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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: A Inalação da queima de Incenso pode prejudicar o Desenvolvimento Espiritual?

Pergunta: A Fraternidade Rosacruz desaconselha à queima de incenso, alegando que sua inalação pode deixar o indivíduo à mercê ou influenciado por espíritos Elementais, cuja atividade negativa induz a sensualidade ou outras práticas perniciosas. O que se pode afirmar com referência à queima de incenso nas igrejas?

Resposta: Para um espírito desencarnado ou Elemental influenciar uma pessoa necessita agir sobre seus centros cerebrais. Porém, ele só pode realizar isso se dispuser de um veiculo suficientemente denso. Caso um Elemental consiga utilizar um veículo dessa natureza poderá impressionar ou incitar moral ou mentalmente uma pessoa, dependendo do caráter e capacidade de autocontrole dela.

Ao queimar-se incenso em um recinto, a fumaça constitui por si só um veículo de tal densidade que poderá ser usado facilmente por qualquer entidade fim ao grau de vibração daquela espécie particular de incenso. Esse veículo abre a entidade Elemental um caminho de acesso aos centros cerebrais. Ao ser inalado oodor, irá inalar também o espírito Elemental, afetando a pessoa conforme sua natureza ou suscetibilidade.

Um indivíduo altamente evoluído, possuidor de visão espiritual desenvolvida, tendo a possibilidade de ver e reconhecer a verdadeira natureza dos vários seres existentes nos Mundos invisíveis pode queimar incenso, utilizando-o como veículo para entidades auxiliadoras. Contudo, somente os Iniciados podem se dedicar a essa prática e, mesmo assim, em perfeita conexão com as Escolas de Mistérios.

Quanto às igrejas, o incenso por elas empregado é de natureza comercial e não específica, embora ainda não tenhamos dados exatos sobre isso, o incenso, quando preparado especificamente por uma pessoa ignorante ou movida por sentimentos egoístas, torna-se veículo para entidades de natureza semelhante que, revestindo-se da fumaça e do odor, incitam outras pessoas a atos imorais ou criminosos. Quando a prática é constante, o espírito obsessor adquire tal controle sobre sua vítima, a ponto de conduzi-la a estados similares ao frenesi epiléptico ou a espasmos motores idênticos aos produzidos pela coreia de Sydenham ou “dança de São Vito”.

NT: Corinne Heline, no terceiro volume de sua obra “A interpretação da Bíblia pela Nova Era”, relata que o incenso empregado nas igrejas facilita a influência do sacerdote sobre o público que inala a fumaça, tornando-a mais passível de aceitar suas emanações ou intenções, enquanto pastor de um rebanho. Desse modo, por ser um ambiente que representa o polo passivo e puramente devocional de desenvolvimento espiritual, as pessoas ficam neste estado de consciência passiva, recebem maior influência pelo incenso, que é uma resina. Não significa que a pessoa que inala o incenso não possa ter a força de vontade suficiente para superar qualquer influência externa. Em verdade, uma consciência positiva, apesar de muita fé em Deus, jamais se deixa levar por influências externas.

Vale também lembrar que a simbologia do incenso nada tem a haver com o ato de queimar incenso: em histórias mitológicas, a palavra incenso significa Alma. Por exemplo, diz-se que o menino Jesus recebeu Ouro, Mirra e Incenso dos três Reis Magos. O Ouro aqui representa o Espírito; a Mirra os Corpos; e o Incenso a Alma.

Pelo exposto pode-se concluir sobre a periculosidade do uso indiscriminado do incenso.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1966- traduzido da Revista “Rays from the Rose Cross”- Fratrernidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Retrospectiva Oculta

Que estamos cercados por Mundos invisíveis, povoados de seres invisíveis e que podemos, sob certas circunstâncias, comunicar-nos com aqueles que passaram para além véu é uma crença tão antiga quanto a civilização humana. Houve momentos na história do Mundo em que foram feitas tentativas de suprimir essa crença, mas ela ainda sobrevive fortemente em nossas comunidades atuais. Embora nos tempos modernos a ciência tenha se esforçado, às vezes, para matar essa crença como sendo ridícula, descobertas científicas e recentes tendem a justificar a fé em fenômenos ocultos, em vez de desencorajá-la.

A Bíblia dá uma justificativa considerável para essa crença de que é possível se comunicar com aqueles que estão nos Mundos invisíveis — os chamados mortos. Conta-nos que a Bruxa de Endor[1] invocou o fantasma de Samuel a pedido de Saul. Podemos raciocinar, é claro, que a Bruxa de Endor fosse uma impostora, mas a Bíblia não diz isso. É possível que essa passagem dramática da Bíblia tenha feito mais do que qualquer outra coisa para preservar a crença popular na comunicação com os espíritos que partiram e essa crença é mantida entre algumas das pessoas mais esclarecidas do mundo. É verdade que a Bíblia condena Saul por tentar invocar o fantasma de Samuel e esse desastre veio de seu experimento ousado. Também pode ser que isso tenha sido um fator para dar má reputação às tentativas de comunicação com os mortos e com todas as relações geralmente conhecidas sob o nome de magia; no entanto, é um fato histórico que os primeiros cientistas eram todos magos e lidavam com espíritos desencarnados e seres que já tinham partido. Os sacerdotes babilônicos e egípcios eram os mais ilustres desses praticantes de magia e, no entanto, sem dúvida fizeram um progresso considerável no que hoje é chamado de ciência natural. Esses primeiros sacerdotes orientais eram sobretudo astrólogos e sempre misturavam o lado oculto com seus estudos de astronomia, como bem demonstrou Richard Proctor[2] em seu livro sobre o Observatório da Grande Pirâmide[3].

Os árabes foram os pioneiros da matemática, a mais exata de todas as ciências, e ainda assim eram astrólogos e crentes profundos na magia. Eles adoravam os Anjos das estrelas, os Espíritos Planetários, que nunca perderam seu lugar na Religião e estão incorporados nos rituais católicos de hoje.

Ao longo da Idade Média, a crença na magia e nos espíritos invisíveis, que estão ao nosso redor, persistiu e não era fomentada apenas entre as classes mais baixas; na verdade, era mais forte entre as pessoas mais civilizadas, embora em lugares frequentados pelo mal e pela degradação. Tanto a Igreja quanto o Estado tentaram eliminá-la, mas sem sucesso; talvez porque muitos dos que tinham autoridade fossem os mais fortes crentes na magia e praticantes da ciência.

O irmão do rei Luís XIV da França, oficialmente conhecido como “o rei mais Cristão”, e muitos membros da corte foram descobertos realizando orgias secretas, sessões espíritas com os espíritos dos mortos e “adorando Satanás”. Segundo a história, os parentes do rei e alguns dos personagens mais importantes da aristocracia da França foram salvos por sua posição, mas os de posição inferior foram torturados e executados por seus pecados. Mágicos famosos como Johannes Trismegisto[4] dominavam comunidades inteiras; até os Rosacruzes foram acusados de praticar ritos misteriosos em segredo e incluíam os membros mais ricos e importantes da sociedade; mas eles, é claro, não estavam preocupados com o fenômeno de conjurar os espíritos dos mortos. Eles tinham outros trabalhos mais importantes a fazer e qualquer magia que praticassem naquela época, ou hoje, seria pura e branca, sem o menor toque da magia impura e negra, o que caracterizava quase todo o resto daqueles que praticavam as sessões secretas.

A ciência moderna, que se diz ter começado com Francis Bacon[5], fez desde o início as mais sérias incursões nas reivindicações dos magos, astrólogos e todos os negociantes do ocultismo; embora o próprio Bacon, sendo adepto do Rosacrucianismo, não estivesse relacionado com essas perseguições de forma alguma. É verdade que os fenômenos dos magos não suportariam a investigação por métodos de laboratório na fria luz do dia e há muitas razões pelas quais esses fenômenos só podem ser produzidos no escuro, mas isso não justifica a alegação de que eles sejam fraudulentos.

Não podemos usar uma câmera para fotografar em um lugar escuro, porque as vibrações no Éter são muito lentas; nem podemos materializar um espírito à luz do Sol, porque as vibrações etéricas são muito rápidas e despedaçariam a estrutura tênue da qual o corpo espiritual é formado. Esse é um fato que nem mesmo a ciência compreende nos dias atuais. Por causa dessas perseguições tolas e falsos apelos à razão e ao intelecto, as classes econômicas-sociais mais elevadas começaram a ficar mais céticas em relação à magia e comunicação com os espíritos que partiram; apenas as chamadas classes “ignorantes” e pessoas de disposição extraordinariamente sensível se apegaram a elas. Deve-se dizer que esses últimos sempre foram numerosos, mesmo nas classes mais altas da sociedade. A rainha Maria Antonieta[6], no final do século XVIII, acreditava e praticava o espiritismo e em nossos dias o Czar da Rússia tem sido muito criticado pela amizade que demonstrava com Rasputin, o monge que, segundo todos os relatos, era um ocultista de primeiro nível, seja da escola negra ou da branca.

Em meados do século XIX, a ciência moderna aparentemente havia esmagado a magia antiga e tudo o que a acompanhava; a própria palavra “ocultista” ou “mágico”, que uma vez causou terror na Mente das pessoas, foi então dada a prestidigitadores e faquires viajantes, gente que retirava coelhos e tigelas de peixinhos dourados da cartola. A ciência havia quase totalmente reprimido a prática de fenômenos ligados ao ocultismo, mas então veio a onda irresistível do espiritismo. De várias partes do mundo, principalmente da América, chegaram relatos de materialização de espíritos em que os falecidos eram vistos e ouvidos em grupos reunidos com o objetivo de evocá-los por meio de um médium.

A ciência travou uma luta dura e amarga, mas a crença não pôde ser derrubada; na verdade, cresceu e se desenvolveu à medida que a ciência gritava “é fraude!”; finalmente, invadiu até as fileiras dos cientistas, transformando alguns dos principais entre eles de escarnecedores a defensores ardentes, pois eles viram que esses fenômenos estavam de acordo com as modernas descobertas científicas e quanto mais a ciência avançou em suas investigações dos segredos da natureza, mais se descobriu que esses fenômenos psíquicos estão de acordo com a operação das leis naturais descobertas.

De fato, as maravilhas das descobertas científicas quase rivalizam com as mais loucas e fantásticas afirmações dos antigos magos: forças invisíveis reproduzem a voz humana e mensagens voam pelo ar ao redor do mundo sem sequer um fio para guiá-las. A levitação foi realizada por meios mecânicos e muitas outras maravilhas modernas, em parte devido à descoberta da eletricidade, a mais maravilhosa de todos os nossos servidores modernos, estão forçando a crença nos Mundos invisíveis e nos espíritos que vivem neles. Aqui está uma força que é invisível, intangível, imponderável, mas capaz de exercer os mais tremendos poderes, capaz de tirar a vida e destruir qualquer obra da mão humana em um segundo. Aqui está um poder que realiza praticamente tudo o que foi reivindicado pelos antigos magos, ao realizar o que chamamos de “milagres”. É bem sabido que os sacerdotes dos templos egípcios, e outros, criaram os efeitos mais inspiradores ao produzir uma voz humana falando do vazio. Hoje, o mesmo fenômeno pode ser visto nas chamadas “sessões de trombeta”[7], em que espíritos desencarnados falam por meio de uma espécie de trombeta; mas, temos em nossas casas instrumentos semelhantes como o telefone e o fonógrafo, que são operados pela voz humana. Então, no que diz respeito à telegrafia sem fio, devido em grande parte às pesquisas de Sir Oliver Lodge[8], que desde então se tornou o mais forte crente em fenômenos psíquicos, por esse uso da eletricidade, as vibrações são feitas para fluir completamente ao redor do mundo, transportando mensagens, sem impedimentos, por montanhas, desertos e todas as obstruções naturais. Isso é semelhante às mensagens e comunicações telepáticas, que são frequentemente registradas como feitos dos antigos magos, feitos que são duplicados todos os dias em milhares e milhares de situações, às vezes conscientemente ou, com mais frequência, de forma inconsciente.

Talvez pensemos em uma certa melodia e alguém na sala comece a cantarolá-la. Às vezes, ao visitar um amigo, somos recebidos com um “Ah, eu estava querendo ver você”, o que mostra, se pensarmos bem, que respondemos a uma mensagem de telepatia. De mil e uma outras maneiras estamos nos tornando pensadores cada vez mais poderosos e mais sensíveis aos pensamentos dos outros. Foi essa faculdade conscientemente cultivada entre os magos do passado que os capacitou a realizar muitos dos seus célebres fenômenos; chegará o tempo, em um futuro não distante, em que seremos capazes de ler os pensamentos uns dos outros e transmiti-los de cérebro em cérebro sem a intervenção da fala, da escrita ou de qualquer um dos métodos de comunicação atualmente conhecidos.

Entre outras maravilhas científicas e relacionadas com a magia antiga, podemos citar também os raios-X, descobertos por Sir William Crookes[9], que nos permitem ver através de um objeto sólido. Isso está de acordo com os poderes descritos como Clarividência ou visão espiritual, possuídos por todos os ocultistas antigos e por um número cada vez maior de pessoas que vivem agora no mundo. Os raios-X também existem por causa dessa grande eletricidade mágica, mas são apenas um pobre substituto para os poderes da visão espiritual, que permitem ao seu possuidor ver igualmente bem o que acontece do outro lado do globo ou na sala em que está sentado. É digno de nota que Sir William Crookes, assim como Oliver Lodge, seja um crente em fenômenos ocultos e foi levado a isso por suas descobertas científicas, que mostraram que deve haver Mundos invisíveis; seus experimentos o convenceram da possibilidade de comunicação com aqueles que partiram desta vida e agora estão vivendo nesses Mundos invisíveis.

É impossível catalogar em um artigo de revista todas as descobertas científicas e a respectiva conexão com, ou influência sobre, o assunto da comunicação com o Mundos invisíveis e os espíritos invisíveis no ar. Mas, em vista de todos os fatos científicos, não podemos escapar da conclusão de que o espírito humano continuará a existir à parte do seu Corpo Denso; essas descobertas científicas apontam para um tempo não muito distante em que todos veremos sem os olhos físicos, ouviremos sem os ouvidos físicos e falaremos sem  a língua física.

Em vista do que foi realizado, não se trata de mera especulação ociosa, mesmo do ponto de vista científico, e há um valor legítimo na entrega a tais sonhos, como os “homens de ciência” os chamariam, pois nada jamais foi alcançado como fato físico sem que antes não tivesse sido objeto de sonho. Se Alexander Graham Bell, o inventor do telefone, não tivesse sonhado com a possibilidade de comunicação por tais meios, não teríamos hoje esse valioso instrumento. Se Morse não tivesse sonhado com a travessia do espaço por um fio para transmitir mensagens ao longo desse minúsculo condutor por meio de eletricidade, não teríamos agora o telégrafo. Se Edison não tivesse sonhado com a luz elétrica, isso hoje não estaria incluído entre as conveniências que empregamos… Esses sonhos ajudam o trabalhador individual a alcançar seu objetivo e estimulam o interesse e o entusiasmo nos outros. Por isso, é útil quando os cientistas de Mente mais aberta olham para o futuro para ver qual poderá ser a linha do progresso e é ridículo ouvi-los dizer que o espírito humano seja uma forma de eletricidade, mas isso pode ajudá-los a enxergar a direção certa. Alexander Graham Bell, por exemplo, imagina que chegará o dia em que as pessoas andarão com bobinas de arame sobre suas cabeças, comunicando pensamentos uns aos outros por indução. Ele não sabe que o ser humano tem a energia dinâmica e interna para transmitir essas vibrações sem outro instrumento além do cérebro; mas é interessante estudar a ideia científica. Resumidamente, a hipótese científica de que as Mentes possam se intercomunicar diretamente se baseia na teoria de que o pensamento ou a força vital seja uma forma de distúrbio elétrico que pode ser captado por indução e transmitido à distância por meio de um fio ou simplesmente através do onipresente Éter, como no caso da telegrafia sem fio.

Há muitas analogias que sugerem que o pensamento seja da natureza de uma perturbação elétrica; isso é para a Mente científica. Um nervo, que é da mesma substância que o cérebro, é um excelente condutor de corrente elétrica. Quando os cientistas passaram pela primeira vez uma corrente elétrica pelos nervos de um homem morto, ficaram chocados e surpresos ao vê-lo sentar-se e mover; os nervos eletrificados produziram a contração dos músculos como faziam em vida.

Os nervos pareciam agir sobre os músculos da mesma forma que a corrente elétrica age sobre um eletroímã. A corrente magnetiza uma barra de ferro colocada em ângulo reto a ela e os nervos produzem (eletricidade) através da corrente intangível de força vital que flui através deles, contraindo as fibras musculares que estão dispostas em ângulo reto a elas.

Seria possível citar muitas razões pelas quais o pensamento e a força vital possam ser considerados, do ponto de vista científico, essencialmente iguais à eletricidade. A corrente elétrica é considerada um movimento de onda no Éter, a substância hipotética que alguns da ciência admitem que preenche todo o espaço e permeia todas as substâncias. Esses cientistas acreditam que deve haver Éter porque sem ele a corrente elétrica não poderia passar pelo vácuo nem a luz do Sol pelo espaço; portanto, é razoável acreditar que apenas um movimento ondulatório de caráter semelhante possa produzir os fenômenos do pensamento e da força vital; eles supõem que as células cerebrais ajam como uma bateria e que a corrente produzida por elas flua ao longo da linha dos nervos. Nessa ideia eles estão muito próximos dos fatos reais, pois é sabido e ensinado pelos ocultistas, que podem ver esses fenômenos por meio da visão espiritual, que a força solar entra no corpo humano através do baço e seja dirigida do Plexo Celíaco, através dos nervos, para todas as diferentes partes do corpo, nas quais aparece como um fluido cor-de-rosa; é esse fluido que produz os fenômenos vitais. Isso é muito parecido com a eletricidade, mas não é de forma alguma o Ego, assim como o operador em uma estação de telégrafo não é idêntico à corrente que flui através do fio elétrico. Do mesmo jeito que o operador do telégrafo direciona a corrente para o fio ou através do Éter e envia a mensagem para o vasto mundo, também o Ego no corpo pode utilizar esse fluido vital para vestir a mensagem-pensamento e enviá-la em qualquer direção que ele queira, depois de passar pelo treinamento adequado de como usar esse fluido, como o operador de telégrafo é submetido a um curso de treinamento funcional para aprender a usar as teclas que controlam a força elétrica que acelera ao longo dos fios ou através do Éter.

No livro Conceito Rosacruz do Cosmos é dada uma tabela de vibrações que foi compilada por cientistas; um estudo dessa tabela revela o fato de que existem muitas lacunas ou taxas de vibração cujos efeitos são desconhecidos. É um fato notável que quase todos os passos recentes da ciência estejam relacionados com descobertas de vibrações até então desconhecidas. Suponha que possamos fazer uma barra de ferro vibrar em qualquer frequência desejada, em um quarto escuro; a princípio, ao vibrar lentamente, seu movimento será indicado apenas por um sentido, o do tato. Assim que as vibrações aumentarem, um som baixo emanará dela, o que apelará a dois sentidos, tato e audição. A cerca de 32.000 vibrações por segundo o som será alto e estridente, mas a 40.000 vibrações por segundo será silencioso e seus movimentos não serão percebidos pelo toque; na verdade, somos incapazes de senti-la. Desse ponto até 1.500.000 de vibrações por segundo, não temos sentido que possa apreciar qualquer efeito das vibrações intervenientes. Atingido esse estágio, seu movimento é indicado primeiro pela sensação de temperatura; depois, quando a haste fica incandescente, pelo sentido da visão; a 3.000.000 de vibrações por segundo emite uma luz violeta; acima disso passa pelos raios ultravioletas e outras radiações invisíveis, algumas das quais podem ser percebidas por instrumentos empregados por nós.

No entanto, quando a ciência aprender a perceber o efeito dessas vibrações nas grandes lacunas em que os sentidos humanos são incapazes de ouvir, ver ou sentir o movimento, então ela estará em contato com aqueles poderes que são exercidos na Clarividência e na Clariaudiência, visão espiritual e audição espiritual, respectivamente. Então, não será uma questão de fé se existem Mundos invisíveis ou se eles são habitados por pessoas que anteriormente viveram entre nós no Mundo Físico, mas todos saberão e verão por si mesmos.

A ciência tem feito um trabalho maravilhoso em seus esforços para lidar com os problemas que a confrontam, mas sempre foi limitada, porque depende de instrumentos. Uma bobina de fio pode ser, e é, usada com esplêndido efeito na transmissão de uma onda sem fio para os cantos mais distantes da Terra; contudo, bobinas de fio são desnecessárias ao redor da cabeça humana para transmitir pensamentos e o que os cientistas precisam reconhecer é a limitação de seus instrumentos para começar a cultivar os poderes dentro de si, pois todo ser humano tem esses poderes espirituais e latentes dentro de si mesmo e nossa evolução futura depende do desenvolvimento deles. O telefone é apenas uma muleta para nos permitir ouvir melhor com nossos ouvidos. O telescópio é outra muleta para nos permitir ver melhor com nossos olhos. O microscópio é outra que nos ajuda a perceber o infinitamente pequeno, assim como o telescópio revela o infinitamente grande; mas, além desses órgãos dos sentidos temos órgãos mais sutis e forças mais sensíveis que algum dia entrarão em uso. Se Alexander Graham Bell tivesse vivido na Idade das Trevas e produzido seu telefone, as chances maiores seria de que ele teria sido queimado como um mago maligno. Se Edison tivesse vivido e produzido sua luz elétrica e fonógrafo naquela época, ele provavelmente teria compartilhado o mesmo destino. Hoje, mesmo aqueles que possuem os sentidos mais apurados são vistos como fraudulentos e excêntricos; apenas o fato de que o sentimento geral é contrário à violência os protege de serem confinados em prisões ou manicômios. No entanto, as lágrimas que fluem de milhões de olhos e o anseio que quase quebra milhões de corações por um vislumbre ou mensagem daqueles que morreram aqui e estão vivendo nos Mundos celestes estão gradualmente desgastando a escama dos olhos e sintonizando um grande número às vibrações da visão e audição espirituais. E os pensamentos dos “mortos”, seu desejo de se comunicar com os amigos que deixaram para trás, são uma força dinâmica e igualmente intensa. Dois grandes exércitos estão, assim, abrindo túneis na parede da grande divisão e logo a fé e a esperança darão lugar ao conhecimento direto, em primeira mão, de que os mortos vivem, pois então veremos e nos comunicaremos com eles à vontade, tão facilmente quanto fazemos agora com os que chamamos de vivos.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de agosto/1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: A Bruxa de Endor é um personagem bíblico do Antigo Testamento, de aparição principal no Primeiro Livro de Samuel. Trata-se de uma necromante em Endor que aconselha ao rei Saul antes de este batalhar contra os filisteus (ISm 28:7-25).

[2] N.T.: Richard Anthony Proctor (1837-1888) foi um astrônomo inglês.

[3] N.T.: Richard A. Proctor – The Great Pyramid. Observatory, Tomb, and Temple – 1888

[4] N.T.: um autor do século XIX que escrevia sob o pseudônimo Johannes Trismegistos ou Johannès Trismégiste e que praticava a Cafédomancia e o tarô.

[5] N.T.: Francis Bacon, 1°. Visconde de Alban, também referido como Bacon de Verulâmio (1561-1626) foi um político, filósofo, cientista, ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio) e visconde de Saint Alban. É considerado como um dos fundadores da Revolução Científica.

[6] N.T.: Maria Antônia Josefa Joana de Habsburgo-Lorena (em alemão: Maria Antonia Josepha Johanna von Habsburg-Lothringen; francês: Marie Antoinette Josèphe Jeanne de Habsbourg-Lorraine; 1755-1793) foi uma arquiduquesa da Áustria e rainha consorte da França e Navarra.

[7] N.T.: Para os que acreditavam nesse método, o ato de mediunidade de trombeta é melhor definido como “mediunidade de voz direta”. Embora não seja comumente usados hoje, os primeiros espiritualistas estariam muito familiarizados com esses objetos misteriosos. O Spirit Trumpet é um cone cilíndrico com um bocal estreito que geralmente se expande em três partes em um megafone semelhante aos tradicionais “trompetes falantes” empregados por líderes de torcida em eventos esportivos. Os espíritas fabricaram as primeiras trombetas espirituais de papelão ou metal, mas depois incorporaram designs mais elegantes e caros usando alumínio ou estanho. Varejistas especializados como Everett Atwood Eckel, de Indiana, lucraram com sua crescente popularidade vendendo os dispositivos estranhos por US$ 2 ou US$ 3 por meio de anúncios publicados em “Psychic Power” e outros periódicos espiritualistas. A “trombeta do espírito” foi originalmente criada por espíritas que afirmavam poder ampliar os sussurros dos espíritos presentes em um círculo. É por isso que alguns espiritualistas descrevem as trombetas espirituais como os “aparelhos auditivos” originais ou “trombetas de ouvido” para as vozes do além.

[8] N.T.: Sir Oliver Joseph Lodge (1851-1940) foi um físico e escritor britânico envolvido no desenvolvimento e detentor de patentes importantes para o rádio. Ele identificou a radiação eletromagnética independente da prova de Hertz e em suas palestras da Royal Institution de 1894 (“O trabalho de Hertz e alguns de seus sucessores”), Lodge demonstrou um detector de ondas de rádio inicial que ele chamou de “coerente”. Em 1898 ele foi premiado com a patente “sintônica” (ou tuning) pelo Escritório de Patentes dos Estados Unidos. Lodge foi diretor da Universidade de Birmingham de 1900 a 1920. Marcado pela morte de seu filho caçula na I Guerra Mundial, Sir Oliver Lodge discorre sobre a sobrevivência da alma, e consequentemente da existência do espírito fora das contingências da vida transitória do corpo físico. A ciência moderna encaminhou suas atividades para o campo dos fatos espirituais a fim de conhecer sua gênese e meios de manifestação, à luz dos processos da experimentação e observação. A sua sentença e resposta é afirmativa: Há espíritos. A sobrevivência é uma realidade.

[9] N.T.: William Crookes (1832-1919) foi um químico e físico britânico. Frequentou o Royal College of Chemistry em Londres, trabalhando em espectroscopia. Em 1861, descobriu um elemento que tinha uma linha de emissão verde brilhante no seu espectro, ao qual deu o nome de tálio, do grego thalos, um broto verde, que é o elemento químico de número atômico 81. Também identificou a primeira amostra conhecida de hélio, em 1895. Foi o inventor do radiômetro de Crookes, vendido ainda como uma novidade, e desenvolveu os tubos de Crookes, investigando os raios catódicos.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Gostaria de saber: Max Heindel pode operar no plano do Ego? Em caso afirmativo pergunto se ele poderá comunicar-se com meu Ego e fornecer-me as seguintes informações por mim desejadas: saber quem é meu Ego e que pretende ele com esta vida terrena e, também, como poderia ter consciência dele, diária e ininterruptamente.

Nesta vida terrena, quando estamos despertos, nós, o Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui – funcionamos no Mundo visível como um Espírito interior, mas durante as horas de sono nós trabalhamos a partir do Mundo do Desejo, onde também permanecemos por algum tempo após mais uma nossa morte aqui. Os estágios posteriores da existência post-mortem serão vividos na Região do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu. Acima desse, está a Região do Pensamento Abstrato, onde está o Terceiro Céu, atualmente o nosso lar. E é nesse ciclo que excursionamos pela Terra com o fim de ganharmos experiências e crescimento espiritual.

Enquanto vivemos aqui na Terra formamos certas ligações com outros que, de acordo com a Lei de Causa e Efeito produzirão seus efeitos, mais cedo ou mais tarde. Isso tem a aparência de sorte ou destino.

Em virtude de transgressões voluntárias ou ignorantes das Leis de Deus, em renascimentos passados, nós acumulamos uma dívida de más ações que devem ser liquidadas em algum tempo.

Devemos colher o que semeamos, antes que nos tornemos puros e livres em espírito. O conhecimento dessa “sorte” iminente, quando uma parte da dívida já está paga, nos paralisaria, e a visão total de toda a horrenda dívida, provavelmente, nos esmagaria por mais fortes que fôssemos, a menos que tivéssemos nos tornados pelo menos um pouco iluminados e capazes de nos conformar com as Leis da Natureza. Quando essa grande luz brilhar dentro do nosso coração e nos sentirmos como um “espírito pródigo”, apartado do nosso Pai do céu, quando exclamarmos no íntimo do nosso coração: “Eu irei para meu Pai”, e que esse desejo esteja sempre ante a nossa visão espiritual, então, pela primeira vez enfrentaremos a concretização do nosso destino, chamada pelos ocultistas “Guardião do Umbral”.

Essa entidade nos encontra na porta entre os Mundos visível e invisíveis. Quando tentamos entrar nesse mundo que conhecemos anteriormente por meio da visão espiritual, nos defrontamos com esse “Guardião do Umbral”, e não podemos passar antes que o tenhamos reconhecido.

Todos nós devemos enfrentar esse espectro horrendo, tal como Clyndon o fez na novela “Zanoni”, da autoria de Bulwer Lutton; esse espectro não se manifesta à Humanidade comum, mesmo nos períodos entre a morte e o renascimento, porém, o neófito, como já foi explicado, deve encará-lo, reconhecê-lo e tentar passar por ele.

Como neófito, devemos proferir um voto solene de fazer tudo o que for possível e necessário para liquidarmos a dívida de que o fantasma é uma concretização e, também, o voto de silêncio sobre todas as coisas ali ocorridas.

Quando a consultante pergunta quem é seu Ego, pede justamente a informação que o “Guardião do Umbral” dos Mundos invisíveis esconde sob a caritativa Lei da Natureza que ninguém tem o privilégio de quebrar. Até que tenha atingido a força espiritual para ultrapassá-lo e aprender por si próprio, isso deve permanecer escondido de si.

E, mesmo então, não haverá um intercâmbio ininterrupto e consciente entre o “Eu superior” e a Personalidade, o “eu inferior”.

Isso pertence a um estágio voluntário muito posterior, quando já tivemos inteiramente espiritualizado nossos veículos. Há, pois, somente um caminho a ser seguido: é aplicar-se diligentemente ao problema.

Se continuar a buscar, encontrará, mas lembre-se, não há meios fáceis de chegar a esse conhecimento. Ninguém pode fornecê-lo ou vendê-lo pronto para ser usado. Quanto a nós, que estamos mais avançados, tudo o que podemos fazer pelos outros é indicar-lhes o caminho, encorajando-os a encetá-lo até o fim, a despeito de todos os revezes e obstáculos, confiantes de que o que um ser humano faz, qualquer outro pode fazer. Cada um de nós tem o mesmo poder divino e está habilitado a ser bem-sucedido em tudo o que fizer.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz agosto/1980 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Não é estranho que poucas pessoas possuam uma fé real e viva em Deus? Mesmo entre os Cristãos assumidos há comparativamente poucos que tenham confiança real no Pai Celestial. não significa simplesmente a crença na existência de Deus; fé significa confiança — é nos colocar em Suas mãos. A fé, como todas as outras qualidades e virtudes, cresce apenas pelo exercício. Aprenda a confiar no Pai em tudo, nas menores e nas maiores coisas da sua vida.

Isso significa a libertação das preocupações, medos e inquietações das quais o mundo está tão cheio. Abra a Mente e o Coração para receber a verdade de qualquer fonte que ela venha, acreditando que o bom Deus o tenha sob Sua guarda. Pois quando colocamos nossa confiança em Deus, fazemos uso de uma Lei Divina que nos sustenta em todas as provações e problemas da vida. É como se tivéssemos agarrado a Mão Todo-poderosa que é capaz de fazer tudo e vencer todas as coisas por nós. Fazemos a conexão entre nossa fraqueza e Sua força, que é maior que todas.

A fé é fraca no início e, às vezes, é necessário estarmos em situações extremas antes de podermos buscar a ajuda de Deus; então, mesmo o menor grau de fé fará com que o Pai Celestial venha em nosso auxílio. “A nossa fraqueza é a oportunidade de Deus”. Ele é o sempre fiel. Lembre-se de que Ele diz: “Nunca te deixarei, nem te desampararei”.

A simplicidade dessa maneira de se confiar em Deus faz com que pareça fácil demais para a maioria dos das pessoas. Requer uma certa simplicidade da natureza, uma Mente infantil. Você se lembra que Cristo disse que devemos nos tornar como criancinhas? Mas a maioria de nós procura grandes dificuldades para superar, objetivando estabelecer uma conexão com o Pai Celestial. É em grande parte uma questão de relaxar, deixar ir, jogar fora da Mente e do Coração qualquer fardo ou problema que vier, olhando simplesmente para Ele e aceitando como vindo de Sua Mão tudo o que surgir. E não podemos fazer nada mais agradável a Ele, ou mais útil a nós mesmos, do que exercer confiança em todas as condições. E nossa capacidade de fé cresce com seu exercício. Quanto mais usamos, mais temos.

Chega um momento, em nosso crescimento, em que não tememos mais nada — neste Mundo visível ou em qualquer outro dos Mundos Invisíveis. Alcançamos um equilíbrio, uma paz de espírito e serenidade de alma, uma tranquilidade de Coração que deve ser uma antecipação da bem-aventurança celestial. Compreendemos a suprema sabedoria de deixar todas as coisas serem ordenadas pela Perfeita Sabedoria e Perfeito Amor e entendemos que nossas próprias vontades, devido ao nosso entendimento imperfeito, estão propensas a contrariar Sua Vontade, que é sempre para nossa perfeição e felicidade.

“O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que n’Ele confiam.”

“Eu, o Senhor, seguro-te pela mão direita e digo: ‘Não temas; Eu te ajudarei’.”

“Em todos os teus caminhos, reconheça-O e Ele endireitará os teus caminhos.”

“Quem assim confia no Senhor, feliz é ele.”

“Ainda que Ele me mate, ainda assim confiarei Nele.”

“Tu manterás em perfeita paz aquele cuja Mente está firme em Ti, porque ele confia em Ti.”

Há muitas, muitas passagens na Bíblia que nos suplicam a confiar n’Ele. Uma sugestão: leia o Salmo 23 e o Salmo 91. Acredite que tal confiança é o remédio soberano para todo problema ou perigo, oculto ou não, e que nos apegando a Ele somos mantidos seguros até o fim.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho-agosto/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Análise dos Três Horóscopos de Trigêmeos: Causas Ocultas de Desajustes

À primeira vista, é evidente que há algo de errado ou estranho com os horóscopos desses trigêmeos, porque seria natural ver o grau mais baixo de um Signo no Ascendente no momento em que o primeiro nasceu e, então, os outros dois deveriam nascer com graus gradualmente mais altos desse Signo no Ascendente; mas aqui é diferente. Leão, está no Ascendente, a 8 graus, quando o primeiro nasce; depois, temos Leão está no Ascendente, a 3 graus, para o segundo e Leão no Ascendente a 5 graus, no caso do terceiro. Isso dá uma rápida impressão de que quem calculou esses horóscopos deve ter cometido um erro grave, porque se eles estiverem certos, o primeiro trigêmeo deve ter nascido aproximadamente vinte e quatro horas antes dos outros dois, o que seria uma ocorrência bastante incomum, para dizer o mínimo.

O mistério se aprofunda quando olhamos para a Lua no horóscopo do primeiro trigêmeo e a comparamos com o lugar da Lua nos horóscopos dos outros dois. Nos dois últimos horóscopos, a Lua está até mais de 26 graus à frente quando comparada com o primeiro horóscopo e seriam necessários pelo menos dois dias para ela viajar essa distância.

Assim, é evidente que, se o horóscopo do primeiro trigêmeo estiver correto, ele deve ter nascido aproximadamente dois dias antes dos outros, uma condição quase inacreditável. No entanto, esse é o fato! O primeiro trigêmeo nasceu em 22 de setembro de 1915, às 1h50. O segundo nasceu em 24 de setembro de 1915, às 1h15 e o terceiro nasceu dez minutos mais tarde.

Assim, os horóscopos mostrados aqui são astronomicamente corretos e, como resultado, há uma diferença nos horóscopos. O primeiro tem todos os Signos Fixos nos ângulos, enquanto os outros apresentam uma mistura de Signos Fixos e Cardeais. No primeiro, Áries e Libra estão interceptados na 3ª e na 9ª Casas. No segundo, Gêmeos e Sagitário estão interceptados na 6ª e na 12ª Casas. No terceiro, Touro e Escorpião estão interceptados na 4ª e na 10ª Casas.

Isso proporcionará uma diferença muito considerável na vida dessas crianças, porque quando os Signos estão interceptados com Astros neles, os efeitos que de outra forma seriam significativos, em grande parte, permanecem latentes.

O segundo e o terceiro são prodígios musicais, porque o Sol, Vênus e Mercúrio estão no Signo da voz, que é Libra. Sol e Vênus fazem Sextil com Netuno. Esses dois Astros também fazem Sextil com Netuno no horóscopo do primeiro, mas como Vênus e Mercúrio estão interceptados aqui esse trigêmeo terá imensa dificuldade em expressar essa faculdade tão bem quanto seu irmão e sua irmã.

A posição e o Aspecto da Lua foram particularmente afetados pelo atraso de dois dias, no caso do segundo e terceiro trigêmeos; isso causa uma grande diferença na vida dos três. No caso do primeiro, a Lua está em Trígono com Saturno e Marte, mas nos outros a Lua está em Quadratura com Saturno. Isso proporcionará ao primeiro, que tem o Trígono, características em ser muito diplomático em relação ao seu ambiente, enquanto os outros poderão ser mais diretos e francos. Assim, o primeiro trigêmeo poderá discutir determinado assunto e suas observações serão muito bem recebidas; contudo, se o segundo disser a mesma coisa em outras palavras, a ofensa será tomada; mas por causa da interceptação de Saturno (no terceiro horóscopo) ele não criará tanta agitação como o terceiro trigêmeo, que provocará a inimizade secreta das pessoas com quem entrar em contato: irão se opor a ela por princípio. O Trígono entre a Lua e Saturno proporcionará ao primeiro uma popularidade e capacidade de ser bem-sucedido. Ele avançará no mundo, mas trabalhará muito para isso.

Não é um favoritismo imerecido que traz o primeiro trigêmeo para frente. Os outros, no entanto, podem trabalhar tão arduamente quanto ele, mas terão uma imensa dificuldade para serem tão bem-sucedido nesse particular, o que também será justo, pois eles serão muito mais egoístas e relutantes em obedecer aos outros do que o primeiro. Em dois outros departamentos da vida, a diferença de sexo será um fator determinante na maneira como esses Aspectos da Lua afetam nossos trigêmeos. A saber: a saúde e o casamento.

A Lua é o significador da saúde no horóscopo da mulher, regulando o fluxo menstrual etc., enquanto o Sol é o significador da saúde do homem. Por outro lado, no caso do casamento, a Lua feminina significa a esposa para o homem, enquanto o Sol masculino significa o marido para a mulher. Assim, nesses horóscopos, a Quadratura de Saturno com a Lua indica que o menino, o segundo trigêmeo, tende a ter uma grande dificuldade no casamento e a maioria dos seus problemas virão dessa fonte, se ele fizer alguma união conjugal.

Os mesmos Aspectos no horóscopo do terceiro trigêmeo, que é uma menina, nada têm a ver com casamento, mas afetarão gravemente a saúde, causando indigestão, dores de cabeça e problemas com o fluxo menstrual; enquanto o primeiro trigêmeo será fornecido um extremo benefício pelo Trígono da Lua com Saturno em seu horóscopo, no que diz respeito à saúde e à digestão.

O atraso de dois dias também mudou o Aspecto astrológico entre a Lua e Urano, dois Astros que formam Sextil no horóscopo do segundo e terceiro trigêmeos. Isso proporcionará a esses dois muito mais intuição e inspiração do que no outro. Provavelmente eles desenvolverão a faculdade da psicometria e no caso do menino (segundo trigêmeo), com certeza, proporcionará uma imensa facilidade em se especializar em eletricidade, por conta disso.

Não foi o nosso propósito aqui fazer uma leitura regular desses horóscopos, mas apenas ilustrar a diferença que o atraso incomum resultou, no caso do segundo e terceiro trigêmeos. Ela poderia facilmente ter sido muito maior, supondo que o primeiro tivesse nascido seis, doze ou dezoito horas antes do seu irmão e irmã; ou trinta, trinta e seis, quarenta e duas horas antes; então, a posição das Casas teria sido totalmente mudada e a vida dessas três crianças teria sido totalmente diferente.

No entanto, mesmo a diferença de sexo entre o segundo e o terceiro proporcionará a eles uma experiência variada, como parcialmente mostrado em nosso delineamento. Mas há algo mais a ser dito a esse respeito, do ponto de vista oculto, algo que deve ter a atenção dos médicos, pois tem uma influência enorme na vida das crianças, embora isso não seja totalmente compreendido.

Todos concordamos que seria absolutamente errado se um médico apressasse alguém, que estivesse prestes a morrer, a cruzar a soleira entre esse mundo e o outro. Um médico pego cometendo tal ato seria condenado ao ostracismo pela profissão, seu negócio seria arruinado e, provavelmente, ele seria indiciado por assassinato. No entanto, não é diferente quando um médico apressa o nascimento de uma criança, pois se deve entender que ninguém pode matar a vida. O médico que fornece a um moribundo uma dose excessiva de morfina, por exemplo, só o está levando mais rápido para o outro mundo – os Mundos invisíveis –; assim, do mesmo modo é o obstetra que usa instrumentos ou drogas para apressar o nascimento de uma criança, um Ego que vem dos Mundo invisíveis, para o nosso lugar de habitação atual.

Quando entendemos que a composição química da atmosfera muda a cada minuto; que as vibrações astrais, prevalecentes neste momento, não se repetirão por, em torno de, 25.868 anos (o tempo que o Sol leva para dar uma volta no Zodíaco, por Precessão dos Equinócios); que essa mistura, carregada com as vibrações astrais e peculiares ao momento em que a criança faz sua primeira respiração completa, automaticamente marca cada átomo do pequeno corpo sensível da criança e imprime nela o horóscopo, de modo que, em todos os anos após isso, a criança responderá ao raio de Marte, do Sol ou de qualquer outro Astro que estiver em determinada posição quando o horóscopo foi marcado, então nós poderemos enxergar a causa para o fato de que certas pessoas não parecem se encaixar em seus ambientes — elas foram trazidas às pressas para o mundo, sob uma vibração astral que não era de forma alguma destinada a elas.

No caso desses trigêmeos, a Sra. Lundstead, a mãe, foi atendida por sua tia, que atuava como enfermeira e parteira. Ela deixou a natureza seguir seu curso. Se esse método fosse seguido pelos obstetras, haveria menos desajustados no mundo. Algum dia, quando aprendermos a lei e a guardarmos em nosso coração, saberemos como fornecer o verdadeiro auxílio e a diminuir o sofrimento que tantos de nós causamos aos outros.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que são os sonhos? Todos eles têm um significado? Como podemos atraí-los ou induzi-los?

Resposta: No estado de vigília, os diferentes veículos do Ego – a Mente, o Corpo de Desejos, o Corpo Vital e o Corpo Denso – são todos concêntricos. Eles ocupam o mesmo espaço e o Ego atua, externamente, no Mundo Físico.

Contudo, à noite durante um sono sem sonhos, o Ego, revestido do seu Corpo de Desejos e da sua Mente, se retira deixando os Corpos Denso e Vital sobre o leito, não havendo mais ligação entre os veículos superiores e inferiores, a não ser por um fio tênue e brilhante chamado Cordão Prateado.

Acontece, às vezes, que o Ego se envolve tanto com o Mundo Físico, que o Corpo de Desejos fica de tal forma excitado que se recusa a abandonar os veículos inferiores e se retira apenas por uma parte. Então, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo de Desejos e os centros sensoriais do cérebro físico fica somente parcialmente rompida.

O Ego vê os aspectos e as cenas do Mundo do Desejo, que lhe são extremamente fantásticas e ilusórias, transmitidas aos centros cerebrais sem qualquer conexão racional. Dessa situação é que surgem todos os nossos sonhos absurdos e fantásticos.

Às vezes, acontece que o Ego, ao sair completamente do Corpo Denso em um sono sem sonhos, vê um acontecimento que lhe diz respeito e que está prestes a se materializar, pois os acontecimentos iminentes se apresentam antecipadamente, isto é, antes que qualquer coisa aconteça aqui no mundo material, já aconteceu nos Mundos espirituais.

Se ao acordar após tal experiência o Ego conseguir fixar no cérebro aquilo que viu, terá um sonho profético que, ao devido tempo, se tornará realidade. O Ego também poderá, se o seu destino o permitir, modificá-lo por meio de uma nova ação, isto é, se informado a respeito de um acidente, poderá tomar providências para impedir o desastre iminente.

Quanto à terceira parte da pergunta: “Como podemos atrair ou induzir os sonhos”, podemos dizer que, naturalmente, não há qualquer vantagem em atrair ou induzir sonhos confusos e fantásticos. Na verdade, se chegar um momento na vida de um ser humano em que ele começa a trilhar a vida superior, gradualmente e através de certos exercícios, ele desenvolverá a faculdade de deixar o seu corpo conscientemente à noite ou a qualquer outro momento. Então, ele estará perfeitamente consciente nos Mundos invisíveis, poderá ir para onde lhe aprouver, até mesmo a extremidade da Terra em questão de minutos e, à medida que aprenda a trabalhar conscientemente nestes Mundos invisíveis, não “sonhará” mais, mas passará a viver outra vida mais plena ou mais real do que a que agora vive.

(Pergunta n° 33 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diagrama – Um Ciclo de Vida

Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.

A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.

A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.

A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.

Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.

Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.

A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.

Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.

Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.

Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.

Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.

Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.

Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.

Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.

É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.

A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.

Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.

Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.

O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.

A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.

Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.

Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.

Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.

A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.

Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.

Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.

Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.

Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.

A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.

As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.

Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.

Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.

Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.

No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.

Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.

Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.

As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.

Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.

Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.

De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.

Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.

O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.

Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.

Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida. Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto aonde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.
Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na mente da criança.
O corpo de desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o corpo de desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o infl

Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, alcança o ponto em que ele ingressa no Terceiro Céu, após ter abandonado: o Corpo Denso ao morrer, o Corpo Vital logo a seguir, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, por último, a Mente, ao deixar o Segundo Céu para ingressar no Terceiro Céu, está absolutamente livre de quaisquer empecilhos. Todos os veículos abandonados se desfazem, subsistindo apenas os Átomos-sementes de cada um, e ele permanece por algum tempo no grande reservatório espiritual de força a que chamamos Terceiro Céu, a fim de se fortificar para o próximo renascimento na vida terrena.

A Lei de Consequência determina nossa existência post-mortem consoante a vida que vivemos aqui. Se nessa vida fizemos mais concessões aos desejos inferiores e paixões, nossa existência purgatorial será a parte mais vívida do nosso estado post-mortem; a existência nos vários céus será insípida. Se vivemos emoções superiores, a vida no Primeiro Céu será a mais rica dos diferentes estágios. Gostávamos de planejar melhoramentos e foi nossa Mente bastante construtiva no plano físico? Então, colheremos grandes benefícios ao estagiarmos no Segundo Céu, onde o pensamento concreto é a base das coisas concretas na Terra. Contudo, para usufruirmos uma existência consciente no Terceiro Céu, devemos ter dedicado muito do nosso tempo e do nosso esforço a pensamentos abstratos que não se relacionam com tempo ou espaço.

A maioria de nós não consegue pensar abstratamente e, portanto, carecemos de consciência no Terceiro Céu. Se pensamos em “Amor”, logo o associamos a alguém. Não gostamos de matemáticas porque são áridas, sem emoções e abstratas. Nenhum sentimento está ligado à conclusão de que dois mais dois são quatro, mas precisamente nisto é que está o seu valor, porque quando nos elevamos acima dos sentimentos, nossos preconceitos ficam para trás e a verdade revela-se imediatamente. Ninguém diria que duas vezes dois são cinco, nem discutiria sobre a proposição de que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos outros lados de um triângulo. Essa é a razão de Pitágoras e outros mestres ocultistas exigirem dos seus discípulos um prévio conhecimento de matemática antes de ministrar-lhes seus ensinamentos. A Mente habituada a lidar com matemáticas está treinada no pensamento sequencial e lógico, sendo, portanto, capaz de examinar e distinguir a verdade sem prevenção. Só a esta classe de Mente pode o ocultismo ser ensinado com segurança.

A grande maioria das pessoas ainda não alcançou o estágio em que se progride adequadamente seguindo as chamadas “linhas práticas”. Para tais pessoas, o Terceiro Céu é meramente um lugar de espera, onde ficam inconscientes – como no sono – até a oportunidade de um novo nascimento físico. Por exemplo: a pessoa que tenha levado uma vida grosseira, voltada para a gratificação dos sentidos e que tenha sido extremamente destrutiva terá uma dolorosa existência no Purgatório. Passará inconsciente e rapidamente pelo Primeiro Céu por não ter praticado o bem. Sua destrutividade tornará sua existência no Segundo Céu quase inconsciente e não terá absolutamente vida no Terceiro Céu, onde os Egos avançados criam ideias originais que, mais tarde, na vida terrena manifestam-se como gênios. Portanto, esse atrasado Ego permanecerá adormecido até que um novo nascimento o desperte para um novo dia na Escola da Vida com outra oportunidade para aperfeiçoamento.

Ouvimos muitas vezes alguém dizer após ouvir esta doutrina pela primeira vez: “Oh! Mas eu não quero voltar”. Tal protesto parte só do cansado e extenuado corpo como consequência de uma vida árdua. Contudo, tão logo as experiências desta vida tenham sido assimiladas nos céus, a Lei de Consequência e o desejo de novos conhecimentos atraem o Ego de volta à Terra do mesmo modo que um ímã atrai uma agulha. Então, ele começa outra vez a contemplar seu renascimento.

Aqui, novamente a Lei de Consequência é o fator determinante: o novo nascimento está condicionado pelas nossas vidas passadas. Tendo vivido muitas vidas, é evidente que tenhamos conhecido muitas e diferentes pessoas, ligando-nos a elas nas mais variadas relações, afetando-as para o bem ou para o mal ou sendo assim por elas afetados. Causas foram então geradas entre elas e nós, e assim muitas dívidas – impossíveis de serem logo liquidadas por um ou outro motivo – ficaram pendentes.

A invariabilidade da Lei requer que essas causas tenham sua consumação durante algum tempo e assim os Anjos do Destino, que são as Grandes Inteligências encarregadas da Lei do Equilíbrio, examinam o passado de cada pessoa quando essa está preparada para renascer, verificando quais dos seus amigos ou inimigos estão vivendo naquele tempo e onde se encontram. Como fizemos no passado um número muito grande de tais relações, geralmente numerosos são também os grupos de tais pessoas que se acham na vida terrena, de forma que, se não existir uma razão especial que obrigue a imposição de um deles, os Anjos do Destino permitirão ao Ego escolher as oportunidades que se lhe ofereçam. Selecionam, então, em cada caso, uma quantidade de causas maduras que o Ego pode assumir e mostram-lhe, em uma série de quadros, o panorama de cada vida proposta – com tudo o que nelas sucederá – permitindo-lhe escolher. Tais panoramas desenrolam-se no sentido berço-túmulo e só mostram a vida em linhas gerais. Os detalhes dessa vida no plano físico são deixados ao Ego preencher, com uma boa margem de aplicação de seu livre arbítrio.

Vemos, pois, que o Ego tem certa liberdade quanto ao lugar do nascimento. Pode-se dizer, por conseguinte, que, na grande maioria dos casos, estamos onde estamos por nossa própria escolha. Não importa que não o saibamos intelectualmente. O Ego ainda é fraco. Não pode romper livremente o véu da carne e, também, depende em grande parte da personalidade inferior para ajudá-lo a crescer. Porém, quanto mais nos decidirmos intelectualmente a viver para o Eu superior, tanto mais aproximar-nos-emos do dia em que o Ego resplandecerá. Então, saberemos.

Quando o Ego faz sua escolha, a ela fica preso para o ajuste de contas – para o pagamento de dívidas contraídas em vidas anteriores – agora amadurecidas para a liquidação. É isto que forma o destino, ou as condições difíceis e fáceis da vida, impossível de ser modificado. Qualquer tentativa nessa direção será por certo frustrada, mas que ninguém jamais cometa o erro de pensar que seu destino o conduzirá à prática do mal. Como já vimos, as leis atuam apenas para o bem. O mal em qualquer vida é a primeira coisa purgada após a morte, permanecendo no ser apenas a tendência para esse tipo de mal, junto com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo purificador. Quando, na vida seguinte, surge a tentação para cometer-se o mesmo erro, esta sensação de dor do passado a que chamamos consciência adverte-nos a não ceder, despertando ainda em nós a repulsa ao ato. Contudo, se, a despeito dessa advertência, caímos alguma vez, o sofrimento que experimentamos no Purgatório aumenta a intensidade da antiga aversão, até que a consciência desenvolva a necessária firmeza para resistir àquele tipo de erro, a partir do que cessa a tentação.

Vemos, pois, que nenhuma pessoa jamais é destinada a errar, e que pelo menos cada ação má é fruto de sua livre vontade, mesmo cometido contra a resistência da consciência desenvolvida anteriormente e relativa a esse mesmo erro.

Havendo-se, portanto, decidido a respeito do próximo renascimento, o Ego desce primeiro à Região do Pensamento Concreto e começa a atrair para si o material indispensável à formação da nova Mente.

Conforme dissemos, a pessoa se retira de seus diferentes Corpos no curso do seu trajeto post-mortem. Esses Corpos desfazem-se, mas, de cada um deles, inclusive da Mente, fica com o Ego Átomo-semente. Esses Átomos-sementes constituem o núcleo das novas roupagens com que o Espírito aparecerá na próxima vida.

Quando, então, o Ego desce à Região do Pensamento Concreto, as forças latentes no Átomo-semente mental de suas vidas anteriores entram em atividade e começam a atrair material para uma Mente nova, do mesmo modo que o ímã atrai aos seus polos a limalha de ferro. Se passamos um ímã sobre um depósito de limalhas de latão que contenha também as de ouro, ferro, chumbo, prata, madeira, etc., veremos que ele atrai somente as de ferro, e só na quantidade proporcional à sua força de atração. Tal força é limitada a uma certa quantidade de determinada classe de elementos. O mesmo acontece com o Átomo-semente: só consegue atrair, de cada região, o material com que tenha afinidade e na quantidade definidamente exata. Este material toma então a forma de um grande sino, aberto na base e com o Átomo-semente no topo.

Podemos compará-lo a um sino-mergulhador que afunda gradualmente num mar de crescente densidade. Os materiais atraídos de cada Região vão-se entrelaçando dentro do sino e aumentando seu peso de tal maneira que ele afunda cada vez mais até alcançar a base.

É assim que o Ego submerge na Região do Pensamento Concreto e, de passagem, o Átomo-semente recolhe material para a nova Mente.

A descida continua. Vestido em sua roupagem de matéria mental, com aparência de sino, o Ego submerge no Mundo do Desejo. As forças preservadas do Átomo-semente do seu antigo Corpo de Desejos são despertadas e colocadas no topo do sino, no lado de dentro. Daí, começam a atrair o material com a qualidade e na quantidade requerida pelo Ego para voltar com um novo Corpo de Desejos apropriado às suas necessidades particulares. Assim, quando a região mais densa do Mundo do Desejo é alcançada, o sino já possui duas camadas: a de matéria mental por fora e a de matéria de desejos por dentro.

Em seguida, o Espírito desce à Região Etérica, onde colhe matéria para o novo Corpo Vital. De uma parte dessa matéria, os agentes dos Anjos do Destino fazem uma matriz ou modelo para proporcionar ao novo Corpo Denso a forma apropriada, a qual depositam no útero materno no momento em que o Átomo-semente é posto no sêmen do pai. Sem a presença desses dois fatores, nenhuma união sexual produziria resultados. Assim, quando um matrimônio se revela estéril, ainda que o casal seja saudável e anseie por filhos, isto significa simplesmente que nenhum Ego se sente atraído por eles.

Tão logo o Corpo Vital é depositado, o Ego retornante, envolto na roupagem parecida com um sino, fica flutuando constantemente próximo à sua futura mãe, que sozinha trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito ou vinte e um dias após a fertilização. Aí então, ele entra no corpo materno, cobrindo o feto com o molde do sino que se fecha por baixo e o encarcera mais uma vez na casa-prisão do Corpo Denso.

O momento de entrada no útero é um dos mais importantes da vida, pois, quando o Ego se põe em contato pela primeira vez com a já mencionada matriz do Corpo Vital, novamente contempla o panorama da vida que tem pela frente e que foi impresso naquela matriz pelos Anjos do Destino, com o objetivo de dar-lhe as necessárias inclinações para liquidar as causas maduras na vida futura.

A esta altura, o Ego já se encontra tão cego pelo véu da matéria que não pode mais reconhecer, de modo tão claro, o bem final visado conforme o podia por ocasião da sua escolha na Região do Pensamento Abstrato. Então, quando uma vida particularmente penosa se revela nessa visão ao Ego retornante no momento de sua entrada no útero, muitas vezes ele se apavora e, assim assustado, procura escapar da nova prisão. Porém, já não pode romper a conexão. Mas pode forçá-la, e o faz de tal maneira que a cabeça do Corpo Vital, que deveria permanecer concêntrica com a do Corpo Denso, fica deslocada, sobressaindo para cima da cabeça densa. Isso produz o idiota congênito.

Mesmo sob as mais favoráveis condições, passar pelo útero representa sempre uma grande e penosa tensão para o Ego. Por isso, tudo deve ser feito pelos pais no sentido de evitar que essa temporária permanência se torne ainda mais difícil para ele. Nunca é demais enfatizar este ponto. A desarmonia entre os futuros pais nos períodos críticos da gestação, especialmente no primeiro, muitas vezes põe tudo a perder.

Antes do acontecimento que denominamos nascimento, o futuro homem é encerrado em outro corpo (o materno), impossibilitando, portanto, de contatar com o mundo dos sentidos. Esta reclusão é necessária a fim de que o organismo se desenvolva até o ponto adequado de maturidade para receber por si mesmo essas impressões. Quando tal ponto é alcançado, o abrigo protetor, que é o útero, abre-se, e aí o novo ser humano entra na arena deste mundo.

Como vimos, o ser humano é muito mais que simples Corpo Denso. Por isso, não se deve pensar que, quando ele nasce para o Mundo Físico, todos os seus veículos estão igualmente amadurecidos. Na realidade, ainda não estão. O Corpo Vital cresce e amadurece dentro do seu envoltório etéreo até os sete anos, na troca dos dentes; o Corpo de Desejos requer proteção contra os perigos do Mundo do Desejo até próximo aos quatorze anos, nascendo no período a que chamamos puberdade; e a Mente não está suficientemente amadurecida para libertar-se de seu envoltório protetor até que o homem alcance a maioridade, aos vinte e um anos. Esses períodos são apenas aproximados, pois sua duração exata varia de pessoa para pessoa. Os períodos acima mencionados estão, porém, bem próximos da realidade.

A razão do lento desenvolvimento dos veículos superiores reside no fato de que esses veículos são adições relativamente recentes ao patrimônio do Ego, enquanto o Corpo Denso tem uma evolução muito mais longa, sendo, por conseguinte, o instrumento mais perfeito e valioso que possuímos. Quando as pessoas que só recentemente vieram a saber da existência dos veículos superiores pensam e falam constantemente de quão maravilhoso seria voar no Corpo de Desejos, pondo de lado o “baixo” e “vil” corpo físico, demonstram que ainda não aprenderam a apreciar a diferença entre “superior” e “perfeito”. O Corpo Denso é uma maravilha de perfeição, com seu forte esqueleto articulado, seus delicados órgãos de percepção e seu mecanismo nervoso de coordenação motora e cerebral que o torna superior a qualquer outro mecanismo do mundo. Visto em detalhes, tomemos para exemplo o longo osso da coxa, o fêmur, e examinemos suas rotundas extremidades. Partindo-o, podemos ver que somente uma delgada camada externa é feita de osso compacto, e que é reforçado internamente por um espesso entrecruzamento de delgados filetes ósseos, que o torna tão prodigiosamente forte quanto leve. A projeção de uma estrutura tal acha-se ainda tão distante da capacidade do mais competente engenheiro desta geração, quanto o cálculo diferencial encontra-se de uma formiga.

Portanto, mesmo sabendo que algum dia, num porvir distante, nossos veículos superiores alcançarão uma perfeição bem maior que a do nosso Corpo Denso, não devemos esquecer que presentemente eles ainda se acham desorganizados até certo ponto, sendo por isso de pouco valor quando estão separados do organismo físico perfeito. Deveríamos em tudo agradecer aos exaltados Seres por nos terem ajudado a desenvolver este esplêndido instrumento no qual agora funcionamos no mundo como seres humanos autoconscientes para cumprir nosso destino, vida após vida, tornando-nos a cada passo mais e mais semelhantes ao nosso Pai que está no Céu.

Vemos, pois, que o nascimento é um evento quádruplo, e que para cumprirmos por completo nossos deveres como educadores é de todo necessário que conheçamos isso, como também os fatos consequentes.

Não se deve simplesmente arrancar o bebê do útero materno e expô-lo aos impactos do mundo externo. Isto o mataria. Igualmente perigoso é violar as matrizes dos corpos invisíveis, expondo o ser imaturo aos impactos do mundo moral e mental. E, muito embora tal violência não mate o corpo físico, quase sempre obstrui sua capacidade, pois o que é prejudicial a um corpo o é também a todos os outros veículos. Para educar a criança devidamente faz-se, pois, necessário conhecer-se os efeitos da educação sobre os diferentes veículos e os métodos adequados a serem empregados, sem esquecer-se, entretanto, que nem sempre as regras gerais podem ser aplicadas em casos individuais.

Vimos que quando o Ego termina seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão leva-o a abandonar o Corpo Denso ao morrer e a seguir também o Corpo Vital, que é o mais próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejos mais inferior, acumulada pelo Ego como incorporação dos seus desejos inferiores, é purgada pela mesma força centrífuga. Nas regiões superiores, somente a Força de Atração atua, conservando o bem pela sua ação centrípeta a qual atrai tudo da periferia para o centro.

A Força centrípeta de Atração atua também no regresso do Ego ao renascimento. Sabemos que podemos lançar à maior distância uma pedra do que uma pena. Pelas mesmas razões, a matéria mais inferior é lançada para fora após a morte, pela Força de Repulsão, e, pela mesma razão, a matéria mais grosseira, por meio da qual o Ego encarna a tendência para o mal, é precipitada para dentro, para o centro, pela Força centrípeta de Atração, resultando que quando a criança nasce, só o que ela tem de melhor e de mais puro aparece no exterior. O mal latente, de modo geral, não se manifesta até que o Corpo de Desejos nasça próximo aos quatorze anos, e suas correntes comecem a fluir para fora do fígado. É então que o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que está no íntimo.

As estrelas são o Relógio do Destino, e mostram as tendências ocultas em cada ser humano. Os astrólogos podem falhar na previsão de acontecimentos, mas um Astrólogo bom e cuidadoso é capaz de determinar com precisão o caráter de uma pessoa em 99 por cento dos casos. E é desta maneira que os pais podem ter uma visão do lado oculto da natureza da criança. Mas como é relativamente fácil aprender a levantar o Tema Natal, sempre é melhor para os pais fazerem o horóscopo de seus filhos do que recorrerem a um estranho. Conseguirão, deste modo, uma visão mais profunda do seu caráter.

Com o nascimento físico, o Corpo Denso começa a sentir os impactos do mundo externo, os quais atuam sobre ele como atuavam anteriormente as forças do corpo materno. O que lhe fizeram estas durante a vida pré-natal, os impactos dos elementos continuam fazendo por toda a vida física. Até os sete anos, ou na mudança dos dentes, existe uma atividade especial, bem diferente de qualquer outra das fases seguintes. Os órgãos dos sentidos tomam formas definidas que já lhes dão as tendências estruturais básicas e determinam suas linhas de desenvolvimento em uma ou outra direção. Depois, ainda crescem, mas sempre em obediência às linhas previamente estabelecidas nesses sete primeiros anos, de modo que qualquer erro ou negligência no seu uso de modo correto nesse período, mui dificilmente poderá ser corrigido mais tarde. Se os membros e órgãos tomarem, pelo correto uso, a forma apropriada, todo o crescimento posterior será harmonioso; mas se houve uma formação imprópria nesse período, o pequeno corpo crescerá deformando-se em maior ou menor escala. É dever do educador proporcionar à criança um ambiente adequado, conforme faz a Natureza na fase pré-natal, pois só assim tem o sensitivo organismo condições de desenvolver-se na direção certa.

Há duas palavras mágicas que indicam a maneira pela qual a criança entre em contato com as influências formadoras do seu ambiente: exemplo e imitação. Nenhuma criatura debaixo dos céus é mais imitativa do que a criança e, nessa imitação, temos a força que pode dar as tendências e direção ao pequeno organismo. Tudo no ambiente da criança deixa-lhe uma impressão para o bem ou para o mal. Devemos, portanto, nos convencer de que o mais insignificante ato pode causar incalculável mal ou bem à vida de nossos filhos, e que nunca devemos fazer em sua presença algo que não desejemos absolutamente que eles imitem. É inútil ensinar à criança moralidade ou a raciocinar neste período. Exemplo é o único mestre que a criança necessita e segue. Não pode furtar-se à imitação, do mesmo modo que a água não pode evitar de correr encosta abaixo, porque este é o único método de desenvolvimento nesta fase. Instruções morais e sobre raciocínio ficam para mais tarde. Ensiná-las agora equivale a extrair o feto do útero prematuramente. Tudo o que a criança tem que adquirir em termos de pensamento, ideia e imaginação deve vir por si mesmo, do mesmo modo que os olhos e ouvidos desenvolvem-se naturalmente antes do nascimento do Corpo Denso.

Deve-se dar à criança brinquedos com os quais possa exercitar suas faculdades de imitação – algo com vida ou uma boneca articulada que possa ser posta em diferentes posições, permitindo-se que sua dona lhe troque as roupinhas sem nenhum auxílio. Assim, ela exercita sua força formadora de maneira correta. Ao menino, deem-se ferramentas, modelos e massas. Nunca se deve dar às crianças brinquedos terminados, de modo que elas nada mais tenham a fazer senão olhá-los. Isso tira do cérebro a oportunidade de desenvolvimento. O cuidado e objetivo do educador neste período deve ser o de proporcionar meios para um desenvolvimento harmonioso dos órgãos físicos.

No que tange aos alimentos, grande cuidado precisa ser tomado nesta fase, pois um apetite normal ou anormal nos anos seguintes dependerá de como a criança foi alimentada no primeiro período setenário. Aqui também o exemplo é o melhor mestre. Pratos excessivamente condimentados prejudicam o organismo. Quanto mais simples e fácil de mastigar, mais o alimento conduz ao apetite saudável, que norteará o homem quanto à nutrição durante sua vida e proporcionar-lhe-á um corpo sadio e uma Mente pura que o glutão desconhece. Não façamos um prato para nós e outro diferente para o nosso filho. Podemos assim evitar que ele coma certos alimentos em casa, mas despertamos nele certo desejo secreto pelo alimento “proibido”, e cuja satisfação buscará quando se tenha tornado adulto suficiente para ter vontade própria. Aí, sua capacidade de imitação se manifestará espontaneamente.

Quanto às roupas, certifiquemo-nos de que sejam sempre folgadas, e possam ser substituídas antes de se tornarem pequenas a fim de não irritar. Muito da natureza imoral que põe uma vida a perder tem sido despertado, primeiramente, pelas fricções causadas pelo uso de peças muito justas, particularmente em se tratando de meninos. A imoralidade é um dos piores e mais persistentes flagelos de nossa civilização. Lembrando disso, procuremos, por todos os meios, manter nossas crianças inconscientes de seus próprios órgãos sexuais antes dos sete anos. O castigo corporal é também um fator preponderante no despertar da sexualidade, nunca sendo demais condená-lo.

Com relação à educação do caráter, sabemos que a tal respeito as cores assumem a maior significação, se bem que o assunto envolve não somente o conhecimento do efeito das cores como, particularmente, das cores complementares, posto que são estas que atuam no organismo da criança. Se temos de lidar com o temperamento ardente de uma natureza impetuosa, façamos o vermelho predominar no ambiente, e assim conseguiremos abrandá-lo. Aposentos, móveis e roupas na cor vermelha produzir-lhe-ão o refrescante efeito da cor verde, lhe acalmando os nervos. O melancólico e de natureza letárgica terá melhor disposição se o rodearmos de azul ou azul-verde, que geram nos seus órgãos infantis o calor do vermelho e do laranja.

As cantigas de ninar são de maior importância nesse período. Não importa o sentido que tenham. De suma importância é seu ritmo, pois este constrói os órgãos mais harmoniosamente que qualquer outro fator. Portanto, isto e a manutenção de uma atmosfera alegre constituem os dois mais excelentes métodos educacionais, e continuam válidos e eficientes mesmo na falta de outros.

Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança atingiu uma perfeição suficiente que lhe permite receber os impactos do mundo externo. Difundirá sua capa protetora de éter e, começa sua vida livre. É aí que se deve iniciar o trabalho do educador sobre esse Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, consciência, bons hábitos e temperamento harmonioso. autoridade e discipulado passam a ser as palavras chaves desta época, em que a criança vai aprender o significado das coisas. Na primeira época, ela aprende o que são as coisas, não se importando com o seu significado, a não ser aquilo que entende a seu modo. Na segunda, porém, dos sete aos quatorze anos, é essencial que aprenda o que essas coisas significam, contudo sempre sob a supervisão de seus pais e mestres, mais memorizando suas explicações ou definições do que raciocinando sobre elas, posto que a razão pertence a um período de desenvolvimento posterior. E ainda que possa fazê-lo a seu modo, com proveito, não deixa de ser prejudicial neste período forçá-la a pensar.

Para que a criança em desenvolvimento possa melhor colher os benefícios decorrentes da instrução de seus pais e professores, é necessário, evidentemente, que sinta a maior veneração por eles e que admire sua sabedoria. Cabe a nós, por conseguinte, comportarmo-nos convenientemente, pois, se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la por isso mesmo da maior força em sua vida: abalamos-lhe a fé e confiança nos outros. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e temos de responder ante a Lei de Consequência pelo nosso descaso, ou por havermos negligenciado a grande oportunidade de guiar, em seus primeiros passos, um companheirinho de jornada no caminho certo. E exemplo é sempre melhor que preceito.

De pouca utilidade são os conselhos. Mostremos à criança exemplos vivos dos efeitos da virtude e do vício. Representemos ante sua fantasia juvenil as imagens do ébrio e do ladrão, e outra como a do santo. Isto afetará seu Corpo Vital a um ponto em que passará a ter aversão aos primeiros e um decidido propósito de imitar o segundo.

Neste período, a criança precisa ser ensinada sobre a origem do seu ser, a fim de que possa estar preparada para os vendavais de paixões que fazem a adolescência tão perigosa. Esta informação também pode ser dada através de figurações mentais e exemplos da natureza, mas de tal modo que ela fique totalmente impressionada da santidade da função. É inelutável dever daqueles que educam esclarecer devidamente a criança. Neste ponto, equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas com a recomendação: Não caia. Ao menos, se retirem dele a venda e, mesmo assim, ela estará bastante coibida.

O instrutor que tome uma flor, que é o órgão gerador da planta, para ensinar o objetivo do ato criador, é capaz de fazê-lo compreensível no animal e no homem. Mas evitemos o erro de confundir a criança com muitos nomes tais como “estames”, “anteras” ou “flores pistiladas”, “flores estaminadas”. Isso frustraria o nosso objetivo, além de cansar as crianças no estudo.

Como as crianças se encantam com os contos de fadas, o instrutor engenhoso pode tornar uma história de flores mais fascinante que qualquer desses conhecidos contos, podendo ainda acrescentar um halo de beleza e santidade no ato gerador que envolverá a criança por toda a vida e a protegerá contra as tentações e provas quando se acenderem as chamas das paixões.

Sabemos que estame e pólen são masculinos, e que pistilo e óvulo são femininos. Também sabemos que algumas flores têm somente um gênero, como há outras que têm tanto o estame como o pistilo. Sabemos também que as abelhas têm cestas de pólen em suas patas, e nelas carregam pólen para os pistilos de outras flores. Nestas, o pólen trabalha sobre o óvulo, que então é fertilizado e capaz de crescimento em nova planta florida.

Com estes dados e algumas flores, juntemos as crianças e tentemos mostrar-lhes como as flores assemelham-se às famílias. Em algumas (as estaminadas), só há meninos; em outras (as pistiladas), só há meninas; e em outras, meninos e meninas. As flores-menino (pólen) são aventureiras como os meninos: cavalgam os corcéis alados (abelhas) mundo afora, à semelhança dos cavaleiros de antanho, em busca de princesa aprisionada em seu castelo mágico (o óvulo no pistilo); conta-se como o minúsculo cavaleiro flor-rapaz audaciosamente salta de seu corcel (a abelha) e avança em direção ao aposento secreto onde se acha a princesa (o óvulo); então, se casam e têm muitas pequenas flores – meninos e meninas.

Este conto pode variar e ser enriquecido à vontade à fantasia dos educadores, como ainda pode ser suplementado por histórias em que figurem só animais e pássaros. Isso despertará na criança a compreensão da origem de seu próprio corpo, o que emprestará à história de amor do papai e da mamãe todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, e evita o mais leve pensamento de ódio ligado com nascimento na Mente da criança.

O Corpo de Desejos nasce aproximadamente aos quatorze anos, na puberdade. É tempo em que os sentimentos e paixões começam a exercer poder sobre o adolescente, posto que a matriz da matéria de desejos que até então protegia o Corpo de Desejos é removida. Na maioria das vezes, este é um período de provas para o jovem que aprendeu a reverenciar seus pais e mestres, pois estes podem então ser para ele uma espécie de âncora contra o influxo de sentimentos. Se habituar-se a confiar na palavra dos mais velhos e estes sempre lhe falarem sabiamente, o moço, no mínimo, terá desenvolvido um inerente senso da verdade que o guiará seguramente. Se, porém, houver uma falha, ele poderá desnortear-se.

É o tempo em que deve ser ensinado a investigar as coisas por conta própria para que aprenda a formar opiniões individuais. Procuremos imprimir-lhes a necessidade de pesquisar cuidadosamente antes de julgar e, também, quanto mais fluídicas ele puder conservar suas opiniões, mais capacitado estará também para examinar novos fatos e adquirir novos conhecimentos. Deste modo, alcançará sua maioridade aos vinte e um anos, quando a Mente se libertar também, e será capaz de ocupar o seu lugar no mundo como um cidadão íntegro e probo, graças àqueles que dele cuidaram amorosamente em seus anos de desenvolvimento: um homem ou uma mulher bem-educados.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um Breve Resumo da Filosofia Rosacruz – com Referências em vários Livros da Fraternidade Rosacruz

Cedo ou tarde chegará um momento em que a consciência será forçada a reconhecer o fato de que a vida, como a conhecemos, é passageira e que, em meio a todas as incertezas da nossa existência, há apenas uma certeza — a Morte!

Quando a Mente é despertada pelo pensamento desse salto no escuro, que em algum momento deve ser tomado por todos, as grandes perguntas — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? — devem inevitavelmente surgir. Esse é um problema fundamental com o qual todos devem, mais cedo ou mais tarde, lidar, e é da maior importância como resolveremos isso, porque a opinião que adotarmos vai colorir toda a nossa vida.

Somente três teorias dignas de reconhecimento foram apresentadas para resolver esse problema. Para nos situarmos em um dos três grupos da humanidade que foram separados por sua aderência a uma dessas hipóteses é necessário conhecê-las, analisá-las calmamente, compará-las entre si e a fatos estabelecidos. Concordando ou não com suas conclusões, certamente teremos uma compreensão mais abrangente dos vários pontos de vista envolvidos para podermos formar uma opinião inteligente, quando lermos o Enigma da Vida e da Morte.

Se chegarmos à conclusão de que a morte não acaba com a nossa existência, será muito natural perguntar: onde estão os mortos? Essa questão importante é tratada aqui na A Luz Além da Morte. A lei de conservação da matéria e energia impede a aniquilação, mas vemos que a matéria está constantemente mudando do estado visível para o invisível e vice-versa, como, por exemplo, no caso da água que é evaporada pelo sol, parcialmente condensada em forma de nuvem e depois cai de novo na Terra, como chuva.

Também a consciência pode existir e não ser capaz de fornecer qualquer sinal disso, como nos casos em que as pessoas foram consideradas mortas, porém acordaram e disseram tudo o que foi falado e feito na presença delas.

Portanto, deve haver Mundos invisíveis feitos de força e matéria que são tão independentes da nossa cognição quanto a luz e a cor independem do fato de não serem percebidas pelos cegos.

Nesses Mundos invisíveis, os “mortos” vivem em plena posse de todas as faculdades mentais e emocionais. Vivem aí uma vida tão real quanto a existência aqui, no Mundo visível.

Os Mundos invisíveis são conhecidos por meio de um sexto sentido desenvolvido por alguns, mas latente na maioria das pessoas. Pode ser desenvolvido por todos; no entanto, métodos diferentes produzem resultados variados.

Essa faculdade compensa a distância de um modo bem superior aos melhores telescópios e a falta de tamanho é contrabalançada em um grau inacessível ao microscópio mais poderoso. Ela penetra onde o raio-X não pode. Uma parede ou uma dúzia de paredes não são mais densas para a visão espiritual do que o cristal é para a visão comum.

Aqui, nesse livro e nessa Parte II – Cristo Interno – A Memória da Natureza, a questão da Visão Espiritual como faculdade é descrita e, também, fornece um método seguro para o seu desenvolvimento.

Os Mundos invisíveis são divididos em diferentes domínios: Região Etérica, Mundo do Desejo, Região do Pensamento Concreto e Região do Pensamento Abstrato.

Essas divisões não são arbitrárias, mas necessárias porque a substância de que são compostas obedece a leis diferentes. Por exemplo, a matéria física está sujeita à lei da gravidade; no Mundo do Desejo, porém, as formas levitam tão facilmente quanto gravitam.

O ser humano precisa de vários veículos para funcionar nos diferentes Mundos, do mesmo jeito que necessita de uma carruagem para andar sobre a terra, de um barco para o mar e uma aeronave para o ar.

Sabemos que ele precisa de um Corpo Denso para viver no Mundo visível. Ele também tem um Corpo Vital, composto de éter, que lhe permite sentir as coisas ao seu redor. Um Corpo de Desejos formado pelos materiais do Mundo do Desejo, o que lhe confere uma natureza apaixonada e o incita à ação. A Mente é formada pela substância da Região do Pensamento Concreto e atua como um freio por impulso: ela dá propósito à ação. O ser humano real, o Pensador ou Ego, age na Região do Pensamento Abstrato, operando sobre, e através de, seus vários instrumentos.

Aqui, nesse livro e nesse Capítulo III – No Sono e nos Sonhos, trata das condições normais e anormais da vida como Sono, Sonhos, Transe, Hipnotismo e Loucura. Os veículos mais refinados mencionados anteriormente são todos concêntricos ao Corpo Denso, no estado de vigília, quando estamos ativos em pensamentos, palavras e ações; contudo, as atividades do dia fazem com que o corpo fique cansado e com sono.

Quando o desgaste causado pelo uso de um edifício torna necessário reparos exaustivos, os inquilinos precisam sair para que os trabalhadores possam ter espaço total para a restauração. Portanto, quando o desgaste do dia esgota o corpo, é necessário que o Ego saia. Essa retirada torna o corpo inconsciente, sendo necessário um trabalho preciso para restaurar seu tom e ritmo. Durante a noite, o Ego paira ao lado de fora do Corpo Denso, envolto no Corpo de Desejos e na Mente. Às vezes, o Ego retira-se apenas parcialmente, tendo uma das metades dentro do corpo e a outra, fora; quando isso ocorre, ele vê o Mundo do Desejo e o Mundo Físico, mas de forma confusa como em um sonho.

O hipnotismo é um ataque mental. A vítima desavisada é expulsa do seu corpo e o hipnotizador obtém o controle. As vítimas do hipnotizador são libertadas com a morte dele, no entanto; mas o médium não tem tanta sorte. Os Espíritos que o controlam são realmente hipnotizadores invisíveis. Essa invisibilidade oferece grandes possibilidades de enganar e após a morte eles podem tomar posse do Corpo de Desejos do médium e usá-lo por séculos, impedindo que sua infeliz vítima progrida no caminho da evolução. Essa última fase da mediunidade é elucidada nesse livro e nessa Parte IV – “O Corpo do Pecado” – Possessão por Demônios autocriados – Elementais.

O que chamamos de morte é, na realidade, apenas a mudança de consciência de um Mundo para outro. Temos uma ciência do nascimento com enfermeiras treinadas, obstetras, antissépticos e todos os outros meios de cuidar do Ego que chega; contudo, precisamos muito de uma ciência da morte, pois quando um amigo está saindo da existência concreta, permanecemos impotentes, ignorantes em relação a como ajudar; ou pior, fazemos coisas que tornam a passagem infinitamente mais difícil do que se estivéssemos apenas ociosos. Dar estimulantes é uma das piores ofensas contra os moribundos, porque atrai novamente o Espírito ao Corpo Denso e o faz com a força de uma catapulta.

Depois que o coração parou, pela ruptura parcial do Cordão Prateado (que unia os veículos superiores do ser humano aos inferiores durante o sono e, após a morte, permanece indiferente por um tempo que varia de algumas horas a três dias e meio), o Espírito ainda pode sentir o embalsamamento do corpo físico, sua abertura para exames post-mortem ou a cremação. Esse corpo não deve, portanto, ser incomodado, porque o Ego que passa de um Mundo ao outro está empenhado em revisar as imagens de sua vida passada (que são vistas em um lampejo por pessoas que se afogam). Essas imagens são impressas diariamente e a cada hora no éter do Corpo Vital, independentemente da nossa observação, assim como uma imagem detalhada é impressa na placa fotográfica pelo éter, ainda que o fotógrafo não tenha observado seus detalhes. Elas formam um registro absolutamente verdadeiro da nossa vida passada, que podemos chamar de memória subconsciente (ou Mente) e é muito superior à visão que armazenamos conscientemente em nossa memória (na Mente).

Sob a imutável Lei da Consequência, que decreta que aquilo que nós semearmos nós colheremos, os atos da vida são a base da nossa existência após a morte. O panorama de uma vida passada é o livro dos Anjos do Destino, os organizadores da partitura que fazemos junto à Lei da Consequência.

A revisão do panorama da vida logo após a morte registra as imagens no Corpo de Desejos, que é o nosso veículo normal no Mundo do Desejo, onde o Purgatório e o Primeiro Céu estão localizados.

Esse panorama é o fundamento da purificação do mal, no Purgatório, e da assimilação de boas ações, no Primeiro Céu. É da maior importância que ele seja profundamente gravado no Corpo de Desejos, porque se a gravação for profunda e clara, o Ego sofrerá mais acentuadamente no Purgatório e experimentará alegrias mais intensas no Primeiro Céu. Tais sentimentos permanecerão como consciência nas vidas futuras, impulsionando as boas ações e desencorajando os maus atos.

Se deixarmos o Espírito em paz, tranquilo, para se concentrar no panorama da vida, a gravação será clara e nítida; no entanto, se os parentes desviarem a dele atenção com altas e histéricas lamentações durante os primeiros três dias e meio, período em que o Cordão Prateado ainda está intacto, uma impressão superficial ou borrada fará com que o Espírito perca muitas das lições que deveriam ter sido aprendidas. Para corrigir essa anomalia, os Anjos do Destino são frequentemente forçados a terminar a próxima vida dele na Terra durante a primeira infância, antes que o Corpo de Desejos tenha nascido, conforme descrito nesse livro e nessa Parte IV – Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios, pois o que não foi vivificado não pode morrer; assim, a criança entra no Primeiro Céu e aprende as lições que não aprendeu anteriormente, tornando-se dessa forma equipada a passar pela Escola da Vida.

Como tais Egos mantêm o Corpo de Desejos e a Mente que tinham na vida em que morreram quando crianças, é comum que se lembrem dessa existência, porque só permanecem fora da vida terrena de um a 20 anos.

O sofrimento no Purgatório surge por duas causas: os desejos que não possam ser satisfeitos e a reação às imagens do panorama da vida — o bêbado, por exemplo, sofre as torturas de Tântalo, porque não tem meios de obter ou reter a bebida. O avarento sofre porque lhe falta a mão para impedir que seus herdeiros dissipem seu estimado tesouro. Assim, a Lei da Consequência elimina os maus hábitos até que o desejo se esgote.

Se tivermos sido cruéis, o panorama da vida irradia sobre nós a imagem de nós mesmos e de nossas vítimas. As condições são revertidas no Purgatório: nós sofremos como eles sofreram. Assim, com o tempo, somos expurgados do pecado. A matéria grosseira do desejo que forma a personificação do mal é expelida pela força centrífuga da Repulsão, no Purgatório, e retemos unicamente o puro e o bem, que são corporificados em matéria de desejo mais sutil que é dominada pela força centrípeta — Atração, que no Primeiro Céu une o que é bom, quando o panorama retrata cenas de nossas vidas passadas em que ajudamos outras pessoas ou nos sentimos gratos pelos favores recebidos, conforme descrito aqui em, nesse livro e nessa parte Vida e Atividade no Céu, que também fala da estadia no Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto.

Esse também é o reino do tom, como o Mundo do Desejo é da cor e o Mundo Físico, da forma. O tom, ou som, é o construtor de tudo o que existe na Terra, como lemos no Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo (o som), e o Verbo se fez carne”, a carne de todas as coisas, “Sem Ele nada do que foi feito se fez”. A montanha, o musgo, o rato e o ser humano são encarnações dessa Grande Palavra Criadora que desceu do Céu.

Lá, o ser humano se torna um com as forças da natureza; Anjos e Arcanjos o ensinam a construir um ambiente conforme o que mereceu sob a Lei da Consequência. Se ele gastou seu tempo na especulação metafísica, igual aos hindus, deixou de construir um bom ambiente material e renascerá em uma terra árida, onde inundações e fome o ensinarão a voltar sua atenção às coisas materiais. Quando ele focaliza sua Mente no Mundo Físico, aspirando à riqueza e ao conforto material, constrói no Céu um inigualável ambiente material, uma terra rica com instalações que lhe trarão facilidade e conforto, como o mundo ocidental tem feito. Mas, dado que sempre ansiamos pelo que nos falta, as posses que temos nos saciam para além do conforto e estamos começando a desejar novamente a vida espiritual, como os hindus, nossos irmãos mais novos, querem agora a prosperidade material que temos e estamos deixando para trás, o que é mais bem explicado aqui nesse livro e nessa parte Métodos Ocidentais para os Ocidentais, que mostra por que as práticas de ioga hindu são prejudiciais aos ocidentais: eles estão atrás de nós na evolução.

Depois que o Ego ajuda a construir o arquétipo Criativo para o ambiente de sua próxima vida terrena, no Segundo Céu, ascende ao Terceiro Céu, localizado na Região do Pensamento Abstrato. Mas poucas pessoas aprenderam a pensar de forma abstrata como os matemáticos; portanto, a maioria está inconsciente, como no sono, aguardando o Relógio do Destino — as estrelas, para indicar a hora em que os efeitos gerados pela ação das vidas passadas possam ser calculados. Quando os responsáveis pelo tempo celestial, o Sol, a Lua e os planetas, alcançam uma posição adequada, o Ego acorda com o desejo de um novo nascimento.

Os Anjos do Destino examinam o registro de todas as nossas vidas passadas, estampadas na Mente Supraconsciente toda vez que o Ego vai para o Terceiro Céu, conforme descrito nesse livro nesse O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Quando não há uma razão específica para a tomada de um determinado ambiente, o Ego tem várias opções de renascimento. Elas são mostradas a ele em uma visão geral, exibindo o grande esboço de cada vida proposta, mas deixando espaço para o livre-arbítrio individual nos detalhes.

Depois que uma escolha é feita, o Ego deve liquidar as causas maduras que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e qualquer tentativa de escapar será frustrada. Deve-se notar cuidadosamente que o mal é erradicado no Purgatório. Somente as tendências restam para nos tentar, até que, de forma consciente, nós as vençamos. Assim, nascemos inocentes e, pelo menos, todo ato maligno é um ato de livre-arbítrio.

Quando o Ego desce em direção ao renascimento, reúne os materiais para seus novos corpos, mas eles não nascem ao mesmo tempo. O nascimento do Corpo Vital inaugura um rápido crescimento entre, o entorno, os sete anos e os catorze, desenvolvendo também a faculdade de propagação. O nascimento do Corpo de Desejos, em torno dos catorze anos, fornece origem ao período impulsivo que vai, em torno, dos catorze aos vinte e um anos. Nessa idade em torno dos vinte e um anos, o nascimento da Mente fornece um freio ao impulso e concede a base para uma vida séria.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como Demonstrar Experiências Psíquicas?

Pergunta: Como podemos diferenciar entre as experiências ilusórias de um sonho comum e as experiências reais de um Auxiliar Invisível? Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em certos lugares, fazendo um trabalho definido, enquanto o Corpo Denso estava dormindo na cama?

Resposta: Sim, se você realmente esteve fora do seu Corpo Denso e conseguiu reter essa memória até a hora de acordar, pode haver uma série de maneiras pelas quais você pode provar a si mesmo e, também, aos outros, se desejar, que você foi, pelo menos naquela ocasião, liberado de seu corpo, sendo capaz de funcionar como um Espírito livre no espaço. Muitas pessoas que leem um artigo de revista como esse, provavelmente, não estejam familiarizadas com a nossa Filosofia Rosacruz.

Portanto, começaremos do início, afirmando que o ser humano não é apenas o Corpo Denso que vemos com nossos olhos, mas que possui veículos feitos de texturas mais finas nos quais ele é capaz de funcionar, quando o Corpo Denso é colocado para descansar, durante o sono. É, de fato, a retirada do Espírito, junto à sua consciência e aos veículos mais sutis, que induz o sono. Na maioria das pessoas, o Espírito, vestido com seus veículos mais finos, paira perto do Corpo Denso, quando esse está em repouso. Geralmente medita sobre os assuntos do dia, mas não parece ter muito interesse em qualquer coisa relativa a isso, até que, por certos exercícios, o estudo da Filosofia Rosacruz e por viver uma vida plena, dedicada ao serviço amoroso e desinteressado para com os outros, é gradualmente despertado para a realidade da vida fora do Corpo Denso.

Então começa a fazer pequenas excursões de investigação. Se a pessoa seguiu o caminho do desenvolvimento espiritual negativo, passivo e perigoso, ela se alia a um grupo de espíritos afins — tudo depende do temperamento da pessoa em questão, pois nosso caráter não é alterado pelo fato de irmos dormir; nós somos lá, no Mundos invisíveis, o que somos aqui, no Mundo visível.

No entanto, há ocasiões em que um homem ou uma mulher se torna tão interessado no trabalho deste Mundo que, ao adormecer, o espírito não consegue se desvencilhar inteiramente do Corpo Denso. Está meio dentro e meio fora, em contato com as cenas dos Mundos invisíveis e ainda ruminando as ocorrências do dia anterior. Então, temos aquele estado de consciência confuso que chamamos de sonhos e esses constituem as experiências noturnas da maioria das pessoas. Mas, quando, como já foi dito, começamos a estudar a Filosofia Rosacruz e, acima de tudo, a viver uma vida de serviço amoroso e desinteressado para com os outros durante o dia; quando realizamos certos exercícios esotéricos à noite com fidelidade e zelo, um dos primeiros sintomas da verdadeira consciência durante a noite, e das experiências nos Mundos invisíveis, é o de sonhos caóticos e ilusórios se tornarem lógicos e racionais. Quando esse estágio é alcançado, nunca nos vemos andando com a cabeça debaixo do braço ou perseguindo uma vaca em um poste, porque sentimos que ela deveria se empoleirar no topo do poste, ou realizar truques idiotas desse tipo; mas descobrimos nós mesmos vivendo normalmente e lá fazendo as coisas da mesma maneira que faríamos aqui, salvo por certos fatos tais como se desejamos ir de um lugar a outro, não andamos a pé nem de carro, mas simplesmente, pelo próprio pensamento, nós nos elevamos no ar e nos deslizamos pelo espaço até chegar ao destino. Então, não somos impedidos por portas trancadas ou janelas fechadas, mas vamos diretamente, passando pela parede, para os cômodos onde desejamos estar e começamos a fazer o trabalho para o qual fomos até lá.

Além disso, podemos descobrir que o espaço e a distância quase deixaram de existir e que uma viagem até um amigo sofredor a alguns milhares de quilômetros de distância leva apenas um momento; contudo, essas coisas não indicam que estamos apenas tendo um sonho ilusório e comum, pois, como dissemos, tais são as leis do Mundos invisíveis que viajamos a uma velocidade maior do que a eletricidade, sempre que desejamos. Não há peso para os corpos invisíveis ao nosso olho físico. É nossa vontade que determina nosso lugar em relação à Terra. Podemos andar na rua ou planar sobre os telhados à vontade. Além disso, como é bem sabido que os átomos de todas as substâncias físicas não se tocam de fato, mas, digamos, nadam no mar de Éter, é perfeitamente possível ao Espírito, livre do Corpo Denso, passar seu corpo invisível pelos interstícios entre os átomos de uma parede de tijolo ou cimento, como Cristo fez quando apareceu aos Discípulos, depois que a porta do aposento onde estavam foi trancada.

Tendo esses fatos na sua Mente, suponha que alguma noite, estando fora do seu Corpo Denso, você conheceu uma pessoa e que, talvez, tenham trabalhado juntos por semanas ou meses; no decorrer da conversa você descobre que seu amigo mora em Nova York ou Londres e você teve a oportunidade de visitá-lo lá, enquanto funcionava em seu corpo invisível.  Suponhamos ainda que se tornou necessário que você fizesse uma viagem de negócios à cidade onde seu amigo está localizado. Você conta a ele sobre essa viagem em uma de suas excursões noturnas. Ele o convida para ser seu hóspede durante sua estada naquela cidade e você aceita o convite.

No dia seguinte, você parte para o seu destino e, na chegada, pega um carro conforme orientação dele, desce na esquina que você já conhece tão bem, sobe até a casa, bate à porta e seu amigo vem ao seu encontro. Ele o pega pela mão fisicamente, como costuma fazer etericamente, nos Mundos invisíveis. Você começa imediatamente a falar sobre coisas que fez fora do Corpo Denso e vocês se conhecem tão bem quanto velhos amigos do Mundo Físico; ou, em outras palavras, você continua o relacionamento no Corpo Denso, exatamente como se formou fora dele, nos Mundos invisíveis.

Essa é uma das formas de comprovar a realidade de suas experiências durante o período em que o corpo dormia. Embora tenhamos colocado o caso hipoteticamente, não é totalmente assim. O escritor, por exemplo, teve tais experiências em vários casos. Um deles foi contado no panfleto “Nosso Trabalho no Mundo” e, não relatando essas experiências apenas para fofocar, às vezes há um objetivo a ser obtido por meio do testemunho pessoal e, por isso, repetimos o relato aqui:

“Na época em que o escritor tinha, sem querer, é claro, passado pelo teste estabelecido pelos Irmãos Maiores para ver se ele provaria ser verdadeiro como o mensageiro deles, um desses Irmãos Maiores, que já havia entrado em minha presença quando a porta estava trancada, apareceu novamente e me notificou que havia sido selecionado para promulgar os Ensinamentos Rosacruzes, que deveria receber no Templo Rosacruz, na Região Etérica do Mundo Físico.  Para chegar àquele lugar, ele me orientou a seguir, na manhã seguinte, para certa estação ferroviária, em Berlim, comprar uma passagem para um lugar do qual nunca tinha ouvido falar e pegar um trem que iria para lá em um determinado horário. Assim, parti na manhã seguinte para a estação ferroviária mencionada, comprei a passagem para o referido destino e descobri que o trem partia no horário que nosso visitante me havia informado. Ao chegar ao destino, encontrei o próprio Irmão Maior vestido com seu Corpo Denso e, por ele, fui conduzido aos arredores do Templo, que não é composto de material da Região Química do Mundo Físico, mas etérico – ou seja formado de material da Região Etérica do Mundo Físico – e, portanto, invisível para as pessoas da vizinhança, que não estão cientes de que a Grande Escola da Sabedoria Ocidental estava localizada entre elas.

O escritor não estava dormindo quando o Irmão Maior entrou em seu quarto e deu as instruções que o levaram à reunião, nem ele foi capaz de focalizar sua visão espiritual à vontade ou deixar seu Corpo Denso, quando isso fosse desejado. Essas faculdades foram despertadas no momento da primeira Iniciação, que ocorreu no Templo da Ordem Rosacruz, logo depois; mas o Irmão Maior, nesse caso, se materializou o suficiente para permitir ao escritor vê-lo e, portanto, a experiência não prova o que pode acontecer quando o Corpo Denso está dormindo, mas demonstra que, no momento em que o escritor recebeu as instruções acima mencionadas, ele não estava sob alucinação e isso prova que é possível, para um Espírito livre, entrar em uma sala e ali se materializar para determinado propósito, como os Auxiliares Invisíveis não raramente têm que fazer. 

Quando o escritor diz “prova”, ele quer dizer, é claro, que provou esse fato a si mesmo. Cada um deve obter essa prova pessoal e esses fatos não podem ser “provados” para outra pessoa. O testemunho é dado apenas com o propósito de mostrar como tais coisas acontecem.

Ao relatar experiências pessoais, talvez não esteja fora de contexto dizer que uma vez esse escritor foi capturado por uma câmera. Vocês sabem que a câmera capta vibrações etéricas e que, embora muitas das chamadas fotografias de espíritos sejam imposturas, há também as reais. O incidente em questão aconteceu quando o escritor estava em um hospital, simplesmente recuperando-se de um colapso sério causado por vários anos de estudo muito rigoroso e excesso de trabalho. Antes disso, não tínhamos experiências psíquicas, mas em uma manhã de domingo, quando um querido amigo estava partindo para a Europa, nós nos sentimos particularmente solitários e intensamente desejosos de ver nosso amigo.

De repente, como num passe de mágica, nós nos encontramos fora da cama, olhando para o pobre corpo definhado que jazia inerte e adormecido; contudo, não sentimos medo e tudo parecia estar bem. Levados dali pelo desejo que originalmente nos libertara do Corpo Denso, viajamos em uma fração de segundo os 32 quilômetros até o porto de San Pedro, onde nos encontramos no navio, com nosso amigo. O barco estava prestes a partir e, nesse momento, um amigo em comum ligou uma câmera na praia. Quando o filme foi revelado, o rosto do escritor, com uma barba crescida de várias semanas, adquirida no hospital, era claramente visível. Desde então, essa foto foi reconhecida por um número dos nossos conhecidos que nem mesmo foram informados e é provável que esse caso pudesse realmente ser estabelecido de tal maneira que constituísse uma prova quase legal, pois poderia ser facilmente demonstrado que o escritor estava no hospital, quando o amigo dele, que estava a bordo daquele navio (que também está na fotografia, é claro) estivesse partindo e a foto foi feita. No entanto, o velho ditado: “um ser humano convencido contra sua vontade não muda sua opinião” é tão verdadeiro que, sem dúvida, uma grande porcentagem das pessoas a repudiaria como impostura, de qualquer maneira. Então, qual é a utilidade? A convicção deve vir de dentro, antes de ser aceita.

Também foram dadas algumas provas do fato de que algumas pessoas estão conscientes fora do Corpo Denso, em algumas das revistas Rays from the Rose Cross anteriores. Entre outras, o Dr. Stuart Leech, no número de setembro da Rays from the Rose Cross, conta a experiência que teve quando um de seus pacientes estava em estágio crítico por causa de apendicite. Tanto ele quanto os outros dois médicos visitaram o menino em seus corpos invisíveis, durante a noite, ajustando a situação para que, ao chegarem à consulta física na manhã seguinte, encontrassem o menino perfeitamente bem. Também publicamos a história da Srta. Kerin, que foi curada milagrosamente por um Auxiliar Invisível.  Ela foi vista em outras ocasiões ajudando os doentes e feridos nos campos de batalha da Europa, como muitos dos Auxiliares Invisíveis estão fazendo atualmente. Assim, há testemunho considerável sobre a evidência de que as pessoas que ainda vivem em seus Corpos Densos, durante o dia, estejam engajadas no trabalho espiritual durante a noite e que suas experiências, transportadas para a consciência desperta através da memória, não são sonhos ilusórios, triviais.

Entretanto, você pode perguntar: “Existe alguma maneira de provar que alguém esteve em determinado lugar, fazendo determinado trabalho?”. Você pode estar em algum lugar, fazendo algo e, ao acordar, deseja saber se foi um sonho ou um fato. Se for esse o seu caso, aconselhamos que, da próxima vez que se encontrar fora do Corpo Denso em algum lugar, em sua cidade natal, por exemplo, você possa, no dia seguinte, ir a esse local e observar alguns pequenos detalhes que possa reconhecer depois.

Suponha que você se encontre na sala de espera de uma estação ferroviária, em sua cidade. Conte as janelas da sala, conte os bancos e preste atenção especial na disposição deles; observe o lugar onde a cabine telefônica fica, se houver uma, e quaisquer outras coisas que você não tenha notado em suas visitas anteriores ao local e que não possam ser alteradas por alguém antes que você possa chegar lá na manhã seguinte. Anote os fatos o mais rápido possível para que não escapem da sua Mente e, a seguir, conforme sua conveniência, vá até a estação, entre na sala de espera e lá, conte as janelas, observe a disposição dos bancos, a cabine telefônica, etc. Isso, por si só, vai dar a você uma razão justa para acreditar que esteve lá durante a noite, se você descobrir que acertou no que trouxe da visita noturna para a vida diurna, pela memória. Se o lugar onde você se encontra, quando está fora do Corpo Denso, é a casa de um amigo, o que também acontece ocasionalmente, siga o mesmo método de anotar detalhes a que você não prestou atenção em suas visitas anteriores. Conte as cadeiras da sala, observe se há algum arranhão ou sinal na mobília que possa ser facilmente reconhecido em uma ocasião posterior e assim por diante, de acordo com as sugestões de sua própria engenhosidade. Dessa forma, você sem dúvida encontrará a prova que deseja ou o conhecimento de que se enganou ao acreditar que esteve lá.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Se um indivíduo alcançou um elevado grau de visão espiritual nesta vida e morre para renascer em período futuro, lembrará quem foi?

Pergunta: Se um indivíduo alcançou um elevado grau de visão espiritual nesta vida e morre para renascer em período futuro, lembrará quem foi? Reterá o poder espiritual que foi alcançado na vida anterior ou terá que desenvolver novamente essa faculdade?

Resposta: Quando a visão espiritual é desenvolvida conscientemente em uma vida, até onde sabemos, ela se torna uma faculdade do Espírito em todas as suas vidas futuras, ampliando o seu alcance e poder a cada existência; isso, sob condições normais. Há um caso conhecido pelo autor, em que uma pessoa possuía, em uma vida, a visão espiritual e a faculdade de sair do corpo, além de lembrar-se dos fatos ocorridos durante os seus voos de alma, quando fora do corpo. No entanto, na vida seguinte, não foi capaz de exercer essas faculdades devido ao uso da bebida, drogas e cigarro, que deterioraram o seu cérebro a tal ponto que o Espírito não conseguia gravar os registros do que acontecia quando estava livre do corpo.

Fora do corpo, ainda podia vaguear pelo mundo e tomar seu lugar na Ordem entre os outros Iniciados, mas quando estava dentro do corpo, ficava limitado devido ao seu cérebro deficiente, doente e maltratado. Não deverá parecer estranho que isso assim aconteça, pois esse é, exatamente, o mesmo princípio que permite a um homem usufruir a visão espiritual, apesar de ser fisicamente cego. Independentemente da perda e da deficiência sentidas por tal homem, há naturalmente o aspecto moral e o autor duvida que o próximo corpo dessa pessoa possua um cérebro capaz de transportar as memórias dos Mundos invisíveis para o visível. Acreditamos que ela terá de viver corretamente durante várias vidas, antes de criar outro cérebro sensível que tenha a capacidade de transmissão espiritual.

Quanto à memória de vidas passadas, não é necessário esperar por uma futura existência para desenvolver essa faculdade, desde que a visão espiritual tenha sido cultivada com o auxílio dos verdadeiros mestres, tais como os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Os neófitos são ensinados desde o início a ler na Memória da Natureza, a fim de saber e diferenciar entre a verdade e a ilusão, primeiramente no registro conservado no quarto Éter ou Éter Refletor, que requer apenas um pequeníssimo prolongamento da visão física. Em seguida, por etapas, se viverem a vida e forem esforçados, a extensão da visão se ampliará até os registros guardados na região arquetípica. Geralmente, esses registros são abertos para eles em poucos anos e, assim, tornam-se capazes de investigar facilmente o seu próprio passado. No entanto, não acreditamos que isso aconteça usualmente, pois quem se aprofunda nesse trabalho fica tão absorvido no esquema de prestar serviço aos outros que não encontra mais tempo para satisfazer suas próprias inclinações egoístas.

(Pergunta nº 25 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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