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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Imaculada Conceição

A doutrina da Imaculada Conceição ou Imaculada Concepção é um dos mais sublimes mistérios da Religião Cristã e, talvez por essa razão, tem sido mais encarada pelo lado material do que qualquer outro dos mistérios.

A ideia popular, mas errônea, é que há 2.000 anos, um indivíduo chamado Jesus Cristo nasceu sem a necessidade da cooperação de um pai terreno e que esse incidente é tido como único na história do mundo.

Na realidade, não é assim. A Imaculada Conceição já ocorreu muitas vezes na história do mundo e será universal no futuro.

O fluxo e refluxo periódico das forças materiais e espirituais que afetam a Terra são as causas invisíveis das atividades físicas, morais e mentais exercidas sobre o nosso globo. De acordo com o axioma hermético “como em cima, assim é em baixo”, uma atividade semelhante ocorre no ser humano, que é uma edição menor da Mãe Natureza.

Os animais têm vinte e oito pares de nervos espinhais e, atualmente, estão em seu estado lunar, perfeitamente sintonizados com os vinte e oito dias que a Lua demora para circundar o Zodíaco. O Espírito-Grupo regula o acasalamento dos animais em estado selvagem. Por isso, neles não existe o abuso.

O ser humano, no entanto, encontra-se em estado de transição: progrediu demasiado e por isso mesmo não obedece às vibrações lunares, porque tem trinta e um pares de nervos espinhais. Mas ainda não está sintonizado com o mês solar de trinta e um dias e se acasala em qualquer época do ano; daí o período menstrual da mulher, o qual, em condições apropriadas, é utilizado para formar parte do corpo de um filho mais perfeito que o do seu pai ou de sua mãe.

De igual modo, o fluxo periódico da humanidade se converte em espinha dorsal do adiantamento racial; o fluxo periódico das forças espirituais da Terra, que ocorre no Natal, resulta o nascimento de Salvadores que, de tempos em tempos, renovam os impulsos para o avanço espiritual da raça humana.

A Bíblia possui duas partes: o Velho e o Novo Testamento. Depois de relatar resumidamente como foi formado o mundo, o Antigo Testamento nos fala da “Queda”.

Nós entendemos que a “Queda” foi ocasionada pelo abuso ignorante da força sexual do ser humano, em ocasiões em que os raios interplanetários eram adversos à concepção dos melhores e mais puros veículos. Desse modo, o ser humano foi se aprisionando gradualmente em um Corpo Denso, cristalizado pela pecaminosa paixão e, consequentemente, dentro de um veículo imperfeito, sujeito ao sofrimento e à morte.

Então começou a peregrinação através da matéria e por milênios temos vivido neste duro e cristalizado corpo que obscurece a luz dos Céus ao Espírito interno. O Espírito é como um diamante encerrado em uma crosta grosseira e os lapidadores celestiais, os Anjos do Destino, estão continuadamente procurando remover essa crosta a fim de que o Espírito possa brilhar através do veículo que anima.

Quando o lapidário encosta o diamante na pedra polidora, ele emite um gemido, como se fosse um grito de dor, à medida que a cobertura opaca se desprende. Aos poucos, o diamante bruto que é submetido às aplicações da pedra transforma-se em gema de transcendental brilho e pureza.

Do mesmo modo, os seres celestiais que zelam pela nossa evolução nos oprimem fortemente contra a pedra polidora da experiência. Dores e sofrimentos resultam disso e despertam o Espírito que dorme dentro de nós. O ser humano que até este momento se contentou com as coisas materiais, que tem sido indulgente com os sentidos e com o sexo, sente descontentamento e isso o impele a buscar uma vida mais elevada.

No entanto, a satisfação dessa sublime aspiração é normalmente acompanhada de uma luta muito severa, por parte da natureza inferior. Foi durante essa luta, que São Paulo exclamou com toda a angústia de um coração devoto e aspirante: — “Infeliz homem que sou… Porque eu não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero… Porque eu me deleito na lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei que repugna à lei do meu Espírito e que me faz cativo na lei do pecado, que está nos meus membros.” (Rm 7:19-24).

Quando se espreme uma flor, liberta-se a sua essência e, assim, enche-se o ambiente com a sua grata fragrância, que deleita o olfato de todos os que tenham a sorte de estar próximos. Os golpes do destino podem envolver um homem ou uma mulher que tenha chegado ao estado de eflorescência, mas isso servirá para mostrar a doçura da natureza e exaltar a beleza da alma, até que brilhe com fulgor, marcando o seu possuidor com um halo luminoso.

Essa pessoa encontra-se no caminho da Iniciação. Ela aprende como o licencioso uso do sexo, sem ter em conta os raios astrais, fizeram-na prisioneira do corpo; como está acorrentada a ele e como, por meio do uso apropriado dessa mesma força sexual, em harmonia com os Astros, poderá gradualmente melhorá-lo e sutilizá-lo, obtendo afinal a libertação da existência concreta.

Um construtor naval não pode fazer um barco de carvalho usando madeira comum. Nem o ser humano colhe uvas de espinheiros; semelhante atrai semelhante e um Ego de natureza passional, quando se encarna, é arrastado para pais da mesma natureza; deste modo, o seu corpo será concebido em harmonia com o impulso do momento, pela satisfação dos sentidos.

A alma que provou da taça da tristeza devido ao abuso da força criadora e bebeu sua amargura, gradualmente buscará pais cada vez menos dominados pelos instintos passionais, até que por fim obterá a Iniciação.

Havendo sido instruída, no processo da Iniciação, sobre a influência dos raios astrais no parto, o próximo corpo será gerado por pais Iniciados, sem paixão e sob a constelação mais favorável para o trabalho a que o Ego se propôs.

Por isso, os Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação) começam com o relato da Imaculada Conceição e terminam com a Crucifixão, ambos ideais maravilhosos que teremos de alcançar, porque somos Cristos em formação e alguma vez passaremos pelo nascimento místico e pela morte mística anunciados nos Evangelhos. Por meio do conhecimento poderemos apressar o dia da nossa libertação, em vez de frustramos estupidamente o nosso desenvolvimento espiritual, como agora fazemos.

Em relação à Imaculada Conceição, prevalecem incompreensões em todos os sentidos, como: a perpétua virgindade da mãe depois do parto; a baixa posição de José como suposto pai adotivo, etc. Vamos rever rapidamente esses pontos, como são revelados na Memória da Natureza.

Em algumas partes da Europa, classifica-se de “bem-nascidos” ou mesmo “altamente bem-nascidos” as pessoas de classe elevada, filhos de pais que têm lugar preponderante na sociedade. Tais pessoas, por vezes, olham com desdém os de modesta posição.

Nada temos contra a expressão “bem-nascidos” e desejaríamos mesmo que todos fossem bem-nascidos; isto é, que fossem filhos de pais de alta posição moral, sem nos importar a sua hierarquia social.

Existe uma virgindade da alma que é independente do estado do corpo, uma pureza da Mente que conduz quem a possui ao ato da geração sem a mancha da paixão e torna possível que a mãe tenha o filho em seu seio com um amor inteiramente isento do desejo sexual.

Antes de Cristo, isso teria sido impossível. Em tempos remotos, na jornada do ser humano sobre a Terra, era mais desejável a quantidade do que a qualidade e daí a ordem: “Crescei e multiplicai-vos”. Além disso, foi necessário que o ser humano esquecesse temporariamente sua natureza espiritual e concentrasse suas energias sobre as condições materiais. A indulgência em relação à paixão sexual atingiu esse objetivo e a natureza de desejos teve amplitude em suas funções. Floresceu a poligamia e quanto mais filhos tivesse um matrimônio, mais se honrava, enquanto a esterilidade era vista como a maior aflição possível.

Por outro lado, a natureza de desejos foi refreada pelas leis dadas por Deus e a obediência aos mandatos divinos foi forçada por castigos aplicados aos transgressores, tais como guerras, pestes ou fome. Recompensava-se a rigorosa observância desses mandatos e os filhos, o gado e as colheitas do ser humano “reto” eram numerosos; ele obtinha vitórias sobre os seus inimigos e a taça da felicidade transbordava para ele.

Mais tarde, quando a Terra estava suficientemente povoada, depois do dilúvio Atlante, a poligamia foi decrescendo cada vez mais, tendo como resultado a melhoria da qualidade dos corpos e, na época de Cristo, a natureza de desejos podia ser refreada, no caso dos mais avançados entre a humanidade; o ato gerador tornava-se possível sem paixão, para que os filhos fossem concebidos imaculadamente.

Assim eram os pais de Jesus. Diz-se que José era um carpinteiro; todavia ele não era um trabalhador de madeira, mas um “construtor” no mais alto sentido. Deus é o grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruído de martelos e José não era uma exceção.

Por vezes, perguntam-nos por que os Iniciados são sempre homens e nunca mulheres. Não é assim: nos graus inferiores existem muitas mulheres; mas quando é permitido a um Iniciado escolher o sexo, normalmente prefere um Corpo Denso que é positivo, masculino, pois a vida que o conduziu à Iniciação espiritualizou o seu Corpo Vital e o tomou positivo sob todas as condições, de modo a ter, então, um veículo da mais alta eficiência.

No entanto, há épocas em que as exigências de natureza evolutiva requerem um corpo feminino, como por exemplo para prover um corpo do mais refinado tipo, a fim de que receba um Ego de grau elevadíssimo. Então, um alto Iniciado pode tomar um corpo feminino e passar novamente pela experiência da maternidade, depois de, talvez, ter deixado de fazer por várias vidas, como foi o caso do formoso caráter que conhecemos como Maria de Belém.

Em conclusão, recordemos os pontos expostos: somos Cristos em formação; algum dia cultivaremos qualidades tão imaculadas que nos tornem dignas de habitar corpos imaculadamente concebidos.

Quanto mais depressa começarmos a purificar as nossas Mentes, tanto mais rápido alcançaremos esse objetivo. Em última análise, isso depende apenas da honestidade dos nossos propósitos e da força da nossa vontade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que significa a salvação e a “condenação eterna”?

Resposta: As Religiões ortodoxas dizem que aqueles que praticaram o bem nesta vida serão salvos, ou seja, irão para um céu não muito bem definido, e que aqueles que falharam em alcançar essa salvação são mergulhados em um inferno do qual não temos muito conhecimento, exceto que é um lugar de sofrimento. Uma vez todos julgados, bons e maus, vão para seus respectivos lugares; não há redenção para as almas perdidas e nenhum perigo de uma queda para aqueles que foram salvos.

Tal interpretação está radicalmente errada, se recorrermos ao dicionário grego como fonte autorizada, pois obviamente, o significado depende da palavra traduzida como “eterna“. Essa palavra é aionian, e no dicionário é traduzida como “um tempo, um período indefinido, uma vida toda” etc. Podemos, então, perguntar para nós mesmos qual é o verdadeiro significado da passagem citada e, com o objetivo de descobrir esse significado será necessário ter uma visão mais compreensiva da vida.

No início da manifestação, Deus, uma grande chama, diferencia um vasto número de chamas ou centelhas incipientes dentro de Si mesmo, não de Si mesmo, pois é um fato real que “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Nada pode existir fora de Deus. Portanto, dentro de Si mesmo, Deus diferencia essas incontáveis almas. Cada uma delas é potencialmente divina, cada uma encerra todos os Seus poderes como a semente encerra a planta, mas da mesma forma que a semente deve ser enterrada no solo para germinar a planta, também é necessário que essas centelhas divinas sejam imersas em veículos materiais para que possam aprender lições que só serão assimiladas e se tornarão ativas como faculdades em uma existência separada como a que existe no mundo.

O mundo pode ser considerado uma escola de treinamento para os espíritos em evolução. Alguns deles começaram cedo e se empenharam diligentemente na tarefa que tinham pela frente; consequentemente, progrediram rapidamente. Outros começaram mais tarde e ficaram atrasados. Eles são, portanto, deixados para trás no Caminho da Evolução; mas, no final, todos atingirão a meta da perfeição. Em consequência desse fato, existem várias classes desses espíritos peregrinos e, antes que um grupo ou classe de espíritos possa ser promovido a um degrau acima na evolução, é necessário que atinjam um determinado nível de proficiência. Eles são salvos de uma condição inferior, já que a superaram. Uma vez adquirido esse grau de eficiência, eles são promovidos para outra classe, em uma outra época. Mas, entre um grande número, sempre há os atrasados, e esses são condenados a permanecer dentro da classe na qual se encontram até que alcancem o estágio de crescimento necessário para o avanço. O plano é similar ao método em que as crianças de uma escola são promovidas a uma classe superior nos exames anuais, se conseguirem atingir certo grau de conhecimento; do contrário, estarão condenadas a ficar para trás – não para sempre, mas apenas até que outro exame anual prove que elas conseguiram se qualificar.

O que precede não é uma representação distorcida ou errada do significado da palavra “aionian”. Foi usada em outras partes da Bíblia de uma maneira que corrobora a nossa afirmação. Por exemplo, na Carta de São Paulo a Filemon, quando lhe devolve o escravo Onésimo com as seguintes palavras: “Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre”. A palavra “para sempre” é a mesma palavra “aionian” que é traduzida como “eterna” quando se refere à condenação e à salvação e, facilmente, podemos ver que, nesse caso, pode significar apenas uma parte de uma vida, pois nem São Paulo nem Filemon, dessa forma, viveriam para sempre.

(Pergunta nº 92 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Volume I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Uma ideia geralmente aceita que cada alma individual teve um começo, não obstante constituída de tal maneira a ser imperecível. Há argumentos ou passagens da Bíblia que esclareça isso?

Pergunta: Uma ideia geralmente aceita que cada alma individual teve um começo, não obstante constituída de tal maneira a ser imperecível. Isso foi posto em dúvida por uma pessoa que acredita ser a morte o fim de todas as coisas; eu gostaria de encontrar alguns argumentos ou passagens da Bíblia de modo a poder convencê-la de que está equivocada. Poderia me ajudar?

Resposta: Embora haja um número considerável de meios pelos quais é possível demonstrar que a morte não é o fim de tudo, tememos que nem mesmo “uma montanha” de argumentos convencerá uma pessoa daquilo que ela não está pré-disposta a crer. O questionador deve estar lembrado da parábola contada por Cristo, a respeito da morte de um rico e de um mendigo chamado Lázaro (Lc 16:19-31). Quando o rico desejou que fosse permitido a Lázaro voltar à Terra para avisar seus irmãos, Abraão disse: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite“. Essa é a questão. Já ouvimos cientistas jactarem-se de não crer na vida post-mortem mesmo que vissem realmente um Espírito. A lógica e a razão os tornaram convictos, para sua inteira e completa satisfação, de que não há Espírito. E considerariam estarem sofrendo de alucinações se vissem realmente um fantasma.

Também não nos é possível extrair citações categóricas da Bíblia. A palavra “imortal” não parece no Antigo Testamento. Aparece a expressão “mortal, deves morrer”, e a vida longa era olhada como uma recompensa à obediência. A palavra “imortal” também não ocorreu nos quatro Evangelhos, porém nas Epístolas de São Paulo ela aparece seis vezes. Em uma das passagens ele fala de Cristo ter trazido à luz a imortalidade por meio da revelação. Noutra ele nos diz que “essa mortalidade deve revestir-se de imortalidade“. Na terceira passagem ele torna claro que a imortalidade é proporcionada aos que a procuram. Num quarto trecho ele fala de nosso estado, “quando este mortal revestir-se de imortalidade“. Numa quinta passagem, declara que “somente Deus é imortal“, e na sexta passagem é uma adoração do Rei Eterno, imortal e invisível. Vemos, pois, que a Bíblia não ensina, por nenhum meio, que a alma é imortal, mas por outro lado ela diz enfaticamente, “a alma que peca deve morrer“. Isto seria uma impossibilidade se a alma fosse inerente e intrinsecamente imperecível. Também não podemos provar a imortalidade da alma usando passagens tais como lemos no Evangelho Segundo São João no capítulo 3 e versículo 16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”. Se basearmo-nos nessa citação, para provar que a alma é eterna, possuída de uma vida interminável, também devemos aceitar as passagens que dizem serem as almas condenadas a um tormento eterno, como o exigem algumas denominações ortodoxas. Na realidade, essas passagens nada provam de uma felicidade ou um tormento eterno. Se tomarmos o dicionário Grego de Liddel e Scott, veremos que a palavra traduzida por “eterno” na Bíblia, corresponde à palavra grega “aionian”, que significa “um tempo, um período indefinido, uma vida toda”, etc. Vemos essa expressão empregada corretamente na Epístola de São Paulo a Filemon, quando lhe devolve o escravo Onésimo com as seguintes palavras: “Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre”. A palavra “para sempre” é a mesma palavra “aionian” que é traduzida como “eterna” quando se refere à condenação e à salvação e, facilmente, podemos ver que, nesse caso, pode significar apenas uma parte de uma vida, pois nem São Paulo nem Filemon, dessa forma, viveriam para sempre.

Qual é, pois, a solução? Será a imortalidade apenas uma invenção da fantasia, incapaz de ser comprovada? Certamente que não, porém é necessário que façamos uma diferença rigorosa entre alma e Espírito. Essas duas palavras são tomadas, frequentemente, como sinônimas, sem o serem. Temos na Bíblia a palavra hebreia Ruach, e a palavra grega Pneuma, ambas significando Espírito, enquanto que a palavra hebreia Neshammah e a grega Psuke significam alma. Em acréscimo a essas, temos a palavra hebreia Nephesh, que significa sopro, respiração, mas que foi traduzida por vida em alguns lugares e por alma em outros, de acordo com as conveniências dos tradutores da Bíblia. É isso que causa a confusão. Por exemplo, narra-se no Livro do Gênesis que Jeová formou o ser humano do pó da terra e soprou em suas narinas a respiração, o fôlego (nephesh) e o ser humano tornou-se uma criatura que respira (nephesh chayim), e não uma alma vivente tal como está no Livro do Gênesis, capítulo 2, versículo 7.

Com referência à morte, lemos no Livro do Eclesiastes capítulo 3, versículo 19-20, e também em outros trechos, que não há diferença entre o ser humano e o animal, “como morre um, assim morre o outro; e todos tem o mesmo folego (nephesh, novamente)”. Isso parece indicar que o ser humano não tem preeminência sobre as bestas e que todos vão para o mesmo lugar. Há, porém uma distinção bem definida entre Espirito e corpo, pois sabemos que “quando o Cordão Prateado se rompe, o corpo volta ao pó de onde foi tirado e o Espírito retorna a Deus, de onde saiu”. A palavra morte em parte alguma está associada a Espírito, e a doutrina da imortalidade do Espírito é ensinada de modo conclusivo pelo menos uma vez na Bíblia Evangelho Segundo São Mateus capítulo 11, versículo 14, onde Cristo diz, referindo-se a João Batista: “É este o Elias“. O Espírito que deu alma ao corpo de Elias renasceu como Joao Batista. Deve, pois, ter sobrevivido a morte corporal e ter sido capaz de continuar a viver. Para obter ensinamentos mais profundos e definitivos sobre este assunto, devemos, porém procurar um ensinamento místico, e aprendemos no Livro “Conceito Rosacruz de Cosmos” que os Espíritos Virginais, enviados as asperezas deste mundo como Raios de Luz da Chama Divina (que é nosso Pai que está nos céus), devem primeiro sofrer um processo de involução na matéria, cristalizando-se cada raio num Tríplice Corpo. Receberam, então, uma Mente que se tornou o ponto de apoio sobre o qual a Involução se transforma em Evolução. E a Epigênese, a divina habilidade criadora do Espírito, é a alavanca com a qual o Tríplice Corpo espiritualiza-se em Tríplice Alma e amalgama-se com o Tríplice Espírito, sendo a alma o extrato da experiência com a qual o Espírito é levado da ignorância até a onisciência, da impotência à onipotência, tornando-se, finalmente, semelhante a seu Pai que está nos céus.

É-nos impossível, com nosso intelecto racional limitado, compreender a magnitude dessa tarefa, mas percebemos (intuitivamente) que há um caminho longo para chegar à onisciência e a onipotência. E isso deve exigir muitas vidas. Vamos, portanto a Escola da Vida do mesmo modo que as crianças vão as escolas aqui na Terra. E, assim como há noites de descanso entre um dia escolar e outro, há também noites (a morte) entre nossos dias na Escola da Vida. A criança sempre retoma a lição no ponto em que foi deixada no dia anterior. Também nós, quando voltamos a renascer, retomamos as lições da vida no ponto em que foram deixadas na existência anterior.

Quanto à pergunta de porque não nos lembramos de nossas existências passadas, a resposta é simples. Não nos lembramos claramente do que fizemos há um mês, um ano ou há vários anos atrás; como, pois, esperamos lembrar-nos do que está muito mais recuado no tempo? Só se tivéssemos um cérebro diferente, harmonizado a consciência de vidas anteriores. Não obstante, há pessoas que recordam de suas existências passadas, e muitas mais pessoas estão cultivando essa faculdade cada ano que passa, pois é uma faculdade latente em todos os seres humanos.

Portanto, o neófito que transpôs os umbrais da Iniciação para os Mundos invisíveis é sempre levado ao leito de uma criança moribunda. Ele vê o Espírito sair e cuida de observar esse Espírito no Mundos invisíveis até que ele se apresente para um novo renascimento. Uma criança é escolhida para esse fim, pois está destinada a renascer dentro de um ou dois anos. Desse modo, dentro de um espaço de tempo relativamente curto, o neófito vê com seus próprios olhos como um Espírito cruza os umbrais da morte e volta a entrar na vida física, através do ventre materno. Ele tem, então, a prova. A razão e a fé devem bastar aqueles que não estão preparados para o conhecimento direto, que “não é cobrado em ouro, mas por meio uma vida de abnegado e amoroso serviço aos demais”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 04/1974 – pela Fraternidade Rosacruz – SP – traduzido da Revista Rays From the Rose Cross)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Cristo deu realmente a São Pedro as chaves do céu e do inferno, ou que outro sentido tem esta passagem?

Resposta: Indubitavelmente Cristo deu-as a São Pedro, bem como a outros, mas não eram chaves semelhantes às que usamos para abrir as portas. Contudo, nenhum ser humano pode entrar em certos lugares a menos que tenha essas chaves. São “chaves” musicais ou encantações, tais como são usadas em todas as ordens ocultas para todos os fins ocultos.

Nas ordens ocultas, como a Ordem Rosacruz, a nota tônica ou chave-mestra da encantação para cada grau é de medida vibratória diferente de todos os outros graus, e uma pessoa que não possua esta nota chave e não seja, portanto, capaz de harmonizar-se a ela, é detido como se houvesse um muro invisível vibratório ao redor do Templo.

Na substância das Regiões inferiores do Mundo do Desejo, que rodeia a Terra e constitui o que popularmente chamam de “inferno”, há uma vibração diferente da que existe na parte de nossa atmosfera onde se localizam as Regiões superiores do Mundo do Desejo e a Região do Pensamento Concreto.

Esta frequência vibratória, por sua vez, difere daquela que existe nos estados da matéria que está no interior da Terra, em cada um dos nove Estratos subterrâneas. Portanto, cada uma dessas divisões dos Mundos invisíveis também exige uma nota tônica ou chave-mestra diferente, que são ensinadas gradualmente aos Iniciados, à medida que eles progridem no caminho em direção à qualidade de Adeptos. Foi a nota tônica ou “chave-mestra” de um ou mais de um desses reinos que foi fornecida a São Pedro e a outros, por Cristo, que era a Iniciador em seus casos. As mesmas “chaves” são dadas atualmente a Seus seguidores por Seus sucessores, que iniciam os que são dignos nos mistérios, a fim de que eles possam servir a humanidade melhor e mais diligentemente.

A música tem, pois, uma missão mais sublime que nos servir de simples deleite. De fato, a harmonia das esferas é a base de toda a evolução. Sem ela não haveria progresso, e uma vez nossos ouvidos harmonizados a ela, teremos a “Chave” de todo o adiantamento.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz julho/1972 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Jesus foi batizado aos trinta anos, recebendo o “Espírito de Cristo”. Por favor, explique esse Batismo.

Resposta: A Terra nem sempre foi como é atualmente. A ciência nos diz que houve um tempo em que era uma névoa ígnea incipiente. A Bíblia nos mostra que mais remotamente houve um período anterior a essa névoa, quando a Terra era incandescente e luminosa como o fogo; um tempo em que reinava a escuridão.

Houve quatro Épocas ou estágios ao todo, no desenvolvimento da Terra. Primeiro, houve uma Época sombria, chamada na terminologia Rosacruz de Época Polar. Nela a substância que formava a Terra era uma massa escura, quente e gasosa. No segundo estágio, chamado de Época Hiperbórea, a massa escura foi ignificada. Lemos na Bíblia que “Deus disse: ‘Faça-se a luz’ e se fez a luz“. Depois veio o estágio em que o calor dessa névoa ígnea, em contato com o espaço frio, gerou umidade e essa umidade era mais densa próxima ao núcleo ígneo, onde o aquecimento correu, do que na sua periferia – “Deus separou as águas das águas”, isto é, a água mais densa próxima ao núcleo ígneo do que aquela em forma de vapor mais distante dele. Finalmente, ocorreu uma incrustação, tal como sempre ocorre onde a água é fervida continuamente formando, assim, crosta da Terra, a terra seca.

Quando aquela crosta foi totalmente formada, não havia água na superfície terrestre, mas como a Bíblia diz: “Uma névoa subiu à superfície”, e nenhuma erva ainda germinava na face da Terra. Naquela Época, no entanto, começou a aparecer a vegetação e a humanidade nascente vivia ali. Mas, não era uma humanidade constituída como a de hoje. A sua forma aparente era muito diferente e não era tão evoluída como somos atualmente. Na verdade, o corpo e o espírito não estavam perfeitamente concêntricos; os espíritos pairavam parcialmente do lado de fora dos seus corpos e, portanto, “os olhos do ser humano ainda não haviam sido abertos”.

Antigas histórias folclóricas que ouvimos falar na Alemanha, e em diferentes lugares do Velho Mundo, falam deles como os Nibelungos. “Niebel” significa névoa e “ungen” são crianças. Eles eram os “filhos da névoa”, pois a atmosfera clara de hoje ainda não existia; o Sol se assemelhava ao arco de névoa que vemos em torno de uma lâmpada em algum poste na rua num dia muito nebuloso, devido à densidade da névoa que se elevava da Terra.

Enquanto a humanidade vivia nesse estado, não era mentalmente tão desenvolvida como o é hoje. Os seres humanos não podiam ver as coisas existentes fora de si, mas tinham uma percepção interna. Distinguiam as qualidades da alma de todos os que viviam ao seu redor, e suas percepções eram espirituais e não físicas. Naquele tempo não existia nenhuma nação, a humanidade formava, então, uma imensa fraternidade. Todos estavam parcialmente fora de seus corpos e, portanto, em contato com o Espírito Universal, bem diferente da situação atual em que a humanidade está obscurecida pela separatividade do egoísmo, que faz com que cada ser humano se sinta distinto e separado de todo o resto da humanidade; em que a fraternidade é esquecida e o egoísmo impera.

Quando se progride ao ponto de compreender e vivenciar os benefícios da fraternidade, em que a pessoa se esforça em abolir o egoísmo e a cultivar o altruísmo, então estará capacitada a passar pelo rito do Batismo. Entrará na água como um símbolo de seu retorno às condições ideais de fraternidade existente quando toda a humanidade vivia, por assim dizer, na água. Por essa razão, é que vemos Jesus, como o arauto da Fraternidade Universal, no início de seu ministério entrando nas águas do Jordão e ali sendo batizado. Ao se reerguer das águas, o Espírito Universal pousou sobre Ele em forma como de uma pomba, e desde aquele momento não era simplesmente Jesus, mas Cristo Jesus, o Salvador potencial do mundo imbuído do Espírito Universal que, finalmente, retirará de sobre todos os males do egoísmo e devolverá a humanidade às bênçãos da fraternidade que serão realizadas quando o Espírito Universal se tornar imanente em toda a humanidade.

(Pergunta nº 97 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” -Vol. I-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pregar o Evangelho

Ninguém, acendendo uma candeia, coloca-a em lugar secreto, nem debaixo do alqueire; mas no castiçal, para que os que entrem vejam a luz” (Lc 11: 33).

Vós sois a luz do mundo… Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus” (Mt 5: 14:16).

Quando alguém faz o compromisso consciente de seguir a Cristo, ele se torna uma luz que brilha em um mundo de trevas. Ou seja, começa a irradiar uma luminosidade espiritual que cresce com o tempo até se tornar esplendorosa e brilhante. A afirmação de que uma candeia é colocada à vista do público se refere ao fato de que o Cristão, de posse da luz espiritual, deve deixá-la brilhar diante de todos os seres humanos, a fim de que a luz possa ser acesa neles.

Assim, vemos que o indivíduo Crístico tem a obrigação de “pregar o Evangelho”. Os Cristãos que trabalham nos moldes da Fraternidade Rosacruz têm uma obrigação particular a esse respeito, por causa do seu conhecimento intelectual sobre assuntos espirituais, o que pode aumentar muito a eficácia da sua fé e de suas boas obras.

“Divulgar os Ensinamentos”, em sentido espiritual, refere-se a uma técnica baseada no princípio envolvido no exemplo de dois diapasões do mesmo tom. Quando um é tocado próximo ao outro, esse último começa a vibrar no mesmo tom daquele. Da mesma forma, a espiritualidade em um indivíduo evoca a espiritualidade do outro. Naturalmente, o primeiro deve possuir um grau de semelhança com o Cristo em si mesmo ou seus esforços para “pregar o Evangelho” ao segundo indivíduo não provocarão uma resposta espiritual.

Torna-se claro, então, que a dimensão espiritual deve ser buscada seriamente; do contrário, não teríamos um “Evangelho” verdadeiro para pregar. Promulgar um conjunto de escritos, o estabelecimento de organizações, a distribuição de livros ou a solicitação de aumento no número dos membros pode nos fazer acreditar que estamos cumprindo nossa obrigação; no entanto, a menos que experimentemos o Cristo como uma presença viva em nossas vidas diárias, tais atividades externas servem apenas para nos desviar da verdadeira obrigação, que é acender a luz em nossos corações e compartilhá-la.

Porque Deus, que ordenou que a luz brilhasse das trevas, brilhou em nossos corações para nos dar a luz do conhecimento da Sua glória na face de Jesus Cristo.” (IICor 4:6).

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho-agosto/1995 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Originalidade do Cristianismo

Deus esteve presente entre nós na forma de um homem, através do Filho, o Cristo. Jesus era o homem e a partir do batismo no Jordão passava a atuar o Deus-Homem, Cristo Jesus. Com a crucifixão no Gólgota, Cristo libertou-se do corpo de Jesus e incorporou-se à Terra. Esse foi um fato único na história que operou uma decisiva mudança em nosso planeta. Desde então a presença de Cristo é uma constante entre nós. “O amor de Cristo envolve a todos, não importa como a nós ou a Ele O chamarmos”.

E esse Sublime Ser que mudou nossa história, deixou-nos um profundo ensinamento espiritual em que se fundamenta a originalidade do cristianismo e o diferencia de outros sistemas filosóficos e religiosos que o precederam: é através do próximo que se chega a Deus.

Enquanto, tanto no oriente como no ocidente, se busca a Deus mediante orações, meditações, mística transcendental etc., Cristo Jesus nos exortar a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Essa é a chave de ouro, é a máxima que precisamos aprender em nosso atual período evolutivo e que nos capacitará a passarmos para o próximo.

O verdadeiro Amor é dar o melhor de nós sem esperar nada em troca. Quando sentimos sinceramente que em essência somos iguais a tudo que nos cerca e que somos partes integrantes de um todo maior, é sinal de que o Amor está nos ajudando a suplantar a ilusão da separação criada pela personalidade – a famosa dicotomia que nos faz crer que estamos separados dos demais e de Deus.

A pessoa que aprende a amar desinteressadamente a seu próximo, seja ele mineral, vegetal, animal ou outra pessoa, torna-se capaz de estender esse Amor também para os outros seres, em um processo gradativo cujo ápice é a conquista do AMOR UNIVERSAL.  “Então, não mais existirá em nós o que entendíamos ser a escuridão, pois andaremos na LUZ.”

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz de setembro-outubro de 1993)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Templo de Salomão

No Primeiro Livro dos Reis, capítulo 6 e no Segundo Livro dos Reis, capítulo 7 podemos ler: “No ano 480 depois de sairem os filhos do Israel do Egito, Salomão no ano quarto do seu reinado, no mês de Zive começou a edificar a casa do Senhor. A casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de 60 côvados de comprimento, 20 de largura e 30 de altura. Edificava-se a casa com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro se ouviu na casa quando a edificavam. Depois levantou as colunas no pórtico do templo, tendo levantado a coluna direita, chamou-lhe Jaquim e tendo levantado a coluna da esquerda, chamou-lhe Boaz”.

A passagem bíblica da construção do Templo de Salomão em Jerusalém reveste-se de riquíssima simbologia e alegoria. Existe uma relação cósmica entre as medidas da edificação: 60 x 20x 30 = 36.000 (3+6+0-0+=9). Nove é o “número do ser humano” conforme Max Heindel afirma no Conceito Rosacruz do Cosmos. O Templo de Salomão diz respeito a nós e ao nosso desenvolvimento espiritual.

A tradição esotérica estabelece uma relação entre as duas colunas do templo, Jaquim e Boaz, e as duas colunas que precediam os israelitas quando atravessaram o deserto. De noite uma coluna de fogo iluminava sua marcha. De dia uma nuvem os protegia do Sol escaldante.

O Templo não poderia ser construído durante a peregrinação no deserto. No deserto só havia areia e a construção não teria estabilidade. Além disso, tratava-se de um povo nômade, sempre marchando em busca da Terra Prometida. Lá chegando, depois de muito tempo foi possível erigir o templo, através da sabedoria de Salomão.

No Primeiro Livro das Crônicas, capítulo 3, diz-se que “Começou Salomão a edificar a casa do Senhor em Jerusalém, no monte Moriá”. Segundo a tradição judaica, o monte Moriá era uma rocha enorme. A rocha simboliza a verdade. As areias do deserto simbolizam as ilusões, as fantasias. O Templo de Salomão foi construído silenciosamente sobre a firmeza de uma rocha.

O Templo de Salomão simboliza a nossa consciência espiritual, formada ao longo de muitos renascimentos, muitas experiências e muitos sofrimentos. Esse trabalho é silencioso (sem ruídos de martelo), anônimo e, consequentemente, ignorado pela maior parte da humanidade. Não obstante, é a atividade mais importante e fundamental da vida. Hora após hora, momento após momento, errando, acertando e sofrendo, vamos erigindo a nossa consciência espiritual.

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz de julho-agosto de 1993)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Palavra Criadora

A) Na Bíblia, no Gênesis, Capítulo 1, Versículo 1, encontramos: “No princípio Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Disse Deus: Faça-se a Luz e a luz foi feita”.

B) No evangelho de São João, Capítulo 1, Versículo 1, lemos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus”.

No Versículo 14, complementa-se: “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos sua glória, a glória que um Filho Único recebe do seu Pai cheio de graça e de verdade...”.

C) Ainda em São João, no Capítulo 19, Versículo 30 lemos: “Havendo Jesus tomado do vinagre disse: TUDO ESTÁ CONSUMADO! (Consumatum est). Inclinou a cabeça e rendeu o espírito”.

No “Conceito Rosacruz do Cosmo”, temos no Capítulo 16: “A Palavra Criada”.

“A Mente é o instrumento mais importante que o espírito possui, um instrumento especial na obra da criação. A laringe espiritualizada e perfeita, falará a Palavra Criadora, mas a Mente aperfeiçoada decidirá quanto à forma particular e volume de vibração. A Imaginação será a faculdade espiritualizada que dirigirá a criação.

… Atualmente só podemos formar imagens mentais que tenham relação com a forma, porque a Mente humana começou seu desenvolvimento neste Período Terrestre, e está no estado ou forma “mineral”. Por esse motivo, nossos labores estão limitados às formas minerais…

…Seguir-se-á um longo intervalo de atividade subjetiva durante o qual os Espíritos Virginais absorverão todos os frutos do período setenário de Manifestação. Passado esse intervalo, submergir-se-ão em Deus, de Quem vieram, para ao alvorecer de outro Grande Dia, reemergirem como seus Gloriosos Colaboradores. Durante a passada evolução as possibilidades latentes foram transmutadas em poderes dinâmicos. Tendo adquirido Poder de Alma e Mente Criadora, frutos de sua peregrinação através da matéria, terão avançado da impotência à onipotência, da ignorância à onisciência.”

Em “Estudos de Astrologia”, de Elman Bacher, tomo I, Capítulo VII, temos:

O Planeta Mercúrio – A faculdade do intelecto por meio da qual interpretamos, identificamos, classificamos, analisamos e avaliamos as coisas da Terra, atribui-se simbolicamente ao planeta Mercúrio. Representa, como Princípio da Identificação, o “dar nomes” (Adão dava nome à criação), a “criação de palavras”, e a objetivação dos pensamentos em palavras e escritas. É o símbolo da comunicação e da percepção conscientes.

A substância que chamamos mercúrio é pesada, entretanto é de qualidade liquescente; nossos pensamentos quando estão desorganizados ou desfocados são também liquescentes e passageiros. Indo rapidamente de uma impressão a outra, de “cima-baixo”, “sim-não”, “quente-frio”. Entretanto, quando nossos padrões de pensamento estão organizados, temos a faculdade de decidir definitivamente e incorporá-los em uma espécie de exteriorização concreta definida, em palavras isoladas ou em suas extensões em orações (frases). Essa exteriorização é o que chamamos de linguagem – a faculdade universal da incorporação do pensamento. A liquescência de Mercúrio se vê de muitas maneiras pelas quais se pode identificar uma coisa específica: sua precisão se observa na “solidez” com que é identificada uma palavra ou oração específica.

Mercúrio identifica o abstrato assim como o concreto. É por meio de Mercúrio que compreendemos o concreto, mas é por meio de outras faculdades planetárias que entendemos o abstrato. Mercúrio, entretanto, é a raiz básica do nosso desenvolvimento, de compreensão, desde o mais concreto, literalmente, até o mais intangível abstrato.

Analisemos o símbolo planetário de Mercúrio:

Uma cruz (matéria, manifestação, estrutura, concreto, encarnação) e sobre ela um círculo (perfeição, terminação) que por sua vez tem sobre si um semicírculo voltado para cima (instrumentação, receptividade de instrução ou inspiração).

Diz-se que os Senhores de Vênus e os Senhores de Mercúrio foram os mestres que instruíram a humanidade nascente, nos princípios da linguagem, artes e ofícios e as ciências, pelas quais a humanidade aprendeu a funcionar com eficácia sempre crescente no mundo material. Em resumo, Mercúrio é o elo (mensageiro) entre os deuses (princípios) e a humanidade. É por meio de Mercúrio que nós aprendemos primeiro a natureza objetiva e qualidade das coisas e logo a consciência dos princípios abre essa nossa consciência à realidade subjetiva, em ambas as oitavas estamos aprendendo. À primeira nos integramos por meio da identificação, na segunda conhecemos mediante a experiência que dá a compreensão.

São manifestações de Mercúrio: aprender a falar, ler e escrever em outros idiomas. Representa, como faculdade da razão, a raiz por meio da qual se aprende a Lei de Causa e Efeito. A Mente consciente observa o mundo material, de onde desenvolve uma consciência da exteriorização de causas internas.

Resumindo, devemos utilizar objetivamente as qualidades de Mercúrio, sem emoção e de forma concisa. Fatos, não crenças; exposições, não implicações; provas realizáveis, não simplesmente utilizá-las às cegas e credulamente aceitas pela preguiça mental.

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz de julho-agosto de 1993)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Luz: o Presente do Espírito Santo

Que o mundo de hoje está trabalhando de maneira nova com a luz é inquestionável. Continuamos a aprender como a ciência física está tendo uma tremenda experiência com o desenvolvimento do poder da luz, inclusive para as maravilhas LASER, que, embora capaz de projetar um feixe na lua distante, também pode ser usado para realizar a cura delicada de um órgão interno do corpo como, antes, só era possível por meio de cirurgia.

No entanto, embora não possamos questionar que o mundo esteja experimentando uma vasta liberação de luz, podemos e questionamos a maneira como o ser humano responde a essa experiência, porque, ao enfrentarmos o grande poder dela, devemos também enfrentar o fato de que qualquer poder, incluindo o da luz, se canalizado incorretamente ou mal direcionado, será um desastre em potencial. Mesmo a própria luz do conhecimento muitas vezes conduz apenas ao desespero e à destrutividade, enquanto a luz do amor, por si só, frequentemente contribui apenas com a soma total da instabilidade emocional e da loucura humana. É evidente que até mesmo o poder da luz requer um agente direcionador seguro, se for para servir à intenção divina.

Essa direção segura está disponível através do Cristo que, como mediador entre a humanidade e o Mundo da Luz, libera a luz e dirige na extensão de onda do Amor-Sabedoria de tal maneira que ela pode ser verdadeiramente efetiva na vida espiritual da humanidade. Todo o Seu ensino durante Sua encarnação aponta nessa direção. Ele ensinou, sempre, que os Ritos da Páscoa, marcando a conclusão de um ciclo de objetividade no plano físico, nunca eram o fim, mas o início de uma experiência nova, especial e mais profunda, bem como de um relacionamento aprofundado com Ele, por meio de uma liberação divina conhecida em termos da Trindade como o Aspecto de Luz de Deus: Deus, o Espírito Santo.

Quando, por meio do uso correto do poderoso impulso do Amor, que é o poder transformador da vida humana, a humanidade tiver respondido a tudo que o Cristo trouxe à Terra e reconhecer esse poder como o aspecto do Amor de Deus, então será possível para o ser humano entrar no estado exaltado prometido por Cristo, a Iluminação de Fogo. Nas palavras da Bíblia, “Todos os livros do mundo não poderiam conter o que poderia ser dito…” sobre um verdadeiro contato da alma com a própria natureza de Deus como Luz. Para todos os que buscam essa iluminação divina com reverência e sinceridade, a Luz do Espírito Santo concede três grandes dons de consciência.

O primeiro desses três dons é o autoconhecimento. “Homem, conhece-te a ti mesmo” é um conselho antigo. Os Iniciados da antiguidade afirmavam que Deus, o Incognoscível, tornou-Se conhecível na medida em que o ser humano, uma criação à imagem e semelhança de Deus, tornou-se realmente conhecido por si mesmo. A Luz do Espírito Santo serve para aumentar esse conhecimento. Ela abre caminho para a Iluminação. Os estudantes da Bíblia reconhecem essa Luz como o Espírito interior da Verdade, o Santo Consolador, o paráclito predito por Cristo. Seja qual for o nome, todos podem reconhecê-lo como um aspecto do Ser interior que atua como professor e guia. Quando aquele guia interior é fervoroso e reverentemente chamado para iluminar o caminho e a resposta da “Voz do silêncio” é ouvida e amorosamente obedecida, a Luz do Espírito Santo torna-Se potentemente operativa na experiência diária do nível humano. Com a elevação da consciência acompanhando a percepção que surge desse conhecimento de primeira mão da atividade do Espírito Santo, segue-se a espiritualização progressiva, ou o Cristianismo, da mente humana, que é a meta suprema para a realização da atual humanidade.

O segundo grande dom da Luz do Espírito Santo é o entendimento. É a Luz que ilumina o caminho da experiência, revelando as leis que o governam e os propósitos por trás dele. É a Luz que nos mostra onde estamos, por que é o que devemos fazer a respeito. Esse ensino é a base da cena comovente do Novo Testamento na qual o Cristo chorou por Jerusalém. Sua tristeza não era só pela cidade que estava diante de Seus olhos físicos, mas pelo que Sua visão interior considerava o grande centro da humanidade. Foi a esse centro inclusivo, que chamamos de onda de vida humana, que Ele disse tristemente: “Não Me vereis mais até que abençoes todas as coisas que vêm em Meu nome”. Com efeito, Ele estava aqui dizendo: “A partir de agora, até que Eu volte, sua tarefa é usar a Luz para me encontrar nos fenômenos da existência do plano físico, para Me ver em cada experiência, para Me encontrar em todas essas coisas. Não posso voltar até que vocês façam isso, porque vocês não vão Me conhecer a menos que tenham aprendido a Me ver — na vida”. Sob a tutela do Espírito Santo, o ser humano aprende a abençoar todas as experiências vividas, percebendo que elas vêm em Nome do Cristo e para fins de desenvolvimento da alma. Então, ele não pede mais para ser aliviado da experiência, não importa o quanto ela seja dolorosa, mas aprende a dizer, como Jacó: “Não vou deixar você ir até que me abençoe com a sua bênção”. Então, também ele pode falar, igual a Jacó, no amanhecer do novo dia: “Eu vi Deus face a face nesta experiência e minha vida foi preservada”. Assim, poderemos falar quando da noite da alma.

O terceiro dom divino do Espírito Santo ao ser humano é o sentimento de totalidade. É a Luz que revela Deus, a Natureza e o Ser humano como o tecido perfeito da existência universal. É a Luz que abre visões para o Reino de Deus externado na Natureza e conscientemente cooperativo dentro do “Reino do Homem”. É a Luz na qual o ser humano experimenta sua divindade essencial: de fato e verdade, em Deus o ser humano “vive, move-se e tem o seu ser”.

O Espírito Santo é Deus em manifestação, é Deus em forma. A natureza constitui Seu corpo cósmico. Na temporada de verão, que representa o meio-dia da Sua atividade Criativa, a evidência da Sua obra está em toda parte. Todos os reinos da natureza estão soando Sua nota de criação e é especialmente nesse momento, quando a expansão da luz física tem sua maior potência, que, pela beleza terrena assim revelada, o ser humano também encontra dentro de si a capacidade de se expandir e entrar em uma unidade abrangente com o Cosmos.

Essas verdades foram provadas por grandes pessoas do passado. Foi assim com Moisés. Como o portador de luz para as mentes dos homens, o Espírito Santo falou a Moisés através da sarça ardente para revelar o plano de Deus à onda de vida humana e dar a lei que governaria o plano. No entanto, havia mais na revelação. As palavras “Moisés, tira os sapatos, pois o lugar em que estás é solo sagrado” foram usadas para indicar algum local sagrado; um antigo santuário, talvez. No entanto, tirar os sapatos, na linguagem dos Mistérios, significa remover as limitações do entendimento, feitas pelo ser humano, para que a Luz do Espírito revele a verdade. Aquele que experimentou a iluminação do Fogo espiritual obtém uma revelação, sobre a vivência da Terra e tudo que nela vive, que lhe permite saber que todo terreno, em todos os lugares, é o corpo de uma Entidade espiritual, sendo, portanto, sagrado, um santuário, a morada de Deus.

Foi assim com o profeta Esdras. Na época do Solstício de Junho, o profeta jazia de bruços no Campo de Ardath, um deserto rochoso “onde não cresciam flores”, e chorava por causa da esterilidade da existência terrena. Então o Arcanjo Uriel veio a ele como Mestre e Emissário do Espírito Santo, revelando a ele o propósito da vida e o significado da experiência de tal modo que o campo antes tão estéril se tornou um campo de flores. Esdras foi capaz de “comer das flores onde nenhuma flor crescia”. Ele foi capaz de colher o florescimento do espírito no terreno pedregoso da experiência. Contudo, novamente havia mais, porque Uriel ensinou a Esdras a vastidão da Sabedoria Antiga, a magnitude do plano para o ser humano e sua própria parte nele; Esdras foi transformado. Ele enxugou as lágrimas e começou a trabalhar — seu trabalho era transcrever os livros do Antigo Testamento, dando a ele, em grande parte, sua forma atual.

As verdades com as quais estamos lidando também se tornaram impulsos vivos e criativos na vida dos discípulos de Cristo. Reunidos em união com o Cristo místico e interior, Sua promessa foi cumprida. Em um batismo de fogo eles receberam do Espírito Santo. Então foram também transformados de mortais assustados em imortais que nada poderiam deter ou amedrontar. Também foram elevados acima da limitação humana para contemplar o passado, o presente e o futuro do plano. Eles viram, pela primeira vez, o propósito do Cristo e a parte que interiormente foram chamados a levar adiante.

Para alguém chegar a tal consciência, mesmo que em menor medida, é necessário olhar para a vida de maneira nova e diferente. A pessoa então fica entre todas as dualidades da experiência humana — noite e dia, dor e alegria… — mas, não escolhe qualquer uma, rejeita nenhuma, mas aprende, na Luz, a encontrar a base da realidade espiritual em ambas. E essa consciência da base espiritual da vida permite ao espírito humano colher seu próprio florescimento do seu próprio deserto rochoso de Ardath.

Em tal consciência, também, a Luz do Espírito Santo torna-Se uma luz LASER individual, cortando todas as barreiras em todos os mundos: as barreiras da ignorância, crueldade e medo, autocriadas entre os homens, grupos, nações e outros reinos do mundo de Deus. Só pode haver um resultado de tal conhecimento. Conhecer a unidade da vida só pode trazer a compreensão de que somos os “irmãos guardiões” e que não pode haver pensamento, impulso ou ação que não afete, para o bem ou para o mal, todos os seres vivos.

Viver com tal consciência é saber que, assim como o Fogo do Céu, emanando como o calor do verão, acelera o ventre da natureza e libera a vida em fruição, assim também, quando esse mesmo Fogo divino toca o coração do ser humano, ele é retirado de suas limitações anteriores para viver uma nova vida e liberdade por meio de uma compreensão mais profunda da beleza essencial da existência humana, em uma reverência mais profunda pela vida e um parentesco alegre com cada criatura viva. É então que sente, como o poeta que “a Terra está abarrotada de Céu e cada feixe de luz está em chamas junto a Deus”.

(Publicado na Revista New Age Interpreter – do segundo trimestre de 1964)

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