A Lua na Tradição Oculta – Parte I – A Significância Espiritual da Lua Nova
Corinne Heline
Os primeiros ensinamentos do Templo foram dados quase no início da civilização. Nenhum desses ensinamento está perdido; mas, através dos tempos foram endereçados aos cuidados das Escolas de Mistérios e ainda estão disponíveis aos “poucos” que estão prontos para recebê-los. Muitos dos belos cerimoniais simbólicos e pertencentes aos antigos Templos de Mistérios foram incorporados às várias Religiões do mundo. Talvez os dois mais importantes desses cerimoniais, levados à primitiva Igreja Cristã, sejam o cerimonial do Batismo e o da Festa do Amor Místico que, na terminologia da igreja, é chamado de Eucaristia ou Sagrada Comunhão.
Esses dois cerimoniais, como observados nos antigos Templos de Mistérios, geralmente eram comemorados nas noites de Lua Nova e Lua Cheia. Os neófitos do Templo eram ensinados que esses são os pontos espirituais elevados de cada mês, porque nas noites de Lua Nova e Lua Cheia há uma liberação adicional de energias espirituais em todo o Planeta Terra, exterior e interiormente.
É significativo que em vários livros do Antigo Testamento o leitor seja advertido contra a participação nos festivais da Lua, e eles são o objeto de muitas repreensões veementes de vários profetas. A razão para isso é que os cerimoniais religiosos pertencentes à Era de Touro, embora belos e puros em suas concepções originais, no tempo do Antigo Testamento degeneraram em feitiçaria e sensualismo do tipo mais degradante. As assembleias da Lua Nova haviam se tornado conclaves sombrios e sinistros, sob a égide dos deuses e deusas da feitiçaria, enquanto as festas da Lua Cheia eram tempos de folia licenciosa, descritos no Antigo Testamento como a adoração ao bezerro de ouro. À parte desses festivais degenerativos, no entanto, havia verdadeiros Mistérios da Lua que eram celebrados nos santuários mais internos do Templo, que sempre foram uma forma da ordem celestial mais elevada e sagrada.
Para o Aspirante no Templo do Mistério, a Lua Nova é uma época de novos começos. É tempo de consagração e dedicação aos mais exaltados ideais aos quais ele aspira. No final de cada mês lunar, portanto, ele examina cuidadosamente, em retrospecto, todas as obras do mês que acabou de terminar e observa em que falhou em viver fiel a esses ideais, tentando descobrir o motivo dessas falhas.
Um dos mais notáveis videntes modernos disse que o único e verdadeiro fracasso que alguém pode conhecer é deixar de tentar; e, assim, o Discípulo do Templo de Mistério tem a oportunidade de rever suas falhas. Por mais lamentáveis que sejam, ele sabe que não são irremediáveis, porque não parou de tentar.
Logo após o festival da Lua Nova e a cada mês, o Discípulo é instruído a se doar a um ideal pessoal ou de um movimento que contribuirá, por menor que seja, para a elevação da humanidade e o aprimoramento do mundo. Isso é feito para provar sua abnegação total e irrestrita, em harmonia com o belo mantra Rosacruz: “O serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que conduz a Deus”.
Nos ensinamentos do Templo, o cerimonial batismal era, geralmente, observado nas noites de Lua Nova e a Festa do Amor Místico, ou Eucaristia, nas noites de Lua Cheia.
O serviço batismal que foi organizado para se harmonizar com a lei esotérica está disponível hoje. Simples na forma, ainda que rico em substância espiritual e poderoso em invocação da torrente cósmica.
Os Quatro Elementos são usados nesse cerimonial e cada um é dedicado ao serviço do Aspirante. Eles são: Sal, Óleo, Água e Fogo (Luz). O sinal da Cruz também é usado, como na igreja. A Cruz é um símbolo pertencente aos primeiros ensinamentos do Templo e sua assinatura é um ato litúrgico de “magia” espiritual que sela a unidade do ser humano com o cosmos. É um símbolo cósmico em ação. Ele invoca as bênçãos de Câncer, a Hierarquia do Norte; Capricórnio, a Hierarquia do Sul; Leão, a Hierarquia do Oriente; Aquário, a Hierarquia do Ocidente. Câncer representa os Elementos da Água; Capricórnio, os da Terra; Leão, o do Fogo e Aquário, o do Ar.
Uma bênção é pedida aos quatro grandes Seres que operam através dos Quatro Elementos Cósmicos que são tão importantes no trabalho evolucionário do nosso Planeta Terra e dos seres residentes nele.
Na bênção dos Quatro Elementos, o sinal da Cruz é feito primeiro no Coração e depois na testa; sendo o Coração o núcleo de amor do corpo e a cabeça, o centro da Mente. O ponto crucial dos ensinamentos do Templo sempre foi a unificação das forças da Mente com as do Coração. A Bíblia nos mostra que devemos aprender a pensar com o Coração e a amar com a Mente. Quando essas duas forças são estabelecidas em equilíbrio dentro do ser humano, ele “nasce” como um Iniciado. É a união das duas forças cósmicas que a Bíblia retrata simbolicamente como uma Festa do Casamento Místico. É com uma Festa do Casamento Místico que o Evangelho Segundo São João começa. São João foi o mais avançado dos Discípulos de Cristo e, por isso, seu Evangelho contém os ensinamentos do Templo mais exaltados já dados ao mundo.
Um por um, os Quatro Elementos Sagrados são abençoados para o serviço do Aspirante. Em primeiro lugar, o Elemento Sal, símbolo de pureza: a pureza do alimento que sustenta e nutre o Corpo Denso; a pureza do amor que desperta o Coração; a pureza do pensamento que ilumina a Mente; a pureza da ação que embeleza a vida. Aquele que realiza o rito batismal coloca suas mãos sobre o Sal em bênção e, então, faz o sinal da Cruz no Coração do Aspirante, dizendo: “Cristo ensina que somente os puros de Coração verão a Deus”. Em seguida, o sinal da Cruz é feito na testa, com as palavras: “Quando a pureza é alcançada na consciência do ser humano, isso é conhecido como um grande poder espiritual. Do servo de Deus é dito que sua força é como a força de dez, cujo Coração é puro”.
Então as mãos são colocadas em bênção sobre o Óleo, que é o símbolo da harmonia, unidade, cooperação, da cura, do companheirismo, da fraternidade. Novamente o sinal da Cruz é feito no Coração, com as palavras: “Se andarmos na Luz como Ele está na Luz, seremos fraternais uns com os outros”. E novamente o sinal da Cruz é feito na testa, com as palavras: “Que a aspiração do seu pensamento o eleve sempre à realização harmoniosa com o ideal da Paternidade de Deus e da Fraternidade do Homem”.
Em seguida, as mãos são colocadas em bênção acima da vela acesa, pois o Fogo é o símbolo da fé e a fé tem sua casa no Coração. O sinal da Cruz é feito no Coração e as palavras são pronunciadas: “Que a bela fé de uma criança viva sempre e floresça em seu Coração”. O sinal da Cruz é, então, feito na testa, junto às palavras: “Cristo disse: se tiverdes fé como um grão de mostarda, tudo quanto pedirdes será feito a vós”.
Em seguida, as mãos são abençoadas acima da vela acesa. São João deu a única descrição perfeita da Luz quando disse: “Deus é Luz”. Ao que acrescentou: “Deus é Amor”. Mais uma vez o sinal da Cruz é feito acima do Coração: “Que este Amor-Luz celestial sempre brilhe em seu Coração e ilumine sua vida e a vida de todos aqueles que você encontrar”. Novamente o sinal da Cruz é feito na testa e as palavras de São Paulo são ditas: “Que esteja em vós aquela Mente que também estava em Cristo Jesus”.
Agora, as mãos são colocadas na Água; mais uma vez é abençoada e algumas gotas são colocadas sobre a cabeça do aspirante no encerramento da bênção: “Que você ande sempre na Luz como Ele está na Luz e que você sempre viva, mova-se e tenha seu ser n’Ele. Amém”.
O cerimonial do batismo ocupou um lugar de destaque na vida da primitiva comunidade Cristã. Foi observado em muitas estações; talvez a mais importante delas sendo o Sábado Santo, à noite, imediatamente antes do amanhecer da Páscoa. Foi nessa época que os recém-batizados foram encontrados esperando para tomar parte naquela gloriosa procissão da Páscoa, que ocorre nas altas esferas espirituais e que é conduzida por nosso bendito Senhor, o Cristo.
(Publicado na Revista New Age Interpreter – Corinne Heline – first quarter, 1963 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A Questão do Hábito
O lema Rosacruz “Uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo São” suscita a ideia de um conjunto harmonioso de hábitos físicos, morais e mentais. Muitos dos que anelam o desenvolvimento espiritual veem-se na contingência de travar uma luta terrível contra uma séria de obstáculos que se antepõem ao objetivo colimado. Muitos desses entraves traduzem-se numa série de maus hábitos, adquiridos desde tenra idade, produtos de uma educação bem intencionada, porém, eivada de falhas.
Tudo evolui no Universo e o que não acompanha essa marcha, desajusta-se inexoravelmente. Cada idade dentro da Época Ária se caracteriza por transformações, inovações, novas descobertas, etc. Uma passada de olhos em um bom compêndio da História da Civilização, confirmará tal asserção. A Filosofia, a Arte, a Religião e a Educação devem seguir suas linhas, caso contrário tornar-se-ão anacrônicas, provocando uma série de desajustamentos. Por exemplo, causará uma espécie de estranheza, de assombro, hodiernamente, se um pai educar seus filhos dentro de um sistema espartano medieval, isto é, propugnando pela adoção da força física em vez de empregar a inteligência. Constituir-se-á um caso muito estranho, um pai conceder à sua filha aquela alternativa tão peculiar aos “senhores do engenho” do Brasil colonial: casar-se com alguém previamente escolhido pela própria família, ou então internar-se num convento. Uma educação não condizente com as exigências da época implica complexos, fobias, inibições, e outros problemas psíquicos. Contudo alguém pode perguntar se devemos nos integrar a tudo o que se nos depara modernamente, quando observamos que múltiplos problemas afligem atualmente os seres humanos, problemas estes, em grande parte, advindos das próprias condições da época. Há resposta para tal indagação. Primeiramente, somos seres racionais, pensadores, podemos aceitar ou rejeitar tudo quanto vier ao nosso encontro. São Paulo afirmou: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.
Devemos adotar um critério seletivo a fim de podermos caminhar sem entrarmos em choque com as Leis da Natureza. Podemos, deixando de lado as mazelas e as distorções da época. Procurando vislumbrar o Bem em todas as coisas, superaremos muitos obstáculos e erradicaremos muitos males. Os verdadeiros espiritualistas procedem assim, e esse é um dos fatores determinantes de seu progresso anímico. Em última análise, o mal é sempre produto da ignorância.
Caminhamos gradualmente para a afirmação total do ser humano como um indivíduo, uma lei em si mesmo. Quando essa individualidade, dentro do bom sentido, manifesta-se em toda plenitude, há uma perfeita adaptação aos padrões da época sem quaisquer prejuízos morais ou físicos. Isso, entretanto, se processa em um número irrisório de pessoas, visto que, de um modo geral, a maioria, além de sofrer a influência de um “modus vivendi” muito imperfeito, ainda vive agrilhoado a preconceitos obsoletos. É mister, contudo, que cada um procure dissipar aos poucos essas limitações. O ser humano necessita renovar-se constantemente, mas sempre para melhor. É necessário que cada um procure diariamente ponderar sobre suas próprias condições, analisando-se, averiguando quais os pontos a serem sanados e quais os que devem ser fortalecidos. Ante o tribunal de nossa consciência devemos nos revelar como realmente somos, aí então virão à tona aqueles hábitos nocivos, sedimentados já há muito tempo e que como um peso tornam a nossa caminhada muito lenta. Em tais circunstâncias, para que esse autojulgamento se efetive de fato, é necessário que sejamos rigorosos conosco mesmo, porém justos. O exercício de Retrospecção preceituado pelo Filosofia Rosacruz é o meio mais eficiente que conhecemos para a perfeita realização desse processo de autoanálise, contudo, para que esse trabalho se complete devemos manter uma firme resolução de efetuar uma limpeza interna que se reflita também numa transformação externa, eliminando os hábitos nocivos, substituindo-os pelos opostos.
Muitos podem objetar, afirmando que se esses preceitos espelham a realidade, por que poucos os seguem? Inicialmente devemos salientar que o fato de que algo seja verdadeiro não significa que goze do consenso geral. Pelo contrário, muitas vezes não é aceito pela maioria justamente por expressar a verdade. Devemos considerar também o fato de que muitos não põem em prática esses preceitos porque a adoção deles implica inevitavelmente expurgo de uma porção de hábitos errados, mas hábitos que são agradáveis para quem os têm, porquanto já se constituem numa segunda natureza. É peculiar à natureza humana descrer no que lhe é desagradável; como exemplo, podemos apontar o caso de pessoas que embora sob suspeita de que tenham contraído alguma moléstia grave, recusam-se obstinadamente a consultar um médico, temendo tomar conhecimento de uma verdade aflitiva.
Grande parte dos seres humanos resiste psicologicamente a qualquer modificação de seus hábitos. Muitos procuram encontrar razões e argumentos para não aceitar certas verdades, por mais evidentes que sejam unicamente porque não lhes convém, ou não lhes é agradável.
Às vezes, o problema não se restringe somente a hábitos, mas estende-se a preconceitos, e estes, ainda em nossos dias possuem uma força considerável. A verdade, contudo, sobrepõe-se a tudo isso, simplesmente porque é verdade, e o seu reconhecimento é questão de tempo. No século XVII, Galileo Galilei, italiano natural de Pisa, resolveu defender e propagar a tese do polonês Nicolau Copérnico, segundo a qual – ao contrário do que era tido e havido como certo – a Terra é que girava ao redor do Sol. No entanto, o Santo Ofício reagiu obrigando-o a abjurar tal ideia, simplesmente porque ela colidia com um preconceito vigente na época, considerado como sendo uma verdade indiscutível. Hoje a opinião é outra, porém não foi a Terra que passou por girar em torno do Sol, e sim os seres humanos que reconheceram a verdade. A opinião da maioria não modifica os fatos, eis outra verdade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro de 1968)
Deus é perfeito. Mas nós, individualmente, não somos perfeitos. Devido ao processo de evolução nós estamos a cometer erros. E a maioria desses erros nós os cometemos por causa da nossa ignorância.
Em parte, isso é devido a irmos contra as Leis da Natureza. Na maioria das vezes deixamos nosso “Eu inferior” dominar a situação. Nosso “Eu superior” sabe como não pecar, como obedecer às Leis da Natureza. Isso prova nossa imperfeição. Usamos nosso livre arbítrio de modo contrário às Leis de Deus. Cometemos mais pecados por omissão do que por comissão. São pequenos pecados aos quais, na sua maioria, nem damos importância. Entretanto, ao passar do tempo esses pecados começarão a atrapalhar o nosso progresso espiritual.
O pecado é consequência natural das Religiões de Raça, as Religiões de Jeová. Essas Religiões eram Religiões de Leis, originadoras do pecado, como consequência à desobediência dessas leis. Sob essas leis todos pecavam. E chegou-se a tal ponto que a evolução teria demorado muito, e muitos de nós perderíamos a nossa onda de vida se não fôssemos ajudados.
Isso porque não sabíamos agir com retidão e amor. Nossa natureza passional tornou-se tão forte que não sabíamos mais como controlá-la. Pecávamos continuamente.
Na Época Lemúrica, a propagação da Raça e o nascimento eram executados sob a direção dos Anjos, por sua vez enviados por Jeová, o Regente da Lua.
A função criadora era executada durante determinados períodos do ano, quando as configurações astrais eram favoráveis. Como a força criadora não encontrava obstáculo, o parto realiza-se sem dor.
A consciência do Lemuriano era igual à nossa de hoje, quando estamos dormindo. Assim, ele era inconsciente do Mundo Físico e, portanto, inconsciente do nascimento, e da morte. Ou seja, essas duas coisas não existiam para o Lemuriano.
Quando havia o íntimo contato das relações sexuais entre o homem e a mulher nessa Época, o Espírito sentia a carne e por um momento o ser humano atravessava o véu da carne e observava uma ligeira consciência. A isso se referem várias passagens da Bíblia: “Adão conheceu a sua mulher”, ou seja: sentiu fisicamente. “Adão conheceu Eva e ela concebeu Seth”; “Elkanah conheceu Havah e ela concebeu Samuel”. Mesmo no novo testamento, quando o Anjo anuncia a Maria que será a mãe do Salvador, ela contesta: “Como pode ser isso possível, se eu não conheço a nenhum homem?”. Essas coisas perduraram até aparecer os Espíritos Lucíferos.
Como o ser humano via muito mais facilmente no Mundo de Desejo, os Espíritos Lucíferos manifestaram-se por aí, e chamaram-lhe a atenção para o mundo exterior. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser manipulado por forças exteriores, como poderia converter-se em seu próprio Dono e Senhor, parecendo-se aos Deuses, “conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5). Também lhe mostraram como podia construir outros corpos, sem a necessidade da ajuda dos Anjos.
O objetivo dos Espíritos Lucíferos era dirigir a consciência do ser humano para o exterior. Essas experiências proporcionaram dor e sofrimento, mas deram também a inestimável benção da emancipação das influências e direção alheias e o ser humano iniciou a evolução dos seus poderes espirituais.
A partir daí foram os seres humanos que dirigiram a propagação e não mais os Anjos. A partir daí o ser humano ignorou a operação das forças solares e lunares como melhor Época para a propagação e abusou da força sexual, empregando-a para a gratificação dos sentidos. Então, restou a dor que passou a acompanhar o processo de gestação e nascimento.
Daí o ser humano conheceu a morte, pois via quando passava do Mundo Físico para os Mundos espirituais e vice-versa quando voltava, ao renascer.
A partir daí, como diz a Bíblia: “conceberás teus filhos com dor”. Isso não foi uma maldição de Jeová, como normalmente se acha. Foi uma clara indicação do que iria ocorrer quando se utilizasse a força criadora na geração de um novo ser sem tomar em conta as forças estelares.
Então, é o emprego ignorante da força criadora que origina a dor, a enfermidade e a tristeza.
Esse é o pecado original. “A terra te produzirá espinhos e abrolhos, e tu terás por sustento as ervas da terra. Tu comerás o pão no suor do teu rosto, até que te tornes na terra, de que foste formado.” (Gn 3:18-19).
A partir daí o ser humano teve que trabalhar para obter o conhecimento. Através do cérebro, interioriza parte da força criadora para obter conhecimento do Mundo Físico. Isso é egoísmo. Mas a partir da queda na geração, não há outro modo de se obter conhecimento.
Assim, uma parte da força sexual criadora do ser humano ama egoisticamente o outro ser, porque deseja a cooperação na procriação. A outra parte pensa, também por razões egoístas, porque deseja conhecimento.
Como resultado cristalizou os seus veículos e esqueceu-se de Deus. Os corpos debilitados e as enfermidades que vemos ao nosso redor foram causadas por séculos de abuso, e até que aprendamos a subjugar nossas paixões não poderá existir verdadeira saúde na humanidade.
Em resumo: o pecado original veio porque o ser humano usou o seu livre arbítrio e quis obter a consciência cerebral e a do Mundo Físico, pegando um caminho de atalho. Transformou-se de um autômato, guiado em tudo, num ser criador e pensante.
Aos poucos, através do sábio uso da força criadora sexual e da espiritualização dos seus corpos, o ser humano vai respondendo aos impactos espirituais e escapando do estigma do pecado original.
A partir do momento que o ser humano tomou para si as rédeas de sua evolução, ele começou a experimentar, agindo bem ou mal, fazendo o certo e o errado.
Como quando lhe foi dado a Mente – entre a última parte da Época Lemúrica até a segunda parte da Época Atlante – o Ego era excessivamente débil e a natureza de desejos muito forte, de modo que a Mente se uniu ao Corpo de Desejos, originando a astúcia, a tendência foi fazer mais o mal do que o bem, mais o errado do que o certo, desenvolvendo mais o vício do que a virtude.
Assim, devido à sua ignorância, foi lhe dada uma Religião que tinha como base o látego do medo, impelindo-o a temer a Deus.
Por causa desse medo, tentava-se fazer o bem, o certo. Mas a astúcia e a ignorância eram muito fortes e o ser humano fazia mais o mal.
Após isso, foi lhe dada uma Religião que o levava a certa classe de desinteresse coagindo-o a dar parte dos seus melhores bens como sacrifício: “Noé levantou um altar ao Senhor: tomou de todos os animais puros e de todas as aves puras, e ofereceu-os em holocausto ao Senhor sobre o altar.” (Gn 8:20).
Noé simboliza os Atlantes remanescentes, núcleo da quinta Raça, a Raça Ária, e, portanto, nossos progenitores. Isso foi conseguido pelo Deus de Raça ou Tribo. Um Deus zeloso que exigia a mais estrita obediência e reverência. Mas, que era um poderoso amigo, ajudava o ser humano em suas batalhas e devolvia lhes multiplicando os carneiros e cereais que lhe eram sacrificados.
O ser humano não sabia que todas as criaturas eram semelhantes, mas o Deus de Raça ensinou-lhe a tratar benevolentemente seus irmãos de Raça e fazer leis justas para os seres da mesma Raça.
Entretanto, houve muitos fracassos e desobediência, pois o egoísmo estava – e ainda está – muito enraizado na natureza inferior.
No Antigo Testamento encontramos inúmeros exemplos de como o ser humano se esqueceu dos seus deveres e de como o Deus de Raça o encaminhou, persistentemente uma e outra vez.
Só com os grandes sofrimentos ditados pelo Espírito de Raça foi que os seres humanos caminharam dentro da lei. Isso porque o propósito da Religião de Raça é dominar o Corpo de Desejos, na maioria das vezes apegado à natureza inferior de modo que o intelecto possa se desenvolver. Portanto, essas Religiões são baseadas na lei, originadoras do pecado, como consequência à desobediência a essas leis.
Exemplos dessas desobediências e de suas consequências vemos no Pentateuco Mosaico, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento.
O ser humano foi pecando – pois não sabia agir por amor – por desobediência a essas Leis, baseadas na lei de consequência, e acumulando uma quantidade tão grande de pecados que se não houvesse uma intervenção externa muitos teriam sucumbido e toda a evolução perdida.
E essa ajuda foi a vinda de Cristo. Por isso ele disse que veio para “buscar e salvar os que estavam perdidos”. Cristo não negou a Lei, nem Moises, nem os profetas.
Disse que essas coisas já tinham servido aos seus propósitos e que para o futuro, o AMOR deveria suceder a Lei.
Ele é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E o tirou, mas não o pecado do indivíduo.
Purificou e, continua purificando todos os anos, o Mundo do Desejo de modo que tenhamos matéria de desejos mais pura para construir nossos Corpos de Desejos e desejos superiores, mais puros.
Assim, por inanição, vamos eliminando nossas tendências inferiores, nossos vícios, o egoísmo, etc.
Ele nos deu a doutrina do Perdão dos Pecados. Ela não vai contra a Lei de Consequência, como muitos pensam, mas a complementa.
Dá aos que se interessam pela vida espiritual forças para lutar, apesar de repetidos fracassos e para conseguir subjugar a natureza inferior.
Mediante o Perdão dos Pecados, foi nos aberto o caminho do arrependimento e da reforma íntima.
Aplicando uma lei superior à Lei Mosaica, a lei do amor, conseguimos esse perdão. Se não o fazemos, teremos que esperar pela morte que nos obrigará a liquidar nossas contas.
Para conseguir o perdão dos nossos pecados temos que, quando cometermos um erro, ter um sincero arrependimento seguido de uma devida regeneração que pode ser um serviço prestado a quem injuriamos ou uma oração para essa pessoa; se for impossível a prestação do serviço poderá ser um serviço prestado a outrem. Com esse sentimento e essa compreensão tão intensa quanto possível do erro cometido, a imagem desse ato se desvanece do Átomo-semente do Corpo Denso, no qual foi gravado.
Lembremos que são as gravações desse Átomo-semente que formam a base da justa retribuição depois da morte e que é o livro dos Anjos do Destino. Com isso, no Purgatório, esse registro não estará mais lá e não sofreremos por esse ato errado, pois já aprendemos que ele é errado, restituindo-o voluntariamente. Lição aprendida, ensino suspenso.
Nesse ponto, muito nos ajuda o exercício noturno de Retrospecção, é ele que nos faz viver o Purgatório diariamente e nos ajuda na compreensão e no discernimento em fazer o bem e o que é fazer o mal.
Portando, não sigamos tanto a carne, o Mundo Físico, pois já passamos do tempo que precisávamos disso.
Não sejamos preguiçosos, gulosos, impudicos, voluptuosos, soberbos, avarentos. Pois em que nós pecamos, seremos gravemente castigados.
Relembremos, agora, os nossos pecados para podermos aproveitar melhor o tempo após a morte para ajudarmos os nossos irmãos e para construirmos melhores corpos.
Sejamos sábios utilizando toda essa ajuda que os nossos irmãos mais evoluídos nos dão.
Se vivemos para Cristo, veremos que toda tribulação dará prazer, pois a sofreremos com paciência e que: “a iniquidade não abrirá a sua boca” (Sl 106:42).
E pela paciência e persistência estaremos entre os escolhidos no dia do juízo, pois: “erguer-se-ão naqueles dias os justos com grande força contra aqueles que os oprimiram e desprezaram.” (Sab 5:1).
Que as rosas floresçam em vossa cruz
O Purgatório visto como a “cura da alma”
Ninguém deve temer o Purgatório, já que ele é um “hospital para alma”. Nele as pessoas moralmente enfermas recebem o cuidado necessário para “restaurar a saúde”. Certamente que nesse cuidado pode incluir uma espécie de “cirurgia” que frequentemente é dolorosa para o Ego, já que é realizada, mediante a ação da força de Repulsão; força essa que predomina nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, onde se localiza o Purgatório.
Os fabricantes de instrumentos da maldade devem aprender a elevar-se acima de seus desejos; já que a escravidão dos apetites físicos é vencida pela completa impossibilidade de gratificá-los. Os “demônios” da crença ortodoxa são vistos no Purgatório como uma força inferior da onda de vida comparada à dos insetos e répteis do Mundo Físico, porém menos perigosos devido ao fato de que são mais dóceis à vontade do Ego e ás forças psíquicas. Um simples ato de determinação, uma elevação de consciência mediante a oração, não de caráter angustioso, suplício (ainda que essa também tenha seu poder), mas da oração tranquila que nasce de uma Mente elevada afasta rapidamente esses elementais, enquanto o corpo doente não é tão facilmente dissipado.
A base da vida no Purgatório são as cenas em que a alma errou e são revividas, e ela se vê no lugar daquele que prejudicou e sofre como sofreram aqueles que ela lesou na vida terrena, da mesma forma que a base da vida enquanto encarnados neste Mundo Físico é o panorama da vida que escolhemos no Terceiro Céu. Mesmo porque no Purgatório vivemos, em média, 1/3 do tempo vivido aqui e nesse período temos muito que compensar por meio do arrependimento e reforma íntima.
O que ocorre, às vezes, é os Auxiliares Invisíveis encontrarem pessoas que estão no Purgatório e que lhe pedem que vá as suas famílias para dizer-lhes para viver vidas boas e fazer o seu melhor para não ter que sofrer depois que eles passarem pela morte. E, obviamente, eles não vão, porque de nada adiantaria (como não adianta, na maioria das vezes, a gente ser testemunhas oculares das mazelas dos nossos pais, familiares e entes próximos e, mesmo assim, a gente continua fazendo o que é errado!).
Vamos falar um pouco sobre como é o processo da experiência purgatorial, quanto à sua constância em sentirmos os sofrimentos e as dores purgantes encadeando um sofrimento após o outro durante toda a nossa existência nesse lugar. Usemos a Lei de Analogia para entendermos como funciona lá, estudando como funciona aqui. Suponhamos que uma pessoa que sofre intensamente, por um curto período de tempo, geralmente sente a dor muito agudamente. Agora uma outra pessoa que sofre durante anos sucessivos, embora a dor infligida possa ser igualmente intensa, não parece senti-la na mesma proporção que a primeira pessoa. Isso ocorre porque a segunda pessoa se acostumou a ela e, de certa forma, o seu Corpo Denso se adaptou à dor; por isso, o sofrimento não é tão intensamente sentido nesse caso quanto no primeiro.
A mesma coisa ocorre na experiência purgatorial: se uma pessoa foi muito dura, cruel, indiferente quanto aos demais, egocêntrica, causadora de muita dor e sofrimentos nos outros, então o seu sofrimento no Purgatório será muito rigoroso e intensificado pelo fato de que a experiência purgatorial seja de menor duração do que a vida vivida na Terra; mas a dor é intensificada proporcionalmente. Comparando com o caso acima se a experiência dessa pessoa fosse contínua ou a dor gerada por um ato fosse imediatamente seguida por outra, grande parte do sofrimento seria perdido para a pessoa, pois não seria sentida em toda a sua intensidade. Por esse motivo, às experiências lhe chegam em ondas, com períodos de descanso, para que o sofrimento seguinte possa ser profundamente sentido. Alguns podem achar que isso seja cruel e que a dor infligida, ao utilizar-se desse artifício para intensificar o sofrimento, seja desnecessária. Porém não é assim. Esse sofrimento resultará um bem maior, pois Deus nunca busca desforra ou vingança, mas apenas almeja ensinar a pessoa pecadora a não mais reincidir no erro. Por isso, ela deve expiar todos os pecados cometidos. Isso irá ensiná-la a respeitar, em vidas futuras, os sentimentos alheios e a ser misericordiosa com todos. Portanto, é necessário que a dor seja altamente sentida para a conservação da energia e para que a pessoa possa se purificar e se tornar melhor, o que não aconteceria, caso a dor fosse contínua e o sofrimento, correspondentemente amenizado.
As experiências do Purgatório são gravadas no Átomo-semente do Corpo de Desejos como fruto da vida passada e depois na forma de um sentido moral purificado que o Ego leva consigo e conduz depois ao próximo renascimento para atuar como consciência e estimular o desenvolvimento das virtudes ao conceito de justiça e misericórdia.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
A Evolução e Imortalidade: elementos indispensáveis na busca pela Verdade Universal
Uma grande quantidade de pensamento e energia é gasta no esforço para descobrir a “Verdade”, mas parece que nossas energias estão, em sua maior parte, indo para a direção errada.
Depois de passar por períodos de Judaísmo, Catolicismo, Protestantismo, Budismo e outras fases religiosas não conseguimos chegar à finalidade, em nossa busca pela verdade.
Cada doutrina contém, sem dúvida, sua própria verdade; porém não toda a verdade universal que o mundo está buscando de forma contínua. Não é possível que a causa real disso seja devido ao fato de que a verdade universal não tenha um objetivo? Não sendo um produto completo, mas algo sujeito à lei da evolução, que se desdobra para sempre nas páginas da história?
Não é um fato que a Verdade Universal, que a Ciência, a Religião e a Filosofia se empenham em revelar, esteja escrita nas estrelas do céu? Nesse caso, parece que a grande pergunta seja como ler as estrelas e dar uma interpretação verdadeira, livre de todas as influências externas, para essas verdades irrevogáveis e sempre presentes na constelação ou nos Planetas.
Não é possível que a Astrologia, em seu sentido moderno, associada à Astronomia e assuntos afins dos quais realmente faz parte, seja a mais próxima, e poderíamos até dizer, a única, solução para tal pergunta? Nesse caso, “A Ciência das Estrelas” é, sem dúvida, a Religião do futuro e o único poder governante que revelará a desejada Verdade.
Em resposta à pergunta “Podemos prever o futuro?”, eu diria, no sentido de “leitura da sorte”, como geralmente é entendida, decididamente NÃO. A Ciência Astral pode predizer algumas tendências e computar certos cálculos matemáticos que mostrarão a probabilidade dos eventos, conforme a compreensão do tempo em que a predição é feita; no entanto, nenhuma ciência, seja oculta, social, econômica, divina ou mecânica, pode expressar toda a verdade universal, porque toda a verdade é inexistente. Devemos esperar o desdobramento da evolução até que chegue o momento adequado e a imortalidade deve ser levada em consideração. Com muita frequência, esquecemos o grande fato da imortalidade, tanto na ciência quanto na religião. No entanto, esses dois elementos, Evolução e Imortalidade, são indispensáveis na busca pela Verdade Universal.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Sabemos que a Lei de Consequência ou Lei de Causa e Efeito não apenas determina nosso estado individual de saúde física e mental, mas também as relações que constituem nossos ambientes. Porém, se deixarmos o prisma de percepção subjetiva (o de sofrimento e doença pessoal) e enxergarmos a ação dessa Lei num contexto mais abrangente, vemos que podemos trabalhar com ela de dois modos nas situações que enfrentamos na nossa vida.
Vamos a uma situação hipotética para ilustrar os dois modos: em um renascimento passado, uma pessoa estava tão voltada para si que acabou por negligenciar conforto, simpatia, amor e amizade àqueles que eram seus dependentes. Tal atitude provocou uma desarmonia que deverá ser, então, reequilibrada. Dessa situação, duas possíveis e genéricas condições futuras poderão restabelecer a harmonia do universo.
Na primeira situação, o Ego faz a decisão de pagar pela negligência cometida – escolhendo no Terceiro Céu, quando já está para “descer” para um novo renascimento – renascendo com um desejo ardente de receber grande simpatia e conforto de seus familiares, ou seja, com uma forte carência afetiva. Nessa opção, nasce em um ambiente que para ele, sob o seu ponto de vista, é cercado de pessoas que sofrerão a tentação de negligenciá-lo, para também sentir o que fez outros sentirem no passado. Os Anjos do Destino, que estão acima de todo erro, sabem fazer isso com sabedoria que está, atualmente, fora do nosso alcance. Note: isso é como ele “vê” tais pessoas. Para outros, tais pessoas são amáveis e prestativas. Um estudo dos horóscopos envolvidos aclara muito tais situações.
Não há fórmulas certas e não possuímos a capacidade de entendimento suficiente para determinar, com certeza, os meios pelo qual a Lei de Consequência busca harmonizar os desequilíbrios que um Ego gerou. Contudo, conforme ensinado por Max Heindel no capítulo 6 do livro “A Teia do Destino”, cada ato de cada indivíduo produz uma determinada vibração no universo, que reflui sobre ele e sobre outros ao seu redor. Utilizando o caso ilustrativo acima, é possível chegar numa indagação que constitui o título do presente artigo.
Contudo, se olharmos somente do ponto de vista coletivo, três perguntas surgem:
A melhor resposta para a pergunta (1) é, obviamente, que isso não poderia ocorrer, já que a toda Causa deve gerar um Efeito e o fato das pessoas da família negligenciar o Ego devedor faria com que essas pessoas gerassem uma Causa cujo Efeito será danoso para elas, já que todo relacionamento deve terminar em amor.
Isso complementa a resposta à pergunta (2), no entanto, cabendo ressaltar que o Ego devedor aqui também tem que terminar tais relacionamentos com amor, demonstrando que aprendeu a lição e, portanto, o ensino pode ser suspenso.
Já a resposta à pergunta (3) é logicamente “não”. Negligenciar pessoas em um relacionamento jamais é realizá-lo com amor. Portanto, a negligência em um relacionamento sempre significará que a lição ainda não foi aprendida e, portanto, o ensino não pode ser suspenso.
A Lei de Consequência ou de Causa e Efeito é necessária e suficiente para aprendermos todas as lições que precisamos, desde que saibamos trabalhar com ela e, no caso de relacionamentos, gerarmos Causas baseadas no amor incondicional que redundará em Efeitos de fraternidade entre as pessoas.
Acrescentando a isso ainda sempre temos uma margem significativa de livre arbítrio em cada situação vivenciada, independentemente de ela estar relacionada com nossas responsabilidades de débitos com a Lei. O fato de a família ter uma tendência de negligenciar o Ego, não significa que deverá fazê-lo. Pelo contrário, se usar sua Epigênese (originalidade sem relação com causas passadas) e se esforçar para não seguir tal tendência (ou tentação), poderá promover condições muito mais favoráveis para que esse Ego harmonize seus desequilíbrios.
Vamos a uma segunda situação de vida para esse Ego devedor: a família negligenciada pelo Ego escolhe renascer ao seu lado, com a tendência de amá-lo fortemente e dar para ele todo o carinho que ele não foi capaz de dar. Em outras palavras, ele receberá tudo aquilo que decidiu ignorar no passado. Aqui, o amor dos familiares será muito mais eficiente para fazer o Ego reestabelecer a harmonia necessária para que expie suas faltas. Afinal: “O amor é o cumprimento da Lei”. Esse é o fator determinante para que o progresso espiritual continue.
Assim, vemos que há muitos outros meios benéficos que o nosso livre-arbítrio possibilita para trabalhar com a Lei de Consequência, sem cair na amarra de não se chegar a um fim comum de harmonia. A Lei trabalha por meio da dor com o propósito de despertar a nossa consciência para outros focos da existência: o amor e o desapego material.
Trabalhar com amor, de modo original, para frente e para cima, nos permitirá que identifiquemos nossas tendências ou tentações que escolhemos sofrer nesta vida e, uma vez identificada, poderemos usar a Lei da Epigênese, para criar condições favoráveis para que as desarmonias do passado possam ser equilibradas pelo amor.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Como o Sol se move em sentido retrógrado entre as doze constelações com um movimento chamado Precessão dos Equinócios, o clima da Terra, a flora e a fauna vão sofrendo uma mudança lenta, criando assim um meio ambiente diferente para a onda de vida humana e para cada Era sucessiva. O Sol leva cerca de dois mil anos para passar por um dos Signos pela Precessão e, nesse período, o espírito nasce geralmente duas vezes, um como homem e outro como mulher. As mudanças que ocorrem nos mil anos decorridos entre as encarnações não são tão grandes que o espírito não possa extrair as experiências daquele ambiente, tanto como homem ou como mulher.
No entanto, há casos em que esse período pode ser mudado. Nenhuma dessas leis é tão inflexível, pois elas são administradas por Grandes Inteligências em benefício da humanidade, de modo que as condições possam ser modificadas para atender às exigências dos casos individuais.
Por exemplo, no caso de um músico. Ele precisa encontrar o material com o qual construirá o seu corpo, em um lugar específico. Necessita de uma ajuda especial para formar os três canais semicirculares do seu ouvido, de modo que eles apontem, tão próximos quanto possível, para as três direções do espaço. Precisa também de ajuda para construir as delicadas fibras de Corti, pois a sua habilidade em distinguir as variações de tons dependerá dessas características.
Em tais casos, quando uma família de músicos está em condições de dar à luz a uma criança, esse espírito pode ser conduzido para lá, embora devesse permanecer no Mundo Celestial ainda por uns cem anos. Contudo, talvez outra oportunidade para renascer não se apresentasse antes de duzentos ou trezentos anos, se a lei fosse observada. Naturalmente, tal pessoa terá ideias muito avançadas e não será apreciada pela geração com a qual irá conviver. Será mal interpretada, mas, mesmo assim, será melhor do que se tivesse nascido após o período estabelecido. Nesse caso, estaria atrasada no tempo.
Ou seja: o renascimento do Ego em questão pode ser antecipado. O tempo para o renascimento desse Ego pode ser antecipado de uns 200 anos, em relação ao período médio de renascimento. Os Anjos ou Senhores do Destino preveem que no caso dessa oportunidade não ser aproveitada, o Ego poderá gastar de quatro ou cinco centenas de anos, além do tempo necessário de permanência no céu antes de se apresentar outra oportunidade. Assim, o Ego renasce, antes do tempo programado.
É por isso que, frequentemente, constatamos gênios desconsiderados pelos seus contemporâneos, embora altamente apreciados pelas gerações seguintes, as quais podem entendê-los melhor.
Há uma classe de seres que goza uma vida especialmente formosa no Primeiro Céu: as crianças. Se pudéssemos vê-las, logo cessariam nossos pesares. Quando uma criança morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, isto é, antes dos catorze anos, não vai além do Primeiro Céu porque não é responsável pelos seus atos, do mesmo modo que o feto que se contorce no útero não é responsável pelo incômodo que causa à sua mãe. Portanto, a criança não tem existência purgatorial. O que não foi vivificado não pode morrer, portanto o Corpo de Desejos de uma criança, junto com a Mente, persistirá até o novo nascimento. Por essa razão, essas crianças são capazes de recordar suas vidas anteriores, como é o caso que se narra em outro lugar.
Para tais crianças o Primeiro Céu é uma sala de espera onde permanecem de um a vinte anos, até que se apresente uma nova oportunidade para renascerem.
(Dos escritos de Max Heindel)
Deixe a Condenação Cessar na Sua Vida
“…não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8:1). “Reúnam-se em concordância, unânimes.” (At 1:14). “Pois então conheceremos assim como também somos conhecidos.” (ICor 13:12).
Enquanto eu contemplava o pecado e o sofrimento de minhas queridas irmãs e irmãos, nesse período difícil do progresso do mundo, fiquei submerso em uma agonia de compaixão e oração pela Luz. Nós podemos fazer nossas orações das alturas ou das profundidades.
Em meu coração, não havia mais lugar para a condenação de um único pecador, por mais obscuro e grave que fosse o pecado. Eu parecia sentir a compaixão que encheu o coração do nosso Salvador, durante a agonia na cruz, quando Ele clamou: “Perdoa-os, Pai, porque eles não sabem o que fazem!” (Lc 23:24). Ele entendeu que eles não O estavam crucificando, mas alguém que consideravam um impostor. Ele entendeu que eles O crucificaram porque foram leais às tradições que lhes foram transmitidas pelas elevadas Autoridades. Ele sabia que eles eram cegos espiritualmente. Ele viu que a cegueira estava em processo de se tornar fixa em toda onda de vida humana lá.
Com o Seu Sacrifício, Ele aprendeu como aquela cegueira e como Sua Virtude Perfeita foram usadas pelo Amor Divino para consumar uma Obra de Amor por Todas as Coisas Vivas, incluindo a Terra: o Mistério do Gólgota.
Aprendemos, por meio dos ensinamentos sublimes do Conceito Rosacruz do Cosmos, que a Consciência é o extrato precioso e única aquisição permanente do Espírito, retida de vida em vida como incentivo ao pensamento correto, ao sentimento correto e à ação correta.
Ao contemplar a vida na Terra, aprendemos que a consciência é o princípio direto e fundamental que está por trás da conduta de cada Espírito individualizado.
Com a sua força, a consciência nos mantém no curso correto de ação, podendo ser contrária ao interesse próprio, ao bem-estar pessoal e a todos os sentimentos e inclinações individuais. Assim, as coisas menores não governam mais.
A consciência, em sua fraqueza, é um bastão quebrado para se apoiar. Sua voz fraca é silenciada pelo clamor do desejo, do interesse próprio, do bem-estar pessoal, da justiça própria e da condenação dos outros. Que satisfação agradável há para o “Eu Inferior” quando revelamos a maldade nos outros e refletimos que, pelo menos, não estamos fazendo esse tipo de coisa. E, no entanto, talvez tenha sido apenas “ontem” que, chafurdando naquele vício pelo qual condenamos nosso “Outro”, ganhamos no Purgatório — por terríveis reações de repulsa, vergonha e remorso — a resolução, o necessário despertar de consciência que inibe nossa prática em relação a esse vício para sempre, em qualquer condição.
O bêbado do passado é um dos melhores e mais ativos defensores da proibição do álcool, no presente.
A compaixão é a mão que planta “flores que crescem” no túmulo do antigo “eu”, o “eu inferior”, e as nutre com encorajamento e alegria, de modo que não haja mais tempo para arrependimentos. A compaixão é a mão que pode levantar o véu entre o “aqui” e o “ali”, para que nós possamos olhar para o processo de purgação e aprender uma lição, se não perdermos o equilíbrio ao contemplá-lo.
“Mas então conheceremos, assim como somos conhecidos”.
“Nada que seja, agora, secreto permanecerá escondido”.
Uma situação onde o que foi dito acima funciona é no plano purgatorial post-mortem, o reino do desejo inferior onde as reações são de ódio e repulsão, sob o vínculo que une todas as coisas semelhantes em natureza vibratória.
Vejamos, agora um caso de purificação de um ódio secreto. Duas irmãs viviam sob o mesmo teto. Uma era rica em bens deste mundo, moralmente relaxada e autoindulgente. A outra era viúva, pobre, orgulhosa, amargurada e estava ali como dependente. Nas aparências, elas viviam uma vida juntas, onde a harmonia era média.
Contudo, a pobre havia descoberto uma indiscrição moral da irmã rica que, se fosse conhecida, arruinaria seu lar e sua vida social.
A irmã rica suspeitou que ela tivesse sido descoberta e pequenos indícios, de vez em quando, não queriam confirmar a suspeita. Assim, ao longo dos anos, um ódio secreto foi construído. Atrás de cada presente em forma de roupas ou dinheiro, uma coisa maliciosa apareceu!
Com o tempo, as duas morreram.
Agora, agarradas por um abraço do qual se esforçam em vão para escapar, despojadas do véu da carne, em um plano que vibra na proporção da fonte do seu ódio, elas enxergam apenas a coisa olhada que foi velada pela carne na vida terrena e respondem com ódio, em uma loucura descontrolada, a qualquer coisa, exceto à Misericórdia de Deus, que ordenou que tais períodos de purgação sejam de apenas um terço em relação à geração do mal no plano físico. Elas não ouvem nenhuma pessoa; contudo, pobres vítimas de uma ideia fixa e do mal, drenam os seus últimos resquícios de amargura, três vezes intensificados, à medida que seu prazo é encurtado e perdem tempo em uma região de horror, tempo que poderia ser gasto em melhores reinos.
Se elas soubessem como podemos saber, por esses ensinamentos maravilhosos e as faculdades despertadas por sua vivência, você acha que teriam buscado alguma justificativa para o ódio que uma sentia pela outra? Não, elas teriam se purificado constantemente por dentro; teriam realizado sua purificação aqui e agora; teriam se dirigido a Deus livres daquela terrível consciência do pecado que, por muito tempo, não deixará os alienados pelo pecado se aproximarem do seu Salvador, embora Ele seja o Amante Eterno de cada Alma e deseje ardentemente sua aceitação.
Ei! Ele está à porta e bate. Peça ao seu Amante Divino para entrar. Todavia, antes de você fazer isso, seria bom fazer uma limpeza interior, ou Ele pode não conseguir ficar com você por muito tempo. Muitas vezes Ele foi expulso, depois de ter sido convidado a entrar; mas Seu amor nunca falha.
(Publicado na revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil).
Em Busca do que é a Verdade nessa Vida que vivemos aqui
No Evangelho Segundo São João, capítulo 18, versículos 37-38 temos a conversa entre Cristo Jesus e Pilatos:
“- Disse Cristo Jesus: Para isso nasci, para isso vim ao mundo, para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que é da Verdade ouve a minha voz.
– Disse-lhe Pilatos: O que é a Verdade?”
E nós aqui perguntamos: O que é a Verdade?
Será que a Verdade é o que vemos com os nossos olhos físicos? O que sentimos? O que ouvimos? Será que são as nossas posses? Nossos recursos intelectuais, emocionais, sentimentais?
Não… Essas coisas são muito limitadas para serem a Verdade.
Essas explicações e outras que são demonstráveis material ou concretamente e que tencionam explicar tudo sobre o ser humano e seu meio só satisfazem o intelecto, a Mente.
Raciocinar nesse Mundo dos Fenômenos, dos Efeitos, em que vivemos buscando a verdade é ilusão.
O que temos aqui são os efeitos da Verdade que se expressa como causas nos Mundos superiores.
Como disse Cristo:
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”
Contudo, como conheceremos a Verdade, estando aqui vivendo neste Mundo dos efeitos, dos fenômenos, onde tudo está obscurecido ou torcido, irreconhecível sob essas condições ilusórias?
À medida que deixemos de lado todas as nossas aspirações para aquisições materiais, buscando amontoar tesouros no céu, quanto mais servirmos amorosa e desinteressadamente tanto mais rapidamente conheceremos a Verdade e, então mesmo vivendo neste Mundo dos fenômenos, poderemos falar como um Iniciado:
“Vivo neste Mundo, mas não sou deste Mundo”.
Portanto: para uma pessoa que um dia parou para pensar e chegou à brilhante conclusão que não sabe nada sobre o assunto, e, como diz Max Heindel, compreendeu sua ignorância e, assim, deu o primeiro passo para o conhecimento desse assunto, sente internamente, que algo maior existe e aspira conhecer a Verdade, mesmo sabendo que dificilmente alcançará pelos próprios meios.
Todavia, o que é esse “sentir internamente”? Não é nada mais, nada menos do que o coração aspirando por esclarecimentos mais profundos.
Vamos a um exemplo:
Quantas vezes estamos trabalhando afincadamente para resolver um problema e por mais que fazemos não conseguimos chegar à conclusão alguma.
Aí, eis que um belo dia, sem mais nem menos, um fio de intuição nos dá a solução que satisfaz todos os requisitos.
Nesse momento paramos para pensar no dito popular:
“O coração tem razões que a própria razão desconhece”.
E mais: todo ato motivado por uma intuição pura raramente deixa de produzir um resultado positivo.
Aqui surge mais uma pergunta: O que é a intuição? Ou, ainda, para não fugirmos do assunto: e o que ela tem a ver com a busca da Verdade?
Para entendermos o que seja a intuição, precisamos entender os nossos três tipos de Memória todas relacionadas com a nossa Mente, que nos conduz à Região Abstrata do Mundo do Pensamento, onde começa a realidade, e, portanto, o vislumbre da Verdade. Porque nesse reino de realidades abstratas a Verdade não está obscurecida pela matéria. Ela é evidente por si mesma.
A Memória Consciente, também conhecida como Memória Voluntária, está Relacionada totalmente com as experiências desta Vida. Basicamente é formada pelas ilusórias e imperfeitas percepções dos nossos 5 sentidos: olfato, audição, visão, paladar e tato. Essas percepções são gravadas no Éter Refletor do nosso Corpo Vital como impressões dos acontecimentos. Tais impressões podem ser modificadas ou até apagadas. Temos acesso instantâneo a ela. De onde se veem duas coisas: Os nossos 5 sentidos sãos os veículos da Memória Consciente e as diversas regiões do Cérebro são os pontos onde acessamos para compor a nossa Memória Consciente. Experimente fechar os olhos e lembrar de algo. Acabou de utilizar a sua Memória Consciente ou Voluntária.
É através da utilização dessa nossa Memória e da execução persistente do exercício da Observação como um dos exercícios do método para adquirir o conhecimento direto (detalhado no Conceito Rosacruz do Cosmos) que compreendemos o que Cristo quis dizer no Evangelho Segundo São Marcos, capítulo 8, versículo 18 com: “Tendes olhos e não vedes. Tendes ouvidos e não ouves.”.
A Memória Subconsciente, também conhecida como Memória Involuntária, relaciona-se totalmente com as experiências desta vida. Basicamente é formada pelo Éter contido no ar que aspiramos. Esse Éter leva consigo uma imagem fiel e detalhada de tudo o que está em nossa volta, tenhamos observado ou não. Portanto, muito mais precisa na gravação do que a Memória Consciente ou Voluntária. Esse ar impregnado com o Éter chega aos nossos pulmões através das vias respiratórias. Do pulmão é absorvido pelo sangue no processo de oxigenação. Através das quatro Veias Pulmonares o sangue chega até a Aurícula esquerda do Coração. E passando pela Válvula Mitral, o sangue vai até o Ventrículo Esquerdo. No Ápice desse Ventrículo está localizado o Átomo-semente do nosso Corpo Denso, o físico. O sangue ao passar por aí deixa gravado nesse Átomo-semente todo pensamento, emoção, desejo, sentimento, palavra, obra, ação e ato registrado no Éter que o acompanha. De onde se veem duas coisas: o sangue é o veículo da Memória Subconsciente e esse registro é a nossa Memória Subconsciente.
Assim, esse Átomo-semente contém as recordações de toda a vida nos seus mínimos detalhes e são essas imagens que serão tanto o árbitro do nosso destino após a morte, como a base da nossa vida futura. Isso ocorre as 24 horas do dia, 7 dias por semana desde a nossa primeira respiração que inalamos ao nascer até o último alento ao morrer.
Também tais impressões podem ser modificadas ou até apagadas por meio de outro exercício do método para adquirir o conhecimento direto, o exercício de Retrospecção (detalhado no Conceito Rosacruz do Cosmos).
Não temos acesso instantâneo a essa Memória. Daqui vemos a importância de se ter um Corpo são, pois o estado do sangue afeta o cérebro e todos os outros órgãos do nosso Corpo.
A Memória Supraconsciente contém todas as nossas faculdades e conhecimentos adquiridos em todas as vidas anteriores. Ou seja: está relacionada com as nossas vidas passadas e não com esta como as outras duas Memórias. É o resultado de todas as nossas lições aprendidas em todas as nossas vidas passadas. É o que entendemos como Verdade. Verdade segundo o nosso ponto de vista. Essas faculdades e conhecimentos são gravados no nosso veículo Espírito de Vida. O nosso Espírito de Vida está permanentemente em estreito contato com o nosso coração. Pois, o nosso Espírito de Vida é a contraparte superior do nosso Corpo Vital e tem o seu assento secundário no nosso coração. O Espírito de Vida é um dos nossos três veículos espirituais e que retrata o amor e a unidade. Por isso o coração é o foco do amor altruísta.
Esse nosso veículo do Espírito de Vida funciona no Mundo do Espírito de Vida. Esse Mundo é o primeiro Mundo, de baixo para cima, onde cessa toda a separatividade, onde o cotidiano é a Fraternidade Universal e é onde se encontra a verdadeira Memória da Natureza.
O Espírito de Vida vê mais claramente no seu Mundo do que em qualquer um dos Mundos mais densos. Contudo, as recordações gravadas na Memória da Natureza, quando trazidas pelo Espírito de Vida, não voltam pelos nossos sentidos físicos, mas sim por meio do Éter Refletor do nosso Corpo Vital.
Assim, quando estamos com algum problema, podemos utilizar nosso veículo Espírito de Vida para buscar a solução, a verdadeira solução. Essa solução é enviada através do Éter Refletor até o nosso coração, como orientação e iniciativa. Tão logo a recebe, o nosso coração a retransmite ao nosso cérebro através do Nervo Pneumogástrico. Isso é como se torna impulso emanado diretamente da fonte da sabedoria e do amor cósmico. O processo é extremamente rápido. O nosso coração o elabora muito antes da nossa Mente, mais lenta, poder considerar a situação. Normalmente, esse impulso atua como: consciência e caráter. Ou, ainda, compele a ação com uma força tão grande que chega até a contradizer a nossa Mente e o nosso Corpo de Desejos.
Perceba que, para compelir a ação esse impulso não precisa se envolver em matéria Mental ou de Desejos, como ocorre com as nossas ideias. Pena que, na maioria dos casos, após esse verdadeiro impulso intuitivo, vem o raciocínio e o cérebro acaba dominando o coração.
Em outras palavras: a nossa Mente e o nosso Corpo de Desejos frustram o nosso próprio objetivo e, assim, junto com os nossos Corpos sofremos as consequências. De qualquer modo, quanto mais estivermos dispostos a seguir essa orientação da nossa Memória Supraconsciente, tanto mais frequentemente ela falará, para o nosso próprio benefício.
Com isso vemos que através da utilização mais frequente da nossa Memória Supraconsciente podemos aplicar a Verdade aqui na nossa vida cotidiana. Daqui percebemos que tanto a fé como o conhecimento são somente meios para se chegar a um fim comum: chegar a Deus.
E para chegar a Deus precisamos buscar a união entre o Coração e Mente. Equilibrando a nossa fé com as ações.
Pois quando as perguntas da nossa Mente são respondidas, o nosso coração está livre para amar. E, ajudada pela nossa intuição, a nossa Mente pode penetrar nos mistérios do nosso ser.
Esse equilíbrio é fundamental para chegarmos a um conhecimento mais verdadeiro de nós próprios e do mundo que vivemos. E, portanto, entenderemos que buscar a verdade aqui, não é mais nada senão buscar viver a vida superior. Despojarmo-nos do nosso egoísmo e viver o bem pelo simples prazer de fazer o bem.
Quanto mais acharmos difícil é porque estamos perto de conseguir o objetivo, pois nisso estamos mostrando que já compreendemos a luta interna, aqui dentro, entre o nosso “eu inferior”, a personalidade, e o nosso “eu superior”, a individualidade, o Ego, o que realmente somos.
Uma luta árdua, constante, sem descanso. E uma vozinha lá dentro, baixinha, mas firme, a nos empurrar para cima e para frente, dizendo-nos, constantemente: “O único fracasso é deixar de lutar”.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
A atitude otimista e corajosa é essencial tanto à conservação da própria saúde quanto para podermos auxiliar aqueles que se encontram enfermos. Essa afirmação tem fundamento científico, mas somente pela filosofia oculta é que temos a prova cabal da sua utilidade.
“A energia solar flui continuamente para dentro do nosso Corpo Denso e Vital através do baço, órgão especializado na função de atrair e especializar esse Éter universal. No Plexo Celíaco esse Éter se transforma em um fluido de cor rosa, atravessando todo o sistema nervoso. Por meio dele os músculos são movimentados e os órgãos executam suas funções vitais. Quanto melhor se encontra o nosso estado de saúde, tanto maior é a qualidade desse fluido solar que somos capazes de absorver. Entretanto, do absorvido somente uma parte é utilizada e o excesso é irradiado do Corpo Vital seguindo direções retilíneas. Devido a essas correntes invisíveis de força, os germes, micróbios, vírus e bactérias nocivas das enfermidades não conseguem penetrar no nosso Corpo Denso e os micro-organismos que conseguem, associados aos nossos alimentos, são expelidos logo em seguida. Não obstante, ao emitirmos pensamentos de medo, aborrecimentos, ira e outros similares em inferioridade ou negativos o baço se fecha, cessando então de especializar o fluido em quantidade necessária. Então as linhas de força do Corpo Vital se encurvam, dando acesso fácil aos organismos deletérios que transformam os tecidos em seu pasto, originando, assim, a enfermidade”.
Além disso, “os pensamentos de medo, raiva, cólera, ódio e outros afins tomam forma e no decorrer do tempo se cristalizam naquilo que conhecemos como bacilos. De modo especial, os bacilos de enfermidades infecciosas são a incorporação do medo, da tristeza e do ódio; portanto, são vencidos pela força oposta — a coragem, o amor, a alegria.
Quando nos aproximamos de uma pessoa contaminada por uma enfermidade contagiosa, medrosos e trêmulos, é certo que dirigimos contra nós mesmos os venenosos micróbios portadores da morte.
Se, de outro modo, dela nos aproximarmos completamente livres de medo, escaparemos da infecção, particularmente se formos guiados pelo amor”.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1965)