Quando consideramos o intrincado e maravilhoso processo que se desenrola nos Mundos invisíveis, envolvendo as atividades de Anjos e seus auxiliares para trazer um Ego de volta a um Corpo Denso, e todas as causas e efeitos passados que entram neste evento, não é concebível destruir o veículo criança que está em formação.
Tudo começa quando estamos no Terceiro Céu (que se situa na Região Abstrata do Mundo do Pensamento), sem nenhum desses nossos Corpos e nem a Mente, mas com um nível de consciência muito mais ampla do que a que temos aqui e que nos faz, dentre outras coisas, a compreender em toda a sua plenitude qual é a nossa missão, o que temos que aprender ainda e quanta coisa temos que consertar na próxima vida. É sim uma consciência divina! E são esses três pontos os principais que nos faz ter uma vontade divina enorme para renascer.
Quando chega a nossa vez (mormente, em torno de 1000 anos, contando o tempo terrestre) contemplamos alguns Panoramas de Vida – somente com os eventos principais – possíveis de vivermos na próxima vida (isso devido à nossa teia de destino).
Note uma coisa importantíssima: a vida que viveremos no próximo renascimento aqui na Terra já começou!
Uma vez escolhido o Panorama de Vida (lembremos: estamos com a consciência divina e com o contato direto com os Anjos do Destino que nos ajudam), começamos a “descer” e passando pelas Regiões Concreta do Mundo do Pensamento colhemos tanto material quanto temos afinidades (“semelhante atrai semelhante”) para construir a nossa próxima Mente. Para isso utilizamos o Átomo-semente da Mente.
Depois “descemos” mais um pouco e entramos no Mundo do Desejo. Da mesma forma, colhemos de cada um das sete Regiões desse Mundo colhemos tanto material quanto temos afinidades (“semelhante atrai semelhante”) para construir o nosso próximo Corpo de Desejos. Para isso utilizamos o Átomo-semente do Corpo de Desejos.
Depois “descemos” mais um pouco e entramos na Região Etérica do Mundo Físico. Da mesma forma, colhemos de cada um das quatro Regiões Etéricas do Mundo Físico colhemos tanto material quanto temos afinidades (“semelhante atrai semelhante”). Para isso utilizamos o Átomo-semente do Corpo Vital. Só que aqui, além desse processo, contamos com a ajuda de outros seres que estão na fase de habitar o Segundo Céu e que se dedicam a construção de Arquétipos de Corpos, de outros seres conhecidos como Espíritos da Natureza e, também, nós mesmos (o que somos, um Ego) construímos o nosso próximo Corpo Vital (átomo por átomo copia do próximo Corpo Denso). Esse novo Corpo Vital é a soma de todos os outros que já criamos (desde o Período Solar) e mais algo original que não é resultado dos Corpos Vitais anteriores.
No momento em que a fecundação (resultado da relação sexual entre nosso futuro papai e nossa futura mamãe) os Anjos do Destino depositam o “molde” do Corpo Vital na matriz do útero da mamãe e coloca o Átomo-semente na cabeça do espermatozoide que fecundará o óvulo.
A partir daí o Corpo de Desejos da mamãe trabalha por um período de 18 a 21 dias no embrião, enquanto o Ego permanece fora, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente, mas sempre em íntimo contato com a mãe. Após esse período o Ego entra no útero da mãe e toma posse do seu Corpo Denso (sim, já é um Corpo Denso!). Assim, a partir desse momento o Ego já não pode mais sair do seu Corpo Denso, ficando ligado à mãe no ambiente uterino até o momento de nascer aqui.
Nós, Estudantes Rosacruzes, conforme aprendemos nos Ensinamentos Rosacruzes, temos a certeza de que o aborto é uma interferência de caráter destrutivo, é uma violação às leis naturais, às leis da Natureza e quando se refere à Natureza, refere-se a Deus. Cremos que tudo no Universo é planejado e tem um propósito, portanto, o nascimento, a vida e a morte obedecem a traçados muito sábios que correspondem a todas as necessidades do ser humano em evolução, visando o seu progresso, o seu crescimento anímico, a dilatação de sua consciência e o seu bem final.
Cremos que cada vez que renascemos para mais um dia de aprendizado na Escola da Experiência, que é a vida física, tem ano, mês, dia, hora e local para cumprir o nosso destino, para aprender as lições que precisa e dar mais um passo no caminho em espiral, evolutivo, rumo à perfeição. Cremos na imortalidade do Espírito e consideramos o aborto um assassinato, atitude causa um sofrimento lamentável e um rompimento desastroso na trajetória eterna de cada um de nós, quando ocorre um aborto provocado.
(*) Se você quiser se inteirar com mais detalhes sobre esse assunto é só acessar esse link: https://fraternidaderosacruz.com/tag/aborto/
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Quando estudamos o magnetismo, estamos lidando com uma força invisível e normalmente podemos, na melhor das hipóteses, afirmar a forma como ela se manifesta no Mundo Físico, como é o caso sempre que lidamos com qualquer força. O Mundo Físico é o mundo dos efeitos; as causas estão escondidas da nossa vista, embora estejam mais próximas do que nossas mãos ou pés. A força está ao nosso redor, é invisível e vista apenas pelos efeitos que produz.
Se pegarmos um prato com água, como ilustração, e deixá-lo congelar, veremos uma miríade de cristais de gelo, belas figuras geométricas. Essas mostram as linhas ao longo das quais a água foi congelada; são linhas de força que estavam presentes antes que água congelasse; mas eram invisíveis até que as condições apropriadas fossem fornecidas e elas se tornassem manifestas.
Da mesma forma, existem linhas de força entre os dois polos de um ímã; elas não são vistas nem sentidas até que tragamos ferro ou limalha de ferro para o lugar onde elas estão; então elas se manifestarão organizando as limalhas em um padrão ordenado. Ao criar as condições apropriadas, podemos fazer com que qualquer uma das forças da natureza mostre seus efeitos — movendo nossos carros, carregando mensagens na velocidade da luz por milhares de quilômetros etc. —, mas a força em si é sempre invisível. Sabemos que o magnetismo viaja sempre em ângulo reto em relação à corrente elétrica com a qual se manifesta; sabemos a diferença entre as manifestações da corrente elétrica e da corrente magnética, tão dependentes uma da outra, mas também nunca vemos; embora sejam os servos mais valiosos que temos hoje.
O magnetismo pode ser dividido em magnetismo “mineral” e “animal”, embora na realidade sejam apenas um; mas, o primeiro tem muito pouca influência sobre o tecido animal, enquanto o último é geralmente impotente no trabalho com minerais.
O magnetismo mineral é derivado diretamente das magnetitas, que são usadas para magnetizar o ferro; esse processo confere ao metal, assim tratado, a propriedade de atrair o ferro. Esse tipo de ímã é muito pouco usado pois seu magnetismo se esgota, porque é muito fraco em relação ao seu volume e, principalmente, porque a força magnética não pode ser controlada em um ímã chamado “permanente”.
O eletroímã também é um ímã mineral. É simplesmente um pedaço de ferro enrolado em muitas voltas de fio elétrico; a força do ímã varia conforme o número de voltas do fio e a força da corrente elétrica que passa por ele.
A eletricidade está ao nosso redor em um estado difuso, sem uso para fins industriais até que seja comprimida e forçada através de fios elétricos por poderosos eletroímãs. Devemos ter magnetismo em primeiro lugar antes que possamos obter qualquer eletricidade. Antes que um novo gerador elétrico seja iniciado, os “campos”, que nada mais são do que eletroímãs, devem ser magnetizados. Se isso não for feito, eles podem girá-lo até a rachadura da destruição, na velocidade que quiserem, e ele nunca acenderá uma única lâmpada ou moverá um grão de peso; tudo depende do magnetismo estar lá primeiro. Depois que esse magnetismo for iniciado, ele deixará um resíduo, quando o gerador for desligado, e esse chamado “magnetismo residual” será o núcleo de força a ser construído cada vez que os geradores forem reiniciados.
Todos os Corpos Densos de planta, animal e ser humano não passam de “mineral” transformado. Em primeiro lugar, todos eles vieram do Reino mineral e a análise química dos Corpos Densos das plantas, dos animais e dos seres humanos revela esse fato além de qualquer objeção. Além disso, sabemos que as plantas obtêm seu sustento do solo mineral e tanto o animal quanto o ser humano estão “comendo mineral” quando consomem plantas como alimento; mesmo quando o ser humano come os animais, ele está comendo compostos minerais e, portanto, obtém com seu alimento tanto as substâncias minerais quanto a força magnética que elas contêm.
Essa força é o que vemos se manifestando como a hemoglobina, a matéria vermelha do sangue, que atrai o oxigênio vital quando entra em contato com ele nos milhões de minúsculos capilares dos pulmões, separando-se quando passa pelos capilares, que, por todo o corpo, conectam as artérias e as veias. Por que isso é assim? Para entender devemos nos familiarizar um pouco mais com a forma como o magnetismo se manifesta nos usos industriais. Há sempre dois campos, ou um múltiplo de dois campos, em um gerador ou motor — cada campo alternativo ou ímã sendo “polo norte” e todos os outros, “polo sul”. Se desejamos operar dois ou mais geradores “em múltiplo” e forçar a eletricidade no mesmo fio, o primeiro requisito é que a corrente magnética nos ímãs do campo corra no mesmo sentido.
Se não fosse esse o caso, não correriam juntos; eles gerariam correntes indo em sentidos opostos, queimando seus fusíveis. Isso ocorreria porque os polos de um gerador, que deveriam ter atraído, repeliram ou vice-versa. O remédio é trocar as pontas do fio que magnetiza os campos; então a corrente magnética em um gerador se tornará como a corrente do outro e ambos funcionarão suavemente juntos.
Condições semelhantes prevalecem na cura magnética: um certo tom vibratório e polaridade magnética foram infundidos em cada um de nós, quando as forças astrais (do Sol, da Lua e dos Planetas) passaram por nossos Corpos (Denso, Vital e de Desejos) e pela Mente e nos deram o batismo astral, no momento em que respiramos de forma completa pela primeira vez. Isso é modificado durante nossa peregrinação pela vida, mas o impulso inicial permanece imperturbável e, portanto, o horóscopo do nascimento essencialmente retém o poder para determinar nossas simpatias e antipatias, bem como todos os outros assuntos. Mais ainda, seus pronunciamentos são mais confiáveis do que nossos gostos e desgostos conscientes.
Às vezes, podemos conhecer uma pessoa e aprender a gostar dela, embora tenhamos a sensação de que ela tem uma influência hostil sobre nós, a qual não podemos explicar e, portanto, nós nos esforçamos para deixar de lado; mas uma comparação entre o seu horóscopo e o nosso revelará a razão e se formos sábios, prestaremos atenção ao seu aviso ou, tão certo quanto os Planetas circulantes se movem em suas órbitas ao redor do Sol, viveremos para lamentar nosso desrespeito a essa caligrafia na parede.
Mas, também há muitos casos em que não sentimos a antipatia entre nós e uma determinada pessoa, embora o horóscopo a revele; se virmos os sinais, ao comparar os dois horóscopos, poderemos nos sentir inclinados a confiar em nossos sentimentos, em vez de confiar no roteiro estelar dos horóscopos. Com o tempo, isso também levará a problemas, pois a polaridade astral certamente se manifestará com o tempo, a menos que ambas as partes estejam suficientemente evoluídas para “governar suas estrelas” em grande medida.
Essas pessoas são poucas e distantes entre si em nosso atual estágio de evolução. Portanto, faremos bem se usarmos nosso conhecimento da escrita estelar para comparar nossos horóscopos com aqueles que pelo menos entram intimamente em nossas vidas. Isso pode poupar tanto a eles quanto a nós muita miséria e mágoa. Aconselhamos este curso particularmente no que diz respeito a um curandeiro e seus pacientes ou a um possível parceiro ou uma possível parceira para um relacionamento conjugal.
Quando uma pessoa está doente, a resistência está no ponto mais baixo e, por isso, ela é menos capaz de resistir às influências externas. Assim, as vibrações do curador têm efeito praticamente irrestrito e mesmo que ela possa ser animada pelo mais nobre dos motivos altruístas, desejando derramar sua própria vida em benefício do paciente, se suas “estrelas” forem adversas no nascimento, seu tom vibratório e o magnetismo tendem a ter um efeito hostil sobre o paciente. Portanto, é de primeira necessidade que qualquer curador tenha um conhecimento de Astrologia Rosacruz e da Lei da Compatibilidade, pertença ele àqueles que reconhecidamente curam por magnetismo e imposição de mãos, ou às escolas regulares de profissionais de saúde, porque também infundem suas vibrações na aura do paciente e ajudam ou atrapalham de acordo com a concordância entre a sua polaridade astral e a do paciente.
O que foi dito a respeito do curador aplica-se com força dez vezes maior ao enfermeiro e a enfermeira, pois ele ou ela está com o paciente praticamente o tempo todo e seu contato é muito mais íntimo.
Para curador, o profissional de saúde e paciente a compatibilidade é determinada pelo Signo Ascendente, pelo Planeta Saturno e pela Sexta Casa. Se os seus Signos Ascendentes concordarem em natureza, de modo que todos tenham Signos de Fogo na cúspide de primeira Casa ou todos tenham Ascendentes com Signos de Terra, de Ar ou de Água, eles serão harmoniosos, mas se o paciente tiver Ascendente com Signos de Água, um curador ou um profissional de saúde com Ascendente com Signos de Fogo têm um efeito muito prejudicial.
Também é necessário ver se Saturno, no horóscopo do curador ou do profissional de saúde, não está em um dos graus do Zodíaco dentro da sexta Casa do paciente.
No que diz respeito à relacionamentos conjugais, a polaridade astral é mostrada principalmente pela consideração da Lua e de Vênus femininos no horóscopo de um homem, pois descrevem suas atrações pelo sexo oposto; no horóscopo de uma mulher, o Sol e Marte masculinos têm um significado semelhante. Se esses Astros estiverem harmoniosamente configurados e os Signos nas cúspides da sétima Casa dos possíveis parceiros concordarem, a harmonia prevalecerá, especialmente se o Sol, Vênus ou Júpiter de uma pessoa estiver na Sétima Casa da outra. Mas se os Astros mencionados afligem um ao outro, ou as sétimas Casas das partes estão em desarmonia, ou se Saturno, Marte, Urano ou Netuno de um está em algum grau incluído na sétima Casa do outro, é a escrita óbvia indicando que a polaridade astral é desarmônica e que a tristeza está reservada para eles, se permitirem que suas emoções evanescentes os unam em um vínculo de infelicidade; pois é fácil mudar os fios do campo em dois geradores elétricos para que suas polaridades coincidam, mas é extremamente difícil inverter a polaridade astral de uma pessoa para fazê-la concordar com a recebida por outra em seu batismo astral.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: Quando um braço, membro ou qualquer órgão é removido do Corpo Denso, o físico, por meio de qualquer tipo de intervenção cirúrgica, somente a parte densa[1] do órgão ou do membro, permeada pelo Éter planetário, é retirada. Os quatro Éteres[2], que constituem o Corpo Vital do homem ou da mulher, assim submetido à intervenção cirúrgica permanecem; mas há uma certa conexão magnética entre a parte que se decompõe – e que, normalmente, é enterrada – e a contraparte etérica que permanece com a pessoa. Em consequência, ele ou ela sente a dor e o sofrimento na parte removida, ainda por algum tempo após a cirurgia, até que essa se deteriore e a contraparte etérica se desintegre.
Você encontrará alguns casos interessantes demonstrando esse ponto e ensinamentos adicionais a respeito desse assunto no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Quando uma pessoa ferida (em alguma parte do Corpo Denso dela) passa para os Mundos invisíveis, ela pensa usando a Mente do mesmo jeito que usava quando estava viva aqui, e se imagina com a mesma aparência que tinha quando estava viva aqui. Consequentemente, uma cicatriz na testa ou a perda de um braço ou membro é reproduzida pelo pensamento dela na matéria do Mundo do Desejo e ela aparece lá tão desfigurada como estava aqui.
Isso foi muito observado durante a Guerra Mundial[3], pois todos os soldados que faleciam, em consequência de ferimentos visíveis no Corpo Denso, e cujos efeitos sabiam determinar, reproduziram esses ferimentos nos Corpos de Desejos deles. Eles sentiram uma dor semelhante à que sentiriam se tivessem ainda em seus Corpos Densos, porque imaginavam ou acreditavam ser real lá a dor que deveria estar relacionada com seus ferimentos. Entretanto, eles procuraram rapidamente se ajudar mutuamente e por aqueles que tinham sido auxiliados pelos Irmãos Maiores a ver a realidade, isto é, que não havia realmente dor. Assim que eles se convenceram que seus ferimentos eram nada mais do que ilusões e aprenderam que eles podiam moldar os Corpos deles para condições normais e saudáveis, eles puderam, rapidamente, remediar a situação.
(Pergunta nº 41 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: formada de material da Região Química do Mundo Físico.
[2] N.T.: Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor.
[3] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
Geralmente, considera-se uma superstição grosseira alguém expressar seriamente a ideia de que a doença é o resultado do pecado e a pessoa que fizer tal declaração corre o risco de ser ridicularizada. No entanto, quando analisarmos o assunto com cuidado, veremos que não é uma ideia tão absurda, pois o argumento científico não pode fugir do fato de que há ou deve haver uma inteligência superior governando e guiando o universo; além disso, existem certas leis que são imutáveis e preservam a ordem em todos os departamentos; assim, tudo, desde o micróbio até o ser humano, está sob o domínio dessas leis. Se sairmos por uma janela no segundo andar, pecaremos contra a lei da gravitação e a queda na terra poderá causar fraturas nos ossos por causa da nossa descida muito rápida em direção ao centro de atração; se pusermos a mão no fogo, pecaremos contra a lei da vibração e nossa mão se despedaçará por causa da rapidez e intensidade das correntes etéricas; por esses pecados contra as leis da natureza podemos sofrer por meses.
Os casos em que o pecado contra uma lei da natureza bem definida acarreta um sofrimento correspondente são tão óbvios que, via de regra, ninguém transgride deliberadamente, mas estamos muito propensos a cometer pecados em situações em que uma penalidade não parece estar diretamente envolvida e quando ganhamos com a comissão alguma satisfação prazerosa, como é o caso da indulgência do apetite à mesa ou das paixões da natureza inferior. “Embora os Moinhos dos Deuses moam lentamente, eles moem extremamente bem”, no entanto, e toda transgressão certamente trará sua justa recompensa, pois a balança da Justiça deve equilibrar-se; um dos lados não pode ficar permanentemente abaixado. Enquanto ele recupera seu equilíbrio, sofremos pelos pecados que causaram sua descida, e quando o equilíbrio é alcançado, os pecados são perdoados ou apagados.
Contudo, embora a balança da justiça deva encontrar seu equilíbrio, seria uma ideia totalmente equivocada inferir que Deus ou a Natureza pretende se vingar. Longe disso; assim que a lição for aprendida e nos arrependermos e deixarmos de ceder ao pecado, estaremos na posição em que um mediador ou curador habilidoso no uso de forças ocultas poderá intervir e nos salvar do sofrimento ordinariamente exigido na expiação de nossos pecados; isto é, a dor que teríamos que sofrer durante o curso normal da natureza, e é exatamente isso que o Círculo de Cura Rosacruz pretende fazer. Quando o Evangelho do Bem Viver, encarnado nos Ensinamentos Rosacruzes, for assimilado pela pessoa necessitada de ajuda a tal ponto que ela se declare pronta para se esforçar e viver sua vida em harmonia com as leis de Cristo e seguir Seus ensinamentos, então ele se alinhará mentalmente com as Leis Universais da Saúde e poderá então progredir espiritualmente.
A cura pode nem sempre ser milagrosa ou instantânea, particularmente em casos em que a doença é de longa data, mas quando o transgressor da lei de Deus, ou da Natureza, ouve o Evangelho, ou boas novas, e pede para ser curado de sua enfermidade, ele já está no caminho da recuperação.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Existem algumas palavras-chave nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – os Ensinamentos Rosacruzes –, de função bem definida em relação às aspirações do Mundo Ocidental, tais como: panaceia, cosmos, arquétipo, Ecclesia, Epigênese, hierofante, neófito, mistério, misticismo, etc.
A filosofia e mitologia grega, pré-cristã, criaram estas palavras para atender ao significado mais profundo de certas atividades e realizações em suas escolas de mistérios, durante um dos períodos mais gloriosos da História humana – que fora a Idade Áurea. Os criadores destes termos simbólicos foram: Sócrates, Platão, Aristóteles, Pitágoras, Hipócrates e outros iluminados da Grécia antiga.
O Estudante Rosacruz está familiarizado com esses vocábulos, mas, frequentemente, passa por cima do significado mais profundo ou porque não presta a devida atenção, ou porque não compreendeu, ainda, a diferença que isso faz para a perfeita assimilação dos seus estudos.
Ao compulsar o sentido etimológico podemos desvelar significados mais sutis, convertendo-os em símbolos vivos e imagens pulsantes do pensamento ocidental.
Deles, o que, talvez, encerre maior significado é a palavra – e o conceito que há no seus significado – PANACEIA aplicada nos Ensinamentos Rosacruzes.
Na Filosofia Rosacruz há três pedras angulares: curar, servir e propagar. Sobre elas os Irmãos Maiores edificaram seu trabalho em benefício do mundo. Ora, panaceia exprime a atividade de cura!
Em seu simbolismo, panaceia expressa a aspiração e o desvelo da Fraternidade Rosacruz no desenvolvimento da arte de curar pelo Método Rosacruz, a Cura Rosacruz.
O dicionário define panaceia como um remédio universal, pois pode curar todas as enfermidades e doenças.
No grego, panakeias é um vocábulo composto: Pana (todo ou pão) e o verbo akeistar (curar). Literalmente: o “pão da cura”, ou seja, o remédio com a fórmula para tudo curar: mental, moral ou fisicamente.
Na mitologia grega Panaceia e Higéia (saúde) eram irmãs, filhas de Asklêpios (em latim Asculapius, em português Esculápio) – o deus da cura. Por sua vez, Esculápio era filho de Apolo (Sol, vitalidade, luz) – o grande médico.
Desde tempos imemoriais havia Templos de Cura. Na Grécia eram dedicados a Asclépio, o deus da cura. Seus sacerdotes compunham grupos de curadores especializados, devotos e espirituais. Praticavam a medicina em o sagrado recinto de cura (asklepión).
Sob configurações astrais favoráveis (pois aliavam os conhecimentos de Astrologia), os enfermos eram levados a esse lugar santo (asklepión) onde, em cerimônia religiosa, tomavam tabletes, espécie de hóstia sagrada deixada pelos ex-pacientes agradecidos, após sua cura, na elevação de sua fé ao deus da cura.
Depois deste serviço religioso, os enfermos eram deixados no recinto sagrado a dormir. Durante o sono, os sacerdotes lhes ministravam os remédios – a panaceia – por meios conjuros (ritual especial) e encantamento, regidos por Higéia e Asclépio. Por este meio de cura, muitos pacientes ao despertar na manhã seguinte estavam completamente curados, tal como relatam os manuscritos da época.
Esse ritual é tecnicamente conhecido como “incubação” (em grego epoas, que quer dizer empolar ou deitar-se sobre ovos).
Há grande semelhança entre o templo grego de cura (asklépión) e a arte de Cura Rosacruz. Os dois empregam o método de ajuda espiritual, da Escola Ocidental de Mistérios; ambos ajudam a humanidade a alcançar a saúde do corpo pela combinação da panaceia espiritual e dos meios físicos. É a ação do Grande Curador, aproveitada pelos conhecimentos de Astroterapia e auxiliada pela dieta alimentar adequada, exercícios, preparo mental e emocional, etc.
Quando aprofundamos o significado de Higéia (saúde) e Astroterapia, do ponto de vista Rosacruz, compreendemos por que Max Heindel definiu: “há saúde física apenas quando os órgãos trabalham em perfeita ordem e harmonia”. Quando um órgão diminui sua função, provoca desequilíbrio na harmonia do conjunto e surge a enfermidade ou a doença.
A enfermidade ou a doença se prolonga por causa dos abusos e da ignorância. Se o paciente sabe aproveitar as configurações astrais favoráveis e colabora com o Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o possua, cumprindo sinceramente sua parte, então a panaceia lhe é aplicada, coroando seus esforços de viver segundo as Leis da Natureza, que são as Leis de Deus. Diz Max Heindel: “A panaceia faz com que a substância concentrada da Vida de Cristo flua através do Corpo Denso e do Corpo Vital do paciente, dando a cada célula um ritmo que desperta o Ego preso em sua letargia, devolvendo-lhe vigor e saúde”.
Em que consiste essa panaceia? Como pode ela nos beneficiar?
Max Heindel nos relata o que pôde constatar, quando visitou pela primeira vez o Centro Espiritual da Ordem Rosacruz: “É uma visão inolvidável! Ao penetrar no Templo, vi três esferas suspensas no teto, no meio do salão. Na esfera superior observei um pequeno recipiente com vários pacotes cheios de substância do Espírito Universal. Os Irmãos sentaram-se numa certa posição, enquanto a música preparava o ambiente”.
Inesperadamente as três esferas começaram a brilhar com as três cores primárias: a de cima, azul; a do meio, amarelo; a de baixo, vermelho.
Durante esse encantamento, cheio de beleza, reparei que o recipiente dos pacotes se iluminou de uma essência espiritual. Vi como os Irmãos tomaram essa substância, aplicando-a aos pacientes adormecidos, à medida que os visitavam à noite”.
Continua Max Heindel: “Quanto ao efeito da panaceia, é maravilhoso! Quando aquela substância dos pacotes (panaceia) era aplicada, irradiava-se pelo Corpo do paciente como uma luz mágica, destruindo toda matéria cristalizada que cobria os centros espirituais do Corpo enfermo. A cura era instantânea e o paciente despertava são na manhã seguinte”.
A Astroterapia, à parte da Astrodiagnose e do prognóstico pelos Astros, tem sido de grande importância na medicina de todos os tempos. Pelas Progressões e pelos Trânsitos dos Astros, aplicados a cada enfermo, o profissional de saúde, que utiliza a Astroterapia, pode chegar a conclusões importantes e prevenir crises que se anunciam. Talvez não haja ciência mais estreitamente unida a medicina que a Astroterapia.
A Astrodiagnose, por exemplo, tem sido de uma importância capital na arte de curar. Era o método de diagnóstico que os profissionais da saúde da antiguidade utilizava e constitui um auxiliar precioso aos profissionais da saúde de hoje. No Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o possua é o método básico de diagnóstico. Max Heindel considerava a Astrologia mais importante que a clarividência, porque, baseada na Lei Cósmica, é muito mais rápida, exata e ampla.
Voltando à palavra panaceia, observemos que ela esteve presente no juramento hipocrático, que se estendeu por quase vinte e cinco séculos como guia de ética na profissão “médica”. Tal juramento se inicia com essa invocação: “Juro, pelo médico Apolo, por Asklépios, por Higéia e por Panaceia, etc. etc.”. Hipócrates viveu no século quinto A.C. e é conhecido como o “Pai da Medicina”. Era um Ego avançado, devotado à arte de curar, com grande amor à humanidade. Ele combinava os esforços e contribuições da medicina e da física com poderes espirituais em suas práticas de cura, porque sabia que a enfermidade é, ao mesmo tempo, física e mental. Daí tratar do paciente como um todo: Corpo, Mente e Espírito. Seu tratamento incluía medicina, dieta, massagens, exercícios, estudos e práticas espirituais. Só mesmo quando tudo isto não resultava eficaz recorria à cirurgia.
Hipócrates fez da medicina uma ciência. Não só definiu as funções do “Sacerdote” e do “Médico”, combinando sua contribuição, como também destacou a medicina da filosofia.
Atribuem-lhe muitos aforismos famosos, tais como:
“Onde há amor, há humanidade”. “Não há arte de cura sem amor”.
“Nenhuma enfermidade é só divina ou só humana; todas têm sua própria natureza; cada pessoa apresenta sua própria causa. Assim, nenhuma enfermidade se produz sem causa natural”.
Deste último a medicina moderna adaptou o asserto: “Não há doenças; há doentes”.
Hipócrates ensinou que a natureza é a grande curadora.
Antes de Hipócrates, os métodos gregos de cura estavam em sua infância e tinham caráter mágico-religioso. No tempo de Hipócrates assumiram feição médico-filosófica, levando em conta todos os fatores que pudessem favorecer a cura. Com o tempo, reduziram-se a uma ciência natural, mais especulativa, limitada aos próprios recursos e reduzida em sua eficácia.
Notem no método de Cura Rosacruz: muitas pessoas podem testemunhar a eficiência da panaceia espiritual; seus efeitos são evidentes, mas não podem ser confirmados cientificamente, senão por comparação entre o estado anterior e posterior do paciente. Quer dizer: não se pode explicar praticamente.
A medicina, ao contrário, dá explicações teóricas para quase tudo, sendo mais facilmente aceita por aqueles que desejam evidências.
No entanto, o que vale é o resultado, mais completo e eficaz, de vez que abrange o ser humano integral, consolidando a harmonia física, emocional e mental sem os inconvenientes tóxicos.
O método de Cura Rosacruz foi transmitido a Max Heindel pelos Irmãos Maiores e se baseia nos mais puros princípios da medicina natural, combinados com métodos espirituais de harmonização emocional e mental. Concilia, pois, os diversos aspectos: panaceia espiritual, Astroterapia, dieta, homeopatia, osteopatia, tratamento quiroprático, etc.
O conceito Rosacruz de enfermidade e doença, tal como se depreende da filosofia exposta por Max Heindel, deseja contribuir para que a medicina seja restituída a seu lugar exato, deixando seu limitado campo de experiência e combine todos os fatores solicitados pelo ser integral.
Em tal sentido, Max Heindel construiu, em Mount Ecclesia, um Sanatorium ou Sanitarium (“casa para curar”), onde aplicava todos os recursos na recuperação completa dos enfermos.
Em seu livro “Cartas aos Estudantes”, Carta nº 6, de junho de 1911, último parágrafo, diz Max Heindel: “Denominamos Mount Ecclesia a este maravilhoso recanto da natureza. Iniciamos um fundo para construção de um edifício adequado, uma Escola de Cura, um Sanatorium ou Sanitarium e, por fim, um Templo de Cura, uma Ecclesia onde seja possível preparar a panaceia espiritual, que será aplicada pelos auxiliares devidamente capacitados, aos enfermos que, no mundo inteiro, nos solicitar ajuda”.
Não pode realizar esse objetivo. Durante toda a sua vida o desejou, lamentando não haver encontrado meios para realizá-lo, conforme exprime na Carta n.º 24, de novembro de 1912.
No entanto, formou-se um competente Departamento de Cura, com recursos astrológicos utilizando a Astrologia Rosacruz, orientação sobre medicina natural (higiene, alimentação, tratamento, etc.) que tem atendido eficazmente a todo o mundo, membro ou não, logrando resultados auspiciosos.
O sonho de Max Heindel permanece como ideal embrionário, uma aspiração germinal. O que se realiza apenas no Templo etérico da Ordem Rosacruz será realidade em muitos núcleos futuros, quando houver pessoas devidamente preparadas.
Os gritos de dor e angústia da humanidade carente, chegam à Mount Ecclesia, pelas milhares de cartas endereçadas ao Departamento de Cura e em todos os Centros Rosacruzes no mundo que também possuem um Departamento de Cura. De toda maneira, a ânsia concentrada dos enfermos, sua esperança em um método mais completo, estão criando condições para que os Irmãos Maiores realizem seu ideal de cura, por meio dos homens e das mulheres de boa vontade, sensíveis a esse sofrimento.
Max Heindel estava seguro de que um dia os Centros de Cura se estabelecerão sobre linhas científicas, explicando os recursos espirituais que emprega. Em um futuro não muito distante teremos Discípulos bem qualificados, movidos pelo amor altruísta, dignos de receberem e encaminharem a panaceia, aos lugares de cura estabelecidos com esse propósito.
Ele nos encarece fazermos todo o possível para manter a unidade de esforço, no intento de curar. Insiste sobre a importância de realizarmos, com todo o amor, as Reuniões semanais de Cura, apesar de não podermos contar o mecanismo de ação. Aconselha o estudo dos recursos naturais e da Astrologia Rosacruz médica, para sermos úteis a nossos semelhantes. Sobretudo nas Reuniões de Cura geram a panaceia, para os Auxiliares Invisíveis realizarem amplamente sua tarefa.
Era firme crença de Max Heindel: “Qualquer movimento, incluindo a Fraternidade Rosacruz, deve reunir os três atributos divinos: ‘Sabedoria, Fortaleza e Beleza’, para que cresça e perdure. Esses três atributos geraram a Ciência, a Religião e a Arte. Igualmente, cada Estudante Rosacruz deve empenhar-se para conquistar e desenvolver em si estes três atributos, até certo grau, aplicando-os no trabalho de conjunto, para que a Fraternidade Rosacruz realize o que os Irmãos Maiores planejaram. Estudantes que são profissionais de saúde devem procurar a conciliação dos recursos espirituais de cura (panaceia e recursos auxiliares, que atendam ao ser integral) com os descobrimentos da ciência moderna, que dê um caráter científico-espiritual ao Serviço de Cura, tal como está previsto para a Era de Aquário”.
A tarefa é extremamente difícil, tendo em vista a resistência acadêmica, o materialismo e os interesses em jogo. Entretanto, cabe a cada um de nós realizar aos poucos esta sublime aspiração.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1976-Fraternidade Rosacruz-SP)
Muitas pessoas com corações gravemente danificado ou com mau funcionamento (cardiopatias graves) vivem por anos; outros sucumbem em poucos meses. Há tanta diferença em pacientes com coração gravemente danificado ou com mau funcionamento quanto naqueles que perderam braços ou pernas ou que, também, sofrem por esses estarem gravemente danificado ou com mau funcionamento. Uma pessoa que perdeu os dois braços aprenderá a usar os dedos dos pés e a boca de várias maneiras; ela pode até se tornar autossustentável. Outra não fará nada e permanecerá uma inválida lamurienta. É o mesmo entre os casos de coração; entre aqueles que aparentemente estão igualmente aflitos, alguns se deitarão e morrerão, enquanto outros se levantarão e terão uma vida longa e útil.
Temos as velhas frases: ‘coração forte’, ‘coração vigoroso’ e ‘coração valente’, e não há dúvida de que a pessoa que tem um coração fisicamente são é muito mais capaz de resistir aos golpes de adversidades do que aquela que tem um coração com alguma deficiência ou que sofre com má circulação sanguínea. Mas o órgão físico tem um poder espantoso de recuperação e de adaptação às condições desfavoráveis; isto é, quando outros fatores dentro dela estão trabalhando em harmonia com o coração.
Sabe-se agora que as substâncias peculiares que chamamos de “secreções internas”, produzida pelas Glândulas Endócrinas têm uma ação muito distinta no controle do coração. E as últimas investigações avançaram um passo e mostraram que essas secreções internas são amplamente influenciadas pelo estado mental. Por exemplo, a preocupação ou outras emoções fortes perturbarão completamente alguns desses processos, alterando as próprias reações químicas e causando estados realmente mórbidos do sistema. Esta descoberta explicará os bons resultados que a cura pela fé tem sobre muitos processos de doença; a Mente é colocada em um estado de calma, de confiança, de forte esperança, que tende a normalizar essas secreções internas e, assim, restaurar o bom funcionamento dos órgãos.
Isso só reforça o motivo do lema Rosacruz ser: uma Mente Pura; um Coração Nobre e um Corpo São!
E, também, dá razão de termos no Credo Rosacruz o desejo de que: “cada coração seja repleto de amor fraternal”.
(Publicada na Revista Rays from the Rose Cross de setembro/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
A obsessão é um estado na qual um Espírito desencarnado toma possessão permanente do Corpo Denso e Vital de uma pessoa, depois de haver expulsado seu dono. Porém, algumas vezes ocorre que um indivíduo que tem algum vício, como o de embriagar-se, apresenta como desculpa que estampa obsidiado. Quando isso acontece, quase sempre se pode ter a certeza de que não é mais que um pretexto. Um ladrão que rouba algo aqui no Mundo Físico não vai divulgar seu furto; nem uma entidade obsessora vai proclamar esse feito. A essas entidades não importa absolutamente o que se pense da pessoa, cujo corpo tenham roubado, nem têm motivos para divulgar sua condição e arriscar um exorcismo.
Existe uma maneira infalível para determinar se uma pessoa está possessa por meio do diagnóstico do olho. “Os olhos são as janelas da alma“[1]. Somente o dono verdadeiro é capaz de contrair e dilatar a íris do olho. Se um indivíduo realmente está possesso, a íris dos seus olhos não se dilatará quando entrar num quarto escuro ou quando se fixar em um objeto distante. Também não se contrairá quando sair ao sol ou quando se fixar em letras pequenas. Em resumo, a íris dos seus olhos não responde nem à luz nem à distância, quando e pessoa está possessa. Não obstante, existe uma enfermidade chamada “ataxia locomotriz” na qual a íris não responde à distância, porém responde à luz. Os Espíritos apegados à Terra sentem atração pelas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, a qual interpenetra os Éteres do Mundo Físico. Esses Espíritos estão em estreito contato com as pessoas terrestres que se encontram em melhores condições para a execução de seus projetos infames. Normalmente, permanecem nesse estado apegados à Terra por cinquenta, sessenta ou setenta e cinco anos, porém, sabe-se de casos muitos raros em que tais espíritos permaneceram assim por séculos. As investigações de Max Heindel indicam que não há limite às suas ações ou ao tempo em que podem ficar apegados à Terra. Porém, durante esse período estão acumulando muitos pecados, sofrimento pelo qual não podem escapar, porque seu Corpo Vital imprime em seu Corpo de Desejos um arquivo das suas más ações. Quando se desprendem da Terra e entram na existência purgatorial – no Purgatório que se localiza especificamente nas três Regiões inferiores –, enfrentam-se com a justa recompensa que bem merecem. Naturalmente esse sofrimento aumenta conforme o tempo que permaneceram em suas práticas nefandas depois da morte do Corpo Denso, que é outra prova de que “mesmo que os moinhos de Deus moam muito lentamente, o fazem com precisão”.
Quando o Espírito, por fim, abandona o Corpo de Pecado e sobe ao Segundo Céu, este Corpo de Pecado não se desintegra tão rápido como o faz normalmente o cascão de pessoas normais.
Isto acontece porque o elo dos Corpos Vital e de Desejos dão ao Corpo de Pecado uma consciência que é notável. O cascão não pode raciocinar, porém tem uma astúcia tal que dá a impressão de estar animado por um Espírito, por um Ego, e isso o capacita a levar uma vida individual por muitos séculos. O Espírito liberto entra no Segundo Céu, mas por não ter feito nada na Terra para merecer uma longa permanência ali ou no Terceiro Céu, fica somente o tempo suficiente para criar um novo ambiente para si, e logo volta a renascer muito mais breve do que o normal, a fim de satisfazer suas ânsias pela vida material que tanto o atrai.
Quando este Ego retorna à Terra é natural que o cascão da sua vida anterior se adira a ele e permaneça assim durante a vida inteira como um demônio. As investigações a esse respeito provaram que esta classe de entidades sem alma era muito comum nos tempos bíblicos. Foi a eles a que se referiu nosso Salvador quando falou dos demônios, que eram a causa das possessões e enfermidades descritas na Bíblia. A palavra grega “daimon” os descreve com precisão.
No Conceito Rosacruz do Cosmos vemos que o Ego, o ser humano verdadeiro, é um Tríplice Espírito que funciona em um Tríplice Corpo, contando com a Mente como o elo, e que somente um, o Corpo Denso, pode-se ver com os olhos físicos. São Paulo cita no ICor 15:40: “... e há corpos celestiais e corpos terrestres…”. E no capítulo 15:44, “Há corpo animal e há corpo espiritual“. Os Ensinamentos Rosacruzes reconhecem os corpos natural e espiritual, mencionados por São Paulo, mas também afirmam que estes dois corpos são interpenetrados por um corpo invisível chamado de Corpo Vital, o qual mantém a saúde do Corpo Denso, restaurando e recompondo o que ser humano destrói com seus desejos durante o dia. Além disso, coloca que cada corpo do ser humano corresponde a certo Mundo invisível que o rodeia e que o Mundo e o corpo correspondente estão compostos do mesmo tipo de matéria. Os diferentes planos de existência – o químico, o etérico e o de desejos – são de diferentes densidades e se interpenetram. Por exemplo, no Mundo do Desejo a densidade da matéria a faz atuar de uma forma similar ao fumo; o mais pesado se adere às regiões baixas da Terra, enquanto que o mais puro e rápido ascende ao ar.
Durante a vida física, o ser humano desenvolve seus corpos invisíveis constantemente por seus pensamentos, sentimentos, desejos e emoções. Caso seus desejos se fundem numa vida de sensações, se passa seu tempo com prazeres inúteis, para sua própria satisfação, se não aspira a outra coisa que não seja o dinheiro, então seu Corpo de Desejos pode ser comparado ao fumo negro e pesado. Depois de passar à vida de além-túmulo, será atraído para uma região chamada Purgatório, a mais próxima do Mundo Físico. Neste lugar tem que purgar-se de todos os seus desejos impuros; tem que limpar o Corpo de Desejos antes de poder subir à região superior chamada Primeiro Céu.
Se conduzíssemos um ser humano culto e sensível, que tenha levado uma vida pura e decente, para os guetos de uma cidade e o obrigássemos a viver em tal ambiente, sofreria, adoeceria e voltaria com seus afins na primeira oportunidade. Igualmente, se a um ser humano inferior e degradado que sempre viveu num ambiente de imundície, entre pessoas desonestas, o obrigássemos a viver num palácio entre pessoas cultas, ficaria deslocado e voltaria à sua antiga guarida, tão logo quanto possível.
As condições são semelhantes no Mundo do Desejo. O ser humano que levou uma vida pura e espiritual, ao morrer, fica nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo (onde se localiza o Purgatório) por muito pouco tempo. Tão rápido como se desprende de seu Corpo Denso, sobre à matéria mais sútil desse Mundo. Porém, aquele que não conheceu a pureza, que não pensou no mais além, é como o vapor negro e pesado: se adere ao plano físico. Prefere frequentar os antigos lugares, principalmente se guardou rancor contra alguém e quer se vingar. Ficará apegado à Terra até que consiga seu intento, frequentará o mesmo lugar onde vive seu inimigo, ou onde houver reuniões que se evoca os Espíritos desencarnados (e, muitas vezes, até por desconhecimento, os Elementais[2]), até conseguir influenciar alguma pessoa débil e negativa e levar a termo seu plano de vingança. Muitas vezes se lê no relato de um ladrão a alegação, ante o juiz, de que lhe sobreveio uma sensação repentina e não pode mais evitar o delito, alguma força o obrigou a fazê-lo. Os Espíritos desencarnados, frequentemente, incitam um alcoólatra a beber porque, dessa forma, os degenerados do Mundo do Desejo recebem certa satisfação.
É um fato interessante que os espíritos Elementais, sub-humanos, às vezes se apegam a certos indivíduos, à uma família, ou mesmo a uma sociedade religiosa. Não obstante, os veículos desses Elementais não consistem de um Corpo de Pecado composto com um Corpo Vital e Corpo de Desejos entrelaçados, senão do Éter obtido de um médium de natureza moral inferior, uma vez que o Éter assim obtido está em decomposição e, por lhes ser difícil conservar seu veículo, obrigam a quem servem que os alimente com comidas e incenso. Como esses Elementais não podem assimilar os alimentos físicos, vivem das emanações e odores que estas pessoas emitem através do fumo e do incenso. Isto é uma prova de que um ideal nobre não nos protege quando violamos as Leis de Deus, assim como não podemos evitar uma queimadura se colocarmos as mãos numa estufa quente, seja qual for o nosso motivo. Mas quando um médium está movido por desejos nobres e por uma devoção religiosa intensa, é difícil que as entidades malévolas se apoderem do seu Corpo Vital por muito tempo; se cansam rapidamente do esforço e buscam outra vítima que seja mais de conformidade com sua natureza.
Na infância, o sangue costuma subir de temperatura até um nível anormal. Nos anos seguintes, durante o período de crescimento, frequentemente acontece o contrário, porém, durante a desenfreada e impetuosa adolescência, as paixões e a cólera quase sempre expulsam o Ego, devido ao superaquecimento do sangue. Com efeito, dizemos que ebulição da cólera faz a pessoa “perder a cabeça”, ou seja, incapacita-a para o raciocínio. Isto é precisamente o que acontece quando a paixão, a raiva ou a cólera esquentam o sangue, assim expulsando o Ego de seus corpos. É com acerto que se costuma dizer que um indivíduo em tal estado tenha “perdido o controle de si mesmo”. O Ego se encontra fora de seus veículos e eles estão privados da influência direta de seu pensamento, cuja função consiste, em parte, em frear os impulsos. O grande perigo de tais arranques é que algum Espírito desencarnado poderá tomar posse do corpo antes que seu dono volte a entrar nele. A isto se chama possessão. Somente o ser humano que é equânime e que não permite que seu sangue se aqueça, pode pensar corretamente.
Quando alguém morre durante uma briga, com ira ou desejos de vingança, seguirá apegado a seu inimigo por certo tempo. Às vezes, ocorre que um Espírito desencarnado incita uma pessoa negativa do Mundo Físico a executar a vingança que deseja realizar, levando-a a cometer o crime planejado por aquele Espírito.
Nos anos vindouros, quando a humanidade estiver mais iluminada e os juízes, advogados e jurados possuírem mais conhecimentos em relação ao estado post-mortem, não condenarão o criminoso à morte, pois compreenderão que um assassino que passa ao além sem a necessária retrospecção e a quem se joga ao Mundo do Desejo sem preparação, é na verdade, um perigo maior para a sociedade do que o seria em carne e osso. Sem o Corpo Denso, o criminoso se assemelha a um animal selvagem fora de sua jaula. Tem um maior campo de atuação para levar sua vida de crimes, mesmo porque não poderão vê-lo os que “tem olhos de ver, mas não veem”. Se em vez de abrirem a jaula, as autoridades tentassem amansar o animal selvagem, o resultado seria muito melhor. Deveriam colocar o delituoso onde se pudesse lhe ensinar uma vida melhor, pois desse modo salvariam muitas pessoas dos crimes que poderiam cometer sob a influência deste tipo de espíritos invisíveis, ainda apegados à Terra e cheios de ódios e desejos.
É também por isso que a pena de morte, ao invés de servir de freio, na realidade fomenta ainda mais o crime.
A humanidade está escandalizada pela onda de crimes que percorre o mundo todo. Nenhum país está livre de sua influência, especialmente as cidades grandes.
Muitas vezes se pergunta: qual é a origem desta degeneração? O ocultista conhece as razões. Ele conhece as condições do Mundo do Desejo.
Sabe que as Regiões inferiores do Mundo do Desejo estão repletas de Espíritos apegados à Terra, em estreito contato com o Mundo Físico. Estes Espíritos nutriam ódio e desejos muito fortes quando foram arrojados a uma nova vida. Tais Espíritos guardam seus desejos inferiores e buscam sua satisfação.
No Mundo do Desejo existem também muitos Espíritos nobres que compreendem estas condições e permanecem nas Regiões inferiores com o objetivo de auxiliar aos débeis, ensinando-os e levando-os por vias mais retas. Porém, da mesma forma que os assistentes sociais das grandes cidades do Mundo Físico, esses auxiliares podem somente alcançar um número limitado. Há pessoas na Terra que são nobres e altruístas, e quando estão fora do Corpo Denso, enquanto dormem, prestam auxílio amoroso a estes, como Auxiliares Invisíveis. Nesse campo, estão muito ativos os Probacionistas da Fraternidade Rosacruz. Eles também fazem trabalho social na região purgatorial.
Caso um Espírito malévolo obtenha satisfação de seus baixos desejos, influenciando a uma pessoa débil ou a um médium de quem possa alimentar sua natureza inferior, então será necessário a este Espírito muito mais tempo para superar seus desejos e ficaria apegado à Terra até que estivesse totalmente purgado. Se um indivíduo morre antes de superar sua natureza inferior, vive com gente parecida por algum tempo com o fim de satisfazer suas ânsias, seja pelo tabaco, licor ou o sangue, mesmo o luxurioso pode obter algum prazer influenciando outros a que executem atos sensuais, para que possa gozar da satisfação experimentada por eles. Assim como o Espírito abandona seu Corpo Denso ao morrer, da mesma forma descarta seu Corpo de Desejos quando termina suas experiências no Mundo do Desejo. Depois, passa ao Segundo Céu.
O cascão de desejos descartado pelo assassino requer muito mais tempo para desintegrar-se que o de uma alma avançada. O cascão, ou seja, o Corpo de Desejos descartado, o qual possui uma certa consciência individual, é atraído para junto daqueles a quem o Ego tinha formado laços, ou seja, com quem esteve em relação na vida terrestre. Estes cascões podem ser usados por Elementais, os quais por sua vez se apegam a algum médium e se fazem passar por Lincoln, Wagner ou outro personagem famoso que, sem dúvida, já passaram ao Segundo Céu há muito tempo.
O suicida, aquela alma que por desalento destrói o Corpo Denso, é um dos mais desgraçados dos Espíritos apegados à Terra. Ele destrói o templo que é a morada do Deus vivente. O ser humano durante sua vida terrestre prepara o material com o qual constrói a matriz, ou seja, o arquétipo do corpo que irá usar em sua próxima vida. Cada órgão está fortificado ou debilitado segundo seus aspectos na presente vida. Ignora que seus excessos ou abusos produzirão reações e o deixarão com um corpo debilitado em uma vida futura. Uma vida casta e singela constrói um corpo são. “Aquilo que o homem plantar, isto mesmo ele colherá“[3]. Vemos que o ser humano não se transforma pela morte; um pecador não se converte em santo pelo fato de trocar de roupa. Aquilo que o indivíduo semeou em sua vida, deve colher algum dia, em algum lugar, mas tem a oportunidade de arrepender-se e purgar-se de seus pecados enquanto se encontra nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo.
Também, pode optar por estacionar nesta região depois da morte, vampirizando os demais e frequentando os lugares que o atraíram durante a vida terrestre. Pode roubar o corpo de alguma alma débil, para continuar com sua vida libertina e satisfazer seus desejos inferiores. No entanto, algum dia terá que pagar pelas faltas cometidas, cedo ou tarde, por sofrimentos ou tristezas, terá que limpar-se de todos seus pecados e aproximar-se de Deus em corpo purificado e espiritualizado.
Ninguém que mantenha uma atitude mental positiva pode chegar a ser possuído por um Espírito desencarnado ou por um Elemental, porque enquanto se faz valer sua Individualidade, isto é suficiente para impedir que venha algum intruso. Mas sempre há grande perigo onde houver reuniões que se evoca os Espíritos desencarnados (e, muitas vezes, até por desconhecimento, os Elementais), onde os assistentes se colocam em estado negativo. A melhor maneira para evitar a possessão é a de sempre manter uma atitude positiva. Alguém que tenha inclinações negativas não deveria jamais assistir a àquelas reuniões, servir-se de bolas de cristal e outros instrumentos que sempre aparecem com nomes “modernos”, mas que tem a mesma intenção: evocar os Espíritos desencarnados. Isso é prejudicial em todos os casos, pois os que passaram ao além possuem trabalho a fazer e não se deveria fazê-los voltar para cá.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1986-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: Lc 11:34
[2] N.R.: Além das Hierarquias Divinas e das quatro Ondas de Vida de Espíritos Virginais que se acham evolucionando agora no Mundo Físico por meio dos Reinos Mineral, Vegetal, Animal e Humano, existem ainda outras Ondas de Vida que se manifestam nos Mundos invisíveis. Entre elas existem certas classes de espíritos sub-humanos que são chamados Elementais. Ocorre algumas vezes de um desses Elementais tomarem posse de um Corpo de Pecado ou de algum outro e deste modo confere uma inteligência extra a tal ser.
[3] N.R.: Gl 6:7
Como existem muitos Estudantes Rosacruzes que praticam os Exercícios Esotéricos recomendados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz para o desenvolvimento progressivo da alma, e ainda não se sentem inclinados a penetrar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, parece-nos conveniente considerar o efeito oculto das emoções geradas por esses Exercícios Esotéricos.
É muito comum, na prática do Exercício noturno de Retrospecção, o Aspirante à vida superior, ao rever os acontecimentos do dia em ordem inversa, chegar a um incidente no qual tenha injuriado a alguém ou deixado de ajudar a outro, ou de qualquer forma, não se comportou da maneira que acredita ser o ideal de sua vida. A esse Aspirante à vida superior ensinamos a cultivar um intenso remorso pelo que tenha feito de mal. Isso, com o objetivo de eliminar a imagem negativa impressa no Átomo-semente do Corpo Denso, e onde permanecerá até ser eliminada pelo sofrimento purgatorial. Tal acontecerá, a menos que a imagem tenha sido apagada previamente, por meios de Exercício Esotérico, como o de Retrospecção.
No Purgatório, esse processo se efetua pela força centrífuga de repulsão, que arrasta e destroça a matéria de desejos onde a imagem se tiver formado por cima de sua matriz de Éter. Nesse justo momento, o Ego sofre tal como fez sofrer aos demais por uma singular condição das Regiões inferiores do Mundo do Desejo – a região purgatorial.
Alguns videntes, incapazes de colocarem-se em contato com as Regiões superiores, falam do Mundo do Desejo como de algo ilusório, e não são enganados no tocante às Regiões inferiores, “já que ali todas as coisas aparecem invertidas como se fossem vistas num espelho”. Essa particularidade não é casual. Nada no Reino de Deus é assim. Tudo se destina a um fim sábio e determinado. Esta reversão ou inversão, coloca o Ego de injuriador na posição de sua vítima, de maneira que, quando se desenrola na tela uma cena da vida passada em que se conduziu indignamente em relação a alguém, o Ego não permanece apenas como simples expectadora, contemplando o quadro repetido.
Naquele momento torna-se a vítima do prejuízo, sentindo a dor do injuriado, pois a força centrífuga de repulsão exercida para destruir a cena e arrojá-la do Corpo de Desejos do pecador, deve, ao menos, igualar ao ódio ou a raiva da pessoa atingida.
Durante a Retrospecção, o Aspirante à vida superior trata de imitar essas condições. Experimenta visualizar as cenas em que fez algo de mal, e o remorso que trata de sentir deve, ao menos, igualar o ressentimento sentido pelo ofendido. Produz-se, então, o mesmo efeito como se apagasse o registro da injúria, tal os erros cometidos através do fogo do remorso, a substância prejudicial, assim extirpada, deixa lugar a um influxo de matéria de desejos que “moralmente” é mais saudável, e terreno mais propício ao desenvolvimento de ações nobres. Quanto mais nos purguemos pelo remorso, tanto maior será o vazio produzido e melhor qualidade e grau de material novo atrairemos aos nossos veículos sutis.
Por outro lado, entretanto, se nos entregamos ao remorso e aos pesares durante as horas de vigília, como fazem alguns, excedemos o nosso Purgatório; pois ainda que esse tempo seja dedicado à extirpação do mal, a consciência volta de um quadro ou cena a outro, mesmo depois de haver sido erradicado pela força de repulsão. Pois bem: pela conexão dos Corpos de Desejos e Vital podemos reviver o quadro mentalmente, tantas vezes quanto desejarmos. E enquanto o Corpo de Desejos se dissolve gradualmente no Purgatório, pelo expurgo do panorama da vida, uma porção determinada se acrescenta durante a existência no Mundo Físico, para substituir o que se expulsa por meio de remorso.
Assim, quando nos entregamos ao remorso e ao pesar exagerados, produz-se o mesmo efeito sobre o Corpo de Desejos, que o banho excessivo sobre o Corpo Vital. Ambos os veículos ficam exaustos devido a excessiva limpeza. Por essa razão, é tão perigoso para a saúde moral e espiritual comprazer-se, sem discernimento, com sentimentos de pesar e de remorso, como é fatal ao bem-estar físico, o banhar-se demasiado. O discernimento deve predominar em ambos os casos.
Ao praticarmos o exercício de Retrospecção devemos entregar-nos ao sentimento de pesar e remorso com toda a intensidade possível. Devemos procurar que caiam de nossos olhos lágrimas de fogo, capazes de alcançar até o mais íntimo de nosso ser. O processo de limpeza deve ser feito tão conscienciosamente como nos seja possível. Porém, uma vez terminado o exercício, devemos fazer o mesmo que se faz no Purgatório, isto é, considerar liquidados os incidentes do dia, esquecendo-os completamente, salvo em casos de necessária restituição, escusas ou atos subsequentes que a consciência nos aponte. Resgatada, assim, a dívida, nossa atitude deve ser a de um inquebrantável otimismo, pois “ainda que vossos pecados sejam vermelhos como escarlate”[1], se tornarão “brancos como a neve” [2]; e “se Deus é por nós, quem será contra nós”[3].
Através dessa atitude, morreremos diariamente em relação ao dia anterior para renascer, a cada aurora, para uma nova existência espiritual, pois nossos Corpos de Desejos renovam-se assim, prontos para servir a um fim mais elevado na vida, do que até aquele momento.
Ao falar de pesar e de remorsos aplicados ao problema do desenvolvimento da alma, com seu efeito sobre os nossos corpos sutis, podemos mencionar proveitosa e igualmente o efeito do pesar dirigido em outras direções. Há pessoas que convivem com o pesar como se ele fosse um companheiro agradável. Levam-no ao leito, para despertar com ele na manhã seguinte, leva-nos ao trabalho, aos negócios, a igreja, tratam-no com cuidado como se fosse a coisa mais preciosa que possuíssem. Poderiam antes deixar de viver do que abster-se de manifestar seu sofrimento por todas as suas ninharias.
Tal como um vampiro suga o Éter do Corpo Vital de sua vítima e se alimenta dele, os pensamentos constantes de pesar e de remorso, concernentes a determinadas coisas, tornam-se um Elemental, de desejo, que até como vampiro e extrai a vida das pobres almas que o sustentam. E o pior é que, em virtude da atração do semelhante pelo semelhante, procura a continuação desse mórbido hábito de pesar.
Não será com nossos pesares que socorreremos aos seres queridos que desapareceram do nosso lado. Tentando fazer com que as aparências sejam realidade, não faremos senão prejudicá-los. Eles abandonam a esfera atual de experiência e seguem adiante, para outros reinos, onde existem outras lições a aprender. E nós os detemos em seu caminho com nossos pensamentos, porque os recordamos mais profundamente durante algum tempo depois de passar para o além. Temos de considerar um dever dirigir-lhes pensamentos de carinho e de amor, em lugar do pesar egoísta, que tanto os prejudica, como também a nós. O pesar é contraproducente para o desenvolvimento espiritual, pois, enquanto o pensamento; o Elemental assim criado, permanece em torno de nós, como vampiro, não podemos elevar-nos pelo escarpado caminho.
Repugnante e asqueroso como o abutre ou o corvo que se alimentam de restos decompostos de animais mortos, é o vão pesar que vive da nociva contemplação do passado e de seus erros. É nosso dever expulsá-lo de nosso ambiente mental como expulsaríamos de nosso lar o primeiro abutre que nele tentasse penetrar. Por conseguinte, cultivemos uma atitude de otimismo em todas as coisas, porquanto todas as coisas, porquanto todas trabalham em conjunto para o bem final.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – outubro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: Is 1:18-19
[2] N.T.: Is 1:18-19
[3] N.T.: Rm 8:31
Grande parte das vitaminas, como dos sais minerais contidos no Reino Vegetal, são destruídos no processo de preparo dos alimentos, ocorrendo que o que seria completo se comido cru, não o é ao ser submetido à cocção.
Conhecendo-se as grandes propriedades alimentícias e curativas das frutas e de muitos vegetais, com o fito de fazê-los perfeitamente digeríveis, devemos reduzi-los a líquido (sucos) em seu estado cru. De acordo com experiências realizadas com doentes e sãos, os sucos de vegetais evitam e contribuem para a cura das enfermidades abaixo relacionadas:
ACNE, MANCHAS e PÚSTULAS da Pele: Cenoura e beterraba, misturando o suco de ambas.
AMÍGDALAS e CACHUMBA: Tomate e beterraba, alternando esses com cenoura.
ANEMIA: Cenoura, salsa verde, espinafre, aipo e beterraba.
APENDICITE: Salsa verde e espinafre, por vezes juntos, outras, alternando.
ARTRITE: Aipo e cenoura.
ASMA, BRONQUITE, CATARRO NASAL e SINUSITE: Rabanete e cenoura, com um pouco de suco de limão, eliminando da dieta a clara de ovo, cremes, açúcar e as féculas.
CÂNCER, QUISTOS e TUMORES: Cenoura, alternando com alface e aipo.
CIRCULAÇÃO DEFICIENTE: Repolho e beterraba, algumas vezes misturados, outras, separados.
DIABETES: Ver dieta especial.
ECZEMA: Cenoura, beterraba, aipo, alternando.
PRISÃO DE VENTRE: Repolho, espinafre, aipo e um pouco de limão.
OLHOS, CATARATAS, CONJUNTIVITE: Cenoura e salsa verde, algumas vezes juntos, outras, alternando.
GASTRITE: Cenoura e aipo.
GOTA: Cenoura e agrião.
CORAÇÃO (afecções): Cenoura e beterraba.
HEMORROIDAS: Cenoura e agrião.
INDIGESTÃO ou DIGESTÃO TRABALHOSA: Aipo e cenoura.
INSÔNIA: Suco de aipo ao deitar-se.
FÍGADO, RINS, INFLAMAÇÃO DA BEXIGA e HIDROPSIA: Cenoura e salsa verde.
NERVOSISMO, NEURASTENIA e EPILEPSIA: Aipo, alface, cenoura.
OBESIDADE: cenoura, aipo e repolho.
SANGUE, PRESSÃO ALTA: Aipo, beterraba e alho.
PRESSÃO BAIXA: Cenoura e salsa verde.
TUBERCULOSE: Suco de batata crua, sem a fécula, para o que se liquefaz e deixa em repouso para que aquela assente, tirando-se então o líquido. Tome-se misturado, em partes iguais com suco de cenoura e um pouco de azeite de oliva, tudo bem batido com uma gema de ovo.
ÚLCERA, COLITE: Suco de cenoura, alternando com cenoura misturada com um pouco de creme de leite fresco.
VEIAS E VARIZES: Cenoura, espinafre e nabo.
PEDRAS NA VESÍCULA BILIAR E NOS RINS: Beterraba, algumas vezes com cenoura, outras, com pepino.
Para a cura de MOLÉSTIAS CRÔNICAS deve tomar-se um litro diário do líquido que se menciona, exceto da salsa e do agrião, que não devem passar de 100 gramas, e combinando-os sempre em não menos de meio litro de cenoura e aipo. Para a CONSERVAÇÃO DA SAÚDE basta tomar pequenas porções diárias, alternando diferentes vegetais e frutas.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Para termos uma justa compreensão de como o fator destino se insinua na nossa saúde e na nossa recuperação, é preciso que, em primeiro lugar, compreendamos que o nosso destino nós mesmos o criamos.
Desde que os nossos longínquos ancestrais, os Semitas Originais, foram dotados do livre arbítrio, vivemos continuamente pondo em ação forças que elaboraram as nossas condições presentes. Assim nós mesmos fomos os criadores da nossa atual situação.
A Astrologia Rosacruz é frequentemente mal interpretada por aqueles que afirmam serem as aflições (em particular as de Saturno), no mapa natal, indicadoras de sofrimentos inevitáveis. Apesar da maioria atuar de acordo com que indicam os seus Astros, é, porém, verdade que os “Astros impelem, mas não compelem”. A pessoa espiritualmente desperta, que se esforça por mudar os seus hábitos mentais e emocionais para que se harmonizem com as leis de Deus, começa a “governar as suas estrelas”, e consequentemente, torna-se senhor de seu próprio destino. Destarte, o destino prova ser um fator de recuperação e, assim, o é até onde nós o deixarmos ser.
Cada um de nós é um ser divino possuindo, em potencial, todos os poderes do nosso Criador, Deus, e podemos, por um adequado desenvolvimento deles progredir àquelas alturas espirituais somente limitadas pelo nosso poder. Tal consecução requer um esforço persistente numa autoeducação, pois, enquanto a maioria consentir em ser governada pelos seus desejos, ela estará sujeita a enfermidades e doenças várias. Todavia, o poder do Espírito é ilimitado, e segundo a quantidade de harmonia que criamos com esse poder, vivendo de acordo com as imutáveis leis divinas do amor, do serviço amoroso e desinteressado e da dedicação à parte espiritual dessa vida aqui, assim nos livramos das cristalizações, dos aborrecimentos, ressentimentos, da desconfianças, etc., e tornamos possível o gozo de uma verdadeira e abundante saúde.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na ‘Revista Rosacruz’ em maio/1979-Fratrernidade Rosacruz-SP)