Resposta: Há uma razão oculta para o declínio da fé, e é inútil discutir um remédio até que uma causa tenha sido descoberta. Nenhuma medida não planejada ou bem direcionada fará com que a Humanidade retorne, permanentemente, ao caminho da retidão. Vamos, primeiro, considerar algumas das causas, normalmente, apontadas e então poderemos compreender melhor a razão científica oculta.
Frequentemente ouvimos dizer, de uma maneira irônica, que a razão pela qual as igrejas estão vazias é que o ministro, pastor ou padre não tem nenhuma mensagem nova, mas está continuamente apresentando ou usando de outra forma e de novo, sem nenhuma mudança ou melhoria substancial, as antigas histórias da Bíblia. Tal expressão de repreensão ou desaprovação perde sua força no momento em que perguntamos: “Sabemos a Bíblia de cor?”. Fazemos com que uma criança repita a tabuada de multiplicação, indefinidamente, até que a conheça e saiba aplicá-la. É mais importante que conheçamos a Bíblia profunda e completamente do que a criança se lembrar da tabuada; por isso a repetição é necessária.
Os Atenienses, quando se reuniam na Colina de Marte[1], sempre buscavam algo novo que lhes proporcionasse material para discussão, mas algo mais é necessário para o crescimento da alma. S. Paulo nos ensina, especificamente, que “ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, (…) nada serei”[2].
A expressão de repreensão ou desaprovação relativa aos bancos vazios se baseia, particularmente, nas igrejas protestantes e católicas de todas as denominações ditas “modernas” e em vários países e, entretanto, não seria fora de propósito fazer uma comparação entre o método empregado por essas igrejas e o método empregado por uma igreja tradicional e histórica, seja ela de uma Religião Protestante ou de uma Religião Católica. Se estivermos ansiosos por aprender alguma coisa sobre essas igrejas tradicionais e históricas, devemos pôr de lado o preconceito e nos empenharmos em considerar os méritos e os deméritos de cada uma de uma maneira imparcial.
Vamos, primeiramente, examinar uma igreja protestante ou católica tradicional ou histórica, em que o ministro, pastor ou padre se empenha em transmitir o Evangelho às pessoas. Muitos de seus assentos estão vazios. Entre aqueles presentes, geralmente, o número de mulheres supera de seis vezes ou mais o número de homens. O ministro, pastor ou padre é, normalmente, sério e intenso e se esforça para ser eloquente quando se dirige à Divindade na oração, mas ele já ouviu tantas vezes a expressão de repreensão e desaprovação sobre a repetição que sempre teme que seus ofícios sejam parecidos, não importa a que grau. Procurará apresentar uma nova oração, um novo sermão, um novo hino, tudo tão novo quanto possível, a fim de evitar essa terrível repreensão e desaprovação. Ele está quase tendo um colapso nervoso por causa do pensamento atormentador de que seus fiéis possam achá-lo “chato, repetitivo e nada original”.
Em seguida, vamos a uma igreja “popular” – dita moderna, atualizada e “inovadora” – e vejamos que métodos elas usam. O ministro, pastor ou padre dessas igrejas é sempre “progressista” e está “atualizado”. Há, frequentemente, algo tão grande como um ginásio para esportes e uma equipe de “animação” ligada ao estabelecimento. Todas as noites da semana há uma reunião relacionada a este, àquele ou a outro clube, grupo ou segmento específico com um determinado nome que chama a atenção. Há piqueniques, festas ao ar livre, shows e comemorações, além de ceias e refeições na igreja. Muitas vezes, há reuniões só para os homens e outras só para as mulheres, geralmente intercaladas, de modo que sempre há uma fantasmagoria deslumbrante, sem um momento monótono durante a semana, e no domingo – ah, esse é o verdadeiro deleite, a grande atração – então, é o ministro, o pastor ou o padre que os entretém, como só ele sabe fazer. Ele é auxiliado por um grupo musical ou coro sem igual, muitas vezes composto por artistas. A música não é particularmente religiosa, exceto que, como toda boa música oriunda do mundo celestial, ela fala do ser humano espiritual e desperta as recordações do nosso lar eterno. É um atrativo para os amantes da música e, por isso, atrai centenas de pessoas.
Entre a abertura e o encerramento do programa musical há o que chamam de “sermão”. Uma pessoa conhecida nos relatou que, certa vez, ficou chocado ao entrar numa igreja e ver no púlpito esta inscrição: “Eu não prego o Evangelho”. As palavras do contexto: “Que a tristeza venha a mim se o fizer”, estavam ocultas do outro lado do púlpito, e o efeito deve ter sido espantoso, é o mínimo que se pode dizer. Contudo, é um lema que pode ser encontrado no púlpito de mais de uma igreja “progressista”, pois, embora o “sermão” possa começar com uma citação bíblica, essa é, geralmente, a única referência à palavra de Deus. O restante é um excelente discurso sobre qualquer tópico mais em evidência no panorama local ou nacional ou, se as fontes sociais e políticas se tornarem escassas, há sempre problemas a serem abordados relativos à temperança e a pureza. É bem verdade que são temas gastos como os Evangelhos, mas, se o pastor, o padre ou o ministro levar uma garrafa de cerveja ao púlpito e arremessá-la com furor, despedaçando-a como uma coisa maldita, poderá apelar para o gosto ávido de sensacionalismo que será, posteriormente, desenvolvido pela maioria dos ouvintes dele. Mas, de repente, o pastor, o padre ou o ministro “progressista” recebe uma chamada para ir construir uma outra igreja em outro lugar.
Isso é universalmente admitido: sob a tutela continuada de um só pastor, ministro ou padre, os frequentadores da igreja perdem o interesse. Entretanto, isso não é por causa desses ministros, padres ou pastores não serem sinceros e esforçados em sua obra. A grande maioria é exemplar, sob todos os aspectos, mas, de certa forma, não conseguem manter sua influência sobre as pessoas. Algumas denominações religiosas distribuem, por um certo período, as igrejas sob sua jurisdição a seus ministros, pastores ou padres, e esgotado esse tempo, os transferem para outra seção, em que trabalharão por um outro período.
Pode-se dizer muita coisa a favor e contra esses diversos esquemas, mas isso está além da presente discussão. Para combater a falta de interesse parece só haver um remédio suficientemente capaz de obter a aprovação geral e de produzir um entusiasmo, nem que seja temporário: o reavivamento.
As pessoas se juntam para ouvir um estranho, que sempre possui uma personalidade forte, dominante e agressiva, com uma voz que abrange várias oitavas, que vão desde uma súplica em voz sussurrante que cativa o pecador subjugado, até o som estridente que soa como um golpe de condenação aos ouvidos dos recalcitrantes. Como o pastor, ministro ou padre “progressista”, ele é habilmente auxiliado por um pessoal treinado, um coro e um conjunto de instrumentos musicais, tudo arranjado para fazer um apelo poderoso às sensações. Milhares de pessoas são “convertidas” e a religião (?) recebe um novo influxo vital naquela comunidade.
Contudo, infelizmente, isso dura pouco. É um fato incontestável que, após um curto espaço de tempo, a maioria, exceto uma diminuta parcela dos convertidos, reincide, e o pobre ministro, pastor ou padre deve continuar a lutar para dar uma aparência de “religião” a uma comunidade cada vez mais negligente em assuntos espirituais.
Esse estado de coisas se tornou tão notório que, comparativamente, poucos jovens ingressam, hoje em dia, nos seminários ou nas escolas formadoras de pastores ou ministros. Há, por isso, um declínio tanto em termos de fiéis na igreja quanto no de ministros, pastores ou padres, fato que, se continuar, só pode ter um fim: a extinção da igreja Protestante ou Católica.
Quando investigamos os métodos da igreja da Religião Católica, a título de comparação e chegamos à conclusão correta quanto ao poder de atração dela, nós notamos, em primeiro lugar, o contraste absoluto existente entre o ofício realizado lá e o ofício realizado na igreja da Religião Protestante. Se nos detivermos por um instante à porta de uma dúzia de edifícios de denominações protestantes, verificaremos que cada ministro ou pastor trata de um tópico diferente, mas nós podemos ir a qualquer igreja da Religião Católica em qualquer parte do mundo, e veremos que todas aplicam o mesmo ritual no altar, nas mesmas datas. O que o padre pode dizer do púlpito é irrelevante diante do fato importantíssimo acima mencionado, pois palavras são vibrações. Elas são criadoras, como o demonstram as figuras geométricas formadas na areia e nos esporos pela voz de um cantor, e a Missa, entoada em inúmeras igrejas da Religião Católica espalhadas por todo o mundo, ecoa com força cumulativa pelo universo como um hino poderoso, influindo sobre todos os que estão sintonizados com ela, elevando seu fervor religioso e sua lealdade para com a sua igreja, de uma forma inigualável em relação aos esforços isolados e eventuais de indivíduos, não importa quão sinceros sejam.
Notem, então, o poder acumulativo de um ritual. O efeito oculto decorrente do esforço concentrado obtido ao usar textos idênticos em todas as igrejas da Religião Católica (as partes “fixas” da missa, a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Comunhão) existentes no mundo, gera um efeito cumulativo que pode ser sentido por cada participante da missa que estiver sintonizado com ele. Esse efeito é muito mais forte, pois o ofício é entoado num determinado tom na Missa.
Assim, resumindo esse aspecto da questão, as tentativas individuais persistentemente continuadas dos pastores ou ministros das igrejas da Religião Protestante para guiar o seu povo com sermões novos e originais são um fracasso, enquanto esforços combinados centralizados em rituais uniformes, repetidos ano após ano, como os que são praticados nas igrejas da Religião Católica atraem grande audiência.
Para melhor entender esse mistério e aplicar a solução inteligentemente, é necessário compreender a constituição do ser humano, tanto durante o crescimento dele, como quando se torna um adulto, quando aqui renascido.
Além do corpo humano visível, o Corpo Denso, que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que não são vistos pela grande maioria das pessoas. Contudo, não são apêndices supérfluos do Corpo Denso, mas, na realidade, muito mais importantes por serem as fontes de toda ação. Sem esses veículos superiores, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.
Chamamos o primeiro desses veículos de Corpo Vital, por ele ser o caminho da vitalidade que fermenta a massa inanimada do invólucro mortal durante os anos de vida, e que nos fornece a força para nos movermos.
O segundo veículo é o Corpo de Desejos, a base das nossas emoções, desejos e sentimentos, que galvaniza esse Corpo Denso a entrar em ação. Esses três veículos (Corpos Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) unidos à Mente, constituem a Personalidade que é, então, regida por cada um de nós (o Ego, a Individualidade, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Cada um dos Corpos e o veículo Mente que citamos tem a sua própria natureza essencial, e podemos dizer que a palavra-chave do Corpo Denso é “inércia”, visto que nunca se move, a menos que seja impelido a isso por esses Corpos invisíveis mais sutis. A palavra-chave do Corpo Vital é “repetição”. Isso é facilmente entendido, quando consideramos que, embora ele tenha o poder de movimentar o Corpo Denso, tais movimentos resultam apenas de impulsos repetidos da mesma espécie. Ele é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a nossa vontade, a vontade do Ego. Se nos sentarmos diante de um instrumento musical, como um órgão, pela primeira vez e tentarmos tocar, não seremos capazes de movimentar os dedos de maneira a produzir os sons adequados. Esforços repetidos são necessários para executar, até mesmo os mais simples movimentos coordenados dos dedos para resultar em uma harmonia correta. Essa necessidade de repetição revela uma máxima oculta que diz que “todo desenvolvimento oculto começa com o treinamento do Corpo Vital”.
Por outro lado, o Corpo de Desejos, que sentimos como sendo a nossa natureza emocional e de desejos, está sempre procurando algo novo. Esse desejo por mudança de condição, mudança de ambiente, mudança de humor, amor à emoção, ao desejo e à sensação, se deve às atividades do Corpo de Desejos, o qual é semelhante ao mar durante uma tempestade, com ondas que se agitam sem destino, cada qual mais poderosa e destrutiva quando estão desenfreadas e sem ligação com o poder diretor central.
A Mente, na realidade, é o foco através do qual nós, o Ego, tentamos subjugar a Personalidade e guiá-la de acordo com a habilidade durante seu período evolucionário. Mas, atualmente, esse foco é tão vago e indefinido que a maioria das pessoas não o percebe; portanto, são guiadas principalmente pelos seus sentimentos, desejos e emoções, sem muita obediência à razão ou ao pensamento.
Reconhecendo o grande e maravilhoso poder do Corpo de Desejos e a receptividade dele ao “ritmo”, que se pode considerar sua palavra-chave, a teologia progressista se dirigiu e focalizou seus esforços em direção a esse Corpo, o Corpo de Desejos. É essa a parte da nossa natureza que se diverte com os espetáculos do sensacional tipo de pastor, padre ou ministro que gosta de apresentar novidades para atrair e manter a atenção. É esse Corpo de Desejos que vibra e geme sob a linguagem bombástica do pastor, ministro ou padre, vibrante de emoção, que se eleva e decai conforme a cadência bem calculada da voz do orador. Uma unidade vibratória é logo estabelecida, como um estado real de hipnose, em que a vítima não pode evitar de se juntar aos demais em um estado emocional de lamentações, de “arrependimentos”, da mesma forma que a água não pode deixar de correr encosta abaixo. Nesse momento, eles pensam intensamente na enormidade de seus pecados e todos anseiam pelo início de uma vida melhor. Infelizmente, a próxima onda de simpatia, gerada pela natureza emocional deles, esquece tudo o que foi dito pelo pregador assim como todas as resoluções deles, e eles se encontram exatamente no mesmo ponto em que estavam antes, para o dissabor e pesar do evangelista interessado.
Consequentemente, todos os esforços realizados para elevar a Humanidade, agindo sobre o instável Corpo de Desejos, são e serão sempre inúteis. Esse é um fato reconhecido por todas as escolas ocultas de todas as épocas – em especial pela Fraternidade Rosacruz –, e é por essa razão que a Fraternidade Rosacruz se dedica e foca na mudança do Corpo Vital, operando com sua palavra-chave, que é a repetição. Para esse fim, a Fraternidade Rosacruz possui Rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios do desenvolvimento de cada um e, dessa forma, promove, lenta, mas seguramente, o crescimento da alma, independentemente do fato do ser humano estar ciente ou não de estar sendo trabalhado dessa maneira. O Antigo Templo de Mistérios Atlante, ao qual nos referimos como sendo o Tabernáculo no Deserto, tinha determinados Rituais prescritos no monte pelo Divino Hierarca, que era seu mestre particular. Certos Rituais eram realizados durante os dias da semana. Outros no Sabbath, e outros Rituais por ocasião da Lua Nova e nos grandes festivais solares. Nenhum sacerdote, seja qual fosse o grau a que pertencesse, tinha o poder de alterar esse Ritual, pois se o fizesse sobreviria o sofrimento e penalidade de morte.
Encontramos, também, mesmo entre outros povos antigos – os indianos, os caldeus e os egípcios – a evidência de um Ritual que usavam em seus ofícios religiosos. Entre os egípcios, por exemplo, encontramos o chamado Livro dos Mortos, como evidência do valor oculto e do objetivo de tais ofícios ritualísticos. Mesmo entre os gregos, embora fossem notoriamente individualistas e ansiosos para expressar suas próprias concepções, encontramos o Ritual nos mistérios. Posteriormente, durante a chamada Era Cristã, encontramos o mesmo Ritual, ocultamente inspirado, na Religião Católica, como meio de promover o crescimento da alma, por meio do trabalho sobre o Corpo Vital.
É verdade que houve abusos no âmbito desses vários sistemas religiosos (tanto na Religião Católica como na Religião Protestante). Nem sempre os ministros, pastores ou padres foram homens santos, e nem sempre suas mãos se encontravam limpas e imaculadas, quando ministravam o sacrifício ou Ritual. É bem verdade que os abusos, às vezes, se intensificaram tanto, que foram necessárias reorganizações. Um exemplo foi o próprio movimento Protestante iniciado por Martinho Lutero, a fim de acabar com os abusos que haviam surgido dentro da Religião Católica. Não obstante, todos esses sistemas tinham em si a semente da verdade e do poder, visto que trabalhavam para o desenvolvimento do Corpo Vital, portanto, a despeito do sacerdote (padre, ministro ou pastor) ser corrupto, os Rituais sempre mantinham o seu grande poder. Por isso, quando os reformadores abandonaram o Ritual, eles se achavam exatamente na mesma posição que a dos Atenienses na Colina de Marte: viram-se forçados a buscar algo novo. Em cada denominação religiosa há um desejo pela verdade. Cada uma delas existentes na atualidade luta a seu modo para resolver o problema da vida. No entanto, cada uma está tocando uma nova nota de uma forma casual e, por essa razão, estão todas falhando. A Religião Católica, com todos os seus abusos, ainda conserva uma ascendência admirável sobre seus adeptos devido ao poder combinado do seu Ritual.
Para que possamos aprender com os irmãos e as irmãs da Religião Católica e da Religião Protestante que por meio de Rituais repetitivos, mesmo sem ter a consciência, focam no Corpo Vital, devemos primeiramente considerar que “a união faz a força”. Refletimos sobre as palavras de Abraão Lincoln: “Unidade nas coisas essenciais, liberdade nas não essenciais e caridade em tudo”, devem ser adotadas antes que alguma coisa possa ser feita.
Antes que um Ritual possa produzir seu máximo efeito, aqueles que devem utilizá-lo para crescer precisam se sintonizar com ele. Isso exige trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos ainda estão em formação.
É matéria de conhecimento oculto que o nascimento é um acontecimento quádruplo, e esse nascimento do corpo físico é apenas um passo dentro do processo. O Corpo Vital submete-se também a um desenvolvimento análogo ao crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce, aproximadamente, no sétimo ano de vida. Durante os sete anos seguintes, o Corpo de Desejos amadurece e nasce, aproximadamente, aos quatorze anos, quando se atinge a adolescência. A Mente nasce aos vinte e um, quando se inicia a vida adulta.
Esses fatos ocultos são bem conhecidos da Religião Católica e, enquanto muitos ministros e pastores protestantes trabalham sobre a natureza emocional (sobre o Corpo de Desejos), que está sempre à procura de algo novo e sensacional sem imaginar a futilidade da luta e o fato de que é esse veículo descontrolado que afasta as pessoas das igrejas em busca de novidades mais sensacionais, a Religião Católica, ocultamente informada, concentra seus esforços nas crianças. “Deem-nos crianças até aos sete anos, e elas serão nossas para sempre”, dizem eles, e estão corretos. Durante esses sete anos tão importantes, eles inculcam suas ideias nos Corpos Vitais plásticos dos que estão sob sua tutela, por meio da repetição. As orações repetidas, o tempo e o tom dos vários cânticos, tudo exerce um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em desenvolvimento. Não importa que o Ritual seja celebrado numa língua desconhecida, pois, para o Ego, essa mensagem vibratória é um cântico de cor divina, inteligível para todos os Espíritos. Também não importa que a criança repita como um papagaio, sem entender, contanto que repita o que lhe é dado. Quanto mais, melhor, pois essas vibrações ocultas se incorporam em seu Corpo Vital antes que esse se consolide, e permanecem com ela por toda a vida. Cada vez que a Missa é entoada pelo padre em qualquer parte do mundo, o poder vibratório cumulativo do seu esforço agita os que têm suas linhas de força em seus Corpos Vitais, de maneira tal que são atraídos para a igreja por uma força geralmente irresistível. Isso se baseia no mesmo princípio de que ao ser vibrado um diapasão todos os outros de tom idêntico também começam a vibrar.
Alguns católicos voltaram-se contra a Igreja Católica, mas, subconscientemente e no fundo, eles permaneceram católicos até a morte, pois é extremamente difícil mudar o Corpo Vital, e as linhas de força construídas dentro dele, durante seu período gestatório, são mais fortes do que quase todas as vontades individuais.
Disso se infere que, se nós quiséssemos mudar a tendência do mundo de perseguir o prazer e a satisfação dos sentidos em detrimento da Religião, faríamos bem em começar com as criancinhas. Se as reunirmos ao pé do altar e as ensinarmos a amar a Casa de Deus – uma igreja verdadeira –, incorporando determinadas orações universais e partes do Ritual em seus Corpos Vitais em formação, evitando posturas impróprias para um Templo, mas cultivando em todos os que entrarem ali o ideal de reverência para com um lugar santo, aos poucos construiremos em volta da estrutura física de pedra, um templo invisível de Luz e Vida, tal como descrito pelo personagem Manson em “O Servo na Casa”[3].
(Pergunta nº 161 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” Volume II -Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)
[1] N.T.: O Areópago ou a Colina de Marte é um afloramento rochoso proeminente localizado a noroeste da Acrópole em Atenas, Grécia. Seu nome em inglês é a forma composta do latim tardio do nome grego Areios Pagos, traduzido como “Monte de Ares”. Nos tempos clássicos, era o local de um tribunal, também frequentemente chamado de Areópago, que julgava casos de homicídio deliberado, ferimentos e questões religiosas, bem como casos envolvendo incêndios criminosos em oliveiras. O Areópago, como a maioria das instituições da cidade-estado, continuou a funcionar na época romana, e foi a partir desse local, extraindo do significado potencial do altar ateniense para o Deus Desconhecido, que o Apóstolo São Paulo teria proferido o famoso discurso: “De pé, então, no meio do Areópago, Paulo falou:’ Cidadãos atenienses! Vejo que, sob todos os aspectos, sois os mais religiosos dos homens. Pois, percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Ora bem, o que adorais sem conhecer, isso venho eu anunciar-vos. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas.’” (At 17:22-24).
[2] N.T.: ICor 12:13
[3] N.T.: “O Servo da Casa” (The Servant in the House) de Charles Rann Kennedy (1871-1950): foi um escritor anglo-americano. No Segundo Ato: “Ao entrar, você ouve um som – um som como o de algum poderoso poema cantado. Ouça por bastante tempo e você aprenderá que ela é feita das batidas dos corações humanos, da música sem nome das almas dos homens — isto é, se você tiver ouvidos. Se você tiver olhos, verá em breve a própria igreja – um mistério iminente de muitas formas e sombras, saltando do chão até a cúpula. O trabalho de nenhum construtor comum!
Os seus pilares erguem-se como os troncos musculosos dos heróis: a doce carne humana dos homens e das mulheres molda-se nos seus baluartes, forte, inexpugnável: os rostos das crianças riem de cada pedra angular: os terríveis vãos e arcos da são as mãos unidas dos camaradas; e nas alturas e nos espaços estão inscritas as inúmeras reflexões de todos os sonhadores do mundo. Ainda está sendo construído – construído e construído. Às vezes o trabalho avança em trevas profundas: às vezes sob uma luz ofuscante: ora sob o peso de uma angústia indescritível: ora ao som de grandes risadas e gritos heróicos como o grito de um trovão. [Mais suave.] Às vezes, no silêncio da noite, podem-se ouvir as pequenas marteladas dos camaradas que trabalham na cúpula – os camaradas que subiram à frente.”
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, são dirigidos especialmente àqueles que não aceitam o Cristo exclusivamente pela fé. Tais pessoas, amadurecidas, mas caracteristicamente intelectuais, correm o risco de perigosamente se enlearem nas teias retardadoras do materialismo. Por meio de uma explicação lógica e profunda do Cristianismo – somente propiciada pelo Cristianismo Esotérico – poderão, uma vez satisfeita a Mente, atender aos reclamos do Coração.
O embasamento do nosso crescimento anímico não poderá ser unilateral, pois caso contrário “haverá fome em alguma parte” do nosso ser. A segurança do nosso desenvolvimento depende de um método equilibrado e equilibrador. Tal equilíbrio compreende o desenvolvimento paralelo de nossas naturezas ocultista e mística, isto é, no cultivo da razão (simbolizada pela lamparina) e do sentimento (simbolizado pelo coração). Daí resultará um corpo são e melhor serviço à humanidade. Segundo Platão, devemos ser “sábios, santos e atletas”. E o lema Rosacruz o parafraseia: “Mente pura, Coração nobre, Corpo São”.
Com o propósito de realizar essas duas finalidades, a Fraternidade Rosacruz promove a publicação de artigos, de materiais, dos textos dos Rituais, de vídeos fiéis aos Ensinamentos Rosacruzes, de livros da biblioteca Rosacruz, a execução de Reuniões de Estudos, Palestras, Oficinas e Seminários e a promoção de Cursos que ajudam a orientar, a percorrer, a avançar nos graus e a se aprofundar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Isso tem maior importância do que podemos imaginar. Se realmente levamos a sério nosso ideal, na medida do possível devemos estudar esse material, fazer os Cursos, participar dos eventos e ajudar naquilo que mais se precisa em cada caso por meio de um Centro Rosacruz.
Quando de palestras ou eventos que durem, no máximo duas horas, procedemos de uma de duas maneiras: a primeira, em palestra ou evento o terminamos com o ofício do Ritual Devocional de Serviço próprio do dia. A segunda maneira, antecedendo a palestra ou o evento, começamos a oficiar o Ritual Devocional de Serviço próprio do dia até após o momento da Concentração; ao terminá-la fazemos a palestra ou o evento e depois terminamos o ofício com as partes próprias de cada Ritual Devocional de Serviço. A repetição das mesmas palavras ritualísticas a cada encontro grava em nosso íntimo preceitos básicos para nossa formação Cristã-esotérica. Essa, devidamente sedimentada e sinceramente expressa em obras na vida diária, constrói o “templo sem ruído de martelos”.
Cultivar os dois polos de nossa divindade interna é condição essencial para um crescimento harmonioso. O potencial equilibrado desses dois polos é que nos tornará, gradativamente, uma “usina de força”, uma fonte de luz. Deus é Luz. Somos feitos a imagem e semelhança d’Ele. Essa Luz encontra-se em toda parte, principalmente em nós. Como manifestá-la? Por meio do despertamento dos divinos atributos latentes em nós, objetivo maior do método Rosacruz de desenvolvimento.
Devorar ansiosamente os livros, correr de palestra em palestra, de evento em evento atrás de novidades intelectuais, percorrer diletantemente várias escolas filosóficas, vários movimentos cristãos ou não, ao mesmo tempo, não conduz a nenhum resultado positivo. O intelectual é presa fácil da vaidade e do personalismo. Igualmente, o místico, por falta de discernimento, pode ser enganado nas suas experiências internas, confundindo os meros reflexos de seu subconsciente com os raios da intuição, essa sim originária do Espírito de Vida.
As razões apresentadas justificam, sobejamente, a natureza equilibradora do método Rosacruz, conduzindo o Aspirante à vida superior com segurança pelo, geralmente íngreme, caminho da realização espiritual. Daí a simbologia maravilhosa da lamparina e do Coração.
(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de março/1975-Fraternidade Rosacruz-SP)
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Para esse Mês Solar tome como material para os seus Exercícios Esotéricos: Senhor Cristo reconstrói o Seu Corpo Espírito de Vida
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Quer nos apercebamos ou não, rituais são fatores constante em nossas vidas. Basta considerarmos o ciclo anual do amanhecer, do pôr-do-sol, de nossos hábitos pessoais, do despertar, do dormir, de nossas tarefas diárias.
Para alguns a palavra ” ritual” está ligada a cerimônia sem significado ou a monótonas atividades de rotina que precisam ser suportadas, mas não apreciadas.
Um ritual pode possuir tais conotações se assim o quisermos, isto é, se só o olharmos por esse prisma. Contudo, se avaliarmos um ritual sob sua luz verdadeira, como um instrumento espiritual, estaremos reconhecendo uma força valiosa para nosso próprio progresso.
Os Ensinamentos Rosacruzes nos ensinam que a repetição é essencial para o desenvolvimento e a espiritualização do Corpo Vital. Max Heindel disse: “A palavra-chave do Corpo Vital é a repetição”. Isto é facilmente compreendido quando consideramos que, embora o Corpo Vital tenha força para movimentar o Corpo Denso, tais movimentos são resultados de repetidos impulsos do mesmo tipo.
O Corpo Vital é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a vontade do Espírito. A criança não nada de maneira correta após seu primeiro esforço, nem o músico toca perfeitamente seu instrumento depois de uma aula. A repetição é necessária antes que os pés ou os dedos possam ser movimentados de acordo com a vontade do Espírito.
Max Heindel disse: “As escolas de ocultismo de todas as épocas relacionaram a mudança do Corpo Vital pelo trabalho de sua palavra-chave, que é a repetição. Por isto escreveram vários rituais que serviram à humanidade em estágios diferentes de seu desenvolvimento, cultivando assim o crescimento da alma, lentamente, mas com segurança.”.
Há os que reclamam que uma estrutura formalizada, continuamente repetida de qualquer serviço de culto e monótona e que ouvir ou dizer a mesma coisa, vezes seguidas, não estimula os participantes.
Estes não compreenderam que o Corpo de Desejos, a nossa natureza emocional, é que sempre procura algo novo.
A inconstante natureza de desejos oscila facilmente entre uma emoção e outra e, assim, é potencialmente destrutiva quando não controlada.
Os serviços de culto nos quais a oratória extravagante e hipnótica ou outros atrativos a natureza de desejos de muitos participantes que reagem ao emocionalismo do serviço e, momentaneamente, são levados pelo que acreditam ser as asas de um fervor religioso.
O efeito é, porém, puramente temporário e suas naturezas emocionais se renderão ao próximo atrativo que substituirá o estado de devoção com sentimentos completamente diferentes. Assim e que os serviços de culto não ritualizados, apesar de toda sua “inovação” ou “originalidade” não tem efeito duradouro sobre os participantes.
O efeito repetitivo da forma ritual do serviço devocional, trabalhando sobre o Corpo Vital, é duradouro, embora não cause uma impressão exterior tão dramática sobre o praticante.
Os Serviços do Templo e de Cura da Fraternidade Rosacruz são verdadeiros Exercícios Esotéricos e também são organizados seguindo linhas ritualísticas.
Aqui, também, formas distintas de trabalho devocional são observadas nos rituais diários, aos Domingos, nas datas de Lunação, nos rituais solares e, ainda, um ritual determinado para o Serviço de Cura, uma vez por semana, quando a Lua está em um Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio).
O ato de descobrir o Símbolo Rosacruz – o que tem a rosa branca no centro e que é feito sempre depois do Hino de Abertura Rosacruz ou do Hino Astrológico e coberto antes do Hino de Encerramento Rosacruz – é uma das partes mais importantes do Ritual dos Serviços Devocionais, no Serviço do Templo e de Cura, e em todos outros Rituais dos Serviços (dos Equinócios e Solstícios e da Véspera de Natal) desde seu princípio.
O Símbolo incorpora, simbolicamente, todos os aspectos do “Eu superior” que o Aspirante espiritual está tentando desenvolver. A estrela dourada representa a vestimenta nupcial dourada, ou o Corpo-Alma que estamos tentando construir através de uma vida correta e de serviço altruísta. A cruz branca representa o Corpo Denso purificado. As sete rosas vermelhas representam o sangue limpo que é purificado através da alimentação, dos sentimentos, dos pensamentos e das ações corretas.
As repetidas oficiações dos Rituais dos Serviços – enquanto o Símbolo Rosacruz é descoberto e iluminado – têm um significado espiritual muito profundo.
Este belo e completo Símbolo, em todo o seu abrangente significado, “fala” ao Aspirante que sinceramente medita sobre ele e dele recebe um impulso encorajador e inspirador.
Uma força é gerada como uma tênue nevoa azul que emana do Símbolo e esta força emitida e observada é sentida por aqueles cujos olhos espirituais já se tenham aberto.
Os membros que não possam estar presentes a reuniões nas Sedes, podem, na privacidade de seus lares, oficiar a leitura dos Rituais dos Serviços, seguindo o ritual, na presença do Símbolo e gerarem força, numa união espiritual de vários carvões.
Sabemos de casos de cura conseguidos desta maneira, assim como sentimentos de consolo, harmonia e calma que foram restabelecidos através dos Rituais do Serviço do Templo e do Serviço de Cura realizados na privacidade de um lar.
A mensagem essencial do Serviço e Amor Divino, impessoal, o Amor, que pela primeira vez na Terra, foi pregado por Jesus Cristo – o Amor que é a nota chave do Cristianismo Esotérico é a meta de todo Aspirante espiritual.
Trechos da Bíblia, do Novo Testamento, de grande força como a Primeira Epístola de São João e a Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios (13:1-13) fazem parte do texto do Serviço.
O participante atento ao Ritual fica imbuído, pela repetição, desse impulso de amor verdadeiro, que fortificando seu Corpo Vital aumenta sua capacidade de servir.
Max Heindel disse: “para que o Ritual atinja seu efeito máximo e possamos crescer por meio dele é necessário estarmos em harmonia com ele”.
Unamos nossas preces. Formemos uma grande chama de amor, a chama da Verdadeira Comunhão Espiritual. Sirvamos amorosamente, desenvolvendo as nossas potencialidades divinas internas.
Que cada Aspirante à vida espiritual irradie de seu coração as qualidades divinas de Luz, Vida e Amor para que possa ouvir, através do próprio trabalho e esforço pessoal, a voz Silenciosa do Cristo Interno, sentindo, dentro de si, a Rosa Branca alcançada!
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 11/85 – Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP)
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Para esse Mês Solar tome como material para os seus Exercícios Esotéricos: Depois de chegar ao Trono do Pai ou Casa do Pai, o Senhor Cristo se prepara para voltar ao Seu Mundo
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Nesse mês temos o importantíssimo Ritual a oficiar: Ritual do Solstício de Junho que deve ser oficiado na véspera do Solstício de Junho, portanto, dia 19.
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Para esse Mês Solar tome como material para os seus Exercícios Esotéricos: Chegada do Senhor Cristo ao Trono do Pai
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