Resposta: Mani ou Manes ou, ainda, Maniqueu nasceu próximo a Otesiphon, na Mesopotâmia, em torno do ano 227 da Era Cristã, morrendo por volta de 277. Com referência a seu pai, supõe-se ter sido membro da seita dos “Batistas”. Os ortodoxos negam seu sentimento Cristão.
Mani chamou a si mesmo “Eu, Mani, o Apóstolo de Jesus Cristo”; afirmando que vinha para dar cumprimento à profecia de Cristo. Reuniu os ensinamentos de Zoroastro com os de Buda e, provavelmente, com os princípios do Taoísmo e com os do Novo Testamento. Uma vez que o Maniqueísmo se relacionava pouco com o Novo Testamento, Mani, sendo persa, considerou desnecessário integrar-se primeiramente no Judaísmo, para depois converter-se ao Cristianismo.
A ortodoxia recusa aceitar como Cristão quem não aceite o Novo Testamento conjuntamente com o Antigo Testamento. Evidentemente, Mani julgou haver solucionado o problema do bem e do mal, bem como da realidade da natureza, o que se conclui após um estudo do que se encontra em seu sistema básico, idêntico ao que está exposto no Evangelho da Verdade, descoberto há alguns anos em Nag Hamadi, no Egito.
O aramaico foi o idioma oficial do Império Persa Ocidental, bem como foi o dialeto oriental, assim como o hebreu é o dialeto do ocidente. Em outras palavras, os persas tinham as mesmas palavras sagradas tal como os hebreus, mas em aramaico, que foi o idioma falado por Jesus. Mani escreveu em siríaco e persa e em “código” ou cifrado. Muitos livros Maniqueus foram descobertos em 1930.
A lenda dos Duendes Luminosos e dos Duendes Sombrios mencionada no Conceito Rosacruz do Cosmos[1] demonstra que os Maniqueus atribuíram a si a prerrogativa de solucionar o problema da conquista do Mal, da mesma forma que Max Heindel descreve. Entretanto os chamados escritos Maniqueus sobre a natureza da Verdade e da Realidade não pertencem à época de Mani, pois, como já foi dito, eles foram encontrados no Evangelho da Verdade, escrito em algum lugar por volta da metade do segundo século, ao passo que Mani viveu no terceiro século da Era Cristã.
A Angeologia Zoroastriana é, naturalmente, uma parte real do Cristianismo e do Judaísmo Esotérico. Não há dúvida que, durante o exílio, profetas hebreus e mestres zoroástricos trabalharam em conjunto, o que até a Bíblia demonstra.
Os Maniqueus exotéricos, contudo, não formam a Escola Interna de Mistério, a respeito da qual Max Heindel fala.
Tal como a Fraternidade Rosacruz é uma escola preparatória para a Ordem Rosacruz, assim é o movimento Maniqueu, incluindo os Cataristas ou Albigenses do sul da França, são a representação externa da Grande Escola de Mistérios nos Planos Internos.
Porém, todos os conceitos básicos espirituais do Maniqueísmo são, também, encontrados no Rosacrucianismo, por serem, naturalmente, universais, construídos sobre verdades eternas. Onde quer que haja Mentes abertas à verdade, esses conceitos estarão em evidência, pois somente o fanatismo e a intolerância vivem deles divorciados.
Até certo ponto a Cosmogonia maniquena é um tema da ciência, parcialmente baseada na “Revelação” (lida na Memória da Natureza) e parcialmente nas descobertas científicas externas. Os cientistas modernos estão reelaborando a sua Cosmogonia, modificando a hipótese nebular, descobrindo novos aspectos da evolução, da natureza, da matéria etc. e todas essas mudanças serão, eventualmente, incorporadas à Religião da Era de Aquário, a qual terá uma nova Cosmogonia.
Santo Agostinho foi um membro sem, contudo, ingressar na escola esotérica. No maniqueísmo existia um conjunto de ensinamentos internos, aos quais Santo Agostinho não teve acesso, atendo-se exclusivamente à escola externa. Sua mãe, Mônica, foi uma devota católica, orando continuamente para que ele se reintegrasse ao catolicismo.
Em virtude de tenaz perseguição que sofreu – perseguição essa vinda de todos os lados – a Ordem exotérica de Mani foi impelida a se esconder. Entretanto, os Maniqueus se disfarçaram e começaram a trabalhar de dentro dos agrupamentos de seus inimigos.
Mani foi crucificado pelo sacerdócio pérsico, pelos fanáticos e perseguidores que não admitiam seu Cristianismo. A Ordem de Mani existiu na Europa e na Ásia, podendo ser restaurada de alguma forma dentro de alguns séculos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz março/1967 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: do Capítulo XVI – Desenvolvimento Futuro e a Iniciação: “Quando um ser humano do Período de Júpiter disser ‘vermelho’ ou expressar o nome de um objeto, apresentar-se-á à sua visão interna uma reprodução exata e clara do tom particular de vermelho em que esteja pensando ou do objeto de que esteja falando, reprodução essa que será também visível para o interlocutor. Não haverá mal-entendido quanto ao que pretende significar pelas palavras emitidas, porque os pensamentos e ideias serão visíveis e vivos. A hipocrisia e a adulação serão completamente eliminadas, os seres humanos se ver-se-ão exatamente como serão. Haverá bons e maus, mas as duas qualidades não se encontrarão mescladas na mesma pessoa. Haverá seres humanos perfeitamente bons e seres humanos completamente malvados, e um dos problemas mais sérios daquele tempo será a maneira de agir com estes últimos. Os Maniqueus, uma Ordem de espiritualidade ainda superior à dos Rosacruzes, estão atualmente estudando esse problema. Pode-se obter uma ideia antecipada dessas condições num curto resumo da sua lenda (Todas as ordens místicas têm uma lenda simbólica enunciadora dos seus ideais e aspirações).
Na lenda dos Maniqueus há dois reinos: o dos Luminosos e o dos Sombrios. Esses últimos atacam os primeiros, são derrotados e devem ser castigados. Contudo, como os Luminosos são perfeitamente bons, como, do mesmo modo, os Sombrios completamente maus, eles não os podem infligir nenhum mal, pelo que os castigam lhes fazendo o Bem. Para isso, uma parte do reino dos Luminosos se incorpora ao dos Sombrios e, desta maneira, com o tempo, o mal é transmutado. O ódio não será dominado pelo ódio; há de sucumbir ante o Amor.”
Resposta: Há uma razão oculta para o declínio da fé, e é inútil discutir um remédio até que uma causa tenha sido descoberta. Nenhuma medida não planejada ou bem direcionada fará com que a Humanidade retorne, permanentemente, ao caminho da retidão. Vamos, primeiro, considerar algumas das causas, normalmente, apontadas e então poderemos compreender melhor a razão científica oculta.
Frequentemente ouvimos dizer, de uma maneira irônica, que a razão pela qual as igrejas estão vazias é que o ministro, pastor ou padre não tem nenhuma mensagem nova, mas está continuamente apresentando ou usando de outra forma e de novo, sem nenhuma mudança ou melhoria substancial, as antigas histórias da Bíblia. Tal expressão de repreensão ou desaprovação perde sua força no momento em que perguntamos: “Sabemos a Bíblia de cor?”. Fazemos com que uma criança repita a tabuada de multiplicação, indefinidamente, até que a conheça e saiba aplicá-la. É mais importante que conheçamos a Bíblia profunda e completamente do que a criança se lembrar da tabuada; por isso a repetição é necessária.
Os Atenienses, quando se reuniam na Colina de Marte[1], sempre buscavam algo novo que lhes proporcionasse material para discussão, mas algo mais é necessário para o crescimento da alma. S. Paulo nos ensina, especificamente, que “ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, (…) nada serei”[2].
A expressão de repreensão ou desaprovação relativa aos bancos vazios se baseia, particularmente, nas igrejas protestantes e católicas de todas as denominações ditas “modernas” e em vários países e, entretanto, não seria fora de propósito fazer uma comparação entre o método empregado por essas igrejas e o método empregado por uma igreja tradicional e histórica, seja ela de uma Religião Protestante ou de uma Religião Católica. Se estivermos ansiosos por aprender alguma coisa sobre essas igrejas tradicionais e históricas, devemos pôr de lado o preconceito e nos empenharmos em considerar os méritos e os deméritos de cada uma de uma maneira imparcial.
Vamos, primeiramente, examinar uma igreja protestante ou católica tradicional ou histórica, em que o ministro, pastor ou padre se empenha em transmitir o Evangelho às pessoas. Muitos de seus assentos estão vazios. Entre aqueles presentes, geralmente, o número de mulheres supera de seis vezes ou mais o número de homens. O ministro, pastor ou padre é, normalmente, sério e intenso e se esforça para ser eloquente quando se dirige à Divindade na oração, mas ele já ouviu tantas vezes a expressão de repreensão e desaprovação sobre a repetição que sempre teme que seus ofícios sejam parecidos, não importa a que grau. Procurará apresentar uma nova oração, um novo sermão, um novo hino, tudo tão novo quanto possível, a fim de evitar essa terrível repreensão e desaprovação. Ele está quase tendo um colapso nervoso por causa do pensamento atormentador de que seus fiéis possam achá-lo “chato, repetitivo e nada original”.
Em seguida, vamos a uma igreja “popular” – dita moderna, atualizada e “inovadora” – e vejamos que métodos elas usam. O ministro, pastor ou padre dessas igrejas é sempre “progressista” e está “atualizado”. Há, frequentemente, algo tão grande como um ginásio para esportes e uma equipe de “animação” ligada ao estabelecimento. Todas as noites da semana há uma reunião relacionada a este, àquele ou a outro clube, grupo ou segmento específico com um determinado nome que chama a atenção. Há piqueniques, festas ao ar livre, shows e comemorações, além de ceias e refeições na igreja. Muitas vezes, há reuniões só para os homens e outras só para as mulheres, geralmente intercaladas, de modo que sempre há uma fantasmagoria deslumbrante, sem um momento monótono durante a semana, e no domingo – ah, esse é o verdadeiro deleite, a grande atração – então, é o ministro, o pastor ou o padre que os entretém, como só ele sabe fazer. Ele é auxiliado por um grupo musical ou coro sem igual, muitas vezes composto por artistas. A música não é particularmente religiosa, exceto que, como toda boa música oriunda do mundo celestial, ela fala do ser humano espiritual e desperta as recordações do nosso lar eterno. É um atrativo para os amantes da música e, por isso, atrai centenas de pessoas.
Entre a abertura e o encerramento do programa musical há o que chamam de “sermão”. Uma pessoa conhecida nos relatou que, certa vez, ficou chocado ao entrar numa igreja e ver no púlpito esta inscrição: “Eu não prego o Evangelho”. As palavras do contexto: “Que a tristeza venha a mim se o fizer”, estavam ocultas do outro lado do púlpito, e o efeito deve ter sido espantoso, é o mínimo que se pode dizer. Contudo, é um lema que pode ser encontrado no púlpito de mais de uma igreja “progressista”, pois, embora o “sermão” possa começar com uma citação bíblica, essa é, geralmente, a única referência à palavra de Deus. O restante é um excelente discurso sobre qualquer tópico mais em evidência no panorama local ou nacional ou, se as fontes sociais e políticas se tornarem escassas, há sempre problemas a serem abordados relativos à temperança e a pureza. É bem verdade que são temas gastos como os Evangelhos, mas, se o pastor, o padre ou o ministro levar uma garrafa de cerveja ao púlpito e arremessá-la com furor, despedaçando-a como uma coisa maldita, poderá apelar para o gosto ávido de sensacionalismo que será, posteriormente, desenvolvido pela maioria dos ouvintes dele. Mas, de repente, o pastor, o padre ou o ministro “progressista” recebe uma chamada para ir construir uma outra igreja em outro lugar.
Isso é universalmente admitido: sob a tutela continuada de um só pastor, ministro ou padre, os frequentadores da igreja perdem o interesse. Entretanto, isso não é por causa desses ministros, padres ou pastores não serem sinceros e esforçados em sua obra. A grande maioria é exemplar, sob todos os aspectos, mas, de certa forma, não conseguem manter sua influência sobre as pessoas. Algumas denominações religiosas distribuem, por um certo período, as igrejas sob sua jurisdição a seus ministros, pastores ou padres, e esgotado esse tempo, os transferem para outra seção, em que trabalharão por um outro período.
Pode-se dizer muita coisa a favor e contra esses diversos esquemas, mas isso está além da presente discussão. Para combater a falta de interesse parece só haver um remédio suficientemente capaz de obter a aprovação geral e de produzir um entusiasmo, nem que seja temporário: o reavivamento.
As pessoas se juntam para ouvir um estranho, que sempre possui uma personalidade forte, dominante e agressiva, com uma voz que abrange várias oitavas, que vão desde uma súplica em voz sussurrante que cativa o pecador subjugado, até o som estridente que soa como um golpe de condenação aos ouvidos dos recalcitrantes. Como o pastor, ministro ou padre “progressista”, ele é habilmente auxiliado por um pessoal treinado, um coro e um conjunto de instrumentos musicais, tudo arranjado para fazer um apelo poderoso às sensações. Milhares de pessoas são “convertidas” e a religião (?) recebe um novo influxo vital naquela comunidade.
Contudo, infelizmente, isso dura pouco. É um fato incontestável que, após um curto espaço de tempo, a maioria, exceto uma diminuta parcela dos convertidos, reincide, e o pobre ministro, pastor ou padre deve continuar a lutar para dar uma aparência de “religião” a uma comunidade cada vez mais negligente em assuntos espirituais.
Esse estado de coisas se tornou tão notório que, comparativamente, poucos jovens ingressam, hoje em dia, nos seminários ou nas escolas formadoras de pastores ou ministros. Há, por isso, um declínio tanto em termos de fiéis na igreja quanto no de ministros, pastores ou padres, fato que, se continuar, só pode ter um fim: a extinção da igreja Protestante ou Católica.
Quando investigamos os métodos da igreja da Religião Católica, a título de comparação e chegamos à conclusão correta quanto ao poder de atração dela, nós notamos, em primeiro lugar, o contraste absoluto existente entre o ofício realizado lá e o ofício realizado na igreja da Religião Protestante. Se nos detivermos por um instante à porta de uma dúzia de edifícios de denominações protestantes, verificaremos que cada ministro ou pastor trata de um tópico diferente, mas nós podemos ir a qualquer igreja da Religião Católica em qualquer parte do mundo, e veremos que todas aplicam o mesmo ritual no altar, nas mesmas datas. O que o padre pode dizer do púlpito é irrelevante diante do fato importantíssimo acima mencionado, pois palavras são vibrações. Elas são criadoras, como o demonstram as figuras geométricas formadas na areia e nos esporos pela voz de um cantor, e a Missa, entoada em inúmeras igrejas da Religião Católica espalhadas por todo o mundo, ecoa com força cumulativa pelo universo como um hino poderoso, influindo sobre todos os que estão sintonizados com ela, elevando seu fervor religioso e sua lealdade para com a sua igreja, de uma forma inigualável em relação aos esforços isolados e eventuais de indivíduos, não importa quão sinceros sejam.
Notem, então, o poder acumulativo de um ritual. O efeito oculto decorrente do esforço concentrado obtido ao usar textos idênticos em todas as igrejas da Religião Católica (as partes “fixas” da missa, a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Comunhão) existentes no mundo, gera um efeito cumulativo que pode ser sentido por cada participante da missa que estiver sintonizado com ele. Esse efeito é muito mais forte, pois o ofício é entoado num determinado tom na Missa.
Assim, resumindo esse aspecto da questão, as tentativas individuais persistentemente continuadas dos pastores ou ministros das igrejas da Religião Protestante para guiar o seu povo com sermões novos e originais são um fracasso, enquanto esforços combinados centralizados em rituais uniformes, repetidos ano após ano, como os que são praticados nas igrejas da Religião Católica atraem grande audiência.
Para melhor entender esse mistério e aplicar a solução inteligentemente, é necessário compreender a constituição do ser humano, tanto durante o crescimento dele, como quando se torna um adulto, quando aqui renascido.
Além do corpo humano visível, o Corpo Denso, que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que não são vistos pela grande maioria das pessoas. Contudo, não são apêndices supérfluos do Corpo Denso, mas, na realidade, muito mais importantes por serem as fontes de toda ação. Sem esses veículos superiores, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.
Chamamos o primeiro desses veículos de Corpo Vital, por ele ser o caminho da vitalidade que fermenta a massa inanimada do invólucro mortal durante os anos de vida, e que nos fornece a força para nos movermos.
O segundo veículo é o Corpo de Desejos, a base das nossas emoções, desejos e sentimentos, que galvaniza esse Corpo Denso a entrar em ação. Esses três veículos (Corpos Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos) unidos à Mente, constituem a Personalidade que é, então, regida por cada um de nós (o Ego, a Individualidade, um Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui). Cada um dos Corpos e o veículo Mente que citamos tem a sua própria natureza essencial, e podemos dizer que a palavra-chave do Corpo Denso é “inércia”, visto que nunca se move, a menos que seja impelido a isso por esses Corpos invisíveis mais sutis. A palavra-chave do Corpo Vital é “repetição”. Isso é facilmente entendido, quando consideramos que, embora ele tenha o poder de movimentar o Corpo Denso, tais movimentos resultam apenas de impulsos repetidos da mesma espécie. Ele é ensinado a coordenar os movimentos do Corpo Denso de acordo com a nossa vontade, a vontade do Ego. Se nos sentarmos diante de um instrumento musical, como um órgão, pela primeira vez e tentarmos tocar, não seremos capazes de movimentar os dedos de maneira a produzir os sons adequados. Esforços repetidos são necessários para executar, até mesmo os mais simples movimentos coordenados dos dedos para resultar em uma harmonia correta. Essa necessidade de repetição revela uma máxima oculta que diz que “todo desenvolvimento oculto começa com o treinamento do Corpo Vital”.
Por outro lado, o Corpo de Desejos, que sentimos como sendo a nossa natureza emocional e de desejos, está sempre procurando algo novo. Esse desejo por mudança de condição, mudança de ambiente, mudança de humor, amor à emoção, ao desejo e à sensação, se deve às atividades do Corpo de Desejos, o qual é semelhante ao mar durante uma tempestade, com ondas que se agitam sem destino, cada qual mais poderosa e destrutiva quando estão desenfreadas e sem ligação com o poder diretor central.
A Mente, na realidade, é o foco através do qual nós, o Ego, tentamos subjugar a Personalidade e guiá-la de acordo com a habilidade durante seu período evolucionário. Mas, atualmente, esse foco é tão vago e indefinido que a maioria das pessoas não o percebe; portanto, são guiadas principalmente pelos seus sentimentos, desejos e emoções, sem muita obediência à razão ou ao pensamento.
Reconhecendo o grande e maravilhoso poder do Corpo de Desejos e a receptividade dele ao “ritmo”, que se pode considerar sua palavra-chave, a teologia progressista se dirigiu e focalizou seus esforços em direção a esse Corpo, o Corpo de Desejos. É essa a parte da nossa natureza que se diverte com os espetáculos do sensacional tipo de pastor, padre ou ministro que gosta de apresentar novidades para atrair e manter a atenção. É esse Corpo de Desejos que vibra e geme sob a linguagem bombástica do pastor, ministro ou padre, vibrante de emoção, que se eleva e decai conforme a cadência bem calculada da voz do orador. Uma unidade vibratória é logo estabelecida, como um estado real de hipnose, em que a vítima não pode evitar de se juntar aos demais em um estado emocional de lamentações, de “arrependimentos”, da mesma forma que a água não pode deixar de correr encosta abaixo. Nesse momento, eles pensam intensamente na enormidade de seus pecados e todos anseiam pelo início de uma vida melhor. Infelizmente, a próxima onda de simpatia, gerada pela natureza emocional deles, esquece tudo o que foi dito pelo pregador assim como todas as resoluções deles, e eles se encontram exatamente no mesmo ponto em que estavam antes, para o dissabor e pesar do evangelista interessado.
Consequentemente, todos os esforços realizados para elevar a Humanidade, agindo sobre o instável Corpo de Desejos, são e serão sempre inúteis. Esse é um fato reconhecido por todas as escolas ocultas de todas as épocas – em especial pela Fraternidade Rosacruz –, e é por essa razão que a Fraternidade Rosacruz se dedica e foca na mudança do Corpo Vital, operando com sua palavra-chave, que é a repetição. Para esse fim, a Fraternidade Rosacruz possui Rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios do desenvolvimento de cada um e, dessa forma, promove, lenta, mas seguramente, o crescimento da alma, independentemente do fato do ser humano estar ciente ou não de estar sendo trabalhado dessa maneira. O Antigo Templo de Mistérios Atlante, ao qual nos referimos como sendo o Tabernáculo no Deserto, tinha determinados Rituais prescritos no monte pelo Divino Hierarca, que era seu mestre particular. Certos Rituais eram realizados durante os dias da semana. Outros no Sabbath, e outros Rituais por ocasião da Lua Nova e nos grandes festivais solares. Nenhum sacerdote, seja qual fosse o grau a que pertencesse, tinha o poder de alterar esse Ritual, pois se o fizesse sobreviria o sofrimento e penalidade de morte.
Encontramos, também, mesmo entre outros povos antigos – os indianos, os caldeus e os egípcios – a evidência de um Ritual que usavam em seus ofícios religiosos. Entre os egípcios, por exemplo, encontramos o chamado Livro dos Mortos, como evidência do valor oculto e do objetivo de tais ofícios ritualísticos. Mesmo entre os gregos, embora fossem notoriamente individualistas e ansiosos para expressar suas próprias concepções, encontramos o Ritual nos mistérios. Posteriormente, durante a chamada Era Cristã, encontramos o mesmo Ritual, ocultamente inspirado, na Religião Católica, como meio de promover o crescimento da alma, por meio do trabalho sobre o Corpo Vital.
É verdade que houve abusos no âmbito desses vários sistemas religiosos (tanto na Religião Católica como na Religião Protestante). Nem sempre os ministros, pastores ou padres foram homens santos, e nem sempre suas mãos se encontravam limpas e imaculadas, quando ministravam o sacrifício ou Ritual. É bem verdade que os abusos, às vezes, se intensificaram tanto, que foram necessárias reorganizações. Um exemplo foi o próprio movimento Protestante iniciado por Martinho Lutero, a fim de acabar com os abusos que haviam surgido dentro da Religião Católica. Não obstante, todos esses sistemas tinham em si a semente da verdade e do poder, visto que trabalhavam para o desenvolvimento do Corpo Vital, portanto, a despeito do sacerdote (padre, ministro ou pastor) ser corrupto, os Rituais sempre mantinham o seu grande poder. Por isso, quando os reformadores abandonaram o Ritual, eles se achavam exatamente na mesma posição que a dos Atenienses na Colina de Marte: viram-se forçados a buscar algo novo. Em cada denominação religiosa há um desejo pela verdade. Cada uma delas existentes na atualidade luta a seu modo para resolver o problema da vida. No entanto, cada uma está tocando uma nova nota de uma forma casual e, por essa razão, estão todas falhando. A Religião Católica, com todos os seus abusos, ainda conserva uma ascendência admirável sobre seus adeptos devido ao poder combinado do seu Ritual.
Para que possamos aprender com os irmãos e as irmãs da Religião Católica e da Religião Protestante que por meio de Rituais repetitivos, mesmo sem ter a consciência, focam no Corpo Vital, devemos primeiramente considerar que “a união faz a força”. Refletimos sobre as palavras de Abraão Lincoln: “Unidade nas coisas essenciais, liberdade nas não essenciais e caridade em tudo”, devem ser adotadas antes que alguma coisa possa ser feita.
Antes que um Ritual possa produzir seu máximo efeito, aqueles que devem utilizá-lo para crescer precisam se sintonizar com ele. Isso exige trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos ainda estão em formação.
É matéria de conhecimento oculto que o nascimento é um acontecimento quádruplo, e esse nascimento do corpo físico é apenas um passo dentro do processo. O Corpo Vital submete-se também a um desenvolvimento análogo ao crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce, aproximadamente, no sétimo ano de vida. Durante os sete anos seguintes, o Corpo de Desejos amadurece e nasce, aproximadamente, aos quatorze anos, quando se atinge a adolescência. A Mente nasce aos vinte e um, quando se inicia a vida adulta.
Esses fatos ocultos são bem conhecidos da Religião Católica e, enquanto muitos ministros e pastores protestantes trabalham sobre a natureza emocional (sobre o Corpo de Desejos), que está sempre à procura de algo novo e sensacional sem imaginar a futilidade da luta e o fato de que é esse veículo descontrolado que afasta as pessoas das igrejas em busca de novidades mais sensacionais, a Religião Católica, ocultamente informada, concentra seus esforços nas crianças. “Deem-nos crianças até aos sete anos, e elas serão nossas para sempre”, dizem eles, e estão corretos. Durante esses sete anos tão importantes, eles inculcam suas ideias nos Corpos Vitais plásticos dos que estão sob sua tutela, por meio da repetição. As orações repetidas, o tempo e o tom dos vários cânticos, tudo exerce um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em desenvolvimento. Não importa que o Ritual seja celebrado numa língua desconhecida, pois, para o Ego, essa mensagem vibratória é um cântico de cor divina, inteligível para todos os Espíritos. Também não importa que a criança repita como um papagaio, sem entender, contanto que repita o que lhe é dado. Quanto mais, melhor, pois essas vibrações ocultas se incorporam em seu Corpo Vital antes que esse se consolide, e permanecem com ela por toda a vida. Cada vez que a Missa é entoada pelo padre em qualquer parte do mundo, o poder vibratório cumulativo do seu esforço agita os que têm suas linhas de força em seus Corpos Vitais, de maneira tal que são atraídos para a igreja por uma força geralmente irresistível. Isso se baseia no mesmo princípio de que ao ser vibrado um diapasão todos os outros de tom idêntico também começam a vibrar.
Alguns católicos voltaram-se contra a Igreja Católica, mas, subconscientemente e no fundo, eles permaneceram católicos até a morte, pois é extremamente difícil mudar o Corpo Vital, e as linhas de força construídas dentro dele, durante seu período gestatório, são mais fortes do que quase todas as vontades individuais.
Disso se infere que, se nós quiséssemos mudar a tendência do mundo de perseguir o prazer e a satisfação dos sentidos em detrimento da Religião, faríamos bem em começar com as criancinhas. Se as reunirmos ao pé do altar e as ensinarmos a amar a Casa de Deus – uma igreja verdadeira –, incorporando determinadas orações universais e partes do Ritual em seus Corpos Vitais em formação, evitando posturas impróprias para um Templo, mas cultivando em todos os que entrarem ali o ideal de reverência para com um lugar santo, aos poucos construiremos em volta da estrutura física de pedra, um templo invisível de Luz e Vida, tal como descrito pelo personagem Manson em “O Servo na Casa”[3].
(Pergunta nº 161 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” Volume II -Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)
[1] N.T.: O Areópago ou a Colina de Marte é um afloramento rochoso proeminente localizado a noroeste da Acrópole em Atenas, Grécia. Seu nome em inglês é a forma composta do latim tardio do nome grego Areios Pagos, traduzido como “Monte de Ares”. Nos tempos clássicos, era o local de um tribunal, também frequentemente chamado de Areópago, que julgava casos de homicídio deliberado, ferimentos e questões religiosas, bem como casos envolvendo incêndios criminosos em oliveiras. O Areópago, como a maioria das instituições da cidade-estado, continuou a funcionar na época romana, e foi a partir desse local, extraindo do significado potencial do altar ateniense para o Deus Desconhecido, que o Apóstolo São Paulo teria proferido o famoso discurso: “De pé, então, no meio do Areópago, Paulo falou:’ Cidadãos atenienses! Vejo que, sob todos os aspectos, sois os mais religiosos dos homens. Pois, percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: ‘Ao Deus desconhecido’. Ora bem, o que adorais sem conhecer, isso venho eu anunciar-vos. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas.’” (At 17:22-24).
[2] N.T.: ICor 12:13
[3] N.T.: “O Servo da Casa” (The Servant in the House) de Charles Rann Kennedy (1871-1950): foi um escritor anglo-americano. No Segundo Ato: “Ao entrar, você ouve um som – um som como o de algum poderoso poema cantado. Ouça por bastante tempo e você aprenderá que ela é feita das batidas dos corações humanos, da música sem nome das almas dos homens — isto é, se você tiver ouvidos. Se você tiver olhos, verá em breve a própria igreja – um mistério iminente de muitas formas e sombras, saltando do chão até a cúpula. O trabalho de nenhum construtor comum!
Os seus pilares erguem-se como os troncos musculosos dos heróis: a doce carne humana dos homens e das mulheres molda-se nos seus baluartes, forte, inexpugnável: os rostos das crianças riem de cada pedra angular: os terríveis vãos e arcos da são as mãos unidas dos camaradas; e nas alturas e nos espaços estão inscritas as inúmeras reflexões de todos os sonhadores do mundo. Ainda está sendo construído – construído e construído. Às vezes o trabalho avança em trevas profundas: às vezes sob uma luz ofuscante: ora sob o peso de uma angústia indescritível: ora ao som de grandes risadas e gritos heróicos como o grito de um trovão. [Mais suave.] Às vezes, no silêncio da noite, podem-se ouvir as pequenas marteladas dos camaradas que trabalham na cúpula – os camaradas que subiram à frente.”
Estudamos no livro “A Mensagem das Estrelas – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” que “o Caminho de Evolução da Humanidade está indissoluvelmente unido às divinas Hierarquias que regem os Astros e os Signos do Zodíaco” e, também estudamos no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz” que nos ensina que essas Hierarquias Criadoras têm a seu cargo diferentes partes do controle da evolução humana, assim como da do animal e da do vegetal, e que guiam a evolução da vida e da forma em outros Astros também.
Enquanto o Sol passa através do Signo de Capricórnio, de 22 de dezembro a 21 de janeiro, faremos bem em estudar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental concernente às diferentes fases da manifestação relacionadas com estes símbolos espirituais.
Cada estrela, cada Planeta ou o Sol é o corpo de uma entidade que se manifesta por meio de raios de energia que compenetram todo o espaço. O Signo de Capricórnio está relacionado com as hostes angelicais, e o Sol está relacionado com os Arcanjos e com o maior deles: Cristo.
Os Arcanjos operam mediante corpos compostos da substância do Mundo do Desejo, mas seus poderes chegam a muitos Mundos que se encontram acima e abaixo desse Mundo. O Regente do nosso Planeta Terra é Cristo, em sua manifestação como um raio do Cristo Cósmico.
Os Arcanjos atuam como Espíritos de Raça sobre a Terra e nos influenciaram (e ainda há muitos influenciam) através do Corpo de Desejos humano. Também são Espíritos-Grupo dos animais e guiam a evolução da Onda de Vida Animal.
À medida que a Terra gira em torno do Sol se converte no ponto focal dos raios solares em combinação com cada Signo do Zodíaco; essas Hierarquias Criadoras estimulam as atividades especiais na Terra.
Todo fenômeno da Natureza tem um especial propósito espiritual. Ensina-nos que o grande ciclo da Precessão dos Equinócios, que equivale a um período de 25.868 anos, assinala a elevação e a queda das nações, povos, raças, países e suas Religiões.
Durante o trânsito de Precessão do Sol através de um Signo, que dura aproximadamente 2.156 anos, é feito um trabalho especial com uma nação ou um grupo de nações, como o atestam as 1ª e 2ª Guerras Mundiais, que são as culminações da separatividade nacional entre as nações, durante a Precessão dos Equinócios através do Signo de Peixes. O efeito final será a unidade.
O trânsito anual do Sol através dos Signos marca a mudança das estações e dos processos vitais em todas as formas viventes, tanto que o impulso espiritual incorporado neste acontecimento está sempre se dirigindo para o despertar do gênio adormecido de um Espírito individualizado.
Durante o período que antecedeu a Era Cristã, o Espírito Santo teve a seu cargo a evolução humana, e alguns Arcanjos e Anjos estiveram sob a sua liderança. Eles trabalharam principalmente sobre o aspecto emocional da alma humana e foram estabelecidas a beleza e a diversidade dos tipos nacionais. O patriotismo foi a suprema expressão do amor e da devoção. O patriotismo e os aspectos nacionais da Religião cegaram os indivíduos a respeito da realidade de um só Deus com muitos nomes.
Com o advento da Era Cristã, esses Arcanjos das nações e esses Anjos prestaram obediência a Cristo e o Espírito de Cristo se converteu no Espírito Interno da Terra. Agora todas as Hierarquias Criadoras trabalham com o Cristo para ajudar a Humanidade a converter o patriotismo em Fraternidade humana.
A comunicação e o intercâmbio internacionais estão tecendo uma grande aproximação de destino, que nos envolve em tantos interesses internacionais comuns, que as barreiras nacionais estão desfazendo-se gradual e lentamente. Diante da ameaça dos horrores de uma possível guerra nuclear, estamos gradualmente despertando para o sentido comum de ideal de paz sobre à Terra e boa vontade entre os seres humanos.
Existência após existência, todo ser humano está dando um pouco mais de expressão terrena à verdade espiritual de fraternidade do ser humano. É nossa resposta ao chamamento do nosso Redentor, o Príncipe da Paz, o Senhor do Amor.
Felizmente, a Religião está progredindo, transformando a idolatria, a adoração da forma, pelo Cristão Místico, a adoração do princípio. O governo tem evoluído, progredindo do despotismo, governo absoluto de um só indivíduo, à república democrática, na qual prevalece o grupo de governo representativo.
A ciência libertou-se do controle estatal e religioso e vem servindo ao bem-estar, rumando para campos cada vez mais amplos. À arte, porém, ainda não chegou a sua completa expressão, mas está fazendo progressos. Chegará o dia em que a Humanidade despertará à necessidade de incorporar beleza em cada expressão de vida.
Cada ano, ao nascer o Cristo na Terra, é dado um novo impulso de vida a toda criatura vivente. Quando relacionamos essa verdade ao ensinamento de que é em Capricórnio que são dados os grandes impulsos para a evolução e progresso nacionais, compreendemos a importância da presente estação no que se refere à política, à economia, às finanças e seu emprego.
À analogia, chave-mestra de todos os mistérios espirituais, ensina-nos que o Espírito da Terra está dentro dela, desde o Equinócio de Setembro (quando o Sol entra em Libra) até o Equinócio de Março (quando o Sol entra em Áries). Durante essa época, a Terra enche-se do Amor de Cristo em uma forma íntima. Na época do Solstício de Dezembro, Ele sai em seus veículos superiores, para se revivificar em Espírito mediante a comunhão com o Pai e, tanto que, todas as criaturas dão expressão visível à vida e ao poder com os quais Sua vinda encheu a Terra.
Isto é análogo a nossos estados alternados de vigília e de sono. Trabalhamos em nossos Corpos e veículo durante o dia e saímos deles durante o sono noturno. Mas as forças vitais estão ativas dentro do Corpo, de modo que despertamos na manhã do novo dia, refrescados e renovados.
O egoísmo, a inveja e o materialismo devem ceder lugar, como resposta, ao chamado do Princípio de Cristo a melhores condições. Capricórnio, pode-se dizer, é o Signo da engenharia de todas as classes e os profissionais do mundo estão tratando de despertar a milhões de humanos para a libertação da pobreza e da enfermidade, em todas as partes do nosso globo, por meio de melhores métodos de cultivo à terra, da construção de caminhos e do correto cuidado com o Corpo Denso. Os “engenheiros” educacionais estão ajudando a erradicar a ignorância e a estimular o impulso interno do Espírito, de elevar-se para mais sublimes níveis de consciência.
Verdadeiramente estamos no amanhecer de uma nova Era, e nós que recebemos os iluminados Ensinamentos Rosacruzes devemos estar na vanguarda do novo pensamento, que promete em sua plenitude a emancipação dos antigos métodos que exploravam a muitos, em benefício de poucos. Devemos ser capazes de pensar em termos do maior bem para o número maior; devemos estar prontos a adaptar-nos à nova ordem de coisas, por meio do servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) o irmão e a irmã que está ao seu lado, focando esse serviço na divina essência oculta em cada um deles (pois nele também essa essência e ela por meio dela que se acessa a base à Fraternidade) por meio de pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras, atos, obras e ações. Podemos pensar a nosso próprio respeito como um Corpo de paz espiritual, fazendo todo o possível para exemplificar e disseminar os mais elevados ideais de vida, onde quer que estejamos.
Durante milhares de anos quase todo o nosso esforço sobre a Terra esteve centrado em obter sustento, vestimenta e abrigo. Contemplemos a visão da Era que se aproxima rapidamente, na qual, uma vez asseguradas estas coisas com um mínimo de esforço, teremos tempo para dedicar uma maior proporção de nosso poder criador a resgatar os lugares desertos da Terra, e por beleza na vida, a erradicar a enfermidade e o crime, a estudar o mais amplo significado da vida.
Em nosso estudo da ciência espiritual da Astrologia Rosacruz descobrimos que quando, no tempo presente, Netuno, o Planeta da Individualidade, está transitando pelo Signo de Escorpião, que governa as forças ocultas da Natureza; quando Júpiter, o Planeta da expansão e da benevolência, está transitando por Peixes, o Signo da antiga ordem das coisas, e quando Urano, o despertador, está transitando por Virgem, o Signo que governa o serviço, o trabalho e a saúde há o acúmulo dessas poderosas influências, e podemos esperar com segurança ver muitas investigações ocultas nos campos científicos, e para aqueles que estejam o suficientemente evoluído para responder ao lado superior da vibração de Netuno em Escorpião, existe a promessa de um progresso na realização espiritual, mediante a arte, a música, a dança e a poesia, assim como na Cura Rosacruz.
A Igreja e os ideais religiosos em geral se elevarão para a unidade, com o consequente rompimento com os credos e práticas antiquadas, tanto na Religião como na saúde. Os ideais de serviço, trabalho e saúde devem alcançar novos níveis à medida que o altruísmo aumente sua força em todas as atividades da Humanidade.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos informam que esta é a revolução Marte-Mercúrio do Período Terrestre. Marte é o significador do guerreiro, do trabalhador, do desejo, da paixão, da energia dinâmica, do impulso e da força centrífuga de repulsão. Quão claramente correspondem estas notas-chave às características das idades passadas! Porém agora estamos entrando na metade mercurial do Período Terrestre e Mercúrio representa o pensador, o escritor, a razão, a lógica, a relatividade, a habilidade mental e as mudanças. As massas do povo devem aprender a pensar, e a pensar sem se confundir pelo sentimento ou o desejo.
Ao nosso redor, ainda que invisíveis, as Hierarquias Criadoras estão em “seus postos”, guiando a Humanidade para o bem maior. Quando nos desviamos da Lei Divina sofremos, mas, então, vem-nos a luz e damos o próximo passo em sua direção.
Cristo veio para salvar o que se havia “perdido”. Podemos vender nossa herança espiritual por um prato de lentilhas e não encontrar felicidade; olhando para cima, por sobre a tirania das coisas, O contemplamos, sorrindo, amando-nos e sempre pronto a nos inspirar com os eternos valores do real.
Podemos nos perder em Personalidade e na matéria a compreensão do nosso “ser espiritual”, mas sendo essencialmente divino, nos redimimos a nós próprios e a nosso ambiente mediante a submersão na harmonia espiritual, por meio da luz de Cristo.
As nações são guiadas por meio de uma lei divina para a consciência da Fraternidade do ser humano, assim como o indivíduo se redime do egoísmo e do materialismo. O poder do iluminado é muito maior que o mal do irredento, individualmente considerado. As pessoas boas do mundo têm fracassado em estabelecer a paz sobre a Terra, porque sua bondade é, em muitos casos, passiva. O verdadeiro Cristão Ocultista está sempre ativo em todos os planos de expressão.
Não fiquemos inativos no bem obrar! O processo da redenção, todavia, segue adiante, lentamente. A Humanidade está sendo redimida cada vez mais pelo poderoso Raio de Amor de Cristo de tudo o que aparenta separatismo. Nosso é o privilégio de apressar esse processo, por meio do servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) o irmão e a irmã que está ao seu lado, focando esse serviço na divina essência oculta em cada um deles (pois nele também essa essência e ela por meio dela que se acessa a base à Fraternidade) por meio de pensamentos, sentimentos, emoções, desejos, palavras, atos, obras e ações. Tratemos de abrir nossos Corações para que penetre neles a semente do Amor, a fim de sentirmos em toda sua beleza e maravilha a unidade de cada um com todos.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – julho/agosto/1988-Fraternidade Rosacruz-SP)