Se você estivesse se preparando para entrar em uma universidade ou faculdade como Yale, Harvard, Stanford ou qualquer outra desse tipo, seria obrigado a fazer sua inscrição ou vestibular e, se aceito, seria instruído a se apresentar em determinado dia, quando as aulas começassem. Na Escola Fraternidade Rosacruz também há uma regra: os alunos que desejam entrar nessa Escola devem fazer a inscrição no Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz e não podem começar antes de serem devidamente aceitos e informados sobre quando poderão começar. Sem essa inscrição e sem atender a esse Curso, o aluno não se torna um Estudante Rosacruz e muito menos começa a trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Ou seja, não alcançará o desenvolvimento espiritual Cristão-Rosacruz promovido por essa Escola e, obviamente, nem as nove Iniciações Menores e nem as quarto Iniciações Maiores (ou Cristãs) promovidas pela Ordem Rosacruz.
Intelectualmente falando o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz parece muito fácil, mas é uma ilusão. Tanto que muitos desistem (!) e os motivos são os mais diversos possíveis, mas todos eles são justificativas que, no fundo, levam a pessoa “não entender porque, de fato, desistiu”. A cada vez que tenta recomeçar, fica mais difícil continuar. Aí, ou em um esforço extremo de força de vontade própria ele consegue, ou desiste de vez (e, aqui, algumas vezes desdenhando ou “falando mal”, afinal “é sempre muito fácil ver o “cisco” nos olhos de outra pessoa, embora a “trave” seja muito evidente nos nossos.”).
Quem dá o ritmo dos Cursos sempre é o Estudante Rosacruz. Respostas que demonstram que ele estudou (a começar não sendo um “copia/cola”, mas também não “fugindo” da resposta, oferecendo um texto que beira o prolixo, ao invés de focar na resposta exata que a pergunta solicita) o faz caminhar mais rápido no Curso. Normalmente isso se traduz em respostas curtas, precisas e que respondem o que foi perguntado e nada mais! Do contrário, irá mais devagar. Há de perceber que nas doze Lições que compõe o Curso, há algumas lições que são verdadeiros pontos de inflexão para o Estudante Rosacruz: ou passam por elas como facilidade e a partir delas aceleram a aprendizagem, ou “empacam” nela e demoram para respondê-las (quando não desistem). São verdadeiras “provas” que demonstram se o interesse do Estudante Rosacruz é sincero e está em harmonia com o esperado pelo Irmão Maior ou se torna desarmônico e, portanto, não cria o ponto de contato, que é a marca de um verdadeiro Estudante Rosacruz com os Ensinamentos Rosacruz.
E mais: no intervalo entre o recebimento de uma lição e outra, o Estudante Rosacruz – ávido para aprender e passar para frente o conhecimento, aplicando-o – se dedica a aprimorar os seus Exercícios Esotéricos, a se aprofundar em um determinado assunto esotérico, aproveitando o extenso material que tem a sua disposição (a grande maioria de graça). Queremos, portanto, reiterar, a fim de evitar decepções e aborrecimentos, que aqueles que tem pressa, entendam que o merecimento parte dele e não da Escola Fraternidade Rosacruz e, quanto mais ele se desenvolve, mais sutis tornam as “lições não escritas” que ele deve se aplicar para aprender e que para ele, muitas vezes, “aparecem” como provas, tentações, desculpas por falta de tempo ou quaisquer outras distrações que ele pode nomear como razão para “tirar o pé”.
Por outro lado, cada etapa que passar e se dedicar o seu crescimento anímico seguirá a passos largos e as “verdades que aceitou como prováveis” começam a ser “provadas” para ele de um modo inquestionável, que muito o anima e renova a força de vontade em caminhar para frente e para cima em busca de ser um “colaborador consciente na obra bem feitora dos Irmãos Maiores a serviço da humanidade”.
(Publicado no Echoes from the Mount Ecclesia de junho/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Max Heindel
Hoje em dia, muitas pessoas, geralmente, olham para o oriente, quando empreendem a busca pela Luz Mística. No entanto, na verdade, o curso das estrelas é do leste ao oeste e os doadores de luz celestiais acima, assim como os lugares de luz terrestre, abaixo, são periodicamente movidos em direção ao oeste. Os sábios do Oriente, mencionados na Bíblia, não olharam para o leste em busca da estrela, mas a seguiram e foram com ela para o oeste. No antigo Templo de Mistério da Atlântida, chamado de Tabernáculo no Deserto, havia uma luz dentro do portão oriental, por onde o Aspirante entrava. Ele estava então voltado para o oeste e via a luz lá dentro; ou seja, a luz no Altar dos Sacrifícios.
Ele estava cego e procurando a luz; esta luz o confronta quando olha para o Ocidente. A lei era seu vigia para trazê-lo à luz que, então, brilhava para sua orientação; enquanto ele a seguia em sua jornada e caminhava para o oeste, em direção ao primeiro véu, outra luz aparecia: o Candelabro de Sete Braços no Lugar Santo. Esta era uma luz mais pura e sagrada do que a luz do Altar dos Sacrifícios, onde o fogo era alimentado com as carcaças fumegantes e sangrentas dos sacrifícios. A luz do Lugar Santo era alimentada com o mais puro azeite de oliva, feito especialmente para esse fim; portanto, era uma luz de ordem superior, acima daquela das carcaças que queimavam ao lado de fora. No entanto, o candidato prosseguia mais para o Oeste e, quando ele chegava à parte mais ocidental de todas, o Santo dos Santos, havia escuridão aparente onde estava a Arca da Aliança; mas acima dela havia uma luz espiritual, mencionada na Bíblia como a “Glória de Shekinah”, pairando sobre a Arca como o símbolo do ser humano purificado. Enquanto ele estava no portão leste e a luz brilhava resultado do Altar dos Sacrifícios, o Aspirante estava sem a lei dentro dele e obedecia à lei externa como se ela fosse um seu feitor.
Já nessa extremidade ocidental do Tabernáculo ele encontrava a Arca da Aliança com as tábuas da lei dentro dela, símbolo do fato de que o ser humano que chegou àquela altura tem dentro de si todas as leis da natureza e é um com elas. Portanto, ele as obedece prontamente; elas não são para ele um vigia e ele não agiria contrário a elas, mesmo se pudesse. O Pote de Ouro de Maná, simbolizando o pão que desceu do céu, o Cristo Interno, nos fornece outra chave para decifrar a natureza deste símbolo. A Vara de Aarão, com a qual operou os milagres no Egito, é como a lança do Graal, um símbolo do poder espiritual que pode ser empunhado por um ser humano que atingiu aquela Luz Espiritual do Oeste.
Contudo, o propósito dessa conquista é, e deve ser sempre, o serviço; portanto, as varas estavam sempre colocados nos anéis da Arca, para que ela pudesse ser movida a qualquer momento. Da mesma forma, o homem ou mulher elevado espiritualmente em quem brilha aquela maravilhosa Glória de Shekinah e que tem dentro de si as tábuas da lei, o Maná que caiu do Céu e a Varas Sagradas, está alerta ao menor chamado de serviço, para que ele ou ela possa se apressar em aliviar o sofrimento de seus irmãos e irmãs que estão para trás no Caminho da Evolução, em direção ao Oriente.
Também, sabemos que há seiscentos ou setecentos anos A.C. uma nova onda de espiritualidade iniciou-se nas margens ocidentais do Oceano Pacífico, para iluminar a nação chinesa. Hoje em dia, milhões de habitantes do Celeste Império professam a religião de Confúcio. Notamos o efeito posterior dessa onda na religiãode Buda, um ensinamento destinado a despertar as aspirações de milhões de hindus e chineses ocidentais. Em seu curso para Oeste, surge entre os gregos mais intelectuais, nas filosofias elevadas de Pitágoras e Platão, e por último, invade o mundo ocidental e alcança os precursores da Raça humana, onde assume a elevada forma da Religião Cristã.
O Cristianismo abriu gradualmente seu caminho para Oeste até a costa do Oceano Pacífico, onde vem reunindo e concentrando as aspirações espirituais. Ali alcançará um ponto culminante, antes de prosseguir através do Oceano para inaugurar no Oriente um despertar mais elevado e mais nobre, muito mais do que existente até agora nessa parte da Terra.
Esses são fatos místicos e a visão do autor os percebeu corretamente. Tudo muda à medida que vamos do Leste para o Oeste para promover o desenvolvimento do novo atributo que devemos desenvolver nesta Era de Peixes, para que a Era vindoura, a de Aquário, possa ser utilizada por quem esteja pronto.
Quando o autor foi para a Alemanha, em 1907, ele sentiu, de forma mais aguda, a opressão do Espírito-Grupo ali, como uma nuvem sobre a Terra, segurando o povo em suas garras. Assim como está registrado que nos tempos antigos Jeová foi à frente dos israelitas e estava como numa nuvem, assim o Espírito-Grupo das nações governa o seu próprio povo, refletindo sobre ele e desenvolvendo nele certas características. Portanto, as características dos europeus persistem, apesar da frequência crescente de casamentos internacionais, porque o Espírito-Grupo invariavelmente marca sua prole. Na América é diferente; esse é o caldeirão e nenhum Espírito-Grupo foi desenvolvido para guiar este lugar. Uma nova classe de Egos está renascendo, com traços de caráter e qualidades diferentes das que existem entre as pessoas mais velhas.
Quando investigamos as condições climáticas, também descobrimos que há uma grande diferença entre a atmosfera da América e da Europa; a atmosfera da América é elétrica e, particularmente no sul do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, o Éter é abundante em grau nunca experimentado em qualquer lugar da Terra. Isso tem um efeito muito brilhante sobre as pessoas que vivem nos diferentes países e o escritor não pode ilustrar tal característica de maneira melhor do que relatando um certo incidente e uma conversa que aconteceu no Templo da Rosacruz na Alemanha, que ele visitou, por ser convidado, para receber os ensinamentos incorporados no Conceito Rosacruz do Cosmos.
Por meio de um trabalho incessante dia e noite, por muito tempo, o autor conseguira fazer um esboço da filosofia. Isso, ele mostrou aos Irmãos Maiores, que o estavam instruindo, mas seu entusiasmo logo esfriou quando lhe disseram que, embora agora estivesse muito satisfeito com o resultado, assim que chegasse aos Estados Unidos, a atmosfera elétrica da América o faria olhar para as coisas de maneira diferente, que ele iria reescrever e tornar completamente distinto; ele supunha que isso fosse absolutamente impossível, na época; porém os Irmãos Maiores então disseram.
“Você foi convidado a vir para a Alemanha porque a atmosfera deste local, pesada, carregada pelo Espírito-Grupo, leva à persistência e perseverança, favorecendo a concentração, o pensamento profundo e uma grande percepção. Só aqui o esqueleto para tal livro poderia ser escrito; mas para terminá-lo e dar a ele um traço de vida que deve ter para lhe tornar sucesso entre as massas, a atmosfera elétrica da América é necessária”.
A atitude mental de um alemão, devido ao Espírito-Grupo na atmosfera, pode ser comparada a um ser humano que viaja de Berlim a Paris em diligência; vai levar muito tempo para chegar, mas no caminho ele vê pessoas de diferentes nações e se familiariza com cada passo da estrada, percebendo a paisagem e se familiarizado totalmente a cada passo do caminho, de modo que possa dar uma boa descrição, se ele depois precisar. Os processos mentais na América também são como seus métodos de viagem. Quando deseja ir de um lugar na América para outro lugar também na América, ele dorme à noite para não perder qualquer uma das preciosas horas comerciais da luz do dia, corre pelo país a uma velocidade a mais que ele possa e chega ao seu destino na madrugada do dia seguinte; ele não sabe coisa alguma dos locais por onde passou, mas chegou rápido: esse é o ponto essencial.
Vamos a um exemplo: um alemão teria usado, pelo menos, dois volumes para expressar sua opinião sobre todos os detalhes do projeto do Canal do Panamá. O presidente Roosevelt cobriu bem o assunto em um único discurso; ele chegou ao destino sem todos os detalhes.
Em outra ocasião, quando a questão da Sede Mundial estava em discussão, o escritor foi instruído a procurar um lugar com vista para o Oceano Pacífico, no sul do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, tendo ao fundo montanhas cobertas de neve. Tentamos primeiro comprar um lugar que parecia se adequar à descrição, em parte; mas os obstáculos foram se acumulando de modo que não pudemos aperfeiçoar a compra. Então Mt. Ecclesia foi encontrada e imediatamente reconhecida pelos Irmãos Maiores como cumprindo todas as condições exigidas.
O número de prédios está aumentando, o jardim está ficando mais bonito ano após ano. Este local já se tornou um destino para Estudantes Rosacruzes de muitos lugares que vêm aqui para reunir inspirações e levar de volta para suas casas a luz recebida aqui; com o passar do tempo, não podemos esperar que isso possa, de fato, tornar-se um centro de grande influência espiritual na obra do mundo. Vamos puxar o vagão das aspirações para entregá-lo à Estrela da Esperança; quanto mais elevado for o nosso ideal, melhor talvez vivamos de acordo com ele.
Uma coisa é certa — o templo espiritual que estamos construindo com nossas esperanças e aspirações, ao redor do santuário terrestre que já erigimos, está gradualmente crescendo mais e se tornando mais bonito, luminoso e mais parecido com aquele templo admirável que Manson descreve tão eloquentemente em O Servo da Casa. Pela Graça de Deus continuaremos na alegria e no contentamento. Como disse Manson: “Descobrimos ser verdade que, às vezes, o trabalho continua na escuridão quase total; mas ocasionalmente chegam os raios de esperança, as nuvens se desmancham e o sol da alegria e contentamento brilha para aliviar a carga”. Contudo, quer estejamos construindo nas trevas ou na luz ofuscante, é algo que podemos dizer: nunca cessamos em nossa persistência incansável. Ajudados pelas aspirações de milhares de Estudantes Rosacruzes mentalmente centrados neste lugar, o trabalho prossegue com alegria ou tristeza e, algum dia, a visão será realizada e Mt. Ecclesia, a sede da Fraternidade Rosacruz, dará sua cota total de luz para “o mundo que espera”.
Como o Sol, por precessão, está se aproximando da cúspide do Signo de Aquário, as influências uranianas e netunianas estão ficando cada vez mais fortes. Pessoas em todo o mundo estão atualmente sendo atraídas para o lado espiritual da sua natureza de uma forma, e com uma força, nunca vista. A onda do materialismo e do dogmatismo, tanto o religioso quanto o científico, está gradualmente recuando e, em seu lugar, este novo raio estelar está trazendo mais luz, mais amor pela humanidade.
A necessidade do ser humano é a oportunidade de Deus e não demorará muito para encontrar, aqueles que agora estão se preparando para a tarefa através do estudo adequado e de uma vida consagrada, um público pronto entre os povos onde anteriormente o prazer mundano era o objetivo principal da vida. Possa cada um que vê a luz mística aproveitar a oportunidade de se preparar adequadamente para o grande privilégio de levar luz aos povos e colher, assim, o óleo da alegria como a recompensa, ganhando oportunidades cada vez maiores de serviço no futuro, pelo trabalho do presente.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A antiga Fraternidade Rosacruz consistia de seres altamente espiritualizados, puros e de incomensurável sabedoria. Eram alquimistas médicos e matemáticos, doze indivíduos do século XIV, que foram orientados por um ser conhecido como “Cristão Rosa Cruz”.
Esses seres trabalharam secretamente e formaram uma fraternidade conhecida como “Ordem Rosacruz”.
Os conhecimentos de tal Ordem foram ministrados à apenas alguns sábios, sendo que nada foi revelado até o ano de 1614, data da publicação da Fama Fraternitatis, o primeiro manifesto Rosacruz. Essa sociedade secreta ainda existe e ainda trabalha pela elevação da humanidade. Somente aqueles que possuem um amplo desenvolvimento espiritual são admitidos como membros no círculo interno do movimento Rosacruz.
Tais “médicos da alma” engajados no controle interno deste grande movimento estão intimamente associados à evolução do mundo. Esses irmãos trabalham de forma secreta, incansável e abnegadamente pelo bem da humanidade.
Em 1908, Max Heindel, que era de origem dinamarquesa, após ser testado em sinceridade de propósitos e desejo desinteressado em ajudar seus semelhantes, foi escolhido como o mensageiro dos Irmãos Maiores, para transmitir os ensinamentos Rosacruzes ao Ocidente, preparando a humanidade para a futura Era de Fraternidade Universal. Por meio de intensa autodisciplina e devoção ao serviço ele conquistou o grau de Irmão Leigo no Caminho para a Iniciações na exaltada Ordem Rosacruz.
Sob a direção dos Irmãos Maiores da Rosacruz, gigantes espirituais da raça humana, Max Heindel escreveu o Conceito Rosacruz do Cosmos, um livro que marcou época se tornando uma referência marcante para todos os pesquisadores da tradição ocultista ocidental e aspirantes à espiritualidade.
Por meio de seu próprio desenvolvimento ele foi capaz de verificar por si mesmo muitos aspectos dos ensinamentos recebidos dos Irmãos Maiores, sintetizados no Conceito Rosacruz do Cosmos, fornecendo um conhecimento adicional mais tarde corporificado em seus numerosos livros.
Uma das condições básicas na qual os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental foram dados a Max Heindel era que nenhum preço poderia ser estabelecido para eles. Tal condição foi fielmente observada por ele até o fim de sua vida terrestre e tem sido cuidadosamente cumprida pelos dirigentes da Fraternidade Rosacruz (The Rosicrucian Fellowship). Ainda que os livros da Fraternidade sejam vendidos a preços acessíveis, que garantam a continuidade de suas publicações, os cursos por correspondência e os serviços devocionais e de cura são inteiramente gratuitos. A Fraternidade Rosacruz é mantida através de doações voluntárias de seus Estudantes Rosacruzes e simpatizantes, não havendo taxas ou mensalidades obrigatórias.
Passado um determinado tempo e estando ainda tais ensinamentos sob a sua responsabilidade, foi instruído a retornar à América e revelar ao público tais ensinamentos, até então secretos. Nessa época, a humanidade tinha alcançado o estágio mais avançado da Religião Cristã, quando os mistérios (que Cristo menciona no Evangelho Segundo São Mateus 13:11 e Evangelho Segundo São Lucas em 8:10) tinham que ser ministrados a muitos e não apenas para alguns.
Quando Max Heindel chegou à América, ele publicou esses elevados conhecimentos em seu livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” que foi traduzido em diversas línguas e continua a ser editado em várias partes do mundo. Também estabeleceu a Fraternidade Rosacruz como uma Escola Preparatória para a verdadeira, eterna e invisível (pois está na Região Etérica do Mundo Físico) Ordem Rosacruz, a Escola de Mistérios do Mundo Ocidental.
Ainda que a palavra “Rosacruz” seja usada por várias organizações, a Fraternidade Rosacruz não tem nenhuma conexão com estas.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
O trabalho de curar os enfermos é realizado pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz ajudados por um grupo de Auxiliares Invisíveis, que trabalham sob sua direção. Esse trabalho é executado de acordo com a recomendação de Cristo aos seus discípulos: “Ide, pregai o Evangelho e curai os enfermos“.
Os Irmãos Maiores são seres humanos que alcançaram um nível muito elevado de espiritualidade. Por meio deles o Espírito de Cristo trabalha sem cessar para o bem da humanidade.
Os Auxiliares Invisíveis são seres humanos que chegaram a um grau de evolução tal que, ao mesmo tempo que levam durante o dia em seu Corpo Denso, o físico, uma vida consagrada ao serviço amoroso e desinteressado à humanidade, merecem o privilégio de ser durante a noite, enquanto funcionam em seus Corpos-Almas, colaboradores assíduos dos Irmãos Maiores. Há uma referência a esta faculdade, nas seguintes palavras do Serviço Vespertino, que diariamente celebram os Rosacruzes em seu Templo: “E nesta noite, enquanto nossos corpos físicos descansam calmamente em seu sono, possamos nós, como Auxiliares Invisíveis, continuar trabalhando fielmente na ‘Vinha do Senhor'”. Esses seres são organizados em grupos, de acordo com seu temperamento e atitudes, e instruídos por outros que são médicos. Todos eles trabalham sob a direção dos Irmãos Maiores que são os espíritos responsáveis pela obra de curar os enfermos. É muito frequente os pacientes sentiram a presença dos Auxiliares Invisíveis, enquanto estes trabalham para lhes extirpar os venenos causadores da enfermidade e assim devolver-lhes a saúde.
PARA QUE O TRATAMENTO SEJA EFICAZ, É ESSENCIAL VIVER UMA VIDA PURA: Os Auxiliares Invisíveis nunca permanecem surdos aos pedidos de auxílio; contudo, para que os enfermos possam merecer a Força Curadora do Pai, devem submeter-se a uma dieta alimentar pura, isenta de carne, dormir em habitações bem ventiladas, nutrir apenas pensamentos puros e construtivos e levar uma vida dedicada ao serviço desinteressado em favor da humanidade. A Força Curadora é pura, pois tem origem no Pai. Se apelamos à ela para diminuir nossas dores, devemos viver de acordo com as Leis da Natureza, que são as Leis de Deus. Se o paciente não vive de acordo com as Leis Naturais, a base para a saúde, terá apelado inutilmente para a Força Curadora do Pai.
A FORÇA CURADORA DO PAI: Como já dissemos, a Força Curadora provém de Deus, nosso Criador e Pai Celestial, o Grande Médico do Universo. Está em toda parte, embora em estado latente. Pode ser liberada e ativada por meio da oração e da concentração e irradiada sobre a pessoa que sofre. Foi manifestada por Cristo Jesus e emana do Pai nos serviços devocionais de Auxílio de Cura que são celebrados todas as semanas em todos os núcleos da Fraternidade Rosacruz espalhados pelo mundo. Ao aplicar a Força Curadora do Pai, os Auxiliares Invisíveis elevam o ritmo vibratório do paciente até um grau conveniente, habilitando-o, assim, a expelir de seu organismo os venenos da enfermidade e a purificar cada molécula de sangue, fibra ou órgão, até que todo o corpo esteja renovado. Este processo de renovação realiza-se de acordo com as Leis Naturais e não de uma maneira milagrosa. Se o paciente continua violando as Leis Naturais, acumulando substâncias nocivas em seu sistema e persistindo em viver uma vida incorreta, frustra o processo de cura.
CAUSAS DA ENFERMIDADE: O maravilhoso organismo que chamamos corpo humano é regido por Leis Naturais imutáveis. Todas as enfermidades são o resultado da violação das Leis da Natureza, seja conscientemente ou por ignorância. Se uma pessoa está enferma é porque, na presente vida ou nas precedentes, não considerou os princípios fundamentais dos quais dependem a saúde do corpo. Se desejamos recobrar a saúde e conservá-la, devemos compreender estes princípios e harmonizar nossos hábitos de acordo com eles. Era esta a mensagem do Cristo Jesus quando disse ao paralítico curado: “Estás são, não voltes a pecar para que não te suceda algo pior” (Jo 5:14). Nem mesmo Cristo podia conceder uma saúde perfeita permanente se aquele que a recebia por meio da Força Curadora do Pai, não renunciasse aos maus hábitos causadores da enfermidade e não obedecesse às Leis estabelecidas por Deus, que são as que governam o corpo humano.
O DIREITO À SAÚDE: Há pessoas que “exigem” uma saúde perfeita e acreditam ter direito à ela. Esquecem que, nesta existência ou em outra anterior, perderam esse direito que lhes foi dado pelo Criador, por terem desobedecido às Leis Naturais. Por meio da dor e da enfermidade aprendem uma dura lição. Só quando esta lição tenha produzido seus frutos e passam a viver uma vida sã, o direito à saúde lhes será restituído.
VIOLAÇÃO DAS LEIS DA SAÚDE: A Força Curadora do Pai é construtiva, os métodos errados de viver são destrutivos. As omissões e transgressões, provenientes de uma vida errada, são as causas da enfermidade. Citaremos as principais: alimentação inadequada ou excesso de alimentos, falta de ar puro e de sol, vida sedentária, falta de domínio sobre si mesmo, abrigar pensamentos de cólera, ódio e ressentimento, gratificar desejos degradantes, maltratar outros seres, sejam eles humanos ou animais, abuso da sagrada função geradora. Desde que todos os órgãos do corpo, com suas funções respectivas se relacionam entre si, o abuso leva a doença a todo o organismo, porque cada parte influi, em conseqüência, nas demais, contribuindo para acumular os venenos da enfermidade em todo o sistema, diminuindo assim a vitalidade de todo corpo. Os sintomas locais são a evidência de que todo o corpo está enfermo. Por isso, toda a cura para ser duradoura necessita suprimir as causas e não eliminar os sintomas.
CURA ESPIRITUAL: A cura espiritual opera sobre os planos superiores do nosso ser e efetua-se conforme as Leis Naturais, que imperam “tanto em cima como embaixo”. Por conseguinte, todos os métodos de cura naturais que se aplicam em nosso corpo físico estão em harmonia com o trabalho dos Auxiliares Invisíveis, nos planos superiores.
UMA BOA ALIMENTAÇÃO É UMA MEDICINA NATURAL: O Corpo Denso é construído por meio das substâncias físicas introduzidas no sangue por nossa alimentação diária. Uma boa alimentação constitui, pois, uma terapêutica natural que o paciente deve seguir para cooperar com os Auxiliares Invisíveis, em seu trabalho de reconstruir o organismo.
EFLÚVIOS QUE SE TRANSMITE NAS ASSINATURAS SEMANAIS: A fim de que os Auxiliares Invisíveis possam operar eficazmente sobre o paciente, é necessário que se obtenha eflúvios do seu corpo vital, que é a contraparte etérica de seu corpo físico e do campo de ação das forças vitais. Esse eflúvio obtém-se através de algumas linhas que o paciente deve escrever com tinta, uma vez por semana, nos dias assinalados no cartão especial de cura.
Essa indicação é importante, porque uma pena carregada de líquido conduz melhor o magnetismo do que um lápis. O Éter que impregna o papel com a assinatura semanal dá uma indicação sobre o estado momentâneo de saúde e possibilita o acesso ao organismo do paciente. É essencial que o paciente ofereça este éter de livre vontade, com o propósito de dar acesso no seu organismo, aos Auxiliares Invisíveis. Vemos, pois, como é importante escrever regularmente as assinaturas semanais e enviá-las depois de um mês ao Serviço e Auxílio de Cura da Sede Central. Porém, se o enfermo não colaborar nesse propósito, os Auxiliares Invisíveis não poderão atuar sobre ele.
TEMPO NECESSÁRIO PARA A CURA: Em casos de enfermidades agudas, as curas instantâneas são frequentes quando se recorre aos Auxiliares Invisíveis. Em casos de enfermidades crônicas, que demoram muitos anos para manifestarem-se, pode sentir-se certa sensação de alívio imediato. Porém, o restabelecimento completo, que equivale a uma renovação total do organismo, só é conseguido de uma maneira lenta e gradual. Como dissemos, o trabalho de cura que realizam os Auxiliares Invisíveis não consiste em suprimir os sintomas da enfermidade, e sim em exercer uma efetiva reconstrução de todo o organismo. Para consegui-lo há necessidade de algum tempo e também, sobretudo, da cooperação perseverante do paciente, da forma que foi indicada acima.
REUNIÕES DE CURA NA SEDE CENTRAL: As reuniões de Cura acontecem em todo Centro Rosacruz que tenha um Templo de Cura, quando a Lua transita por um Signo Cardeal ou Cardinal do Zodíaco (Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio). A hora (Com a diferença de horário de cada país do globo, há sempre um núcleo Rosacruz em algum lugar do mundo, onde seus membros estão reunidos às 18 horas e 30 minutos, elevando seus pensamentos em favor dos que sofrem.) fixada para esse serviço devocional é às 18 horas e 30 minutos. A característica dos Signos Cardeais é irradiar energia dinâmica e tornar ativa as obras que se iniciam debaixo de sua influência. Por conseguinte, os pensamentos de auxílio e cura emitidos em todo o mundo por aqueles que querem transmitir sua ajuda, estão dotados de um maior poder quando iniciam seu pensamento misericordioso sob esse impulso cardeal.
Se você deseja associar-se a esse serviço devocional de ajuda aos demais, recolha-se tranquilamente, quando seu relógio marcar 18 horas e 30 minutos, oficie o Ritual do Serviço Devocional de Cura ou, se não puder, medite fervorosamente sobre a saúde, feche seus olhos e faça uma imagem mental do Símbolo Rosacruz com a Rosa Branca no centro e concentre-se sobre a força Curadora do Pai. Peça com devoção e fé ao Pai, o Grande Médico, para que conceda a cura a todos os que sofrem e imagine o nosso Templo onde os Irmãos Maiores reúnem os pensamentos de todos esses Aspirantes à vida superior para serem utilizados nesta grande obra de Auxílio de Cura.
Se você deseja se inscrever no Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz é só:
1) Obter o Formulário para Solicitação de Auxílio de Cura.
Para obter o Formulário para Solicitação de Auxílio de Cura é só clicar aqui
2) Imprimi-lo
3) Preenche-lo com caneta tinteiro (não esferográfica)
4) Envia-lo para o Endereço que está no Formulário para Solicitação de Auxílio de Cura
A influência da música sobre o ser humano é geral e naturalmente reconhecida, mas, o que não é de grande conhecimento é a relação dessa arte com os mundos espirituais superiores.
Foi o Verbo – a Palavra Criadora Divina – ou seja, uma vibração sonora divina, que tudo criou e a “sustentação” dessa vibração que mantém a Criação. Já não são apenas as filosofias ocultas ou correntes espiritualistas que admitem que toda criação manifestada, nesse plano, de forma concreta, encerra um som ou uma nota-chave particular que lhe deu origem. A ciência já tem registrado, através de seus instrumentos, tons musicais que são emitidos, por exemplo, pela grama crescendo, pelo movimento do Sol e por vários órgãos do corpo humano.
Segundo a Filosofia Rosacruz cada um dos nossos veículos (Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente) tem sua nota-chave ou seu tom próprio que ao soar pela primeira vez, deu origem a criação desses veículos. A vibração contínua e harmoniosa ou “conforme” com o som original durante toda uma vida é o fator responsável pela manutenção e equilíbrio desses mesmos veículos. Não há como deixarmos de fazer parte desse cântico da criação. A “Canção de Deus” está presente em toda a parte: em todo Planeta, em toda célula, na rocha e nos nossos corpos mais sutis.
O que estamos fazendo com essa canção?
Que “alimento sonoro” damos aos nossos veículos?
Não estamos falando apenas da conhecida música dos Grandes Mestres, ou da música erudita de boa qualidade, que na verdade, é uma expressão elevada do potencial criador do ser humano. Estamos querendo refletir um pouco mais, procurando mostrar que todo ato criador é vibração, e “música”, e, portanto, estamos sempre às voltas com nossas “sonoridades” e “vibrações”, já que como filhos de um ser criador temos em nós esse mesmo potencial.
Se a nossa canção está “harmonizada” com a “Canção de Deus”, depende de nós. A Filosofia Rosacruz nos dá inúmeros recursos para que possamos “afinar” e harmonizar nossos instrumentos e os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz estão sempre ansiosos por nos ajudar a utilizar esses instrumentos no serviço de elevação da humanidade.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Agosto de 1918
Muitos anos atrás, passei algumas semanas em uma fazenda no Maine[1], na época em que estavam colhendo batatas. Enquanto as carroças, onde se carregavam as batatas colhidas, passavam perto de mim, notei que as batatas eram todas grandes e de tamanho quase uniforme. Então, um dia, parabenizei o fazendeiro por ter uma colheita de batatas de tão alta qualidade. Ele foi até uma carroça – que traziam as batatas até o celeiro – e me mostrou que o fundo da carroça estava cheio de batatas pequenas. Também disse que elas não haviam sido separadas no campo; porém, quando a carroça seguia pela estrada acidentada do campo ao celeiro, as batatas grandes subiam ao topo, enquanto as pequenas ficavam para o fundo. “Se você colocar as grandes no fundo”, ele disse, “elas subirão ao topo e as pequenas ficarão no fundo”.
E é isso que acontece na vida! Pessoas de aparência representativa, de amplas qualidades, se destacam facilmente, enquanto nos acotovelamos pelas posições mais acidentadas, enquanto percorremos a estrada da vida. “Você não pode manter um homem bom para baixo”[2], é um velho ditado. Ele se destacará, apesar de tudo, em virtude do poder edificante que há dentro dele. E, da mesma forma, não importa quantas vezes coloquemos um ser humano sem preparo em posição de destaque, ele cairá, porque lhe falta o poder interior. Podemos construir uma casa do tamanho que desejamos e erguê-la até mais alta que todas as outras estruturas que existam se tivermos material e mão-de-obra em quantidades suficientes, mas, no caso do crescimento espiritual do ser humano esse vem de dentro, e ninguém pode acrescentar um fio de cabelo à estatura do outro, seja moral, mental ou fisicamente. Cada um deve trabalhar para sua própria salvação; somente ele sozinho pode determinar se permanecerá nos níveis inferiores ou ascenderá ao topo do seu desenvolvimento.
O fazendeiro descobriu que quando suas batatas eram transportadas por uma estrada sem buracos ou irregularidades, elas permaneciam misturadas; mas quanto mais irregular era a estrada, mais rápido as batatas grandes subiam ao topo e as menores permaneciam no fundo. Nas grandes emergências da vida, grandes oportunidades aguardam aqueles que estão prontos para assumir responsabilidades e para seguir a frente das batalhas.
Nós estamos vivendo em uma que época tal que se aspiramos nos elevar espiritualmente, agora é a nossa maior oportunidade. O mundo todo agora está solicitando uma resposta para o enigma da vida; indagando para onde o navio da humanidade está indo. E nós temos a resposta. Portanto, sobre nós repousa a responsabilidade de viver os Ensinamentos dos Irmãos Maiores e levando esses Ensinamentos aos outros por meio do exemplo nas nossas vidas. Muitos de nossos irmãos e irmãs estão levando os Ensinamentos dos Irmãos Maiores para as próprias trincheiras e iluminando aqueles que estão interessados em aprendê-los. Aqueles de nós, que percebem o seu entorno, encontrarão pontos de interrogação em muitos que, até agora, não se interessavam. Portanto, vamos procurar, diligentemente, as oportunidades e as aproveitemos, pois “a quem muito é dado, muito será exigido”[3].
Eu sugeriria aos Estudantes Rosacruzes que agora é a hora de garantir que o Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos e toda a nossa literatura, na medida do possível, estejam nas bibliotecas de suas cidades; também que estejam em um local onde seja acessível e que possa ser utilizado. Se várias pessoas perguntarem sobre o assunto, de tempos em tempos, mesmo o bibliotecário não sabendo nada a respeito, e talvez até sendo hostil em sua resposta, a certeza é que, sendo constante apelo a um determinado livro, finalmente o forçará a prestar atenção. Não há dúvida de que os ensinamentos da Fraternidade têm, em si, um poder interior que, certamente, criará um ambiente propício para eles no mundo, porém, só adquiriremos mérito na proporcionalidade que ajudemos a levar esses Ensinamentos dos Irmãos Maiores para o conhecimento da humanidade em geral. A época das férias é uma temporada especialmente propícia para a disseminação de nossa filosofia que auxilia a satisfação da alma. Portanto, todos devemos fazer um esforço extra nesse momento. Afinal, isso beneficiará aos outros e também a nós mesmos.
(Cartas aos Estudantes – nº 93 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel)
[1] N.T.: Estado no extremo nordeste dos EUA.
[2] N.T.: é um ditado popular que significa que uma pessoa boa perseverará e triunfará sobre as adversidades. O ditado data da década de 1880.
[3] N.T.: Lc 12:48
Os Primeiros Anos de Max Heindel
Max Heindel, Iniciado Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz nasceu no dia 23 de julho de 1865. Seu pai foi Franz Ludwig Von Grasshoff, pertencente a uma nobre família ligada à Corte Alemã durante o tempo do Príncipe Bismarck, que depois emigrou para Copenhague, Dinamarca, onde casou-se com uma dinamarquesa tendo três filhos desse casamento. O filho mais velho dessa união foi Karl Ludwig Von Grasshoff, que mais tarde adotaria o pseudônimo de Max Heindel.
Aos 16 anos, Max Heindel entrou para os estaleiros de Glasgow, Escócia, e aí aprendeu engenharia. Como engenheiro-chefe de um navio comercial a vapor ele viajou muito, conheceu vários países, ganhando assim um vasto conhecimento do mundo e das pessoas. Por alguns anos foi engenheiro-chefe na Linha Cuñard, frota de navios de passageiros que faziam a rota entre a América e a Europa.
Entre os anos 1895 e 1901 ele trabalhou nos Estados Unidos, como engenheiro, na cidade de Nova York. Nessa ocasião casou e deste casamento teve um filho e duas filhas. O casamento terminou em 1905 pela morte de sua mulher.
Depois de ter ido a Los Angeles, Califórnia, em 1903, Max Heindel interessou-se pelos estudos de metafísica, ligando-se a sucursal local da Sociedade Teosófica e serviu nela como vice-presidente de 1904 a 1905. Neste período começou a crescer dentro dele um desejo intenso e incontrolável de entender a causa das tristezas e dos sofrimentos da humanidade e como ajudar a aliviá-las. Começou a estudar astrologia e aí encontrou, para sua imensa satisfação, a chave do entendimento pela qual pôde descortinar os mistérios da natureza interna e oculta do homem.
Os acontecimentos na vida de Max Heindel após 1905, decorrem da razão direta do nascimento da Fraternidade Rosacruz. Até sua morte, a 6 de janeiro de 1919, ele aplicou toda a sua atividade no trabalho pioneiro de expandir a Fraternidade Rosacruz, incluindo a aquisição de terras para estabelecer a Sede Internacional nos Estados Unidos em Oceanside, Califórnia, a construção de edifícios necessários, publicações de livros, etc.
Relato da Preparação e do Trabalho de Max Heindel no Campo Oculto
A fim de dar aos nossos leitores um relato claro da origem da Fraternidade Rosacruz, contarei a história de como e quando Max Heindel encontrou os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Usarei, muitas vezes, as próprias palavras de Max Heindel, para tornar mais claro este relato.
Durante o verão de 1905, todo voltado para um trabalho excessivo no ardente desejo de conhecimentos espirituais, Max Heindel adoeceu gravemente em Los Angeles, com problemas cardíacos e de tal forma ficou doente que, por meses, correu risco de vida.
Uma grande parte do tempo que durou esta doença, ele o passou fora de seu Corpo Denso, trabalhando conscientemente na busca da verdade e como encontrá-la nos planos invisíveis. Fortalecido internamente pelo sofrimento e logo após o seu restabelecimento físico, ele fez várias conferências para divulgar seus conhecimentos ocultos.
Em maio de 1906, seu trabalho foi interrompido em San Francisco pelo grande terremoto e suas viagens e conferências levaram-no a Seattle e ao norte do país. Depois de uma série de palestras por várias cidades, ele foi forçado novamente a recolher-se a um hospital, com insuficiência cardíaca. Recuperado, ele recomeçou a série de conferências, desta vez na parte noroeste dos Estados Unidos.
No outono de 1907, durante um período de muito sucesso em Minnesota, Max Heindel encontrou-se com uma amiga que há muitos meses o aconselhava a ir a Berlim conhecer um extraordinário conferencista e professor. Como ela não tinha conseguido, por correspondência, induzi-lo a deixar seu trabalho na América, veio pessoalmente a Minnesota com o firme propósito de convencê-lo a ir e finalmente persuadiu-o a fazer essa viagem.
Chegando a Alemanha, ele assistiu muitas conferências deste professor e teve com ele várias entrevistas. Mas, em pouco tempo compreendeu que este homem tinha pouco para lhe dar e este pouco já era do seu conhecimento. Desapontado, preparou-se para voltar a América. Estava em seu quarto, em grande depressão, pensando no enorme trabalho que teve de deixar na América para fazer esta viagem, quando um Ser, que mais tarde soube que era um Irmão Maior da Ordem Rosacruz e que depois tornou-se seu Mestre, apareceu-lhe em Corpo Vital e ofereceu-se para ajudá-lo a conhecer certos pontos e assuntos de natureza oculta. A informação que o Mestre lhe deu era lógica e concisa, mas Max Heindel não conseguiu, nessa ocasião, escrever coisa alguma. Numa visita posterior, o Mestre ofereceu-se para dar-lhe todos os ensinamentos que ele desejasse, desde que ele os guardasse em segredo. Max Heindel tinha, durante anos, procurado e rezado por conhecimentos para poder assim entender e confortar os anseios da alma de cada semelhante e os da humanidade e tendo sofrido por isto e sabedor das lutas e das dúvidas do seu próprio coração, ele não aceitou a proposta do Irmão Maior, e recusou-se a saber qualquer coisa que não pudesse transmitir a seus Irmãos famintos de um conhecimento mais profundo. O Mestre deixou-o.
Podeis imaginar o sentimento que, naturalmente, se apossou deste homem a quem durante muito tempo foi negado alimento e, repentinamente, aparece alguém lhe mostrando um pedaço de pão e antes mesmo de prová-lo, esse pão é-lhe tirado? Isto aconteceu com Max Heindel.
Ele permaneceu na Alemanha por mais algum tempo e cerca de um mês depois, o Mestre apareceu-lhe novamente em seu quarto, dizendo que ele, Max Heindel havia passado na prova. O Mestre explicou que se Max Heindel tivesse aceitado a oferta de ocultar os ensinamentos ao mundo, Ele, o Irmão Maior, não teria voltado. Disse ainda que o candidato que tinham escolhido anteriormente e que havia ficado sob sua instrução durante alguns anos, falhou ao passar pela prova em 1905; também ele, Max Heindel, estava sob a observação dos Irmãos Maiores há muitos anos como o candidato mais capaz, no caso do primeiro falhar. Acrescentou ainda que os ensinamentos deveriam sair a público antes do fim da primeira década do século, isto é, até o fim de dezembro de 1909.
No seu último encontro com o Mestre recebeu instruções de como chegar ao Templo da Rosacruz, que ficava perto da fronteira entre a Boêmia e a Alemanha. Neste Templo, Max Heindel permaneceu pouco mais de um mês, em direta comunicação com e sob instruções pessoais dos Irmãos Maiores, que lhe transmitiram a maior parte dos ensinamentos contidos no “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. O primeiro esboço deste livro, que foi feito enquanto ele estava no Templo, era apenas um resumo, assim disse o Mestre. A pesada atmosfera psíquica da Alemanha estava particularmente adaptada à comunicação de pensamentos místicos para a consciência do candidato, mas foi-lhe dito que as 350 páginas do manuscrito que ele já havia feito, não o satisfariam quando ele reencontrasse a atmosfera elétrica da América e que ele, então, desejaria reescrever o livro por inteiro. No seu grande entusiasmo, Max Heindel, de início, duvidou disso.
Sentiu que tinha recebido urna esplêndida e completa mensagem, mas a profecia dos Irmãos Maiores estava certa. Depois que Max Heindel passou algumas semanas na cidade de Nova York, aquilo que os Irmãos Maiores lhe haviam dito, confirmou-se. O estilo do manuscrito não o agradou e ele começou a reescrevê-lo.
Alugou um quarto modesto no sétimo andar de uma casa de hóspedes e durante os meses de verão tórrido de 1908, sentado em frente a sua mesa de trabalho, escrevia à máquina das sete horas da manhã até às nove ou dez horas da noite, quando saía para jantar. Depois de um passeio pelas quentes ruas de Nova York, voltava para o seu trabalho até a madrugada. O calor tornou-se insuportável e ele mudou-se para Buffalo, Nova York, onde terminou o seu livro em setembro do mesmo ano.
O problema seguinte a resolver foi o que fazer para o seu livro ser publicado e onde procurar os meios financeiros para essa publicação. Em decorrência do calor excessivo dessa estação do ano, ele não pôde iniciar as conferências nem dar aulas em Buffalo, mas depois encontrou um grande campo para seu trabalho em Columbus, Ohio, onde Mrs. Rath Merrill e sua filha ajudaram-no no desenho de diagramas. Nesta cidade passou alguns meses e conseguiu grande sucesso ensinando e fazendo conferências e formou, então, o Primeiro Centro Rosacruz em 14 de novembro de 1908. Depois de cada conferência, ele distribuía, gratuitamente, cópias mimeografadas das vinte palestras da série do Cristianismo Rosacruz. Começando com a Instrução n. º 1 – “O Enigma da Vida e da Morte”, ele dava a cada pessoa presente, uma cópia para ser levada para casa e para ser estudada. Estas cópias eram passadas por ele no seu mimeógrafo, à noite, depois das reuniões. Com um pequeno martelo, um pacote de pregos no bolso e com seus cartazes anúncio debaixo do braço, ele andava quilômetros cada dia, colocando esses cartazes em lugares que pudessem atrair a atenção do público. Escreveu artigos para jornais e ele mesmo os colocava nas mãos dos editores que tinham, às vezes, prevenção contra os novos ensinamentos. Mas Max Heindel, com sua agradável personalidade, conquistava-os e conseguiu, muitas vezes, obter uma coluna inteira em um jornal o que atraía, posteriormente, uma multidão para ouvi-lo.
Depois de fazer vinte conferências em Columbus, sua missão levou-o a Seattle, Washington, lugar onde em 1906 tinha feito muitos amigos. Esperava interessar algum deles a ajudá-lo a imprimir o livro. Este amigo foi William M. Patterson, que não somente ajudou-o a entregar o livro ao editor, mas, sendo ele mesmo um impressor e editor, deu-lhe também muitos conselhos valiosos quanto à forma de publicação e posterior venda. Mrs. Jessie Brewster e Kingsmill Commander foram também grandes e úteis amigos que o assistiram e orientaram-no na edição do manuscrito. Em seguida e acompanhado por William M. Patterson, ele levou sua obra o “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as vinte conferências a Chicago, onde finalmente foram publicadas.
Citaremos aqui algumas das próprias palavras de Max Heindel, descrevendo seu trabalho em Chicago: “O Conceito Rosacruz do Cosmos” foi publicado em novembro de 1909, cinco semanas antes do final da primeira década do século. Alguns amigos tinham editado o manuscrito original e fizeram um ótimo trabalho, mas eu tive, naturalmente, de revisá-lo antes de o mandar ao impressor final, li a prova, corrigi, reli para ter certeza que não haviam erros. Li tudo novamente quando a composição foi dividida em páginas e dei instruções aos gravadores e ao impressor quanto aos desenhos e diagramas e como colocá-los nos livros, etc. Eu me levantava às 6 horas da manhã, trabalhava até às 12, 1, 2 ou 3 horas da madrugada durante todas aquelas semanas, em meio ao ruído de Chicago, que me chegava aos ouvidos ininterruptamente, cansando-me, muitas vezes, até ao limite da minha resistência. Não obstante conservei minhas faculdades e escrevi muitos novos detalhes no Conceito. Se não fosse a assistência e apoio dos Irmãos Maiores, eu, possivelmente, teria sucumbido, mas como era o trabalho deles, eles realmente me ajudaram, mas mesmo assim estava totalmente esgotado, quando esta obra terminou.
Foi em Chicago que ficou a edição inteira da obra “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, em casa de uma mulher que dirigia uma empresa editorial, com exceção de algumas centenas de cópias que foram levadas para Seattle. Esta mulher tinha muitas dívidas e usou o “Conceito Rosacruz do Cosmos”, armazenado em sua casa, para pagar seus compromissos. Quando, mais tarde, foram pedidos de Seattle mais livros, verificou-se que a primeira edição de dois mil volumes estava esgotada. Foi necessário ordenar-se uma segunda edição, quando foi acrescentado um índice.
Pode parecer que a perda de dois terços da 1ª edição do Conceito tivesse sido uma catástrofe para uma pessoa de poucos recursos financeiros, mas não foi assim. Parece antes ter sido uma providência, uma dádiva celeste, porque a mulher em questão estava associada e há muitos anos com o Novo Pensamento, movimento teosofista e várias outras associações de pensamento avançado, às quais fornecia livros de várias casas editoras. Ela convenceu-os a aceitar o “Conceito Rosacruz do Cosmos”, obra que era completamente desconhecida. Desta maneira ela promoveu o livro, conseguindo espalhar os ensinamentos Rosacruzes em muitas partes do mundo.
Depois de ter estabelecido Centros de Estudos da Fraternidade em Columbus, Seattle, North Yakima e Portland, Mr. Heindel voltou para Los Angeles em novembro de 1900, para começar a trabalhar nessa cidade.
Para continuar relatando esta história, é necessário que a autora deste presente escrito conte também a sua participação nela. Antes de Max Heindel deixar Los Angeles, entre os anos 1898 e 1906, a autora, que se chamava, então, Augusta Foss e Mr. Heindel foram amigos íntimos, passando muito tempo juntos, estudando ocultismo, astrologia e outros assuntos da mesma natureza. Quando ele voltou a Los Angeles em 1909 com os Ensinamentos Rosacruzes, a autora encontrou no “Conceito Rosacruz do Cosmos” tudo aquilo que havia procurado por muitos anos. Isto causou-lhe a mais grata e profunda satisfação porque era o alimento que sua alma faminta buscava há muito. Ela imediatamente começou a trabalhar, entregando-se de corpo e alma a este ideal, ajudando Max Heindel em suas aulas e conferências.
Entre 29 de novembro de 1909 e 17 de março de 1910 ele deu aulas e fez conferências em Los Angeles, Califórnia. Dando três conferências por semana, tinha sempre o auditório repleto, cada noite, na sala que abrigava até a porta quase mil pessoas. Em março, sua saúde não o permitiu continuar, pois logo após teve seríssimos problemas cardíacos que quase o levaram à morte e, enquanto estava no hospital, teve uma imensa e extraordinária experiência. Daremos sua descrição, usando suas próprias palavras: “Na noite de 9 de abril de 1910, quando a Lua estava em Áries, meu Mestre apareceu em meu quarto e disse-me que uma nova década estava começando nessa noite e que nos próximos dez anos eu teria o privilégio de dar ao mundo uma ciência de curar que foi posteriormente descrita. A Fraternidade proporcionaria auxiliares para a grande obra.
“Este foi o primeiro aviso que eu tive acerca do trabalho que estava sendo projetado. Na noite anterior eu havia terminado meu trabalho com o recém-formado Centro da Fraternidade de Los Angeles. Tinha viajado e dado conferências durante 6 noites da semana, além de muitas tardes também, consecutivamente, desde minha experiência editorial em Chicago. Estava doente e tinha-me retirado do trabalho com o público, para me recuperar. Eu sabia que era muito perigoso deixar o Corpo Denso, conscientemente, durante uma doença porque o Corpo Vital está, então, muito enfraquecido e o Cordão Prateado pode romper-se facilmente. A morte, nestas condições, causaria tanto sofrimento como a morte pelo suicídio, portanto os Auxiliares Invisíveis são sempre aconselhados a permanecerem nos seus Corpos Densos, quando estão doentes. Mas, solicitado pelo meu Mestre, eu estava pronto a fazer este voo anímico ao Templo pois, prudentemente, um guardião foi deixado para cuidar do meu Corpo Denso enfermo.
“Conforme já afirmamos previamente em nossa literatura, há nove graus na Escola dos Mistérios Menores. O primeiro grau corresponde ao Período de Saturno e os exercícios correspondentes são feitos aos sábados, à meia-noite. O segundo grau corresponde ao Período Solar e o seu ritual próprio é celebrado aos domingos à meia-noite, ou seja, o dia do Sol. O terceiro grau corresponde ao Período Lunar e é comemorado à meia-noite de segunda-feira; e assim, sucessivamente, com o resto dos primeiros sete graus; cada um corresponde a um Período e tem, por isso, o dia apropriado para a sua celebração. O oitavo grau é celebrado nas noites de Lua Nova e de Lua Cheia e o nono grau nos Solstícios de Junho e Dezembro.
“Quando um Discípulo se torna, pela primeira vez, um Irmão ou Irmã leiga, ele ou ela são introduzidos ao ritual celebrado nas noites de sábado, o dia de Saturno. A Iniciação seguinte faculta-os também a assistir os serviços do Templo, à meia-noite dos domingos e assim por diante. No entanto, deve-se notar que, embora todos os Irmãos e Irmãs Leigas tenham livre acesso ao Templo nos seus corpos espirituais durante todos os dias, eles são proibidos de entrar nos serviços da meia-noite nos graus que ainda não tenham alcançado. Não é um guarda visível que permanece na porta exigindo a palavra passe para quem desejar entrar, mas há uma muralha ao redor do Templo, invisível, mas impenetrável para aqueles que não receberam o “Abre-Te Sésamo”. Cada noite esta muralha é constituída de modo diferente, portanto, se um Discípulo, por engano ou esquecimento, quiser entrar no Templo quando os exercícios que aí se celebram estejam acima do seu grau, ele aprenderá que é possível bater a cabeça contra uma muralha espiritual e que esta experiência não é nada agradável.
“Como já foi dito, o oitavo grau reúne-se nas noites de Lua Nova e Cheia e todos os que não chegaram a este grau são excluídos do Serviço da Meia-Noite e o autor foi um deles, porque esses graus não são coisas que se possam adquirir com dinheiro, mas exigem um desenvolvimento de espiritualidade muito grande, muito maior do que me encontro atualmente, um estágio que não alcançarei senão depois de muitas outras vidas, não obstante o meu atual esforço e aspiração. Portanto, o leitor entenderá que na noite de Lua Nova em Áries em 1910, quando o Mestre veio buscar-me, não foi para levar-me aquela exaltada reunião do oitavo grau, mas a outra sessão de natureza diferente. Além disso, ainda que esta reunião tenha ocorrido à noite na Califórnia, o horário sendo diferente na Europa, os exercícios de Lua Nova foram celebrados na Alemanha horas antes, portanto quando eu cheguei ao Templo com o meu Mestre, o Sol já estava alto nos céus da Alemanha.
“Depois que entramos no Templo, passei algum tempo numa conversa a sós com o Mestre, e, então, ele fez um esboço da missão da Fraternidade, tal como os Irmãos queriam que ela fosse levada adiante.
“Depois desta entrevista entramos no Templo, onde os doze Irmãos estavam presentes. Tudo estava arrumado diferentemente do que eu tinha visto antes, mas, por falta de espaço, não posso dar uma descrição mais detalhada do que lá havia. Mencionarei somente três esferas suspensas uma sobre a outra no centro do Templo; a esfera do meio estava na metade da altura entre o soalho e o teto e era a maior delas, as outras duas estavam suspensas uma acima, outra abaixo dela.
“As várias formas de visão, além da visão física, são: a etérica ou raio-X; a visão da cor que nos abre o Mundo do Desejo; a visão tonal que revela a Região do Pensamento Concreto, como está plenamente explicado no livro “Os Mistérios Rosacruzes”. Meu desenvolvimento desta última fase da visão espiritual tinha sido muito fraco até ao momento acima mencionado, porque é um fato que quanto mais forte for a nossa saúde, tanto mais apegados estamos ao Mundo Físico e menos capazes de entrar em contato com as regiões espirituais. Pessoas que dizem: “Não estive doente um único dia em minha vida”, revelam estar perfeitamente sintonizadas com o Mundo Físico e menos capazes de contatar com os reinos espirituais. Este foi o meu caso até o ano 1905, apesar de eu ter sofrido dores atrozes durante toda a vida, como consequência de uma operação cirúrgica na perna esquerda, feita na minha infância. A ferida não cicatrizava e só depois que eu deixei de comer carne é que fiquei curado e a dor desapareceu. Minha resistência e paciência foram grandes durante todos esses anos e nunca demonstrei as dores por que passava, mas, fora isso, gozava fisicamente de perfeita saúde. É interessante notar também que quando eu tinha qualquer acidente e me cortava, o sangue fluía e não coagulava e, em consequência, eu perdia muito sangue; no entanto, depois de dois anos de uma dieta pura e equilibrada, quando tive uma perda acidental de uma unha inteira, perdi só umas poucas gotas de sangue e pude escrever à máquina na mesma tarde sem qualquer infecção e uma nova unha cresceu.
“A edificação da parte espiritual da nossa natureza traz, muitas vezes, distúrbios para o Corpo Denso; este se torna muito mais sensível às condições do ambiente e, portanto, o resultado pode ser um esgotamento. Para mim este esgotamento foi total, porque a resistência antes mencionada e que me conservou de pé, por meses, quando eu deveria ter descansado, levou-me às portas da morte.
“Fora estas condições físicas precárias, consegui uma habilidade crescente em funcionar no mundo espiritual, se bem que, como foi dito anteriormente, minha visão tonal e a capacidade de funcionar na Região do Pensamento Concreto eram médias e, principalmente, limitadas à subdivisão inferior dessa Região. Portanto, uma pequena ajuda dos Irmãos, naquela noite, capacitou-me a contatar a quarta subdivisão, onde se encontram os arquétipos para receber ali os ensinamentos e a compreensão do que se idealizava como o mais elevado ideal e a transcendental missão da Fraternidade Rosacruz.
“Vi nossa Sede Central e longa fila de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receberem estes Ensinamentos; vi essas mesmas pessoas saírem desse lugar, para levarem consigo o bálsamo aos sofredores e aflitos, tanto para os de perto como para os de longe. Enquanto neste Mundo Físico é necessário investigar com a finalidade de encontrar alguma coisa, lá, é a voz de cada arquétipo que toca nossa consciência espiritual e que leva consigo o conhecimento do que o próprio arquétipo representa.
Assim, tive, naquela noite, uma compreensão que está muito longe do que as palavras podem expressar, já que o mundo em que vivemos está baseado no princípio do tempo, enquanto que nas altas regiões dos arquétipos tudo é um eterno AGORA”.
O leitor pode notar, pelo que foi dito acima, que Max Heindel foi capaz, com a ajuda do Mestre, de funcionar na quarta subdivisão da Região do Pensamento Concreto, onde se encontram os arquétipos da forma física. Isso só pode ser realizado depois do candidato passar pela quarta Iniciação ou quarto grau, o que corresponde à primeira metade do Período Terrestre. Portanto, somente depois de passar pelo terceiro extrato da Terra pode um homem funcionar na quarta divisão da Região do Pensamento Concreto.
Na época desta Iniciação nos mistérios mais profundos, os Irmãos informaram a Max Heindel que um Templo deveria ser construído em Mount Ecclesia, onde uma Panaceia devia ser preparada. O fluxo espiritual obtido nesse lugar através da fórmula dada a Max Heindel naquela memorável noite no Templo, deveria ser combinada com uma substância física adequada para facilitar a transmissão. Esta Panaceia não pode ser obtida, a não ser que condições corretas e apropriadas sejam conseguidas para ela na Ecclesia, por parte dos próprios Probacionistas.
Nosso Templo foi construído e inaugurado no dia 25 de dezembro de 1920, antes de terminar a segunda década do século, sendo construído com o exclusivo propósito de concentrar e proporcionar meios mais poderosos para a cura das doenças. As reuniões de Cura são celebradas neste lugar sagrado em horário determinado, todos os dias, pelos Probacionistas que consagraram suas vidas a este trabalho e são assistidos e ajudados pelos Irmãos Maiores, que utilizam a Sede Central como um ponto de foco e de concentração. Acrescente-se a isto o trabalho amoroso dos Auxiliares Invisíveis, que são também Probacionistas, localizados em todas as partes do mundo. A força de Cura gerada na Ecclesia tem fortalecido a eficiência do trabalho dos Auxiliares Invisíveis, de tal forma que as curas efetuadas são frequentemente quase milagrosas e este trabalho de cura estende-se por todo o globo.
A Fraternidade Rosacruz ensina que o maravilhoso organismo que se chama corpo humano é governado por leis naturais imutáveis e, portanto, toda a doença é resultado da violação intencional ou ignorante das leis da natureza pessoas ficam doentes porque, nesta vida terrena ou em outra vida anterior, descuidaram-se dos princípios fundamentais que mantém a perfeita saúde do corpo e, se desejam reaver e conservar a saúde, devem aprender a entender esses princípios e regular seus hábitos diários, de conformidade com eles.
A Ordem Rosacruz, fundada no século XIII, é uma das Escolas dos Mistérios Menores. As outras Escolas de Mistérios Menores são diferentemente graduadas para satisfazer as necessidades espirituais dos mais precoces de entre as raças primitivas dos povos orientais e austrais, com os quais trabalham. Christian Rosenkreuz é o décimo – terceiro membro da Ordem Rosacruz e devemos advertir que somente os Irmãos da Ordem têm o direito de chamarem-se “Rosacruzes”.
Sete dos Irmãos da Ordem Rosacruz vão ao mundo quando necessário, aparecendo como homens na humanidade ou trabalhando nos seus veículos invisíveis com ou sobre outros seres, de acordo com as necessidades. Mas deve ficar bem claro e lembrar sempre que Eles nunca influenciam uma pessoa contra sua própria vontade ou seus desejos, mas procuram aumentar e fortalecer o bem onde o encontram. Quando algum dos sete Irmãos está trabalhando no mundo, ele usa um corpo material como qualquer pessoa. Eles moram, geralmente, em casas confortáveis, que podem ser qualificadas como casas de pessoas bem situadas na vida, mas nunca exibem ostentação. Possuem escritórios ou posições de destaque na comunidade onde vivem, mas tudo isto para justificar suas presenças, poder trabalhar e não criar situações embaraçosas sobre sua identidade. No entanto, quer seja por fora, por dentro ou através da casa que habitem, podemos sentir sempre “O Templo”, que é etérico e totalmente diferente das outras construções comuns e que pode ser comparado à atmosfera áurica que rodeia o Templo de Cura da Sede Internacional e tem uma extensão muito maior que a própria construção material. O maravilhoso Templo descrito pelo personagem Manson, no livro ‘O Servo da Casa” dá-nos uma ideia do que seja uma igreja espiritual, obra de extraordinários construtores. A atmosfera áurica rodeia, envolve e atravessa os edifícios e as igrejas onde pessoas devotadas a coisas espirituais se encontram e rezam e, em consequência, a cor difere de acordo com as vibrações lá geradas. O Templo Rosacruz possui uma força extraordinária e não pode ser comparado com nenhuma outra construção, a atmosfera áurica envolve e interpenetra a casa onde os Irmãos Maiores vivem e está tão impregnada de espiritualidade que muitas pessoas não se sentem bem ali.
Cinco dos Irmãos da Rosacruz nunca deixam o Templo e ainda que possuam Corpos Densos, todo o seu trabalho é feito a partir dos mundos internos. Ainda que os Irmãos Maiores sejam seres humanos, eles estão muito mais evoluídos e muito acima da nossa própria e atual condição espiritual.
Um grande período de vida intensamente ativa, devotada e consagrada ao serviço amoroso e desinteressado, como Auxiliar Visível, deve ser vivida pelo Aspirante antes dele desenvolver seu Corpo-Alma e, pela sua luz, atrair a atenção do Mestre. (Nota: Ao mesmo tempo que o Estudante está construindo seu Corpo-Alma, ele está também acumulando um poder interno, em semelhante proporção.) A indolência, um estudo fácil, uma contemplação estática não atrairá a atenção do Mestre. Ele é, Ele mesmo, um servo no mais alto sentido e ninguém que não esteja servindo a seu semelhante, com toda a alma e fervor, deve esperar encontrá-Lo. Quando Ele realmente vem, não necessita de credenciais, pois as primeiras palavras pronunciadas por Ele estão plenas de convicção, porque está provido da consciência que todos nós possuiremos no Período de Júpiter, (uma consciência pictórica, consciente de si mesmo) e cada frase do Mestre trará ao Aspirante uma série de imagens que ilustrarão exatamente e com precisão, o seu significado. Por exemplo, se ele resolver explicar o processo da morte, o Discípulo verá internamente a passagem do Espirito deixando o corpo; ele poderá notar o rompimento do Cordão Prateado; ele verá a ruptura do Átomo-semente no coração, e como suas forças abandonam o corpo e unem-se ao Espírito. O Irmão Maior é capaz de preceder com seu Discípulo da seguinte maneira: Primeiro, o Irmão Maior fixa sua atenção sobre certos fatos que deseja transferir à Mente de seu Discípulo; e este, que tornou-se apto para a Iniciação pelo seu próprio desenvolvimento interno e tendo desenvolvido certos poderes que estejam latentes, é como um diapasão harmonizado com um tom idêntico ao das ideias enviadas pelo Irmão Maior e, desta forma, o Discípulo não só vê as imagens, como é capaz de responder às suas vibrações. Assim, vibrando com o ideal apresentado pelo Mestre, o poder latente que está dentro do Discípulo é convertido em energia dinâmica e sua consciência é elevada até ao nível requerido para a Iniciação que lhe está sendo dada.
Esta é a razão porque os segredos da verdadeira Iniciação não podem ser revelados e porque não é uma cerimônia externa, mas uma experiência interna.
Esta descrição é a mais aproximada do que realmente seja a Iniciação, e é também a única maneira de a explicar para quem nunca passou por isso. Não há mistério algum no que diz respeito a esta informação; mas, realmente, ela é secreta porque não existem palavras humanas que possam explicar, adequadamente, o que seja uma semelhante experiência espiritual. A Iniciação tem lugar no Templo, particularmente apropriado às necessidades do grupo de indivíduos que vibram dentro da mesma oitava. A verdadeira Iniciação é uma experiência interna, pela qual os poderes latentes que foram amadurecidos pelo Aspirante são transformados em energia dinâmica, que depois aprende a usar.
A Fraternidade Rosacruz e a Sua Relação com as Outras “Sociedades Rosacruzes”
A Fraternidade Rosacruz, fundada por Max Heindel, sob a orientação direta dos Irmãos Maiores da Ordem, é representante autorizada para o presente período da antiga Ordem Rosacruz, da qual Christian Rosenkreuz ou Cristão Rosacruz é o Cabeça. Esta não é uma organização terrena, mas tem seu Templo e sua Sede na Região Etérica do Mundo Físico.
Ele autorizou Max Heindel a formar a Fraternidade com o propósito de levar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental ao mundo ocidental. Em épocas anteriores, a Ordem levou seus ensinamentos a várias sociedades secretas da Europa e de outras partes do mundo, mas o crescimento e o adiantamento do povo dos Estados Unidos nestes últimos anos foram tão maiores que a Ordem resolveu estabelecer o centro esotérico nesse país. A Fraternidade Rosacruz é a sua última manifestação em forma física, dando ao mundo a mais recente interpretação dos Ensinamentos Rosacruzes, usando os termos científicos deste Século XX, mas ao mesmo tempo procurando ser simples e clara, sem abstrações ou tecnicismos que poderiam parecer confusos.
O principal trabalho da Fraternidade é disseminar a doutrina esotérica da Religião Cristã, porque a Filosofia Rosacruz é considerada cristã-esotérica. Está destinada a tornar-se a Religião Universal no mundo, porque o Cristo tem a seu cargo a evolução humana, durante o presente Grande Ano Sideral, de aproximadamente 26.000 anos.
Outras sociedades Rosacruzes reivindicam ser descendentes diretas dos primitivos ramos da antiga Ordem Rosacruz. A Fraternidade Rosacruz não tem ligação com essas organizações, mas simplesmente representa o renascimento da Ordem no mundo ocidental.
FIM
“Apenas uma coisa é necessária”
Lc 10:42
Nesta noite, usaremos a agulha magnética como assunto de meditação, pois ela tem uma lição de suprema importância em nosso caminho espiritual, um ensino que todo Aspirante fiel da Luz Mística deve levar ao coração com seriedade e oração.
A agulha magnética é feita de aço, um metal que possui afinidade com a magnetita. Outros metais são, no máximo, afetados de maneira indiferente; porém o aço, ao ser tocado com a magnetita, tem a sua natureza mudada e torna-se vivo, por assim dizer, imbuído de uma força nova que podemos descrever como um desejo constante, após ser beijado pela magnetita. Agulhas feitas de outros metais e o aço não-magnetizado podem ser colocados em um pivô que permanecerão em alguma posição equilibrada, independentemente de onde forem assentados, porque são insensíveis a qualquer força aplicada externamente. No entanto, a agulha que foi tocada pela magnetita resiste e, não importando quantas vezes ou com que gravidade a empurremos para longe da posição magnética, assim que a força exercida contra ela for removida, ela alterará sua posição instantaneamente e apontará para o polo magnético.
Um fenômeno semelhante é visto na vida do Cristão: depois de ter sentido, sentido completamente, em seu ser o amor do Pai, ele será um ser humano transformado.
As forças mundanas do exterior podem ser exercidas de várias maneiras para desviar seu interesse e atenção, porém cada partícula do seu ser anseia por Deus e está sempre se voltando nessa direção, não-afetado pelo “mundo dos homens” apáticos, alienados. Tudo aquilo que ele possa fazer no mundo (porque é absolutamente necessário participar da obra do mundo) será feito, porque é correto e obediente fazê-lo; entretanto, com todo o seu ser ele anseia pelo Pai, cujo amor, ser e força atraíram sua alma. Para ele, “Apenas uma Coisa é Necessária” — o Amor do Seu Pai e todos os seus esforços são direcionados para obter Sua aprovação.
Quando vamos da Terra para o Céu, encontramos condições quase idênticas. Em todo lugar, no grande Firmamento, milhões e bilhões de quilômetros, sim, espaço infinito, estão cheios de esferas em marcha que se movem a uma velocidade que a Mente humana dificilmente compreenderia. No momento em que entramos na Pro-Ecclesia, as estrelas estavam em determinada posição, mas a cada instante desde que estivemos aqui elas mudaram e agora estão alterando a cada toque do relógio — todas, menos uma. Entre todas as inúmeras estrelas que se movem a uma velocidade tão grande, há uma que é imutável e sempre ocupa a mesma posição: A Estrela do Norte. Não importa a que horas do dia ou da noite — seja no verão ou no inverno, do nascimento à morte — olhemos para o céu, essa estrela sempre será encontrada no mesmo lugar; a qualquer instante, sendo visível aos olhos ou a um telescópio, continuamente ocupará a posição que chamamos de “Norte”.
Agora, realcemos o fenômeno da agulha imutável que sempre aponta para a estrela inabalável, consideremos a conexão entre ambas e a lição que existe para nós, nesse evento. A agulha magnética não é uma seguidora de bom tempo; independentemente de chover ou o sol brilhar, de o clima estar calmo ou tempestuoso, de haver nevoeiro ou muitas nuvens; sob todas as circunstâncias ela aponta com fidelidade invariável para a estrela do norte e, baseado nesse grande fato, o marinheiro aposta suas propriedades e a própria vida, além das da tripulação e dos passageiros. Embora o granizo, a chuva ou a neve possa bater em seu rosto e quase cegá-lo, tornando impossível que veja a frente do navio, enquanto puder ver a agulha fiel, saberá que esteja na direção correta; ele sabe que ela nunca se desviará, que, embora o navio deva afundar e encontrar um túmulo aquático no fundo do mar, ainda permanecerá na mesma posição, mostrando a estrela imutável, até que seu último átomo seja desintegrado pela corrosão.
Portanto, ele confia de maneira implícita nesse guia fiel, quando ele “se deita em paz para dormir, embalado no berço das profundezas”.
Existe na devoção inabalável, simbolizada por essa agulha magnética, uma das maiores e mais maravilhosas lições para aqueles que viram a Luz Mística e aspiram ao privilégio de guiar outros, os que ainda não encontraram o caminho. Entendamos que, para fazer isso, o primeiro, o principal e o maior pré-requisito é que nós mesmos estejamos firmemente enraizados e aprofundados para não sermos perturbados pelas mudanças seculares que estejam acontecendo ao nosso redor. Seja quando as nuvens da dúvida, do ceticismo ou da perseguição são lançadas sobre nós por outros ou quando tentam nos prender em nevoeiros ofuscantes de outras doutrinas.
É nossa tarefa manter-se firme no que é bom; sim, mesmo que a vida seja o preço que devamos pagar, devemos imitar essa agulha fiel à medida que o navio afunda e se instala em seu túmulo aquático. Devemos continuar apontando para o único objetivo, Nosso Pai Celestial, nunca desviando para a direita ou a esquerda, não importando o que aconteça. Como a agulha que uma vez foi tocada pela magnetita está impregnada de um anseio por aquela estrela imutável, uma aspiração que não cessa mesmo que encontre uma cova aquática, uma vontade que dura até o último átomo do seu ser, depois que é dissolvido pela ação dos elementos, também devemos nós, se real e verdadeiramente desejamos ser guias competentes para os outros, manter a devoção inabalável no caminho que escolhemos, não olhando para a direita nem para a esquerda, porém mantendo os olhos fixos naquela estrela firme à nossa frente, Nosso Pai no Céu, em quem não há mudança nem alteração, porque o menor desvio da parte da agulha magnética da bússola seria suficiente para arremessar o navegador nos cardumes ou rochas de uma costa perigosa, destruindo o navio e as vidas nele; assim também, se nos desviarmos do caminho que escolhemos, tornamo-nos obstáculos para aqueles que nos procuram para receber orientação e exemplo, estando suas vidas sobre nossas cabeças. “A quem muito foi dado, dele muito será exigido.”. Recebemos muitos dos ensinamentos dos Irmãos Maiores, a Luz Mística nos chamou e podemos notar a grande responsabilidade que temos, junto a nosso exemplo e vida, de orientar fielmente os buscadores com os quais entramos em contato, guiá-los rumo ao refúgio, ao descanso.
(De Max Heindel, Publicado em Rays from the Rose Cross de maio de 1915, e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)
O Rosacrucianismo é uma Religião? Não em qualquer sentido tradicional da palavra. Mas, é religioso. Ele defende o Cristianismo, mas um Cristianismo ainda não visivelmente em evidência.
O que é Religião? Etimologicamente, a palavra significa “amarrar de volta”, o que sugere a função da Religião: retornar o ser humano, ou tornar o ser humano convertido a Deus; redirecionar e elevar sua consciência mundana ao objeto de sua legítima contemplação. Geralmente, Religião significa teísmo ou crença em Deus.
O Rosacrucianismo, portanto, desempenha uma função complementar à da Religião. Tem como objetivo facilitar e fortalecer a divindade humana, para remover as barreiras que podem existir entre o crente e Deus. Para o Rosacrucianismo, a principal barreira é a ignorância. E para o ser humano moderno, essa ignorância nasce do orgulho e do pensamento materialista.
O Rosacrucianismo foi fornecido à humanidade em antecipação às inadequações da Religião tradicional (como Religião Cristã exotérica denominada e professada pelo catolicismo, protestantismo e a ortodoxia) para lidar com o intelecto cada vez mais exigente e lógico da humanidade em evolução. A preocupação primordial dos Irmãos da Ordem Rosacruz era “não fazer declarações que não sejam apoiadas pela razão e pela lógica”. O ser humano moderno quer saber por que ele deveria acreditar, antes de consentir em tentar acreditar.
De qualquer modo, já de início, é importante colocarmos o que Max Heindel escreveu na Carta aos Estudantes nº 4: “Todos somos Cristos em formação. A natureza do amor está desabrochando em todos nós, portanto, por que não nos identificarmos com uma ou outra das igrejas Cristãs que acalentam o ideal de Cristo? Alguns dos melhores obreiros da Fraternidade são membros a ministros de igrejas. Muitos estão famintos pelo alimento que temos para lhes dar. Não podemos compartilhar desse alimento com eles mantendo-nos afastados. Prejudicamo-nos pela negligência em não aproveitar a grande oportunidade de ajudar na elevação da igreja.
Naturalmente, não há coação nisto. Não pedimos que se unam ou cuidem da igreja, mas se formos até ela com espírito de ajuda, afirmo-lhes que experimentarão um maravilhoso crescimento de alma em um curto espaço de tempo. Os Anjos do Destino, que dão a cada nação a religião mais apropriada às suas necessidades, colocaram-nos em uma terra Cristã, porque a Religião Cristã favorece um amplo crescimento anímico. Mesmo admitindo que a igreja tenha sido obscurecida pelo credo a pelo dogma, não devemos permitir que isto nos impeça de aceitar os ensinamentos que são bons, porque isso seria tão infrutífero como centralizar a nossa atenção sobre as manchas do Sol recusando ver a sua luz gloriosa.
Medite sobre este assunto, querido amigo: maior Utilidade, para que possamos crescer, empenhando-nos sempre no aperfeiçoamento das oportunidades surgidas”.
Max Heindel foi escolhido pelos Irmãos Maiores para atender a essa necessidade. O resultado é o livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Não é dogmático e não apela para outra autoridade, senão a razão do leitor. A Religião tradicional não apela para a razão. Simplesmente exige aceitação e fé implícita em seus pronunciamentos. Mas, nos capítulos do “Conceito Rosacruz do Cosmos” lemos que “a Ciência avançada se tornou, novamente, colaboradora da Religião”. No “Conceito Rosacruz do Cosmos”, um esforço foi feito para “espiritualizar a ciência e tornar a Religião científica”, uma prática iniciada por Christian Rosenkreuz, cujo objetivo foi lançar “luz oculta sobre a Religião Cristã, incompreendida, para explicar o mistério da vida e do ser a partir do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião”.
Como Max Heindel vê a Religião tradicional? Não com grande favor. “A Religião erroneamente chamada de Cristianismo foi… a Religião mais sangrenta conhecida”. Nas igrejas atuais, que professam a Religião Cristã exotérica, “a razão está submersa em ditames e dogmas”. “A Religião foi terrivelmente maculada com o passar do tempo; sua pureza há muito desapareceu sob o regime do credo e ela não é mais universal.”
A Religião é a verdade, a verdade suprema. No entanto, as teologias da igreja só podem propor a verdade, por assim dizer, por meio de decreto, para ser aceita pela fé, uma condição que o intelecto imperioso considera inadmissível. O Estudante Rosacruz, por outro lado, “aprende a estar sempre pronto para apresentar a razão da sua fé”.
Religiões Cristãs exotéricas ensinam a salvação por meio da expiação, o sangue derramado de Jesus. O Rosacrucianismo ensina que a perfeição é alcançada mediante o uso correto das Leis gêmeas do Renascimento e da Consequência.
O lema do ocultismo é “Existe apenas um pecado — a ignorância; e apenas uma salvação — o Conhecimento Aplicado”. Onde o conhecimento espiritual é obtido? Na “Grande Escola Ocidental de Mistérios da Ordem Rosacruz”, que foi encarregada de “moldar o pensamento da Europa Ocidental”. Seus professores são os Irmãos Maiores e seu currículo inclui a ciência da alma e a ciência do espírito; seus alunos e alunas são aquelas almas ousadas que desejam tomar sua salvação em suas próprias mãos e invadir o Céu. Eles são os “espíritos destemidos que se recusam a ser acorrentados pela ciência ortodoxa ou pela Religião ortodoxa”.
Um Estudante dos Ensinamentos Rosacruzes pode acalentar seus princípios com zelo religioso; contudo, ele sabe que eles não pretendem ditar como se adora a Deus, pois a adoração é província da Religião e está em seu coração; ou, mais corretamente, a adoração é o coração da Religião, sua força motriz e seu sangue vital. Os ensinamentos são úteis e aumentam a adoração. Por sua vez, a adoração é inspirada, sustentada e organizada pela liturgia, que é vagamente sinônimo dela, mas pode ser mais precisamente entendida como algo que identifica todas as atividades relacionadas à igreja e focam a consciência em direção a Deus, incluindo leituras das Escrituras, Hinos, Salmos, Credo, Glória, Cânticos, Orações, Sermões, Homilia, Ofertório, a Sagrada Comunhão e outros movimentos ou gestos sacramentais, rituais ou cerimoniais.
Embora o culto possa ser individual e solitário, a liturgia (literalmente, “trabalho do público”, “serviço público”) é sempre comunitária. Aqui encontramos uma distinção crítica entre a Religião e os Ensinamentos Rosacruzes. Os Ensinamentos Rosacruzes enfatizam a responsabilidade individual pelo crescimento espiritual. A Religião é eminentemente um empreendimento comunitário. Embora a Fraternidade Rosacruz seja um precursor da Fraternidade universal, é principalmente a Fraternidade espiritual que se deseja e não a associação social, fraterna ou congregacional de crentes em uma igreja.
“O Rosacrucianismo ensina o candidato a trabalhar em sua própria salvação. A Religião Cristã exotérica (professada pelo catolicismo, protestantismo e a ortodoxia) o torna dependente do sangue de Jesus. Aqueles que usam o método positivo ou ativo, naturalmente, se tornam as almas mais fortes.”. Aqui, Max Heindel parece propor o que alguns podem considerar um toque de clarim em favor da autossuficiência espiritual, o que beira a arrogância espiritual. “A igreja dominante não vê com complacência a separação de seus filhos. Ela até mesmo prostituiria o Espírito da Verdade para que suas ordens fossem cumpridas.”.
Como um Ensinamento de Sabedoria, o Rosacrucianismo é uma cosmologia, na medida em que traça a origem do nosso cosmos desde o caos até sua conclusão projetada, no Período Vulcano, onde a Criação terá alcançado o que nossas Mentes atuais só podem conceber como um estado incompreensível de perfeição. O Rosacrucianismo é uma teosofia (“teo”, de “theo” – Deus; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “sabedoria de Deus”), pois identifica tudo o que existe como uma diferenciação e uma extensão de Deus. É frequentemente chamada de filosofia (“filo”, de “philo” – amizade, amor fraterno; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “amizade pela sabedoria”), sendo uma formulação de ideias “definidas, lógicas e sequenciais”, claramente articulada e racionalmente fundamentada. Max Heindel descreve os Aspirantes Rosacruzes como “Estudantes de uma filosofia transcendental” e, na introdução do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, em “Uma Palavra ao Sábio”, o autor chama sua exposição de um “novo esforço filosófico” na busca pela verdade universal. É uma antroposofia (“antropo”, de “ánthropos” – Homem; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “sabedoria do Homem”), na medida em que detalha a origem e a evolução do ser humano, de uma centelha nesciente da Divindade a um espírito superconsciente e plenipotente que participa da totalidade do Ser universal.
Enquanto as Religiões atuais estão repletas de mistérios, o Rosacrucianismo busca descobrir e explicar os mistérios. “A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração.” Como diz Max Heindel: “Muitos entre nós foram impelidos pela razão a se retirar da Igreja”, apenas para formar, ironicamente, uma nova igreja de crentes libertados das restrições do dogma ortodoxo.
Os Ensinamentos Rosacruzes são, na verdade, pensados para superar as limitações das Religiões da Raça que, sendo baseadas na lei, favorecem o pecado e trazem dor, sofrimento e morte. “Só de dentro é possível conquistar as Religiões da Raça, que influenciam o ser humano de fora.”. Enquanto “a lei das Religiões de Raça foi dada para emancipar o intelecto do desejo”, os Ensinamentos Rosacruzes são projetados para libertar o coração do ceticismo do intelecto para que a verdadeira Religião Cristã possa ser abraçada de todo o coração.
Os Ensinamentos Rosacruzes são elaborados para acelerar o início da Religião do Filho, Cristo, por meio da purificação e controle do Corpo Vital, pois capacitam a humanidade a subjugar melhor o Corpo de Desejos e se unir ao Espírito Santo para, no futuro, promover a Religião do Pai, espiritualizando o Corpo Denso e trazendo uma verdadeira unidade cósmica. Os Ensinamentos Rosacruzes, então, são um presente inestimável para a humanidade, capacitando-a a participar mais plena e efetivamente do plano de Deus para sua divinização.
“Christian Rosenkreuz foi encarregado dos Filhos de Caim, que buscam a luz do conhecimento nos fogos sagrados do Santuário Místico, o Templo interno… para realizar a própria salvação”, confeccionando o Dourado Manto Nupcial, a Pedra Filosofal ou Pedra Viva, o Cristo interno, pois acreditam mais nas obras do que na fé”. “Jesus permanece como o gênio e protetor de todas as técnicas da igreja, por meio da qual a Religião é promovida e o ser humano é trazido de volta a Deus ao longo do caminho da devoção do coração.”.
Aqui pode surgir a pergunta: mais os dos Filhos do Seth (místico, coração) que também buscam a luz do conhecimento, conseguem alcançar níveis tão elevados como os que seguem pelo caminho dos Filhos de Caim (ocultista, razão)? A resposta é: sim. Sugiro que estude o livro Iniciação Antiga e Moderna que elucidará muito esse ponto. De qualquer modo, aqui trechos sobre o assunto: “o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.”. “A forma de uma Iniciação Mística Cristã difere radicalmente do método Rosacruz, que visa trazer o candidato à compaixão por meio do conhecimento e, para isso, procura cultivar nele as faculdades latentes da visão e da audição espiritual desde o início de sua peregrinação como um Aspirante a vida superior, lhe ensinando a conhecer os mistérios ocultos do ser e a perceber, intelectualmente, a unidade de cada um com todos, de modo que, finalmente, por meio desse conhecimento, haja despertado internamente o sentimento que o faz perceber, verdadeiramente, sua ligação com tudo o que vive e se move, e isso o coloca em perfeita e completa sintonia com o Infinito, tornando-o um verdadeiro auxiliar e trabalhador no divino reino da evolução.
A meta alcançada por meio da Iniciação Mística Cristã é a mesma, porém o método, como mencionado acima, é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, o candidato geralmente está inconsciente do fato de que está tentando atingir algum objetivo definido, pelo menos durante os primeiros estágios de seus esforços, e há nessa nobre Escola de Iniciação tão somente um Mestre, o Cristo, que está sempre diante da visão espiritual do candidato como o Ideal e a Meta de todo o seu empenho. . O mundo ocidental, infelizmente, se tornou tão enredado na intelectualidade que seus Aspirantes somente iniciam a Caminhada quando sua razão foi satisfeita; e, infelizmente, é apenas o desejo por mais conhecimento que traz a maioria dos Estudantes para a Escola Rosacruz. É uma tarefa árdua cultivar neles a compaixão, que deve ser mesclada com o seu conhecimento e ser o fator determinante no uso dele, antes que estejam habilitados para entrar no Reino de Cristo. Contudo, aqueles que são atraídos para o Caminho Místico Cristão não sentem nenhuma dificuldade desta natureza. Eles têm dentro de si um amor abrangente que os impulsiona e que, finalmente, gera neles um conhecimento que o autor acredita ser muito superior ao obtido por qualquer outro método. Aquele que segue o Caminho do desenvolvimento intelectual tende a menosprezar, arrogantemente, o outro cujo temperamento o impele a um Caminho Místico.
Tal atitude mental não prejudica somente o desenvolvimento espiritual de quem a coloca em prática, mas é totalmente gratuita, como pode ser vista nas obras de Jacob Boehme, Thomas de Kempis e muitos outros que seguiram o Caminho Místico. Quanto mais conhecimento nós possuirmos, maior a condenação nós mereceremos se fizermos mal uso dele. Todavia, o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.”.
Cada uma das Religiões de hoje “tem sua missão a cumprir entre as pessoas onde se encontra”; contudo, “nenhuma possui mais do que um raio de toda a verdade, no presente”. Portanto, “cabe a nós superar as barreiras da nacionalidade e das Religiões de Raça e aprender a dizer, como fez aquele homem tão caluniado, Thomas Paine: ‘O mundo é minha pátria e fazer o bem é a minha Religião’”.
Max Heindel exorta o Estudante Rosacruz a não “imitar o espírito missionário e militante das igrejas, mas, como diz a Bíblia, a dar nossas pérolas de conhecimento apenas para aqueles que estão cansados de se alimentar da palha e anseiam pelo verdadeiro pão da vida”. “Também não devemos impor nossos pontos de vista sobre eles nem tentar converter ao nosso modo de vida aqueles que ainda não estão prontos. A mudança deve vir de dentro.”. Aqui é identificada uma diferença significativa entre os Ensinamentos Rosacruzes e os das Religiões Cristãs exotéricas. As últimas devem ser reconhecidas e aceitas com base na autoridade externa, incluindo as Escrituras, a hierarquia eclesiástica, os escritos dos pais da Igreja, ameaças de excomunhão e condenação eterna… Um cânone de fé é definido, fora do qual se pisa como possível apóstata ou herege. Quantos deixaram suas igrejas, Max Heindel pergunta retoricamente, por causa do credo intolerante? Seu poema “Credo ou Cristo?” contrasta a única Verdade, representada por Cristo, o Senhor do Amor, com as várias “interpretações” religiosas da verdade que, necessariamente, se tornam separatistas, exclusivas e punitivas.
Os Ensinamentos Rosacruzes não se propõem a ser a palavra final sobre a verdade, reconhecendo que as Religiões evoluem como a humanidade evolui. Precisamente por isso, tais Ensinamentos não constituem uma Religião categórica, mas verdades provisórias e ideias mediadoras. “Qual é, então, o caminho para as alturas da realização religiosa e onde se pode encontrá-lo?… Não se encontra nos livros… O interior então é o único tribunal da verdade que é digno. Se levarmos nossos problemas de forma consistente e persistente a esse tribunal, no decorrer do tempo, desenvolveremos um senso de verdade tão superior que, instintivamente, sempre que ouvirmos uma ideia avançada, saberemos se ela é sólida e verdadeira ou não.”.
“A verdade não pode ser encontrada em Religiões ligadas a credos; quem a busca deve estar livre da lealdade a qualquer um”. São palavras fortes, até mesmo assustadoras, e destinadas apenas àqueles que sentem que elas foram endereçadas a eles. “Os Rosacruzes insistem que todos os que vêm a eles para um ensino mais profundo devem estar livres da lealdade a qualquer escola e o candidato não está sujeito a juramentos em qualquer estágio. Todas as promessas que ele faz são feitas a si mesmo, porque a liberdade é o bem mais precioso da alma e não há crime maior do que acorrentar nossos próximos de qualquer maneira.”. Cristo disse “Eu sou a verdade”.
Cristo também disse que enviaria o Espírito da Verdade, o Espírito Santo, para habitar em cada um de nós e ensinar todas as coisas. Aqui, então, está o cerne radiante da Religião. No Santo dos Santos, no templo da alma, das profundezas da quietude purificada, no santuário do coração regenerado e da Mente transformada, a voz de Cristo fala. Aqui, sempre nos voltamos para respostas a nossas perguntas; o consolo para nossa aflição temporal; a iluminação da nossa escuridão, que nos assedia; a verdade que nos libertará. Nem Max Heindel abandonou uma “insistência enfática na liberdade pessoal e absoluta da Fraternidade Rosacruz”. “Entre as almas mais velhas do ocidente, que aspiram ao crescimento espiritual, não pode haver Mestre ou Guia. Devemos aprender a ficar sozinhos. Podemos não gostar; podemos ter medo e querer um Mestre ou Guia para nos libertar da responsabilidade.” Onde está a Religião, aqui? Dizem-nos, de fato, que tivemos nossa Religião — nosso “leite”, como diria São Paulo. Agora temos a nossa “carne”. O tempo de dependência externa acabou.
O Mestre ocidental se dá a conhecer não respondendo, mas agindo “mais como o pai pássaro que empurra os filhotes para fora do ninho, se eles próprios não saírem. Podemos nos machucar, mas aprendemos a voar”.
Embora os Ensinamentos Rosacruzes não sejam religiosos no sentido usual, eles são essencialmente centrados em Cristo; isto é, eles apontam para Cristo como Aquele que mostra o Caminho, Aquele que é a Luz no Caminho do desenvolvimento espiritual. Os Ensinamentos Rosacruzes deixam claro que a vida de Cristo Jesus molda a vida do Aspirante espiritual; que o Cristo exotérico e histórico se tornará o Cristo esotérico, pessoal e interior. Aqui está o cerne, de fato! E “Se tu és o Cristo, ajuda-te a ti mesmo”. “Ninguém que é ‘aprendiz’ pode, ao mesmo tempo, ser ajudante; cada um deve aprender a se manter sozinho”. Para esses não existe Religião, como se entende hoje. Mas, existe Cristo. E se Cristo está com alguém, dentro dele, quem pode ser contra ele? Pois Ele venceu o mundo. E para o Aspirante Rosacruz, a Anunciação é levada tão a sério quanto as palavras maravilhosas ditas à sua própria alma: “Ave Maria, Mãe de Deus, bendita és tu”. E agora, nas dores de parto, carregamos o Cristo incipiente, a esperança de Glória, gestando dentro de nós, para nascer misticamente quando o nosso período preparatório se cumprir.
O sacrifício cósmico de Cristo possibilitou rasgar o véu do templo do Espírito humano, para todos os que queiram aí entrar. “Desde então, nenhum segredo prevaleceu na Iniciação.” A sabedoria Rosacruz dá o incentivo e a razão para entrar naquele templo. Na verdade, isso nos lembra que o exterior é um sinal e símbolo da verdade interior e oculta. Da melhor forma, os Ensinamentos Rosacruzes despertam nosso senso de admiração e gratidão e satisfazem suficientemente nossa fome intelectual para que possamos nos render e tornar mansos de coração, para sermos justamente purificados diante de nosso Pai Criador e reverentes na companhia imanente de Seu Filho, Cristo, nosso Irmão Maior e protótipo espiritual. Então poderemos, com renovado ardor e firme determinação, comprometer nossa vida para alcançar nosso direito espiritual de nascença e embarcar naquela designada estrada mais curta, segura e alegre até Deus.
A verdadeira Religião é tanto aquilo em que eu acredito quanto o que eu faço. Aquilo em que acredito, por si só, é insuficiente para a emigração até o Reino dos Céus. A crença me diz que o Céu existe e que fui chamado para morar lá. Não me fornece, por si só, algum transporte mágico. A mera fé nos Ensinamentos Rosacruzes fará com que minhas esperanças de salvação nasçam mortas. No entanto, uma fé suficientemente forte transborda e inicia a ação — as obras —, incendiando a imaginação para que possamos ver mais e ir além das obstruções diárias, para longe das falsas alegações ou seduções dos prazeres seculares.
Chegamos, finalmente, ao ponto crucial dos Ensinamentos Rosacruzes. A estrada para Deus é através de, em e por, Cristo — e Cristo veio para servir. As Religiões exotéricas tradicionais realizam cultos em suas igrejas. O Aspirante Rosacruz busca prestar serviço em todos os lugares, fazendo do mundo a sua igreja. A estrutura do serviço Cristão é a boa vontade, a benevolência, a caridade. A boa vontade é a vontade de Deus e a caridade é a substância espiritual de Deus, porque Deus é Amor. O Amor é a Lei de Deus. Os Ensinamentos Rosacruzes, então, não são um fim em si mesmos, mas o meio para um fim.
Enquanto o “Conceito Rosacruz do Cosmos” foi escrito para satisfazer o intelecto inquiridor, de modo que o lado devocional da natureza do Aspirante pudesse se desenvolver, Max Heindel expressou seus crescentes temores de que esse conhecimento pudesse estar aguçando o apetite intelectual sem obter a conversão pretendida e, “a menos que o livro dê ao aluno um desejo sincero de transcender o caminho do conhecimento e seguir o caminho da devoção, será um fracasso, na minha opinião”. “Pois, embora tenhamos todo o conhecimento e possamos resolver todos os mistérios, somos apenas címbalos que tilintam, se não tivermos amor e o usarmos para ajudar nossos semelhantes.”
Assim, exploramos o cosmos, sondamos intelectualmente as profundezas da criação e desenterramos os mistérios do ser apenas como o meio para um fim: que possamos viver com mais caridade no aqui e agora; que possamos servir com mais eficácia aqui, agora; que possamos vestir permanentemente o nosso ser com o Ser de Cristo, que está aqui e agora.
A Fraternidade Rosacruz não é constituída por seus Ensinamentos, que são abertos ao mundo e aceitos por muitos não-alunos. “Pelo contrário, é o serviço que realizamos e a seriedade com que praticamos os Ensinamentos e nos tornamos para o mundo exemplos vivos de amor fraterno.”
Somos lembrados de que o conhecimento, por mais sublime que seja, pode inchar, enquanto a caridade edifica. Estamos corretamente orientados quando lembramos que “o serviço é o padrão da verdadeira grandeza”. Somos informados de que “a união do poder temporal e espiritual, da cabeça e do coração, … deva acontecer antes que Cristo, o Filho de Deus, possa voltar”. Entendemos que Christian Rosenkreuz é um colaborador de Jesus, no trabalho de unir a humanidade e trazê-la ao Reino de Cristo.
A Religião denota uma reunião de fiéis, porque “sempre que dois ou três estão reunidos em meu Nome, aí estou Eu”. O Nome é a teologia e a liturgia. O Nome é Verdade, o Nome é Poder. O Nome significa Amor real e presente. O encontro em si é a liturgia; dizer o Nome externamente é ladainha; internamente, é oração ou meditação. Idealmente, todo ensino religioso leva a esse foco e à experiência da presença da Luz do mundo, o Príncipe da Paz. Na comunhão espiritual está o poder invocativo. Mas, também somos informados por São João que qualquer um que crê em Cristo, o Logos, recebe poder para se tornar o Filho de Deus. Aqui está o poder, de fato. O que tem em um nome? Neste nome, tudo.
A verdadeira Religião Cristã, incorporando a única Verdade, a única Religião universal, lembra-nos da nossa unidade em Deus por meio de Cristo, uma unidade da qual ninguém está isento. Que esse entendimento trabalhe em nossos corações e ações para nos restaurar a Mente e podermos glorificar a Deus e ser elevados nessa mesma exaltação. Ensinamentos de qualquer parte, de fora ou de dentro — feitos com a melhor intenção e quando alguém está no auge de uma adoração fervorosa — são concebidos com um propósito: para nos santificar e dirigir ao único Ser no Qual, e por Quem fomos criados, e em Quem sempre habitamos. Assim, que possamos conhecer e amar cada vez melhor esse Ser, o Lar e a Fonte do nosso próprio Ser verdadeiro.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro-janeiro de 1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
No Primeiro Céu, quando vivenciamos o processo panorâmico, após abandonar o Corpo Denso, os bons atos da nossa vida são a base do sentimento. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria de bem agir e sentiremos toda a gratidão emitida por aquele a quem ajudamos. Quando vemos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltaremos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Daqui ressalta a importância de apreciar os favores que nos têm sido feitos, a gratidão produz crescimento anímico. (“Conceito Rosacruz do Cosmos”).
Em uma de suas lições mensais, “O povo escolhido por Deus”, Max Heindel relembra a seus Estudantes a necessidade de se expressar gratidão pelos Irmãos Maiores, por ter recebido os Ensinamentos Rosacruzes que satisfazem a alma de maneira que o espírito possa evoluir por meio da gratidão.
Talvez não tenhamos percebido que, na mesma proporção que o nosso espírito amadurece, há um aumento no poder que atrai, para o nosso corpo, as forças de cura; isso pode ser verdade, porém todos os distúrbios resultam de uma origem espiritual.
Mas, à medida que progredimos espiritualmente e equilibramos os nossos veículos superiores, eliminamos as congestões que resultaram em doenças.
Nunca deveríamos esquecer que somos divinos e que temos uma força latente ilimitada. Quando nos conscientizarmos de nossas transgressões e começarmos a obedecer às leis que violamos, apagaremos de nossos veículos superiores as condições que se manifestaram em aflições nos corpos físico, emocional e mental, e começaremos a expressar a divindade interna.
Quando formos curados, não esqueçamos de agradecer aos nossos companheiros, os nossos Irmãos Maiores e, acima de todos, ao nosso Pai Celestial, que nos proporciona todas as riquezas da vida.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de maio-junho/1995)