A Relação entre a Música e a Espiritualização
“Ao músico foi entregue a mais elevada missão, porque, como um modo de expressão da vida anímica, a música é a soberana”. Estas palavras de Max Heindel inspiraram-me a escrever este artigo sobre a relação existente entre a música e o crescimento espiritual.
Quando digo “música” quero referir-me unicamente a música de verdadeira eufonia, dádiva maravilhosa do Pai Celestial. Vias de regra, a maior parte daquilo que popularmente concebe-se como sendo música é justamente o contrário, porquanto não emana de Deus e sim das distorções da Mente humana. Esta se enquadra no mesmo plano da enfermidade que resulta, tão somente, da violação das Leis Divinas. Deus nos concedeu as melodias e vibrações para construirmos harmonias e ritmos belos, porém, o ser humano emprega-as erroneamente, usando-as em combinações desarmônicas, similarmente ao que faz, arruinando sua saúde, ingerindo alimentos que não se coadunam com a constituição do Corpo Denso.
O Deus do nosso Sistema Solar está representado por um triângulo, simbolizando o Poder Trino. Desse poder emanam as três qualidades: Vontade, Sabedoria e Ação. Do primeiro poder, que por sinal é o mais elevado, emana a Vontade, cuja vibração é Melodia e a cor é o azul. O segundo poder é a Sabedoria, cuja vibração é Harmonia e o amarelo a tonalidade correspondente. O Terceiro poder é representado pela Ação, cuja vibração é Ritmo e a cor correspondente é o vermelho. De modo que a música e a cor correspondem à mesma coisa, diferenciando-se como sons na música e como cores para a nossa vista; contudo, as vibrações são as mesmas. Assim como obtemos diversas combinações das três cores primárias mencionadas, de maneira idêntica combinamos os sons, pela mescla das três maiores ou primárias vibrações da música, o que estabelece a Eufonia, provando-se que a mais alta consecução em música se obtém por meio de um perfeito entrelaçamento de Melodia, Harmonia e Ritmo.
Por outro lado, a desarmonia é um resultado de um desajustamento na combinação da Melodia, Harmonia e Ritmo; e tem o mesmo efeito sobre os ouvidos sensitivos, como o tem a violenta combinação de cores sobre a vista delicada. Sons discordantes, que erroneamente recebem o nome de música, só podem ser apreciados por ouvidos carentes de sensibilidade. Do mesmo modo como há pessoas que mirando uma pintura não percebem as gradações da cor, assim também existem outras que não podem captar as combinações sutis dos três elementos da música. Para eles não existe diferença entre a verdadeira música e o que é uma degeneração dela, muitas delas ditas nos ritmos quentes.
A melodia e a cor azul estão ligadas à Mente. É uma agradável sucessão de simples sons musicais percebidos através do sentido da audição, conectado com o cérebro, que é o veículo físico da transmissão do pensamento. Portanto, através do veículo mental pode o ser humano se relacionar com a Melodia e a cor azul. A Harmonia e a cor amarela estão ligadas ao Corpo de Desejos. A Harmonia é uma combinação de sons acordes percebidos ao mesmo tempo, estando ligada ao Corpo de Desejos por intermédio de nossos sentimentos e emoções, sobre o que exercem sua influência junto com a cor correspondente. O Ritmo e a cor vermelha se acham ligados ao Corpo Vital (Max Heindel afirmou que o Corpo Vital apresenta uma cor parecida com a flor do pessegueiro, recém-aberta). É uma tonalidade derivada do vermelho. O Ritmo se manifesta pelo Poder de Deus, na ação e no movimento. A força ativa ou vital é absorvida pelo Corpo Vital quando prevalece uma saúde normal e essa energia mantém o Corpo Denso. Todas e cada uma das coisas existentes têm a sua nota-chave ou tom. Kepler disse que ouvia as diferentes notas emitidas pelos Astros e Max Heindel também afirmou que os cientistas ocultistas “escutam a música ordinária do deslocamento dos corpos celestes”. Eles formam a harpa e as cordas da lira de sete cordas de Apolo. Também asseveram que uma simples discordância afetaria a harmonia celeste, advindo uma grande hecatombe na matéria e um choque entre os mundos.
No Mundo Celeste, ainda que a cor e o som se achem presentes, deve-se ressaltar que dos sons é que se originaram as cores, e construíram todas as formas no Mundo Físico. Segundo Max Heindel, as formas que vemos ao nosso redor são figuras-sons cristalizadas das forças arquetípicas que trabalham dentro dos arquétipos no Mundo Celeste. O músico pode perceber certos tons em distintas partes da natureza, tais como o vento na floresta, o som das águas, o rumor do oceano, etc. Estes tons combinados formam um todo que é a nota-chave da Terra. Percebe-se esse tom na quietude do bosque, onde é mais perceptível devido à profunda calma reinante. Richard Wagner também o escutou, porque assim o expressa por meio de sua ópera Parsifal.
Alguns exemplos destes “certos tons nas distintas partes da natureza”, os quais Max Heindel nos afirmou que são ouvidos pelos músicos, encontram-se em algumas obras tais como “Nuvens” e “Mar” de Debussy. Nesta última composição o tom do espírito do mar encontra-se descrito magicamente apresentando com impressionante realidade o “Diálogo do Mar e do Vento”. Encontramos outro exemplo na “Sinfonia Pastoral” de Beethoven, na qual ele expressa diversos tons da natureza, entre os quais encontram-se os pássaros, os riachos e as tempestades. Mendelssohn captou a nota do mar, quando visitou a Escócia e a exprimiu em um de seus mais belos trabalhos sinfônicos. Rimsky-Korsakow em “Scheherezade” descreveu de um modo assaz realístico uma tempestade no mar, pois, o contato que teve com o oceano, quando integrava a Armada Russa, facultou-lhe uma ampla oportunidade marítima, tanto na calma como durante a tempestade. Estes são alguns poucos exemplos que podemos citar como prova.
O Segundo Céu é a verdadeira pátria da música, porque este é o reino do som. Quando o espírito abandona o Primeiro Céu, situado no Mundo do Desejo, entra no Segundo Céu localizado na Região do Pensamento Concreto. Agora, está livre de sua vida passada e vive em perfeita harmonia com Deus. Quando penetra nesta Região, desperta a Música das Esferas ao seu redor, cuja melodia transcende a tudo que havia ouvido na Terra. Este lugar, em verdade, é um paraíso para o compositor, porque aqui ele se eleva com a música, tal qual a havia concebido quando compunha no Mundo Físico, mas no qual não podia transcrevê-la para o papel de uma maneira concreta. Aqui, no Segundo Céu, ele compõe, inspirado nas coisas mais profundas do seu ser, com a mais incrível facilidade e prazer imersos, obtendo grandiosas melodias que traz ao plano físico depois, para alegrar aos corações daqueles que se acham ungidos ao mesmo. Se ele deseja, pode reencarnar como músico (e eu não posso imaginar um grande músico renunciando a este privilégio) preparando-se convenientemente para tal. Aprenderá a construir ouvidos, mãos e nervos supersensitivos e, nesse particular é ajudado pelos Mestres das Grandes Hierarquias. Max Heindel afirmou que a extensão do ajuste dos canais semicirculares do ouvido, aliado a uma delicadeza extrema nas “fibras de Corti”, das quais existem aproximadamente umas dez mil no ouvido humano, cada uma é capaz de interpretar cerca de vinte e cinco gradações de tom. Estas fibras nos ouvidos da maioria das pessoas não respondem a mais de três ou dez das tonalidades possíveis. Um músico comum não alcança mais do que cinco tons em cada fibra, ao passo que o verdadeiro mestre possui uma capacidade bem mais ampla. Portanto, é fácil compreender porque os Mestres das Grandes Hierarquias devem auxiliar especialmente o músico e o compositor, porque como disse Max Heindel: “o elevado estado de seu desenvolvimento demanda isto, e o instrumento por meio do qual o ser humano percebe a música é o sentido mais perfeito do corpo humano”.
Mozart, aos cinco anos de idade, compunha; aos dez havia completado uma sinfonia; aos quinze um oratório; aos doze uma ópera e aos dezoito havia composto umas vinte e três sonatas, oitenta e uma obras sinfônicas, nove missas, três oratórios, cinco sonatas para órgão e outros trabalhos de vulto.
Schubert, quando chegou aos dezesseis anos de idade, entre muitos outros trabalhos, compusera uma sinfonia, e quando tinha vinte e um anos havia escrito mais cinco. Mendelssohn começou a compor aos doze anos; havia escrito uma sinfonia aos dezesseis e com apenas dezessete anos brindou o mundo com a encantadora “Sonho de Uma Noite de Verão”. Estes exemplos e muitos outros, aqui não mencionados de músicos que já compunham em tenra idade provam que eles foram músicos em existências anteriores.
Em vidas passadas sempre ampliavam suas possibilidades musicais. Cada vez que atingia o Segundo Céu, entre as encarnações, construíam um arquétipo mais sensitivo que o último para captar as vibrações musicais do Cosmos, sendo neste particular, assessorados pelos Mestres das mais elevadas Hierarquias.
A música e a cor têm relação com a ordenação de nossa existência, através dos números: 1, 3, 7 e 12. Na figura do número 1 temos a escala musical completa; o total da luz solar. No 3 temos as três fases de Deus: Vontade, Sabedoria e Atividade, ou seja, Melodia, Harmonia e Ritmo e as três cores primárias, que são: Azul, Amarelo e Vermelho. Na figura do 7 temos as sete Hierarquias, os sete Mundos, os sete Planetas do nosso Sistema Solar. Na música a escala completa contém sete notas; nas cores, o branco contém as sete cores do espectro. Na figura do 12 temos os doze Signos do Zodíaco, os doze Irmãos Maiores, os doze Discípulos de Cristo. Na música, os sete tons da escala se decompõem em doze semitons. As sete cores do espectro se decompõem em doze, cinco das quais são vistas somente pelos Clarividentes exercitados.
Nós podemos elevar nossas vibrações por meio da música. Essa foi uma das razões por que a música foi escolhida como um meio de expressão espiritual nas cerimonias religiosas. Na maioria dos casos se inspira na Bíblia, e o sentimento de alívio que se experimenta é notável. Este é um exemplo do aumento das vibrações produzidas pela música. Esta é uma grande tônica para os nervos. A fadiga corporal pode ser removida, desde que nos sentemos em um lugar tranquilo, com música elevada purificando o ambiente.
O poder curativo da música tem sido alvo de várias experiências em diversos hospitais no mundo inteiro. Não obstante, a sua aplicação como terapêutica é pouco conhecida. A medicina tornar-se-á desnecessária, quando aprendermos a usar a música em relação aos nossos diferentes veículos. Ele pode se dizer com referência às cores.
Nas frases de Max Heindel, “como um modo de expressão para a vida da alma, a música reina de um modo supremo” constituem uma realidade, pois existem passagens nas grandes composições musicais, de natureza tão sublime que nos fazem sentir a presença de Deus, de uma maneira patente. Podemos citar algumas tais como a ópera de Parsifal de Wagner, onde o motivo da “Última Ceia” e sua evolução sinfônica é solenemente grandioso, e o motivo da “Fé” soa muito alto cada vez que se repete, como a fé que se eleva cada vez mais se esforçando para chegar a Deus. Também na “Paixão Segundo São João” de Bach, excelsa veneração sempre presente, culmina no puro e tranquilo coro de “Descansa Aqui em Paz Redentor”.
Quando um músico expressa sua obra no papel, nada mais efetua do que apresentar uma partícula daquilo que sente interiormente quando se coloca em sintonia com as vibrações cósmicas. Qualquer compositor confirmará que suas composições estão além daquilo que concretiza no papel. Não importa quão portentosa seja sua obra quando em forma concreta, pois jamais atingirá a excelência de quando foi sentida em sua alma. Estamos no presente estado evolutivo impossibilitados de expressar materialmente, com absoluta fidelidade, estas correntes musicais ou vibrações.
Poucas músicas atingiram a culminância de um Bach, porque ele podia penetrar mais adiante do que qualquer outro e sintonizar-se com as vibrações musicais mais sublimes. Ainda que ele não pudesse transcender a mais alta vibração ou corrente, mesmo assim, quando considerarmos a perfeição ao nosso desenvolvimento, pressentiremos algo divinal.
Talvez possamos atingir tal estado na Era de Aquário, quando tivermos avançado o suficiente para que se fundam a Arte, a Ciência e a Religião em uma unidade espiritual. Desse modo veremos que a relação da música com o crescimento espiritual resume-se em poucas palavras como segue: “Com Deus tudo é Melodia, Harmonia e Ritmo, porque os Seus pensamentos são Melodias, Suas criações Harmonia e Seus movimentos (ou gestos) são Ritmos”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 06/1967 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A atitude otimista e corajosa é essencial tanto à conservação da própria saúde quanto para podermos auxiliar aqueles que se encontram enfermos. Essa afirmação tem fundamento científico, mas somente pela filosofia oculta é que temos a prova cabal da sua utilidade.
“A energia solar flui continuamente para dentro do nosso Corpo Denso e Vital através do baço, órgão especializado na função de atrair e especializar esse Éter universal. No Plexo Celíaco esse Éter se transforma em um fluido de cor rosa, atravessando todo o sistema nervoso. Por meio dele os músculos são movimentados e os órgãos executam suas funções vitais. Quanto melhor se encontra o nosso estado de saúde, tanto maior é a qualidade desse fluido solar que somos capazes de absorver. Entretanto, do absorvido somente uma parte é utilizada e o excesso é irradiado do Corpo Vital seguindo direções retilíneas. Devido a essas correntes invisíveis de força, os germes, micróbios, vírus e bactérias nocivas das enfermidades não conseguem penetrar no nosso Corpo Denso e os micro-organismos que conseguem, associados aos nossos alimentos, são expelidos logo em seguida. Não obstante, ao emitirmos pensamentos de medo, aborrecimentos, ira e outros similares em inferioridade ou negativos o baço se fecha, cessando então de especializar o fluido em quantidade necessária. Então as linhas de força do Corpo Vital se encurvam, dando acesso fácil aos organismos deletérios que transformam os tecidos em seu pasto, originando, assim, a enfermidade”.
Além disso, “os pensamentos de medo, raiva, cólera, ódio e outros afins tomam forma e no decorrer do tempo se cristalizam naquilo que conhecemos como bacilos. De modo especial, os bacilos de enfermidades infecciosas são a incorporação do medo, da tristeza e do ódio; portanto, são vencidos pela força oposta — a coragem, o amor, a alegria.
Quando nos aproximamos de uma pessoa contaminada por uma enfermidade contagiosa, medrosos e trêmulos, é certo que dirigimos contra nós mesmos os venenosos micróbios portadores da morte.
Se, de outro modo, dela nos aproximarmos completamente livres de medo, escaparemos da infecção, particularmente se formos guiados pelo amor”.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1965)
A Verdadeira Fraternidade na prática do nosso dia a dia
Fraternidade é: harmonia, amizade, irmandade e parentesco entre irmãos. É a identificação de seres oriundos de um Pai comum, Divino ou humano.
Os “filhos da carne” são “irmãos de carne”; os “filhos de Deus” são “irmãos em Espírito”.
Os Anjos, hábeis manipuladores de Éter, conseguem através do sangue – que é o mais elevado meio de expressão do Corpo Vital – a ligação entre irmãos. Muitos espíritos renascem sob tais circunstâncias para harmonização de desentendimentos passados. Porém, muitas vezes nem a ligação do sangue é capaz de lhes promover a harmonia que uma fraternidade mais elevada, a espiritual, reclama. Mesmo sem causa remota de destino, amiúde ocorre a desavença entre irmãos por motivos egoístas, principalmente em partilhas de herança.
Bem se disse que a “carne e o sangue não podem herdar o Reino dos Céus” (São Paulo), e que “o nascido de carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito” (Jo 2:6). Importa-nos em verdade nascer de novo, nos regenerar, nos despirmos do “homem velho” e nos revestirmos do “homem novo”, em novidade de espírito; transcendermos os limites da carne, se desejamos sinceramente estabelecer uma verdadeira fraternidade.
Ninguém tem autoridade, se esta não lhe for dada pelos céus. As verdades cósmicas são eternas e, essencialmente, as mesmas através dos tempos. A humanidade é que, segundo os seus conhecimentos, recobrem-nas com sua Epigênese, dão-lhe nome e roupagens diferentes.
Recorro novamente a maior autoridade do mundo para nos dizer “qualquer um que fizer a vontade do Pai celestial, esse é meu irmão e irmã.” (Mt 12:50) – ou ainda: “Meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.” (Lc 8:21).
Quem pode contestar-lhe? Os sábios materialistas? A que nos tem levado suas descobertas? Guerras mercenárias! Guerras fratricidas! Escravização de povos! Angústias e temores!
Repouso na confiança de Deus. Ele nos guia. Ele é Amor, Ele é Luz. Por mais que nossos potentes telescópios devassem a imensidão do espaço, até milhões de anos-luz, encontrarão sempre para amesquinhar a pretensão intelectual dos seres humanos, a Luz, a Harmonia e a Sabedoria a reger as esferas em sua matemática procissão. Que é a Terra diante dessa grandiosidade inteira? E quem somos nós, senão poeirinhas pretensiosas?
Entretanto, Deus nos ama e com simpatia nos acompanha os esforços, ajudando-nos em tudo, mesmo que pensemos ser o mérito apenas nosso. E toma também suas medidas quando seus infantis filhinhos estão em vias de se machucar com suas “invenções”.
Partamos da convicção do que realmente somos. Isso é humildade!
Tenhamos confiança incondicional no Pai Celeste. Essa é a maneira de nos sintonizarmos com Sua Luz, com Seu Amor, com sua Verdade, a fim de que nos ajude a sobrepor a nós mesmos e tenhamos a possibilidade de sermos verdadeiros irmãos.
Nossa Natureza inferior divide, critica, ambiciona, disputa e prejudica.
A nossa Natureza superior não. Ela é atração, é amor, é Luz, é Vida e Poder da Alma. Ela nos guinda sobre nós mesmos e nos impele a amar o próximo, acima de todos os preconceitos, das barreiras de sangue, de raça, de nação, de povo, de parentesco, de vizinhança, de coleguismo, de corporativismo, de comodismo, de credo, na vivência de um verdadeiro CRISTIANISMO.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 08/1966 – Fraternidade Rosacruz)
Construção e Trabalho sobre o Corpo Vital
Com a ajuda de nossa mãe, do nosso pai e dos Anjos do Destino nos preparamos para um novo nascimento no Mundo Físico.
E toda nossa estada aqui na Terra é para colher os frutos que semeamos em vidas passadas e, consequentemente, para semear outras que nos irão proporcionar experiências futuras para os próximos renascimentos.
Nós, Egos, chegamos aqui nessa mais uma vida na Terra construindo as seguintes ferramentas como veículos: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
Contudo, podemos dizer que a consciência da utilização desses veículos por nós, o Ego, aqui se dá por etapas: isto é, os veículos vão nascendo aos poucos aqui.
E a finalidade desse processo gradual é para que possamos assimilar o máximo em cada etapa e se preparar para a colheita na vida futura.
De posse desses maravilhosos instrumentos nós podemos utilizá-los para evoluir e aperfeiçoá-los, mas a qualidade desse desenvolvimento dependerá da qualidade do trabalho em que esses veículos serão empregados por nós para ganhar experiências em cada vida. Afinal, já sabemos que a verdadeira finalidade da vida não é a obtenção da felicidade, mas a conquista de experiências que desenvolverão os poderes espirituais latentes em cada um de nós.
Nascemos completamente dependentes dos nossos pais e somos guiados por eles durante muitos anos.
Por isso lemos em Eclesiástico capítulo 7 versículos 27-28: “Honra teu Pai de todo o coração e não esqueça as dores do parto de tua mãe. Lembra-te de que por eles foste gerado: como lhes retribuirás o quanto te deram?”.
Depois do nosso nascimento aqui, nossos veículos estão interpenetrados, mas nenhuma de suas forças positivas é ativa, mas elas continuam a se desenvolver.
É sabido que a vida progride em ciclos de sete em sete anos, desde o nascimento até a morte.
Do zero aos sete anos se dá a preparação para o nascimento do Corpo Vital e, portanto, nós, o Ego, não temos total domínio dele. O sangue utilizado no nosso Corpo Denso é o que foi armazenado na Glândula Timo, quando ainda estávamos no útero da mãe; ou seja, esse sangue é o da mãe. O domínio sobre ele só será possível com a fabricação dos corpúsculos vermelhos do sangue por nós, o Ego.
O Corpo Vital vai crescendo e dando a vitalidade que nós necessitamos no interior de nossa proteção cósmica (também chamado de Corpo Vital macrocósmico).
Nesse período estamos abertos para sermos ensinados e instruídos e não temos a iniciativa para julgar antecipadamente e muito menos para emitir opiniões. Porque durante esses primeiros sete anos nós somos “todos olhos e ouvidos”, absorvendo, sem críticas, tudo o que é nos ensinado e mostrado, constituindo-se esse setenário o mais importante na formação do nosso caráter. Pois a nossa natureza interna é sensível e inocente. Assim, a imitação e o exemplo são as palavras-chaves para a nossa educação nesse período. Imitação por nossa parte e exemplo por parte dos nossos pais, para que imitemos o que é bom.
Nesse período, quando nos deparamos com algo desconhecido somos bastante humildes para perguntar e admitir a nossa ignorância no assunto. Estamos sempre prontos a aprender!
Existe uma passagem na Bíblia que ilustra bem esse ponto. No Evangelho Segundo São Marcos capítulo 10, versículos 14-15 lemos: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais; porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. Em verdade vos digo, todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará”. Isso mostra também que nesse período somos dotados de uma fé infantil, pois acreditamos e vivenciamos tudo o que nos é ensinado.
Em torno do sétimo ano de vida, o Corpo Vital, atingindo seu nível de perfeição suficiente, nasce. Esse é o período em que os pais e educadores poderão ajudar os filhos na formação e desenvolvimento das afeições, dos hábitos, da consciência, do caráter, da memória e do temperamento. É nesse período que passamos a observar mais, e com isso acabamos por aprender a discernir o certo do errado e a cultivar ideais elevados.
As palavras-chaves para esse período na nossa educação são discipulado e autoridade. Contudo, essa autoridade deve ser passada pelos pais com confiança, sinceridade e amor; dessa maneira, podemos considerar nossos pais como sendo os mais corretos e estamos aptos ao aprendizado do discipulado. E nesse momento os pais devem estar prontos a dar uma vida de bons exemplos a seus filhos, já que é mediante a observação e veneração a eles que mais aprendemos.
Retornemos à Bíblia no Eclesiástico capítulo 14, versículo 22: “Feliz o ser humano que persevera na sabedoria, que se exercita na prática da justiça, e que, em seu coração pensa no olhar de Deus que tudo vê”.
Por volta dos 14 anos nasce o Corpo de Desejos. A palavra-chave para a educação nesse período é a compreensão e o amor. É o período da puberdade, em que se inicia a nossa fase de autoafirmação e passamos, então, a ter identidade própria. Com isso o sentimento do “eu” começa a se expressar completamente, por ser o sangue inteiramente produzido e dominado por nós, o Ego.
Nesse período, devido à produção de sangue quente pelo Éter de Luz, nós, o Ego, acumulamos muita força sexual no sangue que se desenvolve e governa o coração. É por isso que, muitas vezes, encontramos alguém dizer que alguns jovens “perderam a cabeça” ou que alguns são de temperamento “fervente”. É visto, nesse período, que a ira, a paixão e, muitas vezes, a ansiedade do jovem acabam por elevar a temperatura do sangue e se não houver um controle, poderão prejudicar a atuação do Ego sobre seus veículos. Necessário faz-se que os pais tenham muita paciência com seus filhos para que eles possam transpor esse período até, por volta dos 21 anos, quando nasce a Mente, idade que chamamos de maioridade.
Com o controle da Mente, o Corpo Denso não fica com o sangue nem muito quente nem frio. Com a Mente completa-se a ligação de todos os nossos veículos, incluindo os Éteres superiores que são o Luminoso e o Refletor e, assim, estamos capacitados para ter controle sobre nossas aspirações e desejos, freando a natureza dos desejos.
Daqui para frente cabe a nós, o Ego, trilharmos o nosso caminho, uma vez que o caráter já está formado. Precisando apenas exercer nossa vontade. É muito importante a educação que os pais dão a seus filhos nesse tempo, sem cobrança ou sem esperar nada em troca e não julgando ser sua propriedade para retribuir os favores dados a eles anteriormente. Pois os filhos que são educados com amor, assistência, atenção, confiança e afeto, certamente, retornarão reconhecendo o valor dos pais.
Agora estamos prontos para aspirar e desenvolver o que resume Max Heindel nesta frase: “uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são”.
Comecemos lembrando o que a Escola Rosacruz ensina, como máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital”.
Há de ter uma particular atenção à parte do Corpo Vital formado pelos dois Éteres superiores que, desenvolvidos e trabalhados, formarão o Corpo-Alma. Trabalho esse que tem início com a prática dos bons hábitos e para isso é essencial utilizar-se da palavra-chave desse veículo que é “repetição”.
No Evangelho Segundo São Mateus, capítulo 7, versículo 24 lemos: “Aquele que ouve minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um ser humano prudente, que edificou sua casa sobre a rocha”.
O fator essencial na realização desses ideais é a prática da persistência na meta escolhida. E jamais devemos trabalhar com nossos esforços ocasionalmente, pois isto não leva a nenhum propósito definido e a desistência fica sempre mais próxima!
Max Heindel disse: “O maior perigo que ameaça o Aspirante nesse caminho é que fique preso na rede do egoísmo, e sua única salvaguarda é o cultivo da fé, devoção e a irradiação de amor sem restrições.
Precisamos estar então alertas em relação a nossas atitudes mentais ou novas ideias para que não julguemos somente com o intelecto, mas deixemos, também, o nosso coração tomar parte nessa decisão.
Se tem algo que pode ser destacado como de utilização sempre presente é a adaptabilidade, que é um fator expressivo no caminho da evolução.
Existem certos hábitos antigos que deveremos analisar sob diversos ângulos e admitir as mudanças necessárias para vencermos o convencionalismo.
Se estamos neste caminho para a frente e para cima é necessário que façamos inovações: que edifiquemos melhor nosso Templo do Espírito, pois Deus opera continuamente para nosso bem.
Muitas de nossas fraquezas são forças mal dirigidas e devemos, então, mudar o eixo dessas forças recusando pensamentos maus, como medo, temor, ansiedade e outros similares e nos orientar para a verdade que nos é mostrada dentro de nós.
Todavia, se acaso cairmos em tentação, devemos compreender e aceitar esses desafios ou provações de nosso eu inferior e vendo nessas oportunidades uma maneira de nos livrarmos desses maus hábitos para sempre. Aprendamos pela dor e sofrimento, mas, de fato, aprendamos!
As provações são sinais de progresso, pois durante nossas vidas anteriores contraímos dívidas sob a Lei de Causa e Efeito (ou a Lei de Consequência) e hoje estamos ajustando as dívidas antigas, pagando-as uma a uma. Contudo, uma coisa é certa: o futuro deve ser decidido AGORA para que deixemos de gerar dívidas, o que trará, como consequência lógica, menos sofrimento e dores possíveis e evoluiremos cada vez mais rápido, com segurança, indo ao encontro de Cristo.
Lembremos do que disse Max Heindel: “O único fracasso é deixar de lutar”. E ele nos deixou também uma indicação para a formação dos ideais superiores no Corpo Vital que são os exercícios matutino e vespertino (Concentração e Retrospecção, respectivamente) e um exemplo e modelo perfeito de exercício devocional: a Oração do Senhor, o Pai-Nosso. Devemos orar, mas não para obter auxílio material ou passar em exame na escola ou faculdade. Isto é barganha, e barganha espiritual não existe; é ilusão, é a nossa astúcia, reminiscente da Época Atlante.
A oração ajuda nossos veículos a evoluírem com segurança. Portanto, por meio da oração temos um método de produzir pensamentos puros e, assim, agir principalmente sobre o Corpo Vital. Por isso que o Apóstolo São Paulo disse que devemos “orar sem cessar”.
O caminho espiritual é aberto a todos, mas para chegar lá é preciso sacrificar os maus hábitos, o comodismo, a inércia, enfim tudo que é prejudicial no progresso em favor do nosso Cristo interno.
Contudo, somente o sacrifício de nós mesmos não é suficiente; é preciso fazê-lo em prol da humanidade, por meio do serviço amoroso e desinteressado aos demais, focando sempre na divina essência que há em cada irmão, em cada irmã, que é a base da Fraternidade, tão preconizada por Cristo!
“Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”
Assimilação é definida como: “a transformação ou incorporação do material nutritivo nas substâncias fluídicas ou sólidas do corpo”. É o produto da digestão e é literalmente verdadeira a definição que diz que nós vivemos, não pelo que comemos, mas pelo que assimilamos.
Algumas pessoas têm dificuldade em assimilar certos alimentos e, muitas vezes, em assimilar quase todos. Para determinar a forma melhor de regular o processo assimilativo em seus corpos é necessário considerar não só fatores físicos, como também espirituais.
Do ponto de vista físico, a lei da assimilação requer que toda partícula de alimento que se coma deva ser dominada. Assim, numa extensão maior, podemos dizer que a forma pela qual os alimentos são assimilados depende do grau de conhecimento que tenhamos das células, das quais eles são compostos.
Sabendo isto, poderá parecer, à primeira vista, que os minerais – a menor consciência das coisas criadas sobre a Terra – seriam os alimentos ideais para o consumo humano. Entretanto, este não é o caso. Os minerais não têm Corpo Vital separado e o ser humano não está constituído de forma a poder viver de um tipo de substância “somente densa”. Nós dissemos: “Quando uma pura substância mineral, como o sal, é ingerida, ela passa através do corpo, deixando muito pouco atrás de si. Mas, o pouco que deixa, é de natureza prejudicial – porque tende a endurecer e cristalizar.
Plantas, que realmente possuem Corpo Vital separado, podem assimilar os compostos minerais encontrados na Terra. Comendo vegetais, o ser humano assimila – em segunda mão, como forma de expressão – os minerais que ele necessita para sua alimentação e sustento. Como a planta vive num estado de consciência de “sono sem sonhos”, muito pouca energia é necessária para a assimilação de alimentos que derivam dela. E como as células das plantas tem pouca individualidade própria, a vida que as anima não se evade de nossos corpos tão rapidamente como a dos alimentos derivados de formas mais desenvolvidas, como a dos animais. Uma dieta vegetariana, particularmente quando o produto está interpenetrado com maior quantidade de Éter, produz mais energia do que a dieta que envolva carne (mamíferos, aves, peixes, “frutos do mar”, répteis, anfíbios, insetos). Some-se a isso a superioridade moral e espiritual que envolve a dieta vegetariana, particularmente ideal para as pessoas com dificuldade de assimilação.
A energia solar, atraída para o Corpo Denso, através da contraparte etérica do Baço no Corpo Vital é o fator principal e amalgamador da assimilação. Uma quantidade extra desse fluido vital é necessária durante o processo digestivo e assimilativo. Quanto mais abundante for a comida, maior será a quantidade de fluido vital a ser consumido pelo corpo. Com isto haverá o enfraquecimento das correntes do Corpo Vital que normalmente expelem germes e micróbios. Em consequência, comer em excesso nos torna extremamente suscetíveis a contrair enfermidades e doenças.
A total assimilação não começa antes do Ego ter sete anos de idade. Antes deste tempo, o Corpo Vital ainda não usa as forças que operam através dos polos positivos do Éter. Tudo se realiza pelo Corpo Vital “macrocósmico” que, através de seus Éteres, até o sétimo ano atua como matriz para o Corpo Vital da criança em desenvolvimento
Do ponto de vista espiritual, as forças que trabalham através do polo positivo do Éter Químico, e estão presentes na assimilação, são forças ativas da natureza, compostas pelo que chamamos de mortos que entraram no Céu e lá estão aprendendo a construir os Corpos que usamos na Terra. Eles são dirigidos por elevados orientadores que se interessam por assimilação, crescimento e propagação. Essas forças trabalham num maravilhoso caminho seletivo ilustrando bem e ao mesmo tempo a direção da Divina Inteligência e a Lei Universal de serviço.
Os Estudantes Rosacruzes encontram maior dificuldade no processo assimilativo do que as outras pessoas, porquanto, tendo decidido viver uma vida espiritual, atraem mais Éteres superiores – Luminoso e Refletor – e menos dos inferiores – Químico e de Vida. Portanto, os Estudantes Rosacruzes, em particular, devem ter o máximo cuidado ao selecionar alimentos que contenham o maior número possível de Éter Químico. A assimilação é facilitada se a comida for atraente, apreciada e aceita com gratidão.
Os três atributos de Deus e do ser humano (que é um deus em formação) são: Vontade, Sabedoria e Atividade. Estes atributos se refletem no Tríplice Espírito, que é o ser humano. O segundo atributo, o Amor-Sabedoria ou Cristo, o princípio, é o atributo coesivo sobre o qual toda a nutrição e crescimento estão baseadas. Está ligado com o Espírito de Vida o qual, por sua vez, se reflete no Corpo Vital. O sangue, o veículo da alimentação, é a mais alta expressão do Corpo Vital. As glândulas também são expressões do Corpo Vital. O Espírito de Vida se assenta, primeiramente, no Corpo Pituitário (também conhecida como Hipófise, Glândula Pituitária é uma pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cérebro; é considerada uma glândula mestra, pois secreta hormônios que controlam o funcionamento de outras glândulas) e secundariamente no coração, o regente do sangue, que nutre os músculos dentro do Corpo Denso.
Urano rege a assimilação, assim como a intuição – a faculdade pela qual o Ego (nós) pode contatar com a Sabedoria Cósmica através do Espirito da Vida, diretamente ligada ao Amor-Sabedoria, princípio no ser humano. Vênus, a oitava inferior de Urano, também rege a assimilação durante os primeiros 14 anos de vida. Vênus rege a Glândula Timo (ela está localizada na porção anterossuperior da cavidade torácica. Limita-se superiormente pela traqueia, a veia jugular interna e a artéria carótida comum, lateralmente pelos pulmões e inferior e posteriormente pelo coração. É vital para a autoimunidade. Ao longo da vida, o Timo involui – diminui de tamanho), a ligação entre a criança e seus pais até a puberdade. Antes da puberdade, a criança retira da Glândula Timo uma essência espiritual que aí foi armazenada pelos pais. Com esta essência a criança pode efetuar a alquimia do sangue, até o Corpo de Desejos se tornar dinamicamente ativo, podendo fabricar seus próprios corpúsculos sanguíneos.
No Livro “Mensagem das Estrelas” – de Max Heindel e Augusta Foss Heindel – nós lemos: “É bem sabido que todas as coisas, nosso alimento inclusive, irradiam de si mesmas e continuamente, partículas diminutas que nos dão um índice da coisa de onde foram emanadas, principalmente sua qualidade. De modo que, quando levamos o alimento a nossa boca, um número dessas partículas invisíveis excita o sentido do olfato, nos permitindo tomar conhecimento se o alimento que vamos ingerir e apropriado ou não. O sentido do olfato nos adverte a abandonar os alimentos que tenham um odor nocivo, etc. Além dessas partículas, que nos atraem ou repelem em relação ao alimento devido a sua ação sobre o olfato, há outras capazes de atravessar o osso esfenoide, atuando sobre o Corpo Pituitário. Principia aí a ação da alquimia uraniana, pela qual a secreção é formada e injetada no sangue. Esta assimilação, através do Éter Químico, afeta o desenvolvimento normal e o bem-estar do corpo, através da vida”.
Sabemos também que: “Há uma conexão física entre o Corpo Pituitário, o principal órgão da assimilação e, portanto, do crescimento e as Glândulas Suprarrenais (localizadas uma sobre cada rim) as quais eliminam o inútil e assimilam as proteínas. Ambas mantêm ligações com o Baço, o Timo e a Tiroide (que é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo. Ela é uma estrutura de dois lóbulos localizada no pescoço – em frente à traqueia). O Corpo Pituitário é regido por Urano, que é a oitava superior de Vênus, o regente do Plexo Celíaco (uma complexa rede de neurônios que no corpo humano está localizada atrás do estômago e embaixo do diafragma perto do tronco celíaco na cavidade abdominal a nível da primeira vértebra lombar (L1). É formado por nervos esplânicos maiores e menores de ambos os lados e parte do nervo pneumogástrico), uma posição referencial onde o Átomo-semente do Corpo Vital é colocado. Assim como Vênus guarda a entrada do fluido vital, proveniente do Sol, através do baço, Urano é o guardião da entrada do alimento físico. É a combinação destas duas forças que produz o acúmulo do poder latente em nosso Corpo Vital e se converter em energia dinâmica, pela marciana natureza de desejos”.
Virgem está também ligada a assimilação. Este Signo regula os intestinos e se correlaciona com os Senhores da Sabedoria, que originalmente deram ao ser humano o germe do Corpo Vital.
Portanto, parece claro que a assimilação está ligada ao princípio Amor-Sabedoria. A medida e na proporção que este segundo atributo de Deus for desenvolvendo dentro de nós, teremos uma melhor capacidade de assimilação e um grau correspondente de boa saúde.
Infere-se daí, que a chave para um perfeito e permanente ajuste do poder assimilativo fundamenta-se na revelação e no desdobramento do Amor de Cristo dentro de nós. O intelecto deve ser espiritualizado e a natureza inferior transmutada na Superior. Somente por este caminho, poderemos desenvolver na perfeição o poder da alma, necessário para a completa e satisfatória assimilação.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – 03/78 – Traduzido da Revista: “Rays from the Rose Cross” – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: De acordo com um artigo publicado recentemente em uma revista médica, os recém-nascidos do sexo feminino parecem resistir melhor às influências adversas que acometem as crianças nos primeiros anos de vida. Esse artigo afirma: “Falando de modo geral, pode-se dizer que o menino reage à doença de modo mais violento que a menina, é fragilizado mais facilmente que ela, não se recupera tão rapidamente quando a doença parece regredir e não oferece tanta resistência quando sofre de enfermidades crónicas”. Poderiam explicar isso?
Resposta: Para o ocultista versado nos Ensinamentos Rosacruzes sobre a polaridade do Corpo Vital, a anomalia aparente é facilmente explicada, assim como muitos outros fatos conhecidos pela medicina, mas não justificados por ela.
O homem, cujo Corpo Denso é positivo, tem um Corpo Vital negativo. Consequentemente, ele não tem tanta resistência à doença quanto a mulher, que possui um Corpo Denso negativo, mas um veículo Vital positivo. Por essa razão, a mulher é capaz de enfrentar uma doença que mataria um homem, mesmo que esse tenha o dobro do peso dela e aparente vitalidade. Ela sofre mais intensamente do que o homem, mas suporta a dor com maior firmeza. Quando o restabelecimento se processa, o seu Corpo Vital, positivamente polarizado, parece sugar, como se fosse formado por um milhão de bocas, a energia solar. Ele dilata-se e começa quase que imediatamente a irradiar emanações características de saúde, resultando a recuperação rápida do corpo físico.
Por outro lado, quando um homem é profundamente atingido pela doença e começa a recuperar-se, o seu Corpo Vital, negativamente polarizado, é semelhante a uma esponja. Absorverá toda a energia solar que puder obter, mas a avidez perceptível no Corpo Vital da mulher não estará nele. Portanto, padecerá por muito tempo às sombras da morte e, como é mais fácil entregar-se do que lutar, mais frequentemente sucumbirá.
Existe também outra razão para a maior mortalidade entre os recém-nascidos do sexo masculino. Os estudantes da Filosofia Rosacruz estão familiarizados com a Lei que governa a mortalidade infantil. Sabem que quando o Ego é muito perturbado, seja pelas lamentações agudas e histéricas dos parentes ou pela morte decorrente de acidentes ferroviários, incêndios, guerras ou causas similares, ele não consegue concentrar a sua atenção no panorama da vida que se desenrola diante dele, semelhante a um filme projetado em uma tela.
Esse panorama deverá ser gravado no Corpo de Desejos para formar a base dos sentimentos de dor ou prazer que serão experimentados no Purgatório e no Primeiro Céu, respectivamente, quando a dor será transmutada em consciência para advertir o Ego a não cometer no futuro os erros do passado e o prazer sentido pelas boas ações praticadas gerará virtudes que estimularão o Ego a aperfeiçoar-se nas próximas vidas. Quando o Ego é seriamente perturbado em sua concentração no panorama da vida, a gravação não atua sobre os sentimentos como deveria. Por isso, a experiência de vida se perderia, se as Forças Superiores não intervissem, deixando-o morrer na fase de infância do próximo renascimento. Os veículos sutis não nascem simultaneamente com o corpo físico. Os frutos da vida anterior serão, então, incorporados neles após a morte na infância. Em alguns anos, o Ego procurará um novo renascimento e viverá o seu período normal de vida na Terra.
Baseados neste sistema, podemos afirmar que um grande número de crianças esteja predestinado a morrer durante a infância, pois as guerras e os velórios, com suas lamentações, privaram milhões de Egos da paz necessária no momento da morte. Esta guerra atual (1916) acrescentará mais alguns milhões. Deste modo, a mortalidade infantil continuará a golpear-nos até que aprendamos a ciência da morte e a como ajudar o Ego que morre a se desligar da matéria, da mesma forma que aprendemos a cuidar de um recém-nascido. Nós, com as nossas pequenas e finitas mentes, já aprendemos a usar as linhas de menor resistência para alcançar os nossos fins. Estudamos a conservação de energia e podemos ter certeza de que as grandes Hierarquias Divinas encarregadas da evolução fazem uso de métodos similares com maior eficiência. Consequentemente, já que os recém-nascidos devem morrer pelas razões mencionadas, o que há de mais natural do que deixá-los assumir um corpo masculino com um Corpo Vital negativo, que irá sucumbir mais facilmente aos rigores da existência física?
Contudo, não negamos que muitas mortes ocorridas na infância sejam devidas à falta de compreensão da complexa constituição do ser humano, que inclui veículos mais sutis do que aquele perceptível pelos nossos sentidos e que se acredita geralmente constituir o organismo todo. Embora o Corpo Vital de uma criança esteja ainda comparativamente desorganizado na ocasião do nascimento, o Éter a ser usado para completá-lo está dentro da aura, pronto a ser assimilado e, se alguém ao redor do recém-nascido estiver debilitado ou anêmico, um vampiro inconsciente, sugará parte da reserva do Éter não assimilado da criança muito mais facilmente que o de um adulto cujo Corpo Vital esteja totalmente estruturado. Naturalmente, a pessoa fraca sugará mais facilmente o Éter negativamente polarizado, como ocorre no corpo de um menino, do que o Éter positivo de uma menina. Assim, justifica-se a maior taxa de mortalidade das crianças do sexo masculino, embora muitas mortes não aconteçam devido à Lei mencionada.
Se isso fosse conhecido e aceito, um grande passo seria dado no sentido de salvar os recém-nascidos, porque certas precauções poderiam ser tomadas. Em primeiro lugar, deveriam dormir em um berço que ficasse afastado da mãe, embora sempre ao seu alcance, para que a aura dela não se misturasse com a da criança. Uma mãe fraca não deveria alimentar o seu filho, mas conseguir, se possível, leite fresco e tépido de vacas sadias e bem alimentadas ou, melhor ainda, de cabras. Esse leite fresco está sobrecarregado de Éter do animal e possui uma energia vital não apreciada pelo químico, que se limita a fazer somente a análise física dos seus componentes químicos. Por último, mas nem por isso menos importante, uma massagem no baço e um estímulo dos nervos esplênicos, cautelosa e moderadamente aplicados, ajudarão a contraparte etérica desse órgão na sua atividade de especializar a energia solar, da qual os processos vitais dependem tanto quanto os pulmões dependem do ar.
(Pergunta nº 28 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Repostas – Volume 2 – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: Alguns dias atrás, estava no escritório quando um dos nossos membros mais radicais recomendou com insistência a concessão de uma bolsa de estudos para um moço de poucos recursos que a tinha ganhado previamente, quando ainda era jovem demais para recebê-la legalmente e que, tendo ficado doente na época em que deveria submeter-se ao determinado exame, perdera a bolsa para outro. Contudo, a banca de examinadores da Inglaterra julgou que ele tinha direito moral a essa bolsa.
Ouvindo o debate, alguém sentado ao meu lado tocou-me de leve e disse: “Olhe o Sr. Mac!”. Olhei na direção apontada e lá estava o Sr. Mac, da Faculdade “Masters”, atrás do Secretário de Estado, ouvindo o debate atentamente. Disse à pessoa que o Sr. Mac e eu fôramos colegas na escola e que não o via há vários anos, embora ele não parecesse ter envelhecido.
Depois do Secretário de Estado ter-se pronunciado, o Sr. Mac saiu. Pensei que provavelmente esse moço fosse um de seus preferidos, já que se afastara das suas tarefas na Faculdade para acompanhar o debate.
Alguns dias mais tarde fui visitar uma amiga que morava fora da cidade e, durante a nossa conversa, contei-lhe a respeito do debate. Imaginem minha surpresa, quando ela me disse que o Sr. Mac estava morrendo quando eu pensara vê-lo! Disse-lhe que ela estava enganada, pois alguém o apontara para mim e eu o conhecia muito bem para ter-me confundido. “Bem”, disse ela, “entre no quarto ao lado e verá por si mesmo”. Fui e sobre a cama jazia o meu antigo colega de classe, o Sr. Mac, muito magro, esperando pelo fim. Ele ouvira a minha conversa e mostrou-se interessado, mas não achei que estivesse em condições de ouvir tudo outra vez. Isso foi em um sábado à tarde. Prometi voltar no dia seguinte, no domingo, e contar-lhe o que acontecera; porém essa oportunidade me foi negada. Ele morreu na segunda-feira.
Como um moribundo, igual ao deste caso, poderia surgir com a aparência de um homem em pleno vigor físico? Pode alguém ver fantasmas de pessoas vivas?
Resposta: Sim; realmente, há um número considerável de casos de fantasmas de pessoas vivas. A única condição necessária é que o corpo esteja em um estado de sono profundo ou inconsciência como ocorre, geralmente, quando a pessoa está à beira da morte. Isso pode suceder durante um afogamento, uma queda de cavalo, um acidente de carro ou outras situações similares, ao receber uma pancada na cabeça ou ainda no leito de morte, quando o Corpo Denso está definhando, tendo chegado a um estado extremo de fragilidade e fraqueza, a exemplo do fato mencionado pelo nosso correspondente. Nesse caso, a maior parte do Éter que constitui o Corpo Vital pode ser retirado do veículo físico, que se encontra em condição semelhante à do transe, que pode durar apenas alguns minutos. Entretanto, como o espaço não representa um obstáculo nos Mundos invisíveis, o desejo da pessoa, momentaneamente liberado, pode transportá-la até o fim do mundo e fazê-la aparecer diante de um ente querido a milhares de quilômetros do lugar onde está o seu Corpo Denso.
É bem mais fácil para esse Espírito se materializar do que para aqueles que já deixaram o Corpo Denso após a morte, porque esses fantasmas dos vivos têm o Cordão Prateado ainda intacto — a ligação com o Átomo-semente, no coração, não foi rompida. Assim, é bem possível que o jovem, cuja bolsa de estudos estivesse sendo discutida, fosse um favorito do Sr. Mac, como o supôs o nosso correspondente. Por isso, ao se sentir liberado por uma perda do sentido naquela tarde, seu desejo de se restabelecer e assumir suas atividades na Faculdade o levou a vagar pelos locais familiares e ouvir o debate a respeito do direito do rapaz de receber a bolsa de estudos.
Quanto à pergunta, “Como um homem que esteja claramente morrendo pode aparecer em pleno vigor físico?” podemos afirmar que há uma Lei no Mundo do Desejo que estabelece o seguinte: “O ser humano é aquilo que ele acredita ser” — literalmente, sem restrições. Se pensa ser idoso, acabado e decrépito, ele molda essas características ao seu veículo e aparece assim diante de todos os outros. Contudo, o cavalheiro em questão estava evidentemente planejando recuperar a saúde e o vigor para poder reassumir o seu trabalho. Consequentemente, apareceu perfeitamente saudável para quem o viu.
(Pergunta nº 16 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II – Fraternidade Rosacruz – Max Heindel)
Espíritos Obsessores da Onda de Vida Humana
Hoje trataremos do tema “Obsessão”. Apesar de ser um assunto complexo, é fundamental abordá-lo para que possamos nos proteger contra esses espíritos obsessores.
Vamos focar aqui nos espíritos obsessores oriundos da nossa onda de vida: a humana. Ou seja, de irmãos e irmãs que em momentos da sua evolução, infelizmente, se tornam tal classe de seres.
Inicialmente, seria bom esclarecer a relação entre inferno e purgatório. O “inferno” é tido popularmente como o lugar em que ficaremos sofrendo depois da morte, se praticarmos o mal nesta vida. Nos Ensinamentos Rosacruzes, o chamado inferno nada mais é do que o Purgatório.
O Purgatório ocupa as três regiões inferiores do Mundo do Desejo, para onde vamos logo após a morte. Aqui os registros gravados de nossas ações errôneas na vida terrena provocam uma reação da força de repulsão e esses sofrimentos são três vezes mais curtos e três vezes mais intensos; pois não temos o Corpo Denso para amenizar essa dor.
Nesse processo ocorrido no Purgatório desenvolvemos, por meio da dor, a consciência, aquela voz interna que nos permite discernir entre o bem e o mal, quando despertos neste Mundo Físico.
No “Conceito Rosacruz do Cosmos”, Max Heindel nos mostra que trabalhamos, atualmente, por meio de três Corpos – o Tríplice Corpo. Resultado da nossa manifestação tríplice – um Espírito Tríplice – exatamente como Deus, em manifestação, que nos criou. Porém, somente o Corpo Denso é visível aos nossos olhos físicos.
Na Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 15 e versículos de 40 a 44, São Paulo diz o seguinte: “Há corpos celestes e corpos terrestres… e há corpo animal e há corpo espiritual”.
O Corpo Denso está interpenetrado pelo chamado Corpo Vital (cópia fidedigna daquele) e que mantém a saúde do Corpo Denso, uma vez que esse é, constante e diariamente, destruído pelos desejos inferiores que nós mesmos geramos no nosso dia a dia.
Durante a nossa vida no Mundo Físico temos a chance de desenvolver nossos Corpos invisíveis e superiores por meio de: bons hábitos (Corpo Vital), pensamentos superiores (Mente), desejos, sentimentos e emoções superiores (Corpo de Desejos). Contudo, quando os nossos desejos deixam de ser direcionados para a construção dos veículos superiores e nos negligenciamos desses desejos, sentimentos e emoções superiores e insistimos a praticar maus hábitos, acabamos sendo atraídos, após a nossa morte, até ao Purgatório e lá deveremos nos purgar desses desejos, sentimentos e emoções inferiores e dos maus hábitos. Agora, se não nos apegamos somente a essa existência terrestre, se fazemos fiel e cotidianamente o exercício de Retrospecção e se vivemos para desenvolver o nosso lado espiritual por meio do serviço amoroso e desinteressado para com os nossos irmãos, seguimos o nosso caminho rumo às Regiões superiores do Mundo do Desejo e ao Mundo do Pensamento.
Porém, existem alguns irmãos nossos que, durante a vida aqui, são apegados aos seus bens terrestres – alguns chegando até a conclusão de que nada mais existe -, não dão a mínima para o seu próprio desenvolvimento espiritual e adoram ser servidos, muito mais do que servir – se é que isso lhe passa pela cabeça – e, então, após a morte continuam se apegando à vida terrena e não deixam seus veículos espirituais aprenderem novas lições. E, em razão disso, os chamamos de “espíritos apegados à Terra”. Como o livre arbítrio é sempre respeitado, pode ficar nessa condição por um tempo que quiserem, até que se esgote nele a disposição em se manter nessa situação.
E como não possuem um Corpo Denso para se manifestar ficam perambulando na atmosfera da Terra, próximos a superfície, utilizando os Corpos Densos e Vital de outros irmãos que entram em sintonia ou vibração com esses espíritos apegados à Terra. Sabe-se que ao nosso redor existem muitos desses “espíritos sem luz”, pobres irmãos apegados à sua última vida terrestre. Sim, é um grande fator de atraso na evolução deles!
Chamamos de “espíritos sem luz” porque após a morte não seguiram seu caminho de aceitação aos Mundos superiores, onde a luz é permanente.
E por não aceitarem a separação do Corpo Denso e de tudo o que aqui deixaram, ficam presos à atmosfera tentando satisfazer seus prazeres mundanos. Quando esses espíritos desencarnados desejam influenciar seres aqui renascidos, precisam de um veículo da mesma densidade de vibração da sua para atingir os centros cerebrais. Max Heindel, no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, diz que as Regiões inferiores do Mundo do Desejo estão cheias de “espíritos apegados à Terra” ou espíritos potencialmente obsessores que estão em contato com o Mundo Físico. Quando deixam esse Mundo Físico – quando morrem -cheios de inconformismo, ódio, raiva, inveja, ciúmes, cobiça, desejo de vingança, sentimento de abstinência a um vício, desejo de sentir o mesmo prazer que sentia e outros desejos, emoções e/ou sentimentos inferiores, se encontram despreparados para viver nos planos invisíveis.
Nessas Região inferiores do Mundo do Desejo encontramos: os viciados em drogas, alcoólatras, suicidas, assassinos, muitos que morreram em guerras, pessoas que nutrem ódio, rancor, desejo de vingança, pessoas apegadas à bens materiais como casas, terras, finanças, posses, pessoas, etc. Esses últimos espíritos – os apegados à bens materiais – são os que mais existem nos dias de hoje.
Exemplifiquemos o caso do assassino que cumpre sua pena perante a sociedade na prisão. Poderá ocorrer que o remorso, pelo seu ato cometido, o leve mediante a oração e o íntimo arrependimento a apagar o ódio nutrido à sua vítima.
E quando seu Espírito estiver livre no Mundo do Desejo poderá caminhar feliz e, quem sabe, numa vida futura procurará ajudar aquelas pessoas a quem maltratou na vida anterior. Contudo, se a sociedade quiser se vingar do criminoso e levá-lo à pena de morte pelo crime cometido, ele, achando que foi injustiçado, permanecerá por muito tempo entre os aqui estão vivendo renascidos, incitando outras pessoas a cometerem semelhante crime. E toda vez que isso acontece, quando a vítima cai nas garras da justiça, esses espíritos, aqui se tornando, obsessores conseguem se realizar e deixam a pessoa para ir atrás de outras. Se isso sempre acontecer, certamente teremos uma epidemia de assassinatos espalhados em comunidades!
Para entender como isso ocorre, vamos falar de clarividência. Podemos classificar a clarividência em duas classes:
Na pessoa que se tornou um clarividente involuntário sempre há o grande risco de ser obsidiado pelos chamados “guias espirituais” e que agem como espíritos de controle em busca de sua satisfação. Para se manifestarem no Mundo Físico podem retirar o Corpo Vital da pessoa por meio do baço e usar temporariamente o Éter, do qual é composto, a fim de se materializar, devolvendo o Éter à pessoa após terminadas as ações que ele deseja fazer. Transforma suas vítimas no que conhecemos como “médiuns de transe” ou em “médiuns de materialização”. O espírito obsessor, tomando posse do corpo de sua vítima, utiliza-o à mercê de sua vontade, e mesmo que a pessoa tente, não conseguirá deter a influência dele, pois houve a permissão para a posse. Um clarividente voluntário jamais permitirá isso, sendo que a direção dos vórtices do Corpo de Desejos também é uma grande barreira para quaisquer tentativas de espíritos que queiram obsidiar.
Nesse ponto, é importantíssimo lembrar que o nosso Corpo Denso é o bem mais precioso que temos nessa vida terrestre. É o Corpo que está mais próximo de alcançar a perfeição. Está no seu quarto estágio de evolução. Os outros Corpos estão, ainda, bem atrás. É por meio do nosso Corpo Denso que conseguimos evoluir, aprender as lições, desenvolver o Corpo-Alma e seguir o plano de Cristo, aqui e agora. A Fraternidade Rosacruz nos orienta a tratar muito bem do nosso Corpo Denso, tão via alimentação, como nos seus cuidados de sempre estar de posse consciente dele.
Sabemos que existem famílias inteiras a mercê desses espíritos obsessores. Por isso que Max Heindel nos orienta para não assistir reuniões, encontros ou demonstrações onde haja atividades que evocam “os espíritos dos mortos”, que “dão passe”, que estimulam a possessão de parte ou de todo o Corpo Denso da pessoa, que haja demonstrações hipnóticas, que façam sessões de uso de bola de cristal, que queimam incensos, defumadores, e outros “tipos de fumaça” com o objetivo de “chamar os espíritos, etc.
Normalmente, toda vez que a pessoa frequenta tais ambientes, os chamados “guias” a convocam para desenvolver a clarividência involuntária, muitas vezes chamadas de mediunidade dela, só que de forma negativa. Essa é a maneira de estarem formando sua grande falange de controle.
É evidente que a maioria dos clarividentes involuntários não compreende o grande perigo que os aguarda após a morte.
E mesmo nesta vida não sabem o perigo que está por vir, pois enquanto fazem tudo que seus obsessores ordenam, esses são dóceis e compassivos. Contudo, se algum deles tentar recusar a ceder seu corpo ao desencarnado, logo sentirá a espada do obsessor.
Todos nascemos com a clarividência. Se quisermos desenvolvê-la, façamos de maneira voluntária, positiva, por meio dos exercícios dados pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Existe um método seguro, onde a pessoa está sempre de posse dos seus Corpos, consciente do que está fazendo e com total controle.
Sabemos que existem pessoas que em determinados momentos de sua vida se deixam arrastar por pensamentos, desejos, sentimentos e emoções negativos, chegando a ficarem perturbados, irritados e, às vezes, desequilibrados emocionalmente e, muitas vezes, não encontram o caminho de volta à razão. É bom lembrar que essa crise foi gerada pela própria pessoa, e é nesse momento que damos abertura ou permissão para a invasão de espíritos obsessores. Tornamo-nos assim joguete desses espíritos perturbadores e essas entidades jamais vão se preocupar com a reputação daqueles cujos corpos violaram. Isso acontece diariamente e, muitas vezes, não sabemos se aquela pessoa está obsidiada ou não. Todavia, existe uma forma infalível de descobrirmos se uma pessoa está possuída: por meio do diagnóstico dos olhos. Max Heindel nos diz que “os olhos são as janelas da alma”, pois somente o verdadeiro dono do corpo é capaz de contrair e dilatar a íris. Naquele que estiver possuído, notaremos que a íris de seus olhos não se dilatará quando penetrar em um quarto escuro ou quando fixar um objeto distante ou, ainda, quando fixar em uma fonte de luz brilhante (uma lanterna ou em um ambiente bem claro), a pupila não se contrairá. Isto é, a íris não responde nem à luz nem à distância.
O que podemos fazer para nos proteger contra a obsessão? Simplesmente manter uma atitude positiva da Mente, pois temer alguma coisa é atraí-la. Devemos construir uma aura protetora e invulnerável contra qualquer classe de ataque ou influência negativa.
Max Heindel expressa que “ao vivermos existências de pureza, quando os nossos dias estão preenchidos com serviços a Deus e a nossos semelhantes, com atos e pensamentos da mais elevada nobreza, então construímos o ‘manto dourado nupcial’, que é uma força radiante do bem. Nenhum mal é capaz de penetrar por essa armadura e então ele é refletido em direção àquele que o emitiu”.
É sempre oportuno recordar uma frase de São Paulo que diz: “Orai e vigiai para não cair em tentação”.
Lembremos o seguinte: “Não temos mestres. Os Irmãos Maiores são nossos amigos e nossos instrutores. Nunca ordenam, nem exigem obediência a nenhuma de suas sugestões, seja em que condição for. O mais que fazem é aconselhar, deixando-nos livres para seguirmos as suas sugestões ou não”.
E dentre os preceitos para o Estudante Rosacruz temos:
“Sendo a confiança em si mesmo a virtude cardeal para o Aspirante espiritual, fará o possível para praticá-la tanto em seus pensamentos como em seus atos.”.
“Conhecendo que o Interno é o único tribunal real da Verdade, se esforçará por estabelecê-lo, submetendo-lhe todos os assuntos para a sua final decisão”.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Pergunta: O que é o sono e o que leva o corpo a adormecer?
Resposta: Durante o dia, o Corpo Vital especializa o fluido solar incolor que está à nossa volta através do órgão que chamamos baço. Esta vitalidade permeia o corpo todo e o clarividente a vê como um fluído de coloração rosa pálido, tendo sofrido uma transmutação ao entrar no Corpo Denso. Flui por todos os nervos e, quando é expelida pelos centros cerebrais em quantidades particularmente grandes, movimenta os músculos que os nervos comandam.
O Corpo Vital é formado por inumeráveis pontos que se projetam em todas as direções: para dentro, para fora, para cima e para baixo. Todos através do corpo, e cada pequeno ponto passa através do centro de um dos átomos químicos fazendo-o vibrar numa velocidade maior que a normal. Este Corpo Vital interpenetra o Corpo Denso desde o nascimento até a morte, em todas as circunstâncias, exceto quando, por exemplo, a circulação sanguínea é interrompida numa certa parte, como acontece quando descansamos a mão na beira de uma mesa e dizemos que ela “adormece”. Se formos clarividentes, podemos ver a mão etérica do Corpo Vital pendendo sob a visível como uma luva, e os átomos químicos recaírem para uma velocidade vibratória natural e lenta. Ao dar tapas na mão para que ela “desperte”, a sensação peculiar de picadas que sentimos é causada pelos pontos do Corpo Vital quando nos átomos adormecidos da mão, reiniciando assim a vibração.
O Corpo Vital deixa o Corpo Denso de uma maneira similar quando uma pessoa está morrendo. Pessoas quase afogadas que foram ressuscitadas experimentaram uma agonia intensa pela reentrada desses pontos, causando-lhes uma sensação desagradável de formigamento.
Durante o dia, quando o fluido solar é absorvido pelo ser humano em grandes quantidades, esses pontos do Corpo Vital ficam inchados ou dilatados pelo fluido vital. Contudo, com o passar das horas e à medida que as substâncias tóxicas vão obstruindo cada vez mais o Corpo Denso, o fluido vital flui mais lentamente. À noite, chega o momento em que os pontos no Corpo Vital não recebem mais um suprimento completo da energia vitalizadora, eles contraem-se e, em consequência, os átomos do corpo movimentam-se mais lentamente. Neste caso, o Ego sente o corpo mais pesado, entorpecido e cansado. Finalmente, chega o momento em que o Corpo Vital sucumbe e as vibrações dos átomos densos tornam-se tão lentas que o Ego não consegue mais movimentar o corpo. Ele é forçado a retirar-se para que o seu veículo possa recuperar-se. Dizemos, então, que o corpo adormeceu.
Porém, o sono não é um estado inativo; se o fosse, não haveria diferença entre o que sentimos pela manhã e o poder restaurador do sono. A própria palavra restauração implica atividade.
Quando um edifício decai devido à deterioração causada pelo uso constante e se torna necessário renová-lo e restaurá-lo, os moradores devem sair para deixar aos operários plena liberdade de ação. O Ego, por razões semelhantes, sai da sua morada à noite. Assim como os operários trabalham no edifício para colocá-lo em condições de ser reocupado, assim também o Ego deve trabalhar na sua casa para que esta possa ser novamente ocupada. Tal trabalho nós o realizamos à noite, embora não conscientes disso no estado de vigília. É esta atividade que remove os venenos do organismo e, em consequência, o corpo sente-se restaurado e vigoroso pela manhã, quando o Ego nele penetra no momento de despertar.
(Pergunta nº 34 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – Max Heindel)
“Homem, conhece-te a Ti Mesmo”
A sentença “homem, conhece-te a ti mesmo” estava escrita sobre a entrada de um templo grego de Mistérios, como indicação do fato de que é obrigatório para uma pessoa conhecer completamente os mistérios de sua própria natureza, que é muito mais profunda do que se aparenta.
E isso tem relação com o princípio encerrado no axioma hermético: “Assim como é em cima é embaixo”. Quando uma pessoa conhecer a si mesma, então poderá, por analogia, conhecer a Deus porque em verdade se disse, “O Homem foi feito à imagem e semelhança de Deus”.
Contudo, para conhecer a si mesmo não é somente necessário que o ser humano conheça o seu corpo físico, mas também todos os veículos invisíveis dele, que são as causas de seus pensamentos, sentimentos, desejos, emoções e palavras.
Uma pessoa não é apenas composta de um Corpo Denso, o físico; ela possui um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. O estudo de todos esses veículos lhe proporciona uma ideia da grandeza espiritual dela, pois ela é uma centelha de Deus.
Portanto, pratiquemos essa frase “homem, conhece-te a ti mesmo” no nosso dia a dia.
(Publicado na Revista “O Encontro Rosacruz” – Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP em abril/1982)