Arquivo de categoria Estudos Bíblicos Rosacruzes: Novo Testamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Não dê esmolas diante de outras pessoas

Não dê esmolas diante de outras pessoas

Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa, Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz tua mão direita; para que a tua esmola fique em segredo: e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará”. (Mt 6:1-4)

Aqui encontramos também a distinção feita entre o “exterior” e o “interior”, entre a forma de conduta humana e a realidade da consciência espiritual.

O desejo de quererem ser vistos é um dos traços mais comuns dos seres humanos; esse traço pertence essencialmente à personalidade e ao velho regime de estado de separação e cumprimento externo da lei, que será descartado inteiramente sob a religião unificadora de Cristo. O altruísmo é a nota-chave da nova ordem das coisas, e toda recompensa por nosso serviço a Deus mediante o serviço a nosso próximo será somente o crescimento espiritual interno que não é visto pelos demais seres humanos.

A hipocrisia, a falsa assunção de virtude, foi tratada por nosso Mestre, que podia ler o coração e conhecer imediatamente se o ser humano era sincero. Aos hipócritas Ele lhes disse:

Comeis nas casas das viúvas, e por pretexto fazeis longas orações: por isso levareis um julgamento mais sério… dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé: isso tinha que ser feito, e não deixar o outro… limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro, estes estão repletos de avareza e cobiça… sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia”.

Felizmente, o próprio Espírito é sincero e desinteressado e, à medida que ganha domínio sobre a personalidade, ele pode dar aos outros o amor sem pensar em agradecimentos. A chispa individualizada de Deus compreende que é parte do Todo, e que a ideia separatista é uma ilusão adquirida durante a nossa permanência através da materialidade. Quando amamos e servimos aos demais mantemos o fogo interior aceso brilhantemente e dessa maneira se sente o impulso para compartilhar com outros o que temos, se não for feito pensando na aparência exterior, nós obtemos uma recompensa invisível para o desenvolvimento da consciência.

Na vida do Sir Launfal encontramos o Cristo Ideal expressado nas palavras do leproso:

“Melhor para mim é a côdea de pão que o pobre me dá,

e melhor a benção deste

Ainda que de mãos vazias de sua porta me deva afastar.

As esmolas que só com as mãos ofertadas, não são as verdadeiras.

Inúteis são o ouro e as riquezas dadas

Só porque lhe parece um dever fazê-lo.

Mas o que parte sua pobreza

E dá para quem está fora de sua vista

Esse fio de Beleza, sustentador Universal,

Que tudo penetra e o une.

A mão não consegue abarcar todas suas esmolas,

O coração estende seus braços ansiosos

Porque um Deus acompanha a doação e provê a alma

que antes estava padecendo na escuridão. ”

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross Nov-Dez/1983 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

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Renovação e Consagração

Renovação e Consagração

Páscoa significa renovação. É a estação do novo crescimento e o impulso para purificar-nos é universal. Agora, novamente consagramos nossas vidas, decidindo ser mais conscientes em nossos esforços diários. Somos estimulados a novos esforços e aspirações conforme sentimos a natureza responder às forças da vida que ascende, liberada por meio da crucificação. Essa “ascensão” é de natureza cíclica e ocorre anualmente, entre a Páscoa e o Domingo de Pentecostes.

A máxima “como é em cima é embaixo” sugere-nos o princípio unificante fundamental de toda a vida, e as mudanças cósmicas de natureza cíclica inevitavelmente encontram sua expressão na existência humana. Assim como o Ego, ou Espírito Virginal, procura renascer, igualmente as leis naturais ou princípios cósmicos buscam sua manifestação externa ou personificação por meio da forma, secundária expressão da vida. O nascimento e a ressurreição de Cristo-Jesus são expressões externas das mudanças das estações.

Ambos, o Natal e a Páscoa, são pontos alternantes marcando o fluxo e o refluxo de um impulso de vida cósmica sem o qual a vida na Terra seria uma impossibilidade. Na época em que o Sol transita pelo Signo celestial da Virgem, tem lugar a Imaculada Concepção. Uma onda da luz solar de Cristo se concentra na Terra. Gradualmente essa luz penetra mais fundo até alcançar o ponto máximo na noite mais longa do ano, que chamamos Natal. Esse é o nascimento místico de um impulso de vida cósmica que impregna e fertiliza o planeta e constitui a base da vida terrestre. Sem ele não germinaria semente alguma, não existiriam a humanidade e os animais ou forma alguma de vida. Desde o solstício até o equinócio esse impulso segue seu caminho até a superfície da Terra, infundindo nova vida a todas as formas em evolução.

O conhecimento do fluxo e refluxo dessas forças cósmicas será muito útil para nós, porquanto nos enseja poder “agarrar o tempo pelos cabelos”.

Durante esta estação, da Páscoa até o Domingo de Pentecostes, quando a natureza abunda em nova vida, devemos empreender todo esforço para sintonizar-nos com esse impulso universal, para expressar uma vida mais harmoniosa. Este é o momento para despendermos os maiores esforços no sentido de alcançarmos níveis superiores de consciência. Devemos ter em conta, também, que não há tons menores neste “canto de Primavera”. Sua nota-chave é alegria. O evento da ascensão de Cristo é cantado com grande regozijo nos planos espirituais. E nós também, se nos alinharmos com a Lei Cósmica, sentir-nos-emos felizes e alegres nesta época do ano.

A lei da analogia se mantém pura em todos os departamentos da vida. Os alegres cantos primaveris são ecos, tons harmônicos de uma ressurgente harmonia cósmica. Se penetrarmos no espírito da estação poderemos, também, receber o estímulo resultante do rápido florescimento de todas as formas da natureza.

A ajuda que estamos recebendo para a aquisição do conhecimento direto deveria merecer especial atenção nesta ocasião. Esse auxílio, como ensina o Conceito, resume-se em: Observação, Discernimento, Concentração, Meditação, Contemplação e Adoração. A Observação e o Discernimento são disciplinas a serem exercitadas durante todas as nossas horas de vigília. A Concentração, a Meditação, a Contemplação e a Adoração são graus progressivos de exercícios especiais para o desenvolvimento da clarividência.

O pensamento é o meio mais poderoso para a obtenção do conhecimento. Se dominarmos necessária força mental nada existirá além da humana compreensão. Por meio da concentração do poder mental podemos solucionar problemas que de outra maneira não chegaríamos a entender.

Nossos primeiros esforços de concentração são, frequentemente, insatisfatórios. Mesmo assim poderemos obter algum êxito em concentrar nossos pensamentos antes de que estejamos preparados para graus Superiores de Meditação e Contemplação. O objeto da Concentração pode bem ser qualquer coisa, uma simples figura geométrica ou, de preferência, algum ideal. Qualquer que seja nossa escolha, é necessário mantermos firmes nossos pensamentos na figura mental criada, sem permitir desvios.

O pensamento é o poder que utilizamos para construir imagens mentais ou pensamento-formas e como é nossa força primordial devemos dominá-lo.

Quando o aspirante, por intermédio da Concentração, obtiver êxito para construir o pensamento-forma VIVENTE de um ideal, então já estará preparado para o passo seguinte, ou seja, a Meditação. Através dela, ele aprende tudo referente ao objeto criado em sua mente. Terá acesso a conhecimentos jamais sonhados, pois através da Meditação suas criações mentais podem falar-lhe, por assim dizer.

Os graus superiores — a Contemplação e a Adoração — geralmente não se alcançam até que estejamos bem treinados na Observação e no Discernimento, disciplinas mentais que deveríamos praticar continuamente. É importante tudo vermos com clareza, com contornos bem delineados e riquezas de detalhes.

A visão etérica é uma extensão ou refinamento da visão física e facilitamos seu desenvolvimento através da prática sistemática de observar cuidadosamente todas as coisas.

Enquanto praticamos o exercício da Observação, devemos aprender a discernir e a tirar conclusões do que vemos. Pela observação e discernimento cultivamos a faculdade de raciocinar logicamente. E a lógica, segundo nos foi ensinado, é o melhor guia em qualquer mundo. Pelo desenvolvimento do Discernimento e da Observação preparamo-nos para os dois passos seguintes: a Contemplação e a Adoração. Através da Meditação aprendemos tudo a respeito da forma das nossas criações mentais. Porém, na Contemplação, a parte que concerne à vida revela seus segredos. Na verdade, a unidade da vida se nos põe de manifesto pela Contemplação e nos impressionamos com a verdade suprema de que não existe senão uma vida: a Vida Universal de Deus. Quando alcançamos esse estágio, através da Contemplação, ainda resta um passo a dar, ou seja, a Adoração. Por meio dessa, o aspirante se UNIFICA com a Fonte Universal de todas as coisas. Nesta estação do ano, quando a vida fecunda toda a natureza, deveríamos, todos, tratar de fazer grandes progressos pela renovação dos nossos esforços para dominar esses seis graus ou disciplinas. Assim, sintonizando-nos com as forças vitais que ressurgem na Terra e culminam no Domingo de Pentecostes, evoluiremos de modo tal como não seria possível de outra maneira.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de março e abril/87)

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Almas perdidas ou atrasadas na evolução?

Almas perdidas ou atrasadas na evolução?

 

Não existe, absolutamente, nenhum fundamento que justifique a ideia generalizada a respeito de “almas perdidas”. Não há, na Bíblia, uma só palavra que exprima a ideia a que todos nos habituamos sobre eternidade com o sentido de para sempre. A palavra grega aionian significa “um período indefinido de tempo”, “um longo período de tempo” e, quando lemos na Bíblia as palavras “eternamente” ou “para sempre”, deveríamos interpretá-las como “pelos séculos dos séculos”. Além disso, como é uma verdade que “em Deus vivemos, movemos e temos o nosso ser”, uma alma perdida seria o mesmo que se tivesse perdido uma parte de Deus e isto não é possível!

Desde que escrevi a lição anterior ocorreu-me outro ponto que mostrará como a perda de um período de anos está relacionada ao próximo período, sendo até mesmo compreendida por ele. Lembremos que no Período Lunar desse atual Esquema de Evolução  que espíritos lucíferos não puderam achar campo para a sua evolução no presente esquema de manifestação.

Os Arcanjos habitam o Sol; os Anjos têm a seu cargo todas as luas; porém os espíritos de Lúcifer foram incapazes de residir em qualquer desses luminares. Não podiam ajudar a geração pura e desinteressadamente como fazem os Anjos, mas atuavam sob o império do desejo, da paixão vil e egoísta, pelo que foi necessário separá-los dos seus irmãos mais adiantados e fixá-los num lugar apropriado às suas condições.

O ambiente que necessitavam era o de Marte, a quem os antigos astrólogos atribuíram o poder sobre o signo zodiacal de Áries, o Carneiro, que tem domínio sobre a cabeça dos seres humanos — convém recordar que o cérebro foi construído com as energias subvertidas dos órgãos sexuais —, o que comprova que aquele planeta exerce igualmente o seu domínio sobre o signo zodiacal de Escorpião, o regente dos órgãos da reprodução. Carneiro é a primeira casa do horóscopo, regendo o começo da vida; Escorpião é a oitava casa do horóscopo, a que nos fala da morte. Em tudo isso está contida uma lição, ensinando-nos que tudo aquilo que foi gerado pelos desejos vis é chamado à dissolução, à morte.

Assim, pois, Marte é, esotérica e astrologicamente, o que se chama de diabo e Lúcifer, o mais notável dos Anjos caídos, é realmente o adversário de Jeová, quem dirige o poder fecundante do Sol por meio da ação lunar. Todavia, os espíritos de Lúcifer estão ajudando a nossa evolução. Deles recebemos o ferro que, por si só, torna possível a vida em uma atmosfera oxigenada. Foram e continuam sendo os agitadores das forças que impulsionam o progresso material e, por isso, não temos o direito de os anatemizar. A Bíblia tacitamente nos proíbe ultrajar os deuses. O próprio apóstolo Judas declara que mesmo o Arcanjo Miguel não se atreveu a denegrir Lúcifer — Porém o Arcanjo Miguel, quando, lutando contra o diabo, disputava o corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo blasfemo, mas disse: ‘Repreenda-te o Senhor’. E no livro de Jó vemos Lúcifer como um dos filhos de Deus. O seu embaixador na Terra, Samael, é o Anjo da morte, representado pelo signo zodiacal de Escorpião, mas também é o anjo da vida e ação, simbolizado pelo Carneiro: a vida que desabrocha.

Se não fossem os impulsos marcianos, agitadores e belicosos, talvez não sentíssemos as aflições tão ao vivo como sentimos, mas também não poderíamos progredir na mesma proporção e é seguramente melhor “gastar-se ao criar bolor”.

Desse modo, podemos compreender que a essas “ovelhas perdidas” de uma era anterior foi concedida a oportunidade para recuperar, no atual esquema de evolução, o tempo que perderam. Ficaram atrasadas e, por esse motivo, são consideradas más, como no caso dos Anjos caídos; entretanto, “não se perderam; apenas afastaram-se da redenção”. Podem se salvar e certamente conseguirão, servindo-nos e provavelmente ajudando a transmutar a natureza de Escorpião na de Carneiro, levando-nos a sublimar em nós mesmos tudo que for grosseiro e mau.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970)

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A Cura e o Perdão dos Pecados

No Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 9, Versículos de 2-5 lemos: “Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade. Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: ‘Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados’”. Ouvindo isso, alguns escribas murmuraram entre si: “Este homem blasfema”. Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: “Por que pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te – disse ele ao paralítico – toma a tua maca e volta para tua casa”. Levantou-se aquele homem e foi para sua casa. Vendo isso, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: ‘Segue-me’. O homem levantou-se e o seguiu”.
Já no Evangelho Segundo São João, Capítulo 5 lemos: “Então lhe disse Jesus: Levanta-te, toma teu leito e anda. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais para que não te suceda coisa pior”.

Pouca gente imagina a possibilidade de uma relação entre a cura e o Perdão dos Pecados. Aliás, quase ninguém sequer cogita dessa realidade que é o Perdão dos Pecados.

Mas, como se define o pecado?

Objetivamente podemos afirmar que é uma ação contrária à lei. Se você pensou que estamos falando da Lei de Moisés, os Dez Mandamentos, pensou corretamente. A Lei, em verdade, é algo muito mais amplo e profundo do que o decálogo recebido por Moisés na montanha. É tão importante que o Cristo asseverou categoricamente que não viera revogá-la, mas cumpri-la. Ele a observou, mas propôs dois mandamentos que a abrangem e transcendem: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a Si mesmo.

Do ponto de vista esotérico, o pecado é uma transgressão a uma lei natural. As leis naturais se harmonizam e mantêm o equilíbrio no Cosmos. Toda vez que alguém as transgrida provoca um desequilíbrio e em consequência uma reação em forma de sofrimento. Portanto, a dor é uma maneira do indivíduo aprender a lição da harmonia. O apóstolo São Pedro, em uma de suas Epístolas, afirmou: “O que o homem semear, isso mesmo ele colherá”.

A luz do ocultismo, se cometemos um erro somos inexoravelmente penalizados? Realmente não. O Perdão dos Pecados é um fato. Entretanto, há pré-requisitos para que ele opere. Um deles é a vontade aliada à iniciativa. Há necessidade de ação que se manifeste através do arrependimento, reforma e restituição.

  • ARREPENDIMENTO: João Batista não pregou filosofias ou doutrinas. Sua mensagem era o arrependimento dos pecados cometidos. Era um meio de preparar as pessoas para o Cristianismo. Sabia que o Cristo ofereceria a Graça, o Perdão dos Pecados, mas isto depende da transformação da consciência de cada um. Arrependimento é uma mudança da mente e do coração em relação ao ato pecaminoso. Porém, o remorso exagerado é nocivo, debilitando as correntes do Corpo de Desejos e afetando as glândulas endócrinas. Vemos, então, como tudo depende de um processo interno.
  • REFORMA: Só o arrependimento não é suficiente para o recebimento da Graça. Quem para no arrependimento fica apenas na intenção. É necessária uma ação efetiva, dinâmica, que se consubstancie na reforma de caráter. Isso ocorre quando o indivíduo transmuta seus maus hábitos nas virtudes opostas. Reforma significa restauração, renovação e reconstrução. Envolve discernimento. É uma prova de valor e paciência. Quando o ser humano se transforma internamente tudo se modifica em sua vida.
  • RESTITUIÇÃO: Quando prejudicamos alguém devemos promover a restituição, a compensar, de alguma forma, o mal que lhe fizemos. Se não pudemos reparar, pela ausência do prejudicado ou outra razão qualquer, podemos fazê-lo servindo a outra pessoa. Eis porque a tônica da Fraternidade Rosacruz — SERVIÇO — tem um cunho libertador. O serviço amoroso e desinteressado para com os demais envolve-nos na consciência da UNIDADE. Através dele sentimo-nos UNOS com toda a criação, tornando-nos incapazes de ferir, ofender ou prejudicar qualquer ser vivo.

O indivíduo se liberta dos pecados quando em sua consciência admite ter errado e se propõe a não mais repetir a falta cometida. A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. O desenvolvimento dessa consciência ocorre principalmente através do Exercício noturno de Retrospecção. Max Heindel afirma que talvez esse seja o mais importante Ensinamento Rosacruz.

A Retrospecção oferece-nos uma visão objetiva de nós mesmos. A constância e sinceridade com que é praticada acaba por limpar o Átomo-semente das gravações indesejáveis ali impressas ensejando, assim, a evitar o sofrimento purgatorial. Se a pessoa praticar com fidelidade o exercício de Retrospecção, partindo decididamente para o arrependimento, reforma e restituição, demonstrará ter aprendido as lições nesta encarnação, não necessitando fazê-lo futuramente. Isto é o Perdão dos Pecados.

O ensinamento alusivo ao Carma, ensinado pelas escolas orientais, não satisfaz plenamente as necessidades humanas. Os princípios Cristãos abrangem tanto a Lei de Causa e Efeito como o Perdão dos Pecados.

Esse ato volitivo começa com o Corpo Vital. No Pai Nosso encontramos uma oração exclusiva para o Corpo Vital: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Através da repetição forma-se a Alma Intelectual, importante no processo de criação de bons hábitos.

Um bom hábito é não reagir emocionalmente diante de uma situação ou circunstância desequilibrante ou de uma provocação. Se não reagirmos emocionalmente não estaremos implicados na questão e em suas consequências, além do que tudo isso diz respeito à nossa saúde. O pecado ou transgressão afeta a saúde. Platão afirmou que jamais deveríamos tentar curar o corpo sem antes fazê-lo com a alma. Cristo deixou bem claro que o que quer que aconteça no exterior tem sua origem no padrão existente na mente do indivíduo. Se analisarmos todas as suas curas verificaremos que três são as condições para que se realizem: 1) Não pecar mais; 2) Ter bom ânimo; 3) Ter fé. Portanto, tudo depende do estado de consciência de cada um, principalmente o Perdão dos Pecados e a saúde física, mental e emocional.

No Livro de Ezequiel Capítulo 36:33-35 percebemos como isso é verdade: “Assim diz o Senhor Deus: No dia em que Eu vos purificar de todas as vossas iniquidades, então farei que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos. Lavrar-se-á a terra deserta em vez de estar desolada aos olhos de todos os que passavam. Dir-se-á: Esta terra desolada ficou como o Jardim do Éden; as cidades desertas, desoladas e em ruínas estão fortificadas e habitadas”.

As cidades bíblicas representam nosso estado de consciência. Quando somos dominados pelo medo, desânimo, ressentimento, nossas almas são como que cidades vencidas, conquistadas e arrasadas. Se procuramos a presença de Deus onde aparentemente há alguma desarmonia, as cidades desertas (nossa consciência) transformam-se no Jardim do Éden.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro/fevereiro/1988-Fraternidae Rosacruz em São Paulo-SP)

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O Evangelho de São João: os 5 primeiros versículos

O Evangelho de São João: os 5 primeiros versículos

Lendo atentamente o Evangelho de São João, o Evangelista, que foi Discípulo de São João, o Batista, somos gradativamente absorvidos pela admiração da desenvoltura e sublimidade do seu trabalho. Ao iniciá-lo, coloca como primeiro título a grande boa nova, já na expressiva frase: “A Encarnação do Verbo”. Essa Encarnação, prezados leitores e leitoras, representa o ponto de intercessão entre duas Eras. A primeira delas, em que vigorava a lei — o olho por olho e dente por dente -, representada por Moisés. A segunda é representada por Cristo-Jesus, o Cordeiro que tirou o pecado do mundo e purificou o Corpo de Desejos da Terra. Ademais, pôs ao alcance da humanidade todos os meios de que ela necessitava para sua salvação; vejam, então, prezados leitores e leitoras, a extraordinária importância que tem esse glorioso Ser para todos nós. É de tal autoridade, como bem salienta São João, o Evangelista, que se sentirmos por Ele uma profunda gratidão durante as 24 horas do dia, ainda será pouco. Aliás, a melhor maneira de manifestarmos nossa gratidão é servirmos diligentemente, colaborando de coração no formoso trabalho iniciado pelos Irmãos Maiores.

Durante a primeira dessas Eras, consubstanciada no Velho Testamento, sobretudo no último livro do Pentateuco, quem errasse seria punido, pois não havia perdão e tudo se acertava com a espada da justiça. O Cristo, ao contrário, embora cumprindo a lei, é a tônica do amor através do qual une tudo o que existe ou venha a existir, e não só aqui no Planeta Terra, mas também nos demais do nosso Sistema Solar, sem excetuar outros Sistemas Solares no Universo. Ele é o Amor que tudo liga, transforma e vivifica.

Lá, no primeiro capítulo, no primeiro versículo, diz-nos São João: “No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Notem bem, estimados amigos, como ele mostra, entre outras coisas, de maneira concisa, cujo vigor ultrapassa toda expectativa, a nossa origem Divina. Ele transformou o Verbo na Causa primeira de tudo. D’Ele é que saiu tudo aquilo que veio ou vem à existência e, para Ele, tudo volta, como disse bem Santo Agostinho, que assim se expressou: “Viemos da Divindade e para Ela voltaremos”.

Prosseguindo, afirma São João, o Evangelista, no versículo 2°: “Ele estava, no princípio, com Deus”. São João, para facilitar nosso entendimento, reforça aqui o que disse no versículo anterior. Vindo de Deus, Cristo-Jesus é, evidentemente, Deus feito homem.

Referindo-se ao Verbo, comenta São João, no 3° versículo: “Tudo foi feito por Ele e nada do que foi feito se fez sem Ele”. Vemos aqui, mais uma vez, São João, o Evangelista, mostrar, com extraordinária exuberância, nossa origem Divina. Insiste ele e com toda a razão ser o Verbo a gênese de tudo aquilo que existe. Vivendo o amor permanentemente e conhecendo bem a natureza humana é que São João supunha conveniente insistir nesse e em outros pontos.

Continuando a leitura, vamos para o 4° versículo que, reportando-se ao Verbo, esclarece: “A vida estava Nele e a vida era a Luz dos homens”. De fato, aquela vida que estava Nele é a nossa Luz, o Cristo interno que habita em cada um de nós. É a Centelha divina que nos impulsiona constantemente às coisas superiores, os eventos do espírito. Com isso realizamos também uma sutilização de nossos veículos, as ferramentas do Ego, ampliando o seu campo de atividade.

Dando continuidade à leitura do Evangelho de São João, encontramos no versículo 5°, ainda no capítulo l°, que se tornou nosso, o seguinte: “A Luz resplandeceu nas trevas e as trevas não prevaleceram contra Ela”. Realmente, porque essa Luz infinita espanca as trevas.

Trevas da ignorância e más qualidades que são desfeitas pelo amor, sabedoria e atividade nas boas coisas. A propósito, certa vez um Discípulo de Hermes Trismegisto lhe perguntou: “Mestre, qual é o pior mal do mundo?”. Ao que Hermes prontamente respondeu: “A ignorância”.

É por ela, na verdade, que surgem os desentendimentos, malquerenças e inimizades. Max Heindel, o fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, afirma, logo na introdução do Conceito Rosacruz do Cosmos: “Se Buda, grande e sublime, foi a Luz da Ásia, pode-se afirmar que Cristo seja a Luz do Mundo”.

(Pulicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970)

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Uma Interpretação do que é Verbo, expresso por São João

Uma Interpretação do que é Verbo

“No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele. Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens. A Luz resplandece nas trevas, encontra Ela as trevas não prevaleceram… O Verbo se fez carne e habitou em nós, cheio de Graça e de Verdade, e vimos a Sua Glória, Glória como no Unigênito do Pai”.

Eis a história toda da involução ou envolvimento do Ser, como Espírito Virginal, na matéria, até à idade mais densa e grosseira, até a perda total da consciência do Espírito e das coisas do Espírito.

São João nos conta nesses versículos de inestimável valor Espiritual, a peregrinação, a Grande e Extraordinária Aventura Cósmica do Espírito, em aquisição após aquisição, dos corpos e veículos de manifestação, até atingir a condensação no Corpo Denso e cristalizado.

“No Princípio…” reporta-nos a um estágio anterior ao que nossos olhos físicos percebem e nosso tato apalpa. “No Princípio, era o Verbo…” O Único Ser Gerado. Um dos Três Atributos do Ser Supremo. Pelo Verbo tudo o mais foi criado. “Faça-se..”. É a Palavra, o mistério do som. Tudo no Universo é vibração, é som, é melodia.

Quando o Iniciado atinge um certo grau no seu desenvolvimento, recebeu o batismo de fogo, estando sob a direção do Mestre Oculto. É-lhe ensinado o Segredo dos Segredos… aquele Segredo que os maçons procuram; “A PALAVRA PERDIDA!”. O maçom, quando em estágios superiores, sabe que a Palavra de Poder foi perdida, quando, na traição do Templo, os três renegados mataram o Sublime Mestre Hiram Abiff, o único que possuía o “Segredo da Palavra”. Tudo na Maçonaria é simbólico, por ser ela o receptáculo, a guarda do Simbolismo.

Todas as verdadeiras Ordens Iniciáticas sabem que a palavra é sagrada, e que o Iniciado deve ser comedido no falar. O Iniciado é submetido ao silêncio absoluto, à meditação, à contemplação muda das coisas da natureza. No silêncio, ele aprende, no secreto da alma, a palavra sem articulação. Até no Catolicismo Romano, o neófito, e mais tarde o clérigo, na leitura diária do breviário, leitura obrigatória, submete-se ao silêncio e à meditação. Na Ordem dos Trapistas a palavra articulada é proibida, através do juramento dos seus adeptos.

É longa a série dos investigadores da “Palavra Perdida”, a Palavra de Poder, que pronunciada com o conhecimento da ciência oculta, após recebida nos Arcanos do Silêncio, pode causar a vida ou a morte.

“No Princípio era o Verbo…” O Verbo é a Palavra que se manifesta no ser humano via laringe. Mas ela só será readquirida pelo mortal, quando ele, através a evolução e iniciação nos mistérios, tornar-se digno de possuí-la.

“O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no Princípio com Deus. Tudo foi feito por Ele e nada do que tem sido feito foi feito sem Ele”. É o segredo da palavra. Faça-se, faça-se sempre, com a Palavra. Os Períodos, os Mundos, as coisas todas manifestadas e por se manifestar foram e são feitas pela Palavra e com a Palavra. O Círculo com um ponto em seu centro, é o Supremo Poder do Verbo manifestando continuamente de si mesmo, novos sóis, novos mundos e novas manifestações de vida gloriosa. O Supremo Ser “pode ser caracterizado como PODER. Desse, procede o Segundo Aspecto, o VERBO. E de ambos esses Aspectos, procede o Terceiro, o MOVIMENTO. Desse triplo Supremo Ser procedem os sete Grandes Logos”. Eles contêm neles mesmos todas as Grandes Hierarquias que se diferenciam cada vez mais, à medida que se difundem pelos vários Planos Cósmicos. “Verbo é o Único Ser gerado pelo Supremo. À Palavra é, portanto, uma Entidade e essa Entidade Sagrada criou tudo o mais, pelo “Fiat” criador. Faça-se… e as coisas foram se projetando no Cosmos.

“Nele estava a Vida e a Vida era a Luz dos homens…”. Esse versículo toma força e poder incomensuráveis. A Vida é una e indivisível. “Ai daquele que tentar separar o Corpo de Deus”. Tudo no Universo é o Corpo de Deus. O ser humano é o pequeno corpo divino, o Microcosmos. Nele está, como sempre esteve e estará, a Luz de Deus. É a Vida não criada, indestrutível.

“A luz resplandece nas trevas, e contra Ela as trevas não prevaleceram”… O Verbo se fez carne e habitou em nós, cheio de Graça de Verdade, e vimos a sua Glória, Glória como no Unigênito do Pai”.

Quem tiver olhos para ver e ouvidos para ouvir, e entendimento para entender, compreenderá, pela percepção interna, o sentido sublime deste versículo. Apesar da cristalização interna, o sentido sublime desse versículo. Apesar da cristalização, a Luz permanece e brilha como seu fulgor deslumbrante e incandescente. Cristo ressuscitou e advertiu a mulher que montava guarda ao seu sepulcro, e que primeiro o avistou. “Não vos aproximeis, pois Eu acabo de ressuscitar!”. Se a mulher o tocasse, seria fulminada, pois, naquele momento estava carregado de milhões de volts de eletricidade puríssima. Assim será o ser humano, quando “ressuscitar” dentre os mortos.

“E o Verbo se fez carne” e habitou em nós cheio de Graça… Não é possível maior clareza. Ele está dentro de cada um, pois o ser humano é partícula de Deus cristalizada. Aqui está consubstanciado todo o mistério do Ser. Aquele que se encontrar, verá a Deus face a face. Passado, presente, futuro são termos relativos, que nada expressam ante a sempiterna realidade que se manifesta acima e fora das “ALTERNÂNCIAS”. Períodos, Revoluções, Recapitulações, Épocas estão expressas no MACRO como no MICROCOSMOS. A entidade cristalizada como ser humano é a pequena Bíblia ou Livro da Lei, que contém em si toda a grandiosidade do COSMOS.

Na sua subida deve Ele aprender a ler na Memória da Natureza, as fases, passagens, vidas vividas, a fim de se reencontrar e adquirir CAPACIDADE e MALEABILIDADE. Com esses atributos Ele poderá levitar e voar ao cume da Eternidade e criar, também, já como criadora, com o Poder do Verbo, a “PALAVRA REENCONTRADA!”.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/70)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Fé cega e a Razão Santa?

A cega e a Razão Santa?

O tempo da fé cega já passou, chegamos à época da fé inteligente e da fé razoável. Não acreditamos somente em Deus, senão que O vemos em Suas obras, que são as formas exteriores de Seu Ente. Eis o grande problema de nossa época: traçar, completar e fechar o círculo dos conhecimentos humanos; depois, pela convergência dos raios, achar um centro: Deus! Achar uma escala de proporção entre os efeitos, as vontades e as causas, para subir daí à causa e à vontade primeira. Constituir a ciência das analogias entre as ideias e a sua fonte primitiva.

Tornar qualquer verdade religiosa tão certa e tão claramente demonstrada como solução de um problema de geometria.

Crede e compreendereis — disse Jesus-Cristo. Procuremos e acharemos; estudemos e haveremos de crer. Crer é saber por palavra. Ora, essa palavra divina, que antecipava e supria por um tempo a ciência cristã, devia ser compreendida mais tarde, conforme a promessa do Mestre. Eis, pois, o acordo da ciência e da fé provada pela própria fé.

A Religião é razoável. Pode-se prová-lo radicalmente, por meio da ciência.

A Razão é santa. Cristo-Jesus, encarnando a humanidade regenerada, a divindade feita ser humano, tinha por missão estabelecer o equilíbrio dessa dualidade e conduzir a humanidade à condição divina. O Verbo feito carne permitiu à carne fazer-se Verbo. Isso que os doutores da Igreja não compreenderam a princípio: seu misticismo quis absorver a humanidade na divindade. Negaram o direito divino. Acreditaram que a fé deveria aniquilar a razão, sem lembrar-se desta palavra profunda do maior dos Hierofantes dos mistérios cristãos: “Todo espírito que divide o Cristo é um espírito de Anticristo”.

A unidade do Mestre um dia triunfará em nós.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/70)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Fé: a confiança n’Ele

: a confiança n’Ele

Não é estranho que poucos seres humanos possuam uma fé real e viva em Deus? Mesmo entre os cristãos professos, há relativamente poucos que realmente confiem no Pai Celestial. não significa simplesmente a crença na existência de Deus; significa confiança — é nos colocar em Suas mãos.

A fé, como todas as outras qualidades e virtudes, só cresce por meio do exercício. Aprenda a confiar no Pai em tudo, tanto nas menores coisas da vida quanto nas maiores. Isso significa libertação dos cuidados, medos e preocupações dos quais o mundo está tão cheio: Mente e Coração abertos para receber a verdade de qualquer fonte que venha, acreditando que o bom Deus nos tenha em Sua guarda. Pois quando depositamos nossa confiança em Deus, fazemos uso de uma Lei Divina que nos apoia em todas as provações e problemas da vida. É como se tivéssemos agarrado a Mão Todo-Poderosa, que é capaz de fazer tudo e superar todas as coisas por nós. Estabelece a conexão entre nossa fraqueza e Sua força, que é maior que tudo.

A fé é fraca no início e às vezes é necessário estarmos em estado extremo, antes de podermos pedir ajuda a Deus; porém até mesmo a menor medida de fé fará com que o Pai Celestial venha em nosso auxílio. “A fraqueza do homem é a oportunidade de Deus.”. Ele é O sempre fiel. Lembre-se do que Ele disse: “Nunca te deixarei nem te desampararei”.

A simplicidade desse caminho o faz parecer fácil demais para a maioria dos homens. É que eles procuram grandes dificuldades para superar, no caminho do estabelecimento de uma fé que os conecte ao Pai Celestial. Isso, no entanto, requer alguma simplicidade de caráter, uma Mente semelhante à infantil. Você lembra que o Cristo disse que devamos nos tornar criancinhas? Trata-se, em grande parte, de relaxar, de deixar ir, de afastar da Mente e do coração qualquer fardo ou problema que surgir, olhando simplesmente para Ele e aceitando da Sua Mão o que vier. E não podemos fazer algo mais agradável a Ele ou mais útil a nós mesmos do que exercer essa confiança em todas as condições. E nossa capacidade de fé cresce com esse exercício. Quanto mais o praticarmos, mais fé teremos. Então chegará um momento em nosso crescimento onde não temeremos qualquer coisa — seja neste mundo ou em qualquer outro. Atingiremos o equilíbrio, a paz de espírito e a serenidade de alma, uma tranquilidade de coração que deva ser a antecipação da bem-aventurança Celestial. Perceberemos a suprema sabedoria de permitir que todas as coisas sejam ordenadas pela perfeita Sabedoria e pelo Amor perfeito; perceberemos que nossa própria vontade, devido ao nosso entendimento imperfeito, seja propensa a contrariar Sua Vontade, que sempre objetiva nossa perfeição e felicidade.

“O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que n’Ele confiam.”

“Eu, o Senhor, seguro a tua mão direita, dizendo: não temas; Eu te ajudo.”

“Em todos os teus caminhos, reconheça-O e Ele direcionará teus passos.”

“Quem muito confia no Senhor, feliz é.”

“Embora Ele me mate, eu ainda confio Nele.”

“Tu manterás em perfeita paz aquele cuja Mente esteja firme em Ti, porque ele confia em Ti.”

Há muitas, muitas passagens na Bíblia que nos pedem para confiar n’Ele. Leia o vigésimo terceiro Salmo e o nonagésimo primeiro. O escritor desse texto pode ser muito crédulo, mas acredita que essa confiança seja o remédio soberano para todos os problemas ou perigos, sejam eles ocultos ou não, e que, ao nos apegarmos a Ele, somos mantidos em segurança até o fim.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 05/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Poder Que Flui Através de Nós

O Poder Que Flui Através de Nós

Quando ligamos o ferro elétrico e ele não funciona, examinamos a resistência, o fio ou os fusíveis. Não desesperamos diante do ferro, exclamando: Ó eletricidade, por favor, desça ao meu ferro e faça-o funcionar.

Sabemos muito bem que embora o mundo todo esteja cheio daquela força misteriosa a que chamamos de eletricidade, somente aquela porção que flui ao encontro da resistência do ferro é que o faz funcionar.

O mesmo princípio se aplica à energia criativa de Deus. Todo o universo está cheio dela, mas apenas a porção que flui através de nosso ser realmente nos beneficia.

Muitas vezes tentamos fazer esse poder criador operar em nós por meio de preces e pedidos a Deus para que faça isto ou aquilo. E como Ele não faz nem uma coisa e nem outra, nós concluímos que não há valor na oração, uma vez que Deus age como entende, sem consultar aos nossos desejos. Em outras palavras, duvidamos da disposição ou da habilidade divina em realmente produzir em nossas vidas os resultados que desejamos. Não duvidamos de nossa própria habilidade em chegarmos à Sua Presença e enchermo-nos d’Ela, mas sim de Sua Disposição em chegar-se a nós e encher-nos d’Ele.

Deus está tanto dentro de nós como em nosso redor. Ele é a Fonte de toda a vida, o Criador do Universo com as inimagináveis profundidades interastrais. Mas Ele é também a vida que habita em nosso pequeno Ego. E, assim como todo o mundo cheio de eletricidade não iluminará uma casa a menos que a casa esteja preparada para receber eletricidade, assim a vida infinita e eterna de Deus não nos pode ajudar, a menos que estejamos preparados para receber aquela vida em nós mesmos. Somente a quantidade de Deus que pode caber em nós, a nosso proveito, operará.

“O Reino de Deus está dentro de vós”, disse Cristo Jesus. E a Luz Interna que em nós habita, o lugar secreto da Consciência do Altíssimo em nossos corações é que constituem o Reino de Deus em sua manifestação terrena. Aprender a viver no Reino dos Céus é aprender a acender a luz de dentro de nós.

Devemos aprender que Deus não é um soberano irracional e impulsivo, que quebra suas leis à vontade. Logo que aprendemos que Deus faz coisas por nosso intermédio e não para nós, o assunto se torna tão simples e impressivo como o nascer do Sol.

“Mas Deus é onipotente!”, dizem alguns. “Ele pode fazer o que quer!” Certamente, mas Ele criou um mundo que se rege por leis e Ele não gosta de quebrar essas leis.

Poucos de nós, no hemisfério setentrional, pediriam a Deus a produção de rosas viçosas no ar livre de janeiro. Mas Ele pode fazer isso mesmo se adaptarmos as nossas estufas às condições necessárias para o crescimento da rosa. Também Ele pode produzir viçosas respostas à oração, se nós adaptarmos os tabernáculos terrestres de nossa habitação às Suas Leis de Amor e , de forma que se estabeleçam os pré-requisitos da oração respondida.

Algum dia o mundo virá a entender esse fato da mesma forma que hoje entende o milagre das ondas sonoras, pois, os milagres de uma geração são os lugares comuns da geração seguinte.

Algum dia nós entenderemos os princípios científicos que subjazem aos poderes milagrosos de Deus, e aceitaremos Sua intervenção com tanta naturalidade como aceitamos o rádio.

O Dr. Alexis Carrell, médico e cientista, declara que já viu um câncer desaparecer diante do comando da fé. Isso não foi quebra das leis da Natureza. Foi a superimposição duma lei mais alta da vida sobre outra mais baixa. Foi, portanto, o cumprimento das leis da Natureza. Se se pensa sobre o milagre não como a quebra das leis de Deus, mas como o uso que Ele mesma faz de Suas leis, então o mundo está cheio de milagres.

Já vi pneumonias destruídas em quinze minutos, enquanto a temperatura do paciente caía de 103 ºF ao normal e a respiração exsudava de seu corpo encharcando os lençóis. Isso era quase tão grande milagre como o milagre da geada a desenhar cambiante.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Delineação do Caminho Iniciático: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida – ninguém vem ao Pai senão por Mim”

Uma Delineação do Caminho Iniciático: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida – ninguém vem ao Pai senão por Mim”

Essa frase de Cristo, encontrada no 14º Capítulo do Evangelho de São João, é algo transcendentalmente profundo e significativo a ponto de merecer zelosos estudos e reverente meditação por parte do estudante esotérico. É uma delineação do caminho Iniciático.

Em virtude de São João ter conhecimentos atinentes ao Período Júpiter e pelo fato de ter sido o “discípulo amado” de Cristo, podemos imaginar a grandiosidade de seus ensinamentos. A interpretação dos ensinamentos de Cristo, tais como os apresentados por São João, à luz do ocultismo, distancia-se muito do significado pretendido pelos cristãos populares. Após essa ligeira apreciação, vamos considerar essa frase pelo seu revestimento eminentemente transcendental.

Surge imediatamente dentro da unidade da frase uma trindade. A unidade é o “EU SOU”, desdobrando-se na trindade “O Caminho, a Verdade e a Vida”. Sabemos que o “EU SOU” é o Cristo. Os três aspectos acham-se na trindade.

O que é o “Caminho”? Sem dúvida é o “EU SOU”, o Espírito Perfeito e Absoluto em quem não há trevas, como afirma São João na Primeira Epístola, ao expressar a verdade de que DEUS É LUZ. Também encontramos referência análoga nos primeiros versículos do Evangelho já mencionado, onde lemos algo a respeito do Verbo (O LOGOS), de quem foi feito tudo o que existe. O “EU SOU” é o Espírito Absoluto pelo qual o aspirante deve encontrar o caminho. Por meio do nosso Espírito caminhamos no Espírito de Cristo.

A segunda pergunta é esta: o que é a Verdade do “EU SOU”? Ele intentava dizer aos seres humanos que ninguém conhece a Verdade Absoluta. Ele tinha em si a Verdade, pois achou-se no “ABSOLUTO”. Temos então de encontrar o ABSOLUTO que sempre existiu em Cristo desde o princípio das coisas. O ABSOLUTO apresenta-se pela existência da ETERNIDADE. Essa é a Verdade de que Cristo fala, da existência desde a eternidade do passado para a eternidade do futuro. Assim, a Verdade é a eternidade.

Chegamos assim ao terceiro aspecto da frase: eu sou a vida. Coincide novamente com os primeiros versículos do primeiro Capítulo: e a Luz era a vida dos homens. Cristo é a vida, o terceiro aspecto do “EU SOU” no espírito infinito do Poder, Sabedoria e Criação. A Criação coincide com a vitalidade manifesta, objetiva em todas as criações; por isso o Caminho, a Verdade e a Vida manifestam-se objetivamente. O universo é vitalizado por intermédio de Cristo. “NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS E NINGUÉM VEM AO PAI SENÃO POR MIM”.

Resumindo: o “EU SOU” é o “ESPÍRITO ABSOLUTO”. Seu primeiro aspecto é o Caminho, que é o Seu Espírito. Seu segundo aspecto é a Verdade, que é a Eternidade. Seu terceiro aspecto é a Vida, que é a Sua manifestação objetiva.

Como os três aspectos divinos encontram-se na Centelha Divina do ser humano, deduz-se que ao seu devido tempo o candidato reconheça a união dos aspectos em si mesmo, o que o leva à união com o Cristo e, consequentemente, com o Pai.

(de Francisco F. Preuss – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)

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