Resposta. O Cordão Prateado permaneceu conectado com os veículos superiores de Jesus, que são a Mente e o Corpo de Desejos, e Jesus continuou trabalhando no Mundo do Desejo, até a crucificação de Cristo-Jesus, pois quando o Cordão Prateado é rompido, o influxo de vida aqui na Região Química do Mundo Físico cessa e o Corpo Denso morre. Não é possível transferir a conexão do Cordão Prateado dos veículos superiores de uma pessoa para os de outra. Assim, Jesus esteve conectado com seu Corpo de Desejos pelo Cordão Prateado durante todo o tempo em que Cristo usou o Corpo Denso dele. Isso, no entanto, não prejudicou os movimentos de Jesus, pois o Cordão Prateado, no seguimento entre o Átomo-semente do Corpo Vital e o Átomo-semente do Corpo de Desejos é capaz de extensão ilimitada. Na crucificação ou logo depois dela, o Cordão Prateado foi rompido e a morte do Corpo Denso ocorreu. Então Jesus foi liberado no Mundo do Desejo, levando consigo os Átomos-sementes de todos os seus veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), e Cristo entrou na Terra e Se tornou o Espírito Planetário dela, função que persiste até hoje.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta. Não. A morte só será superada no Corpo Vital; a morte é meramente uma interrupção momentânea na consciência de alguém, enquanto ela é transferida de um mundo para outro: do Mundo Físico para o Mundo do Desejo. Quando tivermos desenvolvido nossos Corpos-Almas o suficiente para que nossa consciência se torne residente neles, então ela será contínua e não será interrompida pelo fim do Corpo Denso.
Para a maior parte da Humanidade isso não ocorrerá até a Sexta Época, que é chamada de Nova Galileia. Então a Humanidade estará em uma condição análoga àquela em que estava nos dias da Época Lemúrica primitiva, quando a consciência estava focada na Região Etérica do Mundo Físico e não estava consciente da morte do Corpo Denso. No entanto, na Sexta Época estaremos na fase ascendente desse Esquema de Evolução, em um estágio mais elevado do que estávamos nos dias da Época Lemúrica.
O Adepto já chegou a esse estágio. Ele aperfeiçoou seu Corpo Vital, na parte superior que é o Corpo-Alma, a tal ponto que ele pode funcionar nele conscientemente em todos os momentos; ele também adquiriu a habilidade de construir um novo Corpo Denso à vontade e entrar nele quando o velho Corpo Denso se desgastar ou quando ele desejar descartá-lo. Assim, o Adepto superou a morte. Mas note que isso não foi feito elevando as vibrações do Corpo Denso para imortalizá-lo.
Corpos Densos se desgastam, mesmo os dos Adeptos, e continuarão fazendo isso… Além do mais, não é desejável que eles sejam imortalizados. É muito melhor que, quando atingirmos um estágio mais elevado de evolução, transfiramos nossa consciência para Corpos Vitais, que são muito mais adequados para nossos propósitos do que Corpos Densos possam ser.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de março/1926 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Resposta: Desde o começo do Período de Saturno nós, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, fomos aprendendo a construir os nossos veículos. Em nossos dias, apesar dos eons de Involução-Evolução, nossos Corpos Densos só possuem cinquenta por cento da sua eficiência. Para podermos avaliar o que serão esses Corpos Densos em seu estágio máximo, é suficiente observar as mudanças e aperfeiçoamentos já constatados, guardando em mente que a espiral evolutiva se torna acelerada, devido à maior experiência já adquirida por nós, que lhe confere eficácia mais extensa.
Em certos tempos, o tato era um “sentido localizado”, análogo aos sentidos de audição, paladar, visão e olfato de nossos dias. O sentir humano efetuava-se, nos primórdios da evolução, por meio de um órgão saliente da parte superior da cabeça que se transformou no órgão que chamamos hoje de Glândula Pineal. Quanto ao tato, já não temos um órgão específico, podendo, assim, sentir pelo Corpo Denso todo. A mesma mudança de “sentido localizado” para capacidade de sentir do Corpo Denso inteiro surgirá para a visão, o olfato, a audição e o paladar.
Mais tarde, ainda, ocorrerá mais uma grande mudança: haverá a união da visão com a audição e, também, por outro lado do paladar e o olfato. Todos se unirão, então, com o tato e todos esses sentidos atuais se transformarão em um saber perceptivo de ordem superior.
Nós aprendemos lições de aperfeiçoamento do Corpo Denso durante as sucessivas vidas aqui na Terra. Construímos um Corpo, o utilizamos em nossa vida e assim descobrimos as imperfeições dele. Por exemplo, o sistema muscular pode estar perfeito, porém as falhas do coração ou do pulmão causarão doenças e enfermidades. Nós, atentos, poderemos modificar as construções dos órgãos que nos causam sofrimentos e dores, quando da elaboração do Arquétipo de uma nova vida. Se o sofrimento foi bastante intenso para chamar a nossa atenção para aquele órgão, nos esforçaremos na construção de um órgão mais perfeito, a fim de que possamos sofrer menos na próxima vida. Dessa forma, em vez de renascimentos perpetuados com órgãos deficientes, há o esforço contínuo de aperfeiçoamento da nossa parte com o intuito de evitar os sofrimentos e as dores. Também a parte externa do Corpo Denso poderá ser aperfeiçoada. Se insistimos em não sermos atentos, estamos sujeitos a passar várias vidas com um rosto deformado, defeitos na coluna, membros desproporcionados até criarmos consciência nesse particular, quando então, remediaremos os defeitos, quando da construção do próximo Arquétipo.
A beleza, a sabedoria e a força são atributos divinos e, também, metas de aperfeiçoamento de cada um de nós em suas passagens pela Terra, vida após vida. Devemos, portanto, tanto descobrir, como aperfeiçoar as falhas do nosso Corpo Denso, da Mente e, também, do nosso Corpo de Desejos em nossa evolução, enquanto estamos aqui nessa mais uma vida terrestre!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1984 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: O Aspirante ao caminho espiritual deverá, primeiramente, fazer um inventário de si mesmo, relacionando os seus “débitos” e “créditos”, isto é, reconhecer e analisar os defeitos que possui, no sentido de gradativamente poder sublimá-los, e racionalmente procurar fortalecer as virtudes de que é possuidor. Desde que a sua habilidade para servir seja determinada pela sua espiritualidade e respectivas aptidões para executar certos tipos de trabalho, é mister então levar avante um regime de automelhoramento, bem como procurar, mediante a prática, tornar-se um perito no serviço que deseja realizar. Autopurificação é o primeiro passo no caminho. Isso compreende purificação ou limpeza dos veículos utilizados pelo Ego para a sua expressão. Asseio, ar fresco, alimentação pura e exercícios adequados são meios necessários para manter o Corpo Denso em boas condições (pois será por meio desse Corpo que você praticará o serviço amoroso e desinteressado, portanto o mais anônimo possível, ao seu irmão e a sua irmã que está próximo de você, sempre esquecendo os defeitos deles e focando na divina essência oculta em cada um de nós, pois essa é a base da Fraternidade). Similarmente, para mantermos o nosso Corpo de Desejos e a nossa Mente em condições ideais, nossos sentimentos, desejos e nossas emoções e nossos pensamentos deverão também ser portadores das mesmas características (desejos, sentimentos e emoções criados a partir de materiais das três Regiões superiores do Mundo do Desejo; e os que forem criados a partir de materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo devo me esforçar para sublimá-los promovendo o seu oposto nas três Regiões superiores do Mundo do Desejo). Exemplos: cultivar um espírito de bondade, sentimentos de alegria, humildade, paciência, calma, tolerância e disposição sempre em servir. Um período regular de oração diária serve como meio de purificação das emoçõese e dos desejos e os Exercícios Esotéricos noturno de Retrospecção e matutino de Concentração são indispensáveis e a parte mais importante a se praticar (como se deve e não como se pensa que é) especificamente com o propósito de desenvolvimento da alma.
Cada Estudante Rosacruz deverá compreender perfeitamente que o conjunto que designamos sob o nome de Fraternidade Rosacruz implica união de todos aqueles que estão integrados ao movimento. Cada pensamento, desejo, emoção, sentimento, palavra, obra, ação e ato reflete sobre o todo. Cada vez que sentimentos e desejos de amor Crístico e compaixão são estimulados, intensificam a vibração do todo, seja executado na aqui ou em qualquer outro lugar do mundo. Toda expressão de qualquer sentimento contrário à harmonia refletirá negativamente sobre o conjunto da Fraternidade Rosacruz. A todo momento estamos auxiliando ou dificultando o trabalho dos Irmãos Maiores e todas as Hierarquias Criadoras que nos ajudam.
Os Estudantes da Fraternidade Rosacruzes são como uma cidade situada no cimo de uma colina, cujas luzes não poderão estar ocultas. A tarefa deles é de se harmonizarem de maneira que emitam apenas uma nota verdadeira.
Quando ocorrer o contrário, isto é, quando agirem de maneira dissonante em relação a tudo aquilo que representa o lado espiritual das coisas, algo de indesejável se constatará dentro da Fraternidade Rosacruz. Então, cada um deverá indagar a si mesmo o que fez para criar tal situação indesejável. Cada um, diante da barra do tribunal da consciência deverá se acusar, porque ninguém está livre de transgredir as Leis de Deus.
Quando uma pessoa renuncia ao “modus vivendi” mundano, e resolve trilhar o caminho que conduz para o alto, todos os olhos se dirigem para ela. Os Anjos se regozijam e o auxiliam, ao passo que as forças do mal lhe armam ciladas na esperança de contemplar sua queda. Muitas vezes tropeçará e por certo também cairá, porém, cada vez que reiniciar a jornada, estará ajudando o conjunto total da Fraternidade Rosacruz. Portanto, cada um deve se esforçar, jamais esmorecendo ante os obstáculos que surgirem, procurando seguir, tão identicamente como possa, a vida de Cristo-Jesus.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1967-Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Não, não é permitido. O paradeiro e os movimentos do augusto líder da Ordem Rosacruz são sempre envoltos em mistério. Se você leu sobre a Iniciação Rosacruz, como está explicado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, você se lembrará de que ele nem aparece em Corpo nos serviços do Templo da Ordem Rosacruz, até onde os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas são capazes de perceber, pois, embora o Templo da Ordem Rosacruz seja construído de Éter e os doze Irmãos Maiores, juntamente com os Irmãos Leigos e as Irmãs Leigas, funcionem em seus Corpos-Alma durante os serviços do Templo da Ordem Rosacruz, a maioria dentre nós é capaz de ver um Corpo formado até mesmo por uma substância tão tênue quanto a matéria mental. Portanto, é evidente que a presença do líder da Ordem Rosacruz é totalmente espiritual, e é dito que ele se manifesta exclusivamente aos doze Irmãos Maiores que, como ele, são capazes de funcionar nos veículos superiores deles.
No entanto, como também foi explicado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, o líder da nossa augusta Ordem Rosacruz está sempre ativo no que se refere aos assuntos do mundo, trabalhando com os governos das nações do mundo ocidental, dirigindo-os pelo caminho apropriado a sua evolução. Para esse fim, ele aparece fisicamente, pelo menos uma certa parte do tempo e, se a memória não me falha, uma Irmã Leiga se aventurou a fazer uma pergunta sobre esse assunto a um dos Irmãos Maiores, logo após a deflagração da guerra[1]. Todos nós presentes ficamos com a respiração suspensa, admirados diante da indiscrição dela. Ela queria saber se Christian Rosenkreuz estava no trono de uma das nações em guerra. O Irmão Maior pareceu muito surpreso com a pergunta, mas disse a ela que tais assuntos não poderiam ser discutidos, pois o menor indício da identidade dele poderia destruir a própria atuação dele. Todavia, ele respondeu à pergunta dizendo que Christian Rosenkreuz não seria encontrado no trono de nenhuma nação e, ao mesmo tempo, insinuou que ele era o poder por detrás do trono. No entanto, não deu nenhum indício que pudesse apontar numa direção particular. É claro que fomos deixados livres para nos entregarmos às nossas próprias especulações, e o autor pensou na Rússia, onde um monge misterioso parecia exercer uma influência estranha que se iniciara por volta do final de 1905, quando Saturno e Marte estavam em Conjunção no Signo de Aquário, que rege a Rússia. Desde aquela época, em que houve grandes tumultos, esse monge obteve uma estranha influência no Império. Nunca falamos sobre isso a ninguém antes, mas agora que soubemos, por meio de um jornal, que a carreira dele terminou, provavelmente não prejudicará ninguém se a nossa conjectura estiver correta. Nesse caso, predizemos que devemos aguardar acontecimentos posteriores e que ouviremos falar novamente no monge de Tomsk. Se estivermos enganados, a especulação não prejudicará ninguém, e nós a daremos e a notícia no jornal apenas somente o que for importante divulgar.
Esse monge foi difamado ao extremo e acusado de todos os crimes registrados, fatos que tornam difícil acreditar que ele era realmente o nosso santo Irmão C.R.C., mas, se refletirmos um pouco, logo perceberemos que uma má reputação pode ser imputada até mesmo ao ser mais espiritual. Cristo Jesus não foi chamado de beberrão (Mt 11:19)? Não se disse d’Ele: “Ele está possuído pelo demônio e está louco.” (Jo 10:20). E Ele não foi crucificado como um criminoso? Não é de surpreender que o monge de Tomsk fosse acusado de ser beberrão e dissoluto? Por que estranhar que ele tenha sido assassinado pela suposta razão de estar influenciando o Czar para que concluísse a paz em separado com a Alemanha?
Há milhões de pessoas na Rússia que o veneram como santo. Ele era o amigo dos pobres. Há outros que procuram taxá-lo de bajulador, hipócrita e impostor, mas uma coisa é absolutamente certa, ele era um homem dotado de um poder extraordinário, pois, de outra forma, não o temeriam.
A citação seguinte, publicada em um jornal enviado por um correspondente, é um dos vários relatos que apareceram em diversos lugares: “um reinado incrível acaba de terminar em Petrogrado. Foi o reinado de um monge. Um simples camponês, Grigori Rasputin, apareceu na capital da Rússia há alguns anos. Veio da Rússia Oriental – a Rússia que penetra na Ásia e compartilha de seu misticismo. Esse monge trilhou o caminho da vitória até alcançar o poder. Jamais saberemos quão grande foi esse poder sobre as vidas de 180.000.000 de pessoas”.
“Sabe-se, contudo, que Grigori Rasputin – agora o chamam de “São Grigori” – enviava ordens explícitas aos ministros, e essas ordens eram obedecidas. Sabe-se que suas recepções no palácio, outrora ocupado pelo Grão-Duque Alexis, eram frequentadas pela nobreza da Rússia – damas de alta linhagem do palácio, por generais em uniformes cintilantes, todos que ocupavam cargos elevados e todos os poderosos do império. Os mais pobres também compareciam com súplicas e petições, que eram atendidas, mediante ordem rubricada de Rasputin e endereçada aos chefes do governo”.
“Diz, também, que esse santo oriundo da Ásia exerceu um misterioso poder sobre a consciência do Czar; que a Czarina curvava sua cabeça imperial diante dos seus decretos; que governantes eram elevados ao céu ou rebaixados ao pó por uma simples palavra sua”.
“E a estranha história desse monge, que trouxe consigo as trevas da Idade Média, não está baseada em boatos. Desde 1912, os representantes do povo russo têm lutado para libertar a Rússia da influência desse Richelieu que mal sabia ler e escrever”.
“O Duma[2] denunciou, repetidamente, as ‘forças obscuras’ que dominavam o palácio. Entretanto, tão poderoso era esse exaltado camponês de Tomsk que ele pôde desafiar os votos unânimes do Duma, exigindo a sua exclusão da vida da Rússia. Tão fortemente ele estava entrincheirado no trono dos poderosos, que pôde emitir um decreto ordenando à imprensa russa que parasse com seus protestos – e pôde impor seu comando”.
“Não há paralelo ao sombrio domínio deste monge, exceto na Idade Média ou na ‘Cidade Proibida’ de Pequim. Na Cidade Proibida, a fortaleza cercada de muralhas dos Manchus, uma concubina viúva, em nossa época, se tornou imperatriz, reinando sobre 400.000.000 de pessoas chinesas. Seu domínio era absoluto. A vaga figura do imperador, nominalmente reinante, foi suplantada pelo poder real da imperatriz-viúva. Tzu-Hsi[3], com o seu rosto de porcelana e seus deslumbrantes trajes, pronunciava as palavras que iriam determinar a vida ou a morte de cortesãos, governadores e vice-reis”.
“O que ocorria por detrás dos muros da Cidade Proibida, ninguém sabia. Uma ou duas mulheres europeias foram admitidas nesse domínio de escravos e eunucos. O relato delas foi extremamente interessante. Essas descrições permitiram vislumbrar um mundo em que os europeus acreditavam ter desaparecido para sempre com o advento da pólvora, das ferrovias e do telégrafo. Mas o mecanismo que movia esse governo de mulheres e escravos permaneceu um mistério. O poder que controlava a vida de 400.000.000 de pessoas permaneceu uma sombra”.
“A história de Rasputin é mais surpreendente do que a história da imperatriz-viúva Tzu-Hsi. O santo homem de Tomsk não dominava um harém oriental estereotipado cercado por elevados muros de tijolos e tradição, mas uma das cortes mais brilhantes da Europa que está presenciando fatos tão trágicos. O império que Rasputin fez estremecer, com suas estranhas pretensões a uma missão divina e poder divino é um dos fatores determinantes de um período decisivo na história da civilização. O seu anacronismo pode muito bem ser considerado incrível”.
“E ainda assim, sem dúvida, esse homem desempenhou, ou tentou desempenhar, um papel dominante, não apenas na Rússia, mas na Europa. Toda a Rússia acredita que há oito anos atrás Rasputin, graças aos seus poderes misteriosos, evitou a deflagração da guerra entre a Rússia e a Áustria-Hungria, no momento em que a questão da Bósnia-Herzegovina atiçou as chamas do ódio e da suspeita ao nível internacional”.
“Na atual crise, em meio ao ambiente solene do Parlamento russo, Rasputin foi acusado de planejar a venda de seu país ao inimigo, por meio da tentativa de uma paz em separado sob condições humilhantes entre a Rússia e os Poderes Centrais. O crime que pôs fim ao seu domínio místico absoluto sobre a Mente e a consciência imperiais foi saudado no Duma e pela imprensa russa como um ato de libertação nacional”.
(Pergunta 157 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
[1] N.R.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial, 1914-1918
[2] N.T.: Assembleia Nacional Russa
[3] N.T.: ou Tseu-Hi (1835-1908), também conhecida como Imperatriz Viúva Cixi ou Imperatriz Viúva Tzu-hsi, foi uma poderosa e carismática mulher que de fato, embora não oficialmente, governou a China da Dinastia Qing durante 47 anos, de 1861 até à sua morte em 1908. Ela era uma das concubinas de status inferior do Imperador Xianfeng quando, em 1856, deu à luz aquele que viria a ser seu único filho, Imperador Tongzhi. Quando o garoto tinha seis anos de idade o pai morreu e ele tornou-se Imperador, mas poucos meses depois um golpe de estado levou Cixi a assumir o poder de fato. Seu governo a princípio tentou combater a corrupção endêmica no país, mas foi marcado pela ocorrência de grandes levantes populares, que devastaram províncias tanto do norte como do sul e foram sufocados com grande brutalidade.
Resposta: Desde que foi publicado, em 1909, o livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz exerceu reconhecida influência no espiritualismo em geral, suscitando até a criação de várias entidades com várias denominações Rosacruzes ou Rosacrucianas independentes, algumas delas dedicadas a inteira divulgação das obras de Max Heindel. Tudo isto é auspicioso, para que se cumpra a missão prevista pelo Irmão Maior da Ordem Rosacruz, quando Max Heindel passou na prova para ser o único mensageiro dos Irmãos Maiores e para isso fundou a The Rosicrucian Fellowship onde se tem um Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz que, se seguido, conduz o Estudante Rosacruz à Ordem Rosacruz com segurança e via o Conhecimento Direto.
Todavia, o que destoa e enfeia é que, no esforço de autoafirmação, alguns “amigos”, em vez de juntar-se conosco, buscam subestimar a Max Heindel, pretendendo haver-lhe enxertado revelações mais altas e atualizadas.
Uma pessoa pequena (por dentro), no esforço de subir, pisa nos outros. Eis uma constatação: se alguém está seguro de si, não precisa se esforçar para “ser”. Ele “já é”! Mas aquele que está inseguro procura diminuir os outros, pensando, com isso, ficar mais alto que eles.
É compreensível que isto suceda nos meios sociais comuns porque ali, como se costuma dizer, é “cada um por si e Deus por todos”: uma competição não fraterna.
Mas, que dizer quando isto parte de alguém que pratica a espiritualidade há muito tempo? Alguém que ocupa a direção de movimentos espiritualistas?
Tempos atrás uma estudante veio me dizer que não queria continuar o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz. Respondi-lhe: “Não há problema. Nem precisa comunicar à Fraternidade Rosacruz. Respeitamos o livre arbítrio. Cada um é livre para entrar e sair, sem qualquer compromisso conosco”. “Aí ela acrescentou: o ‘Conceito’ já está ultrapassado…”. Perguntei-lhe: “A Senhora já o estudou bem?”. Ela disse, sem jeito: “Não… nem o li inteiro. Estou na 4ª lição do Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz. Mas, uma pessoa muito entendida me disse isso”. Calei-me.
Tenho pensado nisso, não por mágoa, mas para meditar sobre o assunto. Lembrei-me da parte introdutória do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, sobre aqueles que não aproveitam uma contribuição ou porque não ouviram falar sobre o tema ou porque não concordam com suas opiniões. Recordei, principalmente, aquela frase no Conceito: “A única opinião digna de ser levada em conta é a que tem, com base, o conhecimento”[1].
Normalmente, há um vestibular para se ingressar numa faculdade (especialmente quando a faculdade tem menos vaga do que candidatos). O vestibular é importante para avaliar os que estão em nível de frequentá-la e aproveitá-la. Há, também, uma “advertência” na “introdução” do “Conceito Rosacruz do Cosmos” (justamente o texto Uma Palavra ao Sábio), para que a pessoa se dispa das pretensões e se torne “como uma criança” para, com a Mente aberta, sem preconceitos, possa aproveitar o conteúdo. Só nesse estado de receptividade (não de inocência) a intuição pode falar; só desse modo a sabedoria interna nos permite sentir o “sabor” da verdade. Só uma Mente aberta descobre a coerência lógica.
Max Heindel é muito modesto. Cônscio de sua responsabilidade, como mensageiro da Ordem Rosacruz, ao fundar a Fraternidade Rosacruz, que é o aspecto humano, preparatório – o cursinho para a “Faculdade” Ordem Rosacruz – sinceramente diz: “Dizer que essa exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente. Até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que eles mesmos se enganam, às vezes, nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor dessa obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes”. O autor não é onisciente, nem os outros são. O Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre este assunto. “à medida que avançamos, se apresentam aos nossos olhos novos aspectos e se esclarecem muitas coisas que, antes, só víamos ‘como em espelho, obscuramente’” (ICor 3:12)” (Conceito).
Prossegue Max Heindel: ” essa obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os Ensinamentos Rosacruzes relativos ao mistério do mundo, revigorados por suas investigações pessoais nos mundos internos, a respeito dos estados pré-natal e pós-morte do ser humano, etc.”. ” tendo-se esforçado o possível para sugerir as ideias verdadeiras, se considera também na obrigação de se defender da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos Ensinamentos Rosacruzes. Sem essa recomendação esse trabalho teria mais valor para alguns Estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que nesse trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão dessa advertência.”. (Conceito)
Por outro lado, diz ele: “Durante os quatro anos decorridos, desde que foram escritos os parágrafos anteriores, o autor continuou suas investigações nos Mundos invisíveis e experimentou a expansão de consciência relativa a esses Reinos da Natureza (…). Pelo que pôde investigar por si próprio, os ensinamentos desse livro estão de acordo com os fatos tais como ele os conhece. (…) A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo. (…) Ao mesmo tempo crê firmemente que todas as outras filosofias do futuro seguirão as linhas mestras dessa filosofia, por lhe parecerem absolutamente certas”. (Conceito).
Vamos, agora, a meditação do assunto “ultrapassado” e “desatualizado”, como também já ouvi de outra escola com o nome de “rosacruz”.
Em primeiro lugar, para avaliar uma obra é preciso estudá-la com a Mente aberta. Depois que se a estuda, a apreciação que dela fazemos é de ordem pessoal: seguindo nosso ponto de vista, porque ninguém pode ver ou perceber além de seu nível interno. É, pois, uma opinião pessoal.
Em segundo lugar, para que nossa apreciação de uma obra seja realmente válida para todos, é indispensável que estejamos acima do nível do autor. Só quem está em nível superior pode apreciar o que está abaixo dele. Pergunto: a pessoa que diz: “O ‘Conceito’ está ultrapassado”, encontra-se acima do nível de Max Heindel? Sabemos que ele alcançou a quarta Iniciação Menor (que dentre outras revelações, capacita o Iniciado a funcionar conscientemente na Região arquetípica do Mundo do Pensamento, onde constatou muitas realidades) e, além disso, teve a assistência de um Irmão Maior, em virtude de sua missão, como fundador da Fraternidade Rosacruz. Alguma dessas pessoas tem mais evolução do que ele? Se não tem, incorrerão naquela falha apontada por um passo evangélico: “A sabedoria se torna estultícia para quem não a percebe”. Um sábio é, muitas vezes, tido por louco, pela maioria ignorante que não o compreende.
Em terceiro lugar: o que é estar ultrapassado? Ou desatualizado? Porque a edição do “Conceito” foi em 1909 e estamos numa época de velocidade? Já ouvi também esse argumento. Fiquei com pena dos Vedas que vem de 8.000 anos antes de Cristo; fiquei com pena dos ensinamentos de Zoroastro, de Buda, de Pitágoras etc.. E a Bíblia? Por que a estudam ainda? Não serão, também, velharias? Verdades anacrônicas?
Dirá alguém, em defesa: “mas a Bíblia é diferente. Lá está escrito: ‘Tudo passará, mas minhas palavras não passarão’”.
Por quê? Por que são verdades eternas? E as de Buda? E as de Zoroastro? E as de Pitágoras?
Em verdade, as realidades constatadas dos Mundos invisíveis não são passageiras. São verdades permanentes. Apenas a sua transmissão aos seres humanos comuns é que merece um modo adequado. Segundo o nível de evolução, os costumes, as tendências etc., os Iniciados transmissores dessas verdades apresentam-nas de modo acessível, em vários graus, atendendo a todos. É como apresentar a mesma pessoa em roupagens diferentes. Assim, a novidade não está na verdade, mas na sua forma de apresentação. Podemos gostar mais de um vestido do que outro, considerando-o mais moderno e atraente: a questão de preconceito, de moda. Já no campo espiritual, a coisa é mais séria, pois o método ou o modo de apresentação de uma filosofia pressupõe razões mais profundas. Por exemplo, a Filosofia Rosacruz tem a finalidade de atender a razão lógica da mentalidade ocidental, a fim de que possamos compreender e aceitar as verdades espirituais e comecemos a falar uma fé racional. Seu campo há de estender-se por muitos séculos, conforme diz Max Heindel: “As linhas mestras desta Filosofia orientarão as filosofias do futuro”. Em questão espiritual, o fator tempo entra numa dimensão muito mais ampla. De fato, embora os Evangelhos tenham transmitido os ensinamentos orais do Cristo há mais de 2.000 anos atrás, quem pode dizer de sã consciência, que os segue cabalmente? Quem pode dizer-se Cristão no profundo sentido de quem vive os ensinamentos do Mestre?
Daqui depreendemos o sentido de atual ou presente; de desatual ou passado. Enquanto não atingimos a vivência de algo, estamos aquém dele. Nesse caso, tal ensinamento está no futuro em relação a nosso nível de ser. Quando o atingimos, o conhecimento se torna presente. E só quando o ultrapassamos é que ele se torna passado. Pergunto: Quem ultrapassou o “Conceito”? Quem realizou o que ali se ensina? Respondam as pessoas que procuram justificar suas escolas como superiores. Não são as palavras que dão gabarito, mas o nível de “ser”.
Em ciência, quando uma mentalidade avançada (muitas vezes inspirada pelos Irmãos Maiores, que são os guardiões dos poderes) descobre novos princípios, anulando erros anteriores, dizemos que houve evolução: ultrapassamos conceitos tidos por certo, mas que se revelaram parcial ou totalmente falsos. No campo espiritual, mais elevado, as probabilidades de engano se tornam menores, ainda mais que lá tomamos contato com a realidade mesma e não com sua enganosa aparência física. Daí que as obras sérias atravessem séculos e milênios, atendendo a evolução de certo período. Quando mudam é mais na forma de apresentação, como dissemos.
Enfim, nenhuma realidade deixa de sê-lo, pelo simples fato de que a neguem alguns. Os seres humanos estão limitados a seu nível e muitas vezes cometem imprudência de atacar o que não alcançam, pela pretensão de justificar sua verdade relativa como padrão universal.
Isso nos honra. Como disse alguém: “Por que fulano me critica? Nunca lhe fiz nenhum bem!”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1976 – Fraternidade Rosacruz SP)
[1] N.R.: O texto “Uma Palavra ao Sábio” das primeiras páginas do livro Conceito Rosacruz do Cosmos: O fundador da Religião Cristã emitiu uma máxima oculta quando disse: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10:15). Todos os ocultistas reconhecem a imensa importância desse ensinamento de Cristo, e tratam de “vivê-lo” dia a dia.
Quando uma nova filosofia se apresenta ao Mundo é encarada de forma diferente pelas mais diversas pessoas. Algumas se apoderam avidamente de qualquer novo esforço filosófico, procurando ver em que proporção ele serve de apoio às suas próprias ideias. Para essas a filosofia em si mesma é de pouca valia. Terá valor se reforçar as SUAS ideias. Se a obra os satisfizer a esse respeito, adotá-la-ão entusiasticamente, a ela aderindo com o mais desarrazoado partidarismo. Caso contrário, afastarão o livro, aborrecidos e desapontados como se o autor os tivesse ofendido pessoalmente.
Outras adotam uma atitude cética tão logo descobrem que a obra contém alguma coisa a cujo respeito nada leram nem ouviram anteriormente, ou sobre a qual ainda não lhes ocorrera pensar. E, provavelmente, repelirão como extremamente injustificável a acusação de que sua atitude mental é o cúmulo da autossatisfação e da intolerância. Contudo, esse é o caso, e desse modo fecham suas Mentes à verdade que eventualmente possa estar contida naquilo no que rejeitam.
Ambas as classes se mantêm na sua própria luz. Suas ideias pré-estabelecidas os tornam invulneráveis aos raios da Verdade. A tal respeito “uma criança” é precisamente o oposto dos adultos, pois não está imbuída do sentimento dominador de superioridade, nem inclinada a tomar aparência de sábio ou ocultar, sob um sorriso ou um gracejo, sua ignorância em qualquer assunto. É ignorante com franqueza, não tem opiniões preconcebidas nem julga antecipadamente, portanto é eminentemente ensinável. Encara todas as coisas com essa formosa atitude de confiança a que denominamos “fé infantil”, na qual não existe sombra de dúvida, conservando os ensinamentos que recebe até comprovar para si mesmo a certeza ou o erro.
Em todas as escolas ocultistas o aluno é primeiramente ensinado a esquecer de tudo o que aprendeu ao lhe ser ministrado um novo ensinamento, a fim de que não predomine o juízo antecipado nem o da preferência, mas para que mantenha a Mente em estado de calma e de digna expectativa. Assim como o ceticismo efetivamente nos cega para a verdade, assim também essa calma atitude confiante da Mente permitirá à intuição ou “sabedoria interna” se apoderar da verdade contida na proposição. Essa é a única maneira de cultivar uma percepção absolutamente certa da verdade.
Não se pede ao aluno que admita de imediato ser negro determinado objeto que ele observou ser branco, ainda que se lhe afirme. se pede a ele sim, que cultive uma atitude mental suscetível de “admitir todas as coisas” como possíveis. Isto lhe permitirá pôr de lado momentaneamente até mesmo aquilo que geralmente se considera um “fato estabelecido”, e investigar se existe algum outro ponto de vista até então não notado sob o qual o objeto em referência possa parecer negro. Certamente ele nada considerará como fato estabelecido, porque compreenderá perfeitamente quanto é importante manter a sua Mente no estado fluídico de adaptabilidade que caracteriza a criança. Compreenderá, com todas as fibras do seu ser, que “agora vemos como em espelho, obscuramente” e, como Ajax, estará sempre alerta, anelando por “luz, mais luz”.
A grande vantagem dessa atitude mental quando se investiga determinado assunto, ideia ou objeto, é evidente. Afirmações que parecem positivas e inequivocamente contraditórias, e que causam intermináveis discussões entre os respectivos partidários, podem, não obstante, se conciliar, conforme se demonstra em exemplo mais adiante. Só a Mente aberta descobre o vínculo da concordância. Embora essa obra possa parecer diferente das outras, o autor solicitaria um auditório imparcial, como base, para julgamento subsequente. Se, ao ponderar esse livro, alguém o considerasse de pouco fundamento, o autor não se lamentaria. Teme unicamente um julgamento apressado e baseado na falta de conhecimento do sistema que ele advoga, ou que diga que a obra não tem fundamento, sem, previamente, lhe dedicar atenção imparcial. E deve acrescentar, ainda: a única opinião digna de ser levada em conta precisa se basear no conhecimento.
Há mais uma razão para que se tenha muito cuidado ao emitir um juízo: muitas pessoas têm suma dificuldade em se retratar de qualquer opinião prematuramente expressa. Portanto, se pede ao leitor que suspenda suas opiniões, de elogio ou de crítica, até que o estudo razoável da obra convença do seu mérito ou demérito.
O Conceito Rosacruz do Cosmos não é dogmático nem apela para qualquer autoridade que não seja a própria razão do Estudante. Não é uma controvérsia. Publica-se com a esperança de que possa ajudar a esclarecer algumas das dificuldades que no passado assediaram a Mente dos Estudantes das filosofias profundas. Todavia, a fim de evitar equívocos graves, deve ser firmemente gravado na Mente do Estudante que não há, sobre esse complicado assunto, qualquer revelação infalível que abranja tudo quanto está debaixo ou acima do sol.
Dizer que essa exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente. Até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que eles mesmos se enganam, às vezes, nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor dessa obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes.
A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo, e a tal respeito o autor adquiriu algum conhecimento durante os muitos anos que consagrou exclusivamente ao estudo do assunto. Pelo que pôde investigar por si próprio, os ensinamentos desse livro estão de acordo com os fatos tais como ele os conhece. Todavia, tem a convicção de que o Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre esse assunto e de que, à medida que avançamos, se apresentam aos nossos olhos novos aspectos e se esclarecem muitas coisas que, antes, só víamos “como em espelho, obscuramente” (Jo 1:3). Ao mesmo tempo crê firmemente que todas as outras filosofias do futuro seguirão as linhas mestras dessa filosofia, por lhe parecerem absolutamente certas.
Ante o exposto, compreender-se-á claramente que o autor não considera essa obra como o Alfa e o Ômega, ou o máximo do conhecimento oculto. Embora tenha por título “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, deseja o autor salientar com firmeza que essa filosofia não deve ser entendida como uma “crença entregue de uma vez para sempre” aos Rosacruzes pelo fundador da Ordem ou por qualquer outro indivíduo. Convém enfatizar que essa obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os Ensinamentos Rosacruzes relativos ao mistério do mundo, revigorados por suas investigações pessoais nos mundos internos, a respeito dos estados pré-natal e pós-morte do ser humano, etc. O autor tem plena consciência da responsabilidade em que incorre quem, bem ou mal, guia intencionalmente a outrem, desejando ele se precaver contra tal contingência e, também, prevenir aos outros para que não venham a errar.
O que nessa obra se afirma deve ser aceito ou rejeitado pelo leitor segundo o seu próprio critério. se pôs todo o empenho em tornar compreensíveis os ensinamentos e foi necessário muito trabalho para poder expressá-los em palavras de fácil compreensão. Por esse motivo, em toda a obra se usa o mesmo termo para expressar a mesma ideia. A mesma palavra tem o mesmo significado em qualquer parte. Quando pela primeira vez o autor emprega uma palavra que expressa determinada ideia, apresenta a definição mais clara que lhe foi possível encontrar. Empregando as palavras mais simples e expressivas, o autor cuidou constantemente de apresentar descrições tão exatas e definidas quanto lhe permitia o assunto em apreço, a fim de eliminar qualquer ambiguidade e para apresentar tudo com clareza. O Estudante poderá julgar em que extensão o autor logrou o seu intento. Entretanto, tendo-se esforçado o possível para sugerir as ideias verdadeiras, se considera também na obrigação de se defender da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos Ensinamentos Rosacruzes. Sem essa recomendação esse trabalho teria mais valor para alguns Estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que nesse trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão dessa advertência.
Max Heindel
Pergunta: Na primeira lição enviada por Max Heindel ele diz algo a respeito de podermos cancelar em determinadas circunstâncias, os compromissos que temos com nosso destino. Gostaria de saber o seguinte: Quais são essas determinadas circunstâncias? Suponho que posso, atualmente, construir para o futuro, e que posso controlar as coisas que tem lugar em minha consciência de acordo com a quantidade de vontade que eu tenha em fazer o que é correto, e o desejo que empregue em apoio dessa vontade. Mas, que dizer das más influências? Que dizer de alguém que leva a vida de uma pessoa comum e se extravia nos maus caminhos? Não estará ela se enredando em algo de onde não poderá escapar? Ou poderá, por meio de um esforço para superar sua natureza inferior construindo um caráter melhor, livrar-se das consequências de suas más ações? Esta é uma questão sobre a qual tenho discutido muito com uma amiga minha. Ela sustenta a ideia de que se nós sabemos que nos está destinado um acidente ou um contratempo de qualquer espécie, nós podemos evitá-los simplesmente nos afastando dos locais onde poderiam ocorrer, mas eu não creio que assim possamos evitar o passado. Se pudéssemos não construiríamos nosso caráter fugindo de todas as coisas. É verdade ser este um ponto de vista mais ou menos fatalista do assunto, mas eu creio que devo receber minha purgação como um ser humano. Tenho lutado em vão contra isso e sinto-me, às vezes, desgostoso por ser tão fraco.
Resposta: Há um ponto importantíssimo a respeito do assunto e que parece não ter sido levado em conta na pergunta acima, embora tenha sido clara e enfaticamente explicado em nossa literatura. “Todas as Leis da Natureza, incluindo a Lei da Consequência em suas aplicações na vida humana, estão sob a administração de Seres excelsos, de sublime espiritualidade e superlativa sabedoria”. Essa lei não age cegamente seguindo o princípio de “olho por olho e dente por dente”. Esses grandes Seres e seus agentes administram todas as coisas com uma sabedoria que foge da compreensão de nossas Mentes limitadas. Verificou-se, contudo, que sempre que há um desejo, uma tendência ou uma possibilidade de evitar uma colheita de amargura decorrente de certo Destino Maduro, tais planos são sempre limitados por uma mudança correspondente feita pelos administradores invisíveis da Lei de Consequência.
Encontramos no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz o exemplo de um conferencista que foi avisado por Max Heindel de que sofreria um acidente ferindo-se em certas partes do corpo, caso saísse de casa em determinado dia, e de como ele se esqueceu; pensou que o dia 28 fosse 29, viajou a outra cidade para pronunciar uma conferência e se feriu num acidente ferroviário, tal como fora predito. Esse homem havia sido prevenido, acreditou no aviso e pretendia evitar o acidente, mas indubitavelmente o sofrimento decorrente daquele acidente lhe era necessário como uma expiação de certas más ações. Por isso os agentes da Lei de Causa e Efeito fizeram como que ele tivesse se esquecido do dia do mês.
Este princípio também opera de outro modo. Muitas pessoas parecem pensar que não há meios de evitar a colheita do passado, mas há. Já frisamos repetidas vezes o fato de que Deus, a Natureza ou os agentes dessa grande Lei de Consequência, não desejam “nos massacrar”. Estamos aqui, nesta grande Escola da Vida, salvaguardados por essas Leis da Natureza. Elas são feitas para nosso benefício e não para nosso prejuízo, embora de certo modo elas nos limitem, como limitamos as liberdades de nossos filhos com o fito de resguardá-los dos perigos da indiscrição. Quando, por nossas ações passadas, acumulamos certa quota que deve ser saldada em algum tempo futuro, e então percebemos nosso erro, viramos uma nova página e passamos a viver em harmonia com a Lei anteriormente violada, e com esse ato limpamos a lousa dos nossos pecadilhos passados. Os agentes da grande Lei de Consequência, ao verem que cessamos de proceder de modo errôneo neste caso particular não nos infringiriam sadicamente o sofrimento. Devemos nos lembrar sempre o seguinte: todas as Leis da Natureza estão sob uma administração semelhante, divina e inteligente, pois neste ponto é que reside a diferença entre os pontos de vista fatalista e espiritual. A mão de Deus, através de Seus agentes, está em toda parte, desde as maiores coisas, como o percurso de um Planeta em sua órbita, até aos pormenores mais triviais como a queda de um pardal. É um fato real que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser” (At 17:28). Estamos, em tudo, sob Sua proteção amorosa e, portanto, nada nos pode acontecer que não esteja em harmonia com Seu grande Plano Divino. E esse Plano, certamente, não pode ser fatalista!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz agosto/1966 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Pergunta: Na Revista Rays from the Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship de janeiro de 1916, você responde a uma pergunta sobre “Como podemos diferenciar entre as experiências ilusórias de um sonho comum e as experiências reais de um Auxiliar Invisível”. Em resposta a essa pergunta você diz, em uma parte, o seguinte. “suponha que alguma noite, estando fora do seu Corpo Denso, você conheceu uma pessoa e que, talvez, tenham trabalhado juntos por semanas ou meses; no decorrer da conversa você descobre que esse colega mora em Nova York ou Londres e você teve a oportunidade de visitá-lo lá, enquanto funcionava em seu Corpo Denso. Suponhamos ainda que se tornou necessário que você fizesse uma viagem de negócios à cidade onde seu colega estava. Você, um Auxiliar Invisível, conta a ele sobre essa viagem em uma de suas excursões noturnas. Ele o convida para ser seu hóspede durante sua estada naquela cidade e você aceita o convite.
No dia seguinte, você parte para o seu destino e, na chegada, pega um carro conforme orientação dele, desce na esquina que você já conhece tão bem, sobe até a casa, bate à porta e seu colega vem ao seu encontro. Ele o pega pela mão fisicamente, como sempre fez etericamente nos Mundos invisíveis. Você começa imediatamente a falar sobre coisas que fez fora do Corpo Denso e vocês se conhecem tão bem quanto velhos colegas do Mundo Físico; ou em outras palavras, você continua o relacionamento no Corpo Denso, exatamente como se formou fora dele, nos Mundos invisíveis.” (Veja o texto completo dessa pergunta no final).
Mas não é possível que um amigo nos Mundos invisíveis possa estar consciente lá e lhe fazer tal convite, embora seja incapaz de levar sua consciência até o estado de vigília, de modo que, quando você se apresentar à porta dele, de acordo com o convite recebido nos Mundos invisíveis, ele olhará para você sem expressão e não saberá do que você está falando?
Resposta. Sim, o assunto está bem entendido. Há várias pessoas que ficam bastante conscientes fora do Corpo Denso, à noite, e ainda assim são incapazes de trazer suas experiências para o estado de vigília. Mas no caso mencionado a prova seria tão boa para o inquiridor como se ele fosse recebido de braços abertos, pois encontrou a casa pela descrição dada enquanto estava fora do Corpo Denso; além disso, ele conheceu fisicamente o homem que havia conhecido no Mundo do Desejo. Portanto, é irrelevante para ele o que diz respeito à prova de que seu amigo dos Mundos invisíveis não o reconheceu no Corpo Denso; além disso, se o amigo lhe disse algo que ele não pudesse saber de outra fonte, ele poderá convencer fisicamente o outro da realidade da experiência psíquica à qual ele se referiu e talvez ajudá-lo, mais tarde, a trazer sua consciência para o Mundo Físico.
Mas é perigoso interferir em tais assuntos e devemos exercer a máxima cautela para evitar a experiência desagradável de ser interpretado como impostor ou charlatão. O autor, certa vez, teve uma experiência de natureza um tanto semelhante e como há um ponto importante e uma lição envolvidos talvez não seja inadequado relatá-los.
Há muitos anos, este escritor viu na convenção de uma sociedade oculta um homem a quem chamaremos de senhor X. Ele era evidentemente rico e proeminente, enquanto o autor era pobre e obscuro, por isso nos movíamos em esferas diferentes e não nos conhecíamos. Anos mais tarde, o autor encontrou os Ensinamentos Rosacruzes na Alemanha e após sua Iniciação conheceu vários Irmãos Leigos. Entre eles estava o senhor X, que pertencia então a um grau superior, dentro do nível de Irmão Leigo, ao do autor. Conversamos sobre muitas coisas de interesse comum e o senhor X disse que morava em uma cidade dos Estados Unidos da América, esperando que nos encontrássemos lá algum dia. Isso foi calorosamente destacado pelo autor, pois ele acreditava que, quando encontrasse o senhor X pessoalmente, aquele cavalheiro lhe explicaria muitas coisas e lhe ensinaria o que ele, um jovem neófito, não sabia, porque naquela época não era proficiente em transportar todas as suas experiências dos Mundos invisíveis para a consciência física.
Aproximadamente um ano depois, o autor chegou à cidade mencionada pelo senhor X e amigos em comum lhe disseram que o senhor X aguardava ansiosamente a sua chegada. Agora lembre-se, o autor conhecia o senhor X fisicamente, mas o senhor X nunca conheceu o autor fisicamente. No entanto; quando nos conhecemos, caminhamos um em direção ao outro e apertamos as mãos como velhos amigos. Nós nos sentamos e começamos a conversar como se nos conhecêssemos há muito tempo e não havia algo que pudesse avisar o autor de que o senhor X não se lembrasse das nossas experiências nos Mundos invisíveis, até que, de repente, uma observação trouxe uma expressão de espanto total para o rosto do senhor X, que exclamou: “Como assim? Do que você está falando?”. Descobriu-se então que o senhor X não se lembrava de um único incidente de suas experiências nos Mundos invisíveis. Ele apenas tinha visto este autor na convenção e lembrou; portanto não precisou de uma apresentação.
Surgiu então uma questão muito intrigante para ambos, o autor e o senhor X. “Como é possível que alguém seja um Irmão Leigo da Ordem Rosacruz e não saiba sobre isso?”. Mais tarde, a investigação revelou que a admissão do senhor X ao Templo da Ordem Rosacruz havia ocorrido em uma vida anterior, mas que a indulgência com certos hábitos nesta vida tivesse embotado seus centros cerebrais de modo que nenhuma experiência do Auxiliar Invisível pudesse ser transportada para a consciência física.
Há duas coisas importantes a serem aprendidas com essa experiência. Em primeiro lugar, devemos ser muito cautelosos quando nos dirigimos a amigos dos Mundos invisíveis estando no Corpo Denso, até que seja definitivamente estabelecido o fato de que ambos possam levar adiante suas experiências. A segunda, e provavelmente a mais valiosa lição, é que devemos pagar o preço, se quisermos manter a consciência das nossas viagens noturnas. Nesse caso cabe o ditado “Não podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Se nos entregamos à gratificação dos sentidos, desperdiçando nossa energia e vitalidade nos chamados prazeres mundanos, só podemos culpar a nós mesmos quando, ao mesmo tempo, não fazemos progresso espiritual.
(Por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio de 1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
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Pergunta: Como podemos diferenciar entre as experiências ilusórias de um sonho comum e as experiências reais de um Auxiliar Invisível? Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em certos lugares, fazendo um trabalho definido, enquanto o Corpo Denso estava dormindo na cama?
Resposta: Sim, se você realmente esteve fora do seu Corpo Denso e conseguiu reter essa memória até a hora de acordar, pode haver uma série de maneiras pelas quais você pode provar a si mesmo e, também, aos outros, se desejar, que você foi, pelo menos naquela ocasião, liberado de seu Corpo Denso, sendo capaz de funcionar como um Espírito livre no espaço.
Para os que não estão familiarizados com a nossa Filosofia Rosacruz, vamos dar algumas informações básicas para ajudar o entendimento: nós não somos apenas esse Corpo Denso (o corpo físico) que vemos com nossos olhos físicos, mas que possuímos veículos feitos de texturas mais finas nos quais somos capazes de funcionar, quando o Corpo Denso é colocado para descansar, durante o sono. É, de fato, a nossa retirada do Corpo Denso, junto a nossa consciência e aos veículos mais sutis, que induz o sono. Na maioria das pessoas, o Espírito, vestido com seus veículos mais sutis (os dois Éteres superiores do Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente), paira perto do Corpo Denso, quando esse está em repouso. Geralmente medita sobre os assuntos do dia, mas não parece ter muito interesse em qualquer coisa relativa a isso, até que, pela constância de se fazer os Exercícios Esotéricos Rosacruzes, o estudo da Filosofia Rosacruz e por viver uma vida reta – aplicando o conhecimento Rosacruz adquirido -, dedicada ao serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – a cada irmão e irmã ao seu lado, é gradualmente despertado para a realidade da vida fora do Corpo Denso.
Aqui cabe um alerta: se a pessoa seguiu o caminho do desenvolvimento espiritual negativo, passivo que é se deixando ser possuído (parcial ou totalmente) por Espíritos desencarnados (irmãos e irmãs que, depois de morrerem aqui, ao invés de partirem para o Purgatório, vivem Apegados à Terra), também conseguirá funcionar fora do Corpo Denso, mas é muito perigoso, pois ele não tem controle nenhum (ao contrário, é possuído pelo que chamamos de Espíritos de controle) e é uma presa fácil para ser obsidiado por tais Espíritos. Tudo depende do temperamento da pessoa em questão, pois nosso caráter não é alterado pelo fato de irmos dormir; nós somos lá, no Mundos invisíveis, o que somos aqui, no Mundo visível. É uma máxima dos Ensinamentos Rosacruzes: “Espírito de Luz não ‘baixa’, não toma o Corpo Denso de uma pessoa, nem parcial, nem totalmente, seja qual seja a razão que se justifique”. Há outros modos muito mais eficazes e que respeita as Leis de Deus.
No entanto, há ocasiões em que um homem ou uma mulher se torna tão interessado no trabalho deste Mundo que, ao adormecer, ele ou ela (o Ego) não consegue se desvencilhar inteiramente do Corpo Denso. Está meio dentro e meio fora, em contato com as cenas dos Mundos invisíveis e ainda ruminando as ocorrências do dia anterior. Então, temos aquele estado de consciência confuso que chamamos de sonhos e esses constituem as experiências noturnas da maioria das pessoas. Mas, quando, como já foi dito, começamos a estudar a Filosofia Rosacruz e, acima de tudo, a viver uma vida de serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – a cada irmão e irmã ao seu lado durante o dia; quando realizamos, principalmente, os dois Exercícios Esotéricos Rosacruzes: noturno de Retrospecção e matutino de Concentração com fidelidade e zelo, um dos primeiros sintomas da verdadeira consciência durante a noite, e das experiências nos Mundos invisíveis, é o de sonhos caóticos e ilusórios se tornarem lógicos e racionais. Quando esse estágio é alcançado, nunca nos vemos andando com a cabeça debaixo do braço ou perseguindo uma vaca em um poste, porque sentimos que ela deveria se empoleirar no topo do poste, ou realizar truques idiotas desse tipo; mas descobrimos nós mesmos vivendo normalmente e lá fazendo as coisas da mesma maneira que faríamos aqui, salvo por certos fatos, tais como se desejamos ir de um lugar a outro, não andamos a pé nem de carro, mas simplesmente, pelo próprio pensamento, nós nos elevamos no ar e nos deslizamos pelo espaço até chegar ao destino. Então, não somos impedidos por portas trancadas ou janelas fechadas, mas vamos diretamente, passando pela parede, para os cômodos onde desejamos estar e começamos a fazer o trabalho para o qual fomos até lá.
Além disso, podemos descobrir que o espaço e a distância quase deixaram de existir e que uma viagem até um amigo sofredor a alguns milhares de quilômetros de distância leva apenas um momento; contudo, essas coisas não indicam que estamos apenas tendo um sonho ilusório e comum, pois, como dissemos, tais são as leis dos Mundos invisíveis que viajamos a uma velocidade maior do que a eletricidade, sempre que desejamos. Não há peso para os veículos invisíveis (Corpo-Alma, Corpo de Desejos e Mente) aos nossos olhos físicos. É nossa vontade que determina nosso lugar em relação à Terra. Podemos andar na rua ou planar sobre os telhados à vontade. Além disso, como é bem sabido que os átomos de todas as substâncias físicas não se tocam de fato, mas, digamos, nadam no mar de Éter, é perfeitamente possível a nós (o Ego, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui), livre do nosso Corpo Denso, passar nossos veículos invisíveis pelos interstícios entre os átomos de uma parede de tijolo ou cimento, como Cristo fez quando apareceu aos Discípulos, depois que a porta do aposento onde estavam foi trancada.
Tendo esses fatos na sua Mente, suponha que alguma noite, estando fora do seu Corpo Denso, você conheceu uma pessoa e que, talvez, tenham trabalhado juntos por semanas ou meses; no decorrer da conversa você descobre que esse colega mora em Nova York ou Londres e você teve a oportunidade de visitá-lo lá, enquanto funcionava em seu Corpo Denso. Suponhamos ainda que se tornou necessário que você fizesse uma viagem de negócios à cidade onde seu colega estava. Você, um Auxiliar Invisível, conta a ele sobre essa viagem em uma de suas excursões noturnas. Ele o convida para ser seu hóspede durante sua estada naquela cidade e você aceita o convite.
No dia seguinte, você parte para o seu destino e, na chegada, pega um carro conforme orientação dele, desce na esquina que você já conhece tão bem, sobe até a casa, bate à porta e seu colega vem ao seu encontro. Ele o pega pela mão fisicamente, como sempre fez etericamente nos Mundos invisíveis. Você começa imediatamente a falar sobre coisas que fez fora do Corpo Denso e vocês se conhecem tão bem quanto velhos colegas do Mundo Físico; ou em outras palavras, você continua o relacionamento no Corpo Denso, exatamente como se formou fora dele, nos Mundos invisíveis.
Essa é uma das formas de comprovar a realidade de suas experiências durante o período em que o Corpo Denso dormia. Embora tenhamos colocado o caso hipoteticamente, não é totalmente assim. O autor, por exemplo, teve tais experiências em vários casos. Um deles foi contado no panfleto “Nosso Trabalho no Mundo”[1] e, não relatando essas experiências apenas para fofocar, às vezes há um objetivo a ser obtido por meio do testemunho pessoal e, por isso, repetimos o relato aqui:
“Na época em que o autor tinha, sem ter dado conta, é claro, passado pelo teste estabelecido pelos Irmãos Maiores para ver se ele provaria ser verdadeiro como o mensageiro deles, um desses Irmãos Maiores, que já havia entrado em contato comigo quando a porta do quarto estava trancada, apareceu novamente e me notificou que havia sido selecionado para promulgar os Ensinamentos Rosacruzes, que deveria receber no Templo da Ordem Rosacruz, na Região Etérica do Mundo Físico. Para chegar àquele lugar, ele me orientou a seguir, na manhã seguinte, para certa estação ferroviária, em Berlim, comprar uma passagem para um lugar do qual eu nunca tinha ouvido falar e pegar um trem que iria para lá em um determinado horário. Assim, parti na manhã seguinte para a estação ferroviária mencionada, comprei a passagem para o referido destino e descobri que o trem partia no horário que nosso visitante me havia informado. Ao chegar ao destino, encontrei o próprio Irmão Maior revestido com seu Corpo Denso e, por ele, fui conduzido aos arredores do Templo da Ordem Rosacruz, que não é composto de material da Região Química do Mundo Físico, mas etérico – ou seja formado de material da Região Etérica do Mundo Físico – e, portanto, invisível para as pessoas da vizinhança, que não estão cientes de que a Grande Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental estava localizada entre elas.
O autor não estava dormindo quando o Irmão Maior entrou em seu quarto e deu as instruções que o levaram à reunião, nem ele foi capaz de focalizar sua visão espiritual à vontade ou deixar seu Corpo Denso, quando isso fosse desejado. Essas faculdades foram despertadas no momento da primeira Iniciação Menor, que ocorreu no Templo da Ordem Rosacruz, logo depois; mas o Irmão Maior, nesse caso, se materializou o suficiente para permitir ao autor vê-lo e, portanto, a experiência não prova o que pode acontecer quando o Corpo Denso está dormindo, mas demonstra que, no momento em que o autor recebeu as instruções acima mencionadas, ele não estava sob alucinação e isso prova que é possível, para um Espírito livre, entrar em uma sala e ali se materializar para determinado propósito, como os Auxiliares Invisíveis, não raramente, têm que fazer.
Quando o autor diz “prova”, ele quer dizer, é claro, que provou esse fato a si mesmo. Cada um deve obter essa prova pessoal e esses fatos não podem ser “provados” para outra pessoa. O testemunho é dado apenas com o propósito de mostrar como tais coisas acontecem.
Ao relatar experiências pessoais, talvez não esteja fora de contexto dizer que uma vez esse escritor foi capturado por uma câmera. Vocês sabem que a câmera capta vibrações etéricas e que, embora muitas das chamadas fotografias de Espíritos sejam imposturas, há também as reais. O incidente em questão aconteceu quando o autor estava em um hospital, simplesmente recuperando-se de um colapso sério causado por vários anos de estudo muito rigoroso e excesso de trabalho. Antes disso, não tínhamos experiências psíquicas, mas em uma manhã de domingo, quando um querido amigo estava partindo para a Europa, nós nos sentimos particularmente solitários e intensamente desejosos de ver nosso amigo.
De repente, como num passe de mágica, nós nos encontramos fora da cama, olhando para o pobre Corpo Denso definhado que jazia inerte e adormecido; contudo, não sentimos medo e tudo parecia estar bem. Levados dali pelo desejo, que originalmente nos libertara do Corpo Denso, viajamos em uma fração de segundo os 32 quilômetros até o porto de San Pedro, onde nos encontramos no navio, com nosso amigo. O barco estava prestes a partir e, nesse momento, um amigo em comum ligou uma câmera na praia. Quando o filme foi revelado, o rosto do escritor, com uma barba crescida de várias semanas, adquirida no hospital, era claramente visível. Desde então, essa foto foi reconhecida por um número dos nossos conhecidos que nem mesmo foram informados, e é provável que esse caso pudesse realmente ser estabelecido de tal maneira que constituísse uma prova quase legal, pois poderia ser facilmente demonstrado que o autor estava no hospital, quando o amigo dele, que estava a bordo daquele navio (que também está na fotografia, é claro), estivesse partindo e a foto foi feita. No entanto, o velho ditado: “um ser humano convencido contra sua vontade não muda sua opinião” é tão verdadeiro que, sem dúvida, uma grande porcentagem das pessoas a repudiaria como impostura, de qualquer maneira. Então, qual é a utilidade? A convicção deve vir de dentro, antes de ser aceita.
Também foram dadas algumas provas do fato de que algumas pessoas estão conscientes fora do Corpo Denso, em algumas das revistas Rays from the Rose Cross anteriores. Entre outras, o Dr. Stuart Leech [2], no número de setembro da Rays from the Rose Cross, conta a experiência que teve quando um de seus pacientes estava em estágio crítico por causa de apendicite. Tanto ele quanto os outros dois médicos visitaram o menino usando os seus veículos invisíveis, durante a noite, ajustando a situação para que, ao chegarem à consulta na manhã seguinte, encontrassem o menino perfeitamente bem. Também publicamos a história da Srta. Kerin [3], que foi curada milagrosamente por um Auxiliar Invisível. Ela foi vista em outras ocasiões ajudando os doentes e feridos nos campos de batalha da Europa, como muitos dos Auxiliares Invisíveis estão fazendo atualmente. Assim, há testemunho considerável sobre a evidência de que as pessoas que ainda vivem em seus Corpos Densos, durante o dia, estejam engajadas no trabalho espiritual durante a noite e que suas experiências, transportadas para a consciência desperta através da memória, não são sonhos ilusórios, triviais.
Entretanto, você pode perguntar: “Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em determinado lugar, fazendo determinado trabalho?”. Você pode estar em algum lugar, fazendo algo e, ao acordar, deseja saber se foi um sonho ou um fato. Se for esse o seu caso, aconselhamos que, da próxima vez que se encontrar fora do Corpo Denso em algum lugar, em sua cidade natal, por exemplo, você possa, no dia seguinte, ir a esse local e observar alguns pequenos detalhes que possa reconhecer depois.
Suponha que você se encontre na sala de espera de uma estação ferroviária, em sua cidade. Conte as janelas da sala, conte os bancos e preste atenção especial na disposição deles; observe o lugar onde a cabine telefônica fica, se houver uma, e quaisquer outras coisas que você não tenha notado em suas visitas anteriores ao local e que não possam ser alteradas por alguém antes que você possa chegar lá na manhã seguinte. Anote os fatos o mais rápido possível para que não escapem da sua Mente e, a seguir, conforme sua conveniência, vá até a estação, entre na sala de espera e lá, conte as janelas, observe a disposição dos bancos, a cabine telefônica, etc. Isso, por si só, vai dar a você uma razão justa para acreditar que esteve lá durante a noite, se você descobrir que acertou no que trouxe da visita noturna para a vida diurna, pela memória. Se o lugar onde você se encontra, quando está fora do Corpo Denso, é a casa de um amigo, o que também acontece ocasionalmente, siga o mesmo método de anotar detalhes a que você não prestou atenção em suas visitas anteriores. Conte as cadeiras da sala, observe se há algum arranhão ou sinal na mobília que possa ser facilmente reconhecido em uma ocasião posterior e assim por diante, de acordo com as sugestões de sua própria engenhosidade. Dessa forma, você sem dúvida encontrará a prova que deseja ou o conhecimento de que se enganou ao acreditar que esteve lá.
(Por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
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[1] – Capítulos XX, XXI e XXII do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz:
CAPÍTULO XX – NOSSO TRABALHO NO MUNDO – Parte I – (Publicado em maio, 1912)
Observando o progresso dos trabalhos da Fraternidade Rosacruz concluímos que ele não resulta dos esforços exclusivos de alguns membros. Ele é produto do trabalho conjunto dos Irmãos Maiores e de todos os membros da Fraternidade Rosacruz. Na dedicação a essa missão encontramos uma excelente oportunidade para o desenvolvimento da alma.
Não temos o direito de uso exclusivo do alimento espiritual, como não temos o direito exclusivo do alimento material. Devemos dar a todos a oportunidade de cola¬borar neste trabalho, seja física, mental ou financeiramente. De acordo com o tempo, talento, aptidão e condições de cada um.
Por outro lado, compreendemos a importância da nossa participação, sem a qual a obra poderá ficar incompleta. Nesse caso seremos servos improdutivos dos Irmãos Maiores. A carga é superior à nossa capacidade de suportá-la. Portanto, para prosperarmos, a Grande Obra necessita de muitos colaboradores. Assim sendo, nesta lição vamos repassar o histórico do trabalho efetivado até hoje. Dessa forma os Estudantes podem vislumbrar uma real perspectiva das linhas do futuro trabalho. Será necessário abusar do pronome “Eu”. Peço aos Estudantes a bondade e a compreensão para serem pacientes comigo neste caso. Ninguém menos aprecia introduzir um elemento pessoal do que o autor, mas no caso presente parece ser inevitável.
Temos deixado claro em nossa literatura, como ensinamento axiomático, que cada objeto no universo visível é a corporificação de um pensamento invisível pré-existente. Fulton[1] construiu um barco a vapor e Bell[2] um telefone. O pensamento criador precedeu os primeiros modelos construídos em madeira e metal. Do mesmo modo, um escritor planeja e idealiza um livro antes de escrevê-lo.
Uma Ordem de Mistérios também deve idealizar e planejar sua filosofia espiritual para suprir as necessidades das pessoas que foi encarregada de servir. Esse trabalho pode levar séculos.
As investigações científicas são realizadas no isolamento dos laboratórios. As conclusões provenientes dos resultados experimentais não são divulgadas até estarem devidamente comprovadas. Esse rigor é necessário para assegurar e promover os avanços no âmbito da ciência. Analogamente os ensinamentos espirituais, destinados a incrementar o desenvolvimento de certo conjunto de almas afins, não são divulgados a todos enquanto não ficar bem demonstrada sua eficácia entre os estudiosos e pesquisadores.
Como as invenções, também as teorias ou projetos passam pelo estágio experimental. A menos que comprovem alguma utilidade, serão rejeitados. Também um ensinamento espiritual deve atingir um ponto de perfeição para ser divulgado e utilizado no trabalho do mundo. Se não for assim, sucumbe. Esse tem sido o método utilizado para divulgar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Foram formulados pela Ordem Rosacruz com o objetivo de encontrar ressonância com a Mente extremamente intelectualizada dos irmãos da Europa e da América.
Há séculos, nosso venerado Fundador elegeu doze Irmãos Maiores para colaborarem com essa obra. Todos, provavelmente, empenharam-se no estudo retrospectivo da evolução histórica das linhas de pensamento do ser humano. Elaboraram um inventário abrangendo, talvez, vários milênios. Dessa forma, consolidaram, com fundamentos, uma concepção apurada da direção que provavelmente assumiriam as Mentes das gerações futuras. Puderam também antever suas inclinações e necessidades espirituais. Analisando o contexto dentro de diversos ângulos, procuravam identificar os pecados dominantes em nossos dias. Chegavam sempre na inequívoca conclusão: “Orgulho intelectual, intolerância e impaciência diante das limitações e restrições”.
Formularam uma filosofia capaz de satisfazer os apelos do coração e ao mesmo tempo capaz de corresponder aos clamores do intelecto. Enfatizaram a importância do domínio próprio como o melhor meio para vencer as limitações humanas.
Recebemos milhares de cartas de apreço de diferentes cantos do mundo, das altas esferas às camadas mais baixas. Atestam o desejo ardente da alma e a satisfação proporcionada pelos ensinamentos.
Mas, à medida que o tempo passa, daqui a cinquenta anos, talvez um século ou dois, quando as descobertas científicas confirmarem muitas das afirmações contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, quando a inteligência da maioria se tornar ainda mais aberta, os Ensinamentos Rosacruzes darão satisfação espiritual a milhões de Espíritos que buscam esclarecimento.
Neste caso, percebemos como é indispensável o prudente e criterioso cuidado dos Irmãos Maiores, antes de confiarem tão importante missão a qualquer um. Os ensinamentos serão divulgados apenas em momentos decisivos para as futuras épocas. Como as sementes são plantadas no começo do ciclo anual, também uma semente filosófica, como os Ensinamentos da Rosacruz, deve ser plantada na primeira década do século quando se inicia um novo ciclo. As publicações devem respeitar esses períodos. Se passar o prazo, aguarda-se outro momento oportuno.
O mensageiro dos ensinamentos escolhido em 1905 foi considerado inapto. Então, os Irmãos Maiores se voltaram para mim. Fui testado e aprovado em 1908. Desde então venho recebendo seus ensinamentos. O livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos” foi publicado em novembro de 1909, pouco antes do fim da primeira década. Exatamente um ano e um mês antes.
Amigos organizaram o manuscrito original e fizeram um trabalho esplêndido. Entretanto, é claro, ainda era preciso revisá-lo antes de destiná-lo ao trabalho de impressão. Depois li as provas já impressas, corrigi e encaminhei para nova impressão. Tornei a lê-las e os erros foram corrigidos. Depois de paginadas, li novamente. Dei instruções ao pessoal da gráfica sobre os desenhos e a correta posição de cada um nas páginas no livro, etc.
Levantava-se às seis horas da manhã e trabalhava até o início da madrugada, normalmente entre meia-noite e três horas da madrugada. Assim foi durante semanas. Tudo em meio a confusões intermináveis envolvendo comerciantes e o ruído de Chicago agredindo meus ouvidos. Muitas vezes cheguei ao limite de minha resistência nervosa. Ainda assim consegui concentrar-me e redigi muitos temas novos para o “Conceito”.
Eu teria sucumbido não fosse o apoio dos Irmãos Maiores. Era obra deles e eles me forneceram todo suporte. Minha função era trabalhar até o limite de minhas forças e capacidade, deixando o resto aos cuidados deles. Contudo, eu era quase uma ruína quando essa tarefa se consumou.
Talvez agora todos entendam a minha atitude no que se refere ao “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Mais do que ninguém, permaneço extasiado diante de seus maravilhosos ensinamentos, e posso fazê-lo sem falsa modéstia porque o livro não é meu, ele pertence à Humanidade. Inclusive nem parece que fui eu que o escrevi. Sinto-me absolutamente impessoal no assunto. Minha tarefa é cuidar de sua correta publicação e dos direitos autorais com o intuito de protegê-lo contra deturpações.
Contudo, logo que seja possível encontrar depositários responsáveis e competentes, a Fraternidade Rosacruz será incorporada. Todos os meus direitos autorais passarão para a instituição, juntamente com tudo mais que me pertença, pois faz parte do acordo com os Irmãos que qualquer lucro resultante da obra, a ela deve reverter.
Aceitei essa condição voluntariamente. Nem eu nem a Sra. Heindel visamos ganhos materiais. A nós importa somente o suficiente para levar adiante esse trabalho. A abençoada missão é para nós a melhor recompensa. É mais preciosa do que qualquer dádiva material.
Entre algumas opiniões e tolices publicadas sobre a Ordem Rosacruz, destaquemos uma que afirma uma grande verdade: Ela anseia curar os doentes.
Antigas ordens Religiosas acreditavam no flagelo do corpo como meio para se alcançar o desenvolvimento espiritual. Os Rosacruzes, pelo contrário, demonstram o maior zelo por esse instrumento. Um corpo saudável é indispensável para a manifestação de uma Mente sã.
Curar os enfermos e pregar os evangelhos da Era de Aquário são as duas atividades fundamentais para os zelosos seguidores de Cristo, e todos esperam ansiosamente pelo “dia do Senhor”. Com esse Espírito norteamos a totalidade do nosso trabalho no mundo.
Os Irmãos Maiores sabem que o abuso da força sexual, estimulado pelos Espíritos Lucíferos, deixa sequelas no corpo. A perversão do amor (luxúria) é responsável por doenças e debilidades. Por isso, o Método Rosacruz de Cura ensina a manter saudável o Corpo Denso. Somente um Corpo são pode hospedar uma Mente sadia e um coração pleno de amor puro. A concepção sem mácula proporciona corpos cada vez mais puros e abrevia o advento do Reino de Cristo. Somente a pureza pode libertar o Espírito da carne. Lembremos: “A carne e o sangue não podem herdar o Reino dos Céus.”.
Pregar o Evangelho (da próxima Era) é tão necessário quanto Curar os Enfermos. O sistema de cura desenvolvido pelos Irmãos Maiores combina as melhores técnicas e métodos praticados por diversas escolas atuais. Conta com um método de diagnose e tratamento tão exato quanto simples. Assim foi dado um grande passo para elevar e promover o trabalho na área da cura. Como dizem: das areias da experiência às rochas do conhecimento exato.
Na noite de nove de abril de 1910, quando a Lua Nova transitava por Áries, o Mestre apareceu em meu quarto e disse que uma nova década (ciclo) havia começado naquela noite. Na noite anterior, minhas obrigações com o recém-inaugurado Centro da Fraternidade de Los Angeles haviam terminadas.
Viajei e proferi conferências seis noites por semana, além de algu¬mas tardes. Depois da experiência em Chicago na época da edição, adoeci e afastei-me do trabalho em público para descansar e recuperar o vigor físico. Tinha ciência dos perigos envolvidos quando abandonava conscientemente meu corpo enfermo. O Éter está muito desvitalizado e o cordão prateado pode romper-se com facilidade. A morte, sob tais condições, causaria os mesmos sofrimentos que o suicídio. Por isso, previne-se sempre o Auxiliar Invisível para permanecer em seu corpo quando este está enfermo. Mas, por solicitação do Mestre, eu ficava de prontidão para os voos da alma até o Templo. Neste ínterim, alguém ficava incumbido de cuidar do meu corpo ainda debilitado.
CAPÍTULO XXI – NOSSO TRABALHO NO MUNDO – Parte II
Como foi exposto anteriormente em nossa literatura, há nove graus dos Mistérios Menores – em qualquer escola – e a Ordem Rosacruz não é exceção. O primeiro deles corresponde ao Período de Saturno e os exercícios correspondentes são realizados no dia de Saturno, aos sábados, à meia-noite. O segundo grau corresponde ao Período Solar, e este rito específico é celebrado aos domingos. O terceiro grau corresponde ao Período Lunar, e é celebrado às segundas-feiras à meia noite; e assim sucessivamente com os restantes sete graus. Cada um corresponde a um Período e tem, por isso, o dia apropriado para a sua celebração. O oitavo grau é celebrado nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. O nono grau nos Solstícios de Junho e Dezembro.
Quando um Discípulo se torna um Irmão ou Irmã Leiga, ele, ou ela, é introduzido ao ritual celebrado nas noites de Sábado. A Iniciação seguinte faculta-os assistir os Serviços do Templo, à meia noite dos domingos, e assim por diante.
Note-se que, embora todos os Irmãos e Irmãs Leigas, nos seus corpos espirituais, tenham livre acesso ao Templo durante todos os dias, eles são proibidos de entrar nos serviços da meia-noite nos graus superiores.
O Templo não está sob qualquer vigilância. Não há exigência de palavra-passe para quem desejar entrar. Entretanto, há um muro invisível ao redor do Templo. Impenetrável para aqueles que ainda não receberam o “Abre-te Sésamo”. Cada noite esta muralha é edificada de modo diferente. Por isso se alguém, por engano ou por esquecimento, quiser entrar no Templo quando o grau vibratório da reunião está acima de seu nível, aprenderá uma lição muito pouco agradável: é possível bater a cabeça contra uma muralha espiritual.
Como já foi dito, o oitavo grau oficia-se nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. Quem não alcançou esse estágio não está, naturalmente, credenciado para o Serviço da meia-noite, é o caso do autor destas linhas. A elevação de grau depende de mérito, não pode ser comprada. Exigia um desenvolvimento espiritual muito além do que possuo atualmente. Não obstante o meu esforço e aspiração para atingir esse estágio, preciso ainda dedicar-me por muitas vidas.
Portanto, o leitor entenderá que na noite de Lua Nova em Áries em 1910, quando o Mestre veio me buscar, não foi para levar-me àquela exaltada reunião do oitavo grau, mas a outra, de diferente natureza. Além disso, aquela reunião ocorreu à noite, na Alemanha, e eu estava na Califórnia, com outro fuso horário. Portanto, os exercícios da Lua Nova foram celebrados algumas horas antes. Por isso, quando cheguei ao Templo com o Mestre, o Sol já estava alto nos céus.
Entramos no Templo. Depois passei algum tempo numa conversa a sós com o Mestre. Então, ele fez um esboço da missão da Fraternidade. Como porta-voz dos Irmãos, discorreu sobre as diretrizes do movimento.
A nota-chave da missão consistia em evitar a obstrução da liberdade pessoal. Hierarquia e regras são importantes e cheias de boas intenções, mas não devem ser castradoras e nem opressoras. As tentações do poder e da vaidade não podem ser subestimadas. Sistemas rígidos de organização caminham rapidamente para a cristalização e morte.
Portanto, a liberdade de pensar, discernir e escolher é prioritária e deve ser franqueada aos membros da Fraternidade. Todo membro deve ser encorajado a emancipar-se e conquistar autoconfiança. Se o livre-arbítrio sofrer violência e empalidecer, o objetivo da Ordem Rosacruz estará frustrado.
Leis e estatutos são limitações. Quando realmente houver necessidade, devem conter o menor número possível de regras. O Mestre até pensou na possibilidade de abster-se delas.
Baseados nesse Espírito de liberdade, imprimimos em nosso papel timbrado: “UMA ASSOCIAÇÃO Internacional de Cristãos Místicos”.
Notemos que há uma grande diferença entre uma associação, que é inteiramente composta por voluntários, e uma organização que vincula os membros a votos, cargos, promessas, etc.
Os que assumiram o compromisso como Probacionistas na Fraternidade Rosacruz sabem que esse Compromisso é uma promessa a eles próprios e não à Ordem Rosacruz. O mesmo cuidado para assegurar o máximo da liberdade individual evidencia-se em todas as etapas da Escola de Mistérios Ocidental.
Nós não temos Mestres. Quando, eventualmente, empregamos o termo Mestre é por consideração e respeito. Na verdade, Eles são nossos amigos e nossos Professores. Sob nenhuma condição exigem obediência a alguma ordem, nem nos impelem a fazer isto ou aquilo. Quando muito nos aconselham, deixando-nos livres para escolher e decidir.
Posso dizer que esta política de não organizar já está sendo adotada nos centros de estudos em Columbus, Ohio, Seattle, Washington e Los Angeles[3]. Desde então, tenho ido mais além nessa diretriz, tentando divulgar os ensinamentos por meio de uma Sede Mundial, em vez de formar novos centros em diversas cidades.
Em alguns lugares, grupos de Estudantes desejam reunir-se para estudos e elevação espiritual. Para auxiliar nesse propósito, a Sede fornece-lhes toda assistência possível, mas como já foi dito, não tenho mais me empenhado na formação de centros de estudos. Agora deixo os Estudantes decidirem. Dessa maneira sentem-se mais estimulados e emancipam-se com mais rapidez.
Agora abordaremos outro tema fundamental: o inovador Serviço de Cura da Fraternidade. Como vivemos num mundo concreto, vinculados às condições materiais, necessitamos de uma Sede e de um Templo de Cura. A Sede deve ser estruturada em harmonia com as leis do país que a acolhe. Também deve ser coerente com a sociedade onde está inserida. Assim o produto da obra pode ficar disponível para o uso da Humanidade depois que os líderes atuais se tenham desprendido da vida física.
Até aqui não pudemos evitar situações severas onde firmes decisões foram tomadas para viabilizar a criação da Sede, mas a associação deve permanecer livre, sem restrições.
Insistimos na questão da liberdade. Mas, é somente com esse compromisso que poderemos alcançar maior crescimento espiritual e vida mais longa. No entanto, é triste considerar que, embora sejam essas as nossas intenções, chegará o dia em que a Fraternidade Rosacruz terá o mesmo destino de todos os outros movimentos: ficará atada por regras, e a usurpação de poder a conduzirá fatalmente à cristalização e consequente desintegração. Mas é um consolo saber que de suas ruínas surgirá algo maior e melhor. Assim como ela surgiu de outras importantes estruturas que já tiveram sua utilidade e agora estão em vias de extinção.
Depois do encontro com o Mestre, entramos no Templo onde os doze Irmãos estavam presentes. A configuração do ambiente era bem diferente do encontro anterior. Entretanto, não há necessidade de detalhar o local.
É importante descrever a presença de três esferas suspensas, uma sobre a outra, no centro do Templo. A esfera central situava-se exatamente entre o piso e o teto e era a maior delas. As outras duas estavam suspensas uma acima e a outra abaixo da esfera central.
Além da visão física, há outras formas de visão: a etérica ou raio-X; a visão da cor que nos abre o Mundo do Desejo; a visão tonal que revela a Região do Pensamento Concreto. Esse tema está plenamente explanado no livro “Os Mistérios Rosacruzes”.
Meu desenvolvimento da visão espiritual das Regiões do Pensamento Concreto era muito insuficiente até a sucessão de eventos já mencionados. De fato, quanto melhor for a nossa saúde, tanto mais apegados estamos ao Mundo Físico. Isso inibe a faculdade de entrar em contato com as regiões espirituais. Pessoas que dizem: “Não estive doente um único dia em minha vida”, revelam estar perfeitamente sintonizadas com o mundo material e, portanto, menos capacitadas para ingressar nos reinos espirituais.
Essa foi minha situação até o ano 1905. Sofri dores atrozes durante toda a vida, consequência de uma cirurgia na perna esquerda realizada na infância. A ferida não cicatrizava. Quando abandonei alimentos com carne então fiquei curado e a dor desapareceu.
Minha resistência e paciência foram grandes durante todos esses anos e nunca dei demonstrações de sofrimento. Mas, fora isso, gozava fisicamente de perfeita saúde. É interessante notar também que quando eu sofria qualquer acidente e me cortava, o sangue escorria e não coagulava. Em consequência muito sangue se perdia. No entanto, depois de dois anos adotando uma dieta pura e equilibrada, quando acidentalmente fiquei sem uma unha inteira, perdi só umas poucas gotas de sangue e pude escrever à máquina na mesma tarde sem qualquer infecção, e uma nova unha logo cresceu.
A edificação da parte espiritual da nossa natureza produz, muitas vezes, distúrbios em nosso Corpo Denso. Este fica muito mais sensível às condições do ambiente e, portanto, o resultado pode ser um esgotamento. A resistência física me conservou de pé por meses. Chegou o momento em que o descanso era necessário, porém isso não foi possível e ultrapassei o limite das minhas forças. Sobreveio o esgotamento total, fui conduzido às portas da morte.
A morte definitiva consiste na irreversível ruptura do laço entre o Corpo Físico e os Corpos sutis. Na aproximação desse estado especial de transição, na iminência de ocorrer o desligamento da matéria, podemos receber instruções sobre a ciência de retirar-se do corpo. Goethe, o grande poeta alemão, recebeu sua primeira Iniciação quando seu corpo se achava debilitado e à beira da morte.
Quando fui abatido pela enfermidade, ainda não havia progredido o suficiente no caminho espiritual. Mas a dedicação aos estudos, aspirações e um exercício praticado por muito tempo, e que naquela época acreditava tê-lo inventado, mas agora já sei, vem de tempos remotos, contribuíram para que pudesse abandonar o meu corpo por um curto espaço de tempo e regressar logo em seguida. Não sei como fazia isso, e nem podia fazê-lo voluntariamente. Contudo, isso não vem ao caso.
Um ponto relevante deve ser ressaltado. A saúde perfeita é necessária antes de conseguirmos equilíbrio nos Mundos Espirituais. Entretanto, quanto mais forte e vigoroso o instrumento, tanto mais drástico será o método para debilitá-lo. Em decorrência, as condições de saúde oscilam durante anos até atingirem o devido ajuste. Assim, aprendemos a conservar a saúde enquanto estamos ativos no Mundo Físico e, ao mesmo tempo, adquirimos a capacidade de atuar nos reinos superiores.
Assim aconteceu comigo. A sobrecarga de trabalho tanto físico como mental, sem trégua até hoje, tem deixado o meu instrumento físico longe de um estado saudável. Amigos alertam-me e tenho tentado considerar suas admoestações. Mas, o trabalho urge e deve ser executado. Enquanto não houver suficiente ajuda, sou obrigado a continuar, apesar da saúde. Em todos os aspectos a Sra. Heindel tem sido uma companheira inestimável.
No entanto, desenvolvi uma capacidade crescente de atuar nos Mundos espirituais, mesmo com a saúde precária. Como já afirmei, na ocasião dos principais acontecimentos aqui narrados, minha visão tonal era mediana e principalmente limitada às subdivisões inferiores da Região do Pensamento Concreto. Uma pequena ajuda dos Irmãos naquela noite permitiu-me entrar em contato com a quarta região, o lar dos arquétipos. Lá compreendi as lições relativas ao mais alto elevado ideal da Fraternidade Rosacruz e, também, sobre sua missão na Terra.
Pude ver nossa Sede e uma multidão de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receber seus ensinamentos. Pessoas também de lá saiam para levar lenitivo aos aflitos próximos e distantes.
Neste mundo é necessário dedicar um bom tempo investigando e estudando para se adquirir conhecimento sobre qualquer assunto. Mas, na Região Arquetípica do Mundo do Pensamento, a voz de cada arquétipo transporta consigo a rica emissão de conteúdos daquilo que ele representa. Ao mesmo tempo ele carrega de impressões a consciência espiritual. Portanto, nessa noite recebi um entendimento muito além do poder de expressão das palavras.
O mundo em que vivemos é regido pelo ritmo do tempo. Enquanto no reino superior dos arquétipos tudo é um eterno agora. Os arquétipos não revelam seu conteúdo numa sucessão de fatos ao longo do tempo, tal como uma história é narrada aqui. Eles imprimem sobre a consciência uma concepção instantânea e completa da ideia em questão. Com clareza e consistência muito superior a qualquer pormenorizada narrativa. Não ousei mencionar esses fatos na ocasião em que ocorreram. Dedicarei o próximo capítulo a essa tarefa.
CAPÍTULO XXII – NOSSO TRABALHO NO MUNDO – Parte III
Relembremos importante tema dos Ensinamentos Rosacruzes: “A Região do Pensamento Concreto é o reino do som”. É o lar da música celestial, da harmonia das esferas. Esse oceano sonoro envolve e interpenetra tudo e todos, assim como a atmosfera da Terra circunda e envolve todas as coisas terrestres. Nessa região tudo que existe está banhado e impregnado de música, tudo vive e cresce pela música. A PALAVRA de Deus ressoa e modela os diversos protótipos de todas as coisas corporificadas na dimensão terrestre.
No piano, cinco teclas pretas e sete brancas formam a oitava. Além dos sete Globos nos quais evoluímos durante um Dia de Manifestação, existem cinco Globos escuros pelos quais atravessamos durante as Noites Cósmicas. Em cada ciclo de vida e por algum tempo, o Ego recolhe-se no mais denso destes cinco, o Caos, o mundo sem forma onde nada permanece. Apenas os centros de força conhecidos como Átomos-sementes prosseguem. No começo de um novo ciclo de vida, o Ego desce novamente até a Região do Pensamento Concreto, onde a “música das esferas” sincronicamente coloca em vibração os Átomos-sementes.
Há sete esferas. São os sete Planetas de nosso Sistema Solar. Cada Planeta tem sua nota-chave e emite um som particular, diferente de todos os demais. Os tons de todos os Planetas participam na construção de um organismo completo. Entretanto, um deles vibra em singular consonância com os Átomos-sementes do Ego durante o processo de renascimento. Então, esse Planeta corresponde à nota “tônica” da escala musical. É o Astro mais harmonioso para esse Ego. É o regente da nova vida em formação. É sua Estrela Guia. As vibrações sonoras dos demais Astros adaptam-se à frequência sonora dessa nota tônica ou nota-chave.
Como na música terrestre, na celestial há harmonias e dissonâncias. A música entoada pelos Astros reverbera nos Átomos-sementes e direciona a construção do arquétipo dos corpos em vias de encarnar. Assim se formam as linhas vibratórias de força. Essas linhas atraem e organizam as partículas físicas durante a vida. Acontece algo semelhante quando um arco de violino coloca em vibração partículas minúsculas espalhadas sobre um prato de latão. Podemos ver a formação de figuras geométricas.
O Corpo Denso é gradualmente formado segundo as linhas arquetípicas definidas por um conjunto de vibrações. O Corpo Denso é a fiel expressão da harmonia das esferas, modelado conforme as melodias entoadas durante o período de sua construção.
Este período, contudo, é muito mais longo do que o período real da gestação, e varia de acordo com a complexidade da estrutura requerida pela vida em busca de manifestação física.
Tampouco o processo de construção do arquétipo é contínuo. Existem acordes inacessíveis aos diapasões vibratórios dos Átomos-sementes, sons que eles ainda “não sabem ouvir” e, portanto, não podem entrar em ressonância com eles. Quando os Aspectos Astrais entoam esses acordes “incompreensíveis”, o arquétipo simplesmente permanece em compasso de espera e “sussurra” os acordes que já foram incorporados na sua estrutura. Conforma-se em aguardar os sons dos acordes coerentes com o projeto de construção dos órgãos necessários à sua própria expressão.
Concluindo, os organismos terrestres são formados segundo linhas vibratórias produzidas pela música das esferas. Habitamos um corpo composto por órgãos. Cada órgão está associado a um Astro ou vibração sonora.
Estamos em condições de bem compreender que as enfermidades são, na verdade, manifestações de dissonâncias ou desarmonias sonoras, cuja causa, provém primeiramente de uma desarmonia espiritual interna.
Há um fator notável para nós. Se conhecermos com exatidão a causa direta da desarmonia, podemos saná-la. Fica evidente que a manifestação física da doença em breve desaparecerá.
Todavia, é justamente esta a preciosa informação dada pelo horóscopo de uma pessoa. Cada Astro, ocupando uma casa terrestre e Signo celeste, expressa harmonia ou discórdia, saúde ou doença. Portanto, todos os métodos de cura são eficazes apenas na proporção em que levam em consideração as harmonias e discordâncias estelares manifestadas na roda da vida, o horóscopo.
Em circunstâncias normais as Leis da Natureza governam os reinos inferiores com pleno poder. Não obstante, há leis superiores relativas aos reinos espirituais. Em determinadas circunstâncias as leis superiores podem suplantar as inferiores. Por exemplo, a lei superior do Perdão dos Pecados. O reconhecimento dos erros, acompanhado de sincero arrependimento, pode suplantar a inferior e severa lei: “olho por olho e dente por dente”.
Quando Cristo veio em missão ao nosso Planeta, curava os enfermos. Sendo Ele o Senhor do Sol, incorporou em Si mesmo a síntese das vibrações estelares, como a oitava incorpora todos os tons da escala. Ele pôde, portanto, emitir de Si a correta influência planetária corretiva requerida em cada caso. Sentia a desarmonia e imediatamente sabia como equilibrá-la graças ao Seu elevado desenvolvimento. Não necessitava de preparação adicional e obtinha resultados instantâneos. Substituía a dissonância planetária, a causa da doença, pela harmonia correspondente. Apenas num único caso Ele recorreu às leis superiores e disse: “Levanta-te, teus pecados estão perdoados.”.
Do mesmo modo, o Serviço de Auxílio de Cura da Fraternidade Rosacruz emprega métodos baseados nas dissonâncias astrais. Desse modo, constata-se as causas das doenças e aconselha-se as medidas corretivas para curá-las. Esse procedimento tem sido suficiente, e eficaz, em todas as solicitações de cura recebidas até hoje.
Contudo, existe um método mais poderoso e acessível que, sob uma lei superior, pode acelerar a recuperação nos casos mais crônicos e demorados. Em determinadas circunstâncias, quando existe o reconhecimento sincero e profundo do erro, podemos até erradicar uma futura doença sentenciada pelo frio e inflexível destino.
Quando observamos com a visão espiritual algum enfermo, esteja seu Corpo Denso debilitado ou não, torna-se claro para o Clarividente a fragilidade dos veículos mais sutis. Em relação ao estado normal de saúde eles estão muito mais debilitados e, consequentemente, não conseguem transferir a dosagem necessária de vitalidade para o Corpo Denso. Portanto, por falta de revitalização, o Corpo Denso perde vigor.
No entanto, conforme o estado de abatimento de todo Corpo Denso, determinados centros ficam obstruídos na proporção da gravidade da doença. Segundo o grau de desenvolvimento espiritual da pessoa, esses centros também ficam com a saúde fragilizada.
Isto acontece principalmente no centro principal situado entre as sobrancelhas. Nesse local está enclausurado o Espírito. Em alguns casos está tão aprisionado, com a consciência totalmente voltada para sua débil condição, que perde contato com o mundo exterior. Nesse caso, somente a completa ruptura do Corpo Denso poderá libertá-lo. Mas pode ser um processo demorado.
No decorrer do tempo, a desarmonia planetária causadora do início da doença, vai diminuindo até desaparecer. Mas o sofredor crônico é incapaz de aproveitar novas influências. Em tais casos, é necessária uma efusão espiritual especialíssima para levar a mensagem à alma: “Teus pecados estão perdoados.”. Quando isso for ouvido, a pessoa poderá responder à ordem: “Toma tua cama e anda.”.
Ninguém da presente Humanidade pode sequer comparar-se à estatura de Cristo, consequentemente, ninguém pode exercer Seus poderes em casos tão extremos. No entanto, a necessidade desse poder em ativa manifestação está presente tanto hoje quanto a dois mil anos atrás.
O Espírito envolve e impregna nosso Planeta. Em diferentes dimensões permeia a tudo e a todos, do centro até a superfície da Terra. Tem maior afinidade por algumas substâncias do que por outras. Sendo uma emanação do Princípio de Cristo, é o Espírito Universal compondo o Mundo do Espírito de Vida que restaura a completa harmonia de todo corpo.
Uma substância foi mostrada ao autor no Templo dos Rosacruzes na noite memorável já mencionada. O Espírito Universal combinava-se e unia-se a essa substância de maneira simples e rápida. Tal como o amoníaco interage com a água.
Dentro da grande esfera central, mencionada em lição anterior, havia um recipiente menor contendo vários pacotes repletos dessa substância. Quando os Irmãos se colocaram em determinadas posições, e a harmonia emprestada por uma música já havia preparado o ambiente, repentinamente os três Globos começaram a brilhar nas três cores primárias, azul, amarelo e vermelho. O recipiente, contendo os já mencionados pacotes, tornou-se luminoso durante a entoação das fórmulas mágicas. Para a visão do autor ficou evidente a ação de uma essência espiritual que antes não se encontrava lá. Em seguida os Irmãos empregaram essa essência espiritual no Serviço de Cura. O êxito foi instantâneo. As partículas cristalizadas, que envolviam os centros espirituais do paciente, dissiparam-se como por mágica, e o doente despertou sentindo o restabelecimento da saúde e o bem-estar físico.
[1] N.T.: Robert Fulton (1765-1815) foi um engenheiro e inventor estadunidense que é amplamente creditado com o desenvolvimento do primeiro barco a vapor comercialmente bem-sucedido.
[2] N.T.: Alexander Graham Bell (1847-1922) foi um cientista, inventor e fundador da companhia telefónica Bell.
[3] N.T.: cidades dos Estados Unidos
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[2] A História de um caso contado por um Auxiliar Invisível
Geralmente, não é permitido e nem adequado que os Auxiliares Invisíveis falem de suas façanhas, porque isso possibilita a indesejável propagação de fenômenos; no entanto, há momentos em que a modéstia deva ser deixada de lado, em certa medida, pelo bem da causa e a seguinte história, do médico Dr. Stuart Leech, M. D., um de nossos Probacionistas, ilustra o método usado e os resultados obtidos em um caso. Poderíamos falar sobre centenas de casos semelhantes, em que outros órgãos foram restaurados, colunas foram endireitadas e membros paralisados voltaram a responder à vontade do paciente.
No caso relatado pelo Dr. Leech, ele não menciona se o paciente sentiu as manipulações. Isso é frequentemente o que ocorre, pois, as mãos invisíveis são poderosas, quando materializadas dentro do corpo do paciente. Também acontece com frequência que o paciente veja os Auxiliares Invisíveis no momento em que acorda.
O relatório foi originalmente escrito para publicação na Revista Médica. O Dr. Leech dá a seus médicos, confrades ortodoxos, alguns problemas difíceis de tempos em tempos: mas e se eles zombarem? Ontem, zombou-se de ideias que hoje são “estritamente científicas” e amanhã eles aprenderão isto, parafraseando Shakespeare: Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha sua patologia.
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Relatório clínico de um caso
Foi nos primeiros dias de janeiro de 1914 que eu atendi um menino de quatorze anos que estava com problemas abdominais e muito extenuado. Ele tinha cabelos escuros, olhos castanhos, ossos grandes, corpo esbelto e uma boa quantidade de inteligência. Quatro anos antes do problema atual, ele havia sofrido um grave acometimento de apendicite do qual, aparentemente, se recuperara. Ultimamente, ele estava comendo mais do que devia e no dia anterior à crise, ele estava mexendo com o feno quando sentiu uma dor, ao escorregar o pé.
Depois de um ou dois dias de sofrimento, fui chamado e encontrei todos os sintomas clássicos de um apêndice com formação de pus. A comida foi interrompida por oito ou dez dias, o proverbial saco de gelo foi usado, como manda o procedimento médico, e um enema (uma lavagem intestinal) providencial foi empregado. A temperatura dele variava de 37,2°C — 39,1ºC e no sétimo ou oitavo dia os sintomas se tornaram tão alarmantes que convenci a família a permitir que eu tivesse o auxílio do Dr. North, na próxima manhã.
O Dr. Unus, da mesma cidade, havia participado do caso quatro anos antes e, na época, havia insistido em uma cirurgia. Pessoalmente, eu já tinha realizado várias cirurgias abdominais, mas geralmente as faço como último recurso e agora parecia que havia mais um caso em que precisaria recorrer a esse procedimento. Esse modus operandi (maneira de agir), especialmente no meio de uma crise, não é do meu agrado. Estando na classe neófita da Escola dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, tentei usar meios incomuns, em conjunto com os físicos, para promover a recuperação do garoto, como já fiz em outros casos. O incomum é a aplicação de Leis da Natureza de um ou mais dos Mundos superiores.
Para explicar, direi que a Escola de Ciências Naturais dos Rosacruzes nos informa sobre a existência real de um número de Mundos concêntricos, talvez mais reais do que o Mundo Físico, todos interpenetrando-se, ocupando o mesmo espaço, por assim dizer, tomando nada menos do que sete dimensões do espaço, cada uma sob uma condição vibratória consistente com seu ambiente harmonioso. A Ciência Física relutantemente reconhece e sugere as vibrações mais altas do Éter invisível. A Ciência Médica faz o possível para ignorar esses Mundos mais elevados, porém ela usa de modo persistente, empírico e diário os poderosos alcaloides (substâncias naturais retiradas sobretudo de plantas e muito usadas no contexto terapêutico). Há vários comprimentos de onda entre a vibração que causa o som e a que causa a luz; embora sejam desconhecidas para nós, produzem coisas tão poderosas quanto luz ou som; é assim no trilhão e quintilhão de vibrações. A maioria dessas ignora nossos Corpos Densos, vibrando através deles como se tais Corpos nunca tivessem existido. Essas vibrações são harmonizadas em divisões: a Região mais próxima do Mundo Físico é a Região Etérica desse mesmo Mundo e podemos concebê-la como uma extensão dessa Região que conhecemos como Plano físico e que podemos denominar como Região Química; a Região Etérica sendo mais refinada está, naturalmente, sujeita às Leis mais superiores e apuradas.
No entanto, para poder funcionar nessa Região ou no Mundo do Desejo é necessário um veículo feito da mesma substância. Todo ser humano possui, em sua composição física, a estrutura dessa substância e há certa Palavra ou Fórmula que, se usada com sabedoria, desenvolverá esse instrumento. Anatomicamente falando, cria-se um vínculo ou conexão fisiológica entre o Corpo Pituitário (uma Glândula Endócrina, também chamada de Hipófise ou Glândula Pituitária) e a Glândula Pineal (outra Glândula Endócrina, também Conarium, Epífise cerebral ou simplesmente Pineal), os quais governam e harmonizam, respectivamente, o Corpo de Desejos com o Corpo Denso. Quando esse abismo é superado, o Corpo-Alma (formado pelos dois Éteres superiores – Luminoso e Refletor – do Corpo Vital), de vibração superior, pode se retirar do Corpo Denso e percorrer qualquer distância no Mundo do Desejo.
Na noite anterior à realização da consulta física com o Dr. North, esse, o Dr. Unus e eu fomos ao Mundo do Desejo, a “Terra dos Sonhos”, e nos encontramos ao lado do menino doente sem o seu conhecimento ou de seus pais, que observavam o Corpo Denso do menino com ansiedade. Naturalmente, éramos invisíveis às suas percepções físicas.
Durante essa consulta, no Mundo do Desejo, o Dr. Unus deu um passo à frente, quase atingiu violentamente uma parte do órgão afetado e o jogou fora: sua mão etérica passou direto pelo Corpo Denso do garoto. Então, fui até a cabeceira da cama e, usando as duas mãos, levantei a extremidade do ângulo do cólon para afagar gentilmente a substância irritante e indesejável. Dr. North atuou como espectador e, aparentemente, me deu o seu consentimento. Saiba, leitor, que a substância física não impede o trabalho da mão etérica, mas não é incomum que um paciente acorde, enquanto a mão invisível esteja sendo retirada.
Na manhã seguinte, depois da consulta nos Mundos invisíveis, como havia prometido liguei para o consultório do Dr. North e pedi que ele fizesse comigo a consulta física, que havia sido combinada com a família no dia anterior. Para grande surpresa da família, e para minha própria satisfação, o menino estava livre da dor, fragilidade, febre e rigidez muscular e, conforme o relato dos pais, sua rápida recuperação começara à noite. Já se passaram seis meses e o menino está desfrutando o melhor da saúde.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 09/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
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[3] Uma Cura Contada por Quem foi Curada e por Aqueles que estavam ao Redor, acompanhando o caso
Nota do editor — A. M. Davidson, um de nossos Estudantes ingleses, enviou-nos o seguinte relato sobre a cura milagrosa da senhorita Dorothy Kerin, de Londres, que ficou acamada por muitos anos, sofrendo de tuberculose avançada e doença renal. Tornou-se cega, surda, mentalmente retardada e estava perto da morte, quando, de repente, através da visão de mãos curativas e quentes, foi curada e continua bem.
Como nossa amiga nos enviou seu tema natal, achamos que possa interessar aos leitores saber o que as estrelas têm a dizer.
Nesta natividade, Sagitário, 13 graus, está ascendendo com o Sol, Mercúrio, Vênus e a Cauda do Dragão.
Júpiter, o Planeta dominante, faz Sextil com Mercúrio e o Sol; Marte faz Sextil com Vênus. Assim, vemos que ela tem a tendência a ser uma pessoa muito gentil, idealista e adorável; mas, Vênus está em Conjunção com a Cauda do Dragão, que tem influência saturnina; Mercúrio e Vênus fazem Quadratura com Saturno; portanto, é quase inevitável que muita tristeza e sofrimento cheguem a essa vida e a turvem com infelicidade. Onde Mercúrio, o significador da Mente, é atingido por Saturno, o Planeta da obstrução, naturalmente há uma condição sombria e tendência a olhar para o lado nebuloso da vida. Mas, nunca podemos julgar algo em um horóscopo a partir de uma configuração apenas; todos os Aspectos devem ser considerados em relação a qualquer assunto e, assim, será obtida uma síntese ou equilíbrio de influência. O Sextil entre Marte, Vênus e Mercúrio proporciona força à Mente, dessa forma ajudando a compensar a influência sinistra de Saturno. A Lua, que é o outro significador da Mente, está no Signo mercurial de Gêmeos, fazendo Trígono com Urano. Isso explica a evolução das faculdades supranormais que ouvimos na história desse caso e a conversão dessas faculdades latentes em poderes dinâmicos, também é pressagiada pelo Trígono entre Júpiter, o Planeta da benevolência e do idealismo, e Netuno, o Planeta da espiritualidade; além disso, e equilibrando esses testemunhos, nessa jovem nós vemos uma alma de natureza gentil, alegre e idealista, cujas faculdades espirituais latentes estão quase maduras e prontas para ser convertidas em poderes utilizáveis sob o impacto estelar apropriado.
No que diz respeito à saúde, registra-se que ela sofria de tuberculose e perdeu a visão, a audição e a fala. Sol e Mercúrio estão no Signo de Sagitário, próximo ao ponto nebuloso chamado Antares, e o Sol faz Oposição a Netuno. Essa é a causa da visão enfraquecida. A décima segunda Casa indica as influências restritivas da vida e quando Mercúrio, o significador dos sentidos, aparece em Conjunção com o Sol, como é o caso no horóscopo dela, temos uma influência limitadora que afeta a audição. É curioso notar que Netuno, a oitava de Mercúrio, está no Signo de Gêmeos, que é governado por Mercúrio, em Oposição ao Sol e, portanto, ajudando a despertar a audição espiritual, que também é registrada nesse caso. Essa configuração sozinha não seria capaz de causar isso e o acontecimento obtido seria de natureza indesejável, mas ajuda na configuração o Trígono entre a Lua e Urano, que abre as faculdades supranormais, como já foi dito.
Touro rege a garganta e a laringe; entretanto, Mercúrio governa o ar que agita as cordas vocais. Aqui descobrimos que Touro está nos seus últimos graus como cúspide da Sexta Casa, denotando doença, e Vênus, o governante, está no Ascendente, em Conjunção com a influência saturnina da Cauda do Dragão, que também afeta Mercúrio por sua Conjunção; isso proporciona a fraqueza dos órgãos vocais, e a consequente perda de fala é indicada pela Quadratura de Mercúrio com Saturno. Netuno no Signo de Gêmeos, que governa os pulmões, e em Oposição ao Sol, é o responsável pela aflição da tuberculose.
Pareceria quase impossível que uma pessoa tão gravemente afligida pudesse ser curada; contudo, no domingo, 18 de fevereiro de 1912, o Relógio do Destino atingiu a hora do seu alívio. Naquela época, o Sol progredido estava a 28 graus de Sagitário; portanto, havia acabado a Oposição à Lua radical que fazia Sextil com Urano, ao nascer. Essa é uma influência sob a qual uma mudança repentina e de natureza benéfica pode ser esperada, mas os Astros, por si só, não podem fazer isso. A Lua, ou Lunação, é o ponteiro dos minutos no Relógio do Destino e, naquele mesmo dia, a Lua Nova ocorreu a 28 graus de Aquário, o Trígono entre Lua e Urano, ao nascer, e o Sextil com o Sol progredido; essa foi uma influência oculta muito poderosa e, naquele mesmo dia, Júpiter, o governante do mapa astral, também transitou pelo Ascendente; assim, houve uma série de influências extraordinárias para explicar o milagre que ocorreu na recuperação da paciente.
A seguir, é apresentada a história do caso, contada pelo nosso amigo da Inglaterra.
Há muitos que se recusam a acreditar que exista algo como um “milagre”. Eles provavelmente estejam certos: o milagre não é sobrenatural; é apenas, geralmente, uma atividade de forças suprafísicas que ainda não são compreendidas pelo mundo em geral. Tais “milagres” ocorrem constantemente em conexão com os pacientes da F. R., provavelmente todos os dias, se a verdade for conhecida. Porém dos muitos acontecimentos extraordinários que se lançaram sobre este mundo cético nos últimos anos, provavelmente nenhum esteja tão bem autenticado ou tenha recebido tanta atenção dos cientistas quanto o conhecido, neste lado do “lago de arenque”, como “o caso milagroso de Kerin”. No domingo, 18 de fevereiro de 1912, a senhorita Dorothy Kerin, que havia ficado de cama por alguns anos, sofrendo de tuberculose avançada, doença renal e, por último, cegueira e perda de fala, com uma temperatura, às vezes, subindo para 40,5 °C, aproximadamente, foi repentina e completamente curada por uma visita angelical.
As seguintes informações foram dadas por sua mãe: “Um fato estranho na recuperação é que alguns dias antes Kerin parecia ter piorado rapidamente como nunca nos últimos cinco anos da doença: ela havia perdido a audição e a visão. Não achamos que ela pudesse viver o dia todo. Meu marido e eu, com alguns amigos e parentes, estávamos reunidos em volta da cama por volta das oito da noite, no domingo, esperando que ali fosse seu leito de morte. De repente, ela deu um grande suspiro e pensamos que tivesse morrido. No entanto, com um sorriso maravilhoso que nenhum de nós pode esquecer, ela levantou os braços e os estendeu por alguns momentos. Então ficou imóvel por um tempo. Seus lábios se moveram, ela estendeu os braços novamente e depois passou as mãos sobre os olhos, sempre sorrindo daquela maneira maravilhosa e sobrenatural. Sua terrível fraqueza, devido à tuberculose e ao diabetes, tornara-a quase um esqueleto. Então vimos um milagre diante de nossos olhos. Ela olhou para nós, apertando os olhos que depois se tornaram bastante naturais em expressão. Eu lhe perguntei: ‘Minha linda, você me conhece?’; ‘Claro que sim, mamãe’. Todos ficamos surpresos. Ela então se sentou e gritou: ‘Eu devo me levantar!’. Ela parecia estar sob alguma influência misteriosa. ‘Você não pode se levantar, minha querida’, eu disse, ‘você está muito fraca’. Contudo, quando trouxemos um roupão, ela balançou as pernas sobre a cama e caminhou. Estava bem mais calma do que nós. Um homem presente era ateu declarado. Ele caiu de joelhos e soluçou em voz alta”.
A senhorita Dorothy Kerin, entrevistada na presença de sua mãe, falou a respeito da visão que teve durante a cura: “Parecia uma grande chama dourada acima de mim, com as duas mãos esticadas, mãos quentes, e uma voz que falou: ‘Dorothy, seus sofrimentos acabaram; levante-se, você pode andar’. Então eu pude ver, andar e estou bem. Tenho certeza de que seja um milagre”. O médico dela não acreditou quando foi informado, mas teve que admitir, ao examiná-la no dia seguinte, que estivesse totalmente livre de doenças orgânicas!
O caso é tão bem autenticado que é absolutamente indiscutível. A condição patológica da senhorita Kerin foi confirmada não apenas por seu médico assistente e regular, Dr. Norman, mas também pelo Hospital St. Bartholomew, Hospital St. Peter para Incuráveis, em Kilburn, e outras instituições; ela foi enviada para Casa durante dois anos, como um caso sem esperança. Muitos médicos já a viram e seu caso é bem conhecido na medicina. Seu irmão disse que durante os estágios mais avançados da doença dela, quando suas faculdades normais declinaram, Dorothy desenvolveu faculdades sobrenaturais e podia, por exemplo, saber o que acontecia ao irmão, mesmo estando ela longe de casa. Era preciso ter cuidado ao falar sobre ela em outros quartos, porque conseguia ouvir, embora estivesse surda para quem conversasse com ela ao lado da cama.
Uma declaração independente do caso, para aqueles que estejam mais interessados, pode ser encontrada em “Faith and Suggestion” (veja o original aqui), do Dr. E. L. Ash. A senhorita Kerin, segundo o conhecimento desse escritor, está aparentemente muito bem e forte, hoje. Ela falou em uma grande conferência religiosa no norte da Inglaterra recentemente e no mês passado proferiu uma palestra perante a Sociedade de Ocultismo de Londres: “O que eu sei do efeito da oração como fator de cura. Como eu fui curada”. Mas, é preciso acrescentar que a senhorita Kerin tenha uma disposição muito religiosa e, mesmo durante sua doença, era bastante paciente, gentil, sofria com prazer e rapidamente agradava a todos com quem entrasse em contato. A senhorita Kerin recebeu quantias muito grandes para aparecer no palco de auditórios; porém, considerando isso uma prostituição da evidência da graça divina, recusou.
(Publicado na Revista “Rays from the Rose Cross de outubro/1910” e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Resposta: Há quatro Evangelhos escritos que se completam e nos oferecem tudo que precisamos aprender na primeira vinda de Cristo entre nós. Desses quatro, que compõem parte do Novo Testamento, três são chamados sinóticos (o Evangelho Segundo S. Mateus, o Evangelho Segundo S. Lucas e o Evangelho Segundo S. Marcos), porque são semelhantes, mas complementares. Depois que foram escritos, ninguém escreveu mais Evangelhos, porque não havia necessidade. Sabemos que os quatro Evangelhos são Fórmulas de Iniciações Cristãs, com chaves ocultas e muito simbolismo sob a roupagem da vida de Cristo-Jesus. A prova de que ainda não foram devidamente compreendidos é que nos dividimos em credos e seitas cada um explicando os Evangelhos a sua maneira. É compreensível e estava previsto pela evolução. Mas a Ciência, a Arte e a Religião passam por gradativa evolução, paralelamente ao descerrar da consciência humana, devendo atingir sua “re-UNIÃO” quando tivermos alcançado o Casamento Místico mencionado no Livro do Apocalipse. Só então havendo alcançado a unidade interna, veremos seu reflexo exteriormente na identidade com todas as coisas criadas, concebendo, então, fielmente, que tudo é “uno” e ao mesmo tempo Verdadeiro, Belo e Bom, respectivamente pela Ciência, Arte e Religião.
Mas, o que tem a ver isto com a Fraternidade Rosacruz?
Tem e muito. Constituímos o Cristianismo Esotérico ou Oculto – preconizado pela Fraternidade Rosacruz – e nosso fim, longe de somar mais uma facção no movimento Cristão, é justamente o de propiciar a quem quiser a oportunidade de alcançar essa unidade ou universalidade mencionada acima. Foi preparado, didaticamente transmitido na Região Química do Mundo Físico (onde vivemos enquanto estamos em mais uma vida terrestre) por meio de Max Heindel, o Mensageiro autorizado dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Eis a razão de ser da Fraternidade Rosacruz.
A Ordem Rosacruz já existia e trabalhava ocultamente desde sua fundação, no século XIII. A Fraternidade Rosacruz foi a oficialização dos ensinamentos elementares da Ordem Rosacruz par o Mundo Ocidental, no século XX, porque já havíamos atingido condições mentais para compreender mais profundamente o que S. Paulo chama de “Mistérios Cristãos”. Todavia ainda constituímos pequena e bem expressiva minoria. Ainda hoje, não é difícil perceber como a grande parte de nossa gente ainda prefere, negativamente, entregar a terceiros a salvação de suas almas, interessando-se pelo ocultismo apenas de forma curiosa, buscando “fenômenos”, “provas” e “manifestações”.
Agora nós é que perguntamos: “Estamos em condições de receber novas revelações públicas da Ordem Rosacruz, se tão pequena minoria ainda sequer atingiu a plena compreensão e vivência dos elementares princípios expostos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz“?
Individualmente podemos e recebemos ensinamentos mais elevados, conforme trilhamos o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Isso já é questão sabida por todos que conhecem um pouco da nossa Filosofia Rosacruz. Depois de certo ponto do desenvolvimento individual (pois a formação é estritamente individual) pode o Estudante Rosacruz receber algo mais. Como disse S. Paulo: “Às criancinhas espirituais damos leite e aos adultos, alimento mais sólido” (ICor 3:1-2). É logico. É uma máxima oculta de que: “quando o discípulo está preparado, o mestre aparece”!
Publicamente ainda temos de esperar bom tempo. A contribuição valiosa da Filosofia Rosacruz ao mundo tem a vigência de alguns séculos, segundo nosso entender.
Aconselhamos nossos perguntantes a estudarem mais a Filosofia Rosacruz para compreenderem isto. E depois compreenderão, também, que o argumento usado por certas “escolas de ocultismo”, algumas das quais se denominam também “rosacruzes”, de que estamos antiquados, saudosistas e vivemos de estudos ultrapassados, é muito inconsistente e ingênuo.
A lógica está ao dispor de todos os que estão em condições de usá-la.
A questão não é de arranjar novas roupagens, mas de aprofundar, assimilar e apropriar-se do conteúdo. Afinal: “A letra mata; o espírito vivifica” (ICor 3:6).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Segundo os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, neste período de materialismo, perdemos, lamentavelmente, a ideia de tudo o que se oculta por detrás da palavra “Espaço”. Habituamo-nos a falar do espaço vazio ou do grande vácuo de tal maneira a desconhecermos o significado real de tais palavras. Somos, desta maneira, incapazes de sentir a reverência que a ideia de Espaço e Caos deveria nos inspirar interiormente.
Para os Estudantes Rosacruzes “não há vácuo ou espaço vazio“. Espaço é Espírito em forma refinada ou sutil. O Espírito é dual em sua manifestação. Aquilo que observamos e conceituamos como sendo Forma, é a manifestação do polo negativo do Espírito, cristalizada e inerte. O polo positivo se expressa como Vida, transformando a Forma em ação. Ambas, porém, Vida e Forma foram emanadas do Espírito, Espaço, Caos!
Como aprendemos quando estudamos o livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz: “… O Espírito encontra-se em permanente atividade em um aspecto durante a Manifestação, e em outra durante o Caos” (…) “A Vida pode existir independentemente da Forma Concreta. Pode haver Formas imperceptíveis aos nossos limitados sentidos físicos e inclusive, não sujeitas a nenhuma das leis que vigoram no presente estado concreto de matéria” (…) “… A nebulosa ígnea (da Teoria Nebular) é Espírito… a atmosfera ao nosso redor, o espaço entre os mundos é Espírito e … há uma constante permuta: Forma dissolvendo-se em Espaço, e Espaço cristalizando-se em Forma”.
“Caos” não é o estado daquilo que tendo existido no passado e se encontra, agora, totalmente desaparecido. Encontra-se, isto sim, ao nosso redor presentemente! Não constitui aquelas velhas formas que, tendo sobrevivido à sua utilidade, retornam, constantemente, ao Caos. Está sim continuamente dando origem a novas Formas, sem a que não haveria progresso, ou seja: o trabalho da evolução cessaria e a estagnação impediria toda possibilidade de desenvolvimento.
É axiomático: “quanto mais amiúde morremos, melhor nos vivemos”. Goethe, o poeta Iniciado escreveu:
“Quem não passou por isto,
Alguma vez, moribundo, retornando à origem
Sempre permanecerá miserável e pesaroso,
Nesta terra sombria”.
E São Paulo apóstolo afirmou: “Eu morro todos os dias”.
O Caos é a base de todo progresso. Nessa vida, durante esta fase, decorre de nossa existência quando do dia de Manifestação e vice-versa. A habilidade para progredir resulta da permanência temporária no Caos.
O intervalo entre os Períodos e Revoluções é, em realidade, muito mais importante para o avanço do Espírito do que a existência concreta, ainda que a última seja a base da anterior e, por conseguinte, possa ser dispensada.
A importância do intervalo (no Caos) é de natureza transcendental, pois durante aquele período de desenvolvimento os seres encontram-se estreitamente unidos e são realmente “UM”. Consequentemente, os menos desenvolvidos durante a manifestação estão em mais íntimo contato com os mais altamente evoluídos. Assim, adquirem experiência e se beneficiam com uma vibração mais elevada.
Quando a nossa consciência se enfocar mais na região das causas (nos Mundos espirituais), compreenderemos o significado da palavra “Espaço” no seu legítimo sentido.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz março/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)