Março de 1916
Frequentemente recebemos cartas de Estudantes Rosacruzes domiciliados em países beligerantes, censurando-nos por não tomarmos partido a seu favor. Não há um só dia, desde que se iniciou este amargo conflito, que não tenhamos lamentado profundamente esta pavorosa mortandade, embora reconfortados pelo conhecimento de que, como nenhuma outra coisa o poderia fazer; isto está ajudando a destruir a barreira entre os vivos e os mortos. Assim, a guerra apressará a abolição do pesar que agora as pessoas experimentem quando se veem separadas dos seus seres amados. Também o sofrimento atual está sendo utilizado para desviar os povos ocidentais dos prazeres do mundo, reconduzindo-os à devoção a Deus. Não houve uma só noite em que não tivéssemos trabalhado diligentemente com os mortos e os feridos, aliviando suas angústias mentais e suas dores físicas.
O patriotismo foi muito bom em outros tempos, mas Cristo disse: “Antes de Abraão, Eu sou“1 (Ego sum). As raças e as nações incluídas no termo “Abraão” são fatos evanescentes, mas o “Ego”, que existiu antes de Abraão, o pai da raça, ainda existirá quando as nações forem uma coisa do passado. Por conseguinte, a Fraternidade prescinde das diferenças nacionais e raciais, esforçando-se por unir todos os seres humanos com um laço de amor para que travem a grande guerra contra a sua natureza inferior; a única guerra em que, inflexivelmente e sem quartel, se devem empenhar os verdadeiros Cristãos. São Paulo disse: “Porque eu sei que em mim (isto é, na minha carne) não habita coisa boa. Pois, o bem que deveria fazer, não o faço; mas o mal que não queria fazer, esse eu o faço. Alegro-me com a Lei de Deus no meu eu interno, mas sinto outra lei em meus membros que luta contra a lei da minha mente e que conduz cativo à lei do pecado que está em meus membros. Oh! Que desgraçado sou! Quem me livrará deste corpo de morte?“2.
Não descreve São Paulo e da maneira mais acertada, o estado de toda alma aspirante? Não sofremos todos nós espiritualmente por causa do conflito que se desenrola em nosso íntimo? Eu espero que haja uma só resposta a estas perguntas, isto é, que esta batalha interna seja travada violenta e incansavelmente por cada estudante da Fraternidade, pois onde não há luta, há uma indicação certa de coma espiritual. E o Corpo de Pecado pode sair vitorioso. Mas, quanto mais dura for à batalha, mais gratificante será nosso progresso espiritual.
Nos Estados Unidos da América ouvimos falar muito sobre “neutralidade”, “preparação” com fins “defensivos”. Na mais nobre guerra que devemos travar “neutralidade” não pode existir, ou há paz e “a carne” nos rege e nos mantém em abjeta dependência, ou há guerra agressivamente travada entre a carne e o espírito. E enquanto continuarmos vivendo neste “corpo de morte”, esta guerra prosseguirá, pois até Cristo foi tentado e estamos conscientes que, como Ele, temos que enfrentar essas tentações.
“Preparação” é um ato edificante. Cada dia torna-se mais necessário preparar-nos, pois, da mesma maneira que um inimigo físico tenta enganar e armar emboscadas para um adversário mais poderoso antes de se arriscar em uma batalha aberta, assim também as tentações que nos são apresentadas “no caminho” são mais sutis a cada ano que passa.
Escritores, como Tomás de Kempis3, consideraram-se “vermes vis” e usaram termos como “humilhação própria”, porque conheciam o sutil e imenso perigo da autoaprovação. Mesmo que possamos sentir que somos “bons, muito bons” e até “mais santos” que os demais, na verdade, enganamo-nos totalmente. Devemos admitir que as armadilhas do Corpo de Desejos são ardilosas.
Há um caminho seguro para ser trilhado: “Olhar para Cristo” e conservar a Mente ocupada em todos os momentos em que estivermos despertos. Quando o trabalho diário dificultar essa devoção, mesmo assim devemos pensar na forma de servi-Lo. Esforcemo-nos, por todos os meios possíveis, em dar continuidade e de maneira prática, às ideias e aos ideais assim concebidos. Quanto mais imitarmos Cristo, mais seguiremos os ditames do Eu Superior e mais seguramente venceremos a natureza inferior, ganhando a única batalha digna de sair vitoriosa.
(Carta nº 64 do Livro Cartas aos Estudantes – Por Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
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[1] N.R.: Jo 8,58
[2] N.R. Rm 7:18-24
[3] N.R.: também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (1380-1471), Monge e escritor alemão. Tomás de Kempis produziu cerca de quarenta obras representantes da literatura devocional moderna. Destaca-se o seu livro mais célebre, Imitação de Cristo, composto por quatro volumes, no qual apela a uma vida seguida no exemplo de Cristo, valorizando a comunhão como forma de reforçar a fé.
Em A Flauta Mágica, onde existem muitas notas e simbologia Rosacruzes, Mozart nos eleva para a criação da Fraternidade Universal consciente. Na “Flauta Mágica”, Mozart descreve a senda que o candidato – pobre, nu e cego – percorre à procura da luz.
A ópera continua revelando os passos sequentes da senda, de muitas provas e alterações, pelas quais ele é submetido para, finalmente, tornar-se digno de entrar naquele Templo, que não é feito por mãos, mas que está eternamente nos céus, onde ele se encontra para sempre em divina união com a luz eterna.
Para fazer download ou imprimir:
A Maçonaria Mística e a Flauta Mágica de Mozart – F PH Preuss – Fraternidade Rosacruz
2. Para estudar no próprio site:
A MAÇONARIA MÍSTICA
E A FLAUTA MÁGICA DE MOZART
Resumido por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
Cópia Datilografada: Traduzido do alemão por F. Ph. Preuss em 1976 da Revista “Das Rosenkreuz” e Resumido por Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
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SUMÁRIO
Mozart inicia a abertura de sua Ópera “Flauta Mágica”[1] com três acordes majestosos que correspondem aos três passos, ou graus fundamentais, que é a base de todos os ensinamentos místicos. Essa tríade é conhecida como o serviço da Loja Azul. Os três acordes descrevem as três batidas do candidato antes que ele tenha o seu pedido de iluminação atendido. A esses três acordes segue-se uma procissão em marcha solene, geralmente escrita para metais, a qual simboliza a “senda” do candidato. Na abertura, muitos acordes com temas diferentes foram genialmente entremeados por Mozart. Ele descreve aqui os maravilhosos e augustos ensinamentos, os três graus maçônicos superiores, os quais existem em todo ser humano. A abertura chega à sua máxima e triunfal expressão quando retrata exatamente a “senda”. O caminho é longo e o trabalho é exaustivo, mas no final – assim Mozart nos conta – o aspirante digno chega à culminância – ele se torna um “Iniciado”. Na abertura são descritos vários processos, pelos quais a pedra, áspera e tosca, se transforma até ficar completamente polida; ele finaliza com a repetição dos três acordes (batidas), através dos quais é mostrado que o solicitante procura maior sabedoria e luz. A senda é sem-fim, a procura é eterna!
A cena inicial desenrola-se no Egito, num campo aberto, perto do templo de Isis. Tamino[2], um belo e jovem mancebo, em vestimentas elegantes, está sendo perseguido por uma grande serpente. Sua precipitação, perturbação e medo são expressivamente descritos nas agitadas passagens da orquestra. Com uma prece aos deuses para obter proteção, ele cai inconsciente ao chão. Aparecem três jovens cobertas por véus, cada uma com uma lança de prata para que possam matar a cobra. Após o que, elas cantam a beleza do mancebo num harmônico e melodioso trio. Essas três jovens representam, na obra máxima de um aspirante ao iniciar suas buscas, a purificação do corpo, a purificação dos desejos e os apetites, assim como a espiritualização do intelecto. Os grandes progressos que Tamino já alcançara na senda são comprovados pelo fato de que a cobra fora abatida no seu corpo tríplice, isto é, as paixões animais, que pertencem à natureza inferior, já foram vencidas.
Uma melodia lindíssima soa ao longe; ela é alegre, uma das características das obras de Mozart. Ela descreve perfeitamente o personagem que a canta: “O passarinheiro, sim sou eu, alegre, cantando e pulando…”
O seu traje é feito principalmente de penas e nas costas traz uma grande gaiola de pássaros. Tamino acorda e vê a cobra morta aos seus pés, contempla o recém-chegado com interesse e esse lhe diz que seu nome é Papageno[3] e que ele é um caçador de pássaros da Rainha da Noite; ele acrescenta, ainda, que todos os dias, quando leva os pássaros à Rainha, recebe das três meninas, suas servas, pão, vinho e figos doces.
Assim como Tamino é um aspirante à procura da luz, Papageno representa a massa humana, a qual pouco ou nada se interessa pelo que diz respeito à espiritualidade profunda, e que vive só para comer, beber, para ser feliz, com poucos pensamentos para o amanhã.
Papageno percebe que Tamino crê ter sido ele quem matou a cobra e reivindica imediatamente o mérito para si. Ele diz ter a força de um gigante e afirma ter matado a cobra com seu braço direito. Nesse instante, aparecem as três jovens veladas, que solicitam ao caçador de pássaros, que se vangloria, que abandone suas mentiras. Elas lhe dizem que nem pão nem vinho receberá nesse dia, mas somente água e uma pedra, e que, além disso, fechar-lhe-ão os lábios com um cadeado.
As Servas da Rainha dão a Tamino um quadro de Pamina[4] e contam-lhe que ela é a filha da Rainha. Quando ele vê a encantadora beleza, canta a fascinante ária: “Esta imagem é tão bela e encantadora, como olhos jamais viram!”. Ele expressa seu desejo de estar unido a ela para sempre. Pamina representa a natureza espiritual latente no homem, a qual é frequentemente apresentada como a sublime feminilidade. Quando um Discípulo se aperfeiçoa em sua busca, começa a sentir as perspectivas da maravilhosa e augusta beleza superior, e se consagra cada vez mais intensamente à realização da união com seu divino EU, o que constitui, no ocultismo, “as bodas místicas”.
As jovens (servas da Rainha) informam Tamino que ele fora escolhido para ser o libertador da bela Pamina, que desaparecera por magia de um mago malévolo.
Ecoa uma ensurdecedora trovoada, e o cenário escurece. Entre estrelas aparece a Rainha da Noite em seu trono. Seu recitativo, solene e sério, conta a perda de sua filha. Numa graciosa ária, em coloratura, canta que Tamino é inocente, sábio e piedoso e se ele tiver êxito em achar sua filha, poderia tomá-la como sua. Depois dessa promessa, o cenário escurece novamente.
O candidato ao atingir um certo grau em sua “senda” começa a desenvolver a clarividência. Esse novo grau de visão fá-lo capaz de visualizar algo dos mundos internos. A pergunta, feita admiravelmente por Tamino, é própria de todos os aspirantes que alcançam esse estado de consciência: “É verdade o que eu vejo? Ou perturbam-se os meus sentidos?”. As jovens dão-lhe, a seguir, uma flauta mágica, a qual – e elas prometem – o protegerá em qualquer dificuldade. Pois que a flauta suaviza as paixões dos seres humanos, e tem muito mais valor do que ouro e coroas e proporcionará, algum dia, paz a todos os seres humanos. Esta flauta mágica representa a divindade latente no ser humano; se o seu poder for desenvolvido satisfatoriamente, fá-lo-á capaz de ouvir seu próprio tom básico por toda a sua vida, parando, somente, na hora da morte.
As jovens livram os lábios de Papageno e ordenam-lhe que acompanhe Tamino. O medroso caçador de pássaros não se entusiasmou com essa ordem, pois não aspira a nada superior. Elas lhe dão alguns sinos mágicos que, como elas dizem, o protegerão de todo mal.
Ao ficar só, Tamino toca a flauta e dirige uma prece aos deuses, suplicando por bençãos e proteção quando ele for à procura de Pamina. Essa prece é acompanhada pela orquestra com um delicado “Obligato” de flauta.
O quadro seguinte é o de uma ala ricamente adornada num palácio egípcio. O mágico malévolo, Monostatos[5], um representante dos poderes negros, entra arrastando a semiconsciente Pamina. Ele a joga sobre um sofá e acena a três escravos que o ajudem a algemá-la. Esses três escravos representam os veículos humanos: o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente quando usados para fins maléficos. São símbolos do prazer inferior, do medo e da ignorância, os quais acorrentam o espírito à personalidade.
Papageno entra em cena acompanhado por outros – para Mozart esse acompanhamento é caracterizado por frases diabólicas de violino. O homem dos pássaros reconhece imediatamente Pamina como a figura original do quadro que ele havia visto nas mãos de Tamino e narra-lhe sobre o jovem e vistoso mancebo que vem em seu socorro. Ela, por sua vez, sente-se encantada com as boas novas, porém adverte Papageno que, se for descoberto, morrerá morte muito cruel. Eles resolvem fugir imediatamente, titubeando, contudo, porque o passarinheiro, sentindo-se sobremaneira feliz devido à simpatia dela, confessa-lhe a sua solidão, dando-lhe a entender que ele mesmo a desejaria como sua pequena Pamina. Pamina admoesta-o a ser paciente, e diz-lhe que sabe que os deuses lhe mandarão uma companheira.
Os dois afastam-se, cantando o lindíssimo dueto sobre a delícia e a bem-aventurança do amor: “não há nada mais nobre do que o homem e a mulher”.
O cenário muda: três templos estão ligados entre si por corredores de colunas. O da direita ostenta a inscrição “TEMPLO DA RAZÃO, o da esquerda, “TEMPLO DA NATUREZA”, e o do meio, “TEMPLO DA SABEDORIA”. Esses três templos representam, na simbologia maçônica, a força masculina, a beleza feminina e a sabedoria (a união dos dois).
Quando Tamino indagou às três jovens como podia achar a montanha na qual Pamina está encerrada, elas lhe contaram que seria acompanhado por três belos mancebos, sábios e bons. Esses três jovens guiam-no aos três templos, abandonando-o depois com a exortação: “sede imperturbável, paciente e calado, considerai isso; enfim, sede homem, depois jovem, e tereis a vitória como homem”. Novamente só, Tamino procura entrar no Templo à direita, mas a entrada lhe é proibida por uma voz que lhe ordena “para trás”; experimenta entrar no Templo à esquerda, mas a entrada lhe é proibida da mesma maneira. Ele não se deixa perturbar e bate no portal do meio, o da “SABEDORIA”. Um sacerdote idoso aparece na entrada e o príncipe compreende que chegou ao Templo de Sarastro[6], o sumo sacerdote do sol, o mago sábio, que se acha em harmonia com as forças da luz. Tamino tenta, ansioso, saber algo sobre o paradeiro de Pamina. O sacerdote responde-lhe: “meu caro filho, não me é permitido dizer-te isso agora. O juramento e a responsabilidade tolhem-me a língua”, Tamino pergunta quando estará liberto desse juramento. O sacerdote responde-lhe numa das mais solenes árias da ópera: “Logo que te guiar ao santuário do laço da eterna amizade”.
Nessa ocasião, um coro se eleva pedindo a Tamino não interromper suas buscas pois que não demorará muito tempo até que encontre Pamina. Tamino responde numa ária que exprime sua alegria e gratidão pelo auxílio dos deuses, acompanhado por um sublime solo de flauta.
Quando Tamino se afasta, aparecem Papageno e Tamina, que são perseguidos por Monostatos e seus três escravos. Em desespero, Papageno toca os sinos mágicos que recebera das três jovens, para sua proteção. Imediatamente forma-se ao redor dos dois uma aura que não pode ser devastada pelo mago malévolo. Eles estão livres! É na verdade, possível a todas as pessoas encerrarem-se em si mesmas numa aura divina, onde nenhuma força negativa ou maléfica possa atingi-las. Papageno e Pamina cantam jubilosos um dueto em agradecimento ao auxílio divino, que lhes foi concedido por intermédio da sonoridade dos sinos; proclamam que, se todos soubessem fazer uso de tal magia, inimigos tornar-se-iam amigos, e o mundo inteiro seria o reino da beleza e da harmonia.
Um coro invisível anuncia a aproximação do sumo sacerdote Sarastro. Ele entra acompanhado por vários sacerdotes e Iniciados. Pamina relata que tentara fugir, pois temia o mouro Monostatos. Num ritmo apaziguante, conta-lhe Sarastro que algum dia compreenderá por que foi separada de sua mãe, e colocada sob os cuidados do Templo. Nesse instante entra o mouro arrastando Tamino atrás de si. O príncipe e a princesa reconhecem-se de maneira intuitiva e abraçam-se afetuosa e calorosamente. Sarastro pede aos sacerdotes para encaminharem Tamino e Papageno ao Templo da Provação. Os sacerdotes lhes cobrem as cabeças com véus e os acompanham para fora. Sarastro toma Pamina pela mão e guia-a ao Templo da Sabedoria. Ali, invoca os deuses e suplica-lhes que abençoem os jovens aspirantes à procura da luz:
“Ó Isis e Osiris, dai
o espírito da sabedoria ao jovem par!
Vós, que guiais os passos que caminham;
Fortalecei-os no perigo com a paciência!
Fazei que eles vejam os frutos da provação;
Se, porém, devem descer à sepultura,
Gratificai a virtude da ousada corrida,
Aceitai-os em vossa Santa Morada”.
O segundo ato começa com uma marcha solene (geralmente com instrumentos de sopro) com o mesmo tema dos acordes iniciais da abertura. Como acompanhamento, aparecem os sacerdotes, guiados por Sarastro, que lhes diz que Tamino e seu companheiro esperam na entrada norte do Templo. Eles perguntam ao príncipe por que Tamino desejaria conhecer os mistérios.
Ele responde que sua finalidade é alcançar sabedoria para que possa se unir a Pamina. Acrescenta, ainda, que ele espera, com isso, fortificar as forças do amor e da comunhão no mundo e está pronto a sacrificar sua vida para atingir esse fim. A seguir, os sacerdotes perguntam a Papageno qual o objetivo de sua vida. Ele responde que não ambiciona sabedoria; deseja somente comer bem, dormir e brincar e, se possível, achar uma pequena companheira para si.
Aqui estão claramente revelados os dois caminhos da evolução. Há poucos, como Tamino, dedicados ao serviço da sabedoria. Mas muitos são como Papageno, só vivem para gozar a aquisição de bens materiais e ter vida alegre e voluptuosa.
As três jovens voltam e advertem Tamino da traição de Sarastro e dos sacerdotes. Tamino nega-se a ouvi-las. Sempre em épocas de crise espiritual unem-se as baixas forças físicas, tanto com os sentimentos quanto com as forças mentais, para uma experiencia decisiva que visa alterar, astutamente, o espírito humano da luz. A uma ordem severa de um dos sacerdotes, as três jovens afundam na terra. Novamente entram os sacerdotes. Eles louvam Tamino por sua coragem, força e perspicácia.
O segundo ato, em sua maior parte, é dedicado às tentações que Tamino e Pamina precisam vencer, para confirmar sua dignidade perante a Iniciação dos mistérios.
O cenário mostra um jardim maravilhoso. Pamina aparece novamente, perseguida pelo negro Monostatos. Ele descreve o seu desejo imperioso em relação a Pamina, exigindo que ela se entregue a ele. Ela, porém, afirma, com toda a energia, que antes prefere morrer. No auge dessa luta, aparece a Rainha da Noite e Pamina pede-lhe ajuda. A Rainha responde-lhe que seu pai, antes de morrer, dera o santo escudo do sol ao sumo sacerdote e que ela não pode libertá-la sem o poder do escudo. Contudo, entrega à Pamina um punhal, com o qual poderia matar Sarastro e ajudar a mãe a retomar o escudo sagrado. Numa ária-coloratura, a Rainha confirma seu ódio contra o sumo sacerdote e seu desejo de vingança, jurando destruir o templo e os sacerdotes.
A Rainha desaparece quando Pamina cai de joelhos rezando, pois sabe que não pode matar Sarastro. O mau Monostatos, que espreitava, volta. Rapidamente arranca de Pamina o punhal e exige que ela se entregue a ele, ou do contrário morrerá. Ela repete que prefere a morte. De repente, Sarastro encontra-se entre os dois. Ternamente toma a moça em seus braços, contando-lhe que fora separada da Rainha para seu próprio bem, porque ela queria encetar uma revolta para destruir o Templo, junto com seus santos servidores. Isso, declara ele, agora ela não seria capaz de fazer. “Tu e Tamino”, acrescenta, “sois destinados um para o outro”. “Juntos, tereis muitas bençãos e trareis muitos benefícios ao mundo.” A cena termina com a magnífica ária de Sarastro:
“Nestas santas galerias
Não se conhece a vingança;
E se um homem decair
O amor o levará ao seu dever
Anda suave na mão amiga
Contente e alegre num mundo melhor.
Nestes muros abençoados
Onde o homem ama o Homem,
Não pode traidor espreitar,
Porque perdoa-se ao inimigo.
Aquele, a quem tais ensinamentos
Não agradam, não merece homem se chamar.”
Cada grupo que estuda a atividade das leis divinas cria uma força dinâmica, utilizando-a para construir ou destruir. É de máxima importância, para os grupos, aprenderem que a primeira fase em sua obra é: “viver e deixar viver”. Recomenda-se cautela para impossibilitar imediatamente qualquer sinal de bisbilhotice, inveja, ciúme ou ódio. Se isso for negligenciado, haverá discordância, afastamento e, no fim, como consequência, a destruição. Uma lei fundamental diz que a verdadeira ação esotérica só pode ter sucesso se baseada na união espiritual. A pedra fundamental de todos os grupos ocultos pode ser achada nas palavras do sumo sacerdote Sarastro: “Nestas santas galerias não se conhece a vingança”.
O quadro seguinte é o de uma galeria grande, Tamino e Papageno são acompanhados por dois sacerdotes que lhes pedem para ficar calados, aludindo que, se ouvirem trombetas, devem-se se dirigir à direção dos sons. Papageno, porém, não se cala. Tagarela sem parar, de alegria, apesar dos esforços de Tamino em fazê-lo calar-se. Entram depois os três jovens, que trazem uma mesa repleta de comida e vinho. Trazem, também, a flauta e os sinos mágicos. Papageno está encantado e começa a comer vorazmente, enquanto Tamino toca sua flauta. A esse som, aparece Pamina correndo rapidamente em sua direção. Ele se lembra de seu juramento e faz-lhe sinais para ir-se embora, entendendo que teria perdido seu amor. Ela canta com desânimo:
“Ah! Eu sinto que desapareceu
Eternamente a felicidade do amor.
Nunca mais voltareis vós, horas de prazer,
Ao meu triste coração!
A cena seguinte passa-se perto das pirâmides. Entram Sarastro e seus sacerdotes. Numa procissão solene cantam uma invocação a Isis e Osiris. Tamino e Pamina são levados para o cenário, envoltos em véus, e lhes é anunciado que se devem separar para sempre. Quando tiram os véus de Tamino, Pamina corre impetuosamente em sua direção; porém, ele a rejeita, e Pamina, triste, abandona a galeria, para enfrentar seu desventurado destino.
Amedrontado, Papageno vem à procura de Tamino. Bate numa porta e depois noutra. Vozes ásperas advertem-no de que ele não é digno de ser admitido. Mereceria trilhar para sempre os escuros abismos da terra, mas os deuses o dispensam do castigo, “jamais tereis, porém, o prazer de sentir a Iniciação”. Papageno responde: “Bem, então existe mais gente igual a mim” e, enquanto toca os seus sinos, canta a atraente ária: “Uma menina ou mulherzinha Papagena[7] deseja para si…”
A seguir, a cena se passa num jardim, ao alvorecer… Os três jovens vêm adorar o sol nascente. Pamina entra levando o punhal que a Rainha da Noite lhe dera, dizendo que vai acabar com a vida. Os três mancebos aconselham-na a esperar pacientemente a sua reunião com Tamino, o qual se aproxima, pois Deus a castigaria pelo suicídio.
A próxima cena mostra duas montanhas separadas. No interior de uma, vê-se um fogo chamejante, da outra, uma estrondosa catarata. Dois guardas, em armadura, cantam:
“Aquele que trilha este caminho cheio de sofrimentos,
Purifica-se pelo fogo, pela água, pelo ar e pela terra,
Se supera o medo da morte
Impulsiona-se da terra aos céus
Iluminado será depois de
Consagrar-se aos mistérios de Isis.”
À esquerda, entra Tamino, acompanhado por um sacerdote, e, à direita, Pamina acompanhada por outro. Sem demora, dão-se as mãos atravessando o fogo, incólumes. Tamino toca sua flauta mágica durante esse tempo. Depois passam ilesos pela prova da água. Quando acabam de passar, Sarastro acha-se na porta aberta do templo, e dá-lhes as boas-vindas ao venerável santuário!
Antes fora mencionado que o santo escudo do sol havia sido entregue pelo pai de Pamina ao sumo sacerdote. Isso se refere à aura iluminada de um Iniciado, ao maravilhoso traje nupcial, que cada neófito deve tecer para si mesmo, antes de chegar a ser um Iniciado. Esse traje, formado pelos dois éteres superiores de um aspirante, é muitas vezes denominado “a roupagem de um mestre em azul e ouro”, pois são essas as cores dos dois Éteres Superiores. Se um aspirante vestir este Traje Nupcial pode passar através de fogo, ar, água e terra.
A cena final da ópera começa quase em completa escuridão. A Rainha da Noite e suas três jovens aproximam-se, acompanhadas por Monostatos que leva uma tocha acesa. Eles pretendem destruir o Templo e seus sacerdotes; como recompensa por seu auxílio, Monostatos receberia a mão da encantadora Pamina. De repente, ouve-se um trovão ensurdecedor. Imaginaram terem sido destituídos de seu poder, e com um grito de pavor afundam os cinco na terra.
Novamente o palco se torna feericamente iluminado e o Templo, em luz radiante, é visto no alto de uma colina. Nele aparecem Sarastro, os sacerdotes, os três jovens, Tamino e Pamina. Como foi antes mencionado, os três mancebos representam os três veículos inferiores do ser humano: o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente. Numa existência terrestre o ser humano acumula conhecimentos, os quais deixam a sua impressão na natureza composta, para a posteridade. Por um processo alquímico, que é ativo tanto durante uma vida terrestre como também durante o tempo da presumida morte e Renascimento, a essência das experiências é alquimicamente extraída da personalidade e incluída na alma tríplice. Nessa ópera franco-maçônica, os três aspectos da alma são identificados como as três características do espírito: “poder, sabedoria e beleza”.
A “Flauta Mágica” finaliza com o coral dos sacerdotes:
“Santificados sede vós, Iniciados!
Superastes o tormento da noite
Bendito sê tu, Osiris,
Louvor a ti, ó Isis
Venceu o celso poder
Recompensado com a coroa eterna,
da beleza e da sabedoria”.
Na “Flauta Mágica”, Mozart descreve a senda que o candidato – pobre, nu e cego – percorre à procura da luz. A ópera continua revelando os passos sequentes da senda, de muitas provas e alterações, pelas quais ele é submetido para, finalmente, tornar-se digno de entrar naquele Templo, que não é feito por mãos, mas que está eternamente nos céus, onde ele se encontra para sempre em divina união com a LUZ ETERNA.
FIM
[1] N.T.: A Flauta Mágica (original em alemão Die Zauberflöte Loudspeaker.svg? KV 620 é uma ópera (singspiel) em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, com libreto alemão de Emanuel Schikaneder. Estreou no Theater auf der Wieden em Viena, no dia 30 de setembro de 1791. Algumas de suas árias tornaram-se muito conhecidas, como o dueto de Papageno e Papagena, e as duas árias da Rainha da Noite.
[2] N.T.: o príncipe
[3] N.T.: o caçador de pássaros
[4] N.T.: filha da Rainha da Noite
[5] N.T.: mouro a serviço de Sarastro
[6] N.T.: sacerdote de Ísis e Osíris
[7] N.T.: prometida a Papageno
SIGNO: Escorpião, o escorpião ou a águia
QUALIDADE: Fixo; ou consciência dirigida gradual e consistentemente para estabelecer e manter um centro estável.
ELEMENTO: Água, ou uma consciência orientada para a sensitividade, o sentimento, a subjetividade e a expressão. Entre outras coisas, o elemento água representa os fluídos, o Corpo de Desejos, o Mundo do Desejo e a Alma.
NATUREZA ESSENCIAL: Intenção, meta.
ANALOGIA FÍSICA: lagos, mares e oceanos.
ASTRO REGENTE: Marte e Plutão são seus co-Regentes, mas consideraremos somente Plutão aqui, já que Marte foi discutido quando da Descrição de Áries. Plutão representa o meio para expressar a dedicação para um objetivo comum, para experimentar uma realização da unidade fundamental de cada um com todos, e para se esforçar em direção a uma metamorfose de consciência.
CASA CORRESPONDENTE: a 8ª Casa corresponde a Escorpião e representa o desejo para estabelecer uma conquista individual e qualidades internas de valores duradouros, permanentes.
ANATOMIA ESOTÉRICA: representa a Alma Emocional.
ANATOMIA EXOTÉRICA: específica: bexiga, uretra, cólon, reto, órgãos excretores, apêndice, pélvis, períneo, glândula próstata, órgãos geradores externos e nariz. Geral: sistema entérico, gerador e urinário e hemoglobina do sangue.
FISIOLOGIA: Marte, como co-Regente de Escorpião rege os seguintes processos fisiológicos: calor do sangue, regulação da temperatura do sangue, energia muscular, manutenção e distribuição dos recursos de energia do corpo, produção dos hormônios masculinos, digestão das proteínas, catabolismos, excreção, função dos nervos motores, produção das células vermelhas do sangue e reações imunológicas e anticorpos. Plutão, o Regente principal de Escorpião, sendo um dos Planetas transcendentais, não parece ter influência direta sobre os processos fisiológicos no Corpo Denso. Entretanto, pode ser que Plutão tenha alguma coisa com os processos reprodutivos e a força sexual. Em um nível espiritual, Plutão governa a produção e operação dos fluídos regenerativos produzidos nas gônadas, coluna espinhal e cérebro. Esses fluídos são produzidos quando a força sexual cessa de ser desperdiçada na gratificação dos sentidos e a Mente é sintonizada para propósitos altruístas (Urano, o Planeta do altruísmo, está Exaltado em Escorpião). Esses fluídos regenerativos tem o poder de curar e rejuvenescer o Corpo Denso em uma grande extensão, e vivificar a Mente aumentando seu potencial criativo.
TABERNÁCULO NO DESERTO: Escorpião corresponde ao Lavabo da Purificação, que contém o Mar Fundido. Esse Lavabo estava na parte externa do Tabernáculo e os sacerdotes se banhavam (se purificavam) antes de serem admitidos para entrar no Tabernáculo. Isso indica que o Aspirante a uma vida superior deve se purificar do lado negativo e inferior das suas tendências de desejos e dedicar a si mesmo mais exclusivamente ao santo serviço se ele deseja obter a consciência própria para entrar nos Mundos invisíveis como um Irmão Leigo ou Irmã Leiga de uma verdadeira Escola de Mistério. Ele deve fazer da pureza geradora seu objetivo e se esforçar para transmutar o impulso sexual em canais elevados de geração. A um certo degrau, ele deve conquistar os processos alquímicos de transmutação e regeneração.
MITOLOGIA GREGA: Plutão é representado na Mitologia Grega por Hades, deus dos mundos subterrâneos, dos recursos escondidos da Terra, e regente das almas dos mortos. Hades foi um dos triunviratos dos deuses que regeram o universo criado.
CRISTIANIDADE CÓSMICA: Quando o Sol passa por Escorpião o Espírito de Cristo penetra mais profundamente na Terra e na alma da humanidade, ajudando-nos a recordar a necessidade que temos de nos regenerar e de uma maior consagração e dedicação.
(Publicado na Revista: Rays from the Rose Cross – Novembro/1976 e 1977 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Cedo ou tarde chegará um momento em que a consciência será forçada a reconhecer o fato de que a vida, como a conhecemos, é passageira e que, em meio a todas as incertezas da nossa existência, há apenas uma certeza — a Morte!
Quando a Mente é despertada pelo pensamento desse salto no escuro, que em algum momento deve ser tomado por todos, as grandes perguntas — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? — devem inevitavelmente surgir. Esse é um problema fundamental com o qual todos devem, mais cedo ou mais tarde, lidar, e é da maior importância como resolveremos isso, porque a opinião que adotarmos vai colorir toda a nossa vida.
Somente três teorias dignas de reconhecimento foram apresentadas para resolver esse problema. Para nos situarmos em um dos três grupos da humanidade que foram separados por sua aderência a uma dessas hipóteses é necessário conhecê-las, analisá-las calmamente, compará-las entre si e a fatos estabelecidos. Concordando ou não com suas conclusões, certamente teremos uma compreensão mais abrangente dos vários pontos de vista envolvidos para podermos formar uma opinião inteligente, quando lermos o Enigma da Vida e da Morte.
Se chegarmos à conclusão de que a morte não acaba com a nossa existência, será muito natural perguntar: onde estão os mortos? Essa questão importante é tratada aqui na A Luz Além da Morte. A lei de conservação da matéria e energia impede a aniquilação, mas vemos que a matéria está constantemente mudando do estado visível para o invisível e vice-versa, como, por exemplo, no caso da água que é evaporada pelo sol, parcialmente condensada em forma de nuvem e depois cai de novo na Terra, como chuva.
Também a consciência pode existir e não ser capaz de fornecer qualquer sinal disso, como nos casos em que as pessoas foram consideradas mortas, porém acordaram e disseram tudo o que foi falado e feito na presença delas.
Portanto, deve haver Mundos invisíveis feitos de força e matéria que são tão independentes da nossa cognição quanto a luz e a cor independem do fato de não serem percebidas pelos cegos.
Nesses Mundos invisíveis, os “mortos” vivem em plena posse de todas as faculdades mentais e emocionais. Vivem aí uma vida tão real quanto a existência aqui, no Mundo visível.
Os Mundos invisíveis são conhecidos por meio de um sexto sentido desenvolvido por alguns, mas latente na maioria das pessoas. Pode ser desenvolvido por todos; no entanto, métodos diferentes produzem resultados variados.
Essa faculdade compensa a distância de um modo bem superior aos melhores telescópios e a falta de tamanho é contrabalançada em um grau inacessível ao microscópio mais poderoso. Ela penetra onde o raio-X não pode. Uma parede ou uma dúzia de paredes não são mais densas para a visão espiritual do que o cristal é para a visão comum.
Aqui, nesse livro e nessa Parte II – Cristo Interno – A Memória da Natureza, a questão da Visão Espiritual como faculdade é descrita e, também, fornece um método seguro para o seu desenvolvimento.
Os Mundos invisíveis são divididos em diferentes domínios: Região Etérica, Mundo do Desejo, Região do Pensamento Concreto e Região do Pensamento Abstrato.
Essas divisões não são arbitrárias, mas necessárias porque a substância de que são compostas obedece a leis diferentes. Por exemplo, a matéria física está sujeita à lei da gravidade; no Mundo do Desejo, porém, as formas levitam tão facilmente quanto gravitam.
O ser humano precisa de vários veículos para funcionar nos diferentes Mundos, do mesmo jeito que necessita de uma carruagem para andar sobre a terra, de um barco para o mar e uma aeronave para o ar.
Sabemos que ele precisa de um Corpo Denso para viver no Mundo visível. Ele também tem um Corpo Vital, composto de éter, que lhe permite sentir as coisas ao seu redor. Um Corpo de Desejos formado pelos materiais do Mundo do Desejo, o que lhe confere uma natureza apaixonada e o incita à ação. A Mente é formada pela substância da Região do Pensamento Concreto e atua como um freio por impulso: ela dá propósito à ação. O ser humano real, o Pensador ou Ego, age na Região do Pensamento Abstrato, operando sobre, e através de, seus vários instrumentos.
Aqui, nesse livro e nesse Capítulo III – No Sono e nos Sonhos, trata das condições normais e anormais da vida como Sono, Sonhos, Transe, Hipnotismo e Loucura. Os veículos mais refinados mencionados anteriormente são todos concêntricos ao Corpo Denso, no estado de vigília, quando estamos ativos em pensamentos, palavras e ações; contudo, as atividades do dia fazem com que o corpo fique cansado e com sono.
Quando o desgaste causado pelo uso de um edifício torna necessário reparos exaustivos, os inquilinos precisam sair para que os trabalhadores possam ter espaço total para a restauração. Portanto, quando o desgaste do dia esgota o corpo, é necessário que o Ego saia. Essa retirada torna o corpo inconsciente, sendo necessário um trabalho preciso para restaurar seu tom e ritmo. Durante a noite, o Ego paira ao lado de fora do Corpo Denso, envolto no Corpo de Desejos e na Mente. Às vezes, o Ego retira-se apenas parcialmente, tendo uma das metades dentro do corpo e a outra, fora; quando isso ocorre, ele vê o Mundo do Desejo e o Mundo Físico, mas de forma confusa como em um sonho.
O hipnotismo é um ataque mental. A vítima desavisada é expulsa do seu corpo e o hipnotizador obtém o controle. As vítimas do hipnotizador são libertadas com a morte dele, no entanto; mas o médium não tem tanta sorte. Os Espíritos que o controlam são realmente hipnotizadores invisíveis. Essa invisibilidade oferece grandes possibilidades de enganar e após a morte eles podem tomar posse do Corpo de Desejos do médium e usá-lo por séculos, impedindo que sua infeliz vítima progrida no caminho da evolução. Essa última fase da mediunidade é elucidada nesse livro e nessa Parte IV – “O Corpo do Pecado” – Possessão por Demônios autocriados – Elementais.
O que chamamos de morte é, na realidade, apenas a mudança de consciência de um Mundo para outro. Temos uma ciência do nascimento com enfermeiras treinadas, obstetras, antissépticos e todos os outros meios de cuidar do Ego que chega; contudo, precisamos muito de uma ciência da morte, pois quando um amigo está saindo da existência concreta, permanecemos impotentes, ignorantes em relação a como ajudar; ou pior, fazemos coisas que tornam a passagem infinitamente mais difícil do que se estivéssemos apenas ociosos. Dar estimulantes é uma das piores ofensas contra os moribundos, porque atrai novamente o Espírito ao Corpo Denso e o faz com a força de uma catapulta.
Depois que o coração parou, pela ruptura parcial do Cordão Prateado (que unia os veículos superiores do ser humano aos inferiores durante o sono e, após a morte, permanece indiferente por um tempo que varia de algumas horas a três dias e meio), o Espírito ainda pode sentir o embalsamamento do corpo físico, sua abertura para exames post-mortem ou a cremação. Esse corpo não deve, portanto, ser incomodado, porque o Ego que passa de um Mundo ao outro está empenhado em revisar as imagens de sua vida passada (que são vistas em um lampejo por pessoas que se afogam). Essas imagens são impressas diariamente e a cada hora no éter do Corpo Vital, independentemente da nossa observação, assim como uma imagem detalhada é impressa na placa fotográfica pelo éter, ainda que o fotógrafo não tenha observado seus detalhes. Elas formam um registro absolutamente verdadeiro da nossa vida passada, que podemos chamar de memória subconsciente (ou Mente) e é muito superior à visão que armazenamos conscientemente em nossa memória (na Mente).
Sob a imutável Lei da Consequência, que decreta que aquilo que nós semearmos nós colheremos, os atos da vida são a base da nossa existência após a morte. O panorama de uma vida passada é o livro dos Anjos do Destino, os organizadores da partitura que fazemos junto à Lei da Consequência.
A revisão do panorama da vida logo após a morte registra as imagens no Corpo de Desejos, que é o nosso veículo normal no Mundo do Desejo, onde o Purgatório e o Primeiro Céu estão localizados.
Esse panorama é o fundamento da purificação do mal, no Purgatório, e da assimilação de boas ações, no Primeiro Céu. É da maior importância que ele seja profundamente gravado no Corpo de Desejos, porque se a gravação for profunda e clara, o Ego sofrerá mais acentuadamente no Purgatório e experimentará alegrias mais intensas no Primeiro Céu. Tais sentimentos permanecerão como consciência nas vidas futuras, impulsionando as boas ações e desencorajando os maus atos.
Se deixarmos o Espírito em paz, tranquilo, para se concentrar no panorama da vida, a gravação será clara e nítida; no entanto, se os parentes desviarem a dele atenção com altas e histéricas lamentações durante os primeiros três dias e meio, período em que o Cordão Prateado ainda está intacto, uma impressão superficial ou borrada fará com que o Espírito perca muitas das lições que deveriam ter sido aprendidas. Para corrigir essa anomalia, os Anjos do Destino são frequentemente forçados a terminar a próxima vida dele na Terra durante a primeira infância, antes que o Corpo de Desejos tenha nascido, conforme descrito nesse livro e nessa Parte IV – Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios, pois o que não foi vivificado não pode morrer; assim, a criança entra no Primeiro Céu e aprende as lições que não aprendeu anteriormente, tornando-se dessa forma equipada a passar pela Escola da Vida.
Como tais Egos mantêm o Corpo de Desejos e a Mente que tinham na vida em que morreram quando crianças, é comum que se lembrem dessa existência, porque só permanecem fora da vida terrena de um a 20 anos.
O sofrimento no Purgatório surge por duas causas: os desejos que não possam ser satisfeitos e a reação às imagens do panorama da vida — o bêbado, por exemplo, sofre as torturas de Tântalo, porque não tem meios de obter ou reter a bebida. O avarento sofre porque lhe falta a mão para impedir que seus herdeiros dissipem seu estimado tesouro. Assim, a Lei da Consequência elimina os maus hábitos até que o desejo se esgote.
Se tivermos sido cruéis, o panorama da vida irradia sobre nós a imagem de nós mesmos e de nossas vítimas. As condições são revertidas no Purgatório: nós sofremos como eles sofreram. Assim, com o tempo, somos expurgados do pecado. A matéria grosseira do desejo que forma a personificação do mal é expelida pela força centrífuga da Repulsão, no Purgatório, e retemos unicamente o puro e o bem, que são corporificados em matéria de desejo mais sutil que é dominada pela força centrípeta — Atração, que no Primeiro Céu une o que é bom, quando o panorama retrata cenas de nossas vidas passadas em que ajudamos outras pessoas ou nos sentimos gratos pelos favores recebidos, conforme descrito aqui em, nesse livro e nessa parte Vida e Atividade no Céu, que também fala da estadia no Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto.
Esse também é o reino do tom, como o Mundo do Desejo é da cor e o Mundo Físico, da forma. O tom, ou som, é o construtor de tudo o que existe na Terra, como lemos no Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo (o som), e o Verbo se fez carne”, a carne de todas as coisas, “Sem Ele nada do que foi feito se fez”. A montanha, o musgo, o rato e o ser humano são encarnações dessa Grande Palavra Criadora que desceu do Céu.
Lá, o ser humano se torna um com as forças da natureza; Anjos e Arcanjos o ensinam a construir um ambiente conforme o que mereceu sob a Lei da Consequência. Se ele gastou seu tempo na especulação metafísica, igual aos hindus, deixou de construir um bom ambiente material e renascerá em uma terra árida, onde inundações e fome o ensinarão a voltar sua atenção às coisas materiais. Quando ele focaliza sua Mente no Mundo Físico, aspirando à riqueza e ao conforto material, constrói no Céu um inigualável ambiente material, uma terra rica com instalações que lhe trarão facilidade e conforto, como o mundo ocidental tem feito. Mas, dado que sempre ansiamos pelo que nos falta, as posses que temos nos saciam para além do conforto e estamos começando a desejar novamente a vida espiritual, como os hindus, nossos irmãos mais novos, querem agora a prosperidade material que temos e estamos deixando para trás, o que é mais bem explicado aqui nesse livro e nessa parte Métodos Ocidentais para os Ocidentais, que mostra por que as práticas de ioga hindu são prejudiciais aos ocidentais: eles estão atrás de nós na evolução.
Depois que o Ego ajuda a construir o arquétipo Criativo para o ambiente de sua próxima vida terrena, no Segundo Céu, ascende ao Terceiro Céu, localizado na Região do Pensamento Abstrato. Mas poucas pessoas aprenderam a pensar de forma abstrata como os matemáticos; portanto, a maioria está inconsciente, como no sono, aguardando o Relógio do Destino — as estrelas, para indicar a hora em que os efeitos gerados pela ação das vidas passadas possam ser calculados. Quando os responsáveis pelo tempo celestial, o Sol, a Lua e os planetas, alcançam uma posição adequada, o Ego acorda com o desejo de um novo nascimento.
Os Anjos do Destino examinam o registro de todas as nossas vidas passadas, estampadas na Mente Supraconsciente toda vez que o Ego vai para o Terceiro Céu, conforme descrito nesse livro nesse O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Quando não há uma razão específica para a tomada de um determinado ambiente, o Ego tem várias opções de renascimento. Elas são mostradas a ele em uma visão geral, exibindo o grande esboço de cada vida proposta, mas deixando espaço para o livre-arbítrio individual nos detalhes.
Depois que uma escolha é feita, o Ego deve liquidar as causas maduras que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e qualquer tentativa de escapar será frustrada. Deve-se notar cuidadosamente que o mal é erradicado no Purgatório. Somente as tendências restam para nos tentar, até que, de forma consciente, nós as vençamos. Assim, nascemos inocentes e, pelo menos, todo ato maligno é um ato de livre-arbítrio.
Quando o Ego desce em direção ao renascimento, reúne os materiais para seus novos corpos, mas eles não nascem ao mesmo tempo. O nascimento do Corpo Vital inaugura um rápido crescimento entre, o entorno, os sete anos e os catorze, desenvolvendo também a faculdade de propagação. O nascimento do Corpo de Desejos, em torno dos catorze anos, fornece origem ao período impulsivo que vai, em torno, dos catorze aos vinte e um anos. Nessa idade em torno dos vinte e um anos, o nascimento da Mente fornece um freio ao impulso e concede a base para uma vida séria.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Álcool, palavra árabe que significa “algo sutil”, trata-se de produto tóxico causado por microrganismo aeróbico agindo sobre o açúcar. Sua ingestão continuada leva ao alcoolismo.
Admite-se que o ser humano beba por várias razões, sendo a mais frequente, a perda da estabilinade emocional.
O alcoolismo, como os narcóticos, destrói o ser humano, pois divorcia o ser humano animal do ser humano real. Constitui-se, então, na maior fonte do mal, da imoralidade, delinquência e das doenças mentais.
A verdadeira natureza do álcool constitui-se em uma composição para repetir a bebida e não para deixá-la, enfraquece também a vontade de abandoná-la. Ambos são fatores contrários às boas intenções. Trata-se de um veneno para as células e, ao contrário do que muitos pensam, não estimula, mas deprime.
Adormece a maioria das nossas faculdades, pode adormecer nosso senso de decência e a força do comedimento, tornando-nos anormalmente exaltados, pode adormecer o controle da força muscular acarretando marcha vascilante e fala pastosa, pode levar ainda ao estupor e a demência.
O álcool nunca exerce um efeito único sobre o ser humano. Aumenta a pressão arterial, rouba o oxigênio celular, endurece e degenera as artérias, prejudica a digestão, contrariamente à crença popular. É falsa a aparente estimulação atribuída ao álcool, os testes mostram na realidade uma diminuição da habilidade e da precisão nas manobras delicadas.
Diminui a força muscular, causa sangramentos no estômago e intestino, e aumenta a incidência de câncer do aparelho digestivo. Deteriora a fibra cardíaca e diminui a resistência às infecções por comprometer o sistema imunológico. O fígado é um dos mais atingidos, pois, na sua função de retirar o álcool da corrente sanguínea, acaba sofrendo um depósito de gordura, podendo ainda chegar à cirrose hepática com morte por sangramento. Em virtude dessa sobrecarga hepática e má oxigenação dos pulmões, sobrecarrega os rins pelo aumento da eliminação das substâncias tóxicas.
Além de tudo isso, o efeito mais deletério e mais evidente ocorre no cérebro e no sistema nervoso.
Mediante uma ação inibitória sobre os centros cerebrais, o álcool diminui todas as faculdades mentais, tais como o raciocínio inteligente, percepção, memória, julgamento, estudo comparativo de pessoas e objetos, cautela, rapidez de ação e comedimento moral. Amortece a consciência, altera as emoções e paralisa a vontade. Responde menos ao amor, à compaixão, ao medo, etc.
Não se pode esquecer que é por meio de todas essas qualidades que o Espírito atua no Corpo Denso, o físico. Assim, o exercício do autocontrole e a capacidade apropriada de julgamento são os primeiros poderes do Espírito a serem alterados. Isso leva à perda da vergonha e do autor-respeito, sem capacidade para julgar apropriadamente. O indivíduo faz coisas tolas e as considera inteligentes; atira a discrição para o alto; corre riscos desnecessários e perigosos.
Compromete, em seguida, a medula espinhal e os nervos, levando à dor e queimação deles , por determinar um quadro de inflamação denominado neurite.
Quando uma pessoa vive de acordo com as leis estabelecidas por Deus para governar nosso progresso no caminho em espiral de evolução, o movimento do Espírito é livre em seus veículos. Dessa forma ocorre o avanço espiritual pela escada evolucionária.
Por outro lado, se as Leis de Deus ou da Natureza são desprezadas, tais como no caso da ingestão de bebidas alcoólicas, os veículos cristalizam-se, tornando-se comprometidos. Se a desobediência persiste, os verdadeiros poderes do Espírito são afetados.
As bebidas alcoólicas contêm um espírito, o espírito da decadência. Trata-se, porém, de um falso espírito. Essa é a razão pela qual, quando ingeridas pelo corpo denso, têm um efeito direto sobre o espírito humano.
Quando um Ego vive uma vida pura, em alguma época durante o curso de sua evolução, o fogo espinhal do espírito entra em vibração tal, que faz vibrar a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário. Então, o fogo espinhal se movimentará entre esses dois órgãos, unindo-os através de um arco, com uma das extremidades positiva (a Glândula Pineal) e a outra, negativa (o Corpo Pituitário).
Essa iluminação espiritual tornará o Ego capaz de ver o que antes era invisível a ele. Todas as visões dependem da frequência das vibrações. O fato de as vibrações produzidas nesses dois órgãos serem de mesma frequência que as dos Mundos invisíveis, torna possível a visão suprafísica.
Quando um indivíduo introduz álcool no seu Corpo Denso, sua vibração se torna consideravelmente acelerada e uma pressão elevada é aplicada ao canal espinhal. Uma pressão elevada além de certo limite pode resultar em visão do Mundo do Desejo.
No Mundo do Desejo cada camada tem sua própria frequência vibratória e é habitada por seres que vibram de acordo com as condições particulares lá existentes. Quando o fogo espinhal é inflamado por legítimos ideais, nobres e elevados, o Ego, que vive uma vida pura, cria uma vibração que o correlacionará corn os mais elevados reinos do Mundo invisível, nos quais tudo é harmonia e beleza.
As nocivas vibrações produzidas pelo Espírito do álcool correlacionam o Ego às regiões grosseiras e bestiais em que o ódio, a sensualidade, a paixão, o desejo e outras emoções malévolas da humanidade, criaram pensamentos-forma habitados por entidades de baixa classe tais como as que são vistas pelas vítimas do alcoolismo.
O álcool cega o indivíduo ao conhecimento espiritual e centra sua consciência no plano físico, o que conduz à mais grosseira forma de materialismo.
Confunde também a Mente e estimula o Corpo de Desejos o qual assume o controle do corpo físico. Se permitimos que o Corpo de Desejos assuma o controle sobre nós, deliberadamente estaremos concordando com o enfraquecimento da vontade.
Sabendo que a natureza inferior só pode ser superada pelo exercício da vontade e que o progresso no caminho da evolução só pode ser percorrido após a superação da vontade inferior, não é dificil imaginar o efeito deletério do álcool no alcoólatra crônico.
Além disso, o álcool gradualmente queima o isolamento que separa a consciência de um individuo do Mundo do Desejo. O ser humano fica assim, sujeito a uma invasão de entidades astrais que não consegue excluir de sua aura. Passa então a beber mais e mais e progressivamente se coloca sob o domínio daquelas entidades. Esse é um verdadeiro caso de obsessão.
Estamos atualmente no arco ascendente da evolução durante o qual estamos sensibilizando e espiritualizando nossos veículos. O álcool, necessário e importante no início da nossa evolução, torna-se agora um grande mal, pois opõe-se ao atual propósito da evolução.
A sensibilização dos nossos veículos deve ser realizada de maneira positiva por meio do desenvolvimento do auto-domínio e da força de vontade e não de maneira negativa, pelas vibrações anti-horárias produzidas pelo álcool.
Consequentemente, a Onda de Vida Humana precisa, cedo ou tarde, caminhar para a completa abstinência de bebidas alcoólicas. Aqueles que não o fizerem perderão seu lugar neste Dia Evolucionário. Essa seria uma grande catástrofe para o indivíduo e para toda a humanidade. Por todas essas razões devemos sempre apregoar os malefícios causados pelo álcool.
Não creio que estejamos aptos a recuperar a maioria dos alcoólatras, mas, por meio do treinamento moral e da educação religiosa, talvez possamos salvar aqueles que ainda não foram contaminados.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz de São Paulo-SP de setembro-outubro/1992)
Durante a vida aqui o nosso Corpo de Desejos não tem a mesma forma que os nossos Corpos Denso e Vital. Somente após a morte ele assume essa forma. Durante a vida tem simplesmente a aparência de um ovoide luminoso que, nas horas de vigília, envolve completamente o Corpo Denso, assim como no ovo a clara envolve a gema. Estende-se em torno de 31 a 41 centímetros além do Corpo Denso.
Nesse Corpo de Desejos existe certo número de centros sensoriais que ainda se encontram em estado latente na maioria dos seres humanos. O despertar destes centros de percepção corresponde ao descerrar dos olhos no cego do nosso exemplo anterior. A matéria do Corpo de Desejos humano permanece em movimento contínuo de incrível rapidez. Nem há nele um lugar estável para qualquer partícula, como no Corpo Denso. A matéria que num determinado momento está na cabeça, encontra-se nos pés ao instante seguinte, para voltar outra vez.
Não há órgão algum no Corpo de Desejos, como nos Corpos Denso e Vital, mas há centros de percepção que ao entrarem em atividade parecem vórtices, sempre permanecendo na mesma posição em relação ao Corpo Denso. A maioria desses vórtices encontra-se em volta da cabeça.
Na maioria das pessoas esses centros não passam de simples remoinhos, sem utilidade como meios de percepção, ou sejam esses centros são inativos.
Podem ser despertados, contudo, ainda que dos métodos usados dependam os resultados conseguidos.
No Clarividente involuntário, desenvolvido no sentido negativo e impróprio, estes vórtices giram da direita para a esquerda, ou seja, na direção oposta à dos ponteiros de um relógio.
No Corpo de Desejos do Clarividente voluntário, devidamente desenvolvido, os vórtices giram na mesma direção dos ponteiros de um relógio, fulgurando esplendorosamente e ultrapassam muito a brilhante luminosidade do Corpo de Desejos comum. Estes centros, como meios de percepção das coisas no Mundo do Desejo, permitem ao Clarividente voluntário ver e investigar à vontade, ao passo que as pessoas cujos centros giram da direita para a esquerda são como espelhos que refletem o que se passa em sua frente e, por isso mesmo, incapaz de obter informações reais.
A razão disso, ou seja, das pessoas cujos centros giram da direita para a esquerda não serem capazes de terem controle, ou ainda, o desenvolvimento da mediunidade é muito mais fácil; é simples revivificação da função negativa que possuía o ser humano no antiquíssimo passado (nas Épocas da história da Terra chamadas Lemúrica e Atlante, todos nós éramos Clarividentes involuntários, situação necessária para aquele momento na Evolução), pela qual o mundo externo refletia-se nele e cuja função era retida pela endogamia. Nos atuais médiuns essa faculdade é intermitente. Sem razão alguma aparente, podem “ver” umas vezes e outras não. Ocasionalmente, o intenso desejo do interessado permite ao médium pôr-se em contato com a fonte de informação que procura e nessas ocasiões vê corretamente. Contudo, nem sempre se porta honestamente.
O que ficou dito acima constitui uma das diferenças fundamentais entre um médium e um Clarividente voluntário desenvolvido de modo apropriado.
Note: um Clarividente voluntário possui uma faculdade muito diferente da do médium, geralmente um Clarividente involuntário, isto é, que só pode ver o que se lhe apresenta e que, no melhor dos casos, pouco mais tem além da mera faculdade negativa.
A faculdade em um Clarividente voluntário está sob completo domínio da sua vontade. Não é necessário pôr-se em transe, ou fazer algo anormal para elevar sua consciência até o Mundo do Desejo. Basta-lhe somente querer ver, e vê.
Afinal, no Mundo do Desejo as formas mudam da maneira mais fugaz e instável. Isto é manancial de confusões sem conta para o Clarividente involuntário.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Existem dois momentos mais cruciais nessa vida que devemos enfrentar sozinhos: quando nascemos nesse Mundo Físico; e quando dele partimos.
Mais especificamente, estamos sozinhos quando: estamos diante da nova vida que escolhemos viver; ou diante das experiências dessa vida que acabamos de viver.
Portanto, a solidão emprega um papel importantíssimo em nossa evolução. Infelizmente, poucos têm consciência disso. Muitos têm medo dela, fazendo dela uma terrível ameaça. Nem em um ambiente muito silencioso conseguem ficar por muito tempo! Aliás, a solidão se torna ameaça quando não sabemos usá-la. E ela se torna um problema porque não compreendemos o que ocorre quando estamos sozinhos.
Sabemos que a nossa Mente está muito ligada ao nosso Corpo de Desejos, especialmente na sua parte inferior. Se não nos ocupamos com alguma coisa nesse Mundo Físico, começamos a preencher a Mente com assuntos que não gostaríamos de pensar, começamos a nos sintonizar no negativo ou no supérfluo. Tentamos preencher a nossa Mente com algo ou que nos agrada – principalmente o negativo – ou com algo que não nos comprometa, coisas supérfluas. Afinal: “semelhante atrai semelhante”. Entretanto, chega um dia em que nós, se somos Aspirantes à vida superior, temos que enfrentar um dilema: prosseguir sozinho o nosso caminho rumo à Verdade.
Infelizmente, a maioria de nós sente pouco interesse em querer conhecer as verdades ligadas à realidade espiritual. A maioria gosta de viver apegada a sua Personalidade (manifestada pelo conjunto Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) e, a sua Individualidade (Tríplice Espírito) fica sempre em segundo plano.
A propósito, já é clássico que para muitos de nós, a Individualidade se manifesta somente quando sofremos. Aí está a importância do sofrimento no nosso Esquema de Evolução.
Infelizmente, a maioria ainda não está disposta a (como lemos em Mateus 16:20): a esquecer-se de si mesmo, a erguer voluntariamente a sua cruz e a seguir os passos de Cristo. Aliás, é em Mateus (7:13-14), que encontramos o importante ensinamento direcionado ao Aspirante a Vida Superior: “Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçosa a senda que leva à perdição, e muitos os que por ela entram. Quão estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram!”.
E isso é o que mais vemos no nosso cotidiano. Para muitos de nós não interessa “entrar pela porta estreita” já que é “difícil o caminho que leva à Vida espiritual”. Por isso que “poucos são os que o encontram”.
Quando nos achamos sozinhos, o que nos vem para pensar é fruto daquilo que nos alimentamos quando não estamos sozinhos. Ou seja: as situações que passamos são assimiladas quando estamos sozinhos.
Portanto, se: renunciamos às curiosidades e escolhemos leituras tais, que mais sirvam para nos compungir, que para nos distrair; nos abstivermos de conversações supérfluas e passatempos ociosos; nos abstivermos da sede insaciável por novidades e por boatos; acharemos tempo mais que suficiente para cuidarmos de nós mesmos, para relembrar os benefícios de Deus, para refletir sobre o nosso papel nesse esquema de evolução e para reforçar o nosso compromisso e a nossa vontade de percorrer o “caminho mais apertado” e “passar pela porta mais estreita que nos leva à Vida espiritual”.
E essa busca pela solidão que nasce em nós, como abraçamos a causa em ser um Aspirante à vida auperior, é causada pelo ardente desejo de nos afastarmos do mundo, mundo esse que acaba não compreendendo as nossas atitudes.
Senão vejamos: a maioria de nós não quer nem se preocupar em pensar nas três intrigantes perguntas que permeiam a nossa existência: de onde viemos; porque estamos aqui; para onde vamos.
Queremos curtir essa vida do que jeito que ela vier. No máximo nos esforçamos para modificá-la materialmente buscando o objetivo de ter muito dinheiro, saúde, uma boa posição social, liberdade para agirmos como quisermos.
Outros de nós, ainda, buscamos ter uma família, filhos, equilíbrio social e financeiro. Tudo voltado à realização no plano do Mundo Físico. Como que, chegando à idade avançada, nos sentiremos realizados, felizes e completada a nossa missão!
Ainda há, entre nós, os que se arriscam no plano espiritual mundano, buscando no Cristianismo popular satisfazer algo que sente que lhe falta, mas que não entende bem. Quando o faz pelo anseio interno de que deve servir aos seus semelhantes, pois todos são Filhos de Deus, significa que já entendeu, pelo menos, que existe algo mais importante nessa vida que a busca pela felicidade material.
Muitos de nós, infelizmente, o fazemos: pela aparência social, ou por lhe trazer algum alívio de consciência, ou ainda, o que é pior, pela possibilidade de ter alguma coisa boa em troca, como se Deus fosse mercenário.
Por não concordar com toda essa insensatez é que nós, quando decidimos ser Aspirante à vida superior, buscamos nos separar de tudo aquilo que é socialmente aceito ao nível da crença ou do comportamento. E isso sempre nos trás problemas, pois, como é possível observar em nosso cotidiano: “meninos passam indiferentes por uma árvore sem frutos, porém, se estiver carregada ricamente, jogarão pedras para despojá-las das frutas”. Do mesmo modo ocorre com cada um de nós: enquanto ocos, andando com a multidão, não há problemas. Quando, porém, atitudes conscientes são tomadas, as mesmas serão sentidas como o caminho certo pela integridade interna das outras pessoas e nos tornamos, sem querer, censura viva, mesmo se os nossos lábios não proferirem uma palavra de censura sequer.
As críticas e as chacotas que recebemos, após ousarmos a separação do que é tradicional, trarão, sem dúvida, um ardente desejo de nos afastarmos do mundo que parece não nos compreender, a ponto de querermos ingressamos no primeiro mosteiro que nos permitisse continuar a nossa vida espiritual em paz e buscando a solidão como a companheira inseparável.
Entretanto, jamais devemos esquecer que o baluarte da nossa evolução é aqui no Mundo Físico. Que somente cumprimos a nossa missão em mais uma estada na Terra quando vencemos esse mundo e não quando dele fugimos.
Cristo sabia da dificuldade que nós teríamos quando decidíssemos começar a voltar para a Casa do Pai e rompêssemos com os dogmas, os costumes, a crença e os hábitos, quando disse no Sermão da Montanha, em Mateus 5:10-11: “Bem aventurados os que sofrem perseguições por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. (…) Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”.
O meio ambiente em que fomos colocados pelos Anjos do Destino foi de nossa própria escolha, quando estávamos no Terceiro Céu, olhando com os olhos do Espírito, sem o empecilho da cegueira produzida pela matéria, prestes a descer mais uma vez para esse Mundo Físico.
Assim, o nosso ambiente contém lições preciosíssimas e cometeríamos um grave engano evadir do mesmo por completo. Do mesmo modo, todas as pessoas ao nosso redor e com as quais precisamos conviver, oferecem oportunidades de serviço, que não poderão ser encontrados em mosteiros ou outras espécies de retiros. Além disso, essas oportunidades foram feitas sob medida para um nosso nível de evolução, a fim de que aprendamos exatamente o que necessitamos, no grau que podemos assimilar. E é importantíssimo lembrar que o serviço é um componente importante no Caminho da Iniciação.
Além disso, a Fé sem obras – sem o serviço prestado – é morta. Como lemos na Epístola de São Tiago 2,14-26: “De que aproveitará, meus irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Poderá a fé salvá-lo? Se o irmão ou a irmã estiverem nus e carentes do alimento cotidiano e algum de vós lhes disser: ‘Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos’, mas não lhes derdes com que satisfazer à necessidade do corpo, que adiantaria? Assim também a simples fé, se não tiver obras, será morta. Mas alguém dirá: ‘Tu tens fé e eu tenho obras’. Mostra-me tua fé sem as obras que eu por minhas obras te mostrarei a fé”.
A exortação de São Paulo em sua Epístola aos Efésios 6:10-15 é muito atual e deve permear para todo Aspirante à vida superior: “Vistam toda a armadura de Deus… para que possam resistir no dia ruim, e tendo feito tudo fiquem de pé. Estai, pois firmes, tendo cingido os vossos lombos com a verdade e vestido a couraça da justiça e calçados os pés com o zelo do evangelho da paz.”.
Então, como podemos nos fortificar para essas batalhas com as quais devemos contar?
Primeiro: lembre-se do que Cristo disse quando enviou os Seus Discípulos ao Serviço pela humanidade. E que certamente é o mesmo recado para todo Aspirante à vida superior: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos; portanto sedes prudentes como as serpentes e inocentes como as pombas.” (Mt 10:16).
Segundo: busque a organização dos nossos instrumentos utilizados para satisfazer as nossas necessidades de evolução, quais sejam: os nossos veículos Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente da seguinte maneira: para resistir à crítica, devemos aprender a efetuar a nossa autocrítica, o julgamento de nós mesmos.
Muito nos ajuda o exercício de Retrospecção e o desenvolvimento de um raciocínio abstrato que constitui o uso da Mente não atrelada ao Corpo de Desejos: para resistir à tendência da Mente em divagar quando estamos a sós levando-nos a pensar no que não queremos e nos envolver com matéria das Regiões inferiores do Mundo do Desejo, devemos aprender a fixar o pensamento num ideal e mantê-lo assim, sem permitir que se desvie. É uma tarefa sumamente difícil.
Muito nos ajuda o exercício de Concentração: para resistir à tentação de utilização da Mente como meio de fixar pensamentos que se perdem ao longo do tempo, não deixando nada de aprendizado, ou seja, desperdiçando a força mental, devemos aprender com eles, extraindo de cada pensamento que criamos toda a utilidade que dele pode vir.
A prática de estudos que envolvem a lógica, o Esquema, Caminho e Obra da Evolução (que temos completo no livro Conceito Rosacruz do Cosmos) ou conceitos abstratos, tais como matemática, física e música permitem que nossas Mentes, passem a funcionar menos atrelada a parte inferior do Corpo de Desejos; assim a tendência em preencher a Mente com assuntos divagadores e sem importância que sob os ditames do Corpo de Desejos fica menor.
Com isso tornamos mais práticas as nossas ideias. Se não a utilizamos de imediato ficará disponível para utilização futura. Aos poucos vemos que todo aquele pensamento que nos dedicamos rapidamente aparecerá a oportunidade de utilizarmos. Afinal mostramo-nos pró-ativos, dispostos a ajudar, prontos para servir.
Muito nos ajuda o exercício de Meditação, para resistir à dúvida, devemos utilizar a lógica. Deduzir e tirar conclusões de todos os fatos observados e vividos. É muito fácil chegar a conclusão, sobre a cegueira do Ser Humano nessa Terra, dada por Cristo nos Evangelhos: “têm olhos e não vêem… têm ouvidos, mas não ouvem”. Não deixe que as circunstâncias falem por si. Não se deixe levar ao sabor dos ventos também aqui, no ponto em que você deve ter a sua opinião. Utilize do raciocínio lógico. Como disse Max Heindel: “a lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico e o guia seguríssimo em qualquer mundo”.
Muito nos ajuda o exercício de Observação e depois o de Discernimento. Aqui já não importa mais se estamos sozinhos ou no meio de uma multidão. A solidão deixa de ser um refúgio, ou de ser temida para ser apenas mais um momento que vivemos como qualquer um outro. Estamos aonde melhor podemos servir, melhor podemos ser úteis, tendo a certeza de que “Deus mora em meu coração”, como disse São João Evangelista. Toda essa segurança buscada pelo Aspirante à vida superior tem como objetivo ajudá-lo a realizar, nessa presente passagem, tudo que ele escolheu como aprendizado. E se ele conseguir conquistar tal segurança estará como disse Abraham Lincoln: “É difícil a tarefa de derrubar um Ser Humano quando se sente digno e apoiado no parentesco com o Grande Deus que o criou”.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
Quer nos apercebamos ou não, rituais são fatores constante em nossas vidas. Basta considerarmos o ciclo anual do amanhecer, do pôr-do-sol, de nossos hábitos pessoais, do despertar, do dormir, de nossas tarefas diárias.
Para alguns a palavra ” ritual” está ligada a cerimônia sem significado ou a monótonas atividades de rotina que precisam ser suportadas, mas não apreciadas.
Um ritual pode possuir tais conotações se assim o quisermos, isto é, se só o olharmos por esse prisma. Contudo, se avaliarmos um ritual sob sua luz verdadeira, como um instrumento espiritual, estaremos reconhecendo uma força valiosa para nosso próprio progresso.
Os Ensinamentos Rosacruzes nos ensinam que a repetição é essencial para o desenvolvimento e a espiritualização do Corpo Vital. Max Heindel disse: “A palavra-chave do Corpo Vital é a repetição”. Isto é facilmente compreendido quando consideramos que, embora o Corpo Vital tenha força para movimentar o Corpo Denso, tais movimentos são resultados de repetidos impulsos do mesmo tipo.
O Corpo Vital é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a vontade do Espírito. A criança não nada de maneira correta após seu primeiro esforço, nem o músico toca perfeitamente seu instrumento depois de uma aula. A repetição é necessária antes que os pés ou os dedos possam ser movimentados de acordo com a vontade do Espírito.
Max Heindel disse: “As escolas de ocultismo de todas as épocas relacionaram a mudança do Corpo Vital pelo trabalho de sua palavra-chave, que é a repetição. Por isto escreveram vários rituais que serviram à humanidade em estágios diferentes de seu desenvolvimento, cultivando assim o crescimento da alma, lentamente, mas com segurança.”.
Há os que reclamam que uma estrutura formalizada, continuamente repetida de qualquer serviço de culto e monótona e que ouvir ou dizer a mesma coisa, vezes seguidas, não estimula os participantes.
Estes não compreenderam que o Corpo de Desejos, a nossa natureza emocional, é que sempre procura algo novo.
A inconstante natureza de desejos oscila facilmente entre uma emoção e outra e, assim, é potencialmente destrutiva quando não controlada.
Os serviços de culto nos quais a oratória extravagante e hipnótica ou outros atrativos a natureza de desejos de muitos participantes que reagem ao emocionalismo do serviço e, momentaneamente, são levados pelo que acreditam ser as asas de um fervor religioso.
O efeito é, porém, puramente temporário e suas naturezas emocionais se renderão ao próximo atrativo que substituirá o estado de devoção com sentimentos completamente diferentes. Assim e que os serviços de culto não ritualizados, apesar de toda sua “inovação” ou “originalidade” não tem efeito duradouro sobre os participantes.
O efeito repetitivo da forma ritual do serviço devocional, trabalhando sobre o Corpo Vital, é duradouro, embora não cause uma impressão exterior tão dramática sobre o praticante.
Os Serviços do Templo e de Cura da Fraternidade Rosacruz são verdadeiros Exercícios Esotéricos e também são organizados seguindo linhas ritualísticas.
Aqui, também, formas distintas de trabalho devocional são observadas nos rituais diários, aos Domingos, nas datas de Lunação, nos rituais solares e, ainda, um ritual determinado para o Serviço de Cura, uma vez por semana, quando a Lua está em um Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio).
O ato de descobrir o Símbolo Rosacruz – o que tem a rosa branca no centro e que é feito sempre depois do Hino de Abertura Rosacruz ou do Hino Astrológico e coberto antes do Hino de Encerramento Rosacruz – é uma das partes mais importantes do Ritual dos Serviços Devocionais, no Serviço do Templo e de Cura, e em todos outros Rituais dos Serviços (dos Equinócios e Solstícios e da Véspera de Natal) desde seu princípio.
O Símbolo incorpora, simbolicamente, todos os aspectos do “Eu superior” que o Aspirante espiritual está tentando desenvolver. A estrela dourada representa a vestimenta nupcial dourada, ou o Corpo-Alma que estamos tentando construir através de uma vida correta e de serviço altruísta. A cruz branca representa o Corpo Denso purificado. As sete rosas vermelhas representam o sangue limpo que é purificado através da alimentação, dos sentimentos, dos pensamentos e das ações corretas.
As repetidas oficiações dos Rituais dos Serviços – enquanto o Símbolo Rosacruz é descoberto e iluminado – têm um significado espiritual muito profundo.
Este belo e completo Símbolo, em todo o seu abrangente significado, “fala” ao Aspirante que sinceramente medita sobre ele e dele recebe um impulso encorajador e inspirador.
Uma força é gerada como uma tênue nevoa azul que emana do Símbolo e esta força emitida e observada é sentida por aqueles cujos olhos espirituais já se tenham aberto.
Os membros que não possam estar presentes a reuniões nas Sedes, podem, na privacidade de seus lares, oficiar a leitura dos Rituais dos Serviços, seguindo o ritual, na presença do Símbolo e gerarem força, numa união espiritual de vários carvões.
Sabemos de casos de cura conseguidos desta maneira, assim como sentimentos de consolo, harmonia e calma que foram restabelecidos através dos Rituais do Serviço do Templo e do Serviço de Cura realizados na privacidade de um lar.
A mensagem essencial do Serviço e Amor Divino, impessoal, o Amor, que pela primeira vez na Terra, foi pregado por Jesus Cristo – o Amor que é a nota chave do Cristianismo Esotérico é a meta de todo Aspirante espiritual.
Trechos da Bíblia, do Novo Testamento, de grande força como a Primeira Epístola de São João e a Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios (13:1-13) fazem parte do texto do Serviço.
O participante atento ao Ritual fica imbuído, pela repetição, desse impulso de amor verdadeiro, que fortificando seu Corpo Vital aumenta sua capacidade de servir.
Max Heindel disse: “para que o Ritual atinja seu efeito máximo e possamos crescer por meio dele é necessário estarmos em harmonia com ele”.
Unamos nossas preces. Formemos uma grande chama de amor, a chama da Verdadeira Comunhão Espiritual. Sirvamos amorosamente, desenvolvendo as nossas potencialidades divinas internas.
Que cada Aspirante à vida espiritual irradie de seu coração as qualidades divinas de Luz, Vida e Amor para que possa ouvir, através do próprio trabalho e esforço pessoal, a voz Silenciosa do Cristo Interno, sentindo, dentro de si, a Rosa Branca alcançada!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 11/85 – Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP)
Como Estudantes da Fraternidade Rosacruz, sabemos que nosso corpo é o Templo que devemos construir para que nele habite a Glória de Deus Pai.
É, portanto, nosso corpo, o único templo externo que realmente deveríamos reverenciar e provavelmente seja ele o mais relegado de todos.
Começando pela alimentação, observamos que não damos aos nossos tecidos o alimento necessário para sua construção e regeneração. Dietas exageradas ou insuficientes nos seus nutrientes, indisciplina nos horários, constantes satisfação do Corpo de Desejos, no que se refere ao prazer do paladar, emoções negativas durante as refeições. Todos esses são os fatores mais salientes da nossa falta de saúde.
Adaptar-nos sistematicamente a uma nova modalidade de alimentação, construiria um bom caminho para a regeneração desse Templo. Entendemos por alimentação balanceada aquela que nos provê de proteínas, carboidratos, vitaminas, sais minerais e graxos, substâncias essas que podemos encontrar na maioria dos alimentos que consumimos. No entanto, isso não basta. Indispensável se faz que as substâncias ingeridas sejam assimiladas como nutrientes e não como venenos para o nosso organismo, para o que concorra, talvez, como fator mais importante a nossa atitude perante os alimentos. Essa atitude é a de reverência, não a reverência hipócrita e externa, mas a que nos possibilite estar em harmonia com os alimentos, de maneira devocional, de respeito pelo que eles representam para o nosso sustento.
Alimentar-se devocionalmente é tornar-se conscientes de que em cada alimento vibra um fragmento do Espírito do Cristo (Regente do nosso Planeta). É comungar com Cristo. É construir um Templo para nosso espírito, é dar vida ao nosso sangue, sede da nossa individualidade, para que AS ROSAS FLORESÇAM SOBRE NOSSA CRUZ.
Escolhamos, individualmente, de acordo com nossas necessidades espirituais, com bom senso e moderação, distinguindo entre fome e apetite. Analisando o que nos serviria para alimentar-nos melhor, voltando nossa atenção para os mais simples e elevando nossos pensamentos na hora de alimentar-nos. Encontremos a tranquilidade e o ritmo para essa hora de comunhão, agradecendo o pão nosso de cada dia.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de novembro-dezembro/1998)
Existe, dentro de nós, uma capacidade natural de preservação e de cura. É por essa causa que estamos vivos.
A vida nos leva a adquirir hábitos na forma de pensar, de agir, de sentir, de manifestar nossas emoções. Esses hábitos nos proporcionam um grau de familiaridade ou não com essa capacidade. Saúde e doença dependem dela.
Cada sintoma, cada doença nos traz uma mensagem codificada de: ALERTA.
Cada moléstia, doença ou enfermidade chama nossa atenção para um aspecto do nosso conhecimento e para as atitudes perante a vida. Portanto, nosso compromisso com a vida precisa amadurecer, porque nossa postura está provocando desarmonias, impedindo a livre atuação dos recursos e potencialidades que nos são inerentes e que nos conduzem à Regeneração. Regenerar significa “gerar de novo” portanto caminhar para nascer de novo. Nascer já não da carne, mas sim do esforço anímico. Como S. João nos convida a “nascer do Espírito” (Jo 3:5).
As doenças e enfermidades têm como função estimular a necessidade de nos transformar e não de nos castigar. Constituem as oportunidades de purgar nossos pecados, de reconhecer nossos erros, de eliminar nossos venenos, permitindo-nos mudar e começar a utilizar nossas potencialidades de maneira positiva.
Curar-se significa restabelecer a saúde própria, livrar-se da doença ou enfermidade que aflige, reconhecer hábitos inadequados ou defeitos morais, aceitá-los para poder mudá-los. Preparar-se para melhor usar os veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente), tratar-se; cuidar-se é um verbo cuja conjugação depende de nossa vontade, de nosso propósito de regeneração, de nosso desejo de iniciar o caminho que nos leva de volta ao Pai.
Confiantes, resgatando o verdadeiro prazer de estar vivos e atuantes no serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), esquecendo os defeitos dos irmãos e das irmãs e focando na divina essência oculta dentro de cada um de nós – que é a base da Fraternidade. Revitalizados com a Luz de Cristo, observar e integrar-nos aos ciclos da Natureza, viver de acordo com as Leis Divinas, vibrar em uníssono com o Universo. Assumir o papel de administradores da nossa saúde.
Em suma, ser Cristos em formação, acordando o Curador Interno, permitir que Ele aja em nós devolvendo-nos a Saúde.
Acordar o Curador Interno é acordar o Cristo Interno, é reconhecer que Ele “É o Caminho, a Verdade e a Vida”, e que somente percorrendo esse Caminho conheceremos a Verdade e valorizaremos a Vida.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de março-abril/1999)