Arquivo anual 2024

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Levantar o Morto: o Caso de Tabita que quer dizer Dorcas

Ora, em Jope havia uma discípula, chamada Tabita, em grego Dorcas, notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Aconteceu que naqueles dias ela caiu doente e morreu. Depois de a lavarem, puseram-na na sala superior. Como Lida está perto de Jope, os discípulos, sabendo que Pedro lá se encontrava, enviaram-lhe dois homens com este pedido: “Não te demores em vir ter conosco”. Pedro atendeu e veio com eles. Assim que chegou, levaram-no à sala superior, onde o cercaram todas as viúvas, chorando e mostrando túnicas e mantos, quantas coisas Dorcas lhes havia feito quando estava com elas. Pedro, mandando que todas saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Voltando- se então para o corpo, disse: “Tabita, levanta-te!”. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Este, dando-lhe a mão, fê-la erguer-se. E chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a viva. Espalhou-se a notícia por toda Jope, e muitos creram no Senhor. Pedro ficou em Jope por mais tempo, em casa de certo Simão, que era curtidor.” (At 9:36-42).

Os Apóstolos eram homens espiritualmente desenvolvidos. Sob a tutela de seu exaltado Mestre desenvolveram poderes espirituais no mais alto grau. Tornaram-se, assim, em condições de imitar o Mestre e, por isso, realizar milagres similares àqueles que Ele realizava.

Esse evento acima é um exemplo desse poder exercido por Pedro, revelando às pessoas um conhecimento que vai além do da cura de uma mera enfermidade física.

Frequentemente a palavra morte é adotada na Bíblia, não significando que o Cordão Prateado tenha se rompido (o que impediria a ressurreição), mas o que ocorre é um estado de coma ou que ele ou ela se encontram num estado de consciência que transcende os véus da carne. Em outras palavras, sendo Iniciados, os Apóstolos podiam, como Cristo-Jesus, levar aqueles que estavam em condições adequadas a estados de consciência superiores, representando, assim, fases de treinamento no Caminho.

No princípio há um período de purificação ou “enfermidade”, como poderá parecer ao não iluminado, antes que a iniciação tenha lugar. Mas uma enfermidade real pode ser necessária a fim de preparar o corpo para receber novo influxo do Espírito. Evidentemente há certas condições mentais e físicas que deverão ser mudadas antes que o corpo esteja preparado para suportar novas experiências iminentes. Assim, por meio de certas enfermidades essas mudanças podem ser feitas e realizadas.

Quando Dorcas foi levada a “um quarto alto” (uma câmara superior) significa o estado superior de consciência que acompanha a Iniciação. A ascenção do fogo espinal espiritual às Glândula Pituitária (Corpo Pituitário ou Hipófise) e Glândula Pineal (ou Epífise) situadas na cabeça proporciona a Clarividência positiva e o funcionamento consciente nos planos internos.

A vinda do Raio de Cristo, como Espírito Planetário da Terra, tornou possível a Iniciação para todos, portanto, muitas pessoas piedosas que se tornaram seus seguidores estavam prontas para serem ensinadas a usar esse poder acumulado internamente, mediante o reto viver. Suas ações brilharam em seus Corpos-Almas como um símbolo de sua retidão e elevaram-nas a degraus mais altos no Caminho Superior.

Hoje, a mesma áurea oportunidade existe para toda a Humanidade. “Todo aquele que quiser” pode seguir esse glorioso caminho do reto viver que desenvolve as possibilidades latentes, em poderes dinâmicos, ou seja, o Caminho da Iniciação (tanto as 9 Menores como depois as 4 Maiores ou Cristãs).

A habilidade de curar e “levantar o morto” virá a todos que desenvolverem o seu Cristo Interno.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/1985 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Necessidade de se colocar os Talentos em Prática

Fevereiro de 1918 

O Cristo nos exortou a deixar a nossa luz brilhar[1] e na Parábola dos Talentos[2] Ele enfatizou os pontos que a quem muito é dado, muito é exigido[3] e que cada um, independente de quão pouco tenha recebido, é esperado colocar isso que recebeu em prática, que faça isso sem esperar nem gratidão nem retribuição, a fim de que após algum tempo produza um acréscimo ao que recebeu. Estamos, agora, no início de mais um ano. Temos recebido os inestimáveis e riquíssimos Ensinamentos Rosacruzes. Assim, é exigido de nós que façamos algum uso desse conhecimento, a fim de ajudar aquelas pessoas que ainda não conhecem a solução para o problema da vida e que ainda estão em busca da luz.

Nós dificilmente gostamos de pessoas presunçosas que tem uma ideia exagerada das próprias capacidades delas e que aborrecem as outras pessoas até não poderem mais com os discursos, conversas e posicionamentos delas indesejáveis e inconvenientes. No entanto, os Estudantes Rosacruzes parecem sofrer justamente de uma mania e de um comportamento opostos e isso, geralmente, é muito ruim. A autodepreciação, a timidez e a desconfiança em nós mesmos reprimem nossas habilidades e nossos talentos, nos fazendo atrofiar, assim como acontece com os olhos dos animais que deixaram a luz do sol e foram para as cavernas para viver, ou como acontece com a mão que é mantida inativa, deixada sem movimento, durante anos e que perde a capacidade de se mover. Nossos talentos se atrofiam, se não forem utilizados. Seremos responsabilizados por acumular conhecimento e retê-lo daqueles que o procuram, tanto quanto o servo da Parábola dos Talentos que enterrou o seu talento, ao invés de trabalhar com ele para que se multiplicasse.

Sempre defendemos que questões de crença não deveriam ser impostas à atenção de outras pessoas, mas há milhares de oportunidades, todos os anos, em que podemos dizer uma palavra, pensada em como expressá-la, para suscitar uma investigação relativa à nossa Filosofia Rosacruz por parte de um amigo ou de uma amiga a quem se dirige. É perfeitamente legítimo se apresentar como um meio de acesso aos Ensinamentos Rosacruzes para as pessoas que estiverem interessadas. S. Paulo exortou os seus seguidores a se calçarem com uma preparação do Evangelho, e se seguirmos essa regra, preparando-nos para responder perguntas de forma inteligente, descobriremos que as pessoas estarão interessadas no que temos a dizer.

Atualmente as pessoas estão muito interessadas na vida após a morte. Mas para responder adequadamente às perguntas dessas pessoas, nós devemos ter um conhecimento suficiente dos Ensinamento Rosacruzes e estudá-los assiduamente. Ter somente um pouco de conhecimento é sempre perigoso em questões sobre Religião e Filosofia, bem como em outras coisas. Você dever ter o conhecimento suficiente e necessário para conseguir valer a pena entrar no campo da propaganda. Mas isso não é difícil. Embora possa ser muito interessante e instrutivo para os Estudantes Rosacruzes, que se tornaram profundamente interessados e têm um bom conhecimento prático da Filosofia Rosacruz, entrar nos mistérios dos Períodos e Evoluções, Épocas e Eras, Revoluções e Noites Cósmicas, etc., ainda, tudo o que é necessário para ajudar uma pessoa é um conhecimento profundo das Leis da Consequência e do Renascimento, conforme apresentadas em nossa literatura. Esses são os princípios vitais que mais lhe interessam. Esses são a essência dos Ensinamentos Rosacruzes. Se você puder fornecer esses Ensinamentos a uma pessoa que está desesperada, seja por ter perdido alguém próximo e querido, ou porque o mundo inteiro parece estar de cabeça para baixo e ela não consegue encontrar um lugar onde se encaixar ou nenhuma maneira de superar a situação, você poderá resolver os problemas dela de uma maneira lógica e razoável, mostrando como a Lei do Renascimento, juntamente com a Lei de Consequência, está constantemente trabalhando para o bem da Humanidade, e como se pode obter todo o bem que se deseja trabalhando em harmonia com essas duas grandes Leis. Então, você terá prestado a esta pessoa um serviço notável e obtido um considerável crescimento da sua alma.

Eu também sugeriria que fossem formadas turmas nos vários Grupos de Estudos Rosacruzes e nos Centros Rosacruzes[4] para estudar tudo o que foi dito em nossa literatura a respeito do funcionamento dessas duas grandes Leis, para que os Estudantes Rosacruzes possam se preparar para prestar serviços importantes à comunidade onde vivem, ajudando as pessoas a resolver os problemas da vida que são tão desconcertantes para a grande maioria.

Eu estou confiante de que essa sugestão provará o quão benéfica será para você durante esse ano que começa.

(Carta nº 87 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus. (Mt 5:16)

[2] N.T.: 14Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, 16o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. 17Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. 18Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. 19Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. 20Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. 21Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’” 22Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. 23Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ 24Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. 25Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. 26A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? 27Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. 28Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, 29porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. 30Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’. (Mt 25:14-30)

[3] N.T.: Lc 12:48

[4] N.T. Fraternidade Rosacruz em vários lugares do mundo, autorizadas oficialmente pela The Rosicrucian Fellowship (no Brasil: Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP; Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP; Fraternidade Rosacruz no Rio de Janeiro-RJ)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como Combater o Bom Combate

Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, o Senhor falou a Josué, filho de Nun, ministro de Moisés, dizendo: “Moisés, meu servo, está morto; levanta-te, pois, agora, passa por este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, eu tenho dado a ti, como disse a Moisés. Desde o deserto e este Líbano até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até ao grande mar, ao pôr do sol, tudo será vosso. Durante todos os dias da tua vida ninguém poderá resistir diante de ti; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.” (Js 1:1-5).

Tratava-se de uma dádiva magnífica, acompanhada de uma promessa do Deus da criação que garantia o êxito de Josué, desde que esse cumprisse as ordens que lhe fossem dadas. Josué[1] olhou para a Terra Prometida e viu logo a fertilidade dela, os seus tremendos recursos, as suas possibilidades ilimitadas — uma terra da qual, de fato, emanam leite e mel. Mas, não foi só isso que ele viu. Viu ali os filhos de Anaque[2], homens de enormes proporções, superfortes e sempre em alerta. Outras tribos também habitavam a terra, que não eram apenas de homens de força, mas homens treinados em todas as artes da guerra.

A Terra Prometida à qual os filhos de Israel deveriam ir e possuir representa o corpo humano. Josué simboliza o Ego. O rio Jordão simboliza a separação, na medida em que separou os filhos de Israel da Terra Prometida. O sacerdote, que conduzia a Arca da Aliança em que Deus estava, representa os nossos princípios mais elevados e nobres.

Como se diz mais adiante na versão bíblica, logo após a travessia do rio foi necessária uma nova purificação em forma de circuncisão para que fossem afastados todos os que não fossem dignos. E como é verdade que uma purificação semelhante era exigida de cada indivíduo quando ele decide, em seu coração, atravessar o rio! Uma grande prova o confronta, na qual o seu próprio coração é levado a sangrar.

Essa terra, com a sua população variada, suas tribos e clãs, suas cidades muradas e fortificadas, representa os nossos vários pecados e fraquezas, individuais e coletivos. Como eles se destacam em desafio a nós! Agora começamos a entender por que a ordem foi destruir total e completamente todos os habitantes. Não é difícil entende esses gigantes da tribo de Anaque. São os nossos maiores pecados. Como eles nos atrapalharam em nosso caminho! E os muitos outros pecados, alguns dos quais são velhos e grisalhos no serviço, quantas vezes nos confundiram e desafiaram o nosso direito de progredir! E depois da batalha, quando o conflito terminou, quantas vezes regressamos exaustos e sangrando pelas muitas feridas! Mas, quando o coração sangra, é então que o Espírito de Cristo se precipita, e não só renova as nossas forças, como as aumenta muitas vezes, permitindo assim que façamos coisas ainda maiores.

Há outra classe de pecados que é representada pela mulher, aquela classe em relação à qual exibimos uma espécie de atitude respeitosa. Não nos sentimos inclinados a entrar em conflito com eles. Não parecem causar dano algum e, além disso, temos um prazer considerável junto a eles. Assim são os pecados das formas menores de sensualidade. Eles são mais atraentes ou menos e não nos sentimos dispostos a ser violentos com eles; consequentemente, deixamos de cumprir a ordem de destruir totalmente “todos os que estão na cidade, tanto homens quanto mulheres” e, assim, poupamos esses pecados, que aumentam em força para nossa confusão posterior.

O último pecado que gostaria de mencionar é o da classe infantil. É aqui que muitos falham. Esses pecados, tal como os bebês, parecem inofensivos e inocentes. Já ouvi pessoas dizerem: “Por que abençoar sua vida? Minha querida e velha mãe fez isso e aquilo todos os dias de sua vida e foi para casa de Deus e certamente não há mal algum nisso; pelo menos eu não consigo ver algum”. Amigos, quando chegarem ao fim do caminho, quando o Sol se puser sobre o último dia da sua vida e vocês se encontrarem aquém da meta, vocês procurarão a causa nas páginas do livro da vida e verão que não foram as “cidades muradas” que pareciam inexpugnáveis nem os “filhos de Anaque” com quem lutaram tão valentemente; mas, o grande número de “crianças” que não conseguiram destruir. Foram os pecados infantis, de aparência bastante inocente, que obscureceram a sua visão e os fizeram ficar aquém do prêmio. Por isso, tenham cuidado e não se deixem enganar: destruam totalmente todos os pecados.

Temos que deixar de lado todo o peso e os pecados que tão facilmente nos assaltam e correr com paciência a corrida que nos está proposta. Depois, no final, tendo vencido a corrida, poderemos dizer: “Combati o bom combate, guardei a fé, matei todos os meus inimigos internos[3]. Por conseguinte, será reservada para nós uma coroa de justiça.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro de 1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Moisés era um representante da Era de Áries e não poderia auxiliar o povo escolhido a entrar na Era de Peixes. Isso conseguiria Josué, o filho de Nun, ou melhor, Jesus, o filho de Peixes; a Era de Peixes.

[2] N.T.: ou filhos de Enaque (Num 13:22 e 33).

[3] N.T.: IITim 4:7

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Pergunta: Tenho curiosidade em saber qual será a condição daqueles que não prepararam seu Traje de Bodas, o Corpo-Alma, para quando o Cristo voltar à Terra. Poderão continuar vivendo na Terra com sua evolução?

Resposta: Com respeito a esta pergunta, Max Heindel disse que é muito difícil estar seguro quanto ao destino desses irmãos e dessas irmãs. Um grande número daqueles que ficaram para trás, na Atlântida, devido a que não haviam desenvolvido os pulmões, que lhes permitiram respirar a atmosfera quando houve a mudança, ainda não puderam alcançar a Humanidade atual.

Existe uma dúvida de que as pessoas que não houvessem desenvolvido um Corpo-Alma, ao ponto de poder utilizá-lo, se lhes permitirá viver na Terra durante essa época, ou teriam que ir posteriormente a algum lugar separado daqueles que desenvolveram esse veículo.

(Publicado na Revista Rosacruz de janeiro/1981 – Fraternidade Rosacruz-SP)

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O Nosso Próprio Reflexo

O nosso mundo interior é refletido por nossos pensamentos, sentimentos, nossas emoções, palavras, ações, obras e nossos atos. O observador perspicaz sabe disso. Nos Evangelhos encontramos a evidência dessa verdade na citação: “Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12:34).

Frequentemente, agimos de modo ambíguo, por isso somos incoerentes, semelhantes aos fariseus que se amoldavam à conveniência das circunstâncias: “Pode jorrar, de uma mesma fonte, água doce e amarga?” (Tg 3:11).

Curioso é observar que não suportamos nossos próprios defeitos e os projetamos sobre os outros. Geralmente, o mais malicioso é que vê e critica a malícia no semelhante; o desonesto (em algum âmbito obscuro para ele) é o que mais condena o roubo. É um grito estrangulado da consciência que está sempre em busca de apontar a verdade que também está no nosso interior. Quando tentaram o Cristo, com a mulher adúltera (e os fariseus trouxeram apenas a mulher, quando a Lei prescrevia o mesmo castigo ao homem que adulterava com ela), Ele os desconcertou com o conhecimento que tinha da natureza humana. “Aquele que estiver isento de pecado, seja o primeiro a atirar a pedra” (Jo 8:7) . E diz a tradição que o Mestre, tranquilamente reclinado sobre o solo, escrevia com uma vara sobre a areia, em que cada fariseu via escritos seus defeitos pessoais. Certamente é um símbolo da consciência que, dentro de cada um, ia clamando seus defeitos para arrasar a pretensão de juiz daquela mulher.

Qualquer pessoa que estudou um pouco a Filosofia Rosacruz compreende o quão necessário se torna o autoconhecimento. Nenhuma elevação espiritual é possível sem essa condição. À medida que vamos nos conhecendo, pela prática dos Exercícios Esotéricos Rosacruzes de Observação e de Discernimento e do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, prescritos pela Fraternidade Rosacruz, vamos consolidando e fortalecendo aquilo que aprendemos. Consideramos esse conhecimento e, subsequentemente, o domínio de si mesmo, como a pedra fundamental do progresso interno e da felicidade. Goethe, o grande Iniciado, criador de “Fausto” o definiu bem: “O homem se liberta de todas as limitações que o encandeiam, apenas quando alcança o domínio de si mesmo”. E Cristo mostra o caminho: “Conhecereis a verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8:32).  Essa máxima representa a Verdade que está dentro de nós, pela sujeição de tudo a nós, o Ego, o “Eu Superior”. Nenhuma ciência, nenhum conhecimento, nenhuma arte ou posse representa uma finalidade na vida. Tudo tem valor, na medida em que se incorpore e expresse o que há de espiritual em nós.

Em síntese e reproduzindo S. Paulo: temos uma Mente carnal e uma Mente espiritual, um Corpo de Desejos, dividido em uma parte inferior e outra parte superior. Aqui residem as origens de nossas controvertidas expressões. Nós, o Ego, concebemos a ideia, mas quando ela se reveste de uma forma na Região do Pensamento Concreto, sofre a influência escravizante do Corpo de Desejos, que se unindo à Mente, desde a Época Atlante, formou em nós uma espécie de “alma animal”.

Mas, não basta conhecer a Verdade. Ela apresenta a solução, mas, é mister alcançá-la. Como nos libertar e nos regenerar, nos tornando, de novo, à condição de ser espiritual, filho e herdeiro de Deus?

O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, em sua última parte expõe magistralmente essa questão. Tudo se resume na prática dos Exercícios Esotéricos Rosacruzes recomendados e num persistente esforço de repetir o bem na vida diária. Em verdade, aquilo que em nós vê o defeito e o mal nos outros, é o lado inferior. O lado superior possui apenas a Força de Atração, simpatia, o amor, a filantropia, o Poder Anímico, a Força Anímica, a Vida Anímica e de todas as demais qualidades superiores da vida. Por isso vê apenas o bem, o amigo, o semelhante, o espírito e a essência que, unido a nós e a todos, forma a Onda de Vida humana ou Hierarquia Criadora de Peixes (aos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana em evolução), Filhos de Deus, transitoriamente diferenciados na cor da pele e nas condições externas.

O Aspirante à vida superior deve se esforçar diariamente para sublimar seu “eu inferior”. Se for permissivo a ponto de deixar suas condutas ditadas pelo lado inferior, poderá ser comparado a um animal irracional. Em verdade, o ser humano dominado por sua Personalidade se torna inferior aos próprios animais.

A Onda de Vida humana é racional e detentora de uma Mente. Essa deve ser exercitada e espiritualizada. O Estudante Rosacruz está vigilante para essa verdade. Não se expõe à insensatez pela imposição, aos outros, de suas ideias. Tão pouco sofre sem proteções a insensatez dos outros. Em todas as suas ações procura ser prudente, sábio, amoroso e justo, expressando o que tem de superior. Apenas assim, poderá se elevar e, ao mesmo tempo, elevará os demais, edificando e perfumando todos os ambientes em que passar

(Publicado na Revista Rosacruz – janeiro/1966 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Cura e as Vibrações Astrais

A Astrologia Rosacruz nos informa que a sexta Casa de um horóscopo está associada à doenças, enfermidades e à saúde, e o Regente natural desse departamento da vida é o Signo de Virgem, o símbolo da pureza e do serviço.

O maior de todos os curadores, Cristo, nasceu de uma virgem (pureza e serviço), e toda a vida d’Ele foi trilhada por esses preceitos.

Observemos agora outro Signo que está relacionado com a cura: Escorpião.

Vemos esse Signo representado por um escorpião (animal rastejante) e pela águia (animal que voa), ou mesmo pela fênix (ave que, mitologicamente, consegue ressurgir das próprias cinzas) e devemos nos esforçar e trabalhar internamente para que possamos elevar “nosso escorpião” (pois todos nós o temos em nosso horóscopo, em alguma Casa em particular) do nível rastejante à águia ou fênix, que sulca os céus cheia de majestade, alcançando a regeneração, palavra essa, intimamente associada à Hierarquia Planetária de Escorpião.

Dessa forma, trabalharemos espiritualmente para que nossa sexta Casa, a Casa da saúde (Virgem) seja regenerada (Escorpião).

É interessante notar que entre os Signos de Virgem (pureza e serviço) e Escorpião (regeneração) encontra-se Libra, como que formando uma ponte celestial, unindo-os. O Signo de Libra está associado ao equilíbrio e à justiça, atributos esses que devemos cultivar em nosso íntimo.

Interessante também notar como está sendo difundido entre a classe médica o axioma hermético: “a cura está intimamente associada à mudança de hábito”.

É inquestionável que determinados hábitos trarão consequências nocivas à nossa saúde: bebidas alcoólicas, tabaco (qualquer que seja o tipo, inclusive as drogas), vida sedentária, alimentação inadequada e outros conhecidos maus hábitos.

Contudo há outra mudança de hábito que não deve ser descuidada, a que diz respeito aos nossos desejos, emoções, sentimentos e, dado a nossa Mente estar “contaminada” pelo Corpo Desejos, os nossos pensamentos. A medicina já comprovou que pessoas pessimistas, tristes, magoadas, tensas, nervosas, invejosas, mentirosas, orgulhosas, raivosas, impacientes, intolerantes, gulosas, avarentas, sovinas, coléricas, egoístas e afins possuem uma tendência à queda do sistema imunológico e, consequentemente, tendência a ficarem enfermas ou doentes.

Servindo amorosa e desinteressadamente – portanto o mais anonimamente possível – o irmão e a irmã ao seu lado, esquecendo os defeitos deles e buscando servir a divina essência que está oculta em cada um de nós, e que é a base da Fraternidade (Aspectos benéficos do Signo de Virgem) e vivendo uma vida equilibrada (Aspectos benéficos do Signo de Libra) alcançaremos nossa regeneração (Aspectos benéficos do Signo de Escorpião). Essa é a receita!

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz-SP de maio-junho/2002-Colaboração do Centro Rosacruz de Santo André-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Apelo à Favor da Pureza

Sabemos que a força da paixão degenera aqueles que a ela se entregam. Aprendemos isso no caso dos antropoides superiores (orangotangos, gorilas, chimpanzés e bonobos), – que pertencem a nossa Onda de Vida –, entes que ficaram para trás na Onda de Vida humana e degeneraram em forma semelhante à dos animais, devido ao abuso da força sexual criadora, com a consequente cristalização. A responsabilidade dos Espíritos Lucíferos por essa condição foi demonstrada no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, assim como o fato de que eles poderão nos alcançar se evoluírem o suficiente antes da metade da próxima Revolução, a quinta, deste Período Terrestre.

Mas, como o Cristo disse, há uma dupla responsabilidade no conhecimento: “A quem muito é dado, muito será exigido” (Lc 12:48). Enquanto a transgressão dos que existiram naqueles dias primitivos pode ser perdoada – e isso comporta um atraso de milhões e milhões de anos – a situação dos que possuem a iluminação do conhecimento superior, que foi disponibilizada a todos nós, especialmente nos dias de hoje, e que mesmo assim insistem em transgredirem a Lei de Deus abusando da força sexual criadora, pode se converter num caso muito mais sério do que o da classe que agora está incorporada em formas antropoides superiores.

A Magia Negra (que sempre que é praticada precisa utilizar a força sexual criadora em abundância) está sendo praticada com muito mais frequência do que se poderia supor, algumas vezes de forma absolutamente inconsciente (o que não diminui a culpa de quem a pratica), pois a linha divisória pode estar unicamente no motivo. No entanto, se abusarmos do nosso conhecimento superior, ainda que sejamos mais refinados na indulgência com as nossas paixões, o resultado será certamente desastroso. Na atualidade, a força sexual criadora (exceto a quantidade insignificante que possa ser requerida para a propagação da Onda de Vida humana aqui) deve ser transmutada em Poder Anímico, Força Anímica e Vida Anímica (ou seja: Poder da Alma, Força da Alma e Vida da Alma). Portanto, continuemos insistentemente no caminho da pureza, para que não nos vejamos em situação pior que a desses seres humanos degenerados encontrados como escravos de Lúcifer na “cozinha da bruxa”[1] – como é representado no mito de Fausto de Goethe.

Se em algum momento formos tentados, por pensamentos impuros, voltemos imediatamente nossas Mentes para outros temas afastados da sensualidade (os Exercícios Esotéricos Rosacruzes auxiliam e muito nesse sentido. É só praticá-los!).

(Publicado na Revista Rosacruz – agosto/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: “Cozinha da Bruxa”, também chamado de “caverna de Feiticeira”, em português, faz parte da obra Fausto de Johann Wolfgang von Goethe. Segundo as palavras do próprio Goethe, que Eckermann registrou numa conversa datada de 10 de abril de 1829, a cena “A Cozinha da Bruxa” foi escrita no jardim da Villa Borghese em Roma, na primeira metade de 1788.

QUADRO VII

Vasta caverna de Feiticeira. Ao fundo, uma porta baixa e informe. Do lado esquerdo, uma lareira térrea; por cima dela uma espaçosa chaminé. Na lareira, assente numa trempe, um grande caldeirão. Na fumarada que dele sai, vão vislumbrando várias figuras. Espalhadas pela caverna tripeças, e uma canastra com diversos objetos, entre os quais um copo de dados, archotes, uma bola, uma coroa, um cartapácio encadernado de preto com broches de ferro. Pelas paredes sem reboco e afumadas, pendem desordenadamente vasilhas de mil formas, uma peneira, um espelho, uma vara, um abano de cauda. Uma cantareira com garrafas e copos.

CENA I

Ao pé do caldeirão, e a escumá-lo, com sentido que não se deite por fora, está sentada uma CERCOPITECA (macaca muito grande, de rabo comprido) (). O CERCOPITECO (o macho) está sentado, com os filhinhos ao pé, a aquecer-se. FAUSTO, MEFISTÓFELES.

FAUSTO (a Mefistófeles)

Este sarapatel de nigromâncias

faz-me nojo, declaro. E projetava

este diabo restaurar-me a vida

em tão vil charco de hediondezes fúteis!

Aconselhem-se lá co’uma carcaça!

Ou tenham fé que possam burundangas

duma cozinha assim descarregar-me

trinta anos do cachaço. A não saberes

receita que mais valha, estou servido.

Pois dar-se-á que não tenha a natureza

algum bálsamo seu, já descoberto

por algum alto engenho?

MEFISTÓFELES

Aí ’stão palavras

que mostram não ser parvo o nosso amigo.

Sim senhor; sem sair da natureza

há também com que um homem se remoce.

Vem isso noutra obra; e bem curioso

que ele é, o tal capítulo.

FAUSTO

Declara-o!

MEFISTÓFELES

Guapa receita. E curativo grátis,

sem precisar Doutor, nem feiticeira.

Ponha-se fora; vá-se aos campos; are;

cave; enclausure-se, alma e corpo, em solo

dadivoso, mas parco; esteie a vida

com frugal passadio; aprenda e exerça

co’os seus brutinhos o viver nativo;

não julgue desairar-se, em repartindo

por suas mãos o adubo ao chão que o nutre.

Fie-se em mim: se há coisa que descargue

de oitenta anos, é isto.

FAUSTO

Agora é tarde

para me acostumar. Nunca até hoje

peguei num alvião. Para o meu génio

esse viver obscuro era insofrível.

MEFISTÓFELES

Então, é recorrer à feiticeira.

FAUSTO

Mas porque há-de ser logo a preferida

a tal mondonga velha? Não podias

preparar-me tu próprio a beberagem?

MEFISTÓFELES

Belo divertimento! Eu preferia

gastar o tempo em construir mil pontes.

Para arranjar os filtros desta casta

quer-se, além do saber, paciência e muita,

e atenção de anos largos; só co’o tempo

é que se alcança o fermentar completo

do líquido eficaz. Pois a quantia

d’ingredientes raríssimos! É certo

que o diabo é quem os sabe, e ensina tudo;

mas lá para os estar manipulando

é que não tem pachorra.

(Reparando nos animais)

Olhe a gracinha

do casal que ali está! São a criada

e o servo cá da casa.

(Aos animais)

Olá! já vejo

que a velhusca, vossa ama, anda por fora.

OS ANIMAIS

Eh eh eh eh!

Ao fricassé!

Foi pelo cano

da chaminé.

MEFISTÓFELES

Gasta lá nessas frescatas

muito tempo a feiticeira?

OS ANIMAIS

O tempo em que na lareira

nós aquecemos as patas.

MEFISTÓFELES (a Fausto)

Que tais acha estes nossos bicharecos?

FAUSTO

Ai! de apetite! Nunca os vi mais feios.

MEFISTÓFELES

E eu então o meu gosto é conversá-los.

(Aos animais)

Dizei, bonecos danados,

que tendes no caldeirão,

que estais tão azafamados

a mexer co’o colherão?

OS ANIMAIS

Pois não vês? esta iguaria

são as sopas dos mendigos.

MEFISTÓFELES

Nesse caso, meus amigos,

tereis muita freguesia.

O CERCOPITECO (tira da canastra o copo dos dados, e vai-se chegando a MEFISTÓFELES fazendo-lhe muitas festas)

Joguemos aos dados!

Meu rico parceiro,

não tenho dinheiro,

fazei-mo ganhar.

Ser pobre é ser parvo.

Espírito nobre,

salvai-me de pobre,

salvai-me de alvar.

MEFISTÓFELES

Este cercopiteco endoidecia,

se pudesse ganhar na loteria.

(Nestes entrementeses, andam os cercopitequinhos a brincar com uma grande bola que tiraram da canastra, e vão rolando diante de si.)

O CERCOPITECO

Tal é o mundo!

Rolar, correr,

subir, descer.

Vidro rotundo

sonoro e oco,

a pouco e pouco

fendas a abrir.

Aqui brilhante;

lá coruscante;

sempre cambiante,

sempre a fugir.

Fala-te um ente,

qual tu vivente,

qual tu mortal.

Evita, amigo,

esse inimigo

mundo fatal.

Crê-lo maciço,

e é quebradiço

como cristal.

MEFISTÓFELES

Que faz aqui esta peneira?

Tem algum préstimo?

O CERCOPITECO (tirando a peneira do prego)

Pois não?

Mostra a verdade nua e inteira.

Supõe que fosses um ladrão,

cara de santo e fala arteira,

logo eu te via a maganeira,

em observando o teu carão

pela peneira!

(Corre para a fêmea, a quem obriga a olhar para Mefistófeles, através da peneira)

Toma a luneta, companheira,

observa, observa o figurão.

Reconheceste-lo à primeira.

Declara o nome do ladrão!

Viva a peneira!

MEFISTÓFELES (aproximando-se do lume)

E este pote?

OS CERCOPITECOS (macho e fêmea)

Fora zote,

burro, estúpido, asneirão.

Não vês que é um caldeirão?

Chama a um caldeirão um pote!

MEFISTÓFELES

Bruta corja!

O CERCOPITECO (levanta-se arrebatadamente do chão um abano de rabo e mete-o na mão de Mefistófeles)

O quê! Depressa!

Toma o rabo deste abano!

Assenta-te na tripeça,

e esperta a fogueira, mano!

(Obriga Mefistófeles a sentar-se numa das tripeças, fazendo do abano ventarola)

FAUSTO (que durante todo este tempo, estivera parado defronte de um espelho, ora aproximando-se, ora recuando)

Oh mago espelho! que divina imagem!

Asas, asas, Amor! conduz-me a ela!

Se me acerco, recua, e mal a avisto

sombra de sombra esmorecida em névoa.

Tais graças feminis, dar-se-á que existam?

Estarei vendo neste esbelto corpo

das delícias dos céus a quinta essência?

Cabe ao mundo um tal dom?

MEFISTÓFELES

Naturalmente.

Quando lida na obra um Deus seis dias,

ao sétimo a contempla, e exclama: Bravo!

De ver está que executou portento

de costa acima. Farte os olhos, farte!

Deixe-me furoar que tarde ou cedo

lhe hei-de desencantar esse tesoiro.

Feliz quem no obtiver.

(Continua Fausto a olhar para o espelho. Mefistófeles espreguiçando-se na tripeça, e brincando com o abano, continua a falar.)

Que belo assento,

em que eu me estou aqui repetenando!

Nem rei no trono. Empunho um ceptro. Resta

vir a coroa radiar-me a testa.

OS ANIMAIS (que até aqui tem estado, uns com os outros, fazendo trejeitos e momices, trazem da canastra a Mefistófeles uma coroa, com grande algazarra)

Tome-a lá! Grude-a a si bem grudada,

com suores e sangue, oh Senhor!

(Ao brincarem à doida, deixam cair a coroa, que se parte em pedaços. Apanham-nos e atiram-nos por joguete uns aos outros.)

Ih! Quebrou-se a coroa sagrada!

Viva a turba! Acabou-se o temor.

Galrar já podemos,

de ventas no ar.

As zangas que temos,

até poderemos,

querendo, rimar.

FAUSTO (sem se apartar do espelho)

Ui que sanzala! Esvaem-me o juízo!

MEFISTÓFELES

Se até eu tenho a bola à roda, à roda!

OS ANIMAIS

E se a coisa desta feita

vinga e dá seu resultado,

das ideias a colheita

torna o mundo afortunado.

FAUSTO (como acima)

Já me arde o coração. Presto, fujamos!

MEFISTÓFELES

Já se vê pelo menos que estes mecos

tem para a poesia embocadura.

(Como a macaca tinha largado o caldeirão, começa este a entornar-se, ocasionando grande lavareda que sobe pela chaminé. Pelo meio dessa lavareda, desce a Feiticeira vozeando.)

CENA II

A FEITICEIRA e os MESMOS

FEITICEIRA

Ão, ão, ão, ão!

Maldita mona,

que me entornaste

o caldeirão,

e a vossa dona

incendiaste!

Maldita! ão, ão!

(Repara em Fausto e Mefistófeles)

Que temos? Vós quem sois? Quem teve o atrevimento

de vos deixar entrar? qual era o vosso intento?

Por entrardes sem vénia e a furto aos lares nossos,

má fogo que vos queime, e vos derreta os ossos!

(Mete o colherão na caldeira; tira-o cheio; sacode o líquido, que vai cair, convertido em chamas, sobre Fausto, Mefistófeles e os animais. Os bichos lançam grandes guinchos)

MEFISTÓFELES (levantando-se a súbitas, revira o abano com o cabo para fora, e começa a malhar com ele na caldeira, e em tudo que vê diante)

Ah! tu brincas? Pois eu faço

à tua solfa o meu compasso,

múmia ascosa. Na fogueira

vaso as sopas. A caldeira

ela aí vai tornada estilhas;

e atrás dela estas vasilhas…

Nada inteiro há-de ficar.

(A Feiticeira tem ido retrocedendo, cheia de terror)

Monstro! horror! arcaboiço! Olá! Não reconheces

o teu amo e senhor? Ínfima das refeces,

queres-te opor a mim? Não sei que me tem mão

que vos não leve a pau, desfeitas, de rondão,

tu, e toda a relé da tua bicharia.

Pois já esta demente acaso esqueceria

este cocar de galo? a cor de grã que eu visto?

até o meu semblante? Ainda, após tudo isto,

para saber quem sou precisa que lhe ponha

claro, eu próprio, o meu nome, a biltre sem vergonha!

A FEITICEIRA

Confesso, Grão Senhor, que foi mal-recebido.

Vossa alteza perdoe;… mas tinha-lhe esquecido

o pezinho cabrum e o par de corvos.

MEFISTÓFELES

Bem.

Por esta inda te passo.

(A Fausto)

Ele havia também

já tantíssimo tempo, a dizer a verdade,

que me não tinha visto!… A lei da humanidade

também se estende a nós: Le monde marche. Um vento

que se chama O Progresso, ora rijo, ora lento

mas constante, que varre e leva a quanto existe,

também por cá chegou. Foi-se o fantasma triste

do nevoento Norte. Onde há já ’í diabo,

que use chavelhos, garra ou pé de cabra e rabo?

Ora eu enquanto ao pé, – membro que não dispenso,

por ser quem me carreia em basta gente assenso –

quanto ao pé, anos há que uso ao disfarce botas,

como usam panturrilha os magrizéis janotas.

A FEITICEIRA (cantando e dançando)

Não caibo em mim d’alegria

por ver meu Dom Santanás

nesta minha cova fria,

tal como outrora soía,

lá quando eu era algum dia

menos velha, e ele rapaz.

Viva o meu Dom Santanás!

MEFISTÓFELES

Vedo que nunca mais tal nome se me dê.

A FEITICEIRA

Pois que mal lhe fez ele? explique-se: por quê?

MEFISTÓFELES

Nome é que anda há já muito entre outros mil escritos

no volumoso rol das fábulas e mitos.

(A Fausto)

Coisas da espécie humana: o génio mau proscrevem

e ficam-se co’os maus; a esses não se atrevem.

(À Feiticeira)

Chama-me se te apraz «Barão!» «Senhor Barão!»

Não há mais que dizer. Fico um fidalgarrão

como os do sangue azul. Quanto eu sou nobre, escuso

encarecer-to; e aí vão as armas do meu uso!

(Faz certo acionado.)

A FEITICEIRA (rindo a bandeiras despregadas)

Ah ah ah ah!

Ih ih ih ih!

Nunca vi, não há,

não há, nunca vi

brejeiro maior!

Bargante, bargante!

Em moço, tunante;

em velho, pior!

MEFISTÓFELES (a Fausto)

Repare, meu amigo e aprenda! Esta a maneira

como deve tratar co’a súcia feiticeira.

A FEITICEIRA

Que desejam agora estes senhores?

MEFISTÓFELES

Mando

que nos tragas já já um copo trasbordando

da sabida mistela, e quanto mais anosa

a tiveres, melhor, mais eficaz.

A FEITICEIRA

Gostosa

obedeço já já.

(Tira uma garrafa e um copo da cantareira)

Nesta garrafa tenho

com que dar ao seu mando óptimo desempenho.

Desta é que eu muita vez mato o bicho. Fortum

nem por onde ele passe. Um copo! e mais do que um

se quiser, essa é boa!

(Baixo a Mefistófeles)

Olhe que o sujeitinho,

se traga aquilo assim como quem bebe vinho,

sem se ter preparado, estoira antes de um’hora,

bem sabe.

MEFISTÓFELES (baixo à Feiticeira)

O teu receio é mal cabido agora.

Eu sou amigo dele e não lhe quero a morte.

Podes-lhe dar sem medo o que haja de mais forte

no teu laboratório. A l’obra, presto, a l’obra!

Risca-me nesse chão o círculo da cobra.

Reza lá o conjuro, e dá-lhe um copo cheio.

(A Feiticeira com solenes ademães, risca um círculo e põe-lhe dentro coisas esquisitas. Para logo principiam os utensis e os copos a traquinar, com certa afinação. Traz afinal um cartapácio. Mete no círculo os cercopitecos. Um deles fica a servir-lhe de estante. Os outros archotes tirados da canastra, e que per si se acenderam simultaneamente. A Feiticeira acena a Fausto, que se lhe acerque)

FAUSTO (a Mefistófeles)

Mas tudo isso a que vem? Patranhas vãs! Descreio

de quanto vejo aqui: visagens estudadas,

imposturas sem sal, tontices, meros nadas.

Sei tudo isso de cor; tenho-lhe nojo.

MEFISTÓFELES,

Asneira!

É forte bravejar contra uma brincadeira!

Pois não vês que a mulher não faz em tudo aquilo

senão seguir à risca o medical estilo?

para que te aproveite e preste a beberagem,

põe muito palavrão, muitíssima visagem.

A FEITICEIRA (empurra Fausto para dentro do círculo; e põe-se a ler no livro, declamando com grande ênfase)

Agora me explico,

Do um, dez fareis;

o dois deixareis;

o três uguareis;

e já sondes rico.

Lançar quatro fora.

Dos cinco e dos seis,

sete e oito fareis.

São estas as leis,

e andai-vos embora.

E os nove são um;

e os dez são nenhum.

E tenho acabada,

segundo cumpria,

toda a tabuada

da feitiçaria.

FAUSTO (a Mefistófeles)

Ela estará com febre? A modo que extravaga.

MEFISTÓFELES

Ai! de pouco se admira. Inda por ora a saga

do introito não passou; e todo o calhamaço

vai no mesmo teor. Eu já o li de espaço;

por sinal que até fiz sobre o seu conteúdo

o estudo mais cabal, mais sério, mais miúdo,

do que vim a inferir o que lhe exponho franco:

no que é contraditório, o sábio fica em branco,

assim como o ignorante. Esta arte, meu amigo,

é velha e nova; há nela, a par do imenso antigo,

algo também moderno. Inda não houve idade,

que, a bem de traficar co’a pobre humanidade,

não andasse a espalhar, com rara impavidez,

erros de três por um, ou erros de um por três.

Onde havia ensinar-se o claro, o verdadeiro,

mentiu-se adrede ao vulgo estólido e crendeiro.

Contra a superstição e audácia, era preciso

combater e suar; e a gente de juízo

preferiu sempre a tudo um bom viver pacato.

Nos mortais em geral dá-se um pendor inato

para absorverem crença. Era melhor primeiro

pensar, e crer depois; crer só no verdadeiro.

A FEITICEIRA (continuando)

A potência da ciência

que anda oculta em névoa escura,

só revela a sua essência

ao mortal que a não procura.

FAUSTO

Que absurdo nos diz ela? A tantos disparates

já se me oira a cabeça; oitenta mil orates

não doidejavam mais.

MEFISTÓFELES

Nobre sibila, basta!

Venha o copo e bem cheio. Um homem desta casta,

um famoso Doutor em tanta faculdade,

pode beber sem risco e sem dificuldade.

Mal imaginas tu que tragos de alto engodo

ele já tem provado.

(Notando em Fausto alguma hesitação, continua.)

Abaixo! abaixo! Todo!

Animo! escorripicha! E tu verás em breve

como esse coração bate contente e leve.

Ora gosto de ti! Convives co’o demónio

tu cá, tu lá, e agora estás como um bolónio

com medo a um fogachinho!

(Fausto acaba de beber resolutamente o copo apesar de saírem dele pequenas chamas.)

(A Feiticeira desfaz o círculo. Fausto sai dele.)

Estás liberto. Agora,

exercício que farte.

A FEITICEIRA

Em muito boa hora

que tomasse o meu filtro.

MEFISTÓFELES (à Feiticeira)

E tu, se me quiseres

alguma coisa, velha, é bom que lá me esperes

na Valburga esta noite.

A FEITICEIRA (a Fausto)

Aprenda outra cantiga

antes de se ir embora; e é dadiva de amiga.

Toda a vez que a entoar, há-de sentir no peito

um certo não lho digo; enfim um certo efeito

(Fausto dá-lhe costas enjoado, com ar desprezativo)

MEFISTÓFELES (a Fausto)

Vem comigo, eu te guio. A fim de que a poção

no interior e por fora opere a sua ação,

não há que estar à espera; é necessário e urgente

medir terra, correr, suar copiosamente.

Depois te ensinarei como se logra a vida

no suave far niente em flores envolvida,

e como o deus de amor brinca, borboleteia,

e oferta aos lábios mel pela áurea taça cheia.

FAUSTO (querendo tornar-se ao espelho)

Deixem-me inda uma vez mirar nesse brilhante

venturoso cristal a que é sem semelhante,

da graça o non plus ultra.

MEFISTÓFELES

À fé, que a imagem dela

era de todo o ponto e em todo o extremo bela;

mas que não dirás tu, em vendo o original?

vivinho! em carne e osso! ao pé de ti!

(À parte)

Que tal!

Co’a dose que tomou, qualquer mulher que aviste

vai julgá-la outra Helena.

Ah, sábio, alfim caíste!

A cozinha da bruxa levará Fausto a completar seu grande “livramento” no âmbito da materialidade. Ele deveria rejuvenescer para que sua aparência lhe proporcionasse maior mobilidade no mundo das suas aspirações. Porém, rejuvenescer para o doutor fazia parte de um aspecto bem maior. A magia lhe proporcionava vencer a finitude do corpo do herói velho sem mobilidade. Ele necessita agora de energia para pôr em prática sua ânsia de conhecimento. Precisa de disposição para o amor, e assim recobrar o tempo perdido. A poção da bruxa confere um novo conteúdo à sua forma. Fausto assume o ímpeto da juventude e sua alma fáustica está agora em perfeita conformidade com suas forças físicas.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Dar ao Outro

Eis uma atitude louvável e uma sugestão valiosa, sobretudo na época atual em que predominam, quase sempre, o egoísmo, a indiferença pelo semelhante, a ânsia de obter cada vez mais dinheiro, prestígio, conforto, olvidando a sorte dos menos favorecidos.

Não basta viver e cumprir a contento as tarefas diárias, no lar, no trabalho, na sociedade. É preciso realizar algo mais! Procuremos sempre fazer algum bem, onde quer que seja. Todos nós temos que procurar, dentro de nossas possibilidades, enobrecer a nós mesmos, o Ego, e realizarmos o nosso particular valor. Dediquemos algum tempo a nossos semelhantes. Ainda que pouco, façamos algo por aqueles que têm necessidade de auxílio humano, algo pelo qual não recebemos outra paga que o privilégio de o ter feito. Porque – nos lembremos – nós não vivemos sozinho neste mundo. Nossos irmãos e nossas irmãs se encontram aqui também.

É noção antiga e firmada que não podemos viver isolados, tão intenso é o nosso instinto gregário. E se fazemos parte de um agrupamento (qualquer que seja), tornemos imprescindíveis a nossa colaboração, o nosso sacrifício para o bem-estar dos nossos semelhantes.

Em qualquer agrupamento isso acontece: na família, num clube esportivo ou social, no trabalho, na vida cotidiana …

O altruísmo precisa vencer o egoísmo, aperfeiçoando as nossas virtudes e concorrendo para completa abnegação da Humanidade.

Dar parcelas de nós mesmos – eis outra recomendação proveitosa e que representa fator indiscutível para se alcançar a felicidade.

Notem que lindas essas sugestões escritas por alguém:

“Dá àqueles que você não ama um gesto de simpatia, uma palavra amiga.

Dá um sorriso àqueles que passam indiferentes na sua vida: ao varredor de rua, ao carteiro, ao vendedor de frutas, ao porteiro, às pessoas tidas como “invisíveis”.

Dá uma volta de chave aos pensamentos vãos; às lamentações inúteis, ao ciúme e à inveja.

Dá uma parte do seu tempo àqueles que lhe cercam, mesmo que esteja muito ocupado!

Dá um lugar a sua mesa e um cantinho no seu coração àqueles que vivem na solidão.

Dá pensamentos de amor a todo o mundo”.                                                                    

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual o valor dos exercícios respiratórios espirituais no desenvolvimento do Corpo e da Mente?

Resposta: O valor dos exercícios respiratórios espirituais depende do conhecimento da pessoa a quem foi fornecido. Os exercícios respiratórios espirituais fornecidos em livros e por supostos instrutores, que anunciam cursos de desenvolvimento psíquico, são extremamente perigosos e muitas pessoas estão hoje em hospitais para pessoas com doenças mentais (hospitais psiquiátricos) por terem tentado essas práticas, ou talvez, já morreram por doença consuntiva[1].

Cada ser humano é um indivíduo e precisa de exercícios espirituais individuais. Os exercícios respiratórios espirituais apropriados só podem ser ministrados por uma pessoa que seja Clarividente voluntário e que, também, seja capaz de observar o crescimento de certos órgãos etéricos no Corpo Denso de quem ele está ensinando. Ele também deve conhecer qual deve ser esse crescimento em cada caso individual. Quem tem a capacidade de assim fornecer esse exercício respiratório espiritual individual, também conhece como checar os desenvolvimentos indesejáveis. Mas tal pessoa capaz de fornecer esses exercícios não faz propaganda da sua capacidade ou do desenvolvimento que ocorre. Tais exercícios nunca são vendidos por nenhum tipo de compensação financeira, mas sempre são fornecidos pelo mérito de quem busca.

A razão é evidente. Alguém que tenha a faculdade da Clarividência positiva ou voluntária (ou seja: tem todo o controle desse talento) tem um enorme poder; se mal utilizado, ele pode causar mais danos do que qualquer arma terrena. Poderia causar um pânico nos mercados mundiais, provocar guerras e inimizades entre as pessoas de todos os lugares e, assim, o possuidor desse conhecimento se tornaria um flagelo para a sociedade, exceto se usar essa sua faculdade somente para o bem. Os poderes por trás da evolução, os Irmãos Maiores da Humanidade, que já desenvolveram esses poderes e são capazes de ensiná-los, tomam muito cuidado para que ninguém alcance esse poder, até que tenha dado provas de altruísmo e que tenha feito obrigações por meio de votos e restrições do uso desse poder. Portanto, pode-se dizer que ninguém deveria realizar exercícios respiratórios espirituais, a menos que prescritos por um Clarividente voluntário competente, e nem é necessário correr à procura de tal pessoa. O Aspirante à vida superior deve antes se esforçar para fazer o bem e utilizar as faculdades, que agora possui, no ambiente em que se encontra, pois esse é o único trampolim adequado para alcançar um poder superior. Quando ele estiver suficientemente apto, a pessoa competente para fornecer tal ensinamento aparecerá em sua vida e ele não duvidará, nem por um momento, da genuinidade do ensinamento que lhe será fornecido. A esse respeito podemos citar um pequeno poema[2] que é extremamente belo:

“Não perca seu tempo com saudades

por coisas brilhantes e impossíveis.

Não fique sentado esperando

pelo nascimento de asas angelicais.

Não desdenhe de ser uma luz brilhante.

Nem todo mundo pode ser uma estrela,

mas ilumine um pouco da escuridão

brilhando exatamente onde você está.

Há necessidade das velas menores,

assim como do vistoso Sol.

E a ação mais humilde é enobrecida,

quando é feita dignamente.

Você nunca pode ser chamado para iluminar

regiões escuras distantes;

Então, preencha sua missão dia a dia;

brilhando exatamente onde você está.”

(Pergunta nº 151 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Volume 1, Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: p.exe.: tuberculose, endocardite e todos os tipos que vão fazendo a pessoa decair aos poucos, perdendo, progressivamente, a vitalidade, debilitando a pessoa.

[2] N.T.: trecho do Poema Shine Just Where You Are de John Hay (1838-1905), estadista estadounidense.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: De que forma nos ajudará na vida após a morte se cultivarmos a Clarividência na vida presente?

Resposta: De várias maneiras. Em primeiro lugar, muitas pessoas têm grande medo da morte; o simples fato de mencionar a palavra “morte” provoca arrepios nas costas delas e, assim, sempre evitam o assunto. O medo da morte gera pensamentos-forma de uma natureza hedionda e quando uma pessoa abandona o Corpo Denso, por ocasião da morte para entrar nos Mundos invisíveis, ela vê essas formas terríveis cercando-a como muitos demônios e, às vezes, a levam quase à insanidade. No entanto, eles são a progênie da pessoa, dos quais ela não poderá se livrar, até que aprenda que eles não têm o poder sobre as pessoas e que, destemidamente, os mande embora. Então, eles desaparecem como o orvalho diante do Sol.

O ser humano que tem cultivado a Clarividência voluntária durante a sua vida terrena é, às vezes, atormentado, no primeiro momento de sua entrada nos Mundos invisíveis, por várias entidades elementais, que assumem as formas mais hediondas. Essas reconhecem no neófito um possível futuro mestre e procuram desviá-lo do propósito do Clarividente pela intimidação; mas, como ele é normalmente ajudado por alguém mais elevado que o está acompanhando e que o esclarece que esses seres não têm poder sobre ele, o Clarividente rapidamente supera o medo. Quando mais tarde ele deixa seu Corpo Denso na hora da morte e entra nos Mundos invisíveis, ele já está familiarizado com muitas das visões e cenas de lá; acima de tudo, ele não tem nenhum medo do que possa impedi-lo.

(Pergunta nº 145 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” -Volume 1, Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

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