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Goethe – Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – autor e estadista alemão

Goethe: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural. Foi um Iniciado.

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Mefistófeles: Em Fausto, a imortal obra-prima de Goethe, é um espírito luciférico

Mefistófeles – Em Fausto, a imortal obra-prima de Goethe,  Mefistófeles é um espírito luciférico, declara-se espírito de negação, que embora planejando o mal executa, contudo, o bem.

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A Personalidade e a Individualidade segundo os Ensinamentos Rosacruzes

Não há outro inimigo, senão nós mesmos. Enquanto houver dentro de nós um resquício sequer de Personalidade, haverá separação.

Na Fraternidade Rosacruz, distinguimos nitidamente entre Personalidade e Individualidade. Personalidade é a “persona”, o conjunto enganoso, provisório e em constante mudança formado pelas nossas sensações, emoções, sentimentos e modo de pensar. São os laços de sangue, as tradições, os elos do mundo, essas coisas mais fortes que algemas de aço, tudo a que o Cristo simbolicamente chamava de “o reino dos mortos”. O mundo, a família, os bens, tudo isso é meio de aprendizagem indispensável ao espírito, no presente estado evolutivo. Contudo, há o perigo de nos identificarmos com eles, de pensar que nos pertencem ou que lhes pertencemos, olvidando nossa origem celestial, nossa condição de espírito livre, em peregrinação e aprendizagem.

Aquele que quiser ser meu discípulo, deve abandonar pai, mãe, irmãos, amigos, tudo”, disse o Cristo. Com isso não quis significar que devamos desleixar nossos deveres de pais, filhos, irmãos ou amigos Cristãos. Ao contrário, o verdadeiro Cristão é um excelente marido, esposa, pai, mãe, irmão, amigo, porque dá à sua afeição e trabalho o mais puro pensamento, sentimento e esforço. Dá e não espera receber; ama e não espera ser amado; compreende e não espera ser compreendido. As ingratidões não lhe suscitam ressentimentos, mas o cuidado de verificar se não contribuiu para isso. O verdadeiro Cristão busca a amorosa tentativa de reconciliação; ora e espera pela pessoa que é teimosa e rancorosa.

Ser Cristão é exemplificar AMOR, em seu sentido lato. É deixar que o Cristo, em si, fale, viva, ame.

Individualidade é a expressão do EU real (o que somos de fato, Espírito), verdadeiro e superior, comandando os pares físicos, morais e mentais como instrumentos de ação.

A Personalidade é a expressão do ser humano, de baixo para cima, o “homem invertido”, os valores instintivos, colorindo desordenadamente seu modo de ser; é o amordaçamento do espírito e seu condicionamento às conveniências instintivas. Um pentagrama com a ponta superior para baixo…

A Individualidade não prescinde da bagagem de experiências anímicas; ao contrário, vale-se dela de um modo próprio, original, epigenético, criador. Porém, nós, o Espírito, é quem mandamos e orientamos. Como disse São Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas o Cristo em mim”; e o próprio Cristo-Jesus: “Eu e o Pai somos um”.

É certo que essa condição vamos atingindo gradativamente, em uma luta constante entre a natureza inferior e a superior, entre as trevas e a luz dentro de nós. Por isso, a lenda dos Maniqueus, referindo-se internamente ao ser humano e ao mundo, fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz. Estes acabam vencendo aqueles; entretanto, sendo bons, não podem exterminá-los. Incorporam, pois, o reino das trevas ao da Luz; ou seja, efetuam a transmutação dos valores inferiores em valores espirituais. Os alquimistas medievais faziam o mesmo, quando falavam sobre transformar os metais inferiores em ouro. Também entre os manuscritos encontrados no soterrado mosteiro dos Essênios, Qumran, às margens do Mar Morto, há um que fala da guerra dos Filhos das Trevas contra os Filhos da Luz.

Goethe, o grande Iniciado e autor de “Fausto”, falou, pela boca de um de seus personagens: “Duas almas — ai! — lutam dentro do meu peito pela posse de um reino indivisível; uma buscando alçar-se aos Céus em ilibados anseios, enquanto a outra se agarra à Terra, em passionais desejos”. São Paulo, o apóstolo, igualmente dizia: “Pobre homem sou! O bem que desejaria fazer, não faço; o mal que não desejaria fazer, esse eu faço”.

Tudo isso mostra, de sobejo, o que todas as Escolas (como a Fraternidade Rosacruz) e Ordens ocultistas (como a Ordem Rosacruz) ensinam.

Todo Aspirante sincero à espiritualidade “ora e vigia”, sobretudo quando se acha à frente de um movimento espiritualista e deve viver o que ensina. Ao mesmo tempo, o claro entendimento dessa luta dentro de cada um de nós nos torna rigorosos conosco e tolerantes com os demais, de modo a unir e não desunir, a estimular e não censurar; enfim, “a buscar a divina essência que existe em cada um”, o que constitui a base da Fraternidade que almejamos formar, como precursores da “Era de Aquário”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1965)

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Pergunta: Conservamos o mesmo temperamento durante todas as nossas vidas?

Pergunta: Conservamos o mesmo temperamento durante todas as nossas vidas?

Resposta: O Ego pode ser comparado a uma pedra preciosa, um diamante em estado bruto. Quando é extraída da terra, a pedra está longe de ser bela; uma camada grosseira esconde o esplendor que ela encerra no seu interior. Antes que o diamante bruto se transforme numa gema, precisa ser polido por um duro rebolo de esmeril. Cada aplicação no esmeril remove dela parte da camada grosseira, e cada polimento revela uma faceta pela qual a luz penetra e é refratada num ângulo diferente ao do brilho refletido pelas outras facetas. Acontece o mesmo com o Ego. É um diamante em estado bruto que entra na escola da experiência, na peregrinação através da matéria, e cada vida é como uma fase no processo do polimento. Cada vida na escola de aprendizagem remove parte da aspereza do Ego e permite a entrada da luz da inteligência sob um novo ângulo, propiciando uma experiência diferente. Assim como os ângulos da luz variam em numerosas facetas do diamante, assim também o temperamento do Ego varia a cada vida. Em cada vida, só podemos manifestar pequena parte das nossas naturezas espirituais, realizar uma pequena parte da magnificência das nossas possibilidades divinas, mas cada existência nos torna mais completos e nossa índole tende a aperfeiçoar-se. De fato, é a ação exercida sobre a personalidade que é a parte principal da nossa lição, pois a meta é o domínio próprio, o autocontrole. Como diz Goethe:

“De todo o poder que mantém o mundo agrilhoado,
O homem se liberta quando o autocontrole há conquistado”.

(Pergunta nº 9 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – Max Heindel)

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O que é Ser um Aspirante a Vida Superior

O que é Ser um Aspirante a Vida Superior

O Aspirante à vida superior é aquele que tomou consciência da sua responsabilidade no plano de Deus e deseja participar dele. Para isso busca, por meio do estudo, alcançar a vida superior.

Chega um momento, porém, em que sente a necessidade de dedicar-se mais. Até aqui, por meio do estudo desperta o interesse e cumpre os mandamentos de Deus. Tal qual o jovem rico na parábola dada por Cristo Jesus: “Disse-lhe o jovem: ‘Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda? ’”. Respondeu Cristo Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dê aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”. “Ouvindo estas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens.” (Mt 19:20-22)

Muitos chegam até este ponto: obedecem aos mandamentos de Deus. Entretanto, o verdadeiro Aspirante à vida superior busca algo mais. Quer se livrar da escravidão que as posses terrestres lhe impõem. Quer que sua vida seja dedicada ao serviço amoroso e desinteressado aos outros.

A partir desse momento, passa a considerar tudo que possui no plano material como instrumento para o bem. Vive como propõe João na sua primeira Epístola: “não ameis o mundo, nem as casas do mundo, se alguém ama o mundo não está nele o amor do Pai.” (Jo 1:2-15).

Começa aprender a servir e compreende que a sua tarefa é aproveitar as oportunidades dadas por Deus, cultivá-las e transformá-las em poder anímico, poder da alma, que a cria e a alimenta. Aqui há um grande problema: a PRESSA. Quando decidimos caminhar em direção ao desenvolvimento espiritual estamos cheios de ânimo e não vemos a hora de alcançar a meta.

Tornamo-nos inquietos e chegamos até a agir precipitadamente. Só que não entendemos que é justamente essa atitude de inquietação e precipitação que frustra o que queremos alcançar. A natureza não dá saltos. O desenvolvimento é gradual, lento, mas seguro.

A falta de entusiasmo que sentimos e que faz parecer que em nada temos progredido é o resultado dessa discordância. O segredo está em compreender, ou tomar consciência da grande dificuldade que é mudar os nossos hábitos. É preciso muito esforço e muito tempo para formar novos e melhores hábitos no Corpo Vital.

Entretanto, uma vez formado um bom hábito, torna-se fácil praticá-lo. Contudo, para mantê-lo assim, devemos agir sempre com intensidade, firmeza e tranquilidade. Lembre-se que o que desenvolve o Corpo Vital é a repetição de coisas boas. As experiências repetidas nele criam a memória. E nesse sentido temos que ser persistentes e persistentes. “Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7: 14).

Quando o Aspirante chega ao ponto de tomar a consciência da importância da consagração da sua vida ao serviço, ele compreende quão importante é isso, pois conhecer as leis de Deus e os mistérios da natureza é muito bom. Contudo, se não temos essa consciência de consagrar nossa vida ao serviço, nada vale o talento, a habilidade, a benevolência ou qualquer outra coisa. É isso que consegue por meio do domínio próprio. É assim que nos qualificamos para orientar os outros. Nesse ponto, o Aspirante que acha que não tem talento, não tem nenhuma habilidade para escrever ou para falar, mas que leva uma vida justa, consagrada ao serviço, cheia de ações de amor, vale mais do que o melhor orador que vive uma vida sem esforços, sem atos. Como lemos em IJo 3:18: “Não ameis de palavra nem de língua, mas por obras e em verdade”.

A persistência é fundamental nesse processo. Temos que ser persistentes em transformar nossos maus hábitos em bons hábitos. Transformar nossas habilidades em atos. Para isso precisamos fazer o que disse São Paulo: “Eu morro todos os dias”. Morrer diariamente para as coisas velhas – os maus hábitos, os vícios – de modo que as coisas novas possam ter espaço e disposição para crescer – os bons hábitos, as virtudes. Como disse Goethe, o poeta Iniciado: “Quem não experimenta morrer e nascer para vida, sem interrupção, sempre será um hóspede triste sobre essa terra infeliz”.

Nesse sentido muito nos ajuda o exercício de Retrospecção. É ele que nos faz morrer para as coisas que fizemos no dia anterior, deixando espaço e disposição para as coisas que faremos no dia seguinte. Ele é o nosso “Purgatório” e “Primeiro Céu” diários. É por meio dele que compreendemos os erros nos nossos hábitos e nos determinamos a eliminá-los ou a desfazer o mal feito. E, também, que aprovamos impessoalmente o bem praticado, determinando-nos a agir melhor. Com isso, fortificamos o bem pela aprovação e debilitamos o mal pela reprovação. Daqui notamos que o arrependimento e a reforma íntima são fatores poderosos na vida do verdadeiro Aspirante a vida superior. Praticando-os aprendemos a virtude da humildade e da esperança e, ainda, aprendemos o discernimento e a disposição em agir, pois ficamos desejosos em corrigir o mal feito.

A natureza jamais desperdiça esforços em processos inúteis. Uma vez aprendida a lição, o ensino será suspenso. Estaremos prontos para novas conquistas. Portanto, quem determina o compasso do nosso desenvolvimento somos nós mesmos. Tomemos cuidado com a impaciência e a ansiedade. Elas são manifestações da parte inferior do nosso Corpo de Desejos que sempre aspira por novidade, emoção, paixão… Porque queremos novos conhecimentos, se nem aquilo que aprendemos, praticamos?

Se, muitas vezes, não nos damos o trabalho nem de pesquisar, nem de meditar? Queremos tudo pronto e acabado. Queremos evoluir por meio de esquemas pré-estabelecidos ou formulas mágicas, como se existisse uma receita de bolo para o desenvolvimento oculto, para o conhecimento direto. Como disse Max Heindel (no livro O Conceito Rosacruz do Cosmos): “Nada realmente valioso obtém sem esforço. Nunca será demasiado repetir que não existem coisas como os ‘dons’ e a sorte. Tudo que possuímos é resultado de esforço. O que falta a um em comparação com outro está latente em si mesmo e pode ser desenvolvido quando se empregam os meios apropriados”. E todo o Aspirante ao conhecimento direto aos mistérios ocultos da natureza deve possuir um desejo intenso de adquirir esse conhecimento, lutar por ele e excluir de sua vida qualquer outro objetivo. Porém, deve ser acompanhado sempre por um desejo igualmente intenso de ajudar a humanidade, de um esquecimento de si próprio, e trabalhar para bem dos outros! Deve dar provas de desinteresse.

O conhecimento, por si só, resulta somente em intelectualidade. E intelectualidade compartilha a natureza da espiritualidade. Como diz um amigo nosso: “Há muitos intelectuais, ou que se julgam intelectuais, que nem começaram a soletrar o alfabeto divino”. Por outro lado, a experiência sem o conhecimento que a explique torna-se difícil de ser aproveitada.

A experiência ajuda-nos a melhorar, a aprimorar nossos veículos: o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente. É por meio dela que desenvolvemos a vontade. E essa é a força com a qual aplicamos o resultado da experiência. E é a vontade que nos faz ser persistentes e que nos ajuda a entender que: não importa o quanto falhamos, o que importa é que nunca deixemos de tentar. Pois não são os resultados, mas a sinceridade e a intensidade do nosso esforço o que conta. Daqui tiramos que o importante é fazer.

Tentar fazer o melhor que pudermos, mas fazer, não deixar de fazer. Não ter medo ou deixar de fazer algo por medo. Se quisermos aprender, temos que tentar. Mil vezes errar porque tentamos, do que por nossa omissão. O Aspirante a vida superior está sempre disposto em fazer algo, em ajudar, em servir. Ele não tem dias livres, nem de folga, nem feriados, nem férias, nem horário específico. E ainda, faz suas obras em segredo, sem propagandas ou pretensão de promoção. Contudo, sim, no completo anonimato, como disse São Mateus, no seu Evangelho, no cap. 6 vers. 1 a 3: “Guardai-nos de fazer vossas boas obras diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está no céu. Quando, pois, dá esmola, não toques a trombeta diante de ti (…) que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita”. Jesus Cristo disse que “o céu deve ser tornado de assalto”! Ou seja, que para alcançá-lo devemos ser determinados, decididos. Devemos estar sempre prontos a agir. Como diz São João no Apocalipse: “Não és frio nem quente, oxalá fosses frio ou quente, mas, como és morno, vou vomitar-te” (Apo 3:15-16). Não devemos ser mornos, mas sim quentes ou frios.

Do mesmo modo que a alma morre de fome se só a alimentamos com livros, com conhecimento, também morrerá se ficarmos sempre em cima do muro com medo de tomar partido por não querer magoar tal pessoa, ou correr o risco de perder tal amizade, ou por achar que não temos nada a ver com isso, ou por achar que não temos nada a dizer. Ficar de bem com todos não é ser “bonzinho” indiscriminadamente.

O Aspirante mostra coragem e exemplifica os ensinamentos nessas horas difíceis ou coloca em prova a sua determinação. Quanto maior é o pecador maior é o santo. Portanto, do ponto de vista espiritual, é preferível uma vida de erros, de atitudes erradas, mas cheia de obras, do que uma vida sem ações, enclausurada e restrita em obter conhecimentos só e em cima dos outros. O mundo necessita de seres de ação e não só de sonhadores. Quando decidimos ser Aspirante a vida superior, as pessoas ao nosso redor se voltam a nos observar! Não somos julgados pelos ensinamentos que pregamos, mas pela vida que levamos.

Exemplificaremos nossas vidas com obras do bem, intensificando nossa vigília sobre como vivemos, vivenciando os ensinamentos cristãos Rosacruzes (já que se estamos na Fraternidade Rosacruz, foi esse o método que escolhemos para se tornar um verdadeiro Aspirante à vida superior), obtendo experiências mais pela observação do que pela dor, praticando nossos exercícios – conforme fornecidos pela Fraternidade Rosacruz – sempre com mais intensidade e amor; esforçando-nos para sermos sempre maiores servidores e, assim, tornar mais conscientes nossas vidas do plano evolutivo que Deus, nosso Pai e criador elaborou para efetivarmos, de fato, a Sua imagem e semelhança.

QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ

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A tentação como fator na vida superior

A tentação como fator na vida superior

No “Prolog in Heaven”, que precede Fausto, Goethe mostra o propósito interior da tentação. Quando Lúcifer pede permissão para tentar Fausto, Deus responde:

“… O homem é muito propenso a fugir,

Imperturbável, em repouso ele viveria,

Portanto, este companheiro propositalmente eu dou,

Quem agita, excita e deve como o diabo trabalha.”

No livro de Jó, Deus também sanciona a tentação de um homem bom. Quando comparamos a história da Bíblia em que Jeová levou Davi a fazer o recenseamento as pessoas (2Sm 24:1) com ICro 21:1, que diz que Satanás provocou Davi a contar as pessoas, não podemos escapar da confusão de achar que Jeová e Satanás são idênticos e, do ponto de vista comum, veja que parece extremamente injusto que tal punição severa seja aplicada a Davi, por esse ato que foi movido a fazê-lo. Mas, olhando pelo ponto de vista esotérico, todas as dificuldades desaparecem.

Jeová era o líder divino dos Semitas Originais, os antepassados ​​da raça Ária, que estavam destinados a evoluir pela razão, a faculdade pela qual “provamos todas as coisas”, para que possamos “manter firme o que é bom”. Disseram a Davi que confiasse em Jeová, que lutou por Israel quando outras pessoas obedeceram às suas ordens. Existe apenas uma maneira de tentar, quando ele ou qualquer outra pessoa se apegar ao bem – dando-lhes a chance de deixar ir; e é dever dos que são responsáveis em auxiliar que esse Esquema de Evolução prossiga verificar por tentação se aprendemos nossas lições, do mesmo modo que é dever dos professores das escolas que estudamos para a nossa educação durante essa encarnação examinar seus alunos. Cada método traz à tona pontos fracos do aluno para que o professor possa extrair uma base verdadeira para futuros esforços educacionais. Portanto, Davi foi movido por Jeová a fazer o recenseamento de Israel, para que fosse mostrado a ele se confiava na força de combate do número de homens ou no invisível Jeová, que lutou pelo Seu povo escolhido. Com esse ato, Jeová se tornou, momentaneamente, o adversário (Satanás) de Davi.

Independentemente, se esse tentador aparecer em forma corporal ou como uma voz interior, o motivo pelo qual Davi deveria ter lhe dito é que o poderoso braço de Jeová contava com mais de milhões de homens, e ele deveria ter dito a si mesmo ou a seu tentador externo: Qual é a utilidade de contar Israel? Jeová é o nosso escudo! Em vez disso, ele enviou homens para contar Israel, conforme sugerido; ele estava, sem dúvida, inflado com uma sensação de poder; talvez ele se sentiu suficientemente capaz de dispensar Jeová e seguir seus próprios ditames.

Portanto, tornou-se necessário para o Líder divino provar que ele estava enganado diante de todas as pessoas e, como eram uma raça teimosa, propensa a discordar, a lição deve ser salutar para impedir que imitem o exemplo de seu líder. A pestilência diminuiu seu número em poucos dias a tal ponto que ficou evidente, para todos, que Jeová é mais forte do que qualquer número de homens. Assim, a fé e a obediência, sem as quais nenhum líder divino pode promover novas faculdades sob suas acusações, foram fortalecidas, e Israel havia dado um passo distinto no caminho do progresso.

Todo mundo que já encarnou em um Corpo Denso foi tentado; nem mesmo Cristo escapou, e quanto mais evoluídos formos, mais sutis serão as tentações colocadas em nosso caminho. Além disso, essas tentações, frequentemente, surgem por alguém em quem confiamos plenamente, para que possamos aprender a diferenciar quanto ao mérito intrínseco de qualquer sugestão, independentemente de nossa simpatia ou antipatia, seja quem for que a sugere.

(Publicado na: Rays From The Rose Cross – jan. /1916 – Traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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A Busca do Infinito: exemplos de Goethe, Dostoievski e Michelangelo

A Busca do Infinito: exemplos de Goethe, Dostoievski e Michelangelo

A perfeição é conquistada por intermédio de muitas pequenas imperfeições.

Goethe é um bom exemplo ocidental de equilíbrio. No entanto, ele nunca deixou de se queixar da dificuldade que lhe advinha em sua vida de criador. Escreve ele no Diário, em 1779: “Luto com o anjo desconhecido, até à exaustão; homem algum pode imaginar os combates que tenho que travar para produzir o pouco que peço. Que falta de ordem e de continuidade na minha ação, nas minhas ideias, na minha criação poética! Que raros foram os dias que me renderam! Meu Deus, continua a dar-me o teu auxílio; continua a dar-me a luz necessária para que eu não seja um obstáculo para o meu próprio caminho”.

Muita gente pode pensar que assim ele disse porque era jovem ainda. Contudo, que pensar do que Goethe disse 45 anos depois, no fim de uma vida plena de glória e recheada de obras-primas? Eis as suas palavras: “Sempre me invejaram por ter sido singularmente favorecido pela sorte. Também sinto que não me posso queixar e não serei eu a invectivar o meu destino. No entanto, no fundo, a minha vida foi só sofrimento e trabalho. Posso garantir que, ao longo de setenta e cinco anos, não tive quatro semanas de verdadeira satisfação. Foi sempre o mesmo rolar duma pedra, como a de Sísifo, que era preciso a cada momento voltar a levantar”.

A mulher de Dostoievski relata que seu marido sempre foi muito severo consigo próprio e que raramente os seus escritos lhe mereciam aprovação. Às vezes apaixonava-se pelas ideias dos seus romances, que trazia na cabeça durante muito tempo, mas quase nunca ficava satisfeito ao vê-las expressas. Apesar de nunca ele haver tido ideia poética mais rica do que “O Idiota”, Dostoievski dizia que não tinha chegado a dizer nele a décima parte do que queria. Para ele, não era mais do que a sombra do que vislumbrava no íntimo.

Michelangelo, após anos de trabalho, contempla pela primeira vez o teto da Capela Sistina e chora, porque não encontra nele o sonho que o inspirara. Podem vir os críticos, os professores de arte, com seu talento, a comentar e a explicar, descortinando intenções, descrevendo simetrias. Miguel Ângelo os ouve com um secreto espanto porque sabe que a realidade interna é infinitamente mais complicada e infinitamente mais simples. Podem os homens falar; ele sempre buscou o impossível até o fim de seus dias, num anseio incontido de perfeição.

Por isso, todo grande buscador, em qualquer campo, foi profundamente silencioso. Eles tinham a consciência da impossibilidade de comunicar facilmente tudo o que recebiam de dentro e do íntimo. É um silêncio de defesa e de pequenez ante o Infinito.

A experiência do grande buscador é a experiência da verdade e a impossibilidade de falar de sua experiência da verdade. Fala pouco e depois se recolhe para lá do silêncio.

No entanto, só quando chega a esse ponto pode começar a falar devidamente, POR AMOR e na medida daqueles que o ouvem, buscando dar-lhes a pouco e pouco o que alcançou.

E nesse dar descobre a chave da maior elevação que o conduz mais depressa aos altiplanos da espiritualidade, do que uma intensa busca isolada da verdade.

O anseio de perfeição, o impulso de evolução, vem-nos de dentro, do próprio Espírito, em maior ou menor grau, segundo o nível de consciência.

Na medida em que nos vamos libertando da influência da personalidade dominante e nos vamos submetendo à vontade do Eu verdadeiro e superior, é claro que esse anseio cresce, porque Ele busca a realização da verdade.

Espantamo-nos quando Max Heindel nos ensina que um Irmão Maior, está, em sua evolução de consciência, à frente de um santo, assim como um santo está à frente de um selvagem adorador de totem. Todavia, imaginem os passos dos seres evoluídos, comparados com nossos passos.

Em que proporção e intensidade influímos nós na elevação da sociedade? Pensem bem e vejam que é pequena ainda — o que não nos deve desanimar, senão estimular a evoluir mais depressa, porque, quanto mais evoluirmos, tanto mais largos serão nossos passos em direção à meta.

A ação dos seres altamente evoluídos é realmente digna de admiração e de exemplo. Com seus largos passos — quais pequenos astros — eles vão deixando um rastro luminoso à sua passagem, para iluminar e nortear os que ainda se encontram nas trevas das limitações pessoais. E damos razão ao pensador escocês Carlyle:

“A História Universal é a História dos Grandes Homens, que foram os condutores da humanidade, os modeladores, os tipos e, num sentido lato, os criadores de tudo o que as massas humanas em geral se esforçam por fazer ou alcançar. Todas as obras que vemos no mundo são, em verdade, o resultado material exterior, a realização prática e a encarnação dos pensamentos que habitam nos grandes homens enviados a este mundo. Assim, a alma da História do mundo é a história deles”.

Aparentemente, Carlyle anula a contribuição menor de todos que, com sua Epigênese, estão enriquecendo o patrimônio histórico, às gerações porvindouras. Porém, na mesma obra, ele considera como herói todo aquele que se vence diariamente ao conscientizar e deixar seus defeitos, atuando gradativamente melhor em sua vida pública, quer como padre ou profeta, quer como homem público, poeta, escritor ou artista ou artífice. Carlyle arremata: “Sempre saímos ganhando ao conhecer as obras ou dialogarmos com um deles”.

Há um eterno convite de perfeição a todo ser humano. Se ela não nos fosse possível, o Cristo não o teria dito: “Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial”. O Mestre podia vislumbrar claramente o que significa sermos “à Imagem e semelhança de Deus”; de “sermos herdeiros d’Ele”. Há um tesouro potencial em nosso íntimo, passível de enriquecer nossa consciência, quando conquistarmos nossa natureza e o desenterramos de nosso íntimo. A própria natureza de Deus está individualizada como eu ou como tu, à espera da desvelação.

Assim como a semente plantada se desmancha e se transforma, ao devido tempo, numa árvore igual àquela da qual proveio — assim também somos sementes de Deus e devemos renunciar ao que pensamos ser, para nos converter em algo maior, à semelhança e estatura d’Aquele que nos criou.

Somos gratos aos Irmãos Maiores que nos indicam o caminho mais seguro e curto. Ao mesmo tempo devemos assumir nossa própria Epigênese e percorrê-la à nossa maneira, na formação de algo diferente, individual, que seja uma contribuição a mais, no tesouro de Deus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Vida, Vida, Vida…não existe a morte!

Vida, Vida, Vida…não existe a morte!

Mês de novembro. Aqueles que professam o Cristianismo popular reverenciam pungentemente seus mortos. Nós, Estudantes da Filosofia Rosacruz, tributamos nosso respeito a essa atitude; porém não a imitamos. Compreendemos o significado da chamada “morte”. Sabemos que seja um processo natural dentro do fluxo evolutivo.

Sob o ponto de vista oculto, somos, antes de mais nada, Espíritos, partes integrantes de Deus, células divinas. Sendo assim, encontramo-nos dotados, em forma latente, de todos os atributos divinos. Assim como uma gigantesca árvore encontra-se potencialmente numa minúscula semente, da mesma forma Deus está em nós e nós, NELE. Possuímos, entretanto, essa energia ainda em fase estática. Cumpre-nos dinamizá-la para emergirmos da impotência para a onipotência.

Um axioma científico assevera que a função cria o órgão. Os atributos inerentes ao Espírito necessitam ser despertados e exercitados. Além disso, todo crescimento anímico é promovido através da experiência. Eis porque, como Espíritos, procuramos meios para expressar e desenvolver nossas divinas faculdades. Os meios aludidos são os nossos veículos e dentre eles aquele que presentemente nos é mais útil é o Corpo Denso, formado de matéria química.

A “morte”, dentro do conceito popular, diz respeito ao fenômeno da paralisia total e definitiva do Corpo Denso e sua posterior decomposição, após o sepultamento.

Esse fato, encarado com horror pela maior parte da humanidade, é um processo natural. O veículo denso, como meio de expressão do Espírito na Região Química do Mundo Físico, presta relevantes serviços à causa evolutiva; porém, com o decorrer dos anos ele paulatinamente se cristaliza, até chegar a um estado em que se torna praticamente inútil, deixando de proporcionar as experiências requeridas pelo ser em evolução. A Chispa Divina é obrigada a abandoná-lo, adentrando então nos Planos internos da natureza (imperceptíveis aos sentidos físicos), onde durante muito tempo assimilará o valor educativo da última encarnação. O corpo, despojado das forças que o animavam, dissolve-se, retornando à economia da natureza. Esse retorno periódico da matéria à substância primordial habilita o ser a evoluir. Se o processo de cristalização prosseguisse indefinidamente, ofereceria um terrível obstáculo à evolução do Espírito. Quando a matéria se cristaliza a ponto de tornar-se demasiada pesada e dura, o ser espiritual, não podendo manejá-la livremente, retira-se para recuperar a energia exaurida. No entanto, retornará futuramente acrescido de novos conhecimentos e experiências, ocupando novas formas, recomeçando seu período de aprendizado no Plano terrenal.

A frase “quanto mais amiúde morremos, tanto melhor viveremos” considera-se um axioma. Goethe, o poeta Iniciado, disse: “Quem não experimenta morrer e nascer para a vida, sem interrupção, sempre será um hóspede triste sobre esta terra infeliz.”. São Paulo afirmou: “Eu morro todos os dias”.

Neste mês em que se pranteia os chamados “mortos”, lembremo-nos mais uma vez: a morte não existe.

No universo de Deus só há uma realidade absoluta: VIDA, VIDA, VIDA…

(De Pereira dos Santos, publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro de 1970)

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Coragem: “aquele que der um começo, já terá feito a metade da coisa”

Coragem: “aquele que der um começo, já terá feito a metade da coisa”

São necessárias cordas durante a descida de algum trecho pequeno, porém escorregadio e rochoso, de superfície escarpada, numa última etapa de um exercício de escalada de montanha.

“Admiro a sua coragem”, observou um espectador ardentemente, quando um dos alpinistas se sentou na relva, descansando um pouco, antes de regressar à sua casa.

O alpinista olhou o seu admirador de forma perturbada e, em seguida, disse-lhe de modo um tanto embaraçado: “Não há de que”. Não conhecia muito bem o seu admirador e mesmo que o conhecesse, seria o caso de lhe dizer que não foi necessário ter coragem alguma para fazer a escalada e a descida? Seria o momento de dizer que isso lhe deu a coragem de adentrar grutas ou qualquer outro espaço reduzido, escuro e fazer a sugestão de que talvez o seu admirador pudesse desempenhar essa exploração de modo igualmente fácil? Muita discussão por um comentário tão simples! Melhor não dizer coisa alguma — pelo menos, nesse instante.

Contudo, chega um momento em que o assunto coragem deve ser explorado muito cuidadosamente pelo aspirante a uma vida superior, caso se considere totalmente zeloso e sincero. Por quê? Mas por que é tão importante a uma vida baseada na Filosofia Rosacruz? Talvez possamos melhor responder a essa indagação após considerarmos a coragem um pouco mais profundamente.

A maioria de nós reconhece de modo vago que o que exige um esforço varia de pessoa a pessoa; mas possivelmente muitos não se detiveram para perceber que a maior parte das pessoas “normais”, existentes atualmente no mundo, realizou, em certa época, esforços enormes. Por exemplo, diz-se que o desejo de locomoção surge antes da capacidade de se movimentar. E as tremendas batalhas que devam ter ocorrido à medida que o ser humano, em sua formação, aprendeu a conduzir os seus veículos de um lugar a outro são vistas de modo telescópico nas primeiras tentativas fracas e desajeitadas de um bebê procurando locomover-se. Do mesmo modo que cada um de nós apresenta melhores rendimentos em certa matéria do que outros, em assuntos escolares, cada qual aprendeu suas lições quanto ao funcionamento nas várias atividades deste mundo de um modo melhor em algumas matérias do que em outras; porém todas as nossas atividades presentes exigiram esforço em certa época — e alguma coragem, quando procurávamos algo novo.

E, se pensarmos um pouco mais, a maioria de nós se apercebe de que uma ação que quase não levamos em consideração em certo momento de nossa vida, ação que até mesmo poderíamos exercer alegremente, poderá, em outros instantes, constituir um supremo ensaio de vontade. Poderá surgir um momento na vida de todos nós em que até mesmo o despertar em uma manhã ou o início de um novo dia poderá exigir muita resistência moral, quando significar a necessidade de encarar novamente problemas ou dores que pareçam difíceis de enfrentar.

No entanto, após reconhecermos que os atos de coragem significam diferentes coisas a pessoas diferentes, ou coisas diversas em tempos diversos para a mesma pessoa, eventualmente encobriremos a verdade de que haja certas lições básicas e gerais quanto à coragem, lições que todos nós deveremos aprender, se formos aspirantes sinceros a uma vida superior, da mesma forma que houve certos atributos físicos que tivemos de desenvolver para podermos viver a nossa atual vida física. Aqui estão algumas dessas lições básicas, sendo que o leitor provavelmente desejará acrescentar outras mais.

1 — A coragem de reconhecer e aceitar os próprios traços indesejáveis e em seguida fazer o máximo para transmutá-los. Cada um de nós tem pelo menos uma tendência indesejável ativa ou abrandada e a mantemos, provocando embaraços de modo sabidamente errado ou, pelo menos, em desarmonia com nossa capacidade mais elevada e, lutando contra essas tendências retrógradas, pode obter fortaleza. Por exemplo, há necessidade de muita coragem para nos dizermos honestamente, algumas vezes, que o que gostamos de apreciar como sendo exteriorização é, na realidade, um mau temperamento e, parcialmente, um ressentimento sepultado. Poderá também ocorrer que haja alguma falta ou área congestionada em nosso caráter que não possamos honestamente perceber. É aqui onde um amigo de confiança, que seja um astrólogo competente, poderá ser muito valioso: mesmo se nós próprios conhecermos a astrologia, poderá ser muito fácil passar por cima de algumas indicações negativas de nossos horóscopos.

Mas após termos erguido as nossas faces, banhadas de lágrimas, dessas questões soluçantes, talvez nos perguntemos qual seria o melhor modo de combater todos os pontos negativos que tenhamos acumulado. A resposta dada por Max Heindel é que não devamos fazer isso diretamente. Em harmonia com o sentimento da velha canção que nos exorta a acentuarmos o positivo, ele nos diz para praticarmos a virtude oposta à falta que desejarmos eliminar. Trata-se de outra aplicação daquilo que aprendemos a respeito do Mundo do Desejo: a atenção de toda espécie, agradável ou desagradável, causa uma grande atividade no sujeito e na coisa agradável ou desagradável. Porém a indiferença mata, de modo que devamos ignorar a falta e procurarmos aumentar a virtude oposta, amando-a e praticando-a. Assim, se percebermos que estejamos inclinados à tristeza, não devemos nos recriminar por não sermos eufóricos, porque assim ficaremos rapidamente muito mais ansiosos e angustiados. Ao contrário, se praticarmos a jovialidade, ela se tornará eventualmente uma parte de nós próprios e sentiremos realmente o otimismo, suas vantagens e os benefícios de nos empenhar duramente nesse método na tradução original, “duramente para encontrar nossas vizinhanças”. Até mesmo nos males físicos esse princípio opera a nosso favor: em uma certa espécie de artrite, um dos melhores medicamentos é a movimentação deliberada das partes enrijecidas e doloridas. Certamente que isso exige esforço! Mas é disso que estamos tratando.

2 — A coragem de apreciar a morte como um princípio. Atualmente não temos a caça às feiticeiras, que culminava na queima dos corpos em praça pública; nem mais se crucifica uma pessoa como nos tempos bíblicos, em virtude de ofensas triviais das quais se pudesse ser acusado, como hoje em dia — falsamente. Não há igreja que nos jogue na prisão para definhar e torturar, pelo menos não neste país. Como então essa espécie de coragem seria, na atualidade, algo que não fosse mais do que mero interesse acadêmico?

Neste século tem havido oportunidades aos que vivem em certos lugares para exercitar este tipo de coragem, manifestando-se contra as injustiças e procurando corrigi-las. A Alemanha nazista constituiu um lugar onde alguém poderia correr risco de vida pela defesa de um princípio; hoje em dia, Espanha e Portugal são outros.

Porém, as Forças Superiores sempre encontram meios de provar os estudantes em certo momento de suas vidas, nesse aspecto de coragem e talvez o meio mais comum em nosso país, atualmente, seja através da enfermidade.

Você talvez tenha estado doente durante longo tempo, acamado na maior parte desse tempo, de modo que se encontre bastante enfraquecido. Os médicos meneiam suas cabeças e mostram suficientemente, pelos seus comportamentos, que acreditem terem feito tudo o que pudessem; os amigos forçam conversações prazenteiras através de semblantes sombrios. Você mesmo está quase resignado quanto à desesperança de seu caso. Então, começa a sugestão. Trata-se de fazer algo que há muito decidiu ser nocivo a seu corpo e sua alma. Mas após tudo isso, dizem seus amigos, experimentou-se tudo mais e imaginam o quanto de bem poderão fazer após conseguirem a cura! O choque mais cruel de todos surge quando até mesmo seus melhores amigos, ligados à Filosofia Rosacruz, induzem-lhe a esse curso de ação errado para salvar a sua vida, conforme dizem.

No entanto, silenciosamente, você diz a si próprio: “Sei que me encontro agora próximo da morte. Todavia, não desejo ir, porque há muita coisa que gostaria de fazer. Porém, se tomar essa atitude que eu saiba ser errada e recuperar a saúde, haverá sempre aquele senso atormentador que assim agi fazendo algo errado e nunca mais estarei em condições de trabalhar, segundo o mais expressivo e o melhor de minhas capacidades, em virtude daquele espectro que fica observando por trás de meus ombros. Tentei tudo o que sabia estar em harmonia com meus princípios. Se tiver de morrer agora, morrerei de qualquer modo, não importa o que eu faça”.

Dessa forma, você se certifica de que os seus negócios se encontrem em ordem e repousa em seus travesseiros para exalar o último alento exausto, porém contente…

Contudo, algo acontece. Alguém chega, pousa as mãos em você e, no dia seguinte, você já se ergue e sai, após ter estado na cama durante meses. Ou você simplesmente melhora gradualmente, embora não faça algo diferente. Mas, em primeiro lugar, você terá de mostrar aquilo que realmente deliberou durante a noite tempestuosa em que tomou a decisão há longo tempo, em um pacífico dia ensolarado.

3 — Coragem para desafiar qualquer elemento físico, quando necessário.

O que você teme neste Mundo Físico? O fogo? As alturas? Inundações? As crianças? As pessoas idosas? A eletricidade? Serpentes? Se houver neste mundo algo que desperte em nós o desejo de nos afastar, eis um problema que deva ser encarado completamente, agora, uma vez que, quanto mais o medo for encoberto, tanto mais se inflama, desenvolve e suas raízes se aprofundam muito mais, no decorrer do tempo.

Familiarize-se, por meio da leitura, com os aspectos da constituição e da estética de tudo aquilo que você teme é adequado, de forma que passe a dispor de uma riqueza de informações alusivas ao assunto, porque muitas vezes tememos mais o que nos é estranho, desconhecido e inominado. Em seguida, familiarize-se de primeira mão. Se você teme a água e não sabe nadar, tome lições de um instrutor competente. Se você teme as alturas, faça caminhadas pelas colinas e depois pelas montanhas. Primeiramente, aprecie a vista da parte baixa de um penhasco. Gradualmente, faça-o cada vez mais próximo do topo. Tire em seguida o seu bacharelado, encabeçando algumas escaladas.

4 — A coragem de arriscar cometer algum engano, quando for necessária alguma ação. Quantas vezes desistimos de realizar até ações mais simples, com receio de dizer ou fazer coisas erradas ou pelo medo de parecer enlouquecidos? E quantas vezes nos mantivemos na retaguarda por não termos feito algo e, assim, perdido uma possível oportunidade de experimentar aquela sensação extraordinária de crescimento e expansão?

“Mas o erro que poderíamos cometer seria monumental”, você poderia dizer. “Poderia”, sim; porém você não tem a certeza disso. E mesmo se você tivesse feito algo radicalmente impróprio, sabemos que as Hierarquias criadoras, bem acima de nós em matéria de evolução, também cometem erros: os cometas são o resultado de uma tentativa de criação no cosmos que, por alguma razão, não “se gelificou” e atingiu a órbita adequada, de forma que eles vêm e vão, malogros divinos perdidos na face da profundidade.

Desse modo, devemos provar a nossa fé através de obras: obras significam experiência concreta e a experiência deve envolver alguns erros.

Max Heindel nos diz que o mundo necessita de seres humanos que façam e não que sonhem ou leiam. Em suma, será feito na terra de nossos corpos o que acontece no Céu de nossos Espíritos.

5 — A coragem de estar só. Nós a temos na mais alta autoridade, a do Próprio Cristo; em certa época de sua carreira esotérica, o estudante de ocultismo sincero deve estar completamente só, fisicamente, para enfrentar sua sorte e seus problemas. Os parentes estão disseminados e não compreenderiam. Os amigos também parecem estar muito longe, física, mental e espiritualmente. Não parece possível receber ajuda de ser vivente algum. Cristo, que é o Precursor em um sentido muito literal, sentiu essa desolação no Jardim do Getsemani, quando perguntou amargamente se nenhum de Seus discípulos adormecidos poderia velar com Ele.

Porém, quando nós bravamente tomarmos a nossa cruz, seja ela pequena ou grande, existirão amigos em ambos os lados do véu prontos para auxiliar-nos a carregá-la. Descobriremos que a solidão, como tudo mais que seja apenas desta vida, foi somente temporária. Goethe, o poeta Iniciado, escreveu:

“Aquele que nunca come o seu pão na amargura

 e jamais passa por horas tenebrosas,

pranteando e aguardando o amanhecer,

não conhece os Poderes Celestiais”.

6 — A coragem de continuar tentando. De acordo com T. S. Eliot, somos “unicamente derrotados porque tentamos”. Isso poderá ser um pequeno consolo para alguém que tenha um pertinaz problema de saúde, que há muito esteja suportando um pesado encargo familiar ou talvez venha tentando há muitos anos romper um mau hábito, como modificar um traço inadequado da personalidade ou do caráter. Mas a Filosofia Rosacruz nos diz que, se persistirmos no rumo certo, mesmo que não possamos ver os resultados, eles ali estarão. Isso porque as imagens de nossas circunvizinhanças incluem as condições que estejam dentro de nossa própria aura. Se tivermos criado em nossas mentes a imagem de uma coisa que desejemos obter e tivermos revestido essas imagens mentais com um intenso desejo de ser bem-sucedido, a mente modificada e o desejo impulsor ativo eventualmente tornarão o Corpo Vital muito mais fixo e resistente, o qual, por sua vez, acarretará quaisquer modificações necessárias no veículo mais sólido a ser modificado, o Corpo Denso. Assim, mesmo se intimamente trabalharmos durante toda uma existência em um problema sem resultados tangíveis no mundo físico, teremos a promessa de que esses resultados se mostrarão na próxima vida, uma vez que os corpos mais elevados desta vida determinam a qualidade dos mais baixos, na outra. E, quem sabe? Poderemos não ter de trabalhar durante toda uma existência nesse problema. Ajuda-nos também a lembrança de que a hora mais obscura é comumente anterior à alvorada.

Existem pelo menos duas coisas que devamos manter em mente, relacionadas com todas as espécies de coragem que mencionamos. A primeira é uma advertência. A coragem sem previsão e discriminação não é coragem, mas, sim, temeridade, insensatez e um trágico desperdício de energia valiosa. Devemos nos lembrar de que as forças negativas estejam sempre prontas para tentar e enredar, particularmente o estudante sincero. Trata-se de um fio de navalha sobre o qual devemos andar. O segundo ponto importante a refletir constitui uma ajuda ao nosso desenvolvimento em matéria de coragem. Trata-se daquilo que João nos diz em sua primeira epístola: “o perfeito amor afasta o temor”. Isto não significa necessariamente que devamos aprender a amar o que tememos, porque o que tememos pode ser verdadeiramente mau. Porém o amor por alguém ou por um princípio e os atos desempenhados a favor desse amor poderão dissolver completamente todos os nossos temores precedentes.

Agora que falamos de algumas das modalidades de coragem que nós, como estudantes de ocultismo, precisaremos desenvolver em alguma época de nossas carreiras, talvez estejamos em posição melhor para compreender por que nós as necessitamos e por que necessitamos de qualquer espécie de coragem, pelo menos. Se não nos esforçarmos e tentarmos transmutar as características indesejáveis em nós próprios, então estaremos simplesmente colocando-nos por detrás do caminho evolutivo lento e laborioso daqueles que aprenderão apenas pela experiência e não estaremos realmente entre os que conquistarão o Céu por assalto. Se não estivermos prontos a lutar por um princípio, então o mesmo não nos terá qualquer significado e não poderemos esperar ser os depositários de verdades e poderes maiores; dessa forma,  até mostrarmos o aspecto de coragem física, faríamos melhor se o desenvolvêssemos, até porque nas expressas palavras de Max Heindel, quando explanava sobre o Tannhauser, o estudante sincero deve “perceber que deva possuir as mesmas virtudes requeridas de um cavalheiro, uma vez que sobre a senda espiritual também existam perigos e lugares onde é necessária a coragem física”. Se não tivermos a coragem de agir quando devemos, mesmo se a ação signifique um possível erro, então não estaremos agarrando as oportunidades de progresso e estaremos provavelmente nos chocando contra as ondas. Se não pudermos, em momento algum, sentirmo-nos plenamente sós, então não estaremos desejosos de partilhar de modo algum da vida do Cristo. Se não tivermos a coragem de continuar tentando, então mostraremos que realmente não temos fé na verdadeira filosofia em que dizemos acreditar, filosofia que explica por que um esforço nunca é desperdiçado. Finalmente, uma coisa muito importante: necessitamos de coragem de todas as espécies a fim de sobrepujarmos o Guardião do Umbral. Se formos estudantes sinceros, deveremos certamente nos encontrar com essa entidade algum dia.

Shakespeare disse em Rei Lear que “a coragem emerge com a ocasião”. Esperemos que assim seja, porque há muitas ocasiões nesse período de nossa história. As condições internas são espelhadas extrinsecamente pelo microcosmo e macrocosmo: o mundo e sua aura estão em agonias de batalhas monumentais, envolvendo todas as espécies de forças. Se você não se sentir necessitado de modo algum, fechará os seus olhos e ouvidos.

De forma que, coragem, caro coração! E relembre-se, com o poeta Horácio, de que aquele que der um começo, já terá feito a metade da coisa.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Guerra Mundial e a Fraternidade Universal

A Guerra Mundial e a Fraternidade Universal

Em quase todas as correspondências, nós recebemos cartas comentando sobre a guerra[1], e com raras exceções, não encontramos nelas expressão de partidarismo, mostrando que os autores têm um ponto de vista mais elevado do que o inculcado pelos vários Espíritos de Raça e que, normalmente, recebem o nome de “patriotismo”. Essa é a única atitude coerente com os princípios da Fraternidade Rosacruz. Nós estamos todos unidos numa associação internacional; estamos todos procurando pelo Reino que deve substituir todas as já superadas nações, e o fato de termos nascido em diferentes partes do mundo e nos expressarmos em línguas diferentes, não revoga o mandamento de Cristo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, nem nos escusa por desempenharmos o papel de “ladrão”, e não de “samaritano”. Cabe a cada um de nós, na Fraternidade Rosacruz, se elevar acima das barreiras da nacionalidade e aprender a dizer o mesmo que Thomas Paine[2]: “O mundo é a minha pátria e fazer o bem é a minha religião”. Devemos deixar de ser meramente nacionalistas e nos esforçarmos para nos tornarmos universais em nossas percepções, compreensões e reações aos sofrimentos dos outros.

Contudo, há uma guerra que vale a pena lutar, uma guerra na qual podemos, legitimamente, empregar toda a nossa energia, uma guerra que devemos persistir com zelo implacável, e um dos Estudantes coloca isso tão bem que o melhor que podemos fazer é transcrever sua carta:

“Ao refletir sobre a guerra, surge esse pensamento: quando os seres humanos se cansarem da desagradável e chocante luta entre as diferentes nações vizinhas e semelhantes, largarem suas armas e a paz predominar, então a partir desse continente, sobrecarregado com o pó dos amigos e adversários, com seus rios correndo avermelhados com o melhor sangue dos impérios, surgirá uma nova Europa e uma civilização superior substituirá a destruída.

E um grande número de mortos desconhecidos, moribundos, revelará um poder muitíssimo maior para a paz mundial do que o vivido anteriormente. Assim, das paixões desenfreadas dos seres humanos, a Deidade, justa e amorosa, traz o bem final.

Se os homens e as mulheres tivessem também uma décima parte da vontade para travar uma guerra contra o seu verdadeiro inimigo, que está dentro do seu coração, ao invés de pegar em armas contra um suposto inimigo de um lado da fronteira imaginária inexistente na boa face do mundo de Deus, então o Príncipe da Paz poderia reinar. Todas as armas mortíferas seriam jogadas no limbo e a promessa gloriosa se realizaria: “Paz na Terra e Boa Vontade entre os Homens”.

E assim, por mim mesmo, resolvi não cessar com meus esforços até que o último vestígio de maldade, erro e ódio sejam eliminados, e a sublime Trindade de “Bondade, Verdade e Amor reinem sem contestação interior”. Nessa luta real, me considero um pobre soldado e, geralmente, a curso da batalha se coloca na direção errada, contudo, não importa se eu falhe dez mil vezes, a lição deve ser aprendida e será aprendida. Algum dia, com um coração robusto, uma vontade indomável e uma persistência infalível, a vitória será conquistada e a paz reinará – a paz que ultrapassa toda a compreensão.

Unamo-nos todos ao nosso irmão nessa nobre luta, recordando as palavras de Goethe:

“De todo poder que mantém o mundo agrilhoado,

o homem se liberta quando o autocontrole há conquistado”.

(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 48)

[1] N.T.: a Primeira Grande Guerra Mundial.

[2] N.T.: Thomas Paine (1737-1809) foi um político britânico, além de panfletário, revolucionário, inventor, intelectual e um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos da América.

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