Dentro da Filosofia Rosacruz, Alma é definida como o extrato espiritualizado ou a quintessência de cada um dos nossos três Corpos de Desejos, Vital e Denso.
Estes três Corpos são projeções materiais, alguns os chamam de reflexos, outros de sombras dos nossos três poderes essenciais na qualidade de Espírito (Tríplice Espírito).
Assim podemos dizer que faz parte do Plano Divino tornar a matéria física, a matéria etérica e a matéria de desejos espiritualizada. Portanto, esses estados de matéria devem ser espiritualizados. Esse trabalho gera a Tríplice Alma, correspondentes a cada veículo, a saber: Alma Consciente resultante da espiritualização do Corpo Denso; Alma Intelectual constituindo-se no extrato espiritualizado do Corpo Vital; Alma Emocional como sendo a quinta essência do Corpo de Desejos.
Nós, como um Espírito emanado de Deus, possuímos também as três qualidades inerentes: ao Poder Divino, expresso como Espírito Divino; o Amor-Sabedoria, que se manifesta como Espírito de Vida; o Movimento ou Atividade, manifestando-se como Espírito Humano.
Essa herança Divina de Deus para com seus filhos se manifesta de acordo com o grau de nossa consciência espiritual, de onde concluímos que no atual estado evolutivo da nossa Onda de Vida, a humana, essa manifestação se opera de uma maneira ainda imperfeita. Torna-se necessário um esforço no sentido de dinamizar e ativar tais poderes para que a nossa real natureza se manifeste em toda sua plenitude. A vida é um “vir a ser” constante, nos levando a realizar esse objetivo. Os preceitos Cristãos, como são apresentados pela Fraternidade Rosacruz, constitui meios seguros para se conseguir isso. Esse alvo deve ser atingido por etapas, etapas estas que determinam estados de consciência.
Por meio das nossas inúmeras existências estamos desenvolvendo e passando por estados sucessivos de consciência, desde a mais completa inconsciência à plena consciência de vigília.
Esses estados de consciência foram desenvolvidos através de diversas etapas. Assim é que no Período de Saturno o estado de consciência predominante era o de transe profundo; no Período Solar, sono sem sonhos; no Período Lunar, sono com sonhos. Na metade Marciana do Período Terrestre houve uma recapitulação dos Períodos anteriores, sendo que na Época Atlante houve a aquisição da Mente instintiva e na presente Época Ária surgiu o estado de consciência apoiado na razão e no pensamento. Não podemos pensar em formação de Almas sem considerarmos as faculdades de raciocinar e de pensar, as quais bem desenvolvidas equivalem a um processo iluminador, ou ainda, a ter mais consciência de vigília.
A presente etapa nos habilitará a alcançar a luminosidade e transparência da Sexta Época – a Nova Galileia. A nossa consciência deverá se sincronizar com esse processo de iluminação, de aparecimento gradual da transparência, processo iniciado no Período de Saturno, devendo atingir o seu ponto alto na Sexta Época.
Dentro do aspecto que nos caracterizará Época Nova Galileia devemos ressaltar o fato de que a vigília tenderá a se prolongar, o que implicará numa redução das horas de repouso e consequente aumento de atividade. Então chegaremos ao ponto essencial no cumprimento da finalidade da existência humana: a Atividade. Dessa forma nos sincronizaremos com Deus, que é sempre ativo.
Como não podemos fugir a essa conjuntura, nos tornaremos consciente de nossa filiação Divina, nos tornando luminosos, porque “Deus é Luz”. É óbvio que para alcançar esta fase gloriosa, necessitaremos de meios apropriados; auxílio este que em última análise é representado pelo Cristianismo Esotérico. Começamos a praticá-lo de modo imperfeito, restringindo o seu alcance e limitando, a princípio, a universalidade própria dos princípios outorgados pelo Grande Arcanjo, Cristo, aos nossos próprios interesses. Gradualmente, porém, a amplidão dos conceitos Cristãos vai se alargando na nossa consciência, e isto se evidencia mais ainda no Estudante Rosacruz ativo, que de início procura tornar a sua própria vida num serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focando na divina essência oculta em cada um de nós, para com os irmãos e as irmãs no seu entorno.
Desde os primeiros Períodos sempre houve um propósito: o alargamento da consciência. Esta expansão é uma constante. Todo processo de ampliação da nossa consciência depende de um veículo de expressão. A consciência de vigília, nossa característica na Época Ária, não seria possível ou não teria nenhuma utilidade se não existisse o Corpo Denso.
E na Sexta Época como será expressa a nossa consciência? A Filosofia Rosacruz nos ensina que se expressará em uma forma mais elevada do que aquela que expressamos no Período Solar – consciência de sono com sonhos – mas, conscientemente, isto é, nossa visão será interna e externa, simultaneamente.
E como cada estado de consciência pressupõe o uso de um novo veículo, a Filosofia Rosacruz nos ensina que para a Sexta Época necessitaremos de um novo veículo, o Corpo-Alma, o Vestido Dourado de Bodas, formado pelos dois Éteres Superiores do Corpo Vital (Éter Luminoso e Refletor). Este Corpo luminoso está se formando pela ação Crística do amor, isto é, justa e somente pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focando na divina essência oculta em cada um de nós, para com os irmãos e as irmãs no seu entorno. S. Paulo designou essa forma de serviço quando afirmou: “Não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). A perfeita luminosidade vivia nele!
A fórmula número um está expressa por: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15:12), representando uma forma de vivência que elabora o Corpo-Alma. Portanto, o amor será uma atividade peculiar à Sexta Época.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz de junho/1967 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Supomos que esta pergunta se refere ao tratamento magnético[1] para doenças e enfermidades, e podemos dizer que esse método de cura consiste inteiramente em remover vibrações de doenças e enfermidades por absorção dessas no corpo do (a) curador (a), que deve ter vitalidade suficiente para se livrar delas ou ele, também, ficará doente. Isso já foi explicada anteriormente em nossa literatura, mas, se for analisada sob outro ângulo, poderá se tornar interessante ou instrutiva.
Quando alguém observa com a visão espiritual uma pessoa doente ou enferma, o Corpo Vital do paciente parecerá franzino, magro ao extremo e pálido em proporção dos estragos causados pela doença ou enfermidade. Não há linhas radiantes do Corpo Vital saindo dele como quando seu Corpo Denso está são, mas há uma emanação doentia em forma de redemoinhos e curvas suspensos junto ao Corpo Denso. Ao invés dessas linhas serem de uma cor roxa-rosada, geralmente são de uma cor cinza-opaco na maioria das partes, e o lugar particularmente atingido pela doença ou enfermidade está envolvida em algo parecido a uma massa gelatinosa de cor preta. Isso é que poderíamos chamar de vibrações da doença ou enfermidade, e quando a pessoa recebe um tratamento de cura magnética, é essa massa preta gelatinosa e venenosa que é absorvida pelas mãos do (a) curador (a). Quando o (a) curador (a) a joga fora, por exemplo por um movimento vigoroso dos braços, ela cai no chão e afunda. Então, se o paciente se aproximar do local onde essa massa está caída, ele a reabsorverá. Portanto, o autor costuma sempre lançar essas emanações pela janela ou numa lareira, onde elas possam ser queimadas. Assim, elas não podem causar mais danos.
Mas, já que estamos abordando esse assunto, talvez seja útil abordar outro aspecto dessa questão, assim como o método de cura. Enquanto uma parte do Corpo Denso está doente, ele gera aquela substância venenosa que pairando sobre essa parte e impede que as correntes do Corpo Vital fluam através dela. O que o (a) curador (a) magnético faz é simplesmente limpar essa parte do Corpo Denso, temporariamente e, assim ele (ela) abre caminho para o influxo das correntes vitalizadoras e promotoras da saúde. O alívio, geralmente, é temporário, pois a parte fraca e doente ou enferma continua a produzir esses miasmas, como o chamamos, de que modo que em breve o (a) curador (a) magnético terá que agir novamente. Isso continua até que as correntes vitais do próprio paciente, finalmente, se tornem suficientemente fortes para elas próprias dominarem e expulsarem essa substância venenosa, limpando assim a parte doente ou enferma do Corpo Denso. Então, a saúde é restabelecida.
O osteopata enfoca o assunto por um ângulo oposto, manipulando os nervos, que são as avenidas para as correntes vitais. Isso fortalece essas correntes que começam a dispersar o miasma que está na parte afetada do Corpo Denso. No entanto, geralmente, são necessários uma série de tratamentos para que a saúde se restabeleça, porque o miasma venenoso bloqueia novamente os nervos, logo após o osteopata cessar as suas manipulações. Portanto, parece ao autor, embora ele nunca tenha tentado isto, que uma combinação dos dois métodos – a abertura das correntes nervosas fortalecendo-as por meio dos tratamentos osteopáticos e, ao mesmo tempo, a remoção do miasma venenoso pela cura magnética, tendo o cuidado de queimá-lo ou descartas os eflúvios miasmáticos – facilitaria maravilhosamente o tratamento da doença ou da enfermidade.
(Pergunta número 43 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.R.: vamos revisar o que a cura magnética segundo os Ensinamentos Rosacruzes: estudando o magnetismo devemos ter presente que tratamos de uma energia invisível, e o melhor que podemos fazer é explicar a forma em que se manifesta no Mundo Físico, como fazemos quanto tratamos de qualquer outra força. O Mundo Físico é o Mundo dos efeitos; as causas permanecem ocultas a nossos olhos embora estejam mais próximas de nós do que nossos pés e nossas mãos. A força encontra-se ao nosso redor, sempre invisível, somente perceptível pelos efeitos que produz.
Por exemplo, se tomamos um prato cheio de água e a deixamos congelar podemos ver miríades de cristais de gelo, formosas figuras geométricas. Estas figuras mostram as linhas de força ao longo das quais se congelou a água. Estas linhas estavam presentes antes que a água se congelasse, mas permaneciam invisíveis até que se produzissem as condições necessárias para sua manifestação.
Da mesma maneira existem linhas de força que se produzem entre dois polos de um ímã. Não são vistas nem sentida, até colocarmos limalha de ferro próximo a elas: a limalha formará então determinada figura geométrica. Estabelecendo as condições necessárias podemos fazer com que as linhas de força da Natureza mostrem seus efeitos movendo nossas carruagens, levando nossas mensagens a milhares de quilômetros de distância, etc., mas a força em si, está sempre invisível. Sabemos que a força magnética passa em ângulo reto com a corrente elétrica que lhe dá origem; conhecemos a diferença entre as manifestações das correntes elétricas e das magnéticas, que dependem uma da outra, mas jamais vimos nenhuma delas, embora ambas sejam os servos mais valiosos que possuímos atualmente.
O magnetismo pode ser dividido em magnetismo mineral e magnetismo animal, embora, na realidade, seja um só. Mas o primeiro tem muito pouca influência sobre os tecidos animais e o segundo é, geralmente, impotente quando age sobre os minerais.
O magnetismo mineral deriva diretamente da pedra ímã que se emprega para magnetizar o ferro. Este processo dá ao metal, assim tratado, a propriedade de atrair o ferro. Esta espécie de ímã é muito pouco empregada porque seu magnetismo se dissipa gradualmente e, além disso, é muito fraco em relação ao volume, principalmente porque a força magnética não pode ser controlada como nos chamados “ímãs permanentes”.
O “eletroímã” é também um ímã “mineral”. Consiste simplesmente em uma peça de ferro envolvida por inúmeras voltas de arame. A força deste ímã varia em proporção ao número de voltas do dito arame e a intensidade da corrente elétrica que passa por ele.
A eletricidade está em toda parte ao nosso redor em estado difuso, não se podendo utilizar com fins industriais até que tenha sido comprimida e forçada a passar pelos cabos elétricos mediante poderosos eletroímãs. Para termos eletricidade é indispensável, em primeiro lugar ter magnetismo. Antes de pôr-se em marcha um gerador elétrico, seus “campos”, que não são mais do que eletroímãs, têm que ser magnetizados. Se assim não for, é inútil girá-lo o tempo que se quiser pois jamais gerará corrente nem para acender uma lâmpada nem para levantar um grão de areia. Tudo depende de que exista primeiramente o magnetismo. Depois que o magnetismo tenha estabelecido, sempre deixa um resíduo quando se para o gerador. Esse resíduo é chamado de “magnetismo residual” e serve de núcleo de força inicial para reativar o magnetismo toda vez que se põe novamente em marcha o gerador.
Todos os Corpos Densos do Reino humano, Reino animal e do Reino vegetal são apenas minerais transformados. Todos procedem inicialmente do Reino mineral, em primeiro plano e a análise química dos Corpos das plantas, dos animais e do ser humano demonstra esse fato além de qualquer dúvida. Demais, sabemos que as plantas obtêm seu sustento do solo mineral e tanto o ser humano como o animal comem minerais ao ingerirem as plantas como alimento. Mesmo quando o ser humano, como os animais, está absorvendo minerais compostos, obtendo assim do alimento tanto as substâncias minerais como a força magnética que contêm.
Vemos esta força manifestando-se no sangue como “hemoglobina”, ou seja, a substância vermelha corante do sangue que atrai o oxigênio dador da vida, quando se põe em contato com ele nos milhões de diminutos vasos capilares dos pulmões, levando-o consigo por todo o Corpo, através desses vasos capilares que unem as artérias e veias. Por que é assim?
Para podermos compreender isso temos que nos familiarizar um pouco mais com a forma pela qual o magnetismo se manifesta no uso industrial.
Sempre há dois campos magnéticos ou um múltiplo de dois no gerador ou motor, sendo cada “campo” alternado: um “polo norte” e outro “polo sul”. Se queremos ligar dois ou mais geradores em “múltiplo” e forçar a eletricidade gerada no mesmo cabo condutor, o primeiro requisito é que as correntes magnéticas nos respectivos campos magnéticos corram na mesma direção.
Não sendo assim, eles não correndo juntos, gerariam correntes indo em direções opostas e queimariam os fusíveis, que servem de proteção. Isso ocorreria porque os polos de um gerador, que deveriam atrair, se repelem e vice-versa. A solução consiste em trocar os terminais dos cabos que magnetizam o campo. A corrente magnética de um gerador se tornará idêntica à do outro e eles correrão suavemente juntos.
As mesmas condições regem a cura magnética. Ao nascer as forças dos Astros impregnaram cada um de nós com certa intensidade vibratória ou polaridade magnética que constitui o nosso “batismo astral” ao inalarmos nosso primeiro alento. Esta característica vibratória vai-se modificando durante nossa peregrinação pela vida, mas o impulso inicial permanece impassivelmente o mesmo e, portanto, o horóscopo natal é o que retêm o maior poder vital na existência para determinar nossas simpatias e antipatias, assim como todas as demais coisas. Na realidade, seu pronunciamento é muito mais seguro do que nossos gostos e desgostos conscientes.
Algumas vezes encontramos pessoas das quais aprendemos a gostar mesmo que nos deem a sensação de exercerem uma influência prejudicial sobre nós que não podemos explicar e que, portanto, procuremos nos afastar delas. Uma comparação do seu horóscopo com o nosso revelará logo a razão e se somos bastante sábios para escutar sua advertência, logo a seguiremos pois do contrário, tão certo como os Astros girarem em torno do Sol, viveremos para lamentar nossa negligência em não obedecer ao que “está escrito”.
Todavia, existem também muitos casos em que não sentimos antipatia nenhuma por certas pessoas, embora o horóscopo a revele e se examinarmos os Signos comparando ambos os horóscopos, podemos nos sentir inclinados a confiar em nossos sentimentos mais do que nos prognósticos dos Astros dos horóscopos. Mas isso também nos trará atribulações, porque a polaridade astral se manifestará a seu tempo, a menos que ambas as partes sejam suficientemente evoluídas para dominar seus Astros, pelo menos até certo ponto. São poucas as pessoas que se encontram nessas condições. Se utilizarmos nossos conhecimentos astrológicos para comparar os horóscopos, pelo menos das pessoas que se ponham em contato com nossas vidas, poderemos evitar a nós e a elas muitos desgostos. Isto é particularmente aconselhável acerca do profissional de saúde e dos seus pacientes e, sobretudo, a respeito da pessoa com quem se pretende contrair matrimônio.
Quando alguém está enfermo ou doente a resistência orgânica está no mais baixo nível e, por esse motivo, não está em condições de resistir às influências externas. Daí terem as vibrações do (a) curador (a) um efeito irresistível e embora esteja animado dos propósitos mais altruístas, desejando verdadeiramente influir em benefício do paciente, se os Astros lhe são adversos no momento do nascimento, seu magnetismo pode ter um efeito prejudicial sobre o paciente. Por este motivo é necessário que todo (a) curador (a) tenha um bom conhecimento de Astrologia e da Lei de Compatibilidade, pertença aos que curam por magnetismo ou à escola de profissionais de saúde, porque estes últimos também infundem suas vibrações magnéticas na aura do paciente e ajudam ou obstaculizam, conforme a harmonia e sintonização que exista com a polaridade planetária do enfermo.
Sabemos que, atualmente, a nossa força sexual criadora, quando nos manifestamos aqui na Região Química do Mundo Físico, está dividida: metade flui para cima para manter um cérebro e uma laringe, por meio dos quais nós podemos controlar esses instrumentos e nos expressar em pensamentos e palavras; e a outra metade é impelida para baixo, para os nossos órgãos criadores, para reprodução.
Hoje a palavra que então aprendemos a falar é morta e destituída de poder. Na próxima Época, a Época Nova Galileia (não a confundir com a Era de Aquário) teremos desenvolvido um órgão etérico, construído no interior da cabeça e da garganta pela força sexual economizada (o qual órgão é visto pelos Clarividentes voluntários como a haste de uma flor que ascende da parte inferior do tronco). Esse órgão é, verdadeiramente, um órgão criador capaz de emitir a palavra, a vida e o poder. Notemos que a palavra atual é produzida por movimentos musculares rudimentares que combinam laringe, língua, lábios e outras partes do nosso Corpo Denso, de tal modo que a passagem do ar saído dos pulmões gera determinados sons. No entanto, o ar é um veículo pesado, difícil de se mover, comparado as forças mais sutis da Natureza como a eletricidade, que se propaga no Éter, de modo que, quando aquele órgão tiver alcançado pleno desenvolvimento, teremos o poder de falar a “palavra da vida” e infundir vitalidade nas substâncias que até ali estiverem inertes. O alimento principal para a construção desse órgão para falar a “palavra da vida” é a prática constante do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focado na divina essência oculta que há em cada um de nós, aos nossos irmãos e a nossas irmãs que estão no nosso entorno.
Atualmente, as pessoas que se esforçam e praticam o serviço desta forma e fielmente executam o Exercício Esotérico noturno Rosacruz de Retrospecção estão construindo aquele órgão. Elas estão aprendendo a usá-lo aos poucos, como Auxiliares Invisíveis, quando fora de seus Corpos Densos à noite e usando o Corpo-Alma (que naturalmente é construído pelas práticas acima), enquanto dormem aqui, precisam emitir a “palavra de poder” para eliminar as doenças e enfermidades de irmãos e irmãs doentes.
Vamos dar um exemplo da força das palavras por meio de uma pequena sentença, fornecida pelo inspirado Apóstolo S. João quando ele escreveu: “Deus é Luz”. Essas três palavras são tão esclarecedoras para a Mente, quanto outras tantas palavras são confusas. Qualquer pessoa que utilize essa passagem como assunto para os Exercícios Esotéricos Rosacruzes (como, p. exe., o de Concentração ou o de Meditação) encontrará, seguramente, uma recompensa maravilhosa a sua espera. Afinal, não importa quantas vezes tomemos essas palavras repetindo-as nesse contexto de Exercício Esotérico, nosso próprio desenvolvimento, conforme os anos passam, nos assegura uma compreensão cada vez mais completa e melhor. Cada vez que mergulhamos nessas três palavras, nos sentimos preenchidos por uma fonte espiritual de profundidade inesgotável e, a cada vez, alcançamos mais minuciosamente as profundezas divinas e nos aproximamos mais do nosso Deus-Pai celestial.
Como um verdadeiro Aspirante à vida superior buscamos espiritualizar todo o nosso ser, e quando estivermos sob a influência da verdadeira Religião Cristã Esotérica, teremos aprendido o autodomínio e nos tornaremos um auxiliar altruísta do nosso irmão ou da nossa irmã ao nosso lado. Poderemos, então, ser um firme guardião do poder mental, pelo qual seremos capazes de formar ideias exatas e prontas para serem cristalizadas de imediato em coisas úteis. Tudo isso se efetuará por meio da laringe, que emitirá a Palavra Criadora.
Afinal, todas as coisas da Natureza vieram à existência pelo “Verbo que se fez carne” (Jo 1:14). O som, ou pensamento falado, é a nossa próxima força a se manifestar, uma força que nos fará criadores quando, mediante nosso atual aprendizado, nos tivermos capacitados para o uso de tão grande poder para o bem de todos, a despeito dos nossos próprios interesses.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Os Estudantes Rosacruzes se lembrarão do livreto intitulado O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual, que publicamos; também se lembrarão da observação do Irmão Maior sobre essa guerra[1]: ela fará mais para desenvolver a visão espiritual de uma enorme quantidade de pessoas do que mil anos de pregação ou palavras nesse sentido. Em todos os lugares, há evidências de que essa profecia está sendo cumprida. Na revista Cosmopolitan[2] de maio, há um artigo de Maurice Maeterlink[3] descrevendo sua visita a uma mãe cujo único filho foi morto em batalha; isto é, seu Corpo Denso foi morto, mas ele vive uma vida mais livre, íntima e feliz com ela do que antes. A seguir replicamos a história:
“Outro dia eu fui visitar uma mulher que eu conhecia antes da guerra — ela era feliz, então — e que havia perdido seu único filho em uma das batalhas no Argonne[4]. Ela era viúva, uma mulher da classe baixa; agora que esse filho, seu orgulho e sua alegria, não estava mais com ela fisicamente, ela não tinha mais razão para viver. Hesitei em bater à sua porta. Eu não estaria prestes a testemunhar uma dessas tristezas sem esperança a cujos quaisquer palavras não teria impacto como mentiras vergonhosas ou insultantes?
Para o meu grande espanto, ela me ofereceu sua mão com um sorriso gentil. Seus olhos, para os quais eu mal ousava levantar os meus, estavam livres de lágrimas.
‘Você veio me falar dele’, ela disse em um tom alegre; pareceu que sua voz tivesse ficado mais jovem.
‘Ah, sim! Eu ouvi falar da sua tristeza e vim’.
‘Sim, eu também pensei que minha infelicidade fosse irreparável; mas agora sei que ele não esteja morto’.
‘O quê! Ele não está morto: você quer dizer que as notícias…’.
‘Não; o corpo físico dele está embaixo da terra e eu tenho até uma fotografia do seu túmulo. Deixe-me mostrar a você. Veja — aquela cruz à esquerda, a quarta cruz, — é onde ele está enterrado. Um dos amigos dele, que o enterrou, enviou esse cartão e me deu todos os detalhes. Ele não sofreu qualquer dor. Ele mesmo me disse isso. Ele está bastante surpreso que a morte seja tão fácil, uma coisa tão leve’.
‘Você não entende: sim; eu vejo. Você é exatamente como eu costumava ser — como todos os outros são. Eu não explico o assunto para os outros — qual seria a utilidade? Eles não desejam entender. Mas você — você entenderá. Ele está mais vivo do que antes; está livre e feliz. Ele faz exatamente o que gosta. Ele me diz que não se pode imaginar o quanto a morte é libertadora, que peso ela remove de você e a alegria que traz. Ele vem me ver quando eu chamo. Ele não mudou; é exatamente como era no dia em que foi embora, porém mais jovem, mais bonito’.
‘Nós nunca fomos mais felizes, mais unidos, mais próximos um do outro. Ele adivinha meus pensamentos antes que eu os expresse. Ele sabe tudo e vê tudo; mas não pode me dizer tudo o que sabe. Ele diz que eu não deveria segui-lo, que eu devo esperar a minha hora. Enquanto eu espero, nós estamos vivendo em uma felicidade maior do que aquela que era nossa antes da guerra, uma felicidade que nada pode perturbar’.
Dizem que aqueles ao seu redor a consideravam louca, porque ela não chorava de forma descontrolada; mas, em vez disso estava sempre alegre, andava com o rosto sorridente.”
A grande maioria não consegue entender que não existe a morte no sentido de extinção da consciência e que aqueles que deixaram o Corpo Denso pela morte estão realmente mais vivos do que qualquer um de nós que ainda está dentro desse Corpo Denso. Mas a atitude do público está mudando radicalmente. Parece ao editor que dois grandes exércitos estão cavando um túnel através do muro que divide os Mundos visível e invisíveis. De um lado estão as centenas de milhares de viúvas, órfãos e outros parentes cujas lágrimas, fluindo sob a força irresistível de uma dor intensa, estão dissolvendo a escama que os cega para a presença viva daqueles entes queridos que eles lamentam como ‘mortos’.
Do outro lado do muro há outro exército consistindo daquelas centenas de milhares que foram tão repentina e implacavelmente removidos da existência física. Eles também estão freneticamente cavando túneis, buscando perfurar o muro e algum dia, no futuro próximo, esses dois grandes exércitos se encontrarão em uma grande reunião espiritual. Alguns dos pioneiros de ambos os lados, como a mãe e o filho, já se encontraram.
Eles, então, se verão por um tempo até que a alma que partiu entre nas fases mais elevadas do trabalho nos Mundos Celestiais e seja forçada a dedicar todo o seu tempo a isso; mas quanto isso acontecer, eles saberão que há uma razão para essa ausência temporária um do outro e estarão emancipados da atual atitude desesperançosa em relação à morte. Se nossos leitores me perdoarem uma alusão pessoal, o seguinte texto pode ilustrar a diferença: alguns meses atrás, quando a mãe desse editor, uma moradora de Copenhague, Dinamarca, faleceu, ele recebeu cartas do seu irmão e da irmã, saturadas de tristeza pela ‘perda’; mas foi exatamente o oposto para o editor, pois embora ele a tivesse visitado vestido com o Corpo-Alma, algumas vezes por ano, por um momento ou dois, ele não ousou se materializar para falar com ela, pois isso poderia ter causado um choque e resultado morte, mesmo que tal uso egoísta dessa faculdade fosse permitido, em vez de ser estritamente proibido. Assim, fomos separados de nossos pais enquanto ela viveu e esteve intimamente associada ao nosso irmão e irmã.
(de Max Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial
[2] N.T.: Cosmopolitan é uma revista mensal americana de moda e entretenimento para mulheres, publicada pela primeira vez na cidade de Nova York em março de 1886 como uma revista familiar; foi posteriormente transformada em revista literária e, desde 1965, passou a ser revista feminina. Foi anteriormente intitulado The Cosmopolitan. A revista Cosmopolitan é uma das revistas mais vendidas e é dirigida principalmente ao público feminino.
[3] N.T.: Maurice Polydore Marie Bernard Maeterlinck (1862-1949) foi um dramaturgo, poeta e ensaísta belga de língua francesa, e principal expoente do teatro simbolista.
[4] N.T.: A Ofensiva Meuse-Argonne, também chamada de Batalha da Floresta Argonne, foi parte da ofensiva final dos Aliados durante a Primeira Guerra Mundial que ocorreu ao longo da Frente Ocidental.
Resposta: A Filosofia Rosacruz afirma que Cristo nunca retornará em Corpo Denso. Em vez disso, a Segunda Vinda d’Ele ocorrerá em um Corpo Vital, e somente aqueles que desenvolveram seus Corpos Vitais, ao ponto de serem capazes de funcionar neles conscientemente (ou seja, funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico) estarão cientes da Sua presença, quando Ele vier. O momento do retorno será quando um número suficiente de seres humanos for capaz de manter esse Campo de Evolução, o Planeta Terra. Somente Deus-Pai sabe disso. Mas mesmo agora Cristo está conosco seis meses por ano, como Espírito Planetário residente na Terra, embora não num corpo tangível que possamos ver.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1923 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Não há problema mais difícil do que ensinar às crianças os mistérios da vida de uma maneira inteligível para elas. Suas Mentes nascentes encontram os fatos da vida com um interrogatório ansioso quanto ao seu significado, e elas ficam perplexas diante das tragédias da existência com uma agudeza de sentimento que pouco percebemos, porque aprendemos a aceitar a tristeza, o sofrimento e a morte como parte da vida e paramos de buscar uma solução.
Ou, se fomos suficientemente exercitados no assunto para tentar resolver o enigma da vida, as explicações que satisfazem nossas almas são muito abstrusas para resolver a questão nas Mentes de nossos filhos; então, recuamos do trabalho e da responsabilidade de ensiná-los. Além disso, a maioria de nós não tem a capacidade de fazer a criança entender. Estudemos a história abaixo, pois ela é como uma dádiva de Deus para nos capacitar naquela direção, pois não há campo mais frutífero na “Vinha do Cristo” do que o canto das crianças:
“Mamãe querida, o que você fez com o nosso bebê?”, foi meu filho Billy que se dirigiu a mim dessa forma, e quando ele estava se aproximando do quinto ano, ele começou a sentir o direito de proteger as crianças mais fracas e mais novas. Eu estava sentada na cadeira de balanço no meu quarto costurando algumas roupinhas para ele e seu irmão John e meus joelhos serviram de apoio para seus cotovelos enquanto ele falava, procurando meu rosto ao mesmo tempo com seus olhos.
Nesse momento, John entrou de repente e, com seu jeito magistral, informou: “Mãe, nós espiamos o quarto da bebê quando a porta estava aberta e não vimos a irmãzinha no berço”.
“Sim”, continuou Billy, retomando a narrativa, “nós fomos até a varanda para ver se ela estava no carrinho, mas ela também não está lá”. “Onde ela está, mãe?” interpôs John.
“Nós vimos a enfermeira no corredor e contamos a ela e ela disse para perguntar à mamãe”. “E”, continuou Billy, cujo coração era tão terno quanto grande, “querida mãe, tenho certeza de que a enfermeira tinha lágrimas nos olhos! Por que, mamãe?”.
Havia lágrimas na borda de seus olhos naquele momento, mas como eu poderia contar aos meus preciosos meninos onde estava o nosso bebê? Como eu poderia entristecer duas vidas jovens com o pensamento da morte? A irmãzinha tinha ficado conosco apenas dois meses, mas aqueles meses tinham sido cheios de sofrimento. Ela esteve sob os cuidados da nossa própria enfermeira, pois eu ficara doente recentemente e não pude cuidar dela; as crianças tinham o hábito de ir, na ponta dos pés, até a porta do berçário muitas vezes ao dia para perguntar sobre ela.
“Mãe, onde está a nossa bebê?”, persistiu Billy. A empregada entrou no quarto nesse momento e anunciou que a Sra. Jones queria me ver. “Por favor, peça para ela vir aqui”, respondi.
A Sra. Jones era professora na escola dominical que nossos pequenos frequentavam. Essa escola em particular não era denominacional, mas atraía membros de todas as fontes. Eu a saudei com alegria, acreditando que ela pudesse me ajudar nesta situação desconcertante. Ambos os meninos a amavam e, enquanto corriam para encontrá-la, contaram seus problemas, gritando em uníssono: “Sra. Jones, nossa bebê está perdida! Não conseguimos encontrá-la em qualquer lugar”.
“Alguém me disse isso”, respondeu a Sra. Jones, “e é por isso que eu vim”.
“A Sra. Jones vai encontrá-la”, anunciou John, seu rosto estava radiante de confiança.
“Mas você sabe onde ela está?”, perguntou o mais pensativo Billy.
“Sim, certamente sei”, veio a resposta, e pensei que vocês, meninos, e a mãe gostariam de saber”.
Enviei uma prece de gratidão por esse alívio, pois sabia agora que só precisasse esperar e ouvir.
“Oh, diga-nos rápido, vamos!”, insistiu John.
“Bem, venha e sente-se calmamente, pois é uma longa história. Você quer saber para onde ela foi, não é, queridos? Para onde você vai todas as noites quando vai dormir, só isso”. “Eu nunca vou a lugar algum quando estou dormindo”, afirmou John.
Mas Billy acrescentou suavemente: “Ah, eu costumo ir a jardins tão lindos quando estou dormindo… E brinco com muitas outras crianças. A babá uma vez me disse que deve ser o Paraíso”.
“Esse é um nome muito bom”, respondeu a Sra. Jones, calorosamente, “toda noite sua mãe lhe dá um beijo de boa noite e você está tão aconchegado e aquecido que simplesmente deixa seu corpinho tão confortável e voa para brincar com outras crianças, que também deixaram seus corpos na cama. E se você tem uma dor de cabeça, de garganta ou qualquer coisa que o machuque muito antes de ir para a cama, a parte adorável disso é que, assim que você sai do seu corpo, você deixa tudo isso com ele na cama e fica tão bem e forte brincando no Céu que, quando volta para cama de manhã e entra em seu corpinho, você percebe que sua dor de cabeça desapareceu ou sua dor de garganta está mais fraca”.
Os meninos ouviam e olhavam com muita atenção, pois para eles isso era melhor do que um conto de fadas.
“Eu me lembro”, disse Billy, “de uma vez que eu tive dor de garganta por dois ou três dias e não conseguia dormir; então o médico me deu uma coisa horrível para tomar”.
“Sim”, concordou John, “eu lembro que você estava quase tão doente quanto a irmãzinha”.
“Ah, não!”, respondeu a Sra. Jones, gravemente, “sua irmãzinha estava muito mais doente do que você. Ela estava tão doente que mal conseguia ficar em seu corpinho e um dia ela não retornou a ele porque não tinha forças para entrar”.
“Ah, ela não vai voltar? Não a veremos de novo?”, ambos interromperam em uma só voz que ameaçava se quebrar pelas lágrimas que brotavam em seus olhos. “Claro que vão”, continuou a Sra. Jones.
“Eu não disse que ela foi para o lugar aonde você vai toda noite? Talvez você brinque com ela e não a conheça, pois ela não é um bebê doentinho e magrinho que chora muito, mas uma garotinha alegre, capaz de se movimentar e brincar. Você sabe quais são os brinquedos dela? Eu sei que você nunca vai adivinhar, então eu vou contar. Brinquedos com as cores mais lindas, iguais ao arco-íris que a mamãe lhe mostrou no céu esta manhã. Todas as suas flores e seus livros são pintados com aqueles lindos tons e o tempo todo uma doce música é ouvida para ensiná-la a fazer as coisas muito mais rápido do que aprenderia em livros ou salas de aula; eu acredito que nem mesmo sua mãe saiba dizer quem está ensinando tudo isso para ela”.
A Sra. Jones olhou para mim de modo interrogativo, mas eu só consegui balançar a cabeça.
“É sua mãe”, ela disse, olhando gentilmente para mim. “É sua avó, meninos, que foi embora uma noite no inverno passado quando a geada chegou. Lembro que o médico disse que ela estava com pneumonia — seu corpo ficou tão cansado e desgastado que ela não conseguiu voltar. Todos nós gostaríamos que ela ficasse conosco por mais tempo, mas não pôde permanecer. Então, quando a irmãzinha também foi para lá, ela cuidou dela e está ensinando todas aquelas belas lições”.
“E a irmãzinha voltará algum dia?”, perguntou Billy, gentilmente.
“Sim, com certeza; mas ela precisa aprender algumas lições primeiro. Aprender como construir um corpo melhor — um que ela possa usar por muitos anos para não ter que deixá-lo depois de alguns meses como este. E a vovó vai voltar depois de um tempo também, sem reumatismo e sem tosse”.
“Não será ótimo?”, interrompeu John, entusiasmado, “os dois voltarão como bebês e terão que procurar um pai e uma mãe que cuidem deles”.
“Que engraçado”, acrescentou o pensativo Billy, “tivemos que procurar uma mamãe e um papai quando éramos bebês?”.
“Sim, de fato. Um dos Anjos gentis lhe mostrou alguns pais e mães e você escolheu seu próprio papai e mamãe”.
“Estou feliz por ter escolhido essa mamãe”, disse Billy, escondendo o rosto no meu colo, “não é, John?”.
“Sim”, respondeu seu irmãozinho, “e estou feliz também por você ter escolhido a mesma mamãe que eu. Imagine, Bill, se você tivesse escolhido outra mamãe e que fosse longe daqui”.
Então, quando eles saíram correndo para brincar e a Sra. Jones se despediu; eu a incentivei a voltar e nos contar mais sobre aqueles Mundos Celestiais.
E naquela noite, quando dei um beijo e um desejo de “boa noite” afetuosos aos meus filhos, eles me disseram que veriam a irmãzinha e vovó.
“E eu vou tentar me lembrar disso quando acordar”, disse John.
(de Max Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
No Novo Testamento, Cristo afirma: “Eu não sou deste mundo, como vós deste mundo não sois.” (Jo: 17-16). Significa que aqui estamos (no Mundo Físico) apenas de passagem; que este Mundo deve ser encarado como uma Escola – a Escola da Vida, o baluarte da nossa evolução atualmente –, um meio de aprendizagem e que, portanto, sua duração é efêmera. Vivemos num plano onde predomina a impermanência. Tudo é fugaz e nada tem razão de ser nosso objeto de desejo e apego, nem deve servir de base para a definição de nossos valores pessoais.
O apego é o resultado de nossa identificação com esse Mundo e com suas coisas. Quando nos tornamos conscientes da transitoriedade da forma e de sua sedução, o apego diminui. O desapego permite observarmos os acontecimentos, em vez de ficarmos presos dentro deles.
Há várias formas de apego óbvias e notórias, como por exemplo, se apegar a bens materiais, a dinheiro, roupas, objetos, à fama, ao poder mundano, a cargos remunerados ou honoríficos, à familiares (não significa que não devemos amá-los, protegê-los e apoiá-los). Mas também há formas mais sutis, quase imperceptíveis para quem convive com a pessoa ou até para a mesma. Trata-se de apego a ideias, hábitos, emoções e padrões de comportamento que já não acrescentam mais nada à nossa evolução. Talvez estejamos bloqueando nossa Mente à entrada de novos conceitos e visões de mundo.
Por que isso acontece? Qual a razão desse apego a ideias e coisas concretas?
Simplesmente porque muitos de nós se identifica com elas. Quando renascemos, representamos ou encenamos um papel no palco da vida perante o mundo e às pessoas. Quando lhe perguntam quem ele é, responde, por exemplo, nestes termos: “Sou fulano de tal, brasileiro, casado, católico, economista, natural de São Paulo, etc.”. Mas isso é um equívoco. A verdade não é bem essa. Ele não é nada disso, porém se identifica com tudo isso. É apenas a manifestação do Ego no Mundo visível, é a maneira como ele se apresenta aos olhos do mundo.
A identificação e o consequente (ou inconsequente) apego são algumas das razões do sofrimento aqui no Mundo Físico. É o que acontece quando há identificação com o Corpo Denso que, nasce, se desenvolve, decai e morre. Há que cuidar dele, por meio de uma boa alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. Ele é o nosso Templo sagrado, porém não é o Ego, a verdadeira essência (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui).
Os casos de baixa autoestima com o Corpo Denso ou com a aparência são sinais evidentes de identificação. Acontece muito nos casos de obesidade e de problemas na pele. A pessoa sofre porque se imagina daquele jeito, identificando-se justamente com o que lhe traz sofrimento. Sua autoimagem é negativa. Na realidade somos muito mais do que nossa aparência corporal. Somos mais importantes do que nossas características físicas, e muito mais importantes do que nossas emoções, nossos desejos, sentimentos, nossos pensamentos.
É preciso entender que quando o Corpo Denso começa a perder seu viço, a luz da consciência consegue brilhar mais facilmente através da Forma que se extingue aos poucos, enquanto a Vida permanece para sempre. Livre-se de sua crosta e o diamante resplandecerá mais!
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
O simbolismo é o meio pelo qual o Espírito tenta se expressar na Mente em que ele está se manifestando. É o nosso meio de comunicação com os outros. A palavra é o símbolo de uma ideia e, assim, toda a literatura, a música, a arte, a dança, todo o drama ou muitas outras coisas simbolizam a ideia que uma Mente deseja transmitir a outra.
Em épocas passadas, as Mentes mais altamente evoluídas transformaram a ideia de Deus em imagem ou outra forma para os menos evoluídos. Muitas vezes as pessoas menos desenvolvidas espiritualmente adoravam o símbolo, não sendo capaz de aprender sobre o que é Espírito e o que é Forma.
Hoje, a palavra “Deus” significa muito para alguns de nós; contudo, não sentimos ou expressamos reverência e adoração a palavra, mas o ideal que ela traz à Mente. Até a meditação sobre a palavra “Deus” pode fornecer muito alimento ao Espírito. Então, imagine quanto mais podemos obter como alimento ao Espírito a partir de um Símbolo tão rico como o Símbolo Rosacruz! Ele é fornecido a nós como alimento espiritual. Não há transubstanciação, para acharmos que a coisa em si seja santa, embora saibamos que um Símbolo utilizado há anos gradualmente absorva algumas das vibrações do Serviço para que é usado. Ele, também, exterioriza novamente para todos os que o utilizam, de modo que uma pessoa sensível às vibrações espirituais pode senti-las. O ideal por trás de um Símbolo pode ser de grande valor espiritual nas vidas daqueles que o utilizam de maneira compreensivamente.
Atualmente, temos uma pequena palavra de apenas uma letra e ela nos representa inteiramente: Corpo, Mente e Espírito. É usada por nós para representar qualquer uma das nossas partes ou o todo, de acordo com o nosso conhecimento. Esta “palavra”, ou Símbolo, foi usada para representar o nosso Corpo, quando nossa consciência começava a enxergar o fato de que nós tínhamos um Corpo Denso: a letra “I”. Esse é o braço inferior da cruz. Quando a nossa compreensão sobre nós mesmos foi além, adicionamos um braço ao topo e depois o outro, fazendo o “tau[1]” ou “T”. Essa é a Chave Egípcia da Vida. Essa linha horizontal simboliza a nossa vitalidade e nossa natureza emocional. Quando começamos a manifestar nossos pensamentos aqui, o topo foi adicionado, criando a verdadeira cruz romana. Isso completa o nosso quádruplo veículo – Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente. É nessa cruz de matéria que o Ego tem sido crucificado desde a fundação do mundo, e nós aí permaneceremos até os dias de libertação, quando conheceremos a “liberdade gloriosa dos Filhos de Deus”[2]. Até agora, enquanto nossos ideais permanecem materialistas, a cruz é negra, símbolo da matéria; mas quando espiritualizarmos nossos ideais por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós, tornaremos a cruz branca. Atualmente, a Humanidade é, em termos simbólicos, como uma cruz branca com uma linha preta contornando-a. Estamos reconhecendo os direitos dos outros, os ideais de fraternidade e o autossacrifício pelos outros estão crescendo. A cruz branca e pura simboliza a casta vida dedicada de um servo da Humanidade, um Auxiliar Invisível. A cruz do Símbolo Rosacruz possui três meios círculos no final de cada braço – por isso é uma cruz trilobada –, totalizando doze. Esse é o símbolo do ser humano cósmico, do qual o humano é o microcosmo. Representa as doze Hierarquias Criadoras que se manifestam como Signos do Zodíaco e nos ensina a governar esse veículo quádruplo, no qual trabalham junto conosco, o Ego. São necessárias doze esferas para cobrir uma esfera do mesmo tamanho; do mesmo jeito, os grandes mestres espirituais tiveram doze Discípulos e o Ego tem doze faculdades psíquicas que cobrem o ser humano espiritual.
Aparentemente, do centro da cruz irradia a estrela dourada de cinco pontas com uma ponta para cima. Este é o Símbolo do Manto Nupcial – Corpo-Alma – que um de nós está tecendo para nós próprios por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós. À medida que a cruz se torna mais branca, a estrela surge mais luminosa, até chamar a atenção de um dos Grandes e Compassivos Seres, que colocará a pessoa em contato com a Escola de Mistérios (Iniciações), a Ordem Rosacruz, onde ela terá um crescimento muito mais rápido em espiritualidade do que se estivesse sozinha na jornada para Deus. A estrela é dourada e está próxima da cor do amor de Cristo, que deve ser o motivo da ação. O amarelo é símbolo do segundo Aspecto da Deidade, o Filho ou Cristo; mas atualmente a Humanidade não pode manifestar o amarelo puro do amor de Cristo. Precisamos transformá-lo na cor laranja-avermelhada. Necessitamos desenvolver o Corpo-Alma ou, nas palavras de Cristo, o Manto Nupcial, antes que o Filho possa nascer em nós ou que possamos participar da festa do Casamento Místico. Atrás da estrela e da cruz está um campo infinito feito de azul celeste, que é o símbolo do puro Espírito do mesmo jeito que o céu azul simboliza o caos do qual surgiu a manifestação. Esse é o primeiro Aspecto da Divindade, o Deus-Pai. Cristo disse que Ele deve submeter todas as coisas a Si mesmo para, então, entregar o Reino ao Pai. Sabemos pouco sobre o que esse Reino deva ser ou sobre seus poderes e esse pouco chega a nós por intermédio dos ensinamentos do Filho. Portanto, o azul é tingido de amarelo e não é puro, sendo mais como a turquesa, muito translúcido e cheio de vida.
Pendurada na cruz está a coroa de sete rosas vermelhas, com sementes desprovidas de paixão, o símbolo da força sexual criadora e divina purificada e elevada a uma posição superior. O vermelho simboliza o terceiro Aspecto da Deidade, o Espírito Santo. Essa é a única cor pura mostrada no símbolo e, hoje, a Humanidade é capaz de manifestar o seu pensamento abstratamente, que é o poder do Espírito Santo. A nossa, do Ego, vida está no sangue e, portanto, devemos purificar e elevar a vibração do sangue mediante uma vida de serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós, antes que possamos manifestar a Estrela da Esperança e atrair o Mestre para nós. Assim como a rosa é o produto mais elevado do mundo das flores, também nós, que transmutamos as forças impuras da vida do sangue cheio de paixão na força criadora da vida pura do Espírito de Vida, alcançamos o mais elevado estado humano.
Assim, vemos que o Símbolo Rosacruz é um símbolo da nossa evolução passada, da nossa posição atual e dos ideais pelos quais devemos trabalhar no futuro. É uma maravilhosa fonte de inspiração para a Meditação.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em 05/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Tau (Τ ou τ; em grego: ταυ) é a décima nona letra do alfabeto grego.
[2] N.T.: Rm 8:21
Resposta: As experiências de um Auxiliar Invisível que trabalha inconscientemente nos Mundos invisíveis, durante o tempo em que o Corpo Denso está dormindo podem ser comparadas a um sonho do qual ele não se lembra ao acordar. Entretanto, as experiências são armazenadas no Átomo-semente do Corpo Denso e farão parte do Panorama da Vida, de modo que, ao deixar o Corpo Denso no momento da morte, ele verá tudo que lhe aconteceu, acordado ou dormindo, durante o período vivido no Corpo Denso. Assim, sua lembrança do que aconteceu não será exatamente a mesma do que se ele tivesse passado por isso conscientemente, mas, ele obterá do Panorama da Vida um conhecimento e uma ideia do que foi realizado. Assim, embora ele não tenha a mesma sensação como se estivesse passando pela experiência conscientemente, logo se ajustará a acreditar e a entender que o que lhe parecia um sonho é, na verdade, uma experiência perfeitamente real e verdadeira.
(Pergunta nº 47 do Livro “Filosofia Perguntas e Repostas – Volume II” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: A maior parte dos problemas e interpretações errôneas sobre o que os Evangelhos realmente significam vem do grande mal-entendido da maioria das pessoas que acreditam que os Evangelhos pretendem relatar a história da vida de um indivíduo chamado Jesus Cristo. É a pura verdade que os Evangelhos tiveram como modelo a vida de Jesus, relatando a grandeza da vida dele e como ele serviu de exemplo para os que registraram as quatro diferentes Escolas de Iniciação. Entretanto, o que esses autores dos Evangelhos pretenderam realmente escrever foram as fórmulas de Iniciação, e os quatro Evangelhos, portanto, incorporam, ocultas debaixo de uma camada externa de fatos e coisas não essenciais, as fórmulas de Iniciação de quatro diferentes Escolas de Mistérios.
O exemplo mencionado, a Ressurreição de Lázaro[2], ou do Filho da Viúva de Naim[3], não significa que um Espírito que partiu tenha sido chamado a retornar ao veículo descartado. Isso não é feito. “Quando o Cordão Prateado é rompido, o Espírito retorno a Deus que o enviou e ao pó de onde foi tirado”[4]. Quando um candidato atinge o ponto em que deve ser elevado a um nível superior e a um poder maior do que já possuía antes, ele deve primeiro morrer para as coisas passadas e que ficaram para trás. O caminho se torna mais e mais estreito a cada passo, e ele não pode entrar pelo portão estreito, que conduz direto a um reino mais elevado da natureza, até que ele se livrado do Corpo que o correlacionava ao reino inferior imediato. Portanto, nesse sentido, se diz que, no momento em que está pronto para a transição, ele está morto.
Se você estudar o livro Maçonaria e Catolicismo – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, descobrirá que Lázaro havia sido anteriormente Hiram Abiff, o Mestre Maçom, e construtor-chefe do Templo de Salomão; que Jesus havia sido previamente encarnado como a Personalidade chamada Salomão; e que o Espírito de Cristo, que habitava nos Corpos Denso e Vital cedidos por Jesus, na época da citada ressurreição de Lázaro, foi o grande Iniciador que ergueu Lázaro e o tornou um Hierofante dos Mistérios Menores. Ele, agora, é conhecido como Christian Rosenkreuz, o líder da Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, e colaborador de Jesus para unir a Humanidade e conduzi-la ao Reino de Cristo.
De maneira semelhante, e em menor escala, os Apóstolos receberam o poder de ressuscitar os mortos. Aos inexperientes eles davam somente leite, mas aos que eram fortes eles davam a carne da doutrina, instruindo-os nos mistérios até que eles atingissem um certo ponto em que, após Viverem a Vida, morressem, e fossem ressuscitados para uma vida mais abundante em uma esfera maior de utilidade. No entanto, como já foi dito, essas mortes não envolveram o que, normalmente, chamamos de morte do Corpo Denso aqui.
(Pergunta nº 73 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Repostas” – Volume 2 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T: Pergunta: Com que poder S. Pedro ressuscitou Dorcas dentre os mortos?
Resposta: S. Pedro não ressuscitou Dorcas dentre os mortos, nem o Cristo ressuscitou Lázaro ou qualquer outro, e nenhum deles afirmou isso. Cristo disse: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo” (Jo 11:11).
Para que esse assunto seja bem compreendido, explicaremos o que ocorre na morte e em que ponto a morte é diferente do estado de transe, pois as pessoas mencionadas estavam em transe quando se sucederam os supostos milagres.
Durante o estado de vigília, quando o Ego está funcionando conscientemente no Mundo Físico, seus vários veículos estão concêntricos – eles ocupam o mesmo espaço – mas à noite, quando o Corpo Denso dorme, ocorre uma separação. O Ego, junto com a Mente e o Corpo de Desejos, liberta-se do Corpo Denso e do Corpo Vital, que são deixados sobre a cama ou outro lugar em que a pessoa esteja dormindo. Os veículos superiores pairam acima ou próximo ao Corpo Denso. Eles estão conectados aos veículos mais densos pelo Cordão Prateado, um fio tênue e reluzente que assume a forma de dois números seis, tendo uma extremidade ligada ao Átomo-semente no coração e a outra ao vórtice central do Corpo de Desejos (onde está o Átomo-semente do Corpo de Desejos, na posição referencial do fígado físico).
No momento da morte, esse tênue fio se rompe no Átomo-semente do coração e as forças desse Átomo-semente passam ao longo do nervo pneumogástrico (também chamado de nervo vago), através do terceiro ventrículo do cérebro e, daí para fora através da sutura entre os ossos occipital e parietal do crânio, ao longo do Cordão Prateado até aos veículos superiores. Simultaneamente a essa ruptura, o Corpo Vital também se desprende e junta-se aos veículos superiores que estão flutuando sobre o Corpo Denso sem vida. Permanece ali cerca de três dias e meio. Em seguida, os veículos superiores se desprendem do Corpo Vital que, nos casos comuns, se desintegra sincronicamente com o Corpo Denso.
No momento dessa última separação, o Cordão Prateado também se rompe ao meio, e o Ego está livre do contato com o Mundo material.
Durante o sono, o Ego também se retira do Corpo Denso, mas o Corpo Vital permanece com o Corpo Denso e o Cordão Prateado permanece intacto.
Algumas vezes acontece que o Ego não retorna ao Corpo Denso pela manhã para acordá-lo, como de costume, mas permanece fora por um tempo que varia de um a um número indefinido de dias. Então, dizemos que o Corpo Denso está em um estado de transe natural. Mas, o Cordão Prateado não se rompeu em nenhum dos dois pontos mencionados acima. Quando ocorrem essas rupturas, não há restauração possível. O Cristo e o Apóstolo eram clarividentes; eles viram que nenhuma ruptura ocorrera nos casos mencionados, por isso, disse: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. Eles também possuíam o poder de forçar o Ego a retornar a seu Corpo Denso e restaurar a condição normal. Assim, os chamados milagres foram realizados por eles.(Pergunta nº 113 do Livro “Filosofia Perguntas e Repostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[2] N.T.: 1Havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta. 2Maria era aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente. 3As duas irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. 4A essa notícia, Jesus disse: “Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus”. 5Ora, Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro. 6Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no lugar em que se encontrava; 7só depois, disse aos discípulos: “Vamos outra vez até a Judéia!”. 8Seus discípulos disseram-lhe: “Rabi, há pouco os judeus procuravam apedrejar-te e vais outra vez para lá?”. 9Respondeu Jesus: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; 10mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele”. “Disse isso e depois acrescentou: 11 “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. 12Os discípulos responderam: “Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar!”. 13Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do repouso do sono. 14Então Jesus lhes falou claramente: “Lázaro morreu. 15Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele!”. 16Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: “Vamos também nós, para morrermos com ele!”. 17Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias. 18Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios. 19Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da perda do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, porém, continuava sentada, em casa. 21Então, disse Marta a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23Disse-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24 “Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia!”. 25Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. 26 “E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?”. 27Disse ela: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. 28Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho: “O Senhor está aqui e te chama!”. 29Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. 30Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o fora encontrar. 31Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a, viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que fosse ao sepulcro para aí chorar. 32Chegando ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a seus pés e lhe disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. 33Quando Jesus a viu chorar e, também, os judeus que a acompanhavam, comoveu-se interiormente e ficou conturbado. 34E perguntou: “Onde o colocastes?”. Responderam-lhe: “Senhor, vem e vê!”. 35Jesus chorou. 36Diziam, então, os judeus: “Vede como ele o amava!”. 37Alguns deles disseram: “Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia ter feito com que ele não morresse?”. 38Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com uma pedra sobreposta. 39Disse Jesus: “Retirai a pedra!”. Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!”. 40Disse-lhe Jesus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”. 41Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: “Pai, dou-te graças porque me ouviste. 42Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste”. 43Tendo dito isso, gritou em alta voz: “Lázaro, vem para fora!”. 44O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o ir embora”. (Jo 1:1-44)
[3] N.T.: 11Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele. 12Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. 13O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe “Não chores!”. 14Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”. 15E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”. 17E essa notícia difundiu-se pela Judéia inteira e por toda a redondeza. (Lc 7:11-17)
[4] N.T.: Do Ritual do Serviço Devocional de Funeral e do Capítulo 2 – O Problema da Vida e Sua Solução do livro Mistérios Rosacruzes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.