Os Primeiros Anos de Max Heindel
Max Heindel, Iniciado Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz nasceu no dia 23 de julho de 1865. Seu pai foi Franz Ludwig Von Grasshoff, pertencente a uma nobre família ligada à Corte Alemã durante o tempo do Príncipe Bismarck, que depois emigrou para Copenhague, Dinamarca, onde casou-se com uma dinamarquesa tendo três filhos desse casamento. O filho mais velho dessa união foi Karl Ludwig Von Grasshoff, que mais tarde adotaria o pseudônimo de Max Heindel.
Aos 16 anos, Max Heindel entrou para os estaleiros de Glasgow, Escócia, e aí aprendeu engenharia. Como engenheiro-chefe de um navio comercial a vapor ele viajou muito, conheceu vários países, ganhando assim um vasto conhecimento do mundo e das pessoas. Por alguns anos foi engenheiro-chefe na Linha Cuñard, frota de navios de passageiros que faziam a rota entre a América e a Europa.
Entre os anos 1895 e 1901 ele trabalhou nos Estados Unidos, como engenheiro, na cidade de Nova York. Nessa ocasião casou e deste casamento teve um filho e duas filhas. O casamento terminou em 1905 pela morte de sua mulher.
Depois de ter ido a Los Angeles, Califórnia, em 1903, Max Heindel interessou-se pelos estudos de metafísica, ligando-se a sucursal local da Sociedade Teosófica e serviu nela como vice-presidente de 1904 a 1905. Neste período começou a crescer dentro dele um desejo intenso e incontrolável de entender a causa das tristezas e dos sofrimentos da humanidade e como ajudar a aliviá-las. Começou a estudar astrologia e aí encontrou, para sua imensa satisfação, a chave do entendimento pela qual pôde descortinar os mistérios da natureza interna e oculta do homem.
Os acontecimentos na vida de Max Heindel após 1905, decorrem da razão direta do nascimento da Fraternidade Rosacruz. Até sua morte, a 6 de janeiro de 1919, ele aplicou toda a sua atividade no trabalho pioneiro de expandir a Fraternidade Rosacruz, incluindo a aquisição de terras para estabelecer a Sede Internacional nos Estados Unidos em Oceanside, Califórnia, a construção de edifícios necessários, publicações de livros, etc.
Relato da Preparação e do Trabalho de Max Heindel no Campo Oculto
A fim de dar aos nossos leitores um relato claro da origem da Fraternidade Rosacruz, contarei a história de como e quando Max Heindel encontrou os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Usarei, muitas vezes, as próprias palavras de Max Heindel, para tornar mais claro este relato.
Durante o verão de 1905, todo voltado para um trabalho excessivo no ardente desejo de conhecimentos espirituais, Max Heindel adoeceu gravemente em Los Angeles, com problemas cardíacos e de tal forma ficou doente que, por meses, correu risco de vida.
Uma grande parte do tempo que durou esta doença, ele o passou fora de seu Corpo Denso, trabalhando conscientemente na busca da verdade e como encontrá-la nos planos invisíveis. Fortalecido internamente pelo sofrimento e logo após o seu restabelecimento físico, ele fez várias conferências para divulgar seus conhecimentos ocultos.
Em maio de 1906, seu trabalho foi interrompido em San Francisco pelo grande terremoto e suas viagens e conferências levaram-no a Seattle e ao norte do país. Depois de uma série de palestras por várias cidades, ele foi forçado novamente a recolher-se a um hospital, com insuficiência cardíaca. Recuperado, ele recomeçou a série de conferências, desta vez na parte noroeste dos Estados Unidos.
No outono de 1907, durante um período de muito sucesso em Minnesota, Max Heindel encontrou-se com uma amiga que há muitos meses o aconselhava a ir a Berlim conhecer um extraordinário conferencista e professor. Como ela não tinha conseguido, por correspondência, induzi-lo a deixar seu trabalho na América, veio pessoalmente a Minnesota com o firme propósito de convencê-lo a ir e finalmente persuadiu-o a fazer essa viagem.
Chegando a Alemanha, ele assistiu muitas conferências deste professor e teve com ele várias entrevistas. Mas, em pouco tempo compreendeu que este homem tinha pouco para lhe dar e este pouco já era do seu conhecimento. Desapontado, preparou-se para voltar a América. Estava em seu quarto, em grande depressão, pensando no enorme trabalho que teve de deixar na América para fazer esta viagem, quando um Ser, que mais tarde soube que era um Irmão Maior da Ordem Rosacruz e que depois tornou-se seu Mestre, apareceu-lhe em Corpo Vital e ofereceu-se para ajudá-lo a conhecer certos pontos e assuntos de natureza oculta. A informação que o Mestre lhe deu era lógica e concisa, mas Max Heindel não conseguiu, nessa ocasião, escrever coisa alguma. Numa visita posterior, o Mestre ofereceu-se para dar-lhe todos os ensinamentos que ele desejasse, desde que ele os guardasse em segredo. Max Heindel tinha, durante anos, procurado e rezado por conhecimentos para poder assim entender e confortar os anseios da alma de cada semelhante e os da humanidade e tendo sofrido por isto e sabedor das lutas e das dúvidas do seu próprio coração, ele não aceitou a proposta do Irmão Maior, e recusou-se a saber qualquer coisa que não pudesse transmitir a seus Irmãos famintos de um conhecimento mais profundo. O Mestre deixou-o.
Podeis imaginar o sentimento que, naturalmente, se apossou deste homem a quem durante muito tempo foi negado alimento e, repentinamente, aparece alguém lhe mostrando um pedaço de pão e antes mesmo de prová-lo, esse pão é-lhe tirado? Isto aconteceu com Max Heindel.
Ele permaneceu na Alemanha por mais algum tempo e cerca de um mês depois, o Mestre apareceu-lhe novamente em seu quarto, dizendo que ele, Max Heindel havia passado na prova. O Mestre explicou que se Max Heindel tivesse aceitado a oferta de ocultar os ensinamentos ao mundo, Ele, o Irmão Maior, não teria voltado. Disse ainda que o candidato que tinham escolhido anteriormente e que havia ficado sob sua instrução durante alguns anos, falhou ao passar pela prova em 1905; também ele, Max Heindel, estava sob a observação dos Irmãos Maiores há muitos anos como o candidato mais capaz, no caso do primeiro falhar. Acrescentou ainda que os ensinamentos deveriam sair a público antes do fim da primeira década do século, isto é, até o fim de dezembro de 1909.
No seu último encontro com o Mestre recebeu instruções de como chegar ao Templo da Rosacruz, que ficava perto da fronteira entre a Boêmia e a Alemanha. Neste Templo, Max Heindel permaneceu pouco mais de um mês, em direta comunicação com e sob instruções pessoais dos Irmãos Maiores, que lhe transmitiram a maior parte dos ensinamentos contidos no “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. O primeiro esboço deste livro, que foi feito enquanto ele estava no Templo, era apenas um resumo, assim disse o Mestre. A pesada atmosfera psíquica da Alemanha estava particularmente adaptada à comunicação de pensamentos místicos para a consciência do candidato, mas foi-lhe dito que as 350 páginas do manuscrito que ele já havia feito, não o satisfariam quando ele reencontrasse a atmosfera elétrica da América e que ele, então, desejaria reescrever o livro por inteiro. No seu grande entusiasmo, Max Heindel, de início, duvidou disso.
Sentiu que tinha recebido urna esplêndida e completa mensagem, mas a profecia dos Irmãos Maiores estava certa. Depois que Max Heindel passou algumas semanas na cidade de Nova York, aquilo que os Irmãos Maiores lhe haviam dito, confirmou-se. O estilo do manuscrito não o agradou e ele começou a reescrevê-lo.
Alugou um quarto modesto no sétimo andar de uma casa de hóspedes e durante os meses de verão tórrido de 1908, sentado em frente a sua mesa de trabalho, escrevia à máquina das sete horas da manhã até às nove ou dez horas da noite, quando saía para jantar. Depois de um passeio pelas quentes ruas de Nova York, voltava para o seu trabalho até a madrugada. O calor tornou-se insuportável e ele mudou-se para Buffalo, Nova York, onde terminou o seu livro em setembro do mesmo ano.
O problema seguinte a resolver foi o que fazer para o seu livro ser publicado e onde procurar os meios financeiros para essa publicação. Em decorrência do calor excessivo dessa estação do ano, ele não pôde iniciar as conferências nem dar aulas em Buffalo, mas depois encontrou um grande campo para seu trabalho em Columbus, Ohio, onde Mrs. Rath Merrill e sua filha ajudaram-no no desenho de diagramas. Nesta cidade passou alguns meses e conseguiu grande sucesso ensinando e fazendo conferências e formou, então, o Primeiro Centro Rosacruz em 14 de novembro de 1908. Depois de cada conferência, ele distribuía, gratuitamente, cópias mimeografadas das vinte palestras da série do Cristianismo Rosacruz. Começando com a Instrução n. º 1 – “O Enigma da Vida e da Morte”, ele dava a cada pessoa presente, uma cópia para ser levada para casa e para ser estudada. Estas cópias eram passadas por ele no seu mimeógrafo, à noite, depois das reuniões. Com um pequeno martelo, um pacote de pregos no bolso e com seus cartazes anúncio debaixo do braço, ele andava quilômetros cada dia, colocando esses cartazes em lugares que pudessem atrair a atenção do público. Escreveu artigos para jornais e ele mesmo os colocava nas mãos dos editores que tinham, às vezes, prevenção contra os novos ensinamentos. Mas Max Heindel, com sua agradável personalidade, conquistava-os e conseguiu, muitas vezes, obter uma coluna inteira em um jornal o que atraía, posteriormente, uma multidão para ouvi-lo.
Depois de fazer vinte conferências em Columbus, sua missão levou-o a Seattle, Washington, lugar onde em 1906 tinha feito muitos amigos. Esperava interessar algum deles a ajudá-lo a imprimir o livro. Este amigo foi William M. Patterson, que não somente ajudou-o a entregar o livro ao editor, mas, sendo ele mesmo um impressor e editor, deu-lhe também muitos conselhos valiosos quanto à forma de publicação e posterior venda. Mrs. Jessie Brewster e Kingsmill Commander foram também grandes e úteis amigos que o assistiram e orientaram-no na edição do manuscrito. Em seguida e acompanhado por William M. Patterson, ele levou sua obra o “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as vinte conferências a Chicago, onde finalmente foram publicadas.
Citaremos aqui algumas das próprias palavras de Max Heindel, descrevendo seu trabalho em Chicago: “O Conceito Rosacruz do Cosmos” foi publicado em novembro de 1909, cinco semanas antes do final da primeira década do século. Alguns amigos tinham editado o manuscrito original e fizeram um ótimo trabalho, mas eu tive, naturalmente, de revisá-lo antes de o mandar ao impressor final, li a prova, corrigi, reli para ter certeza que não haviam erros. Li tudo novamente quando a composição foi dividida em páginas e dei instruções aos gravadores e ao impressor quanto aos desenhos e diagramas e como colocá-los nos livros, etc. Eu me levantava às 6 horas da manhã, trabalhava até às 12, 1, 2 ou 3 horas da madrugada durante todas aquelas semanas, em meio ao ruído de Chicago, que me chegava aos ouvidos ininterruptamente, cansando-me, muitas vezes, até ao limite da minha resistência. Não obstante conservei minhas faculdades e escrevi muitos novos detalhes no Conceito. Se não fosse a assistência e apoio dos Irmãos Maiores, eu, possivelmente, teria sucumbido, mas como era o trabalho deles, eles realmente me ajudaram, mas mesmo assim estava totalmente esgotado, quando esta obra terminou.
Foi em Chicago que ficou a edição inteira da obra “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, em casa de uma mulher que dirigia uma empresa editorial, com exceção de algumas centenas de cópias que foram levadas para Seattle. Esta mulher tinha muitas dívidas e usou o “Conceito Rosacruz do Cosmos”, armazenado em sua casa, para pagar seus compromissos. Quando, mais tarde, foram pedidos de Seattle mais livros, verificou-se que a primeira edição de dois mil volumes estava esgotada. Foi necessário ordenar-se uma segunda edição, quando foi acrescentado um índice.
Pode parecer que a perda de dois terços da 1ª edição do Conceito tivesse sido uma catástrofe para uma pessoa de poucos recursos financeiros, mas não foi assim. Parece antes ter sido uma providência, uma dádiva celeste, porque a mulher em questão estava associada e há muitos anos com o Novo Pensamento, movimento teosofista e várias outras associações de pensamento avançado, às quais fornecia livros de várias casas editoras. Ela convenceu-os a aceitar o “Conceito Rosacruz do Cosmos”, obra que era completamente desconhecida. Desta maneira ela promoveu o livro, conseguindo espalhar os ensinamentos Rosacruzes em muitas partes do mundo.
Depois de ter estabelecido Centros de Estudos da Fraternidade em Columbus, Seattle, North Yakima e Portland, Mr. Heindel voltou para Los Angeles em novembro de 1900, para começar a trabalhar nessa cidade.
Para continuar relatando esta história, é necessário que a autora deste presente escrito conte também a sua participação nela. Antes de Max Heindel deixar Los Angeles, entre os anos 1898 e 1906, a autora, que se chamava, então, Augusta Foss e Mr. Heindel foram amigos íntimos, passando muito tempo juntos, estudando ocultismo, astrologia e outros assuntos da mesma natureza. Quando ele voltou a Los Angeles em 1909 com os Ensinamentos Rosacruzes, a autora encontrou no “Conceito Rosacruz do Cosmos” tudo aquilo que havia procurado por muitos anos. Isto causou-lhe a mais grata e profunda satisfação porque era o alimento que sua alma faminta buscava há muito. Ela imediatamente começou a trabalhar, entregando-se de corpo e alma a este ideal, ajudando Max Heindel em suas aulas e conferências.
Entre 29 de novembro de 1909 e 17 de março de 1910 ele deu aulas e fez conferências em Los Angeles, Califórnia. Dando três conferências por semana, tinha sempre o auditório repleto, cada noite, na sala que abrigava até a porta quase mil pessoas. Em março, sua saúde não o permitiu continuar, pois logo após teve seríssimos problemas cardíacos que quase o levaram à morte e, enquanto estava no hospital, teve uma imensa e extraordinária experiência. Daremos sua descrição, usando suas próprias palavras: “Na noite de 9 de abril de 1910, quando a Lua estava em Áries, meu Mestre apareceu em meu quarto e disse-me que uma nova década estava começando nessa noite e que nos próximos dez anos eu teria o privilégio de dar ao mundo uma ciência de curar que foi posteriormente descrita. A Fraternidade proporcionaria auxiliares para a grande obra.
“Este foi o primeiro aviso que eu tive acerca do trabalho que estava sendo projetado. Na noite anterior eu havia terminado meu trabalho com o recém-formado Centro da Fraternidade de Los Angeles. Tinha viajado e dado conferências durante 6 noites da semana, além de muitas tardes também, consecutivamente, desde minha experiência editorial em Chicago. Estava doente e tinha-me retirado do trabalho com o público, para me recuperar. Eu sabia que era muito perigoso deixar o Corpo Denso, conscientemente, durante uma doença porque o Corpo Vital está, então, muito enfraquecido e o Cordão Prateado pode romper-se facilmente. A morte, nestas condições, causaria tanto sofrimento como a morte pelo suicídio, portanto os Auxiliares Invisíveis são sempre aconselhados a permanecerem nos seus Corpos Densos, quando estão doentes. Mas, solicitado pelo meu Mestre, eu estava pronto a fazer este voo anímico ao Templo pois, prudentemente, um guardião foi deixado para cuidar do meu Corpo Denso enfermo.
“Conforme já afirmamos previamente em nossa literatura, há nove graus na Escola dos Mistérios Menores. O primeiro grau corresponde ao Período de Saturno e os exercícios correspondentes são feitos aos sábados, à meia-noite. O segundo grau corresponde ao Período Solar e o seu ritual próprio é celebrado aos domingos à meia-noite, ou seja, o dia do Sol. O terceiro grau corresponde ao Período Lunar e é comemorado à meia-noite de segunda-feira; e assim, sucessivamente, com o resto dos primeiros sete graus; cada um corresponde a um Período e tem, por isso, o dia apropriado para a sua celebração. O oitavo grau é celebrado nas noites de Lua Nova e de Lua Cheia e o nono grau nos Solstícios de Junho e Dezembro.
“Quando um Discípulo se torna, pela primeira vez, um Irmão ou Irmã leiga, ele ou ela são introduzidos ao ritual celebrado nas noites de sábado, o dia de Saturno. A Iniciação seguinte faculta-os também a assistir os serviços do Templo, à meia-noite dos domingos e assim por diante. No entanto, deve-se notar que, embora todos os Irmãos e Irmãs Leigas tenham livre acesso ao Templo nos seus corpos espirituais durante todos os dias, eles são proibidos de entrar nos serviços da meia-noite nos graus que ainda não tenham alcançado. Não é um guarda visível que permanece na porta exigindo a palavra passe para quem desejar entrar, mas há uma muralha ao redor do Templo, invisível, mas impenetrável para aqueles que não receberam o “Abre-Te Sésamo”. Cada noite esta muralha é constituída de modo diferente, portanto, se um Discípulo, por engano ou esquecimento, quiser entrar no Templo quando os exercícios que aí se celebram estejam acima do seu grau, ele aprenderá que é possível bater a cabeça contra uma muralha espiritual e que esta experiência não é nada agradável.
“Como já foi dito, o oitavo grau reúne-se nas noites de Lua Nova e Cheia e todos os que não chegaram a este grau são excluídos do Serviço da Meia-Noite e o autor foi um deles, porque esses graus não são coisas que se possam adquirir com dinheiro, mas exigem um desenvolvimento de espiritualidade muito grande, muito maior do que me encontro atualmente, um estágio que não alcançarei senão depois de muitas outras vidas, não obstante o meu atual esforço e aspiração. Portanto, o leitor entenderá que na noite de Lua Nova em Áries em 1910, quando o Mestre veio buscar-me, não foi para levar-me aquela exaltada reunião do oitavo grau, mas a outra sessão de natureza diferente. Além disso, ainda que esta reunião tenha ocorrido à noite na Califórnia, o horário sendo diferente na Europa, os exercícios de Lua Nova foram celebrados na Alemanha horas antes, portanto quando eu cheguei ao Templo com o meu Mestre, o Sol já estava alto nos céus da Alemanha.
“Depois que entramos no Templo, passei algum tempo numa conversa a sós com o Mestre, e, então, ele fez um esboço da missão da Fraternidade, tal como os Irmãos queriam que ela fosse levada adiante.
“Depois desta entrevista entramos no Templo, onde os doze Irmãos estavam presentes. Tudo estava arrumado diferentemente do que eu tinha visto antes, mas, por falta de espaço, não posso dar uma descrição mais detalhada do que lá havia. Mencionarei somente três esferas suspensas uma sobre a outra no centro do Templo; a esfera do meio estava na metade da altura entre o soalho e o teto e era a maior delas, as outras duas estavam suspensas uma acima, outra abaixo dela.
“As várias formas de visão, além da visão física, são: a etérica ou raio-X; a visão da cor que nos abre o Mundo do Desejo; a visão tonal que revela a Região do Pensamento Concreto, como está plenamente explicado no livro “Os Mistérios Rosacruzes”. Meu desenvolvimento desta última fase da visão espiritual tinha sido muito fraco até ao momento acima mencionado, porque é um fato que quanto mais forte for a nossa saúde, tanto mais apegados estamos ao Mundo Físico e menos capazes de entrar em contato com as regiões espirituais. Pessoas que dizem: “Não estive doente um único dia em minha vida”, revelam estar perfeitamente sintonizadas com o Mundo Físico e menos capazes de contatar com os reinos espirituais. Este foi o meu caso até o ano 1905, apesar de eu ter sofrido dores atrozes durante toda a vida, como consequência de uma operação cirúrgica na perna esquerda, feita na minha infância. A ferida não cicatrizava e só depois que eu deixei de comer carne é que fiquei curado e a dor desapareceu. Minha resistência e paciência foram grandes durante todos esses anos e nunca demonstrei as dores por que passava, mas, fora isso, gozava fisicamente de perfeita saúde. É interessante notar também que quando eu tinha qualquer acidente e me cortava, o sangue fluía e não coagulava e, em consequência, eu perdia muito sangue; no entanto, depois de dois anos de uma dieta pura e equilibrada, quando tive uma perda acidental de uma unha inteira, perdi só umas poucas gotas de sangue e pude escrever à máquina na mesma tarde sem qualquer infecção e uma nova unha cresceu.
“A edificação da parte espiritual da nossa natureza traz, muitas vezes, distúrbios para o Corpo Denso; este se torna muito mais sensível às condições do ambiente e, portanto, o resultado pode ser um esgotamento. Para mim este esgotamento foi total, porque a resistência antes mencionada e que me conservou de pé, por meses, quando eu deveria ter descansado, levou-me às portas da morte.
“Fora estas condições físicas precárias, consegui uma habilidade crescente em funcionar no mundo espiritual, se bem que, como foi dito anteriormente, minha visão tonal e a capacidade de funcionar na Região do Pensamento Concreto eram médias e, principalmente, limitadas à subdivisão inferior dessa Região. Portanto, uma pequena ajuda dos Irmãos, naquela noite, capacitou-me a contatar a quarta subdivisão, onde se encontram os arquétipos para receber ali os ensinamentos e a compreensão do que se idealizava como o mais elevado ideal e a transcendental missão da Fraternidade Rosacruz.
“Vi nossa Sede Central e longa fila de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receberem estes Ensinamentos; vi essas mesmas pessoas saírem desse lugar, para levarem consigo o bálsamo aos sofredores e aflitos, tanto para os de perto como para os de longe. Enquanto neste Mundo Físico é necessário investigar com a finalidade de encontrar alguma coisa, lá, é a voz de cada arquétipo que toca nossa consciência espiritual e que leva consigo o conhecimento do que o próprio arquétipo representa.
Assim, tive, naquela noite, uma compreensão que está muito longe do que as palavras podem expressar, já que o mundo em que vivemos está baseado no princípio do tempo, enquanto que nas altas regiões dos arquétipos tudo é um eterno AGORA”.
O leitor pode notar, pelo que foi dito acima, que Max Heindel foi capaz, com a ajuda do Mestre, de funcionar na quarta subdivisão da Região do Pensamento Concreto, onde se encontram os arquétipos da forma física. Isso só pode ser realizado depois do candidato passar pela quarta Iniciação ou quarto grau, o que corresponde à primeira metade do Período Terrestre. Portanto, somente depois de passar pelo terceiro extrato da Terra pode um homem funcionar na quarta divisão da Região do Pensamento Concreto.
Na época desta Iniciação nos mistérios mais profundos, os Irmãos informaram a Max Heindel que um Templo deveria ser construído em Mount Ecclesia, onde uma Panaceia devia ser preparada. O fluxo espiritual obtido nesse lugar através da fórmula dada a Max Heindel naquela memorável noite no Templo, deveria ser combinada com uma substância física adequada para facilitar a transmissão. Esta Panaceia não pode ser obtida, a não ser que condições corretas e apropriadas sejam conseguidas para ela na Ecclesia, por parte dos próprios Probacionistas.
Nosso Templo foi construído e inaugurado no dia 25 de dezembro de 1920, antes de terminar a segunda década do século, sendo construído com o exclusivo propósito de concentrar e proporcionar meios mais poderosos para a cura das doenças. As reuniões de Cura são celebradas neste lugar sagrado em horário determinado, todos os dias, pelos Probacionistas que consagraram suas vidas a este trabalho e são assistidos e ajudados pelos Irmãos Maiores, que utilizam a Sede Central como um ponto de foco e de concentração. Acrescente-se a isto o trabalho amoroso dos Auxiliares Invisíveis, que são também Probacionistas, localizados em todas as partes do mundo. A força de Cura gerada na Ecclesia tem fortalecido a eficiência do trabalho dos Auxiliares Invisíveis, de tal forma que as curas efetuadas são frequentemente quase milagrosas e este trabalho de cura estende-se por todo o globo.
A Fraternidade Rosacruz ensina que o maravilhoso organismo que se chama corpo humano é governado por leis naturais imutáveis e, portanto, toda a doença é resultado da violação intencional ou ignorante das leis da natureza pessoas ficam doentes porque, nesta vida terrena ou em outra vida anterior, descuidaram-se dos princípios fundamentais que mantém a perfeita saúde do corpo e, se desejam reaver e conservar a saúde, devem aprender a entender esses princípios e regular seus hábitos diários, de conformidade com eles.
A Ordem Rosacruz, fundada no século XIII, é uma das Escolas dos Mistérios Menores. As outras Escolas de Mistérios Menores são diferentemente graduadas para satisfazer as necessidades espirituais dos mais precoces de entre as raças primitivas dos povos orientais e austrais, com os quais trabalham. Christian Rosenkreuz é o décimo – terceiro membro da Ordem Rosacruz e devemos advertir que somente os Irmãos da Ordem têm o direito de chamarem-se “Rosacruzes”.
Sete dos Irmãos da Ordem Rosacruz vão ao mundo quando necessário, aparecendo como homens na humanidade ou trabalhando nos seus veículos invisíveis com ou sobre outros seres, de acordo com as necessidades. Mas deve ficar bem claro e lembrar sempre que Eles nunca influenciam uma pessoa contra sua própria vontade ou seus desejos, mas procuram aumentar e fortalecer o bem onde o encontram. Quando algum dos sete Irmãos está trabalhando no mundo, ele usa um corpo material como qualquer pessoa. Eles moram, geralmente, em casas confortáveis, que podem ser qualificadas como casas de pessoas bem situadas na vida, mas nunca exibem ostentação. Possuem escritórios ou posições de destaque na comunidade onde vivem, mas tudo isto para justificar suas presenças, poder trabalhar e não criar situações embaraçosas sobre sua identidade. No entanto, quer seja por fora, por dentro ou através da casa que habitem, podemos sentir sempre “O Templo”, que é etérico e totalmente diferente das outras construções comuns e que pode ser comparado à atmosfera áurica que rodeia o Templo de Cura da Sede Internacional e tem uma extensão muito maior que a própria construção material. O maravilhoso Templo descrito pelo personagem Manson, no livro ‘O Servo da Casa” dá-nos uma ideia do que seja uma igreja espiritual, obra de extraordinários construtores. A atmosfera áurica rodeia, envolve e atravessa os edifícios e as igrejas onde pessoas devotadas a coisas espirituais se encontram e rezam e, em consequência, a cor difere de acordo com as vibrações lá geradas. O Templo Rosacruz possui uma força extraordinária e não pode ser comparado com nenhuma outra construção, a atmosfera áurica envolve e interpenetra a casa onde os Irmãos Maiores vivem e está tão impregnada de espiritualidade que muitas pessoas não se sentem bem ali.
Cinco dos Irmãos da Rosacruz nunca deixam o Templo e ainda que possuam Corpos Densos, todo o seu trabalho é feito a partir dos mundos internos. Ainda que os Irmãos Maiores sejam seres humanos, eles estão muito mais evoluídos e muito acima da nossa própria e atual condição espiritual.
Um grande período de vida intensamente ativa, devotada e consagrada ao serviço amoroso e desinteressado, como Auxiliar Visível, deve ser vivida pelo Aspirante antes dele desenvolver seu Corpo-Alma e, pela sua luz, atrair a atenção do Mestre. (Nota: Ao mesmo tempo que o Estudante está construindo seu Corpo-Alma, ele está também acumulando um poder interno, em semelhante proporção.) A indolência, um estudo fácil, uma contemplação estática não atrairá a atenção do Mestre. Ele é, Ele mesmo, um servo no mais alto sentido e ninguém que não esteja servindo a seu semelhante, com toda a alma e fervor, deve esperar encontrá-Lo. Quando Ele realmente vem, não necessita de credenciais, pois as primeiras palavras pronunciadas por Ele estão plenas de convicção, porque está provido da consciência que todos nós possuiremos no Período de Júpiter, (uma consciência pictórica, consciente de si mesmo) e cada frase do Mestre trará ao Aspirante uma série de imagens que ilustrarão exatamente e com precisão, o seu significado. Por exemplo, se ele resolver explicar o processo da morte, o Discípulo verá internamente a passagem do Espirito deixando o corpo; ele poderá notar o rompimento do Cordão Prateado; ele verá a ruptura do Átomo-semente no coração, e como suas forças abandonam o corpo e unem-se ao Espírito. O Irmão Maior é capaz de preceder com seu Discípulo da seguinte maneira: Primeiro, o Irmão Maior fixa sua atenção sobre certos fatos que deseja transferir à Mente de seu Discípulo; e este, que tornou-se apto para a Iniciação pelo seu próprio desenvolvimento interno e tendo desenvolvido certos poderes que estejam latentes, é como um diapasão harmonizado com um tom idêntico ao das ideias enviadas pelo Irmão Maior e, desta forma, o Discípulo não só vê as imagens, como é capaz de responder às suas vibrações. Assim, vibrando com o ideal apresentado pelo Mestre, o poder latente que está dentro do Discípulo é convertido em energia dinâmica e sua consciência é elevada até ao nível requerido para a Iniciação que lhe está sendo dada.
Esta é a razão porque os segredos da verdadeira Iniciação não podem ser revelados e porque não é uma cerimônia externa, mas uma experiência interna.
Esta descrição é a mais aproximada do que realmente seja a Iniciação, e é também a única maneira de a explicar para quem nunca passou por isso. Não há mistério algum no que diz respeito a esta informação; mas, realmente, ela é secreta porque não existem palavras humanas que possam explicar, adequadamente, o que seja uma semelhante experiência espiritual. A Iniciação tem lugar no Templo, particularmente apropriado às necessidades do grupo de indivíduos que vibram dentro da mesma oitava. A verdadeira Iniciação é uma experiência interna, pela qual os poderes latentes que foram amadurecidos pelo Aspirante são transformados em energia dinâmica, que depois aprende a usar.
A Fraternidade Rosacruz e a Sua Relação com as Outras “Sociedades Rosacruzes”
A Fraternidade Rosacruz, fundada por Max Heindel, sob a orientação direta dos Irmãos Maiores da Ordem, é representante autorizada para o presente período da antiga Ordem Rosacruz, da qual Christian Rosenkreuz ou Cristão Rosacruz é o Cabeça. Esta não é uma organização terrena, mas tem seu Templo e sua Sede na Região Etérica do Mundo Físico.
Ele autorizou Max Heindel a formar a Fraternidade com o propósito de levar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental ao mundo ocidental. Em épocas anteriores, a Ordem levou seus ensinamentos a várias sociedades secretas da Europa e de outras partes do mundo, mas o crescimento e o adiantamento do povo dos Estados Unidos nestes últimos anos foram tão maiores que a Ordem resolveu estabelecer o centro esotérico nesse país. A Fraternidade Rosacruz é a sua última manifestação em forma física, dando ao mundo a mais recente interpretação dos Ensinamentos Rosacruzes, usando os termos científicos deste Século XX, mas ao mesmo tempo procurando ser simples e clara, sem abstrações ou tecnicismos que poderiam parecer confusos.
O principal trabalho da Fraternidade é disseminar a doutrina esotérica da Religião Cristã, porque a Filosofia Rosacruz é considerada cristã-esotérica. Está destinada a tornar-se a Religião Universal no mundo, porque o Cristo tem a seu cargo a evolução humana, durante o presente Grande Ano Sideral, de aproximadamente 26.000 anos.
Outras sociedades Rosacruzes reivindicam ser descendentes diretas dos primitivos ramos da antiga Ordem Rosacruz. A Fraternidade Rosacruz não tem ligação com essas organizações, mas simplesmente representa o renascimento da Ordem no mundo ocidental.
FIM
“Apenas uma coisa é necessária”
Lc 10:42
Nesta noite, usaremos a agulha magnética como assunto de meditação, pois ela tem uma lição de suprema importância em nosso caminho espiritual, um ensino que todo Aspirante fiel da Luz Mística deve levar ao coração com seriedade e oração.
A agulha magnética é feita de aço, um metal que possui afinidade com a magnetita. Outros metais são, no máximo, afetados de maneira indiferente; porém o aço, ao ser tocado com a magnetita, tem a sua natureza mudada e torna-se vivo, por assim dizer, imbuído de uma força nova que podemos descrever como um desejo constante, após ser beijado pela magnetita. Agulhas feitas de outros metais e o aço não-magnetizado podem ser colocados em um pivô que permanecerão em alguma posição equilibrada, independentemente de onde forem assentados, porque são insensíveis a qualquer força aplicada externamente. No entanto, a agulha que foi tocada pela magnetita resiste e, não importando quantas vezes ou com que gravidade a empurremos para longe da posição magnética, assim que a força exercida contra ela for removida, ela alterará sua posição instantaneamente e apontará para o polo magnético.
Um fenômeno semelhante é visto na vida do Cristão: depois de ter sentido, sentido completamente, em seu ser o amor do Pai, ele será um ser humano transformado.
As forças mundanas do exterior podem ser exercidas de várias maneiras para desviar seu interesse e atenção, porém cada partícula do seu ser anseia por Deus e está sempre se voltando nessa direção, não-afetado pelo “mundo dos homens” apáticos, alienados. Tudo aquilo que ele possa fazer no mundo (porque é absolutamente necessário participar da obra do mundo) será feito, porque é correto e obediente fazê-lo; entretanto, com todo o seu ser ele anseia pelo Pai, cujo amor, ser e força atraíram sua alma. Para ele, “Apenas uma Coisa é Necessária” — o Amor do Seu Pai e todos os seus esforços são direcionados para obter Sua aprovação.
Quando vamos da Terra para o Céu, encontramos condições quase idênticas. Em todo lugar, no grande Firmamento, milhões e bilhões de quilômetros, sim, espaço infinito, estão cheios de esferas em marcha que se movem a uma velocidade que a Mente humana dificilmente compreenderia. No momento em que entramos na Pro-Ecclesia, as estrelas estavam em determinada posição, mas a cada instante desde que estivemos aqui elas mudaram e agora estão alterando a cada toque do relógio — todas, menos uma. Entre todas as inúmeras estrelas que se movem a uma velocidade tão grande, há uma que é imutável e sempre ocupa a mesma posição: A Estrela do Norte. Não importa a que horas do dia ou da noite — seja no verão ou no inverno, do nascimento à morte — olhemos para o céu, essa estrela sempre será encontrada no mesmo lugar; a qualquer instante, sendo visível aos olhos ou a um telescópio, continuamente ocupará a posição que chamamos de “Norte”.
Agora, realcemos o fenômeno da agulha imutável que sempre aponta para a estrela inabalável, consideremos a conexão entre ambas e a lição que existe para nós, nesse evento. A agulha magnética não é uma seguidora de bom tempo; independentemente de chover ou o sol brilhar, de o clima estar calmo ou tempestuoso, de haver nevoeiro ou muitas nuvens; sob todas as circunstâncias ela aponta com fidelidade invariável para a estrela do norte e, baseado nesse grande fato, o marinheiro aposta suas propriedades e a própria vida, além das da tripulação e dos passageiros. Embora o granizo, a chuva ou a neve possa bater em seu rosto e quase cegá-lo, tornando impossível que veja a frente do navio, enquanto puder ver a agulha fiel, saberá que esteja na direção correta; ele sabe que ela nunca se desviará, que, embora o navio deva afundar e encontrar um túmulo aquático no fundo do mar, ainda permanecerá na mesma posição, mostrando a estrela imutável, até que seu último átomo seja desintegrado pela corrosão.
Portanto, ele confia de maneira implícita nesse guia fiel, quando ele “se deita em paz para dormir, embalado no berço das profundezas”.
Existe na devoção inabalável, simbolizada por essa agulha magnética, uma das maiores e mais maravilhosas lições para aqueles que viram a Luz Mística e aspiram ao privilégio de guiar outros, os que ainda não encontraram o caminho. Entendamos que, para fazer isso, o primeiro, o principal e o maior pré-requisito é que nós mesmos estejamos firmemente enraizados e aprofundados para não sermos perturbados pelas mudanças seculares que estejam acontecendo ao nosso redor. Seja quando as nuvens da dúvida, do ceticismo ou da perseguição são lançadas sobre nós por outros ou quando tentam nos prender em nevoeiros ofuscantes de outras doutrinas.
É nossa tarefa manter-se firme no que é bom; sim, mesmo que a vida seja o preço que devamos pagar, devemos imitar essa agulha fiel à medida que o navio afunda e se instala em seu túmulo aquático. Devemos continuar apontando para o único objetivo, Nosso Pai Celestial, nunca desviando para a direita ou a esquerda, não importando o que aconteça. Como a agulha que uma vez foi tocada pela magnetita está impregnada de um anseio por aquela estrela imutável, uma aspiração que não cessa mesmo que encontre uma cova aquática, uma vontade que dura até o último átomo do seu ser, depois que é dissolvido pela ação dos elementos, também devemos nós, se real e verdadeiramente desejamos ser guias competentes para os outros, manter a devoção inabalável no caminho que escolhemos, não olhando para a direita nem para a esquerda, porém mantendo os olhos fixos naquela estrela firme à nossa frente, Nosso Pai no Céu, em quem não há mudança nem alteração, porque o menor desvio da parte da agulha magnética da bússola seria suficiente para arremessar o navegador nos cardumes ou rochas de uma costa perigosa, destruindo o navio e as vidas nele; assim também, se nos desviarmos do caminho que escolhemos, tornamo-nos obstáculos para aqueles que nos procuram para receber orientação e exemplo, estando suas vidas sobre nossas cabeças. “A quem muito foi dado, dele muito será exigido.”. Recebemos muitos dos ensinamentos dos Irmãos Maiores, a Luz Mística nos chamou e podemos notar a grande responsabilidade que temos, junto a nosso exemplo e vida, de orientar fielmente os buscadores com os quais entramos em contato, guiá-los rumo ao refúgio, ao descanso.
(De Max Heindel, Publicado em Rays from the Rose Cross de maio de 1915, e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)
O Rosacrucianismo é uma Religião? Não em qualquer sentido tradicional da palavra. Mas, é religioso. Ele defende o Cristianismo, mas um Cristianismo ainda não visivelmente em evidência.
O que é Religião? Etimologicamente, a palavra significa “amarrar de volta”, o que sugere a função da Religião: retornar o ser humano, ou tornar o ser humano convertido a Deus; redirecionar e elevar sua consciência mundana ao objeto de sua legítima contemplação. Geralmente, Religião significa teísmo ou crença em Deus.
O Rosacrucianismo, portanto, desempenha uma função complementar à da Religião. Tem como objetivo facilitar e fortalecer a divindade humana, para remover as barreiras que podem existir entre o crente e Deus. Para o Rosacrucianismo, a principal barreira é a ignorância. E para o ser humano moderno, essa ignorância nasce do orgulho e do pensamento materialista.
O Rosacrucianismo foi fornecido à humanidade em antecipação às inadequações da Religião tradicional (como Religião Cristã exotérica denominada e professada pelo catolicismo, protestantismo e a ortodoxia) para lidar com o intelecto cada vez mais exigente e lógico da humanidade em evolução. A preocupação primordial dos Irmãos da Ordem Rosacruz era “não fazer declarações que não sejam apoiadas pela razão e pela lógica”. O ser humano moderno quer saber por que ele deveria acreditar, antes de consentir em tentar acreditar.
De qualquer modo, já de início, é importante colocarmos o que Max Heindel escreveu na Carta aos Estudantes nº 4: “Todos somos Cristos em formação. A natureza do amor está desabrochando em todos nós, portanto, por que não nos identificarmos com uma ou outra das igrejas Cristãs que acalentam o ideal de Cristo? Alguns dos melhores obreiros da Fraternidade são membros a ministros de igrejas. Muitos estão famintos pelo alimento que temos para lhes dar. Não podemos compartilhar desse alimento com eles mantendo-nos afastados. Prejudicamo-nos pela negligência em não aproveitar a grande oportunidade de ajudar na elevação da igreja.
Naturalmente, não há coação nisto. Não pedimos que se unam ou cuidem da igreja, mas se formos até ela com espírito de ajuda, afirmo-lhes que experimentarão um maravilhoso crescimento de alma em um curto espaço de tempo. Os Anjos do Destino, que dão a cada nação a religião mais apropriada às suas necessidades, colocaram-nos em uma terra Cristã, porque a Religião Cristã favorece um amplo crescimento anímico. Mesmo admitindo que a igreja tenha sido obscurecida pelo credo a pelo dogma, não devemos permitir que isto nos impeça de aceitar os ensinamentos que são bons, porque isso seria tão infrutífero como centralizar a nossa atenção sobre as manchas do Sol recusando ver a sua luz gloriosa.
Medite sobre este assunto, querido amigo: maior Utilidade, para que possamos crescer, empenhando-nos sempre no aperfeiçoamento das oportunidades surgidas”.
Max Heindel foi escolhido pelos Irmãos Maiores para atender a essa necessidade. O resultado é o livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Não é dogmático e não apela para outra autoridade, senão a razão do leitor. A Religião tradicional não apela para a razão. Simplesmente exige aceitação e fé implícita em seus pronunciamentos. Mas, nos capítulos do “Conceito Rosacruz do Cosmos” lemos que “a Ciência avançada se tornou, novamente, colaboradora da Religião”. No “Conceito Rosacruz do Cosmos”, um esforço foi feito para “espiritualizar a ciência e tornar a Religião científica”, uma prática iniciada por Christian Rosenkreuz, cujo objetivo foi lançar “luz oculta sobre a Religião Cristã, incompreendida, para explicar o mistério da vida e do ser a partir do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião”.
Como Max Heindel vê a Religião tradicional? Não com grande favor. “A Religião erroneamente chamada de Cristianismo foi… a Religião mais sangrenta conhecida”. Nas igrejas atuais, que professam a Religião Cristã exotérica, “a razão está submersa em ditames e dogmas”. “A Religião foi terrivelmente maculada com o passar do tempo; sua pureza há muito desapareceu sob o regime do credo e ela não é mais universal.”
A Religião é a verdade, a verdade suprema. No entanto, as teologias da igreja só podem propor a verdade, por assim dizer, por meio de decreto, para ser aceita pela fé, uma condição que o intelecto imperioso considera inadmissível. O Estudante Rosacruz, por outro lado, “aprende a estar sempre pronto para apresentar a razão da sua fé”.
Religiões Cristãs exotéricas ensinam a salvação por meio da expiação, o sangue derramado de Jesus. O Rosacrucianismo ensina que a perfeição é alcançada mediante o uso correto das Leis gêmeas do Renascimento e da Consequência.
O lema do ocultismo é “Existe apenas um pecado — a ignorância; e apenas uma salvação — o Conhecimento Aplicado”. Onde o conhecimento espiritual é obtido? Na “Grande Escola Ocidental de Mistérios da Ordem Rosacruz”, que foi encarregada de “moldar o pensamento da Europa Ocidental”. Seus professores são os Irmãos Maiores e seu currículo inclui a ciência da alma e a ciência do espírito; seus alunos e alunas são aquelas almas ousadas que desejam tomar sua salvação em suas próprias mãos e invadir o Céu. Eles são os “espíritos destemidos que se recusam a ser acorrentados pela ciência ortodoxa ou pela Religião ortodoxa”.
Um Estudante dos Ensinamentos Rosacruzes pode acalentar seus princípios com zelo religioso; contudo, ele sabe que eles não pretendem ditar como se adora a Deus, pois a adoração é província da Religião e está em seu coração; ou, mais corretamente, a adoração é o coração da Religião, sua força motriz e seu sangue vital. Os ensinamentos são úteis e aumentam a adoração. Por sua vez, a adoração é inspirada, sustentada e organizada pela liturgia, que é vagamente sinônimo dela, mas pode ser mais precisamente entendida como algo que identifica todas as atividades relacionadas à igreja e focam a consciência em direção a Deus, incluindo leituras das Escrituras, Hinos, Salmos, Credo, Glória, Cânticos, Orações, Sermões, Homilia, Ofertório, a Sagrada Comunhão e outros movimentos ou gestos sacramentais, rituais ou cerimoniais.
Embora o culto possa ser individual e solitário, a liturgia (literalmente, “trabalho do público”, “serviço público”) é sempre comunitária. Aqui encontramos uma distinção crítica entre a Religião e os Ensinamentos Rosacruzes. Os Ensinamentos Rosacruzes enfatizam a responsabilidade individual pelo crescimento espiritual. A Religião é eminentemente um empreendimento comunitário. Embora a Fraternidade Rosacruz seja um precursor da Fraternidade universal, é principalmente a Fraternidade espiritual que se deseja e não a associação social, fraterna ou congregacional de crentes em uma igreja.
“O Rosacrucianismo ensina o candidato a trabalhar em sua própria salvação. A Religião Cristã exotérica (professada pelo catolicismo, protestantismo e a ortodoxia) o torna dependente do sangue de Jesus. Aqueles que usam o método positivo ou ativo, naturalmente, se tornam as almas mais fortes.”. Aqui, Max Heindel parece propor o que alguns podem considerar um toque de clarim em favor da autossuficiência espiritual, o que beira a arrogância espiritual. “A igreja dominante não vê com complacência a separação de seus filhos. Ela até mesmo prostituiria o Espírito da Verdade para que suas ordens fossem cumpridas.”.
Como um Ensinamento de Sabedoria, o Rosacrucianismo é uma cosmologia, na medida em que traça a origem do nosso cosmos desde o caos até sua conclusão projetada, no Período Vulcano, onde a Criação terá alcançado o que nossas Mentes atuais só podem conceber como um estado incompreensível de perfeição. O Rosacrucianismo é uma teosofia (“teo”, de “theo” – Deus; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “sabedoria de Deus”), pois identifica tudo o que existe como uma diferenciação e uma extensão de Deus. É frequentemente chamada de filosofia (“filo”, de “philo” – amizade, amor fraterno; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “amizade pela sabedoria”), sendo uma formulação de ideias “definidas, lógicas e sequenciais”, claramente articulada e racionalmente fundamentada. Max Heindel descreve os Aspirantes Rosacruzes como “Estudantes de uma filosofia transcendental” e, na introdução do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, em “Uma Palavra ao Sábio”, o autor chama sua exposição de um “novo esforço filosófico” na busca pela verdade universal. É uma antroposofia (“antropo”, de “ánthropos” – Homem; “sofia”, de sophia – sabedoria; portanto: “sabedoria do Homem”), na medida em que detalha a origem e a evolução do ser humano, de uma centelha nesciente da Divindade a um espírito superconsciente e plenipotente que participa da totalidade do Ser universal.
Enquanto as Religiões atuais estão repletas de mistérios, o Rosacrucianismo busca descobrir e explicar os mistérios. “A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração.” Como diz Max Heindel: “Muitos entre nós foram impelidos pela razão a se retirar da Igreja”, apenas para formar, ironicamente, uma nova igreja de crentes libertados das restrições do dogma ortodoxo.
Os Ensinamentos Rosacruzes são, na verdade, pensados para superar as limitações das Religiões da Raça que, sendo baseadas na lei, favorecem o pecado e trazem dor, sofrimento e morte. “Só de dentro é possível conquistar as Religiões da Raça, que influenciam o ser humano de fora.”. Enquanto “a lei das Religiões de Raça foi dada para emancipar o intelecto do desejo”, os Ensinamentos Rosacruzes são projetados para libertar o coração do ceticismo do intelecto para que a verdadeira Religião Cristã possa ser abraçada de todo o coração.
Os Ensinamentos Rosacruzes são elaborados para acelerar o início da Religião do Filho, Cristo, por meio da purificação e controle do Corpo Vital, pois capacitam a humanidade a subjugar melhor o Corpo de Desejos e se unir ao Espírito Santo para, no futuro, promover a Religião do Pai, espiritualizando o Corpo Denso e trazendo uma verdadeira unidade cósmica. Os Ensinamentos Rosacruzes, então, são um presente inestimável para a humanidade, capacitando-a a participar mais plena e efetivamente do plano de Deus para sua divinização.
“Christian Rosenkreuz foi encarregado dos Filhos de Caim, que buscam a luz do conhecimento nos fogos sagrados do Santuário Místico, o Templo interno… para realizar a própria salvação”, confeccionando o Dourado Manto Nupcial, a Pedra Filosofal ou Pedra Viva, o Cristo interno, pois acreditam mais nas obras do que na fé”. “Jesus permanece como o gênio e protetor de todas as técnicas da igreja, por meio da qual a Religião é promovida e o ser humano é trazido de volta a Deus ao longo do caminho da devoção do coração.”.
Aqui pode surgir a pergunta: mais os dos Filhos do Seth (místico, coração) que também buscam a luz do conhecimento, conseguem alcançar níveis tão elevados como os que seguem pelo caminho dos Filhos de Caim (ocultista, razão)? A resposta é: sim. Sugiro que estude o livro Iniciação Antiga e Moderna que elucidará muito esse ponto. De qualquer modo, aqui trechos sobre o assunto: “o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.”. “A forma de uma Iniciação Mística Cristã difere radicalmente do método Rosacruz, que visa trazer o candidato à compaixão por meio do conhecimento e, para isso, procura cultivar nele as faculdades latentes da visão e da audição espiritual desde o início de sua peregrinação como um Aspirante a vida superior, lhe ensinando a conhecer os mistérios ocultos do ser e a perceber, intelectualmente, a unidade de cada um com todos, de modo que, finalmente, por meio desse conhecimento, haja despertado internamente o sentimento que o faz perceber, verdadeiramente, sua ligação com tudo o que vive e se move, e isso o coloca em perfeita e completa sintonia com o Infinito, tornando-o um verdadeiro auxiliar e trabalhador no divino reino da evolução.
A meta alcançada por meio da Iniciação Mística Cristã é a mesma, porém o método, como mencionado acima, é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, o candidato geralmente está inconsciente do fato de que está tentando atingir algum objetivo definido, pelo menos durante os primeiros estágios de seus esforços, e há nessa nobre Escola de Iniciação tão somente um Mestre, o Cristo, que está sempre diante da visão espiritual do candidato como o Ideal e a Meta de todo o seu empenho. . O mundo ocidental, infelizmente, se tornou tão enredado na intelectualidade que seus Aspirantes somente iniciam a Caminhada quando sua razão foi satisfeita; e, infelizmente, é apenas o desejo por mais conhecimento que traz a maioria dos Estudantes para a Escola Rosacruz. É uma tarefa árdua cultivar neles a compaixão, que deve ser mesclada com o seu conhecimento e ser o fator determinante no uso dele, antes que estejam habilitados para entrar no Reino de Cristo. Contudo, aqueles que são atraídos para o Caminho Místico Cristão não sentem nenhuma dificuldade desta natureza. Eles têm dentro de si um amor abrangente que os impulsiona e que, finalmente, gera neles um conhecimento que o autor acredita ser muito superior ao obtido por qualquer outro método. Aquele que segue o Caminho do desenvolvimento intelectual tende a menosprezar, arrogantemente, o outro cujo temperamento o impele a um Caminho Místico.
Tal atitude mental não prejudica somente o desenvolvimento espiritual de quem a coloca em prática, mas é totalmente gratuita, como pode ser vista nas obras de Jacob Boehme, Thomas de Kempis e muitos outros que seguiram o Caminho Místico. Quanto mais conhecimento nós possuirmos, maior a condenação nós mereceremos se fizermos mal uso dele. Todavia, o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.”.
Cada uma das Religiões de hoje “tem sua missão a cumprir entre as pessoas onde se encontra”; contudo, “nenhuma possui mais do que um raio de toda a verdade, no presente”. Portanto, “cabe a nós superar as barreiras da nacionalidade e das Religiões de Raça e aprender a dizer, como fez aquele homem tão caluniado, Thomas Paine: ‘O mundo é minha pátria e fazer o bem é a minha Religião’”.
Max Heindel exorta o Estudante Rosacruz a não “imitar o espírito missionário e militante das igrejas, mas, como diz a Bíblia, a dar nossas pérolas de conhecimento apenas para aqueles que estão cansados de se alimentar da palha e anseiam pelo verdadeiro pão da vida”. “Também não devemos impor nossos pontos de vista sobre eles nem tentar converter ao nosso modo de vida aqueles que ainda não estão prontos. A mudança deve vir de dentro.”. Aqui é identificada uma diferença significativa entre os Ensinamentos Rosacruzes e os das Religiões Cristãs exotéricas. As últimas devem ser reconhecidas e aceitas com base na autoridade externa, incluindo as Escrituras, a hierarquia eclesiástica, os escritos dos pais da Igreja, ameaças de excomunhão e condenação eterna… Um cânone de fé é definido, fora do qual se pisa como possível apóstata ou herege. Quantos deixaram suas igrejas, Max Heindel pergunta retoricamente, por causa do credo intolerante? Seu poema “Credo ou Cristo?” contrasta a única Verdade, representada por Cristo, o Senhor do Amor, com as várias “interpretações” religiosas da verdade que, necessariamente, se tornam separatistas, exclusivas e punitivas.
Os Ensinamentos Rosacruzes não se propõem a ser a palavra final sobre a verdade, reconhecendo que as Religiões evoluem como a humanidade evolui. Precisamente por isso, tais Ensinamentos não constituem uma Religião categórica, mas verdades provisórias e ideias mediadoras. “Qual é, então, o caminho para as alturas da realização religiosa e onde se pode encontrá-lo?… Não se encontra nos livros… O interior então é o único tribunal da verdade que é digno. Se levarmos nossos problemas de forma consistente e persistente a esse tribunal, no decorrer do tempo, desenvolveremos um senso de verdade tão superior que, instintivamente, sempre que ouvirmos uma ideia avançada, saberemos se ela é sólida e verdadeira ou não.”.
“A verdade não pode ser encontrada em Religiões ligadas a credos; quem a busca deve estar livre da lealdade a qualquer um”. São palavras fortes, até mesmo assustadoras, e destinadas apenas àqueles que sentem que elas foram endereçadas a eles. “Os Rosacruzes insistem que todos os que vêm a eles para um ensino mais profundo devem estar livres da lealdade a qualquer escola e o candidato não está sujeito a juramentos em qualquer estágio. Todas as promessas que ele faz são feitas a si mesmo, porque a liberdade é o bem mais precioso da alma e não há crime maior do que acorrentar nossos próximos de qualquer maneira.”. Cristo disse “Eu sou a verdade”.
Cristo também disse que enviaria o Espírito da Verdade, o Espírito Santo, para habitar em cada um de nós e ensinar todas as coisas. Aqui, então, está o cerne radiante da Religião. No Santo dos Santos, no templo da alma, das profundezas da quietude purificada, no santuário do coração regenerado e da Mente transformada, a voz de Cristo fala. Aqui, sempre nos voltamos para respostas a nossas perguntas; o consolo para nossa aflição temporal; a iluminação da nossa escuridão, que nos assedia; a verdade que nos libertará. Nem Max Heindel abandonou uma “insistência enfática na liberdade pessoal e absoluta da Fraternidade Rosacruz”. “Entre as almas mais velhas do ocidente, que aspiram ao crescimento espiritual, não pode haver Mestre ou Guia. Devemos aprender a ficar sozinhos. Podemos não gostar; podemos ter medo e querer um Mestre ou Guia para nos libertar da responsabilidade.” Onde está a Religião, aqui? Dizem-nos, de fato, que tivemos nossa Religião — nosso “leite”, como diria São Paulo. Agora temos a nossa “carne”. O tempo de dependência externa acabou.
O Mestre ocidental se dá a conhecer não respondendo, mas agindo “mais como o pai pássaro que empurra os filhotes para fora do ninho, se eles próprios não saírem. Podemos nos machucar, mas aprendemos a voar”.
Embora os Ensinamentos Rosacruzes não sejam religiosos no sentido usual, eles são essencialmente centrados em Cristo; isto é, eles apontam para Cristo como Aquele que mostra o Caminho, Aquele que é a Luz no Caminho do desenvolvimento espiritual. Os Ensinamentos Rosacruzes deixam claro que a vida de Cristo Jesus molda a vida do Aspirante espiritual; que o Cristo exotérico e histórico se tornará o Cristo esotérico, pessoal e interior. Aqui está o cerne, de fato! E “Se tu és o Cristo, ajuda-te a ti mesmo”. “Ninguém que é ‘aprendiz’ pode, ao mesmo tempo, ser ajudante; cada um deve aprender a se manter sozinho”. Para esses não existe Religião, como se entende hoje. Mas, existe Cristo. E se Cristo está com alguém, dentro dele, quem pode ser contra ele? Pois Ele venceu o mundo. E para o Aspirante Rosacruz, a Anunciação é levada tão a sério quanto as palavras maravilhosas ditas à sua própria alma: “Ave Maria, Mãe de Deus, bendita és tu”. E agora, nas dores de parto, carregamos o Cristo incipiente, a esperança de Glória, gestando dentro de nós, para nascer misticamente quando o nosso período preparatório se cumprir.
O sacrifício cósmico de Cristo possibilitou rasgar o véu do templo do Espírito humano, para todos os que queiram aí entrar. “Desde então, nenhum segredo prevaleceu na Iniciação.” A sabedoria Rosacruz dá o incentivo e a razão para entrar naquele templo. Na verdade, isso nos lembra que o exterior é um sinal e símbolo da verdade interior e oculta. Da melhor forma, os Ensinamentos Rosacruzes despertam nosso senso de admiração e gratidão e satisfazem suficientemente nossa fome intelectual para que possamos nos render e tornar mansos de coração, para sermos justamente purificados diante de nosso Pai Criador e reverentes na companhia imanente de Seu Filho, Cristo, nosso Irmão Maior e protótipo espiritual. Então poderemos, com renovado ardor e firme determinação, comprometer nossa vida para alcançar nosso direito espiritual de nascença e embarcar naquela designada estrada mais curta, segura e alegre até Deus.
A verdadeira Religião é tanto aquilo em que eu acredito quanto o que eu faço. Aquilo em que acredito, por si só, é insuficiente para a emigração até o Reino dos Céus. A crença me diz que o Céu existe e que fui chamado para morar lá. Não me fornece, por si só, algum transporte mágico. A mera fé nos Ensinamentos Rosacruzes fará com que minhas esperanças de salvação nasçam mortas. No entanto, uma fé suficientemente forte transborda e inicia a ação — as obras —, incendiando a imaginação para que possamos ver mais e ir além das obstruções diárias, para longe das falsas alegações ou seduções dos prazeres seculares.
Chegamos, finalmente, ao ponto crucial dos Ensinamentos Rosacruzes. A estrada para Deus é através de, em e por, Cristo — e Cristo veio para servir. As Religiões exotéricas tradicionais realizam cultos em suas igrejas. O Aspirante Rosacruz busca prestar serviço em todos os lugares, fazendo do mundo a sua igreja. A estrutura do serviço Cristão é a boa vontade, a benevolência, a caridade. A boa vontade é a vontade de Deus e a caridade é a substância espiritual de Deus, porque Deus é Amor. O Amor é a Lei de Deus. Os Ensinamentos Rosacruzes, então, não são um fim em si mesmos, mas o meio para um fim.
Enquanto o “Conceito Rosacruz do Cosmos” foi escrito para satisfazer o intelecto inquiridor, de modo que o lado devocional da natureza do Aspirante pudesse se desenvolver, Max Heindel expressou seus crescentes temores de que esse conhecimento pudesse estar aguçando o apetite intelectual sem obter a conversão pretendida e, “a menos que o livro dê ao aluno um desejo sincero de transcender o caminho do conhecimento e seguir o caminho da devoção, será um fracasso, na minha opinião”. “Pois, embora tenhamos todo o conhecimento e possamos resolver todos os mistérios, somos apenas címbalos que tilintam, se não tivermos amor e o usarmos para ajudar nossos semelhantes.”
Assim, exploramos o cosmos, sondamos intelectualmente as profundezas da criação e desenterramos os mistérios do ser apenas como o meio para um fim: que possamos viver com mais caridade no aqui e agora; que possamos servir com mais eficácia aqui, agora; que possamos vestir permanentemente o nosso ser com o Ser de Cristo, que está aqui e agora.
A Fraternidade Rosacruz não é constituída por seus Ensinamentos, que são abertos ao mundo e aceitos por muitos não-alunos. “Pelo contrário, é o serviço que realizamos e a seriedade com que praticamos os Ensinamentos e nos tornamos para o mundo exemplos vivos de amor fraterno.”
Somos lembrados de que o conhecimento, por mais sublime que seja, pode inchar, enquanto a caridade edifica. Estamos corretamente orientados quando lembramos que “o serviço é o padrão da verdadeira grandeza”. Somos informados de que “a união do poder temporal e espiritual, da cabeça e do coração, … deva acontecer antes que Cristo, o Filho de Deus, possa voltar”. Entendemos que Christian Rosenkreuz é um colaborador de Jesus, no trabalho de unir a humanidade e trazê-la ao Reino de Cristo.
A Religião denota uma reunião de fiéis, porque “sempre que dois ou três estão reunidos em meu Nome, aí estou Eu”. O Nome é a teologia e a liturgia. O Nome é Verdade, o Nome é Poder. O Nome significa Amor real e presente. O encontro em si é a liturgia; dizer o Nome externamente é ladainha; internamente, é oração ou meditação. Idealmente, todo ensino religioso leva a esse foco e à experiência da presença da Luz do mundo, o Príncipe da Paz. Na comunhão espiritual está o poder invocativo. Mas, também somos informados por São João que qualquer um que crê em Cristo, o Logos, recebe poder para se tornar o Filho de Deus. Aqui está o poder, de fato. O que tem em um nome? Neste nome, tudo.
A verdadeira Religião Cristã, incorporando a única Verdade, a única Religião universal, lembra-nos da nossa unidade em Deus por meio de Cristo, uma unidade da qual ninguém está isento. Que esse entendimento trabalhe em nossos corações e ações para nos restaurar a Mente e podermos glorificar a Deus e ser elevados nessa mesma exaltação. Ensinamentos de qualquer parte, de fora ou de dentro — feitos com a melhor intenção e quando alguém está no auge de uma adoração fervorosa — são concebidos com um propósito: para nos santificar e dirigir ao único Ser no Qual, e por Quem fomos criados, e em Quem sempre habitamos. Assim, que possamos conhecer e amar cada vez melhor esse Ser, o Lar e a Fonte do nosso próprio Ser verdadeiro.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro-janeiro de 1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
No Primeiro Céu, quando vivenciamos o processo panorâmico, após abandonar o Corpo Denso, os bons atos da nossa vida são a base do sentimento. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria de bem agir e sentiremos toda a gratidão emitida por aquele a quem ajudamos. Quando vemos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltaremos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Daqui ressalta a importância de apreciar os favores que nos têm sido feitos, a gratidão produz crescimento anímico. (“Conceito Rosacruz do Cosmos”).
Em uma de suas lições mensais, “O povo escolhido por Deus”, Max Heindel relembra a seus Estudantes a necessidade de se expressar gratidão pelos Irmãos Maiores, por ter recebido os Ensinamentos Rosacruzes que satisfazem a alma de maneira que o espírito possa evoluir por meio da gratidão.
Talvez não tenhamos percebido que, na mesma proporção que o nosso espírito amadurece, há um aumento no poder que atrai, para o nosso corpo, as forças de cura; isso pode ser verdade, porém todos os distúrbios resultam de uma origem espiritual.
Mas, à medida que progredimos espiritualmente e equilibramos os nossos veículos superiores, eliminamos as congestões que resultaram em doenças.
Nunca deveríamos esquecer que somos divinos e que temos uma força latente ilimitada. Quando nos conscientizarmos de nossas transgressões e começarmos a obedecer às leis que violamos, apagaremos de nossos veículos superiores as condições que se manifestaram em aflições nos corpos físico, emocional e mental, e começaremos a expressar a divindade interna.
Quando formos curados, não esqueçamos de agradecer aos nossos companheiros, os nossos Irmãos Maiores e, acima de todos, ao nosso Pai Celestial, que nos proporciona todas as riquezas da vida.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de maio-junho/1995)
“Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e a Luz do mundo”
Max Heindel
O conhecimento, em todos os seus aspectos, é a base reconhecida do progresso. À medida que novos fatos são descobertos, novas leis são formuladas, a tecnologia vai se aperfeiçoando e as evidências do progresso se manifestam. Desse modo o ser humano vai obtendo tudo o que previamente lhe parecia impossível. Tal acontece porque novos fragmentos de conhecimento em um campo provê a chave do mistério existente em outro campo. Consequentemente, em virtude do interrelacionamento comum entre todas as fases da vida e do conhecimento, quanto mais o ser humano sabe a respeito de determinado assunto, mais poderá saber a respeito dos outros. Assim, a luz do conhecimento cresce e se torna mais brilhante.
Muitos problemas da vida, mercê dessa transferência de capacidade e interrrelacionamento de conhecimento, são resolvidos satisfatoriamente. Mas, o progresso aí está, constantemente desafiando o ser humano com novas e diferentes situações que inevitavelmente suscita. Os novos problemas vão tornando mais amplos, envolvendo mais pessoas, abrangendo maiores horizontes e exigindo soluções mais rápidas. As conquistas da técnica e da ciência, aproximando cada vez mais e identificando os diferentes grupos humanos, fazem com que cada acontecimento afete a todos. É evidente que a humanidade está sendo submetida a um processo evolutivo acelerante. Os sinais apontados são o início desse processo.
Ninguém sabe tudo – nenhum ser humano, por mais disciplinado, inteligente e dono de seu tempo que seja, pode hoje aprender tudo o que está à disposição do conhecimento humano. Ninguém, por mais poderoso e influente, não poderá pensar, planejar e atuar, com o acerto e rapidez necessários, em todos os problemas sociais. Ora, não é do intento divino que seja a humanidade subjugada e vencida pelo desespero, ante os penosos e confusos tempos que vamos adentrando. Graças a alguns afortunados cérebros que não se deixam limitar pelo medo, que sobrepassaram o egoísmo e, pelo amor ao próximo, sincero e desinteressado, lograram alcançar as mais profundas verdades do Cristo, está sendo divulgado por todas as partes a necessidade imperiosa de congregar as pessoas em grupos. Pela conjugação dos recursos individuais, na busca da solução dos mais altos e legítimos problemas coletivos, vêm-se obtendo meios para enfrentar a evolução da técnica, a fim de utilizá-la convenientemente, sem violência aos sagrados direitos do ser humano. Ainda há muito erro, decorrente, as mais das vezes, da falta do espírito de equipe. Ademais, há pouco é que, praticamente, se evidenciam as vantagens desta técnica há tanto tempo pregada por Cristo. Mas, ninguém pode deter o fluxo do propósito evolucionário; verifica-se um rápido aumento do trabalho em grupo, em todo o mundo.
Necessidades para se trabalhar em grupo – o primeiro passo para o trabalho em grupo é o reconhecimento de nossas limitações pessoais. Isso nos leva a participar de esforços cooperativos, cujo brilhante futuro mal podemos prever. À medida que nossos egoísmos e interesses imediatistas forem dando lugar ao altruísmo e bem-comum, novas fases irão sendo exploradas no trabalho em grupo. De fato, a formação de grupos de trabalho ainda está na infância. As técnicas são relativamente desconhecidas de uma grande maioria de indivíduos e as forças cósmicas, que unem os indivíduos esparsos em grupos, estão apenas começando a produzir seus impactos sobre a consciência humana. Tais forças fluem primeiramente do Espírito do Cristo Interno e secundariamente da influência de Aquário. Ao se tornarem mais fortes, os grupos de pessoas, de uma natureza mais original e espiritual, se tornarão mais comuns. Eles serão os vanguardeiros e a glória da Era de Aquário. Pelo discernimento de assuntos públicos, Júpiter – o princípio da expansão e da boa vontade, da filantropia e da sociabilidade – revela o que é desejável em matéria de negócios, de religião, de ciência e outros assuntos, suscitando a revisão de atividades para novas e construtivas fases em grupos. Desse modo, utilizando os valores relativos pessoais, sob o impulso do altruísmo e sem ofender a liberdade individual, Júpiter vai tornando possível grandes melhoramentos. Para as pessoas integradas em movimentos humanísticos e espirituais, o trânsito desse Planeta enseja grandes oportunidades de progresso.
No passado, as transições de progresso que se operavam no mundo eram consequências do trabalho de indivíduos mais ou menos iluminados, cujas Personalidades exerciam poderosa ação, atraindo e dominando aqueles que se tornariam seus discípulos. Por intermédio de tais singulares indivíduos o trabalho era feito. Foram grandes homens e mulheres a quem devemos não somente as revelações religiosas, como o progresso nos vários ramos da arte, da ciência, das leis, da política, da filosofia, etc. Eles, em grande parte, fizeram a história, história de umas poucas pessoas, de cujo esforço e gênio dependeram as grandes realizações, em todos os campos de trabalho.
Atualmente essa condição está mudando. Novos métodos e novos homens e mulheres estão rapidamente emergindo. Muitos poucos indivíduos excepcionais surgem, mas, em compensação, levanta-se muitos homens e mulheres aptos para qualquer atividade. Em vez do antigo “mestre” que determinava tudo, observamos hoje muita gente com idêntica habilidade, trabalhando em conjunto. Ampliam-se enormemente as atribulações de responsabilidade e expansão da atividade humana. Devemos, hoje, aprender a trabalhar em conjunto ou nos desatualizaremos. Como predisse Max Heindel, devemos ser iguais, amigos, compartilhando experiências e ações, acima da preocupação de liderança. A Fraternidade é a nova ordem da Era que se aproxima. Ou nos entendemos ou nos limitaremos cada vez mais.
O desejo de se destacar – A ambição para se tornar líder leva a mesma razão que torna o indivíduo inadaptado para a mais elevada forma de trabalho em grupo, não importando quão altruístas e benevolentes possam ser as motivações. O desejo de se destacar, de exercer autoridade, encerra um erro de aproximação à moderna atividade em grupo, pois ressalta a Personalidade, em prejuízo de fatores anímicos de confraternização, de identidade incondicional. Em seus trabalhos com os Irmãos Leigos e Discípulos, os Irmãos Maiores nunca dão ordens, nunca censuram e nunca louvam. O anelo de servir, de viver retamente, deve brotar espontaneamente do interior do indivíduo. Isso o capacitará para a integração da equipe. Esse deve ser o espírito de todo trabalho em grupo.
Tempo está chegando em que, na vida de todo e qualquer indivíduo, a única autoridade a ser levada em conta será o “Eu Superior”, o foro íntimo. Na medida em que cada um aprenda a amar, a honrar e a obedecer a seu “Eu Superior” expressará o que é bom, o belo e o verdadeiro (o que é indispensável na evolução prática dos ideais Cristãos). E para isso é imprescindível se torna compreensivo e harmonioso com todos seus companheiros de atividade, entendendo e seguindo espontaneamente os objetivos do grupo. A intuição, em vez do intelecto, será o fator reinante. Desaparecerão as regras e os regulamentos impostos pelos líderes. Nos novos grupos, em vez de um líder, surge um representante, um porta-voz, o qual, pelo menos em teoria, preside aos trabalhos, por escolha de todos. Em virtude de seus méritos pessoais ele se tornou o SERVO DE TODOS, cujo conceito está muito distante do de um líder que, seguindo suas próprias ideias e determinações, modela e executa o sistema de um grupo.
A especialização em um determinado ramo de atividade – No sentido de ampliar mais as possibilidades do conhecimento, atualmente há uma tendência bastante generalizada: se especializar um determinado ramo de atividade, depois de ter sido adquirido o conhecimento geral da profissão escolhida. Reúnem-se, então, os especialistas de diversos ramos para que todos e cada um contribuam com seus talentos num objetivo e benefício comum. Essa conjugação de técnicos desempenhou importante papel no esforço da última guerra mundial. Igualmente, a interdependência de técnicos foi que produziu o tremendo avanço da medicina, da ciência em geral, da técnica dos negócios. É a prova de que, fundindo e focalizando o conhecimento e poder cerebral de muitos, resolvem-se os mais complexos problemas do mundo. De igual modo, se fundirmos e focalizarmos os atributos do coração, o conhecimento e as energias espirituais de muitos indivíduos devidamente preparados, então pode-se, com toda a certeza, exercer um poder espiritual quase ilimitado na tarefa de libertação do mundo. Esse é um palpitante, profundo e maravilhoso tema para o qual chamamos a atenção especial de todo Aspirante à vida superior sincero.
O trabalho em grupo – Existem utilíssimos conhecimentos em relação ao trabalho de grupo. Contudo, permitimo-nos tecer considerações acerca de fatores diretamente relacionados com atividades espirituais, que é o nosso caso. Temos amplas razões para admitir que, por meio da Fraternidade Rosacruz, conseguiremos promover uma expressiva fase de libertação da humanidade. E para compreendermos como atingir essa realização de efetiva ajuda ao Cristo, estudemos os cinco princípios básicos do nosso esforço em grupo:
1) O primeiro princípio é o SACRIFÍCIO, pois, sugere o impulso amoroso de dar, com renúncia de si mesmo, sem egoísmo. Sem o sacrifício o trabalho de grupo é praticamente impossível. Tudo o que não beneficie o conjunto e suas finalidades e que possa constituir obstáculo para Deus e para o ser humano, deve ser posto de lado. Sacrifício é fazer apenas o que é bom e implica renúncia aos reclamos da Personalidade. É interessante observar, de passagem, que embora exista muitas pessoas altruístas, em todos os lugares, atualmente, poucas são as que agem acima de sua Personalidade com o único propósito de servir e elevar os semelhantes. Aqueles que se reúnem para congregar forças a fim de obter mudanças políticas, para fundar uma instituição filantrópica, quase sempre cobram o preço do prestígio e do proveito pessoal. Raro é o que nada reclama para si, cuja presença e ação, eficientes e silenciosas, constituem o alicerce espiritual do movimento.
O fundamento e a causa de todo poder espiritual residem, em parte, no sacrifício. O egoísta transfere para um plano secundário o interesse impessoal da humanidade, sobrepondo-lhe a glória, a fama e poder material dos membros do grupo. Sacrifício é o “abc” do viver espiritual, é esquecimento próprio, é afastar tudo o que, de alguma forma, possa enfraquecer ou dividir os membros do grupo ou interferir no desenvolvimento de seus propósitos comuns. Não nos referimos somente ao que é errado, mas também ao não essencial, ao que não seja diretamente objetivado pelo movimento pelo qual o grupo está reunido – como, por exemplo, é o caso da Fraternidade Rosacruz –, embora interesse, de modo especial, a um ou a vários membros do grupo.
Cada membro deve ter boa vontade em relação ao grupo, deixando de lado sua vontade pessoal, seus esquemas favoritos e toda forma de ambição pessoal. O que prevalece é a vontade da maioria. Lembremos que, por força da presente condição humana, todos vemos “como que através de um vidro enfumaçado”, isto é, com nossas limitações não percebemos claramente a vontade de Deus e seus agentes, os Irmãos Maiores. Os propósitos dos Irmãos Maiores sobre a questão da elevação e libertação humana respeitam, em primeiro lugar, a liberdade individual, a valorização e o poder de uma FRATERNIDADE; conciliam os aspectos individuais mais legítimos com os propósitos de Deus. Mas, devido às limitações, apenas uma parte do trabalho pode, por ora, ser realizado, porque não enxergamos com clareza os detalhes do Divino Plano Redentor. Todavia, não nos desalentemos por isso.
Por meio do esforço sincero, o Aspirante à vida superior Rosacruz está conquistando, mais depressa, sua libertação e elevação, capacitando-se para um trabalho mais elevado. São poucos os que conseguem. Por enquanto, esforcemo-nos, sem nos aborrecermos por presenciar, frequentemente, membros que não trabalham com idênticas compreensão e unidade de propósito. A perfeição do trabalho em grupo é coisa do futuro. Contudo, um contato íntimo, fundado no amor e numa profunda realização de unidade em Cristo, é possível atualmente, com indivíduos incomuns, que saibam sobrepor-se às diferenças de opinião, que lutam contra as desuniões, porque essas resultam sempre das forças inferiores. É da maior importância, num trabalho em grupo, que todos aprendam a amarem-se uns aos outros, com o Amor de Cristo – amor ágape, incondicional –, de alma para alma, um amor nunca influenciado por fatores pessoais.
O amor é o que ilumina e valoriza o sacrifício. O serviço em favor da humanidade se realizará satisfatoriamente apenas quando se fundar num profundo e permanente amor, livre de crítica (em geral oriundas de frustrações) e orientado pelo firme propósito de não transigir com o erro, com o supérfluo e, sobretudo, com as brechas que entre seus membros produzam desuniões e enfraquecimentos. O sacrifício de fatores negativos pessoais, para perfeita integração e ajuda na Fraternidade, em prol da humanidade é, ao mesmo tempo, uma contribuição preciosa para si mesmo, um exemplo e cooperação à Fraternidade e uma ajuda à humanidade, porque todos os nossos pensamentos, emoções e atos refletem-se em todos os planos da Natureza. Pela contribuição perfeita ao grupo, o indivíduo realiza a superação automática de si mesmo. Pelo esforço de integração, pacificação e eliminação de divergências, cada um harmoniza-se, ao mesmo tempo, a si mesmo.
2) O sacrifício sábio traz, portanto, à atividade, o segundo princípio do trabalho em grupo: a IDENTIFICAÇÃO AMOROSA COM OS COMPANHEIROS DE LABOR. Ao sobrepor-se à Personalidade, cada membro do grupo, pela dedicação ao serviço, cresce em consciência quanto aos propósitos comuns. À medida que cresce, indiferente ao personalismo e egoísmos de toda ordem, identifica-se mais com seu verdadeiro “Eu” e adquire uma atitude de alegria, de confiança própria e de profundo amor ao próximo. Atinge, então, a vivência da “realização da unidade fundamental de si com os demais, em identidade espiritual”. Começa a manifestar sua deidade interna, que permite a superação espontânea de suas solicitações egoísticas e, ao mesmo tempo, fá-lo olhar seus semelhantes, não pelos aspectos externos, não por seus defeitos, senão pela “divina essência oculta em cada um”, o IRMÃO.
Só então atinge a consciência e vive a consciência real do grupo. Muitos de nós, nos instantes de oração ou oficiação de rituais em grupo (quando se processa uma perfeita fusão entre todos), tivemos oportunidade de sentir uma grande vibração. Isto é possível, devido ao princípio de fusão de semelhantes (semelhante atrai semelhante), que é muito mais forte do que uma unidade. Um grupo harmonioso é mais do que um simples ajuntamento de pessoas. São carvões que provocam um fogo que, e em conjunto, focalizados e vibrando num ideal comum, formam um instrumento de Cristo. Por isso foi dito que “onde dois ou mais se reunirem EM MEU NOME” ali Ele estaria! A fusão de almas é o mais poderoso instrumento de corporificação de Cristo, para um trabalho superior, porque produz um volume tão grande de vibração espiritual que pode canalizar, do Mundo do Espírito de Vida, um caudal de energia incalculável. Todos conhecemos essa lei: chama-se a Força de Atração.
Ela determina a atração de pessoas de vibração idênticas, levando-as a diariamente se reunir para um propósito comum. Eis o sentido de cada Centro ou Grupo de Estudos Rosacruz em todo o mundo! O semelhante atrai o semelhante. A mais alta expressão dessa Lei é a fusão de indivíduos preparados para um ideal superior, com plena consciência das leis que regem o trabalho em grupo, isto é, com renúncia de si mesmos e dedicação amorosa ao próximo. Eis como se realiza o trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz, a Cura Rosacruz. A fusão consciente e ardorosa de tais indivíduos forma um canal de natureza tão sublime que atrai um fluxo magnético poderoso do plano Crístico, beneficiando enfermos de todo gênero e enchendo a Terra de uma força equilibradora. Por meio do silencioso poder de tais grupos, os Seres Superiores podem fazer fluir o Poder Curador, a força, a Sabedoria e Amor, para todo este mundo carente. Atualmente o Mundo do Desejo se acha tão conturbado que seus reflexos na humanidade são os que observamos por aí. O contato de Egos, uns com os outros, em propósitos construtivos, é o meio mais eficiente, mais seguro, mais rápido, de libertação individual. O relacionamento de alma, pela autorrenúncia, leva-nos a um conhecimento superior e à unidade com o Cristo Cósmico, pelo despertar de nosso Cristo Interior. As aspirações devocionais e consagradoras para com o serviço, elevam os membros da Fraternidade a planos e condições que, sozinhos, abandonados a seus próprios recursos e às influências que vigoram desde a última conflagração mundial, não poderiam atingir.
3) O terceiro princípio do trabalho em grupo é o SERVIÇO (tônica da Fraternidade Rosacruz). Dele ninguém pode se evadir. Do mais elevado ao mais inferior dos seres vivos, o serviço é o preço a pagar, não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição do direito de existir. De uma evasão deliberada, egoísta, do privilégio de SERVIR, origina severas penalidades das leis equilibradoras do Universo. É o que sucede a muitos Egos que atualmente, em alguns países, são obrigados, à FORÇA, a se conformar e servir com boa ou má vontade para atender às necessidades do grupo a que pertencem. O SERVIÇO é a capacidade de identificação do indivíduo com os interesses comuns. Pressupõe, como dissemos, a superação dos interesses pessoais, voluntariamente e regozijosamente. Quem é feliz servindo, torna-se simpático na vida íntima do grupo. É a técnica que liberta o indivíduo dos laços do “eu inferior” e o capacita a integrar a família de Cristo. O verdadeiro serviço não é fácil. Sua legítima expressão pressupõe muita renúncia, persistência e fé: “Poderosamente devem mourejar os que servem os deuses eternos”.
Servir significa sacrifício de tempo, de interesses pessoais, de ideias favoritas. Exige prudência, sabedoria, habilidade de trato, domínio das emoções. Observe-se quão poucos estão preparados para trabalhar impessoalmente. Não se trata de mero negócio, nem de interferências ou de esforços fanáticos. O verdadeiro serviço nasce da combinação das faculdades mentais com as do coração. Não é motivado por estados emotivos, por sentimentalismos, por arroubos acidentes de entusiasmos e tampouco do desejo de progresso espiritual da parte do servidor. O verdadeiro serviço salienta o grupo, em vez de o indivíduo. Por meio do verdadeiro trabalho em grupo nos tornamos mais úteis do que isoladamente poderíamos ser e mais nos aproximamos da nossa FONTE e ORIGEM. Através do serviço verdadeiro expressamos, com mais facilidade, os atributos de nosso “Eu Superior”, o Ego, cuja natureza é naturalmente boa e nobre, amorosa e fraternal, porque “feita à imagem e semelhança do Pai”.
O verdadeiro serviço não é solicitado nem planejado como um fim em si mesmo: surge espontaneamente na medida em que crescemos por dentro e nosso Cristo deseja expandir seus poderes anímicos. Gradualmente, à medida que vamos crescendo por dentro, irradiamos o amor e outras energias espirituais, nunca para nosso próprio engrandecimento, senão para elevação e libertação daqueles que de nós se aproximam. O verdadeiro servidor tira as vistas de si mesmo e de suas realizações, dando atenção integral para as necessidades de seus semelhantes, a começar por seu lar, sem deixar-se prender pelas insidiosas cadeias do interesse puramente familiar. Conduz-se equilibradamente em meio a todas as necessidades, seguindo os impulsos de seu Cristo Interior. A completa submissão à lei do serviço leva-o gradualmente ao íntimo do coração do grupo e a conhecer, para além de todas as dúvidas, que é UNO com as almas IRMÃS. À medida que os membros se elevam assim, o grupo vai atingindo a capacidade de serviço total, o poder e a oportunidade de executar as obras mais inimagináveis.
4) O quarto princípio consiste em RECUSAR tudo o que seja danoso aos interesses do grupo. Isso exige sinceridade, lealdade, coerência. Há muita gente de boa índole que falha neste princípio, por medo de ferir os membros do grupo. Mas a recusa não é desamorosa. Ao contrário: é firme, porém, amorosa, inteligente, esclarecida. Relaciona-se, como veem, com a Força de Repulsão, uma vez que, tudo o que não seja da mesma vibração do grupo tende a ser afastado. Pela manifestação desse princípio, todos os grupos tendem a repelir o que lhe seja estranho ao modo de ser e necessidades, envolvendo pessoas, coisas e condições. Não se trata propriamente de conservação. A evolução do grupo se processa naturalmente, à medida que seus membros evoluem e refletem amorosamente novas necessidades coletivas. Porém, o princípio que estamos considerando preserva o interesse de todos, elevando para Deus as pessoas e coisas identificadas, entre si, como conjunto.
Simbolicamente falando, a totalidade dos membros dedicados de um grupo “reúne seus carvões”, abanando-os pelo serviço amoroso, a fim de que flameje a chama do fogo espiritual, que é um poderoso dissipador das trevas da ignorância e do frio egoísmo que existe no mundo. Por meio de sua própria existência irradiará de tal grupo luz e calor que dissiparão as forças mentais negativas e as correntes miasmáticas do Mundo do Desejo, que escravizam a humanidade. Atuando sobre cada membro ou unidade do grupo, esse quarto princípio imprime, em suas consciências, uma profunda determinação de evitar e repelir, em sua maneira particular de vida, tudo o que possa obstar ou interferir desfavoravelmente nas atividades e interesses comuns. Disso decorre a necessidade de vigilância constante, de si mesmo e não propriamente quanto aos demais. Deve cada um vigiar todas as atividades físicas, emocionais e mentais, a fim de que não chegue a exprimir ação inconveniente.
Compreendendo que sua própria consciência é parte integrante do Todo, a qual, de algum modo misterioso, ele ajuda a sustentar, o membro dedicado e sincero pratica o discernimento e amiúde pergunta a si mesmo: “O que estou pensando, sentindo ou fazendo influencia favoravelmente o grupo? Aumentará ou diminuirá a Luz Espiritual do grupo?”. Então procura, sincero como é para si mesmo, atuar harmoniosamente, recusando tudo o que seja imoral, rancoroso, malicioso, interesseiro, crítica destrutiva, etc. e cultivando apenas, deliberadamente, as vibrações auxiliadoras da sã alegria, da simpatia e do altruísmo. Para o bem do grupo e não por motivos pessoais, trabalha para a pureza, para a estabilidade emocional e pelo controle do pensamento. Respeita e obedece aos propósitos do Grupo e recusa todas as faltas que, dentro de si, procurem prejudicar seu trabalho na equipe. Aprende que não é lutando que vence o egoísmo, senão pelo esquecimento de si mesmo, dedicação aos demais e prazerosa obediência à luz interna, conforme aquela frase de Cristo: “Aquele que perde sua vida por Minha causa, encontrá-la-á”.
5) Quando cada membro tenha aprendido a trabalhar em íntima cooperação mental e espiritual com seus companheiros; quando o desejo de crescimento pessoal e espiritual tenha sido transcendido e cada um tenha dado tudo o que pode ao grupo, então o quinto princípio começará a atuar. Esse princípio que brota da UNIDADE de cada um com todos, originará uma automática distribuição das conquistas do grupo, de forma que, qualquer unidade ou membro começará a sentir e expressar tudo o que o grupo tenha conquistado, embora individualmente não o tenha pretendido. Uma completa realização, por parte de um membro do poder do amor, por exemplo, eventualmente se tornará uma realização consciente de todo o grupo e, assim, em relação a tudo em evolução. É a lei que Cristo enunciou quando disse “Se eu ascender levarei comigo todos os seres humanos”.
Indubitavelmente existem outros princípios que operam nos grupos, a respeito das quais, atualmente, pouca noção temos. Contudo, a boa vontade de nossa parte, em adaptar nossa vida aos princípios aqui enunciados, nos possibilitará percorrer mais rapidamente e proveitosamente o longo caminho que nos conduz às novas e luminosas condições da Era de Aquário.
(por Elvin Joseph Noel)
Em tempo remoto, o simbolismo foi tão usado que os historiadores modernos falam dele como se fora a “linguagem do homem primitivo”. Não obstante, nós continuamos a encontrar nos símbolos extrema utilidade, porque algumas vezes, por meio de uma simples figura ou emblema, comunicamos às nossas Mentes uma compreensão maior sobre os profundos princípios e leis cósmicas, como não poderíamos fazer por meio de palavras. O valor educacional dos símbolos expressa-se também nesta máxima: “Um quadro ou imagem é melhor do que mil palavras”.
A palavra é o símbolo da ideia. Assim também, na música, na arte, na literatura, na dança, no drama e em muitos outras formas de expressão o simbolismo é usado para transmitir as mensagens dos seus criadores.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, também chamados de Mestres, há muito esperam o florescimento das rosas da humanidade e dão a todos os Aspirantes ao conhecimento espiritual esta saudação: “Que as rosas floresçam em vossa Cruz!”.
Assim também, em todas as reuniões da Fraternidade Rosacruz, em todo o mundo, os Estudantes, Probacionistas e Discípulos são saudados e se saúdam de igual maneira e todos lhe respondem: “Na vossa também”.
Das doze Hierarquias Criadoras que ajudaram o ser humano na sua evolução, cinco já se libertaram dessa missão sublime; as outras sete continuam na Sua nobilíssima tarefa de amparar e guiar o ser humano na sua jornada, estando simbolizadas nas sete rosas sobre a Cruz. E assim como as referidas Hierarquias são a expressão do Macrocosmos, assim também o Microcosmo está simbolizado por nós, o Ego, dirigindo as nossas atividades para fora, através dos sete orifícios visíveis do Corpo Denso. As cinco Hierarquias que terminaram a Sua missão e retiraram-Se estão simbolizadas na estrela dourada de cinco pontas e nos cinco orifícios parcialmente cerrados do nosso Corpo Denso: os mamilos, o umbigo e os canais de excreção.
A CRUZ BRANCA simboliza a vida dedicada do servidor da humanidade. Na forma em que tem uma rosa apenas, no centro, simboliza o Espírito irradiando de Si mesmo o quádruplo corpo, isto é, o Corpo Denso ou de carne e ossos, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente, de onde o Ego, o Espírito, fiscaliza os Seus instrumentos e chega a ser o Espírito humano que mora internamente. Em Épocas anteriores não existia essa condição.
O Tríplice Espírito então flutuava sobre os seus veículos, nos quais não podia entrar. Quando a Cruz se erguia sozinha, simbolizava a condição existente no primeiro terço da Época Atlante. Houve ainda um tempo no qual o madeiro superior da Cruz faltava e a constituição humana era representada pela letra hebraica Tau (T), que sucedeu no tempo da Época Lemúrica, quando o ser humano tinha apenas o Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, faltando-lhe a Mente.
A natureza animal predominava nessa Época. Em Época ainda mais remota, a Hiperbórea, faltava o Corpo de Desejos e o ser humano possuía unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Então o ser humano, em potência, era como as plantas: casto e sem desejos. Não podia ser representado por uma Cruz e por esse motivo o símbolo era um pilar ou coluna, como a letra “I”.
Esse símbolo foi considerado fálico, um emblema da geração. Esse pilar é hoje representado pelo madeiro inferior da Cruz, emblemático do ser humano em potência, quando era semelhante a uma planta. A planta não tem paixão nem desejos e, por conseguinte, é inocente. O falus e o lone, imagens dos órgãos masculino e feminino, usados nos templos de mistérios da Grécia, foram dados pelos hierofantes; nesse sentido e sobre os pórticos dos templos, foram colocadas as palavras: “HOMEM, CONHECE A TI MESMO”. Palavras que, quando bem compreendidas, são semelhantes aos Ensinamentos Rosacruzes e mostram a razão da “queda do homem” no desejo e no pecado, dando a chave da sua liberação da mesma forma que as rosas sobre a Cruz indicam o caminho da emancipação. Através do “conhecimento” de Eva, Adão “caiu” e perdeu a sua consciência dos Mundos invisíveis. Não achará outra vez essa interna percepção das esferas celestes até que tenha aprendido de novo, em uma espiral mais elevada, como criar de si mesmo usando a sua força criadora e total à vontade. Então se conhecerá outra vez.
Através dos tempos o ser humano usou várias cruzes: a cruz latina, a TAT ou cruz grega, a TAU ou cruz hebraica, a cruz ANSATA ou egípcia (cruz com asa ou círculo por cima), a cruz céltica, a cruz de Lorena, a cruz papal, a cruz do Calvário, a cruz Suástica ou gamada, a cruz de Santo André, a Cruz de Malta, a cruz em forma de trevo. A cruz Ansata foi o mais antigo símbolo da Maçonaria egípcia, instituída pelo Conde Cagliostro, e significava imortalidade. A asa colocada no topo superior da cruz Ansata apresenta duplo significado: como símbolo mundano era um atributo de ISIS, uma imagem da Lei; como símbolo da imortalidade era usado sobre o peito das múmias; uma eternidade sem princípio nem fim que desce sobre o plano da natureza material e, logo, emerge dele.
A cruz do Calvário encontra-se sobre três degraus, sendo o maior a base; o segundo, ligeiramente mais estreito; e o terceiro, sobre o qual descansa a cruz, menor ainda. Esses três degraus representam os três primeiros graus da Maçonaria, os passos necessários para se chegar a ser um Mestre Maçon. Recordam-nos os três dias entre a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo, aqueles três dias que significaram setenta e duas horas, que representam o número nove, do qual é dito que representa a humanidade atual. Os três degraus também simbolizam o Deus Trino: Pai, Filho, Espírito Santo, além dos três aspectos da Divindade: Vontade, Sabedoria, Atividade.
A Cruz em forma de folha de trevo é a base do emblema Rosacruz. É uma cruz branca e brilhante, tendo três semicírculos nos extremos de cada madeiro. Esses doze semicírculos no emblema Rosacruz simbolizam as doze Hierarquias que Se manifestaram no início da Criação, têm os mesmos nomes dos Signos do Zodíaco e ajudaram o ser humano em seus esforços para governar o seu quádruplo veículo. No centro da cruz está a Rosa pura e branca, simbolizando o coração do Auxiliar Invisível. É o sinal da PURIFICAÇÃO.
No serviço que se lê à tarde no Templo de Cura, exceto por ocasião da Lua Nova e da Lua Cheia, dão-se os passos mais diretos para se alcançar essa realização: “O amor (…) não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a Verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Suspensa na cruz está uma coroa de sete rosas vermelho-sangue, imaculados receptáculos da semente da roseira e livres de paixão, emblemas da força geradora, purificada e elevada. Como a vida do ser humano está no sangue, vivendo uma vida de Serviço, dedicado, e ao mesmo tempo desinteressado, aos outros, cada um de nós pode transmutar as forças vitais e impuras em força criadora e pura do Espírito de Vida, alcançando assim o mais elevado estado humano. As sete Rosas sobre a cruz também significam os sete passos que deve dar o Aspirante no caminho estreito.
A primeira rosa significa a Clarividência e a Clariaudiência; no desenvolvimento dessas faculdades é essencial o poder de observação. Essas duas Faculdades desenvolvem-se na ação positiva, na qual o Aspirante quer “ver e ouvir claramente”.
A segunda rosa significa a Profecia e para desenvolver essa última usa-se o discernimento. Cristo disse: “E muitos falsos Profetas se levantarão e enganarão a muitos”[1]; “Porque se levantarão falsos Cristos e falsos Profetas e darão grandes sinais de prodígios, tais que, se fora possível, até enganariam os escolhidos”; “E então aparecerá o sinal do Filho do Homem que virá sobre as nuvens com toda a pompa e glória”[2].
A terceira rosa é a da Pregação e do Ensino da Verdade. Esse é o primeiro dos mandamentos do Senhor: “Pregai o Evangelho”[3]. Ou seja, “pregai a verdade por Mim ensinada”. A maneira mais direta de pregar a verdade é deixar que a nossa vida seja um exemplo constante dessa Verdade.
A quarta rosa é a Rosa da Cura. Este é o segundo mandamento: “Curai os enfermos”[4]. Antes que possamos chegar a ser um Auxiliar Invisível e ajudar na cura dos enfermos, devemos mostrar merecimento, manifestando-nos como auxiliares visíveis.
A quinta rosa é a da Expulsão dos Demônios. Há numerosas passagens nas Escrituras Sagradas que mencionam esse fato. No Livro Conceito Rosacruz do Cosmos o leitor é advertido de que deve ter muito cuidado com a maneira de prestar esse serviço. Cada um dos que se prestam a expulsar os demônios deve estar bem armado em nome de Cristo, antes de se aventurar a fazer esse melindroso trabalho. Alguns historiadores profanos disseram que Maria Madalena estava possuída por sete demônios e que, depois que esses sete diabos foram lançados para fora dela, deixando-a novamente livre, ela voltou a ser uma nobre mulher.
A sexta rosa é a da Pronunciação da Palavra de Poder, expressando os três aspectos da Divindade, falando (ação) com o poder (vontade) da palavra (sabedoria). Quando o Aspirante alcança esse ponto de desenvolvimento no caminho da Iniciação, ele aprende a invocar a manifestação da Divindade e a falar em seu NOME.
A sétima rosa é a do Poder de Ressuscitar os mortos, isto é, os adormecidos no esquecimento da Divindade. Cristo afirmou: “Em verdade vos digo que aquele que crê em Mim fará as obras que eu faço e ainda maiores, porque Eu vou a meu Pai”[5].
Na História Sagrada, é São Pedro o único depois de Cristo de quem se diz que ressuscitou mortos: “Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, ou Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e de esmolas que fazia. Mas Pedro, lançando fora a todos, pôs-se de joelhos e orou; voltando-se para o corpo disse: ‘Tabita, levanta-te!’. Ela abriu os seus olhos e, vendo Pedro, assentou-se. Fez-se isto notório em Jope; e creram muitos no Senhor”[6].
O Aspirante sabe também que pode ser ressuscitado da morte da sua antiga vida para se levantar e viver uma vida nova, na consciência da sua unidade com Deus, em Quem vivemos, movemo-nos e temos o nosso ser. O centro da cruz irradia a estrela dourada de cinco pontas, uma das quais se dirige para cima. Essa estrela simboliza o Manto Dourado Nupcial – o Corpo-Alma – que todos nós, seres humanos, estamos tecendo para nós mesmos, com os nossos pensamentos amorosos e ações bondosas.
A Estrela é dourada por ser essa a cor do ouro, a mais parecida com a irradiada pelo Amor Crístico, O qual deve ser o motivo das nossas ações. O amarelo é símbolo do segundo aspecto da Divindade, o Filho ou Cristo; no entanto, dado que o ser humano de hoje não pode manifestar o amarelo puro do Amor de Cristo, esse se expressa no alaranjado do ouro. O Corpo-Alma ou Veste Dourada de Bodas deve ser desenvolvido antes que o Cristo interno possa nascer.
Por detrás da Estrela e da Cruz está o campo azul, símbolo do Espírito Puro, assim como o céu azul é um símbolo do Caos do qual procedeu a Manifestação. Essa cor simboliza o primeiro aspecto da Divindade, o Pai. Cristo disse que devia atrair todas as coisas para Si e que podia, então, entregar o Reino ao Pai.
Quase nada sabemos a respeito desse Reino e, como o pouco que sabemos vem por meio dos Seus ensinamentos, o azul está mesclado de amarelo, não sendo azul puro, mas azul-turquesa, altamente translúcido e vibrante de vida. O vermelho das rosas é o símbolo do Terceiro aspecto da Divindade e é a única cor pura que é mostrada no símbolo Rosacruz.
Portanto, o Símbolo Rosacruz é um símbolo da nossa evolução passada, da nossa presente constituição e do nosso futuro desenvolvimento, junto ao método de realização.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross; traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)
[1] N.T.: Mt 24:11
[2] N.T.: Mt 24:30
[3] N.T.: Mt 16:15 e Mc 16:15
[4] N.T.: Mt 10:8
[5] N.T.: Jo14:12
[6] N.T.: At 9:36-42
Os Estudantes da Filosofia Rosacruz sabem que Lúcifer, a falsa Luz da Época Lemúria, implantou a paixão, inaugurando a procriação do pecado e, consequentemente, o surgimento da tristeza, da dor e da morte. Sabem que Cristo, a verdadeira Luz da vindoura Nova Galileia, inaugurará a imaculada Concepção e pregou o Evangelho da redenção do pecado pelo amor.
É um fato científico que o estado do sangue afeta a Mente e vice-versa; sangue puro é, portanto, indispensável para uma mentalidade sadia.
Uma Mente pura pode transcender a paixão, somente um corpo são pode gerar outro corpo são. Os Irmãos Maiores da Rosacruz têm almejado curar o corpo para que possa abrigar uma Mente pura e um amor puro, pois cada purificação sobre o Corpo Físico é um passo adiante para o dia da vinda do Senhor, pelo qual todos nós anelamos mui ardentemente.
Essa é a razão para as atividades de cura e é o significado do nosso tema “Mente pura, Coração nobre e Corpo são”.
Essa declaração feita por Max Heindel deixa claro que a cura definitiva necessita de educação nos princípios ou nas leis superiores ou espirituais, que regem a vida do ser humano.
Não é suficiente que tenhamos nossas dores temporariamente aliviadas e nossas doenças temporariamente “curadas”. Devemos perceber que não podemos ter uma cura definitiva até que aprendamos a controlar nossos pensamentos, sentimentos e emoções.
Somente dessa maneira a causa espiritual da doença poderá ser removida de dentro de nós.
Temos sido egoístas, gulosos, ciumentos, intolerantes, mentirosos, desconfiados? Então podemos estar certos de que o nosso sangue foi afetado por esses desequilíbrios e que esse sangue contaminado foi transportado para dentro dos tecidos afetando todo o organismo.
Temos sido amáveis, bondosos, tolerantes, úteis? Então podemos estar certos de que esses pensamentos e sentimentos, também afetaram o corpo e o sangue, mas, por esse lado, beneficamente.
Pureza de vida e de pensamento é o caminho principal para a saúde. Todo aquele que se propuser a seguir os passos de Cristo, harmonizando-se com o Seu amor, conquistará uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP – julho-agosto/1995)
Resposta: Antes que os Auxiliares Invisíveis possam trabalhar com o paciente, eles devem ter o eflúvio de seu Corpo Vital.
Esta é a contraparte etérica do Corpo físico e da esfera operacional das forças vitais.
Os eflúvios são obtidos por meio das palavras (preenchidas na Ficha ou Formulário de Inscrição para o Departamento de Cura) e das Datas e Assinaturas que o paciente escreve semanalmente na Ficha de Assinaturas com a caneta tinteiro (ou pena mosquitinho).
Isso é muito importante, pois uma caneta (ou “pena mosquitinho”) carregada de fluído, como é o nanquim LÍQUIDA da caneta tinteiro, é um condutor de magnetismo muito maior do que um lápis seco ou uma caneta esferográfica ou hidrográfica ou, ainda, qualquer outro tipo de meio de escrita.
O Éter, que impregna o papel sobre o qual o paciente escreve, semana a semana, fornece uma indicação de sua condição no momento da escrita, e é uma chave de entrada para acesso à parte (ou -partes) doentes do seu Corpo.
Conforme mude o estado do paciente, muda igualmente o registro nas Fichas semanais !
É algo que ele deu voluntariamente e com o propósito expresso de fornecer acesso aos Auxiliares Invisíveis.
A menos que o doente faça a sua parte nesse aspecto, os Auxiliares Invisíveis são incapazes de fazer qualquer coisa pelo paciente.
Portanto: os eflúvios que procedem da mão do paciente ao escrever proveem aos Auxiliares Invisíveis uma chave de admissão ao organismo do paciente.
Por mais simples que seja essa regra, são muitos os que deixam de cumpri-la!
Com isso veja como é importantíssimo ser fiel no preenchimento semanal da Ficha de Assinaturas e o imediato envio (quando terminar de preencher as 4 assinaturas) para o Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz.
Resposta: Segundo as Santas Escrituras, o ser humano foi criado no Jardim do Éden, no sexto dia da criação. No princípio do sétimo dia, época na qual estamos vivendo, Deus descansou de sua obra.
O ser humano foi criado espírito, e os espíritos recém-criados são chamados “Espíritos Virginais”. Eles, isto é, toda a humanidade, incluindo nós, desde então vimos por séculos e séculos, como crianças, desenvolvendo-nos física e mentalmente, até nos encontrarmos agora dotados de um corpo maravilhoso, com uma Mente admirável e alma sensível. Vivemos e morremos muitas vezes. Como a noite sucede ao dia, assim tem sucedido nascimento e morte.
Em cada morte o espírito volta ao lar celestial para descansar e renovar-se, e regressa, em cada nascimento, à “Escola da Vida”. Em cada vida o espírito se veste de nova personalidade; raras vezes se recorda da vida anterior.
Como sucede em toda escola, há estudantes que aproveitam mais que outros. Alguns conseguem desenvolvimento tal que não necessitam voltar à escola; estão prontos para seguir seu curso em esferas celestiais. Entre eles alguns preferem deter seu curso para ajudar a humanidade menos avançada.
Doze desses chamamos de Irmãos Maiores. Um deles exerce especial influência nos Serviços de Cura no Templo de Fraternidade Rosacruz.
Os Auxiliares Invisíveis são, no mínimo, Estudantes Rosacruzes que atingiram o grau de Probacionistas da Fraternidade Rosacruz. Cada noite, enquanto seus corpos descansam durante o sono, eles servem curando os enfermos, sob a orientação e direção dos Irmãos Maiores, isto é, fazem-no se merecem esse privilégio.
Pede-se ao paciente que assine o “Formulário de Assinaturas Semanal” com caneta à base de tinta nanquim LÍQUIDA ou “pena mosquitinho” – que você molha em um recipiente com tinta LÍQUIDA nanquim – , porque assim o eflúvio de seu Corpo Vital se impregna no papel através do líquido (em um tempo que permanece tão claro e nítido o suficiente) e proporciona aos Auxiliares Invisíveis a indicação de seu estado de saúde. Isto deve ser feito semanalmente nas datas indicadas no informe “Datas de Cura” que enviamos. Somente com essa chave os Auxiliares Invisíveis podem penetrar no Corpo do paciente. Por conseguinte, o ato de assinar é um pedido de ajuda dirigida aos Auxiliares Invisíveis. Se o paciente compreender isso, nunca o fará mecanicamente nem dissimulará as datas e, obviamente, não assinará com caneta esferográfica, hidrográfica, à lápis ou utilizando outra forma de tinta.
Deve ser um ato sincero, simples, de fé e agradecimento.
Não adoramos nem invocamos em preces os Irmãos Maiores e Auxiliares Invisíveis; eles são homens e mulheres humanos, e somente a Deus adoramos e elevamos nossas orações, em nome de Cristo Jesus.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/1971)
N.R.: “healing”, em inglês, que é diferente de “curing”. O problema é que em português traduzimos ambas as palavras por “curar”. Entretanto, o conceito delas é bem diferente. “Curing” significa “eliminar todas as evidências da doença”, “eliminar todos os sintomas” – está mais para remediar; enquanto que “healing” significa curar totalmente: o Espírito, a Alma – aqui restaurar, eliminar a causa suprafísica, pois o Espírito e a Alma nunca ficam doentes (!) – e o Corpo – aqui sim: restabelecer o funcionamento normal da parte afetada, pois essa parte está doente. Quando falamos do Método de Cura da Fraternidade Rosacruz, estamos falando de “healing” (veja aqui: https://goo.gl/t5p7p4, em português e aqui: https://goo.gl/L7WgMf, em inglês). Assim, nesse texto todas as vezes que se lê “cura”, entenda “healing”.
Pergunta: Se um indivíduo alcançou um elevado grau de visão espiritual nesta vida e morre para renascer em período futuro, lembrará quem foi? Reterá o poder espiritual que foi alcançado na vida anterior ou terá que desenvolver novamente essa faculdade?
Resposta: Quando a visão espiritual é desenvolvida conscientemente em uma vida, até onde sabemos, ela se torna uma faculdade do Espírito em todas as suas vidas futuras, ampliando o seu alcance e poder a cada existência; isso, sob condições normais. Há um caso conhecido pelo autor, em que uma pessoa possuía, em uma vida, a visão espiritual e a faculdade de sair do corpo, além de lembrar-se dos fatos ocorridos durante os seus voos de alma, quando fora do corpo. No entanto, na vida seguinte, não foi capaz de exercer essas faculdades devido ao uso da bebida, drogas e cigarro, que deterioraram o seu cérebro a tal ponto que o Espírito não conseguia gravar os registros do que acontecia quando estava livre do corpo.
Fora do corpo, ainda podia vaguear pelo mundo e tomar seu lugar na Ordem entre os outros Iniciados, mas quando estava dentro do corpo, ficava limitado devido ao seu cérebro deficiente, doente e maltratado. Não deverá parecer estranho que isso assim aconteça, pois esse é, exatamente, o mesmo princípio que permite a um homem usufruir a visão espiritual, apesar de ser fisicamente cego. Independentemente da perda e da deficiência sentidas por tal homem, há naturalmente o aspecto moral e o autor duvida que o próximo corpo dessa pessoa possua um cérebro capaz de transportar as memórias dos Mundos invisíveis para o visível. Acreditamos que ela terá de viver corretamente durante várias vidas, antes de criar outro cérebro sensível que tenha a capacidade de transmissão espiritual.
Quanto à memória de vidas passadas, não é necessário esperar por uma futura existência para desenvolver essa faculdade, desde que a visão espiritual tenha sido cultivada com o auxílio dos verdadeiros mestres, tais como os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Os neófitos são ensinados desde o início a ler na Memória da Natureza, a fim de saber e diferenciar entre a verdade e a ilusão, primeiramente no registro conservado no quarto Éter ou Éter Refletor, que requer apenas um pequeníssimo prolongamento da visão física. Em seguida, por etapas, se viverem a vida e forem esforçados, a extensão da visão se ampliará até os registros guardados na região arquetípica. Geralmente, esses registros são abertos para eles em poucos anos e, assim, tornam-se capazes de investigar facilmente o seu próprio passado. No entanto, não acreditamos que isso aconteça usualmente, pois quem se aprofunda nesse trabalho fica tão absorvido no esquema de prestar serviço aos outros que não encontra mais tempo para satisfazer suas próprias inclinações egoístas.
(Pergunta nº 25 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)