Arquivo de categoria Material de Auxílio aos Estudos de Astrologia Rosacruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 8: A Astrologia no Século XVIII

Podemos dizer, em tom de brincadeira, que no século XVIII, o Iluminismo, “as estrelas já não brilham”.

Esse é o título de um parágrafo do interessante livro: “Astrology: Proof by two” dedicado às estatísticas sobre gêmeos escrito, em 1992, por Suzel Fuzeau-Braesh, pesquisadora em biologia do CNRS.

A partir de 1710, não há mais edições de efemérides astrológicas. Para construir um gráfico, você terá que usar diretórios astronômicos.

No entanto, esse último dá as posições dos Planetas em um sistema de rastreamento vinculado ao equador celeste (ascensão reta e declinação) e não em relação à eclíptica (longitude e latitude celeste) como é necessário na Astrologia. A conversão de um sistema para outro requer conhecimento de trigonometria esférica. E, justamente, a maioria das pessoas que tem esse conhecimento não acredita mais na Astrologia.

Restará então uma vaga astrologia de almanaques que contribui para desacreditar ainda mais a Astrologia.

Diderot (1713-1784) escreve em sua Encyclopédie: “Hoje o nome de astrólogo tornou-se tão ridículo que as pessoas comuns dificilmente acrescentam qualquer fé às previsões dos almanaques”.

Henri de Boulainvilliers (1656-1722), historiador e filósofo, pratica a Astrologia e tenta defendê-la. Infelizmente permite-se prever que Voltaire (1694-1778) morreria aos 33 anos, o que lhe permitiu escrever, em 1757, com o seu humor habitual: “Tive a malícia de o enganar já há trinta anos, pelo que humildemente implore perdão”.

Citemos os nomes de Cagliostro (1743-1795) e do misterioso Conde de Saint-Germain, considerados aventureiros pelos historiadores, mas que eram Iniciados e conheciam Astrologia.

Max Heindel nos diz em sua resposta à pergunta nº 69 (em “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume 2”): “Quando um Adepto cria um corpo é sempre com o objetivo de deixar o lugar onde ele está e iniciar uma nova missão em outro lugar. É por isso que a história nos fala de homens como Cagliostro, Saint-Germain e outros, que um dia aparecem em um determinado meio, fazem um trabalho importante e depois desaparecem”.

Na questão nº 76, ele diz ainda mais claramente: “Eles eram Adeptos…”.

O Iniciado não deve ser confundido com o Conde Claude Louis De Saint-Germain (1707-1778), que foi Ministro da Guerra de Luís XVI entre 1774 e 1777.

Diz-se que o Iniciado “surpreendeu a corte de Luís XV com sua prodigiosa memória”; assim foi antes de 1774, ano da morte de Luís XV.

Max Heindel escreve, no capítulo XVII do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “Também podemos citar como exemplo histórico moderno o fato de que o Conde de Saint-Germain (que foi uma das recentes encarnações de Christian Rosenkreuz, fundador de nossa Sagrada Ordem) falou todas as línguas, de modo que todos com quem falava pensavam que ele era um de seus compatriotas. Ele também alcançou a união com o Espírito Santo”.

No final da sua resposta à pergunta n°69, Max Heindel acrescenta, a propósito de Christian Rosenkreuz: “Diz-se que ele assumiu o corpo de uma dama da Corte de França antes da Revolução e que fez todo o possível para evitar essa catástrofe iminente, embora sem sucesso. Embora acreditemos que isso seja possível, só sabemos disso por boatos”.

Se for esse o caso, deve-se admitir que o conde de Saint-Germain, falecido em 1784, teria continuado sua missão na Corte em um veículo feminino apenas cinco anos antes da Revolução.

Na mesma resposta, Max Heindel diz que um Adepto sai do lugar onde se encontra quando constitui um novo corpo físico, o que pode parecer contraditório, porém, deve-se reconhecer que no caso do Conde de Saint-Germain, foi um caso de emergência, pelo que, excepcionalmente, foi feita uma segunda tentativa, por Christian Rosenkreuz, com o objetivo de evitar esse banho de sangue…

LEI DE BODE

Não se pode deixar o século XVIII sem abordar a lei de Bode, mencionada, por Max Heindel, no primeiro capítulo do livro “Astrologia Científica Simplificada” e no final do segundo capítulo do livro “Mensagem das Estrelas”.

Esse é um capítulo bastante longo porque teremos que considerar as descobertas de diferentes corpos celestes entre o século XVIII e o início do século XXI.

Em 1741, o filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754) descobriu que as distâncias dos Planetas ao Sol seguem aproximadamente uma lei geométrica. Mas, essa aproximação é bastante grosseira.

Trinta e um anos depois, outro astrônomo alemão, Johann Daniel Tietz (1729-1796), que latinizou seu nome como era comum na época chamando-se Titius, melhorou essa lei da seguinte maneira: se multiplicarmos por 10, a unidade astronômica (distância média entre a Terra e o Sol), obtemos uma boa aproximação das distâncias médias dos Planetas ao Sol tomando para Mercúrio o número 4, para Vênus o número 7 = 4+3, para a Terra o número 10 = 4+6, para Marte: 16 = 4+12, para Júpiter: 52 = 4+48, para Saturno: 100 = 4+96.

Para quem não é alérgico à matemática, essa lei pode ser expressa da seguinte forma: 10di / d3 = 4+3(2^(i-2))

onde d3 designa a distância média Terra-Sol e di designa a distância média do i-ésimo Planeta do sistema solar ao Sol, sendo: 1 Mercúrio, 2 Vênus, 3 Terra, 4 Marte, 6 Júpiter, 7 Saturno.

Recorde-se que só conhecíamos seis Planetas na altura e assinalamos que era necessário ir diretamente de 12 para Marte para 48 para Júpiter, em vez de 24.

Poderia haver um Planeta invisível entre Marte e Júpiter? Os astrônomos logo descobririam.

Em 1778, o diretor do observatório de Berlim, Jean Elert Bode (1747-1826) mencionou essa lei em uma de suas publicações. Acontece que três anos depois, Sir William Herschel (1738-1822) descobriu o Planeta Urano “por acaso”.

Ele estava engajado na Guarda Real Britânica como oboísta e só começou a estudar astronomia aos 28 anos.

Não tendo como comprar um telescópio, ele construiu um, muito mais eficiente, com as próprias mãos (a ampliação era de 200).

Em 13 de março de 1781, por volta das 23 horas, ele apontou seu telescópio na direção “certa” e inicialmente pensou que era um cometa embora não tivesse “aparência peluda” (ele anunciou como um “cometa careca” …).

Vários estudiosos (Brochart de Saron, Laplace, Lexell, …) provaram que era um Planeta. Bode notou que a distância média de Urano ao Sol correspondia bem à mesma lei e é por isso que essa lei tomou o nome de lei de Bode, apesar dos protestos desse último, a quem a lei foi indevidamente atribuída. Posteriormente, esse erro de nomenclatura foi parcialmente corrigido, pois foi acrescentado o nome Titius.

É usando a lei de Titius-Bode que se comprometeu a preencher a lacuna observada entre Marte e Júpiter. Já em 1786, o astrônomo francês Jérôme Lalande (1732-1807), empreendeu essa pesquisa, mas sem sucesso.

Você tem que cruzar o limiar do século 19 e ir para a Itália.

Essa lacuna entre Marte e Júpiter destacada pela lei de Titius-Bode foi preenchida em 1º de janeiro de 1801, no observatório de Palermo, na Sicília, por um astrônomo e monge beneditino chamado Giuseppe Piazzi (1746-1826).

Ele descobriu o maior dos asteroides, Ceres, cuja distância média do Sol corresponde à quinta posição na lei de Bode.

Em 1802, Pallas foi descoberto. Isso intrigou os astrônomos porque era surpreendente que dois Planetas orbitassem tão próximos um do outro.

O espanto aumentou ainda mais quando Juno foi descoberto em 1804 e depois Vesta em 1807. Não se tratava, portanto, de um único Planeta, mas de um conjunto de corpos, que chamamos de “asteroides”, localizados em torno da famosa “distância de Bode”.

Será necessário esperar até 1845 para descobrir um quinto asteroide chamado Astrée.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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Estudo Referente a “Alinhamento Planetário”

Vários artigos de recente publicação se referem, quando está prestes a ocorrer, ao estranho alinhamento de Planetas. É quando alguns dos Planetas do nosso Sistema Solar estão dispostos em linha reta com o Sol.

Alguns cientistas têm predito que semelhante configuração, resultante da atração gravitacional dos Planetas, causará uma aceleração na atividade magnética do Sol. Esse acontecimento é esperado separadamente, entre outras coisas, para determinar a marca do tempo na Terra, alterando as direções dos ventos na atmosfera.

Alguns cientistas advertem também que o efeito friccional exercido pela circulação atmosférica poderá ser adversamente afetado causando, subitamente, um repouso na rotação da Terra. Se isso acontecer, os cientistas predizem que vários terremotos poderão ser desencadeados em muitas partes do mundo.

Desde que considerável alarme se tem feito notar como resultado dessas predições, acreditamos mais uma vez no benéfico ensinamento oculto concernente às causas dos terremotos e outras catástrofes naturais.

É verdade, portanto, que os fatores físicos assim como os enumerados acima, podem parecer um desastroso desequilíbrio no conjunto natural. De qualquer modo, o assunto que os cientistas veem como causas físicas fundamentais são manifestações meramente superficiais.

Todos assim chamados desastres naturais são resultados diretos do uso distorcido ou abusivo dos direitos naturais do ser humano.

As catástrofes somente terminarão quando os seres humanos se libertarem necessariamente de seus próprios sofrimentos. Estes chegarão ao seu final quando o ser humano aprender a viver sem lutar contra a natureza.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental também frisam que os Planetas não são corpos constituídos de matéria inerte: estão vivendo, pulsando, e neles vibrando a Grande Inteligência Espiritual.

As influências astrais não são desencadeadas arbitrariamente para perturbar a humanidade.

Elas, de qualquer modo, ensejam as experiências necessárias que decidem os resultados do desenvolvimento espiritual humano.

Algumas vezes essas influências aparentam ocasionar situações calamitosas para um indivíduo ou mesmo, uma raça, nação, povo inteiro. Mas isso é devido ao comportamento da humanidade, principalmente naqueles Planetas “visados”, cujo material prioritário necessita de uma organização.

É bom se lembrar, também, que alteramos nosso senso espiritual a ponto de inibir a capacidade de entendimento da elevação das influências astrais. Para recuperar isso precisamos elevar nossa moral, nosso comportamento e usar a força criadora como objetivo próprio. Precisamos dirigir o pensamento no sentido do progresso espiritual. Todos nós carecemos de abandonar os prazeres materiais que nos retêm na escravidão.

Há muitos indícios encorajando à procura de novo caminho, apesar da considerável evidência do egoísmo e materialismo ainda existentes entre nós.

O despertar da consciência social e os novos interesses pelos ensinamentos esotéricos estão tomando muitas formas. É melhor começar no real do que consultar publicações de informações médias que deixam a desejar.

Assim, o medo do futuro e o alarme sobre as terríveis predições não são recursos de todos. As catástrofes cessarão de nos atormentar uma vez que tenhamos aprendido a viver a vida do amar e servir. E isso acontecerá tão logo a humanidade se devote intensamente ao esforço de um melhor fim.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – outubro/1975 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 7: A Astrologia nos Século XVI e XVII

Chegamos ao século XVI, o chamado século “renascentista”, porque aí redescobrimos as antigas fontes. Os estudiosos dessa época são, em geral, favoráveis ​​à Astrologia.

Em 1520, uma cadeira de Astrologia foi fundada na universidade papal. O médico suíço Bombastus Von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso (1493-1541), fundou a medicina hermética e utilizou o simbolismo astrológico na prática de sua arte. Ele escreve: “Aquilo que cura indica a natureza e a causa do mal, e como cada Astro é representado por um metal: Marte pelo ferro, Vênus pelo cobre, Saturno pelo chumbo, seguir-se-á que a ação terapêutica de cada metal indicará a influência mórbida da estrela correspondente”.

Catarina de Médicis (1519-1589), muito afeiçoada à Astrologia, trouxe para a corte muitos videntes e astrólogos e, em particular, o famoso Nostradamus (1503-1566). As profecias contidas em seus Centuries ainda fazem correr muita tinta…

Mas, a próspera era da Astrologia está terminando com a descoberta do heliocentrismo pelo astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). Alguns meses antes de sua morte, ele publicou “revolutionibus orbium coelestium”, que teria uma grande influência no pensamento humano.

Pela primeira vez em 17 séculos, reafirma-se que a Terra e todos os outros Planetas giram em torno do Sol, girando a Terra, aliás, sobre si mesma em 24 horas. Deve-se saber que nenhum fato novo esteve na origem dessa teoria. Copérnico conhecia os escritos de Heráclides (388-315 a.C.) e Aristarco (310-230 a.C.), a quem saudou como seus precursores e é essencialmente por razões metafísicas que adotou esse ponto de vista.

De fato, ele considerava normal colocar a estrela mais brilhante no centro do mundo, aquela que fornece luz e calor à Terra. No entanto, os resultados das observações à sua disposição não lhe permitiram descobrir as leis exatas do movimento dos Planetas. Isso seria descoberto no século seguinte por Kepler, graças às observações astronômicas de um dinamarquês, apaixonado por Astrologia, Tycho-Brahe (1546-1601).

Tycho-Brahe estava inicialmente destinado à carreira jurídica, mas sua paixão pela Astrologia o levou a querer saber as posições dos Planetas com mais precisão do que se fazia na época. Com o apoio do rei Frederico da Dinamarca, ele mandou construir o primeiro observatório digno desse nome perto de Copenhague, que batizou de “Uranienborg” (nome profético quando Urano só seria descoberto quase dois séculos depois).

Com a ajuda dos instrumentos que construiu, conseguiu determinar com precisão a declinação e as coordenadas equatoriais dos Planetas. Tycho-Brahe nunca aceitou a teoria heliocêntrica. Talvez ele tenha percebido que essa teoria se tornaria uma arma contra a Astrologia?

Mas, vamos às descobertas do astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630). Kepler havia sido aluno de Tycho-Brahe e tinha os resultados de suas observações; mas, ao contrário de Tycho-Brahe, ele era partidário do sistema de Copérnico.

É, portanto, graças aos resultados de Tycho-Brahe que Kepler conseguiu destacar as leis do movimento dos Planetas: movimento elíptico dos Planetas ao redor do Sol, velocidades de revolução não uniformes (= lei das áreas).

No entanto, ele ainda era, ao contrário do que afirmam os detratores da Astrologia, um grande Astrólogo (embora tenha lutado contra a Astrologia de “baixo nível”).

Ele escreve: “Vinte anos de estudo prático convenceram meu espírito rebelde da realidade da Astrologia”.

Ele entende que o heliocentrismo não lhe diz respeito: “Basta ao astrólogo ver como os raios vêm do leste, do sul ou do oeste, basta que saibamos se dois Planetas estão em Conjunção ou em Oposição. O astrólogo pergunta como isso é feito? Na verdade, ele não faz isso, assim como o camponês não pergunta como se forma o verão ou o inverno e, no entanto, ele é regulado pelas estações”.

Ele também escreve: “Há um argumento bastante claro e além de qualquer exceção, em favor da autenticidade da Astrologia, é a comunidade de temas entre pais e filhos” (hereditariedade astrológica).

Com Kepler já cruzamos o limiar do século XVII. Ao mesmo tempo, Galileu (1564-1642) também aderiu ao sistema copernicano.

Ele foi o primeiro a usar, para observar as estrelas, o telescópio de “aproximação” (ampliação x50) que já existia há alguns anos. Ele descobriu milhares de estrelas que não eram visíveis a olho nu, os quatro maiores satélites de Júpiter, manchas solares e principalmente as fases de Vênus análogas às da Lua, que vieram a sustentar a teoria heliocêntrica.

Parece que Galileu, sem ter ele próprio praticado Astrologia, se interessou por ela. Ele teria dito a seu aluno, Paolo Dini, que a teoria de Copérnico não poderia abalar os fundamentos da Astrologia.

Em 1616, a Igreja advertiu-o de que esse sistema era “contrário às Sagradas Escrituras e, portanto, não pode ser mantido ou tido como verdadeiro” (Cardeal Bellarmi). Como ele manteve suas opiniões, teve que comparecer, em 1632, perante um tribunal de inquisição e teve que se retratar solenemente. O que ele faz, após 16 anos de resistência, para evitar a estaca; mas, depois, pronunciará esta famosa frase: “E ainda assim ela gira”.

Vale lembrar que o ex-monge Giordano Bruno havia sido queimado em 1600 por ter dito que as estrelas eram corpos semelhantes ao Sol e que havia outros mundos habitados.

Na primeira metade do século XVII, a Astrologia continuou a progredir, apesar da revolução copernicana. Placidus (de Titis ou Tito) (1603-1668), matemático e físico, professor da Universidade de Pavia, desenvolveu outro sistema de Casas.

Esse sistema é ainda mais complicado que os anteriores, pois não utiliza um único plano de referência, mas sucessivos paralelos de declinação. A ideia do método consiste em dividir por três o tempo que o ponto localizado no Ascendente leva para chegar ao MC. O primeiro terço desse tempo, reportado à eclíptica, dá a ponta da Casa 12, o segundo terço dá a ponta da Casa 11 e procedemos da mesma forma entre o MC e o DS (Descendente).

Quanto mais longe do equador você fica, mais ângulos desiguais você obtém; mas, isso também é verdade para os outros sistemas mencionados acima. Existem, ainda, em qualquer altura, duas localizações geográficas variáveis, uma no Círculo Polar Ártico, outra no Círculo Antártico onde não é possível definir um Ascendente: são os dois polos da eclíptica (não confundir com os polos norte e sul fixos que são os do equador).

As diferenças entre Casas de diferentes sistemas podem ser bastante significativas. Assim, um Astro pode estar na Casa 12 em um sistema e na Casa 1 ou mesmo 2 em outro. É o método de Placidus que ainda é o mais amplamente utilizado hoje. Max Heindel o adotou nas tabelas que editou.

Tendo uma base científica sólida, ele poderia ter desenvolvido tabelas de outro sistema, se tivesse encontrado um mais em conformidade com a realidade astrológica. Deve-se saber, no entanto, que certos astrólogos usam outros sistemas, incluindo o da Antiguidade, em que o Ascendente está a 15° do ponto da Casa 1.

Mas, voltando ao século XVII. Outra figura muito importante na Astrologia desse século é Jean-Baptiste Morin de Villefranche (1583-1656), médico, astrólogo do Duque de Luxemburgo, então professor do College de France.

Ele é o fundador da Astrologia moderna e deixa uma obra abundante, a Astrologia gálica, composta por 26 volumes escritos em latim. Richelieu não desdenhou de consultá-lo; Mazarin concedeu-lhe uma pensão.

Foi ele o responsável por traçar o mapa astral do futuro Luís XIV (nascido em 5 de setembro de 1638, às 11h11).

Morin teve que se defender dos ataques de um de seus colegas do College de France, Gassendi, um matemático que, provavelmente não tendo estudado Astrologia, o repreendeu por não ter adotado o sistema de Copérnico.

Ainda hoje encontramos essa resposta ou explicação sem sutileza, sem originalidade, como uma ideia difundida, já conhecida de todos e que ninguém verificou, com a da Precessão dos Equinócios

Em 1666, Colbert, ministro de Luís XIV, criou a Academia de Ciências e, “em nome da Razão”, proibiu que a Astrologia fosse ali ensinada, ou mesmo praticada por seus membros sob pena de perda de cargo. A partir de agora, esse ensino também será banido das universidades.

Um declínio invencível não demora a tomar forma.

Antes de deixar o século XVII, é necessário dizer algumas palavras sobre Newton (1643-1727), porque ele é o fundador da astronomia mecanicista que contribuirá para relegar a Astrologia um pouco mais para o armário das superstições como, para alguns, Religião em si.

Seu pai já havia morrido antes de ele nascer e ele foi criado pela avó. Quando ele tinha 16 anos, sua mãe pediu que ele assumisse a fazenda; felizmente, ela entende que ele é mais “feito para estudos”. Aos 18 anos ingressou em Cambridge, onde o professor de matemática Isaac Barrow lhe abriu as portas do conhecimento. Aos 25 anos, ele já é um matemático e físico genial. Interessa-se pela óptica e pelo estudo dos prismas desenvolve a sua teoria da luz (à qual Goethe se oporá), e descobre as leis da mecânica que permitem explicar, em particular, os movimentos dos Planetas assinalados por Kepler, um século antes.

Reza a lenda que foi ao observar a queda de uma maçã que teve a intuição da lei universal da atração. Paul Valéry escreveu: “Você tinha que ser Newton para ver que a Lua está caindo, quando todos podem ver claramente que ela não está caindo”. De fato, um objeto lançado ao ar cai pela lei da gravidade; mas, a mesma lei se aplica a um satélite (natural ou artificial): está a uma distância tal que a Terra não está mais perto o suficiente para cair sobre ela e é assim que começa a girar.

Podemos ver isso como uma queda contínua, a Terra constantemente “caindo”. O próprio Newton não era um materialista. Ele escreve: “Este sistema mais que admirável do Sol, dos Planetas e dos cometas, só pode emanar do desígnio e da autoridade de um Ser inteligente e poderoso”.

Mas, a maioria dos cientistas, por mais de dois séculos, preferiu ignorar esse aspecto do pensamento de Newton e acreditar, com base em suas descobertas, que “tudo” pode ser explicado mecanicamente e que “tudo é puramente físico”.

No capítulo XIV do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, Max Heindel descreve a experiência da água e do óleo representando, respectivamente, o espaço e a nebulosa original e o cientista que não percebe que ele próprio desempenha o papel de Deus criador através da concepção da experiência e sua intervenção com o auxílio de um bastão, para colocar em ação o movimento formativo dos “planetas”.

Foi somente no século XX, com os paradoxos da relatividade de Einstein e da mecânica quântica, que os cientistas (pelo menos alguns) adotaram uma posição mais aberta, como veremos adiante.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 6: A Astrologia na Idade Média

É o mundo árabe que assume a tocha da Astrologia-Astronomia e da matemática (que lhe estão associadas).

O advento da Religião Muçulmana no século VII não interrompeu essa pesquisa, o Alcorão não proibindo a Astrologia. Ao contrário, na Sura III, podemos ler: “Na criação dos céus e da terra, na alternância dos dias e das noites, há indubitavelmente sinais para os homens dotados de inteligência”.

Ao príncipe árabe Albategni (850-929) é creditado o primeiro processo de construção de casas usando trigonometria esférica (um processo bastante próximo ao usado ainda hoje).

Os árabes constroem Astrolábios que permitem ler diretamente os pontos dessas casas.

A partir do século XII, o conhecimento preservado e desenvolvido no mundo árabe começou a penetrar nos círculos intelectuais ocidentais. Citemos na confluência da corrente cabalista judaica com o conhecimento árabe, a obra de Abraham Ibn Ezra, nascido em Toledo, em 1089, autor de uma enciclopédia Astrológica escrita em Béziers, na qual tenta conciliar as influências cósmicas e o livre arbítrio.

Essa é, aliás, ainda uma questão que embaraça aqueles que não reconhecem a existência das Leis gêmeas de Renascimento e de Consequência.

No século XIII, o teólogo Albert-Le-Grand (1206-1280), fortemente influenciado pela obra de Aristóteles e de Dénys L’Aréopagita, interessou-se pela alquimia e pela Astrologia. Ele reconhece a influência dos Astros, mas considera que é o instrumento da vontade divina e que por seu livre arbítrio o ser humano permanece senhor de seu destino.

No entanto, sua obra deve ter “cheirado um pouco a enxofre”, aos olhos da Igreja, já que demorou mais de seis séculos para sua canonização (1931).

Seu discípulo, São Tomás de Aquino (1225-1274), Doutor da Igreja, revisando a posição de Santo Agostinho, produzirá a obra mais explícita, entre os teólogos católicos, a respeito da crença na ação dos Astros.

Em sua Summa, ele escreve: “As impressões produzidas pelos corpos celestes podem se estender indiretamente às faculdades intelectuais e à força volitiva, assim como essas permanecem sob a influência das funções orgânicas”. Mas, acrescenta: “O homem sempre pode agir, sob a influência da razão, contra a inclinação produzida pelos corpos celestes”. É precisamente a partir do século XIII que Universidades como as de Paris, Montpellier, Bolonha, Oxford ensinam Astrologia.

A Universidade de Paris, naquela época, tinha de 15.000 a 20.000 alunos divididos em quatro Faculdades: Teologia, Direito Canônico, Medicina, Letras.

As Artes incluem:

• o Trivium (Gramática, Retórica, Filosofia);

• o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música, Astronomia-Astrologia).

Naquela época, a ciência das estrelas formava um todo:

• sciencia motus é a ciência do movimento das estrelas (= Astronomia):

• sciencia judiciorum, a ciência dos julgamentos (= Astrologia).

Max Heindel, para ilustrar isso, faz uma comparação interessante com a área médica: “A Astronomia tem com a Astrologia a mesma relação que a Anatomia com a Fisiologia. A Anatomia explica a posição e a estrutura dos órgãos do corpo; A Astronomia fornece os mesmos dados sobre os corpos celestes. É reservado à Fisiologia afirmar o funcionamento e a utilidade dos órgãos do corpo, assim como é à Astrologia interpretar as posições relativas dos corpos celestes, em relação à humanidade” (do Livro “Cristianismo Rosacruz” – Conferência X – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz).

Um médico dessa época só é realmente considerado se for capaz de determinar os períodos favoráveis ​​aos tratamentos (sangramento, laxantes) de acordo com as posições da Lua, de Saturno e Marte.

Sem ser exaustivo, vamos, no entanto, apontar quatro figuras importantes do século XIII:

• Roger Bacon (1214-1294), monge franciscano inglês que é um dos mais famosos seguidores da Astrologia.

Considera que as três bases das ciências naturais são a alquimia, a Astrologia e a magia, e recomenda a experimentação como verdadeira fonte de conhecimento (o que é revolucionário para a época).

Roger Bacon não deve ser confundido com seu homônimo filósofo do século XVI, Francis Bacon (1561-1626), de quem Max Heindel nos diz: “alguns acreditam que ele não seria estranho aos escritos Rosacruzes: Fama e Confessio”. Francis Bacon escreveu “a Nova Atlântida” que descreve uma sociedade cujas ideias são próximas às dos manifestos Rosacruzes; também é dito que ele seria o autor das obras de Shakespeare…

• Raymond Lully (1235-1315), teólogo espanhol que também estudou alquimia e Astrologia (foi beatificado).

• O rei Afonso X de Castela (1221-1284) apelidado de Sábio ou “o Astrólogo”, que mandou elaborar tabelas para a dupla utilização dos Astronômicos e Astrologia chamada “tabelas alfonsinas”.

• Campanus de Novara (1232-1296), astrólogo e matemático italiano que desenvolveu um sistema de casas que leva o seu nome e sobre o qual direi uma palavra.

Sendo o plano do horizonte e o plano do meridiano perpendiculares, Campanus teve a ideia de dividir cada um dos quatro ângulos retos em três setores de 30° cada, determinando então os pontos correspondentes na Eclíptica. Sendo a Eclíptica, em geral, “em ângulo” em relação ao horizonte, as Casas já não medem 30° cada.

No século XIV, citemos o Papa Urbano V (1310-1370), conhecido por ter praticado a Astrologia.

Os reis da França, Carlos V (conhecido como o Sábio) (1338-1380) e Carlos VI (conhecido como o Amado) (1368-1422) tinham astrólogos em sua corte (assim como outros soberanos da Europa).

No século XV, um acontecimento importante facilitou a expansão da Astrologia: a imprensa desenvolvida por Gutenberg em 1453.

As primeiras Efemérides foram impressas por Johann Müller de Königsberg (1436-1475), mais conhecido como Regiomontanus; foi astrólogo na corte da Hungria durante o reinado de Mathias I (1440-1490).

Diz-se que ele previu um grande terror para 1788 (dentro de um ano…).

Ele aperfeiçoou um novo sistema de Casas que leva seu nome, consistindo em dividir o equador em doze setores de 30° cada a partir do ponto leste e, como Campanus, deduziu disso na Eclíptica, os pontos de Casas. O ponto leste é um dos dois pontos de interseção do horizonte celeste com o Equador (sendo o outro o ponto oeste).

Este ponto não deve ser confundido com o Ascendente, que é um dos dois pontos de interseção do horizonte celeste com a Eclíptica.

Observe que o ponto leste e o Ascendente estão bastante próximos um do outro (e até mesmo coincidentes quando o Ascendente está a 0° do Signo de Áries ou Libra).

Acrescentemos que a Astrologia contribuiu (indiretamente) para as grandes descobertas geográficas desse período, uma vez que Cristóvão Colombo (1451-1506), Vasco da Gama (1469-1524) e Magalhães (1480-1521) levaram Efemérides nas suas viagens.

Nesse século, pode-se notar que os Papas Paulo II (1417-1471) e Inocêncio VIII (1432-1492) praticaram a Astrologia.

Conta-se que Luís XI (1423-1483), insatisfeito com seu astrólogo Galeoti, quis que fosse executado e lhe disse: “Você que lê tão bem o futuro, poderia me dizer quando morrerá”. Esse teria respondido: “Senhor, não posso lhe dar a data exata, mas sei que morrerei três dias antes de Vossa Majestade”. Teria, assim, salvado a cabeça com um: “Vá em paz”.

Os astrólogos dessa época aperfeiçoaram as técnicas de previsões (direções secundárias e revoluções solares).

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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O Emprego da Astrologia Rosacruz e como Você a Emprega

Há dias recebi de um amigo, que não compreende por que tenho confiança na Astrologia, um recorte da revista americana “News-week”, número de 12 de outubro de 1959. Apresento aos Amigos a tradução desse artigo, porque representa preciosa lição para nós.

“Para Bruce King, tudo o que está escrito nas estrelas, seja a Conjunção de Vênus com Marte, seja a de qualquer outro corpo celeste, representa dinheiro.

King, mais conhecido como Zolar, o mais popular astrólogo do mundo, é autor de aproximadamente 70% de todos os horóscopos vendidos no Estados Unidos. Seu lucro pelas predições: cerca de 150.000 dólares por ano.

Na última semana, King assinou contrato para colocar seus novos horóscopos para 5 anos (5 dólares cada um) nas 2.200 lojas de F.W. Woolworth antes da chegada do Ano Novo. Depois, puxando uma baforada de seu cigarro, concedeu uma entrevista, pela primeira vez durante seus 25 anos de astrólogo, em seu escritório em New York, sem turbante e sem olhar para a bola de Cristal.

Não sou adivinho, disse o senhor de 62 anos chamado Zolar (ZO de zodíaco e LAR de solar). Tudo o que faço com a astrologia é levantar o mapa da vida de uma pessoa. Ele mostra como a vida pode ser conduzida, mas nem os homens nem as mulheres são sujeitos ao destino.

Cada homem forma o seu próprio destino.

King recebe, no mínimo, umas 10.000 cartas por ano pedindo conselhos (que são fornecidos a 3 dólares, isto é, 800 cruzeiros cada um). Dessas cartas, 80% são de mulheres, concluindo-se, portanto, que a maioria das cartas trata de assuntos do coração. A pergunta feita com mais frequência, disse King, é: ‘Quando me casarei?’. A resposta para os nascidos em princípio de abril é: ‘Urano favorece o amor e as amenidades da vida… durante o mês de outubro’.

Tendo sido corretor de fundos, King se ligou com a Astrologia durante a crise porque lhe pareceu que os astrólogos eram as únicas pessoas que tinham algum dinheiro. Imaginou e organizou a venda de horóscopos e mais tarde expandiu suas vendas por intermédio da cadeia de lojas de Woolworth Kresge e Mc Cory.

Ele estima em mais de 50 milhões o número de horóscopos vendidos por ano.

Agora, sua linha de acessórios astrológicos (?), todos remetidos pelo correio em envelopes sem indicação de conteúdo, inclui tudo, desde cartões de predição e de indicações astrológicas de aniversário, até seu livro mais vendido (best-seller): ‘Segredos Astrológicos do Amor, das Emoções e do Casamento’.”

Esse é o artigo, meus Amigos.

Agora vamos à lição que ele encerra. Vamos responder sinceramente às seguintes perguntas:

Que uso você faz dos seus conhecimentos de Astrologia Rosacruz? Você a usa como uma ciência sagrada, que nos revela o segredo dos Equinócios e do sacrifício anual do Cristo para podermos sobreviver?

Ou a emprega vendendo predições (ainda que não por dinheiro, mas por fama e poder ilusórios), com informações de quando os Signos são propícios?

Nessa última hipótese, você se compara aos vendilhões do templo no tempo de Cristo e está prostituindo a divina prerrogativa de obtenção de ganho para si.

Quando você é provado por uma série de incidentes de “azar” você vai olhar o seu tema para ver se Marte e Saturno estão em conflito e se conforma com isso?

Ou você enfrenta a situação sabendo que isto é mais uma prova oferecida para o seu crescimento espiritual?

Você aceita um outro pedaço de sobremesa sabendo que está sobrecarregando o maravilhoso instrumento que vem construindo laboriosamente desde o princípio da criação, com a desculpa de ter Júpiter em Câncer? O nosso Corpo deve ser o instrumento do Ego e não um brinquedo dos desejos.

O conhecimento da Lei do Renascimento foi ocultado ao ser humano deliberadamente, para que ele possa aproveitar ao máximo seu tempo durante sua curta vida terrestre em se concentrar sobre as coisas materiais.

As doze Hierarquias Criadoras – chamadas, também de Hierarquias Zodiacais – que têm conduzido o desenvolvimento desse universo solar têm uma concepção da existência muito acima da concepção que o ser humano dela possui. Podemos dizer que a concepção humana está para a concepção das Hierarquias Criadoras como a concepção de uma estátua (se pudesse conceber algo) estaria para a concepção do artista que a criou. O trabalho atual das Hierarquias Criadoras nesse Planeta Terra é desenvolver o SERVIÇO (Peixes) e a PUREZA (Virgem) em toda a humanidade, para que possamos compreender nossas próximas lições que serão: AMIZADE (Aquário) e CONTROLE PRÓPRIO (Leão). Aprendemos a lição do SERVIÇO sobrepondo aos nossos desejos egoístas o cuidado para com nossa família, nossa comunidade e nossa pátria. Se tivermos bastante fé para agirmos assim, estaremos nos preparando adequadamente, pois Cristo aconselhou-nos a não nos preocuparmos com o amanhã. Nosso Pai Celeste sabe o que precisamos.

Será preciso irmos mais além? Max Heindel nunca nos teria ensinado Astrologia Rosacruz se tivesse pensado que ela seria pedra de tropeço a qualquer um dos seus seguidores.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diagnóstico de Doenças e Enfermidades pela Astrologia Rosacruz

Para aqueles que concedem a divina ciência da Astrologia Rosacruz um estudo verdadeiro e um julgamento premeditado não existem dúvidas quanto a superioridade do diagnóstico pela Astrologia Rosacruz sobre todos os outros métodos de diagnosticar enfermidades e doenças. Contudo o reto uso deste método requer uma elevada capacidade de discernimento associada a certos princípios fundamentais.

Primeiramente, o mínimo possível do diagnóstico obtido diretamente do horóscopo pode ser dado ao paciente, pois, é preciso que se tenha sempre em lembrança que uma pessoa enferma é uma pessoa anormal em certo grau, inclinada a não compreender devidamente ou a interpretar erroneamente aquilo que se lhe diz.

Acontece, com muita frequência, que uma pessoa sabedora de certo aspecto adverso no seu mapa, ou de uma certa condição crônica no seu Corpo Denso, construa a imagem mental da anormalidade, podendo assim torná-la ainda mais severa. Uma tal fixação mental e emocional pode se tornar tão forte que venha a prevalecer um espírito de desesperança, e destarte a pessoa cria um invólucro em torno de si, dificultando muito qualquer auxilio que se lhe queira prestar

Vemos, assim, a necessidade de sempre se acentuar fortemente os Aspectos benéficos (Sextis, Trígnos e algumas Conjunções) e a possibilidade de usá-los, a fim de contrabalançar e superar os estados mentais e emocionais indesejáveis que resultam de uma enfermidade ou doença.

Otimismo e jovialidade são os fatores fundamentais em um bem estabelecido método de Cura Rosacruz.

Afora isso, o paciente deve saber que os Aspectos (Conjunção, Sextil, Quadratura, Trígono e Oposição) do seu mapa natal são obra exclusivamente sua e que eles o afetarão enquanto trilhar as linhas negativas de pensamento ou de sentimento lá indicadas. Deve-se evidenciar repetidamente a habilidade que possui o Ego em “governar as suas estrelas”, de modo a evitar qualquer grau de fatalismo.

Não há limites para o poder de um Espírito desperto! Não há limites para a nossa força de vontade!

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross, traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz – maio/1979-Fraternidade Rosacruz-SP)

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A Exatidão da Astrologia Rosacruz

Milhões de vocábulos foram usados para argumentar se a Astrologia Rosacruz é exata e científica ou não. Muitas pessoas se valem de argumentos que se reduzem simplesmente a considerações desdenhosas sobre as habilidades pessoais daqueles que leem horóscopos. Segundo elas, se a Astrologia Rosacruz é cientificamente exata, isso devia ser comprovado por meio de um parecer uniforme de todos os Astrólogos Rosacruzes sobre um dado assunto.

Tal argumento é falso e se ater longamente sobre ele seria uma infeliz perda de tempo, pois, não se relaciona em nada com a essência básica do tema. (Uma breve pausa para inquirir sobre isso: se todos os Cristãos se entendem quanto ao significado da mensagem do Mestre; se todos os músicos concordam quanto à interpretação correta de uma sinfonia de Brahms; se todos os médicos estão de acordo quanto ao tratamento correto da poliomielite; e se todos os pais mantêm opiniões idênticas com respeito ao sistema ideal de educar as crianças).

Cada Astrólogo Rosacruz ou Astróloga Rosacruz pode diferir do outro ou da outra na habilidade de interpretar um horóscopo que está correlacionado diretamente à condição espiritual dele. Afinal, um Astrólogo Rosacruz ou uma Astróloga Rosacruz que não tem uma base sólida e firme de conhecimento da Filosofia Rosacruz, com certeza, ficará só na superfície na interpretação de um horóscopo e se se aventurar a penetrar nas profundidades da interpretação, correrá sério risco de gerar opiniões diferentes, quando comparadas com outro Astrólogo Rosacruz ou outra Astróloga Rosacruz que tem aquela base, sólida, firme e bem cultivada no seu dia a dia. Agora, dois Astrólogos Rosacruzes que cultivam essa base sólida e firme de conhecimento da Filosofia Rosacruz podem até ter divergências quanto a interpretação, mas essas divergências são limitadas ao modo de explicá-las e isso é muito rico, pois dependendo de fatores astrológicos no horóscopo de cada um, um “vê” e consegue explicar coisas que o outro também “vê”, mas explica diferente. É por isso que nos trabalhos de Cura Rosacruz sempre deve haver três Astrólogos discutindo sobre o horóscopo de um paciente. Pois a soma dessas “divergências” produz um resultado mais completo e profundo do que cada uma dessas partes em separado.

A Astrologia Rosacruz é uma ciência exata porque: cada fator em um horóscopo, calculado corretamente, é uma representação simbólica de efeito exato e imparcial de uma causa específica. Representa a Lei Cósmica e imutável de Causa e Efeito operando nas circunstâncias e experiências de um irmão ou de uma irmã, num processo evolutivo de muitos renascimentos. Em um horóscopo, calculado corretamente, nada existe por “azar” ou capricho de um destino cego. Cada posição astral (do Sol, da Lua e dos Planetas) e cada Aspecto (Conjunção, Sextil, Quadratura, Trígono e Oposição) é um fator do Corpo-Alma do irmão ou da irmã, uma fase da sua consciência, uma pedra miliária em sua jornada espiritual. Conforme o Astrólogo Rosacruz identifique seus descobrimentos horoscópicos, com o preceito: “Tudo aquilo que o homem semear, isso também colherá” (Gl 6:7), estará capacitado para sintetizar corretamente o mapa astrológico (o horóscopo) em sua totalidade, para deduzir causas passadas de condições presentes e para determinar as soluções potenciais.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – março/1973 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 5: A Astrologia dos Séculos V a I a.C.

O famoso Hipócrates (460-377 a.C.) especifica a ação dos Astros em relação às doenças e enfermidades e fundamenta sua doutrina dos dias críticos com base nas fases da Lua.

Ele escreve: “O melhor médico é aquele que sabe prever”.

Ainda hoje devemos aplicar mais e mais esse preceito…

Destaquemos um fato importante datado desse período: encontramos, na Mesopotâmia, em uma tabuleta datada de 419 a.C. um Zodíaco com 12 Signos de 30° cada.

No entanto, vimos que as constelações do Zodíaco não fazem exatamente 30° e a diferença é grande demais para que os astrólogos caldeus não a tenham notado.

É claro, portanto, que eles não confundiam os Signos e as constelações, embora a diferença entre os dois Zodíacos fosse menos importante do que hoje.

Voltaremos a esse assunto mais adiante.

Em 333 a.C., Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, que nasceu em 356 a.C., toma o Egito onde funda a cidade de Alexandria. Em seguida, cruzando o Tigre e o Eufrates, ele derrotou os persas em Arbeles em 331 a.C. e se estabeleceu na Babilônia (onde morreu em 323 a.C.).

Alexandre foi aluno de Aristóteles (384-322 a,C.) que afirmou: “Este mundo está necessariamente ligado aos movimentos do mundo superior. Todo o poder em nosso mundo é governado por esses movimentos.

Além disso, quando Alexandre descobriu as riquezas da civilização babilônica e, em particular, o grau de avanço da Astrologia, ele enviou um astrólogo babilônico, chamado Berossus, à Grécia para ensinar lá.

Berossus fundou uma escola de Astrologia em Cos, na ilha de Ala.

Plínio relata que os atenienses o recompensaram por suas realizações erguendo uma estátua dele cuja língua era de ouro. Um provérbio diz: “A fala é de prata, mas o silêncio é de ouro”. No caso de Berossus, os gregos consideravam sua “palavra de ouro”…

Ao mesmo tempo, no Egito, chegou um governador macedônio, chamado Ptolemais (360-283 a.C.) que se tornou rei sob o nome de Ptolomeu Soter I. Seus descendentes (11 outras gerações) terão todos o mesmo nome que deu a esse período o nome de Egito ptolomaico.

Esse período durou até a conquista do Egito em 27 a.C., pelo imperador romano Augusto, sobrinho-neto de Júlio César.

Foi Ptolomeu I quem criou a famosa Biblioteca de Alexandria, que tinha dezenas de milhares de livros, alguns dos quais continham conhecimentos muito valiosos. Foi destruída em 47 a.C. pelo incêndio que Júlio César iniciou para evitar que sua frota, abandonada no grande porto, fosse tomada pelos egípcios.

Mas, vamos voltar ao século IV a.C., quando uma hipótese prodigiosa foi apresentada por um sucessor de Aristóteles e Platão na Escola de Atenas, Héraclide du Pont (388-315 a.C.). Para explicar os movimentos dos Planetas, ele afirma que a Terra é uma esfera que gira em torno de seu eixo e que Mercúrio e Vênus giram em torno do Sol.

Essa hipótese é retomada na Escola de Alexandria, por Aristarco de Samos (310-230 a.C.), que adota o ponto de vista heliocêntrico também para os outros Planetas, incluindo a Terra. Estamos longe da Terra fixa e plana da Idade Média

Mas, como a humanidade provavelmente ainda não estava pronta, esse ponto de vista será rejeitado pelos estudiosos da época e será necessário esperar 17 séculos antes de ser aceito novamente (Copérnico).

Íamos então lançar as bases para uma primitiva Astrologia, ainda com a antiga mecânica celeste, como veremos adiante.

Voltemos ao Egito, durante o período ptolomaico, para constatar que o teto de uma das salas do famoso templo de Dendera, situado a 50 km a noroeste de Luxor, cujas origens remontam ao Império Antigo (2800 a.C.), foi decorado com representações Astronômicas e em particular por um Zodíaco.

Max Heindel nos fala sobre isso: “No famoso Zodíaco do Templo de Denderah[1], Câncer não está representado como agora, nos dias modernos. Lá, ele é um besouro, um escaravelho. Esse era o emblema da alma, e Câncer sempre foi conhecido, tanto nos tempos antigos quanto entre os místicos modernos, como sendo a esfera da alma, o portal da vida no Zodíaco, por onde os espíritos renascentes entravam em nossas condições sublunares. Ele é, portanto, regido apropriadamente pela Lua, o luminar da fecundação.” (Livro A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz).

Dissemos que, segundo os documentos de que dispomos, parece que os babilônios não praticaram a Astrologia individual até três séculos depois dos egípcios.

Vamos agora dar um exemplo de horóscopos de nascimento, encontrados em tabuletas de argila babilônicas, datadas de 235 a.C.:

“A posição de Júpiter significa que sua vida será regular e tranquila, você ficará rico, envelhecerá, viverá até uma idade avançada. Vênus estava a 4° de Touro; a posição de Vênus significa que onde quer que você vá, as coisas vão acabar bem para você; terá filhos e filhas. A posição do Sol e Mercúrio significa que será corajoso”.

Podemos notar a clara evolução da interpretação Astrológica em comparação com os presságios feitos 400 anos antes…

Por volta do século II a.C., os babilônios atribuem cada um dos 7 dias da semana a um Planeta, cujos nomes latinos davam os nomes dos dias da nossa semana: segunda-feira – Lua, terça-feira – Marte, quarta-feira – Mercúrio, quinta-feira – Júpiter, Sexta-feira – Vênus, sábado – Saturno. Quanto à palavra “domingo”, vem de “dominica dies” = “dia de Deus”, mas corresponde a “dia do Sol” em inglês, alemão, holandês, dinamarquês etc.

Deve-se notar que alguns nomes para os dias da semana nos países anglo-saxões e escandinavos têm sua origem nos deuses nórdicos e que a mitologia associada se aproxima da mitologia do sul em alguns desses aspectos.

Por exemplo:

• Quarta-feira = o deus Wotan = quarta-feira – cujo cavalo de 8 patas Sleipnir simboliza a velocidade do movimento = Mercúrio

• Quinta-feira = Donnerstag = quinta-feira – o Deus Thor = Donner (trovão) = Júpiter

• Sexta-feira = Freitag = sexta-feira – a deusa da juventude e do amor é Freya = Vênus.

Por outro lado, não parece que saibamos se esses deuses estavam associados aos Planetas correspondentes.

De fato, a escrita nos países nórdicos remonta apenas ao século II d.C. e, como nos países celtas, foi proibida como meio de transmissão de conhecimento; apenas a fala sendo considerada suficientemente viva para isso.

Mas, voltemos à Grécia, no século II a.C. onde uma descoberta fundamental seria feita. O astrônomo Hiparco (190-120 a.C.) que, segundo Plínio, acreditava firmemente “no parentesco das estrelas com o ser humano e que nossas almas fazem parte do céu”, procede a comparações de dados ao longo de 150 anos e constata que o ponto do Equinócio, hoje de março, rebaixou 2° em relação às constelações: é a descoberta da Precessão dos Equinócios.

A partir dessa descoberta da Precessão dos Equinócios, o Zodíaco sideral formado pelas constelações não será mais utilizado pela maioria dos astrólogos, exceto para a consideração das Eras zodiacais, se é que antes o era.

Vimos, de fato, que um Zodíaco de 12 Signos de 30° já era usado no século V a.C. e, talvez, até muito antes. Afinal, talvez Hiparco só tenha feito uma redescoberta, como Copérnico mais tarde com o sistema heliocêntrico?

É bem possível que os babilônios, entre o início do segundo milênio e meados do primeiro milênio a.C., perceberam esse fenômeno, pois houve nesse período um deslocamento da ordem de 20° do ponto do Equinócio, hoje de março, com a passagem da Era de Touro para a Era de Áries, por volta de 1660 a.C.

Chegamos ao primeiro século a. C. Naquela época, os astrólogos tinham tabelas que permitiam saber as posições dos Planetas.

Sob a influência da escola pitagórica que incluía, recordemos, os Iniciados, passa-se a considerar os Aspectos de Sextil, Quadratura, Trígono e Oposição entre os Planetas, enquanto antes apenas a Conjunção intervinha na interpretação de um tema.

Já não consideramos apenas o nascer e o pôr dos Planetas (eixo Ascendente-Descendente), mas também as culminâncias superiores e inferiores (eixo Meio do Céu – Fundo do Céu).

Esses dois eixos raramente são perpendiculares (Isso só acontece quando o ponto do Equinócio, hoje de março, coincide com o Ascendente ou Descendente – horário sideral: 6h ou 18h).

Obtemos, assim, quatro setores, dois a dois opostos. Cada um deles é dividido em três partes iguais, ou seja, doze setores chamados de doze “lugares” ou Casas que fornecem informações sobre a experiência do sujeito cujo tema está sendo criado, nas diferentes áreas de sua vida.

Seus nomes latinos são:

• Horoscopus ou Vita (local de nascimento – Casa I)

• Porta Inferna (portão inferior – Casa II)

• Frates (fraternidade – Casa III), Genitor (parentes – Casa IV)

• Bona Fortuna (boa sorte – Casa V), Valetudo (servidão – Casa VI)

• Uxor (Casamento – Casa VII), Porta Superna (portão superior – Casa VIII)

• Pietas (piedade – Casa IX), Medium Coeli (meio do céu – Casa X)

• Agathos Daïmon (gênio – Casa XI), Carcer (prisão – Casa XII).

Na Antiguidade, também se usava outro sistema de Casas mais simples: todas as Casas têm 30° e o Ascendente é colocado no centro da Casa I e não na ponta. Veremos mais adiante que outros sistemas de Casas foram desenvolvidos ao longo da história.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: ou Dendera, foi um antigo templo na pequena cidade de Dendera no Egito.

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A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 4: Primeiro Milênio depois de Cristo

Sob o Império Romano, muitos astrólogos eram apenas “adivinhos”. No entanto, os imperadores tinham, em sua maioria, seu astrólogo designado.

Augusto (63 a.C.- 14 d.C.) cunhou moedas de prata com o Signo de Capricórnio sob o qual nasceu (Signo Solar ou Lunar?).

Tibério (42 a.C.- 37 d.C.) jogou no mar do topo de uma rocha os astrólogos cujas previsões lhe pareciam suspeitas.

Diocleciano (245 – 313) proibiu qualquer tipo de adivinhação.

Constantino (280-337), que o sucedeu, suavizou essa proibição condenando apenas os abusos.

O grande teórico da Astrologia foi Cláudio Ptolomeu, astrônomo-astrólogo e matemático do século II d.C., nascido em Ptolemaida no Alto Egito e que fez suas pesquisas em Alexandria. Seu trabalho, o Tetrabiblos (4 livros), é uma compilação de todo o conhecimento astrológico de seu tempo.

Escreve também um livro de Astronomia, o Almagesto, em que a Terra está fixa, no centro do mundo e o Sol e a Lua giram em torno dela em órbitas circulares.

A grande originalidade de Ptolomeu é ter conseguido explicar as principais irregularidades dos movimentos dos diferentes Planetas, vistos da Terra (Retrogradações), na sua teoria dos epiciclos, que será dogma durante 14 séculos, até Copérnico.

Adota o sistema de Casas que divide cada um dos quatro ângulos: AS-MC, MC-DS, DS-FC, FC-AS em três partes iguais (AS = Ascendente; DS = Descendente; MC = Meio do Céu; FC = Fundo do Céu).

Mas, sem dúvida, a diferença com o outro sistema antigo do qual falamos anteriormente não é muito grande, faz com que a influência de uma Casa comece cinco graus antes e termine cinco graus antes da seguinte.

É, em parte, a noção de uma Órbita de Influência de uma Casa astrológica que ainda é usada hoje.

A Religião Cristã dos primeiros séculos era totalmente contra a Astrologia?

Sabemos que há condenações de “adivinhação” no Antigo Testamento (Dt 18:10-11[1]; ISm 28:7[2]; Is 8:19[3]), mas a palavra “astrologia” é uma tradução incorreta de uma palavra hebraica que significa “conjecturador” (veja: Bíblia de Chouraqui[4]).

Além disso, os cabalistas a praticavam tão bem quanto os essênios. Referências astrológicas muito claras foram encontradas nos Manuscritos do Mar Morto (Manuscrito 4Q186).

Nossos futuristas modernos também seriam condenados?

A Religião Cristã tem usado símbolos astrológicos desde o seu início:

– A Era de Áries estava chegando ao fim, quando Jesus Cristo veio à nossa Terra. Cristo foi o “Bom Pastor” (Jo 10:11[5]).

– Ele, frequentemente, compara seus Discípulos a ovelhas e se torna Ele mesmo o Cordeiro de Deus oferecido pelos pecados do mundo.

– Mas ele também anuncia a Era de Peixes quando diz: “Eu vos farei pescadores de homens” (Lc 5:10[6]).

– O sinal de união dos primeiros Cristãos nas catacumbas era formado por dois peixes cruzados (ichthus) e a mitra dos bispos em forma de cabeça de peixe.

– O nascimento de Jesus foi colocado em 24 de dezembro à meia-noite, quando o Signo de Virgem está no Ascendente e o Sol no Solstício de Dezembro vai “nascer” para nos salvar do frio (é claro que essa data é essencialmente simbólica porque faz muito frio nessa época do ano, mesmo em Israel, para encontrar ali pastores com suas ovelhas, lá fora no meio da noite…).

– Quem são os Magos, senão astrólogos?

– A Páscoa é fixada no domingo (dia do Sol) que segue a Lua Cheia do Equinócio de Março, quando o Sol está na cruz formada pela eclíptica e pelo equador celeste.

Entre os primeiros eclesiásticos, alguns se interessaram muito pela Astrologia, tanto que três concílios sucessivos em 381, 431, 451 reiteraram a proibição de praticar a Astrologia considerada, apesar do que acabamos de ver, contrária à doutrina da Religião Cristã.

São Jerônimo (347-420) respeitou essa proibição, mas escreveu: “Sou silencioso sobre filósofos, astrônomos, astrólogos, cuja ciência, muito útil aos seres humanos, é afirmada por dogmas, é explicada pelo método, é justificada pela experiência.

Santo Agostinho (354-430) é conhecido como opositor da Astrologia, após sua conversão. Ele já havia sido atraído pelo maniqueísmo e admite, em suas Confissões, ter estudado Astrologia. Ele escreve mesmo assim: “Não seria totalmente absurdo dizer que certas influências astrais não são destituídas de poder sobre as variações do corpo, mas que as vontades da alma dependem da situação das estrelas, não vemos isso” (parece-me que Max Heindel não discordaria totalmente dessa afirmação que é sobretudo a do livre arbítrio do ser humano).

Por fim, citemos a obra do pseudo Dionísio, o Areopagita, composta por 4 tratados de teologia mística em que a Astrologia está presente e que terão uma influência grande no Ocidente a partir do século XIII, como veremos mais adiante.

Essa obra é considerada datada do século V, tanto pelo caráter neoplatônico do conteúdo quanto pelo fato de nunca ter sido mencionada antes dessa época, embora seu autor afirme em seus escritos ser o Dionísio convertido por São Paulo durante sua visita ao Areópago (At 17:16[7] a 34[8]) e que teria sido o primeiro bispo de Atenas. A partir do século V e até o século XI, o Ocidente praticamente deixou de se interessar pela Astrologia, como também por várias outras ciências, salvo alguns religiosos cultos.

Sabemos, por exemplo, que Papas como Leão III (750-816) e Silvestre II, o Papa do ano 1000 (938-1003), se interessaram por ela.

(De: Introduction: L’astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos;

[2] N.T.: Saul disse então aos seus servos: “Buscai-me uma necromante para que eu lhe fale e a consulte”. E os servos lhe responderam: “Há uma em Endor”.

[3] N.T.: Se vos disserem: “Ide consultar os espíritos e os adivinhos, cochichadores e balbuciadores”, não consultará o povo os seus deuses, e os mortos a favor dos vivos?

[4] N.T.: André Chouraqui, famoso tradutor francês.

[5] N.T.: Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas.

[6] N.T.: Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens”.

[7] N.T.: Enquanto os esperava em Atenas, seu espírito inflamava-se dentro dele, ao ver cheia de ídolos a cidade.

[8] N.T.: Alguns homens, porém, aderiram a ele e abraçaram a fé. Entre esses achava-se Dionísio, o Areopagita.

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A Base Racional da Astrologia Rosacruz

Max Heindel

Um correspondente escreveu para pedir uma prova da veracidade da Astrologia Rosacruz. Por que Saturno rege os joelhos e Júpiter, os pés? Ele teve um diálogo com alguém e deseja saber o que pode ser dito sobre esse assunto.

A mera negação da verdade da Astrologia Rosacruz por alguém, porque não lhe agrada, não pode afetar a verdade ou falsidade da Astrologia Rosacruz ou de qualquer outra ciência. Tenhamos em mente que, para ser considerada válida, uma opinião sobre qualquer assunto deve ser o resultado de estudo e investigação. Podemos dizer, ainda, que ninguém merece ser convencido, se não estiver disposto a investigar, até certo ponto, o assunto que ele ousa criticar.

Pessoalmente, o escritor sempre teve como prática nunca falar espontaneamente sobre esses assuntos entre estranhos, embora sempre disposto a apresentar evidências quando a oportunidade se apresenta; pois, sempre se descobriu que “uma pessoa convencida contra a sua vontade não muda sua opinião de verdade”.

Há, no entanto, muitas provas da verdade e da base lógica da Astrologia Rosacruz. Um antigo provérbio caseiro diz que “a prova do pudim está em comê-lo” e certamente não pode haver melhor prova da verdade da Astrologia Rosacruz do que a de que ela funcione na vida diária. Muitas vezes tem sido o privilégio do escritor ver o cético sarcástico se tornar um defensor ardente dessa ciência, quando um ou dois testes provaram a ele a verdade da Astrologia Rosacruz. Ficaria, assim, tão impaciente com aqueles que ridicularizavam essa ciência ou negavam sua base racional quanto já havia ficado com aqueles que advogavam a exatidão da ciência sagrada.

Se você quiser satisfazer um cínico desdenhoso, pegue seu próprio horóscopo ou algum assunto intimamente relacionado com ele e aplique a Astrologia Rosacruz nisso. Você descobrirá então que não importa quão dura seja a cabeça dele, a Astrologia Rosacruz abrirá caminho; sim, mesmo que a cabeça dele seja tão dura que exija um trem para forçá-lo a aceitar a validade da Astrologia Rosacruz. Até isso será suprido, como mostra o caso mencionado no Conceito Rosacruz do Cosmos, em que o escritor disse a um homem para ficar em casa em dois determinados dias; para evitar principalmente os bondes e outros veículos de locomoção, sejam eles de que natureza for; pois de outra forma ele sofreria um acidente que afetaria certas partes específicas do corpo. Quando ele, descuidadamente, desconsiderou esse conselho, ficou ferido em um acidente ferroviário como consequência e foi submetido a um sofrimento severo de três meses, antes de poder escrever uma explicação sobre o seu descuido.

Ele disse na carta, que ainda temos: “Este acidente aprofundou meu respeito pela Astrologia Rosacruz”. Sim e não é de admirar; ele “comeu o pudim e o pudim provou ser verdadeiro”. Portanto, ele agora é um fervoroso defensor da Astrologia Rosacruz e faz palestras sobre esse assunto, entre outros. Algumas previsões podem se tornar realidade, se feitas um pouco antes do evento acontecer, porque a sugestão do Astrólogo Rosacruz atua como fator para o cumprimento da profecia. Mas, certamente ninguém pode explicar o caso aqui citado sobre ou qualquer hipótese semelhante. As colisões ferroviárias, geralmente, não são causadas por sugestões, nem uma determinada pessoa é enviada a tal cena para receber ferimentos de natureza grave em certas partes do corpo que foram definitivamente mencionadas na previsão.

Portanto, acreditamos sinceramente que mesmo o campeão da coincidência, o Prof. Proctor, famoso pela pirâmide, não poderia ter fornecido um comentário que explicasse com sucesso todas as diferentes fases dessa profecia e o seu cumprimento.

A predição acima foi baseada na máxima astrológica de que Gêmeos rege os ombros, Touro rege o pescoço e o cerebelo e Câncer, o peito; pois, duas dessas partes foram atingidas no acidente. Observações semelhantes realizadas por astrólogos mostram que Capricórnio, regido por Saturno, rege os joelhos, e Júpiter rege Peixes, o Signo dos pés.

Outra história ferroviária

Enquanto o acidente relatado em nosso artigo sobre “A lógica da Astrologia” foi previsto apenas três meses antes de acontecer, previmos outro acidente ferroviário mais ou menos na mesma época, ou seja, no verão de 1906. Mas, esse acidente não deveria acontecer até agosto de 1909, aproximadamente. Chamaremos o sujeito desse acidente de Sr. X. Vimos que em agosto de 1909 ele faria uma viagem de trem por prazer e que sofreria um acidente, mas escaparia ileso. Vimos também que em setembro de 1909, um mês depois, faria uma longa viagem em conexão com um importante empreendimento literário; mas, não imaginamos, na época, o quão intimamente nós mesmos estaríamos associados com o cumprimento desse assunto.

Enquanto isso, o escritor foi para a Alemanha, onde recebeu as instruções que resultaram na disseminação dos Ensinamentos Rosacruzes pelo mundo ocidental. E depois de escrever o Conceito Rosacruz do Cosmos e as Vinte Palestras (Cristianismo Rosacruz), ele foi para o oeste novamente, para Seattle, durante a Exposição do Pacífico de Yukon no Alaska, em 1909. Lá ele novamente encontrou o Sr. X. e, em agosto, quando suas palestras foram concluídas, aquele cavalheiro o convidou para dar uma corrida até o Parque Yellowstone. Depois dessa viagem de lazer e de um descanso, ele propôs que fôssemos a Chicago, para ter o Conceito Rosacruz do Cosmos publicado.

O escritor estava muito ocupado com a obra literária em mãos, no entanto, para aceitar o convite para o Parque Nacional de Yellowstone; então o Sr. X. foi sozinho. Entre Gardner Junction e o parque, seu trem descarrilou; todos os passageiros ficaram consideravelmente abalados, mas ninguém se feriu. Após o seu retorno, nós dois fomos para Chicago, onde o Conceito Rosacruz do Cosmos foi publicado e, dessa forma, a previsão feita três anos antes foi cumprida. Deve-se dizer, no entanto, que nós dois havíamos esquecido a previsão até mais tarde, quando o Sr. X. trouxe o horóscopo onde ela estava, pois ele o encontrou enquanto folheava alguns documentos.

Esse certamente é outro caso que desafiará, com sucesso, a explicação de que a sugestão causou a realização. Que humano poderia organizar um acidente ferroviário três anos antes de ele acontecer e garantir a segurança dos passageiros? O escritor sabia muito pouco sobre os Rosacruzes naquela época e não sonhava então com a boa sorte reservada para ele como seu mensageiro. Ele teve apenas uma experiência pessoal do poder da alma latente dentro dele e não desenvolveu nem pensou em desenvolver a faculdade da escrita. Ele não tinha vontade alguma de se tornar um autor e, portanto, não poderia sugerir um importante empreendimento literário que levaria o Sr. X. a Yellowstone (e depois a Chicago), em setembro de 1909. Só há uma explicação possível: as estrelas contaram a história e era verdade.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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