A parábola relacionada com o Signo de Escorpião é uma das mais controvertidas de toda a Bíblia. Há profundas verdades escondidas nela.
Na simbologia espiritual a figueira representa a geração. Cristo, o Senhor da Vida e do Amor, jamais amaldiçoaria nem faria secar ou morrer a nenhum ser vivente, já que Sua palavra e Seu contato só pode dar a vida. A parábola não contém uma maldição, mas a enunciação de uma verdade eterna. A lei da geração não é permanente. Não estava no plano original. Por isso seu emprego incorreto trouxe a guerra, enfermidade, velhice e morte. Por sua causa Adão e Eva perderam o Jardim do Éden. O Livro da Revelação(o Apocalipse na Bíblia) fala de cento e quarenta e quatro mil que levam a marca de Cristo sobre as testas, e aos que se permite transpor os umbrais do Templo. São os pioneiros, os que transmutaram a geração em regeneração.
A geração, tal como se pratica hoje, é uma fase, transitória, do presente ciclo evolutivo. Na Nova Era, que já amanhece, os pioneiros trocarão o irreal pelo real, o transitório pelo permanente. O prazer será substituído pelo amor e a imortalidade ocupará o lugar da mortalidade. Nas palavras de São Paulo: o ser humano encontrará, dentro de si mesmo, a Cristo, que é a “esperança da glória”[1]. Esse foi o significado das palavras do Senhor bendito quando disse à figueira: “Nunca mais produzas fruto”, e a figueira secou.
No Signo de Escorpião se percebe uma visão caleidoscópica do estado evolutivo da humanidade. A sublimação da geração em regeneração se simboliza não pelo escorpião se arrastando pela terra e com o aguilhão da morte em sua cauda, mas pela águia, voando em linha reta para o coração do Sol.
[1] N.T.: Cl 1:27
O Ecos de um Centro Rosacruz tem como objetivo informar as atividades públicas de um Centro, bem como fornecer material de estudo sobre os assuntos estudados durante o mês anterior.
Para acessá-lo (formatado e com as figuras) com as seguintes atividades que desenvolvemos em setembro, com as seguintes sessões:
CLIQUE AQUI – ECOS nº 64 – Setembro de 2021
Para acessar somente os textos (sem a formatação e as figuras):
Informação
De acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na prevenção do avanço da pandemia de corona vírus (Covid 19), as atividades presenciais continuam suspensas em nossa sede em Campinas-SP por tempo indeterminado. Nossas reuniões semanais estão ocorrendo virtualmente.
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de Setembro/2021:
https://www.facebook.com/fraternidaderosacruz/,
https://business.facebook.com/FraternidadeRosacruzCampinas/;
https://www.instagram.com/frc_max_heindel/ e
https://www.youtube.com/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas
OUTUBRO – Quando o Sol entra em Libra a força dourada do Cristo passa pelos reinos terrestres, enquanto esse sublime Ser inicia, novamente o Seu sacrifício anual, um evento denominado a CRUCIFICAÇÃO CÓSMICA. A isso São Paulo se refere na Epístola aos Romanos 8:22: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente”. Essa estação é um tempo para o discípulo renovar sua dedicação para percorrer no caminho do Senhor a despeito de quaisquer vicissitudes e obstáculos que podem afetar seu caminhar.
Em outubro a espiritualidade áurica do Sol está presente na Terra e a vitalidade física começa a esbater-se. As pessoas sentem, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, um certo afrouxamento do ponto de vista físico, e, em contrapartida, uma maior propensão para o recolhimento interno, para a introvisão e atração pelo estudo dos mais profundos mistérios da vida. Isso é o resultado do foco em que o Sol vai se encontrando cada vez mais próximo da Terra, fazendo, portanto, com que a Terra vai se permeando mais fortemente pela aura do Sol Espiritual, com o correlativo aumento do Fogo Sagrado inspirador de crescimento anímico nos seres humanos.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Cap XII – A Evolução da Terra – Lua, a Oitava Esfera e a Época Lemúrica
Os Senhores da Sabedoria, os Senhores da Individualidade, os Senhores da Forma, os Senhores da Mente, os Arcanjos e os Anjos.
Porque perderam todos os corpos e seus respectivos Átomos-sementes e ficam em uma parte da Lua que não possam mais se relacionar com a Terra. Nessa região ficam aguardando um próximo dia manifestação para reiniciarem seu processo de evolução
É um corpo celeste que orbita em torno de Planeta.
Simplesmente porque, como éramos incipientes na arte de utilizar os Corpos Densos, nós os destruíamos constantemente, seja pelos nossos atos em nossa volta, ou seja, pela nossa incompetência em administrá-lo como instrumento para a evolução.
Jeová (um Anjo)
No Sol
Em Marte
Em Mercúrio
Já tínhamos a divisão de sexo – masculino e feminino -, portanto a propagação já era por relação sexual, só que ocorria de forma inconsciente e guiada pelos Anjos.
O Período Lunar – momento em que as plantas começaram a sua evolução.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Cap XII – A Evolução da Terra – Nascimento do Indivíduo
Sabemos também que uma característica do indivíduo não se aplica a um grupo coletivamente. Mesmo sob a influência de um Espírito de Raça isso não podia se aplicar coletivamente. Se quisermos conhecer, por exemplo, o caráter de Max Heindel, de nada nos servirá estudar o caráter de seu pai, de seu avô, ou de seu filho, porque eles difeririam completamente entre si. Cada um tinha suas próprias peculiaridades totalmente distintas das idiossincrasias de Max Heindel.
Tudo isso porque o ser humano é um indivíduo, tem uma Individualidade. Os animais, os vegetais e os minerais dividem-se em espécies. Não estão individualizados no mesmo sentido em que se encontra o ser humano.
Cada indivíduo – cada pessoa, é uma espécie – é uma lei em si mesmo, inteiramente separado e distinto de qualquer outro indivíduo, tão diferente dos seus concidadãos como diferentes são duas espécies distintas do Reino inferior.
Entendendo melhor esse conceito:
Nesse Esquema de Evolução, na parte que conhecemos como Involução, nós mergulhamos a partir do Mundo do Espírito Divino até o Mundo Físico, por meio do Período de Saturno, Solar, Lunar e Metade Marciana do Período Terrestre.
Com as seguintes atividades nos nossos Corpos e veículos:
Notem: Nós, o Ego, descemos dos Mundos superiores durante a Involução e, por ação recíproca, no mesmo período os nossos Corpos se elevaram.
E é justamente no encontro dessas duas correntes no foco, ou a Mente, que marca o momento em que nasce o indivíduo, o ser humano, o Ego, quando tomamos posse dos nossos veículos.
Utilizamos a nossa vontade e com ela colocamos em ação a nossa imaginação – exatamente como Deus, nosso criador, faz todas as vezes que cria.
Com a vontade e a imaginação trabalhando geramos a ideia, por exemplo de um barco. Dessa ideia utilizamos a nossa Mente para construir o pensamento-forma desse barco. E a partir dele podemos utilizar as forças do Mundo do Desejo, e pelo interesse e atração, utilizar os nossos Corpos Vital e Denso para construir o barco físico.
Filme “A Cabana” – Algumas reflexões do Filme pela ótica dos Ensinamentos Rosacruzes
O Filme é uma adaptação do Livro The Shack – Em português “A Cabana” de escritor canadense William P. Young. – Direção: Stuart Hazeldine – Roteiro Andrew Lanham, John Fusco
Reflexões:
Isso mostra que a forma não é nada; é uma ilusão; que nada se deve julgar pela forma exterior
Mostra ainda o equilíbrio entre os 2 polos: Princípio Feminino: Amoroso e materno – coração – nutre e desenvolve o que foi plantado. Princípio Masculino: vontade e razão – planta a semente
O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, uma Chispa Divina. Somos, portanto, uma Centelha Divina – “Deveis ser perfeitos como o vosso pai celeste é perfeito”
Deus é Amor – Ainda que agora Ele aplique as mais severas medidas, no futuro você será brilhante e resplandecente
Misericórdia é a manifestação do Amor de Deus, de modo especial quando considera a fraqueza das criaturas.
As experiências chamadas de más são assim denominadas por nós, porque nos falta a necessária compreensão da sua razão; porque as desconhecemos por não termos os instrumentos necessários para tal e insistimos em não os desenvolver
Deus responde: Não, não preciso punir as pessoas. O pecado é a própria punição
Aqui Deus ensina a Mack a Lei “Lei de ação e reação” ou “O Princípio de Newton” ou “A Lei de Consequência”
Toda causa gera um efeito correspondente. A causa é primária; o efeito é secundário. Só pode manifestar-se o efeito, se as causas entrarem em ação. Essa lei é necessária e suficiente para aprendermos todas as lições que precisamos, desde que saibamos trabalhar com ela. Ela opera continuamente. A dor só acontece porque insistimos em não agir de acordo com as Leis da Natureza.
O meio ambiente em que fomos colocados pelos Anjos do Destino foi de nossa própria escolha, quando estávamos no Terceiro Céu, olhando com os olhos do Espírito, sem o empecilho da cegueira produzida pela matéria, prestes a descer mais uma vez para esse Mundo Físico.
O Ego tem várias opções de renascimento e deve liquidar as causas maduras (consequência que necessariamente deverão ser vivenciadas pela pessoa) que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e, portanto, com certeza a teia do destino fornece todas as condições necessárias.
As oportunidades foram feitas sob medida para um nosso nível de evolução, a fim de que aprendamos exatamente o que necessitamos, no grau que podemos assimilar.
Essa fala nos explica que o Bem e o Mal andam junto, toda luz tem sua sombra, assim como todos nós temos nosso lado sombrio.
É através da nossa natureza sombria que somos tentados para saber se aprendemos as lições ao longo do nosso processo de evolução.
Devemos buscar o bem nas adversidades. Quando pensamos nas adversidades como injustas, dolorosas, é sinal de que ainda não estamos maduro e não compreendemos as Leis.
Deus é um Pai perfeito e não castiga. A Lei é Lei. Quanto mais nos afastamos tanto mais fortemente age, na tentativa de mostrar-nos o verdadeiro sentido.
A revolta, a incompreensão, as mágoas só existem quando julgamos estar sendo injustiçados.
O que nos parecem males e inimigos são instrumentos de nossas correções. O semelhante atrai o semelhante.
Afinal: “o mal é o bem em gestação”
Andar sobre as águas representa o domínio da vida emocional, que inclui o domínio do medo e o alcance do poder da fé, para alcançar o equilíbrio. Momento em que Cristo-Jesus nos ensina a transformar o ódio em amor.
Max Heindel afirma em suas obras que “cruzar as águas” – água, na simbologia esotérica é o Mundo do Desejo – é uma vitória sobre as emoções, sobre si próprio.
Assassinatos sempre serão uma questão de resgate de dívidas entre o irmão (ã) assassino (a) e o irmão (ã) assassinado (a). Em vidas passados, reviveram exatamente com os papéis trocados e o hoje assassinado (a) tirou a vida do hoje assassino (a). Sempre é uma questão de Destino Maduro entre dois irmãos!
Quando o assassino tiver a oportunidade de assassinar o outro, ele resiste, não assassina e o perdoa do que ele fez em vidas passadas, quando estavam no papel trocado. Lição aprendida, ensino suspenso. Se isso não ocorrer, voltam os dois, em papéis trocados, novamente, e a tentação ocorrerá.
Aquele que julgamos como inimigo, nos ensina sobre nós mesmos. Nos ajuda a recordar algo negativo em nós mesmos ou algo negativo que fizemos a alguém em vidas passadas.
Somos um em Deus, portanto, cada um de nós é responsável, em certa medida, pelas “faltas” dos nossos irmãos e irmãs – estamos todos ligados por laços do espírito.
Perdão é a força curativa da fraternidade. O verdadeiro perdão significa tolerar as fraquezas em ambos: em nós e nos outros.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Cap XII – A Evolução da Terra – Separação dos Sexos
Ainda no Terceiro Céu: Com a ajuda dos Anjos do Destino, escolhemos um cenário de vida terrestre, que nos proporcione sermos testados nas lições que aprendemos e adquirirmos maiores experiências nas nossas relações interpessoais.
O sexo com o qual nasceremos, é escolhido utilizando a Lei das Alternâncias, uma vez masculino, outra vez feminino. Mas podemos modificar essa lei em virtude de circunstâncias específicas – quando nosso aprendizado necessite que voltemos com o mesmo sexo da vida anterior.
Nos Mundos internos, o sexo do Ego, se manifesta em 2 qualidades:
Vontade: poder masculino das forças solares.
Imaginação: poder feminino das forças lunares.
O ser humano hermafrodita podia produzir sozinho outros corpos. As forças solares o alimentavam, e com o excedente, proporcionavam a procriação de forma inconsciente
A aquisição da Mente, pois o objetivo da evolução, não era somente o habitar um corpo; isto era apenas um meio. Ao iniciar sua jornada no Período Terrestre, os Pioneiros já possuíam os 3 corpos: Denso, Vital e de Desejo e mais o Tríplice Espírito: Humano, de Vida e Divino; faltando apenas o elo que os unisse, para que o Espírito pudesse dirigir os corpos para sua manifestação e expressão.
Na última parte da Época Lemúrica.
Durante a primeira parte da Época Hiperbórea, enquanto a Terra fazia parte do Sol, o ser humano recebia das forças solares o sustento de que necessitava. Inconscientemente, para fins de propagação, o excesso era irradiado.
Quando a Terra foi arrojada do Sol, as órbitas se modificaram e a influência de Marte sobre o ferro se reduziu e, finalmente, cessou o poder dinâmico de Marte sobre o ferro; assim foi possível utilizá-lo na Terra. O sangue vermelho permitiu que o corpo se tornasse ereto; só então, o Ego penetrou e controlou o corpo.
Quando o Ego ocupou seus veículos, se fez necessário que parte da força sexual fosse usada para construir o cérebro e a laringe, porque estava destinado que dali em diante o ser humano devia aprender a fazer as coisas a partir do seu próprio pensar, devia usar a voz para poder se fazer entender e, desse modo, se comunicar com os outros. Para conseguir isso, parte de sua força sexual teve de ser usada para criar os órgãos necessários. Dessa maneira, uma parte do órgão criador ficou na porção superior do corpo, se convertendo, gradativamente, no que agora constitui o cérebro e a laringe.
Parte da força criadora ficou para a procriação e parte subiu para usarmos para a fala e cérebro. O resultado é que cada indivíduo passou a ter apenas a metade necessária da força criadora, tendo que forçosamente procurar a outra parte desta força em outro indivíduo para procriar.
Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Agosto:
Apocalipse
O último livro da Bíblia nos fala que o Apóstolo São João escreveu o Apocalipse (Revelação) na ilha de Patmos.
Ao dizer, que São João “se encontrava na ilha de Patmos”, há uma grande significação: a palavra “Patmos” significa iluminação e nos tempos anteriores a Cristo a expressão “Ilha de Patmos” era usada para referir-se à Iniciação.
Por meio de seu progresso no caminho iniciático, “o Discípulo Amado” foi capaz de estar em Espírito, em estado de consciência necessária para ver nos reinos superiores, e funcionar ali em seus veículos invisíveis.
Quando estudamos a Revelação, encontramos, como uma de suas características mais notáveis, que está baseada no místico número sete.
São João teve sete visões nas quais recebeu mensagens para as sete igrejas; há sete Anjos ante o trono, há sete lâmpadas de fogo e sete trombetas; há sete candelabros, os sete selos do “livro”.
O significado do uso do número sete é explicado pela Fraternidade Rosacruz, a qual ensina que o ser humano é sétuplo, sendo um Tríplice Espírito que possui um Tríplice Corpo e a Mente.
No corpo do ser humano há sete centros espirituais, os quais, quando são despertados e desenvolvidos, expressam os poderes espirituais do Espírito Interno. Posto que o ser humano é sétuplo, e dado que ele é a unidade deste particular campo de evolução, a quem São João se refere em sua mensagem, logicamente, é de supor-se que a mensagem que foi escrita por São João, e enviada às “‘sete igrejas”, encerra informação referente ao ser humano. Em outras palavras, as sete igrejas são usadas em um sentido simbólico para referir-se aos sete centros espirituais do ser humano, os quais têm que ser desenvolvidos no processo evolutivo espiritual. Cada indivíduo é um Deus em formação e um dia logrará seu divino destino.
(*) gravura: SAINT JEAN A PATMOS-GUSTAVE DORE, 1874
“Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança…” (Gn 1:26) disse Deus: e o primeiro ser humano foi criado.
E como tal, fomos criados com a capacidade de criar todos os corpos que precisamos para evoluir ainda que, nesse momento evolutivo e para se manifestar aqui na Região Química do Mundo Físico, precisamos nos juntar, vontade e imaginação, polo positivo e polo negativo, masculino e feminino, homem e mulher, para dar a oportunidade a um irmão ou irmã, um Ego evoluir aqui (e, concomitantemente a isso, garantir que teremos no futuro a
chance também de evoluir aqui porque um irmão e uma irmã se propuseram a nos fornecer um Corpo Denso).
Assim sendo, os pais são coparticipantes de Deus na obra da criação de seres humanos.
E é por isso que, além da alegria que os filhos trazem, há uma responsabilidade enorme dos pais em relação a eles.
Quando da gravidez, a mulher precisa zelar e zelar muito pelo pequenino ser que é seu dependente.
O primeiro passo numa paternidade e maternidade responsáveis, é que os pais tenham saúde física e mental para transmiti-las aos filhos.
Mas se até o momento da concepção os pais agem, daí para frente a maior responsabilidade é da mãe.
A necessidade de um acompanhamento médico é imprescindível a fim de prevenir ou sanar problemas.
A alimentação sadia, evitando bebidas alcoólicas, tabaco e quaisquer outras drogas (lícitas ou ilícitas), complementada a orientação médica.
Hábitos sadios são necessários para o perfeito desenvolvimento do pequenino ser ainda tão dependente da mãe.
E nesta hora em que a mãe traz em si o fruto do amor, o pai deve redobrar o carinho e os cuidados para que haja a complementação lógica de tudo que ela deve fazer.
Mas os pais não são responsáveis somente pelo desenvolvimento físico de seu bebê.
A par dos cuidados já mencionados, é necessário um ambiente harmonioso, com muita paz e muito amor.
Uma criança amada e desejada dificilmente será uma criança carente e desajustada.
Mesmo uma gravidez indesejada não deve gerar pensamentos destrutivos em relação à criança como se ela tivesse vindo sem nenhuma participação dos pais.
A célebre frase “sou dona do meu corpo” nada significa quando se tem outro ser dentro de nós, pois nossos direitos vão somente até onde começamos direitos dos demais.
Os filhos são talentos que Deus nos confiou e dos quais nos pedirá contas.
É necessário não só guardá-los para que se não percam as qualidades que trouxeram, como também incentivá-los a cultivar essas mesmas qualidades para que se desenvolvam.
Se os pais colaboram com Deus na formação de um novo ser, também devem, como Deus o faz, respeitar a individualidade desse mesmo ser.
Devem orientá-los com palavras e exemplos, dar-lhes, na medida do possível, as bases necessárias para que vivam mais plenamente e aproveitem sua estadia nesse mundo para progredirem o mais que possam.
Mas de maneira alguma podem se achar donos de seus filhos. Nunca pensar ou agir como se eles fossem sua propriedade, o “meu” filho e não um indivíduo a quem eles por ajudarem-no a vir ao mundo, se tornou propriedade sua. Deus respeita-nos como indivíduos e não viola nosso livre arbítrio. Quem somos nós para nos julgarmos donos de alguém?
Não podemos ter a pretensão de que nossos filhos são propriedades nossas como o são nossas casas ou carros.
Os pais têm a missão divina de formar os filhos, orientá-los intelectual, moral e materialmente falando, tomando-os aptos a se desenvolverem melhor e, quando partirem desta vida, deixarem melhor o mundo em que viveram.
Devem sempre lhes dar exemplo, apoio e amor, trazendo-os ou pelo menos procurando trazê-los de volta ao bom caminho quando dele se afastarem.
Deus faz conosco tudo que foi acima mencionado e nós devemos fazer isso em relação a nossos filhos: ver neles um ser criado à imagem e semelhança de Deus e que, com a nossa colaboração, deve encontrar seu próprio caminho e cuja realização só dele depende.
O poeta escocês Robert Burns disse uma vez: “Oh! Que poder teríamos se nós nos víssemos como os outros nos veem!”
Refletindo sob um ponto vista Cristão esotérico Rosacruz esse poder é uma amarga posse, ainda que pareça desejável se for encarado superficialmente.
Cada um de nós está repleto de defeitos.
Há momentos em que fazemos um triste papel no cenário do mundo.
Algumas vezes, parece que somos joguetes do destino, sem objetivos, enquanto outras pessoas, que são incapazes de ver a “trave no seu próprio olho”, nos criticam fazendo com que pareçamos ridículos.
Se nós nos víssemos com os seus olhos, certamente perderíamos o mais essencial dos atributos – nosso autorrespeito, e recuaríamos envergonhados de encarar os nossos semelhantes.
Quando compreendemos que isso é assim (e pensando sobre o assunto, ficamos convencidos disso), com proveito poderíamos mudar de posição e perceber que nós, ao criticarmos agudamente os mínimos defeitos dos outros, adotamos uma atitude muito antifraternal, antifilosófica e desprovida da “Sabedoria do Amor”.
Que possamos, individualmente, evitar erros parecidos que cometemos nas vidas passadas e, com certeza, ainda estamos cometendo.
Devemos praticar aquela real e verdadeira caridade Cristã, que São Paulo descreve no famoso Capítulo 13 da sua Primeira Epístola aos Coríntios: “O amor não é invejoso, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade”.
O Caminho da Preparação
A Fraternidade Rosacruz é uma “escola preparatória”. Obviamente chegará o tempo em que o Estudante Rosacruz da «escola preparatória » se graduará entrando para « um colégio ou universidade » para o qual essa escola o preparou. No caso, a “universidade” é a Ordem Rosacruz nos planos internos, onde o candidato “cola grau” como lrmão ou Irmã Leiga.
A meta e o propósito do método Rosacruz de desenvolvimento é emancipar o Aspirante à vida superior da dependência dos demais e fortalecê-lo de tal modo que possa confiar em si mesmo e permanecer só; de outra maneira o Ego se converte em presa dos demais tão logo quando entre nos Mundos invisíveis e seja abandonado a seus próprios recursos.
No processo de chegar a confiar em si mesmo, um grande obstáculo é removido do caminho do progresso, de modo que seja capaz de desenvolver a maior eficiência possível no serviço à humanidade, como colaborador consciente da Ordem Rosacruz, tanto exotericamente como esotericamente.
Egoísmo
O egoísta é imaturo e inseguro: não valoriza o trabalho dos outros porque, em seu egocentrismo, isso lhe parece uma perda: tem sempre a necessidade de se afirmar. O realizado avalia e estimula o bem dos outros porque cresce com ele.
E isso compreendemos claramente quando estudando o Mundo do Desejo e as forças e os dois sentimentos que lá existem e que utilizamos aprendemos que o sentimento do Interesse é a mola da ação, se bem que no presente grau de desenvolvimento o Interesse é geralmente despertado pelo egoísmo.
Algumas vezes é de natureza mui sutil, mas incita à ação de várias maneiras.
Toda ação inspirada pelo Interesse gera certos efeitos que atuam sobre nós e, em consequência, estamos limitados pelas ações que se relacionam com os mundos concretos.
Em estágio ulterior de desenvolvimento do sentimento do Interesse deixará de ter importância.
Então, o fator determinante será o dever.
De qualquer modo é bom o Estudante Rosacruz ficar sempre em alerta, pois deixar tudo de lado, egoisticamente, e viver unicamente para o próprio desenvolvimento espiritual é tão repreensível como desinteressar-se absolutamente pela vida espiritual.
Antes, é ainda pior.
Quem cumpre seus deveres na vida ordinária da melhor maneira que pode, dedicando-se ao bem-estar dos que de si dependem, está cultivando a faculdade fundamental, o dever.
E, certamente, avançará tanto que despertará à chamada da vida superior.
Apoiado no dever anteriormente cumprido encontrará grande auxílio nesse trabalho.
Se, deliberadamente, um Estudante Rosacruz volta as costas aos deveres atuais para dedicar-se à vida espiritual, com certeza será coagido a voltar ao caminho do dever, do qual se afastou equivocadamente.
Não poderá escapar sem que tenha aprendido a lição.
Fraternidade Rosacruz – Algumas das perguntas que recebemos e que talvez possam ser dúvidas de mais Estudantes.
Reposta: Depende do conceito que você tem desse nome. Enquanto estávamos sob a égide das Religiões de Raça, fornecidas pelo Deus de Raça – Jeová, o Espírito Santo, o Anjo que é mais elevado Iniciado do Período Lunar, que instituiu a Religião do Espírito Santo – tínhamos uma individualidade e uma personalidade incipientes – “o espírito individual era muito débil, impotente, completamente incapaz de guiar seu veículo denso” (Conceito) – e, a fim de que pudéssemos nos proteger dos riscos em perder nossos Corpos Densos (e, portanto, mais uma vida aqui tendo que renascer, como o fazemos agora), Jeová destacou um Anjo da Guarda para cada ser humano que estava renascido aqui (“E destinou um Anjo a cada Ego para que agisse como guardião, até que o espírito individual fosse suficientemente forte e pudesse emancipar-se de toda influência externa.” (Conceito).
Isso aconteceu entre a Época Lemúrica até a Era de Áries na Época Ária quando Cristo veio pela primeira vez e instituiu a nova Religião, a Religião do Filho. A partir daí não temos mais um ser da onda de vida angélica, um Anjo, destacado para cada um de nós como um Anjo da Guarda. Pois, a partir do Cristo, o “véu do Templo foi rasgado”, fornecendo a mesma oportunidade para cada Ego humano, com uma individualidade e personalidade forte o suficiente para guiar, não somente o seu veículo denso (o Corpo Denso), mas todos os outros veículos (Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente). A partir da vinda do Cristo temos um único “guarda”, o nosso Salvador, o nosso Redentor, o Regente da Terra que está sempre conosco, 24 horas por dia, e nos estimula e nos fornece tudo que precisamos para desenvolver, em cada um de nós o Cristo interno, de “dentro para fora”, como ele ensinou por meio da sua Religião Cristã, a Religião do Filho – Religião essa que a maioria de nós ainda não conseguiu vivenciar em toda a sua plenitude.
Com isso, também incorporamos o conceito do “Anjo da Guarda” em nosso ser interior, como lemos no Conceito: “…bem podemos ver quanto é importante o nosso sentimento em relação às coisas, porque dele depende a natureza do ambiente que criamos para nós mesmos. Se amarmos o bem, resguardaremos e alimentaremos tudo o que é bom em volta de nós quais anjos da guarda.”
Há várias passagens nos Livros da Literatura Rosacruz, escritos por Max Heindel, que elucida esse conceito do nosso “Anjo da Guarda” atualmente. Citamos um que é a Resposta a uma Pergunta no Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Volume 1, Pergunta nº 65: “…há também outro Guardião que é a incorporação de todas as nossas boas ações, e podemos afirmar que ele é o nosso Anjo da Guarda.”
Resposta: Porque você escolheu no Terceiro Céu, no seu panorama de vida, uma possibilidade de entrar em contato com a Escola de Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – conhecida como Fraternidade Rosacruz – que estivesse se manifestando na Região Química do Mundo Físico quando dessa sua vida aqui. E quando veio a oportunidade (demonstrada no seu horóscopo) você se sentiu atraído, atendeu e se tornou Estudante. Logicamente para isso, você já tinha construído um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente adequados para responder a esse nível de vibração espiritual Cristão. E, com certeza, todo esse trabalho de aproximação e de contato com tais Ensinamentos começou em algumas vidas passadas. E deve continuar nas vidas futuras até você alcançar o grau de Irmão Maior. Isso, logicamente, se você não desistir, pois a prerrogativa do livre arbítrio sempre será respeitada.
Resposta: Isso sempre ocorre no momento da evolução que nós estamos passando: final de uma Era (no caso a Era de Peixes) e já estando na órbita de influência da próxima Era, a de Aquário. Aparecimento de “seitas, “movimentos”, “religiões”, “escolas”, umas “inéditas” outras misturando um pouco de tudo. Veja, pesquisando nos fatos históricos – com a internet está mais acessível – que a mesma coisa ocorreu quando da primeira vinda de Cristo, quando estávamos no final da Era de Áries, mas já na órbita de influência da Era de Peixes.
E isso sempre acontecerá nesses momentos da evolução, para 1) Na questão de hoje, testar se a pessoa é realmente Cristã ou não; 2) Se a pessoa ainda necessita aprender lições das Eras anteriores (Gêmeos, Touro e Áries) ou até as mais básicas da Era atual, a de Peixes; 3) Separar um grupo do outro grupo que é aquele composto por pessoas que já estão prontas para começar a aprender as lições disponíveis da Era de Aquário.
Somos Estudantes Rosacruzes, ou seja, praticamos os ensinamentos de uma Escola de Preparação para a Iniciação Cristã Rosacruz.
Se a questão é a gente saber se tal “movimento”, “seita”, “escola” pode ser outra Escola de Preparação para a Iniciação Cristã Ocidental, seguem os 10 quesitos básicos para você bater:
O PRIMEIRO quesito: Cristo é o único ideal da Escola (ou seja, a Escola tem que ser Cristã).
SEGUNDO quesito: propagar o Evangelho exatamente como Cristo nos forneceu na Bíblia;
TERCEIRO quesito: praticar a Cura definitiva (aquela que soluciona a causa, e não o efeito, o remédio): a) criar as condições para utilizar o Poder Curador de Deus Pai, b) ter um processo de escolha – que considere as leis de semelhança e receptividade sistemática – de uma pessoa (homem ou mulher) que será o ponto focal de transmissão do excesso do fluído vital, à noite, para o Paciente, e c) estimular no Paciente a participação ativa no processo de cura, elevar o seu fervor e o seu ânimo;
QUARTO quesito: ter locais de oficiação de rituais com o conceito de Templo Solar, construindo e mantendo uma egrégora invisível espiritual e sempre crescente;
QUINTO quesito: não ter um guru, um instrutor, um “governador”, um mestre em Corpo Denso, enfim, uma pessoa que todos têm que seguir e não pode desobedecer.
SEXTO quesito: nada cobrar, nem em espécime, nem em “doações”, nem em objetos.
SÉTIMO quesito: não ter templos suntuosos, onde a riqueza e a ostentação sejam o único e principal valor.
OITAVO quesito: ter um Caminho possível a ser seguido pelos seus Estudantes e que os leve a ser candidatos a Escolas de Mistérios, às Iniciações Menores e às Maiores (as Cristãs);
NONO quesito: não fazer nenhuma distinção à capacidade do Estudante em trilhar o Caminho proposto por ser homem ou mulher, jovem ou velho, rico ou pobre, letrado ou iletrado ou outra segmentação qualquer; e
DÉCIMO quesito, mas não menos importante: preparar os seus Estudantes para viver ativamente e na plenitude na vindoura e muito próxima Era de Aquário.
Agora…se a comparação é com “religião”, então aqui é mais fácil: a mais avançada a nossa disposição atualmente e que devemos seguir é a Religião Cristã (não confunda com Católica ou as centenas de Protestantes, que professam o Cristianismo Popular – são Cristãs, mas não professam o Cristianismo Esotérico -, ainda necessário para TODOS nós, mesmo que achemos que não). Se não for uma Cristã, então, são Ensinamentos pré-Cristãos, atrasados para quem é um Estudante Rosacruz.
Resposta: Depende do conceito da palavra “decorada”. Se quer dizer poder repetir uma oração “de cor” sem compreender e internalizar cada palavra da oração, repetindo como faz um papagaio ou como muita gente faz (rezando e pensando em outras coisas, e até em afazeres que se dedicará assim que “acabar isso”), ela não surtirá nenhum efeito, será perda de tempo e a pessoa digna de compaixão por utilizar aqui a famosa astúcia, reminiscência trazida da Época Atlante, e que tanto nos atrapalha atualmente.
Agora…se o conceito aqui é repetir a mesma oração sempre, compreendendo o significado de cada palavra emitida e a internalizando no seu objetivo, aí a oração “decorada” produz o seu efeito maravilhoso! Lembremos sempre que a repetição é a chave do desenvolvimento do nosso Corpo Vital, veículo esse que temos e de onde tiramos os insumos básicos para a construção do Corpo-Alma, o que estamos construindo (consciente ou inconscientemente) para dar o nosso próximo passo nesse Caminho da Evolução. Como exemplo para entendermos o que é uma oração “decorada” “bem-feita”, veja a Oração do Pai-Nosso: a Oração do Senhor é uma fórmula abstrata de melhoramento e purificação de todos os nossos veículos. Cada aspecto do Tríplice Espírito, começando pelo inferior, expressa adoração ao aspecto correspondente da Divindade. Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material. No fim os três unem-se para proferir a oração da Mente. O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”. O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. O Corpo Vital é a sede da memória. Nele estão arquivadas subconscientemente as lembranças de todos os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria como os benefícios feitos ou recebidos. Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas desses arquivos imediatamente depois de abandonar-se o Corpo Denso e que todos os sofrimentos da existência pós-morte são resultado dos acontecimentos aí registrados como imagens.
Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda compensação possível, purificamos nossos Corpos Vitais.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”. A Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.
O ser humano conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais se abriram. Aquele que realiza a ligação da Mente ao Eu superior permanentemente, é pessoa de elevado entendimento. Se, pelo contrário, a Mente está ligada à natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.
Por tais razões, a oração para a Mente traduz a aspiração de nos libertarmos das experiências resultantes da aliança da Mente com o Corpo de Desejos e de tudo quanto tal aliança origina.
No aspirante à vida superior, a união entre as naturezas superior e inferior é realizada pela Meditação sobre assuntos elevados, pela Contemplação que consolida essa união e, depois, pela Adoração que, transcendendo os estados anteriores, eleva o espírito ao Trono.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade
SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA
Todas as semanas, quando a Lua se encontra num Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio), reunimo-nos com o propósito de gerar a Força Curadora por meio de fervorosas preces e concentrações. Esta força pode depois ser utilizada pelos AUXILIARES INVISÍVEIS, que trabalham sob a direção dos IRMÃOS MAIORES com o propósito de curar os doentes e confortar os aflitos.
Nessas datas, as 18h30, os Estudantes podem contribuir com esse serviço de ajuda, conforto e cura, sentando-se e relaxando-se na quietude do seu lar ou onde quer que se encontre, fechando os olhos e fazendo uma imagem mental da Rosa Branca e Pura situada no centro do Símbolo Rosacruz. Em seguida leia o Serviço de Cura e concentre-se intensamente sobre AMOR DIVINO e CURA, pois só assim, você poderá fazer de si um canal vivo por onde flui o Poder Divino Curador que vem diretamente do Pai. Após o serviço de cura, emita os sentimentos mais profundos do amor e gratidão ao Grande Médico para as bênçãos passadas e futuras da cura.
Datas de Cura:
Outubro: 06, 12, 19, 26
“Disse-lhe: “Se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto aos seus olhos, se inclinares os ouvidos às suas ordens e observares todas as suas leis, não mandarei sobre ti nenhum dos males com que acabrunhei o Egito, porque eu sou o Senhor que te cura” – Êxodo, 15:26
À medida que o Sol atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte, o Cristo também sobe para o reino espiritual descrito na Bíblia como o Trono do Pai. Isso é conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, a morada do Deus desse Sistema Solar.
Enquanto o Sol transita pelo Signo de Câncer, Cristo ascende ao Trono do Pai, onde se banha em Sua transcendente glória. Ali se renova e se revitaliza, atraindo mais e mais forças espiritualizadas para prosseguir o Seu ministério terreno quando volte a penetrar nos reinos da humanidade, no Equinócio de Setembro. Durante Sua permanência nos céus, o Planeta Terra, clarividentemente observado, aparece luminoso por Suas radiações; e o observador comprova, no mais profundo do seu ser, o significado de Sua afirmação: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue.” (Mt 28:18).
Câncer é o Signo mais profundamente místico, o principal Signo feminino. Em harmonia com esse fato, o Signo contém um pequeno aglomerado de estrelas dispostas que se assemelha a uma manjedoura. Do coração de Câncer surgem as águas da vida eterna, em que são germinadas formas-sementes que animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer (em torno de 21 de Junho) e também está em sintonia com o princípio da fecundidade.
Como Signo mãe cósmica, Câncer é o portal por meio do qual os Egos humanos veem ao renascimento.
Os antigos representavam Câncer como uma mulher com a Lua a seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Esse símbolo foi empregado por São João na Revelação (Livro do Apocalipse) para representar o triunfante regresso do feminino caído, a Eva do Gênesis, a seu estado divino original. Essa figura exaltada feminina representa os Grandes Iniciados da Hierarquia de Câncer conhecidos como Querubins. Um dos mais altos Iniciados dessa Hierarquia é a Mãe Cósmica do universo a que esse Planeta Terra pertence.
Começaremos lendo um trecho do Apocalipse, o Livro das Revelações, escrito pelo Apóstolo São João, capítulo 13, 1-10: “Vi, então, subir do mar uma besta com dez chifres e sete cabeças. Sobre seus chifres, dez diademas e sobre as cabeças nomes blasfematórios. A besta, que vi, era como uma pantera, os pés eram como pés de urso e a boca como a boca de leão. O dragão lhe deu poder e trono e uma grande autoridade. Vi a primeira cabeça ferida de morte, mas a chaga mortal foi curada. E toda a Terra, maravilhada, seguia a besta e adorava o dragão que tinha dado poder à besta, e adorava a besta dizendo: ‘Quem é como a besta e quem poderia lutar com ela?’ Foi lhe dada também uma boca para proferir palavras cheias de arrogância e blasfêmia e lhe foi concedido poder de agir durante quarenta e dois meses. E ela abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para insultar o seu nome e a sua tenda e os que moram no céu. Foi-lhe dado fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu poder sobre toda tribo, povo, língua e nação. E a adoraram todos os habitantes da terra cujo nome não está escrito, desde o princípio do mundo, no livro da vida do Cordeiro imolado. Se alguém tem ouvidos que ouça: Se alguém está destinado ao cativeiro, irá para o cativeiro. Se alguém mata pela espada, pela espada morrerá. Nisso se baseia a perseverança e a fé dos santos“.
Simbolicamente falando, a água significa as emoções e o mar é, normalmente, usado para indicar o Mundo do Desejo. Esse Mundo é que contém material para construção do nosso Corpo de Desejos, bem como para o Corpo de Desejos do animal. É também o Mundo que fornece material para termos nossas emoções, aspirações, nossos desejos e sentimentos.
Desde a última parte da Época Lemúrica, para alguns, e início da Época Atlante para todos, os Espíritos Lucíferos começaram a chamar a nossa atenção para a existência do Mundo Físico, ajudando-nos a perceber a forma exterior do nosso Corpo Denso. E, também, começaram a nos instigar a usar a nossa Mente para distinguir as formas externas, dar-lhe nomes, dominá-las e colocá-las ao nosso dispor. A partir desses dois movimentos temos gerados muitos desejos inferiores, muita paixão, muita ambição, muito egoísmo, muito mal, sendo o mal uma ação contrária as Leis de Deus. Inicialmente o fizemos por inocência, depois o fazemos por ignorância.
A todo esse conjunto de desejos inferiores somado aos pensamentos inferiores que resultam em todo o mal que já cometemos em todas as nossas vidas passadas constitui a “besta que saiu do mar”, ou como é conhecido na ciência oculta: o Guardião do Umbral.
Esse ser é, portanto, a encarnação de todo o nosso mal gerado em vidas passadas, mal esse ainda não expiado e que espera a expiação em vidas futuras, até completarmos toda a roda de nascimentos e mortes necessários para tal.
E o Guardião do Umbral, a Besta, está muito ligado ao dragão, ao diabo, também conhecido como a Serpente ou os Espíritos Lucíferos, que nos incita ao egoísmo, a gratificação dos prazeres e a maldade, pois como lemos nesse trecho do Apocalipse: “O dragão lhe deu poder e trono e uma grande autoridade“.
Essa entidade monstruosa se encontra nas Regiões Inferiores do Mundo do Desejo. Entretanto nos é invisível entre a morte e um novo Nascimento, se bem que está ali presente. Ela só se torna visível quando nós, como Aspirantes à vida superior, entramos conscientemente no Mundo do Desejo, deixando o nosso Corpo Denso dormindo no leito. Portanto, esse é o momento que nós temos que passar por essa entidade criada por nós mesmos. Devemos reconhecer e admitir essa entidade como parte de nós, prometendo liquidar todas as dívidas, todo o mal, representado por essa forma, o mais cedo possível.
Reparem que nesse momento de reconhecimento, o Aspirante não deve ter medo de tal entidade, mas utilizá-la como reforço para nossa coragem e determinação: “Nisso se baseia a perseverança e a fé dos santos“, como acabamos de ler no trecho do Apocalipse.
Afinal, deixou de ser oculto o motivo pelo qual há muito destino maduro para cumprirmos. Deixou de ser oculto o porquê sofremos tanto com penas, dores e restrições. Ao contrário, a partir daí nós temos plena e consciente condição de trabalhar para eliminar todos os débitos contraídos e sentirmos a eliminação deles todas as vezes que encararmos tal entidade.
Está aqui um dos motivos para que a nossa preparação, como Aspirante, é uma tarefa essencial, bem feita e indispensável para nos tornarmos um Auxiliar Invisível Consciente.
Perceba que quanto mais o mal fizermos, quanto mais desejos inferiores criarmos, mais alimento estaremos dando ao nosso particular Guardião do Umbral e mais ele crescerá.
Por outro lado, quanto mais nos esforçarmos para reparar o mal cometido, arrependendo-nos de dentro do nosso íntimo e procurando, de uma forma ou de outra, compensar esse mal com o bem, servindo altruisticamente, menos alimento estaremos dando ao nosso particular Guardião do Umbral e menos ele crescerá.
Se, ainda com isso, considerarmos o pagamento de nossas dívidas do destino contraídas nas vidas anteriores, o nosso particular Guardião do Umbral diminuirá de tamanho.
Outro alimento importante para o crescimento do nosso Guardião do Umbral é o temor, o medo. O medo não conduz a nada de bom, e representa a nossa falta de confiança em Deus e a falta de consciência de que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser” (At 17, 28). Ao ter medo, esquecemos que nada pode existir fora de Deus e, que, portanto, Ele está onde estivermos. E que tudo trabalha para o bem final, pois: “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar; até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Sl 139,7).
Mas há mais alimentos que fazem o nosso Guardião do Umbral crescer: são as nossas dúvidas, nossas maldades, nosso egoísmo, nossa ignorância. Enquanto insistirmos em permanecer na condição irresponsável de: “não quero nem saber… o importante é gozar a vida… não quero nem pensar no depois… ou, o que é pior: só quero pensar se puder tirar algum proveito próprio” então, estaremos fornecendo alimento para o nosso Guardião do Umbral. No entanto, mesmo que permanecendo nessa condição, uma coisa ocorrerá com toda a certeza desse mundo: um dia enfrentaremos sozinhos nosso Guardião do Umbral, somente ele e cada um de nós.
Agora, se tomarmos a consciência de que o Guardião do Umbral é um elemental criado por nós mesmos e que o alimentamos com as nossas más ações, maus desejos e maus pensamentos, poderemos começar a trabalho de diminuir esse crescimento.
E mais, usando o nosso domínio próprio e muita força de vontade, poderemos eliminá-lo por completo, matando-o por inanição, por não mais alimentá-lo.
Mas esse trabalho exige persistência, persistência e persistência, senão: “Vi a primeira cabeça ferida de morte, mas a chaga mortal foi curada“, como lemos nesse trecho do Apocalipse, ou seja: se, uma vez começado, abandonarmos o trabalho de aniquilar o nosso Guardião do Umbral, ele voltará a crescer.
E todo esse trabalho começa aqui, durante a nossa vida no Mundo Físico. Mas como? Dedicando-nos a parte espiritual da nossa vida: sendo Cristão de fato, tendo fé, buscando o equilíbrio, mantendo uma atitude mental sempre positiva, sempre otimista, afirmando como o Salmista, quando for assaltado por pensamentos de medo, de dúvida ou por situações onde predominem tais sentimentos: “O Senhor é meu Pastor, não me faltará“; “Nada temerei, pois Deus está comigo” (Sl 22).
O cultivo desse equilíbrio implica no cuidado com o nosso Corpo de Desejos, com o controle das nossas emoções, nossos desejos e sentimentos e isso é uma tarefa muito difícil. Uma das maiores dificuldades nesse cultivo do equilíbrio está no que se refere ao egoísmo.
Muitos acham que não são egoístas. Pois bem, aqui está o primeiro passo: reconhecer o nosso egoísmo. Uma auto-análise nos mostrará onde estamos colocados. E não há auto-análise mais completa do que o Exercício de Retrospecção. Contrapondo-se com o nosso particular Guardião do Umbral está o resultado de todo o bem que temos feito em nossas existências passadas, inclusive nessa. Todo esse belo conjunto se chama “Anjo da Guarda”: essa personificação do bem em nossas obras, ainda que invisível, está sempre conosco nos impulsionando a trabalhar retamente, a sempre caminhar fazendo o bem. É um poderoso aliado a nossa luta de aniquilação do nosso Guardião do Umbral.
É importante sabermos que a condição de não assumirmos a responsabilidade de não mais alimentarmos nosso Guardião do Umbral, favorece fortemente o mal coletivo de toda a humanidade e que incita a qualquer um, principalmente os que possuem debilidades metais e fraqueza de caráter, a mais facilmente fazerem o mal que o bem. Afinal: “E toda a Terra, maravilhada, seguia a besta e adorava o dragão que tinha dado poder à besta, e adorava a besta dizendo: ‘Quem é como a besta e quem poderia lutar com ela?”‘.
(…) Foi-lhe dado fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu poder sobre toda tribo, povo, língua e nação. E a adoraram todos os habitantes da terra“, como lemos nesse trecho do Apocalipse. Pois é um fato que todo o mal coletivo incorporado em todas as pessoas é uma força potente no mundo. É muito mais fácil deixar-nos levar pelas emoções e circunstâncias do que controlá-las e colocá-las sob o jugo da nossa vontade. É muito mais fácil deixar os pensamentos fluir do que criá-los e concentrá-los sob o poder da vontade. É muito mais fácil não fazer nada do que fazer o bem.
É muito mais fácil se conformar do que arregaçar as mangas e partir para a luta, afinal: ‘Quem é como a besta e quem poderia lutar com ela?’. Não é mesmo?.
Mas, as pessoas que se esforçam para reparar o mal feito no passado, para se armar para não cometer mais o mal, buscando viver uma vida pura e dedicada ao serviço amoroso e desinteressado são as que têm os seus nomes “escritos no livro da vida do Cordeiro imolado“, como dito nesse trecho do Apocalipse, ou seja: estão em acordo com os ensinamentos do Cristo, o Cordeiro.
Agora, aqueles que continuam a praticar o mal, que usam de sua posição para tirar proveito do próximo, que vivem como se essa fosse a única e verdadeira vida (mesmo depois de ter a oportunidade de saber que não é), esse: “irá para o cativeiro“, pois, pela Lei de Consequência “está destinado ao cativeiro“, ou esse: “pela espada morrerá“, pois “mata pela espada“, como também lemos nesse trecho do Apocalipse.
A esperança de que todos conseguiremos enfrentar e aniquilar, cada um o seu Guardião no Umbral, é dada quando se diz: “Foi lhe dada também uma boca para proferir palavras cheias de arrogância e blasfêmia e lhe foi concedido poder de agir durante quarenta e dois meses“. Ou seja: 3 anos e meio, metade de sete anos, tempo perfeito. Então, não será para sempre. Durará até que uma quantidade suficiente de Espíritos Virginais da onda de vida humana que evoluem aqui na Terra seja capaz de mante-la, tomando a rédea da nossa evolução e que, assim, todos os outros sigam esses Espíritos Virginais para o caminho para cima e para a frente no nosso esquema de evolução.
Nessa certeza da possibilidade de aniquilar, cada um, por meio de um trabalho sério, corajoso, determinado e aplicado, o seu Guardião do Umbral e assim, tornar um Auxiliar Invisível Consciente é que se “baseia a perseverança e a fé dos santos“.
Ou seja: de todos aqueles que compreenderam e assimilaram, e, portanto, vivenciam o ensinamento do Cristo que: “a messe é grande, mas os operários são poucos“.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
A busca sobre as fontes do Apocalipse de São João tem, por muito tempo e frequentemente, ocupado as Mentes daqueles preocupados com a pesquisa de materiais externos. Essas fontes foram buscadas nas tradições orais, nos escritos apócrifos da cristandade antiga, nos documentos e tradições da Gnose judaico-cristã e até mesmo em experiências fantásticas e anormais baseadas em fenômenos atmosféricos. Mas o próprio conteúdo do Apocalipse está em rígida oposição a todos esses esforços, pois no texto dele, a explicação se repete mais de uma vez que o escritor do Apocalipse “viu e ouviu” o que ele contém “no espírito”.
O escritor do Apocalipse nunca se cansa de apontar, da maneira mais inequívoca que se possa imaginar, que o conteúdo do Apocalipse nada tem a ver com a horizontalidade espacial e temporal da tradição, boato ou plágio, mas que ele passou a existir simplesmente e apenas no caminho vertical da revelação do mundo espiritual.
Assim, por exemplo, o texto do Apocalipse começa com uma declaração definitiva sobre sua fonte, sua autoria e a forma como se originou: “A Revelação de Jesus Cristo, que Deus deu a Ele, para mostrar aos Seus servos … e Ele o enviou e manifestou por seu anjo a Seu servo João ”(Ap 1:1). Nessas palavras é caracterizado de maneira distinta e solene o caminho pelo qual o Apocalipse nasceu.
É o caminho da descida de Deus a Cristo-Jesus, de Cristo-Jesus ao Anjo do Apocalipse, do Anjo a São João e de São João aos leitores, ouvintes e guardiões das “palavras desta profecia.”.
As “Sete Cartas” às sete “Igrejas” referem-se não apenas a o futuro, mas também ao passado. Nessas Cartas julgava-se não apenas o que era então o tempo presente e as três futuras Épocas culturais (‘Igrejas’), mas também as três culturas do passado.
No entanto, antes de começarmos a estudar o conteúdo das Cartas às Sete Igrejas, devemos obter uma ideia mais definida da fonte da Revelação (o Apocalipse) de São João. Isso, também, está de acordo com a intenção do escritor, pois nas frases iniciais do Apocalipse ele não apenas indica essa fonte, mas no primeiro capítulo também mostra a figura espiritual daquele que invocou a Revelação (Ap 1:12-16).
Essa figura era “semelhante a um Filho do Homem”, portando os sinais das forças planetárias cósmicas, da mesma forma que seriam realizadas no “homem do futuro” (o “Filho do Homem”) durante o Período de Júpiter. Pois o arquétipo do “homem de Júpiter” – o “Filho do Homem” do futuro – deve ser retratado assim: a arbitrariedade deixará de ser possível em sua vida de pensamento. Fluxos de pensamento fluirão para sua cabeça assim como o cabelo cresce “por si mesmo”. E esses fluxos de pensamento fluindo do cosmos não serão unilaterais, eles não terão nenhuma “coloração” distinta, mas serão, em um sentido profundo e verdadeiro, “sintéticos”. Assim como a luz branca é uma combinação das sete cores, o pensamento cósmico do futuro será “branco” – “branco como lã, branco como a neve” (Ap 1:14).
1. Para fazer download ou imprimir:
F. Ph. Preuss – As Sete Igrejas do Apocalipse
2. Para estudar no próprio site:
Por
F. PH. PREUSS
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz do Rio de Janeiro – RJ – 1963
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Ao falar sobre o Apocalipse, deseja o autor destas linhas esclarecer aos leitores que, reúnem-se, nesse último livro do Novo Testamento, todos os conhecimentos Iniciáticos até hoje conhecidos e que, literalmente, podem ser entregues ao público. A Justiça divina colocou, esse incomparável LIVRO dos sagrados conhecimentos, no fim dos quatro Evangelhos, antepondo ainda a esses o Velho Testamento com os seus incomparáveis ensinamentos das Leis da antiguidade.
A mais elevada Luz Espiritual foi posta por João de Patmos sobre o pergaminho, quando recebeu do Mensageiro de Deus, o Arcanjo Miguel, os ditames sobre o Apocalipse.
Para aqueles que procurarem conhecer esse livro tão somente por meio da inteligência, jamais o conseguirão, pois, ser-lhes-á fechado com sete selos. Nesse sentido, pode-se dizer que o Arcanjo, com seu Senhor, o Cristo, não desejavam intencionalmente utilizar-se apenas da inteligência. Queriam muito mais. Desejavam dos leitores dos versículos que soubessem interpretar no Céu a crônica da Terra. Por isso que foi escrito tão só para aqueles cuja inteligência já se tenha libertado do ilogismo e do dogmatismo. Em verdade, o Apocalipse, em sua estrutura figurada, mostra, incontestavelmente, o ilogismo a todos aqueles que procuram conhecê-lo tão somente pelo intelecto. Entretanto isso não acontece com o estudante que tenha conhecimentos espirituais, cuja lógica mental não o desvia da sabedoria, pois obterá esclarecimentos acima da inteligência comum que o ligam às Verdades Superiores contidas nas letras que não foram escritas. Um Escriba ou um Fariseu, jamais poderá penetrar na compreensão da Escritura, pois, sabe ler somente a letra. O Espiritualista sabe que os enigmas ilógicos são fontes de grande sabedoria, chaves para a lógica transcendental. É de se admirar que esse monumental livro não tenha sido destruído pelos Escribas e Fariseus, que se intitulavam doutores das Escrituras. Não foi queimado tão importante livro porque sabiam ser o autor do Apocalipse o mesmo que se recostava no peito do Senhor, e ainda mais, o escritor do Evangelho, João.
Disse Lutero, o grande reformador da Igreja Católica, eminente personalidade da teologia no seio do catolicismo, quando traduzira os sagrados livros e chegando ao Apocalipse: “seria melhor não mencionar este livro por faltar-lhe toda a lógica”. Lutero falou a verdade, visto tratar-se de um teólogo e se perguntássemos a qualquer componente de uma escola teológica, receberíamos a mesma resposta.
O místico e o ocultista dispensam a esse livro a máxima reverência. Esses, como sabem perfeitamente tratar-se de um livro Iniciático-místico-espiritual, desejam antes de tudo perceber a aparente irrealidade, isso é, a parte mística de sua forma enigmática, para depois, pela inteligência, transformá-la em lógica. Para o Ego, as verdades são perfeitas e claras, o que, entretanto, não acontece com o intelecto. O que para o intelecto não é lógico e cabível nos planos espirituais, devido à sua falta de comunicabilidade com os superplanos, isso mesmo é para o Ego compreensão e facilidade. O Ego trata da luz espiritual e o intelecto somente da luz refletora, a inteligência humana não divina.
Assim pode-se dizer que o Apocalipse não foi escrito para aqueles que se limitam a julgá-lo tão somente pelo intelecto. Para esse fim, é necessária uma inteligência lúcida, facilmente desdobrável, não acorrentada aos limites de qualquer direção, como o faz a lógica intelectual. O Ego está sempre desejoso de se expandir em todas as direções de seu hemisfério, que se constitui na soma da Universalidade – DEUS.
Deve-se dizer, ainda, sobre esse livro que, além de revelar-nos o passado, mostra-nos, também, cronologicamente, os acontecimentos passados, presentes e futuros. O grande ensinamento em torno das revelações do Apocalipse é este: “livrar a humanidade, dos pensamentos caóticos em favor dos de caridade; pôr um freio à desagregação moral, em prol da libertação benfeitora dos homens de sentimentos religiosos e nobres.” Os Céus aguardam a firmeza dos Espiritualistas porque o diabo foi solto. Isso podemos ver todos os dias. Os tempos mudaram rapidamente para a decadência nesses últimos cem anos, formando uma Babilônia bem pior do que a antiga. Esperam as Hierarquias o esclarecimento de uma inteligência espiritualizada da humanidade desta época; esse é o objetivo do Apocalipse em seus enigmas para que sejam inteligentemente decifrados, compreendidos e aplicados devidamente.
Em seguida, o autor destas páginas desenvolve seus conhecimentos obtidos pelos seus estudos esotéricos, após haver meditado sobre eles, incluindo seus próprios conhecimentos para poder, assim, cooperar com o leitor em seus estudos esotéricos, O autor parte do princípio de que a verdade deve ser transmitida, custe o que custar. Não se pode fazer segredo de seus conhecimentos. Todos os seres humanos têm o direito de receber o Maná dos Céus. Mesmo assim, não se atém à vanglória de ensinar a última palavra nesse assunto, pois, outros poderão atingir maiores alturas. Afirma, porém, que empregou o melhor de sua sinceridade nos estudos e meditações, e se sentirá bem recompensado se assim for entendido.
Tendo apreciado o que se lê no prólogo, seguimos no estudo dos versículos 12 e 13 do primeiro capítulo do Apocalipse, que assim diz:
“Voltei-me para ver a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro. Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam uma chama de fogo.”.
Vejamos o que o Apocalipse explica nestas duas frases: a involução humana desde o princípio de sua manifestação, quando tudo era matéria-espiritual, quando Deus se manifestou como o Verbo nas diversas densidades que evoluem, aperfeiçoando a alma humana ao máximo de sua qualidade, para depois, uma vez alcançado tal grau de perfeição, adquirir pela força de seu espírito, que dissolve todas as inferioridades, o ingresso no Corpo de Deus com seu próprio corpo divino, que é o seu Ego.
Analisando o versículo 12 que diz: “Voltei-me para ver a voz que me falava”, verificamos em que estado de consciência se achava o Apocalipse. Ele diz que desejava ver a voz que falava. Não se diz que se quer ver a voz; pode-se ouvir uma voz. Nesse ponto está caracterizada a faculdade que São João possuía. Claro é que a voz partia de uma entidade espiritual para a parte espiritual daquele que a ouvia. Nos planos superiores vê-se a voz, ao mesmo tempo que se ouve, pois, ali não existem olhos e nem ouvidos terrenos, se tratando tão somente de ouvidos e de olhos espirituais. Eis a razão por que João diz que “Voltei-me para ver a voz”. Ver e ouvir os planos da Cor e da Harmonia Celestiais que se constituem nas Regiões superiores do Mundo do Desejo e do Mundo do Pensamento.
Segue a frase: “ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro”. Vejamos o que se pode dizer sobre esta frase. Não se deve ler no sentido literal: “voltar-me” e sim “inspirado pelas circunstâncias profundas num ambiente espiritual, vi sete Candelabros”. Por que deveríamos dizer assim? Porque a alma e o Espírito não necessitam de se voltar para ver. O Espírito não tem olhos físicos. A direção das dimensões tem aspecto diferente. O que está aqui, pode estar lá como em cima ou embaixo, dependendo apenas experimentarmos com inteligência o que se quer pesquisar. Claro é que o Apocalipse usa uma linguagem que só pode ser compreendida pelo pesquisador que possua meios para se infiltrar em sua Mente, embora seja uma linguagem enigmática. Esse fato explica o versículo 3, que diz assim: “Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia, se observarem o que nela está escrito, pois o Tempo está próximo.”.
Expliquemos: nem todos sabem ler o sentido educacional dos mistérios do Apocalipse, razão por que fala com realce: feliz o leitor, possuidor que são da sabedoria para lerem aquilo que se esconde atrás da palavra. Devem-se, também, guardar as coisas que se ouvem para vivermos nos mistérios do Verbo, pois, o tempo está próximo. Qual é o tempo próximo para o Iluminado? O passado se revelou a ele no presente, como também o futuro. Para o inteligente que saiba ler ou ouvir as palavras que guarda, os tempos estão presentes, porém, “presentes” não no sentido literal da palavra e sim que o futuro já lhe foi revelado no presente. Vira o Apocalipse aquilo que é do futuro e, assim, todos nós recebemos o conhecimento sobre o futuro, no presente.
Ao Esoterista foi reservado o conhecimento daquilo que é do futuro. Feliz ele é, portanto, pela razão de se aventurar ao estudo para que a alma ouça e sinta a luz que atravessa a palavra. O Verbo de Deus se manifestou a São João, e São João a nós.
A seguir, procuremos dar explicações sobre os sete candelabros de ouro. “Ouro” sempre significa a máxima pureza e, em nosso caso, a espiritualidade. Encontramos 7 Espíritos: 7 candelabros que guiam a humanidade através dos 7 Períodos, ou Dias de Manifestação, cada um com 7 Revoluções, com 7 Épocas do nosso Globo Terrestre. Sete Espíritos Arcangélicos dirigem a humanidade desde o princípio até o fim pelos eons dos tempos, alcançando, assim, a sua perfeição. São João vê, nessa visão, o Filho do homem, o “homem perfeito”, em forma de Arquétipo.
O versículo 13 afirma do seguinte modo o que foi exposto acima: “…e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro.”.
Lembremo-nos da palavra de Cristo: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão”[1]. Dessa maneira, o Arquétipo foi formado antes que a Terra surgisse juntamente com o ser humano. Passará em seu curso que evolui pela mística contagem Rosacruz dos 7x7x7. O Arquétipo do “Homem da Terra” ou “Filho do Homem Perfeito”, é o ser humano primitivo, o “Espírito do Homem”, Adão. Terá que passar pelos Períodos, pelas Revoluções e pelas Épocas alcançando, assim, a perfeição individual para novamente ingressar como Filho do Homem no Espírito Universal.
Três importantes acontecimentos aguardam ao peregrino em sua caminhada evolucionante, a saber:
Aprofundando-nos em nossa contemplação sobre essa espiritualidade, perguntamos: qual é o caminho que nos conduzirá a esse ponto? Respondemos: O Apocalipse nos mostra um Ritual fundado em tempos remotos que nunca foi esquecido pelas Religiões avançadas e que jamais o será, em virtude de seu valor divino, pois, está no próprio Corpo de Deus. E como se manifesta Deus no Seu Ritual entregue à humanidade? Vejamos o que foi ordenado a Moisés: colocar um Candelabro de Ouro na Casa de Deus, no Tabernáculo no Deserto. O caminho da oração passava pelo Candelabro de Ouro de 7 braços para o encontro, mais tarde, com o Shekinah, a Luz Eterna em cor vermelha, ou seja, a Luz Criadora, do Espírito Santo, a parte feminina da onipotência, tal como denominação dos Cabalistas. A oração fervorosa ante o Candelabro resultava no transporte do seu íntimo às alturas. Lembremo-nos dos tempos de Moisés, quando o Corpo Vital não estava ainda tão firmemente ligado ao Corpo Denso, como em nossos dias. Existia ainda uma ligação com os planos superiores, porque a parte etérica se achava, ainda, em atividade nesses planos. O desligamento do Corpo Vital, durante a oração, se processava com mais facilidade do que hoje e o Ritual procurava infundir a sua ação espiritual naquele que se achava em oração, porque conexão existente entre o Corpo Vital e o Corpo Denso se afrouxa durante a oração.
O Símbolo Rosacruz tem 7 Rosas vermelho-sangue fulgurantes representando os 7 Candelabros de Ouro do Apocalipse. A Estrela Dourada radiante com cinco pontas nos fala da pureza; a cor de ouro simboliza a espiritualidade, qualidade futura do Corpo perfeito. Coincide isso com o fato de que os antigos Rosacruzes eram chamados “Cavalheiros de Ouro”, ou como Christian Rosenkreuz os denominava: “Cavalheiros da Pedra de Ouro”. As 7 Rosas estão arranjadas com uma coroa em cujo centro, pela peregrinação, se desenvolve o “homem invisível”, o “Filho do Homem”, o “Lápis Filosoforum” dos Alquimistas. Assim, pode-se dizer que, mais tarde, pelos próprios sacrifícios em seu Corpo, os Candelabros lentamente concentrarão as suas faculdades dominantes no Espírito e se apagarão no exterior para se iluminar no interior, invisivelmente. Os 7 Candelabros no aliar do corpo serão sublimados a favor do nascimento da Rosa Branca, invisível na Cruz do Corpo.
A seguir transcreveremos, novamente, o versículo 13 para entrarmos em maiores detalhes sobre ele: “…e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro.”.
Devemos dar maior expressão a respeito dos Candelabros. Sem Altar não existe o Candelabro, nem Sacerdote e nem Ritual. A Ordem Rosacruz tem no seu Templo um Altar com as 7 Rosas vermelho-sangue e o seu Ritual com o celebrante, achando-se esse, pela recitação do Ritual, à disposição de Deus para transmitir as Forças Divinas àqueles que se encontram no Templo. Claramente ensina o versículo para que se una aos 7 Candelabros ou às 7 Rosas, alguém semelhante ao Filho do Homem, trajado com vestes talares. Sabemos que só um Sacerdote pode usar vestes talares. O talar, em perfeita brancura e na altura do peito cingido com uma cinta cor de ouro, se obtém pelas purificações constantes no curso de renascimento em renascimento. A cinta, com a cor do Sol, demonstra a Força Universal Solar em transmissão à Terra, captada na hora do Ritual pelo Sacerdote e entregue à multidão. Devemos nos lembrar de que o Templo etérico invisível se alimenta, constantemente, das forças cósmicas de onde, por sua vez, são transmitidas para o Mundo visível àqueles que se acham congregados a esse Templo. Assim sendo, não existe dúvida sobre o ponto em que deve haver Sacerdotes. Afirmamos isto baseados no versículo 6, que diz o seguinte: “…e fez de nós uma Realeza e Sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele pertencem a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.”.
Cristo manda dizer a São João, por seu Mensageiro Solar Miguel, que escreva essas ordens. Não temos mais dúvidas de que devemos ter Sacerdotes a quem precisamos respeitar. Viu São João o Sumo-Pontífice com uma peculiaridade impressionante. Ela o descreve no versículo 14, assim: “Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam uma chama de fogo.”.
Em seguida, diz o versículo 15: “Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas”.
O versículo 16 fala ainda sobre o Sumo-Pontífice com tremenda majestade: “Na mão direita ele tinha sete estrelas, e de sua boca saía uma espada afiada, com dois gumes. Sua face era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.”.
Passo a passo, nos inteirando da significação dos versículos, encontramos as seguintes explicações: “Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve”, um ancião de quem não se sabe a idade; “Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha”, sem cinzas, pois, passara pelos séculos dos séculos, de Globo em Globo, chegando à Terra e se tornando Deus-Homem. “a voz como voz de muitas águas” – a sonoridade da Harmonia das Esferas.
O Apocalipse se achava à frente do Sumo-Pontífice, o Cristo-Solar. Esse tem, como sinal de Seu Reino, a coroa dos mundos – o Sol. Em Sua majestade, dirige a evolução e tem por símbolo de Sua dinastia, domínio e justiça as 7 estrelas em Sua mão direita. Cristo domina desde o Período de Saturno até o de Vulcano, desde o começo até o fim. Dirige os 7 Períodos em que Ele se acha como dador da Luz e da Vida. Sumo-Pontífice Ele é, pois, e tem em Si a voz de muitas águas – a Harmonia das Esferas – com dupla ação: a Harmonia que edifica e destrói a desarmonia. Da boca, lhe saía uma afiada espada de dois gumes, isto é, o Verbo cheio de entusiasmo e de Força Criadora, constante e dinâmica.
Os olhos são incomuns, fogosos, vendo tudo, ultrapassando as deficiências das criaturas; olhos que não perdoam a malignidade mental, a hipocrisia e a mentira, por serem opostas à Verdade. Olhos que fulminam o mal, mesmo tendo por Lei a tolerância. São olhos dos quais ninguém pode se ocultar. O Filho mostra na espada flamejante de Sua boca o Poder Criador e a vontade pelos olhos cheios de Luz. Esse é o protótipo de Sacerdote que São João viu, o Sumo-Sacerdote que constitui Sacerdote na Terra. Onde estão estes Sacerdotes? Poucos se encontram. Os Templos estão cheios de Escribas e Fariseus, de ídolos mortos-vivos; bonecos vivos e mortos vestidos com panos de seda de cores múltiplas e de ouro puro. O Sumo-Pontífice, porém, está vestido simplesmente com panos brancos e com uma cinta cor de ouro, e nada mais. O resto é vitalidade. Se um verdadeiro Sacerdote se levanta contra os Fariseus cegos, guiando outros cegos, o que fazem dele?
Enxotam-no do seu lugar, do seu Templo e crucificam-no. Acontece que, embora crucifiquem o Cristo todos os dias, a espada de dois gumes persiste nos escolhidos do Sumo-Pontífice. Estes continuam a se sacrificarem, como fizera Cristo pela humanidade. A sua linguagem é Fogo cheio de Vida e de entusiasmo, pois, sem esses atributos não existe sacrifício, nem instituição sacerdotal. Isto mostra o que São João viu, com referência ao Supremo Sacerdote, cujas qualidades devem estar nos que são os responsáveis pelo culto no Templo. Entusiasmo é o Verbo pronunciado com poder criador adquirido dos Planos Superiores em transmissão aos seres humanos, purificando-os de seus pecados. O Templo do Senhor é o Cosmos e cada sacerdote deve ser uma pedra no Templo Universal de seu Mestre. Bem fez Cristo ao responsabilizar o Apóstolo Pedro, pela Sua Igreja Universal. O que foi feito na Igreja universal, já sabemos. Quem passar com Cristo pelo fogo da fornalha purificadora da evolução conseguirá o sacerdócio por força do Verbo Divino que fala em seu coração, ou seja, o Templo Invisível de Deus. O resto será posto fora de ascenção, por falta do Verbo Vivificador.
A espada de dois gumes, bem afiada, vem nos dar como uma advertência, uma ordem, no sentido de que nos inteiremos da espiritualidade, para que possamos dar ao nosso Ego um ambiente divino. Caso contrário, este sucumbirá, se retardando a uma época anterior. Hoje seremos ensinados pelo Verbo Divino do Sumo-Pontífice e pelos Seus Sacerdotes, no sentido de que nos ambientemos e alimentemos do Corpo Divino de Cristo. Esse é o milagre que se opera em todo aquele que se beneficia da espada e dos olhos flamejantes em si mesmo, pela unificação das forças procedentes de seu corpo.
O Apocalipse é muito claro em sua expressão. Ele não nos ensina a nos tornarmos “doutores feitos em seminários e academias”, doutores de religião, títulos auferidos pelos seres humanos. Esses já conhecidos antes da era do Senhor, Ele dizia conter ninhos de víboras em seus corações. Destes jamais se necessitam em nossos tempos. Chegou o momento dos espiritualistas. A atividade do Verbo Divino deve ser demonstrada, assim como a sua Justiça e a sua Verdade. O Batismo de fogo do Espírito Santo cheio de entusiasmo da Páscoa, descrito nos Livros Sagrados, a vida íntima de cada Cristão esclarecido deve, como mais tarde poderemos verificar pela descrição das Cartas às 7 Igrejas, acabar com a maldade da indiferença da onda de vida humana. Os espiritualistas sabem e não se cansarão jamais de ensinar que Cristo é um Ser vivo, pois, aquele ídolo semelhante a um homem crucificado, não existe. Cristo vive e sempre será o soberano, tendo por Trono o Globo Solar. Diz São João: “Sua face era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.”. Estamos convencidos da presença de Cristo junto a São João ao pronunciar essa verdade.
Os espiritualistas sabem perfeitamente que, quando se fala de Jesus, não se refere a Cristo. Jesus é o filho de Maria e de José. Jesus é o renascimento do Espírito de Salomão. Aceitamos o ensinamento, segundo o qual os Corpos Denso e Vital de Jesus, aos 30 anos de idade, se achava a tal altura de desenvolvimento para receber a Iniciação antiga pelas águas do Rio Jordão e logo sentir o Batismo de Fogo do Espírito Santo que nunca mais o abandonou. Desde então, o Regente do Sol e da Terra, Cristo, passou a viver naquele Corpo Vital de Jesus. Compreendemos que na morte de Jesus os sofrimentos deste foram sentidos por Cristo, uma vez que estava intimamente ligado com ele. Cristo não podia morrer, pois, possuía – como possui – realmente, o Poder da Vida; era é o Espírito da Vida, e não da morte. Tem em Si o poder da transformação da morte em vida, como muitas vezes lemos nos Evangelhos. Explica-se isto o versículo 18: “o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades.”.
Cristo em Jesus teve ou sentiu a morte igual às dos seres humanos da Terra. O Corpo Denso de Jesus era feito de “barro”, ao passo que Cristo é do Sol, onde não existe a morte. Assim, pela Sua transferência a uma criatura terrena, transmutou as disposições biológicas, espiritualizando o Corpo de Jesus ao ponto de transformá-lo em incorruptível, o que não se verifica geralmente com os corpos dos seres humanos. Ele mudou completamente as densidades físicas do Corpo de Jesus, razão pala qual, como já sabemos, não mais foi achado esse Corpo Denso, depois da crucificação, Cremos, então, como o versículo 18 diz: “…estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades”, que não podendo Cristo e nem Jesus morrer, logicamente Eles se acham constantemente em nossas vidas e em atividades vivificantes, e ninguém mais pode morrer ou seja aniquilado no inferno. Afirma isto o versículo 17: “Ao vê-lo, caí como morto a seus pés. Ele, porém, colocou a mão direita sobre mim assegurando: ‘Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último’”.
Cristo nos ensina algo imensurável, nos mostra o Seu Poder infinito. Um círculo sem começo e sem fim, o Alfa e Ômega… constante; tudo que era, tudo que é e tudo que será. A sempre existência e a impossibilidade da morte. “São João caiu a Seus pés como morto”. Não pôde suportar a formidável visão, e o que fez Cristo? Colocou a Sua mão direita sobre São João, uma benção equivalente a um Batismo Espiritual, a transmissão de poderes espirituais, ordenando-lhe não mais temer. Na mesma hora, sentira São João a perda da sensação da morte, e ressuscitou. Soube, daí, a não existência da morte e do Hades, pois, lhe disso o Supremo: “Eu sou o Primeiro e o Último”. Significa isto evidentemente que Ele salvará a todos e só depois será o “último”.
Após essa visão, São João saiu fortalecido, escrevendo o versículo 19 que Cristo lhe ordenara: “Escreve, pois, o que viste: tanto as coisas presentes como as que deverão acontecer depois destas.”.
Averiguemos o que São João teria visto na presença de Cristo. Por força de sua consciência interna, foi transportado e ensinado a ver os acontecimentos do passado, do presente e do futuro. Passaram-se ante a sua visão os panoramas dos Períodos, das Revoluções e das Épocas, desde o começo até o fim. E por que tudo isso foi ensinado? Foi ditado a São João que ensinasse os acontecimentos futuros. Os Ensinamentos do Apocalipse devem ser ensinados aos Esoteristas e a todos aqueles que, de boa vontade, se tornem capazes de utilizar tais prescrições em suas almas, aprimorando, assim, seus renascimentos em tempos futuros. As Religiões futuras não mais ensinarão a necessidade do sofrimento para se alcançar o Reino de Deus. A aceitação da Força Divina de Cristo, por si só, destrói o sofrimento e um novo Ser se levanta dos escombros do passado. Aquilo que hoje se refere à morte, deve ser destruído, diz Cristo, pois, “estive morto, mas eis que estou vivo”. Vivo dentro de cada um. Somos ressuscitados desde que Cristo ressuscitou da morte, e cada um ressuscitará a seu tempo, pois, “Eu sou o primeiro e serei o último”.
Prosseguindo nos estudos sobre os ensinamentos de São João, passamos a explicar o primeiro versículo do segundo capítulo: Éfeso representa o primeiro ciclo da civilização da nossa Época Ária. Todas as Épocas estão subdivididas em 7 civilizações. Presentemente, estamos no quinto ciclo, ou seja, na Igreja de Sardes.
Logo no começo do primeiro versículo, observamos o seguinte: “Ao Anjo da Igreja em Éfeso, escreve:…”.
Observa-se estar a Carta dirigida a um Anjo e não a uma das Igrejas, como mais tarde acontece com as demais. Dirige-se a carta a um Anjo, o Líder de uma civilização que tem como nota dominante a natureza de seu próprio Líder, levando-a até que a aurora de uma outra civilização ressurja. Lembremo-nos de Jeová, o Deus de Raça, guiando os povos até a chegada de Cristo. Dirige-se essa carta a um Anjo que guia a civilização no surgimento da Época Ária, logo depois da submersão da Atlântida no Oceano Atlântico,
O versículo continua assim: “Assim diz aquele que segura as sete estrelas em sua mão direita, o que anda em meio aos sete candelabros de ouro.”.
Cristo rege os 7 Períodos, as 7 Revoluções de cada Período e, também, as 7 Épocas com os seus respectivos ciclos. Anda no meio dos candelabros da Igreja de Éfeso com a Sua Luz Espiritual, em defesa da evolução para iluminar internamente a humanidade. Os 7 candelabros têm a sua representação nos corpos, as “Luzes das Flores de Lotus”, assim conhecidas pelos hindus e denominados por Max Heindel de “Centros Espirituais”. Deve-se dizer a respeito desses Centros, que eles giram e fulguram em diferentes coloridos. Na civilização hindu, ou seja, na Igreja de Éfeso, os Centros Espirituais não estavam em condições de girarem assim como hoje, em nossa civilização atual. A inteligência não estava bem desenvolvida e, por isso, havia uma vidência negativa ou involuntária. A alma, naquela época, não estava autodinamicamente apta para se projetar aos Planos Superiores, como acontece com os seres devidamente educados sob o controle da Mente e da vontade. Somente os seres humanos santos conheciam as leis internas e sabiam se manifestar nos Planos Superiores. Observaram as Leis Divinas e trouxeram, das Hierarquias Angelicais, ensinamentos favoráveis aos seres humanos para o Mundo Físico e Mundo do Desejo. Eram intermediários entre os Deuses e os seres humanos.
O versículo 2 diz isto claramente: “Conheço tua conduta, tua fadiga e tua perseverança: sei que não podes suportar os malvados: puseste à prova os que se diziam apóstolos — e não são — e os descobriste mentirosos.”.
O versículo 3 reza assim: “És perseverante, pois sofreste por causa do meu nome, mas não esmoreceste.”.
Examinando ambos os versículos acima e respeitando a visão de São João, que na sua exaltação espiritual via o passado, verificamos o seguinte: aqueles que pereceram nas águas da Atlântida haviam exercido práticas espirituais invertidas, contrárias às Leis Divinas. Pela consciência espiritual, uma faculdade normal daqueles tempos, cada um se sentia autossuficiente em suas práticas transcendentais, pois, conheciam as Leis da Natureza, se sujeitando à uma vontade.
Os de Éfeso eram perseverantes por conhecerem a benignidade das Leis Divinas e foram os que se salvaram da malignidade atlante, preservando-se, em Éfeso, das máculas de seus antecessores. Respeitaram a Divindade e sujeitaram-se às Leis da Natureza, ignoravam o egoísmo, procurando viver como seres humanos em união com Deus.
Quanto aos falsos apóstolos-profetas, eles foram facilmente conhecidos e rejeitados, pois, entraram na penumbra atlante, imprópria, o que, entretanto, não se verificou com os verdadeiros profetas que desejavam o oposto, isto é, a vida com Deus, tendo anseios de Deus e dos Planos Superiores. Nesse ciclo, tudo que não era transcendental tinha o significativo de uma ilusão. Pseudos-guias da humanidade ensinaram a inutilidade da Terra e dos que nela viviam. Não acreditavam na beneficência de uma Terra santificada que os alimentava e nem se interessaram em cultivá-la para o seu próprio conforto. Viviam uma vida contemplativa, sem conforto e aguardavam a felicidade com a quase aniquilação e martirização de seus corpos precários, Naturalmente, tal forma de vida não os coordenava com as leis da evolução, que requeriam lutas e conquistas para os tempos futuros.
Fala nesse sentido o versículo 4, advertindo com todo rigor: “Devo reprovar-te, contudo, por teres abandonado teu primeiro amor.”.
Logo a seguir ensina o versículo 5: “Recorda-te, pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora. Do contrário, virei a ti e, caso não te convertas, removerei teu candelabro de sua posição.”.
Procuremos desvendar esses dois versículos, vendo o que significa “abandonar o primeiro amor”. Estamos no mundo do Amor de Deus e em nossas vidas transcendentais, amamos a Deus. A vida dos Atlantes era oposta a Deus, era egocêntrica, como já explicamos linhas acima. Não se amavam uns aos outros, isto é, não amavam a criação de Deus na Terra e Suas leis na natureza; abandonaram a Deus e Sua soberania na criatura, como também a Hierarquia que os guiava por ordem superior. Eles amavam somente a si mesmos.
A Época Ária começou da mesma maneira como terminara a anterior, mas notava-se uma atividade oposta. Tal como os Atlantes procuravam subjugar as Leis da Natureza com a sua astúcia, sujeitando a força divina na natureza às suas ordens e destruindo e anulando a vontade de Deus em Sua criação, os Hindus, também, se afastaram do Amor de Deus ao abandonar a luta pela conquista da evolução, tornando a Terra sem valor e desprezada, não obstante toda sua beleza. Os atlantes tomaram conta da Terra com o seu egoísmo e os hindus abandonaram-na por desinteresse. Na imaginação do Hindu formou-se a descabível ideia de que a Terra não tinha valor e não compensava lutar por ela. A vida na Terra era somente uma ilusão, pois, o Corpo Denso seria mais tarde abandonado, tendo a vida seu prosseguimento em corpos superiores, no Nirvana. Acreditavam ao mesmo tempo na santidade de todas as criaturas, surgindo daí a idolatria das vacas e dos elefantes santos. Não tocavam nesses animais para não caírem em desgraças. Aliás, ainda hoje na Índia existe essa crendice. Tudo era divino, menos o próprio corpo, por se tratar de concepção que o qualificavam de ilusório. Martirizavam, assim, o Corpo Denso, julgando-o um instrumento inútil. Assim aconteceu por força das concepções errôneas de que a Terra devia ser abandonada, Terra essa de que foi feito o precioso veículo denso pelas Hierarquias, pela Vontade e pelo Amor de Deus.
Eis, pois, a explicação sobre a advertência de que trata o versículo 4: “Devo reprovar-te, contudo, por teres abandonado teu primeiro amor.”.
Quanto ao versículo 5, adverte com repreensão: “Recorda-te, pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora. Do contrário, virei a ti e, caso não te convertas, removerei teu candelabro de sua posição.”, ou seja, o ciclo da civilização hindu. Só pela contemplação a Terra não poderia ser fertilizada porque o “homem feito de barro” deveria se utilizar dele em benefício de seu próprio corpo. Podia se beneficiar do fruto da Terra, do Espírito que a vivificava. Mostra o versículo a ordem de conquistar a bondade inerente à Terra e receber os benefícios do Espírito que anda no meio dos candelabros. Mesmo em nossos dias em que a civilização anda com passos largos, a Índia tende para as contemplações e idolatria das vacas santas. Nos últimos séculos essa tendência foi modificada. Swami Vivekananda[2] e Gandhi[3] emanciparam politicamente a Índia e, religiosamente, acharam caminhos para a concepção da Religião de Cristo. As novas gerações progrediram de acordo com a civilização, sem abandonar ao mesmo tempo a contemplação espiritual, formando, assim, uma fortaleza de paz em sua inteligência. Surge uma nova linhagem budista por reencarnação e se inicia uma lenta e perfeita revogação da desfavorável implantação das antigas castas e de suas leis dogmáticas e restritas. A abolição das castas por Gandhi mostra a influência do ocidente, como também da Religião Cristã, no oriente. A nova performance das ideias nos espíritos hindus une e amplia a vida social e científica de um grandioso povo com a evolução de todos os povos. O candelabro, que se achava na escuridão durante séculos, está agora brilhando com uma Luz Crística.
Segue-se o versículo 6, que confirma a exposição anterior: “Tens de bom, contudo, o detestares a conduta dos nicolaítas, que também eu detesto.”.
“Nicolaítas” quer dizer: “profetas falsos”. “Nicolaíta” foi uma palavra usada no tempo do Apocalipse, na Civilização Greco-Romana, tendo São João a empregado ideologicamente nos tempos passados. Ele chama de “profetas falsos” da velha Índia, os sacerdotes nicolaítas, pois, também no tempo de São João existiram sacerdotes sem escrúpulo, com a inverdade na boca, hipócritas e egoístas. Sabiam, com artifícios, enganar os crentes. Em nossos dias, embora estejamos longe da velha Índia e da Grécia, acontecem, infelizmente, as mesmas coisas, pois, existem ainda entre nós os nicolaítas. À margem da crença Cristã, existem a idolatria, as danças dos rituais da magia negra, a macumba com os sacrifícios dos animais que lembram a Atlântida; a primitiva Índia, o Egito e a Babilônia com os sacrifícios de animais em louvor a Deus; os Templos de Delfos da Grécia com a necromancia e a adivinhação dos obsidiados Druidas.
O Espírito se dirige a Éfeso com a certeza de ter se colocado em oposição aos nicolaítas, quando diz que Ele e os de Éfeso os odeiam. O ódio exprime, nessa situação, a luta contra as magias em detrimento da evolução. A luta dos espiritualistas se trava contra todos os artifícios nos cultos e, também, na política. Cristo dirigia a Sua palavra contra os sacerdotes, dizendo-lhes haver ninhos de víboras em seus corações. A política tem sua magia especial, a demagogia, o diabolismo da palavra. A massa popular facilmente se subordina à palavra diabolicamente aplicada, ajoelha-se e a adora.
Os primeiros sete versículos mostram, em seu resumo, os defeitos da vida contemplativa, deixando de realizar as obras necessárias em prol da futura geração do ciclo subsequente, isto é, da Igreja de Esmirna. A civilização acreditara na falsidade dos nicolaítas, para os quais a Mente se curvou. O Ego, em sua vontade de instrumentar seus corpos inferiores para as realizações materiais e espirituais, foi frustrado pela Mente inferior. As fraquezas do corpo carnal, os desejos e as emoções das partes inferiores do Corpo de Desejos, junto à Mente, tomaram posição contra a parte superior e positiva de uma vida verdadeiramente divina e abstrata. A vida consciente do Ego não chegou ao seu florescimento positivo. Grandes provas, tais como catástrofes e guerras, foram impostas à retardante humanidade, a fim de lhe abrir uma Mente com qualidade e discernimento.
O Apocalipse em seu versículo 7, formula uma advertência e, logo, uma sentença: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao vencedor, conceder-lhe-ei comer da árvore da vida que está no paraíso de Deus.”.
Muito bem! Aquele que tem ouvidos para ouvir os que falam por meio das profecias, ouça, porque fala o Espírito da Verdade às almas: “Aquele que vencer o mal, receberá o alimento do fruto da Árvore da Vida que se acha no Paraíso de Deus”, A “Arvore da Vida” é o Pai no Paraíso, que se constitui na absoluta pureza, de Quem o vencedor se alimenta. Somente aquele que tiver vencido a maldade, a ignorância e a Mente inferior e mentirosa, poderá, como vencedor, viver no Paraíso e desfrutar do alimento dado pela Árvore da Vida.
Mencionemos, a seguir, a quem as cartas foram dirigidas:
Após as 7 Cartas dirigidas às 7 Igrejas, ou sejam, às Civilizações durante a Época Ária surgirão, pela Lei da Precessão Solar, as 6ª e 7ª Épocas da 4ª Revolução do Período Terrestre. Cada Época com suas 7 Civilizações.
As palavras do versículo 8: “Ao Anjo da Igreja em Esmirna, escreve: Assim diz o Primeiro e o Último, aquele que esteve morto, mas voltou à vida.”.
Já sabemos que Cristo é o primeiro e será o último através dos séculos dos séculos. Mas, diz que foi morto, todavia, essa morte é bem diferente da nossa. Cristo não podia e nem pode morrer, senão jamais poderia viver. Não poderia Ele viver e nem o Cosmos, em sua complexidade e, por conseguinte, nem também em nós viver. Se, porém, admitimos a entrada do Espírito Solar na lenta vibração existente na Terra, significa, sem dúvida, um sofrimento para Ele. Como a Fraternidade Rosacruz corretamente ensina: “O Cristo sofre na Cruz da Terra”. O Seu Corpo é do Sol e não da Terra. A Sua morte temporária começou na mesma ocasião em que tomara o Corpo Denso e Vital de Jesus, quando do Batismo de Água no Rio Jordão. A Luz do Espírito de Vida tomou posse de um corpo terreno com vibrações opostas às do Sol. Bem sabemos o que aconteceu no ato da crucificação, quando Aquele magnificente Espírito Solar, ao se libertar do corpo terreno do sublime homem Jesus, iluminou de tal maneira o globo terrestre que chegou a ofuscar completamente a visão dos presentes, parecendo que o Sol se obscurecera.
Voltando nossas explicações sobre a Carta à Igreja de Esmirna, vemos que essa se dirige à Civilização Assírio-Babilônio-Caldaica, em cuja época não existiam sentimentos elevados. Formara-se uma luta pelo material, conquistando-se apenas valores terrenos em contraste com a Igreja de Éfeso, que era contemplativa. Foi conquistada a torre da Babilônia, representando a vida real-material. Essa civilização começou por procurar um Deus real, visível aos seus olhos: o Sol, a Lua e todas as Estrelas. A contemplação espiritual positiva era privilégio de poucos sacerdotes, em divergência ao ciclo anterior, onde existia a contemplação negativa das massas humanas. Naqueles tempos o Espírito Solar guiava, com a sua Hierarquia, a evolução na Terra, por fora, externamente. A Mente recebia melhores meios para se desenvolver e progredia, como ainda hoje progride, graças à constante influência das Forças Divinas suprassensíveis. Cristo se interpenetra incessantemente em nosso ser; pode-se, assim, atestar que a Sua constante morte, sempre presente em nossa existência, proporciona e beneficia a nossa evolução, a nossa existência em geral. Vivemos graças ao Seu enorme sacrifício. Ele morre para que vivamos. Bem diz o versículo: “o Primeiro e o Último, aquele que esteve morto, mas voltou à vida.”.
A salvação dos seres precede a “morte” do Espírito nas criaturas e só depois deverá vir a vivificação, a Ressurreição. Cristo se infunde no ser humano imperfeito e ressuscita nele o “Homem Divino”. O “Homem Espiritual” se encontra de maneira confusa, morto, mas deve viver em união com Cristo e, dessa forma, haverá salvação. Cristo vive assim no ser humano, como o ser humano vive em Cristo. Os espiritualistas sabem perfeitamente da união com Cristo ao falar sobre a comunhão. Não existe vida espiritual d’Ele separada. A desgraça da humanidade, em suas múltiplas formas, mostra não existir ainda união com Ele. As forças lucíferas, com a sua falsa luz, regem as Mentes dos responsáveis pela evolução, desde Babilônia até hoje.
O versículo 9 diz o seguinte: “Conheço tua tribulação, tua indigência — és rico, porém! — e as blasfêmias de alguns dos que se afirmam judeus, mas não são — pelo contrário, são uma sinagoga de Satanás!”.
Os Espíritos do bem e do mal surgem sempre com os seus defeitos e suas beneficências. Parece que um fio vermelho passa através dos tempos desde a criação até onde entramos, perfeitos, no Corpo de Deus. A falsa Mente deseja ignorar as Leis Divinas, procurando sempre impressionar pela ignorância caótica em que os semi-intelectuais facilmente caem. Deus, em Sua Onipotência, não quer em absoluto a submissão cega de Seus filhos, pelo contrário, deseja que eles conheçam as Leis Criadoras Universais que passam pelos próprios corpos desde os tempos remotos até o infinito. Os espíritos lucíferos rejeitaram esta Lei Divina e, por isso, fala o versículo: “Conheço tua tribulação, tua indigência”. A falsa luz blasfema contra tudo que é divino, empregando a mentira; Lúcifer é inteligente, dizendo de si mesmo ser judeu, um adiantado da evolução, um Iniciado, um criador. Diz bem o Apocalipse sobre esses “iniciados” pertencentes à Sinagoga de Satanás pela expressão da falsa luz de seus intelectos. Já nos tempos remotos babilônicos, se separaram os “homens de boa dos de má vontade”. O versículo faz referência aos de boa vontade: “és rico, porém!”. São ricos porque rejeitaram a má influência lucífera, seguindo as Leis Divinas Iniciáticas, a Inteligência Superior. A história nos mostra, com toda clareza, a destruição da Babilônia material, assim como em grande parte, a da intelectual. A Sinagoga de Satanás foi rejeitada e deu riquezas aos que se iniciaram de coração, como judeus.
Diz o versículo 10 o seguinte: “Não tenhas medo do que irás sofrer. Eis que o Diabo vai lançar alguns dentre vós na prisão, para serdes postos à prova. Tereis uma tribulação de dez dias. Mostra-te fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida.”.
Promete-nos esse versículo, para o futuro, uma vida coroada, uma vida diferente não igualável às passadas. Diz o versículo sobre as vidas passadas, que não podiam trazer a nossa soberania, antes que passássemos por sofrimentos e tribulações, caminhando sobre estes com as esperanças de conseguirmos a Coroa da Vida. O que é a Coroação da Vida? Não admitir e nem se entregar aos maus pensamentos, nem às sensações do Corpo de Desejos e emoções inferiores. Bem diz o versículo sobre esta particularidade de sofrimentos quando preconiza que “Eis que o Diabo vai lançar alguns dentre vós na prisão”, isto é, nos amarrar em nossas vaidades, em nosso egocentrismo, em apegos convencionais e nos aproveitarmos da ignorância do próximo para o nosso próprio bem estar.
Faz referência o versículo sobre tribulações de 10 dias. É claro que não se trata de 10 dias comuns. A conciliação entre o mal e o bem, não existe. Nós, Espíritos que somos, temos que nos salvar do mal e quanto tempo levaremos até recusá-lo, depende do reconhecimento de que o Salvador está constantemente batendo na porta do nosso coração. Ele bate 10 dias, desejoso de nos arrebatar do diabo que nos prendeu com suas algemas. A luta poderá durar um ciclo, ou mais, até que o Salvador nasça em nossas almas. Quem tiver passado fielmente os 10 dias até a morte das más qualidades desta civilização, receberá a Coroa da Vida, a soberania sobre esta e terá o ingresso à Nova Era. Isto acontece de civilização em civilização. A luta constante em si mesma e por si mesma sublima com o tempo todos os conhecimentos passados. Acolhidos são estes pelo Ego para mais tarde, em uma civilização posterior, aumentar o processo da purificação e de múltiplas coroações, como explica o Apocalipse.
Segue-se o versículo 11 com uma ameaça: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: o vencedor de modo algum será lesado pela segunda morte”.
Diz o versículo que “aquele que não vencer, sofrerá dano”, que significa a “segunda morte”. Qual é a primeira morte? A morte do Corpo Denso, necessitando, de tempos em tempos, renovação por sequentes renascimentos. A segunda morte se refere ao Corpo de Desejos. E por que morreria este? Já sabemos da intenção do Supremo Espírito que fala pelo Apocalipse, no sentido de que nos preparemos para a Iniciação. Para esse fim, devemos ativar o nosso Corpo de Desejos com sentimentos elevados e pensamentos puros. Como espiritualistas, conhecemos práticas meditativas e atividades caritativas que proporcionam aos corpos a devida elevação. Purifica-se o Corpo de Desejos e recebe a Mente a sua consequente luz. Estes são os fatores para a Iniciação.
Se acontecer o contrário, todos os Corpos não receberão o devido alimento e se agarrarão aos sentimentos infernais e pensamentos corruptos, razão por que ficarão esfomeados, atrofiados e, como resultado final, sofrerão a morte. Isso representa a segunda morte, o que equivale à perda da personalidade.
Esta carta nos faz lembrar Moisés ao levar o povo escolhido, os Semitas Originais, do Egito para fora das muralhas construídas com o suor e sangue dos oprimidos. Embora a massa humana estivesse ausente da influência egípcia, as forças malignas espirituais dos antigos opressores continuaram a repercutir na Mente desse povo. A falsa luz lucífera reinava ainda em muitas inteligências e, assim, reconstituíram cultos a deuses de barro e de ouro. Balaão continuava o influenciar mortalmente às várias tribos israelitas. As leis de Jeová não tinham ainda se apoderado da maioria do povo e por isso, houve, em parte, a idolatria, como também a prática de Balac da magia negra. Estendeu-se essa corrupção até a chegada de Cristo, o Supremo Iniciado do Sol. Na história, encontramos constantemente defeitos de uma civilização anterior nas subsequentes. Formas mentais do passado se mesclam com as novas, prejudicando a mentalidade e suas expressões mais elevadas. E assim, não só as leis de Jeová corriam perigo, como também, por intermédio dos israelitas, a futura doutrina de Cristo. A luta no âmbito material, bem como nos transcendentais da Magia Branca e Negra, tomaram posições contrárias. As Leis de Jeová, mesmo com características de leis, tiveram por base o Amor, como mais tarde se manifestou por Cristo.
Quanto à diversidade de concepções da Igreja de Pérgamo com a Egípcia, lemos no versículo 12 o seguinte: “Ao Anjo da Igreja em Pérgamo, escreve: Assim diz aquele que tem a espada afiada, de dois gumes”.
A espada representa a justiça e essa se pronuncia com o Verbo. Por sua vez, o Verbo impõe força à justiça, edificando, fazendo justiça de um lado e, ao mesmo tempo, destruindo o outro. Ajustando-se um lado, aniquila-se o outro, qual seja a injustiça. A Lei de justiça consiste em edificar. Sobre a mentira, não há possibilidade de construir, razão por que o Verbo da justiça se torna perigoso a ela, e seus adeptos serão, implacavelmente, destruídos. A Justiça Divina em seu poder benigno, destrói em sua função a tudo quanto se lhe antepõe.
Esclarece bem nesse sentido o versículo 13: “Sei onde moras: é onde está o trono de Satanás. Tu, porém, seguras firmemente o meu nome, pois não renegaste a minha fé, nem mesmo nos dias de Antipas, minha testemunha fiel, que foi morto junto a vós, onde Satanás habita.”.
Cumpre-nos explicar o que João de Patmos, São João Evangelista, nos ensina minuciosamente. Cristo se refere à sua fiel testemunha nos tempos de Antipas como o último Profeta dos Israelitas, qual seja, São João Batista. O adversário de Batista era o Antipas, chamado Rei Agripa e, também, Herodes. A função de São João Batista era clamar pelo deserto dos sentimentos corruptos, quando pregava o arrependimento e, finalmente, batizar e levar a coletividade às cercanias da justiça e do amor de Cristo.
São João Batista, mais tarde, conforme o Evangelho Segundo São Mateus, cap. 14, vers. 3 ensina, foi encarcerado por ordem de Antipas Agripa Herodes[4]. E não é difícil saber a causa: Herodíades, a mulher de Herodes, não era sua esposa legítima. Era casada com o irmão de Herodes, chamado Felipe e tinha uma filha, Salomé. São João Batista revoltou-se contra Herodes, reclamando que respeitasse a esposa de Felipe. O versículo 4 mostra-nos a revolta com as seguintes palavras: “Não te é permitido tê-la por mulher”.
Herodes, como soberano da Judéia, ordenou o encarceramento do Profeta. Sua intenção era matá-lo, mas não podia fazê-lo porque temia a revolta do povo, porém, a ocasião não se fez demorar, pois, o drama se apresentou com a festa natalícia do soberano. Os acontecimentos se precipitaram e encontramos na personalidade de Herodíades, uma sacerdotisa pagã dotada de conhecimentos das práticas da Magia Negra. Conhecia muito bem a força espiritual do asceta João, que era oposta à sua. Os tempos de Cristo já haviam chegado às portas e o novo advento surgia com os milagres do Batismo. Lembramo-nos das Iniciações de São João Batista há cerca de 500 anos A. C., quando vivia como profeta Elias. Já naqueles tempos Elias falava sobre o Salvador. Cristo, por sua vez, dizia aos Seus Discípulos que Elias se achava presente, os quais sabiam da identidade com São João Batista. Herodíades sabia da espiritualidade do Profeta e não tendo a faculdade de atraí-lo com a sua magia sexual, se apoderou dela um insensato ódio planejando daí a destruição dele. Ela sabia que, se pudesse obter partes do Corpo Vital em união com ele, aumentariam suas forças mágicas.
Aconteceu, na festa de aniversário de Herodes, que Salomé dançou diante de todos e agradou o soberano, tendo esse, como recompensa, prometido lhe dar o que pedisse. Salomé, instigada por sua mãe, pediu a cabeça do Profeta, no que foi atendida. Herodíades, recebendo a sangrenta cabeça de João Batista, procurou se aproveitar da parte etérica do Corpo, mas, em virtude da sublime vibração desse, não logrou realizar a sua intenção. As vibrações do Mago Branco não podiam ser aproveitadas pela Magia Negra.
Verificamos, a seguir, as explicações do versículo 13, seu ensinamento e a conclusão a que chegamos: o Trono de Satanás tinha ligação com a personalidade que se achava no Trono da Judéia, Herodes, a sua ilegítima mulher, e com a filha dessa, Salomé. Jorrou na caverna do Diabo o sangue daquele que conservava o Verbo Divino como Profeta, João, o Batista. Esse não negava os preceitos da máxima Verdade, o Cristo, e a Justiça do Velho Testamento e, por isso, foi decapitado. A história do acontecimento dramático mostra nitidamente três movimentos eclesiásticos daqueles tempos. De um lado, os Israelitas divididos em duas direções, uma, composta de esoteristas, ou seja, a linhagem dos Essênios e semelhantes a esses, e a outra, constituída de Escribas e Fariseus, escravos da letra e da hipocrisia. A luta entre as duas linhagens era constante. A Sabedoria ensinada no deserto não podia penetrar na ferocidade dos Escribas e Fariseus. Uns acreditavam nas Leis de Deus, e os outros, nas convenções prescritas dos tronos de sacerdotes falíveis.
Além desses dois movimentos, encontramos o terceiro constituído dos que se sustentavam dos sacrifícios do sangue proveniente da vida dos animais e dos seres humanos: o Paganismo, a Magia Negra e a Idolatria. Três movimentos ou cultos que se mesclaram constantemente.
O versículo 14 nos faz entender o acima descrito: “Tenho, contudo, algumas reprovações a fazer: tens aí pessoas que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balac a lançar uma pedra de tropeço aos filhos de Israel, para que comessem das carnes sacrificadas aos ídolos e se prostituíssem”.
Já sabemos que Herodíades e sua filha Salomé, se entregaram ao culto de Balaão. Nas orgias, as mulheres dançavam e se prostituíam. Salomé, conforme ensina o Evangelho Segundo São Mateus, cap. 14, vers. 3, dançou no aniversário do Herodes. Herodíades se prostituiu, pois, era esposa de Felipe e não de Herodes. Essas festas surgiram no Egito e passaram para a época e templos da Grécia e de Roma. São João, o Israelita, não só seguira as leis que proibiam a prostituição, como também, sendo profeta e não casado, conservou as forças sublimes que possuía em seu corpo. O fogo espiritual serpentino de sua coluna vertebral estava todo em seu poder e se dirigia contra o veneno luciférico da serpente Herodíades.
Nas orgias de Balac, comiam-se animais sacrificados aos deuses. Os Israelitas, entretanto, atenderam estritamente às Leis, não se servindo das carnes e das bebidas destinadas aos deuses e nem se prostituíram. As festas sensuais não conseguiram contaminar os Filhos de Israel daquele tempo, preservando seus sentimentos dentro do espírito de sua Religião.
A divergência, então existente, estava nas qualidades de São João Batista que preparara o caminho do Senhor, divulgando a Doutrina de Cristo, pregando o Batismo e o Arrependimento dos Pecados, isto é, o Novo Evangelho, antes do Seu advento. Muito claro está que se tratava de um revolucionário no culto e no ritual religioso daquela época. Mais tarde, o próprio Salvador disse que iria sofrer as mesmas ou parecidas consequências de São João Batista.
Esclarecendo melhor os sentimentos decadentes daqueles tempos, quando lemos o versículo 15 que trata sobre a revolta contra o Clero, a saber: “Do mesmo modo tens, também tu, pessoas que seguem a doutrina dos nicolaítas”.
Quem são esses que sustentam a doutrina dos nicolaítas? Os Escribas, os Fariseus e o Clero. Não só o Clero egoísta usurpava o povo, como também aqueles que se arregimentaram na casta dos políticos e da força armada. Era com o suor que o povo sustentava esses nicolaítas. Raramente o Clero se interessava amorosa e religiosamente pelos que sofriam, a não ser com pretexto para obter regalias.
O versículo 16 demonstra como o Espírito deseja lutar contra as castas divergentes da verdadeira religião e contra os nicolaítas em geral: “Converte-te, pois! Do contrário, virei logo contra ti, para combatê-los com a espada da minha boca.”.
Na sequência dos versículos, vemos algo surpreendente. Desenrola-se um acontecimento dramático. A primeira fase é uma ameaça à civilização anterior à aparição de Cristo. Claro é que tal ameaça se dirige a qualquer civilização. Ele disse: “Converte-te, pois!”. Cristo não fala mansamente e sim dá uma ordem! Essa frase não dá margem para não se arrepender da vida errada. Devemos, portanto, acreditar na ordem, porque o bom senso e a razão assim o exigem, senão, como a frase bem o diz: “virei logo contra ti”. Aí está a força da espada que alcança todos aqueles que não se arrependerem. A espada de Sua boca, isto é, o Verbo benigno-destruidor atinge a deplorável inteligência humana para destruí-la. Justifica-se essa destruição dos ídolos vivos e mortos. Os mortos e os ídolos não servem para levar a civilização à frente. Os nicolaítas e suas camarilhas guerreiam contra as exigências do “homem interno”, o Ego. O Verbo divino, porém, pouco a pouco, abria Caminho para a alma e o coração dos oprimidos, dos humildes de espírito. O Reino de Cristo a eles falava.
No versículo 16 temos a sensação de que uma tempestade purificadora se aproxima. O Temporal Espiritual faz sentir a sua imperiosa potência, destruindo a infestada moral e a intelectualidade perversa imposta pelos dirigentes do culto e da política.
Observando em seguida o versículo 17, após o Temporal Espiritual, nos ocorre um sublime sentir de alívio, um tema sinfônico transcendental: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao vencedor darei do maná escondido, e lhe darei também uma pedrinha branca, uma pedrinha na qual está escrito um nome novo, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.
Vejamos o significado dessas palavras. Chega-nos do Espírito uma promessa: “ao vencedor darei do maná escondido…”, no sentido de uma recompensa por uma boa conduta. Se o versículo faz referência a um “vencedor”, é porque antes houve uma luta. Isso mesmo, o vencedor luta antes contra a obscuridade mental e a cristalização dos sentimentos. A Mente devia ser sempre assim, como um cristal puro, favorecendo a transparência da função divina do Ego nos Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso. Tendo em mira o objetivo do Ego em entregar de sua vida Cósmica o Amor Paterno e não tendo meios adequados para se manifestar, por estar impura a Mente, é facilmente compreensível a sua impossibilidade de levar a criatura às alturas onde ele, o Ego, coopera e tem seu verdadeiro âmbito. Quem vence, então, nesse sentido, incorpora em si qualidades tais, que receberá como recompensa o Maná escondido, imaterial, isto é, o alimento espiritual. Fala o versículo sobre o “maná escondido” que ninguém vê. Todavia, a qualificação, o desligamento entre as partes inferiores e as superiores, dão o direito ao alimento divino, podendo a alma conhecer e ver com que será alimentada.
Prosseguindo, promete o Espírito dar uma Pedra Branca, sobre a qual será escrito um Novo Nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.
A Ciência Oculta ensina a intangibilidade do Ego. Essa é a Pedra que ninguém conhece e por ninguém é encontrada. Não tendo colorido algum, sendo de perfeita brancura e sobre a qual será escrito um Novo Nome, terá a consciência divina aquele que se transportar da imperfeição à perfeição.
Quem é perfeito? Somente aquele que se conhece dentro das Forças Universais, capaz de criar de si mesmo, vivificar a si próprio nos planos espirituais, como também se tornar um auxiliar das Hierarquias Criadoras. Esse reconhecimento das forças criadoras em si mesmo se constitui no Novo Nome, conhecido tão somente por aquele que O recebe.
Nesse ponto, encerra-se a carta dirigida à Igreja de Pérgamo.
Resumindo em poucas palavras tudo quanto fora dito: o Espírito dirigente desse ciclo de civilização espera a rejeição dos ídolos, da corrupção dos sentimentos, da insensatez, da injustiça, provocada por uma Mente astuta, enfim, a limpeza geral, a catarse da Alma para que possa obter a livre atividade do Ego, chamado então o “Eu Sou”, o Novo Nome que foi escrito sobre o Ego.
A terceira carta, dirigida à Civilização de Pérgamo, finaliza com o ensinamento da promessa em dar a pedra branca aos que vencerem as inferioridades da Mente e os instintos inferiores do corpo emocional. Foi ensinado estabelecer sentimentos positivos e elevados, como também pensamentos sublimes para mais tarde as almas encontrarem a união preciosa de seus Egos.
Terminada a Civilização de Pérgamo e havendo entrado na Igreja de Tiatira, a Civilização Teuto-Celta-Anglo-Saxônica, percebemos nessa, remanescentes características dos cultos do velho Egito, como também da Civilização Greco-Romana. As almas retinham ainda rituais dos tempos passados, que foram mesclados com os novos.
Percebe-se essa tendência quando lemos o versículo 18: “Ao Anjo da Igreja em Tiatira, escreve: Assim diz o Filho de Deus, cujos olhos parecem chamas de fogo e cujos pés são semelhantes ao bronze”.
Por esse versículo, manifesta-se pela primeira vez Aquele que fala, o FILHO DE DEUS. É uma surpresa acharmo-nos não só à Sua frente pela Sua palavra, como também em Sua presença. O Filho de Deus se manifesta a SI mesmo, apresentando-se em Sua majestade. Sentimos a Sua descida entre nós, chegando das Alturas para os seres humanos terrenos. Somente nessa civilização percebemos a Sua presença real, o que antes não acontecia. Por que razão? Por faltarem entre os seres humanos as devidas qualidades. Faltava o nexo, a união entre a alma e o Ego, o “EU SOU”. Somente depois de terem as almas conseguido unir-se com o “Eu superior”, o Filho de Deus descer à Terra desejoso de formar a Sua existência nas almas avançadas. Em Jesus-Cristo apresenta-se o Cristo, o “Deus no ser humano”. Coaduna-se por Lei Cósmica Deus e o ser humano. Praticamente, por assim dizer, não teria cabimento a separação entre Deus e a sua criatura, pois, se assim fora, existiria a desunião e o Egoísmo divinos. O que existe, no entretanto, é que as partes ainda falhas, isto é, ainda não desenvolvidas para a percepção divina, desviam o Ego de sua verdadeira Vida Divina. Até a 4ª Civilização não foi possível efetuar-se a ligação entre “Deus e o ser humano”, por expressar ela excessiva forma de personalismo. Isso excluía automaticamente o sentimento do Universalismo. A escravatura era o efeito daqueles que viviam a vida autocrática em prejuízo da coletividade, Deus estava “longe” e inacessível, razão por que se faziam imagens e se esculpiam deuses na Grécia e em Roma para que a multidão vivesse mais perto deles.
O anseio da massa em se comungar com um Deus e a maturidade dos espíritos pelos sofrimentos impostos pelos seus opressores, culminaram na descida do Filho de Deus, na 4ª Civilização. Não podia surgir somente em Espírito, pois, se assim sucedesse, não poderia se fazer conhecido. Não poderia, também, conhecer as dificuldades humanas, nem agir como Deus em forma humana realizando os milagres em Seus irmãos. Tinha de estabelecer de Si mesmo uma ponte entre as almas dos humanos e Deus. O Filho de Deus tinha o dever da promulgar uma doutrina em que não mais existisse a separação entre a criatura e Aquele que a criou.
Imaginando a forma descrita no versículo 18, perguntamos: Quem teria força suficiente para resistir aos Olhos de Chama de Fogo? Olhos flamejantes em espírito, invadindo todos os corpos, Corpos comuns não suportariam, mas aqueles dotados de uma preparação especial, almas equipadas com o poder e enriquecidas suportá-los-iam indubitavelmente. Essa imagem foi vista nos Céus e, assim, os Céus reclamam e proclamam em cada alma a vontade desses “olhos”. Assim como o Filho de Deus se apresenta ao Apocalíptico, igualmente deseja revelar-se a cada Ego.
O versículo fala ainda sobre os “pés semelhantes ao bronze polido”. Os “pés” fazem entender as partes inferiores que, uma vez atingido o estado de luminosidade, de luz incandescente, ou como o mesmo versículo bem o diz: “semelhante ao bronze polido” ou ainda como “se tivessem sido tirados de uma fornalha”, estariam automaticamente superadas.
Os tempos do Filho não mais se adaptam a tudo que é corrupção. As inferioridades e a escuridão não têm mais lugar. Isso é o que nos ensina aquele majestoso Ser que reluz com divino esplendor, propondo ao entendido unir-se totalmente com o “Eu superior”.
Prosseguindo, temos o versículo 19 que diz: “Conheço tua conduta: o amor, a fé, a dedicação, a perseverança e as tuas obras mais recentes, ainda mais numerosas que as primeiras”.
Fazendo uma retrospecção sobre o aprendizado até este ponto, encontramos o seguinte quadro:
Refere-se a 1ª Carta ao abandono do “primeiro amor”, mostrando a deficiência da vida contemplativa com o consequente abandono da terra e dos seus respectivos produtos, seu abençoado fruto.
A 2ª Carta apregoa a quem passar pelo ciclo satisfatoriamente e tenha nivelado de forma favorável à sua vida emocional, não sofrendo a “segunda morte” e o aniquilamento de seu Corpo de Desejos.
A 3ª Carta ensina que aquele que passar pelas provas anteriores, perseverando e insistindo em aumentar as qualidades da Mente e do Corpo Emocional, receberá a “pedra branca” com o novo nome, a consciência do seu Ego.
A 4ª Carta, em apreciação, que representa a 4ª Civilização da 5ª Época, ou seja, a Ária, mostra-nos com toda majestade, conforme bem o diz o versículo 18, o Filho de Deus na Terra.
O versículo 19 resume em si tudo o que se passou até essa civilização. Expomos a seguir os seguintes pormenores: reconheço os teus esforços em benefício da tua evolução. Sei como suportaste os sofrimentos até conseguires retomar o amor pela Terra, quando estavas em contemplação dos planos superiores. Sei que tiveste desviada a beleza dos Céus para poder te aplicares, material e fisicamente, na transformação da Terra crua. Elogio a tua paciência e provações que sofreste contra aqueles que desejaram desviar a tua atenção do Teu Deus e da Tua Fé. Tens te beneficiado da tua Mente, última conquista, última obra tua, conseguindo atrair a mim o Filho de Deus em teu EU. Foste comigo libertado da escravidão e de toda a inferioridade.
Até este ponto, encontramos no Apocalipse a satisfação sobre os efeitos conseguidos, mas, surge um contraponto em detrimento ao exposto no versículo 20, que diz: “Reprovo-te, contudo, pois deixas em paz Jezabel, esta mulher que se afirma profetisa: ela ensina e seduz meus servos a se prostituírem, comendo das carnes sacrificadas aos ídolos”.
A seguir, damos algumas explicações, recapitulando os ensinamentos já mencionados, tendo em vista a importância de que se revestem.
Sabemos como foi possível ao Filho de Deus manifestar-se. Havia chegado a época em que os corpos humanos puderam receber maior afinidade com o Espírito, começando uma completa modificação para aqueles que estavam preparados para uma vida divina. O homem-animal-emocional tem que ser posto fora de ação para que, futuramente, possa se abrir nele o Reino dos Céus. Esse Reino foi primeiramente visto por São João em sua clarividência. Ninguém pode ver à vontade, mas, nos “Olhos de Fogo” e na “Espada saindo da Boca’, São João pôde vê-lo. Uma nova forma de vida, cheia de luz, aproximava-se, impondo uma experiência divina. A vontade dirigida pelo intelecto, por um intelecto puro e não pela destrutiva emoção. Mas, essa Mente deve ser educada. Já na velha Atlântida tinha a sua função, mesmo agindo astuciosamente. O intelecto acha-se hoje em nebulosidade, incerto, em atividade de uma lógica estreita, restrita e encurralada em limites, o que, aliás, não acontece com uma Mente poderosa que desconhece completamente qualquer limitação e vive em Deus. Entretanto, se a Mente caminhar sem nexo divino, os sentimentos, pensamentos e ideais sublimes facilmente destruir-se-ão pela injustiça da lógica sem luz. A história nos mostra claramente esse defeito da humanidade. Metodicamente ensinava-se, e ensina-se atualmente, a injustiça nas academias da lógica. O Apocalipse chama esse fenômeno da Mente ilógica, sem escrúpulo e sem verdade, de prostituta Jezabel. A Mente fria e somente cerebral, não se interessa pelo que é belo, filantrópico, cordial e verdadeiro. Com a sua luz falsa, procura mostrar-se interessante em seu vocabulário fascinante, porém, vazio, atraindo tudo quanto é benigno, para depois enganar.
A Igreja de Sardes (Época Ária e Civilização Teuto-Anglo-Saxônica) é a mais baixa das civilizações, O que se passa em nossa coletividade, no civismo em comum, é de entristecer. Jezabel reina com toda a sua perversidade e mesmo aqueles que a conhecem encontram dificuldades para se esquivar dela. Poucos são os que podem salvar-se. Muitas são as escolas que ensinam calculadamente a intelectualidade fria, os preceitos do “eu” inferior. Jezabel, a Mente falsa, profetisa de um falso deus, cria milhares de ídolos mentais com os quais sacrifica a verdade, alimentando-se das deformações das verdadeiras ideias e dos pensamentos desvirtuados do seu valor real.
Chegamos ao versículo 21, que diz: “Dei-lhe um prazo (a Jezabel) para que se converta; ela, porém, não quer se converter da sua prostituição”.
No período de Saturno nos foi dado o protótipo de um Corpo-Químico-Físico com a sua incorporada parte do Espírito Divino; no Período Solar, o protótipo do Corpo Vital com a sua parte superior de que se alimenta, ou seja, o Espírito de Vida, e no Período Lunar, as Hierarquias formaram o protótipo do seu Corpo de Desejos com a sua parte superior do Espírito Humano. Chegou a hora do Período Terrestre, no qual recebemos a Mente. Já se movimentou o nosso Globo por 3 1/2 Períodos de sua evolução total, desde o Período de Saturno, e cerca de 3 1/2 Revoluções, tendo já passado por 4 Épocas, encontrando-nos, atualmente, na 5ª, Civilização Ária das 5 Épocas, ou seja, na Igreja de Sardes.
Na Igreja de Tiatira, a Mente foi intimada a arrepender-se e abandonar a idolatria, pois, livrando-se dessa, alcançaria a luz, e a nuvem que ainda se acha à sua frente, desapareceria, recebendo então, a libertação para os planos superiores. Atrás da nuvem, existe a verdade.
Analisando o versículo 22, fala-nos ele sobre coisas horríveis que possam advir: “Eis que vou lançá-la num leito, e os que com ela cometem adultério, numa grande tribulação, a menos que se convertam de sua conduta”.
Essa advertência é dirigida à nossa civilização, qual seja, a Teuto-Anglo-Saxônica. Diz no referido versículo o Espírito das Igrejas: “Eis que vou lançá-la num leito”. Isso quer dizer que a Mente será imobilizada, cristalizada ou impossibilitada de pensar. Não só a nuvem existente turvaria a luz que se acha à sua frente, mas, também, a escuridão mental, a loucura e o cretinismo forçariam a Mente a recuar de seu verdadeiro estado. As futuras civilizações requererão da Mente sério empenho no conhecimento da música e da matemática, obrigando-a a pensar em cousas abstratas. Não queremos com isso dizer que não existam almas em nossa civilização atual que se dediquem a tais atividades. De fato, existem, entretanto, em nosso caso, necessário se torna que haja por parte da maioria dos seres humanos maior empenho nesse sentido, tendo em vista a futura civilização. A Mente só poderá adquirir a máxima capacidade quando tiver treinado devidamente as qualidades mencionadas. Os ocultistas em nossos dias já fazem, em parte, esse treinamento.
Pelos acontecimentos do último milênio, pode-se demonstrar os danos causados pelo pensamento mal dirigido. As guerras da Era Cristã mostram-se mais ferozes do que na idade do Paganismo. Inventaram, os mentalistas, e continuam inventando, terríveis engenhos para aniquilarem os seus semelhantes. A loucura tem suas raízes naqueles que pensam em matar. Não é com a Mente que se pensa? O resultado provém da causa e depois, quando se examina as estatísticas de enfermidades ocasionadas por pensamentos inadequados, verificamos as moléstias envolverem cerca de oitenta por cento dos nossos semelhantes. De todas essas coisas adverte-nos a Civilização de Tiatira, antecessora da nossa. Não obstante, muito pouco aprendemos, pois entramos mais ainda no materialismo e na discordância comum. No que concerne à parte de civilização, demos um passo à frente, porém, atrasamos cultural, estética e religiosamente.
Como complemento ao versículo 22, diz o seguinte, o 23: “Farei também com que seus filhos(?) morram, para que todas as Igrejas saibam que sou eu quem sonda os rins (a Mente) e o coração; e a cada um de vós retribuirei segundo a vossa conduta.”
“Farei também com que seus filhos(?) morram”, isso é, os filhos da Mente, aqueles que foram criados na prostituição e não os do verdadeiro matrimônio por sentimentos da Verdade. As invenções malignas, como já sabemos, originam-se de uma inteligência desviada. Esses são “os seus filhos” que devem ser reconhecidos por todas as Igrejas futuras como os seus antepassados, que se perderam no labirinto dos erros do mal pensar. Diz o Espírito que “matará esses filhos do mal”. O que significa essa advertência? Já falamos sobre esse ponto anteriormente. Não obstante, julgamos necessário dar ainda as explicações abaixo.
A Mente que tenha se desvirtuado de sua verdadeira função não mais direito terá de se aplicar em futuras civilizações, conforme já se faz sentir presentemente. Essa Mente infrutífera será posta em letargia. O Espírito, com a sua Hierarquia, não conseguirá levar as Mentes incapacitadas para a frente. Se falássemos de uma genética mental, diríamos de um incesto destruidor, determinando a aniquilação da Mente. Olhando os hospitais de demência infantil, como também os de adultos, encontramos uma demonstração clara e insofismável daquilo que o Espírito ensina a respeito dos “filhos da Mente prostituída”.
Diz o Espírito “sondar a Mente e os corações”. Bem, aí está claro. Aquela Mente não contaminada, sabe da caridade porque o seu coração vibra em amor. Essa venceu o curso, sendo levada, portanto, em constante ascensão nos tempos. Recebe, como propalado foi, “segundo as suas obras”, em nosso caso, o aumento das faculdades mentais.
Seguindo o Apocalíptico no versículo 24, vemos aproximar-se um acontecimento fúnebre. Fala o Espírito: “Quanto a vós, porém, os outros de Tiatira que não seguem esta doutrina, os que não conhecem “as profundezas de Satanás” — como dizem —, declaro que não vos imponho outro peso”.
Expliquemos: “Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira”, isto é, os da Igreja Greco-Romana. Aqueles que continuarem a usar a mentira, não se sujeitando à verdade de uma Mente pura que o seu Ego lhe deseja impor, tais abomináveis intelectuais, intérpretes de negociatas com a palavra de Deus, que preferiram negociar com as profundezas de Satanás, corrompendo, assim, a Mente e fazendo confusão entre o bem e o mal, “não vos imponho outro peso”. O peso dessa carga já é suficiente para não alcançar a era que segue a esta.
Afirma esta explicação o versículo 25: “o que tendes, todavia, segurai-o firmemente até que eu venha”.
Refere-se o versículo 24 àqueles de pensamentos desvirtuados que terão, por insuficiência mental, a falta de meios necessários para se dominarem na nova Era, a Igreja de Sardes. Vem nos ajudar o versículo 25, dando-nos uma coragem propícia. Diz sobre “o que tendes, todavia, segurai-o”, armazenando em nossa Mente, juntado em todos os ciclos até hoje, que não devemos perder até que Ele venha.
Procuremos ampliar nossos conhecimentos com o versículo 26: “Ao vencedor, ao que observar a minha conduta até o fim, conceder-lhe-ei autoridade sobre as nações”.
As obras, a que o versículo se refere, significam o “Espírito de Amor”. Aquele que vencer os males, tendo incorporado em si as obras do bem, destruindo a maldade de sua Mente, “conceder-lhe-ei autoridade sobre as nações”. Terá poder sobre as nações em que sentido? “Aquele que contém em si as obras de amor desconhecem a separação entre os seres humanos, entre as nações e entre toda a onda de vida humana”. O adiantado da civilização, revestido de uma cultura interna, desconhece o que se denomina pelo vocábulo “separação”. Não existe essa separação e sim a “união” com a qual dominará sobre ou dentro das nações, vivendo em todas elas, onde imperará a verdadeira Fraternidade. Essa civilização ainda não existe, porém, virá com o ciclo chamado pelo Apocalíptico de “Igreja de Filadélfia” ou de “Época de Aquário”, como a denominam os esoteristas.
O versículo 27 dá expressão positiva e sem reservas quanto ao comportamento daqueles que firmemente se propõem viver em seu íntimo sob a luz da justiça. Diz o versículo o seguinte: “com cetro de ferro as apascentará, como se quebram os vasos de argila”.
Levando a efeito a aprendizagem durante os diversos ciclos, o ser entregou os respectivos requisitos à sua Mente a fim de conhecer de perto a justiça, Fala-se no versículo sobre “cetro de ferro”, cetro da justiça com o qual não somente Cristo rege a totalidade dos seres, mas, também, cada um haverá de se reger a si próprio. Esse será um fiel das potências Hierárquicas, pois, rege em si a favor de Deus. Esse será chamado o “justo”, reduzindo a pedaços, como se fossem objetos de barro, todo o convencionalismo, a hipocrisia, a mentira e a injustiça. Feitos de barro, por não ter resistência alguma, desfazendo-se facilmente em pó e nem se conhecendo mais, se foi ou não um objeto.
Cristo, por Sua vez, recebera ordem de Seu Pai para salvar a humanidade. Derrubar as concepções errôneas ideológicas das sociedades que se dizem temporárias e não temporárias eternas. Parece que as castas prepotentes ainda não se extinguiram. Esotericamente, pode-se dizer já estarem se extinguindo tais sociedades erradas. Entretanto, esotericamente, ainda existem seus esqueletos, faltando-lhes a alma. “Já está posto o machado à raiz das árvores”; assim ensina o Apocalipse. Espera-se dos espiritualistas que ajudem o Espírito das Igrejas a derrubar os vasos feitos de barro.
Chegamos, finalmente, ao versículo 28 da Igreja de Tiatira em que ouvimos a seguinte promessa: “conforme também eu recebi de meu Pai. Dar-lhe-ei ainda a Estrela da manhã.”.
O versículo 29 diz: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.
Que promessa extraordinária. Aquele que tiver cumprido a ordem, ou as ordens, imprescindíveis que são para a passagem à Nova Era, adquirido os poderes da alma e da Mente, unindo-se com o seu Ego, apresentando-se ao seu Cristo interno, da mesma forma como a estrela da madrugada se apresenta ao Sol nascente.
Chegamos, assim, ao término da 4ª Carta dirigida à Igreja de Tiatira.
Na 4ª. Carta dirigida à Igreja de Tiatira, nos ensinou o “Espírito possuidor de Olhos como de Fogo”, que temos o poder e vontade em nosso divino Ego e que, como portadores dessas qualidades, acabemos com os preconceitos gerais, tais como os familiares, os coletivos, os religiosos e os de doutrinas, cujos derivados terminem em “ISMO”, a saber: nacionalismo, racismo, materialismo, idealismo, socialismo, catolicismo, rosacrucianismo e milhares e milhares de “ismos”. E por que motivo devem acabar? O Poder da Vontade em sua pureza divina e a Mente colocada em sua luz mais bela e justa, não mais necessitarão dessas instituições julgadoras, caritativas e educadoras. Tais “ismos” não significam outra coisa, senão fraquezas e, desse modo, ídolos mortos da Mente. Disse Cristo a esse respeito mui claramente: “E todo aquele que tiver deixado casas ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna.”[5]. Com essas palavras ficou, indubitavelmente, demonstrada a nossa universalidade, a nossa divindade infinita, senão jamais poderíamos entrar na infinitude divina, na qualidade de Ego que somos.
A Igreja de Sardes trata da Civilização Teuto-Anglo-Saxônica que se iniciara com a presença de Cristo e cujo término se dará quando o Sol, por Precessão, entrar no Signo de Aquário. Assim como a Era Teuto-Celta foi anteposta à Greco-Romana, a Teuto-Saxônica antecede à Igreja de Filadélfia, ou seja, à 6ª Civilização.
Como todas as civilizações nos fizeram cientes de não haver evolução repentina, mesmo que as constelações estelares mostrem as suas culminações exatas, reconhecemos, pelas forças que se conjugam antes de um ciclo acabar e um novo começar, a atração de suas qualidades. As almas que entram na arena de sua existência trazem, por Lei do Destino, afinidades com a civilização vindoura. Outras, aferradas ainda aos ciclos anteriores, mostram características de concepções passadas. Assim, existem mesclas e com essas as revoluções no campo civilizado. Resíduos anímicos desfavoráveis da velha Roma foram levados à Celta, Igreja de Sardes, à qual foram impostos o imperialismo, o materialismo e a brutalidade do capitalismo, como também a idolatria. Parece que no primeiro milênio Cristão nada se sabia daquilo que se chama Cristianismo. No começo e até a metade do segundo milênio, eram os regentes “homens sem coração”, assemelhando-se mais a monstros em corpos humanos. Tinham esses “monstros-Cristãos” a mesma tendência daqueles que viviam na velha Roma, como pagãos. Os próprios Cristãos eram os que por “amor a Deus” colocaram em cena os massacres religiosos e raciais, constituindo-se num de seus mais agradáveis divertimentos incendiar os corpos vivos dos que eram condenados como feiticeiros. O pretexto era “salvar” as suas almas enquanto seus corpos sofriam no fogo. Contrastando com tais acontecimentos horripilantes, faziam-se sentir almas de boa-fé que procuravam sua salvação na doutrina de Cristo. Os Templários, cavaleiros existentes anteriormente às Cruzadas, usavam embaixo de suas pesadas couraças um talar branco com uma cruz vermelha e, por serem opostos à doutrina teológica, o Clero exterminou-os. Os Templários eram esoteristas. O Clero era contrário, devido a um rito que não compreendera. Quando um cavaleiro ingressava na estirpe dos Templários, tinha que demonstrar visivelmente a sua aversão ao Catolicismo, isto é, ao paganismo católico. Traziam-lhe um crucifixo que, ao ser posto no chão, tinha que ser pisoteado, demonstrando o cavaleiro, assim, ser contrário a um deus morto. Antes dos Templários, os Muçulmanos, já 500 anos depois de Cristo, revoltaram-se contra as exigências contrárias aos Ensinamentos de Cristo Jesus. A célebre “Távola Redonda”, antecessora dos Rosacruzes, estivera em constante luta contra a hierarquia dos clérigos, por estarem esses destituídos do senso religioso. Dos múltiplos sofrimentos, renascera uma nova forma de pensar. O grito para salvar o Cristianismo surgia de todos os cantos. A música e a pintura trouxeram louvores a Deus, não superadas até hoje. Sociedades de ensinamentos Místicos surgiam por toda a parte. Menestréis e Alquimistas levantavam a sua voz. Em 1378, como que de repente, fez-se ouvir Cristian Rosenkreuz, Angelus Silesius, Jacob Boehme, Paracelso, Bacon, Swedenborg e muitos outros que ergueram bem alto a bandeira a favor de Cristo; figuram ainda nessa lista contra os hipócritas, o célebre Huss e Martin Lutero. Retrocedendo para os tempos logo depois de Cristo, houve sérias divergências entre os Israelitas. A aceitação da doutrina de Cristo Jesus separou a sociedade, pois, no começo até o apóstolo São Pedro rejeitou a São Paulo. Os circuncidados, também chamados circuncisos, não aceitaram como judeus aqueles não circuncidados. Naqueles tempos havia em Jerusalém somente judeus crentes, não pagãos. Os pagãos não eram considerados como crentes, como hoje, também o Catolicismo não aceita outras crenças como religiosas. Os doze Apóstolos eram circuncidados, israelitas lutando por aquela ainda não definida nova Sociedade de Cristo. A divergência não só se verificava entre os da Fé, mas também entre os bárbaros romanos e os bárbaros pagãos teuto-anglo-saxões. Na floresta de Teutoburgo, no ano 9 D.C., os exércitos romanos foram liquidados, o que valeu por uma limpeza no cérebro dos mandatários romanos, senhores do mundo da idade em transição. Os judeus Cristãos tomaram posição contra os romanos. De um lado lutaram os Apóstolos fiéis aos conceitos de Cristo, pelo amor e perdão, do outro, ao mesmo tempo postos em pânico os poderosos de Roma, pela destruição de seus exércitos. O poderio romano foi destruído nos dois planos, isto é, de um lado, a impotência dos exércitos e do outro, pelos israelitas Cristãos e pagãos-Cristãos, no próprio coração do Império. Roma foi derrotada no seu plano real-materialista, como também no anímico-espiritual. Roma se rendeu. O Cristianismo pregado pelos Apóstolos tomou posição no Reino Romano, pondo Cristo-Rei no seu devido lugar de culto; os deuses feito gente, os Césares do Paganismo Idólatra, perderam as suas “cadeiras divinas”. Foi ordenado pelo “homem descoroado” a aceitação da Religião Cristã. A coletividade se sujeitou a essa ordem, para a qual, entretanto, não estava madura. Por ordem governamental, recebera o batismo de água, mas, intimamente, continuava a idolatria do paganismo. Com esse recurso, César ganhou uma batalha ideológica. Favoreceu o constante crescimento das fileiras Cristãs, não esperando uma revolta aberta contra o seu regime. Ele permaneceu no seu trono e com ele, mais um trono. Deus, na concepção do paganismo, precisava de um representante na Terra. Os Neo-Clérigos Cristãos, cheios de egoísmo da velha concepção pagã, colocaram e colocam ainda hoje, pessoas falíveis sobre um trono de ouro, forrado de seda púrpura, dizendo ter direito de julgar os seres humanos na Terra, por ter a primazia de ensinar a única Religião Universal.
Após esse ligeiro histórico, chegamos à Carta dirigida à Igreja de Sardes, que vem demonstrar não haver falhas no Império de Cristo. Deus não poderia e nem pode revogar as Suas Leis. O Seu plano deve ser posto em execução dentro das marchas das Igrejas, ou ciclos; as dívidas contraídas no passado devem ser apagadas, pois, não haverá no futuro possibilidades para as extinguir. Os irrealizáveis renascimentos frustrariam a transformação dos corpos inferiores em superiores. Os constantes renascimentos sempre trazem melhoramentos. A conformação terrena com o lado biológico, geológico e geográfico, futuramente, não mostrará a densidade como é a de hoje. Consta que aqueles que não pagarem as suas dívidas, enquanto houver possibilidades, sofrerão retardamento em sua evolução, o que seria uma recompensa amarga da justiça divina.
Adverte sobre esse acontecimento o primeiro versículo do terceiro capítulo, a saber: “Ao Anjo da Igreja em Sardes, escreve: Assim diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas. Conheço tua conduta: tens fama de estar vivo, mas estás morto.”
“Sardes” é a nossa civilização, razão porque devemos valorizar e aproveitar ao máximo os seus ensinamentos.
No segundo capítulo já se falava sobre as 7 estrelas, significando os 7 Períodos, desde o de Saturno até o de Vulcano.
Quanto ao terceiro capítulo, esse se refere aos 7 Espíritos de Deus sobre os quais trataremos a seguir. Para esse fim, devemos nos lembrar dos Períodos e como os 7 Espíritos se manifestam nos diversos Astros. Preliminarmente, torna-se necessário que saibamos de que material foi feito o ser humano. Em cada Período se apresenta um novo material especial. Coerentes, os materiais formados do próprio Espírito de Deus ligados entre si, formarão o ser humano. A união dos corpos entre si se aperfeiçoa com o avanço de Período para Período. Unem-se os corpos e veículos adquiridos com os que serão juntados, representando, assim, os 7 Espíritos de Deus.
Elucidando o acima exposto verifica-se, conforme ensinam os Ensinamentos Rosacruzes, ter sido, no Período de Saturno, emanado o protótipo ou pensamento-forma do Corpo Denso – formado de material da Região Química do Mundo Físico –, que significa o primeiro Espírito de Deus dado à humanidade. No Período Solar, recebemos o segundo Espírito, ou seja, o protótipo do Corpo Vital – formado de material da Região Etérica do Mundo Físico. Na terceira Estrela, Período Lunar, recebemos o protótipo do Corpo de Desejos – formado de material do Mundo do Desejo –, representando o terceiro Espírito de Deus. Na quarta Estrela, o Período Terrestre, adquirimos o quarto Espírito o protótipo da Mente – formado de material da Região Concreta do Mundo do Pensamento. Assim, vamos adiante para as restantes três Estrelas, ou sejam, os Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, que desvendam os Espíritos ocultos em nosso ser. No fim das 7 Estrelas, teremos em nós os 7 Espíritos em perfeita harmonia. Seremos perfeitos, assim como perfeito é Ele, Deus.
Isso tudo está bem detalhado no Diagrama Os Sete Dias da Criação, que correspondem aos Sete Grandes Períodos Cósmicos, extraído do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, de Max Heindel, conforme abaixo:
Passamos, agora, a recapitular os nomes dos Corpos-Espíritos obtidos nos respectivos Períodos-Estrelas, devido à importância de que se revestem:
No Período de Saturno apresenta-se a primeira Estrela com o Primeiro Espírito, o pensamento-forma do Corpo Denso com o Espírito Divino no ser humano.
No Período Solar, surge a segunda Estrela com o Segundo Espírito, o pensamento-forma do Corpo Vital, com o Espírito de Vida.
No Período Lunar, a terceira Estrela com o Terceiro Espírito, o pensamento-forma do Corpo de Desejos, com o Espírito Humano.
No Período Terrestre, apresenta-se a quarta Estrela com o Quarto Espírito, o pensamento-forma da Mente.
Conforme demonstração acima, manifesta-se em cada Período um Corpo inferior ligado ao seu veículo superior, perfazendo, assim, dois veículos em cada Estrela, ou seja, um total de 6 Espíritos durante os três Períodos: Saturno, Solar e Lunar, os quais, adicionados à Mente, que se apresentara no Período Terrestre, temos então os 7 Espíritos de que trata o versículo primeiro.
Explicaremos, a seguir, a segunda frase do primeiro versículo: “…Conheço tua conduta: tens fama de estar vivo, mas estás morto.”
Nessa frase, o Apocalíptico concentra os seus conhecimentos mui resumidamente sobre as ocorrências passadas. Dividi-la-emos, a seguir, em três partes para melhor compreensão:
1ª: – Qual é a sua conduta? É aquela oriunda da execução dos nossos serviços, por meio de obras, fatos e atos, no plano material, como também no espiritual, desde o Período de Saturno até hoje. Quanto mais serviço executado dentro das civilizações, tanto mais cultura interna obtida.
2ª: – O último serviço por nós executado foi receber um “nome” que ninguém conhece, exceto aquele que o recebeu, o “Eu Sou”. Em outras palavras, o “Conhece-Te a Ti Mesmo”, a inteligência dizendo de si mesmo: “Eu tenho a Existência” em mim mesmo; sou individual (indivisível), separado das outras individualidades. Esse reconhecimento foi a última obra adquirida, embora o conhecimento sobre si mesmo se aperfeiçoe nos próximos ciclos. Mas, já temos o “nome” com que vivemos, que está em nosso Ego. O Ego é essencial e não tendo corpos diferentes, se constitui na verdadeira Vida. Vem de onde? Do Cristo, da Trindade Una de Deus. Sua Vida é a nossa, recebida por Sua Luz, se tornando a vida de cada ser humano. Vivemos à custa de Cristo em nossos Egos.
3ª: – A terceira frase do versículo diz: estão mortos os que vivem. De fato, a Igreja de Sardes parece morta, pois, todas as maldades que cometemos, e recebemos em troca a dor, vistas pelas experiências superiores, não podem ser chamadas de “vida”. O Espírito está praticamente morto nesta época decadente. Se não existissem alguns de boa-vontade e de grandes qualidades espirituais, a humanidade já há muito tempo teria deixado de existir. Hoje em dia é fácil a extinção das pessoas em massa. Estamos vivendo quase que afogados no materialismo cristalizante. Parece ser o mundo uma necrópole, arrebanhando desde já os vivos. São João Evangelista, na visão que tivera, pôde observar os quadros dos acontecimentos do século XX, vendo a cristalização da Mente. Em nossos dias existem computadores que sabem calcular, multiplicar, somar, subtrair, testar qualidades de material e até descobrir se alguém mente ou diz a verdade. Tanto assim que podemos nos empolgar pelo adiantamento da técnica; por outro lado, entretanto, se coloca uma sombra na Mente por causa da falta de sua aplicação nos assuntos em apreço. Façamos uma comparação grotesca: se conseguíssemos construir uma máquina e aplicá-la em nosso aparelho digestivo, aconteceria um fenômeno curioso. De repente, não mais teríamos esôfago, estômago e nem os restantes órgãos necessários, uma vez que se atrofiariam por falta de uso. A mesma coisa acontece com o cérebro, por falta de exercício em assuntos ligados a ele. A cérebro-eletrônico faz tudo, aciona-se um dispositivo apenas, e o resto se fará, corretamente, sem o auxílio de qualquer controle. Todavia, se desejarmos controlá-la, a máquina executará, também, o mesmo serviço. A consequência da falta de raciocínio se mostra na imoralidade de todas as classes e na sociedade em geral. Olhando as manobras da perniciosa política do mundo inteiro, verificamos em suas alocuções a farsa da paz. Todos pensam em guerra, em imensos necrotérios. Tudo está invertido. A nossa civilização é exatamente aquilo que disse São João: “vivemos, mas estamos mortos”.
Com a versão acima, chegamos ao segundo versículo que diz: “Torna-te vigilante e consolida o resto que estava para morrer, pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”.
Como complemento, segue o terceiro versículo advertindo: “Lembra-te, portanto, de como recebeste e ouviste, observa-o e converte-te! Caso não vigies, virei como um ladrão, sem que saibas em que hora venho te surpreender”.
Procuremos entender o significado desses versículos: o nosso tempo atual está em constante convulsão. Torcem e se retorcem os mentalistas cerebrais para salvar as suas mentiras de época em época, para que sobrevivam. O desequilíbrio constante é uma demonstração clara e insofismável do falecimento da intelectualidade. O mundo parece um grande manicômio. Distanciaram-se os intelectuais dos sentimentos elevados, do Deus-Amor, com o qual deveriam agir e usufruir em abundância. O Supremo deu essa herança em equilíbrio à fria intelectualidade cerebral. Deus não deu ao ser humano a política financeira, nem a guerra atômica. Se continuarmos, portanto, a levar a vida tão somente pelo intelecto, como vem sendo feito pela maioria, perderemos ainda aquilo que está confirmado de bem em nossa Mente. Se os pensamentos forem inadequados, não passando mais ideias construtivas pela Mente, perderemos ainda aquilo que juntamos em vidas passadas. Aquele que não for obediente, lhe “será tirado até aquilo que ainda tenha”. Isso faz entender esta frase: “Torna-te vigilante e consolida o resto que estava para morrer”. Diz ainda o seguinte: “pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”. Quais são as obras deste último milênio? Vejamos a educação recebida nos últimos tempos. A educação das massas baseia-se sobre o medo, a superstição, o terror da incerteza, da desconfiança e da mentira. Essa é a nossa educação. Uma Mente embebida, encurralada nesses predicados negativos, que coisa boa poderá trazer? Perde-se na escuridão e na estupidez. O versículo bem o diz que “pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”. O discernimento é, por si, só benigno e torna-se cooperador nas obras diante de Deus, porém, faltando essas, não há cooperação. O espiritualista está desejoso de receber a sua libertação no corpo divino e conhecer a linguagem inteligente do Absoluto. Aquele que ora, que medita e é caridoso, sendo um cooperador positivo e não somente um espectador, um laborioso na vinha, assim como foram os Apóstolos, esse naturalmente já se firmara no concerto luminoso, tendo, também, destruído a sua só intelectualidade. Cristo o confessará junto ao Seu Pai.
Em outras palavras, explicaremos mais uma vez os dois últimos versículos: Tudo que é mau, mostra em sua face o sinal da morte. A Mente pura sobrevive na Igreja de Sardes e entra pelas portas da Igreja de Filadélfia. Filadélfia somente existirá para aqueles que fortalecerem suas almas, que estejam providos de uma Mente pura e de uma vontade inquebrantável. Para o resto, as portas de Filadélfia se fecharão. O Espírito humano necessita, no futuro, da libertação da qual se utilizará para prestar maiores serviços na Universidade Cósmica.
Chegamos, assim, ao quarto versículo do terceiro capítulo, a saber: “Em Sardes, contudo, há algumas pessoas que não sujaram suas vestes; elas andarão comigo vestidas de branco, pois são dignas”.
O quinto versículo diz: “O vencedor se trajará com vestes brancas e eu jamais apagarei seu nome do livro da vida. Proclamarei seu nome diante de meu Pai e dos seus Anjos”.
O versículo 6º. fala assim: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
Recapitulemos, em parte, certos efeitos das lutas travadas até hoje para que possamos adaptar a nossa vida atual àquela que virá.
Na terceira Carta foi prometida a “Pedra Branca”, a Consciência do Ego, da qual resulta passar da inconsciência para a consciência; do semi-humano ao divino-humano, o “Eu Sou”.
Na quarta Carta deve-se salvar a Mente, unindo-a ao Ego. Esse trabalho será o mais importante, senão jamais existirão as vestes dos poucos que possam salvar-se, conforme salienta o terceiro versículo. Poucos conseguirão as “vestes brancas”; somente alguns, diz o quarto versículo, isto é, aqueles que não se contaminaram e nem se desviaram do plano divino. Poucos são os que mostram em sua aura a vestimenta necessária às Bodas Químicas, a união com Cristo, o Corpo-Alma. Aqueles poucos, dignos de suas vestimentas, entrarão, conforme bem o diz o quinto versículo, em perfeita harmonia nos tempos futuros. Confirma o Espírito que não riscará, de modo algum, o seu Nome do Livro da Vida. O Livro da Vida está no Corpo do Pai, e Cristo confessará diante de Seu Pai e dos Seus Anjos, o Nome daquele que venceu o mundo.
O sexto versículo ensina que já é hora de se ouvir com ouvidos mais puros as boas novas, pois, o tempo está iminente e o “Senhor virá como um ladrão”[6], à noite, quando ninguém O espere. Não olvidemos, pois, Filadélfia está às portas.
A 6ª Carta é a penúltima na Sinfonia dos 7 Ciclos, com a qual se aproxima a procissão da evolução para o ingresso no “Sanctum Sanctorum”, chegando-se, então, ao máximo para que seja libertada a alma na vindoura perfeição. Mostra-nos a carta o modo de aprovação em conhecer a vida feliz do futuro, quando não haverá o empecilho da inferioridade. As ligações com o passado deixarão de existir, pois, serão dissipadas, e as almas estarão perfeitamente aptas para entrar no Templo da Fraternidade, ou seja, Filadélfia. Os irmãos da caridade, da benignidade, do amor, enfim, todos aqueles de boa vontade, encontrarão a mesa já preparada para cear com o Senhor. Em Filadélfia, a discórdia não terá mais lugar, havendo compreensão até mesmo para os erros, os quais não atingirão àqueles da benignidade. Os conceitos de restrições unilaterais não existirão mais e os dogmas terão sido extintos. A religião do futuro será a Fraternidade, em cuja época todas as religiões de hoje terão desaparecido. Não haverá distúrbios nem mal-entendidos como se verifica hoje, em consequência das interpretações de ser esta ou aquela a religião privilegiada de Deus, outorgando direitos a alguns para encontrar os Céus e arremessando outros ao inferno, eternamente. Não poderá mais o sacerdote que, privilegiado hoje se julga por um sacramento, transmitir bênçãos a quem achar ele por bem fazê-lo, porque naquela época todos viverão dentro do verdadeiro sacramento, que é o de Deus, e não do ser humano. Não obstante, ainda haverá remanescentes entre a massa humana que não andarão corretamente e não compreenderão os tempos em que se encontram. Haverá, portanto, em Filadélfia e até na 7ª Igreja de Laodiceia, atrasados, deficientes ou, por assim dizer, maldosos. Todavia, não poderão naquela época como agora, satisfazer suas paixões e inferioridades, pois, serão reconhecidos por suas próprias maldades. A Fraternidade não poderá ser ludibriada pelo egoísmo, por isso que, tudo quanto for contrário a ela será automaticamente rejeitado. O “EU SOU”, vivendo nas almas, reconhecerá quem for deficiente em qualidade. Até em Filadélfia os escolhidos separar-se-ão dos ineptos por faltar a esses à luz do intelecto.
Compreende-se o acima mencionado lendo o versículo 7º do Capítulo 3: “Ao Anjo da Igreja em Filadélfia, escreve: Assim diz o Santo, o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre”.
Claro está que, quem fala é Cristo, a Verdade. Aquele que tem a verdade em Si, sempre a teve e sempre a terá, não modificando jamais o seu aspecto por ser absoluto. O Absoluto não se pode modificar, por ter todos os aspectos possíveis em Si e por ser a origem de todas as coisas manifestas e as não manifestadas. Acha-se a Verdade na Chave de David. O Apocalíptico, pela primeira vez, fala sobre algo palpável quando se refere a uma chave. A chave é geométrica, relacionando-se com a Verdade. A sua configuração é a de um hexagrama, ou seja, uma estrela de seis pontas e que era encontrada no escudo do Rei David; um triângulo perfeito para cima e outro para baixo. A perfeição dessa estrela jamais poderá ser igualada na forma ou na estética. As medidas são exatas e manifestam uma beleza extraordinária. Tal simetria nos proporciona um sentimento de perfeição divina. Hermes Trismegisto (“três vezes sábio”) proferiu o célebre axioma que já conhecemos: “Como é acima é abaixo”. Essa máxima verdade pode ser aplicada na Chave da David, pois, a ponta de baixo se apresenta em cima, e girando esse emblema para qualquer lado sempre mostrará una ponta para cima e a outra para baixo. As linhas se cruzam nas mesmas distâncias e nunca perdem o seu valor matemático. As forças sempre se encontram no mesmo nível, expressando a sua resistência mecânica inexpugnável. Deus é tão perfeito acima como é abaixo. Não existe diferença, pois, as forças são iguais em qualquer parte. Deus é perfeito em Si, como o é no ser humano. Dentro do microcosmo, que é o ser humano, está o Macrocosmo – Deus. As bases divinas são iguais acima como abaixo, e se virarmos a estrela, encontraremos as mesmas bases. As laterais não são auxiliares na forma; aparentemente são, mas, na realidade, são bases, dependendo apenas de girarmos o emblema. Em sua feição abstrata, já dissemos tratar-se da verdade, de Deus, e pelo lado material, conforme o desenho se apresenta, vemos harmonia em todas as direções. No plano abstrato, a direção não existe, pois, o Absoluto não tem medidas de direção, entretanto, temos a chave de David e para conhecermos a sua função, devemos desenvolver a força de aplicação em nós mesmos. Deus infiltra-se pelas partes de cima, colocando Sua ponta no nível mais baixo, para depois formar novo triângulo, colocando a Sua ponta no nível mais alto. Em sua configuração, encontramos duas pontas exatas em oposição. Deus em Sua espiritualidade, liga-se com a Sua ponta voltada para baixo; a mataria, para levantar-se com a mesma força ao ponto mais alto no ilimitado de Si mesmo. Ensina, a estrela, a união de Deus em seis diferentes direções, unidas com as Suas criações; em nosso caso, com a humanidade. Falando pela Bíblia, podemos dizer, com respeito à chave de David, o seguinte: “Assim como Deus vive no homem, também, o homem vive em Deus”.
“O Verbo-Espírito-Adam-Terreno” é igual ao Divino-Homem-Espiritual. A lógica dessas interpretações não é outra, senão que o espiritualista se habitue à convivência de Deus nele. O Ritual Rosacruz ensina perfeitamente esse fato. A chave está em nós mesmos, e com ela podemos abrir e fechar. Outro não será capaz de abrir onde nós abrirmos e nem de fechar onde nós fecharmos. E o que é que devemos abrir e fechar? A portinhola que nos abre e nos fecha os Céus, ou seja, a Glândula Pineal que se constitui na passagem pela qual nos projetamos às Alturas.
Só nós mesmos podemos abri-la e fechá-la. Cada um de nós possui a sua chave. O aspirante sabe como se projetar ao espaço por sua porta. Uma outra pessoa não pode ensinar-lhe esse serviço. Muito bem diz o versículo: “o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre”. Essa é a lição. Ninguém e nenhuma força externa saberão abrir, a não ser o próprio Espírito, o Ego. Existe uma particularidade nesse ensinamento: O aluno valoroso, coordenador de suas forças, em suas experiências, será de uma forma qualquer ensinado por seu Mestre. O Mestre conhece a possibilidade de seu aluno que nem sempre sabe a sua posição à frente do suprassensível e assim, proporciona-lhe o ensinamento indireto de que necessita.
Em nossas explicações, chegamos a um ponto mui delicado. Devemos fazer um ligeiro retrospecto sobre os acontecimentos em nós mesmos. Foi ensinado ter o Ego que se comunicar com as partes superiores por intermédio de uma alma pura, após haver queimado suas impurezas. O prêmio se constitui na chave de David. As 5 Cartas levaram o candidato durante as 5 Igrejas a adquirir os elementos necessários para o ingresso no 6º Ciclo. Os Corpos e a Mente se coordenam na seguinte cronologia:
Veículos | Igrejas |
Corpo Denso | na Igreja de Éfeso |
Corpo Vital | na Igreja de Esmirna |
Corpo de Desejos | na Igreja de Pérgamo |
Mente Concreta | na Igreja de Tiatira |
Mente Abstrata | na Igreja de Sardes |
Durante as 5 Igrejas anteriores, reúne-se a essência dessas que culmina numa 6ª qualidade, o Amor. Cristo apresentou-se à Mente concreta em forma humana por demonstrações externas e tocava na Mente abstrata quando transformava o ódio em amor, por exemplo: ao andar sobre as águas. Efetuou as demonstrações, mas não pôde convencer a Mente que duvidava. Ficou o amor em suspenso nas almas adiantadas. A Igreja de Filadélfia requer a demonstração concreta e externamente em ações daquilo que existe em suspensão interna. Cristo deve ser encontrado face a face, assim como se o próprio semblante fosse o de Cristo, o qual deve olhar em nossos semblantes, como se fossemos o Seu próprio espelho.
A seguir temos o 8º versículo que diz: “Conheço tua conduta: eis que pus à tua frente uma porta aberta que ninguém poderá fechar, pois tens pouca força, mas guardaste minha palavra e não renegaste meu nome”.
Prosseguindo com o 9º versículo completamos o anterior: “Vou entregar-te alguns da sinagoga de Satanás, que se afirmam judeus, mas não o são, pois Mentem; farei com que venham prostrar-se a teus pés e reconheçam que eu te amo”.
Simplifiquemos a redação do último versículo: “Farei vir e prostrarem-se aos teus pés aqueles que se declaram judeus e não o são”. Esses pertencem à Sinagoga de Satanás, pois, são mentirosos e para que saibam que meu amor está convosco.
Anteriormente, falamos sobre a “porta e a chave de David, que abre e fecha”. O versículo 8º trata sobre uma porta aberta que ninguém fecha. Temos que reavivar as explicações ditas anteriormente. É de suma importância para os tempos da 6ª Igreja a precipitação dos acontecimentos em movimento contínuo. Parece ser obrigação de cada um que saiba projetar-se pela porta aberta ao espaço. Quem consegue fazer isso? Aquele que não negou a palavra de Deus, guardando o Seu nome no Coração; aquele que, mesmo envolvido em fraquezas, não se esquecera que o seu coração guardava o amor. Deus é Amor e sem essa faculdade, diz o versículo, não poderemos ter ingresso em Filadélfia. O Espírito Divino espera dos Espíritos de Vida e Humano, que dominem nas órbitas de suas faculdades, passando livremente pela porta aberta de sua força de amor, criando no futuro sem cooperação do Corpo Denso.
A seguir, diz o versículo a respeito dos judeus que não o são, sendo antes mentirosos e pertencentes à Sinagoga de Satanás.
Como sempre, também nesse versículo não devemos ler a palavra de forma literal. Quem são os judeus que se confessam na Sinagoga de Satanás? São os mentirosos, os intelectuais, os escribas, enfim, os que prostituem e deixam prostituir a sua Mente. Somente o intelectual sabe dar um segundo sentido à palavra. Portanto, os que são apenas cerebrais, faltam-lhes o coração e, por isso, não são sinceros. São esses os judeus pertencentes à Sinagoga de Satanás. Resulta da mentira a incapacidade de passar pela porta. O hipócrita não crê nos sentimentos elevados, pois, o seu próprio coração está fechado. Satanás não tem coração e os que nele creem retardam-se na evolução. Muitos dos intelectuais e, também, aqueles emotivos de pouca inteligência, gostam de falar em amor. Deve-se, portanto, tomar todo cuidado contra esses, pois, nem um nem outro servem à vida positiva. Escolas de espiritualidade fictícia infundem no caráter a emoção, e como eles não raciocinam, não podem, também, tirar conclusões sobre os acontecimentos externos e nem a respeito dos fenômenos psíquicos. São criaturas que se entregam passivamente sem se responsabilizar por aquilo que lhes possa ocorrer. A sua inteligência é cega. Quanto aos outros, isto é, os que prostituem e deixam prostituir a sua Mente, se desarmonizam, conforme já temos demonstrado. Ambas as classes, por isso, tornar-se-ão ineptas para a vindoura estrutura dos acontecimentos.
Diz, ainda, o 8º versículo: “…pois tens pouca força, mas guardaste minha palavra e não renegaste meu nome”. À primeira vista, encontramos nessa frase uma atmosfera oposta. A questão de “pouca força” refere-se à vida real material e o resto, das coisas irreais. Acontece o seguinte: Aqueles que não se esforçarem para adquirir as fortunas terrenas têm pouca força na vida material, mas, são justamente os que guardaram e guardam o Verbo Divino-Amor, que não renegaram e não negam o nome incorporado no Pai, o Cristo. Depois dessa certeza do Verbo Divino incorporado nas almas que rejeitaram a materialização, virá a grande esperança como o versículo 9º deve ser entendido: “Vão se prostrar ante os pés daqueles que guardavam o nome de Deus em seus corações”. Vão se reconhecer àqueles que adquiriram a faculdade de guardar o nome de Deus. Se imaginarmos a atividade do coração, livre de todos os sentimentos inferiores, isto é, em sua qualidade divina, em seu poder perfeito, fácil será para a nossa alma sentir que tudo ao nosso redor se prostra aos nossos pés. Exemplificando o sentido de “prostração”, seria colocar à nossa frente o próprio Cristo. A Sua exaltação de uma ternura potencialíssima, faria com que nos prostrássemos ante Seus pés, visto o Seu íntimo tocar o nosso. Prostrar-nos-íamos tomados por Sua ilimitada Alma Divina, por não podermos suportar o Seu Amor. Isso mesmo acontecerá com todos aqueles que hoje falam gloriosamente das faculdades intelectuais, adorando o intelecto como se fosse Deus. Esses mesmos vão se prostrar ante a Ternura Divina. Vejamos, pois, o que ensina o 10º versículo: “Visto que guardaste minha palavra de perseverança, também eu te guardarei da hora da tentação que virá sobre o mundo inteiro, para colocar à prova os habitantes da terra”.
Esse versículo se caracteriza por sua mensagem indubitável sobre um acontecimento considerado mui sério. Não se fala de uma destruição da Terra, nem da extinção de seus habitantes e sim de uma provação, de uma tentação aos povos e de seu comportamento nessa ocasião. Quando na Igreja de Filadélfia, a Fraternidade Espiritual, teremos já purificado os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente. Em Sardes, prepara-se a união dos corpos sob a égide do Ego, mas, passarão ainda por essa preparação, almas de pequena envergadura. Em Filadélfia, serão submetidas à prova de qualificação para a Igreja de Laodiceia. Graças à paciência de que fala o versículo, há sempre uma possibilidade de se recuperar falhas da alma. A Fraternidade em Filadélfia proporcionará ainda essa possibilidade a todos, cujo caráter não conseguirá utilizar até lá a força unificadora da caridade. Assim, procura essa época dar o último retoque aos Filhos da Terra na iminência das mudanças dos ciclos. Serão levados os adiantados de Filadélfia à Laodiceia e mesmo lá, como mais tarde verificaremos, haverá novamente uma espécie de purificação antes da entrada em uma nova Revolução Cósmica, achando-se esta já sob o Signo de Capricórnio. A situação dos espiritualistas torna-se cada vez mais séria, em vista do aperfeiçoamento de suas qualidades. Os tempos que virão requerem qualidades cada vez mais sublimadas. Com respeito ao perdão de que hoje se fala, mais tarde será uma ilusão, por causa da impossibilidade em se obter remissão da inferioridade. Assim como não é possível a uma pedra flutuar em cima d’água, assim também acontecerá com as almas desprovidas de qualidades para esse ciclo.
Estamos chegando aos três últimos versículos, como seguem.
11º: “Venho logo! Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.
12º: “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da Cidade do meu Deus — a nova Jerusalém, que desce do céu, de junto do meu Deus — e o meu novo nome”.
13º: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.
Simplesmente admiráveis são esses versículos. Se alguém quisesse compor uma sinfonia, somente poderia fazê-lo com notas feitas de Astros. O horizonte todo seria a sua pauta que se estenderia ao infinito. Sistemas Solares com todos os seus milhares e milhares de luzes seriam os instrumentos, e Deus mesmo, o divino regente de toda essa magnificente orquestra. Mas, chegamos à realidade dos versículos que se constituem nos movimentos impregnantes de um gigante: “Venho logo”. Esse “logo” é muito forte, pois, pode até amedrontar-nos. Isso quer dizer que o tempo do Espírito está quase presente, não demorará e breve ouviremos a batida na porta. E quando soar a batida não haverá tempo para se esperar, pois, ou abri-la-emos ou depois não mais nos será permitido fazê-lo. Se abrirmos a porta, saindo com a nossa coroa, entraremos no tempo futuro e Aquele que bateu em nossa porta, nos espera observando o fino ouro da nossa alma. Verifica a nossa perfeição e que ninguém conseguiu tirar a pedra preciosa da nossa coroa, ou seja, a vontade acumulada durante os passados ciclos. A Época Ariana tem ensinado as almas a manterem a coroa como sinal de “passe” para os tempos posteriores, a Era da Nova Jerusalém, a Igreja da Paz.
O 12º Versículo diz: “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus”. Imaginando o Universo, o Templo de Deus, e nele sendo utilizado como coluna, temos a certeza do nosso corpo Divino. Imaginando um Templo com os nossos sentidos, sabemos da presença de uma base muito sólida. Sobre essa solidez, levantam-se as colunas. A mesma coisa acontece e acontecerá, ainda, nos tempos em que progride a Nova Jerusalém, acumulando forças para poder cooperar como uma coluna. O material deve ser bastante sólido. Os tempos passados deram à alma a devida têmpera. A Abóboda do Templo pousa sobre os tampos passados; as colunas chegaram lentamente através do passado à sua perfeição. Só assim, diz o versículo, seremos utilizados, ficando para sempre no corpo do Templo do Universo. O Nome de Deus será inscrito em nossas almas, o Seu Poder inteirado em nós e, também, o nome da Cidade, o Espírito da Paz. A Cidade de Deus chama-se a Nova Jerusalém, a Paz do Espírito descendo das Alturas.
Antigamente, quando teve começo a Terra, existia um paraíso. Éramos inocentes, vivíamos em paz e em perfeita harmonia, sem vontade própria. Deus e Seus Anjos guiavam-nos e éramos instrumentos em Suas mãos, impondo-nos, no decurso da involução e evolução, capacidades sujeitas à Sua vontade, sem a nossa cooperação. Mudaram-se os tempos até que chegamos a agir com autodeterminação, senhores dos nossos feitos, culpas e felicidades. Durante os ciclos passados e os futuros, aumentará a nossa vontade em conhecer as leis, desejosos de agirmos em uníssono com elas. Formamos em nós, sistematicamente, o Paraíso perdido, porém, agora o fizemos de maneira consciente, e não como antigamente, sem o devido conhecimento. Desta vez, conforme o próprio versículo 12 diz, “desce do céu” sobre aqueles que se prestam como colunas, a Nova Jerusalém. O Céu descerá com o Paraíso de Deus à Terra.
O Espírito das Igrejas dar-nos-á, nessa ocasião, também, o seu nome. Já conhecemos esse nome antes, que é Amor. No começo da Terra foi dado esse nome, mas, ninguém o conheceu. Deus amava a Seu Filho, fê-lo descer para que soubessem quem era e o que era Amor. Foi rejeitado na Igreja de Tiatira e morto, porém, pelo Amor foi ressuscitado; pela morte e pela ressurreição, inscreveu-se nos corações.
Aplicando uma parábola, poderíamos dizer: Em verdade, Cristo inscreveu-se com Seu Nome Amor nos corações, mas, não cresceu. Deixaram-no lá como uma criança, privando-o do necessário alimento. Alguns deram-lhe ainda tão pouco alimento, que quase o mataram de fome. Outros até mataram-no quando ainda era pequenino.
Essa parábola é o espelho da nossa Igreja de Sardes. Pulsa o Cristo em nossas vidas com toda boa vontade, bate à nossa porta desejoso de cear conosco e com o Seu Pai. A Sua Escritura é constante e não para de escrever o Seu Nome, a Sua aliança conosco em frente de Sua testemunha, o Pai. A nova aliança sempre foi e sempre será o Amor.
O último versículo é sempre uma recapitulação dos anteriores, pois, representa sempre uma advertência por sermos dignos dos ensinamentos, devendo, portanto, pormos em prática a Lei Divina: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.
Essa carta é a última da série sobre as 7 Igrejas do Apocalipse. Mostra-nos aqui, o Apocalíptico, os defeitos ainda existentes na última fase da Época Ária, à qual ele se dirige com palavras severas, principalmente aos insubordinados ao plano divino. Repreende os mal-intencionados inteligentes, como também aos preguiçosos da Mente. Anuncia, essa Carta, uma vida íntima com Cristo, devendo, portanto, ser desfeita a inferioridade e extintos o materialismo e o egoísmo. Ensina a Religião do coração com o Senhor, em que a alma produz o sacerdócio, indicado como Iniciado no Templo Vivente do Espírito Universal. Ensina-nos, esse capítulo, a Santa Ceia do Senhor com os escolhidos na Mesa de Seu Pai, iluminados pela Luz Absoluta que será irradiada do Trono de Deus. Satisfazendo-se, nessa mesa, aqueles que se cuidarem na evolução; os que sabiamente puderem somar os ensinamentos necessários para os tempos imediatamente posteriores à Época Ária. A Igreja de Laodiceia representa, enfim, um prelúdio de novos acontecimentos; venturas da alma iluminada nos ciclos posteriores.
Com o fim do ciclo de Laodiceia, a humanidade terá completado uma viagem evolutiva pelos seguintes campos de sua existência:
Faltarão, ainda, para alcançar a Noite Cósmica as 5ª, 6ª e 7ª Revoluções, e após a última dessas, o novo renascimento da Terra no Globo Espiritual do Período de Júpiter.
Grupos Étnicos ou civilizatórios que apareceram na Terra durante a Quinta Época | |
1 | Ariano, que se dirigiu para o sul da Índia |
2 | Babilônico-Assírio-Caldaico |
3 | Perso-Greco-Latino |
4 | Céltico |
5 | Teuto-Anglo-Saxônico |
Desenvolvimento futuro – Os dois últimos grupos étnicos ou civilizatórios da Quinta Época, conforme Max Heindel | |
6 | Eslavo (Dois grupos étnicos ou civilizatórios mais se desenvolverão na nossa Época atual, um deles é o Eslavo. Quando, no transcurso de algumas centenas de anos, o Sol, pela precessão dos equinócios, tenha entrado no Signo de Aquário, o povo russo e os povos eslavos, em geral, alcançarão um grau de desenvolvimento espiritual que os levarão muito além de sua condição atual. Será a música o fator principal para atingir esse objetivo porque, nas asas da música, a alma por ela exaltada pode voar até o próprio Trono de Deus, lugar ao qual o intelecto não pode chegar. O desenvolvimento assim obtido não é permanente, por ser unilateral e não estar em harmonia com a lei da evolução. Para ser permanente, o desenvolvimento baseado na lei de evolução deve ser equilibrado. Por outras palavras, a espiritualização deve expandir-se através ou, pelo menos, ao mesmo tempo que o intelecto. Por esse motivo, a civilização eslava será de vida curta, mas grande e feliz enquanto durar, porque terá nascida da dor e do sofrimento sem conta. A lei de Compensação a levará ao oposto a seu devido tempo. Dos eslavos descenderá um povo que formará o último dos sete grupos étnicos ou civilizatórios da Época Ária.) |
7 | Americano (New Atlantis) (Da mescla das diferentes nacionalidades, como atualmente se desenvolve na América, virá a “semente” para o último grupo étnico ou civilizatório, ao começar a Sexta Época. Do povo dos Estados Unidos descenderá o último de todos os grupos étnicos deste esquema evolutivo, que começará seu curso ao princípio da Sexta Época.) |
Para o término da Época Ária faltam ainda duas Civilizações, conforme Max Heindel nos ensina, isto é, a eslava e a anglo-saxônica, as quais desenvolverão ao máximo a Mente abstrata. As presentes lutas no plano material entre os povos europeus, tendo de um lado os eslavos e do outro os anglo-saxões, encabeçados pelos americanos, é uma amostra perfeita dos acontecimentos futuros. Verifica-se, nessas lutas, a tendência para sobrepor-se em qualidade propriamente ditas às dificuldades das ideologias materialistas, procurando cada uma delas aumentar a capacidade atômica e as suas atividades nos conceitos material e político. Isso quer dizer que os cientistas se mobilizam em conhecimentos abstratos, colocando-os à disposição do bem ou mal-estar dos povos em geral.
Mesmo que os povos se amarrem ao materialismo e, também, na decadência moral, verifica-se no lado oposto os efeitos benéficos da ciência em seu prelúdio. O futuro transformará o cientista em um benfeitor imaterial. O espiritualista conhece de antemão os planos em que a humanidade terá que viver futuramente pela ciência já adquirida. O que importa realmente, dentre os distúrbios de nossa era, é adquirir em todos os campos o essencial, a parte abstrata.
Filadélfia mostra-nos o manancial fraterno, do qual, forma-se ao mesmo tempo o plano abstrato da Mente. Basta citar as 5 Revoluções em que a Mente deve ter sublimado, em parte, os materiais densos e superado a parte etérica do passado. Dessa maneira, a Mente abstrata encontrará a sua própria potência sentindo-se, por assim dizer, em seu elemento. A Terra diminui gradativamente a sua densidade e os EGOS encontrarão um ambiente mais sutil. Na 5ª. Revolução, os EGOS adquirirão atividades espirituais mais substanciais para que possam atuar adequadamente. Essas possíveis atividades são subsequentes ao ambiente mais espiritualizado. Uma vez ausente a cristalização e as formas físicas tenham se metamorfoseado, haverá ascensão mais pura no caráter biológico dos organismos viventes. Esclarecendo essa verdade, deve-se citar as palavras do Cristo: “Não se casar e nem ser casado”. As limitações do passado do indivíduo terão acabado. Não existirá o ambiente familiar no sentido de hoje, não havendo, também, mais sangue e nem carne. Depois das 5 Revoluções, haverá a preparação para o Período de Júpiter iniciado pela Igreja de Laodiceia. O Período de Júpiter lembra-nos o Lunar a respeito do Corpo Vital, cujo veículo mais denso, naquela época, era o Corpo Vital, como o será, também, no futuro Período de Júpiter. A maior densidade achava-se na Região Etérica e, consequentemente, os corpos tinham a sua densidade no mesmo plano. Porém, mesmo havendo aí um paralelo em qualidades, a consciência aqui será diferente, devido ao desenvolvimento do ser humano no Período Terrestre em que se efetuou a consciência do Ego. No Período Lunar existia uma consciência negativa, ao passo que no Terrestre desenvolveu-se a inteligência consciente, e no Período de Júpiter, existirá a consciência superada, isto é, a Consciência Cósmica. Isso se verificará pela ascensão constante aos planos superiores, lembrando os tempos do Período de Vênus, em que não mais haverá Corpo Vital, como aquele mais denso, e sim um Corpo de Desejos superior ainda àquele que existirá no Período de Júpiter. No Período Lunar não existia a Mente revelada, a qual encontrou a sua aplicação no Período Terrestre até a Igreja de Sardes, e daí para a frente com maior intensidade. No Período Lunar não existia Corpo Denso, assim como no de Júpiter, também, não haverá mais esse veículo, pois, tudo será superado. Em contraposição, encontramos a Mente abstrata por falta do Corpo Denso. Conclui-se daí, perfeitamente, a diferença entre os Corpo Vitais do Período Lunar e os do de Júpiter. Caracterizando ainda a diferença entre os Éteres do Período Lunar e os do de Júpiter, aprimoramo-nos em constatar que, como faltará no Período de Júpiter o Corpo Denso, a mesma coisa se sucederá com o “Corpo Vital-químico” e, também, com o “Éter de vida” do Corpo Vital, como atualmente existe. Em outras palavras, haverá uma redução de dois Éteres especiais que não mais existirão por falta de um corpo-químico no qual exercem presentemente suas funções.
Façamos, a seguir, nesta altura dos ensinamentos, uma retrospecção sobre a Mente desde o Período Lunar até hoje.
No Período Lunar, os Líderes da Humanidade, na qualidade de Anjos, ensinaram-nos funções, todas elas submetidas à vontade deles. Representavam elas, portanto, dentro dos corpos da humanidade um simples reflexo da vontade dos nossos Dirigentes. As forças cósmicas secundaram essas funções através de suas irradiações. Podia-se comparar aquela função com o nosso sistema nervoso involuntário de hoje. A respiração, digestão, assimilação, excreção, o metabolismo em geral, não agem sobre o sistema motor, que responde à consciência da nossa vontade. Verificamos que a inteligência superior, o Ego, toma conta das funções que estão ao alcance da nossa vontade. Apreciando esse fato, ressaltamos a semelhança do trabalho dos Anjos no Período Lunar com a função do Ego em nosso tempo.
No Período Terrestre, até as três e meia Revoluções, forma-se a Mente concreta em que as influências luciféricas se empenham para emancipá-la da Hierarquia Angélica. As leis originais cósmicas serão postas sob a custódia da própria inteligência, começando ao mesmo tempo um recesso da consciência superior. Não obstante, verifica-se uma lenta cristalização da Mente, resultando na inconsciência dos planos superiores. Formou-se uma inteligência, espiritual. Essa forma da Mente e sua deficiência começou na Época Atlante, caracterizando-se pelo domínio das circunstâncias gerais apuradas pelas condições da época, não cogitando sequer obedecer à Religião. Subjuga-se a Religião às leis estipuladas pelos legisladores com as Mentes já diminuídas de valores pela sua astúcia.
O Período Terrestre tem uma significação dupla: a influência na primeira parte marciana e a segunda mercuriana. As primeiras três e meia Revoluções pertenceram ao desenvolvimento do Corpo de Desejos e de sua purificação, conhecendo sentimentos elevados, para depois, na parte mercurial, com a chegada de Cristo, tirar vantagens dos sentimentos com uma Mente já inclinada a superar a sua parte maligna e astuta. Portanto, depois de Cristo surgirá uma onda de Egos adiantados que, por presenciarem em seu íntimo os ensinamentos e as obras do Espírito de Vida, não se subordinarão aos Anjos Lunares e, muito, menos aos Lucíferos de Marte, tomando o caminho da Mente abstrata. Lentamente, a Alma Consciente e a Alma Intelectual colocam-se a favor da Era de Cristo.
Com essas apreciações verificamos as profecias da 7ª Carta dirigida à Igreja de Laodiceia, estando assim redigido o versículo 14 do Capítulo terceiro: “Ao Anjo da Igreja em Laodiceia, escreve: Assim fala o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus”.
Vejamos o significado dessas poucas palavras: O “Amém”, o princípio da criação, acha-se presente em Laodiceia. Se assim é entendido o “Amém”, sabemos tratar-se do fim da época. Ele se coloca como o último dos 7 ciclos da Época Ária; Cristo diz de Si mesmo o Alfa e o Ômega. Quer dizer, não somente o alfabeto das letras resumido na santa palavra “Amém”, como também o Alfa do Cosmos, as Estrelas em seu avanço. No corpo do Cristo Cósmico encontramos todas as criações, desde o átomo até o infinito não criado Deus. Ele achava-se antes do Período de Saturno, como Cristo se encontrava antes do Período Solar. É uma constante escala ascendente sem fim na parte divina. Tratando-se do princípio das coisas, da criação, fala o Alfa e o Ômega, que criou ou emanou de Si (diferenciou em Si mesmo) a onda humana com tudo que ela necessita para o desenvolvimento dela. Ele é a Luz e a Vida.
Os Budistas conhecem, também, a santa palavra quando cantam o Mantra “Aum”, correspondente ao nosso “Amém”. Sempre achamos no fim de qualquer oração o pequeno Verbo “Amém”, e por quê? Significa esse “Amém” a mesma coisa que o “Assim Seja”? Não. “Amém” é uma vibração envolvendo as nossas partes sensíveis em cumprimento a uma atividade espiritual para o espiritual, ao passo que o “Assim Seja” trata simplesmente do desejo para que se cumpra a oração. “Amém”, já por si só, é uma oração. Sabemos que a letra “a” está no princípio, a primeira letra, aliás, que o recém-nascido profere e, quando morremos pronunciamos o “om”. Que lei extraordinária!… Encontramos no começo da vida e de todas as coisas o “Alfa” e no fim o “om”. O princípio se une com o fim quando pronunciamos Aom, Aum ou Amém, constituindo – se, essa última, a expressão dos ocidentais. O oriental diz Aum ou Aom. É um círculo sem começo e sem fim. Sempre e em qualquer ponto pode existir o começo, como também o fim. O “Amém” do Apocalíptico está no começo, seguindo constantemente em si mesmo por todas as cadeias até o fim.
Nesse ponto, pode-se perguntar: Que finalidade terá o “Amém” no 7º Ciclo, no fim da 4ª Revolução Terrena? Respondemos: O Espírito nos acompanha desde o começo em nosso auxílio, procurando a aproximação por todos os tempos. Em Laodiceia estará mais perto de nós, incorporando uma parte de si em nós mesmos. Por causa da constante imperfeição, muitas qualidades divinas estavam afastadas. Depois do aperfeiçoamento, ligadas com o “Amém”, o Adam Espiritual e inconsciente do começo, une-se no fim quando se salva a si mesmo, apresentando-se como o Adam Espiritualizado. Esse Adam Humano encontra-se com o Amém-Deus.
A seguir, temos os versículos 15 e 16, advertindo, pela última vez, aqueles de má vontade, quais sejam, os intelectuais e os lerdos: “Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca”.
Verificamos que, embora tenha havido um grande progresso na espiritualização, existirão, todavia, no futuro, elementos com caráter ainda não definido. Não conseguiram ainda convencer-se de seus defeitos. Mostram-nos os versículos a existência de seres com o intelecto ainda sem a possibilidade de discernir, julgar, colocando-se numa neutralidade, que chegam a paralisar a ação mental. Os versículos dizem de suas qualidades, que não são “quentes” nem “frios”. Tendo, pelo menos, a compreensão de que a sua qualidade é fria, só por esse reconhecimento poderão tornar-se quentes, positivos. A aceitação da parte positiva da Mente, levará o candidato à Iniciação dos tempos vindouros distantes.
O Versículo 16, com a sua expressão “morno”, registra terminantemente a inaptidão daqueles sem caráter. Não almejam avanço, não são rebeldes, não são sábios, nem ladrões, são indiferentes. São vomitados da boca. Formam uma indigestão, um câncer para os tempos luminosos, representando seres cristalizados. Não são quentes nem frios, e sim mornos, lerdos. Em que camada de gente encontramos essa espécie? Entre os ignorantes, os hipócritas intelectuais, os que querem se valer por saber portar-se apenas esteticamente. A sua cara em geral é muito bonita, porém estão destituídos de alma. O Espírito de Laodiceia espera não só desse próprio ciclo, mas também do nosso, que se convençam do melhor, a fim de não serem vomitados da remodelação e ampliação do caráter. Quem tem ainda objeções, mistificações e desculpas das suas fraquezas é simplesmente um ignorante na questão apocalíptica. É um ignorante, um analfabeto no Espiritualismo, como o é em seus objetivos. O místico e o ocultista representam a vanguarda da vida após a 7ª Civilização, em que existirá a verdadeira Igreja universal e não a Católica Apostólica Romana ou as Protestantes dogmáticas, que se julgam, cada uma, a única verdadeira e universal, as quais serão completamente transformadas pela Igreja da Fraternidade de Filadélfia, o mesmo acontecendo com todas as seitas religiosas existentes atualmente.
Chegamos ao versículo 17, agravando-se as repreensões: “Pois dizes: sou rico, enriqueci-me e de nada mais preciso. Não sabes, porém, que és tu o infeliz: miserável, pobre, cego e nu”.
Antes de qualquer explicação em torno desse versículo, devemos salientar que os seus ensinamentos não só dizem respeito à Igreja de Laodiceia, mas também às civilizações desde Tiatira em diante. Portanto, as repreensões servem tanto para nós, como para as civilizações que surgirão. Passemos ao ensinamento do versículo.
Muitos ainda retardam a educação espiritual, permanecendo num estado de corrupção intelectual. São orgulhosos e se incham do pouco que possuem, não percebendo a desgraça, a miséria e a pobreza do seu interior. Esse miserável estado é a nudez na presença do Espírito, não estando, pois, adequadamente vestido para se apresentar perante seu Mestre e Salvador. A aura é turva e não tem brilho algum. Carece-lhe, pois, o brilho da verdade.
Fala perfeitamente nesse sentido o Versículo 18: “Aconselho-te a comprar de mim ouro purificado no fogo para que enriqueças, vestes brancas para que te cubras e não apareça a vergonha da tua nudez, e um colírio para ungires teus olhos e poderes enxergar”.
O Senhor espera que os de Laodiceia envidem o máximo esforço para comprar d’Ele e que se unam com Ele em comunhão espiritual, pois está desejoso de vender o Ouro de graça a quem possa comprar com o valor de sua alma. Quando o Supremo Senhor oferece Ouro refinado por fogo, quer dizer a qualidade espiritual mais pura existente, o Ouro dos Céus, para que enriqueçamos internamente, tornando-nos luminosos por dentro e por fora. Ele diz que nos dará novos vestidos em perfeita brancura, ou seja, corpos translúcidos. Não haverá mais sombra em nós, desaparecendo completamente a nossa nudez.
Deseja, o Supremo, Santificado seja o Seu Nome: que possamos ungir nossos olhos com um santo colírio; que vejamos as coisas por dentro e por fora, e que tenham os nossos olhos visão ilimitada. Quando do término de Laodiceia, os veículos superiores devem ter atingido um ponto tal de desenvolvimento, que culminará na sublimação do Corpo Denso, funcionando depois tão somente o Corpo Vital.
O Versículo 19 é rigoroso e definido: “Quanto a mim, repreendo e educo todos aqueles que amo. Recobra, pois, o fervor e converte-te!”.
Em todas as Igrejas se fala do arrependimento. Nesta também, mas fala-se igualmente de castigo por sermos amados por Ele. Presenciamos uma ação extrema dentro da tolerância divina, por querer salvar-nos. Parece paradoxo que sejamos amados e castigados ao mesmo tempo. O Espírito repele aquele que não aceita o Seu amor. A paciência terá alcançado o seu fim, não aceitando mais as bofetadas, nem dando mais a face esquerda e nem a direita. Acabou a paciência. Ele virá castigar-nos. A advertência é para que sejamos zelosos. Já nos prometeu as vestes brancas, porém, mais não pode nos prometer. Ofereceu comprarmos d’Ele ouro purificado pelo fogo dos tempos. Ofereceu, também, o Seu Amor, senão a ascensão será impossível.
Os versículos 20, 21 e 22 finalizam a Sinfonia de Deus: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor concederei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu também venci e estou sentado com meu Pai em seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.
Cristo bate à porta, à porta do coração, em nossa consciência, em nossa inteligência, batendo nas veredas da verdade.
Quem passou vitoriosamente à frente, achando-se na Vanguarda, ouvirá a Voz e abrirá a porta dos Céus. Abrindo a porta que leva ao Céu, encontrará o Espírito que reina na Cidade de Jerusalém. A chave de David abriu-lhe a porta e desde então, flutua na Luz do Reino de Cristo, em que sentar-se-á com Ele e ceará no Trono de Deus a alimentação dos Deuses. Essa é a ceia, a comunhão com Deus. O pão das Igrejas não mais existirá, estando transpostas as limitações, pois, a transfiguração criou um novo corpo, ou seja, o corpo de Luz alimentado pelo fogo do Trono do Universo-Deus. Os corpos anteriores que receberam invisivelmente a Luz-Vital iluminam o interior das almas em comunhão com Ele, aqueles que foram salvos dos tempos passados. Os vencedores encontrarão a Paz na Cidade da Nova Jerusalém.
Bem-aventurados aqueles que ouvirem o que o Espírito disse através das Igrejas.
Apresentamos, com a melhor clareza de que fomos capazes, os Ensinamentos Iniciáticos dados por João de Patmos. Procuramos usar sempre uma linguagem mais simples possível para que, mesmo os não conhecedores dos termos esotéricos, tenham uma clara visão sobre a fulgurante mentalidade do Autor do Apocalipse. Repetimos os ensinamentos muitas vezes sobre o mesmo ponto de vista ou sobre um ângulo diferente. A repetição teve a sua razão de ser quando procuramos fixar a Mente em derredor de algo muito importante. As Escolas Esotéricas em geral, procuram ensinar seus alunos com o método da repetição, cuja razão consiste em gravar na alma maior consciência do que se quer ensinar. Sabemos que as impressões não morrem, de maneira que, numa vida futura, as impressões gravadas trarão o seu benefício. Quem se dedica à leitura da Bíblia, dos Evangelhos e da literatura espiritual, geralmente de tempo em tempo, querendo ou não, recebe esclarecimentos iniciáticos. Tivemos exclusivamente o interesse de transcrever aquilo que achamos razoável, convencidos, embora, de nossa pequena capacidade para dar melhores esclarecimentos; contudo, esperamos que os nossos leitores se inteirem mais nesse assunto tão imprescindível à nossa civilização, a fim de que possam receber ensinamentos completos nesse sentido. O autor, em que pese a sua fraca compreensão sobre o imenso monumento do Apocalipse, deseja ser, contudo, um cooperador de todos aqueles que estejam interessados na compenetração dos enigmas de tão majestoso livro. Ciente, também está de que, sendo apenas um simples Noviço Rosacruz, não poderia dar maiores ensinamentos além do que se lhe foi confiado até o momento.
Finalizando, permitam-nos insistir com a mesma frase do Espírito das Igrejas:
“QUEM TEM OUVIDOS, OUÇA O QUE O ESPÍRITO DIZ ÀS IGREJAS”
[1] N.R.: Mt 24:35
[2] N.T.: Swami Vivekananda (1863-1902), nascido Narendranath Dutta foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É creditado pelo crescimento da consciência inter-religiosa, trazendo o hinduísmo para o status de uma das principais religiões do mundo a partir do final do século XIX.
[3] N.T.: Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948) foi um advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética política indiano, que empregou resistência não violenta para liderar a campanha bem-sucedida para a independência da Índia do Reino Unido, e por sua vez, inspirar movimentos pelos direitos civis e liberdade em todo o mundo. O honorífico Mahātmā (sânscrito: “de grande alma”, “venerável”), aplicado a ele pela primeira vez em 1914 na África do Sul, é agora usado em todo o mundo.
[4] N.T.: Herodes, com efeito, havia mandado prender João. E o mandara prender, acorrentar e lançar no cárcere…
[5] N.R.: Mt 19:29
[6] N.R.: 1Tl 5:2
Algumas partes da Bíblia foram escritas simbolicamente porque, na época em que essa obra foi escrita, a humanidade em geral não estava preparada para entender as verdades escondidas nos símbolos. O Apocalipse, também conhecido como o Livro da Revelação ( também chamado de Apocalipse de São João Evangelista) é uma dessas partes.
1. Para fazer download ou imprimir:
Elsa M. Glover – Uma Interpretação da Revelação de São João
2. Para estudar no próprio site:
UMA INTERPRETAÇÃO DA REVELAÇÃO DE SÃO JOÃO
por
Elsa M. Glover
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
An Interpretation of the Revelation to John
1ª Edição em Inglês, 1977
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Uma Interpretação da Revelação de São João
Algumas partes da Bíblia foram escritas simbolicamente porque, na época em que essa obra foi escrita, a humanidade em geral não estava preparada para entender as verdades escondidas nos símbolos. A Revelação é uma dessas partes.
Para aqueles que conseguem ler os símbolos, no entanto, o Apocalipse descreve o caminho da Iniciação e as coisas que o iniciado pode investigar nos mundos superiores, como as Hierarquias Criadoras, o passado, o presente e o futuro da evolução do ser humano e a história da disputa entre Jeová e os Espíritos Lucíferos.
O Capítulo 1 do Apocalipse é de natureza introdutória, expressando as circunstâncias em que São João recebeu a Revelação. Os Capítulos 2 e 3 descrevem o Caminho da Iniciação. As sete igrejas descritas são os sete passos no caminho da Iniciação.
Diferentes pessoas podem desenvolver as qualidades necessárias à Iniciação em ordem diversa e é possível que algumas qualidades necessárias possam ser trabalhadas simultaneamente. Portanto, as sete etapas descritas não correspondem necessariamente à ordem em que devem ser tomadas.
A igreja de Éfeso representa a dedicação da força criadora à espiritualidade e não à paixão. Ao Aspirante (Ap 2:5) é dito para se lembrar que caiu, que se arrepende e que já fez isso anteriormente. Na Época Lemúrica, o ser humano caiu no uso apaixonado de sua força criadora (descrita no Livro do Gênesis, Capítulo 2).
No entanto, aqueles que obtêm sucesso podem comer da Árvore da Vida (Ap 2:7). A Árvore da Vida simboliza a energia que dá a alguém a capacidade de viver na Terra tanto quanto desejar. É a energia cujo poder curativo mantém o Corpo Denso indefinidamente. Assim, quem conseguir usar a força criadora de forma regeneradora ganhará o poder de curar.
A Igreja de Esmirna representa a superação das tentações associadas à riqueza material. Quem tem pobreza material, mas riqueza espiritual, pode ser ridicularizado pelas Mentes mundanas (Ap 2:9). O Aspirante pode ser jogado na prisão pelo demônio para ser testado (Ap 2:10).
Isso significa que o Aspirante pode necessitar viver em condições de restrição material por um tempo para demonstrar que considera algumas coisas mais importantes do que conforto ou prosperidade. Quem vencer essa tentação, não será derrotado pela segunda morte (Ap 2:11). A primeira morte é a elevação da consciência acima do material, de modo que o material não tenha valor intrínseco. A segunda morte é a morte do Corpo Denso. A consciência espiritualizada não se importa com a morte física.
A igreja de Pérgamon representa a condução da força criadora para cima com a intensidade necessária para que as Glândulas Pituitária e Pineal comecem a vibrar resultando em visão espiritual. As correntes da energia criadora residem no trono de Satanás (Ap 2:13). Satanás representa os Espíritos Lucíferos cujo trono é a medula espinhal, onde trabalham para estimular as paixões, o egoísmo e a imoralidade (ou o uso indevido da força criadora).
Aqueles que não se arrependem permanecem em conflito com aquele que tem sua espada na boca (Ap 2:16). A espada simboliza a justiça divina de acordo com a Lei. Portanto, aqueles que falharem diante das tentações dos Espíritos Lucíferos terão sua retribuição segundo a Lei da Causa e do Efeito.
Contudo, os que vencerem as tentações receberão uma pedra branca e um novo nome (Ap 2:17). A pedra branca é o corpo daquele que conseguiu elevar a força criadora (chamada pedra filosofal). Um novo nome representa um novo estado de consciência, ou seja, a percepção dos Mundos superiores.
A igreja em Tiátira representa o controle das emoções e sentimentos. As emoções elevadas se expressam como amor, fé, serviço e paciência em suportar. (Ap 2:19). As emoções básicas podem levar os servidores a praticar a imoralidade e a comer alimentos sacrificados aos ídolos (Ap 2:20). Os servidores são as faculdades que possuem. A comida sacrificada aos ídolos representa o dar e, em seguida, o tomar o que foi dado, ou dar apenas onde se pode obter algo em troca.
Aqueles que não se arrependem podem adoecer e sofrer atribulação, e seus filhos podem inclusive morrer (Ap 2:22-23). Paixões e emoções egoístas causam conflitos, doenças, sofrimento e destruição. As crianças representam pensamentos e desejos produzidos pela natureza apaixonada. Crianças mortas comunicam a necessidade de eliminar os pensamentos e desejos egoístas mais cedo ou mais tarde.
A quem conquista, é dado poder sobre as nações, que irá governar com uma vara de ferro (Ap 2:26-27). As nações são as faculdades do ser humano. Quem controla suas emoções tem o controle de si mesmo. O ferro é o metal regido por Marte, o lar dos Espíritos Lucíferos. Portanto, governar com uma barra de ferro significa controlar as energias de Marte e a habilidade de suportar as tentações implantadas pelos Espíritos Lucíferos.
A igreja em Sardis representa a construção do Corpo-Alma. Aqueles que nominalmente estão vivos, mas na verdade já estão mortos (Ap 3:1) são aqueles que têm um Corpo Denso com o qual funcionam no Mundo Físico (e, portanto, estão fisicamente vivos), mas que não têm uma alma capaz de funcionar nos Mundos superiores (e, portanto, estão mortos para os Mundos superiores). As obras dos que não possuem Corpo-Alma não foram perfeitas aos olhos de Deus (Ap 3:2). Considere que um bom trabalho (serviço) é necessário para construir o Corpo-Alma.
A segunda vinda de Cristo será em algum momento desconhecido (Ap 3:3), e ele virá nas nuvens (Ap 1:7), ou seja, no Corpo-Alma. Aqueles que não desenvolverem seus Corpos-Alma não poderão segui-lo nesse momento. Aquele que conquista, será coberto por roupas brancas (Ap 3:5). A roupa branca se refere ao Corpo-Alma (às vezes chamada de Vestimenta Dourada das Bodas).
A igreja na Filadélfia representa a separação do Corpo-Alma (que são os dois Éteres superiores do Corpo Vital) e da parte superior do Corpo de Desejos do Corpo Denso, dos dois Éteres inferiores do Corpo Vital e da parte inferior do Corpo de Desejos. Essa separação torna possível os voos anímicos. Cristo colocou diante do Aspirante uma porta aberta, que ninguém pode fechar (Ap 3:8).
Antes da crucificação, apenas alguns escolhidos receberam o treinamento e as condições necessárias para se preparar para os voos anímicos. Na Crucificação, o espírito de Cristo mudou as condições etéricas da Terra de tal maneira que depois disso qualquer um pode se preparar e aprender a alcançar a separação necessária, a fim de poder ser capaz de voos anímicos. Assim, Cristo abriu a porta dos Mundos superiores para todos.
Aqueles que entrarem pela porta aberta nos Mundos mais elevados serão mantidos a partir daquela hora em uma provação, que surge em todo o Mundo (Ap 3:10). Quando alguém entra nos Mundos superiores se encontra com o Guardião do Umbral, que é a soma de todos os seus atos passados não redimidos.
Alguns, então, assumem conscientemente a responsabilidade de pagar suas dívidas para com o mundo e, assim, apagar esses registros. “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da Cidade do meu Deus — a nova Jerusalém, que desce do céu, de junto do meu Deus — e o meu novo nome.” (Ap 3:12). Tornar-se um pilar no templo de Deus representa o fim da necessidade de renascer na Terra. Com o nome de Deus inscrito em si representa ter alcançado a consciência de Deus. A palavra “Jerusalém” significa “morada da paz”. Ter o nome da nova Jerusalém inscrito em si significa ter alcançado um estado de paz interior.
A igreja de Laodiceia representa o desenvolvimento da vontade necessária para tomar o caminho. Pessoas que não esquentam nem esfriam são jogadas pela boca de Cristo (Ap 3:15-16). Aqueles que não querem ou não fazem nenhum esforço não são conduzidos pelo caminho da Iniciação, mas são autorizados a tomar o caminho mais longo, escolhido pela humanidade em geral. Aqueles que não sentem a necessidade do ouro refinado pelo fogo (o Corpo espiritualizado, a Pedra Filosofal) ou da vestimenta branca (Corpo-Alma) ou do unguento para os olhos (que proporciona a visão espiritual) não trabalharão para eles e nem os alcançarão (Ap 3:17-18). Cristo está chamando à porta (da consciência do ser humano), e se o Aspirante abrir a porta, o Espírito de Cristo entrará nele (Ap 3:20).
Quando o Aspirante chega à Iniciação, obtém a capacidade de ver nos Mundos superiores.
Em primeiro lugar, São João indica os poderes criadores que podem ser contatados nos Mundos superiores (Ap 4). Quem São João viu sentado no trono central representa Deus. Os vinte e quatro anciãos ao seu redor representam os polos positivos e negativos dos doze Signos do Zodíaco.
As sete tochas representam os sete Espíritos Planetários (os Espíritos de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano). O mar de vidro representa toda a sabedoria, a Mente Cósmica. Esse é igual ao Mar Fundido por Hiram Abiff na Lenda Maçônica. Os quatro seres vivos, que são as representações simbólicas dos quatro Signos Fixos do Zodíaco, podem ser associados aos quatro elementos, aos quatro estados de matéria ligados a esses elementos e aos seres que trabalham nesses estados de matéria. Assim, o leão (Leão, Fogo, Região Etérica) representa os Anjos; o boi (Touro, Terra, Região Química) representa o ser humano; o homem (Aquário, Ar, Mundo do Pensamento) representa os Senhores da Mente; e a águia (Escorpião, Água, Mundo do Desejo) representa os Arcanjos.
Um nível alternativo de interpretação da visão de São João sobre Hierarquias Criadoras é possível. Para cada poder criador no universo há uma parte desse poder criador dentro do ser humano. Assim, sob a perspectiva do microcosmos, alguém no trono central pode ser interpretado como o Deus interior (Ego); os anciãos e as tochas como as forças zodiacais e planetárias dentro do ser humano; e os quatro seres vivos como os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente do ser humano.
Nos Mundos superiores, é possível ver a evolução passada do ser humano, a vida e as atividades cotidianas após a morte e a evolução pretendida do ser humano. São João descreve de forma simbólica isso (Ap 5:11). O Capítulo 5 fala de um pergaminho fechado com sete selos, que apenas um Cordeiro morto é digno de abrir. O Cordeiro representa a Consciência Crística. O pergaminho representa a sabedoria que pode ser alcançada nos Mundos mais elevados. No Capítulo 6, São João diz que viu um cavalo branco com um cavaleiro com um arco, partindo para conquistas, o que representa o ser humano no início de sua evolução. O cavalo branco indica inocência e o arco, as aspirações. Então aparece um cavalo vermelho e um cavaleiro, que leva embora a paz da Terra. Isso representa o ser humano agindo sob paixões egoístas. Em seguida, surge um cavalo preto e um cavaleiro com uma balança de pratos na mão. Essa cena representa o ser humano envolvido na materialidade (obscuridade espiritual). A balança indica que o ser humano nesse estado deve ser regido pelas leis. Acrescenta-se que o azeite e o vinho não devem ser danificados. O azeite é o óleo para a lâmpada da vida, que é a alma. O vinho é a força da vida. As leis devem guiar o ser humano de tal maneira que ele não vai deter o crescimento de sua alma e não usará indevidamente a força da vida.
Por último, um cavalo pálido aparece, cujo cavaleiro é a morte. Finalmente todos os seres humanos morrem fisicamente. Em Apocalipse 6:12-17 é descrito o processo de morrer. A partir de um nível microcósmico da interpretação, o Sol e a Lua representam as forças solares e lunares dentro do corpo, e os reis da Terra representam as forças que governam as diferentes partes do corpo.
As estrelas que despencam do céu para a Terra representam as forças cósmicas que tomam o corpo quando o espírito o abandona. O céu desaparecendo em um redemoinho que o envolve se relaciona com o movimento espiral pelo qual saem os Corpos Vital, de Desejos e a Mente, quando abandonam o Corpo Denso.
A consciência de São João, então, entra no Mundo do Desejo e vê o que acontece com os seres humanos no Purgatório e no Primeiro Céu. Em Apocalipse 8:1-5, São João descreve um Anjo com um incensário e a fumaça que se mistura com as orações dos Santos. Então o Anjo pega o incensário, enche de fogo e o atira sobre a Terra. O incenso retrata os sentimentos feridos de pessoas inocentes. Os incensários cheios de fogo e jogados sobre a Terra indicam que, na mesma medida que uma pessoa faz os outros sofrerem, ela sofrerá o mesmo, e assim a Terra (ou o aspecto inferior de sua natureza) será queimada (ou expurgada). Em Apocalipse 8:6-9, 19 descreve com mais detalhes o processo no Purgatório. Os quatro Anjos mencionados em 9:15 são os quatro Anjos do Destino ou Arquivistas que monitoram o funcionamento da Lei de Causa e Efeito. Em Apocalipse 9:20, ele cita “Os outros homens, que não foram mortos por estes flagelos, não renunciaram sequer às obras de suas mãos”. Essas partes de nossa natureza inferior, que não forem erradicadas na experiência do Purgatório, ainda estarão presentes em nossa natureza em nossa próxima vida. Não é possível aprender todas as lições em uma só existência.
Em Apocalipse 7:1-17, São João descreve as experiências do ser humano no Primeiro Céu. Os quatro Anjos mencionados em 7:1 são novamente os quatro Anjos Arquivistas ou do Destino. Eles alertam para não prejudicar as 144.000 pessoas que foram seladas como servos de Deus. De acordo com os procedimentos da simbologia numérica, 144.000 é igual a (somando os dígitos) 9, que representa o número do ser humano. Isso indica que praticamente todos os seres humanos (depois de passarem pelo Purgatório) alcançam o Primeiro Céu. Essa interpretação é comprovada em 7:9 que descreve que: “uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados com vestes brancas”. Em 7:14-17, ele ainda observa que “nunca mais terão fome, nem sede, … e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.”. A grande tribulação (em um nível microcósmico de interpretação) é o Purgatório. As vestes brancas indicam que o sofrimento no Purgatório limpou os Corpos de Desejos. “Eles não terão mais fome e sede” indica que o que eles desejarem na Terra (de natureza edificante) ali será realizado.
Quando o ser humano entra no Segundo Céu, passa algum tempo avaliando e assimilando as experiências de sua vida passada. Isso é descrito no Ap 10:8, 11, 2. São João conta como um Anjo lhe deu um rolo para comer que era doce em sua boca, mas amargo em sua barriga. O pergaminho representa sabedoria. Comer o pergaminho representa trazer sabedoria à consciência. Ser doce na boca representa ver a beleza ou a justiça de alguma parte da sabedoria. Ser amargo em seu ventre indica que quando chega a hora de usar a sabedoria e fazer o que você sabe que é certo (depois de retomar a vida na Terra) nem sempre é fácil ou agradável. A medição do Templo de Deus indica a avaliação das estruturas de seu Corpo Denso, seus hábitos, desejos e pensamentos da vida anterior. A São João foi dito para não medir o quintal. Isso indica que não se deve avaliar seus semelhantes e culpá-los por qualquer uma de suas falhas.
Já Ap 11:4-19 descreve, brevemente, a direção planejada para a evolução do ser humano. As duas oliveiras e os apoios de duas lâmpadas são as fontes de direção divina para o ser humano e as oportunidades para o crescimento da alma que chegam aos seres humanos (lembre-se que o azeite usado nas lâmpadas da vida representa a alma). A besta que se ergue do abismo pode travar uma guerra contra os profetas e matá-los. A besta é a paixão egoísta. A paixão pode tentar o ser humano a não seguir a direção divina e pode alcançar seu objetivo.
Contudo, os profetas voltam à vida. Embora a luz divina possa ser ignorada por um tempo, ela não pode ser extinta e retorna à consciência do ser humano. Finalmente, o Reino do mundo se converte no Reino de Cristo. Esta seção termina com a Arca da Aliança, vista no céu. A Arca é a representação simbólica do Iniciado (a arca continha as Tábuas da Lei, o Pote Dourado do Maná e a Vara de Aarão, que representam o Iniciado com a lei dentro do seu coração, o Corpo-Alma e os fluxos da força criadora espiritualizados).
Em Ap 12-22 temos a descrição da luta (no processo evolutivo) entre Jeová e os espíritos de Lúcifer. São João descreve ter visto uma mulher vestida com o Sol, com a Lua sob seus pés, que trouxe à luz uma criança. Um dragão que se sentou para devorar a criança, mas a criança foi elevada até Deus e a mulher fugiu para o deserto (Ap 12:1-6). A mulher simboliza as forças da criatividade física dirigidas pelo Deus lunar, Jeová. A criança que nasce é a humanidade. O dragão representa os espíritos de Lúcifer. O dragão, impedido de devorar a criança levada à Deus indica que durante a Involução, quando a consciência do ser humano estava nos Mundos superiores, o ser humano tinha pouca consciência e não podia ser induzido a atos de paixão e egoísmo pelos espíritos de Lúcifer, mas ao invés disso seguia docilmente a Jeová. O deserto é algo que está longe da ação diária do ser humano. A mulher fugindo para o deserto indica que o ser humano não era geralmente consciente do ato procriador em tal época.
Miguel e seus Anjos lutaram com o dragão e seus Anjos, e o dragão e seus Anjos foram expulsos do céu. Então o dragão foi para a Terra e perseguiu a mulher. A mulher recebeu as duas asas da grande águia para que ela pudesse voar para o deserto, longe do dragão. O dragão derrama água de sua boca atrás da mulher, mas a Terra engole o rio (Ap 12:7-17). O dragão e seus Anjos lançados do céu referem-se ao fato de que os espíritos de Lúcifer estavam ficando para trás na onda de vida angélica e necessitavam para sua evolução de um ambiente mais denso do que o dos Anjos. O dragão perseguindo a mulher na Terra indica que os espíritos lucíferos tentaram fazer com que o ser humano usasse suas forças criadoras para servir seus interesses. Como os espíritos de Lúcifer precisavam de conhecimento físico para sua evolução, os seres humanos tinham que deixar de confiar na sabedoria orientadora de Jeová e agir por iniciativa própria (independentemente das suas ações serem imprudentes). Ao ser humano foram dados dois meios para resistir às insinuações dos espíritos de Lúcifer. Um é representado pelas duas asas da grande águia, que representam as asas da oração, que ajudam o ser humano a colocar sua consciência em contato com o divino. O outro é representado pela Terra engolindo o rio que jorra da boca do dragão da Terra. O rio que jorra da boca do dragão indica os desejos egoístas com os quais os espíritos de Lúcifer tentam o ser humano. A Terra que engoliu esse rio indica que as restrições físicas podem colocar limitações em desejos egoístas (pois o ser humano não tende a parar de querer o que é fisicamente impossível de realizar).
Uma besta saiu do mar. A besta tinha uma ferida mortal, que foi curada. “Os homens adoravam a besta.” (Ap 13:1-10). O mar é a paixão. A besta é a parte inferior da natureza onde se constrói a paixão. A besta se recuperar de uma ferida mortal indica que quando acreditamos que eliminamos alguma falha de nossa personalidade, ela ainda pode surgir novamente.
“Homens adorando a besta” indicam o ser humano que falha na luta contra sua natureza inferior, decide aceitá-la como natural e, portanto, que é bom seguir seus ditames. Uma besta também se levantou da Terra. Ela fez grandes sinais e decepcionou aqueles que habitaram na Terra e deu poder à imagem da besta da água que havia enganado. O número dessa besta era 666 (um número humano) e estava marcado na mão direita ou na testa de todos (Ap 13:11-18). A besta que surgiu da Terra é o materialismo. O materialismo pode fazer maravilhas, como evidenciado pelas conquistas da ciência atual. Contudo, o materialismo também pode enganar aqueles que habitam na Terra. Pode levar as pessoas à crença de que tudo pode ser feito fisicamente e que não há poderes mais além do físico. O materialismo também fortalece a imagem da besta da água. Isso significa que promove o egoísmo e a paixão. Somando os dígitos do número da besta, temos 18 e, portanto, 9, simbolicamente o número do ser humano. Assim, a besta é fabricada pelo ser humano.
Ap 14-18 descreve como aqueles que seguem a besta trazem sofrimento para si mesmos e como a parte maligna de sua natureza é reduzida e eliminada. A Cidade da Babilônia representa a falta de sabedoria e a resultante confusão associada à existência material (a palavra “Babilônia” significa “lugar de confusão”), e ela é vencida. Finalmente, a fumaça da prostituta (da Babilônia) sobe (Ap 19:3), o que significa que a força criadora sobe e supera a paixão egoísta.
Ap 19:6-8 conta como o som do poderoso trovão de muitas vozes foi ouvido quando o casamento do Cordeiro ocorreu. A Noiva tinha preparado para si mesma roupas em linho fino, brilhante e puro, que são as boas ações dos Santos. A Noiva é a humanidade. A roupa de linho fino da noiva é o Corpo-Alma (que é concebido pelo serviço). Os trovões são vibrações atmosféricas que ocorrerão na segunda vinda de Cristo e que libertarão o Corpo-Alma (daqueles que têm um) do Corpo Denso e permitirão que essas pessoas vivam na Região Etérica do Mundo Físico. O casamento do Cordeiro indica a unificação da consciência do ser humano com a consciência de Cristo.
Ap 19:11-16 dá uma descrição simbólica de um Iniciado. Seus olhos como chama indicam que ele tem uma visão interna. Seu manto de sangue indica que o que ele conseguiu foi através do sofrimento. A espada em sua boca com a qual ele governa as nações indica que ele governa suas próprias ações e as mantém alinhadas com a Lei Cósmica. Governar com uma barra de ferro significa que ele tem domínio sobre a paixão.
Em Ap 19:17-18, os pássaros são descritos alimentando-se da carne de reis, capitães, homens e cavalos. Os pássaros simbolizam a alma, e sua alimentação da carne representa que a alma cresce como resultado da experiência física.
Ap 21-22 descreve a próxima Era. Que “a morada de Deus estará com os homens” implica que os seres humanos terão a consciência de Deus. Que não haverá mais dor significa que quando os seres humanos tiverem a consciência de Deus, eles não criarão mais as desarmonias que resultam em dor. Essa sede será saciada pela água da vida, indicando que os seres humanos terão o poder de cura. A Árvore da Vida na Nova Jerusalém também indica a posse do poder criador. A cidade de Jerusalém que vem de Deus aponta que a paz de espírito está associada à consciência de Deus. Que a Nova Jerusalém não terá Templo ou necessidade do Sol ou da Lua representa que o Deus interior (Ego) será capaz de dirigir seus próprios corpos e que um Deus externo não será necessário para a direção. O objetivo de um Livro como o Livro da Revelação, que descreve o caminho evolutivo do ser humano, é inspirar os seres humanos a trabalhar em harmonia com os Seres que guiam sua evolução. Todos nós podemos aprender a perceber que somos pobres, cegos e nus e, então, decidirmos comprar o ouro refinado pelo fogo, o unguento para ungir nossos olhos e as roupas brancas para vestir nossos corpos.
FIM
Da Utopia a Realidade: por que algumas pessoas acham que a atualidade é o próprio Apocalipse
Mesmo contrariando a expectativa da maior parte das pessoas, para quem a atualidade é o próprio Apocalipse, conservamos inabalável nossa fé no futuro da humanidade.
Não é fácil, concordamos, manter o otimismo em meio a tantas crises, violências e temores. São de tal monta as mazelas que, à visão do ser humano comum, qualquer saída se tornou uma impossibilidade.
Nós, entretanto, não compartilhamos desse pessimismo generalizado. Analisando os fatos e, procurando seu significado à luz dos ensinamentos esotéricos percebe-se a existência de um caminho. A humanidade já arrastou crises no passado e sempre encontrou a luz no fim do túnel.
Temos a plena convicção de que justamente sobre os escombros das mazelas atuais erigir-se-á uma nova sociedade mundial: mais justa, fraterna e espiritual. As experiências dolorosas do presente servirão de base para a formação de um ser humano mais elevado, em todos os aspectos.
Uma coisa é certa: o momento que atravessamos é o mais grave de todos aqueles vividos em nossa caminhada evolutiva. Encontramo-nos estertores da Idade de Peixes, já sentindo as vibrações de Aquário. É uma fase de transição. E, como foi acontecer nas transições, tudo parece despencar para um caos absoluto. O Planeta Plutão iniciou, em 1984, seu trânsito pelo signo de Escorpião, devendo percorrê-lo por vários anos. Sua influência será notada em nossa atitude em relação à riqueza, poder, sexo e aos talentos individuais e coletivos. Representa a necessidade de transformar, regenerar, reencetar. Seu propósito é trazer a superfície, destruir, eliminar, transmutar, intensificar, adicionar nova dimensão, purgar, renovar.
Ação desse Planeta far-se-á sentir através de mudanças na consciência das pessoas. E só por meio de mudanças drásticas as estruturas piscianas, já em franco processo de deterioração, darão lugar a outras mais arejadas e capazes de conduzir-nos com segurança à idade de Aquário.
Insere-se nessa preparação para a nova era um verdadeiro tratamento de choque para os menos desenvolvidos. Mesmo para os espiritualistas o processo é doloroso, pois a ele cabe a tarefa de autorregenerar conscientemente, tornando-se apto para ajudar seus irmãos mais atrasados. Amor e paciência, coragem e espírito de sacrifício são algumas das qualidades indispensáveis à realização desse grande trabalho. A esse respeito Max Heindel assim se manifestou no Conceito Rosacruz do Cosmos: “O coração sente e reconhece a verdade de que somos irmãos, e de que a desgraça de um é realmente sentida por todos, embora nos esqueçamos disso em meio às lutas do cotidiano. Tais incidentes são indicadores da direção evolutiva. Depois da razão o ser humano será dominado pelo amor que, atualmente, age independentemente e, às vezes até contrariando os ditames daquela. Essa anomalia ocorre porque atualmente o amor é raras vezes altruísta e nem sempre nossa razão é certa. Na Nova Galileia o amor far-se-á altruísta e a razão aprovará seus ditames. A Fraternidade Universal, realizar-se-á plenamente e cada um trabalhará pelo bem de todos. O egoísmo será coisa do passado”.
Para os mais céticos isso tudo não passa de uma tola utopia, um sonho de visionários. Esquecem-se, porém, que as maiores conquistas do ser humano nasceram de sonhos aparentemente irrealizáveis. A saga da família humana também foi assim: de “homens das cavernas” passamos a “homo sapiens” e daí chegaremos a “homens cósmicos”.
As utopias acalentadas desde Licurgo, na Antiguidade, tornaram-se quase todas uma realidade. O ser humano cresceu a despeito de si mesmo. Os escravos da Antiguidade converteram-se nos servos da Idade Média e estes agora são os operários da Idade Contemporânea.
Das trevas medievais partimos para o esplendor renascentista. Do feudalismo caminhamos para o Absolutismo e deste para as monarquias constitucionais e modernas democracias. Os ideais das Revoluções Francesa e Americana alastraram-se irresistivelmente, inspirando novas formas de governo. Foi aprovada a Declaração dos Direitos Humanos. Surgiu a ONU. Os povos asiáticos e africanos ganharam liberdade política, faltando apenas conquistarem a econômica. O Papa João XXIII, desencarnado em 1963, afirmou profeticamente que no final deste século três realidades seriam bem evidentes: a descolonização total, a ascensão da mulher e a das classes trabalhadoras. E não é o que está acontecendo?
Por mais evidente que seja tudo isso, a humanidade vive momentos de apreensão e sofrimento, dividida como se encontra entre duas forças: o Capitalismo e o Comunismo. Não podemos falar em Capitalismo sem reportar-nos à Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII. Foi um dos fatos que marcaram a conquista do mundo físico pelo ser humano, caminho esse já previsto pelas Hierarquias Divinas. A Revolução Industrial gerou uma economia industrializada e a ocupação do espaço urbano em escala crescente, promovendo transformações sociais de grande profundidade. O crescimento industrial é a parte essencial e o eixo ideológico principalmente do moderno Capitalismo.
Infelizmente esse processo de transformação da sociedade sofreu os efeitos do egoísmo humano. Logo nos seus primórdios surgiram Grandes distorções como, por exemplo a jornada de trabalho de 14 horas, os camponeses expulsos de suas terras, os salários de fome, exploração de mulheres e crianças.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/86)
As páginas da Bíblia encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização.
Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal.
Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos.
A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço.
Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
1. Para fazer download ou imprimir:
A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas – Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
A BÍBLIA: O MARAVILHOSO LIVRO DAS ÉPOCAS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1954, The Bible: wonder book of the ages, editada por Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
Parte I: Destaques importantes sobre Iniciação no Antigo Testamento 5
CAPÍTULO I – Abraão – O modelo cósmico para o ser humano da quinta raça raiz 7
CAPÍTULO II – Jacó e Moisés – Filhos iniciados da sabedoria antiga. 14
CAPÍTULO III – Davi e Salomão – Acrescentando revelações de verdade e sabedoria 20
A Missão de Salomão para o Mundo. 23
Iniciação Suprema de Salomão. 27
CAPÍTULO IV – Sons de Iniciação. 30
Cântico dos Cânticos – um canto matrimonial místico. 33
Parte II: Destaques importantes sobre Iniciação no Novo Testamento 39
GetsÊmani: O jardim da Aflição. 57
Correspondências astrológicas desde a Anunciação até a Ascensão. 66
CAPÍTULO VII – Os doze imortais 70
CAPÍTULO VIII – O CAMINHO DE DAMASCO.. 85
A LUZ GLORIOSA EM DAMASCO.. 89
O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO INTERIOR. 93
Parte III: O Mistério do Cristo no Cosmos 102
CAPÍTULO IX – Os Doze Caminhos Através do Zodíaco. 104
CAPÍTULO X – O Mistério de Cristo nos Céus 112
CAPÍTULO XI – O Cristo Cósmico e o Cristo Planetário. 122
CAPÍTULO XII – O Ciclo do Ano com Cristo. 128
O Primeiro Trimestre: Janeiro, Fevereiro e Março. 128
O Segundo Trimestre: Abril, Maio e Junho. 129
O Terceiro Trimestre: Julho, Agosto e Setembro. 130
O Quarto Trimestre: Outubro, Novembro e Dezembro. 133
A Bíblia é o maravilhoso livro das épocas. Suas páginas encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização. Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal. Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos. A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço. Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
Seus segredos foram cuidadosamente colocados no texto bíblico, espiral dentro de espiral, de tal modo que quanto mais espiritual o ser humano se torna, mais profundos significados se revelarão para ele.
Como está escrito no Zohar, “Infeliz é o homem que somente enxerga no Torah (a Lei) simples recitações de palavras comuns! …. Cada palavra do Torah contém elevados significados e mistérios sublimes… A observação simples é capaz de revelar somente as vestimentas do Torah e seus versos… O homem mais instruído não presta atenção à vestimenta, mas ao corpo que a envolve”.
A Bíblia acompanhará o ser humano para as mesmas portas da Nova Era, onde descobrirá que suas páginas revelam um conceito totalmente novo a respeito dos mistérios da vida espiritual, como este livro maravilhoso é o verdadeiro livro da Vida sobre o qual serão baseadas as ciências da alma da Nova Era de Aquário.
Quando se lê a história da Bíblia sob a luz das interpretações da Nova Era, em que se relacionam todos os personagens e eventos ao ser humano individual, para que estas qualidades e atributos sejam cultivados ou erradicados, ocorre que as Escrituras se convertem em PALAVRAS VIVAS, aplicadas imediatamente aos problemas pessoais atuais da vida diária. Os aspectos históricos, então, retrocedem a um segundo plano. A Bíblia deixa de ser um livro de um passado diferente e morto e passa a ser um guia para um presente vivo e pulsante.
Abraão cujo nome significa “pai das multidões” foi o primeiro dos mestres iniciados enviados a nova Quinta Raça Raiz que habitaram a Terra depois da destruição do continente Atlântico pelo Dilúvio. Ele veio de Ur, cidade da “luz”, e se estabeleceu em Haran, “um lugar alto”. Sarah e Lot viajaram com ele. Sara, significa “princesa” e representa o princípio do feminino ou do amor, e Lot, identificado principalmente com Sodoma, que representa a natureza inferior. Assim, Abraão viaja para a nova terra, acompanhado por ambos os elementos superiores e inferiores que estão dentro de sua própria natureza.
Como um pioneiro, Abraão representa astrologicamente, Saturno, que preside o princípio da manifestação e quem as forças modelam a forma da substância que emerge do Caos.
Os espiritualmente iluminados sempre consideraram que cada lugar mencionado na Bíblia representa o aqui e agora, e cada personagem mencionado é você, você mesmo. Assim, por exemplo, as duas esposas de Abraão, Sarah e Hagar, tipificam respectivamente as naturezas superior e inferior do ser humano, e os dois filhos que nasceram, representam os atributos e as obras resultantes das atividades destas duas naturezas opostas no ser humano. Agar e seu filho Ismael, personificam o ser inferior e Sara e seu filho Isaac, caracteriza o superior. O nome Isaac significa alegria, a alegria que vem ao mais alto Ego com a vida verdadeira.
Abraão foi inicialmente conhecido como Abrão (Abram) e sua mulher Sarah como Saray. A partir da primeira Iniciação de Abraão a letra H (Abram antes da Iniciação; após a Iniciação seu nome passou a ser escrito como Abraham) se incluiu em seu nome, a letra “H”, uma letra feminina, que quando adicionado ao nome de Abram e Saray, indica que em sua experiência iniciatória eles despertaram o princípio feminino dentro de si ou princípio intuitivo. O despertar desse princípio dá origem a Isaac que, no recente contexto significa a alegria que a alma experimenta quando se estabelece ações retas e harmoniosas com a Super-Alma.
Abraão (ou Abraham) personifica o que se poderia chamar de arquétipo da quinta Raça Raiz. Portanto, os principais eventos que ocorreram em sua vida, como é relatada na Bíblia, devem ser imitados em seu significado essencial por todo o indivíduo que pertence à está presente Raça Raiz.
Abraão alcançou tão elevada condição na realização espiritual que pôde se comunicar face a face com mesmo Senhor dos Céus. No entanto, quanto mais alta a alma ascende, mais sutis serão as tentações, e mais severos serão as provas e testes que deverão ser superadas. Isso é bem verdade, pois “muitos retrocederam e não mais caminharam com Cristo”[1]. Em seu progresso espiritual, Abraão finalmente enfrentou uma de suas maiores provas no Caminho Iniciático, a denominada Grande Renúncia. Assim como se lê em Gênesis 22:7-12:
“Isaac dirigiu-se a seu pai Abraão e disse: ‘Meu pai!’. Ele respondeu: ‘Sim, meu filho!’. — ‘Eis o fogo e a lenha,’, retomou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o holocausto?’. Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho’, e foram-se os dois juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o altar, dispôs a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e apanhou o cutelo para imolar seu filho. Mas o anjo de Iahweh o chamou do céu e disse: ‘Abraão! Abraão!’. Ele respondeu: ‘Eis-me aqui!’. O anjo disse: ‘Não estendas a mão contra o menino! Não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus: tu não me recusaste teu filho, teu único’.”
Esta passagem revela uma completa renúncia de si mesmo para Deus. Ele tinha a vontade, a coragem e a força para passar por esse teste com sucesso. Deste modo, ele abriu a porta para um eflúvio de poder e iluminação que não é nem sonhado por aqueles que ainda não foram testados e provados neste nível. Ele não questionou a fé para obedecer ao comando do Senhor (Lei), não importava o custo. Este é o caminho da pessoa qualificada para tomar parte dos grandes planos de Deus para o ser humano. A sentença de Cristo que diz “aquele que encontrou sua vida, a perderá; e aquele que perdeu sua vida por minha causa, a encontrará”, é um ensinamento do Templo que pertence às eras.
Novamente em Gênesis 22:13 lemos:
“Abraão ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num arbusto; Abraão foi pegar o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar de seu filho.”.
O carneiro é o símbolo de Áries. Tal símbolo foi chamado por muitos anos de “o cordeiro da apresentação”. Em seu aspecto superior, as palavras-chave para Áries são: pureza, serviço e sacrifício. É o Signo da ressurreição. Peixes é o último Signo do Zodíaco, é um lugar de pesar, um jardim de lágrimas, o Getsemani no Caminho. Suas portas se fecham e apenas abrem no primeiro Signo zodiacal, Áries, anunciando a chegada do recém-nascido. Abraão agora chegou até este ponto em seu desenvolvimento Iniciático.
Uma das supremas experiências espirituais da vida de Abraão foi seu encontro com Melquisedeque, que foi um dos maiores mestres iniciadores. Ele foi um dos principais Altos Sacerdotes da Atlântida e Mestre daqueles indivíduos remanescentes que sobreviveram da destruição pelo Dilúvio. Noé e sua família são os nomes genéricos daqueles sobreviventes.
Melquisedeque deu a Abraão os profundos ensinamentos espirituais que mais tarde se tornaram conhecidos no mundo Cristão como a Missa Cristã, e que o Cristianismo Ortodoxo o denomina como a Sagrada Comunhão. Uma versão superior desse mesmo mistério espiritual foi o último e mais sublime ensinamento que o Senhor Cristo deu aos mais avançados Discípulos durante seus três anos de ministério na Terra. Uma revelação ainda maior desse sagrado mistério tornar-se-á o centro dos ensinamentos e do ritualismo da Religião da Nova Era Aquariana.
Depois que tudo isso aconteceu, a palavra do SENHOR veio a Abrão em visão, dizendo: “Não temas, Abrão! Eu sou o teu escudo, tua recompensa será muito grande.”[2]. Então disse Abrão: “Meu Senhor Iahweh, que me darás? Continuo sem filho… e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliezer?”[3]. Essa questão guarda a chave do entendimento de um dos mais ocultos capítulos da Bíblia. Uma interpretação bem resumida: o nome Eliezer significa “ajuda de Deus”. Tal nome simboliza o despertar dos poderes do Ser Divino interno. Eliezer é um mordomo e um fiel devoto da família de Abraão, que aqui representa o corpo. Ele é da cidade de Damasco, cidade que na simbologia bíblica significa um centro de iluminação e um lugar onde as flores são vigorosas e perpétuas. Privado da descendência, aquilo que Abraão pergunta ao Senhor é, em efeito, o que ele deveria fazer, pois verificou que seu Deus interno está agora funcionando como um espírito de luz que agora está no comando de seus atributos e faculdades.
Tal experiência nos mundos internos confirma a mensagem da escritura que mostra que seu encontro com o Senhor foi uma VISÃO. Além disso, a promessa feita a Abraão pelo Senhor de que o herdeiro que ele buscava nasceria de suas próprias entranhas, ou de seu ser interior, denota o aspecto espiritual dessa experiência. Sua descendência espiritual seria impossível de contar, assim como as estrelas do céu. Abraão acreditou sem embargo que a “mente mortal”, que são os sentidos físicos, a parte incrédula do ser humano, cederia espaço para a percepção clara de sua alma de verdade nos planos da consciência ao qual ele tinha agora ascendido.
O Senhor também prometeu que daria a sua descendência a Terra que se estende “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[4]. Abraão, então, perguntou como ele saberia que esta seria a sua herança. O Senhor respondeu enigmaticamente: “Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.” (Gn 15:9).
Assim ele fez. Mas este não foi um sacrifício sanguinário pelo qual se viu chamado a realizar. Toda experiência relatada neste capítulo ocorreu nos planos internos ou no nível suprafísico. Para se aprender o significado interno em seus mínimos detalhes, deve-se considerar que as palavras que descrevem tais experiências trazem termos simbólicos. Lembre-se sempre que as maiores verdades espirituais nunca são passadas de maneira escrita, mas transmitidas oralmente de Mestre para Discípulo de acordo com o entendimento e méritos deste último. Na medida em que são ou podem ser transmitidas de modo escrito, símbolos e cifras de vários tipos são também utilizados, pois eles traduzem da melhor maneira aquilo que as palavras sozinhas não podem fazer.
Assim sendo, como referências escritas são feitas para as mais exaltadas experiências da alma, e como a natureza das palavras é obscura e enigmática, exceto para aqueles que já conseguiram um estado de consciência que penetra a alma das coisas e possibilita observações e corroborações inteiramente novas. Quando se lê a Bíblia a luz do conhecimento esotérico, as cerimônias das Religiões exotéricas são apenas frações mutiladas dos verdadeiros rituais que se encontram nela.
Regressando ao tema do sacrifício animal, não foi exatamente essa oferenda de Abraão. As “asas que a alma forja para uma ascensão elevada” não se constroem da agonia e morte de qualquer coisa vivente, mas mediante simpatia, compaixão e por um amor unificante e que abraça a todos. Isso inclui todas as criaturas de Deus, do mais alto ao mais baixo. Essa é a única maneira de construir as qualidades internas da alma necessárias para que um Iniciado, como Abraão, alcançasse uma realização superior.
Apliquemos a chave astrológica aos sacrifícios que foi ordenado a Abraão. Um bezerro é um símbolo do Signo de Touro e seu sacrifício significa a renúncia de todos os desejos primários e do amor egoísta. A cabra é o símbolo de Capricórnio. Isso significa o sacrifício do poder mundano e da ambição. O carneiro é o símbolo de Áries e representa a ressurreição dos poderes vitais, por meio da castidade e pela transmutação. A rolinha e o pombo são os símbolos de Libra, a Balança, e se refere às experiências sutis que testam a sensatez do estado de realização.
Deve-se também notar que o sacrifício de Abraão ocorreu em Mambré que quer dizer fortaleza, e na cerca de Hebrón que significa unidade.
Pondo-se o Sol, um profundo sono caiu sobre Abraão; e eis que grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. Então disse a Abraão: “e eis que foi tomado de grande pavor. Iahweh disse a Abrão: ‘Sabe, com certeza, que teus descendentes serão estrangeiros numa terra que não será a deles. Lá eles serão escravos, serão oprimidos durante quatrocentos anos.’” (Gn 15:12-13).
Este é um resumo de tudo o que pode ser dado publicamente a respeito do processo de certa Iniciação. Isso relata o êxtase do espírito que acompanha “a grande escuridão”. Quando Abraão perde a consciência no plano físico, está acordado nos planos etéricos internos. Então no Livro de Recordação de Deus se lê que os quadros cósmicos de eventos futuros conectados as pessoas de Áries, aqueles que serão liderados por ele. A semente de Abraão, os frutos do espírito, não está em sua morada durante sua estadia na Terra. Eles são desconhecidos, são passageiros estão ao serviço da matéria e sujeitos a suas limitações até que o quaternário inferior da forma (400 anos) tenha sido transcendido por um poder trino do espírito.
E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades (Gn 15:17).
O calor, a fumaça e o fogo são inseparáveis dos processos de depuração que levam a iluminação. Está muito claro que Abraão passou com muito sucesso através do “crisol” e se qualificou para um serviço mais alto, e “no mesmo dia” celebrou a aliança com o Senhor que lhe disse que a sua descendência a Terra que se estende: “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[5].
O poder escondido do fruto da videira era reconhecido pelos primeiros Padres, como se pode concluir a partir do estudo das seguintes passagens dos escritos de Justino Mártir: “A palavra sangue da uva foi usada com o propósito de expressar que Cristo possui sangue não proveniente da semente humana, mas do poder de Deus. Desta maneira, o homem não produz o sangue da videira, mas Deus o produz. Assim, esta passagem anuncia que o sangue de Cristo não era de origem humana, mas do poder de Deus, e tal profecia revela que Cristo não é um homem, engendrado do homem, segundo as leis comuns dos homens”.
Um historiador eclesiástico do século quarto, fez um comentário desta passagem: “… Os homens são redimidos pelo sangue da uva que é espiritual e em que Deus mora”.
Conclui-se, a partir dessas declarações, que aquilo que é referido como “o sangue da uva” possui um grande significado. Esse sangue se refere à purificação e à transmutação do sangue comum. Cristo disse a seus Discípulos: “Eu sou a videira, vocês são os ramos”[6]. Por meio do pão e do vinho, um verdadeiro Aspirante se coloca em sintonia mais perfeita e mais próxima de Cristo e pode tanto desenvolver como manifestar poderes Crísticos dentro de si mesmo.
Tanto Justino Mártir como Clemente de Alexandria afirma que foi Cristo que apareceu a Jacó em um sonho. Neste sonho, ele viu uma escada que se estendia da Terra até o Céu, com Anjos do Senhor, subindo e descendo por ela. Acima dela estava o Senhor, que disse: “Eu sou o Senhor Deus de Abraão, teu pai e Deus de Isaac.” (Gn 28:13). Cipriano, citando Gênesis 35:1 escreve: “… Acreditando, como todos os Padres acreditaram que foi Cristo, o Deus, que falou e apareceu a Jacó quando este fugia de Essau – ou Esaú”.
Conforme mencionado no terceiro volume de nosso livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, os Mestres iluminados ao longo das eras têm ensinado seus Discípulos sobre o trabalho das Escolas de Mistérios, sendo que suas várias formas de Iniciações não eram senão passos preparatórios para a vinda de um Mestre Supremo do Mundo, o Senhor Cristo. Esta afirmação se mantém verdadeira em relação aos mestres profetas da Dispensação do Antigo Testamento. Eles e seus seguidores estavam se preparando para que mais tarde, pudessem servir a Cristo. Em seus Sonhos, era ensinado a Jacó ler na Memória da Natureza. Ali, ele viu a escada de involução e evolução que se estendia desde o Céu até a Terra, com multidões de espíritos que descendiam para reencarnarem e ascendiam para Céu depois que as lições da Terra tinham sido aprendidas.
O Caminho do Discipulado tem sido similar de tempos em tempos. Os Aspirantes devem enfrentar e superar provas similares e percorrerem o mesmo caminho. Há apenas mudanças particulares no curso de épocas sucessivas. O caminho Iniciático é descrito com excepcional precisão e fidelidade na vida de Jacó. Em Gênesis 32:25-26 registra que quando Jacó foi deixado sozinho “lutou com ele um homem, até que a aurora surgiu”. Ao final deste incidente, ficou claro que foi Aquele que prevaleceu sobre Jacó, o novo nome de Israel, que significa aquele que preserva. “Porque”, disse Ele, “como um príncipe tem lutado com Deus e com os homens” (Gn 32:29). A experiência aqui relatada é de profundo significado: que o Senhor Cristo foi o Mestre e Guardião de Jacó, conforme relatado por Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Ireneo.
A experiência de Jacó de lutar a noite toda com o Anjo e não permissão de que ele fosse embora, até que recebesse uma benção, é bem conhecida na Senda do Discipulado. Os Poderes Espirituais latentes em cada Aspirante tornam-se suficientemente vibrantes que logo se tornam evidentes em sua vida. “Deixe que Cristo seja formado em você” foi a séria exortação de S. Paulo aos seus Discípulos. Isto é um requisito necessário antes que alguém possa se tornar um pioneiro da Dispensação de Cristo.
Isto se levou a cabo na vida de Jacó. Ele abandonou para sempre Essau – ou Esaú (a natureza inferior) – Gn 33:12. Em concordância com a mudança interna que, então ocorreu, ele não mais foi mais chamado de Jacó, mas sim de Israel, um nome que também significa “aquele vê a Deus”. Jacó agora era um herói conquistador e um dedicado servo. Ele estava qualificado para se tornar um trabalhador no vinhedo do Senhor Cristo, que declarou: “Aquele que quiser ser o maior entre vós seja o servo de todos”[7].
Novamente ao verso do Gênesis que diz: “Jacó foi deixado sozinho e lutou com ele um homem”, Orígenes escreve: “Quem mais pode ser do que Aquele que é chamado de homem e Deus, que lutou e argumentou com Jacó, aquele que falava em diferentes ocasiões e de diversas maneiras com o Pai” (Hb 1:1). A Palavra sagrada que é chamada Senhor e Deus, que também abençoou Jacó e chamou a ele de Israel, dizendo: “Tu tens prevalecido com Deus”. “Foi assim que os homens daqueles dias mantiveram a Palavra de Deus, como nossos apóstolos disseram: “O que era desde o princípio, o que ouvimos o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram a Palavra da vida” (1Joa 1:1) cuja Palavra da Vida, Jacó, também viu e acrescentou: “Eu vi Deus face a face”[8].
Passada tal experiência fragorosa, que terminou com a vitória de Jacó, este ascendeu para Betel, onde construiu um altar e dedicou sua vida a Deus. Muitos que passaram por esta experiência exaltadora possuem a consciência da presença de Cristo e do derramamento de Sua terna benção sobre seus Discípulos valentes. Betel significa “a casa de Deus” e é como um candidato vitorioso que realiza completa dedicação.
Hipólito, um escritor eclesiástico do terceiro século e pupilo de Ireneo, pronunciou a seguinte declaração com referência a Cristo, em relação à profecia de Jacó (Gn 49:9) e, também, do Livro do Apocalipse (5:5): “Agora, uma vez que o Senhor Jesus Cristo, que é Deus, por causa da realeza e glória, foi descrito, antes, como um leão”.
Quatro dos mais distintos Padres da Igreja (Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Ireneo e Tertuliano), afirmaram que não foi outro, senão o Cristo que apareceu a Moisés no episódio da sarça ardente. Tal fenômeno foi reflexo do Cristo Cósmico, conforme Ele se aproximou mais da Terra, antes de Sua encarnação humana. Cristo é o Senhor do Sol e Chefe dos espíritos de Fogo, os Arcanjos. A Dispensação Cristã está intimamente guiada pela Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Assim, a Iniciação de Fogo é diretamente ligada aos Mistérios de Cristo. Este fogo não é uma chama que queima, mas uma luz que purifica e transmuta. A sarça que “queimava” tornou-se chama com a luz, por isso não foi consumida. Esta experiência de Moisés é uma forma velada de exaltação que acompanha a Iniciação do Fogo.
A Iniciação de Fogo está muito relacionada aos processos de Purificação e Transmutação. Todos os altos processos preparatórios Iniciáticos são acompanhados por música celestial. Richard Wagner, um real iniciado musical, trouxe a Terra, pela sua música, algo da magnificência e esplendor que acompanha a Iniciação pelo Fogo. Por meio de seus dramas musicais, como A Valquíria e Siegfried, deu ao mundo a glória da Música de Fogo. A sublimidade destas ressonâncias celestiais e, também, dos acordes finais de O Crepúsculo dos Deuses, soa como ecos e ressonâncias das tonalidades dos reinos mais altos do céu.
Justino Mártir, em concordância com muitos Padres da Igreja, acreditou que Cristo falou com Moisés desde a sarça, e isto estava em desacordo com aqueles que confundiram Deus-Pai com seu Filho. “Aqueles que pensam que sempre foi Deus-Pai que falava com Moisés, considerando que Aquele que falou com ele foi o Filho de Deus, a quem também é chamado um Anjo (e um Apóstolo), estão convencidos tanto pelo espírito profético e pelo próprio Cristo, de que não conhecem nem o Pai nem o Filho. Aqueles que dizem que o Filho é o Pai, não possuem nenhuma certeza de conhecer o Pai nem de entender que o Deus do Universo tem um Filho, ao qual, sendo a Palavra unigênita de Deus, é também Deus. E formalmente Ele apareceu a Moisés e aos profetas em forma de fogo como uma imagem incorpórea”.
Clemente de Alexandria é outra autoridade que relata que foi o próprio Cristo que disse a Moisés: “Eu sou o Senhor Deus que os trouxe da terra do Egito.”[9]. É o poder de Cristo que sempre move o Aspirante para fora do Egito, a simbólica terra de escravidão dos sentidos e da obscuridade da Mente mortal.
A Moisés se permitiu ver a Terra Prometida, a terra que fluía leite e mel (a Dispensação de Cristo do ciclo Aquário-Leão). Santo Orígenes nos diz que foi Cristo que deu a Moisés, na Montanha Sagrada, as Tábuas da Lei, quando ele aprendeu a ler os Arquivos da Memória da Natureza. Ele viu que a civilização da Quinta Raça Raiz teria seus fundamentos baseados nas leis conhecidas como os Dez Mandamentos. Mais adiante, ele viu que o mesmo Cristo traria a extensão destas leis, a qual pronunciou mediante os preceitos enunciados no Sermão da Montanha. A Humanidade da Quinta Raça Raiz ainda está longe dos preceitos de desenvolvimento programados pelo divino plano. Poucos membros alcançaram o status de evolução que está em acordo com os Dez Mandamentos. Menor número de membros aprendeu algum conceito da importância espiritual do Sermão da Montanha.
Conforme enunciado na série A INTERPRETAÇÃO DA NOVA ERA, polaridade é a palavra-chave do Cristianismo Místico. As duas colunas da polaridade são formadas pelos Dez Mandamentos (a coluna masculina) e o Sermão da Montanha (a coluna feminina). Para o homem Crístico que virá da Raça Léo-Aquariana, conforme ele se eleva a dimensões superiores de desenvolvimento, os Dez Mandamentos serão a base sobre a qual se constituirá a vida cotidiana, enquanto o Sermão da Montanha será sua superestrutura.
A elevação de Elias aos céus em um carro de fogo é a descrição de outro espírito iluminado, que estava sendo preparado, por meio da Iniciação de Fogo, para trabalhar, tanto nos planos internos, como nos externos, se antecipando à vinda do Cristo. Essa foi, igualmente, a Iniciação dos Três Homens Santos que foram introduzidos em um forno ardente e saíram incólumes, como lemos no Livro de Daniel[10]. Esse Livro contém, em sua totalidade, muita informação sobre a Iniciação de Fogo
O Livro de Daniel está estreitamente relacionado com o trabalho da Hierarquia do Signo de Fogo, Leão. É a Iniciação de Fogo que conserva o umbral dos Mistérios Cristãos, que o Supremo Mestre se referiu quando disse a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do espírito (Fogo), não poderá entrar no Reino de Deus.”, a nova ordem de Cristo.
Frequentemente nos referimos à Bíblia como “O maravilhoso Livro das Épocas”. Isto é evidenciado pelo fato de que quanto mais se avança no caminho espiritual, mais se revelam os maravilhosos segredos escondidos nas Escrituras. Como indicado previamente, conforme o ser humano ingressa na iluminação da Era de Aquário, compreende que a Bíblia não é apenas um Livro Supremo da Luz, mas um Livro que desperta na sua consciência os profundos mistérios e verdades inimagináveis.
Muitas verdades eternas sobre Davi e Salomão estão encobertas no registro bíblico. Ambos possuíam poderes Iniciáticos de alto grau. Para evitar que verdades espirituais pudessem ser profanadas ou abusadas por pessoas incapazes de captar e aplicar adequadamente tais verdades que foram entregues ao mundo, elas foram encobertas por símbolos pouco atrativos ou por histórias que estavam em consonância com o desenvolvimento primitivo e sensual então prevalecente.
Um antigo ensinamento expressa que: “Se você conhece a doutrina, você deve viver a vida”. Sendo tal declaração verdadeira, alguém deve concluir que Davi e Salomão – duas almas qualificadas para assumirem um papel de liderança espiritual de seu povo – não foram culpados pela conduta repressora da interpretação literal de alguns relatos bíblicos atribuídos a eles. Por exemplo, mulher na vida de Davi indica estágios definitivos de seu desenvolvimento espiritual, ao invés de uniões poligâmicas como parece indicar uma leitura literal. Foi dito que Salomão teve setecentas mulheres e trezentas concubinas. Numericamente, a soma de sete e três resulta em dez, o número da realização espiritual. Tal é o significado do número que é empregado por todo o Antigo Testamento.
Salomão é referido como o mais alto iniciado da Dispensação do Antigo Testamento. O grande amor que ele professava pelas mulheres não deve ser considerado como uma cega paixão pessoal, mas como um meio de transmitir o fato de ter experimentado o êxtase, pelo fato de ter alcançado a união com o exaltado Princípio Feminino, estado este que é um requisito para o alto grau iniciatório que ele alcançou. Por outro lado, as várias mulheres na vida de Salomão, esotericamente, representam os diversos passos no progresso de um Aspirante, assim como Miguel simboliza os poderes marciais de Marte que foram dados como uma armadilha para Davi: Eglah[11], o pessoal e amor íntimo de Vênus; Camaam[12], a expansividade da consciência Jupteriana; Hagith[13], a Lei e a ordem da natureza bem desenvolvida de Saturno; Abital os atributos incrementados da fé e a sabedoria, geralmente associadas a Mercúrio. O matrimônio de Davi com Abigail simboliza um elevado estado de consciência espiritual (1Sm 25:2-42).
Abigail implora por Nabal, o tolo, que representa a natureza inferior do ser humano. Nabal refuta compartilhar com Davi certas qualidades espirituais, as quais um tolo mortal não possui compreensão. Após ter enviado Homens de Davi e participar de uma orgia alcoólica, Nabal viveu apenas dez anos. A morte de Nabal (a natureza baixa) foi seguida da união com Abigail (a graça de Deus) e Davi (o bem-amado). Isto significa a união com o “eterno feminino, que nos incita sempre para cima e para frente” – por esta exemplificação da coroação de Davi em Hebraico (a unidade) como Rei de Judá (amor e aclamação). Davi começou o verdadeiro trabalho vocacional somente após esse CASAMENTO MÍSTICO.
Davi, agora como Rei de Judá, se preparou durante sete anos para uma posição mais elevada: Rei de Jerusalém, a Cidade da Paz. Foi-lhe ensinado a ler nas gravações da Memória da Natureza e a estudar os arquétipos do mais altíssimo Templo de Mistérios, externalizado, mais tarde, por seu filho Salomão.
Assim como existe certos centros espirituais no corpo do ser humano, há também centros correspondentes de energia espiritual que vem do Planeta Terra. Por incontáveis milhares de anos, os locais onde os Templos de Mistérios foram constituídos eram exatamente nas localizações de tais centros terrestres. Cada um destes Templos emana verdades espirituais avançadas para as pessoas que permanecem dentro de sua área de radiação. Jerusalém, a Cidade da Paz, foi um destes locais de emanação de poder.
Esotericamente, Jerusalém está bem no coração da Terra. De acordo com o testemunho da Clarividência, ela foi escolhida e consagrada pelos mais Sábios que estavam sob a liderança dos líderes angélicos, desde o início da civilização humana. Foi nesta Cidade que Melquisedeque, o Sacerdote Misterioso e um dos mais exaltados membros da Grande Fraternidade Branca, trabalhou e ensinou. Ele trouxe para a Raça Ariana a sabedoria sagrada dos Atlantes antes de sua inundação final (registrada biblicamente como Dilúvio). Neste lugar sagrado, chamado por ele de Salém, Cidade da Paz, Melquisedeque iniciou Abraão, o primeiro mistério que culminou na Santa Ceia do Senhor, o Banquete de Pão e Vinho. Mais tarde, esta mesma eminência se tornou o local para o Templo de Salomão e, também, onde Abraão passou pelo supremo teste no Rito da Renúncia, quando lhe foi ordenado para sacrificar seu próprio filho Isaac.
Quando esta cidade sagrada passou pelas mãos dos Jesuítas, eles a renomearam JEBU e estabeleceram sobre essa cidade um Templo dedicado ao culto de Astarte[14]. Aproximadamente no ano de 1.000 A.C., depois de se tornar rei, tanto de Judá como de Israel, Davi foi inspirado a fazer da cidade sua capital, e a renomeou como Cidade de Davi. De Jerusalém, localizada em uma colina que permite observar o amplo território circundante, sempre houve um poderoso eflúvio de energia espiritual. E apesar de ser o coração central de toda a Terra e a casa de Judá, do Signo real de Leão, apropriadamente, se tornou a cidade do Rei.
Além disso, Jerusalém foi o centro de foco dos primeiros Mistérios Cristãos – pelo qual o trabalho de Davi e seus serviços celebrados no Templo de Salomão constituíram sua preparação. E foi destinado a se tornar o centro dos Mistérios Cristãos na preparação para a segunda vinda de Cristo. De fato, este local sagrado foi uma MECA de Iniciados de ambas as Dispensações: do Velho e do Novo Testamento. Foi o palco de atividade de todos os profetas do Antigo Testamento, com exceção de Amós e Oséias. Dentro deste contexto, os Livros do Antigo Testamento foram concebidos e não escritos. Ambos, José e a Mãe Sagrada foram acolhidos no tempo de Jerusalém.
Jerusalém foi também o cenário da maior parte do trabalho do Mestre, de seus Discípulos e de seus seguidores diretos. Muitos destes receberam sua preparação nas comunidades localizadas próximas de sua elevada irradiação espiritual, como por exemplo, o Monte das Oliveiras onde Davi passou por um de seus testes de regeneração e onde Cristo Jesus fez sua última e completa renúncia – de acordo com a vontade do Pai. E foi no ponto de maior carga espiritual da cidade que a crucificação e a ressurreição de Cristo Jesus ocorreram.
De acordo com a lenda, o nascimento de Salomão foi presenciado por uma Hoste de Anjos cantando corais triunfantes, assim como ocorreu no nascimento de Jesus. Também se diz que o Arcanjo Gabriel, guardião das mães e das crianças estava presente para derramar sua benção sobre o infante.
Natan, um profeta de Deus que guiou Davi nos caminhos da Verdade, foi um mestre guia e guardião do jovem Salomão. Assim, a criança cresceu e se desenvolveu em um ambiente de sabedoria e retidão, qualificando-se, desta maneira, para desempenhar seu grande trabalho de elevação da Humanidade.
Um dia, quando Salomão tinha aproximadamente treze anos de idade, a Corte se reuniu no majestoso Salão dos Cedros, quando um Anjo apareceu e colocou uma folha de ouro nas mãos do Rei Davi. Sobre esta folha estava escrito perguntas de caráter místico. Davi anunciou: “Aquele que responder essas perguntas se tornará Rei de Israel depois de mim”. Davi anunciou: “O que é tudo e o que é nada?”. Quebrando o silêncio que procedeu a questão, Salomão respondeu: “Deus é tudo e o mundo é nada”. Davi continuou: “O que é que mais importa e o que menos importa?”. Mais uma vez Salomão respondeu: “Paz é o que mais importa e medo é o que menos importa”.
O trabalho mais notável de Salomão foi à construção do Grande Templo dos Mistérios. Ensinamentos emanados serviram para toda a atual Quinta Raça Raiz durante sua duração evolutiva. O Monte Moriah, assim como o Monte das Oliveiras previamente descrito, foi uma área de grande poder espiritual. Sobre este lugar, Salomão foi instruído a construir o Templo e dedicá-lo ao serviço do divino propósito de trazer redenção à Humanidade. Foi-lhe ordenado que o Senhor Cristo deveria ser recebido dentro deste Templo e que o maravilhoso significado de missão deveria ser comunicado para o mundo daquele lugar. A Humanidade, no entanto, não viveu de acordo com os divinos princípios de Salomão e, mais tarde, os servidores do Templo não reconheceram o esperado Messias quando Ele veio. Assim, o dia da Crucificação iniciou a ruína do Templo. Foi apenas uma questão de tempo até a sua completa destruição.
Jesus, prevendo o destino de Jerusalém e do Templo, clamou a tragédia que sucedeu a ambos. Ele sabia que os habitantes da cidade tinham falhado em alcançar o alto destino que tinha sido preparado para eles. Assim, quando Ele viu os longos séculos pela frente, também viu um futuro cheio de conflitos e guerras devastadoras antes do dia da redenção. Davi e Salomão, ambos iniciados, viveram na Terra com o propósito de trabalhar para regeneração da raça humana na antecipação da gloriosa vinda do Senhor Abençoado. Não foram eles que falharam. Ao invés disso, foi toda a Quinta Raça Raiz.
Graças aos seus poderes Iniciáticos, Salomão era capaz de controlar os habitantes dos reinos superiores e inferiores. Foram-lhe abertos os quarenta e nove caminhos da sabedoria, segundo a lenda mística descreve (4 mais 9 resultam em 13, o número iniciatório que pertence a então Dispensação Cristã que se aproximava). Ele, até mesmo, transmutou os brutais poderes dos demônios em poderes que serviam para o bem da Humanidade. Ele controlava Espíritos da Natureza e por sua vontade, podia mandá-los para os mais remotos confins do mundo. Salvou muitas pessoas que estavam escravizadas pela Lei e obsessão.
O macrocosmo é um reflexo do microcosmo. O Corpo Denso do ser humano, seu templo, é um reflexo do Templo solar do Universo. O Mestre ensinou que era este templo humano que deveria ser destruído e então, por meio da Iniciação, ser reconstruído em três dias. Na maçonaria Mística, este é o Templo erigido por dois reis e pelo filho da viúva. Este último, de nome Hiram de Khurum, se tornou o Mestre construtor – seu nome significa ELEVADO, BRANCO, ASCENDIDO. O Rei Salomão representa o coração. O Rei Hiram de Tiro, a cabeça. Hiram, o mestre construtor é um filho da viúva, simboliza o Aspirante que trabalha para unir o poder amoroso do coração com o intelecto da cabeça.
Cada candidato maçônico é instruído a manter suas ferramentas de trabalho na coluna de Joaquim, a cabeça. Boaz, a coluna feminina do coração, é um pilar caído que não pode ser levantado até que o poder do amor se equilibre com a razão. Somente quando o amor for verdadeiro, “o cumprimento da lei” fará com que a coluna de Boaz seja reerguida e retome sua posição. Estas são as duas colunas que guardam a entrada de todos os Templos Iniciáticos, e todo neófito deve passar por entre ambas em sua busca pela verdade.
Muitas das lendas são relacionadas ao Mar Fundido. Este mar, em forma de flor, era (e é) sustentado por doze bois. Como um filho da viúva (o neófito), se converte em um mestre construtor mediante a alquimia da transmutação dentro de si mesmo e seu “mar fundido” se converte em um Cristal onde os esboços do passado, do presente e do futuro estão indubitavelmente impressos. Esta habilidade lhe capacita transformar seu veículo físico em um “veículo florescido” de um Iniciado – um labor realizado sob a liderança de um instrutor das doze Hierarquias Zodiacais. Foi essa a realização que colocou Salomão entre os Seres mais Sábios de todas as eras. E o “mar” sobre o qual ele parou para saudar a Rainha de Sabá, simboliza seu “mar fundido” pessoal.
O trono de Salomão foi confeccionado com fino ouro de Ophir, incrustado com mármore e com joias raras. Em cada um dos seis degraus que conduziam ao trono, havia dois leões de ouro e duas águias de ouro colocados cara a cara, indicativo da Era Leão-Aquário e que seus pioneiros haviam aprendido a construir a gloriosa luz do corpo tipificado pelo Templo de Salomão. Nenhum trabalhador ficou doente, durante os sete anos que o Tempo estava sendo construído, nem se deterioraram as condições perfeitas de suas ferramentas. “Quando completado, o Templo brilhava como uma colina de ouro assentada sobre uma montanha de prata. O Altar de Bronze se ampliou tanto que podia abarcar a TERRA. O Mar Fundido envolvia o espírito de todas as ÁGUAS. As cortinas agarravam e sustentavam a tremula sombras dos ARES azuis; e os candelabros, a glória do FOGO celestial”. Aos arredores do Templo estava um bosque com árvores de ouro que sustentavam frutos perpétuos que caíam apenas quando um inimigo se aproximava. Dentro do santuário uma vara de marfim, que a seu toque gerava injúrias e doenças aos impuros, mas era, provadamente, inofensiva aos puros. O muro transparente dentro do interior do santuário permanecia claro como um Cristal pela aproximação dos retos, mas se escurecia quando os indignos se aproximavam dele.
Na dedicação do Templo, essas palavras eram faladas pelo Senhor, a manifestação espiritual da lei: “Ouvi a oração e a súplica que me dirigiste. Consagrei esta casa que construíste, nela colocando meu Nome para sempre; meus olhos e meu coração aí estarão para sempre.” (1Rs 9:3). A lenda diz que Salomão colocou uma chave de ouro na porta da Sala Santo dos Santos no ritmo da música dos cantos celestiais: “Abra bem a porta de entrada do Santo dos Santos, que o Rei da Glória pode ir a seu descanso”.
“A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e veio pô-lo à prova por meio de enigmas. Chegou a Jerusalém com numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas, grande quantidade de ouro e de pedras preciosas. Apresentou-se diante de Salomão e lhe expôs tudo o que tinha no coração, mas Salomão a esclareceu sobre todas as suas perguntas e nada houve por demais obscuro para ele, que não pudesse solucionar.” (1Rs 10:1-3).
A vinda dessa bela rainha da sabedoria foi uma coroação triunfal para a vida de Salomão. A sabedoria, pela qual ele canta como sendo mais valiosa que os rubis, foi, finalmente, sua posse pessoal. Antes dessa conquista, ele jamais poderia escrever o CÂNTICO DOS CÂNTICOS, a Música do casamento Místico, descrita como “uma canção de amor purificada por Lírios”. Essa canção proclama a mescla final da natureza inferior com a superior, à sublimação do material para o espiritual. Este é o mais alto ponto de alcance da divina alquimia. Esta realização ocorre dentro da consciência e da vida do Discípulo, pois, lhe põe em comunhão com os planos celestiais onde a perfeição de cantar se converte em suas experiências pessoais.
O nome Sabá significa SETE e tem interpretações sétuplas: “o Belo, o Velho, o Um, o Dador, o Perigoso, o Primeiro e o Último”. Ela era a Rainha de todas as flores Árabes; Balkirs, seu nome significa BENÇÃO. Salomão se preparou durante três anos para sua chegada. Ele construiu dois muros poderosos que iniciava na fronteira de Israel e terminava nos muros de Jerusalém. Um muro era de prata e outro de ouro, e entre eles estava o lago de Cristal pelo qual todo o mundo refletia. Foi desta a maneira que ele aguardou sua chegada. Sabá veio vestida com sete véus sutis como se fossem tecidos de ar, e se aproximou de Salomão, que permanecia parado sobre este lago de Cristal como se ele estivesse sobre a água. Seus presentes ao rei foram pérolas sem preço, enquanto os presentes de Salomão para a rainha foram oito rosas verdes da Mística árvore de Damasco, todas germinadas em flores e jarras contendo águas de vida eterna do poço de Siloé – sendo esta última, uma frase pertencente de um antigo Templo de Mistérios Egípcios.
“Quando a rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão, o palácio que fizera para si, as iguarias de sua mesa, os aposentos de seus oficiais, as funções e vestes de seus domésticos; seus copeiros, os holocaustos que ele oferecia ao templo de Iahweh, ficou fora de si e disse ao rei: ‘Realmente era verdade o quanto ouvi na minha terra a respeito de ti e da tua sabedoria! Eu não queria acreditar no que diziam antes de vir e ver com meus próprios olhos, mas de fato não me haviam contado nem a metade: tua sabedoria e tua riqueza excedem tudo quanto ouvi. Felizes das tuas mulheres, felizes destes teus servos, que estão continuamente na tua presença e ouvem a tua sabedoria!’” (1Rs 10:4-8).
Na grande tenda do rei, os convidados que se reunira, para a recepção dos presentes, foram encobertos por invisíveis hostes de coros angélicos. Salomão saudou a justa rainha com as palavras: “Você é santa como a Arca de Deus; seu corpo é Sua casa”. Por estas palavras de saudação do rei, muitos dos convidados titubearam e partiram, mas Balkris, Rainha de Sabá, se inclinou, se manteve firme e sozinha no meio da tenda real.
“Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”.[15]
Muitos outros também vacilaram e partiram incapazes de percorrer o caminho do Mestre – o caminho estreito e reto da Iniciação que leva aos portais do Templo Místico, onde dádivas são concedidas ao Aspirante triunfante que está dedicado a sabedoria e aprendeu a glória da casa não feita pelas mãos, mas sim por eternidades do céu. Ao terminar de construir essa “casa” que ganha os tributos do Mestre e adquire a habilidade de viajar a terras estrangeiras – a suprema realização para os pioneiros da raça humana.
Salomão reinou desde Jerusalém em toda Israel, durante o período cabalístico de quarenta anos. No momento de sua transição, seus olhos contemplaram uma visão do futuro: a destruição do tabernáculo terreno porque este era transitório e não permanente. Outro grande Iniciado Cristão disse: “Coisas visíveis são temporais; coisas não visíveis são eternas”[16]. Salomão, Rei da paz, levantando ao alto o sagrado anel que tinha um nome indizível, advertiu: “Edificai um Templo invisível e eterno”.
Tanto os Salmos como o Livro dos Provérbios do Antigo Testamento foram usados de diferentes maneiras nos magníficos Templos cerimoniais. Eles, no entanto, não eram apenas lidos ou falados, mas sempre cantados e oficiados, normalmente acompanhados por ritmos graciosos da dança sagrada. Era ensinado aos Aspirantes que tal som, ou entonação, era a emanação ou benção de Deus, o Pai; a harmonia era a emanação ou benção do Cristo Cósmico; e o movimento rítmico era a emanação ou benção do Espírito Santo. Era assim que em todos os Templos cerimoniais se expressava o poder da Santíssima Trindade.
Os Salmos expressam vários níveis de realização espiritual.
O Salmo nonagésimo primeiro é um canto de proteção. Pelo seu uso, o Discípulo aprende como inundar seu corpo com uma luz pura e branca de poder que nenhum mal pode tocá-lo, pela repetição continuada da afirmação de proteção segura e poderosa: “Mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita, mas nenhum chegará a ti”.
O Salmo vigésimo terceiro é um de promessa. “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos.”. Estes inimigos não são meros inimigos pessoais que nos desejam mal; são, também, os inimigos mais perigosos que existem dentro de nós mesmos: pensamentos errados, falsos apetites e emoções descontroladas, especialmente as emoções destrutivas de medo, ódio, malícia e os desejos mais ásperos da personalidade não regenerada. “Unges a minha cabeça com óleo” (o despertar dos órgãos espirituais da cabeça). “O meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor (a Lei espiritual) por longos dias.” (Sl 23:5-6).
O Salmo 24 é um canto de Regozijo: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória?”. A resposta a essa questão é que o Senhor é o Rei da Glória; mas o Aspirante entende que esse canto também se refere ao “Cristo Interno”, pois cada ser humano é espírito, é um feito à imagem e semelhança de Deus.
Muitas vezes, em nossos escritos, temos nos referido as gloriosas procissões que ocorriam nos mundos internos e que eram liderados pelo próprio Cristo. Aqueles que são merecedores ganham permissão para testificar essas procissões e tomar parte delas. Isto, no entanto, não pode ocorrer antes do despertar do Cristo dentro da própria natureza do Aspirante. É por isso que este Salmo possui dois significados: o gozo que se conhece quando o Espírito de Cristo entrou no coração do Discípulo e o reconhecimento que, por este evento, ele se tornou merecedor de permanecer na presença de nosso supremo Senhor Cristo, enquanto ele ouve o coro jubilante dos Anjos: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, e o Rei da Glória fará sua entrada”.
Nos Templos antigos, os Provérbios foram empregados como poderosos mantras de cura. A ciência oculta entende que o corpo humano é composto por certos grupos conhecidos como femininos ou negativos. O primeiro grupo está sob o domínio ou regência do cérebro e do sistema nervoso central. O segundo grupo está sob a regência do coração e do sistema nervoso simpático. O que causa a maioria das enfermidades é a interação desarmônica entres esses sistemas. Conforme o Discípulo progride espiritualmente, ambos os sistemas gradativamente começam a funcionar em perfeita harmonia. Uma relação perfeita entre esses dois sistemas é conhecida como a Balança, ou Polaridade no sentido espiritual, e com isto, o corpo se torna impenetrável a enfermidades. Esse é o segredo dos corpos perfeitos dos Mestres da Sabedoria e os altos Iniciados, que já conquistaram elevada estatura espiritual e estão além da enfermidade e morte.
Em Provérbios podemos ler a seguinte verdade: “A sabedoria já edificou sua casa, ela já lavrou seus sete pilares.” (Pr 9:1). E para o Discípulo ansioso e pronto, é dado o mandamento: “Vinde, come do meu pão e beba do meu vinho que eu preparei.” (Pr 9:5).
Por isso Provérbios e Eclesiastes são especialmente os livros didáticos de iluminação pelos quais se personifica a Sabedoria como um princípio feminino de Deus, enquanto o Entendimento, como se utiliza nos Provérbios, é um princípio masculino. A Sabedoria é o fluir da revelação cósmica, mas o Entendimento é alcançado por meio da razão e do trabalho Iniciático. Por isso o Livro dos Provérbios inicia com a seguinte instrução: “Obtenha sabedoria e entendimento.”(Pr 1:2). Esta é, em verdade, a nota chave de toda a obra. Salomão declara repetidamente que a Sabedoria é o principal objetivo de sua busca.
É significativa que a música do Templo esotérico era tanta masculina como feminina, e era tocada em instrumentos harmonizados aos seus respectivos ritmos. O canto usado no Livro dos Provérbios foi programado para vibrar diretamente sobre as duas correntes que fluem dentro do Corpo Vital. Assim, o tema musical, tanto do Livro dos Provérbios quanto de Eclesiastes, pode ser chamado de polaridade e equilíbrio.
O equilíbrio perfeito entre os polos do espírito humano nunca poderá ser efetuado, até que o inferior feminino tenha sido elevado através de uma vida pura e de aspirações. Este termo, “inferior feminino”, se refere à natureza emocional que ainda se mantém sujeita a vida dos sentidos e sob o jugo de objetivos e propósitos egoístas. Na maioria das escrituras antigas a “alma” ou espírito (Ego) humano era chamado de feminino, e, assim, o aspecto inferior da natureza da alma era chamado de “feminino caído” que deve ser elevado e redimido.
Os cânticos do Livro dos Provérbios utilizados na Igreja primitiva ocorriam, principalmente, aos domingos entre o Solstício de Dezembro (Natal) e Equinócio de Março (Páscoa), sendo essa época do ano a mais propícia para transmutação e a mais santa das estações. O ritmo dual do Livro dos Provérbios, que vibra sobre as duas correntes do Corpo-Alma e os dois sistemas nervosos, é claramente reconhecido em muitos de seus versos, como, por exemplo, no Livro dos Provérbios 14:1; 15:20; 19:26; 6:20- 21.
“Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”.
“O filho sábio alegra seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe”.
“O que aflige o seu pai, ou manda embora sua mãe, é filho que traz vergonha e desonra”.
“Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe”.
“Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço”.
A palavra Sabá significa sete, e a visita da Rainha de Sabá a Salomão constitui a preparação para as delícias da alma do Matrimonio Místico, que é o motivo espiritual do Cântico dos Cânticos.
Para aqueles, cujos olhos estão abertos ao verdadeiro significado da Missão, esta antiga lenda de Sabá e de Salomão, contêm muitas premissas relacionadas com o propósito da preparação, necessários para a feliz conclusão da Missão. Salomão, o Sábio Vidente, encontrou o Caminho e aprendeu a caminhar ali, preparando-se para a futura encarnação Daquele que deveria vir como uma mais completa e perfeita demonstração “do Caminho, da Verdade e da Vida”. Este sublime livro, “Cânticos do Cânticos” atribuído a Salomão, canta, em seus inspirados compassos, o que é necessário para a preparação e para o Caminho.
Neste cantar, o autor alquimista expressou, de maneira alegórica, a fórmula para fabricar a Pedra Filosofal. O relato em si mesmo é completamente simples. Ele nos conta que o Rei Salomão, ao visitar seu vinhedo no Monte de Líbano, se surpreende ao ver uma moça Sulamita. Ela foge dele. Mais tarde, no entanto, ele a visita, disfarçado de ovelha, e consegue ganhar seu amor e a clama como sua rainha. O poema abre com um recital de seu casamento no palácio real.
O Cântico de Salomão tem duas principais características, uma masculina e outra feminina. A primeira responde pelo nome de Shelomah (Pacífica), a segunda responde pelo nome de Shulamith (perfeito). É de notar que ambos os nomes são variações da mesma palavra raiz, sendo que essa variação indica diferença do gênero. Shulamith é a forma feminina de Salomão. Na tradução inglesa os dois caracteres não podem ser diferenciados tal como são diferenciados em Hebreu.
Esses dois polos do ser espiritual eram reconhecidos em todos os antigos Templos de ensinamentos e eram simbolizados nas duas colunas ou pilares que se erguiam antes dos Templos dos Mistérios. Na entrada do Templo de Salomão, se elevavam dois pilares, Jachin e Boaz, que juntos simbolizavam a Força e a Estabilidade e, também, a Beleza; eles eram, também, conhecidos como as duas Colunas da Vitória. Sempre o candidato deveria passar entre estes dois pilares na busca pela Luz, a Luz que está no Leste.
O Cântico Místico de Salomão é um delineamento poético e alegórico dos passos ou graus que levam ao desenvolvimento da consciência cósmica, parcialmente evidenciada nos clarividentes. Estes níveis, às vezes denominados “véus” nas Escolas de Mistérios, são sete em números e são enumerados deste modo:
Primeiro grau: A Missão
Segundo grau: O Despertar do Amor (o Místico)
Terceiro grau: A Realização do Conhecimento (O Oculto)
Quarto grau: O Desprendimento
Quinto grau: A Unificação
Sexto grau: A Aniquilação
Sétimo grau: A Consumação
A nota exultante que soa na Canção do Rei Salomão toma forma real nas palavras preciosas que são repetidas, frequentemente, em todas as partes: “Meu bem-amado é meu e eu sou dele”, enquanto a frase que completa o canto “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios” (Ct 2:16), é característica do Caminho que culmina na Consumação divina.
Essa culminante mescla dos dois polos do Espírito que constitui o Matrimônio Místico é representada nos versículos que S. João abre seu Evangelho: “O Verbo estava com Deus”; e sua música acompanha cada verso do lindo canto nupcial de Salomão. Velado para aquele que não está pronto para experimentar a Missão, sob a aparência de uma canção de um terno amor humano, o Cântico dos Cânticos é para o iluminado uma revelação do Santo dos Santos, no qual ele permanece na Luz Eterna que agora não mais vista “como por espelho, obscuramente”, mas com clareza transcendente, “Face a Face”.
Mais do que qualquer outro livro, o Livro do Jó é o único, no Antigo Testamento, que se adapta às necessidades e requisitos do Discípulo do mundo moderno. O Discípulo pode aceitar esse livro como um manual de instrução, um texto para meditação e como um exemplo de santidade e fortaleza espiritual de comportamento cotidiano.
Há duas leis supremas que governam o Planeta Terra. Uma é a Lei do Espírito, a outra é a Lei da Materialidade. Cada ser humano possui o livre-arbítrio e a habilidade de escolher entre a lei que deseja estar sob jugo, seja no âmbito da casualidade material ou na liberdade de toda escravidão pelo Espírito. Os frutos de sua vida serão evidenciados por essa escolha.
No livro de Jó os dois caminhos são representados por Elifaz – o caminho do Espírito – e por seus três amigos – o Caminho da Materialidade. Os três amigos são conhecidos por nós, pois eles representam à enganosa sedução dos sentidos humanos que se expressam através do Corpo Denso, dos desejos (ou Corpo de Desejos) e pela Mente material ou “mortal”.
A Bíblia manifesta claramente que Deus ama quem castiga. Na verdade, o castigo não é um indicativo de punição, mas sim o meio pelo qual é possível trazer seus filhos de volta ao caminho da regeneração. O Livro de Jó pode ser denominado, adequadamente, como o Padrão Cósmico Típico de aperfeiçoamento do ser humano através do sofrimento. Membros de sua família são tirados dele. Todas as suas posses materiais são perdidas e, também sua reputação, e até seu nome. Por fim, Jó acaba atacado por uma enfermidade repugnante. Foi neste momento que sua esposa lhe aconselha a “amaldiçoar a Deu e morrer”. Isto representa o caminho estreito em que muitos acabam se suicidando equivocadamente, tentando escapar dos problemas da vida.
O interessante é que é neste mesmo ponto crítico que ocorreu uma coisa maravilhosa na vida de Jó: a chegada de Elifaz, que representa o despertar da espiritualização da Mente, que é conhecido no Cristianismo esotérico como a Cristificação da Mente. Aqui o Cristão aprende a ter apenas pensamentos Cristãos, falar somente palavras Cristãs e a realização somente de obras Cristãs. S. Paulo se referia a isto como a grande transformação: “morrendo o homem velho e nascendo o homem novo” (Col 3:9-10). Para ele isto ocorreu, exatamente, na estrada de Damasco. Ele entrou nesta estrada como um inimigo amargo e perseguidor de Cristo e dos Cristãos. No entanto, ele abandonou este jeito de ser e se tornou um dos servos mais devotos do Cristo. Seu nome permanecerá como uma das mais brilhantes luzes do Cristianismo, por todo o tempo.
Com a transformação de Jó, sua família retornou para ele, seus bens foram restituídos e multiplicados por dez. Sua reputação foi reestabelecida e seu corpo ficou totalmente curado. Finalmente, ele compreender o significado das palavras: “O homem é feito a imagem e semelhança de Deus”.
Deus é Amor – Deus é Todo Bondade – e quanto mais o ser humano se tornar semelhante a Deus, maior bondade será manifestada em sua vida. Quando alguém percebe a si próprio rodeado por más companhias ou submerso em um ambiente desarmônico, se este for um verdadeiro sábio, não procurará mudar tais condições com recursos e tentativas externos, mas procurará a solução dentro de si mesmo. Semelhante atrai semelhante e aquilo que doamos, inevitavelmente, retornará para nós.
Voltamos a repetir que, de todos os Livros do Antigo Testamento, o Livro de Jó é o que mais se adéqua as necessidades do Discípulo moderno, como manual de meditação e para viver a vida. Na atualidade, o Discípulo, assim como Jó, vive no meio de provas e confusão; é o tempo todo invadido por forças do mal que vem de dentro e de fora. Tais como as questões feitas por Jó, o Discípulo também as faz; e novamente, como Jó, ele receberá as respostas necessárias que virão do alto. Se persistir, terá sua recompensa: domínio de si mesmo e do mundo por meio da continuada comunhão com a Sabedoria do Eterno.
Os quatro Evangelhos apresentam quatro registros distintos da vida e da missão de Cristo Jesus. Eles se diferem tanto na abordagem como no tratamento deste assunto mais profundo. Os céticos que apresentam a denominada “maior crítica” consideram algumas dessas variações como inconsistências, e em alguns casos, como contradições. Tais variações poderiam, então, provocar algumas dúvidas a respeito da autenticidade dos registros do Novo Testamento como um todo. No entanto, quando os Evangelhos são estudados juntos e separadamente, sob a luz da Iniciação, será possível perceber que seus conteúdos, ainda que separados, suportam os ensinamentos como um todo. Essa noção ocorrerá em um nível ainda nem sonhado pelos comuns intérpretes desses documentos sagrados.
Assim, por exemplo, S. Mateus e S. Lucas iniciam seus registros com o nascimento do menino Jesus. Este fato é inteiramente omitido nos Evangelhos de S. Marcos e S. João. S. Marcos inicia seu Evangelho com o Batismo de Jesus, momento em que Cristo se encarnou em forma humana. S. João abre seus registros, não com uma apresentação do Mestre Jesus, mas do Verbo – o Verbo que é identificado com o Cristo Cósmico. Em seguida, segue a apresentação do Cristo em conexão com o milagre realizado nas bodas de Canaã, quando Ele transformou água em vinho.
Das muitas referências que S. Paulo faz aos vários mistérios conectados com a vida e trabalho de Cristo Jesus, não há dúvida de que, como resultado das muitas experiências profundas que ele próprio experimentou, em relação aos Mundos Espirituais, ele reconheceu que a natureza de muitas delas estavam fora do alcance daqueles que ainda não tinham realizado a preparação suficiente para essa assimilação e aceitação. Ele expressou tal reconhecimento nas palavras que são, frequentemente, citadas: “Dá-se leite para as crianças e carnes para os fortes” (ICor 3:2).
Qualquer pessoa que fizer um estudo cuidadoso das Epístolas de S. Paulo não pode deixar de notar a extensão pela qual elas lidam com as atividades do plano interno. Ele escreve, por exemplo, “Eu fui arrebatado ao terceiro céu, se no corpo ou fora dele, eu não sei” (IICor 12:2). Esta é uma experiência familiar a muitos Discípulos de nossos dias.
Naquele momento de transcendental iluminação ocorrido com S. Paulo na estrada de Damasco, o mundo externo foi tão obscurecido que toda a sua atenção foi totalmente voltada para a vida e atividades do mundo interior. Então, por isso, lhe foi permitido ir até a presença do Senhor Cristo e entender o significado da missão que Ele havia empreendido ao se tornar o Regente planetário interno desta Terra e o significado profundo disto para o futuro da Humanidade e para a redenção da Terra.
S. Paulo, que antes de sua experiência de Damasco foi um arqui-inimigo de Cristo e Seus seguidores, mais tarde se tornou uma pessoa com a maior e profunda dedicação e o mais ardente missionário de todos os seguidores do Mestre.
S. Paulo enfatiza que é devido ao Cristo, um ser divino encarnado em forma humana, ter sofrido como um ser humano sofre que Ele é o único capaz de se compadecer por todos aqueles que são fracos e oprimidos. Seu amor e compaixão são de tal natureza e se expressa com tamanho poder e universalidade que O faz ser o Salvador e Redentor do mundo. Como um poeta lindamente expressou: “A rosa não produz toda a sua fragrância até que suas pétalas sejam esmagadas. A verdadeira simpatia só é emanada de um coração compadecido”.
Foi a incapacidade de compreender o significado interno dos eventos da vida de Cristo Jesus que fez com que houvesse as provocações feitas por muitos que O seguiram enquanto ele carregava Sua cruz para o Calvário: “Ele salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo”[17]. Mas foi a missão de Cristo mostrar ao ser humano o caminho e ensiná-lo como seguir Seus passos. “Aquele que quiser me seguir”[18], Ele disse aos seus Discípulos, “negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e me siga”[19].
E assim, como o supremo Guia do Caminho era para Ele carregar a cruz até as encostas do Gólgota para sua própria crucificação. Foi também no padrão divino que Ele viveu a traição no plano físico, que ilustra, na vida do ser humano, como a natureza inferior está sempre traindo a superior, ou o Cristo Interno, até que chegue o tempo em que a natureza inferior seja transmutada, e finalmente, destrua a si mesmo, assim como Judas, o traidor, o fez.
Um estudo, do que se pode denominar o conteúdo interno do Evangelho, traz a luz os sucessivos passos que devem ser percorridos no caminho que leva a Iniciação. Os passos totalizam 12. Eles são estabelecidos nos principais eventos registrados da vida de Cristo Jesus. Eles têm início na Imaculada Concepção, Ressurreição e Ascensão. A vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro passo no caminho está descrito no Evangelho de S. Mateus e S. Lucas. Os passos mais avançados são registrados por S. Marcos e S. João. Conforme previamente observado, S. Marcos inicia seus escritos com a vida de Jesus, com o Batismo feito por S. João, o Precursor. S. João, o mais avançado de todos os Discípulos do Mestre, inicia seu registro com a descrição do milagre em Canaã.
Se todas as Escolas de Mistérios que ensinam o caminho da Iniciação fossem abolidas da Terra, seus trabalhos secretos seriam passíveis de serem descobertos na Bíblia. Pelo reconhecimento de tal fato é que as principais ferramentas da Loja Maçônica são: a Bíblia, o Esquadro e o Compasso. Dentro de seu simbolismo, a Fraternidade Maçônica preserva os elementos essenciais para os processos iniciatórios e como estes são delineados de muitos pontos de vista do livro supremo da vida, as Escrituras Cristãs.
Em suas interpretações iniciatórias, os quatro Evangelhos são transmissores das quatro correntes de energia que se manifestam no plano físico em elementos conhecidos como fogo, água, ar e terra. Esta verdade foi bem compreendida e ensinada pelos Cristãos dos: primeiro e segundo séculos.
Citamos de uma fonte não identificada: “Na Palestina, S. Mateus O proclamou como Aquele que colocou a pedra final no Reino de Deus, da qual foram lançadas as bases em Israel”. Em Roma, S. Marcos O apresentou como um Conquistador que fundou Seu direito divino como o Rei do Mundo sobre Seus poderes miraculosos. Na Grécia, S. Lucas O descreveu como um Divino Filantropo encarregado de levar a cabo a obra da divina graça e compaixão pelos piores pecadores. Na Ásia Menor, S. João O retratou como a Palavra tornada carne – a Luz e Vida Eterna que desceu até o mundo temporal:
Cristo, o Messias de Israel…………………………………………. Mateus
Cristo, o Poderoso Senhor da Natureza………………………. S. Marcos
Cristo, o Amigo e Pastor de toda a Humanidade…………. S. Lucas
Cristo, a Vida e Luz do Mundo…………………………………. S. João
Do que foi descrito acima, se torna aparente que as diferenças nos quatro Evangelhos, que, para algumas pessoas, comprovam as inconsistências, são variações de apresentações de diferentes estados de desenvolvimento na vida do Aspirante. Assim, um Evangelho amplia os outros em seus recitais da vida e missão de Cristo. Nisto, eles provêm evidência irrefutável da sabedoria insondável que é incorporada nesta e em todas as partes das Sagradas Escrituras.
Os 12 principais eventos da vida de Cristo Jesus e suas correspondências na vida do Aspirante são as seguintes:
1. Anunciação | 7. Tentação |
2. Imaculada Concepção | 8. Transfiguração |
3. Nascimento | 9. Getsemani |
4. Viagem para o Egito | 10. Crucificação |
5. Ensinando no Templo | 11. Ressurreição |
6. Batismo | 12. Ascensão |
Em S. Lucas 1:26-27 lemos: “E, no sexto mês, foi o Anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”.
Entre os primeiros Iniciados Cristãos, não era a pessoa de Maria que era adorada, glorificada e exaltada; o objeto de veneração era a emanação feminina do Cristo Cósmico que é inata, potencialmente divina dentro de cada ser humano e a realização pelo qual é o supremo trabalho da Iniciação.
O princípio feminino é criador na natureza, deste modo, a Anunciação Angélica era que a Virgem ou Mãe Santa daria à luz a um menino. Em sua aplicação universal, a Anunciação deve ser compreendida como o nascimento do Cristo místico no coração do ser humano regenerado.
Em S. Lucas 1:38-39 “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o Anjo ausentou-se dela. E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá”.
Dentro da vida de cada neófito de sucesso, o processo da Anunciação é promulgado. Ele se torna consciente, depois de certo período de preparação, de mudanças particulares que ocorrem dentro de si como um resultado da incorporação de Éteres Superiores em sua natureza, como consequência de uma vida devotada ao propósito do serviço espiritual.
A Imaculada Concepção pode ocorrer somente após um Aspirante a vida superior ter se dedicado a viver em obediência a lei espiritual e ao espírito do Cristo Interno. O intervalo entre a Anunciação e a Imaculada Concepção é um período de provas, quando o neófito precisa ser preparado, no que tange ao uso de seus poderes espirituais despertados. As provas consistem em averiguar se ele utilizará seus poderes para benefício próprio ou se os devotará para promover o bem dos outros. Neste estágio, muitos vacilam e nunca passam além do primeiro estágio, a Anunciação. Um exemplo de alguém que foi forte o bastante para alcançar o segundo passo, a Imaculada Concepção, foi Maria, a mãe de Jesus. Após o sucesso, ela proclamou em êxtase: “A Minh’alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador. Pois Ele me contemplou na humildade da sua serva. Pois desde agora e para sempre me considerarão bem-aventurada” (Lc 1:46-55).
Foi por meio da exaltação do princípio feminino que Maria se tornou a noiva do Espírito Santo. Uma sublime experiência similar espera cada um e a todos que decidem seguir os passos que conduzem até a Imaculada Concepção, passos percorridos por aqueles que já caminharam adiante e nos abriu o caminho.
Os passos ou níveis de Iniciação são similares, em seu delineamento, em todas as Escolas de Mistérios. Suas diferenças referem-se principalmente ao método de desenvolvimento que podem variar de acordo com os requisitos particulares e estágios evolucionários das raças que essas Escolas são designadas a servir. Foi por isso que os grandes Mestres do mundo nasceram de mães virgens e suas vindas foram proclamadas pela Anunciação Angelical. Eles, também, foram concebidos de modo imaculado e os nascimentos ocorreram em grutas, cavernas ou estábulos. O exaltado Ego de um Mestre do mundo é cuidadosamente preparado pelos Seres Divinos responsáveis pela evolução da Humanidade. Deles é um santo Nascimento e, como tal, é sempre um acontecimento acompanhado por alegres hosanas de Anjos e Arcanjos.
Para incutir os passos de realização na consciência da Humanidade, o nascimento é representado como ocorrendo em um lugar escuro, ou onde animais ferozes são alimentados, simbolizando um nascimento espiritual desde os elementos mais baixos e não regenerados da natureza mortal da Humanidade.
Simbolicamente, o neófito deve deixar Nazaré, o lugar onde o tempo é utilizado para a vida pessoal, e entrar no caminho que conduz a Belém, “Casa do pão”, em preparação para o Nascimento Sagrado. No presente estado de consciência em massa, a Mente está tão ocupada com preocupações materiais que o espírito não pode nunca encontrar uma completa hospitalidade. A cabeça, ou o interno, está tão cheio de materialismo que o espírito deve procurar acomodação em vários lugares, até encontrar.
Por várias e amplas razões muitos ainda não percebem que o tempo de nascimento de Jesus é uma estação de grande regozijo tanto nos planos internos como no externo. A encarnação física de Jesus foi feita com o propósito de auxiliar, no ser humano, o nascimento de seu próprio Cristo Interno, assim, deste modo, ele também poderá vir a conhecer, pessoalmente, a sublime experiência da Noite Santa. Este é o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Os portais desta Nova Era foram abertos na noite do nascimento do Mestre Jesus. A Terra, então, respondeu a um novo ritmo que era estabelecido pelos Anjos que proclamaram: “Paz na terra e boa vontade entre os homens”[20].
Mt 2:13-16.
“Após sua partida, eis que o Anjo do Senhor se manifestou em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito. (…). Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo”.
Os Evangelhos, como previamente mencionado, são fórmulas de Iniciação de vários degraus que abarcam variações em seus registros. Assim, por exemplo, S. Lucas não faz menção da fuga para o Egito, um evento que simboliza a ascensão temporária do ser humano sobre a divina natureza. A Fuga para o Egito representa a terra da escuridão e materialismo, reflete na vida do neófito lutando, em seus primeiros passos, no desenvolvimento para a Iniciação, como relatado por S. Mateus. O Evangelho de S. Lucas, que expressa uma fase mais alta de realização, passa diretamente dos Rituais do Templo da preparação até os quatro passos conhecidos como Os Ensinamentos do Templo.
Lc 2:40-42; 46-49:
E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. (…) Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Num ponto de vista pessoal ao episódio do Templo, Jesus representa o espírito interno desperto e iluminado, e os Rabinos, a Mente intelectualizada ou a faculdade mental desprovida que não consegue penetrar em qualquer coisa além do reino dos cinco sentidos. Maria, a mãe, tipifica o feminino ou forma-imagem da qualidade da alma, a quem o espírito acha necessário, às vezes, admoestar: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
A idade de doze anos é um tempo importante na vida de uma criança. É o tempo que inicia a puberdade e, também, em Egos avançados, o nascimento do Corpo de Desejos, o despertar da Alma. A luz espiritual que foi gerada no curso das vidas passadas irradia da cabeça da criança no nascimento como os artistas místicos retratam esse fato, não apenas em Jesus, mas também em S. João Batista, o menino Samuel e outros personagens bíblicos de alta realização espiritual.
O Ensinamento no Templo marcou um estágio definido do despertar dos poderes do menino Jesus. Nós lemos: “Maria conservava todas essas coisas em seu coração”. Ela relatou estes acontecimentos a S. Lucas que registrou os mesmos com excepcional maestria em seu Evangelho.
Mc 1:10-11:
“E, logo ao subir da água, ele viu os céus rasgando e o Espírito, como uma pomba, descer até Ele, e uma voz dos céus: ‘Tu és o meu Filho amado, em Ti me comprazo.’”.
Todos os ritos místicos Iniciáticos incluem o cerimonial de purificação com água. O festival dos Mistérios Eleusinos da Grécia[21], incluíam banhos; o Tabernáculo do Deserto possuía um Lavabo de Bronze; e na vida do grande Condutor da Humanidade da Religião Cristã, Cristo Jesus, é o seu Batismo que marca o próximo grande passo que devemos alcançar se seguirmos seu caminho.
O uso e aplicação da água é símbolo da purificação espiritual. O Batismo marca o estágio e que o coração do neófito já despertou para as necessidades de interesses dos outros. Ele não pode mais viver sozinho ou com propósitos egoístas. Seu coração se transborda de simpatia e suas mãos de ações práticas para aliviar o sofrimento e para confortar aqueles que estão em desespero e sofrimento. Quando uma pessoa experimentou o despertar espiritual que vem com o verdadeiro Batismo, seus interesses e atividade não podem mais ficar limitados a sua própria família ou limitado círculo, mas deve encontrar uma expansão que estende para uma área cada vez mais ampla, até que abarque o mundo e toda a Humanidade. Amor e compaixão, então, se manifestam em atitude de redenção. Há sofrimento por aqueles que violam a lei, civil e moral, pelos criminosos condenados à morte, pelas misérias da vida em suas profundas depressões e pela crueldade infligida aos nossos irmãos menores do reino animal. Com o fluxo espiritual no momento do verdadeiro Batismo, a realização se manifesta na consciência que a família humana é única dentro da Divindade toda-abrangente que nos anima e, consequentemente, o bem de alguém é o bem para todos e a dor de um é a dor de todos. Uma sensação profunda de responsabilidade é, então, aceita, abarcando todas as maneiras possíveis que concorda com amor, verdade e justiça.
“Apresente seus corpos para um sacrifício vivo, sendo aceitável perante Deus” exorta aquele que é admitido e passa pelo ritual do Batismo. Sobre sua cabeça pousa a pomba do poder espiritual e aonde ele vai, se dissipam as nuvens da escuridão e da ignorância, de tal maneira que ele também escuta a voz de Deus dizendo: “Tu és meu filho amado”.
Lendas místicas dizem que, no momento do Batismo, grandes esferas de fogo apareceram sobre as águas do Rio Jordão. Isto estabelece o significado interno de que as faculdades poderosas, a Mente e o Coração foram unificados na vida de Jesus, o protótipo espiritual ideal da Humanidade. Esta mescla é o ideal supremo da evolução humana e sua culminação ocorreu no maior Iniciado dessa Terra, em que ocorreu a declaração: “Este é meu filho amado, em quem Eu me comprazo”.
O Ego conhecido como Jesus deixou seu corpo no Batismo e o Arcanjo, o Cristo, desceu como uma pomba para habitar aquele corpo durante três anos de Seu Ministério terreno. O Corpo de Jesus foi o meio pelo qual Cristo pode ingressar na Terra. O Plano de redenção foi possível devido àquela união. Como S. Paulo escreveu, em um senso muito literal: “Há um só Deus, e um só entre Deus e os homens, um homem Cristo Jesus” (1Tm 2:5).
Em Mt 4:1-11 lemos:
“Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. Então, aproximando-se o tentador, disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães’. Mas Jesus respondeu: ‘Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’. Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus’. Tornou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo com o seu esplendor e disse-lhe: ‘Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares’. Aí Jesus lhe disse: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto.’. Com isso, o diabo o deixou. E os anjos de Deus se aproximaram e puseram-se a servi-lo.”.
De todas as lições que Cristo passou no drama de Sua vida, nenhuma é mais importante do que a Tentação. Igualmente, nenhuma outra experiência é tão mal compreendida como essa experiência. Em verdade, Ele foi submetido aos testes do corpo, da Mente e da alma, para que pudesse deixar à raça humana um exemplo divino de inspiração incessante, d’Aquele Único Ser que foi tentado em todas as coisas e, mesmo assim, permaneceu sem pecado, conforme S. Paulo afirma.
A reação que o neófito tem frente à Tentação mostra claramente o nível que está no Caminho, mas esta não é a única razão das provas do Caminho. As provas são importantes porque elas permitem o desenvolvimento moral, a força mental e espiritual, assim como o exercício físico e o labor desenvolvem a saúde e a força do Corpo Denso. Cristo Jesus deu-se a Si mesmo para ser nosso Exemplo, a fim de que nós pudéssemos saber a maneira exata de sofrer a Tentação, ou provas, ou qualquer tipo de ocasião de teste no Caminho.
Assim como Cristo Jesus foi tentado depois de Seu Batismo, experiência essa que constituiu uma Iniciação, igualmente o neófito será tentado, ou testado, depois de cada iluminação ou elevação no Caminho. Esses testes vêm para ele com o propósito de lhe mostrar suas próprias fraquezas. Falhas em qualquer um destes testes não significam que ele deve retornar aos caminhos do mundo, mas significa que ele deve se esforçar ainda mais, para superar suas debilidades e defeitos e, deste modo, quando for “tentado” novamente, ou testado, ele poderá permanecer firme.
Todas as tentações, ou testes, pertencem a três categorias gerais: do corpo, da alma e da Mente. A Iniciação simbolizada no Batismo de Cristo Jesus confere, sobre o neófito, novos poderes da alma e da Mente, que vem da realização que toda a vida é una em Deus, e que ele não deve, jamais, usar tais poderes egoisticamente, não importa o tamanho da necessidade, mas somente para beneficiar seu próximo.
É agora que a ambição pessoal, de repente, floresce e de modo bastante inesperado, o neófito acredita que ele superou todos os desejos do mundo. Ele renunciou conscientemente tais desejos insignificantes e sem real valor, e sabe que tornou possível, para ele, satisfazer todos os desejos e assim ele deve depurar seus sentimentos e emoções para ter certeza de que apenas o amor de Deus e para com a Humanidade motivarão suas ações. Isto não é sempre fácil de determinar, porque muitas ambições pessoais são inocentes em si mesmas e são consideradas maléficas em relação à orientação espiritual do neófito no Caminho. Autorrespeito, por exemplo, é mantido, mas não pode ser confundido com vaidade ou egoísmo. O corpo é conscientemente cuidado, porque ele é o templo de seu deus interior, mas a saúde física e o bem-estar não são o objetivo da vida; o corpo é visto como um instrumento do espírito. A alma é encorajada a apreciar as artes, os ofícios e a contemplar as belezas da Natureza, mas tudo isto é visto em relação a Deus como sua verdadeira fonte e origem e, se entende o gênio criativo como um aspecto em si mesmo do Poder Criador da Suprema Unidade em quem o ser humano vive, se move e tem o seu ser. O intelecto deve ser treinado e seu poder cultivado, por meio da educação e da razão, mas a aquisição do conhecimento pode ser um falso deus, a menos que isto esteja relacionado com toda a vida; e quanto mais poderoso for o intelecto, mais será a necessidade de humildade para que a Mente não fique fechada a novos aspectos da verdade e da consciência. Para o intelecto, a regra é sempre a seguinte: “Que a Mente seja em você o que também foi em Cristo Jesus, que fez de Si mesmo, nenhuma reputação… e se tornou servidor de todos, até a morte”.
Essas são sutis tentações que o Discípulo iluminado encontra pelo Caminho e Cristo Jesus mostra como elas devem ser enfrentadas. Ele renunciou-se completamente e entregou sua vontade ao serviço dos outros, mas com total conhecimento de Sua Divindade instaurada sempre alerta.
Cada fase sucessiva do desenvolvimento espiritual carrega uma prova especial e específica, de acordo com o temperamento e grau de espiritualidade do indivíduo; ainda, porém, por mais variados que possam ser estes testes, o exemplo de Cristo mostra o caminho da vitória. A espiritualização da Mente, por meio da completa dedicação a verdade e ao Espírito, constitui a armadura inexpugnável do neófito que não lhe protege apenas por um dia, mas a todo tempo, pelas pequenas, insidiosas tentações da vida comum, que são as mais perigosas na medida em que são dificilmente reconhecíveis como tal. Daí a advertência de um dos mestres da sabedoria: “Orar sem cessar”.
Mc: 9:2-8:
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: ‘Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que dizer, porque estavam atemorizados. E uma nuvem desce, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho amando: ouvi-O’. E de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”.
Foi a partir da Transfiguração que o trabalho de Cristo Jesus e toda a sua vida na Terra realmente começaram. Tendo experimentado as provas da tentação que, para Ele, elas não foram meramente pessoais, mas experiências cósmicas, o Corpo Denso pelo qual Ele apareceu como um homem entre os homens foi completamente transmutado em espírito. Este corpo não foi Seu próprio corpo, mas um corpo dado para Ele utilizar pelo Mestre Jesus, o mais puro e mais perfeito corpo humano já produzido pela raça humana. Séculos se passaram em sua preparação, por meio de hereditariedade controlada e cuidadosa, entre as mais belas e mais fortes famílias que viveram naquelas épocas, famílias de príncipes da Casa de Davi, de quem o herdeiro do trono foi sempre chamado de Messias.
Na repentina revelação Crística, pela Glória Arcangélica que estava, então, dentro do corpo do Mestre Jesus, os Discípulos souberam que estavam na presença de um Poder Cósmico. Anteriormente, outros Iniciados também contemplaram da mesma Glória, mas longe do Sol, ou em ocasiões raras como a presença Arcangélica no templo ou em locais sagrados da Terra, tais como o Campo de Ardath na Babilônia ou no Monte Sinai e outros.
Certos Iniciados que viviam em outros lugares do mundo estavam, também, conscientes da Presença no Monte da Transfiguração na Galileia. Mas estes três Discípulos, Pedro, Tiago e João, viram diretamente a Glória juntos a eles, ajoelharam-se e foram envolvidos por ela, imediatamente. Foi à mesma Glória Solar, conhecida por todos os Iniciados de todas as Escolas de Mistérios, tanto no Oriente como no Ocidente, mas agora brilhou como uma Luz sobre a Terra em si, não uma Luz do astro solar sozinho. Nos últimos séculos, os Iniciados contemplariam, novamente, esta Glória no Sol e experimentariam Sua Imagem projetada na Terra, onde seu “Raio” concentrou e inflamou.
Foi o Cristo Cósmico, localizado no meio da Glória Solar, que ensinou a Seus Discípulos os mistérios mais profundos da nova fé na nova Era, a Era de Peixes, que eles iriam, então, transmitir ao grupo de Discípulos mais próximos do futuro.
De todos os Quatro Evangelhos, o Evangelho de S. Mateus fornece a mais detalhada noção deste sublime evento. Para se entender o que é ali revelado, nós devemos compreender que Cristo vem de um lugar que nós chamamos de o Mundo do Espírito de Vida, que é outro nome dado para o Reino da Consciência Universal ou Consciência Crística. Este mundo é o Seu lar. No monte da Transfiguração, Ele apareceu para seus três mais avançados Discípulos, trajando uma vestimenta de gloriosa luz que pertence àquele alto plano celeste; os três estavam ali com Ele, em consciência, embora para a visão física, eles todos estavam em pé sobre o plano terrestre, no que diz respeito ao corpo.
S. João, mais tarde, descreve este brilho transcendente da seguinte maneira: “Nós contemplamos a Sua Glória, a Glória como a do Unigênito do Pai”[22].
Neste mundo universal, as figuras cósmicas são encontradas como pertencentes ao nosso Esquema de Evolução, um completo e imperecível registro de tudo o que foi experimentado pelo ser humano e os estelares que pertencem a esse Esquema de Evolução, desde o alvorecer da criação; pois este é o mais elevado dos mundos que possui o Livro da Memória de Deus e no qual os Anjos podem ler. Os Discípulos foram levados, conscientemente, a este plano superior. Quando nós olhamos para o passo correspondente do Caminho, na vida do neófito, descobrimos que a transfiguração marca um alto grau ou uma grande realização. A essência da vida conservada e transmutada dentro do corpo, verdadeiramente, ilumina com radiação espiritual, que é uma luz na escuridão, significando sabedoria no meio da ignorância. Ele compreende de uma maneira nova e diferente as palavras do maior dos três Discípulos, que compartilharam o Mistério da Transfiguração com o Cristo: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros”(IJo 1:7).
Sobre o Monte da Glória, a benção ouvida no Batismo, no início dos três anos de ministério, é ouvida novamente: “Este é meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mt 3:17 e 17:5); mas esta benção marca uma nova e mais elevada fase do Trabalho do Cristo. No Batismo, quando a Voz falou sobre o Jordão, as palavras foram para a multidão. Aqui, sobre o Monte da Transfiguração, a Voz fala para os três mais avançados Discípulos, aqueles que estavam prontos para a visão cósmica e para o serviço cósmico. Desta Transfiguração, o Cristo foi para o Getsemani e para a consumação de Seu trabalho na Terra.
Após a transfiguração, que marca a culminação de um padrão cósmico de desenvolvimento, restavam, agora, os passos que levam à Liberação.
Em S. Marcos 14:26-28; 32-34 lemos:
“Depois de terem cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras. Jesus disse-lhe: “Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que Eu ressurgir, Eu vos precederei na Galileia”.
“E foram a um lugar cujo nome é Getsemani. E Ele disse a seus discípulos: ‘Sentai-vos aqui enquanto vou orar’. E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e a angustiar-se. E disse-lhes: ‘A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai.’”.
A palavra Getsemani é formada por duas palavras em Hebraico: GATH “espremer” e, também, “amargura”, e SHEMEN, “óleo” (compreensão e sabedoria). A Sabedoria é sempre carregada de dor, até que o Discípulo tenha desenvolvido uma elevada consciência em que dor não tem poder sobre ele, nem para feri-lo, nem para instruí-lo. O “corpo diamante” do adepto é impenetrável à dor e ao sofrimento e é, também, indestrutível. Cristo Jesus já habitava esse corpo quando Ele foi para o Getsemani e para o Caminho da Cruz, com o propósito de mostrar à Humanidade o Caminho da Sabedoria.
Este é um dos verdadeiros e profundos mistérios da vida, onde a origem da aflição e do sofrimento não é compreendida, enquanto o ser humano somente anseia pela felicidade e tranquilidade, sem se esforçar.
O místico ainda sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Na medida em que o espírito se desapega, sua intimidade divina que é imagem e semelhança de Deus que, por sua vez, é amor, o Getsemani deixa de ser um local pessoal de aflição e se converte em um local de pesar para as dores do mundo, como foi para o Cristo. Suas plantas são regadas com suas lágrimas de sofrimento da Humanidade, e para angústias das multidões de criaturas indefesas que vivem e que não podem falar a voz da Humanidade. Assim, conforme uma pessoa avança no Caminho da alta realização espiritual, ela se torna cada vez mais sensível às dores de todas as coisas vivas existentes. Ela sente cada espasmo de dor como se fosse seu, e os armazena em seu coração.
A lição suprema Getsemani é aprender a ficar sozinho e dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a Tua”. Muitas vezes temos de seguir Jesus Cristo em tal Monte sozinho e beber deste cálice, até que a lição tenha sido aprendida.
Devemos jogar fora o conteúdo do cálice que é impuro, pois é por meio da dor acumulada da compaixão, que bem perto desfalece o coração, e, deste modo finalmente podemos morrer para o eu pessoal e viver, daí por diante, com o único fim de dar-nos a nós mesmos, sem reservas, para a cura e serviço no mundo. Quando, por uma espécie de alquimia divina, isto for realizado, a paixão transformada em compaixão, a consciência despertada para a compreensão divina trará consigo o poder de aliviar os cansados e curar os enfermos.
Não é mais possível culpar os outros pelos nossos sofrimentos, julgar duramente, criticar ou odiar. O Discípulo pede um único privilégio: o sacrifício de si próprio sobre o altar da Humanidade; sem esperar favores, agradecimentos e compreensão, tanto daqueles que estão mais próximos e como dos mais queridos.
Ele deseja apenas viver para servir. Este é um ideal extremamente elevado, mas é o único que devemos aceitar como uma meta em nossa vida, antes de estarmos preparados para a última libertação do Getsemani.
Em S. Lucas capítulo 23, versículo 24 lemos:
“Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam”.
Na Crucificação estamos de frente com um dos mistérios santos que deve permanecer selado ao profano. Na preparação para este rito sagrado, Cristo Jesus foi espancado e açoitado. Suas vestes foram rasgadas e retiradas de seu corpo e UM CERTO MANTO FOI COLOCADO SOBRE ELE. Uma coroa de espinhos foi colocada sobre Sua cabeça e foi pressionada sobre Suas têmporas tão forte que o sangue fluiu dali.
Do evento de flagelação e coração com espinhos até o carregamento da cruz e a crucificação no Gólgota, Cristo Jesus nos mostra o mistério da estigmatização. As mesmas feridas que Ele sofreu aparecem sobre o corpo do místico devoto que medita, profundamente, sobre o Caminho do Calvário e ele sente fisicamente estas feridas que foram produzidas psicologicamente. A maior parte da dor é sentida pelas feridas da cabeça, que são sentidas como se uma coroa de espinhos fosse pressionada sobre o crânio. Tal dor resulta do despertar dos nervos cranianos; estes são os mais sensíveis nervos do corpo. É o fogo ascendente espiritual que produz tais efeitos de dor, que são particularmente notadas nas mãos, nos pés e no lado, correspondendo às cinco sagradas feridas do corpo de Nosso Senhor.
Nas escolas de Mistérios, tais feridas são também sentidas, no entanto, elas permanecem invisíveis, pois o Iniciado caminha pela Via Dolorosa secretamente, embora, de fato, totalmente visível, mas não visto pela multidão cega.
Em Mateus 27:27-29 lemos:
“Em seguida, os soldados do governador, levando Jesus para o Pretório, reuniram contra ele toda a coorte. Despiram-no e puseram-Lhe uma capa escarlate. Depois, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em Sua cabeça e um caniço na mão direita. E, ajoelhando-se diante dele, diziam-Lhe, caçoando: ‘Salve, rei dos judeus!’.”.
O manto escarlate é a insígnia da realeza, mas para o místico isso simboliza exatamente as palavras do Cristo de que aquele que quiser ser o maior entre todos os homens deve ser o servo de todos. A verdadeira realeza é aquela que se sacrifica pelo nosso próximo. Escarlate é a cor do sangue da vida derramado em sacrifício, não um sangue sacrificado em morte, mas um sacrifício vivo. Ele segura a cana com Sua mão direita, o que é representativo de um cetro de um Rei, significando o poder do Iniciado que caminha de modo justo, ou o caminho positivo e justo do poder sobre o mal. No Evangelho de S. Marcos, Jesus é golpeado na cabeça com uma cana, indicativo da fase de desenvolvimento em que a “vara do poder” golpeia o cérebro com sua força ardente.
Apenas os Evangelhos de S. Mateus e S. Marcos mencionam a cana e a coroa de espinhos. Ambos representam as primeiras manifestações dos poderes do Cristo despertados, a Força ardente do Espírito de Vida, que, primeiro flagela o corpo e converte-o em um templo de divindade interior. O processo culmina na crucificação simbólica do Iniciado, onde a Força ardente do Cristo, tendo transmutado o aparente corpo “morto”, o levanta para a Vida eterna.
O Cristo sublime, o supremo Indicador do Caminho, enquanto Ele está na cruz, é o perfeito símbolo, de modo geral e em particular, do Caminho da verdade e de realização espiritual para toda a Humanidade – o caminho do progresso para toda a raça humana.
Em S. João capítulo 20, versículos de 1 a 2 lemos:
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro, e vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: ‘Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram’.”.
Em S. João capítulo 20, versículos de 11 a 14 lemos:
“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Disseram-lhe então: ‘Mulher, por que choras?’. Ela lhes diz: ‘Levaram o meu Senhor e não sei onde O colocaram!’. Dizendo isso, voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus.”.
O Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de S. João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. S. João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a Humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como S. Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer.” (Jo 14:12).
“Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da saudação de Cristo aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
No Grau da Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
Não é o Cristianismo apenas que ensina o caminho da Iniciação. A fórmula da Iniciação foi incorporada em todas as grandes Religiões do mundo, nos principais eventos das vidas dos Grandes Mestres e Salvadores onde esse ensinamento é o acontecimento principal.
Conforme a nova Era de Aquário se aproxima mensageiros dos reinos da Luz vem para estabelecer uma comunhão íntima entre o Cristo, os Discípulos e todos aqueles na Terra que aspiram seguir o ritual místico com seus doze passos ou graus, tal como se há indicado acima.
No mundo da alma, o verdadeiro Discípulo ainda experimenta, hoje, o sofrimento e a crucificação de toda a raça humana, e o Cristo, também, continua sofrendo a crucificação permanente. Ele está, todavia, conosco até o fim dos tempos, como Ele disse, e a Libertação que ele oferece para nós é a Consumação da Cruz. As Litanias da Crucificação são cantos de Iniciação que tratam sobre a fórmula Iniciática, como é descrita nos Evangelhos. A nota chave desta realização é:“Que o Cristo se forme em ti”.
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação | 7 – Tentação |
2 – Imaculada Concepção 3 – Nascimento | 8 – Transfiguração 9 – Getsemani |
4 – Fuga para o Egito 5 – Ensinamentos no Templo | 10 – Crucificação 11 – Ressurreição |
6 – Batismo | 12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos de que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o REGIA e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no SIGNO DE SUA EXALTAÇÃO, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a EXALTAÇÃO e a RESSURREIÇÃO foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a Humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Anunciação; a Imaculada Concepção | A Lua Exaltada em Touro | A Lua governa o princípio formativo ou feminino e a Hierarquia dos Anjos que tem a seu encargo a geração. |
O Nascimento | Marte Exaltado em Capricórnio | Transmutação do desejo, que desperta a vida de Cristo dentro da pessoa. |
Fuga para o Egito | Saturno Exaltado em Libra | Saturno é o tentador ou provador. Libra a balança ou portão do julgamento. |
Ensinando no Templo | Mercúrio Exaltado em Virgem | Mercúrio rege Virgem. Esotericamente, o Templo é o Corpo; Virgem é castidade e pureza da Mente e da Alma. Mercúrio Exaltado em Virgem é a Sabedoria obtida por meio da pureza de Mente, do Corpo e da Alma. |
Batismo | Júpiter Exaltado em Câncer | Câncer é a porta do nascimento e os portões do céu. As senhas para entrar são: amor, unidade e fraternidade. O Batismo pela água é símbolo do Batismo pelo Espírito. |
Tentação; Transfiguração | Urano Exaltado em Escorpião | O poder de geração quando exaltado leva a regeneração. Esta é a mais poderosa das exaltações presentes no desenvolvimento do ser humano. |
Getsemani; Crucifixão | Vênus Exaltado em Peixes | Amor na casa do sofrimento. O amor pessoal se eleva a exaltação do amor impessoal, abarcando toda a vida. Cada Ego conhece o Jardim do Gólgota da vida amorosa. É por meio do sofrimento que a paixão é exaltada em compaixão e o amor por um, pelo amor por todos. |
Ressurreição | O Sol Exaltado em Áries | Elevando o fogo espiritual da coluna espinhal (a força da vida cósmica) para cabeça, ajuda a construir o corpo celestial, no qual o ser humano é ressuscitado da tumba da carne. |
Ascensão | Netuno Exaltado em Câncer | A divindade chamada de Cristo Interno eleva o ser humano aos altos reinos suprafísicos, onde o espírito pode entrar em muitas moradas preparadas por ele pelo Cristo Cósmico. |
Nada foi dito, até o momento, sobre a recente descoberta do Planeta Plutão que rodeia o Sol, mas com órbita além da órbita de Netuno e que muitas vezes se cruzam. Os astrônomos supõem que esse Planeta mais externo pode eventualmente ter sido uma lua de Netuno e que poderia retornar de volta para este Planeta um dia. Hoje, porém, como um Planeta independente, deve ser considerado como uma potência no horóscopo, mas a sua verdadeira natureza é ainda indeterminada. Alguns astrólogos acham que é da natureza de Marte, constituindo uma “oitava” daquele Planeta, enquanto outros veem nele a “oitava” da Terra. A “oitava” de um Planeta é considerada como sendo seu “alter-ego” ou “Eu Superior” que é uma maior reflexão de si mesmo. Como oitava da Terra, Plutão teria influência especial sobre as condições que afetam a profundidade da nossa evolução planetária, ou seja, a parte esotérica do nosso desenvolvimento.
Plutão se move de modo tão lento em torno do Sol que permanece na mesma posição por um longo período de tempo; com isso ele forma os mesmos aspectos em milhares de temas astrológicos. Estes aspectos se “colocam em marcha” pelas forças transitórias, com os Planetas rápidos, as lunações, os eclipses, os asteroides e os cometas, precipitando, assim, grandes movimentos de massas e alterações revolucionárias. Igual situação é verdadeira com respeito aos outros Planetas em seus relacionamentos com Plutão.
Os astrólogos Iniciados devem, eventualmente, resolver todos esses problemas. Haverá uma Nova Astrologia na Nova Era que lidará com configurações cósmicas, não apenas para os Planetas de um sistema, mas com a inter-relação dos muitos sistemas solares e seus Planetas e até mesmo considerando influências daquelas galáxias.
“Cristo Jesus escolheu os doze antes de ter vindo ao mundo. Ele escolheu doze poderes e os recebeu dos doze Salvadores do Tesouro da Luz. Quando Ele desceu ao mundo, os lançou como chispas no ventre de suas mães, de tal modo que o mundo inteiro pudesse ser salvo”.
Pitis Sophia
Os doze Discípulos representam os doze principais atributos a serem desenvolvidos no ser humano, alcançado pelo despertar do poder do Cristo Interno. Isto ocorre pelos muitos estágios exemplificados nos eventos das vidas dos Doze Discípulos, conforme relatado no Novo Testamento. Tais eventos não são compreendidos como meras lembranças da vida pessoal de cada Discípulo. Em verdade, tudo o que está escrito revela fórmulas sobre como trilhar o Caminho da Realização. A Bíblia é de significado universal. Os registros biográficos são secundários. Seu significado primário está nas entrelinhas e refere-se ao caminho de desenvolvimento espiritual de todo ser humano.
Isso não quer dizer que a história dos Discípulos também não tenha significado histórico. As doze “Chispas” que encarnaram nos doze Apóstolos referem-se aos poderes cósmicos emanados do Zodíaco. Também mostram as doze grandes Religiões do mundo e seus Mestres fundadores, que são Salvadores. Assim, de acordo com os Evangelhos e a correlação material dos documentos esotéricos, tais como os de Pitis Sophia, Cristo enviou a Terra doze Salvadores ou Fundadores das doze Religiões mundiais, que O cercava, assim como os doze Signos rodeiam o Sol. Os estudiosos da Bíblia geralmente não conseguem enxergar a verdade esotérica na mensagem de Pitis Sophia, que revela todos os grandes Salvadores do mundo como precursores de Cristo. Eles vieram a Terra antes d’Ele, com o objetivo de preparar o Caminho. Deste modo, o Mestre de Nazaré encarnou e eles também renasceram para serem Seus auxiliares e emissários imediatos para o Mundo. A vida dos Apóstolos, então, não só possui um significado para os Cristãos, mas para todas as demais Religiões do mundo.
Em Mateus 19:28 lemos:
“Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade vos digo que, quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, também vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.’”.
Este versículo mostra a realização final do caminho do discipulado, quando, pela regeneração ou Iniciação é mostrada a vida de Cristo. Aqui, a natureza carnal é deixada de lado, tendo sido transmutada em poderes do Espírito. Isso ocorre quando o velho dá lugar ao novo, o natural dá lugar ao sobrenatural. Para os primeiros Discípulos, essa realização ocorre no dia de Pentecostes. Nele, aprendemos o significado essencial de todos os eventos da vida do Aspirante que poderia, de outro modo, permanecer obscura, visto que Pentecoste é a sua meta, hoje, como era nos tempos de Cristo.
Os Zelotes eram uma seita da Galileia, patriota por natureza, que numa intensidade terrível, odiava tudo que era romano. Reuniam-se com a sombria determinação de libertar sua amada terra da tirania Romana, sendo o fogo e a espada o meio que acreditavam em poder alcançar tal propósito. Simão era um zelote. Ele tinha disposição intensa e dedicava seu corpo e alma para realizar as tarefas dos Zelotes. Ele se tornou um dos guias da seita. Como a maior parte dos patriotas e bandos revolucionários, tal seita se degenerou na multidão e atraiu para si, ladrões e foras da lei, que agiam nem sempre por patriotismo. Mesmo assim, os Zelotes mantinham o comum objetivo de libertar sua nação dos romanos.
Então, chegou até Simão a influência do gentil Nazareno. A partir daí tudo mudou. Ao encontrar Cristo Jesus, Simão, que havia alimentado amarguras animalescas e ódio racial, não mais alimentou tais sentimentos e captou os mais nobres impulsos que despertaram em seu ser. Ele agora incorporou em seu coração a lei do Novo Regime: amor aos inimigos, resistir ao mal e sobrepujar o mal com o bem.
Tal é a lei que governará a Nova Era e sua palavra-chave é o Amor. Este é o nível em que seu Amor é aplicado aos problemas cotidianos que irão determinar a adequação do Discípulo para entrar na fase Aquariana da Dispensação de Cristo que está sendo introduzida agora.
O Mestre, como todos os grandes professores espirituais, ensina a necessidade de transmutar o mal em bem, e dá instruções de como realizar tal façanha. Agindo sob sua instrução, cada Escola de Mistérios, celebra um ritual à meia noite em que o miasma do mal do globo é aglomerado e transmutado em bondade. Isso não é figurativo, mas algo que ocorre literalmente. O trabalho é feito todas as noites, a meia noite, em todos os lugares, por todo o globo, através das vinte e quatro horas do dia. É um trabalho contínuo, incessante, como é sugerido no mosaico característico do piso do Templo Maçônico.
O Discípulo Simão, o grandioso Zelote, presenciou a obra da renovação realizada por Cristo e seu círculo de Iniciados e, desta maneira, mudou de ressentido patriota para amoroso e terno Discípulo, desejoso de receber e suportar o ridículo, a mortificação e a perseguição de seus antigos amigos e associados com o único fim de poder dar sua vida a seus amigos semelhantes.
Judas é o símbolo da limitação e da incompletude que age como um incentivador negativo ao progresso. “A Natureza aborrece o Vazio” (Nature abhors a vacuum) e cada alma humana, quando se torna sensitiva ao seu vazio espiritual, procura por preenchê-la por si mesmo. Todas as coisas trabalham juntas para o bem, S. Paulo diz: “O maior pecador pode se tornar o mais santo”.
Judas representa a natureza inferior no ser humano, que trai, a todo tempo, o elevado Cristo Interno. Essa traição causa grande dor e paixão, e deve sempre ocorrer no Jardim da Agonia (Getsemani). No caminho do progresso espiritual, é necessário ser um preâmbulo a Crucificação que traz a liberação, a liberdade e a realização. Isto pode ser realizado apenas pelo mau ou pela limitação (Judas), destruindo a si mesmo, para que a divina natureza possa se revelar. Matias, um homem santo, é escolhido para substituí-lo.
A lenda diz que a mãe de Judas foi avisada em sonho que ele se tornaria o filho da perdição. Ela então, o colocou em uma cesta e o lançou o ao mar. Ali o bebê foi encontrado por um rei, que o adotou e o criou como seu filho; mas Judas matou seu irmão (filho do rei) e foi compelido a fugir. Ele se tornou um pajem para Pôncio Pilatos e depois tratou de seguir o Cristo.
Judas representa a aquisição de posses, o amor ao poder que cresce da possessão das coisas materiais. Ele era o Discípulo que cuidava do dinheiro – da bolsa. Intenso, apaixonado, seus olhos se enchiam com estranhas luzes e seus cabelos eram como uma chama vermelha. Foi acusado na infância de ter sido possuído pelo demônio. Ele é também ligado, em alguns sentidos, a Maria Madalena, em termos de amor sensual, os dois representam o caminho da transmutação, pelo qual a natureza mortal e baixa é deixada de lado em favor da nova e Cristificada vida.
Um poeta canta sobre a juventude de S. João, o Discípulo amado, que “ao se tornar adulto, foi como uma bela e rápida tempestade”. “Filhos do Trovão” foi como o Mestre chamou João e seu irmão Tiago. Foi a extraordinária intensidade interna que levou Tiago a se tornar o primeiro a entregar sua vida e, também, deu a João, o lugar do Discípulo mais amado de Cristo. Isso significa que seu avanço espiritual foi tamanho que lhe permitiu ser aquele que mais se aproximou do Espírito de Cristo. Desde cedo, os olhos de águia de João visualizaram o resplendor dos Anjos e seu coração ouvia seus gloriosos cantos. Nas sombras de suas asas, as chamas brancas do amor nasceram dentro dele e este amor se transformou em poder. Mais tarde este poder foi vertido em seu Livro, o que é o maior tesouro da memória do Ministério de Cristo na Terra. Por meio do seu amor, foi capaz de ver a glória daquelas mansões que o Mestre preparou para aqueles que O ama, e fazem de si merecedores de lá habitar. Foi no espírito do seu amor, que era como o dos Anjos, que ele foi capaz de tocar a palavra-chave que soou a liminar “Amai uns os outros, assim como Eu vos amei”, e na Sua promessa, “E, quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”.
Foi em Éfeso que S. João se preparou para o grande trabalho de cura e de ensinar, após sua separação dos Discípulos. Lá ele viveu e ensinou multidões ansiosas pelo significado do AMOR COMO UM PODER. Os Anjos cantam hosanas quando, pela primeira vez, ele se encontrou com o Senhor, e essas hosanas foram proclamadas quando seu radiante espírito deixou a Terra para reunir nos mundos celestiais com seu bem-amado Mestre. A fragrância emanada de suas palavras de despedida, ditas para seus Discípulos, ainda permanece como a respiração das raras e exóticas flores: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
S. Tiago, irmão de S. João, foi o primeiro dos Discípulos. Estava entre os primeiros a seguir o Mestre e foi que sofreu o martírio.
Em Mateus 4:21-22 lemos: “Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou. Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.”.
A rede do pescador, na simbologia esotérica, se refere à sabedoria extraída das experiências do cotidiano. O pescador é aquele que se despertou espiritualmente para o significado e propósito da existência física. O Novo Testamento contém muitas referências do trabalho dos Discípulos com redes. Por vezes, estas são quebradas e novamente, são emendadas. Elas representam à substância extraída que é o Corpo-Alma, o etérico Corpo da Nova Era que é necessário para todo ser humano.
S. Tiago representa a suprema qualidade da esperança que “nasce eternamente no peito do ser humano”. Foi pelo poder da esperança que S. Tiago foi capaz de deixar seu pai, apesar dos protestos do mesmo, dizendo: “Eu devo ir, pois Jesus chegou”.
Banhado nesta luz branca da esperança que vem do Altar mais elevado da Alma, S. Tiago foi capaz de passar calmamente pela amarga experiência de perseguição e martírio.
Antes do poder de Herodes o ter alcançado, para “matar Tiago pela espada”, os Discípulos plantaram na Terra a semente da nova fé Cristã. Lendas Místicas declaram que após o martírio de S. Tiago, os Discípulos colocaram seu corpo em um barco que foi impulsionado por Anjos até alcançar à costa da Espanha, e ali, uma enorme pedra se abriu, por si mesma, para recebê-lo – uma referência das verdades da Iniciação e da nova pedra branca que ele ensinou. Nesta lenda, temos outra faceta do Mistério do Graal, em que o castelo, construído por homens e Anjos, permaneceu em algum lugar e por muito tempo nas montanhas da Espanha, antes que fosse agraciado pelos altares de Glastonbury no tempo do Rei Arthur e seus cavaleiros; mas alguns dizem que esse castelo ficou primeiro na Grã-Bretanha.
Judas significa louvor. Este Discípulo, deste modo, representa uma das mais importantes qualidades que deve ser desenvolvida por aquele que está buscando a luz interior. Toda a verdadeira instrução espiritual enfatiza a necessidade de cultivar o espírito de louvor. A lei do louvor é a lei do crescimento; assim, aquilo que louvamos, multiplicamos. Quanto mais uma pessoa se espiritualiza, mais ela se torna capaz de praticar o louvor em seu dia a dia. Isso é exemplificado pelo Livro dos Salmos. Conforme o Salmista se tornava mais afinado com a música das esferas, mais ardente se tornava seus cantos de louvores, até que sua própria vida ressoava com um olhar: “Bendize ao Senhor, ó minha alma, e tudo que em mim bendiga Seu Santo Nome!” (Salmo 102 (103)).
Assim, louvar é aquilo que associamos com Judas, o primo de Jesus e filho de Maria que era a irmã da Virgem e sua colaboradora no culto Misterioso dos Essênios, a Comunidade dos Eleitos.
Tomé representa a dúvida e o ceticismo que necessariamente nasce durante o treinamento intelectual. Dúvida e ceticismo são dois dos maiores impedimentos enfrentados pelo moderno Aspirante, na aquisição direta do conhecimento. As palavras do Mestre para Tomé: “não sejas incrédulo, mas crê”, ainda estão ecoando através dos Éteres. Não podemos esperar progressos longos no Caminho, enquanto o estágio de Tomé de desenvolvimento não passe.
Tomé estava no limiar da compreensão, como por exemplo, quando testemunhou a ressurreição de Lázaro, mas na ocasião em que o Mestre foi preso em Getsemani, ele foi dominado pela dúvida e conflito, e no momento da Crucificação, ele fugiu. Na sua Mente tortuosa, ele carregou a memória do corpo quebrado e do lado ferido, mas em seu coração, ele reteve como uma música escondida, as cadências divinas: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
No final da triste semana da Paixão do Mestre, ele retornou a Jerusalém, onde os Éteres já eram vibrantes com os ritmos dos hinos Iniciáticos alegres da Ressurreição: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. Aqui, sua dedicação foi completa. Com as palavras, “Meu senhor e meu Deus”[23] um novo Tomé surgiu ao mundo, e seu coração incendiou e seus lábios se tocaram com aquela Luz que nasceu da sintonia do amor que é eterno.
Na Índia, existe uma seita numerosa, com milhares de membros que se intitulam: “Os Cristãos S. Tomé”, testemunhando os dias em que grandes trabalhos e milagres foram realizados pelo iluminado santo Discípulo que fundou esta Ordem.
A história da vida de S. Mateus revela que era um publicano pecador, e por meio do encontro com Cristo, se tornou um dos maiores e gloriosos Santos e Apóstolos que escreveu o Evangelho que carrega seu nome. Mateus, o cobrador de impostos, simboliza aquisição e posse. Essa qualidade manifestava-se primeiramente no plano físico, mas em sua equivalência transmutada, passou a manifestar uma virtude correspondente na alquimia da iluminação espiritual. Por meio de tristeza e sofrimento, a qualidade de aquisição e posse foi elevada de um nível para outro, até se tornar o poder pelo qual ele era um coletor, pela experiência, de sabedoria, em essência.
Em sua luxuosa vila, ao lado das águas azuis do lago da Galileia, S. Mateus celebrou sua renúncia da vida antiga e sua dedicação para a nova vida, servindo um grande banquete. Este banquete foi frequentado por muitos publicanos e pecadores, amigos e companheiros da vida antiga e, também, agraciada e abençoada pela presença do gracioso Senhor. Por isso, o banquete constitui um verdadeiro evento espiritual em que os atributos da vida antiga não regenerada foram elevados e transformados pela presença e poder de Cristo.
A transformação de S. Mateus ocorreu pela experiência gloriosa de participar do Sermão da Montanha do Senhor. Desde então, seus olhos foram elevados com um mistério especial e de seus lábios ecoaram a nova palavra do Espírito de Vida. Em contraste com sua luxuosa vida que viveu, antes de encontrar o Mestre, S. Mateus se tornou uma pessoa absolutamente sóbria e ascética que, de seus lábios e corpo, gradualmente iniciou a emanar uma luz transcendente que eram como uma irradiação divina do Mestre. Sua grande obra foi concentrada amplamente na Etiópia, onde trabalhou por aproximadamente 23 anos. S. Mateus significa o grande propósito e poder de transmutação da vida humana.
André é o Discípulo que representa a humildade e a auto abnegação. Foi o primeiro a ser escolhido e mesmo assim, jamais se tornou um dos mais íntimos do círculo espiritual dos Apóstolos. Contentou-se sempre em brilhar a Glória refletida de seu irmão mais novo, S. Pedro. Sonhos e anseios pelas coisas do espírito o elevaram, cedo, a ser um dos seguidores de S. João Batista. Deste modo, ele se preparou para um serviço mais elevado e profundo que era servir ao Mestre Supremo. A Bíblia misticamente descreve sua preparação quando cita que ele estava lançando redes quando Cristo Jesus chegou.
André foi um dos escolhidos por um Grande Iniciador para servir no milagre dos peixes e pães. O propósito deste milagre era ensinar aos Discípulos como manifestar a substância física de um dado núcleo, bem como demonstrar a fraternidade de compartilhar. Após receber os grandiosos poderes conferidos aos Discípulos no Pentecostes, saíram pelo mundo para promoverem a Grande Obra. André cruzou os sete mares e as lendas místicas relatam que ele foi o primeiro a dar, para a Escócia, a nova e bendita Palavra de Vida. A cruz de Santo André é um “X”, desenhado em vermelho fogo, é o símbolo do sangue sacrificado: no lugar onde se é torturado e martirizado, grandes árvores floridas surgem adornadas com flores oriundas do sangue derramado. Pela simbologia Maçônica e Cristã esotérica, podemos encontrar repetidamente o ensinamento que onde sangue de sacrifício foi derramado, uma recordação viva cresce em forma de uma árvore florida.
O caminho sangrento desenhado pelas pegadas impressionantes de Hiram Abiff, de acordo com os escritores maçônicos, descreve esse “X” da Cruz de Santo André, e a árvore de florescência sagrada em sua memória é a Acácia. A simbologia ilustra o processo de Iniciação.
S. Pedro, o hesitante, o vacilante, “’o homem-onda’ que mais tarde tornou-se o ‘homem-pedra’”, é um exemplo daquele que alcançou o domínio sobre as fraquezas pessoais e a indecisão. Sua história revela que teve mais falha e limitações do que qualquer outro Apóstolo. Ainda assim, finalmente conseguiu desenvolver os atributos espirituais transcendentais que cada verdadeiro Discípulo aspira.
S. Pedro, primeiramente, recebeu ensinamentos na escola esotérica de S. João Batista. Quando Cristo o encontrou, estava voltado, totalmente, em emendar redes. Ele tipifica a ação e serviço e, finalmente, o alcançar o lugar elevado onde ele simboliza a fé – fé como um poder, não apenas uma abstração. É sobre esse poder recém-descoberto da fé, que a Igreja da Nova Era, ou corpo do Iniciado, é construído.
Quando o amor, a fé e a esperança se tornam manifestadas como trabalhos realizados dentro da consciência do Aspirante moderno, então, eles, também se tornarão capazes de acompanhar Cristo nas Suas obras mais elevadas e maravilhosas, como Pedro, Tiago e João, os Discípulos que simbolizam essas qualidades. Nossas maiores falhas se tornarão nossos passos que nos guiará a um maior desenvolvimento, como ocorreu com Pedro. Ele não pode jamais esquecer sua negação a Cristo, e em sua própria crucificação ele pediu para que fosse crucificado de cabeça para baixo, como não merecedor de morrer do mesmo modo que seu Senhor.
A mais preciosa história de S. Pedro foi seu encontro com o Mestre naquela alvorada luminosa, após a Ressurreição, quando lhe foi permitido renovar e dedicar novamente sua vida, como uma resposta mais profunda ao Mestre que lhe perguntou: “Me amas?”[24]. Magnificamente, Pedro cumpriu o mandamento do Mestre de apascentar suas ovelhas. Reza a lenda sagrada que até mesmo sua sombra tinha o poder de curar; mas sabemos que não era sua sombra, mas as maravilhosas emanações anímicas de seu Amor a Cristo que curava. Estas emanações caíam sobre todo aquele que chegava perto dele.
A vida de S. Pedro se desenvolvia entre a luz e a sombra, isto é, a escuridão do conflito e erro, entre provas e debilidades, produzindo arranques intermitentes de glória até que finalmente ele se rendeu a morte em um radiante branco resplendor de fé que foi verdadeiramente divino.
Tudo que era fraco e humano, finalmente, foi erradicado em uma grande explosão de fogo espiritual que consumiu a carne. Sua vida ilustra, talvez como em nenhuma outra, a verdade da afirmação de um vidente moderno: “o único e verdadeiro fracasso é deixar de tentar”. Mais do que qualquer dos Discípulos, S. Pedro é o Apóstolo do esforço incessante. Devido suas muitas e variadas experiências, da sabedoria e da compreensão que elas produziram que S. Pedro é conhecido como o guardador das chaves do paraíso e do inferno. O estudante de ocultismo sabe que o real propósito da vida não é felicidade, mas adquirir experiência.
Dentre os doze, Natanael foi um sonhador e místico, “um israelita em que não há dolo” (Jo 1:47) foram as palavras que o Mestre utilizou para descrevê-lo. Era Natanael, filho de Tolomé, e por isso chamado Bar-Tolomé ou Bartolomeu, sendo seu nome Natanael Bar-Tolomé. Seu pai era um encarregado dos parreirais e foi em meio a sombras frescas e fragrâncias de sua casa, num morro, que Natanael sonhou seus sonhos, até que, para ele, o canto dos pássaros foi misturado com ao dos coros dos Anjos e os brilhos das estrelas, que, para ele, pareciam tochas de fogo apontando as escadas do céu. Assim, filosofando e vivendo seus sonhos que foram menos reais para ele do que o mundo precioso que o rodeava, este jovem Galaad[25] de espírito se preparou para a eterna busca. Filipe, seu amigo, sabedor da profunda ansiedade de Natanael para a vinda de um iluminado para iluminá-lo em sua busca, um dia o chamou com entusiasmo apaixonado e fervor ao anunciar que havia “encontrado o Messias” (Jo 1:45).
Natanael significa pureza. Ele havia conseguido dominar o eu inferior, em preparação para a chegada do Grande Mestre. Por toda a Bíblia, o figo simboliza a geração. “Enquanto estava debaixo da figueira, eu te vi” (Jo 1:48), disse o Mestre no primeiro momento da saudação; e previu: “verás as portas do céu e os Anjos do Senhor subindo e descendo” (Jo 1:51), referindo-se aos poderes da Iniciação que ele viria desenvolver. Pureza é o requisito supremo da Iniciação e nenhum verdadeiro poder espiritual pode ser alcançado sem ela. Natanael se tornou um dos curadores mais maravilhosos entre os Discípulos, e foi por esta razão que foi apedrejado até a morte pelos sacerdotes da antiga Religião, pois temiam o seu poder.
As forças de cura são forças de vida e pureza, tal como a de Natanael, que é o fruto da vida regenerada e que aumenta a força de cura mil vezes. Devido a ele ter alcançado este estado de pureza, os poderes pessoais são elevados pelas forças cósmicas que se alinham com as próprias potencialidades universais do Discípulo.
Filipe era o Discípulo de Betsaida, que em Hebreu, significa a casa das redes. Esotericamente, isso significa o despertar ou infundir-se com espiritualidade. A história de vida de Filipe contém o processo ou fórmula para espiritualização da Mente. Este é um longo e árduo processo de aceitação da divindade do Senhor. Muitas vezes, durante este processo de despertar espiritual, a Mente grita e protesta: “Mostra-nos o Pai e isso bastará”. Difícil é o ensinamento que nos faz compreender a resposta do Mestre: “Não crês que eu estou no Pai e o Pai em Mim?”.
Filipe era filho de um pai Hebreu e uma mãe Grega. Tornou-se o primeiro evangelista para o mundo Grego. Ele foi a mão que abriu a porta para o Cristianismo na Europa; e foi nomeado o Hermes de Cristo.
A maior influência em sua vida, com exceção do Mestre, foi a amizade de Natanael. Eles constituem um inseparável dois – o Davi e o Jônatas (1Sam 20:16) do Novo Testamento. Eram inseparáveis na vida e juntos, enfrentaram o martírio. Filipe trouxe Natanael para Cristo e Natanael viu a passagem do espírito luminoso de Filipe, em seu martírio, ao encontro do Mestre. Filipe viajou pela Terra, compartilhando a luz dos novos ensinamentos do Messias que ele tão ardentemente defendia, e por causa da multidão de seus seguidores e das muitas curas maravilhosas que realizava, ele foi crucificado em frente ao Templo. Fortalecido por uma visão do Cristo glorioso e pela presença terrena de seu amado Natanael, o espírito radiante de Filipe deixou seu corpo na Terra, voando a caminho ascendente da alegria daqueles que permaneceram fiéis até a morte.
S. Tiago e Judas eram filhos de Maria, uma irmã da virgem e Cléofas. Ambos passaram sua infância na mesma casa com Jesus, na comunidade essênica, mas a aceitação de Sua divindade e missão, só foi aceita por eles, sem reservas, depois da Ressurreição e Ascensão. S. Tiago recebeu de sua mãe a notícia da Ressurreição e declarou que ele não beberia ou comeria até que ele visse o Mestre ressuscitado. Logo o Salvador apareceu para ele e lhe disse: “traga a mesa, a comida e a bebida como evidência da nova vida”.
S. Tiago se tornou o mais devoto dos Discípulos e, até sua morte, foi líder da nova igreja em Jerusalém. Tão nobre e fino era seu caráter que era altamente estimado até por aqueles que não tinham reverência pelo novo Messias. Acredita-se que ele era o líder dos Essênios em Jerusalém, antes de ele se tornar chefe da nova igreja.
Inimigos da nova seita Cristã induziram o santo Tiago a aparecer no parapeito do Templo, perante a multidão reunida, durante a semana de Páscoa, sob a ideia de que deveria dizer algo sobre o Mestre que tanto amava. Conforme ele falava fervorosamente sobre Jesus como o Messias de Deus, a multidão iniciou seu apedrejamento; ele caiu terraço abaixo, onde morreu, sem qualquer malícia sobre seus perseguidores, do mesmo modo que seu Mestre havia morrido anteriormente. Assim, seu grande espírito passou para os reinos internos com as palavras daquela prece sublime sobre seus lábios: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
Foi tão amado este Mestre Essênio pelo povo, que a notícia de sua morte causou pânico e horror entre os seres humanos devotos de todas as partes. Disseram que Jerusalém tinha sofrido grande tristeza devido a este crime. Durante este tempo, ou logo após os exércitos romanos destruírem a cidade, tanto Judeus como Cristãos disseram que foi a morte do santo Tiago que trouxe a catástrofe como punição de Deus.
Três são os passos principais de instrução e disciplina, fornecidos tanto pelas Escolas Iniciáticas antigas como pelas modernas. Estes passos exigidos pelos candidatos e, entre os Cristãos primitivos, eram conhecidos como: Dedicação, Purificação e Iluminação; também por: Preparação, Purificação e Perfeição. Eles esboçam o trabalho da Provação, Discipulado e Iniciação, como são conhecidos entre as escolas atuais.
S. Paulo, um dos Cristãos primitivos mais ilustres, forneceu diversas informações sobre as experiências que marcam o progresso do Aspirante no Caminho da Santidade. Para S. Paulo, foi o Caminho de Damasco que o levou para a culminação da Glória da Iluminação. Foi corretamente mencionado que a Bíblia possui significados alegóricos em suas histórias e, portanto, o Caminho de Damasco significa o Caminho da Luz, porque o desabrochar Iniciático de S. Paulo ocorreu neste Caminho. Isso não significa que a história de S. Paulo constitui um mito ou algo que nunca ocorreu. É, de fato, uma história verdadeira e sua verdade é estampada em cada aspecto descrito, mas também pode ser observada como uma pintura que revela experiências de iluminação em que todo Aspirante alcançará.
Isto é uma verdade para todo ser humano. A vida do mais humilde, desde o nascimento até a morte, pode ser levada em toda a sua totalidade e sublimes mistérios podem ser derivados de suas numerosas experiências. Compreendemos o modo como isto pode ocorrer quando nos conscientizamos dos padrões de vida existentes nos céus e, que a vida na Terra, nada mais é que uma sombra que se funde no tempo e espaço, de acordo com tais padrões divinos. Imperfeita como a vida pode ser, não obstante, o padrão divino pode ainda ser inferido a partir dos contornos das sombras.
A Estrada de Damasco foi o começo do Caminho de Saulo, que se tornou Paulo. Se alguém for cético sobre os ensinamentos das Verdades da Iniciação e dos mistérios contidos na Bíblia, permita-o estudar cuidadosamente a respeito das Três Jornadas de S. Paulo, conforme descrito no Livro dos Atos e em suas Epístolas contidas no Novo Testamento. Então, este cético encontrará um significado novo e profundo nas palavras de S. Paulo: “Dá leite para as crianças e carne para os mais fortes”.
Foi dito, verdadeiramente, que “S. Paulo foi uma das maiores vozes que o mundo já ouviu. Por quarenta anos depois da Transfiguração, sua vida foi uma sublime e terrível aventura”.
Sua vida foi uma potente pintura caleidoscópica de eventos sensacionais. Vemo-lo como Saulo, resguardando as capas daqueles que apedrejaram Estevão; seu primeiro encontro com o Discípulo Pedro; nós observamos sua grande iluminação na Estrada de Damasco; depois, como Apóstolo Paulo, num dado momento foi apedrejado e escarnecido, num outro, foi adorado como um deus. Ouvimo-lo articulando com os Atenienses no Areópago, e, então, subir nas asas da inspiração, conforme ele canta seu cântico imortal, em que o amor prevalece sobre a fé e a esperança; um hino de êxtase que traduz as canções dos Anjos para nós e carregado com uma beleza e poder que lhe assegura um lugar nos corações dos seres humanos de todos os tempos que virão.
Mais tarde, encontramos S. Paulo no Sinédrio. Vemo-lo lançando a víbora ao fogo, e finalmente, sua nobre cabeça abaixo do carrasco, na penumbra púrpura dos grandes pinheiros de Roma. Assim, observamos S. Paulo, o intrépido, o corajoso, o vitorioso, cuja máxima de vida foi adotada centenas de anos mais tarde, por uma grande fraternidade oculta como um abre-te-sésamo para seu Templo, que continham as palavras: “Eu desejo nada além de Cristo Jesus e Ele crucificado”.
Cada quadro da vida de S. Paulo atinge uma nota chave específica e marca uma fase de desenvolvimento específico. Um progresso similar do avanço da alma, passo a passo, caracteriza o Aspirante que consegue atingir a exaltada estatura espiritual de S. Paulo. Saulo, o perseguidor de Estevão, tem pouca semelhança com S. Paulo, o autor da canção divinamente inspirada de amor, excetuando-se apenas no fervor de seu temperamento. Foi a mudança de caráter e consciência que levou a mudança do nome de Saulo para Paulo, este espírito ávido e árduo, onde, esotericamente, esses nomes são a expressão vibratória da ideia que elas representam.
Saulo de Tarso foi totalmente erradicado da consciência de S. Paulo que escreveu no final de sua Epístola a Timóteo, a epístola que descreve o objetivo superior para todos os Discípulos modernos, seus filhos em espírito: “Eu lutei a boa luta, eu mantive a fé, eu terminei a jornada”.
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S. Paulo colocou chaves místicas em cada uma de suas Epístolas, como uma ajuda aos seus Discípulos que entram no Caminho na busca pela compreensão profunda do mistério da vida. Quatorze dos vinte e sete Livros que compõem o Novo Testamento testificam o trabalho do grande evangelizador, e “cada letra de S. Paulo é uma pintura de S. Paulo” (Adolf Deissman). Quando organizado em ordem cronológica, as treze Epístolas de S. Paulo podem ser classificadas em quatro grupos:
A……. I e II Tessalonicenses
Escritas durante a Segunda Jornada 51 D.C.
B……. I e II Coríntios, Gálatas e Romanos
Escritas durante a Terceira Jornada 52 a 56 D.C.
C……. Filipenses, Éfeso, Colossenses e Filipenses
Escritas durante a prisão em Roma 59 a 61 D.C.
D……. Tito, I e II Timóteo
Escritas antes do Martírio
Saulo nasceu na cidade de Tarso, provincial de Cicília, durante os dias mais emocionantes do Império Romano. Ele era da tribo de Benjamin (Câncer) que sempre permaneceu fiel a Judeia (Leão). Aproximadamente no mesmo tempo em que Saulo nasceu, Anjos proclamavam o nascimento da Criança Santa em Belém. O mundo estava passando por um estado de transição na preparação para a Nova Dispensação, a chegada de Cristo Jesus. Saulo, o jovem, foi educado de acordo com a doutrina farisaica. Sua primeira visita a Jerusalém foi realizada quando tinha trinta anos, quando ele foi estudar com Gamaliel, o maior de todos os doutores da Lei. Observe essa idade e a compare com a de Jesus, que aos 12 anos ensinou no templo. Estes são os anos da adolescência, que em um plano superior de desenvolvimento, marcam o despertar da Alma Emocional. Leal a seita dos Fariseus, desdenhoso e desafiante aos ensinamentos do novo culto dos Nazarenos, estava indignado das presunçosas aclamações em nome de seu Mestre e determinado a exterminá-los a qualquer custo. Por herança e preceito, essa era a atitude instalada dentro de Saulo de Tarso; esta era a sua base que o levou a se tornar S. Paulo, o Cristão, cuja vida, após a conversão, foi dedicada ao propósito: “para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus”[26].
Nomeado pelo Sinédrio para perseguir os Judeus que se tornaram seguidores do Nazareno, Saulo viajou para Damasco para eliminar a heresia das comunidades dos Judeus que lá viviam. Ele quase completou sua jornada e estava próxima da cidade antiga, quando um evento ocorreu que o transformou em outro homem e colocou sua vida em um novo e perigoso curso.
Em Atos dos Apóstolos, 9:3-9, lemos:
“Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saul, Saul, por que me persegues?’. Ele perguntou: ‘Quem és, Senhor?’. E a resposta: ‘Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer’. Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu.”.
É de grande significado que este evento ocorreu no ambiente áurico da cidade de Damasco. Mesmo naquele tempo Damasco era uma das mais antigas vivas cidades do mundo, uma cidade que nunca conheceu a morte. Muitas cidades belas, poderosas e grandes floresceram na antiguidade, mas Damasco sobreviveu a todas.
No oriente de Damasco, na terra erma, havia comunidades místicas, onde os iniciados se comunicavam com Deus dentro do coração e com os anfitriões dos céus, governantes dos elementos e dos egrégios Anjos e Arcanjos. Seus hinos ecoam a música das esferas e se diz que um de seus cantos da luz da alvorada veio até nós pelos versos iniciais do Evangelho de S. João. Em Damasco, estas comunidades eram similares aos Essênios do Mar Morto da Palestina, e havia constante comunicação, em uma peregrinação de idas e vindas.
Na cidade de Damasco, havia uma comunidade de chefes de família, assim como sugere o Livro dos Atos dos Apóstolos, com condições similares as da Sagrada Família em Nazaré e, em suas casas, se veneravam os Sagrados Mistérios desde antes da preparação da vinda de Cristo. Para estes, S. Paulo foi encaminhado para que pudessem cuidar dele durante o período de três dias de cegueira externa, de onde sua alma interior foi despertada.
Damasco é uma cidade preciosa e mística que todo o Aspirante se aproxima quando está realizando um contato iluminado com o Cristo. Abrão, como Saulo, se dirigiu a esta cidade excepcional quando se preparou para a realização interna que alterou seu nome para Abraão, igualmente a Saulo, que se converteu em Paulo, depois deste derrame torrencial de poder espiritual;
Saulo, um nome Judeu famoso, e Paulo, um nome Latino com origem e forma grega, representa as duas naturezas do ser humano, denominados: a baixa (carnal) e alta (espiritual) naturezas. Saulo de Tarso, o intolerante, o vingativo, o perseguidor, surge de sua experiência como Paulo, o novo homem. Nele, o velho Adão morreu e o Cristo Interno nele nasceu. Sua ambição se tornou humildade; seu sectarismo dogmático se transformou em uma fraternidade e compaixão que abraça a todos. Seu intenso zelo pela família de Israel foi absorvido em amor pela Humanidade. Seu futuro brilhante foi trocado por uma carreira unificante de sofrimento e renúncia, enquanto honras e adulações foram alegremente trocadas por escárnio e prisão. Renunciou, voluntariamente, a tudo aquilo que o mundo lhe oferecia para que se tornasse o menor dentre os apóstolos de Cristo, e “deste modo, pudesse salvar alguns”.
De que maneira se realizou está completa transformação? Em seu trabalho sobre a vida de S. Paulo, Adolf Deissman ficou perto da verdade oculta quando disse que a Religião de S. Paulo é o “Cristianismo Místico” e que sua jornada para Damasco marcou o início de sua internalização de Cristo. Por três dias e três noites Paulo não enxergou a luz com seus olhos, não comeu e nem bebeu. Durante este intervalo místico, seus olhos se abriram e sua consciência focalizou nos planos internos espirituais. Sua luz, neste período, não foi provinda do Mundo Físico, mas dos reinos celestes superiores.
Foi essa grande e gloriosa visão que trouxe iluminação a S. Paulo e o fez ser dedicado de corpo e alma, sem reservas ou hesitação, para um trabalho voluntário e profundo. Foi este evento estupendo que ele se referiu quando disse: “Não me mostrei rebelde à visão celeste”[27].
Muitos tentam realizar o caminho que leva a mística cidade de Damasco, mas poucos conseguem, com êxito, cruzar seus portais. A luz dos céus é, primeiramente, a chama interna do espírito despertado; é a luz que nunca falha em atrair o Mestre que virá abrir o caminho para instruções e iluminação mais aprofundada.
A aquisição do conhecimento, em primeira mão, sobre a vida e as condições nos mundos suprafísicos, o contato com os Grandes Seres que guiam o destino da Humanidade, a partir dos reinos espirituais, e a obediência a suas instruções são os requisitos necessários para a verdadeira Iniciação Espiritual. Tal iluminação é possível hoje, mas uma posição espiritual mais elevada do indivíduo que a grande maioria da Humanidade comum é essencial e são poucos os que realmente conseguem preencher estes requisitos de uma dieta pura, pensamentos construtivos e harmoniosos e uma vida pura e casta. Estes são requisitos fundamentais e não podem ser ignorados ou sobre passados.
Durante o intervalo sublime de cegueira das condições do mundo exterior, Paulo foi esclarecido sobre a real missão esotérica de Cristo Jesus e sobre o início da Nova Dispensação Cristã. Após anos de escárnios e perseguições aos seguidores do gentil Nazareno, a resplandecente luz de iluminação clareou sua alma e teve o privilégio de vislumbrar acontecimentos que ocorreram ao longo dos séculos. Vislumbrou o novo céu e uma nova Terra, na qual o companheirismo e a fraternidade eram uma realidade; um tempo em que Isaias, outro Iniciado, havia declarado o que iria ocorrer, onde os seres humanos trocariam suas espadas por foices e suas lanças por arados[28]. Quando em palavras repetidas posteriormente por um profeta ulterior – “o conhecimento da lei espiritual (o Senhor), cobrirá toda a Terra como as águas cobrem o mar”[29].
Após sua experiência iniciática, na comunidade de Damasco, Paulo foi para o deserto da “Arábia”, como ele diz, onde permaneceu por três anos[30]. Por isso, compreendemos que ele foi para o, conhecido como, deserto da Peréia[31], a qual se refere, vagamente, em suas epistolas. Indubitavelmente ele fez peregrinação para a comunidade do Mar Morto e, também, para outros lugares.
Durante seu confinamento na Arábia, Paulo se comunicou, incessantemente, com o Cristo Ressuscitado e com os Grandes Seres que dirigem e governam a evolução da Humanidade em seu avanço em direção à libertação. Este foi o verdadeiro início de Paulo na Escola de Deus, a Escola do Universo, e de seus Mistérios divinos. Ele aprendeu a ler no grande Livro da Memória da Natureza descrito por Enoque, que está localizado no estrato etérico da aura da Terra, e, ainda mais maravilhoso, que também é encontrado em reinos mais superiores[32]. Ele viu tudo isso e compreendeu a admirável fórmula de Iniciação que foi difundida ao mundo na vida de Cristo Jesus, em Sua Morte, Sepultamento, Ressurreição e Ascensão. No mesmo maravilhoso Livro de Deus ele leu os futuros eventos que ocorreriam em sua própria vida aqui na Terra.
No Livro dos Atos 9:22, lemos:
“Saulo, porém, crescia mais e mais em poder e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.”.
Já, no mesmo Livro dos Atos 9:15-16, lemos:
“Mas o Senhor insistiu: ‘Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome’.”.
A experiência de S. Paulo nos Mundos suprafísicos, nos três dias e noites em Damasco, deixou impressões, de vários modos, em cada uma das suas Epístolas, cartas que proclamam a imortalidade, cujas páginas brilham com o esplendor da vida eterna. Cada uma de suas Epístolas contém mensagens tanto internas como externas. Em cada uma delas colocou alimento leve para crianças e alimento sólido para os fortes.
O trabalho principal de S. Paulo está dividido em três fases de viagens. Sempre há três passos que conduzem para a culminação final da Grande Obra, que são delineados em qualquer Escola de Iniciação. Demonstramos que, antigamente, estes três passos eram denominados de: Preparação, Purificação e Perfeição; que correspondem a etapas modernas atuais que conhecemos como: Probacionismo, Discipulado e Iniciação. S. Paulo ocultou esses passos em sua descrição dos eventos ocorridos e dos trabalhos realizados durante as suas três jornadas.
A primeira jornada durou dois anos, a segunda três e a terceira quatro. Assim o total é de nove anos, número este que novamente refere-se a uma chave mística dos nove passos ou níveis maçônicos conhecidos como: Aprendizado, Companheirismo e Mestre. Na vida do Supremo Iniciador, tais passos estão representados pelo: Nascimento, Batismo e Transfiguração. Passadas estas experiências, sempre seguem as grandes obras ou ministérios. Todo neófito que percorre o Caminho encontra “provas” que o confrontam. Essas provas encontram correspondência histórica com a vida de S. Paulo, como: a prova ante Félix, a prova ante Festus e a prova ante Agripa. Esta foi a maneira como S. Paulo passou estes testes que lhe deu a autoridade para declarar: “Desde já está me reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a Sua Aparição”[33].
Foi durante o trabalho de sua segunda peregrinação que S. Paulo começou a escrever suas inigualáveis Epístolas; a primeira delas foi enviada a igreja de Tessália. O amor manifesto, pelo forte laço entre o mestre espiritual e seus pupilos, é expresso nas linhas: “Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vos tínhamos”[34].
A Epístola dos Tessalonicenses contém a mensagem da Ressurreição para uma Nova Vida em todos os seus significados internos, a saber: a habilidade de funcionar conscientemente fora do Corpo Denso, fato este que ninguém descreveu com mais precisão do que este grande Iniciado Cristão.
Ele descreve de modo muito simples o Caminho da Iniciação:
Na Primeira Epístola aos Tessalonicenses 4:13 e 17 lemos:
“Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. (…) em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim, estaremos para sempre com o Senhor.”.
Alguém que tenha adquirido a habilidade de funcionar nos reinos mais sutis ou reinos etéricos, sabe da verdadeira imortalidade do espírito, a continuidade da vida. A morte que ele encontra nada mais é do que uma transição de um plano de atividade para outro. Foi esta realização imortal que fez S. Paulo declarar: “Oh, morte, onde está sua vitória? Oh, morte, onde está seu aguilhão?” (ICor 15:55). Aquele que alcançou este estado de consciência, não mais deve dizer: “Eu acredito” ou “Eu penso”; ele proclama triunfante como S. Paulo: “Eu sei, pois eu vi”. Então vem a realização: “A morte não o há tocado; ainda que sua morada pereça”.
Esta realização trará a Humanidade uma das bênçãos supremas que lhe aguarda na Nova Era Etérica que está diante de nós.
Corinto, a cidade dos prazeres frívolos e de errantes, significa as sutis tentações dos sentidos. A vida alegre e dissoluta desta cidade se manifesta ao redor do belo Templo de Vênus. Ali, todos os tipos de prazeres, inocentes e maldosos, florescem. Não havia outra cidade onde mais se necessitava a manifestação da influência da Dispensação Cristã.
Em Atos dos Apóstolos 18:9-11 lemos:
“Uma noite, disse o Senhor a Paulo, em visão: ‘Não temas. Continua a falar e não te cales. Eu estou contigo, e ninguém porá a mão sobre ti para fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade’. Assim, permaneceu ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.”
As Epístolas aos Coríntios são cheias de significados místicos e internos, compreendidos em todo o seu dignificado somente por aqueles que estão seguindo o mesmo caminho e determinados a seguir similar consecução.
A Primeira Epístola aos Coríntios ensina ao neófito a morrer diariamente na subjugação de seu corpo, ou natureza inferior; e que esta é sempre o primeiro e fundamental ensinamento dado por qualquer escola verdadeira de misticismo.
A Segunda Epístola aos Coríntios contém mensagens mais profundas, dadas apenas para aqueles que encontraram a transformação por meio do VIVER A VIDA.
Em IICor 5:17 lemos:
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova”.
Nos ensinamentos dados por Hermes Trismegisto[35] há instruções similares aos dados por S. Paulo, em ICor 15, em que ele fala de corpos incorruptíveis, de corpos naturais e corpos celestiais. Hermes diz com referência a esta transformação: “Posto que temos uma corrente de água e terra, a de fogo e de ar fluindo em nós, que renova nossos corpos e mantém nossas casas unidas”.
“Recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um”[36]. Aqui, S. Paulo está recontando, para aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, o processo e o número de suas Iniciações. Quarenta menos um é igual a 39, que numericamente resulta: em 3 e 3 vezes 3 ou 9 – os passos das realizações que pertencem a terceira jornada ou graus de Mestre. Novamente ele está descrevendo a mesma realização de Maestria, quando diz em IICor 12:2-4:
“Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu — se em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe! E sei que esse homem — se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe! — foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir.”.
Na Epístola aos Gálatas, talvez a mais profunda esotérica de todas as Epístolas, S. Paulo proclama que ele “não fala com carne e sangue”[37].
Em Gálatas 1:17 lemos: “Nem subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim, mas fui à Arábia, e voltei novamente a Damasco”.
Estes versículos se referem novamente aos ensinamentos sobre os planos internos do Templo de Mistérios e ao trabalho Daqueles Seres Iluminados que ministram lá. S. Paulo nos diz que estes ensinamentos que foram revelados para ele, podem ser dados apenas de modo privado para aqueles que possuem “reputação”, o que significa para aqueles qualificados para recebê-los. Isto é um sinal de ratificação dos ensinamentos do Mestre para não jogar pérolas aos porcos.
As Epístolas aos Gálatas encerram com as expressões mais místicas de S. Paulo em Gálatas 6:17: “Doravante ninguém mais me moleste. Pois trago em meu corpo as marcas de Jesus”. Estas palavras não se referem às marcas físicas de golpes, apedrejamentos e açoites, mas a certas marcas de luz que é discernida apenas pela visão espiritual. Aqueles que possuem estas marcas são os que estão Cristificados, os elegidos do Senhor que tomam seu lugar a sua mesa santa em comunhão com o Salvador.
A Epístola aos Romanos foi escrita perto do final da terceira jornada. A gloriosa confirmação do teste de S. Paulo pelos três grandes trabalhos ou jornadas, estava, pois, perto do fim. Permanecendo na luz branca do Mestrado, ele tocou a palavra-chave deste trabalho elevado com as Palavras: “ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” (Rm 12:1).
Allen R. Brown, em seu livro intitulado “Paulo o semeador”, que é um estudo sobre o objetivo e significado da Epístola aos Romanos, apresenta uma interpretação muito próxima a fornecida por esse livro: a Interpretação da Bíblia da Nova Era, quando diz: “Paulo utiliza as palavras ‘em Cristo’ 150 vezes; estas palavras não se referem ao Jesus histórico, mas denotam uma relação contínua com o Cristo presente no coração; Paulo não está consumando o sofrimento de Cristo (Cl 1:24), mas leva em seu próprio corpo o sofrimento de Cristo”.
Todas as “Interpretações da Bíblia da Nova Era” lida com o despertar dos poderes Crísticos dentro do ser humano. “Até que Cristo se forme em vós”: esta declaração do Grande Iniciado Cristão contém a solução para todos os problemas do universo, quando completamente compreendidos e desenvolvidos, inaugurarão o Novo Céu e a Nova Terra. Quando S. Paulo iniciou sua última Jornada, para chegar a sua última prova e, assim, libertar seu glorioso e brilhante espírito na morte, ele estava completamente absorvido em atrair o interesse do Centurião (que, junto a um bando de soldados o acompanharam até o Portão de Ostain em Roma[38]) para o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Até o último pensamento de sua Mente foi trazer os outros ao serviço do Cristo.
Chegando a seu destino, sob as grandes sombras dos pinheiros, ele pediu um tempo para meditação e oração. Eles que o assistiram assumir a forma de uma cruz e, com seus braços estendidos, direcionou em Hebreu algumas presenças invisíveis. Este Glorioso Ser, que deu Sua Benção a S. Paulo em sua primeira iluminação, estava presente para abençoá-lo e acelerar seu caminho assim que ele entregou seu corpo em Seu nome, em uma total dedicação e inabalável devoção até o final. Sempre foi fiel a suas próprias palavras: “Se vamos viver em Cristo, devemos abandonar a nós mesmos e morrer com Ele”.
Os portadores de tirso[39] são muitos, mas os verdadeiros místicos são poucos[40]. Reto é o caminho e a porta é estreita e poucos há que a encontram. Este é o caminho para a cidade mística de Damasco, com o seu tesouro espiritual. É apenas para aqueles que, como o Grande S. Paulo, aprenderam a “morrer em Cristo”.
O Batismo proclamava o início do ministério terrestre do Senhor Cristo e a Crucificação, o ponto alto da Sua missão sacrificial. Na Crucificação, Ele que veio como um mediador entre Deus e o ser humano, entre os Céus e a Terra, penetrou no coração do Planeta e tornou-se seu Espírito Planetário. Desde então, o Seu ministério continuou tanto dentro e como fora do nosso Corpo planetário.
O coração da Terra é o Seu centro planetário. A cada ano, o Seu Espírito penetra nele com intensidade e volume cada vez maiores, tornando, assim, mais fácil, a este impulso espiritual, entrar e encontrar uma morada no coração do ser humano. Esta foi a revelação maravilhosa que S. Paulo experimentou no caminho de Damasco, e que, mais tarde, foi incorporada na instrução dada aos seus Discípulos.
Aqueles que defendem que Cristo, como uma personalidade, nunca viveu e que a história de Sua vida é apenas uma representação simbólica do caminho Iniciático, perdem o ponto crucial do Cristianismo Esotérico ou Místico.
Mil anos com o Senhor são como um dia. No Segundo Dia da Criação, como registrado em Gênesis, e conhecido no ocultismo como o Período Solar, os Arcanjos estavam passando por uma fase de desenvolvimento que corresponde a nossa atual evolução humana. No entanto, os seus veículos ou corpos não eram como o nosso, mas eram formados de uma substância não menos densa do que a do desejo ou plano astral. (O próximo veículo mais denso, o Corpo Vital, não veio à existência até o próximo Dia da Criação, ou Período Lunar, nem o Corpo Denso até o dia seguinte, o nosso atual Período Terrestre). O Cristo era e é a própria cabeça da Onda de Vida Arcangélica, e foi naquele passado longínquo acima referido como o Período Solar que Ele dedicou a Si mesmo a servir e guiar a Terra, bem como toda a sua progênie no seu desenvolvimento evolutivo. Então, eras e eras se passaram antes que a nossa Terra estivesse pronta para recebê-Lo no seu centro.
Quando o Sol estava passando por precessão através de Áries, o Signo do Cordeiro, o Cristo veio como o Bom Pastor às ovelhas que tinham perdido o seu caminho.
Os preparativos para a Sua vinda começaram quando o Sol passou por precessão através de Libra, o Signo oposto Áries, aproximadamente a 10 mil anos antes. Seres humanos Iniciados foram enviados, como instrutores, para diferentes partes do mundo, cada um com uma mensagem semelhante, a fim de preparar um círculo interno de Discípulos para esse glorioso evento: a vinda da Luz encarnada do Sol que era para ser a Luz do Mundo.
Quando o Sol entra em Libra no Equinócio de Setembro a glória de Cristo toca a aura externa do Planeta Terra, e ocorre uma aceleração cósmica. Pouco a pouco, durante os meses de novembro e dezembro o Espírito de Cristo penetra no interior do Planeta, camada por camada, até atingir o coração da Terra, na época do Natal. O Raio do Cristo é dourado, quando é visto pela visão espiritual, como o Sol Espiritual de onde Ele emana, e é verdadeiramente esta luz que ilumina o Caminho da Santidade para o Discípulo que sincera e seriamente inicia a busca[41], no período do Equinócio de Setembro. Futuramente, em algum Solstício de Dezembro, ele receberá a Luz Divina, o renascer no coração da Terra, pois o Solstício de Dezembro é o tempo para a dedicação da alma ao Caminho de Cristo.
Antes que ele possa alcançar este objetivo, o Aspirante deve aprender a lição cósmica de Libra: “Então você entenderá o que é justo, direito e certo e aprenderá os caminhos do bem” (Pr 2:9). A lição ensinada por Libra no Equinócio de Setembro é: distinguir, ou seja, separar aquilo que é real daquilo que é ilusão.
Para o Discípulo que está no Caminho de Cristo, é dada uma das mais importantes lições, uma lição que é fundamental para todas as fases posteriores: descobre-se que ele próprio é um Deus em formação, feito à imagem e semelhança de seu Pai, em sua verdadeira e essencial individualidade; e ele procura ver a si mesmo, conhecer a si mesmo, como Deus o vê e conhece. A isso se chama: estabelecer contato com o Deus interior. Neste trabalho, a Hierarquia de Libra, os Senhores da Individualidade, está divinamente qualificada para ajudá-lo. Eles são mais que professores. Eles testam e experimentam a alma, e as provações do Discípulo neste momento têm o objetivo de desenvolver o seu poder de discernimento, um atributo dos mais importantes para Aspirante no Caminho do Discipulado, quando as tentações assumem a natureza da sutileza mais enganadora.
No Caminho da Santidade, o Discípulo utiliza o período de Escorpião para a transmutação, enquanto segue o dourado Raio do Cristo para o coração da Terra. Então, em cada fase da sua vida diária, ele se esforça para sublimar: o mal em bem, a escuridão em luz, os negativos em positivos. Ele consagra-se, a si mesmo, a tarefa de transmutar o metal básico de sua natureza inferior no ouro puro do espírito. O laboratório físico onde ele realiza essa “Grande Obra” é o sistema nervoso central, especialmente a medula espinhal e o cérebro, os quais são comumente conhecidos como o Caminho do Discipulado.
Quando o fogo do espírito é despertado no Discípulo pela primeira vez, ele é sentido na base da coluna vertebral. À medida que o fogo do espírito ascende, este se unirá com o correspondente que vem de cima para baixo; gradualmente ambos se intensificam em volume e força, até que todo o corpo se enche de luz. Assim, ele alcança uma iluminação que é visível para aqueles que possuem visão interna.
É então, quando, pela primeira vez, a sua natureza inferior é, literalmente, consumida pelo fogo celestial, e ele próprio se torna uma tocha, tornando-o capaz de caminhar em sua própria luz através do Caminho de Luz, traçado por Cristo, em direção ao interior da Terra, onde o esplendor de Cristo habita em plenitude. Quanto maior sua sinceridade, mais ardente será sua devoção, mais intensa a sua aplicação e mais ele penetra no Caminho, em cada Semana Santa que ocorre, até que, finalmente, ele será declarado digno de participar da Festa da Luz que se celebra na Noite Santa.
Biblicamente, bem como astrologicamente, Escorpião, o Signo que o Sol entra em torno de 20 de outubro, tem duas palavras chaves para o neófito: a primeira sendo “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”[42] e a segunda, para o Discípulo iluminado: “publicarei coisas que têm sido mantidas em segredo desde a fundação do mundo”[43].
Quando o Sol passa por Sagitário, no mês de dezembro, Cristo ilumina os reinos internos e forma um verdadeiro traje espiritual para o nosso Planeta. Visto com visão espiritual, a partir do espaço sideral, a Terra aparece como uma bola de ouro fundida. O Discípulo que vê este resplendor, a partir da superfície do Planeta, caminha em um oceano de luz dourada. Todo o brilho e cor das festividades de Natal são apenas um pálido reflexo da luz e da glória dos reinos planetários internos quando a Glória de Cristo está operando ali dentro. Se um Discípulo no Caminho da Santidade tem trabalhado fiel e efetivamente com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, ele se encontrará atraído para aquele grande e glorioso esplendor.
Cada evento das celebrações sagradas do Natal simboliza o desenvolvimento de um poder espiritual específico dentro do próprio Discípulo. À medida que esses poderes são despertados, ele experimenta uma intensidade cada vez maior de unidade íntima com as atividades cósmicas que ocorrem durante o Solstício de Dezembro.
Sagitário tem sido simbolizado por uma série de lâmpadas acesas, e o Discípulo que tem sido persistente em seus trabalhos espirituais agora descobre que estas lâmpadas foram acesas dentro de sua própria aura, e até mesmo dentro de seu próprio corpo-templo. Estas são as lâmpadas que iluminam o seu percurso para o centro da Terra. Lá ele estará na presença do Senhor Cristo, a Luz do Mundo. Lá ele receberá a Sua bênção e O ouvirá entoar o mantra que tem sido utilizado em cada Templo de Iniciação, antiga ou moderna: “Muito bem, servo bom e fiel… entra tu para a alegria do teu Senhor”[44].
A força Crística dourada, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, como antes mencionado, passa pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passa pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chega ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Quando a força do Cristo penetra no centro da Terra, uma profunda calma e quietude permeiam a natureza. Essa é a Noite Santa de todo ano.
Segue-se um poderoso aumento das forças de vida do Planeta. Essa nova infusão de vida na Natureza é belamente descrita nas lendas da Noite Santa, em que é dito que mesmo os animais e as plantas fazem reverência ao Menino Cristo à meia-noite mística sagrada.
Ano a ano a Glória do Cristo penetra a Terra com seu poder de harmonia e de cura. Ano a ano a Terra é vivificada com a vida cósmica. Pouco a pouco, o ódio, a inimizade e o conflito estão sendo superados, e pouco a pouco o espírito da fraternidade vai crescendo. Finalmente, o ideal imaginado por Isaías há muito tempo se tornará uma realidade: “De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra.” (Is 2:4).
A constelação de Aquário é o lar da Hierarquia de ministério dos Anjos, adorada em todas as lendas sagradas de todas as Religiões. O campo de atuação dessa Hierarquia é a Região Etérica do Mundo Físico e, uma vez que o Corpo de um Anjo é formado por Éter, ele se torna visível mesmo para pessoas que tenha um mínimo de visão suprafísica. Muitas crianças tiveram um conhecimento em primeira mão dos seres angelicais e espíritos da natureza, que, como os Anjos, habitam os reinos vizinhos.
Os Anjos são especialistas em trabalhar com a substância Etérica e as Forças Vitais. Eles moldam os muitos e variados padrões florais nas cores azuis e douradas dos Éteres Superiores; e são esses padrões que as Fadas transmitem para a Terra como flores para enfeitar a Terra.
Quando o Sol está em Aquário, a Força de Cristo concentra suas atividades na Região Etérica do Mundo Físico. Ele derrama o Seu amor e Suas bênçãos sobre os Anjos e as almas desencarnadas da Humanidade da Terra que estão vivendo e servindo nestes reinos. Aqui também é uma parte da pátria celeste de crianças que morreram na infância; e aqui eles são ensinados e acompanhados pelos Anjos. Tais espíritos das crianças não vivem sempre nesse reino etérico, já que o seu verdadeiro lugar é nas regiões mais altas do Mundo da Alma, do Mundo do Desejo; no entanto, em momentos especiais, eles são trazidos por seus instrutores angelicais para dentro dos Éteres superiores, onde eles podem aprender as alegrias da natureza e das Fadas.
É também na Região Etérica do Mundo Físico que são encontrados os Templos Iniciáticos que, nos tempos antigos, também existiram em forma física. À medida que a Humanidade perdeu a luz interior eles foram removidos de nosso plano de manifestação e continuaram a existir apenas no nível etérico. Por isso, atualmente eles se tornaram assuntos de lenda e de poesia. No entanto, agora, o tempo se aproxima para serem externalizados novamente. Nesse meio tempo, para o Discípulo iluminado os Templos Etéricos são acessíveis, e aparecem como algo real na Região Etérica do Mundo Físico, assim como são as estruturas físicas neste plano físico.
Um desses Templos, o mais bonito para todos os Cristãos, está localizado em cima da cidade de Jerusalém. Os Anjos estão intimamente associados ao trabalho conduzido ali, e em todos os Templos situados nos planos internos. Eles são livres para entrar à vontade nestes santuários, e se regozijam em servir nesses lugares sagrados, pertencentes aos filhos da Terra.
Diz-se que um Anjo da Guarda pairava acima da cadeira de cada cavaleiro que se sentava à mesa-redonda no Templo do Rei Arthur. Isso é uma lenda, mas profundas verdades espirituais estão escondidas em lendas e, especialmente, nas lendas do Graal da Idade Média. O Templo do Graal é realmente uma parte da Escola de Mistérios Cristãos. O significado mais profundo das lendas espirituais é velado por poetas e artistas, que os relaciona com os costumes da época em que apareceram pela primeira vez. Não há mistério mais profundo no Cristianismo do que o do Santo Graal, pois pertence à história da Última Ceia e se refere às profundas verdades cósmicas transmitidas por Cristo aos seus Discípulos, e, especialmente, para S. João, o Discípulo bem-amado, que “repousava sobre seu peito” (Jo 13:23-25).
Através do serviço da Hierarquia de Capricórnio, o Discípulo aprende a ministrar como um Auxiliar Invisível às pessoas que ainda vivem encarnadas no Mundo Físico. Esse trabalho é ampliado, à medida que o Caminho da Santidade passa através de Aquário. Aqui o Discípulo aprende, sob a orientação dos Anjos, como trabalhar com os seres que habitam os reinos internos.
O Discípulo qualificado, que tem seguido a Cristo até aqui é agora capaz de entrar CONSCIENTEMENTE nos reinos Etéricos. Lá ele observa os mais variados e belos serviços realizados pelos Anjos para o benefício não só da Humanidade, mas de todos os reinos da Terra. Muitos dos segredos da natureza são revelados a ele, tanto por meio das atividades dos espíritos da natureza como por meio das Fadas. Deste modo ele se encontra em um mundo encantado, um mundo tênue, onde conhecimento das Fadas tem a sua origem, pois o reino dos Éteres superiores é verdadeiramente a terra das Fadas. Muitos escritores inspirados ou místicos teceram fantasias sobre as maravilhas desta região. Um exemplo maravilhoso é o livro Blue Bird (Pássaro Azul) de Maeterlinck[45], que, embora seja uma fantasia de uma criança representa, verdadeiramente, a natureza e as características da Região Etérica do Mundo Físico.
Quando o Sol passa através de Aquário a glória de Cristo já está subindo para fora da Terra, em preparação para sua Libertação na Páscoa. Durante o mês de março, com o passar Sol pelo Signo de Peixes, que é o Signo da dor e do sofrimento, a Igreja Cristã entra nos sacrifícios quaresmais, e na participação do sofrimento de Cristo no Gólgota. Peixes é o Signo da Crucificação, o Signo do Messias. A Crucificação do Cristo Cósmico começa quando o Sol está em Libra, no Equinócio de Setembro, quando a Glória desce para o “Hades”[46] do Planeta Terra. As observâncias comemorativas do mundo Cristão na Páscoa, quando o Sol caminha em direção ao Solstício de Junho, não é a Sua Crucificação, mas Sua Ressurreição cósmica. O Planeta Terra fica, então, consciente de certo vazio, um vazio espiritual, enquanto a Glória Cósmica se afasta. Esta é a origem da mistura de tristeza e da alegria no tempo pascal do Equinócio de Março.
À medida que o Discípulo viaja pelo CAMINHO DA SANTIDADE, que conduz aos reinos espirituais, as experiências vividas se tornam cada vez mais maravilhosa e transformadora. Nesses níveis celestiais da existência, não há véu que separa aqueles que vivem na terra daqueles que habitam os planos internos de luz. Deste plano suprafísico, junto com os Anjos e com reinos ainda mais elevados, é possível testemunhar e entender as ações das almas humanas durante o período que vai da morte no plano físico até o renascimento em uma encarnação. Aqui, também, é onde pode se observar o funcionamento dos Espíritos da Natureza e reparar como suas atividades são as bases do que a ciência se refere como as leis da natureza. Aqui em cada manhã de Páscoa, em meio à hosanas triunfantes dos Anjos e Arcanjos, o Cristo, após a Sua liberação a partir da encarnação anual na Terra, aparece em glória radiante. No Templo dos Mistérios Cristãos a procissão gloriosa de Páscoa é formada em torno de Sua presença luminosa, não como um mero espetáculo, mas como um meio pelo qual se transmite um poder transcendente sobre todos aqueles que foram considerados dignos de serem contados entre Sua companhia santificada.
O Cristão Místico comemora a Páscoa, não apenas como um evento histórico, mas como uma ocorrência espiritual anual. Ao longo do ano solar, depois de Sua descida ao coração da Terra na época do Natal, Ele começa, novamente, no período entre a Páscoa e a Ascensão, a ascender ao trono do Pai, que está nos céus, para restaurar os seus poderes antes de, mais uma vez, iniciar o seu retorno à esfera física no Equinócio de Setembro.
Foi no momento da Sua crucificação que o Cristo deixou o corpo de Jesus, no qual Ele tinha funcionado durante Seu ministério de três anos entre os seres humanos, e transferiu o Seu próprio Espírito para o corpo planetário para, assim, se tornar o seu Regente. Há um significado profundo nas palavras que Ele pronunciou aos Seus Discípulos depois da Ressurreição: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[47].
Quando a raça humana sucumbiu à sedução de espíritos de Lúcifer, o ritmo atômico do corpo físico do ser humano foi alterado de tal modo que o fogo espírito vertebral entrou em sintonia com as forças lucíferas e recebeu a impressão destes Seres de fogo. É a missão de Cristo neutralizar essa condição, substituindo pelo Seu ritmo e impressão àquelas dos Lucíferos – já que Cristo, como um Arcanjo, é também um Ser de Fogo. Quando isso tiver sido realizado, a vibração atômica do corpo do ser humano irá torná-lo imune à doença e morte. Os indivíduos da Nova Era, trazem em si mesmo a imagem gloriosa de Cristo.
A Hierarquia de Áries contém um padrão arquetípico do ser humano como ele foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. Este padrão se manifestará cada vez mais na Nova Era. As seis constelações acima do equador (setentrionais) contêm, por assim dizer, esses padrões em miniatura e as Hierarquias dessas constelações meridionais trabalham com a Humanidade para trazer tais padrões para serem cumpridos aqui na Terra. Por exemplo, a Hierarquia de Áries conserva este padrão perfeito do ser humano Cristificado. Libra, o Signo oposto a Áries é o lar dos Senhores da Individualidade, diminui este padrão cósmico de Áries e está ajudando o ser humano a manifestá-lo.
Esse é o conhecimento que tem motivado os grandes mestres do mundo para ajudar a Humanidade a trazer o padrão divino a ser manifestado neste plano. O trabalho é árduo. Mas, ao longo dos séculos, as almas corajosas que têm sido fortes o suficiente para prosseguir no Caminho da Santidade nos reinos espirituais, retornam inflamadas com o que elas contemplaram como “um novo céu e uma nova terra”, habitados por uma Humanidade Cristificada. Elas sabem, como o Cristo sabia, que, em verdade, “o Verbo era Deus”.
Quando o Sol passa por Touro, durante o mês de maio, a força de Cristo sobe cada vez mais alta, acima da aura espiritual da Terra. O Discípulo que está trilhando o caminho da Santidade segue na esteira da Luz ascendente de Cristo e entra numa esfera onde encontra a si mesmo, interiormente, harmonizado e fortalecido pelo poder criativo da música. Os Seres Celestiais que habitam este reino falam uma linguagem musical. Cada um dos seus movimentos emana música. Eles moldam e formatam todos os tipos de forma por meio de tons musicais. Neste reino todas as coisas que crescem são alimentadas pelo poder da música, enquanto as várias cores das flores são produzidas por variações no tom. A música é, certamente, o poder criativo supremo deste reino elevado.
A constelação de Touro é o lar dos padrões cósmicos para tudo quanto existe na Terra. Esses padrões são prefigurados pelo seu Signo oposto, Escorpião, casa dos Senhores da Forma. Esta Hierarquia ensina a construir formas a partir do plano físico; e da constelação de Touro ressoa o tom misterioso que Deus usou na criação, a Palavra criadora, pela qual: “tudo o que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele”. Esta é a nota chave bíblica de Touro.
Os Senhores de Touro mantêm o padrão cósmico do órgão mais maravilhoso destinado a se tornar parte do futuro corpo humano. Este novo órgão, semelhante a uma rosa dourada, será localizado na garganta, e será o centro através do qual a Palavra Criadora será projetada pelo ser humano da Nova Era. Por seu poder, a geração se tornará regeneração, e o ser humano será capaz de moldar uma substância sobretudo o que desejar. No reino onde os poderes taurinos são mais ativos somente um iluminado pode contemplar uma visão desta perfeição e meditar sobre ela. Ele percebe o desenvolvimento glorioso que o espera no futuro e percebe o significado literal das palavras do salmista: “Tu o fizeste um pouco menor que os Anjos, e de glória e de honra o coroaste”[48].
Quando o Sol se eleva em direção ao seu ponto mais setentrional no céu em junho, ele transita pelo Signo de Gêmeos, a constelação que define uma dupla impressão sobre o corpo-templo humano. Ele rege as dualidades do corpo: pulmões, ombros, braços e mãos, em particular. Ele também mantém o padrão cósmico do andrógino perfeito no qual as potências masculinas e femininas estão em equilíbrio. Isso é a realização dos Iniciados dos Grandes Mistérios de Cristo. Esta realização traz imunidade contra doença e velhice. E uma vez que a consciência permanece intacta, independente se esses Iniciados estão encarnados ou desencarnados, a morte como nós a conhecemos nunca é vivida por eles, porque a sua consciência está centrada na ininterrupta imortalidade.
A vida Arcangélica alcançou o estado onde funciona em corpos perfeitamente polarizados. Isso não é verdade nos reinos angélico e humano, menos evoluídos. É, por consequência, possível aos membros desses reinos quando descem do seu elevado estado para formas inferiores de expressão. A queda dos Anjos é registrada biblicamente no relato da guerra no céu, quando Lúcifer e seus seguidores foram expulsos dali, e a Queda do Homem ocorreu, de acordo com o relato de Gênesis, quando Adão e Eva (a Humanidade infantil) foram expulsos do Jardim do Éden. A redenção, a partir destas quedas, necessita um poder maior do que estava disponível para qualquer uma destas ondas de vida. Tinha que vir a partir da vida Arcangélica. E assim se fez. O Senhor Cristo, o mais evoluído dos Arcanjos, tornou-se o professor e redentor de ambos: os Anjos caídos e a Humanidade. Esta é uma das verdades mais profundas associadas ao mistério de Cristo.
O padrão do andrógino perfeito foi projetado pela Hierarquia de Gêmeos no seu Signo oposto, Sagitário. A Hierarquia de Sagitário (Senhores da Mente) fornece este ensinamento esclarecedor aos pioneiros mais avançados da Terra. Após a vinda de Cristo, o maior desenvolvimento da Mente humana passou da orientação de Escorpião para a orientação de Sagitário. Considerando-se as maravilhas da Mente, os seus poderes criativos e sua capacidade de envolver o mundo em um instante de tempo e contemplar a vastidão do espaço cósmico – apesar de, atualmente, apenas uma fração do que é ativo – temos um fraco vislumbre da glória transcendente da Hierarquia de Sagitário, cujo veículo inferior, correspondente ao Corpo Denso do ser humano, é composto de substância mental. Ele também indica os poderes sublimes que aguardam o ser humano quando este atinge aquele desenvolvimento.
Para uma alma desperta, o propósito supremo de cultivar a Mente é que ela se tornará Cristificada. Até o momento esta é a realização de alguns poucos entre nós. A maioria está mergulhada no materialismo da Mente concreta, que é focada principalmente em atividades mundanas e interesses do eu separado. Enquanto tais preocupações reivindicarem a atenção do ser humano, haverá uma falta de percepção espiritual e uma realização escassa das realidades que pertencem ao mundo interno e à Mente universal. Nem haverá qualquer continuidade da consciência e pouco, se alguma, indicação das experiências vividas nos Mundos Espirituais, durante os intervalos entre vidas terrenas. O resultado de consciência, vedada a partir de realidades espirituais, é o materialismo que condiciona o mundo hoje. Isso, no entanto, é apenas uma fase temporária da evolução da Humanidade. Como há um acréscimo de luz no caminho daqueles que se esforçam para a santidade, a realização das realidades espirituais se tornará mais clara e mais forte. O impulso insistente desses Aspirantes a se tornarem dignos de andar no Caminho da Santidade vai trazer mais e mais luz.
O Sol, em seu trânsito anual, quando chega a Câncer atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte, no momento do Solstício de Junho. Então, sua radiação física alcança o máximo nível no hemisfério norte, de modo que os dias são mais longos e as noites mais curtas. É o meio-dia mais elevado do ano, e a sua tônica é LUZ.
Câncer é o Signo feminino mais importante dos céus. Em harmonia com este fato, o Signo contém um pequeno aglomerado de estrelas dispostas que se assemelha a uma manjedoura. Do coração de Câncer surgem as águas da vida eterna, em que são germinadas formas-sementes que animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer (em torno de 21 de Junho) e, também, está em sintonia com o princípio da fecundidade. É em obediência a este princípio ativo na natureza que as sementes irrompem em um ciclo de manifestação. Luz, liberdade e alegria são qualidades dominantes da temporada do verão. Consequentemente, muitas pessoas, em especial na Europa, observam esta época do ano com música, dança e festividades exuberantes.
A Hierarquia de Câncer é conhecida, biblicamente, como os Querubins. É ministério desta Hierarquia guardar lugares sagrados. Eles pairam acima do Santo dos Santos[49]. Através dos processos de Iniciação ao Aspirante é ensinado a construir este Santo dos Santos dentro de si mesmo. O pote dourado de maná, dentro da Arca da Aliança, é um símbolo do Cálice do Graal do próprio indivíduo e da sua própria força sagrada de vida. A Humanidade perdeu o Jardim do Éden por mau uso dessa força de vida, e, a partir desse momento, os Querubins guardam os portões do Éden para que a Humanidade não regenerada não tente voltar, prematuramente. A Bem-Aventurada Virgem Maria e os Discípulos alegaram terem comungado com os Querubins depois de Pentecostes, o que significa que eles tinham aprendido estas verdades sagradas dessa Hierarquia Divina.
Assim como o Sol atinge sua maior ascensão[50], o Espírito de Cristo ascende ao trono do Pai. Sua atividade, então, é focada no mais elevado nível da aura planetária da Terra, onde Ele traz mais iluminação e renovadas bênçãos para os Seres celestiais que habitam este reino; e, também, para as almas que, em seu progresso espiritual, entre as encarnações físicas, subiram para este elevado plano. Em harmonia com isso, também é no verão que um ser iluminado, que está seguindo o Cristo no caminho da Santidade, eleva a consciência a este reino para comungar com seus habitantes celestes e aprender mais sobre as forças da natureza. Aqui se percebe como os elementais do Ar e da Terra, os Silfos[51] e Gnomos, trabalham no outono e inverno com a vida vegetal, desintegrante e moribunda. É neste plano exaltado que o que segue o Caminho da Santidade fica diante do mistério real da própria vida.
Só os puros de coração alcançam este plano. Aqueles cujas mãos estão manchadas com o sangue nunca pode levantar o véu deste lugar santo. Aquele que procura descobrir o segredo da vida nunca vai encontrá-lo até que suas mãos e o seu coração estejam castos e limpos. Somente para este virá a realização da unidade de toda a vida.
Estas são verdades que pertencem particularmente à Hierarquia de Câncer, e não é possível transmiti-la, diretamente, para o plano terrestre. Por isso, elas são passadas pelos Querubins à Hierarquia de Capricórnio, o Signo oposto a Câncer e lar dos Arcanjos que, sendo de uma posição hierárquica inferior à dos Querubins e, portanto, mais perto da consciência para a Humanidade, as disseminam àqueles da Terra que estão prontos e dispostos a recebê-los.
Assim, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível a encarnação do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador do Cristo.
Diz-se que quando o Sol transita o Signo de Câncer e Leão, durante julho e agosto, o Cristo ascende ao trono do Pai, onde Ele se banha na transcendente glória do Pai. É aqui que Ele renova e revitaliza a Si mesmo, atraindo as maiores e mais elevadas forças espirituais para continuar o Seu ministério terreno quando Ele voltar para o reino da Humanidade no Equinócio de Setembro. Durante Sua estada nesses elevados céus, os clarividentes observam que a Terra aparece iluminada com Suas irradiações; e o observador alcança uma profunda compreensão do significado de Sua afirmação de que “Todo o poder me foi dado no céu e na terra”[52].
Quando o Sol transita pelos Signos de Câncer e Leão, um ser iluminado que trilha o Caminho da Santidade ascende aos mais altos reinos espirituais deste Planeta e entra em uma consciência mais profunda do poder transcendente. Ele começa a entender que o amor, em seu aspecto mais elevado, não é paixão ou sentimento, mas uma fase da própria divindade. Foi com esse poder do amor que S. Pedro estava imbuído. Ele próprio se referiu a este poder do amor quando ele disse ao homem coxo ao lado da porta do Templo, chamada Formosa: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”[53]. Novamente, foi esse mesmo poder que S. Paulo, tão animado, apesar de todas as perseguições e prisões, foi capaz de pronunciar por meio dessas palavras sublimes: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”[54].
Quando um Aspirante atinge esse grau de realização espiritual, o Cristo é tudo em todos, para ele. Servir como Ele serviu, e amar como Ele amou se torna sua maior aspiração. A tônica bíblica de Leão é soada com as palavras “o amor é o cumprimento da lei”[55].
Enquanto o Sol está em Leão, o espírito de Cristo é revigorado e reformado pelas glórias do Reino do Pai. É neste contexto que as linhas de Tennyson em Sir Galahad são descritas: “Minha força é como a força de dez, porque meu coração é puro”[56].
Este é o atributo que tornou Parsifal[57] imune ao ataque contra ele pelo malvado Klingsor[58]. A lança do ódio que o cavaleiro negro atirou em Parsifal foi desviada do seu curso. Nesse mesmo momento, e pela virtude deste poder, Parsifal fez o sinal da cruz e provocou o completo colapso para o castelo do mal, construído por Klingsor.
Embora Virgem detenha o segredo da Imaculada Conceição, é através do seu Signo oposto, Peixes, que este presente foi trazido para Terra e demonstrado pelo Mestre supremo feminino: Maria de Belém. Foi sob a Hierarquia de Sagitário (Arcanjos), que a própria Maria foi concebida imaculadamente; e foi sob a tutela espiritual da Hierarquia de Virgem que ela nasceu no Mundo Físico.
Um candidato que é digno de tocar o reino celestial de Virgem encontra-se diante do mistério da Imaculada Conceição e descobre que este dom divino não foi concedido a apenas um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os padrões do tipo que a Humanidade como um todo está destinada a imitar. Nesta morada celestial aqueles que são espiritualmente iluminados ouvem os Anjos entoando sobre o dia em que, em um novo Céu e uma nova Terra, a Imaculada Conceição será a herança de toda a raça humana.
Como mencionado anteriormente, a Hierarquia de Touro mantém o padrão cósmico da forma; a Hierarquia de Câncer, da vida, a Hierarquia de Virgem, o poder pelo qual a vida anima a forma. Estas três constelações, o Triângulo Feminino dos céus, administram todos os reinos de vida na Terra.
Atente-se que aquele que segue o Caminho da Santidade através dos seis Signos zodiacais acima do equador alcançou esse lugar elevado de iluminação onde ele é considerado digno de estar diante dos mistérios sublimes das quatro maiores Iniciações. O Discípulo que trilha este caminho, como é descrito nos seis Signos abaixo do equador, está sendo preparado para receber o trabalho dos nove Mistérios Menores.
A Bíblia é um dos maiores livros de mistérios de todos os tempos. Muito poucos percebem suas profundezas infinitas. Cristo disse às multidões desatentas: “a fim de que vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam” (Mc 4:12).
Entre os milhares de livros que foram escritos sobre a vida de Cristo, não há mais que dois ou três que mencionem os mistérios mais profundos sobre Ele, ou seja, o Mistério de Cristo no Cosmos. Até porque, em nosso tempo, talvez, não seja essencial que este mistério fosse ensinado abertamente.
Hoje entramos na Era Espacial e o Cristo Cósmico será a figura central da vindoura Religião da Era de Aquário. Nós, que temos o privilégio de começar aqui e agora a estudar estas verdades cósmicas profundas, preparando-nos para sermos os pioneiros da Era que está se aproximando, devemos aceitar essa responsabilidade. Essas são as responsabilidades do Discípulo da Nova Era ensinadas pelo Cristo Ressurreto ou por Seus emissários.
Entretanto, avaliando o Caminho de Cristo através das estrelas nós devemos nos esforçar e, ao mesmo tempo, investigar os padrões do discipulado da Nova Era, o “Aquele que Despertou”, que aprende a andar no mesmo Caminho de Luz que Cristo andou mostrando o Caminho para aqueles que devem vir após Ele.
O Mistério de Cristo é tão sublime e tão poderoso em Sua importância que transcende qualquer definição humana. Tão profundo é o Seu significado que nunca pode ser dosado ou expresso por meras palavras; só pode ser sentido no silêncio da contemplação espiritual.
No livro Conceito Rosacruz do Cosmos[59], Max Heindel nos informa que: “No primeiro CAPÍTULO de S. João, este grande Ser é chamado Deus. Deste Ser Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, ‘sem o qual nada do que foi feito se fez’. Este Verbo é o Filho unigênito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos, mas positivamente não é o Cristo”. Aqui Max Heindel faz uma distinção entre o Cristo Jesus Cósmico em Seus aspectos planetários e históricos; e continua: “Grande e glorioso como Cristo é, elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele não é esse Exaltado Ser. Certamente o ‘Verbo se fez carne’, não no sentido limitado da carne de um corpo, mas carne de tudo quanto existe neste e em milhões de outros Sistemas Solares”.
O Pai canaliza o princípio da Vontade; Cristo canaliza o princípio do Amor-Sabedoria; o Espírito Santo canaliza o princípio da Atividade. O Espírito Santo infunda, literalmente, as formas com vida. O Espírito Santo trabalha com o princípio da vida, que está presente em toda a criação; e é o guardião da força sagrada, o princípio criativo de Deus. Portanto, todos os seres viventes estão sob a sua tutela. Deus cria e Cristo manifesta, enquanto o Espírito Santo ativa a forma.
A diferença entre Cristo da Terra e o Cristo Cósmico é mais bem entendido por meio de uma ilustração. Imagine uma lâmpada no centro de uma grande esfera oca de metal polido. A lâmpada envia raios de luz de si para todos os pontos da esfera e os refletirá em vários lugares. Do mesmo modo, o Cristo Cósmico – o mais elevado Iniciado do Período Solar – envia Seus raios emitidos.
O Sol do nosso Sistema Solar é o tríplice. Podemos ver o Sol físico. Por trás dele, ou escondido por ele, está o Sol espiritual, de onde vem o impulso do Espírito do Cristo Cósmico. Além, e externo, a esses dois está algo que chamamos de Vulcano – não um Planeta – que pode ser visto apenas como um meio globo. No ocultismo nós dizemos que é o corpo do Pai. Quando tínhamos nos desenvolvido o suficiente, Cristo veio e encarnou aqui na Terra; então um raio do Cristo Cósmico veio aqui e encarnou no Corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Após o sacrifício no Gólgota Ele entrou na Terra, e tornou-se Seu Espírito Planetário Interno.
O Cristo Planetário é um Arcanjo glorioso, supremo entre a Hoste Arcangélica. A Hierarquia de Capricórnio é o lar dos Arcanjos; mas durante o período de Sua missão nesse Planeta, Cristo e Seus ministros Arcangélicos faz Seus lares no revestimento espiritual do Sol – pois cada corpo celestial tem um revestimento espiritual estendendo além do espaço da sua parte visível. Do mesmo modo, cada ser humano tem uma extensão espiritual, além do seu veículo físico.
Desde bem do início da civilização, a maioria das Religiões primitivas prestavam homenagens a esse Grande Ser residente no Sol. Os Sumos Sacerdotes dos Templos de Mistérios ensinaram seus mais avançados Discípulos a verdade em relação a esse glorioso Ser Solar, e eles procuravam o momento quando Ele desceria à Terra e tornaria o Redentor do mundo. Aqueles que eram clarividentes podiam ver o Senhor do Sol, a quem eles prestavam homenagem para esse grande Ser residente no Sol, e, assim, eles sabiam que Sua encarnação entre a Humanidade era iminente. De nação para nação; de profeta para mestre; de mestre para instrutor; de instrutor para Discípulo se passavam as boas novas de que o Senhor Abençoado, que era o Salvador do mundo, estava perto da Terra.
Quando nós falamos de uma elevação espiritual no espaço interno é para ser entendido que “para cima” e “para dentro” são virtualmente sinônimos; ainda, no mesmo tempo, para a visão do clarividente, a Glória do Cristo realmente tem a aparência de uma “elevação” ascendente para o Sol a partir da superfície da Terra; assim como o Divino Hermes do antigo Egito dizia: “como é encima, é embaixo”.
O Caminho do Discipulado também segue de fora para dentro, que, também, é para cima. Max Heindel comparou esse Caminho à torre de uma igreja que se torna cada vez mais estreita e fina até que no cume é um ponto, suportando a cruz. Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”[60].
A cruz da renúncia, simbolizada na Quaresma e no período da Páscoa, deve ser aceita por cada verdadeiro Discípulo que se esforça para percorrer o Caminho da Santidade. Seu Corpo-Alma nunca poderá ser construído até que ele adquira domínio sobre si mesmo, e deseje privar-se dos tão conhecidos prazeres do mundo dos sentidos. Os poderes da alma alcançados pelo esforço próprio capacitam o iluminado a trocar a cruz por uma coroa.
Diz-se que a constelação de Peixes será o lar da Onda de Vida humana quando todos alcançarem a perfeição. Peixes é chamada a constelação da Onda de Vida humana, assim como a de Aquário é a dos Anjos. Aqueles que seguem a Cristo até o mais elevado objetivo se libertam do ciclo de encarnação mortal; eles estão livres da roda de nascimentos e mortes. “Não saem mais”, e é então, que como seres espirituais, por assim dizer, agrupam-se entre as estrelas da constelação de Peixes.
Seus débitos de destino maduro estão pagos e todos os seus vínculos terrestres são desfeitos. Tais humanos são conhecidos como Seres Compassivos, os Irmãos Maiores da Onda de Vida humana que não mais necessitam de lições terrestres. Eles estão livres para passar para uma existência gloriosa dentro da constelação de Peixes. Entretanto, esses grandes Seres podem retornar, por livre vontade, e em obediência ao preceito de que aquele que ama deve servir melhor, frequentemente eles desistem dessas oportunidades bem-aventuradas daquele plano divino, para servir os seres humanos menos evoluídos que estão, ainda, lutando nas labutas com seus próprios destinos maduros. Humildade, obediência e serviço são as notas chaves de suas vidas.
Tal renúncia é ilustrada na vida de Maria de Belém, que, tendo aprendido todas as lições da Terra e tendo sido exaltada a reinar com os Anjos, retornou para esse Planeta para ensinar a Humanidade um dos mais supremos mistérios celestes, que é o da Imaculada Concepção. Sabendo que ela poderia ser mal compreendida, perseguida e injuriada, ainda assim ela persistiu, para que pudesse ser, para a Humanidade, um Exemplo tão próximo da divindade que, até hoje, passados quase dois mil anos, ainda é dificilmente compreendida por uns poucos e permanece inteiramente desconhecida pela maioria. Trabalhando sob a lei do serviço, ela descendeu à mortalidade, dizendo: “Faça-se segundo a tua palavra”. É isso que se espera de um ser humano perfeito: tal elevado estado de realização espiritual, construído por meio de sacrifício, humildade do espírito e perfeita harmonia com a lei da obediência.
O Aspirante que reflita seriamente sob o significado dos 12 Signos Zodiacais que envolve nosso cosmos próximo consegue correlacionar corretamente a meditação de Peixes com as experiências dos 12 imortais durante a estação que precede a “crucificação” anual de Cristo. Assim como a dor e o sofrimento no Gólgota são tragados pela glória dourada da manhã de Páscoa, o Discípulo que conseguiu suplantar seu “eu pessoal” e que percorre, até o final, o Caminho da Santidade, por meio de Peixes, descobrirá que ele trocou sua cruz pela glória dourada do “vestido de bodas” no qual funciona, livre e triunfante, com o Cristo Ressurreto.
A história da Humanidade, desde o Sacrifício de Cristo no Gólgota pode parecer ter alcançado pouco desenvolvimento até agora; mas esse momento é a Era de Peixes, que como nós temos informado, é o Signo da estabilização das dívidas dos destinos maduros. As dívidas que o ser humano deve para outro ser humano e nações devem para outras nações devem, agora, serem pagas, e à medida que essa Velha Era de Peixes desapareça no tempo a Nova Era de Aquário tomará o seu lugar; uma harmonia que estende a todo o mundo será alcançada, com um governo mundial das nações, pleno em fraternidade e em paz, pois Aquário é o Signo do Filho do Homem.
As gotas de sangue físico que foram derramadas no Monte na Crucifixão não eram os verdadeiros agentes da salvação da Terra. Esses são as Redentoras asas ígneas de luz e poder, que são a Glória do Cristo, enchendo internamente e passando por através do Planeta. A Luz Arcangélica é Seu verdadeiro sangue, e é esta que salva.
Agora, todo ano quando Raio de Cristo resplandecente ascende, uma vez mais, do centro da Terra, Sua elevação é sentida na Natureza, como uma força atrativa; e quando chega a uma certa altura Suas forças são focadas, novamente, no Mundo do Desejo do Planeta. As intensas emoções da Humanidade são, agora, o campo especial de Seu ministério e durante o tempo da Páscoa, a Humanidade sente que uma grande tranquilidade preenche sua alma desde uma fonte desconhecida. Pela intensificação desse poder, ano a ano, a Humanidade, lenta, mas com toda a segurança, vai se convertendo em um Cristo em formação.
A ressurreição cósmica ocorre em março, quando o Espírito de Cristo é libertado da esfera terrestre e entra, novamente, nas esferas celestiais. É quando as Hierarquias de Áries e Peixes se juntam aos Anjos e Arcanjos em triunfante jubilação para esse evento. O ritmo dos seus hinos cósmicos encontra uma transcrição aqui na Terra no Coro Aleluia de Händel[61]. As cerimônias pré-Cristãs celebrando o retorno da Primavera e a vitória da luz sobre as trevas estavam sintonizadas com esses ritmos.
O Equinócio de Março é um dos mais elevados pontos do ano para o Discípulo. Suas notas chaves são a liberdade e a emancipação que conduz a uma vida mais ampla. É também o momento em que o Cristo Cósmico é libertado dos grilhões terrestres que Ele se aprisionou, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Por isso, é o momento mais propício para um Discípulo avançado romper os laços que o prendem e entrar na liberdade jubilosa do espírito.
A Igreja observa a Festa eclesiástica da Anunciação, em março, quando a natureza comemora a Festa cósmica da Anunciação, pois há uma íntima relação entre o ser humano e a natureza. A natureza é Deus em manifestação.
O ser humano é um deus em construção. Entretanto, um se reflete no outro. A maioria dos rituais sagrados observados pelo ser humano estão em sintonia com as transições das estações do ano. Os poetas cantam em louvor o espírito de regozijo da primavera, enquanto o verde e dourado do esplendor da natureza fornece a evidência de que as forças vitais, que retornam, estão respondendo em um triunfante impulso de ressurreição da própria natureza.
Um avançado seguidor do Caminho entende que chegou o tempo de fundir a tristeza e as lágrimas propostas pela vida pessoal (Peixes) com os fogos transformadores de Áries. Concomitantemente a essa realização, ele se junta ao poderoso coro que é ecoado e repetidamente ecoado pelos Anjos e Arcanjos: “O Cristo ressuscitou, porque Cristo ressuscitou agora dentro de mim”.
Os antigos persas denominavam o mês de abril como o mês do paraíso, e os primeiros pais Cristãos declaravam que era durante essa estação de encantamento quando o Sol entrava em Áries que Deus moldou o Planeta Terra, e tudo que nele habita. Abril é, geralmente, considerado um mês de ressurreição.
Quando o Senhor Cristo faz Sua ascensão aos reinos internos, esses assumem a aparência de uma massa fundida de ouro brilhante. Na lenda do Santo Graal, os Cavaleiros diziam que na Sexta-feira Santa uma pomba descia do céu para repor a água da vida no Cálice Sagrado, e que eles eram capazes de retirar a nutrição espiritual dele ao longo do ano que se seguia. Por isso, é que o Senhor ressuscitado derrama o Seu amor e espírito para nutrir todos os seres vivos sobre o Planeta Terra. Se não fosse por esta reposição anual, os campos seriam estéreis e as árvores e videiras não produziriam frutos. À luz desse fato, pode-se observar que o Senhor Cristo proferiu uma profunda e literal verdade quando disse aos Seus Discípulos na Última Ceia: “Isto (pão) é o meu corpo que é dado por vós: … Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós”[62].
Uma das mais lindas festividades do ano é a da Ascensão, que acontece quando o Sol passa por Touro (maio) indo para Gêmeos (junho). É quando falanges após falanges de Seres Celestiais se ajoelham para adorar a presença exaltada de Cristo, e mesmo as estrelas se unem em uma sinfonia proclamando Sua majestade e glória. Durante essa festividade divina Sua radiação permeia a Terra com uma refulgência impossível de descrever, tornando resplandecente, ambos, os reinos espirituais e físico. Como a natureza está em perfeita harmonia com as correntes elevadas do Cristo durante os quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão, o período é de um significado espiritual tão elevado que é um esperançoso tempo para o Discípulo despertar, dentro de si mesmo, os poderes de Clarividência, clariaudiência e outros dons do espírito pertencentes ao verdadeiro discipulado.
Durante o mês de junho, Cristo torna-se um canal de radiações enviadas pelos Serafins, a Hierarquia de Gêmeos. É lá que o Cristo entra em contato com o Espírito Santo, o terceiro aspecto da Trindade. Uma das notas chaves de Gêmeos é ATIVIDADE; repare: é também uma das notas chaves do Espírito Santo. Por meio dessa atividade os Serafins transmitem, para baixo, os mistérios do Espírito Santo para o Signo oposto a Gêmeos, qual seja, Sagitário, os Senhores da Mente. Aqui, então, eles aguardam que o ser humano se desenvolva e se ilumine até o ponto onde ele seja capaz de compreender e aplicar os poderes do Espírito Santo em seu cotidiano. No momento, a Humanidade só é capaz de absorver fracamente os mistérios relacionados com o princípio e os poderes do terceiro aspecto da Trindade.
Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas; também, é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a Humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre. Por meio da operação do Cristo Cósmico, é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para os Arcanjos. Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, nasceu sob o Signo de Capricórnio. A observância conhecida eclesiasticamente como a Festividade de S. João Batista, o precursor do Cristo, ocorre durante a estação do Solstício de Junho.
Em julho a alma da Terra está impregnada de puro êxtase. O céu se inclina, enquanto a Terra é elevada. No intercâmbio divino de forças espirituais o Casamento Místico entre o céu e a Terra é consumado. Em um intervalo de quatro dias, as correntes de desejos são acalmadas de tal modo que as forças espirituais vão se tornando cada vez mais operantes. A Terra vai, então, sendo literalmente inundada com a luz pura e branca do espírito. O Discípulo que aprende como se sintonizar com esse influxo poderoso receberá um despertar jamais sonhado de consciência espiritual.
À medida que o Sol atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte[63], o Cristo também sobe para o reino espiritual descrito na Bíblia como o trono do Pai. Isso é conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, a morada do Deus desse Sistema Solar. Deus é Amor e Deus é Luz. AMOR e LUZ são notas chaves da Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama (Amor). Sob a supervisão dos Senhores da Chama, e unido com os poderes do Pai, o primeiro aspecto da Trindade, o Senhor Cristo trabalha com o supremo poder do amor, a força estabilizadora da Terra. Aqui Ele se torna o canal daquele poder, enquanto Ele roteia a Terra sobre o seu eixo e a gira, em sua órbita, em torno do Sol. Esse poder do amor é transmitido para baixo pela Hierarquia de Leão para o seu Signo oposto, Aquário; assim, será esse o poder que animará a nova Era Aquariana.
Nessa estação, as influências cósmicas fornecem o maior auxílio para o Discípulo Aspirante para fazer do amor a força dominante e motivadora da sua vida. É tempo para embelezar cada palavra, pensamento e ato seu com essa magia do coração.
O décimo terceiro capítulo da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, uma das maiores canções de amor da alma, é o mantra perfeito tanto para meditação como para a motivação, durante o período em que o Sol está transitando pelo Signo majestoso de Leão.
Em setembro, o Senhor Cristo volta da glória dos mais elevados céus e começa Seu descenso para os reinos físicos[64]. Por todo esse mês, a ternura, a beleza ansiosa da natureza se manifesta diferente de em qualquer outra estação, pois o Cristo está começando a cobrir a Terra com sua terna tristeza e Ele sente como sentiu quando chorou em Jerusalém a muito tempo atrás[65]. Suas lágrimas foram derramadas porque Ele sabia o longo tempo de dor e sofrimento por meio dos quais a Humanidade deveria passar, tendo escolhido a escuridão ao invés da luz. Seu grandioso coração se entristeceu com as nuvens negras que envolveriam Jerusalém, mesmo o coração do Planeta que Ele tinha dedicado em Seu próprio serviço e em que Ele tinha derramado Seu imenso amor.
Setembro é outro mês de preparação para o Discípulo. Uma das palavras chaves de Virgem é SACRIFÍCIO. Um Discípulo fervoroso, preparando-se por meio do sacrifício e da renúncia de si próprio para tomar parte das festividades dos últimos meses do ano que se avizinha[66], medita frequentemente sobre a nota chave de Virgem: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”.
Quando o Sol entra em Libra, que anuncia a chegada de outubro, a força dourada do Cristo passa pelos reinos terrestres enquanto esse sublime Ser inicia, novamente o Seu sacrifício anual, um evento denominado A CRUCIFICAÇÃO CÓSMICA. A isso S. Paulo se refere na Epístola aos Romanos 8:22: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente”. Essa estação do Equinócio de Setembro é um tempo para o Discípulo renovar sua dedicação para percorrer no caminho do Senhor a despeito de quaisquer vicissitudes e obstáculos que podem afetar seu caminhar.
Durante novembro o Espírito do Cristo permeia o Mundo do Desejo da Terra. Esse é um tempo propício para que o Discípulo trabalhe na purificação da sua natureza inferior e, assim, se torne mais habilitado para auxiliar os Seres Superiores em seus trabalhos de purificação do Mundo do Desejo da Terra. Um esforço suplementar é, então, feito para torná-lo um servidor consciente mais eficiente tanto nos planos internos como nos externos da vida.
Em estágios evolutivos anteriores do desenvolvimento humano, a Hierarquia de Escorpião, que preside o mês zodiacal de novembro, auxiliou o despertar do Ego[67] no ser humano[68] e, fazendo isso lançou o ser humano na estrada da individualização. Durante o presente estágio de evolução humana o Discípulo, trabalhando sob a orientação dos Senhores da Individualidade (Libra) e dos Senhores da Forma (Escorpião), está aprendendo a substituir a sua capacidade de fazer valer a própria opinião diante de outras pessoas pela humildade e pelo sacrifício pessoal do “eu” pelo impessoal: “nós”; em outras palavras, atualmente vive-se o ideal de O MAIOR BEM PARA O MAIOR NÚMERO. A Estação do Advento se estende pelo mês de dezembro e é anunciada como uma Festividade de Luz. O impulso espiritual da estação prepara a Humanidade para o derramamento das forças celestiais acompanhando o renascimento do Cristo Cósmico em nossa esfera terrestre. Esse período é seguido pela estação do Solstício de Dezembro que se estende de 21 de dezembro a 24 de dezembro e culmina com o dia seguinte, o 25 de dezembro, no Natal, o dia mais profundamente reverenciado em toda a Cristandade. A observância da festividade dessa estação santa nunca cessará para os Aspirantes, até que o Cristo tenha nascido dentro de nossas próprias almas. O quanto desse êxtase o Discípulo tenha experimentado nesse momento depende do degrau que ele tenha alcançado, e o regozijo pela sua participação cada vez mais crescente da mistura nessa estação entre o terreno e o divino é sentido com uma intensidade nunca alcançada em outro momento do ano.
[1] N.T.: Jo 6:66
[2] N.T.: Gn 15:1
[3] N.T.: Gn 15:2
[4] N.T.: Js 1:4
[5] N.T.: Js 1:4
[6] N.T.: Jo 15:5
[7] N.T.: Mt 20:27 e Mc 10:43
[8] N.T.: Gn 32:30
[9] N.T.: Ex 20:2
[10] N.T.: Dn 3:21-23
[11] N.T.: também escrito como: Egla ou Eglá – 2Sm 3-5
[12] N.T.: também escrito como: Chimham ou Quimã – 2Sm 37-42
[13] N.T.: também escrito como: Haggith, Aggith ou Hagite – 2Sm 3-4
[14] N.T. personagem do panteão fenício e na tradição bíblico-hebraica conhecida como deusa dos Sidônios (I Reis 11:2).
[15] Mt 22:14
[16] 2Cor 4:18
[17] N.T.: Mt 27:42
[18] N.T.: Mt 16:42
[19] N.T.: Mt 16:42
[20] N.T.: Lc 2:14
[21] NT: eram ritos de Iniciação ao culto das deusas agrícolas Demeter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade da Grécia próxima a Atenas.
[22] N.T.: Jo 1:14
[23] N.T.: Jo 20:28
[24] N.T.: Jo 21:15-19
[25] N.T.: Um dos Cavaleiros do Rei Arthur, buscador do Santo Graal, reconhecido por sua pureza e coragem.
[26] N.T.: Ef 3:19
[27] N.T.: At 26:19
[28] N.T.: Is 2:4
[29] N.T.: Hab 2:4
[30] N.T.: Gl 1:17-18
[31] N.T.: região leste do Rio Jordão
[32] N.T.: refere-se ao Mundo do Espírito de Vida, onde está a Memória da Natureza, em toda sua plenitude e clareza.
[33] N.T.: IITm 4:9
[34] N.T.: ITs 2:8
[35] N.T.: Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus; “Hermes, o três vezes grande”) era um legislador egípcio, pastor e filósofo, que viveu na região de Ninus por volta de 1.330 a.C. ou antes desse período; a estimativa é de 1.500 a.C a 2.500 a.C.
[36] N.T.: IICor 11:24
[37] N.T.: Gl 1:16
[38] N.T.: At 27:1-44
[39] N.T.: Um tirso (em grego: thyrsos; em latim: thyrsus) era um bastão envolvido em hera e ramos de videira e encimado por uma pinha. Na mitologia grega (assim como na romana), era usado pelo deus Dioniso (ou Baco) e pelas seguidoras do deus, as ménades (ou bacantes). A hera e a videira eram de resto as plantas emblemáticas deste deus. Segundo os textos gregos, as ménades utilizariam os tirsos como uma espécie de arma, sendo conhecidos os cortejos frenéticos em honra a Dionísio (os tíasos) aos quais estas se entregavam.
[40] N.T.: do Diálogo Platônico “Fedão” ou Fédon, seguindo: “E no meu modo de entender, são estes, apenas, os que se ocuparam com a filosofia, em sua verdadeira acepção”.
[41] N.T.: pelo desenvolvimento espiritual
[42] N.T.: Mt 5:8
[43] N.T.: Mt 13:34-35
[44] N.T.: Mt 25:21
[45] N.T.: Maurice Polydore Marie Bernard Maeterlinck1 (1862 -1949) foi um dramaturgo, poeta e ensaísta belga de língua francesa, e principal expoente do teatro simbolista.
[46] N.T.: profundezas
[47] N.T.: Mt 28:18
[48] N.T.: Sl 8:5-7 – Hb 2:7
[49] N.T.: Sala no extremo Oeste do Tabernáculo do Deserto
[50] N.T.: para o Hemisfério norte
[51] N.T.: ou Sílfides
[52] N.T.: Mt 28:16-20
[53] N.T.: At 3:6
[54] N.T.: ICor 13:1
[55] N.T.: Rm 13:11
[56] N.T.: Sir Galahad é um poema escrito por Alfred Tennyson, poeta inglês
[57] N.T.: obra-mestra de Richard Wagner, baseado na lenda de Parsifal, cuja origem está envolta no mistério em que se desenvolveu a infância da raça humana; Parsifal simboliza a nova raça, que se eleva pela geração pura, em harmonia com as leis da natureza.
[58] N.T.: o mago negro, o “cavaleiro negro”, na obra Parsifal; simboliza a natureza inferior.
[59] N.T.: CAPÍTULO V – A Relação do Ser Humano com Deus
[60] N.T.: Mt 16; 24 – Mc 8:34 – Lc 9:23
[61] N.T.: Georg Friedrich Händel, célebre compositor da Alemanha, naturalizado cidadão britânico; 42º movimento (o célebre “Aleluia” – HALLELUJAH CHORUS) da obra: o oratório Messias (Messiah)
[62] N.T.: Lc 22:19-20
[63] N.T.: o ponto mais alto de ascensão norte é no Solstício de Junho.
[64] N.T.: reinos do Mundo Físico: Região Química e Região Etérica do Mundo Físico.
[65] N.T.: quando da sua primeira vinda.
[66] N.T.: outubro, novembro e dezembro.
[67] N.T.: o Espírito Virginal manifestado, nós
[68] N.T.: nos seus Corpos: Denso, Vital e de Desejos e o veículo: Mente.
Visitar o Céu e viver lá, enquanto renascidos aqui
E quais são as recompensas para viver bem? No Velho Testamento, lemos sobre os Mandamentos, no qual Deus Jeová concedeu a Moisés ser um guia dos Israelitas. Esses Mandamentos ainda estão valendo e precisamos obedecê-los, se quisermos progredir na evolução e ganhar recompensas, tanto na Terra como no Céu. Nós devemos ter fé e confiança perfeitas em Deus, porque Ele é o Todo Poderoso, repleto de amor e de compaixão por nós.
Salomão disse, “Para aquele que semeia a justiça, a recompensa é certa”. Cristo Jesus nos disse para acumular tesouros para nós no Céu e é isso que os Auxiliares Invisíveis esperam fazer, levando uma vida de serviço à humanidade. Quando o ser humano vive uma boa vida e acumula tesouros no Céu, ninguém poderá tirá-lo dele. Sua recompensa é certa, porém, devemos ser cuidadosos em manter estes tesouros. Tudo que o ser humano faz durante sua existência é gravado na Memória da Natureza, que está localizada no Mundo do Pensamento.
Tudo que fazemos é registrado nesta Região e os avançados Auxiliares Invisíveis são ensinados a ler esses registros. Todas as ações do ser humano estão também gravadas no átomo-semente localizado no coração e, após sua morte, verá este panorama se passar diante dele (NT. inversamente: do último ao primeiro acontecimento).
Quando o ser humano chega ao Purgatório verá este panorama pela segunda vez; revisão que acontece lentamente, e sofre todo o mal que tenha cometido. Quando o Ego atinge o Primeiro Céu, o panorama se desenrola novamente, e o Ego goza de todo o bem que tenha feito na última vida.
Uma das recompensas para uma vida reta e feliz é a oportunidade de ir para o Céu e permanecer lá por um longo tempo. O Céu é um lugar onde nenhum mal pode existir. Quando uma pessoa vai ao Céu está longe da influência de todas as coisas e das condições terrenas.
Ela desfruta de tudo que há de bom que foi feito em sua vida passada, e de todas as gentilezas que os outros fizeram para ele. Aqui o ser humano pode descansar e desfrutar da casa que construiu por seus bons pensamentos e ações.
O Céu é um lugar maravilhoso para estar, e as oportunidades de crescimento são muitas. Os estudantes têm acesso as vastas bibliotecas para estudar. Músicos podem ouvir e apreciar a música celestial, que é muitas vezes mencionado como a Música das Esferas. Os artistas podem deliciar-se com as mudanças constantes de cores que são encontrados no Primeiro Céu e podem continuar o seu trabalho com muito mais êxito do que tinham aqui na Terra.
A expectativa de ir para o Céu é um dos maiores incentivos para se viver bem. Muitas pessoas cristãs viveram na pobreza e no sofrimento, e o fato de pensar ou ganhar um lugar no Céu foi a sua sustentação para aguentar os revezes. Outros indivíduos tornaram-se cansado da vida e anseiam por descanso. Algumas pessoas que viveram nobremente e assim ganharam o privilégio de ver no Céu, e por isso, conseguem ter a prova da realidade do que acontece no Céu. No livro do Atos dos Apóstolos – cap. 7:55, somos informados de que “Estevão viu a glória de Deus, e Cristo estava à direita de Deus”, quando ele olhou fixamente para o Céu, no momento em que foi falsamente acusado por alguns homens maldosos.
Cristo Jesus disse aos seus Discípulos que eles veriam o Céu, e que veriam o Anjo de Deus ascendendo e descendendo sobre o Filho do Homem. Nos quatro Evangelhos encontramos o registro de muitas coisas que os Discípulos viram e que ficaram convencidos da realidade no Céu. Muitos artistas, com visão espiritual, pintaram imagens mostrando as condições e as pessoas que vivem no Céu, e milhares de cristãos devotos têm adorado estes quadros.
São João descreveu as pessoas e Anjos que viu no Céu no livro do Apocalipse ou Livro da Revelação.
Uma das recompensas do reto viver é que um Auxiliar Invisível pode ir para o Céu durante suas horas de sono e conversar com seus amigos e familiares. Irmãos e Irmãs Leigos podem investigar as condições no Céu e também podem fazer o que João fez. Eles podem ver o Céu, com sua visão espiritual, enquanto estiverem em plena consciência de vigília.
Outros Auxiliares Invisíveis podem ir para o Céu, enquanto estão dormindo, e conversar com as pessoas, e, em seguida, lembram de tudo ao despertar. Muitas pessoas vão para o Céu, conversar com seus amigos e parentes, e quando retornam ao corpo tem a lembrança do ocorrido como um sonho. Muitas pessoas fazem todas as coisas que eles sonham em fazer à noite e retornam com a lembrança de desejo realizado. Quando um Auxiliar Invisível se lembra de seu trabalho, enquanto ele está fora no sono, ele sente muita satisfação.
(I.H. – AMBER M. TUTTLE)