades espirituais e nosso relacionamento com Deus. A oração é dirigida a “nosso Pai” nos “Céus”. Nosso Pai é conhecido somente através de Sua Vontade, um Princípio abstrato — razão pela qual Cristo não pôde “mostrar” o Pai aos seus Discípulos como solicitado por eles (Jo 14:1). O que podia ser visto era Cristo fazendo a Vontade do Pai (Jo 14:8-11). Similarmente, o princípio abstrato da justiça não pode ser mostrado, exceto através de pessoas praticando as Leis de Deus. A frase de abertura nos lembra que é em prol da Vontade de Deus que estamos aqui na Terra e a tarefa a ser cumprida é dada por este pedido: “Seja feita a Tua Vontade assim na Terra como no Céu”. “Céu” é onde Deus governa e Sua Vontade é feita; Cristo indicou que o “Céu” está entre nós (Lc 17:21). Esta fase da oração ensina que a Vontade de Deus, que é o Princípio espiritual do Amor dentro de nós, deve ser manifestado na Terra.
O poder energizante que torna possível a manifestação da Vontade de Deus é o “nome” de Deus usado em um sentido similar ao “nome da lei” que motiva a conduta dos oficiais da lei, ou o “nome da caridade, misericórdia, piedade” e assim por diante, usado como força motivadora. Quando Adão – nós, como Humanidade, na Época Polar – “nomeou” os animais (Gn 2:19), ele deu força à forma; isto é, ele energizou “modelos de argila” (terra). Na realidade são níveis de matéria energizante. Forças energizantes podem ser usadas para o bem ou para o mal, de maneira altruísta ou egoísta; portanto, a Oração insiste que o “nome” de Deus, que é uma força criadora, seja “santificado”; isto é, usado reverente e responsavelmente para criar apenas o bem em todos os níveis (físico, vital, emocional e mental).
“Venha a nós o vosso Reino” relaciona-se diretamente com a missão do Cristo de despertar Deus ou o Bem em nós, quando este governar a Terra, mas não como um Reino dividido onde as obras de Deus e do diabo correspondem a direções conflitantes do nosso Eu superior e “eu inferior”; mas como um reino imaculado, unificado e inspirado por Cristo sob a direção do nosso “Cristo interior” (Cl 1:27), com seus Eu superior e “eu inferior” combinados em nós.
Por fim, a frase final “porque vosso é o reino, o poder e a glória para sempre” dedicam todo o projeto, depois de concluído, como uma oferta de amor ao nosso Pai, Deus.
À medida que nos desenvolvemos espiritualmente, nos tornamos mais e mais conscientes das forças complexas e maravilhosas que o auxiliam e a Oração se torna uma prece de louvor e ação de graças. Percebemos que somos Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana, manifestado aqui como um Tríplice Espírito feitos à imagem de um Deus Trino (Pai, Filho e Espírito Santo) e estamos desenvolvendo os três aspectos espirituais (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) em nós, usando as contrapartes veiculares deles (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, respectivamente). As várias partes da Oração mostram as ligações e dependências de nossos veículos com nosso Tríplice Espírito e, finalmente, com nosso Deus Trino. Cada veículo é uma expressão e está sob cuidado e orientação contínuos de um dos nossos três aspectos. O Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos representam cada uma das qualidades e a Mente é a ponte ou elo. A Oração, neste nível, nos eleva a um estado equilibrado e tranquilo, onde nos tornamos um radiador silencioso de louvor e ação de graças que, por sua vez, exerce um efeito edificante sobre nós mesmos e sobre o nosso ambiente no entorno.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/2003 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Pergunta: Li num livro de ocultismo a explanação sobre a cura de câncer numa mulher. Em relação a essa enfermidade os médicos e enfermeiras disseram a essa mulher que a operação seria coroada de êxito, embora não tenha se realizado em virtude de que a paciente estivesse muito mal. O autor diz: “Muito vem sendo feito no campo das vibrações, demonstrando-se que enfermidade e saúde são problemas de vibração e ritmos variados. Tais ritmos, se forem alterados num dado momento, farão com que prótons e elétrons se juntem, originando diferentes padrões, dando formação a tecidos e substâncias de espécies diferentes, provando que dentro do ser humano há uma vontade ou força com poder de atuar sobre padrões e propósitos, bases sobre as quais os tecidos são construídos. Mudando seu ritmo, poderá dar expressão a uma nova forma no mesmo espaço”. Concordam com o que foi dito?
Resposta: Vimos afirmando, baseados na ciência oculta, que não existe limite para o poder do Espírito curar; por isso, sem receio de errar, podemos dizer que qualquer enfermidade pode ser curada, o que também foi demonstrado por Cristo-Jesus durante o tempo de Seu Ministério aqui entre nós. Contudo, devemos lembrar que a Lei de Renascimento e a Lei de Consequência deverão ser levadas em consideração e que nenhuma pessoa está sujeita à cura fenomenal ou instantânea. Por exemplo, o câncer e a hanseníase resultam do mau uso da força sexual criadora durante vidas passadas, de forma a ser exigido um grande poder espiritual para o reajustamento das partes enfermas do Corpo Denso de uma pessoa que sofre dessas doenças.
O ponto de vital importância é a mudança que deve se operar dentro de uma pessoa doente. Se se arrependeu sinceramente, buscando se reforma intimamente, poderá assim tonalizar-se com as forças espirituais, para que as chamadas curas milagrosas tenham lugar.
A respeito do tema vibrações, no livro Princípios Ocultos de Saúde e Cura – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz podemos estudar e saber que: “O Corpo Vital emite um som semelhante ao zumbido de uma abelha. Durante a vida, este som etérico atrai e fixa os elementos Químicos (sólidos, líquidos e gases) do nosso Corpo Denso, de maneira que formem órgãos, tecidos e todas as partes. Enquanto as ondas sonoras etéricas do nosso Corpo Vital estiverem em harmonia com a nota-chave do nosso Arquétipo, os elementos Químicos com que nutrimos nosso Corpo Denso serão devidamente distribuídos e assimilados, mantendo-nos em estado de saúde, estejamos gordos ou magros, rosados ou pálidos, seja qual for a nossa aparência exterior. Mas desde que as ondas sonoras do Corpo Vital destoem da nota-chave do Arquétipo, esta dissonância provoca desordens no agrupamento dos elementos Químicos do nosso alimento, de uma maneira incompatível com as linhas de força do arquétipo.”. “Podemos, pois, ver que a doença ou enfermidade incipiente se manifesta no Corpo Vital antes que o Corpo Denso comece a mostrar sinais de perturbações, e que a restauração do Corpo Vital também precede a convalescença do Corpo Denso.”.
O que ficou dito acima corrobora o que você afirmou. Os ritmos de uma determinada parte (enferma) de um tecido podem ser alterados, e uma nova forma de ritmo pode lhe ser imposta. Contudo, é essencial que esse novo ritmo esteja em harmonia com a nota-chave original do Corpo Denso, se se deseja realmente um resultado duradouro. Podemos concordar também que temos dentro de nós uma “vontade ou força” implicitamente poderosa, porém isso apenas inicia o processo de cura espiritual. A cura em si mesma processa-se por intermédio de uma fonte muito mais elevada, à qual estamos ligados por meio da nossa natureza espiritual, o que realmente somos, um Ego (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui).
Como essa cura espiritual – que é o que é feito por meio da Cura Rosacruz – se produz, temos uma vívida exposição dada por Max Heindel, na sua descrição do efeito da Panaceia Espiritual:
“Quando a Vida de Cristo irrompeu no Gólgota começando a dispersar a atmosfera de medo produzida pela lei inexorável pendente como uma mortalha sobre a Terra, quando milhões de seres humanos foram impulsionados em direção ao caminho da paz e da boa vontade houve como que uma cura. Assim também a Panaceia, quando aplicada, faz com que a Vida de Cristo nela contida precipite-se através do Corpo do paciente, infundindo em cada célula o ritmo que desperta o Ego aprisionado de sua letargia, levando-o de volta à vida e à saúde” (do livro Princípios Ocultos de Saúde e Cura – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz).
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – setembro/1971 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: De certo modo é correto afirmar que o Ego principia a fazer uso da sua faculdade epigenética já no Segundo Céu, quando da formação do Arquétipo. O trabalho executado no útero, entretanto, não é meramente uma “repetição”. O esquema das inovações introduzidas já existe no Arquétipo, elaborado de “matéria mental”, na Região Concreta do Mundo do Pensamento.
Posteriormente, começa a receber material para a formação de seu Corpo Denso. O Ego sabe como manipular matéria química e etérica para dar expressão concreta, no Mundo Físico, às inovações arquetípicas. A Epigênese compreende justamente essa habilidade de trabalhar com a matéria, criando alguma coisa nova com as substâncias química e etérica e promovendo sua expressão física, em harmonia com o esquema antecipadamente elaborado.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Essa é uma regra geral, aplicável às massas. Tratando-se de um Ego espiritualmente mais avançado, há maior oportunidade de escolher o sexo para um determinado renascimento, como também o tempo e o lugar.
Além disso, não é sempre que uma pessoa renasce consecutivamente em Corpos Densos masculinos e femininos. Alguns fatores em sua evolução exigem-lhe habitar um Corpo Denso masculino ou feminino, não alternadamente, a fim de que possa cumprir alguma missão importante. Essa natureza dual é inerente a todos os seres humanos, e ambos os aspectos podem ser plenamente desenvolvidos e harmonizados em cada Ego.
O Ego que renasceu como Elias e subsequentemente como S. João Batista estava consciente de que só poderia dar comprimento à sua missão, com maior eficiência, num Corpo Denso masculino do que renascendo em um Corpo Denso feminino.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Sim, se você realmente esteve fora do seu Corpo Denso e conseguiu reter essa memória até a hora de acordar, pode haver uma série de maneiras pelas quais você pode provar a si mesmo e, também, aos outros, se desejar, que você foi, pelo menos naquela ocasião, liberado de seu Corpo Denso, sendo capaz de funcionar como um Espírito livre no espaço.
Para os que não estão familiarizados com a nossa Filosofia Rosacruz, vamos dar algumas informações básicas para ajudar o entendimento: nós não somos apenas esse Corpo Denso (o corpo físico) que vemos com nossos olhos físicos, mas que possuímos veículos feitos de texturas mais finas nos quais somos capazes de funcionar, quando o Corpo Denso é colocado para descansar, durante o sono. É, de fato, a nossa retirada do Corpo Denso, junto a nossa consciência e aos veículos mais sutis, que induz o sono. Na maioria das pessoas, o Espírito, vestido com seus veículos mais sutis (os dois Éteres superiores do Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente), paira perto do Corpo Denso, quando esse está em repouso. Geralmente medita sobre os assuntos do dia, mas não parece ter muito interesse em qualquer coisa relativa a isso, até que, pela constância de se fazer os Exercícios Esotéricos Rosacruzes, o estudo da Filosofia Rosacruz e por viver uma vida reta – aplicando o conhecimento Rosacruz adquirido -, dedicada ao serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – a cada irmão e irmã ao seu lado, é gradualmente despertado para a realidade da vida fora do Corpo Denso.
Aqui cabe um alerta: se a pessoa seguiu o caminho do desenvolvimento espiritual negativo, passivo que é se deixando ser possuído (parcial ou totalmente) por Espíritos desencarnados (irmãos e irmãs que, depois de morrerem aqui, ao invés de partirem para o Purgatório, vivem Apegados à Terra), também conseguirá funcionar fora do Corpo Denso, mas é muito perigoso, pois ele não tem controle nenhum (ao contrário, é possuído pelo que chamamos de Espíritos de controle) e é uma presa fácil para ser obsidiado por tais Espíritos. Tudo depende do temperamento da pessoa em questão, pois nosso caráter não é alterado pelo fato de irmos dormir; nós somos lá, no Mundos invisíveis, o que somos aqui, no Mundo visível. É uma máxima dos Ensinamentos Rosacruzes: “Espírito de Luz não ‘baixa’, não toma o Corpo Denso de uma pessoa, nem parcial, nem totalmente, seja qual seja a razão que se justifique”. Há outros modos muito mais eficazes e que respeita as Leis de Deus.
No entanto, há ocasiões em que um homem ou uma mulher se torna tão interessado no trabalho deste Mundo que, ao adormecer, ele ou ela (o Ego) não consegue se desvencilhar inteiramente do Corpo Denso. Está meio dentro e meio fora, em contato com as cenas dos Mundos invisíveis e ainda ruminando as ocorrências do dia anterior. Então, temos aquele estado de consciência confuso que chamamos de sonhos e esses constituem as experiências noturnas da maioria das pessoas. Mas, quando, como já foi dito, começamos a estudar a Filosofia Rosacruz e, acima de tudo, a viver uma vida de serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – a cada irmão e irmã ao seu lado durante o dia; quando realizamos, principalmente, os dois Exercícios Esotéricos Rosacruzes: noturno de Retrospecção e matutino de Concentração com fidelidade e zelo, um dos primeiros sintomas da verdadeira consciência durante a noite, e das experiências nos Mundos invisíveis, é o de sonhos caóticos e ilusórios se tornarem lógicos e racionais. Quando esse estágio é alcançado, nunca nos vemos andando com a cabeça debaixo do braço ou perseguindo uma vaca em um poste, porque sentimos que ela deveria se empoleirar no topo do poste, ou realizar truques idiotas desse tipo; mas descobrimos nós mesmos vivendo normalmente e lá fazendo as coisas da mesma maneira que faríamos aqui, salvo por certos fatos, tais como se desejamos ir de um lugar a outro, não andamos a pé nem de carro, mas simplesmente, pelo próprio pensamento, nós nos elevamos no ar e nos deslizamos pelo espaço até chegar ao destino. Então, não somos impedidos por portas trancadas ou janelas fechadas, mas vamos diretamente, passando pela parede, para os cômodos onde desejamos estar e começamos a fazer o trabalho para o qual fomos até lá.
Além disso, podemos descobrir que o espaço e a distância quase deixaram de existir e que uma viagem até um amigo sofredor a alguns milhares de quilômetros de distância leva apenas um momento; contudo, essas coisas não indicam que estamos apenas tendo um sonho ilusório e comum, pois, como dissemos, tais são as leis dos Mundos invisíveis que viajamos a uma velocidade maior do que a eletricidade, sempre que desejamos. Não há peso para os veículos invisíveis (Corpo-Alma, Corpo de Desejos e Mente) aos nossos olhos físicos. É nossa vontade que determina nosso lugar em relação à Terra. Podemos andar na rua ou planar sobre os telhados à vontade. Além disso, como é bem sabido que os átomos de todas as substâncias físicas não se tocam de fato, mas, digamos, nadam no mar de Éter, é perfeitamente possível a nós (o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui), livre do nosso Corpo Denso, passar nossos veículos invisíveis pelos interstícios entre os átomos de uma parede de tijolo ou cimento, como Cristo fez quando apareceu aos Discípulos, depois que a porta do aposento onde estavam foi trancada.
Tendo esses fatos na sua Mente, suponha que alguma noite, estando fora do seu Corpo Denso, você conheceu uma pessoa e que, talvez, tenham trabalhado juntos por semanas ou meses; no decorrer da conversa você descobre que esse colega mora em Nova York ou Londres e você teve a oportunidade de visitá-lo lá, enquanto funcionava em seu Corpo Denso. Suponhamos ainda que se tornou necessário que você fizesse uma viagem de negócios à cidade onde seu colega estava. Você, um Auxiliar Invisível, conta a ele sobre essa viagem em uma de suas excursões noturnas. Ele o convida para ser seu hóspede durante sua estada naquela cidade e você aceita o convite.
No dia seguinte, você parte para o seu destino e, na chegada, pega um carro conforme orientação dele, desce na esquina que você já conhece tão bem, sobe até a casa, bate à porta e seu colega vem ao seu encontro. Ele o pega pela mão fisicamente, como sempre fez etericamente nos Mundos invisíveis. Você começa imediatamente a falar sobre coisas que fez fora do Corpo Denso e vocês se conhecem tão bem quanto velhos colegas do Mundo Físico; ou em outras palavras, você continua o relacionamento no Corpo Denso, exatamente como se formou fora dele, nos Mundos invisíveis.
Essa é uma das formas de comprovar a realidade de suas experiências durante o período em que o Corpo Denso dormia. Embora tenhamos colocado o caso hipoteticamente, não é totalmente assim. O autor, por exemplo, teve tais experiências em vários casos. Um deles foi contado no panfleto “Nosso Trabalho no Mundo”[1] e, não relatando essas experiências apenas para fofocar, às vezes há um objetivo a ser obtido por meio do testemunho pessoal e, por isso, repetimos o relato aqui:
“Na época em que o autor tinha, sem ter dado conta, é claro, passado pelo teste estabelecido pelos Irmãos Maiores para ver se ele provaria ser verdadeiro como o mensageiro deles, um desses Irmãos Maiores, que já havia entrado em contato comigo quando a porta do quarto estava trancada, apareceu novamente e me notificou que havia sido selecionado para promulgar os Ensinamentos Rosacruzes, que deveria receber no Templo da Ordem Rosacruz, na Região Etérica do Mundo Físico. Para chegar àquele lugar, ele me orientou a seguir, na manhã seguinte, para certa estação ferroviária, em Berlim, comprar uma passagem para um lugar do qual eu nunca tinha ouvido falar e pegar um trem que iria para lá em um determinado horário. Assim, parti na manhã seguinte para a estação ferroviária mencionada, comprei a passagem para o referido destino e descobri que o trem partia no horário que nosso visitante me havia informado. Ao chegar ao destino, encontrei o próprio Irmão Maior revestido com seu Corpo Denso e, por ele, fui conduzido aos arredores do Templo da Ordem Rosacruz, que não é composto de material da Região Química do Mundo Físico, mas etérico – ou seja formado de material da Região Etérica do Mundo Físico – e, portanto, invisível para as pessoas da vizinhança, que não estão cientes de que a Grande Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental estava localizada entre elas.
O autor não estava dormindo quando o Irmão Maior entrou em seu quarto e deu as instruções que o levaram à reunião, nem ele foi capaz de focalizar sua visão espiritual à vontade ou deixar seu Corpo Denso, quando isso fosse desejado. Essas faculdades foram despertadas no momento da primeira Iniciação Menor, que ocorreu no Templo da Ordem Rosacruz, logo depois; mas o Irmão Maior, nesse caso, se materializou o suficiente para permitir ao autor vê-lo e, portanto, a experiência não prova o que pode acontecer quando o Corpo Denso está dormindo, mas demonstra que, no momento em que o autor recebeu as instruções acima mencionadas, ele não estava sob alucinação e isso prova que é possível, para um Espírito livre, entrar em uma sala e ali se materializar para determinado propósito, como os Auxiliares Invisíveis, não raramente, têm que fazer.
Quando o autor diz “prova”, ele quer dizer, é claro, que provou esse fato a si mesmo. Cada um deve obter essa prova pessoal e esses fatos não podem ser “provados” para outra pessoa. O testemunho é dado apenas com o propósito de mostrar como tais coisas acontecem.
Ao relatar experiências pessoais, talvez não esteja fora de contexto dizer que uma vez esse escritor foi capturado por uma câmera. Vocês sabem que a câmera capta vibrações etéricas e que, embora muitas das chamadas fotografias de Espíritos sejam imposturas, há também as reais. O incidente em questão aconteceu quando o autor estava em um hospital, simplesmente recuperando-se de um colapso sério causado por vários anos de estudo muito rigoroso e excesso de trabalho. Antes disso, não tínhamos experiências psíquicas, mas em uma manhã de domingo, quando um querido amigo estava partindo para a Europa, nós nos sentimos particularmente solitários e intensamente desejosos de ver nosso amigo.
De repente, como num passe de mágica, nós nos encontramos fora da cama, olhando para o pobre Corpo Denso definhado que jazia inerte e adormecido; contudo, não sentimos medo e tudo parecia estar bem. Levados dali pelo desejo, que originalmente nos libertara do Corpo Denso, viajamos em uma fração de segundo os 32 quilômetros até o porto de San Pedro, onde nos encontramos no navio, com nosso amigo. O barco estava prestes a partir e, nesse momento, um amigo em comum ligou uma câmera na praia. Quando o filme foi revelado, o rosto do escritor, com uma barba crescida de várias semanas, adquirida no hospital, era claramente visível. Desde então, essa foto foi reconhecida por um número dos nossos conhecidos que nem mesmo foram informados, e é provável que esse caso pudesse realmente ser estabelecido de tal maneira que constituísse uma prova quase legal, pois poderia ser facilmente demonstrado que o autor estava no hospital, quando o amigo dele, que estava a bordo daquele navio (que também está na fotografia, é claro), estivesse partindo e a foto foi feita. No entanto, o velho ditado: “um ser humano convencido contra sua vontade não muda sua opinião” é tão verdadeiro que, sem dúvida, uma grande porcentagem das pessoas a repudiaria como impostura, de qualquer maneira. Então, qual é a utilidade? A convicção deve vir de dentro, antes de ser aceita.
Também foram dadas algumas provas do fato de que algumas pessoas estão conscientes fora do Corpo Denso, em algumas das revistas Rays from the Rose Cross anteriores. Entre outras, o Dr. Stuart Leech [2], no número de setembro da Rays from the Rose Cross, conta a experiência que teve quando um de seus pacientes estava em estágio crítico por causa de apendicite. Tanto ele quanto os outros dois médicos visitaram o menino usando os seus veículos invisíveis, durante a noite, ajustando a situação para que, ao chegarem à consulta na manhã seguinte, encontrassem o menino perfeitamente bem. Também publicamos a história da Srta. Kerin [3], que foi curada milagrosamente por um Auxiliar Invisível. Ela foi vista em outras ocasiões ajudando os doentes e feridos nos campos de batalha da Europa, como muitos dos Auxiliares Invisíveis estão fazendo atualmente. Assim, há testemunho considerável sobre a evidência de que as pessoas que ainda vivem em seus Corpos Densos, durante o dia, estejam engajadas no trabalho espiritual durante a noite e que suas experiências, transportadas para a consciência desperta através da memória, não são sonhos ilusórios, triviais.
Entretanto, você pode perguntar: “Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em determinado lugar, fazendo determinado trabalho?”. Você pode estar em algum lugar, fazendo algo e, ao acordar, deseja saber se foi um sonho ou um fato. Se for esse o seu caso, aconselhamos que, da próxima vez que se encontrar fora do Corpo Denso em algum lugar, em sua cidade natal, por exemplo, você possa, no dia seguinte, ir a esse local e observar alguns pequenos detalhes que possa reconhecer depois.
Suponha que você se encontre na sala de espera de uma estação ferroviária, em sua cidade. Conte as janelas da sala, conte os bancos e preste atenção especial na disposição deles; observe o lugar onde a cabine telefônica fica, se houver uma, e quaisquer outras coisas que você não tenha notado em suas visitas anteriores ao local e que não possam ser alteradas por alguém antes que você possa chegar lá na manhã seguinte. Anote os fatos o mais rápido possível para que não escapem da sua Mente e, a seguir, conforme sua conveniência, vá até a estação, entre na sala de espera e lá, conte as janelas, observe a disposição dos bancos, a cabine telefônica, etc. Isso, por si só, vai dar a você uma razão justa para acreditar que esteve lá durante a noite, se você descobrir que acertou no que trouxe da visita noturna para a vida diurna, pela memória. Se o lugar onde você se encontra, quando está fora do Corpo Denso, é a casa de um amigo, o que também acontece ocasionalmente, siga o mesmo método de anotar detalhes a que você não prestou atenção em suas visitas anteriores. Conte as cadeiras da sala, observe se há algum arranhão ou sinal na mobília que possa ser facilmente reconhecido em uma ocasião posterior e assim por diante, de acordo com as sugestões de sua própria engenhosidade. Dessa forma, você sem dúvida encontrará a prova que deseja ou o conhecimento de que se enganou ao acreditar que esteve lá.
(Por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
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[1] – Capítulos XX, XXI e XXII do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz:
CAPÍTULO XX – NOSSO TRABALHO NO MUNDO – Parte I – (Publicado em maio, 1912)
Observando o progresso dos trabalhos da Fraternidade Rosacruz concluímos que ele não resulta dos esforços exclusivos de alguns membros. Ele é produto do trabalho conjunto dos Irmãos Maiores e de todos os membros da Fraternidade Rosacruz. Na dedicação a essa missão encontramos uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da alma.
Não temos o direito de uso exclusivo do alimento espiritual, como não temos o direito exclusivo do alimento material. Devemos dar a todos a oportunidade de colaborar neste trabalho, seja física, mental ou financeiramente. De acordo com o tempo, talento, aptidão e condições de cada um.
Por outro lado, compreendemos a importância da nossa participação, sem a qual a obra poderá ficar incompleta. Nesse caso seremos servos improdutivos dos Irmãos Maiores. A carga é superior à nossa capacidade de suportá-la. Portanto, para prosperarmos, a Grande Obra necessita de muitos colaboradores. Assim sendo, nesta lição vamos repassar o histórico do trabalho efetivado até hoje. Dessa forma os Estudantes podem vislumbrar uma real perspectiva das linhas do futuro trabalho. Será necessário abusar do pronome “Eu”. Peço aos Estudantes a bondade e a compreensão para serem pacientes comigo neste caso. Ninguém menos aprecia introduzir um elemento pessoal do que o autor, mas no caso presente parece ser inevitável.
Temos deixado claro em nossa literatura, como ensinamento axiomático, que cada objeto no universo visível é a corporificação de um pensamento invisível pré-existente. Fulton[1] construiu um barco a vapor e Bell[2] um telefone. O pensamento criador precedeu os primeiros modelos construídos em madeira e metal. Do mesmo modo, um escritor planeja e idealiza um livro antes de escrevê-lo.
Uma Ordem de Mistérios também deve idealizar e planejar sua filosofia espiritual para suprir as necessidades das pessoas que foi encarregada de servir. Esse trabalho pode levar séculos.
As investigações científicas são realizadas no isolamento dos laboratórios. As conclusões provenientes dos resultados experimentais não são divulgadas até estarem devidamente comprovadas. Esse rigor é necessário para assegurar e promover os avanços no âmbito da ciência. Analogamente os ensinamentos espirituais, destinados a incrementar o desenvolvimento de certo conjunto de almas afins, não são divulgados a todos enquanto não ficar bem demonstrada sua eficácia entre os estudiosos e pesquisadores.
Como as invenções, também as teorias ou projetos passam pelo estágio experimental. A menos que comprovem alguma utilidade, serão rejeitados. Também um ensinamento espiritual deve atingir um ponto de perfeição para ser divulgado e utilizado no trabalho do mundo. Se não for assim, sucumbe. Esse tem sido o método utilizado para divulgar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Foram formulados pela Ordem Rosacruz com o objetivo de encontrar ressonância com a Mente extremamente intelectualizada dos irmãos da Europa e da América.
Há séculos, nosso venerado Fundador elegeu doze Irmãos Maiores para colaborarem com essa obra. Todos, provavelmente, empenharam-se no estudo retrospectivo da evolução histórica das linhas de pensamento do ser humano. Elaboraram um inventário abrangendo, talvez, vários milênios. Dessa forma, consolidaram, com fundamentos, uma concepção apurada da direção que provavelmente assumiriam as Mentes das gerações futuras. Puderam também antever suas inclinações e necessidades espirituais. Analisando o contexto dentro de diversos ângulos, procuravam identificar os pecados dominantes em nossos dias. Chegavam sempre na inequívoca conclusão: “Orgulho intelectual, intolerância e impaciência diante das limitações e restrições”.
Formularam uma filosofia capaz de satisfazer os apelos do coração e ao mesmo tempo capaz de corresponder aos clamores do intelecto. Enfatizaram a importância do domínio próprio como o melhor meio para vencer as limitações humanas.
Recebemos milhares de cartas de apreço de diferentes cantos do mundo, das altas esferas às camadas mais baixas. Atestam o desejo ardente da alma e a satisfação proporcionada pelos ensinamentos.
Mas, à medida que o tempo passa, daqui a cinquenta anos, talvez um século ou dois, quando as descobertas científicas confirmarem muitas das afirmações contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, quando a inteligência da maioria se tornar ainda mais aberta, os Ensinamentos Rosacruzes darão satisfação espiritual a milhões de Espíritos que buscam esclarecimento.
Neste caso, percebemos como é indispensável o prudente e criterioso cuidado dos Irmãos Maiores, antes de confiarem tão importante missão a qualquer um. Os ensinamentos serão divulgados apenas em momentos decisivos para as futuras épocas. Como as sementes são plantadas no começo do ciclo anual, também uma semente filosófica, como os Ensinamentos da Rosacruz, deve ser plantada na primeira década do século quando se inicia um novo ciclo. As publicações devem respeitar esses períodos. Se passar o prazo, aguarda-se outro momento oportuno.
O mensageiro dos ensinamentos escolhido em 1905 foi considerado inapto. Então, os Irmãos Maiores se voltaram para mim. Fui testado e aprovado em 1908. Desde então venho recebendo seus ensinamentos. O livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos” foi publicado em novembro de 1909, pouco antes do fim da primeira década. Exatamente um ano e um mês antes.
Amigos organizaram o manuscrito original e fizeram um trabalho esplêndido. Entretanto, é claro, ainda era preciso revisá-lo antes de destiná-lo ao trabalho de impressão. Depois li as provas já impressas, corrigi e encaminhei para nova impressão. Tornei a lê-las e os erros foram corrigidos. Depois de paginadas, li novamente. Dei instruções ao pessoal da gráfica sobre os desenhos e a correta posição de cada um nas páginas no livro, etc.
Levantava-se às seis horas da manhã e trabalhava até o início da madrugada, normalmente entre meia-noite e três horas da madrugada. Assim foi durante semanas. Tudo em meio a confusões intermináveis envolvendo comerciantes e o ruído de Chicago agredindo meus ouvidos. Muitas vezes cheguei ao limite de minha resistência nervosa. Ainda assim consegui concentrar-me e redigi muitos temas novos para o “Conceito”.
Eu teria sucumbido não fosse o apoio dos Irmãos Maiores. Era obra deles e eles me forneceram todo suporte. Minha função era trabalhar até o limite de minhas forças e capacidade, deixando o resto aos cuidados deles. Contudo, eu era quase uma ruína quando essa tarefa se consumou.
Talvez agora todos entendam a minha atitude no que se refere ao “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Mais do que ninguém, permaneço extasiado diante de seus maravilhosos ensinamentos, e posso fazê-lo sem falsa modéstia porque o livro não é meu, ele pertence à Humanidade. Inclusive nem parece que fui eu que o escrevi. Sinto-me absolutamente impessoal no assunto. Minha tarefa é cuidar de sua correta publicação e dos direitos autorais com o intuito de protegê-lo contra deturpações.
Contudo, logo que seja possível encontrar depositários responsáveis e competentes, a Fraternidade Rosacruz será incorporada. Todos os meus direitos autorais passarão para a instituição, juntamente com tudo mais que me pertença, pois faz parte do acordo com os Irmãos que qualquer lucro resultante da obra, a ela deve reverter.
Aceitei essa condição voluntariamente. Nem eu nem a Sra. Heindel visamos ganhos materiais. A nós importa somente o suficiente para levar adiante esse trabalho. A abençoada missão é para nós a melhor recompensa. É mais preciosa do que qualquer dádiva material.
Entre algumas opiniões e tolices publicadas sobre a Ordem Rosacruz, destaquemos uma que afirma uma grande verdade: Ela anseia curar os doentes.
Antigas ordens Religiosas acreditavam no flagelo do corpo como meio para se alcançar o desenvolvimento espiritual. Os Rosacruzes, pelo contrário, demonstram o maior zelo por esse instrumento. Um corpo saudável é indispensável para a manifestação de uma Mente sã.
Curar os enfermos e pregar os evangelhos da Era de Aquário são as duas atividades fundamentais para os zelosos seguidores de Cristo, e todos esperam ansiosamente pelo “dia do Senhor”. Com esse Espírito norteamos a totalidade do nosso trabalho no mundo.
Os Irmãos Maiores sabem que o abuso da força sexual, estimulado pelos Espíritos Lucíferos, deixa sequelas no corpo. A perversão do amor (luxúria) é responsável por doenças e debilidades. Por isso, o Método Rosacruz de Cura ensina a manter saudável o Corpo Denso. Somente um Corpo são pode hospedar uma Mente sadia e um coração pleno de amor puro. A concepção sem mácula proporciona corpos cada vez mais puros e abrevia o advento do Reino de Cristo. Somente a pureza pode libertar o Espírito da carne. Lembremos: “A carne e o sangue não podem herdar o Reino dos Céus.”.
Pregar o Evangelho (da próxima Era) é tão necessário quanto Curar os Enfermos. O sistema de cura desenvolvido pelos Irmãos Maiores combina as melhores técnicas e métodos praticados por diversas escolas atuais. Conta com um método de diagnose e tratamento tão exato quanto simples. Assim foi dado um grande passo para elevar e promover o trabalho na área da cura. Como dizem: das areias da experiência às rochas do conhecimento exato.
Na noite de nove de abril de 1910, quando a Lua Nova transitava por Áries, o Mestre apareceu em meu quarto e disse que uma nova década (ciclo) havia começado naquela noite. Na noite anterior, minhas obrigações com o recém-inaugurado Centro da Fraternidade de Los Angeles haviam terminadas.
Viajei e proferi conferências seis noites por semana, além de algumas tardes. Depois da experiência em Chicago na época da edição, adoeci e afastei-me do trabalho em público para descansar e recuperar o vigor físico. Tinha ciência dos perigos envolvidos quando abandonava conscientemente meu corpo enfermo. O Éter está muito desvitalizado e o cordão prateado pode romper-se com facilidade. A morte, sob tais condições, causaria os mesmos sofrimentos que o suicídio. Por isso, previne-se sempre o Auxiliar Invisível para permanecer em seu corpo quando este está enfermo. Mas, por solicitação do Mestre, eu ficava de prontidão para os voos da alma até o Templo. Neste ínterim, alguém ficava incumbido de cuidar do meu corpo ainda debilitado.
CAPÍTULO XXI – NOSSO TRABALHO NO MUNDO – Parte II
Como foi exposto anteriormente em nossa literatura, há nove graus dos Mistérios Menores – em qualquer escola – e a Ordem Rosacruz não é exceção. O primeiro deles corresponde ao Período de Saturno e os exercícios correspondentes são realizados no dia de Saturno, aos sábados, à meia-noite. O segundo grau corresponde ao Período Solar, e este rito específico é celebrado aos domingos. O terceiro grau corresponde ao Período Lunar, e é celebrado às segundas-feiras à meia noite; e assim sucessivamente com os restantes sete graus. Cada um corresponde a um Período e tem, por isso, o dia apropriado para a sua celebração. O oitavo grau é celebrado nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. O nono grau nos Solstícios de Junho e Dezembro.
Quando um Discípulo se torna um Irmão ou Irmã Leiga, ele, ou ela, é introduzido ao ritual celebrado nas noites de Sábado. A Iniciação seguinte faculta-os assistir os Serviços do Templo, à meia noite dos domingos, e assim por diante.
Note-se que, embora todos os Irmãos e Irmãs Leigas, nos seus corpos espirituais, tenham livre acesso ao Templo durante todos os dias, eles são proibidos de entrar nos serviços da meia-noite nos graus superiores.
O Templo não está sob qualquer vigilância. Não há exigência de palavra-passe para quem desejar entrar. Entretanto, há um muro invisível ao redor do Templo. Impenetrável para aqueles que ainda não receberam o “Abre-te Sésamo”. Cada noite esta muralha é edificada de modo diferente. Por isso se alguém, por engano ou por esquecimento, quiser entrar no Templo quando o grau vibratório da reunião está acima de seu nível, aprenderá uma lição muito pouco agradável: é possível bater a cabeça contra uma muralha espiritual.
Como já foi dito, o oitavo grau oficia-se nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. Quem não alcançou esse estágio não está, naturalmente, credenciado para o Serviço da meia-noite, é o caso do autor destas linhas. A elevação de grau depende de mérito, não pode ser comprada. Exigia um desenvolvimento espiritual muito além do que possuo atualmente. Não obstante o meu esforço e aspiração para atingir esse estágio, preciso ainda dedicar-me por muitas vidas.
Portanto, o leitor entenderá que na noite de Lua Nova em Áries em 1910, quando o Mestre veio me buscar, não foi para levar-me àquela exaltada reunião do oitavo grau, mas a outra, de diferente natureza. Além disso, aquela reunião ocorreu à noite, na Alemanha, e eu estava na Califórnia, com outro fuso horário. Portanto, os exercícios da Lua Nova foram celebrados algumas horas antes. Por isso, quando cheguei ao Templo com o Mestre, o Sol já estava alto nos céus.
Entramos no Templo. Depois passei algum tempo numa conversa a sós com o Mestre. Então, ele fez um esboço da missão da Fraternidade. Como porta-voz dos Irmãos, discorreu sobre as diretrizes do movimento.
A nota-chave da missão consistia em evitar a obstrução da liberdade pessoal. Hierarquia e regras são importantes e cheias de boas intenções, mas não devem ser castradoras e nem opressoras. As tentações do poder e da vaidade não podem ser subestimadas. Sistemas rígidos de organização caminham rapidamente para a cristalização e morte.
Portanto, a liberdade de pensar, discernir e escolher é prioritária e deve ser franqueada aos membros da Fraternidade. Todo membro deve ser encorajado a emancipar-se e conquistar autoconfiança. Se o livre-arbítrio sofrer violência e empalidecer, o objetivo da Ordem Rosacruz estará frustrado.
Leis e estatutos são limitações. Quando realmente houver necessidade, devem conter o menor número possível de regras. O Mestre até pensou na possibilidade de abster-se delas.
Baseados nesse Espírito de liberdade, imprimimos em nosso papel timbrado: “UMA ASSOCIAÇÃO Internacional de Cristãos Místicos”.
Notemos que há uma grande diferença entre uma associação, que é inteiramente composta por voluntários, e uma organização que vincula os membros a votos, cargos, promessas, etc.
Os que assumiram o compromisso como Probacionistas na Fraternidade Rosacruz sabem que esse Compromisso é uma promessa a eles próprios e não à Ordem Rosacruz. O mesmo cuidado para assegurar o máximo da liberdade individual evidencia-se em todas as etapas da Escola de Mistérios Ocidental.
Nós não temos Mestres. Quando, eventualmente, empregamos o termo Mestre é por consideração e respeito. Na verdade, Eles são nossos amigos e nossos Professores. Sob nenhuma condição exigem obediência a alguma ordem, nem nos impelem a fazer isto ou aquilo. Quando muito nos aconselham, deixando-nos livres para escolher e decidir.
Posso dizer que esta política de não organizar já está sendo adotada nos centros de estudos em Columbus, Ohio, Seattle, Washington e Los Angeles[3]. Desde então, tenho ido mais além nessa diretriz, tentando divulgar os ensinamentos por meio de uma Sede Mundial, em vez de formar novos centros em diversas cidades.
Em alguns lugares, grupos de Estudantes desejam reunir-se para estudos e elevação espiritual. Para auxiliar nesse propósito, a Sede fornece-lhes toda assistência possível, mas como já foi dito, não tenho mais me empenhado na formação de centros de estudos. Agora deixo os Estudantes decidirem. Dessa maneira sentem-se mais estimulados e emancipam-se com mais rapidez.
Agora abordaremos outro tema fundamental: o inovador Serviço de Cura da Fraternidade. Como vivemos num mundo concreto, vinculados às condições materiais, necessitamos de uma Sede e de um Templo de Cura. A Sede deve ser estruturada em harmonia com as leis do país que a acolhe. Também deve ser coerente com a sociedade onde está inserida. Assim o produto da obra pode ficar disponível para o uso da Humanidade depois que os líderes atuais se tenham desprendido da vida física.
Até aqui não pudemos evitar situações severas onde firmes decisões foram tomadas para viabilizar a criação da Sede, mas a associação deve permanecer livre, sem restrições.
Insistimos na questão da liberdade. Mas, é somente com esse compromisso que poderemos alcançar maior crescimento espiritual e vida mais longa. No entanto, é triste considerar que, embora sejam essas as nossas intenções, chegará o dia em que a Fraternidade Rosacruz terá o mesmo destino de todos os outros movimentos: ficará atada por regras, e a usurpação de poder a conduzirá fatalmente à cristalização e consequente desintegração. Mas é um consolo saber que de suas ruínas surgirá algo maior e melhor. Assim como ela surgiu de outras importantes estruturas que já tiveram sua utilidade e agora estão em vias de extinção.
Depois do encontro com o Mestre, entramos no Templo onde os doze Irmãos estavam presentes. A configuração do ambiente era bem diferente do encontro anterior. Entretanto, não há necessidade de detalhar o local.
É importante descrever a presença de três esferas suspensas, uma sobre a outra, no centro do Templo. A esfera central situava-se exatamente entre o piso e o teto e era a maior delas. As outras duas estavam suspensas uma acima e a outra abaixo da esfera central.
Além da visão física, há outras formas de visão: a etérica ou raio-X; a visão da cor que nos abre o Mundo do Desejo; a visão tonal que revela a Região do Pensamento Concreto. Esse tema está plenamente explanado no livro “Os Mistérios Rosacruzes”.
Meu desenvolvimento da visão espiritual das Regiões do Pensamento Concreto era muito insuficiente até a sucessão de eventos já mencionados. De fato, quanto melhor for a nossa saúde, tanto mais apegados estamos ao Mundo Físico. Isso inibe a faculdade de entrar em contato com as regiões espirituais. Pessoas que dizem: “Não estive doente um único dia em minha vida”, revelam estar perfeitamente sintonizadas com o mundo material e, portanto, menos capacitadas para ingressar nos reinos espirituais.
Essa foi minha situação até o ano 1905. Sofri dores atrozes durante toda a vida, consequência de uma cirurgia na perna esquerda realizada na infância. A ferida não cicatrizava. Quando abandonei alimentos com carne então fiquei curado e a dor desapareceu.
Minha resistência e paciência foram grandes durante todos esses anos e nunca dei demonstrações de sofrimento. Mas, fora isso, gozava fisicamente de perfeita saúde. É interessante notar também que quando eu sofria qualquer acidente e me cortava, o sangue escorria e não coagulava. Em consequência muito sangue se perdia. No entanto, depois de dois anos adotando uma dieta pura e equilibrada, quando acidentalmente fiquei sem uma unha inteira, perdi só umas poucas gotas de sangue e pude escrever à máquina na mesma tarde sem qualquer infecção, e uma nova unha logo cresceu.
A edificação da parte espiritual da nossa natureza produz, muitas vezes, distúrbios em nosso Corpo Denso. Este fica muito mais sensível às condições do ambiente e, portanto, o resultado pode ser um esgotamento. A resistência física me conservou de pé por meses. Chegou o momento em que o descanso era necessário, porém isso não foi possível e ultrapassei o limite das minhas forças. Sobreveio o esgotamento total, fui conduzido às portas da morte.
A morte definitiva consiste na irreversível ruptura do laço entre o Corpo Físico e os Corpos sutis. Na aproximação desse estado especial de transição, na iminência de ocorrer o desligamento da matéria, podemos receber instruções sobre a ciência de retirar-se do corpo. Goethe, o grande poeta alemão, recebeu sua primeira Iniciação quando seu corpo se achava debilitado e à beira da morte.
Quando fui abatido pela enfermidade, ainda não havia progredido o suficiente no caminho espiritual. Mas a dedicação aos estudos, aspirações e um exercício praticado por muito tempo, e que naquela época acreditava tê-lo inventado, mas agora já sei, vem de tempos remotos, contribuíram para que pudesse abandonar o meu corpo por um curto espaço de tempo e regressar logo em seguida. Não sei como fazia isso, e nem podia fazê-lo voluntariamente. Contudo, isso não vem ao caso.
Um ponto relevante deve ser ressaltado. A saúde perfeita é necessária antes de conseguirmos equilíbrio nos Mundos Espirituais. Entretanto, quanto mais forte e vigoroso o instrumento, tanto mais drástico será o método para debilitá-lo. Em decorrência, as condições de saúde oscilam durante anos até atingirem o devido ajuste. Assim, aprendemos a conservar a saúde enquanto estamos ativos no Mundo Físico e, ao mesmo tempo, adquirimos a capacidade de atuar nos reinos superiores.
Assim aconteceu comigo. A sobrecarga de trabalho tanto físico como mental, sem trégua até hoje, tem deixado o meu instrumento físico longe de um estado saudável. Amigos alertam-me e tenho tentado considerar suas admoestações. Mas, o trabalho urge e deve ser executado. Enquanto não houver suficiente ajuda, sou obrigado a continuar, apesar da saúde. Em todos os aspectos a Sra. Heindel tem sido uma companheira inestimável.
No entanto, desenvolvi uma capacidade crescente de atuar nos Mundos espirituais, mesmo com a saúde precária. Como já afirmei, na ocasião dos principais acontecimentos aqui narrados, minha visão tonal era mediana e principalmente limitada às subdivisões inferiores da Região do Pensamento Concreto. Uma pequena ajuda dos Irmãos naquela noite permitiu-me entrar em contato com a quarta região, o lar dos arquétipos. Lá compreendi as lições relativas ao mais alto elevado ideal da Fraternidade Rosacruz e, também, sobre sua missão na Terra.
Pude ver nossa Sede e uma multidão de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receber seus ensinamentos. Pessoas também de lá saiam para levar lenitivo aos aflitos próximos e distantes.
Neste mundo é necessário dedicar um bom tempo investigando e estudando para se adquirir conhecimento sobre qualquer assunto. Mas, na Região Arquetípica do Mundo do Pensamento, a voz de cada arquétipo transporta consigo a rica emissão de conteúdos daquilo que ele representa. Ao mesmo tempo ele carrega de impressões a consciência espiritual. Portanto, nessa noite recebi um entendimento muito além do poder de expressão das palavras.
O mundo em que vivemos é regido pelo ritmo do tempo. Enquanto no reino superior dos arquétipos tudo é um eterno agora. Os arquétipos não revelam seu conteúdo numa sucessão de fatos ao longo do tempo, tal como uma história é narrada aqui. Eles imprimem sobre a consciência uma concepção instantânea e completa da ideia em questão. Com clareza e consistência muito superior a qualquer pormenorizada narrativa. Não ousei mencionar esses fatos na ocasião em que ocorreram. Dedicarei o próximo capítulo a essa tarefa.
CAPÍTULO XXII – NOSSO TRABALHO NO MUNDO – Parte III
Relembremos importante tema dos Ensinamentos Rosacruzes: “A Região do Pensamento Concreto é o reino do som”. É o lar da música celestial, da harmonia das esferas. Esse oceano sonoro envolve e interpenetra tudo e todos, assim como a atmosfera da Terra circunda e envolve todas as coisas terrestres. Nessa região tudo que existe está banhado e impregnado de música, tudo vive e cresce pela música. A PALAVRA de Deus ressoa e modela os diversos protótipos de todas as coisas corporificadas na dimensão terrestre.
No piano, cinco teclas pretas e sete brancas formam a oitava. Além dos sete Globos nos quais evoluímos durante um Dia de Manifestação, existem cinco Globos escuros pelos quais atravessamos durante as Noites Cósmicas. Em cada ciclo de vida e por algum tempo, o Ego recolhe-se no mais denso destes cinco, o Caos, o mundo sem forma onde nada permanece. Apenas os centros de força conhecidos como Átomos-sementes prosseguem. No começo de um novo ciclo de vida, o Ego desce novamente até a Região do Pensamento Concreto, onde a “música das esferas” sincronicamente coloca em vibração os Átomos-sementes.
Há sete esferas. São os sete Planetas de nosso Sistema Solar. Cada Planeta tem sua nota-chave e emite um som particular, diferente de todos os demais. Os tons de todos os Planetas participam na construção de um organismo completo. Entretanto, um deles vibra em singular consonância com os Átomos-sementes do Ego durante o processo de renascimento. Então, esse Planeta corresponde à nota “tônica” da escala musical. É o Astro mais harmonioso para esse Ego. É o regente da nova vida em formação. É sua Estrela Guia. As vibrações sonoras dos demais Astros adaptam-se à frequência sonora dessa nota tônica ou nota-chave.
Como na música terrestre, na celestial há harmonias e dissonâncias. A música entoada pelos Astros reverbera nos Átomos-sementes e direciona a construção do arquétipo dos corpos em vias de encarnar. Assim se formam as linhas vibratórias de força. Essas linhas atraem e organizam as partículas físicas durante a vida. Acontece algo semelhante quando um arco de violino coloca em vibração partículas minúsculas espalhadas sobre um prato de latão. Podemos ver a formação de figuras geométricas.
O Corpo Denso é gradualmente formado segundo as linhas arquetípicas definidas por um conjunto de vibrações. O Corpo Denso é a fiel expressão da harmonia das esferas, modelado conforme as melodias entoadas durante o período de sua construção.
Este período, contudo, é muito mais longo do que o período real da gestação, e varia de acordo com a complexidade da estrutura requerida pela vida em busca de manifestação física.
Tampouco o processo de construção do arquétipo é contínuo. Existem acordes inacessíveis aos diapasões vibratórios dos Átomos-sementes, sons que eles ainda “não sabem ouvir” e, portanto, não podem entrar em ressonância com eles. Quando os Aspectos Astrais entoam esses acordes “incompreensíveis”, o arquétipo simplesmente permanece em compasso de espera e “sussurra” os acordes que já foram incorporados na sua estrutura. Conforma-se em aguardar os sons dos acordes coerentes com o projeto de construção dos órgãos necessários à sua própria expressão.
Concluindo, os organismos terrestres são formados segundo linhas vibratórias produzidas pela música das esferas. Habitamos um corpo composto por órgãos. Cada órgão está associado a um Astro ou vibração sonora.
Estamos em condições de bem compreender que as enfermidades são, na verdade, manifestações de dissonâncias ou desarmonias sonoras, cuja causa, provém primeiramente de uma desarmonia espiritual interna.
Há um fator notável para nós. Se conhecermos com exatidão a causa direta da desarmonia, podemos saná-la. Fica evidente que a manifestação física da doença em breve desaparecerá.
Todavia, é justamente esta a preciosa informação dada pelo horóscopo de uma pessoa. Cada Astro, ocupando uma casa terrestre e Signo celeste, expressa harmonia ou discórdia, saúde ou doença. Portanto, todos os métodos de cura são eficazes apenas na proporção em que levam em consideração as harmonias e discordâncias estelares manifestadas na roda da vida, o horóscopo.
Em circunstâncias normais as Leis da Natureza governam os reinos inferiores com pleno poder. Não obstante, há leis superiores relativas aos reinos espirituais. Em determinadas circunstâncias as leis superiores podem suplantar as inferiores. Por exemplo, a lei superior do perdão dos pecados. O reconhecimento dos erros, acompanhado de sincero arrependimento, pode suplantar a inferior e severa lei: “olho por olho e dente por dente”.
Quando Cristo veio em missão ao nosso Planeta, curava os enfermos. Sendo Ele o Senhor do Sol, incorporou em Si mesmo a síntese das vibrações estelares, como a oitava incorpora todos os tons da escala. Ele pôde, portanto, emitir de Si a correta influência planetária corretiva requerida em cada caso. Sentia a desarmonia e imediatamente sabia como equilibrá-la graças ao Seu elevado desenvolvimento. Não necessitava de preparação adicional e obtinha resultados instantâneos. Substituía a dissonância planetária, a causa da doença, pela harmonia correspondente. Apenas num único caso Ele recorreu às leis superiores e disse: “Levanta-te, teus pecados estão perdoados.”.
Do mesmo modo, o Serviço de Auxílio de Cura da Fraternidade Rosacruz emprega métodos baseados nas dissonâncias astrais. Desse modo, constata-se as causas das doenças e aconselha-se as medidas corretivas para curá-las. Esse procedimento tem sido suficiente, e eficaz, em todas as solicitações de cura recebidas até hoje.
Contudo, existe um método mais poderoso e acessível que, sob uma lei superior, pode acelerar a recuperação nos casos mais crônicos e demorados. Em determinadas circunstâncias, quando existe o reconhecimento sincero e profundo do erro, podemos até erradicar uma futura doença sentenciada pelo frio e inflexível destino.
Quando observamos com a visão espiritual algum enfermo, esteja seu Corpo Denso debilitado ou não, torna-se claro para o Clarividente a fragilidade dos veículos mais sutis. Em relação ao estado normal de saúde eles estão muito mais debilitados e, consequentemente, não conseguem transferir a dosagem necessária de vitalidade para o Corpo Denso. Portanto, por falta de revitalização, o Corpo Denso perde vigor.
No entanto, conforme o estado de abatimento de todo Corpo Denso, determinados centros ficam obstruídos na proporção da gravidade da doença. Segundo o grau de desenvolvimento espiritual da pessoa, esses centros também ficam com a saúde fragilizada.
Isto acontece principalmente no centro principal situado entre as sobrancelhas. Nesse local está enclausurado o Espírito. Em alguns casos está tão aprisionado, com a consciência totalmente voltada para sua débil condição, que perde contato com o mundo exterior. Nesse caso, somente a completa ruptura do Corpo Denso poderá libertá-lo. Mas pode ser um processo demorado.
No decorrer do tempo, a desarmonia planetária causadora do início da doença, vai diminuindo até desaparecer. Mas o sofredor crônico é incapaz de aproveitar novas influências. Em tais casos, é necessária uma efusão espiritual especialíssima para levar a mensagem à alma: “Teus pecados estão perdoados.”. Quando isso for ouvido, a pessoa poderá responder à ordem: “Toma tua cama e anda.”.
Ninguém da presente Humanidade pode sequer comparar-se à estatura de Cristo, consequentemente, ninguém pode exercer Seus poderes em casos tão extremos. No entanto, a necessidade desse poder em ativa manifestação está presente tanto hoje quanto a dois mil anos atrás.
O Espírito envolve e impregna nosso Planeta. Em diferentes dimensões permeia a tudo e a todos, do centro até a superfície da Terra. Tem maior afinidade por algumas substâncias do que por outras. Sendo uma emanação do Princípio de Cristo, é o Espírito Universal compondo o Mundo do Espírito de Vida que restaura a completa harmonia de todo corpo.
Uma substância foi mostrada ao autor no Templo dos Rosacruzes na noite memorável já mencionada. O Espírito Universal combinava-se e unia-se a essa substância de maneira simples e rápida. Tal como o amoníaco interage com a água.
Dentro da grande esfera central, mencionada em lição anterior, havia um recipiente menor contendo vários pacotes repletos dessa substância. Quando os Irmãos se colocaram em determinadas posições, e a harmonia emprestada por uma música já havia preparado o ambiente, repentinamente os três Globos começaram a brilhar nas três cores primárias, azul, amarelo e vermelho. O recipiente, contendo os já mencionados pacotes, tornou-se luminoso durante a entoação das fórmulas mágicas. Para a visão do autor ficou evidente a ação de uma essência espiritual que antes não se encontrava lá. Em seguida os Irmãos empregaram essa essência espiritual no Serviço de Cura. O êxito foi instantâneo. As partículas cristalizadas, que envolviam os centros espirituais do paciente, dissiparam-se como por mágica, e o doente despertou sentindo o restabelecimento da saúde e o bem-estar físico.
[1] N.T.: Robert Fulton (1765-1815) foi um engenheiro e inventor estadunidense que é amplamente creditado com o desenvolvimento do primeiro barco a vapor comercialmente bem-sucedido.
[2] N.T.: Alexander Graham Bell (1847-1922) foi um cientista, inventor e fundador da companhia telefónica Bell.
[3] N.T.: cidades dos Estados Unidos
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[2] A História de um caso contado por um Auxiliar Invisível
Geralmente, não é permitido e nem adequado que os Auxiliares Invisíveis falem de suas façanhas, porque isso possibilita a indesejável propagação de fenômenos; no entanto, há momentos em que a modéstia deva ser deixada de lado, em certa medida, pelo bem da causa e a seguinte história, do médico Dr. Stuart Leech, M. D., um de nossos Probacionistas, ilustra o método usado e os resultados obtidos em um caso. Poderíamos falar sobre centenas de casos semelhantes, em que outros órgãos foram restaurados, colunas foram endireitadas e membros paralisados voltaram a responder à vontade do paciente.
No caso relatado pelo Dr. Leech, ele não menciona se o paciente sentiu as manipulações. Isso é frequentemente o que ocorre, pois, as mãos invisíveis são poderosas, quando materializadas dentro do corpo do paciente. Também acontece com frequência que o paciente veja os Auxiliares Invisíveis no momento em que acorda.
O relatório foi originalmente escrito para publicação na Revista Médica. O Dr. Leech dá a seus médicos, confrades ortodoxos, alguns problemas difíceis de tempos em tempos: mas e se eles zombarem? Ontem, zombou-se de ideias que hoje são “estritamente científicas” e amanhã eles aprenderão isto, parafraseando Shakespeare: Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha sua patologia.
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Relatório clínico de um caso
Foi nos primeiros dias de janeiro de 1914 que eu atendi um menino de quatorze anos que estava com problemas abdominais e muito extenuado. Ele tinha cabelos escuros, olhos castanhos, ossos grandes, corpo esbelto e uma boa quantidade de inteligência. Quatro anos antes do problema atual, ele havia sofrido um grave acometimento de apendicite do qual, aparentemente, se recuperara. Ultimamente, ele estava comendo mais do que devia e no dia anterior à crise, ele estava mexendo com o feno quando sentiu uma dor, ao escorregar o pé.
Depois de um ou dois dias de sofrimento, fui chamado e encontrei todos os sintomas clássicos de um apêndice com formação de pus. A comida foi interrompida por oito ou dez dias, o proverbial saco de gelo foi usado, como manda o procedimento médico, e um enema (uma lavagem intestinal) providencial foi empregado. A temperatura dele variava de 37,2°C — 39,1ºC e no sétimo ou oitavo dia os sintomas se tornaram tão alarmantes que convenci a família a permitir que eu tivesse o auxílio do Dr. North, na próxima manhã.
O Dr. Unus, da mesma cidade, havia participado do caso quatro anos antes e, na época, havia insistido em uma cirurgia. Pessoalmente, eu já tinha realizado várias cirurgias abdominais, mas geralmente as faço como último recurso e agora parecia que havia mais um caso em que precisaria recorrer a esse procedimento. Esse modus operandi (maneira de agir), especialmente no meio de uma crise, não é do meu agrado. Estando na classe neófita da Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, tentei usar meios incomuns, em conjunto com os físicos, para promover a recuperação do garoto, como já fiz em outros casos. O incomum é a aplicação de Leis da Natureza de um ou mais dos Mundos superiores.
Para explicar, direi que a Escola de Ciências Naturais dos Rosacruzes nos informa sobre a existência real de um número de Mundos concêntricos, talvez mais reais do que o Mundo Físico, todos interpenetrando-se, ocupando o mesmo espaço, por assim dizer, tomando nada menos do que sete dimensões do espaço, cada uma sob uma condição vibratória consistente com seu ambiente harmonioso. A Ciência Física relutantemente reconhece e sugere as vibrações mais altas do Éter invisível. A Ciência Médica faz o possível para ignorar esses Mundos mais elevados, porém ela usa de modo persistente, empírico e diário os poderosos alcaloides (substâncias naturais retiradas sobretudo de plantas e muito usadas no contexto terapêutico). Há vários comprimentos de onda entre a vibração que causa o som e a que causa a luz; embora sejam desconhecidas para nós, produzem coisas tão poderosas quanto luz ou som; é assim no trilhão e quintilhão de vibrações. A maioria dessas ignora nossos Corpos Densos, vibrando através deles como se tais Corpos nunca tivessem existido. Essas vibrações são harmonizadas em divisões: a Região mais próxima do Mundo Físico é a Região Etérica desse mesmo Mundo e podemos concebê-la como uma extensão dessa Região que conhecemos como Plano físico e que podemos denominar como Região Química; a Região Etérica sendo mais refinada está, naturalmente, sujeita às Leis mais superiores e apuradas.
No entanto, para poder funcionar nessa Região ou no Mundo do Desejo é necessário um veículo feito da mesma substância. Todo ser humano possui, em sua composição física, a estrutura dessa substância e há certa Palavra ou Fórmula que, se usada com sabedoria, desenvolverá esse instrumento. Anatomicamente falando, cria-se um vínculo ou conexão fisiológica entre o Corpo Pituitário (uma Glândula Endócrina, também chamada de Hipófise ou Glândula Pituitária) e a Glândula Pineal (outra Glândula Endócrina, também Conarium, Epífise cerebral ou simplesmente Pineal), os quais governam e harmonizam, respectivamente, o Corpo de Desejos com o Corpo Denso. Quando esse abismo é superado, o Corpo-Alma (formado pelos dois Éteres superiores – Luminoso e Refletor – do Corpo Vital), de vibração superior, pode se retirar do Corpo Denso e percorrer qualquer distância no Mundo do Desejo.
Na noite anterior à realização da consulta física com o Dr. North, esse, o Dr. Unus e eu fomos ao Mundo do Desejo, a “Terra dos Sonhos”, e nos encontramos ao lado do menino doente sem o seu conhecimento ou de seus pais, que observavam o Corpo Denso do menino com ansiedade. Naturalmente, éramos invisíveis às suas percepções físicas.
Durante essa consulta, no Mundo do Desejo, o Dr. Unus deu um passo à frente, quase atingiu violentamente uma parte do órgão afetado e o jogou fora: sua mão etérica passou direto pelo Corpo Denso do garoto. Então, fui até a cabeceira da cama e, usando as duas mãos, levantei a extremidade do ângulo do cólon para afagar gentilmente a substância irritante e indesejável. Dr. North atuou como espectador e, aparentemente, me deu o seu consentimento. Saiba, leitor, que a substância física não impede o trabalho da mão etérica, mas não é incomum que um paciente acorde, enquanto a mão invisível esteja sendo retirada.
Na manhã seguinte, depois da consulta nos Mundos invisíveis, como havia prometido liguei para o consultório do Dr. North e pedi que ele fizesse comigo a consulta física, que havia sido combinada com a família no dia anterior. Para grande surpresa da família, e para minha própria satisfação, o menino estava livre da dor, fragilidade, febre e rigidez muscular e, conforme o relato dos pais, sua rápida recuperação começara à noite. Já se passaram seis meses e o menino está desfrutando o melhor da saúde.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 09/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
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[3] Uma Cura Contada por Quem foi Curada e por Aqueles que estavam ao Redor, acompanhando o caso
Nota do editor — A. M. Davidson, um de nossos Estudantes ingleses, enviou-nos o seguinte relato sobre a cura milagrosa da senhorita Dorothy Kerin, de Londres, que ficou acamada por muitos anos, sofrendo de tuberculose avançada e doença renal. Tornou-se cega, surda, mentalmente retardada e estava perto da morte, quando, de repente, através da visão de mãos curativas e quentes, foi curada e continua bem.
Como nossa amiga nos enviou seu tema natal, achamos que possa interessar aos leitores saber o que as estrelas têm a dizer.
Nesta natividade, Sagitário, 13 graus, está ascendendo com o Sol, Mercúrio, Vênus e a Cauda do Dragão.
Júpiter, o Planeta dominante, faz Sextil com Mercúrio e o Sol; Marte faz Sextil com Vênus. Assim, vemos que ela tem a tendência a ser uma pessoa muito gentil, idealista e adorável; mas, Vênus está em Conjunção com a Cauda do Dragão, que tem influência saturnina; Mercúrio e Vênus fazem Quadratura com Saturno; portanto, é quase inevitável que muita tristeza e sofrimento cheguem a essa vida e a turvem com infelicidade. Onde Mercúrio, o significador da Mente, é atingido por Saturno, o Planeta da obstrução, naturalmente há uma condição sombria e tendência a olhar para o lado nebuloso da vida. Mas, nunca podemos julgar algo em um horóscopo a partir de uma configuração apenas; todos os Aspectos devem ser considerados em relação a qualquer assunto e, assim, será obtida uma síntese ou equilíbrio de influência. O Sextil entre Marte, Vênus e Mercúrio proporciona força à Mente, dessa forma ajudando a compensar a influência sinistra de Saturno. A Lua, que é o outro significador da Mente, está no Signo mercurial de Gêmeos, fazendo Trígono com Urano. Isso explica a evolução das faculdades supranormais que ouvimos na história desse caso e a conversão dessas faculdades latentes em poderes dinâmicos, também é pressagiada pelo Trígono entre Júpiter, o Planeta da benevolência e do idealismo, e Netuno, o Planeta da espiritualidade; além disso, e equilibrando esses testemunhos, nessa jovem nós vemos uma alma de natureza gentil, alegre e idealista, cujas faculdades espirituais latentes estão quase maduras e prontas para ser convertidas em poderes utilizáveis sob o impacto estelar apropriado.
No que diz respeito à saúde, registra-se que ela sofria de tuberculose e perdeu a visão, a audição e a fala. Sol e Mercúrio estão no Signo de Sagitário, próximo ao ponto nebuloso chamado Antares, e o Sol faz Oposição a Netuno. Essa é a causa da visão enfraquecida. A décima segunda Casa indica as influências restritivas da vida e quando Mercúrio, o significador dos sentidos, aparece em Conjunção com o Sol, como é o caso no horóscopo dela, temos uma influência limitadora que afeta a audição. É curioso notar que Netuno, a oitava de Mercúrio, está no Signo de Gêmeos, que é governado por Mercúrio, em Oposição ao Sol e, portanto, ajudando a despertar a audição espiritual, que também é registrada nesse caso. Essa configuração sozinha não seria capaz de causar isso e o acontecimento obtido seria de natureza indesejável, mas ajuda na configuração o Trígono entre a Lua e Urano, que abre as faculdades supranormais, como já foi dito.
Touro rege a garganta e a laringe; entretanto, Mercúrio governa o ar que agita as cordas vocais. Aqui descobrimos que Touro está nos seus últimos graus como cúspide da Sexta Casa, denotando doença, e Vênus, o governante, está no Ascendente, em Conjunção com a influência saturnina da Cauda do Dragão, que também afeta Mercúrio por sua Conjunção; isso proporciona a fraqueza dos órgãos vocais, e a consequente perda de fala é indicada pela Quadratura de Mercúrio com Saturno. Netuno no Signo de Gêmeos, que governa os pulmões, e em Oposição ao Sol, é o responsável pela aflição da tuberculose.
Pareceria quase impossível que uma pessoa tão gravemente afligida pudesse ser curada; contudo, no domingo, 18 de fevereiro de 1912, o Relógio do Destino atingiu a hora do seu alívio. Naquela época, o Sol progredido estava a 28 graus de Sagitário; portanto, havia acabado a Oposição à Lua radical que fazia Sextil com Urano, ao nascer. Essa é uma influência sob a qual uma mudança repentina e de natureza benéfica pode ser esperada, mas os Astros, por si só, não podem fazer isso. A Lua, ou Lunação, é o ponteiro dos minutos no Relógio do Destino e, naquele mesmo dia, a Lua Nova ocorreu a 28 graus de Aquário, o Trígono entre Lua e Urano, ao nascer, e o Sextil com o Sol progredido; essa foi uma influência oculta muito poderosa e, naquele mesmo dia, Júpiter, o governante do mapa astral, também transitou pelo Ascendente; assim, houve uma série de influências extraordinárias para explicar o milagre que ocorreu na recuperação da paciente.
A seguir, é apresentada a história do caso, contada pelo nosso amigo da Inglaterra.
Há muitos que se recusam a acreditar que exista algo como um “milagre”. Eles provavelmente estejam certos: o milagre não é sobrenatural; é apenas, geralmente, uma atividade de forças suprafísicas que ainda não são compreendidas pelo mundo em geral. Tais “milagres” ocorrem constantemente em conexão com os pacientes da F. R., provavelmente todos os dias, se a verdade for conhecida. Porém dos muitos acontecimentos extraordinários que se lançaram sobre este mundo cético nos últimos anos, provavelmente nenhum esteja tão bem autenticado ou tenha recebido tanta atenção dos cientistas quanto o conhecido, neste lado do “lago de arenque”, como “o caso milagroso de Kerin”. No domingo, 18 de fevereiro de 1912, a senhorita Dorothy Kerin, que havia ficado de cama por alguns anos, sofrendo de tuberculose avançada, doença renal e, por último, cegueira e perda de fala, com uma temperatura, às vezes, subindo para 40,5 °C, aproximadamente, foi repentina e completamente curada por uma visita angelical.
As seguintes informações foram dadas por sua mãe: “Um fato estranho na recuperação é que alguns dias antes Kerin parecia ter piorado rapidamente como nunca nos últimos cinco anos da doença: ela havia perdido a audição e a visão. Não achamos que ela pudesse viver o dia todo. Meu marido e eu, com alguns amigos e parentes, estávamos reunidos em volta da cama por volta das oito da noite, no domingo, esperando que ali fosse seu leito de morte. De repente, ela deu um grande suspiro e pensamos que tivesse morrido. No entanto, com um sorriso maravilhoso que nenhum de nós pode esquecer, ela levantou os braços e os estendeu por alguns momentos. Então ficou imóvel por um tempo. Seus lábios se moveram, ela estendeu os braços novamente e depois passou as mãos sobre os olhos, sempre sorrindo daquela maneira maravilhosa e sobrenatural. Sua terrível fraqueza, devido à tuberculose e ao diabetes, tornara-a quase um esqueleto. Então vimos um milagre diante de nossos olhos. Ela olhou para nós, apertando os olhos que depois se tornaram bastante naturais em expressão. Eu lhe perguntei: ‘Minha linda, você me conhece?’; ‘Claro que sim, mamãe’. Todos ficamos surpresos. Ela então se sentou e gritou: ‘Eu devo me levantar!’. Ela parecia estar sob alguma influência misteriosa. ‘Você não pode se levantar, minha querida’, eu disse, ‘você está muito fraca’. Contudo, quando trouxemos um roupão, ela balançou as pernas sobre a cama e caminhou. Estava bem mais calma do que nós. Um homem presente era ateu declarado. Ele caiu de joelhos e soluçou em voz alta”.
A senhorita Dorothy Kerin, entrevistada na presença de sua mãe, falou a respeito da visão que teve durante a cura: “Parecia uma grande chama dourada acima de mim, com as duas mãos esticadas, mãos quentes, e uma voz que falou: ‘Dorothy, seus sofrimentos acabaram; levante-se, você pode andar’. Então eu pude ver, andar e estou bem. Tenho certeza de que seja um milagre”. O médico dela não acreditou quando foi informado, mas teve que admitir, ao examiná-la no dia seguinte, que estivesse totalmente livre de doenças orgânicas!
O caso é tão bem autenticado que é absolutamente indiscutível. A condição patológica da senhorita Kerin foi confirmada não apenas por seu médico assistente e regular, Dr. Norman, mas também pelo Hospital St. Bartholomew, Hospital St. Peter para Incuráveis, em Kilburn, e outras instituições; ela foi enviada para Casa durante dois anos, como um caso sem esperança. Muitos médicos já a viram e seu caso é bem conhecido na medicina. Seu irmão disse que durante os estágios mais avançados da doença dela, quando suas faculdades normais declinaram, Dorothy desenvolveu faculdades sobrenaturais e podia, por exemplo, saber o que acontecia ao irmão, mesmo estando ela longe de casa. Era preciso ter cuidado ao falar sobre ela em outros quartos, porque conseguia ouvir, embora estivesse surda para quem conversasse com ela ao lado da cama.
Uma declaração independente do caso, para aqueles que estejam mais interessados, pode ser encontrada em “Faith and Suggestion” (veja o original aqui), do Dr. E. L. Ash. A senhorita Kerin, segundo o conhecimento desse escritor, está aparentemente muito bem e forte, hoje. Ela falou em uma grande conferência religiosa no norte da Inglaterra recentemente e no mês passado proferiu uma palestra perante a Sociedade de Ocultismo de Londres: “O que eu sei do efeito da oração como fator de cura. Como eu fui curada”. Mas, é preciso acrescentar que a senhorita Kerin tenha uma disposição muito religiosa e, mesmo durante sua doença, era bastante paciente, gentil, sofria com prazer e rapidamente agradava a todos com quem entrasse em contato. A senhorita Kerin recebeu quantias muito grandes para aparecer no palco de auditórios; porém, considerando isso uma prostituição da evidência da graça divina, recusou.
(Publicado na Revista “Rays from the Rose Cross de outubro/1910” e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
O último livro da Bíblia nos fala que o Apóstolo S. João escreveu o Apocalipse (O Livro da Revelação) na Ilha de Patmos.
Ao dizer, S. João que “se encontrava na Ilha de Patmos”, há uma grande significação. A palavra “Patmos” significa iluminação, e nos tempos anteriores a Cristo, a expressão “Ilha de Patmos” era usada para se referir à Iniciação. Por meio de seu progresso no caminho iniciático, “o Discípulo – Amado” foi capaz de estar em Espírito, em estado de consciência necessária para ver nos reinos superiores e funcionar ali em seus veículos invisíveis.
Quando estudamos a Revelação, encontramos como uma de suas características mais notáveis, que está baseada no místico número sete. S. João teve sete visões nas quais recebeu mensagens para as sete igrejas; há sete Anjos ante o trono, há sete lâmpadas de fogo e sete trombetas; há sete candelabros, os sete selos do “livro”.
O significado do uso do número sete é explicado pelos Ensinamentos Rosacruzes, a qual ensina que nós temos uma constituição sétupla, sendo um Tríplice Espírito que possui um Tríplice Corpo e a Mente.
No Corpo Denso há sete centros espirituais, os quais quando são despertados e desenvolvidos, expressam os nossos (o do Ego, o do Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui) poderes espirituais. Posto que nós temos uma constituição sétupla, e dado que somos a unidade deste particular Campo de Evolução, a quem S. João se refere em sua mensagem, logicamente, é de supor-se que a mensagem que foi escrita por S. João e enviada às “sete igrejas”, encerra informação referente a nós mesmos.
Em outras palavras, as sete igrejas são usadas em um sentido simbólico para referir-se aos nossos sete centros espirituais, os quais têm que ser desenvolvidos no processo evolutivo espiritual. Cada um de nós é um Deus em formação e eventualmente logrará seu divino destino!
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – setembro/1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Durante a vida aqui, no estado de Consciência de Vigília, os nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente) se mantem todos juntos, concentricamente. Mas, ao morrer, nós – o Ego, ou seja, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui –, envolto na Mente e no Corpo de Desejos, nos retiramos do nosso Corpo Denso. Como as funções vitais terminaram, então o nosso Corpo Vital também se retira do nosso Corpo Denso, deixando-o inanimado sobre o lugar em que ele se encontra. Nós levamos conosco o Átomo-semente do Corpo Denso que está na posição referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração. O Corpo Denso passa a se desintegrar. Então, se inicia um processo sobremaneira importante e os que assistem o defunto devem tratar zelosamente para que reine a maior quietude em toda a casa ou no velório, porque, então ocorre a revisão do Panorama da Vida que recém terminou. As imagens de mais uma vida aqui que acaba de terminar e que se achavam impressas no Átomo-semente do Corpo Denso, começam a passar como um filme, ante os “olhos do Espírito”, em progressão lenta e ordenada, porém, no sentido inverso, ou seja, do momento da morte para trás, passando pela senilidade, maturidade, juventude, infância, até o nascimento. Esse Panorama da Vida que recém terminou dura entre algumas horas até três dias e meio, segundo: a evolução do Ego, as circunstâncias da morte, o ambiente em que se acha o Corpo Denso e a capacidade de concentração do Ego naquele momento. Mas, o principal fator de duração é a força vital do Corpo Vital, que determina o tempo que o Ego poderá se manter desperto, assistindo ao Panorama da Vida que recém terminou. Mesmo em vida, algumas pessoas podem se manter ativas e despertas durante sessenta ou mais horas, antes de ficarem exaustas. Todavia, outras só permanecem despertas umas poucas horas.
A razão por que se torna necessário a quietude no velório ou onde o Corpo Denso fica depois da morte, até três dias e meio (logicamente para que não se decomponha nesse tempo, o Corpo Denso deve ficar em um refrigerador mortuário, também chamado de caixa de congelamento de armazenamento frio de cadáveres – que se encontram, normalmente, em hospitais), decorre do processo panorâmico: as cenas da vida devem se imprimir sobre o Átomo-semente do Corpo de Desejos, que será o nosso (Ego) veículo, no Mundo do Desejo, em cujas Regiões inferiores poderemos ter que passar, onde fica o Purgatório – onde formamos a consciência resultante dos atos, das ações e obras que fizemos de errado ou que prejudicamos alguém –, e em cujas Regiões superiores também poderemos ter que passar, onde fica o Primeiro Céu – onde assimilará o bem realizado resultante dos atos, das ações e obras que fizemos de correto ou reto ou que ajudamos alguém.
Quando a vida recém terminada foi muito intensa (para o “bem ou para o mal”) e o Corpo Vital é forte em sua composição etérica, o tempo do Panorama da Vida será mais longo do que se a vida não foi tão intensa e o Corpo Vital é débil. Durante o Panorama da Vida o Corpo Denso está conectado aos veículos superiores por meio do Tríplice Cordão Prateado, mais precisamente, por meio do primeiro seguimento, o etérico, entre o Átomo-semento do Corpo Denso e o Átomo-semente do Corpo Vital que fica na posição referencial do Plexo Celíaco (ou Plexo Solar ou, popularmente, a “boca do estômago”). E através dessa ligação, nós (o Ego) sentiremos, até certo ponto, os incômodos físicos, químicos e vibrações, bem como quaisquer danos causados ao nosso Corpo Denso. Assim, o embalsamento, as autópsias, a cremação, feitos dentro desse período de três dias e meio após a morte clínica do Corpo Denso serão sentidos dolorosamente por nós. Daí que não devam ser feitos durante esse período.
Após os três dias e meio o Panorama da Vida já foi transferido para o Átomo-semente do Corpo de Desejos. Então, o Cordão Prateado se rompe primeiro seguimento. O Corpo Vital (especialmente os dois Éteres inferiores) é atraído para o Corpo Denso para se decompor sincronicamente com ele. Toda conexão entre nós e o nosso Corpo Denso fica definitivamente rompida. Seguimos nós, o Ego, livremente, para iniciar mais uma Vida Celeste, se assim desejarmos.
Quando se enterra um Corpo Denso, o Corpo Vital permanece sobre a tumba. O Clarividente pode vê-lo, decompondo-se sincronicamente com o Corpo Denso. Por exemplo, quando o braço enterrado já se decompôs, o etérico também se desfaz e desaparece, até que desapareça o último vestígio do Corpo Denso. Mas quando se realiza a cremação, o Corpo Vital se desintegra imediatamente. Esse veículo é o que conserva as imagens das experiências da vida acabada de terminar. Essas imagens precisam ser transferidas para o Átomo-semente do Corpo de Desejos pelo processo do Panorama da Vida recém terminada já mencionado, a fim de formar a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu; assim, seria grandemente prejudicial que a cremação se efetuasse dentro dos três dias e meio após a morte clínica do Corpo Denso.
Perde-se algo quando ocorre a cremação logo após a morte, antes do Cordão Prateado se romper por si só. A impressão sobre o Átomo-semente do Corpo de Desejos não é, então, tão profunda como deveria ser. Isso tem efeito nas vidas posteriores, porque, quanta mais forte for a impressão, tanto mais agudos são os sofrimentos no Purgatório, pelo “mal realizado”, e tanto mais intensos serão os regozijos no Primeiro Céu, resultantes das “boas obras” da vida passada. São estes sofrimentos e regozijos os que nos formam a chamada consciência. Quando perdemos a advertência do sofrimento, perdemos, também, na formação da conduta, porque a purificação purgatorial nos adverte contra a repetição do mal, em vidas posteriores, ao se apresentarem de novo as tentações que antes nos vitimaram. Portanto, os efeitos da cremação prematura devem ser levados em muita conta. Triste é dizê-lo: temos a Ciência do Nascimento, com o concurso de médicos obstétricos, parteiras experimentadas, antissépticos e todo o necessário para o conforto e segurança da criança que vai nascer e de sua mãe, mas nos falta a Ciência da Morte que nos permita despedir, convenientemente, dos nossos amigos deste mundo e nos preparar para mais um nascimento nos Mundos Celestes.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1975 – Fraternidade Rosacruz SP)
Resposta: O pervertido maníaco sexual é uma prova da asserção dos ocultistas de que urna parte da força sexual criadora se destina a formação do cérebro. Tal pessoa se torna um idiota ou incapaz de expressar o pensamento (especialmente os mais complexos, os mais profundos) porque, normalmente, a energia sexual destinada a procriação, à manutenção e a criação do cérebro é dissipada para gratificação dos sentidos, de acordo com a condição do indivíduo – homem ou mulher.
Se uma pessoa tem o hábito constante de expressar pensamentos de ordem espiritual, a tendência de usar a força sexual criadora para a gratificação dos sentidos e até para a propagação é diminuta; assim aquela parte não usada para esse fim, poderá ser transmutada em força espiritual.
O Iniciado – e somente o Iniciado –, em certo estágio de desenvolvimento, faz o voto do celibato. Não é um voto de fácil admissão e nem pode ser adotado levianamente por alguém desejoso de desenvolvimento espiritual.
Muitas pessoas ainda imaturas para vivência superior, ignorantemente, ingressam num a vida de ascetismo. Essas são tão perigosas a comunidade e a si mesmas como o são os maníacos sexuais.
No presente estágio da evolução humana a função sexual criadora é o meio pelo qual as pessoas poderão ganhar experiência.
Uma vez que o nosso Renascimento aqui depende da união sexual, que resulte em uma fecundação, entre um homem e uma mulher, consideremos o caso das pessoas que são muito prolíficas e que, por isso, são levadas ao ato sexual desordenadamente. Elas sempre terão dificuldades em se dedicar a um desenvolvimento espiritual profundo, como o advogado pela Fraternidade Rosacruz, por exemplo. E, além disso, há dificuldades para os irmãos e as irmãs prestes e necessitadas a renascerem aqui encontrarem veículos adequados e ambientes propícios ao desenvolvimento das faculdades deles, de tal forma, a beneficiarem a si mesmas e a Humanidade. Sob outro aspecto, as pessoas de classes mais abastadas financeiramente – e, muitas vezes, nem nessa condição! –, que poderiam criar condições mais favoráveis ao Renascimento dos irmãos e das irmãs prestes e necessitadas a renascerem aqui, têm a tendência a querer ter poucos filhos ou mesmo nenhum. Infortunadamente, não é porque vivam uma vida de pureza. Trata-se de razões puramente egoísticas, por mais justificativas que se possa elencar. Razões para uma maior gratificação sexual, sem um aumento da carga familiar são exemplos dessas justificativas. Dessa forma muitas pessoas se valem de prerrogativa divina delas para levar a desordem na Natureza.
O Ego renascente (um irmão ou uma irmã) deve aproveitar as oportunidades oferecidas, algumas vezes em condições desfavoráveis. Outros que não podem assim proceder devem aguardar até que se lhes apresente ocasião favorável. Assim afetamos uns aos outros por meio das nossas ações e da mesma forma “os pecados dos pais recaem sobre os filhos”, pois os nossos Corpos Densos, atualmente, são formados por muito mais material dado pelo pai e pela mãe (a Epigênese aqui não é possível exercer tão amplamente como quando construímos a nossa Mente ou o nosso Corpo de Desejos). Assim, no nosso próximo Renascimento aqui, podemos correr o risco de termos que colher material de pais e mães que não, necessariamente, carregaram o muito de bom que fizemos agora no nosso Corpo Denso.
Como o Espírito Santo é a energia criadora na Natureza, a força sexual criadora é o seu reflexo em nós. Portanto, o abuso dessa força criadora é o pecado que não pode ser perdoado, mas deve ser resgatado por meio de uma deficiência (física ou mental), a fim de nos conscientizar da santidade da força sexual criadora.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
A Lei da Consequência, ou Lei de Causa e Efeito, é uma das Leis de Deus, é a lei da justiça, que decreta que o que semeamos, colheremos.
O que somos, o que temos, todas as nossas boas qualidades são o resultado do nosso trabalho no passado e, portanto, nossos talentos. O que nos falta, física, moral ou mentalmente, é por não termos aproveitado certas oportunidades no passado ou por não as termos vivenciadas, mas em algum momento, em algum lugar, outras se apresentarão para nós e recuperaremos o que perdemos.
Quanto às nossas obrigações e dívidas para com os outros, a Lei de Consequência também trata disso. O que não pôde ser resolvido em uma vida acontecerá nas futuras. A morte não anula as nossas obrigações, assim como indo para outra cidade não pagamos as dívidas que contraímos aqui.
A Lei do Renascimento proporciona um novo ambiente, mas nele existem velhos inimigos. E, às vezes, os conhecemos, porque quando conhecemos algumas pessoas pela primeira vez, sentimos como se as conhecêssemos de algum lugar. Isso ocorre porque o Ego rompe o véu da carne e reconhece um velho amigo. Quando, pelo contrário, encontramos uma pessoa que nos inspira medo ou repúdio, é uma mensagem do nosso Ego, que nos alerta contra um inimigo de antigamente. A Lei de Consequência está operando continuamente.
A partir do momento do nascimento, as forças que foram acionadas em vidas anteriores e ainda não se esgotaram, passam a atuar na criança e em seus veículos. Todos os velhos amores e ódios vêm à tona. Antigos inimigos se apresentam, para que o Ego possa traçar com eles seu destino e transformá-los em amigos. Amigos anteriores ajudam o Ego trabalhando com ele para benefício mútuo.
Assim nos aproximamos lenta, mas irresistivelmente, da era da Amizade Universal. Através da Lei de Consequência, aprendemos que cada ato tem a sua responsabilidade correspondente e que cada força que pomos em movimento deve ter o seu efeito correspondente.
Se, por negligência ou egoísmo, causamos sofrimento ou dolo aos outros, fatalmente, a Lei de Consequência trará condições semelhantes em uma data mais remota, e assim compreenderemos a injustiça de agir dessa forma. Se não aprendemos a lição, teremos mais experiências e cada vez mais duras, até que finalmente faremos o esforço necessário e então obtenhamos o poder do autocontrole.
Os Ensinamentos Rosacruzes sobre a vida nos mostram que o mundo que nos rodeia nada mais é do que uma Escola de experiências – a Escola da Vida –, mas atrelada a solução nas inseparáveis Leis de Consequência e Renascimento. Que assim como mandamos a criança para a escola dia após dia, e ano após ano, para que ela aprenda cada vez mais e, à medida que avança nas diferentes séries da escola até a universidade, o mesmo acontece com a gente, como Filho de Deus, entra na Escola da Vida. Mas numa vida mais ampla, onde para cada um de nós em cada dia escolar é para nós uma vida terrena, e a noite entre os dois dias letivos corresponde ao sono após a morte na vida mais ampla de cada um de nós.
Veja que numa escola há muitas séries. Onde as crianças mais velhas que frequentam a escola há muito tempo têm de aprender lições muito diferentes daquelas aprendidas pelas crianças pequenas que frequentam o “jardim de infância”.
Da mesma forma, na Escola da Vida, aqueles que ocupam altos cargos, sendo dotados de grandes faculdades, são os nossos Irmãos Maiores, e os retardatários são aqueles que mal frequentam as primeiras séries escolares. O que eles são, nós seremos, e todos acabarão por chegar a um ponto em que serão mais sábios do que os mais sábios que conhecemos agora.
Se os atos que praticamos forem construtivos e respeitarmos os direitos dos outros, então na vida futura nasceremos em condições que nos trarão sucesso e felicidade.
Se, pelo contrário, cedermos às nossas paixões, nossos desejos, sentimentos ou as nossas emoções inferiores, sem consideração pelos outros, ou se formos insolentes, preguiçosos e descuidados, certamente, renasceremos em condições e entre pessoas que farão da nossa vida um fracasso, e que nos trarão muitos sofrimentos. Através destes fracassos, porém, aprenderemos onde erramos em vidas anteriores e saberemos o que precisamos fazer para remediar o passado.
Assim, aplicando a nossa força de vontade na solução do problema, obteremos sucesso, e a Lei de Consequência, a partir desse momento, funcionará a nosso favor, e não contra nós.
Que as rosas floresçam em vossa cruz