Arquivo de tag Ensinamentos Rosacruzes

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho de Base: participação ativa e a importância de ser um Estudante Rosacruz atuante

Nenhum edifício se constrói sem base. E essa base não pode ser falsa (Mt 7:24-27[1] e Lc 6:46-49[2]). O ser humano sensato que edifica o templo interno sobre a rocha dos princípios Cristãos e não sobre a areia da transitoriedade, constituem-se num tijolo do templo de Deus, num esteio da sociedade e na pedra angular de sua família. E como a Fraternidade Rosacruz, em essência e realidade, não é constituída de edifícios, nem de “Sedes” nem de “Grupos”, mas, sim de indivíduos, de almas afinadas na mesma elevada aspiração, no mesmo edificante serviço, deduz-se que ela se edifica e se fortalece na medida em que seus Estudantes Rosacruzes se tornam mais cônscios da responsabilidade de cada um e crescem em virtude e entendimento. Os Evangelhos, igualmente, falam de Cristo como da Pedra Angular. E Cristo falou da transitoriedade das coisas externas, símbolo das verdades internas que aprenderemos a reverenciar dentro de nós e no Todo (Mt 24:1-2[3], Jo 4:19-24[4]).

Importa que os Estudantes Rosacruzes, após o estágio inicial necessário, em que, dentro da maior liberdade, podem examinar, ponderar e concluir se realmente essa Filosofia Rosacruz corresponde as necessidades de seu grau evolutivo, que eles empreendam um estudo sério. Para isso há os diversos Cursos (por correspondência ou por e-mail), há diversas reuniões públicas, há os sites e as redes sociais de Centros Rosacruzes e, principalmente, a possibilidade de se formar “Grupos de Estudos” (Informais e Formais, reconhecido, inclusive, pela The Rosicrucian Fellowship e núcleo de um futuro Centro Rosacruz), todos eles gratuitos e amplos. Ali poderá o Estudante Rosacruz participar das questões, apresentar seus estudos e preparar-se para ser um membro consciente, capaz de prestar um esclarecimento correto, sucinto, das questões que lhes forem propostas por amigos, conhecidos, desconhecidos e familiares interessados.

Esse é um trabalho de base. A tarefa não é de expandir sem firmeza. A expansão deve corresponder ao número de Estudantes Rosacruzes preparados para uma disseminação segura e fiel. Sabemos que há muitas pessoas sequiosas de esclarecimento, que muitas almas sofredoras necessitam das lógicas explicações da Filosofia Rosacruz sobre os mistérios da vida e da morte, do Mundo terreno e dos superiores, das leis que regem nossos destinos. Mas também, se não estamos preparados, suficientemente, para um esclarecimento seguro, somos “um cego dirigindo outro cego[5] para o buraco da confusão e desilusão”. Além disso, é necessário que esse trabalho de difusão, na esfera individual ou na direção de Grupos de Estudos, baseie-se num perfeito desinteresse, quer no ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista da vaidade, do personalismo, que sacrifica o espírito de equipe. Ambas são formas de cobrar.

De toda maneira, pressupõe-se um preparo seguro, quer do lado moral, quer do filosófico, ou melhor, dizendo, da Mente e do Coração.

Há dias um simpatizante pelos Ensinamentos Rosacruzes nos interpelou com uma pergunta difícil. Pudemos responder-lhe de pronto e seguramente porque estudamos sempre as obras de Max Heindel. Foi esta: “Como se explica logicamente o renascimento, sabendo-se que a população do globo vai aumentando cada vez mais? Se os espíritos levam determinado tempo nos mundos superiores e renascem, deveria ser sempre igual à população…”.

Esta pergunta é frequente e pode confundir o Estudante Rosacruz abordado. Por isso, para esclarecimento, aqui vai a resposta: “A Onda de Vida inicial de Espíritos Virginais, da humanidade, evoluiu junta até o Período Terrestre no Globo que mais tarde se tornou o Sol, o centro de nosso Sistema Solar. Mas devida a evolução variada de diversos grupos de Espíritos, foi necessário que tais grupos saíssem do Sol, arrojados com os Planetas que foram aos poucos se diferenciando, entre eles a nossa Terra. Mas não tínhamos impressão de morte, de separação, da perda dos corpos, até inicios da Época Atlante, quando nos “foram abertos os olhos” e tivemos a ilusão de que somos seres separados. Desde então fomos perdendo a visão dos planos internos e temendo a morte, porque não sabemos o que nos espera. Mas os Iniciados da Ordem Rosacruz, que sabem, não por suposição ou por teoria, mas porque veem, inclusive na Memória da Natureza, onde estão os registros de todos os fatos passados, nos explicam que os Espíritos renascem, normalmente, uma vez em cada mil anos, sendo uma vez como mulher e outra como homem, alternadamente, no espaço em que Sol transita, pelo movimento de Precessão dos Equinócios, por cada Signo no Zodíaco (por volta de 2.160 anos). Esta é uma regra geral, com exceções. Particularizando a questão, quanto mais atrasado é um ser humano, tanto mais tempo leva para reencarnar aqui e, contrariamente, quanto mais evoluído, tanto menos tempo. À medida que os seres vão se elevando, os intervalos vão encurtando até que estejam livre da roda de renascimentos sucessivos, que são atualmente uma necessidade evolutiva, para conquista das experiências na escola do mundo. Daí se infere que, ao início de cada Época, os períodos entre renascimentos são mais longos para que se dê tempo ao Ego, de assimilar as experiências novas. Com o tempo, vão se encurtando. Agora, que estamos chegando ao final da Época, os Egos vão renascendo todos mais amiúde, neste cadinho de ensinamentos, que é a Terra. No entanto, os Adeptos e Irmãos Maiores estão além da necessidade de renascimento. Estão aqui para ajudar-nos, por amor”.

Aqui termina a explicação, a resposta que poderia ser muito mais longa e pormenorizada. Citamo-la como ilustração de que, em apenas saberem que pertencemos a Fraternidade Rosacruz, as pessoas, algumas por curiosidade, outras por real interesse, outras por desafio, nos põem a prova. Devemos estar preparados para responder com firmeza ou então, honestamente dizer: “a pergunta é interessante. Vou estudá-la para lhe dar a resposta, segundo nossa Filosofia Rosacruz”. Além disso, como dissemos e repetimos, a preparação do Estudante Rosacruz o torna um membro consciente e atuante, para enriquecimento da própria alma e da alma da Fraternidade, de que fazemos parte.

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – Maio/1964 – Fraternidade Rosacruz–SP)


[1] N.R.: Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as pôr em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua ruína!”

[2] N.R.: Por que me chamais ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo? Vou mostrar-vos a quem é comparável todo o que vem a mim, escuta as minhas palavras e as põe em prática. Assemelha-se a um homem que, ao construir uma casa, cavou, aprofundou e lançou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a torrente deu contra essa casa, mas não a pôde abalar, porque estava bem construída. Aquele, porém, que escutou e não pôs em prática é semelhante a um homem que construiu sua casa ao rés do chão, sem alicerce. A torrente deu contra ela, e imediatamente desabou; e foi grande a sua ruína!”.

[3] N.R.: Saindo do Templo, Jesus caminhava e os discípulos se aproximaram dele para mostrar-lhe as construções do Templo. Ele disse-lhes: “Estais vendo tudo isto? Em verdade vos digo: não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja demolida”.

[4] N.R.: Disse-lhe a mulher: “Senhor, vejo que és um profeta…Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar”. Jesus lhe disse: “Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora — e é agora — em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”

[5] N.R.: Lc 6:39

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Desvantagem em Dispersar as Nossas Forças

Maio de 1915

Na Carta de Março[1], como você deve se lembrar, sugeri a concentração da energia numa só direção, aconselhando, como já tinha feito anteriormente, que os Estudantes Rosacruzes dediquem todo o tempo livre deles para trabalhar numa única sociedade religiosa[2], em vez de dissipar e distribuir as energias deles pertencendo à várias dessas sociedades, pois é impossível fazer um trabalho eficaz dessa maneira.

Desde então, recebemos alguns pedidos de desistência de Estudantes na Fraternidade Rosacruz, o que não foi inesperado. Entre os membros de uma associação tão grande como a Fraternidade Rosacruz, alguns dos que pertencem simultaneamente a outros grupos, naturalmente, teriam uma preferência maior por algum outro lugar e, em consequência dessa sugestão dada no parágrafo anterior, seguiriam essa tendência. No entanto, é surpreendente que tenha havido tão poucas desistências. De fato, a surpresa é que houve poucas desistências, mas isso, sem dúvida, se deve ao fato de que a Fraternidade Rosacruz retira, periodicamente, da sua lista aqueles que mostram pouco interesse e, assim, mantém apenas os Estudantes Rosacruzes ativos.

Mas o tom dessas desistências é que nos entristece. Alguém nos escreveu: “Sou membro da Igreja Episcopal e pago lá a minha contribuição periódica, etc., etc.”. Parece estranho que alguns não compreendam que a Fraternidade Rosacruz não é antagônica a nenhuma organização religiosa (seja qual for) ou sociedade e, nesse particular, não as que professam o Cristianismo. Temos afirmado, repetidamente, que apoiamos qualquer pessoa que se associe a uma Igreja Cristã. O que a Carta se refere não foi sobre Religião, mas sobre “sociedades religiosas”; e, como disse, não é porque temos algo contra as sociedades que trabalham seguindo as linhas Cristãs. Há, por exemplo, a Sociedade da Unidade de Kansas City[3], uma organização honesta e com boa moral, sob direção de uma nobre liderança, tanto quanto podemos depreender de todas as informações que temos recebido. Mas, para bem obrar nesta ou noutra sociedade religiosa, toda a sua energia durante o tempo livre deve ser dada apenas a essa sociedade; e se um membro da Fraternidade Rosacruz, que pertença igualmente a essa outra organização, decide se dedicar somente a essa última, age corretamente, não só com essa organização como também com a Fraternidade Rosacruz, muito melhor do que se prosseguisse a sua ligação com ambas. Por outro lado, se por suas afinidades, resolve permanecer com a Fraternidade Rosacruz, então é melhor para ele, melhor inclusive para a Sociedade da Unidade e para a Fraternidade Rosacruz, que ele se dedique exclusivamente a nossa Associação.

Como já dissemos muitas vezes, muitos caminhos conduzem a Roma, mas não podemos seguir dois caminhos ao mesmo tempo. Devemos seguir só um para chegar lá. Ziguezaguear de um para o outro é um desperdício de esforço. Se cumprirmos efetivamente com os nossos deveres no mundo, muito pouco tempo livre nos restará para que possamos trabalhar legitimamente em nosso próprio benefício nas linhas espirituais. Portanto, devemos focar para concentrar os nossos esforços no que nos seja mais proveitoso, em vez de dissipar as energias e obter pouco crescimento da alma.

Além disso, convém deixar bem claro que, se em algum momento as condutas políticas da Fraternidade Rosacruz não merecer a aprovação de alguém, esse não age bem se simplesmente desertar e passar a protestar contra nós já do lado de fora. Se permanecer conosco, nós o escutamos como um irmão ouve outro irmão ou outra irmã, e ponderamos os seus argumentos de um ponto de vista muito diferente da que ocorre quando ele deserta, mostra-se hostil e se transforma em um oponente. Então, os mesmos argumentos perderiam boa parte do seu peso. Estamos todos de acordo com os pontos principais dos nossos Ensinamentos Rosacruzes. Cada um de nós, certamente, aprecia o benefício que colhemos dessa Filosofia Rosacruz que estamos empenhados em promulgar. Não é adequado, então, sermos tolerantes em questões de políticas, para que possamos dedicar toda nossa atenção aos ideais?

(Carta nº 54 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: Refere-se à Carta aos Estudantes de março de 1915, aqui transcrita: “Concentração no Trabalho Rosacruz

Meditando sobre a utilidade da Fraternidade Rosacruz, surgiu-me a pergunta: “Qual o obstáculo mais comum que impede o nosso progresso no trabalho espiritual?”. E a resposta foi: “A falta de concentração”.

Todos temos uma família que depende de nós e que tem direito a uma parte da nossa atenção. Nosso trabalho no mundo não deve ser negligenciado sob pretexto algum. Estamos aqui para executar certas tarefas e aprender por meio delas. Depois de atender a esses deveres, vejamos se ainda nos sobra algum tempo para aplicá-lo, justa e apropriadamente, no nosso próprio desenvolvimento.

Na vida cotidiana, não tentamos ser médicos hoje, trabalhar numa indústria amanhã e, no dia seguinte, começar uma nova atividade. Sabemos que tal procedimento não nos levaria a lugar algum. Devemos, portanto, seguir uma linha de trabalho no mundo.

Por que não aplicar o mesmo bom senso em nossos esforços espirituais? Sabemos que tanto o progresso social e como profissional dependem da soma de concentração, planejamento e perseverança que tivermos. Então, se nos mostramos tão sábios e prudentes no que diz respeito às coisas do mundo, que duram apenas os poucos anos de nossa vida terrena, por que não nos empenhamos em usar o mesmo bom senso, aplicando-o de corpo e alma às coisas espirituais que são eternas?

Aqueles que perambulam de seita em seita ou em várias escolas filosóficas e que pensam ser conhecedores das mais variadas práticas espiritualistas falham ao ver sua falta de profundidade. Eles se vangloriam de seu conhecimento de livros e palestras até ficarem doentes com indigestão mental. Ouvem e leem muito, mas praticam pouco.

Para nossas atividades terrenas necessitamos de trabalhadores experientes, hábeis e dedicados. No Reino Celestial, a lealdade e a devoção são também fatores primordiais.

Nossa contínua presença faz com que o carvão latente em cada um de nós se transforme em chama e emita luz e calor, unindo e fortalecendo nosso ideal no caminho da espiritualidade.”

[2] N.T.: Vamos definir aqui o que é uma “sociedade religiosa” ou “associação religiosa” para não confundirmos com Religião: uma sociedade religiosa ou associação religiosa é a congregação incorporada de um grupo religioso. Uma congregação incorporada ou grupo religioso atua como uma ‘pessoa jurídica’ legal que existe separada e separada de seus membros. Nesse sentido pode desenvolver, também, outras atividades, de caráter econômico, como instituições educacionais ou empresariais.

[3] N.T.: Era uma sociedade fundada pelo casal Charles e Myrtle Filmore: Aos 40 anos, Myrtle Fillmore ficou muito doente. Foi-lhe dito que ela tinha tuberculose e tinha menos de 6 meses de vida. Quando a medicina tradicional e os médicos deixaram de dar alívio, ela começou a pesquisar meios alternativos de cura. Ela assistiu a palestras de praticantes que estavam na vanguarda da cura espiritual. Myrtle teve uma epifania. Ela despertou para a verdade de que ela era uma expressão do espírito divino e era por meio desse mesmo espírito que ela poderia ser curada. Ela descobriu a Oração Afirmativa. Em vez de implorar a Deus para lhe dar algo ou fazer algo acontecer, Myrtle afirmou que o que ela pediu já estava acontecendo. Ela orou e meditou diariamente por mais de dois anos. Ela comunicou pensamentos positivos e curativos às células de seu corpo. A fé de Myrtle nunca vacilou e ela viveu mais 46 anos. Inspirados pela saúde renovada, os Fillmores se interessaram em dar às pessoas ferramentas práticas no Cristianismo para melhorar suas vidas. Charles estudou Religiões e filosofias mundiais. Ele também estudou a ligação entre Religião e Ciência. Em 1889, Charles e Myrtle começam a escrever sobre suas crenças e, pouco depois, nasce a Unidade (Sociedade da Unidade de Kansas City). Em abril de 1889, os Fillmores publicam a primeira edição de Modern Thought, uma revista nacional mensal dedicada a questões espirituais. O nome da revista foi mudado para Unity Magazine em junho de 1891. Eles usaram sua revista para contar às pessoas sobre a Society of Silent Help, renomeada Society of Silent Unity em 1891. Myrtle diz aos leitores que o trabalho da Society of Silent Help é “aberto para todos.” Em 1891, Charles escolhe ‘Unidade’ como o nome do movimento que estão fundando.

Myrtle inicia a Wee Wisdom em 1893, uma revista mensal para crianças, e permanece como editora por muitos anos. Quando foi descontinuada em 1991, Wee Wisdom era a mais antiga revista infantil publicada continuamente no país.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Aforismos Rosacruzes: sobre o nosso Treinamento Esotérico

  1. Herói não é o que realiza façanhas sensacionais, num lance de denodo. Herói é o que aceita o desafio das pequenas dificuldades diárias e as leva de vencida, uma a uma, mediante o conhecimento e domínio próprio. Cada vitória alcançada, cada pouco caso ou insulto perdoado, cada pensamento e sentimento de mágoa substituído por ato de boa vontade, manifestado em circunstância difícil, é um expressivo passo à frente, na direção de uma vida harmoniosa, feliz e cheia de paz.
  2. Ter fome e sede de justiça é aspirar ardentemente por essa condição ideal: de pensar, sentir e agir segundo a Vontade de Deus. Nessa aspiração, reza o Estudante Rosacruz: “Faze que as palavras de meus lábios e as meditações do meu coração sejam sempre agradáveis à Tua presença, ó Senhor, minha Força e meu Redentor”.
  3. Os Ensinamentos Rosacruzes dão uma ideia clara e lógica do mundo e do ser humano; convidam à discussão em lugar de evitá-la, para que aqueles que buscam a verdade espiritual possam satisfazer amplamente seu intelecto e as explicações que recebam sejam tão embasadas na ciência, como reverentemente devocionais. Esses Ensinamentos organizam e explicam os problemas da vida segundo um conjunto de leis tão imutáveis em sua esfera de ação, como imutável é a Estrela Polar no céu.
  4. Não somos forçados a agir em determinada direção por estarmos num determinado ambiente ou porque toda a nossa existência anterior nos deu uma tendência para uma exata finalidade. Com a divina prerrogativa do livre-arbítrio, o ser humano tem o poder da Epigênese ou iniciativa, de forma que pode adotar uma nova linha de conduta a qualquer momento que queira. Não poderá separar-se instantaneamente de toda a sua vida passada – isto requer muito tempo, talvez várias vidas – mas, gradualmente, pode ir cultivando o ideal que uma vez semeou.
  5. Há melhores meios que a dor, para quem deseja viver retamente. A dor é inevitável apenas para os que continuam a usar mal a liberdade.
  6. O livre arbítrio é um sagrado direito individual, e Deus, como Pai e pedagogo incomparável, sabe que precisamos de aprender a usá-lo, para um dia exercermos os deveres e direitos de cidadãos espirituais.
  7. Quanto mais comprometidos estamos com o passado, tanto menos livre arbítrio, e vice-versa. Nossa vida é como um quadro de luz e sombras, uma mescla de tristezas e alegrias, uma sinfonia ainda cheia de dissonâncias. Se queremos alcançar a felicidade futura, é importante não assumirmos novos e pesados encargos e ao mesmo tempo nos aplicarmos diligentemente a um bem orientado esforço da regeneração.
  8. A cadeia de causas e efeitos não é uma repetição monótona. Há sempre um influxo contínuo de causas novas e originais. Esta é a espinha dorsal da evolução – a única realidade que lhe dá sentido e a converte em algo mais que a simples expansão de qualidades latentes. É a “Epigênese” – o livre arbítrio, a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e não uma simples escolha entre dois cursos de ação. Este importante fator é o único que pode explicar de modo satisfatório o sistema a que pertencemos.
  9. Até certo ponto podemos modificar e até frustrar certas causas já posta em movimento, mas uma vez começadas, se outras medidas não forem tomadas, ficarão fora do nosso controle. Chama-se a isso destino “maduro” e os Senhores do Destino impedem quaisquer tentativas de fugir a tal classe de destino.
  10. Quando o ser humano começa a emancipar-se, deixa também de pensar em si como “a semente de Abraão”, ou como da “Família X”, ou “Família Y” e aprende a ver-se como um “eu”. Quanto mais cultivar esse “Eu”, mais libertará o sangue do Espírito de Família ou Nacional e mais se bastará como habitante do mundo.
  11. Enquanto amarmos somente a própria família ou nação, seremos incapazes de amar aos demais. Rompamos os laços do sangue, ainda limitados pelos laços de parentesco e da pátria, afirmemo-nos e bastemo-nos, e poderemos converter-nos em servidores desinteressados da humanidade. Quando o ser humano chega a tal cume, descobre que, em vez de perder a própria família, obteve todas as famílias do mundo. Todos serão para ele seus irmãos, seus pais, suas mães, de quem deve cuidar e a quem deve ajudar.
  12. O destino de um indivíduo gerado sob a Lei de Consequência é de grande complexidade, e envolve associação com outros Egos, encarnados e desencarnados, de todos os tempos. Igualmente, os encarnados em um determinado tempo podem não estar vivendo na mesma localidade, o que torna impossível cumprir o destino de um indivíduo em uma só vida ou em um só lugar. Por isso o Ego é trazido a um ambiente e a uma família com que esteja de algum modo relacionado.
  13. Um ideal é tão grande, quão grandes são os seus membros. Na medida em que, internamente, crescemos, elevamos nosso ideal por todos os meios ao nosso alcance. Ao mesmo tempo, o impulso de dar gera o efeito inevitável de receber. Não que ajamos com esse propósito de receber, senão que a Lei cósmica se incumbe de processar a mutualidade que nos eleva pelo SERVIR.
  14. Ninguém pode viver bem sem equilíbrio, portanto, se caíres antes as provas, não te desesperes. Tu és parcela de Deus e forças novas te reerguerão novamente. Enquanto permaneceres convicto de que és espírito, nada poderá derrubar-te, porém, se te limitares ao sentido efêmero desta vida material serás sempre presa fácil da tristeza, do desânimo, do ódio e de uma infinidade de sentimentos mesquinhos.
  15. Somos ofendidos quando e na medida em que admitimos a ofensa. Em última análise, pois, somos nós mesmos quem nos ofendemos.
  16. O ressentimento deixa cicatrizes na alma; o perdão restaura a epiderme do impacto recebido; a não-resistência é como a borracha: não resiste e nem se magoa ao impacto.
  17. O mal é como um raio: sai de “baixo” para ferir o céu; mas esse o devolve, para ferir o ventre que o gerou.
  18. O sábio extrai de cada experiência a lição que ela encerra e a transpõe. O ignorante não a enxerga e tem de novamente enfrenta-la, sob novos disfarces, em outras circunstâncias.
  19. Ninguém se ilude, a menos que se tenha iludido. Mas o se iludir é compreensível, no curso da ação humana. A desilusão é o desvelar das falhas, quebrando a magia da ignorância e nos despertando para níveis mais altos.
  20. Uma boa memória é aquela que esquece as falhas dos outros, mas lembra as lições.
  21. As invocações usadas para pedir coisas temporais são magia negra; pois temos a promessa de: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas“.
  22. Ainda sobre “pedir coisas temporais”: Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso, quando ensinou Seus discípulos a dizer: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje“.
  23. A oração é como a ativação do interruptor elétrico, que não cria a corrente, mas simplesmente fornece um canal através do qual a corrente elétrica pode fluir. Da mesma forma, a oração cria um canal através do qual a vida e a luz divinas se derramam em nós para nossa iluminação espiritual.
  24. A oração é um encantamento mágico, mas a menos que sua vida seja uma oração, você nunca receberá a resposta.
  25. A palavra perdida: você não pode proclamá-la, a menos que você tenha aprendido a vive-la em uma primeira vez.
  26. Quando você estabeleceu seu objetivo, nunca abrigue um pensamento de medo ou fracasso, mas cultive uma atitude de determinação invencível para alcançar seu objeto, apesar de todos os obstáculos, mantendo, constantemente, o pensamento de sucesso.
  27. Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for assimilada superficialmente.
  28. Quanto mais forte é a luz, mais forte a sombra projetada. Quanto mais alto os ideais, mais claramente podemos observar nossos defeitos.
  29. Se admitimos ser a Fraternidade Rosacruz inspirada desde os Planos Internos pelos Irmãos Maiores da Ordem do mesmo nome, não é menos verdade que ela, para sua manutenção e expansão, necessita de nosso apoio no plano físico. Portanto, colabore da forma que puder. Por favor, não se omita!
  30. Precisamos aprender a ficar sós em determinados momentos do dia, não para sentir a sensação de solidão, mas para nos unirmos a Deus, por meio da sua Essência em nós. Peçamo-Lhe ajudar-nos a manter abertos os canais de nossos veículos, a Sua manifestação. Isto nos inclina cada vez mais a identificação com os outros seres, a amá-los e servi-los apropriadamente.
  31. Tudo, em última análise, é presença ou ausência de Deus: bem e mal, alegria e tristeza, confiança e temor, luz e sombra, paz e intranquilidade. Só Deus é. Nossas transgressões as Leis da Natureza é que nos fizeram cientes do contraste desses extremos relativos, para que de novo e conscientemente agora, amemos e almejemos e busquemos a Deus, dentro e fora de nós.
  32. Quanto mais crescemos espiritualmente, menos as chamadas “influências maléficas” ou os Aspectos adversos nos afetarão. Eles são transmutados em bem.
  33. O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção contribui para extirpar o panorama da vida no Purgatório e, também, sem esta capacidade para julgar corretamente, fica o neófito que entra nos Mundos invisíveis, sujeito aos enganos e ilusões de que o Mundo do Desejo está cheio.
  34. Há apenas uma lei: A Lei do Amor. É a lei básica do universo, alicerce das demais leis subsidiárias. Ela é que mantém coeso o universo. O amor é vida, mas o ódio é morte. Realmente, na medida em que pensamos e vivemos de acordo com a Lei do Amor, a harmonia, a beleza e a felicidade se manifestam em nossa vida. Contrariamente, “o salário do erro é a morte”.
  35. O Pai Nosso é, precisamente, um maravilhoso modelo de Oração, provendo as necessidades do Ser Humano, com nenhuma outra fórmula poderia fazê-lo. Em algumas frases curtas encerra todas as complexas relações de Deus com o ser humano.
  36. O ser humano perde na personalidade e na matéria a compreensão de seu ser espiritual. Sendo, porém, essencialmente divino, redime-se a si mesmo e a seu ambiente mediante a aspiração espiritual por meio da Luz de Cristo.
  37. O único e verdadeiro objetivo da verdadeira ciência e da verdadeira Religião deve ser ensinar ao ser humano a relação entre si e o infinito todo e a se elevar àquele exaltado plano de existência para que foi criado.
  38. O Exercício Esotérico noturno de Retrospecção contribui para extirpar o panorama da vida no Purgatório e, também, sem esta capacidade para julgar corretamente, fica o neófito, que entra nos Mundos invisíveis, sujeito aos enganos e ilusões de que o Mundo do Desejo está cheio.
  39. Devido a pureza de sua vida, o Corpo Vital se está desprendendo do Corpo Denso, exceto por cinco pontos saber, dois nas mãos, dois nos pés, e outro em alguma outra parte. Quando você tenha feito credor da instrução individual, o Mestre lhe dirá como pode se livrar de suas ligaduras.
  40. Quando você se tenha santificado e por esse motivo seja candidato a instrução individual, o Mestre lhe ensinará como arrancar os cravos, no entanto, terá que efetuar o trabalho.
  41. O que somos, o que temos, todas as boas qualidades são o resultado das próprias ações passadas. O que agora nos falta, mental, moral e fisicamente, pode ser nosso no futuro.
  42. Certamente, criamos agora as condições das futuras vidas, pelo que, em vez de lamentarmos a falta desta ou daquela faculdade desejada, empreguemos os meios necessários para adquiri-la
  43. Se uma criança, sem esforço aparente, com toda facilidade toca um instrumento musical, e outra toca com dificuldade, apesar de persistente esforço, isso demonstra, simplesmente, que a primeira se esforçou em alguma vida anterior e adquiriu eficiência na execução, enquanto que a outra, começando agora nesta existência, deve esforçar-se muito mais. Mas, se persistir, poderá na presente vida tornar-se superior à primeira, a menos que esta continue exercitando-se e aperfeiçoando-se
  44. A tendência natural evolutiva é de dentro para fora, de baixo para cima, sempre, e por isso a Filosofia Rosacruz – a escola de mistérios ocidentais – leva o Estudante Rosacruz a se redescobrir, a se conhecer e, tomando conhecimento de seu relativo estado de consciência, empreenda a tarefa de reeducação, de transmutação e libertação das sujeições da matéria.
  45. Os 3 grandes objetivos da evolução através da matéria são: 1) A espiritualização do caráter; 2) O desenvolvimento da vontade, para dirigir as faculdades obtidas pela experiência; 3) O desenvolvimento da Mente criadora para, em certo dia, podermos criar, direta e conscientemente.
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Nobreza de Todo Trabalho

Março de 1918

Uma correspondente entusiasmada com a beleza, a grandiosidade e a natureza, ao mesmo tempo, calmante e intelectualmente estimulante dos Ensinamentos Rosacruzes, lamenta com desgosto, desaprovação e com arrependimento o destino que a aprisiona em cuidar dos afazeres da casa, dos filhos e de todo trabalho doméstico. Fosse ela livre apenas para levar esse evangelho recém-encontrado, ela iria pelo mundo afora com as boas novas, nele contidas, pelas quais ela sabe que milhares e milhares de pessoas estão orando e buscando.

Isso seria bom para nossa amiga e para aquelas milhares de pessoas, mas, e quanto às criancinhas privadas dos cuidados de suas mães? Não esqueçamos de um ponto muito importante:  de que todos os que foram chamados a trabalhar na “vinha do Mestre”[1] já tinham cumprido suas atividades de trabalhos e tarefas cotidianas. Todos eles não tinham vínculos que os impedissem de trabalhar lá o dia inteiro, e ninguém que não esteja livre das suas obrigações anteriores pode dedicar uma vida inteira ao trabalho de ensinar os outros. Se aspirarmos a esse trabalho, sendo fiéis no desempenho dos nossos deveres atuais, o caminho se abrirá em algum momento e nos dará o chamado legítimo.

Quanto ao uso muito comum da expressão “o árduo trabalho braçal ou monótono ou, ainda, a labuta doméstica”, referente aos fatores impeditivos de um maior empenho na divulgação dos Ensinamentos Rosacruzes, urge que seja analisada sob uma perspectiva condizente com a atual fase evolutiva da humanidade. O professor ou a professora fala do trabalho árduo de repetir a mesma lição na cabeça das crianças ano após ano; a mãe fala do trabalho penoso dos afazeres domésticos; o pai reclama do trabalho penoso no escritório ou nas atividades mecânicas; e assim por diante. Cada um pensa que se estivesse no lugar do outro, a vida se transformaria imediatamente em uma grande e doce canção.

Isso é uma falácia. “O ser humano, nascido de mulher, tem a vida curta e cheia de tormentos”[2]. Não importa onde ele esteja, há tão somente um método de alívio, uma maneira de superar: a adoção de uma atitude mental correta.

Um grande motor a gasolina funcionando a toda velocidade pode desafiar um exército de homens fortes a detê-lo, mas uma pequena partícula de carbono depositada no ponto de ignição, ou uma pequena peça giratória trabalhando com alguma folga, rapidamente suprimiria sua energia. Assim, um pouco de fuligem, que desprezamos como sujeira, pode, sob determinadas circunstâncias, realizar mais do que muitos homens. Portanto, não devemos enaltecer extravagantemente algumas pessoas como heróis e desprezar outras como trabalhadores braçais ou que fazem trabalhos maçantes ou pesados. Há almas tão nobres remendando meias como aqueles agraciados em cadeiras presidenciais. Tudo depende se eles colocaram amor em seu trabalho ou não.

Mas, o que muitas pessoas realmente querem dizer quando falam sobre “trabalho duro, maçante, penoso” é, na verdade, a monotonia. Pois, todo trabalho é, mais ou menos, uma rotina e a execução constante das mesmas tarefas, repetidas vezes, torna o trabalho monótono. Há uma excelente razão para que a atual fase do nosso desenvolvimento inclua esse princípio de rotina. Estamos agora nos preparando para a Era de Aquário que se aproxima rapidamente com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do Corpo Vital adormecido, cuja palavra-chave é a repetição. A rotina dos nossos afazeres diários nos proporciona isso. Se nos rebelarmos, isso gera monotonia e retarda o progresso. Mas, se fermentarmos nosso trabalho com amor, avançaremos muito na evolução e colheremos a recompensa de um estado de felicidade e satisfação.


[1] N.T.: Mt 20:1-16

[2] N.T.: Jo 14:1

(Carta nº 88 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A importância de: se ter um vínculo mais forte de companheirismo, aprender a cooperar, se ter uma visão maior do nosso trabalho no mundo e inspirar em todos o desejo de Fraternidade

Durante as Eras passadas, várias Religiões foram fornecidas à humanidade pelas Hierarquias Criadoras, encarregadas pela nossa evolução – um ensinamento exotérico para a humanidade em geral e um ensinamento esotérico para os pioneiros.

Um pouco mais de dois mil anos atrás, a maioria da humanidade já tinha atingido um ponto alto de cristalização que necessitava de ajuda para seguir adiante. O Cristo, um Raio do Cristo Cósmico, veio e fez o sacrifício supremo tornando-se o Espírito Planetário residente da Terra; desse modo, foi possível termos acesso ao material mais puro para nossos Corpos atuais.

Podemos ler nos nossos ensinamentos que: “Engano e ilusão não podem perdurar eternamente”[1], e por isso, o Redentor veio para limpar e purificar o sangue cheio de paixão, para pregar a verdade que nos deve libertar desse corpo de morte, para inaugurar a Imaculada Concepção, segundo as linhas indicadas, superficialmente, pela ciência das eugenias para profetizar uma Nova Era, um novo Céu e uma nova Terra da qual Ele, a verdadeira Luz, será o Gênio; uma Era em que habitará a “plena realização dos anseios da humanidade onde florescerão a virtude e o amor”[2].

Antes de Sua vinda, eram poucos os eleitos que tinham permissão para entrar no Templo, mas após a Sua vinda o véu do Templo foi rasgado para “quem quisesse” entrar; ou seja, para aqueles que também estavam dispostos a pagar o preço vivendo uma vida de abnegação ou serviço amoroso e desinteressado aos demais.

Em 1313, um grande Mestre Espiritual, a quem chamamos de Cristão Rosacruz,[3] fundou a Ordem Rosacruz – uma ordem cujo propósito era neutralizar as tendências materialistas tão desenfreadas. Os membros da Ordem trabalharam secretamente para ajudar a humanidade.

Na primeira década do século XX finalmente chegou o momento de divulgar publicamente os ensinamentos da Ordem. Max Heindel, nosso amado líder, foi escolhido para ser o mensageiro dos Irmãos Maiores e recebeu as informações contidas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Esse livro contém ensinamentos lógicos e racionais que fornecem respostas adequadas aos questionamentos do intelecto, para que a vida religiosa seja vivida; um ensinamento, que, se vivido, torna possível se ter uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são; um ensinamento que é o caminho da realização espiritual para a Nova Era[4] ou a Nova Dispensação vindoura.

É de nossa responsabilidade para com aqueles que receberam esse Ensinamento filosófico, bem como nosso privilégio, ajudar nosso irmão e nossa irmã a se desvencilhar da matéria, ensinando-lhes os verdadeiros princípios sobre os quais se baseiam nossas vidas. Todos aqueles que se empenham na aplicação desses princípios podem viver de modo que sua vida se torne cada vez mais prazerosa e ajude a tornar a Religião Cristã um fator vivo no mundo.

Max Heindel nos conta que qualquer movimento que precise ser preservado, necessita, antes de tudo, possuir três qualidades divinas: sabedoria, beleza e força. A Ciência, a Arte e a Religião possuem, cada uma, um desses atributos até certa medida. O propósito da Fraternidade Rosacruz é uni-las e harmonizá-las entre si, ensinando uma Religião que seja científica e artística e, assim, reunir todas as igrejas em uma grande Fraternidade Cristã. Nosso livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” explica que o propósito da Fraternidade Rosacruz é fornecer uma explanação dos problemas da vida que satisfaça tanto a Mente como o Coração. A Fraternidade Rosacruz trabalha sob o comando de Cristo para “pregar o evangelho e curar os enfermos”. Pregar o evangelho não apenas com palavras, mas pelo que emanamos de todos os nossos atos e pensamentos.

No livro “Ensinamentos de um Iniciado” lemos: “Para cumprir o segundo mandamento de Cristo, ‘Pregar o Evangelho’ (da próxima Era) é tão necessário quanto ‘Curar os Enfermos’. O sistema de cura desenvolvido pelos Irmãos Maiores combina as melhores técnicas e métodos praticados por diversas escolas atuais. Conta com um método de diagnose e tratamento tão exato quanto simples”. Os Irmãos Maiores chegaram à conclusão de que “Orgulho intelectual, intolerância e impaciência diante das limitações e restrições”[5], seriam os pecados que assediam nossos dias e, com isso, formularam a Filosofia Rosacruz de modo que satisfaça ao Coração ao mesmo tempo que apela ao intelecto e ensina o ser humano a escapar da restrição dominando a si mesmo.

“Recebemos milhares de cartas de apreço de diferentes cantos do mundo, das altas esferas às camadas mais baixas. Atestam o desejo ardente da alma e a satisfação proporcionada pelos ensinamentos.

Mas, à medida que o tempo passa, daqui a cinquenta anos, talvez um século ou dois, quando as descobertas científicas confirmarem muitas das afirmações contidas no ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’,quando a inteligência da maioria se tornar ainda mais aberta, os Ensinamentos Rosacruzes darão satisfação espiritual a milhões de espíritos que buscam esclarecimento.”[6]

Max Heindel nos conta que recebeu ajuda de um Irmão Maior para entrar em contato com a quarta Região do Pensamento Concreto do Mundo do Pensamento e ali receber os ensinamentos e a compreensão daquilo que é contemplado como o mais elevado ideal e a mais elevada missão da Fraternidade Rosacruz. Ele afirma: “Pude ver nossa Sede e uma multidão de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receber seus ensinamentos. Pessoas também de lá saiam para levar lenitivo aos aflitos próximos e distantes.”[7]

Quando recordamos que Augusta Foss Heindel tantas vezes nos falou em suas palestras sobre os dias de pioneirismo – como, em 1911, quando chegaram a Mount Ecclesia, um campo de feijão estéril, com pouquíssimos recursos financeiros, porém, com os corações fortes em um mundo de fé e coragem e cheio de entusiasmo pelo trabalho que eles estavam prestes a começar – e então, olhamos ao nosso redor hoje, e vemos uma verdadeira cidade, mesmo que pequena, com suas estradas pavimentadas, árvores e folhagem, com seu Templo de Cura, o magnífico prédio do Departamento de Cura e o maravilhoso Sanitarium[8] de Mount Ecclesia; tudo isso e muito mais; uma instituição da qual o sul da Califórnia pode se orgulhar, construída com as ofertas de amor de milhares de Estudantes Rosacruzes fiéis e pela comercialização dos nossos livros. Quando lembramos que tudo isso foi realizado num prazo inferior a trinta anos, então, fica fácil visualizarmos o que esperar para os anos futuros. Nossos belos Ensinamentos Rosacruzes estão se espalhando rapidamente pelo Planeta; nosso trabalho está crescendo a passos largos, à medida que avançamos em aspiração harmoniosa em direção à meta que nosso líder estabeleceu para nós. Quando, por meio de nosso objetivo, nossas aspirações, nosso amor pela humanidade (pois o amor à humanidade gera amor a Deus) – quando nosso amor tiver se tornado elevado, puro e sagrado o suficiente, então proporcionaremos o nascimento da mais pura luz, a luz branca, de nosso Templo de Cura Etérico, interpenetrando a estrutura física, que se tornará um fogo branco resplandecente, com suas pontas, como asas, alcançando o Mundo celestial, formando um cálice ou matriz que conterá e trará à Terra o Solvente Universal ou a Panaceia para toda a aflição mundana. Então, a visão de Max Heindel será cumprida e “uma multidão de pessoas virá de todas as partes da terra… saindo dali para levar bálsamo para os aflitos próximos e distantes”.

Então, sempre que nos reunimos para estudar, para decidir, para oficiar rituais ou, somente, para batermos um bom papo, o façamos para estabelecer um vínculo mais forte de companheirismo entre os Estudantes Rosacruzes, para que possamos trabalhar em cooperação, pois nosso próximo passo é o trabalho em grupo em ambos os planos. Não é fácil para nós, quando temos tantos intelectuais entre nós, descobrir como fazer isso. Os diamantes são polidos por fricção e nós ainda somos diamantes brutos. Aprenderemos isso, gradualmente, friccionando uns nos outros – teríamos pouca experiência se estivéssemos sozinhos no Planeta. Dessa maneira, vemos as falhas um no outro, somos antipáticos e criticamos de maneira negativa, causando ressentimento e tristeza um ao outro, até que, finalmente, chegamos à conclusão de que os defeitos e falhas vistos em nosso irmão ou em nossa irmã, eram as nossas e nosso irmão ou a nossa irmã apenas serviram como um espelho para refletir os nossos defeitos e falhas. Somente quando chegarmos a essa percepção é que podemos ver o verdadeiro “eu” do outro e de “nós” mesmos, e seguir em frente na nossa unificação. Por fim, nós nos reunimos para aprender a cooperar, a descobrir maneiras e meios de divulgar amplamente essas verdades; ter uma visão maior do nosso trabalho no mundo; para nos aproximarmos mais das forças espirituais que atuam para elevar a humanidade; inspirar em todos um maior desejo e aspiração de estabelecer a Fraternidade Universal no mundo.

(Publicado pela Revista: Rays from the Rose Cross – novembro/1940 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[2] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[3] Christian Rosenkreuz

[4] N.T.: Era de Aquário

[5] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[6] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[7] N.T.: do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

[8] N.T.: um hospital focado na cura definitiva das doenças e enfermidades

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Queria saber quais Astros e Signos estão mais intimamente associados à conscienciosidade, e se há um ou outro que seja superior nesse sentimento?

Pergunta: Os textos astrológicos você frequentemente se refere a Júpiter como sendo o Planeta da lei, da ordem e da ética e, também, a Saturno como o Planeta do método, da justiça e da virtude. Posso perguntar quais os Astros e os Signos o sentimento de conscienciosidade está mais intimamente associado, e se há um ou outro que seja mais preeminente nesse sentimento? A conscienciosidade é, naturalmente, a base da lei, da ética, da justiça, da virtude, etc.?

Resposta: De acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, quando o Espírito deixa a vida física por ocasião da morte, ele vê o panorama de sua vida passada se desenrolar diante de si, na ordem inversa. Naquele momento, as imagens que compõem a história de sua vida recém-finda aqui são gravadas nos veículos mais sutis, que o Ego leva consigo para os Mundos invisíveis. É a reação às imagens em que o Espírito cometeu algum ato errado que causou o sofrimento a alguém que constitui a experiência purgatorial dele. Isso erradica as imagens do panorama da vida, mas deixará um aroma — aquilo que chamamos de consciência — que advertirá o Espírito em sua próxima vida a não fazer as coisas que causaram o seu sofrimento no Purgatório. A conscienciosidade é a qualidade positiva da consciência negativa. A consciência nos previne a não fazer o que é errado; a conscienciosidade nos leva a fazer as coisas certas.

Mitologicamente, Saturno é o ceifeiro com a sua foice e ampulheta, o anjo da morte, que nos tira da vida ativa para a existência purgatorial, onde colhemos o que semeamos. Portanto, neste sentido, Saturno está na base da consciência. Ele sempre nos avisa dizendo “não, não, não”, e se ouvimos sua voz no passado, nós o teremos nessa vida numa posição em que ele possui Aspectos benéficos[1] com os outros Astros – particularmente com Júpiter, o Planeta da lei, da ordem e da ética e, também, o Sol que nos inspira os ideais mais elevados – então, seremos homens e mulheres conscienciosos, cumpridores dos nossos deveres na vida, não importando quão árdua seja a tarefa, quanta perseverança e persistência ela requeira, ou quanto autossacrifício seja exigido. Assim, a conscienciosidade não é produto de um único Astro, mas requer uma combinação das virtudes mais elevadas nos vários Astros existentes para levá-la à sua mais elevada e nobre expressão. Claro que há muitas pessoas que são conscienciosas devido à influência de configurações benéficas menores (astrologicamente falando), mas a fase mais elevada requer a cooperação do Sol, de Júpiter e de Saturno.

(Pergunta 107 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)


[1] N.T.: Sextis, Trígonos e algumas Conjunções

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossa Responsabilidade com “os mortos”

Muitas vezes expressamos nosso apreço pela “ciência do nascimento”, com seus métodos eficientes que ajudam tanto a mãe quanto a criança, quando ela está entrando em nossa vida terrena; mas, também deploramos sinceramente a falta de uma “ciência da morte”, que ensinaria as pessoas a como ajudar, de forma inteligente, a alma que está passando da vida terrena para os reinos invisíveis da natureza. Em tais momentos, geralmente, ficamos impotentes e muitas vezes fazemos, em nossa ignorância, coisas que são prejudiciais ao conforto do espírito então em transição. Se as pessoas pudessem saber como seus gemidos e explosões histéricas afetam seus entes queridos que partem, provavelmente considerações altruístas mudariam sua atitude e acalmariam seus modos. No que diz respeito ao Corpo Denso, ele não está realmente morto até cerca de três dias e meio após o Ego ter saído dele, pois o Cordão Prateado ainda o conecta aos veículos superiores e, por exemplo, uma autopsia, um embalsamamento ou uma cremação pode ser sentida pelo Ego quase tão intensamente como se ainda estivesse dentro do Corpo Denso. Esses são fatos bem conhecidos de todos os estudiosos da Filosofia Rosacruz, mas talvez não tenha recebido a ênfase que merece — nossa atitude depois desse tempo continua a afetar o Ego, pois nossos amigos não costumam deixar seus lugares habituais imediatamente após a morte do Corpo Denso.

Muitos ficam dentro da casa ou perto dela por vários meses depois de deixarem o Corpo Denso e podem sentir as condições aí ainda mais intensamente do que quando estavam na vida terrena. Se suspiramos, lamentamos e choramos por eles, transferimos para eles a tristeza que nós mesmos carregamos conosco, ou então os amarramos ao lar no seu esforço de nos animar. Em ambos os casos, somos um obstáculo e uma pedra de tropeço no caminho do seu progresso espiritual; embora isso possa ser perdoado àqueles que ignoram os fatos relativos à vida e à morte, as pessoas que estudaram a Filosofia Rosacruz ou ensinamentos afins estão incorrendo em gravíssima responsabilidade quando se entregam a tais práticas. Sabemos bem que o costume exigisse o uso de luto e que as pessoas não fossem consideradas respeitáveis, ​​se não vestissem um traje de zibelina como sinal de sua tristeza. Mas, felizmente, os tempos estão mudando e uma visão mais esclarecida está sendo tomada sobre o assunto. A transição para o outro mundo é bastante séria em si mesma, envolvendo um processo de ajuste a condições estranhas ao redor e o Ego que passa é ainda mais prejudicado pela tristeza e angústia dos entes queridos que continua a ver ao seu redor, quando os encontra cercados por uma nuvem de escuridão negra, vestidos com roupas da mesma cor e nutrindo sua tristeza por meses ou anos; o efeito só pode ser deprimente.

Quão melhor é a atitude daqueles que aprenderam os Ensinamentos Rosacruzes e os levaram a sério. Nesses casos, quando um ente querido faz a transição, sua atitude é alegre, prestativa, esperançosa e encorajadora. A dor egoísta pela perda é suprimida para que o Ego que passa receba todo o encorajamento possível. Normalmente, os sobreviventes da família se vestem de branco no funeral e um espírito alegre e genial prevalece por toda parte. O pensamento dos sobreviventes não é: “O que devo fazer agora que o perdi? O mundo parece vazio para mim”. Mas o pensamento correto é: “Espero que ele possa se encontrar bem nas novas condições o mais rápido possível; que ele não se aflija com a ideia de nos deixar para trás”. Assim, pela boa vontade, inteligência, pelo altruísmo e amor dos amigos que continuam aqui, o Ego que passa é habilitado a entrar nas novas condições em circunstâncias muito mais favoráveis, e os Estudantes Rosacruzes não podem fazer melhor do que difundir esse ensinamento como amplamente possível. De acordo com a Bíblia, os perdoados pelo Senhor finalmente vencerão o último inimigo, a morte, e então exclamarão: “Ó, Morte, onde está o teu aguilhão? Ó, Túmulo, onde está a tua vitória?”. Para aqueles que desenvolveram a visão espiritual é claro que a morte não existe, mas mesmo aqueles que estudaram os Ensinamentos Rosacruzes podem, em certa medida, ter alcançado essa grande vitória.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Unidade de Cada Um com Todos

Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque se vivemos, para a Senhor vivemos, e se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morremos, somos do Senhor, porque para isto também morreu Cristo, e ressuscitou, e tornou a viver; para ser Senhor, tanto dos mortos como dos vivos.” (Rm 14:7-9).

De todas as verdades que recebemos dos Ensinamentos Rosacruzes, a mais importante e essencial para o nosso progresso é aquela que enuncia “a fundamental unidade de cada um com todos”. Quanto mais rápida e completamente possamos aprender essa verdade fundamental, tanto mais brevemente transcenderemos a guerra e os males, nos integrando no rumo ascensional da evolução.

A Filosofia Rosacruz nos ensina que o Universo, e tudo o que nele se encontra, funciona de acordo com um modelo divino, baseado em leis imutáveis, as Leis de Deus. No início de nossa grande peregrinação setenária interna e externamente na matéria, nosso Deus Solar diferenciou dentro de si uma hoste de Espíritos Virginais, possuindo cada um deles a consciência total e dotado potencialmente de todos os poderes de seu Criador, que as enviou a materialidade, manifestados como Egos humanos.

Esses Espíritos, no curso de sua longa peregrinação, adquiriram veículos individuais de crescente densidade, que lhes deram a ilusão de separatividade. Além disso, a fim de ajudá-Los a levar a carga humana, as Hierarquias Criadoras os separaram em Raças e lhes deram Religiões peculiares, adaptadas as necessidades desses Egos humanos, agora já enclausurados em um Tríplice Corpo e em uma Mente. Contudo, o egoísmo neles suscitado pelos Espíritos Lucíferos originou excessiva cristalização em seus corpos rácicos, de tal modo que, com o tempo, a maioria dos Egos humanos estava a ponto de retroceder e se perder nesse Esquema de Evolução.

Com intuito de evitar um atraso desastroso na evolução dos Egos humanos, Cristo – o mais elevado dos Arcanjos –, o poderoso Espírito Solar, uma emanação do Princípio do Cristo Cósmico e incorporação do poder do Amor-Sabedoria – o segundo aspecto de Deus –, voluntariamente veio a Terra e nela viveu pelo espaço de três anos e meio nos Corpos Denso e Vital (já que como Arcanjo, o Cristo tem como Corpo mais inferior o Corpo de Desejos) de um homem – chamado Jesus – que era um alto iniciado da Onda de Vida humana – composta dos Egos humanos. Jesus foi especialmente preparado para desempenhar a parte dele nesse importante drama cósmico. Com isso Cristo, pode se manifestar como “um homem entre os homens”, e possuindo uma cadeia de veículos desde um Corpo Denso até um Corpo formado de material do Mundo de Deus. Na crucificação, o Espírito de Cristo deixou os Corpos de Jesus e por meio do sangue dele entrou na Terra, tornando- se a Espírito Interno do nosso Planeta, o Regente Planetário. Desde então irradia, com intensidade crescente, poderosíssimas vibrações através da Terra, que é a Sua vida, a Sua luz e o Seu amor.

Cristo representa o princípio Unificante que se difunde no Universo – o Segundo Aspecto Macrocósmico do Deus de nosso Sistema Solar, bem como do microcósmico, no ser humano. A vinda desse Poder a Terra trouxe um ímpeto definido à nós, no sentido de nos livrar das cadeias da Raça, do credo e do sexo. Deu-nos, igualmente, a possibilidade para compreender o princípio da unidade de cada um com todos, de modo a pô-lo em prática, na conquista de uma verdadeira fraternidade humana.

Realmente não podemos fugir a realidade de que todos nós, quer nos planos invisíveis, quer no plano visível, estamos unidos por intangíveis e indissolúveis laços do Espírito, tão reais como as que unem a Luz com o Sol de onde veio.

Desse modo, tudo a que nós, como indivíduos, possamos pensar, sentir, dizer ou fazer afeta não somente a nós mesmos como também aos nossos semelhantes, tanto os remotamente distantes com os que estão próximos de nós.

Ainda que o tentássemos por todos os meios não podemos viver apenas como indivíduos ou famílias ou comunidades ou nações separados, porque realmente vivemos num mundo só, que compenetra tudo. Funcionando em nossos veículos, nesse Mundo material, vivemos nesse Mundo; deixando esses veículos, pela morte, entramos nos reinos suprafísicos – nos Mundos suprafísicos ou Mundos invisíveis aos olhos físicos –, mas continuamos fazendo parte do nosso Criador e estamos sob Sua guarda.

Para onde me irei de teu Espírito ou para onde fugirei de Tua face? Se subir aos céus aí estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis aí também estás; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e tua destra me sustentará.” (Sl 139:7-10).

O Senhor é meu pastor; não me faltarás. Em verdes pastagens, guia-me mansamente a águas tranquilas, refrigera minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor de Seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo.” (Sl 23:1-4).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Pecado e a Doença

Geralmente, considera-se uma superstição grosseira alguém expressar seriamente a ideia de que a doença é o resultado do pecado e a pessoa que fizer tal declaração corre o risco de ser ridicularizada. No entanto, quando analisarmos o assunto com cuidado, veremos que não é uma ideia tão absurda, pois o argumento científico não pode fugir do fato de que há ou deve haver uma inteligência superior governando e guiando o universo; além disso, existem certas leis que são imutáveis e preservam a ordem em todos os departamentos; assim, tudo, desde o micróbio até o ser humano, está sob o domínio dessas leis. Se sairmos por uma janela no segundo andar, pecaremos contra a lei da gravitação e a queda na terra poderá causar fraturas nos ossos por causa da nossa descida muito rápida em direção ao centro de atração; se pusermos a mão no fogo, pecaremos contra a lei da vibração e nossa mão se despedaçará por causa da rapidez e intensidade das correntes etéricas; por esses pecados contra as leis da natureza podemos sofrer por meses.

Os casos em que o pecado contra uma lei da natureza bem definida acarreta um sofrimento correspondente são tão óbvios que, via de regra, ninguém transgride deliberadamente, mas estamos muito propensos a cometer pecados em situações em que uma penalidade não parece estar diretamente envolvida e quando ganhamos com a comissão alguma satisfação prazerosa, como é o caso da indulgência do apetite à mesa ou das paixões da natureza inferior. “Embora os Moinhos dos Deuses moam lentamente, eles moem extremamente bem”, no entanto, e toda transgressão certamente trará sua justa recompensa, pois a balança da Justiça deve equilibrar-se; um dos lados não pode ficar permanentemente abaixado. Enquanto ele recupera seu equilíbrio, sofremos pelos pecados que causaram sua descida, e quando o equilíbrio é alcançado, os pecados são perdoados ou apagados.

Contudo, embora a balança da justiça deva encontrar seu equilíbrio, seria uma ideia totalmente equivocada inferir que Deus ou a Natureza pretende se vingar. Longe disso; assim que a lição for aprendida e nos arrependermos e deixarmos de ceder ao pecado, estaremos na posição em que um mediador ou curador habilidoso no uso de forças ocultas poderá intervir e nos salvar do sofrimento ordinariamente exigido na expiação de nossos pecados; isto é, a dor que teríamos que sofrer durante o curso normal da natureza, e é exatamente isso que o Círculo de Cura Rosacruz pretende fazer. Quando o Evangelho do Bem Viver, encarnado nos Ensinamentos Rosacruzes, for assimilado pela pessoa necessitada de ajuda a tal ponto que ela se declare pronta para se esforçar e viver sua vida em harmonia com as leis de Cristo e seguir Seus ensinamentos, então ele se alinhará mentalmente com as Leis Universais da Saúde e poderá então progredir espiritualmente.

A cura pode nem sempre ser milagrosa ou instantânea, particularmente em casos em que a doença é de longa data, mas quando o transgressor da lei de Deus, ou da Natureza, ouve o Evangelho, ou boas novas, e pede para ser curado de sua enfermidade, ele já está no caminho da recuperação.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Assistindo ao Próprio Funeral

Quando chegou ao Mount Ecclesia a notícia de que Frank English, um de nossos membros de Los Angeles, havia se livrado do corpo mortal e que o autor deveria oficiar o Ritual do Serviço de Funeral, antes da cremação do corpo, um grupo foi formado pelos trabalhadores em Mount Ecclesia e fomos para Los Angeles no domingo de manhã, ajudamos nas atividades para cremar o corpo e viajamos de volta, uma distância total de 300 quilômetros, a tempo de Max Heindel falar na reunião noturna diária na Pro-Ecclesia — um dia de trabalho bastante extenuante.

Mas, isso é apenas um incidente registrado para preparar o caminho para contarmos a nossa história e trazer à tona o fato de que as pessoas, geralmente, assistem a seus próprios funerais. Isso foi aprendido quando alguém perguntou ao autor, após a reunião: “Você viu o Frank? Ele está aqui?”.

“Eu nunca oficiei um funeral em que o chamado ‘morto’ não estivesse presente e não fosse um espectador interessado”, respondeu Max Heindel. Ele então começou a contar uma série de experiências interessantes sobre o comportamento dos “mortos”: “Na maioria das vezes”, ele disse, “eles  se sentam quietos em seus assentos, observando o que acontece como qualquer uma das pessoas que nós chamamos de vivas, embora o significado do termo comum ‘os vivos e os mortos’ deva realmente ser invertido; pois nós, que estamos presos neste pesado ‘pedaço de barro’ e sujeitos a inúmeras dores e males, estamos realmente muito mais mortos do que os Espíritos desencarnados que assim designamos; enquanto aqueles, que não conhecem a doença, que não podem sentir fadiga, que se movem mais rápido que o vento sem fazer o menor esforço, devem realmente ser chamados de vivos”.

“Mas, na hora do funeral, muitos deles ainda não se encontraram, por assim dizer, pois acabaram de sair da visão e revisão sobre o panorama da vida passada, que é descortinada diante deles em ordem inversa, da morte ao nascimento, mostrando que os efeitos de suas vidas foram gerados por causas antecedentes; e como na maioria dos casos as pessoas não estudam sobre o assunto vida após a morte, elas geralmente ficam irremediavelmente confusas em todo o processo. Muitas vezes percebem que devem ter ‘morrido’, pois observam o Corpo Denso no caixão, mas se veem com uma forma semelhante, que para eles parece tão sólida e real quanto a coisa que está morta.”.

“Então eles não podem entender por que ainda estão em sua antiga casa e por que eles não viram qualquer coisa do ‘Tribunal, do Céu ou do Inferno’ — isto é, se eles acreditavam nisso. Se foram materialistas, provavelmente, começam a se perguntar como podem pensar ou continuar a existir. Encontrei apenas alguns materialistas do outro lado e não perguntei a eles sobre seus sentimentos a esse respeito, mas todos ficaram muito irritados por serem gradualmente forçados a revisar sua teoria de que a aniquilação do ser segue a morte física. Eles queriam a extinção da consciência e estavam muito infelizes”.

“As pessoas que estudaram os Ensinamentos Rosacruzes, promulgados pela Fraternidade Rosacruz, diferem radicalmente da maioria como grupo, pois instantaneamente reconhecem, ao despertar da visão e revisão do panorama da vida, os fatos essenciais do caso. Eles sabem que entraram nas Regiões inferiores do invisível Mundo do Desejo e que estão entrando em uma nova fase de evolução. A maioria deles está quieta e subjugada, sentindo a importância da mudança, e consideravelmente amedrontada por enquanto. Eles costumam ir para uma parte da sala onde os cultos estão sendo realizados, que fica o mais longe possível de todos.”

“Contudo, sempre notei que, se a conversa na sala é toma um tom de alegria, tem um efeito maravilhoso em alegrar o amigo ou a amiga recém-falecido ou recém-falecida. Várias vezes tive a satisfação de vê-los sair do seu canto e se tornar muito brilhantes, com um aumento correspondente no ânimo de todos os ‘vivos’. Em uma ocasião o ‘morto’ ficou tão interessado e tão alegre que ele quase me atropelou no meio do meu discurso.”.

“Quando entrei na sala, esse homem estava sentado em um canto, muito quieto. Ele conhecia os Ensinamentos Rosacruzes e, evidentemente, estava totalmente atento aos fatos, mas também estava claro que a situação pesava bastante sobre ele. Então, imediatamente eu fiz todos os esforços para administrar ‘consolação aos mortos’ por meio de uma conversa alegre com a viúva sobre a morte e a condição posterior, relatando uma série de experiências para ilustrar os diferentes pontos, e muito em breve o ‘morto’ apurou os ouvidos, aproximou e se sentou ao lado da sua companheira de vida.

“Durante o serviço ele permaneceu lá, sentado, atento e alerta. Ele ouviu atentamente enquanto eu explicava ao público que aquele ‘pedaço de barro” no caixão era apenas uma roupa que nosso amigo havia usado há pouco tempo e, que, com o tempo, seria substituído por um corpo novo e melhor no qual ele aprenderia novas lições na Grande Escola da Vida.”

“Enquanto isso, continuei a apontar com a mão esquerda para o corpo no caixão aberto, enquanto a direita estava suspensa no ar. Eu estava me preparando para citar o poema inimitável de Sir Edwin Arnold que começa com: ‘Nunca nasceu o Espírito! Nunca o Espírito deixará de ser!’. Comecei a dizer: ‘Como diz Sir Edwin Arnold…’”.

“Então veio um clímax que eu não esperava. De repente, o homem ‘morto’ deslizou do sofá em que estava sentado e, em linha reta, passando pela mesa em que eu estava, foi até o caixão, olhou com grande interesse para a forma descartada, evidentemente observando-a de um modo que ele nunca tinha realmente entendido antes; e ele permaneceu assim, perdido em pensamentos por vários minutos.”

“Mas dizer que fiquei surpreso com esse incidente inesperado é dizer o mínimo. Em vez de manter minha Mente no discurso, involuntariamente segui os movimentos do nosso amigo ‘morto’ para ver o que ele faria, com o resultado inevitável de que perdi o fio do meu discurso por um minuto e repeti sem jeito: ‘Como Edwin Arnold diz…’. Então, com um grande esforço, juntei meus pensamentos e continuei.”

“Houve duas coisas notáveis sobre o que ele fez. Em primeiro lugar, as pessoas costumam andar de um lugar para outro por algum tempo depois de deixarem o Corpo Denso, até que gradualmente descobrem que podem planar mais rapidamente que o vento. Elas também parecem ter um pavor instintivo de atravessar uma parede ou uma porta fechada, mesmo que saibam, por seus estudos, que isso pode ser feito. Acima de tudo, elas temem que um amigo ‘vivo’ venha e se sente na cadeira em que estão sentadas. Talvez essa seja a verdadeira razão pela qual elas costumam ficar sentadas em algum canto durante o seu funeral.”.

“Mas, nesse caso o cavalheiro deslizou pela sala, passando diretamente pela mesa e por um vaso de flores, até chegar ao caixão. Isso me mostra que ele deve ter ficado tão absorto na ideia de que seu Corpo Denso descartado era exatamente como um casaco velho e que, durante esse acesso de abstração, inconscientemente obedeceu às leis do movimento do reino invisível, em vez do habitual método físico de locomoção.”

“Ah, e sobre Frank, como ele agiu?”.

“Ora, você deve se lembrar de que ele era um membro dos graus mais elevados (do Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz), no qual foi ensinado a assimilar o panorama da vida dia a dia (por meio dos Exercícios Esotéricos diários: o noturno de Retrospecção e o matutino de Concentração), de modo que, quando ele saiu do Corpo Denso, provavelmente, havia apenas algumas pontas esparsas que precisaram ser cortadas, antes que o Cordão Prateado se rompesse e o deixasse livre, em plena posse de sua consciência. Esse trabalho o familiarizou com os Mundos invisíveis anos atrás, de modo que ele estava bem à vontade. Além disso, quatro dias se passaram desde que ele falecera então, provavelmente, ele se sentia bem, pelo menos é o que pareceu — andando entre nós e parando ora entre um grupo de amigos, ora em outro grupo de amigos. Quando ele me viu, ele acenou com a cabeça e sorriu como se nada fora do comum tivesse acontecido.”

“Eu só gostaria que todos pudessem ver os amigos e as amigas depois do falecimento deles; e é sempre uma maravilha para mim que não possam ainda, pois durante os primeiros dias e as primeiras semanas eles me parecem tão densos quanto as radiações de calor acima de um radiador de vapor. Mas, graças a Deus, esse dia está chegando.”

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

Idiomas