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“Há corpos celestes e corpos terrestres, mas certamente uma é a glória dos celestes e outra, a dos terrestres. Uma é a claridade do Sol e outra é a claridade das estrelas, porque até uma estrela difere em claridade de outra estrela.”
(I Cor 15:40-41)
Toda pessoa dada à meditação uma vez ou outra há de ter considerado a imensidade do tempo e, talvez, chegado a mesma conclusão que Walt Whitman em seu trabalho “Canção de mim mesmo” no Poema 20 onde ele detalha sobre a amplitude do tempo[1]. Comparando o tempo com nossa curta estadia sobre a Terra, compreendemos que nossa existência aqui dura só um momento ínfimo, um relâmpago de consciência.
A evolução é um fato na natureza e aponta para um plano, uma meta que pode ser alcançada com o tempo. Permite-nos chegar à conclusão de que seremos capazes de alcançar a perfeição por meio da experiência. “Em qualquer parte na natureza encontra-se esse lento e persistente esforço pela perfeição.”
Sabemos, por intuição, que para o ser humano existe algo mais do que este curto lapso de existência no meio físico. Continuando a viver esta nossa vida diária descobrimos que o tempo segue sua marcha inexorável, quer nos interessemos por ele ou não, e que a morte é o fim de cada existência, de cada ser que vive sobre a Terra. Essa conclusão nos faz formular as seguintes perguntas, formal e meditativamente: de onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos?
Sabemos que nascemos em um Corpo Denso e pequenino, mas possuindo abundantes qualidades. Sabemos que esse Corpo cresce até alcançar a estatura de adulto e que realmente nos serve bem. Depois de funcionar durante uma vida ele se torna menos flexível e não executa nossas ordens tão prontamente como antes. Finalmente, em meio a todas as incertezas que esta vida nos oferece, há só uma certeza: que algum dia nossa jornada terminará.
Com a ajuda da lógica e da intuição, da analogia e da fé, chegamos à conclusão de que a morte não põe fim à nossa existência. Há dentro de nós algo indicando que todos os sonhos e todos os nossos planos não terão fim quando terminar nossa existência física. Se o ser humano não possuísse mais do que o Corpo Denso, seria impossível manifestar algo mais do que as substâncias químicas que constituem a sua forma. O denso Mundo Físico é feito de cristais inertes, porém o pensamento e o sentimento do ser humano penetram em reinos superiores. Devemos realmente compreender que são necessários outros e mais sutis veículos para suas múltiplas experiências no plano terrestre.
Agora se impõe a seguinte pergunta básica e devemos encontrar a sua resposta. Descobrimos que o que chamamos de morte é uma mudança da consciência de um plano de existência a outro.
Há leis cósmicas e imutáveis que não são menos importantes para a nossa vida espiritual e mental do que a lei da gravidade é para a nossa existência física.
Descobrimos que a matéria e a energia nunca estão em estado de repouso, mas perpetuamente estão mudando de um estado de visibilidade a um estado de invisibilidade e vice-versa. Sondando o enigma da nossa existência temos de tomar em consideração esse fato. Temos que admitir que “vivemos em um Mundo de efeitos que é o resultado de causas invisíveis”.
Não podemos perceber as forças que moldam a matéria e a forma, as quais são invisíveis aos nossos sentidos. Reconhecemo-las por suas manifestações. A eletricidade, para mencionar uma delas, chegou a ser o servidor mais valioso do ser humano, depois dele compreender as leis que a regem. Com a ajuda da câmera fotográfica, do microscópio e dos Raios-X, estamos começando a olhar o interior, os, até agora, invisíveis processos da natureza. Porém, até que o ser humano obtenha um sentido inteiramente novo, será incapaz de resolver o problema dos reinos invisíveis, completamente.
É lógico concluir que os “mortos” se encontram agora em Mundos invisíveis para nós. Porém há alguns que, tendo conhecimento direto e definido, percebem esse plano por meio de um sexto sentido. Não existe algo de sobrenatural nisso, mas como é “suprafísico” deve despertar-se e se desenvolver.
As palavras de Cristo, “Procurai e encontrareis“, foram particularmente aplicadas às qualidades espirituais e dirigidas a “qualquer um que as deseje”. Não existe alguém que impeça e, sim, muitos que desejam ajudar o investigador sincero que está à procura do conhecimento.
O desenvolvimento desse conhecimento começa com “o melhoramento de si mesmos”.
Os Mundos invisíveis estão divididos em diferentes reinos, porém essa divisão não é arbitrária, mas necessária, porque cada plano é regido por leis diferentes. Como cada Mundo está composto de matérias diferentes, o ser humano deve ter um veículo feito da mesma substância com o objetivo de poder funcionar naquele Mundo. Como foi escrito pelo Apóstolo São Paulo na sua Epístola aos Coríntios, “Como trazemos em nós a imagem do ser humano terrestre, devemos também trazer a imagem do celeste”.
No estado de vigília, todos os veículos do ser humano são concêntricos com o Corpo Denso, quando o pensamento, o sentimento e a ação estão funcionando. Mas, quando o Corpo se cansa e esgota, esses veículos mais elevados saem do Corpo Denso. Isso causa a inconsciência, sobrevindo o sono. Assim, esse veículo denso pode ser restaurado, tornando-se de novo útil e eficiente.
O ser humano é uma parte da natureza e, também, é uma miniatura dela. A vida do nosso Planeta reflete-se em menor escala na vida humana. O Grande Ser que habita nosso Planeta é um dos Sete Espíritos diante do Trono. O ser humano também é um Espírito e foi feito à semelhança de Deus.
A fonte dos Planetas é o pai Sol e eles giram em torno dele em ciclos elípticos. O espírito humano dá voltas ao redor de sua fonte, Deus, também em órbita elíptica.
O ser humano está mais perto de Deus quando sua esfera o leva para próximo de sua fonte. E está mais distante enquanto vive sua vida aqui na Terra, em seu Corpo Denso. Todos nós sentimos em algum momento a saudade das regiões celestiais.
Essas posições cambiantes são necessárias para que o ser humano possa adquirir experiências variadas e realizar-se como um ser humano completo. No presente, o ser humano não pode permanecer perpetuamente no Céu, nem um Planeta pode parar e permanecer imóvel.
Cada existência terrestre é um capítulo da história da vida, extremamente humilde no começo, porém aumentando em importância à medida que nos elevamos a posições mais e mais altas de responsabilidade humana.
Nenhum limite é concebível, porque em essência somos divinos e, portanto, devemos ter as infinitas possibilidades de Deus. O poder para desenvolver essas potencialidades internas está dentro de nós. E o trazemos conosco em cada nascimento.
Na presente circunstância, a morte é uma necessidade. Novos nascimentos em novos ambientes fornecem ao ser humano outras oportunidades de aprender todas as lições que ele possa desejar aprender durante um dia na escola da vida.
Temos de compreender que a continuidade da vida é um fato fundamental, se desejamos estudar a existência do ser humano aqui e no Além. O renascimento, assim como a Lei da Causa e Efeito, torna possível que o ser humano desenvolva todos os seus poderes latentes na amplitude do tempo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1974-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: poema 20 da obra Canção de Mim Mesmo (Song for Myself):
Quem vai ali? Cheio de realizações, tosco místico, nu;
Como extraio energia da carne que consumo?
O que é um homem afinal? O que sou eu? O que és tu?
Tudo o que marco como sendo meu tu deves compensar
com o que é teu.
De outro modo seria perda de tempo me ouvir.
Não lanço a lamúria da minha lamúria pelo mundo inteiro,
De que os meses são vazios e o chão é lamaçal e sujeira.
Choradeira e servilismo são encontrados junto com os
remédios para inválidos, a conformidade polariza-se
no ordinário mais remoto.
Uso meu chapéu como bem entender dentro ou fora de casa.
Por que eu deveria orar? Por que deveria venerar e ser
cerimonioso?
Tendo inquirido todas as camadas, analisado as minúcias,
consultado os doutores e calculado com perícia,
Não encontro gordura mais doce do que aquela que
se prende aos meus próprios ossos.
Em todas as pessoas enxergo a mim mesmo, em nenhuma
vejo mais do que eu sou, ou um grão de cevada a menos.
E o bem e o mal que falo de mim mesmo eu falo delas.
Sei que sou sólido e sadio.
Para mim os objetos convergentes do universo
perpetuamente fluem,
Todos são escritos para mim, e eu devo entender o que a
escrita significa.
Sei que sou imortal,
Sei que a órbita do meu eu não pode ser varrida pelo
compasso de um carpinteiro,
Sei que não passarei como os círculos luminosos que as crianças
fazem à noite, com gravetos em brasa.
Sei que sou augusto.
Não perturbo meu próprio espírito para que se defenda ou
seja compreendido,
Vejo que as leis elementares nunca pedem desculpas,
(Reconheço que me comporto com um orgulho tão alto
quanto o do nível com que assento a minha casa, afinal).
Existo como sou, isso me basta,
Se ninguém mais no mundo está ciente, fico satisfeito.
E se cada um e todos estiverem cientes, satisfeito fico.
Um mundo está ciente e esse é incomparavelmente o maior
de todos para mim, e esse mundo sou eu mesmo,
E se venho para o que é meu, ainda hoje ou dentro de
dez mil anos, ou dez milhões de anos,
Posso alegremente recebê-lo agora, ou esperá-lo com
alegria igual.
Meus pés estão espigados e encaixados no granito,
Debocho daquilo que chamas de dissolução,
E conheço a amplitude do tempo.
Palavras tão pouco difundidas e com significados tão pouco conhecidos e, muito menos, aplicadas.
Misericórdia e piedade não têm nada a ver com a lógica, a razão, em primeira instância.
A primeira ideia que surge quando nelas pensamos é a de cunho místico, devocional, onde se sente pelo coração. Muitas vezes, a prática da misericórdia se limita a nossa incapacidade de ter feito algo correto, erros que estamos sofrendo. Já a piedade se limita a um modo de conformar os outros pelo erro cometido.
Quantas vezes por dia nos tornamos perturbados – e com razão – por causa daqueles que não se importam com pessoa alguma e desconhecem o próximo?
Quando estamos dirigindo um carro e outro nos corta subitamente, qual é a nossa reação? É raiva ou desdém?
Quando, em uma reunião, palestra ou até em uma audição, ouvimos alguém fazer um comentário que para nós não é totalmente válido, por estar sendo encarado do ponto de vista terreno, condenamos esse alguém por sua ignorância ou rimos pela sua falta de compreensão?
Quando vemos um criminoso na TV, nos vídeos da internet ou lemos sobre ele nos meios de comunicação, qual é a nossa reação? Dizemos: “Bem-feito, era isso que ele merecia”, esquecendo que ele é fraco e está perdido num mundo que sensacionaliza o crime? E que mais ainda e acima de tudo: é um nosso irmão ou uma nossa irmã?
Quando alguém nos faz algum aparente mal desejamos e procuramos uma oportunidade para se vingar?
Se a qualquer uma dessas perguntas respondemos “sim”, então somos fracos, ignorantes e negligentes em relação aos outros. Não praticamos a misericórdia.
Ter misericórdia é nos conscientizarmos da fraqueza do próximo, nosso irmão ou nossa irmã. E, além disso, ajudá-lo ou ajuda-la por meio da compreensão de seus atos, enviando-lhe pensamentos positivos ao invés de negativos.
Misericórdia é a manifestação do amor quando levamos em consideração a fraqueza do próximo, nosso irmão, nossa irmã.
Misericórdia é a manifestação do Amor de Deus, de modo especial quando considera a fraqueza das criaturas.
A misericórdia de Deus é infinita e universal. Lemos no Livro dos Salmos 144:9: “Para todos é bom o Senhor e a todas as criaturas estende-se a sua misericórdia”. No Livro do Eclesiástico 18:12: “A misericórdia do homem tem por objeto o seu próximo; mas a misericórdia de Deus estende-se a toda a carne”.
Tanto o pecador como o contrito são objetos da misericórdia de Deus. Lemos no Evangelho Segundo São Lucas 1:50: “E a sua misericórdia se estende de geração a geração sobre os que o temem”. E no Livro dos Números 14:18: “O Senhor é paciente e de muita misericórdia, que tira a iniquidade e as maldades e que a nenhum culpado deixa sem castigo”. No Livro de Isaías, 55:7: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem iníquo os seus pensamentos, e volte-se para o Senhor e haverá dele misericórdia, e para o nosso Deus, porque Ele é de muita bondade para perdoar”.
Ora, se Deus é misericordioso tanto com o pecador quanto com o arrependido, quem somos nós para não sermos?
A prática da misericórdia é impedida pela vaidade e pelo orgulho de não admitir as muitas ignorâncias que ainda possuímos. Ou ainda, que em muitos casos sabemos e temos certeza de que estamos corretos. Por isso julgamos.
Tornamo-nos juízes. E, assim, agindo como juízes, nos colocamos numa posição de autoafirmação e utilizamos da razão para justificar. Somos “aquele que nunca agiu assim”. Ou “se fosse conosco jamais teríamos feito desse modo”.
Primeiro: “será que nunca agimos deste modo?”. Segundo: “como saber se realmente isto está errado?”.
Segundo: se você tivesse o mesmo horóscopo do irmão ou da irmã que você está julgando, com as mesmas configurações adversas e benéficas e os mesmos Signos nas cúspides de cada Casa, tem certeza de que não agiria daquele modo ou, talvez, até pior?
Como não estamos certos, com toda a certeza, de termos agido deste modo ou não, tratemos de aproveitar as situações aqui descritas, como oportunidades para servir. Por exemplo: quando alguém passa por nós e nos injuria podemos dizer: “quantas vezes já me senti culpado por isto; quantas vezes agi dessa maneira”, ao invés de praguejar, de brigar ou de revidar.
Neste contexto, qual foi um dos mais característicos traços de Cristo-Jesus na sua jornada aqui na Terra? A Sua misericórdia. Principalmente para com os abandonados e arrependidos.
Podemos ler no Evangelho Segundo São Mateus 9:36: “e olhando para aquelas gentes, se compadeceu delas: porque estavam fatigadas e quebrantadas como ovelhas sem pastor”.
Podemos vê-la facilmente expressa nas parábolas: do filho pródigo, do bom samaritano e da ovelha perdida.
A compreensão da misericórdia na doutrina de Cristo leva-nos a concebê-la como: o perdão da ignorância e do egoísmo do nosso próximo e de nós mesmos.
Aqui praticamos a lei de dar e receber. E a lei de semelhante atrai semelhante. Pois se praticarmos a misericórdia – perdão pela ignorância – recebemos misericórdia – perdão pela nossa ignorância.
Como isso, vemos que o Amor de Deus não pode estar num coração sem misericórdia. E isso se dá na conscientização de que não sabemos tudo, que erramos, blasfemamos, somos ignorantes.
A partir daí, podemos agir:
. com maior compreensão, perdoando os que nos ofendem;
. com maior tolerância, procurando criticar construtivamente algo que não
. entendemos ou que, ao nosso ver, está errado;
. com paciência, procurando argumentos lógicos e amorosos em nossas colocações; com humildade, procurando entender as limitações, as restrições e lições que devemos aprender dos e com os outros.
Portanto, a misericórdia é uma virtude que deve ser vivida com toda a intensidade pelo Aspirante à vida superior em todas as circunstâncias e situações em que a ele for apresentada.
Quantas vezes ao ver um irmão ou uma irmã sofrer viramos o nosso rosto, torcendo para que ele ou ela e ninguém nos solicitem?
Quantas vezes nos esquecemos de dirigir uma oração a esse irmão sofredor ou a essa irmã sofredora que está passando por alguma dificuldade, seja física, moral, espiritual ou psíquica.
Quantas vezes não admitimos que a dificuldade que um irmão ou uma irmã está passando é realmente uma dificuldade?
Achando que nós, em seu lugar, tiraríamos de letra e, portanto, julgamos que ele ou ela está sofrendo porque quer?
Tudo isso é a falta de compreender o que é piedade.
Na verdade, achamos que compreendemos o que é piedade e acreditamos que a aplicamos quando a dificuldade é conosco, ou com algum familiar ou, no máximo, com algum conhecido muito querido. Então, passamos a procurar uma igreja e a realizar atos tais como acender velas, ajoelhar, rezar terços, novenas, jejuns, “envio de energias”, passe espiritual entre outras coisas.
Caso contrário, no máximo chegamos a alguma frase do tipo: “que Deus o ajude”, “deve estar pagando alguma dívida passada”, “coitado”, “tome e faça essa oração todos os dias”. E nos afastamos com a certeza do dever cumprido e torcendo para que não sobre nada para nós.
Afinal piedade não é a tristeza pelo sofrimento e desgraça alheia? Pois então: já ficamos tristes! Já expressamos nosso sofrimento pela desgraça alheia e muita gente viu (temos testemunhas). Agora voltamos a ser alegres e a esquecer a desgraça alheia, certo?
Agora, para o Aspirante à vida superior piedade é o primeiro passo para a compaixão. Piedade é a capacidade de sentir a dor alheia. Piedade é uma virtude que inclina o ser humano para Deus numa filial obediência e amor reverencial.
Na maioria das vezes a piedade praticada é aquela que os fariseus praticavam no tempo de Cristo-Jesus onde eles sobrepunham de tal modo o ritualismo externo às práticas internas que a verdadeira piedade interior ficou a perigo de desaparecer.
Cristo-Jesus, porém, iluminou novamente o caminho como vemos no Evangelho Segundo São Mateus 6:1-18: “Guardai-vos não façais as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles (…). Não faças tocar a trombeta diante de ti”.
Ou: “e quando orais, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos”.
Ele mostrou que a verdadeira piedade consiste em fé firme, confiança filial, submissão a vontade de Deus e que se manifesta pelo amor ao próximo. E é nesse sentido que precisamos ser capazes de sentir a dor alheia.
Uma das melhores maneiras é através das nossas próprias experiências: o que sentimos em determinada situação poderá ser transmitido para outro em situação similar.
Isso é aplicável desde que aprendamos com as nossas experiências, tomando consciência da relação causa e efeito. Para isso, sem dúvida, muito contribui o processo de captação da quinta essência que é feito pelo Exercício Esotérico da Retrospecção.
Agora, e em situações que ainda não experimentamos? Como podemos sentir o quão é doloroso ou dificultoso?
Se olharmos o nosso horóscopo podemos descobrir como tenderemos a sentir tal experiência. Ou se usarmos a imaginação pode criar um modelo que facilitará enormemente compreender a dor alheia.
Uma vez entendido, compreendido e assimilado a situação do irmão sofredor ou irmã sofredora estamos prontos a sentir a compaixão e, portanto, nasce naturalmente um desejo de ajudar a minorar o seu sofrimento. Podemos ter a certeza que aí, nesse ponto, a ajuda é eficaz, bem dosada e proveitosa.
Por exemplo: quando encontramos um irmão ou uma irmã doente podemos falar-lhe: “coitadinho. Deus o ajudará” ou, após imbuir-se do seu sofrimento, sentindo a tristeza e a dor que ele está sentindo, dizer-lhe: “está bem, você está doente e precisa de ajuda, o que você pretende fazer?”.
Outro exemplo: há muitas pessoas no mundo que sentem pena dos animais, que até fundam sociedades para protegê-los contra maus tratos. Mas continuam comendo essas mesmas criaturas que elas intencionam salvar (ou será que cachorro, gato, cavalo e outros “pets” não são animais com a mesma necessidade de evolução da vaca, do boi, da galinha – enfim de todas as espécies animais e aves, dos peixes, dos crustáceos, dos anfíbios e afins?). Até certo ponto, podemos considerar isso piedade. Mas essa só será totalmente verdadeira como primeiro passo para a compaixão quando puderem dizer: “eu sinto tanto por eles que estou preparado para renunciar a comê-los”.
Portanto, vemos que a piedade nos eleva acima das dificuldades impostas pela nossa Personalidade em entender as dificuldades, sofrimentos e tristezas dos nossos irmãos ou das nossas irmãs e, com isso, entender as nossas. É o meio que nos ajudam a ser mais eficazes no nosso servir. A ser mais conscientes do que é ajudar e o que não é.
É, enfim, a compreensão de que como Deus, nosso Pai, entende as nossas dificuldades e de como ele está sempre criando meios que nos ajudam a suplantá-las.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Resposta: Não. Há como um dia muito longo, sem fim. Ali não há tempo, porque sua existência provém da rotação da Terra ao redor de seu eixo e sua revolução em torno do Sol. Esses movimentos produzem o dia e a noite, o verão e o inverno, o calor e o frio. A constituição opaca e sólida da Terra torna-a impenetrável aos raios luminosos e ao calor emitido pelo Sol.
Nos Mundos suprafísicos, porém, nada é opaco nem frio. Nem há verão ou inverno. Tudo é um dia brilhante, largo…, eterno.
Quando deparamos com aqueles que passaram o umbral da morte, tomamos conhecimento de que eles não têm a menor ideia de tempo. E, algumas vezes, perguntam quanto tempo faz que morreram. Há só um meio de avaliar o tempo. E ele é empregado pelos Clarividentes voluntários exercitados para localizar os acontecimentos quando os examinam na Memória da Natureza, ou seja, mediante a Astrologia, observando a posição dos Astros. Por suposto, se o acontecimento em observação ocorreu nos tempos históricos, pode-se determinar o ano de ocorrência mediante outro acontecimento histórico registrado na época.
Quando o fato aconteceu há muitos milhares de anos atrás, como é o caso das inundações atlantes, busca-se o tempo de sua ocorrência na Precessão dos Equinócios. Essa consiste no movimento retrógrado do Sol através dos doze Signos zodiacais, movimento este que se completa em cerca de vinte e seis mil anos.
Pode-se determinar a época em mira contando o número de períodos de vinte e seis mil anos transcorridos entre a primeira e a segunda inundação, entre a segunda e a terceira e desta a nossos dias. Se se ignora a ciência dos Astros, não é possível utilizar esse sistema. Aliás, isto constitui um bom motivo para Estudante Rosacruz aprender a Astrologia Rosacruz.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz outubro/74 – Fraternidade Rosacruz SP)
Vamos falar hoje sobre o significado de algumas palavras-chaves dos Ensinamentos Rosacruzes, isto é, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Algumas dessas palavras vêm do grego e têm uma distinta conexão filosófica com as aspirações do Mundo Ocidental.
Termos como Panaceia, Arquétipo, Cosmos, Ecclesia, Hierofante, Neófito, Mistério, Misticismo, etc. expressam uma evolução filosófica de processo do pensamento e nos dão um vislumbre do progresso do Cristianismo Místico. O Estudante Rosacruz compreende, sem dúvida, seu significado. Não obstante, as palavras acima mencionadas estão propensas a ocultar certos aspectos sutis e que, amiúde, passam por alto, sendo necessário, portanto, trazê-las à luz. Somente quando compreendermos a origem e o completo significado de tais iluminadoras palavras podem elas converter-se em símbolos vivos, imagens pulsantes do pensamento, que nos desvendam um sentido mais profundo, o qual se acha contido na Filosofia Rosacruz. Adentremo-nos à filosofia e à mitologia da Grécia pré-cristã a fim de obter alguma luz, pois essas palavras simbólicas foram criadas pelos pensadores da antiga Grécia, particularmente por Platão, Aristóteles, Hipócrates e vários outros durante um dos períodos mais gloriosos da história: a Idade de Ouro.
O termo Panaceia envolve, talvez, uma das palavras de maior significado dentro dos nossos ensinamentos. Designa uma das três pedras angulares: CURAR, SERVIR e PREDICAR o ensinamento. Sobre essas três pedras se orienta a filosofia dos Irmãos Maiores. Panaceia é uma palavra simbólica que expressa a aspiração e o desvelo da Fraternidade Rosacruz no desenvolvimento da Arte de Curar pelo método Rosacruz.
O dicionário Webster define a Panaceia como: “um remédio universal que oferece a cura para todas as enfermidades”. No idioma grego PANAKEIAS, uma palavra composta, que une a PAN (tudo) com AKEISTHAE (curar). Literalmente significa: um remédio para curar tudo ou uma fórmula para a cura de todas as enfermidades físicas ou mentais. Na mitologia Grega, Panaceia e Hâgeia (saúde) eram irmãs.
Ambas eram filhas de Asklepios (fàusculapius em latim), o Deus da Cura. Este, por sua vez era filho de Apolo (o Deus Sol), o Grande Médico.
Os Centros de Cura existiram desde tempos imemoriais, na Grécia. Eram dedicados a Asklepios, o Deus da Cura. Seus sacerdotes constituíam um grupo de curadores especializados, muito devotos e espirituais, que praticavam também a medicina no sagrado recinto chamado Asklepión. Em épocas astrologicamente propícias, os enfermos eram levados a esse lugar santo, onde se lhes subministravam umas tabuinhas em forma votiva, isto é, mediante certa cerimônia (uma espécie de hóstia sagrada) as quais haviam sido deixadas pelos ex-pacientes agradecidos, a fim de levantar sua fé no Deus da Cura. Depois dos serviços religiosos eram deixados ali durante à noite, onde dormiam. Durante o sono, os sacerdotes lhes subministravam remédios por meio de conjuros e encantamentos da Panaceia, Hygeia e Asklepios.
Por esses métodos de cura, muitos pacientes despertavam na manhã seguinte completamente curados, tal como contam muitas inscrições existentes. Esse ritual é tecnicamente conhecido como “Incubação”, do termo grego “Epoaso”, que quer dizer, chocar ou sentar-se sobre ovos.
Existe uma grande semelhança entre o Templo de Cura grego e a Arte de Curar da Fraternidade Rosacruz, porque ambos os métodos empregam a ajuda espiritual do Mundo Ocidental em seus esforços de ajudar a humanidade a obter a saúde do corpo mediante uma combinação da Panaceia Espiritual e meios físicos, proporcionando uma dieta adequada, exercício e Astroterapia. Quando examinamos os diferentes significados de Panaceia, Hygeia ou saúde, e Astroterapia do ponto de vista Rosacruciano, vemos Max Heindel afirmar que a saúde ou Hygeia é uma condição do corpo quando todos os órgãos trabalham em perfeita harmonia. Mas, quando essa é quebrada por um órgão que tem sua função reduzida ou por outros que a têm acelerada, então produz-se a enfermidade. Se essa se prolonga devido ao paciente ser incapaz de aproveitar as oportunidades astrais favoráveis, então se aplica a Panaceia. Como diz Max Heindel: “A Panaceia faz com que a concentrada substância da Vida de Cristo flua através do corpo e infunda a cada célula um certo ritmo que desperta o Ego aprisionado em sua letargia e lhe devolve a vida e a saúde”.
Em que consiste essa Panaceia e o que pode realizar, Max Heindel conta que lhe ocorreu uma imagem mental inesquecível, quando visitou o Templo da Ordem Rosacruz. Ao penetrar no Templo, viu três esferas dependuradas no teto. “Na esfera superior observou um pequeno recipiente contendo vários pacotes cheios de substância do Espírito Universal. Depois que os Irmãos se sentaram em uma posição específica, e a música preparou o ambiente, inesperadamente as esferas começaram a brilhar com as três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Durante esse encantamento, o recipiente que continha os pacotes tornou-se luminoso com uma essência espiritual, a qual os Irmãos aplicavam nos pacientes, enquanto eles permaneciam adormecidos. No processo de administrar essa Panaceia, a substância contida nos pacotes se espalhava como por arte mágica e destruía a matéria cristalizada que cobria os centros espirituais do corpo enfermo. A cura era instantânea e o paciente despertava pela manhã seguinte, gozando de plena saúde”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – julho/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)
É de bom alvitre que cada indivíduo, de vez em quando, dê um balanço em suas atividades cotidianas, a fim de verificar se não são essas as causas das perturbações que está sentindo.
Certas dores de cabeça, irritações nervosas e indisposições para o trabalho, originam-se, muitas vezes, do excesso de repouso ou da longa permanência do corpo em má posição. Em tal atitude, o indivíduo está contrariando o próprio organismo, que requer movimento e que, não sendo atendido, protesta, através daquelas manifestações de mal-estar, aparentemente oriundas de outras causas mais graves.
Muitos neurastênicos devem a esse errôneo comportamento a sua lastimável irritabilidade. Ficam horas e horas a trabalhar sentados, ou em posição incômoda, irregular e, sentindo-se abalados em sua saúde, não se lembram de atribuir ao abuso do repouso e da postura forçada o mal de que padecem.
Após um dia de atividade sedentária, curvado o corpo e preocupado com sua tarefa, sem conceder à sua energia física a liberdade de que ela necessita, qualquer um de nós há de, por força, sentir falta de um pouco de exercício, de expansão, por assim dizer, da nossa reprimida vitalidade. O mal-estar geral e o nervosismo que então venham a nos assaltar, possivelmente desaparecerão com um simples passeio. Andar, caminhar a passos firmes e fortes, é excelente meio de indenizar o organismo dos prejuízos que sofreu durante a sua longa parada.
Sei, por experiência própria, que nem sempre se pode interromper o serviço, para tirar o corpo da situação forçada a que ele se acha submetido. Mas, logo após o serviço costumo remediar a minha inatividade física com uma caminhada compensadora. Deixando o trabalho, vou a pé pelas ruas, marchando o mais possível com vigor e tranquilidade. Tal exercício constitui um verdadeiro reconstituinte.
Andar, caminhar, realmente, é uma alegria, depois de todo um dia sem liberdade de movimento. Se as pessoas que se sentem nervosas, maldispostas e com tendência para se recolher ao leito, raciocinarem acerca da possível causa disso, talvez sejam levadas muitas vezes a concluir que o remédio está bem ao alcance das suas mãos, isto é, dos seus pés.
Experimentem, pois, andar. Andando, além de corrigir um erro prejudicial à saúde, proporcionarão ao espírito momentos de agradável e útil distração.
Assim, pode-se provar que as nossas pernas fornecem, às vezes, remédios contra o entorpecimento que lhes infligimos. Basta que as tenhamos em ação, e era uma vez o nervosismo, o desânimo e outros pequenos aborrecimentos físicos e morais, de grandes e graves consequências.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de Abril/1969-Fraternidade Rosacruz-SP)
HIERARQUIAS ZODIACAIS
CÂNCER: A MÃE CÓSMICA
Não é para supormos que as manifestações ativas destas grandes Hierarquias Criadoras atuem imediatamente. As faculdades são desenvolvidas gradativamente ao longo de um grande período. Isso deve ser verdadeiro, caso contrário, os caracteres desenvolvidos estariam sempre presentes e haveria um campo muito restrito para o desenvolvimento progressivo do Espírito. A aceitação e a realização de toda oportunidade do Espírito nos leva além das coisas materiais, e aqueles que reconhecem a força divina potencial veem as possibilidades sempre à mão, no esquema do desenvolvimento da vida.
Seria difícil encontrar muitas pessoas possuidoras da verdadeira percepção espiritual, mas é universalmente reconhecido que, sem intuição, um indivíduo não é muito bem-sucedido, mesmo que soubesse, de cor, todos os trabalhos do mundo. Daí precisarmos ser guiados pela sabedoria, não por opiniões. As opiniões de outros podem ajudar-nos, mas não deveríamos ser subservientes a elas. A sabedoria é o fruto da experiência, a essência da alma do caráter desenvolvido. Atualmente, todas as potencialidades se manifestam ao mesmo tempo. As doze Hierarquias Criadoras estão presentes em um determinado momento, mas à medida que suas tarefas forem sendo completadas e suas lições assimiladas, algumas se retiram. As faculdades de Signos prósperos estão sempre presentes em estado latente, podendo ser reveladas à medida que progredirmos na vida. A força da vida e da natureza está no ser humano e o ser humano é uma manifestação da Natureza. A Natureza individual (Espírito) do ser humano é um impulso individualizado do ser humano universal e tem sua própria fonte individual. Esta fonte representa aquela parte distinta que deve ser vivida individualmente por este Espírito separado no grande Drama Cósmico que é a Vida.
Cada criança, um indivíduo
Se todas as crianças nascessem ao mesmo tempo, todas seriam iguais, mas na hora da concepção há uma diferença e cada criança recebe sua própria natureza individual que, contudo, ainda permanece como parte integral da Natureza universal.
A vida, a luz e o amor do Universo brilham através de cada indivíduo até que a força do Espírito desperte. Este impulso espiritual representa uma força latente que forma a bagagem característica, sobre a qual se refletem as forças diferenciadas da criação.
O Espírito de Deus movimentou-se sobre as águas e o germe da vida foi semeado para ser alimentado e gerado como um supremo atributo das forças celestiais. É particularmente importante enfatizar que todas as forças de Deus são acessíveis a todos os seus filhos para serem usadas durante todos os momentos da vida, mas o grau vibratório de cada arquétipo individual não responde ou corresponde a estas harmonias (configurações astrais) uma vez que o Ego nem sempre é capaz de assimilar essas forças. Isso é evidente ao observarmos a potência da força espiritual e as qualidades da alma do indivíduo subdesenvolvido. A força criadora do movimento universal é definitivamente construtiva e altamente divina, mas se o Ego ou o Espírito interior ainda não despertou sua força potencial, o modelo do arquétipo não toma conhecimento dessa força. Enquanto não forem feitos esforços para pôr essa força em ação, muitos campos de desenvolvimento continuarão fechados para o indivíduo e assim ficarão enquanto ele permanecer em seu estado de escuridão.
O Pai, o Filho e o Espírito Santo – Vontade, Sabedoria e Atividade – formam a base para a vida e a ação no universo. O Pai é a Origem e o Fim de toda a Vida (Áries); o Filho é duplo em Sua natureza, e é o Amor ou o Princípio da Sabedoria (Touro); enquanto o Espírito Santo é a Inteligência Criadora na manifestação (Gêmeos), organizando o caos da matéria primitiva – Substância-Raiz-Cósmica – em materiais dos quais podem-se construir formas. Áries e Touro formam a semente ou a base da formação do universo. Gêmeos prova ser o incentivo e o impulso para a ação, enquanto Câncer é o Signo que ajuda a trazer esta concepção para a atividade física. Assim, Câncer, a Mãe do Universo, tira, nutre e alimenta tudo que surgir para expressar a plenitude das variadas experiências da vida. Câncer, a suprema Mãe Cósmica, carrega dentro dela a manifestação dos grandes princípios criadores. Através de Câncer, o “Portão do Homem”, o Espírito destinado ao renascimento terrestre desce diferenciando-se de sua fonte universal e, assim, a morte espiritual acontece. Através de Capricórnio, o “Portão dos Deuses”, o Ego sobe aos céus, um novo nascimento espiritual (vida permanente) acontece quando ele se liberta do Corpo Denso. Assim que o Ego sai de Câncer e dos Mundos superiores começa a perder sua natureza divina. Vai reunindo-se em todos os aspectos de seus esforços passados e a forma do corpo e da vida para a experiência futura vai recebendo os sucessivos acréscimos de tudo que se passou antes. Durante sua descida para a matéria, o Espírito – primeiro uma esfera em forma – é alongado para dentro de um cone e o arquétipo vai colhendo todas as vibrações para as quais é receptivo. Da mesma forma, harmonias com as quais ele não tenha qualquer associação são deixadas para trás, em sua descida. O Ego, agora, começa a sentir as influências da matéria e cada novo impulso traz novas sensações, de modo que ao se juntar ao corpo, ele está agitado por essa nova e excitante aventura. A vida é, na verdade, uma grande aventura, cada um desempenhando a sua parte em harmonia com aqueles impulsos autocriados, no seu passado.
Quando o Espírito dá o primeiro passo para sua longa viagem em direção à autoconsciência, todas as suas possibilidades estão latentes e, não obstante ele precisar dar cada passo do caminho sozinho, ele está sendo ajudado por outros que já percorreram este caminho anteriormente. À medida que suas faculdades se abrem do estado latente para o potencial, menor ajuda é necessária até que possa experimentar suas próprias asas. O ser humano geralmente se torna autossuficiente, arrogante e se julga o Senhor da Criação; mas o ser humano, absorvido na ilusão de si mesmo, nunca está inteiramente distante da influência espiritual. Aos poucos ele se dá conta da natureza ilusória das coisas e começa a procurar outras realidades.
O ser humano é, em si mesmo, um permanente criador de coisas invisíveis, pois as vibrações de seus pensamentos e desejos criam formas de matéria sutil, e são esses mesmos pensamentos ou desejos que as animam. Se ele soubesse como manejar, para o bem, esse poder, possuiria uma enorme força, para sempre. Esta força de expressão criadora não só iluminaria seu ser no mais íntimo de si mesmo, como também a concentração decorrente dela geraria forças coordenadoras que poriam todas as coisas em ordem.
Mãe do Universo
Câncer é o representante das grandes águas cósmicas que alimentam a Via Láctea, movimentando cada onda de Egos que estão prestes a renascer, para experiências físicas futuras. Câncer é a Mãe Cósmica, a Mãe do Universo, que abraça todas as crianças, especialmente, aquelas que não têm a sua própria mãe. Câncer é ritmo e ordem, que coloca cada um em seu devido lugar. Rege tudo com harmonia e equilíbrio e aí está a ajuda da Lua. A Hierarquia Zodiacal de Câncer será sempre encontrada junto àquilo que quer ter e realmente isso não lhe será negada. Ela não será derrotada. Sua moradia é a profundidade do grande mar e o silêncio é sua sentinela. Os segredos de Câncer são encontrados somente na vazante de suas enormes marés e emoções profundas são sentidas. Mas será só na maré baixa que aqueles que estão prontos e preparados poderão entrar e lá recebe sua coroa, que é uma estrela na testa, que iluminará os lugares escuros. Alguns receberão uma estrela escura e outros a luz. Nenhuma é boa ou má, mas ambas têm grande valor cósmico de acordo com o uso e o desenvolvimento que dela farão.
Câncer segura forte e só larga quando atinge seu objetivo. Câncer não desiste de seus filhos e filhas quando os envia para o nascimento, pois eles voltam a ela uma vez que as experiências tenham terminado. Enviar seus filhos dessa maneira é, sem dúvida, o mais sutil símbolo da verdadeira maturidade – a Maternidade Cósmica.
Todos os filhos e filhas de Câncer acham-se sob influência da Mãe Cósmica e se eles se tornarem bem receptivos a essa influência, mais facilmente e melhor aprenderão as lições que lhes forem ministradas. Haverá pouca felicidade para o nativo de Câncer se sua natureza sensível não se libertar e desenvolver, porque é bom que sua força da imaginação criativa esteja livre para se expressar. Muitas pessoas têm uma fé forte e, mesmo sem saber, podem se tornar úteis para executar o modelo divino, pois a fé profunda pode agir poderosamente e produzir resultados. A fé produz um estado elevado que fortalece a vontade, afasta a dor e transforma o ser humano comum em canal de uma natureza imortal. Imaginação é uma força criadora e quando o princípio do amor está junto e entrelaçado numa oração com o que é bom e puro, tudo se torna possível.
Oração, fé e imaginação – atributos femininos e criadores – uma vez acesos no coração de Câncer iluminarão a alma, como um despertar celestial, numa visão de um outro mundo. Um aprendizado superficial acrescenta pouco, enquanto a suprema consciência pode ser alcançada desenvolvendo-se uma fé completa na vida espiritual, aquele estado supremo onde os nativos de Câncer serão revelados na força de sua própria luz.
Sentimento é o elemento fundamental para os nativos de Câncer e essas pessoas são bem-sucedidas junto as crianças e com os indivíduos sensíveis de todos os Signos. Câncer sendo o Signo-mãe verá seus filhos criando suas famílias e quando isso não ocorrer, procurarão criar aqueles com quem estiverem mais intimamente ligados.
Câncer precisa aprender a evitar jogar com a compaixão dos outros para conseguir algo. Os filhos de Câncer, geralmente, progridem com uma política sutil de fazer com que as pessoas atuem de acordo com os seus desejos. Não o fazem abertamente, pois não gostam de ouvir dizer que estão influenciando outras pessoas. Isso, às vezes, acontece devido ao fato de Câncer ser um Signo físico fraco. Câncer continuamente valoriza os sentimentos e suas ações indicam que respeita esse princípio nos outros, mas não a ponto de ceder em suas próprias ideias. Um silêncio indignado é o meio de Câncer mostrar sua desaprovação. Câncer mostrará, de maneira evidente, compaixão para com as pessoas, mas ao mesmo tempo, irá ignorar aquele que for considerado culpado. Adora viver em paz com todo mundo e aí está a sua força.
Câncer ajudará seus amigos, mas, em troca, exigirá gratidão. No entanto, terá gratidão e adoração por aqueles que o ajudaram em alguma coisa. Patriotismo, apego às tradições e à família são, geralmente, sentimentos muito importantes para esse indivíduo. Reverência, submissão e compaixão são, também, pontos de vital importância para esse Signo – todos traços que devem ser bem desenvolvidos por todos os verdadeiros Aspirantes à vida superior.
Sensibilidade e tenacidade são outras características dessas pessoas e, como o caranguejo, o símbolo de Câncer, tem o coração delicado por baixo de uma casca dura. O medo de se revelar muitas vezes faz Câncer parecer tímido e sem coragem, no entanto, é capaz de ter uma enorme valentia e fazer um completo autossacrifício quando se tratar de amor pela família, por parentes ou pela humanidade em geral. O nativo de Câncer, o que já estiver bastante evoluído, considera que todos são seus filhos e já aprendeu a gloriosa lição de dar amor e ajudar sem pedir nada de volta: o princípio do materno ideal.
A força criadora da imaginação precisa ser usada construtivamente. O uso dessa força capacita Câncer a tornar a vida mais bela e o sucesso nisso é, geralmente, o resultado de saber transformar coisas comuns em transcendentais. Nossas Mentes estão divididas em dois planos de ação: a consciência objetiva e a subjetiva – o intelecto e a intuição. No momento, a expressão da razão alcançou o seu mais alto desenvolvimento, e essa faculdade está sendo trabalhada pela maioria da humanidade. O próximo passo será trabalhar com a Mente de modo que a intuição substitua a razão.
A intuição é um contato direto com nossas vidas passadas, que vem como um raio, acima de qualquer razão. A purificação das emoções ajuda seu desenvolvimento e traz a percepção da unidade e da compaixão por toda a vida. Os nativos de Câncer podem prontamente expressar uma natureza intuitiva mesmo que ela possa estar momentaneamente latente ou impedida de se manifestar. Um esforço consistente desenvolverá esta grande qualidade.
Qualidade de Camaleão
(*) Advertência:
A descrição aqui apresentada é mais exata conforme a cúspide da 1ª Casa esteja mais próxima do ou no segundo decanato do Signo (10º graus até 20º graus)
Quando os 3 últimos graus de um Signo estão ascendendo, ou quando os 3 primeiros graus ascendem no momento do nascimento, diz-se que a pessoa nasceu “na cúspide” entre dois Signos, e, então, a natureza básica dos Signos envolvidos são mescladas no corpo dela
Astros nas Casas:
Em tais casos o Estudante dever usar seu conhecimento do caráter dos Astros em conjunto com a descrição do Signo.
(Veja mais no Livro: Mensagem das Estrelas – O Signo Ascendente – Max Heindel e Augusta Foss Heindel)
Câncer é altamente sensível, e estas pessoas frequentemente adaptam-se às condições do meio em que vivem. Com um aguçado senso pessoal de delicadeza, o modo de expressão não deveria ser desprezado. Note a posição de Mercúrio. Quando Mercúrio segue o Sol – as lições da vida vêm através das experiências – nem sempre é uma vantagem! Mercúrio, estando à frente do Sol pode facilitar essas lições como a luz da sabedoria ilumina o intelecto, ensinando pelo contínuo aprendizado.
Os nativos de Câncer, como tantos outros de toda humanidade, deixam-se, por vezes, levar pelo jogo das forças externas sobre eles. No entanto, para conscientemente expressar sua natureza inferior, precisam inverter esse processo, não serem receptivos às coisas negativas. Câncer precisa fazer uma pausa positiva e expressar a completa força de sua individualidade. A força é a Vontade. Com a força companheira que é a Imaginação, Câncer precisa estar apto a correr qualquer risco necessário para ser bem-sucedido. Não só as qualidades físicas, mas também as espirituais e as da alma, uma vez em harmonia, produzirão um completo despertar e uma força sobre todas as circunstâncias da vida.
Com o arraigado amor pela humanidade e interesse pelas pessoas, o instinto materno sempre permanecerá forte. As próprias ambições dos nativos de Câncer, muitas vezes, se concretizam através da vida de seus próprios filhos. Há um profundo desejo de viver a vida integralmente. A natureza bondosa, auto sacrificada dos nativos de Câncer deveria florir em bondade e amor para todos.
A vida e a alegria são privilégios inerentes do ser humano. Câncer encontrará um caminho para juntar força e sucesso na visão mais ampla de uma consciência aberta, mesmo onde existam limitações para negar a livre expressão. Lembre-se, Câncer NÃO É NUNCA DERROTADO! Às vezes, os ideais dos pais são transmitidos para sua realização, para os filhos e filhas.
Sabemos que o Sol e os Planetas indicam, no horóscopo, os anos em que certas tendências podem culminar em ação e requer, invariavelmente, cooperação da Lua para fertilizar o Aspecto e fazê-lo florir numa manifestação física.
O Sol e os Planetas podem ser considerados como o ponteiro da hora no relógio do destino, mostrando o ano ou os anos em que cada fase do destino está madura para a colheita. A Lua pode estar ligada ao ponteiro dos minutos, que mostram o mês em que as influências estão prontas para a ação.
Lembre-se, as limitações, quer sejam transitórias ou Destino Maduro (a indicação da 12ª Casa), são tanto “boas” quanto “adversas”. Na verdade, TODAS AS COISAS SÃO BOAS, e o ser humano é quem faz as condições de sua vida. A alegria de viver, expressa por uma criança é, definitivamente, um elo com o passado e a relação entre a criança e os horóscopos dos pais mostra a atração assim como os ajustamentos que, necessariamente, devem ser feitos. Onde Saturno obstrui até que as lições sejam aprendidas, a responsabilidade também está presente. Se a força do objetivo é suficiente, se todas as lições são aceitas e não evitadas, tudo será somado de acordo com o modelo divino.
O teste de qualquer filosofia é a sua vivência. Daí depender de você, Câncer, exemplificar os princípios do Amor e da Paz Universal, de modo que todos que o encontrarem se sentirão melhor por tê-lo conhecido. Este é o verdadeiro trabalho da Lei. Para criar e nutrir todas as almas, para construir em harmonia e paz, para amar e observar a liberdade do grande plano da vida, para dar e receber, sempre criando e sustentando está Câncer, celeste e terrestre, NOSSA MÃE CÓSMICA. Suave, dinâmica, visionária e serena no conhecimento de que tudo que existe, será para sempre.
(de Thomas G. Hansen – com prefácio da Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – Traduzido do original inglês: Zodiacal Hierarchies de Thomas G. Hansen e publicado na revista Rays from the Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship, no período de abril de 1980 a março de 1981 – publicada na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em junho de 1982)
Câncer é um dos Signos do Elemento Água. O trânsito do Sol, devido ao movimento de Precessão dos Equinócios, pelo Signo aquoso de Câncer com seu oposto, Capricórnio, designa a primeira parte da Época Atlante, que decorreu quase em estado aquoso, posto que a totalidade da Terra estava coberta por densa neblina, abrumadora. Os Niebelungos ou “filhos da névoa” viviam então, nas concavidades da Terra. Nessa época Câncer não tinha a mesma simbologia atual. Nos tempos antigos tinha a figura de um escaravelho, que era o símbolo da alma para os ocultistas. De fato, nesse estágio, a humanidade era muito mais alma que corpo.
A parte “peixe” do símbolo de Capricórnio, oposto do Signo de Câncer, também contribui para reafirmar a circunstância de ambos se referirem àquele estado, sob as águas.
A Lua, Regente de Câncer, o Astro da fecundação, nos indica misticamente esse período de germinação, quando a humanidade começou a exercer ignorantemente a função sexual criadora, sob a influência dos desejos infundidos pelos Espíritos de Lúcifer. Deste modo a humanidade abriu a porta da vida física, por influência de Câncer. Mas no Signo oposto, Capricórnio, regido por Saturno, o Planeta da morte, encontrou a gadanha, para ceifar a vida que se encurtava pelo abuso da força sexual criadora, como também achou o sofrimento, a experiência amarga da liberdade mal-usada, pois o “salário do pecado é a morte” (Rm 6:23) e a dor.
Mas, por outro lado, Capricórnio, a cabra que sobe os montes, inspira a Câncer o ideal de redenção. Mostra, igualmente, a transição pela qual passou a humanidade quando deixou os vales da Terra, da Época Atlante para viver nas mesetas e planaltos do globo terrestre.
As pessoas com Ascendente em Câncer, genericamente, gostam muito do lar e de suas comodidades. Mas são indolentes, instáveis e sonhadoras. Com o passar dos anos, amantes que são de boa comida ficam com o ventre avantajado e, por pouco afeitos a exercícios, passam a ter grandes prejuízos sobre a digestão.
Todavia, é necessário examinar o tema no conjunto para determinar as tendências individuais e a força de cada tendência nos diversos departamentos da vida, para uma orientação segura de como prevenir-se e de como corrigi-las, usando as qualidades positivas.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – junho/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: Certamente, mas há conversões e conversões. Há a conversão que ocorre numa reunião de avivamento ao soar de tambores, ao bater de palmas, ao cantar de hinos evangélicos e o insistente chamado do revivalismo[1] para “vir antes que seja tarde demais”. Todas essas assistências à conversão produzem uma intensa influência hipnótica, que atua sobre a natureza emocional de muitas pessoas e, de tal maneira que esses chamados “pecadores”, não conseguem mais permanecer em seus lugares, pois, no sentido literal, são forçados a obedecer ao comando e se apresentar ao “banco dos enlutados”[2]. Geralmente, esse tipo de conversão é de pouquíssimo valor. Os revivalistas descobrem que é extremamente fácil converter as pessoas dessa maneira. O problema exasperadamente difícil é, como um deles expressou, “fazer com que isso perdure, que a pessoa volte”, pois quando a vítima do revivalista hipnótico deixa a reunião, a influência desaparece gradualmente e, mais cedo ou mais tarde, ele recai em sua atitude original. E embora esses “desviados” possam não sentir nenhuma angústia ao retroceder, a próxima reunião de avivamento os atrai para o banco dos enlutados novamente, com a mesma certeza de que um ímã atrai uma agulha. Eles são convertidos repetidamente e retrocedem regularmente todas as vezes que há uma reunião de avivamento, para o desgosto do revivalista e para a diversão da comunidade, que não sabe que é um simples caso de hipnotismo moderado.
No entanto, há outra conversão, porém, sempre acompanhada por influências astrais (Sol, Lua e Planetas) e conforme a força e intensidade dessas influências a conversão ou mudança na vida, será mais ou menos radical. Isso mostra, então, que a alma atingiu um certo ponto em sua peregrinação, em que sentirá uma atração pela vida superior. A causa imediata da conversão pode ser um sermão, uma palestra, um livro, um versículo da Bíblia ou algo dessa natureza, mas, na verdade, essa é apenas a causa física de algo que já era um fato espiritual. A partir desse momento, o homem ou a mulher começará a considerar uma nova visão da vida, deixará de lado os velhos vícios, seguirá novas linhas de pensamento e de realizações. Pode mudar toda a sua atitude em relação à vida e, também, em relação ao seu ambiente. De fato, muito frequentemente uma viagem o (a) tirou momentaneamente do ambiente habitual, para lhe proporcionar a condição apropriada para o plantio da nova semente.
(Pergunta nº 114 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: O avivamento ou revivalismo é um conjunto de práticas religiosas que produzem uma atmosfera de intensidade espiritual com dois objetivos em mente: convencer os não-cristãos a se converterem ao cristianismo e convencer os cristãos a revitalizar sua fé. O avivamento centra-se na pregação vigorosa e na plateia cantando canções religiosas populares. A pregação e o canto visam provocar respostas racionais e emocionais do público. O revivalismo protestante desenvolveu-se a partir de dois movimentos europeus do final do século XVII — o puritanismo inglês e o pietismo continental. Os puritanos contribuíram com ênfase na conversão visível. Esperava-se que adultos ou crianças mais velhas fossem capazes de contar a história de como se conscientizaram de sua pecaminosidade e de sua consequência final – a morte – e como se tornaram cristãos como resultado. Os puritanos frequentemente descreviam o evento de se tornar um cristão como o “Novo Nascimento”. Em outros momentos e lugares, tem sido descrito como “confiar em Cristo”, “experimentar a salvação”, tomar uma “decisão por Cristo” ou “nascer de novo”.
[2] N.T.: O banco dos enlutados, também conhecido como propiciatório ou banco da ansiedade, nas igrejas metodistas e outras igrejas cristãs evangélicas, é um banco localizado em frente à capela-mor. A prática foi instituída por John Wesley, o fundador da Igreja Metodista. Indivíduos se ajoelham no banco dos enlutados para experimentar o Novo Nascimento e alguns dos que já tiveram o Novo Nascimento vão lá para receber a inteira santificação, enquanto outros, especialmente apóstatas, usam o banco dos enlutados para confessar seus pecados e receber o perdão, em para continuar o processo de santificação. No banco dos enlutados, os indivíduos recebem conselhos espirituais de um ministro. De acordo com a doutrina da mortificação da carne, os penitentes não se ajoelham em almofadas de joelhos, mas sim no chão. Hoje, muitas, mas não todas, as igrejas metodistas suplantam o banco dos enlutados com trilhos da capela-mor, onde os metodistas (assim como outros cristãos evangélicos) recebem a Sagrada Comunhão, além de experimentar o novo nascimento, arrepender-se de seus pecados e orar.