Por Max Heindel
Algum tempo atrás eu tive o privilégio de falar com vocês sobre o assunto “a nota-chave do Cristianismo” e no decorrer dessa palestra trouxemos à nossa Mente o encontro de Pilatos com Cristo, em que a grande e importante pergunta foi feita: “O que é a verdade?”. Vamos olhar para essa imagem mais uma vez. Lá está Pilatos, o representante de César e, em virtude desse fato, uma encarnação do mais alto poder temporal, um governante de todo o mundo com poder sobre a vida e a morte, um homem diante de quem todos tremem. Diante dele está o Cristo, manso e humilde, mas muito maior, pois enquanto esse homem, Pilatos, tem poder sobre o mundo presente, que é evanescente e temporal, ele mesmo está sujeito à morte. Mas Cristo é o Senhor da Vida, o Príncipe de um Reino espiritual que não passa. Ele não responde à pergunta de Pilatos, “O que é a verdade?”, mas em outra ocasião, ele disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”[1]; e “A Verdade vos libertará”[2].
Não se pode negar que estamos agora sob a lei do pecado e sujeitos à morte. A grande questão é, portanto: como encontrar a verdade que nos libertará real e verdadeiramente? Com o propósito de encontrar o caminho, vamos dar uma olhada na aurora dos tempos, quando a humanidade infantil veio pela primeira vez à Terra. De acordo com a Bíblia, uma névoa subiu da Terra quando a crosta do Planeta, que esfriava, secou; quando olhamos para essa Época na Memória da Natureza, encontramos um maravilhoso crescimento tropical de tamanho gigantesco cobrindo a bacia da Terra onde agora está o Oceano Atlântico. Realmente, era um verdadeiro jardim, mas a névoa era tão densa que a luz do Sol nunca poderia penetrá-la; então a humanidade infantil vivia nesse paraíso como filhos do Grande Pai. Eles tinham corpos nessa Época como têm agora, mas não tinham consciência deles, embora pudessem usá-los, assim como usamos nosso aparelho digestivo sem estarmos conscientes disso. E embora eles fossem incapazes de ver fisicamente, a visão espiritual era uma faculdade ainda possuída por todos. Assim eles se viam alma-a-alma; não havia malícia nem hipocrisia, mas a verdade estava com todos.
Gradualmente, no entanto, a névoa clareou e se tornou uma enorme nuvem, envolvendo o Planeta. Simultaneamente, esses “filhos da névoa”, os Niebelungos, começaram a se ver vagamente; tornaram-se cada vez mais “internalizados” em seus Corpos Densos e perceberam finalmente que esse veículo é uma parte do ser humano. Contudo, ao mesmo tempo, eles gradualmente perderam contato com os Mundos espirituais; já não viam a alma com clareza e até mesmo a voz das Hierarquias espirituais, que antes os guiavam como um pai guia seus filhos, tornou-se fraca e vaga. Com o passar do tempo, a nuvem que pairava sobre esse vale havia se condensado o suficiente na atmosfera fria, de um tão denso que se liquefez e caiu sobre a Terra em diversos dilúvios que levou esses “filhos da névoa” até as terras altas, onde, na atmosfera clara e sob arco-íris, eles se viram cara-a-cara pela primeira vez. Gradualmente a grande ilusão de que “somos corpos” tomou conta de tudo; a alma não era mais vista, nem podiam eles ouvir a voz do Grande Pai que cuidou deles durante sua infância, naquele estado paradisíaco. A humanidade ficou órfã, à deriva no deserto do mundo. A vida tornou-se uma luta contra a Morte.
Logo, a maioria da humanidade parecia esquecer que havia um estado tão feliz, embora a história vivesse em canções, em lendas, e houvesse, como ainda há, em cada peito humano um profundo e inerente reconhecimento dessa verdade, uma memória de algo que se perdeu, algo mais precioso do que qualquer coisa que o mundo possa dar. E há, portanto, em cada peito humano um profundo anseio por aquela companhia espiritual que perdemos pela identificação com nossas naturezas inferiores. Encontramos uma encarnação desse anseio no Tannhauser[3], que entrou no Monte de Vênus para satisfazer seu desejo inferior. Depois de algum tempo, ele anseia pelo mundo que deixou e implora a Vênus que permita que ele parta para que possa desfrutar novamente do sofrimento, das torturas de um amor não correspondido, pois ele se cansou do que ela lhe deu gratuitamente. Como ele diz:
Um Deus pode amar sem cessar,
Mas sob as leis do alternar,
Nós, mortais, precisamos em medida ter
Nossa parcela de dor, assim como de prazer.
Esse foi o propósito quando a humanidade foi conduzida da Atlântida[4] para a presente Era do arco-íris[5]; a Lei da Alternância foi dada para que possamos colher como semeamos (Gl 6:7), para que a tristeza e a alegria mudem conforme as estações se sucedem em uma sequência ininterrupta; e, assim, deve continuar até que o sofrimento gerado por nossas transgressões tenha demolido a crisálida que agora mantém a alma agrilhoada, enquanto a natureza inferior se alimenta das cascas da materialidade. A princípio, a humanidade se deleitou com o poder sobre o mundo e nasceu o orgulho da vida; a luxúria dos olhos era grande, mas, embora “os moinhos dos Deuses moam lentamente, eles moem extremamente bem”[6]; mesmo que possamos alcançar o poder, embora a saúde e a prosperidade possam ser nossos servos hoje, chegará um dia em que, como Fausto[7], sentiremos que a vida não tem valor. Então começa a luta de que Fausto fala a seu amigo Wagner com as seguintes palavras:
Tu, por um único impulso, és possuído;
Inconsciente do outro ainda permanece.
Duas almas estão lutando em meu peito
E batalham lá pelo reinado indiviso.
Uma pela terra, com desejo apaixonado,
E a roupa bem colada ainda adere;
Acima da névoa a outra aspira
Com ardor sagrado a esferas mais puras.
São Paulo também descobre que há dentro dele uma natureza inferior, “os desejos da carne”[8], que luta contra as ânsias e os desejos do espírito, mas Goethe, com a maravilhosa penetração do Místico, resolve o grande problema para nós. À pergunta “O que devemos fazer para que possamos alcançar a libertação?”, ele responde:
De todo poder que mantém a alma acorrentada,
O homem se liberta quando o autocontrole ele ganha na sua Jornada.
Podemos, como Pilatos, ter autoridade, talvez não tão grande autoridade. Mas, mesmo supondo que fosse possível a qualquer um de nós se tornar um “governante do mundo” e exercer autoridade sobre a vida e a morte de toda a humanidade, de que isso nos serviria, se não fôssemos capazes de conquistar e controlar a nós mesmos? Por meio de agressão física, César, o mestre de Pilatos (a quem ele representa) conquistou o mundo e todos lhe prestaram homenagens; mesmo assim o seu reino durou apenas alguns anos. Então, o sombrio espectro da morte veio para acabar com sua vida e seu domínio no Mundo Físico. Olhe para o outro, o Cristo, que permaneceu manso e humilde, mas capaz de dizer: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; (…) todo aquele que crê em Mim não perecerá, mas terá a vida eterna”[9]. O governante do mundo, apesar de todo o seu poder e pompa aparentes, ainda está sujeito à morte, mas Aquele que aprendeu a ter poder sobre si mesmo, Aquele que conquistou sua natureza inferior, o corpo de morte, assim se fez ele mesmo o Senhor da Vida, com um reino que é eterno nos Céus. E é dever de cada um de nós seguir Seus passos, pois Ele disse: “estas coisas que eu faço vós também as fareis e maiores”[10]. Cada um de nós é um Cristo em formação, um vencedor no sinal da cruz.
E quando será isso? Quando o sentimento do egoísmo aprisionou o espírito no corpo, perdemos a alma de vista e a morte se tornou nossa porção. Assim que superarmos esse sentimento de egoísmo pelo altruísmo, assim que abandonarmos e esquecermos de nós mesmos e formos iluminados pelo Espírito Universal, teremos vencido o grande inimigo. Então, estaremos prontos para subir na cruz e voar para as esferas mais altas com aquele glorioso grito de triunfo: “Consummatum est” — foi realizado.
O Caminho é pelo Serviço. A verdade é que pelo serviço servimos a nós mesmos, pois todos somos um em Cristo. A Vida é a Vida do Pai, em Quem nós vivemos, nós nos movemos e existimos, e em Quem, consequentemente, não pode haver morte.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1917 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Jo 14:6
[2] N.T.: Jo 8:32
[3] N.T.: Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg (Tannhäuser e o torneio de trovadores de Wartburg, em alemão) é uma ópera em três atos com a música de Richard Wagner, e com o libreto do próprio compositor, de 1845. A ação decorre ao pé de Wartburg, terra de grandes cavaleiros trovadores, onde se realizavam pacíficos concursos de canto, no século XIII. Reza a lenda que ao pé de Wartburg existia o monte de Vênus onde a bela deusa atraía e mantinha cativos no puro deleite, os cavaleiros trovadores. Tannhäuser caiu na quentes garras de Vênus. Essa obra é estudada no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz.
[4] N.T.: na Época Atlante
[5] N.T.: a presente Época Ária
[6] N.T.: antigo provérbio alemão
[7] N.T.: Fausto (em alemão: Faust) é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. É considerado uma das grandes obras-primas da literatura alemã. Essa obra é estudada no Curso Suplementar de Filosofia Rosacruz.
[8] N.T. Rm 13:14
[9] N.T.: Jo 14:6 e 11:25
[10] N.T.: Jo 14:12
Na última parte da Época Atlante o egoísmo havia se desenvolvido ao grau muito maior que antes. A visão espiritual estava quase apagada na maioria dos seres humanos, que então viviam inteiramente no plano material e se satisfaziam especialmente nas paixões materiais.
O animal touro (símbolo do Signo de Touro) foi, então, mui apropriadamente adorado, como emblema da força necessária para conquistar o mundo material. Esse animal, devido a sua fortaleza, foi muito útil ao ser humano em todas as lutas e trabalhos. O privilégio sobre as “orlas de carne do Egito” diz respeito ao enorme consumo de carne bovina naquela época para desenvolvimento do instinto e ajudar na formação dos pulmões, que seriam necessários depois (na atual Época Ária). Quando o Sol percorreu pela última vez, no movimento de Precessão dos Equinócios, o Signo de Touro, e entrou no Signo do Cordeiro, Áries, inauguraram-se as Religiões árias. A Religião ária deve permanecer durante um grande Ano Sideral, enquanto o Sol, por Precessão dos Equinócios, cruzar os doze Signos do Zodíaco (cerca de 25.920 anos comuns). Fatos subjacentes na história nos contam de uma multidão de pessoas que deixou a terra em que a Touro era adorado (a Atlântida ou Egito Antigo) que submergiu junto com uma nação pagã. Tal multidão, guiada por Noé, na história do dilúvio, são os precursores atlantes, os Semitas Originais, que formariam as atuais Raças Árias. Mas uma parte dela foi novamente atraída ao passado, casando-se com Raças inferiores e voltando à adoração do Touro, compuseram as dez tribos perdidas, os atuais judeus, que ainda conservam traços atlantes e se conduzem pela ambição e astúcia. O dilúvio e o Êxodo, em que Moisés conduziu o povo prometido através do Mar Vermelho (Áries) para fora do Egito são o mesmo fato evolutivo. Os atlantes submersos e o exército do Faraó que foi engolido pelo Mar Vermelho aludem ao mesmo povo que não quis adiantar-se e permaneceu na adoração do Touro, contrariando os desígnios evolutivos das Hierarquias Criadoras. O moderno Egito nada tem a ver com o antigo, a Atlântida. Os atuais judeus guardam vividamente a consciência de seu desvio, pelo que se apegam de unhas e dentes à ideia de não misturar-se com outros povos, apesar dos esforços dos Senhores do Destino, que os espalharam pelo mundo, em repetidos desterros, para salvá-los na amalgamação com Raças superiores. Perderam-se ao se “casarem com as filhas dos homens” e terão de salvar-se pela mistura com as Raças superiores. Os filhos de judeus nas Américas estão perdendo essa obsessão e aos poucos se vão misturando.
Como Signo Fixo, Touro tem por palavra-chave: estabilidade. É lento, porém persistente.
Uma pessoa com Signos Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário) nos Ângulos não conhece esmorecimentos e obstáculos. Em compensação, para mudar são tardos. Só mudam quando reconhecem a melhoria, mas demoram a adotar as medidas convenientes à transição. Em outras palavras, são pessoas que “observam antes de saltar”, examinam antes de agir, mas uma vez determinada a meta, seguem-na até o fim. Por sua convicção e firmeza, tanto no lado mau como no bom, são fiéis. Daí a necessidade de receberem o melhor exemplo durante a infância e juventude e serem encaminhadas em sadios preceitos de moral e compreensão, pois essa base assegurará um futuro feliz.
Touro tem por Regente Vênus, que fornece a seus nativos doçura no olhar, sentimentalismo, habilidade artística e inspiração musical. Tem a tendência de exceder-se no trabalho e exercícios e nos prazeres da mesa, podendo provocar moléstias digestivas e renais, como esgotamento, principalmente em idade avançada, com os ventres avantajados. Desde crianças devem ser habituados a vencer a indolência, mas também não exorbitar para os extremos, nem abusar de alimentos ricos.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – abril/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: A Bíblia nos diz que eram ouro, mirra e incenso. O ouro sempre foi considerado o símbolo do Espírito nas antigas lendas e na simbologia. Na história do Anel dos Niebelungos, dramatizada por Wagner, nós observamos como as donzelas do Reno brincavam com o elemento aquoso no fundo do rio Reno. A água era iluminada pela chama do ouro. Essa lenda nos reporta ao tempo em que esses filhos da névoa viviam nas maravilhosas condições da primitiva Atlântida, onde formavam uma vasta fraternidade, inocentes e infantis, e o Espírito Universal ainda não havia interpenetrado nos corpos separados.
O ouro que jazia sobre a rocha, no fundo da água, era o símbolo do Espírito Universal iluminando toda a Humanidade. Mais tarde, ele é roubado e fundido num anel por Alberico, o Niebelungo, que renega o amor para possuir esse ouro. Então, se torna o símbolo do Ego separado na presente Era sem amor e de egoísmo. O ser humano que se tornou sábio e percebe os males do egoísmo oferece ouro ao Cristo, como um símbolo de seu desejo de retornar ao Espírito Universal do Amor.
O segundo presente, a mirra, é uma planta aromática muito rara e escassa que cresce na Arábia. É o símbolo da Alma. Dizem as lendas dos santos que ao se santificarem eles exalavam um aroma. Isso é considerada uma fábula piedosa, mas é um fato real que um indivíduo pode se tornar tão santo que passe a exalar um aroma delicioso.
O terceiro presente, o incenso, é um símbolo do Corpo Denso, que foi eterizado por uma vida santa, pois o incenso é um vapor físico. O ministro do interior da Sérvia, um dos conspiradores que planejou o regicídio nesse país há menos de uma década, escreveu suas memórias. Parecia, segundo ele, que quando queimavam incenso no momento em que convidavam as pessoas para se juntar em sua conspiração, invariavelmente conseguiam convencê-los. Ele não sabia o porquê, simplesmente mencionou isso como uma curiosa coincidência. Mas, para o ocultista o assunto está claro.
Nenhum espírito pode trabalhar num determinado Mundo sem um veículo feito do material desse Mundo. Para funcionar no Mundo Físico, para ir e vir, necessitamos ter um Corpo Denso e um Corpo Vital; ambos feitos dos vários graus de matéria física – sólidos, líquidos, gás e Éter. Podemos obter tais veículos pelo método comum, passando pelo útero até o nascimento, ou podemos extrair o Éter do Corpo Vital de um médium e usá-lo temporariamente para se materializar, ou ainda usar a fumaça do incenso.
Assim, constatamos que os presentes dos Reis Magos são o Espírito, a Alma e o Corpo, dedicados ao serviço da Humanidade. Dar-se é imitar Cristo, e seguir Seus passos.
(Pergunta nº 95 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
O Estudante Rosacruz oficia o Ritual do Serviço do Equinócio de Setembro todos os anos na véspera do Equinócio de Setembro, que pode variar de um ano para o outro. Para saber o dia exato é só consultar o Calendário Anual da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil.
Perceba que o Ritual é dividido em três partes bem distintas:
1ª – Preparação – composto por músicas e textos que visam preparar o ambiente, separando o ambiente externo (de onde vem o Estudante) do interno (para o interior do Estudante);
2ª – Concentração – é o clímax do Ritual, onde o Estudante se dedica a se concentrar com toda a sua dedicação, foco, disposição e vontade sobre o Amor Divino e o Serviço.
3ª – Saída – composto por uma música e uma admoestação de saída que visam preparar o Estudante para internalizar tudo o que aqui falou, ouviu, participou e se concentrou, recebendo toda a força espiritual gerada durante a oficiação do Ritual, a fim de aplicá-la no seu dia a dia, se esforçando para o cumprir no tema concentrado: servir amorosa e desinteressadamente exclusivamente a divina essência do irmão e da irmã “que sofre, que chora, que ri” utilizando todos os meios disponíveis: pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações.
a) Se você quiser saber exatamente como oficiar, assista o vídeo do nosso canal no Youtube: Tutorias, Dicas e Detalhes dos Ensinamentos Rosacruzes clicando aqui: Como Oficiar o Exercício Esotérico Ritual do Serviço do Equinócio de Setembro
b) Se você quiser oficiar o Ritual, então acesse o texto aqui: Ritual do Serviço do Equinócio de Setembro
c) Se você quiser “participar” da oficiação como um ouvinte, então é só clicar no áudio abaixo, seguindo as seguintes observações:
Os Três Reis Magos
Por que este número três?
Seria por causa de São Mateus que só menciona três presentes: ouro, incenso e mirra – atribuindo-se, assim, simplesmente um presente para cada Rei?
O texto evangélico não diz mais, além do que os “Magos vieram do Oriente à Jerusalém” onde perguntaram a todos pelo recém-nascido – “Onde está o Rei dos Judeus? Porque vimos a Sua Estrela no Oriente e viemos para adorá-lo“.
Segundo São Mateus, os Magos encontraram o Menino Jesus e Maria em “Belém da Judeia”. Quem seriam esses Magos? Max Heindel dá-nos uma resposta rica em detalhes de conhecimento oculto: “Nos tempos antigos antes da vinda de Cristo, somente uns poucos escolhidos podiam seguir o caminho da Iniciação”. Era um privilégio ao alcance de uma minoria, tais como os sacerdotes e os Levitas. Estes eram levados aos templos, onde lá permaneciam. Casavam-se em condições determinadas. Alguns se preparavam para fins definidos, como por exemplo, desenvolver um apropriado afrouxamento entre os Corpos Vital e Denso, cuja separação é necessária para a Iniciação. Tem de haver esta separação para que se possam desprender os dois Éteres superiores e deixar os outros dois Inferiores. Isso não se podia fazer com a humanidade ordinária. Estava, ainda, muito aferrada ao Corpo de Desejos. Devia aguardar até mais tarde, quando as suas condições evolutivas fossem melhores.
Até àqueles que se encontravam reunidos nos templos era perigoso o trabalho de libertá-los fora de certas épocas; e a mais longa noite do ano, a noite de Natal, era uma das mais apropriadas para a Iniciação.
Quando o maior impulso espiritual estava presente, havia melhor oportunidade para estabelecer contato com Ele, do que em qualquer outra parte do ano. Na Noite Santa do Natal era costume dos Seres Sábios – os Magos –que estavam acima da humanidade comum, levar ao Templo aqueles que se estavam tornando sábios e, portanto, com direito a serem Iniciados. Realizavam-se determinadas cerimonias e os candidatos eram mergulhados numa espécie de transe. Naquele tempo não se lhes podia conceder a Iniciação em estado de completa vigília. Quando despertada a sua percepção espiritual, podiam ver através da Terra, que para a sua visão espiritual tornava-se transparente, por assim dizer, e viam a Estrela da Meia-Noite, o Sol espiritual do outro lado do globo.
Porém, essa estrela não brilhava somente nessa época. É mais fácil vê-la agora, porque Cristo alterou as vibrações da Terra e desde então o seu aperfeiçoamento se efetiva. Ele rasgou o véu do templo, e fez o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – accessível a todo aquele quede coração queira iniciar-se. Desde então não mais foi necessário o transe ou estados subjetivos. Há uma chamada consciente dentro do Templo para todo aquele que deseja entrar.
Temos de considerar outra coisa: as oferendas dos Magos, postas aos pés do Salvador recém-nascido. Segundo a lenda um trouxe OURO, outro MIRRA e o terceiro INCENSO.
Sempre temos ouvido falar do ouro, como símbolo do Espírito. O Espírito é simbolizado deste modo no Anel dos Nibelungos. Na primeira cena vemos o ouro do Reno. O rio é tornado como emblema da água e ali se vê o ouro brilhando sobre a rocha simbolizando o Espírito Universal em perfeita pureza. Mais tarde roubam-no e CONVERTEM-NO EM ANEL. Isto o fez Alberico, simbolizando a humanidade na parte média da Atlântida em cuja época o Espírito penetrou nos veículos humanos. Depois o ouro foi adulterado, perdeu-se e foi à causa de toda a tristeza sobre a Terra. Os Alquimistas dizem ser possível transmutar os metais baixos ou vis em ouro puro; este é o modo espiritual de dizer que eles queriam purificar o Corpo Denso, refiná-lo e extrair dele a essência espiritual, pela sublimação dos instintos, e não pela sua supressão ou pelo recalcamento.
Portanto, o presente de um dos reis Magos, o ouro, simboliza o Espírito puro.
A Mirra é extraída duma planta aromática, cultivada na Arábia. Por esse motivo simboliza aquilo que o ser humano extrai de si mesmo quando se purifica, libertando o seu sangue da paixão que o consome. Deste modo se converte em algo semelhante às plantas, na sua castidade e pureza. Então, o seu corpo torna-se uma essência aromática. É certo que existem homens e mulheres tão santos que emitem de si um aroma agradável, e daí dizer-se que morreram em odor de santidade. A mirra representa a essência da alma, extraída da experiência realizada enquanto se vive em Corpos Densos.
O incenso é uma substância física de um caráter muito sutil e usada muito amiúde, nos serviços religiosos, onde serve de veículo físico para as forças invisíveis, simbolizando assim o Corpo Denso.
Esta é a chave dos três presentes oferecidos pelos Magos, ou seja: o Espírito, a Alma e o Corpo.
Cristo afirmou: “Se queres ser perfeito, vai vender tudo o que tens” (Mt 19:21). Não deves ficar com coisa alguma. Tens que dar o Corpo, a Alma e o Espírito, tudo, pela Vida Superior para Cristo, não para um Cristo exterior, mas para o Cristo Interno, o Cristo que está dentro de ti mesmo. Os três Magos, segundo diz a lenda, eram: um amarelo, outro negro e outro branco. Representavam as três raças existentes sobre a Terra: a Mongólia – amarela; da África – a negra; e do Cáucaso – a branca. A lenda demonstra que seu tempo todas as raças unir-se-ão na benéfica Religião do Cristo, porque “diante d’Ele todo o joelho se dobrará” (Rm 14:11). E cada um, a seu tempo, será guiado pela Estrela de Belém.
(Revista: Serviço Rosacruz – 12/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)
As Relações Humanas e o Estudante Rosacruz
Desde meados do século passado, com a entrada do Sol na órbita de influência de Aquário, pelo movimento da Precessão dos Equinócios, iniciou-se o evento da Nova Era, do elemento Ar, do intelectual e renovador Aquário. A par das conquistas de tudo que se relaciona com o ar, com o Éter (eletricidade, máquina a vapor, aviação, rádio, televisão, desintegração atômica, conquista e aparelhos espaciais), há em tudo e em todos um anseio de renovação, de autoafirmação, da revisão de todas as normas sociais à luz da razão e do direito humano. A isso muitos chamam de crise; mas nós, de renovação prevista pelos Astros. Pouco a pouco impõe-se o reconhecimento de que somos Espíritos, filhos de um Pai comum, Deus; portanto, irmãos em realidade e essência.
Os Irmãos Maiores prepararam a valorização do ser humano com a Revolução Francesa. Hoje, em várias partes do mundo vemos movimentações, manifestações, conquistas, leis e outros processos que demonstram a necessidade da eliminação do preconceito racial (seja de conceito de raça – branca, negra, amarela, vermelha – se entende) e muito já se conseguiu. Todos lutam pela igualdade humana, em bases democráticas nas relações humanas. Todos sabem que a base foi firmada pela pedra angular da nossa construção individual e social, o Cristo, quando disse: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Sem essa prática, nada é satisfatório nas relações humanas.
O egoísmo, em suas múltiplas manifestações, como a Hidra de cem cabeças da mitologia, bloqueia e limita a natureza espiritual do ser humano para tirar-lhe preciosa porcentagem de experiência na escola do mundo. É preciso que o Estudante Rosacruz reconheça e comece a trabalhar pelo altruísmo, pela renúncia de si mesmo em favor dos outros, a fim de eliminar o egoísmo limitador.
A compreensão das próprias limitações é o primeiro passo para a libertação, o caminho à tolerância e à verdadeira renúncia Cristã. É uma questão de apenas desviar o olhar crítico para dentro de nós próprios e passar a observarmos sincera e imparcialmente como pensamos e sentimos a cada reação exterior, fazendo o balancete diário no exercício noturno de Retrospecção.
Ora, o maravilhoso do tapete humano são justamente as diferenças de cor e forma de seus fios humanos; essa heterogeneidade de indivíduos, com seus defeitos e virtudes; aí é que está a escola com todas as espécies de provas e incentivos. E os Anjos (também chamados de Senhores) do Destino, junto a Seus auxiliares, incumbem-Se de entrelaçar as coisas para atender a necessidade de cada indivíduo ou grupo social. Quem poderia pretender um tapete branco? É puro e é bonito; mas por enquanto nos cansa, se olhamos muito tempo. A harmonia musical e constante enfada. A cor e a desarmonia precisam aparecer para movimentar e nos exercitar a alma em formação. Olhemo-nos, pois, como indivíduos separados; vejamos nossa esposa e filhos, cada qual como um indivíduo, tendo algo de si mesmo. Não pretendamos nessa Era impor aos outros nosso ponto de vista. A orientação deve ser racional para ser eficaz.
O ser humano está ligado ao meio social de diferentes maneiras, porque essencialmente, por nossa natureza crística, coesora (Vênus e Urano), saímos juntos do Pai e não podemos nos separar, tendo necessidade um do outro. Pode-se dizer que é a busca da natureza biológica e de uma necessidade evolutiva, em todos os sentidos. Que seja. O fato é que, no transcurso de sua evolução cada Espírito foi desenvolvendo seu próprio modo de ser, foi potencializando os atributos divinos e herdados (vontade e poder, amor e sabedoria, atividade) diferentemente, segundo as experiências por que passava, sempre diferentes das de seus irmãos e de suas irmãs em alguma coisa. Isso lhe foi formando uma individualidade.
Assim, hoje temos uma sociedade maravilhosamente formada com indivíduos de profissões, tendências e habilidades variadas, em que aprendemos pela prática e observação o que jamais seria possível numa linha puramente individual. Essa sociedade nos proporciona conforto, alimento, experiência, provas e tudo o mais de que necessitamos como Espíritos peregrinos.
Todos nós somos devedores e credores uns dos outros; devedores pelo que recebemos todos os dias, até o amargor (pois a Lei de Consequência é justa e até o aparente mal é um bem em gestação) e credores pelo que damos de nossa deidade inimitável. O ser humano precisa do próximo. É o único ser desamparado, quando pequeno (e, às vezes, até mesmo grande), pois os animais irracionais têm a orientação de seu Espírito-Grupo, que a ciência chama de instinto.
Desde que nasce, o ser humano precisa de proteção e orientação dos pais, dos professores, dos amigos… Por isso, formamos, no transcurso da história humana, os diferentes grupos sociais: a família, a escola, a Igreja, o Estado, etc. A família é agrupada pelos Anjos; os Anjos Arquivistas (também chamados de Anjos ou Senhores do Destino) reúnem os Egos cuja relação prévia (em vidas anteriores) atraem de novo uns aos outros.
Os cônjuges ficam ligados toda a vida pelo Éter de Vida que trocam no abraço matrimonial. Por isso, a Bíblia diz que “o que Deus une não o desuna o ser humano”. É fato. Só pela morte de um dos cônjuges essa ligação é desfeita, por mais que fisicamente não estejam mais juntos.
Os filhos ficam ligados aos pais pelo sangue, pela essência dos pais na glândula timo, até a puberdade. Depois começam a se individualizar, pois esse vínculo domina, em certa extensão maior ou menor, os rasgos individuais. A família é a célula máter da sociedade.
A Escola pública e coletiva foi estabelecida com o tempo para repartir os conhecimentos humanos que foram acumulados e sistematizados mediante as experiências do nosso passado, a fim de atualizar nossos filhos em todas as conquistas humanas.
Na Atlântida, em virtude da maior sujeição do Ego ao sangue de seus ascendentes, porque só havia casamento dentro da mesma família (endogamia), bastava evocar à imaginação vívida e sensível da criança as experiências de seus ascendentes e dos heróis nacionais para atualizá-la nos conhecimentos. Esse hábito de veneração aos heróis e ascendentes foi conservado mesmo depois de abolida a endogamia e constituiu o método dos romanos, já sem fundamento.
Hoje, pelas conquistas modernas que aproximaram os seres humanos (rádio, literatura, televisão, navios, aviões, telégrafo, automóveis, etc.) podemos dar quase que em iguais condições programas de ensino às crianças do mundo inteiro. E o respeito aos pais e aos dirigentes do município, do estado, do país e outros líderes se funda em bases racionais, pelo que de Cristão podem realizar. Daí a desilusão a muitos de nossos líderes.
A Religião correspondeu a um anseio do ser humano que, após a chamada queda, sentiu o afastamento de seus antigos guardiães, obscurecida que lhe foi a visão, com o clareamento da atmosfera pós-atlante, com a bebida alcoólica, o abuso sexual e a eliminação da endogamia. Sempre sentiu a evidência de algo superior a que se identifica e a que tem necessidade de reunir-se. Por isso a Religião (religação). Quem ensinou o primitivo a adorar o Sol, a Lua, o fogo, senão esse chamado interior? À medida que evoluiu, foi conscientemente se apropriando de concepções mais altas de Deus e tornando sua religião mais racional. Respeitamos, pois, todos os estágios religiosos, que passaram da adoração de fetiches e elementos naturais para, entre os Semitas Originais, o Tabernáculo do Deserto e, mais tarde, por Hiram Abiff, para o Templo de Salomão, o Cristianismo Popular e, finalmente, hoje se expressa no Cristianismo Esotérico muito bem demonstrado no Símbolo Rosacruz até que tenhamos encontrado o Cristo em nós mesmos e por meio d’Ele possamos adorar a Deus em Espírito e Verdade.
O Estado surgiu das necessidades do agrupamento humano. Cada grupo, segundo seu estágio evolutivo, concebeu suas normas de conduta, suas escolas, seus serviços públicos, etc. Na Época Atlante, os líderes dos povos eram Reis preparados e formados pelos Senhores de Vênus (os dirigentes sociais) e pelos Senhores de Mercúrio (que eram os seus Iniciadores). Eram, pois, Reis e Sacerdotes, Sábios e Santos a dirigir com justiça seus povos. Contudo, depois se tornaram soberbos e déspotas, quando deixados por esses mensageiros divinos e entregues a seus próprios recursos. Isso começou a ocorrer no meio da segunda fase da Época Atlante, quando o povo sofreu muito com trabalhos forçados e escravidão até que aprendeu a defender seus direitos. Todos conhecem a história antiga, o feudalismo, a história moderna e o que sucedeu a cada povo; como viviam, como eram explorados para pagar impostos altíssimos e quão pequena a retribuição em benefícios que o povo recebia. Hoje caminhamos vertiginosamente por uma intervenção evidente dos Senhores do Destino e pela ação dos Irmãos Maiores em todos os campos, por inúmeras inovações rumo à Era de Aquário, em que teremos uma sociedade ideal e fraternal. Nós, Estudantes Rosacruzes, temos serena e absoluta confiança no futuro da humanidade e fazemos nossa parte o melhor que podemos, certos de que ela tem sua valia e função.
Todavia, o importante não é apenas conhecer tudo isso e, sim, a reforma de cada Aspirante Rosacruz. Ele precisa ataviar-se para esse estado futuro. Ele precisa rever tudo o que tem dentro de si, reformular sua vida, reformar o que está errado, à luz dos conhecimentos Cristãos esotéricos, expostos pela Filosofia Rosacruz. É preciso lembrar: a quem mais se dá, mais se lhe exige. O conhecimento é dado para que cada um comece a viver uma vida mais digna. Se não procuramos ser melhores para nos convertermos em canais conscientes de ajuda do alto, para auxílio ao próximo e reforma do meio social, pelo método silencioso do exemplo sadio, da convicção irremovível que não se abala com os rumores e pessimistas previsões, se não se tem esse sincero propósito, é melhor não continuar, porque a Lei de Consequência cobra na medida da consciência.
No entanto, a questão não é apenas pessoal. Começa por nós, de dentro para fora, sim; mas, por reflexo natural e lógico, nosso progresso tem de expressar-se no modo como tratamos nossa esposa, nosso marido, como orientamos nossos filhos, como agimos no trabalho e no meio social tratando os nossos irmãos e irmãs do nosso entorno. A vida e a evolução nos pedem novos métodos, atualização constante em todos os sentidos. Eis porque São Paulo, o Apóstolo, dizia que morria todos os dias: algo de inferior morria e algo de novo e melhor nascia, numa renovação constante, caminho à incorruptibilidade.
Contudo, voltamos a afirmar, essa evolução tem de ser firmada de maneira cristã; isto é, em humildade e amor, pois pode ocorrer que nos julguemos santos, superiores e nos consideremos deslocados em um meio de pecadores… Max Heindel afirmou que a adaptabilidade é a chave da evolução em todos os tempos, desde o início do Período de Saturno. Adaptar-se não é macular-se do que há de errado no meio social, não é fazer o que os outros fazem para agradá-los. Adaptar-se é identificar-se com o que há de bom em tudo. Isso pressupõe discernimento elevado, vontade de compreender os outros, procurar o que há de bom, esquecer o que há de mal e prudentemente defender-se. Lembram-se daquele exemplo do Cristo e dos Discípulos diante do cadáver em putrefação de um cachorro? Ele procurou e achou algo bonito em que tudo parecia feio, porque sabia dos benéficos efeitos em nossos Corpos e no Mundo do Desejo, quando criamos algo bom, pensamos no bem, sentimos nobremente e, sobretudo, agimos coerentemente com esses impulsos internos, porque os pensamentos e emoções não expressos em atos são estéreis.
Isso não é tão difícil como parece. O perigo é olhar para trás — lembrar-se e desejar o que seus antigos vícios suscitam. Quem toma o arado não deve olhar para trás. Deixem que os mortos enterrem seus mortos.
A natureza divina em nós reclama alimento puro. Basta que tenhamos vontade de desejar melhorar e as forças da luz nos encaminharão à fonte, como a agulha magnética da bússola em busca do norte. É uma questão de vibração uníssona. Basta desejar mesmo, persistentemente. “Buscai e acharás; pede e ser-te-á dado; bate e ser-te-á aberta a porta”. Não são promessas vãs. É o Cristo quem as profere, ontem, hoje e sempre, dentro de nossas consciências. E ao achar o caminho, nós, que nele estamos e ainda não avaliamos bem a bênção que isso representa, a importância da oportunidade que nos está sendo dada, basta usar a vontade e adquirir o preparo. Cristo em nós, a vontade de melhorar, sempre, o preparo e, pronto, estamos munidos para o trabalho: ação, experiência, humildade e fé para continuar serenos, apesar das provas, que são reflexos de nossas falhas e da resistência do meio. Quem não reconhece energia nas vibrações da luz que penetra as trevas?
Preparo significa abrir as barreiras da nossa personalidade, eliminar o egoísmo, o que não é fácil, porque ele se disfarça muito bem de saudosismo ou sentimentos que julgamos desculpáveis. Enquanto não estamos limpos, agradeçamos as experiências, porque elas vêm para limpar; se você não tem coragem, então não venha! Ninguém pode seguir o Cristo, se não tomar sobre si a própria cruz de cada dia. Essa limpeza nos permitirá ver compreensiva e humildemente cada qual como Ele é e recebê-lO assim, não lhe exigindo mais do que pode dar. Ninguém pode exigir amor, se não sabe amar; nem perdão, se não sabe perdoar. O mais claro indício de nossos defeitos está nas provas que recebemos. Não sabendo amar, encontramos muitas pessoas que nos desamam. É um aviso. Para vencer a prova temos de aprender a amar.
A limitação individual está em ordem inversa ao preparo interno. Quando amamos e crescemos em conhecimento, o coração dá intuição à sabedoria para penetrar as pessoas e avaliar-lhe o grau interno, de modo a assegurar em nossa mútua relação um perfeito entendimento, porque sabemos como devemos tratá-las e como ajudar. O conhecimento, sozinho, torna-nos vaidosos e intolerantes. É muito comum entre nós julgar alguma coisa pelo que já sabemos e, em vez de melhorar a vida, arranjamos discordância no lar, exigindo da mulher e dos filhos o que não podem dar. Acabam, então, os familiares, antipatizando-se com a Fraternidade Rosacruz, julgando ser ela um obstáculo à felicidade do lar. Não é! É falha do Estudante; isto, sim! É-nos ensinado o equilíbrio entre a Mente e o Coração. Atentem bem a isto, enquanto é tempo de conquistar os seus no seu entorno; primeiramente, ao estudo; depois, exemplificando pacientemente e esclarecendo para que possam amar e seguir o que, sendo bom para nós, desejamos para os outros, principalmente para os próximos de nós.
O desenvolvimento unilateral é falho. Vejam as doutrinas sociais que sobem e caem, porque atendem apenas a uma coisa, sem levar em conta que o ser humano é um ser complexo que exige, para total satisfação, desenvolvimento moral, intelectual, liberdade e justiça, sobretudo amor e cuidados físicos. Temos necessidade de conhecimentos, de vivência moral, senso de ética, carência de boa alimentação e higiene; mas, para entender precisamente tudo isso em nós, precisamos primeiro nos conhecer. Por isso, nos antigos templos de mistério havia aquela frase: “Ser humano, conhece-te a ti mesmo”. E o Cristo reitera: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”, em um sentido mais amplo. Estamos na Fraternidade Rosacruz. Sabem o que isso representa, o que devemos fazer para nós e para os outros, o esforço que isso exige, a renúncia que reclama, a decisão que devemos tomar? Renovação! Regeneração! Sinceridade! Altruísmo! Pensem muito nisso e ajam, se estão dispostos a honrar as heranças sociais e o chamado espiritual do Cristo dentro de nós.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho de 1965 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
Origens pré-históricas da Música
Os elementos de Fogo, Ar, Água e Terra são os mais importantes no processo evolucionário da Terra; de fato, sem esses quatro elementos a vida neste Planeta seria impossível. O fogo foi descoberto primeiramente e usado pelo ser humano nos dias da Lemúria. Foi, consequentemente, o elemento dominante conectado à Época Lemúrica e o fator principal nas suas cerimônias de Iniciação. Capacidade para andar sobre carvão em brasa ou segurar bolas de fogo nas mãos constitui uma memória parcial desses dias antigos, ainda conservada por alguns povos primitivos.
A música que acompanhava os Cerimoniais Lemurianos de Fogo era ao mesmo tempo sobrenatural e selvagem, isso porque era afinada ao ritmo das chamas crepitantes. O Corpo de Desejos dos Lemurianos necessitava de um avivamento, assim, os Guias da Humanidade usaram essa música de ritmo peculiar para estimular essa atividade. Com o passar do tempo essa força ígnea interna despertada levou a práticas mal orientadas que reagiram sobre as correspondentes forças ígneas planetárias, resultando em destruição do continente Lemuriano pela atividade vulcânica. Os seres humanos que habitaram a Lemúria antiga pouca semelhança tinham com os seres do nosso tempo. Durante os primórdios daquela Época, vários milhares de anos atrás, sua forma corporal era meramente embrionária. Após um longo ciclo evolucionário, sofreu sucessivas transformações até que, na Lemúria tardia, assumiu uma forma algo semelhante aos contornos atuais, embora com textura muito diferente. Antes de condensarem-se em substância física, os veículos dessa humanidade antiga foram, até certo ponto, tênues e plásticos. Poderiam na verdade ser considerados quase uma sombra com forma.
Portanto, o Corpo Denso não tinha ainda se desenvolvido até o ponto em que o Ego pudesse nele habitar. O Ego era ligado ao Corpo apenas magneticamente e como consequência permanecia em um estado livre, o que lhe permitia ir e vir à vontade. A Mente, tal como a conhecemos hoje, ainda não tinha surgido. A humanidade no início era realmente infantil e se encontrava sob a direção das Hierarquias Criadoras ou Zodiacais, seres espirituais aos quais estamos habituados a chamar de Deuses.
Todavia, os Lemurianos primitivos viviam em íntima harmonia com a natureza. Suas vidas estavam intimamente envolvidas e faziam realmente parte integrante das forças da natureza. Sua visão interna estava aberta para as inúmeras atividades das criaturas invisíveis (para nós) que constituíam o lado vivo da natureza na sua totalidade, enquanto sua audição interna registrava as sublimes harmonias para as quais a natureza progride e através das quais ela dirige suas múltiplas ações.
Também foi de acordo com as leis básicas da natureza que seus Corpos originais foram moldados, desenvolvidos e animados.
Quando a humanidade for suficientemente espiritualizada para reconhecer a relação da música com sua evolução, ela descobrirá como as harmonias celestiais emanadas das Hierarquias Zodiacais, nossos guardiões sagrados, exerceram influência formadora em cada estágio do seu desenvolvimento; perceberão ainda que cada passo tem sido acompanhado por uma orquestração celestial adaptada a cada processo criativo.
O ser humano, na sua formação, era bissexual. As polaridades masculina e feminina, agora focalizadas cosmicamente no Sol e na Lua, respectivamente, exerceram uma influência igual sobre os Corpos plásticos da humanidade primitiva. Isso, porém, ocorreu quando a Terra e a Lua eram ainda partes do Sol. Em um estágio mais tardio, quando a Terra foi lançada para fora do Sol e mais tardiamente ainda, quando a Lua foi atirada para fora da Terra, essas duas polaridades deixaram de ter uma expressão igual e equilibrada sobre o ser humano individual. Alguns responderam preponderantemente ao polo positivo centrado no Sol, enquanto outros responderam ao polo negativo focalizado na Lua. Finalmente, isso resultou na divisão da humanidade em dois sexos separados, com o homem e a mulher aparecendo em cena.
A partir de então as harmonias emanadas das Hierarquias Criadoras se diferenciaram em dois ritmos, agora conhecidos como Maior e Menor. As Notas musicais Maiores, masculinas na potência e objetivas no caráter, foram projetadas à humanidade através da força solar. As Notas musicais Menores, femininas na qualidade e subjetivas na natureza, foram dirigidas através da força da Lua. O ser humano que até então tinha evoluído sob os ritmos divididos em uma única escala, tornava-se agora sujeito a duas. Uma, afinada aos tons Maiores, dirigindo-o para condições de crescente densidade; outra, afinada aos tons Menores, dirigiu sua alma para um contato mais íntimo com as forças espirituais.
Como a Época Lemúrica encontrava-se predominantemente sob a influência da Lua, sua música estava afinada aos matizes mais sutis dos tons Menores. Tratava-se de uma música incomum, melancólica e sobrenatural. Vestígios dela persistem na música de Java e de outras Ilhas do Sul, estas remanescentes do continente Lemuriano.
A natureza mais íntima de qualquer povo pode ser avaliada penetrando compreensivelmente em sua música.
Nenhum outro meio é mais exato para avaliar a qualidade de suas vidas e o estágio de seu desenvolvimento. A menos que estejamos aptos para visualizar os corpos plásticos e fluídicos dos Lemurianos mais antigos, jamais entenderemos a influência exercida pela música sobre eles. Ela literalmente deu forma e traços característicos aos seus veículos em desenvolvimento. As forças circundantes da natureza fluíram através deles sem obstáculos. Eles habitaram entre as árvores gigantes de suas terras e seus bosques enormes eram áreas sagradas nas quais festivais sazonais eram observados. Cerimônias de iniciação de suas temporadas sagradas eram eventos gloriosos atribuídos à música, isto é, à harmonia das esferas.
Os dançarinos do Templo Lemuriano duplicaram os movimentos e ritmos das esferas celestiais e sua “música de gestos” era ouvida pelos fanáticos que dançavam. Certos centros espirituais ou “luzes” dentro de seus corpos eram despertados por essas danças realizadas na mais elevada reverência e na mais profunda emoção. Os dançarinos eram sempre escolhidos entre os aspirantes mais evoluídos do Templo.
Os Templos da Floresta eram, para os Lemurianos, o Santo dos Santos. Nesses santuários sagrados ocorriam os principais acontecimentos de suas vidas. Esses compreendiam o nascimento, a Iniciação ou iluminação espiritual e a morte — esses acontecimentos correspondem aos três passos de desenvolvimento em todas as escolas esotéricas e aos primeiros três graus das fraternidades. Era nos Templos da Floresta e sob orientação angelical que a propagação da onda de vida humana era levada a efeito de acordo com os apropriados ritmos astrais, cuja música era absorvida pela audição e transmitida à função edificadora do corpo.
Os Egos Lemurianos foram particularmente sensíveis à força do amor. A consciência era íntegra, pois os Egos não tinham ainda descido profundamente na existência material a ponto de retirar o véu existente entre os planos externos e internos do ser. Assim, a morte, como a conhecemos hoje, era desconhecida. Quando os Corpos terminavam seus períodos de utilidade, eram deixados de lado, da mesma forma que certos animais deixam e mudam periodicamente suas peles. Um Corpo Denso gerado sob tais condições era perfeitamente atinado com a nota estelar especifica de cada Ego. Pelo poder daquela nota era capaz de renovar ou descartar seu Corpo à vontade. A doença não tinha ainda se tornado uma aflição, assim, a vida era uma canção alegre e a Terra era ainda uma reflexão do Jardim do Éden. Como a raça Lemuriana era regida pela Lua, respondia fortemente às sempre mutáveis fases orbitais. Ao tempo das Luas Novas e Luas Cheias, forças poderosas eram liberadas; aí então, eles celebravam seus rituais místicos iniciatórios. Esses não eram dirigidos para os planos mais internos como agora, mas para os mais externos, dado que o desenvolvimento Lemuriano dependia primariamente do desenvolvimento objetivo da atividade. A música era um fator potente para capacitá-los a realizar a necessária descida para a matéria. Com essa descida a diferenciação entre os sexos se tornou mais marcante e era realizada através dos ritmos Maior e Menor que acompanham a Lua Cheia. Nas noites de Lua Cheia as forças femininas eram precipitadas através das celestiais tonalidades Menores e as forças masculinas através das tonalidades Maiores.
Mais tarde, quando a humanidade entrou completamente na existência física e quando, através da entrada no diferente significado da vida do mundo material, nascimento e morte marcaram as fases diferenciadas da existência. A entrada na manifestação física foi acompanhada por música constituída pelas harmonias de Notas musicais Maiores; enquanto a entrada nos Mundos internos, através do portão que chamamos morte, era atinada aos acordes Menores.
Assim, vemos quão profundamente é verdadeiro tratar o ser humano como um ser musical. Sua origem está na Palavra falada. Pelo som ele foi confirmado e pela música ele progrediu. O que ele registrou subconscientemente na Lemúria, um dia ele saberá conscientemente. Então não mais considerará a música como uma arte mais ou menos apartada da vida e não mais pensará na música somente como um objeto para alegria estética.
Ao contrário, ele reconhecerá a música como um fator vital para a evolução física, mental, emocional e espiritual de toda a onda de vida humana.
Já na próxima Época, a Atlante, a água era o principal elemento associado com a Atlântida, onde o ser humano foi ensinado a controlar suas emoções e a desenvolver suas faculdades físicas. Naquele continente o psiquismo alcançou o maior estágio de desenvolvimento já visto, nunca igualado antes ou depois, tendo a música atlante se constituído em um fator de desenvolvimento das faculdades psíquicas. A maior parte dessas músicas era solene e grave, algumas vezes alcançando níveis de grandeza imponente. Suas ondas melódicas eram comparáveis à música rítmica atualmente ouvida nos movimentos cíclicos das marés alta e baixa. O Sol nunca brilhou claramente na Atlântida. A atmosfera era sempre pesada devido à névoa existente. Nessa atmosfera nevoenta as figuras vaporosas de outros planos eram facilmente discerníveis, uma condição que auxiliou de maneira importante o despertar e o desenvolvimento das faculdades psíquicas. A Época Atlante terminou quando o continente foi destruído pela água.
A transição da Lemúrica para a Atlante foi marcada por um aumento da densidade da atmosfera, Corpos Densos mais solidificados e a consciência humana focalizada mais definitivamente no mundo material. A humanidade estava então perdendo aquela bonita e quase contínua comunhão com as hostes angelicais, desfrutada anteriormente pelos Lemurianos.
Consequentemente havia uma correspondente perda na percepção das harmonias celestiais. Entretanto, nesse estágio de desenvolvimento não tinham perdido contato com os Mundos internos a ponto de negar ou mesmo duvidar da existência da Música das Esferas, fosse ela ouvida ou não. Tais negativas não chegavam ao materialismo profundo da presente era. Assim, os Iniciados dos Templos Atlantes, sacerdotes e sacerdotisas da sabedoria eterna, realizavam seus rituais sagrados em total acordo com os ritmos celestiais.
Os Templos Atlantes eram realmente universidades onde as faculdades física, mental e espiritual do ser humano eram estimuladas e desenvolvidas. A partir do momento em que o ser humano deixou de viver em harmonia com os mundos elevados, seu Corpo Denso se tornou sujeito a desarmonias e doenças; nessas condições, um Mestre Iniciado se afinava com a nota estelar de um indivíduo, a fim de substituir a desarmonia pela harmonia. Com essa finalidade, a música, a grande panaceia curadora, era administrada nesses Templos.
Os povos atlantes eram muito mais suscetíveis aos efeitos curativos do ritmo do que a humanidade atual. Eles podiam utilizar a força pulsante do crescimento das plantas e se apropriar delas para a revitalização e renovação de seus Corpos Densos. Podiam também transferir essas energias de uma planta para outra, assim, aumentando a energia das plantas fracas e doentes através das plantas fortes e saudáveis. As palpitantes correntes de vida emitiam tons específicos na medida em que elas cresciam para cima. Os Atlantes podiam ouvir esses sons e transcrevê-los em música, tão perfeitamente afinados aos ritmos das plantas que eles possuíam uma dinâmica eficácia curadora. No devido tempo, consequentemente, a terapia musical se tornou um dos principais ramos da instrução no Templo.
A fala foi desenvolvida pelos Atlantes. Um tipo de fala cantante. Suas palavras entoadas projetavam energia em qualquer objeto especificado e por essa energia o objeto podia ser remodelado de acordo com a vontade de um indivíduo. Os cânticos e hinos de todas as Religiões antigas tiveram sua origem nessa fala cantante. Os sacerdotes do Templo e seus discípulos avançados podiam ouvir também as notas musicais dos objetos naturais e estavam aptos, por meio do poder que isso lhes dava, a realizar milagres de transformação. Isso originou numerosos mitos e lendas relacionados às civilizações que precederam nossa atual Quinta Raça Original, a raça Ária. Na Era de Ouro da Atlântida a liderança era conferida aos neófitos do Templo, mais espiritualmente desenvolvidos, aos quais eram concedidas honras e reverências pelos leigos. A Realeza era um Grau do Templo ao qual somente o mais merecedor podia aspirar; pois o Rei Iniciado era precedido apenas pelo Alto Sacerdote.
Será visto que no poder praticamente ilimitado dos Atlantes reside a semente da decadência e destruição definitivas. A tentação ao mau uso daquele poder foi para eles quase irresistível. Com o desenvolvimento de sua índole de desejos e de um concomitante crescimento em interesses egoístas, as habilidades que originalmente funcionavam sob a direção das Hierarquias de Luz foram transferidas para as da Sombra. As condições anunciando caos e desintegração similares àquelas manifestadas no mundo atual tornaram-se prevalentes. Tais condições eram sempre indicativas do início do fim. A fala cantante dos consagrados Iniciados do Templo foi modificada para fins nocivos e destrutivos. Literalmente, as “explosões tonais”, afinadas à nota-chave de uma pessoa ou objeto, eram usadas para destruir cruelmente a vida humana e a propriedade.
O conhecimento pelo ser humano das harmonias celestiais em ondas de tons Maiores e Menores foi comentado anteriormente. Com a depravação crescente dos Atlantes, as consonâncias e dissonâncias tornaram-se mais e mais agudamente diferenciadas. O resultado foi uma música estranha e sinistra, uma música capaz de produzir doença, perda da memória e mesmo insanidade. “Círculos Sombrios” compostos por neófitos do Templo, trabalhando sob influência das Sombras, estavam aptos a expressar explosões tonais capazes de expulsar um Ego para fora de seu corpo físico, frequentemente causando nas pessoas obsessão permanente ou mesmo a morte. Esses fatos são mencionados apenas para ressaltar o longo alcance dos poderes do som.
Somente um remanescente dos Atlantes foi salvo. Na terminologia bíblica, Noé e sua família sobreviveram ao dilúvio. Esse remanescente se tornou a semente da atual raça Ária. Sobre o novo continente para o qual esse remanescente migrou, o Sol brilhou claramente e pela primeira vez o ser humano pôde usufruir uma atmosfera oxigenada tal como a temos hoje. A humanidade dessa raça recebeu a suprema dádiva, a Mente, o elo que lhe permitirá ser como os deuses. O grande trabalho desde então é espiritualizar e desenvolver as Mentes Crísticas. Como a Mente está relacionada com o elemento Ar, é através do ar que seu progresso maior será atingido. Caso haja outra destruição deste Planeta após suas lições terem sido aprendidas, ela virá através daquele elemento.
A onda de vida humana está destinada a recuperar as harmonias celestiais que ela perdeu na Atlântida. Isso será feito através da Mente Crística e a música será o fator primordial na sua consecução. Através dos séculos os Guias da Humanidade têm enviado à Terra alguns de seus mais avançados Iniciados em música para auxiliar o ser humano a espiritualizar sua Mente. Tal foi o propósito da Criação de Haydn, do Messias de Häendel e das magníficas Paixões de J. S. Bach. Esse desenvolvimento está sob a orientação dos Senhores da Mente, os quais pertencem à Hierarquia de Sagitário, o Signo que conserva o modelo da Mente mais elevada e seus mistérios espirituais. O objetivo dessas Hierarquias é apressar no ser humano seus incentivos espirituais e encorajar suas aspirações até que ele ganhe ascendência sobre sua inferior Mente concreta.
A nota-chave de Sagitário é Fá Maior e a nota-chave da Terra é também Fá Maior. Vários sons da natureza são, consequentemente, afinados a essa nota. Essa é a razão pela qual composições em Fá Maior são especialmente relaxantes para um sistema nervoso alterado; também efetivos para restaurar um corpo fatigado e para acalmar uma Mente aturdida.
Através de ritmos em Fá Maior os Senhores da Mente concederam a Mente germinal para a humanidade nascente e, através de seu uso continuado, estão trazendo essa Mente para o ponto em que ela possa transmitir, para a personalidade externa do ser humano, a imagem-espírito existente dentro deles. Esses se tornarão os pioneiros da Sexta Raça original e entre eles nascerá um tipo de música com qualidades que curam e iluminam. Todos os movimentos em direção ao futuro são escolas preparatórias para a Nova Era, a Era de Aquário. Até que as Mentes dos neófitos se tornem espiritualizadas, eles receberão, através de tons e ritmos, aqueles poderes superiores que estão aguardando para serem concedidos ao ser humano.
(“Pre-Historic Origins of Music” de Corinne Heline da obra “Music: The Keynote of Human Evolution”, publicado na Revista “Rays from the Rose Cross”, Fev./Mar de 1988 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Uma descoberta arqueológica, mas e os Ensinamentos ocultos?
Cercou-se de grande repercussão a notícia veiculada por jornais do mundo sobre a descoberta realizada por um grupo de arqueólogos norte-americanos nas profundezas da baía de Cádis, Espanha. Em suas pesquisas submarinas, encontraram os destroços de uma civilização antiquíssima; isto é, colunas, objetos e até estradas sulcadas no solo submerso. Segundo alguns membros da equipe, seriam ruínas de Atlântida, o lendário continente invadido pelas águas. Essa notícia, obviamente, ocupou as manchetes e as primeiras páginas das revistas e jornais. Naturalmente, as indagações e especulações começaram a surgir.
Logo em seguida, um dos líderes da expedição concedeu uma entrevista na qual salientou a precipitação de alguns de seus colegas, ao afirmarem pertencer à Atlântida as ruínas encontradas.
Arqueólogos espanhóis questionam a suposta descoberta e as autoridades marítimas locais proibiram os mergulhadores de voltar ao lugar. Asseveram que os restos encontrados são de origem fenícia ou romana.
Como se observa, o assunto gerou polêmicas e controvérsias. Qualquer ponto de vista conclusivo sobre a questão ainda é temerariamente prematuro. Somente estudos acurados poderão levar à verdade.
Porém, quanto ao fato de Atlântida ter existido, os ensinamentos ocultos não deixam dúvidas. Max Heindel, em “O CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS”, provê os leitores de informações preciosíssimas a respeito do continente atlante. Expõe de forma inteligível as características predominantes naquela remota época, as particularidades físicas e anatômicas da humanidade de então, as sete raças que a formaram (com seus traços marcantes), as condições ambientais e seu estertor, quando do grande dilúvio.
Enfim, uma descrição bem pormenorizada da civilização atlante, que foi obtida pela leitura da Memória da Natureza, a mais segura fonte de estudo e informações existente, à qual Max Heindel teve acesso devido à sua condição de Iniciado.
Além disso, algumas lendas e manuscritos antigos fazem alusão ao continente outrora situado onde hoje se localiza o Oceano Atlântico.
Platão, em uma de suas obras, cita o continente desaparecido. Uma lenda conhecida há séculos no norte da Europa foi musicada por Wagner com o título de “O Anel dos Nibelungos”. Nibelungo quer dizer “filho da névoa” (nibelungen). Por suposto é o “homem atlante”, vivendo sob uma névoa densa, úmida e quase aquosa que, mais tarde, viria a liquefazer-se, inundando aquela terra.
Como se vê, alguns fatos, lendas e ensinamentos de diversas escolas de mistério convergem para a mesma verdade. Quanto às recentes descobertas, só mesmo aguardando o desenrolar dos acontecimentos.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1973)
Resposta: Essa pergunta aplica-se não somente aos Probacionistas, mas a todo aquele que se esforça por viver a vida superior. Foi isso que respondemos no nosso boletim “Echoes from the Mount Ecclesia”, para que todos os estudantes fiquem cientes que não é um mero sentimento que influencia a nossa opinião de que não deveríamos tomar quaisquer tóxicos ou drogas (p.exe: bebidas alcoólicas e fumo) que embotem o cérebro. Esse órgão é o maior e o mais importante instrumento que nos permite realizar o nosso trabalho no Mundo Físico e, a menos que esteja em perfeitas condições, não poderemos progredir.
A carne e o álcool tendem a tornar o ser humano mais feroz e a desviar a sua visão espiritual dos Mundos superiores, focalizando-a no presente plano material. Por esse motivo, a Bíblia relata que no início da Era do Arco-Íris, cuja atmosfera se constituía de um ar puro e límpido, tão diferente da condição atmosférica úmida da Atlântida, citada no segundo capítulo do Gênesis, Noé deixou fermentar o vinho. O desenvolvimento material ocorreu em decorrência da focalização das nossas energias no mundo material, estimuladas pelo consumo da carne e do vinho. O primeiro milagre de Cristo foi transformar a água em vinho. Ele havia recebido o espírito universal no Batismo, e não precisava de estimulantes artificiais. Ele transformou a água em vinho para dá-lo aos menos evoluídos.
Mas nenhum “bebedor de vinho” pode herdar o Reino de Deus. A razão esotérica é essa: enquanto os Éteres inferiores vibram em direção aos Átomos-semente localizados no Plexo Celíaco e no coração, assim mantendo vivo o Corpo físico, os Éteres superiores vibram em direção ao Corpo pituitário e à Glândula pineal. Absorvendo esse falso espírito rebelde fermentado fora do Corpo, portanto, diferente do espírito fermentado internamente por meio do açúcar, esses órgãos ficam temporariamente entorpecidos e não conseguem vibrar para os mundos superiores. Se a pessoa ingerir uma quantidade excessiva desse espírito do álcool, os órgãos citados podem despertar ligeiramente, de modo que ela vê a região inferior do Mundo do Desejo com todas as coisas más contidas nele; isso acontece no decorrer da doença conhecida como “delirium tremens”. Em resumo, como a evolução da alma depende da aquisição dos dois Éteres superiores com os quais é tecido o Dourado Manto Nupcial, e como esses Éteres harmonizam-se com o Átomo-semente do coração e o Átomo-semente do Plexo Celíaco, podemos compreender imediatamente os efeitos mortais provocados pelo álcool e pelas drogas no ser humano espiritual. Para melhor elucidação, citarei um fato da vida real.
Há um provérbio antigo que diz: “Uma vez Maçom, sempre Maçom”. Isso significa que quando alguém é iniciado na ordem Maçônica e, em virtude disso, torna-se um maçom, não pode mais renunciar a ela, pois não pode abandonar os conhecimentos e os segredos aprendidos, da mesma forma que uma pessoa que frequenta uma faculdade não pode devolver a cultura recebida. Portanto, “uma vez Maçom, sempre Maçom”. Da mesma maneira, uma vez aluno ou irmão leigo de uma escola de mistérios, sempre aluno ou irmão leigo dessa mesma escola de mistérios. Mas, embora isso seja válido e, vida após vida, voltemos sempre ligados à mesma ordem à qual nos filiamos em vidas passadas, podemos, em qualquer das vidas, conduzir-nos de tal maneira que nos seja impossível abranger o sentido disso em nosso cérebro físico. Citarei, como já o disse, em benefício de todos os estudantes, um caso sobre o assunto.
Quando fui levado ao Templo da Ordem Rosacruz na Alemanha, fiquei surpreso ao ver um ser humano que eu tinha conhecido na Costa do Pacífico. Isso é, eu o vira algumas vezes, mas nunca tínhamos conversado. Ele parecia, naquela época, ocupar uma posição bem superior à minha na sociedade à qual estávamos ambos ligados, e eu nunca havia mantido qualquer relação pessoal com ele. Contudo, ele me cumprimentou calorosamente e parecia compreender tudo a respeito de sua ligação com a sociedade mencionada, sobre o nosso encontro lá, etc.
Ao voltar para os Estados Unidos da América, procurei conseguir mais notícias desse irmão para quando tivesse a felicidade de cumprimentá-lo no Oeste.
Quando cheguei à cidade onde ele se encontrava, foi me comunicado, por amigos em comum, que ele me esperava e aguardava ansiosamente a oportunidade de me receber. Quando o vi, dirigi-me a ele imediatamente e apertei-lhe a mão. Ele também pareceu reconhecer-me e chamou-me pelo nome. Tudo indicava que ele sabia de todos os fatos que se sucederam enquanto estávamos ambos fora do Corpo, porque ele tinha-me dito, no Templo, que se lembrava de tudo que lhe acontecia quando estava fora do Corpo. É claro que acreditei nisso, pois ele pertencia a um grau muito mais elevado do que o primeiro no qual eu acabara de ser admitido.
No dia desse nosso encontro físico, após alguns minutos de conversa, eu disse algo que o fez fitar-me pálido.
Eu tinha-me referido a um fato ocorrido durante o nosso encontro no Templo, e ele pareceu claramente não saber nada a respeito. No entanto, eu já havia falado demais e me vi obrigado a continuar para não fazer papel ridículo. Disse-lhe que ele havia declarado lembrar-se de tudo. Isto ele negou e, no fim do encontro, suplicou-me muito sinceramente, que eu tentasse descobrir por que ele era um irmão leigo da Ordem Rosacruz, já que não podia lembrar-se do que acontecia durante sua ausência do Corpo. Ele fazia parte, segundo eu verifiquei, de vários ofícios do Templo. Ele participava deles, contudo, em seu cérebro físico, ele ignorava totalmente aquilo que ocorrera. O mistério dissipou-se pouco depois quando, já fora do Corpo, ele informou-me que fumava cigarros e usava drogas que lhe toldavam o cérebro, a tal ponto que lhe era impossível recordar qualquer coisa de suas experiências psíquicas. Disse-lhe que, uma vez dentro do Corpo, ele devia fazer um esforço heroico para livrar-se desses vícios. No entanto, após algum tempo de abstinência, ele descobriu não conseguir passar sem as drogas e os cigarros, por essa razão, até hoje ele foi excluído de qualquer tipo de conscientização da vida superior. Esse é um caso muito triste e, sem dúvida, deve haver muitos outros semelhantes. Eles ilustram o quanto devemos ser cuidadosos em relação aos nossos hábitos, considerar o nosso Corpo como o Templo de Deus, abstendo-nos para não o macular como o faríamos em relação a uma Igreja construída com pedras e argamassa, a qual não é nem uma milionésima parte tão sagrada quanto o Corpo com o qual fomos dotados.
(Pergunta 138 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
Liberdade ou Direito de ser Livre
“Livre vontade não é a liberdade de fazer o que quiser, senão o poder de fazer aquilo que deve ser feito, mesmo que seja contrário a um violento impulso. Eis aí, em verdade, o que é Liberdade” – K. B. MacDonald.
A liberdade que ganhamos pela obediência às leis é a única que conta. Se ESCOLHERMOS obedecer às leis, não podemos perder nossa liberdade. Porém, o ser licencioso e insultar à lei da terra, fará com que percamos nossa amada liberdade. O objetivo das leis na terra é dar o direito de ser livres a todos para a execução de nossas atividades, com segurança. É mais importante ainda considerar as Leis de Deus na natureza, pois elas tornam possível a evolução. Estamos num estado de mudança constante e, a seleção do justo ou errado pode mudar nosso destino. Não há descanso no caminho que nos conduz para o Criador.
Quando compreendemos o que é justo e verdadeiro, trabalhando constantemente para chegar à nossa meta, nosso progresso não será perturbado por repetidos erros e não teremos muito que retificar.
Então usaremos nosso tempo na Terra, que parece curto, trabalhando pela libertação do espírito.
Quando um Ego se acha pronto para retornar à Terra, se lhe permite escolher entre distintas vidas, porém uma vez feita a escolha não pode haver evasivas no que se refere aos acontecimentos principais durante essa vida particular na Terra. Temos livre vontade no que concerne ao futuro, porém o destino maduro está envolto na vida que escolhemos e não poderá ser evitado. O ser humano pode exercitar o livre arbítrio em muitos casos, porém se acha atado pelo destino que formou pelas dívidas criadas em vidas anteriores.
As grandes Inteligências, que têm a seu cargo esse assunto, sabem que requisitos são necessários para o ajuste de nossas obrigações. Entre as múltiplas relações que tivemos no passado, eles selecionam certo número de possíveis existências. Essas são mostradas ao Ego que está pronto para renascer e, portanto, pode selecionar uma ou várias delas. Escolhe, entre todas essas oportunidades, as que estão disponíveis no tempo particular desse renascimento, e amiúde existem grandes quantidades dessas oportunidades.
Uma vez feita a seleção, a vida do Ego seguirá a linha escolhida, porém: “não nos deixemos enganar pela ilusão de que o destino nos impele a agir mal em todo o tempo. A lei trabalha sempre, e apenas, para o bem, e o mal, em cada vida, é o primeiro a ser expurgado depois da morte, e apenas a tendência de fazer o mal em particular permanece com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo de expurgação”. Não existe nunca a obrigação de fazer o mal.
É bom saber, e isso deve dar-nos uma certa firmeza em nossos esforços para resistir ao mal, pois nunca somos destinados para fazer o mal, senão que, cada ato mal feito, é um ato de livre vontade. Nossa consciência nos avisa, e somos livres para resistir, sempre que elejamos, entre o justo e o injusto. Nossa consciência nos impele para frente, para fazer tudo o que é construtivo e bom, pois a consciência é o resultado da dor e sofrimento experimentados em vidas anteriores.
Um fator muito importante e evidente em nossas múltiplas existências é a Epigênese. Brota do livre arbítrio e se manifesta como ação original. Essa divina e criadora atividade é a base da evolução da humanidade. A medida que o tempo avança haverá mais e mais oportunidade para esse divino atributo.
Parece ser, então, que estamos sujeitos a fatos maiores, porém, temos liberdade nos detalhes de nossas vidas, isto é, que temos muita liberdade no modo em que desejamos aprender nossas lições, sempre que, em verdade, as estejamos aprendendo, e existe a oportunidade para um trabalho novo e original, o qual chamamos Epigênese.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental promovem a liberdade pessoal dos indivíduos quando seguem os Ensinamentos da Filosofia Rosacruz. Ninguém deve obedecer a mestres, cada qual deve seguir seus próprios ditames internos. Aqueles que aspiram conhecer os ensinamentos internos e vivem no Mundo Ocidental não podem encostar-se ou depender de mestre ou guias. Não tendo um mestre sobre o qual encostar-se, o estudante tem que obter poder espiritual por sua própria iniciativa. Portanto, é óbvio, que cada qual tem que assumir a responsabilidade de suas próprias ações. Como existiria muito pouco progresso sem essa responsabilidade que mencionamos, devemos desejar assumi-la, sempre que aparecer a oportunidade. Desde logo, temos que estar certos em cumprir com as tarefas que se nos apresentem.
Quando fazemos o melhor que podemos e admitimos que as consequências de nossas próprias ações são nossas mesmo, ainda assim cometemos erros no cumprimento de nosso dever, então podemos aprender muito e ganhar em compreensão. Um coração compreensivo é muito desejável e difícil de se obter.
Desde o tempo em que a humanidade surgiu da densa atmosfera da Atlântida, entrou no mundo como um agente livre, com expressão das leis da natureza e de seu prévio e próprio destino adquirido. Desde então, o ser humano teve que aprender a se sustentar por si mesmo. Isto não é adquirido facilmente. Mais e mais reponsabilidades têm sido colocadas sobre seus ombros. Manter-se por si e assumir as consequências de suas próprias ações pode, às vezes, não ser muito agradável, porém é inevitável. Para desenvolver nossos poderes latentes espirituais, e assim tornar-nos ativos, temos que trabalhar, e enquanto trabalhamos temos que orar, pois assim nos manteremos em contato com os Mundos Superiores e receberemos a força necessária para seguir adiante.
O desenvolvimento futuro da humanidade dependerá mais e mais de sua própria iniciativa, e isso só leva a cabo quando o ser humano é livre. No princípio da evolução do ser humano, este vivia em pacífica ignorância, porém, desde que cresceu em conhecimento, começou a compreender muitas coisas. Durante inúmeras vidas aprendeu pela experiência e assim trocou sua ignorância pelo conhecimento da virtude.
O estudante sincero sabe, em seu interior, que o maior ladrão de sua liberdade é o tornar-se escravo de seus próprios desejos e apetites, e lamenta como São Paulo: “Porque o bem que quero, isto não faço; mas o mal que não quero, isto eu faço”. Para nos convertermos em verdadeiramente livres, temos que trabalhar pela nossa própria salvação, utilizando os poderes latentes, para o bem da humanidade.
Existem seres nos Mundos superiores sempre prontos para ajudar, se puderem fazê-lo, sem tirar esse nosso direito de liberdade. Copiando Max Heindel, no Livro: “Carta aos Estudantes”: “…porque embora ninguém possa interferir com o livre arbítrio da humanidade, e embora seja contrário ao plano divino o coagir, de alguma maneira, para que alguém faça o que não quer fazer, não existem barreiras contra as sugestões em assuntos que a ele possam agradar. É devido à sabedoria e ao amor desses grandes seres que o progresso em linhas humanitárias é a palavra de aviso de hoje em dia”.
O Mineral, a Planta e o Animal, todos os reinos, estão sujeitos à vontade dos Espíritos-Grupo; o ser humano é o único que possui livre vontade e iniciativa. À medida que o tempo avança, ele se fará cada vez menos susceptível às influências externas. “A Liberdade, é a herança mais preciosa da alma”, e podemos fazer pleno uso dessa herança sempre que sejamos cuidadosos em não interferir com o direito dos demais.
À medida que nossa consciência se desenvolve, temos que aprender a fazer o que é justo, conscientemente e de nossa própria vontade. Pode ser que seja necessário, para um Ego, selecionar uma vida cheia de duras lições para aprender, e essa nova existência pode estar cheia de calamidades, porém, ele pode escolher entre viver essa mesma vida honestamente e com humana dignidade, ou chafurdar-se na lama de modo vergonhoso. Ninguém pode interferir no modo em que ele trabalha em seu destino.
Copiando Max Heindel nas Cartas aos Estudantes: “Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor é a Luz do mundo”, e “onde está o Espírito do Senhor, aí há Liberdade” (IICo 3:17).
“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus Discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Joa 8:31-32).
(Publicada revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/86)