Muito já se escreveu sobre o amor, mas ninguém soube elevá-lo tanto, ninguém o revestiu de profunda clareza, e ao mesmo tempo de suprema transcendentalidade, como São Paulo no Capítulo XIII em sua Primeira Epístola aos Coríntios.
S. Paulo, longe de simplesmente tecer uma rebuscada apologia ao amor, como alguns podem julgar, procura apresentá-lo em suas reais dimensões. Suas palavras deixam transparecer uma clareza meridiana. Seus apelos são diretos e incisivos, dispensando concessões e ambiguidades.
Como Cristãos só nos resta empreender os maiores esforços por expressá-lo em nossas vidas diárias, buscando concomitantemente, compreendê-lo em suas raízes mais profundas.
1. Para fazer download ou imprimir:
A Eulogia do Amor – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz
2. Para estudar no próprio site:
A Eulogia do Amor
Por um Estudante
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido, Compilado e Revisado de acordo com:
Eulogy of Love
1ª Edição em Inglês, 1916, in The Rays from The Rose Cross – The Rosicrucian Fellowship
pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Sumário
O Amor Não se Conduz Inconvenientemente.. 10
O Amor Não Busca os Seus Interesses. 11
O Amor Não se Ressente do Mal.. 13
O Amor Não se Alegra com a Injustiça, mas se Regozija-se com a Verdade.. 14
O Amor Espera Todas as Coisas. 18
O Amor Suporta Todas as Coisas. 19
O Amor que o Estudante Rosacruz deve valorizar.. 21
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S. Paulo, o grande Iniciado, escreveu uma tese maravilhosa sobre o amor. Maravilhosa pela sua brevidade abrangente e pelo seu alcance todo-inclusivo. Abrange toda a gama do amor e o seu acorde dominante de altruísmo. Foi escrita para a Igreja de Corinto, uma cidade do sul da Grécia conhecida pelo seu abandono a todas as formas de luxo e sensualidade. Aplica-se ainda mais a nós, nesta época, pois começamos a responder às altas vibrações espirituais e podemos mais facilmente viver os seus profundos ensinamentos.
Este capítulo maravilhoso da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios é um epítome do amor altruísta, o amor ágape. É o ideal que devemos nos esforçar para alcançar. Sabiamente, nós o incorporamos no nosso Ritual do Serviço Devocional do Templo e o seu glorioso resumo diz o seguinte: “E agora permanecem a fé, a esperança e o amor; mas o maior destes é o amor”.
A fé é importante — a fé que pode remover montanhas. A esperança é necessária — a esperança que ilumina o horizonte distante, por mais escuro que seja o ambiente atual. Ambas são grandes auxiliares da vida superior e da Humanidade comum; mas o amor coroa tudo. O amor é o poder que move o universo. Não é meramente o poder sobre o Trono, mas o poder por trás do Trono.
No prefácio desse maravilhoso epítome do amor nos é dito que, sem ele, somos nada — apenas um “metal que soa ou um sino que tine”. O metal pode emitir sons melodiosos, pode expressar a perfeição da arte, mas lhe falta algo. Não é humano. Não soa os tons da Alma — a qualidade vibrante da vida.
Sem amor não temos expressão. Esse fato é ilustrado por todos os lados. Tomemos a arte, por exemplo. Sem a qualidade que designamos por “alma”, ela é apenas o que o seu nome indica, “arte”. Mas ponha amor nela e deixe que a Alma aquecida, ávida e brilhante se expresse por meio dele: assim a Alma vive.
A cultura tem pouco valor (exceto como um bem de boa criação) sem o amor animador que a inspira e vivifica. Quão vazias, quão artificiais são todas as tentativas de expressão, em qualquer linha, sem o ávido brilho da Alma que brota do amor! Grande parte da nossa arte moderna dá um testemunho lamentável da ausência desse fogo divino.
Trazido para a Personalidade, como emociona e encanta! Como ilumina um rosto humano! Como atrai! Como somos dolorosamente repelidos pela sua antítese e aborrecidos pela sua ausência! O rosto mais simples, com esse brilho interior que transparece nas suas feições, torna-se belo para nós. O rosto mais belo, de acordo com o padrão de contorno físico do mundo, torna-se repulsivo sem essa luz da Alma e nós nos afastamos dele com um estremecimento interior.
Essa bela luz da Alma não pode ser enganada, mas alguns dos seus efeitos podem ser simulados durante algum tempo. Alguns dos modernos ensinamentos de beleza podem permitir que se adquira um certo efeito do “metal que soa”. Pode tornar possível que alguém se torne um “sino que tine” muito melodioso, mas isso é tudo o que faz sem o belo amor espiritual por detrás dele — brilhando através dele.
É isso que esse amor faz por nós, no plano da nossa Personalidade. De fato, ele cria a Personalidade. Sem ele, não há encanto, não há poder de atração ou de agradar. Não há disfarce que tenha valor. A qualidade interior transparece através da máscara mais espessa. Não podemos simulá-la sem sermos detectados. Do amor emana algo, uma força que se faz conhecer e sentir. A imitação adquirida através da, assim chamada, cultura pode mostrar certos truques de vivacidade ou certas graças da sociedade, mas reconhecemos instintivamente a pose, a farsa, o fingimento. Conhecemos a diferença entre essa aparência de vida e o verdadeiro amor que anima, vivifica e inspira.
O amor de que falamos é Espírito-Vida, é Fogo. Ele transmuta todas as qualidades mais inferiores em ouro puro. É uma chama viva que irradia de um centro puro. Deve irradiar e deve irradiar para outras vidas. É esse o seu poder e a sua prerrogativa. Sentimos instantaneamente a sua presença. Alguns estão tão cheios dessa vibração, desse poder mágico, que sentimos quando nos aproximamos deles. Isso, queridos amigos e queridas amigas, é o que todos nós precisamos cultivar cada vez mais. Só isso fará com que o nosso centro de comunhão cresça e viva. Isso deve começar individualmente. Pode e deve manifestar-se coletivamente. Quando nós, como organização, pudermos expressar esse belo amor divino, não mais lamentaremos a falta de trabalhadores. Não precisaremos mais de propaganda ou tentativas de atrair as pessoas para nós. Elas não poderão se afastar de nós, se irradiarmos esse amor de Cristo.
Pelo teste dado na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, analisemos este amor divino em manifestação. Vejamos como a nossa vida se ajusta a ele!
Outro teste: o amor vê demasiado longe para invejar. Reconhece o estatuto real do “Eu pessoal”. Sabe que os “Eus separados” são uma ilusão e pertencem ao plano da ilusão. Sabe que, na realidade, todos partilhamos o mesmo “Eu” e todos bebemos da mesma Fonte espiritual de acordo com a nossa capacidade de receber. Em uma visão cósmica, sabe que a sua vida, em todas as suas expressões e correlações, pertence a mim tal como a minha lhe pertence. Nós, diferenciados por um tempo, somos apenas expressões de várias linhas da Vida Única — o Espírito Único. Suas capacidades, seus talentos, seus dons e graças, o encanto da sua Personalidade, a sua beleza e nobreza, tudo isso é meu e, na minha consciência ampla eu os abraço e amo. São uma parte da Vida Cósmica — uma expressão da Deidade e, assim, pertencem a mim e a você. Por outro lado, o que eu sou na fase atual de desenvolvimento é uma parte da Vida Única e universal e por isso pertence igualmente a você. Logo, não há lugar para a inveja e o Amor não inveja.
Porque vê o “Eu pessoal” como ele realmente é; conhece todas as falhas e fraquezas, todas as debilidades e loucuras desse “Eu” limitado e as reconhece como parte do animal que tem que treinar, transmutar e glorificar, unindo-o ao Divino. Por isso, não há lugar para o orgulho ou ufanismo tolo — para a autoglorificação. Tudo que nos pertence individualmente, que é do nosso “Eu pessoal”, é a nossa limitação, a nossa imperfeição. É o transitório, a parte temporária — aquilo que se desvanecerá com a morte, se não for fundido com o que realmente somos: Espírito. Não é algo de que nos devamos orgulhar, particularmente. Quanto mais a Personalidade absorve algo da verdadeira beleza e brilho interiores, menos ela se torna uma Personalidade distinta e separada. Tudo que revelamos desse carácter interior que enriquece a vida é apenas uma expressão mais plena da Divindade interior e pertence igualmente a todos; por isso, o amor não pode ser orgulhoso.
Não se vangloria, porque vê o mundo com olhos de terna compaixão. Não encontra espaço para o orgulho próprio, porque o seu centro não é o “Eu pessoal”. Tendo desenvolvido algo de beleza ou de valor da vida universal, especializando-se em algumas graças espirituais, não vê razão para orgulho ou vanglória. Se o “Eu pessoal” e separado adquiriu algum encanto próprio, alguma beleza, virtude ou graça, o amor sabe que tudo isso deve ser extraído, absorvido pelo “Eu superior” e levado adiante para enriquecer a vida universal — tanto para um como para outro.
É indecoroso brincar com coisas sagradas, ter pensamentos impuros, manter uma sugestão impura na Mente ou transmitir essa sugestão a outra pessoa. Todas as insinuações secretas, os duplos sentidos, as piadas tolas que sugerem sensualidade, tudo aquilo que rebaixa a vida e arrasta a Alma para baixo é inconveniente e o Amor não pode permitir ou suportar isso. O amor é castidade, é pureza, é brilho, beleza, serenidade — mas energia radiante. Sendo puro, não pode se afiliar à impureza; mas queridos amigos e queridas amigas, aqui está uma verdade oculta que, às vezes, não conseguimos descobrir: o amor brilha e transmite sua própria pureza mística às manchas mais sombrias da Alma de outra pessoa. Pode, pelo seu poder absorvente, transformar a vida que toca. O amor nunca toma atitudes de superioridade. O amor não se afasta do pecador penitente com um sentimento de autogratificação por suas próprias virtudes. Não pode comportar-se de forma contrária à sua natureza interior, mas pode e deve se aproximar de outras vidas — mesmo aquelas que chamamos de degradadas, a fim de irradiar o seu poder que abençoa e ajuda. A energia radiante do amor destrói o mal.
Porque o Cristo-Amor não reivindica nada para si mesmo. Suas correntes divinas fluem através da vida, trazendo bênçãos para todas as outras vidas que toca. Procura não guardar, acumular ou reter para si mesmo. Quando isso acontece, deixa de ser amor — mistura-se com a liga do desejo. Desejo é a vontade de possuir algo para si ou para outro “eu” que amamos. Está tudo bem em um determinado estágio do nosso crescimento, porque precisamos do estímulo que ele transmite. Quando manifestado em suas fases mais elevadas, acelera, inspira e leva aos impulsos mais elevados. Refinado até à essência, manifesta-se no mais terno amor materno, amor que deseja apenas para o filho o seu amor. Este amor está muito próximo da fronteira do divino, mas ainda é humano e limitado, pois está misturado com a liga do “eu”. Somente quando amamos aquilo que não nos pertence em qualquer sentido especial — aquilo sobre o qual não temos direito e que nunca nos beneficiará de forma alguma — é que realmente amamos com o amor divino. O amor é a energia radiante que se derrama em todas as formas. Seu poder restritivo é a devoção altruísta. Não busca o que é seu, não busca qualquer bem ou ganho para si mesmo. Em algum ponto da escala, a energia emitida e representada pelo desejo pode ser direcionada para dentro e usada como força espiritual. Então ela se funde com o amor.
Existem inúmeros graus de amor, porém mantendo continuamente o ideal mais elevado no pensamento o estágio sublime do perfeito amor de Cristo pode ser alcançado. Quando essa chama pura brilhar dentro de nós, enviaremos um poder vivificante, um calor, uma energia radiante que todos sentirão no mais breve contato. Nós o vemos brilhar nos olhos e sentimos seu hálito perfumado de vez em quando em alguns raros momentos. É a bênção mais rica do mundo — este poder de amar — e é um poder porque não procura o que é seu. Nem sequer pede que seja devolvido. É como a luz do Sol espalhando bênçãos e inspirando vida: só porque é amor!
Nunca se ofende, nunca se exaspera — mesmo quando a intenção é ofender. Todos os ataques de língua afiada, as calúnias venenosas, os significados desvirtuados que os insensíveis, os mal-intencionados, os invejosos e os cruéis lançam contra a Alma consagrada caem inofensivamente. Eles caem dessa forma porque o amor verdadeiro consagrado aos fins mais elevados e não pode parar no caminho para considerar o mal; ele não tem tempo de se sentir magoado nem inclinação para se sentir ofendido. Conhece a Lei de Deus: “que tudo se reverterá para o remetente do mal” e tem compaixão da Alma ignorante e tola que pratica esses crimes contra o amor. O amor não é facilmente provocado.
Porque a sua própria essência é pura. O Cristo-Amor não poderia pensar mal do outro, porque não há mal dentro dele. Quando falamos mal de outra pessoa, traímos a nós mesmos — a qualidade interior de nossas Almas. Podemos ser forçados a reconhecer o mal ou a falha no outro, mas instantaneamente direcionamos o fluxo de amor radiante sobre ele e nos esforçamos para transmutá-lo ou consumi-lo. Apenas criticar é totalmente mal e não tem lugar em uma organização como essa. Os puros de coração, e não apenas os exteriormente puros, nunca procuram o mal. Quando o encontram, eles ficam tristes com isso e tentam com sua própria força maior ajudar o coração em dificuldades do irmão ou irmã a superá-lo. Todos os pensamentos malignos que permitimos vagar em nossos cérebros vêm de um plano inferior onde todos os acréscimos imundos de eras se acumularam. A corrente passa por nós continuamente através dos Éteres; mas lembre-se de que só nos apropriamos daquilo com que temos afinidade. Portanto, a qualidade do nosso pensamento mostra a nossa natureza interior. Nós nos autocondenamos quando pensamos o mal de outra pessoa; quando pensamos o mal em nós mesmos, revelamos a qualidade interior de nossa natureza.
Ele não poderia se alegrar com a injustiça, porque o seu propósito é o desenvolvimento, a expansão, a manifestação da unidade na diversidade e o seu ser é a harmonia, a vida. Alegrar-se com a injustiça seria alegrar-se com aquilo que perturba, desintegra, destrói! Ele se alegra com a verdade e busca continuamente. Ele conduz à verdade e é a própria verdade, quando manifesta sua expressão última e plena.
Se imaginarmos, por um momento, que o amor pode andar à deriva por jardins de rosas, escapando das tempestades da vida e dos seus males, não conseguiremos perceber a sua verdadeira natureza. O amor tem que sofrer, quando está aprisionado na forma. A sua própria natureza — energia radiante que procura expressão no plano físico, no meio de todos os “tipos e condições de servidão” — necessita de dor e tristeza.
A própria natureza do amor encontra em um verdadeiro Centro da Fraternidade Rosacruz (onde há um Templo onde se oficia os Rituais, onde há um Departamento de Cura e onde há Reuniões de Estudos focados em estudar fielmente e tão somente os Ensinamentos Rosacruzes) um campo para essa expressão. As diferentes Personalidades dos Estudantes Rosacruzes daquele Centro — muitas vezes desarmoniosas e, infelizmente, por vezes discordantes ao ponto do antagonismo —, as diferentes opiniões e ideias deles, os preconceitos e desejos deles, as várias formas de vaidade e egoísmo deles, tudo isso fornece um campo rico para a plena frutificação do amor através da provação e da dor. O amor idealiza-se quando é exposto por meio da Personalidade e, quando se desilude, surge o sofrimento. Isso é exemplificado não apenas nos nossos amores individuais, mas no coletivo, em nossas uniões para: o serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao irmão e à irmã, focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade, o estudo e a expressão, por exemplo.
Ora, se o amor pode suportar este processo de desilusão, então é amor. A imitação, que é apenas uma forma de desejo pessoal, desaparece e morre sob o estresse e a tensão da experiência. Por exemplo, somos atraídos pela Fraternidade Rosacruz. Formamos uma concepção ideal da mesma e realizamos suas atividades com um entusiasmo fulgurante. Mas nada do que encontra expressão física é ideal e, por isso, logo nos deparamos com a decepção! Na expressão das diferentes Personalidades, que ainda não estão totalmente dominadas por nós, o Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, encontramos muita coisa que entra em conflito com os nossos ideais e, na repentina oposição de sentimentos que se segue, ficamos doentes do coração e somos levados a nos afastar. Mas aqui está a prova do amor. Se ele não pode resistir a um teste tão pequeno, como trilharemos o Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz?
O amor sofre por muito tempo. Não há limite de tempo para ele. O amor pode produzir muitas eras ou vidas de provação e carga, porque nos tornamos vencedores quando suportamos todos os testes. Os portões do Templo se abrem apenas para aqueles que se tornaram fortes por meio do amor e do sofrimento. A verdadeira grandeza é demonstrada pelo domínio de todas as situações e o amor se prova pelo seu poder de suportar. O amor é bondoso.
Amigos e Amigas, há um mundo de significado nessa pequena palavra: bondade. É dito que ela siga o sofrimento como um efeito. O amor nunca retalia quando lhe é feita uma injúria. Nunca imagina que uma ofensa foi feita. Nunca é ingrato quando lhe é feita uma gentileza. Nunca é invejoso. Nunca diz coisas rancorosas e maldosas. É bondoso no sentido mais completo da palavra. Nós nos magoamos tanto uns com os outros, quando não amamos verdadeiramente. Mas esse amor que estamos considerando agora ministra de mil maneiras ternas e belas ao Amado, seja ele individual ou reunido em um corpo como a nossa Fraternidade Rosacruz. O amor, que é o ideal pelo qual nos esforçamos, é bondoso.
Podemos imaginar situações em que o “amor” pode ser orgulhoso no seu sofrimento. Ele pode se afastar em um distanciamento ofendido e recusar a ser bondoso. Mas isso, caros amigos e caras amigas, é o amor fictício! O verdadeiro amor sofre muito e é bondoso. Mais do que tudo, ele teme causar dor ao outro. Prefere sofrer a magoar o outro, mesmo que tenha sido gravemente prejudicado. Nunca se vinga quando recebe uma injúria. Nunca imagina que uma ofensa foi feita. Nunca é ingrato quando recebe uma gentileza. Nunca é invejoso. Nunca diz coisas rancorosas e maldosas. É bondoso no sentido mais completo da palavra. Nós nos magoamos muito quando não amamos verdadeiramente. Mas esse amor que estamos considerando agora trata o Amado de mil maneiras ternas e belas, seja ele individual ou coletivo como um corpo igual à nossa Fraternidade Rosacruz. O amor, que é o ideal pelo qual nos esforçamos, é bondoso.
A esperança brota de fato e perene no seio humano, quando este amor de que falamos a inspira. O desespero não consegue encontrar um lugar onde seu veneno nocivo possa se alojar, quando esta chama do Amor Divino arde continuamente. Nas cavernas mais sombrias da Terra nunca poderá apagar este fogo e a sua luz. Ele destrói os gases venenosos e a esperança brilha como um farol, pois ela está inclusa no amor.
Pode carregar fardos pesados e nunca vacilar. Pode suportar os fardos dos outros e nunca hesitar. Sua força de Alma brilhante lhe confere muito poder.
Aprende através do sofrimento a suportar pacientemente. Permite que os corações humanos perseverem. É a inspiração da vida. Suporta o sofrimento com sua energia radiante que anima. Pode tornar a Alma grande e elevada, permitindo-lhe, como tão belamente foi expresso, “navegar com um vento favorável através de muitas tempestades e no meio das ondas desfrutar de uma bela calma”[1].
Quando deixamos de aprender algumas das nossas lições da vida, é porque ainda não conhecemos este amor na sua plenitude. Quando ficamos fracos e cedemos a alguma tentação sutil, é porque ainda não nos tornamos um canal para essa força extraordinária. Quando falhamos em algum dever, é porque as correntes de amor são desviadas e não atingem nossas almas com seu poder animador e vivificante. Quando nos desviamos e desanimamos diante das tarefas desesperadoras, é porque ainda não conhecemos esse amor de que falamos. Nunca poderemos falhar enquanto ele brilhar dentro de nós e irradiar, a partir de nós, correntes de força viva. É a própria vida e sem ela somos meras sombras ou autômatos mecânicos.
De acordo com este padrão podemos ver que muito do nosso assim-chamado amor é desejo. Pode ser um desejo que foi refinado até sua essência, mas ainda assim é um desejo, em última análise.
Talvez aqui surja uma questão: se o desejo é movimento, como se diz, como pode o amor maior estar separado do desejo? Quando Deus, que é Amor, começa a Se manifestar, Ele não deseja expressão? Ele flui por todo o universo e Se manifesta através dessas inúmeras formas. O que faz com que Ele Se manifeste? Não é desejo? Mas há uma diferença fundamental entre o desejo que move o Amor Divino em Sua missão benéfica e aquele que leva nossos corações humanos a agirem. O amor de Deus circula pelo Universo como as correntes arteriais em nosso microcosmo, trazendo vida, energia vital e cura; além disso, ele reúne em seu retorno, através de outros canais, todos os acréscimos, impurezas e manchas da nossa Personalidade e os transmuta, purifica e envia de novo em forma de corrente de amor para abençoar e rejuvenescer.
Quando amamos com o Amor Divino, não desejamos para nós mesmos, mas para o outro. Quando desejamos para nós mesmos, poluímos a pura corrente do amor e a enviamos carregada de veneno. Há um trabalho muito bonito que alguns dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz fazem pela Humanidade — e do qual todos nós podemos participar, se quisermos. À meia-noite, eles reúnem todos os maus pensamentos e forças que foram enviados durante o dia e, através da alquimia divina do amor, transmutam em forças para o bem. Algum trabalho poderia ser mais bonito? Vejamos se algo neste trabalho precisa ser feito por nós.
Nós podemos nos transformar em canais de bênçãos para a Humanidade, usando a força do nosso pensamento para os fins mais puros e elevados. No nosso Ritual do Serviço Devocional do Templo, falamos em sermos usados como “canais conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores à serviço da Humanidade”. Também usamos o Amor como tema da nossa meditação. Este amor é o poder que devemos usar em nossa vida superior. Nós o pervertemos em nosso desenvolvimento passado. Nós o usamos para atrair coisas para nós mesmos. Muitos dos nossos cultos e das nossas sociedades religiosas fazem isso agora em um grau alarmante. Podemos pensar em bens materiais ou tesouros emocionais, desejos e vontades do coração. Ele pode ser usado para atrair amor humano ou graças espirituais para nós. Seja o que for que procuremos ou desejemos para enriquecer nosso “Eu pessoal” de alguma forma, é uma perversão da força que chamamos de amor. Em um estágio do nosso avanço, isso se torna mau, se houver excesso.
Precisamente aqui, eu gostaria de falar sobre uma tendência entre as “escolas de pensamento superior” de ignorar o chamado amor humano (o amor filia) ou de refiná-lo até que mal seja uma essência. Para muitos ainda é difícil traçar uma linha entre o amor filia e o amor ágape. Quantos de nós, ao iniciar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, ficamos extremamente intrigados ao saber até que ponto podemos manter, guardar ou valorizar os nossos amores humanos? De alguma forma, talvez lendo superficialmente essas linhas, adquirimos a noção de que todo amor entre homem e mulher ou pais e filhos pertença a um plano inferior e deva ser renunciado. Na verdade, ele deve ser transcendido em algum estágio futuro, mas deve ser mantido e valorizado até que tenha servido ao seu propósito mais completo. O ponto de vista faz toda a diferença. Se o mantivermos para fins egoístas, ele se tornará um erro. Se o nosso amor se estende para abençoar o outro coração; se a alegria que sentimos em ser amados tem o seu centro no ser amado, então ele está de acordo com a Lei de Deus. E algum dia, amando assim, nossa consciência será estendida para abranger toda a Humanidade. Então conheceremos o verdadeiro significado e valor do amor, o amor ágape.
A razão pela qual o Estudante Rosacruz aprende que deva valorizar apenas o amor ágape é porque grande parte do nosso amor filia está misturado com o desejo egoísta. No entanto, até mesmo esse desejo tem a sua parte no grande plano cósmico; ele é a força dinâmica que nos faz agir. Marte representa a energia dinâmica e rege a natureza de desejo. Essa força, às vezes, atua de maneira muito sutil, quando misturada com os acréscimos da nossa Personalidade. Trabalhando através do raio de Marte, ele deseja e envia energia para cá e para lá, sem propósito, razão ou método. Mas Mercúrio, o símbolo da razão, está agora intervindo para ensinar como essa força de desejo deve ser usada. Então o raio de Vênus entra e nos inspira com um amor mais puro e impulsos mais nobres. Ele reúne e prende com um cinto de ouro os corações que toca. Além disso, acelera com sua radiante energia as almas que unifica. O raio de Vênus, na melhor das hipóteses, não busca o que é seu. Ele olha com seu lindo e terno amor para a outra Alma e abençoa com seu poder conquistador. Ele atrai para si todas as forças em conflito e as harmoniza, une e mantém. É o raio de Vênus que nos dá os amores humanos (que é o amor filia) que são ideais, a nossa rica música emocional, a vida artística, os interesses e laços pessoais, o encanto de Personalidades fascinantes que conquistam e atraem todos para si. É uma influência muito bonita e bastante benéfica. Ela mantém as vidas humanas unidas por um vínculo poderoso: ela dá vida, cor e charme.
A existência pareceria muito vazia e monótona sem o raio de Vênus. Não deve ser sufocado ou descartado, mas, isto sim, tomado e usado como um grande propulsor para o nosso progresso ascendente. O poder de amar e de atrair amor é um dom elevado, deve ser valorizado como tal e usados para os fins mais nobres. Mas o raio de Vênus, por mais bonito que seja, não é tudo; ele também serve a um propósito e deve desaparecer. Existe um Poder maior, uma Força superior que está entrando em nossa evolução. Foi Isso que começou a tocar a Humanidade entre as colinas da Judéia, quando o Mestre dos mestres as pisou com Seus pés sagrados. Isso nós chamamos de raio de Urano. É ele que os mais avançados da Humanidade estão começando a enfrentar agora. Esse Amor combina as influências de Marte e Vênus. É o amor ágape! É, ao mesmo tempo, extrovertido e introvertido. Possui toda a doçura e encanto, toda a beleza e harmonia do raio de Vênus. Possui toda a energia dinâmica e força do raio de Marte. É Espírito, fogo, vida, luz. É tudo que o amor expressa — é amor ágape. É a Divindade interior em manifestação. É o Deus-Amor.
O “Eu pessoal” não é o centro desse amor. Ele flui e transmuta tudo dentro do “Eu pessoal” em propósitos mais elevados, em ideais mais puros. Ele forma os nossos ideais e se eleva das terras baixas e dos vales da vida até às alturas onde a nossa visão pode abranger horizontes distantes.
Vemos, então, o significado e o propósito do amor. Sabemos que é uma parte da Chama universal e de forma alguma deve ser confinada dentro de formas — limitada, condicionada, restringida. Quando esse amor ágape nos possui, vemos todos como um e reconhecemos a Divina Essência oculta em cada um de nós. Afinal, nossas Personalidades são meras máscaras e quando adoramos a Personalidade, adoramos uma mera aparência — uma quimera que serve a um propósito temporário, mas que se dissolverá como a névoa diante do Sol na luz maior para a qual iremos. Tudo o que é belo e verdadeiro, tudo que é valioso em nossa Personalidade brilhará com uma juventude imortal e resplandecerá no grande Deus-Luz. Tudo o que é belo, doce e puro na máscara que usamos em cada vida terrena perdurará, pois faz parte do Deus interior. Aquilo que está ligado ao animal perecerá ou se dissolverá. Na verdade, nada perece, mas certas manifestações se desintegram e retornam a suas partes componentes. Só continua aquilo que é mantido unido pela Vida – o que tem coerência e unidade. A vida é Deus e Deus é Amor. Portanto, o Amor é o poder, a força que vence a morte e que incorpora na Alma a vida imortal. Este Amor de Cristo é como a radioatividade e flui do seu centro brilhante no Espírito, abençoando todos na periferia do seu Poder mágico.
Vamos aplicar o teste a nós mesmos como Fraternidade Rosacruz – o teste do raio de Urano (o amor ágape). Nós amamos? Estamos interessados apenas no grande trabalho a ser realizado para elevar, ajudar e ensinar a Humanidade? Deixamos de lado nossos próprios sentimentos e interesses individuais em prol de uma vida maior, de um motivo mais elevado, da vida de serviço? Estamos consagrados à vida superior, ao Ideal de Cristo? Ou magnificamos nossas Personalidades, adorando cegamente em algum santuário de grandeza imaginária ou criticando de forma ignóbil os nossos irmãos e as nossas irmãs? Permitimos que nossas pequenas animosidades e preconceitos pessoais nos levem a retardar o trabalho que nos comprometemos a fazer? Temos inveja do mérito superior e procuramos menosprezar ou destruir a influência daqueles que podem ter captado uma visão da verdade mais clara do que a nossa? Em outras palavras, estamos vivendo de acordo com a definição de amor do Cristo, o amor ágape? Esse amor é a Chama pura que acende todas as nossas pequenas lâmpadas. Somos parte da Chama, parte da corrente que dá luz; mas muitas vezes nos fechamos em nosso pequeno mundo e pensamos que a luz que possuímos pertence exclusivamente a nós mesmos. Não consideramos os outros “Eus”. Ligamos nossa corrente e fechamos nossas cortinas, imaginando que estejamos isolados do mundo. Mas lá embaixo, na rua, há um poderoso arco de luz e por trás dele há uma corrente que atravessa os outros onde existem forças poderosas. No entanto, não se origina aí. Ainda mais atrás — mais profundamente onde a paixão cessa e as forças elementais nascem — a corrente começa e termina. Seu circuito está completo em Deus.
Queridos amigos e queridas amigas, as nossas pequenas Personalidades deveriam encolher e desaparecer no nada diante dessa Grande Luz. Não deveríamos ser meros colecionadores ocupando o cargo mercurial, mas forças, poderes, um centro muito radiante que difunde a nossa luz para todos ao nosso redor. Expressaríamos assim a oitava superior de Mercúrio que é Netuno e a oitava superior de Vênus, que é Urano Isso é o que deveríamos fazer, queridos amigos e queridas amigas, no nosso atual estágio de avanço. Se evoluímos o bastante no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz para nos unirmos aqui como um Centro da Fraternidade Rosacruz ao longo dessas linhas mais elevadas, certamente deveríamos ser capazes de deixar de lado o nosso amor-próprio, a nossa vaidade mesquinha, a nossa presunção, a nossa sensibilidade mórbida, nossas calúnias e críticas indelicadas — tudo que, na verdade, é falso, feio e discordante. Deveríamos ser capazes de nos unir no único objetivo da vida superior: o serviço à Humanidade, que é serviço a Deus. Que diferença faz se a Essência Divina se expressa como você ou eu? A forma específica através da qual funciona realmente não importa. É a Essência interior que nós servimos.
Se irradiamos amor, pouco importa o que mais nos falta. Se não expressarmos em nosso coração e em nossa vida a prova que Cristo nos deu, pouco importa quais outras qualificações tenhamos. Riqueza, cultura, mentalidade brilhante, realizações intelectuais — tudo aquilo a que o mundo se curva em homenagem servil — é nada sem amor.
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos Anjos, se não tiver amor, serei como o metal que soa ou como o sino que tine”. “E ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e todo ciência; e ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de remover montanhas, se não tiver amor, nada serei”. “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará”.
Portanto, queridos amigos e queridas irmãs, o amor é Deus e sem Ele nós somos meras conchas, unidades isoladas e sem vida, sem propósito, átomos à deriva no mar cósmico. Mas com esse amor preenchendo todo o nosso ser e brilhando através de nós, nós nos tornamos forças poderosas trabalhando com a vida cósmica.
FIM
[1] N.T.: Trecho do Livro St. Elmo de Augusta Jane Evans (1835-1909), escritora estadunidense.
“Os três fatores são: 1) o Poder infinito curador que vem do nosso Deus Pai (o Poder de Cura do Pai), que está nos Céus; 2) o Curador, uma pessoa renascida aqui, como instrumento do Pai; 3) o Paciente com uma Mente fervorosa e confiante que, desse modo, pode usar o Poder Curador do Pai, por meio do Curador, com o objetivo de eliminar a doença ou a enfermidade que o aflige”.
Max Heindel
Se o leitor quiser comprovar o extraordinário efeito de uma verdade pela autossugestão, que experimente repetir fervorosamente esta frase: “Todo o Universo, e principalmente eu, está impregnado pelo Poder Curador do Pai, sempre acessível para a cura de todas as enfermidades e doenças, seja qual for a sua natureza”. Logo, uma calma indizível e um efeito harmonizador nos envolvem, após a repetição dessa profunda verdade, se o fizermos com fé, compreensão e receptividade.
Realmente, “em Deus nós vivemos, nós nos movemos e temos o nosso ser” (At 17:28). Quanto mais nos tornamos conscientes da proximidade desse Poder de Cura do Pai, sempre benéfico e presente, tanto mais aptos estaremos para receber e observar seus efeitos em nossa vida.
O Curador é o foco, o veículo por meio do qual o Poder Curador do Pai se manifesta e é comunicado ao Corpo Vital do irmão ou da irmã enfermo (a) ou doente. Se o Curador for um instrumento apropriado, consagrado, harmonioso e realmente sintonizado com o infinito, não haverá limites para o trabalho maravilhoso do Pai, que se processará por meio dele. Na Fraternidade Rosacruz, o Curador é um irmão ou irmã que chegou, no mínimo, ao grau de Probacionista (nem todo Probacionista é um Curador. O fato de estar no grau do Probacionismo o qualifica para tal, mas não o faz Curador automaticamente). O trabalho de Cura Rosacruz não se efetua pessoalmente; todo trabalho é executado na Região Etérica do Mundo Físico, e à noite, fora do Corpo Denso (tanto o Curador como o Paciente). Esse trabalho de Cura Rosacruz exige certa orientação e grande preparo. Em primeiro lugar, é necessário amor incondicional, desejo de ajudar, de servir amorosa e desinteressadamente, de aliviar os sofrimentos e as dores.
Complementando essa atividade noturna, há as atividades diurnas com participação ativa do Paciente com o irmão ou a irmã enfermo ou doente ( e isso depende da sua própria vontade, pois a liberdade é sagrada e é preciso que ele ou ela deseje ajuda para que o trabalho se realize bem) quando se inscreve no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o tenha. Periodicamente é lhe passada orientações para que compreenda que a doença ou a enfermidade, pela qual está passando, é a manifestação da ignorância sobre as Leis que regem o Universo (as Leis de Deus), cuja transgressão traz, como consequência, o sofrimento e a dor. Também lhe é solicitado que oficie os Rituais do Serviço Devocional do Templo e de Cura (nas datas específicas) a fim de ele consiga criar uma egrégora no lugar que vive, o que garante um aumento das vibrações espirituais que muito beneficiará a ele e aos que vivem nesse lugar. Essa prática, também, promove a oportunidade para o Paciente também ajudar, porque sempre haverá irmãos ou irmãs que sofrem muito mais do que ele. A ajuda dele ocorre justamente nos momentos de concentração (ponto alto dos Rituais) diariamente, onde ele cria e transmite seus pensamentos, seus desejos e sentimentos de que a cura se processe para quem dela precisar, impessoal, desinteressada e amorosamente – todo material é enviado pelo Centro e, logicamente, tudo grátis. Desse modo, a Cura Rosacruz vai sendo preparada, mostrando a natureza espiritual do processo e tendo a cooperação do irmão ou da irmã enfermo ou doente que, ao mesmo tempo que vai alcançando a Cura, ajuda a promover a Cura para os outros que necessitam por meio da oficiação daqueles Rituais.
Aliás, o papel do irmão ou a irmã enfermo ou doente deve ser de uma pessoa que tenha uma “Mente adequadamente receptiva e obediente”, ou seja, deve ter fé tal como a anunciada por Cristo quando, ao curar, propunha uma condição: “sejam feita as coisas de acordo com a TUA fé”. Realmente, as dúvidas e descrenças obstruem a Força Curadora do Pai. É preciso que o irmão ou a irmã enfermo ou doente rompa os bloqueios de seu pessimismo, sua indiferença, descrença e outros fatores, como o medo, a impaciência, o desespero, etc. que lhe formam uma couraça na aura e impedem qualquer ajuda de fora. Entender a lógica do processo de Cura Rosacruz, baseado profundamente no Cristianismo Esotérico, ajuda ao irmão ou a irmã enfermo ou doente se predispor a abrir a sua Mente e acolher a ajuda que lhe está sendo oferecida, pronto a obedecer a perseverar o tempo que for necessário.
O tempo para o alcance da cura depende de pessoa para pessoa. Há vários pontos a serem considerados, mas um é vital: “o ensino só é suspenso quando a lição é aprendida”. E quem sabe se aprendeu a lição ou não é somente o irmão ou a irmã enfermo ou doente. A sua sinceridade, paciência e persistência indicam a quantidade de tempo necessário. Enquanto isso e enquanto estiver participando do processo de Cura Rosacruz – que ele informa por meio da assinatura semanal, com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim -, o Poder Curador do Pai e o Curador continuarão agindo, paciente e persistentemente, amorosa e desinteressadamente.
Durante o processo o irmão ou a irmã enfermo ou doente vai se imbuindo da necessidade de fazer uma reforma em sua vida, quer mudando a alimentação, para um regime equilibrado ao seu dia a dia; quer na parte moral e mental, buscando vigiar seus impulsos, evitando os maus sentimentos, desejos, emoções e pensamentos negativos, buscando apenas o bem em todas as coisas. Convidamo-lo (a) a estudar as Leis de Deus, às quais deve conformar sua vida, mostrando que tais Leis governam o Universo e ao nos sintonizar a elas, não só alcançaremos a saúde como nos manteremos sãos em todo o sentido, nessa e em futuras vidas.
A Fraternidade Rosacruz é muito discreta em tudo, em consonância com os Evangelhos (“não saiba a mão direita o que a esquerda fez” (Mt 6:3)), mas podemos afirmar que muitas curas já tem sido alcançadas, das quais não nos orgulhamos em absoluto, porque não somos nós que as realizamos, senão Deus Pai.
Se quiser mais informações é só acessar aqui: https://fraternidaderosacruz.com/como-funciona-e-como-solicitar-auxilio/
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1965-Fraternidade Rosacruz-São Paulo)
Dois advogados, associados na prática forense, tiveram uma séria divergência. Como resultado, dissolveram a sociedade. Depois de pouco tempo, um deles foi hospitalizado em virtude da pressão sanguínea elevada. À medida que a animosidade entre os sócios foi acentuada, a pressão do sangue aumentou.
O médico encarregado do caso tentou inutilmente aplicar todos os seus métodos de socorro. Sabendo algo a respeito da altercação entre os dois sócios, sugeriu finalmente que o único remédio eficaz para o seu paciente fosse ele reconciliar todas as discordâncias com o seu antigo sócio e esquecer tudo. Providenciou um encontro entre os dois, no qual dissecaram a coisa toda. Finalmente, concordaram em restabelecer a sociedade e esquecer as divergências do passado. Dentro de uma semana a pressão sanguínea do paciente retornou ao normal.
O ódio ou uma hostilidade arraigada constitui o uso mais ineficaz que uma pessoa possa fazer de sua Mente. Isso poderá causar muitos distúrbios, até mesmo nos olhos. Trata-se de uma das principais causas do glaucoma, uma doença dos olhos que cega totalmente a 20.000 pessoas por ano e faz com que um grande número de pessoas, que varia de cinco a dez vezes essa quantidade, venha a perder a visão de um olho.
Os especialistas descobriram que a pressão ocular aumenta sempre que uma pessoa começa a sofrer pela ação de outra. No Instituto de Psicanálise de Chicago, 2/3 dos casos de glaucoma foram tidos como bastante relacionados com algum evento emocional, tal como um conflito interno e crônico.
Os estudos feitos no Hospital de Nova Iorque e no Colégio Médico de Cornell, pelos Drs. Stewart Wolf e Harold G. Wolf, mostram que a raiva reprimida ou o ressentimento acarretam não apenas indisposições tais como uma pressão alta da corrente sanguínea, mas também indigestões e outras dores. O Dr. N. C. Oilbert, da Northwestern University, diz que a mesma emoção causa, frequentemente, ataques de angina pectoris (dor no peito) e que “provoca mais aflições e ataques do que qualquer outro distúrbio emocional”.
A cura mais rápida dos males causados pela cólera ou hostilidade represadas é o esquecimento. Quando esquecemos uma divergência, a coisa se desfaz, a causa desaparece. Não se tem de aturar mais o desgaste e a ruptura da Mente.
Outra emoção desagradável que provoca dificuldades sem fim é o aborrecimento, juntamente ao medo. Os males mais frequentes, resultado do aborrecimento, são as úlceras estomacais. Muitas vezes o aborrecimento causa sintomas de úlceras sem a ocorrência do fato físico. Na Clínica Mayo, um estudo do estômago feito com 15.000 pacientes mostrou que apenas 20% tivessem uma base física, concreta, para as suas queixas.
Uma das principais causas da alta pressão do sangue é o aborrecimento reprimido ou o ressentimento que se receia admitir. Talvez você abrigue uma aversão intensa à sua esposa, ao seu marido, ao seu irmão, à sua irmã ou alguém muito próximo; porém, você, por dever, reprime esse sentimento, procurando manter as aparências de uma relação familiar amistosa. Você gostaria de chorar no ombro de alguém, mas receia fazer com que ele penetre em seu íntimo.
Seria difícil comentar todos os males que possam resultar do aborrecimento ou do medo, mas devemos dizer que até o câncer faz parte deles. O Dr. Lawrence Le Shan, do Union, do Theological Seminary de Nova Iorque, diz que as histórias de ocorrência do câncer em pacientes por ele estudados revelam costumeiramente um modelo característico. Como exemplo, uma pessoa que contrai o câncer em idade avançada poderá ter sofrido um trauma psíquico ou um choque emocional durante a infância. Ele reporta, a partir desses estudos, que as relações emocionais trazem dores e desânimos; por exemplo, atribuindo um evento a uma falta que tenha praticado, a vítima responde com sentimento de culpa e autocondenação, sendo que o aborrecimento cria o desespero.
Diz ele que as viúvas, os viúvos e as mulheres e os homens divorciados ou separados são mais suscetíveis ao câncer do que os que mantêm um relacionamento sério, sincero e duradouro.
O Dr. Schindler, outra autoridade no assunto, comenta que 1/3 de todas as doenças de pele tratadas por dermatologistas é produzido pela reação dos vasos sanguíneos à ansiedade, ao aborrecimento, ao desgosto, etc. Muitos outros males podem ocorrer devido às tensões emocionais, inclusive a úlcera péptica, a bronquite asmática, a enxaqueca, a colite ulcerativa, a artrite reumatoide, a hipertensão e o hipertireoidismo.
Um estudo realizado com 1.660 residentes, na cidade de Nova Iorque, revelou que mais de 80% apresentavam sintomas de distúrbios emocionais, variando de brandos a acentuados. Assim, apenas uma pessoa entre cinco foi julgada suficientemente livre de problemas emocionais para ser considerada em bom estado.
“A maior parte de nossas emoções mais desagradáveis produz tensão muscular”, diz o Dr. Schindler. “Um dos primeiros lugares a apresentar tensão é o grupo de músculos da parte posterior do pescoço. Caso os músculos do esôfago inferior se contraiam, a coisa será séria”.
Uma vez que as tensões emocionais tenham participação tão importante nas dores físicas, as autoridades médicas são favoráveis a que os médicos recebam aulas de diagnóstico psiquiátrico no decorrer de seus cursos regulares de formação médica. O Dr. G. G. Robinson, do Hospital Johns Hopkins, acentuou essa necessidade já faz vinte anos.
Realmente, o “médico da família” costuma estar em uma posição mais favorável para diagnosticar os distúrbios emocionais do que o especialista, mormente em comunidades muito agrupadas, em que está familiarizado com todos os membros da família. Ele conhece os seus problemas financeiros e sociais, suas esperanças, ambições, frustrações e a maior parte das influências que modelam o comportamento perante a vida.
Diferentemente do desdobramento dos males orgânicos, um fato encorajador em matéria de males psicossomáticos é que nós, e apenas nós, possamos fazer o máximo em relação a eles. Um psiquiatra poderá unicamente nos ajudar a analisar os fatos.
Contudo, nenhum psiquiatra pode fazer com que nós paremos de odiar, de nos aborrecer, de nos atemorizar ou invejar. Ele nos poderá ajudar a localizar o mal, dizendo qual é sua causa, advertindo-nos de suas consequências e dando a coragem para que possamos superar o estado mental que o agrava; no entanto, o fator mais importante da cura somos nós mesmos, por meio da nossa força de vontade.
Para vencer o efeito destruidor das emoções, os médicos recomendam que o paciente assuma uma derivação criadora (um desvio positivo do ambiente interno ao externo) que faça com que sua Mente pense em algo fora de si próprio: substituir as fricções mentais por atividades físicas auxilia o reajustamento.
Os médicos sugerem que se aprenda a gostar de pessoas, cultivar amizades e criar uma disposição alegre. Cultivar o interesse por fazer coisas em benefício de outros, dizem, e dessa forma projetar nossa Mente para além de si mesma e de seus sentimentos discordantes.
Quando começamos a ter interesse genuíno em outras pessoas, esquecemos os próprios aborrecimentos íntimos e percebemos que não sejam, afinal, o pesadelo que imaginamos.
Tudo isso é o que podemos verificar claramente utilizando nossos sentidos físicos, ou seja, os efeitos de causas que não conseguimos identificar pelos nossos sentidos. Pois aprendemos na Fraternidade Rosacruz, em seu processo de Cura Rosacruz, que a doença é uma manifestação de ignorância, o único pecado. E que curar definitivamente (e não remediar) é a demonstração do conhecimento aplicado, a única salvação. Então, a doença é a manifestação da ignorância das leis que regem o Universo, cuja transgressão traz, como consequência, a enfermidade e a dor. Também aprendemos que Cristo é a incorporação dos Princípios da Sabedoria. Portanto, a saúde plena e permanente pode ser conquistada na mesma proporção em que o Cristo conquista nosso coração, ou seja: se forme em nós, o Cristo Interno.
Por meio dos Estudos Bíblicos Rosacruzes aprendemos que o pecado ou o agir erroneamente é a causa direta das doenças. Por exemplo, de acordo com o Levítico, a lepra era o resultado da calúnia. Míriã certa feita viu surgir-lhe a lepra logo a seguir ter falado mal de Moisés durante os anos no deserto (Nm 12); em Salmos, 31: “Por ser perverso e injusto resultou em dor nos ossos”; em Lamentações 1-20: “Devido a angústia, dores fortes nas vísceras”; em Jeremias 8:18: “Devido a profunda tristeza, dores fortes no coração”.
Hipócrates, o “Pai da Medicina”, viveu no quinto século A. C. Dedicou-se a arte de curar, fazendo-o com extrema amorosidade. Tratava o paciente como um todo: Corpo, Mente e Espírito. Atribuiu-se-lhe uma frase célebre: “Não há doenças, mas doentes”. Os doentes da alma acabam por adoecer fisicamente. A dor serve para alertar. O sofrimento significa que algo está errado.
Como a humanidade reluta em compreender e viver essas verdades, as Hierarquias Criadoras utilizam as alternâncias para alertá-la quanto às suas transgressões. Assim, “bem e mal”, “bom e mau”, “dor e prazer”, “alegria e tristeza”, servem de parâmetros para avaliação de conduta e estabelecimento de relação causa e feito. Se sofremos é porque produzimos alguma desarmonia. Só a harmonia nos trará a plenitude.
Entre os primeiros Cristãos acreditava-se que “as doenças provinham de sete pecados: a calúnia, o fluxo menstrual (hemorragia* – ver: Mt 9:20-22; Mc 5:22-43 e Lc 8:40-56), o falso testemunho, a falta de castidade, a arrogância, o roubo e a inveja”.
Cristo Jesus enfatizava, frequentemente, as mesmas verdades em suas conversas com os Doze, como no caso em que, após curar um paralítico dizendo: “Tem ânimo, meu filho, teus pecados estão perdoados. Levanta-te toma o teu leito e vá para tua casa“, “Ele lhes perguntou: “O que é mais fácil dizer: teus pecados estão perdoados ou dizer levanta-te e anda?”.
Notem: embora condições ambientais, mudanças climáticas, acidentes ou fatores hereditários, etc., pareçam constituir as causas determinantes da enfermidade, sua origem encontra-se em nós mesmos, em nossa conduta moral. Nossas doenças provêm de uma errônea maneira de viver, pensar e sentir. São o resultado de erros passados ou presentes. Decorrem de nosso descuido em não atender ao chamamento interno de nossa consciência que, constantemente, procura sobrepor-se a nossa natureza inferior.
“Vamos começar distinguindo os conceitos de duas palavras que, por razões históricas e descuidos, são mau interpretadas e, até, achadas com os mesmos significados: curar e sarar.A principal diferença consiste em haver ou não haver cooperação do paciente.
Uma pessoa pode curar outra com massagens ou drogas. Nestes casos, o paciente mantém-se passivo. Não há dúvida de que com tais tratamentos podem desaparecer as afecções e o doente restabelecer-se, mas em geral seu restabelecimento é apenas temporário.
A palavra cura vem latim com o sentido primitivo de ‘cuidado’, ‘atenção’, ‘diligência’, ‘zelo’. O verbo curo, curare, de largo emprego, com o significado de ‘cuidar de’, ‘olhar por’, ‘dar atenção a’, ‘tratar’.
A evolução semântica da palavra cura, tanto em latim, como nas línguas românicas, operou-se em várias direções, sempre em torno da ideia de ‘cuidar de’, ‘exercer ação sobre’, ‘tratar’.
Então para mudar a situação, para curar o sintoma, tomamos um remédio que até funciona bem. Só que esquecemos que o nosso corpo fala e se expressa através de sensações de conforto, desconforto, dor, aumento de temperatura, etc., querendo nos avisar que algo está errado. Por exemplo, que comemos demais, bebemos demais, trabalhamos demais, estamos com fome, que estamos com sono, com frio, ou super-aquecidos. Tudo isto leva a um desequilíbrio dentro do nosso sistema. A função do sintoma é o da auto preservação do organismo. Precisamos aprender a ouvir o corpo/sintoma.
É importante reconhecer o valor e o poder dos remédios, uma vez que estando com dor, desconforto, não conseguimos elaborar, pesquisar, ou compreender a causa deste desconforto, sintoma, etc. neste momento da nossa vida. Os remédios são muito importantes sim, como uma espécie de bengala.”.
Já sarar vem do latim sanare, e evoluiu para sanar em espanhol e sarar em português (a substituição de n por r que se operou na língua portuguesa é explicada pela seguinte sequência na passagem do latim vulgar para o português arcaico: sanare > saar > sar > sarar). Sarar é ‘ficar são’, ‘recuperar a saúde’, ‘tornar uma pessoa sã’, ‘dar saúde a (quem está doente)’, ‘emendar’. Assim, “Sarar” é radicalmente diferente porque, neste caso, se exige que o paciente coopere espiritual e fisicamente com quem cura. Ou seja: sarar é curar com a cooperação ativa do paciente.
Portanto, para sarar de uma doença: o paciente mantém-se ativo, o paciente coopera espiritual e fisicamente com quem cura. Com isso, o único resultado possível: a cura definitiva para o sofrimento do doente: “lição aprendida…ensino suspenso”!!!!
Agora, vejamos a relação da sentença: “A Fé sem Obras é Morta”, que lemos na Epístola de São Tiago, Cap. 2, Versículo 20, e os trabalhos da cura definitiva, do sarar.
Para isso note que todos os casos em que Cristo sarou alguém, essa pessoa tinha que fazer alguma coisa: ou seja: tinha que cooperar com o Grande Médico, antes que a sua cura se efetuasse.
Alguns exemplos: “Estende a tua mão“, e quando a pessoa assim fazia, sua mão ficava sanada. Dizia a outro: “Toma o teu leito e anda“, e quando isso era feito, desaparecia a enfermidade. Ao cego mandou: “Vai e banha-te no lago de Siloé“, ao leproso: “Vai ao sacerdote e oferece o teu donativo“, etc.
Em todos os casos havia necessidade da cooperação ativa da parte daquele que desejava ser sanado. Eram simples pedidos, mas tais como eram, tinham que ser atendidos e a obediência auxiliava o trabalho do Curador.
O auxílio prestado pelo Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz é efetivo e real. Há mais de um século promove a Cura de muitas doenças e enfermidades. Cabe, entretanto, ao paciente colaborar, fazendo a sua parte. Cumpre-lhe observar certos princípios, sem o que tudo resultará em malogro. Enfatizando a importância de tais princípios, recordemos algumas passagens do Novo Testamento, em que Cristo-Jesus realizou algumas curas: Mateus – cap. 9, vers. 2: “E eis que lhe trouxeram um paralitico deitado num leito. Vendo-lhe a fé, Cristo Jesus disse: Tem bom ânimo filho: estão perdoados os teus pecados. Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”.
“A cura permanente só é alcançada no final do ciclo de um processo, onde a doença é o último elo da corrente. Devido a Seus poderes cósmicos, Cristo-Jesus podia, com facilidade, curar instantaneamente qualquer pessoa de qualquer doença. Entretanto, se o enfermo não houvesse aprendido a lição concernente aos seus erros, sua enfermidade cedo ou tarde reapareceria. Somente quando o Átomo-semente em seu coração, que carrega a gravação de todos os esforços mal direcionados (pecados), tiver sido limpo pela repetição, reforma, e restauração, Cristo dirá ‘Levanta-te, estás livre’. Isto porque o Mestre pode mandar ‘Levanta-te e anda’, mas somente o próprio ser humano pode tornar isto possível, a fim de que Ele declare: ‘Teus pecados estão perdoados’”.
Quer buscar ajuda no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz ou entender melhor como funciona a Cura Rosacruz? É só acessar aqui: https://fraternidaderosacruz.com/category/cura/como-solicitar-inscricao-no-departamento-de-cura-rosacruz/
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1970-Fraternidade Rosacruz-SP-com adições da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Nós nos encontramos aqui, esta noite, com um objetivo duplo: primeiro, porque é domingo e realizamos o nosso habitual Ritual do Serviço Devocional do Templo Rosacruz; depois, como a Lua, hoje à noite, está em um Signo Cardinal[1], também realizamos a “Reunião de Cura”. Nesse sentido, é muito importante ter em Mente o fato de que os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, localizados no mundo, hoje concentraram seus pensamentos nessa Pró-Ecclesia com o mesmo objetivo que agora estamos tentando alcançar, isto é, gerar pensamentos de ajuda e de cura para concentrá-los em uma única direção para que possam estar disponíveis e ajudar os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz em seu trabalho benéfico para a humanidade.
No entanto, se realmente quisermos conseguir algo nessa direção, devemos ter uma compreensão bem definida e clara de qual é a nossa meta e conhecer o método mais adequado. Não é suficiente sabermos de modo vago que existem no mundo a doença e o sofrimento, nem que façamos uma ideia, também vaga, de auxílio para aliviar esse sofrimento, seja ele físico ou mental. Devemos fazer algo definitivo para atingir nosso objetivo e, portanto, será bom colocar diante de nossas Mentes uma ilustração que possa ajudar. Suponhamos que um de nossos prédios esteja em chamas e tenha muito lixo se acumulando em um de seus cantos; assim, por combustão espontânea, finalmente surge um incêndio. Temos mangueira, água e um bico de mangueira para que possamos jogar água no fogo e tentar apagá-lo. Mas, para fazer isso, precisamos primeiro ligar a torneira e apontar a mangueira de forma reta para o fogo; além disso, o fluxo de água deve ser adequado para lidarmos com o fogo. Não nos ajudará de forma alguma, se apenas derramarmos o fluxo de água pela metade ou se tivermos um pequeno fluxo para esguichar aqui e ali. Devemos apontá-lo diretamente para o centro do fogo, devendo ser adequado em força e volume para vencer o material em chamas. Se observarmos esses requisitos, seremos capazes de apagar o incêndio no edifício e, assim, conseguir nosso propósito pelo uso adequado de meios eficientes.
A cura de doenças oferece uma analogia perfeita, pois toda doença é, por assim dizer, realmente um fogo, o invisível fogo que é o Pai tentando dissolver as cristalizações que acumulamos em nossos corpos. Reconhecemos a febre como sendo um fogo, mas os tumores, como o câncer e outras doenças, são, também em realidade, o efeito desse fogo invisível, que tenta purificar o organismo e libertá-lo das condições que criamos ao transgredir as Leis da Natureza. Agora, aos pensamentos de Cura. Esse mesmo poder, que está procurando, lentamente, purificar o corpo, pode ser aumentado em alto grau, pela concentração adequada (é isso que a oração realmente é), desde que tenhamos as condições apropriadas.
Para ilustrar essas condições tomaremos como exemplo a tromba marinha. Talvez nenhum de nós tenha presenciado este fenômeno da natureza, que, embora maravilhoso, inspira pavor. Em geral, quando ele ocorre o céu parece aproximar-se da água; há no ar um tenso estado de concentração. Gradualmente, um ponto do céu desce até à superfície das águas e as ondas, em certa extensão, parecem saltar para cima, até que ambos, céu e mar, unem-se formando um redemoinho de voragem vertiginosa.
Algo semelhante ocorre quando uma pessoa ou um grupo de pessoas, está em prece fervorosa. Todas as forças da natureza que realizam nosso trabalho aqui estão trabalhando apenas no Éter — a eletricidade, a força expansiva do vapor ou outras, todas são etéreas —; entretanto, há forças no universo bastante mais potentes e sutis, entre elas o poder do pensamento. Se alguém se absorve numa intensa súplica a um poder superior, sua aura parece afunilar-se em forma muito semelhante à parte inferior da tromba marinha. Essa forma eleva-se no espaço a grande distância, e sintonizando-se com as vibrações do Cristo, do Mundo Interplanetário do Espírito de Vida, atrai para si uma Força Divina que penetra na pessoa ou no grupo de pessoas, e vivifica o pensamento-forma que elas criaram. Desse modo, o fim pelo qual se reuniram será atingido.
Mas gravemos bem em nossas mentes que esse processo de orar ou de concentrar, não é um frio processo intelectual. É PRECISO HAVER UM GRAU ADEQUADO DE SENTIMENTO PARA ATINGIR O FIM DESEJADO, POIS, SE NÃO ESTIVER PRESENTE ESTA INTENSIDADE DE SENTIMENTO, O OBJETIVO NÃO SERÁ ALCANÇADO. Este é o segredo de todas as preces milagrosas que a história registra: a pessoa que orava, fazia-o sempre com INTENSO FERVOR; todo o seu ser se submergia no desejo de obter aquilo por que orava, e dessa forma, elevava-se aos reinos divinos, trazendo de volta a resposta do Pai. No ano passado, tivemos um caso desse tipo na Fraternidade Rosacruz. Uma das trabalhadoras foi ferida em um acidente de carro e recebeu um impacto no cérebro. Naquela noite, nós todos nos juntamos em súplica silenciosa ao nosso Pai Celestial, aqui nesta Pró-Ecclesia, para que ela pudesse ser curada e ajudada. O escritor então percebeu distintamente a intensidade do sentimento e como ele deu origem àquele funil (similar à tromba marinha), na parte inferior do canal, que trouxe a resposta divina. Assim, naquela noite a consciência dela retornou, algo que é mais do que incomum nos anais de casos semelhantes.
Também descobrimos que em certas comunidades sagradas como, por exemplo, “a mesa redonda do Rei Artur” ou em um círculo de espiritualistas uma condição semelhante seja provocada. Os assistentes no primeiro círculo sintonizam-se com uma vibração comum, cantando certas canções, e assim unidos, formam um único funil áurico que traz (do Alto) tudo o que almejam, de acordo com a intensidade de seus desejos e sua concentração.
Essa vibração espiritual é tão poderosa que, às vezes, pode ser transmitida e permanecer em torno de objetos aparentemente inanimados. Por exemplo, muitas pessoas notaram, e algumas ficaram até impressionadas, as poderosas vibrações no órgão daqui. Você notará que há uma cópia do Cristo de Hoffman[2] sobre o órgão. Não há dúvida na Mente do orador que, quando Hoffman pintou esse quadro, ele sentiu muito intensamente a posição e o sentimento de Cristo no Getsemani; portanto, apegou-se à sua imagem uma representação desse mesmo canal áurico. Esse quadro não ficaria aqui, nem seria reproduzido em uma cópia impressa, se não fosse uma pintura feita aqui, na Pró-Ecclesia, por um de nossos membros que acessou o sentimento do artista original e foi equipado com o entendimento sobre o mistério do sofrimento de Cristo naquela hora solitária, também possui esse canal de aura e, portanto, as vibrações são sentidas emanando daí.
Tudo isso nos ensina que essa força está disponível e possa ser usada cientificamente com muito mais efeito do que se a usássemos de maneira aleatória, desejando vagamente isso, aquilo ou outra coisa. Mas há também um grande perigo se fizermos mau uso desse maravilhoso poder; portanto, façamos sempre nossas súplicas em favor dos outros; acrescentando estas palavras do Cristo: “Pai, Faça-se Tua Vontade e não a minha”[3]. Caso contrário, estaremos suscetíveis a causar ferimentos onde ajudaríamos. Você provavelmente notou que eu disse “nossas súplicas para os outros”. Deixemos esta ideia se aprofundar em nossas Mentes — nunca devemos pedir qualquer coisa para nós mesmos. Isso é supérfluo; o Cristo nos deu garantia de que, se procurarmos “primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, todas as outras coisas serão acrescentadas”[4] a nós. Possuímos também a promessa da Bíblia, “O Senhor é o meu pastor, não me faltará”[5], e muitos anos de experiência demonstraram a esse orador que isso é um fato: se trabalharmos com a lei, para os outros, ela cuidará de nós, porque trabalhamos com ela.
O grande motivo da oração não estar sendo ouvida atualmente é que os suplicantes estão continuamente pedindo alguma coisa para eles mesmos, o que é contrário ao bem comum: se estivermos cuidando de nós mesmos e continuamente tentando obter o melhor de nós mesmos, independentemente de todos os outros, então não será necessário que Nosso Pai Celestial cuide de nós; contudo, no momento em que nos colocamos em Suas mãos para pensar em como podemos realizar Sua obra ou fazer Sua vontade na Terra, como está sendo feita no Céu, então nos tornamos Seus cooperadores, trabalhadores em “Sua vinha”. Cabe então a Ele cuidar de nós e podemos, assim, confiar plenamente que tudo o que for necessário para o nosso conforto material ou espiritual será iminente e a medida não será pequena, escassa ou mesquinha, mas receberemos uma quantidade completa, abarrotada, transbordante. Com esses pensamentos, entraremos em silêncio e, por dez minutos, concentremo-nos no objetivo para o qual nos reunimos: ajudar e curar nossos companheiros sofredores, particularmente aqueles que se inscreveram no Departamento de Cura para buscando ajuda às suas angústias.
(de Max Heindel; publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Áries, Câncer, Libra e Capricórnio
[2] N.T.: Cristo no Jardim do Getsemani por Heinrich Hofmann ou Johann Michael Ferdinand Heinrich Hofmann (1824-1911) foi um pintor alemão do final do século XIX ao início do século XX. É principalmente conhecido por suas numerosas pinturas que retratam a vida de Jesus Cristo.
[3] N.T.: Lc 22:42
[4] N.T.: Mt 6:33
[5] N.T.: Sl 23
Existem algumas palavras-chave nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – os Ensinamentos Rosacruzes –, de função bem definida em relação às aspirações do Mundo Ocidental, tais como: panaceia, cosmos, arquétipo, Ecclesia, Epigênese, hierofante, neófito, mistério, misticismo, etc.
A filosofia e mitologia grega, pré-cristã, criaram estas palavras para atender ao significado mais profundo de certas atividades e realizações em suas escolas de mistérios, durante um dos períodos mais gloriosos da História humana – que fora a Idade Áurea. Os criadores destes termos simbólicos foram: Sócrates, Platão, Aristóteles, Pitágoras, Hipócrates e outros iluminados da Grécia antiga.
O Estudante Rosacruz está familiarizado com esses vocábulos, mas, frequentemente, passa por cima do significado mais profundo ou porque não presta a devida atenção, ou porque não compreendeu, ainda, a diferença que isso faz para a perfeita assimilação dos seus estudos.
Ao compulsar o sentido etimológico podemos desvelar significados mais sutis, convertendo-os em símbolos vivos e imagens pulsantes do pensamento ocidental.
Deles, o que, talvez, encerre maior significado é a palavra – e o conceito que há no seus significado – PANACEIA aplicada nos Ensinamentos Rosacruzes.
Na Filosofia Rosacruz há três pedras angulares: curar, servir e propagar. Sobre elas os Irmãos Maiores edificaram seu trabalho em benefício do mundo. Ora, panaceia exprime a atividade de cura!
Em seu simbolismo, panaceia expressa a aspiração e o desvelo da Fraternidade Rosacruz no desenvolvimento da arte de curar pelo Método Rosacruz, a Cura Rosacruz.
O dicionário define panaceia como um remédio universal, pois pode curar todas as enfermidades e doenças.
No grego, panakeias é um vocábulo composto: Pana (todo ou pão) e o verbo akeistar (curar). Literalmente: o “pão da cura”, ou seja, o remédio com a fórmula para tudo curar: mental, moral ou fisicamente.
Na mitologia grega Panaceia e Higéia (saúde) eram irmãs, filhas de Asklêpios (em latim Asculapius, em português Esculápio) – o deus da cura. Por sua vez, Esculápio era filho de Apolo (Sol, vitalidade, luz) – o grande médico.
Desde tempos imemoriais havia Templos de Cura. Na Grécia eram dedicados a Asclépio, o deus da cura. Seus sacerdotes compunham grupos de curadores especializados, devotos e espirituais. Praticavam a medicina em o sagrado recinto de cura (asklepión).
Sob configurações astrais favoráveis (pois aliavam os conhecimentos de Astrologia), os enfermos eram levados a esse lugar santo (asklepión) onde, em cerimônia religiosa, tomavam tabletes, espécie de hóstia sagrada deixada pelos ex-pacientes agradecidos, após sua cura, na elevação de sua fé ao deus da cura.
Depois deste serviço religioso, os enfermos eram deixados no recinto sagrado a dormir. Durante o sono, os sacerdotes lhes ministravam os remédios – a panaceia – por meios conjuros (ritual especial) e encantamento, regidos por Higéia e Asclépio. Por este meio de cura, muitos pacientes ao despertar na manhã seguinte estavam completamente curados, tal como relatam os manuscritos da época.
Esse ritual é tecnicamente conhecido como “incubação” (em grego epoas, que quer dizer empolar ou deitar-se sobre ovos).
Há grande semelhança entre o templo grego de cura (asklépión) e a arte de Cura Rosacruz. Os dois empregam o método de ajuda espiritual, da Escola Ocidental de Mistérios; ambos ajudam a humanidade a alcançar a saúde do corpo pela combinação da panaceia espiritual e dos meios físicos. É a ação do Grande Curador, aproveitada pelos conhecimentos de Astroterapia e auxiliada pela dieta alimentar adequada, exercícios, preparo mental e emocional, etc.
Quando aprofundamos o significado de Higéia (saúde) e Astroterapia, do ponto de vista Rosacruz, compreendemos por que Max Heindel definiu: “há saúde física apenas quando os órgãos trabalham em perfeita ordem e harmonia”. Quando um órgão diminui sua função, provoca desequilíbrio na harmonia do conjunto e surge a enfermidade ou a doença.
A enfermidade ou a doença se prolonga por causa dos abusos e da ignorância. Se o paciente sabe aproveitar as configurações astrais favoráveis e colabora com o Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o possua, cumprindo sinceramente sua parte, então a panaceia lhe é aplicada, coroando seus esforços de viver segundo as Leis da Natureza, que são as Leis de Deus. Diz Max Heindel: “A panaceia faz com que a substância concentrada da Vida de Cristo flua através do Corpo Denso e do Corpo Vital do paciente, dando a cada célula um ritmo que desperta o Ego preso em sua letargia, devolvendo-lhe vigor e saúde”.
Em que consiste essa panaceia? Como pode ela nos beneficiar?
Max Heindel nos relata o que pôde constatar, quando visitou pela primeira vez o Centro Espiritual da Ordem Rosacruz: “É uma visão inolvidável! Ao penetrar no Templo, vi três esferas suspensas no teto, no meio do salão. Na esfera superior observei um pequeno recipiente com vários pacotes cheios de substância do Espírito Universal. Os Irmãos sentaram-se numa certa posição, enquanto a música preparava o ambiente”.
Inesperadamente as três esferas começaram a brilhar com as três cores primárias: a de cima, azul; a do meio, amarelo; a de baixo, vermelho.
Durante esse encantamento, cheio de beleza, reparei que o recipiente dos pacotes se iluminou de uma essência espiritual. Vi como os Irmãos tomaram essa substância, aplicando-a aos pacientes adormecidos, à medida que os visitavam à noite”.
Continua Max Heindel: “Quanto ao efeito da panaceia, é maravilhoso! Quando aquela substância dos pacotes (panaceia) era aplicada, irradiava-se pelo Corpo do paciente como uma luz mágica, destruindo toda matéria cristalizada que cobria os centros espirituais do Corpo enfermo. A cura era instantânea e o paciente despertava são na manhã seguinte”.
A Astroterapia, à parte da Astrodiagnose e do prognóstico pelos Astros, tem sido de grande importância na medicina de todos os tempos. Pelas Progressões e pelos Trânsitos dos Astros, aplicados a cada enfermo, o profissional de saúde, que utiliza a Astroterapia, pode chegar a conclusões importantes e prevenir crises que se anunciam. Talvez não haja ciência mais estreitamente unida a medicina que a Astroterapia.
A Astrodiagnose, por exemplo, tem sido de uma importância capital na arte de curar. Era o método de diagnóstico que os profissionais da saúde da antiguidade utilizava e constitui um auxiliar precioso aos profissionais da saúde de hoje. No Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o possua é o método básico de diagnóstico. Max Heindel considerava a Astrologia mais importante que a clarividência, porque, baseada na Lei Cósmica, é muito mais rápida, exata e ampla.
Voltando à palavra panaceia, observemos que ela esteve presente no juramento hipocrático, que se estendeu por quase vinte e cinco séculos como guia de ética na profissão “médica”. Tal juramento se inicia com essa invocação: “Juro, pelo médico Apolo, por Asklépios, por Higéia e por Panaceia, etc. etc.”. Hipócrates viveu no século quinto A.C. e é conhecido como o “Pai da Medicina”. Era um Ego avançado, devotado à arte de curar, com grande amor à humanidade. Ele combinava os esforços e contribuições da medicina e da física com poderes espirituais em suas práticas de cura, porque sabia que a enfermidade é, ao mesmo tempo, física e mental. Daí tratar do paciente como um todo: Corpo, Mente e Espírito. Seu tratamento incluía medicina, dieta, massagens, exercícios, estudos e práticas espirituais. Só mesmo quando tudo isto não resultava eficaz recorria à cirurgia.
Hipócrates fez da medicina uma ciência. Não só definiu as funções do “Sacerdote” e do “Médico”, combinando sua contribuição, como também destacou a medicina da filosofia.
Atribuem-lhe muitos aforismos famosos, tais como:
“Onde há amor, há humanidade”. “Não há arte de cura sem amor”.
“Nenhuma enfermidade é só divina ou só humana; todas têm sua própria natureza; cada pessoa apresenta sua própria causa. Assim, nenhuma enfermidade se produz sem causa natural”.
Deste último a medicina moderna adaptou o asserto: “Não há doenças; há doentes”.
Hipócrates ensinou que a natureza é a grande curadora.
Antes de Hipócrates, os métodos gregos de cura estavam em sua infância e tinham caráter mágico-religioso. No tempo de Hipócrates assumiram feição médico-filosófica, levando em conta todos os fatores que pudessem favorecer a cura. Com o tempo, reduziram-se a uma ciência natural, mais especulativa, limitada aos próprios recursos e reduzida em sua eficácia.
Notem no método de Cura Rosacruz: muitas pessoas podem testemunhar a eficiência da panaceia espiritual; seus efeitos são evidentes, mas não podem ser confirmados cientificamente, senão por comparação entre o estado anterior e posterior do paciente. Quer dizer: não se pode explicar praticamente.
A medicina, ao contrário, dá explicações teóricas para quase tudo, sendo mais facilmente aceita por aqueles que desejam evidências.
No entanto, o que vale é o resultado, mais completo e eficaz, de vez que abrange o ser humano integral, consolidando a harmonia física, emocional e mental sem os inconvenientes tóxicos.
O método de Cura Rosacruz foi transmitido a Max Heindel pelos Irmãos Maiores e se baseia nos mais puros princípios da medicina natural, combinados com métodos espirituais de harmonização emocional e mental. Concilia, pois, os diversos aspectos: panaceia espiritual, Astroterapia, dieta, homeopatia, osteopatia, tratamento quiroprático, etc.
O conceito Rosacruz de enfermidade e doença, tal como se depreende da filosofia exposta por Max Heindel, deseja contribuir para que a medicina seja restituída a seu lugar exato, deixando seu limitado campo de experiência e combine todos os fatores solicitados pelo ser integral.
Em tal sentido, Max Heindel construiu, em Mount Ecclesia, um Sanatorium ou Sanitarium (“casa para curar”), onde aplicava todos os recursos na recuperação completa dos enfermos.
Em seu livro “Cartas aos Estudantes”, Carta nº 6, de junho de 1911, último parágrafo, diz Max Heindel: “Denominamos Mount Ecclesia a este maravilhoso recanto da natureza. Iniciamos um fundo para construção de um edifício adequado, uma Escola de Cura, um Sanatorium ou Sanitarium e, por fim, um Templo de Cura, uma Ecclesia onde seja possível preparar a panaceia espiritual, que será aplicada pelos auxiliares devidamente capacitados, aos enfermos que, no mundo inteiro, nos solicitar ajuda”.
Não pode realizar esse objetivo. Durante toda a sua vida o desejou, lamentando não haver encontrado meios para realizá-lo, conforme exprime na Carta n.º 24, de novembro de 1912.
No entanto, formou-se um competente Departamento de Cura, com recursos astrológicos utilizando a Astrologia Rosacruz, orientação sobre medicina natural (higiene, alimentação, tratamento, etc.) que tem atendido eficazmente a todo o mundo, membro ou não, logrando resultados auspiciosos.
O sonho de Max Heindel permanece como ideal embrionário, uma aspiração germinal. O que se realiza apenas no Templo etérico da Ordem Rosacruz será realidade em muitos núcleos futuros, quando houver pessoas devidamente preparadas.
Os gritos de dor e angústia da humanidade carente, chegam à Mount Ecclesia, pelas milhares de cartas endereçadas ao Departamento de Cura e em todos os Centros Rosacruzes no mundo que também possuem um Departamento de Cura. De toda maneira, a ânsia concentrada dos enfermos, sua esperança em um método mais completo, estão criando condições para que os Irmãos Maiores realizem seu ideal de cura, por meio dos homens e das mulheres de boa vontade, sensíveis a esse sofrimento.
Max Heindel estava seguro de que um dia os Centros de Cura se estabelecerão sobre linhas científicas, explicando os recursos espirituais que emprega. Em um futuro não muito distante teremos Discípulos bem qualificados, movidos pelo amor altruísta, dignos de receberem e encaminharem a panaceia, aos lugares de cura estabelecidos com esse propósito.
Ele nos encarece fazermos todo o possível para manter a unidade de esforço, no intento de curar. Insiste sobre a importância de realizarmos, com todo o amor, as Reuniões semanais de Cura, apesar de não podermos contar o mecanismo de ação. Aconselha o estudo dos recursos naturais e da Astrologia Rosacruz médica, para sermos úteis a nossos semelhantes. Sobretudo nas Reuniões de Cura geram a panaceia, para os Auxiliares Invisíveis realizarem amplamente sua tarefa.
Era firme crença de Max Heindel: “Qualquer movimento, incluindo a Fraternidade Rosacruz, deve reunir os três atributos divinos: ‘Sabedoria, Fortaleza e Beleza’, para que cresça e perdure. Esses três atributos geraram a Ciência, a Religião e a Arte. Igualmente, cada Estudante Rosacruz deve empenhar-se para conquistar e desenvolver em si estes três atributos, até certo grau, aplicando-os no trabalho de conjunto, para que a Fraternidade Rosacruz realize o que os Irmãos Maiores planejaram. Estudantes que são profissionais de saúde devem procurar a conciliação dos recursos espirituais de cura (panaceia e recursos auxiliares, que atendam ao ser integral) com os descobrimentos da ciência moderna, que dê um caráter científico-espiritual ao Serviço de Cura, tal como está previsto para a Era de Aquário”.
A tarefa é extremamente difícil, tendo em vista a resistência acadêmica, o materialismo e os interesses em jogo. Entretanto, cabe a cada um de nós realizar aos poucos esta sublime aspiração.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1976-Fraternidade Rosacruz-SP)
Conta-se a história de uma vila que sofreu uma seca prolongada. Seus habitantes resolveram um dia se reunir em um descampado para orar pedindo chuva. No tempo marcado todos compareceram, com exceção de uma menina.
Pouco depois ela foi vista correndo ao encontro dos outros. Ela atrasou-se porque tinha voltado a casa para apanhar um objeto que ninguém mais julgara necessário: um guarda-chuva.
Com que frequência, nós, como todos os habitantes daquela vila, deixamos nossa fé ficar em estado passivo?
Podemos definir a fé como o reconhecimento das realidades espirituais e dos princípios morais como sendo da mais alta autoridade e de supremo valor.
Quem, entre nós, poderia desprezar a importância da fé na prece para obter a cura espiritual? Quais seriam nossas palavras, se tivéssemos de descrever o nosso sentimento interior enquanto oramos ao nosso Pai Celestial pedindo cura a espiritual?
Estamos indiferentes ou esperançosos, serenos em nossa fé que Deus ouvirá nossa prece? Todos sabemos, por certo, que tal estado de letargia interna, enquanto oramos, jamais “moverá montanhas”:
A fé é sempre ativa, completa em si mesma; não é atuada nem afetada por nenhuma força, nem agente exterior, levando em si mesma sua própria força a matriz.
Max Heindel em seus escritos, lembra-nos o aviso de São Tiago, 2:17-18: “Assim também a fé se não tiver obras, é morta em si mesma. Dirá, então, alguém: ‘Tu tens a fé e eu tenho as obras: mostra-me a tua fé sem obras e eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé'”.
Em todos os casos em que Cristo curou alguém, essa pessoa deveria fazer alguma coisa; tinha de cooperar ativamente com o Grande Curador, antes que sua cura se efetivasse. Em um caso, Ele disse: “Estende tua mão” e quando o homem assim fez, sua mão ficou curada. Em todos os casos houve cooperação ativa da parte daquele a ser curado. Eram obrigações simples, mas assim mesmo, teriam de ser cumpridas para que o espírito de obediência auxiliasse no trabalho de cura.
Atualmente essa cooperação ativa é tão necessária para quem espera a cura espiritual, como o foi no tempo de Cristo. Nosso serviço no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz solicita àqueles que pediram alguma cura, ou seja, que se inscreveram no Departamento de Cura (Formulário para Solicitação de Auxílio de Cura) a cooperar, ajudando aos que estão no seu entorno (sempre há algo que se pode fazer, no mínimo uma oração), dando-lhes sugestões acerca de hábitos salutares e pensamentos construtivos, pois as Leis de Deus devem ser cumpridas em todos os planos. Outra atividade que o “paciente” de um Departamento de Cura deve fazer é escrever (sempre com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim), semanalmente, relatando o andamento da cura – enviando-o junto com as “assinaturas mensais” –, pois tais relatórios fornecem aos Auxiliares Invisíveis a chave das necessidades do “paciente” e servem, particularmente, para serem por eles usados. Se houver descontinuidade no envio das “assinaturas mensais”, o trabalho de cura é interrompido imediatamente. Por fim, mas não menos importante, durante o tempo em que alguém estiver em um Departamento de Cura de um Centro Rosacruz é da maior importância que se conserve em um estado interior de fé ativa, que o mantenha esperançoso da cura tão desejada e que foi pedida.
Não sejamos como aqueles que foram ao campo orar pedindo chuvas, mas com as mãos vazias; sejamos como a menina que levou consigo o guarda-chuva, símbolo exterior da sua brilhante fé interior.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1985 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Continua a causar perplexidade, em todo o mundo, o fato de várias enfermidades ainda resistirem aos mais sofisticados recursos da medicina que são utilizados para seu tratamento.
Nas peças orçamentárias das nações, vultuosas importâncias são canalizadas para a saúde. A movimentação de tais recursos traduz-se na construção de bem aparelhados hospitais; na criação, manutenção e ampliação de centros de pesquisas; na formação de profissionais categorizados, etc. No âmbito da iniciativa privada, encontramos laboratórios investindo constantemente na elaboração de novos medicamentos para combater diversos estados patológicos. Outras empresas valem-se de tecnologia altamente sofisticada na fabricação de instrumentais cirúrgicos, visando a atender as mais prementes necessidades da ciência médica. Mobiliza-se, portanto, toda a capacidade do cérebro humano para deter a ação desse flagelo chamado enfermidade. É um desafio sem fronteiras.
O Estudante Rosacruz, dentro de seu campo particular de pesquisa científico-espiritual deve procurar conhecer a gênese das enfermidades. Max Heindel, em sua obra “Princípios Ocultos de Saúde e Cura, nos oferece interessantes subsídios a respeito. Diz o fundador da Fraternidade Rosacruz que embora as condições ambientais, mudanças climáticas, os acidentes ou fatores hereditários, etc., pareçam constituir as causas determinantes da enfermidade, sua origem encontra-se em nós mesmos, em nossa conduta moral. Nossas doenças provêm de uma errônea maneira de viver, pensar e sentir. São o resultado de erros passados ou presentes. Decorrem de nosso descuido em não atender ao chamamento interno de nossa consciência que, constantemente, procura sobrepor-se a nossa natureza inferior.
Como membros da Fraternidade, fazemos a apologia do Método de Cura Rosacruz, transmitido a Max Heindel pelos Irmãos Maiores. Tal sistema curador promove a saúde do corpo pela combinação da Panaceia Espiritual, do naturismo, da dietética e de outros meios afins.
O paciente, naturalmente, deverá observar certas normas componentes do método. O primeiro passo é dirigir-se, por carta, ao Departamento de Cura de um Centro Rosacruz , redigindo-a de próprio punho, com tinta lavável (caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim). A carta deverá conter um relato de seu estado patológico e uma solicitação de ajuda. Será orientado através de correspondência (encontre mais detalhes aqui: Como Funciona e Como Solicitar Auxílio).
Receberá uma pequena tabela onde estão discriminadas as “Datas de Cura”. Nos dias apropriados, quando a Lua transita por um Signo Cardeal, deverá, às 18:30 horas, retirar-se a um lugar tranquilo. Em seguida mentalizará a Rosa Branca e Pura no centro do Símbolo Rosacruz, na parede oeste do Templo de Cura da Sede Mundial concentrando-se, com toda a intensidade de que seja capaz, no AMOR DIVINO CURADOR.
Nesses dias, o paciente deverá datar e assinar, com tinta lavável (caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim) um formulário específico para esse fim. Ao cabo de 4 (seis) semanas consecutivas deverá remetê-lo ao Departamento de Cura, acompanhado de uma carta relatando suas atuais condições de saúde.
O Método de Cura Rosacruz é notavelmente eficaz. São muitos os casos de curas consideradas como verdadeiramente milagrosos. Guarda-se, contudo, sigilo sobre os mesmos por uma questão de ética.
Toda enfermidade manifesta-se primeiramente no Corpo Vital, para expressar-se, posteriormente, no Corpo Denso. Os chamados “Auxiliares Invisíveis” da Fraternidade Rosacruz, devidamente instruídos nesse mister, manipulam o órgão afetado, em sua contraparte etérica, aplicando-lhe a Panaceia. Restauram a harmonia do órgão afetado, normalizando as vibrações. Portanto, a cura, também, efetua-se primeiramente no Corpo Vital.
Há grande interesse dos Estudantes Rosacruzes em conhecimentos mais profundos sabre a Panaceia. Os dicionários definem-na como um remédio universal para curar todos os males.
É uma palavra de origem grega: PANA’KEIAS. PANA (tudo ou pão) e AKESTAR (curar). Literalmente quer dizer “o pão que cura”, ou seja, o remédio com a fórmula para tudo curar.
Max Heindel assistiu, no Templo da Ordem Rosacruz, a elaboração da Panaceia. Diz ele: “A Panaceia faz com que a substância concentrada da vida de Cristo flua através do corpo do paciente, dando a cada célula um ritmo que desperta o Ego preso em sua letargia, devolvendo-lhe o vigor e a saúde”. Em outra passagem afirma: “É uma visão inolvidável. Ao penetrar no Templo, vi três esferas suspensas no teto, no meio do salão. Na esfera superior observei um pequeno recipiente com vários pacotes cheios de substância do Espirito Universal. Os Irmãos sentaram-se numa certa posição, enquanto a música preparava o ambiente. Inesperadamente as três esferas começaram a brilhar com as três cores primárias: a superior, azul; a intermediária, amarelo e a inferior, vermelho. Durante esse encantamento cheio de beleza, reparei que o recipiente dos pacotes se iluminou de uma essência espiritual. Vi como os Irmãos tomaram essa substância, aplicando-a aos pacientes adormecidos, à medida que os visitavam a noite. Quanto ao efeito da Panaceia, é maravilhoso. Quando aquela substância era aplicada, irradiava-se pelo corpo do paciente como uma luz mágica, destruindo toda matéria cristalizada que cobria os centros espirituais do corpo enfermo. A cura era instantânea e o paciente despertava são na manhã seguinte”.
O auxílio prestado pelo Departamento de Cura é efetivo e real. Cabe, entretanto, ao paciente colaborar, fazendo a sua parte. Cumpre-lhe observar certos princípios, sem o que tudo resultará em malogro. Enfatizando a importância de tais princípios, recordemos algumas passagens do Novo Testamento, em que Cristo-Jesus realizou algumas curas:
– Mateus – cap. 8, vers. 13: “E então disse Cristo Jesus ao centurião: Vai-te e seja feito conforme a tua fé. E naquela mesma hora o servo foi curado.”.
– Mateus – cap. 9, vers. 2: “E eis que lhe trouxeram um paralitico deitado num leito. Vendo-lhe a fé, Cristo Jesus disse: Tem bom ânimo filho: estão perdoados os teus pecados. Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.”.
– Mateus – cap. 9, vers. 19 a 22: “E Cristo Jesus, levantando-se, o seguia e também os seus discípulos. E eis que uma mulher que durante doze anos vinha padecendo de uma hemorragia, veio por trás d’Ele e lhe tocou na orla da veste. Porque dizia consigo mesma: Se eu apenas lhe tocar a veste, ficarei curada. Cristo Jesus voltando-se e vendo-a disse: Tem bom ânimo filha, tua fé te salvou.”.
– João – cap. 5: “Então lhe disse Cristo Jesus: Levanta-te, toma teu leito e anda. Mais tarde Cristo Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais para que não te suceda coisa pior.“.
Vimos aí que eram três as condições necessárias para que a cura se realizasse, assumindo caráter permanente:
1 – Não pecar mais;
2 – Ter bom ânimo;
3 – Ter fé.
Hoje, mais do que nunca, essas condições prevalecem. O paciente, segundo o Método de Cura Rosacruz, deve observar as seguintes normas de conduta, análogas aquelas acima mencionadas:
1 – NÃO TRANSGREDIR AS LEIS NATURAIS – Compreende a adoção de uma dieta pura e adequada a sua constituição, hábitos saudáveis, higiene pessoal e caseira, uso legítimo da força criadora, temperança, etc.
2 – NUTRIR PENSAMENTOS E SENTIMENTOS POSITIVOS – Significa manter o equilíbrio e a serenidade em quaisquer circunstâncias. Não albergar pensamentos sombrios, pessimistas ou derrotistas. Não perder o controle das emoções. Não ceder aos impulsos da ira, da inveja, do medo, do desânimo. Nada temer. Se “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, não há razão para temores. Em momentos de hesitação conscientizar-se da Divina Presença. Amar sempre. A tudo e a todos. Amor e alegria. É luz. Mal algum resiste ao poder do amor.
3 – TER FÉ NO DIVINO PODER DE CURA – Viver na convicção de que receberá ajuda e a consequente cura.
Deduz-se, pelo exposto, que a cura depende de uma atitude interior, de uma postura moral. É preciso que o paciente envide esforços no sentido de regenerar-se, pois caso contrário obstaculizará as forças que pretendem auxiliá-lo. Por exemplo: um indivíduo sofre de problemas hepáticos. Solicita ajuda ao Departamento de Cura, obtendo-a em seguida. Tão logo sinta-se melhor, volta a beber seu uísque diário. Ninguém se surpreenda se repentinamente a enfermidade voltar a atormentá-lo. Ora, ele está transgredindo uma lei natural, frustrando o processo de cura. É como alguém, que desejando atravessar um rio profundo, sem dispor de meios, resolve construir uma jangada. Alcançando a outra margem, ao invés de abandonar a jangada que construiu, resolve arrastá-la consigo pela terra a dentro. Sua caminhada será difícil e sofrida, pela presença de algo pesado e, agora, sem utilidade. O álcool, num passado longínquo, já serviu ao propósito da evolução. Hoje, porém, só denigre e atrasa. Nota-se, então, como muitas pessoas teimam em carregar, às costas, pesadas jangadas.
Hipócrates, o “Pai da Medicina”, viveu no quinto século A. C. Dedicou-se a arte de curar, fazendo-o com extrema amorosidade. Tratava o paciente como um todo: Corpo, Mente e Espírito. Atribuiu-se-lhe uma frase célebre: “Não há doenças, mas doentes”. Os doentes da alma acabam por adoecer fisicamente. A dor serve para alertar. O sofrimento significa que algo está errado.
Como a humanidade reluta em compreender e viver essas verdades, as Divinas Hierarquias utilizam as alternâncias para alertá-la quanto às suas transgressões. Assim, “bem e mal”, “bom e mau”, “dor e prazer”, “alegria e tristeza”, servem de parâmetros para avaliação de conduta e estabelecimento de relação causa e feito. Se sofremos é porque produzimos alguma desarmonia. Só a harmonia nos trará a plenitude.
No expressivo poema: A Alma, como a Natureza, tem suas Estações, transparece essa necessidade de extrair lições das alternâncias como meio de lograr um equilíbrio perfeito:
“Quando te sintas desanimado e triste,
e desejas estar alegre, contente e esperançoso.
Acaso te perguntas, como eu amiúde faço:
Porque deve haver dias lúgubres e cinzentos?
Porque o coração guarda silêncio e não entoa sua alegre canção?
E, então pergunto a Deus: o que é que faz com que a vida seja assim?
Sua explicação faz com que todas as coisas se tornem claras.
A alma tal como o ano tem suas estações. O ser humano deve passar, também, pela
morte do Outono da Vida, e ter seu coração congelado pelo alento frio do Inverno.
Mas a Primavera sempre chega com nova vida e nascimento, seguida pelo Verão para aquecer a terra.
Que grande consolo é saber que há estações; que as almas, como a natureza, devem também ter suas estações.
Estações generosas e estéreis também; tempo de regozijo e tempo de tristeza.
Porque com igualdade, que simples a vida seria. Porque só a retidão na Vida, pode tornar a alma livre.
E isto requer uma mescla do amargo e do doce, para amadurecer nossas vidas, tomando-as completas.”.
(Por Gilberto A V Silos, publicado na Revista: Serviço Rosacruz – 03/1978 – Fraternidade Rosacruz-SP)
O Círculo de Cura Rosacruz se encontra em funcionamento na Pró-Ecclesia, na The Rosicrucian Fellowship, e em todos os Centros Rosacruzes que possuem um Departamento de Cura Rosacruz.
O Círculo de Cura Rosacruz se reúne toda vez que a Lua está em um Signo Cardinal (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), porque nesse momento a força de cura gerada terá um efeito dinâmico maior do que em qualquer outro momento. Nesse dia é oficiado o Ritual do Serviço Devocional de Cura.
Poucos podem estar presentes em Corpo Denso nesses lugares e nesses momentos, mas milhares se juntam a nós em espírito, concentrando-se no símbolo do Auxiliar Invisível, seu ideal, sua aspiração: uma cruz branca com sete rosas vermelho-sangue e uma rosa branca central pendurada contra uma estrela dourada de cinco pontas radiante – símbolo da aura dourada adquirida pelo serviço amoroso e desinteressado –, sobre um fundo azul que representa o campo atual de Deus no qual temos que trabalhar. Esse ideal elevado que desejamos alcançar para que possamos irradiar a força Crística de Cura, que é representada pela estrela dourada.
Se você ainda não faz parte do círculo, ficaremos felizes em tê-lo conosco em espírito naquele momento, e se unir a nós na concentração na saúde, particularmente para o benefício daqueles que tanto necessitam. Esta força assim gerada é usada pelos Auxiliares Invisíveis sob a direção dos Irmãos Maiores.
E por último, mas não menos importante, resolva cada vez viver a vida de um Auxiliar Visível, pois esse é o meio mais eficiente de alcançar a esfera de utilidade cada vez maior.
As reuniões serão realizadas nas “Datas de Cura” às 18h30, horário local. Se não puder nesse horário, oficie o Ritual de Cura em qualquer horário das “Datas de Cura”.
Aqui você encontrará tudo o que precisa para oficiar esse Ritual: Ritual do Serviço Devocional – Serviço de Cura
E aqui as “Datas de Cura” para o ano corrente: Datas para realizar o Ritual Devocional do Serviço de Cura
O método de Cura Rosacruz não é assunto inteiramente espiritual. São utilizados meios físicos, toda vez que é possível.
Os pacientes são orientados a irem a um médico, para que obtenha alívio rápido, mediante certo tratamento que não poderíamos proporcionar por outros meios. Além disso, a dieta dos pacientes merece a maior atenção, porque como o Corpo Denso é formado de substâncias físicas, na realidade estamos lhe dando remédios quando empregamos os alimentos adequados. Além do que a prova do restabelecimento do Corpo Denso é muito melhor obtida por meio de exames médicos e clínicos, do que pela própria percepção do paciente que pode, em alguns casos, até ser subjetiva.
No entanto, o trabalho de curar definitivamente é efetuado pelos Irmãos Maiores por intermédio de um grupo de Auxiliares Invisíveis a quem estão instruindo. Esses Auxiliares Invisíveis são os Probacionistas que durante o dia se esforçam por viver uma existência de bondade e serviço, sendo fiéis a aplicação dos Ensinamentos Rosacruzes, que estudaram, no seu dia a dia, sendo fiel à obrigação que fez por livre e expontânea vontade e se preparando para alcançar o privilégio de serem utilizados como instrumentos pelos Irmãos Maiores, durante a noite, depois de executar o Exercício Noturno de Retrospecção e de restaurar o seu Corpo Denso.
Estes Probacionistas são reunidos em grupos de acordo com os seus temperamentos e capacidades. Estão sob a orientação de outros Probacionistas que são médicos, enfermeiros, profissionais de saúde durante os dias de vigília aqui, trabalhando todos sob a direção dos Irmãos Maiores que são, naturalmente, os seres que animam toda a obra.
A maneira de formar e selecionar um grupo de Auxiliares Invisíveis se baseia nos eflúvios dos seus Corpos Vitais. O primeiro destes eflúvios é obtido quando o Probacionista assina o seu compromisso e é renovado diariamente quando faz suas anotações no formulário correspondente. Enquanto se mantenha fiel, cumpra com suas obrigações como um Estudante Rosacruz e leve uma vida de pureza e serviço constituirá um elo inquebrantável entre ele e os Irmãos Maiores.
Cada grupo de curadores é composto, geralmente, de doze Probacionistas, além do líder, e em geral são escolhidos na mesma localidade, porque a noite chega ao mesmo tempo para todos eles. Não seria razoável agrupar um que viva na Austrália com outro que resida no Alasca, porque enquanto um estivesse dedicado ao seu trabalho diário, o outro estaria dormindo. Mas as pessoas residentes na maioria das localidades com mesmo fuso horário têm as mesmas horas de repouso e estes Probacionistas podem ser agrupados de acordo com os seus Signos Ascendentes, de maneira que formem um círculo completo.
Emprega-se o mesmo método para encontrar aqueles que escreveram a um Centro Rosacruz, que tem um Departamento de Cura, pedindo ajuda para selecionar os Probacionistas que serão treinados para trabalharem como Auxiliares Invisíveis.
Aos que solicitam ajuda, pede-se que escrevam uma carta com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim). Desta forma o papel fica impregnado por uma certa quantidade da substância do seu Corpo Vital que é extraída da carta pelos Irmãos Maiores. Isto proporciona um índice exato do estado do indivíduo de quem procede e que atua como verdadeiro “abre-te sésamo” para os Auxiliares Invisíveis que forem encarregados de determinado caso. Graças a ele, os Auxiliares Invisíveis têm acesso ao corpo do doente, e um número considerável de pacientes que solicitaram o nosso auxílio escreveram dizendo que sentiam os Auxiliares Invisíveis trabalhando no interior e no exterior de seus corpos.
Conforme mude o estado do paciente, muda igualmente o registro. Por isso se pede que escrevam com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim algumas palavras todas as semanas, remetendo-as ao Departamento de Cura do Centro Rosacruz que o paciente solicitou ajuda. Desta maneira os Irmãos Maiores estão em contato contínuo com o seu estado e podem dirigir inteligentemente o trabalho de restauração de sua saúde.
Este trabalho jamais cessa. Continua ininterruptamente porque o Sol está sempre ausente de alguma parte do globo e os Probacionistas dessa parte estão em atividade em seu trabalho de cura definitiva e prestando auxílio durante as horas de repouso do corpo.
Anatomicamente o ser humano pertence aos mamíferos, cujos corpúsculos sanguíneos não são nucleados. Os núcleos que se encontram no sangue dos animais inferiores são o ponto de apoio dos Espíritos-Grupo, mas os animais superiores estão tão adiantados no caminho da individualização, que seu sangue está livre desta influência. No feto, onde a mãe atua como uma espécie de Espírito-Grupo nas primeiras semanas, ela nucleia o sangue, mas logo que o Ego começa a atuar, a primeira coisa que faz é desintegrar esses corpúsculos sanguíneos nucleados e quando ocorre o nascimento, não resta nenhum corpúsculo nucleado. O Ego é dono do seu veículo; herança que ninguém pode disputar-lhe sob nenhum pretexto. Fazê-lo seria magia negra, saiba-o ou não a pessoa, e mesmo que uma intenção bondosa possa exercer certo efeito mitigante em outra direção, o fato subsiste, não obstante, de que a pessoa se coloca em terreno perigoso quando procura intrometer-se no sangue de alguém que não o deseje e cujo auxílio não tenha sido solicitado.
Há apenas uma exceção a esta regra: as crianças até a idade de quatorze anos são, por assim dizer, parte de seus pais, porque ainda têm armazenada na glândula Timo uma essência sanguínea dos pais que ela emprega para produzir o seu próprio sangue durante a infância, enquanto o Corpo de Desejos vai sendo gerado. Conforme transcorra o tempo, o suprimento da glândula Timo vai se tornando cada vez menor e a criança alcança a realização de sua própria individualidade. Quando a glândula Timo se esvazia dessa essência sanguínea, o Corpo de Desejos já alcançou a maturidade suficiente para permitir-lhe tomar parte na alquimia da transmutação do esqueleto Saturnino no veículo Jupteriano, que assim incorpora a essência do atual Corpo Denso. Toda interferência no sangue paralisa este processo. Por isso os pais só podem agir em nome da criança até aos quatorze anos, fornecendo-lhe o Éter que permite o trabalho do Auxiliar Invisível.
O maior inconveniente com que se tropeça na obra de Cura Rosacruz procede da negligência dos pacientes. Os pedidos são muito simples. Solicitamos que escrevam uma vez por semana, com caneta tinteiro e na data de cura semanal, de modo que os eflúvios que procedem da mão ao escrever, possam prover os Auxiliares Invisíveis com uma chave de admissão ao organismo do paciente. Mas por simples que seja esta regra, são muitos os que deixam de cumpri-la (e depois não compreendem porque o “método de Cura Rosacruz não funcionou”). Temos em mãos o caso de uma pessoa que durante muitos anos tivera uma vértebra deslocada que foi curada com o nosso tratamento, embora procurasse muitos osteopatas, quiropratas e outros que tentaram em vão colocá-la no devido lugar. Este pobre homem passava a maior parte do tempo deitado, com dores, completamente incapaz de trabalhar. O tratamento dos nossos Auxiliares Invisíveis ajustou sua vértebra que ainda está no lugar. O homem ficou maravilhado e pode voltar ao trabalho. Estava, porém, tão entusiasmado com a ideia de que já estava completamente curado, que descuidou de nos escrever semanalmente, de modo que nossos Auxiliares Invisíveis tivessem oportunidade de manter a vértebra em seu lugar um tempo suficientemente grande para não mais se deslocar. Mais tarde recebemos uma carta que demonstrava que tínhamos razão ao pedir-lhe que escrevesse regularmente. Nessa carta dizia: “Faz algum tempo escrevi que já me sentia curado e que deixaria de escrever-lhes semanalmente. Agora vejo que cometi um grande erro. Desde que suspendi as cartas, minhas costas têm doído e estou ficando novamente curvado, embora a vértebra esteja no seu lugar. Parece-me que estou pedindo demais ao rogar que novamente vos ocupeis de mim, mas não imaginava a influência dos Auxiliares Invisíveis e quanto dependia deles”.
Assim, para que não haja dúvidas e que o processo de Cura Rosacruz se complete é importante fazer os exames médicos e clínicos que comprovem a restauração do Corpo Denso e depois disso e de informar ao Departamento de Cura do Centro Rosacruz que o paciente sollicitou ajuda aguardar o posicionamento desse Departamento de Cura. Suspender o tratamento em um Departamento de Cura sem esses cuidados é colocar em risco todo o tratamento e ficar a mercê da doença ou enfermidade voltar, pois a causa-raiz não foi totalmente eliminada, por melhor que o paciente diga que está se sentindo.
(“Texto inspirado no livro: Princípios Ocultos de Saúde e Cura” – Max Heindel)
Prepara-se o caminho e adquire-se a enfermidade ou a doença, por não se fazer caso das Leis de Deus, as Leis da Natureza. Muitos sofrem as consequências das transgressões de seus pais, e ainda que não sejam responsáveis pelo que eles fizeram, é seu dever averiguar em que consiste a violação das Leis de Deus e como evitar o adquirir os mesmos hábitos dos pais, observando vida correta, que os ponha em melhores condições.
A maioria, não obstante, sofre por seguir uma norma de conduta errada. Desrespeitam seus hábitos no comer, beber, vestir, trabalhar, em se comportar. A transgressão das Leis de Deus tem resultado certo, e quando a enfermidade ou a doença sobrevém, muitos não atribuem seu sofrimento à verdadeira causa, e murmuram contra Deus por motivo de suas doenças ou enfermidades. Mas Deus não é responsável pelos sofrimentos acarretados com a infração das Leis da Natureza.
A Natureza suporta muitos abusos sem oferecer resistência aparente, e trata de fazer um esforço tendente a encobrir os efeitos do mau trato sofrido, e este esforço para corrigir suas condições se manifesta muitas vezes por meio de violenta febre e por outros transtornos físicos.
Quando o abuso da saúde é levado ao extremo, a ponto de degenerar em enfermidade ou em doença, o paciente pode muitas vezes fazer por si mesmo o que ninguém pode fazer por ele. A primeira providência é averiguar o verdadeiro caráter da enfermidade ou da doença e, então pôr-se, com conhecimento de causa, ao trabalho de combatê-la. Se a obra harmoniosa do organismo se tem desequilibrado por excesso de trabalho, ou de comer, ou outra irregularidade, não se deve agravar estas dificuldades, ingerindo drogas intoxicantes.
O comer sem moderação é muitas vezes causa de enfermidades ou doenças, e o que necessita a natureza em tal caso é livrar-se da carga que se lhes impôs.
Em muitos casos é conveniente que o paciente se prive de uma ou até de duas refeições, para que os órgãos digestivos, que se encontram fatigados pelo excesso de trabalho, tenham oportunidade de descansar. O regime de frutas por vários dias tem produzido muitas vezes grande alívio aos que trabalham mentalmente. Muitas vezes um curto período de abstinência completa, seguido de uma refeição simples e moderada, tem proporcionado notável melhora por meio da reação da natureza.
Alguns adoecem por excesso de trabalho, e para os tais, nada há melhor do que o descanso, livre de preocupações, e um rigoroso regime que lhes permita recuperar a saúde. Para os que têm o cérebro e os nervos esgotados, devido a trabalho contínuo e por viver fechado em escritórios pequenos, um passeio ao campo, onde possam viver vida simples e livre de cuidados, em contacto íntimo com a natureza, será o mais proveitoso.
Na saúde, como na enfermidade, a água pura é uma das mais excelentes bênçãos celestiais. Seu devido uso favorece a saúde. A aplicação externa de água é uma das maneiras mais fáceis e satisfatórias de regular a circulação do sangue. Um banho frio ou temperado é excelente tônico. Os banhos quentes abrem os poros e facilitam a eliminação das impurezas. Tanto os banhos quentes como os mornos acalmam os nervos e normalizam a circulação. Muitos não aprenderam por experiência própria quais são os efeitos benéficos do devido uso da água, e têm-lhe aversão. Os tratamentos hidroterápicos não são apreciados devidamente, e para aplicá-los com habilidade se requerem trabalhos que muitos não querem fazer, mas ninguém se deve desculpar por sua ignorância ou indiferença neste assunto. Quanto ao seu uso, há muitas maneiras em que se pode aplicar para aliviar a dor e deter a enfermidade.
Essa parte do cuidado da parte física é o mínimo que um paciente (alguém que está sob uma enfermidade ou doença) deve fazer: ser cooperativo!
Agora a causa sempre estará na parte não visível ao olho físico, ou seja, sempre é espiritual. E é aqui que deve ser buscada a cura. A inscrição do paciente no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz muito o ajudará na orientação de como proceder. Tentar fazer por si só, sem essa ajuda, é possível, mas muito difícil, especialmente quando o paciente não cuida da sua parte espiritual quando não está doente ou enfermo (ou só se lembra quando está nessa condição). Aqui, é quase impossível tentar sozinho. Desde a fundação da Fraternidade Rosacruz aqui na Região Química do Mundo Físico, no início do século XX, temos testemunhado milhões de casos de irmãos e irmãs Estudantes Rosacruz que alcançam a cura de uma doença ou enfermidade de um modo que, para quem não conhece, definiria como milagre.
E nunca se esqueça: o fato da causa da doença ou enfermidade estar na parte espiritual não quer dizer que o paciente não deva cuidar da parte física, pois o seu Corpo Denso é o instrumento que ele continuará utilizando na aquisição de experiências antes, durante e depois de quaisquer enfermidades ou doenças. Pelo menos, enquanto estiver vivo aqui!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de agosto/1969)