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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Quando e Que Lições Posso Estar Insistindo em Não Querer Aprender?

Se o meu Corpo Denso e/ou o meu Corpo Vital:

  • é alvo de doenças e/ou enfermidades
  • não funciona como deveria
  • não funciona mais como funcionava
  • falta uma parte

Se com o meu Corpo de Desejos:

  • tenho dificuldades em não me satisfazer com emoções e sentimentos inferiores
  • anseio por novidades e mais novidades, uma atrás da outra
  • me enfadonho com desejos e sentimentos superiores

Se com a minha Mente:

  • tenho dificuldades em me concentrar em um único assunto
  • procuro ser sempre superficial nos assuntos que me interesso ou discuto
  • não consigo criar um pensamento-forma sem “colorir” com matéria de desejos

então: há lições que insisto em não querer aprender nessa vida (ainda que lá no Terceiro Céu “eu me prometi” vir nessa vida para aprendê-las).

A imensa maioria dessas lições a aprender tem uma relação ou, ainda, correlação positiva e muito forte com a parte do nosso Corpo Denso afetada (na sua anatomia, na sua fisiologia ou em ambas).

Aliás essa é a maneira mais precisa, contundente e clara que temos para saber: o que escolhemos ser provados (tentados) para verificar se aprendemos a lição.

Não exaustivamente, eis alguns exemplos que podemos verificar em nós mesmos:

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

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Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: Período Terrestre

Pergunta: Estudando os Períodos anteriores, e sabendo que chegamos ao quarto, o Período Terrestre, poderia fazer uma recapitulação rápida de tudo o que os Espíritos Virginais obtiveram antes?

Resposta: Veja que no Período de Saturno tivemos um Senhor da Mente que, no final do Período, assumiu as atribuições de Deus-Pai, já que foi como o mais alto Iniciado (ou seja: aprendeu tudo que um Senhor da Mente poderia aprender nesse Esquema de Evolução). E que o Espírito Divino foi despertado em nós e o germe do Corpo Denso foi nos dados. É por isso que o Espírito Divino está correlacionado com Deus-Pai.

No Período Solar um Arcanjo – Cristo – que, no final do Período, assumiu as atribuições de Deus-Filho, já que foi como o mais alto Iniciado (ou seja: aprendeu tudo que um Arcanjo poderia aprender nesse Esquema de Evolução). E o Espírito de Vida foi despertado em nós e o germe do Corpo Vital foi nos dados. É por isso que o Espírito Divino está correlacionado com Deus-Filho.

No Período Lunar um Anjo – Jeová – que, no final do Período, assumiu as atribuições de Deus-Espírito Santo, já que foi como o mais alto Iniciado (ou seja: aprendeu tudo que um Anjo poderia aprender nesse Esquema de Evolução). E o Espírito Humano foi despertado em nós e o germe do Corpo de Desejos foi nos dados. É por isso que o Espírito Santo está correlacionado com Deus-Espírito Santo.

Pergunta: No Período Terrestre foi acrescido outro elemento que predominou em todos os Globos?

Resposta: Sim, o elemento Terra. Então até aqui temos quatro elementos da Natureza: Fogo, Ar, Água e Terra.

Pergunta: Qual Hierarquia foi responsável pelo germe da Mente no Período Terrestre?

Resposta: Os Senhores da Mente (uma das 12 Hierarquias Criadoras ou Zodiacais) que foram a Humanidade no Período de Saturno, hoje tornaram-se peritos na construção de corpos de ‘matéria mental’ e por ter alcançado o estado Criador, irradiaram de si mesmo o germe da Mente para cada um de nós.

Pergunta: Qual o estágio de evolução em que se encontra a nossa Mente atualmente?

Resposta: A Mente é o mais novo dos nossos veículos. Ela é o instrumento mais importante que possuímos e é o nosso instrumento especial no trabalho da criação. A Mente ainda se encontra em estágio mineral.

Pergunta: Qual é o formato do nosso veículo Mente hoje no Período Terrestre?

Resposta: Atualmente seu formato é ainda uma espécie de nuvem em torno da nossa cabeça e do nosso pescoço.

Pergunta: Como ainda é um germe ou veículo, quando se tornará um Corpo Mental?

Resposta: Para a Humanidade geral só se tornará Corpo Mental no Período de Vulcano.

Pergunta: O nosso veículo Mente é composto de que material?

Resposta: A Mente é composta de material da Região Concreta do Mundo do Pensamento.

Pergunta: Qual é a Onda de Vida que está atravessando o estágio “humanidade” no Período Terrestre?

Resposta: Os Espíritos Virginais da Onda de Vida Humana – nós -, também chamada de Hierarquia Zodiacal de Peixes.

Pergunta: Onde se localizam os Globos do Período Terrestre neste Esquema de Evolução?

Resposta: Estão nos quatro estados mais denso de matéria, ou seja, a Região do Pensamento Concreto, o Mundo do Desejo, as Regiões Etérica do Mundo Físico e nesta Região Química do Mundo Físico que é a nossa Terra atual – Globo D).

Pergunta: Qual a nossa consciência no Período Terrestre?

Resposta: Consciência de Vigília.

Pergunta: Quando foi que atingimos essa consciência de vigília?

Resposta: A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente. Mais precisamente foi na segunda parte da Época Atlante – essa consciência imaginativa deu lugar à consciência plena de vigília atual, em que os objetos podem ser observados fora, distintos e definidos.

Pergunta: Por que antes não foi possível ter essa consciência?

Resposta: Veja que até a metade do Período Terrestre tínhamos o objetivo de desenvolver ferramentas ou veículos para nós mesmos, estando toda a força sexual criadora direcionada para esse propósito. Essa etapa de construção é conhecida, pela Filosofia Rosacruz, como período de Involução.

Pergunta: No período de Involução sempre tínhamos uma Hierarquia Criadora responsável por nosso veículo adquirido. Então a cargo de quem ficou o trabalho da Mente?

Resposta: Enquanto ‘Involução’ o Espírito trabalhava inconscientemente, mas era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais. Já a Mente não ficou a cargo de nenhum ser externo, mas apenas sob o governo do ser humano, sem ajuda alguma de fora. Inicia-se o processo da Evolução.

Pergunta: Poderia esclarecer melhor esses dois processos?

Resposta: Nos primórdios evolutivos, o “Tríplice Espírito Virginal” estava desnudo (sem Corpos e nem veículos) e era inexperiente. Sua Involução implicava construção de Corpos e veículos, o que ele conseguiu inconscientemente com ajuda das Hierarquias Criadoras. Após a construção desses corpos e do despertar dos veículos, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana, nós, tornou-se consciente e então a Evolução teve início.

Pergunta: Agora que o Espírito Virginal da Onda de Vida humana, nós, se tornou consciente de si mesmo, as Hierarquias Criadoras: Senhores da Chama, Querubins e Serafins ainda continuam nos ajudando?

Resposta: Esses três Seres maravilhosos trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. Pois, de uma evolução como a nossa eles nada podiam aprender, portanto, já se retiraram no atual Período Terrestre, partindo para a libertação.

Pergunta: Então estamos sozinhos sem ajuda neste Período Terrestre?

Resposta: De maneira nenhuma. Como é um Período eminentemente da “Forma” e, sendo o fator mais dominante, a forma alcança o seu grau mais elevado, então, os Senhores da Forma (Hierarquia Zodiacal de Escorpião) trabalham ativamente conosco, além de outras Hierarquias Criadoras.

Pergunta: Mas, é uma Hierarquia que está evoluindo nesse serviço prestado amorosamente a Humanidade no Período Terrestre?

Resposta: Sim, esses Seres trabalham para completar sua própria evolução. E atualmente neste Período são encarregados do desenvolvimento do nosso veículo Espírito Humano, que é a contraparte do nosso Corpo de Desejos.

Pergunta: Que a outra Onda de Vida iniciou no Período Terrestre?

Resposta: A atual Onda de Vida Mineral iniciou a sua evolução neste Período.

Pergunta: Como essa Onda de Vida só possui o Corpo Denso, então, em qual Período chegará ao estágio Humanidade?

Resposta: No Período de Vulcano.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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O Método de Cura Rosacruz

O Método de Cura da Fraternidade Rosacruz é tão eficiente como único. Realiza-se, principalmente, por meios espirituais, requerendo, porém, do paciente determinada dose de cooperação. Qualquer pessoa que desejar ajuda deve solicitá-la a um Centro Rosacruz que tenha um Departamento de Cura (o da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil você consegue aqui: https://encurtador.com.br/kLNSX) e verá que deve se inscrever por meio do preenchimento à mão utilizando uma caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim (que você tem em uma caneta tinteiro ou bem mais barato por meio de uma “pena mosquitinho”, facilmente encontrada em papelarias ou lojas de artesanato; hoje em dia pela internet é mais fácil o acesso de ambas), pois a tinta nanquim LÍQUIDA carregará o eflúvio do Corpo Vital do paciente que escreve. Esse eflúvio constituirá o meio pelo qual o Auxiliar Invisível terá acesso ao Corpo Vital do paciente, a fim de que seja começado o tratamento com o objetivo da cura definitiva. Também verá que enquanto o eflúvio do Corpo Vital do paciente for renovado pelas assinaturas do paciente (semanalmente nas Datas orientadas pelo Departamento de Cura), o tratamento continuará. Se for interrompido pelo paciente, o tratamento será interrompido imediatamente, pois o livre arbítrio do irmão ou da irmã é totalmente respeitado.

Os Auxiliares Invisíveis são Estudantes Rosacruzes consagrados e dedicados que alcançaram, no mínimo, o grau de Probacionista. Durante o dia procuram viver uma vida de pureza e serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) para com os irmãos e as irmãs no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta de cada um, que é a base da Fraternidade. Durante o sono, trabalham em grupos sob a direção dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, orientados ainda por um Auxiliar Invisível que durante o dia é um profissional da saúde, normalmente um médico ou uma médica.

Não obstante, a cura definitiva se realiza de acordo com as Leis da Natureza, considerando-se o merecimento de cada um, sua cooperação e o destino envolvido, pois a doença e a enfermidade é consequência do erro do irmão ou da irmã em vidas passadas e que foi ativada nessa vida, pela insistência ao erro (ou seja, em não querer aprender a lição que lhe é fornecida). Eis porque é necessário remover as causas para obtenção da cura definitiva.

Os Auxiliares Invisíveis proporcionam ajuda ao paciente desde os planos internos, devendo esse cooperar, fazendo uma avaliação objetiva de si mesmo, a fim de compreender e remover as causas da doença ou enfermidade. Mais informações? Consulte aqui: https://fraternidaderosacruz.com/como-funciona-e-como-solicitar-auxilio/

(Publicado na Revista “O Encontro Rosacruz” de abril/1982 – da Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP)

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As Forças dos Quatro Átomos-Sementes

O Átomo-semente é onde se registra tudo o que já vivemos em todas as vidas. Há um Átomo-semente para cada um dos três Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e um para o veículo Mente.

O Átomo-semente do Corpo Denso está localizado na posição referencial do Ápice, no ventrículo esquerdo, do Coração (que é o lugar onde ocorre o batimento apical, ou seja, a pulsação máxima do coração).

Lembremos que o ventrículo esquerdo recebe, através da Válvula Bicúspide (ou válvula mitral), todo o sangue oxigenado que chega dos pulmões, via as quatro veias pulmonares do Átrio esquerdo.

E, portanto, todo esse sangue passa pelo Ápice deixando as imagens (de material de pensamento, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e ações) de tudo o que se passou ao redor de nós, 24 horas por dia e durante toda a nossa vida aqui. Do ventrículo esquerdo o sangue, via a aorta descendente – a maior aorta do nosso Corpo Denso –, é distribuído para todo o nosso Corpo Denso.

Por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Denso é que são gravados  todos os desejos, pensamentos, sentimentos, todas as emoções, palavras, obras, ações e todos os atos que chegam até ele, vindo pelos Éteres (que entra nos pulmões com o ar que inspiramos) e que é trazido pelo sangue arterial contido nas veias pulmonares, que  como vimos, são vasos sanguíneos, que carregam sangue rico em oxigênio, dos pulmões até o átrio esquerdo do coração, e atravessando a válvula mitral chega até o ventrículo esquerdo onde, como vimos, no ápice, é a posição referencial onde está o Átomo-semente do Corpo Denso.

Nas forças do Átomo-semente do Corpo Denso estão inscritas todas as nossas experiências de nossas vidas anteriores, e a utilizamos para a construção dos Corpos Densos nos próximos Renascimentos.

Após a nossa morte, são por meio dessas forças do Átomo-semente do Corpo Denso que tudo que está gravado nele, é passado para o Átomo-semente do Corpo de Desejos, utilizando para isso o segmento do Cordão Prateado que liga o Átomo-semente do Corpo Denso até o Átomo-semente do Corpo Vital, e daqui o segmento do Cordão Prateado que liga o Átomo-semente do Corpo Vital até o Átomo-semente do Corpo de Desejos. De forma que o que está gravado no Átomo-semente do Corpo de Desejos, é a base da nossa vida no Purgatório e no Primeiro Céu.

Já o Átomo-semente do Corpo Vital situa-se na posição referencial do Plexo Celíaco (antigamente era chamado de Plexo Solar, porque é um local do nosso Corpo Denso de onde se irradia muitos nervos).

Por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Vital é que atraímos material etérico quando estamos nos preparando para um novo renascimento e, portanto, estamos passando pela Região Etérica do Mundo Físico, e atraímos material para compor o nosso Corpo Vital.

É por meio dessas forças do Átomo-semente do Corpo Vital que o Fluido Vital Solar incolor – que especializamos por meio das forças solares, que entram pelo nosso baço etérico (que é a porta de entrada das forças solares) durante o dia – que é dirigido para o plexo solar que, como vimos, é a posição referencial que está o Átomo-semente do Corpo Vital, é convertido em fluido de cor rosa pálido rosado.

E flui por todos os nervos, e quando é irradiado pelos centros cerebrais em grandes quantidades, move os músculos para os quais os nervos se dirigem.

Lembrando que durante o dia absorvemos o Fluido Solar em grandes quantidades, os pontos do Corpo Vital ficam mais vibrantes, aumentados ou dilatados pelo Fluido Vital, e é o que usamos quando trabalhamos à noite, como Auxiliar Invisível nos processos de Cura Rosacruz.

É por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Vital que temos a composição somente o Éter Químico e o Éter de Vida (ou seja, não há Éter Luminoso e nem Éter Refletor no Átomo-semente do Corpo Vital).

É também por meio das forças do Átomo-semente do Corpo Vital que o polo positivo do Éter Químico se torna totalmente ativo, por volta dos sete anos de idade e, também, que o polo positivo do Éter de Vida se torna totalmente ativo por volta dos catorze anos de idade.

O Átomo-semente do Corpo de Desejos se situa na posição referencial do grande lóbulo do fígado.

Por meio das forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos é que se recebe, do Átomo-semente do Corpo Denso, todos os pensamentos, sentimentos, desejos, todas as emoções, palavras, obras, ações e todos os atos gravados da vida que acabou de findar, e que será a base da nossa vida no Purgatório e no Primeiro Céu.

Também por meio das forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos é que atraímos material de desejos, emoções e sentimentos, quando estamos nos preparando para um novo renascimento e, portanto, estamos passando pelo Mundo do Desejo, e atraímos material para compor o nosso Corpo de Desejos.

É também por meio das forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos que o nosso Corpo de Desejos nasce por volta dos catorze anos de idade, e entramos então na puberdade.

O Átomo-semente da Mente se situa no meio da posição referencial dos dois seios frontais, localizados acima dos olhos, perto da testa.

Por meio das Forças do Átomo-semente da Mente é que atraímos material de pensamentos-forma quando estamos nos preparando para um novo renascimento e, portanto, estamos passando pela Região Concreta do Mundo do Pensamento para compor a nossa Mente.

É por meio das forças do Átomo-semente da Mente que a nossa Mente nasce por volta dos vinte e um anos de idade e entramos então na maioridade.

 Todos os quatro Átomos-semente estão ligados por um Cordão Prateado que é tríplice.

O primeiro segmento, que vai do Átomo-semente do Corpo Denso até o Átomo-semente do Corpo Vital, é formado de matéria etérica.

O segundo segmento, que vai do Átomo-semente do Corpo Vital até o Átomo-semente do Corpo de desejos, é formado de matéria de desejos.

O terceiro segmento, que vai do Átomo-semente do Corpo de Desejos até o Átomo-semente da Mente, é formado de matéria mental.

É graças a esses Átomos-sementes que conseguimos construir um novo Corpo e uma nova Mente.

As forças dos Átomos-sementes impregnaram todos os nossos três Corpos, e todas as nossas Mentes que habitamos sucessivamente na nossa marcha nesse Esquema de Evolução.

São essas forças dos Átomos-sementes que, na forma de registros, que é o Registro de Deus, quando voltarmos a Deus, quando nos unirmos novamente com Ele, ainda subsistirão, e dessa maneira conservaremos a nossa individualidade eternamente.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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Renascimento é diferente de Reencarnação: entenda o porquê

O vocábulo “renascimento” se constitui, no campo linguístico, do prefixo “re”, mais “nascimento”. Significa, etimologicamente, nascer de novo. E o nascer de novo é o renascimento do Ego em cada plano.

Difere, portanto, da reencarnação, cujo significado é entrar na carne. Popularmente, essas duas expressões são usadas como se fossem sinônimos, mas, a nós, Estudantes Rosacruzes, que nos foi transmitida pelo fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, Max Heindel, cabe entendermos os termos com precisão, pois sabemos quão importante é a gravação certa no Corpo Vital, do que aprendemos. Assim, usaremos cada umas dessas palavras em seu exato sentido.

Vamos dizer algo a respeito do renascimento. Depois do Ego ter feito os últimos preparativos, no Terceiro Céu, a fim de renascer com seus Corpos e veículos aqui mais uma vez e chegado o momento de sua descida, se encontra despido de Corpos e veículos tendo, tão somente, as forças dos quatro Átomos-sementes, ou seja, o núcleo do Tríplice Corpo e da Mente.

Devemos lembrar aqui, que falarmos de Ego ou de Tríplice Espírito vem a ser a mesma coisa, pois estamos nos referindo a uma só realidade. A essência é a mesma. As expressões é que são sinônimas.

Ao iniciar a sua jornada, o Ego desce à subdivisão mais elevada da Região do Pensamento Concreto. Com o despertar das forças mentais conquistadas em vidas anteriores, que se achavam latentes no respectivo Átomo-semente, atrai e incorpora em si mesmo o material que lhe é necessário para construir um veículo por meio da qual poderá funcionar nesse Mundo. Adotando o mesmo processo, desce o Ego às outras três Regiões inferiores do Mundo do Pensamento Concreto, completando, consequentemente, a formação da sua nova Mente.

Continuando em sua descida, atinge o Ego a sétima Região do Mundo do Desejo, da qual atrai o material afim e indispensável, agrupando-o em torno de si. Prosseguindo, desce ele à sexta Região, onde adquire, também, o material afim que lhe é imprescindível. Segue, fazendo o mesmo até alcançar a primeira Região do Mundo do Desejo. Completa-se, dessa maneira, a formação do seu novo Corpo de Desejos.

Em seguida, desce o Ego à sétima Região do Mundo Físico, isto é, a Região Etérica do Éter Refletor. A formação do Corpo Vital não é, entretanto, tão simples como acontece com a formação do Corpo de Desejo e da Mente, a que anteriormente nos referimos. Só em um ponto é idêntica, ou seja, na quantidade e qualidade do material a ser atraído, obedecendo, ainda, a mesma lei que rege os corpos superiores: a Lei da Semelhança ou Lei da Atração. Para construir o Corpo Vital e colocá-lo no ambiente adequado, trabalham, em número de quatro, os Anjos Relatores, também conhecidos por Senhores do Destino ou Anjos do Destino. Esses Seres são portadores de incomensurável sabedoria. Estão acima de todo e qualquer erro. Eles fazem com que seja incorporado o Éter Refletor no Corpo Vital, em formação, para que as cenas da vida que seguirá, reflitam nele. Convém notar que, além dos habitantes do Mundo Celeste participam da construção do Corpo Vital, os espíritos elementais. Integra, finalmente, a plêiade de construtores desse Corpo, o Ego que se prepara para renascer com seus Corpos e veículos aqui, incorpora também a quinta-essência dos seus Corpos Vitais anteriores, realizando, ainda, um pequeno trabalho original. Esse trabalho possibilita ao Ego expressar-se, na vida prestes a ter início, de modo individual e original, quer dizer, não determinado por ações de existências pretéritas. Verificamos, assim, que as causas e efeitos não se constituem numa repetição rotineira. Constatamos, isso sim, a existência palpitante e viva de um influxo constante de causas novas e originais. Temos aí, a Involução e a Evolução completadas, cabalmente, pela Epigênese. Podemos dizer, em outras palavras, que a Epigênese consiste na liberdade de que desfruta o Ego, no sentido de criar, em cada renascimento, coisas novas. Ele atua, nessa parte, sempre de maneira original. Convém lembrarmos que a Fraternidade Rosacruz é a única que fala na Epigênese. Além de falar, devemos convir, o faz com invulgar sabedoria, esclarecendo o ponto de vital importância, concernente às possibilidades do Ego, em seu roteiro evolutivo.

Na matriz do Corpo Vital vamos encontrar a formação, órgão por órgão, do Corpo Denso.

Relativamente ao Átomo-semente do Corpo Denso, situa-se, como nos ensina Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, na cabeça triangular de um dos espermatozoides do sémen paterno. Nesse espermatozoide, unicamente, é que reside a possibilidade de fertilização. Nesta altura, entende-se perfeitamente, a causa de uniões estéreis.

Voltando ao Átomo-semente, esse, devemos recordar, é o determinador da quantidade e qualidade da matéria para que se possa formar o Corpo Denso, que é feito, tomando-lhe como modelo, o Corpo Vital.

Apesar de restrita a atividade doEgo na construção do Corpo Denso, neste ele incorpora a quinta-essência das qualidades físicas das vidas anteriores. E, muito embora o Ego tome, imprescindivelmente, os materiais dos corpos do pai e da mãe, a fim de formar o seu, esse não traz com exatidão, as mesmas características dos corpos paternos. Como se vê, o referido Corpo Denso é a expressão do próprio Tríplice Espírito ou Ego renascente. A hereditariedade poderá explicar alguma coisa, porém, jamais tudo. Não esclarece, por exemplo, as qualidades da alma, as quais são absolutamente individuais. Cada Ego, ao renascer, traz características próprias. Estão ligadas às suas existências passadas, pois são o fruto de seu mérito ou demérito nelas.

Após a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele, seguramente, durante espaço de tempo que vai de 18 a 21 dias. Nesse período, o Ego se encontra fora da matriz materna, todavia mantém-se em contato com ela.  Acha-se ele, em seu Corpo de Desejos e em sua Mente. Decorrido esse prazo, ele entra no corpo da mãe. Daí por diante, o Ego incuba seu novo Corpo até que se dê o nascimento da criança, iniciando-se, assim, a nova vida aqui. Desse modo, acaba o Ego de chegar ao máximo de sua descida, pois atingiu o ponto mais denso que ele deve descer: a Região Química do Mundo Físico. Ele vive, nesse Mundo, habitando um Corpo Denso, como estamos, por exemplo, todos nós aqui, até que lhe advenha mais uma morte aqui, com a qual o Ego começa a sua viagem de retorno aos Mundos Celestes.

A ruptura do Cordão Prateado ocasiona a morte. Com essa, abandona o Ego o Corpo Denso, que foi o último a ser, por ele, adquirido.  Permanece, entretanto, durante três dias e meio, aproximadamente, na Região Etérica do Mundo Físico, pairando sobre o Corpo Denso e assimilando as experiências da existência terrestre que acabou de terminar. Feita essa assimilação, entra o Ego no Purgatório, situado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-semente dos Corpos Denso e do Corpo Vital. Ali se desenrola de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que prejudicou alguém – por omissão ou por querer –, incorporando ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a consciência que atuará no futuro como impulso para não repetir o mal cometido. Purgados os maus hábitos, vícios, falhas e omissões, passa ele ao Primeiro Céu, que se situa nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. Aqui, desenrola-se de novo, o Panorama da Vida passada, apresentando todos os incidentes dela em que ajudou alguém – por fatos ou boas e sinceras intenções –, incorpora ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, a qualidade de sentimento reto que atuará no futuro como impulso para o bem e repulsão para o mal. No Mundo do Desejo o Ego permanece, em média, um terço do tempo da vida que terminou. Esse período de tempo poderá, entretanto, ser maior ou menor, dependendo do grau de espiritualização dele.

A seguir, entrando no Segundo Céu, encontra-se o Ego envolto no veículo mental, contendo esse a quinta-essência dos três veículos abandonados. Agora, acha-se ele, em sua verdadeira pátria. Leva vida ativa e variada, assimila os frutos de sua última vida terrestre, procura também, ir preparando o ambiente, ou seja, o ambiente na terra, tendo em vista o seu próximo renascimento. Prestam-lhe colaboração, como sabemos, todos os habitantes do mundo celeste, alterando as formas físicas e produzindo mudanças em seu aspecto, conforme a necessidade.

Nos Mundos Celestes o Ego aprende a construir os seus veículos e a usá-los no Mundo Físico. O músico aprende a construir mãos próprias e ouvido perfeito para captar com precisão o som. Ao despertar no Segundo Céu, ouve o Ego a música das esferas. O ser humano tem, por destinação, converter-se em inteligência criadora. Assim, chegará a ser algum dia, verdadeiro artífice de seu destino, deixando, portanto, de ser escravo dele.

Passa o Ego, em seguida, ao Terceiro Céu, onde faz os últimos preparativos, a fim de empreender outra vez, nova descida aqui, na Região Química do Mundo Físico. Leva o Ego, de conformidade com esclarecimento de Max Heindel, geralmente, 1.000 anos de um renascimento a outro, salvo exceções, ou seja: considerando a sua evolução espiritual ou missão que tenha de realizar, poderá ser esse espaço de tempo, bastante reduzido. Com o próprio Max Heindel, isto aconteceu, pois levou, do penúltimo renascimento ao último, apenas uns trezentos anos. Outra exceção é a criança. Essa, como ao morrer é inocente, não lhe tendo nascido o Corpo de Desejos, razão por que não pecou, vai diretamente para o Primeiro Céu onde é bem recebida por parentes ou adotada por alguém e permanece de um a vinte e um anos, a fim de renascer.

Quando o ser humano passou pelas nove Iniciações Menores e, também, pelas quatro Grandes Iniciações libertou-se, totalmente, da roda de nascimentos e mortes. Poderá renascer na Terra e geralmente o faz, mas não por sua causa, e sim, unicamente por causa da Humanidade. Nesta altura, temos plena convicção de que só a Teoria do Renascimento satisfaz, dentro da lógica e do bom senso, atendendo, com perfeição toda e quaisquer necessidades evolutivas da Humanidade. Para essa Teoria, cada alma é parte integrante de Deus e está desenvolvendo, por meio de vidas sucessivas, em corpos de crescente perfeição, os latentes poderes divinos em energia dinâmica. Ninguém se perde. Todos, a seu tempo, alcançarão a perfeição, integrando-se em Deus, e levarão o fruto anímico de sua peregrinação através da matéria. Quanto às teorias materialista e teológica, têm visão sobremaneira estreita, que não resistem à análise, desde que se ponha um pouco de bom senso. Não satisfazem nem mesmo os elementares de justiça ou de lógica.

O Espírito Divino, emanando de si o Corpo Denso, obtém como fruto a Alma Consciente. O Espírito de Vida emana de si o Corpo Vital, obtém a Alma Intelectual. O Espírito Humano emana de si o Corpo de Desejos e obtém a Alma Emocional.

São nessas descidas e subidas que realizamos, vindo até o Mundo Físico e subindo, após a morte, até o Mundo Celeste, que nos tornamos artífice do nosso destino, pois nos converteremos em Inteligência Criadora.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Parece ter havido um grande declínio da fé nesses últimos anos. Do ponto de vista oculto, qual o remédio para isso?

Resposta: Há uma razão oculta para o declínio da fé, e é inútil discutir um remédio até que uma causa tenha sido descoberta. Nenhuma medida não planejada ou bem direcionada fará com que a Humanidade retorne, permanentemente, ao caminho da retidão. Vamos, primeiro, considerar algumas das causas, normalmente, apontadas e então poderemos compreender melhor a razão científica oculta.

Frequentemente ouvimos dizer, de uma maneira irônica, que a razão pela qual as igrejas estão vazias é que o ministro, pastor ou padre não tem nenhuma mensagem nova, mas está continuamente apresentando ou usando de outra forma e de novo, sem nenhuma mudança ou melhoria substancial, as antigas histórias da Bíblia. Tal expressão de repreensão ou desaprovação perde sua força no momento em que perguntamos: “Sabemos a Bíblia de cor?”. Fazemos com que uma criança repita a tabuada de multiplicação, indefinidamente, até que a conheça e saiba aplicá-la. É mais importante que conheçamos a Bíblia profunda e completamente do que a criança se lembrar da tabuada; por isso a repetição é necessária.

Os Atenienses, quando se reuniam na Colina de Marte[1], sempre buscavam algo novo que lhes proporcionasse material para discussão, mas algo mais é necessário para o crescimento da alma. S. Paulo nos ensina, especificamente, que “ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, (…) nada serei[2].

A expressão de repreensão ou desaprovação relativa aos bancos vazios se baseia, particularmente, nas igrejas protestantes e católicas de todas as denominações ditas “modernas” e em vários países e, entretanto, não seria fora de propósito fazer uma comparação entre o método empregado por essas igrejas e o método empregado por uma igreja tradicional e histórica, seja ela de uma Religião Protestante ou de uma Religião Católica. Se estivermos ansiosos por aprender alguma coisa sobre essas igrejas tradicionais e históricas, devemos pôr de lado o preconceito e nos empenharmos em considerar os méritos e os deméritos de cada uma de uma maneira imparcial.

Vamos, primeiramente, examinar uma igreja protestante ou católica tradicional ou histórica, em que o ministro, pastor ou padre se empenha em transmitir o Evangelho às pessoas. Muitos de seus assentos estão vazios. Entre aqueles presentes, geralmente, o número de mulheres supera de seis vezes ou mais o número de homens. O ministro, pastor ou padre é, normalmente, sério e intenso e se esforça para ser eloquente quando se dirige à Divindade na oração, mas ele já ouviu tantas vezes a expressão de repreensão e desaprovação sobre a repetição que sempre teme que seus ofícios sejam parecidos, não importa a que grau. Procurará apresentar uma nova oração, um novo sermão, um novo hino, tudo tão novo quanto possível, a fim de evitar essa terrível repreensão e desaprovação. Ele está quase tendo um colapso nervoso por causa do pensamento atormentador de que seus fiéis possam achá-lo “chato, repetitivo e nada original”.

Em seguida, vamos a uma igreja “popular” – dita moderna, atualizada e “inovadora” – e vejamos que métodos elas usam. O ministro, pastor ou padre dessas igrejas é sempre “progressista” e está “atualizado”. Há, frequentemente, algo tão grande como um ginásio para esportes e uma equipe de “animação” ligada ao estabelecimento. Todas as noites da semana há uma reunião relacionada a este, àquele ou a outro clube, grupo ou segmento específico com um determinado nome que chama a atenção. Há piqueniques, festas ao ar livre, shows e comemorações, além de ceias e refeições na igreja. Muitas vezes, há reuniões só para os homens e outras só para as mulheres, geralmente intercaladas, de modo que sempre há uma fantasmagoria deslumbrante, sem um momento monótono durante a semana, e no domingo – ah, esse é o verdadeiro deleite, a grande atração – então, é o ministro, o pastor ou o padre que os entretém, como só ele sabe fazer. Ele é auxiliado por um grupo musical ou coro sem igual, muitas vezes composto por artistas. A música não é particularmente religiosa, exceto que, como toda boa música oriunda do mundo celestial, ela fala do ser humano espiritual e desperta as recordações do nosso lar eterno. É um atrativo para os amantes da música e, por isso, atrai centenas de pessoas.

Entre a abertura e o encerramento do programa musical há o que chamam de “sermão”. Uma pessoa conhecida nos relatou que, certa vez, ficou chocado ao entrar numa igreja e ver no púlpito esta inscrição: “Eu não prego o Evangelho”. As palavras do contexto: “Que a tristeza venha a mim se o fizer”, estavam ocultas do outro lado do púlpito, e o efeito deve ter sido espantoso, é o mínimo que se pode dizer. Contudo, é um lema que pode ser encontrado no púlpito de mais de uma igreja “progressista”, pois, embora o “sermão” possa começar com uma citação bíblica, essa é, geralmente, a única referência à palavra de Deus. O restante é um excelente discurso sobre qualquer tópico mais em evidência no panorama local ou nacional ou, se as fontes sociais e políticas se tornarem escassas, há sempre problemas a serem abordados relativos à temperança e a pureza. É bem verdade que são temas gastos como os Evangelhos, mas, se o pastor, o padre ou o ministro levar uma garrafa de cerveja ao púlpito e arremessá-la com furor, despedaçando-a como uma coisa maldita, poderá apelar para o gosto ávido de sensacionalismo que será, posteriormente, desenvolvido pela maioria dos ouvintes dele. Mas, de repente, o pastor, o padre ou o ministro “progressista” recebe uma chamada para ir construir uma outra igreja em outro lugar.

Isso é universalmente admitido: sob a tutela continuada de um só pastor, ministro ou padre, os frequentadores da igreja perdem o interesse. Entretanto, isso não é por causa desses ministros, padres ou pastores não serem sinceros e esforçados em sua obra. A grande maioria é exemplar, sob todos os aspectos, mas, de certa forma, não conseguem manter sua influência sobre as pessoas. Algumas denominações religiosas distribuem, por um certo período, as igrejas sob sua jurisdição a seus ministros, pastores ou padres, e esgotado esse tempo, os transferem para outra seção, em que trabalharão por um outro período.

Pode-se dizer muita coisa a favor e contra esses diversos esquemas, mas isso está além da presente discussão. Para combater a falta de interesse parece só haver um remédio suficientemente capaz de obter a aprovação geral e de produzir um entusiasmo, nem que seja temporário: o reavivamento.

As pessoas se juntam para ouvir um estranho, que sempre possui uma personalidade forte, dominante e agressiva, com uma voz que abrange várias oitavas, que vão desde uma súplica em voz sussurrante que cativa o pecador subjugado, até o som estridente que soa como um golpe de condenação aos ouvidos dos recalcitrantes. Como o pastor, ministro ou padre “progressista”, ele é habilmente auxiliado por um pessoal treinado, um coro e um conjunto de instrumentos musicais, tudo arranjado para fazer um apelo poderoso às sensações. Milhares de pessoas são “convertidas” e a religião (?) recebe um novo influxo vital naquela comunidade.

Contudo, infelizmente, isso dura pouco. É um fato incontestável que, após um curto espaço de tempo, a maioria, exceto uma diminuta parcela dos convertidos, reincide, e o pobre ministro, pastor ou padre deve continuar a lutar para dar uma aparência de “religião” a uma comunidade cada vez mais negligente em assuntos espirituais.

Esse estado de coisas se tornou tão notório que, comparativamente, poucos jovens ingressam, hoje em dia, nos seminários ou nas escolas formadoras de pastores ou ministros. Há, por isso, um declínio tanto em termos de fiéis na igreja quanto no de ministros, pastores ou padres, fato que, se continuar, só pode ter um fim: a extinção da igreja Protestante ou Católica.

Quando investigamos os métodos da igreja da Religião Católica, a título de comparação e chegamos à conclusão correta quanto ao poder de atração dela, nós notamos, em primeiro lugar, o contraste absoluto existente entre o ofício realizado lá e o ofício realizado na igreja da Religião Protestante. Se nos detivermos por um instante à porta de uma dúzia de edifícios de denominações protestantes, verificaremos que cada ministro ou pastor trata de um tópico diferente, mas nós podemos ir a qualquer igreja da Religião Católica em qualquer parte do mundo, e veremos que todas aplicam o mesmo ritual no altar, nas mesmas datas. O que o padre pode dizer do púlpito é irrelevante diante do fato importantíssimo acima mencionado, pois palavras são vibrações. Elas são criadoras, como o demonstram as figuras geométricas formadas na areia e nos esporos pela voz de um cantor, e a Missa, entoada em inúmeras igrejas da Religião Católica espalhadas por todo o mundo, ecoa com força cumulativa pelo universo como um hino poderoso, influindo sobre todos os que estão sintonizados com ela, elevando seu fervor religioso e sua lealdade para com a sua igreja, de uma forma inigualável em relação aos esforços isolados e eventuais de indivíduos, não importa quão sinceros sejam.

Notem, então, o poder acumulativo de um ritual. O efeito oculto decorrente do esforço concentrado obtido ao usar textos idênticos em todas as igrejas da Religião Católica (as partes “fixas” da missa, a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Comunhão) existentes no mundo, gera um efeito cumulativo que pode ser sentido por cada participante da missa que estiver sintonizado com ele. Esse efeito é muito mais forte, pois o ofício é entoado num determinado tom na Missa.

Assim, resumindo esse aspecto da questão, as tentativas individuais persistentemente continuadas dos pastores ou ministros das igrejas da Religião Protestante para guiar o seu povo com sermões novos e originais são um fracasso, enquanto esforços combinados centralizados em rituais uniformes, repetidos ano após ano, como os que são praticados nas igrejas da Religião Católica atraem grande audiência.

Para melhor entender esse mistério e aplicar a solução inteligentemente, é necessário compreender a constituição do ser humano, tanto durante o crescimento dele, como quando se torna um adulto, quando aqui renascido.

Além do corpo humano visível, o Corpo Denso, que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que não são vistos pela grande maioria das pessoas. Contudo, não são apêndices supérfluos do Corpo Denso, mas, na realidade, muito mais importantes por serem as fontes de toda ação. Sem esses veículos superiores, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.

Chamamos o primeiro desses veículos de Corpo Vital, por ele ser o caminho da vitalidade que fermenta a massa inanimada do invólucro mortal durante os anos de vida, e que nos fornece a força para nos movermos.

O segundo veículo é o Corpo de Desejos, a base das nossas emoções, desejos e sentimentos, que galvaniza esse Corpo Denso a entrar em ação. Esses três veículos (Corpos Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) unidos à Mente, constituem a Personalidade que é, então, regida por cada um de nós (o Ego, a Individualidade, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Cada um dos Corpos e o veículo Mente que citamos tem a sua própria natureza essencial, e podemos dizer que a palavra-chave do Corpo Denso é “inércia”, visto que nunca se move, a menos que seja impelido a isso por esses Corpos invisíveis mais sutis. A palavra-chave do Corpo Vital é “repetição”. Isso é facilmente entendido, quando consideramos que, embora ele tenha o poder de movimentar o Corpo Denso, tais movimentos resultam apenas de impulsos repetidos da mesma espécie. Ele é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a nossa vontade, a vontade do Ego. Se nos sentarmos diante de um instrumento musical, como um órgão, pela primeira vez e tentarmos tocar, não seremos capazes de movimentar os dedos de maneira a produzir os sons adequados. Esforços repetidos são necessários para executar, até mesmo os mais simples movimentos coordenados dos dedos para resultar em uma harmonia correta. Essa necessidade de repetição revela uma máxima oculta que diz que “todo desenvolvimento oculto começa com o treinamento do Corpo Vital”.

Por outro lado, o Corpo de Desejos, que sentimos como sendo a nossa natureza emocional e de desejos, está sempre procurando algo novo. Esse desejo por mudança de condição, mudança de ambiente, mudança de humor, amor à emoção, ao desejo e à sensação, se deve às atividades do Corpo de Desejos, o qual é semelhante ao mar durante uma tempestade, com ondas que se agitam sem destino, cada qual mais poderosa e destrutiva quando estão desenfreadas e sem ligação com o poder diretor central.

A Mente, na realidade, é o foco através do qual nós, o Ego, tentamos subjugar a Personalidade e guiá-la de acordo com a habilidade durante seu período evolucionário. Mas, atualmente, esse foco é tão vago e indefinido que a maioria das pessoas não o percebe; portanto, são guiadas principalmente pelos seus sentimentos, desejos e emoções, sem muita obediência à razão ou ao pensamento.

Reconhecendo o grande e maravilhoso poder do Corpo de Desejos e a receptividade dele ao “ritmo”, que se pode considerar sua palavra-chave, a teologia progressista se dirigiu e focalizou seus esforços em direção a esse Corpo, o Corpo de Desejos. É essa a parte da nossa natureza que se diverte com os espetáculos do sensacional tipo de pastor, padre ou ministro que gosta de apresentar novidades para atrair e manter a atenção. É esse Corpo de Desejos que vibra e geme sob a linguagem bombástica do pastor, ministro ou padre, vibrante de emoção, que se eleva e decai conforme a cadência bem calculada da voz do orador. Uma unidade vibratória é logo estabelecida, como um estado real de hipnose, em que a vítima não pode evitar de se juntar aos demais em um estado emocional de lamentações, de “arrependimentos”, da mesma forma que a água não pode deixar de correr encosta abaixo. Nesse momento, eles pensam intensamente na enormidade de seus pecados e todos anseiam pelo início de uma vida melhor. Infelizmente, a próxima onda de simpatia, gerada pela natureza emocional deles, esquece tudo o que foi dito pelo pregador assim como todas as resoluções deles, e eles se encontram exatamente no mesmo ponto em que estavam antes, para o dissabor e pesar do evangelista interessado.

Consequentemente, todos os esforços realizados para elevar a Humanidade, agindo sobre o instável Corpo de Desejos, são e serão sempre inúteis. Esse é um fato reconhecido por todas as escolas ocultas de todas as épocas – em especial pela Fraternidade Rosacruz –, e é por essa razão que a Fraternidade Rosacruz se dedica e foca na mudança do Corpo Vital, operando com sua palavra-chave, que é a repetição. Para esse fim, a Fraternidade Rosacruz possui Rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios do desenvolvimento de cada um e, dessa forma, promove, lenta, mas seguramente, o crescimento da alma, independentemente do fato do ser humano estar ciente ou não de estar sendo trabalhado dessa maneira. O Antigo Templo de Mistérios Atlante, ao qual nos referimos como sendo o Tabernáculo no Deserto, tinha determinados Rituais prescritos no monte pelo Divino Hierarca, que era seu mestre particular. Certos Rituais eram realizados durante os dias da semana. Outros no Sabbath, e outros Rituais por ocasião da Lua Nova e nos grandes festivais solares. Nenhum sacerdote, seja qual fosse o grau a que pertencesse, tinha o poder de alterar esse Ritual, pois se o fizesse sobreviria o sofrimento e penalidade de morte.

Encontramos, também, mesmo entre outros povos antigos – os indianos, os caldeus e os egípcios – a evidência de um Ritual que usavam em seus ofícios religiosos. Entre os egípcios, por exemplo, encontramos o chamado Livro dos Mortos, como evidência do valor oculto e do objetivo de tais ofícios ritualísticos. Mesmo entre os gregos, embora fossem notoriamente individualistas e ansiosos para expressar suas próprias concepções, encontramos o Ritual nos mistérios. Posteriormente, durante a chamada Era Cristã, encontramos o mesmo Ritual, ocultamente inspirado, na Religião Católica, como meio de promover o crescimento da alma, por meio do trabalho sobre o Corpo Vital.

É verdade que houve abusos no âmbito desses vários sistemas religiosos (tanto na Religião Católica como na Religião Protestante). Nem sempre os ministros, pastores ou padres foram homens santos, e nem sempre suas mãos se encontravam limpas e imaculadas, quando ministravam o sacrifício ou Ritual. É bem verdade que os abusos, às vezes, se intensificaram tanto, que foram necessárias reorganizações. Um exemplo foi o próprio movimento Protestante iniciado por Martinho Lutero, a fim de acabar com os abusos que haviam surgido dentro da Religião Católica. Não obstante, todos esses sistemas tinham em si a semente da verdade e do poder, visto que trabalhavam para o desenvolvimento do Corpo Vital, portanto, a despeito do sacerdote (padre, ministro ou pastor) ser corrupto, os Rituais sempre mantinham o seu grande poder. Por isso, quando os reformadores abandonaram o Ritual, eles se achavam exatamente na mesma posição que a dos Atenienses na Colina de Marte: viram-se forçados a buscar algo novo. Em cada denominação religiosa há um desejo pela verdade. Cada uma delas existentes na atualidade luta a seu modo para resolver o problema da vida. No entanto, cada uma está tocando uma nova nota de uma forma casual e, por essa razão, estão todas falhando. A Religião Católica, com todos os seus abusos, ainda conserva uma ascendência admirável sobre seus adeptos devido ao poder combinado do seu Ritual.

Para que possamos aprender com os irmãos e as irmãs da Religião Católica e da Religião Protestante que por meio de Rituais repetitivos, mesmo sem ter a consciência, focam no Corpo Vital, devemos primeiramente considerar que “a união faz a força”. Refletimos sobre as palavras de Abraão Lincoln: “Unidade nas coisas essenciais, liberdade nas não essenciais e caridade em tudo”, devem ser adotadas antes que alguma coisa possa ser feita.

Antes que um Ritual possa produzir seu máximo efeito, aqueles que devem utilizá-lo para crescer precisam se sintonizar com ele. Isso exige trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos ainda estão em formação.

É matéria de conhecimento oculto que o nascimento é um acontecimento quádruplo, e esse nascimento do corpo físico é apenas um passo dentro do processo. O Corpo Vital submete-se também a um desenvolvimento análogo ao crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce, aproximadamente, no sétimo ano de vida. Durante os sete anos seguintes, o Corpo de Desejos amadurece e nasce, aproximadamente, aos quatorze anos, quando se atinge a adolescência. A Mente nasce aos vinte e um, quando se inicia a vida adulta.

Esses fatos ocultos são bem conhecidos da Religião Católica e, enquanto muitos ministros e pastores protestantes trabalham sobre a natureza emocional (sobre o Corpo de Desejos), que está sempre à procura de algo novo e sensacional sem imaginar a futilidade da luta e o fato de que é esse veículo descontrolado que afasta as pessoas das igrejas em busca de novidades mais sensacionais, a Religião Católica, ocultamente informada, concentra seus esforços nas crianças. “Deem-nos crianças até aos sete anos, e elas serão nossas para sempre”, dizem eles, e estão corretos. Durante esses sete anos tão importantes, eles inculcam suas ideias nos Corpos Vitais plásticos dos que estão sob sua tutela, por meio da repetição. As orações repetidas, o tempo e o tom dos vários cânticos, tudo exerce um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em desenvolvimento. Não importa que o Ritual seja celebrado numa língua desconhecida, pois, para o Ego, essa mensagem vibratória é um cântico de cor divina, inteligível para todos os Espíritos. Também não importa que a criança repita como um papagaio, sem entender, contanto que repita o que lhe é dado. Quanto mais, melhor, pois essas vibrações ocultas se incorporam em seu Corpo Vital antes que esse se consolide, e permanecem com ela por toda a vida. Cada vez que a Missa é entoada pelo padre em qualquer parte do mundo, o poder vibratório cumulativo do seu esforço agita os que têm suas linhas de força em seus Corpos Vitais, de maneira tal que são atraídos para a igreja por uma força geralmente irresistível. Isso se baseia no mesmo princípio de que ao ser vibrado um diapasão todos os outros de tom idêntico também começam a vibrar.

Alguns católicos voltaram-se contra a Igreja Católica, mas, subconscientemente e no fundo, eles permaneceram católicos até a morte, pois é extremamente difícil mudar o Corpo Vital, e as linhas de força construídas dentro dele, durante seu período gestatório, são mais fortes do que quase todas as vontades individuais.

Disso se infere que, se nós quiséssemos mudar a tendência do mundo de perseguir o prazer e a satisfação dos sentidos em detrimento da Religião, faríamos bem em começar com as criancinhas. Se as reunirmos ao pé do altar e as ensinarmos a amar a Casa de Deus – uma igreja verdadeira –, incorporando determinadas orações universais e partes do Ritual em seus Corpos Vitais em formação, evitando posturas impróprias para um Templo, mas cultivando em todos os que entrarem ali o ideal de reverência para com um lugar santo, aos poucos construiremos em volta da estrutura física de pedra, um templo invisível de Luz e Vida, tal como descrito pelo personagem Manson em “O Servo na Casa”[3].

(Pergunta nº 161 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” Volume II -Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)


[1] N.T.: O Areópago ou a Colina de Marte é um afloramento rochoso proeminente localizado a noroeste da Acrópole em Atenas, Grécia. Seu nome em inglês é a forma composta do latim tardio do nome grego Areios Pagos, traduzido como “Monte de Ares”. Nos tempos clássicos, era o local de um tribunal, também frequentemente chamado de Areópago, que julgava casos de homicídio deliberado, ferimentos e questões religiosas, bem como casos envolvendo incêndios criminosos em oliveiras. O Areópago, como a maioria das instituições da cidade-estado, continuou a funcionar na época romana, e foi a partir desse local, extraindo do significado potencial do altar ateniense para o Deus Desconhecido, que o Apóstolo São Paulo teria proferido o famoso discurso: “De pé, então, no meio do Areópago, Paulo falou:’ Cidadãos atenienses! Vejo que, sob todos os aspectos, sois os mais religiosos dos homens. Pois, percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Ora bem, o que adorais sem conhecer, isso venho eu anunciar-vos. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas.’” (At 17:22-24).

[2] N.T.: ICor 12:13

[3] N.T.: “O Servo da Casa” (The Servant in the House) de Charles Rann Kennedy (1871-1950): foi um escritor anglo-americano. No Segundo Ato: “Ao entrar, você ouve um som – um som como o de algum poderoso poema cantado. Ouça por bastante tempo e você aprenderá que ela é feita das batidas dos corações humanos, da música sem nome das almas dos homens — isto é, se você tiver ouvidos. Se você tiver olhos, verá em breve a própria igreja – um mistério iminente de muitas formas e sombras, saltando do chão até a cúpula. O trabalho de nenhum construtor comum!

Os seus pilares erguem-se como os troncos musculosos dos heróis: a doce carne humana dos homens e das mulheres molda-se nos seus baluartes, forte, inexpugnável: os rostos das crianças riem de cada pedra angular: os terríveis vãos e arcos da são as mãos unidas dos camaradas; e nas alturas e nos espaços estão inscritas as inúmeras reflexões de todos os sonhadores do mundo. Ainda está sendo construído – construído e construído. Às vezes o trabalho avança em trevas profundas: às vezes sob uma luz ofuscante: ora sob o peso de uma angústia indescritível: ora ao som de grandes risadas e gritos heróicos como o grito de um trovão. [Mais suave.] Às vezes, no silêncio da noite, podem-se ouvir as pequenas marteladas dos camaradas que trabalham na cúpula – os camaradas que subiram à frente.”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: O que o Discípulo pode esperar do Mestre

Janeiro de 1914

Cristo disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”[1]. Suponhamos que ervas daninhas pudessem falar. Acreditaríamos em suas pretensões se elas declarassem serem parreiras? Certamente não; nós procuraríamos os seus frutos. E, a menos que elas fossem capazes de produzirem uvas, os protestos delas – não importa quão vociferantemente os pudessem fazer – não nos causariam impressão. Nós somos suficientemente sensatos em assuntos materiais para nos precavermos contra decepções; então, por que não aplicamos o mesmo princípio para outros departamentos da vida? Por que não usar sempre o bom senso? Se assim fizéssemos, ninguém nos poderia impor os seus pontos de vista em assuntos espirituais, pois cada reino da natureza é governado por uma lei natural, e a analogia é a chave mestra para todos os mistérios e uma proteção contra as decepções.

A Bíblia nos ensina muito, mas muito claramente, que nós devemos testar e provar os espíritos e julgá-los de acordo[2]. Se fizermos isso, nunca seremos enganados por pretensos mestres; e salvaremos a nós mesmos, aos nossos familiares e aos conhecidos – inclusive da Fraternidade Rosacruz – de muita tristeza, muita angústia, muita dor e de muita ansiedade, inquietação e aflição.

Vamos, então, analisar a questão e vejamos o que temos o direito de esperar de quem pretende ser um mestre. Para isso, devemos, primeiramente, nos fazer a pergunta: “Qual é o propósito da existência no universo material?”. E podemos responder a essa pergunta dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando a nossa constituição era semelhante à dos minerais, a nossa consciência era como a de um médium expulso do seu corpo por Espírito de Controle em uma reunião se evoca espíritos desencarnados para se materializar, onde uma grande parte dos Éteres, que compõem o Corpo Vital, foi removida. Então, o Corpo Denso está em um transe muito profundo. No Período Solar, quando a nossa constituição era semelhante à das plantas, a nossa consciência permanecia como no estado de sono sem sonhos, no qual o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito estão do lado de fora, deixando o Corpo Denso e o Corpo Vital em um leito ou em um lugar dormindo. No Período Lunar, tivemos uma consciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos, quando o Corpo de Desejos está apenas parcialmente removido do Corpo Denso e do Corpo Vital. Agora, aqui no Período Terrestre, a nossa consciência foi ampliada para abarcar objetos fora de nós próprios, mediante uma posição concêntrica de todos os nossos veículos, como acontece quando estamos acordados.

Durante o Período de Júpiter, os Globos sobre os quais progrediremos estarão situados de forma semelhante ao que estavam no Período Lunar. E a consciência pictórica interna que, então, possuiremos será exteriorizada, pois o Período de Júpiter está no arco ascendente desse Esquema de Evolução. Assim, em vez de ver as imagens dentro de nós mesmos, poderemos, quando falarmos, projetá-las sobre a consciência daqueles a quem nos dirigimos.

Por conseguinte, quando alguém se intitula um Mestre, ele deve ser capaz de fundamentar sua afirmação dessa maneira, pois os Mestres verdadeiros, os Irmãos Maiores, que estão agora preparando as condições de evolução que devem ser obtidas durante o Período de Júpiter, têm a consciência pertinente àquele Período. Portanto, eles são capazes, e sem esforço algum, de utilizar essa linguagem pictórica externa e, assim, imediatamente dão evidências claras de sua identidade. Somente eles são capazes de guiar outros com segurança. Aqueles que não se desenvolveram a tal ponto, mesmo que possam estar até iludidos a seu próprio respeito e até imbuídos de boas intenções, não são dignos de confiança, e não devemos lhes dar crédito. Esta é uma aferição absolutamente infalível; e as pretensões de quem não pode mostrar seus frutos não tem maior valor do que a erva daninha mencionada daninhas mencionadas no nosso parágrafo inicial.

Todos os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem esse atributo; e eu confio que nenhum dos nossos Estudantes, no futuro, se deixará enganar em seguir exercícios ou passar por cerimônias planejadas por qualquer pessoa que não seja capaz de produzir o fruto, e evocar imagens vivas na consciência daqueles com quem ele fala.

(Carta nº 38 do livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Mt 7:16

[2] N.T.: IJo 4:1

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Segunda Vinda de Cristo

E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco, e o que estava montado sobre ele chamava-se Fiel e Verdadeiro, e com justiça julga e peleja”.

Os seus olhos eram chama de fogo, e na sua cabeça estavam muitos diademas; e tinha um nome escrito que ninguém sabe senão ele mesmo”.

E vestia uma capa imersa no sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus”.

E os exércitos que estão no céu seguiam-no sobre cavalos brancos, e vestidos de linho finíssimo, branco e puro”.

Da sua boca saia uma espada afiada para com ela ferir as nações; e ele as regerá com uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo Poderoso”.

Ele traz sobre a sua capa e sobre a sua coxa este nome escrito: REI DOS REIS e SENHOR DOS SENHORES” (Apo 19:11-16).

Vamos a significância esotérica de algumas palavras: o cavalo simboliza o intelecto ou a inteligência. Também é comum a associação entre as expressões “branca” com a pureza. Daí se poder relacionar o primeiro dos versículos dessa passagem da Revelação de São João com a Mente purificada e espiritualizada, alvo a ser atingido pela humanidade. A vida de pureza e de serviço amoroso aos demais, exemplificada por Cristo-Jesus, durante todo seu Ministério sobre a Terra, não somente levará o neófito a espiritualização de sua Mente, como também limpará seu sangue (o Lar do Ego) dos desejos, sentimentos e emoções inferiores e das paixões – tudo isso formamos usando material das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo –, atraindo os dois Éteres superiores do Corpo Vital (Éter Luminoso e Éter Refletor) componentes do Corpo-Alma ou Vestido Dourado Nupcial, a ser usado por todos aqueles que viverão na Nova Galileia (a Sexta Época do Período Terrestre) sob a regência do Cristo. A “Palavra de Deus” é o Segundo Aspecto da Trindade, o Amor-Sabedoria, a respeito do qual São João fala em seu Evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1).

A espada, muitas vezes, é o símbolo da energia positiva, da Mente superior (ou Mente abstrata, para diferenciarmos a Mente concreta que está “contaminada” pelos desejos), levando avante o conflito entre a verdade e o erro. Esse conflito deve perdurar até que a influência separativa dos Espíritos de Raça e a Mente concreta — unida com o desejo — tenha sido suplantada pelo unificante poder do Cristo.

O Raio do Cristo Cósmico veio a Terra (no Gólgota) para se tornar o Espírito Planetário interno desse Planeta, irradiando o Seu poderoso Amor, Sua poderosa Luz e Vida para nos auxiliar, em trabalho de redenção de nossas transgressões passadas e presentes das Leis de Deus. Quando tenhamos evoluído a ponto dos nossos Corpos-Almas estarem suficientemente fortes para manter flutuando a Terra em sua órbita — Serviço esse atualmente realizado pelo Cristo — Ele retornará, no Corpo Vital de Jesus, o qual está sendo preservado cuidadosamente em um sarcófago de cristal no centro da Terra, por alguns Irmãos Maiores. Então, Ele reinará entre nós, que formaremos uma Humanidade purificada e regenerada.

Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que a Segunda Vinda de Cristo não ocorrerá provavelmente antes de que o Sol, por Precessão, entre no Signo de Capricórnio. É evidente que a nossa atual condição está longe ainda daquele estado espiritual necessário para a próxima vinda do Cristo. Contudo, como os Raios Crísticos se tornam mais e mais poderosos, ano após ano, e recebemos a vibração do humanitário Signo de Aquário, indubitavelmente faremos maior e mais rápido progresso desenvolvendo nossos Corpos-Almas a fim de que possamos “encontrar Cristo no ar e estar com Ele para todo o sempre.” (ITes 4:17).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/72 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Cinco Panoramas da Vida

À medida que nós, como Espírito em evolução – o Ego –, atravessamos os vários planos durante a nossa existência, defrontamos com os cinco Panoramas da Vida abaixo relacionados. Max Heindel explica os quatro primeiros no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e o quinto, no livro “Cristianismo Rosacruz”.

Os panoramas são os seguintes:

Panorama 1 – Após a morte;

Panorama 2 – No Purgatório;

Panorama 3 – No Primeiro Céu;

Panorama 4 – Na Preparação para o Próximo RenascimentoTerceiro Céu; e

Panorama 5 –No momento da entrada do Espírito na matriz do útero materno.

1 – Considerações sobre o Panorama de Vida “Após a morte”.

Toda nossa existência individual aqui na Terra, do nascimento até a morte, fica gravada no Corpo Vital, que é o repositório das memórias conscientes. Nesse Corpo, mais exatamente no polo negativo do Éter Refletor, que é o assento da memória subconsciente, estão todos os atos e experiências de todas as vidas passadas desde quando recebemos o Átomo-semente no Período de Saturno.

Após a morte, somos direcionados a rever, na ordem inversa, o panorama seguindo da morte até o nascimento. Nesse momento, somos apenas um expectador ante esse panorama da vida passada, pois, não expressamos nenhum sentimento pelo fato de estarmos ainda na Região Etérica do Mundo Físico. Sentimento é um atributo existente no Mundo do Desejo.

Esse Panorama da Vida dura de algumas horas até aproximadamente três dias e meio. Quando a resistência do Corpo Vital atinge seu limite máximo e não conseguimos mais nos manter desperto para rever esse Panorama da Vida, o Corpo Vital entra em colapso encerrando seu trabalho e somos impelidos a entrar no Mundo do Desejo. Assim, os veículos superiores – Corpo Vital (Éter Luminoso e Refletor), de Desejos e a Mente – são vistos abandonando o Corpo Denso em um movimento em espiral, levando consigo as forças do Átomo-semente que se localiza no ponto referencial do ápice do ventrículo esquerdo do coração. Esse é o Átomo-semente permanente do Ego, pois, será o núcleo que servirá para compor o Corpo da próxima encarnação. E os dois Éteres inferiores permanecem com o Corpo Denso inerte para desintegrarem-se.

Por isso, é oportuno que o “morto” não seja perturbado por lamentações e histeria até que termine essa gravação para que ela possa ser impressa no Corpo de Desejos de forma clara e nítida. Quando pudermos compreender que a morte é apenas um fim no Mundo Físico e um nascimento nos Mundos Espirituais, certamente, deixaremos de produzir sofrimento aos nossos entes queridos no leito de morte.

2 – Considerações sobre o Panorama de Vida “No Purgatório”.

Ao despertar do nosso Panorama da Vida depois da morte, no Purgatório, que está localizado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, assumimos imediatamente a aparência do Corpo que tínhamos durante a vida recém-terminada. Portanto, seremos reconhecidos por qualquer outro ser humano que porventura conhecemos, enquanto encarnado.

O Panorama da Vida “Após a morte”, como vimos acima, ocorreu na ordem inversa, isto é, da morte até o nascimento, porém, sem expressão de sentimento. Agora vemos a necessidade de purgar toda matéria mais grosseira de desejos, e novamente é revisto todo o Panorama da Vida em sentido inverso. A missão do Purgatório é erradicar os nossos hábitos prejudiciais, corrigindo as debilidades e vícios que retardam o nosso progresso, tornando impossível sua gratificação. Sofremos exatamente e com tripla intensidade o que fizemos os outros sofrerem, com os desejos, sentimentos e emoções inferiores gerados (por exemplo: ódio, intolerância, crueldade, raiva, inveja, etc.) e, também, pelas oportunidades perdidas na vida por nossa própria culpa e que foram traduzidas em desejos inferiores (culpa, medo, preguiça, desleixo, folga, etc.). E é graças a esse sofrimento e dor que aprendemos a gerar os desejos, sentimentos e emoções antônimos daqueles inferiores, dirigindo-os ao nosso próximo, numa vida futura e, também, aprendemos a lição de aproveitar melhor as oportunidades surgidas. Esse período no Purgatório dura aproximadamente um terço dos anos que vivemos em Corpo Denso.

Portanto, se quisermos escapar ou economizar esse tempo no Purgatório após a morte, vale salientar o enorme valor do exercício da Retrospecção para vivermos o nosso Purgatório todas as noites enquanto encarnados, introduzindo no Espírito, como sentimento correto, a essência das experiências diárias.

3 – Considerações sobre o Panorama de Vida “No Primeiro Céu”.

Findo todo o processo do Purgatório, os resultados dos sofrimentos são incorporados ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, o que nos comunica a qualidade de reto sentimento que atuará, no futuro, como impulso para o bem e repulsão ao mal. Então, nós, o Espírito, elevamo-nos ao Primeiro Céu, que está situado nas três Regiões mais elevadas do Mundo do Desejo: Vida Anímica, Luz Anímica e Poder Anímico. Aqui, o Panorama da Vida da vida desenrola-se outra vez, mas então as boas obras da vida são a base dos nossos sentimentos. Sentimos toda a felicidade que causamos aos outros, na vida anterior, e a gratidão que eles sentiram. Também sentimos alegria pelos aspectos espirituais dos atos construtivos realizados. Aprendemos a lição de que o bem e a verdade trazem uma recompensa suprema. No Primeiro Céu, nós, também, concretizamos os nossos desejos construtivos que alimentamos durante a vida terrestre e que não foram realizados. Aqui o que prevalece é o caráter.

Quando terminam todas as lições aprendidas no Primeiro Céu e depois de serem impressas no Átomo-semente do Corpo de Desejos, junto com a “essência” recolhida no Purgatório produzimos uma profunda convicção do que realmente é valioso para ser utilizado nos renascimentos futuros.

Assim, estamos prontos para realizar a transição para o Mundo do Pensamento.

4 – Considerações sobre o Panorama de Vida “Na Preparação para o Próximo RenascimentoTerceiro Céu.

Para nos situarmos, o Mundo Físico é o mundo da forma. O Mundo do Desejo, em que se acham o Purgatório e o Primeiro Céu, é especialmente o mundo da Cor. Mas, o Mundo do Pensamento, em que estão localizados o Segundo Céu e o Terceiro Céu, é o mundo do Som.

Depois de ter esgotado todas as experiências da vida passada, relacionadas aos desejos, sentimentos e emoções, nós, o Ego, abandonamos o Corpo de Desejos e entramos no Segundo Céu, situado na Região do Pensamento Concreto, o mundo dos sons. Música de caráter sublime constitui uma das delícias especiais dessa região. O Segundo Céu é o nosso verdadeiro lar. Ali permanecemos, geralmente, durante vários séculos, levando uma existência muito ativa e preparando o ambiente da próxima vida.

O quarto Panorama da Vida não acontece até que cheguemos ao Terceiro Céu. Que correspondente à Região do Pensamento Abstrato. Nós, o Tríplice Espírito – o Ego, o Espírito em evolução – estamos desnudos, pois, deixamos para traz os quatro veículos inferiores, porém, retivemos os Átomos-semente de cada um, para que sirvam, no futuro, à formação de novos veículos. Para a maioria de nós, no estado de evolução atual, o Terceiro Céu não é um lugar de atividade, porque suas vibrações são demasiadas superiores para a maioria de nós. A maioria de nós descansa; flutua na divina harmonia que enche essa Região e obtém as forças necessárias para renascer. Quando assimilamos suficiente força espiritual, desejamos novas experiências na Escola da Vida para nos aperfeiçoarmos.

Contemplamos então, um novo nascimento e aí surge uma série de quadros ante a nossa visão – um Panorama da Vida da nova vida que nos espera. Lembrando que esse Panorama da Vida irá conter somente os acontecimentos principais. Quanto aos detalhes é nos dada a própria liberdade de escolha. E essa visão do Panorama da Vida é do berço ao túmulo (ou seja: não é inversa) e o objetivo visto dessa maneira é mostrar como certas causas ou atos produzem certos efeitos.

Com a escolha feita prepara-se o nosso retorno ao nascimento, atraindo a quantidade de material necessário que deverão compor nossos Corpos e veículo para vivenciar naquele Panorama da Vida escolhido anteriormente.

Depois da escolha feita no Terceiro Céu, ficamos atrelados ao ajuste de contas e não podemos mais modificá-lo.

5 – Considerações sobre o Panorama de Vida “No Momento da Entrada do Espírito na Matriz do Útero Materno”.

Depois de atraído todo o material para composição de nossos Corpos e veículo que deveremos utilizar no novo nascimento ficamos com a nova roupagem flutuando constantemente próximo a nossa futura mãe que, sozinha, trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização, antes que o feto possa entrar no corpo.

O momento de entrada na matriz vital do útero é de grande importância na nossa vida, como afirma Max Heindel, “pois quando se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente comtempla o Panorama da vida que tem pela frente, e o que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura”.

Porém, se nos rebelamos contra o que está reservado para nossa vida futura, podemos tentar escapar a essa nossa prisão do futuro Corpo Denso. Mas, não podemos mais romper essa conexão e ficarmos forçando essa saída, o que muitas vezes pode provocar o deslocamento da cabeça do Corpo Vital com a cabeça do Corpo Denso que está se formando na matriz. De modo que o Corpo Vital ao nascer não estará concêntrico com o Corpo Denso, isto é, a cabeça do Corpo Vital estará acima do Denso. Essa nossa ação poderá se manifestar em termos que nascer e viver mentalmente como um idiota congênito.

Mesmo em condições favoráveis, passar pelo útero sempre trará uma tensão grande e penosa. Daí a importância dos pais em viver o mais harmoniosamente possível durante a gestação de seus filhos; com esse ambiente será possível ajudá-los no próximo nascimento.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Luz do Mundo: onde, de fato, ela está?

Os quatro Evangelhos, que são fórmulas de Iniciação, começam com a narração da Concepção Imaculada e terminam com a Crucificação – ambas, ideais maravilhosos que alcançaremos algum dia, porque cada um de nós é um Cristo em formação, e tem que passar pelo nascimento e morte místicos, tal como se descreve nos Evangelhos. Por meio do conhecimento podemos apressar a chegada desse dia.

O maior drama já representado neste nosso velho Planeta teve lugar há, aproximadamente, dois mil anos. As rodas do destino haviam estado muito ativas durante séculos, reunindo todos os Egos renascidos aqui, que deveriam participar desse drama e cujas vidas serviriam de canais para essa magna realização. Antes dessa época Jeová tinha nosso Planeta a seu cargo e o dirigia de fora. Seu poder o mantinha na órbita e Ele era então o Deus Supremo. Tudo isso foi necessário para o nosso desenvolvimento naquele momento; no entanto, isso produziu a separação, e fomentou o egoísmo porque nos deu Leis que nos mantiveram refreada. Mas, havia chegado o momento na nossa evolução em que era necessário algo mais que a obediência às Leis. Havíamos alcançado a etapa de desenvolvimento em que poderíamos responder ao amor, alentado pelos impulsos espirituais recebidos diretamente do Sol, em lugar de recebê-los indiretamente de Jeová, refletidos da Lua, que é parte do Corpo Denso de Jeová. Para conseguir essa mudança, era necessário trabalhar com a Terra, de dentro, e temos assim o sublime Mistério do Gólgota que deu à Terra seu Redentor, o Cristo.

Nasceu um menino em Belém, e a vida dele afetou toda a vida sobre a Terra, bem como a própria Terra. A fim de prover um corpo de pureza superlativa que pudesse ser usado pelo grande Iniciado Jesus, e mais tarde, durante três anos, por um raio do Cristo Cósmico, foi escolhida a flor da Humanidade para ser os pais de Jesus, e esse grande privilégio recaiu sobre Maria e José – ambos elevados Iniciados – tal como narram os Evangelhos.

Assim, o belo personagem que conhecemos como Maria de Belém era um alto Iniciado. Durante muitas vidas havia renascido em corpos masculinos, positivos, porquanto os Iniciados geralmente escolhem o sexo masculino. Por que se lhes permite escolher o sexo? Porque a essa altura espiritual seu Corpo Vital já se tornou positivo, e esse, unido a um Corpo Denso positivo lhes proporciona um instrumento de máxima eficiência. Mas, às vezes, as exigências do caso exigem um Corpo Denso feminino para proporcionar um veículo do tipo mais elevado, que possa alojar um Ego de grau superlativo de desenvolvimento. Nesses casos, o Iniciado pode escolher um Corpo Denso feminino e passar novamente pelas experiências da maternidade, depois de havê-las dispensado em suas últimas vidas anteriores. Tal foi o caso de Maria de Belém.

José era também um alto Iniciado. José foi chamado de “carpinteiro”, mas isso não significava que ele fosse um “trabalhador de madeiras”, e sim um construtor num sentido mais elevado. Deus é o Grande Arquiteto do Universo e os Iniciados são “arche-tektons” — construtores na essência primordial em sua benéfica obra em prol da Humanidade. Há muitos construtores (tektons) de diferentes graus de poder espiritual, todos eles empenhados no trabalho de construir “o templo da alma”. José não era uma exceção, e quando lemos na Bíblia que Jesus era um “carpinteiro” e “filho de um carpinteiro”, devemos entender que ambos eram construtores nas ramas cósmicas. Nessa vida José se consagrou inteiramente à trilha do ocultismo, e quando chegou o momento para que se encarnasse o maior de todos os Mestres – Cristo –, ele foi escolhido para proporcionar a semente fertilizante do Corpo Denso para ser utilizado por Cristo.

Foi providenciado, desse modo, um Corpo Denso tão maravilhoso como jamais se viu na Terra, antes e nem depois. Era o tipo mais puro e livre de paixão, de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, e com as investigações na Memória da Natureza, pois essa era a condição de Maria e José quando foi concebido o Corpo Denso formado em volta do Átomo-semente do Corpo Denso de Jesus. O grande Espírito Jesus veio à vida sabendo que era sua missão preparar seu Corpo Denso (e, portanto, o Corpo Vital, já que esse é cópia fidedigna daquele) da maneira mais pura possível. Deveria lhe pertencer somente por trinta anos, findos os quais deveria ser entregue a Cristo. Já se disse que Maria e José tiveram mais “filhos”, devido ao fato de que os Evangelhos dizem que “os irmãos de Jesus estavam presentes”. Mas, quando examinamos a palavra grega que foi traduzida como “irmãos”, verificamos que ela significa parentes ou primos.

A Imaculada Concepção, como muitos outros mistérios sublimes, foi arrastada até a baixeza da materialidade. Quando o ato gerador é efetuado de forma brutal, corrompido pelo desejo e pela paixão, degrada o ser humano ao nível do animal. Quando, pelo contrário, os pais em perspectiva se preparam, por meio da oração e de aspirações elevadas, para o ato da fecundação como um Sacramento (sacr significa “portador do germe”, assim: um sacr-amento nesse caso abre o caminho para transmissão de um Átomo-semente físico do pai para a mãe) e não para satisfação própria, a concepção é então Imaculada. A virgindade física não é o que importa como uma virtude, já que todos são virgens quando nascem; é a pureza e a castidade da alma o que faz a virgem pura no pai ou na mãe; uma pureza que levará seu possuidor ao Sacramento do matrimônio sem mancha de paixão, e que permitirá à mãe levar seu filho em suas entranhas com amor puro, desprovido de sexo. Ter nascido de uma Virgem pressupõe uma vida anterior espiritualizada para a pessoa assim nascida, e nós devemos cultivar caracteres tão puros e incorruptíveis que nos tornem merecedores de nascer em Corpos Densos concebidos imaculadamente.

De acordo com os Ensinamentos Rosacruzes é muito importante distinguir claramente entre Jesus e Cristo. Quando se busca na Memória da Natureza, verificamos que o Ego nascido no Corpo de Jesus era muito avançado e puro; era o mesmo Ego que, em uma vida anterior, tinha renascido como Rei Salomão. Essa grande alma havia alcançado uma espiritualidade sublime através de muitas vidas de santidade e serviço abnegado. Mas, quanto ao caso de Cristo, não há testemunhas que indiquem uma encarnação anterior, pois Ele não pertence à nossa Onda de Vida.

É um fato contestável que ninguém pode construir um determinado corpo, a menos que o houvesse aprendido por meio da evolução. Grande e poderoso como é o Espírito Solar Cósmico de Cristo, Ele não pode construir um Corpo Denso na matriz da mãe física, nem mesmo usando os métodos mágicos dos Adeptos, visto que Ele nunca havia tido a experiência no Mundo Celeste onde se constroem os arquétipos dos Corpos Densos, tampouco havia tido Ele a experiência de construir Corpos Densos tal como nós tivemos por muitos anos. Ele é adiantado em duas Ondas de Vida a mais que nós. Ele é o Iniciado mais elevado dos Arcanjos (que alcançou o estágio “humanidade” no Período Solar), e cuja evolução na matéria só alcançava o Mundo do Desejo – a matéria mais densa que tal Onda de Vida alcançou nesse Esquema de Evolução. Por isso Ele não podia construir um Corpo de densidade maior que o da matéria do Mundo do Desejo. Ou seja, o Corpo de Desejos é o Corpo mais denso que ele sabe e poderia construir.

Os Evangelhos nos relatam muito pouco sobre a infância de Jesus depois de sua visita aos sábios do Templo. Mas, a tradição oculta nos diz que Ele passou os primeiros dias de sua infância com pleno conhecimento da missão que devia cumprir nesta vida. Foi colocado aos cuidados dos Essênios, nas margens do Mar Morto. Os Essênios eram uma comunidade de caráter muito devocional. Entre eles o menino Jesus teve seus primeiros exercícios. Mais tarde foi à Pérsia. A escola dos Essênios era um grande centro de sabedoria, e na grande biblioteca dela Jesus absorveu um imenso conhecimento oculto, reavivando o que havia aprendido em vidas anteriores. Aos trinta anos Jesus havia purificado seu Corpo Denso de tal forma que ele pôde ser ocupado pelo grande Ser a que chamamos Cristo.

Cristo é a mais alta revelação da verdade que já recebemos de Deus. Ele é o Grande Revelador. Ele nos disse: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6). Quando observamos as ocorrências de Seus três anos de Ministério na Terra, sabemos que além de serem meios de adiantamento na vida de um ser cósmico, representam também o Caminho de cada um de nós quando despertamos na busca pela verdade, estando renascido aqui. Representam, além disso, o caminho que conduz à libertação no Gólgota.

Se alguém tivesse vivido num Planeta distante e, de lá, examinado clarividentemente nossa Terra, teria observado uma mudança cada vez para pior nos Mundo do Desejo e no Mundo do Pensamento dela. Esses Mundos vinham se saturando cada vez mais de vibrações inferiores, baixas, más e sombrias. Nós, em nossa infância cósmica, não conseguíamos dominar nossos impulsos, porque o domínio do Corpo de Desejos predominava em cada um de nós e, portanto, ao morrer, éramos obrigados a permanecer no Purgatório a maior parte do tempo entre um e outro renascimento. O progresso era muito lento porque a vida no Segundo Céu, na Região do Pensamento Concreto, onde aprendemos o trabalho de criar, era quase estéril. Se Cristo não tivesse vindo à Terra como Redentor e Salvador, teríamos cristalizado o Planeta e a nós mesmos, de maneira semelhante aos nossos irmãos que estão no cone sombrio da Lua, que se atrasaram da nossa Onda de Vida e vão a caminho do caos, onde terão que esperar um novo Dia de Manifestação, a fim de que possam começar novamente em um novo Esquema de Evolução. O Clarividente, que pode ler na Memória da Natureza, vê que para escapar a essa calamidade foi exercida a influência benéfica de Cristo, de fora da Terra, muito tempo antes de Seu Advento, ou seja: da sua primeira vinda. Ele estava se preparando para atuar como o Espírito Planetário interno da nossa Terra e, assim, elevar as vibrações dela para purificar a toda atmosfera mental, emocional e moral.

Cristo se apoderou dos Corpos Denso e Vital de Jesus por ocasião do Batismo, e Jesus então se retirou deles. Entregou-os ao Espírito de Cristo para que Ele os usasse como ponte entre Deus e nós. Por outras palavras, Cristo possuía assim os doze veículos necessários para funcionar nos sete Mundos do nosso Sistema Solar (desde um Corpo formado de material da Região Química do Mundo Físico, um Corpo Denso, até um Corpo formado de material do Mundo de Deus). S. Paulo nos esclarece a respeito desse Ser elevadíssimo, dizendo-nos: “Não há outro mediador entre Deus e o ser humano, exceto Cristo Jesus” (ITim 2:5); só Ele conhece nossas debilidades e nossos sofrimentos e pode levar nossas orações ao Trono do Pai; só o Cristo compreende completa e perfeitamente isso.

A tradição oculta diz que depois do Batismo, Cristo Jesus foi em busca dos Essênios. Ele, como entidade cósmica, não conhecia muita coisa a respeito de um Corpo Denso. Esse veículo era uma prisão para Seu grande e glorioso Espírito, e teria sido destruído por suas poderosas vibrações, se Ele não tivesse se retirado ocasionalmente dele para deixar os átomos livres de sua acelerada frequência vibratória. A Bíblia fala de seus quarenta dias e quarenta noites de retiro no deserto para ser tentado por Satanás e, também, para que as vibrações do Seu Corpo Denso e Corpo Vital, recém adquiridos, fossem ajustados por aqueles que sabiam fazê-lo (os Essênios). Em várias passagens dos Evangelhos lemos que durante todos os seus três anos de Ministério Ele se separava de Seus Discípulos a intervalos periódicos, com esse propósito.

O verdadeiro Ministério de Cristo começou depois da Transfiguração. A Transfiguração é um processo alquímico por meio do qual o Corpo Denso, que é formado por processos químico-biológicos, é convertido em um diamante vivo, tal como se menciona no Livro da Revelação, o Apocalipse de S João. No atual estado de nossa evolução, o Corpo Denso obscurece eficazmente o resplendor do Espírito morador interno, que somos realmente nós, o Ego. Mas, podemos derivar esperança ainda da ciência química, que não há nada na Terra de tão raro e precioso como o rádio, o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechurana, ou seja, o óxido natural de urânio. Tampouco nada há de mais raro que o precioso extrato do Corpo Denso; o radiante princípio Crístico. Foram os veículos de Jesus os que se transfiguraram provisoriamente pelo Espírito morador interno, Cristo. Mas, embora reconhecendo o enorme poder de Cristo para efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus forçosamente deve ter sido um personagem sublime, único entre os seres humanos, pois a Transfiguração como pode se ver na Memória da Natureza, revela seu Corpo Denso de uma cor branca deslumbrante, o que demonstra sua dependência do Pai, o Espírito Universal.

Podemos ver um dos incidentes mais significativos do Ministério de Cristo na Última Ceia. Ela teve um significado mais profundo do que a de uma última refeição com seus amados Discípulos. Ele sabia que entregando Sua vida no Calvário ganharia a entrada ao centro da Terra e poderia, assim, difundir Sua própria vida em tudo o que vive nela. O pão que comemos cada dia é Seu próprio corpo. Se meditarmos sobre essa vida que se derrama anualmente a partir do Equinócio de Março, nos daremos conta de que se trata de algo de gigantesco e imponente; uma torrente de luz que transforma num instante uma Terra morta de frio em uma vida rejuvenescida. A vida que se difunde na germinação de milhões e milhões de plantas, é a vida do Espírito Planetário da Terra (Cristo). Dele vêm, ambos, o trigo e a uva. Eles são o corpo e o sangue do Espírito aprisionado da Terra, dado a nós para seu sustento durante a presente fase da evolução. Devemos comer esses alimentos dignamente, do contrário seremos comidos debaixo da dor, da enfermidade ou mesmo da morte.

Quando Cristo se ajoelhou no Getsemani, com a dor do mundo sobre as espáduas, este mundo que Ele veio salvar da destruição, produzida pela cristalização, e que O desprezou, foi para que Ele compreendesse a nossa agonia e aflição, quando tudo havia culminado naquilo que o Getsemani representa. Se Ele não tivesse provado desse cálice, não teria compreendido a dor e a solidão das almas que morrem diante de sua Crucificação. Se Ele nos tivesse falhado, como falhamos nós tão frequentemente, não teria havido o amanhã da Ressurreição. O nosso destino para este ciclo estava vinculado ao Seu.

Na Crucificação vemos que o Mistério do Gólgota não foi um acontecimento humano, mas cósmico. Cristo era um ser Único, cósmico até esta época, e que através do mistério do Gólgota se vinculou à evolução da Terra. Era um Ser que em Seu próprio Reino nunca havia conhecido a morte. Desceu à Terra para dar um impulso espiritual à vida em evolução, e para salvar tantos atrasados quanto Lhe fosse possível, elevando as vibrações do Corpo de Desejos da Terra. Desde então Ele vive nas almas humanas. Por seu grande sacrifício, adiantou-se para uma etapa superior de Sua própria evolução. Quando no Calvário, o sangue fluiu das feridas em Suas mãos, dos seus pés e do flanco do Corpo Denso, o grande Ser Cristo saiu do Corpo Denso de Jesus, difundiu-se por toda a Terra e se converteu no Espírito Planetário do Planeta. A libertação do Espírito Solar Cristo do Corpo Denso de Jesus produziu uma grande luz deslumbrante que, não obstante, produziu uma sensação de escuridão, da mesma forma, quando alguém fixa os olhos numa luz brilhante e entra rapidamente num quarto escuro tudo lhe parece escuro. A sensação de escuridão se deveu à libertação do glorioso Espírito de Cristo que cobriu a Terra, mas tão logo a Terra absorveu Suas vibrações, tudo voltou às suas condições normais. As vibrações, assim iniciadas, contudo, purificaram e puseram em ordem rítmica os Mundos superiores da Terra, e deram um impulso espiritual que não teria sido possível ser dado de outra maneira. Foi esse impulso que lavou e tirou os pecados do mundo, e é essa influência continuada, ainda trabalhando em cada um de nós, que está trazendo o espírito de amor e altruísmo cada vez mais para os nossos corações.

Depois dos acontecimentos do Gólgota, fomos dotados da faculdade que nos capacita a levar conosco, através do umbral da morte, aquilo que nos salva do isolamento nos Mundo espirituais. Aquilo que aconteceu na Palestina foi o aspecto central, não somente da nossa evolução física, como também da evolução nos outros Mundos. Depois de consumada a Crucificação, Cristo apareceu no Purgatório, onde a grande maioria de nós vive por um tempo depois da morte aqui, e fixou um limite ao poder da morte. Desde esse instante, o Purgatório a que os gregos chamavam de as “regiões da sombra” foi iluminado pela Luz do Seu Espírito, indicando a seus moradores que a “Luz” haveria de vir. O grande sacrifício levou luz até aos Mundos espirituais.

O que fluiu na nossa evolução com a aparição de Cristo atuou como uma semente, e as sementes amadurecem lentamente. No passado remoto a conexão entre nós e os Mundos espirituais se mantinha ativa por meio dos Mistérios (ou Iniciações), abertas somente a alguns escolhidos. Por meio desses, os Iniciados, em condições peculiares de alma, podiam receber a revelação dos Mundos espirituais.

Não fora por Belém, por Getsemani, pelo Calvário, e pelo que eles representam, teríamos demorado uma eternidade para atingir o presente grau evolucionário – se é que conseguiríamos! A maior parte da nossa Onda de Vida teria, possivelmente, perdido a chance de continuar se desenvolvendo nesse Esquema de Evolução.

A morte é o grande revelador, e a morte de Cristo Jesus revelou Sua vida. Em alguma etapa da nossa evolução, quando por meio da Iniciação aprendermos a pronunciar o nome deste grande Espírito Planetário, nossa consciência se abrirá à Sua Presença Onipenetrante. Um dos revelados à nossa consciência pela Iniciação é a realidade vivente do Espírito Planetário, o Cristo. Mas, nós estaremos sempre cegos à Sua presença e surdos à Sua voz, até que despertemos nossa natureza espiritual latente. Contudo, uma vez que a tenhamos despertado, essa natureza nos revelará o “Senhor do Amor” como uma realidade. Por isso, Cristo disse: “Eu Sou o Bom Pastor e conheço minhas ovelhas e sou conhecido por elas” (Jo 10:14). No passado, estivemos buscando uma luz externa, mas hoje chegamos à condição em que devemos buscar o Cristo interno e imitá-lo, convertendo-nos em sacrifícios vivos como Ele o está fazendo. Na Fraternidade Rosacruz, quando se desenvolve a percepção interna dos Mistérios mediante o Conhecimento Direto, os resultados são estéreis a menos que sejam acompanhados por constantes atos, ações e obras do serviço amoroso e desinteressado ao irmão ou à irmã que está ao nosso lado, esquecendo os defeitos de cada um e focando exclusivamente na divina essência, oculta em cada um, e que é a base da Fraternidade. A expressão intensa desta qualidade aumenta a luminosidade fosforescente e a densidade dos dois Éteres Superiores (Éter Luminoso e Éter Refletor) do nosso Corpo Vital. À medida que transcorre o tempo, Cristo, por Seu Ministério benéfico, atrai cada vez mais a luz e, com isso, o Éter Luminoso e o Éter Refletor interplanetário vão tornando o Corpo Vital da Terra mais luminoso. Com o tempo, estaremos caminhando em um mar de luz, e quando tenhamos aprendido a abandonar nossos hábitos egoístas e nossa Personalidade (aquilo que achamos que somos, a ilusão de ser), por meio do contato persistente com essas vibrações benéficas de Cristo, nos tornaremos também luminosos.

A Páscoa da Ressurreição é o ato final do drama cósmico que envolve a descida do raio Solar de Cristo para dentro da matéria do Planeta Terra. A Ressurreição foi o cumprimento da missão de Cristo. Os Ensinamentos Rosacruzes nos dizem que durante os três dias que ficou no túmulo, o Corpo Denso de Jesus, que foi usado pelo Cristo, foi desintegrado pelas poderosas vibrações celestiais. Os dois Éteres superiores do Corpo Vital vibraram mais intensamente que os dois Éteres inferiores. Quando nós, por meio de pensamentos e atos, obras e ações espirituais, atrairmos para nós mesmos um grande volume desses dois Éteres superiores, que passam a fazer parte em maioria de quantidade do nosso Corpo Vital, a vibração do nosso Corpo Denso se torna mais intensa, e quando o abandonamos ao morrer, se desintegrará mais rapidamente.

Quando Cristo apareceu ressuscitado a Seus Discípulos, atraiu para Si, por meio de Sua vontade, matéria física suficiente para Se revestir em um Corpo Denso. Foi assim possível a seus Discípulos tocá-Lo e apalpá-Lo. Os Auxiliares Invisíveis Iniciados, que já passaram pelas portas da morte, aprenderam a atrair ou a repelir matéria física à vontade, e podem se materializar, a despeito do fato de que o Arquétipo de seus Corpos já tenha deixado de funcionar.

O Cristo está, naturalmente, à frente de Seres dessa categoria, e lhe foi fácil passar através da parede em Seu Corpo Vital, e uma vez no interior, materializar Seu Corpo Denso por meio de Sua vontade. Cristo usou o Corpo Vital de Jesus até o momento da Ascensão. Depois disso ele foi entregue aos Irmãos Maiores. Esse Corpo Vital está guardado no interior da Terra onde só os elevados Iniciados podem penetrar. Uma guarda constante cuida desse Corpo Vital precioso, pois se ele fosse destruído estaria também destruída a única via para Cristo sair do centro da Terra, e Ele ficaria prisioneiro na Terra até o final deste Dia de Manifestação, quando a Noite Cósmica dissolvesse a Terra no Caos.

O Domingo de Ressurreição é um símbolo anual que fortalece nossas almas, para continuarmos em nosso trabalho de regeneração, a fim de que surja em nós o Dourado Manto Nupcial, que nos fará filhos de Deus no sentido mais elevado e mais sagrado. Esse Corpo-Alma é construído aumentando, em quantidade, o Éter Luminoso e o Éter Refletor do nosso Corpo Vital. Quando essa substância dourada nos envolver com suficiente densidade, estaremos preparados para imitar o Sol da Ressurreição, e nos elevar a esferas mais altas.

A vinda de Cristo à Terra foi o princípio de um novo reinado que perdurará. A preparação para esse reinado começou 12.000 anos atrás quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, estava no Signo de Libra. Cristo trouxe a nós o amor espiritual que é independente da “carne e do sangue”.

O sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que, tendo lugar no Gólgota, se efetuou em umas poucas horas, de uma vez para sempre. Os místicos nascimentos e mortes de Cristo são eventos cósmicos contínuos. Esse sacrifício é necessário para nossa evolução física e espiritual durante a presente fase de nosso desenvolvimento, até que um número suficiente de nós se tenha espiritualizado o bastante para manter a Terra em levitação, em sua órbita, libertando esse grande Espírito de Sua Crucificação anual. Como diz Max Heindel em relação a essa ocorrência anual: “No decorrer da noite mais escura do ano, quando a Terra dorme profundamente a partir do Equinócio de Setembro, quando as atividades materiais estão em seu ponto mais baixo, uma onda de energia espiritual traz em sua crista a Divina Palavra Criadora, desde os Céus até a Terra, no nascimento místico do Natal. Como uma nuvem luminosa, esse impulso espiritual envolve e penetra o mundo que não o conheceu”. Essa divina Palavra criadora tem uma mensagem e uma missão: “Nasceu para amar o mundo e dar Sua vida por ele, e é necessário que sacrifique Sua Vida para levar a cabo o rejuvenescimento da Natureza. Gradualmente se espalha dentro da Terra e começa a infundir sua energia vital entre as milhões de sementes que jazem dormentes no seio da Terra. Sussurra o alento de vida, a Palavra Criadora, nos ouvidos das aves e dos animais, até que esse Evangelho de boas novas tenha alcançado toda a criatura vivente”.

“Esse sacrifício atinge sua consumação no Domingo da Ressurreição. Cristo, dessa forma, morre na cruz da Terra nesta data – em um sentido místico – enquanto lança seu último grito triunfante, ‘Consumado está’. A criação inteira faz eco à essa canção celestial, e uma legião de línguas a repete sem cessar. As pequenas sementes do seio da Terra-mãe começam a germinar, e seus rebentos, a sair em todas as direções. Das tribos de animais e aves, a palavra de vida ressoa como uma canção de amor que as incita a multiplicarem-se. Geração e multiplicação estão por todas as partes. O espírito elevou-se para uma vida mais abundante”.

Essa onda anual de vida leva consigo toda a consciência do Cristo Cósmico. A conexão entre a morte do Salvador na cruz da Terra por ocasião da Páscoa, e a energia vital que se expressa tão profusamente a partir do Equinócio de Março, é “a chave” de um dos mais sublimes mistérios encontrados pelo Espírito humano em sua peregrinação, desde seu estado mais rudimentar até Deus.

Quando alcançamos a etapa em que desejamos a total libertação da dor, mais que nenhuma outra coisa, e começamos a trilhar o Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz, por meio da pureza e do sacrifício próprio, somos instruídos nos Mistérios do Gólgota, no Cálice do Graal, no Sangue Purificador e na Cruz de Rosas. Cristo, em Sua última reunião com Seus Discípulos, tomou o Cálice como um símbolo do Novo Testamento. Ele não é uma taça comum na qual se possa verter qualquer líquido, nem foi o líquido em si que possuía a potência para ratificar o novo convênio. O grande Mistério está no fato de que o cálice e seu conteúdo eram partes integrantes e indispensáveis de um Todo Sublime. A palavra alemã para cálice é “kelch”; a latina “calix”; ambas representam a envoltura exterior da semente e da flor. A palavra grega para cálice é “potarion”, que significa receptáculo. As palavras inglesas potente e impotente, significativas da posse ou da falta de virilidade, nos mostram o profundo significado da palavra grega que obscurece nossa evolução de ser humano a super-homem.

Estamos sofrendo de uma ferida que não cicatriza, uma ferida feita pelo abuso da força sexual criadora. Perdemos esse poder devido aos excessos de nossa natureza baixa ou inferior. Desde os tempos de Adão e Eva – que simboliza cada um de nós – comeu da do fruto da Árvore do Conhecimento (geração sexual quando e como quiser), o uso errôneo e o abuso dessa força sexual criadora tem sido a causa da nossa fraqueza. Toda a “carne” foi concebida em paixão e pecado.

A geração da planta, pelo contrário, é pura e imaculada. A flor perfumada, especialmente a rosa, se destaca simbolicamente em oposição direta à carne apaixonada. A flor é o órgão gerador da planta. Ela nos diz que a Imaculada Concepção, em amor e pureza, é o caminho para a paz, para a felicidade e para o progresso. A paixão animal nos afasta do caminho, e foi o conhecimento da necessidade absoluta de castidade por parte daqueles que tiveram um despertar espiritual (exceto quando a procriação seja necessária), que ditaram as palavras de Cristo ao dar o Cálice como um símbolo da Nova Dispensação. O Cálice representa o recipiente da flor em que se conserva a essência da vida, a semente. O Cálice do Graal representa cada um de nós e o nosso poder criador sem mancha. É o ideal através do qual o Místico que despertou, aprende a respeito do “Sangue Purificador de Cristo”. S. Paulo, o Apóstolo, afirmou que todo aquele que participa do cálice da comunhão indignamente, sem viver uma vida de pureza, está em perigo de doença e morte.

O sagrado mistério desse Cálice da Nova Dispensação é a chave para o Mistério do Gólgota. Quando tivermos aprendido, por meio do sofrimento e da dor, a beber desse cálice dignamente, encontraremos a “Luz” dentro de nós mesmos, “Luz” que nos guiará ao Senhor do Amor. “Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar.” (Apo 3:8).

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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