“… ainda que eu fale a língua dos homens e dos Anjos, se eu não tiver amor, serei como o metal que soa ou o sino que tine.” (ICor 13).
Aquele que se esforça para viver a vida da cruz deve se empenhar para cultivar um atributo acima de todos os outros. Seu crescimento deve ser um pouco adiantado a cada passo na aquisição de conhecimento, poder, saúde; na verdade, todas as coisas que contribuem para a evolução — e isso é Amor. Para cada passo no avanço intelectual, deve-se dar dois no avanço do cultivo do amor. Só assim o discípulo pode escalar o caminho espinhoso com segurança. Sim, até flores brotarão ao longo do caminho para aliviar seus pés que estão sangrando, se a luz do amor arder inabalavelmente no altar do seu coração.
À medida que, aos poucos, nossos olhos se abrem para o interior da vida e vemos que cada pessoa está sofrendo por causa de seus próprios preconceitos, atos ou fraquezas e que não podemos ajudá-la, que só pelo sofrimento ela está disposta a aprender, é provável que haja um endurecimento no coração do aspirante que nada pode suavizar, exceto o óleo do amor.
Não alcançamos sabedoria no primeiro degrau do caminho, nem ainda no segundo, nem no terceiro… O que pensamos ser sabedoria muitas vezes é apenas conhecimento. É apenas pela ligação contínua do conhecimento com o amor em nossa natureza que alcançamos a sabedoria.
“Ainda que eu fale a língua dos homens”, embora eu tenha alcançado o domínio de todas “as línguas dos homens” — que poder e conhecimento isso implica; ainda assim, aos olhos do grande Coração eu sou apenas “o sino que tine”: oco, duro, brilhante e, talvez, polido; mas com a falsa luz de reflexão. Não tenho luz própria ou verdadeira para iluminar o caminho para os passos vacilantes de outras pessoas.
A sede de conhecimento nunca é saciada e, a menos que a pressão contínua seja exercida sobre a natureza do amor — o amor puro e compassivo do Eu Superior —, o amor pelo conhecimento afogará tudo o mais. E o Discípulo vai despertar de vergonha algum dia, ao descobrir que em sua busca clamorosa por conhecimento ele tem pisado nas flores do amor, até que elas, sob seus pés, dificilmente sejam reconhecidas. Então ele tem que derrubar sua estrutura e construir novamente.
Ele deve abrir repetidamente seu coração e deixar as comportas do amor banharem sua superfície endurecida até que, mais uma vez, seja como a terra macia na primavera, em que o menor passo ou o suspiro mais suave deixará uma impressão e o coração responderá com compaixão e amor. O coração de uma pessoa é como um jardim; as flores não crescerão até sua beleza completa, se a terra for deixada para endurecer em torno das raízes. O solo deve ser continuamente agitado e amolecido; assim, o nosso coração deve ser continuamente cutucado com o garfo do espírito para quebrarmos a presunção do conhecimento e fazer o amor crescer forte e belo como seu arquétipo no Céu.
E embora eu “fale em línguas dos Anjos” — ainda assim, não sou mais do que “um sino que tine”. Embora eu tenha até mesmo alcançado o estágio acima do humano e tenha muito conhecimento do Céu e da Terra — ainda estou oco por dentro e cheio de vazio. Dentro de mim estão as trevas, pois o grande Coração não disse que “Deus é Amor”? Ele também não disse que “Deus é Luz”? Nos termos da Álgebra, “duas grandezas iguais a uma terceira grandeza são iguais entre si”; portanto, “Amor é Luz”. E se não há amor em mim, então não há luz. Não consigo ver um único passo do caminho — talvez eu nem mesmo esteja no caminho; de tão estreito e reto que ele é, um passo para o lado e já estou no caminho sinuoso do prazer.
Portanto, desde o início, quando alguém decide que irá “viver a vida”, a primeira coisa a ser feita é cultivar o amor devocional.
Plante a pequenina semente do amor verdadeiro em seu coração, cuide dela e alimente-a — oh, tão cuidadosamente — com atos de amor, pensamentos e palavras amáveis; a cada dia e a cada hora deixe-a crescer ao Sol do amor de Cristo, Ele, o do grande Coração. Quando o coração estiver cansado de lutar e do aparente pequeno sucesso, abra bem o seu coração, mantenha a sensação de que o coração esteja exposto ao brilho do Seu Amor, o Seu Amor Divino, que está sempre pronto para ser derramado sobre você, se você quiser, apenas abra seu coração para isso. Não pense, apenas sinta o doce bálsamo do Seu Amor derramando-se e curando todas as feridas do seu coração.
“Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei”. E você se levantará com a Mente e o Espírito revigorados, com energia renovada para tomar a sua Cruz.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro de 1916 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: A Bíblia nos diz que eram ouro, mirra e incenso. O ouro sempre foi considerado o símbolo do Espírito nas antigas lendas e na simbologia. Na história do Anel dos Niebelungos, dramatizada por Wagner, nós observamos como as donzelas do Reno brincavam com o elemento aquoso no fundo do rio Reno. A água era iluminada pela chama do ouro. Essa lenda nos reporta ao tempo em que esses filhos da névoa viviam nas maravilhosas condições da primitiva Atlântida, onde formavam uma vasta fraternidade, inocentes e infantis, e o Espírito Universal ainda não havia interpenetrado nos corpos separados.
O ouro que jazia sobre a rocha, no fundo da água, era o símbolo do Espírito Universal iluminando toda a Humanidade. Mais tarde, ele é roubado e fundido num anel por Alberico, o Niebelungo, que renega o amor para possuir esse ouro. Então, se torna o símbolo do Ego separado na presente Era sem amor e de egoísmo. O ser humano que se tornou sábio e percebe os males do egoísmo oferece ouro ao Cristo, como um símbolo de seu desejo de retornar ao Espírito Universal do Amor.
O segundo presente, a mirra, é uma planta aromática muito rara e escassa que cresce na Arábia. É o símbolo da Alma. Dizem as lendas dos santos que ao se santificarem eles exalavam um aroma. Isso é considerada uma fábula piedosa, mas é um fato real que um indivíduo pode se tornar tão santo que passe a exalar um aroma delicioso.
O terceiro presente, o incenso, é um símbolo do Corpo Denso, que foi eterizado por uma vida santa, pois o incenso é um vapor físico. O ministro do interior da Sérvia, um dos conspiradores que planejou o regicídio nesse país há menos de uma década, escreveu suas memórias. Parecia, segundo ele, que quando queimavam incenso no momento em que convidavam as pessoas para se juntar em sua conspiração, invariavelmente conseguiam convencê-los. Ele não sabia o porquê, simplesmente mencionou isso como uma curiosa coincidência. Mas, para o ocultista o assunto está claro.
Nenhum espírito pode trabalhar num determinado Mundo sem um veículo feito do material desse Mundo. Para funcionar no Mundo Físico, para ir e vir, necessitamos ter um Corpo Denso e um Corpo Vital; ambos feitos dos vários graus de matéria física – sólidos, líquidos, gás e Éter. Podemos obter tais veículos pelo método comum, passando pelo útero até o nascimento, ou podemos extrair o Éter do Corpo Vital de um médium e usá-lo temporariamente para se materializar, ou ainda usar a fumaça do incenso.
Assim, constatamos que os presentes dos Reis Magos são o Espírito, a Alma e o Corpo, dedicados ao serviço da Humanidade. Dar-se é imitar Cristo, e seguir Seus passos.
(Pergunta nº 95 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
O Altar de Bronze, Altar dos Sacrifícios ou Alta dos holocaustos do Tarbernáculo no Deserto estava localizado dentro do portão leste[1] e era utilizado para o sacrifício de animais durante o serviço no templo.
“Os varais serão enfiados nas argolas, de modo que fiquem dos dois lados do altar, quando este for transportado. Faça o altar com tábuas e oco, conforme o modelo que foi mostrado a você na montanha.” (Ex 27; 3-8).
“Eis o que você deverá oferecer sobre o altar: dois cordeiros machos de um ano, cada dia e perpetuamente. Ofereça um dos cordeiros pela manhã e outro pela tarde. Com o primeiro, ofereça quatro litros e meio de flor de farinha amassada, com um litro e meio de azeite de olivas amassadas, e uma libação de um litro e meio de vinho. Pela tarde, ofereça o segundo cordeiro, junto com uma oferta e uma libação, como aquelas da manhã, uma oferta de suave odor queimada para Iaweh. Esse é o holocausto perpétuo por todas as gerações, na presença de Iaweh, junto à entrada da tenda da reunião, onde me encontrarei com vocês para falar. Aí eu irei me encontrar com os filhos de Israel. E o lugar ficará consagrado com a minha glória.” (Ex 29; 38-43).
A ideia de utilizar bois e bodes como sacrifícios parece bárbaro para a mentalidade moderna, e não podemos alcançar a compreensão de que isso pudesse resultar em algo eficaz como efeito ao sacrifício. De fato, a Bíblia relata sobre isso detalhadamente e fornece uma explicação sobre o assunto, quando nos diz, repetidamente, que Deus não deseja sacrifícios, mas um espírito aquebrantado e um coração contrito[2], e que Ele não quer sacrifícios de sangue[3]. À vista desse fato, parece estranho que os sacrifícios fossem uma vez sido ordenados. Contudo, devemos entender que nenhuma religião pode elevar aqueles a quem lhe foi concebido ajudar, se seus ensinamentos estiverem muito acima do seu nível intelectual ou moral. Para apelar a um bárbaro, a religião deve ter certos traços bárbaros. Uma religião de amor nunca poderia ter sido atraente para aquelas pessoas; por isso, a elas foram fornecidas uma lei que exigia “um olho por um olho e um dente por um dente”[4]. Não há, no Velho Testamento, qualquer menção à imortalidade, porque essas pessoas não poderiam compreender um céu e nem a ele aspirar. Entretanto, elas amavam as posses materiais e, por isso, foram instruídas que, se procedessem corretamente, elas e sua descendência habitariam na Terra para sempre e, que seu gado seria multiplicado, etc.
Elas adoravam as posses materiais e sabiam que o aumento dos seus rebanhos ocorria pela disposição de Deus, e dado por Ele segundo o mérito. Assim, elas foram ensinadas a agir corretamente na esperança de uma recompensa nesse mundo atual. Também foram dissuadidas de praticar o mal, devido ao rápido castigo que sofreriam em consequência da retribuição por seus pecados. Isso era a única maneira que elas entendiam. Elas não podiam fazer o bem pelo simples prazer de fazer o bem, e muito menos podiam compreender o princípio de se tornarem elas próprias “sacrifícios viventes” e, provavelmente, sentiam tanto a perda de um animal quando cometiam o pecado, assim, como nós sentimos as dores agudas da consciência por nossas más ações.
O Altar era feito de bronze, um metal não encontrado na natureza, porém, fabricado pelo ser humano a partir de cobre e zinco. Assim, simbolicamente, é mostrado que o pecado não estava originalmente previsto em nosso Esquema de Evolução[5], e é uma anomalia na natureza, bem como suas consequências, isto é, a dor e morte, que são simbolizadas pelas vítimas sacrificadas. Contudo, enquanto o próprio Altar era feito de metais compostos artificialmente, o fogo que queimava incessantemente era de origem divina, e era mantido aceso ano após ano com o mais zeloso cuidado. Nenhum outro fogo jamais foi usado, e podemos notar um resultado declarado que, quando dois sacerdotes presunçosos e rebeldes ousaram desobedecer a esse mandamento e usar um fogo estranho, eles depararam, como retribuição, uma morte horrível e instantânea[6]. Quando, uma vez prestado um juramento de lealdade ao Mestre místico, o Eu Superior, é extremamente perigoso desconsiderar os preceitos então fornecidos.
Quando o candidato aparece no portão leste, se encontra “pobre, nu e cego”. Naquele momento, ele é digno de compaixão, precisando ser vestido e trazido à luz, mas, isso não pode ser feito imediatamente no Templo místico.
Durante o período do seu progresso, da condição de nudez até que ele tenha sido trajado com as vestes resplandecentes do sumo sacerdote, há um longo e difícil caminho a ser percorrido. A primeira lição que lhe é ensinada é que o ser humano progride somente por meio de sacrifícios e sozinho. Na Iniciação Cristã Mística , quando o Cristo lava os pés dos Seus Discípulos, a explicação fornecida é que a menos que seja oferecida a decomposição dos minerais como forma de alimento ao reino vegetal, não haveria vegetação; também, se os alimentos vegetais não fossem o sustento para os animais, esses últimos não conseguiram se expressar; e assim sucessivamente – o superior está sempre se alimentando do inferior. Portanto, o ser humano tem uma obrigação para com os animais, e assim o Mestre lava os pés dos Seus Discípulos, simbolizando nesse humilde serviço o reconhecimento do fato de que eles O serviram como bases de apoio para algo mais elevado.
Do mesmo modo, quando o candidato é trazido ao Altar de Bronze, aprende a lição de que o animal é sacrificado por sua causa, dando seu corpo como alimento e sua pele como vestuário. Além disso, ele vê a densa nuvem de fumaça flutuando sobre o Altar e percebe dentro dela uma luz, porém, essa luz é muito tênue e muito encoberta pela fumaça para servir como orientação permanente para ele. Seus olhos espirituais são frágeis, portanto, não faria sentido expô-los imediatamente à luz das verdades espirituais mais elevadas.
O Apóstolo São Paulo nos ensinou que o Tabernáculo no Deserto era uma sombra de grandes coisas que vêm. Por isso, pode ser interessante e proveitoso ao candidato que vem ao Templo em tempos atuais descobrir qual é o significado desse Altar de Bronze, com seus sacrifícios e a queima da carne. A fim de que possamos compreender esse mistério, primeiro de tudo, devemos assimilar a grande e absoluta ideia essencial que fundamenta todo verdadeiro misticismo; a saber, que essas coisas estão dentro e não fora de nós. Angelus Silesius diz sobre a Cruz:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”
Essa ideia deve ser aplicada a todo símbolo e a toda fase da experiência mística.
Não é o Cristo externo que salva, mas o Cristo interno. O Tabernáculo foi construído no passado; é claramente visto na Memória da Natureza quando a visão interior tenha sido suficientemente desenvolvida para tal; porém, ninguém deve esperar qualquer ajuda do símbolo externo. Devemos construir o Tabernáculo dentro dos nossos corações e da nossa consciência. Devemos vivenciar, como uma real experiência interna, o ritual completo do serviço lá demonstrado. Devemos ser, tanto o Altar dos Sacrifícios como o animal sacrificado repousado sobre ele. Devemos ser, igualmente, o sacerdote que imola o animal e o próprio animal imolado. Mais tarde, devemos aprender a nos identificar com o Lavabo místico e devemos aprender a nos lavar nele, em espírito. Em seguida, devemos adentrar pelo primeiro véu, servir na Sala Oriental, e prosseguir através de todo serviço do Templo até nos tornarmos o maior de todos esses antigos símbolos, a Glória de Shekinah,ou isso de nada nos beneficiará. Em resumo, antes que o símbolo do Tabernáculo possa, realmente, nos ajudar, devemos transferi-lo do deserto para um lar em nossos corações, para que quando nós nos tornarmos em tudo que aquele símbolo é, também tenhamos nos tornados naquilo que ele significa em espiritualidade.
Vamos começar, então, a construir dentro de nós o Altar dos Sacrifícios, primeiramente, para que nele possamos imolar nossas transgressões e depois expiá-las no crisol do remorso. Isso é realizado, no moderno sistema de preparação para o Discipulado, por um exercício que se executa à noite[7], e que foi cientificamente elaborado pelos Hierofantes da Escola de Mistérios Ocidental para crescimento do Aspirante no caminho que conduz ao Discipulado. Outras escolas ensinaram um exercício similar, mas esse difere de todos os métodos anteriores, em um ponto particular. Depois da explanação dos exercícios, daremos a razão dessa grande e fundamental diferença. Esse método especial tem um efeito de longo alcance, que possibilita que se aprenda agora, não somente as lições que se deveria aprender, normalmente, nessa vida, mas a alcançar um desenvolvimento que, de outro modo, não poderia ser alcançado senão somente em muitas vidas futuras.
À noite, quando nos retiramos para dormir, o corpo deve estar relaxado. Isso é muito importante, pois quando alguma parte do corpo está tensa, o sangue não circula livremente; tal parte está temporariamente aprisionada, sob pressão. Como todo desenvolvimento espiritual depende do sangue, o esforço máximo para alcançar o crescimento anímico não pode ser feito, enquanto qualquer parte do corpo está sob tensão.
Quando o relaxamento ideal é alcançado, o Aspirante à vida superior começa a rever as cenas do dia, porém, não deve começar com as ocorrências da manhã e encerrar com os acontecimentos da noite. Ele as revive em ordem inversa: primeiro as cenas da noite, então os acontecimentos da tarde e, por fim, as ocorrências da manhã. A razão para isso é que no instante do nascimento, quando a criança inala a sua primeira completa respiração, o ar inspirado pelos pulmões carrega com ele uma imagem do mundo exterior e, à medida que o sangue passa pelo ventrículo esquerdo do coração, cada cena da vida é retratada em um pequeno Átomo-semente ali localizado. Cada inspiração traz consigo novas imagens que ficam gravadas naquele pequeno Átomo-semente, um registro de cada cena e de cada ação praticada durante toda a nossa vida, desde a primeira respiração até o último suspiro. Após a morte, essas imagens formam a base da nossa existência no Purgatório. Sob as condições dos Mundos espirituais, sofremos dores cruciantes de consciência tão agudas, inacreditáveis, por cada má ação cometida e, assim, nos sentimos desencorajados em continuar no caminho do transgressor. A intensidade das alegrias que experimentamos devido as nossas boas ações praticadas atua como um estímulo para seguir o caminho da virtude nas vidas futuras. Porém, na existência post-mortem esse panorama da vida é revisto na ordem inversa, a fim de mostrar, primeiramente, os efeitos e depois as causas que os geraram, para que o espírito possa aprender como a Lei de Causa e Efeito funciona na vida. Por esse motivo, o Aspirante, que está sob a orientação científica dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, recebe ensinamentos para realizar seu exercício noturno também na ordem inversa, julgando-se diariamente e, assim, ele pode escapar do sofrimento no Purgatório após a morte. Contudo, devemos compreender que não haverá mérito algum se as cenas do dia forem feitas superficialmente. Não é suficiente quando revemos uma cena em que nós tenhamos prejudicado seriamente e causado a alguém muita dor e sofrimento e dizer simplesmente: “Bem, lamento muito pelo que fiz. Eu gostaria de nunca ter feito isso”. Nesse momento, somos o animal sacrificado repousado sobre o Altar dos Sacrifícios e, a menos que consigamos sentir em nossos corações o fogo divinamente inflamado do remorso queimando até o mais profundo do nosso ser, devido às nossas más ações praticadas durante o dia, de nada valerá.
Durante a antiga Dispensação[8], todas os sacrifícios eram esfregados com sal, antes de colocadas no Altar dos Sacrifícios. Todos sabemos como dói e queima quando, acidentalmente, esfregamos sal em um ferimento recente. Esse salgamento nos sacrifícios naquele Antigo Templos de Mistérios simbolizava a intensidade da dor que devemos sentir, quando nós, como sacrifícios vivos, nos colocamos sobre o Altar dos Sacrifícios. É o sentimento do remorso, o profundo e sincero arrependimento pelo que fizemos, que erradica a imagem do Átomo-semente, limpando-o e deixando-o sem manchas e, assim como na antiga Dispensação os transgressores eram justificados, quando traziam uma oferenda para ser queimada ali no Altar dos Sacrifícios, assim também nós, nos tempos atuais, ao realizar cientificamente o exercício noturno de Retrospecção, eliminamos o registro de nossos pecados. É uma conclusão precipitada que não poderemos continuar, noite após noite, a executar esse sacrifício vivo sem nos tornarmos consequentemente melhores e, deixando pouco a pouco de cometer os erros, pois do contrário seremos obrigados a nos responsabilizar quando nos recolhemos para fazer o exercício noturno. Assim, além de nos purificar de nossas falhas, esse exercício nos eleva a um nível mais elevado de espiritualidade que, de outra maneira, não poderíamos alcançar na vida atual.
Também vale ressaltar que quando um indivíduo cometia um grave delito e se refugiava no santuário, ele encontrava proteção à sombra do Altar dos Sacrifícios, pois, ali, somente o fogo divinamente inflamado podia executar o julgamento. Ele escapava das mãos dos seres humanos, mas se colocava sob as mãos de Deus. Também, de modo semelhante, o Aspirante que reconhece suas más ações todas as noites, se refugiando no altar do julgamento vivente, alcança o santuário da Lei de Causa e Efeito, e “mesmo que seus pecados sejam escarlates, ficarão tão brancos como a neve.”[9].
[1] N.T.: No Átrio do Tabernáculo
[2] N.T.: Sl 51:19
[3] N.T.: Sl 51:18
[4] N.T.: Ex 21:24
[5] N.T.: Nosso Esquema de Evolução começou no Período de Saturno e vai até o Período de Vulcano.
[6] N.T.: Lv 10:1
[7] N.T.: Esse exercício noturno é chamado de Exercício de Retrospecção.
[8] N.T.: Primeira e Segunda Dispensações, de um total de quatro.
[9] N.T.: Is 1:18
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
No Capítulo 10 do Evangelho Segundo São Lucas lemos: “E aconteceu que, indo Ele a caminho, entrou numa aldeia, e uma mulher por nome Marta o recebeu em sua casa. E tinha uma irmã chamada Maria, esta assenta aos pés de Jesus, ouvia sua palavra. Marta, absorvida pelas preocupações, aproximou-se: Senhor, não te incomoda que minha irmã me deixe servir sozinha? Diz-lhe que me ajude. Em resposta Jesus, disse: Marta, estás ansiosa e fatigada com muitas coisas. Mas, uma só é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e não lhe será tirada”.
Na Carta aos Estudantes de maio de 1916 com o título “Exercícios diários para o cultivo da alma” Max Heindel situa o caso de Aspirantes à vida superior que, a exemplo de Marta e Maria, assumem atitudes opostas em relação à vida espiritual.
Marta estava muito mais preocupada com suas comodidades materiais do que em atentar aos assuntos espirituais. Ela se dedicava a muitas coisas de menor importância em vez da única necessária como fazia sua irmã Maria. Sem dúvida, devemos considerar reprovável alguém negligenciar o cumprimento dos seus deveres e compromissos da vida cotidiana. Porém, muitos cometem o grande equívoco de priorizar suas tarefas materiais, imaginando que o desenvolvimento espiritual pode aguardar uma época mais oportuna em que não tenham outra coisa para fazer.
Um número cada vez maior de pessoas admite que deveria dar mais atenção a assuntos espirituais, mas encontram sempre uma desculpa para protelar essa consagração. Alegam problemas familiares, profissionais, viagens etc. Sem dúvida, em muitos casos essas desculpas são legítimas e quem as apresenta está, de fato, sacrificando-se por alguma outra pessoa ou assumindo uma outra responsabilidade. Entretanto, por cansativos e absorventes que sejam os negócios de cada um, é sempre possível dedicar algum tempo à vida espiritual. Porém, nossa vida material não pode ser uma coisa e a espiritual outra.
É inconcebível o Aspirante viver uma vida de ambiguidades. Nossa vida deve ser uma só. Pois não podemos servir a dois senhores ao mesmo tempo.
O Estudante Rosacruz, um Aspirante à vida superior, não negligência o lado material da vida, mas valoriza-o pelas experiências e expansão de consciência que possa oferecer.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
Resposta: Sim, as festas anuais têm a mais profunda significância oculta. Do ponto de vista material, os Astros não passam de massas de matéria circulando em suas órbitas em obediência às chamadas “leis cegas”, mas para os ocultistas eles aparecem como Grandes Espíritos, movendo-se no espaço como nos movemos no mundo.
Quando uma pessoa é vista gesticulando, atribuímos certo significado aos seus gestos. Se ela balança a cabeça, sabemos que está negando uma determinada proposição, mas se ela acena a cabeça, inferimos que ela concorda. Se ela acena, com as palmas das mãos voltadas para ela, sabemos que está sinalizando para alguém vir até ela, mas se ela virar as palmas para fora, entendemos que está alertando alguém para se afastar. No caso do universo, geralmente não pensamos que haja qualquer significado para a posição alterada dos Astros, mas para o ocultista há o significado mais profundo em todos os fenômenos variados do céu. Eles correspondem aos gestos da pessoa nesse exemplo.
Krisma, palavra do grego antigo, significa ungido, e qualquer pessoa que tivesse uma missão especial a cumprir era ungida nos tempos antigos. Quando, nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, o Sol está mais próximo da Terra – atingindo o Trópico de Capricórnio – os impulsos espirituais são os maiores em todo o Planeta. Porém, para nosso bem-estar material é necessário que o Sol se afaste mais da Terra e, assim falamos da época em que o Sol começa se afastar mais da Terra a partir do dia 25 de dezembro, o aniversário do Salvador, ungido para nos salvar da fome e do frio que adviriam se o Sol permanecesse sempre no ponto mais perto da Terra.
À medida que o Sol segue em direção ao Equador, passando pelo Signo de Aquário, o “Homem com um cântaro vertendo água”, a Terra é inundada de chuva, simbolizando o batismo do Salvador. Em seguida, vem a passagem do Sol pelo Signo de Peixes, os peixes, no mês de março. No passado, as reservas do ano passado foram todas consumidas e a comida do ser humano era escassa, por isso temos o longo jejum da Quaresma, em que o “comer peixe” simbolizava essa característica da jornada solar. Em seguida, vem a Páscoa, quando o Sol passou pelo Equador. Essa é a época da Páscoa, quando o Sol está em seu nó oriental, e essa travessia do Equador é simbolizada pela crucificação ou crucifixão, assim chamada, do Salvador; o Sol então passa pelo Signo de Áries, o Carneiro, e se torna o Cordeiro de Deus, que é dado para a salvação do mundo quando as plantas começam a brotar. No entanto, para que o sacrifício possa ser benéfico ao ser humano, Ele (o Sol) deve ascender aos céus onde Seus raios terão o poder de amadurecer a uva e o milho, e assim temos a festa da Ascensão do Salvador ao Trono do Pai, que ocorre no Solstício de Junho – quando o Sol atinge o Trópico de Câncer. Lá o Sol permanece por três dias, quando se diz “De lá ele retornará”, entra em vigor quando o Sol começa sua passagem em direção ao nó ocidental. No momento em que entra no Signo de Virgem, a Virgem, temos a Festa da Assunção e, depois, quando sai do Signo de Virgem, o nascimento da Virgem que parece, por assim dizer, nascer do Sol.
A festa judaica dos Tabernáculos ocorria na época em que o Sol cruzava o Equador em sua passagem para os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, e essa festa era acompanhada pela “pesagem do milho e a colheita do vinho”, que eram as dádivas do Deus Solar aos seus devotos humanos.
Assim, todas as festas do ano estão ligadas aos movimentos das estrelas no espaço.
(Pergunta nº 89 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: Após a Ressurreição, Cristo apareceu certa vez entre Seus Discípulos enquanto eles estavam em uma sala segura. Eles não O reconheceram de imediato e não acreditaram que o Seu corpo fosse um Corpo Denso. Mas, o veículo em que Ele apareceu foi o Corpo Vital de Jesus, e isso foi possível a Ele, como o é para qualquer outra pessoa capaz de funcionar nesse veículo, atrair matéria da Região Química existente ao redor de Si e construir, por algum tempo, um Corpo Denso perfeitamente tangível. Para convencê-los de que Ele era o mesmo de antes, pediu algo para comer e recebeu um pedaço de um favo de mel e alguns peixes. Afirma-se que ele comeu, mas não comeu peixe, pois, alguém que tivesse sido criado entre vegetarianos rigorosos, como os Essênios, não teria comido o peixe, da mesma forma não teria comido carne, se tivesse sido colocada diante dele.
Conta-se, também, um relato que Buda morreu após ter-se fartado de comer carne de javali, o que é altamente divertido para qualquer pessoa que tenha conhecimento do fato de que ele ensinou a seus discípulos uma vida simples e inofensiva – a sustentar o corpo com os alimentos mais puros e de melhor qualidade como aqueles que vieram diretamente do solo – e foi movido por uma enorme piedade diante da visão do sofrimento que envolvia tanto o ser humano como o animal. O Aspirante esotérico compreende que antigamente o javali era um símbolo do conhecimento esotérico. Uma pessoa pode transmitir seu conhecimento; pois, quanto mais damos, mais recebemos – mas, pelo menos a mesma quantidade de conhecimento sempre permanecerá. Essa verdade foi ensinada em um símbolo da Mitologia nórdica: no Valhalla, os guerreiros que haviam lutado o bom combate se sentavam ao redor de mesas banqueteando-se com a carne de um javali, que era constituída de maneira que, sempre que cortavam uma parte de sua carne, essa crescia outra vez, de modo que sempre havia o suficiente, não importando o quanto fosse cortada ou consumida. O Buda, durante a sua vida terrena, fartou-se desse conhecimento sagrado e, quando morreu, estava repleto dele.
No entanto, o investigador tem uma ideia errada. Os Rosacruzes não ensinam que todos devem ser vegetarianos imediatamente. Na verdade, eles ensinam que a alimentação vegetariana gera uma abundante energia, muito mais do que alimentos carnívoros. Essa energia não é apenas física, mas espiritual, de forma que, se o ser humano levar uma vida sedentária e tem uma predisposição voltada ao material, comprometido, talvez, em transações comerciais sórdidas ou em outras ocupações de esforço estritamente material, essa energia espiritual não encontra ventilação e será capaz de causar distúrbios sistêmicos. Somente aqueles que levam uma vida ativa ao ar livre, onde a abundante energia gerada pela alimentação vegetariana pode se exteriorizar, ou que transmutam essa energia em esforços espirituais, podem prosperar numa dieta vegetariana. Além disso, reconhecemos que a hereditariedade de muitas gerações tornou o ser humano parcialmente carnívoro, de modo que, para a maioria das pessoas, a mudança de uma dieta mista para uma dieta vegetariana deverá ser gradual. A dieta adequada para uma pessoa não é a mesma indicada para outra pessoa; vide o velho provérbio de que “o que é alimento para um pode ser veneno para outro”, e não podem ser estabelecidas regras rígidas, que se aplicarão igualmente a todas as pessoas. Portanto, tudo o que comemos, e tudo o mais que se relacione à nossa Personalidade deveria ser determinado por nós mesmos, individualmente.
A Bíblia diz verdadeiramente que não é o que entra pela boca que nos contamina. Se desejamos nos sustentar com alimentos repugnantes, é o intenso, urgente e anormal desejo que é o pecado, e não o alimento em si. Se uma pessoa está em um lugar onde não pode obter os alimentos puros que deseja e anseia, ela deve ingerir o alimento que pode ser obtido, mesmo que seja a carne, sem repugnância, com a mesma gratidão, com que ele fosse ingerir um alimento puro. Não será contaminado, devido à sua atitude mental.
(Pergunta nº 106 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação |
2 – Imaculada Concepção |
3 – Nascimento |
4 – Fuga para o Egito |
5 – Ensinamentos no Templo |
6 – Batismo |
7 – Tentação |
8 – Transfiguração |
9 – Getsemani |
10 – Crucificação |
11 – Ressurreição |
12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o regia e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no Signo de sua Exaltação, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a Exaltação e a Ressurreição foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O Astrológo Rosacruz, um esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Corinne Heline em A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas
Resposta: Em termos gerais, o Espírito Santo é o poder criador de Deus. Como uma das confirmações, lembremos da passagem do credo “Concebido pelo Espírito Santo”[1], em que Gabriel disse a Maria que o Espírito Santo viria sobre ela. Por esse motivo é que foi trazido à existência e é um raio daquele atributo de Deus que é utilizado pela humanidade para a perpetuação da Onda de Vida Humana aqui. Quando isso é praticado abusivamente, ou seja, para a gratificação dos sentidos, seja por meio da masturbação ou em parceria, com ou sem o casamento legal, constitui, então, essa prática, o pecado contra o Espírito Santo. Disseram-nos que esse pecado não é perdoado; deverá ser expiado. A humanidade, como um todo, está sofrendo por causa desse pecado. Os corpos debilitados, as doenças que vemos ao nosso redor, foram causadas por séculos de abusos, e até que aprendamos a subjugar as nossas paixões, não poderá haver verdadeira saúde entre a Onda de Vida Humana. Nascemos de pais que julgavam ser normal satisfazer as suas paixões a qualquer momento. E, em consequência disso, agora sofremos e, por nossa atitude em relação ao sexo, a maioria de nós está atualmente transferindo as mesmas doenças a nossos filhos. Assim, os pecados dos pais estão recaindo sobre os filhos, de geração em geração, e continuarão a trazer de que toda criança tem o direito de nascer em condições satisfatórias e de receber cuidados físicos apropriados durante o período de vida pré-natal.
(Pergunta nº 110 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Mt 1:20
O Átrio era um recinto que rodeava o Tabernáculo no Deserto. Seu comprimento era o dobro da sua largura e o portão ficava no extremo leste. Esse portão era coberto por uma cortina de linho fino torcido de cores azul, escarlate e roxo, e essas cores nos demonstram, de bate e pronto, o nível desse Tabernáculo no Deserto.
“Farás o átrio para o tabernáculo. Do lado meridional, ao sul do átrio, haverá cortinas de linho fino retorcido, numa extensão de cem côvados, … Também para o norte haverá cortinas, numa extensão de cem côvados” (Ex 27:9-11).
“Do lado do ocidente a largura do átrio comportará cinqüenta côvados de cortinas…Na frente, do lado oriental, a largura do átrio será de cinqüenta côvados… O comprimento do átrio será de cem côvados, sua largura de cinqüenta, e sua altura de cinco côvados” (Ex 27; 12-18).
“Na porta do átrio haverá uma cortina bordada, de vinte côvados, em jacinto, púrpura violeta e escarlate, em carmesim e em linho fino retorcido, com quatro colunas e quatro pedestais.” (Ex 27; 16).
No Evangelho Segundo de São João somos ensinados que “Deus é luz”, e nenhuma descrição ou semelhança poderia transmitir uma melhor concepção ou maior iluminação para a Mente espiritual do que essas palavras. Quando consideramos que mesmo o maior dos telescópios modernos não conseguiu determinar as fronteiras da luz, embora eles penetrem no espaço por milhões e milhões de quilômetros, isso nos fornece uma fraca ideia, porém abrangente, da infinitude de Deus.
Sabemos que essa luz, que é Deus, é refratada nas três cores primárias pela atmosfera que circunda nossa Terra, a saber: o azul, o amarelo e o vermelho. É um fato bem conhecido, por todo ocultista, que o raio do Pai é azul, enquanto o do Filho é amarelo e a cor do raio do Espírito Santo é vermelha. Somente o raio mais forte e mais espiritual tem a possibilidade de penetrar no assento da consciência da onda de vida que anima o nosso Reino Mineral e, dessa forma, encontramos sobre as cordilheiras de montanhas o raio azul do Pai refletindo em volta das encostas áridas e pairando como uma névoa sobre desfiladeiros e barrancos. O raio amarelo do Filho, mesclado ao azul do Pai, fornece vida e vitalidade ao mundo das plantas, que, dessa forma, refletem de volta uma cor verde por incapacidade de reter o raio dentro de si. Porém, no Reino Animal, ao qual, anatomicamente, o ser humano não regenerado pertence, os três raios são absorvidos e o raio do Espírito Santo fornece a cor vermelha da carne e do sangue do ser humano. A mescla do azul e do vermelho evidencia a cor púrpura do sangue, envenenado devido ao pecador. Contudo, o amarelo nunca se evidenciará até que se manifeste como um Corpo-Alma, o “traje nupcial” da Noiva mística do Cristo místico desenvolvido desde o interior.
Desse modo, as cores dos véus do Templo, tanto no portão como na entrada do Tabernáculo, mostravam que essa estrutura foi projetada para um período anterior ao tempo do Cristo, pois possuía somente as cores azul e escarlate do Pai e do Espírito Santo, respectivamente, que juntas formavam a cor púrpura. Porém, o branco é a síntese de todas as cores e, portanto, o raio amarelo de Cristo estava oculto nessa parte do véu, até que, no seu devido tempo, Cristo deveria aparecer para nos emancipar das leis, como eram fornecidas, que nos limitam e nos iniciar na plena liberdade dos Filhos de Deus.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Resposta: A Bíblia diz verdadeiramente que “o dia e a hora ninguém conhece”[1], e as pessoas que tentaram fixar uma certa data ou um certo ano para a Segunda Vinda definitivamente não compreenderam o objetivo da missão de Cristo na Terra. Seu ensinamento foi dado à humanidade à fim de que a lei, “Olho por olho e dente por dente”,[2] fosse abolida – para que a lei do temor (de Deus) pudesse ser absorvida pela Lei do Amor. Foi dito que “A lei e os profetas existiram até Cristo”[3], mas sabemos que ainda hoje a lei existe e é necessária. Portanto, é evidente que aquela lei não foi abolida na vinda física de Cristo. É o despertar do Cristo Interno, a natureza interior do ser humano, que deverá abolir a lei.
São Paulo fala desse advento como o “Cristo sendo formado em nós”[4], e até que o Cristo seja formado em nós não estaremos prontos para a Segunda Vinda. Angelus Silesius diz:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente”.
A segunda vinda de Cristo dependerá em quanto tempo um número suficiente de pessoas se tornarão semelhantes a Cristo e sintonizados com o Seu princípio, de modo que, como diapasões do mesmo tom que vibram juntos quando um é tocado, para que sejam capazes de responder às vibrações Crísticas que serão estabelecidas no retorno do Salvador. Portanto, esse evento não pode ser calculado. Toda vez que nos esforçamos em imitar a Cristo e cumprir Seus ensinamentos, estamos acelerando Sua vinda; então vamos nos esforçar mais para isso.
(Pergunta nº 102 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Mt 24:36
[2] N.T.: Lv 24:19, Ex 21:24, Dt 19:21 e Mt 5:38
[3] N.T.: Lc 16:16
[4] N.T.: Gl 4:19