Os verdadeiros presentes de Natal são mais profundos que aqueles que muitos de nós dão, por ensejo tradicional.
Afinal, o Caminho da Espiritualidade começa em dar de si. Não se trata de dar presentes, mas dar de si mesmo, nas menores coisas e manifestações (pelos pensar, sentir, falar e agir). Tal é “o caminho mais curto, o mais seguro e mais agradável que nos conduz à Deus” (que repetimos todas as vezes que oficiamos o Ritual do Serviço Devocional do Templo), ou seja, à religação consciente com o “Eu superior”, o que realmente somos, a Individualidade, o Ego, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui.
O Natal é o símbolo da culminância de um estado de transição, do humano para o espiritual. Para chegar a esse portal e ser admitido como “novo nascido” é mister aprender a lição do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível), focado na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base para a Fraternidade Universal, em cada minuto do ano.
Cristo é o divino presente a que todos devemos almejar: é o coração que preparamos para recebê-lo; é a consciência despojada de valores negativos que pode conceber o Messias interno. Devemos nos preparar, “Somos Cristos em formação”, como nos ensina S. Paulo em suas Epístolas. Que Deus fortaleça nossas aspirações!
Vamos falar do símbolo que há no pinheirinho de Natal. O pinheirinho é árvore de folhas perenes. No auge do inverno no hemisfério norte, quando a neve se vai acumulando, pesando e crestando suas folhas, ele permanece firme, à espera do hálito quente da primavera que vem reanimá-lo. Daí haver sido tomado como símbolo da vida eterna, que transita pelas estações do ano, inalterável aos desafios dos renascimentos, ereto, olhando para o céu e levantando os braços em oração.
A silhueta do pinheiro é triangular. O triângulo com a ponta para cima é o símbolo da Trindade Divina, em que reside a vida eterna. Seu verde constante é o símbolo da esperança que não se abate nas vicissitudes.
Assim, não importa que aqui no hemisfério sul não haja neve. Pense no símbolo e ponha uns flocos de algodão sobre as folhas de seu pinheirinho. E as lampadazinhas lembrarão o significado da vida, que por si só ele exprime.
Agora, vamos falar sobre a simbologia que há nas velas natalinas. As velas que se acendem ou que figuram nos adornos natalinos, representam a luz do Aspirante à vida superior, Cristão. Nosso estado atual de consciência ainda não pode libertar a luz total do Espírito interno. É apenas uma fresta, uma pequenina luz. No entanto, todas as trevas do mundo não podem esconder a luz de uma pequenina vela. Ao contrário, quanto mais profunda as trevas, mais ressalta a luz, por pequena que seja. Se não podemos ser uma estrela, sejamos uma lâmpada que alumia a todos e a nós mesmos. Se não podemos ser uma lâmpada, sejamos, pelo menos uma pequena vela. Dizendo melhor, não é que humanamente possamos ser alguma coisa. Em verdade depende de compreendermos que o Divino, em nós, é quem faz. “Deus é Luz” (IJo 1:5). Somos feitos à Sua imagem e semelhança. Basta, pois, que deixemos a luz interna brilhar, na medida em que removemos os condicionamentos da Personalidade, como as nuvens desfeitas revelam o Sol. Acenda as velas de Natal e pense nisso.
Será que o verdadeiro “Papai Noel” – não esse que temos nos comerciais vestido de vermelho, azul e outras cores e o branco e que, para muitos, é o que é o Natal – também é um símbolo natalino? Vejamos! A figura simpática, sempre esperada, de “Papai Noel” ou S. Nicolau (conforme a tradição) está ligada a Júpiter, governante de Sagitário: alto, forte, rosado, risonho, dadivoso – as características físicas e internas de Júpiter, Regente de Sagitário, que precede e anuncia o Natal.
E por falar em presentes, não podíamos deixar de citar os três Reis Magos e seus presentes. Vamos ver a simbologia que aqui há: a narrativa da visita dos Reis Magos está no Evangelho segundo S. Mateus[1]. Nesse trecho se fala indeterminadamente de alguns magos que vieram do oriente. A tradição designou três representantes das Raças: branca, amarela e negra. Beda, um escritor inglês (673-735) foi quem os batizou de Gaspar, Melchior e Baltazar. A palavra “mago” vem do hebraico “magh”, em sânscrito “mahat”, que significa “grande”.
A simbologia é clara: a realização do verdadeiro Cristianismo há de abraçar a Humanidade inteira e dissolver todo o conceito de Raças na unidade espiritual. Mas, isso acontecerá quando cada um de nós se tornar um “mago”, isto é, grande (por dentro), um rei (que governa a si mesmo), ao alcançar a união com o “Eu superior” – e servir à “divina essência oculta” em todos nossos irmãos e nossas irmãs, acima de todos os preconceitos que são as divisórias atuais.
Os presentes que três Reis Magos deram: ouro, incenso e mirra são alegorias do Espírito, Corpo e Alma, respectivamente. Estamos evoluindo, e quando iluminados pela consciência é o ouro depositado das escórias. A mirra é uma erva amarga (resina de Balemodendron) procedente da Arábia e alude às dores e dificuldades com que o nós, o Ego humano, evoluímos acumulando nossas experiências por meio dos Renascimentos aqui. O incenso é utilizado nos ofícios religiosos para incorporação de Elementais que trabalham, sob as ordens dos Anjos, pela respectiva comunidade. A Fraternidade Rosacruz desaconselha o seu uso e prefere meios internos, já que é um recurso de incorporação. Daí estar ligado com o “corpo”.
Conjuntamente, os presentes dos magos representam a dedicação integral do Aspirante à vida superior ao seu Cristo Interno, quando Ele nasce. Somente quando a consciência do que realmente somos (a Individualidade, um Espírito, um Ego humano) desperta se diz que o Cristo Interno nasceu.
O Cristo definiu essa dedicação integral como o maior mandamento Cristão: “Amar a Deus (o Divino em si, nos semelhantes e no Universo) de todo o coração, de todo o entendimento, com todas as forças, de toda alma” (Mt 12:30).
Agora, vamos ver o símbolo que há oculto no presépio natalino. Segundo a história, o presépio foi instituído por S. Francisco de Assis, para representar a cena da manjedoura, descrita pelo Evangelho segundo S. Lucas. Seria ideal que nossos filhos e nossas filhas aprendessem a modelar as figurinhas de massinha, para representar essa cena. Uma caixa de areia, com o auxílio de uns pedaços de plástico para imitar os rios, pontilhões de papelão, manjedoura com palhinha e pauzinhos, detritos de madeira serrada e pintados de verde, para imitar a grama, fixam vivamente, no íntimo da criança, o cenário natalino, de tão formosos símbolos. O presépio nos enseja ocasião de explicar às crianças, com palavras simples, aquilo que Cristo pede a cada um de nós (“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, não para os homens.” (Col 3:23); “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade.” (IICor 9:7); “Devemos dar nossa vida pelos irmãos.” (IJo 3:16)). José e Maria não encontram lugar para Jesus nascer e tiveram que se ajeitar em uma manjedoura (lugar anexo à casa onde pernoitavam e alimentavam os animais, principalmente no inverno). Pergunta: Você tem um lugarzinho em seu coração, para nascer Jesus?
A cidade se chamava Belém, que significa “casa do pão”. Essa “casa de pão” é o nosso coração, quando aprendemos a viver bem, isto é, quando aproveitamos as oportunidades de cada dia, como grãozinhos de trigo, e vamos moendo, cozendo, com bons pensamentos, sentimentos, desejos, boas emoções, palavras verdadeiras e amorosas, atos bons, ações e obras boas, o pão vivo, a hóstia sagrada.
Belém ficava na região da Galileia, que significa “Jardim fechado”; quer dizer o nosso íntimo, o lugar secreto do Altíssimo mencionado no Salmo 91[2]. Ali é que tem que nascer nosso Cristo Interno, como “nasceu” o Cristo aqui entre nós. É Cristo que nos ensina que deve haver um Natal interno. Angelus Silésius nos ensinou: “Ainda que o Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada… Olharás em vão a cruz do Gólgota, a menos que ela seja erguida em teu próprio coração”.
José conduziu Maria grávida, para Belém. Também nós devemos estar cheios de luz, de bem, de amor, de entendimento da verdade espiritual, para que nasça o Cristo Interno. A gestação é de tempo variável: depende do nosso preparo. Podemos abreviá-lo ou retardá-lo. Os incômodos da gravidez são altamente compensados pela alegria do nascimento.
O menino se chamou Jesus. Jesus significa “aquele que é salvo por Deus”. Salvo de quê? De quem? De você mesmo, de sua falsa Personalidade, egoísta, que é o “anticristo”. Só a Graça de Deus pode conseguir isso, bem como aprendemos no Livro das Crônicas: “Não temais, não vos deixeis atemorizar diante dessa imensa multidão; pois esta guerra não é vossa, mas de Deus.” (IICro 20;15). Então você poderá se chamar também Jesus, “aquele que é salvo por Deus”.
A mesma Trindade (pai, mãe e filho, aqui representada por José, Maria e Jesus respectivamente) aparece igualmente na tradição filosófica de outros países. Sempre um iluminado ser nascia de uma “virgem” e esses Iniciados estavam relacionados com o Sol. Entre os persas foi Mitras; entre caldeus foi Tamuz; entre os egípcios foi Horus, filho de Osíris e Isis. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “luz-dos-Deuses” como a chegada de Surt, o brilhante Sol-Espiritual desses deuses e inaugurar harmonia em “”Gimie”, a terra regenerada.
Só o Cristianismo fala de Alguém que veio e que voltará!
No ponto de vista externo, exotérico, essas crenças criaram a adoração do Sol, como fonte de espiritualidade, luz e vida. Em todas as partes se construíram os Templos com as portas em direção ao Leste, onde “nasce o Sol”.
Do ponto de vista interno, esotérico, o “místico Sol da meia-noite” há de brilhar na escuridão da nossa inconsciência atual, com o irromper da Luz interna, do Cristo Interno, que vem estabelecer definitiva harmonia em nosso ser, quando estejamos preparados, em condição de uma “terra regenerada”, isto é, uma Personalidade transformada para servir de canal ao “Eu superior”. Isso pressupõe uma Personalidade humilde (a “manjedoura”) e a parte instintiva, animal, domesticada (o boi e o burrico) que S. Francisco de Assis colocou ali inspirado pelo Livro de Habacuc[3].
De um prisma cósmico, mais amplo, Cristo veio efetivamente do Sol, pois é o mais elevado Iniciado entre os Arcanjos. O que possibilitou Sua vinda foi o preparo de Jesus, que lhe cedeu os veículos Corpo Denso e Corpo Vital, para que se manifestasse entre nós como um ser humano. “Como é em cima é em baixo” e, assim, para manifestação do Cristo Interno é necessário que a Personalidade se regenere. Então, se cumpre a profecia da vinda do Messias o “Himmanu-El”[4], “o Deus conosco” – Aquele que nascerá no íntimo de cada um de nós, quando transformado e libertado.
O nascimento de Jesus foi narrado por S. Mateus e S. Lucas. Cada um deles fez a narrativa de forma diversa, porque os Evangelhos são métodos de Iniciação. S. Mateus é o método masculino, positivo, do fator vontade. Sua narrativa é marcada de aventuras e perigos. José é avisado pelo Anjo para receber Maria, que “concebeu do Espírito Santo”, o que mostra que da vontade humana não pode vir a realização espiritual, mas de uma fonte mais elevada, pois é Deus-Pai “em mim quem faz as obras; eu, de mim mesmo, nada posso”. Receber a visita dos Reis Magos seus presentes (dedicação consciente ao Cristo interno. Prevalece o fator masculino). José é avisado novamente para deixar Belém, antes do ataque de Herodes (o egoísmo, natureza inferior enciumada), refugiando-se no Egito, a Terra do Silêncio (o preparo interno e silencioso). Já em S. Lucas é o método místico na cena da manjedoura, em humildade e recolhimento, mostrando que o processo de preparo é interno, reservado. É sempre Maria (o fator feminino, coração) que é avisada pelo Anjo. Ela deve ser virgem (um ser humano despojado de impurezas internas, em sua imaginação, o lado feminino), desposada com José, um viúvo, segundo a tradição, ou seja, a vontade humana a serviço do justo, desligada da esposa, do mundo, do vício.
Na Fraternidade Rosacruz aprendemos que os dois lados são necessários: o Ocultista (intelecto, cabeça, razão) e o Místico (coração, a devoção). Por isso, a Fraternidade Rosacruz adota os emblemas de uma lâmpada ou lamparina (a razão) e de um coração (a devoção), que são os dois polos que temos. Quando esses dois polos se aperfeiçoam, de seu encontro nasce a luz, a sabedoria interna, decorrente da união do amor e do conhecimento, para tornar a Mente amorosa e o Coração sábio.
O fato histórico existiu e persiste como tradição, porque esotericamente a vida de Cristo-Jesus é um convite à realização interna. À nossa maneira, todos devemos realizar, individualmente, as fases daquele que nos serviu de modelo.
Agora, vamos ver como é o verdadeiro presente natalino que todos, pobres e ricos, bons e maus, crianças e idosos, homens e mulheres e quaisquer outras “duplas” que podemos segmentar recebem na época do Natal.
Do ponto de vista cósmico é o que anuncia o presente do céu: o Cristo do Ano Novo, a vida que vem dar novo alento à Terra (na noite mais longa e escura do Ano) física, em uma boa parte da Terra e espiritual em toda à Terra; o Cristo é a promessa da nova vida, com a beleza de cores e perfumes, com as sementes que se converterão em alimento físico e espiritual, para que a Humanidade não pereça.
Do ponto de vista coletivo, Cristo é o presente celeste, confortando pelo novo impulso de altruísmo e luz que dá ao globo terrestre, para nos assegurar a evolução e nos livrar de uma nova espécie de “Queda do Homem”. É um eterno presente, já que Ele voluntariamente se encadeou a cruz do mundo, até que sejamos salvos: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28-20).
Do ponto de vista individual, é a promessa do fruto espiritual, já que todos somos “Cristos em formação” e Ele é o modelo, o exemplo que todos devemos imitar, a nosso modo, internamente. É o convite de um Natal interno, pela religação consciente com o “Eu superior”.
Assim, de modo geral, os presentes natalinos e o coração generoso que os oferece, representam as dádivas divinas, em todos os sentidos, já que “Deus é Amor” (IJo 4:8). É o Espírito de Natal expresso em todos os minutos do ano, mas que assumiu sua mais significativa expressão pela vinda do Cristo, o excelso presente.
Oxalá que esta orientação do Cristianismo Esotérico da Filosofia Rosacruz lhe traga uma nova abertura e um firme propósito para alcançar essa meta sublime!
(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz de dezembro/1982 – Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP)
[1] N.R. : Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, 2perguntando: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no seu surgir e viemos homenageá-lo”. 3Ouvindo isso, o rei Herodes ficou alarmado e com ele toda Jerusalém. 4E, convocando todos os chefes dos sacerdotes e os escribas do povo, procurou saber deles onde havia de nascer o Cristo. 5Eles responderam: “Em Belém da Judéia, pois é isto que foi escrito pelo profeta: 6E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és o menor entre os clãs de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará Israel, o meu povo”. 7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que, também, eu vá homenageá-lo”. 9A essas palavras do rei, eles partiram. E eis que a estrela que tinham visto no seu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente. 11Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 12Avisados em sonho que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho para a sua região.
[2] N.R.: 1Quem habita na proteção do Altíssimo pernoita à sombra de Shaddai, 2dizendo a Iahweh: Meu abrigo, minha fortaleza, meu Deus, em quem confio! 3É ele quem te livra do laço do caçador que se ocupa em destruir; 4ele te esconde com suas penas, sob suas asas encontras um abrigo. Sua fidelidade é escudo e couraça. 5Não temerás o terror da noite nem a flecha que voa de dia, 6nem a peste que caminha na treva, nem a epidemia que devasta ao meio-dia. 7Caiam mil ao teu lado e dez mil à tua direita, a ti nada atingirá. 8Basta que olhes com teus olhos, para ver o salário dos ímpios, 9tu, que dizes: Iahweh é o meu abrigo, e fazes do Altíssimo teu, refúgio. 10A desgraça jamais te atingirá e praga nenhuma chegará à tua tenda: 11pois em teu favor ele ordenou aos seus anjos que te guardem em teus caminhos todos. 12Eles te levarão em suas mãos, para que teus pés não tropecem numa pedra; 13poderás caminhar sobre o leão e a víbora, pisarás o leãozinho e o dragão. 14Porque a mim se apegou, eu o livrarei, eu o protegerei, pois conhece o meu nome. 15Ele me invocará e eu responderei: “Na angústia estarei com ele, eu o livrarei e o glorificarei; 16vou saciá-lo com longos dias e lhe mostrarei a minha salvação”.
[3] N.R.: 1 Título — 1Oráculo que o profeta Habacuc recebeu em visão.
I. Diálogo entre o profeta e o seu Deus
Primeira lamentação do profeta: a derrota da justiça
2Até quando, Iahweh, pedirei socorro e não ouvirás, gritarei a ti: “Violência!”., e não salvarás? 3Por que me fazes ver a iniquidade e contemplas a opressão? Rapina e violência estão diante de mim, há disputa, levantam-se contendas! 4Por isso a lei se enfraquece, e o direito não aparece nunca mais! Sim, o ímpio cerca o justo, por isso o direito aparece torcido!
Primeiro oráculo: os caldeus flagelo de Deus
5Olhai entre os povos e contemplai, espantai-vos, admirai-vos! Porque realizo, em vossos dias, uma obra, vós não acreditaríeis, se fosse contada. 6Sim, eis que suscitarei os caldeus, esse povo cruel e impetuoso, que percorre vastas extensões da terra para conquistar habitações que não lhe pertencem. 7Ele é terrível e temível, dele procede seu direito e sua grandeza! 8Seus cavalos são mais rápidos do que panteras, mais ferozes do que lobos da tarde. Os seus cavaleiros galopam, seus cavaleiros chegam de longe, eles voam como a águia que se precipita para devorar. 9Acorrem todos para a violência, sua face ardente é como um vento do oriente; eles amontoam prisioneiros como areia! 10Ele zomba dos reis, príncipes são para ele motivo de riso. Ele se ri de toda fortaleza; ele amontoa terra e a toma! 11Então o vento virou e passou… É culpado aquele cuja força é seu deus!
Segunda lamentação do profeta: as extorsões do opressor
12Não és tu, Iahweh, desde o início o meu Deus, o meu santo, que não morre? Iahweh, tu o estabeleceste para exercer o direito, ó Rochedo,” tu o constituíste para castigar! 13Teus olhos são puros demais para ver o mal, tu não podes contemplar a opressão. Por que contemplas os traidores, silencias quando um ímpio devora alguém mais justo do que ele? 14Tu tratas o homem como os peixes do mar, como répteis que não têm chefe! 15Ele os tira a todos com o anzol, puxa-os com a sua rede e os recolhe em sua nassa; por isso ele ri e se alegra! 16Por isso ele oferece sacrifícios à sua rede, incenso à sua nassa; pois por causa delas a sua porção foi abundante e o seu alimento copioso. 17Esvaziará ele, sem cessar, a sua rede, massacrando os povos sem piedade?
2 Segundo oráculo: o justo viverá por sua fidelidade
1Vou ficar de pé em meu posto de guarda, vou colocar-me sobre minha muralha e espreitar para ver o que ele me dirá e o que responderá à minha queixa. 2Então Iahweh respondeu-me, dizendo: “Escreve a visão, grava-a claramente sobre tábuas, para que se possa ler facilmente. 3Porque é ainda uma visão para um tempo determinado: ela aspira por seu termo e não engana; se ela tarda, espera-a, porque certamente virá, não falhará! 4Eis que sucumbe aquele cuja alma não é reta, mas o justo viverá por sua fidelidade”.
II. Maldições contra o opressor
Prelúdio
5Verdadeiramente a riqueza engana! Um homem arrogante não permanecerá, ainda que escancare suas fauces como o Xeol, e, como a morte, seja insaciável; ainda que reúna para si todas as nações e congregue a seu redor todos os povos! 6Não entoarão, todos eles, uma Sátira contra ele? não dirigirão epigramas a ele? Eles dirão:
As cinco imprecações
I Ai daquele que acumula o que não é seu, (até quando?) e se carrega de penhores! 7Não se levantarão, de repente, os teus credores, não despertarão os teus exatores? Tu serás a sua presa. 8Porque saqueaste numerosas nações, tudo o que resta dos povos te saqueará, por causa do sangue humano, pela violência feita à terra, à cidade e a todos os seus habitantes!
II 9Ai daquele que ajunta ganhos injustos para a sua casa, para colocar bem alto o seu ninho, para escapar à mão da desgraça! 10Decidiste a vergonha para a tua casa: destruindo muitas nações, pecaste contra ti mesmo. 11Sim, da parede a pedra gritará, e do madeiramento as vigas responderão.
III 12Ai daquele que constrói uma cidade com sangue e funda uma capital na injustiça! 13Não é de Iahweh dos Exércitos que os povos trabalhem para o fogo e que as nações se esforcem para o nada? 14Porque a terra será repleta do conhecimento da glória de Iahweh, como as águas cobrem o fundo do mar!
IV 15Ai daquele que faz beber seus vizinhos, e que mistura seu veneno até embriagá-los,para ver a sua nudez! 16Tu te saciaste de ignomínia e não de glória! Hebe, pois, tu também, e mostra o teu prepúcio! Volta-se contra ti a taça da direita de Iahweh, e a infâmia vai cobrir a tua glória! 17Porque a violência contra o Líbano te cobrirá, e a matança de animais te causará terror, por causa do sangue humano, pela violência feita à terra, à cidade e a todos os seus habitantes!
V 19Ai” daquele que diz à madeira: “Desperta!”. E à pedra silenciosa: “Acorda!”. (Ele ensina!) Ei-lo revestido de ouro e prata, mas não há sopro de vida em seu seio. 18De que serve uma escultura para que seu artista a esculpa? Um ídolo de metal, um mestre de mentira, para que nele confie o seu artista, construindo ídolos mudos? 20Mas Iahweh está em seu Santuário sagrado: Silêncio em sua presença, terra inteira!
III. Apelo à intervenção de Iahweh
3 Título — 1Uma oração do profeta Habacuc no tom das lamentações.
Prelúdio. Súplica
2Iahweh, ouvi a tua fama, temi, Iahweh, a tua obra! Em nosso tempo faz revivê-la, em nosso tempo manifesta-a, na cólera lembra-te de ter compaixão!
Teofania. A chegada de Iahweh
3Eloá vem de Temã, e o Santo do monte Farã. A sua majestade cobre os céus, e a terra está cheia de seu louvor. 4Seu brilho é como a luz, raios saem de sua mão, lá está o segredo de sua força. 5Diante dele caminha a peste, e a febre segue os seus passos. 6Ele pára e faz tremer a terra, olha e faz vacilar as nações. As montanhas eternas são destroçadas, desfazem-se as colinas antigas, seus caminhos de sempre. 7Vi em aflição as tendas de Cusã, estão agitadas as tendas da terra de Madiã.
O combate de Iahweh
8Será contra os rios, Iahweh,que a tua cólera se inflama, ou o teu furor contra o mar para que montes em teus cavalos, em teus carros vitoriosos? 9Tu desnudas o teu arco, sacias de flechas a sua corda. Cavas o solo com torrentes. 10Ao ver-te as montanhas tremem; uma tromba d’água passa, o abismo faz ouvir a sua voz, levanta para o alto as suas mãos. 11Sol e lua permanecem em sua morada, diante da luz de tuas flechas que partem, diante do brilho do relâmpago de tua lança. 12Com cólera percorres a terra, com ira pisas as nações. 13Tu saíste para salvar o teu povo, para salvar o teu ungido, destroçaste o teto da casa do ímpio, desnudando os fundamentos até à rocha. 14Traspassaste com teus dardos o chefe de seus guerreiros, que se arremessavam para nos dispersar com gritos de alegria, como se fossem devorar um miserável em lugar escondido. 15Pisaste o mar com teus cavalos, o turbilhão das grandes águas!
Conclusão: Temor humano e fé em Deus
16Eu ouvi!’ Minhas entranhas tremeram. A esse ruído meus lábios estremeceram, a cárie penetra em meus ossos, e os meus passos tornam-se vacilantes. Espero tranquilo o dia da angústia que se levantará contra o povo que nos ataca! 17(Porque a figueira não dará fruto, e não haverá frutos nas vinhas. Decepcionará o produto da oliveira, e os campos não darão de comer, as ovelhas desaparecerão do aprisco e não haverá gado nos estábulos). 18Eu, porém, me alegrarei em Iahweh, exultarei no Deus de minha salvação! 19Iahweh, meu Senhor, é a minha força, torna meus pés semelhantes aos das gazelas, e faz-me caminhar nas alturas. Ao mestre de canto. Para instrumentos de corda.
[4] N.R.: ou Immanu-El, que é uma forma de se referir a Cristo Jesus, o Messias, como “Deus conosco”. O nome aparece em Mateus 1:23, onde se lê: “E ele será chamado Emanuel, que significa, Deus conosco“.
Consideremos duas classes de obsessão, a saber, demoníaca e Elemental. Essa última é uma obsessão ou uma possessão das faculdades do paciente, em maior ou menor grau, por uma entidade invisível (espiritual). Pode haver ou não intervalos lúcidos, mas no caso registrado abaixo eles foram numerosos. No ocultismo, não pretendo ser nada que se aproxime da maestria, mas há muitas coisas sobre as quais posso dar conhecimento em primeira mão.
Não é da competência deste texto descrever os motivos e a origem de entidades como Elementais e Espíritos da Natureza, nem entraremos em nenhum dos planos superiores para descrever a forma ou composição química dos Elementais.
O Elemental é a mais simples de todas as influências externas que causam obsessão e é a primeira influência externa real ou ser real com o qual o diagnosticador Astro-médico entrará em contato.
A composição material real do Elemental é de um elemento, daí seu nome. É bom que o leitor lembre-se de que estamos falando aqui das vibrações que são mais elevadas do que o físico cotidiano, e que uma descrição completa do Elemental nos levaria a uma dissertação prolongada das forças que trabalham ao longo dos polos negativo e positivo ou dos quatro Éteres. Basta dizer aqui que o Elemental tem forma real e possui vida, principalmente obtida de sua pobre vítima humana. O casuísta pode exigir provas desta declaração antes de prosseguir. Eu respondo que é autodemonstrável e que o caminho para a verdade e o aprendizado está aberto a qualquer um que esteja disposto a pagar o preço. Este preço, no entanto, não é em recursos financeiros, e se o pesquisador for absolutamente materialista, ele fará bem em estudar os Ensinamentos Rosacruzes antes de fazer mais pesquisas médicas.
É bom se lembrar que a coisa mais fundamental na planta é invisível aos olhos físicos. O conhecimento supersensível é acessível a todos aqueles que buscam diligente e persistentemente.
Ao relatar este caso, nos ateremos tanto ao lado físico quanto for compatível com o assunto, e descreveremos este como um caso típico real de obsessão Elemental. Entre em qualquer instituição para doentes por insanidade e muitos casos semelhantes podem ser encontrados. Você pode argumentar como quiser e ridicularizar o quanto quiser, mas a verdade não será alterada para se adequar a nenhuma de nossas opiniões preconcebidas.
Sra. H., 26 anos, esposa de um mecânico honesto; mãe de três filhos; loira, com algumas marcas de beleza feminina; tamanho médio, razoavelmente bem construída; veio de uma família inteligente, mas neurótica, seu pai morreu em uma instituição para doentes por insanidade; pulmões e coração em boas condições e nenhuma história específica.
Ela era organizada, trabalhadora e naturalmente de uma disposição alegre. Durante o último confinamento, o trabalho de parto foi concluído em menos de uma hora sob a gestão eficiente do Dr. Muir, que a atendeu muitas vezes durante as sete semanas seguintes.
Na primeira semana do período de repouso, ela se saiu esplendidamente. Depois do nono dia, ela começou a ter ataques nervosos peculiares de vaga apreensão de perigo para seu bem-estar. Não houve febre em nenhum momento. O Dr. Muir, de alguma forma sutil, passou o caso para mim no início da oitava semana. Fui chamado pela primeira vez em 19 de janeiro, às cinco horas da tarde, e a encontrei sentada na cama segurando uma bolsa de água quente em cima do seio esquerdo, cabelo desgrenhado, rosto exibindo uma expressão maníaca; nem um piscar de olhos; olhos fundos nas órbitas, pupilas dilatadas; mãos e pés frios, mostrando circulação perturbada, embora o quarto estivesse confortavelmente aquecido; batimento cardíaco lento, fraco, mas regular. Ambas as pupilas estavam dilatadas e persistentemente se recusavam a contrair sob a influência de luz, hiosciamina, atropina, escopolamina, estricnina ou brometos. Sua conversa era sem nexo e ela estava apreensiva com medo de morrer imediatamente, e repetidamente fazia a mesma pergunta aos atendentes sobre sua morte iminente.
Lembrando que a íris controla o tamanho da pupila por meio dos músculos esfíncter e dilatador da pupila. A dilatação da pupila é chamada de midríase e ocorre quando a luz está baixa ou em situações de medo ou excitação. A contração da pupila é chamada de miose e acontece em ambientes com muita luz, quando os olhos convergem ou durante o sono.
Independentemente das garantias em contrário, ela perguntava cem vezes ou mais por dia se seu coração iria parar ou se ela algum dia se recuperaria. Ela estava rapidamente ficando acamada e qualquer tribunal de insanidade teria julgado, sem hesitação, uma candidata para ser internada em uma instituição psiquiátrica. Seu coração reagiu a uma injeção hipodérmica de estricnina; mas as pupilas, as “janelas da alma”, não cediam a nenhum estimulante que eu aplicasse.
Havia várias sensações nervosas metastáticas simulando uma marca travessa de histeria. O atendente médico pode sentir um sentimento ou atmosfera mais calorosa quando na presença do caso comum de histeria, seja a variedade travessa ou simiesca.
Seus intervalos lúcidos eram ligeiramente perceptíveis. Os pentabromidas produziram um sono razoavelmente bom, embora mais ou menos perturbado por sonhos que eram significativos para qualquer psicanalista.
Além da dosagem noturna de pentabromidas, prescrevi um tônico amargo, para ser tomado após as refeições. Decidi fazer tudo o que estivesse ao meu alcance como médico para salvá-la da instituição psiquiátrica; mas quanto mais eu fazia, mais sérios ficavam os sintomas, até o terceiro dia, quando decidi que o diagnóstico poderia ser modificado ou alterado de prostração nervosa para um caso simples de obsessão por Elemental, que tinha seus sintomas psiconeuróticos produzidos por um fator além do físico visível. As pupilas e a atitude eram patognemônicas.
Nessa situação extrema, um tratamento suprafísico foi iniciado para retirar o Elemental obsessor. Não é conveniente dar ao público a parte suprafísica do tratamento neste momento. Quase imediatamente a íris começou a se movimentar, por assim dizer, ou a reagir em vasos, os intervalos lúcidos tornaram-se mais longos e, em dez dias, toda a pupila assumiu um aspecto normal. Dentro de 36 horas do início do tratamento modificado, uma confissão veio da paciente. Ela declarou que desde os cinco anos de idade ela praticava a masturbação e continuava essa perversão sexual em intervalos ao longo da vida; também a praticava duas vezes desde seu último confinamento.
Os sintomas eram a manifestação direta desse Elemental que funcionava na Região Etérica do Mundo Físico. Como um vampiro invisível, ele havia crescido muito e estava roubando dessa bela mãe seu próprio princípio de vida. Sem ajuda, ela era impotente para se livrar desse Elemental.
Não há necessidade de elaborar sobre o tratamento, enquanto houver viés no julgamento diagnóstico do leitor. Ao fazer um diagnóstico, é bom que sejamos lentos em todos os casos neuróticos, pois primeiro devemos ter certeza de que os sintomas não têm origem física e que não pode haver obsessão de fato e/ou totalmente sem dilatação pupilar. É fácil perceber que não cometer erros no diagnóstico nesses casos é de suma importância para a reputação do diagnosticador e de séria importância para o pobre paciente. Na realidade, os nomes histeria, neurastenia e psiconeurose são subterfúgios vãos, usados para cobrir as multidões de nossa ignorância.
Em poucas palavras, a paciente tinha uma predisposição neurótica, um ambiente hostil, o estresse da maternidade; e uma prática maligna enfraqueceu ainda mais a possessão física e mental, fornecendo assim uma condição ideal como um convite à influência externa. O Elemental obteve uma área de consciência dela em uma data precoce, e como seus atos eram uma rendição de vida ao Elemental, esse cresceu muito, alimentando-se do Éter de Vida e foi capaz de obter a posse de mais áreas de sua consciência. Aos poucos, o Elemental se tornou a maior coisa dentro do Templo, destronando o Ego humano de seu “Trono da Razão”.
Nota — Embora a paciente seja capaz de cuidar de seus deveres domésticos, ela ainda continuou, um bom tempo, sob observação médica.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross – novembro/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
O Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz nos oferece, em suas páginas, preciosos conhecimentos sobre a “Ciência da Nutrição” e “Lei de Assimilação”. Abordando esses temas de um ângulo eminentemente científico, Max Heindel demonstra como o corpo humano (o nosso Corpo Denso), habitualmente, passa por um processo de decaimento precoce. Esse processo tem como causa uma alimentação inadequada, incapaz de manter a boa qualidade do fluido sanguíneo, além da flexibilidade e desobstrução do sistema circulatório.
No tópico intitulado “Vivei e Deixai Viver”, o fundador da Fraternidade Rosacruz analisa o problema de um ponto-de-vista exclusivamente moral. É uma das mais belas páginas da literatura Rosacruz. Não há como duvidar de que a Humanidade viveria em condições mais saudáveis e felizes se observasse estes princípios enunciados no Conceito: “A primeira lei da Ciência Oculta é ‘não matarás’. O Aspirante à vida superior deve ter isto muito em conta. Não podendo criar sequer uma partícula de barro, não temos o direito de destruir nem a forma mais insignificante. Todas as formas são expressões da Vida Una, da Vida de Deus. Não temos o direito de destruir a forma pela qual a Vida está adquirindo experiência, e obrigá-la a construir um novo veículo”.
Quando esses ensinamentos foram publicados, no início do século XX, pouco se conhecia a respeito da importância da alimentação como fator de equilíbrio físico-orgânico. A alimentação vegetariana era outra ilustre desconhecida. Só mesmo pessoas ligadas a escolas Esotéricas (como a Fraternidade Rosacruz) é que a adotavam de fato e com motivos lógicos.
Com o decorrer do tempo, muitos passaram a compreender que seus problemas de saúde são, na maioria das vezes, criados por vícios ou dieta alimentar errada. Compreendem, mas não se aprofundam na questão. E quando se aprofundam, quase sempre lhes falta coragem e determinação para mudar. Consequentemente, veem-se obrigados a carregar um rosário de doenças e enfermidades pela vida afora.
No que diz respeito ao ser humano comum – aquele que não está nem aí com outras coisas, senão deixar a vida levar por meio de prazer e sempre fazer o que deseja, independente das consequências –, esse quadro não é de espantar. O que nos deixa pasmos é saber que aqueles que estudam o Esoterismo sério – e que querem alcançar o autodomínio e a realização espiritual Cristã, como preconizados, por exemplo, pela Fraternidade Rosacruz –, não obstante o conhecimento que têm, enfrentam esses problemas.
O Estudante Rosacruz sabe perfeitamente que somos, essencialmente, Espírito, um Ego humano (um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Que o seu veículo físico – o Corpo Denso – é um meio de se expressar, aprender, adquirir experiências e expandir sua consciência. O Corpo Denso, portanto, é um Templo Divino – um Templo de Deus – e como tal deve ser preservado. A vida evolui através da forma. Quanto mais sensível a forma, maiores serão as possibilidades da vida expressar sua natureza divina.
É desejável, à luz dessa Verdade, viver o maior número de anos possível, com boa saúde, lucidez e disposição para trabalhar e aprender. É a única maneira de tornar um renascimento aqui proveitoso.
Certos conhecimentos básicos sobre alimentação são imprescindíveis, além de rudimentos de Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano.
O organismo humano requer, para o seu perfeito desenvolvimento e funcionamento, uma variedade balanceada de alimentos, diariamente. Sua estrutura deve ser, por conseguinte, reparada constantemente.
Um automóvel, mesmo tendo o seu tanque cheio de combustível, não poderá percorrer grandes distâncias se lhe faltar, por exemplo, óleo. Mesmo que suficientemente abastecido de óleo, gasolina ou álcool, se o radiador não contiver água, o motorista poderá ter uma surpresa desagradável.
Podemos, por analogia, comparar o Corpo Denso a um automóvel. A máquina humana resistirá por algum tempo desprovida de, por exemplo, vitaminas ou de sais minerais, mas essa carência não poderá se manter indefinidamente. Cedo ou tarde os resultados de uma dieta insuficiente ou desequilibrada surgirão em forma de doença ou enfermidade. Não é de se estranhar, portanto, que o item “saúde” absorva dotações cada vez maiores nos orçamentos das nações, dos países, dos governos.
O fator determinante de uma alimentação saudável é, sem dúvida alguma, seu teor qualitativo. O organismo não necessita de grandes quantidades de alimentos, mas de dietas balanceadas. Uma das causas da morte prematura é a alimentação irracional. Em geral, as pessoas que gozam de boa situação socioeconômica comem em demasia, mas não sabem escolher os alimentos. Acabam obesas e doentes.
Vivemos hoje em sociedades cada vez mais sofisticadas pelo aprimoramento tecnológico. Isso nos é benéfico à medida que nos traz conforto, racionalização de tempo, rapidez de comunicação e transporte, aquisição de conhecimentos e outros benefícios; contudo, esse processo avassalador de modernização também pode gerar distorções, se não for suficientemente compreendido. E essas distorções se evidenciam também na área alimentar.
Toda essa imensa gama de produtos alimentícios comercializados nos supermercados e no comércio em geral, geralmente, representam danos à saúde humana. A despeito das reiteradas advertências feitas por médicos, nutrólogos e nutricionistas conscienciosos, é alarmante o consumo de refrigerantes, carnes animais (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis, frutos do mar e afins), alimentos enlatados (principalmente derivados de carne animal), ultraprocessados, refinados (açúcar, por exemplo), corantes, margarinas, alimentos ditos beneficiados (trigo e arroz brancos, por exemplo), estimulantes (chás, café, “energéticos”), bebidas alcoólicas, e tantos outros até “disfarçados” de saudáveis. Tudo isso, em maior ou menor grau, é prejudicial à saúde, mas é importante destacar a nocividade da carne animal, tanto orgânica como espiritualmente.
Não somos um ser naturalmente carnívoro, e isso já foi comprovado, anatômica e fisiologicamente pela Ciência. Não dispomos de garras e presas como alguns espécimes animais, para matar e esquartejar, nem seu aparelho digestivo permite digerir a carne animal com facilidade, eliminando rapidamente as toxinas.
Os animais que se alimentam de carne animal preferem-na ao natural, sem qualquer preocupação com seu sabor e odor. Já o ser humano procura dissimulá-la com temperos, para evitar a repugnância que causa (ainda que não admita de pronto!).
O fato da carne animal ser uma grande fonte de proteínas não quer dizer que seja imprescindível numa dieta alimentar. Há outras fontes de proteínas mais puras e baratas, cujo valor proteico nada lhe fica a dever.
A carne animal é muito mais excitante do que nutritiva. Quem ingere carne animal diariamente, em quantidade não moderada, e suprimi-la bruscamente um dia, mesmo que a substitua por alimentos mais saudáveis, padecerá nesse dia de uma sensação profunda de debilidade, como se estivesse em jejum prolongado. Essa sensação de fraqueza, entretanto, não é provocada por insuficiência alimentar, mas pela supressão do excitante. Fenômeno idêntico ocorre com outros excitantes, tais como o fumo, os “energéticos”, as drogas e o álcool.
A carne animal também é tóxica. Alguns venenos que ela contém são ensejados pela sua toxidez e outros porque são ácidos. E esse quadro se agrava quando a carne animal é obtida de animais doentes ou fatigados. E tem mais: no momento do abate, quando o animal se desespera ao perceber seu fim, seu organismo segrega várias substâncias que impregnam a carne, conferindo-lhe nocividade.
Felizmente, os princípios da alimentação vegetariana, natural, encontram receptividade cada vez maior, principalmente entre os jovens. Cresce, notavelmente, o número de publicações defendendo essa dieta alimentar. Em qualquer cidade de porte médio é comum encontrarmos pelo menos um restaurante vegetariano ou produtos vegetarianos para aquisição, além das feiras com produtos orgânicos e até “direto da horta”. O vegetarianismo deixou de ser sinônimo de excentricidade. Os vegetarianos, hoje, são pessoas respeitadas e admiradas.
A alimentação vegetariana, além de purificar e fortalecer o organismo, plasma um caráter mais elevado. Se tomarmos como amostragem um grupo de pessoas convictamente vegetarianas, verificaremos, com raríssimas exceções, que:
Há alguns anos, uma entidade britânica, a London Vegetarian Association, realizou uma interessante experiência: submeteu 10.000 crianças ao regime vegetariano simultaneamente, outra organização, a London Country Council, manteve outras 10.000 crianças no carnivorismo, regime alimentar do qual a carne é um dos componentes. Decorridos seis meses as 20.000 crianças passaram por rigorosos exames médicos. Constatou-se que o estado geral de saúde dos vegetarianos era bem melhor. Adquiriram peso maior e músculos mais fortes.
A London Vegetarian Association ficou incumbida, então, pelo Conselho Municipal de Londres, de alimentar igual número de crianças pobres daquela cidade, às expensas da Prefeitura.
Apesar de grandes avanços e mais amplas informações sobre a alimentação vegetariana, ainda predominam preconceitos intensamente arraigados numa sociedade tradicionalista como a nossa. Muita gente rejeita a alimentação vegetariana imputando-lhe falta de sabor. Outros afirmam que é “fraca”, desprovida de elementos nutritivos, tornando as pessoas igualmente “fracas” e desnutridas. Isso é puro preconceito e desinformação. Ora, todo alimento cárneo deve ser bem condimentado, pois na realidade o que não tem sabor algum é a carne animal em seu estado natural, ou seja, crua.
Para tornarmos um vegetal saboroso basta adicionarmos-lhe um tempero leve, isto quando se trata de legumes e verduras. Eis porque os carnívoros acham os vegetais insonsos. A diferença está na condimentação.
Quanto ao argumento de que o vegetarianismo enfraquece as pessoas, nada é mais irreal. São muitos os exemplos de esportistas consagrados, campeões, verdadeiros mitos que adotavam ou adotam uma dieta vegetariana. São igualmente numerosos os casos de pessoas longevas que atribuem seu excelente estado de saúde a uma dieta à base de vegetais.
Para ilustrar essas considerações, vamos a mais um exemplo concreto.
Numa daquelas regiões quase inacessíveis do Himalaia, vive um povo meio primitivo chamado hunza. Em 1947, um médico e fisiólogo inglês, Sir Robert McCarrison, esteve naquelas paragens, designado que foi pelo Serviço Sanitário da Índia Britânica, para verificar o estado geral de saúde daquela gente. Qual não foi seu espanto ao constatar a longevidade daquelas pessoas e a quase inexistência de enfermidades em seu meio.
Meticulosos estudos realizados pelo Dr. McCarrison, abrangendo condições climáticas, ambientais, hereditárias, culturais, alimentares, levaram-no a concluir que a dieta comum àquele povo continha o segredo da longevidade.
Os hunza alimentavam-se de cereais, frutas, legumes, leite, queijo e outros produtos naturais. Não conheciam as maravilhas da sociedade de consumo, tais como o açúcar refinado, o café, refrigerantes, bebidas alcoólicas, conservas e carne.
Além de todos esses dados registrados pelo Dr. McCarrison, algo mais despertou-lhe a atenção: a relação entre os hábitos alimentares, o caráter e a vida moral daquele povo. Os hunza são sóbrios em tudo, ativos, resistentes à fadiga, alegres, pacíficos, tolerantes e fraternais.
Poderíamos ainda enriquecer este nosso trabalho com grande e variado número de exemplos, capazes de comprovar as excelências da alimentação vegetariana. Preferimos, entretanto, não o fazer por razões de ordem prática, além do que outros aspectos da questão merecem ser abordados.
A Fraternidade Rosacruz, divulgadora autorizada dos Ensinamentos Rosacruzes, afirma convictamente que o regime alimentar ideal é o vegetariano, sob todos os aspectos. Respaldando essas afirmações encontramos ensinamentos nas obras de Max Heindel, nas revistas Rays From The Rose Cross, nas Revistas Serviço Rosacruz e outras publicações editadas pelos Grupos e Centros Rosacruzes no mundo. Há, ainda a mencionar, a facilidade crescente na aquisição de produtos naturais, pois além das lojas especializadas na comercialização desses artigos, podemos encontrá-los também nos supermercados.
Há casos de Estudantes Rosacruzes que, tendo adotado a dieta vegetariana, tempos após, retornam à dieta carnívora, alegando sentirem-se debilitados e enfermos. Dois aspectos na questão merecem uma análise acurada:
1.O Estudante Rosacruz pode não ter efetuado a transição de uma dieta para outra de uma forma racional e equilibrada. Talvez tenha passado de uma forma repentina para o regime vegetariano, sem balancear devidamente sua ração alimentar diária. Não esqueçamos um ensinamento elementar: a natureza não dá saltos. Não admite processos repentinos. A carne animal deve ser abandonada aos poucos.
A afirmação, muito comum por sinal, de que a carne animal deve ser “substituída” encerra uma visão equivocada do problema. Para “substituir” a carne animal há quem ingira quantidades exageradas de alimentos ricos em proteínas, tais como soja, ovos, laticínios. O organismo humano requer uma certa quantidade diária de proteínas, mas não um superprovimento. O superprovimento gerará problemas, sem dúvida alguma.
A carne animal não deve ser “substituída”. Deve ser abolida gradativamente. O Estudante Rosacruz simplesmente deve adotar uma dieta equilibrada, provendo-se de dosagens corretas de sais minerais, vitaminas, hidratos de carbono, proteínas e calorias adequadas ao tipo de atividade que exerce;
2.Este é o aspecto mais delicado do tema. De início queremos propor uma questão: que razões devem realmente levar o Estudante Rosacruz a adotar a alimentação vegetariana?
Alguns o fazem pela necessidade de gozar boa saúde.
Outros inspiram-se em considerações de ordem ética ou princípios relativos ao respeito à vida.
Na realidade, as duas razões são importantes, mas a segunda é fundamental e mais relevante.
Devemos ser vegetarianos por amor, por respeito à vida de outros seres. Não temos o direito de contribuir, direta ou indiretamente, para a matança de indefesos animais.
A compaixão, acima de tudo, deve nortear nossos passos na decisão de mudar nosso regime alimentar.
Do Estudante Rosacruz não se pode esperar atitudes dúbias ou pusilânimes. A firmeza de convicções é fator importante no crescimento anímico.
Se esses argumentos ainda não são convincentes, que o Estudante Rosacruz tome a iniciativa de visitar um matadouro. Seguramente ficará estarrecido com o que lhe será dado a observar. As más vibrações, o odor nauseabundo, as cenas de horror que por certo notará naquela casa da morte deverão incomodá-lo bastante. Mas, se tudo isso ainda não for suficiente, então que assista ao abate. Impossível a uma pessoa dotada de um mínimo de sensibilidade não ficar chocada com o desespero, a dor e agonia do animal na hora da morte. Há quem diga que os olhos de um carneiro chegam a verter lágrimas ao perceber o que o aguarda.
Não! Absolutamente não! Não podemos concordar com essa violência. Essa agressão às leis da vida só pode implicar sofrimento para o ser humano.
A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. Nosso estado de consciência determina o que somos e manifestamos, nossa sensibilidade e pensamentos. Determina principalmente nosso estado de saúde.
Se, em nossa consciência, admitimos a necessidade de conservar limpos e puros nossos corpos; se, intransigentemente, defendemos o direito à vida e a não-violência, podemos estar certos de que tudo isso repercutirá positivamente no corpo físico. Nossa consciência projetará equilíbrio e harmonia sobre nosso organismo, em forma de boa saúde.
Portanto, se o Estudante Rosacruz se tornar vegetariano por convicção, não haverá o que temer. E o que é mais importante: sua atitude constituirá um sólido exemplo para outros. A redenção da Onda de Vida humana começa por aí.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro/1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: O Ego humano (Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui), nós temos nosso assento no sangue, funcionando e controlando nossos veículos através dele. Quando desejamos expressar o pensar, conduzimos o sangue, com o calor apropriado, até o cérebro. O calor sanguíneo mantém a vibração das células cerebrais, estimulando por esse meio à ação mental. Maior quantidade de sangue sempre é dirigida à parte do corpo onde naquele momento desejamos promover uma atividade particular.
Cada átomo do nosso Corpo Denso é posse única de nós, o Ego, que habitamos nesse Corpo Denso. A condição do veículo físico e de seus órgãos reflete a maneira pela qual vivemos nossas vidas anteriores na Terra e fomos capazes de construir o Arquétipo de nosso veículo físico durante o período pós-morte.
Por essa razão, certos tipos de sangue e algumas substâncias artificiais podem ser rejeitados por alguns de nós. Nenhum de nós aceitará inserções físicas em nosso Corpo Denso que estejam em desacordo com a nossa própria constituição singular. Devemos dominar as células de matéria estranha trazidas para o nosso Corpo Denso, por exemplo, sob a forma transfusão. Se não conseguimos dominar o assunto estranho, então ele será rejeitado.
Quando circula em regiões mais profundas e internas do organismo o sangue é um gás. A perda de calor na superfície do corpo produz-lhe uma condensação parcial. Nos capilares e pequenos vasos, próximos à superfície, o sangue é inteiramente líquido. O sangue pode ser um gás naquelas áreas do Corpo Denso onde os processos da digestão, assimilação e outros realizam-se, isto porque nós não trabalhamos através de sólidos ou líquidos, mas por intermédio do gás.
Nós acreditamos haver relação entre tipos básicos de sangue e tipos de Personalidade. Algumas das características de um Ego particular se ligam a uma outra Individualidade após uma transfusão, havendo até casos de “mudança de Personalidade” (aliás, também visto essa alteração em casos de transplantes de coração).
Quando se perde muito sangue, como consequência de acidentes, enfermidades ou cirurgias não podemos funcionar no nosso Corpo Denso, acarretando a chamada morte. Por esta razão, muitas vezes, são necessárias as transfusões.
Se o sangue de uma pessoa é inoculado nas veias de outra, cujo estágio evolutivo é semelhante, ou se possui características razoavelmente afins pode ocorrer algum dano de pequena monta. Se, contudo, um dos indivíduos for altamente evoluído e outro não, provavelmente, se manifestará uma desarmonia de ordem espiritual. Ao mesmo tempo, haverá uma incompatibilidade de natureza corporal e os resultados da transfusão não seriam aquilo que poderia se esperar.
Nestas conotações propostas, devemos recordar que no sangue de cada um de nós estão gravadas as cenas de todos os acontecimentos da nossa vida presente. Estas impressões, transferidas junto com o sangue no caso de uma transfusão, tenderiam a obscurecer as gravações pertencentes ao segundo Ego – àquele que recebe o sangue –, tornando-as pouco claras e, por conseguinte, de pouco valor para o seu possuidor.
A transfusão de sangue de uma entidade superior a uma forma de vida inferior produzirá, fatalmente, a destruição da segunda, pois o Espírito mais evoluído pode escapar às difíceis condições impostas pelo veículo menos desenvolvido.
Enfermidades ou debilidades são efeitos correspondentes a causas passadas. A cura definitiva depende de uma mudança de atitude mental, emocional e física. A transformação ou autorregenerarão deve principiar agora.
No entanto, nesse Esquema de Evolução, “chegará o dia em que haverá uma diferença ainda maior nos chamados ‘tipos de sangue’, pois da mesma forma que existe uma diferença nos cristais formados pelos diferentes tipos de Corpos Densos que construímos, existe também uma distinção nos cristais formados por cada um de nós, individualmente. Não há duas impressões digitais idênticas, e se descobrirá a tempo que o sangue de cada um de nós é diferente do sangue de qualquer outro indivíduo. Essa diferença já se tornou evidente para o investigador oculto, e é apenas uma questão de tempo para que a ciência material faça a descoberta, pois as características estão se tornando mais marcantes à medida que passamos a ficar cada vez menos dependente e mais autossuficiente.
Esta alteração no sangue é muito importante e, com o passar do tempo, se tornará mais enfático, pois, gerará consequências de grande importância. Diz-se que a Natureza geometriza. Ela é somente o símbolo visível do Deus invisível, e nós fomos criados a Sua imagem e semelhança. Tendo sido feitos a Sua semelhança, estamos também começando a geometrizar e estamos, naturalmente, iniciando com a substância sobre a qual nós, os Egos, temos o maior poder, isto é, no nosso sangue.
No momento, estamos justamente no princípio dessa individualização do nosso sangue. Atualmente, é possível fazer uma transfusão de sangue de um de nós para outro, mas está próximo o dia em que isto se tornará impossível. O sangue de um de nós matará todo aquele que for de um nível inferior, e o sangue de uma pessoa superior destruirá quem for menos evoluída. A criança atualmente recebe o suprimento de sangue dos pais, armazenado na Glândula Timo para os anos da infância. Chegará um momento nesse Esquema de Evolução em que estaremos tão individualizados que não poderemos atuar com um sangue que não seja gerado por nós próprios. O modo atual de procriação terá que ser substituído por outro, quando nós, o Ego, poderemos criar o nosso próprio veículo sem o auxílio dos pais”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz abril/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Resposta: Quando seu ratinho de estimação morreu, ele – o Ego animal ou Espírito Virginal da Onda de Vida animal manifestado aqui – voltou para o Espírito-Grupo, do qual, por assim dizer, ele é uma célula. O amor e carinho que você lhe deu, naturalmente, adiantou-o em sua evolução, ajudando-o a alcançar um grau de consciência mais alto do que teria sido possível de outra forma e, também, adiantou a evolução espiritual do próprio Espírito-Grupo. O Ego animal ou Espírito Virginal da Onda de Vida animal manifestado aqui que habitava o corpinho do ratinho não era individualizado no sentido de como somos nós (um Ego humano ou Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui), e embora a consciência do ratinho tenha sido elevada, não continuará como entidade “separada”, a não ser de maneira semelhante a uma célula do nosso Corpo Denso. O crescimento dos Egos animais coincide com o do Espírito-Grupo. O mesmo Ego animal, sem dúvida, renascerá aqui no Corpo de um ratinho e se você morresse logo após a morte dele, “poderia” vê-lo. Não é impossível, embora não muito provável em conexão com um animal num ponto tão baixo da escala evolutiva. É também possível que o mesmo Ego animal venha a você após renascido em outro ratinho.
Seja como for, seu carinho e seus cuidados a qualquer animal traz recompensa em crescimento anímico para você e para o Ego animal, e cremos ser melhor nos abstermos do aspecto “pessoal” da questão. Todos os animais (cachorro, gato, peixes, ratinhos, vaca, boi, galinha, elefante, cavalo e todos os outros) são todas criaturas de Deus, e como tais merecem nossa ajuda, venham ou não a ser nossos “bichinhos de estimação”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – janeiro/fevereiro de 1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)
O fato de os bois e vacas se alimentarem de erva e os leões de carne, sabendo-se que, para uns seres humanos, a carne é alimento e, para outros, é veneno, demonstra a influência do Espírito-Grupo dos animais, comparada com a do Ego humano – que somos nós; nós é que dirigimos as nossas necessidades e que diferem, mais ou menos, de um de nós para o outro, de acordo com a classe dos alimentos e suas proporções.
Sob o ponto de vista oculto, é desejável que cada um de nós viva a maior parte do tempo possível em seu Corpo Denso – pois o baluarte da nossa evolução é aqui, renascido nessa Região Química do Mundo Físico -, especialmente depois de termos manifestado alguma tendência para à vida espiritual. Será igualmente desejável que conservemos, quanto mais tempo melhor, um Corpo Denso que tenha recebido influências espirituais.
É sumamente importante que ingiramos alimentos e bebidas que depositem a menor quantidade possível de substâncias calcárias terrosas em nossos tecidos. Dispendam o mínimo de energia ao serem assimilados e conservem o nosso Corpo Denso em condições normais. Como é sabido, o Corpo Denso inteiro é alimentado pelo sangue e tudo o que o Corpo Denso contém, de qualquer natureza, já esteve antes no sangue.
A análise demonstra que o sangue contém substâncias terrosas, havendo, no sangue arterial, em maior proporção que no sangue venoso. Isto é de suma importância, porque demonstra que, em cada ciclo circulatório, o sangue deposita substâncias terrosas. Por conseguinte, através da circulação regular do sangue, produz-se a obstrução do sistema circulatório. A obstrução realiza-se quando a entrada de matéria terrosa se processa de modo permanente, contínuo. Os alimentos e as bebidas que nutrem o Corpo Denso, constituindo a origem principal da matéria calcárias que é depositada pelo sangue em todo o Sistema, causam a decrepitude e, finalmente, a morte.
A vida física é sustentada pelo que comemos e bebemos, mas há muitas classes de alimentos e bebidas. O Estudante Rosacruz deve conhecer os alimentos que contêm a menor proporção de elementos de obstrução. Como cada ser humano está num nível diferente de desenvolvimento, não é possível dar regras absolutas; a dieta é um assunto individual.
O livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” contém uma lista de valores alimentícios que ajudará o Estudante Rosacruz a selecionar os alimentos mais próprios para suas necessidades individuais. A Ciência descobriu que as chamadas vitaminas são de enorme importância para manter a saúde e a vitalidade. As vitaminas estão, principalmente, nas folhas dos vegetais, no leite, nas frutas e no grão integral.
As combinações químicas são assunto muito complicado, sobre o qual diferem muito as opiniões dos técnicos. É necessário que cada um examine o assunto individualmente, em forma de estudo e experiência, empregando o devido discernimento.
O Aspirante à vida superior deveria evitar todo alimento que contenha carne animal (mamíferos, aves, peixes, anfíbios, répteis, frutos do mar e afins). Afinal, ninguém que mate, ou permita que outros matem para ele, pode adiantar-se muito no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Certos produtos animais, sem dúvida, podem ser consumidos sem inconveniente: o leite, o queijo, a manteiga. O leite é um alimento importante para o Estudante Rosacruz; contém muito pouco quantidade de matéria terrosa e tem uma influência superior a qualquer outro alimento sobre o corpo. O soro de leite é bom, como alimento e como dissolvente das matérias terrosas dos tecidos.
A fruta fresca contém água da melhor e mais pura espécie. O suco de uva não fermentado é um dissolvente maravilhoso, porque fluidifica e estimula o sangue, abrindo caminho no interior dos vasos capilares esclerosados e obstruídos. Retarda a velhice, quando o processo de cristalização não está adiantado. O Estudante Rosacruz deveria beber somente água mais pura que puder. A fervura não destrói o carbonato de cálcio e outros produtos terrosos que a água contém. A água usada, interior e exteriormente, é um grande dissolvente das substâncias terrosas cristalizadas no corpo.
A proteína forma o tecido celular, mas contém alguma matéria terrosa.
Os hidratos de carbono, ou açúcares, são os principais produtores da força.
As gorduras produzem calor e são a base da força de reserva.
Dos vegetais, assimilamos somente uns 83% de proteína, 90% de gordura e 95% de carboidrato.
Das frutas, assimilamos, aproximadamente, 85% das proteínas, 90% das gorduras e 90% de hidratos de carbono.
No cérebro, além das mesmas substâncias que entram em todas as demais partes do corpo, há, ainda, o fósforo em quantidade acentuada. Como dedução lógica, podermos considerar o fósforo elemento especial que permite ao Ego criar e expressar pensamentos e, desse modo, exercer influência sobre o Corpo Denso.
É importante, por conseguinte, que o Estudante Rosacruz, tendo que ocupar seu Corpo Denso no trabalho mental e espiritual, alimente seu cérebro com a substância especial necessária para tal propósito. A maioria dos vegetais e frutas contém certa quantidade de fósforo, porém, as folhas têm maior proporção. Encontra-se em grandes quantidades na uva, na cebola, no feijão, no alho, nos ananás, nas folhas e talos de muitos vegetais e no suco de cana, porém, não no açúcar refinado.
A abstinência temporária de alimentos, dentro de certos limites e sem exagerar, é de grande valor para limpar o sistema circulatório das matérias acumuladas, que podem obstruir e dificultar o funcionamento de vários órgãos. Ao primeiro sinal de desordem, a supressão de uma, ou duas refeições, é muito recomendável. O jejum de 24 horas, de vez em quando, é uma coisa excelente para quase todo o mundo, se feito quando não se trabalhe intensamente, nem com a mente, nem com as mãos, trabalho que requer muita energia. Jejuns mais prolongados só podem ser empreendidos sob a direção de uma pessoa competente. Pessoas psiquicamente negativas devem evitar os grandes jejuns, porque só podem contribuir para aumentar seu estado negativo.
Admite-se que duas terças partes das doenças humanas provêm do excesso de alimentos. A maioria das pessoas, hoje em dia, poderia reduzir de um terço, com grande proveito, os alimentos que, diariamente, ingere. O resultado seguro seria um maior rendimento de trabalho mental e físico e o prolongamento da vida.
Convém evitar, especialmente, o uso excessivo de alimentos farináceos. Pessoas de mais de 50 anos de idade poderiam contentar-se com duas refeições em vez de três, diariamente.
Assim, estude e adeque sua alimentação de acordo com seu ritmo de vida, idade e condições de saúde.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho e agosto/1987-Fraternidade Rosacruz-SP)
Os três Mundos do nosso Planeta são atualmente o campo onde se processa a evolução de diversos Reinos de vida em vários graus de desenvolvimento. Destes, só quatro nos interessam presentemente, a saber: o Mineral, o Vegetal, o Animal e o Humano.
Estes quatro Reinos estão relacionados com os três Mundos de maneiras diferentes, de acordo com o progresso conseguido por esses grupos de vida em evolução na escola da experiência. No que diz respeito à forma, os Corpos Densos de todos os Reinos são compostos das mesmas substâncias químicas: sólidos, líquidos e gases da Região Química. O Corpo Denso do ser humano é um composto químico tanto quanto o da pedra, se bem que essa última esteja ocupada só pela vida mineral. Todavia, mesmo falando do ponto de vista puramente físico e deixando à margem qualquer outra consideração, notamos várias diferenças importantes se comparamos o Corpo Denso do ser humano com o do mineral da Terra. O ser humano move-se, cresce e propaga a sua espécie, mas o mineral, em seu estado natural, nada disso pode fazer.
Comparando o ser humano com os vegetais verificamos que ambos, planta e ser humano, têm um Corpo Denso, capaz de crescer e propagar-se. Contudo, o ser humano tem faculdades que a planta não possui: sente, tem o poder de mover-se e perceber as coisas que estão fora dele.
Quando comparamos o ser humano com os animais constatamos que ambos possuem as faculdades da sensação, do movimento, crescimento, da propagação e do senso de percepção. Contudo, o ser humano tem, ainda, a faculdade da linguagem, uma estrutura cerebral superior e as mãos, os quais são uma grande vantagem física. É de se notar especialmente o desenvolvimento do polegar que torna a mão humana muitíssimo mais útil do que a do antropoide. O ser humano desenvolveu, além disso, uma linguagem definida com a qual expressa seus pensamentos e sentimentos. Tudo, enfim, situa o Corpo Denso do ser humano em uma classe à parte, mais avançada do que as dos três Reinos inferiores.
Para compreender as diferenças entre os quatro Reinos é preciso buscar nos Mundos invisíveis as causas que dão a um Reino o que a outros é negado.
Para se funcionar em qualquer Mundo e expressar as qualidades que lhe são peculiares, é necessário antes de tudo, possuir um veículo formado de sua matéria. Para funcionarmos no Mundo Físico denso precisamos de um Corpo Denso adaptado ao nosso ambiente. Se assim não fosse seríamos fantasmas, como geralmente dizem, e seríamos invisíveis à maioria dos seres físicos. Assim, também precisamos de um Corpo Vital para poder expressar vida, crescimento ou externar as outras qualidades pertinentes à Região Etérica.
Para expressar sentimentos e emoções é necessário ter um veículo composto de matéria do Mundo do Desejo; e uma Mente, formada por substância da Região Concreta do Mundo do Pensamento é necessária para tornar o pensamento possível.
Ao examinarmos os quatro Reinos em relação à Região Etérica, constatamos que o mineral não possui Corpo Vital separado. Logo compreendemos a razão pela qual não pode crescer, nem se propagar ou nem mostrar vida com sensações.
Como hipótese necessária para sustentar outros fatos conhecidos, a ciência materialista admite que no sólido mais denso, tanto quanto no gás mais rarefeito e atenuado, não se tocam sequer dois átomos; que existe um envoltório de Éter ao redor de cada átomo; e que os átomos no universo flutuam em um oceano de Éter.
O cientista ocultista sabe que isso é exato na Região Química, e que o mineral não possui um Corpo Vital de Éter separado. E, como o Éter planetário é o único que envolve os átomos do mineral, então se compreende a diferença acima. Como já dissemos, é necessário ter um Corpo Vital, um Corpo de Desejos separados, etc., para poder expressar as qualidades correspondentes aos diferentes Reinos, porque os átomos do Mundo do Desejo, do Mundo do Pensamento e até dos Mundos superiores interpenetram o mineral, da mesma forma que interpenetram o Corpo Denso humano. Se a interpenetração do Éter planetário, o Éter que envolve os átomos do mineral, fosse bastante para permitir-lhe sentir e se propagar, sua interpenetração pelo Mundo do Pensamento planetário seria também suficiente para permitir-lhe pensar, o que não pode acontecer por faltar-lhe um veículo separado. O mineral é penetrado somente pelo Éter planetário e é, portanto, incapaz de crescimento individual. Todavia, como o mais inferior dos quatro Éteres – o Químico – é ativo no mineral, a ele são devidas as forças químicas nos minerais.
Tendo observado as relações dos Quatro Reinos com a Região Etérica do Mundo Físico, estudemos agora sua relação com o Mundo do Desejo.
Tanto os minerais quanto os vegetais carecem de Corpo de Desejos separado. Estão compenetrados unicamente pelo Corpo de Desejos planetário, ou seja, pelo Mundo do Desejo. Não possuindo veículo separado, são incapazes de sentir, de desejar, de se emocionar, faculdades estas que pertencem ao Mundo do Desejo. A pedra nada sente quando é quebrada, mas seria errôneo deduzir-se que não há qualquer sentimento relacionado com tal ato. Essa é a opinião do materialista e da massa incompreensiva. O cientista ocultista sabe que não há ato algum, grande ou pequeno, que não seja sentido através do universo. Embora por falta de um Corpo de Desejos individual a pedra não possa sentir, o Espírito da Terra sente, porque é o seu Corpo de Desejos que compenetra a pedra. Se um ser humano corta o dedo, esse não sente dor simplesmente por não ter Corpo de Desejos separado, mas o ser humano sente, porque seu Corpo de Desejos compenetra o dedo. Se uma planta é arrancada pela raiz, o Espírito da Terra sente de modo equivalente ao ser humano a quem arranquem um cabelo. A Terra é um Corpo vivo e sensível. Todas as formas sem Corpo de Desejos separado, por meio do qual o espírito pode sentir, estão inclusas no Corpo de Desejos da Terra, e esse Corpo de Desejos possui sensibilidade. Quebrar uma pedra ou cortar uma flor causa prazer à Terra, ao passo que arrancar uma planta pela raiz causa sofrimento. A razão disto será esclarecida na última parte dessa obra, pois nesse ponto qualquer explicação seria incompreensível para a maioria dos leitores.
O Mundo do Desejo planetário pulsa através dos Corpos Denso e Vital do animal e do ser humano, da mesma maneira que compenetra o mineral e a planta. Contudo, além disso, o animal e o ser humano possuem Corpos de Desejos separados que os capacitam a sentir desejos, emoções e paixões. Contudo, existe uma diferença entre eles: o Corpo de Desejos do animal é inteiramente formado por matéria das Regiões mais densas do Mundo do Desejo, enquanto no do ser humano, mesmo nas Raças mais inferiores, um pouco da matéria das Regiões superiores entra em sua composição. Os sentidos dos animais e das Raças humanas inferiores focalizam-se quase inteiramente na satisfação dos desejos e paixões mais inferiores, cuja expressão se encontra na matéria das regiões inferiores do Mundo do Desejo. Por isso e para que possam ter emoções mais elevadas, educá-las e dirigi-las para objetivos superiores, necessitam da matéria correspondente em seus Corpos de Desejos. À medida que o ser humano progride na escola da vida suas experiências ensinam-no, e seus desejos se tornam melhores, mais puros. Dessa forma, gradativamente, a matéria do Corpo de Desejos passa por uma correspondente modificação. A matéria mais pura e brilhante das regiões superiores do Mundo do Desejo substitui as cores sombrias da parte inferior. O Corpo de Desejos aumenta de tamanho, de modo que o de um santo torna-se verdadeiramente algo glorioso a ser observado, de transparência luminosa, e de uma pureza de cores incomparável, impossível de descrever. Só o vendo é possível apreciá-lo.
Atualmente, na composição do Corpo de Desejos da grande maioria dos seres humanos entra matéria das regiões superiores e inferiores. Ninguém é tão mau que não tenha algo de bom. Isto é expressão da matéria das regiões superiores que encontramos em seus Corpos de Desejos. Por outro lado, são muito poucos os tão bons que não empreguem alguma matéria das regiões inferiores.
Do mesmo modo que os Corpos: Vital e de Desejos planetários interpenetram a matéria densa da Terra, como vimos no exemplo da esponja, da areia e da água, assim também os Corpos: Vital e de Desejos interpenetram o Corpo Denso do vegetal, do animal e do ser humano. Contudo, durante a vida, o Corpo de Desejos do ser humano não tem a mesma forma que seus Corpos Denso e Vital. Somente após a morte ele assume essa forma. Durante a vida tem simplesmente a aparência de um ovoide luminoso que, nas horas de vigília, envolve completamente o Corpo Denso, assim como no ovo a clara envolve a gema. Estende-se de doze a dezesseis polegadas[1] além do Corpo Denso. Nesse Corpo de Desejos existe certo número de centros sensoriais que ainda se encontram em estado latente na maioria dos seres humanos.
Dirigindo a nossa atenção à relação dos quatro Reinos com o Mundo do Pensamento notamos que os minerais, os vegetais e os animais carecem de um veículo que os correlacione com esse Mundo. Todavia, sabemos que alguns animais pensam. Contudo, são os animais domésticos mais avançados que permaneceram gerações inteiras em estreito contato com o ser humano, despertando por isso mesmo faculdades que outros animais, desprovidos dessa vantagem, não possuem. Isto se baseia no mesmo princípio que faz com que um fio altamente carregado de eletricidade “induza” uma corrente mais fraca em outro que lhe esteja próximo, assim como um ser humano de forte moralidade pode despertar uma tendência parecida em outro de natureza mais débil, ou assim como esse pode ser dominado pela influência negativa de caracteres malignos. Tudo quanto fazemos, dizemos, ou somos, reflete-se em torno de nós. Eis a razão por que pensam os mais avançados animais domésticos. Por serem os mais elevados de sua espécie, estão quase no ponto da individualização, e as vibrações da Mente do ser humano têm “induzido” neles uma atividade similar, de ordem inferior. Salvo essa exceção, o Reino Animal não adquiriu ainda a faculdade de pensar. Não estão ainda individualizados. Isto é o que constitui a grande e importante diferença entre o ser humano e os demais Reinos. O ser humano é um indivíduo. Os animais, os vegetais e os minerais dividem-se em espécies. Não estão individualizados no mesmo sentido em que se encontra o ser humano.
Certo é que dividimos a humanidade em Raças, tribos e nações, e que notamos a diferença entre os caucasianos, os negros, os indianos, etc. Contudo, a questão não é esta. Se quisermos estudar as características do leão, do elefante ou de qualquer outra espécie de animais inferiores, é necessário apenas tomar qualquer exemplar da espécie. Conhecidas as características de um animal, conheceremos as características da espécie a que pertence. Todos os membros da mesma tribo animal são semelhantes. Isto é um fato. Um leão, ou seu pai ou seu filho, todos se assemelham, não há diferença alguma na maneira como poderão agir sob as mesmas circunstâncias. Todos têm as mesmas preferências e aversões; um é igual ao outro.
No entanto isto não acontece com os seres humanos. Se quisermos conhecer as características dos negros, não basta examinar um só indivíduo. Seria necessário examinar cada um individualmente e, ainda assim, não chegaríamos a conhecer realmente aos negros “como um todo”. Isso simplesmente porque o que é uma característica do indivíduo não pode aplicar-se à Raça coletivamente.
Se quisermos conhecer o caráter de Abraham Lincoln, de nada nos servirá estudar o caráter de seu pai, de seu avô, ou de seu filho, porque eles difeririam completamente entre si. Cada um tinha suas próprias peculiaridades totalmente distintas das idiossincrasias de Abraham Lincoln.
Por outro lado, podemos descrever os minerais, os vegetais e os animais se prestarmos atenção às características de um de cada espécie, enquanto nos seres humanos há tantas espécies quanto são os indivíduos. Cada indivíduo – cada pessoa, é uma espécie – é uma lei em si mesmo, inteiramente separado e distinto de qualquer outro indivíduo, tão diferente dos seus concidadãos como diferentes são duas espécies distintas do Reino inferior. Podemos escrever a biografia de um ser humano, mas não a de um animal, porque não a poderia ter. Isto resulta de existir em cada ser humano um espírito individual, interno, que dita os pensamentos e ações de cada ser humano individual, enquanto existe apenas um “Espírito-Grupo”, comum a todos os diferentes animais ou plantas da mesma espécie. O Espírito-Grupo atua sobre todos eles agindo de fora. Ambos, o tigre que perambula nas florestas da Índia e o tigre encerrado na jaula de um parque zoológico são expressões do mesmo Espírito-Grupo. Influencia a ambos, de maneira idêntica, o Mundo do Desejo, um dos Mundos internos, onde a distância quase não existe.
Os Espíritos-Grupo dos três Reinos inferiores estão diferentemente situados nos Mundos superiores, como veremos quando investigarmos a consciência dos diversos Reinos. Contudo, para compreender, convenientemente, as posições desses Espíritos-Grupo nos mundos internos, é necessário recordar-se e compreender-se claramente o que foi dito sobre todas as formas do mundo visível: são cristalizações de modelos e ideias dos mundos internos, conforme os exemplos do arquiteto e do inventor de máquinas. Assim como os sucos do Corpo brando e viscoso do caracol se cristalizam na crosta dura que carrega sobre as costas, também os Espíritos nos Mundos superiores cristalizam semelhantemente, fora de si mesmos, os Corpos materiais, densos, dos diferentes Reinos.
Assim, os chamados Corpos “superiores”, tão refinados e sutis que chegam a ser invisíveis, não são, de maneira alguma, “emanações” do Corpo Denso. Os veículos densos de todos os Reinos correspondem à concha do caracol que é a cristalização dos seus sucos. O caracol representa o espírito, e seus sucos em via de cristalização representam a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital. Estes diversos veículos foram emanados pelo espírito de si mesmo, com o propósito de adquirir experiência através deles. É o espírito que move o Corpo Denso à vontade, como o caracol move a sua concha, e não o Corpo que governa os movimentos do espírito. Quanto mais estreitamente pode o espírito pôr-se em contato com o seu veículo, mais pode dominá-lo e expressar-se por seu intermédio, e vice-versa. Essa é a chave dos diferentes estados de consciência nos diferentes Reinos.
Considerando agora o vegetal, o animal e o ser humano em relação à Região Etérica, notamos que cada um deles tem um Corpo Vital separado, além de serem compenetrados pelo Éter planetário que forma a Região Etérica. Existe, não obstante, uma diferença entre o Corpo Vital do vegetal e os Corpos Vitais do animal e do ser humano. No Corpo Vital do vegetal estão em plena atividade somente o Éter Químico e o Éter de Vida. Portanto, o vegetal pode crescer pela ação do Éter Químico e propagar a sua espécie mediante a atividade do Éter de Vida do Corpo Vital separado que possui. O Éter de Luz também está presente, embora parte latente, e falta o Éter Refletor, por completo. Portanto, é óbvio que as faculdades sensoriais e a memória, que são qualidades desses Éteres, não podem ser expressas pelo Reino Vegetal.
Se dirigirmos nossa atenção para o Corpo Vital do animal, constatamos que nele os Éteres Químico, de Vida e de Luz são dinamicamente ativos. Consequentemente, o animal possui as qualidades de assimilação e crescimento, originadas pelas atividades do Éter Químico, e a faculdade de se propagar por meio do Éter de Vida, comuns aos Reinos Vegetal e Animal. Contudo, além disso, e devido à ação do terceiro ou Éter de Luz, ele tem as faculdades de gerar calor interno e de percepção sensorial. O quarto Éter, todavia, é inativo no animal, pelo que carece de pensamento e de memória. O que a isso se assemelha, é de natureza diferente, como adiante demonstraremos.
Quando analisamos o ser humano, vemos que os quatro Éteres são dinamicamente ativos em seu altamente organizado Corpo Vital. Por meio das atividades do Éter Químico ele é capaz de assimilar o alimento e crescer; as forças ativas no Éter de Vida capacitam-no a propagar sua espécie; as forças no Éter de Luz suprem seu Corpo Denso de calor, atuam sobre seu Sistema Nervoso e músculos, abrindo-lhe assim as portas da comunicação com o mundo externo por meio dos sentidos; e o Éter Refletor capacita o Espírito a controlar seu veículo por meio do pensamento. Esse Éter armazena, ainda, experiências passadas sob a forma de memória.
O Corpo Vital do vegetal, do animal e do ser humano estende-se além da periferia do Corpo Denso, do mesmo modo que a Região Etérica, que é o Corpo Vital de um Planeta, estende-se além da parte densa deste, o que demonstra, mais uma vez, a veracidade do axioma Hermético: “Como em cima, assim é embaixo”. A distância dessa extensão do Corpo Vital do ser humano é cerca de uma polegada e meia[2]. A parte que está fora do Corpo Denso é muito luminosa, e aparenta a cor da flor recém-aberta do pessegueiro. Ela é vista muitas vezes por pessoas que possuem certa clarividência involuntária. O autor verificou, ao falar com tais pessoas, que as mesmas, não crendo tratar-se de algo incomum, frequentemente não compreendem o que veem.
[1] N.R.: em torno de 31 a 41 centímetros
[2] N.R.: cerca de 3,8 centímetros
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Que as rosas floresçam em vossa cruz