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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Bênção da Imaginação

Você já leu ou estudou a Ode à Imortalidade de William Wordsworth[1]? É maravilhoso como experiência da alma. Esse poema foi escrito parcialmente em 1803 e concluído em 1806, há mais de dois séculos; mas, como todas as coisas que valem a pena é sempre novo e aplicável. Sobre os sentimentos que o levaram a escrevê-lo, o autor diz: “Nada foi mais difícil para mim na infância do que admitir a noção da morte como um estado aplicável ao meu próprio ser”.

… Uma criança

Que apenas respire forte,

Enchendo-se de vigor,

Que sabe ela sobre a morte?

“Mas não foi tanto de sentimentos de vivacidade animal que a minha dificuldade veio, mas de uma sensação de indomabilidade do espírito dentro de mim… Muitas vezes era incapaz de pensar nas coisas externas como tendo uma existência externa e comungava com tudo o que via como algo não separado, mas inerente à minha própria natureza imaterial” …

“Aquela vivacidade e esplendor de sonho que investem os objetos e as vistas na infância, cada um, creio eu, se olhar para trás poderá testemunhar”.

“Nos últimos anos deplorei como todos nós temos razão para fazer uma subjugação de caráter oposto e me regozijei com as lembranças expressas nestas linhas”:

IX

(…) Mas, pelas questões obstinadas

De senso e coisas externadas

Distantes de nós, sublimadas;

Vagos temores da Criatura

Nos seguintes versos o autor dá suas ideias sobre a infância, a respeito dessa natureza agindo sobre ele.

I

Houve um tempo em que a relva, a fonte, o rio, a mata

E o horizonte se vestiam

De uma luz grata,

— Visto que assim me pareciam —,

E da opulência que nos sonhos é inata.

Hoje está sendo tal como foi outrora; —

Seja o que for, eu,

Na luz ou breu,

Eu não verei jamais o que se foi embora.

II

O arco-íris vai, vem,

E a rosa nos faz bem;

Alegre, a lua nota

Que o céu está completamente nu; à luz

De estrelas, a água brota

E é belo o que ela reproduz;

A aurora é sempre um nascimento;

E contudo, eu sei muito bem

Que a glória passou por nós em algum momento.

IV

(…), Mas uma, uma Árvore existe,

Uma Planície que em minh’alma inda persiste,

Lembrando o que se foi e hoje e me deixa triste:

E o Amor-Perfeito

Diz: Que foi feito

Do vislumbre visionário?

Dos sonhos? Do esplendor vário??

Acima estão os fatos que perturbam o poeta e as questões que as contemplações desses fatos geram. Com a verdadeira intuição de poeta, ele passa a explicar o assunto (versos 59 a 72):

V

Nosso nascer não passa de sono e de oblívio:

A Alma que nasce com nós, nosso Astro Vital,

Vive longe de onde vive o

Trajeto de seu fanal;

Não no esquecimento inteiro

Nem na nudez por inteiro,

Mas, arrastando nuvens de glória, viemos

De Deus — nele vivemos —:

É o Céu que a nós circunda e a nossa meninice!

As sombras da prisão começam a cobrir

O Menino que cresce;

Mas ele vê a luz, sabe aonde ela vai ir

E sabe que ela o acresce;

A Juventude, em sacerdócio à Natureza,

Viaja ao Leste numa empresa

Guiada pela

Visão mais bela;

E ao largo o Homem vê que sua vida acaba

E que na luz do hábito ela enfim desaba.

VI

A Terra enche o colo com prazeres seus;

A Terra possui ânsias que ela mesma mantém,

E, possuindo um algo maternal também,

E honesta em seu intuito,

A Terra, ama-de-leite, empenha-se

P’ra que o filho adotivo, a Humanidade, abstenha-se

De todos seus apogeus

E do que nele for trajetória e for muito.

VIII

Você, cujo semblante exterior desmente

Teu valor inerente;

Você, grande Filósofo, que mantém ainda

A herança; você, que é a Visão entre a cegueira,

Que, surdo e mudo, lê a profundeza infinda

Sempre assombrada pela mente altaneira, —

Ó Vidente! Ó Profeta!

Que a verdade afeta

E a quem nós procuramos de qualquer maneira,

Por toda a vida, presos no escuro da cova;

Você, sobre quem flui a Fonte da Existência

Que escraviza ao mesmo tempo que renova,

Algo impossível de se ignorar a presença;

A quem a cova

É cama solitária sem sentido ou luz

Do que lá fora luz,

Um lugar onde se descansa e onde se pensa;

Você, Criança, ainda ilustre na amplitude

Da aérea liberdade de tua atitude,

P’ra quê, com dores tão solenes, provocar

Os anos a te darem o que eles vão te dar,

Assim tão cega e santa imersa na batalha?

Não tarda e teu espírito cai no retardo

De uma rotina que imporá a ti um fardo

Que pese e quase como a vida se equivalha!

Não é de se admirar que Cristo disse: “a menos que se tornem como uma criança, de maneira nenhuma entrareis no Reino dos Céus”. Na verdade, as criancinhas ao nosso redor, que recentemente deixaram o Mundo Celeste, ainda têm esse estado agarrado a elas; elas estão real e verdadeiramente parcialmente no Céu. Para elas, toda a natureza externa parece fazer parte do seu próprio ser; não há uma compreensão nelas deste mundo e do que tudo isso significa. Sua gloriosa imaginação torna real tudo o que elas veem a seu respeito, da maneira que desejam.

Aqui em Mount Ecclesia esses fatos são apresentados a nós todos os dias por nosso pequeno e maravilhoso mascote, Herman Miller. “Poderoso Profeta! Vidente abençoado!” se aplica a ele em todos os detalhes; há para ele uma luz no mundo que não brilha para nenhum de nós e ele é uma fonte constante de admiração para todos aqui. De acordo com nosso conhecimento do fato de que o seu Corpo Vital ainda não foi formado e não será concluído até o sétimo ano de vida, não nos esforçamos para lhe ensinar coisa alguma, mas ele se interessa por muitas coisas curiosas, que lhe dão experiência e ensino; isso é mais do que poderia ser transmitido pelo esforço de enchê-lo com algo que já preparamos e que estamos fadados a enfiar em sua garganta, seja ele capaz de engolir ou não.

Esse método de enfiar informação nas crianças para torná-las precoces infelizmente resulta, muitas vezes, em atrofiamento para o resto da vida. Durante aqueles primeiros sete anos, a contraparte do Corpo Vital, que está, então, em processo de gestação (a saber, o Espírito de Vida), atua através da criança como uma imaginação poderosa e ensina pela intuição o que ela deve saber, de um modo muito mais eficiente do que nosso melhor currículo poderia ser.

Herman tem uma pequena carroça de quatro rodas com pedais que ele empurra e por vários meses ele a chamou de seu Ford; mas em agosto passado, quando uma família veio de North Yakima para Mount Ecclesia, Herman começou a ter novas ideias, observando o automóvel Overland do Sr. Swigart e andando nele, além de ter observado como se lubrificava e cuidava daquele automóvel. A primeira coisa que notou foi que era preciso encher os pneus. Imediatamente ele pegou de um dos jardineiros uma velha bomba que tinha sido usada para borrifar água nas flores do jardim. Seu “Ford” havia adquirido pneus imediatamente e agora era necessário enchê-los com frequência para que o “Ford” andasse melhor.

Ele tem a qualidade de “tempo musical” com perfeição e pode imitar quase qualquer som mecânico, entre outros o barulho de um motor à gasolina e é um verdadeiro prazer ouvi-lo ligar o motor. Primeiro, os ruídos espasmódicos e separados que imitam as primeiras explosões; depois, o estágio laborioso e lento da explosão; finalmente, conforme o motor ganha velocidade, as explosões tornam-se mais regulares, frequentes e menos trabalhosas; ele faz tudo com perfeição, de modo que quase se acreditaria que ele deu partida em um motor de verdade.

O automóvel Overland do Sr. Swigart tinha um arranque automático e luzes elétricas. Imediatamente Herman foi até Roy, nosso impressor e eletricista, e lhe pediu uma velha bateria elétrica. Isso ele instalou em seu “Ford”; além disso, ganhou uma lâmpada velha e queimada para fazer a luz elétrica, mais um fusível que seria a chave. Em seguida, seu “Ford” foi equipado com as melhorias mais recentes. Mas, aconteceu que o Sr. Swigart queimou o interruptor em uma viagem e imediatamente o “Ford” de Herman desenvolveu os mesmos sintomas. Ele começou a queimar o interruptor de sua partida elétrica regularmente; ele sempre foi, no entanto, capaz de consertar e fazer funcionar. Para todos os efeitos, no que lhe diz respeito, aquela pequena carroça é um carro moderno e de primeira classe, equipado com todas as melhorias modernas, no qual ele anda todos os dias. De manhã, ele sai apressado e pega seu “Ford” na garagem; então ele caminha para o refeitório; ali ele para e toma seu café da manhã; em seguida, ele dá uma volta pelo terreno e, às vezes, o usa como um caminhão para recolher pedras para a Sra. Heindel, que ele então deposita em pilhas na esquina das estradas. Ao meio-dia ou à noite ele é sempre visto no refeitório com seu “Ford”, que fica do lado de fora, esperando por ele até que ele termine sua refeição.

Há apenas um problema em seu “Ford”; apenas um detalhe em que é inferior: não sobe colinas ou ladeiras. Outro dia ele conheceu o homem da garagem, que vinha levar alguns passageiros para o depósito. Esse homem estava intensamente interessado em sua ideia mecânica e deu-lhe um livro com fotos, mostrando as várias partes do motor. Ficamos muito surpresos outro dia, quando Herman apareceu e nos disse que agora ele conhecia tudo sobre motores; sabia como iniciá-los e gerenciá-los. Ele então nos mostrou na foto o que era a embreagem, o freio, o botão de arranque e o botão magneto. Em seguida, foi questionado sobre como ligaria a máquina; imediatamente disse que pressionaria o botão do magneto (ele sabia a diferença entre este botão e o da lâmpada), o botão de arranque, tiraria o pé do freio e soltaria a embreagem. Ele havia estudado todo o problema sozinho e certamente ficamos mais do que surpresos, pois ele estava certo em todos os detalhes.

Bem, é uma velha história a de que toda mãe pense que seu ganso seja um cisne. Nós, em Mount Ecclesia, certamente desejamos algo de Herman, quando ele crescer, e acreditamos que, ao deixá-lo passear pelos primeiros anos da sua vida sem treinamento sistemático algum, ao mesmo tempo respondendo a todas as suas muitas perguntas como responderíamos a uma pessoa adulta, tratando seus problemas com a mesma consideração séria que daríamos a um adulto, ele aprenderá a recorrer a essa maravilhosa fonte de imaginação e intuição, a contraparte do Corpo Vital, o Espírito de Vida, a imaginação e intuição agora cultivadas não o deixarão nos anos posteriores, mas o capacitarão a visualizar as coisas que ainda estão nos Mundo espirituais e trazê-las para o reino material, como fazem todos os inventores.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro de 1916 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: William Wordsworth (1770 – 1850) foi um dos maiores poetas e escritores do Romantismo inglês. Os trechos abaixo é do poema Ode: Intimations of Immortality. Uma das obras-primas de Wordsworth, a ode canta a compreensão comovente do narrador maduro de que a relação especial da infância com a natureza e a experiência se perdeu para sempre, embora a memória inconsciente desse estado de ser permanece uma fonte de sabedoria no mundo. O poema de 11 estrofes foi escrito no estilo da ode Pindárica irregular.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Um caso de Renascimento ou de Obsessão?

Pergunta: Jornais noruegueses noticiaram, certa vez, um fato considerado por muitos como uma prova evidente do renascimento. A pessoa envolvida no caso, uma jovem estudante de 18 anos de idade, foi vítima de uma acidente, permanecendo quatro dias em estado de coma, durante os quais temeu-se pela sua vida. Mas, ao voltar a si, após esse lapso de tempo, surpreendeu a todos, respondendo às perguntas formuladas, em idioma russo, língua que jamais havia aprendido. Não reconheceu seus familiares, ignorando inclusive como havia chegado àquela situação. Disse chamar-se Ninha Taskourysch, nascida em São Petersburgo em 17 de março de 1897, fato esse que intrigou o médico atendente.

Um jornalista norueguês interessou-se sobremaneira pelo caso. Procurou provas a respeito, constatando, após algum tempo, a existência do registro de nascimento de Nina Taskourysch em São Petersburgo, na data acima mencionada. Porém, suas pesquisas não pararam por aí. Localizou duas irmãs vivas de Nina, as quais, além de lhe informar que o passamento dela se dera em 1916, em virtude de uma pneumonia, mostraram-lhe uma fotografia da falecida, tirada em 1915.

Ao voltar à Noruega, o jornalista mostrou a foto à acidentada, que exclamou: “Sou eu mesma. Onde você obteve essa fotografia?”

Como resultado dos acontecimentos procedeu-se a uma reunião de psicólogos, médicos e teólogos, a fim de debater-se a possibilidade ou evidência de renascimento.

Não posso compreender como essa jovem, falecida aos 19 anos de idade, retornou tão cedo à existência terrena, após 29 anos. Tivesse ela 9 anos, renasceria para auxílio complementar (de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes), assim sendo, também, como se explica uma mudança tão completa de personalidade?

Resposta: Parece-nos tratar-se mais de um caso de obsessão do que propriamente renascimento. Existem nos Éteres inúmeras entidades desencarnadas. Algumas, quando surge oportunidade, desalojam alguém do próprio Corpo Denso, apossando-se dele como fazem com os médiuns.

Essa jovem norueguesa, devido ao choque oriundo do acidente, provavelmente não conseguiu evitar que “Nina” mansamente penetrasse em seu Corpo Denso. Um Auxiliar Invisível altamente desenvolvido, treinado para esse tipo de trabalho, poderá ser de grande ajuda em casos dessa natureza.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross, traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em dezembro/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Prática do Hipnotismo

A prática do hipnotismo traz sérias consequências tanto para o praticante como para suas vítimas.

Envolve interferência com o livre arbítrio do Ego.

O hipnotizador projeta-se no cérebro de outra pessoa e torna-a sujeita à sua vontade.

Mesmo quando isso é feito com o propósito altruísta de libertar uma pessoa de um hábito que a escraviza, como drogas ou bebidas alcoólicas, não é justificável.         

A cura não é permanente até que o próprio sofredor tenha vencido o vício por si mesmo. Portanto, quando um hipnotizador cura o corpo, ao expulsar a vontade do Ego, usando-o e suplantando-o com seu próprio poder de vontade, ele simplesmente priva o Ego da oportunidade de aprender a lição que algum dia deverá dominar.

O ganho aparente imediato é realmente uma perda.

A lição a ser aprendida foi adiada; também, o poder da vontade da vítima foi enfraquecido pelo processo.

O livre arbítrio é a herança mais valiosa de um Ego, durante esta peregrinação terrestre.

Uma pessoa que trabalha para suplantar a vontade de outra, mesmo quando os motivos possam ser definidos como bons, traz para si consequências desastrosas.

Pelo poder da vontade, o Ego monta a escada da evolução que conduz à divindade.

Essa vontade é enfraquecida no indivíduo que se submete ao hipnotismo, no qual o estado da vontade do hipnotizador suplanta a vontade dos hipnotizados, que estão completamente sob domínio dele.

No entanto, uma pessoa não pode ser colocada “sob o feitiço” se sua própria vontade for mais positiva do que a do hipnotizador.

Quando o controle sobre outro é para fins de diversão ociosa ou para ganhar alguma vantagem egoísta, as consequências do erro são ainda mais graves.

Aqueles que entregam sua vontade a outro têm a tarefa de recuperar o poder de vontade que se perdeu.

Aqueles que tenham vitimado outros serão convocados, sob a Lei da Justiça, para ajudar suas vítimas a recuperar seus poderes enfraquecidos.

Eles também estão sujeitos a graves enfermidades físicas em futuros renascimentos.

Tal é o destino frequente de um hipnotizador profissional. Através de um corpo deformado e inútil, o Espírito aprenderá a enormidade do erro em usar o corpo de outra pessoa indefesa, substituindo sua própria vontade pela de seu legítimo ocupante.

A prática generalizada do hipnotismo em nosso tempo, juntamente com o fluxo de literatura favorável ao assunto, é outra evidência das forças desintegradoras que ameaçam retardar nossa civilização e causar o colapso.

A integridade no pleno significado dessa palavra é a grande necessidade do nosso tempo – integridade em nossa vida pessoal e pública, integridade na vida comercial, profissional e governamental.

O ser humano deve se tornar um ser atuante harmonioso e único, antes de poder construir uma vida bem-sucedida e tornar-se uma unidade sintonizada com a construção de uma comunidade saudável, uma cultura saudável e uma civilização duradoura.

Assim, todos os nossos vícios, defeitos, falhas, erros, problemas e os outros desejos inferiores estão no Corpo de Desejos e é nosso dever dominá-los pelo poder da vontade. 

Essa é a razão pela qual estamos na escola da experiência chamada vida, e nenhum outro ser pode crescer moralmente por nós, como, também, ninguém pode digerir o alimento por nós. 

A Natureza não pode ser ludibriada.

O único caminho permanente, para se vencer qualquer vício, é pela própria vontade.

É nosso dever nos proteger de quaisquer tentativas de nos dominar por algo externo.

Por esse motivo é melhor não nos expormos desnecessariamente tomando parte como espectadores em demonstrações de hipnotismo, porque a atitude negativa que a pessoa adote pode conduzir facilmente à obsessão.

Deveríamos seguir sempre o conselho de São Paulo e revestir-nos com a armadura de Deus.

Devemos ser sempre positivos em nossa luta pelo bem contra o mal e nunca perder a ocasião de colaborar com os Irmãos Maiores em palavras ou atos, na Grande Guerra que se efetua pela supremacia espiritual.

Que as Rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Amor a Deus

O primeiro dos Dez Mandamentos dados por Deus a Moisés foi: “amar a Deus sobre todas as coisas“. Que também pode ser interpretado como: “não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20:1-3).
Além disso, estes Dez Mandamentos é um magnífico sumário da melhor legislação antiga. Entretanto, Cristo-Jesus conseguiu ainda apresentar-nos uma síntese que mais do que genial deve ser qualificada como divina. Esses 10 mandamentos estão contidos nos dois preceitos: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:40).
Embora dados por Deus no Antigo Testamento, são estes Dez Mandamentos o fundamento da moral Cristã, porque foram explicitamente ratificados por Cristo e seus Apóstolos: “não julgueis que vim destruir a lei ou os profetas. não vim a destruí-los, mas sim a dar-lhes cumprimento.” (Mt 5:17 e Rom 8:7).

E por falar em Lei, estas, em sua maioria, se constituem de proibições. O motivo é que a Lei é uma súmula do que devemos observar obrigatoriamente. O resto fica por conta do livre arbítrio de cada indivíduo e do seu modo de ser.

O Primeiro Mandamento deixa subentender a onipresença de Deus. De fato, Ele está em toda a criação e além dela. Dependendo do grau de consciência do Reino de Vida ou do indivíduo em evolução, a manifestação de Deus é vista de uma ou de outra maneira.

Durante a chamada Involução, curva descendente que nos levou do nosso Mundo, o Mundo dos Espíritos Virginais, a esse Mundo Físico estávamos sob um processo de desenvolvimento inconsciente. O foco era o interesse pessoal de se desenvolver, de formar os nossos veículos para que pudéssemos trabalhar nos diversos Mundos. E foi assim que nos afastamos da compreensão da onisciência de Deus.

Por outro lado, foi esse foco no interesse pessoal que nos fez avançar no Caminho da Evolução. Com esse afastamento da compreensão da onisciência de Deus, criamos outros deuses, acreditando que estes são verdadeiros, tais como: Riquezas, Poder e Fama.

Parece que nos esquecendo da existência de outro Mundo senão esse Mundo Físico, (aliás, nem todo o Mundo Físico, senão somente a Região Química), criamos, cortejamos, idolatramos e buscamos esses deuses desse Mundo.

Entretanto, o Primeiro Mandamento nos instrui a não termos outros deuses. E é certo que ninguém pode servir a dois senhores: ou servimos a Deus ou servimos ao Mundo! Por isso exorta, insistentemente, o Apóstolo São Pedro que: “vivamos neste mundo como estrangeiros e peregrinos” (1Pdr 2:11).

Agora, isso não quer dizer que devemos ser materialmente pobres, ou que recusemos cargos importantes relacionados ao nosso trabalho, ou que, ainda, fujamos da fama e que nos afastemos do amor. Pelo contrário, ao exercermos essas habilidades, mostremo-nos desapegados, tratando-as como uma administração de talentos que temos o privilégio de receber de Deus para melhor evoluirmos. Nada disso nos pertence!

Quando nos é colocado uma oportunidades como essa a disposição, é para que multipliquemos nossos talentos. É para usarmos como exemplos para os nossos irmãos mais débeis. Como podemos ver na Parábola dos Talentos em no Evangelho Segundo São Mateus 25:14-30. Somos somente depositários dessas habilidades!

Todo esse apego a tais habilidades, buscando enfocá-las nesse Mundo Físico fazia sentido durante a Involução. Lá sim, era espantosa a nossa avidez em acumular bens seja por meio: do poder, da fama, da fortuna ou do egoísmo. Isso é totalmente coerente e explicável, naqueles tempos. Isso porque estávamos somente sob o regime de Jeová. Esses bens acumulados se convertiam em sinais externos de que estávamos vivendo conforme suas diretrizes, suas Leis. No entanto, o processo de involução e conquista da Região Química do Mundo Físico já constituiu nossos objetivos de vida na Terra e já usufruímos de toda a experiência que esse estágio poderia nos oferecer! Estamos há muito tempo na Evolução, a curva ascendente que está nos levando desse Mundo de volta ao nosso Mundo, o Mundo dos Espíritos Virginais.

Então, agora, quando recebemos de Deus o privilégio de administrar esses talentos o objetivo é outro. Não precisamos mais acumular esses bens para mostrar a Jeová que estamos vivendo sob suas Leis!

Já aprendemos a construir os nossos veículos: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente. Já estamos utilizando-os para nosso progresso. Já estamos funcionando sob a diretriz do Cristo.

Nesse caminho ascendente da Evolução o objetivo é outro: a aquisição de experiência através da sutilização dos nossos Corpos. E como se sutiliza um Corpo? Através da obtenção da quintessência extraída de cada um deles, trabalhando na parte superior de cada um. Assim, não os deixaremos que eles se cristalizem. Utilizar os nossos Corpos para servir é sutilizá-los.

Por outro lado, utilizar os nossos Corpos para acumular é cristalizá-los. Mais uma vez: isso não significa que devemos ser pobres materialmente ou que recusemos cargos influentes ou que fujamos a fama ou que nos afastemos do amor.

Afinal, muitas vezes, a pobreza material não é virtude; é sinal de omissão, de irresponsabilidade ou de dívidas contraídas em vidas anteriores e pagas nesta! Virtude, sim, é ter e não possuir.

O fato de termos posses materiais deve ser encarado como privilégio dado por Deus de podermos administrar essas posses, mostrando-nos desapegados delas creditando tudo a Deus. Mas, não nos preocupemos em adquirir mais e mais posses materiais. Lembremo-nos que a única fortuna pela qual “devemos lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os nossos irmãos”. Essa orientação pode ser buscada no Evangelho Segundo São Lucas 12:27: “Olhai como crescem os lírios: eles não trabalham, nem fiam e, contudo, eu vos afirmo que nem Salomão em toda a sua glória se vestia como um deles. Se, pois, ao feno do campo, que hoje é e amanhã é lançado no forno, Deus veste assim quanto mais a vós, Homens de pouca fé?

Ou, ainda de outra forma no Evangelho Segundo São Mateus 6:33: “Buscai, pois primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça e, todas essas coisas se vos acrescentarão“.

Muitas vezes a ausência do poder pode ser sinônimo: de egoísmo, de comodismo ou de restrição nesta vida como consequência do abuso do poder em vidas anteriores. O poder é um talento dado por Deus para que possamos auxiliar nossos irmãos no Caminho da Evolução.

O poder aqui mencionado não é aquele usado para tirar vantagem de um irmão ou de uma irmã mais débil. Não é aquele que, aliado a astúcia, nos faz esmagar o irmão ou a irmã que precisa de ajuda tirando dele tudo o que podemos para proveito próprio. Se a nós foi dado o privilégio de exercer esse poder, ele deve ser usado para melhorar a humanidade, para nos ajudar a discernir onde podemos aplicá-lo e servir melhor e mais eficientemente, com amor e sincero profundo sentimento de serviço. Ilusório acharmos que o poder que adquirimos aqui e que julgamos com o qual influenciar o nosso entorno é verdadeiro. “qual sombra acaba a vida do homem.” (Sl 143:4).

Muitas vezes a ausência de fama significa: comodismo, apatia, egoísmo, medo ou covardia. As oportunidades nos são dadas de acordo com o nosso grau de desenvolvimento. Se esse requer nossa exposição, devemos aproveitar para darmos um bom exemplo de como devemos viver a vida. O saber que estamos sendo observados e comentados deve ser encarado como grande responsabilidade de administrar um talento dos mais importantes. Afinal, aprendemos que: “um exemplo vale mais do que mil palavras”.

Mas a fama aqui não é o desejo de ser: cortejado, paparicado, aparecer nas colunas sociais, ser tido como exemplo intelectual num grupo ou ser reconhecido como um guru, um orientador, um guia espiritual. A fama que fazemos referência aqui é aquela que todos nós devemos aspirar, ou seja, aquela que possa aumentar a nossa capacidade de transmitir a Boa Nova, a fim dos sofredores poderem encontrar o descanso para a dor de seu coração.

Afinal, a fama desse mundo é transitória. Busquemos a graça de Deus! Pois toda a fama temporal e toda grandeza humana, comparada com a glória de Deus não passa de vaidade. Como estudamos no Evangelho Segundo São João 5:44: “busquem os judeus a fama uns dos outros, eu busco aquela que vem só de Deus“. O perigo de todo esse processo é sermos envolvidos pela vaidade, orgulho pessoal e desvirtuar esse importante talento, tornando-nos um guru ou um guia para um determinado grupo, fato totalmente contrário por quem seguem os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, a Fraternidade Rosacruz.

Lembremo-nos da importantíssima premissa do método Rosacruz de conhecimento direto: “O método Rosacruz procura desenvolver, desde o princípio no aspirante, a confiança em si, o domínio próprio o esclarecimento a respeito de sua própria natureza e Deus que o criou.”. Se queremos que seja assim conosco, ajudemos a despertar nos nossos irmãos e em nossas irmãs essa mesma diretriz desde o momento primeiro!

Muitas vezes o afastamento do amor significa: uma opção pela vida em egoísmo, ou em amor familiar, ou em amor escolhido como se tivéssemos sabedoria suficiente para saber quem está certo ou errado quem supostamente “mereceria” o nosso amor. O amor-próprio nos prejudica mais que qualquer outra coisa no mundo.

Cada coisa pode nos prender mais ou menos a esse mundo material, segundo o amor que temos para com essa coisa. Se o nosso amor for puro, simples e bem ordenado, tenhamos a certeza de que de nenhuma dessas coisas seremos escravo.

Portanto, o amor que devemos buscar, cultivar, aspirar e vivenciar é aquele “unicamente da alma, que abarca todos os seres elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe”.

Pois: “nada há estável debaixo do Sol, onde tudo é vaidade e aflição de espírito.” (Ecle 1:14).

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Lavabo de Bronze do Tabernáculo no Deserto

O Lavabo de Bronze, no Tabernáculo no Deserto, era um grande lavatório redondo, mantido sempre cheio de água. É dito na Bíblia que estava sobre as costas de doze grandes bois, também feitos de bronze e que as partes posteriores desses 12 grandes bois estavam voltadas para o centro do lavatório. Entretanto, na Memória da Natureza parece que esses animais não eram grandes bois, mas representações simbólicas dos doze Signos do Zodíaco. Naquele tempo, a humanidade estava dividida em doze grupos, um grupo para cada Signo zodiacal. Cada animal simbólico atraia um raio particular e, tal como a água benta usada atualmente nas igrejas católicas é magnetizada pelo padre, durante a missa, assim também a água desse Lavabo era magnetizada pelas Hierarquias divinas que guiavam a humanidade.

“Faça uma bacia de bronze, com a base de bronze, para as abluções. Coloque-a entre a tenda da reunião e o altar; depois a encha de água. Nela, Aarão e os filhos dele lavarão as mãos e os pés. Eles se lavarão com água, quando entrarem na tenda da reunião, para que não morram; farão o mesmo quando se aproximarem do altar para oficiar, para queimar uma oferta a Javé.” (Ex 30:18-20).

Não pode haver dúvida quanto ao poder da água benta preparada por alguém que tenha um caráter muito forte e magnético. Ela adquire ou absorve os eflúvios do Corpo Vital de quem a preparou, e as pessoas que a usam se tornam receptivas às suas sugestões em um grau proporcional à sensibilidade delas. Consequentemente, o Lavabo de Bronze, nos antigos Templos de Mistérios Atlante, onde a água era magnetizada pelas Hierarquias divinas de poder imensurável, era um fator poderoso para guiar o povo de acordo com os desejos desses poderes instituídos.

Por isso, os sacerdotes estavam perfeitamente sujeitos aos mandatos e ordens de seus líderes espirituais invisíveis, e por meio deles, o povo foi guiado cegamente. Era exigido dos sacerdotes que lavassem as mãos e os pés antes de adentrar no Tabernáculo. Se essa ordem não fosse obedecida, a morte aconteceria imediatamente, assim que o sacerdote entrasse no Tabernáculo. Portanto, podemos dizer que, como a palavra-chave do Altar de Bronze era “justificação”, então a ideia central do Lavabo de Bronze era “consagração”.

Muitos são chamados, mas poucos são escolhidos[1]. Temos o exemplo do jovem rico[2] que perguntou a Cristo o que ele deveria fazer para ser perfeito. Ele afirmou que havia cumprido a lei, mas quando Cristo lhe ordenou: “Segue-me”, ele não pôde, pois possuía muitas riquezas que o prendiam tão firme como uma prensa. Como a grande maioria, ele ficaria feliz se pudesse somente escapar à condenação e, como muitos, ele não estava muito interessado em se esforçar para alcançar a merecida recompensa pelo serviço. O Lavabo de Bronze é o símbolo da santificação e consagração a uma vida de serviço. Assim como Cristo iniciou Seus três anos de ministério por meio das águas batismais, assim também, o Aspirante ao serviço no antigo Templo devia se santificar na corrente sagrada que fluía do Mar Fundido. E o Maçom místico que se esforça para construir um templo “sem ruído de martelo” e nele servir deve, também, se consagrar e se santificar. Ele deve estar disposto a desistir de todos as posses terrenas para poder seguir o Cristo Interno. Embora ele possa preservar seus bens materiais como um depósito sagrado e usá-los como um administrador sábio usaria as posses de seu patrão. E devemos estar realmente prontos para obedecer ao Cristo Interno quando Ele disser: “Siga-Me”, ainda que a sombra da cruz apareça sombria no final, pois, para os propósitos superiores, sem esse total desapego da vida para a Luz não pode haver progresso. Do mesmo modo, como o Espírito desceu sobre Jesus quando ele emergiu da água batismal da consagração, também o Maçom místico, que se banha no lavabo do Mar Fundido, começa a ouvir vagamente a voz do Mestre dentro do seu próprio coração, lhe ensinando os segredos do Ofício para que ele possa usá-los em benefício dos outros.


[1] N.T.: Mt 22:14

[2] N.T.: Aí alguém se aproximou dele e disse: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?”. Respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos”. Ele perguntou-lhe: “Quais?”. Jesus respondeu: “Estes: Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honrarás pai e mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Disse-lhe então o moço: “Tudo isso tenho guardado. Que me falta ainda?”. Jesus lhe respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me”. O moço, ouvindo essas palavras, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens. (Mt 19:16-30; Lc 18:18-30)

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro  Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Relato do Passamento de Max Heindel

Segunda-feira, 6 de janeiro, às 8:25 da noite, o Sr. Max Heindel foi chamado para o além. Ele estava se sentindo muito bem até algumas horas antes, estava de pé em frente à mesa da Sra. Heindel esperando uma sugestão dela sobre uma carta que havia escrito. Ele caiu lentamente no chão com um golpe de apoplexia, enquanto sorria para ela, e não recuperou a consciência completa.

Seu falecimento não foi totalmente inesperado para a Sra. Heindel, conhecendo sua condição física há anos, e que sua grande persistência e vida pura possibilitaram que ele prolongasse sua permanência em um corpo que era pequeno demais para o grande espírito que havia sofrido por anos por causa de um ferimento no pé esquerdo quando criança, e maus-tratos dos médicos que retiraram todas as artérias principais e mutilaram o osso, atrapalhando a circulação perfeita. Mas ele estava sempre sorrindo, nunca reclamando, embora raramente estivesse livre da dor.

Ele estava muito feliz em sentir que agora o trabalho havia alcançado o estágio em que ele e a Sra. Heindel poderiam deixar Mount Ecclesia, que havia membros e trabalhadores fiéis à Fraternidade Rosacruz e eficientes que agora podiam cuidar do movimento Rosacruz em rápido crescimento, poderiam atender às solicitações de livros, também poderia cuidar das correspondências, etc. Enquanto muitos Probacionistas e Discípulos já estavam espalhando a mensagem dos Irmãos Maiores por meio das palestras e conferências, ele estava pensando em começar, no início de abril, uma viagem para o leste e para a Inglaterra, mas Deus tinha um trabalho maior para ele fazer.

(Publicado na Revista Rays from the Rosecross de março de 1919 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

O passamento de Max Heindel

Relato de Augusta Foss Heindel

“Sábado à tarde, dia 4 de janeiro, tínhamos a nossa celebração retardada de Ano Novo. Alguns de nossos amigos das cidades vizinhas estiveram presentes para celebrar conosco e a biblioteca estava cheia de rostos alegres. Nesta noite, Max Heindel era o mais animado de todos e cantou várias canções com sua profunda e melodiosa voz. Uma canção de que ele gostava muito era “Ben Bolt”. No domingo e na segunda-feira ele estava muito quieto e pensativo, trabalhando para organizar os seus papéis. Estava desejoso que a autora lhe fizesse companhia no seu escritório. No seu último dia de vida (6 de janeiro de 1919), por várias vezes pediu à autora, que se sentasse ao seu lado para conversar. Quando ela lhe respondia que não desejava atrapalhar o seu trabalho, ele respondia: “Mas eu gosto muito de tê-la por perto, adoro suas visitas.”. Alguns minutos depois das 16 horas ele entrou no escritório dela com uma carta que havia escrito ao agente postal. Tratava-se de um requerimento para o correio organizar um sistema de entrega diária para Mount Ecclesia. Ele sempre fazia questão de ouvir a opinião da autora sobre qualquer coisa que lhe ocupava a atenção.

Enquanto a Sra. Heindel lia aquela carta, ele permaneceu próximo a ela apoiando a mão na escrivaninha. De repente ele deslizou para o solo, caindo ao seu lado. Era uma queda estranha, pois parecia que mãos invisíveis cuidavam da sua queda, permitindo que deslizasse suavemente. Quando ela se debruçou sobre ele, suas últimas palavras foram: “Estou bem, querida”. Em seguida perdeu a consciência, sendo carregado para o quarto dele, adjacente aos escritórios. Os funcionários fizeram na Pró-Eclésia (capela) uma reunião de cura por ele. A autora permaneceu ao seu lado, e em torno das oito horas ele abriu os olhos, sorriu para ela, e partiu da sua morada terrestre para outra morada no lar de Deus.

O mais notável em torno da sua passagem foi que o seu veículo físico manteve sua aparência perfeita mesmo sem estar refrigerado (e naturalmente sem líquido de embalsamamento). Permaneceu tão natural durante três dias e meio que alguns amigos recearam que ele não estivesse morto. Suas bochechas mantiveram a cor que tinham quando ele ainda vivia. A autora havia decidido que, se não houvesse nenhuma mudança no estado do corpo até chegar ao crematório de San Diego, eles o guardariam por vários dias; mas isso não foi preciso, pois enquanto na Capela liam o ritual, Max Heindel apareceu à autora, para assegurar-lhe que tudo estava em ordem. O corpo foi então cremado e as cinzas jogadas nas raízes da roseira e nos pés da Cruz do Símbolo Rosacruz.

Alguns amigos levantaram a questão: “Não seria possível que Max Heindel estivesse ciente da sua morte próxima?” Durante várias semanas antes do acontecido, calculávamos juntos as Efemérides para o ano de 1920 e dividíamos os trabalhos: ele, calculando as longitudes e a autora as declinações. Porém, desta vez, Max Heindel começou a insistir com a autora para ela calculasse as Efemérides inteira. Um dia ela perguntou: “Querido, por que motivo você me está pedindo para fazer este trabalho sozinha? Você pensa que vai me deixar?”. E ele respondeu: “Não querida, eu só quero poder dizer às pessoas que você fez sozinha estas Efemérides toda. Quero que elas se orgulhem de você.”. Esta solicitude e a preparação cuidadosa continuou por várias semanas antes que fosse chamado. Todos os seus papeis estavam cuidadosamente ordenados. Dois meses antes de morrer, ele encontrou-se com seu advogado em San Diego para tratar de alguns documentos. Lá, sem mencionar que tinha essa intenção transferiu como doação, todos os direitos autorais, incluindo as gravuras, para o nome da autora. Em anos posteriores, este gesto foi de grande valia, pois significou a salvação de Mount Ecclesia e a continuidade do trabalho da Fraternidade Rosacruz.

Quando seu testamento foi analisado, constatou-se que o terreno tinha sido adquirido por ele antes que a Fraternidade fosse incorporada. Na escritura ele afirmou que tinha adquirido este terreno para a Fraternidade na condição de curador. Quando a escritura foi discutida e o testamento autenticado, o Juiz decidiu que, como não tinha havido incorporação na ocasião de autenticação do testamento, o terreno pertencia a Sra. Heindel e seus herdeiros.

O testamento foi aprovado em 1919, e em 1920 a autora doou as terras para a Fraternidade Rosacruz. Hoje a Fraternidade tem a posse legal de todos os cinquenta acres que compõem a Sede Central (Mount Ecclesia).

Sempre houve muita especulação em torno da continuidade dos trabalhos depois que Max Heindel e Augusta Heindel fossem para o grande além. Numerosos esforços foram feitos, com Max Heindel ainda vivo, para se ter o controle de todas as publicações como também da Fraternidade. E quando se perguntava a Max Heindel quem seria o líder em Mount Ecclesia quando o casal Heindel tivesse partido, a resposta dele sempre era a mesma: aqui não haverá líderes; o Conselho Diretor se encarregaria da direção de todo o trabalho que então estaria sob a sua responsabilidade direta.”.

Memoirs about Max Heindel and The Rosicrucian Fellowship

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Meu Tributo a Max Heindel

por Corinne Heline

Queridos amigos, meu coração está muito feliz por poder estar aqui com vocês nesta ocasião e prestar minha pequena homenagem a nosso amado Max Heindel. Gostaria de contar-lhes sobre o dia em que conheci este homem extraordinário e, para fazer isso, terei que falar rapidamente sobre a minha vida pessoal. Espero que me perdoem por isso.

Talvez vocês saibam, pela minha maneira de falar, que nasci e fui criada no Sul. Eu era filha única e os meus primeiros anos foram cheios de dedicação por minha adorada mãe. Ela foi sempre para mim como uma linda fada. No entanto, ela era frágil e os dias de minha infância eram envoltos em medo de que algum dia eu poderia perdê-la. 

Assim, decidi, naquela época, que se ela morresse eu iria com ela.

Como podem ver, eu não sabia nada sobre o Renascimento e a Lei de Consequência. Nasci procurando a Luz e respostas para perguntas que nem sequer sabia formular. Não compreendia exatamente o que estava buscando. Consequentemente, não tinha ideia onde achá-las. E, como todos sabem, o Sul é profundamente ortodoxo e conservador, mas uma coisa eu sabia: que em algum lugar devia haver uma resposta mais adequada para os problemas da vida e da morte do que a ortodoxia dava e estava determinada a encontrá-la.

Enquanto isso, minha mãe ficava cada vez mais fraca e eu estava sempre cheia de medo de perdê-la. Alguns meses antes de sua doença fatal, uma amiga me telefonou e disse ter encontrado um livro novo que ela estava certa de que era exatamente o que eu estava procurando. Naquela mesma tarde eu fui à casa dela e vocês podem adivinhar que o livro era o “Conceito Rosacruz do Cosmos”.

Quando vi a Cruz de Rosas e li que nós tínhamos que transmutar as rosas vermelhas em uma rosa branca, eu soube que finalmente tinha encontrado o que queria. Naquela noite, antes de dormir, meu pedido já estava no correio a caminho de Oceanside. Contei os dias até o inestimável livro chegar e, assim que ele chegou, o médico disse que minha mãe tinha que se submeter a uma operação muito séria. Então, esse livro passou a ser meu companheiro inseparável. Dormia com ele debaixo do travesseiro, pois, embora pareça estranho, ele era o único consolo que o mundo poderia me dar. Depois da operação, o médico disse que não havia esperança e que ela só teria alguns meses de vida.

Eu continuava apegada ao meu abençoado livro. Então, de repente, tive um pensamento novo e estranho. Será que eu devia me matar e ir com minha mãe como tinha planejado ou deveria ir para Oceanside e dedicar minha vida ao trabalho de Max Heindel? A segunda parte da pergunta era a resposta. Estava decidida e, dez dias depois que minha mãe me deixou, eu estava em um trem, o Conceito debaixo do braço, a caminho da Califórnia para encontrar Max Heindel. Ele parecia ser o único bálsamo para minha dor que o mundo poderia me dar.

Oh! Quem dera que eu pudesse descrevê-lo realmente no primeiro dia em que o vi aqui em Mt. Ecclesia! Ele veio encontrar-se comigo com as mãos estendidas e sua face iluminada pela ternura, simpatia e compaixão. E, notem bem, eu não tinha tido nenhum contato pessoal com ele. Conhecia-o só por meio de seu livro e vocês podem imaginar minha enorme surpresa quando ele segurou minhas mãos nas suas e disse carinhosamente: “Minha filha, eu estive com você dia e noite durante a provação pela qual você acabou de passar. Eu sabia que quando terminasse, você viria. Agora você pertence ao meu trabalho”.

Aquele, queridos amigos, foi um dia muito significativo em minha vida. Foi o dia em que me dediquei completamente à vida espiritual e à Filosofia Rosacruz. Por cinco anos maravilhosos tive o privilégio de conhecer aquele homem sábio, de estudar e ser treinada sob sua direção e supervisão. Sempre considerei aqueles cinco anos como sendo os mais bonitos e mais espiritualmente frutíferos de toda a minha vida. Queria ser capaz de descrever aquele homem maravilhoso como o conheci. Quando penso em suas admiráveis características, talvez a qualidade que mais profundamente apreciei foi sua extraordinária humildade. Enquanto ele estava ávido em ajudar onde quer que fosse possível, estava sempre firme mantendo no seu interior a personalidade de Max Heindel.

Enquanto eu estudava sua completa dedicação à vida simples, muitas vezes pensava nas palavras de nosso Senhor Cristo: “Eu não sou nada. É o Pai que tudo faz”.

Eu penso, queridos amigos, que Max Heindel demonstrou a mais perfeita combinação do ser místico e prático que já conheci. Ele era simples e humilde. Os serviços domésticos mais simples ele fazia com a maior dignidade e satisfação. Ele descia ao curral e ordenhava a vaca se necessário fosse, pois como sabem, naquele tempo nós tivemos um curral e uma vaquinha aqui em Mt. Ecclesia. Ele tirava mel das abelhas, pois nós tivemos abelhas também. Ele subia nos postes telefônicos e consertava um fio partido; ele plantava árvores, cavava o jardim e colhia vegetais; ele fazia as coisas mais simples com a mesma dedicação e entusiasmo com que ia ao escritório, à sala de aula ou de conferência para expandir sua grande sabedoria ou talvez encontrar o Mestre que o guiou neste grande trabalho.

Nas noites de sábado, era costume manter uma sessão de perguntas e respostas na biblioteca. Havia uma mesa que se estendia por todo o comprimento da sala e os estudantes se reuniam em volta com o Sr. Heindel, de pé, para responder as perguntas. Cada estudante podia fazer uma pergunta e tinha de ser por escrito. Então, o Sr. Heindel recolhia as perguntas e respondia uma a uma. Observando-o cuidadosamente, eu descobri que ele, intuitivamente, sabia a quem cada pergunta pertencia e sempre se dirigia àquele de quem a pergunta tinha vindo. Nas muitas vezes que assisti a essas memoráveis sessões, ele nunca se enganou em identificar a pessoa que tinha feito a pergunta. Era sempre cuidadoso e meticuloso e nunca deixava uma pergunta sem ter certeza de que aquele que perguntara estivesse completamente satisfeito com a resposta.

Foi numa destas maravilhosas reuniões esclarecedoras que eu adquiri meu primeiro entendimento do importante lugar que a cor e a música iriam ocupar na preparação do mundo para a próxima Nova Era. Max Heindel anunciava que dedicaria uma hora para perguntas e respostas nessas reuniões. Entretanto, constantemente, essa hora era estendida para duas ou duas e meia e até três horas. Eram momentos tão estimulantes que o tempo parecia voar nas asas do encantamento.

Queridos amigos, quisera ser capaz de dizer-lhes tudo o que Mt. Ecclesia significava para Max Heindel quando o conheci. Como ele amava este lugar! Ele sabia o grandioso destino que estava guardado para o trabalho que ele fundamentou. Naquela época, havia um banco colocado perto da Cruz de Rosas iluminada que ficava no jardim. Ali ele se sentava cada noite, por alguns minutos ou talvez uma hora antes de se recolher, orando ou meditando, irradiando amor e bênçãos sobre esta terra sagrada e sobre todos aqueles que viviam aqui servindo à Obra fielmente.

Quisera descrever para vocês como seu semblante amigo se iluminava quando ele, com profunda reverência e devoção, olhava a iluminada Cruz de Rosas que tanto significava para ele. Nunca se cansava de nos falar das coisas maravilhosas guardadas em Mt. Ecclesia. Ele falava constantemente da Panaceia, a fórmula da qual os Irmãos Maiores da Rosa Cruz são guardiães e cujos discípulos capacitados terão a permissão de usar na cura e consolo de multidões que chegarão de todas as partes do mundo para esta capela sagrada.

Ele nos falava de seu sonho de um belo teatro grego que seria, em sua visão, construído no cânion abaixo da Capela e no qual seriam apresentadas peças com mensagens espirituais e verdades ocultas tais como os grandes dramas de Shakespeare e outros clássicos inspirados. Ele também via um tempo em que Mt. Ecclesia teria sua esplêndida orquestra composta de estudantes regulares e que apresentaria no teatro obras dos grandes mestres compositores, particularmente Beethoven e Wagner, os quais reconhecia como elevados Iniciados na música. Ele também dizia que haveria aulas de introdução musical. Max Heindel gostava de falar dos Irmãos Maiores e de como eles, em seus estudos sobre a Memória da Natureza, tinham sido capazes de observar através das eras e ver as condições do mundo de hoje. Foi por esta razão que eles deram a Filosofia Rosacruz ao mundo.

Queridos amigos, a alma do mundo de hoje está doente, cheia de sofrimento, busca e questionamento. Não há resposta para essas perguntas. O que o mundo está verdadeiramente procurando é uma ciência mais espiritualizada e uma religião mais científica. A Filosofia Rosacruz tem a resposta para essas duas questões. A Filosofia é a continuação do trabalho que nosso Mestre, Cristo, trouxe para a Terra e deu para os Doze Imortais. Ela contém o inestimável presente que Cristo nos trouxe, isto é, as Iniciações Cristãs que contêm o verdadeiro sentido da religião da Era de Aquário que se aproxima. Max Heindel entendeu tudo isto muito bem. Ele sabia do grande destino que está reservado para a sua obra. Desta forma, nunca permitiu que o desapontamento ou as dificuldades o detivessem. Ele sempre manteve seus olhos fixos nas estrelas.

Queridos amigos, é um grande privilégio sermos guardiães deste grande trabalho e deste consagrado lugar, que foi escolhido pelos Grandes Seres como um local de treinamento para aqueles que puderem passar pelos testes rigorosos que os tornarão capazes de ser incluídos entre os pioneiros da Nova Era que se aproxima.

Assim, meus amigos, sigamos, todos, os passos de Max Heindel. Unamo-nos em paz, harmonia e amor para que possamos fazer nossa parte no desempenho da missão para a qual nosso amado líder se dedicou e sacrificou durante toda sua vida. Fixemos nossos olhos na direção das estrelas como ele fez. Vamos encarar este mundo com uma nova luz, um novo poder e uma nova esperança, porque só assim seremos fiéis à nossa busca e veremos o glorioso destino deste grande trabalho ser alcançado. É verdadeiramente a religião que será o coração e a pedra angular da nova Idade de Aquário. Que Deus abençoe cada um e todos no caminho da busca da Eterna Luz.

(Publicado na revista “Rays from the Rose Cross”, em Jul/Ago 1997 – baseado na palestra realizada em Mt. Ecclesia em 23 de julho de 1965, na comemoração do centenário do nascimento de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Metal que soa ou o Sino que tine

… ainda que eu fale a língua dos homens e dos Anjos, se eu não tiver amor, serei como o metal que soa ou o sino que tine.” (ICor 13).

Aquele que se esforça para viver a vida da cruz deve se empenhar para cultivar um atributo acima de todos os outros. Seu crescimento deve ser um pouco adiantado a cada passo na aquisição de conhecimento, poder, saúde; na verdade, todas as coisas que contribuem para a evolução — e isso é Amor. Para cada passo no avanço intelectual, deve-se dar dois no avanço do cultivo do amor. Só assim o discípulo pode escalar o caminho espinhoso com segurança. Sim, até flores brotarão ao longo do caminho para aliviar seus pés que estão sangrando, se a luz do amor arder inabalavelmente no altar do seu coração.

À medida que, aos poucos, nossos olhos se abrem para o interior da vida e vemos que cada pessoa está sofrendo por causa de seus próprios preconceitos, atos ou fraquezas e que não podemos ajudá-la, que só pelo sofrimento ela está disposta a aprender, é provável que haja um endurecimento no coração do aspirante que nada pode suavizar, exceto o óleo do amor.

Não alcançamos sabedoria no primeiro degrau do caminho, nem ainda no segundo, nem no terceiro… O que pensamos ser sabedoria muitas vezes é apenas conhecimento. É apenas pela ligação contínua do conhecimento com o amor em nossa natureza que alcançamos a sabedoria.

Ainda que eu fale a língua dos homens”, embora eu tenha alcançado o domínio de todas “as línguas dos homens” — que poder e conhecimento isso implica; ainda assim, aos olhos do grande Coração eu sou apenas “o sino que tine”: oco, duro, brilhante e, talvez, polido; mas com a falsa luz de reflexão. Não tenho luz própria ou verdadeira para iluminar o caminho para os passos vacilantes de outras pessoas.

A sede de conhecimento nunca é saciada e, a menos que a pressão contínua seja exercida sobre a natureza do amor — o amor puro e compassivo do Eu Superior —, o amor pelo conhecimento afogará tudo o mais. E o Discípulo vai despertar de vergonha algum dia, ao descobrir que em sua busca clamorosa por conhecimento ele tem pisado nas flores do amor, até que elas, sob seus pés, dificilmente sejam reconhecidas. Então ele tem que derrubar sua estrutura e construir novamente.

Ele deve abrir repetidamente seu coração e deixar as comportas do amor banharem sua superfície endurecida até que, mais uma vez, seja como a terra macia na primavera, em que o menor passo ou o suspiro mais suave deixará uma impressão e o coração responderá com compaixão e amor. O coração de uma pessoa é como um jardim; as flores não crescerão até sua beleza completa, se a terra for deixada para endurecer em torno das raízes. O solo deve ser continuamente agitado e amolecido; assim, o nosso coração deve ser continuamente cutucado com o garfo do espírito para quebrarmos a presunção do conhecimento e fazer o amor crescer forte e belo como seu arquétipo no Céu.

E embora eu “fale em línguas dos Anjos” — ainda assim, não sou mais do que “um sino que tine”. Embora eu tenha até mesmo alcançado o estágio acima do humano e tenha muito conhecimento do Céu e da Terra — ainda estou oco por dentro e cheio de vazio. Dentro de mim estão as trevas, pois o grande Coração não disse que “Deus é Amor”? Ele também não disse que “Deus é Luz”? Nos termos da Álgebra, “duas grandezas iguais a uma terceira grandeza são iguais entre si”; portanto, “Amor é Luz”. E se não há amor em mim, então não há luz. Não consigo ver um único passo do caminho — talvez eu nem mesmo esteja no caminho; de tão estreito e reto que ele é, um passo para o lado e já estou no caminho sinuoso do prazer.

Portanto, desde o início, quando alguém decide que irá “viver a vida”, a primeira coisa a ser feita é cultivar o amor devocional.

Plante a pequenina semente do amor verdadeiro em seu coração, cuide dela e alimente-a — oh, tão cuidadosamente — com atos de amor, pensamentos e palavras amáveis; a cada dia e a cada hora deixe-a crescer ao Sol do amor de Cristo, Ele, o do grande Coração. Quando o coração estiver cansado de lutar e do aparente pequeno sucesso, abra bem o seu coração, mantenha a sensação de que o coração esteja exposto ao brilho do Seu Amor, o Seu Amor Divino, que está sempre pronto para ser derramado sobre você, se você quiser, apenas abra seu coração para isso. Não pense, apenas sinta o doce bálsamo do Seu Amor derramando-se e curando todas as feridas do seu coração.

Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei”. E você se levantará com a Mente e o Espírito revigorados, com energia renovada para tomar a sua Cruz.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro de 1916 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: Deus – A Fonte e a Meta da Existência

Janeiro de 1918

Novamente nos encontramos no começo de um Ano Novo, e existe um costume nessa época de transformarmos as nossas aspirações em resoluções. E como Estudantes dos Ensinamentos Rosacruzes necessariamente interessados no assunto sobre o crescimento espiritual, pensei que as seguintes considerações, talvez, possam ser muito proveitosas neste momento. 

Na Mente de muitas pessoas a palavra “santidade” se tornou associada a uma expressão facial de tristeza ou melancolia e a uma atitude mental hipócrita, de modo que as pessoas no mundo, geralmente, são muito reservadas em relação àqueles que fazem profissões de santidade. Mas, é claro que essa não é a verdadeira realidade. O ser humano realmente santo não é um desmancha-prazeres; ele não é indolente no mundo dos negócios; ele cumpre plenamente com seu dever, em casa ou no trabalho, coloca seu coração em tudo que faz; ele é um exemplo digno de fidelidade e, geralmente, é respeitado por todos que o conhecem, porque suas ações valem mais do que palavras e do que elogios. Ele é cuidadoso ao lidar com seus semelhantes, se esforçando para não dever nada a ninguém, a não ser amor; sempre pronto e ansioso em ajudar os outros – ele é, de fato, um bom exemplo de pessoa em todos os relacionamentos da vida.

Mas essa vida de retidão mundana não é, por si só, uma prova de santidade. Existem muitas pessoas esplêndidas no mundo que são modelos vivos por razões de ética e se comportam de maneira que exige o respeito de todos os que as conhecem. Também são solidários e se destacam, de acordo com a sua posição, em todas as boas obras. No entanto, repetimos, não é essa a prova. A prova que mostra a diferença entre o homem ou mulher que é meramente modelo e o santo é encontrado nas horas de lazer, quando o que chamamos de dever foi totalmente cumprido no devido tempo. Nesse momento é que descobriremos os caminhos da parte mundana e os da parte sagrada. O ser humano de Mente mundana, nessas ocasiões se voltará para a recreação, diversão e para os prazeres a fim de dar vazão à sua energia ou, talvez, buscará algum passatempo favorito, de acordo com a inclinação da sua Mente e com seus próprios meios. Podem ser simples jogos, esportes, canto e música, teatros, festas ou qualquer outro meio que ele possa encontrar para lhe proporcionar um agradável passatempo.

Contudo, o ser humano santo é como o aço tocado pelo ímã e desviado, pela força, de apontar para o polo. Quando o coração tenha sido tocado pelo imã do amor de Deus, o dever pode e o desvia para as obrigações mundanas, a qual demanda todos os cuidados legítimos. O ser humano santo não se descuida de sua obrigação mundana, mas cumpre seu dever, fazendo-o melhor e mais conscientemente do que antes de se entregar a Deus. Ao mesmo tempo, inconscientemente, ele sente o desejo de voltar à comunhão com o Pai, de maneira análoga à agulha de aço imantada que, desviada do norte, exerce uma pressão na direção ao polo. No momento em que o chamado do dever foi perfeitamente cumprido e removida a pressão com o passar do tempo, os pensamentos do ser humano santo, automaticamente, se voltam para o Divino. O trajeto de ida e volta do trabalho nada mais é do que uma oportunidade para meditação. O tempo que emprega quando espera por alguém, também é utilizado da mesma forma. Em resumo, para o ser humano santo não há um só momento de relaxamento para os assuntos mundanos, pois seus pensamentos estão a todo instante voltado para sua fonte e objetivo – Deus.

Ouvimos falar de pessoas que estudaram leis, enquanto se deslocavam para ir e voltar do trabalho; outros aprenderam idiomas utilizando os momentos livres, quando a maioria das pessoas desperdiçam com pensamentos inúteis, vagos e sem objetivos. Aprendamos uma lição com eles e, durante o próximo ano, pratiquemos o hábito de direcionar os nossos pensamentos para Deus, enquanto estivermos nos momentos de folga. Se praticarmos isso fielmente, nos encontraremos muito mais avançados no caminho do crescimento anímico.

(Carta nº 86 – do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Dívida de Gratidão do Mestre

Janeiro de 1916

Estamos, agora, no encerrar de mais um ano das nossas vidas e no começo de um novo ano, e me ocorreram alguns pensamentos em relação a essas divisões de nossas vidas terrestres.

Quando Cristo, no final de Seu ministério, participou da última ceia com Seus Discípulos, lavou os pés deles apesar dos protestos de alguns que achavam isso humilhante para o Mestre. No entanto, esse gesto foi o símbolo de uma atitude da Mente que é de grande significância como um fator para o crescimento anímico. Se não existisse o solo mineral, o Reino Vegetal seria uma impossibilidade, assim como o Reino Animal não poderia existir se as plantas não lhe dessem os recursos necessários. Então, vemos que na natureza o superior se alimenta e é dependente do inferior para o seu desenvolvimento e a consequente evolução. Embora seja um fato que os Discípulos eram instruídos e ajudados por Cristo, assim também é um fato que eles eram um meio para o progresso e o avanço evolutivo do próprio Cristo; e era em reconhecimento a esse fato que Ele humilhou a Si mesmo reconhecendo a Sua dívida para com eles, servindo-os da maneira mais humilde que se possa imaginar.

Foi um grande privilégio para o autor transmitir a vocês, assim como a milhares de outras pessoas, as instruções esotéricas dos Irmãos Maiores durante o ano que terminou, e nisso foi ajudado, direta ou indiretamente, por todos os que trabalham em Mount Ecclesia. Aqueles que colaboraram na imprensa, nos escritórios ou em qualquer dos nossos departamentos compartilham também desse privilégio, e agradecemos a todos que nos proporcionam essas oportunidades para o crescimento anímico e que vieram a nós para que pudéssemos ajudá-los e servi-los.

Nós acreditamos que tenhamos sido de alguma serventia a esse respeito, e pedimos as suas orações para que possamos ser servidores mais eficazes no próximo ano que se inicia.

E sobre vocês, querido amigo e querida amiga? Durante o ano que se finda tiveram, também, oportunidades para servir os outros a sua volta de uma maneira similar à que tivemos? Vocês utilizaram o que conseguiram obter como conhecimentos que lhes transmitimos para iluminar os que estiveram em contato com vocês? Não é necessário subirmos a um púlpito, literal ou metaforicamente, em nenhum momento para falar ao coração dos outros. Frequentemente é muito mais eficaz fazê-lo de formas mais silenciosas, para que as pessoas não suspeitem que estamos tentando mostrar algo a elas. Confiamos que tenham aproveitado as suas oportunidades o melhor possível no ano que passou, e oramos para que possam entrar no ano novo com um espírito de serviço ainda maior, e que isso possa provar a si mesmos ser muito mais frutífero para o crescimento da alma do que o conseguido no ano ora findo.

(Do Livro: Carta nº 62 do Livro “Cartas aos Estudantes”-Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

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