•Sabemos que as paixões das nações em guerra se assemelham aos lampejos dos relâmpagos na Região Aérea do Mundo do Pensamento Concreto.
•Há algum meio melhor para demonstrar a beleza e a necessidade da paz, da boa vontade e do amor do que compará-los com o estado atual de guerras, egoísmos e ódios?
•Há sim, pois “Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda é a sombra que projeta. Quanto mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos.”
•A guerra econômica/financeira dos nossos dias é muito pior e mais destrutiva do que as guerras militares entre as nações.
Quer saber mais sobre isso?
Escute aqui o Audiobook desse livro: Audiobook: O Lado Oculto da Guerra – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
Se quiser, também, pode acessar o livro físico aqui: O Lado Oculto da Guerra – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
Boa audição e leitura 🙂
INTRODUÇÃO
Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.
Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.
Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).
Para que serve audiolivro?
O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:
O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.
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FIM
O patriotismo e o ideal de Raça ainda são fomentados em várias partes do mundo, o que os conduz para longe de Deus. As inúmeras descobertas científicas foram precedidas por uma era de dúvida e de ceticismo, e muitas pessoas foram levadas muito próximas à beira da destruição. Por conseguinte, se tornou necessário que os Irmãos Maiores concebessem medidas para que a humanidade abandonasse o “caminho do prazer” – calcado no intelecto – e cultivasse o “caminho da devoção” – priorizando o coração -, e isso só poderia ser feito removendo a catarata espiritual de um número suficientemente grande de pessoas para que, então, superar a dúvida e o ceticismo do restante da humanidade.
Em muitos livros da Fraternidade Rosacruz já foi detalhado a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. (trecho da Carta aos Estudantes nº 92 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz).
Tenha acesso a mais conhecimento sobre esse assunto clicando aqui: O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
Eu olho e vejo uma planície onde uma luta terrível está acontecendo. As nações da Terra estão reunidas para matar e destruir. As paixões mais ferozes lutam lá; os instrumentos mais diabólicos de morte e destruição que as mãos do ser humano podem criar estão ali, alinhados uns contra os outros. O ar está cheio do trovão dos canhões, dos gritos dos feridos e moribundos, e vermelho é o chão com o sangue dos mortos. Então, a fumaça sobe e bloqueia minha visão.
Eu olho novamente, e eis! Tudo está quieto. É noite e o país desolado está coberto por uma capa de neve. A Terra está em paz. Além das colinas cobertas de neve, a Lua nascente lança seu brilho prateado sobre a planície.
Mais uma vez eu olho e eis! É primavera. O Sol nasce em toda a sua beleza e esplendor, e derrama seu brilho sobre a Terra. O ar está cheio do canto dos pássaros e do zumbido das abelhas. Lá, onde tão recentemente as paixões ferozes se enfureceram e o clamor da batalha aconteceu, as flores da primavera agora crescem e sorriem ao Sol; as rosas e as madressilvas florescem nas sebes; a cotovia voa alto cantando e pulando de alegria enquanto canta.
O mesmo Espírito de Cura trabalha na Natureza e no coração do ser humano. Não há mal que não possa corrigir, nem ferida que não possa curar. É a eterna juventude dentro de nós, é a beleza que nunca desaparece nem perece, é o amor que nunca cansa nem envelhece. Fora do naufrágio e ruína de um mundo desgastado pela guerra Ele ainda sussurra: “Eis que faço novas todas as coisas”.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro de 1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Novembro de 1915
Você já deve ter estudado no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, que houve uma Raça no final da Época Lemúrica, sete Raças na Época Atlante, sete Raças na Época Ária e haverá uma na vindoura Época Nova Galileia, totalizando dezesseis Raças. Você também se lembra que essas dezesseis Raças são chamadas pelos Irmãos Maiores de “os dezesseis caminhos para a destruição”, porque o risco de se enredar nos corpos de qualquer Raça é tão alto, que o Espírito ficará incapaz de seguir os outros Espíritos ao longo do Caminho da Evolução. Durante os Períodos e as Épocas sempre há tempo suficiente para que os Líderes da humanidade possam reunir e ordenar da forma mais adequada e eficaz os que estão sob as suas responsabilidades. Contudo, os judeus são o exemplo do que pode acontecer a um povo que se tornou tão intensamente imbuído do espírito racial, que eles se recusam totalmente a abandonar tal espírito racial. Eles continuam como uma anomalia entre o restante da humanidade, um povo sem uma pátria, um rei ou outro qualquer dos fatores que impulsionam a evolução racial.
Essa foi a tendência entre as nações da Europa até a guerra atual[1]. Assim, o patriotismo e o ideal de Raça são fomentados, o que as conduz para longe de Deus. As inúmeras descobertas científicas foram precedidas por uma era de dúvida e de ceticismo, e as Raças pioneiras no mundo ocidental foram levadas muito próximas à beira da destruição. Por conseguinte, se tornou necessário que os Irmãos Maiores concebessem medidas para que a humanidade abandonasse o caminho do prazer e cultivasse o caminho da devoção, e isso só poderia ser feito removendo a catarata espiritual de um número suficientemente grande de pessoas para que, então, superar a dúvida e o ceticismo do restante da humanidade.
Quando nós habitávamos sob as águas na primitiva Época Atlante, éramos, como você sabe, incapazes de ver o Corpo Denso ou até mesmo senti-lo, porque a nossa consciência estava focada nos reinos espirituais. Víamo-nos uns aos outros, alma a alma. Estávamos inconscientes tanto do nascimento como da morte, e não sentíamos a separação daqueles que amávamos. Mas, quando nós, gradualmente, nos tornamos conscientes dos nossos Corpos Densos, e a nossa consciência foi focada no Mundo Físico desde ao nascimento até a morte aqui, e nos Mundos espirituais da morte até o nascimento lá, houve uma separação e o consequente pesar devido ao advento da morte. No entanto, em tempos passados, havia muitos seres humanos que eram capazes ver em ambos os mundos; eles formavam um número considerável entre toda a população humana. Os testemunhos desses seres humanos sobre a continuidade da vida foram um grande conforto para aqueles que ficavam desolados com a morte, pois eles acreditavam plenamente que aqueles que haviam morrido ainda estavam vivos e felizes, embora incapazes de se dar a conhecer. Mas, gradualmente, o mundo se tornou cada vez mais materialista; a fé na realidade da vida após a morte aqui se desvaneceu, e tornando-se mais intensa e profunda a angústia, a tristeza e até o arrependimento pela perda dos entes queridos, e ainda hoje muitos acreditam que a separação é definitiva. Para esses, a palavra “renascimento” é uma palavra vazia de sentido e, portanto, a angústia profunda e pungente é imensa.
Mas essa angústia profunda e pungente é o remédio da natureza para a catarata espiritual. Tão certo como o desejo de crescimento construiu o complicado canal alimentar desde o começo mais simples para que o anseio de crescimento pudesse ser satisfeito; tão certamente quanto o desejo de movimento desenvolveu as maravilhosas articulações, os tendões e ligamentos com os quais isso é realizado; com a mesma certeza, o intenso anseio de continuar os relacionamentos rompidos pela morte construirá o órgão para sua gratificação – o olho espiritual. Portanto, essa matança em massa de milhões de seres humanos ajudou e está ajudando mais a preencher o abismo entre os Mundos invisíveis e o Mundo visível do que mil anos de pregação poderiam fazer. Ao longo da história do mundo, foi registrado que os guerreiros (das batalhas e guerras) viram as chamadas manifestações sobrenaturais, e há muitos testemunhos de que estas visões também foram vistas na guerra atual. O choque da ferida, os sofrimentos nos hospitais, as lágrimas das viúvas, dos viúvos e dos órfãos, tudo isso está abrindo os olhos espirituais da Europa, e os tempos da dúvida e do ceticismo, aos poucos, desaparecerá. Em lugar de ficar envergonhado por ter fé em Deus, o mundo honrará o ser humano mais por sua devoção do que por suas proezas, e isso num futuro não muito distante. Elevemos uma prece para este dia chegar.
(Carta nº 60 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Refere-se à Primeira Grande Guerra Mundial.
De tempos em tempos, Estudantes de ocultismo de diversas partes do mundo nos perguntam qual deveria ser a atitude deles perante a guerra[1] e qual o propósito dela sob o ponto de vista espiritual. Já indicamos a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra em vários artigos nossos, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. (trecho da Carta aos Estudantes nº 92).
É isso que trataremos nesse livreto.
Há 2 meios de você acessar esse livreto:
1.Em formato PDF (para download): O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – em PDF
2. Em forma audiobook ou audiolivro:
3.Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/@fraternidaderosacruzcampinasbr/videos
aqui:
4.Para ler no próprio site:
O LADO OCULTO DA GUERRA
– UMA OPERAÇÃO DE CATARATA ESPIRITUAL
Por
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, War an Operation for Spiritual Cataract – 1st Part in Rays from the Rose Cross Magazine – a Magazine of Mystic Light – November 1915; 2nd Part in Rays from the Rose Cross Magazine – a Magazine of Mystic Light – December 1915; 3rd Part in Rays from the Rose Cross – a Magazine of Mystic Light – January 1916
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – A PARTE DA GUERRA TRAVADA NOS MUNDOS INVISÍVEIS. 8
CAPÍTULO II – EXEMPLOS DA ATUAÇÃO DOS ESPÍRITOS DE RAÇA, CONFUNDIDOS COM OUTROS SERES DIVINOS. 15
CAPÍTULO III – VISÃO ESPIRITUAL ABERTA TEMPORARIAMENTE.. 21
CAPÍTULO IV – SOLICITANDO UMA EXPLICAÇÃO AO IRMÃO MAIOR.. 24
CAPÍTULO V – “OS DEZESSEIS CAMINHOS PARA A DESTRUIÇÃO”. 30
Você já deve ter estudado, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, que houve uma Raça no final da Época Lemúrica, sete Raças na Época Atlante, sete Raças na Época Ária e haverá uma na vindoura Época Nova Galileia, totalizando dezesseis Raças. Você também se lembra que essas dezesseis Raças são chamadas pelos Irmãos Maiores de “os dezesseis caminhos para a destruição”, porque o risco de se enredar nos corpos de qualquer Raça é tão alto, que o Espírito ficará incapaz de seguir os outros Espíritos ao longo do Caminho da Evolução. Durante os Períodos e as Épocas sempre há tempo suficiente para que os Líderes da humanidade possam reunir e ordenar da forma mais adequada e eficaz os que estão sob as suas responsabilidades. Contudo, os judeus são o exemplo do que pode acontecer a um povo que se tornou tão intensamente imbuído do espírito racial, que eles se recusam totalmente a abandonar tal espírito racial. Eles continuam como uma anomalia entre o restante da humanidade, um povo sem uma pátria, um rei ou outro qualquer dos fatores que impulsionam a evolução racial.
Essa foi a tendência entre as nações da Europa até a guerra atual[1]. Assim, o patriotismo e o ideal de Raça são fomentados, o que as conduz para longe de Deus. As inúmeras descobertas científicas foram precedidas por uma era de dúvida e de ceticismo, e as Raças pioneiras no mundo ocidental foram levadas muito próximas à beira da destruição. Por conseguinte, se tornou necessário que os Irmãos Maiores concebessem medidas para que a humanidade abandonasse o caminho do prazer e cultivasse o caminho da devoção, e isso só poderia ser feito removendo a catarata espiritual de um número suficientemente grande de pessoas para que, então, superar a dúvida e o ceticismo do restante da humanidade.
Quando nós habitávamos sob as águas na primitiva Época Atlante, éramos, como você sabe, incapazes de ver o Corpo Denso ou até mesmo senti-lo, porque a nossa consciência estava focada nos reinos espirituais. Víamo-nos uns aos outros, alma a alma. Estávamos inconscientes tanto do nascimento como da morte, e não sentíamos a separação daqueles que amávamos. Mas, quando nós, gradualmente, nos tornamos conscientes dos nossos Corpos Densos, e a nossa consciência foi focada no Mundo Físico desde ao nascimento até a morte aqui, e nos Mundos espirituais da morte até o nascimento lá, houve uma separação e o consequente pesar devido ao advento da morte. No entanto, em tempos passados, havia muitos seres humanos que eram capazes ver em ambos os mundos; eles formavam um número considerável entre toda a população humana. Os testemunhos desses seres humanos sobre a continuidade da vida foram um grande conforto para aqueles que ficavam desolados com a morte, pois eles acreditavam plenamente que aqueles que haviam morrido ainda estavam vivos e felizes, embora incapazes de se dar a conhecer. Mas, gradualmente, o mundo se tornou cada vez mais materialista; a fé na realidade da vida após a morte aqui se desvaneceu, e tornando-se mais intensa e profunda a angústia, a tristeza e até o arrependimento pela perda dos entes queridos, e ainda hoje muitos acreditam que a separação é definitiva. Para esses, a palavra “renascimento” é uma palavra vazia de sentido e, portanto, a angústia profunda e pungente é imensa.
Mas essa angústia profunda e pungente é o remédio da natureza para a catarata espiritual. Tão certo como o desejo de crescimento construiu o complicado canal alimentar desde o começo mais simples para que o anseio de crescimento pudesse ser satisfeito; tão certamente quanto o desejo de movimento desenvolveu as maravilhosas articulações, os tendões e ligamentos com os quais isso é realizado; com a mesma certeza, o intenso anseio de continuar os relacionamentos rompidos pela morte construirá o órgão para sua gratificação – o olho espiritual. Portanto, essa matança em massa de milhões de seres humanos ajudou e está ajudando mais a preencher o abismo entre os Mundos invisível e o Mundo visível do que mil anos de pregação poderiam fazer. Ao longo da história do mundo, foi registrado que os guerreiros (das batalhas e guerras) viram as chamadas manifestações sobrenaturais, e há muitos testemunhos de que estas visões também foram vistas na guerra atual. O choque da ferida, os sofrimentos nos hospitais, as lágrimas das viúvas, dos viúvos e dos órfãos, tudo isso está abrindo os olhos espirituais da Europa, e os tempos da dúvida e do ceticismo, aos poucos, desaparecerá. Em lugar de ficar envergonhado por ter fé em Deus, o mundo honrará o ser humano mais por sua devoção do que por suas proezas, e isso num futuro não muito distante. Elevemos uma prece para este dia chegar.
Max Heindel
De fato, seria novidade para a grande maioria das pessoas, se lhes disséssemos que a grande guerra[2] que está sendo travada tão arduamente na Europa, envolvendo uma grande destruição de corpos humanos e de construções muitas centenárias, testemunhas da civilização, esteja sendo travada com mais ferocidade nos Mundos invisíveis e que os participantes do lado oculto da vida têm ainda mais em jogo do que as coisas que são consideradas valiosas neste mundo, como aquisição territorial, indenização financeira, etc. Tal é, no entanto, o caso. A guerra começou nos Mundos invisíveis antes de se cristalizar em ação física. E lá deve cessar, antes de uma paz permanente ser negociada. Quem vê e conhece também sabe que essa grande influência espiritual que causou a guerra foi instigada pelos Espíritos de Raça dos vários países, que se ampliaram com o intenso patriotismo demonstrado por toda parte entre os povos da Europa.
Cada Espírito de Raça luta através do seu povo e por seu povo, como mostramos na palestra nº 13 do Livro Cristianismo Rosacruz, cuja tema “Anjos como fatores de evolução” [3] e embora muitas pessoas possam zombar e caçoar, os fatos permanecem.
Cada Espírito de Raça luta através do seu povo e por seu povoe embora muitas pessoas possam escarnecer, os fatos permanecem.
Instâncias e evidências dessa liderança invisível na guerra atual[4] podemos ver na Retirada dos Aliados de Mons[5]. Afirmou-se, com confiança, que vários oficiais haviam presenciado então um curioso fenômeno na forma de uma estranha nuvem que se interpôs entre os alemães e os britânicos. Essa afirmação foi confirmada por um correspondente do jornal “Light” de 8 de maio, afirmando que “na ação de retaguarda, houve um momento especialmente crítico, quando a cavalaria alemã avançava rapidamente e superava em muito as nossas forças; de repente, vimos uma espécie de nuvem luminosa ou neblina, que se interpôs entre os alemães e nossos homens. Nessa nuvem parecia haver objetos brilhantes se movendo. No momento em que apareceu, o ataque alemão pareceu receber um xeque. Os cavalos podiam ser vistos empinando e deixaram de avançar”. Essa intervenção angelical, na opinião do narrador, salvou toda a força da aniquilação.
A história anterior parece ser a mesma narrada pelo Dr. R. F. Horton[6] em um sermão recente na Igreja de Brighton, em Manchester. Ele descreve a ocorrência relatada a ele por tantas testemunhas que, se algo pode ser estabelecido por evidência corroborativa, deve ser verdade. “Uma seção da linha de batalha”, disse o Dr. Horton, “estava em perigo iminente e parecia que seria derrubada e eliminada. Alguns dos homens presentes viram uma companhia de Anjos interposta entre eles e a cavalaria alemã, quando os cavalos dos alemães bateram os pés. Evidentemente os animais viram o que os nossos homens viram. Os soldados alemães tentaram trazer os cavalos de volta para a linha, mas eles fugiram e isso foi a salvação dos nossos homens”. Outro relato, derivado de outras testemunhas da ocorrência, é citado em uma carta conforme a seguir.
“No domingo passado encontrei a senhorita Marrable, filha do conhecido cônego Marrable, e ela me disse que conhecia os oficiais que tinham visto os Anjos que salvaram nossa ala esquerda dos alemães, quando eles os atacaram durante a Grande Retirada de Mons.”.
“Eles esperavam aniquilação, pois estavam quase indefesos quando, para seu espanto, os alemães ficaram atordoados e nem sequer tocaram em suas armas ou se mexeram, até que nos viramos e escapamos por alguma encruzilhada.”
“Um dos amigos da senhorita Marrable, que não era um homem religioso, disse a ela que viu uma tropa de Anjos entre nós e o inimigo e tem sido um homem transformado desde então. Ela conheceu o outro homem em Londres, na semana passada, e perguntou a ele se ele ouviu falar sobre a maravilhosa história dos Anjos. Ele disse que os viu pessoalmente. Enquanto ele e sua companhia estavam recuando, eles ouviram a cavalaria alemã correndo atrás deles. Eles correram para um lugar onde pensaram que um abrigo pudesse ser feito com alguma esperança de segurança, mas antes que pudessem alcançá-lo a cavalaria alemã estava sobre eles; então se viraram e enfrentaram o inimigo, esperando a morte instantânea; então, para sua surpresa, viram entre eles e o inimigo uma tropa inteira de Anjos. Os cavalos dos alemães se viraram apavorados e dispararam. Os homens puxavam suas rédeas, enquanto os pobres cavalos se afastavam na direção oposta aos nossos homens. Ele jurou que viu os Anjos, a quem os cavalos alemães viram claramente, talvez até mesmo os soldados alemães, e isso deu aos nossos homens tempo para chegar ao pequeno forte, ou qualquer que fosse o abrigo, e se salvarem”.
Uma contribuição adicional para esses registros da Retirada de Mons foi fornecida pelo Sr. Lancaster, um clérigo de Weymouth, em seu sermão de 30 de maio. O reitor leu no púlpito uma carta de um soldado da linha de frente que se encontrava em Retirada de Mons e dizia, na carta, que o seu regimento estava sendo perseguido por muitos homens da cavalaria alemã, da qual se refugiaram em uma grande pedreira onde os alemães os encontraram e estavam a ponto de matá-los. Naquele momento, afirmou o autor da carta, toda a borda superior da pedreira estava forrada de Anjos, que foram vistos por todos os soldados e pelos alemães. Os alemães pararam de repente, deram meia-volta e galoparam em alta velocidade. O narrador acrescenta que isso é atestado não apenas pelos Tommies[7], mas também pelos oficiais do regimento.
Vemos aqui certas variantes do que aparentemente seja a mesma história; mas, no primeiro caso a aparição surge apenas como uma nuvem estranha; no segundo, como uma nuvem com objetos brilhantes movendo-se dentro dela; e no terceiro, quarto e quinto aparece definitivamente como uma companhia de Anjos. Não parece improvável que a mesma aparição tenha se mostrado com essas variações devido ao acordo entre ela, o temperamento psíquico e o desenvolvimento do observador.
É um fato oculto e óbvio para quem é dotado de visão espiritual que um Espírito de Raça governa seu povo na forma de uma nuvem. Nele, ou dentro dele, eles realmente vivem, movem-se e têm o seu ser. Seus pensamentos e ideias os permeiam com o que é chamado de “espírito nacional” e é bastante concebível que sob a tensão e o estresse da batalha, um ou outro dos Espírito de Raça, vendo seu povo em terrível aflição, ofereça ajuda e se interponha entre eles e seus inimigos.
Se voltarmos à Bíblia, encontraremos uma ocorrência semelhante na época em que os israelitas foram tirados do Egito. Eles foram então perseguidos pelo exército do Faraó, e El Shaddai (em hebraico, Deus Todo-poderoso), o Senhor dos Exércitos, que os guiou na forma de uma coluna de nuvem, interpôs-Se entre os israelitas e os egípcios até que as águas do mar se dividiram e eles estivessem prontos para atravessar. Então o pilar de nuvem foi até eles de novo e os guiou pela água. Seus inimigos, que os seguiram, foram engolidos pelo mar.
Em circunstâncias normais, as pessoas podem não ser capazes de perceber essas vibrações mais elevadas e sentir os seres que estão sempre ao nosso redor, invisíveis, mas, ainda assim, muito mais vivos do que nós, potentes também como fatores para o bem ou para o mal. Mas quando chega um momento de grande estresse, quando um grupo de homens se encontra em um canto muito apertado, por assim dizer, cara-a-cara com a morte, quando a tensão nervosa é elevada a um nível suficientemente alto, eles começam a sentir o mundo suprafísico e os seres que estão com eles. Essa tem sido a regra em todas as épocas. Sir Walter Scott[8], em um dos seus livros, conta certos casos de natureza semelhante; mas, embora a manifestação sobrenatural, em cada caso citado, tenha sido testemunhada por muitas pessoas, Sir Walter Scott procura desacreditar seu testemunho e menosprezar a ocorrência como superstição, um método que tem sido seguido por vários jornais ingleses em relação à ocorrência na Retirada de Mons.
Ele diz que “mesmo no campo da morte e em meio ao próprio cabo de combate mortal, uma forte crença operou a mesma maravilha que até agora mencionamos como ocorrendo na solidão e em meio à escuridão, e aqueles que estavam, eles próprios, à beira do mundo dos espíritos ou ocupados em enviar outros para as regiões sombrias imaginavam ter visto a aparição dos seres a quem sua mitologia nacional associava a tais cenas. Nesses momentos de batalha indecisa, em meio à violência, pressa e confusão de ideias inerentes à situação, os antigos gregos supunham ver suas divindades Castor e Pólux lutando na vanguarda para seu encorajamento; o escandinavo viu as Valquírias, as Escolhedoras dos Mortos; e os católicos não foram menos facilmente levados a reconhecer na guerra São Jorge ou São Tiago bem na frente da luta, mostrando-lhes o caminho da conquista. Tais aparições sendo geralmente visíveis para uma multidão, em todos os tempos foram apoiadas pela maior força do testemunho”.
O primeiro exemplo citado por Sir Walter Scott é do livro História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha de Don Bemal Diaz del Castillo[9], um dos companheiros do célebre Cortez em sua conquista mexicana. Depois de obter uma grande vitória contra todas as probabilidades, ele menciona o relato inserido na contemporânea crônica de Gomara, de que São Tiago apareceu em um cavalo branco na vanguarda do combate e levou seus amados espanhóis à vitória.
É muito curioso observar a convicção interna do cavaleiro castelhano de que o boato surgiu de um engano, cuja causa ele explica por sua própria observação, enquanto ao mesmo tempo não se atreve a negar o milagre. O honesto conquistador reconhece que ele mesmo não viu essa aparição angélica; ou melhor, ele viu um cavaleiro chamado Francisco de Moria montado em um cavalo castanho e lutando arduamente no mesmo lugar onde São Tiago supostamente teria aparecido. No entanto, em vez de concluir que toda a sua companhia estivesse alucinada, o devoto Conquistador exclama: “Pecador que sou, quem sou eu para ter visto o abençoado Apóstolo!”.
Segue-se o outro exemplo do que Sir Walter Scott chama de “o caráter infeccioso da superstição”.
“No ano de 1686, nos meses de junho e julho, diz o honesto cronista, muitos ainda vivos podem testemunhar isso sobre o Crossford Boat, aproximadamente dois quilômetros abaixo de Lanark, especialmente no Mains, na água de Clyde, muitas pessoas se reuniram por várias tardes, onde houve chuvas de gorros, chapéus, revólveres e espadas que cobriram as árvores e o chão; companhias de homens armados marchando em ordem à beira-mar; grupos conhecendo grupos e passando por outros; depois todos caindo no chão e desaparecendo; outras companhias imediatamente apareciam marchando da mesma maneira… Fui lá três tardes e, como observei, dois terços das pessoas viram e um terço não viu; embora eu não pudesse ver qualquer coisa, havia tanto medo e tremor naqueles que viam, que era perceptível a todos os que não viam.
“Havia um cavalheiro de pé ao meu lado que falava como muitos outros e disse: ‘Um bando de malditos bruxos e bruxas que têm a segunda visão! O diabo não vejo’; e imediatamente houve uma mudança perceptível em seu semblante. Com tanto medo e tremor como qualquer mulher que vi ali, ele gritou: ‘Todos vocês que não veem, não digam coisa alguma; pois eu os convenço de que é fato e discernível para todos os que não são cegos’; então aqueles que viram disseram que aparência as armas tinham, qual era seu comprimento e largura; também falaram que cabo as espadas tinham, se eram pequenos, de três barras ou do tipo Highland Guard, e os nós dos gorros, se pretos ou azuis. Aqueles viram, sempre que estavam no exterior, observaram um gorro e uma espada cair no caminho.
No segundo livro de Samuel, no capítulo 22, nos versículos de 7 a 18, lemos.
“Na minha angústia invoquei a Iahweh, ao meu Deus lancei meu grito, ele escutou do seu Templo a minha voz e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. “E a terra tremeu e vacilou, os fundamentos do céu se abalaram (pela sua ira eles oscilaram); fumo se elevou de suas narinas e da sua boca um fogo devorador (carvões inflamados saíam dele). Ele inclinou os céus e desceu, uma névoa escura debaixo dos seus pés; cavalgou um querubim e alçou voo, planou sobre as asas do vento. Fez das trevas a sua companhia e sua tenda, treva d’água, nuvem sobre nuvem; um fulgor adiante dele inflamou granizo e brasas de fogo. Iahweh trovejou desde os céus, o Altíssimo fez ouvir a sua voz; disparou setas e as espalhou, fez cintilar os relâmpagos e os dissipou. O leito dos mares apareceu, os fundamentos do mundo se descobriram, pela repreensão de Iahweh e ao sopro do vento de suas narinas. Enviou das alturas e me tomou, e me tirou das águas profundas; livrou-me do feroz inimigo, de adversários mais fortes do que eu.”.
No trecho acima, Davi dá uma descrição do Senhor dos Exércitos saindo para guerra para ajudar seus seguidores. E no décimo capítulo de Daniel (6-7) é dito como esses Arcanjos realmente ajudam uma nação contra outra a fim de trazer vitória ou derrota onde quer que seja necessário punição ou recompensa.
Daniel nos diz que “seu corpo tinha a aparência do Crisólito e seu rosto o aspecto do relâmpago seus olhos como lâmpadas de fogo, seus braços e suas pernas como o fulgor do bronze polido, e o som de suas palavras como o clamor de uma multidão. Somente eu, Daniel, vi esta aparição. Os homens que estavam comigo não viam a visão e, no entanto, um grande tremor se abateu sobre eles, a ponto de fugirem para se esconderem.” (Esse é outro caso em que um viu, enquanto outros sentiram a presença).
O Arcanjo disse a Daniel (10-13): “O Príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias, mas Miguel, um dos primeiros Príncipes, veio em meu auxílio. Eu o deixei afrontando os reis da Pérsia”.
“Então ele disse: “Sabes por que vim ter contigo? Mas vou anunciar-te o que está escrito no Livro da Verdade. Tenho de voltar para combater o Príncipe da Pérsia: quando eu tiver partido, deverá vir o Príncipe de Javã. Ninguém me presta auxílio para estas coisas senão Miguel, vosso Príncipe, meu apoio para me prestar auxílio e me sustentar.” (Dn 10:20a-21b e 11:1).
Do exposto fica claro que em todas as épocas, quando as pessoas estavam em grande estresse, sua visão espiritual foi aberta de forma temporária.
Vamos ver, agora, como a guerra é realmente uma operação para remover a catarata espiritual, um meio de abrir permanentemente a visão espiritual da humanidade.
Por muitos meses um assunto tem sido o principal nas Mentes de milhões de pessoas no mundo ocidental: a saber, a guerra. Foi lamentada por todos; todos os combatentes tentaram se desculpar por participar e buscaram colocar a responsabilidade sobre os ombros dos seus adversários. Assim, pela primeira vez na história do mundo, os senhores da guerra admitem que a guerra seja um erro. Toneladas de tinta e papel têm sido usadas pelas potências em conflito para culpar seus inimigos e poderem se desculpar, aliviando uma consciência dolorida. Mas nem desculpas nem tentativas de incriminação podem aliviar os corações doloridos de milhões de pessoas que clamam por uma solução para o problema e, às vezes, perguntam se Deus ainda Se importa com o Seu mundo ou se Ele está permitindo passivamente esse terrível massacre.
Para chegar a uma compreensão correta do assunto é necessário perceber que cada ser humano é cercado por uma aura sutil que é invisível para a maioria das pessoas, mas prontamente percebida por aquele que cultivou sua percepção espiritual. Essa aura é colorida de acordo com as vibrações que cada indivíduo estabelece em seu interior, por seus gostos e desgostos; é um índice de cor preciso do seu caráter. À medida que seus hábitos mudam, essa nuvem de cores assume diferentes tonalidades. Através dessa aura ele vê o mundo como através de um vidro e colore todos com quem entra em contato, de modo que imagina que eles tenham as mesmas virtudes e vícios que ele próprio possui e, com base no princípio de que quando um diapasão é tocado, ele evoca sons em outros de igual afinação, ele realmente evoca naqueles que encontra os traços que estão em si mesmo, um fato dentro da experiência de todos. Quem nunca foi despertado para a raiva, quando na presença de alguém que perdeu a paciência; quem ainda não sentiu irritabilidade, ao discutir qualquer assunto com um homem irritável? Da mesma forma, as nações se veem através da nuvem invisível do nacional Espírito de Raça e imaginam umas às outras como muito diferentes do que realmente são.
É significativo que homens e mulheres ingleses que viviam na Alemanha antes do início da guerra estivessem firmemente convencidos de que aquele país estivesse certo, antes de serem obrigados a voltar para casa; e que os alemães que residiam na Inglaterra fossem igualmente fanáticos em seu apoio a esse país, denunciando a Alemanha como agressora. No entanto, seu retorno à sua terra nativa, onde respiraram o espírito de Raça nacional, logo mudou sua atitude e todos começaram a ver “o outro lado” e apresentar sua fidelidade ao seu próprio Espírito de Raça.
Assim sendo, a guerra não é o resultado de ódio individual, pois não ouvimos que os soldados nas trincheiras confraternizavam sempre que surgisse uma oportunidade? Mas é o trabalho dos Espíritos de Raça que guiam as nações em seu caminho de progresso; ou melhor, deveríamos dizer, é permitido por eles, pois são os Irmãos da Sombra, as forças negras que fomentaram o lado maligno da vida nacional; orgulho, arrogância e busca de prazer para afastar a humanidade do lado mais sério da vida. Portanto, os espíritos raciais das nações, que estão sempre trabalhando para o bem, permitiram esta guerra não exatamente como um castigo, mas um meio de trazê-las de volta ao verdadeiro propósito da existência.
Isso já é conhecido há muito tempo pelo escritor, mas ele sabia e sentia no íntimo do seu coração que deveria haver outro propósito maior e que o bem a ser alcançado deveria ser proporcional ao sofrimento envolvido em sua obtenção; portanto, deve ser um grande e maravilhoso bem, uma bênção para a humanidade de inestimável importância. Mas o quê? Recordemos as palavras de Cristo: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Sempre consideramos a paz como um ideal, no entanto, e não conseguimos conciliar essa sentença com o Sermão da Montanha. Será que há uma virtude oculta na guerra que não percebemos até agora, uma virtude que possa justificá-la como um meio para um fim? Esse era um problema desconcertante.
Longos meses este escritor sofreu em silêncio por causa da terrível carnificina que vem acontecendo na Europa. Não é fácil trabalhar todas as noites entre as cenas angustiantes do campo de batalha, trazendo socorro aos feridos e trabalhando com os mortos de muitas nações, nos mundos invisíveis, em um esforço para aliviar sua angústia e acalmar seu ressentimento e, ao mesmo tempo, manter-se suficientemente preparado para continuar o trabalho na sede durante o dia. Durante esse tempo, estudantes de vários países pediram que tomássemos uma posição a favor do lado que eles defendiam e escrevêssemos nossas ideias sobre a guerra. Naturalmente, não tomaríamos posição contra qualquer um de nossos irmãos. A Fraternidade inclui o mundo inteiro e o amor universal nunca foi mais necessário do que agora. Nós nos esforçamos por lhe dar a expressão mais completa possível. E quanto à “escrita”: enquanto sentíamos e sabíamos que o resultado dessa grande calamidade deveria ser bom, não tínhamos luz e nunca foi nosso costume lidar com chavões ou encher nossas páginas com palavras, apenas palavras; então trabalhamos e oramos por luz, mês após mês, até que finalmente o suspense se tornou insuportável.
Ultimamente, a agonia daquela vasta massa de humanidade entre a qual trabalhamos há tantos meses parecia concentrar-se em nossa presença como um grande “Por quê?” escrito em letras de sangue e chamas durante nossas horas de vigília e, embora sozinho e tudo estivesse exteriormente quieto, o som daquele enorme “Por quê?” parecia preencher o Céu e a Terra em seu apelo intensamente apaixonado por uma resposta.
Por fim, não aguentei mais e quando o Irmão Maior que é o meu mentor apareceu em resposta ao meu grito de angústia, fiz a pergunta. A regra da Grande Ordem é que os Irmãos Leigos devem usar todos os esforços para resolver seus próprios problemas e apenas pedir ajuda como último recurso; contudo, até então tímido por causa disso, a agonia de um milhão de seres humanos parecia subir pela minha garganta quando eu o vi tão calmo e sereno: “Sei que o seu coração não é calejado, Irmão, que bate com tanta compaixão pelos milhões que até mesmo essa agonia de simpatia que agora dilacera o meu peito é nada em comparação; como então você pode ficar tão calmo enquanto milhões de pessoas sofrem inacreditavelmente! Qual é o propósito desse conflito cruel?”.
Nunca a música soou tão docemente ao meu ouvido; nunca experimentei uma sensação de alívio tão grande, uma modificação tão completa de sentimentos. Eu parecia saltar do pântano do desespero para o pináculo do louvor e da ação de graças, quando a resposta veio naquela voz sempre vibrante de bondade e compaixão, mas nessa ocasião essas qualidades foram tão intensificadas que as palavras não conseguem descrever.
Pare com sua tristeza, meu Irmão, e tenha bom ânimo; se você tivesse um amigo que tivesse perdido a visão por causa de uma catarata e ele fosse forçado a se submeter a uma operação, você provavelmente sentiria pena da dor atual, mas você se alegraria com a restauração iminente de sua visão e, talvez, na alegria da antecipação, você quase esquecesse a dor presente.
Da mesma forma, no caso desta guerra, o mundo, que se tornou espiritualmente cego, não admitirá pelo intelecto coisa alguma que não possa provar como demonstra um problema matemático. A dúvida e o ceticismo cresceram como enormes ervas daninhas entre os líderes do pensamento e os levou à louca busca do prazer; agora, a indulgência dos sentidos e a indiferença em relação a qualquer coisa que contribua para o crescimento da alma são características comuns entre as massas. Nem a pregação nem a oração podem despertar o mundo. Portanto, os Líderes Invisíveis da Evolução permitiram aos Irmãos da Sombra tentar os governantes das nações e, assim, os cães da guerra foram soltos junto do que parecem ser resultados absolutamente calamitosos.
Mas alegre-se, esta é na realidade uma operação de catarata espiritual em grande escala. É a sentença de morte da era do agnosticismo e do ceticismo em relação às verdades espirituais, pois abrirá a visão espiritual de tantos que seu testemunho terá sentido para aqueles que permanecem cegos; assim, o mundo ocidental se voltará para Deus com um novo zelo que não poderia ser despertado por mil anos de pregação.
Como lhes ensinamos no início e como está registrado no Conceito Rosacruz do Cosmos, a humanidade ainda está na parte mais perigosa do caminho do progresso, que chamamos de “os 16 Caminhos para a destruição”, e nunca em todas as anteriores corridas chegou tão perigosamente perto da beirada. Mas regozijai-vos e novamente digo: regozijai-vos! Pois o perigo já passou, a guerra salvou o mundo de um destino infinitamente pior e logo ressoará com louvor a Deus pela bênção forjada pela maldição da guerra.
Como os nossos leitores que não estão familiarizados com os Ensinamentos Rosacruzes podem não entender a referência aos 16 Caminhos e sua relação com esse problema e, também, como pode não ser intuitivo a todos o que se entende por “operação de catarata espiritual”, ou como a guerra pode abrir a visão espiritual, continuaremos este artigo no próximo mês com o propósito de elucidar esses pontos. Enquanto isso, os seguintes artigos do Literary Digest mostrarão que a previsão feita já começa a ser verificada.
No parágrafo final do nosso artigo sobre esse assunto afirmamos que o ser humano está agora passando pelo período mais perigoso do seu desenvolvimento: “as Dezesseis Raças”. E que a guerra salvou a humanidade de um destino infinitamente pior do que o atual massacre em massa. Os fatos são os seguintes: durante o desenvolvimento da humanidade em nosso atual Período Terrestre, a Terra mudou para proporcionar ao ser humano o ambiente adequado à sua constituição versátil e aos requisitos evolutivos. As grandes divisões de tempo ocupadas por essas mudanças são chamadas de Épocas. As Época Polar, Época Hiperbórea, Época Lemúrica e Época Atlante já passaram; agora estamos na Época Ária. Quando ela acabar, outra Época, a Época Nova Galileia, será inaugurada.
Durante as duas primeiras Épocas, o ser humano era tão inocente da sua Individualidade quanto as crianças atualmente; mas, no final da Época Lemúrica alguns eram diferentes da maioria e formavam o que poderia ser chamado de Raça. Havia sete Raças na Época Atlante; cinco nasceram desde então e mais duas devem aparecer na Época Ária; uma delas nascerá no início da Época Nova Galileia. Com a última das dezesseis Raças, a humanidade estará novamente unida em Amor e Fraternidade, mas enquanto os líderes da evolução tiveram muito tempo para guiar a humanidade nas primeiras Épocas, em que longos períodos de tempo foram consumidos na evolução de uma certa faculdade, nos períodos de tempo em que há Raças, por essas serem comparativamente evanescentes, há um grande perigo de que algumas pessoas possam ficar tão enredadas no ideal de Raça que não consigam prosseguir para o próximo estágio superior; portanto, as Dezesseis Raças são chamadas de “os dezesseis caminhos para a destruição”.
As mudanças mais profundas na formação geológica da Terra e na constituição fisiológica do ser humano ocorreram no último terço da Atlântida (na Época Atlante), quando a Época Ária estava prestes a ser inaugurada, porque essas Épocas sempre se sobrepõem, de modo que uma começa antes que a anterior esteja inteiramente terminada. As mudanças foram as seguintes.
Essas mudanças geológicas e fisiológicas tiveram, como dissemos, consequências de longo alcance e são diretamente responsáveis pela opressão individual e pela guerra, como veremos.
Durante as Épocas anteriores, quando o Espírito moldava o veículo que estava destinado a habitar, o ser humano, em formação, quase não tinha consciência física e mesmo nos primeiros dois terços da Atlântida, quando o Espírito entrou em sua morada, a consciência se concentrava principalmente nos Mundos espirituais e a neblina escura impossibilitava que os atlantes percebessem claramente o Corpo Denso uns dos outros; mas eles viam a alma e “caminhavam com Deus”, o Divino Hierarca que os guiava como Pai, pois Ele era visível para eles como uma entidade espiritual. Portanto, tudo era paz.
Então veio o dilúvio e limpou a atmosfera com os seguintes resultados: aqueles que evoluíram a visão física, viram seus semelhantes com clareza e aprenderam a diferenciar entre “Eu” e “Você”, “Meu” e “Teu”, lançando as bases para o egoísmo e a luta. Assim, a humanidade, como um todo, não podia mais ser guiada por um líder, mas foi subdividida e guiada por vários Espíritos de Raça que, como “poderes do ar”, assumiram o controle da laringe e dos pulmões do povo. A cada respiração as pessoas inalavam esse Espírito de Raça, até que ele penetrou todo o seu ser e suas cordas vocais vibraram em seu tom peculiar, tornando a fala de um grupo diferente da de outras Raças; assim, ele envolveu todo o seu povo como uma nuvem, colorindo ambos, o povo e as paisagens, da sua terra natal, com suas próprias vibrações de cores específicas; isso foi sentido por todos os seus dependentes como um vínculo sagrado que os une uns aos outros e à terra que habitam. Tão forte é o domínio sobre o pulmão, a laringe e a terra mantido pelo Espírito de Raça, que seu povo lutará até o último suspiro pela língua materna e pela pátria.
Esse sentimento de companheirismo incutido pelo Espírito de Raça em seus dependentes é chamado de patriotismo. Era o objetivo dos Espíritos de Raça, fomentando o amor pela família, educar a humanidade a amar sua nação ou seus compatriotas. Através do patriotismo eles esperavam gerar o altruísmo, que transcende todas as fronteiras imaginárias no mapa, em um esforço para abraçar a todos no amor universal.
No entanto, em vez de realizar esse nobre propósito, o patriotismo, o amor à família e à pátria fomentaram, em muitos, o ódio a todas as outras nações junto ao desejo de persegui-las e submetê-las ao seu próprio engrandecimento. Na medida em que qualquer Raça, nação ou povo fez isso, provou ser contrária ao bem universal, pois deve ser lembrado que as Raças são apenas um aspecto da Personalidade, somente os corpos são carimbados com características raciais, mas os Espíritos não estão sob tais restrições ilusórias, quando desencarnados.
Assim, há grande perigo de que, por excesso de patriotismo, os Espíritos se tornem tão enredados nos grilhões da família e do país que não deixem a Raça quando o impulso evolutivo seguir adiante, esforçando-se para perpetuar a Raça indefinidamente, procurando renascer repetidamente nela, como os judeus fizeram e, assim, ir para a ruína através de um daqueles dezesseis caminhos de destruição, como os Irmãos Maiores chamam as dezesseis Raças. Por isso Cristo disse: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Portanto, as nações Cristãs têm sido as mais militantes sobre a Terra, talvez com exceção dos maometanos, que são seus parentes, e há amplo testemunho em quase toda guerra para mostrar que um número de pessoas teve sua visão espiritual aberta, pelo menos temporariamente, de modo que a guerra sempre foi um meio de remover a catarata espiritual que nos cega para a unidade de toda a vida.
Nas três Épocas anteriores, o ser humano não sabia que possuía um Corpo Denso, embora o usasse como usamos nossos pulmões, independentemente do fato de nunca os termos vistos; ele estava inconsciente do nascimento e da morte, também, embora tenha passado por ambos repetidamente, pois sua consciência estava focada nos Mundos espirituais e permaneceu ininterrupta pelas vicissitudes do Corpo. Porém, no alvorecer da Época Ária, quando a atmosfera clareou, ele se percebeu fisicamente e aprendeu que a consciência que anima o Corpo Denso o deixa frio e morto, após um período mais longo ou mais curto. O véu da carne escondia os Mundos espirituais, onde moram os chamados mortos, da visão física dele, como uma catarata espiritual que se adensou com o passar do tempo, até que hoje em dia aqueles que não negam ativamente a existência dos Mundos interiores se resignaram à ideia de que nada pode ser conhecido do estado dos chamados de mortos.
Por causa dessa falsa ideia, essa cegueira, a dor intensa pela perda de entes queridos que estão além da nossa visão física, obscureceu os olhos de todo o mundo. Lágrimas correram em torrentes dos olhos dos enlutados, mas não em vão: pois cada lágrima suaviza a catarata espiritual, cada pontada de dor pela perda de um ente querido é um corte pela faca do Grande Cirurgião que se esforça para restaurar nossa visão espiritual, para que possamos continuar nosso companheirismo com os amigos e com as amigas que abandonaram a espiral mortal. E tão certo como o desejo de crescer desenvolveu e aperfeiçoou o canal alimentar e a luz preexistente construiu o olho para sua percepção, assim também e com certeza o desejo intenso por nossos entes queridos que ultrapassaram o limiar da morte quebrará a casca da catarata e abrirá nossa visão espiritual. Aqueles que vivem a chamada “vida superior” e são fortalecidos em tempos de angústia por uma compreensão mais avançada do fenômeno da morte, muitas vezes, sentem que a intensa dor dos enlutados que ignoram esses fatos é imprópria e prejudicial à saúde do Espírito que abandonou o Corpo Denso. E assim é, quando expresso durante os primeiros dias após a mudança; mas, ao mesmo tempo, essa dor intensa e a tensão incidentes com a aproximação da morte são os meios pelos quais a multidão, que percorre o Caminho da Evolução, acabará por preencher a lacuna e recuperar a consciência espiritual. Assim sendo, ela toma o lugar dos Exercícios Esotéricos dados nas Escolas de Mistérios, como a Fraternidade Rosacruz.
A criação da prisão corporal emparedou o Espírito e excluiu os Mundos espirituais de seu alcance.
A destruição dos corpos dos Discípulos, como um sacrifício vivente, restaura seu contato consciente com os Mundo invisíveis, despertando sua visão espiritual por um processo de magia branca.
A destruição do corpo de outra pessoa pelo sacrifício na guerra tem o mesmo efeito. Os vapores do sangue, o rugido dos tiros, os gritos dos feridos e moribundos, sejam audíveis ou inaudíveis, mas carregados da mais intensa dor e tristeza, são sentidos por todos como um poder psíquico que tende a atrair cada um dos participantes à beira da Grande Divisão e, que maravilha que os olhos deles estejam temporariamente abertos e eles vejam os habitantes dos reinos suprafísicos que estão sempre entre nós, mas particularmente quando e onde alguém esteja passando pela fronteira da nossa esfera para a deles.
Além disso, aqueles que morreram também não são passivos; o seu desejo de ser visto por seus entes queridos é um grande fator para estabelecer a comunicação. Muitos casos foram registrados, comprovando esse fato; há o da mãe que, por exemplo, se materializou e chamou seus pequeninos para longe de um poço que estava sendo cavado, embora ela não possuísse os segredos da Iniciação. Seu intenso desejo forjou para ela uma temporária vestimenta física. Ora, quanto mais não pode ser feito quando meses ou anos de matança aumentaram a tensão nervosa de milhões de pessoas, todas ansiando por relações com algum ente querido nesse ou no outro mundo! Esse grande desejo resultará um despertar permanente da visão espiritual de um número de pessoas grande demais para ser ignorado!
Em todas as câmaras da morte estamos perto do portal dos Mundos invisíveis e um grande número daqueles que estão desmaiando vê seus entes queridos esperando ao redor da cama para recebê-los, regozijando-se pela morte, que os libertou do Corpo Denso e os fez nascer no Além. A tensão nervosa sentida pelo homem e pela mulher comum é extraordinariamente alta e propícia para provocar a ligeira extensão da visão necessária para perceber a multidão que espera do outro lado; não fosse o horror irracional que os faz fugir quando ocorrem manifestações e esconder o fato de terem visto alguma coisa, muitos saberiam que não há morte, mas que a continuidade da vida é um fato na natureza.
Esse processo é lento, no entanto; e periodicamente as pessoas se afundam em um estado de incredulidade e indiferença. Então as guerras são permitidas para acelerar a evolução pela matança massiva que separa o Espírito do seu Corpo Denso. As pessoas são, então, desviadas da busca do prazer para enfrentar os fatos da Vida e da Morte.
Portanto, a guerra fará mais que mil anos de pregação, para acabar com a era do agnosticismo e levar o povo a Deus, além disso, quando esse contato com os Mundos espirituais for restabelecido, não poderá haver mais guerras, pois todos aprenderão que há, na realidade, não o judeu, nem o gentio, nem o grego ou o romano, que todas as Raças são manifestações ilusórias e evanescentes e que somos todos filhos de Deus, assim, através da carnificina, o perigo de destruição nas Raças terá passado e a humanidade começará a expressar o ideal da próxima Raça que é a Fraternidade Universal.
Assim, o propósito da guerra é despertar a visão espiritual através da dor e da saudade intensa por aqueles que faleceram. É também o propósito de fazer com que aqueles que partiram se esforcem para retornar e gerar a visão espiritual em todos os combatentes, pela tensão e pelo estresse da batalha, restabelecendo assim a comunicação entre os dois Mundos, roubando da morte seu terror e promovendo elevando ideais, em vez das preocupações sórdidas da existência concreta.
FIM
[1] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
[2] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial
[3] N.T.: CONFERÊNCIA Nº 13 – OS ANJOS COMO FATORES DA EVOLUÇÃO
Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.
O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isso formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”.
Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isso foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou essa teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.
Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? Que papel desempenharam no passado? Qual o seu trabalho no presente?”. Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.
Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.
Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.
Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no mundo material. Esse foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.
Desse modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.
Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.
Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.
Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo Cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Esse pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.
No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.
Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.
No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.
Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “humanos aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:
1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;
2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;
3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.
O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.
Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi essa Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.
Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que a humanidade do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.
Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida em evolução emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.
Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.
Na primeira – ou Época Polar – “Adão” ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.
Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.
Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra em evolução condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos Corpos Densos ao fim do Período Terrestre.
Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras Ondas de Vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.
Os Anjos atuam particularmente nos Corpos Vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.
A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.
Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Essas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Nesse Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.
Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já tivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Desse modo, os seres humanos não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um desses ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isso foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, os quais, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.
Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Essa preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.
Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. São Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.
São Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Nesse caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.
Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.
Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isso os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.
Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.
Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Esses poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, esse tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.
As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que esse recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isso foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).
Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.
Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).
Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de Raça – Jeová. Sob o reinado desse, todas as Religiões de Raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque esse foi obtido no Período Lunar.
Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem, independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.
Quando o Cristianismo houver espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente “Um” em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.
[4] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
[5] N.T.: A Grande Retirada, também conhecida como a Retirada de Mons, foi a longa retirada para o rio Marne em agosto e setembro de 1914 pela Força Expedicionária Britânica (BEF) e pelo Quinto Exército Francês. As forças franco-britânicas na Frente Ocidental na Primeira Guerra Mundial foram derrotadas pelos exércitos do Império Alemão na Batalha de Charleroi (21 de agosto) e na Batalha de Mons (23 de agosto). Uma contraofensiva do Quinto Exército, com alguma ajuda do BEF, na Primeira Batalha de Guise (Batalha de St. Quentin 29-30 de agosto) não conseguiu acabar com o avanço alemão e a retirada continuou sobre o Marne. De 5 a 12 de setembro, a Primeira Batalha do Marne encerrou a retirada aliada e forçou os exércitos alemães a se retirarem em direção ao rio Aisne e a lutar na Primeira Batalha do Aisne (13 a 28 de setembro). Tentativas recíprocas de flanquear os exércitos adversários ao norte, conhecidas como Corrida para o Mar, ocorreram de 17 de setembro a 17 de outubro.
[6] N.T.: Robert Forman Horton (1855-1934), escritor inglês e pastor da Igreja Protestante Não-Conformista.
[7] N.T.: gíria britânica na época que quer dizer soldado sem patente.
[8] N.T.: Sir Walter Scott, PRSE (1771-1832) foi um romancista, poeta, dramaturgo e historiador escocês, o criador do verdadeiro romance histórico. Principais obras: A dama do lago (1810); Waverley (1814); Guy Mannering (1815); Rob Roy (1817); Ivanhoé (1819); Uma lenda de Montrose (1819); Kenilworth (1821); Peveril of the peak (1822); Woodstock (1826); Ano de Geirstein (1829). Ivanhoé é a mais conhecida e tornou-se filmes, seriados e peças de teatro.
[9] N.T.: Bernal Díaz del Castillo (1492-1584) foi um conquistador e cronista espanhol, que escreveu um relato da conquista espanhola do México liderada por Hernán Cortés, junto de quem serviu.
Julho de 1918
De tempos em tempos, Estudantes de ocultismo de diversas partes do mundo nos perguntam qual deveria ser a atitude deles perante a guerra[1] e qual o propósito dela sob o ponto de vista espiritual. Já indicamos a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra em vários artigos nossos, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. Para eles, nós sugerimos a leitura da Conferência No. 13 – “Os Anjos como Fatores de Evolução”[2] – mostrando como os assuntos humanos são guiados pelos Anjos e Arcanjos que atuam como Espíritos de família e de Raça causando a ascensão e queda de nações, conforme seja necessário para a evolução dos diversos grupos de espíritos que estão sob sua tutela.
Como uma tentativa final de satisfazer nossos Estudantes sobre esse assunto de vital importância, enviamos junto uma lição intitulada “A Filosofia da Guerra”[3], mostrando sua aplicação às condições atuais. Confiamos que todos encontrem nela os esclarecimentos necessários que os ajudará a compreender o que está em envolvido nisso, para que possam prestar sua sincera cooperação para o encerramento, o mais rápido possível, dessa luta e assegurar a paz que todos tanto almejamos.
Mas, devemos perceber que não haverá paz que valha a pena enquanto o militarismo não sofrer um golpe de tal proporção, que não volte a levantar a cabeça novamente e por muito tempo. Muitas pessoas têm esperança de que essa será a última guerra e desejamos, ardentemente, pudéssemos acreditar nisso. As pessoas pensavam da mesma maneira quando Napoleão e suas hordas invadiram a Europa há cem anos atrás, mas o tempo provou que tais esperanças eram vãs. A paz é uma questão de educação e é impossível alcançá-la até que tenhamos aprendido a lidar de maneira caridosa, justa e aberta uns com os outros – tanto como nações quanto como indivíduos. Enquanto continuamos a fabricarmos armas, a paz não poderá se estabelecer. Deve se tornar a nossa principal finalidade e objetivo fazer de tudo o que seja possível para abolir o militarismo em todos os países e estabelecer o princípio da arbitragem de dificuldades.
(Carta nº 92 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial.
[2] N.T.: Replicamos, abaixo, esse texto que se encontra no Livro: Cristianismo Rosacruz – Fraternidade Rosacruz – de Max Heindel: Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.
O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isto formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”.
Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isto foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou esta teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.
Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? que papel desempenharam no passado? e qual o seu trabalho no presente?” Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.
Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “O Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.
Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.
Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no Mundo material. Este foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.
Deste modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.
Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.
Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.
Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Este pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.
No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.
Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.
No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.
Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “homens aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:
1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;
2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;
3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.
O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.
Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi esta Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.
Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que os homens do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.
Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida evoluinte emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.
Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.
Na primeira – ou Época Polar – “Adão” – ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.
Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.
Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra evoluinte condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos corpos densos ao fim do Período Terrestre.
Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras ondas de vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.
Os Anjos atuam particularmente nos corpos vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.
A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.
Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Estas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Neste Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.
Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já estivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Deste modo, os homens não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um destes ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isto foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, sendo que estes, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.
Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Esta preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.
Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.
Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Neste caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.
Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.
Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isto os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.
Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.
Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Estes poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, este tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.
As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que este recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isto foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).
Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.
Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).
Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de Raça – Jeová. Sob o reinado deste, todas as religiões de raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque este foi obtido no Período Lunar.
Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.
Quando o cristianismo haja espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente Um em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.
[3] N.T.: Replicamos, abaixo, esse texto que se encontra na Pergunta nº 163 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas Vol. II – Fraternidade Rosacruz – de Max Heindel: Pergunta: Do ponto de vista Rosacruz, a guerra é justa e necessária? Qual deveria ser a posição do Estudante Rosacruz no atual conflito? (Primeira Guerra Mundial).
Resposta: Nas grandes crises da vida, somos levados a enfrentar certos acontecimentos e a tomar decisões de tal importância que elas requerem frequentemente uma reformulação de ideias e ideais, até mesmo dos nossos princípios mais firmes até então concebidos.
Quando chega tal crise, seria simplesmente um suicídio mental, moral e espiritual esquivar-nos ou fugir do problema, não importa o quanto custe. Diz-se que a consistência é uma joia, mas se fôssemos verdadeiramente sábios, deveríamos estar prontos a mudar ou a rever nossas ideias sempre que a ocasião realmente o exigisse.
Os Ensinamentos Rosacruzes sempre concordaram com o ditado bíblico: “Não matarás”. Nenhuma qualificação foi feita a respeito, e alguns chegam ao extremo de não matar nem mesmo uma mosca. Mas a maioria interpreta corretamente que a injunção não pretendia se estender aos insetos e micro-organismos que afetam e tiram tantas vidas humanas. Esses seres, sendo manifestações de pensamentos maus, estão fora dessa regra. Certamente, essas pessoas não desejam que seus corpos ou os corpos de seus filhos sejam infestados por parasitas ou insetos nocivos, e todos concordam que a exterminação de insetos (entre eles o mosquito transmissor da malária), foi o fator decisivo para o sucesso da América no Panamá, no sentido de que transformou o fracasso em sucesso, e este princípio deveria ser aplicado sempre que necessário. Essas pessoas sentem que seria: absurdo aplicar o mandamento: “Não matarás” ao ponto de permitir que animais de rapina e os répteis venenosos circulassem entre nós, pondo em perigo as nossas vidas. Com certeza todos se empenhariam em eliminar tal ameaça da comunidade. Em seu código de ética, o mandamento envolve unicamente a ideia de que é errado matar para obter alimento, por esporte ou por lucro. Matar um ser humano parece uma possibilidade tão remota para a maioria de nós, que não é considerado nem mesmo como uma eventualidade. Sempre condenamos a pena capital, tanto porque é basicamente errada, como por ser inútil e prejudicial, pois, quando libertamos o Espírito de um assassino do seu corpo, nós o libertamos nos Mundos espirituais, onde ele pode e frequentemente trabalha sobre outros, influenciando-os a praticar crimes semelhantes aos seus.
Por essa razão, é preferível confiná-lo numa prisão, envidando esforços para reformá-lo, pois, mesmo que ele não recupere a sua liberdade nesta vida, em futuras existências respeitará a santidade da vida alheia.
Embora seja assim possível lidar com o assassino individual, o caso é diferente quando uma nação inteira investe furiosamente contra outra, perpetrando assassinatos, incêndios, destruição e pilhagem. Torna-se impossível aprisionar uma nação inteira e devemos encontrar meios mais drásticos de autodefesa.
Na vida civil, reconhecemos como válida a lei da legítima defesa que confere à futura vítima de um suposto assassino, o direito de matar antes de ser morta, e seria uma ilusão afirmar que esse direito deixa de existir simplesmente porque um milhão de assassinos enverga uniformes, porque eles atacam imprudente e descaradamente proclamando sua intenção de matar, ou ainda porque investem em grupos ao invés de agirem isoladamente. Sendo os agressores, eles são assassinos, e suas futuras vítimas têm um direito moral inquestionável de defender suas próprias vidas matando esses assassinos. Além disso, repousa sobre o mais forte o dever sagrado de proteger as vidas daqueles que são fracos demais para se protegerem sozinhos, mesmo que isso envolva a matança dos assassinos.
Do ponto de vista espiritual, o fato da guerra ser certa ou errada depende da pergunta: quem é o agressor e quem é a vítima?
Esta pergunta é facilmente respondida quando a guerra é iniciada com o propósito de conquista, ou quando é travada com fins altruísticos, tal como a emancipação de um povo oprimido para libertá-lo da escravidão física, industrial e religiosa. Não é necessário nenhum argumento para demonstrar que, em tais casos, o opressor é também o agressor e que o libertador é o defensor dos direitos humanos inalienáveis. Ele está cumprindo um dever sagrado como o “protetor de seu irmão”.
Uma vez entendido isto, não podemos ser enganados pelo fogo-fátuo da diplomacia, pois temos uma luz verdadeira, um critério simples do que é certo ou errado.
Tendo tomado uma decisão a respeito, conclui-se que é muito mais nobre e heroico enfrentar um pelotão de fuzilamento por recusarmo-nos a ingressar no exército agressor, ou fugir da nossa pátria, ou mesmo juntarmo-nos às tropas dos defensores na posição mais humilde do que ocuparmos um cargo dos mais elevados entre os agressores.
Por outro lado, lutar ao lado dos defensores é um dever sagrado, de acordo com os princípios espirituais mais elevados e nobres. Quanto maior o sacrifício, maior o mérito, e aquele que foge deste dever sagrado de defender a família e o lar, parentes e pátria, ou que deixa de lutar pelos oprimidos, está abaixo da crítica. Além disso, quanto maior a emergência, maior o sacrifício exigido.
E o privilégio deste sacrifício não se restringe àqueles que possuem ombros largos e musculosos. Eles não estão apenas comprometidos com o dever; o trabalho por detrás das linhas é, talvez, mais importante e dele todos podem participar de acordo com seu talento e suas habilidades – mental, física e financeira.
Quando surgir a ocasião em que a defesa dos outros ou autodefesa se torna inevitável, quanto mais duramente for impulsionada a luta, tanto mais breve e mais bem-sucedida ela será. Portanto, não devemos tolerar meias medidas, e a neutralidade, sob tais circunstâncias, deve ser considerada, pelo menos, como um pecado de omissão.
Os Estudantes do ocultismo sabem que as guerras são instigadas e inspiradas pelas Divinas Hierarquias que usam uma nação para punir a outra por seus pecados.
Mesmo um estudo superficial da Bíblia fornecerá inúmeros exemplos dessas lutas. Isto não significa que a vitória seja sempre inteiramente justificada, mas mostra que a nação vencida agiu mal e merece o castigo infligido, geralmente por causa de sua arrogância e ateísmo. Tampouco é um sinal que, pelo fato de uma nação ser vitoriosa por longo tempo e ter conseguido uma conquista extremamente difícil, esteja desfrutando dos favores divinos – pelo menos até certo ponto. Tal rumo pode ser realizado pelo exército invisível que Sustenta a força do agressor e prolonga a luta com o propósito de tornar a derrota final mais completa e desastrosa e, também, para ensinar aos defensores uma lição que não poderia ser aprendida em uma luta breve e decisiva.
Resumidamente, apresentamos a filosofia da guerra do ponto de vista espiritual, independentemente de quais sejam as nações envolvidas nela. Se aplicarmos esses princípios e critérios a atual guerra (Primeira Guerra Mundial), tornar-se-á evidente para todo aquele que não for preconceituoso e que encara o assunto com uma visão ampla e uma mente aberta, que os militaristas dos Impérios Centrais prepararam-se para esta guerra durante gerações, e a 5 de julho de 1914, na famosa Conferência de Potsdam, que é hoje admitida por todos eles, concordaram em iniciar a guerra algumas semanas depois, durante as quais os banqueiros dessas nações manipularam a bolsa de valores para reunir os maiores recursos financeiros possíveis. Isto caracteriza os componentes do bloco bélico Austríaco-Germânico como os agressores que, sob o chamado dos Espíritos de Raça, conduziram milhões de soldados contra todas as outras nações do mundo. No início do conflito, a França e a Inglaterra, que eram as vizinhas imediatas dos belgas ultrajados, fizeram de sua causa a delas, e agiram assim como protetoras de seu irmão. Mas, não estando preparadas, foram incapazes de levar essa luta a uma conclusão decisiva, Por essa razão, tornou-se necessário que a América entrasse no conflito e mudasse o rumo dos acontecimentos, para que a paz fosse restaurada e a segurança assegurada para aqueles excessivamente fracos para se protegerem sozinhos.
É um motivo de júbilo verificar que sempre que os Estados Unidos foram forçados a entrar numa campanha militar, foi em legítima defesa ou para desempenhar um papel altruísta como defensor e libertador dos fracos.
Fosse essa uma guerra de conquista ou agressão, seria melhor para todas as pessoas espiritualizadas enfrentar um pelotão de fuzilamento, como já foi dito, do que participar em tal guerra injustificada. Por outro lado, vendo o quanto a luta atual, travada com o propósito de esmagar o militarismo da Europa Central, já ceifou de vidas humanas, e o quanto esgotou a força dos defensores aliados, torna-se dever sagrado de todos ajudar ao extremo limite, de acordo com suas capacidades espiritual, mental, moral ou física, seja na frente ou por detrás das linhas, sempre que os dirigentes de combate julguem necessário requerer seus serviços.
Encorajamos todos os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, de qualquer que seja o país que agora defende a causa da humanidade contra a facção militarista dos Poderes Centrais, a apoiar ao máximo o seu governo, de acordo com sua capacidade, para que logo possamos ter “Paz na terra e boa vontade entre os homens“.
Os Espíritos de Raça e a Nova Raça
Outubro de 1915
Como há grande número de Estudantes que não assinam a Revista[1], e como há um artigo muito importante sendo publicado tratando sobre o lado oculto da guerra[2], creio que seja oportuno dedicar a carta mensal a um resumo dos fatos, e confio que isso também beneficiará a todos aqueles que possuem a Revista; por isso não pretendo fazer uma cópia da matéria, mas abordarei o assunto de improviso e, com certeza, novos pontos serão ressaltados.
Você se lembra de como cada um dos países envolvido nesse triste episódio se esforçou para se isentar de qualquer tipo de responsabilidade desde o princípio. Em certo sentido estão corretos, pois embora todos tenham culpa em decorrência do arrogância do coração, – e como Davi[3], quando contou a quantidade de pessoas que havia com ele em Israel, tendo pondo a sua confiança na enorme quantidade de seus homens, navios e armamentos – nenhuma guerra poderia ser declarada sem que fosse permitida pelos Espíritos de Raças. O Espírito de Raça guia os que estão sob a sua responsabilidade pelo caminho da evolução e, como Jeová, luta por eles ou permite que outras nações os conquistem, quando for necessário para que aprendam as lições necessárias para seu progresso.
Quando examinado pela visão espiritual, o Espírito de Raça aparece como uma nuvem cobrindo uma nação, e é insuflada no pulmão dessas pessoas a cada inspiração de ar que fazem. Nele, elas vivem, se movem e têm seu ser como um fato real. Por meio desse processo ficam imbuídos do sentimento nacionalista a que chamamos “patriotismo” o qual, em tempos de guerra, é tão poderosamente intenso e produtor de poderosas emoções que todos se sentem compromissados com tal questão e estão dispostos a sacrificar tudo por seu país.
A América não tem Espírito de Raça, até agora. É o cadinho onde diferentes nações estão sendo amalgamadas para extrair a semente para uma nova raça, portanto, é impossível despertar um sentimento universal que fará com que todos se movam como um só em qualquer assunto. No entanto, essa nova raça está começando a aparecer. Você pode reconhecê-la nas pessoas com seus braços longos e pernas longas, seu corpo jovial, saudável, atraente e capaz de se mover e se curva com extrema agilidade, sua cabeça longa e um tanto estreita, a parte superior do seu crânio ou da sua cabeça alta e sua testa quase retangular. Dentro de poucas gerações, imagino que sejam entregues a responsabilidade de um Arcanjo, que começará a unificá-los. Isso por si só levará algumas gerações, pois, embora as imagens originalmente estampadas nos corpos da velha raça tenham desaparecido atualmente, devido o advento dos casamentos entre nações, povos e raças, elas ainda influenciam a ponto de produzirem resultados, e as conexões familiares da América com a Europa podem ser rastreadas na Memória da Natureza, cujo reflexo temos no Éter Refletor. Até que esse registro não seja apagado, o vínculo com o país ancestral não está totalmente rompido, e as colônias de italianos, escoceses, alemães, ingleses etc., existentes em diversas partes desse país, retardam a evolução da nova raça. É provável que a Era de Aquário chegue antes que essa condição seja totalmente superada e a raça americana totalmente estabelecida.
Se você olhar para os acontecimentos durante os últimos 60 ou 70 anos, ficará evidente que essa foi uma época de ceticismo, dúvida e crítica aos assuntos religiosos.
As igrejas têm ficado cada vez mais vazias e as pessoas, muitas vezes, abandonam a adoração a Deus e se voltam para a busca do prazer. Essa tendência estava aumentando na Europa até o início dessa guerra, e ainda continua sendo uma vergonha para muitas cidades e centros do pensamento científico da América. Como um resultado dessa atitude mental mundial, promovida pelos Irmãos da Sombra com a permissão dos Espíritos de Raça, assim, como Jó[4] foi tentado por Satanás na lenda, uma catarata espiritual vedou os olhos do mundo ocidental e deve ser removida antes que a evolução possa prosseguir. Como isso está sendo feito será o assunto da próxima carta.
(Do Livro: Carta nº 59 do Livro Cartas aos Estudantes)
[1] N.T.: Na época se refere à Revista Rays from the Rose Cross.
[2] N.T.: refere-se à Primeira Guerra Mundial
[3] N.T.: Cr 21:1-17
[4] N.T.: Veja o Livro de Jó na Bíblia para ter um panorama completo.
Os Auxiliares Invisíveis e o seu Trabalho nos Campos de Batalha
Mais um mês se passou e ainda a guerra europeia continua fortemente e mostrando que não há sinais de término em toda a sua intensidade. Milhares e milhares de pessoas continuam ultrapassando a fronteira para o reino invisível, e o sofrimento lá, como aqui, é sem precedentes na história do mundo. Como você aprendeu em nossa literatura, o Mundo do Desejo é o mundo da ilusão e da desilusão; e aquelas pobres pessoas que tão repentinamente foram transferidas para aquele reino com feridas terríveis sobre seus corpos físicos, também imaginam (como muito frequentemente é o caso aqui quando ocorre com pessoas que sofreram um acidente) que as lesões do corpo físico ainda estão com elas, e elas sofrem intensamente lá com essas feridas imaginárias como sofreriam aqui. Isto é, claro, inteiramente desnecessário. Muitas dessas pessoas estão se dirigindo para lá com lesões terríveis em seus corpos, em particular àqueles que têm ferimentos causados por explosões de granadas e por baionetas. Certamente, é uma atividade fácil para os Auxiliares Invisíveis mostrar a qualquer uma dessas pessoas que suas lesões são somente imaginárias, contudo, como existem milhares delas, a tarefa se torna gigantesca, e nossos Auxiliares Invisíveis estão tendo um período de atividade sem precedentes neste conflito avassalador.
Entretanto, não é tanto a angústia que resulta tais imaginárias lesões corporais que torna o trabalho mais difícil. A angústia mental – a preocupação por aqueles que foram deixados para trás, o temor dos pais em relação aos seus pequeninos e a tristeza das mães que ficaram sozinhas para criar uma família de crianças pequenas – é a desvantagem mais temerosa para uma solução desse terrível estado de coisas que os Auxiliares Invisíveis têm que enfrentar, e esse é o ponto sobre o qual eu gostaria de pedir sua sincera cooperação.
O Presidente dos Estados Unidos Wilson instituiu o dia 4 de outubro como um dia de oração pela paz. É sempre bom nos unirmos a tais movimentos, porque os nossos pensamentos canalizados produzirão um considerável efeito e fortalecerão extraordinariamente o apelo global. Todo estudante sincero deve dedicar esse dia à oração, para a libertação do mundo dessa terrível carnificina. Nesse momento, todos os pensamentos devem ser particularmente dirigidos para reduzir e aliviar a dor daqueles que estão nesse mundo, e também para aqueles estão aflitos no Mundo invisível devido a separação dos laços familiares. Cada um deve manter o pensamento de que, embora a guerra atual seja dolorosa, é, todavia, apenas um incidente em um longo período de tempo que não tem princípio nem fim. Como espíritos somos imortais, e essas coisas que agora nos parecem de grande importância, quando forem vistas do ponto de vista espiritual e quando considerarmos o fato de que somos realmente imortais, terão uma importância menor nesse momento do que agora parece ser nesse caso para nós. O que quer que aconteça, será incorporado à natureza espiritual como uma lição para nos dar um sentido de horror dessa carnificina que agora está devastando o mundo. Vamos esperar, fervorosamente, que essa guerra seja a última que ferirá a paz da terra; pois, tendo aprendido essa custosa lição, a humanidade destruirá, de uma vez por todas, os arsenais de guerra e transformará suas espadas em arados.
Que essa ideia esteja na Mente de todos os Estudantes no dia 4 de outubro; contudo como essa data está tão próxima que, provavelmente, essa carta não chegará a todos a tempo, pedimos a todos os membros da Fraternidade Rosacruz que dediquem o domingo, dia 18, a oração pela paz. Nessa altura, todos os nossos Estudantes terão recebido essa mensagem e, novamente, nós estaremos unidos desde a manhã até a noite, nesse esforço para ajudar a restabelecer a paz no mundo. Que o reino de Cristo supere logo o reino dos seres humanos, pois eles, certamente, têm se mostrado governantes ineficientes.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 47)