O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo promove a sua Individualidade, não a sua Personalidade. Sim, existe diferença entre o que busca promover a sua Individualidade, e o que vive na sua Personalidade. O verdadeiro Aspirante Rosacruz busca continuamente se ligar-se ao seu Cristo Interno – expressão da sua Individualidade – e se expressar superiormente em servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. É coerente, no sentido de que age segundo a consciência. Embora imperfeito ainda, cônscio das ciladas de sua natureza inferior (expressão da sua Personalidade), ele “ora e vigia” constantemente.
Ao contrário do que parece, a promoção da Individualidade, bem entendida, une e valoriza a Fraternidade, da mesma forma que cidadãos conscientes formam um povo e não massa.
Atende-se bem no que, sobre o assunto, escreveu Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, a obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método de realização espiritual Rosacruz difere de outros sistemas num ponto especial: procura, desde o princípio, emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o confiante em si, no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e lutar em todas as condições. Somente aquele que for bem equilibrado, pode ajudar ao débil”.
Há um perigo de se interpretar mal essa independência. Julgamos, rigorosamente, como dependência externa, inclusive a que se pode ter a nossa Personalidade, que não faz parte real de nosso “Eu Superior”. Isto quer dizer que o verdadeiro Aspirante Rosacruz não procura mestres, guias, instrutores, ídolos, “preferidos”, “seguidores” externos; que em nossa Fraternidade não há estres ou instrutores, senão orientadores no reto sentido de quem procura ajudar cada Estudante Rosacruz a se ajudar, a se libertar, a se independer, a se confiar para ser um valioso servidor na obra de Cristo na Terra. Aquele que gosta de proteção não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato. Aquele que vive buscando novos autores, novos livros, “novas tendências”, novos conferencistas ou oradores da vez e correndo de uma a outra conferência, exposições, “retiros”, encontros, simpósios, seminários de oradores ilustres ou da “moda”, que se empolga, que vive repetindo ideias alheias e, afinal de contas, continua sendo o mesmo indivíduo, não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato.
Perscrute-se letra a letra, linha a linha, página a página, no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as demais obras de Max Heindel e veja-se que todas elas são libertadoras. Os Irmãos Maiores não gostam de dependências. Temos de gravar com letras de fogo em nossa consciência anestesiada pela escravidão do mundo, que somos “príncipes”, filhos de Deus, centelhas de seu Fogo, Espíritos feitos à Sua Imagem e Semelhança tendo dentro de nós todos os divinos atributos, latentes, à espera de desenvolvimento e potencialização. Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento. “Não sabeis que sois templo do Altíssimo e o Espírito Santo habita em vós?” (ICor 3:16). “O Reino dos Céus está dentro de vós” (Lc 17:21). Ensinou-nos o próprio Cristo: “Aquilo que eu faço vós o fareis e obras maiores ainda” (Jo 14:12). São promessas bíblicas, são reconhecimento de nossa divindade em formação.
Mas para que essa Individualidade se forme harmoniosamente é necessário que se a oriente honestamente em humildade, em amor, em serviço, em entendimento. Não conhecemos outra Escola que o faça melhor, do que a Fraternidade Rosacruz! Ela não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações. Os Irmãos Maiores que a ditaram, são elevados Iniciados, conhecidos por seus frutos. Ela é simples e profunda como a própria natureza; racional e lógica como a própria nudez simbólica da verdade. Ela reúne a que há de mais atual e conveniente às necessidades internas de cada um de nós, Egos ocidentais; é uma fase mais elevada do Cristianismo, aquilo que o Cristo ainda não podia ensinar em seu tempo, porque não podíamos suportar; é o alimento sólido do “adulto espiritual”.
Respeitamos o “leite das criancinhas”; a necessidade de dependência de muitas pessoas a outras; compreendemos a curiosidade dos que buscam coisas novas, porque se encantaram com as “vestes coloridas e não podem avaliar, ainda, a essência”. Mas a Escola Fraternidade Rosacruz se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos que podem renunciar aos acenos do passado e “buscam alcançar o Reino dos Céus por assalto” (Lc 16:16), por seu próprio esforço e orientação esclarecida da Fraternidade. Não é uma dependência; é o reconhecimento de um método melhor, mais apropriado. O Irmão Maior leva em conta as possibilidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz e, tendo já percorrido o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, previne os desvios retardantes e o prepara para vencer as dificuldades que defrontará.
A Escola Fraternidade Rosacruz (dizemos “de Max Heindel” só porque já andam deturpando o nome “Rosacruz”) é uma compilação atualizada de todos os mistérios antigos, conciliados com os mistérios Cristãos, de modo a dar a mentalidade inquiridora e dinâmica do povo ocidental, uma explicação lógica e simples do ser humano, do universo e de sua missão no mundo. Daí chamar-se “Escola Ocidental de Mistérios, preparatória para uma Nova Era – a de Aquário –, em que seus ensinamentos constituirão a futura Religião, o Cristianismo Esotérico”.
Compreende-se, então, que ela não pode ainda atrair grande número de pessoas, porque pressupõe qualidade, porque ensina primeiro a dar, a primeiro “buscar o Reino de Deus e Sua justiça”, e por mérito, como consequência natural o desenvolvimento interno lhe venha “como acréscimo”.
Essa é a Iniciação: um processo natural de desenvolvimento interno, como decorrência do mérito que se conquista pelo domínio de si mesmo e pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. O resto é fantasia.
A Fraternidade Rosacruz é desinteresseira e sincera, desmascara ilusões e artificialismo pela simples apresentação de seus princípios racionais.
O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo que nela se inspira e forma se liberta de sua natureza inferior e concomitantemente, de todas as dependências externas. Não mais se desilude porque não se ilude. Sabe que seus poderes internos serão proporcionais a capacidade moral que ele desenvolve, para usá-los retamente. Não fala de si como um Mestre ou Instrutor, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores – porque sabe que atrás de tudo isso está a Personalidade a reclamar preço, glória, reputação, que o distinga dos demais.
O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo é autêntico, simples, humilde, e tudo refere a Deus dentro de si; é o que ocupa o último lugar e o que busca mais servir, sem pretensões ulteriores.
Quão necessário e oportuno se compreender isto para avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Julho de 1912
O que você acha que foi o ponto principal da lição do mês passado[1]? O ponto principal foi o relacionamento com as minhas experiências, pois, embora os Estudantes as tenham achado de grande valor, na realidade elas são insignificantes, salvo se serviram para transmitir um ensinamento benéfico a partir delas. O valor mais importante da lição do mês passado foi a enfática e reiterada insistência sobre a absoluta liberdade pessoal na Fraternidade Rosacruz.
A esse respeito, os Ensinamentos dos Mistérios do Ocidente diferem radicalmente dos que são fornecidos às almas mais jovens do Oriente, onde cada um tem o seu Mestre – um déspota a quem deve servir como escravo em todas as coisas, da mesma forma que fez “Kim”[2] com o guru a quem seguia, pois há muita veracidade na história de Kipling. Há a obediência absoluta e inquestionável às ordens do Senhor externo, a quem vê e segue fisicamente; esse é o meio para o adiantamento espiritual; o discípulo não tem nenhum direito de escolha ou qualquer privilégio, tampouco ele tem responsabilidades.
Entre as almas mais velhas do Ocidente, que aspiram ao crescimento espiritual, não pode haver nenhum Mestre ou Guia. Nós temos que aprender a ficar sozinhos. Nós até podemos não gostar disso, e até podemos querer um Mestre ou Guia para nos livrar de responsabilidades. E neste fato está o motivo, segundo eu creio, pela qual tão grande número de pessoas inteligentes e cultas tem ingressados em círculos espiritualistas ou sociedades que proclamam os ensinamentos do Oriente. Evoluídos acima do desenvolvimento normal do Ocidente, eles sentem o Grande Além os atraindo, como o amplo espaço do céu azul atrai o passarinho que, apesar do medo, confia em suas asas inexperientes; mas o impulso interno os compele; e receosos de confiar em si mesmos, eles agarram ansiosamente a mão de “Mestres” ou “Guias Espirituais” ou, até, outros nomes que são dados, com a esperança de obter, com a ajuda desses, o poder espiritual. No entanto, a criança para aprender a andar deve engatinhar e cair no chão; deve se levantar e tornar a cair. A experiência é desagradável, mas inevitável, e isso é preferível às consequências que acarretariam atá-la a uma cadeira para evitar as quedas; nesse caso, os membros superiores e inferiores lhe seriam inúteis. E então, o mesmo acontece com os poderes espirituais latentes dos infelizes que estão sob o domínio nefasto (para os Ocidentais) dos Guias Espirituais e dos Mestres Orientais.
O “Professor” Ocidental é mais parecido como um “pássaro pai” ou “pássaro mãe”, que empurra os seus pequeninos para fora do ninho, se eles não quiserem sair por si mesmos. Podemos nos lastimar, mas temos que aprender a voar. Tomem o meu próprio caso como exemplo: empurrado para o mundo, fui incumbido de divulgar os Ensinamentos Rosacruzes; e aqui você pode ter certeza de que, muitas vezes, me faltou a respiração à medida que percebia quão gigantesca era tal missão e quão insignificantes éramos a Augusta Foss Heindel e eu. Muitas vezes, quando sentíamos que o trabalho nos ia derrubar, oramos e oramos por ajuda, mas ao olharmos para trás, podemos ver as lições que aprendemos com a batalha.
Algumas vezes, os amigos comentavam: “Oh, como gostaríamos de ter mais recursos financeiros para construir a Ecclesia e Escolas, para que o trabalho pudesse ser levado ao mundo com maior resultado”; mas, nos apercebemos que existem outras lições ante nós e que, quando estivermos prontos, os meios virão para uma maior extensão virão; até lá, as nossas asas precisam de mais treinamento.
O mesmo acontece com todos os associados da Fraternidade Rosacruz. Devemos aprender a lição do trabalho para um fim comum, sem lideranças; cada um, inspirado pelo Espírito do Amor interno, deve se esforçar pela elevação física, moral e espiritual de todo o mundo até alcançar a estatura de Cristo – o Senhor e a Luz do Mundo.
(Cartas aos Estudantes – nº 20 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: A lição do mês passado foi sobre “Santidade das Experiências Espirituais”:
Recebemos muitas cartas dos Estudantes que fizeram apreciações a respeito das lições anteriores, e isso foi para nós uma fonte de satisfação por notar o profundo amor que sentem pela Fraternidade e o desejo de saber “como tudo aconteceu”. Por isso é que me sinto com mais disposição do que no princípio para apresentar as minhas experiências pessoais.
Ao mesmo tempo, nunca será suficientemente salientado que o relato indiscriminado das experiências suprafísicas é uma das práticas mais prejudiciais, não importa qual o ponto de vista considerado. Na Conferência nº 11, “Visão e Percepção Espiritual”, do livro “Cristianismo Rosacruz”, essa matéria foi amplamente explicada. O “tesouro descoberto” deve ser extraído em silêncio, e aprendemos, pelo mito grego, que Tântalo foi lançado às regiões do inferno por divulgar segredos espirituais. Por outras palavras, não podemos obter a verdadeira iluminação enquanto formos divulgando os nossos sonhos e visões, contando-os aos que, declaradamente, não desejam escutar. Ao proceder assim, profanamos e depreciamos o que deveríamos reverenciar, e a profanação é capaz de focalizar a nossa visão nas regiões infernais, os estratos inferiores do Mundo do Desejo.
Por outro lado, tais narrações sempre embaraçam a credulidade daqueles que as escutam. Não há medida alguma pela qual possamos avaliar a sua exatidão. Muitas vezes parece que eles não têm uma posição prática sobre o problema da vida. Mesmo que tenhamos fé na veracidade do visionário, as suas histórias não têm valor algum, a menos que possamos descobrir nelas uma lei fundamental ou um propósito.
Dessa forma, a declaração da lei é suficiente, não necessita de atavios. A melhor ilustração sobre esse assunto foi-me dada quando descobri a lei da mortalidade infantil, lei nunca publicada até aparecer em nossa literatura.
Um dia meu Mestre me encarregou de seguir a vida de certa pessoa através de duas encarnações anteriores e apresentar-lhe depois meu parecer. Eu não tinha a menor ideia de que estava sendo enviado em busca de uma lei, mas pensei que o objetivo era desenvolver a minha faculdade para ser capaz de ler na Memória da Natureza. Quando terminei a observação, apresentei o resultado ao meu Mestre, que quis conhecer as circunstâncias em que essas mortes ocorreram. Respondi-lhe que a primeira morte daquele homem aconteceu num campo de batalha e a segunda, por doença, quando criança. O Mestre aprovou as minhas observações e encarregou-me de investigar as duas mortes de outra pessoa. Constatei que havia morrido a primeira vez por doença e, tal como no caso anterior, na segunda vez morreu ainda criança. Observei depois uma terceira pessoa, que morreu pela primeira vez num incêndio e na segunda vez me pareceu muito criança. Digo “pareceu-me”, porque dificilmente podia crer na evidência dos meus sentidos e sentia-me tímido quando informei isso ao meu Mestre. Surpreendi-me ao ouvi-lo dizer que a observação estava correta. Essa convicção foi aumentando à medida que investiguei a vida de quatorze pessoas. Na primeira vez tinham morrido por diversas circunstâncias: na guerra, em acidentes vários, por doenças etc., mas todas rodeadas pelas lamentações de seus familiares. Na segunda morte, todos passaram para o além quando crianças.
Então, meu Mestre pediu-me que comparasse essas mortes até encontrar o porquê de terem morrido em tenra idade. Por várias semanas analisei esses fatos, sem encontrar qualquer semelhança com essas várias formas de morte. Até que, num domingo pela manhã, justamente ao entrar em meu corpo, a solução irrompeu no meu cérebro. Despertei lançando o grito – Eureca! Quase caí no meio do quarto pelo salto que dei com a alegria que senti por ter encontrado a solução. Os horrores das batalhas, incêndios, acidentes, assim como as lamentações dos familiares, os privaram da profunda impressão do panorama da vida. Por conseguinte, o valor de uma vida, terminada sob tais condições, perder-se-ia se não fosse seguida da morte na infância e o subsequente ensinamento no primeiro céu, plenamente demonstrado na nossa literatura. A lei, como já foi explicada, logicamente decifra o mistério da vida, independentemente da veracidade da minha história. Como a relatei unicamente para complementar a nossa lição, sinto-me com firmeza para exortar os outros a que guardem em silêncio as suas experiências espirituais.
[2] N.T.: Kim é um livro de Rudyard Kipling (autor e poeta britânico – 1865-1936) lançado em 1901. Um pequeno resumo desse livro: Kim (Kimball O’Hara) é o filho órfão de um soldado irlandês e de uma pobre mãe irlandesa os quais morreram na miséria. Vivendo uma existência vagabunda na Índia sob o domínio britânico no final do século XIX, Kim ganha a vida pela mendicância e execução de pequenos recados nas ruas de Lahore. Ocasionalmente trabalha para Mahbub Ali, um Pashtun comerciante de cavalos que é um dos agentes nativos do serviço secreto britânico. Kim está tão embebido na cultura local que poucos compreendem que ele é uma criança branca, embora ele seja portador de um pacote de documentos do seu pai que lhe foi entregue por uma mulher indiana que tomava conta dele. Kim faz amizade com um idoso Lama tibetano que está tentando se libertar da Roda de coisas necessitando encontrar o lendário Rio da Seta. Kim se torna seu discípulo e acompanha-o na sua busca. No caminho, Kim aprende algo sobre o Grande Jogo e é recrutado por Mahbub Ali para levar uma mensagem ao chefe dos serviços secretos britânicos em Umballa. A viagem de Kim com o Lama ao longo da Grand Trunk Road (é uma das estradas mais antigas e mais compridas de Ásia. Há mais de dois milénios que tem ligado as regiões orientais e ocidentais do subcontinente indiano, ligando o sul da Ásia à Ásia Central. Começa em Chittagong, no Bangladesh ocidental, e vai para Howrah, no Bengala Ocidental na Índia, atravessa o norte da Índia para Lahore, no Paquistão, e continua até Kabul no Afeganistão) é a primeira grande aventura do romance.
Kim é enviado para estudar numa escola de nível elevado em Lucknow patrocinado pelo Lama. Ao longo do seu estudo, Kim permanece em contato com o homem santo a quem passou a amar. Kim também mantém o contato com o serviço secreto e é treinado em espionagem. Mais tarde, Kim obtém mapas, documentos e outros dados importantes dos russos que estão em busca de minar o controle britânico na região. O Lama encontra o rio e alcança a iluminação. Ao leitor é deixada a decisão sobre se Kim seguirá a estrada do Grande Jogo, o caminho espiritual do budismo tibetano ou uma combinação dos dois. Kim conclui: “Eu não sou um Sahib. Eu sou o teu chela.” (Ou seja, “Eu não sou um mestre. Eu sou o teu servo.”).
Diversos Aspirantes à vida superior chegam até a Fraternidade Rosacruz revelando grande interesse em desabrochar seus poderes espirituais. Muitos, apesar de convictos, vêm em busca de respostas aos seus anseios. Outros desejam convalidar créditos de outra Escola, isto é, relatam que já passaram por correntes espiritualistas e, por isso, acreditam que já galgaram etapas básicas do treinamento esotérico e podem iniciar etapas mais profundas. “Você pode me adiantar para o Curso Superior de Astrologia Rosacruz ou me inscrever no Probacionismo?”, dizem alguns.
Quando lhes informam que devem realizar o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, antes de se inscreveram nos Cursos de Astrologia Rosacruz, e que somente podem se candidatar ao Probacionismo após um período mínimo de 24 meses recebendo semanalmente instruções espirituais do Mestre, saem desapontados. Tal atitude revela que ainda não compreenderam o que significa a busca pelo verdadeiro desabrochar espiritual.
Mas, a questão não é somente essa. Há outro fator que não parecem compreender. É o fato imperioso de possuir os requisitos básicos necessários para que o Mestre possa realmente iniciar o neófito nas tão almejadas verdades espirituais. Sem tais requisitos, essa aspiração não passa de sonho. A pergunta natural que se faz, neste ponto, é a mesma que o jovem aspirante fez ao sábio: “Senhor, o que devo fazer para me tornar um sábio?” (Introdução do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos[1]), ou quais são esses requisitos para que o Mestre venha até mim e me inicie?
Todos concordam que para adquirir uma formação acadêmica, a consagração de tempo constitui um dos principais ingredientes para que isso se torne uma realidade. Apesar de necessária, essa consagração não é suficiente. Veja bem, sabemos que muitos jovens alcançam a formação acadêmica, todos os anos. Mas, quantos jovens saem da universidade com mais do que o título e a formação? Isto é, quantos jovens saem com umdomínio total do conhecimentoadquirido?Quantos realmente saem do nível de aprendiz e passam para o nível de mestre no assunto? Pouquíssimos! Compreendem o porquê do tempo ser necessário, mas insuficiente?
Os alunos que realmente adquiriam poder sobre algum assunto foram além do tempo. O que lhes conferiu tal poder foi o sacrifício. Pelo sacrifício, ganhamos! “É dando que recebemos; é morrendo que nascemos para vida eterna” (Trechos da Oração de S. Francisco). Entre os sacrifícios para formar um bom profissional, destacamos: lazer; período diário para não apenas assistir às aulas, mas para estudar e se aprofundar no assunto; recusar trabalhos que ajudariam no orçamento mensal, pois tem foco; horas de sono; momentos agradáveis com amigos e família; entre muitos outros interesses concorrentes. Por meio da consagração de tempo para o estudo e o Sacrifício de diversos outros hábitos ou afazeres que poderiam preencher sua vida nesse período de formação, ele obteve foco e pôde se aprofundar, adquirindo poder sobre os assuntos estudados.
“Senhor, o que devo fazer para me tornar um sábio?”. Finalmente o sábio deu-lhe ouvidos e, então, desceu a um rio próximo. Entrou na água convidando o jovem e levando-o pela mão. Quando alcançaram certa profundidade o sábio, pondo todo seu peso sobre os ombros do rapaz, submergiu-o na água, apesar dos esforços que esse fazia para livrar-se. Por fim o sábio largou-o, e quando o jovem recuperou alento perguntou-lhe: “Meu filho, quando estavas debaixo d’água o que mais desejavas?” O jovem respondeu sem hesitar: “Ar, ar! eu queria ar!” “Não terias antes preferido riquezas, prazeres, poder ou amor, meu filho? Não pensaste em nenhuma dessas coisas?” indagou o sábio. “Não, senhor! Eu desejava ar, só pensava no ar que me faltava”, foi a resposta imediata. “Então”, disse o sábio, “para te tornares sábio deves desejar a sabedoria com a mesma intensidade com que desejavas o ar. Deves lutar por ela e excluir de tua vida qualquer outro objetivo. Essa e só essa deve ser, dia e noite, tua única aspiração. Se buscares a sabedoria com esse fervor, meu filho, certamente tornar-te-ás sábio”.
Essa aspiração traduz-se em sacrifício! Muitos que chegam à Fraternidade Rosacruz possuem esse anseio sincero por sabedoria, mas poucos estão dispostos a compreender e a realizar os sacrifícios necessários para se adquirir o conhecimento direto, o poder espiritual. “Saber o caminho é diferente de percorrer o caminho”. Se essas pessoas que relatam possuir conhecimentos avançados e, por isso, querem cortar caminho (isso também vale para os Estudantes Rosacruzes antigos que, muitas vezes, acabam caindo na cilada de deixar de realizar os Exercícios Esotéricos e buscar fora algo “mais elevado”), por que ainda não conseguiram o contato consciente com o Mestre, o único capaz de lhe oferecer algo mais elevado? O leitor agora percebe o motivo por que chamamos essas pessoas de “perdidos”?
Pelo sacrifício, recebemos! Pelo sacrifício, temos graça! “(…) aniquilou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E achando-se na condição de homem, humilhou-se a Si mesmo, tornando-se obediente até à morte, a morte na Cruz. Pelo que também, Deus o exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Cristo-Jesus, se dobre todo o joelho, e toda a língua confesse, que Cristo-Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Trechos do Ritual Rosacruz do Serviço Devocional do Templo, que repetimos todos os dias que o oficiamos). Cristo – o Caminho, a Verdade e a Vida – nos ensinou o sacrifício em seu mais alto significado. Por isso ele obteve a graça.
Abraão foi capaz de sacrificar seu filho Isaac (obras de seu Eu Superior) em favor da vontade do Senhor. Mas, foi divinamente impedido, pois Deus já tinha visto que tinha a coragem para tal. Por isso, foi agraciado, alcançou Iniciações ainda maiores. Do mesmo modo, Salomão desejou sabedoria para governar seu povo, ao invés de pedir faculdades ou regalias pessoais. Por isso, entrou em estado de graça e Jeová o tornou o ser humano mais sábio que já viveu.
“Aquele que não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim. Aquele que acha sua vida, a perderá, mas quem perde sua vida por causa de mim, a achará.” (Mt 10:38-39). Esse constitui um dos fatores que faz o Aspirante à vida superior passar muitos anos sem contato com o Mestre. Isto é, o interesse pessoal ou egoísmo sutil e inconsciente que envolve o Aspirante à vida superior durante sua tentativa de percorrer o caminho da senda da preparação (Para mais informações sobre isso, leia o trecho da Conferencia XI do livro Cristianismo Rosacruz[2]).
Quem consegue abandonar (sacrificar) o próprio anseio de obter acesso direto às verdades espirituais, em favor de servir ao próximo? O maravilhoso poeta de Longfellow, A Lenda Formosa[3], retrata com maestria esse sacrifício em favor dos outros. S. João Batista também fornece uma das fórmulas para adquirir esse poder: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30).
Estimado amigo e estimada amiga, se deseja verdadeiramente adquirir poderes espirituais, trabalhe para despertar em seu coração, a sabedoria do sacrifício equilibrado. Sem esse requisito, todos os livros e conhecimentos que adquiriu serão estéreis.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.R.: Trecho do Capítulo em questão: Se o leitor, que compreendeu bem essa ideia perguntar o que deve fazer para obter o conhecimento direto, terá na seguinte história a ideia fundamental do ocultismo:
Certo dia um jovem foi visitar um sábio, a quem perguntou: “Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sábio? “. O sábio não se dignou responder. Depois de repetir a pergunta certo número de vezes sem melhor resultado, o jovem foi embora, mas voltou no dia seguinte com a mesma pergunta. Não obtendo resposta ainda, voltou pela terceira vez e novamente fez a pergunta: “Senhor, o que devo fazer para tornar-me um sábio?”.
Finalmente o sábio deu-lhe ouvidos, e então desceu a um rio próximo. Entrou na água convidando o jovem e levando-o pela mão. Quando eles alcançaram certa profundidade o sábio, pondo todo seu peso sobre os ombros do rapaz, submergiu na água, apesar dos esforços que esse fazia para livrar-se. Por fim o sábio largou-o, e quando o jovem recuperou alento perguntou-lhe:
“Meu filho, quando estavas debaixo d’água o que mais desejavas?”.
O jovem respondeu sem hesitar: “Ar, ar! Eu queria ar!”.
“Não terias antes preferido riquezas, prazeres, poder ou amor, meu filho? Não pensaste em nenhuma dessas coisas?” – Indagou o sábio.
“Não, senhor! Eu desejava ar, só pensava no ar que me faltava” – Foi a resposta imediata.
“Então”, disse o sábio, “para te tornares sábio deves desejar a sabedoria com a mesma intensidade com que desejavas o ar. Deves lutar por ela e excluir de tua vida qualquer outro objetivo. Essa e só essa deve ser, dia e noite, tua única aspiração. Se buscares a sabedoria com esse fervor, meu filho, certamente tornar-te-ás sábio”.
Esse é o primeiro e fundamental requisito que todo Aspirante ao conhecimento oculto deve possuir – um desejo firme, uma sede abrasadora de conhecimento, e um entusiasmo insuperável para conquistá-lo. No entanto, o motivo supremo para a busca desse conhecimento oculto deve ser um desejo ardente de beneficiar a Humanidade, esquecendo-se inteiramente de si mesmo, a fim de trabalhar para os outros. A não ser por essa motivação, o estudo do ocultismo é perigoso.
Sem possuir tais qualificações – especialmente a última – em certa medida, qualquer tentativa para seguir o caminho árduo do ocultismo seria um empreendimento perigoso. Outro pré-requisito para aspirar ao conhecimento direto é o estudo do ocultismo indiretamente. A investigação direta requer certos poderes ocultos que permitem estudar os assuntos relacionados com os estados pré-natal e pós-morte do ser humano, mas ninguém deve se desesperar por não ter desenvolvido ainda poderes ocultos para adquirir conhecimento direto sobre esses assuntos. Assim como uma pessoa pode conhecer a África indo lá pessoalmente ou lendo as descrições de viajantes que ali estiverem, assim também, para conhecer os Mundos suprafísicos, visita-os, se estiver habilitado para fazê-lo, ou estuda o que outros já capacitados contam como resultado de suas investigações.
[2] N.R.: Trecho referente ao assunto: Surge daí a pergunta: Como achar um instrutor autêntico e como distingui-lo de um impostor? É uma pergunta muito importante, porque quando o aspirante encontra tal mestre, pode considerar-se em perfeita segurança e protegido contra a grande maioria dos perigos que cercam aqueles que, por ignorância ou egoísmo, traçam seus próprios rumos e buscam poderes espirituais, mas sem qualquer esforço para desenvolver fibra moral.
É uma verdade axiomática que os seres humanos são conhecidos “por seus frutos” e, como o mestre esotérico exige de seu pupilo desinteresse nas motivações, infere-se justamente que o instrutor deve possuir esse atributo em grau ainda maior. Portanto, se alguém se arvora em ser instrutor e oferece seus conhecimentos em troca de dinheiro, a tanto por aula, mostra assim que está abaixo do padrão que exige de seus discípulos. Alegar que precisa de dinheiro para viver, ou apresentar outros motivos semelhantes para cobrar pelo ensino, tudo não passa de sofismas. As leis cósmicas cuidam de todo aquele que trabalha com elas. Qualquer ensino oferecido em bases comerciais não é ensino superior, porque este jamais é vendido ou envolve considerações materiais, pois, em todos os casos, chega ao recebedor como um direito em função do mérito. Assim, mesmo que o verdadeiro instrutor tentasse negar o ensino a determinada pessoa que o merecesse, pela Lei de Consequência, seria um dia compelido a ministrar-lhe o mesmo.
No entanto, tal atitude seria inconcebível porque os Irmãos Maiores sentem uma grande e indizível alegria toda vez que alguém começa a palmilhar a senda da vida eterna. Por outro lado, embora ansiosos por tal, eles a ninguém podem revelar seus segredos antes que cada um tenha dado provas de sua constância e altruísmo, pois só assim poderá alguém ser um firme guardião dos imensos poderes resultantes, que tanto podem servir ao bem como podem ser usados para o mal. Se permitimos que nossas paixões se imponham descontroladamente, e se a avareza ou a vaidade são as molas de nossas ações, apenas sustamos o progresso de nosso semelhante ao invés de ajudá-lo. E, até que aprendamos a usar apropriadamente os poderes que possuímos, não estaremos em condições de realizar o trabalho ainda maior exigido daqueles que têm sido ajudados pelos Irmãos Maiores a desenvolverem sua visão espiritual latente, e a conseguirem compreensão espiritual, que é o que torna valiosa aquela faculdade como fator de evolução.
Portanto, a “Senda da Preparação” antecede o “Caminho da Iniciação”. A perseverança, a devoção, a observação e o discernimento são os meios de alcançá-lo, porque tais qualidades sensibilizam o Corpo Vital. Através da perseverança e da devoção, os Éteres Químico e de Vida capacitam-se a cuidar das funções vitais do Corpo Denso durante o sono. E uma separação entre estes dois Éteres e os dois superiores – Éter de Luz e Éter Refletor – acontece. Quando os dois últimos se espiritualizam suficientemente mediante a observação e o discernimento, uma simples fórmula dada pelo Irmão Maior capacita o Discípulo a separá-los e a levá-los consigo, à vontade, juntamente com seus veículos superiores. Deste modo, ele fica equipado com um veículo de percepção sensorial e memória. Qualquer conhecimento que possua no mundo material pode, então, ser utilizado nos Reinos espirituais, como também pode trazer ao cérebro físico recordações das experiências por que passou enquanto esteve fora de seu Corpo Denso. Isto nos é necessário para funcionarmos separados do Corpo Denso, plenamente conscientes tanto do Mundo Físico quanto do Mundo do Desejo, pois o Corpo de Desejos ainda não está organizado e, se o Corpo Vital não transferisse suas impressões no momento da morte, não poderíamos ter consciência no Mundo do Desejo durante a existência post-mortem.
Os exercícios respiratórios indiscriminados não produzem a divisão acima descrita, mas apenas tendem a separar o Corpo Vital do Corpo Denso. Por isso, as ligações entre os centros etéricos dos sentidos e as células cerebrais rompem-se ou deformam-se em certos casos, resultando ao final em vários tipos de insanidade mental, como a loucura. Em outros casos, o rompimento ocorre entre o Éter de Vida e o Éter Químico e, como o primeiro responde pela assimilação orgânica dos alimentos e é a avenida particular para a especialização da energia solar, essa ruptura resulta em tuberculose. Somente através de exercícios apropriados pode-se efetuar a separação correta. Quando a pureza de vida permite que a força sexual, que é criadora, gerada no Éter de Vida eleve-se até o coração, essa força encarrega-se de manter a quantidade de circulação necessária ao estado de sono. Deste modo, as funções físicas e o desenvolvimento espiritual correm paralelamente ao longo de linhas harmoniosas.
[3] N.R.: Poema de James Russell Lowell (1819-1891) – poeta romântico, crítico, satírico, escritor, diplomata e abolicionista americano: “A Lenda Formosa” (The Beautiful Legend):
“Sozinho em sua cela,
No chão de pedra ajoelhado,
O monge orava em profunda contrição
Por seus pecados de indecisão.
Suplicava por maior renúncia
Na tentação e na provação;
O mostrador meio-dia já marcava
E o monge em solidão ainda orava”.
“De repente, como num relâmpago,
Algo incomum resplandeceu, afora e no âmago,
E nessa estreita cela de pedra fez abrigo;
Então, o monge teve com o Poder do Clarão
De Nosso Senhor, a Abençoada Visão.
Como um manto, O envolveu,
Como uma veste, O abrigou”.
Contudo, este não era o Salvador açoitado e penitenciado, mas o Cristo que alimenta os famintos e cura os enfermos.
“A alma em preces acalentada,
Cada mão sobre o peito cruzada,
Reverente, adorando, assombrado,
O monge, perdido em êxtase, caiu ajoelhado”.
“Depois, em meio à sua exaltação,
Retumbante o sino do convento em exortação
De seu campanário tangeu, ressoou,
Por pátios e corredores reverberou
Com persistência badalando,
Como nunca antes ousou”.
Esse era o chamado para seu dever cumprir. Como esmoler da Irmandade sua tarefa era alimentar os pobres, tal como Cristo ensinou e exemplificou.
“Profunda angústia e hesitação
Misturavam-se à sua adoração;
Deveria ir, ou deveria ficar?
Poderia os pobres deixar
Famintos no portão a esperar,
Até a Visão se dissipar?
Poderia ele seu brilhante hóspede desprezar?
Seu visitante celestial desconsiderar
Por um grupo de míseros esfarrapados,
Mendicantes no portão do convento sediados?
Será que a Visão esperaria?
Será que a Visão retornaria?
Então, dentro do seu peito uma voz
Audível e clara sussurrou,
E ele, nitidamente escutou:
Cumpre teu dever sem inquietação ou protesto,
Deixa aos cuidados do Senhor o resto!”.
“Imediatamente ergueu-se resoluto,
E com um olhar ardente, decidido e arguto
Dirigido à Abençoada Visão,
Lentamente A deixou em sua cela na solidão,
Diligentemente foi cumprir sua missão”.
“No portão, os pobres estavam esperando
Através do gradil de ferro observando,
Com terror no semblante
Que só se vê no suplicante
Que em meio a desgraças e desditas
Ouve o som das trancas lhe cerrando as portas,
Pobres, por todos desprezados,
Com o desdém, familiarizados,
Com o dissabor, acostumados,
Buscam o pão pelo qual muitos sucumbem!
Mas hoje, sem o motivo sequer saberem bem,
Tal como Portal do Paraíso no além
Abre-se a porta do convento!
E como um divino Sacramento
Parecia-lhes o pão e o vinho nesse momento!
Em seu coração o Monge estava orando,
Nos pobres sem teto pensando,
Tudo que sofrem e suportam
E vendo ou ignorando, muitos rejeitam.
Enquanto isso uma voz interna ao Monge dizia:
O que quer que faças
Ao último e menor dos meus,
A Mim o fazes!”.
“A Mim! Mas se tivesse a Visão
Se apresentado em farrapos e errante,
Como um desvalido suplicante,
Ter-me-ia ajoelhado em adoração?
Ou A receberia com escárnio e presunção
E até ter-me-ia afastado com aversão”.
“Assim questionou sua consciência,
Com insinuações e incômoda insistência,
Quando, por fim, com passo apressado
Dirigindo-se à sua cela com ânsia,
Seus olhos contemplaram o convento iluminado
Por uma luz sobrenatural inundado,
Como uma nuvem luminosa se expandindo
E sobre o chão, paredes e tetos subindo”.
“Mas, assombrado parou a extasiar,
Da porta contemplou, no limiar!
A Visão que lá permanecera,
Exatamente como antes A deixara
Na hora em que o sino do convento soou,
De seu campanário clamou, clamou,
E para os pobres alimentar o intimou.
Por longa e solitária hora esperara,
Seu regresso iminente aguardara.
O coração do Monge ardeu
Quando Sua mensagem compreendeu,
Logo que o Vulto Amado deixou esclarecido:
Eu teria desaparecido
Se tu tivesses permanecido!”.
Resposta: Atualmente, existem diferentes tipos de Corpos – graduados por sensibilidade às vibrações espirituais – que o Ego utiliza para viver sobre a Terra. Por exemplo: os indianos constituem um dos primeiros Corpos que construímos na Época Ária e os corpos ocidentais constituem um dos últimos Corpos que aprendemos a construir. Naturalmente, os últimos ensinamentos foram dirigidos aos Egos que conseguem construir Corpos mais avançados. Por conseguinte, a Religião ocidental, o Cristianismo, é muito superior ao Hinduísmo e ao Budismo, tipicamente orientais, pois possuem métodos especiais para Egos que habitam Corpos ocidentais.
Os ensinamentos dos mistérios do Oriente não são tão avançados como os do Ocidente. No Oriente despende-se grande esforço no sentido de sujeitar e subjugar o Corpo, com a finalidade de cultivar qualidades espirituais. Seu método exige certas posturas corporais enquanto se praticam difíceis exercícios físicos. Tais exercícios são necessários para uma parte de nossos irmãos, que necessitam exatamente desse tipo de pedagogia espiritual para avançarem no caminho, mas isso não faz parte do método ocidental.
Em realidade, o Corpo do ocidental não responde a esses métodos. Ademais, o discípulo oriental coloca-se sob a rígida orientação de seu instrutor, o qual chama de “mestre”, obedecendo-o cegamente nos mínimos detalhes, sem questionar determinadas práticas.
No Ocidente, seguem-se os ensinamentos de Cristo, o qual afirmou aos Seus discípulos: “De agora em diante eu vos chamo de amigos, porque o servo não compreendia o que o mestre fazia, mas eu vos ensino todas as coisas que aprendi de Meu Pai” (Jo 15:15).
Por conseguinte, o instrutor ocidental conserva estreita amizade com seu discípulo e está sempre disposto a responder às suas perguntas, desde que compatíveis com o seu desenvolvimento.
Há, por suposto, seres humanos muito evoluídos no Oriente, seres humanos adiantadíssimos nos ensinamentos de sua escola. Mas, o estágio correspondente pode ser logrado com os métodos ocidentais, em tempo e esforços menores!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em novembro/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Atualmente, há várias categorias raciais e étnicas diferentes na Terra. As categorias raciais e étnicas que mais avançaram nesse atual Esquema de Evolução estão no Ocidente desse Campo de Evolução que chamamos de Planeta Terra e as que ainda não avançaram tanto nesse atual Esquema de Evolução estão no Oriente desse Campo de Evolução que chamamos de Planeta Terra. Naturalmente, os ensinamentos mais recentes são fornecidos aos povos mais adiantados. Portanto, a Religião ocidental, o Cristianismo, é muito superior ao Hinduísmo e ao Budismo do Oriente. Os ensinamentos de mistérios do Oriente não são tão adiantados quanto os do Ocidente. No Oriente, dá-se uma grande ênfase em subjugar o corpo a fim de cultivar as faculdades espirituais. Os orientais colocam o corpo em certas posições, enquanto realizam árduos exercícios respiratórios e físicos, que não necessários no método ocidental. De fato, o corpo ocidental não é tão receptivo àqueles métodos. Além disso, o aluno no Oriente está sob o controle absoluto do professor dele, a quem ele chama de “Mestre”, e cujas ordens ele deve obedecer nos mínimos detalhes, sem perguntar por quê. No Ocidente, seguimos os Ensinamentos Cristãos, que o mesmo Cristo afirma aos seus Discípulos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; mas eu vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer.” (Jo 15:15). Assim, o professor no Ocidente mantém a mais estreita amizade com o aluno e está sempre pronto para responder às perguntas dele, na medida em que seja compatível com o estágio de desenvolvimento dele.
Certamente, que há algumas pessoas mais evoluídas no Oriente, pessoas que estão muito além nos ensinamentos da escola de ensinamentos Oriental, mas um estágio correspondente é, geralmente, alcançado pelo método ocidental num tempo mais curto e com menos esforço.
(Pergunta nº 141 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)