Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Afirma-se que Cristo não comeu carne (incluindo peixe). Como se explica o fato relatado segundo o qual Ele comeu o cordeiro pascal na Ceia do Senhor?

Resposta: Max Heindel responde a essa pergunta: depois da Ressurreição, Cristo apareceu entre Seus Discípulos reunidos em um recinto fechado. Não o reconheceram prontamente, nem creram que Ele estivesse em Corpo Denso. Ele, porém, utilizava o Corpo Vital de Jesus. Dessa maneira podia atrair matéria da Região Química e construir um veículo tangível – um Corpo Denso.

Para convencê-los, pediu algo para comer e lhe foi dado um pedaço de favo de mel e algum peixe. Afirma-se que comeu o mel, mas não o peixe. Todo aquele que tivesse se dedicado ao vegetarianismo, como era comum entre os Essênios, nunca mais teria comido qualquer alimento cárneo (mamíferos, aves, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), incluindo o peixe.

Lembramos também que no Novo Testamento o “peixe” é uma forma simbólica de apresentação. Segundo os Evangelhos, os Discípulos eram pescadores. As passagens bíblicas relatam que eles foram alimentados com pães e peixes, afirmações essas de caráter simbólicos. A história de “Jonas e a Baleia e outras narrações são formas simbólicas reapresentação esotérica e astrológica.

Ao tempo de Cristo o Sol, pelo movimento da Precessão dos Equinócios, encontrava-se a sete graus do Signo de Áries (o Cordeiro) e dentro da Órbita de Influência do Signo seguinte – por Precessão dos Equinócios, que se conta ao contrário -, que é o de Peixes (os peixes). Ele era o Salvador da Nova Dispensação, portanto, nada mais natural seria procurar “pescadores”, e quando os encontrou, afirmou que os tornariam “pescadores de homens”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1969 – Traduzido da Revista Rays From The Rose Cross-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Qual a Simbologia Esotérica sobre o profeta Jonas ter passado três dias e três noites no ventre de um peixe?

Resposta: “Então alguns dos escribas e fariseus tomaram a palavra: ‘Mestre quiséramos ver-te fazer um milagre'”. (Mt 15:1)

Respondeu-lhes Cristo Jesus:

“Esta geração adúltera e perversa pede um sinal; mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas. Do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no seio da terra. No dia do juízo, os ninivitas se levantarão com esta raça e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará com esta raça e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora, aqui está quem é mais do que Salomão”. (Mt 12:38-42)

Cristo afirmou aos escribas e fariseus que “uma geração má e adúltera buscava um sinal, porém, nenhum lhe seria dado, senão o do profeta Jonas“.

Muita especulação tem sido feita e muitas controvérsias têm surgido em consequência dessa afirmação do Mestre; contudo, nos registros ocultos encontramos uma interpretação razoável.

Jonas significa pomba, o bem reconhecido símbolo do Espírito Santo. Durante três dias, correspondendo às Revoluções de Saturno, Solar e Lunar do Período Terrestre, bem como às “noites” que entre elas se intercalam, o Espírito Santo e todas as Hierarquias Criadoras trabalharam na “grande profundidade”, isto é, aprimoraram as partes internas da Terra e do ser humano.

Daí então a Terra emergiu de seu estado aquoso de desenvolvimento, durante a Época Atlante, para um estado gradativamente mais seco, mais luminoso, na atual Época Ária. Dessa forma “Jonas, a Pomba Espírito” consumou a salvação da maior parte do gênero humano.

Entretanto, houve uma época em que a natureza passional do ser humano tornou-se tão descontrolada, a ponto de engendrar sérias dívidas ante a Lei de Consequência, e que fatalmente incorreria num perigo quanto à estabilidade e equilíbrio do próprio Planeta. Por esta razão, Cristo iniciou um trabalho de auxílio à carente humanidade. Quando do Batismo desceu “como uma pomba” (não na forma de pomba) sobre o homem Jesus.

Como Jonas (a pomba do Espírito Santo) permaneceu três dias e três noites no Grande Peixe (a Terra aquosa), assim, o Cristo penetra anualmente no coração da Terra, atingindo-o no Solstício de Dezembro, todos os anos e permanecendo lá por três dias, proporcionando-nos o impulso necessário à jornada que abrangerá outras três revoluções no Período Terrestre. Ele está nos ajudando a eterizar a Terra, nos preparando para as futuras condições do Período de Júpiter.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1968-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Estação da Primavera

Entramos na Primavera, a mais bela estação do ano. As matas cobrem-se de luxuriante verde-esmeralda, jardins adornam-se de suas mais preciosas joias, as flores dos seus variados matizes.

Os pássaros vestem-se de cores, os cantos florestais tornam-se possantes sinfonias, os arroios correm cristalinos, contentes, saltitando aos beijos mornos do novo Sol, que tudo atrai, fecunda, rejuvenesce num poema de cósmica beleza, em formas e sons. Tudo é euforia, festejando o maravilhoso evento.

E para nós, Estudantes Rosacruzes, torna-se este evento ainda mais festivo, num motivo de júbilo e contentamento, pela volta de nosso Salvador e sustentador, o Cristo Cósmico.

A esposa, quando espera pelo esposo, ou o esposo quando espera a esposa ajeita-se da maneira mais agradável aos olhos do seu amado ou da sua amada. Veste-se da maneira mais apreciada, se arruma do jeito que melhor pode e enche-se de júbilo e de cantos. Da mesma forma, assim terá que acontecer conosco, à volta anual de Cristo, nosso Salvador, nosso Redentor, nosso único Ideal. Teremos que nos preparar fisicamente e espiritualmente para esse grande acontecimento, desalojando a sujeira dos baixos instintos, a poeira da vaidade e do orgulho, revestindo-nos do “homem novo” – como nos ensina São Paulo na sua Epístola aos Efésios (4:22-24): “despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” –, vivificado em Cristo. Tornemo-nos quais crianças, em simplicidade e novidade de espírito. Fortaleçamo-nos, ou melhor, alimentemos o Cristo criança que em nós há de nascer, através da , da Esperança e do Amor e, acima de tudo, pelo emprego de nossos dons e talentos no trabalho dignificante, amoroso, e desinteressado a todas as criaturas. Imitemos a sábia Natureza que nesta época, dá-se toda generosa, sem limites, através dos tenros frutos que nos alimentam, das chuvas abundantes e amigas, das graciosas flores multicoloridas enfeitando-nos os olhos e a alma.

Façamos, como a Natureza, o “dom” de nós mesmos, “servindo e amando”, ativando e desabrochando o princípio amor dentro de nós, pois, como um instrumento não responde à nota vibrada por outro se não estiverem ambos afinados no mesmo diapasão, da mesma forma, se não afinarmo-nos, por meio da renúncia e de um plano de trabalho sincero, e cheios de boa vontade, à nota Crística, tudo o que fizermos será em vão, porque somente desabrochando e deixando agir o princípio Amor, atributo do Filho, o Cristo, poderemos encontrá-lo, vê-lo face a face dentro de nós mesmos como disse Angelus Silésius:

“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,

se não nascer dentro de ti mesmo,

tua alma seguirá extraviada.”

Somente pela percepção consciente do Cristo interior é que poderemos perceber e sentir o Cristo exterior e nada melhor do que esta época para preparar-nos como digna morada para Ele.

Conforme for se dando essa iluminação interna, ativada pelas Luzes de Cristo nessa Sua descida anual em nosso Planeta, Sua verdadeira Cruz, poderemos, então, tornar-nos trabalhadores conscientes na “Vinha do Senhor” e termos o privilégio de executar a sua tarefa guiando o nosso Planeta. E para tanto, empenhemo-nos, desde já, como servos vigilantes, no trabalho altruístico e amoroso, apressando assim, o grande dia da Libertação de Cristo e a vinda de Seu Reino, a Nova Jerusalém. Esperemos, portanto, com intensa alegria, desde já, quando as Forças Crísticas são ativadas, e com todo o anelo do nosso coração repitamos em tom de amor e humildade: “Senhor, não sou digno que entreis debaixo do meu teto; dize, porém, uma palavra, e minha alma será salva.” (Mt 8:8).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1969 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Em que versículo Bíblico é especificamente mencionado que o ato de comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal se referia ao ato sexual?

Resposta: Realmente, a Bíblia não nos diz literalmente que o “fato de comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal se refere ao ato gerador”.

Citamos abaixo, da Conferência nº 14 do livro Cristianismo Rosacruz de Max Heindel: “Que a Árvore do Conhecimento é uma expressão simbólica da função geradora, torna-se evidente quando recordamos quão limitada era a consciência humana naquela época, quando ocorreu o que conhecemos como a “Queda do Homem”.

O ser humano não conhecia ou não se dava conta de nada fora de si mesmo; seus olhos ainda não haviam sido abertos; sua consciência era interna, como a consciência pictórica dos nossos sonhos (consciência de sono com sonhos), exceto em que não era confusa. Mas achava-se tão alheio ao Mundo e aos seres externos, como em nossos dias estamos dos Mundos espirituais, salvo nas ocasiões em que era conduzido aos templos e posto em íntimo contato sexual com outro ser humano. Então, por um momento, o Espírito rompia o véu da carne e homem e mulher se conheciam um ao outro em Corpo Denso.

Para o Iniciado, a Bíblia registra isso de maneira maravilhosamente iluminadora quando usa a mesma expressão em muitas passagens, tais como: “Adão conheceu sua mulher”, e na pergunta de Maria: “Como poderei conceber, visto que não conheço homem?

As dores do parto são, pela lógica, mais uma penalidade pela violação de uma regra de relação sexual do que um castigo por se haver comido uma maçã.”

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1976 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Bom Pastor e as Ovelhas desse e de Outros Apriscos

Estudando a Filosofia Rosacruz, compreendemos que estamos em um Esquema de Evolução e nele há um Caminho de Evolução que “nos leva de volta para Deus”, de “onde viemos e para onde estamos voltando”.

Sabedor disso, surge a pergunta: o que devo fazer para não mais me desviar? Essa é a pergunta de todo o Aspirante a vida espiritual e a resposta é sempre a mesma, nos fornecida por Cristo: amar seus semelhantes de maneira que queira sempre ajudá-los e servi-los com amor, sabendo que todos somos filhos de Deus; procurar fazer sempre o bem pelo simples prazer de fazer o bem, cooperando assim com o trabalho do Cristo pela redenção da humanidade.

Afinal, Cristo nos ensinou que: “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas.” (Jo 10:11).

E, mais: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: devo conduzi-las também; elas ouvirão a minha voz; então haverá um só rebanho, um só pastor.” (Jo 14:16).

Mas, nos avisou que há outros que podem nos distanciar da Evolução: “quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas soube por outro lugar, é ladrão e assaltante; o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre: as ovelhas ouvem a sua voz e ele chama as suas ovelhas uma por uma e as conduz para fora. Tendo feito sair todas as que são suas, caminha à frente delas e as ovelhas o seguem, pois conhecem a sua voz. Elas não seguirão um estranho, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. (Jo 14:1-5).

Porém, se Deus faz nascer o sol para o justo e para o injusto; se Ele mora no coração de todo ser, mesmo naqueles que não O ama; quem somos nós para fazer menos? Devemos, portanto, fazer com que o nosso amor e a nossa Luz chegue a cada irmão e a cada irmã, para que com o nosso exemplo, possamos fazê-lo retornar ao Caminho que o leva a Deus. Esse caminho reto e estreito, para cima e para frente: o Caminho da Evolução. Cristo, nessa passagem, nos dá o motivo pelo qual Ele é “a verdadeira Luz”.

Para entender o que significa ser “bom pastor”, bem como “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil”, façamos uma viagem a um longínquo passado no nosso Caminho de Evolução. Atualmente estamos no quarto Período do nosso Esquema de Evolução, o Período Terrestre. Como todos os outros Períodos, este tem 7 Globos (nomeados de A, B, C, D, E, F e G), por onde nós passamos 7 vezes (também chamado de 7 Revoluções). Durante a nossa peregrinação pela quarta Revolução no Globo D, tivemos mais divisões no nosso Caminho de Evolução. Tais divisões são conhecidas como Épocas. Estamos na quinta Época, conhecida como Época Ária.

Na primeira Época, a Época Polar, nós formamos, por assim dizer, nosso Corpo Denso. Na segunda Época, a Época Hiperbórea, nós vitalizamos esse Corpo Denso por meio da interpenetração de um Corpo Vital. Com isso, na segunda Época, nós possuíamos um Corpo Denso e um Corpo Vital. Éramos hermafroditas, ou seja, éramos uma unidade criadora. Toda nossa força criadora nós projetávamos de nós mesmos. Nada guardávamos para nós. Expressávamos o amor na forma mais pura, como os Anjos o fazem.

Com o decorrer do tempo, houve a necessidade de construirmos um cérebro e uma laringe. Para isso, foi necessária uma divisão da bipolar força criadora: metade foi destinada para a construção destes novos órgãos e a outra metade continuou sendo usada para a geração. A partir daí cada um de nós teve que buscar a cooperação de outro ser para a geração e a própria continuação de se renascer aqui (Houve a divisão dos sexos e a necessidade de buscar seu polo oposto: se renascido como homem, busca quem estava renascido como mulher, e vice-versa).

Começamos a amar egoisticamente para gerar novos Corpos e a amar egoisticamente também para expressar o pensamento aqui na Região Química do Mundo Físico, porque desejamos obter conhecimento. E como semelhante atrai o semelhante, atraímos para nós mesmos seres de mesma natureza.

Como em toda Onda de Vida, a dos Anjos também possuía uma classe de seres atrasados, conhecidos como Espíritos Lucíferos, Anjos Lucíferos ou, ainda, Anjos caídos. Os Anjos fazem parte de uma Onda de Vida que não necessita de cérebro para obter o conhecimento. Porém, esses atrasados precisavam e, o pior, não tinha a capacidade de construir um. Estavam a meio caminho entre os Anjos e o ser humano. Eram os Espíritos Lucíferos. Então, quando desenvolvemos um cérebro esses seres perceberam uma oportunidade de prosseguir a sua evolução. Precisavam descobrir como penetrar no cérebro humano.

Enquanto isso, nós prosseguíamos no nosso Esquema de Evolução. Estávamos na terceira Época, a Época Lemúrica. Não tínhamos a menor consciência do nosso Corpo Denso. Nossa consciência não apresentava o nível da atual de desenvolvimento ou consciência de vigília na Região Química do Mundo Físico. Quando renascidos como seres do sexo feminino, éramos estimulados a expressar o polo negativo da força criadora, a imaginação. É graças à imaginação que, quando renascidos como seres do sexo feminino – mulher – conseguimos formar um corpo em sua matriz.

Naquela Época toda a nossa consciência estava enfocada nos Mundos espirituais. Quando renascidos aqui como seres do sexo feminino, observávamos, ainda que muito vagamente, que nós e os outros seres humanos possuíamos um Corpo Denso e, que muitas vezes, os que estavam ao seu redor perdiam esse Corpo Denso; isso a confundia muito. A imperfeita percepção do Mundo Físico nos impossibilitava de revelar aos outros que eles haviam perdidos seus Corpos Densos!

Os Anjos não nos davam informações sobre o porquê desta imperfeita percepção. Foi aí que surgiram os Espíritos Lucíferos. Esses seres entraram pela coluna vertebral até próximo ao cérebro quando renascíamos como seres do sexo feminino – mulher. Contou-nos o que acontecia, tornando-nos consciente do nosso Corpo Denso. Pediu-nos, quando renascíamos como seres do sexo feminino – mulher – para falarmos aos seres do sexo masculino – homem – e ensinou-nos como, juntos, podíamos criar novos corpos quando quiséssemos. Por causa da consciência interna, voltada aos Mundos espirituais e, também, porque os Espíritos Lucíferos tinham entrado pela medula espinhal, enquanto renascíamos como seres do sexo feminino – mulher – nós vimos estes Espíritos associando-os como serpentes. A partir daí nós tomamos para nós mesmos o direito de praticar o ato gerador a nossa vontade, ignorantemente. Comemos o fruto da “Árvore do Conhecimento” e conhecemos o bem e o mal. E mediante o contínuo abuso dessa força sexual criadora, chegando à degeneração, a nossa consciência ficou tão focada no Mundo Físico que hoje uma boa parte de nós considera essa vida terrestre como a única e tememos a morte por desconhecer o que há do outro lado.

Se, por um lado deixamos de ser um autômato, convertendo-nos num ser que consegue expressar seu pensamento aqui, por outro tornamo-nos sujeito a tristeza, dor e morte, vivemos em peregrinação sem paz e sem tranquilidade.

Cristo veio ao mundo para salvar-nos do pecado, da tristeza e morte. “Rasgou o véu do templo” e abriu a Iniciação para todos que quiserem. Todos, agora, têm acesso aos mistérios ocultos e podem conhecer todo o Esquema de Evolução!

Assim, Ele chamou a si mesmo de a “verdadeira Luz“. Aos que vieram antes dele, chamou de “ladrões e bandidos”, porque roubaram de nós a paz, tranquilidade e visão espiritual!

Vejamos, agora, a revelação da simbologia presente nestes versículos: “Como o Pai me conhece, assim Eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho outras ovelhas que não são desse aprisco; importa que eu as trouxesse. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10:15-16).

Com estas palavras Cristo nos revela, em símbolos, a amplitude da sua obra: a Fraternidade Universal!

No seu lar celestial, que é o Mundo do Espírito de Vida, Cristo executa a primeira parte da sua obra. O Mundo do Espírito de Vida é o mundo que se difunde pelo espaço interplanetário e interpenetra todos os Astros (Planetas, satélites naturais e outros corpos siderais) do nosso Sistema Solar. É o primeiro Mundo, debaixo para cima, onde cessa toda a separatividade. É onde a Fraternidade é um cotidiano.

O veículo mais inferior que o Cristo possui, com o qual é mais acostumado a funcionar, é composto por materiais do unificante Mundo do Espírito de Vida (apesar de que, como um ser da Onda de Vida dos Arcanjos, Ele ter a capacidade de construir um Corpo de Desejos, mais denso do que um corpo construído de material do Mundo do Espírito de Vida).

Portanto, o trabalho específico do Cristo no Sistema Solar, é o de correlacionar todos os Astros e os seres vivos que neles habitam, numa Fraternidade Universal, unindo-os como irmãos, filho de Deus. Essas são as “outras ovelhas que não são desse redil <aprisco>”.

Outra parte do trabalho do Cristo ocorre quando Ele alcança o Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai. O Mundo do Espírito Divino é o Mundo que correlaciona todos os Astros de todos os Sistemas Solares do Universo. Nesse Mundo, o trabalho do Cristo é o de correlacionar todos esses Astros e seus seres vivos numa Fraternidade Universal.

A terceira parte do trabalho do Cristo é desenvolvida aqui na Terra. Cristo como o Regente do Planeta e o guia da humanidade específica seu trabalho em unir-nos numa Fraternidade tendo Cristo como Irmão Maior. Quando isso ocorrer, o amor se fará altruísta e a Fraternidade Universal se realizará completamente e cada um trabalhará para o bem de todos. Estaremos na Sexta Época, a Época da Nova Galileia.

Atualmente, do centro do Planeta Terra Ele envia o impulso para o arrependimento e a reforma íntima de cada um de nós, e graças a esse seu sacrifício anual estamos nos tornando mais puros e regenerados. Essas também são as “outras ovelhas que não são desse aprisco” e “haverá um só rebanho e um só pastor“.

Note que em “eu sou a porta; se alguém entrar por mim será salvo; entrará, sairá e encontrará pastagens” temos um motivo para buscarmos sempre à consolação e o amparo divino, desapegando-nos de toda consolação exterior, baseada no próprio ser humano ou nas coisas materiais, porque “o mercenário e o que não é pastor, de quem as ovelhas não são próprias, vê vir o lobo, deixa as ovelhas, foge e o lobo arrebata, porque é necessário e porque não se importa com as ovelhas“. Perceba a esperança e a segurança que o Cristo nos dá! Semelhante à outra passagem quando ele diz: “estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28:20), então, o que falta é estarmos com Ele!

Note que em “como o Pai me conhece, assim eu conheço o Pai e dou minha vida pelas minhas ovelhas” fica clara a perfeita harmonia entre o Filho (Deus Filho) e o Pai (Deus Pai).

E a esperança e a confiança que tanto procuramos, nós podemos encontrar quando Ele disse: “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10:30). E, realmente, o Cristo dá a Sua vida pelas suas ovelhas senão vejamos o sacrifício anual que um ser com tal grau de onisciência, onipresença e onipotência se submete, ao ficar confinado às baixas e cristalizantes vibrações do nosso Planeta Terra, dando Sua vida, Seu amor e Sua luz para que nos possamos continuar existindo e progredindo.

Lembramos sempre que “Cristo mesmo preparou o caminho para quem o deseje” e Ele ajudará e abençoará a todo verdadeiro investigador que deseje trabalhar pela Fraternidade Universal, sempre, aqui, agora até a sua realização total!

                                                                       Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diferenças entre Exoterismo e Esoterismo

Há certa tendência das pessoas não repararem a diferença existente entre as palavras Exotérico e Esotérico, pretendendo dar a ambas o mesmo significado.

Exoterismo vem do grego: exotéricos e, pelo latim: exotericu, que quer dizer: conhecimento passível de ser divulgado para o público. Relacionamos com externo, público e profano. Para passarmos de nível utilizamos as conversões.

Esoterismo vem do grego: esotericos, que quer dizer: conhecimento complexo e entendimento restrito a um círculo de especialistas. Relacionamos com interno, oculto e reservado. Para passarmos de nível utilizamos as iniciações.

Assim, Exotérico é tudo que se fala abertamente sobre: uma filosofia, uma corrente de pensamento, uma Religião, etc., ou seja: todo ensinamento dado publicamente, sem reservas. É representado pelas grandes Religiões: Cristianismo Popular – igreja católica, protestante, ortodoxa, etc. –, Budismo, Judaísmo, Islamismo, etc. É por isso que cada Religião possui três elementos imprescindíveis:

  • Uma Doutrina sobre o Criador: de onde viemos, porque estamos aqui e para onde vamos;
  • Um conjunto de Rituais (ajudam a incorporar a Doutrina);
  • Um conjunto de Símbolos (ajudam a entender a verdade exposta na Doutrina e corporificada nos Rituais)

Como aprendemos nos Ensinamentos Rosacruzes: a Religião Cristã é a mais elevada fornecida ao ser humano até o momento presente. Então, repudiar a Religião Cristã, seja ela exotérica ou esotérica, por qualquer sistema antigo é como preferir livros científicos desatualizados, ao invés dos mais novos que contém as mais recentes descobertas.

Da mesma forma, desprezar a crença nos ensinamentos da igreja Cristã relativa à Doutrina dos Perdão dos Pecados, ao poder salvador da fé e a eficácia da oração é um fator de atraso para o Aspirante à vida superior. Pois impelidos pela razão, muitos de nós afastamo-nos da igreja Cristã e tornamos as nossas vidas vazias. A saída é um retorno com renovada devoção, nascida de uma compreensão mais profunda das verdades cósmicas.

Notemos isso quando entendemos a mensagem Cristã que a Bíblia nos transmite e que conseguimos distinguir entre: o conteúdo essencial (“interior”) – ensinamento esotérico – e a forma estrutural (“exterior”) – ensinamento exotérico.

A forma estrutural que aparece como Religião sugere uma radiação exterior, um véu. E é com isso que externa os principais problemas: a pretensão de posse exclusiva da verdade; a rejeição das realidades iniciáticas; a fixação no dogmatismo; o conhecimento público que tende a sofrer modificações advindas das interpretações individuais.

Lembremo-nos do ensinamento de São Pedro: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.” (IIPe 1:20).

Também vemos que São Paulo formulou que as Escrituras Cristãs nos fornecem dois “tipos” Evangelhos:

  • um exotérico (relacionado com a Personalidade): “Resolvi não saber coisa alguma, entre vós, senão Jesus Cristo, e este crucificado.” (ICor 2:2).
  • outro esotérico (relacionado com a Individualidade): “Não sabeis que sois templo de Deus?” (ICor 3:16).

Percebam: é o primeiro “tipo” que o Cristianismo Popular mais prega e divulga; mantém com o carácter que conhecemos e tem sido a tônica permanente da sua doutrina.

Por outro lado, vejam que o Cristianismo em si não é exclusivamente esotérico: é uma Religião dada por Cristo para a salvação de todos e comunicável a todos!

Então, qual é origem e a necessidade que temos de experimentarmos o exoterismo e o esoterismo?

Nos Ensinamentos Rosacruzes nós temos a resposta e essa é composta de duas partes.

A primeira parte é essencialmente a necessidade de sairmos da inconsciência total até a consciência total. No atual Esquema de Evolução conseguimos isso em quatro Etapas bem definidas:

Etapa 1 – Ações feitas sobre nós de fora, enquanto permanecemos inconscientes;

Etapa 2 – Sob a direção de Mensageiros Divinos e Reis, a quem vemos e a cujas ordens obedecemos;

Etapa 3 – Ensinados a reverenciar as ordens de um Deus a quem não vemos com os olhos físicos

Etapa 4 – Aprendemos: a nos elevar sobre toda a ordem; a convertermos em uma lei em nós mesmos; viver voluntariamente em harmonia com a Lei de Deus

A segunda parte da resposta do porquê precisamos experimentar o exoterismo está na necessidade de galgarmos os 4 Graus que nos leva a Deus, quais sejam:

Primeiro Grau: Adoramos a Deus por meio do medo; começamos a presenti-Lo; fazemos sacrifícios para agradá-Lo (exemplo: fetichismo);

Segundo Grau: Vemos Deus como o “dador de tudo”; esperamos Dele benefícios materiais; cumprir as Leis desse Deus: prosperidade material; sacrificamos por avareza e intenções próprias;

Terceiro Grau: Adoramos a Deus com orações; cultivamos a fé num céu com recompensa futura através de um sacrifício próprio; caso contrário: castigo futuro em um inferno;

Quarto Grau: Agimos bem sem pensar em recompensas ou castigo; amamos o bem por ser o bem; vivemos uma vida de serviço amoroso e desinteressado.

Convido você a fazer uma reflexão e determinar:

  1. em qual Etapa e Grau você se encontra hoje; se isso varia ao longo do seu dia, da sua vida; se varia, para que Etapas e Graus?
  1. em qual Etapa e Grau você acha que deveria estar (sua meta e objetivo)?
  2. em qual Etapa e Grau termina o exoterismo e começa o esoterismo?

                                                                       Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

São Francisco e os Estigmas ou Estigmatas

A obra “Iniciação Antiga e Moderna”, de Max Heindel, contém preciosas informações a respeito do tema “Estigmatização”. Nela, o fundador da Fraternidade Rosacruz, após tecer sucintas considerações sobre o Corpo Denso (informações mais amplas podem ser obtidas em outros livros de sua autoria), estabelece uma correlação entre ele e o Corpo Vital. Ressalta a rígida união entre os dois, mormente nas pessoas pouco afeitas à espiritualidade.

Mas, no tocante à Iniciação, um processo deve desenvolver-se. A experiência iniciática implica libertação do “homem real” do Corpo de Pecado e da morte, ensejando-lhe oportunidade de percorrer, à vontade, as sutis esferas do infinito. Isso, contudo, só pode ser consumado mediante a dissolução dos rígidos laços existentes entre os dois veículos acima mencionados.

Essa união é mais acentuada nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça. As Escolas de Ocultismo insistem e concentram seus esforços em romper a conexão em tais pontos produzindo os estigmas, invisivelmente.

O Cristão Místico progride através de linhas devocionais, dispensando o conhecimento. Sua ardente contemplação de Cristo e seus incessantes esforços em imitá-Lo em tudo, fazem com que os estigmas se produzam espontaneamente. Esses estigmas externas, visíveis, compreendem não somente as chagas das mãos, pés e costado, como também todas aquelas impressas na cabeça pela coroa de espinhos, além das produzidas no resto do corpo pela flagelação.

Quando o Cristão Místico se coloca nesse estado contemplativo, as correntes espirituais geradas em seu Corpo Vital tornam-se poderosíssimas. Nessas circunstâncias é exato afirmar-se que ditas correntes flagelam o corpo, especialmente na região da cabeça e produzem um efeito parecido ao da coroa de espinhos.

Nas Escolas de Mistérios, respaldadas por uma linha científica de desenvolvimento, o Estudante ocultista aprende, conscientemente, a desligar aqueles pontos entre o Corpo Denso e o Corpo Vital, rigidamente conectados. Leva-o a efeito por meio de um método adequado, evitando, assim, a manifestação externa de estigmas.

O caso mais notável de estigmatização diz-se haver ocorrido com São Francisco de Assis, em 1234, no monte Alverna. Achando-se absorvido na contemplação da Paixão de Cristo Jesus, viu um Serafim deslumbrante aproximar-se trazendo em suas asas uma figura do Crucificado. São Francisco de Assis deu-se conta de que em seus pés, mãos e costado surgiram as marcas da crucificação. Tais marcas, ele as carregou por mais dois anos, quando desencarnou. Afirma-se que foram vistas por muitas pessoas, inclusive pelo papa Alexandre IV.

Os dominicanos discutiram o fato, reclamando posteriormente a mesma distinção para Catarina de Sena, cujos estigmas, segundo alguns, tornavam-se imperceptíveis aos demais por sua própria vontade.

O papa Sixto IV, entretanto, proibiu a representação de Santa Catarina com os estigmas.

Outros, especialmente mulheres, que possuem o Corpo Vital positivo, tiveram, segundo se diz, algumas ou todas os estigmas. A última, por essa razão canonizada pela Igreja Católica, foi Verônica Giuliana, em 1831. Casos mais recentes são os de Ana Catarina Emmerich, Maria Von Moerl, Luisa Lateau e senhora Girling de Newport Shaker.

A despeito do ceticismo e materialismo da época em que vivemos, o fenômeno da estigmatização tem chamado a atenção de muitos estudiosos, propensos a uma análise imparcial do assunto. Assim é que abaixo transcrevemos interessante artigo publicado em uma revista médica.

Um desejo ardente e constante de transfusão em outra pessoa parece ser um fator comum em casos de estigmas, o exemplo mais famoso e heroico de identificação. São Francisco de Assis é o mais conhecido exemplo desse fenômeno nos anais da religião e da medicina. O caso mais recente ocorreu em 1972 nos Estados Unidos da América com uma criança de 9 anos, do credo batista.

O sangramento dessa menina foi abundante e embora examinado de perto por médicos, professores e observadores competentes, não se descobriu razão alguma de ser fisiológica.

Não é intenção do autor argumentar a favor ou contra, seja da teoria milagrosa dos estigmas, seja de teoria psiquiátrica corrente. De preferência se deveria pôr maior ênfase nas áreas em que a psiquiatria e a Religião têm um elemento em comum, isto é: em uma incidência significativa de casos a impressão de estigmas se seguir a um período de desejo intenso de identificação com Cristo e rejeição de valores e desejos materiais.

“Tudo se transformou em amor. Toda experiência foi absorvida no seu amor ao Cristo. A compreensão desse fato é indispensável a qualquer conhecimento do extraordinário fenômeno…, a alimentação contínua da chama de amor pelo Salvador em sofrimento é a chave da profunda experiência dos estigmas”.

Revendo a história dos estigmas, podem-se observar quatro categorias:

1) Estigmas totais com as marcas de pregos, coroa, flagelos, lança, etc.

2) Dores estigmáticas com o aparecimento de sangue ou feridas.

3) Estigmas incompletos com algumas marcas visíveis.

4) Feridas post mortem encontradas no coração, em geral de lança, flagelos ou esponja. Uma das mais interessantes dessa categoria é o caso de Clara Montfaucon (1308), cujo coração, segundo dizem, era do tamanho de uma cabeça de criança e marcado com as impressões da cruz, flagelos e pregos.

Indubitavelmente houve casos de fraude e má interpretação, como os de Santa Catarina de Siena, irmã da regra terceira de São Domingos, cujos estigmas foram oficialmente negados pelo papa Sixto IV. Muitos estigmas não puderam ser completamente explicados como foi o caso de Cloretta Robertson, de Oakland, na Califórnia.

Cloretta, menina de 9 anos, filiada ao credo batista, lia avidamente a Bíblia e a vida de São Francisco, frequentava com regularidade a Igreja Batista da Nova Luz. Não estamos falando de idade média, mas do século vinte e dos métodos diagnosticamente modernos.

Os médicos que examinaram e observaram a menina diagnosticaram provisoriamente a sua condição como “Síndrome de Sangramento da Páscoa”.

Todos que observaram o fenômeno, e incluíram especialistas, enfermeiras e professoras, observaram que o sangramento era intermitente, proveniente de cinco focos: as solas dos pés, as palmas das mãos e o lado direito. A doutora Loreta Early, médica assistente afirmou: “Acontece…., e não há explicação científica que eu possa dar”.

Associada aos estigmas tem-se observado doenças histero-epileptiforme, incluindo estados crepusculares da consciência. No caso de São Francisco, essa condição não foi diagnosticada. Ele foi, entretanto, cauterizado, tanto na testa como na face, tratamento popular para problemas agudos dos olhos.

Dois temas centrais caracterizam a vida de São Francisco de Assis. Por um lado, rejeição do pai, por outro lado, desejo intenso de emular e identificar-se com a vida de Cristo. De certo modo, ele substituiu completamente o pai pelo Cristo e demonstrou um desejo especial de abnegação de si mesmo. Quando jovem era libertino e procurava o amor de prazer. Soldado bem-sucedido, esteve envolvido em guerras de extermínio do seu tempo. Como outros jovens da sua época procurava a glória, fortuna e fama em serviços mercenários contra as cidades inimigas de sua nativa Assis. Popular entre os companheiros, dirigia as pândegas em Assis até escolher o caminho do ascetismo que culminou no fenômeno dos estigmas.

A impressão real dos estigmas ocorreu em 14 de setembro de 1224, no cume do monte Alverna. Num rebordo de penhasco os frades, seus companheiros, construíram para ele uma cabana de vime. Uma prancha rústica foi jogada por cima do abismo que separava o penhasco da montanha. Aí Francisco passou muitas horas de oração e jejum. A lenda contada por Leathem é a seguinte:

“Em 14 de setembro de 1224, dia da festa da Santa Cruz, a grande experiência ocorreu nessa vida de êxtase, no momento tão extremamente desligada das coisas terrenas. Antes do amanhecer caíra de joelhos diante da sua cela e virando o rosto para à esquerda externara em oração ardente os dois desejos de seu intrépido coração, que o consumiam:”

“Ó, meu Senhor Jesus Cristo, rogo-vos que me concedais duas graças antes de minha morte, que eu sinta em minha alma e no meu corpo a dor que vós, amável Senhor, sofrestes na hora mais amarga da Vossa paixão, e que eu sinta no meu coração o amor extremo que vos inflamava, ó Filho de Deus, para suportar voluntariamente essa agonia por nós pecadores.”

Com o coração em fogo, com uma oração que nenhum outro discípulo de Cristo jamais ousou fazer, São Francisco de Assis esperou e recebeu a segurança de que sua oração teria uma resposta. Então, em êxtase de amor, meditou sobre os sofrimentos de Cristo, até que, como São Paulo, pareceu-lhe que estava mais fora do corpo do que dentro dele. Apareceu-lhe, então, nesse estado, a visão de um Serafim crucificado e a face do Serafim era mais linda do que qualquer beleza terrena, embora marcada por um sofrimento que, literalmente, partia o coração de quem o contemplasse.

Uma mensagem brilhou na alma de São Francisco de Assis. Foi como se uma grande luz estivesse brilhando sobre as coisas escuras do mundo. Entretanto, quando a visão passou, São Francisco de Assis ficou extremamente perplexo, como alguém que não entendesse o sentido da revelação que lhe era concedida. Mas não por muito tempo.

Em suas mãos e pés surgiu uma aparência, como se fosse das cabeças redondas e negras dos pregos, enquanto nas costas das mãos e nas solas dos pés havia uma semelhança de pontas dobradas. E o seu lado direito estava lesionado com uma ferida que emanava sangue. São Francisco de Assis daí por diante trouxe no corpo as marcas do Senhor Cristo Jesus.

Embora alguns poucos soubessem da estigmatização, o fenômeno não se tornou público senão após a morte de São Francisco de Assis, por hidropisia, em 3 de outubro de 1226. Em 16 de julho de 1228, foi canonizado e Francisco Bernardoni, o “prestidigitador de Deus”, elevou-se à categoria de santo. O “pobre de Assis” deixava uma marca indelével nas gerações subsequentes. Através da ordem franciscana, seus ensinamentos foram mantidos até os nossos dias.

A ordem pobre de freiras, as Clarissas e a dos Capuchinhos, submeteram-se à Regra de Francisco e conservaram em parte as suas preocupações de simplicidade e pobreza.

Francisco de Assis nasceu na Úmbria, Itália, em 1182, de Pica e Pedro Bernardoni, rico e destacado comerciante de Assis. Francisco entrou num mundo de guerra. Já não havia amor algum entre as cidades italianas que lutavam entre si tão facilmente quanto hoje folheamos um dicionário. A Igreja estava corrompida; dizia-se então: os padres são piores do que o povo.

As cruzadas tinham contribuído para a corrupção. A disseminação de ideias e a indústria mudaram a natureza dos tempos.

A mola principal da Renascença estava se enrolando lentamente. Mercadores como Peter Bernardoni eram populares; através de suas viagens traziam notícias da última orientação do papa ou do imperador à última heresia de seitas fanáticas e talvez até mesmo feudos entre Assis e Perugia, Florença e Sierra.

Desse modo, Pedro Bernardoni, sendo ao mesmo tempo rico e portador de notícias de que o povo estava ávido, tornou-se homem de substância e de importância na sua vida.

Parece, entretanto, que o filho Francisco, já bem cedo revelara seu descontentamento com o pai.

Essa atitude manifestou-se em primeiro lugar nos sonhos. A consciência onírica de Francisco pede observação cuidadosa à luz das teorias psiquiátricas. Antes de se juntar a um Walter de Brienne numa expedição militar contra o principado de Taranta, soube-se que Francisco sonhara com um grande palácio coberto de insígnias heráldicas. Uma voz disse-lhe que o palácio era para ele e que as insígnias para os seus seguidores. Tendo-lhe sido assegurado um grande futuro, partiu para Spoleto onde, em outro sonho, foi censurado por ter mal interpretado o primeiro e lhe foi ordenado que voltasse a Assis à espera de instruções. Um período de depressão cismadora parece ter se seguido a essa ocorrência.

Gradativamente foi se dirigindo para uma vida ascética por um processo de renúncia. Apossando-se de parte dos tecidos do pai, tentou utilizar o resultado da venda desse material para reconstruir a igreja de São Damião. Permitiram-lhe viver com o pastor da igreja, mas o dinheiro foi deixado intacto no parapeito da janela.

Submeteu-se a jejuns rigorosos e flagelou-se também; às vezes, vestido como mendigo e de aparência tão horrível que foi considerado insano, entrava na cidade de Assis em busca de almas. Peter Bernardone reconheceu o filho e prendeu-o numa adega. Mas, foi um encarceramento de pouco tempo porque a mãe de Francisco o libertou. Furioso com a decepção, Bernardone reclamou o dinheiro dado a São Damião. Em público, Francisco restitui-lhe o dinheiro e despindo as próprias vestes, devolveu-as também. Publicamente rejeitou o pai com o seguinte discurso:

“Ouçam vocês todos e compreendam. Até o presente chamei Peter Bernadone, meu pai, mas já que resolvi ser um servo do Senhor devolvi-lhe o dinheiro pelo qual ele estava se aborrecendo e todas as roupas que dele recebi, desejando daqui por diante dizer: ‘Nosso Pai que estais no céu” e não, pai Peter Bernardone.”.

Depois desse fato, Peter Bernardone sempre que encontrava o filho pedindo esmolas nas ruas de Assis, o amaldiçoava. Francisco afirmou ao pai, como conta a lenda de três companheiros: “Vós não sabeis que Deus pode me dar um Pai que me abençoe contra as suas maldições”.

Existem muitas lendas que cercam a vida de São Francisco de Assis: o sermão aos pássaros, o lobo de Gubbio. Histórias de visões, de assistência aos leprosos, aos doentes e aos necessitados. Tornou-se emaciado e fraco e, entretanto, nos anos após os estigmas, reforçou e reconstruiu a Regra da Ordem que traz hoje o seu nome.

Seja por inspiração divina ou movido pelo desejo de suplantar o seu pai Peter, São Francisco de Assis ganhou seu lugar na galeria dos indivíduos que procuraram melhorar a vida para viver em plenitude do próximo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O “Pão e o Vinho” Místicos

Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a Páscoa; e Cristo Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos. Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos? Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem, levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar. E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos. Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a Páscoa. E, chegada a hora, pôs-se Cristo-Jesus à mesa, e com ele os Apóstolos. E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que desde agora não mais bebereis do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lhes, dizendo: Tomai e comei Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, e dando graças, deu-lhes dizendo: Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que é derramado por muitos para o perdão dos pecados”. (Lc 22:1-20)

Durante o percurso nesse Esquema de Evolução resolvemos tomar as rédeas do nosso desenvolvimento quando, como vemos na Bíblia: “comemos o fruto da Árvore do Conhecimento do bem e do mal”. Daí por diante abusamos demais da força sexual criadora, tornamo-nos egoístas e começamos a ter sofrimentos incalculáveis.

Foi então que a Religião de Jeová foi dada para corrigir esse estado de coisas. Jeová, o mais elevado Iniciado dos Anjos, que exerce o papel do Espírito Santo no nosso Sistema Solar. Ele recebe da Lua o impulso da vida, provindo do Mundo do Espírito de Vida e o reflete sobre a Terra em forma de Religião de Raça e de Leis.

Rebelamos demais contra a Lei o tempo todo. Enchemos a nós mesmos de pecado e todo o nosso Planeta Terra, campo da nossa evolução, da nossa aprendizagem.

Sob esse sistema, infelizmente, o egoísmo, gerado por nós, cristalizou o nosso Planeta Terra em tal extensão que as vibrações espirituais quase cessaram. A evolução estava estagnada e o sangue tão impregnado de egoísmo que a Raça humana corria o perigo de degenerar.

Esse sistema funcionou, como dizia os evangelhos, até São João Batista, o precursor do Cristo: “Arrependei-vos porque o Reino dos Céus está próximo (…) Eu vos batizo com água para o arrependimento (…), Mas Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3:2,11)

Então encarnou Cristo, aliás, uma centelha, uma chispa do Cristo Cósmico, no corpo de Jesus, por ocasião do Batismo no Rio Jordão.

São João Batista, “o mais elevado dos nascidos de mulher”, como alto Iniciado essênio, reconheceu a grandiosidade de Jesus bem como a magnitude do alto a que era chamado ministrar na incorporação da Chispa Crística: “Eu não sou digno de desatar suas sandálias” (Mt 3:11)

Cristo Jesus veio e mudou a máxima até então vigente de: “olho por olho, dente por dente” para “amai vossos inimigos”.

Na última sessão esotérica do Cristo com seus Discípulos, descrita na Bíblia como a Última Ceia, no qual foi celebrada a nova aliança, não havia a carne do cordeiro (Áries), como era exigido na Lei de Moisés. Tampouco havia vinho, mas apenas pão, um produto vegetal, e o fruto da videira, outro vegetal. O suco recém-extraído da uva não contém um espírito proveniente da fermentação e decomposição, mas é um alimento vegetal puro e nutritivo. Assim, os seguidores da doutrina esotérica foram instruídos por Cristo a adotarem uma dieta que não incluísse carne, nem bebida alcoólica.

Supõe-se geralmente que o cálice usado por Cristo na Última Ceia continha vinho, no entanto, não há fundamento na Bíblia para essa suposição. Foram dados três relatos sobre a preparação desta Páscoa. Enquanto São Marcos e São Lucas declaram que os mensageiros foram enviados a uma determinada cidade para procurar um homem transportando um cântaro de água, nenhum dos Evangelistas disse que o cálice continha vinho.

O uso da água na Última Ceia também se harmoniza com os requisitos astrológicos e éticos. Pelo movimento de Precessão dos Equinócios, o Sol estava deixando Áries, o Signo do Cordeiro, entrando em Peixes, um Signo aquático. Uma nova nota de aspiração iria soar, uma nova fase de elevação humana devia ser introduzida durante a Era Pisciana que se aproximava. A autoindulgência iria ser superada pelo espírito da renúncia. O pão, sustento da vida, feito da semente imaculadamente gerada, não alimenta as paixões como a carne; também o nosso sangue, diluído na água, não altera tão bruscamente como quando está saturado de vinho. Portanto, o pão e a água são alimentos adequados e símbolos de ideais durante a Era Peixes-Virgem. Eles representam a pureza.

Assim, o Cálice da Nova Aliança mencionado como a representação do ideal da futura época, a Nova Galileia, é um órgão etérico formado dentro da cabeça e da garganta pela força sexual não gasta que, à visão espiritual, assemelha-se à haste de uma flor, elevando-se da parte inferior do tronco. Este cálice é realmente um órgão criador, capaz de enunciar a palavra de vida e de poder.

Atualmente, a palavra é articulada por movimentos musculares desajeitados que regulam a laringe, a língua e os lábios para que o ar, proveniente dos pulmões, emita determinados sons, mas o ar é um meio pesado quando comparado às forças mais sutis da natureza, como a eletricidade que se move no Éter. Quando este novo órgão tiver evoluído, terá o poder de pronunciar a palavra de vida, de infundir vitalidade em substâncias até hoje inertes. Este órgão está sendo hoje formado por nós, através do serviço amoroso e desinteressado prestado ao irmão e à irmã, focando justamente na divina essência de cada irmão e irmã com quem convivemos.

Lembremo-nos que Cristo não deu o cálice à multidão, mas aos Seus Discípulos, que eram os Seus mensageiros e servidores da Cruz. Atualmente, aqueles que “bebem do Cálice” do autossacrifício, os que colocam sua vida ao serviço dos outros, estão construindo esse órgão, o Corpo-Alma, o “Dourado Manto Nupcial”, o soma psuchicon, que disse São Paulo em sua Primeira Epístola aos Coríntios (15:44). Eles estão aprendendo a usá-lo em pequena escala como Auxiliares Invisíveis, quando deixam seus corpos à noite e é nessas circunstâncias que aprendem a proferir a palavra de poder que remove a doença, a enfermidade e repara órgãos, tecidos e até sistemas inteiro do Corpo.

Com o derramamento do sangue de Jesus no Calvário e a penetração do Cristo no Globo Terrestre, através desse veículo físico, nosso Planeta foi purificado. O esplendor que se emanou deixou os circunstantes ofuscados e se diz que houve trevas.

Em outras palavras: o Cristo Cósmico manifestou-se por meio de Jesus para nos salvar. Purificar o sangue do egoísmo é o Ministério do Gólgota, que começou quando o sangue de Jesus foi derramado, continuou através das guerras das nações Cristãs, sempre que os seres humanos lutavam por ideal, e durará até que, por contraste, os horrores da guerra tenham imprimido suficientemente, no gênero humano, a beleza da Fraternidade.

Cristo entrou no Planeta Terra pelo Gólgota. Está novamente “fermentando” o Planeta, fazendo-o responder às vibrações espirituais, mas o Seu sacrifício não se consumou em um só momento pela morte para, dessa forma, nos salvar, como geralmente se crê. Ele ainda está “gemendo, labutando e esperando o dia da Sua libertação”, para a “manifestação dos Filhos de Deus”, como disse São Paulo, e, na verdade, nós apressaremos esse dia cada vez que participarmos do alimento para os nossos corpos superiores, simbolizados pelos místicos “pão e vinho”. Poderíamos ser muito mais eficazes, acelerando a nossa própria libertação e apressando o “dia de Nosso Senhor”, se o fizéssemos sempre “em Sua memória”.

Depois o Cristo subiu até o Mundo do Espírito Divino, o plano do Pai do nosso Sistema Solar para fortificar-se. É o que significa “descer aos infernos e subir aos céus, onde se encontra a direita do Pai”.

Desde então, como prometera, Cristo estará conosco até “a consumação dos séculos”, isto é, até que terminem estes tempos de aperfeiçoamento terrestre para uma nova Época, ainda uma chispa d´Ele volta todos os anos, começando a descer em setembro, fecundando toda a natureza.

Pelo Natal, Ele está novamente no centro do nosso Planeta Terra espargindo seu impulso de vida e de amor a toda criatura viva. Depois vai se retirando e pela Páscoa retorna a Seu plano, no Mundo do Espírito de Vida.

E assim, segue o Cristo, dando o seu Corpo e o seu Sangue como o “pão e o vinho” místicos, respectivamente, que nos alimenta fisicamente e espiritualmente a custa de muita dor e sofrimento, até que consigamos suplantar as leis do pecado e da morte pelo amor, que restaurará a imortalidade e que é a essência do ensinamento Cristão.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Oração: como devemos orar e para que devemos orar

5E quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração pondo-se em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 6Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. 7Nas vossas orações não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. 8Não sejais como eles, porque o vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes.” (Mt 6:5-8)

No “Sermão da Montanha”, Cristo fez essa importante preparação, para depois ensinar a “Oração do Senhor”, vulgarmente conhecida como o “Pai Nosso”.

Vejamos o sentido das frases-chave desse trecho:

Gostar de ser visto pelos homens — Eis uma regra básica que o Cristo deu, para sabermos quando é que a Personalidade falsa está nos condicionando: ela gosta de prestígio, de elogios, de parecer boa. Se levarmos à criteriosa análise essa regra, poderemos perceber essa intenção de “ser visto pelos homens” nas maneiras mais sutis, até mesmo em coisas aparentemente inocentes e sem gravidade. É preciso isenção de ânimo para tomar consciência disso em nós. Se estamos envolvidos na Personalidade, impossível constatá-lo. É preciso estar como “de fora”, num estado de observação imparcial de nós mesmos, sem julgamento nem objeção; sem resistência ao maligno (em nós) para não dar a perceber à Personalidade que ela está sob consciente observação e vigilância.

É preciso situar-nos como um Eu espiritual a testemunhar a ação da Personalidade, sem objetar nem julgar. Só observar. Essa simples constatação, sem identificação emocional e mental, permite-nos receber, da Mente (ou Memória) Supraconsciente, a voz da intuição. O conhecimento interior, se assenhoreará da verdade e essa dissolverá a magia da Personalidade. Eis uma excelente maneira de cultivar-se uma percepção certa da verdade libertadora. Como disse Cristo: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Isso depende unicamente de exercício, de repetição paciente, até que, no dizer de São Paulo, possamos “orar sem cessar”, ou seja: manter-nos no aqui e agora, conscientes de nossas intenções (sem recriminações!), na consciência de que o “Eu” verdadeiro e superior é quem faz as obras.

Em verdade já receberam sua recompensa — Receberam sua recompensa de quem? Do mundo. Assim, nada têm a reclamar dos céus ou do íntimo, como Alma, como crescimento evolutivo. É uma forma de dizer, pois não há recompensas. Não se pode dizer que os frutos sejam a recompensa à árvore. Simplesmente são um corolário, uma consequência natural de sua ação, na ordem evolutiva.

Mas, a Personalidade ignorante, que vive sob a ilusão de separatividade do Espírito, busca atrair os méritos da ação, reclamando paga e retribuição. Quando buscamos satisfação e realce da Personalidade, “engordamo-la”; assemelhamo-nos a árvores folhudas, de bela ramagem, de majestoso tronco, porém, estéril: toda a energia vital, toda a seiva que ela recebe, converge na apresentação de si própria, na promoção e projeção de si. Não sobra energia para os frutos. A alma fica desnutrida porque sua ação não alcança o íntimo. Não é natural, providencial, que a lei de Causa e Efeito precise de fazer-nos umas “podas” pedagógicas, para que sobre energia aos frutos e cumpramos o objetivo essencial de nossa vida, que é a evolução?

Quanto às pessoas que oram de pé ou nas esquinas, pode ser que sejam sinceras. Os israelitas e os muçulmanos têm horas prefixadas de oração e, onde estiverem, devem fazê-la. Mas como o orar numa esquina podia trazer fama de piedoso, com vantagens sociais, com o tempo se amiudaram as “coincidências”. O importante é a intenção e, como Deus não se acha num templo determinado, mas está em toda a parte, principalmente “dentro de nós”, a oração sincera deve ser discreta, evitando os meios sutis de chamar a atenção sobre si, inconscientemente.

Fecha-te no teu quarto — Segundo o original grego dos Evangelhos (do primeiro século), esse quarto era o “quarto de guardados” (“eis tò tameiõn”), onde as pessoas estranhas não podiam entrar. E justamente para mostrar-nos o sentido de “intimidade”. Refere-se a um recolhimento individual, pois a pessoa devia trancar a porta após entrar. Notem que nessa frase (verso 6) o tratamento é “tu” e não vós: é individual.

Ninguém pode penetrar o íntimo humano. Mesmo os Iniciados, que podem desvelar-nos o íntimo até certo ponto, não o fazem, porque o livre arbítrio é o mais sagrado direito. E, também, respeitam as “prisões sem grade” dos condicionamentos e restrições internos, porque sabem que o processo de libertação vem de dentro para fora e deve ser presidido pela própria pessoa interessada, se bem possa ela ser orientada e assistida “de fora”. Gandhi já dizia: “ainda que me prendam na mais profunda masmorra, serei um homem livre”. Ele se referia a essa liberdade interior que só o indivíduo pode roubar a si mesmo, por ignorância.

Nesse “lugar secreto do Altíssimo” (Salmo 91) do íntimo, é que a Personalidade humilde, consciente de sua função, como canal do Espírito, deve orar.

As palavras são desnecessárias e até podem prejudicar a abertura e receptividade interna, à manifestação da Presença, como uma taça erguida, de boca para cima, à espera de preenchimento da “água viva”. Podemos estar no banco de um ônibus, viajando quietamente num carro (não na direção), numa sala de espera ou numa fila — e orar internamente, sem demonstrações evidentes, como fechar olhos, mãos postas, cara de anjo, mover lábios. Mas será melhor, certamente, no silêncio de um quarto: um cantinho escolhido onde habitualmente nos recolhemos (se possível às mesmas horas). A prática vai formando no local e em torno dele um santuário invisível, um templo “não feito com mãos”, uma capela etérica, visível ao Clarividente como algo lindíssimo, de formas e cores próprias, que deve ser alimentado pela repetição fiel. Depois de certo tempo de prática notar-se-á ali uma vibração agradabilíssima. Não convém que outra pessoa esteja a entrar ali.

Esse mesmo princípio explica o porquê nos sentimos bem numa certa poltrona em que nos sentamos sempre, seja em casa ou numa fraternidade: ela fica impregnada por nossa vibração particular, quase sempre boa, porque naqueles momentos vibramos mental e emocionalmente em assuntos elevados.

Ora a teu Pai que está no secreto — Veja que uma boa definição de prece pode ser a silenciosa busca do “Eu interno”. Orar é escutar Cristo em nós, no silêncio e vazio da Personalidade. Quando Ele, de algum modo, “responde”, aí já é inspiração.

Essa orientação está claramente exposta nos Evangelhos: “Deus é Espírito e Verdade; importa que O adoremos em Espírito e Verdade”. “O Reino de Deus está dentro de vós.” O corpo é o templo do Altíssimo.

Passemos a orar corretamente, ainda que os resultados pressuponham longa prática, sincera e perseverante. Vale a pena. Estejamos prevenidos contra a tendência imediatista, de alcançar resultados a curto prazo. A impaciência contra as restrições é um sério entrave ao desenvolvimento espiritual. Não imponhamos prazos. As realizações internas dependem de um natural amadurecimento. Dependem do que tenhamos conquistado anteriormente, se bem que o método correto pode abreviar, agora, o acesso à Graça.

Pratiquemos fervorosa e pacientemente a oração mística, sem olhos voltados para os frutos da colheita. Lembremos a estória de um menino que plantou uma semente e todos os dias a desenterrava para ver em que ponto estava: arruinou-a! Igualmente, na realização espiritual é preciso fazer o que nos incumbe. Deus jamais falha em cumprir Sua parte. Cumpre-nos adubar, plantar, regar (prática regular e amorosa), confiando que a Terra faz sua parte, até que um raminho verde-esperança assome à superfície da consciência e nos mostre os primeiros resultados.

Max Heindel exprime de modo poético e profundo: “Busquemos o Cristo interno com renovada ânsia, como uma pessoa repleta de um amor verdadeiro e sincero, vigilante às horas dos encontros, embora não receba declaração alguma de amor”. Se O buscarmos, estejamos certos de que Ele vem ao nosso encontro. Embora não O possamos sentir (por causa de nosso grau vibratório) há inequívoca manifestação de paz. Devemos permanecer quietos, à parte da Personalidade, num vazio expectante, até que Ele nos encha o vácuo de luz. Estejamos sempre como ao telefone, dizendo: “Pai, fala que teu servo escuta”, até que a “pequenina e silenciosa voz” nos penetre a consciência, como uma réstia de luz coada pelos intervalos das folhas de uma árvore, iluminando o chão. Então, sentimos uma harmonia inenarrável: a paz que ultrapassa todo o humano entendimento.

Mas não devemos contar aos outros tais experiências. Nunca! Essa profanação é provocada pela Personalidade que deseja “ser vista” como superior. Essa profanação custa caro: podemos perder temporariamente o “contato”. Logo, é secreto mesmo. A instrução é clara: sacralidade!

Teu Pai que vê no secreto, te retribuirá — Quando aprendemos a orar corretamente, os resultados internos surgem com toda a segurança. Cristo esclareceu: “Pedis e não recebeis porque pedis mal”. Quando se fala, quando se pede, o pedido deve ser “do pão espiritual”, do amor, da sabedoria, porque “tudo o mais vem de acréscimo”. Isso é o que nos ensina o “Pai Nosso”. Salomão pediu bem (a Sabedoria) e recebeu tudo o mais que não havia pedido. O crescimento de consciência é inevitável, na medida em que Deus se nos vai manifestando. O que está no íntimo se vai extravasando inevitavelmente: eis a chamada “recompensa” deste passo. Não é que um Almoxarife celeste nos abra a torneira de graças quando fazemos uma oração jeitosa. É simplesmente a consequência lógica de uma transformação interior, de uma transferência, de apoio ao “Eu” verdadeiro e superior, que se vai expressando em nossa vida com sua natureza própria, que é paz, harmonia, sabedoria, amor etc. Não precisamos de criar essas coisas. Elas já existem dentro de nós (como ensina a “Oração Rosacruz”). Basta libertá-las. Por isso é que a Bíblia nos ensina: “Somos herdeiros de Deus e coerdeiros com o Cristo”. “Filho, tudo o que é meu é teu.”

Quando orais, não useis de vãs repetições, como os gentios que pensam que pelas muitas palavras serão ouvidos. – Hoje, podemos considerar como “gentios” as pessoas ignorantes da verdade espiritual, que evoluem por penosos meios e não sabem aplicar os recursos esotéricos para uma evolução mais rápida e fácil. Incluímos os religiosos comuns que atribuem valor demasiado às ladainhas, às longas repetições de preces mecânicas. Arrolamos igualmente os orientais que, na fase elementar, de repetição de “mantrans” e “japam” julgam ser transformados pelo “som”, sem um trabalho interno transformador. Nenhuma palavra, por mais sagrada que seja sua vibração, pode, por si mesma, levar-nos à santidade. A “palavra perdida” só pode exercer poder quando pronunciada por uma pessoa de consciência despertada. Isso é o que ensina a estória de “Aladim e a lâmpada maravilhosa”: só quem encontra a lâmpada (símbolo da sabedoria espiritual) pode pronunciar a palavra de poder (que suscita o gigante), esfregando-a (produzindo vibração).

A repetição de preces mecânicas e “mantrans” é um exercício para concentrar o íntimo em algo elevado; é um método para silenciar a Mente palradora e predispor o candidato à meditação. Preferimos ir mais diretamente à meta, exercitando o silêncio e a busca da Presença.

A repetição sem um objetivo elevado tem um perigo: tornar-se mecânica e fria. É preciso estar atento para renová-la com sentimento e intenção a cada prática.

Nenhum fator externo tem o poder de nos iniciar ou produzir uma abertura de consciência. Há muitas pessoas desejosas de rápida Iniciação e não hesitariam em pagar bem para consegui-lo de um “mestre”. O verdadeiro Mestre ensina que o processo vem “de dentro para fora” e tentar remover o caroço de um pêssego verde seria perder a fruta. A ajuda externa é como um fole: assopra para acender o fogo naquele que tem, no íntimo, os carvões já acesos.

A oração não é, pois, ensejo para darmos ordens ao Espírito, a fim de que Ele faça aquilo que nossa Personalidade acha melhor. Ele sabe melhor do que nós o que nos convém, antes mesmo de o pedirmos. Orar é não atrapalhar; é ser um canal vazio e fiel do fluxo divino, quando a união se efetiva. E dizer: meu alimento é fazer a vontade de meu “Eu” verdadeiro e superior! Daí a necessidade de aprendermos a orar corretamente.

Nessa ordem de ideias, mais vale um momento de sentida prece do que uma hora de ladainha. Uma fervorosa súplica, bem consciente, com a direção do pensamento e com a força do amor, forma duas asas que voam ao trono de Deus interno e trazem de volta uma resposta.

Não desconhecemos os efeitos da repetição sobre o Corpo Vital. As repetições formam os hábitos e os hábitos fazem a segunda natureza da Individualidade, de nós, o Ego. Por meio da repetição consciente de melhores hábitos é que promovemos nossa regeneração. Sabemos disso e o praticamos também, tornando nossa repetição um “orar sem cessar”, porque buscamos estar presentes no aqui e agora, vivendo muitas vezes ao dia a prática da Presença, o intento de servi-La como canal fiel. Ainda mais: levantamo-nos com o pensamento: “Meu Cristo. Este dia é teu. Estabelece tua unidade comigo, cada vez mais, até que sejamos UM. Pensa através de minha Mente; ama através do meu coração; fala por minha boca; age por meu inteiro Ser. Faze de mim um instrumento de tua vontade!”. E, ao deitar-nos, como último pensamento, antes do exercício de Retrospecção noturna, consagramo-nos: “Meu Cristo. Ensina-me esta noite. Permita que eu possa servir como Auxiliar Invisível”.

Não nos apoiemos meramente em palavras, senão em sincero propósito de elevação. As palavras, por si mesmas, são algo externo. Atribuir-lhes valor é materialismo. Como vestimenta, elas valem apenas quando revestem a verdade e o amor.

Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes que o peçais – A obra de Deus é perfeita. Nossa vida é prevista em suas linhas gerais. Deus, como Inteligência universal ou como Centelha individualizada como “Eu” e como “Tu”, é o único suprimento e JÁ está constantemente à nossa disposição. Cada qual recebe segundo sua necessidade interna. Lançamos ao exterior as expressões do nosso estado de consciência e recebemos o eco, a resposta, diretamente correspondente. Max Heindel o afirmou categoricamente: “Os Anjos do Destino dão, a cada um e a todos, exatamente o de que necessitam para o seu desenvolvimento”. Portanto, se estamos carentes de dinheiro, não peçamos dinheiro; se estamos enfermos, não peçamos saúde; se estamos infelizes, não peçamos felicidade. Não peçamos nada. Oração é pedir Deus. Só Deus. Sua mera Presença em nossa vida é reajustamento; é a expressão cabal de todas as mais justas necessidades. Como disse o Cristo: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus (elevação ao íntimo) e vosso ajustamento a Ele (viver de acordo com as Leis divinas) e tudo o mais vos será dado de acréscimo”.

9Portanto, orai desta maneira: ‘Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o Vosso Nome, 10venha nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra, como no céu. 11O pão nosso de cada dia nos dai hoje. 12Perdoai as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores. 13E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’. 14Pois, se perdoardes aos homens os seus delitos, também o vosso Pai celeste vos perdoará; 15mas se não perdoardes aos homens, o vosso Pai também não perdoará os vossos delitos.” (MT 6:9-15)

25E quando estiverdes orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhes, para que, também, o vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas ofensas”. 26Mas se não perdoardes, também vosso Pai que está nos céus não vos perdoará vossas ofensas.” (Mc 11:25-26)

1Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos’. 2Respondeu-lhes: ‘Quando orardes, dizei: Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso Nome; venha a nós o Vosso Reino; seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu; 3o pão nosso de cada dia nos dai hoje; 4perdoai-nos as nossas dívidas, como nós perdoamos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal’.” (Lc 11:1-4)

Essa foi a única oração deixada por Cristo. Foram criadas muitas preces e formas de adoração, inclusive no Cristianismo, mas o “Pai Nosso” constitui uma síntese acabada e completa para atender a todas as necessidades do ser humano. Realmente, em seu conteúdo esotérico, tal como o constataram os Iniciados, é uma fórmula abstrata para satisfazer às necessidades dos sete princípios humanos. Ele nos dá a compreensão de como melhorar e purificar o Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente, de cuja atuação possamos extrair o pão da Tríplice Alma, para alimentar o Tríplice Espírito.

Tal é o propósito evolutivo: a dinamização das potencialidades divinas em cada ser, para aumentar a consciência Espiritual e ampliar sua expressão.

A Oração do Senhor se compõe de sete frases fundamentais, além de uma invocação inicial (Pai nosso que estás nos céus) e um fecho que não foi dado por Cristo, mas que termina de maneira apropriada a prece, (pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, amém).

Notem os números cabalísticos: sete frases básicas (série completa) mais a invocação e encerramento, dá-nos o número NOVE, representativo da humanidade (ADM ou 1+4+40=9).

No “Pai Nosso” se estabelece relação entre o Espírito individual (o ser humano real) com o Criador (a Trindade Universal).

A Trindade Universal é representada pelos nomes: Pai, Filho e Espírito Santo. É o UNO que se expressa como TRIUNO (tal como o branco se refrata nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho; ou como a tonalidade se exprime no acorde fundamental (dominante, mediante e tônica)).

O verdadeiro ser humano é feito à imagem e semelhança de Deus. Herdou-Lhe as mesmas características espirituais, das quais uma pequena parte já foi dinamizada (Alma, consciência) e uma parte infinita espera o despertar, para que sejamos perfeitos como o Pai celestial. Na nomenclatura da Fraternidade Rosacruz, os três aspectos da Trindade individual se chamam: Espírito Divino (emanação do Pai); Espírito de Vida (emanação do Filho) e Espírito Humano (emanação do Espírito Santo).

Os corpos que utilizamos, como Espíritos individualizados, foram sendo formados e aperfeiçoados com ajuda das Hierarquias Criadoras. Essa cadeia completa de veículos, cujos germes ou sementes nos foram dados pelas Hierarquias, tem ligação direta com os três aspectos da Trindade Individual: o Corpo Denso, químico, emanou do Espírito Divino; o Corpo Vital, etérico, emanou do Espírito de Vida; o Corpo de Desejos, emocional, emanou do Espírito Humano. A Mente é o elo ou foco, através da qual a Trindade Individual se exprime ao Tríplice Corpo, até que o consiga controlar completamente. Através desses três Corpos o Tríplice Espírito vai acumulando experiências ou Alma, nos correspondentes Átomos-semente.

Damos, a seguir, um diagrama para facilitar a compreensão do que expusemos. Nele se mostra a relação dos três Corpos com os três aspectos da Trindade Individual e dessa com a Trindade Universal.

O triângulo com a ponta para cima é símbolo da Trindade. O de cima representa a Trindade Universal, o de baixo (do meio) figura a Trindade Individual.

O triângulo com a ponta para baixo representa a Trindade manifestada como Personalidade, com seus três Corpos. Entre a Personalidade (em baixo) e o Espírito individualizado, a Individualidade (triângulo do meio), o foco da Mente está representado por uma linha horizontal, um elo entre a Personalidade e a Individualidade (o Espírito).

As linhas pontilhadas, verticais, mostram a relação de cada Corpo com o aspecto espiritual que o emanou e, através deste, com o Aspecto correspondente da Trindade Universal.

O Corpo Denso (o mais inferior) se liga ao mais elevado aspecto espiritual da Trindade Individual (Espírito Divino) e da Trindade Universal (Pai).

O Corpo Vital se liga ao segundo aspecto da Trindade Individual (Espírito de Vida) e da Trindade Universal (Filho).

O Corpo de Desejos se liga ao terceiro aspecto da Trindade Individual (Espírito Humano) e da Trindade Universal (Espírito Santo).

Esse esquema mostra a relação cósmica entre o Espírito individualizado e o seu Criador. Acompanhando as relações indicadas, vejamos, a seguir, sua aplicação ao “Pai Nosso”.

  1. Invocação: “Pai Nosso, que estás nos céus”.
  2. Santificado seja o vosso nome”.
  3. Adoração: “Venha a nós o vosso reino”.
  4. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.
  5. O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.
  6. Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”.
  7. E não nos deixeis cair em tentação”.
  8. Mas livrai-nos do mal”.
  9. Fecho: “Pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, AMÉM”.

A invocação é um reconhecimento da Onipresença do Criador que, embora se exprima puramente no Mundo de Deus, compenetra cada partícula de Sua Criação. Ao mesmo tempo mostra o entendimento de que somos Espíritos e não corpos (nem Personalidade), e nessa qualidade nos dirigimos a nosso Pai Universal.

1. As frases de adoração partem da Trindade individual para a Trindade Universal, cada aspecto por vez, e a Sua contraparte.

2. O Espírito Humano adora sua contraparte, o Espírito Santo, dizendo: “Santificado seja o vosso nome”.

3. O Espírito de Vida prostra-se ante sua contraparte, o Filho, e diz: “Venha a nós o vosso reino”.

4. O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”.

As frases de dedicação ensinam como formular os justos pedidos numa prece: o Espírito individual pede à Trindade Universal para atender às necessidades de seus veículos (conforme a Vontade e Sabedoria de Deus).

5. O Espírito Divino pede pelo Corpo Denso, ao Pai: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.

6. O Espírito de Vida pede por sua contraparte, o Corpo Vital, ao Filho: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”.

7. O Espírito Humano pede pelo Corpo de Desejos, ao Espírito Santo: “E não nos deixeis cair em tentação”.

8. Por último, os três Aspectos do Espírito individual juntam-se e formulam, em uníssono, um pedido pela Mente, à Trindade universal: “Mas livrai-nos do mal”.

9. E encerram a prece, exprimindo o reconhecimento de que Deus é a única Fonte, Presença e Poder eternos, infalíveis.

A frase 5 mostra que o ser humano encarnado é mantido e globalmente atendido pelo “pão” ou “pão da vida”, que se expressa em todas as múltiplas e legítimas necessidades humanas.

Esse “pão da vida” é a causa de nossas ações mentais, emocionais e físicas, para transformarmos as experiências em Alma.

A frase 6 revela que o Corpo Vital é o que grava, através do ar, no sangue, na Memória Subconsciente, os fatos da vida. Nesse Corpo é que, portanto, as transgressões e ódios devem ser dissolvidos.

A frase 7 ensina que o Corpo de Desejos é que nos impulsiona à ação, através da motivação emocional. O desejo é o grande tentador da humanidade e, ao mesmo tempo, o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do Espírito, mas quando se inclina para algo degradante, rebaixa-nos a natureza. A tentação do desejo existe sempre, mas não devemos nela cair.

A Mente é a ligação entre o lado superior (Espírito, Individualidade) e inferior (Personalidade). Nela é que nascem os conceitos de bem e de mal. Na maioria dos seres humanos (exceção dos Iniciados que transcenderam a quinta Iniciação Menor) a Mente está ligada ao Corpo de Desejos e comprometida por ele, criando enganos que geram ações errôneas e, por sua vez, suscitam dolorosas consequências da Lei de Causa e Efeito. Por isso, a oração pela Mente traduz a aspiração de nos libertarmos dos condicionamentos da “falsa luz”, transcendendo o intelecto limitador pela “metanoia” e alcançando a ligação permanente com o Espírito. É o anseio de, conscientemente, nos libertarmos das experiências resultantes da aliança com a natureza de desejos e de tudo quanto tal aliança origina.

Nos tópicos seguintes abordaremos os nove versos do “Pai Nosso”, um por vez, com mais clareza, a fim de que esta síntese se torne, para todos, um método claro e eficaz de realização interior.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro e março/1977- Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Os Ensinamentos Rosacruzes ensinam que Cristo é o Espírito Solar e, por essa razão, parece perfeitamente lógico que consideremos o domingo (Sunday – dia do Sol) para venerá-Lo nas terras Cristãs. Não obstante, Jeová é o Regente da Lua. Por que então os Judeus não santificam e guardam a segunda-feira (Monday – dia da Lua), em lugar do dia de Saturno (Saturday – sábado), que é atualmente o seu Sabbath?

Resposta: Há uma conexão esotérica entre Saturno, o Sol e a Lua, que regem o sábado, o domingo e a segunda-feira, respectivamente. O Sol e Saturno são ministros da vida e da morte, e a Lua é, por assim dizer, a lançadeira com o qual a humanidade se vê constantemente impelida de um polo a outro enquanto a teia da experiência está sendo tecida. O nodo setentrional da Lua, que chamamos de Cabeça do Dragão, compartilha da natureza vivificante do Sol e conduz a humanidade ao período de atividade física. O nodo meridional leva-nos para o repouso da morte por meio das forças saturninas da Cauda do Dragão. Em outras palavras, tanto Saturno como a Lua são os portões de entrada e saída dos Mundos invisíveis ou Caos, a Lua em termos de capacidade astral e Saturno em sentido cósmico.

Quando desponta um grande Dia Criador de Manifestação, a época sempre começa com um Período de Saturno, então, as Ondas de Vida do Espírito, que passaram pela fase subjetiva da evolução durante a Noite Cósmica precedente, são postas em ativa manifestação, e isso ocorre durante a Revolução de Saturno de cada Período. Na pequena esfera terrestre da nossa vida atual, quando um Ego está pronto para o renascimento na vida terrestre, a Lua marca os momentos tanto da concepção quanto do nascimento, assumindo assim a função saturnina de introduzir Egos em evolução tirados da escura “Noite Cósmica” da morte para o universo solar de vida e luz. Há, contudo, alguns Egos que não evoluem; são os atrasados no Caminho da Evolução. Chega um momento em que são expulsos para a Lua e é-lhes negada a oportunidade e privilégio de renascer dentro da atual classe evolucionária. Em consequência, permanecem na Lua até que os veículos, cristalizados por eles por falta de ação, finalmente se dissolvem. Como não podem acompanhar a corrente evolutiva, só lhes resta um caminho livre, isto é, gravitar de volta através do portão de Saturno para dentro do Caos, ou Noite Cósmica, onde deverão aguardar outra oportunidade de manifestação numa corrente de vida posterior.

Jeová não é o Regente dos Judeus ao ponto de excluir todos os outros povos. Ele é o Legislador e o Senhor Cósmico da fecundação. Ele tem uma missão especial a cumprir em relação a todos os povos pioneiros de qualquer Época ou Período em que haja uma grande hoste de Espíritos que devam ser providos de veículos de um novo tipo. É Ele que multiplica abundantemente os povos pioneiros, fornece-lhes as leis apropriadas para a sua evolução e prepara-os para um novo período de desenvolvimento. Lembremo-nos sempre que a primeira parte de uma Época (desde a Época Hiperbórea até a Época Reino de Deus) é saturnina, e assim entenderemos que, embora os Semitas Originais fossem os ancestrais da Raça Ária e tivessem se multiplicado como as areias da praia, recebendo suas leis através de Jeová, eles também viviam no estágio saturnino da Época Ária, portanto, eram logicamente instruídos a guardar o dia de Saturno como dia de descanso.

A Bíblia diz que a lei era suprema até o advento do grande Espírito Solar. Cristo iniciou uma nova fase da evolução sob o princípio do amor e da regeneração. Isso encerrou o regime de Jeová e a ascendência de Saturno, não de uma forma abrupta, pois há sempre uma sobreposição que se procura entre um regime antigo e um novo. Mas, desde então, nós, o povo pioneiro Cristão, já entramos na segunda parte, ou seja, na parte Solar da Época Ária, e estamos substituindo agora o dia de Saturno pelo dia do Sol como dia de culto.

Referimo-nos a Lua e a Saturno como sendo os portões do Caos, e isso pode levar os Estudantes Rosacruzes a quererem saber o que acontece ao restante da humanidade. Sobre isso daremos uma explicação resumida dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental:

A humanidade comum que segue o Caminho da Evolução é guiada em direção ao Reino de Cristo, o Espírito Solar.

Os atrasados, que não conseguem manter o ritmo do curso evolutivo, retrocedem para o Reino de Jeová, o Espírito Lunar.

Os avançados da humanidade, os Iniciados que passaram as Iniciações Menores e Maiores e seguem diante do Libertador (o grande Ser encarregado da evolução na Terra), têm a opção de ficar aqui para ajudar seus irmãos nesse mundo, ou ir para um satélite natural de Júpiter e preparar as condições sob as quais a humanidade poderá evoluir no futuro Período de Júpiter.

As almas avançadas que malbarataram os seus poderes exercendo a magia negra retrocedem diretamente para Saturno e são forçadas a penetrar no Caos pela dissolução de seus veículos.

Saturno tem uma preponderância do quarto Éter, o Éter Refletor. Daí a sua pálida luminosidade, e os Egos que vão para lá deixam um registro de suas vidas e são em seguida lançados para fora em direção ao Caos através das luas de Saturno.

Júpiter tem uma preponderância do terceiro Éter, ou Éter Luminoso. Daí o seu brilho, e os Egos avançados que vão para Júpiter, vindos do lado externo, dirigem-se para o interior através das luas e começam, então, como já dito, um trabalho construtivo para o Período de Júpiter.

 (Pergunta nº 77 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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