PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Pensamento sobre Pensamentos

No último verso do belo poema de Max Heindel, Credo ou Cristo[1], lemos sobre a compaixão e o amor como as chaves que destrancam os portões dos Céus e asseguram a vida eterna. O único requisito para o progresso espiritual é o Amor. Nós lemos:

“Só uma coisa o Mundo necessita conhecer:

apenas um bálsamo existe para curar toda a humana dor;

apenas um caminho há que conduz, acima, aos céus:

Este caminho é: a COMPAIXÃO e o AMOR.”

Não é suficiente saber sobre a consciência ininterrupta ou possuir uma compreensão completa das Leis de Deus; nem mesmo um entendimento abrangente sobre a nossa jornada após a morte constitui os requisitos para a entrada na existência celeste. O conhecimento é uma vantagem, uma pérola de grande valor, mas antes e por último o vínculo da compaixão humana deve despertar nos corações de todos nós a percepção de que “o Guardião do Nosso Irmão e da Nossa Irmã”[2] é um fato e um mandamento.

Sem a compaixão humana, como pode o vasto conhecimento encontrar um meio de expressão? Negado um meio de expressão, um meio para a conversão de riquezas acumuladas em conhecimento, como pode haver benefício? Não é ensinado que possuir talento, ou entendimento, gera a administração que deve ser contabilizada e somente em igual medida o prêmio é compatível com a ação? Aquele que recebeu cinco talentos na Parábola[3] teve sucesso no bom uso da habilidade, acumulou mais cinco e foi premiado com a administração em muitas coisas, “sendo fiel sobre algumas”. Aquele que recebeu dois talentos também teve êxito em dobrar a quantia, merecendo assim o justo elogio. O operário que recebeu um talento ficou com medo e o escondeu para mantê-lo seguro, mas até mesmo o cuidado tomado para reter o que recebeu foi condenado, pois a preguiça não merece aprovação e somente o crescimento e o desenvolvimento daquilo que é dado recebe o “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt 25:21).

Ter muito conhecimento gera grande responsabilidade e mesmo um pequeno conhecimento requer uso correto e justo. Usar nossos talentos para promover o bem-estar de nossos semelhantes, independentemente de interesses próprios, é o meio mais seguro de adquirir essa compaixão e amor, a chave para o desenvolvimento espiritual. O amor pelos ideais espirituais não é suficiente, pois assim como o mais elevado encontra reflexo no mais baixo, o amor divino cresce e brilha através do humano e do ato de bondade; é pelo ato de misericórdia e pela missão de administração útil que o amor de Deus é refletido. À medida que elevamos os outros, elevamos a nós mesmos; é através do amor e da compaixão humanos que crescemos em direção à manifestação mais elevada.

A compaixão e o amor humanos são promovidos por meio de apenas um canal: o do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focado na Divina Essência oculta em cada um de nós, para com o nosso irmão e a nossa irmã que estão ao nosso redor. O serviço é divulgado abertamente, é bradado para todos os lados e o próprio ar parece vibrante com a sua entoação. Por quê? Porque por meio do serviço é adquirido o amor de fazer aos outros pelo simples fazer e não porque, por trás de cada ato, esteja o pensamento “Eu cresço espiritualmente fazendo isso”. Mas todo crescimento espiritual é esquecido e todos os exercícios e métodos são secundários, uma vez que se começou realmente a servir como se deve. Ao realizar ações gentis para os outros, esquecemos tudo, exceto a necessidade daquele que estamos ajudando; é nisso que está o segredo do crescimento da alma.

Obter os melhores resultados do nosso trabalho para que o bem-estar do outro possa ser promovido e porque nos sentimos motivados a dar o nosso melhor, em espírito de amor para desempenhar os deveres que atendem à nossa vocação, é o tipo de serviço que devemos prestar! Nós nos esquecemos de nós mesmos e tornamos atentos ao bem-estar do outro; nesse esquecimento está um grande progresso. É exigido de todos que se doem em todos os momentos e a melhor maneira de fazer isso é esquecer os interesses próprios, usando nossos talentos para o bem-estar daqueles com quem entramos em contato. Ao esquecer de si mesmo, começamos a nos aproximar de nossos semelhantes e a sentir mais os seus esforços; surge assim uma resposta a suas lutas e encontramos oportunidades para aliviar sua vida; assim, é estabelecido o vínculo da compaixão humana. A compaixão é semelhante ao amor; na verdade, ela é a mais alta expressão do amor, está no amor: é amor.

É o esquecimento de si no cuidado do bebê em seus braços que desperta emoções internas de tal forma que cada mágoa, cada choro ou necessidade da criança é sentida pela mãe. Seu interesse é centrado no bem-estar da criança, independentemente de interesses próprios; tal é a sua compaixão e o seu amor que todas as crianças trazem um sorriso gentil em seu rosto, uma demonstração de amor e cuidado.

Servir significa fazer o que está mais próximo da melhor maneira possível, com espírito altruísta. É verdade que não podemos ser, todos nós, professores, médicos, enfermeiros, profissionais de saúde ou ter uma profissão que dê oportunidade constante de ajudar os outros; mas, sejamos balconistas em uma loja ou engenheiros em qualquer indústria ou empresa ou até profissionais liberais, somos servos na medida em que nossos irmãos ou irmãs que estão ao nosso lado dependem de nós. É o espírito com que servimos que determina nosso crescimento. Se o (ou a) balconista atua de maneira cortês e faz todos os esforços para atender às necessidades do seu cliente, não por causa da recompensa material, mas porque o cliente depende do seu julgamento e justiça para receber o melhor que pode ser obtido, então esse (ou essa) balconista serve a Deus e ao seu irmão ou sua irmã ao redor. Por menor que seja o ato, a obra ou ação, ele é muito agradável aos olhos de Deus, caso o Ego que inicia a ação seja altruísta.

Para o Aspirante à vida superior, que busca desenvolver suas potencialidades latentes, a necessidade de servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível), focado na Divina Essência oculta em cada um de nós, para com o irmão e a irmã que estão ao redor dele é intensamente sentida e ele se esforça fielmente para se esquecer de si mesmo e ser o servo de todos. Há uma força que pode ser usada por todos para servir aos outros[4] e nela está o desdobramento de todos os poderes latentes; além disso, é pelo uso dessa força que nossos semelhantes são beneficiados. Refiro-me à força do pensamento!

Aprendemos estudando o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz que os pensamentos-forma estão dentro e sendo continuamente projetados sobre o Corpo de Desejos em um esforço para despertar um dos dois Sentimentos, Interesse ou Indiferença, que levarão à ação ou não e que a razão deva governar a natureza inferior (ou “eu inferior) e deixar o escopo do “Eu superior” para a expressão de suas propensões divinas. Também sabemos que o pensamento habitual tem o poder de moldar a matéria física, pois a natureza do sensualista é claramente discernível em suas feições, que são grosseiras e toscas, assim como as feições do espiritualista são delicadas e finas.

O poder do pensamento é ainda maior em sua potência de moldar os Corpos mais sutis. Pensamentos de medo e preocupação congelam o Corpo de Desejos de quem se entrega a eles e é igualmente certo que, cultivando um estado de espírito feliz e otimista em todas as circunstâncias, podemos sintonizar nossos Corpos de Desejos com qualquer tom que desejarmos; depois de um tempo, isso se tornará um hábito, embora devamos confessar que seja muito mais difícil manter o Corpo de Desejos em linhas definidas, mas isso pode ser realizado e a tentativa deve ser feita por todos que querem avanço espiritual.

Pelo exposto será percebido que os pensamentos têm poder e conhecendo isso nos tornamos administradores dessa força à medida que as usamos para o bem ou para o mal, para nós mesmos ou para os outros, merecemos uma recompensa correspondente. À medida que semeamos, colhemos e o pensamento-forma enviado retorna à sua fonte, trazendo o registro da jornada, seu sucesso ou fracasso, e é impresso nos átomos negativos do Éter Refletor do Corpo Vital do seu criador, onde molda aquela parte do registro da vida e ação do pensador que, às vezes, chamamos de Mente Subconsciente. Também notamos que o poder do pensamento está na repetição; pensamentos habituais têm poder suficiente para modificar até mesmo a matéria física.

Possuímos uma força que precisa apenas de controle e intensidade suficientes para se tornar dinâmica; isso torna evidente que sejamos obrigados a lidar com o modo como a usamos. Ou o desenvolvimento da força do pensamento está adormecido ou crescente, tornando-se bom ou mau de acordo com nossa vontade. Desdobrar as potencialidades dinâmicas requer esforço constante e, assim como a força do pensamento, que é uma potencialidade, o esforço constante, intensidade e propósito são necessários para reunir forças dispersas de pensamento e moldar uma forma vibrante e potente com energia dinâmica que seja capaz de cumprir a vontade do seu criador.

Ao enviar pensamentos de esperança e alegria aos outros não somente os cercamos com sugestões de boa vontade como, por meio da repetição, somos capazes de estabelecer um vínculo pelo qual nossos pensamentos são recebidos e postos em prática. O Poder de Cura por meio do pensamento fornece uma vasta oportunidade de serviço por meio do envio de pensamentos-formas vibrantes que tenham o Poder Divino de Cura. A força do pensamento deve ser concentrada e controlada. É preciso haver intensidade e grande poder fundamentando o pensamento-forma que é projetado.

Pensamentos amorosos, constantemente saindo de nós em missões de serviço a Deus no tempo certo, se tornarão dinâmicos e estarão sob nosso comando para serem usados em prol dos outros. O retorno dessas formas aumentará tanto o brilho das nossas auras que o Estudante Rosacruz ativo atrai a atenção dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz; com esse poder seremos canais para o grande trabalho deles e, ao usar nossas forças de pensamento para elevar os outros, ajudamos a nós mesmos, pois através do amor e da compaixão irradiamos a luz de Deus e nossa própria presença se torna um testemunho vivo do Nosso Pai.

“Não desperdicemos nosso tempo ardentemente desejando

Feitos brilhantes, mas impossíveis.

Não fiquemos indolentemente esperando

O nascimento de asas angelicais visíveis.

Não desprezemos as pequenas luzes brilhando,

Pois nem todos podem ser uma estrela reluzente;

Mas, vamos realizar nossa missão, iluminando

O lugar onde estamos presentemente.

As velas pequenas são tão indispensáveis

Como o é no céu o Sol fulgente.

E as ações mais nobres são realizáveis

Quando as fazemos dignamente.

Talvez agora não consigamos, caminhando,

Alumiar a escuridão das distantes regiões, claramente.

Mas, vamos realizar nossa missão, iluminando

O lugar onde estamos presentemente.”[5]

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[2] N.T.: É uma expressão que enfatiza a responsabilidade compartilhada e a interconexão dentro de uma comunidade ou sociedade. Sugere que temos a obrigação moral de cuidar, proteger e apoiar uns aos outros. Na Bíblia vemos essa pergunta: “Acaso sou guardião de meu irmão?” (Gn 4:9).

[3] N.T.: A Parábola do Talentos descrita na Bíblia: 14Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, 16o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. 17Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. 18Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. 19Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. 20Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. 21Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’” 22Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. 23Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ 24Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. 25Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. 26A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? 27Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. 28Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, 29porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. 30Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’ (Mt 25:14-30)

[4] N.T.: Mc 9:35

[5] N.T.: do poema: “Shining Just Where We Are” – de Autor Desconhecido

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Pergunta: Por que foi necessário que o Cristo entrasse no Corpo Denso e Vital de Jesus e fosse tentado para sentir compaixão por nós? Um grande Ser como Ele não poderia sentir compaixão sem passar por isso?

Resposta: Evidentemente que não. Para que a tentação se torne tentação é preciso que a pessoa tentada veja algo desejável naquilo que a tenta. Faltando essa condição, não pode haver tentação. A carne animal não é motivo de tentação para esse autor, pois até o pensamento de comê-la lhe causa náuseas. Portanto, não há virtude em se abster dela. Ele não precisa dominar ou superar o desejo pela carne animal, mas teria que o seu desgosto ou repugnância para comê-la. O grande Espírito Solar, o Cristo, por Sua própria natureza, não poderia ter sentido nenhuma tentação de transformar pedras em pães para aplacar a fome. Ele não teria sentido como um sacrifício o recusar lealdade a um poder que o colocaria como soberano sobre a nossa pequena Terra; contudo, assim como nós, quando olhamos através de um vidro colorido vemos tudo matizado por essas cores, assim também, quando a consciência do Cristo estava focalizada no Corpo de Jesus, Ele percebia as coisas desse Mundo através dos olhos de Jesus, um ser humano. Do ponto de vista de um ser humano, o pão parecia algo extremamente desejável, quando se sentia fome. Portanto, isso constituía uma tentação.

O poder também parece desejável para a maioria da Humanidade. Consequentemente, o conhecimento de que pelo poder dentro de Si mesmo, Ele poderia satisfazer esse desejo constituiria uma tentação. Somente pela perspectiva humana de Jesus, o Getsemani poderia ter parecido tão terrível a ponto d’Ele querer evitar a provação que o aguardava. Podemos jugar, com base non princípio de que “cada um é que sabe onde os calos lhe apertam”, que o Espírito de Cristo aprendeu, por meio das limitações corporais de Jesus, a ter compaixão por nossas fraquezas e fragilidades de um modo que não poderia ser igualada pela simples observação externa. Tendo uma vez usado um Corpo e sentido a fraqueza ou fragilidade da carne, Ele sabe melhor do que ninguém como nos ajudar e, portanto, é o Mediador Supremo entre Deus e o ser humano.

(Pergunta número 91 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Estudos Bíblicos Rosacruzes: “Olho por olho…dente por dente”? “Amai a vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”

O Estudo Bíblico Rosacruz é fundamental para o Estudante Rosacruz a fim de ajudá-lo a equilibrar cabeça-coração, intelecto-coração, razão-devoção, ocultista-místico Cristão.

Sabemos que os eventos na vida de Cristo representam etapas sucessivas no Caminho da Iniciação para os Cristãos (Místicos e Ocultistas) que estão trilhando esse caminho, que na Fraternidade Rosacruz é o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.

Nesse Estudo vamos detalhar a significância esotérica desses ensinamentos que o próprio Cristo nos mandou praticar, se formos Cristãos de fato.

Para saber mais sobre esses assuntos é só clicar aqui: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Estudos Bíblicos Rosacruzes: Significância Esotérica de alguns pontos – Evangelho Segundo S. Mateus: Capítulo 5 – Versículos de 38 a 48

Para os outros Capítulos, clique aqui

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Relação entre as Hierarquias Criadoras ou Zodiacais, as Notas Musicais e o Corpo Denso

“Com Deus tudo é melodia, harmonia e ritmo; porque os pensamentos de Deus são melodias; os sentimentos de Deus são harmonias; e os movimentos de Deus são ritmos.”

Artur Taylor

O Sistema Solar inteiro é um vasto instrumento musical, denominado na mitologia grega como a lira de sete cordas de Apolo. Os Signos do Zodíaco podem ser considerados como a caixa de ressonância da harpa cósmica e os sete Planetas, as suas cordas… se a harmonia falhasse por um simples momento, se houvesse a menor dissonância na orquestra celestial, o universo inteiro se desfaria.

Max Heindel

Vamos ver alguns exemplos de músicas com as tonalidades de cada Signo:

ÁRIES – Ré Bemol Maior

  • Hino Rosacruz de Encerramento
  • Claude Debussy
    • Clair de Lune
  • Brahms
    • Concerto para Violino – op. 77
  • Frederic Chopin:
    • Noturno op. 27 n. 9-2
    • Prelúdio em Re Bemol Maior – op. 28/15 – “Gota d’água”
    • Estudo – op. 25
    • Mazurca -op. 30-n. 3
    • Estudo – berceuse op. 57
    • Valsa op. 64
    • Prelúdio n. 15 – op. 28
    • Prelúdio n. 8 – op. 25
    • Noturno n. 2- op. 27
    • Valsa n. 6 – op. 64
    • Valsa n. 13 – op. 70

    TOURO – Mi Bemol Maior

    • J.S. Bach:
      • Suíte francesa n. 4 – BWV – 815
      • Prelúdio e Fuga – BWV 998
      • Tocata e Fuga – BWV 552 (de Sant’Anna)
      • Prelúdio n. 7 (cravo bem temperado)
      • Fuga tonal a 3 vozes n. 7 (cravo bem temperado)
      • Prelúdio n.8- (cravo bem temperado)
      • Fuga tonal a 3 vozes -n. 8 (cravo bem temp.)
      • Beethoven:
      • Sonata para piano – op – 7
      • Sonata para piano n. 1 – op. 27
      • Sonata para piano n. 3 – op. 31
      • Sonata escocesa – les adieux – op. 81
      • Quarteto n. 10 – op. 74 “as harpas”
      • Sinfonia n.3 – op. 55 (heroica)
      • Trios – op. 70
      • Concerto para piano n.5- op. 73
    • Chopin:
      • Prelúdio n. 14 – op. 28
      • Prelúdio n. 19 – op. 28
      • Noturno h. 2- op. 9
      • Noturno n.2 – op. 55
      • Valsa brilhante – op. 18
      • Polonaise – op. 22
      • Polonaise op. 26
    • Liszt:
      • Concerto n. 1 para piano e orquestra
    • Mendelssohn:
      • Rondó brilhante op. 29 – para piano e órgão
    • Mozart:
      • Sinfonia n. 1 – kv 16
      • Sinfonia n. 19 – kv 132
      • Sinfonia n. 26 – kv 184
      • Sinfonia concertante – k 364
      • Sinfonia concertante – k 297 B
      • Concerto n. 10 – k 365
      • Concerto para trompa k 447
      • Concerto para trompa – K 417
    • Haydn:
      • Concerto p/trompete e orquestra
    • Schumann:
      • Sinfonia n. 3 – op. 97
      • Quinteto – op. 44 para piano e cordas
    • Vivaldi:
      • La tempestá di mare

    GÊMEOS – Fá Sustenido Maior

    • J S Bach:
      • Prelúdio n. 13 (o cravo bem temperado)
      • Fuga n. 13 – a 3 vozes (o cravo bem temperado)
    • Beethoven:
      • Sonata para piano – op. 78 –
    • Chopin:
      • Noturnos op. 15 – Nº 6-2
      • Noturno Nº 2 – op. 26
      • Barcarole – op. 60
      • impromptu – op. 36

    CÂNCER – Sol Sustenido Maior (musicalmente: Lá Bemol Maior)

    • J S Bach:
      • Prelude and fugue in A flat major BWV 862
    • Edward Elgar:
      • Symphony No 1   Vernon Handley
    • Schubert:
      • Impromptus, Op 90 No 4 in A flat Major (Allegretto)
    • Brahms:
      • Waltz No 15 in A flat Major
    • Rachmaninoff:
      • Polka de W R
    • Chopin:
      • Waltz № 5 in A flat major, Op 42
      • ‘Heroic’ Polonaise op 53 A flat major Valentina Lisitsa
      • Chopin Ballade No 3 in A flat major, Op 47

    LEÃO – Lá Sustenido Maior (musicalmente: Si Bemol Maior)

    • J S Bach:
      • Partita No.1 in B – flat major, BWV 825
    • Beethoven:
      • Sinfonia no. 4 in B flat, 2nd mvt Adagio
      • Rondo for Piano and Orchestra B-dur (c.1795) WoO 6
    • Aaron Copland & ELP:
      • Fanfare for The Common Man
    • Brahms:
      • Variations and Fugue on a Theme by Handel in B flat major, Op. 24 (Synthesia)
    • Haendel:
      • Concerto p/ Oboé N. 1 IN B FLAT MAJOR HWV 301
    • Mozart:
      • Divertimento in B-flat major, K. 287, Lodron
    • Chopin:
      • Mazurka op. 7 No. 1 Yulianna Avdeeva

    VIRGEM – Dó Maior

    • J S Bach:
      • Tocata, adágio e Fuga BWV – 564
      • Concerto P/ 2 Cravos – BWV – 1061
      • Concerto P/ 2 Cravos – 1064
      • Prelúdio n. 1 – Fuga real a 4 vozes – n.1
      • Fuga tonal a 3 vozes – n. 1 (cravo bem temperado)
    • Beethoven:
      • Sonata op. 53
      • Sinfonia N. 1 – op. 21
      • Concerto p/ piano n.1 – op. 15
      • Concerto p/ piano n.3 – op. 37
      • Concerto p/ piano, violino e violoncelo – op. 56 – Jenaer
      • Sinfonia em dó maior
      • Fantasia coral p/ piano coro e orquestra – op. 80
      • Sonata p/ piano n. 3 – op. 2
      • Sonata p/ piano “aurora” – op. 53
      • Ouvertures Leonora n.1 – op. 138
      • Ouvertures Leonora n. 3
    • Chopin:
      • Bolero – op. 19
      • Mazurca – op. 7
      • Mazurca – op. 24
      • Mazurca n.5 – op. 30
      • Mazurca – n.2 – op. 24
      • Polonaise – op. 3
      • Prelúdio n. 1 – op. 28
      • Estudo n.1 – op.10
      • Prelúdio n.7 – op. 10
    • Amadeus Mozart:
      • Concerto n. 8 – KV 246 –
      • Concerto p/ Oboé – K 314
      • Concerto para piano e orquestra n. 21 – K. 467
      • Conserto n. 25 – k 503
      • Conserto p/ flauta e harpa – k 220
      • Sinfonia n. 22 – k 162
      • Sinfonia n. 34 k 338
      • Sinfonia n. 36 kv 425 (“Linz”)
      • Sinfonia N.º 28 – K 200
      • Missa Breve – K 220
      • Missa K 317 – (Coroação);
    • Schubert:
      • Marcha característica – op. post. 121, n. 1
    • Franz Gruber:
      • Noite Feliz! (canção de Natal)
    • Sibelius:
      • Sinfonia n. 2 – op. 43
      • Sinfonia n. 3 – op. 52
      • Sinfonia n. 7 – op. 105
    • Rachmaninof:
      • Rapsódia Sobre Um Tema De Paganini – 18º variação
    • Vivaldi:
      • Sonata n. 3 – op. 1
      • Sonata n. 5 op. 1 (obra de câmera)
      • Sonata n. 6 – op.2
      • Sonata n. 11 -op. 2 (obra de câmera)
      • Glória (obra religiosa)
      • Il piacere (livro 1)

    LIBRA – Ré Maior

    • Hino Rosacruz de Abertura
    • J S Bach:
      • Suítes n. 3 en. 4
      • Concerto de Brandemburgo – n. 5 BWV – 1050
      • Concerto p/ cravo – BWV – 1054
      • Prelúdio n. 5 (o cravo bem temperado)
      • Fuga real a 4 vozes n. 5 (o cravo bem temperado)
      • Prelúdio n. 5 (o cravo bem temperado)
    • Beethoven:
      • Concerto para violino e orquestra – op. 61
      • Missa solene – op. 123
      • Sonata p/ piano n. 3 – op. 10
      • Sonata p/ piano – op. 28 “pastoral”
      • Sonata n.1- op. 12
      • Sinfonia n. 2 – op. 36
      • Concerto p/ violino – op. 61
      • Trio op. 70
    • Brahms:
      • Sinfonia n. 2 – op. 73
      • Concerto p/ violino e orquestra – op. 77 (réquiem Alemão)
      • Concerto p/ violino – op. 77
    • Chopin:
      • Mazurca op. 33
      • Preludio n.5
    • Mendelssohn:
      • Variações concertantes p/ violoncelo e piano – op. 17
      • Canção sem palavras – p/ violoncelo e piano – op. 109
      • Sonata p/ violoncelo e piano – n. 2 – op. 58.
    • Handel:
      • Te deum “Caroline”
      • Laudate pueri (religiosa)
    • Haydn:
      • Concerto para violoncelo e orquestra, op. 101
    • Jules Massenet
    • Amadeus Mozart:
      • Concerto Para Flauta N. º2 – kv 314
      • Sinfonia n. 20 – k 135
      • Sinfonia n. 23 – k 181
      • Concerto n. 26- k 537
      • Concerto – Rondó – K 382
      • Concerto P/ Violino – K 218
      • Concerto para violino e orquestra N.º 5 – k 219 – “Turco”
      • Divertimento – 136; 
      • Marcha N.º 1 – K.335
      • Sinfonia N.º 35 (“Haffner”) K 385
    • Schubert:
      • Sinfonia N.º 1 – N.3
      • Marcha Militar – OP. 5L -N. º 1

    ESCORPIÃO – Mi Maior

    • J S Bach:
    • Concerto p/ cravo e orquestra – BWV 1053
    • Suite Francesa – n. 6 – BWV – 817 – suite – BWV – 1006 a
    • Tocata n. 3 – BWV 566 – Prelúdio n. 9 (cravo bem temperado)
    • Fuga real a 3 vozes – n. 9 (cravo bem temperado)
    • Beethoven:
      • Sonata p/ piano n. 1 – op. 14
      • Sonata p/ piano – op. 109
    • Chopin:
      • Estudo N.º 3 – Op. 10/3 – Op. 54
      • Mazurca – OP. 6
      • Mazurca N.3
      • Valsa Op. 64, N.º 2
      • Scherzo – op. 54
    • Schubert:
    • Grande Marcha – Op. 40
    • Sinfonia N. 7
    • Vivaldi:
    • “As 4 Estações” (A Primavera)
    • Mendelssohn:
    • Abertura do Sonho de uma Noite de Verão – op. 21 (1826)
    • Sonata – op. 6

    SAGITÁRIO – Fá Maior

    • J S Bach:
      • Concerto De Brandemburgo – N.º 1 – BWV – 1046
      • Concerto de Brandemburgo – N.º 2 – BWV – 1047
      • Concerto p/ cravo – BWV 1057
      • Suíte inglesa – N. 4- BWV 809
      • Sonata p/ violino e címbalo n.3 – BWV 1016
      • Prelúdio n. 11 (cravo bem temperado)
      • Fuga tonal a 3 vozes n. 11(cravo bem temperado)
      • Sinfonia da cantata 156 (adágio)
      • Missa em Fá maior – BWV 233
    • Amadeus Mozart:
      • peça p/ cravo – k 33 b
      • Sinfonia n. 18 – k 130
      • Concerto n. 7 – kv 242
      • Concerto N.11 – K 415
    • Beethoven:
      • Romanza para violino e orquestra – Nº2-OP.50
    • Brahms:
      • Sinfonia Nº3 -Op.90
    • Frederic Chopin:
      • Noturno N.º 5-1 – Op. 15
      • Rondó a lá mazur – op. 5
      • Cracoviana – Grande Rondó de Concerto, p/ Piano e orquestra – op.14
      • Estudo – op. 25
      • Valsa brilhante -op.34
      • ballada-op.38
      • Prelúdio n. 23 – op.28
      • Prelúdio n. 8 – op. 10
      • Estudo n.3 – op. 25
      • Noturno n.1 -op. 15
      • Valsa n.4- op. 34
    • Schumann:
      • Traumeret
    • Vivaldi
      • as 4 estações – “o outono”
      • Sonata n.5 -op. 1
      • Sonata n.4 – op. 2
    • Haendel:
      • Laudate Pueri (Obra Religiosa)

    CAPRICÓRNIO – Sol Maior

    • J S Bach:
      • Jesus, Alegria Dos Homens – Tema Do Coral Da Cantata 147
      • Concerto de Brandenburgo N.º 3 – BWV – 1048
      • Minueto N.º 2 missa em sol maior – BWV – 236
      • Sonata p/ violino e címbalo – n.6 – BWV 1019
      • Sonata p/ viola da gamba e címbalo – n. 1 BWV 1027
      • Prelúdio n. 15 (cravo bem temperado)
      • Fuga tonal a 3 vozes – n.15.
    • Beethoven:
      • Romanza para violino e orquestra – n.º 1
      • Concerto p/ piano n. 4 -op.56
      • Sonata p/ piano n. 2- op. 14
      • Sonata p/ piano n. 1 -op. 31
      • Sonata p/ piano n. 2 – op. 49
      • Sonata p/ piano – op. 79
      • Sonata p/ violino e piano n. 5 – op. 24 (primavera)
      • Sonata n.10 – op. 96
      • romance n.1 – op. 40
    • Mozart:
      • Pequena Serenata Noturna – K 525 – N.º 13
      • Sinfonia N. 17 – K 129
      • Sinfonia N.27 – K 199
      • Sinfonia N.32 – KV 318
      • Sinfonia N.37 – K 44
      • Concerto p/ flauta – k 313
      • Concerto n.17-k 453
    • Dvorak:
      • Sinfonia n.8 – op. 88
    • Chopin:
      • Noturno – op. 37
      • Noturno n. 2 – op. 32
      • Mazurca – op. 50
      • Prelúdio n.3 – op. 28
    • Vivaldi
      • Sonata N.8 – Op.2 (Obra De Câmara)

    AQUÁRIO – Lá Maior

    • J S Bach
      • Missa Em Lá Maior – BWV – 234
      • Concerto P/ Violino E Flauta – BWV 1044
      • Concerto p/ oboé e orquestra de cordas – BWV 1055
      • Concerto p/ violino e cordas, n.1 – BWV 1041
      • Concerto p/ violino e cordas n.2 – BWV 1042
      • Suítes Inglesas – N.1 – BWV 806
      • Sonata p/ violino e címbalo – n.2 – BWV 1015
      • Prelúdio n.19 (cravo bem temperado)
      • Fuga tonal a 3 vozes n. 19 cravo bem temperado)
    • Chopin:
      • Polonaise – Nº 3 – OP. 40/1 “militar”
      • Alegro de Concerto – op. 46;
      • Polonaise – OP. 53
      • Prelúdio N. 7 – OP. 28
    • Cesar Franck:
      • Sonata em lá maior – para violino e piano
    • Luigi Boccherini:
      • Minueto
    • Mozart:
      • Sonata Para Piano – K 331
      • Sinfonia N.º 29 – K 201
      • Concerto Para Piano e Orquestra Nº 23 – K 488
    • Beethoven:
      • Sinfonia n.7 – op. 92
      • Sinfonia n. 8 – op. 93
      • Sonata p/ piano – op. 101
      • Sonata p/ piano n.2-0p.2; Sonata op. 47 p/ piano e violino (Sonata kreutzer);
    • Schubert:
      • quinteto p/ piano e cordas – op. 14 (“a truta”)
    • Mendelssohn:
      • Sinfonia n. 4 (italiana) op. 90 (1833)
    • Handel:
      • te deum
    • Vivaldi:
      • Sonata n.9 op. 1 (obra de câmara)
      • Sonata n.2 op. 2 (obra de câmara)

    PEIXES – Si maior

    • J S Bach:
      • Fuga tonal a 4 vozes (cravo bem temperado)
      • Fuga real a 4 vozes – n. 23;
      • Prelúdio n. 23 (cravo bem temperado)
      • Sinfonia n.4 – op. 60
    • Chopin:
      • Noturno op. 32 – Nº11-1
      • Noturno op. 62
      • Noturno n. 4-3 – op. 9
      • Noturno n. 1 – op. 32
      • Noturno N. 1 – op. 62

    Que as rosas floresçam em vossa cruz

    PorFraternidade Rosacruz de Campinas

    Pergunta: Em Tannhäuser[1], você afirma que a doença acompanha o crescimento anímico. Também na Conferência N.º 11, Visão e Compreensão Espirituais, do Livro Cristianismo Rosacruz – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz[2], você afirma que a doença é uma manifestação da ignorância e que, na proporção em que o Cristo se forma dentro de nós, alcançamos a saúde. Para mim, essas duas passagens não parecem conciliar-se. Onde está a conciliação?

    Resposta: No entanto, elas são bastante conciliáveis. Até que a vida Crística nos ilumine interiormente, não compreendemos nem seguimos as Leis da Natureza e, consequentemente, contraímos doenças por nossa violação ignorante dessas Leis. Como diz Emerson[3]: “Um homem doente é um delinquente preso em flagrante infringindo as Leis da Natureza”. É por isso que é necessário que o Evangelho de Cristo seja pregado. Todos nós devemos aprender a amar a Deus de todo o nosso coração e de toda a nossa alma[4], assim como amar o nosso irmão como a nós mesmos[5], pois todos os nossos problemas nesse mundo, quer reconheçamos ou não, advêm do único e grande fato que é o nosso egoísmo. Se a nossa função digestiva está desequilibrada, qual é a razão? Não será que sobrecarregamos o nosso organismo porque ficamos irritados e esgotamos a nossa força nervosa ao tentar sujeitar alguém aos nossos fins egoístas, e ficamos ressentidos porque não termos conseguido? Em todos os casos, o egoísmo é a causa principal das doenças, enfermidades, dos sofrimentos profundos e dores. O egoísmo é o pecado supremo da ignorância.

    (Pergunta número 49 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


    [1] N.T.: É uma ópera em três atos com a música de Richard Wagner, e com o libreto do próprio compositor, que nos fala da redenção pelo amor. Tal como em Der fliegende Holländer, o sacrifício feminino expia os pecados masculinos. O Dilema ainda atual, entre o amor profano, carnal e o amor casto associado ao matrimônio, é uma questão central. A ação decorre ao pé de Wartburg, terra de grandes cavaleiros trovadores, onde se realizavam pacíficos concursos de canto, no século XIII.

    Reza a lenda que ao pé de Wartburg existia o monte de Vénus onde a bela deusa atraía e mantinha cativos no puro deleite, os cavaleiros trovadores. Tannhäuser caiu na quentes garras de Vénus. A ópera começa num grande bacanal. Tannhäuser saciado, quer voltar a casa, respirar ar puro, ouvir os sinos da igreja. Canta à deusa para o deixar partir. Vénus insiste para ele permanecer com ela, usando todos os seus encantos, mas Tannhäuser evoca a virgem Maria e por artes mágicas todo o monte de Vénus se desvanece e Tannhäuser, encontra-se aos pés de uma cruz, no vale de Wartburg. Ouve-se o canto de um jovem pastor. Perigrinos passam a caminho de Roma. Sonha juntar-se a eles. Nisto, surgem da caça vários cavaleiros trovadores os seus amigos de longa data que o reconhecem e o convencem a voltar a Wartburg. Wolfram explica-lhe que a bela Elisabeth, a sobrinha do Conde de Thüringen, que Tannhäuser amara outrora, desde a sua partida, ficou tomada de uma grande tristeza.

    Elisabeth está radiante com o regresso de Tannhäuser e saúda a sala que acolheu os seus sucessos passados na famosa ária “Dich teure Halle”. Ele entra acompanhado de Wolfram. Elisabeth pergunta-lhe onde esteve. Tannhäuser confessa-lhe que voltou graças à sua imagem. Exprimem o seu amor num dueto.

    O dia do torneio chegou, o conde de Thünringen e Elisabeth recebem os convidados. O conde anuncia que o tema do torneio é o despertar do amor e convencido da futura vitória de Tannhäuser, oferece a mão de Elisabeth ao vencedor. Tiram à sorte e calha a Wolfram iniciar, louvando a pureza do amor. Tannhäuser responde louvando o amor dos sentidos. todos os restantes concorrentes vêm reforçar o louvor ao amor puro, Tannhäuser responde-lhes provocador, que se querem conhecer o verdadeiro amor, têm de conhecer o amor carnal e irem ao monte de Vénus experimentar. Horrorizados por esta blasfémia tentam castigar Tannhäuser, mas Elisabeth protege-o. Tannhäuser parte com os perigrinos para Roma, na tentiva de obter o perdão do Papa. Elisabeth espera por ele. Nos últimos peregrinos vindos de Roma, não o encontra. Wolfram que sempre a amou adivinha a sua morte na sublime ária “O Du mein holder Abendstern”. Elisabeth morre quando Tannhäuser regressa. Vénus surge a Tannhäuser apelando-a a voltar à sua caverna. Wolfram mostra-lhe que o cortejo fúnebre que se avizinha é o de Elizabeth. Tannhäuser corre para o cortejo e sucumbe em cima da figura da sua amada, dizendo “querida Elisabeth reza por mim.

    [2] N.T.: CONFERÊNCIA Nº 11 – VISÃO E PERCEPÇÃO ESPIRITUAL

    Quando nós falamos de visão espiritual, não estamos falando simbolicamente, ou de uma maneira vaga, como um sentimento de êxtase ou algo semelhante, mas de uma faculdade definida tão real como a visão física, e tão necessária à percepção dos mundos espirituais e à verdadeira habilidade para compreender as qualidades internas das condições suprafísicas, como a visão física é indispensável para uma ampla cobertura de todos os pontos importantes das coisas materiais.

    A visão espiritual de que falamos não é para ser confundida com a Clarividência desenvolvida em alguns nos meios espiritualistas. Essa última depende de um estado negativo da Mente onde os Mundos internos são refletidos na consciência do receptor, da mesma forma que uma paisagem é refletida em um espelho. Tal método produz uma visão, mas não há a ampla cobertura indispensável e necessária de todos os pontos importantes do que está sendo visto no Clarividente involuntário, do mesmo modo que não há no espelho. Ele está em uma posição similar àquela de um homem preso a um cavalo sem rédeas nem freios, podendo assim ser levado de um lado para outro, dependendo da vontade do cavalo. Tal faculdade é uma maldição. O clarividente devidamente desenvolvido não está preso: pode ver ou deixar de ver à vontade; maneja as rédeas do seu cavalo; é dono de sua faculdade, enquanto o outro é tão somente escravo dela.

    Certas fases negativas de Clarividência são também desenvolvidas através de drogas, bola de cristal, etc. Em todos esses casos, a faculdade torna-se perigosa e prejudicial, uma vez que não se acha sob o controle do espírito. As drogas têm efeito terrivelmente destruidor sobre os diferentes veículos do ser humano. Porém, o mais perigoso de todos os métodos de desenvolvimento é a prática de exercícios respiratórios aplicada de modo indiscriminado. Muitos indivíduos acham-se hoje em manicômios ou até morreram tuberculosos por haverem praticado tais exercícios em aulas de desenvolvimento dirigidas por pessoas tão ignorantes quanto eles mesmos. Exercícios respiratórios, quando necessários, jamais devem ser feitos em conjunto, uma vez que cada discípulo tem constituição diferente dos demais. Assim, cada um requer exercícios individuais, particulares, bem como diferentes exercícios mentais para acompanhar aqueles.

    Somente através de instruções individuais dadas por um instrutor competente, pode-se desenvolver com segurança a visão e a compreensão espirituais. Estas advertências referem-se exclusivamente aos exercícios respiratórios como método de desenvolvimento oculto, e nunca aos exercícios físicos que são excelentes quando praticados com moderação.

    Surge daí a pergunta: Como achar um instrutor autêntico e como distingui-lo de um impostor? É uma pergunta muito importante, porque quando o aspirante encontra tal mestre, pode considerar-se em perfeita segurança e protegido contra a grande maioria dos perigos que cercam aqueles que, por ignorância ou egoísmo, traçam seus próprios rumos e buscam poderes espirituais, mas sem qualquer esforço para desenvolver fibra moral.

    É uma verdade axiomática que os seres humanos são conhecidos “por seus frutos” e, como o mestre esotérico exige de seu pupilo desinteresse nas motivações, infere-se justamente que o instrutor deve possuir esse atributo em grau ainda maior. Portanto, se alguém se arvora em ser instrutor e oferece seus conhecimentos em troca de dinheiro, a tanto por aula, mostra assim que está abaixo do padrão que exige de seus discípulos. Alegar que precisa de dinheiro para viver, ou apresentar outros motivos semelhantes para cobrar pelo ensino, tudo não passa de sofismas. As leis cósmicas cuidam de todo aquele que trabalha com elas. Qualquer ensino oferecido em bases comerciais não é ensino superior, porque este jamais é vendido ou envolve considerações materiais, pois, em todos os casos, chega ao recebedor como um direito em função do mérito. Assim, mesmo que o verdadeiro instrutor tentasse negar o ensino a determinada pessoa que o merecesse, pela Lei de Consequência, seria um dia compelido a ministrar-lhe o mesmo.

    No entanto, tal atitude seria inconcebível porque os Irmãos Maiores sentem uma grande e indizível alegria toda vez que alguém começa a palmilhar a senda da vida eterna. Por outro lado, embora ansiosos por tal, eles a ninguém podem revelar seus segredos antes que cada um tenha dado provas de sua constância e altruísmo, pois só assim poderá alguém ser um firme guardião dos imensos poderes resultantes, que tanto podem servir ao bem como podem ser usados para o mal. Se permitimos que nossas paixões se imponham descontroladamente, e se a avareza ou a vaidade são as molas de nossas ações, apenas sustamos o progresso de nosso semelhante ao invés de ajudá-lo. E, até que aprendamos a usar apropriadamente os poderes que possuímos, não estaremos em condições de realizar o trabalho ainda maior exigido daqueles que têm sido ajudados pelos Irmãos Maiores a desenvolverem sua visão espiritual latente, e a conseguirem compreensão espiritual, que é o que torna valiosa aquela faculdade como fator de evolução.

    Portanto, a “Senda da Preparação” antecede o “Caminho da Iniciação”. A perseverança, a devoção, a observação e o discernimento são os meios de alcançá-lo, porque tais qualidades sensibilizam o Corpo Vital. Através da perseverança e da devoção, os Éteres Químico e de Vida capacitam-se a cuidar das funções vitais do Corpo Denso durante o sono. E uma separação entre estes dois Éteres e os dois superiores – Éter de Luz e Éter Refletor – acontece. Quando os dois últimos se espiritualizam suficientemente mediante a observação e o discernimento, uma simples fórmula dada pelo Irmão Maior capacita o Discípulo a separá-los e a levá-los consigo, à vontade, juntamente com seus veículos superiores. Deste modo, ele fica equipado com um veículo de percepção sensorial e memória. Qualquer conhecimento que possua no mundo material pode, então, ser utilizado nos Reinos espirituais, como também pode trazer ao cérebro físico recordações das experiências por que passou enquanto esteve fora de seu Corpo Denso. Isto nos é necessário para funcionarmos separados do Corpo Denso, plenamente conscientes tanto do Mundo Físico quanto do Mundo do Desejo, pois o Corpo de Desejos ainda não está organizado e, se o Corpo Vital não transferisse suas impressões no momento da morte, não poderíamos ter consciência no Mundo do Desejo durante a existência post-mortem.

    Os exercícios respiratórios indiscriminados não produzem a divisão acima descrita, mas apenas tendem a separar o Corpo Vital do Corpo Denso. Por isso, as ligações entre os centros etéricos dos sentidos e as células cerebrais rompem-se ou deformam-se em certos casos, resultando ao final em vários tipos de insanidade mental, como a loucura. Em outros casos, o rompimento ocorre entre o Éter de Vida e o Éter Químico e, como o primeiro responde pela assimilação orgânica dos alimentos e é a avenida particular para a especialização da energia solar, essa ruptura resulta em tuberculose. Somente através de exercícios apropriados pode-se efetuar a separação correta. Quando a pureza de vida permite que a força sexual, que é criadora, gerada no Éter de Vida eleve-se até o coração, essa força encarrega-se de manter a quantidade de circulação necessária ao estado de sono. Deste modo, as funções físicas e o desenvolvimento espiritual correm paralelamente ao longo de linhas harmoniosas.

    Temos, pois, aí a razão para o voto de celibato feito por aqueles que se dedicam inteiramente à vida superior. Não é necessário que o principiante se torne um asceta. A castidade absoluta por enquanto é só para poucos, especificamente, para aqueles que já alcançaram as Iniciações Maiores. Atualmente, o ato sexual é o método normal de procriação. Não existe outro meio de prover-se Corpos Denso aos Egos que precisam renascer – pois a fila é enorme! –, e é dever de todo aquele que é mental, moral e fisicamente sadio proporcionar veículo e ambiente apropriado a Espíritos, irmãos e irmãs, que desejam e precisam renascer aqui, isto de acordo com seus meios e oportunidades. Deveríamos encarar o ato da procriação como um Sacramento, não um ato para simples gratificação dos sentidos, mas para ser realizado com espírito de oração. A força sexual é exigida para geração apenas umas poucas vezes na vida de qualquer pessoa, de modo que o excedente pode ser legitimamente aproveitável ao autodesenvolvimento, já que ela é criadora.

    Discernimento é a faculdade – e um importante Exercício Esotérico, como nos ensinado no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – que nos permite distinguir aquilo que é essencial daquilo que não tem importância, separando a realidade da ilusão, e o que é duradouro daquilo que é efêmero. Na vida comum, acostumamo-nos a pensar que somos só corpo. O discernimento ensina-nos que somos Espíritos e que nossos corpos e veículos nada mais são que moradas provisórias, instrumentos para nosso uso. O carpinteiro usa martelo e serra que são importantes instrumentos. Contudo, nunca lhe ocorre que ele próprio seja essas ferramentas. Jamais devemos identificar-nos com o nosso Corpo Denso ou Corpo Vital ou ainda Corpo de Desejos, mas sim aprender, pelo discernimento, a considerá-lo um servidor, valioso tão somente enquanto obedeça a nossas ordens. Quando o considerarmos assim, descobriremos que somos capazes de fazer com facilidade muitas coisas que até então julgávamos impossível realizar. O discernimento gera a Alma Intelectual e imprime em nós o primeiro impulso em direção à vida superior.

    A Observação – além de ser mais um importante Exercício Esotérico, como nos ensinado no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – é o uso dos sentidos como meio de obter-se informações a respeito dos fenômenos que ocorrem ao nosso redor. A observação e a ação geram a Alma Consciente. É de máxima importância para o nosso desenvolvimento que observemos minuciosamente tudo o que se passa em torno de nós; caso contrário, as imagens da nossa Memória Consciente deixam de coincidir com aquelas de nossa Memória Subconsciente ou automática. O ritmo e a harmonia do Corpo Denso são perturbados em proporção à superficialidade de nossa observação durante o dia. Nossas atividades durante o sono restauram parcialmente a harmonia, mas o entrechoque de vibrações dia após dia e ano após ano é uma das causas que, gradualmente, endurecem e destroem nosso organismo até torná-lo impróprio para o uso do Espírito que, então, precisa abandoná-lo e buscar nova oportunidade de desenvolvimento em um corpo novo e melhor. Na mesma proporção em que aprendemos a observar atentamente, ganharemos em saúde e longevidade e precisaremos de menos repouso e sono. Este último é um ponto muito importante, como veremos.

    Devoção – além de ser mais um importante Exercício Esotérico, como nos ensinado no livro Conceito Rosacruz do Cosmos – aos elevados ideais restringe os instintos animais, gera e desenvolve a Alma Emocional. O cultivo, pois, dessa faculdade é essencial. Para algumas pessoas, essa é a linha de menor resistência; eis porque são aptos a se converterem em místicos sonhadores. As energias do Corpo de Desejos expressam-se então na forma de entusiasmo e êxtase religioso. Outros há que desenvolvem anormalmente a faculdade de discernimento que os leva ao longo das frias linhas intelectuais da especulação metafísica. Em ambos os casos há desequilíbrio e existe perigo. O sonhador místico pode tornar-se joguete de toda sorte de ilusões por estar dominado pela emoção. Ao intelectual ocultista isso nunca pode acontecer, mas pode terminar na magia negra se perseguir a senda do conhecimento só por desejo de conhecimento e não para poder servir. O único meio seguro é desenvolver simultaneamente a “Cabeça e o Coração”.

    O Ocultista desenvolve-se ao longo de linhas intelectuais; procura a verdade pela observação e pelo discernimento, observa e raciocina sobre tudo o que vê. Assim, ele alcança o conhecimento, mas, como diz o apóstolo São Paulo: “O conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica.”[2]. Portanto, antes que seu conhecimento possa ser útil ao próprio desenvolvimento espiritual, precisará aprender a senti-lo, pois, de outro modo, não poderá vivê-lo. Quando tiver feito isto, será tanto Cristão Ocultista quanto Cristão Místico.

    O Cristão Místico desenvolve especialmente a faculdade de devoção. Ele sente a verdade sem precisar raciocinar. Sabe, mas não tem meios para explicar a razão de sua fé, de modo ajudar os outros. Deve, pois, desenvolver o lado intelectual de sua natureza, a fim de ser o mais útil possível na elevação da humanidade. Assim, o intelecto pode agir como um freio sobre as emoções, e a devoção pode guiar o intelecto com segurança. Se seguirmos unicamente uma das linhas, teremos mais tarde que seguir a outra, caso queiramos ter um desenvolvimento completo e harmonioso. Por isso, é melhor tentar desenvolver agora a faculdade que nos falta, pois assim progrediremos mais rapidamente em direção à meta final e em perfeita segurança.

    A clareza e a nitidez de uma fotografia dependem do modo do fotógrafo focalizar as lentes. Uma vez ajustada a objetiva, o foco se conserva. Todavia, se a máquina tivesse vida e vontade próprias, se pudesse modificar sua direção e focalização, as imagens captadas apareceriam sem nitidez. A Mente encontra-se em situação análoga: vagueia sem objetivo como se estivesse literalmente com “dança de São Vito”[2] e resistindo tenazmente a qualquer restrição. Mas ela pode e deve ser subjugada, e a perseverança é o meio de conseguir. Na proporção em que a Mente é aquietada, o Espírito pode refletir-se no Tríplice Corpo, segundo o princípio de que os raios do Sol não se podem refletir num mar encapelado, mas somente em águas tranquilas.

    O Corpo Vital é como um espelho, ou melhor, como uma película cinematográfica em movimento: filma o mundo mesmo que esteja em desacordo com a nossa faculdade e observação e com as ideias que brotam do Espírito interno, conforme a clareza e o treinamento mentais. A devoção e o discernimento, ou em outras palavras, a emoção e o intelecto, decidem nossa atitude face a essas imagens, e o equilíbrio entre as ações de ambos conduz a um desenvolvimento perfeito. Alcançado certo grau de aperfeiçoamento, elas realizam inevitavelmente o processo de purificação. O ser humano precisa compreender que, para alcançar a meta, deve pôr de lado tudo o que possa entravar a roda do progresso. O bom mecânico prefere sempre as melhores ferramentas e esmera-se em conservá-las perfeitas, porque sabe quão importantes são para realizar um bom trabalho. Nossos Corpos são as ferramentas de nós, o Espírito, de modo que, na medida em que elas se encontrem obstruídas, estorvam a nossa manifestação. O discernimento aponta-nos o que obstrui. A devoção à vida superior ajuda-nos a eliminar maus hábitos e traços de caráter indesejáveis, suplantando o simples desejo.

    A carne animal (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis, frutos do mar e afins) obtida à custa da vida e sofrimento de outros seres e, que além de estar impregnada dos desejos e paixões do animal encontra-se já em estado de decomposição, não é um alimento puro. Nenhum sincero Aspirante à vida superior e aos poderes superiores deve escolher este tipo de alimento. Deve estudar, sim, para aprender como atender às necessidades do seu organismo com alimentos puros. Deve também se dar conta da importância de manter seu cérebro lúcido para que sua consciência possa abrir-se completamente à influência espiritual, concluindo-se daí que abandonará o uso do fumo (seja de qualquer espécie e das bebidas alcoólicas que estimulam e entorpecem o cérebro. Moderação é um termo impróprio com relação à bebida alcoólica. O uso do álcool, em qualquer escala, é desastroso ao desenvolvimento espiritual.

    Perder a serenidade é prejudicial ao crescimento interno, além de dissipar, em grande escala, utilíssima energia que poderia ser utilizada beneficamente; a raiva envenena o organismo, inutiliza-o e retarda enormemente o progresso espiritual.

    Da mesma forma, pensamentos de crítica nos prejudicam, por isso deve o Aspirante à vida superior evitá-los tanto quanto possível. O discernimento ensina-nos, de modo impessoal, o que é bom e o que é mau, mas não imprime em nós nenhum sentimento sobre isso, e isto é um ponto muito importante. O exame de um fato, de uma ideia ou objeto, seguido de uma decisão relativa ao seu valor, é necessário e não deve ser evitado. Porém, os pensamentos não caridosos devem ser evitados, uma vez que geram pensamentos em forma de flecha que, conforme se exteriorizam, atingem e bloqueiam o fluxo de bons pensamentos emanados constantemente dos Irmãos Maiores e atraídos por todos os seres humanos bons.

    Dois exercícios específicos são dados ao Aspirante à vida superior que inicia a jornada preparatória. Ambos conduzem ao desenvolvimento da visão e da compreensão espirituais. Um eles levam ao caminho reto e apela mais para o Ocultista, que trabalha mais com o intelecto, mas é de grande valor para o Místico porque desenvolve nele a qualidade que mais lhe falta — a razão. Esse exercício é chamado de Exercício Esotérico matutino de Concentração e produz “poder mental”. O outro produz resultado semelhante de maneira indireta. Agrada mais ao Místico, mas é extremamente necessário ao intelectual Ocultista porque proporciona-lhe o senso da verdade, que está além da razão. Tal exercício é o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, que desenvolve o “poder da devoção”. Ambos são necessários para garantir um desenvolvimento completo e harmonioso.

    A filosofia da conquista da visão e compreensão espirituais resume-se em obrigar o Corpo de Desejos a efetuar, dentro do Corpo Denso e em completo estado de vigília, — ou seja, positivo e consciente — o mesmo trabalho que realiza quando se encontra fora durante o sono, ou no estado post-mortem.

    Existem certas correntes no Corpo de Desejos de todos. São fortes, bem definidas, e formam sete grandes vórtices nos clarividentes, mas são fracas, descontínuas e destituídas de vórtices no ser humano comum, naquele que não pode “ver”. O desenvolvimento dessas correntes e vórtices conduzem à visão espiritual. Durante o dia, enquanto somos absorvidos pelos nossos interesses materiais, essas correntes fluem muito vagarosamente. Mas, tão logo nos retiramos do Corpo Denso ao dormir, iniciamos o trabalho de restauração, conforme descrito na Conferência nº 4 do Livro Cristianismo Rosacruz, as correntes reativam-se e os vórtices também, fulgurando como se fossem incandescentes, porque então o Corpo de Desejos se encontra no seu elemento de origem, livre do peso embaraçante do Corpo Denso.

    O tempo de que o Corpo de Desejos precisa para restaurar o ritmo do Corpo Vital e do Corpo Denso depende do modo que usamos esse último durante o dia. Se o extenuamos nesse período, as desarmonias criadas serão naturalmente maiores, e isso exigirá a maior parte da noite para o Corpo de Desejos poder restaurar a harmonia e o ritmo. Assim, vive o ser humano preso ao seu Corpo Denso, dia e noite. Mas quando ele aprende a controlar a ação, a controlar gastos de energia nas atividades diárias, cessando de malbaratá-las em palavras e atos vãos, quando começa a dominar seus impulsos e a impedir novas desarmonias resultantes de uma observação imperfeita, então o Corpo de Desejos não precisa trabalhar o período inteiro do sono noturno para restaurar o Corpo Denso. Uma parte da noite pode ser empregada para se trabalhar fora. Se os centros sensoriais do Corpo de Desejos estão suficientemente desenvolvidos — como regra geral estão na maioria dos indivíduos inteligentes — o ser humano pode então desatar o cabo e elevar-se ao Mundo do Desejo. Lá ele tem uma visão do que se passa nesse plano, embora geralmente não consiga recordar depois de nada do que viu, até que consiga efetuar a separação entre as partes superior e inferior do Corpo Vital, conforme já explicado.

    Vemos, pois, a grande importância da observação correta, da devoção aos elevados ideais, da pureza de alimentação, etc., tudo isso tendendo a harmonizar as vibrações internas com as vibrações externas. Na mesma proporção em que progredimos nessa direção, o tempo empregado na restauração dos veículos é abreviado, sobrando-nos, portanto, uma margem para trabalharmos no Mundo do Desejo.

    EXERCÍCIO NOTURNO

    O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção é o mais eficiente dos métodos existentes para fazer o Aspirante à vida superior avançar na senda da realização espiritual. Seu efeito tem tal alcance que permite ao indivíduo aprender agora não apenas as lições dessa vida, mas também lições que normalmente lhe estariam reservadas para existências futuras.

    Após deitar-se à noite, o Aspirante à vida superior relaxa o Corpo Denso e começa a recordar os acontecimentos do dia na ordem inversa, partindo dos da noite, em seguida os da tarde, e depois os da manhã. Deve esforçar-se para “rever” cada cena com a máxima fidelidade e procurar reproduzir ante seus olhos mentais tudo o que aconteceu em cada uma delas, a fim de poder julgar seus atos e certificar-se de que suas palavras transmitiram o sentido desejado ou deram uma impressão falsa, como também se exagerou ou foi omisso ao relatar experiências a outrem. Deve examinar sua atitude moral relativa a cada cena. E quanto aos alimentos, verificar se “comeu para viver” ou “viveu para comer”, para gratificar o paladar. Durante todo o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, o Aspirante à vida superior vai julgando a si mesmo, censurando-se onde couber reprovação e elogiando-se onde couber o louvor.

    Os Probacionistas acham, às vezes, difícil permanecer acordados até o fim do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção. Em tais casos, é permitido que se sentem na cama, até que lhes seja possível seguir o método comum.

    O valor do Exercício Esotérico noturno de Retrospecção é imenso. Vai muito além de nossa imaginação. Em primeiro lugar, realizamos o trabalho de restauração da harmonia conscientemente e em tempo muito mais curto do que o Corpo de Desejos pode fazê-lo durante o sono, sobrando assim uma maior porção da noite para trabalhos fora do corpo. Em segundo lugar, vivemos nosso Purgatório e Primeiro Céu cada noite, incorporando a nós, o Espírito, o senso de retidão como essência das experiências do dia. Escapamos, assim, do Purgatório depois da morte, economizando também o tempo que despenderíamos no Primeiro Céu.

    Por último, e não menos importante, tendo dia após dia extraído a essência das experiências que produzem o crescimento anímico, e havendo incorporado essa essência em nós, o Espírito, passamos a vivenciar realmente uma nova atitude mental e a nos desenvolver por linhas que normalmente estariam reservadas a vidas futuras.

    Executando fielmente esse Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, dia após dia, apagamos de nossa Memória Subconsciente o registro de fatos desagradáveis e eliminamos os nossos pecados, nossas auras começam a reluzir com o ouro espiritual extraído das experiências diárias pela Retrospecção, e aí começamos a atrair a atenção do Irmão Maior.

    “Os puros verão a Deus.”[2], disse Cristo, e o Irmão Maior abrirá nossos olhos quando estivermos prontos para entrar no “Templo do Saber” — o Mundo do Desejo — onde obtemos nossas primeiras experiências de vida consciente fora do Corpo Denso.

    EXERCÍCIO MATUTINO

    O Exercício Esotérico matutino de Concentração, o segundo exercício, é executado pela manhã, tão logo o Aspirante à vida superior desperta. Ele não precisa levantar-se para abrir as janelas ou fazer qualquer coisa desnecessária. Sentindo o Corpo Denso confortável, deve relaxar e começar imediatamente a se concentrar. Esse momento é muito importante porque nós, o Espírito, acabamos de regressar do Mundo do Desejo, podendo termos contato consciente com esse Mundo, bem mais facilmente do que em qualquer outra hora do dia.

    Se o Corpo Denso está em desconforto, o Aspirante à vida superior deve se mexer com o objetivo de acomodá-lo melhor antes de iniciar a Concentração, mas muito da eficácia do exercício é perdida em razão de se iniciá-lo com atraso.

    Vimos na Conferência nº 4 do Livro Cristianismo Rosacruz que, durante o sono, as correntes do Corpo de Desejos fluem e seus vórtices movem-se e giram com enorme rapidez. Porém, tão logo ele interpenetra o Corpo Denso, suas correntes e vórtices são quase paralisados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que levam e trazem mensagens ao cérebro. A finalidade deste exercício é levar o Corpo Denso ao mesmo grau de inércia e insensibilidade do estado de sono, embora com o Espírito dentro dele e conservando-se totalmente acordado, alerta, consciente. Deste modo, cria-se uma condição em que os centros sensoriais do Corpo de Desejos podem começar a girar no interior do Corpo Denso.

    Concentração é uma palavra enigmática para muitos, por isso tentaremos esclarecer seu significado. O dicionário dá-nos diversas definições, todas aplicáveis à nossa ideia. Uma é “convergir para um centro”, enquanto outra, uma definição química, é “reduzir à extrema pureza e potencialidade pela eliminação de constituintes inúteis”. Aplicada ao nosso problema, uma das definições faz-nos ver que, se convergimos nossos pensamentos para um centro, para um ponto, podemos aumentar sua força, segundo o princípio que estabelece que a força dos raios solares é multiplicada quando focalizada num ponto através de uma lente de aumento. Eliminando-se de nossa Mente todos os demais assuntos, todo o nosso poder mental pode ser completamente aproveitado na consecução de um objetivo ou solução do problema em que nos concentramos. Podemo-nos absorver em nosso assunto a tal ponto que, mesmo um canhão sendo disparado, não o ouviremos. Há pessoas que podem concentrar-se numa leitura de tal maneira que são capazes de esquecer tudo mais. O Aspirante à vida superior deve, igualmente, ser capaz de abstrair-se numa ideia, objeto de concentração, a ponto de fechar por completo sua consciência ao mundo dos sentidos e atentar exclusivamente para os Mundos espirituais.

    Quando aprender a fazer isso, ele verá o lado espiritual de um objeto, ou ideia, iluminado por uma luz espiritual e, assim, ele alcançará o conhecimento da natureza interna de coisas nem sequer sonhadas pelo ser humano mundano.

    Quando se chega a esse ponto de abstração, os centros sensoriais do Corpo de Desejos começam a girar lentamente no interior do Corpo Denso e a se acomodarem por si mesmos. Com o tempo, esses centros tornam-se cada vez mais definidos e passam gradativamente a exigir menos esforço para pô-los em movimento.

    O tema da concentração pode ser um ideal elevado e sublime, mas preferivelmente que seja de uma natureza tal que consiga situar o Aspirante à vida superior acima do tempo e do espaço, afastando-o das sensações ordinárias do Mundo material. Para isto, não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João. Tomando-os como base, sentença por sentença, manhã após manhã, com o tempo, o Aspirante à vida superior terá adquirido uma admirável compreensão do princípio do nosso universo e do método da criação — compreensão que está muito longe de ser alcançada em livros.

    Depois de algum tempo, quando o Aspirante à vida superior já tenha aprendido a manter sem oscilações, ininterruptamente por uns cinco minutos, a ideia na qual venha se concentrando, pode, um dia, tentar lançar fora repentinamente essa ideia, deixando a Mente “em branco”. Em nada deve pensar então, mas simplesmente esperar que algo venha preencher aquele vazio mental. Com o tempo, as visões e cenas do Mundo do Desejo deverão ocupar essa lacuna. Após ter-se acostumado a essa prática, o Aspirante à vida superior pode desejar que algo se apresente ante seus olhos mentais. A coisa virá e então ele poderá investigá-la à vontade.

    Mas o ponto principal é que, seguindo as instruções acima, o Aspirante à vida superior vai purificando a si mesmo. Sua aura começa a brilhar e isso atrairá infalivelmente a atenção do Irmão Maior, que designará alguém para ajudá-lo, quando necessário, a dar o passo seguinte.

    Mesmo que passem meses ou anos sem resultados visíveis, estejamos certos de que não nos esforçamos em vão; os Irmãos Maiores veem e apreciam nossos esforços, e vivem eles tão ansiosos por nossa colaboração quanto nós por trabalhar. Os Irmãos Maiores podem ver razões que nos impeçam de empreender o trabalho pela humanidade no momento presente ou mesmo por toda esta vida. Mas, tão logo essas razões desapareçam, poderemos ser admitidos à luz, onde seremos capazes de ver por nós mesmos.

    Uma antiga lenda diz que escavações em busca de tesouros devem ser feitas somente na calada da noite e no mais absoluto silêncio; falar uma só palavra antes de os descobrir fará com que desapareçam inevitavelmente. Trata-se de uma parábola mística relativa à busca da iluminação espiritual. Se tagarelarmos ou contarmos a outrem as experiências de nossos momentos de concentração, poderemos perdê-las. Antes de extrairmos delas, pela meditação, pleno conhecimento das leis cósmicas subjacentes, tais experiências podem reduzir-se a nada, uma vez que esta classe de experiências não pode suportar a transmissão oral. A experiência em si, portanto, não conta muito, pois, afinal, não é mais do que uma casca envolvendo e ocultando saboroso fruto. A lei tem valor universal, como vai ficar evidente, porque ela explica os fatos da vida, ensina-nos como tirar vantagem de certas condições e o modo de evitar outras. Em benefício da humanidade, ela pode ser livremente revelada, à vontade de seu descobridor. Então, a experiência que a revelou parecerá, em sua verdadeira luz, apenas uma coisa passageira que dispensa maiores considerações. Por conseguinte, tudo o que aconteça durante o Exercício Esotérico matutino de Concentração deve ser considerado sagrado e guardado no mais absoluto sigilo pelo aspirante.

    Finalmente, evitemos considerar os Exercícios Esotéricos Rosacruzes como tarefas desagradáveis. Estimemo-los em seu verdadeiro valor, pois eles são nossos mais altos privilégios. Somente quando assim os considerarmos, poderemos fazer-lhes justiça e colher todo o benefício de sua prática.

    *****

    Na Fraternidade Rosacruz, os Irmãos Maiores distinguem três classes:

    1) Estudantes Preliminares e, depois Estudantes Regulares, aqueles que simplesmente estudam a Filosofia. Pessoas das mais variadas denominações entram em instituições de ensino tais como as Universidades de Harvard ou Yale e ali estudam mitologia, psicologia e Religião comparada sem prejuízo de suas filiações religiosas. Nestas mesmas bases, os candidatos a estudos podem inscrever-se na Fraternidade Rosacruz. Qualquer um pode candidatar-se, se não for hipnotizador ou não esteja profissionalmente comprometido como médium, quiromante ou astrólogo.

    2) Probacionistas, que são Estudantes Rosacruzes que aspiram o conhecimento direto a fim de se capacitarem para o serviço. Ao fim de dois anos na condição de Estudante Regular Rosacruz, e caso tenha já se convencido da veracidade dos Ensinamentos Rosacruzes e esteja decidido a cortar toda ligação que eventualmente ainda tenha com qualquer outra entidade esotérica ou ordem religiosa — exceto as igrejas e irmandades Cristãs — o Aspirante à vida superior pode assumir o Compromisso que o fará ser admitido no grau de Probacionista. A estes, a Sede Mundial fornece um formulário mediante o qual o Aspirante à vida superior promete a si mesmo praticar fielmente os dois Exercícios Esotéricos Rosacruzes (noturno de Retrospecção e matutino de Concentração), e registrá-los todos os dias em outro formulário especial que deve ser devolvido mensalmente à Sede. As provas duram no mínimo cinco anos e seu propósito é testar a dedicação e a persistência do Aspirante à vida superior, dando-lhe a oportunidade de purificar-se a si próprio antes de passar aos métodos de treinamento mais diretos pertinentes ao Discipulado. Esse registro diário destina-se também a ajudar o Aspirante à vida superior a fazer os Exercícios Esotéricos Rosacruzes. É próprio da natureza humana tentar fazer o melhor sempre que tenha de mostrá-lo, portanto, sabendo-se observado, o Aspirante à vida superior procura esmerar-se nesses Exercícios Esotéricos Rosacruzes.

    Longe estamos de insinuar que as demais escolas de ocultismo não devam ser consideradas. Muitos são os caminhos que levam a Roma, mas lá chegaremos com menos esforço se seguirmos por um só deles ao invés de ziguezaguear de um a outro.

    Em primeiro lugar, nosso tempo e energia são limitados e são reduzidos ainda mais pelos deveres sociais e familiares, que não devem ser negligenciados em favor do autodesenvolvimento. Portanto, só com o propósito de economizarmos essa limitada energia — a qual podemos usar de modo mais legítimo — e evitar o desperdício do reduzido tempo à nossa disposição, é que os Irmãos Maiores insistem para renunciarmos a todas as outras ordens.

    O mundo é um agregado de oportunidades, mas para aproveitá-las é necessário possuirmos eficiência em certa linha de esforços. O desenvolvimento dos poderes espirituais pode nos capacitar a ajudar ou prejudicar aos nossos irmãos mais fracos. E esses poderes só se justificam quando o objetivo é Servir à Humanidade.

    O método de realização Rosacruz difere dos outros sistemas por um pormenor especial: procura desde o princípio emancipar o Discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o autoconfiante no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e enfrentar todas as condições. Somente aquele que for tão bem equilibrado pode ajudar ao débil.

    Quando certo número de pessoas se reúne em classe ou círculo objetivando o autodesenvolvimento, mas por meio de métodos negativos, geralmente os resultados são conseguidos em pouco tempo, seguindo o princípio de que é mais fácil deixar-se levar pela corrente, do que lutar contra ela. O médium, contudo, não é senhor dos seus atos, mas escravo do espírito que o domina. Por isso tais reuniões devem ser evitadas pelos Probacionistas.

    Mesmo as reuniões em que se mantenha uma atitude mental positiva não são aconselhadas pelos Irmãos Maiores, porque os poderes latentes de todos os membros são amalgamados. Então as visões dos Mundos internos obtidas por quaisquer deles apenas resultam parcialmente da influência das faculdades dos demais. O calor de um carvão no centro de uma fogueira fica aumentado pelo dos carvões que o rodeiam. O Clarividente originado num círculo, mesmo que esse seja positivo, é como uma planta na estufa – demasiado dependente para que se lhe possa confiar os cuidados dos demais.

    Portanto, todo Probacionista da Fraternidade Rosacruz efetua seus exercícios sozinho, no isolamento do seu lar. Seguindo esse método, obtêm-se resultados mais lentamente. Porém, quando tais resultados aparecerem, manifestar-se-ão como poderes cultivados por ele mesmo, e poderão ser empregados independentemente dos demais. Além disso, os métodos Rosacruzes constroem o caráter, ao mesmo tempo em que desenvolvem as faculdades espirituais, resguardando assim o Discípulo da tentação de perverter seus poderes divinos em busca de prestígio mundano.

    Do que foi dito acima, não se conclua que o candidato deva empregar todo o seu tempo em esforços espirituais. Se não podemos dispor de muito tempo, cinco minutos pela manhã e quinze minutos à noite é quanto basta. De fato, dedicar ao desenvolvimento de faculdades espirituais um tempo que precisaria ser legitimamente usado em responsabilidades materiais é decididamente um erro. Antes de nos entregarmos ao serviço nos mundos espirituais, precisamos cumprir todos os nossos deveres no mundo material. Não se pode esperar fidelidade no trabalho espiritual de quem é infiel aos seus deveres terrenos.

    Após a remessa de sessenta relatórios consecutivos, o candidato pode solicitar instruções individuais, as quais, se possível, lhes serão dadas.

    3) Discípulos, composta de pessoas que, havendo completado a fase de Probacionista, são consideradas aptas para receberem instruções individuais dos Irmãos Maiores. O ensino é gratuito.

    A Filosofia Rosacruz tem conquistado adeptos por toda parte, os quais se mantêm em estreito contato com o movimento e que trabalham para difundir as profundas verdades concernentes à Vida e ao Ser que os estão ajudando.

    [3] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense. Conhecido por ter sido o criador da escola de filosofia “transcendentalista” norte-americana.

    [4] N.T. Dt 6:5 e Mc 12:30

    [5] N.T.: Mt 22:39

    PorFraternidade Rosacruz de Campinas

    Aceleração de um Pensamento abstrato sem interferência do Desejo

    Do Logos, no coração do Universo, surgiu um raio de luz, um pensamento de Amor — eu observei esse relâmpago atravessar o Mundo do Pensamento, o Mundo do Desejo e o Mundo Físico; foi isso que eu vi. Os moradores dos Céus, desfrutando da rapsódia de um grande Amor, sentiram Sua presença e um grito se elevou: “Glória a Deus nas alturas”. E tocou os moradores do Mundo do Pensamento, chamando novos poderes para o seu ser; então grandes ondas de pensamento assumiram um tom rosado enquanto as Mentes, mais uma vez, se dedicavam a serviços de amor na causa da elevação da Humanidade.

    Enquanto a morada estrelada dos nossos Corpos-Alma radiantes foi iluminada por sua chama, semelhante a uma espada, eu vi cada membro envolto em brilho, enquanto as cores opacas das suas paixões inferiores foram consumidas por seus fogos; então — o Amor Humano se tornou angelical e o desejo queimou em formato de fogo branco para servir à Grande Fraternidade.

    Finalmente, agora dividida, como que por um prisma, a chama de um Pensamento Divino envolveu em radiância os moradores da Terra de acordo com seus vários caminhos. Assim — os Discípulos da Devoção se tornaram um foco para vapores de um glorioso azul-esverdeado; aqueles do raio místico tomaram uma parte do azul do céu; artistas e músicos, deleitando-se com a beleza, receberam um batismo de chamas vermelho-rosadas: cada uma com a sua inspiração.

    Eu também pude ver muitos filósofos e buscadores em claustros, laboratórios ou bibliotecas, perseguindo solitariamente alguma busca eterna; eles pareciam estar diretamente sob um raio de sol causado pela vibração dourada, junto a canções de esperança em seus corações e se dedicavam mais uma vez a diversas tarefas.

    Outros, de esplendor divino nos quais pude discernir o “Caminho da Cruz”, estavam abrindo vias para irmãos e irmãs mais fracos através de emaranhados intermináveis ​​de florestas, alguns deles encontrando apoio precário e doloroso em penhascos íngremes; eles olharam para cima em êxtase quando uma fonte de jatos Violetas desceu sobre suas testas sangrentas, um batismo de Fogo Divino.

    E eles começaram a cantar; o tema da canção era um futuro glorioso, mas não um futuro temporal, não; uma condição na qual tempo, espaço, passado, presente e futuro são um onde todos vivem no “Eterno Agora”, reunindo e colhendo experiências de amor e serviço a uma grande Fraternidade que inclui tudo, da mais humilde erva e do inseto mais vil até o coração do Universo, onde habita o Logos: o Espírito do Amor.

    (Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

    PorFraternidade Rosacruz de Campinas

    O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

    Dissemos que o tripé em que fundamos a verdadeira renúncia é a: sobriedade, humildade e castidade. Abordemos a questão da humildade que, por associação, atrai seu antônimo: o orgulho.

    Paralelamente à gula, o que mais é de recear em nós é o orgulho e a sede das riquezas. Nada nos torna mais duros e mais cegos do que exagerar em nosso valor pessoal. Nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual e à saúde do que estar de posse de grandes riquezas, a menos que seja um caráter excepcional, capaz de usá-las como quem administra os “bens do Senhor”.

    Nada torna mais impróprio de triunfar numa provação do que viver no luxo e na adulação. Os grandes que possuem riquezas materiais deste mundo não imaginam quanto mais perto estão do abismo do que os humildes. O poder mundano e terrestre deles os embriaga. Uma vez nas alturas, eles não procuram mais do que aumentar o seu campo de domínio, em lugar de se esforçarem unicamente em praticar o bem em face dos pequenos. Mas que quedas estrondosas, quando se realiza a palavra da Escritura: “Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes” (Lc 1:52).

    Quem julgas tu que é o maior no Reino dos Céus? “, perguntava a Cristo-Jesus os seus Discípulos. E, chamando um menino, o pôs no meio deles e disse: “Na verdade vos digo, que, se vos não converterdes, e vos não fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18:1-3).

    Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas… Ai de vós condutores cegos, porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados que, parecem por fora formosos aos homens, e por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão… Aquele que se elevar, será humilhado e aquele que se humilhar, será elevado” (Mt 23:27).

    Aquele que quiser ser o maior entre vós esse seja o que vos sirva. E o que entre vós quiser ser o primeiro seja esse vosso servo. Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.” (Mt 20:26-28).

    Mas ai de vós, os que sois ricos, porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que rides, porque gemereis e chorareis” (Lc 4:24-25).

    É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus” (Mt 19:24).

    De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” (Mt 16:26).

    Amontoai para vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça e onde os ladrões não os desenterram nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração.” (Mt 6:20-21).

    E para que seus Discípulos compreendessem bem a onipotência da pobreza e o exemplo divino que se deve dar, Cristo Jesus dizia-lhe: “As raposas têm covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde pousar a cabeça” (Mt 8:20).

    Depois, quando Ele os enviou a cumprir a sua missão evangélica, fez-lhes a seguinte recomendação: “Dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos. Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento” (Mt 10:9-10).

    Aqueles que erram por orgulho, os que gozam egoisticamente as suas riquezas mundanas, preparam para si as piores atribulações e os mais duros sofrimentos.

    E quando se trata para eles de vencer uma provação, raro percebem o remédio, isto é, o renunciamento a aplicar, porque o orgulho com os seus satélites: a vaidade, a sede de consideração, a pretensão, o desdém se introduzem no mais profundo do ser e a cegueira sobre as suas taras de caráter, as suas responsabilidades e os seus erros. Quantas pessoas caem no insucesso e na desgraça, porque entende não deverem reduzir, em coisa alguma as suas ambições e os seus gozos! Como são raras as pessoas, suficientemente esclarecidas na espiritualidade, que se tornam pequenas diante da provação, que examinam a extensão das suas ignorâncias, de suas incapacidades, numa palavra: que façam ato de humildade!

    Depois do amor ao próximo, a humildade é a virtude Cristã fundamental.

    Assim não nos devemos admirar de ver que a humilhação é o grande remédio que a providência emprega para pôr à prova os orgulhosos e os ricos, demonstrando-lhes a vaidade de suas vantagens e de seus bens materiais, para conservar a saúde do Corpo e a paz da Alma. Com efeito, para que servem o dinheiro e a celebridade, quando se avilta o organismo humano e conspurca o Espírito?

    O Senhor guarda aqueles que são simples: fui humilhado, por ele fui salvo” (Sl 114). “Foi bom para mim que vós me tivésseis humilhado para assim conhecer a Vossa justiça.” (Sl 118).

    A humildade é grande fonte de felicidade, poderoso meio de progresso, remédio heroico contra todos os sofrimentos corporais e as feridas de amor-próprio. A humildade é o unguento que faz fechar todas as feridas. A humildade é, juntamente com a oração, o meio mais firme de ser exaltado.

    Ser humilde é primeiramente nos tornarmos muito pequenos, até chegarmos a zero, considerando a insuficiência da nossa inteligência, as lacunas de nosso saber, as faltas que cometemos. É darmos conta em seguida que tudo a que podemos realizar de bem, foi Deus que o realizou por nós e que o nosso papel está limitado a nos apresentarmos no estado de dóceis instrumentos, porque nada temos de bom que seja nosso e nenhum bem praticamos que o não tenhamos recebido de Deus! Sim, é uma grande verdade que nada temos de bom que seja nosso, e que a miséria, o nada, são o nosso quinhão. Aquele que isto ignora, caminha na mentira.

    Ser humilde é não procurar quaisquer honras deste mundo, é se esforçar por passar despercebido, é ficar em último lugar, é se conduzir como Cristo pediu: “Quando fores convidado para alguma boda, não vás ocupar o primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa mais considerada do que tu, convidada pelo dono da casa. E que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: ‘Dá o teu lugar a este’; e tu envergonhado vás ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, ocupa o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, assenta-te mais acima’. Servir-te-á isto, então, de glória na presença dos que estiverem juntamente assentados a mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo aquele se humilha será exaltado” (Lc 14:8-12).

    Ser humilde é se abster de enumerar os seus méritos e não pensar senão em se colocar na atitude do pobre pecador: “subiram dois homens ao templo para orar, um fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os outros homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano. Jejuo duas vezes por semana; pago o dízimo de tudo o que possuo’. E o publicano, pelo contrário conservando-se afastado, não ousava mesmo levantar os olhos para o Céu; mas batia no peito dizendo: ‘Ó Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador’. Digo-vos que este voltou para casa justificado e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado.” (Lc 18:10-15).

    Ser humilde é cumprir o seu dever, sem esperança de recompensa, é ajudar os fracos, os ingratos, os pobres, numa palavra: todas as pessoas que são incapazes de dar-vos valor, de recompensar-vos ou de agradecer-vos. “Evitai fazer as vossas boas obras diante dos homens com o fim de serdes vistos por eles; doutro modo, não tereis recompensa de vosso Pai, que está nos Céus.” (Mt 6:1). “Quando deres algum banquete, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás bem-aventurado porque esses não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.” (Lc 14:13-14).

    Ser humilde é tratar de se contentar com coisas simples, no que diz respeito a conforto, a alimentação e a vestuário. Por amor de Nosso Senhor, eu vos suplico, minhas irmãs e meus irmãos, evitai sempre as casas grandes e suntuosas. Como é comovente construir grandes casas, com os bens dos pobres. Procure sempre se contentar com o que há de mais simples, tanto para o vestuário como para a alimentação. De outra forma, teremos muito que sofrer, porque Deus não proveria as nossas necessidades e perderíamos a alegria do coração. E nos tornamos senhores de todos os bens deste mundo, desprezando-os.

    Ser humilde é se recusar a submeter à justiça dos seres humanos aqueles que vos perseguem. Se nos humilhamos e se renunciamos a nós mesmos, fazendo o sacrifício da reparação terrestre – ou seja, praticamos o arrependimento e a reforma íntima, base de um Exercício Esotérico noturno de Retrospecção para quando fazemos o mal durante um dia recém-finco –, maior será a reparação espiritual e mais eficaz será a proteção de que se beneficiará, porque Deus pune duramente os ataques de que os justos são o objeto. “Se for possível e se isso depender de vós, conservai-vos em paz com todos os seres humanos. Não vos vingueis vós mesmos, meus muito amados, mas deixai atuar a justiça de Deus, porque está escrito: ‘Para mim o julgamento; sou eu quem retribuirá’, disse o Senhor. Mas, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; e se tiver sede, dá-lhe de beber; porque procedendo assim são carvões ardentes que tu amontoarás sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 12:18-21).

    Ser humilde é, numa palavra, matar dentro de nós mesmos todo o germe de satisfação orgulhosa e sensual, de forma a chegar a uma perfeita indiferença perante os elogios ou as calúnias. É assim que adquirimos a liberdade interior e que não nos importamos mais ouvir falar de nós, tanto em mal como em bem, como se tal coisa não nos dissesse respeito. Um ponto pode nos aborrecer muito, se não nos acautelamos. É o dos louvores, elogios, fama mundana. Nesse caso, nos dizem que somos santos, beneméritos e até filantropos, e se servem de expressões exageradas, que se diriam sugeridas por um tentador. Nunca nos deixemos passar semelhantes palavras sem declarar a nós mesmos uma guerra interna. Lembremo-nos de que maneira o mundo tratou Cristo-Jesus, Nosso Senhor, depois de tanto O terem exaltado no conhecido como “Dia de Ramos” ou, popularmente, “Domingo de Ramos”. Pensemos na estima que se concedia a S. João Batista, a ponto de considerá-lo o Messias e vejamos, em seguida, como e por que motivo lhe cortaram a cabeça. O mundo nunca exalta, senão para rebaixar, quando aqueles que exaltam são “filhos de Deus”. Lembremo-nos dos nossos pecados e supondo que sobre qualquer ponto de vista se diz verdadeiro, pensemos que é um bem que não nos pertence, e que somos obrigados a muito mais. Excitamo-nos o receio em nosso interior, a fim de impedirmos de receber com tranquilidade este “beijo de falsa paz” que o mundo constantemente nos oferece.

    Quando somos humildes, sofremos por ouvir o nosso próprio elogio. Para sermos verdadeiramente humildes, é necessário ainda destruir em nós qualquer ambição, limitando-nos ao cumprimento rigoroso do dever presente, e abandonando o resto aos cuidados da Providência, de Deus. É Ele quem decidirá da utilidade do nosso bom êxito presente e quem fixará a hora da nossa recompensa aqui ou nos Céus. E graças a este estado de espírito intimamente vivido que tantas pessoas realizaram e realizam obras prodigiosas antes e depois da morte delas. Assim, não devemos ficar surpreendidos em ver os grandes Místicos e Ocultistas serem atormentados pela necessidade de humilhação e a paixão do renunciamento. Desprezemo-nos a nós mesmos e desejemo-nos que os outros nos desprezem. Não foquemos na fama mundana. Para chegarmos a possuir tudo, tratemos de nada possuirmos. Administremos, somente. Para chegarmos a ser tudo, procuremos nada sermos. Já que ser aqui é aparência, é ilusão, é a Personalidade. Porque para alcançar o Todo devemos renunciar completamente a tudo. Para que possamos construir o Corpo-Alma. Neste desprendimento encontramos a nossa tranquilidade e o nosso repouso, para nos dedicarmos dia a dia ao nosso desenvolvimento espiritual. Profundamente estabelecido no centro do nosso nada, não poderíamos ser oprimidos por aquilo que vem debaixo e, nada mais desejando, o que vem de cima não nos fatigará; porque os nossos desejos, sentimentos e emoções que construímos e insistimos em manter baseados nas matérias das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo são a única causa dos nossos sofrimentos.

    Na prática, a extinção de todo desejo, sentimento e toda emoção que construímos e insistimos em manter baseados nas matérias das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo deve se compreender como a restrição do esforço ao cumprimento do dever cotidiano. Passar uma vida regrada, simples, reta e útil sem se preocupar nem com o passado, nem tão pouco com o futuro; abandonando-se humildemente a direção de Deus quanto ao restante, tal é a verdadeira concepção mística da vida.

    A humildade, na vida presente, poderá ser exercida suportando com paciência as desavenças, as injúrias e os sofrimentos, se comportando a respeito de todos com benevolência e doçura sem limites. Esforcemo-nos para realizar o melhor que podemos, seguindo o grande exemplo de Cristo. “Pois eu estou no meio de vós outros assim como o que serve.” (Lc 22:27). “Eu sou manso e humilde de coração.” (Mt 11:28).

    Da humildade decorre ainda outro renunciamento: é aquele que consiste em nos recusarmos a julgar os outros. O melhor meio de nos exercitarmos é, primeiramente, nos obrigarmos a nunca falar mal do próximo. “Não julgueis, e não sereis julgados; nada condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á; no vosso seio vos meterão uma boa medida de que vós vos servirdes para os outros, tal será a que servirá para nós.” (Lc 5:37-38).

    Depois, em presença da nossa indignidade, das nossas fraquezas pessoais e da infinita bondade de Deus, é preciso subjugar a nossa Personalidade e destruirmos em nós todo o germe de ódio, rancor, vingança. Para obtermos o próprio perdão, é necessário começarmos por concedê-lo aos outros. Todas as vezes que a nossa vida está em perigo duma maneira assustadora, é preciso deixarmos a Deus o cuidado de nos proteger e orarmos pelos perseguidores, porque a injúria feita a um justo é sempre motivo para terríveis sanções. Todas as vezes que cometemos um erro, é preciso repará-lo e nos impormos a humilhação de o pagarmos. Todas as vezes que quem ofende sinceramente se arrepende, devemos lhe perdoar sem hesitar.

    Vós tendes ouvido o que se disse: olho por olho, e dente por dente. EU, porém, digo-vos que não resistais ao que vos fizer mal… E ao que quer demandar-te em juízo e tirar-te a túnica, larga também a tua capa. Dá a quem te pede… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e vos caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que estais nos Céu, que faz nascer o Sol sobre os bons e maus. Sede, então, perfeitos, como também o vosso Pai celestial é perfeito.” (Mt 5:38-48).

    Mas quando vos levantardes para orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que estais nos Céus, vos perdoe vossos pecados.” (Mc 11:25).

    Se teu irmão pecou contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender perdoa-lhe. Se ele pecar sete vezes no dia contra ti, e que sete vezes no dia te vier buscar dizendo: eu me arrependo; perdoa-lhe.” (Lc17:3-4).

    A subjugação da nossa Personalidade destrói em nós não só o egoísmo, mas nos faz ainda conhecer melhor a fragilidade dos laços que nos ligam neste mundo a todos aqueles a quem amamos. O perfeito desprendimento, com efeito, não dá mais lugar em nós do que a um pensamento dominante; cumprir a vontade de Deus. Isso não significa, de forma alguma, que seja preciso nos confinarmos numa reserva egoísta, nem numa insensível frieza. Pelo contrário, devemos trabalhar com a melhor das vontades por todos, amarmos o próximo de todo o coração e prestarmos a melhor das atenções aos que estão ao nosso redor e com os quais nos relacionamos; com a ideia sempre presente que a afeição, a estima e a vida de todos nos podem ser retiradas a todo o momento. Ou seja, a ninguém se apegar. É preciso chegar, pois, a destruir em nós toda a raiz egoísta de afeição terrestre e aprendermos a amar profundamente com o estado de espírito de renunciamento completo que faz passar os deveres dos Céus, à frente das preocupações terrestres. Foi o que Cristo-Jesus claramente significou quando deixou seus pais para ficar em Jerusalém no Templo, no meio dos doutores, e quando respondeu a sua mãe que se afligia com a sua ausência: “Por que me procurais? Não sabeis que importa ocupar-me das coisas que são do serviço de meu Pai?” (Lc 2:49).

    Quando estamos bem compenetrados desta obrigação do sacrifício de todas as afeições terrestres, a perda das consolações mais ternas e dos seres mais caros não causa tanto as crises de abatimento profundo e de violento desespero que tão facilmente nos desequilibram quando estamos presos aos bens deste mundo. Quando se sabe que a morte não é mais do que uma etapa normal para a vida sobrenatural; que a comunhão imaterial dos vivos e dos mortos é uma realidade; que Deus, na sua paternal bondade, nunca nos abandona; que o renascimento aqui, para uma vida nova, é uma certeza, então compreendemos que o melhor meio de honrar os que chamamos de mortos (pois estão mais vivos do que nunca!), de os ajudar ou ainda de receber úteis inspirações, não é passar o tempo em estéreis lamentações; mas, unicamente, orar por eles e, sobretudo trabalhar por realizar em nós e à volta de nós o Reino de Deus. E para alcançarmos o Reino de Deus, não há outra coisa a fazer senão aceitarmos com fé os renunciamento diários e nos ligarmos, sem demora, à execução dos deveres presentes de correção, de bondade e de trabalho, colocando em prática tudo que nós mesmos escolhemos no Terceiro Céu. Nenhuma coisa faz nos desviar desta estrita obrigação de prepararmos o futuro, sem nos demorarmos no passado. Ao discípulo que lhe dizia: “Senhor, permite-me ir primeiramente sepultar meu pai“, Cristo Jesus respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.” (Mt 8:21-22).

    E tu, vais, e anuncia o Reino de Deus.” (Lc 9:60). Outro lhe disse: “Eu Senhor seguir-te-ei, mas, permite-me, primeiramente, dispor dos bens que tenho em minha casa.”. Cristo-Jesus respondeu-lhe: “Todo aquele que põe a mão ao arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus.” (Lc 9:61-62).

    Então, quando se realizar em nós estas necessárias subjugações da nossa Personalidade, Deus nos poupará as provações e nos acumulará com os seus favores, muitas vezes mesmo já neste Mundo terrestre. Além disso, nos tornamos poderosamente fortes, desde que tomamos o nosso único ponto de apoio em Deus e o nosso único auxílio n’Ele, aceitando o pensamento de ficarmos privados, na desgraça do socorro e das afeições de todos os nossos. Foi por isso que Cristo-Jesus disse ainda: “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que acha a sua Alma perdê-la-á e o que a perder por mim, achá-la-á,” (Mt 10:37).

    (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1965 – Fraternidade Rosacruz-SP)

    PorFraternidade Rosacruz de Campinas

    Páscoa: o Amanhecer de um Alegre Dia

    Encontramo-nos de passagem sobre a Terra. Somos apenas peregrinos aqui. E justamente essa peregrinação, com suas lições e experiências, constitui o fator de nossa libertação, o meio através do qual um dia não mais renasceremos no plano físico.

    O nosso verdadeiro lar atualmente é nos Mundo celestiais. Nossos esforços devem ser dirigidos a um retorno as esses Mundos, tão rápido quanto seja possível, pois o propósito da vida é a experiência e a finalidade desta é o crescimento anímico.

    A vida aqui nos ensina lições definidas e quanto mais rapidamente as aprendermos, mais rápido será nosso crescimento anímico, apressando assim a chegada do dia da libertação.

    A nossa liberdade determina também a libertação final do Cristo de sua “prisão terrestre”. Nesta época do ano são relembrados os sofrimentos do Calvário, e o sacrifício do Cordeiro de Deus em benefício de cada um de nós. Há uma convergência para estudarmos o tema da “Paixão de Cristo”, revestindo-o da atmosfera intensamente emocional.

    Analisando o fato ocorrido há mais de dois mil anos à luz dos Ensinamentos Rosacruzes, chega-se à conclusão de que aquelas horas de intenso sofrimento nada foram, se comparadas com o que o Cristo suporta presentemente, ano após ano.

    Carregar aquela cruz de madeira na agitada Jerusalém há mais de vinte séculos atrás, sob a chacota judaica e o chicote romano, poderia ser até suportável para um ser humano. Pior é carregar a cruz da Humanidade, esse madeiro gigantesco, impregnado de todas as nossas mazelas, o mal que produzimos dia a dia (em pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações). Muito mais torturante para um Ser da estatura do Cristo é permanecer ligado a um Planeta como o nosso, de vibrações baixíssimas, uma somatória do que realmente somos.

    O grande Arcanjo Cristo, Deus-Filho, só bradará o “Consumatum est” definitivo quando um grande número de seres humanos suficiente para manter esse Campo de Evolução que chamamos de Terra e, assim, O liberarmos de sua missão terrestre. Na qualidade de Aspirantes à vida superior, nossa responsabilidade é imensa. Cumpre-nos viver nossas vidas tão altruisticamente quanto seja possível, evitando qualquer pensamento, sentimento, desejo, emoção, palavra, ato, obra ou ação capaz de tornar a Terra um local mais insuportável do que é atualmente. Difícil? Difícil, mas longe de ser impossível. Eis porque somos Aspirantes à vida superior. Eis porque estamos em uma Escola Preparatória para as Iniciações, que nos capacitará para executar tal tarefa!

    É verdade que estamos sujeitos a quedas. Mas nosso dever é evitá-las, mantendo diuturna autovigilância. Se cairmos, que não nos falte forças para o reerguimento e ajustamento a apropriados canais de conduta.

    Se a ocasião é propícia para meditarmos como aliviar os sofrimentos de Cristo, também é justo participarmos das alegrias da Páscoa. Regozijemo-nos não só pela ajuda recebida, mas principalmente por estarmos conscientes de que, preciosas oportunidades de serviço (sempre amoroso e desinteressado, focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade – ao nosso irmão e a nossa irmã que estão no nosso entorno) nos serão oferecidas na medida do nosso merecimento. Alegremo-nos por não sermos meros expectadores, mas partícipes de todo esse processo de libertação.

    A Páscoa assinala a vitória da vida sobre a morte, do Espírito sobre a matéria, e essa ideia inspirou Max Heindel a escrever estas formosas linhas: “Para os iluminados a Páscoa simboliza o amanhecer de um alegre dia, em que toda a Humanidade e o Cristo se libertarão permanentemente das limitações da materialidade, e ascenderão aos Reinos celestiais para se converter em colunas do templo de Deus e dali nunca mais sairão”.

    (Publicada na Revista Serviço Rosacruz de março e abril/1987-Fraternidade Rosacruz-SP)

    PorFraternidade Rosacruz de Campinas

    A Renovação e a Consagração

    Páscoa significa renovação. É a estação do novo crescimento e o impulso para nos purificar é universal. Agora, novamente consagramos nossas vidas, decidindo ser mais conscientes em nossos esforços diários. Somos estimulados a novos esforços e a novas aspirações conforme sentimos a Natureza responder às forças da vida que ascende, liberada por meio da crucificação. Essa “ascensão” é de natureza cíclica e ocorre anualmente, entre a Páscoa e o Domingo de Pentecostes.

    A máxima “como é em cima é embaixo” nos sugere o princípio unificante fundamental de toda a vida, e as mudanças cósmicas de natureza cíclica inevitavelmente encontram sua expressão na existência humana. Assim como o Ego, ou Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, procura renascer, igualmente as Leis da Natureza ou princípios cósmicos buscam sua manifestação externa ou personificação por meio da Forma, secundária expressão da Vida. O nascimento e a ressurreição de Cristo-Jesus são expressões externas das mudanças das Estações.

    Ambos, o Natal e a Páscoa, são pontos alternantes marcando o fluxo e o refluxo de um impulso de vida cósmica sem o qual a vida na Terra seria uma impossibilidade. Na época em que o Sol transita pelo Signo celestial da Virgem ocorre a Imaculada Concepção. Uma onda da luz solar de Cristo se concentra na Terra. Gradualmente essa luz penetra mais fundo até alcançar o ponto máximo na noite “mais longa do ano”, que chamamos Natal. Esse é o nascimento místico de um impulso de vida cósmica que impregna e fertiliza o Planeta e constitui a base da vida terrestre. Sem ele não germinaria semente alguma, não existiriam a Humanidade e os animais ou forma alguma de vida. Desde o Solstício de Dezembro até o Equinócio de Março esse impulso segue seu caminho até a superfície da Terra, infundindo nova Vida a todas as Formas em evolução.

    O conhecimento do fluxo e refluxo dessas forças cósmicas será muito útil para nós, porquanto nos enseja poder “agarrar o tempo pelos cabelos”.

    Durante esta estação, da Páscoa até o Domingo de Pentecostes, quando a natureza abunda em nova vida, devemos empreender todo esforço para nos sintonizar com esse impulso universal, para expressar uma vida mais harmoniosa. Este é o momento para despendermos os maiores esforços no sentido de alcançarmos níveis superiores de consciência. Devemos ter em conta, também, que não há tons menores neste “canto”. Sua palavra-chave é alegria. O evento da Ascensão de Cristo é cantado com grande regozijo nos planos espirituais. E nós também, se nos alinharmos com a Lei Cósmica, nos sentiremos felizes e alegres nesta época do ano.

    A Lei de Analogia se mantém pura em todos os departamentos da vida. Os alegres cantos são ecos, tons harmônicos de uma ressurgente harmonia cósmica. Se penetrarmos no espírito da estação poderemos, também, receber o estímulo resultante do rápido florescimento de todas as formas da Natureza.

    A ajuda que estamos recebendo para a aquisição do Conhecimento Direto dos Mundos espirituais deveria merecer especial atenção nesta ocasião. Esse auxílio, como ensina o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, resume-se em: Observação, Discernimento, Concentração, Meditação, Contemplação e Adoração. A Observação e o Discernimento são disciplinas a serem exercitadas durante todas as nossas horas de vigília. A Concentração, a Meditação, a Contemplação e a Adoração são graus progressivos de Exercícios Esotéricos especiais para o desenvolvimento da Clarividência.

    O pensamento é o meio mais poderoso para a obtenção do conhecimento. Se não dominarmos a necessária força mental nada existirá além da humana compreensão. Por meio da Concentração no poder mental podemos solucionar problemas que de outra maneira não chegaríamos a entender.

    Nossos primeiros esforços de Concentração são, frequentemente, insatisfatórios. Mesmo assim poderemos obter algum êxito em concentrar nossos pensamentos antes de que estejamos preparados para graus superiores de Meditação e Contemplação. O objeto da Concentração pode bem ser qualquer coisa, uma simples figura geométrica ou, de preferência, algum ideal. Qualquer que seja nossa escolha, é necessário mantermos firmes nossos pensamentos na figura mental criada, sem permitir desvios.

    O pensamento é o poder que utilizamos para construir imagens mentais ou pensamentos-forma e como é nossa força primordial devemos dominá-lo.

    Quando o Aspirante à vida superior, por intermédio da Concentração, obtiver êxito para construir o pensamento-forma vivente de um ideal, então já estará preparado para o passo seguinte, ou seja, a Meditação. Através dela, ele aprende tudo referente ao objeto criado em sua Mente. Terá acesso a conhecimentos jamais sonhados, pois através da Meditação suas criações mentais podem falar-lhe, por assim dizer.

    Os graus superiores — a Contemplação e a Adoração — geralmente não se alcançam até que estejamos bem treinados na Observação e no Discernimento, disciplinas mentais que deveríamos praticar continuamente. É importante tudo vermos com clareza, com contornos bem delineados e riquezas de detalhes.

    A visão etérica é uma extensão ou refinamento da visão física e facilitamos seu desenvolvimento através da prática sistemática de observar cuidadosamente todas as coisas.

    Enquanto praticamos o Exercício Esotérico da Observação, devemos aprender a discernir e a tirar conclusões do que vemos. Pela Observação e Discernimento cultivamos a faculdade de raciocinar logicamente. E a lógica, segundo nos foi ensinado, é o melhor guia em qualquer Mundo. Pelo desenvolvimento do Discernimento e da Observação nos preparamos para os dois passos seguintes: a Contemplação e a Adoração. Através da Meditação aprendemos tudo a respeito da forma das nossas criações mentais. Porém, na Contemplação, a parte que concerne à vida revela seus segredos. Na verdade, a unidade da vida nos põe de manifesto pela Contemplação e nos impressionamos com a verdade suprema de que não existe senão uma vida: a Vida Universal de Deus. Quando alcançamos esse estágio, através da Contemplação, ainda resta um passo a dar, ou seja, a Adoração. Por meio dessa, o Aspirante à vida superior se unifica com a Fonte Universal de todas as coisas.

    Nesta época do ano que estamos passando, quando a vida fecunda toda a Natureza, deveríamos, todos, tratar de fazer grandes progressos pela renovação dos nossos esforços para dominar esses seis graus ou disciplinas. Assim, nos sintonizando com as forças vitais que ressurgem na Terra e culminam no Domingo de Pentecostes, evoluiremos de modo tal como não seria possível de outra maneira.

    (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março e abril/1987-Fraternidade Rosacruz-SP)

    PorFraternidade Rosacruz de Campinas

    Pergunta: Qual é o significado das letras I.N.R.I. colocadas, às vezes, no topo da cruz?

    Resposta: Segundo a narração obtida dos Evangelhos, Pilatos colocou uma placa na Cruz de Cristo com os dizeres “Jesus Nazarenus Rex Judaeorem” e isso é traduzido, normalmente, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”. Mas, as quatro iniciais I.N.R.I colocadas sobre a Cruz representam os nomes de quatro Elementos da Natureza em hebraico: Iam, Água; Nour, Fogo; Ruach, Espírito ou Ar vital; e Iabeshah, Terra. Esta é a chave oculta do mistério da crucificação, pois simboliza, em primeiro lugar, o Sal, o Enxofre, o Mercúrio e o Azoth, que foram utilizados pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o “elixir-vitae”.

    Os dois primeiros (Iam e Iabeshah) representam o Elemento salino lunar, a Água: a – em um estado fluídico que contém sal em solução; b – o extrato coagulado dessa água: o “sal da terra”. Em outras palavras, os veículos fluídicos mais sutis do ser humano e seu Corpo Denso. “N” (Nour) representa o Fogo em hebraico, e os Elementos combustíveis, entre os principais são o enxofre e o fósforo, tão necessários à oxidação e sem os quais o sangue quente seria impossível. O Ego não poderia funcionar no Corpo Denso, nem conseguiria expressar o pensamento aqui. “R” (Ruach) é o equivalente hebraico para o Espírito, isto é, o Azoth que funciona na Mente mercurial. Assim, as quatro letras: I.N.R.I.  colocadas sobre a Cruz de Cristo, de acordo com o relato dos Evangelhos, representam o ser humano composto, o Pensador, no momento de seu desenvolvimento espiritual, quando se prepara para a libertação da cruz de seu veículo denso.

    Prosseguindo na mesma linha de elucidação, podemos notar que I.N.R.I. é o símbolo do candidato crucificado pelas seguintes razões:

    Iam é a palavra hebraica que significa Água, o elemento fluídico lunar, que constitui a maior parte do corpo humano (cerca de 60% a 70%) e essa palavra também é o símbolo dos mais veículos fluídicos do desejo, sentimento e da emoção.

    Nour, a palavra hebraica que significa Fogo, é uma representação simbólica sangue vermelho, produtor de calor, carregado de ferro marcial, fogo e energia, que o ocultista vê fluindo como um gás circulando pelas veias e artérias do corpo humano, lhe infundindo energia e disposição, sem as quais não haveria progresso espiritual nem material. Também representa o enxofre e fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, como já anteriormente mencionado.

    Ruach, a palavra hebraica para indicar o Espírito, ou Ar vital, é um símbolo excelente do Ego envolvido pela Mente mercurial, que torna Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado como um ser humano, capacitando-o a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma forma racional.

    Iabeshah é a palavra hebraica para Terra, representando a parte sólida e carnuda que compõe o corpo terrestre cruciforme, cristalizado dentro dos veículos mais sutis ao nascer e separado deles ao morrer no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender as gloriosas esferas superiores por uns tempos.

    Esse estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico envolve, portanto, uma reversão da força criadora sexual de seu curso descendente normal, através da medula espinhal tripartida[1], onde os três segmentos são regidos, respectivamente, pela Lua, Marte e Mercúrio, e de onde os raios de Netuno acendem o Fogo Regenerador Espiritual da Espinha Dorsal, que subindo coloca em vibração o Corpo Pituitário[2] e a Glândula Pineal[3]. Isso, abrindo a visão espiritual e atingindo o seio frontal[4], faz a coroa de espinhos pulsar de dor enquanto o vínculo com o Corpo Denso é consumido pelo sagrado Fogo Espiritual, que desperta esse centro de sua milenar letargia para uma vida pulsante, avançando para os outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Eles também são vitalizados e todo o veículo se ilumina com uma glória dourada. Então, como um último movimento brusco, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado na posição referencial do fígado, é liberado e a energia marciana, contida nesse veículo, impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado devido aos estigmas da cabeça, das mãos e dos pés que estão situados na mesma posição relativa entre si que os pontos da estrela de cinco pontas), que ascende através da crânio (Gólgota), enquanto o Cristão crucificado profere seu grito triunfante: “Consummatum est” (está consumado), e começa a se elevar para as esferas mais sutis ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com tanto êxito e de quem, desde então, é companheiro inseparável. Jesus é seu Mestre e seu guia para o Reino de Cristo, onde todos estaremos unidos num só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, a quem o Reino eventualmente retornará, para que Ele seja Tudo em Todos.

    (Pergunta número 78 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


    [1] N.T.: A estrutura tripartida mais relevante para a medula espinhal refere-se aos seus funículos (ou cordões): anterior, lateral e posterior. Estes funículos contêm vias de substância branca que transmitem impulsos nervosos entre o cérebro e o corpo.

    [2] N.T.: Também conhecido como Hipófise, é uma glândula endócrina localizada na base do cérebro, em uma estrutura óssea chamada Sela Túrcica.

    [3] N.T.: Também chamada de Epífise, localizada no cérebro é uma glândula endócrina, ou seja, que libera sua secreção diretamente no sangue. O hormônio por ela produzido é a melatonina. Apresenta um formato que lembra uma pinha, daí sua denominação.

    [4] N.T.: são dois espaços aéreos localizados na parte inferior da testa, acima dos olhos e entre as sobrancelhas.

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