FRATERNIDADE ROSACRUZ
Ritual do Serviço do Solstício de Dezembro
1. O Oficiante convida os presentes a cantarem, de pé, o Hino Rosacruz de Abertura
2. O Oficiante ilumina e descobre o Símbolo Rosacruz e apaga as luzes, exceto a que o ilumina o Símbolo e a que auxilia na leitura
3. Em seguida, fixa o olhar no Símbolo Rosacruz e fala a saudação Rosacruz:
“Queridos irmãos e irmãs:
Que as rosas floresçam em vossa cruz”
4. Todos respondem: “E na vossa também.”
5. Todos se sentam, menos o Oficiante.
6. Em seguida, o Oficiante começa a leitura do texto do Ritual:
Estamos agora no Solstício de Dezembro, tempo em que a luz do Sol definha para o hemisfério norte, onde o frio e a tristeza são intensos nessa ocasião. Mas, na noite mais longa e mais escura para aquele hemisfério, o Sol retoma o seu caminho de ascensão para o norte; a Luz de Cristo de novo nasce na Terra e todo o mundo rejubila. A onda de vida e luz espiritual que será a base do crescimento e do progresso do próximo ano, atinge o máximo de sua altura e poder. A Terra está agora mais próxima do Sol e seus raios espirituais incidem em ângulo reto sobre a superfície da Terra no hemisfério norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas são mantidas em expectativa, devido ao fato de os raios solares incidirem em ângulo oblíquo sobre a superfície da Terra.
É da maior importância para o Estudante esotérico conhecer e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem por ocasião do Natal, mais do que em qualquer outra ocasião, de modo a poder dirigir todas as suas energias na direção espiritual, de forma a poder percorrer, com menor esforço, uma distância muito maior nessa direção.
O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse que “Deus é Luz”. Por isso a palavra Luz tem sido utilizada nos Ensinamentos Rosacruzes para ilustrar a natureza divina, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. É ensinado claramente nas Sagradas Escrituras de todos os tempos, que Deus é Um e Indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que assim como a luz branca Una é refratada nas três cores primárias: vermelho, amarelo e azul, assim também Deus se apresenta em tríplice aspecto durante Sua manifestação, pelo exercício das três funções divinas: de Criação, Preservação e de Dissolução.
Quando Deus exerce o atributo de criação aparece como Jeová, o Espírito Santo; Ele é, então, o Senhor da Lei e da Geração e projeta a fertilidade solar diretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas onde se torna necessário fornecer corpos para os seres evoluintes.
Quando Deus exerce o atributo de preservação com o propósito de conservar os corpos gerados por Jeová sob as Leis da Natureza, Ele aparece como o Redentor, o Cristo, e irradia os princípios do Amor e da Regeneração diretamente em qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram este auxílio para se libertarem das malhas da mortalidade e do egoísmo, a fim de alcançar o altruísmo e a vida eterna.
Quando Deus exerce o atributo divino da dissolução, aparece como o Pai que nos chama de volta ao nosso lar celeste para assimilarmos os frutos da experiência e do crescimento anímico, por nós armazenado, durante o Dia da manifestação. Este solvente universal, o raio do Pai, emana então do Sol espiritual invisível.
Estes processos divinos de criação e nascimento, de preservação e de vida, de dissolução, morte e retorno ao Autor do nosso ser, vemos por toda a parte à nossa volta e reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Triuno em manifestação.
Será que já imaginamos um mundo espiritual onde não existem acontecimentos definidos, onde não há condições estáticas, onde o princípio e o fim de todas as aventuras, de todos os tempos, estão presentes no eterno “Aqui” e “Agora”?
Do seio do Pai há uma permanente saída das sementes das coisas e acontecimentos que entram no reino do “tempo” e do “espaço”. Aí, elas se cristalizam, gradualmente, e se tornam inertes, sendo necessária à sua dissolução para que possam dar lugar a outras coisas e a outros acontecimentos.
Não podemos fugir dessa Lei Cósmica; ela se aplica no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao próprio raio de Cristo. Da mesma maneira que os rios, cujas águas são lançadas no oceano, se enchem novamente quando as águas do mar são evaporadas e a eles retornam como chuva, para de novo correrem para o mar, num incessante fluxo e refluxo, assim também o espírito de amor está eternamente nascendo do Pai, dia a dia, hora a hora, fluindo interminavelmente no universo solar para nos remir do mundo da matéria que nos prende nas suas garras de morte. Onda após onda é assim impelida do Sol para todos os Planetas, dirigindo ritmicamente as criaturas que neles evoluem.
Dessa maneira é, no sentido mais real e mais literal, um Cristo recém-nascido que nós saudamos em cada festa de Natal que se aproxima, e o Natal é o acontecimento anual mais vital para toda a humanidade, saibamo-lo ou não. Não é apenas a comemoração da data natalícia do nosso amado Irmão Maior Jesus, mas o advento do rejuvenescedor amor-vida do nosso Pai Celestial, por Ele enviado para livrar o mundo das garras mortais do inverno. Sem esta nova infusão de vida e de energia divina, cedo pereceríamos fisicamente, e todo o nosso progresso regular teria sido inútil, pelo menos no que se refere às nossas atuais linhas de desenvolvimento.
Infinita fonte de amor divino, o nosso Pai Celestial ama-nos, assim como um pai ama seu filho, pois, Ele conhece a nossa debilidade física e espiritual; Ele reconhece a nossa dependência. Por isso, estamos agora esperando confiantemente o nascimento místico do Cristo de outro ano, carregado com nova vida e amor, enviados pelo Pai para nos socorrer da fome física e espiritual que seria inevitável, não fora essa dádiva de amor anual.
Com tempo, todo o mundo compreenderá que “Deus é Espírito” e que em Espírito e em Verdade deverá ser adorado. Nada podemos fazer para que possamos retratá-lo, pois Ele não é semelhante a nenhuma coisa existente nem no céu nem na Terra.
Podemos ver os veículos físicos de Jeová circulando como satélites em torno de vários Planetas; podemos ver o Sol, que é o veículo visível do Cristo; mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai, e a origem de tudo, aparece aos maiores videntes humanos apenas como uma oitava superior da fotosfera do Sol, como um anel de luz azul-violeta, por trás do Sol.
Porém não necessitamos vê-Lo; sentimos o Seu Amor, e este sentimento nunca é tão intenso como por ocasião do Natal, quando Ele nos dá o maior de todos os presentes: o Cristo do Ano Novo.
Toda e qualquer partícula de energia física provém do Sol visível; e é do invisível Sol espiritual que obtemos toda a nossa energia espiritual. No momento presente não podemos olhar diretamente para o Sol, se assim fizéssemos ficaríamos cegos. Podemos, porém, olhar para a luz solar refletida que vem da Lua. Assim também o ser humano não pode resistir ao impulso espiritual direto vindo do Sol e por isso esse impulso tem de ser enviado por meio da Lua, pelas mãos e por intermédio de Jeová, o regente da Lua, como Religião de Raça. Somente pela Iniciação é possível chegar ao contato direto com o impulso espiritual do Sol. Um véu pendia diante do Templo.
Dessa forma, na Noite Santa a que chamamos Noite de Natal, era costume entre os “homens sábios” (os Magos) – aqueles que estavam muito na vanguarda da humanidade comum – chamar aqueles que também se preparavam para se tornar sábios e conduzi-los à Iniciação, no interior dos Templos. Levavam-se a efeito certas cerimônias e os candidatos entravam em transe. Nesse tempo não seria possível a Iniciação em estado de vigília; tinha que ser cumprida em estado de transe.
Quando a percepção espiritual despertava nos candidatos, estes podiam ver através da Terra; não viam nenhum detalhe, mas a Terra se tornava transparente e eles viam o Sol do outro lado da Terra, viam o que se chamava a “A Estrela da Meia-Noite”.
Posteriormente foi possível ao ser humano receber o impulso espiritual mais diretamente, e quando chegou a ocasião em que o Espírito de Cristo pôde ser admitido na Terra – através da nossa evolução, um Raio do Cristo Cósmico veio até nós e se encarnou no corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Foi assim que veio o Espírito de Cristo, o ponto de partida do impulso espiritual direto.
Exotericamente o Sol tem sido considerado desde tempos imemoráveis como o doador de vida, porque a multidão era incapaz de ver a grande verdade espiritual existente por trás desse símbolo material. No entanto, para além daqueles que adoravam o corpo celeste que viam com os olhos físicos, havia também, e ainda hoje há, uma pequena, porém crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pelas ações retas do que pelo ritual, que via e vê as verdades espirituais, essas verdades sob a forma de cerimonial, cerimonial esse que mudava de acordo com o tempo e com o povo a que era destinado. Para esses, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Sol Místico da Meia-Noite que penetra nosso Planeta no Solstício de Dezembro e logo começa a irradiar, do centro do nosso globo, a Vida, a Luz e o Amor, os três atributos divinos. Estes raios de força e de esplendor espiritual enchem nosso globo com luz celestial que envolve todas as criaturas sobre a Terra, da menor à maior, indistintamente.
Nesta Noite Santa da qual acabamos de falar, quando o Cristo nasce, como um Sol, para iluminar a nossa escuridão, a influência espiritual é mais forte e pode ser atingida com muito maior facilidade. Esta é a grande verdade encoberta pela Estrela da Noite Santa, que iluminava a noite mais escura e comprida do ano – para o hemisfério norte (Esta noite mais escura e mais longa simboliza também o desesperado estado de alma daquele que procura a Iniciação).
Quando o Cristo aqui chegou, alterou as vibrações da Terra e desde então continua a alterá-las constantemente. Cristo rasgou o “Véu do Templo”. Ele tornou o Santo dos Santos – o lugar da Iniciação – acessível a “todo aquele que quiser”.
Desde então não houve mais necessidade de transe; não é mais necessário provocar estados subjetivos com o propósito de conseguir a Iniciação. Todo aquele que quiser penetrar no Templo para se iniciar, fá-lo-á em estado consciente.
Na Ordem Rosacruz, os nove Mistérios Menores, ou Iniciações Menores, se referem somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre; o quinto grau desses Mistérios conduz o candidato ao final do Período Terrestre quando a humanidade gloriosa estará assimilando os frutos desse Período, retirando-os dos sete Globos nos quais evoluímos durante cada dia de manifestação, para transportá-los ao primeiro dos cinco globos obscuros que constituem nossa vivenda durante a Noite Cósmica. Depois de ter visto o fim, no quinto grau, o candidato é informado sobre os meios pelos quais este final será atingido no decorrer das três Revoluções e meia que faltam para se completar o Período Terrestre; os quatro graus restantes são dedicados à iluminação do candidato a esse respeito. O nono ou último desses graus é atingido nos Solstícios de Junho e de Dezembro, tendo o candidato, por essa ocasião, obtido acesso a todas as camadas ou estratos da Terra.
Este é o grande destino que está reservado a cada um de nós. Disse o Cristo aos Seus discípulos: “Aquele que crer em Mim, fará as coisas que eu faço… e ainda maiores”. É um fato sublime sermos nós Cristos em formação; quanto mais cedo nos convencermos que devemos dar nascimento ao Cristo Interno antes de podermos ver o Cristo exterior, mais depressa chegará o dia da nossa iluminação espiritual. Cada um de nós será, oportunamente, conduzido pela Estrela até ao Cristo, mas é necessário acentuar que não seremos conduzidos a um Cristo exterior, mas ao Cristo que está no Interior.
“Embora Cristo possa nascer mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada”.
Entremos, agora, em silêncio e, por alguns instantes, concentremo-nos sobre o Amor Divino e o Serviço.
7. O período de concentração deve se prolongar por uns 5 minutos
8. Terminada a concentração, o Oficiante cobre o Símbolo Rosacruz e acende as luzes
9. O Oficiante convida todos a se levantarem e a cantarem o Hino Rosacruz de Encerramento
10. O Oficiante profere a seguinte exortação de despedida:
“E agora, queridos irmãos e irmãs, que vamos partir de volta ao mundo material levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que dia a dia nos tornemos melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a Serviço da Humanidade”.
“QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ”
11. Apaga-se a luz do Templo
(todos devem se retirar do Templo em silêncio)
Dezembro de 1912
Sinos de Natal! Quem já não sentiu a magia deles nos dias da sua infância, antes que a dúvida se insinuasse em seu coração e abalasse os ideais inculcados pela igreja? O mesmo sino repicava na Igreja aos domingos e chamava para a oração em todos os dias da semana, mas havia no dia de Natal um timbre diferente, algo excepcionalmente festivo, algo que nós, agora, atribuímos à imaginação relacionada às crianças ou à infância. Nós sentimos falta disso, por mais que possamos nos congratular com a emancipação daquilo que temos o prazer de denominar “as cerimônias ou performance ridículas, hipócritas ou pretensiosas da igreja”. Wordsworth[1], na sua “Ode à imortalidade”, expressou o intenso arrependimento pela perda dos ideais relacionados com a infância ou com a criança, e nada que o mundo tenha a dar pode ocupar o lugar deles e, embora possamos ser abençoados com os recursos materiais, somos realmente pobres quando o “glamour” da juventude se desvanece e as concepções intelectuais sufocam as chamadas “superstições”.
São Paulo nos exortou a estarmos sempre preparados para dar uma razão à nossa fé, e há uma razão mística para as muitas práticas da igreja, as quais são transmitidas às gerações, desde a mais remota antiguidade. O soar do sino quando a vela acende sobre o altar foi inaugurado por videntes espiritualmente iluminados para ensinar a unidade cósmica da luz e do som. O badalo metálico do sino traz a mensagem mística de Cristo à humanidade, tão claramente hoje como da primeira vez que Ele anunciou o amoroso convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso”[2]. Assim, o sino é um símbolo de Cristo. “A Palavra”, quando nos chama do trabalho para a adoração ante o altar iluminado, quando Ele nos encontra como “A Luz do Mundo”.
Também, o sentimento particularmente festivo despertado pelos sinos de Natal é produzido por causas cósmicas ativas nessa época do ano, e a estação atual é verdadeiramente santa, como agora veremos. Os que estudam a “ciência das estrelas” compreendem os Signos do Zodíaco como um conjunto sonoro cósmico, cada Signo vibrando com um atributo particular; e como as órbitas em marcha viajam em procissão caleidoscópica, de Signo em Signo, numa combinação sempre variável, os acordes da harmonia cósmica, conhecidos pelos místicos como a “música das esferas”, emitem um eterno hino de oração e glorificação ao Criador. Essa não é uma ideia fantasiosa, mas um fato real, perceptível ao vidente e capaz de ser demonstradas aos pensadores pelos seus efeitos. E a harmonia das esferas não é um som de um tom único; varia dia a dia e mês a mês, conforme o Sol e os Planetas cruzam Signo após Signo em suas órbitas. Há, também, épocas de variações anuais devido à Precessão dos Equinócios. Então, há uma infinita variedade na “música das esferas”, como de fato deve ser, pois esta constante mudança de vibrações espirituais é a base da evolução física e espiritual. Se cessasse por um só instante, o Cosmos se converteria em Caos.
Como demonstração, observemos a Natureza e a qualidade da vida de amor que derrama por meio do Cristo-estelar, o Sol, quando ele transita pelo beligerante Signo de Áries, o Carneiro, durante desde a metade do mês de março até metade do mês de abril. O amor sexual é a nota-chave da natureza; todas as energias são aplicadas na geração; então, predominam as inclinações passionais. Compare isso como o efeito do Sol em dezembro, quando se acha focalizado através do benevolente Sagitário, regido pelo Planeta Júpiter. Seus raios, então, conduzem à religião e à filantropia; o ar é vibrante com a generosidade, e a vida de amor do Cristo-estelar encontra a sua mais alta expressão nesse Signo que tem a mesma natureza. Externamente reina uma atmosfera de espera ansiosa que beira a angústia, pois o símbolo visível da “Luz do Mundo” se obscureceu, mas na noite mais escura do ano, o conjunto dos sinos de Natal evocam uma pronta resposta aos sentimentos do Natal, que torna o mundo inteiro semelhante, filhos do nosso Pai que está nos Céus.
Que a música mística dos sinos do Natal desperte o mais terno acorde em seu coração, e que a tônica do regozijo seja predominante em seu ser durante o próximo ano – esse é o desejo natalino dos trabalhadores de Mount Ecclesia.
(Carta nº 25 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: William Wordsworth (1770-1850) foi o maior poeta romântico inglês.
[2] N.T.: Mt 11-28
Enquanto o Sol passa por Sagitário a dourada força de Cristo penetra mais profundamente na Terra, e os planos internos se tornam mais intensamente iluminados com Sua luz gloriosa. Para o espaço exterior esse Planeta pareceria como ouro líquido.
Se o Discípulo da Trilha da Santidade aprendeu a trabalhar bem com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, se sentirá atraído para esse grande e glorioso resplendor.
Se o Discípulo é persistente e confia em seus esforços, todo ano, durante essa época, será consciente do aumento da força e luminosidade das sete luzes (centros) no interior de seu próprio corpo-templo. Quando esses sete centros alcançam todo o clímax de sua glória, o Discípulo é considerado digno de seguir a Trilha da Santidade até o coração da Terra, e de permanecer ali na presença da Luz do Mundo. Receberá, então, a benção de Cristo, e ouvirá entonar o mantra utilizado em todos os Templos de Iniciação, antigos ou modernos: “Bem-feito, bom e fiel servo…entra na glória de teu Senhor”.
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. É chegado o tempo de encerramento do ano-flor, e a cada mês de pétala foi transformado em fragrantes feixes de memória. Os Tecedores da Terra das Flores se reúnem em um conselho para decidir qual flor será considerada sagrada no Natal. Que flor é justa o suficiente para representar o mês do Nascimento Cósmico? Mais detalhes? Leia aqui: Um Calendário das Flores
O Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa é oficiado na véspera do Natal, dia 24 de Dezembro nos Centros da Fraternidade Rosacruz espalhados pelo mundo.
O irmão ou a irmã que não possa ir a um Centro Rosacruz poderá oficiá-lo em seu lar com familiares e amigos, preferencialmente, no horário indicado e sempre no mesmo local.
Perceba que o Ritual é dividido em três partes bem distintas:
1ª – Preparação – composto por músicas e textos que visam preparar o ambiente, separando o ambiente externo (de onde vem o Estudante) do interno (para o interior do Estudante).
2ª – Concentração – é o clímax do Ritual, onde o Estudante se dedica a se concentrar com toda a sua dedicação, foco, disposição e vontade no Serviço amoroso e desinteressado voltado exclusivamente para a divina essência do irmão e da irmã “que sofre, que chora, que ri” utilizando todos os meios disponíveis: pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações.
3ª – Saída – composto por uma admoestação de saída e música que visam preparar o Estudante para internalizar tudo o que aqui falou, ouviu, participou e se concentrou, recebendo toda a força espiritual gerada durante a oficiação do Ritual, a fim de aplicá-la no seu dia a dia, se esforçando para o cumprir no tema concentrado: servir amorosa e desinteressadamente exclusivamente a divina essência do irmão e da irmã “que sofre, que chora, que ri” utilizando todos os meios disponíveis: pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, palavras, atos, obras e ações.
a) Se você quiser saber exatamente como oficiar, assista o vídeo do nosso canal no Youtube: Tutorias, Dicas e Detalhes dos Ensinamentos Rosacruzes clicando aqui: Como Oficiar o Exercício Esotérico Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa
b) Se você quiser oficiar o Ritual, então acesse o texto aqui: Ritual do Serviço de Véspera de Natal – Noite Santa
c) Se você quiser “participar” da oficiação como um ouvinte, então é só clicar no áudio abaixo, seguindo as seguintes observações:
Algumas Palavras sobre a Simbologia do Natal em Nós
Estamos nos aproximando do Natal, época de grande significado para nós, Estudantes Rosacruzes.
Façamos um pequeno histórico da vida do ser humano e de sua relação com o acontecimento ocorrido há dois mil anos, a fim de entendermos a ligação entre Deus e a humanidade e outras coisas.
Por certo, o caro leitor já deve ter pensado no significado mais profundo do Natal e na sua importante ligação com a vida dos seres humanos. De fato, existe algo de profundamente grande nesse elo entre o Natal e a humanidade.
Falam os Evangelhos de um ser de elevada evolução, Jesus de Nazaré, nascido em Belém, cidade da Palestina. Nasceu Ele, por falta de estalagem, em lugar humilde, uma manjedoura onde se dava alimento aos animais.
Pensemos no que isso representa em nossa vida. Não é só um fato ocorrido há mais de dois mil anos, encarado apenas historicamente e sem relação alguma com a atualidade. Nada disso. Pensemos bem nessas coisas e não nos será difícil descobrir que elas dizem respeito a nós mesmos.
Em primeiro lugar, o nascimento de Jesus em uma manjedoura simboliza a profunda humildade que os seres humanos devem considerar em sua vida. Jesus foi o perfeito exemplo e Cristo demarcou, com os fatos do Seu ministério, os passos que toda a humanidade, a seu tempo, deverá percorrer conscientemente para voltar ao Pai.
Desde o Período de Saturno, os Espíritos Virginais (a Hierarquia Zodiacal de Peixes) têm, vida após vida, desenvolvido e aperfeiçoado seus veículos, inclusive a Mente, que proporcionará ao ser humano, cada vez mais, a consciência de si mesmo como indivíduo. Através da Mente e do desenvolvimento da razão, chave dessa Época, a Ária, iremos descobrir dentro de nós uma réplica da história de Jesus e mais profundamente sentiremos a relação que existe entre nossas vidas e a daquele amado Irmão Maior da humanidade.
A meditação sobre o Natal vai levá-lo a reconhecer algo muito sério que a grande maioria dos irmãos e irmãs não alcançou ainda e o Cristianismo popular, por isso (em parte), não explica.
Bethlehem (Belém) significa “casa de carne” em hebraico (“casa do pão” em grego antigo) e é o símbolo do corpo material, que é composto de elementos químicos. Mesmo já domesticados, dentro desse corpo existem os “animais dos nossos instintos”, porque a manjedoura de nosso coração não abriga apenas sentimentos elevados. Ali, sob o influxo divino evolutivo, destinado um dia a abrigar um “Cristo adulto”, nasce Jesus, o espírito interno que surge mais definidamente dentro de nós, após tantos anos de escravidão, filho de José, a Vontade educada, e de Maria, a Imaginação pura. Desses dois atributos primeiros da Divindade surge o Verbo que se fez carne.
Quanto mais não podemos deduzir de tão sublimes ensinamentos à luz da Filosofia Rosacruz, que tudo nos alumia? Em tão curto espaço não poderíamos nos estender.
(por David Dias dos Santos, publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1966)
Mês de Dezembro: Senhor Cristo chega ao Coração do Planeta Terra
As radiações do Amor de Cristo penetram gradualmente as várias camadas do Planeta até que na ocasião do Solstício de Dezembro elas alcançam seu poder máximo e esplendor no coração da Terra.
Poucas pessoas percebem o prodigioso poder espiritual que inunda a Terra na época do Santo Natal. Os Sábios usam todas as oportunidades e canais para fazer frutificar o Plano Divino na Terra.
É por isso que no Natal somos banhados por vibrações de paz e boa-vontade. Essa imensa onda que irradia Amor Cósmico tem sua culminância em dezembro. Sem essa presença espiritual não haveria suficiente entusiasmo em nossos corações. Não sentiríamos tanta felicidade nem tanto desejo de proporcionar mais felicidade aos outros. O costume universal de dar presentes no Natal empalideceria. Todos seriam drasticamente afetados.
A Estação do Advento se estende pelo mês de dezembro e é anunciada como uma Festividade de Luz. O impulso espiritual da estação prepara a humanidade para o derramamento das forças celestiais acompanhando o renascimento do Cristo Cósmico em nossa esfera terrestre. Esse período é seguido pela estação do Solstício de Dezembro que se estende de 21 de dezembro à 24 de dezembro e culmina com o dia seguinte, o 25 de dezembro, no Natal, o dia mais profundamente reverenciado em toda a Cristandade. A observância da festividade dessa estação santa nunca cessará para os aspirantes, até que o Cristo tenha nascido dentro de nossas próprias almas. O quanto desse êxtase o discípulo tenha experimentado nesse momento depende do degrau que ele tenha alcançado, e o regozijo pela sua participação cada vez mais crescente da mistura nessa estação entre o terreno e o divino é sentido com uma intensidade nunca alcançada em outro momento do ano.
Durante dezembro, os tons do filantrópico Sagitário, nota chave Fá maior, regido pelo otimista e benevolente Planeta Júpiter, cuja palavra-chave é idealismo e o quieto, metódico Capricórnio, nota chave Sol maior, regido pelo conservador e perseverante Saturno, cuja palavra-chave é obstrução com suas sistemáticas atividades construtivas, preparam a Terra para receber o raio do amor de Cristo e nutri-la até que esteja preparada para a liberação no centro da Terra. Então, começa sua viagem para fora, em direção à periferia da Terra, alcançando a na época do Equinócio de Março. Quando os dias são mais curtos e as noites mais longas, na Noite Santa, o raio do Espírito de Cristo alcança o centro da Terra. Aqui, Ele permanece três dias e três noites, libertando de Si mesmo a germinante força do Espírito Santo que, lentamente, vai permear a Terra e frutificá-la para outro ano.
Ou seja: Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de Dezembro. Aí Ele fica três dias e depois começa a voltar.
Em dezembro, durante as longas noites de inverno, a força física solar está adormecida e as forças espirituais alcançam seu grau máximo de intensidade (no hemisfério norte).
A noite entre 24 e 25 de dezembro é, em todo o ano, a Noite Santa por excelência. O Signo zodiacal da imaculada Virgem Celestial está sobre o horizonte oriental à meia-noite, e o Sol do ano novo nasce e começa sua jornada do ponto mais austral, em direção ao hemisfério norte, para (fisicamente) salvar essa parte da humanidade da obscuridade e da fome inevitáveis, caso permanecesse sempre abaixo do Equador.
À meia-noite de 24 de dezembro, para os povos do hemisfério norte, onde nasceram todas as religiões atuais, o Sol está diretamente abaixo da Terra e as influências espirituais são fortíssimas.
Em tal momento, nessa noite, aos que desejassem, pela primeira vez, dar um passo na Iniciação, seria muitíssimo mais fácil porem-se em contato consciente com o Sol Espiritual.
Por esse motivo, nos antigos templos, os Discípulos preparados para a Iniciação eram levados pelas mãos dos Hierofantes dos Mistérios e, por meio de cerimônias que se realizavam no Templo, eram elevados a um estado de exaltação, no qual transcendiam toda condição física. A Terra tornava-se transparente à sua visão espiritual e eles viam o Sol da meia-noite: a “Estrela”! Não era o Sol físico, seu Salvador físico, o que viam com os seus olhos espirituais, mas o Espírito do Sol, o Cristo, seu Salvador Espiritual.
Essa Estrela que brilhou na Santa Noite ainda brilha para o místico na obscuridade da noite. Quando o ruído cessa e a confusão da atividade física se aquieta, então ele entra em seu interior e procura o caminho que conduz ao Reino da Paz. A brilhante Estrela está sempre ali para guiá-lo e sua alma ouve a canção profética: “Paz na terra e boa vontade entre os homens“.
Paz e boa vontade a todos, sem exceção, não excluindo nem os inimigos. É de admirar que custe muito a educar a humanidade para este tão elevado tipo de moral? Há algum meio melhor para demonstrar a beleza e a necessidade da paz, da boa vontade e do amor do que compará-los com o estado atual de guerras, egoísmos e ódios?
Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda é a sombra que projeta. Quanto mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos.
(Você pode ter mais material para estudos em: Cap. XII – Ensinamentos de um Iniciado; O Cristo Cósmico – Interpretação Mística da Páscoa; Cap. I – Interpretação Mística do Natal; A Estrela de Belém – Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel; A Escala Musical e o Esquema de Evolução – compilado por um Estudante da Fraternidade Rosacruz; A Festa da Natividade – Ao Longo do Ano com Maria; O Maravilhoso Livro das Épocas – Vol. VI – Vol. VII – Vol. X – Corinne Heline)
Uma lembrança ao Irmão Maior, Jesus de Nazaré
Com a aproximação do Natal, quando os corações mais de perto se aconchegam em busca de calor humano, sentimos que toda uma ambientação peculiar às comemorações se faz presente: multiplicamos as luzes noturnas, numa profusão multicolorida; enfeitamos as lojas; decoramos a cidade; apressamos nossos passos; compramos presentes; formulamos votos e bons desejos, felicitações são retribuídas.
É Natal. É festa. É alegria.
Contudo, nossos corações se voltam ao passado para reviver as cenas cujo simbolismo estamos habituado a comemorar e cujo sentido mais profundo aprendemos a conhecer na Fraternidade Rosacruz.
Rememoramos não mais o artificialismo das luzes em seus variados matizes, mas a iluminação interior daquele amoroso Ser e dos Seus seguidores diretos, que almejamos alcançar.
Relembramos não mais os enfeites das vitrines, porém o luminoso semblante daqueles que hoje representam os verdadeiros Amigos sinceros, dadivosos, simples, cheios de entendimento cristão e coerentes na prática de sagrados princípios não apenas em uma época especial do ano, mas dia após dia, hora após hora, numa expressiva e ininterrupta oração.
Recordamos não mais as compras de presentes custosos e materiais, mas a dádiva de ajudar os semelhantes com todos os nossos valores físicos, emocionais, mentais, anímicos e espirituais, no sagrado labor desta causa Rosacruz, na convicção de que o fazemos para Ele.
Evocamos, acima de tudo o que nos relembra esta data, a figura inesquecível de nosso amado Irmão Maior, Jesus de Nazaré, que tornou possível o maior trabalho de redenção já realizado neste mundo. E, por associação, a figura luminosa do Cristo, cuja volta anual a nosso planeta regalvaniza em escala ascendente as suas vibrações purificadoras; dá novo alento vital aos seres vivos; enxameia de altruísmo os corações das pessoas na proporção de sua afinidade, mas buscando sempre dissolver a crosta de seu egoísmo e transformá-la na branca, na brilhante joia em que um dia se tornará.
Invocamos a Sua mensagem unificadora, desfraldada como Verdade, Beleza e Bondade acima de todas as limitações e preconceitos, cobrindo todos os povos e condições, espraiando-se na forma do Caminho único de ascensão a Deus, cada vez mais encarecido e evidenciado pelas lutas, discórdias e sofrimentos da humanidade.
E nos dispomos, então, não mais à pressa enganosa dos passos que não conduzem a lugar algum; contudo, ao andar resoluto e bem orientado de quem já conhece o Caminho.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro de 1966)
Pergunta: Recordar, a cada ano, o sofrimento de Cristo é útil a um propósito real? Se não é, por que a Igreja Cristã não omite a paixão e a Coroa de Espinhos e concentra seus esforços em celebrar a Páscoa, um tempo de alegria?
Resposta: A história do evangelho, como geralmente é lida pelas pessoas nas igrejas, é apenas “a história de Jesus, um personagem único, o Filho de Deus em um sentido especial, que nasceu uma vez em Belém, viveu na Terra pelo curto espaço de trinta e três anos, morreu pela humanidade, depois de muito sofrimento, e agora é permanentemente exaltado à direita do Pai”; por isso, esperam que ele retorne para julgar os vivos e os mortos e celebram seu nascimento e morte em determinadas épocas do ano, porque supõem que ocorreram em datas definidas iguais ao dia do nascimento de Lincoln, de Washington ou da Batalha de Gettysburg.
Contudo, enquanto essas explicações satisfazem as multidões, que não são muito profundas em suas investigações sobre a verdade, há outro ponto de vista que é bastante claro ao místico, uma história de amor divino e sacrifício perpétuo que o enche de devoção ao Cristo Cósmico, Aquele que nasce periodicamente para que possamos viver e ter a oportunidade de evoluir neste ambiente, porque o permite entender que sem esse sacrifício anual a Terra e suas atuais condições de avanço seriam impossíveis.
No momento em que o Sol está no Signo celestial de Virgem, a virgem, a Imaculada Concepção ocorre. Uma onda de luz e vida do Cristo solar é focalizada na Terra. Gradualmente, esta luz penetra cada vez mais no centro da Terra, até que o ponto mais profundo seja alcançado na noite mais longa e escura, que chamamos de Natal. Este é o nascimento Místico de um impulso da Vida Cósmica que penetra e fertiliza a Terra. É a base de toda a vida terrestre; sem ele nenhuma semente germinaria, nenhuma flor apareceria na face da Terra, nem o ser humano ou a fera poderiam existir e a vida logo se extinguiria.
Portanto, há de fato uma razão muito, muito válida para a alegria que é sentida na época do Natal, pois o Autor Divino do nosso ser, Nosso Pai Celestial, deu o maior de todos os presentes ao ser humano, O Filho. Assim, os seres humanos também são impelidos a dar presentes uns aos outros e a alegria reina sobre a Terra, junto à boa vontade e à paz, ainda que as pessoas não entendam as razões místicas e anualmente recorrentes para isso.
Como “um pouco de fermento fermenta toda a massa”, assim também esse impulso de vida espiritual, que entra na Terra durante o Solstício de Dezembro e percorre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro em direção à sua circunferência, dando vida a todos com quem entra em contato; até os minerais não poderiam crescer, caso esse leve impulso fosse retido; e quando a Páscoa chega, a Terra está florescendo, os pássaros começam a cantar e os pequenos animais na floresta se acasalam, tudo está imbuído dessa grande vida divina; Ele Se consumiu, morreu e é elevado novamente à mão direita do Nosso Pai.
Assim, o Natal e a Páscoa são momentos decisivos que marcam o fluxo e o refluxo da vida divina, anualmente oferecidos por nossa causa e sem os quais seria impossível viver na Terra. Essa última também encerra a repetição anual do sentimento festivo que experimentamos do Natal à Páscoa, a alegria que emociona nosso ser. Se somos sensíveis, não podemos deixar de sentir o Natal e a Páscoa no ar, pois estão carregados de amor, vida e alegria divinos.
No entanto, de onde vem a nota de tristeza e sofrimento que antecede a Ressurreição da Páscoa? Por que não nos regozijamos com uma alegria sem igual, no momento em que o Filho é libertado e retorna ao Pai? Por que a paixão e a coroa de espinhos? Por que não podemos desconsiderar isso? Estão aí perguntas cujas respostas nosso interlocutor gostaria de conhecer.
Para entender esse mistério é necessário ver a questão da perspectiva do Cristo e entender completamente que essa onda de vida anual que é projetada em nosso Planeta não é simplesmente uma força desprovida de consciência. Carrega consigo a plena consciência do Cristo Cósmico. É absolutamente verdade que sem Ele nada do que foi feito teria sido feito, como nos é mostrado por São João, no capítulo inicial do seu Evangelho.
No momento da Imaculada Concepção, em setembro, esse grande impulso de vida começa sua descida sobre a nossa Terra e, no tempo do Solstício de Dezembro, quando o nascimento místico ocorre, o Cristo Cósmico está totalmente concentrado dentro e fora deste Planeta. Vocês perceberão que isso deva causar desconforto a um espírito tão grandioso: estar apertado dentro da nossa pequena Terra, consciente de todo o ódio e a discórdia que Lhe enviamos no dia-a-dia, durante o ano inteiro.
É um fato que não se possa contradizer: toda expressão de vida existe através do amor; da mesma forma, a morte vem pelo ódio. Se o ódio e a discórdia que geramos em nossa vida cotidiana, em nossos negócios; se o engano, a infâmia e o egoísmo não fossem remediados, a Terra seria tragada pela morte.
Você se lembra da descrição da Iniciação dada no Conceito Rosacruz do Cosmos: afirma-se que, nos cultos realizados todas as noites, à meia-noite, o Templo é o foco de todos os pensamentos de ódio e perturbação do mundo ocidental, ao qual serve, e que tais pensamentos estejam ali desintegrados e transmutados, sendo essa a base do progresso social no mundo. Sabe-se também que os espíritos santos sofrem e padecem muito com as perturbações do mundo, com a discórdia e o ódio e que enviam de si mesmos, individualmente, pensamentos de amor e bondade. Os esforços associados de ordens como a dos Rosacruzes são direcionados pelos mesmos canais de empenho, quando o mundo ainda está parado no pertinente às atividades físicas e, portanto, é mais receptivo à influência espiritual; ou seja, à meia-noite. Nesse momento, eles se esforçam para atrair e transmutar essas flechas feitas de pensamento de ódio e discórdia, sofrendo assim ao receber uma pequena parte delas, enquanto buscam retirar alguns dos espinhos da coroa do Salvador.
Considerando o exposto, você entenderá que o Espírito de Cristo na Terra está, como afirmou São Paulo, “realmente gemendo e sofrendo, esperando o dia da libertação”. Assim, Ele reúne todos os dardos do ódio e da raiva: eis a coroa de espinhos.
Em tudo que vive, o Corpo Vital irradia correntes de luz da força que se gastou na construção do Corpo Denso. Durante a saúde, elas retiram o veneno do corpo e o mantêm limpo. Condições semelhantes prevalecem no Corpo Vital da Terra, que é o veículo de Cristo: as forças venenosas e destrutivas, geradas por nossas paixões, são retiradas pelas forças vitais do Cristo. No entanto, cada pensamento ou ato maligno traz a Ele sua própria proporção de dor e, logo, torna-se parte da coroa de espinhos — a coroa, já que a cabeça seja sempre considerada a sede da consciência —; devemos perceber que cada um dos nossos atos malignos recai sobre o Cristo da maneira declarada e Lhe acrescenta outro espinho de sofrimento.
Em vista do exposto, podemos notar com que alívio Ele pronuncia as palavras finais no momento da libertação da cruz terrena: “Consummatum est” – foi realizado.
E você poderia perguntar: por que a recorrência anual do sofrimento? Continuamente, à medida que absorvemos em nossos corpos o oxigênio que nos dá vida e, por seu ciclo, vitaliza e energiza o corpo inteiro, ele morre momentaneamente para o mundo exterior, enquanto vive no corpo e é carregado com venenos e resíduos antes de, afinal, ser exalado no formato de dióxido de carbono, um gás venenoso. Assim também, é necessário que o Salvador entre anualmente no grande corpo que chamamos de Terra e tome sobre Si todo o veneno gerado por nós mesmos, para purificar, limpar e dar nova vida, antes que Ele por fim ressuscite e suba ao Seu Pai.
(Perg. 85 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)