“O Ancião ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior alegria do que essa, a de ouvir que meus filhos andam na verdade.” (IIIJo 1:4).
Nestes versículos o Apóstolo do Amor realça a diferença entre o regime Jeovístico e a Nova Dispensação Cristã. Contrastando com os meios externos de se encontrar a verdade, próprios da Dispensação Mosaica, hoje existe a “lei da liberdade”, ou seja, a lei “inserida” no nosso coração por intermédio de Cristo. A voz da verdade (a intuição) ecoa desde o coração, proporcionalmente ao desenvolvimento do princípio do Amor-Sabedoria. A Filosofia Rosacruz esclarece cientificamente o processo por meio do qual a inspiração intuitiva opera e como ela pode ser cultivada. A intuição é uma faculdade espiritual – a faculdade do Espírito de Vida – inerente a todos nós, mas expressando-se melhor quando o Corpo Vital é positivo.
O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, grava as recordações no Átomo-semente do Corpo Denso, enquanto permanecem frescas. Prepara um arquivo fidelíssimo da vida que, depois na existência post-mortem, se imprimirá indelevelmente no Átomo-semente do Corpo de Desejos, base para a nossa vida no Purgatório e Primeiro Céu. O coração está permanentemente em estreito contato com o Espírito de Vida, o espírito do amor e da unidade, o que o torna, o foco do amor altruísta.
Depois das recordações passarem ao Mundo do Espírito de Vida, em que se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não volta através dos lentos sentidos físicos, mas diretamente através do quarto Éter (Éter Refletor) contido no ar que respiramos. O Espírito de Vida pode ver muito mais claramente no seu Mundo do que nos Mundos mais densos. No elevado Plano, que lhe é próprio, está em contato com a Sabedoria Cósmica e, em qualquer situação, sabendo imediatamente o que há de fazer, envia sua mensagem de orientação e de ação ao coração. Esse logo a retransmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico ou nervo vago. Assim se formam as “primeiras impressões”, os impulsos intuitivos, sempre bons porque emanam diretamente da fonte de Amor e Sabedoria Cósmica.
A fonte da verdade que “está dentro de nós” é o Princípio do Espírito de Amor-Sabedoria. A manifestação dessa “voz interna” demanda pureza de vida e serviço amoroso prestado aos demais. Isto atrai o Éter Refletor do Corpo Vital por meio do qual a mensagem intuitiva é impressa, nos tornando mais sensível a sua influência.
Max Heindel afirma que o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção é de grande valia para o desenvolvimento da “voz intuitiva”, porque nesse julgamento imparcial de si mesmo, noite após noite, o Aspirante à vida superior consegue discernir entre a verdade e o erro, o que não seria possível por outro meio.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – outubro/1969 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Muitos Estudantes Rosacruzes têm dificuldade em realizar convenientemente os Exercícios Esotéricos noturno e matutino. Vamos, por essa razão, indicar um bom método a seguir. Começaremos pelo Exercício noturno Esotérico de Retrospecção.
É errado supor que você deve pensar minuto por minuto durante o Exercício Esotérico Retrospecção a tudo quanto tenha feito durante o dia que passou, controlando assim todos os atos automáticos e todas as ações diárias. Tendo uma tal concepção desse Exercício Esotérico, descobrirá que o sucesso é nulo ou que perderá um tempo precioso. Há Estudantes Rosacruzes que desejam voluntariamente fixar seu pensamento sobre ideais elevados, a fim de que a passagem seja tão harmoniosa quanto possível. É muito prosaico ou indesejável que seu Exercício noturno Esotérico de Retrospecção se detenha sobre o fato de ter comido uma fatia de pão com goiaba ou de ter amarrado o seu calçado.
O êxito de seu Exercício Esotérico Retrospecção depende de uma vida diária consciente e do poder de pensar de maneira abstrata. Uma vida diária consciente é uma condição e pensar de maneira abstrata não toma quase tempo.
Deve refletir sobre a beleza deste método, ele justifica-se por si mesmo; o Exercício Esotérico Retrospecção não pode se tornar um meio para atingir a Iniciação a não ser que esse mesmo Exercício se torne a este respeito, um serviço diário. Se esse último ponto não for atingido milhões de Exercícios não darão nenhum resultado.
Um Estudante Rosacruz sério desempenhará, conscientemente, toda ação diária; ele será igualmente consciente de suas palavras, dos seus desejos, sentimentos, das suas emoções, dos seus pensamentos, atos, das suas ações e obras baseando-se sempre sobre a lei santa para o Estudante Rosacruz. Esse fundo devocional de toda sua manifestação se torna semelhante a uma segunda natureza e ele notará, sem demora que cada erro em palavra, desejos, sentimentos, emoções, pensamentos, atos, ações ou obras toma imediatamente sua desforra e que a consciência de sua falta se impõe imediatamente. É por essa razão que alguns Estudantes Rosacruzes sérios que realmente vivem a vida, dizem: “o Exercício Esotérico Retrospecção é para mim um serviço diário”, o que prova que se acham no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Entretanto, quando tiver feito essa experiência, não deve cometer a falta de crer que o Exercício Esotérico Retrospecção é supérfluo. Assim seria se o Exercício Esotérico Retrospecção não fosse mais do que um meio para atingir o conhecimento de si mesmo; ele é igualmente um dos meios mais eficazes, fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, para chegar à Iniciação.
Consideremos agora o Exercício Esotérico de Retrospecção na suposição que você o faz como um serviço noturno diário: depois de se deitar para dormir à noite, tome uma posição a mais confortável possível do seu Corpo Denso. Fixe seu pensamento sobre o Símbolo Rosacruz e deixe se aproximar de você mais e mais a Cruz com as Rosas até que ela se imponha em sua frente de maneira luminosa (Quando a Cruz luminosa se acha diante de você, pode pronunciar uma pequena prece antes de começar o Exercício Esotérico de Retrospecção). Depois disso examine rapidamente tudo o que se passou durante o dia (o que é fácil usando o Pensamento abstrato, não o Pensamento concreto). Isso supera o trabalho do cérebro e verá como as experiências importantes e notáveis do dia se apresentarão com a rapidez do relâmpago tocando o seu Coração e a sua Mente, conforme sejam as experiências de natureza mística ou intelectual, respectivamente.
Seguem-se primeiramente sensações de alegria e de paz ou sensações de tristeza e desespero (pelas boas ou más ações, atos ou obras). Em seguida, pelo choque ocasionado, importantes órgãos latentes do Corpo Denso recebem vibrações mais elevadas, graças às quais o caminho da liberação desenha-se de mais em mais.
Depois de executar o Exercício Esotérico de Retrospecção, que não dura mais do que alguns instantes, se eleva no abstrato, e depois de um certo tempo será possível a você passar conscientemente ao estado de sono, onde o outro Mundo lhe acenará. Estamos persuadidos de lhe ter dado uma outra visão desse serviço bem conhecido do Estudante Rosacruz.
Esperamos que compreenda bem o que foi explicado acima; nós rogamos para que os Estudantes Rosacruzes possam rapidamente franquear a porta de ferro do Serviço diário para ir ao verdadeiro Exercício Esotérico de Retrospecção que é de ouro. Assim você transformará o ferro em ouro e você se tornará um alquimista da Fraternidade Rosacruz.
Vamos, agora, falar sobre o Exercício Esotérico matutino de Concentração.
Muitos Estudantes Rosacruzes que antes quebravam a cabeça para preencher o Exercício Esotérico de Retrospecção se acham capacitados agora de se submeterem harmoniosamente ao plano estabelecido pelos Irmãos Maiores para auxiliarem nos esforços para atingir uma consciência mais elevada.
Esperamos poder auxiliar igualmente, submetendo a você uma nova perspectiva sobre o Exercício Esotérico matutino de Concentração.
Você sabe que o Exercício Esotérico de Retrospecção, depois que o neófito atingiu a prática do serviço diário, é uma penitência para desenvolver uma mais alta vibração em certos órgãos do Corpo Denso. É a Glândula Pituitária que é mais especialmente atingida pelo Exercício Esotérico de Retrospecção. O Exercício Esotérico matutino de Concentração age, por sua vez, sobre a Glândula Pineal, excitando-a a mais elevadas vibrações.
Não há nenhuma razão em se abster de um dos Exercícios Exotéricos e de crer conveniente realizar o outro. Um Exercício Esotérico feito sem o outro é perfeitamente inútil e até mesmo prejudicial. Trata-se de um só Exercício Esotérico com dois aspectos. Uma metade é feita antes de dormir, a outra, depois, um pouco antes de despertar totalmente. Trata-se de poder evadir-se conscientemente da chamada consciência de vigília para o inconsciente e de poder voltar conscientemente para poder, em seguida, como bem lhe parece, ir de um Mundo a outro.
Antes de falar do segundo aspecto desse importante Exercício Esotérico, nós chamamos novamente sua atenção sobre o “serviço diário”. Reveja o que temos dito acima; economizaremos tempo.
Quando o Estudante Rosacruz vive verdadeiramente a vida e na mais elevada expressão da palavra, toda sua vida, suas idas e vindas, todas suas ações estarão em concordância com o fim essencial de toda existência humana e tudo o que ela deve atingir; e dessa maneira, todo pensamento se dirigirá para esse Ideal. Cada dia ele vê diante de si sua vocação crescer em natureza, com todas as consequências relativas.
Você pode, pois, facilmente imaginar que um tal Estudante Rosacruz não tem falta de assuntos de reflexão para seu Exercício Esotérico matutino de Concentração, esse Exercício baseando-se sobre a verdadeira vida. Não deve se perder nas origens de um palito de fósforo, de um vestido ou de qualquer outro objeto empregado, pois quando você aspira à realidade do ato em todas as coisas o fato de ser pioneiro pode levar a situações grotescas nas quais nós podemos nos perder. Agora o método: depois da penitência consciente que levou o trabalho do fogo purificador ao Estudante Rosacruz, ele terá uma noite de atividade intensa, não obstante o Estudante Rosacruz novato não se lembrar de nada disto, a lembrança virá mais tarde.
Assim passam-se as horas da noite até o momento de despertar. Voltamos lentamente ao inconsciente na vida material. Cada um conhece esse estado passageiro.
“O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o Aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo; e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus; Ele estava no princípio com Deus; Tudo que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele; n’Ele estava a vida e a vida era a ‘luz dos homens’; a luz resplandece nas trevas; e as trevas não a compreenderam”. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionará ao Aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação – uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.”
A vida que se aproxima nos traz seus conflitos, suas necessidades e suas forças, em relação aos deveres diários; o Estudante Rosacruz experimenta fora dessa multidão de coisas que se defrontam o que se acha em relação com sua tarefa particular, sua vocação e é isso que ele estuda durante esses momentos encantadores que precedem o despertamento real. Resulta disso um movimento oscilatório, um movimento ritmado; um retorno ao sono depois a aproximação do despertar. Depois vê uma formidável visão sobre seu trabalho, sua tarefa, sua vocação; um transporte da verdadeira essência espiritual sobre a personalidade toda, inteira, um verdadeiro banho espiritual, um afastamento de fronteiras.
Qual é, pois, o resultado de tudo isso? A Glândula Pineal foi levada pelo processo descrito a uma atividade intensa. A ação radiante desse órgão se amplifica e ele vibra em uníssono e entra em contato com a ação radiante da Glândula Pituitária. É um turbilhão de forças agindo o fluxo e o refluxo: é uma união contínua devida a uma reação constante; de onde resulta segundo a perspectiva idealizada um alargamento de consciência.
É o que há de mais importante no Exercício Esotérico matutino de Concentração. Tenha presentes nossas observações que nós resumimos abaixo: você não deve separar nunca o Exercício Esotérico matutino de Concentração do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção. Colocando você na vida real e no seu Exercício Esotérico matutino de Concentração se tornará igualmente uma pluralidade de realidades. Ele lhe sustenta na vida e lhe fornece as mais altas possibilidades.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – Maio-Junho/1988-Fraternidade Rosacruz-SP)
A fim de podermos trabalhar no Mundo do Desejo se faz necessário despertar os centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos. Isso é feito alcançando o seguinte estágio: permanecer dentro dos nossos Corpos Densos com todas as forças dirigidas também para dentro. Em outras palavras, com todos os nossos sentidos fechados para o Mundo externo, mas plenamente conscientes. Nesse estado temos pleno controle de nossas faculdades para podermos atuar internamente e sensibilizar todos os nossos veículos. Isso é a concentração!
Assim, efetivamos o conceito de concentração, que é “convergir para um centro” despertando os centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos, ou seja, fazer girar os vórtices no sentido horário e numa maior intensidade vibracional. Por isso, devemos fazer o matutino Exercício Esotérico de Concentração, tão logo nos despertamos e no nosso tempo em filas de espera, conduções, etc.
Já o Exercício Esotérico de Meditação nos ajuda a aprender tudo o que se refere ao assunto da nossa concentração, ou seja, a história do objeto escolhido para se concentrar. Como prática do Exercício Esotérico de Meditação objetivemos um assunto que não envolva conteúdos emocionais. Logo concluímos que tudo que nos rodeia tem uma história muito interessante para nos contar e que vale a pena aprender.
Pelo Exercício Esotérico de Observação descobrimos e apuramos o uso dos nossos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) como meio de obtermos informações a respeito dos fenômenos que ocorrem ao nosso redor.
E, pela prática do discernimento, distinguimos aquilo que é essencial daquilo que não tem importância. E através da prática constante desse exercício conseguimos separar a realidade da ilusão. O discernimento ensina-nos que somos Espíritos e que nossos Corpos não são nada mais do que moradas provisórias, instrumentos que utilizamos para nos expressar nos mundos. Tal prática nos ajuda a descobrir que somos capazes de fazer, com facilidade, muitas coisas que até então julgávamos impossível realizar. Sem dúvida, o discernimento nos imprime o primeiro impulso em direção à vida superior.
Até agora vimos que pelo Exercício Esotérico de Concentração o pensamento é enfocado num só objeto. Por esse meio construímos uma imagem clara, objetiva e vivente da forma que queremos adquirir conhecimento.
Depois, pelo Exercício Esotérico de Meditação seguimos a história dessa forma e pomo-nos em relação com todos os pormenores relativos a ela.
Com o Exercício Esotérico de Observação nos fazemos mais atenciosos aos detalhes e exercitamos a utilização dos nossos cinco sentidos em visualizar as formas.
E o discernimento nos ajuda a entender que as formas são pensamentos cristalizados, que esse Mundo Físico é o mundo dos efeitos e que a causa de tudo está nos Mundos espirituais, de onde provém todo o conhecimento.
Vamos, agora, a mais dois Exercícios Esotéricos que se referem ao interior das coisas.
O primeiro é Exercício Esotérico de Contemplação.
Ela consiste em mantermos o objeto ante a nossa visão mental e deixar que seu interior nos fale.
Repousando tranquilamente em uma cadeira ou na cama, corpo em relaxamento, perfeitamente alerta e não negativamente, e esperamos a informação.
Se já alcançamos o necessário grau de desenvolvimento através da prática dos outros Exercícios Esotéricos a informação virá, com toda a certeza. Então, a forma do objeto parece desvanecer-se e vemos unicamente a vida em atividade.
Por exemplo, se temos diante de nós uma árvore deixamos de ver a forma desse vegetal e só vemos a vida de um Espírito-Grupo. Veremos que os diversos insetos que se alimentam da árvore, assim como a parasita são emanações do mesmo Espírito-Grupo.
Exercitando, aos poucos, com outros objetos e persistentemente, vamos entendendo a suprema noção de que não há senão uma vida – a vida universal de Deus, em quem realmente “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”.
Os minerais, as plantas, os animais e o ser humano, todos sem exceção, são manifestações de Deus. Assim, compreendemos que real e verdadeiramente Deus sustenta toda a vida e está em todas as coisas.
Quando tal compreensão é alcançada, devemos dar um passo mais elevado ainda e atingir a Adoração ao Ser Supremo (por meio do Exercício Esotérico de Adoração). Por meio dela, nos unimos com a fonte de todas as coisas e, com o tempo, atingimos a maior altura que é possível conseguirmos: a união que atingiremos no fim desse Grande Dia de Manifestação.
Que as Rosas Floresçam em vossa cruz
O que é o Discernimento?
É a faculdade que nos permite distinguir aquilo que é essencial daquilo que não tem importância.
É aquilo que nos ajuda a separar a realidade da ilusão.
É aquilo que nos ajuda a separar o que é duradouro do que é eterno.
Influenciados pelas opiniões da sociedade materialista em que vivemos, somos levados a avaliar as coisas segundo suas aparências.
O discernimento nos ajuda a entender que as formas são pensamentos cristalizados, que este Mundo Físico é o Mundo dos efeitos e que a causa de tudo está nos Mundos espirituais, de onde provém todo o conhecimento.
Por exemplo: muito do nosso sofrimento cotidiano advém de pensarmos que somos somente corpos. O discernimento ensina-nos que somos espíritos e que nossos corpos não são nada mais do que moradas provisórias, instrumentos do nosso uso, veículos que utilizamos para nos expressar nos mundos e, mais ainda: ensina-nos que através do nosso trabalho sobre esses nossos corpos é que construímos a nossa Tríplice Alma.
Por meio do discernimento geramos a Alma Intelectual que nada mais é que a quinta essência do nosso Corpo Vital.
Tal prática nos ajuda a descobrir que somos capazes de fazer, com facilidade, muitas coisas que até então julgávamos impossível realizar.
Sem dúvida, o discernimento nos imprime o primeiro impulso em direção à vida superior!
A prática do importante Exercício Esotérico do Discernimento advém de construirmos bons hábitos (por meio da repetição consciente e buscando melhorar continuamente nesse quesito) baseados nas seguintes atividades:
1)Cultivar o raciocínio lógico (a lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico e o guia seguríssimo em qualquer mundo) – assim, todo raciocínio que não tenha uma base lógica deve ser evitado pelo Aspirante à vida superior e jamais servir de argumento, tanto para se convencer, como para convencer aos outros. Nesse contexto, o Aspirante à vida superior deve evitar participar de qualquer tipo de conversas, debates e colocações em que o raciocínio lógico não tenha seu assento garantido.
2)Exercitar a crítica construtiva (assinala os defeitos e o modo de remediá-los) – assim, ao criticar uma determinada posição, ação, atividade ou ponto de vista, deve sempre ser seguido pelo modo de remediar a situação, fornecendo sugestões totalmente isentas de paixões, interesse próprio, condições que colocarão o próximo em situação difícil etc. Jamais deve ser proferida pelo Aspirante algo que tenha como único objetivo a destruição vandálica, ou mesmo a participação em conversas maldosas, fofocas, blasfêmias, mexericos e “jogar conversa fora”. Como parâmetro relembre, na Bíblia, a Parábola do argueiro e da trave.
3)Procurar o bem em tudo que está oculto – quanto poder tem esse princípio para reprimir o mal! Reforçar o bem onde encontrarmos mal é a chave para respeitar o livre arbítrio de qualquer um e um instrumento dos mais importantes na execução do exercício de discernimento. Afinal, o “mal não passa do bem em gestação”. Assim, se procurarmos o bem no mal, com o tempo, o mal se transformará em bem! Em outras palavras: “não se alcança o sucesso lutando contra o mal, nem o negando ou mentindo, mas sim procurando o bem.”.
Que as Rosas Floresçam em vossa cruz
Devemos iniciar a meditação somente após termos praticado por um bom tempo o Exercício Esotérica de Concentração, tanto a cotidiana, como a do Exercício matutino Esotérico de Concentração.
Esse tempo não se refere ao momento em que nos tornamos aptos para visualizar o Mundo do Desejo, mas, ao menos, até conseguirmos focar a Mente sobre um assunto que escolhemos, sem pensar em mais nada.
Guardar segredo sobre aquilo que acontece durante o Exercício Esotérico de Meditação é fundamental.
Isso porque se tagarelarmos sobre, ou contarmos a alguém, as experiências de nossos momentos durante o Exercício Esotérico de Meditação se perderão, pois antes de extrairmos delas pleno conhecimento das Leis Cósmicas subjacentes, tais experiências podem reduzir-se a nada, uma vez que esse tipo de experiência não pode suportar a transmissão oral. É por meio delas que aprenderemos tudo o que se refere ao assunto que usamos no nosso Exercício Esotérico de Concentração. Isso porque, ao persistirmos em fazer bem o Exercício Esotérico de Concentração criamos um pensamento-forma vivente por meio da nossa faculdade imaginativa.
Se, por exemplo, evocamos o:
E assim por diante.
De qualquer modo, um conhecimento jamais sonhado fluirá na nossa Alma, enchendo-a de gloriosa luz, muito além de tudo que se possa aprender no Exercício Esotérico de Concentração.
É através do Exercício Esotérico de Meditação que aprendemos a história de um objeto, pois ela refere-se ao lado da forma, da construção dessa e da sua manifestação.
Vamos, agora, expor algumas práticas de como acelerar Exercício Esotérico de Meditação.
Primeiro, procuremos objetivar um assunto que não nos envolva tanto emocionalmente.
Por exemplo:
• o desenvolvimento de uma flor,
• a fabricação de uma cadeira,
• de um alfinete, etc…
Suponhamos que escolhemos um chinelo. Pensemos na fabricação da matéria prima – látex – feita pela árvore seringueira. Depois imaginemos a extração feita por um seringueiro. Mais adiante, a defumação para se tornar um rolo macio de látex. O transporte até a fábrica. E, assim por diante até a compra, por você, em uma loja.
Por aqui já dá para se ter uma ideia de que tudo que nos rodeia tem uma história muito interessante para nos contar e que vale a pena aprender. Ou seja: aprendemos que atrás de toda a aparência, por simples que seja, há uma história do mais alto interesse.
Como o Exercício Esotérico de Concentração, o Exercício Esotérico de Meditação pode ser praticado em qualquer lugar: na condução, na fila, em casa, em uma espera qualquer. É importante que o Estudante Rosacruz reserve diariamente um período para essa prática, caso contrário, nenhum progresso ocorrerá.
Para que utilizaremos o resultado do Exercício Esotérico de Concentração? Para podermos funcionar consciente e eficientemente nos Mundos suprafísicos, pois lá as condições são instáveis, voláteis e, sem uma concentração adequada é impossível tirar qualquer proveito de uma passagem por lá.
Qual a importância de utilizarmos o resultado do Exercício Esotérico de Meditação? Para podermos construir melhores formas quando da nossa passagem pelo Segundo Céu, que ocorre entre os intervalos de existências físicas e, aqui nos nossos trabalhos noturnos de cura e de reconstrução dos Corpos Densos dos nossos irmãos e das nossas irmãs que sofrem.
Que as Rosas Floresçam em vossa cruz
Podemos investigar por nós próprios tudo o que aprendemos nos ensinamentos rosacruzes. Todos nós podemos analisar os domínios suprafísicos sem depender da veracidade de outrem. Sem dúvida, há um método para adquirir essa faculdade de valor inestimável. Para isso, temos que receber todas as informações que desejamos, a fim de que o coração possa falar quando a cabeça esteja satisfeita.
Assim, chegamos ao propósito dos Ensinamentos Rosacruzes: “satisfazer o Aspirante à vida superior a lhe provar que no universo tudo é razoável, para que triunfe sobre o rebelde intelecto”.
No entanto, há necessidade de sermos humildes e pacientes. Devemos deixar de criticar, passando a aceitar provisoriamente, como verdade provável, afirmações que, de imediato, não podemos constatar. Afinal, a incapacidade é nossa, e é função nossa desenvolvermos as faculdades superiores, pelo Treinamento Esotérico.
Deixando de ser um simples ser humano de fé, passaremos ao conhecimento direto. O primeiro passo desse método é adquirirmos as ferramentas necessárias. Tais ferramentas não são nada mais do que nossos veículos, nossos instrumentos.
Depois, com boas ferramentas para se trabalhar, podemos atentar para o segundo passo: como organizar tais instrumentos, a fim de que nossas necessidades nos mundos suprafísicos sejam satisfeitas, tal como o Corpo Denso nos é útil no Mundo Físico.
Com esses requisitos adquiridos, estaremos aptos para o próximo passo: as práticas nos mundos internos, ou seja, o treinamento que objetiva o domínio desses instrumentos para suas novas funções – a manifestação de nossa consciência nos Mundos suprafísicos.
Tudo isso depende somente de nós, de nossa aplicação, do nosso desenvolvimento e do modo pelo qual lidamos com nosso destino pendente.
Vamos ver como preencheremos os três passos acima: obtenção de veículos apropriados, organização desses veículos e práticas a executar.
Os veículos que temos para funcionar nos planos internos:
(1) Corpo Denso – formado de sólidos, líquidos e gases;
(2) Corpo Vital – formado de quatro Éteres: Químico, de Vida, Luminoso e Refletor;
(3) Corpo de Desejos – dividido em inferior e superior; e
(3) o veículo Mente – também dividido em superior e inferior.
Como organizar os veículos aqui, enquanto renascido, é o que constitui o maior desafio. Nossos instrumentos devem ser purificados e afinados. Estabelecidas essas condições, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito. À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e tornam-se mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam.
O treinamento dos nossos diferentes veículos faz-se sincronicamente. Não pode um corpo ser influenciado sem que os outros sejam afetados, porém, o trabalho principal ou definido pode fazer-se em qualquer deles.
O Corpo Denso é predominantemente afetado quando se presta estrita atenção à higiene, dieta e emprego de exercícios adequadamente. Esse trabalho sobre o Corpo Denso, ao mesmo tempo, produzirá um efeito sobre o Corpo Vital e o de Desejos. Os mais puros e melhores alimentos têm suas partículas envolvidas por éter planetário e matéria de desejos mais pura.
Se forem empregados na construção do Corpo Denso, purificam e melhoram todos aqueles Corpos. Só que o alimento é uma coisa tão individual que não é possível estabelecer regras fixas. A única regra fixa que se pode estabelecer é o mal que faz comer carne. A dificuldade do nosso Corpo Denso de assimilar as partículas da carne produz desgaste e destruição do nosso Corpo o que nos torna menos ativos e menos pacientes. Além, é claro, da demonstração da nossa falta de consciência e de compaixão para com os nossos irmãos menores do Reino Animal. Quanto mais nos aproximarmos do Reino vegetal tanto mais energia obteremos do nosso alimento.
Quando o cuidado é dirigido unicamente à higiene e ao alimento, os Corpos Vital e de Desejos poderão permanecer tão impuros como antes. Contudo, tal cuidado facilita um pouco o contato com o bem, mais do que o uso de alimentos grosseiros.
O mesmo ocorre com o cultivo de um temperamento equânime e bom gosto literário e artístico para o Corpo Vital e o cultivo de sentimentos e emoções elevadas para o Corpo de Desejos, sem que cuidemos do Corpo Denso. Isso significa que apesar dos cultivos elevados, o Corpo Denso pode ser mantido impuro e mau cuidado. Em longo prazo, isso implicaria em morte prematura e frustração do plano de vida traçado previamente pelo Ego.
Outra ajuda importante para a organização dos nossos veículos vem da oração, principalmente através da oração do Pai Nosso, que possui todos os componentes para satisfazer integralmente as necessidades dos nossos três Corpos, da Mente e do nosso Tríplice Espírito, auxiliando-nos a organizar e funcionar em harmonia com eles. Façamos tal Oração muitas vezes ao dia, o que nos ajuda no domínio próprio. Domínio esse que se estende por todos os itens da nossa vida cotidiana. Tanto nas nossas necessidades da vida superior, como na necessidade de dominar a nossa força criadora sexual como cultivar uma disposição serena e tranquila. Então, produziremos menos perturbações nos nossos veículos durante as nossas horas de vigília, durante o dia e, portanto, durante o sono, gastaremos muito menos tempo para reparar os desgastes no nosso Corpo Denso. O resultado disso: mais tempo para nos dedicarmos às práticas espirituais.
Antes de entrarmos nelas, vejamos qual o veículo que utilizaremos. O Corpo Denso é claro que não. Pertence à Região Química do Mundo Físico. Já temos total consciência e domínio nesse Mundo, utilizando tal Corpo. O Corpo de Desejos e a Mente não estão organizados para isso. O Corpo de Desejos apesar de estar mais estruturado do que a Mente, não possui organização suficiente que capacite o Ego a funcionar nos mundos internos. Ele é passível de separação (Inferior e Superior). A Superior é composta de materiais das Regiões superiores do Mundo do Desejo (Vida Anímica, Luz Anímica e Poder Anímico) e muito pode nos ajudar na obtenção do conhecimento direto. Mas, não funcionará sozinho, como veículo principal. Aliás, na maioria dos nossos irmãos, os vórtices do Corpo de Desejos estão quase que paralisados, só se movem através do látego da necessidade ou por manifestações negativas.
Já a Mente, nosso veículo mais novo, ainda é uma nuvem pairando pela nossa cabeça física, descendo até a região do pescoço. Portanto, o que nos sobra é o Corpo Vital. Dividimo-lo em duas partes: (1) Éter Químico e de Vida; (2) Éter Luminoso e Éter Refletor. A primeira parte tem como única finalidade efetuar o processo restaurador do nosso Corpo Denso, por isso, é inútil para ser utilizada para investigação do Ego nos Mundos internos. Assim, essa parte permanece com o Corpo Denso para realização de seu propósito. A segunda parte do Corpo Vital serve para a investigação espiritual, pois o Éter Luminoso é a sede dos sentidos e o Éter Refletor, a sede da memória. Assim, essa parte é o único modo possível para entrarmos nos Mundos suprafísicos, e é empregada durante o sono ou em qualquer outra oportunidade.
Aqui entra o treinamento esotérico: como separar adequadamente o Corpo Vital. A parte do Corpo Vital que sai está muito bem-organizada. A parte superior do Corpo de Desejos e a Mente, não estão organizadas, mas são úteis porque estão conectadas com o altamente organizado Corpo Denso.
Existe mais uma necessidade: a fim de podermos trabalhar no Mundo do Desejo, precisamos despertar os centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos. Isso se faz alcançando o seguinte estágio: permanecermos dentro dos nossos corpos com todas as nossas forças dirigidas também para dentro.
Estamos com todos os nossos sentidos fechados para o mundo externo, mas plenamente conscientes.
Nesse estado, temos pleno controle de nossas faculdades e, assim, podemos atuar internamente e sensibilizar todos os nossos veículos. Isso é a Concentração. É através dela que conseguimos despertar todos os centros sensoriais do nosso Corpo de Desejos e conectá-los com os outros Corpos. Todos nós devemos cultivar a faculdade de se absorver em qualquer assunto que estamos tratando.
Somente assim é que entendemos o conceito da palavra concentração: “convergir para um centro”; permanecer dentro dos nossos corpos com todas as nossas forças dirigidas também para dentro; permanecer com todos os nossos sentidos fechados para o mundo externo, mas plenamente conscientes.
Com isso executamos duas coisas ao mesmo tempo:
E assim, tais centros sensoriais começam a girar, lenta mais persistentemente vão se preparando para serem conectados como pontos de contato nos nossos Corpos Denso e Vital.
Meios para acelerar a eficácia na prática do Exercício Esotérico de Concentração:
Que as Rosas Floresçam em vossa cruz
O Reino vegetal possui apenas o Corpo Denso e o Corpo Vital. Portanto, as plantas constroem caule e folha; depois outra pequena parte do caule e outra folha… A estrutura do ser humano construída durante o estágio vegetal também mostra um trabalho semelhante de repetição — vértebra após vértebra, até que a coluna esteja completa.
Assim, vemos que a base do Corpo Vital é a repetição e como ele é a contraparte material do Espírito de Vida ou Princípio Crístico no ser humano, é evidente que para alcançar o Espírito Crístico devemos trabalhar por meio do Corpo Vital, em harmonia com sua estrutura: a repetição. Isso se aplica a qualquer linha de estudo ou trabalho que empreendamos.
Portanto, ao iniciar um novo período de estudo, as mesmas linhas de pensamento que estabelecemos no início do período anterior devem ser enfatizadas. O primeiro e mais importante deles é este fato: estamos procurando trazer o Cristo de dentro de nós mesmos para que possamos fazer no mundo as coisas que Ele fez e está constantemente fazendo sem que possamos vê-lo, apressando assim o dia de Sua vinda.
Não devemos reconhecer outra liderança além do Cristo, nem mesmo a liderança dos Irmãos Maiores, pois eles não lideram ou guiam, mas vêm apenas como amigos para aconselhar; devemos ser particularmente cuidadosos para lembrar que todos estão na mesma base. Portanto, ninguém deve colocar Max Heindel e Augusta Foss Heindel em um pedestal; eles não pertencem a um e não têm preeminência sobre ninguém. Todos têm a mesma oportunidade de servir e servir é o único caminho verdadeiro para a grandeza. No entanto, não importa quão eficientemente possamos servir; se nos gloriarmos em nossos serviços, essa auto glória será nossa única recompensa.
Deve ser o nosso objetivo pensar pouco no que fazemos e nos considerarmos nada, pois por melhor que trabalhemos nenhum de nós é capaz de servir a Deus dignamente, mesmo por um único dia. Então a humildade no serviço deve ser o nosso principal objetivo e meta. Quanto mais profundamente pudermos atingir esse ideal, quanto menores formos aos nossos próprios olhos, tanto maior seremos aos olhos de Deus.
Outra coisa: se estamos dispostos a servir apenas no que gostamos, que mérito há nisso? Nenhum! Contudo, se fizermos o que estiver ao nosso alcance, se nos esforçarmos para realizar as tarefas desagradáveis da vida com equanimidade e nos encorajarmos para colocar zelo tanto no trabalho que não gostamos quanto naquele que amamos, se o fizermos para salvar alguém, então seremos dignos seguidores dos Irmãos Maiores e imitadores bem-sucedidos de Cristo, o nosso glorioso Ideal.
(por Max Heindel, publicado no Echoes nº 3 de Mount Ecclesia de 10 de agosto de 1913, traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Somos apologistas do trabalho em equipe. Observamo-lo portador de inúmeras vantagens, como, por exemplo, o alcance de um rendimento máximo em tempo mínimo, mediante o aproveitamento racional das qualidades e aptidões de cada um em função do todo. Além disso, sua ação faz-se sentir individualmente, revertendo em benefício de cada um, em forma de disciplina, solidariedade, harmonia, companheirismo e expansão natural das próprias qualidades.
Mas, não se pense que o desenvolvimento do trabalho em grupo ou em equipe depende, única e exclusivamente, da aglutinação de pessoas dotadas de capacidade para realizar a obra proposta. Não. Não é tão simples assim. Certas aptidões, conhecimentos e habilidades são importantes e desejáveis. Mas, por si só não asseguram o êxito final de um trabalho coletivo. Há certos requisitos prioritários, tais como: boa vontade, sinceridade, desprendimento, altruísmo, harmonia, ausência de personalismo e outros. São essas qualidades, de natureza moral, que possibilitam a um grupo relativamente heterogêneo empreender e concretizar obras de vulto, num sentido comum.
É importante, na quadra atual, cada um meditar sobre isso, e perguntar-se: “Estou preparado para trabalhar em equipe?” Sempre estão se formando novos Grupos de Estudos Rosacruzes Informais e Formais e muitos estão se tornando Centro Rosacruz. E por meio deles os Estudantes Rosacruzes têm oportunidade de contribuir com sua parcela de esforço para a disseminação do Ideal Rosacruz.
O Método Rosacruz de Desenvolvimento oferece meios de realização estritamente individuais, objetivando o aprimoramento espiritual do Aspirante à vida superior, de modo a permitir-lhe transcender os entraves internos separatistas, integrando-o cada vez mais no puro sentido de equipe.
Todos temos alguma coisa a realizar, pois o mundo necessita de pessoas responsáveis, decididas a arregaçar as mangas e trabalhar. Não fiquemos aguardando o surgimento de condições favoráveis. Não esperemos o emergir do amanhã acenando-nos com as oportunidades. Essas já estão por aí à espera da nossa decisão. Nos dias que correm o “futuro é hoje”. E o trabalho deve ser realizado “aqui e agora”!
Se você quiser saber como deve funcionar um trabalho em grupo ou em equipe típico Rosacruz (pautado, logicamente, nos preceitos aquarianos) leia e estude esse material elaborado por um antigo Probacionista:
A Libertação Através Do Trabalho Em Grupo
“Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e a Luz do mundo”.
Max Heindel
O conhecimento, em todos os seus aspectos, é a base reconhecida do progresso. À medida que novos fatos são descobertos, novas leis são formuladas, a tecnologia vai se aperfeiçoando e as evidências do progresso se manifestam. Desse modo o ser humano vai obtendo tudo o que previamente lhe parecia impossível. Tal acontece porque novos fragmentos de conhecimento em um campo provê a chave do mistério existente em outro campo. Consequentemente, em virtude do interrelacionamento comum entre todas as fases da vida e do conhecimento, quanto mais o ser humano sabe a respeito de determinado assunto, mais poderá saber a respeito dos outros. Assim, a luz do conhecimento cresce e se torna mais brilhante.
Muitos problemas da vida, mercê dessa transferência de capacidade e interrrelacionamento de conhecimento, são resolvidos satisfatoriamente. Mas, o progresso aí está, constantemente desafiando o ser humano com novas e diferentes situações que inevitavelmente suscita. Os novos problemas vão tornando mais amplos, envolvendo mais pessoas, abrangendo maiores horizontes e exigindo soluções mais rápidas. As conquistas da técnica e da ciência, aproximando cada vez mais e identificando os diferentes grupos humanos, fazem com que cada acontecimento afete a todos. É evidente que a humanidade está sendo submetida a um processo evolutivo acelerante. Os sinais apontados são o início desse processo.
Ninguém sabe tudo – nenhum ser humano, por mais disciplinado, inteligente e dono de seu tempo que seja, pode hoje aprender tudo o que está à disposição do conhecimento humano. Ninguém, por mais poderoso e influente, não poderá pensar, planejar e atuar, com o acerto e rapidez necessários, em todos os problemas sociais. Ora, não é do intento divino que seja a humanidade subjugada e vencida pelo desespero, ante os penosos e confusos tempos que vamos adentrando. Graças a alguns afortunados cérebros que não se deixam limitar pelo medo, que sobrepassaram o egoísmo e, pelo amor ao próximo, sincero e desinteressado, lograram alcançar as mais profundas verdades do Cristo, está sendo divulgado por todas as partes a necessidade imperiosa de congregar as pessoas em grupos. Pela conjugação dos recursos individuais, na busca da solução dos mais altos e legítimos problemas coletivos, vêm-se obtendo meios para enfrentar a evolução da técnica, a fim de utilizá-la convenientemente, sem violência aos sagrados direitos do ser humano. Ainda há muito erro, decorrente, as mais das vezes, da falta do espírito de equipe. Ademais, há pouco é que, praticamente, se evidenciam as vantagens desta técnica há tanto tempo pregada por Cristo. Mas, ninguém pode deter o fluxo do propósito evolucionário; verifica-se um rápido aumento do trabalho em grupo, em todo o mundo.
Necessidades para se trabalhar em grupo – o primeiro passo para o trabalho em grupo é o reconhecimento de nossas limitações pessoais. Isso nos leva a participar de esforços cooperativos, cujo brilhante futuro mal podemos prever. À medida que nossos egoísmos e interesses imediatistas forem dando lugar ao altruísmo e bem-comum, novas fases irão sendo exploradas no trabalho em grupo. De fato, a formação de grupos de trabalho ainda está na infância. As técnicas são relativamente desconhecidas de uma grande maioria de indivíduos e as forças cósmicas, que unem os indivíduos esparsos em grupos, estão apenas começando a produzir seus impactos sobre a consciência humana. Tais forças fluem primeiramente do Espírito do Cristo Interno e secundariamente da influência de Aquário. Ao se tornarem mais fortes, os grupos de pessoas, de uma natureza mais original e espiritual, se tornarão mais comuns. Eles serão os vanguardeiros e a glória da Era de Aquário. Pelo discernimento de assuntos públicos, Júpiter – o princípio da expansão e da boa vontade, da filantropia e da sociabilidade – revela o que é desejável em matéria de negócios, de religião, de ciência e outros assuntos, suscitando a revisão de atividades para novas e construtivas fases em grupos. Desse modo, utilizando os valores relativos pessoais, sob o impulso do altruísmo e sem ofender a liberdade individual, Júpiter vai tornando possível grandes melhoramentos. Para as pessoas integradas em movimentos humanísticos e espirituais, o trânsito desse Planeta enseja grandes oportunidades de progresso.
No passado, as transições de progresso que se operavam no mundo eram consequências do trabalho de indivíduos mais ou menos iluminados, cujas Personalidades exerciam poderosa ação, atraindo e dominando aqueles que se tornariam seus discípulos. Por intermédio de tais singulares indivíduos o trabalho era feito. Foram grandes homens e mulheres a quem devemos não somente as revelações religiosas, como o progresso nos vários ramos da arte, da ciência, das leis, da política, da filosofia, etc. Eles, em grande parte, fizeram a história, história de umas poucas pessoas, de cujo esforço e gênio dependeram as grandes realizações, em todos os campos de trabalho.
Atualmente essa condição está mudando. Novos métodos e novos homens e mulheres estão rapidamente emergindo. Muitos poucos indivíduos excepcionais surgem, mas, em compensação, levanta-se muitos homens e mulheres aptos para qualquer atividade. Em vez do antigo “mestre” que determinava tudo, observamos hoje muita gente com idêntica habilidade, trabalhando em conjunto. Ampliam-se enormemente as atribulações de responsabilidade e expansão da atividade humana. Devemos, hoje, aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos. Como predisse Max Heindel, devemos ser iguais, amigos, compartilhando experiências e ações, acima da preocupação de liderança. A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.
O desejo de se destacar – A ambição para se tornar líder leva a mesma razão que torna o indivíduo inadaptado para a mais elevada forma de trabalho em grupo, não importando quão altruístas e benevolentes possam ser as motivações. O desejo de se destacar, de exercer autoridade, encerra um erro de aproximação à moderna atividade em grupo, pois ressalta a Personalidade, em prejuízo de fatores anímicos de confraternização, de identidade incondicional. Em seus trabalhos com os Irmãos Leigos e Discípulos, os Irmãos Maiores nunca dão ordens, nunca censuram e nunca louvam. O anelo de servir, de viver retamente, deve brotar espontaneamente do interior do indivíduo. Isso o capacitará para a integração da equipe. Esse deve ser o espírito de todo trabalho em grupo.
Tempo está chegando em que, na vida de todo e qualquer indivíduo, a única autoridade a ser levada em conta será o “Eu Superior”, o foro íntimo. Na medida em que cada um aprenda a amar, a honrar e a obedecer a seu “Eu Superior” expressará o que é bom, o belo e o verdadeiro (o que é indispensável na evolução prática dos ideais Cristãos). E para isso é imprescindível se torna compreensivo e harmonioso com todos seus companheiros de atividade, entendendo e seguindo espontaneamente os objetivos do grupo. A intuição, em vez do intelecto, será o fator reinante. Desaparecerão as regras e os regulamentos impostos pelos líderes. Nos novos grupos, em vez de um líder, surge um representante, um porta-voz, o qual, pelo menos em teoria, preside aos trabalhos, por escolha de todos. Em virtude de seus méritos pessoais ele se tornou o SERVO DE TODOS, cujo conceito está muito distante do de um líder que, seguindo suas próprias ideias e determinações, modela e executa o sistema de um grupo.
A especialização em um determinado ramo de atividade – No sentido de ampliar mais as possibilidades do conhecimento, atualmente há uma tendência bastante generalizada: se especializar um determinado ramo de atividade, depois de ter sido adquirido o conhecimento geral da profissão escolhida. Reúnem-se, então, os especialistas de diversos ramos para que todos e cada um contribuam com seus talentos num objetivo e benefício comum. Essa conjugação de técnicos desempenhou importante papel no esforço da última guerra mundial. Igualmente, a interdependência de técnicos foi que produziu o tremendo avanço da medicina, da ciência em geral, da técnica dos negócios. É a prova de que, fundindo e focalizando o conhecimento e poder cerebral de muitos, resolvem-se os mais complexos problemas do mundo. De igual modo, se fundirmos e focalizarmos os atributos do coração, o conhecimento e as energias espirituais de muitos indivíduos devidamente preparados, então pode-se, com toda a certeza, exercer um poder espiritual quase ilimitado na tarefa de libertação do mundo. Esse é um palpitante, profundo e maravilhoso tema para o qual chamamos a atenção especial de todo Aspirante à vida superior sincero.
O trabalho em grupo – Existem utilíssimos conhecimentos em relação ao trabalho de grupo. Contudo, permitimo-nos tecer considerações acerca de fatores diretamente relacionados com atividades espirituais, que é o nosso caso. Temos amplas razões para admitir que, por meio da Fraternidade Rosacruz, conseguiremos promover uma expressiva fase de libertação da humanidade. E para compreendermos como atingir essa realização de efetiva ajuda ao Cristo, estudemos os cinco princípios básicos do nosso esforço em grupo:
1) O primeiro princípio é o SACRIFÍCIO, pois, sugere o impulso amoroso de dar, com renúncia de si mesmo, sem egoísmo. Sem o sacrifício o trabalho de grupo é praticamente impossível. Tudo o que não beneficie o conjunto e suas finalidades e que possa constituir obstáculo para Deus e para o ser humano, deve ser posto de lado. Sacrifício é fazer apenas o que é bom e implica renúncia aos reclamos da Personalidade. É interessante observar, de passagem, que embora exista muitas pessoas altruístas, em todos os lugares, atualmente, poucas são as que agem acima de sua Personalidade com o único propósito de servir e elevar os semelhantes. Aqueles que se reúnem para congregar forças a fim de obter mudanças políticas, para fundar uma instituição filantrópica, quase sempre cobram o preço do prestígio e do proveito pessoal. Raro é o que nada reclama para si, cuja presença e ação, eficientes e silenciosas, constituem o alicerce espiritual do movimento.
O fundamento e a causa de todo poder espiritual residem, em parte, no sacrifício. O egoísta transfere para um plano secundário o interesse impessoal da humanidade, sobrepondo-lhe a glória, a fama e poder material dos membros do grupo. Sacrifício é o “abc” do viver espiritual, é esquecimento próprio, é afastar tudo o que, de alguma forma, possa enfraquecer ou dividir os membros do grupo ou interferir no desenvolvimento de seus propósitos comuns. Não nos referimos somente ao que é errado, mas também ao não essencial, ao que não seja diretamente objetivado pelo movimento pelo qual o grupo está reunido – como, por exemplo, é o caso da Fraternidade Rosacruz –, embora interesse, de modo especial, a um ou a vários membros do grupo.
Cada membro deve ter boa vontade em relação ao grupo, deixando de lado sua vontade pessoal, seus esquemas favoritos e toda forma de ambição pessoal. O que prevalece é a vontade da maioria. Lembremos que, por força da presente condição humana, todos vemos “como que através de um vidro enfumaçado”, isto é, com nossas limitações não percebemos claramente a vontade de Deus e seus agentes, os Irmãos Maiores. Os propósitos dos Irmãos Maiores sobre a questão da elevação e libertação humana respeitam, em primeiro lugar, a liberdade individual, a valorização e o poder de uma FRATERNIDADE; conciliam os aspectos individuais mais legítimos com os propósitos de Deus. Mas, devido às limitações, apenas uma parte do trabalho pode, por ora, ser realizado, porque não enxergamos com clareza os detalhes do Divino Plano Redentor. Todavia, não nos desalentemos por isso.
Por meio do esforço sincero, o Aspirante à vida superior Rosacruz está conquistando, mais depressa, sua libertação e elevação, capacitando-se para um trabalho mais elevado. São poucos os que conseguem. Por enquanto, esforcemo-nos, sem nos aborrecermos por presenciar, frequentemente, membros que não trabalham com idênticas compreensão e unidade de propósito. A perfeição do trabalho em grupo é coisa do futuro. Contudo, um contato íntimo, fundado no amor e numa profunda realização de unidade em Cristo, é possível atualmente, com indivíduos incomuns, que saibam sobrepor-se às diferenças de opinião, que lutam contra as desuniões, porque essas resultam sempre das forças inferiores. É da maior importância, num trabalho em grupo, que todos aprendam a amarem-se uns aos outros, com o Amor de Cristo – amor ágape, incondicional –, de alma para alma, um amor nunca influenciado por fatores pessoais.
O amor é o que ilumina e valoriza o sacrifício. O serviço em favor da humanidade se realizará satisfatoriamente apenas quando se fundar num profundo e permanente amor, livre de crítica (em geral oriundas de frustrações) e orientado pelo firme propósito de não transigir com o erro, com o supérfluo e, sobretudo, com as brechas que entre seus membros produzam desuniões e enfraquecimentos. O sacrifício de fatores negativos pessoais, para perfeita integração e ajuda na Fraternidade, em prol da humanidade é, ao mesmo tempo, uma contribuição preciosa para si mesmo, um exemplo e cooperação à Fraternidade e uma ajuda à humanidade, porque todos os nossos pensamentos, emoções e atos refletem-se em todos os planos da Natureza. Pela contribuição perfeita ao grupo, o indivíduo realiza a superação automática de si mesmo. Pelo esforço de integração, pacificação e eliminação de divergências, cada um harmoniza-se, ao mesmo tempo, a si mesmo.
2) O sacrifício sábio traz, portanto, à atividade, o segundo princípio do trabalho em grupo: a IDENTIFICAÇÃO AMOROSA COM OS COMPANHEIROS DE LABOR. Ao sobrepor-se à Personalidade, cada membro do grupo, pela dedicação ao serviço, cresce em consciência quanto aos propósitos comuns. À medida que cresce, indiferente ao personalismo e egoísmos de toda ordem, identifica-se mais com seu verdadeiro “Eu” e adquire uma atitude de alegria, de confiança própria e de profundo amor ao próximo. Atinge, então, a vivência da “realização da unidade fundamental de si com os demais, em identidade espiritual”. Começa a manifestar sua deidade interna, que permite a superação espontânea de suas solicitações egoísticas e, ao mesmo tempo, fá-lo olhar seus semelhantes, não pelos aspectos externos, não por seus defeitos, senão pela “divina essência oculta em cada um”, o IRMÃO.
Só então atinge a consciência e vive a consciência real do grupo. Muitos de nós, nos instantes de oração ou oficiação de rituais em grupo (quando se processa uma perfeita fusão entre todos), tivemos oportunidade de sentir uma grande vibração. Isto é possível, devido ao princípio de fusão de semelhantes (semelhante atrai semelhante), que é muito mais forte do que uma unidade. Um grupo harmonioso é mais do que um simples ajuntamento de pessoas. São carvões que provocam um fogo que, e em conjunto, focalizados e vibrando num ideal comum, formam um instrumento de Cristo. Por isso foi dito que “onde dois ou mais se reunirem EM MEU NOME” ali Ele estaria! A fusão de almas é o mais poderoso instrumento de corporificação de Cristo, para um trabalho superior, porque produz um volume tão grande de vibração espiritual que pode canalizar, do Mundo do Espírito de Vida, um caudal de energia incalculável. Todos conhecemos essa lei: chama-se a Força de Atração.
Ela determina a atração de pessoas de vibração idênticas, levando-as a diariamente se reunir para um propósito comum. Eis o sentido de cada Centro ou Grupo de Estudos Rosacruz em todo o mundo! O semelhante atrai o semelhante. A mais alta expressão dessa Lei é a fusão de indivíduos preparados para um ideal superior, com plena consciência das leis que regem o trabalho em grupo, isto é, com renúncia de si mesmos e dedicação amorosa ao próximo. Eis como se realiza o trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz, a Cura Rosacruz. A fusão consciente e ardorosa de tais indivíduos forma um canal de natureza tão sublime que atrai um fluxo magnético poderoso do plano Crístico, beneficiando enfermos de todo gênero e enchendo a Terra de uma força equilibradora. Por meio do silencioso poder de tais grupos, os Seres Superiores podem fazer fluir o Poder Curador, a força, a Sabedoria e Amor, para todo este mundo carente. Atualmente o Mundo do Desejo se acha tão conturbado que seus reflexos na humanidade são os que observamos por aí. O contato de Egos, uns com os outros, em propósitos construtivos, é o meio mais eficiente, mais seguro, mais rápido, de libertação individual. O relacionamento de alma, pela autorrenúncia, leva-nos a um conhecimento superior e à unidade com o Cristo Cósmico, pelo despertar de nosso Cristo Interior. As aspirações devocionais e consagradoras para com o serviço, elevam os membros da Fraternidade a planos e condições que, sozinhos, abandonados a seus próprios recursos e às influências que vigoram desde a última conflagração mundial, não poderiam atingir.
3) O terceiro princípio do trabalho em grupo é o SERVIÇO (tônica da Fraternidade Rosacruz). Dele ninguém pode se evadir. Do mais elevado ao mais inferior dos seres vivos, o serviço é o preço a pagar, não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição do direito de existir. De uma evasão deliberada, egoísta, do privilégio de SERVIR, origina severas penalidades das leis equilibradoras do Universo. É o que sucede a muitos Egos que atualmente, em alguns países, são obrigados, à FORÇA, a se conformar e servir com boa ou má vontade para atender às necessidades do grupo a que pertencem. O SERVIÇO é a capacidade de identificação do indivíduo com os interesses comuns. Pressupõe, como dissemos, a superação dos interesses pessoais, voluntariamente e regozijosamente. Quem é feliz servindo, torna-se simpático na vida íntima do grupo. É a técnica que liberta o indivíduo dos laços do “eu inferior” e o capacita a integrar a família de Cristo. O verdadeiro serviço não é fácil. Sua legítima expressão pressupõe muita renúncia, persistência e fé: “Poderosamente devem mourejar os que servem os deuses eternos”.
Servir significa sacrifício de tempo, de interesses pessoais, de ideias favoritas. Exige prudência, sabedoria, habilidade de trato, domínio das emoções. Observe-se quão poucos estão preparados para trabalhar impessoalmente. Não se trata de mero negócio, nem de interferências ou de esforços fanáticos. O verdadeiro serviço nasce da combinação das faculdades mentais com as do coração. Não é motivado por estados emotivos, por sentimentalismos, por arroubos acidentes de entusiasmos e tampouco do desejo de progresso espiritual da parte do servidor. O verdadeiro serviço salienta o grupo, em vez de o indivíduo. Por meio do verdadeiro trabalho em grupo nos tornamos mais úteis do que isoladamente poderíamos ser e mais nos aproximamos da nossa FONTE e ORIGEM. Através do serviço verdadeiro expressamos, com mais facilidade, os atributos de nosso “Eu Superior”, o Ego, cuja natureza é naturalmente boa e nobre, amorosa e fraternal, porque “feita à imagem e semelhança do Pai”.
O verdadeiro serviço não é solicitado nem planejado como um fim em si mesmo: surge espontaneamente na medida em que crescemos por dentro e nosso Cristo deseja expandir seus poderes anímicos. Gradualmente, à medida que vamos crescendo por dentro, irradiamos o amor e outras energias espirituais, nunca para nosso próprio engrandecimento, senão para elevação e libertação daqueles que de nós se aproximam. O verdadeiro servidor tira as vistas de si mesmo e de suas realizações, dando atenção integral para as necessidades de seus semelhantes, a começar por seu lar, sem deixar-se prender pelas insidiosas cadeias do interesse puramente familiar. Conduz-se equilibradamente em meio a todas as necessidades, seguindo os impulsos de seu Cristo Interior. A completa submissão à lei do serviço leva-o gradualmente ao íntimo do coração do grupo e a conhecer, para além de todas as dúvidas, que é UNO com as almas IRMÃS. À medida que os membros se elevam assim, o grupo vai atingindo a capacidade de serviço total, o poder e a oportunidade de executar as obras mais inimagináveis.
4) O quarto princípio consiste em RECUSAR tudo o que seja danoso aos interesses do grupo. Isso exige sinceridade, lealdade, coerência. Há muita gente de boa índole que falha neste princípio, por medo de ferir os membros do grupo. Mas a recusa não é desamorosa. Ao contrário: é firme, porém, amorosa, inteligente, esclarecida. Relaciona-se, como veem, com a Força de Repulsão, uma vez que, tudo o que não seja da mesma vibração do grupo tende a ser afastado. Pela manifestação desse princípio, todos os grupos tendem a repelir o que lhe seja estranho ao modo de ser e necessidades, envolvendo pessoas, coisas e condições. Não se trata propriamente de conservação. A evolução do grupo se processa naturalmente, à medida que seus membros evoluem e refletem amorosamente novas necessidades coletivas. Porém, o princípio que estamos considerando preserva o interesse de todos, elevando para Deus as pessoas e coisas identificadas, entre si, como conjunto.
Simbolicamente falando, a totalidade dos membros dedicados de um grupo “reúne seus carvões”, abanando-os pelo serviço amoroso, a fim de que flameje a chama do fogo espiritual, que é um poderoso dissipador das trevas da ignorância e do frio egoísmo que existe no mundo. Por meio de sua própria existência irradiará de tal grupo luz e calor que dissiparão as forças mentais negativas e as correntes miasmáticas do Mundo do Desejo, que escravizam a humanidade. Atuando sobre cada membro ou unidade do grupo, esse quarto princípio imprime, em suas consciências, uma profunda determinação de evitar e repelir, em sua maneira particular de vida, tudo o que possa obstar ou interferir desfavoravelmente nas atividades e interesses comuns. Disso decorre a necessidade de vigilância constante, de si mesmo e não propriamente quanto aos demais. Deve cada um vigiar todas as atividades físicas, emocionais e mentais, a fim de que não chegue a exprimir ação inconveniente.
Compreendendo que sua própria consciência é parte integrante do Todo, a qual, de algum modo misterioso, ele ajuda a sustentar, o membro dedicado e sincero pratica o discernimento e amiúde pergunta a si mesmo: “O que estou pensando, sentindo ou fazendo influencia favoravelmente o grupo? Aumentará ou diminuirá a Luz Espiritual do grupo?”. Então procura, sincero como é para si mesmo, atuar harmoniosamente, recusando tudo o que seja imoral, rancoroso, malicioso, interesseiro, crítica destrutiva, etc. e cultivando apenas, deliberadamente, as vibrações auxiliadoras da sã alegria, da simpatia e do altruísmo. Para o bem do grupo e não por motivos pessoais, trabalha para a pureza, para a estabilidade emocional e pelo controle do pensamento. Respeita e obedece aos propósitos do Grupo e recusa todas as faltas que, dentro de si, procurem prejudicar seu trabalho na equipe. Aprende que não é lutando que vence o egoísmo, senão pelo esquecimento de si mesmo, dedicação aos demais e prazerosa obediência à luz interna, conforme aquela frase de Cristo: “Aquele que perde sua vida por Minha causa, encontrá-la-á”.
5) Quando cada membro tenha aprendido a trabalhar em íntima cooperação mental e espiritual com seus companheiros; quando o desejo de crescimento pessoal e espiritual tenha sido transcendido e cada um tenha dado tudo o que pode ao grupo, então o quinto princípio começará a atuar. Esse princípio que brota da UNIDADE de cada um com todos, originará uma automática distribuição das conquistas do grupo, de forma que, qualquer unidade ou membro começará a sentir e expressar tudo o que o grupo tenha conquistado, embora individualmente não o tenha pretendido. Uma completa realização, por parte de um membro do poder do amor, por exemplo, eventualmente se tornará uma realização consciente de todo o grupo e, assim, em relação a tudo em evolução. É a lei que Cristo enunciou quando disse “Se eu ascender levarei comigo todos os seres humanos”.
Indubitavelmente existem outros princípios que operam nos grupos, a respeito das quais, atualmente, pouca noção temos. Contudo, a boa vontade de nossa parte, em adaptar nossa vida aos princípios aqui enunciados, nos possibilitará percorrer mais rapidamente e proveitosamente o longo caminho que nos conduz às novas e luminosas condições da Era de Aquário.
(por Elvin Joseph Noel)
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)
Max Heindel afirma que o exercício de Retrospecção é um dos ensinamentos mais importantes da Fraternidade Rosacruz. E não há nenhum exagero nessa afirmação, se considerarmos o poder autotransformador dessa prática diária. A Filosofia Rosacruz tem como base o conhecimento e o seu objetivo é o aperfeiçoamento do ser humano em todos os sentidos. Ela oferece as ferramentas para essa melhoria interna, fato que pode ser constatado por quem se dedica diligentemente ao estudo, a meditação e reflexão sobre seus ensinamentos.
Max Heindel asseverou que a lógica, a coerência e a elevação desses ensinamentos conquistaram as Mentes e os corações de muitas pessoas no mundo todo. Ele, porém, não escondia sua preocupação em que lhes impressionassem apenas o intelecto com sua beleza filosófica, sem atingir o ideal mais elevado de torná-las melhores seres humanos, mais sensíveis, amorosos e solidários.
Esse exercício conduz ao autoconhecimento, passo inicial do processo de alquimia interna, sem o qual não há como aprimorar o caráter e desenvolver aquelas virtudes que iluminam a vida do Estudante Rosacruz.
Ninguém julgue, porém, tratar-se de um trabalho fácil. Deve ser realizado toda noite, antes de dormir, com o cuidado de, com a prática regular, não se tornar um automatismo. Deve ser feito conscientemente e esse processo de rememorar os fatos ocorridos e vividos deve revestir-se de sentimento, para que o praticante possa julgar o aspecto moral de sua conduta.
Se praticado com esse espírito de sincera devoção, todos os registros das más ações praticadas durante o dia serão apagados do Átomo-semente, e aqueles referentes às atitudes nobres e amorosas servirão de estímulo para o aperfeiçoamento do caráter. Conduz também ao processo de purificação dos pensamentos e emoções.
Assim, reduzirá o seu tempo no Purgatório e no Primeiro Céu, podendo até a chegar ao ponto de passar direto para o Segundo Céu!
O Estudante Rosacruz, porém, deve manter-se atento para que durante o dia evite cometer atos indesejáveis, mesmo sabendo que à noite, durante o exame retrospectivo, terá a oportunidade de apagá-los, pois assim procedendo evitará também cair num círculo vicioso.
O ideal é justamente criar um círculo virtuoso, ou seja, a experiência noturna deve promover uma vivência cada vez mais aprimorada nos ideais cristãos e o fortalecimento da consciência moral, de tal maneira que os desvios de conduta se tornem cada vez mais raros.
“Que as rosas floresçam em vossa cruz”
A sua Paciência
“…tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a múltiplas provações, pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à perseverança.” (ITg 1:2-3).
Passamos dificuldades, provações, tentações, porque estamos em contínuo treinamento, em ininterrupto aprendizado. Se enfrentamos essa dificuldade, essa provação de frente e com vontade, logo a resolveremos, logo descobrimos o seu mistério: a solução, pois um mistério depois de ser desvendado deixa de ser mistério.
E assim é, pois o objetivo da nossa existência aqui não é a busca da felicidade, como muitos pensam, mas sim a aquisição de experiências nessa vida. Ou seja, como, sozinhos, podemos suportar e resolver todas as dificuldades.
E quantas vezes nos pegamos numa situação onde a paciência basta para resolver! Então, o que é a paciência, senão a “prova da nossa fé”? Sim, porque se temos paciência, é porque acreditamos que alguma coisa acontecerá para nos ajudar a resolver tal dificuldade.
Muitas vezes a paciência nos falta porque nos deixamos envolver pelo amor desordenado e pelo vão temor. Esses, por sua vez, trazem o desassossego do coração e a distração dos sentidos. Já que, se a paz, necessária para a paciência, depender da boca dos outros, do que dizem ou deixam de dizer de nós, então não teremos a paciência. Pois a verdadeira paciência está em Cristo, na prática da vida espiritual, que é interior, e nada tem a haver com o seu exterior, o seu entorno.
E é, principalmente, nas horas de dificuldades que devemos nos calar, nos voltar interiormente para Cristo, e não se deixar perturbar com os sussuros humanos. Nessa constante luta, durante a nossa peregrinação aqui nessa vida, devemos sempre considerar que: “sem trabalho não se consegue o descanso e sem combate não se alcança a vitória.”.
Agora, devemos ter claro para nós mesmos que é a paciência e não a indiferença que temos que cultivar. Sim, porque, como diz São Tiago em sua Primeira Epístola, também no Capítulo 1, versículo 4: “…mas é preciso que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.”. A indiferença induz ao egoísmo de não se importar com as pessoas ao nosso redor. Ao contrário, a paciência é aceitá-las, ajudando-as aonde necessitarem. A tentação aqui está presente por meio da indiferença ou, ainda, da falta de paciência. É muito mais cômodo!
Esse comportamento de indiferença está ligado, muitas vezes, a essa eterna mania de achar que podemos ficar onde estamos, estáticos, “no se cantinho, sem ninguém a importunar”. Como ficar nessa posição em um universo dinâmico, onde tudo evolui? Portanto, se insistirmos em ficar onde estamos, retrocedemos ou cristalizamos. Essa é uma pobre e perigosa ilusão do nosso “Eu inferior”. Aqui entra a tentação para não nos deixar ficar parados. Mas, como também diz São Tiago em sua Primeira Epístola, também no Capítulo 1, versículos 13 a 14: “Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: ‘É Deus que me está tentando’, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Antes, cada qual é tentado pela própria concupiscência, que o arrasta e seduz.”. Deus não tenta ninguém. Cada um é tentado pelos seus próprios defeitos, teimosia, dívidas a pagar, ignorância e desejos de bens materiais.
A partir do momento em que deixemos de viver na esfera do nosso “Eu inferior”, que esqueçamos por completo a Personalidade e a viver na nossa Individualidade, começamos a suplantar à tentação, a resistir à tentação, a “não cair em tentação”, a ficar acima dela. Amando e servindo a divina essência oculta em cada pessoa ao seu redor, nos unificamos por amor de Deus, respondendo ao nosso “Eu superior”, dando ênfase a nossa Individualidade. Sim, porque para “amar o bem, é preciso ser bom”.
É esse nosso próprio desejo por focar nossa vida em aquisição de bens materiais (direta ou indiretamente) que “…dá à luz o pecado, e o pecado, atingindo a maturidade, gera a morte.” (ITg 1:15). E entendamos que a indiferença, que na realidade nada mais é do que o medo de alguém nos perturbar e nos tirar da situação em que gostamos, também é pecado.
Assim, vemos que a paciência requer sabedoria: o conhecimento temperado com amor. E “…Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações, e ela ser-lhe-á dada, contanto que peça com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, impelidas e agitadas pelo vento.” (ITg 1:5-6). E é por meio dessa sabedoria que conhecemos a causa de todo o bem. Então, é por meio dessa prática que conhecemos a Deus. Mas, o que é o conhecimento de Deus, senão o conhecimento do bem e do mal? E se conhecermos realmente o bem e o mal, as provações não serão mais “problemas”. A paciência, advinda desse conhecimento, nos dará a explicação do porque ocorre dessa e não de outra maneira. Afinal, é fato que “todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e desce do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação.” (ITg 1:17).
De que adianta sofrer só quando “queremos”? Lá vem falso conhecimento dizendo que é a “vontade de Deus” que soframos tudo isso. Acomodamo-nos em tal “sofrimento” e criamos uma falsa paciência, ou melhor, um comodismo. E quantas são as pessoas que conhecemos nessa situação! E quantas vezes nos pegamos nessa situação!
O verdadeiro paciente, aquele que possui a virtude da paciência, não “escolhe” a ocasião para sofrer, para suportar uma provação. Mas, sempre que lhe sucede qualquer adversidade, qualquer provação, aceita-a e agradece, pois sabe que se trata de uma grande oportunidade para o seu crescimento espiritual. Nunca devemos nos desanimar com quaisquer contrariedades. Mas, ver nela sempre aquela oportunidade de aprendizagem que tanto precisamos.
Se tomarmos a consciência lógica de que tal contrariedade, tal provação, fomos nós mesmos que escolhemos no Terceiro Céu, quando estávamos no nosso processo para iniciar essa vida aqui, veremos já que estávamos preparados para enfrentá-la; já sabíamos que tínhamos condições de sobrepassá-la.
Cabe, então, a cada um de nós arregaçar as mangas e, com paciência, achar a solução para resolvê-la. Para isso, São Tiago em sua Primeira Epístola, também no Capítulo 1, versículos 19 a 20 nos ensina: “Isso podeis saber com certeza, meus amados irmãos. Que seja cada um de vós pronto para ouvir, mas tardio para falar e tardio para encolerizar-se; pois a cólera do homem não é capaz de cumprir a justiça de Deus.”. Ou seja: nunca devemos perder a paciência. Pois, além disso não nos ajudar animicamente, ainda produz desordens físicas, mentais, doenças e enfermidades.
Por fim, tentações, provações, dificuldades, adversidades, contrariedades e tribulações teremos na nossa vida aqui inteira. E a virtude da paciência é a chave para suportá-la e, só assim, aprenderemos com elas.
Se você não possui a virtude da paciência ainda, cultive-a repetindo-a cada vez mais nas situações que a necessite. Com certeza, um dia virará mais um dos seus bons hábitos e a persistência em repetir esse seu bom hábito, um dia se tornará a virtude da paciência.
Que as rosas floresçam em vossa cruz