Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O “coração” – místico, devoção – e a “cabeça” – intelecto, razão

Um dos maiores encantos e vantagens reais daquele que trilha o Caminho do desenvolvimento espiritual pela “cabeça” – intelecto, razão – é o grande valor que ela tem como local de retiro mental. Quando um ser humano fez o seu melhor, suportou todas as tensões e sofrimentos da vida mundana e está cansado, sua Mente volta-se com alegria para a ajuda satisfatória proporcionada pelo intelecto. Aquelas coisas que pareciam encher seu horizonte com a sombra negra da dúvida e do medo, então se reduzem à pequenez e a própria vida assume um aspecto mais animador.

O intelecto é universal, em sua aplicação. A pessoa que trilha o Caminho do desenvolvimento espiritual pela “cabeça” – intelecto – tem uma solução racional ou até científica para os mistérios da vida. Ela exige uma explicação semelhante da Religião. A fé, para ela, é assunto de conhecimento. A pessoa que trilha o Caminho do desenvolvimento espiritual pelo “coração” – místico, devoção – deseja um apelo voltado ao coração e não à Mente. Ela não está tão preocupada com o verdadeiro “por quê?” ou “para quê?” de uma ocorrência ou afirmação, mas, sim, com o valor de suas propriedades emocionais.

A primeira se preocupa com a verdadeira razão física de um milagre; a segunda, com a apreciação da maravilha e da beleza real que acompanham sua manifestação. Uma daria ajuda a um semelhante não tanto por compaixão, mas principalmente porque tal ato estaria de acordo com sua própria concepção intelectual da relação da pessoa com a pessoa. A outra, é claro, agiria com sincera simpatia e um desejo emocional de ajudar o necessitado.

A pessoa simpática, que sente amor por todas as criaturas de Deus e não considera nenhuma delas muito pequena ou mesquinha para ajudar, é um tipo bonito e cada traço do seu rosto simboliza uma graça espiritual. Verdadeiramente, o espírito molda a carne à sua semelhança e expressão de suas próprias qualidades.

Atualmente, o intelecto e as realizações materiais dele resultantes parecem ser de importância soberana. Certamente, é um método excelente para atingir certas qualidades de alma que são necessárias; contudo, a história de todas as pessoas que desenvolveram o intelecto e a vontade às custas da emoção e da intuição tem sido de tristeza, decepção e negação espiritual.

Mas, novamente e ao contrário, aqueles que desenvolvem somente pelo “coração” e ignoram a cultura da força de vontade e do intelecto estão, igualmente, sujeitos à tristeza e ao desapontamento.

Um caráter bem equilibrado, nem muito desenvolvido intelectualmente nem devocionalmente, é a coisa certa e um dos assuntos principais de um Estudante Rosacruz que se aplica em aprender e praticar os ensinamentos da Filosofia Rosacruz.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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Orar Constantemente

Entre as várias instruções que são dadas pela Filosofia Rosacruz encontramos sempre as que nos dizem: “orar constantemente” – “Estar receptivo à Força Curadora do Pai – “Faça-se a Tua Vontade e não a minha“.

Quando nos é dito: “Orar constantemente“, compreendemos ser uma referência ao alimento que devemos dar ao nosso Cristo Interno, o Cristo que habita em nós. O eterno que está dentro de nós deve ser alimentado com o nosso trabalho diário; com a responsabilidade pelos deveres assumidos; com amor, perdão e alegria; com o encanto para o bem; com o respeito aos Reinos da natureza; com o cultivo das artes; com os sentimentos positivos: com o conhecimento aplicado; com todas as manifestações de bens.

Quando nos é dito: “Estar receptivo” compreendemos ser uma referência para estarmos abertos, preparados, dispostos para receber a Força Curadora do Pai. Para que o Sol entre em um ambiente é necessário abrir a janela, assim como para receber um cumprimento é, necessário, estender e abrir a mão. É o estar receptivo a algo que nos vai favorecer, que realmente desejamos – é o esforço que temos de fazer, é a nossa própria participação no caso.

Quando nos é dito: “Faça-se a Tua vontade e não a minha”, estamos pondo toda a nossa fé e confiança na Sabedoria do Pai, pois não sabemos os desígnios que nos foram reservados e o porquê do nosso sofrimento; mas sabemos que em todo o mal há sempre um bem em gestação e a força do nosso pedido, a sinceridade das nossas intenções podem, muitas vezes, modificar uma condição de sofrimento.

A força que nos leva a Deus é a e o ato de integrar-se na espiritualidade é um ato tranquilo, de puro amor e confiança. O processo é interno e íntimo.

Deus é amor e através d’Ele é que atingimos a plenitude de nossa consciência e de nossa evolução.

Que a Paz de Deus e as doces bênçãos divinas encontrem em cada um de nós, a receptividade e o alimento para permanecerem.

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de outubro/1985)

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Servir a Divina Essência em Cada Um de Nós

O lema “servir a divina essência em cada um de nós” merece um estudo mais profundo do que qualquer ideia que se possa fazer do seu conteúdo, em primeira análise. De início, deve-se definir o que é essência divina, porque sem que saibamos o que é essência impossível se torna servi-la. Não resta dúvida de que a definição é assaz delicada, quando se procura a explicação lógica sobre essa divina qualidade. Contudo, o espiritualista, possuidor que é de conhecimentos abstratos, não teme em dar explicações razoáveis sobre o assunto.

Os fatos, por si só, dizem tratar-se de um fenômeno abstrato, de uma posição fenomenal e subjetiva. As palavras “essência divina” declaram por si mesmas estarem acima de meios inteligíveis, bem acima até mesmo daquilo que comumente chamamos de humano. Pois bem: estando o caso fora do alcance da intelectualidade comum, somente poderemos compreendê-lo por processos conhecidos nos planos abstratos. Vejamos, a seguir, como conseguiremos nos inteirar do enigma proposto.

A frase “servir a divina essência” acha-se no Ritual Rosacruz do Serviço Devocional do Templo. Devemos, antes de tudo, explicar o que é um Ritual. É uma forma de cerimônia, uma espécie de invocação, em um culto, com a qual haverá a introdução do trabalho religioso. Todos os cultos usam um Ritual, inclusive as Ordens Místicas. Perguntamos: é importante essa cerimônia ou Ritual? Por quê?

O Ritual é um conjunto de palavras muito significativas para o celebrante, como também para o ouvinte, pois tem como finalidade levar o Verbo celebrado no Altar diretamente aos presentes. O Verbo, assim pronunciado, está sendo transmitido do Altar para o íntimo do Candidato e ali, em seus sentimentos, ressoa o valor vital do Espírito da palavra. O Ritual desprende de si aquele estado de espiritualidade que utilizara o celebrante no momento da sua alta elevação aos Planos superiores. O exemplo seria este: se, de novo, nós vivermos, exercermos, lembrarmos e escrevermos, em recapitulação, as orações de Cristo ou de seus elevados Discípulos, sentiremos as mesmas elevações em que se achavam, em Sua exaltação, esses magníficos personagens; conseguindo, unificamos nossas vidas humanas com as Vidas divinas deles. Se dizemos que “Deus é amor e quem vive em amor vive em Deus e Deus nele” (IJo 4:16), acontece exatamente isso, que acabamos de mencionar. Pela repetição das mesmas palavras desse Ritual, nós nos sentiremos evidentemente unidos com Deus. Essa fórmula de cerimônia eleva o ouvinte às alturas do conceito do possuidor dessa inspiração; ou seja, o conhecimento Cósmico de onde deriva a Força Universal de Deus. O nosso objetivo baseia-se na Força ou Presença Cósmica, ao prenunciarmos, no Ritual, “servir a divina essência em cada um de nós”.

Entremos, a seguir, em maiores detalhes. O que é “divina essência”? Responde o espiritualista que tem por costume agir inteligentemente, com deduções lógicas, tratar-se de uma parte infinita do Espírito Universal que está em seu próprio Ego. Com essa dedução entendemos que o Ego, mesmo separado, está intimamente ligado ao Espírito Universal, que não é apenas poderoso na ilimitação existente em toda a universalidade, como também ilimitado é o próprio Ego Humano dentro do universo, por ser a essência divina.

Agora vamos tratar de outra qualidade divina: o Amor. Essa qualidade divina e transcendental brota, constantemente, por todo o Universo e todos os Mundos cantam o cântico de Amor inerente em toda a imensidão do infinito. Os Mundos foram feitos de Amor. O Zodíaco transcende cheio de Vontade e de Amor. As harmonias das esferas cantam o cântico do Amor em sua peculiar formosura e em seu colorido especial. Singular a harmonia do Amor! Deus ama a sua criação, a faz viver por Seu Amor, porque Deus é amor e quem vive em amor vive em Deus e Deus nele. Esse o Segundo aspecto de Deus em nós e tudo em nós deve exalar o perfume do Amor, pelo Amor que de Deus continuamente recebemos. Que coisa extraordinária saber que Deus nos ama e chama de filhos! O calor vivificante do Pai está em nós e Seu Filho Primogênito, o Cristo, ensinou-nos a amar o próximo como a nós mesmos. Esse aspecto transcendente liberta de forma poderosa o caminho para que Se manifeste o Pai em nosso Ego, assim como Ele Se manifestou em Cristo.

Esse é o segundo aspecto de Deus, o Seu Filho em nós, que é o Salvador, sem condenação, que sabe amar até a última gota do Seu sangue!

Chegamos a outra manifestação de Deus, também em nosso Ego, que é a Sabedoria. Desejosos por servir a divina essência, devemos dar oportunidade Àquele que tem a sabedoria, a onisciência, o conhecimento puro. Como em Deus existe essa Panaceia, também no Ego existe. Existimos por Sua Sabedoria, vivemos por Sua Sabedoria e, assim, existe essa Sabedoria em nosso Ego. A Sua Sabedoria está sempre presente, onipresente em nós. O ser humano, em suas meditações, encontrará através de seu Ego essa fonte. Vive a Divindade por Si, em Si mesma e em Suas criaturas.

Temos, assim, demonstrado as três virtudes divinas em uma única Ação: Deus.

Resumindo, ainda, a nossa dissertação no seguinte esquema, verificamos:

  1. Manifestação da essência divina: VontadePoder — Querer.
  2. Manifestação da essência divina: Amor — Caridade — Fraternidade.
  3. Manifestação da essência divina: Sabedoria — Conhecimento — Princípio do Poder Criador.

As três potências inerentes ao Ego fazem-no semelhante a Deus, assim como o ser humano foi criado à Sua semelhança, conforme a Bíblia nos ensina.

(de Francisco Phellipp Preuss – Publicado na Revista Rosacruz da Fraternidade Rosacruz de Portugal de dezembro 1976)

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A Conquista de Si Mesmo deve ser o Objetivo de Cada Um

Às vezes, em momentos de grande esforço altruísta, quando todas as energias de pensamento são direcionadas para um propósito útil, o olho do basilisco é sentido e suas presas ocultas disparam através do silêncio. Todo o ar parece subitamente vibrar com forças malignas. Esse momento testa nossa fibra — e a força da alma.

Nosso altruísmo pode ter mantido uma nota de fraqueza. Nosso amor pela humanidade pode não ter soado claro e verdadeiro — pois mesmo o amor deve ter poder e sabedoria. Pode ter havido um elemento de fraqueza em nossa própria paciência, nossa ternura, nossa amigável calma. Se for assim, o ataque perceberá nossa debilidade ou vai notar a nossa visão aguçada e, em silêncio, ganharemos um poder adicional.

Todos os ataques maliciosos e sutis, todo ódio ciumento e toda animosidade infundada irão, na própria natureza da Lei eterna, alcançar o sofredor e inocente como bênçãos. Eles conferem mais experiência, discernimento e poder.

Nada pode nos prejudicar, se não encontrar uma nota de malícia ou maldade dentro de nós. No entanto, o mal que nos atinge volta para o coração de quem o enviou e destrói sua vida, sua paz.

Para a alma que anda na luz e no amor, todas as experiências vêm como bênçãos. A flecha enviada para prejudicar ou atrapalhar pode, por um breve período, parecer eficaz. Pode diminuir a estima de alguém por nós; pode nos custar a perda de um amigo; pode estragar um relacionamento sagrado e destruir um vínculo ideal. Mas, isso é apenas temporário e, em nossa tristeza, ganhamos uma grande vitória — porque aprendemos a ver e a conhecer.

Com a perspectiva mais ampla, no plano superior, ganhamos todas as coisas. Crescemos fortes para suportar, fortes em autodomínio e renúncia. Depois de um tempo, nossa reivindicação virá; todas as coisas serão restauradas para nós. Mas não precisaremos mais delas. O “eu pessoal” que tanto sofreu terá se expandido para encontrar o “Eu universal” e teremos aprendido o significado da vida e do amor. Somente quando aprendemos a viver com a perda de todas as coisas, somos dignos de reter todas as coisas. Então, em harmonia com a operação da boa lei, atraímos todas as coisas para nós. O amor flui para nós de todos os lados — porque amamos.

Portanto, todas as nossas experiências são boas — até mesmo as cruéis e amargas —, se mantivermos nossos rostos voltados para a luz e não permitirmos que os pensamentos maus entrem no nosso coração. Sentir-se magoado com uma injúria é um mal, porque isso brota de uma pequena raiz de amor-próprio. Fixemos claramente o pensamento nisto: só o ferimento que nós merecemos nos atinge. Talvez tenhamos adquirido uma dívida no passado, mas ela deve ser cancelada. Se a merecemos, podemos lucrar com as lições que ela ensina. Portanto, podemos formar um caráter nobre por meio de nossos próprios erros.

Poder e domínio sobre todas as forças é o que devemos adquirir, antes de sermos realmente vencedores — antes que nossas vidas sejam totalmente aperfeiçoadas. Isso é o que nossas experiências vão ganhar para nós: se tivermos apenas amor e boa vontade em nossos corações.

O mal-intencionado e o vingativo nunca conquistam coisa alguma. Eles são sempre fracos, sempre fúteis, sempre caóticos. O caráter é construído principalmente por nossos pensamentos e motivos. O ataque nascido do ódio, malícia ou rancor ciumento deve ser enfrentado não apenas com paciência silenciosa, mas com a Mente bem aberta para sua força e possibilidades. Pergunte à alma interior: “O que posso aprender com esta provação? Que fraqueza ainda há para ser vencida? Que parte do ‘eu pessoal’ ainda não foi esfolada?”.

Voltando-se, assim, para a luz interior em silenciosa humildade, com sincero propósito de aprender, crescer e evoluir, essa luz inundará a consciência e a visão ficará clara.

Na hora da vitória, o golpe do inimigo não mais será sentido. Todos os impulsos do plano sensorial e inferior murcharão e voltarão ao nada da irrealidade que são. Somente a alma e Deus — todos somos um em Deus — preencherão a visão e a vida se tornará infinitamente rica e abundante.

Não é isso uma vitória? Qualquer retaliação poderia trazer tal recompensa? Poderia o sentimento de ferimento pessoal obter tais resultados em crescimento e progresso?

A conquista de si mesmo deve ser o objetivo de cada alma. No entanto, e por quaisquer meios que isso seja realizado — inclusive injustiças e injúrias incomparáveis —, deve ser alcançada a todo e qualquer custo. Nossas experiências, assim tomadas, serão transmutadas em poder e sabedoria; nossa influência será então cada vez maior, alcançando a luz infinita.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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O Rosacrucianismo e a Religião

O Rosacrucianismo é uma Religião? Não em qualquer sentido tradicional da palavra. Mas, é religioso. Ele defende o Cristianismo, mas um Cristianismo ainda não visivelmente em evidência.

O que é Religião? Etimologicamente, a palavra significa “amarrar de volta”, o que sugere a função da Religião: retornar o ser humano, ou tornar o ser humano convertido a Deus; redirecionar e elevar sua consciência mundana ao objeto de sua legítima contemplação. Geralmente, Religião significa teísmo ou crença em Deus.

O Rosacrucianismo, portanto, desempenha uma função complementar à da Religião. Tem como objetivo facilitar e fortalecer a divindade humana, para remover as barreiras que podem existir entre o crente e Deus. Para o Rosacrucianismo, a principal barreira é a ignorância. E para o ser humano moderno, essa ignorância nasce do orgulho e do pensamento materialista.

O Rosacrucianismo foi fornecido à humanidade em antecipação às inadequações da Religião tradicional (como Religião Cristã exotérica denominada e professada pelo catolicismo, protestantismo e a ortodoxia) para lidar com o intelecto cada vez mais exigente e lógico da humanidade em evolução. A preocupação primordial dos Irmãos da Ordem Rosacruz era “não fazer declarações que não sejam apoiadas pela razão e pela lógica”. O ser humano moderno quer saber por que ele deveria acreditar, antes de consentir em tentar acreditar.

De qualquer modo, já de início, é importante colocarmos o que Max Heindel escreveu na Carta aos Estudantes nº 4: “Todos somos Cristos em formação. A natureza do amor está desabrochando em todos nós, portanto, por que não nos identificarmos com uma ou outra das igrejas Cristãs que acalentam o ideal de Cristo? Alguns dos melhores obreiros da Fraternidade são membros a ministros de igrejas. Muitos estão famintos pelo alimento que temos para lhes dar. Não podemos compartilhar desse alimento com eles mantendo-nos afastados. Prejudicamo-nos pela negligência em não aproveitar a grande oportunidade de ajudar na elevação da igreja.

Naturalmente, não há coação nisto. Não pedimos que se unam ou cuidem da igreja, mas se formos até ela com espírito de ajuda, afirmo-lhes que experimentarão um maravilhoso crescimento de alma em um curto espaço de tempo. Os Anjos do Destino, que dão a cada nação a religião mais apropriada às suas necessidades, colocaram-nos em uma terra Cristã, porque a Religião Cristã favorece um amplo crescimento anímico. Mesmo admitindo que a igreja tenha sido obscurecida pelo credo a pelo dogma, não devemos permitir que isto nos impeça de aceitar os ensinamentos que são bons, porque isso seria tão infrutífero como centralizar a nossa atenção sobre as manchas do Sol recusando ver a sua luz gloriosa.

Medite sobre este assunto, querido amigo: maior Utilidade, para que possamos crescer, empenhando-nos sempre no aperfeiçoamento das oportunidades surgidas”.

Max Heindel foi escolhido pelos Irmãos Maiores para atender a essa necessidade. O resultado é o livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Não é dogmático e não apela para outra autoridade, senão a razão do leitor. A Religião tradicional não apela para a razão. Simplesmente exige aceitação e fé implícita em seus pronunciamentos. Mas, nos capítulos do “Conceito Rosacruz do Cosmos” lemos que “a Ciência avançada se tornou, novamente, colaboradora da Religião”. No “Conceito Rosacruz do Cosmos”, um esforço foi feito para “espiritualizar a ciência e tornar a Religião científica”, uma prática iniciada por Christian Rosenkreuz, cujo objetivo foi lançar “luz oculta sobre a Religião Cristã, incompreendida, para explicar o mistério da vida e do ser a partir do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião”.

Como Max Heindel vê a Religião tradicional? Não com grande favor. “A Religião erroneamente chamada de Cristianismo foi… a Religião mais sangrenta conhecida”. Nas igrejas atuais, que professam a Religião Cristã exotérica, “a razão está submersa em ditames e dogmas”. “A Religião foi terrivelmente maculada com o passar do tempo; sua pureza há muito desapareceu sob o regime do credo e ela não é mais universal.”

A Religião é a verdade, a verdade suprema. No entanto, as teologias da igreja só podem propor a verdade, por assim dizer, por meio de decreto, para ser aceita pela fé, uma condição que o intelecto imperioso considera inadmissível. O Estudante Rosacruz, por outro lado, “aprende a estar sempre pronto para apresentar a razão da sua fé”.

Religiões Cristãs exotéricas ensinam a salvação por meio da expiação, o sangue derramado de Jesus. O Rosacrucianismo ensina que a perfeição é alcançada mediante o uso correto das Leis gêmeas do Renascimento e da Consequência.

O lema do ocultismo é “Existe apenas um pecado — a ignorância; e apenas uma salvação — o Conhecimento Aplicado”. Onde o conhecimento espiritual é obtido? Na “Grande Escola Ocidental de Mistérios da Ordem Rosacruz”, que foi encarregada de “moldar o pensamento da Europa Ocidental”. Seus professores são os Irmãos Maiores e seu currículo inclui a ciência da alma e a ciência do espírito; seus alunos e alunas são aquelas almas ousadas que desejam tomar sua salvação em suas próprias mãos e invadir o Céu. Eles são os “espíritos destemidos que se recusam a ser acorrentados pela ciência ortodoxa ou pela Religião ortodoxa”.

Um Estudante dos Ensinamentos Rosacruzes pode acalentar seus princípios com zelo religioso; contudo, ele sabe que eles não pretendem ditar como se adora a Deus, pois a adoração é província da Religião e está em seu coração; ou, mais corretamente, a adoração é o coração da Religião, sua força motriz e seu sangue vital. Os ensinamentos são úteis e aumentam a adoração. Por sua vez, a adoração é inspirada, sustentada e organizada pela liturgia, que é vagamente sinônimo dela, mas pode ser mais precisamente entendida como algo que identifica todas as atividades relacionadas à igreja e focam a consciência em direção a Deus, incluindo leituras das Escrituras, Hinos, Salmos, Credo, Glória, Cânticos, Orações, Sermões, Homilia, Ofertório, a Sagrada Comunhão e outros movimentos ou gestos sacramentais, rituais ou cerimoniais.

Embora o culto possa ser individual e solitário, a liturgia (literalmente, “trabalho do público”, “serviço público”) é sempre comunitária. Aqui encontramos uma distinção crítica entre a Religião e os Ensinamentos Rosacruzes. Os Ensinamentos Rosacruzes enfatizam a responsabilidade individual pelo crescimento espiritual. A Religião é eminentemente um empreendimento comunitário. Embora a Fraternidade Rosacruz seja um precursor da Fraternidade universal, é principalmente a Fraternidade espiritual que se deseja e não a associação social, fraterna ou congregacional de crentes em uma igreja.

“O Rosacrucianismo ensina o candidato a trabalhar em sua própria salvação. A Religião Cristã exotérica (professada pelo catolicismo, protestantismo e a ortodoxia) o torna dependente do sangue de Jesus. Aqueles que usam o método positivo ou ativo, naturalmente, se tornam as almas mais fortes.”. Aqui, Max Heindel parece propor o que alguns podem considerar um toque de clarim em favor da autossuficiência espiritual, o que beira a arrogância espiritual. “A igreja dominante não vê com complacência a separação de seus filhos. Ela até mesmo prostituiria o Espírito da Verdade para que suas ordens fossem cumpridas.”.

Como um Ensinamento de Sabedoria, o Rosacrucianismo é uma cosmologia, na medida em que traça a origem do nosso cosmos desde o caos até sua conclusão projetada, no Período Vulcano, onde a Criação terá alcançado o que nossas Mentes atuais só podem conceber como um estado incompreensível de perfeição. O Rosacrucianismo é uma teosofia (“teo”, de “theo” – Deus; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “sabedoria de Deus”), pois identifica tudo o que existe como uma diferenciação e uma extensão de Deus. É frequentemente chamada de filosofia (“filo”, de “philo” – amizade, amor fraterno; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “amizade pela sabedoria”), sendo uma formulação de ideias “definidas, lógicas e sequenciais”, claramente articulada e racionalmente fundamentada. Max Heindel descreve os Aspirantes Rosacruzes como “Estudantes de uma filosofia transcendental” e, na introdução do “Conceito Rosacruz do Cosmos, em “Uma Palavra ao Sábio”, o autor chama sua exposição de um “novo esforço filosófico” na busca pela verdade universal. É uma antroposofia (“antropo”, de “ánthropos” – Homem; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “sabedoria do Homem”), na medida em que detalha a origem e a evolução do ser humano, de uma centelha nesciente da Divindade a um espírito superconsciente e plenipotente que participa da totalidade do Ser universal.

Enquanto as Religiões atuais estão repletas de mistérios, o Rosacrucianismo busca descobrir e explicar os mistérios. “A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração.” Como diz Max Heindel: “Muitos entre nós foram impelidos pela razão a se retirar da Igreja”, apenas para formar, ironicamente, uma nova igreja de crentes libertados das restrições do dogma ortodoxo.

Os Ensinamentos Rosacruzes são, na verdade, pensados para superar as limitações das Religiões da Raça que, sendo baseadas na lei, favorecem o pecado e trazem dor, sofrimento e morte. “Só de dentro é possível conquistar as Religiões da Raça, que influenciam o ser humano de fora.”. Enquanto “a lei das Religiões de Raça foi dada para emancipar o intelecto do desejo”, os Ensinamentos Rosacruzes são projetados para libertar o coração do ceticismo do intelecto para que a verdadeira Religião Cristã possa ser abraçada de todo o coração.

Os Ensinamentos Rosacruzes são elaborados para acelerar o início da Religião do Filho, Cristo, por meio da purificação e controle do Corpo Vital, pois capacitam a humanidade a subjugar melhor o Corpo de Desejos e se unir ao Espírito Santo para, no futuro, promover a Religião do Pai, espiritualizando o Corpo Denso e trazendo uma verdadeira unidade cósmica. Os Ensinamentos Rosacruzes, então, são um presente inestimável para a humanidade, capacitando-a a participar mais plena e efetivamente do plano de Deus para sua divinização.

“Christian Rosenkreuz foi encarregado dos Filhos de Caim, que buscam a luz do conhecimento nos fogos sagrados do Santuário Místico, o Templo interno… para realizar a própria salvação”, confeccionando o Dourado Manto Nupcial, a Pedra Filosofal ou Pedra Viva, o Cristo interno, pois acreditam mais nas obras do que na fé”. “Jesus permanece como o gênio e protetor de todas as técnicas da igreja, por meio da qual a Religião é promovida e o ser humano é trazido de volta a Deus ao longo do caminho da devoção do coração.”.

Aqui pode surgir a pergunta: mais os dos Filhos do Seth (místico, coração) que também buscam a luz do conhecimento, conseguem alcançar níveis tão elevados como os que seguem pelo caminho dos Filhos de Caim (ocultista, razão)? A resposta é: sim. Sugiro que estude o livro Iniciação Antiga e Moderna que elucidará muito esse ponto. De qualquer modo, aqui trechos sobre o assunto: “o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.”. “A forma de uma Iniciação Mística Cristã difere radicalmente do método Rosacruz, que visa trazer o candidato à compaixão por meio do conhecimento e, para isso, procura cultivar nele as faculdades latentes da visão e da audição espiritual desde o início de sua peregrinação como um Aspirante a vida superior, lhe ensinando a conhecer os mistérios ocultos do ser e a perceber, intelectualmente, a unidade de cada um com todos, de modo que, finalmente, por meio desse conhecimento, haja despertado internamente o sentimento que o faz perceber, verdadeiramente, sua ligação com tudo o que vive e se move, e isso o coloca em perfeita e completa sintonia com o Infinito, tornando-o um verdadeiro auxiliar e trabalhador no divino reino da evolução.

A meta alcançada por meio da Iniciação Mística Cristã é a mesma, porém o método, como mencionado acima, é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, o candidato geralmente está inconsciente do fato de que está tentando atingir algum objetivo definido, pelo menos durante os primeiros estágios de seus esforços, e há nessa nobre Escola de Iniciação tão somente um Mestre, o Cristo, que está sempre diante da visão espiritual do candidato como o Ideal e a Meta de todo o seu empenho. . O mundo ocidental, infelizmente, se tornou tão enredado na intelectualidade que seus Aspirantes somente iniciam a Caminhada quando sua razão foi satisfeita; e, infelizmente, é apenas o desejo por mais conhecimento que traz a maioria dos Estudantes para a Escola Rosacruz. É uma tarefa árdua cultivar neles a compaixão, que deve ser mesclada com o seu conhecimento e ser o fator determinante no uso dele, antes que estejam habilitados para entrar no Reino de Cristo. Contudo, aqueles que são atraídos para o Caminho Místico Cristão não sentem nenhuma dificuldade desta natureza. Eles têm dentro de si um amor abrangente que os impulsiona e que, finalmente, gera neles um conhecimento que o autor acredita ser muito superior ao obtido por qualquer outro método. Aquele que segue o Caminho do desenvolvimento intelectual tende a menosprezar, arrogantemente, o outro cujo temperamento o impele a um Caminho Místico.

Tal atitude mental não prejudica somente o desenvolvimento espiritual de quem a coloca em prática, mas é totalmente gratuita, como pode ser vista nas obras de Jacob Boehme, Thomas de Kempis e muitos outros que seguiram o Caminho Místico. Quanto mais conhecimento nós possuirmos, maior a condenação nós mereceremos se fizermos mal uso dele. Todavia, o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.”.

Cada uma das Religiões de hoje “tem sua missão a cumprir entre as pessoas onde se encontra”; contudo, “nenhuma possui mais do que um raio de toda a verdade, no presente”. Portanto, “cabe a nós superar as barreiras da nacionalidade e das Religiões de Raça e aprender a dizer, como fez aquele homem tão caluniado, Thomas Paine: ‘O mundo é minha pátria e fazer o bem é a minha Religião’”.

Max Heindel exorta o Estudante Rosacruz a não “imitar o espírito missionário e militante das igrejas, mas, como diz a Bíblia, a dar nossas pérolas de conhecimento apenas para aqueles que estão cansados de se alimentar da palha e anseiam pelo verdadeiro pão da vida”. “Também não devemos impor nossos pontos de vista sobre eles nem tentar converter ao nosso modo de vida aqueles que ainda não estão prontos. A mudança deve vir de dentro.”. Aqui é identificada uma diferença significativa entre os Ensinamentos Rosacruzes e os das Religiões Cristãs exotéricas. As últimas devem ser reconhecidas e aceitas com base na autoridade externa, incluindo as Escrituras, a hierarquia eclesiástica, os escritos dos pais da Igreja, ameaças de excomunhão e condenação eterna… Um cânone de fé é definido, fora do qual se pisa como possível apóstata ou herege. Quantos deixaram suas igrejas, Max Heindel pergunta retoricamente, por causa do credo intolerante? Seu poema “Credo ou Cristo?” contrasta a única Verdade, representada por Cristo, o Senhor do Amor, com as várias “interpretações” religiosas da verdade que, necessariamente, se tornam separatistas, exclusivas e punitivas.

Os Ensinamentos Rosacruzes não se propõem a ser a palavra final sobre a verdade, reconhecendo que as Religiões evoluem como a humanidade evolui. Precisamente por isso, tais Ensinamentos não constituem uma Religião categórica, mas verdades provisórias e ideias mediadoras. “Qual é, então, o caminho para as alturas da realização religiosa e onde se pode encontrá-lo?… Não se encontra nos livros… O interior então é o único tribunal da verdade que é digno. Se levarmos nossos problemas de forma consistente e persistente a esse tribunal, no decorrer do tempo, desenvolveremos um senso de verdade tão superior que, instintivamente, sempre que ouvirmos uma ideia avançada, saberemos se ela é sólida e verdadeira ou não.”.

“A verdade não pode ser encontrada em Religiões ligadas a credos; quem a busca deve estar livre da lealdade a qualquer um”. São palavras fortes, até mesmo assustadoras, e destinadas apenas àqueles que sentem que elas foram endereçadas a eles. “Os Rosacruzes insistem que todos os que vêm a eles para um ensino mais profundo devem estar livres da lealdade a qualquer escola e o candidato não está sujeito a juramentos em qualquer estágio. Todas as promessas que ele faz são feitas a si mesmo, porque a liberdade é o bem mais precioso da alma e não há crime maior do que acorrentar nossos próximos de qualquer maneira.”. Cristo disse “Eu sou a verdade”.

Cristo também disse que enviaria o Espírito da Verdade, o Espírito Santo, para habitar em cada um de nós e ensinar todas as coisas. Aqui, então, está o cerne radiante da Religião. No Santo dos Santos, no templo da alma, das profundezas da quietude purificada, no santuário do coração regenerado e da Mente transformada, a voz de Cristo fala. Aqui, sempre nos voltamos para respostas a nossas perguntas; o consolo para nossa aflição temporal; a iluminação da nossa escuridão, que nos assedia; a verdade que nos libertará. Nem Max Heindel abandonou uma “insistência enfática na liberdade pessoal e absoluta da Fraternidade Rosacruz”. “Entre as almas mais velhas do ocidente, que aspiram ao crescimento espiritual, não pode haver Mestre ou Guia. Devemos aprender a ficar sozinhos. Podemos não gostar; podemos ter medo e querer um Mestre ou Guia para nos libertar da responsabilidade.” Onde está a Religião, aqui? Dizem-nos, de fato, que tivemos nossa Religião — nosso “leite”, como diria São Paulo. Agora temos a nossa “carne”. O tempo de dependência externa acabou.

O Mestre ocidental se dá a conhecer não respondendo, mas agindo “mais como o pai pássaro que empurra os filhotes para fora do ninho, se eles próprios não saírem. Podemos nos machucar, mas aprendemos a voar”.

Embora os Ensinamentos Rosacruzes não sejam religiosos no sentido usual, eles são essencialmente centrados em Cristo; isto é, eles apontam para Cristo como Aquele que mostra o Caminho, Aquele que é a Luz no Caminho do desenvolvimento espiritual. Os Ensinamentos Rosacruzes deixam claro que a vida de Cristo Jesus molda a vida do Aspirante espiritual; que o Cristo exotérico e histórico se tornará o Cristo esotérico, pessoal e interior. Aqui está o cerne, de fato! E “Se tu és o Cristo, ajuda-te a ti mesmo”. “Ninguém que é ‘aprendiz’ pode, ao mesmo tempo, ser ajudante; cada um deve aprender a se manter sozinho”. Para esses não existe Religião, como se entende hoje. Mas, existe Cristo. E se Cristo está com alguém, dentro dele, quem pode ser contra ele? Pois Ele venceu o mundo. E para o Aspirante Rosacruz, a Anunciação é levada tão a sério quanto as palavras maravilhosas ditas à sua própria alma: “Ave Maria, Mãe de Deus, bendita és tu”. E agora, nas dores de parto, carregamos o Cristo incipiente, a esperança de Glória, gestando dentro de nós, para nascer misticamente quando o nosso período preparatório se cumprir.

O sacrifício cósmico de Cristo possibilitou rasgar o véu do templo do Espírito humano, para todos os que queiram aí entrar. “Desde então, nenhum segredo prevaleceu na Iniciação.” A sabedoria Rosacruz dá o incentivo e a razão para entrar naquele templo. Na verdade, isso nos lembra que o exterior é um sinal e símbolo da verdade interior e oculta. Da melhor forma, os Ensinamentos Rosacruzes despertam nosso senso de admiração e gratidão e satisfazem suficientemente nossa fome intelectual para que possamos nos render e tornar mansos de coração, para sermos justamente purificados diante de nosso Pai Criador e reverentes na companhia imanente de Seu Filho, Cristo, nosso Irmão Maior e protótipo espiritual. Então poderemos, com renovado ardor e firme determinação, comprometer nossa vida para alcançar nosso direito espiritual de nascença e embarcar naquela designada estrada mais curta, segura e alegre até Deus.

A verdadeira Religião é tanto aquilo em que eu acredito quanto o que eu faço. Aquilo em que acredito, por si só, é insuficiente para a emigração até o Reino dos Céus. A crença me diz que o Céu existe e que fui chamado para morar lá. Não me fornece, por si só, algum transporte mágico. A mera fé nos Ensinamentos Rosacruzes fará com que minhas esperanças de salvação nasçam mortas. No entanto, uma fé suficientemente forte transborda e inicia a ação — as obras —, incendiando a imaginação para que possamos ver mais e ir além das obstruções diárias, para longe das falsas alegações ou seduções dos prazeres seculares.

Chegamos, finalmente, ao ponto crucial dos Ensinamentos Rosacruzes. A estrada para Deus é através de, em e por, Cristo — e Cristo veio para servir. As Religiões exotéricas tradicionais realizam cultos em suas igrejas. O Aspirante Rosacruz busca prestar serviço em todos os lugares, fazendo do mundo a sua igreja. A estrutura do serviço Cristão é a boa vontade, a benevolência, a caridade. A boa vontade é a vontade de Deus e a caridade é a substância espiritual de Deus, porque Deus é Amor. O Amor é a Lei de Deus. Os Ensinamentos Rosacruzes, então, não são um fim em si mesmos, mas o meio para um fim.

Enquanto o “Conceito Rosacruz do Cosmos foi escrito para satisfazer o intelecto inquiridor, de modo que o lado devocional da natureza do Aspirante pudesse se desenvolver, Max Heindel expressou seus crescentes temores de que esse conhecimento pudesse estar aguçando o apetite intelectual sem obter a conversão pretendida e, “a menos que o livro dê ao aluno um desejo sincero de transcender o caminho do conhecimento e seguir o caminho da devoção, será um fracasso, na minha opinião”. “Pois, embora tenhamos todo o conhecimento e possamos resolver todos os mistérios, somos apenas címbalos que tilintam, se não tivermos amor e o usarmos para ajudar nossos semelhantes.”

Assim, exploramos o cosmos, sondamos intelectualmente as profundezas da criação e desenterramos os mistérios do ser apenas como o meio para um fim: que possamos viver com mais caridade no aqui e agora; que possamos servir com mais eficácia aqui, agora; que possamos vestir permanentemente o nosso ser com o Ser de Cristo, que está aqui e agora.

A Fraternidade Rosacruz não é constituída por seus Ensinamentos, que são abertos ao mundo e aceitos por muitos não-alunos. “Pelo contrário, é o serviço que realizamos e a seriedade com que praticamos os Ensinamentos e nos tornamos para o mundo exemplos vivos de amor fraterno.”

Somos lembrados de que o conhecimento, por mais sublime que seja, pode inchar, enquanto a caridade edifica. Estamos corretamente orientados quando lembramos que “o serviço é o padrão da verdadeira grandeza”. Somos informados de que “a união do poder temporal e espiritual, da cabeça e do coração, … deva acontecer antes que Cristo, o Filho de Deus, possa voltar”. Entendemos que Christian Rosenkreuz é um colaborador de Jesus, no trabalho de unir a humanidade e trazê-la ao Reino de Cristo.

A Religião denota uma reunião de fiéis, porque “sempre que dois ou três estão reunidos em meu Nome, aí estou Eu”. O Nome é a teologia e a liturgia. O Nome é Verdade, o Nome é Poder. O Nome significa Amor real e presente. O encontro em si é a liturgia; dizer o Nome externamente é ladainha; internamente, é oração ou meditação. Idealmente, todo ensino religioso leva a esse foco e à experiência da presença da Luz do mundo, o Príncipe da Paz. Na comunhão espiritual está o poder invocativo. Mas, também somos informados por São João que qualquer um que crê em Cristo, o Logos, recebe poder para se tornar o Filho de Deus. Aqui está o poder, de fato. O que tem em um nome? Neste nome, tudo.

A verdadeira Religião Cristã, incorporando a única Verdade, a única Religião universal, lembra-nos da nossa unidade em Deus por meio de Cristo, uma unidade da qual ninguém está isento. Que esse entendimento trabalhe em nossos corações e ações para nos restaurar a Mente e podermos glorificar a Deus e ser elevados nessa mesma exaltação. Ensinamentos de qualquer parte, de fora ou de dentro — feitos com a melhor intenção e quando alguém está no auge de uma adoração fervorosa — são concebidos com um propósito: para nos santificar e dirigir ao único Ser no Qual, e por Quem fomos criados, e em Quem sempre habitamos. Assim, que possamos conhecer e amar cada vez melhor esse Ser, o Lar e a Fonte do nosso próprio Ser verdadeiro.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro-janeiro de 1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Libertação através do Trabalho em Grupo

“Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e a Luz do mundo”

Max Heindel

O conhecimento, em todos os seus aspectos, é a base reconhecida do progresso. À medida que novos fatos são descobertos, novas leis são formuladas, a tecnologia vai se aperfeiçoando e as evidências do progresso se manifestam. Desse modo o ser humano vai obtendo tudo o que previamente lhe parecia impossível. Tal acontece porque novos fragmentos de conhecimento em um campo provê a chave do mistério existente em outro campo. Consequentemente, em virtude do interrelacionamento comum entre todas as fases da vida e do conhecimento, quanto mais o ser humano sabe a respeito de determinado assunto, mais poderá saber a respeito dos outros. Assim, a luz do conhecimento cresce e se torna mais brilhante.

Muitos problemas da vida, mercê dessa transferência de capacidade e interrrelacionamento de conhecimento, são resolvidos satisfatoriamente. Mas, o progresso aí está, constantemente desafiando o ser humano com novas e diferentes situações que inevitavelmente suscita. Os novos problemas vão tornando mais amplos, envolvendo mais pessoas, abrangendo maiores horizontes e exigindo soluções mais rápidas. As conquistas da técnica e da ciência, aproximando cada vez mais e identificando os diferentes grupos humanos, fazem com que cada acontecimento afete a todos. É evidente que a humanidade está sendo submetida a um processo evolutivo acelerante. Os sinais apontados são o início desse processo.

Ninguém sabe tudo – nenhum ser humano, por mais disciplinado, inteligente e dono de seu tempo que seja, pode hoje aprender tudo o que está à disposição do conhecimento humano. Ninguém, por mais poderoso e influente, não poderá pensar, planejar e atuar, com o acerto e rapidez necessários, em todos os problemas sociais. Ora, não é do intento divino que seja a humanidade subjugada e vencida pelo desespero, ante os penosos e confusos tempos que vamos adentrando. Graças a alguns afortunados cérebros que não se deixam limitar pelo medo, que sobrepassaram o egoísmo e, pelo amor ao próximo, sincero e desinteressado, lograram alcançar as mais profundas verdades do Cristo, está sendo divulgado por todas as partes a necessidade imperiosa de congregar as pessoas em grupos. Pela conjugação dos recursos individuais, na busca da solução dos mais altos e legítimos problemas coletivos, vêm-se obtendo meios para enfrentar a evolução da técnica, a fim de utilizá-la convenientemente, sem violência aos sagrados direitos do ser humano. Ainda há muito erro, decorrente, as mais das vezes, da falta do espírito de equipe. Ademais, há pouco é que, praticamente, se evidenciam as vantagens desta técnica há tanto tempo pregada por Cristo. Mas, ninguém pode deter o fluxo do propósito evolucionário; verifica-se um rápido aumento do trabalho em grupo, em todo o mundo.

Necessidades para se trabalhar em grupo – o primeiro passo para o trabalho em grupo é o reconhecimento de nossas limitações pessoais. Isso nos leva a participar de esforços cooperativos, cujo brilhante futuro mal podemos prever. À medida que nossos egoísmos e interesses imediatistas forem dando lugar ao altruísmo e bem-comum, novas fases irão sendo exploradas no trabalho em grupo. De fato, a formação de grupos de trabalho ainda está na infância. As técnicas são relativamente desconhecidas de uma grande maioria de indivíduos e as forças cósmicas, que unem os indivíduos esparsos em grupos, estão apenas começando a produzir seus impactos sobre a consciência humana. Tais forças fluem primeiramente do Espírito do Cristo Interno e secundariamente da influência de Aquário. Ao se tornarem mais fortes, os grupos de pessoas, de uma natureza mais original e espiritual, se tornarão mais comuns. Eles serão os vanguardeiros e a glória da Era de Aquário. Pelo discernimento de assuntos públicos, Júpiter – o princípio da expansão e da boa vontade, da filantropia e da sociabilidade – revela o que é desejável em matéria de negócios, de religião, de ciência e outros assuntos, suscitando a revisão de atividades para novas e construtivas fases em grupos. Desse modo, utilizando os valores relativos pessoais, sob o impulso do altruísmo e sem ofender a liberdade individual, Júpiter vai tornando possível grandes melhoramentos. Para as pessoas integradas em movimentos humanísticos e espirituais, o trânsito desse Planeta enseja grandes oportunidades de progresso.

No passado, as transições de progresso que se operavam no mundo eram consequências do trabalho de indivíduos mais ou menos iluminados, cujas Personalidades exerciam poderosa ação, atraindo e dominando aqueles que se tornariam seus discípulos. Por intermédio de tais singulares indivíduos o trabalho era feito. Foram grandes homens e mulheres a quem devemos não somente as revelações religiosas, como o progresso nos vários ramos da arte, da ciência, das leis, da política, da filosofia, etc. Eles, em grande parte, fizeram a história, história de umas poucas pessoas, de cujo esforço e gênio dependeram as grandes realizações, em todos os campos de trabalho.

Atualmente essa condição está mudando. Novos métodos e novos homens e mulheres estão rapidamente emergindo. Muitos poucos indivíduos excepcionais surgem, mas, em compensação, levanta-se muitos homens e mulheres aptos para qualquer atividade. Em vez do antigo “mestre” que determinava tudo, observamos hoje muita gente com idêntica habilidade, trabalhando em conjunto. Ampliam-se enormemente as atribulações de responsabilidade e expansão da atividade humana. Devemos, hoje, aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos. Como predisse Max Heindel, devemos ser iguais, amigos, compartilhando experiências e ações, acima da preocupação de liderança. A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.

O desejo de se destacar – A ambição para se tornar líder leva a mesma razão que torna o indivíduo inadaptado para a mais elevada forma de trabalho em grupo, não importando quão altruístas e benevolentes possam ser as motivações. O desejo de se destacar, de exercer autoridade, encerra um erro de aproximação à moderna atividade em grupo, pois ressalta a Personalidade, em prejuízo de fatores anímicos de confraternização, de identidade incondicional. Em seus trabalhos com os Irmãos Leigos e Discípulos, os Irmãos Maiores nunca dão ordens, nunca censuram e nunca louvam. O anelo de servir, de viver retamente, deve brotar espontaneamente do interior do indivíduo. Isso o capacitará para a integração da equipe. Esse deve ser o espírito de todo trabalho em grupo.

Tempo está chegando em que, na vida de todo e qualquer indivíduo, a única autoridade a ser levada em conta será o “Eu Superior”, o foro íntimo. Na medida em que cada um aprenda a amar, a honrar e a obedecer a seu “Eu Superior” expressará o que é bom, o belo e o verdadeiro (o que é indispensável na evolução prática dos ideais Cristãos). E para isso é imprescindível se torna compreensivo e harmonioso com todos seus companheiros de atividade, entendendo e seguindo espontaneamente os objetivos do grupo. A intuição, em vez do intelecto, será o fator reinante. Desaparecerão as regras e os regulamentos impostos pelos líderes. Nos novos grupos, em vez de um líder, surge um representante, um porta-voz, o qual, pelo menos em teoria, preside aos trabalhos, por escolha de todos. Em virtude de seus méritos pessoais ele se tornou o SERVO DE TODOS, cujo conceito está muito distante do de um líder que, seguindo suas próprias ideias e determinações, modela e executa o sistema de um grupo.

A especialização em um determinado ramo de atividade – No sentido de ampliar mais as possibilidades do conhecimento, atualmente há uma tendência bastante generalizada: se especializar um determinado ramo de atividade, depois de ter sido adquirido o conhecimento geral da profissão escolhida. Reúnem-se, então, os especialistas de diversos ramos para que todos e cada um contribuam com seus talentos num objetivo e benefício comum. Essa conjugação de técnicos desempenhou importante papel no esforço da última guerra mundial. Igualmente, a interdependência de técnicos foi que produziu o tremendo avanço da medicina, da ciência em geral, da técnica dos negócios. É a prova de que, fundindo e focalizando o conhecimento e poder cerebral de muitos, resolvem-se os mais complexos problemas do mundo. De igual modo, se fundirmos e focalizarmos os atributos do coração, o conhecimento e as energias espirituais de muitos indivíduos devidamente preparados, então pode-se, com toda a certeza, exercer um poder espiritual quase ilimitado na tarefa de libertação do mundo. Esse é um palpitante, profundo e maravilhoso tema para o qual chamamos a atenção especial de todo Aspirante à vida superior sincero.

O trabalho em grupo – Existem utilíssimos conhecimentos em relação ao trabalho de grupo. Contudo, permitimo-nos tecer considerações acerca de fatores diretamente relacionados com atividades espirituais, que é o nosso caso. Temos amplas razões para admitir que, por meio da Fraternidade Rosacruz, conseguiremos promover uma expressiva fase de libertação da humanidade. E para compreendermos como atingir essa realização de efetiva ajuda ao Cristo, estudemos os cinco princípios básicos do nosso esforço em grupo:

1) O primeiro princípio é o SACRIFÍCIO, pois, sugere o impulso amoroso de dar, com renúncia de si mesmo, sem egoísmo. Sem o sacrifício o trabalho de grupo é praticamente impossível. Tudo o que não beneficie o conjunto e suas finalidades e que possa constituir obstáculo para Deus e para o ser humano, deve ser posto de lado. Sacrifício é fazer apenas o que é bom e implica renúncia aos reclamos da Personalidade. É interessante observar, de passagem, que embora exista muitas pessoas altruístas, em todos os lugares, atualmente, poucas são as que agem acima de sua Personalidade com o único propósito de servir e elevar os semelhantes. Aqueles que se reúnem para congregar forças a fim de obter mudanças políticas, para fundar uma instituição filantrópica, quase sempre cobram o preço do prestígio e do proveito pessoal. Raro é o que nada reclama para si, cuja presença e ação, eficientes e silenciosas, constituem o alicerce espiritual do movimento.

O fundamento e a causa de todo poder espiritual residem, em parte, no sacrifício. O egoísta transfere para um plano secundário o interesse impessoal da humanidade, sobrepondo-lhe a glória, a fama e poder material dos membros do grupo. Sacrifício é o “abc” do viver espiritual, é esquecimento próprio, é afastar tudo o que, de alguma forma, possa enfraquecer ou dividir os membros do grupo ou interferir no desenvolvimento de seus propósitos comuns. Não nos referimos somente ao que é errado, mas também ao não essencial, ao que não seja diretamente objetivado pelo movimento pelo qual o grupo está reunido – como, por exemplo, é o caso da Fraternidade Rosacruz –, embora interesse, de modo especial, a um ou a vários membros do grupo.

Cada membro deve ter boa vontade em relação ao grupo, deixando de lado sua vontade pessoal, seus esquemas favoritos e toda forma de ambição pessoal. O que prevalece é a vontade da maioria. Lembremos que, por força da presente condição humana, todos vemos “como que através de um vidro enfumaçado”, isto é, com nossas limitações não percebemos claramente a vontade de Deus e seus agentes, os Irmãos Maiores. Os propósitos dos Irmãos Maiores sobre a questão da elevação e libertação humana respeitam, em primeiro lugar, a liberdade individual, a valorização e o poder de uma FRATERNIDADE; conciliam os aspectos individuais mais legítimos com os propósitos de Deus. Mas, devido às limitações, apenas uma parte do trabalho pode, por ora, ser realizado, porque não enxergamos com clareza os detalhes do Divino Plano Redentor. Todavia, não nos desalentemos por isso.

Por meio do esforço sincero, o Aspirante à vida superior Rosacruz está conquistando, mais depressa, sua libertação e elevação, capacitando-se para um trabalho mais elevado. São poucos os que conseguem. Por enquanto, esforcemo-nos, sem nos aborrecermos por presenciar, frequentemente, membros que não trabalham com idênticas compreensão e unidade de propósito. A perfeição do trabalho em grupo é coisa do futuro. Contudo, um contato íntimo, fundado no amor e numa profunda realização de unidade em Cristo, é possível atualmente, com indivíduos incomuns, que saibam sobrepor-se às diferenças de opinião, que lutam contra as desuniões, porque essas resultam sempre das forças inferiores. É da maior importância, num trabalho em grupo, que todos aprendam a amarem-se uns aos outros, com o Amor de Cristo – amor ágape, incondicional –, de alma para alma, um amor nunca influenciado por fatores pessoais.

O amor é o que ilumina e valoriza o sacrifício. O serviço em favor da humanidade se realizará satisfatoriamente apenas quando se fundar num profundo e permanente amor, livre de crítica (em geral oriundas de frustrações) e orientado pelo firme propósito de não transigir com o erro, com o supérfluo e, sobretudo, com as brechas que entre seus membros produzam desuniões e enfraquecimentos. O sacrifício de fatores negativos pessoais, para perfeita integração e ajuda na Fraternidade, em prol da humanidade é, ao mesmo tempo, uma contribuição preciosa para si mesmo, um exemplo e cooperação à Fraternidade e uma ajuda à humanidade, porque todos os nossos pensamentos, emoções e atos refletem-se em todos os planos da Natureza. Pela contribuição perfeita ao grupo, o indivíduo realiza a superação automática de si mesmo. Pelo esforço de integração, pacificação e eliminação de divergências, cada um harmoniza-se, ao mesmo tempo, a si mesmo.

2) O sacrifício sábio traz, portanto, à atividade, o segundo princípio do trabalho em grupo: a IDENTIFICAÇÃO AMOROSA COM OS COMPANHEIROS DE LABOR. Ao sobrepor-se à Personalidade, cada membro do grupo, pela dedicação ao serviço, cresce em consciência quanto aos propósitos comuns. À medida que cresce, indiferente ao personalismo e egoísmos de toda ordem, identifica-se mais com seu verdadeiro “Eu” e adquire uma atitude de alegria, de confiança própria e de profundo amor ao próximo. Atinge, então, a vivência da “realização da unidade fundamental de si com os demais, em identidade espiritual”. Começa a manifestar sua deidade interna, que permite a superação espontânea de suas solicitações egoísticas e, ao mesmo tempo, fá-lo olhar seus semelhantes, não pelos aspectos externos, não por seus defeitos, senão pela “divina essência oculta em cada um”, o IRMÃO.

Só então atinge a consciência e vive a consciência real do grupo. Muitos de nós, nos instantes de oração ou oficiação de rituais em grupo (quando se processa uma perfeita fusão entre todos), tivemos oportunidade de sentir uma grande vibração. Isto é possível, devido ao princípio de fusão de semelhantes (semelhante atrai semelhante), que é muito mais forte do que uma unidade. Um grupo harmonioso é mais do que um simples ajuntamento de pessoas. São carvões que provocam um fogo que, e em conjunto, focalizados e vibrando num ideal comum, formam um instrumento de Cristo. Por isso foi dito que “onde dois ou mais se reunirem EM MEU NOME” ali Ele estaria! A fusão de almas é o mais poderoso instrumento de corporificação de Cristo, para um trabalho superior, porque produz um volume tão grande de vibração espiritual que pode canalizar, do Mundo do Espírito de Vida, um caudal de energia incalculável. Todos conhecemos essa lei: chama-se a Força de Atração.

Ela determina a atração de pessoas de vibração idênticas, levando-as a diariamente se reunir para um propósito comum. Eis o sentido de cada Centro ou Grupo de Estudos Rosacruz em todo o mundo! O semelhante atrai o semelhante. A mais alta expressão dessa Lei é a fusão de indivíduos preparados para um ideal superior, com plena consciência das leis que regem o trabalho em grupo, isto é, com renúncia de si mesmos e dedicação amorosa ao próximo. Eis como se realiza o trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz, a Cura Rosacruz. A fusão consciente e ardorosa de tais indivíduos forma um canal de natureza tão sublime que atrai um fluxo magnético poderoso do plano Crístico, beneficiando enfermos de todo gênero e enchendo a Terra de uma força equilibradora. Por meio do silencioso poder de tais grupos, os Seres Superiores podem fazer fluir o Poder Curador, a força, a Sabedoria e Amor, para todo este mundo carente. Atualmente o Mundo do Desejo se acha tão conturbado que seus reflexos na humanidade são os que observamos por aí. O contato de Egos, uns com os outros, em propósitos construtivos, é o meio mais eficiente, mais seguro, mais rápido, de libertação individual. O relacionamento de alma, pela autorrenúncia, leva-nos a um conhecimento superior e à unidade com o Cristo Cósmico, pelo despertar de nosso Cristo Interior. As aspirações devocionais e consagradoras para com o serviço, elevam os membros da Fraternidade a planos e condições que, sozinhos, abandonados a seus próprios recursos e às influências que vigoram desde a última conflagração mundial, não poderiam atingir.

3) O terceiro princípio do trabalho em grupo é o SERVIÇO (tônica da Fraternidade Rosacruz). Dele ninguém pode se evadir. Do mais elevado ao mais inferior dos seres vivos, o serviço é o preço a pagar, não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição do direito de existir. De uma evasão deliberada, egoísta, do privilégio de SERVIR, origina severas penalidades das leis equilibradoras do Universo. É o que sucede a muitos Egos que atualmente, em alguns países, são obrigados, à FORÇA, a se conformar e servir com boa ou má vontade para atender às necessidades do grupo a que pertencem. O SERVIÇO é a capacidade de identificação do indivíduo com os interesses comuns. Pressupõe, como dissemos, a superação dos interesses pessoais, voluntariamente e regozijosamente. Quem é feliz servindo, torna-se simpático na vida íntima do grupo. É a técnica que liberta o indivíduo dos laços do “eu inferior” e o capacita a integrar a família de Cristo. O verdadeiro serviço não é fácil. Sua legítima expressão pressupõe muita renúncia, persistência e fé: “Poderosamente devem mourejar os que servem os deuses eternos”.

Servir significa sacrifício de tempo, de interesses pessoais, de ideias favoritas. Exige prudência, sabedoria, habilidade de trato, domínio das emoções. Observe-se quão poucos estão preparados para trabalhar impessoalmente. Não se trata de mero negócio, nem de interferências ou de esforços fanáticos. O verdadeiro serviço nasce da combinação das faculdades mentais com as do coração. Não é motivado por estados emotivos, por sentimentalismos, por arroubos acidentes de entusiasmos e tampouco do desejo de progresso espiritual da parte do servidor. O verdadeiro serviço salienta o grupo, em vez de o indivíduo. Por meio do verdadeiro trabalho em grupo nos tornamos mais úteis do que isoladamente poderíamos ser e mais nos aproximamos da nossa FONTE e ORIGEM. Através do serviço verdadeiro expressamos, com mais facilidade, os atributos de nosso “Eu Superior”, o Ego, cuja natureza é naturalmente boa e nobre, amorosa e fraternal, porque “feita à imagem e semelhança do Pai”.

O verdadeiro serviço não é solicitado nem planejado como um fim em si mesmo: surge espontaneamente na medida em que crescemos por dentro e nosso Cristo deseja expandir seus poderes anímicos. Gradualmente, à medida que vamos crescendo por dentro, irradiamos o amor e outras energias espirituais, nunca para nosso próprio engrandecimento, senão para elevação e libertação daqueles que de nós se aproximam. O verdadeiro servidor tira as vistas de si mesmo e de suas realizações, dando atenção integral para as necessidades de seus semelhantes, a começar por seu lar, sem deixar-se prender pelas insidiosas cadeias do interesse puramente familiar. Conduz-se equilibradamente em meio a todas as necessidades, seguindo os impulsos de seu Cristo Interior. A completa submissão à lei do serviço leva-o gradualmente ao íntimo do coração do grupo e a conhecer, para além de todas as dúvidas, que é UNO com as almas IRMÃS. À medida que os membros se elevam assim, o grupo vai atingindo a capacidade de serviço total, o poder e a oportunidade de executar as obras mais inimagináveis.

4) O quarto princípio consiste em RECUSAR tudo o que seja danoso aos interesses do grupo. Isso exige sinceridade, lealdade, coerência. Há muita gente de boa índole que falha neste princípio, por medo de ferir os membros do grupo. Mas a recusa não é desamorosa. Ao contrário: é firme, porém, amorosa, inteligente, esclarecida. Relaciona-se, como veem, com a Força de Repulsão, uma vez que, tudo o que não seja da mesma vibração do grupo tende a ser afastado. Pela manifestação desse princípio, todos os grupos tendem a repelir o que lhe seja estranho ao modo de ser e necessidades, envolvendo pessoas, coisas e condições. Não se trata propriamente de conservação. A evolução do grupo se processa naturalmente, à medida que seus membros evoluem e refletem amorosamente novas necessidades coletivas. Porém, o princípio que estamos considerando preserva o interesse de todos, elevando para Deus as pessoas e coisas identificadas, entre si, como conjunto.

Simbolicamente falando, a totalidade dos membros dedicados de um grupo “reúne seus carvões”, abanando-os pelo serviço amoroso, a fim de que flameje a chama do fogo espiritual, que é um poderoso dissipador das trevas da ignorância e do frio egoísmo que existe no mundo. Por meio de sua própria existência irradiará de tal grupo luz e calor que dissiparão as forças mentais negativas e as correntes miasmáticas do Mundo do Desejo, que escravizam a humanidade. Atuando sobre cada membro ou unidade do grupo, esse quarto princípio imprime, em suas consciências, uma profunda determinação de evitar e repelir, em sua maneira particular de vida, tudo o que possa obstar ou interferir desfavoravelmente nas atividades e interesses comuns. Disso decorre a necessidade de vigilância constante, de si mesmo e não propriamente quanto aos demais. Deve cada um vigiar todas as atividades físicas, emocionais e mentais, a fim de que não chegue a exprimir ação inconveniente.

Compreendendo que sua própria consciência é parte integrante do Todo, a qual, de algum modo misterioso, ele ajuda a sustentar, o membro dedicado e sincero pratica o discernimento e amiúde pergunta a si mesmo: “O que estou pensando, sentindo ou fazendo influencia favoravelmente o grupo? Aumentará ou diminuirá a Luz Espiritual do grupo?”. Então procura, sincero como é para si mesmo, atuar harmoniosamente, recusando tudo o que seja imoral, rancoroso, malicioso, interesseiro, crítica destrutiva, etc. e cultivando apenas, deliberadamente, as vibrações auxiliadoras da sã alegria, da simpatia e do altruísmo. Para o bem do grupo e não por motivos pessoais, trabalha para a pureza, para a estabilidade emocional e pelo controle do pensamento. Respeita e obedece aos propósitos do Grupo e recusa todas as faltas que, dentro de si, procurem prejudicar seu trabalho na equipe. Aprende que não é lutando que vence o egoísmo, senão pelo esquecimento de si mesmo, dedicação aos demais e prazerosa obediência à luz interna, conforme aquela frase de Cristo: “Aquele que perde sua vida por Minha causa, encontrá-la-á”.

5) Quando cada membro tenha aprendido a trabalhar em íntima cooperação mental e espiritual com seus companheiros; quando o desejo de crescimento pessoal e espiritual tenha sido transcendido e cada um tenha dado tudo o que pode ao grupo, então o quinto princípio começará a atuar. Esse princípio que brota da UNIDADE de cada um com todos, originará uma automática distribuição das conquistas do grupo, de forma que, qualquer unidade ou membro começará a sentir e expressar tudo o que o grupo tenha conquistado, embora individualmente não o tenha pretendido. Uma completa realização, por parte de um membro do poder do amor, por exemplo, eventualmente se tornará uma realização consciente de todo o grupo e, assim, em relação a tudo em evolução. É a lei que Cristo enunciou quando disse “Se eu ascender levarei comigo todos os seres humanos”.

Indubitavelmente existem outros princípios que operam nos grupos, a respeito das quais, atualmente, pouca noção temos. Contudo, a boa vontade de nossa parte, em adaptar nossa vida aos princípios aqui enunciados, nos possibilitará percorrer mais rapidamente e proveitosamente o longo caminho que nos conduz às novas e luminosas condições da Era de Aquário.

(por Elvin Joseph Noel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Sinceridade

Devo ser sincero, antes de tudo, com quem quer que seja, onde seja, em todo instante. Isso quer dizer “Viver a Vida”, como nos ensina Max Heindel. Do que me adianta pensar: — Sou isto, sou aquilo mais? Que me dá isso tudo, senão decepções, quedas e tantas outras formas de frustração? Todos insistimos em que os seres humanos pensem desta ou daquela forma da nossa pessoa. Temos horror de que nos julguem e saibam o que realmente somos. Desejamos dar à nossa aparência um toque todo “especial”. Temos mais consideração aos julgamentos dos seres humanos do que ao julgamento de Deus. Damos até maior valor aos seres humanos do que a Deus. Perante Ele não temos vergonha do que somos; mas, quando nos vemos à frente de outra criatura humana, nosso empenho para mascarar a verdade é tão grande que chegamos quase sempre a acreditar que somos inclusive santos!

Quanta pretensão e vaidade! Perante nossa consciência, somos ladrões. E para não sermos por ela julgados, fingimos que, com algumas devoçõezinhas originais, o débito já esteja saldado. Mas não é assim. Com o decorrer do tempo, nós nos encontraremos tão confusos, doentes e neuróticos que nem sequer saberemos o que realmente somos: se seres humanos santos, pecadores ou bestas. Seremos seres híbridos; nem isto, nem aquilo. Sinceridade significa ter continuidade. Ser à tarde o que fomos de manhã e à noite o que fomos à tarde. É não perder o “fio da meada do seu próprio ser”, se assim podemos nos fazer entender. É ser no lar o que somos no serviço e na rua, na frente dos estranhos; é nos reconhecermos como realmente somos. Sem disfarces, escapadelas, etc. O pior na falta de sinceridade é que não só enganamos a outras pessoas; mas acabamos enganando a nós mesmos.

Para que vergonha de sermos sempre nós mesmos? Pois não existe coisa mais bela do que ser genuíno. É certo que não há necessidade de andarmos gritando aos quatro ventos o que pensamos e somos. Mas, pelo menos, tenhamos o bom senso que caracteriza uma pessoa normal, de não forjarmos “tipos” para diferentes ocasiões, trocando de Personalidade como se troca de roupa. Julgamo-nos tão belos, atraentes, bons e originais; no entanto, nos esquecemos tão prontamente dessas qualidades, quando as coisas se “esquentam” para o nosso lado. Se nesse momento, nós nos olhássemos no espelho, correríamos da nossa “beleza” e no lugar da “bondade” no olhar, veríamos o próprio Satanás.

Contudo, ainda concordamos com muitos que dizem: — não somos Anjos; não somos perfeitos. Como podemos nos manter calmos ou equânimes, quando alguém nos desgasta toda a resistência física, nervosa e já não aguentamos mais? Certo; somos humanos e a carne é fraca. Porém, quando seremos tentados a nos encobrir com o “verniz” social? O ideal só existe nos lábios, para ostentação. E alguns dizem palavras de candura angelical, quando o sentimento está apartado e distante, talvez odiando, maldizendo — e quando pior ainda, encontra-se o ser humano tentando arrancar com essa ostentação e personalismo os elogios dos amigos e daqueles do seu círculo imediato. A frase que lhe soa melhor aos ouvidos é: como é bom, inteligente, modesto e delicado! Então, em outro lugar, em segurança — sem que ninguém o veja —, dá razão ao Ego, ao seu instinto. Não se interessa em saber, e, se sabe, não se importa, se ele enganou outras pessoas, mesmo não tendo enganado Deus. Estar com a sua reputação e nome limpos é o suficiente. Deus não fala aos outros quais são as suas qualidades. Outro ser humano, sim.

Sermos sinceros, coerentes, “Vivermos a Vida” sem disfarces, sem máscaras caricaturais é não deixarmos de reconhecer nossos “dons”; isto é, aquilo que temos de positivo, qualidades que aparecem por si mesmas; é, também, não deixarmos de ver as incongruências, falhas e “buracos” em nossa formação; não tentarmos tapá-los com barro, pois o remendo novo em roupa velha, nós sabemos, torna o “buraco” ainda maior. E o que ainda muitos não perceberam: é que o remendo novo destaca ainda mais a sujeira e a descoloração da roupa velha! É o que acontece com muitos. Tentam disfarçar suas más qualidades e acabam tornando-as ainda mais visíveis. Então concluímos que é necessário que nos “retiremos” a roupa velha que já não aceita remendos para adquirir uma nova. Não é necessário ser colorida, perfeita no corte ou cara. Basta ser “simples”, “inteira”, sem remendos.

Eis o importante. Mas como consegui-la? Basta apenas vivermos a vida, não tendo receio do que possam os seres humanos pensar ou falar de nós; não receando perder nossas “amizades”, já que a verdadeira amizade não se perde. Basta não alimentarmos o temor de não sermos amados pelos seres humanos nem querer a simpatia dos outros. Eles que nos aceitem como somos, cheios de deficiências, pobres, analfabetos, feios, mas, humildes e sinceros. Vivamos perante Deus e não temamos os seres humanos e seus julgamentos. Quando Ele nos aprova, então não interessa a aprovação do mundo. Somos ricos e felizes; seremos e teremos tudo, mesmo possuindo nada.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os meios pelos quais um Estudante Rosacruz pode investigar, por si, todos os fatos estudados na Fraternidade Rosacruz

Vamos ver quais são os meios pelos quais um Estudante Rosacruz pode investigar, por si, todos os fatos estudados na Fraternidade Rosacruz.

São pequenos passos, a se manter sempre para cima e para frente com persistência, persistência e persistência.

A ninguém é concedido “dons” especiais. Todos podem adquirir as verdades relacionadas com a peregrinação da alma, a evolução passada e o destino futuro do mundo, sem depender da veracidade de outrem.

Há um método para adquirir essa faculdade inestimável, capacitando o Estudante Rosacruz para perscrutar esses domínios suprafísicos, diretamente, por ele próprio, sem intermediários, sejam esses domínios outros seres humanos ou objetos inanimados.

Sabemos que um profissional (independentemente da profissão que exerça) nada poderia fazer sem os instrumentos ou ferramentas de seu ofício.

Além disso, todo bom profissional se caracteriza por ser muito cuidadoso com os instrumentos ou as ferramentas que usa, pois sabe que o trabalho depende tanto do conhecimento do ofício como dos instrumentos ou das ferramentas que emprega.

Nós, o Ego, temos vários instrumentos ou várias ferramentas, quais sejam: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente.

Da qualidade e do estado desses instrumentos depende o trabalho que possamos realizar na aquisição de experiência.

Se esses nossos instrumentos forem débeis e sem flexibilidade, haverá muito pouco crescimento espiritual e a vida será quase perdida, pelo menos no que diz respeito ao principal propósito dela, relativamente a nós, o Ego.

Para tal, inicialmente, devemos ter um conceito claro do que seja, realmente, o “êxito” da vida de cada um dos renascidos aqui.

Do único ponto de vista que vale a pena, o espiritual, nós estamos aqui para adquirir experiência por intermédio dos nossos instrumentos.

Essas ferramentas, que recebemos a cada nascimento aqui, são boas, ruins ou de pouco proveito, de acordo com o que, para a sua construção, aprendemos nas nossas experiências passadas.

Se desejarmos fazer algo vantajoso, temos de trabalhar com elas tais como são.

Daqui já se percebe que considerar o “êxito” de uma vida pela conta corrente do banco, pela posição social adquirida ou pela felicidade resultante de um bom ambiente ou de uma vida sem cuidados é sinal de alguém que ainda não entendeu a missão que realmente tem de cumprir aqui, como filho de Deus.

Afinal, o que só pertença a esta vida aqui é vaidade.

De valor real é tão só o que podemos levar para além do umbral da morte, como tesouro do espírito.

No entanto, quando uma fortuna financeira, uma facilidade em ganhar dinheiro ou a posse de recursos físicos e financeiros são utilizados como meios para pensar filantropicamente, para ajudar os seres humanos a se aperfeiçoarem, podem, tais bens e dom, nesses casos, constituírem-se em uma grande bênção para o seu possuidor.

Mas quando esses recursos são utilizados com propósitos egoístas e opressivos, não podem ser considerados senão como terrível desgraça.

Quando despertamos da letargia corrente e desejamos progredir, surge, naturalmente, a pergunta: Que devo fazer?

Já vimos acima que sem boas ferramentas ou instrumentos um bom profissional não consegue executar nenhum trabalho perfeito. Semelhantemente, os nossos instrumentos devem ser purificados e afinados.

Uma vez isso feito, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito.

À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e se tornam mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam.

E qual é o objetivo desse trabalho?

A união interna entre nossos dois “Eus”: o “Eu inferior” (a personalidade, que criamos a cada vida, com base nas anteriores) e o “Eu superior” (a individualidade, eterna, evoluída a partir da inconsciência até a presente consciência, rumo à onisciência).

Há três graus no trabalho da conquista do nosso “eu inferior”.

Sucedem-se uns aos outros, mas, em certo sentido, vão juntos.

No estado atual, o primeiro recebe maior atenção, menos o segundo e menos ainda o terceiro.

Quando o primeiro passo tenha sido dado completamente, prestaremos maior atenção, obviamente, aos outros dois.

O primeiro grau é dominar seu Corpo de Desejos, nos preparando para a união com o Espírito Santo. Exemplo? Pode ser visto no Dia de Pentecostes.

O segundo grau é a purificação e governo do Corpo Vital, nos preparando para a união com Cristo.

Exemplo: veja São Paulo, quando se refere a esses estados, dizendo-nos: “até que Cristo seja formado em vós”, em que exorta seus seguidores a se desembaraçarem de todos os empecilhos, como os atletas numa corrida.

A oração, como exemplo, é um meio de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o Corpo Vital.

Cristo nos deu uma oração que, tal como Ele mesmo, é a única e universal.

Há nela sete orações distintas e separadas, uma para cada um dos sete princípios do ser humano: o Tríplice Corpo, o Tríplice Espírito e o elo, a Mente.

Cada oração está particularmente adaptada para promover, no ser humano, o progresso da parte a que é dirigida. É a Oração do Senhor, o Pai-Nosso.

O terceiro grau ainda nos será fornecido e vagamente podemos compreender o que será.

Somente podemos dizer que seu ideal será superior à Fraternidade e que, por seu intermédio, o Corpo Denso será espiritualizado.

Ele nos preparará para a união com o Pai.

O Estudante Rosacruz para obter todo esse conhecimento superior trabalha conscientemente e emprega métodos bem definidos, de acordo com a sua constituição atual.

A fórmula obtém-se por meio do treinamento esotérico ou oculto. Não havendo dois Estudantes iguais, o trabalho eficaz, na esfera de ação de cada um, é sempre individual.

O importante é que o Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz é o mesmo para todos.

É ele que leva o Estudante da Fraternidade Rosacruz à Ordem Rosacruz por meio dos 4 graus dessa Escola e lá por mais 3 graus, completando o Caminho da Iniciação. Sigamos ele, independentemente das dificuldades que temos, pois ele é difícil, mas é feito para chegar. Muitos já chegaram, muitos outros estão trilhando e muitos são setas nesse caminho. Aproveitemos esse nosso renascimento nos últimos graus de uma Era, a de Peixes, já na órbita de influência da próxima Era, a de Aquário, momento em que temos o dobro de oportunidades, de possibilidades, de recursos e de auxílio para acelerar o nosso desenvolvimento espiritual e, assim, ter o mérito de servir “em outras paragens”, além dessas e nos tornar, de fato, “um colaborador consciente na obra benfeitora dos Irmãos Maiores a serviço da humanidade”.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como se alcança o desenvolvimento espiritual utilizando o método da Fraternidade Rosacruz

Existem várias atividades no caminho do desenvolvimento na Escola de Mistérios, alguma das quais são repetidas várias vezes, porém todas ajudam a levar o Aspirante mais perto da sua meta de união com o “Eu Superior”.

Serviço amoroso e desinteressado é essencial no desenvolvimento espiritual, tal como se ensina na Escola de Sabedoria Ocidental, pela razão de que os Éteres superiores, os Éteres Luminoso e Refletor, como chamamos, são automaticamente atraídos pelo amor e pelo poder que o indivíduo usa ao realizar ações dessa natureza. Os dois Éteres inferiores são atraídos pelo Átomo-semente do Corpo Vital quando o Ego está descendo através da Região Etérica do Mundo Físico no caminho para o renascimento, e esses são os Éteres que formam a matriz na qual se constrói o Corpo Denso; porém os dois Éteres superiores formam o que se conhece como o “Vestido Dourado de Núpcias”, o Corpo-Alma, que é o novo veículo no qual o Ego funcionará mais tarde, no lugar do Corpo Denso que agora usa. Não se pode iniciar nenhum trabalho de construção do “Vestido Dourado de Núpcias” até que o Ego tenha atraído a si mesmo uma quantidade suficiente dos Éteres superiores com os quais irá construir esse veículo.

A conservação da força sexual criadora é essencial para o Aspirante ao caminho. Essa é uma das forças que ele usa para a alimentação do seu Corpo-Alma que, por sua vez, permite que ele saia de seu Corpo Denso e, a menos que tenha conservado essa força, não terá poder para se projetar fora de seu veículo denso, com segurança.

Com o objetivo de fazer algum progresso no domínio da natureza de desejos, deve cultivar ideais superiores, lutar persistentemente para controlar o temperamento, e orar regular e fervorosamente. O estudo da matemática, da composição musical, do Esquema, Obra e Caminho da Evolução e todo pensamento abstrato, ajuda o Aspirante a aprender a usar a força sexual criadora nos níveis superiores.  O exercício físico prático, com o objetivo unicamente de manter a forma física, pode ser útil, também, para consumir as energias do corpo e se preparar para um esforço criador superior.   A extração da essência anímica (dos três Corpos) é um processo que marcha automaticamente quando se “vive a vida”. Entretanto existem atividades específicas que aceleram o processo.

O Tríplice Espírito contém dentro de si mesmo, potencialmente, todos os poderes de Deus Pai-Mãe. Esses poderes latentes são despertados na atividade dinâmica no curso da evolução, pelo princípio guiador da Epigênese, um poder do Espírito Divino do ser humano que inaugura tudo o que é novo e original. A Tríplice Alma é extraída mediante o trabalho do Tríplice Espírito dentro do Tríplice Corpo e serve de combustível e alimento que nutre o princípio espiritual correspondente a onipotência, a onisciência e a onipresença. A Tríplice Alma assim extraída da experiência no Tríplice Corpo existe em três modalidades chamadas: Alma Consciente, Alma Intelectual e Alma Emocional. A Alma Consciente é automaticamente e alquimicamente extraída do Corpo Denso por meio da reta ação em relação com os impactos externos, da experiência e da observação. Isso fornece ao indivíduo um melhor ambiente e oportunidades enriquecidas, começando na vida na qual se começa o trabalho oculto e culminando com a Iniciação em vidas futuras; também desenvolve os poderes do primeiro aspecto do Ego, que é o Espírito Divino. Esses poderes são o polo positivo do indivíduo: o intelecto e a vontade que pertencem ao Princípio Pai.

A segunda essência anímica se chama Alma Intelectual; essa é mais automaticamente e alquimicamente extraída do Corpo Vital por meio do discernimento para distinguir o importante, o essencial e o real, do não importante, do não essencial e do irreal e, por meio do exercício da memória, que é uma propriedade do Éter Refletor.

Isso fornece ao indivíduo a oportunidade de desenvolver um temperamento melhor nesta vida, assim como nas vidas sucessivas. O extrato da Alma Intelectual alimenta e nutre o seguinte aspecto do Espírito, o Espírito de Vida, que é o princípio do Cristo Interno. As qualidades desenvolvidas são: o Princípio Materno Receptivo, alimentador e protetor, e o Princípio como único poder atrativo e coesivo do Universo.

O terceiro extrato anímico se chama Alma Emocional, e é automaticamente e alquimicamente extraída do Corpo de Desejos, refreando os instintos animais, dedicando-se aos ideais superiores e aos sentimentos e emoções elevados, gerados por meio das ações justas e das experiências purificadoras.

Isso melhora a Mente, começando na presente vida e culminando em vidas futuras. Assim como a Alma Intelectual se relaciona com as seções superiores do quádruplo Corpo Etérico – o Corpo Vital -, assim a Alma Emocional se relaciona com as Regiões superiores do Corpo de Desejos que, por sua vez, se relacionam com a Vida Anímica, a Luz Anímica e o Poder Anímico.

Observe que o desenvolvimento da Alma, no caminho oculto, não se limita às atividades religiosas no comum e estreito sentido da palavra, senão que abarca todas as atividades construtivas do ser humano, tanto seculares, quanto sagradas. O cientista, o inventor, o artista, o músico, o artesão, o trabalhador manual, todos são iguais no caminho do desenvolvimento espiritual; todos são iguais ao extrair a essência química que nutre os Tríplices poderes espirituais do Ego.

Os Exercícios esotéricos noturno de Retrospecção e matutino de Concentração promovem o desenvolvimento espiritual da seguinte maneira: Os dois Éteres superiores formam a “Vestimenta Dourada de Bodas”, o veículo no qual o Ego se libera do Corpo. Porém esse veículo está sujeito, dentro dos dois Éteres inferiores, em sete pontos específicos, correspondentes as duas palmas das mãos, as duas plantas dos pés, ao baço, à cabeça e a um outro que será revelado quando o Estudante Rosacruz estiver pronto. O exercício noturno da Retrospecção, em que o Aspirante revisa os acontecimentos do dia em ordem inversa, se elogiando ou se censurando impessoalmente e em que seja necessário, tem como missão, não só melhorar nossos motivos e purificar o Corpo de Desejos, mas também separar os dois Éteres superiores dos dois inferiores (Químico e de Vida) em todos os pontos, menos nos sete pontos específicos antes mencionados. O exercício noturno de Retrospecção, de acordo com o cuidado com que seja executado, digere e prepara para sua assimilação o alimento anímico extraído do serviço amoroso e desinteressado feito durante o dia.

O exercício matutino, conhecido como Concentração, se faz com o propósito de obter controle sobre a Mente e seus poderes, colocando-a sob a direção do Ego em apenas um sentido. Esse exercício confere equilíbrio e ajuda o Ego a abandonar o Corpo sem perder a consciência, a princípio internamente como Auxiliar Invisível, e posteriormente como Iniciado que pode fazer isso à vontade. Durante os primeiros anos é importante que o Estudante Rosacruz estabeleça hábitos de pureza nos pensamentos, nas emoções, nos sentimentos, nos desejos, nas palavras, nos atos, nas obras e nas ações para que a força criadora seja usada nos níveis superiores da consciência.

Os exercícios esotéricos da Meditação e a Contemplação são particularmente importantes para o Estudante Rosacruz mais avançado, porém todos os Estudantes Rosacruzes estão de fato “meditando” quando estudam e pensam profundamente sobre a Filosofia Rosacruz; e estão “contemplando” quando, havendo-se formado uma imagem clara de um processo cósmico mediante o estudo e o pensamento, são capazes de manter essa imagem ante a Mente e começam a vê-la como uma realidade vivente. À medida que ganha vida, qualquer erro de pensamento e de raciocínio, gradualmente, se farão patentes por si mesmos.

Durante o período inteiro de Estudante Rosacruz e noviciado, o Aspirante se ajuda pela noite, quando funciona fora do corpo. As Escolas de ocultismo existem em abundância nos planos internos, e a nada se descuida.

No trabalho pré-Iniciático os dois Éteres superiores são separados dos dois Éteres inferiores por meio de exercícios esotéricos específicos. Antes que a separação aconteça nos pontos mencionados, o fogo-espírito espinhal deve se elevar desde a região do sacro, ao longo do canal espinhal até a cabeça, onde acelera as vibrações do polo positivo da Glândula Pineal, o Éter do terceiro ventrículo, o polo positivo do Corpo Pituitário, colocando em ação o centro latente que existe entre as duas sobrancelhas, do que resulta a Clarividência voluntária. Desde o último centro mencionado, a força espiritual se distribui a si mesma por todo o corpo, conforme seja dirigida, e completa a obra de liberar o Espírito de seu veículo denso.

O resultado obtido mediante a execução fiel dos exercícios esotéricos combinados, ensinados pela Escola de Sabedoria Ocidental, é o despertamento da energia dinâmica das potencialidades latentes do Ego, que estão sob o controle do Espírito todo o tempo; o desenvolvimento da Mente criadora, a consciência de si mesmo; a Epigênese; o desenvolvimento do Poder Anímico e de uma Vontade independente, tudo conduzindo à Iniciação, processo por meio do qual o Ego é conscientemente liberado do Corpo Denso e é para sempre capaz de sair e voltar a vontade, como um cidadão de dois mundos.

(Publicado na Revista Amistad da Fraternidad Rosacruz de Corrientes – Argentina em outubro/1978 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Elasticidade

Elasticidade

Retiravam a carga de mercadorias do caminhão. Na calçada puseram um grande e velho pneu que amortecia o impacto das caixas, tornando possível seu reaproveitamento, protegendo seu conteúdo e, também, para não danificar o passeio.

Preciso aprender essa lição.

Em meu relacionamento com todos, normalmente com meus familiares, amigos e colegas, é mister que me torne mais tolerante e flexível, como aquele velho pneu, de modo a lhes amenizar as eventuais rudezas de trato com a inofensividade de minhas reações, cedendo ou silenciando quando necessário.

Quero e posso evitar atritos, preservar meus justos direitos com lhaneza e equilíbrio, conservando minhas amizades, não comprometendo minhas relações e tampouco perdendo o que existe sempre de belo e positivo em cada um de meus semelhantes.

Ouço o conselho de Cristo: “Não oponho resistência” e nem me magoo com as investidas e desequilíbrios dos outros. Tenho convicção em meus princípios de consciência e sei perfeitamente que o único que me pode em realidade magoar e prejudicar, sou eu mesmo.

Por isso não serei flexível comigo mesmo, não tolerarei minhas dubiedades de caráter, conterei as pequenas solicitações de condescendência própria e estarei vigilante, a fim de que essa elasticidade não beneficie a mim, senão aos outros, o que, em última análise, reverte em meu próprio bem, de uma forma Cristã.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1968)

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