Lembrando: atualmente estamos na metade da quarta Revolução no Globo D do Período Terrestre. Ou seja, do princípio do Período Terrestre até agora muito, mais muito mesmo, tempo já se passou.
Entretanto no início do Período Terrestre a divisão entre os quatro Reinos (Mineral, Vegetal, Animal e Humano) que começaram a sua evolução nesse Grande Dia de Manifestação – e com os quais temos um relacionamento bem próximo – não era tão bem delimitado assim. Dentro de cada Reino houve a necessidade de divisão em classes. Assim, no início do Período Terrestre tivesses os seguintes nomes de classes:
Ao principiar o Período Terrestre havia cinco classes, contendo algumas delas várias divisões, como mostra o Diagrama 10. As classes mencionadas nesse Diagrama foram trazidas a este ambiente de quatro elementos que temos atualmente (Ar, Água, Terra e Fogo) pelas Hierarquias Criadoras que as tinham a seu cargo.
Diagrama 10 – Classes no início do Período Terrestre
Essas divisões sucederam-se nas seguintes épocas e pelas razões expostas.
As classes 3a e 3b do Diagrama 10 pertencem à nossa Onda de Vida e têm possibilidades de alcançar-nos, se vencerem o ponto crítico da próxima Revolução do Período Terrestre. Os que não puderam passar esse ponto ficarão apartados, até poderem entrar em alguma evolução futura e prosseguir seu desenvolvimento em novo período humano. Excluídos, não poderão seguir com a nossa humanidade, porque esta ter-se-ia desenvolvido deixando-os distantes. Seria um verdadeiro obstáculo ao nosso progresso se tivéssemos de rebocá-los. Não serão destruídos, isso não, mas ficarão à espera de outro período evolutivo.
Notem que a classe 3c é, atualmente, a Onda de Vida animal. A classe 4a era a Onda de Vida animal, mas atrasada. A classe 4b é, atualmente, a Onda de Vida vegetal. Já a classe 5a era a Onda de Vida vegetal, mas atrasada. E a classe 5b é, atualmente, a Onda de Vida mineral.
Percebam que no início do Período Terrestre houve uma nova Onda de Vida (o atual Reino Mineral) que entrou na evolução (a classe 5b).
Observem que Antropoides aqui se refere aos antropoides superiores ou primatas superiores (não possuem caudas): Orangotango, Gorila, Chimpanzé e Bonobo.
Árvores e Arbustos de Folhas Perenes são plantas que vive mais de dois anos. O termo é frequentemente usado para diferenciar uma planta de plantas anuais e bienais de vida mais curta. O termo também é amplamente utilizado para distinguir plantas com pouco ou nenhum crescimento lenhoso (crescimento secundário na circunferência) de árvores e arbustos, que também são tecnicamente perenes. Notavelmente, estima-se que 94% das espécies de plantas se enquadram na categoria de plantas perenes, ressaltando a prevalência de plantas com expectativa de vida superior a dois anos no mundo botânico.
Gramíneas, Relva e Ervas é um membro de uma grande família (Gramineae ou Poaceae) de plantas monocotiledôneas com folhas estreitas, caules ocos e cachos de flores muito pequenas, geralmente polinizadas pelo vento. As gramíneas incluem muitas variedades de plantas cultivadas para alimentação, forragem e cobertura do solo.
Solos macios é um tipo especial de solo subconsolidado (p.exe, como o amplamente distribuído nas áreas costeiras da China) e possui características de alto teor de água, baixa resistência e grande deformação; geralmente não é adequado para uso em engenharia de construção. Estão incluídos aqui a argilas normalmente consolidadas ou ligeiramente superconsolidadas, argilas siltosas, siltes argilosos e turfas.
Durante o tempo transcorrido desde o princípio do Período Terrestre até a metade da quarta Revolução no Globo D, o Reino Humano vem desenvolvendo o elo da Mente, despertando para a plena consciência de vigília. Os animais obtiveram um Corpo de Desejos; as plantas um Corpo Vital; os atrasados da Onda de Vida evolutiva começada no Período Lunar escaparam à dura e pesada condição pétrea e, agora, seus Corpos Densos formam nossas terras brandas; enquanto a Onda de Vida que começou a evolução no Período Terrestre forma as rochas e pedras mais duras.
Foi assim que as diferentes classes adquiriram os veículos indicados no Diagrama 3, que replicamos abaixo e que detalhamos aqui:
Diagrama 3 – Os Veículos dos Quatro Reinos
Recordemos que, no Período Lunar, essas classes formavam três Reinos: Animal, Animal-vegetal e Vegetal-mineral.
Aqui, na Terra, as condições existentes já não permitem classes intermediárias. Só podem existir quatro Reinos distintos e diferentes. Nessa fase de existência cristalizada das formas, torna-se muito mais definida a diferença entre os Reinos, o que não acontecia nos primeiros Períodos, em que cada Reino imergia gradualmente no seguinte. Portanto, algumas das classes citadas no Diagrama 10 avançaram meia etapa, enquanto outras retrocederam outro tanto.
Alguns dos minerais-vegetais avançaram completamente para o Reino Vegetal e formaram a verdura dos campos. Outros retrocederam e converteram-se no solo puramente mineral em que crescem as plantas. Alguns dos vegetais-animais desenvolveram-se até o Reino Animal. Suas espécies têm ainda o sangue incolor dos vegetais, e outras, como as estrelas do mar, conservam ainda as cinco pontas semelhantes às pétalas de uma flor.
Os da classe 2, cujos Corpos de Desejos estavam em condições de serem divididos em duas partes (neste caso, todos os da classe 1) e que podiam atuar em veículos humanos, avançaram para o grupo humano.
Convém reparar cuidadosamente que, nos parágrafos anteriores, faz-se referência às formas, não à vida, que anima as formas. O instrumento está graduado para servir à vida que o anima.
Os da classe 2, em quem se podia efetuar a divisão mencionada, elevaram-se ao Reino Humano, mas o espírito interno foi-lhes dado um pouco mais tarde do que aos da classe 1. Por consequência, não estão tão desenvolvidos como os da classe 1, e formam os nossos irmãos e irmãs que ocupam Corpos e veículos inferiores ao da classe 1.
Os que tinham seus Corpos de Desejos incapazes de divisão foram colocados nas mesmas condições das classes 3a e 3b; constituem os presentes antropoides superiores (bonobos, chimpanzés, gorilas e orangotangos). Entretanto, se alcançarem o suficiente grau de desenvolvimento antes do ponto crítico já mencionado, que virá a meados da quinta Revolução, poderão seguir com a nossa evolução. Caso não consigam, perderão todo contato com ela.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
O Diagrama (seguinte) mostra os três momentos que são detalhados no texto abaixo:
Primeiro Momento (Época Lemúrica): quando cada ser humano era uma unidade criadora completa, macho-fêmea, bissexual e regida por um Hierarca, Melquisedeque, que exercia o duplo cargo de Rei e Sacerdote.
Segundo Momento (Época Atlante e Época Ária): quando a divisão da raça em homens e mulheres, e a divisão de governo em Estado e Igreja, causaram guerras e lutas. Estado abraça a causa da “Paternidade e do Homem” e eleva o ideal masculino das Artes, Ofícios e Indústria, encarnado em Hiram Abiff. A Igreja abraça a causa da Maternidade e da Mulher e mantém erguido o ideal feminino do amor e do lar, encarnado na Madona e seu filho. São os interesses conflitantes entre o homem e a mulher, o lar e o trabalho, a Igreja e o Estado, que causam as lutas econômicas, a guerra e as disputas com as quais a humanidade é atormentada e faz com que todos desejemos e oremos pelo reino da paz.
Terceiro Momento (Época Nova Galileia): quando um Cristo divino que, como Melquisedeque, exercerá o cargo duplo de Rei e Sacerdote e reinará sobre uma humanidade purificada e glorificada que se elevou do amor-sexo ao amor-alma.
Agora, vamos detalhar cada Momento a fim de entendermos como isso se deu e como se dará daqui para frente.
Entre todos os personagens mencionados na Bíblia, nenhum é mais misterioso do que Melquisedeque (ou Melchizedek). Não teve pai, mãe ou outro parente terrestre e mantinha o duplo cargo de rei e sacerdote. São Paulo, em sua Epístola aos Hebreus, nos fornece muita informação a respeito, mostrando a ligação entre Cristo e Melquisedeque, ambos Reis e Sumo-Sacerdotes, ainda que de dispensações diferentes:
“Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de várias maneiras aos nossos pais, pelos profetas, a nós falou nestes últimos dias pelo Seu Filho, a quem Ele constituiu herdeiro de todas as coisas, por quem Ele fez também os mundos *** Nenhum homem toma para si esta honra, senão aquele que é chamado por Deus, como foi Arão. Assim também Cristo não Se glorificou para se tornar Sumo Sacerdote, mas Aquele que Lhe disse: `Tu és meu Filho, hoje Te gerei.’ Como Ele também diz em outro lugar Tu és um Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque, o qual nos dias de Sua carne, quando Ele ofereceu, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que O podia salvar da morte e foi ouvido quanto ao que temia, e, embora fosse o Filho, ainda aprendeu a obediência pelas coisas que padeceu; e, tornando-se perfeito, tornou-se a causa de eterna salvação para todos que O obedecem; chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação. * * * Porque este Melquisedeque, que era rei de Salem, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava de destroçar os reis, e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e depois também rei de Salem, que quer dizer rei de paz; sem pai nem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. *** E aqui certamente recebem dízimos os homens que morrem (os Levitas); ali, porém, Ele acolhe aquele de quem se afirma que vive. *** De sorte que, se a perfeição tivesse podido ser realizada pela lei e seu sacerdócio, que necessidade havia de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não segundo a ordem de Arão? *** Porque é manifesto que nosso Senhor procedeu da tribo de Judá, tribo da qual Moisés nunca atribuiu o sacerdócio. E muito mais manifesto é ainda se, à semelhança de Melquisedeque, se levantar outro sacerdote que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo o poder da vida eterna, porque dele assim se testifica; `Tu és sacerdote através dos séculos, segundo a ordem de Melquisedeque.’ *** Jesus tornou-se, por isso mesmo, o fiador de uma aliança melhor: *** mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo; *** porque a lei constituiu sumos sacerdotes a homens débeis, mas a Palavra de Deus que era desde a lei, constituiu o Filho, consagrado para sempre. A suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote que está assentado nos céus à direita do trono da majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor erigiu, e não o homem: *** E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue, e sem derramamento de sangue não há remissão; de sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as mesmas coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes, porque Cristo não entrou num santuário feito por mão de homem, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós diante de Deus; *** Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais elevado, quanto é mediador da melhor aliança, que está confirmada em melhores promessas; porque se aquela primeira aliança fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança. Não como a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito; como não permaneceram na minha aliança, eu para eles não atentei, diz o Senhor. *** Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor: “porei as minhas leis no seu entendimento, e em seus corações as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo; e não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conheça o Senhor: porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”.
É necessário juntar inteligentemente a narrativa da Bíblia, para que possamos obter um esboço do futuro desenvolvimento que foi delineado pelas Divinas Hierarquias para constituir nossa evolução. A compreensão deste plano é nossa evolução. A compreensão deste plano é essencial para o completo entendimento da relação Cósmica entre a Maçonaria e o Catolicismo; é também necessário entender integralmente a finalidade do Mar Fundido e aprender como fazer, com discernimento, esta maravilhosa liga. Como diz São Paulo, estas coisas são difíceis de dizer, mas tentaremos apresentar em linguagem simples, o mistério de Melquisedeque e do Mar Fundido, para que possamos, como foi expresso na Bíblia, ajudar a iluminar do menor ao maior dos homens, para que todos conheçam o objetivo da evolução e tenham a oportunidade de alinharem-se com os acontecimentos Cósmicos.
Para compreendermos o mistério de Melquisedeque devemos retroceder à Época relacionada com a existência do ser humano na Terra, a Época Hiperbórea. A Terra estava, então, em uma condição extremamente aquecida. O ser humano em formação era bissexual, masculino-feminino, como muitas das nossas plantas atuais, com as quais se parecia por ser inerte e por faltar-lhe desejo e aspiração. Naquele tempo, o ser humano era o tutelado dócil das Hierarquias Divinas que o guiavam fisicamente, sendo isto veladamente referido na Bíblia como “Reis de Edom”. Mais tarde, na Época Lemúrica, quando o corpo do ser humano se cristalizou e condensou um pouco mais, a humanidade foi dividida fisicamente em sexos. Porém, como a consciência dos homens ainda estava focalizada no mundo espiritual, eles eram inconscientes do ato físico da geração, como somos agora da digestão. Não conheciam nascimento nem morte e eram totalmente inconscientes da posse de um veículo físico, mas, com o tempo, sentiram-no no processo gerador. Então, foi dito que “Adão conheceu Eva”. Nessa época, os Espíritos Lucíferos, os Anjos caídos e habitantes do belicoso Planeta Marte, ensinaram os seres humanos a comer da Árvore do Conhecimento, nome simbólico do ato gerador. Assim, gradativamente, seus olhos abriram-se e tornaram-se conscientes do Mundo Físico, mas perderam o contato com o mundo espiritual e com os Anjos guardiães, que tinham sido, anteriormente, seus guias benevolentes. Somente alguns dos mais espiritualizados conservaram sua visão superior e a comunhão com as Hierarquias Criadoras. Eram os profetas, que agiam como mensageiros entre os divinos guias invisíveis e seus respectivos povos. Porém, com o decorrer do tempo, a humanidade desejou escolher seus próprias guias e exigiu reis visíveis; sabemos que os Israelitas repudiaram a divina liderança e exigiram um rei e daí Saul ter sido designado. A seguir, o duplo cargo de Governante e Sacerdote, abrangendo a liderança temporal e espiritual, foi também dividido, pois nenhum ser humano que estivesse capacitado em problemas do mundo para exercer com eficiência o cargo de Rei, era bastante santo para também exercer a liderança espiritual de seus irmãos e vice-versa. Um verdadeiro sacerdote, capaz de guiar espiritualmente seu rebanho, não pode controlar, ao mesmo tempo e bem, riquezas materiais como governante de um domínio temporal. Assim como a Política, no seu aspecto mais elevado, visa dirigir as massas focalizando somente seu bem-estar físico, o Sacerdócio, exercido benevolentemente, procura guiá-las unicamente para o progresso da alma. Portanto, é natural que o conflito aconteça após essa separação, mesmo que ambos, governantes espirituais e temporais, sejam movidos pelos motivos mais elevados e altruístas. Melquisedeque era o nome simbólico das Hierarquias Criadoras que desempenharam o duplo cargo de sacerdote e rei na orientação dos seus tutelados bissexuais, e enquanto eles reinaram houve paz sobre a Terra. Mas logo que os cargos de Rei e Sacerdote foram separados e os sexos divididos, é fácil compreender pela razão acima apresentada, que o reino cheio de paz de Melquisedeque foi seguido por uma era de guerras e conflitos, tal como acontece na atual dispensação. Antigamente, os fatores unificantes de um cargo duplo no governo e o sexo duplo do seu povo, impediam o conflito de interesses que agora existe, e que continuará até que um outro regente divino se apresente para incorporar as qualidades do duplo cargo de Rei e Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e até que a geração pelo sexo seja abolida. É significativo observar-se que a narrativa bíblica começa no Jardim do Éden, onde a humanidade era macho-fêmea e inocente. No capítulo seguinte, falam-nos da divisão dos sexos, da transgressão à ordem de não comerem da Árvore do Conhecimento e dos castigos impostos – o parto doloroso e a morte. Daí por diante, o Antigo Testamento fala de guerras, lutas e contendas, e, no último capítulo, faz a profecia de que um Sol de justiça surgirá trazendo a cura em suas asas. O Novo Testamento começa com um relato sobre o nascimento do Cristo, que proclamou um Reino do céu que está para ser estabelecido. Posteriormente, Ele é chamado de Rei e Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, unindo em si o cargo duplo. Também é dito que no céu não haverá matrimônio, ninguém será dado em casamento, pois a soma psuchicon, ou corpo-alma, que São Paulo disse ser o veículo que usaremos no Reino do Céus (Icor 15), não está sujeito à morte nem à desintegração. Assim, não haverá morte, e o nascimento dos corpos gerados pelo casamento será dispensável, pois São Paulo nos diz que “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Portanto, o casamento será desnecessário e o choque de interesses, devido à luxúria do sexo e do amor ao poder, desaparecerá e o amor das almas será santificado pelo espírito da paz.
Este é o plano que os Filhos de Caim, os Artífices, e os Filhos de Seth, os Sacerdotes, e seus respectivos seguidores devem amalgamar para ficar unidos no Reino de Cristo. Já vimos como Hiram Abiff, o Filho da Viúva, deixou seu pai, o espírito Lucífero Samael, depois do batismo de fogo no Mar Fundido e como recebeu a missão de preparar o caminho do reino para seus irmãos, os Filhos de Caim, pelo desenvolvimento de suas artes e ofícios como construtores do templo – Maçons – ensinando-os a preparação da Pedra Filosofal, ou Mar Fundido. Assim, os fisicamente negativos Filhos de Seth devem aprender a deixar seu pai Jeová e é natural que o primeiro a dar este passo seja uma grande alma.
Como a suprema habilidade dos Filhos de Caim foi focalizada em Hiram Abiff na ocasião do seu batismo de fogo, assim também a sublime espiritualidade dos Filhos de Seth foi centralizada em Jesus na ocasião de Seu batismo nas águas do Jordão. Quando Ele se ergueu dessa água, estava na mesma situação que Hiram ao emergir do fogo; cada um tinha deixado seu pai, respectivamente Jeová e Samael, e cada um estava pronto para servir o Cristo. Por isso, o Espírito Cristo foi visto no Batismo descendo sobre o corpo de Jesus, o qual foi habitado e usado por Cristo durante Seu ministério. Jesus, o Espírito, deixou aquele corpo e foi-lhe dada a missão de servir as igrejas enquanto seu corpo estava sendo usado por Cristo para divulgar os novos ensinamentos e seu sangue estava sendo preparado como um “Abre-te-Sésamo” para o Reino de Deus, uma Panaceia para ser usada pelos Seus irmãos, os Filhos de Seth, do mesmo modo que o Mar Fundido serve os Filhos de Caim.
Na Epístola aos Hebreus, São Paulo deu-nos algumas alusões acerca do Mistério de Melquisedeque na qualidade de Sumo Sacerdote, e enfatizou a necessidade absoluta do sangue como um complemento para o Serviço do Templo. Mostrou que era exigido que o Sumo Sacerdote oferecesse primeiro sangue pelos seus próprios pecados, antes de oferecer sacrifício pelos pecados do povo, e que este sacrifício duplo devia ser efetuado ano após ano. Ele indicou o sacrifício no Gólgota como o que representou isto, uma vez e para sempre, proporcionando um caminho de redenção por meio do sangue de Jesus. Durante o regime de Jeová, o sangue da humanidade tornou-se impregnado de egoísmo, que é o fator separativo nesta era. O sangue deve ser purificado deste pecado antes que a humanidade seja unida e entre no Reino de Cristo. Esta foi uma tarefa gigantesca, pois a humanidade estava tão impregnada de egoísmo, que raramente alguém fazia um favor a outro. Por esta razão, o panorama “post-mortem” da vida, na época de Cristo, nada continha que pudesse impulsionar uma vida no Primeiro Céu ou dar-lhe progresso espiritual. Quase toda existência “post-mortem” das pessoas era consumida na expiação purgatorial de suas más ações, e mesmo suas vidas no Segundo Céu, onde o ser humano aprende a fazer trabalho criativo, era infrutífera. Então, o Rei Salomão foi chamado novamente à arena da vida para cumprir uma missão em benefício e bem-estar dos seus irmãos, os Filhos de Seth. Estava qualificado para este trabalho porque era realmente generoso, como foi revelado pelo pedido que fez quando Jeová apareceu-lhe em um sonho e perguntou-lhe o que ele queria receber, como presente, quando subisse ao trono. Salomão respondeu a Deus: “Tu mostraste grande misericórdia com David meu pai e me colocaste para reinar em seu lugar; agora, Oh! Senhor, confirma Tua promessa dada a David meu pai, porque me fizeste rei de um povo que é como o pó da terra em multidão. Dá-me agora sabedoria e conhecimento para que eu possa sair e estar diante deste povo, pois quem pode julgar Teu povo tão numeroso?” E Deus disse a Salomão: “Porque isto estava no teu coração e não pediste riquezas, opulência, poder ou glória, nem a vida dos teus inimigos, nem ainda pediste vida longa, mas pediste sabedoria e conhecimento para ti, para que possas julgar o meu povo sobre o qual Eu te fiz rei; sabedoria e conhecimento te serão dados e Eu te darei riqueza, opulência e glória como ninguém dos reis possuiu antes de ti, nem haverá ninguém semelhante depois de ti”.
Esta característica de altruísmo desenvolvida em vidas anteriores, preparou o espírito de Salomão, que habitou o corpo de Jesus, para a alta missão a que foi destinado, isto é, servir como um veículo para o generoso e unificante Espírito Cristo, com o propósito de acabar com a divisão entre os Filhos de Seth e os Filhos de Caim, unindo-os na Fraternidade, formando o reino do Céu.
Quando Fausto fez o pacto com Mefistófeles, como é lembrado no antigo mito-alma daquele nome, ele estava prestes a assiná-lo com tinta, quando Mefisto disse: “Não, assina em sangue”. Quando Fausto perguntou a razão disso, Mefistófeles disse esperta e astutamente: “O sangue é uma essência muitíssimo peculiar!”.A Bíblia diz que o sangue dos touros e bezerros não tirará os pecados e isso é compreensível, mas qual a explicação para o sangue de Jesus que é exaltado como uma panaceia? Para compreender esse grande mistério do Gólgota é necessário estudar a composição e função do sangue, do ponto de vista oculto.
Quando o sangue é examinado em um microscópio, parece ter um número de minúsculos glóbulos ou discos, porém, quando um clarividente treinado pode vê-lo enquanto circula através de um corpo vivo, constata que o sangue é um gás, uma essência espiritual. O calor é causado pelo Ego que está dentro deste sangue, pois, como diz a Bíblia, a vida está no sangue. Mefistófeles estava certo quando disse que o sangue é uma essência muitíssimo peculiar, pois contém o Ego e todo aquele que quiser obter um poder sobre o Ego, tem que possuir o seu sangue.
O Ego humano é mais poderoso que o Espírito-Grupo do animal, como podemos ver quando aplicamos o teste científico conhecido como hemólise. Sangue estranho de um animal superior, se inoculado nas veias de um de espécie inferior, causará a morte deste. Se tomarmos sangue humano e o injetarmos em um animal, este será incapaz de suportar as altas vibrações que estão no sangue do ser humano e morrerá. Por outro lado, um ser humano poderá ser inoculado com o sangue de um animal inferior sem sofrer danos. Nos tempos primitivos era rigorosamente proibido alguém pertencente a uma tribo casar-se dentro de uma outra tribo, pois era sabido, então, pelos guias da humanidade, que o sangue estranho mataria alguma coisa; sempre o faz. Lemos que Adão e Matusalém viveram vários séculos; naquele tempo era costume casarem-se em família, casar-se tão próximo quanto possível, para que os laços de sangue ficassem cada vez mais fortes. Assim, o sangue que circulava nas veias das pessoas naquela família continha as imagens de todos os acontecimentos referentes aos seus ancestrais; esses quadros eram guardados na mente, que é agora o subconsciente. Naquela época, eram conscientes e estavam sempre diante da visão interior das pessoas e cada família estava unida por este sangue comum, onde as imagens dos seus ancestrais permaneciam. Os filhos viam a vida dos seus pais e, em consequência, os pais viviam nos filhos; e, uma vez que as consciências de Adão, de Matusalém e de outros Patriarcas viveram durante séculos em seus descendentes, diz-se que viveram pessoalmente essa longevidade.
O matrimônio forada família era considerado um crime, como agora casar-se dentro dela é considerado um mal. Sabemos que entre os primitivos escandinavos, se alguém quisesse se casar em uma família estranha, era obrigado primeiro a misturar o sangue, que devia ser testado para ver se esse sangue se misturaria com o da família na qual desejava entrar. Desta forma, a hemólise foi sentida por muitos, pelo menos em algumas de suas fases. Se o sangue não se misturasse podia trazer “confusão de casta”, como diz o Hinduísmo; uma linha pura de descendência devia ser mantida, pois, de outra maneira, aquelas imagens ou visão interna se misturariam e se tornariam confusas. Este matrimônio na família ou tribo foi o que engendrou o egoísmo, o espírito de clã, o conflito e a luta no mundo. Para acabar com isso, a prática devia ser interrompida, e quando Cristo veio à Terra, Ele advogou a interrupção desse hábito, quando disse: “Antes que Abraão fosse, Eu sou”. De fato, Ele disse: “Eu não me importo pelo pai da raça, mas Eu me glorifico no Eu Sou, o Ego que era há muito tempo antes que ele fosse”. E Ele também disse: “Quem não deixa pai e mãe não pode seguir-Me”. Enquanto estivermos amarrados à família, à nação ou tribo, estamos ligados ao velho sangue, aos velhos caminhos e não podemos fundir-nos em uma fraternidade universal. Isto poderá ser alcançado quando as pessoas se casarem além das fronteiras, porque quando existem tantas nações, a maneira de uni-las é através do casamento. Deixemos Abraão, o pai da raça e da tribo morrer; deixemos o “Eu Sou” viver. Cristo tinha conhecimento do fato oculto de que a mistura do sangue em casamento entre diversas raças e famílias sempre mata algo; quando não mata o corpo, mata alguma outra coisa. Se cruzarmos um cavalo e um burro, teremos um híbrido, a mula; nela alguma coisa está faltando devido à mistura de sangue estranho, a saber, a faculdade da propagação que está faltando em todos os híbridos. De forma análoga, quando os casamentos ocorrem fora do círculo da raça ou família, alguma coisa é destruída, e, neste caso, são os quadros da visão interna. Os diferentes quadros de diferentes famílias se chocam e, em consequência, a clarividência, o contato com o mundo espiritual e com a memória da Natureza foi desaparecendo desde que a prática do casamento dentro do mesmo grupo cessou. Somente os escoceses das montanhas que se casam na clã, e os ciganos, retêm, de certa forma, esta segunda visão. Assim, vemos que o sangue é agora constituído diferentemente do que era nas idades primitivas da evolução humana. O corpo de Jesus era um veículo pioneiro, de máxima pureza, quando o Espírito Cristo entrou nele como um meio de ingressar no centro da Terra pelo idêntico caminho que, previamente, tinha sido percorrido por Hiram Abiff quando se lançou no Mar Fundido e foi conduzido pelo caminho da Iniciação para o centro da Terra, onde Caim, seu antepassado, habitava.
Essa viagem de Cristo é citada na Primeira Epístola de São Pedro 3:18-19, depois de Cristo ter-se libertado da carne pela morte violenta no Gólgota. Quando alguém morre, o sangue venoso com suas impurezas adere firmemente à carne e, portanto, o sangue arterial que corre fica visivelmente mais limpo do que em outras circunstâncias; está mais livre de paixão e de desejo. Sendo eterizado pelo grande Espírito Cristo, o sangue limpo de Jesus inundou o mundo, purificou grandemente a região etérica do egoísmo, e deu ao ser humano uma melhor oportunidade para atrair para si materiais que lhe permitirão formar propósitos e desejos altruísticos. A era do altruísmo foi aí inaugurada. Pela fé neste sangue e pela imitação da vida de Cristo, os Filhos de Seth foram preparados para eliminar de si a maldição do egoísmo; enquanto aos Filhos de Caim foi-lhes dado o emblema da Rosa e da Cruz, para ensinar-lhes como trabalhar fielmente no preparo do Mar Fundido, a Pedra Filosofal, e encontrar a Nova Palavra que os admitirá no reino, pois eles acreditam mais no trabalho do que na fé.
Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
Visto em toda sua plenitude, esse maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em espírito humano interno.
No entanto, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante.
Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva.
Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
Esse símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às Raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Esse lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o Corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro Corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro Corpo.
A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo,quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, e foi perdendo a sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.
Mesmo presentemente o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles,jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o Corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa branca está colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da Raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma Aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por esse motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentesrespondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.
Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3:9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o Aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da Raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mental, moral, financeira e fisicamente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um Corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
UM LEMBRETE MUITO IMPORTANTE:
A EXPOSIÇÃO PÚBLICA DO SÍMBOLO ROSACRUZ QUE CONTÉM A ROSA BRANCA VISÍVEL deve ser feita publicamente somente nos momentos em que os Rituais Rosacruzes (do Templo, de Cura, dos Equinócios e Solstícios, de Véspera da Noite Santa) forem oficiados com mais um detalhe: descobri-lo depois do Hino Rosacruz de Abertura e recobri-lo antes do Hino Rosacruz de Encerramento.
E Após o Ritual o Símbolo Rosacruz deve ser guardado, em local apropriado, não visível publicamente.
A Terra apresenta-se composta de camadas, à semelhança de uma cebola, cada camada ou estrato cobrindo outra. Há nove estratos e um núcleo central, dez no total. Tais estratos são revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada Iniciação, de modo que, ao final das nove Iniciações Menores domina todas as camadas, mas ainda não tem acesso aos segredos do núcleo central.
Observem bem: conhecer os diversos estratos da Terra e as posições relativas dos Planetas no firmamento, e não conhecer seu emprego e significado na vida e sua finalidade no Cosmos são tão inúteis quanto apenas conhecer as posições dos ossos, músculos, nervos etc., e não compreender as funções que desempenham na economia do Corpo.
O Diagrama 18 dá uma ideia da disposição dos estratos terrestres, omitindo informações sobre o núcleo central para mostrar mais claramente a formação de correntes em forma de lemniscata no nono estrato.
No Diagrama 18 os estratos são representados como se tivessem igual espessura, mas em realidade uns são muito mais delgados do que outros. Começando pelo mais externo, aparecem na seguinte ordem:
Na realidade, e de acordo com a explicação oculta da evolução, a questão deveria ser como se originaram as coisas “mortas”. A vida existia antes das formas mortas. Ela construiu seus Corpos de substância vaporosa e sutil, muito antes de se condensar na crosta sólida da Terra. Só quando a Vida abandona as formas, podem estas se cristalizar, tornando-se duras e mortas.
O carvão nada mais é do que Corpo vegetal cristalizado. Os corais são também produtos da cristalização de formas animais. A vida abandona as formas e as formas morrem. A vida nunca penetra numa forma para despertá-la à vida. A vida sai das formas e as formas morrem. Foi assim que surgiram as “coisas mortas”.
Nesse quinto estrato existe a fonte primordial da vida, da qual brotou o impulso que construiu todas as formas da Terra. Corresponde à Região do Pensamento Abstrato.
6.Estrato Ígneo: por estranho que pareça esse estrato possui sensações. O prazer e a dor, a simpatia e a antipatia produzem aqui seu efeito sobre a Terra. Geralmente se supõe que a Terra, em nenhuma circunstância, pode ter qualquer sensação. Contudo, quando o cientista ocultista observa colher o grão maduro, cortar as flores ou, no outono, colher as frutas das árvores, sabe do prazer experimentado pela Terra. É semelhante ao prazer que a vaca sente quando seus úberes cheios são aliviados pelo bezerro sugador. A Terra experimenta o deleite de nutrir sua progênie de Formas, e esse deleite culmina no tempo da colheita.
Por outro lado, quando se arrancam as plantas pela raiz, fica patente ao cientista-ocultista que a Terra sente dor. Por essa razão, ele não come alimentos vegetais que cresçam debaixo da Terra. Em primeiro lugar, porque esses vegetais são plenos de força terrestre e carentes de força solar; segundo, por terem sido extraídos com as raízes, são venenosos. A única exceção a esta regra é a batata, porque em seus primórdios crescia na superfície da terra, e só em tempos relativamente recentes começou a crescer debaixo do solo. Os ocultistas fazem o possível para alimentar seus Corpos com os frutos que crescem ao Sol, pois estes contêm mais força solar, e sua colheita não causa sofrimento algum à Terra.
Poder-se-ia supor que os trabalhos nas minas produzem dor à Terra. Pelo contrário, toda desintegração da crosta dura produz uma sensação de alívio, e toda solidificação é fonte de dor. Quando uma torrente de chuva lava a encosta da montanha, arrastando a terra para os vales, a terra sente-se mais aliviada. Aonde a matéria desintegrada se deposita de novo, como no baixio que se forma na foz de um grande rio, produz-se uma correspondente sensação de opressão.
Assim como a sensação, nos animais e no ser humano, é devida a seus Corpos Vitais separados, assim as sensações da Terra são especialmente ativas no sexto estrato, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender-se o prazer que ela experimenta quando se quebra uma rocha e a dor que lhe produzem as solidificações, devemos recordar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, o qual, para fornecer-nos um meio em que pudéssemos viver e obter experiência teve de cristalizar seu Corpo até à condição de solidez atual.
Contudo, na medida em que a evolução prossiga e o ser humano aprenda as lições correspondentes aos extremos de concretização, a Terra tornar-se-á mais branda e seu espírito libertar-se-á cada vez mais. Foi isto o que São Paulo quis significar quando disse que toda a criação geme e sofre, esperando o dia da libertação.
7. Estrato Refletor: esta camada da Terra corresponde ao Mundo do Espírito Divino. Para aqueles que não estão familiarizados com o que na Ciência Oculta se conhece como “Os Sete Segredos Indizíveis”, ou que não tenham pelo menos um vislumbre de sua importância, as propriedades desse estrato parecerão particularmente absurdas e grotescas. Nele, todas as forças que conhecemos como “Leis da Natureza” existem como forças morais, ou melhor, imorais. No princípio da existência consciente do ser humano, essas forças eram piores do que agora. Contudo, tudo indica que tais forças melhoram com o progresso moral da humanidade, e que qualquer falha moral tem certa tendência a desencadear essas forças da Natureza produzindo devastações sobre a Terra, enquanto a busca de elevados ideais torna-as menos inimigas do ser humano.
Por conseguinte, as forças desse estrato são, em qualquer época, um reflexo exato do estado moral da humanidade. Do ponto de vista oculto, a “mão de Deus” que se abateu sobre Sodoma e Gomorra[1] não é uma tola superstição, pois, tão certo como há uma responsabilidade individual ante a Lei de Consequência que traz a cada pessoa o justo resultado de suas ações, sejam boas ou más, assim também existe uma responsabilidade coletiva ou nacional, que atrai sobre os grupos humanos resultados equivalentes aos atos efetuados em conjunto. As forças da natureza são, em geral, os agentes de tal justiça retribuidora, causando inundações ou terremotos a um grupo, ou a benéfica formação de óleos ou carvões a outro, de acordo com os seus merecimentos.
8. Estrato Atômico: é o nome dado pelos Rosacruzes ao oitavo estrato da Terra, a expressão do Mundo dos Espíritos Virginais. Parece ter a propriedade de multiplicar as coisas que nele estão, porém, isto se aplica somente às coisas já formadas definitivamente. Uma peça informe de madeira ou uma pedra bruta não tem existência ali, mas qualquer coisa já modelada ou que tenha vida e forma, tal 8. como uma flor ou uma pintura, é multiplicada nesse estrato em grau surpreendente.
9. Expressão Material do Espírito Terrestre: aqui existem correntes em forma lemniscata, intimamente relacionadas com o cérebro, o coração e os órgãos sexuais da Raça humana. Corresponde ao Mundo de Deus.
Centro do Ser do Espírito Terrestre: nada mais pode ser dito presentemente a respeito, salvo que é a semente primeira e última de tudo quanto existe tanto dentro como sobre a Terra, e corresponde ao Absoluto.
Do sexto estrato, o ígneo, até a superfície da Terra, há certo número de orifícios em diferentes lugares. Seus terminais na superfície são chamados “crateras vulcânicas”. Quando as forças da Natureza do sétimo estrato são desencadeadas de modo a poderem se expressar por meio de uma erupção vulcânica, elas ativam o estrato ígneo (o sexto), e então a agitação se exterioriza através da cratera. A maior parte do material é tomada da substância do segundo estrato, por ser esse estrato a contraparte mais densa do sexto estrato, assim como o Corpo Vital, o segundo veículo do ser humano, é a contraparte mais densa do Espírito de Vida, o sexto princípio. Esse estrato fluídico, com sua qualidade expansiva e sumamente explosiva, assegura um suprimento ilimitado de material no local da erupção. O contato com a atmosfera exterior endurece a parte que não se volatiliza no espaço, formando a lava e a poeira vulcânicas. E da mesma maneira que o sangue ao fluir de uma ferida coagula-se e estanca, assim também a lava, ao final da erupção, cerra o caminho às partes internas da Terra.
Como é fácil deduzir-se do fato, a imoralidade refletida e as tendências ante espirituais da humanidade é que despertam a atividade destruidora das forças da Natureza no sétimo estrato. Portanto, geralmente são as pessoas dissolutas e degeneradas que sucumbem nessas catástrofes. Essas pessoas, juntamente com outras cujo destino autogerado sob a Lei da Consequência, por várias razões, implica em morte violenta, são conduzidas desde os mais diversos recantos por forças sobre-humanas até o lugar onde deve ocorrer a erupção. Para aquele que pensa seriamente, as erupções vulcânicas do Vesúvio, por exemplo, servem para corroborar a afirmação acima.
A lista dessas erupções durante os últimos 2.000 anos mostra que sua frequência tem aumentado em proporção direta ao crescimento do materialismo. Especialmente nos últimos sessenta anos, na razão em que a ciência materialista cresceu em sua arrogância na absoluta e ampla negação das coisas espirituais, aumentaram a frequência das erupções vulcânicas. Enquanto nos primeiros mil anos depois de Cristo houve apenas seis erupções, as últimas cinco erupções tiveram lugar num período de 51 anos, como veremos.
A primeira erupção da Era Cristã, no ano 79 D.C., destruiu as cidades de Herculano e Pompéia, em que pereceu Plínio, o Velho. As outras erupções tiveram lugar nos anos de: 203, 472, 512, 652, 982, 1036, 1158, 1500, 1631, 1737, 1794, 1822, 1855, 1872, 1885, 1891 e 1906.
Nos primeiros mil anos ocorreram seis erupções; nos seguintes mil anos aconteceram doze, ocorrendo as últimas cinco num período de 51 anos, como dissemos anteriormente.
Do número total de 18 erupções, as nove primeiras ocorreram na assim chamada “Idade das Trevas”[2], isto é, nos 1.600 anos durante o qual o Mundo Ocidental foi dominado pelos comumente chamados “Bárbaros” pela Igreja Romana. As restantes sucederam-se nos últimos trezentos anos, durante os quais o advento e desenvolvimento da ciência moderna, com suas tendências materialistas, quase apagaram os últimos vestígios de espiritualidade, de modo particular na última metade do Século XIX. Portanto, as erupções desse período compreendem quase um terço do número total das ocorridas em nossa Era.
Para contrabalançar essa influência desmoralizadora, uma grande quantidade de informação oculta foi fornecida, durante todo esse tempo, pelos Irmãos Maiores, que estão sempre trabalhando pelo bem da humanidade. Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que ainda queriam recebê-los, seria possível deter a maré de materialismo a qual, caso contrário, poderia produzir consequências muito sérias aos seus partidários. Com efeito, tendo negado durante tanto tempo a existência espiritual, poderão não serem capazes de manter seu equilíbrio ao perceberem que, embora tendo sido privados do Corpo Denso pela morte, eles continuam mais vivos do que nunca. Tais pessoas podem ter de suportar um destino demasiado triste para ser contemplado com serenidade. Uma das causas da terrível “peste branca”[3] é esse materialismo, talvez não reconhecível na encarnação atual, mas resultado de crenças e afirmações materialistas anteriores.
Falávamos da morte de Plínio, o Velho, quando da destruição de Pompéia. É interessante seguir o destino de tal cientista, não tanto pelo indivíduo em si, mas para compreendermos como o cientista ocultista lê a Memória da Natureza, de como as coisas nela se imprimem e os efeitos das características passadas sobre nossas tendências atuais.
Quando um ser humano morre, seu Corpo Denso desintegra-se, mas a soma total de suas forças pode ser encontrada no sétimo Estrato da Terra – o Estrato Refletor – o qual se constitui num repositório em que, como forças, as formas passadas são armazenadas. Assim, conhecendo-se o tempo em que ocorreu a morte de um ser humano, é possível encontrar sua forma nesse repositório, se ali o procurarmos. E não somente está ali armazenada, mas é também multiplicada pelo oitavo, ou Estrato Atômico, de modo que qualquer tipo pode ser reproduzido e modificado por outros e empregado repetidas vezes para a formação de outros Corpos. Por conseguinte, as tendências cerebrais de um ser humano tal como Plínio, o Velho, podem ter-se reproduzido milhares de anos depois, e ser, em parte, a causa da atual colheita de cientistas materialistas.
Resta ainda muito a aprender e desaprender, para os atuais cientistas materialistas. Ainda que lutem até o último limite contra o que, escarnecendo, qualificam de “ideias ilusórias” dos cientistas ocultistas, estão sendo obrigados a reconhecer suas verdades, a admiti-las uma a uma. É só uma questão de tempo o serem forçados a aceitá-las.
[1] N.R.: duas cidades que foram destruídas por Deus com fogo e enxofre descido do céu, devido à prática de atos imorais.
[2] N.R.: A “idade das trevas” é uma periodização histórica que enfatiza as deteriorações demográfica, cultural e econômica que ocorreram na Europa consequentes do declínio do Império Romano do Ocidente. O rótulo emprega o tradicional embate visual luz-versus-escuridão para contrastar a “escuridão” deste período com os períodos anteriores e posteriores de “luz”. É caracterizado por uma relativa escassez de registros históricos e outros escritos, pelo menos para algumas áreas da Europa, tornando-o, assim, obscuro para os historiadores. O termo “Era das Trevas” deriva do Latim saeculum obscurum, originalmente aplicado por Caesar Baronius em 1602 a uma época tumultuada entre os séculos V e IX.
[3] N.R.: Também chamada de tísica pulmonar ou ‘doença do peito’ ou tuberculose.
Durante o Período de Saturno, o estado de inconsciência do ser humano era semelhante ao do Corpo Denso submerso em transe profundo.
No Período Solar, esta consciência foi sucedida pela consciência do sono sem sonhos.
Já no Período Lunar tínhamos a consciência do sono com sonhos, uma consciência pictórica interna. No Período Lunar obtivemos o primeiro vislumbre da atual consciência de vigília. Era uma consciência pictórica interna das coisas externas, uma representação interna dos objetos, das cores e dos sons externos.
Por último, no Período Terrestre – mais precisamente na segunda parte da Época Atlante – essa consciência imaginativa deu lugar à consciência plena de vigília atual, em que os objetos podem ser observados fora, distintos e definidos. Quando obteve essa consciência objetiva, o ser humano percebeu a realidade do mundo exterior e, pela primeira vez, vislumbrou a diferença entre si, o “eu” e os outros. O ser humano compreendeu que era separado e, desde então, a consciência do “eu”, o egoísmo, predomina. Anteriormente, não havia pensamentos nem ideias sobre esse mundo externo, pelo que não existia também memória dos acontecimentos.
A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante do Período Terrestre.
No Período de Júpiter teremos uma consciência própria e de imagens conscientes. Para isso será agregado um elemento de natureza espiritual. Unir-se-á com a linguagem, fazendo que as palavras levem consigo o verdadeiro significado. Não haverá equívocos ou ambiguidades como acontecem tão frequentemente agora. Por exemplo, quando alguém diz “casa” pode querer significar uma simples residência, mas um interlocutor pode entender que se trata de um compartimento, e outro de um grande edifício.
Explicando com mais detalhes: voltarão as imagens internas, como de sonho, do Período Lunar, mas estarão sujeitas à vontade do pensador e não serão meras reproduções dos objetos exteriores. Será uma combinação das imagens internas do Período Lunar com os pensamentos e ideias desenvolvidas conscientemente durante o Período Terrestre, isto é, será uma Consciência pictórica consciente de si. Quando um ser humano do Período de Júpiter disser “vermelho” ou expressar o nome de um objeto, apresentar-se-á à sua visão interna uma reprodução exata e clara do tom particular de vermelho em que esteja pensando ou do objeto de que esteja falando, reprodução essa que será também visível para o interlocutor. Não haverá mal-entendido quanto ao que pretende significar pelas palavras emitidas, porque os pensamentos e ideias serão visíveis e vivos. A hipocrisia e a adulação serão completamente eliminadas, os seres humanos ver-se-ão exatamente como serão. Haverá bons e maus, mas as duas qualidades não se encontrarão mescladas na mesma pessoa. Haverá seres humanos perfeitamente bons e seres humanos completamente malvados, e um dos problemas mais sérios daquele tempo será a maneira de agir com estes últimos.
Durante o Período Lunar, as imagens internas eram a expressão do ambiente externo ao ser humano. No Período de Júpiter, essas mesmas imagens serão expressas de dentro, como uma faculdade da vida interna. O ser humano possuirá também a faculdade, cultivada no Período Terrestre, de ver as coisas no espaço fora de si mesmo. Lembremos que no Período Lunar o ser humano não via as coisas concretas, mas as suas qualidades anímicas. No Período de Júpiter verá ambas; terá uma compreensão perfeita de tudo quanto o rodeia. Em um estado posterior, no mesmo Período, dita capacidade perceptiva atingirá uma fase superior. O poder de formar claras concepções mentais acerca de cores, de tonalidades, de objetos, permitir-lhe-á pôr-se em contato com seres suprassensíveis de diversas ordens e, empregando sua força de vontade, assegurar sua obediência. Poderá emitir as forças necessárias à execução dos seus desígnios, mas, sem dúvida, dependerá do auxílio desses seres suprafísicos a seu serviço.
No Período de Vênus teremos uma consciência objetiva, autoconsciente, criadora. Isso quer dizer que no Período de Vênus poderemos empregar a própria força para dar vida a suas imaginações e para exteriorizá-las no espaço, como objetos. Possuiremos, então, uma consciência objetiva, consciente e criadora.
No Período de Vulcano teremos uma consciência total e elevadamente espiritual. Poderemos imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão. Muito pouco se pode dizer sobre a elevada consciência espiritual que se alcançará ao finalizar o Período de Vulcano. Estaria muito além da nossa atual compreensão.
Repare, também, que a Mente nasceu no Período Terrestre; será modificada nos Período de Júpiter e Vênus e alcançará a perfeição no Período de Vulcano.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.
A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.
A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.
A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.
Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.
Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.
A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.
Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.
Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.
Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.
Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.
Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.
Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.
Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.
É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.
A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.
Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.
Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.
O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.
A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.
Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.
Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.
Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.
A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.
Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.
Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.
Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.
Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.
A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.
As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.
Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.
Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.
Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.
No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.
Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.
Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.
As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.
Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.
De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.
Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.
O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.
Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.
Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida. Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto aonde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.
Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na mente da criança.
O corpo de desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o corpo de desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o infl
Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.
A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.
A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.
A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.
Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.
Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.
A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.
Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.
Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.
Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.
Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.
Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.
Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.
Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.
É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.
A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.
Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.
Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.
O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.
A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.
Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.
Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.
Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.
A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.
Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.
Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.
Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.
Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.
A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.
As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.
Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.
Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.
Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.
No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.
Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.
Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.
As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.
Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.
De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.
Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.
O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.
Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.
Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida.
Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto onde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.
Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na Mente da criança.
O Corpo de Desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o Corpo de Desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o influxo de sentimentos. Se habituar-se a confiar na palavra dos mais velhos e estes sempre lhe falarem sabiamente, o moço, no mínimo, terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará seguramente. Se, porém, houver uma falha, ele poderá desnortear-se.
É o tempo em que deve ser ensinado a investigar as coisas por conta própria para que aprenda a formar opiniões individuais. Procuremos imprimir-lhes a necessidade de pesquisar cuidadosamente antes de julgar e, também, quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novos fatos e adquirir novos conhecimentos. Deste modo, alcançará sua maioridade aos vinte e um anos, quando a Mente se libertar também, e será capaz de ocupar o seu lugar no mundo como um cidadão íntegro e probo, graças àqueles que dele cuidaram amorosamente em seus anos de desenvolvimento: um homem ou uma mulher bem-educados.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
A Constituição Sétupla do ser humano se compõe de:
O Tríplice Espírito, o Ego:
A 4) Mente – Foco através do qual se reflete o Ego no Tríplice Corpo
O Tríplice Corpo, a sombra do Tríplice Espírito:
Para funcionarmos na Região Química do Mundo Físico precisamos de um Corpo Denso adaptado ao nosso ambiente. Se assim não fosse seríamos fantasmas, como geralmente dizem, e seríamos invisíveis à maioria dos seres físicos. Esse é o copo visível que vemos com os nossos olhos físicos. O nosso Corpo Denso é um composto químico tanto quanto o da pedra, se bem que esta última esteja ocupada só pela vida mineral. Todavia, mesmo falando do ponto de vista puramente físico e deixando à margem qualquer outra consideração, notamos várias diferenças importantes se comparamos o Corpo Denso do ser humano com o mineral da Terra. O ser humano move-se, cresce e propaga a sua espécie, mas o mineral, em seu estado natural, nada disso pode fazer.
O Corpo Denso, construído na matriz do Corpo Vital durante a vida pré-natal, com uma exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital. Veremos essa exceção a seguir.
Para funcionarmos na Região Etérica do Mundo Físico precisamos de um Corpo Vital adaptado ao nosso ambiente. Temos um Corpo composto de Éter que é chamado de Corpo Vital nas Escolas de Mistérios Ocidentais, pois o Éter é o caminho de ingresso da força vital do Sol e o campo das forças da natureza que promovem as atividades vitais de assimilação, crescimento e propagação.
Este veículo é uma exata contraparte do nosso Corpo Denso, molécula por molécula e órgão por órgão, com uma única exceção, que veremos a seguir. Mas é ligeiramente maior, estende-se cerca de 4 cm além da periferia do nosso Corpo Denso.
O baço é a porta de entrada de forças que vitalizam o corpo. Na contraparte etérica deste órgão, a energia solar se transmuta em fluido vital, de cor-de-rosa pálido. Daí se espalha por todo o sistema nervoso e, uma vez que tenha sido utilizado no corpo, irradia-se para fora, em correntes, parecendo espinhos que saem da pele de um porco-espinho.
Os raios do Sol são transmitidos diretamente, ou refletidos mediante os Planetas e a Lua. Os raios que vêm diretamente do Sol proporcionam iluminação espiritual; os raios recebidos por intermédio dos Planetas produzem inteligência, moralidade e crescimento anímico; mas, os raios refletidos pela Lua produzem crescimento físico, como se vê no caso das plantas que crescem diferentemente quando plantadas na fase crescente da Lua ou na minguante. Há também diferenças nas plantas semeadas quando a Lua passa por Signos estéreis ou férteis do Zodíaco.
O raio solar é absorvido pelo Espírito humano, que tem seu assento no centro da fronte; o raio estelar é absorvido pelo cérebro e pela medula espinhal e o raio lunar entra em nosso sistema através do baço.
Todos os raios, tanto os do Sol como os da Lua e os das estrelas, são de três cores e, na radiação lunar, que fornece nossa força vital, o raio azul é a vida do Pai, que produz a germinação; o raio amarelo é a vida do Filho, que é o princípio ativo da nutrição e do crescimento, e o raio vermelho é a Vida do Espírito Santo, que estimula a ação, libertando a energia armazenada pela força amarela. Este princípio é especialmente ativo na geração.
Os diferentes reinos absorvem essa força vital de maneira diversa, de acordo com sua constituição. Os animais têm somente 28 pares de nervos espinhais e estão harmonizados com o mês lunar de 28 dias, dependendo, portanto, de um Espírito-Grupo para a infusão dos raios estelares necessários para produzir consciência. Nenhum deles é capaz de absorver os raios diretos do Sol.
O ser humano se encontra num estágio de transição: tem 31 pares de nervos espinhais, que o relacionam com o mês solar, mas os nervos da chamada cauda eqüina (literalmente rabo de cavalo), no fim da nossa medula espinhal, estão ainda pouco desenvolvidos para que possam servir de passagem para o raio espiritual do Sol. À medida que elevamos nossa força criadora, mediante pensamentos espiritualizados, desenvolvemos esses nervos e despertamos as faculdades adormecidas do Espírito. Mas é muito perigoso tentar esse desenvolvimento a não ser sob a direção de um mestre capacitado e advertimos seriamente o leitor para que não empregue nenhum método vendido ou publicado em livros, porque tais práticas geralmente levam à demência. O método seguro nunca se vende por dinheiro, nem é trocado por algo terreno, seja grande ou pequeno, mas é sempre dado gratuitamente, como uma recompensa ao mérito.
“Pedi, e recebereis; procurai, e achareis; batei, e abri-se-vos-á”, disse Cristo. Se nossa vida é uma oração para a iluminação, a procura não será vã e nossa chamada não ficará sem resposta.
Quando a energia solar tiver sido transmutada no baço, atravessa o sistema nervoso do corpo, brilhando com um delicado tom róseo. Serve para o mesmo propósito que a eletricidade numa instalação telefônica. Podemos estender cabos entre cidades, levantar estações telefônicas e até instalar receptores e transmissores. Podemos também pôr operários preparados diante de toda a rede mas, enquanto o fluido elétrico não circular pelos fios, as comunicações não funcionarão.
Assim acontece também com o Corpo. O Espírito Humano é o operador e, da estação central do cérebro, os nervos se ramificam, indo por todo o organismo a todos os músculos. Quando esse fluido vital atravessa o sistema nervoso, o Ego pode enviar suas ordens aos músculos e impeli-los a se moverem; mas se o fluido vital, por qualquer razão, não afluir a determinada parte do corpo, tal como um braço ou uma perna, o Espírito será incapaz de mover essa parte do corpo e ela ficará paralisada.
Quando gozamos de boa saúde especializamos a energia solar em tão grande quantidade que não podemos empregá-la toda em nosso corpo e, nesse caso, ela se irradia pelos poros da pele em raios retos e serve a um propósito similar ao do ventilador para purificar o ar. Esse aparelho expulsa o ar viciado de um quarto ou de um edifício, mantendo sua atmosfera pura e suave. A força vital excessiva que se irradia do nosso corpo leva consigo os gases venenosos, micróbios deletérios e matérias residuais, mantendo desse modo a saúde do organismo em bom estado. Ele também evita que os exércitos de germes causadores de doenças, que flutuam na atmosfera, penetrem no corpo, da mesma forma que o exaustor impede que uma mosca entre voando num edifício. Vê-se, pois, que essa força vital serve aos mais benéficos propósitos, mesmo depois de ser utilizada em nosso corpo, quando volta ao seu estado livre.
É um espetáculo curioso e surpreendente observar, pela primeira vez, que das partes expostas do nosso corpo, como as mãos e o rosto, começa a fluir uma corrente de pequeninas estrelas, cubos, pirâmides e outras figuras geométricas. O autor, mais de uma vez, esfregou os olhos quando começou a observar esse fenômeno, porque lhe parecia estar sofrendo de alucinações. As formas vistas são átomos químicos os quais cumpriram seu propósito dentro do corpo e são expelidos pelos poros.
Depois das refeições, o fluido vital é consumido pelo corpo em grandes quantidades, porque ele é o meio pelo qual as forças da natureza integram o alimento em nosso corpo. Portanto, as irradiações são mais débeis durante o período da digestão. Se a refeição foi abundante, a irradiação é perceptivelmente diminuída e não limpa o nosso corpo tão completamente como quando acabamos de digerir o alimento, nem é tão poderosa para manter afastados os germes inimigos. Por esta razão, estamos mais expostos a apanhar um resfriado ou outra enfermidade qualquer por comermos em excesso.
Durante uma enfermidade, o Corpo Vital especializa muito pouca quantidade de energia solar. Então, por algum tempo, o Corpo Denso – o Corpo Denso – parece que se alimenta do Corpo Vital e, desse modo, este veículo fica mais transparente e tênue, ao mesmo tempo que o Corpo Denso fica debilitado. As irradiações ódicas purificadoras estão quase completamente ausentes durante a enfermidade e, devido a isto, as complicações se manifestam com muita facilidade.
Embora a ciência oficial não tenha observado diretamente o Corpo Vital do ser humano, em diversas ocasiões ela postulou a necessidade da existência de tal veiculo para explicar os fatos da vida, e as irradiações foram observadas por vários cientistas, sob condições diversas. Blondlot e Charpentier deramlhe o nome de Raios N, em atenção à cidade de Nantes, onde tais irradiações foram observadas por esses cientistas; outros chamaram-na “o fluido ódico”. Investigadores que dirigiram pesquisas sobre fenômenos psíquicos chegaram a fotografar essas irradiações quando eram extraídas do baço dos médiuns, pelos espíritos materializantes. O Dr. Hotz, por exemplo, obteve duas fotografias de uma materialização por meio da médium alemã Minna Demmler. Numa delas vê-se uma nuvem de Éter saindo do lado esquerdo da médium, sem nenhuma figura ou forma definida. A segunda fotografia, tomada poucos momentos depois, mostra o espírito materializado, colocado ao lado da médium. Outras fotografias, obtidas por cientistas do médium italiano Eusapio Palladino, assinalam uma nuvem luminosa pairando ao seu lado esquerdo.
No princípio desta descrição, dissemos que o Corpo Vital é uma exata contraparte do Corpo Denso, com uma exceção: ele é de sexo oposto, ou seja, de polaridade oposta. Como o Corpo Vital nutre o Corpo Denso, podemos facilmente compreender que o sangue é a sua expressão invisível mais elevada, e também que um Corpo Vital positivamente polarizado há de gerar mais sangue do que um com polaridade negativa.
A mulher, que é fisicamente negativa, tem um Corpo Vital positivo; daí gerar-se nela um excesso de sangue, do qual se liberta por meio do fluxo periódico. Ela também é mais propensa às lágrimas, que são uma hemorragia branca, e o homem, cujo Corpo Vital é negativo, não gera mais sangue do que o que pode utilizar, sem qualquer transtorno. Portanto, para ele não é necessário esse processo de descarga de excesso de sangue, como na mulher.
Para funcionarmos no Mundo do Desejo precisamos de um Corpo de Desejos adaptado ao nosso ambiente. Assim, além do Corpo Denso e do Corpo Vital temos um corpo construído de matéria de desejo, do qual formamos as nossas emoções e sentimentos. Esse veículo impele-nos também a buscar a satisfação dos sentidos. Mas, enquanto os dois veículos de que falamos antes estão bem organizados, o Corpo de Desejos aparece à vista espiritual como uma nuvem ovóide que se estende cerca de 40 a 50 cm além do Corpo Denso. Ele se estende desde acima da nossa cabeça até debaixo dos nossos pés, de modo que o Corpo Denso fica no centro dessa nuvem ovóide, da mesma forma que a gema está no centro de um ovo.
A razão de ser do estado rudimentar deste veículo é que foi agregado à constituição humana mais recentemente do que os corpos anteriormente mencionados. A evolução da forma pode ser comparada ao modo pelo qual os humores do caracol primeiramente se condensam em sua carne, convertendo-se depois numa concha dura. Quando o nosso atual Corpo Denso germinou no espírito, era apenas um pensamneto-forma, mas gradualmente foi se tornando cada vez mais denso e concreto, acabando por se converter numa forma cristalizada de matéria química. O Corpo Vital foi o próximo a ser emanado pelo espírito, como uma forma de pensamento e se encontra no terceiro grau ou estado de condensação, que corresponde ao etérico. O Corpo de Desejos é uma aquisição ainda posterior. Foi também inicialmente um pensamneto-forma, mas agora está se condensando em matéria de desejo; e a Mente, que recebemos recentemente, é ainda apenas um pensamento-forma nebuloso.
Os braços e as pernas, as orelhas e os olhos não são necessários quando se usa o Corpo de Desejos, porque ele pode percorrer o espaço mais velozmente do que o vento, sem ter necessidade dos meios de locomoção de que necessitamos no Mundo visível.
Quando se vê com a visão espiritual, percebe-se que no Corpo de Desejos há uma porção de vórtices giratórios. Já explicamos que uma característica da matéria de desejo e estar em movimento constante, e que do vórtice principal, na região referente ao fígado, sai um fluxo contínuo que se irradia para a periferia deste corpo ovóide, retornando ao centro por meio de muitos outros vórtices. O Corpo de Desejos apresenta todas as cores e nuances até agora conhecidas e um número infinito de outras cores que são indescritíveis na linguagem humana. Estas cores variam de pessoa para pessoa, segundo suas características e temperamentos, assim como variam a cada instante à proporção que a pessoa experimenta emoções, fantasias e desejos. Existe, porém, em cada um, certa cor básica, que depende da estrela regente no momento do nascimento. No ser humano em cujo horóscopo o Planeta Marte está fortemente colocado, há uma tonalidade básica carmesim em sua aura; quando Júpiter e o Planeta regente, a cor que prevalece é azulada; assim, cada Planeta, Sol ou Lua regente imprimirá sua própria cor.
Houve uma época na história da Terra, quando a solidificação ainda não estava completa, em que os seres humanos viviam em ilhas, aqui e ali, entre os mares em ebulição. Os seres humanos ainda não tinham desenvolvido nem os olhos nem os ouvidos, mas apenas um pequeno órgão: a Glândula Pineal, que é chamada pelos anatomistas de o terceiro olho, que sobressaía por trás da cabeça e que era um órgão localizador de percepção. Ela advertia o homem quando se aproximava demasiado de uma cratera vulcânica, capacitando-o a fugir do perigo e da destruição. Desde então, os hemisférios cerebrais cobriram a glândula Pineal e em lugar de ter um simples órgão de percepção, todo o corpo, interna e externamente, é sensível aos impactos, o que, como é natural, é um estágio de desenvolvimento muito mais avançado.
No Corpo de Desejos, cada uma das partículas é sensível ao mesmo tempo às vibrações da visão, da audição e dos demais sentidos, e cada uma delas gira em incessante movimento, de forma que, quase no mesmo instante, ela pode estar na parte superior e na parte inferior do Corpo de Desejos e proporcionar a todos os pontos, de todas as outras partículas, uma sensação do que ela está experimentando. Desse modo, cada partícula de matéria de desejo no nosso veículo notará instantaneamente qualquer sensação experimentada por qualquer partícula isolada. Portanto, Corpo de Desejos é de uma natureza extremamente sensível, capaz de transmitir as emoções e os sentimentos mais intensos.
Para funcionarmos na Região Concreta do Mundo do Pensamento precisamos de uma Mente adaptada ao nosso ambiente. Essa é a última aquisição do espírito humano e na maioria das pessoas que ainda não se acostumou a um raciocínio ordenado e consecutivo, é apenas uma nuvem caótica, disposta principalmente em torno da cabeça. Quando se olha de modo clarividente para uma pessoa, parece haver um espaço vazio no centro da fronte, justamente acima e entre as sobrancelhas. Esse espaço assemelha-se à parte azulada de uma chama de gás. Isso é matéria mental, que encobre o espírito humano, o Ego, e ao autor foi dito que nem o vidente mais favorecido pode penetrar esse véu que, no antigo Egito, era chamado de “véu de Isis”. Ninguém podia levantá-lo e continuar vivendo, porque por trás dele está o Santo dos Santos, o templo do nosso corpo, onde o Espírito está protegido contra qualquer intromissão.
As pessoas que anteriormente não estudaram as filosofias ocultas poderão formular a seguinte pergunta: Mas por que todas essas divisões? Mesmo a Bíblia só nos fala de corpo e alma, e muitas pessoas crêem que alma e espírito são termos sinônimos. Podemos responder apenas que essa divisão não é arbitrária, mas necessária, e está baseada nos fatos da natureza. Também não é certo considerar alma e espírito como sinônimos. O próprio São Paulo falou do corpo natural, que é composto de substâncias físicas: sólidas, líquidas, gasosas e etéricas. Ele também mencionou corpo espiritual, que é o veículo do Espírito, composto da Mente e do Corpo de Desejos, e o próprio Espírito, e é chamado Ego, em latim, e “Eu”, em português.
O termo “Eu” é aplicado pelo Espírito Humano unicamente a si próprio. Todos nós podemos chamar cão a um cão, ou mesa a uma mesa, e qualquer outro pode aplicar os mesmos nomes ao cão ou a mesa, mas somente um ser humano pode chamar-se “Eu”. Unicamente ele pode aplicar essa palavra a si mesmo, palavra que é exclusiva entre todas: “Eu”, porque ela é o distintivo da própria Consciência, o reconhecimento de si mesmo pelo Espírito Humano como uma entidade separada e a parte de todas as outras.
Vemos, pois, que a constituição do ser humano é mais complexa do que parece à primeira vista; agora passaremos a especificar o efeito de diferentes condições de vida sobre esse ser complexo.
Assim vemos que como adaptamos a matéria do Mundo Físico e lhe damos forma num Corpo Denso, e tal como damos forma à força-matéria do Mundo do Desejo, num Corpo de Desejos, assim também reservamos para nós uma determinada quantidade de matéria mental da Região do Pensamento Concreto. Mas nós, como Egos, nos revestimos de uma substância espiritual da Região do Pensamento Abstrato e, por meio dela, nos tornamos individuais, Egos separados.
É o terceiro dos três veículos mais elevados de um ser humano. É o nosso veículo para funcionarmos na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Compõe com o Espírito de Vida e o Espírito Divino o Tríplice Espírito, a manifestação de um Espírito Virginal, o Ego. É a contraparte superior do Corpo de Desejos. É alimentado por meio da Alma Emocional. Foi despertado em nós pelos Serafins na quinta Revolução do Período Lunar. Atualmente são os Senhores da Forma que estão encarregados de nos ajudar a desenvolvê-lo. É o terceiro véu do Espírito Virginal. É a camada exterior que prende o Espírito Virginal e faz dele um Ego separado.
É o segundo dos três veículos mais elevados de um ser humano. É o nosso veículo para funcionarmos no Mundo do Espírito de Vida. Compõe com o Espírito Divino e o Espírito Humano o Tríplice Espírito, a manifestação de um Espírito Virginal, o Ego. É a contraparte do Corpo Vital. É alimentado por meio da Alma Intelectual. Foi despertado em nós pelos Querubins na sexta Revolução do Período Solar. Atualmente são os Senhores da Individualidade que estão encarregados de nos ajudar a desenvolvê-lo.
É o primeiro dos três veículos mais elevados de um ser humano. É o nosso veículo para funcionarmos no Mundo do Espírito Divino. Compõe com o Espírito de Vida e o Espírito Humano o Tríplice Espírito, a manifestação de um Espírito Virginal, o Ego. É a contraparte superior do Corpo Denso. É alimentado por meio da Alma Consciente. Foi despertado em nós pelos Senhores da Chama na sétima Revolução do Período de Saturno. Atualmente são os Senhores da Sabedoria que estão encarregados de nos ajudar a desenvolvê-lo.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Ao Período Terrestre os Rosacruzes chamam Marte-Mercúrio. Isso porque a parte chamada Involução desse Esquema de Evolução compreende os Período de Saturno, Solar, Lunar e a metade Marciana do Período Terrestre. Durante esse intervalo, a vida, que está evoluindo, construiu seus veículos, mas só adquiriu plena e clara consciência do mundo externo na última parte da Época Atlante. Já a parte chamada Evolução desse Esquema de Evolução compreende a metade Mercurial do Período Terrestre e dos Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano. A consciência humana se expandirá durante esta peregrinação, até alcançar a onisciência, a Inteligência Criadora.
O grande Dia da Manifestação Criadora, pelos quais têm passado e passarão os Espíritos Virginais, em sua peregrinação através da matéria, deram nome aos dias da semana:
O Período de Vulcano é o último Período do nosso plano evolutivo. A quintessência de todos os Períodos precedentes é extraída por Recapitulação, espiral após espiral. Nenhum novo trabalho é feito até a última Revolução, do último Globo, na Sétima Época. Portanto, pode-se dizer, o Período de Vulcano corresponde à semana, que inclui todos os sete dias.
Está bem fundamentada a afirmação dos astrólogos de que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Os antigos estavam familiarizados com esses conhecimentos ocultos, como demonstram suas mitologias, onde os nomes dos deuses eram associados aos dias da semana. Saturday (sábado) é, simplesmente, o dia de Saturno; Sunday (domingo) está relacionado com o Sol, e Monday (segunda-feira) relaciona-se com a Lua. Os latinos chamavam à terça-feira “Dies Martis”, o que mostra claramente sua relação com Marte, o deus da guerra. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o nome do deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) era Wotanstag, de Wotan, também um deus do norte; os latinos denominavam-no “Dies Mercurii”, demonstrando assim sua relação com Mercúrio, conforme indicamos em nossa lista.
Thursday ou Thorsdag (quinta-feira) chamava-se assim porque “Thor” era o deus do trovão, e os latinos denominavam-no “Dies Jovis”, com o dia do deus do trovão “Jove” ou Júpiter.
Friday (sexta-feira) era assim chamado porque a deusa do norte que encarnava a beleza chamava-se “Freya”. Por análogas razões, os latinos chamavam-no “Dies Veneris”, o dia de Vênus.
Esses nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas físicos. Referem-se às encarnações passadas, presente e futuras da Terra. Como no dizer do axioma hermético: “assim como é em cima, é em baixo”, o macrocosmo tem suas encarnações como as tem o ser humano, o microcosmo.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante.
Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que está evoluindo passou através de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda teremos de passar, bem como às quatro Grandes Iniciações.
Dentro desses quatro estados de consciência já passados há treze graus. Do estado atual do ser humano até a última das Grandes Iniciações há treze Iniciações: os nove graus dos Mistérios Menores e as quatro Grandes Iniciações.
Uma divisão similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma é a expressão da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde, necessariamente, a um desenvolvimento de consciência.
Primeiramente, Cuvier[5] dividiu o Reino Animal em quatro classes primárias, mas não soube dividir essas classes em subclasses. O embriologista Karl Ernst Von Baer[6], o Prof. Agassiz[7] e outros cientistas classificam o Reino Animal em quatro divisões primárias e treze subdivisões, como a seguir:
As primeiras três divisões correspondem às três Revoluções da metade mercurial do Período Terrestre e suas nove subdivisões correspondem aos nove graus de Mistérios Menores, que serão alcançados pela humanidade quando tenha chegado à metade da última Revolução do Período Terrestre.
A quarta divisão na lista do Reino Animal mais avançado tem quatro subdivisões: peixes, répteis, aves e mamíferos. Os graus de consciência indicados correspondem a estados análogos de desenvolvimento que alcançará a humanidade respectivamente ao final dos Períodos: Terrestre, de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, mas que o Aspirante pode obter atualmente por meio da Iniciação. A primeira das Grandes Iniciações produz o estado de consciência que alcançará a humanidade comum no final do Período Terrestre; a segunda, o estado que alcançará no final do Período de Júpiter; a terceira, a extensão de consciência que se alcançará ao finalizar o Período de Vênus; e a quarta fornece ao iniciado o poder e a onisciência que alcançará a humanidade no final do Período de Vulcano.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, Águas-vivas
[2] N.R. – “sem cabeça”
[3] N.R. – “pés nos intestinos”
[4] N.R. – “pés na cabeça”; exe. Polvo
[5] N.R.: Jean Léopold Nicolas Frédéric Cuvier (1769-1832) – naturalista e zoologista francês
[6] N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) – biólogo, geólogo, meteorologista e médico prussio-estoniano
[7] N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) – naturalista, geologista e professor suíço
É bom recordar que a Natureza caminha muito devagar, não muda as formas subitamente. Para ela o tempo nada significa, o seu único objetivo é alcançar a perfeição. O mineral não chega ao estado vegetal de um salto, mas por gradações quase imperceptíveis. Uma planta não se converte em animal em uma noite. Milhões de anos são necessários para produzir a mudança. Em todos os tempos poderemos encontrar toda classe de estados e gradações na Natureza. A escala do ser eleva-se, sem descontinuidade, desde o protoplasma até Deus.
No início do Período Lunar não vamos considerar seis Reinos diferentes por corresponderem às seis classes que entraram na arena da evolução ao princípio do Período Lunar. Trataremos somente de três Reinos: o Mineral, o Vegetal e o Animal.
A nova Onda de Vida do Período Lunar era constituída da classe inferior. Era a parte mais densa, o mineral, devendo ficar entendido que não era tão dura como os minerais atuais; sua densidade era análoga à da madeira.
Essa afirmação não contradiz as anteriores, que descreviam a Lua como aquosa, nem está em conflito com o Diagrama 8, que mostra o Globo mais denso do Período Lunar como um Globo etérico, situado na Região Etérica. Como se indicou anteriormente, a espiral do Caminho da Evolução impede a sucessão de condições idênticas. Haverá analogias ou semelhanças, mas nunca se reproduzirão condições iguais. Nem sempre é possível descrever em termos exatos. O melhor termo disponível é usado para expressar uma ideia sobre as condições existentes, na época que estamos considerando.
A classe 5 da nossa lista era mineral, mas por ter passado além do mineral durante o Período Solar, possuía algumas características vegetais.
A classe 4 era quase vegetal, evoluía para planta antes do término do Período Lunar. Todavia, pertencia mais ao Reino Mineral que as duas classes imediatas, que formavam o Reino superior. Podemos agrupar as classes 4 e 5 e formar um Reino de grau intermediário, um Reino “vegetal-mineral”, constituinte da superfície do antigo Planeta do Período Lunar. Era algo semelhante à turfa[1], um estado intermediário entre o vegetal e o mineral, e muito úmido o que concorda com a afirmação já feita de que o Período Lunar era aquoso.
Assim, as classes sexta, quinta e quarta formavam as diversas gradações do Reino Mineral no Período Lunar, estando a mais elevada próxima do vegetal e a inferior da substância mineral mais densa daquele tempo.
As classes terceira e segunda formavam o Reino Vegetal. Elas eram, realmente, algo mais do que plantas, mas não eram de todo animais. Cresciam sobre o solo mineral-vegetal e eram estacionárias como as plantas. Não teriam podido crescer nem se desenvolver sobre terreno puramente mineral, como fazem nossas plantas atuais. Podemos encontrar uma boa semelhança nas plantas parasitas: não podendo desenvolver-se sobre um terreno puramente mineral procuram o alimento já especializado por um arbusto ou árvore.
A classe primeira era composta pelos pioneiros da Onda de Vida dos Espíritos Virginais. No Período Lunar passaram uma existência análoga à do animal. Assemelhavam-se aos animais dos nossos tempos por terem os mesmos veículos e por estarem sob a direção de um Espírito-Grupo, que abrangia toda a família humana. Sua aparência era muito diferente da dos animais atuais, conforme se viu pela descrição parcialmente dada no capítulo anterior. Não pousavam na superfície do Planeta, flutuavam suspensos por uma espécie de cordões umbilicais. Em vez de pulmões tinham brânquias e por elas respiravam o vapor quente da neblina ígnea. Tais condições de existência lunar ainda são recapituladas na atualidade, durante o período de gestação. Em certa altura do desenvolvimento, o embrião possui brânquias. Os seres lunares desse tempo tinham, como os animais, a espinha dorsal horizontal.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.T.: é um material de origem vegetal, parcialmente decomposto, encontrado em camadas, geralmente em regiões pantanosas e, também, sob montanhas (turfa de altitude). É formada principalmente por Sphagnum (esfagno, grupo de musgos) e Hypnum, mas também de juncos, árvores, etc. Sob condições geológicas adequadas, transformam-se em carvão, através de emanações de metano vindo das profundezas e da preservação em ambiente anóxico. Por ser inflamável, é utilizada como combustível para aquecimento doméstico.