Fraternidade Rosacruz, um Centro Espiritual
Em 28 do mês passado1, fez um ano que escavamos o terreno para a construção do primeiro edifício em Mount Ecclesia. Foi um glorioso dia de Sol, típico na Califórnia, sem uma nuvem que empanasse o céu e cujo azul intenso rivalizava com o azulado do Oceano Pacífico que, dos terrenos da Sede Central onde estávamos, podia ser visto além de cento e sessenta quilômetros. Éramos um pequeno grupo de nove, a maioria visitantes.
Ao olharmos a leste, para o encantador vale verde de San Luis Rey, em direção às grandes montanhas cobertas de neve, e ao contemplarmos as paredes brancas, os telhados vermelhos e a cúpula dourada da Missão Católica de San Luis Rey, onde os padres franciscanos tanto trabalharam ensinando mexicanos e índios durantes séculos, pareceu-nos de bom augúrio.
Aqui estávamos, uns poucos entusiastas, sobre um pedaço de terra vazia onde aspirávamos fundar um Centro Espiritual. Aqueles antigos padres tinham-se encontrado em situação parecida, melhor em alguns casos e pior noutros. Os meios de locomoção e transportes modernos permitem-nos chegar hoje a todas as partes do mundo, enquanto o campo de ação deles se achava, nessa época, limitado às proximidades imediatas. Viram-se obrigados a lavrar a terra, assim como cuidar das almas do seu rebanho, e a trabalhar para obter a sua subsistência. Pediram ajuda para o trabalho físico enquanto delineavam seus planos e, mediante esforços conjuntos, foi erigido um templo onde todos puderam prestar culto. Nesse aspecto estiveram em melhores condições do que nós; todos os seus membros estavam presentes no local, prontos para dar ajuda física na construção da Missão, que era para eles o que nossa Sede será para a Fraternidade Rosacruz. Mas, nós não temos pupilos, não exercemos autoridade e repudiamos a interferência na liberdade individual por ser diametralmente oposta aos Ensinamentos Rosacruzes, que são os mais elevados do mundo. “Se queres ser Cristo, ajuda-te a ti mesmo”, isso é o que se transmite ao candidato que almeja a Iniciação quando ele geme ao peso da prova. Ninguém que for dependente, pode ser ao mesmo tempo um auxiliar; cada um deve aprender a conduzir-se sozinho.
Nossos associados são hoje, em número, quatro vezes maiores do que há um ano atrás, por conseguinte, o trabalho aumentou consideravelmente. O sistema e a maquinaria possibilitam a três de nós, que trabalhamos nas oficinas, fazer o trabalho que exigiria um grande número de colaboradores. Os trabalhos caseiros e os de jardinagem são pagos. Mesmo assim, o trabalho normal de preparação de cartas e lições dos vários cursos, a correção das lições, o envio mensal de umas 1.500 cartas individuais para ajudar os nossos estudantes a ultrapassar as suas dificuldades; além dos cursos por correspondência, algumas vezes, sobrecarregam-nos. Há momentos em que nos julgamos impossibilitados de atender todas as solicitações por falta de ajuda na parte mecânica do trabalho. Mas, milagrosamente, parece que o céu de repente se abriu, inventamos um método novo para fazer uma certa parte do trabalho com maior rapidez e menor esforço, e sentimo-nos preparados para um novo crescimento. Como dissemos, temos hoje quatro vezes mais trabalho do que há um ano, com menos ajuda e menos esforço.
Mas, enquanto a Fraternidade pôde ser atendida, a Sede em si sofreu algum descuido. A pretendida Escola de Cura, o Sanatorium, e o mais importante de tudo, a Ecclesia- onde a Panaceia deve ser preparada para os poderosos serviços de cura espalharem por todo o mundo a saúde física e moral – tudo isto são ainda ideias germinais. Como o grito de sofrimento da humanidade chega até nós através de milhares de cartas, nosso desejo pela realização dos planos dos Irmãos Maiores torna-se cada vez mais intenso, e é tão agudo que parece incorporar a vontade concentrada de todos aqueles que apelam para nós por se encontrarem tristes e enfermos.
A nossa Fraternidade está espalhada por todo o planeta. Não podemos seguir o exemplo dos padres espanhóis e pedir aos nossos estudantes que façam tijolos físicos e os venham colocar, um a um, em um trabalho de amor.
Nunca solicitei um centavo de ninguém – o trabalho da Fraternidade Rosacruz vem sendo inteiramente mantido por donativos voluntários e pelo modesto produto da venda dos meus livros – nem tampouco farei um apelo para obter um fundo para a construção do edifício. Isto deve partir do coração dos amigos. Mas, quando o sentimos aqui na Sede o intenso grito de dor no mundo, sou forçado a procurar os meios para realizar o plano de fazer da Sede da Fraternidade Rosacruz um Centro Espiritual o mais eficiente possível.
Há um ano escrevi aos estudantes indicando-lhes o momento exato em que abriríamos o terreno em Mount Ecclesia, e pedia todos que entrassem nos seus quartos e estivessem conosco em oração, já que não o podiam fazer pessoalmente. Foi maravilhoso sentir a elevação espiritual daquele esforço coletivo. O impulso inicial favoreceu e, por essa razão, sinto-me outra vez inclinado a pedir a ajuda de todos.
O movimento Cientista Cristão “demonstrou” quando quis erguer edifícios, como o dinheiro aluiu aos seus cofres; os prosélitos do Novo Pensamento enviam um “pedido” e os cristãos de todas as denominações “rezam” por fundos. Todos eles usam o mesmo método, mas empregam nomes diferentes. Todos querem colunas magníficas de pedras e vidros, e conseguem obtê-las. Eu sei que são necessários um lugar e um edifício apropriados à dignidade de nosso trabalho, mas, apesar de ter tanta necessidade deles, não posso pedir colunas de pedras, nem posso rogar aos estudantes que as façam; mas posso, quero e suplico a todos, para que se unam comigo em oração para que a sede da Fraternidade Rosacruz possa tornar-se o mais eficaz e poderoso Centro Espiritual. Rezem com toda a sua alma para que os que trabalham na Sede alcancem a graça de levar este trabalho adiante. Focalizem-nos em seus amorosos pensamentos para que sejamos capazes de irradiar essa graça para o mundo faminto de tal amor. Nós mesmos somos fracos, mas, com as orações de todos e a Graça de Deus, poderemos ser uma poderosa força no mundo e, se procurarmos primeiro o Reino de Deus, os pedidos para a construção de edifícios necessários ao nosso trabalho surgirão no momento oportuno, sem que degrademos a oração ao convertê-la num meio para adquirir posses materiais.
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[1] N.R.: outubro de 1912
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 24)
Matrimônio – o propósito do matrimônio é a perpetuação da raça humana, e de acordo com a natureza física dos pais, mas o ambiente ao redor, será o filho. A maioria da humanidade considera o matrimônio como a sanção de uma licença desenfreada para gratificar seus desejos sexuais. Aos olhos das leis humanas, pode ser que assim seja, porém à luz da verdadeira Lei não é assim, pois nenhuma lei feita pelo ser humano pode reger esse assunto.
A ciência oculta afirma que a função sexual não deve se usar nunca para gratificar os sentidos, senão para a propagação somente. Portanto, o aspirante a vida superior deve se negar justificadamente ao coito com seu cônjuge, a menos que o objetivo dela seja o criar um filho ou uma filha, e com tudo isso, quando ambos gozem de perfeita saúde – física, moral e mental – pois em caso contrário, a união produziria um corpo débil ou degenerado. Só podemos dar conta do maravilhoso mistério do amor quando encaramos o matrimônio considerando-o desde o ponto de vista como uma união de almas melhor que como uma união de sexos. Esta pode servir para perpetuar a raça humana, naturalmente, porém o verdadeiro matrimonio é uma camaradagem de almas também, que consegue anular o sexo. Não obstante, aqueles realmente dispostos a pôr-se nesse plano mais elevado da intimidade espiritual, oferecem alegremente seus corpos como sacrifícios viventes no altar do “amor ao não nascido”, para cortejar a um espírito que espera e para formar um corpo imaculadamente concebido. Deste modo pode a humanidade ser salva do reinado da morte.
Magia – a magia é um processo mediante o qual se podem realizar certas coisas não realizáveis sob as leis ordinárias conhecidas.
Alguns seres humanos investigaram as leis da Natureza, desconhecidas para a maioria, e converteram-se em competentes para manipular as forças sutis. Empregam seus poderes para ajudar aos demais seres quando sua ajuda pode se realizar em harmonia com as leis que regem seu crescimento. Outros que também estudaram essas leis, tornando-se capazes de manipular as forças ocultas do universo, empregam seus conhecimentos com fins egoístas para obter poder sobre seus semelhantes.
Aos primeiros chamamos de “brancos”, e “negros” aos segundos. Ambos empregam as mesmas forças, residindo a diferença no motivo que os impulsiona.
O mago branco é impulsionado pelo “amor e pela benevolência. Se bem que não obre esperando a recompensa, a alma se desenvolve portentosamente como resultado de seu emprego da magia. Põe seus talentos a crédito e está ganhando o cento por um.
O mago negro, por outro lado, encontra-se num triste estado, porque já se disse que “a alma que pecar morrerá”, e tudo quanto façamos contrariamente às leis de Deus, produzirá inevitavelmente o deterioramento das qualidades anímicas.
O mago negro, graças a seus conhecimentos e artes, pode, algumas vezes durante várias vidas, manter seu posto na evolução, mas chegará certamente o dia em que sua alma se desintegrará e o Ego voltará ao que poderíamos chamar de salvagismo.
A magia negra em suas formas mais atenuadas, tais como o hipnotismo, por exemplo, produz algumas vezes o idiotismo congênito numa vida futura de quem o emprega. Os hipnotizadores privam as suas vítimas do livre emprego de seus corpos. Por isto, devido à Lei da Consequência, ver-se-ão ligados a um corpo, cujo cérebro deformado impedirá sua expressão. Contudo não devemos deduzir disto que todos os casos de idiotismo congênito sejam devidos a essas práticas más por parte do Ego numa vida passada; há também outras causas que podem produzir o mesmo resultado.
Materialismo – A Teoria Materialista sustenta que a vida é uma viagem do berço ao túmulo; que a Mente é o resultado de certas correlações da matéria; que o ser humano é a mais elevada inteligência do Cosmos; e que sua inteligência perece quando o corpo se desintegra depois da morte.
Segundo a doutrina materialista a inteligência do ser humano é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo. O ser humano é “nada antes e nada depois” da vida corporal.
Consequência: Não sendo o ser humano mais que matéria, só são reais e individuais os gozos materiais; os efeitos morais carecem de porvir; à morte ficam rotos para sempre os laços morais; as misérias da vida não tem compensações; o suicídio vem a ser o fim racional e lógico da existência, quando não há esperança de alívio nos sofrimentos; é inútil contrariar-se para vencer as más inclinações; enquanto estamos na Terra devemos viver o melhor possível; é uma estupidez preocupar-se e sacrificar seu repouso, seu bem-estar pelos outros, isto é, por seres que por sua vez serão reduzidos a nada e que jamais voltarão a se ver; os deveres sociais ficam sem base; o bem e o mal são coisas convencionais e o freio social reduz-se à força material da lei civil.
Alguns Rosacruzes e sua Admirável Genialidade
É um fato notável a influência da Ordem Rosacruz no progresso da humanidade. Homens célebres, que revolucionaram vários campos da atividade humana, receberam a inspiração dos elevados ideais da Ordem.
Alguns, inclusive, foram Rosacruzes.
Max Heindel assim se refere a essa influência:
“Uma religião espiritual não pode unir-se a uma ciência materialista, assim como o azeite não pode misturar-se com a água. Portanto, oportunamente serão tomadas medidas para espiritualizar a ciência e tornar científica a religião”.
“No século XIII um grande instrutor espiritual, cujo nome simbólico era Christian Rosenkreuz – Cristão Rosacruz – apareceu na Europa para começar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes, com o objetivo de lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida religião cristã e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto-de-vista científico, em harmonia com a religião”.
“Muitos séculos se passaram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz e muitos têm considerado um mito a existência do fundador da Escola de Mistérios Rosacruz. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental”.
“Esse excepcional Ego tem estado em continuas existências físicas desde aquele tempo, num e noutro dos países europeus. Tomava um corpo cada vez que os sucessivos veículos perdiam sua utilidade, ou que as circunstâncias tornavam necessárias uma mudança no campo de atividade. É um lniciado de grau superior, potente e ativo fator nos assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo”.
“Trabalhou com os alquimistas durante séculos, antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário inspirou as agora mutiladas obras de Bacon. Jacob Boehme e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou seus livros. Nas obras do imortal Goethe, nas obras mestres de Wagner, encontramos a mesma influência”.
“Só os Rosacruzes conhecem o irmão Rosacruz. Nem ainda os mais íntimos amigos, ou a própria família, conhecem as relações de um homem com a Ordem. Os lniciados, e só eles, conhecem os escritores do passado que foram Rosacruzes por que através de suas obras brilham as inconfundíveis palavras, frases e sinais indicativos de significação profunda, oculta para os não-iniciados. A Fraternidade Rosacruz é composta de estudantes dos ensinamentos da Ordem. Esses ensinamentos estão agora sendo dados publicamente porque a inteligência do mundo está em desenvolvimento e a nível para compreendê-los. Esta obra é um dos primeiros fragmentos públicos dos conhecimentos rosacruzes. Tudo o que tem sido publicado como tal nos últimos anos é obra de charlatães ou traidores. Os Rosacruzes, tais como Paracelso, Comenius, Bacon, Helmont e outros, deram vislumbres em suas obras e influenciaram a outros”.
Vamos conhecer, então, a vida, obra e pensamento de alguns desses luminares, ligados direta ou indiretamente à Ordem Rosacruz, cujo trabalho em muito beneficiou a humanidade.
João Amos Comenius (1592-1671) nascido em Niwnitz, na Morávia, foi um dos mais ilustres educadores de todos os tempos. Após estudos demorados e profundos na Alemanha e na Holanda, foi nomeado reitor da escola de Prerau e, em seguida, pastor dos Irmãos Morávios de Fuineck. Tendo sido expulso juntamente com seus companheiros, por decreto oficial, retirou-se para Lissa, na Polônia, onde publicou “Janua Linguarum” que foi traduzida em 15 idiomas. Convidado pela Suécia e pela Inglaterra para reorganizar suas escolas, Comenius optou pela última, mas dificuldades políticas impediram a realização de seus planos. Foi então que publicou a famosa “Didactica Magna”. De volta à Polônia, com grandes honrarias, foi encarregado de redigir livros didáticos. Mas preferiu voltar para Lissa, onde foi feito bispo pelos Irmãos Morávios. A educação, para ele, possuía encantos irresistíveis. Em 1650 organizou a escola de Patak, na Hungria, e publicou “Orbis Pictus”.
Comenius considerava a escola como uma grande dádiva. Na sua opinião ela “é a oficina da humanidade” pois prepara o homem para o seu destino temporal e espiritual, por meio da religião, da virtude, do caráter, da instrução e da educação.
Comenius foi, sem dúvida, o maior pedagogo realista e um dos vultos grandiosos da história da educação e, no seu entendimento, o fim absoluto da educação é a felicidade eterna na contemplação de Deus. Os meios para a consecução desse ideal supremo obtêm-se por meio do conhecimento que o homem pode adquirir de si mesmo e de todas as coisas. É o que Comenius chamava de “pansofia” ou sabedoria universal.
Philippus Aureolus Theopharastus Bombastus Von Hohenhein, conhecido como Paracelso (1493-1541), nascido na Suíça, foi alquimista e médico. É considerado o “pai da medicina hermética”. Sua doutrina fundamenta-se na correspondência entre o mundo exterior e as diferentes partes do organismo humano.
A despeito da benéfica influência trazida pelos árabes, a farmacologia tradicional estava por demais estratificada para se deixar abalar. Sobreviveu intocada até o século XVI, quando Paracelso rompeu com a tradição e iniciou a observação cientifica na medicina.
As aulas de Paracelso na Universidade de Basiléia, em 1527, tiveram o significado de uma ruptura com a tradição acadêmica. Paracelso entendia que o princípio alquimista da transformação e depuração das substâncias era aplicável tanto à natureza como ao homem. Toda enfermidade tem seu remédio: basta saber encontrá-lo no mundo natural e aplicá-lo convenientemente. Com esse objetivo, Paracelso viajou muito, adquirindo novos conhecimentos médicos. Seu grande mérito foi ter posto a química a serviço da terapêutica. Desenvolvendo uma alquimia prática, Paracelso procurava instruir-se não só nas universidades, mas também em seus passeios pelo campo entre lavradores, pastores, parteiras, etc.
Mas, a genialidade de Paracelso não se fazia presente apenas no campo da medicina. Trabalhando em seu laboratório, descobriu que certo metal, atacado por ácido, desprendia um gás inflamável ainda desconhecido. Não poderia imaginar, que havia, pela primeira vez, separado um elemento que se transformaria em formidável fonte de energia séculos depois. Muitos cientistas continuaram a estudar o gás descoberto por Paracelso. Somente em 1766, Henry Cavendish conseguiu isolá-lo dentro de outros gases e recolhê-lo, conservando a denominação simplista de “gás inflamável”.
Porém, foi Lavoisier que lhe deu o nome de hidrogênio, quando descobriu que juntamente com outro gás, o oxigênio, aquele gás inflamável formava a água. Atualmente, além se ser empregado na fusão nuclear, o hidrogênio também é usado para outros importantes fins.
E tudo começou com Paracelso, no século XVI.
Francis Bacon (1561 – 1626), nascido na Inglaterra, foi filósofo, pedagogo, político, ensaísta e Lord Chanceler de seu país. Ingressou no Parlamento aos 23 anos de idade. Durante o inverno de 1584/1585 escreveu a “Carta de Conselhos a Rainha Elizabeth”, revelando grande maturidade e imparcialidade na análise política.
Bacon conferiu grande valor ao estudo da natureza, fazendo dos fenômenos físicos e naturais o fundamento de toda a realidade. Seu ponto-de-vista básico era que as ciências físicas e naturais deviam reger todas as manifestações da atividade e do pensamento humano. Até a moral e a política deviam ser modeladas pelas ciências da natureza.
Em seu “Novum Organum” defendeu intransigentemente a ciência experimental e descreveu em “A Nova Atlântida” uma sociedade dirigida por sábios experimentalistas. No “Novum Organum”, propõe ainda o verdadeiro método científico ou indutivo, pois na sua opinião a realidade só pode ser conhecida e a ciência só pode desenvolver-se mediante o modelo experimental.
Sua obra filosófica mais importante é a “Instauratio Magna”, incompleta e reduzida apenas às suas primeiras partes.
O edifício pedagógico de Bacon foi construído sobre o princípio que ele considerava certo, de que “a ciência humana e o poder humano coincidem”. Sobre a natureza da educação afirmou o seguinte: “Para formar o caráter humano não podemos proceder como o escultor que faz uma estátua, e que esculpe ora o rosto, ora os membros, ora as dobras da roupagem; devemos agir, e isso é possível, como a natureza na formação de uma flor ou de outra de suas criações; ela produz ao mesmo tempo o conjunto do ser e os germes de todas as suas partes”.
Além de filósofo e pedagogo, Bacon foi um pioneiro no campo científico, um marco entre homem da Idade Média, teórico, alheado do mundo, e o homem moderno.
(Publicado na Revista – Serviço Rosacruz – Set/88 – Gilberto Silos)
Graça – define-se como: “O divino e não merecido favor para com o ser humano. A misericórdia de Deus segundo se diferencia de sua justiça”. São Paulo compreendeu muito bem que com a graça uma nova Dispensação se havia inaugurado desde o advento de Cristo. A Graça abre então o caminho para a reforma do individuo e não e contraria a lei, senão que obedece a mesma e aplica uma superior.
Consciência: o resultado da dor e do sofrimento no Purgatório, junto ao sentimento feliz extraído das boas ações da vida passada, no Primeiro Céu. Força propulsora que nos põe em guarda contra o mal, o produtor de sofrimentos, e nos inclina para o bem, o gerador de felicidade e alegria.
Dar: uma expressão de força maior. O poder de dar não pertence exclusivamente ao ser humano rico. Dar dinheiro sem discernimento pode ser até um mal. É um bem dar dinheiro para um propósito que consideremos benéfico, porém um serviço prestado vale mil vezes mais. Um olhar carinhoso, expressões de confiança, uma simpática e amorosa ajuda são coisas que todos podem dar, seja qual for a fortuna de cada um. Todavia devemos ajudar o necessitado de maneira que ele possa ajudar a si próprio, seja física, financeira, moral ou mentalmente, para que não dependa mais de nós nem dos outros.
Dar é mais agradável do que receber, não por orgulho, mas porque no ato de dar está a expressão da minha vida.
Gratidão – um atributo de sabedoria e uma base importante de evolução; produz crescimento anímico. Pois no Primeiro Céu, após a nossa morte (morte desse Corpo Denso) ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria que isto nos proporcionou, como também sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos. Quando contemplamos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltamos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Deste modo vemos a importância de apreciar os favores com que outros nos cumularam. Nossa felicidade no céu depende da felicidade que tenhamos proporcionado a outros, e do valor que demos àquilo que outros fizeram por nós.
Pelos ensinamentos da lição do mês passado, compreendemos que não há absolutamente qualquer fundamento em relação ao ponto de vista, comumente aceito, sobre as almas perdidas. Não há uma só palavra na Bíblia que leve em si a ideia que costumamos atribuir à palavra “para sempre”. A palavra grega é aionian e significa “um período de tempo indefinido, uma era”, e quando lemos na Bíblia as palavras “eternamente e para sempre”, deveríamos interpretá-las “por séculos e séculos”. Além disso, como é uma verdade da natureza que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, uma alma perdida significaria que uma parte de Deus se havia perdido e, naturalmente, isto é inconcebível.
Depois que escrevi a lição anterior, ocorreu-me outro ponto que mostrará como a “perda” de um Período está relacionada com o próximo. Devem lembrar-se que falamos dos espíritos de Lúcifer como atrasados do Período Lunar, e dissemos que não poderiam achar campo para a sua evolução no presente esquema de manifestação. Os Arcanjos habitam o Sol, os Anjos têm a seu cargo todas as Luas, mas os espíritos de Lúcifer foram incapazes de residir em qualquer desses luminares. Não podiam ajudar na geração, pura e desinteressadamente, como o fazem os Anjos, uma vez que atuavam sob as forças da paixão e dos desejos egoístas, pelo que houve necessidade alojá-los num lugar separado. Assim, foram colocados no Planeta Marte, fato bem conhecido pelos antigos astrólogos, que atribuíam à Marte a Regência sobre Áries, que tem domínio sobre a cabeça (lembrem-se que o cérebro é construído por forças sexuais subvertidas), e também comprovaram que aquele Planeta é o Regente de Escorpião, que governa os órgãos de reprodução. Áries está na primeira Casa de um horóscopo e denota o princípio da vida; Escorpião está na oitava, significando a morte; nisso está contida a lição de que tudo o que é gerado pela paixão e pelos desejos está condenado à dissolução. Assim, Marte é esotericamente e astrologicamente “o Diabo”; e Lúcifer, o chefe entre os Anjos caídos, é realmente o adversário de Jeová, que dirige a força de fecundação vinda do Sol por meio da atividade lunar.
No entanto, os Espíritos de Lúcifer estão ajudando o processo de evolução. Deles recebemos o ferro que, por si só, torna possível viver numa atmosfera oxigenada. Foram e continuam sendo os agitadores para o progresso material, portanto, não temos o direito de antagonizá-los. A Bíblia tacitamente proíbe-nos de ultrajar os deuses. Conforme lemos na Epístola de São Judas, nem o Arcanjo Miguel ousou ultrajar Lúcifer, e no livro de Jó fala-se como estando entre os filhos de Deus. O seu Embaixador na Terra, Samael, é o Anjo da morte, representado por Escorpião, mas é também o Anjo da vida e da ação simbolizada por Áries. Se não fossem pelos ativos impulsos marcianos, talvez não sentíssemos as dores tão agudamente como as sentimos, nem tão pouco poderíamos progredir na mesma proporção, e é seguramente melhor “cansar-se do que enferrujar-se”.
Deste modo, podemos constatar que estas “ovelhas perdidas” de uma era anterior, recebem todas as oportunidades de recuperar o seu atraso no atual esquema de evolução. Estão atrasadas, e como atrasadas aparecem sempre como más, mas não estão “perdidas para além da redenção”. Podem salvar-se servindo-nos, provavelmente mediante a transmutação de Escorpião em Áries, quer dizer, a geração em regeneração.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 17)