Resposta: Sabiam os alquimistas que as naturezas física e moral do ser humano haviam se embrutecido, por causa das paixões infundidas pelos Espíritos Lucíferos e que, em consequência, era necessário um processo de purificação, de refinamento, para eliminar tais características elevando-o as sublimes alturas, onde nunca se eclipsa o fulgor do Espírito. Consideravam o Corpo Denso como um laboratório e falavam do processo espiritual em termos químicos. Eles observavam que esse processo espiritual começa e tem seu peculiar campo de atividade na espinha dorsal, o elo entre dois órgãos criadores: o cérebro, ou campo de operação dos inteligentes mercurianos, e os órgãos genitais, onde tem sua mais vantajosa posição os passionais e luxuriosos Espíritos de Lúcifer. A Força Criadora, empregada por Deus, para a manifestação de um Sistema Solar, e a energia empregada pelas Hierarquias Criadoras, para construir os veículos físicos dos Reinos inferiores, que dirigem como Espíritos-Grupo, manifestam-se em forma dual de Vontade e Imaginação. É a mesma força que, agindo no macho e na fêmea, os une para gerar um Corpo Denso!
Em épocas remotas éramos bissexuais. Cada um de nós podia propagar a espécie, sem a cooperação do outro. Porém, a metade da nossa força sexual criadora foi dirigida na construção de um cérebro e de uma laringe, para que fosse capaz de expressar a criação mentalmente, de manifestar os pensamentos e de enunciar a palavra de poder, que transformará seus pensamentos em realidade material. Nesta operação, tomaram parte três grandes Hierarquias Criadoras: os Anjos Lunares, os Senhores de Mercúrio e os Espíritos Lucíferos de Marte.
Os alquimistas relacionaram os Anjos Lunares, que governam as marés, com o elemento sal; os Espíritos Lucíferos de Marte com o elemento enxofre e os Senhores de Mercúrio com o metal mercúrio.
Valeram-se desta simbólica representação, porque a intolerância religiosa não permitia outros ensinamentos, além dos sancionados pelas pessoas que promulgavam o Cristianismo Exotérico, dogmático e superficial ao Cristianismo Esotérico, daquela época e, também, porque a Humanidade não estava apta para compreender as verdades contidas na filosofia dos alquimistas.
A tripartida coluna vertebral era, para os alquimistas, o crisol da consciência. Sabiam que os Anjos Lunares eram especialmente ativos na secção simpática da espinha dorsal, que rege as funções relacionadas com a conservação e bem-estar do corpo. Designavam a dita secção pelo elemento sal.
Viam, claramente, que os Espíritos Lucíferos marcianos governavam a secção relacionada com os nervos motores, que difundem a energia dinâmica, armazenada no corpo pelos alimentos. Simbolizavam esta secção pelo enxofre.
A terceira secção, que assinala e registra as sensações, transmitidas pelos nervos, recebeu o nome de mercúrio. Diziam estar regida pelos seres espirituais de Mercúrio.
Contrariamente ao que afirmam os anatomistas, o canal formado pelas vértebras não contém, além da medula, um líquido, mas um gás, semelhante ao vapor d’agua, que se condensa, quando exposto à ação atmosférica. Pode ser superaquecido pela atividade vibratória do Espírito, até se converter no brilhante e luminoso fogo de regeneração.
Os alquimistas falavam, também, de um quarto elemento, Azoth – nome em que entram a primeira e a última letras do alfabeto, como se quisessem significar a mesma ideia que “alfa e ômega”, ou seja, o que tudo encerra e inclui. Dito elemento referia-se ao que, agora, conhecemos como o raio espiritual de Netuno, a oitava superior de Mercúrio, a sublimada essência do poder espiritual. Este é o campo onde atuam as grandes Hierarquias Espirituais de Netuno, e é designado Azoth pelos alquimistas. Este fogo espiritual não é o mesmo, nem brilha igualmente, em todos os seres humanos: sua intensidade depende do grau de evolução espiritual do indivíduo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1976 – Fraternidade Rosacruz-SP)
O Estudante Rosacruz ativo busca alcançar o grau do Probacionismo no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Para tal deverá então, estar consciente de que o único, mas grande privilégio que adquire é a maior possibilidade de receber mais luz espiritual. Isto, porém, lhe advirá tão somente em consequência proporcional ao cumprimento consciente e correto dos Ensinamentos Rosacruzes na sua vida cotidiana. É um privilégio, sim, o despertar para as obrigações inerentes a todo ser desejoso de evoluir espiritualmente. Deverá ser a meta daquele que recebeu o chamado Rosacruz, o chamado de Cristo.
O Estudante Rosacruz ativo – aquele que cumpre com suas obrigações segundo os Ensinamentos Rosacruzes – sabe que doravante os erros cometidos pesarão em dobro de responsabilidade, pois comprometeu-se a dedicar sua vida para o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – a cada irmão e irmã ao seu lado. Isto pressupõe “orar e vigiar”, “viver no mundo e não ser do mundo”, desfazer-se a pouco e pouco de todo o sentimento de egoísmo até automatizar os hábitos do seu Corpo Vital na direção dos aspectos superiores da vida, sublimar seus desejos, sentimentos e suas emoções inferiores para os superiores, não perder as oportunidades de exprimir bons pensamentos, desejos, sentimentos e boas emoções, de realizar os pequenos e grandes serviços ao próximo com o mesmo entusiasmo e sem nenhum “segundos interesses”.
Ora, o serviço não é só trabalho, atividade física senão também atitude mental, emocional, moral, ou seja, principalmente atividade interna. É domínio próprio, é humildade, é buscar e exaltar o lado bom de tudo, enfim, é amor, que nos reverte em paz de consciência. E uma vez que haja buscado, encontrado e desenvolvido em certa extensão as virtudes de caráter, cumpre-lhe exemplificá-las e predicá-las humildemente aos que lhas pedirem. A menos que exercite o que aprendeu e conquistou pelo serviço aos demais, sua conquista é avara e fatalmente atrofiará, por contrariar as Leis da Natureza. Conhecer meramente a Filosofia Rosacruz ou realizar superficialmente trabalhos de “assistência”, não avançam o Estudante Rosacruz (nem a ninguém!) no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, pois a convicção apenas, o conhecimento, o trabalho de “fachada” sem o amor, é como “o metal que soa ou o sino que tine”, como nos ensinou S. Paulo (e como lemos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo.
O Estudante Rosacruz consciente e ativo sabe o que é amar ao próximo (com o amor Crístico), considerando a transitoriedade da existência terrena e sobretudo, seus efeitos físicos, morais e mentais. As ações de cada pessoa, via de regra, correspondem às causas e hábitos gerados anteriormente, pelos quais é responsável. Não cabem, pois, as críticas, as intromissões, as malquerenças. Em vez de agir negativamente como as pessoas comuns, o Estudante Rosacruz consciente e ativo ajuda com orações e pensamentos positivos. Com isso não atrai as reações das leis naturais, respeita o livre arbítrio de seu semelhante e exercita o domínio próprio, caso a desinteligência o procure envolver.
O Estudante Rosacruz consciente e ativo recebe os desafios da vida como oportunidades de exercitamento anímico: serenidade, reconhecimento de erros próprios, esforço sincero de arrependimento e emenda, superação das falhas, cultivo do bem e da verdade. Ele sabe que do Alto só lhe vêm oportunidades de elevação e as forças necessárias para a ascensão.
Esse desejo constante de progresso anímico, de forma equilibrada, através da autossuperação e do serviço, é o verdadeiro caráter do Estudante Rosacruz consciente e ativo, é o reflexo natural da Filosofia Rosacruz superior que abraçou, cuja luz dele emanará onde estiver, credenciando-o cada vez mais à confiança e a serviços de esferas progressivamente mais largas, no mundo. É disto que o Cristo necessita em sua “Vinha”: auxiliares reais, ativos, fiéis e persistentes. Quando haja um número suficiente de seres humanos desse caráter, o mundo estará efetivamente salvo e Sua missão terminará. E seremos a força ascensora e levitadora do Globo Terrestre, participando realmente da Obra e da Evolução Divina.
Até lá, oremos e vigiemos para não perdermos a sintonia com o alto, de onde nos vem o Poder, a Sabedoria, o Amor e a Força Motora de realização. Até lá, oremos para não nos deixarmos vencer pelas ciladas da vaidade, do personalismo, que cegam e desviam muitas vezes, de sua meta, os escolhidos!
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1970 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Indubitavelmente Cristo deu-as a S. Pedro, bem como a outros, mas não eram chaves semelhantes as que usamos para abrir as portas. Contudo, nenhum ser humano pode entrar em certos lugares a menos que tenha essas “chaves”. São “chaves” musicais ou encantações, tais como são usadas em todas as ordens ocultas para todos os fins ocultos.
Nas ordens ocultas, como a Ordem Rosacruz, a nota tônica ou “chave mestra” da encantação para cada grau, é de medida vibratória diferente de todos os outros graus, e uma pessoa que não possua esta nota chave e não seja, portanto, capaz de se harmonizar a ela, é detido como se houvesse um muro invisível vibratório ao redor do Templo. Na substância das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, que rodeia a Terra e onde está localizado o Purgatório, há uma vibração diferente da que existe na parte de nossa atmosfera onde se localizam as três Regiões superiores do Mundo do Desejo (onde se localiza o Primeiro Céu) e a Região do Pensamento Concreto (onde se localiza do Segundo Céu).
Esta frequência vibratória, por sua vez, difere daquela que existe nos estados da matéria que está no interior da Terra, em cada um dos nove Estratos subterrâneas. Portanto, cada uma dessas divisões dos Mundos invisíveis também exige uma nota tônica ou “chave” mestra diferente, que são ensinadas gradualmente aos Iniciados, à medida que eles progridem no Caminho de Iniciação Rosacruz à qualidade de Adeptos. Foi a nota tônica ou “chave” mestra de um ou mais de um desses reinos, que foi fornecida a S. Pedro e a outros, por Cristo, que era a Iniciador em seus casos. As mesmas “chaves” são dadas atualmente a Seus seguidores por Seus sucessores, que iniciam os que são dignos das Iniciações, a fim de que eles possam servir a Humanidade melhor e mais diligentemente.
Assim, vemos que a música tem, pois, uma missão mais sublime que nos servir de simples deleite. De fato, a harmonia das esferas é a base de toda a evolução. Sem ela não haveria progresso, e uma vez nossos ouvidos harmonizados a ela, teremos a “chave” de todo o adiantamento.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz julho/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: O “Cabeça” da Ordem Rosacruz está oculto do Mundo exterior pelos doze Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Igualmente, os Estudantes da Escola Fraternidade Rosacruz nunca o veem, mas no Serviço Noturno – aberto para Probacionistas e Discípulos da Fraternidade Rosacruz e Irmãos Leigos, Irmãs Leigas e Adeptos da Ordem Rosacruz – no Templo da Fraternidade Rosacruz sua presença é sentida por todos. Sua entrada constitui o sinal para iniciar os trabalhos.
Podem estar presentes ao lado dos Irmãos nestes Serviços, como seus discípulos, os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas. Seu estado espiritual é como pessoas que vivem em várias partes do mundo ocidental, todavia, são capazes de deixar, conscientemente, seus corpos para atender a serviços e participar do trabalho espiritual realizado no Templo. Cada um e cada uma foi iniciado e iniciada por um dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Muitos deles são capazes de se recordar de todos os acontecimentos de suas experiências quando retornam a seus corpos. Há poucos casos, onde a faculdade de deixar o corpo foi adquirida em uma existência passada como resultado de boas obras, porém com o hábito de ingerir drogas ou alguma enfermidade contraída na vida presente, que incapacitou o cérebro de receber impressões do trabalho realizado quando nos planos invisíveis.
A ideia geral de Iniciação é a de uma simples cerimônia, convertendo alguém em membro de uma sociedade secreta, isto mediante pagamento, em muitos casos feitos a dinheiro. Embora isso suceda nas ordens fraternais e nas ordens pseudo-ocultas, constitui uma ideia errônea quando aplicada ao processo iniciático nas várias graduações das verdadeiras irmandades ocultistas.
Para ser um candidato a Iniciação, em primeiro lugar, não há chave de ouro para abrir a porta do Templo. Só o mérito conta. Nunca o dinheiro ou recursos financeiros de nenhum tipo, direto ou “disfarçado”. O merecimento não se adquire em um dia. É a somática dos bons atos passados. Normalmente o candidato a Iniciação não tem consciência disso. Ele vive sua vida na comunidade, servindo amorosamente seus concidadãos, durante anos e anos, até que um dia surge o Irmão Maior, um dos Hierofantes dos Mistérios Menores, em sua vida. Por todo este tempo, o candidato cultivou, interiormente, certas dificuldades, acumulando certos poderes pelo serviço e ajuda, poderes estes dos quais, geralmente, ele não tem consciência ou não sabe como utilizar adequadamente. Então, a tarefa do iniciador será simples. Ele revela ao candidato suas potencialidades latentes, iniciando-o em sua aplicação, demonstrando, também, como transformar sua energia estática em um poder dinâmico.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz junho/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Durante a vida aqui, no estado de Consciência de Vigília, os nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente) se mantem todos juntos, concentricamente. Mas, ao morrer, nós – o Ego, ou seja, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui –, envolto na Mente e no Corpo de Desejos, nos retiramos do nosso Corpo Denso. Como as funções vitais terminaram, então o nosso Corpo Vital também se retira do nosso Corpo Denso, deixando-o inanimado sobre o lugar em que ele se encontra. Nós levamos conosco o Átomo-semente do Corpo Denso que está na posição referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração. O Corpo Denso passa a se desintegrar. Então, se inicia um processo sobremaneira importante e os que assistem o defunto devem tratar zelosamente para que reine a maior quietude em toda a casa ou no velório, porque, então ocorre a revisão do Panorama da Vida que recém terminou. As imagens de mais uma vida aqui que acaba de terminar e que se achavam impressas no Átomo-semente do Corpo Denso, começam a passar como um filme, ante os “olhos do Espírito”, em progressão lenta e ordenada, porém, no sentido inverso, ou seja, do momento da morte para trás, passando pela senilidade, maturidade, juventude, infância, até o nascimento. Esse Panorama da Vida que recém terminou dura entre algumas horas até três dias e meio, segundo: a evolução do Ego, as circunstâncias da morte, o ambiente em que se acha o Corpo Denso e a capacidade de concentração do Ego naquele momento. Mas, o principal fator de duração é a força vital do Corpo Vital, que determina o tempo que o Ego poderá se manter desperto, assistindo ao Panorama da Vida que recém terminou. Mesmo em vida, algumas pessoas podem se manter ativas e despertas durante sessenta ou mais horas, antes de ficarem exaustas. Todavia, outras só permanecem despertas umas poucas horas.
A razão por que se torna necessário a quietude no velório ou onde o Corpo Denso fica depois da morte, até três dias e meio (logicamente para que não se decomponha nesse tempo, o Corpo Denso deve ficar em um refrigerador mortuário, também chamado de caixa de congelamento de armazenamento frio de cadáveres – que se encontram, normalmente, em hospitais), decorre do processo panorâmico: as cenas da vida devem se imprimir sobre o Átomo-semente do Corpo de Desejos, que será o nosso (Ego) veículo, no Mundo do Desejo, em cujas Regiões inferiores poderemos ter que passar, onde fica o Purgatório – onde formamos a consciência resultante dos atos, das ações e obras que fizemos de errado ou que prejudicamos alguém –, e em cujas Regiões superiores também poderemos ter que passar, onde fica o Primeiro Céu – onde assimilará o bem realizado resultante dos atos, das ações e obras que fizemos de correto ou reto ou que ajudamos alguém.
Quando a vida recém terminada foi muito intensa (para o “bem ou para o mal”) e o Corpo Vital é forte em sua composição etérica, o tempo do Panorama da Vida será mais longo do que se a vida não foi tão intensa e o Corpo Vital é débil. Durante o Panorama da Vida o Corpo Denso está conectado aos veículos superiores por meio do Tríplice Cordão Prateado, mais precisamente, por meio do primeiro seguimento, o etérico, entre o Átomo-semento do Corpo Denso e o Átomo-semente do Corpo Vital que fica na posição referencial do Plexo Celíaco (ou Plexo Solar ou, popularmente, a “boca do estômago”). E através dessa ligação, nós (o Ego) sentiremos, até certo ponto, os incômodos físicos, químicos e vibrações, bem como quaisquer danos causados ao nosso Corpo Denso. Assim, o embalsamento, as autópsias, a cremação, feitos dentro desse período de três dias e meio após a morte clínica do Corpo Denso serão sentidos dolorosamente por nós. Daí que não devam ser feitos durante esse período.
Após os três dias e meio o Panorama da Vida já foi transferido para o Átomo-semente do Corpo de Desejos. Então, o Cordão Prateado se rompe primeiro seguimento. O Corpo Vital (especialmente os dois Éteres inferiores) é atraído para o Corpo Denso para se decompor sincronicamente com ele. Toda conexão entre nós e o nosso Corpo Denso fica definitivamente rompida. Seguimos nós, o Ego, livremente, para iniciar mais uma Vida Celeste, se assim desejarmos.
Quando se enterra um Corpo Denso, o Corpo Vital permanece sobre a tumba. O Clarividente pode vê-lo, decompondo-se sincronicamente com o Corpo Denso. Por exemplo, quando o braço enterrado já se decompôs, o etérico também se desfaz e desaparece, até que desapareça o último vestígio do Corpo Denso. Mas quando se realiza a cremação, o Corpo Vital se desintegra imediatamente. Esse veículo é o que conserva as imagens das experiências da vida acabada de terminar. Essas imagens precisam ser transferidas para o Átomo-semente do Corpo de Desejos pelo processo do Panorama da Vida recém terminada já mencionado, a fim de formar a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu; assim, seria grandemente prejudicial que a cremação se efetuasse dentro dos três dias e meio após a morte clínica do Corpo Denso.
Perde-se algo quando ocorre a cremação logo após a morte, antes do Cordão Prateado se romper por si só. A impressão sobre o Átomo-semente do Corpo de Desejos não é, então, tão profunda como deveria ser. Isso tem efeito nas vidas posteriores, porque, quanta mais forte for a impressão, tanto mais agudos são os sofrimentos no Purgatório, pelo “mal realizado”, e tanto mais intensos serão os regozijos no Primeiro Céu, resultantes das “boas obras” da vida passada. São estes sofrimentos e regozijos os que nos formam a chamada consciência. Quando perdemos a advertência do sofrimento, perdemos, também, na formação da conduta, porque a purificação purgatorial nos adverte contra a repetição do mal, em vidas posteriores, ao se apresentarem de novo as tentações que antes nos vitimaram. Portanto, os efeitos da cremação prematura devem ser levados em muita conta. Triste é dizê-lo: temos a Ciência do Nascimento, com o concurso de médicos obstétricos, parteiras experimentadas, antissépticos e todo o necessário para o conforto e segurança da criança que vai nascer e de sua mãe, mas nos falta a Ciência da Morte que nos permita despedir, convenientemente, dos nossos amigos deste mundo e nos preparar para mais um nascimento nos Mundos Celestes.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1975 – Fraternidade Rosacruz SP)
Agosto de 1916
De tempos em tempos, em Mount Ecclesia são recebidas cartas contando os desânimos, a falta de entusiasmo e de desencorajamento, procedentes de pessoas profundamente afetadas ou atingidas pela própria consciência por não se sentirem capazes de viver conforme os elevados ideais delas mesmas, e sentem que seria mais honesto abandonar a fé e viver como vivem os outros que não fizeram profissão de fé alguma. Asseveram que, enquanto leem, estudam ou ouvem passagens que os exortam a amar seus inimigos, a abençoar aqueles que os amaldiçoam e orar por aqueles que as maltratam, estão de acordo, em alma e coração, com esses sentimentos, e estão dispostos a seguir e cumprir alegremente estes preceitos; mas, ao deparar com tais condições no mundo, não conseguem cumprir ao mandamento bíblico e, portanto, sentem que são hipócritas.
Se o ser humano fosse um todo homogêneo, se o Espírito, a Alma e o Corpo fossem “um” e indivisíveis, seria uma verdade que essas pessoas são hipócritas. Mas o Espírito, a Alma e o Corpo não são “um”, pois isso descobrimos, para a nossa profunda angústia e tristeza, desde o primeiro dia que sentimos o desejo de trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. E nesse fato está a solução do problema. Há duas naturezas distintas em cada um de nós. Nos dias em que não alimentamos aspirações superiores, a natureza espiritual permanece adormecida e o “eu inferior”[1] é o senhor indiscutível de todas as nossas ações. Então, há paz e serenidade. Mas, no momento em que a natureza espiritual desperta, a guerra começa. À medida que crescemos na espiritualidade, os esforços extenuantes diante das dificuldades se intensificam até que, em algum momento no futuro, a Personalidade sucumbirá e alcançaremos a paz que excede todo o entendimento e compreensão.
Enquanto isso, temos a condição da qual nossos Estudantes reclamam (a exemplo de S. Paulo, de Fausto e todas as demais almas Aspirantes à vida superior): é fácil querer ou desejar, mas “não fazemos o bem que queremos e fazemos o mal que não deveríamos fazer”[2]. Este que lhe escreve tem sentido e sente mais intensamente, todos os dias dessa vida, essa discrepância entre os Ensinamentos e as próprias ações. Uma parte do seu ser aspira com um ardor que é doloroso em sua intensidade a todas as coisas mais elevadas e nobres, enquanto, por outro lado, uma Personalidade forte, extremamente difícil de dominar, é uma fonte de um contínuo sofrimento, de uma contínua aflição profunda e pungente. Mas ele sente que, enquanto não “posar de santo”, enquanto admitir, honestamente, suas deficiências e professar sua profunda angústia e tristeza por causa delas, e enquanto usar a palavra “nós” inclusivo em todas as suas exortações, ele não enganará ninguém e não será um hipócrita. Tudo o que ele diz, ele leva para si mesmo em primeiro lugar e, por mais malsucedido que seja, ele se esforça para seguir os Ensinamentos Rosacruzes. Se todos os outros Estudantes se sentem incomodados, da mesma forma que os correspondentes que inspiraram essa Carta, esperamos que isso possa ajudá-los a não desistir.
Além disso, o que mais podemos fazer senão continuar? Uma vez despertada a natureza superior, ela não pode ser silenciada permanentemente, sem correr o risco de se sofrer a miséria do arrependimento e do remorso, se abandonarmos o esforço. Já chamamos a atenção, diversas vezes, para a maneira como um marinheiro conduz seu navio através da imensidão do oceano, guiando-se por uma estrela. Ele nunca chegará a alcançá-la, mesmo assim, ela o conduzirá em segurança, desviando dos bancos de areia e das rochas, ao porto destinado. Da mesma forma, se os nossos ideais são tão elevados, a ponto de percebermos que nunca os alcançaremos nessa vida, lembremo-nos que dispomos de um tempo ilimitado ou infinito pela frente e que o que não pudermos realizar hoje, faremos amanhã e depois e nas próximas vidas. Sigamos o exemplo de S. Paulo, e pela paciente “persistência em fazer o bem”, continuemos “buscando a glória espiritual, a honra e a imortalidade”[3].
(Cartas aos Estudantes – nº 69 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: nosso Tríplice Corpo, agindo como tendo uma “vontade própria” – especialmente a parte inferior do nosso Corpo de Desejos que comanda a nossa Mente concreta –, independente de nós, o Tríplice Espírito.
[2] N.T.: “Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço.” (Rm 7:19)
[3] N.T.: Rm 12:12
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A vocação e a saúde, como todos os outros assuntos, devem ser interpretadas a partir do horóscopo como um todo, mas há algumas regras gerais que devem ser aplicadas a fim de se ter uma primeira visão.
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Resposta: O pervertido maníaco sexual é uma prova da asserção dos ocultistas de que urna parte da força sexual criadora se destina a formação do cérebro. Tal pessoa se torna um idiota ou incapaz de expressar o pensamento (especialmente os mais complexos, os mais profundos) porque, normalmente, a energia sexual destinada a procriação, à manutenção e a criação do cérebro é dissipada para gratificação dos sentidos, de acordo com a condição do indivíduo – homem ou mulher.
Se uma pessoa tem o hábito constante de expressar pensamentos de ordem espiritual, a tendência de usar a força sexual criadora para a gratificação dos sentidos e até para a propagação é diminuta; assim aquela parte não usada para esse fim, poderá ser transmutada em força espiritual.
O Iniciado – e somente o Iniciado –, em certo estágio de desenvolvimento, faz o voto do celibato. Não é um voto de fácil admissão e nem pode ser adotado levianamente por alguém desejoso de desenvolvimento espiritual.
Muitas pessoas ainda imaturas para vivência superior, ignorantemente, ingressam num a vida de ascetismo. Essas são tão perigosas a comunidade e a si mesmas como o são os maníacos sexuais.
No presente estágio da evolução humana a função sexual criadora é o meio pelo qual as pessoas poderão ganhar experiência.
Uma vez que o nosso Renascimento aqui depende da união sexual, que resulte em uma fecundação, entre um homem e uma mulher, consideremos o caso das pessoas que são muito prolíficas e que, por isso, são levadas ao ato sexual desordenadamente. Elas sempre terão dificuldades em se dedicar a um desenvolvimento espiritual profundo, como o advogado pela Fraternidade Rosacruz, por exemplo. E, além disso, há dificuldades para os irmãos e as irmãs prestes e necessitadas a renascerem aqui encontrarem veículos adequados e ambientes propícios ao desenvolvimento das faculdades deles, de tal forma, a beneficiarem a si mesmas e a Humanidade. Sob outro aspecto, as pessoas de classes mais abastadas financeiramente – e, muitas vezes, nem nessa condição! –, que poderiam criar condições mais favoráveis ao Renascimento dos irmãos e das irmãs prestes e necessitadas a renascerem aqui, têm a tendência a querer ter poucos filhos ou mesmo nenhum. Infortunadamente, não é porque vivam uma vida de pureza. Trata-se de razões puramente egoísticas, por mais justificativas que se possa elencar. Razões para uma maior gratificação sexual, sem um aumento da carga familiar são exemplos dessas justificativas. Dessa forma muitas pessoas se valem de prerrogativa divina delas para levar a desordem na Natureza.
O Ego renascente (um irmão ou uma irmã) deve aproveitar as oportunidades oferecidas, algumas vezes em condições desfavoráveis. Outros que não podem assim proceder devem aguardar até que se lhes apresente ocasião favorável. Assim afetamos uns aos outros por meio das nossas ações e da mesma forma “os pecados dos pais recaem sobre os filhos”, pois os nossos Corpos Densos, atualmente, são formados por muito mais material dado pelo pai e pela mãe (a Epigênese aqui não é possível exercer tão amplamente como quando construímos a nossa Mente ou o nosso Corpo de Desejos). Assim, no nosso próximo Renascimento aqui, podemos correr o risco de termos que colher material de pais e mães que não, necessariamente, carregaram o muito de bom que fizemos agora no nosso Corpo Denso.
Como o Espírito Santo é a energia criadora na Natureza, a força sexual criadora é o seu reflexo em nós. Portanto, o abuso dessa força criadora é o pecado que não pode ser perdoado, mas deve ser resgatado por meio de uma deficiência (física ou mental), a fim de nos conscientizar da santidade da força sexual criadora.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)