As transformações são uma consequência lógica da evolução. Isso ocorre em todos os Reinos da Natureza, mas a incidência é maior nos mais desenvolvidos. Nos Reinos não individualizados, as modificações sucedem mais por força de fatores externos. O ser humano, ao contrário, possuidor da Mente, consegue transformar as coisas, e a si mesmo.
A transformação pessoal causa um impacto maior nos relacionamentos do que em qualquer outro campo. Melhoram ou pioram, raramente mantêm-se os mesmos. As mudanças são gratificantes nesse aspecto. Um relacionamento transformador é um todo maior que a soma de suas partes. É sinérgico, holístico.
Sinergia quer dizer convergência de esforços, de energia. Nada cresce no Universo, a não ser por convergência. “Onde dois ou mais se reunirem em Meu nome, entre eles estarei.” (Mt 18:20). É a alegoria dos carvões no Serviço do Templo Rosacruz.
Para manter um relacionamento transformador, temos de ser abertos e vulneráveis. As pessoas, geralmente, agem e se manifestam em suas periferias.
Encontrar uma pessoa em seu centro é passar através de uma revolução em nós mesmos. Se desejamos encontrar alguém em seu centro, teremos que permitir que ela atinja também o nosso centro. Isso é servir a divina essência. É atingir o seu centro, além das enganosas aparências.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz de São Paulo – SP de novembro-dezembro/1992)
Resposta: Parece muito difícil conceber que seres tão gloriosos quantos os Arcanjos — que, dentre muitas atividades, também exercem as funções de Espíritos-Grupo e Espíritos de Raça — possam cometer atos errados, pelo menos no sentido que o nosso entendimento limitado confere a essa palavra. Cristo é o mais elevado Iniciado dentre os Arcanjos e como sabemos que “Ele sofreu em todos os aspectos da mesma forma que nós, sendo tentado, embora isento de pecado”[1] há, evidentemente, uma lei superior. Perceberemos que nós devemos percebê-la quando consideramos a relação dos Espíritos-Grupo com os animais de suas espécies à luz da Lei de Analogia, que é a chave-mestra de todos os mistérios.
A seguinte ilustração do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, provavelmente, com clareza demonstrará a diferença entre o ser humano com seu Espírito Interno e os animais com seus Espíritos-Grupo:
“Imaginemos um quarto dividido ao meio por uma cortina, um lado representando o Mundo do Desejo e o outro o Mundo Físico. Dois homens, um em cada divisão, não podem ver-se mutuamente. Contudo, na cortina há dez furos pequenos e o ser humano que se encontra na divisão que representa o Mundo do Desejo pode meter seus dez dedos por esses furos para o outro lado que representa o Mundo Físico. Isto pode dar uma excelente representação do Espírito-Grupo que está no Mundo do Desejo. Os dedos representam os animais pertencentes a uma espécie. Pode movê-los a seu gosto, mas não pode empregá-los tão livre e tão inteligentemente quanto o ser humano que se encontra na divisão física pode mover seu Corpo. Esse último vê os dedos que atravessam a cortina e observa que todos se movem, mas não pode ver a relação que existe entre eles. Para ele todos parecem separados e distintos uns dos outros. Não pode ver que são os dedos do ser humano que, atrás da cortina, governa seus movimentos com sua inteligência. Se fere um destes dedos, não é ferido somente o dedo, mas principalmente o ser humano que está por trás da cortina. Se um animal é ferido esse sofre, mas não tanto quanto o Espírito-Grupo. O dedo, não tendo consciência individualizada, move-se conforme a vontade do ser humano assim como os animais se move sob os ditames do Espírito-Grupo. O Corpo Denso, no qual funcionamos, é composto de numerosas células, cada uma tendo uma consciência celular separada, embora de uma ordem muito inferior. O Corpo Denso em que funcionamos é composto de inúmeras células, tendo cada uma sua consciência celular separada, ainda que de ordem inferior.
Enquanto essas células fazem parte do nosso Corpo estão sujeitas e dominadas por nossa consciência. Um Espírito-Grupo animal funciona num Corpo espiritual, que é seu veículo inferior. Esse veículo compõe-se de um número variável de Espíritos Virginais, imbuídos durante esse tempo da consciência do Espírito-Grupo. Esse último dirige os veículos construídos pelos Espíritos Virginais, cuidando deles e ajudando-os a aperfeiçoar esses veículos. Conforme aqueles que estão ao seu cargo evoluem, o Espírito-Grupo também evolui. Sofre assim uma série de metamorfoses, de modo idêntico àquele pelo qual crescemos e ganhamos experiência por introduzirmos em nosso organismo as células do alimento que comemos, elevando também dessa maneira – e por indução temporária – a sua consciência.
Esse Espírito-Grupo dirige as ações animais em harmonia com a lei cósmica, até que os Espíritos Virginais a seu cargo tenham adquirido consciência própria e se tornado humanos. Então, gradualmente começarão a manifestar vontade própria, libertando-se cada vez mais do Espírito-Grupo e tornando-se responsáveis pelos seus próprios atos. Contudo, o Espírito-Grupo continua a influenciá-los (ainda que em grau decrescente) como Espírito de Raça, de tribo, de comunidade ou de família, até que cada indivíduo se torne capaz para agir em plena harmonia com a lei cósmica. Só então o Ego se libertará e se tornará inteiramente independente do Espírito-Grupo, que por sua vez entrará numa fase superior de evolução.”.
À luz da explicação anterior, sobre o relacionamento entre o Espírito-Grupo e os animais, torna-se evidente que os sofrimentos experimentados por meio dos seus representantes têm a mesma finalidade que os sofrimentos experimentados por nós devido aos nossos erros diretos, isto é, para ensiná-los a evitar, sempre que possível, as situações indesejáveis que produzam a dor. O ser humano sem uma arma vê muitos animais quando passeia pelos campos; eles se refugiam em Mount Ecclesia e em outros lugares onde o Espírito-Grupo os sugerem que estarão a salvo. O ser humano com uma arma pode querer caçar, sendo assim, o Espírito-Grupo previne seus protegidos da aproximação de tal ser humano. Além disso, o Espírito-Grupo reveste as suas espécies com peles ou penas com cores parecidas às da terra, das árvores ou das folhas para disfarçá-las tanto quanto possível dos olhos de quem as caçaria e lhes causaria dor. Então, por causa do desejo de evitar a dor para si mesmo, ele exercita à sua engenhosidade no sentido de defender seus protegidos. No entanto, não estamos preparados para afirmar que o desejo de escapar à dor seja o motivo principal do Espírito-Grupo ao defender os seus protegidos, mas os dois estão ligados como a causa e o efeito.
E quanto aos animais abatidos para servirem de alimento, e as pobres criaturas torturadas nos infernos da vivissecção? E quanto aos pobres cavalos submetidos à fome e surrados por cavaleiros desumanos? O que o Espírito-Grupo faz para protegê-los, poupando-os da dor inerente a essa situação? Ele pode instruir os animais selvagens a se salvar por meio de vários métodos, mas o problema que surge em função dos animais domésticos deve apresentar uma dificuldade considerável para o Espírito-Grupo. Ele tem o poder de reter o Átomo-semente necessário à fertilização para preservar a pureza de sua tribo, e é o que faz no caso dos híbridos. Entretanto, o propósito principal da existência é a experiência, por isso, é forçado a deixar os Espíritos sob sua guarda nascerem através de seus canais legítimos, embora fiquem mais expostos a um tratamento cruel nas mãos do ser humano. Futuramente, o ser humano deve e irá ajudar os animais para assim compensar a sua maldade atual, e terá de ajudar os atuais minerais quando eles se tornarem animais. A Lei de Consequência é justa e podemos confiar nela para equilibrar os pratos da balança. Enquanto isso, os Espíritos-Grupo estão aprendendo sobre simpatia e compaixão. Os Espíritos de Raça estão aprendendo a mesma coisa por meio do sofrimento humano, provocado pelas contendas industriais e nacionais. Dia virá em que o leão se deitará ao lado do cordeiro, pastará junto ao boi, a criança poderá brincar com a serpente sem correr risco, quando “as espadas serão transformadas em arados e as lanças em podadeiras”[2], e haverá “paz na terra e boa vontade entre os homens”[3]. De fato, tudo isso demandará grandes mudanças tanto mentais como morais e físicas, mas “embora os moinhos de Deus moam devagar, moem extraordinariamente bem”[4]. O poder divino moldou o Cosmos a partir do Caos; portanto, temos razão para confiar em seu propósito benevolente e acreditar em sua onipotência ao remover todos os obstáculos para a realização do que hoje nos parece uma utopia.
(Pergunta nº 60 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Hb 4:15
[2] N.T.: Is 2:4
[3] N.T.: Lc 2:14
[4] N.T.: provérbio popular alemão
Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.
A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.
A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.
A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.
Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.
Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.
A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.
Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.
Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.
Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.
Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.
Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.
Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.
Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.
É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.
A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.
Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.
Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.
O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.
A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.
Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.
Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.
Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.
A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.
Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.
Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.
Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.
Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.
A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.
As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.
Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.
Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.
Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.
No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.
Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.
Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.
As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.
Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.
De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.
Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.
O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.
Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.
Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida. Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto aonde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.
Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na mente da criança.
O corpo de desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o corpo de desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o infl
Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.
A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.
A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.
A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.
Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.
Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.
A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.
Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.
Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.
Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.
Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.
Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.
Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.
Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.
É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.
A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.
Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.
Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.
O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.
A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.
Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.
Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.
Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.
A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.
Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.
Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.
Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.
Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.
A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.
As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.
Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.
Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.
Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.
No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.
Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.
Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.
As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.
Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.
De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.
Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.
O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.
Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.
Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida.
Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto onde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.
Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na Mente da criança.
O Corpo de Desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o Corpo de Desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o influxo de sentimentos. Se habituar-se a confiar na palavra dos mais velhos e estes sempre lhe falarem sabiamente, o moço, no mínimo, terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará seguramente. Se, porém, houver uma falha, ele poderá desnortear-se.
É o tempo em que deve ser ensinado a investigar as coisas por conta própria para que aprenda a formar opiniões individuais. Procuremos imprimir-lhes a necessidade de pesquisar cuidadosamente antes de julgar e, também, quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novos fatos e adquirir novos conhecimentos. Deste modo, alcançará sua maioridade aos vinte e um anos, quando a Mente se libertar também, e será capaz de ocupar o seu lugar no mundo como um cidadão íntegro e probo, graças àqueles que dele cuidaram amorosamente em seus anos de desenvolvimento: um homem ou uma mulher bem-educados.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
O lema “servir a divina essência em cada um de nós” merece um estudo mais profundo do que qualquer ideia que se possa fazer do seu conteúdo, em primeira análise. De início, deve-se definir o que é essência divina, porque sem que saibamos o que é essência impossível se torna servi-la. Não resta dúvida de que a definição é assaz delicada, quando se procura a explicação lógica sobre essa divina qualidade. Contudo, o espiritualista, possuidor que é de conhecimentos abstratos, não teme em dar explicações razoáveis sobre o assunto.
Os fatos, por si só, dizem tratar-se de um fenômeno abstrato, de uma posição fenomenal e subjetiva. As palavras “essência divina” declaram por si mesmas estarem acima de meios inteligíveis, bem acima até mesmo daquilo que comumente chamamos de humano. Pois bem: estando o caso fora do alcance da intelectualidade comum, somente poderemos compreendê-lo por processos conhecidos nos planos abstratos. Vejamos, a seguir, como conseguiremos nos inteirar do enigma proposto.
A frase “servir a divina essência” acha-se no Ritual Rosacruz do Serviço Devocional do Templo. Devemos, antes de tudo, explicar o que é um Ritual. É uma forma de cerimônia, uma espécie de invocação, em um culto, com a qual haverá a introdução do trabalho religioso. Todos os cultos usam um Ritual, inclusive as Ordens Místicas. Perguntamos: é importante essa cerimônia ou Ritual? Por quê?
O Ritual é um conjunto de palavras muito significativas para o celebrante, como também para o ouvinte, pois tem como finalidade levar o Verbo celebrado no Altar diretamente aos presentes. O Verbo, assim pronunciado, está sendo transmitido do Altar para o íntimo do Candidato e ali, em seus sentimentos, ressoa o valor vital do Espírito da palavra. O Ritual desprende de si aquele estado de espiritualidade que utilizara o celebrante no momento da sua alta elevação aos Planos superiores. O exemplo seria este: se, de novo, nós vivermos, exercermos, lembrarmos e escrevermos, em recapitulação, as orações de Cristo ou de seus elevados Discípulos, sentiremos as mesmas elevações em que se achavam, em Sua exaltação, esses magníficos personagens; conseguindo, unificamos nossas vidas humanas com as Vidas divinas deles. Se dizemos que “Deus é amor e quem vive em amor vive em Deus e Deus nele” (IJo 4:16), acontece exatamente isso, que acabamos de mencionar. Pela repetição das mesmas palavras desse Ritual, nós nos sentiremos evidentemente unidos com Deus. Essa fórmula de cerimônia eleva o ouvinte às alturas do conceito do possuidor dessa inspiração; ou seja, o conhecimento Cósmico de onde deriva a Força Universal de Deus. O nosso objetivo baseia-se na Força ou Presença Cósmica, ao prenunciarmos, no Ritual, “servir a divina essência em cada um de nós”.
Entremos, a seguir, em maiores detalhes. O que é “divina essência”? Responde o espiritualista que tem por costume agir inteligentemente, com deduções lógicas, tratar-se de uma parte infinita do Espírito Universal que está em seu próprio Ego. Com essa dedução entendemos que o Ego, mesmo separado, está intimamente ligado ao Espírito Universal, que não é apenas poderoso na ilimitação existente em toda a universalidade, como também ilimitado é o próprio Ego Humano dentro do universo, por ser a essência divina.
Agora vamos tratar de outra qualidade divina: o Amor. Essa qualidade divina e transcendental brota, constantemente, por todo o Universo e todos os Mundos cantam o cântico de Amor inerente em toda a imensidão do infinito. Os Mundos foram feitos de Amor. O Zodíaco transcende cheio de Vontade e de Amor. As harmonias das esferas cantam o cântico do Amor em sua peculiar formosura e em seu colorido especial. Singular a harmonia do Amor! Deus ama a sua criação, a faz viver por Seu Amor, porque Deus é amor e quem vive em amor vive em Deus e Deus nele. Esse o Segundo aspecto de Deus em nós e tudo em nós deve exalar o perfume do Amor, pelo Amor que de Deus continuamente recebemos. Que coisa extraordinária saber que Deus nos ama e chama de filhos! O calor vivificante do Pai está em nós e Seu Filho Primogênito, o Cristo, ensinou-nos a amar o próximo como a nós mesmos. Esse aspecto transcendente liberta de forma poderosa o caminho para que Se manifeste o Pai em nosso Ego, assim como Ele Se manifestou em Cristo.
Esse é o segundo aspecto de Deus, o Seu Filho em nós, que é o Salvador, sem condenação, que sabe amar até a última gota do Seu sangue!
Chegamos a outra manifestação de Deus, também em nosso Ego, que é a Sabedoria. Desejosos por servir a divina essência, devemos dar oportunidade Àquele que tem a sabedoria, a onisciência, o conhecimento puro. Como em Deus existe essa Panaceia, também no Ego existe. Existimos por Sua Sabedoria, vivemos por Sua Sabedoria e, assim, existe essa Sabedoria em nosso Ego. A Sua Sabedoria está sempre presente, onipresente em nós. O ser humano, em suas meditações, encontrará através de seu Ego essa fonte. Vive a Divindade por Si, em Si mesma e em Suas criaturas.
Temos, assim, demonstrado as três virtudes divinas em uma única Ação: Deus.
Resumindo, ainda, a nossa dissertação no seguinte esquema, verificamos:
As três potências inerentes ao Ego fazem-no semelhante a Deus, assim como o ser humano foi criado à Sua semelhança, conforme a Bíblia nos ensina.
(de Francisco Phellipp Preuss – Publicado na Revista Rosacruz da Fraternidade Rosacruz de Portugal de dezembro 1976)
“Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança…” (Gn 1:26) disse Deus: e o primeiro ser humano foi criado. E como tal, fomos criados com a capacidade de criar todos os corpos que precisamos para evoluir ainda que, nesse momento evolutivo e para se manifestar aqui na Região Química do Mundo Físico, precisamos nos juntar, vontade e imaginação, polo positivo e polo negativo, masculino e feminino, homem e mulher, para dar a oportunidade a um irmão ou irmã, um Ego evoluir aqui (e, concomitantemente a isso, garantir que teremos no futuro a chance também de evoluir aqui porque um irmão e uma irmã se propuseram a nos fornecer um Corpo Denso). Assim sendo, os pais são coparticipantes de Deus na obra da criação de seres humanos. E é por isso que, além da alegria que os filhos trazem, há uma responsabilidade enorme dos pais em relação a eles.
Quando da gravidez, a mulher precisa zelar e zelar muito pelo pequenino ser que é seu dependente. O primeiro passo numa paternidade e maternidade responsáveis, é que os pais tenham saúde física e mental para transmiti-las aos filhos. Mas se até o momento da concepção os pais agem, daí para frente a maior responsabilidade é da mãe. A necessidade de um acompanhamento médico é imprescindível a fim de prevenir ou sanar problemas. A alimentação sadia, evitando bebidas alcoólicas, tabaco e quaisquer tipos de drogas (lícitas ou ilícitas), complementada a orientação médica. Hábitos sadios são necessários para o perfeito desenvolvimento do pequenino ser ainda tão dependente da mãe.
E nesta hora em que a mãe traz em si o fruto do amor, o pai deve redobrar o carinho e os cuidados para que haja a complementação lógica de tudo que ela deve fazer.
Mas os pais não são responsáveis somente pelo desenvolvimento físico de seu bebê. A par dos cuidados já mencionados, é necessário um ambiente harmonioso, com muita paz e muito amor.
Uma criança amada e desejada dificilmente será uma criança carente e desajustada. Mesmo uma gravidez indesejada não deve gerar pensamentos destrutivos em relação à criança como se ela tivesse vindo sem nenhuma participação dos pais. A célebre frase “sou dona do meu corpo” nada significa quando se tem outro ser dentro de nós, pois nossos direitos vão somente até onde começamos direitos dos demais.
Os filhos são talentos que Deus nos confiou e dos quais nos pedirá contas. É necessário não só guardá-los para que se não percam as qualidades que trouxeram, como também incentivá-los a cultivar essas mesmas qualidades para que se desenvolvam.
Se os pais colaboram com Deus na formação de um novo ser, também devem, como Deus o faz, respeitar a individualidade desse mesmo ser. Devem orientá-los com palavras e exemplos, dar-lhes, na medida do possível, as bases necessárias para que vivam mais plenamente e aproveitem sua estadia nesse mundo para progredirem o mais que possam.
Mas de maneira alguma podem se achar donos de seus filhos. Nunca pensar ou agir como se eles fossem sua propriedade, o “meu” filho e não um indivíduo a quem eles por ajudarem-no a vir ao mundo, se tornou propriedade sua. Deus respeita-nos como indivíduos e não viola nosso livre arbítrio. Quem somos nós para nos julgarmos donos de alguém?
Não podemos ter a pretensão de que nossos filhos são propriedades nossas como o são nossas casas ou carros.
Os pais têm a missão divina de formar os filhos, orientá-los intelectual, moral e materialmente falando, tomando-os aptos a se desenvolverem melhor e, quando partirem desta vida, deixarem melhor o mundo em que viveram.
Devem sempre lhes dar exemplo, apoio e amor, trazendo-os ou pelo menos procurando trazê-los de volta ao bom caminho quando dele se afastarem.
Deus faz conosco tudo que foi acima mencionado e nós devemos fazer isso em relação a nossos filhos: ver neles um ser criado à imagem e semelhança de Deus e que, com a nossa colaboração, deve encontrar seu próprio caminho e cuja realização só dele depende.
(de Maria José A. S. de P. Coimbra, publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – junho/1979 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Constituição Sétupla do ser humano se compõe de:
O Tríplice Espírito, o Ego:
A 4) Mente – Foco através do qual se reflete o Ego no Tríplice Corpo
O Tríplice Corpo, a sombra do Tríplice Espírito:
Para funcionarmos na Região Química do Mundo Físico precisamos de um Corpo Denso adaptado ao nosso ambiente. Se assim não fosse seríamos fantasmas, como geralmente dizem, e seríamos invisíveis à maioria dos seres físicos. Esse é o copo visível que vemos com os nossos olhos físicos. O nosso Corpo Denso é um composto químico tanto quanto o da pedra, se bem que esta última esteja ocupada só pela vida mineral. Todavia, mesmo falando do ponto de vista puramente físico e deixando à margem qualquer outra consideração, notamos várias diferenças importantes se comparamos o Corpo Denso do ser humano com o mineral da Terra. O ser humano move-se, cresce e propaga a sua espécie, mas o mineral, em seu estado natural, nada disso pode fazer.
O Corpo Denso, construído na matriz do Corpo Vital durante a vida pré-natal, com uma exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital. Veremos essa exceção a seguir.
Para funcionarmos na Região Etérica do Mundo Físico precisamos de um Corpo Vital adaptado ao nosso ambiente. Temos um Corpo composto de Éter que é chamado de Corpo Vital nas Escolas de Mistérios Ocidentais, pois o Éter é o caminho de ingresso da força vital do Sol e o campo das forças da natureza que promovem as atividades vitais de assimilação, crescimento e propagação.
Este veículo é uma exata contraparte do nosso Corpo Denso, molécula por molécula e órgão por órgão, com uma única exceção, que veremos a seguir. Mas é ligeiramente maior, estende-se cerca de 4 cm além da periferia do nosso Corpo Denso.
O baço é a porta de entrada de forças que vitalizam o corpo. Na contraparte etérica deste órgão, a energia solar se transmuta em fluido vital, de cor-de-rosa pálido. Daí se espalha por todo o sistema nervoso e, uma vez que tenha sido utilizado no corpo, irradia-se para fora, em correntes, parecendo espinhos que saem da pele de um porco-espinho.
Os raios do Sol são transmitidos diretamente, ou refletidos mediante os Planetas e a Lua. Os raios que vêm diretamente do Sol proporcionam iluminação espiritual; os raios recebidos por intermédio dos Planetas produzem inteligência, moralidade e crescimento anímico; mas, os raios refletidos pela Lua produzem crescimento físico, como se vê no caso das plantas que crescem diferentemente quando plantadas na fase crescente da Lua ou na minguante. Há também diferenças nas plantas semeadas quando a Lua passa por Signos estéreis ou férteis do Zodíaco.
O raio solar é absorvido pelo Espírito humano, que tem seu assento no centro da fronte; o raio estelar é absorvido pelo cérebro e pela medula espinhal e o raio lunar entra em nosso sistema através do baço.
Todos os raios, tanto os do Sol como os da Lua e os das estrelas, são de três cores e, na radiação lunar, que fornece nossa força vital, o raio azul é a vida do Pai, que produz a germinação; o raio amarelo é a vida do Filho, que é o princípio ativo da nutrição e do crescimento, e o raio vermelho é a Vida do Espírito Santo, que estimula a ação, libertando a energia armazenada pela força amarela. Este princípio é especialmente ativo na geração.
Os diferentes reinos absorvem essa força vital de maneira diversa, de acordo com sua constituição. Os animais têm somente 28 pares de nervos espinhais e estão harmonizados com o mês lunar de 28 dias, dependendo, portanto, de um Espírito-Grupo para a infusão dos raios estelares necessários para produzir consciência. Nenhum deles é capaz de absorver os raios diretos do Sol.
O ser humano se encontra num estágio de transição: tem 31 pares de nervos espinhais, que o relacionam com o mês solar, mas os nervos da chamada cauda eqüina (literalmente rabo de cavalo), no fim da nossa medula espinhal, estão ainda pouco desenvolvidos para que possam servir de passagem para o raio espiritual do Sol. À medida que elevamos nossa força criadora, mediante pensamentos espiritualizados, desenvolvemos esses nervos e despertamos as faculdades adormecidas do Espírito. Mas é muito perigoso tentar esse desenvolvimento a não ser sob a direção de um mestre capacitado e advertimos seriamente o leitor para que não empregue nenhum método vendido ou publicado em livros, porque tais práticas geralmente levam à demência. O método seguro nunca se vende por dinheiro, nem é trocado por algo terreno, seja grande ou pequeno, mas é sempre dado gratuitamente, como uma recompensa ao mérito.
“Pedi, e recebereis; procurai, e achareis; batei, e abri-se-vos-á”, disse Cristo. Se nossa vida é uma oração para a iluminação, a procura não será vã e nossa chamada não ficará sem resposta.
Quando a energia solar tiver sido transmutada no baço, atravessa o sistema nervoso do corpo, brilhando com um delicado tom róseo. Serve para o mesmo propósito que a eletricidade numa instalação telefônica. Podemos estender cabos entre cidades, levantar estações telefônicas e até instalar receptores e transmissores. Podemos também pôr operários preparados diante de toda a rede mas, enquanto o fluido elétrico não circular pelos fios, as comunicações não funcionarão.
Assim acontece também com o Corpo. O Espírito Humano é o operador e, da estação central do cérebro, os nervos se ramificam, indo por todo o organismo a todos os músculos. Quando esse fluido vital atravessa o sistema nervoso, o Ego pode enviar suas ordens aos músculos e impeli-los a se moverem; mas se o fluido vital, por qualquer razão, não afluir a determinada parte do corpo, tal como um braço ou uma perna, o Espírito será incapaz de mover essa parte do corpo e ela ficará paralisada.
Quando gozamos de boa saúde especializamos a energia solar em tão grande quantidade que não podemos empregá-la toda em nosso corpo e, nesse caso, ela se irradia pelos poros da pele em raios retos e serve a um propósito similar ao do ventilador para purificar o ar. Esse aparelho expulsa o ar viciado de um quarto ou de um edifício, mantendo sua atmosfera pura e suave. A força vital excessiva que se irradia do nosso corpo leva consigo os gases venenosos, micróbios deletérios e matérias residuais, mantendo desse modo a saúde do organismo em bom estado. Ele também evita que os exércitos de germes causadores de doenças, que flutuam na atmosfera, penetrem no corpo, da mesma forma que o exaustor impede que uma mosca entre voando num edifício. Vê-se, pois, que essa força vital serve aos mais benéficos propósitos, mesmo depois de ser utilizada em nosso corpo, quando volta ao seu estado livre.
É um espetáculo curioso e surpreendente observar, pela primeira vez, que das partes expostas do nosso corpo, como as mãos e o rosto, começa a fluir uma corrente de pequeninas estrelas, cubos, pirâmides e outras figuras geométricas. O autor, mais de uma vez, esfregou os olhos quando começou a observar esse fenômeno, porque lhe parecia estar sofrendo de alucinações. As formas vistas são átomos químicos os quais cumpriram seu propósito dentro do corpo e são expelidos pelos poros.
Depois das refeições, o fluido vital é consumido pelo corpo em grandes quantidades, porque ele é o meio pelo qual as forças da natureza integram o alimento em nosso corpo. Portanto, as irradiações são mais débeis durante o período da digestão. Se a refeição foi abundante, a irradiação é perceptivelmente diminuída e não limpa o nosso corpo tão completamente como quando acabamos de digerir o alimento, nem é tão poderosa para manter afastados os germes inimigos. Por esta razão, estamos mais expostos a apanhar um resfriado ou outra enfermidade qualquer por comermos em excesso.
Durante uma enfermidade, o Corpo Vital especializa muito pouca quantidade de energia solar. Então, por algum tempo, o Corpo Denso – o Corpo Denso – parece que se alimenta do Corpo Vital e, desse modo, este veículo fica mais transparente e tênue, ao mesmo tempo que o Corpo Denso fica debilitado. As irradiações ódicas purificadoras estão quase completamente ausentes durante a enfermidade e, devido a isto, as complicações se manifestam com muita facilidade.
Embora a ciência oficial não tenha observado diretamente o Corpo Vital do ser humano, em diversas ocasiões ela postulou a necessidade da existência de tal veiculo para explicar os fatos da vida, e as irradiações foram observadas por vários cientistas, sob condições diversas. Blondlot e Charpentier deramlhe o nome de Raios N, em atenção à cidade de Nantes, onde tais irradiações foram observadas por esses cientistas; outros chamaram-na “o fluido ódico”. Investigadores que dirigiram pesquisas sobre fenômenos psíquicos chegaram a fotografar essas irradiações quando eram extraídas do baço dos médiuns, pelos espíritos materializantes. O Dr. Hotz, por exemplo, obteve duas fotografias de uma materialização por meio da médium alemã Minna Demmler. Numa delas vê-se uma nuvem de Éter saindo do lado esquerdo da médium, sem nenhuma figura ou forma definida. A segunda fotografia, tomada poucos momentos depois, mostra o espírito materializado, colocado ao lado da médium. Outras fotografias, obtidas por cientistas do médium italiano Eusapio Palladino, assinalam uma nuvem luminosa pairando ao seu lado esquerdo.
No princípio desta descrição, dissemos que o Corpo Vital é uma exata contraparte do Corpo Denso, com uma exceção: ele é de sexo oposto, ou seja, de polaridade oposta. Como o Corpo Vital nutre o Corpo Denso, podemos facilmente compreender que o sangue é a sua expressão invisível mais elevada, e também que um Corpo Vital positivamente polarizado há de gerar mais sangue do que um com polaridade negativa.
A mulher, que é fisicamente negativa, tem um Corpo Vital positivo; daí gerar-se nela um excesso de sangue, do qual se liberta por meio do fluxo periódico. Ela também é mais propensa às lágrimas, que são uma hemorragia branca, e o homem, cujo Corpo Vital é negativo, não gera mais sangue do que o que pode utilizar, sem qualquer transtorno. Portanto, para ele não é necessário esse processo de descarga de excesso de sangue, como na mulher.
Para funcionarmos no Mundo do Desejo precisamos de um Corpo de Desejos adaptado ao nosso ambiente. Assim, além do Corpo Denso e do Corpo Vital temos um corpo construído de matéria de desejo, do qual formamos as nossas emoções e sentimentos. Esse veículo impele-nos também a buscar a satisfação dos sentidos. Mas, enquanto os dois veículos de que falamos antes estão bem organizados, o Corpo de Desejos aparece à vista espiritual como uma nuvem ovóide que se estende cerca de 40 a 50 cm além do Corpo Denso. Ele se estende desde acima da nossa cabeça até debaixo dos nossos pés, de modo que o Corpo Denso fica no centro dessa nuvem ovóide, da mesma forma que a gema está no centro de um ovo.
A razão de ser do estado rudimentar deste veículo é que foi agregado à constituição humana mais recentemente do que os corpos anteriormente mencionados. A evolução da forma pode ser comparada ao modo pelo qual os humores do caracol primeiramente se condensam em sua carne, convertendo-se depois numa concha dura. Quando o nosso atual Corpo Denso germinou no espírito, era apenas um pensamneto-forma, mas gradualmente foi se tornando cada vez mais denso e concreto, acabando por se converter numa forma cristalizada de matéria química. O Corpo Vital foi o próximo a ser emanado pelo espírito, como uma forma de pensamento e se encontra no terceiro grau ou estado de condensação, que corresponde ao etérico. O Corpo de Desejos é uma aquisição ainda posterior. Foi também inicialmente um pensamneto-forma, mas agora está se condensando em matéria de desejo; e a Mente, que recebemos recentemente, é ainda apenas um pensamento-forma nebuloso.
Os braços e as pernas, as orelhas e os olhos não são necessários quando se usa o Corpo de Desejos, porque ele pode percorrer o espaço mais velozmente do que o vento, sem ter necessidade dos meios de locomoção de que necessitamos no Mundo visível.
Quando se vê com a visão espiritual, percebe-se que no Corpo de Desejos há uma porção de vórtices giratórios. Já explicamos que uma característica da matéria de desejo e estar em movimento constante, e que do vórtice principal, na região referente ao fígado, sai um fluxo contínuo que se irradia para a periferia deste corpo ovóide, retornando ao centro por meio de muitos outros vórtices. O Corpo de Desejos apresenta todas as cores e nuances até agora conhecidas e um número infinito de outras cores que são indescritíveis na linguagem humana. Estas cores variam de pessoa para pessoa, segundo suas características e temperamentos, assim como variam a cada instante à proporção que a pessoa experimenta emoções, fantasias e desejos. Existe, porém, em cada um, certa cor básica, que depende da estrela regente no momento do nascimento. No ser humano em cujo horóscopo o Planeta Marte está fortemente colocado, há uma tonalidade básica carmesim em sua aura; quando Júpiter e o Planeta regente, a cor que prevalece é azulada; assim, cada Planeta, Sol ou Lua regente imprimirá sua própria cor.
Houve uma época na história da Terra, quando a solidificação ainda não estava completa, em que os seres humanos viviam em ilhas, aqui e ali, entre os mares em ebulição. Os seres humanos ainda não tinham desenvolvido nem os olhos nem os ouvidos, mas apenas um pequeno órgão: a Glândula Pineal, que é chamada pelos anatomistas de o terceiro olho, que sobressaía por trás da cabeça e que era um órgão localizador de percepção. Ela advertia o homem quando se aproximava demasiado de uma cratera vulcânica, capacitando-o a fugir do perigo e da destruição. Desde então, os hemisférios cerebrais cobriram a glândula Pineal e em lugar de ter um simples órgão de percepção, todo o corpo, interna e externamente, é sensível aos impactos, o que, como é natural, é um estágio de desenvolvimento muito mais avançado.
No Corpo de Desejos, cada uma das partículas é sensível ao mesmo tempo às vibrações da visão, da audição e dos demais sentidos, e cada uma delas gira em incessante movimento, de forma que, quase no mesmo instante, ela pode estar na parte superior e na parte inferior do Corpo de Desejos e proporcionar a todos os pontos, de todas as outras partículas, uma sensação do que ela está experimentando. Desse modo, cada partícula de matéria de desejo no nosso veículo notará instantaneamente qualquer sensação experimentada por qualquer partícula isolada. Portanto, Corpo de Desejos é de uma natureza extremamente sensível, capaz de transmitir as emoções e os sentimentos mais intensos.
Para funcionarmos na Região Concreta do Mundo do Pensamento precisamos de uma Mente adaptada ao nosso ambiente. Essa é a última aquisição do espírito humano e na maioria das pessoas que ainda não se acostumou a um raciocínio ordenado e consecutivo, é apenas uma nuvem caótica, disposta principalmente em torno da cabeça. Quando se olha de modo clarividente para uma pessoa, parece haver um espaço vazio no centro da fronte, justamente acima e entre as sobrancelhas. Esse espaço assemelha-se à parte azulada de uma chama de gás. Isso é matéria mental, que encobre o espírito humano, o Ego, e ao autor foi dito que nem o vidente mais favorecido pode penetrar esse véu que, no antigo Egito, era chamado de “véu de Isis”. Ninguém podia levantá-lo e continuar vivendo, porque por trás dele está o Santo dos Santos, o templo do nosso corpo, onde o Espírito está protegido contra qualquer intromissão.
As pessoas que anteriormente não estudaram as filosofias ocultas poderão formular a seguinte pergunta: Mas por que todas essas divisões? Mesmo a Bíblia só nos fala de corpo e alma, e muitas pessoas crêem que alma e espírito são termos sinônimos. Podemos responder apenas que essa divisão não é arbitrária, mas necessária, e está baseada nos fatos da natureza. Também não é certo considerar alma e espírito como sinônimos. O próprio São Paulo falou do corpo natural, que é composto de substâncias físicas: sólidas, líquidas, gasosas e etéricas. Ele também mencionou corpo espiritual, que é o veículo do Espírito, composto da Mente e do Corpo de Desejos, e o próprio Espírito, e é chamado Ego, em latim, e “Eu”, em português.
O termo “Eu” é aplicado pelo Espírito Humano unicamente a si próprio. Todos nós podemos chamar cão a um cão, ou mesa a uma mesa, e qualquer outro pode aplicar os mesmos nomes ao cão ou a mesa, mas somente um ser humano pode chamar-se “Eu”. Unicamente ele pode aplicar essa palavra a si mesmo, palavra que é exclusiva entre todas: “Eu”, porque ela é o distintivo da própria Consciência, o reconhecimento de si mesmo pelo Espírito Humano como uma entidade separada e a parte de todas as outras.
Vemos, pois, que a constituição do ser humano é mais complexa do que parece à primeira vista; agora passaremos a especificar o efeito de diferentes condições de vida sobre esse ser complexo.
Assim vemos que como adaptamos a matéria do Mundo Físico e lhe damos forma num Corpo Denso, e tal como damos forma à força-matéria do Mundo do Desejo, num Corpo de Desejos, assim também reservamos para nós uma determinada quantidade de matéria mental da Região do Pensamento Concreto. Mas nós, como Egos, nos revestimos de uma substância espiritual da Região do Pensamento Abstrato e, por meio dela, nos tornamos individuais, Egos separados.
É o terceiro dos três veículos mais elevados de um ser humano. É o nosso veículo para funcionarmos na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Compõe com o Espírito de Vida e o Espírito Divino o Tríplice Espírito, a manifestação de um Espírito Virginal, o Ego. É a contraparte superior do Corpo de Desejos. É alimentado por meio da Alma Emocional. Foi despertado em nós pelos Serafins na quinta Revolução do Período Lunar. Atualmente são os Senhores da Forma que estão encarregados de nos ajudar a desenvolvê-lo. É o terceiro véu do Espírito Virginal. É a camada exterior que prende o Espírito Virginal e faz dele um Ego separado.
É o segundo dos três veículos mais elevados de um ser humano. É o nosso veículo para funcionarmos no Mundo do Espírito de Vida. Compõe com o Espírito Divino e o Espírito Humano o Tríplice Espírito, a manifestação de um Espírito Virginal, o Ego. É a contraparte do Corpo Vital. É alimentado por meio da Alma Intelectual. Foi despertado em nós pelos Querubins na sexta Revolução do Período Solar. Atualmente são os Senhores da Individualidade que estão encarregados de nos ajudar a desenvolvê-lo.
É o primeiro dos três veículos mais elevados de um ser humano. É o nosso veículo para funcionarmos no Mundo do Espírito Divino. Compõe com o Espírito de Vida e o Espírito Humano o Tríplice Espírito, a manifestação de um Espírito Virginal, o Ego. É a contraparte superior do Corpo Denso. É alimentado por meio da Alma Consciente. Foi despertado em nós pelos Senhores da Chama na sétima Revolução do Período de Saturno. Atualmente são os Senhores da Sabedoria que estão encarregados de nos ajudar a desenvolvê-lo.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Ao Período Terrestre os Rosacruzes chamam Marte-Mercúrio. Isso porque a parte chamada Involução desse Esquema de Evolução compreende os Período de Saturno, Solar, Lunar e a metade Marciana do Período Terrestre. Durante esse intervalo, a vida, que está evoluindo, construiu seus veículos, mas só adquiriu plena e clara consciência do mundo externo na última parte da Época Atlante. Já a parte chamada Evolução desse Esquema de Evolução compreende a metade Mercurial do Período Terrestre e dos Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano. A consciência humana se expandirá durante esta peregrinação, até alcançar a onisciência, a Inteligência Criadora.
O grande Dia da Manifestação Criadora, pelos quais têm passado e passarão os Espíritos Virginais, em sua peregrinação através da matéria, deram nome aos dias da semana:
O Período de Vulcano é o último Período do nosso plano evolutivo. A quintessência de todos os Períodos precedentes é extraída por Recapitulação, espiral após espiral. Nenhum novo trabalho é feito até a última Revolução, do último Globo, na Sétima Época. Portanto, pode-se dizer, o Período de Vulcano corresponde à semana, que inclui todos os sete dias.
Está bem fundamentada a afirmação dos astrólogos de que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Os antigos estavam familiarizados com esses conhecimentos ocultos, como demonstram suas mitologias, onde os nomes dos deuses eram associados aos dias da semana. Saturday (sábado) é, simplesmente, o dia de Saturno; Sunday (domingo) está relacionado com o Sol, e Monday (segunda-feira) relaciona-se com a Lua. Os latinos chamavam à terça-feira “Dies Martis”, o que mostra claramente sua relação com Marte, o deus da guerra. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o nome do deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) era Wotanstag, de Wotan, também um deus do norte; os latinos denominavam-no “Dies Mercurii”, demonstrando assim sua relação com Mercúrio, conforme indicamos em nossa lista.
Thursday ou Thorsdag (quinta-feira) chamava-se assim porque “Thor” era o deus do trovão, e os latinos denominavam-no “Dies Jovis”, com o dia do deus do trovão “Jove” ou Júpiter.
Friday (sexta-feira) era assim chamado porque a deusa do norte que encarnava a beleza chamava-se “Freya”. Por análogas razões, os latinos chamavam-no “Dies Veneris”, o dia de Vênus.
Esses nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas físicos. Referem-se às encarnações passadas, presente e futuras da Terra. Como no dizer do axioma hermético: “assim como é em cima, é em baixo”, o macrocosmo tem suas encarnações como as tem o ser humano, o microcosmo.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Resposta: “Um homem persuadido contra sua vontade continua, dentro de si, com a mesma opinião”[1], diz um provérbio antigo, e isso é verdade. Enquanto seu amigo estiver propenso a discutir e não inclinado a examinar as provas com uma Mente aberta, será uma perda de tempo tentar fazê-lo mudar de opinião. Sugeriríamos que você pare de discutir; ele poderá, então, ficar ansioso e propenso a descobrir algo mais. Quando isso acontecer, haverá várias maneiras de provar a existência e realidade do Corpo Vital. Podemos citar algumas.
Em primeiro lugar, há a máquina fotográfica. Talvez você possa encontrá-la em sua cidade, entre os espiritualistas, alguém que esteja capacitado a tirar “fotografias de espíritos”. Embora haja truques bem conhecidos pelos fotógrafos, que permitem a composição de tais fotografias, no entanto, em determinadas condições, foram tiradas fotos de pessoas que passaram para o além sem que houvesse nisso qualquer vislumbre de fraude. Essas pessoas se revestiram de Éter, material com o qual o Corpo Vital é formado, e que é visível às lentes fotográficas. O próprio escritor já foi apanhado por uma câmara ao viajar, em seu Corpo Vital, de Los Angeles a San Pedro para ver um amigo a bordo de um navio a vapor. Isso aconteceu porque me coloquei entre esse amigo e a câmara de outro amigo que estava justamente tirando uma foto instantânea do navio, e a semelhança foi tão boa que fui reconhecido por várias pessoas.
Temos, também, o fenômeno dos cachorros seguindo a trilha de certas pessoas por meio do odor obtido das roupas que elas usaram. Essas roupas ficam impregnadas pelo Éter do Corpo Vital, Corpo esse que se expande cerca de uns quatro centímetros além da periferia do Corpo Denso. Assim, a cada passo que damos, a Terra é penetrada por esse fluido invisível e radiante. Entretanto, verificou-se certa vez, que cães de caça da raça sabujo seguindo o rastro de um criminoso fugitivo falharam e perderam a pista, porque o fugitivo usava patins, evadindo-se através do gelo. Isso lhe permitiu ficar acima do solo, de forma que o Corpo Vital, que se estendia além de seus pés, não impregnou o gelo e, por conseguinte, não havia odor pelo qual os cães sabujos pudessem segui-lo. Resultados similares foram obtidos por uma pessoa que andou sobre “pernas de pau” no local do crime cometido por ela.
Há também o caso do curador magnético que retira do seu paciente as partes doentes do Corpo Vital, as quais são substituídas por Éteres novos que permitem às forças vitais circularem através do órgão físico afetado e, desse modo, realizar a cura. Se o curador magnético não tiver o cuidado de se livrar do fluido etérico negro, de consistência gelatinosa, miasmático, que ele atraiu para seu próprio Corpo, ele cairá doente, e se não existisse tal fluido invisível do qual falamos, o fenômeno da recuperação do paciente e a posterior doença do curador magnético não poderia acontecer.
Finalmente, podemos dizer que se você puder achar as condições e ir ao fundo da questão, há uma maneira e uma condição que permitem a muitas pessoas ver o Corpo Vital com os próprios olhos. Isso pode ser realizado mais facilmente em lugares onde os mortos são enterrados rapidamente logo após a morte. Escolha um período tão próximo quanto possível da Lua Cheia. Então, procure nos noticiários (jornais, internet, etc.) as notícias sobre falecimentos nas últimas vinte e quatro horas e vá ao cemitério na noite seguinte ao enterro da pessoa. Provavelmente, você poderá ver por cima do túmulo recém-fechado, flutuando ao luar, a forma tênue do Corpo Vital que permanece ali e que se decompõe sincronicamente com o Corpo Denso que jaz no túmulo. Isso pode ser observado em qualquer ocasião por um Clarividente, mas só se torna suficientemente denso e visível para a pessoa comum na primeira noite após o funeral. Se não puder vê-lo a princípio, ande ao redor do túmulo e olhe firmemente em sua direção a partir de ângulos diferentes. Terá, então, a mais convincente prova ocular que poderá ser fornecida a seu amigo.
(Pergunta nº 131 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: de Mary Wollstonecraft (1759-1797), escritora, filósofa, e defensora dos direitos da mulher, inglesa.
A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante.
Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que está evoluindo passou através de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda teremos de passar, bem como às quatro Grandes Iniciações.
Dentro desses quatro estados de consciência já passados há treze graus. Do estado atual do ser humano até a última das Grandes Iniciações há treze Iniciações: os nove graus dos Mistérios Menores e as quatro Grandes Iniciações.
Uma divisão similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma é a expressão da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde, necessariamente, a um desenvolvimento de consciência.
Primeiramente, Cuvier[5] dividiu o Reino Animal em quatro classes primárias, mas não soube dividir essas classes em subclasses. O embriologista Karl Ernst Von Baer[6], o Prof. Agassiz[7] e outros cientistas classificam o Reino Animal em quatro divisões primárias e treze subdivisões, como a seguir:
As primeiras três divisões correspondem às três Revoluções da metade mercurial do Período Terrestre e suas nove subdivisões correspondem aos nove graus de Mistérios Menores, que serão alcançados pela humanidade quando tenha chegado à metade da última Revolução do Período Terrestre.
A quarta divisão na lista do Reino Animal mais avançado tem quatro subdivisões: peixes, répteis, aves e mamíferos. Os graus de consciência indicados correspondem a estados análogos de desenvolvimento que alcançará a humanidade respectivamente ao final dos Períodos: Terrestre, de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, mas que o Aspirante pode obter atualmente por meio da Iniciação. A primeira das Grandes Iniciações produz o estado de consciência que alcançará a humanidade comum no final do Período Terrestre; a segunda, o estado que alcançará no final do Período de Júpiter; a terceira, a extensão de consciência que se alcançará ao finalizar o Período de Vênus; e a quarta fornece ao iniciado o poder e a onisciência que alcançará a humanidade no final do Período de Vulcano.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, Águas-vivas
[2] N.R. – “sem cabeça”
[3] N.R. – “pés nos intestinos”
[4] N.R. – “pés na cabeça”; exe. Polvo
[5] N.R.: Jean Léopold Nicolas Frédéric Cuvier (1769-1832) – naturalista e zoologista francês
[6] N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) – biólogo, geólogo, meteorologista e médico prussio-estoniano
[7] N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) – naturalista, geologista e professor suíço
Pergunta: Estou me recuperando de uma doença e me sentindo ótima. Minha experiência tem sido atrair esses bons sentimentos, apoiar-me neles, tentando torná-los e tornar-me melhor. Estou tentando fazer com que as coisas aconteçam de acordo com minha vontade. Estou agora, rezando para que seja feita a vontade de Deus e parei de tentar fazer com que as coisas aconteçam por mim mesma. Isto é certo ou não?
Resposta: Estamos certos ao pedir que seja feita a vontade do Pai. Esse seria o ápice de todos os nossos pedidos, em todas as fases de nossas vidas. Não podemos cometer o erro, porém, de enervar nossa própria vontade, “programando-a” para se tornar passiva na subserviência à vontade de Deus. Foi-nos dada força de vontade para que nos tornemos ativos conforme as leis naturais e universais e isso é um dos aspectos mais importantes de nossa divindade latente. Naturalmente, a vontade de Deus deveria ter prioridade sobretudo, mas devemos estar também preocupados em inclinar nosso desejo, de acordo com o que acreditamos, seja Seu desejo.
É evidente que não estamos sempre certos de compreender Sua vontade, mas é exatamente aí que o processo educativo se torna mais poderoso. Os erros são, frequentemente, nossos melhores professores. Precisamos aprender a agir corretamente sozinhos, acrescentando e completando quando necessário, de modo que nossas vidas possam ser guiadas e dispostas em experiências e canais proporcionais ao progresso e à evolução contínua.
“Deus ajuda aqueles que se ajudam”, nos foi ensinado. Se simplesmente imploramos para que “seja feita Vossa vontade”, sem abrir nossos Corações e Mentes para a orientação sobre qual seria Sua vontade nesta determinada situação, e sem fazer o que podemos pelo uso de nossa própria livre vontade para aumentar a vontade divina, não estamos nos ajudando como deveríamos.
“Onde termina a Vontade de Deus e onde começa a minha?” é uma pergunta que todos devem fazer muitas vezes por dia. A resposta não é fácil de se encontrar. Difere em cada situação e não pode ser completamente esclarecida até que o individuo esteja bem treinado na autoanálise e na autocompreensão, que só acontece depois de um longo período de execução do Exercício de Retrospecção noturna.
Idealisticamente, é lógico que a vontade de Deus e a nossa deveriam estar sobrepostas. Se realmente estamos em dúvida se elas se sobrepõem ou não e se somos francos e honestos conosco, a intuição e o bom senso, muitas vezes, vêm ajudar-nos. Se nos perguntamos: “O que Cristo Jesus faria em uma situação como essa?” não iríamos saber, de imediato qual seria a atitude certa a tomar. Mas, se continuarmos nesse caminho e nesse propósito, podemos estar certos de que a vontade de Deus será feita. Portanto, não pare de tentar fazer as coisas acontecerem simplesmente porque estas coisas parecem emanar da sua vontade. Logicamente, se você acha que seus desejos estão em conflito com os Dele, pare imediatamente. Por outro lado, tentar aumentar o bem que vem de nós – seja na forma de bons sentimentos, boas amizades, as dádivas de um trabalho frutífero ou qualquer outro bem – não está, de maneira alguma, intrinsecamente errado. Tudo deve ser considerado: o efeito sobre as outras pessoas, o efeito sobre o nosso relacionamento com as outras pessoas, a experiência do aprendizado em geral, no qual estamos envolvidos, todo o meio ambiente, etc. Em geral, somos aconselhados a fazer o que está em nosso poder – sempre de acordo com as regras do viver corretamente – para aumentar o que é bom.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em julho e agosto/1993)