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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mistério das Glândulas Endócrinas – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A função espiritual das glândulas tal como está exposta neste volume, baseia-se nas extraordinárias informações dadas por Max Heindel.

Muita ajuda vem sendo dada ao indivíduo pelos Grandes Seres por meio das glândulas endócrinas.

As Glândulas Endócrinas não têm aberturas, tubos, nem condutos para excretar suas secreções. Descarregam nas diretamente no sangue e nos vasos linfáticos que as permeiam. As Glândulas de Secreção Interna são chamadas Glândulas Endócrinas ou glândulas produtoras de hormônio.

As glândulas e o sangue são manifestações especiais do Corpo Vital. Embora cada uma das glândulas tenha um trabalho específico a realizar, todas elas trabalham em perfeita harmonia quando normais e em boa saúde. As Glândulas de Secreção Interna são de interesse particular para os Estudantes do ocultismo, porque podem ser chamadas em certo sentido, “as sete Rosas” na cruz do corpo e por estarem intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

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O Mistério das Glândulas Endócrinas – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

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DEDICATÓRIA

Este pequeno e modesto livro dedico-o ao meu bem-amado mestre, Max Heindel, cujas instruções espirituais o autor tem um débito de gratidão que não pode ser expresso em palavras.

PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO NORTE-AMERICANA

O conteúdo desse livreto foi enviado pela Fraternidade Rosacruz (The Rosicrucian Fellowship) na forma de lições mensais. Depois de terem se esgotado, inúmeros pedidos foram endereçados à nossa Sede Mundial, razão pela qual a Diretoria resolveu reimprimi-las, juntando-as num só volume, a fim de que se tornasse acessível a todos aqueles que se interessassem pela estrutura, função e significado espiritual das sete Glândulas endócrinas aqui estudadas. A função espiritual das Glândulas tal como está exposta neste volume, baseia-se nas extraordinárias informações dadas por Max Heindel. Em relação à estrutura fisiológica e funções das Glândulas endócrinas, baseou-se nas valiosas informações contidas no livro escrito pelo Dr. Louis Berman, a quem o autor deseja estender seus agradecimentos.

Mt. Ecclesia

Junho de 1940

ÍNDICE

DEDICATÓRIA.. 3

PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO NORTE-AMERICANA.. 4

CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO.. 7

CAPÍTULO II – TIPOS DE PERSONALIDADES PRODUZIDOS PELAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS. 18

A PERSONALIDADE DO TIPO SUPRARRENAL.. 20

CAPÍTULO III – O BAÇO – TIPOS DE PERSONALIDADE PRODUZIDA POR ELE.. 24

CAPÍTULO IV – A GLÂNDULA TIMO – A GLÂNDULA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.. 29

TIPO DE PERSONALIDADE TÍMICA.. 35

CAPÍTULO V – A GLÂNDULA TIREOIDE – A GLÂNDULA DA ENERGIA.. 37

COMPARAÇÃO DA TIREOIDE E DA PITUITÁRIA.. 47

PERSONALIDADE DE TIPO TIROIDE.. 48

CAPÍTULO VI – O CORPO PITUITÁRIO – TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA.. 52

TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA.. 59

CAPÍTULO VII – A GLÂNDULA PINEAL – TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL.. 64

TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL.. 66

CAPÍTULO VIII – GLÂNDULAS ENDÓCRINAS – CORRESPONDÊNCIAS ESPIRITUAIS. 69

AS GLÂNDULAS E OS SEUS ASTROS REGENTES. 71

AS SUPRARRENAIS E O MUNDO FÍSICO.. 72

O BAÇO E A REGIÃO ETÉRICA.. 74

A GLÂNDULA TIMO E O MUNDO DO DESEJO.. 77

A GLÂNDULA TIREOIDE E O MUNDO DO PENSAMENTO.. 79

O CORPO PITUITÁRIO E O MUNDO DO ESPÍRITO DE VIDA.. 81

A GLÂNDULA PINEAL E O MUNDO DO ESPÍRITO DIVINO.. 83

CAPÍTULO I – O DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO

“Quando vejo os teus céus, a obra dos teus dedos e a Lua e as estrelas que preparastes;

Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?”

Sl 8:4

Antes de iniciarmos essas lições sobre as Glândulas de secreção interna, será bom revermos rapidamente a origem e a constituição do ser humano.

Nunca houve e nem há nada no Universo além de espírito puro. Porém, existem duas formas ou polos do Espírito: um positivo, ativo, dirigente e o outro negativo, passivo, receptor, assimilador. Essa substância espírito, com seus dois polos positivo e negativo trabalhando em conjunto, é tudo e produziu tudo que há, desde a terra até Deus. Toda a criação está em modificação constante e tem por meta a perfeição. O polo positivo do Espírito manifesta-se como energia, o negativo age como condutor daquela e os dois produzem a vida e a forma. A forma é produto do Espírito e traduz a sua mais baixa vibração. Ambos, forma e espírito, evoluem lado a lado.

Deus, o criador do nosso Sistema Solar, tem em Si três grandes poderes dinâmicos que, por falta de melhor nome, designamos como: Vontade, Amor-Sabedoria e Atividade. Quando pôs em ação essas forças e as ordenou, Deus criou nosso Sistema Solar e tudo que nele contém.

O fim último a ser atingido pelas Suas criaturas é a reintegração na Divindade. Cada indivíduo trazido à existência por este poderoso Ser, tem, em si potencialmente, todos os poderes do seu Criador, inclusive a Epigênese[1], o poder do Espírito para fazer algo inteiramente novo. O trabalho de cada um consiste em expandir essas potencialidades em forças dinâmicas como as do nosso Grande Progenitor. No ser humano falamos dessas potencialidades como Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, o que não significa que o indivíduo tenha três espíritos, mas que o ser humano como puro espírito tem em si três grandes poderes espírito.

Esses poderes latentes podem ser desenvolvidos por duas maneiras: por meio dos seus próprios esforços e pelo auxílio dos outros, principalmente daqueles Grandes Seres que estão além do ser humano no caminho da evolução.

Tal como é necessário alimento para manter e desenvolver o Corpo Denso, também é preciso alimentar os Corpos Vital e de Desejos. O Corpo Vital toma seu alimento diretamente do Sol: pelo Baço etérico de cada indivíduo é normalmente atraída tanta força vital do Sol quanta seja necessária. No Mundo do Desejo há uma essência correspondente ao Fluido Vital Solar que sustém o Corpo Vital; desse elixir de vida o Corpo de Desejos satura se enquanto o Corpo Denso dorme.

O TRABALHO INDIVIDUAL DO ESPÍRITO

Não foi possível o Espírito desenvolver seus poderes enquanto não construiu seus três veículos inferiores, os Corpos Denso, Vital e de Desejos. É deles que o Espírito obtém o alimento com o qual nutrirá e desenvolverá seus poderes potenciais. Este alimento essência é chamado Alma.

Do Corpo Denso, o Espírito extrai, automaticamente, a “Alma Consciente” mediante a ação reta em relação aos impactos externos, pelas experiências e observações. Esse pábulo ou alimento desenvolve as potencialidades latentes do Espírito Divino em poderes dinâmicos que se manifestam como vontade, inteligência, conhecimento, a força positiva do seu ser, o princípio paterno, o poder fazer.

Pela discriminação em relação ao importante, o essencial, e as coisas reais da vida e o que não é importante, não é essencial nem real, o Espírito extrai automaticamente o alimento essência do Corpo Vital, a Alma Intelectual, com a qual alimentará e desenvolverá, em poderes dinâmicos, as potencialidades do Espírito de Vida que são imaginação, intuição, poder receptor, poder de assimilar, o poder maternal e a natureza do amor.

Pelo domínio dos instintos animais, por meio da devoção guiada por sentimentos elevados e sublimes e pelas emoções geradas pela reta ação e experiências purificadoras o Espírito extrai automaticamente a Alma Emocional o alimento essência do Corpo de Desejos para em seguida nutrir e desenvolver as potencialidades do Espírito Humano, que são poder criador (físico e mental), fecundação, expansão, germinação e crescimento, desenvolvendo se em forças dinâmicas sob o domínio da vontade.

Muita ajuda vem sendo dada ao indivíduo pelos Grandes Seres por meio das Glândulas endócrinas a respeito das quais vamos estudar. Uma Glândula é formada por uma massa celular; essa é composta por uma substância densa, incolor, gelatinosa, chamada protoplasma. Cada Glândula pode ser comparada a um laboratório no qual as células são os operários, e o produto do laboratório é a secreção.

As Glândulas endócrinas não têm aberturas, tubos, nem condutos para excretar suas secreções. Descarregam nas diretamente no sangue e nos vasos linfáticos que as permeiam. As Glândulas de secreção interna são chamadas Glândulas endócrinas ou Glândulas produtoras de hormônio. Endócrina é, com efeito, a palavra mais conveniente, por se referir tanto à secreção como para a Glândula, mas a palavra hormônio se refere especificamente à secreção interna e não à Glândula. O hormônio é uma substância formada em um órgão do corpo que é levada por intermédio do sangue a outro órgão onde produz um efeito estimulante. A palavra deriva-se do verbo grego, cujo significado é estimular ou pôr em movimento. Sem suprimento do fósforo endócrino, fornecido pela Glândula Tiroide, nenhum cérebro funcionaria. A pulsação do coração cessaria quando deixasse de ser suprido com a secreção das Suprarrenais. Tem havido casos de pessoas com corações considerados “mortos” e que, depois de estimulados por hormônios das Suprarrenais, pulsaram novamente com ritmo regular.

O estudo científico das Glândulas de secreção interna foi iniciado há menos de cinquenta anos, e a maior parte dos conhecimentos que delas temos foi adquirido durante os últimos vinte anos. Todavia, o que os cientistas ainda não descobriram é que as Glândulas de secreção interna, em princípio, não pertencem ao Corpo Denso. São expressões do Corpo Vital, diferenciadas e cristalizadas até a densidade apropriada para desempenharem certa espécie de trabalho. As Glândulas e o sangue são manifestações especiais do Corpo Vital. Embora cada uma das Glândulas tenha um trabalho específico a realizar, todas elas trabalham em perfeita harmonia quando normais e em boa saúde. As Glândulas de secreção interna são de interesse particular para os estudantes do ocultismo, porque podem ser chamadas em certo sentido, “as sete Rosas” na cruz do corpo e por estarem intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

As principais Glândulas de secreção interna são: a Pineal[2], a Pituitária[3], a Tiroide, a Timo, o Baço e as duas Suprarrenais. As Suprarrenais, o Baço e a Timo pertencem à Personalidade, ao passo que a Pituitária e a Pineal se relacionam com o lado espiritual da natureza humana. A Tiroide constitui o elo entre os dois grupos de Glândulas.

AS SUPRARRENAIS

Iniciaremos o estudo das Glândulas com as Suprarrenais. São duas Glândulas com o formato aproximado de barrete frígio cobrindo a parte superior dos rins. Identificam se facilmente pela sua gordura amarelada. Por séculos essas importantes Glândulas não foram reconhecidas como partes ou órgãos separados dos rins. Na infância e na juventude são relativamente maiores, mais proeminentes que no adulto. Em qualquer idade, a quantidade de sangue que passa pelas Suprarrenais é muito grande comparada com o seu tamanho. O grande valor dessas Glândulas não pode ser subestimado, a sua importância na economia do corpo será mais bem compreendida quando verificamos que a morte ocorre imediatamente após a possível ablação.

Cada Suprarrenal tem uma constituição dupla, composta de um córtex ou camada exterior e uma medula ou camada interna. O córtex é constituído do mesmo tecido existente nos órgãos masculinos e femininos de reprodução. O mesoderma que forma a camada média da célula embrionária é o folheto ancestral comum, o que demonstra quão intimamente estão relacionadas as Suprarrenais e os órgãos de reprodução.

A medula ou porção interior dessas Glândulas é desenvolvida a partir do ectoderma, camada ou folheto exterior da célula que forma o embrião. Esse é o mesmo tecido que forma o sistema nervoso simpático. O tamanho das Suprarrenais é variável, porém de um modo geral em relação a sua dimensão é de mais ou menos 7,5 cm de comprimento, 3,75 cm de largura com um peso de 7 gramas. Em relação aos seres humanos o seu córtex (camada exterior) é maior do que a dos animais.

O córtex da Suprarrenais contém bastante substâncias geradoras de fósforo da mesma espécie existente no sistema nervoso cérebro espinal, mais do que em qualquer outra Glândula ou tecido não nervoso do corpo. Durante a vida intrauterina as Suprarrenais são maiores e distintas. Na primeira metade do segundo mês são duas vezes maiores do que os rins. Esse tamanho relativamente grande (que se verifica apenas no feto humano e não nos animais) é devido a expansão do córtex. Se essa predominância do córtex sobre a porção medular não ocorresse no feto humano, isto é, se a proporção permanecesse como nos animais, o cérebro não se desenvolveria convenientemente e seria gerado um monstro sem nenhuma capacidade de entendimento.

A secreção do córtex é chamada cortina ou corticoesterona[4]. Esta secreção estimula um crescimento sadio do cérebro e das células sexuais, desenvolve grande concentração mental e vigor físico, gerando uma vigorosa constituição muscular e nervosa. Atua sobre a pigmentação da pele diminuindo sua sensibilidade à luz. Em certas doenças do córtex das Suprarrenais a pele torna se escura, pigmentada ou bronzeada, o que caracteriza a conhecida enfermidade de Addison. A cortina neutraliza os ácidos formados no corpo durante a digestão. Se tais ácidos não fossem neutralizados a vida dos tecidos terminaria rapidamente.

A remoção do córtex da Suprarrenal influi profundamente na química do sangue, notadamente no conteúdo dos cloretos do ácido fosfórico solúvel e íons ácidos (um íon compõe se de um ou mais átomos e transporta uma carga unitária de eletricidade ou força vital).

O córtex Suprarrenal tem íntima relação com a massa cinzenta do cérebro, com o sexo e a química do sangue. Um córtex defeituoso significa um cérebro e um sistema nervoso deficientemente desenvolvidos. Tão íntima é a relação entre o cérebro e o córtex que nunca se desenvolve um cérebro humano normal sem um córtex Suprarrenal normal. Note se que o córtex está também correlacionado ao sistema nervoso voluntário.

A medula ou parte interna das Glândulas Suprarrenais, contém numerosas células idênticas às do sistema nervoso involuntário ou simpático.

A secreção da medula é uma substância nitrogenada chamada Adrenalina, que é um poderoso estimulante do coração com efeitos restauradores sobre o corpo. A porção da Adrenalina contida na medula, no sangue saldo das Suprarrenais e na circulação em geral é mínima, na proporção de uma para vinte milhões, ao passo que a porção armazenada nas Glândulas em reserva, é cerca de cem mil vezes maior. As emoções, profundas causam abaixamento da adrenalina nas Glândulas e aumento no sangue. O desgosto, a irritação, especialmente o medo e a cólera, ocasionam uma descarga das Glândulas na circulação. O aumento de Adrenalina no sangue determina um enorme aumento de vigor e tensão do sistema nervoso. As células nervosas tornam se mais sensíveis ao estímulo, o fígado envia mais açúcar ao sangue, e maior número de glóbulos vermelhos no sangue entram na circulação vindo do fígado e do Baço. Provoca também uma redistribuição de toda massa sanguínea; grande quantidade de sangue é retirado das vísceras e mandada ao cérebro e aos músculos ligados ao esqueleto. O coração pulsa mais forte, os olhos podem ver melhor, a audição se apura, a respiração fica mais rápida, a temperatura sobe e a pele fica úmida e gordurosa. Em caso de medo os pelos se eriçam e os cabelos ficam em pé.

Esta Adrenalina extra no sangue produz uma ação reforçadora das propriedades nutritivas do sangue, do tônus dos músculos e da atividade do cérebro e do sistema nervoso simpático.

Enquanto as Suprarrenais estimulam os músculos externos, produz se efeito oposto nos órgãos digestivos: a digestão paralisa se, porque toda atenção do Ego fica inteiramente concentrada em outra linha de ação. Aliás, é suspensa a atividade de tudo que não tenha relação com aquilo em que, nesses momentos, o Ego se focaliza.

Em certas pessoas de meia idade uma elevada pressão sanguínea acompanhada de grande capacidade para o trabalho são consequências de um super-desenvolvimento do córtex da Suprarrenal. As Glândulas Suprarrenais, também chamadas as “Glândulas de combate” são masculinas nas suas manifestações. Na mulher em que se desenvolveu excessivamente o córtex da Suprarrenal há certo grau de masculinidade que, em maior ou menor grau, neutraliza a influência especificamente feminina da secreção interna dos ovários. Tais mulheres tem vigor e energia acima do normal e dominam posições de responsabilidade na sociedade, não apenas entre as mulheres, mas também entre os homens. Têm probabilidade de se tornarem políticos profissionais, advogados, banqueiros, capitães de indústria e diretores de negócios.

Em presença de uma crise, as Suprarrenais funcionam como Glândulas de combate. Quanto mais combativo for o indivíduo ou o animal, tanto maior atividade Suprarrenal terá. As Suprarrenais são Glândulas da energia, das emergências, da disposição.

A Adrenalina, a secreção da medula, é substância muito usada para a mobilização imediata da energia do corpo. Tem ação reforçadora sobre toda a organização física: aumenta o vigor, o estado de alerta, as atividades físicas e mentais, dá força no combate e rapidez no ataque.

A ação da Adrenalina é tão poderosa que em solução de 1 por 1 milhão, produz reação fisiológica. Seu efeito nos pequenos vasos sanguíneos é tão intenso que uma solução fraca, aplicada localmente, faz parar rapidamente uma hemorragia. É usada frequentemente em pequena cirurgia para prevenir excessiva perda de sangue, devendo as injeções ser repetidas por ser passageiro o seu efeito. Sendo a atividade da Adrenalina regulada pelo sistema nervoso simpático ou involuntário, a estimulação daqueles nervos ao longo da coluna vertebral aumenta a sua secreção. A repetida excitação, emoção, cólera, etc. podem exaurir a reserva de Adrenalina. Se, ante uma secreção insuficiente, não houver para as Glândulas se recuperarem um intervalo de tempo entre as solicitações de secreção, resultará deficiência temporária ou crônica das Glândulas. Em pessoa assim afetada, aparece a fadiga, sensibilidade ao frio, mãos e pés frios (alguns pontilhados de vermelho azulado) perda de apetite, de gosto pela vida e instabilidade caracterizada por indecisão, tendência a inquietação e para chorar à menor provocação.

A deficiência nervosa pode, algumas vezes, ser atribuída à falta de resposta das Suprarrenais às necessidades da vida diária. Em certos casos, perde se totalmente a elasticidade mental e física, e o menor esforço em qualquer direção causa tanto cansaço que se torna inútil. Algumas vezes em tais sofredores, obcecados pela ideia de que perderam completamente seus nervos, os acontecimentos mais triviais causam lhes enorme temor. Este estado vacilante da Mente é tão penoso que às vezes traz pensamentos de suicídio.

Em determinadas perturbações das Glândulas Suprarrenais, especialmente quando existem tumores que abastecem o sangue com doses maciças de secreção, aparecem fenômenos sexuais peculiares bem como anomalias e irregularidades no desenvolvimento geral. Se a doença está presente no feto, manifestando se antes do nascimento, pode desenvolver se a condição de pseudo-hermafroditismo (a pessoa, aparentemente, não realmente é hermafrodita. Isto se observa nos animais que têm Glândulas de um sexo enquanto os caracteres genitais opostos, no todo ou em parte, estão presentes). O indivíduo pseudo-hermafrodita, se mulher, apresenta em maior ou menor extensão, caracteres físicos e hábitos de outro sexo, o que faz ser tomado por um homem, embora, na realidade, seus órgãos geradores sejam os ovários, muitas vezes são só descobertos quando examinados durante uma operação ou autópsia.

Se o processo mórbido do córtex da Suprarrenal surge depois do nascimento, a simetria e harmonia dos órgãos sexuais primários e das características sexuais secundárias não são afetadas. Dá se, porém, uma curiosa aceleração da maturidade do corpo e da Mente provocando uma puberdade precoce e outros espantosos efeitos. Uma menina de dois, três ou quatro anos de idade, dentro de poucos meses após o aparecimento da doença, começa a manifestar crescimento e aparência de uma moça de 14 ou 15 anos. Desenvolvem se o físico, as qualidades mentais e os atributos de uma adolescente   uma criança enfeitiçada em púbere, por assim dizer.

Um garoto de 6 ou 7 anos pode tornar se rapidamente um homenzinho no decorrer de poucas semanas ou meses. Robusto, embora pequeno e atarracado, com bigode, com força muscular e capacidade sexual de um homem, com pensamentos de adulto. Um caso desses sucedeu com o menino Clarence Kehr de Toledo, Ohio. As Glândulas Tiroide e Suprarrenais entraram em atividade da noite para o dia e transformaram no de um menino comum em um jovem Sansão. Clarence nasceu em setembro de 1924 e até os 3 anos de idade foi aparentemente normal. Então, de um dia para outro, sua voz mudou de agudo infantil para barítono roufenho e seu corpinho começou a tomar aparência madura. Em breve tempo, começou a considerar como crianças seu irmão de 7 anos e sua irmã de 8, e procurava na vizinhança a companhia de rapazes de 14 e 15 anos. Clarence tinha enorme prazer por ter assim crescido, ter de se barbear, ser anormalmente forte a ponto de levantar 200 libras (90 quilos) de peso.

Os psiquiatras da Universidade de Michigan fizeram um estudo meticuloso do caso desse menino. Depois de lhe radiografarem a cabeça mais de uma dúzia de vezes e de sujeitá-lo à mais rigorosa observação durante vários dias, os cientistas chegaram à conclusão de que o estado do rapaz era devido “a alguma perturbação das Glândulas de secreção interna”.

Eis o resumo do estudo feito pelo Dr. Gordon Manac:

“Clarence Kehr, de 4 anos de idade, foi observado em nossa clínica e concluímos que esta criança é uma rara anomalia…. Os estudos radiográficos revelam que seus ossos têm a estrutura dos de um rapaz bem mais velho. Suas condições físicas aparentemente são excelentes. De acordo com nossos psiquiatras, tem inteligência acima da média…. Acreditamos que o estado desse rapaz é devido a alguma perturbação das Glândulas de secreção interna”. Durante a reunião dos doutores, Clarence estava no anfiteatro da Academia de Medicina. Para mostrar sua força, levantava facilmente grandes pesos e, enquanto os cientistas discutiam, distraia-se empurrando um grande piano no anfiteatro.

O Dr. Louis Berman discutindo casos semelhantes disse:

“Tudo se passa como se em um meio ou solução fermentescível, deixássemos cair um pouco de levedo que transformasse a calma quietude da sua superfície em uma agitação borbulhante, efervescente”.

“Parece, ao mesmo tempo, que a transformação da criança em homem ou mulher pode ser devida ao derramamento, no sangue e nos fluidos do corpo, de alguma substância que atue como o fermento na solução fermentescível. O córtex Suprarrenal é uma fonte de secreções internas ‘produtoras de maturidade’”.

“Seja agora o caso da perturbação das Suprarrenais começar depois da puberdade. Aparecem fenômenos semelhantes aos descritos, mas de ordem diferente. Se, por exemplo, uma mulher de 30 anos for afetada, lenta ou rapidamente seu corpo cobre se com abundantes cabelos; no rosto aparecem barba e bigode; a voz torna se grave e profunda; os músculos endurecem e mostrará capacidade para trabalhos físicos pesados. A menstruação cessa. Parece ter mudado de sexo, predominando em seu todo a masculinidade. Terá de barbear se regularmente e não se incomodará pela perda dos atrativos femininos porque a mudança da sua organização física tornou a imune aos desejos femininos. A causa de tal transformação, em uma mulher antes normal, pode ser devida a tumor no córtex das Suprarrenais”.

CAPÍTULO II – TIPOS DE PERSONALIDADES PRODUZIDOS PELAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

No caso do tipo puro, uma Glândula particular exerce influência dominante nos traços do indivíduo, seja em virtude de uma atividade insuficiente ou excessiva dela. Devido a esse fato, dita Glândula convertem-se em agente diretor, de maneira que todas as outras se acomodam sob seu domínio. Como é a principal entre todas, ela determina o crescimento e desenvolvimento das funções normais, sustentando o equilíbrio da energia; apresenta-se dominante em cada emergência por sua fortaleza ou debilidade, criando desta maneira o tipo próprio de indivíduo com as características e atributos que correspondem a si mesmo. As Glândulas chamadas do tipo puro são: as Suprarrenais, a Tiroide, a Pituitária, a Pineal e a Timo.

Com um pouco de prática pode-se identificar um tipo glandular com facilidade, observando-se o cabelo, o temperamento, o peso, suas inclinações sociais, e a tendência para uma determinada enfermidade. Os vários tipos diferem entre si da mesma forma em que diferem os aspectos de animais de uma mesma espécie, pois ninguém confundirá um mastim com um buldogue, ou um fox-terrier com um dachshund[5]. Cada um tem um tamanho e forma distintos, traços característicos, constituídos e dispostos da mais eficiente maneira no sentido de desempenhar seu próprio destino. Graças a isso é legítimo se falar de pessoas de um tipo glandular.

As diferenças são menos acentuadas entre os tipos mistos e, por essa razão, mais difíceis de classificarem. Neles há como que um conflito e, naturalmente, a ação conjunta das diferentes Glândulas, dá origem a uma considerável modificação das características primárias. Em alguns casos não somente duas, mas mesmo três Glândulas de secreção interna esforçam-se pela supremacia, cujas atividades conjuntas determinam uma modificação na aparência glandular primitiva. Uma acomodação então torna-se necessária. Também é possível que um indivíduo esteja sob a regência de uma Glândula durante um período de sua vida e, mais tarde, sob o domínio de outra. Em tais casos a Glândula que regeu primeiramente, deixará seus traços em desenvolvimentos posteriores, ao passo que novos indícios mostrarão a influência mais recente. Algumas combinações glandulares são possíveis, a saber: tipo Suprarrenal-Tiroide, tipo Pituitário-Suprarrenal, etc.

A PERSONALIDADE DO TIPO SUPRARRENAL

O rosto Suprarrenal é, amiúde, escuro com sardas, tendendo a ser largo e irregular e a cabeça quadrada. Em virtude da linha da região dos cabelos serem baixa, a fronte aparece baixa, sendo considerável a quantidade de pelos que crescem nas maçãs do rosto. A pele é uma das principais características da Personalidade Suprarrenal. A epiderme é sempre mais ou menos pigmentada, em virtude da existência de matéria marrom escura existente na pele de intensidade variável. É fato bem conhecido que a pele pigmentada tem uma relação com a reação que a luz exerce sobre o organismo, especialmente em raios ultravioletas e a radiação do calor e, portanto, com a produção e dispêndio fundamentais de energia pelas células. O cabelo do tipo Suprarrenal é profuso, espesso, duro e grosseiro, mais proeminente no peito, no abdômen, e nas costas com tendência a carapinha, tendo muitas vezes cores incomuns, isto é, num italiano pode ser amarela, num norueguês preto azeviche. Os indivíduos do tipo Suprarrenal têm dentes marcadamente caninos. Com uma cooperação acentuada da Tiroide e Pituitária, a Personalidade Suprarrenal estará de posse de um vigor surpreendente, de energia e persistência, chegando por isso a possuir uma Personalidade progressiva, e um lutador triunfante que raramente deixa de atingir seus objetivos.

Entre as mulheres o “tipo Suprarrenal” é sempre masculinizado. Se uma dessas mulheres é fisicamente feminina, devido reações femininas adequadas da parte de outras Glândulas, demonstrará pelo menos qualidades viris de domínio. Há algumas poucas décadas passadas, tais mulheres teriam reprimido seus desejos inerentes de ocupar posições públicas, porém, atualmente, elas estão começando a desempenhar cargos de responsabilidade que lhes proporcionam salários elevados; eis porque o Dr. Berman sugere que a primeira mulher a se tornar presidente será, provavelmente, uma do tipo Suprarrenal. Certamente os indivíduos desse tipo são bons trabalhadores e diretores eficientes. São bem-sucedidos pela razão de que têm dentro de si uma força que os impele, que os incita a avançar em direção daquilo que desejam. O Presidente Harding[6] foi tipicamente um Suprarrenal masculino, e Carrie Nation[7] um exemplo excelente do tipo feminino.

Exemplo de uma pessoa predominante Suprarrenal masculino: presidente do EUA Harding

O tipo Suprarrenal insuficiente é formado ao longo das mesmas linhas que o Suprarrenal normal, e facilmente pode ser confundido com este, porém contrasta e difere notavelmente sob a superfície ou aparência. É talvez a mais frequente variedade do neurastênico. É débil, preguiçoso e irritadiço, pouco desejo de se alimentar, e carente de reações de toda espécie de estímulo. A indecisão crônica é um dos traços proeminentes. Entre seus principais dissabores situam-se a fadiga, proveniente da baixa pressão sanguínea e insuficiente temperatura corporal, acrescidos da incapacidade subnormal de utilização do açúcar para fins de combustão interna. As crianças que têm suprimento insuficiente das Suprarrenais não podem aprender com facilidade; seu crescimento é lento, não podendo ser impelidas ou apressadas. Muitas vezes aqueles que carecem da secreção da Suprarrenal, antes da puberdade, despertam a boa energia quando as outras Glândulas endócrinas se desenvolvem, especialmente as Glândulas sexuais. Portanto, as perspectivas para esses desafortunados não são de desesperanças.

O temor e a ira excitam as Glândulas endócrinas desnecessariamente, e a indulgência frequente, em relação a qualquer dessas emoções, debilita a eficiência delas. Daí, então, se um esforço não se fizer a fim de dar-lhes uma oportunidade para recuperação, essa condição anormal eventualmente desenvolver-se-á num estado de insuficiência Suprarrenal permanente, ficando o indivíduo na mais penosa condição física e mental. O otimismo, o bom humor e a fé em Deus, vivificarão e fortalecerão as Glândulas Suprarrenais, as imbuindo de poder e suficiência.

Em relação à atividade das Glândulas endócrinas, Max Heindel diz: “A ciência está gradualmente aprendendo as verdades que previamente foram ensinadas pela ciência oculta. Sua atenção está sendo mais e mais dirigida para as Glândulas endócrinas, as quais dar-lhe-ão a solução para muitos mistérios. Porém, não parece que esteja ainda consciente da existência de uma conexão física entre o Corpo Pituitário, o órgão principal de assimilação e, portanto, do crescimento, e as Suprarrenais que eliminam o supérfluo e assimilam as proteínas. Estas estão também conectadas com o Baço, a Timo e a Tiroide. Sob o ponto de vista astrológico é significativo que o Corpo Pituitário é regido por Urano, que é a oitava superior de Vênus, o regente do plexo solar, onde está localizado o Átomo-semente do Corpo Vital. Dessa maneira, Vênus guarda o portal do Fluido Vital Solar que vem diretamente do Sol através do Baço, ao passo que Urano é a sentinela do portal onde penetra o alimento físico. É a fusão dessas duas correntes que produz o poder latente que está armazenado em nosso Corpo Vital até converter-se em energia dinâmica pelo desejo marciano natural”.

CAPÍTULO III – O BAÇO – TIPOS DE PERSONALIDADE PRODUZIDA POR ELE

O Baço é a maior das Glândulas endócrinas. Está situado do lado esquerdo ao lado da grande curvatura do estômago, entre este e o diafragma. Tem o formato de uma fava de cor vermelho azulado escuro. Têm 180 a 200 gramas de peso, uns 13 cm de comprimento e 8 cm de largura. É macio, esponjoso e frágil. Normalmente, com os movimentos da respiração desloca se dentro de certos limites. Pode aumentar muito de tamanho em certas doenças como febre tifoide ou malária, ou em doenças do próprio órgão como a leucemia, afecção em que o número de corpúsculos brancos do sangue aumenta enormemente bem como o Baço. O aumento do Baço nas crianças é devido à sífilis, o que se dá, muitas vezes, na idade de dois a três meses. O Baço sempre se dilata durante a digestão. Essa Glândula é alimentada pela artéria esplênica e suas veias desembocam na veia porta que por sua vez descarrega no fígado.

No embrião, o Baço forma-se mais ou menos na 51ª semana, a partir do mesoderma, ou o folheto médio da célula embriônica. É quase inteiramente circundado pela membrana do peritônio e é mantido em posição por dois envoltórios desse tecido. É envolvido por duas membranas, uma externa úmida e fibrosa e outra interna, elástica. A membrana externa é delgada e lisa. A secreção do Baço é chamada hemolisina, que é a controladora da destruição dos elementos do sangue e tem efeito estimulante no movimento normal dos intestinos, havendo casos de constipação crônica que se curam pelo uso dessa secreção. Os vasos sanguíneos, linfáticos e os nervos entram e saem de uma depressão da parte interna do Baço, chamada “hilo”.

O Baço fabrica os corpúsculos brancos do sangue, armazena o ferro e tem grande influência no sistema nervoso (controla a absorção do Fluido Vital Solar do açúcar que percorre os nervos), auxilia a digestão absorvendo o Fluido Vital Solar do Sol durante esse processo. A remoção do Baço não é fatal. Depois da remoção realiza-se um desenvolvimento das Glândulas linfáticas que tomam a si o trabalho físico do Baço. O Baço etérico não se desintegra simultaneamente com o órgão físico amputado, mas permanece e desempenha suas funções vitais como antes. O Baço é a porta de entrada das forças solares que vitalizam o Corpo Denso. Sem esse elixir da vida nenhum ser pode viver. A partir do Baço essa força solar é enviada ao plexo solar, onde se encontra com o Éter que foi extraído do sangue no coração, o qual tão logo tenha sido extraído flui ao longo do cordão prateado para o plexo solar onde o Átomo-semente do Corpo Vital está localizado. Esse Átomo-semente parece ter o mesmo efeito sobre o Éter como um prisma tem em relação à luz, porque o fluxo etérico refrata-se nas três cores primárias: o vermelho, amarelo e o azul. Nas pessoas que vivem apenas a vida material predomina o vermelho, mas à medida que o indivíduo avança espiritualmente toma se notável o amarelo e, depois, o azul. O fluxo vermelho mistura se com o fluxo solar incolor que constantemente aflui para ao plexo solar por intermédio do Baço. É o agente que muda esse fluido solar incolor naquela cor rosa pálido que dá ao Corpo Vital esse tom delicado da flor do pessegueiro recém-aberta. Do plexo solar esse fluido energético flui ao longo dos filamentos que compõem o sistema nervoso e desse modo ele permeia cada parte do Corpo Denso, energizando cada uma das células com a sua vida força.

Quando uma pessoa está com boa saúde, essa vida energia é especializada pelo Baço e extraída do sangue em tão grande quantidade que, não podendo ser usada pelo organismo, irradia-se pelos poros da pele em linhas retas. Essa força irradiante excessiva arrasta consigo os gases venenosos, os micróbios inimigos e as substâncias inúteis, contribuindo, dessa maneira, para a conservação da saúde do Corpo Denso, evitando, ainda que exércitos de germes de enfermidades que enxameiam a atmosfera penetrem no Corpo Denso. Assim o fluido entérico cumpre um alto e benéfico propósito mesmo após ter sido usado ao retomar a seu estado primitivo.

O Clarividente treinado muitas vezes observa uma curiosa e surpreendente visão quando, ao observar as partes expostas do corpo, tais como o rosto e as mãos, vê começar a fluir por elas um facho de estrelas, cubos, pirâmides e grande variedade de outras figuras geométricas. Cada uma dessas figuras afasta-se a pouca distância do indivíduo e logo desaparece. Sua cor é azul ametista (arroxeado).

Após as refeições a força vital atraída pelo Baço é consumida pelo organismo em grandes quantidades. Os dois Éteres inferiores, o Químico e Vital, contêm o elemento estruturador que as forças da natureza (os Espíritos da Natureza), os chamados mortos, os espíritos Lucíferos e os Mestres das mais elevadas Hierarquias Criadoras empregam no processo de assimilação do alimento pelo Corpo.

Quando a alimentação é pesada ou excessiva, o fluxo do Fluido Vital Solar diminui perceptivelmente. Então a limpeza do Corpo Denso não é feita tão apropriadamente como quando a alimentação foi completamente digerida, nem o fluxo vital que se liberta do corpo é suficientemente poderoso para evitar o ataque de germes de enfermidades, o que explica por que as refeições copiosas tornam a pessoa mais sujeita a resfriar-se ou a adoecer. Na doença, o Baço fornece ao Corpo Vital muito pouca energia solar. Nesse estado parece que o Corpo Denso se alimenta do Corpo Vital, tornando o mais transparente e extenuado, resultando para o Corpo Denso um estado de fraqueza e emaciação. É fácil aparecerem complicações doentias, pois as condições vitais de limpeza estão quase inteiramente ausentes durante a enfermidade.

Quando alguma parte do corpo ou qualquer órgão são removidos, deixando de haver uso da contraparte etérica, desintegra-se gradualmente essa parte do Corpo Vital. Entretanto, no caso da ablação do Baço, tal consequência não se dá, cabendo a essa Glândula a tarefa de cumprir um grande trabalho. Por isso, se o Corpo Denso deve viver, o Baço etérico precisa permanecer intacto a fim de continuar o seu serviço, isto é, atrair força ou energia solar para o Corpo Denso.

As Glândulas são produtos do Corpo Vital, mas o Corpo de Desejos apropriou-se do Baço e nele produz os corpúsculos brancos. Esses corpúsculos brancos são destruidores, e são usados pelo Corpo de Desejos, levando-os por intermédio do sangue por todo o Corpo Denso. Ao atravessarem as paredes das artérias e das veias nos momentos de aborrecimento e especialmente nos de grande irritação, a impetuosidade das forças no Corpo de Desejos dilata as artérias e as veias, abrindo caminho aos corpúsculos brancos, através das finas paredes desses vasos sanguíneos dilatados, para os tecidos do corpo, onde formam bases de matéria terrosa destruidoras do Corpo Denso. O Corpo de Desejos constantemente está destruindo os tecidos do Corpo Denso que o Corpo Vital reconstrói. Dessa luta entre eles resulta a consciência no Mundo Físico. As forças etéricas no Corpo Vital agem de modo a converter, tanto quanto seja possível, o alimento em sangue, o mais elevado produto do Corpo Vital.

Os corpúsculos vermelhos do sangue são discos, côncavos em ambos os lados, não tendo núcleos. Têm a missão de oxigenar todo o organismo, ao passo que os corpúsculos brancos são de formato irregular, nucleados, com movimento parecido ao das amebas.

A forma pela qual o Corpo de Desejos opera na formação dos corpúsculos brancos do sangue, no Baço, é a seguinte: maus pensamentos, o medo e a cólera interferem na atividade e vaporizadora no Baço, daí então o Corpo de Desejos aproveita a oportunidade para formar uma partícula de plasma, material viscoso de uma célula animal, a qual se torna o fundamento do corpúsculo branco. Este é imediatamente atraído por um pensamento Elemental que dele se apropria, forma um núcleo e nele se incorpora. Depois, o elemental inicia uma vida de destruição, unindo-se a produtos nocivos e a elementos em decomposição onde quer que se encontre no corpo, fazendo dele um cemitério em vez do templo de um Espírito interno. Cada corpúsculo branco formado e apossado por uma entidade exterior é, para nosso Espírito, uma oportunidade perdida. Quanto mais oportunidades perdidas existam no Corpo Denso, tanto menos esse veículo estará sob o controle do Ego. Os corpúsculos brancos estão sempre presentes em grande número em todas as enfermidades.

A PERSONALIDADE DO TIPO BAÇO

O Baço não tem uma Personalidade típica. Contudo, considerando-se o fato que às refeições é atraída uma considerável quantidade de força solar, bem como durante a digestão, o “gourmand” pesadão e gordo, poderia ser tomado como um tipo representativo a desenvolver-se, se o apetite não for controlado. Contudo, se houver controle do apetite por parte da pessoa, um tipo superior, forte e potente, poderá desenvolver-se.

CAPÍTULO IV – A GLÂNDULA TIMO – A GLÂNDULA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A Glândula Timo está situada no peito, entre os dois pulmões, e por trás do esterno. Projeta-se para baixo, cobrindo a parte superior do coração, envolvendo os grandes vasos na parte de cima. É uma massa pardacenta que, ocasionalmente, quando é cortada, tem a aparência de uma moela.

Situa-se sobre a traqueia, aparecendo como um crescimento da terceira bolsa da faringe (uma cavidade tubular no canal alimentício que começa na parte anterior da boca). Alcança seu maior tamanho no início da puberdade, pesando na ocasião do nascimento 14 g. Sua largura é de 3,75 cm e o comprimento é de 5 cm. Atinge o ponto de dissecação aos vinte e um anos. Seu desaparecimento gradual, subsequentemente, é assinalado pela perda da estrutura glandular que é substituída por um tecido fibroso e adiposo. Vestígios do tecido característico Timo, entretanto, persiste bem como certas células segregado sãs que assim permanecem durante toda a vida.

No passado, acreditava-se que a Glândula Timo se atrofiava na puberdade, porém atualmente sabe-se que suas células secretoras continuam em manifestação durante toda a vida. Quando tais células são muito numerosas a Glândula se torna de cinco a dez vezes maior do que a normal e um número de outros aspectos faz-se proeminente, dotando o indivíduo com características extraordinárias, fazendo-a vítima do “estado tímico”. Tal fato será exposto na série de lições que trata da “Personalidade Timo”. É exato que o Timo é a Glândula que faz as crianças pueris e, por vezes, os adultos infantis. Entre as artérias que nutrem a Glândula Timo há ramos das artérias mamárias, o que indica a estreita relação existente entre a mãe e o filho. Os minúsculos nervos vêm do sistema nervoso simpático e do 10º nervo craniano ou nervo pneumogástrico.

Durante a infância, o Timo é o órgão que promove o crescimento dos ossos, porém, na puberdade, o decrescimento inicia-se, admitindo-se que as Glândulas sexuais, despertadas nesse período, exerçam sobre o Timo uma influência refreadora.

Crê-se que a secreção da Glândula Timo que se chama Timovidina seja responsável pelo crescimento das crianças. Quando o Timo com um tamanho acima do normal apresenta-se num recém-nascido, o processo de respiração, isto é, a introdução do oxigênio contido no ar, na criança, torna -se algo difícil e prolongado. Tais crianças nascem azuis, como se diz. Durante dias a respiração é ruidosa, com um tom sibilante, normalizando por algum tempo, para, posteriormente, surgirem espasmos respiratórios ou sintomas de asfixia, acompanhados de manchas azuis na pele e ameaça de morte.

Há casos em que esses espasmos aparecem depois de a criança parecer perfeitamente saudável. Tal situação prende-se ao fato de o Timo avolumar-se, o que poderá ser aliviado pela aplicação de Raio X ou pela ablação cirúrgica de uma de suas partes.

Quando o corpo de uma criança sofre de desnutrição, produz-se um rápido declínio no peso do Timo, o que prova que o tamanho e demais particularidades do Timo de uma criança são índices do seu estado de nutrição. Nesse sentido provou-se que, mantendo a subalimentação durante 4 semanas, o Timo se reduziu de 1/3 do seu tamanho normal.

A Glândula Timo parece agir como um órgão de armazenagem e reserva, oferecendo alguma proteção contra a limitação do crescimento devido à falta de alimentação. É fato interessante que, no caso de enfermidades esgotadoras e depauperadoras, o peso dessas Glândulas desce muito mais rapidamente que o de qualquer outra Glândula. Há casos comprovados de crianças que crescem alguns centímetros e expandiram suas condições mentais ao serem tratadas com Timovidina, quando outras providências falharam. Na França foi feito um estudo em mais de quatrocentas crianças idiotas possuidoras de Glândulas Tiroides normais. Verificou-se que mais de 3/4 do número desses infelizes não tinham Glândulas Timo.

A secreção do Timo controla de forma definida o crescimento dos ossos e o metabolismo muscular durante o período infantil. Essa Glândula tem influência particular no desenvolvimento do córtex da Suprarrenal (a parte exterior dela) na Glândula Pineal, na Tiroide e na Próstata. A injeção de Timovidina alivia notoriamente a fadiga dos músculos voluntários.

A remoção da Glândula Timo de um animal jovem e pequeno interfere em seu crescimento normal, surgindo um anão e consequente alteração no desenvolvimento do esqueleto, idêntica à que caracteriza o raquitismo. Os ossos ficam moles, vergadiços e fraturam-se facilmente. Entretanto, no caso de regenerarem-se pequenos pedaços do Timo que tenham ficado da operação, os aludidos sintomas desaparecem e o animal volta à normalidade.

O Timo cresce rapidamente durante os primeiros dois anos de vida da criança. Razão disso é que a criança é então amamentada e o Éter de Vida contido no leite materno especialmente favorece o crescimento desse órgão. A Glândula Timo das crianças amamentadas com leite humano é sempre de maior tamanho do que a das crianças amamentadas com leite animal. Constata-se, também, que as crianças amamentadas com leite humano respondem mais ao controle da sua nutriz do que ao controle de qualquer outra pessoa. Após o desmame, os átomos da Glândula Timo que se desintegram circulam na corrente sanguínea, e como estão impregnados pelo Éter de Vida da mãe, obtido durante a amamentação, a íntima ligação entre eles permanece até que se dê a diminuição sensível na Glândula. As crianças alimentadas com leite humano têm maior vitalidade do que as alimentadas com leite animal, porque o Éter animal não é absorvido permanentemente pela Glândula Timo tal como é o Éter humano.

A criança não fabrica os próprios corpúsculos vermelhos de sangue, como fazem os adultos. A razão disso é que o polo positivo ou a energia do Corpo de Desejos da criança é comparativamente inativo; consequentemente, esse veículo não atua como uma via para as forças (Marcianas) que tomando o ferro do sangue transformam-no em Hemoglobina (a substância de coloração vermelha dos corpúsculos sanguíneos). Para compensar essa inatividade, existe na Glândula Timo da criança uma essência espiritual que é tomada dos pais no ato da concepção. Essa substância completa a alquimia do sangue temporariamente para a criança até que o seu Corpo de Desejos se torne dinamicamente ativo, o que se dá por volta dos quatorze anos de idade.

A Glândula Timo controla o crescimento físico das crianças, cujo máximo é atingido aproximadamente aos 14 anos. Durante esse tempo, essa Glândula mantém as outras Glândulas inativas, retarda a puberdade e estimula o desenvolvimento normal do cérebro. Há casos, contudo, em que, devido à enfermidade das Suprarrenais, o cérebro e os órgãos geradores amadurecem em poucas semanas ou meses, antes que o corpo se desenvolva normalmente. A paralisação do crescimento deixa o corpo pequeno, de pequena estatura, todavia simétrico. Podem surgir casos excepcionais, entretanto a Glândula Timo evita o aparecimento de tais fenômenos.

Quando a ação da Glândula Timo persiste depois da puberdade em tempo demasiado, chegando a ser de 5 a 10 vezes maior do que o normal, estamos perante um caso de “status thymicus” que é uma condição interessante em que a pessoa, se masculina, tende a exteriorizar a expressão feminina e, se feminina, a expressão masculina. Em outras palavras, causa uma suspensão da masculinidade ou da feminilidade, conforme seja o caso, algumas vezes resultando o peculiar complexo do homem desejar mais a associação com homens do que com mulheres e, vice-versa, as mulheres preferirem a associação com mulheres, em vez de homens. Isto levado a extremos pode converter se em narcisismo, o amor por si mesmo. Tais pessoas usam continuamente o pronome “eu”, gostam de se mirar nos espelhos, deleitam-se em admirar suas mãos, seus pés e todo seu corpo, podendo ser vistas, com frequência, acariciando-se ternamente e sorrindo docemente para sua própria imagem refletida. Por vezes, têm irresistível desejo de vestir roupas do sexo oposto. Algumas satisfazem-se com uma ou outra peça de vestuário, mas outras substituem todos os seus trajes e passam como membros do sexo oposto. Essas pessoas não são pseudo-hermafroditas porque têm desenvolvimento sexual perfeitamente normal. Cita se o caso de um homem que, tendo vivido 48 anos vestido com vestes masculinas, mudou para vestes femininas até sua morte, 35 anos depois. Durante todo este segundo tempo de sua vida foi aceito na sociedade como mulher. Somente a autópsia revelou que, sexualmente, “ela” era realmente “ele”, um homem normal. Esse tipo de indivíduo é incompreendido e mal julgado. São geralmente desajustados na sociedade, de que resulta tornarem-se muitas vezes desanimados e sem coragem, entregando-se ao uso do álcool ou aos entorpecentes e eventualmente praticam o suicídio. Entretanto, há indivíduos desse tipo que depois de uma vida tempestuosa pela casa dos vinte anos, adaptam-se ao seu ambiente pelos trinta anos, porque a Pituitária e a Tiroide tornaram-se mais predominantes, dando maior estabilidade mental e equilíbrio. Em alguns em que o Timo é o centro de direção, combinam o brilho com a instabilidade, tornando-se aventureiros famosos e incansáveis experimentadores.

O coração do tipo tímico é pequeno e os vasos sanguíneos notadamente frágeis. Isso, numa emergência, pode limitar o afluxo do sangue e, em consequência, tais pessoas podem morrer subitamente de ruptura de vasos, causada pelo excessivo afluxo do sangue a vasos débeis. Um choque súbito, um susto ou a administração de um anestésico podem produzir um colapso que, as mais das vezes, termina em morte.

TIPO DE PERSONALIDADE TÍMICA

Ao tempo do aparecimento dos dentes permanentes, o Timo é a Glândula dominante e é de notar que a forma física das crianças, em ambos os sexos, é muito semelhante. Depois disso há uma diferenciação gradual, sem distinção física acentuada até a puberdade. Iniciada esta, a função do Timo diminui gradativamente e outras Glândulas aumentam de atividade. Porém, muitas vezes, a ação da Glândula não cessa, casos em que os indivíduos têm toda a vida dominada por essa Glândula. Tais pessoas pertencem ao tipo tímico centralizado. Suas formas continuam redondas e infantis. As crianças pertencentes a esse tipo são bem proporcionadas, perfeitamente formadas com feições delicadas. A pele é transparente e cora com facilidade; o cabelo é longo e sedoso. Tais crianças são a incorporação da beleza. Crianças angelicais admiradas por todos, mas, não estando aptas para enfrentar os ásperos conflitos da vida, geralmente morrem jovens.

O tipo tímico é essencialmente feminino. O corpo, algumas vezes de estatura média e outras vezes alta, é todo graciosamente conformado, de membros roliços. A pele é fina, delicada e aveludada, cabelos macios e sedosos. Pouca ou nenhuma barba, feições delicadíssimas, magnificamente proporcionadas, olhos azuis ou castanhos, longas pestanas, lábios finos e o rosto oval. Por vezes, no adulto, o queixo não é bem formado, os dentes têm a brancura do leite, são finos e translúcidos com bordos serrilhados ou com a forma de crescente lunar.

Esse tipo de indivíduo, reiteramos, não tem grande resistência, e, portanto, deve ter o máximo cuidado com seu Corpo Denso.

CAPÍTULO V – A GLÂNDULA TIREOIDE – A GLÂNDULA DA ENERGIA

A Glândula Tiroide[8] consiste em duas massas de cor marrom, situada na parte superior da traqueia e junto à laringe, ligada logo abaixo ao pomo de Adão por um estreito istmo do mesmo tecido. A Tiroide surge do mesmo tecido e quase do mesmo ponto que o lóbulo anterior do Corpo Pituitário, pesando aproximadamente 28,4 g. Cada lóbulo da Tiroide tem em torno de 5 cm de comprimento, 2,5 cm a 3,75 cm de largura e 1,9 cm de espessura. Essa Glândula é um dos primeiros órgãos a distinguir-se no embrião humano, começando primeiramente como um sulco no fundo da boca por volta da terceira semana de vida do feto. Ao alcançar 0,62 cm no embrião, o tecido da Tiroide se separa e o sulco fecha-se.

A importância da Tiroide é acentuada pela riqueza de sua circulação. Essa Glândula recebe aproximadamente quatro vezes mais sangue, em proporção ao seu tamanho, do que os rins, os quais se destacam pelo seu alto grau de atividade funcional. É mais pesada na mulher do que no homem, tornando-se maior durante a excitação sexual, na menstruação e na gravidez. De acordo com uma notável autoridade, Gaskill[9], a Tiroide foi uma Glândula sexual. O Dr. Berman diz: “Tanto nos vertebrados inferiores como nos invertebrados superiores os tecidos dessa Glândula estão intimamente conectados com os condutos dos órgãos sexuais. São na verdade órgãos sexuais acessórios, Glândulas uterinas, satélites do processo sexual. Do Petromyzon (lampreia)[10] para cima, seu relacionamento se perde. A Tiroide emigra mais e mais para a região da cabeça, a fim de se tornar o grande elo entre o sexo e o cérebro”.

Max Heindel diz: “Durante os primeiros estágios da Época Hiperbórea, quando a Terra ainda estava unida ao Sol, as forças solares eram o suprimento do homem, o qual, inconscientemente, irradiava o excesso dessas forças recebidas, para fins de propagação”.

“Quando o Ego entrou em seus veículos, tornou-se necessário usar uma parte dessa força para construir o cérebro e a laringe que era originalmente uma parte dos órgãos geradores. A laringe foi construída enquanto o Corpo Denso era encurvado numa forma de bolsa como já foi descrita, a qual é ainda a forma do embrião humano. Quando o Corpo Denso se tornou reto, parte do órgão criador permaneceu na parte superior do corpo tornando-se mais tarde a laringe”.

“Assim a força criativa dual, que num determinado tempo foi usada somente numa direção, para criar outro ser, dividiu-se. Uma parte dirigiu-se para cima para criar o cérebro e a laringe, por meio dos quais o Ego é capaz de pensar e comunicar seus pensamentos a outros seres”.

“Como resultado dessa transformação, somente uma parte da força essencial para a criação de outro ser ficou de posse para um indivíduo, daí a necessidade de cada indivíduo procurar a cooperação de outro que possuísse a parte da força procriadora que carecia”.

“Assim, a entidade em evolução obteve a consciência cerebral do mundo exterior à custa da metade de seu poder criador. Anteriormente a esse tempo ela usava internamente ambas as metades ou partes desse poder para exteriorizar outro ser, porém, como resultado dessa modificação, desenvolveu o poder de criar e expressar o pensamento. Antes disso ela era um criador no Mundo Físico somente, desde então tornou-se apta a criar nos três Mundos”.

Uma comparação das descobertas feitas pelos modernos cientistas e daquelas realizadas pelos investigadores ocultistas, acima expostas, revelam uma pasmosa corroboração relativa à recente formação dos órgãos procriadores da raça humana. Max Heindel disse no Conceito Rosacruz do Cosmos que o ocultista acolhe com júbilo as descobertas da ciência moderna, porque invariavelmente corroboram o que a ciência oculta há longo tempo vem ensinando, sendo um fato digno de nota que quase diariamente um estudante esmerado lê algo a respeito de uma descoberta científica que vem provar uma afirmação particular registrada há longo tempo nos escritos dos nossos mais adiantados cientistas ocultistas.

É crença dos mais eminentes biologistas que a Tiroide desempenhou uma parte importantíssima na transformação das criaturas marítimas em animais terrestres. Experimentalmente a Tiroide foi usada para transformar uns em outros. Há uma pequena Salamandra que vive n’água e que respira por meio de guelras. Alimentando-se esse animal com Glândula Tiroide, opera-se uma mudança rapidamente, surge de uma Salamandra da água, uma Salamandra terrestre.

Tanto a Tiroide como sua secreção, são usadas na medicina. A secreção dessa Glândula é chamada Tiroxina. Trata-se de uma substância gelatinosa contendo uma grande porcentagem de Iodina, bem como Arsênico e Fósforo. A Tiroxina depende da Iodina para sua atividade. Há outras substâncias na secreção da Tiroide com funções próprias, porém as atividades delas são secundárias e obscuras. A Tiroxina produz resultados em pacientes em doses extremamente pequenas comparadas com a quantidade da Glândula toda. Além disso, uma dose de Tiroxina parece permanecer num organismo necessitado dela por um período de tempo maior, ao passo que a totalidade da Glândula tem de ser administrada continuamente.

A Tiroide é uma Glândula de energia. Sua secreção é a controladora do ritmo do viver, de tal modo que quanto menor seja a quantidade de secreção tanto menor será o nível de atividade. E, por assim dizer, a rapidez com que se produzem as reações químicas que constituem os processos da vida dependem da Tiroide. Quando as reações se aceleram, o oxigênio e a matéria alimentar se oxidam, portanto, libertam mais energia e o indivíduo pode pensar e sentir, ver e atuar mais rapidamente. A Tiroide parece mesclar mais oxigênio com as células alimentares e ao mesmo tempo libertar energia para ser usada como calor, movimento e outras necessidades. O Dr. Plummer[11] demonstrou que um aumento de Tiroxina dobra o aumento de energia numa determinada unidade de tempo. Isso nos dá uma ideia do poder dessa secreção interna e de sua importância para a vida normal. Para ser exato, um miligrama de Tiroxina aumenta a ação do metabolismo em dois por cento. Quando a Tiroxina é administrada em apenas uma dose, observa-se uma diminuição lenta de absorção dela pelos tecidos, assim mesmo não alcança o máximo efeito senão no décimo dia. Seu efeito continua por mais dez dias, aproximadamente. Daí então haverá uma diminuição de intensidade por outros dez dias. De acordo com a extensão do tempo uma simples dose de Tiroxina atua no organismo, aproximadamente, durante três semanas. Qualquer perturbação na secreção da Tiroide em quantidade maior ou menor ou ainda em relação à qualidade, isto é, uma mudança anormal em sua composição química, produz severos transtornos, os quais se tornam uma carga para si mesmo e para os outros.

Não é somente o grau de tensão da energia nas células do organismo que é controlado pela Tiroide, mas a mobilidade dessa energia, pois sem a secreção dessa Glândula, o rendimento de grandes e rápidas flutuações de energia, a sua elasticidade, flexibilidade e mobilização para a execução de um rápido ato muscular, numa emergência, seria completamente impossível.

A Glândula Tiroide é a mais importante Glândula do corpo, pela razão de que ela controla o crescimento do Corpo Denso, o desenvolvimento mental e está intimamente relacionada com as outras seis Glândulas que estamos considerando. É o grande elo entre o cérebro e os órgãos geradores, nela se processando a secreção necessária ao equilíbrio do cérebro.

Duas das principais doenças relacionadas com a Glândula Tiroide são o cretinismo e o mixedema. Ambas são causadas por conexão imperfeita entre o cérebro e o Corpo Vital, a qual impede a Tiroide de secretar a Tiroxina que a conectaria com o cérebro e os órgãos geradores. O cretinismo é o idiotismo infantil. A mesma doença é chamada de mixedema, no adulto.

Uma criança pode nascer cretina como resultante de uma deficiência de Tiroxina ou pode desenvolvê-la em qualquer tempo depois do nascimento. Uma criança pode nascer aparentemente normal, com exceção do nariz que será um pouco mais achatado do que o comum. Pode ter sonolência anormal, maior do que as crianças normais, durante o primeiro ou segundo mês, e não acordar espontaneamente para comer. Depois de alguns meses, nota-se que não acompanha o crescimento normal, física e mentalmente. Ao exame, revela-se um curioso engrossamento dos rebordos dos dentes. Então a língua se torna anormalmente espessa e proeminente, sobressaindo da boca continuamente, dificultando a respiração quando a criança está deitada. A boca está sempre cheia de saliva, a pele adquire um amarelado ou cor de cera, é seca, áspera escamosa e tumefeita. Os olhos lacrimejam e as pálpebras engrossam, o achatamento do nariz se pronuncia e suas asas engrossam; as orelhas são grandes e eretas; o cabelo afina; as sobrancelhas e as pestanas escasseiam e, por vezes desaparecem; as unhas ficam curtas, finas e quebradiças; os dentes demoram a aparecer, limitando-se, por vezes, a meras e poucas pontas curtas, e irregulares que rapidamente caem. Todo o crescimento é lento e desproporcionado. O tronco, bem pequeno se comparado com a cabeça, parece maciço se comparado com as diminutas dimensões das extremidades. As costas se acorcovam, arqueando-se na região lombar; o abdômen salienta-se como um pequeno balão, havendo às vezes hérnia umbilical. Os pés e as mãos são desajeitados, largos e grossos, os dedos rijos, curtos e finos, e os artelhos recobertos de sólida pele e separados. Esses desafortunados manifestam fome e sede por meio de grunhidos, de sons inarticulados ou gritos. Não sorriem nem tossem. A circulação é pobre, o corpo frio, a pressão sanguínea é baixa, porém nem todos os cretinos têm as mesmas peculiaridades; há muitos graus e variedades de acordo com a severidade da doença. Note-se que no cretino ou no mixedematoso[12], estando fechada a porta da Tiroide, que fornece a força criadora para o cérebro e os órgãos geradores, ambos começam a atrofiar-se. Em ambos os casos, a vítima é apática, indiferente, suja e desalinhada, um lastimável idiota.

Num adulto poder-se-ia suspeitar alguma causa para tão abominável enfermidade, mas numa inocente criança, por qual razão surge?

Para encontrar-se a causa da aflição, devemos observar os órgãos afetados, o cérebro e os órgãos geradores. A força criadora, a força que produz o crescimento está praticamente ausente.

O abuso da força criadora, usada para gratificação dos sentidos, é o pecado contra o Espírito Santo, que não é perdoado, mas que deve ser expiado pelo viver em veículos deficientes, como, por exemplo, o acabado de descrever. É uma terrível lição a aprender, uma lição que só é dada a um Espírito, quando não seja possível lhe dar de outra maneira.

Os cientistas, ao retirarem a Tiroxina do desamparado reino animal, para aplicá-la ao homem doente, estão, ignorantemente, tentando burlar o trabalho que a grande Lei de Causa e Efeito realiza por meio do renascimento. Mas Deus não pode ser ludibriado: o que um homem semeia isso colherá. A Tiroxina animal aplicada num cretino ou em um mixedematoso jamais efetuará uma cura real, apenas retarda a aplicação da Lei até outra oportunidade. O caso é análogo ao emprego do hipnotismo para curar alcoólatras da atração pelas bebidas. O que o hipnotizador faz é apenas sobrepor a própria vontade à do alcoólatra. Enquanto os dois viverem, o hipnotizador e o hipnotizado, a cura parece ter sido completa; mas se o hipnotizador morre antes do viciado, como o poder da vontade deste último não é mais controlado, o apetite desperta, e o viciado retorna ao antigo e infeliz hábito. É somente quando nos sobrepomos a um mau hábito pelo poder da própria vontade, que passamos a ter domínio sobre ele. O mesmo sucede no cretinismo e no mixedema.  A vítima pode tomar tiroxina durante toda a vida que jamais ficará “curada”. Apenas retardará até outra vida o pagamento de uma dívida do destino. Quando voltarem, a Lei cobrará o débito.

O primeiro êxito aparente na cura do mixedema deu-se com uma mulher inglesa de 42 anos de idade. A doença produziu-lhe crescimento do rosto e das mãos e tornou-a lenta no falar e no andar, sensível ao frio, de espírito lânguido, fisicamente deprimida, a ponto de não poder andar sozinha.

A injeção hipodérmica do extrato de Glândula Tiroide de carneiro, duas vezes por semana, produziu uma melhora imediata, maravilhosa e contínua. Verificou-se que a melhora pode ser mantida usando a Glândula por via oral. As feições e a pele retornaram ao normal e a mulher pôde voltar a andar por seus próprios meios. Viveu até a idade de 74 anos. Entre os 42 e 74 anos foi necessário administrar-lhe Tiroxina regularmente. A mulher consumiu 270 gramas de Tiroxina, extraída das Glândulas de 870 carneiros.

Quando se dá Tiroxina a uma criança cretina, a circulação melhora e o calor do corpo aumenta. Cerca de uma semana depois o estado de embrutecimento desaparece. A pequena criatura começa a sentir suas melhoras, logo reconhece seus pais, sorri e brinca. A face pálida toma a aparência normal e todo o corpo começa a crescer. Surgem todos os maravilhosos efeitos do crescimento. Por exemplo, podem aparecer 20 dentes dentro de 6 meses. O cabelo áspero e seco torna-se fino, macio, sedoso e, às vezes, ondulado. A pele fica úmida, macia e rosada, a altura, cada mês, poderá aumentar de alguns centímetros. A criança torna-se alegre e ativa, e começa a falar. Deu-se uma evidente transformação. Mas, apenas cesse a administração da secreção da Tiroide, é inevitável, quase imediatamente, a reversão às condições primitivas. Pouco tempo depois de diminuída a administração do medicamento a criança falará somente quando falarem com ela, ficará sentada quieta, durante todo o dia e agirá como se estivesse semi-anestesiada. A pele e o cabelo, gradualmente, retornam ao estado primitivo e o completo tipo do cretino se desenvolverá. Se de novo aplicamos a secreção, a transformação rapidamente se repetirá. Os médicos estão atônitos em relação ao destino que poderá sobrevir   para essas criaturas recuperadas, uma vez que a administração de Tiroxina foi feita apenas a uma geração, pelo que não há dados sobre o caráter dos filhos ou netos. Os casos que a medicina conseguiu registrar parecem normais, as crianças nas escolas e os adultos como trabalhadores ativos, aos interesses comuns da infância, nas ocupações adultas ou nos círculos sociais. Intelectualmente, a única dificuldade é a matemática. Normalmente, fora da família, ninguém sabe que são cretinos. Em dez casos, o observador mais sagaz de nada suspeita em nove.

Além das anomalias, no sangue e nos tecidos, por insuficiência da secreção da Tiroide, também há casos de sofrimento por excessos.  Quando a superatividade da Tiroide atinge o estado patológico, tal condição manifesta-se como Bócio Exoftálmico. De modo geral, essa enfermidade é acompanhada pelo aumento da Glândula, podendo manifestar-se de forma aguda ou crônica.

Os casos agudos, na maioria das vezes, são provocados por grande desgosto ou grande medo. Frequentemente desaparecem em poucos dias sem tratamento. Na forma crônica, a enfermidade é séria, é preciso prestar-se ao paciente o melhor cuidado. Entre os principais sintomas estão: movimentos cardíacos excessivamente rápidos, pulsações entre 90 e 100, hiperexcitabilidade nervosa[13], aumento da pressão sanguínea, respiração rápida e pouco profunda, traduzindo uma hiperreação de todo organismo. Os olhos, brilhantes e proeminentes, parecem saltar das órbitas e as pálpebras muito abertas conferem uma expressão espantada, assustada.

A pessoa afligida por essa enfermidade tem uma coloração viva, quente, não repousa, dorme mal. Emagrece e permanece magra, por muito que coma, chegando, em alguns casos, à emaciação. O bócio pode ser muito grande, por vezes é moderado. São conhecidas 21 espécies de Bócio. O Bócio exoftálmico é curável na maioria dos casos, sem operação, mas há casos que requerem o uso do bisturi.

A causa do Bócio é a carência de iodo na secreção da Tiroide. Há abundante iodo na água do mar e em pequenas quantidades nas fontes e vertentes de algumas regiões. Porém, em alguns lugares montanhosos e em outras regiões bastante afastadas do mar, não há, praticamente, presença de Iodo para suprir a Tiroide. Ela então, na tentativa de produzir adequadamente a secreção, aumenta de tamanho em consequência do esforço funcional desenvolvido para adaptar-se às condições existentes, isto é, à falta de iodo. Iodo na forma de iodato de sódio, em pequenas doses, é preventivo do Bócio. Todavia, os meios mais eficientes para curar essa enfermidade são o descanso prolongado físico, mental e emocional, e a supressão de toda a inquietação e excitação. Em último recurso, só a operação cirúrgica valeria, mas em nenhuma hipótese a Tiroide pode ser totalmente removida: a morte seria certa.

Essa misteriosa Glândula que dá equilíbrio ao cérebro, auxilia a digestão, mescla o ferro com as substâncias alimentares, secreta o Iodo que combate os venenos do corpo, coopera também no controle da quantidade de gordura no organismo, e de forma algo misteriosa, previne e cura o Bócio. Quanto mais Tiroide, mais enérgica é a pessoa; quanto menos Tiroide menos enérgica e mais preguiçosa a pessoa é.

Foi quase que definitivamente provado que os prisioneiros recolhidos na prisão de San Quentin por crime de assassinato têm Glândula Tiroide anormal. Isso foi demonstrado pelo Dr. Ralph Arthur Reynolds que, com a cooperação do Dr. Leo Stanley, médico da prisão, estudou durante dois meses tais prisioneiros.

Disse o Dr. Reynolds que seus estudos o convenceram de três fatos fundamentais:

1º. todo assassino, potencial ou atual, mostra supersecreção da Glândula Tiroide;

2º.  um assassino mostra sub-secreção da Glândula Pituitária e

3º. todo desajustado social apresenta perturbação da secreção de alguma Glândula.

Falou de um assassino jovem que, sem razão aparente, atacou outros prisioneiros com certo objeto que tinha à mão e, como consequência disso, passou 180 dias no calabouço. Sobre o jovem, que tinha uma Glândula Tiroide anormal, o Dr. Reynolds disse: “operamo-lo e reduzimo-la ao que pensamos ser normal. Hoje é um prisioneiro completamente tratável”. Em outros 16 casos que tratou pessoalmente, os resultados foram ótimos.

O que se segue faz parte de interessantes conclusões feitas pelo Dr. Louis Berman[14] que mostra assim, notáveis conhecimentos sobre as Glândulas endócrinas e suas funções no corpo humano.

“Se um crime é uma anormalidade cientificamente estudável e controlável como o sarampo, devem ser radicalmente transformados os tribunais e as prisões. Há, agora, espalhado por todo o mundo, um grupo de pessoas que estuda e aplica métodos científicos para diagnosticar e tratar crime. São eles os pioneiros que a história lembrará como companheiros daqueles outros que transformaram o comportamento do mundo para com os loucos e o modo de tratá-los, outrora condenados e tratados como criminosos mesmo nos países mais civilizados”.

“Os laboratórios de criminologia adjuntos às Cortes de Justiça, como já existe em várias cidades, tendem a tornarem-se universais. Como já foi demonstrado, a maior parte dos criminosos, são mental e moralmente anormais (deficiência de secreção da Tiroide). Para explicar essa anormalidade, os criminologistas fizeram e continuam fazendo investigações sobre a hereditariedade e o ambiente passado do criminoso, sua educação e ocupação, as influências sociais e religiosas às quais esteve sujeito, e os testes do quociente intelectual. As condições do Sistema Vegetativo (involuntário ou simpático) e o estado endócrino do prisioneiro ocuparão, sem dúvida, lugar proeminente em qualquer interpretação do crime”.

A observação introspectiva do estado mental pré-criminal nas chamadas pessoas normais revela uma diminuição da razão e do poder da vontade; em outros, uma exaltação enorme, quase histérica. O que é isso senão estados endócrinos de células, experimentalmente reproduzíveis pelo aumento e decréscimo da influência da Tiroide, das Suprarrenais e da Pituitária?

Os crimes passionais podem ser atribuídos, em não poucos casos, a distúrbio da Tiroide. Um psicólogo de um tribunal da cidade de Pittsburg (Pensilvânia), interessado no assunto, encontrou Tiroide aumentada em mais de 90% de moças delinquentes”.

Antes de o homem assumir a posição vertical, era bissexual, e toda a força criadora estava centralizada nos órgãos de reprodução. Nesse tempo, a Tiroide era pura e simplesmente uma Glândula sexual. Max Heindel disse que quando os sexos foram separados, metade da força criadora de cada indivíduo foi dirigida para cima, a fim de construir o cérebro e a laringe. O cérebro foi construído para dar ao Ego um instrumento para adquirir o conhecimento e criar no Mundo Físico; é a mesma força que ainda hoje o alimenta e o constrói. A laringe foi feita, por sua vez, a fim de que o homem pudesse ter um órgão para expressar seus pensamentos em palavras.

A perversão ou o sexo maníaco é uma prova da afirmação dos ocultistas de que uma parte das forças sexual construiu e sustenta o cérebro e a laringe, e que há uma conexão entre esses órgãos e a força expressa pelos órgãos geradores inferiores. O infortunado pervertido torna-se um idiota, incapaz de pensar, porque desperdiça a parte negativa ou positiva da força sexual (conforme seja homem ou mulher) normalmente utilizada pelos órgãos de reprodução para a propagação, e, também, porque dissipa sexualmente a parte da força sexual que deveria ascender e ser usada na construção do cérebro, impedindo o pensar. Daí sua deficiência mental. Pelo contrário, se o indivíduo é dado a pensamentos espirituais, a tendência para usar a força geradora para a propagação é pouca. Portanto, toda a força não utilizada sexualmente ascende e é transfigurada em poder espiritual.

COMPARAÇÃO DA TIREOIDE E DA PITUITÁRIA

Novamente é interessante notar que essa mesma Glândula Tiroide, que uma vez foi uma Glândula sexual, surge no embrião do mesmo tecido e quase no mesmo ponto em que aparece o lóbulo anterior do Corpo Pituitário (ou Glândula Pituitária), sendo a Tiroide uma excrescência do tecido e a Pituitária o desenvolvimento posterior dele. “O lóbulo anterior do Corpo Pituitário é chamado a Glândula da intelectualidade”, significando a capacidade da Mente em controlar, em seu meio ambiente, conceitos e ideias abstratas. Tudo isso confirma as declarações feitas por Max Heindel que a natureza da força geradora é tal que tanto pode se manifestar por meio do cérebro como pelos órgãos de reprodução.

A Glândula Tiroide está mais diretamente vinculada com as paredes internas e externas do corpo, a pele, a coberta externa das Glândulas, o cabelo, as membranas mucosas e a sensibilidade nervosa. A Pituitária atua mais sobre a estrutura do corpo, o esqueleto, e dos mecanismos de sustentação e de movimentos do corpo. A Tiroide altera o nível energético do cérebro e de todo o sistema nervoso. A Pituitária estimula as células cerebrais mais diretamente. A Tiroide facilita a produção de energia, ao passo que a Pituitária, o seu consumo. A Tiroide ocupa-se especialmente com a regulação da forma ou contornos e terminações dos órgãos, de acordo com seus arquétipos.

A força vital, indispensável para criar tanto o pensamento como as formas físicas, vem do Sol e da Força Crística anual que aportam à Terra. Essa força é atraída ao indivíduo pela Glândula Tiroide, e a força solar espiritual contida na Tiroxina é que proporciona o equilíbrio cerebral e a vida nos órgãos de reprodução. A secreção dessa Glândula é tão necessária à própria atividade mental e à reprodução das espécies como o Éter o é para a transmissão da eletricidade. Sem essa essência espiritual não poderia haver formação de hábitos, energia respondente para definir situações, complexidades de pensamentos, nenhuma possibilidade de aprendizado e, consequentemente, de educação, bem como nenhum desenvolvimento de faculdades e funções físicas. Não haveria ainda reprodução de qualquer espécie, nenhum indício de adolescência na idade apropriada e, subsequentemente, nenhuma demonstração de tendências sexuais.

PERSONALIDADE DE TIPO TIROIDE

Durante a infância normal esse tipo individual de Tiroide é saudável, delgado, robusto, enérgico, ativo, bem conformado, olhos grandes e algo saliente, nariz reto e bem talhado, dentes firmes e bem talhados com um translúcido e nacarado esmalte. As crianças normais desse tipo estão sempre ativas, nunca parecem cansadas e, por isso, não precisam dormir muito. São singularmente imunes às doenças. Contrairão sarampo, possivelmente, mas, em geral, nenhuma das outras doenças da infância. Sua adolescência é vibrante, apaixonada, cheia de episódios, mas eles se ajustam às mudanças consideráveis que se processam no seu íntimo e que, muitas vezes, se apresentam como um intenso peregrinar, isso, naturalmente, em virtude de que as células de seus corpos estão tão carregadas de energia vital que deve se expandir em qualquer forma de atividade ou então explode.

O jovem desse tipo é como um circuito carregado de eletricidade, irradiando vitalidade e magnetismo em qualquer grupo. Contudo, ele é facilmente abalado por acontecimentos súbitos e inesperados, a morte de um parente amado, ou o malogro de uma ambição afagada. Nesses casos, um desequilíbrio em outras Glândulas poderá advir rapidamente e, daí fraqueza e, até invalidez estacionária ou curável, mas que, em alguns casos, pode transformar-se na pior forma de deficiência Tiroidiana. Essas atrativas e agradáveis crianças do tipo Tiroide, necessitam ter o mais cuidadoso amparo.

Durante a maturidade, o tipo Tiroide caracteriza-se por um corpo delgado. Seus traços são bem conformados, cútis clara, cabelos abundantes, feições levemente coradas, sobrancelhas largas e longas, os olhos grandes brilhantes, penetrantes, a boca bem conformada, com dentes regulares e bem desenvolvidos. O rosto de Shelley[15] é um bom exemplo do tipo Tiroide masculino, a sua forma oval, bela configuração de traços, sobrancelhas espessas e altas, grandes olhos vivos e salientes, ativa vitalidade, boca sensível tudo pertence a esse tipo. Dele disse Matthew Arnold: “Um belo e ineficaz anjo que em vão bate no vácuo suas asas luminosas”.

Retrato de Percy Bysshe Shelley

A rainha Elizabeth da Inglaterra foi um exemplo excelente da mulher tipo Tiroide. Sexualmente esse é bem diferenciado e impressionável. Emotividade notável, percepção pronta e vontade rápida, impulsividade e tendência a crises de expressão explosiva fazem partes de seus traços característicos. Sua energia, aparentemente inesgotável, faz deles trabalhadores infatigáveis. Levantam-se cedo, deitam-se tarde da noite, planejam o seu trabalho e o de outros para o dia seguinte e queixam-se de insônia.

Retrato da Rainha Elizabeth I

Shelley tinha apenas 30 anos quando se afogou, mas o número de suas obras literárias era maior do que o de muitos escritores que passaram a vida entregues a essa mesma espécie de trabalho. O reinado da Rainha Elizabeth foi caracterizado pela atividade intelectual e pelos empreendimentos comerciais. A Humanidade deve muito a essas pessoas incansáveis e enérgicas; em certo sentido elas são o fermento que energiza o mundo.

CAPÍTULO VI – O CORPO PITUITÁRIO – TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA

O Corpo Pituitário, ou Hipófise, é uma massa de tecido do tamanho aproximado de um grão de ervilha, quase exatamente situado no centro da cabeça, na base do cérebro, para trás da raiz do nariz. Pende, suspenso, da parte inferior do cérebro tal como uma cereja pende do galho da cerejeira. É de cor cinza-amarela, aumentando em tamanho até a idade dos trinta anos, pesando no adulto cerca de 5 gramas. Durante a gravidez a Glândula aumenta em tamanho. Ela situa-se numa depressão parecida com uma sela no osso esfenóide, chamada “sela túrcica”, envolvida por um tecido membranoso chamado “dura mater”. O Corpo Pituitário pode ser assinalado desde as mais primitivas formas de vida até o ser humano. Em seu desenvolvimento da água do mar, a Humanidadedade trouxe consigo essa Glândula e o sal do sangue até o estado atual.

O Corpo Pituitário é um veterano do sistema de Glândulas endócrinas. Seu nome deriva-se da palavra latina “Pituitária”. Foi-lhe dado esse nome porque se supunha que a Glândula segregava um fluido que lubrificava a garganta.

Cria-se que a secreção se filtrava através do poroso osso etmoide que se situa entre a Pituitária e a cavidade nasal.

Se a “sela túrcica”, ou berço dessa Glândula, é demasiadamente pequena, haverá um subdesenvolvimento do senso moral e intelectual. As pessoas afetadas dessa forma podem ser chamadas mentirosas patológicos. Tais infortunados não têm senso da verdade, portanto são absolutamente inconscientes de que dizem mentiras. Tal aflição é muitas vezes encontrada nos débeis mentais.

O Corpo Pituitário é composto de duas partes aparentemente independentes, distintas em sua origem, história, função e secreção. No estudo do embrião humano encontramos o início da manifestação Pituitária como uma saliência na cavidade bucal, na área dos sentidos do gosto e do olfato. Esse crescimento adquire a forma de uma bolsa que gradualmente se estende para o cérebro. No final da quarta semana essa bolsa contata um crescimento do cérebro chamado infundíbulo. Daí então essas duas partes desenvolvem-se, constituindo a Glândula Pituitária adulta. O crescimento da cavidade da boca forma o lóbulo anterior da Pituitária e a parte do “infundibulum” representa o crescimento da parte mais antiga do sistema nervoso involuntário, ou simpático, e desenvolve-se no lóbulo posterior, ou post-pituitário da Glândula. Há um espaço entre as paredes das partes anterior e posterior da Glândula o qual persiste durante toda a vida como uma fissura da Glândula.

Em certo estágio da vida do embrião, a Glândula Pineal projeta-se através do cérebro e o Corpo Pituitário forma uma abertura na boca, ligando-se, também, com ela a cavidade do canal espinhal. Por este meio, o Espírito, prestes a nascer no Mundo Físico, está ainda em íntimo contato com o mundo espiritual, enquanto está em construção a casa prisão de carne ao seu redor. Quando outras aberturas do corpo se fecham, notadamente o “foramen ovale”, a corrente sanguínea fetal é desviada do seu primitivo caminho livre, através das aurículas do coração, diretamente para os centros espirituais da cabeça já mencionados, e o sangue é forçado pelos ventrículos do coração para os pulmões onde entra em contato com o Éter no ar. Esse Éter contém um acurado e detalhado retrato de tudo que cerca o Ego, não somente das coisas materiais, mas de todas as condições existentes em cada momento dentro da aura do indivíduo. Todos esses quadros são injetados e, por isso, ocasionam uma obstrução dos centros espirituais, perda da visão espiritual e, daí, a consciência do Ego gradualmente vai-se enfocando no Mundo Físico.

No início do estudo sério da Glândula Pituitária, cria-se que ela era apenas uma Glândula que produzia somente um hormônio ou substância. Posteriormente verificou-se que ela tinha duas partes distintas e cada uma delas produzia hormônios diferentes, descobrindo-se ainda que aquilo que se considerava ser um hormônio consistia em dois ou mais hormônios diferentes. Atualmente, crê-se que a Pituitária produz nada menos do que oito hormônios diferentes.

O lóbulo anterior da Pituitária, chamado pré-Pituitária, é composto de uma coleção de sólidas colunas rodeadas por espaços sanguíneos, nos quais, indubitavelmente, a secreção celular é lançada diretamente. O lóbulo posterior consiste de células secretoras que produzem uma substância vítrea que se junta ao fluido espinhal que banha o sistema nervoso.

Há uma substância química na secreção da pré-Pituitária que estimula o crescimento dos tecidos, particularmente do ósseo e outros, e que influencia os órgãos sexuais e a atividade sexual. Um dos extratos da pré-Pituitária tem efeito definido sobre a massa vermelho-amarelada que preenche a bolsa de óvulos nos ovários, estimulando-lhes o crescimento excessivo. Um cientista que enxertou pequenos pedaços da pré-Pituitária em animais jovens e imaturos, despertava-lhes a puberdade, sexualidade e acasalamento e todos os instintos reprodutores.

À luz do exposto, torna-se evidente que a pré-Pituitária não é somente uma das principais controladoras do crescimento, mas também controladora do misterioso processo que, no desenvolvimento humano, é chamado puberdade.

Provou-se pela experimentação que o funcionamento normal da pré-Pituitária é necessário durante o período de crescimento e desenvolvimento e provavelmente durante o período de maturidade para que evoluam e funcionem apropriadamente as Glândulas Tiroide e Suprarrenais. Quando a pré-Pituitária é prejudicada em animais jovens e em desenvolvimento ocorre um retardamento do crescimento e da atividade da Tiroide e das Suprarrenais, bem como das Glândulas sexuais. Substituindo-se artificialmente a secreção interna da pré-Pituitária, ativam-se as Glândulas Tiroide, Suprarrenais e sexuais.

As secreções internas da Pituitária indubitavelmente têm efeito sobre a produção de energia, especialmente a energia do Sistema nervoso central, a matéria cinzenta do cérebro e a da medula espinhal. Uma hiperprodução de energia no corpo pode ser devido a uma quantidade excessiva de secreção interna da Pituitária circulando no sangue e nos tecidos.

Sumarizando: O lóbulo anterior, ou pré-Pituitária, que produz o crescimento do esqueleto e dos tecidos conjuntivos, causa o desenvolvimento normal dos órgãos criadores e da atividade sexual, estimulando o bem-estar e a ação da Tiroide e das Suprarrenais. A secreção do lóbulo anterior da Pituitária, chamada Prolactina, é essencial para a produção do leite nos animais fêmeas.

O lóbulo posterior do Corpo Pituitário segrega vários hormônios importantes, dois dos quais são de uso frequente. Um deles, chamado Pitucina, tem poderoso efeito estimulante sobre o útero grávido e é usado frequentemente no parto lento e ineficaz. O outro hormônio,chamado Pituitrina, controla a to-nicidade dos tecidos da musculatura lisa e involuntária dos vasos sangüíneos e dos órgãos contráteis do corpo, tais como os intestinos, a bexiga e o útero. Injetado, eleva lentamente a pressão sanguínea, mantendo-a elevada por certo tempo, aumenta o fluxo de urina dos rins e o leite dos seios. Produz intensa e contínua contração da bexiga e do útero. Parece controlar o conteúdo do sal do sangue, do qual dependem a condutividade elétrica desse último e outras propriedades. Normalmente, há certa proporção de sais no sangue, mantida inalterável como sucede na água do mar. Recentemente foi provado que a elevação da pressão sanguínea é devido a uma secreção interna da post-Pituitária e a propensão contrátil é devido a outro constituinte da secreção.

Entre a Pituitária anterior e a posterior há uma estrutura intermediária que segrega um hormônio chamado Intermedina. Essa secreção tem efeito definido no tratamento da diabetes insípida.

A importância vital da Pituitária é demonstrada pela posição extraordinariamente bem protegida da Glândula, sua persistência durante a vida e seu abundante suprimento de sangue. Nenhuma outra Glândula de secreção interna é capaz de substituí-la adequadamente. A ablação total da Glândula significa a morte em dois ou três dias, com uma peculiar letargia, insegurança no andar, perda de apetite, emaciação e queda da temperatura tão acentuada que o animal fica com o sangue frio, à mesma temperatura do ambiente em que se encontra. Se é retirada apenas parte do lóbulo anterior, ocorre uma acentuada degeneração do indivíduo. Obesidade, com tendência a inversão sexual, sonolência invencível, pele seca, queda de cabelo, mentalidade obtusa, por vezes manifestações epiléticas e notável desejo por doces.

A remoção de parte do lóbulo anterior de um cachorrinho dá origem a retardamento acentuado do crescimento (os cachorros anões são criados artificialmente). Os patologistas vêm demonstrando que em inúmeros anões humanos verdadeiros a Pituitária é rudimentar ou mal desenvolvida. Tudo isso evidencia que o esqueleto está diretamente subordinado à Pituitária.

Notam-se efeitos singulares relacionados com a Pituitária e fenômenos periódicos do organismo, tais como a hibernação, o sono e a insônia. Uma Pituitária ativa produz estado de alerta, enquanto a cansada ou esgotada produz sonolência e indolência geral. Na hibernação, ou sono de inverno, o animal passa a um estado cataléptico no qual passa a respirar mais profundamente, porém mais vagarosamente do que desperto, não mostrando indício algum de vida consciente. Nesse estado é baixa a pressão arterial e existe insensibilidade à dor e aos estímulos emocionais.

Preliminarmente a esse estado, há um armazenamento de amido no fígado e de gordura nos depósitos de amido do corpo.

Tudo isso acontece quando é removida parte do Corpo Pituitário, o que torna inevitável a comparação dos dois estados. A queda do metabolismo, comum às duas situações, pode ser sanada por meio da injeção de um extrato pituitário. A elevação da temperatura é imediata.

Nos animais que hibernam há mudanças em todas as secreções internas das Glândulas, mas a mudança é mais acentuada na Pituitária, cujas células amortecem como se, também, estivessem dormindo ou descansando. Quando despertam, no equinócio vernal (Primavera), as células da Glândula Pituitária voltam a ser normalmente ativas. Alguns cientistas admitem que a hibernação pode ser atribuída à inatividade periódica da Pituitária. Em certas partes da Rússia, onde há escassez de alimentação durante os meses do inverno, os camponeses passam semanas inteiras em sonolência profunda, levantando-se apenas uma vez por dia para fazer escassa refeição.

Atualmente há no mundo numerosas pessoas parcialmente hibernadoras. Muitas delas estão realmente num estado que poderíamos chamar de subpituitarismo, que traduz algo de anormal em suas Glândulas Pituitárias: são lentas, obtusas, sexualmente inativas e, por vezes, estéreis. As vezes são altas, mas muito mais , são anãs e parece serem sujeitas à epilepsia.

A hiperatividade do Corpo Pituitário manifesta-se em todos os graus, tendo o poder peculiar de agir como estimulante do crescimento dos ossos e dos tecidos conectivos, tais como os tendões e ligamentos.

Se o excesso de secreção da Pituitária começa antes da puberdade, ocasiona o aumento dos ossos, resultando o gigantismo. Gigantes normais, pessoas excepcionais em estatura e livres de qualquer deformidade física ou mental, são raras. Entretanto, há pessoas portadoras de hiperpré-pituitarismo que possuem os mais elevados poderes mentais, eis que em tais indivíduos há um aumento da atividade do lóbulo posterior associado com aumento e hiperfuncionamento do lóbulo anterior.O crescimento deles é menos marcante, são magros e têm acuidade mental. O gigante comum é o que tem a Pituitária em degeneração depois de demasiada ação do lóbulo anterior e pequena atividade do lóbulo posterior. Frequentemente é responsável por isso algum tumor ou outro processo doentio da Glândula.

Se a hiperatividade da Pituitária vem depois da puberdade, depois dos ossos terem atingido o máximo de tamanho, um crescimento anormal do rosto e de algumas partes do corpo ocorre, especialmente das mãos, dos pés e da cabeça. O nariz, as orelhas, a língua, os lábios e os olhos ficam maiores e mais grosseiros. Sendo tais pessoas grandes e pesadas, seu aspecto é agressivo, sobrancelhas caídas, queixo largo, volumosas, balofas, sofrendo, por vezes, lancinantes dores de cabeça, grande desalento e um sentimento de infelicidade que tira todo o prazer pela vida. Até certo ponto, são notavelmente alertas e muito capazes. Quando conscientes da enfermidade que sofrem, enfrentam-na com corajoso otimismo; entretanto, em relação a mulheres, tal aflição leva-as ocasionalmente ao suicídio. Nos semihibernados que lembram a atitude do gado ou no tipo gigante, que lembra o antropóide, dá-se uma acentuada diminuição da vida sexual.

A hipersecreção ou a subsecreção do lóbulo anterior pode interferir no próprio funcionamento do lóbulo posterior, cuja secreção é a tônica tanto para o cérebro como para as células sexuais. Nos casos em que a cavidade óssea é ou se torna demasiadamente pequena para conter a Pituitária anormalmente aumentada, além da obesidade, da pequena estatura etc., desenvolve -se uma notória inferioridade moral e intelectual. As pessoas sofrem de falta de controle próprio e manifestam desejos impulsores de agir de acordo com qualquer idéia que penetre em sua Mente, seja boa ou má. Têm pouco ou nenhuma iniciativa e são instintivamente imorais. Devem ser tratadas com cuidado.

As secreções da Pituitária agem sobre a estrutura dos ossos, dos ligamentos, dos músculos e dos tendões, difundindo-se diretamente no fluido que banha o sistema nervoso, estimulam beneficamente e ajudam o organismo a remover os resíduos daninhos. A secreção da Pituitária estimula as células cerebrais direta, natural e normalmente, de forma análoga ao estímulo artificial da cafeína ou da cocaína. A Pituitária colabora na conversão e consumo da energia, particularmente do sistema cerebral e sexual. Trabalha diretamente com as forças criadoras, tanto no cérebro como nos órgãos reprodutores, facilitando-lhes o surto da energia. É a Glândula do esforço continuado. A incapacidade de manter um esforço é sinal de que a Glândula está destruída ou há insuficiência de hormônio para desempenhar seu trabalho normal. O crescimento do corpo normal e acima ou abaixo do normal depende do funcionamento normal da Pituitária, relativamente ao cérebro e aos órgãos reprodutores.

A pré-Pituitária:

  1. estimula o crescimento do esqueleto e tecidos suportadores;
  2. influencia os órgãos reprodutores e sua atividade;
  3. estimula o crescimento excessivo dos óvulos nos ovários;
  4. promove a puberdade;
  5. retarda o crescimento na juventude, quando de algum modo afetada.

A post-Pituitária:

  1. Segrega a Pituitrina, que controla o tônus (vigor) da musculatura lisa da bexiga e do útero;
  2. eleva a pressão sanguínea;
  3. aumenta o fluxo da urina e do leite;
  4. tonifica as células cerebrais e sexuais;
  5. aumenta a contração cardíaca mas diminui a força da sístole.

TIPO DE PERSONALIDADE PITUITÁRIA

O Corpo Pituitário é uma Glândula feminino-masculina. O tipo feminino pituitário é dominado pelo lóbulo post-pituitário da Glândula, e o masculino pelo lóbulo anterior da Glândula em foco. O tipo pituitário feminino expressa emoções ternas e sentimentos refinados. A pele é suave, úmida, rosada ou cremosa, com ausência de pelos, enrubescendo facilmente. As sobrancelhas são altas, os olhos grandes e proeminentes. Essas pessoas são carinhosas com as crianças e de modo feminil. São de estatura mediana, bem formadas, mãos e pés de tamanho médio, voz bem modulada, amantes da boa poesia e da música, face sensitiva, demonstrando, ainda, grande interesse pelo bem-estar da humanidade. São femininas sugerindo, porém, influência varonil. Maria, mãe de Jesus, é um ótimo exemplo do tipo feminino pituitário bem equilibrado, bem como Florence Nightingale que, também, pertence a essa classe.

Florence Nightingale

Uma Glândula post-Pituitária superpredominante numa mulher determina uma pessoa que anela o excitamento, as mudanças contínuas e novos prazeres a cada instante. Essas mulheres são dementes pela excitação e descontroladas emocionalmente.

O tipo masculino pituitário tem um cérebro superlativo pelo seu tônus e atividade, um bom desenvolvimento mental e habilidade para dirigir. Geralmente é alto, com aproximadamente seis pés[16] de altura, tipo viril ideal, com um sistema ósseo forte e bem desenvolvido, músculos fortes, mãos e pés bem proporcionados. A cabeça é grande, a face aguda e bem delineada, as sobrancelhas espessas, os olhos proeminentes e separados, algo, um do outro, o nariz algo espesso e comprido, o queixo proeminente e firme bem como as maçãs. Tais pessoas têm grande poder cerebral, grande facilidade em aprender e autocontrole. São eles os senhores de seus instintos inferiores, regendo-os, bem como aos seus ambientes. A esse grupo pertencem os homens cerebrais, práticos e teóricas, os filósofos e criadores de novo pensamento. Homens como Lincoln, Júlio César e George Bernard Shaw pertencem a essa classe.

Abraham Lincoln

Imperador Júlio César

George Bernard Shaw

Quando ocorre a predominância da post-Pituitária no homem, produz-se um tipo curto, atarracado e forte, a cabeça aparecendo maior em proporção ao corpo, com uma distribuição escassa de pelos nas extremidades e no tronco, mas abundante no crânio e na face. Cedo, no adulto, uma bolsa abdominal. Exibem tendências femininas e com frequência demonstram interesse quase mórbido pela poesia e pela música. Na verdade, um grande número de poetas e musicistas classificam-se como tipos pituitários femininos. Frequentemente são excelentes caracteres, porém de um modo geral faltam-lhes firmeza e se deixam dominar pela esposa. São maridos que devem ser compreendidos e não intimidados.

Se o lóbulo pituitário anterior é dominante na mulher, produz-se um tipo masculino que obstaculiza a tendência feminina natural, inclinando-a ser de estatura alta, delgada e ossuda. Dá-lhe queixo proeminente, dentes largos, pele espessa, pelos no corpo e mãos e pés amplos. Contudo, isso lhes dá um intelecto brilhante, que, muitas vezes, causa perturbações nas Mentes de seus associados masculinos. Tais mulheres tornam-se tipo agressivo, substituindo o homem nos negócios do mundo. Elas necessitam compreensão e não a ridicularização e o sarcasmo que usualmente lhes são dirigidos.

Três vezes sejam abençoados os homens e mulheres que têm as Glândulas Pituitárias normais e equilibradas.

CAPÍTULO VII – A GLÂNDULA PINEAL – TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL

A Glândula Pineal por sua natureza é a mais surpreendente. Como está implícito em seu nome, é um corpo cônico, em forma de pinha (Conarium Pinealis, cone de pinha). É de cor avermelhada, com mais ou menos 1,2 cm em de comprimento, isto é, pouco maior do que um grão de trigo. Está situada na parte inferior do terceiro ventrículo do cérebro. Pesa cerca de 0,13 gramas. Está oculta na base do cérebro (ao qual se acha ligada por uma haste oca Pineal) numa diminuta cavidade atrás e acima do Corpo Pituitário. Está composta, em parte, de células nervosas, que contêm um pigmento idêntico ao das células da retina que é uma expressão do nervo ótico, o que sustenta o argumento em favor da antiga função de ter sido um olho. A parte inferior da Glândula aponta para trás. A secreção da Glândula Pineal, chamada Pinealina, age como restritor em todas as Glândulas de secreção interna. Sua atividade moderadora sobre as outras Glândulas endócrinas, dá à criança, durante os dois primeiros anos de existência, condições para crescimento. Durante esse período a criança quadruplica seu peso de nascimento. A Pineal age como uma espécie de supervisora em relação a outras Glândulas.

Os anatomistas do século XIX, não acreditando em qualquer finalidade da Glândula Pineal admitiam que fosse vestígio de alguma estrutura outrora importante. Durante longos tempos, realmente, até há poucas décadas, não havendo nenhum conhecimento de nenhuma função, não se lhe admitia nenhum papel. Todos repeliam a ideia de que fosse uma Glândula endócrina. Observações posteriores relacionaram a Pineal à função muscular. Há uma doença deformadora dos músculos conhecida como “distrofia progressiva”, cuja causa vem sendo um mistério insolúvel para a classe médica. Mas estu-dos realizados por meio de Raios X, mostraram que, nessa doença, a Pineal se apresenta com calcificações, isto é, incrustada de sais de cálcio, o que significa que no caso da Glândula enfraquecer ou deixar de funcionar, os músculos não recebem a quantidade necessária de nutrição.

Mais tarde, descobriu-se que a Pineal regula a cor da pele, fazendo variar o grau de reação aos raios luminosos, isto é, controla a ação da luz sobre o pigmento da pele. É a luz interna que reflete a luz externa.

A Pineal também contribui para o desenvolvimento normal físico e mental das células cerebrais e das células dos órgãos de reprodução. o abundante suprimento de sangue que a Pineal recebe indica mais o índice de seu funcionamento ativo do que apenas a sua presença como vestígio de um órgão que durante a evolução perdeu seu uso original.

Resumindo, a secreção da Pineal:

  1. evita, na criança, o desenvolvimento sexual prematuro, promovendo uma puberdade normal;
  2. favorece a atividade da força criadora, que tende a desenvolver normalmente tanto o cérebro como os órgãos de reprodução;
  3. dá vigor e tonaliza os músculos;
  4. influi sobre o corpo variando o grau de reação aos raios de luz, isto é, controla a sensibilidade da cor à luz;
  5. influi no pigmento da pele provocando sua transparência devido à contração das células pigmentadas.

TIPO DE PERSONALIDADE PINEAL

Geralmente falando, a Glândula Pineal é masculina, mas algumas mulheres estão sob sua regência, como veremos quando fizermos o estudo das atividades espirituais desse órgão.

O tipo Pineal espiritual típico é alto, é bem modelado. Ombros largos, o corpo afinando gradualmente para os pés. A testa é alta e grande, as sobrancelhas são quase retas, mas bem conformadas. Os olhos, grandes, expressivos, bem abertos, são comumente azuis escuros, e, não obstante a cor, emitem um clarão de fogo divino. O nariz é quase o de perfil grego. Os lábios, meio carnudos, têm ligeira curvatura. o queixo é bem formado, bastante proeminente, mostra real força de caráter, o que harmoniza bem com outros aspectos. O pescoço é médio, sobre ombros fortes e bem modelados. O cabelo, em geral castanho claro, é abundante e possui brilho acentuado. Como um todo, o rosto é varonil com algo de encanto feminino.

O artista Rafael[17] foi um perfeito exemplo do tipo Pineal espiritualmente desenvolvido. Era tão grande sua beleza, diz-se, com um quase imperceptível traço feminino, que, ao passar pelas ruas, os que o viam paravam para admirá-lo. Em pessoa era tão bonito como um Anjo. Sua disposição era amável, bondosa, doce e gentil. Nos modos e na palestra era encantador. Foi célebre pela nobreza e generosidade de sua natureza.

O nome deste homem invulgar ainda permanece o maior na arte da pintura. No seu quadro “A Transfiguração”[18], os olhares discernidores descobrem o mistério da sua grandeza. Está aí, plenamente revelado, seu conhecimento e seu contato direto com os reinos sobrenaturais. Esse quadro maravilhoso, cuja beleza deve ser não só vista mas sentida, é para o pintor o “canto do cisne” de Rafael. Ele o pintou enquanto morria. Ao observarmos esse maravilhoso quadro, ficamos maravilhados e pensando que talvez ele tenha pintado aquele belo, feliz e compassivo rosto de Cristo exatamente da maneira como o estava vendo, no Éter, aguardando para levar ao paraíso o Espírito desse nobre homem que tanto fez pela glória do Cristianismo, quer pelas felizes e não ultrapassadas telas que pintou, quer pela vida nobre e altruísta que levou.

CAPÍTULO VIII – GLÂNDULAS ENDÓCRINAS – CORRESPONDÊNCIAS ESPIRITUAIS

Consideremos agora a conexão espiritual que as Glândulas endócrinas têm com o desenvolvimento das potencialidades latentes do Ego. Lembremos que as principais Glândulas endócrinas são sete, a saber: duas Suprarrenais, o Baço, o Timo, a Tiroide, a Pituitária e a Pineal. Max Heindel nos informa que essas Glândulas têm um interesse muito grande e particular para o estudante esotérico, uma vez que elas podem ser chamadas as Sete Rosas na Cruz do Corpo Vital, porque estão elas intimamente relacionadas com o desenvolvimento oculto da Humanidade.

Tudo o que vemos ao nosso redor, em nosso Sis­tema Solar, foi criado pelo Verbo, o qual é Som‑Música, a Voz de Deus. Foi essa Palavra primordial que levou ou falou à existência, na matéria mais sutil, todos os diferentes mundos com suas miríades de formas, as quais, desde então, vem sendo re­produzidas e trabalhadas detalhadamente por inu­meráveis Hierarquias Criadoras, principalmente por aquelas que mais se relacionam com nosso Sistema Solar – os Sete Espíritos Planetários ante o Trono, isto é, Urano (X), Saturno (W), Júpiter (V), Terra(@), Marte (U), Vênus (T) e Mercúrio (S).

A Palavra de Deus soa por intermédio dos Sete Espíritos Planetários, formando todos variadíssimos tipos que mais tarde se cristalizam nas inúmeras coisas que existem no Mundo Físico.

Assim, vemos que o Verbo manifesta‑se em sete grandes tons soados pelos Sete Espíritos Planetá­rios. Cada Planeta tem sua própria nota‑chave, emi­tindo um som que difere dos outros. Estes tons são construtores. Toda a música no mundo está basea­da nesses sete tons, emitidos pelos sete Espíritos Planetários e todas as formas são criadas por eles, as quais depois de criadas eles assistem o Ego inter­no em seu trabalho de desenvolvimento de suas po­tencialidades latentes que nesse princípio são aque­les poderes Divinos em embrião, assistência essa que se processa amplamente por intermédio das Glândulas de secreção interna.

Cada Glândula de secreção interna possui uma nota‑chave que está adormecida dentro de si mes­ma. Quando despertada, desenvolverá certas poten­cialidades do Ego. Cada uma dessas notas-chaves está tonalizada com um dos Espíritos Planetá­rios. O soar da nota‑chave de um determinado Es­pírito Planetário, gradualmente irá despertando a nota‑chave da Glândula correspondente. Quando a nota‑chave da Glândula é despertada, desenvolvem-­se no Ego energias especificas que o Espírito Pla­netário expressa. Essas energias são forças que o Ego deverá aprender a controlar e dirigir que, conforme sejam usadas, manifestam‑se como bem ou como mal. Lembremos que todo mal é um bem mal dirigido.

AS GLÂNDULAS E OS SEUS ASTROS REGENTES

PinealNetuno
PituitáriaUrano
TiroideMercúrio
TimoVênus
BaçoSol
SuprarrenaisJúpiter

AS SUPRARRENAIS E O MUNDO FÍSICO

As Glândulas Suprarrenais são regidas por Júpiter. A energia expressa por Júpiter manifesta-se principalmente como benevolência, visão, expansão, otimismo, filantropia, cortesia, generosidade, cordialidade, habilidade para compreender o funcionamento da lei cósmica, a ideação, ou seja, o poder de formar e relacionar ideias e o entendimento religioso.

Quando alguém se põe em contato com a nota-chave de Júpiter sente-se claro, pleno, inequívoco e expansivo. Parece que todo o seu poder envolvente toma conta do indivíduo, despertando-lhe um senso de confiança, segurança, a possibilidade e o desejo de sair ao mundo para transformar os abomináveis deslizes da semiadormecida Humanidade em criações de beleza e de valor intrínseco. Com sua visão iluminada observa com alegria as alturas a serem escaladas, os maiores poderes espirituais a serem desenvolvidos; reconhecendo em cada um de seus semelhantes outra parte de si mesmo, procurando e lutando para obter uma compreensão verdadeira do enigma da vida; inflama-se, desejoso de proporcionar urgentemente àquelas crianças desafortunadas, filhas do grande Pai, o serviço desinteressado e altruísta que lhes revelará, desde o mais elevado ao mais inferior, que o real propósito da vida em relação a cada indivíduo é o desenvolvimento de suas potencialidades latentes em poderes divinos dinâmicos.

Uma vez obtido esses poderes, torna-se possível para o indivíduo fazer mau uso deles, o que representa um dos maiores crimes que poderá ser cometido. O mau uso do poder espiritual é magia negra que poderá levar o indivíduo a tal ponto, que o elo (a Mente) que liga o Espírito com sua Personalidade, rompe-se. Daí, depois de algum tempo, o Espírito automaticamente gravitará em direção ao Planeta Saturno, onde deixará um registro de suas vidas passadas e, depois de dissolução de seus veículos, será propelido para o Caos, através de uma das luas de Saturno, onde aguardará a aurora de um novo dia de criação para recomeçar seu trabalho.

O mau uso dessas energias manifesta-se principalmente por meio da excessiva confiança, da extravagância, da autoindulgência, da prodigalidade, do exibicionismo, afetuosidade, dissipação, morosidade e libertinagem. Tudo isso submerge o Ego em profunda aflição, dores e sofrimentos, porém, no devido tempo, a lição do uso reto dos poderes espirituais será aprendida. Quando esta lição for dominada, por meio das dores e das lidas, o Ego na verdade estará apto para dar mais um passo no caminho da evolução. Correspondentemente às Suprarrenais, as Duas Rosas na Cruz do Corpo Vital desabrocharão.

A energia que as Suprarrenais subministravam para expressar-se em beligerância, agressão e luta, doravante manifestar-se-á nascida do poder espiritual puro e contrito   em benevolência, visão, expansão e filantropia.

O conhecimento que o bem de todos é o bem de cada um desenvolve-se na consciência do Ego, essa chispa individualizada de Deus. Será reconhecida a unidade que existe entre todos os seres criados e a união com o grande Criador do nosso Sistema Solar. Em conformidade com isso, a fraternidade entre os seres humanos será uma realidade.

Presentemente, o trabalho de Júpiter em relação a nossa Humanidade diz respeito ao plano físico. Por intermédio do poder espiritual gerado pelas Suprarrenais, o Ego aprovisiona-se com a força necessária para aperfeiçoar seu Corpo Denso e conquistar o Mundo Físico, completando assim sua evolução dentro da esfera mundana. O centro espiritual das Suprarrenais vibra em azul.

O BAÇO E A REGIÃO ETÉRICA

O Baço é a porta de entrada das forças solares, especializadas pelo indivíduo. Essas forças circulam pelo Corpo físico como um Fluido Vital Solar, sem o qual nenhum ser pode viver. O Baço é regido pelo Sol, que é a origem de toda vitalidade. As energias desse grande Astro manifestam-se como: vontade, vitalidade, individualidade, autoridade, coragem, generosidade, dignidade, lealdade, fidelidade, instinto paternal, liderança e responsabilidade.

Quando a grande nota-chave do Espírito Planetário do Sol, que contém em si todas as tonalidades astrais, põe em ação a nota-chave correspondente no Baço: a Terceira Rosa na Cruz do Corpo Vital floresce.

O desenvolvimento dessa Rosa eleva a tal ponto a consciência do indivíduo que o torna apto a entrar em contato com a Região Etérica, a qual é uma corrente de vida de fluxo vibrante. Aí, ele vê realmente a atividade que é levada a efeito por uma classe de entidades invisíveis que trabalham por meio dos Éteres Químico, de Vida, Luminoso e Refletor. Vê as forças vitais que dão vida às formas minerais, vegetais, animais e humanas, realmente fluindo em suas formas. Vê o trabalho das forças que produzem a assimilação no Corpo, o processo extrativo dos diferentes elementos nutritivos do alimento e sua incorporação nos Corpos da planta, dos animais e do ser humano. Observa também como essas forças expelem do Corpo as matérias incapazes de serem usadas. Aprende, assim, que esses processos independentes da vontade do ser humano, como muitos outros, são sábios e seletivos. Vê como as atividades das forças da natureza agem no Éter de Vida tornando possível aos pais trazerem crianças a este mundo. Entra em contato com a grande onda de vida dos Anjos e observa como eles trabalham com esta mesma força vital criadora o modo de colocarem o Átomo-semente do Corpo Denso dos Egos em vias de nascerem, em novos Corpos físicos, na força criadora dos respectivos pais. Aprende como as forças da natureza no Éter Luminoso produzem o calor do sangue e como dirigem os órgãos dos sentidos tornando se capazes da visão, da audição, do tato, do gosto e do olfato.

O desenvolvimento em questão habilita o indivíduo a entrar em contato com o Éter Refletor e assim ver as imagens nele contidas. Em contato com esse Éter descobre que é por meio da atividade de certa classe de espíritos da natureza que o Ego é capaz de fazer a impressão do pensamento sobre o cérebro humano. No exame desse Éter, entra ainda em contato com aqueles poderes sutis do Espírito conhecidos como Mentes consciente e subconsciente[19] e, com o tempo, aprenderá como fortificar a primeira e ler os registros contidos na segunda.

Enquanto explora a Região Etérica, o indivíduo entra em contato com os Egos que fazem a revisão do seu panorama do após morte aprendendo, de maneira definida, esse processo de revisão.

Os novos poderes desenvolvidos pelo indivíduo capacitam-no a ver os Gnomos que trabalham com o solo, as Fadas que trabalham com as flores; vê como essas pequenas criaturas extraem a substância corante do Éter Luminoso e a depositam nas várias flores um instante antes de que elas estejam prontas a desabrochar. Vê também os Silfos no ar e acompanham o processo que usam para fazer as brisas e as ventanias. Vê as Salamandras, que ateiam todos os fogos, e observa como produzem relâmpagos e como estes são lançados em ziguezagues flamejantes nos céus.

Resumindo: os poderes desenvolvidos por influência do Sol sobre o Baço abrem ao indivíduo toda a Região Etérica; permitem-lhe entrar em contato consciente com todos os habitantes desse plano e ver o trabalho que ali fazem, bem como o que eles estão fazendo na Terra.

Os indivíduos que desenvolvem esses poderes tanto podem usá-los para o bem como para o mal.   Alguns podem ficar de tal modo enamorado de si mesmo que se tornam arrogantes, ostentadores, altivos, soberbos, dominadores, verdadeiros déspotas. Se assim fizer, colherão o pior: tristezas, sofrimentos sem fim, até que humildes e arrependidos, se transformem em valiosos servidores, desejosos e prontos para utilizar seus conhecimentos no melhoramento do mundo.

O centro espiritual do Baço vibra em amarelo ouro.

A GLÂNDULA TIMO E O MUNDO DO DESEJO

Vênus controla a Glândula Timo. As emoções são desenvolvidas pelo raio amoroso de Vênus. A sede das emoções é o Corpo de Desejos e esse Corpo liga o indivíduo com o Mundo do Desejo. Quando a no­ta‑chave de Vênus põe em atividade a nota‑chave da Glândula Timo, o indivíduo desenvolve a mais alta forma de amor, habilidade artística, alegria, atração, cooperação e união.

O mau uso desses poderes exprime‑se como sen­sualidade, dissolução, vulgaridade, preguiça, sen­timentalismo, vaidade e inconstância.

Novamente avisamos que os poderes espiri­tuais, uma vez desenvolvidos, podem ser usados pa­ra o mal, e que o resultado disso é sempre infalível desastre. A tentação para usar os poderes espiri­tuais em benefício próprio é muito sutil e quase imperceptível.

A nota‑chave do Espírito Planetário de Vênus é suave e clara. Traz, ao que com ela se sintoniza, um sentimento de inexplicável felicidade, semelhan­te àquela experimentada em uma reunião familiar onde toda discórdia foi esquecida e somente prevalece a alegria da renovada companhia. Parece, em tal pes­soa, que os anos se afastam, sente‑se jovem, alegre e feliz.

A gradual vibração da nota-chave de Vênus, en­focada na nota‑chave da Glândula Timo, desperta os poderes dessa Glândula, fazendo florescer a Quarta Rosa na cruz do Corpo Vital. Tal vibração, rapidíssima, põe o indivíduo em contato com as mais elevadas regiões do Mundo do Desejo, onde a vida anímica se exprime na beleza das cores vivas, nas formas perfeitas, na harmonia do movimento, na primo­rosa harmonia do som; onde a luz anímica revela ao amor a sua oitava superior – o altruísmo, e onde o poder anímico se manifesta em atividades filan­trópicas.

Aí, o indivíduo também entra em contato com a onda de vida dos Arcanjos, que tem Cristo como o mais elevado iniciado. Aprende a conhecer as atividades deles, particularmente as relativas ao trabalho dos diferentes Espíritos‑Grupo e Espíritos de Raça que, embora invisíveis, são íntimos participan­tes das atividades do animal e do ser humano. Vê em ação as duas grandes forças de atração e de repul­são, o poder ativo do interesse e o efeito não vitali­zante da indiferença. Aí, aprende uma verdade de valor inapreciável: “nada sobreviverá, a não ser o bem”. Isso é, toda energia despendida em qualquer propósito que não seja o bem, não é só desperdiçada na própria ação, como também reage desastrosa­mente sobre que se atreve a utilizá‑la para o mal.

O centro espiritual na Glândula Timo vibra em amarelo.

A GLÂNDULA TIREOIDE E O MUNDO DO PENSAMENTO

A Glândula Tiroide é regida pelo Espírito Planetário de Mercúrio. Quando os poderes desse Grande Ser são despertados no ser humano, manifestam-se principalmente como razão, raciocínio, intelecto, meditação profunda, boa memória, aplicação ao estudo, inteligência rápida, eloquência, destreza, expressão própria, oral e escrita, riqueza de conhecimento por meio do raciocínio e domínio próprio. O mau uso desses poderes exprime-se principalmente em astúcia, falta de escrúpulo, falta de cuidado, de princípios, preconceito, fanfarronice, desonestidade, indecisão, nervosismo.

Quando a nota-chave de Mercúrio soa clara e forte no indivíduo, desperta anseio de saber a razão de tudo:   por que estamos aqui?   De onde viemos?  Para onde vamos?   Quem é Deus?   Quais são os segredos referentes às Suas poderosas Criações? A Tiroide é a Quinta Rosa na cruz do Corpo Vital. Ao ser despertada, o indivíduo entra em contato com o Mundo do Pensamento, em harmonia com a música das esferas. Vê, conscientemente, os arquétipos de tudo que existe no Mundo Físico, e aprende como a sua vida futura é traçada pelos Anjos Arquivistas[20]. Obtém informações definidas sobre os Senhores da Mente de cuja onda de vida o Pai é o mais alto iniciado. Aprende a natureza da ideia germinal que produz a forma dos reinos mineral, vegetal, animal e humano; descobre a ideia germinal da vida que se manifesta nas plantas, nos animais e no ser humano, e, outrossim, a ideia germinal que origina os desejos e emoções dos animais e do ser humano. Vê o modo como todas as ideias germinais se constituem em arquétipos ou modelos, na Região do Pensamento Concreto, de tudo quanto existe no Mundo Físico. Nada se manifesta no mundo antes da criação do seu arquétipo no Mundo do Pensamento pelo poder rítmico da música das esferas. Aprendendo o valor real do pensamento, recebe clara demonstração do seu poder para o bem ou para o mal. Verifica, enfim, como é necessário ao Espírito obter o controle da Mente para dirigir suas atividades de acordo com o plano divino que dirige a evolução.

Constata plenamente que a própria força criadora é um poder de Deus, nele implantado pelo divino Criador, e que toda parte dessa essência espiritual não usada na construção de corpos para Egos que estejam para renascer deverá ser dirigida conscientemente para o cérebro e aí consumida na formação de ideias germinais que, tornadas realidades concretas, são de eterno valor; seus amigos, seus semelhantes, as aproveitarão para transmutar seus próprios poderes divinos em energia espiritual dinâmica tão necessária à conquista do mal e à promoção do bem.

Nesse ponto o indivíduo adquiriu o controle de sua Mente e equilibrou seu poder nos órgãos de geração e no cérebro. O Espírito rege agora o eu inferior, estando apto a dirigir todas as atividades para empreendimentos produtores de verdadeiro crescimento espiritual.

O centro espiritual na Glândula Tiroide vibra em violeta.

O CORPO PITUITÁRIO E O MUNDO DO ESPÍRITO DE VIDA

O Corpo Pituitário está sob a regência de Urano. A nota-chave desse Grande Espírito Planetário expressa-se no plano físico como originalidade, universalidade, amor à liberdade, compaixão, engenho, independência, reforma, progresso, inventiva, decisão, clarividência, misticismo e altruísmo.

Todas essas expressões prostituem-se na excentricidade, na boêmia, fanatismo, licenciosidade, irresponsabilidade, inconstância, ação espasmódica, anarquia, perversão e impaciência. A celestial nota-chave de Urano, de maior elevação do que a de Vênus, desperta a Sexta Rosa na cruz do Corpo Vital, abrindo suas pétalas douradas. A elevada vibração dessa Glândula exalta a consciência do indivíduo até o elevado Reino do Espírito de Vida onde todos os filhos de Deus algum dia formarão unidade com Ele e vê essas Forças de Vida de Deus penetrando toda a criação e unindo cada um com todos. Essa é a Região do puro altruísmo.

Nesse elevado Reino encontra-se um registro de tudo o que aconteceu desde a aurora da criação e a esse grande armazém de conhecimento o indivíduo está apto a ter acesso. Dele o indivíduo poderá obter informações definidas sobre a evolução do nosso próprio mundo e, também, de todos os outros Planetas do nosso sistema solar. Também entra em contato consciente com sua Mente Supraconsciente a qual lhe revelará a história de todas as suas vidas passadas, desde o tempo que foi concebido no grande Corpo do Deus Pai Mãe, até o dia presente.

Nesse Reino o indivíduo se relaciona com os grandes Senhores da Forma que têm sob especiais cuidados a evolução durante nosso Período Terrestre e deles aprendemos o verdadeiro significado da dinâmica energia espiritual e como usá-la para criar formas.

O Corpo Pituitário é um dos elos da cadeia espiritual que conecta o ser humano com o Grande Espírito de Cristo que comumente funciona em seu veículo Espírito de Vida. Todos os órgãos e elementos que são usados pelo Espírito de Vida para sua manifestação neste plano físico, como o coração, o Corpo Pituitário, o Éter Luminoso e o próprio Planeta Urano, bem como a Alma Intelectual, são utilizados pelo indivíduo em seu esforço para desenvolver o Cristo Interno que é o seu verdadeiro Espírito de Vida. O Corpo Pituitário é o primeiro assento do Espírito de Vida e o coração, o segundo. Esses apoios constituem o meio pelos quais o homem trabalha no desenvolvimento das potencialidades latentes de seu próprio Espírito de Vida, o qual é o polo feminino de seu ser, a energia de seu Espírito que é imaginativa, nutritiva e a sua energia mãe protetora. A cor do Espírito de Vida é amarela, que, também, é a de Urano. A cor do Éter Luminoso é amarela, que é também de um amarelo brilhante quando a Glândula Pituitária desperta.

O Corpo Pituitário está intimamente relacionado com o principal caminho que conduz à Iniciação.

Assim está perfeitamente claro que o despertar do Corpo Pituitário é um dos mais importantes processos que há de levar a cabo para desenvolver os poderes femininos Amor-Sabedoria do Espírito.

A GLÂNDULA PINEAL E O MUNDO DO ESPÍRITO DIVINO

A Glândula Pineal é regida por Netuno, o portador do Sol espiritual que é o Pai. A natureza desse Planeta é oculta, profética e espiritual. A intelectualidade regida por Mercúrio sobrepõe o ser humano à condição animal e fez dele o ser humano. Mas a espiritualidade regida por Netuno o elevará do estado humano ao divino.

Em sua manifestação no plano físico, Netuno se revela como sabedoria e governa os contatos com entidades suprafísicas de todos os graus, a espiritualidade, a inspiração, a clarividência, a profecia, a devoção, a habilidade de sintonia com a música das esferas, a ideação, a vontade, o ocultismo em geral, a filosofia, a divindade; enfim, ele pode ser considerado como o iniciador.

Mas, se a sua expressão normal é prostituída, passará a manifestar-se como condição mental caótica, ilusão, morbidez, incoerência, insegurança, vazio, obsessão, intriga, magia negra etc.

Quando a nota-chave do Planeta Netuno é sentida pelo indivíduo, sua indescritível formosura e poder despertam-lhe uma verdadeira sabedoria em relação a Deus e Seu propósito. Ele vê seu divino poder em ação.

A Glândula Pineal é a Sétima Rosa sobre a cruz do Corpo Vital. Quando sua nota-chave se desperta pela vibração do Espírito de Netuno, a consciência do indivíduo se eleva ao Mundo do Espírito Divino, onde entra em contato com os Grandes Seres conhecidos como os Senhores da Individualidade, que nos assistiram em nosso trabalho involuntário durante o Período Lunar e que agora estão operando com o Espírito de Vida do ser humano. Pelo Mundo do Espírito Divino o ser humano se relaciona com outros Sistemas Solares e alguma coisa aprende a respeito de outros Deuses, dos mundos e seres que têm sido criados por Eles.

O Mundo do Espírito Divino é a região da pura Vontade. Ali a energia positiva de Deus se expressa como motivo poder que mantém toda a criação em ação.

O caminho oculto do desenvolvimento está intimamente ligado com a atividade intelectual desenvolvida pela Lua e por Mercúrio, a Glândula Pineal e Netuno. O raio de Netuno leva aquilo que os ocultistas conhecem como o Fogo do Pai, a luz e a vida do Espírito Divino, que expressa a si mesmo como Vontade. A cor do Fogo do Pai é azul; a Luz de Netuno é azul, o Éter Refletor relacionado com o Pai é azul translúcido. Quando a Glândula Pineal entra em ação, sua cor vibra num azul deslumbrante.

O despertar dessa Glândula é da maior importância para o desenvolvimento positivo do poder masculino do Espírito.

O despertar das notas chaves das Glândulas de secreção interna está intimamente associado com a Iniciação e é um dos valiosos auxílios para o Espírito em sua preparação para receber o trabalho iniciativo.

Três grandes lições foram dadas ao ser humano para ajudá-lo em sua evolução. A primeira foi-lhe dada na forma de imagens e quadros que representavam a natureza dos poderes físicos a serem desenvolvidos pela Humanidade, a fim de conquistar o mundo material. A segunda foi dada por Jeová Deus ao povo por intermédio de Moisés que a corporificou em leis na forma dos Dez Mandamentos que operavam diretamente sobre o Corpo de Desejos, a fim de ajudar o ser humano a obter controle sobre ele. A terceira lição é a Iniciação que nos veio por intermédio do Espírito de Cristo, o Senhor do Amor. O trabalho que conduz à Iniciação é feito sobre o Corpo Vital que é o veículo do amor. As Glândulas de secreção interna pertencem ao Corpo Vital e suas atividades espirituais são uma poderosíssima ajuda para o indivíduo na sua preparação para alcançar os vários graus de iniciação.

Para o progresso espiritual, torna-se imperativo que o indivíduo obtenha controle sobre a Mente, o que somente poderá ser conseguido por meio da eterna vigilância. Sabemos que na maioria das pessoas a Mente e o Corpo de Desejos estão intimamente relacionados. Porém, a Mente deveria estar sob controle do Espírito e assisti-lo no domínio dos desejos; então tornar-se-ia uma poderosa força para o bem. A concentração persistente é o poder que o indivíduo deverá usar para controlar a Mente. Quando concentrado, o Espírito tem seu poder de vontade focalizado na Mente, dirigindo-a para um certo ideal. Quanto mais o Espírito possa manter a Mente centralizada, mais controle o indivíduo mantém sobre ela e, consequentemente, mais prontamente ela seguirá seus ditames.

Quando a Mente não está ocupada no trabalho cotidiano, deve ser constantemente vigiada e dirigida para coisas que tenham valor espiritual, tal como a análise do que constitui a beleza, o que realmente é a caridade, o que é a bondade, a gentileza, a justiça e a verdade. Porém, o Espírito não poderá controlar a Mente simplesmente por meio de um pequeno esforço; trata-se de uma batalha generalizada com o Corpo de Desejos, a fim de conquistá-lo. Porém, o Espírito é o mais forte e o mais sábio dos dois, e, assim sendo, ele pode vencer.

A Mente é o elo entre o Espírito e seus veículos e por meio dela ele obtém o alimento espiritual necessário para desenvolver suas potencialidades latentes. Por isso, enquanto o Espírito não obtiver controle sobre a Mente, não poderá haver verdadeiro progresso espiritual.

No futuro, as Glândulas de secreção interna estão destinadas a desempenhar um importante papel, pois seu desenvolvimento acelerará grandemente a evolução, porque, embora seus efeitos sejam muito importantes fisicamente, serão da mais alta importância mental e fisicamente.

FIM


[1] N.T.: A cadeia de causas e efeitos não é uma repetição monótona. Há sempre um influxo contínuo de causas novas e originais. Esta é a espinha dorsal da evolução – a única realidade que lhe dá sentido e a converte em algo mais que a simples expansão de qualidades latentes. É a “Epigênese” – o livre arbítrio, a liberdade para inaugurar algo inteiramente novo e não uma simples escolha entre dois cursos de ação. Esse importante fator é o único que pode explicar de modo satisfatório o sistema a que pertencemos. A Involução e Evolução por si mesmas são insuficientes, mas juntas com a Epigênese formam uma perfeita tríade de esclarecimento.

[2] N.T.: ou Epífise neural ou simplesmente Pineal é uma pequena Glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios.

[3] N.T.: Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena Glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cérebro. Está localizada abaixo do hipotálamo.

[4] N.T.: Atualmente, além da corticoesterona, estão identificados outros hormônios do córtex. De modo geral, eis os principais: a deshidro corticosterona, a hidrocortisona, a cortisona, a desoxicorticosterona e a aldosterona.

[5] N.T.: raças de cães: Mastim – cão grande – fisicamente pode chegar aos 70 kg e medir até 77 cm na cernelha; sua cabeça é a maior entre todas as raças caninas. Sua Personalidade é descrita como leal, apesar de sua face carrancuda; paciente e dócil. Buldogue – cão médio para grande – narinas grandes, amplas e pretas, vermelha ou marrom. O focinho é curto e largo, curvando-se para cima e muito profundo do canto do olho ao canto da boca. O pelo é de textura fina. Sua Personalidade é descrita como brincalhona e afetuosa, apesar da face brava. Tendência a ser preguiçoso. É teimoso e possessivo. São excelentes animais para famílias com crianças, pois são sociáveis e sem traços de agressividade. Fox-terrier – cão médio-pequeno – forte, inteligente, teimoso, persistente, destemido, ativo, afetuoso e, acima de tudo, muito amigo e protetor de seu dono. Dachshund – cão pequeno – “salsicha” – cães leais, protetores, ciumentos, valentes, brincalhões, conhecidos pela sua propensão em caçar pequenos animais e pássaros.

[6] N.T.: Warren Gamaliel Harding (1865-1923) foi o 29º Presidente dos Estados Unidos entre 1921 e 1923.

[7] N.T.: Carrie Amelia Moore Nação (primeiro nome também escrito Carry, nascida Carrie Amelia Moore; 1846-1911) era uma mulher americana; membro do movimento radical de temperança, que se opôs ao álcool antes do advento de Proibição. Ela é particularmente notável por atacar estabelecimentos que serviam álcool com uma machadinha.

[8] N.T.: também grafado como Tiroide.

[9] N.T.: Harold V. Gaskill

[10] N.T.: Lampreia é o nome comum dado a diversas espécies de peixes ciclóstomos de água doce ou anádromos, com forma de enguias, mas sem maxilas, pertencentes à família Petromyzontidae.

[11] N.T.: Henry Stanley Plummer (1874-1963), endocrinologista Americano.

[12] N.T.: que sofre de mixedema, que é uma infiltração cutânea causadora de edema firme e elástico nos tecidos, especialmente do rosto e dos membros, acarretada por diminuição da atividade da tireoide (hipotireoidismo).

[13] N.T.: é uma alteração no limiar de funcionamento cerebral, ou seja, o cérebro fica excitado além de seu normal, isso ocorre por exemplo nas convulsões, o cérebro fica tão excitado que entra em choque.

[14] N.T.: químico biólogo americano

[15] N.T.: Percy Bysshe Shelley (1792-822) foi um dos mais importantes poetas românticos ingleses.

[16] N.T.: em torno de 1,83 metros

[17] N.T.: Rafael Sanzio (em italiano: Raffaello Sanzio (1483-1520), frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras. Também é conhecido por Raffaello Sanzio, Raffaello Santi, Raffaello de Urbino ou Rafael Sanzio de Urbino. Junto com Michelangelo e Leonardo Da Vinci forma a tríade de grandes mestres do Alto Renascimento.

[18] N.T.: A Transfiguração é uma pintura, considerada a última e uma das mais importantes obras de Rafael Sanzio (1483-1520), baseada na Transfiguração de Jesus, descrita no Novo Testamento da Bíblia, no Evangelho Segundo São Mateus, capítulo 17, versículos 1 a 13.

[19] N.T: A memória consciente, voluntária, ou Mente consciente. É a nossa memória comum e acessível a todos. Imperfeita e fugitiva, ela se forma a partir das percepções dos nossos cinco sentidos. A memória subconsciente, involuntária, ou Mente subconsciente. Ela é impressa sobre o nosso Corpo Vital. O Éter contido no ar que nós respiramos registra a cada instante de tudo que nos acontece e tudo que nós desejamos, sentimos e pensamos. Essas imagens passam pelo sangue, por intermédio dos pulmões e são impressas no Éter Refletor do Corpo Vital. Todas as nossas ações, nossos desejos, emoções, sentimentos e pensamentos são, assim, fielmente conservados. Após a morte, eles determinarão nossas condições de existência no Purgatório e no Primeiro Céu.

[20] N.T.: Ou Anjos do Destino, Senhores do Destino, Anjos Relatores.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia e as Glândulas Endócrinas – Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz

O trabalho apresentado a seguir é um registro espiritual das funções do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal, bem como as suas relações com a Astrologia Rosacruz, demonstradas com exemplos de Configurações e posicionamento dos Astros.

As pesquisas levadas a efeito por Augusta Foss Heindel são uma contribuição decisiva à matéria endocrinológica e deveria ser reservada para uso de todos os Estudantes de medicina e das ciência ocultas.

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A Astrologia e as Glândulas EndócrinasAugusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz

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Por

Augusta Foss Heindel

Fraternidade Rosacruz

Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de acordo com:

10ª Edição em Inglês, 1973, Astrology and the Ductless Glands, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, 1973, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO.. 5

CAPÍTULO I – ÉPOCA POLAR.. 11

CAPÍTULO II – DO JARDIM DO ÉDEN.. 16

CAPÍTULO III – DUAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS. 19

O CORPO PITUITÁRIO.. 19

A GLÂNDULA PINEAL.. 21

CAPÍTULO IV – O GÁS ESPINHAL.. 23

OBSERVACÃO ESPIRITUAL.. 25

OBSERVACÕES ASTROLÓGICAS. 26

REJUVENESCIMENTO.. 28

INTRODUÇÃO

A Astrologia era uma das sete ciências sagradas cultivadas pelos Iniciados do Mundo antigo. Era estu­dada e praticada por todas as grandes nações da antiguidade. As origens da pesquisa astrológica são inteiramente obscurecidas pela noite do tempo que precedeu a alvorada da história. Segundo as tradi­ções, a ciência astrológica foi aperfeiçoada pelos filósofos magos da Época Atlante. Uma coisa é evidente: A Astrologia provém daqueles remotos dias, adornada com as descobertas e os embelezamentos de milhares de culturas. A história da Astrologia é na verdade a história do pensamento e das aspirações humanas. As leituras dos Astros, como apresentadas nos tabletes cuneiformes[1] de Sargon[2], são ainda usadas pe­los astrólogos desta geração. Somente modificações tem sido feitas, na medida em que os fundamentos culturais se impõem.

Duas escolas distintas de Astrologia têm sido reconhecidas desde o começo do período histórico. Com o declínio dos últimos atlantes e o surgimento do primitivo sacerdócio ariano e a profanação dos mistérios que agora são chamados de ciências, as quais foram separadas de suas antepassadas tradições religiosas, a Astrologia e a medicina foram as primeiras a proclamarem-se instituições independentes. Os sacerdotes do Estado Religioso não mais exerceram o monopólio sobre as artes proféticas e médicas. Começando com Hipócrates[3], novas categorias de adivinhos e curadores surgiram inteiramente ignorantes da fundamental unidade entre as ciências físicas e espiritual.

A divisão do aprendizado da essência do conhecimento em fragmentos competitivos (ou, pelo menos, não cooperativos), acabou por destruir a síntese. Frustrada pela divisão e discórdia, a total estrutura da educação rompeu-se em inumeráveis partes discordantes. A ciência médica dividida, de sua fonte espiritual deteriorou-se na Idade Média em Charlatanismo. A situação era tão penalizante, que levou o nobre médico Paracelso[4] a dizer: “Feliz do homem que não venha a perecer pela mão de seu médico”. A Astrologia vinha sendo igualmente corrompida pela comercialização de horóscopos. Separada de seu divino propósito ficou sujeita à ação de um trabalho indiferente e insubstancial de emitir predições terríveis ou compondo emplastros planetários para coceiras.

Entretanto, um pequeno grupo de homens e mulheres cultos e iluminados, preservou os segredos dos esotéricos da medicina e da Astrologia, em meio àqueles séculos de superstições e ambiguidades, que ora chamamos de Idade Média. Os Rosacruzes se incluíam entre esses grupos de seres humanos de elevada estatura mental. Eles honraram Paracelso como um chefe, um seu mentor. Graças a ele e à Rosacruz os segredos espirituais da natureza foram restaurados, vindo a ocupar o lugar primordial do conhecimento. O conhecimento foi interpretado misticamente. As ciências profanas refletiram meramente como formas exteriores dos mistérios internos. Mas os segredos da interpretação mística eram ocultados do vulgo e dados somente àqueles que anelavam por coisas do Espírito. A “Divindade Mística” de Dionísio – o Aeropagita[5] – tornou-se o livro-texto de um sempre crescente número de homens e mulheres devotos e amantes de Deus, que viam em todas as formas e instituições externas, as sombras e as semelhanças da verdade interior.

O Mundo moderno, que tanto se sacrificou pelo direito de pensar, em seu próprio conceito cresceu em sabedoria. Educadores ignoravam aqueles valores espirituais que constituem os ingredientes inestimáveis da composição química que chamamos civilização. A ciência material tornou-se uma instituição orgulhosa, um agrupamento de pedagogos e demagogos. Não deixaram lugar para o misticismo, nos cânones de seus super-escolásticos. Hipnotizados pela estranha fascinação que a matéria exercia sobre os materialistas, os sábios modernos ignoram a alma, aquela realidade invisível na qual se apoiam as ilusões de todo o Mundo.

Foi Lord Bacon[6] quem disse: “Um pouco de conhecimento inclina as Mentes dos homens para o ateísmo, porém a grandeza de conhecimentos devolve-os a Deus”. Essa maravilhosa frase expressa a cadência da idade moderna: Um Mundo desiludido, abatido pela insignificância das coisas materiais, que está clamando por aquelas verdades místicas que, por si só, explicam e satisfazem. A volta ao misticismo traz consigo um interesse renovado pela Astrologia e Cura.

O misticismo traz um novo padrão interpretativo. Mas, para corresponder à exata exigência de interpretação mística, todos os ramos de aprendizado devem ser purificados e restabelecidos. Para o místico, a Astrologia não é, meramente, predição ou fonte de conselhos, é a chave para atingir filosoficamente as verdades espirituais para ser estudada pelo que ela é em si.

Embora a ciência tenha classificado, catalogado e denominado todas as partes e funções do corpo, não pode descrever nem explicar o que o ser humano realmente é, de onde veio, porque está aqui, ou para onde irá. Em face da ignorância concernente a estes assuntos vitais, é difícil apreciar um conhecimento elaborado em matérias secundárias.

Os Iniciados da antiguidade estavam primeiramente interessados com o aspecto universal ou cósmico do ser humano, mesmo porque para alguém viver bem, deve orientar-se, deve conhecer, pelo menos em parte, o plano de viver. Com este conhecimento pode, então, cooperar com “o plano”. A vida filosófica recomendada por Pitágoras[7] consistia meramente em conhecer a verdade e vivê-la.

Os cientistas procuraram as causas daquelas energias que motivam e sustentam o Mundo; decidiram, por meio de um processo de eliminação, que essas causas devem estar numa estrutura subjetiva do universo, a esfera invisível de vibrações. Assim, a moderna tendência para atribuir à vibração, tudo aquilo que não pode ser explicado de outro modo. No momento em que reconhecemos estar o universo mantido por uma energia invisível que se manifesta através da lei de vibração, a física passa a tornar-se suprafísica; a fisiologia se torna psicologia; e a astronomia se torna Astrologia. A Astrologia nada mais é que o estudo dos corpos celestes, em termos de energias que deles irradiam e não apenas uma mera apreciação de suas aparências e estruturas.

Os primitivos Rosacruzes se apegavam à teoria geralmente rejeitada pelos homens de ciência e agora conhecida como teoria microcósmica. Paracelso foi o mais destacado expoente deste conceito de ordem e relação universal. Ele disse: “Assim como existem estrelas nos céus, assim também há estrelas dentro do ser humano. Portanto, nada existe no universo que não tenha seu equivalente no microcosmo (o corpo humano)”. Em outra ocasião ele disse: “O Espírito do homem deriva das constelações (estrelas fixas); sua alma, dos planetas; e seu corpo, dos elementos”.

É completamente impossível, mesmo para o mais altamente treinado cientista, examinar e apreciar devidamente os valores da infinita difusão do cosmos, com suas ilhas, galáxias e incompreensíveis aspectos do espaço incomensurável, embora a total aparência dos Mundos é evidentemente dominada por leis todo-suficientes. O ser humano mesmo é menos difuso, ainda que, de outra maneira, não menos difícil de analisar. As células do corpo humano são incontáveis como as estrelas do céu. Inumeráveis categorias de coisas vivas, espécies, tipos gêneros, estão se desenvolvendo na carne, músculos, ossos e tendões da constituição corpórea humana. A dignidade do microcosmos dá ao cientista alguma ideia da sublimidade do macrocosmo. Pelo uso da Astrologia é possível descobrir a inter-relação das forças celestiais entre o macrocosmo e o microcosmo. Os centros do corpo físico, por onde penetram as energias siderais foram descobertos e classificados pelos antigos gregos, egípcios, hindus e chineses. Existe uma grande oportunidade no trabalho de examinar não somente o corpo físico, como também as auras que se estendem do corpo, formando um esplêndido traje de luz cósmica.

Os últimos anos testemunham um excepcional progresso no ramo da ciência médica chamada endocrinologia, ou seja, o estudo da estrutura e funções das Glândulas de secreção interna, com a pesquisa de métodos terapêuticos para tratamento de suas anomalias. Estas Glândulas são agora aceitas como reguladoras de função física; governadoras e diretoras da estrutura corporal, profundamente significante, não somente em suas reações físicas, mas também sobre a mentalidade, emoções, reflexos sensoriais, e ainda sobre a chamada função espiritual ou metafísica. Quase todos endocrinologistas admitem que a Glândula Pineal[8] é a mais difícil de ser tratada e de ser entendida. Ela pode ser geralmente atingida, agora, somente através do tratamento de outras Glândulas sobre as quais ela atua com capacidade de um “generalíssimo”. As funções físicas das Glândulas já estão razoavelmente bem classificadas. Todavia, as presentes opiniões ainda serão revistas e ampliadas. Os médicos estão propensos a admitir que as funções das Glândulas não terminam meramente com seus efeitos sobre o corpo. Doutra parte, os cientistas ainda não estão preparados para fazer qualquer pronunciamento, além do campo da reação materia1[9].

No entanto, é assaz significativo afirmar que, através da combinação da clarividência e da Astrologia é possível examinar as Glândulas endócrinas e descobrir os elementos metafísicos de seus funcionamentos. O moderno Clarividente usa para seu trabalho o mesmo método que usavam os sacerdotes Iniciados do Mundo antigo, e como os velhos adeptos ele dá sua contribuição para a soma de conhecimentos que somente agora estão sendo considerados pelo cientista-materialista, depois de séculos de experiências.

O trabalho apresentado a seguir é um registro espiritual das funções do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal. Sinto que as pesquisas levadas a efeito pela Sra. Max Heindel são uma contribuição decisiva à matéria endocrinológica e deveria ser reservada para uso de todos os estudantes de medicina e ciência ocultas.

Manly P. Hall

CAPÍTULO I – ÉPOCA POLAR

Então Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus e criou-o varão e fêmea.”  (Gn 1:27)

No estudo da origem do ser humano e seu estado pré-histórico, tropeçamos constantemente em mistérios inexplicáveis, especialmente quando lemos com pontos de vistas materialistas o Antigo Testamento, que é a maravilhosa história do ser humano. Desse modo nos vemos obrigados a escalar, pelas mais formidáveis rochas da dúvida. Mas quando lemos as entrelinhas ou vemos o passado com a Mente aberta, então o Livro do Gênesis se torna uma mina cheia de gemas das mais raras espécies.

No Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” aprendemos que o Mundo está dividido em sete diferentes estados de consciência. Começando com o mais denso, temos a matéria física com a qual está formado o corpo físico do ser humano. Embora não seja visível aos sentidos físicos. Sabemos e temos provas positivas de que existe alguma coisa mais, dentro e ao redor de nós, de natureza sutil, mais delicada do que nosso corpo físico, porque o interpenetra.  É certo que não podemos vê-la, nem sentí-la. Todavia a eletricidade é uma força que o ser humano sente, mas não vê, sabemos que a atmosfera existe, mas não podemos vê-la. Do mesmo modo podemos sentir e saber, que esta sutil vida rarefeita existe. Vemos a tempestade e sentimos a força dela; vemos as gotas de chuva descendo sobre a Terra e, pela ciência, aprendemos que essa chuva é atraída para cima, por evaporação, causando a umidade nas nuvens. Sabemos que o vento sopra e sentimos a refrescante influência dele. A ciência tem uma explicação para todas essas mudanças e explica tais fenômenos atmosféricos, de acordo com suas investigações materialistas.

O ocultista explica estes fenômenos, segundo um ponto de vista superior ou espiritual, dizendo aos cientistas que as grandes regiões invisíveis de onde os ventos provêm, são povoadas por inteligências superiores e que os elementos são controlados por grandes Espíritos. Que eles tem seres que executam suas ordens, por exemplo: o Espírito da água tem seus trabalhadores, as Ondinas. O Espírito controlador do vento trabalha através dos Silfos[10]. E assim temos os elementos que o ser humano deve reconhecer, como existentes, todos com seus invisíveis lideres e seus trabalhadores que existem no grande Universo de Deus, tal como o pobre materialista, que nega tudo o que não pode ver, com os olhos físicos, e, quando se pede uma explicação desses grandes mistérios, nada poderá dizer.

Como dissemos, O “Conceito Rosacruz do Cosmos” reconhece sete diferentes Mundos. Como podem ser chamados? Não importa, porque nós podemos somente reconhecer como matéria aquilo que o ser humano comum pode ver com sua vista física. Contudo, existem seis estados superiores de consciência. Os quais, designemos pelos nomes que foram dados a Max Heindel pelos grandes seres, que viram nele a pessoa adequada para confiarem esse conhecimento:

  1. O Mundo Físico;
  2. O Mundo do Desejo;
  3. O Mundo do Pensamento;
  4. O Mundo do Espírito de Vida;
  5. O Mundo do Espírito Divino;
  6. O Mundo dos Espíritos Virginais; e
  7. O Mundo de Deus.

São apenas nomes. Não explicam as condições destes diferentes estados. Para ajudar, tomemos a ilustração da chaleira com água. Sabemos que o ar filtra-se através dessa água. Se colocarmos a chaleira com água em cima de um bloco de gelo, a água irá se esfriando até congelar-se. Tomemos depois a chaleira e coloquemo-la num fogão a esquentar. Em pouco tempo o gelo se liquefaz e a água se evapora na atmosfera, perdendo-se de nossa vista. Para onde foi? Algum lugar onde os olhos incrédulos do materialista não podem seguir, mas que o ocultista pode acompanhar. Ele sabe que nada se perde no Universo de Deus.

O ser humano, que é o mais perfeito trabalho de Deus, é composto de cada elemento existente nos citados sete Mundos. Tal como o vemos hoje, com sua Mente e Corpos maravilhosamente desenvolvidos e complexos, foi feito de barro e num só dia, como induzem más interpretações do primeiro capítulo do Livro do Gênesis. O estado atual do ser humano é produto de desenvolvimento gradual através de idades sem conta. Podemos seguir o ser humano quando ele entra na arena da vida como um Espírito Virginal, um pensamento, uma faísca do Pai Divino, largado no espaço com tal força que somente Deus pode usar. Este pensamento-forma tem seu nascimento no Mundo dos Espíritos Virginais, de onde as flamas divinas começam sua longa peregrinação através da matéria, colhendo material cada vez mais denso de cada Mundo e abrindo seu caminho através de etapas do mineral, vegetal, animal, até chegar, finalmente, ao estágio humano. Dentro desta faísca divina desenvolvem-se todas as potencialidades do Pai Divino. Assim como o pensamento de um edifício é gerado por um ser humano e gradualmente vai tomando forma em sua Mente. É assim, como põe seus planos no papel e imediatamente providencia os materiais necessários a sua edificação. Do mesmo modo se manifestou o pensamento de Deus, a faísca que se deveria tornar ser humano, também se tornou manifesta e nós a vemos hoje se expressando em um corpo a respeito do qual Davi, louvando a Deus no Salmo 139, disse: “Eu Te louvarei, pois sou assombrosa e maravilhosamente feito”. Paracelso disse: “O próprio corpo físico é o maior de todos os mistérios, porque nele estão contidas, em estado condensado, solidificado e corpóreo, as verdadeiras essências com as quais é feita a substância do ser humano espiritual, este é o segredo da Pedra Filosofal”.

Existem mistérios dentro desse templo humano que o ser humano é incapaz de solucioná-los, e por cuja solução, têm se sacrificado muitas vidas, tanto do reino humano como do animal. Os vivisseccionistas têm arriscado suas próprias almas no empenho de resolver esses mistérios. Os animais têm sido submetidos aos mais cruciantes sofrimentos pela ciência no seu esforço para arrancar estes segredos de Deus. Porém a ciência material não pode ir mais além porque se encontra frente a uma muralha, que não pode ser franqueada pelos seus instrumentos e suas mentalidades científicas, que nada podem fazer. Há apenas um instrumento que a ciência não pode ou não admite reconhecer, e é o único, que poderia penetrar ou romper essa muralha: é o Espírito humano. O Clarividente Voluntário treinado, sozinho, tem acesso as mais elevadas Regiões, as quais infortunadamente o materialista por não ter prova material, não admite a sua existência. Contudo, devemos dar-lhe crédito por ter conseguido maravilhas nos seus esforços para compreender as enfermidades humanas. A medicina tem conseguido coisas maravilhosas.

Existem duas forças na natureza que o ser humano admite como existentes em cada átomo. A força positiva, masculina, e a força negativa, feminina. Encontramo-las, igualmente, nos metais que usamos para gerar a eletricidade: no cobre, no zinco, etc.; também nas plantas encontramos os mesmos elementos. O próprio átomo mais diminuto do corpo humano está carregado com estas duas forças. Estas mesmas energias, atuam através de seu corpo, e sem elas não poderiam manter-se juntas, as partículas que o formam. O homem com um Corpo Denso masculino, embora possa expressar fisicamente positivo, ainda que seu Corpo Vital seja negativo, ajuda-o a manter coesas as partículas físicas positivas. Igualmente a mulher expressando-se num Corpo Denso feminino negativo é equilibrada pelo Corpo Vital positivo.

As várias formas de desenvolvimento do corpo do ser humano durante a vida pré-natal são recapitulações de seus desenvolvimentos durante o chamado período involutivo. Na Época Polar, seu corpo era globular, semelhante ao óvulo e também formado de substância gelatinosa. Ao principio não havia mais que um órgão, que se projetava da parte superior dessa forma globular, ou em forma de bolsa. Este órgão era os olhos e ouvidos, pois era na verdade o núcleo por meio do qual o resto do corpo foi construído e o meio pelo qual recebeu a vida do Pai. Este órgão é hoje chamado epífise neural, ou Glândula Pineal. As energias do ser humano, naquele tempo, como as do feto hoje, eram dirigidas para dentro, para construção dos futuros órgãos. E tal como a vida pré-natal do Corpo Denso de hoje é dirigida e ajudada pela mãe, assim também o ser humano era assistido no período involutivo pelas Hierarquias Divinas. Ele estava em direto contato com os reinos superiores e não tinha ainda consciência de seu ambiente físico. Nesse meio tempo, os olhos, os ouvidos, e os vários órgãos foram tomando forma dentro desse corpo ovoide, ao passo que a Glândula Pineal que, ainda é um mistério para a ciência médica, era seu único meio de comunicação com o Mundo exterior. Esse órgão era muito maior que atualmente, e de sua extremidade cônica projetava-se um longo transparente e flexível tentáculo, que o auxiliava na locomoção e na sensação. Este apêndice ainda pode ser observado na pequena extremidade da Glândula Pineal. Tem atualmente a aparência de um pequeno pedaço de pele e suas funções serão relatadas em outro capítulo.

CAPÍTULO II – DO JARDIM DO ÉDEN

A Evolução do ser humano, nesse Período Terrestre, até o presente momento é dividida, segundo os Ensinamentos Rosacruzes, em cinco Épocas. Descrevemos o seu desenvolvimento corporal durante a Época Polar. Agora faremos um estudo dele durante a Época seguinte, ou seja, a Época Hiperbórea. Anteriormente, o ser humano era idéntico ao mineral; posteriormente ele desenvolveu o Corpo Vital e era parecido ao vegetal[11]. Na terceira Época, a Época Lemúrica, desenvolveu o Corpo de Desejos, tornando-se parecido ao animal[12]. A Terra já havia formado algumas incrustações e havia endurecído em certos lugares, ao passo que a atmosfera era idêntica a uma densa neblina. O ser humano vivia, então, na mais densa das vegetações para se proteger do excessivo calor, enquanto seu Corpo havia adquirido uma forma gigantesca – grandes braços e mãos, maciças mandíbulas, sem testa, o topo da cabeça era muito próximo de onde hoje temos as sobrancelhas. O esqueleto estava parcialmente formado e sua estrutura era de uma cartilagem branda. O ser humano não estava ainda apto a andar ereto. O sangue, que até então fora frio, passou a receber o ferro e a desenvolver corpúsculos vermelhos, que, por sua vez, endureceram a estrutura corporal, tornando possível ao ser humano caminhar verticalmente.

Chegamos agora à Época de desenvolvimento humano relatado no segundo capítulo do Gênesis, quando o Senhor deu a Adão uma companheira, procedendo-se a separação dos sexos. Até, então, o ser humano era hermafrodita, porém, agora, chegamos ao tempo mencionado na história bíblica de Adão e Eva, quando eles foram expulsos do Jardim do Éden, em virtude de seus pecados. A mudança dos sexos não foi conseguida em um dia, como se poderia concluir pela leitura do Livro do Gênesis. Realizou-se lenta e gradativamente. Como a Terra se tornou mais cristalizada, a evolução do ser humano seguiu paralelamente a tal mudança, e daí se tornou necessário que o Ego penetrasse dentro do Corpo, a fim de exercer seu domínio sobre ele. Para isso foi necessário conseguir que um cérebro e uma laringe fossem adicionadas, e, para tal, ao ser humano foi necessário sacrificar metade de sua força criadora. Daí, então, o ser humano atingiu ao ponto de ser uma entidade individualizada e pensante, um criador, e tornou-se apto a iniciar seu trabalho com os minerais.

O ser humano, nesse tempo, era inconsciente da mudança dos sexos e também inconsciente de seu ambiente exterior, porque seus olhos ainda não tinham sido abertos. Similarmente aos peixes de águas profundas ou às topeiras não tinhamos necessidade desses órgãos, porque a atmosfera era demasiado densa e enevoada. Contudo, depois que a Terra foi lançada do Sol Central, a luz que vinha do interior do ser humano passou a vir de fora. E como a natureza sempre supre cada necessidade, dai, então, os olhos do ser humano começaram, lentamente, a se desenvolver. Identicamente o cérebro foi se desenvolvendo por etapas; da mesma maneira outros órgãos relacionados com o cérebro foram se formando de acordo com as exigências do desenvolvimento humano.

Conforme se separaram os sexos e o ser humano expressou exteriormente apenas um dos sexos; a Glândula Pineal, que nas Épocas Polar, Hiperbórea e na primeira parte da Época Lemúrica sobressaia do topo da cabeça, nessa ocasião, recolheu-se ao interior do crânio.

Há, ainda, pequeno órgão dentro do cerebro do ser humano, o Corpo Pituitário, que tem muito a haver com seu desenvolvimento físico e mental, e que é tão importante quanto à epífise cerebral, a Glândula Pineal. O Corpo Pituitário ou hipófise é muito necessário para a vida humana e seu desenvolvimento. Ele desabrocha no feto, na quarta semana.

Na vida é possível seguir o desenvolvimento do corpo humano, em todas as suas fases, desde o início até ao maravilhoso mecanismo atual; primeiramente vemos como uma diminuta partícula de matéria gelatinosa é atraída por outra partícula de vibração oposta, formando os polos positivo e negativo. Seguindo o embrião através de seu desenvolvimento ele adquire a forma semelhante a uma bolsa; a primeira tentativa de dar forma e é idêntica à que foi descrita no capítulo precedente, a forma globular e gelatinosa da Época Polar. Este pequeno saco embrionário possui dentro de si todas as potencialidades do presente Corpo aperfeiçoado, com as duas polaridades: positiva, masculina e negativa, feminina; a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário. Seguimos o embrião humano através de seu crescimento e de suas transformações, as quais, tal como no caso do ser humano pré-histórico, passam através dos estágios equivalentes ao mineral, vegetal, adquire o estágio de réptil, com sua característica cauda, a qual desaparece na nona semana. Seguindo em seu estágio animal, com sua face semelhante à do cão, na qual há como que uma pequena mancha, que se tornará mais tarde os olhos, os ouvidos, etc. Em certo estágio de seu desenvolvimento, a Glândula Pineal projeta-se através da forma idêntica à de uma bolsa, e essa pequena forma passa pelo hermafroditismo, tal como na Época Hiperbórea, quando não havia diferenciação de sexo exteriormente. Assim podemos seguir a evolução do corpo humano pelas transformações operadas no crescimento pré-natal da criança na matriz materna.

CAPÍTULO III – DUAS GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

A Glândula Pineal e o Corpo Pituitário são dois órgãos que não tiveram de sofrer mudanças extensivas até o presente estágio. Estes órgãos estavam presentes no Corpo saciforme durante a Época Polar, semelhantemente ao botão em sua forma ovoide, que contém em si o estame e o pistilo; a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário, respectivamente, são os núcleos das forças positiva e negativa, por meio das quais o nosso crescimento físico tem se processado.

Estes pequenos órgãos eram maiores no ser humano primitivo do que no presente. Através deles as Hierarquias Criadoras, designadas na Filosofia Rosacruz por Senhores da Forma, puderam ajudar o Ego a construir seu Corpo e levá-lo até o estado atual de perfeição.

O CORPO PITUITÁRIO

O Corpo Pituitário[13] recebeu esse nome porque a ciência médica cria que a pituita ou o muco nasal provinha deste Corpo. Atualmente esta ideia foi abandonada e, conquanto que a medicina afirmasse que as funções reais do Corpo Pituitário fossem principalmente especulações, nos últimos anos, entretanto, adquiriu-se muito conhecimento, não havendo mais especulações sobre o assunto. Esta Glândula é encontrada numa depressão em forma de sela do osso esfenoide, entre os olhos, e diretamente atrás da raiz do nariz, onde se juntam os dois nervos óticos. É impossível indicar o seu tamanho, porque muda com a idade, com o temperamento e a moral de cada pessoa. Gray[14] descreve o Corpo Pituitário como sendo um ponto de união na vida do primitivo embrião do hipoblasto, que é a camada mais interna; do epiblasto que é a camada mais externa, que mais tarde acaba por converter-se no sistema nervoso e na pele e do mesoblasto que é a camada intermediária. Dentro destas três camadas estão contidos todos os órgãos germinais do Corpo em formação. Consequentemente, o Corpo Pituitário é a estação central através da qual todo o crescimento é dirigido, mas a Glândula Pineal é o poder real e verdadeiro que está atrás de tudo isso, a respeito de cuja formação nos ocuparemos mais tarde.

A Glândula Pituitária é um pequeno corpo ovoide, composto de dois lóbulos; o anterior ou glandular, e o posterior ou nervoso, tendo cada um deles funções distintas e variando igualmente em cor. O lóbulo anterior é composto de uma substância cinzento-amarelado-rósea, enquanto que o posterior é mais escuro.

A ciência médica tem realizado algumas investigações valiosas nos últimos tempos, e entre outras coisas sustenta que o Corpo Pituitário é menor no homem do que na mulher, e que seu tamanho aumenta rapidamente entre o nascimento e a puberdade; sustenta, também, que o lóbulo posterior age sobre a circulação e sobre os fluidos do Corpo, regulando a assimilação dos hidratos de carbono e outros alimentos, secreções renais, temperatura do Corpo, etc.

Um de nossos Estudantes, que é médico, nos escreveu em certa ocasião, que jamais sairia de sua casa para atender um caso de obstetrícia, sem levar em sua maleta extrato pituitário, o que, se empregado devidamente, reduz as dores do parto e apressa-o de uma a até quatro horas. Entretanto, esse extrato em mãos inexperientes, é como uma espada de dois gumes.

A Glândula Pituitária está relacionada diretamente e governa a forma externa do cérebro e da coluna espinhal, a dura máter; essa coluna encerra o grande princípio materno protetor, recobre o cérebro e a medula espinhal, protegendo-os contra impactos exteriores; também alimenta os vasos sanguíneos e nervos.

A GLÂNDULA PINEAL

A Glândula Pineal[15] é um pequeno Corpo em forma de cone, que varia de tamanho, conforme o estado mental e espiritual da pessoa; chama-se assim por sua semelhança com a “pinha”, a cuja forma se assemelha. É maior na criança do que no adulto, e maior nas mulheres que nos homens. A ciência conhece pouco de suas funções, sendo que é dito que ela governa diretamente os órgãos geradores e o cérebro. Os extratos da Glândula Pineal quando injetados na circulação produzem ligeira dilatação dos vasos sanguíneos. É grande no momento de nascer e encontra-se totalmente desenvolvida na puberdade. Sua evolução estrutural começa na idade dos sete anos. Dana e Berkeley[16] em suas investigações constataram que esse órgão é menor e destituído de substância nas crianças mentalmente retardadas. A ciência oficial também pode verificar que existe uma relação entre esta Glândula e as funções da Glândula intersticial e do cérebro, mas estas conclusões são meramente especulativas.

A Glândula Pineal é mantida em seu lugar mercê a “pia mater”, uma membrana delgadíssima que envolve ou cobre todo o cérebro e a medula espinhal, da qual todo o sistema nervoso central se alimenta, e da qual partem inúmeras raízes de pequenos nervos que se exteriorizam por entre as vértebras da coluna dorsal. A “dura mater” é o invólucro exterior, enquanto que a “pia mater” é o invólucro interior. A Glândula Pineal tem uma certa aparência com um pequeno órgão masculino e repousa sobre o que a ciência denomina quadrigêmeo, que são quatro saliências arredondadas, colocadas em dois pares. Os dois inferiores denominamos traseiros, e os dois superiores, dianteiros. A pequena Glândula Pineal repousa no centro deles.

O Corpo Pituitário está conectado com a “dura mater”, o principio maternal, pelo lado anterior do terceiro ventrículo. A Glândula Pineal, que é o órgão masculino ou positivo, está ligada com a “pia mater” e se localiza no terminal posterior do terceiro ventrículo, consequentemente, esta diminuta cavidade ou ventrículo é da maior importância, como veremos mais tarde.

CAPÍTULO IV – O GÁS ESPINHAL

De acordo com as doutrinas Rosacruzes, o sangue é um gás e não um líquido, como a ciência oficial afirma. Quando uma pessoa que tenha a visão espiritual desenvolvida observa a coluna espinhal, o gás que existe nela tem a aparência de uma corrente luminosa muito fina, cuja cor varia conforme o temperamento e a moral da pessoa. Entre as pessoas sensuais, esse fogo espinhal é um vermelho-tijolo sombrio, matizado com um tênue colorido azulado.

Conforme as suas aspirações vão se elevando e desperta-se o seu amor pelos demais, essa cor vai se fazendo mais e mais clara e a luminosidade azul começa a ascender-se com ligeiras tonalidades róseas. Quando se observa o gás espinhal de um ser humano espiritualmente desperto, que tenha purificado a sua Mente e seu corpo por meio de elevados ideais e de uma vida de serviço e abnegação, especialmente quando observado sobre o efeito da meditação e da oração, a sua visão é realmente maravilhosa. O fogo espinhal é de um intenso azul etéreo, sumamente difícil de ser descrito. O azul que mais se lhe aproxima é o azul da chama de gás, com suavíssimos matizes de amarelo, os quais se manifestam através dela. Desde a parte inferior da região sacra, até a parte superior da região lombar, as cores encontram-se, todavia, mescladas de vermelho, porém, o gás espinhal acende e ascende, tornando-se cada vez mais puro e diáfano.

Esse fogo espinhal durante a meditação e a oração se torna cada vez mais ativo e à medida que vai tocando os nervos espinhais, emite pequenas chispas no começo de cada um, até alcançar a medula oblongada, que parece atuar como transformador ou uma estação separadora, onde as cores sofrem uma mudança, descendo as cores obscuras e sujas, ao passo que o gás mais leve segue para cima.

Existe na extremidade inferior do quarto ventrículo, uma espécie de cavidade em forma de peneira, que está relacionada com a medula oblongada. Nessa última, o gás parece que sofre um processo de purificação, passando logo do quarto ventrículo ao terceiro, onde passa por um esplendor dourado, semelhante à fornalha, quando então é absorvido pela Glândula Pineal.

A cor dessa chama é diferente, sem dúvida, no adulto de natureza terrena, cheio de paixões e desejos, cujo corpo só se alimenta das carnes dos animais, e que está impregnado de fumo, álcool, etc.  O gás espinhal de uma pessoa é de cor rosa e tem certa tendência de aderir-se à parte inferior da coluna espinhal. Essa pessoa necessitará fazer um esforço considerável para extrair algo desse gás e fazer com que ele ascenda ao cérebro a fim de alimentar o trabalho mental, e sua coloração não é do azul-diáfano que se encontra no ser humano de elevadas aspirações.

A Glândula Pineal da pessoa sensual, que dissipa seus fluidos vitais, é muito pequena, enquanto que na criança e no adulto que leva uma vida pura e limpa, esse órgão é grande.

A água quando atinge um certo grau de calor se converte em vapor, dissipando-se no ar, deixando, porém, um pequeno resíduo ou sedimento cristalizado no fundo do recipiente. Ao contrário, o sangue, enquanto está no interior do corpo, é um gás, porém, quando entra em contato com o ar se torna líquido, condensando-se. Assim, seria impossível para a ciência, sob semelhantes condições, investigar com seus instrumentos materiais e claramente entender as funções destes dois órgãos tão vitais, como a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário, cuja inacessibilidade os torna quase impossível de serem removidos sem que mudem a forma deles.

Quando o ser humano com a faculdade da visão espiritual investigar as funções fisiológicas desses órgãos, não necessitará extraí-los, mas, simplesmente, dirigirá sobre eles sua visão de raios-X e observará a ação deles.

OBSERVACÃO ESPIRITUAL

A autora teve o privilégio, enquanto sob a direção de um Iniciado Rosacruz, de observar as duas Glândulas Endócrinas, ora focalizadas, em ação. O momento e a oportunidade foram idealmente preparados e uma pessoa viva serviu de estudo. Ambos os órgãos eram muito grandes, o que permitiu uma grande clareza em nossas observações.

A pessoa era uma mulher em estado de meditação espiritual, uma mulher que tinha uma vida pura e cheia de elevadas aspirações, cujo alimento, por muitos anos, consistiu de frutas, legumes e cereais.

O Corpo Pituitário, em que se registram em primeiro lugar essas aspirações, estava muito avolumado. O lóbulo posterior estava voltado para trás com seu pescoço em forma de funil, aumentado com uma boca aberta na extremidade. Dessa boca aberta exalava um gás de cor rosa suave, ligeiramente matizado de amarelo e azul claro. A coluna espinhal estava cheia de um éter azulado, claro e mesclado de suave tonalidade rosa e amarelo. Depois que esse gás abandonava a medula oblongada e entrava na Glândula Pineal era de um maravilhoso colorido azul, como as tonalidades que as montanhas parecem ter depois do sol se pôr. A Glândula Pineal está também avolumada com a ponta do cone estirando-se em direção ao Corpo Pituitário. O diminuto apêndice de pele, mencionado em capítulo anterior, que se encontra no final da Glândula Pineal, está alongado e emite uma pequena chama, semelhante à chama azul de um jato de gás. Os dois órgãos vibram intensamente estirando-se, um em direção ao outro, sobre o terceiro ventrículo, uma cavidade oblonga que existe entre os tálamos óticos. Quando a vida do Aspirante à Vida Superior tem sido pura, o ventrículo citado aparece ao ocultista como um forno diminuto, resplandecente, de luz dourada, que supre a vitalidade do corpo.

A Glândula Pineal, como já foi dito, tem a aparência de um minúsculo órgão masculino, enquanto que o Corpo Pituitário, com sua boca aberta, é semelhante ao órgão feminino. Dessa maneira podemos ver que a ciência oficial, que procura provar que esses órgãos estão diretamente relacionados com as funções do cérebro e dos órgãos geradores, está certa.

Têm influência direta sobre o ser humano, desde as duas extremidades da medula espinhal, como demonstra o fato de que todos os pervertidos sexuais se tornam degenerados. A conservação dos fluidos vitais e a vida casta e pura fortalecem o cérebro; daí o aumento das duas Glândulas, ao passo que na pessoa sensual se atrofiam. A ciência oficial tem razão ao afirmar que tais órgãos são maiores nas crianças e nas mulheres que nos homens, embora se trate de homens que tenham tido uma vida muito pura.

OBSERVACÕES ASTROLÓGICAS

No esforço de comprovar as asserções astrológicas feitas acima, a escritora comparou horóscopos de pacientes que têm estado em contato com o Departamento de Cura da Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, em Oceanside – Califórnia – USA. Ela encontrou dez horóscopos de moços e moças epiléticos.

Em quatro dos pacientes foi constatado que a Lua estava em Conjunção com Netuno, no Signo de Touro. Esse Signo rege a garganta e, também, indiretamente, sobre os órgãos geradores. Aqui, novamente, verificamos o que disse Max Heindel, que Netuno é a oitava superior de Mercúrio e não de Vênus, como admitem alguns astrólogos. Porque esse Planeta que rege a Glândula Pineal, também rege o cérebro e as faculdades espirituais.

Dois dos dez pacientes tinham Netuno em Quadratura com a Lua, sendo que um tinha Netuno em Conjunção com Marte e o outro tinha Netuno em Oposição a Saturno. Em todos esses casos verificamos que eles tinham formado um hábito sexual abusivo durante a infância, o que ocasionou uma dissipação dos fluidos vitais necessários à construção do cérebro, e daí, então, a deficiência mental fronteiriça à idiotice.

Se os médicos pudessem abrir os cérebros desses pacientes para lhes examinar as Glândulas, encontrá-las-iam enfermas, em conformidade com as aflições planetárias, as quais poderiam tomar forma de atrofia, de tumor ou, no caso da Glândula Pineal, inflamação.

Os astrólogos do passado asseguravam que Urano era a oitava superior de Mercúrio e regia as qualidades mentais superiores, e que Netuno era a oitava superior de Vênus. Ao mesmo tempo admitiam que Urano, aflito nos ângulos do horóscopo, causava separações no casamento, e que a Quadratura ou Conjunção entre Vênus e Urano, num horóscopo feminino, atrairia indevidas atenções do sexo oposto, portanto, comprometendo-lhe moralmente. Urano foi sempre associado com licenciosidade e lassidão moral, amores ilícitos, enquanto que Netuno é relacionado com ordens secretas, decepções e fraudes. A autora admirou-se porque esses dois Planetas altamente espirituais foram relacionados inversamente pelos astrólogos, quando apresentam características opostas. Investigações espirituais mostram as oitavas superiores como seguem: Netuno, regente da Glândula Pineal, é a oitava superior de Mercúrio; Urano, regente do Corpo Pituitário, é a oitava superior de Vênus.

O alcoólatra, quando sob a influência de bebidas, tem um forte estímulo do Corpo Pituitário, o que ocasiona tonturas e condições hilariantes. Essa Glândula regula a natureza emocional e a circulação sanguínea. Regida por Urano, a oitava superior de Vênus, o regente da música, o Corpo Pituitário é influenciado pela música e pela harmonia que o coloca em vibrações. O que utiliza a morfina ou cocaína recebe seu estimulo pela Glândula Pineal.

REJUVENESCIMENTO

Temos lido muito nos jornais a respeito de rejuvenescimento por meio de enxerto de Glândulas de animais nos seres humanos, para lhes restaurar a juventude. Se tal prática nefasta for levada em certa proporção, as próximas gerações estarão expostas a ter muitos filhos degenerados, enchendo as instituições de pervertidos mentais (quase 40 anos após a predição da autora, os hospitais de doenças mentais se enchem, como testemunho dos abusos passados e clamando por normas espirituais de vida). Os animais doadores dessas Glândulas são o bode e o macaco, que se multiplicam rapidamente e naturalmente produzem um efeito degenerativo no ser humano que foi bastante tolo para permitir que tal enxerto fosse feito em seu corpo. Além disto, esse rejuvenescimento é por curto período de tempo. Se o ser humano continuasse vivendo a vida dos sentidos, ele cedo dissiparia essa nova energia, a qual teria de ser suprida, novamente, de tempos em tempos.

Porém, há uma Fonte de Juventude, um elixir de vida que são os alimentos e os nossos pensamentos.

Se vivermos uma vida simples e pura, altruísta, comendo somente legumes e vegetais, e mantendo a devida vigilância sobre nossos desejos, então já não necessitamos de sacrificar vida de animal para recuperar as nossas energias desperdiçadas. Ponce de Leon procurou a fonte da perpétua juventude em terras distantes, ignorando que ele tinha duas pequenas taças dentro de seu próprio cérebro. Se ele tivesse pago o preço de efetuar a mudança da vida mundana dos sentidos para a vida de pureza espiritual, ele teria tido o elixir da vida.

F I M


[1] N.T.: A escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos baygons, sendo a designação geral dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de objetos em formato de cunha. É juntamente com os hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo conhecido de escrita.

[2] N.T.: Rei Assírio

[3] N.T.: Hipócrates (?460 a.C.-?370 a.C.), nascido em uma ilha grega, é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da Medicina, frequentemente considerado “pai da medicina”.

[4] N.T.: Paracelso (1493-1541), pseudônimo de Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, foi um médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista suíço-alemão.

[5] N.T.: Pseudo-Dionísio, o Areopagita ou simplesmente Pseudo-Dionísio é o nome pelo qual é conhecido o autor de um conjunto de textos (Corpus Areopagiticum) que exerceram, segundo os historiadores da filosofia e da arte, uma forte influência em toda a mística cristã ocidental na Idade Média. Esses textos foram muito lidos e admirados pelo Abade Suger de Saint-Denis, construtor do primeiro grande exemplar de arquitetura gótica: a basílica de Saint-Denis (ou Pseudo-Dionísio, em português). O autor se apresenta como Dionísio, o ateniense membro do Areópago, o único convertido por São Paulo (em Atos 17:34), no Século I.

[6] N.T.: Francis Bacon, também referido como Bacon de Verulâmio (1561-1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês. É considerado como o fundador da ciência moderna.

[7] N.T.: Pitágoras de Samos (? 570-?495 a.C.) foi um filósofo e matemático grego jônico creditado como o fundador do movimento chamado Pitagorismo.

[8] N.T.: A ciência, hoje, sabe que a Glândula Pineal atua, até certo ponto, na regulagem de desenvolvimento sexual; ajuda a sincronizar as mudanças rítmicas do Corpo, bem como atuar no misterioso mecanismo do acordar, por intermédio de seus hormônios.

[9] N.T.: Sabe-se, hoje, que a Glândula Pineal funciona, em anfíbios e peixes, como um órgão sensorial, sofrendo reações à luz.

[10] N.T.: ou Sílfides

[11] N.T.: Refere-se ao estado de consciência, tendo os mesmos veículos que um ser vegetal, atualmente. O ser humano nunca foi vegetal. Veja mais detalhes no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos.

[12] N.T.: Refere-se ao estado de consciência, tendo os mesmos veículos que um ser animal, atualmente. O ser humano nunca foi animal. Veja mais detalhes no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos.

[13] N.T.: Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena glândula com cerca de 1 cm de diâmetro. Aloja-se na sela túrcica ou fossa hipofisária do osso esfenoide na base do cérebro. Está localizada abaixo do hipotálamo.

[14] N.T.: Henry Gray, FRS, no livro: Anatomy and The Human Body, 12ª Edição, 1918.

[15] N.T.: ou epífise neural ou simplesmente pineal é uma pequena glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios.

[16] N.T.: Dana, C. L., and W. N. Berkeley: 1913. Med. Rec. S3: S35

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, declara Max Heindel.

É por esse motivo e com o propósito de apresentar, numa forma concisa e de fácil compreensão, todas as informações importantes que Max Heindel escreveu em várias cartas, lições e livros a respeito do veículo etérico, que este material compilado se acha publicado em forma de livro.

Para o leigo em estudos ocultos, assim como para o estudante avançado, seu conteúdo é de enorme valor prático.

Há 4 meios de você acessar esse Livro:

1. Em formato PDF (para download):

Max Heindel – O Corpo Vital – Fraternidade Rosacruz

2. Em forma audiobook ou audiolivro:

O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – audiobook

3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas/featured

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4. Para ler no próprio site::

O CORPO VITAL

Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

3ª Edição em Inglês, 2011, The Vital Body, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

PREFÁCIO.. 4

INTRODUÇÃO.. 5

PARTE I – EVOLUÇÃO PASSADA DO CORPO VITAL DO SER HUMANO   7

Capítulo I – Durante Períodos e Revoluções. 7

Capítulo II – Durante as Épocas. 17

PARTE II – O CORPO VITAL DO SER HUMANO NA ATUAL ÉPOCA ÁRIA   24

Capítulo I – Natureza e Funções. 24

Capítulo II – Na Saúde e na Doença. 46

Capítulo III – No Sono e nos Sonhos. 66

Capítulo IV – Na Morte e nos Mundos Invisíveis. 75

Capítulo V – A Caminho do Renascimento. 99

Capítulo VI – As Crianças. 102

PARTE III – O CORPO VITAL DOS ANIMAIS E DAS PLANTAS. 108

Capítulo I – Natureza e Funções. 108

PARTE IV – A RELAÇÃO DO CORPO VITAL COM O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL.. 116

Capítulo I – Um Fator Importante. 116

Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios. 129


PREFÁCIO

nota[1]

A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, declara Max Heindel, um Iniciado da Ordem Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz. É por esse motivo e com o propósito de apresentar, numa forma concisa e de fácil compreensão, todas as informações importantes que Max Heindel escreveu em várias cartas, lições e livros a respeito do veículo etérico, que este material compilado se acha publicado em forma de livro. Para o leigo em estudos ocultos, assim como para o Estudante Rosacruz avançado, seu conteúdo é de enorme valor prático.

Muitos Estudantes Rosacruzes zelosos dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental deram de modo desinteressado e amoroso, seu tempo e esforços no preparo desse material para publicação, e eles rogam que cada exemplar possa levar sua mensagem de luz e inspiração a todo Aspirante espiritual, que esteja se empenhando em seguir o Caminho de Cristo.

INTRODUÇÃO

A Filosofia Rosacruz ensina que o ser humano é um Espírito Tríplice, possuindo uma Mente através da qual ele governa o Tríplice Corpo, que ele emanou de si mesmo para adquirir experiência. Ele transmuta esse Tríplice Corpo numa Tríplice Alma, da qual ele avançada impotência à onipotência. O Espírito Divino emana de si mesmo o Corpo Denso extraindo, como alimento, a Alma Consciente; o Espírito de Vida emana de si mesmo o Corpo Vital, extraindo, como alimento, a Alma intelectual; o Espírito Humano emana de si mesmo o Corpo de Desejos, extraindo, como alimento, a Alma Emocional. O Corpo Vital é feito de Éter e permeia o corpo visível,[2] como o Éter permeia todas as demais formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma maior quantidade do Éter universal que as outras formas. Esse corpo etéreo é nosso instrumento para a especialização da energia vital do Sol.

Também é ensinado pela Filosofia Rosacruz que nosso esquema evolucionário é levado através de cinco dos sete Mundos ou estados de matéria (Físico, do Desejo, do Pensamento, do Espírito de Vida e do Espírito Divino) em sete grandes Períodos de Manifestação (Períodos de: Saturno, Solar, Lunar, Terrestre, Júpiter, Vênus e Vulcano) durante os quais o Espírito Virginal, ou vida evolucionante, torna-se primeiro, um ser humano e depois, um Deus. Estamos, agora, no quarto período, ou Período Terrestre, que se acha dividido em sete Revoluções, assim como as sete Épocas seguintes: a Polar, a Hiperbórea, a Lemúrica, a Atlante, a Ária, a Nova Galileia e o Reino de Deus, essas últimas duas ainda por vir[3]. No começo do Período de Saturno doze grandes Hierarquias Criadoras estavam ativas no trabalho da evolução. Duas dessas Hierarquias fizeram algum trabalho para ajudar bem no início….  E, então, retiraram-se da existência limitada para a liberação. Mais três Hierarquias Criadoras seguiram-nas no início do Período Terrestre: os Senhores da Chama, os Querubins e os Serafins, deixando sete Hierarquias em serviço ativo quando o Período Terrestre teve início: os Senhores da Sabedoria, os Senhores da Individualidade, os Senhores da Forma, os Senhores da Mente, os Arcanjos, os Anjos e os Espíritos Virginais.

PARTE I – EVOLUÇÃO PASSADA DO CORPO VITAL DO SER HUMANO

Capítulo I – Durante Períodos e Revoluções

A evolução do Corpo Vital e do Espírito de Vida, do qual é uma contraparte, se iniciou no segundo Período ou Período Solar dos sete Grandes Dias de Manifestação. Desde então, foi reconstruído e atingirá a perfeição no Período de Júpiter. Num estágio futuro a humanidade não mais terá necessidade desse veículo, mas mesmo assim, sua quintessência será retida.

O Espírito de Vida e o Corpo Vital iniciaram sua evolução no Período Solar e, por conseguinte, são responsabilidades específicas do Filho.

Eles (os Senhores da Chama) forneceram, anteriormente, o germe do Corpo Denso e, na primeira metade da Revolução de Saturno do Período Solar estavam ocupados com certos melhoramentos a serem feitos nele.

No Período Solar a formação do Corpo Vital estava para ter início, com todas as decorrentes implicações de capacidade para assimilação, crescimento, propagação, desenvolvimento das glândulas, etc.

Os Senhores da Chama incorporaram no germe do Corpo Denso apenas a capacidade de desenvolver os órgãos dos sentidos. Na ocasião, agora em consideração, foi necessário mudar o germe de tal modo que permitisse a interpenetração do Corpo Vital, e também a capacidade de desenvolver glândulas e um tubo digestivo. Isso foi feito pela ação conjunta dos Senhores da Chama, que forneceram o germe original, e os Senhores da Sabedoria, que se encarregaram da evolução material no Período Solar.

Quando os Senhores da Chama e os Senhores da Sabedoria tinham, na Revolução de Saturno do Período Solar, reconstruído conjuntamente o Corpo Denso germinal, os Senhores da Sabedoria, na Segunda Revolução, deram início ao trabalho propriamente dito, do Período Solar, irradiando de seus próprios corpos o germe do Corpo Vital, tornando-o capaz de interpenetrar o Corpo Denso e dando ao germe a capacidade de crescimento ulterior, de propagação e de sensibilização dos centros sensoriais do Corpo Denso e possibilitando-o a se mover. Em suma, eles deram, em germe ao Corpo Vital, todas as faculdades que ele está agora expandindo para tornar-se um instrumento perfeito e flexível para o uso do Espírito.

Notamos também que, como a Primeira Revolução ou Revolução de Saturno, de qualquer período, diz respeito ao trabalho no Corpo Denso (porque este teve início numa primeira Revolução), assim, a Segunda, ou Revolução Solar, de qualquer período se acha relacionada com melhorias no Corpo Vital, porque este teve início numa Segunda Revolução.

Pode-se dizer que o ser humano, no Período Solar, passou pela existência do vegetal. Ele tinha um Corpo Denso e um Corpo Vital, como têm as plantas. Sua consciência, tal como a dos vegetais, era a de um sono sem sonhos.

Então havia duas classes ou reinos no Período Solar, isto é, os atrasados do Período de Saturno, que ainda eram minerais, e os pioneiros do Período de Saturno, que foram capazes de receber o germe do Corpo Vital e tornaram-se semelhantes às plantas.

No meio da sétima Revolução do Período Solar, os Senhores da Sabedoria se encarregaram do Espírito de Vida germinal, dado pelos Querubins na Sexta Revolução do Período Solar. Eles assim o fizeram com o propósito de conectá-lo ao Espírito Divino. Sua maior atividade, nesse trabalho, foi alcançada na Noite Cósmica intermediária entre os Períodos Solar e Lunar. No primeiro despertar do Período Lunar, à medida que a onda de vida se pôs em marcha em sua nova peregrinação, os Senhores da Sabedoria reapareceram, trazendo com eles os veículos germinais do ser humano em evolução. Na Primeira Revolução, ou de Saturno do Período Lunar, eles cooperaram com os “Senhores da Individualidade”, que tinham como encargo especial a evolução material do Período Lunar. Juntos eles reconstruíram o germe do Corpo Denso trazido do Período Solar. Esse germe tinha desdobrado os órgãos embrionários dos sentidos, os órgãos da digestão, as glândulas, etc. e foi interpenetrado por um Corpo Vital germinal que difundiu certo grau de vida no Corpo Denso embrionário. Certamente, ele não era sólido e visível como é agora, embora numa certa forma já tivesse algo desenvolvido e era perfeitamente distinguível pela visão Clarividente treinada do investigador competente, que procure na Memória da Natureza por cenas desse distante passado.

Na Segunda, ou Revolução Solar do Período Lunar, o Corpo Vital foi modificado para tornar-se capaz de ser interpenetrado pelo Corpo de Desejos, e também acomodar-se ao sistema nervoso, muscular, esqueleto, etc. Os Senhores da Sabedoria, que foram os criadores do Corpo Vital, ajudaram também os Senhores da Individualidade em seu trabalho.

Na Sexta Revolução do Período Lunar os Querubins reapareceram e vivificaram o Espírito de Vida daqueles atrasados do Período Solar, mas que desde então tinham alcançado o estágio necessário de desenvolvimento, e também naqueles atrasados do Período Solar que tinham então desenvolvido o Corpo Vital durante sua existência vegetal no Período Lunar.

Os pioneiros da nova Onda de Vida passaram por um estágio inferior da existência vegetal; entretanto a maioria deles desenvolveu o Corpo Vital suficientemente para permitir o despertar do Espírito de Vida.

Portanto, todos os três últimos mencionados possuíam os mesmos veículos no início do Período Terrestre, embora só os dois primeiros mencionados pertençam à nossa onda de vida e têm a chance de até nos ultrapassarem se passarem pelo ponto crítico que virá na próxima Revolução do Período Terrestre. Os que não conseguirem ultrapassar esse ponto ficarão retidos, até que alguma evolução futura alcance um estágio onde eles possam ser incorporados e continuar com seu desenvolvimento em um novo período humano. Eles serão impedidos de prosseguir com a nossa humanidade, porque esta terá avançado muito além de suas condições e seria um sério entrave ao nosso progresso arrastá-los conosco. Eles não serão destruídos, mas, simplesmente retidos esperando por outro período de evolução.

No fim do Período Lunar essas classes possuíam os veículos como estão classificados no Diagrama 10[4] e começaram com eles no início do Período Terrestre. Durante o tempo que transcorreu desde então, o reino humano vem desenvolvendo o elo mental, e tem desse modo logrado total consciência de vigília. Os animais obtiveram um Corpo de Desejos; as plantas um Corpo Vital; os atrasados da onda de vida, que entraram na evolução no Período Lunar, escaparam das duras e pesadas condições de formações de rochas e agora seus Corpos Densos compõem nossos solos mais macios; enquanto que a onda de vida que entrou na evolução aqui no Período Terrestre forma as rochas mais duras e as pedras.

Diagrama 10 – Classes no início do Período Terrestre

Vemos então, que ao término do Período Lunar o ser humano possuía um Tríplice Corpo em vários estágios de desenvolvimento; e também o germe do Tríplice Espírito. O ser humano possuía Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e o Espírito: Divino, de Vida e Humano. Só lhe faltava o elo para conectá-los.

Outra Hierarquia Criadora tinha encargo especial dos três germes dos Corpos: Denso, Vital e de Desejos, conforme estavam evoluindo. Eram aqueles que, sob a direção das mais elevadas ordens fizeram praticamente o trabalho inicial nesses Corpos, usando a vida evolucionante como uma espécie de instrumento. Essa Hierarquia chama-se “Senhores da Forma”.

Eles estavam, então, tão evoluídos que receberam o encargo do terceiro aspecto do Espírito no ser humano, o Espírito Humano, no Período Terrestre que se aproximava.

Vamos, portanto, analisar o assunto e ver o que temos direito de esperar de quem pretende ser um professor. Para fazê-lo temos que primeiro nos indagar: Qual o propósito da existência no universo da matéria? Podemos responder a isso dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando éramos como minerais em nossa constituição, nossa consciência era a de um médium afastado de seu corpo por espíritos em uma seção de materialização, onde uma grande parte dos Éteres que compõem o Corpo Vital tenha sido removida. O Corpo Denso fica então num transe bem profundo. No Período Solar, quando nossa constituição era similar a das plantas, nossa consciência era como a de um sono sem sonhos, quando o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito ficam fora do corpo, deixando os Corpos Físico e Vital sobre a cama. No Período Lunar tivemos um quadro de consciência como a que temos nos sonhos, quando o Corpo de Desejos se acha só parcialmente removido do veículo Denso e do Corpo Vital. Aqui, no Período Terrestre, nossa consciência se alargou para sentir os objetos fora de nós, colocando-se todos os veículos numa posição concêntrica, como quando estamos acordados.

O Período Terrestre é proeminentemente o Período da Forma, pois aqui a forma ou a parte material da evolução atinge seu maior e mais pronunciado estado. Aqui o Espírito está mais indefeso e subjugado e a Forma é o fator mais predominante; daí a proeminência dos Senhores da Forma.

Durante essa Revolução (a Segunda ou Revolução Solar do Período Terrestre) o Corpo Vital foi reconstruído para acomodar o germe da Mente. O Corpo Vital foi moldado para ficar mais semelhante ao Corpo Denso, de modo que pudesse tornar-se adequado para uso como o veículo mais denso durante o Período de Júpiter, quando o Corpo Denso terá se espiritualizado.

Os Anjos, a humanidade do Período Lunar, foram ajudados nessa reconstrução pelos Senhores da Forma. A organização do Corpo Vital acha-se agora em uma eficiência próxima ao do Corpo Denso. Alguns escritores deste assunto chamam o Corpo Vital de um elo, e sustentam que ele é meramente um molde do Corpo Denso e não um veículo separado.

Embora não desejando criticar, e admitindo que essa controvérsia se acha justificada pelo fato de que o ser humano, no presente estágio da evolução, não pode habitualmente usar o Corpo Vital como um veículo separado, porque ele sempre permanece com o Corpo Denso, e retirá-lo totalmente iria causar a morte do Corpo Denso, sem dúvida houve uma época em que ele não estava tão firmemente incorporado a este último, como veremos mais adiante.

Durante essas Épocas da história de nossa Terra, que já foram mencionadas como a Lemúrica e a Atlante, o ser humano era involuntariamente Clarividente, e foi precisamente essa debilidade de conexão entre os Corpos Denso e Vital que tornava o ser humano assim (Os Iniciadores daquela época ajudavam o candidato a afrouxar ainda mais essa conexão, como no Clarividente voluntário).

Desde então o Corpo Vital tornou-se muito mais firmemente entretecido com o Corpo Denso na maioria das pessoas, mas em todos os sensitivos essa conexão está frouxa. É essa frouxidão que constitui a diferença entre o parapsíquico e a pessoa comum que é inconsciente de tudo, exceto das vibrações captadas pelos cinco sentidos. Todos os seres humanos tiveram que passar por esse período de estreita conexão dos veículos e experimentar a consequente limitação de consciência. Há, portanto, duas classes de sensitivos, aqueles que não se tenham firmemente enredado na matéria, como a maioria dos hindus, indianos, etc., que possuem certo e pequeno grau de clarividência, ou seja, sensíveis aos sons da natureza, e aqueles que se acham na vanguarda da evolução. Os últimos estão surgindo do nadir da materialidade, e estão também divididos em dois tipos, um dos quais se desenvolve de modo passivo e fraco de vontade. Pela ajuda de outros eles tornam a despertar o “Plexo Solar” e outros órgãos de conexão com o sistema nervoso involuntário. Esses são, portanto, Clarividentes involuntários, médiuns que não possuem controle de sua faculdade. Eles retrocederam. O outro tipo é formado por aqueles que, pela própria vontade, desenvolveram o poder vibratório dos órgãos atualmente conectados com o sistema nervoso voluntário e assim tornaram-se ocultistas treinados, controlando seus próprios corpos e exercendo a faculdade de clarividência como desejem. Eles são chamados de Clarividentes voluntários ou treinados.

No Período de Júpiter o ser humano vai funcionar em seu Corpo Vital como agora ele faz em seu Corpo Denso e como nenhum desenvolvimento é súbito na natureza, o processo de separar os dois Corpos já começou. O Corpo Vital irá no futuro alcançar um grau muito maior de eficiência que o que tem o Corpo Denso de hoje. Como ele é um veículo muito mais flexível, o espírito estará então capacitado a usá-lo de um modo impossível de imaginar com nosso atual veículo Denso.

O Corpo Vital começou na Segunda Revolução do Período Solar e foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre, e irá alcançar a perfeição no Período de Júpiter, que é o seu quarto estágio, assim como o Período Terrestre é o quarto estágio do Corpo Denso.

Nada é desperdiçado na natureza. No Período de Júpiter as forças do Corpo Denso irão se superpor ao Corpo Vital completado. Este veículo possuirá, então, os poderes do Corpo Denso além de suas próprias faculdades e será, por isso, um instrumento de muito mais valia para o Tríplice Espírito expressar-se do que se fosse construído a partir de suas próprias forças.

De modo similar, o globo D do Período de Vênus está localizado no Mundo do Desejo, e daí nem o Corpo Denso nem o Vital poderiam ser usados como instrumentos conscientes. Por esse motivo as essências dos Corpos Denso e Vital aperfeiçoadas serão incorporadas ao Corpo de Desejos completo, tornando-se assim, este último, um veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado e assim sensível ao mais leve desejo do Espírito interno do que em nossas atuais limitações, o que se acha além de toda a concepção.

Até mesmo a eficiência desse esplêndido veículo estará superada quando no Período de Vulcano sua essência, junto com as essências dos Corpos Denso e Vital, agregadas a Mente, se tornará o mais elevado dos veículos do ser humano, contendo dentro de si a quintessência do que houver de melhor em todos os veículos. Se o veículo do Período de Vênus está tão além de nosso atual poder de compreensão, que dirá aquele que estará a serviço dos seres divinos no Período de Vulcano!

Capítulo II – Durante as Épocas

As Épocas Polar, Hiperbórea, Lemúrica e Atlante foram recapitulações das etapas que os Espíritos Virginais atravessaram. Consequentemente, o Corpo Vital sofreu modificações durante aquelas épocas.

Quando o ser humano apareceu na Terra, o Corpo Denso foi constituído na Época Polar, e vitalizado pela interpenetração do Corpo Vital na Época Hiperbórea. Naquela época, o ser humano era parecido com os Anjos, macho-fêmea, uma completa unidade criadora, capaz de criar por si mesmo projetando toda sua força criadora que é amor.

Quando a Terra surgiu do Caos, encontrava-se primeiramente na etapa vermelho escuro, que conhecemos como Época Polar. Então, a humanidade desenvolveu primeiro, um Corpo Denso que não era, absolutamente, como nosso corpo atual. Quando o estado da Terra se fez ígneo, na Época Hiperbórea, o Corpo Vital foi agregado e o ser humano se converteu em algo similar às plantas, isto é, tinha os mesmos veículos que têm as plantas atualmente, e também uma consciência similar, ou melhor, uma inconsciência parecida à que temos durante o sono sem sonhos, quando só os Corpos Denso e Vital ficam no leito.

Os Senhores da Forma apareceram na Época Hiperbórea, juntamente com os Anjos (humanidade do Período Lunar), e envolveram a forma densa do ser humano com um Corpo Vital.

Como a Época Polar era realmente uma recapitulação do Período de Saturno, pode-se dizer que, durante este tempo, o ser humano passou através do estado mineral; tinha o mesmo veículo – o Corpo Denso – e uma consciência semelhante à do estado de transe. Por razões análogas, o estado vegetal foi atravessado durante a Época Hiperbórea, pois o ser humano tinha um Corpo Denso e um Vital, e sua consciência era semelhante à da de sono sem sonhos.

Absorvendo os cristaloides preparados pelos vegetais, o ser humano desenvolveu um Corpo Vital na Época Hiperbórea, e se converteu em algo semelhante às plantas, tanto por sua constituição como por sua natureza, pois vivia sem fazer esforço algum e tão inconscientemente quanto às plantas.

Na segunda época, a Hiperbórea, um Corpo Vital de Éter foi acrescentado, então, o ser humano, em desenvolvimento, já possuía um corpo constituído como o das plantas atuais. Ele não era uma planta, mas algo semelhante à planta.

Caim, o ser humano desta Época, é descrito como um agricultor; seus alimentos vinham unicamente dos vegetais, pois as plantas contêm mais Éter do que qualquer outra estrutura.

Descreve-se Caim como um agricultor. Ele simboliza o ser humano da Segunda Época. Tinha um Corpo Vital análogo ao das plantas, que o sustentava.

Na segunda Época, a Hiperbórea, Deus disse: “Faça-se a Luz”; o calor se converteu numa massa ígnea luminosa semelhante à do Período Solar, e o Corpo Denso humano foi vestido com um Corpo Vital, flutuando aqui e acolá sobre a Terra ígnea, como uma coisa grande em forma de saco ou bolsa. O ser humano era, então, análogo ao vegetal porque tinha os mesmos veículos que têm as plantas atuais, e os Anjos eram seus auxiliares na organização de seu Corpo Vital, e continuam sendo até os dias atuais.

Isto pode parecer uma anomalia, pois os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Porém, não é assim, porque, só no Período Lunar, a Terra evolucionante se condensou em Éter, tal como o que agora forma nosso Corpo Vital e, lá, a humanidade, os Anjos atuais, aprenderam a construir seus corpos mais densos com matéria etérea, assim como, estamos aprendendo a formar os nossos com sólidos, líquidos e gases, da Região Química do Mundo Físico. Eles se tornaram especialistas na construção daqueles corpos, assim como nós o seremos na construção de um Corpo Denso, quando finalizar o Período Terrestre.

Na Época Polar, o ser humano tinha somente um Corpo Denso pobremente organizado; era inconsciente e imóvel como os minerais que agora são assim, constituídos. Na Época Hiperbórea, seu Corpo Denso ficou envolto em um Corpo Vital e o Espírito pairava fora. Os efeitos desta natureza podem ser observados nos vegetais, que agora estão constituídos analogamente.

Neles vemos repetição constante, construção de talos e folhas para cima em sucessão alternada, o que continuaria ‘ad infinitum’, se não houvesse outra influência. Porém, como a planta não tem Corpo de Desejos separado, o Corpo de Desejos da Terra, o Mundo do Desejo, endurece o vegetal e freia seu intenso crescimento na medida certa. A força criadora, que não consegue fazer uma determinada planta continuar a crescer, busca outra saída: forma a flor e se acumula na semente, para que possa crescer outra vez em uma nova planta.

Na Época Hiperbórea, na qual o ser humano se encontrava em condições parecidas, seu Corpo Vital o fazia crescer até alcançar um tamanho enorme. O Mundo do Desejo, agindo sobre ele, fazia com que ele produzisse umas sementes semelhantes a esporos, que ou eram apropriadas por outros Egos humanos ou eram empregados pelos Espíritos da Natureza, para formar os corpos animais que começavam a emergir do Caos (A onda de vida superior começa primeiro, no princípio de um período, e é a última que vai ao Caos; as ondas de vida que se seguem – animal, vegetal e mineral – surgem mais tarde e se vão mais depressa).

Deste modo, na Época Hiperbórea, quando o ser humano era análogo aos vegetais, seu Corpo Vital formava vértebra, pós-vértebra, e teria continuado assim se não lhe tivesse sido dado um Corpo de Desejos na Época Lemúrica. Esse corpo começou a endurecer a estrutura e a dominar a tendência a crescer, e, como resultado, o crânio, a flor sobre o “talo” da coluna espinhal, foi incipientemente formado.

Impedida em seus esforços de construir uma forma mais alta, fez-se necessário que a força criadora do Corpo Vital buscasse outra saída, pela qual pudesse continuar crescendo para cima em outro ser humano. Então, o ser humano tornou-se hermafrodita, capaz de gerar um novo corpo de si mesmo.

Então chegamos à segunda época, a Hiperbórea, quando o ser humano possuía um Corpo Denso e um Corpo Vital; que era o seu estágio análogo ao vegetal. Alimentava-se de vegetais e se fala de Caim como de um agricultor. Imediatamente depois, temos a Época Lemúrica, quando o ser humano já tinha um Corpo de Desejos, isto é, possuía três veículos, igual aos animais.

Então chegamos à etapa em que o ser humano necessitava de alimentos para manter seus três Corpos. Ele os obtém de animais viventes e se diz que Abel era um pastor.

Quando o ser humano adquiriu seu Corpo Vital, na Época Hiperbórea, o Sol, a Lua e a Terra estavam ainda unidos e as forças solares-lunares penetravam em cada ser uniformemente, de modo que todos podiam perpetuar sua espécie através de brotos e esporos, como fazem as plantas atuais. Os esforços do Corpo Vital para abrandar o veículo denso e mantê-lo vivo, então, não sofriam intervenção, e esses corpos primitivos, parecidos com as plantas, viviam séculos. Porém, como o ser humano era inconsciente e imóvel como as plantas, não fazia nenhum esforço vigoroso. A inclusão de um Corpo de Desejos agregou estímulos e desejos, e a consciência surgiu como resultado do estado de guerra entre o Corpo Vital que constrói, e o Corpo de Desejos que destrói o Corpo Denso.

Então, a dissolução tornou-se só uma questão de tempo, especialmente porque a energia construtiva do Corpo Vital foi também necessariamente dividida, uma parte ou polo sendo usada nas funções vitais do corpo, e a outra para substituir o veículo perdido pela morte. Porém, como os dois polos de um magneto ou dínamo são requisitos para a manifestação, assim também dois seres de sexos diferentes são necessários para a geração; então, casamento e nascimento foram instituídos para compensar o efeito da morte. A morte, então, é o preço que pagamos pela consciência no mundo atual. O casamento e os nascimentos repetidos são nossas armas contra o maior terror da humanidade, até que mude nossa constituição e nos tornemos seres semelhantes aos Anjos.

Os veículos superiores dos primitivos Atlantes não estavam em posição concêntrica com relação ao Corpo Denso como estão os nossos. O Espírito não era ainda um Espírito interno; estava parcialmente no exterior e, portanto, não podia controlá-los tão facilmente, como quando habita internamente. A cabeça do Corpo Vital estava fora e se mantinha muito mais acima que a do Corpo Denso. Há um ponto entre as sobrancelhas, a meia polegada[5] abaixo da pele, que tem um ponto correspondente no Corpo Vital. Esse ponto não é o Corpo Pituitário[6], que está muito mais dentro da cabeça do Corpo Denso. Pode chamar-se de “raiz do nariz”. Quando esses dois pontos, do Corpo Vital e do Físico se colocam em correspondência, como acontece com o ser humano atual, o Clarividente treinado os vê como uma pequena mancha negra, ou melhor dizendo, como um espaço vazio, semelhante à parte invisível da chama do gás. Este é o assento do Espírito interno do ser humano, o Santo dos Santos (Sanctum Sanctorum) do templo do corpo humano, fechado para tudo o que não seja o Espírito que habita aquele corpo, o Ego. O Clarividente desenvolvido pode ver com maior ou menor clareza, de acordo com sua capacidade e treinamento, todos os diferentes corpos que formam a aura humana. Esse ponto está oculto para ele. É a “Isis”, cujo véu ninguém pode levantar. Nem mesmo o ser mais evoluído da Terra pode tirar o véu do Ego da mais humilde ou menos desenvolvida criatura. Isto, e unicamente isto, sobre a Terra, é tão sagrado que está completamente a salvo de toda intrusão.

Estes dois pontos que acabamos de citar – um no Corpo Denso e sua contraparte no Corpo Vital – estavam muito separados no ser humano dos primitivos tempos da Atlântida, como estão nos animais atuais. A cabeça do Corpo Vital do cavalo está muito separada da cabeça de seu Corpo Denso. Esses dois pontos estão mais próximos no cachorro do que em qualquer outro animal, com exceção talvez do elefante. Se chegar a juntar-se, acontece o caso dos animais prodígios que podem contar, soletrar, etc.

Devido à distância entre esses dois pontos, o poder de percepção do Atlante era muito mais agudo nos mundos internos do que no Mundo Físico, obscurecida pela atmosfera de neblina densa e pesada. Com o tempo, no entanto, a atmosfera foi ficando gradualmente mais clara, ao mesmo tempo, que o ponto citado no Corpo Vital foi-se aproximando, pouco a pouco, do correspondente no Corpo Denso. Conforme se iam aproximando, o ser humano ia perdendo seu contato com os mundos internos, que ficavam mais escuros à medida que o físico clareava. Finalmente, na terceira e última parte da Época Atlante, o ponto do Corpo Vital se uniu ao do Corpo Denso correspondente. Até esse momento, o ser humano não estava plenamente consciente do Mundo Físico, porém, ao mesmo tempo, que se obteve a plena visão e percepção do Mundo Físico, a maioria da humanidade, perdeu gradualmente a capacidade de perceber os mundos superiores.

Durante a existência da Raça dos Semitas Originais a atmosfera da Atlântida começou a clarear definitivamente e o ponto, já mencionado, do Corpo Vital se colocou em correspondência com o respectivo ponto no Corpo Denso. A combinação dos acontecimentos deu ao ser humano a capacidade de ver os objetos com clareza e nitidez, com contornos bem definidos; porém, isto também provocou a perda de sua visão dos mundos internos.

Durante as idades que transcorreram desde a Época Lemúrica, a humanidade desenvolveu, pouco a pouco, o sistema nervoso cérebro-espinhal, que está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, tal sistema se desenvolveu bastante para permitir ao Ego tomar plena posse do Corpo Denso. Então, foi o momento (como já foi mencionado) em que o ponto no Corpo Vital e o ponto no Corpo Denso, se corresponderam na raiz do nariz, e o Espírito interno despertou no Mundo Físico, e a grande maioria da humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.

PARTE II – O CORPO VITAL DO SER HUMANO NA ATUAL ÉPOCA ÁRIA

Capítulo I – Natureza e Funções

A humanidade está evoluindo atualmente na Época Ária. O Corpo Vital tem funções, cor, forma, estrutura atômica e polaridade. Sua existência pode ser provada.

Vimos que o ser humano é um ser complexo e se compõe de:

  • Corpo Denso, seu instrumento de ação;
  • Corpo Vital, condutor da “vitalidade” que faz possível a ação;
  • Corpo de Desejos, de onde vêm os desejos que compelem à ação;
  • Mente, que controla os impulsos, dando um propósito à ação;
  • Ego, que age e acumula experiência resultante da ação.

O objetivo da vida é transformar os poderes latentes do Ego em energia dinâmica, por meio da qual ele poderá controlar, perfeitamente, seus diferentes veículos e atuar como lhe pareça melhor. Sabemos que o Ego não tem completo domínio, pois, se assim fosse, não haveria guerra em nosso interior entre o Espírito e a carne, melhor dizendo, entre o Espírito e o Corpo de Desejos. É esta guerra que desenvolve o músculo espiritual, assim como a luta constrói o músculo físico. É fácil mandar que outros façam isso ou aquilo, mas impor obediência a si próprio é a tarefa mais difícil no mundo, e diz-se, com razão, que “o ser humano que conquista a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”. Goethe, o grande poeta iniciado, nos dá razão quando diz:

“De todos os poderes que encadeiam o mundo, o ser humano se libertará quando adquirir autocontrole”.

Além do corpo visível do ser humano que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que são invisíveis para a grande maioria da humanidade. No entanto, não são acessórios inúteis do Corpo Denso; pelo contrário, são muito importantes pelo fato de serem impulsionadores de toda ação. Se não existissem esses veículos sutis, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.

O primeiro desses veículos sutis que chamamos de “Corpo Vital” por ser a avenida da vitalidade, que faz fermentar a massa morta de nossa envoltura mortal em seus anos de vida, e nos dá o poder de nos movermos.

Quando nosso corpo visível atual brotou, primeiramente no Espírito, era um pensamento-forma, porém, gradualmente, foi-se condensando e solidificando até se converter na cristalização química atual. O Corpo Vital foi o próximo emanado pelo Espírito, também como um pensamento-forma, e se encontra agora em seu terceiro grau de solidificação, que é o etéreo.

Além do Corpo Denso, que é visível aos nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que interpenetra esse Corpo Denso e que impulsiona e vitaliza as atividades daquele. Um deles é o Corpo Vital, composto de Éter, o qual tomou a seu cargo a construção do Corpo Denso, por meio dos alimentos que ingerimos em nosso organismo. Ele controla todas as funções vitais, tais como a respiração, a digestão, a assimilação, etc., trabalhando por meio do sistema nervoso simpático. Outro veículo, ainda mais sutil, é o Corpo de Desejos; é o veículo de nossas emoções, sentimentos e desejos que gasta as energias acumuladas no Corpo Denso pelos processos vitais, graças ao controle que exerce sobre o sistema nervoso cérebro-espinhal ou voluntário. Durante sua atividade, o Corpo de Desejos está destruindo e rompendo continuamente os tecidos formados pelo Corpo Vital: é a guerra entre estes dois veículos que produz o que chamamos de consciência no Mundo Físico. As forças etéreas do Corpo Vital operam de tal maneira que convertem em sangue a maior parte possível dos alimentos, e o sangue é a mais alta expressão do Corpo Vital.

A propagação é uma faculdade do Corpo Vital, que é o reflexo do Espírito de Vida, o segundo aspecto do Espírito Tríplice do ser humano.

Conta-se que dois Querubins com espadas flamejantes se converteram em guardiões do Éden, quando o ser humano foi expulso dali, para que não comesse o fruto da Árvore da Vida, tornando-se imortal. Os Querubins são a grande Hierarquia Criadora que se encarregou da Terra no Período Solar, quando o Corpo Vital germinou e o Espírito de Vida foi despertado.

Em nossa Bíblia, há uma descrição dos primeiros seres humanos da Terra. São chamados de Adão e Eva, porém, interpretando corretamente, Adão e Eva querem dizer a raça humana, à qual pouco a pouco se arrogou a faculdade de procriar, convertendo-se assim em seres livres. Dessa maneira, a humanidade obteve sua liberdade e se fez responsável perante a Lei de Consequência, pois, arrogando-se o direito de criar novos corpos, separou-se, então, da Árvore da Vida e de um estado que reconhecemos agora como etéreo. Quando aprendermos que temos um Corpo Vital feito de Éter, e que é a Árvore da Vida de cada ser humano, o qual nos proporciona a vitalidade necessária para nos movermos, então, compreenderemos porque o poder de recriar e regenerar nossos corpos nos foi tirado para que aprendêssemos como vitalizar nosso imperfeito Corpo Denso. E compreenderemos também porque, assim como está na Bíblia, havia Querubins com espadas flamejantes no portão do Jardim do Éden para proteger aquela região.

Foi para um bom propósito que esta faculdade nos foi tirada. Não por maldade, ou para que o ser humano sofresse aflições e dores, mas porque somente por meio de existências ou vidas repetidas em corpos inferiores podemos aprender a construir, para nós, um veículo adequado e bastante perfeito para ser imortalizado. Gradualmente, o ser humano saiu de sua condição etérea até alcançar sua condição sólida atual. Naquela época, podia viver em condições etéreas facilmente, como podemos viver hoje em dia nos três elementos do Mundo Físico. Na sua última etapa etérea estava em contato interno com as correntes de vida que agora contatamos inconscientemente.

Podia, então, centralizar em seu corpo a energia solar, absorvendo-a de uma maneira distinta da que emprega atualmente. Essa faculdade foi sendo retirada gradualmente, à medida que ia entrando na etapa sólida atual.

O Corpo Vital, assim chamado nas Escolas de Mistérios do Ocidente, como já vimos, é composto de quatro Éteres de diferentes densidades e o Éter é a via de ingresso da força vital, proveniente do Sol, e o campo de ação da natureza que promove as atividades de assimilação, crescimento e propagação.

Esse veículo é a contraparte exata de nosso corpo visível, molécula por molécula, órgão por órgão, com uma exceção, da qual falaremos mais tarde. Porém, é um pouco maior e se estende além da periferia de nosso Corpo Denso cerca de uns quatro centímetros.

O baço é a entrada particular das forças que vitalizam o Corpo Denso. Na contraparte etérea desse órgão a energia solar se transmuta em um fluido vital de cor rosa pálido. Daí se estende por todo o sistema nervoso e, uma vez cumprido o seu trabalho no corpo, sai, irradiando torrentes de luz que se eriçam parecidas com os pelos do porco espinho.

Durante o dia, o Corpo Vital especializa o fluido solar incolor que nos rodeia, por meio do órgão a que chamamos baço. Essa força vital permeia todo o organismo e os Clarividentes a veem como um fluido de cor rosa pálido, pois foi transmutada ao entrar no Corpo Denso. Flui por todos os nervos e, quando os centros cerebrais a enviam em quantidades particularmente grandes, aciona os músculos governados pelos nervos.

Durante o estado de vigília, há uma guerra constante entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos. Os desejos e os impulsos do Corpo de Desejos golpeiam continuamente o Corpo Denso, obrigando-o à ação, sem olhar o dano que lhe possa ocasionar, sempre que seja satisfeito o desejo. É o Corpo de Desejos que incita o alcoólatra a encher-se de álcool para que a combustão química acelere as vibrações do Corpo Denso a um diapasão que fará dele um instrumento dócil a todo impulso desenfreado, gastando assim a energia acumulada com imprudente prodigalidade. O Corpo Vital, por outro lado, não tem outro interesse a não ser a conservação do Corpo Denso. Através do baço, especializa a energia solar incolor, que preenche o espaço, e, por meio de um processo químico misterioso, transforma-a em fluido vital em um lindíssimo rosa pálido, enviando-o, então, por todos os nervos e fibras do corpo. O Corpo Vital está sempre tratando de economizar a energia que acumulou no Corpo Denso e, portanto, está constantemente reparando os tecidos que foram destruídos pelos impactos do desenfreado Corpo de Desejos.

Quatro cores do Corpo Vital são indescritíveis, mas a quinta – que fica no meio das cinco – é similar ao matiz da flor de pessegueiro recém-aberta. Essa é realmente a cor do Corpo Vital.

Os Corpos Denso e Vital do ser humano possuem forma definida, mas seu Corpo de Desejos é, ainda, de forma ovoide.

Já foi demonstrado pela ciência que os átomos de nosso Corpo Denso estão mudando constantemente, de tal maneira que todo o material que atualmente compõe nosso veículo terá desaparecido em uns poucos anos. No entanto, é de conhecimento comum que as cicatrizes e outras manchas se conservem desde a infância à velhice. A razão disto é que os átomos etéreos prismáticos que compõem nosso Corpo Vital permanecem inalterados do berço ao túmulo.

Eles estão sempre nas mesmas posições relativas, isto é, os átomos etéreos prismáticos que fazem vibrar os átomos dos dedos dos pés ou das mãos não mudam de situação e não emigram para as mãos, pernas ou outras partes do corpo, senão que permanecem exatamente no mesmo lugar em que foram colocados no princípio. Uma lesão nos átomos físicos implica em uma impressão similar nos átomos etéreos prismáticos. A nova substância física que se modela sobre eles continua, então, tomando a forma e a textura similares aos que tinha originalmente.

Estas observações se aplicam exclusivamente aos átomos prismáticos que correspondem aos sólidos e aos líquidos no Mundo Físico, porque assumem certa forma definida que conservam. Porém, além disso, na atual etapa da Evolução, cada ser humano tem certa quantidade de Éteres Luminoso e Refletor, que são os veículos da percepção sensorial e da memória, entremesclados no seu Corpo Vital. Poderíamos dizer que o Éter Luminoso corresponde aos gases do Mundo Físico; talvez, a melhor descrição que poderíamos dar ao Éter Refletor é a de chamá-lo hiper-etéreo. É uma substância vácua, de cor azulada, que se parece, por seu matiz, com o centro azul de uma chama de gás. Apresenta-se transparente e parece revelar tudo o que está em seu interior, mas, na realidade, oculta todos os segredos da natureza e da humanidade. Nele se encontra um registro da Memória da Natureza.

Os Éteres Luminoso e Refletor são de característica exatamente oposta à dos átomos etéreos prismáticos e estacionários. São voláteis e migratórios. Seja qual for a quantidade que o ser humano possua desses Éteres, sempre são a frutificação das experiências da vida. Dentro do corpo, misturam-se com o sangue, e quando vão crescendo pelo serviço e sacrifício na escola da vida, de modo que já não podem ficar contidos dentro do corpo, pode-se observá-los fora deste como um corpo anímico matizado de ouro e azul. O azul é o que mostra o tipo mais elevado de espiritualidade, por ser o menor em volume e pode comparar-se ao núcleo azul da chama de gás, enquanto que a cor dourada forma a parte maior e corresponderia à parte de luz amarela que rodeia o núcleo azul da citada chama de gás. A cor azul não aparece fora do corpo, salvo nas pessoas de extraordinária santidade e somente o amarelo é geralmente observado. Na hora da morte, esta parte do Corpo Vital se grava no Corpo de Desejos, com o panorama da vida que contém. Então, imprime-se no Átomo-semente a quintessência de toda nossa experiência na vida, como consciência ou virtude, que é o que nos induzirá a evitar o mal e a realizar o bem nas próximas vidas.

Quando analisamos o ser humano, vemos que os quatro Éteres são dinamicamente ativos no altamente organizado Corpo Vital. Graças às atividades do Éter Químico, o ser humano é capaz de assimilar os elementos e crescer; as forças que trabalham no Éter de Vida permitem-no propagar sua espécie; as forças do Éter Luminoso proveem o Corpo Denso com calor, trabalham sobre o sistema nervoso e sobre os músculos, abrindo assim as portas de comunicação com o mundo externo por meio dos sentidos; e o Éter Refletor permite ao Espírito governar seus veículos por meio do pensamento. Este Éter também guarda as experiências passadas como memória.

O Corpo Vital da planta, do animal e do ser humano se estende além da periferia do Corpo Denso, como acontece com a Região Etérea, que nada mais é do que o Corpo Vital do Planeta, que se estende além da sua parte densa, mostrando uma vez mais a veracidade do axioma hermético: “assim como é acima, é abaixo”. A extensão do Corpo Vital do ser humano além do Corpo Denso é mais ou menos de uma polegada e meia[7]. A parte que está fora do Corpo Denso é muito luminosa e tem uma cor parecida com a de uma flor de pessegueiro recém-aberta. É vista frequentemente por pessoas que possuem alguma clarividência involuntária. O autor, falando com essas pessoas, notou que geralmente elas não estão cientes de que veem algo incomum e não sabem o que se passa diante de sua visão.

O Corpo Denso é construído na matriz deste Corpo Vital, durante a vida pré-natal e com uma única exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital. Assim como as linhas de força na água são os condutores para a formação dos cristais de gelo, assim também as linhas de força no Corpo Vital determinam a forma do Corpo Denso. Através da vida toda, o Corpo Vital é o construtor e restaurador das formas densas.

Se assim não fosse, se o coração etéreo não restaurasse o coração físico, logo este se romperia sob a tensão contínua com que o sobrecarregamos. Todos os abusos a que submetemos o Corpo Denso fazem o Corpo Vital reagir, no que está em seu poder, e ele está permanentemente lutando contra a morte do Corpo Denso.

A exceção anteriormente mencionada é que o Corpo Vital do homem é feminino ou negativo, enquanto que o da mulher é masculino ou positivo.

Neste fato, temos a chave de numerosos problemas intrincados da vida. A mulher dá saída a suas emoções pela polaridade indicada, porque seu Corpo Vital positivo gera um excesso de sangue e a obriga a trabalhar sob uma pressão interna enorme, que romperia o Corpo Denso se não houvesse uma válvula de segurança, o fluxo periódico, e outra válvula, que são as lágrimas, e que limitam a pressão em ocasiões especiais, pois as lágrimas são realmente uma “hemorragia branca”.

O homem pode ter e tem emoções tão fortes quanto às das mulheres, porém, geralmente, pode suprimi-las sem lágrimas, porque seu Corpo Vital negativo não gera mais sangue do que pode dominar com facilidade.

De modo contrário ao que sucede com os veículos superiores da humanidade, o Corpo Vital não abandona regularmente o Corpo Denso até a morte deste último. Então, as forças químicas do Corpo Denso já não estão mais sob o domínio da vida evolucionante. Elas prosseguem com seu trabalho para restituir a matéria à sua condição primitiva, desintegrando-a e tornando-a apta para a formação de outros corpos na economia da natureza. A desintegração é, pois, devido à atividade das forças planetárias no Éter Químico.

A textura do Corpo Vital pode comparar-se, até certo ponto, com uma dessas figuras formadas por centenas de peças de madeira entrecruzadas e que apresentam inumeráveis pontos ao observador. O Corpo Vital também apresenta milhões de pontos ao observador. Estes pontos entram nos centros ocos dos átomos densos e, ao lhes imbuir força vital, vibram muito mais intensamente que os minerais da Terra que não foram ainda acelerados e vivificados.

Quando uma pessoa se afoga, ou cai de uma grande altura, ou fica congelada, o Corpo Vital abandona o Corpo Denso, cujos átomos ficam temporariamente inertes em consequência, mas, quando volta a si, os “pontos” tornam a penetrar nos átomos densos. A inércia dos átomos faz com que resistam um pouco a voltar a vibrar como antes, e esta é a causa dessa sensação de intensa dor e formigamento que se nota em tais ocasiões.

Há certos casos em que parte do Corpo Vital deixa o Corpo Denso, como acontece quando uma mão fica dormente, por exemplo. Então, a mão etérea do Corpo Vital pode ser vista flutuando sobre o braço denso, como uma luva, e os pontos produzem uma sensação especial de formigamento quando ela entra novamente na mão física. Em alguns casos de hipnose, a cabeça do Corpo Vital se divide e fica pendurada do lado de fora da cabeça densa, a metade cai sobre cada ombro, ou permanece em torno do pescoço como a gola de um suéter. A ausência de formigamento ao despertar em tais casos é devida a que, durante a hipnose, parte do Corpo Vital da vítima foi substituída pela do hipnotizador.

Os átomos do Éter Químico e de Vida reunidos em torno do núcleo do Átomo-semente, localizado na posição referencial do Plexo Celíaco, têm uma forma prismática. Estão todos situados de tal maneira que, quando a energia solar entra no corpo pelo baço, o raio que se refrata é vermelho. Esta é a cor do aspecto criador da Trindade, ou seja, Jeová, o Espírito Santo, regente da Lua, o Astro da fecundação. Por conseguinte, o fluido vital do Sol, que penetra no corpo humano pelo baço, se tinge com uma ligeira cor rosada, que muitas vezes os videntes podem observar circulando pelos nervos como se fosse a eletricidade passando pelos condutores de uma instalação elétrica. Assim carregados, os Éteres Químico e de Vida são vias de assimilação, que preservam o indivíduo, e de fecundação, que perpetuam a raça.

Durante a vida, cada átomo prismático penetra um átomo físico e o faz vibrar. Para se ter uma ideia desta combinação, podemos imaginar uma cesta de arame, em forma de pera, que tivesse paredes de arame curvado espiralmente que fosse de um polo a outro obliquamente. Este é o átomo físico cuja forma é muito parecida com a nossa Terra, e o átomo prismático vital está inserido de cima para baixo, a partir do topo, que é mais amplo e que corresponderia ao polo norte de nossa Terra.

Assim, a ponta do prisma penetra o átomo físico no ponto mais estreito, que corresponde ao polo sul de nossa terra, e todo o conjunto parece com um pião que gira e bamboleia enquanto vibra intensamente. É desta maneira que nosso corpo se enche de vida e é capaz de se mover (É digno de nota que nossa Terra está compenetrada, de maneira similar, por um corpo cósmico de Éter e as manifestações da natureza que chamamos de Aurora Boreal e Aurora Austral são correntes etéreas que circundam a Terra do polo ao Equador como fazem as correntes do átomo físico).

Os Éteres Luminoso e Refletor são as avenidas da consciência e da memória. No indivíduo comum encontram-se um tanto atenuados e não tomaram ainda uma forma definida. Interpenetram o átomo da mesma forma que o ar interpenetra uma esponja e formam algo assim como uma ligeira atmosfera áurica por fora de cada átomo.

Se tivéssemos dito que o Corpo Vital está formado de prismas ao invés de pontos, teria sido mais exato, pois é pela refração através destes diminutos prismas que o fluido solar incolor se transforma em rosáceo, como foi indicado por outros escritores, além do autor.

Foram feitos outros descobrimentos novos e importantes, por exemplo: agora sabemos que nasce um Cordão Prateado novo a cada renascimento e que uma parte dele brota do Átomo-semente do Corpo de Desejos no grande vórtice do fígado; que a outra parte nasce do Átomo-semente do Corpo Denso no coração, que as duas partes se unem com o Átomo-semente do Corpo Vital na posição referencial do Plexo Celíaco e que esta união dos veículos superiores e inferiores produz o despertar do feto. O desenvolvimento posterior do Cordão entre a posição referencial do coração e a posição referencial do Plexo Celíaco durante os primeiros sete anos tem uma importante relação com o mistério da infância, assim como o seu desenvolvimento mais amplo da posição referencial do fígado à posição referencial do Plexo Celíaco, que tem lugar no segundo período setenário da vida da criança, contribui para a adolescência.

A realização total do Cordão Prateado marca o final da vida infantil e, desde tal momento, a energia solar, que entra pelo baço e se tinge pela refração através do Átomo-semente prismático do Corpo Vital situado na posição referencial do Plexo Celíaco, começa a dar um colorido individual e distinto à aura que observamos nos adultos.

Assim como o Éter leva à placa sensível da câmara escura da máquina fotográfica uma impressão fiel da paisagem, em torno em seus menores detalhes, sem ter em conta se o fotógrafo os observou ou não, assim também, o Éter contido no ar que respiramos leva consigo uma imagem fiel e detalhada de tudo ao nosso redor e não somente das coisas materiais, como também das condições que existem em cada momento em nossa aura. O mais fugaz pensamento, sentimento ou emoção se transmite aos pulmões onde é injetado no sangue. O sangue é um dos produtos mais elevados do Corpo Vital porque é o agente que leva alimento a todas as partes do corpo e é também o veículo direto do Ego. As imagens que contém imprimem-se sobre os átomos negativos do Corpo Vital para servir como árbitros do destino do ser humano no estado post-mortem.

Em muitas mulheres, nas quais o Corpo Vital é positivo e nas pessoas mais evoluídas de ambos os sexos, cujos Corpos Vitais estão sensibilizados por uma vida pura e santa, pela oração e concentração, esta memória supra consciente, inerente ao Espírito de Vida, está, até certo ponto, além da necessidade de envolver-se em matéria mental ou de desejos para compelir à ação. Nem sempre necessita correr o risco de ver-se subjugada e até submetida pelo processo de raciocínio. Algumas vezes, em forma de intuição ou de ensinamento interno, imprime-se diretamente sobre o Éter Refletor do Corpo Vital. Quanto mais dispostos nos encontremos para reconhecer e seguir seus ditados, tanto mais amiúde falará, para nosso eterno benefício.

Por suas atividades durante as horas de vigília, o Corpo de Desejos e a Mente estão constantemente destruindo o veículo denso. Cada pensamento e movimento destroem tecidos. Por outro lado, o Corpo Vital se dedica totalmente a restaurar a harmonia e a reconstruir o que outros veículos estão destruindo. No entanto, não é capaz de sempre resistir completamente aos poderosos impactos dos impulsos e dos pensamentos.

Gradualmente, vai perdendo terreno e, por último, chega um momento em que sofre um colapso. Seus “pontos” enrugam-se, por assim dizer. O fluido vital cessa de circular pelos nervos em quantidade necessária; o corpo se torna sonolento; o Pensador se encontra tolhido por sua sonolência e se vê obrigado a sair dele, elevando-se o Corpo de Desejos consigo. Esta saída dos veículos superiores deixa o Corpo Denso, interpenetrado pelo Corpo Vital no estado a que chamamos sono.

Como um sábio general, o Ego segue uma conduta análoga. Não começa sua campanha adquirindo domínio sobre uma das glândulas, pois estas são expressões do Corpo Vital, nem seria possível adquirir domínio sobre os músculos voluntários, porque estão muito bem defendidos pelo inimigo. Essa parte do sistema muscular involuntário que está sob o domínio do sistema nervoso simpático seria também inútil para esse objetivo. O Ego deve conseguir um contato mais direto com o sistema nervoso cérebro-espinhal.

Para fazer isso e assegurar uma base de operações no mesmo campo inimigo, ele deve controlar um músculo que é involuntário e que, não obstante está relacionado com o sistema nervoso voluntário. Este músculo é o coração.

O sangue é a expressão mais elevada do Corpo Vital porque nutre todo o organismo físico. É também, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente, e está em contato com a Memória da Natureza, situada na divisão mais elevada da Região Etérea. O sangue carrega as imagens da vida dos antepassados aos descendentes durante gerações quando é um sangue comum como o que se produz pela endogamia.

O amor e a unidade no Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérea, à qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, sendo este último o que produz o amor e a união sexual. O Espírito de Vida tem seu assento primeiramente no Corpo Pituitário e secundariamente no coração, por onde passa o sangue que nutre os músculos.

Olhando o assunto do ponto de vista oculto, toda consciência no Mundo Físico é o resultado da guerra constante entre os Corpos de Desejos e Vital.

A tendência do Corpo Vital é a de abrandar e construir. Sua expressão principal é o sangue e as glândulas, bem como o sistema nervoso simpático, havendo obtido ingresso na fortaleza do Corpo de Desejos (sistemas: muscular e nervoso voluntário) quando começou a converter o coração em músculo voluntário.

Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na sutil substância da Região do Pensamento Abstrato que especializamos dentro da periferia de nossa aura individual. Dali, obtemos as impressões que nos produz o mundo externo sobre o Corpo Vital através dos sentidos, junto com os sentimentos e emoções gerados por eles no Corpo de Desejos e refletidos na Mente.

Todas as coisas estão em constante vibração. As vibrações dos objetos que nos rodeiam nos alcançam constantemente e levam, a nossos sentidos, o conhecimento do mundo externo. As vibrações do Éter atuam sobre nossos olhos de maneira a que possamos ver e as vibrações do ar transmitem os sons a nossos ouvidos.

O Sol trabalha no Corpo Vital e é a força que desperta a vida e luta contra as forças lunares relacionadas com a morte.

Assim como nas águas de um lago as árvores aparecem invertidas, parecendo que a folhagem se acha no mais profundo da água, assim também o aspecto mais elevado do Espírito (Espírito Divino) encontra sua contraparte no mais inferior dos três corpos (Corpo Denso). O Espírito imediatamente inferior (Espírito de Vida) se reflete no corpo imediatamente superior (Corpo Vital). O terceiro Espírito (Espírito Humano) e seu reflexo, o terceiro corpo (Corpo de Desejos), aparece como o mais próximo de todos ao espelho refletor, que é a Mente, correspondendo esta à superfície do lago, o meio refletor de nossa analogia.

Assim como os Corpos Vital e de Desejos planetários interpenetram a matéria densa da Terra, assim também os Corpos Vital e de Desejos interpenetram o Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano.

Um Corpo Vital de Éter compenetra o corpo visível, como o Éter permeia todas as outras formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma quantidade maior de Éter universal do que as outras formas. Este Corpo Etéreo é o instrumento que usamos para especializar a energia vital do Sol. O Corpo Vital, que finalmente se transforma e se espiritualiza convertendo-se em alma, é de polaridade oposta. Está formado, órgão por órgão, exatamente como o Corpo Denso com uma exceção, o que explica muitos fatos que de outra maneira seriam inexplicáveis. Como a mulher tem um Corpo Vital positivo, ela amadurece antes que o homem, e as partes do corpo que têm certa semelhança com as plantas, como o cabelo, crescem mais e são mais exuberantes. Naturalmente, um Corpo Vital positivo gera mais sangue do que um Corpo Vital negativo, como o que possui o homem, daí que exista na mulher uma pressão sanguínea maior, da qual tem necessidade de se livrar mediante o fluxo mensal, produzindo-se, ao cessar na menopausa, uma espécie de segundo crescimento na mulher a qual adquire os caracteres que chamamos “matrona”.

Os impulsos do Corpo de Desejos empurram o sangue através de todo o sistema com diferentes graus de velocidade, de acordo com a força das emoções. Como a mulher tem um excesso de sangue, ela atua sob uma pressão muito mais elevada que o homem, e, se bem que esta pressão diminua durante o fluxo menstrual, há momentos em que necessita de uma válvula de escape extra: são as lágrimas femininas que, em realidade, constituem uma hemorragia branca, que age como uma válvula de segurança para remover o fluido excessivo. O homem, ainda que seja capaz de sentir emoções talvez tão fortes quanto a mulher, não é tão propenso às lágrimas porque não tem mais sangue do que pode utilizar normalmente.

Em consequência de sua polarização positiva na Região Etérica do Mundo Físico, o campo de ação da mulher tem sido a casa e a igreja, onde está rodeada de amor e paz, enquanto que o homem atua na luta dos fortes para que sobreviva o mais apto, uma luta sem quartel no denso Mundo Físico, onde seu corpo é positivo.

Desta forma, a mulher foi à precursora da cultura, sendo a primeira a desenvolver a ideia de uma “vida boa”, e graças a isso ela se tornou um expoente muito estimado entre os antigos e tem estado nobremente na vanguarda desde então. Como todos os Egos encarnam alternadamente como homens ou como mulheres, não há, na verdade, proeminência alguma. É simplesmente que os que encarnam num Corpo Denso do sexo feminino têm um Corpo Vital positivo e são, portanto, mais sensíveis às coisas espirituais do que quando o Corpo Vital é negativo como o do varão.

A mulher tem um Corpo Vital positivo e, portanto, está em contato intuitivo com as vibrações espirituais do universo. Ela tem mais ideais elevados e uma imaginação mais fértil que o homem. Em consequência, ela se interessa por todas as coisas que ajudam o desenvolvimento moral da raça. E, hoje em dia, é somente pelo crescimento moral e espiritual que a humanidade pode se adiantar e a mulher é, realmente, fator primordial na evolução.

Seria de muito proveito para as raças se a mulher obtivesse direitos iguais aos dos homens, pois somente então podemos esperar ver executadas as reformas que propugnam a união da humanidade. Se, por analogia, olharmos dentro de uma casa, veremos que a mulher é o pilar central, em torno da qual se agrupam o marido e os filhos. De acordo com suas aptidões e habilidades, ela faz a casa à sua imagem e nota-se sua influência aglutinadora, pois é ela quem mantém a harmonia e a paz do lar. O pai pode abandonar a casa, seja por falecimento ou de outra maneira; os filhos também podem ir-se, mas enquanto a mãe está o lar permanece. No entanto, quando a morte leva a mãe, tudo se desmorona.

Já dissemos, anteriormente, que o Corpo Vital é a contraparte exata do Corpo Denso, com uma única exceção: é de sexo oposto, ou melhor dito, de polaridade oposta. Como sabemos que o Corpo Vital nutre o veículo denso podemos compreender que o sangue é sua mais alta expressão visível e também que um Corpo Vital positivo deve gerar mais sangue que um corpo negativo. A mulher, fisicamente negativa, tem um Corpo Vital positivo, daí gerar um excesso de sangue que é aliviado pelo fluxo periódico. Está também mais propensa às lágrimas, uma hemorragia branca, que o homem, cujo Corpo Vital negativo não gera mais sangue do que pode normalmente utilizar. Portanto, não necessita ter as saídas que aliviam a mulher do excesso de sangue.

Os Anjos, a humanidade do Período Lunar, trabalham no ser humano, no animal e na planta, pois no Período Lunar o universo era de consistência etérea e os Corpos Vitais dos três reinos acima citados estão compostos por esta substância. Os Anjos são, portanto, verdadeiros auxiliares para as funções vitais tais como a assimilação, o crescimento e a propagação e em seu trabalho com a humanidade, são espíritos familiares. São eles que aumentam a família, multiplicam os ganhos e dão boa colheita nos campos.

Desde os tempos antigos, os Anjos Lunares se colocaram particularmente a cargo dos Corpos Vitais aquáticos e úmidos formados pelos quatros Éteres, cuidando da propagação e alimentação das espécies, enquanto que a atividade intensa dos Espíritos Lucíferes se desenvolvia nos secos e ígneos Corpos de Desejos. A função do Corpo Vital é construir e sustentar o Corpo Denso, enquanto que a do Corpo de Desejos é a destruição dos tecidos. Deste modo, há uma guerra constante entre o Corpo Vital e o de Desejos, e esta guerra nos céus ocasiona nossa consciência física na Terra.

Por mais estranho que possa parecer nossa afirmação, é verdade que a grande maioria da humanidade está parcialmente adormecida a maior parte do tempo, não obstante seus corpos físicos pareçam estar sumariamente ocupados, trabalhando ativamente. Sob condições ordinárias, o Corpo de Desejos da grande maioria é a parte mais desperta do complexo ser humano, o qual vive quase completamente de emoções e sentimentos, mas raramente pensa no problema da existência além daquilo que necessita para sobreviver. A maioria destes seres provavelmente nunca pensou seriamente nos três grandes problemas da vida: “De onde viemos, por que estamos aqui e para onde iremos?” de uma forma mais séria e consistente. Seus Corpos Vitais estão trabalhando para reparar os destroços feitos pelo Corpo de Desejos no Corpo Denso e subministrando a vitalidade que será logo malgastada na gratificação de seus desejos e emoções.

Este combate intenso entre o Corpo Vital e o de Desejos é que gera a consciência no Mundo Físico e faz homens e mulheres tão ativos que, do ponto de vista do Mundo Físico, nossa afirmação de que eles estão parcialmente adormecidos parece ser uma mentira. No entanto, examinando todos os fatos, chegamos à conclusão de que é assim e podemos acrescentar que este estado de coisas está de acordo com os desígnios das Grandes Hierarquias que estão a cargo de nossa evolução.

Essa destruição efetua-se constantemente e não é possível salvaguardar-se de todos esses destruidores, nem essa é a intenção. Se o Corpo Vital tivesse um poder ininterrupto, construiria cada vez mais, usando toda a energia com esse propósito. Não haveria consciência ou pensamento algum.

A consciência se desenvolve porque o Corpo de Desejos restringe e endurece as partes internas.

O Tríplice Espírito lançou uma Tríplice sombra sobre o mundo da matéria e assim se desenvolveu o Corpo Denso, como contraparte do Espírito Divino, seguido do Corpo Vital, réplica do Espírito de Vida e logo o Corpo de Desejos, imagem do Espírito Humano. Finalmente, formou-se o elo da Mente entre o Tríplice Espírito e o Tríplice Corpo. Este foi o começo da consciência individual e marca o ponto onde termina a involução do Espírito na matéria e começa o processo evolutivo, através do qual a sua libertação se inicia. A involução envolve a cristalização do Espírito em corpos, porém, a evolução depende da dissolução dos corpos, a extração da substância anímica desses corpos e a alquímica amalgamação da Alma com o Espírito.

Há vários meios para demonstrar a realidade e a existência do Corpo Vital. Em primeiro lugar, existe uma máquina fotográfica. Talvez se possa encontrar entre os espíritas de sua cidade um capaz de tirar fotografia dos espíritos. Embora existam truques bem conhecidos dos fotógrafos para produzir retratos falsos, foi provado que, sob condições, onde a fraude é impossível foram tiradas fotos de pessoas que já haviam morrido. Estas pessoas puderam envolver-se em Éter, matéria com a qual o Corpo Vital é construído e que é visível para a lente fotográfica. Com o próprio autor aconteceu uma vez ser fotografado quando viajava em seu Corpo Vital de Los Angeles a São Pedro para despedir-se de um amigo, a bordo de um navio a vapor. Coincidentemente, ele estava entre aquele amigo e a máquina fotográfica de outro amigo que, naquele momento, fotografava o barco e a semelhança foi tanta que muitos o reconheceram.

Além disso, temos o fenômeno dos cachorros que seguem certas pessoas pelo cheiro de sua roupa usada a qual está impregnada de Éter do Corpo Vital, Éter que se estende mais ou menos uma polegada e meia[8] além do Corpo Denso. Portanto, a cada passo que damos este fluido invisível e radiante penetra a Terra. No entanto, comprovou-se que cães de caça que estavam perseguindo um criminoso em fuga ficaram desnorteados e perderam a pista quando o fugitivo calçou patins e continuou sua fuga sobre o gelo. Os patins o elevaram acima do solo e, então, o Corpo Vital, que se estendia por baixo de seus pés, não pôde impregnar o gelo e, então, ficando sem pista, os cachorros não puderam descobri-lo. Resultados similares foram obtidos com uma pessoa que usou pernas de pau para se afastar do lugar de seu crime.

Temos também o caso do magnetizador que extrai de seu paciente as partes enfermas do Corpo Vital, as quais são substituídas por Éter renovado, permitindo, assim, às forças vitais circular pelo órgão físico enfermo, efetuando-se a cura. Se o magnetizador não tiver cuidado de tirar de si o fluido etéreo escuro e gelatinoso, isto é, os miasmas humanos que extraiu e absorvê-lo em seu próprio corpo, então, ficará enfermo. Se não houvesse aquele fluido invisível, o fenômeno da cura do enfermo e da enfermidade do magnetizador não se produziria.

Finalmente, poderíamos dizer que, se se reúnem as condições necessárias e não falta à decisão, existe uma possibilidade muito grande para que uma grande quantidade de pessoas veja por si mesma o Corpo Vital. É mais fácil nos países do Sul, onde os defuntos são enterrados logo após seu falecimento. Deve-se escolher um dia que seja o mais próximo da Lua Cheia. Então, deve-se ler os avisos fúnebres nos jornais e ir ao cemitério na noite que se segue ao funeral de alguém falecido nas últimas vinte e quatro horas. Provavelmente, veremos sobre o túmulo, oscilando ao clarão da lua, a forma membranácea do Corpo Vital que fica neste lugar e se desintegra sincronicamente com o corpo dentro da sepultura. O Clarividente pode ver esta forma em qualquer momento, mas, somente na primeira noite depois do funeral ela está bastante densa para ser visível à pessoa comum. Se a forma não aparece logo, pode-se andar em volta do túmulo, olhando fixamente de diferentes ângulos. Então, você conseguirá a prova ocular mais convincente.

Embora a ciência não tenha observado este Corpo Vital humano diretamente, em várias ocasiões ela postulou sua existência como necessária para explicar certos problemas da vida. Suas radiações foram captadas por vários cientistas em diferentes condições e em épocas distintas. Blondot[9] e Charpentier[10] chamaram a essas radiações raios “N”, nome dado por terem sido observados na cidade de Nantes[11]. Outros as chamaram de “Fluido Ódico”. Investigadores científicos, que conduziram pesquisas sobre fenômenos psíquicos, fotografaram o Corpo Vital quando era extraído através do baço por espíritos materializadores. Dr. Hotz, por exemplo, obteve duas fotografias de uma materialização, graças ao médium alemão Minna-Demmler. Sobre uma delas, vê-se uma nuvem de Éter sem forma saindo do lado esquerdo do médium. A segunda foto, tirada uns instantes mais tarde, mostra o espírito já materializado, de pé ao lado do médium.

Outras fotografias tiradas do médium italiano Eusápia Palladino[12] por cientistas mostram uma nuvem luminosa flutuando sobre seu lado esquerdo.

Capítulo II – Na Saúde e na Doença

O Corpo Vital tem um papel importante na saúde e na enfermidade. Ele é afetado por amputações, acidentes, anestésicos, afogamentos, choques, arrependimentos e remorsos. Quando não está em posição concêntrica com relação aos outros veículos do Ego, pode resultar em insanidade ou idiotice.

Se estivermos atentos à higiene e à dieta, o Corpo Denso é principalmente o mais beneficiado, porém, ao mesmo tempo, produz-se também um efeito sobre os Corpos Vital e de Desejos, porque quanto mais puros e melhores forem os alimentos empregados na construção do Corpo Denso, as partículas ficam envoltas em Éter planetário e matéria de desejos mais puros. Desta forma, as partes planetárias dos Corpos Vitais e de Desejos se tornam mais puros. Se se dedica atenção unicamente à higiene e ao alimento, os Corpos Vitais e de Desejos individuais, poderão permanecer quase tão impuros como antes, mas, no entanto, será mais fácil colocar-se em contato com o bem do que se tivessem sido empregados alimentos grosseiros.

Por outro lado, se apesar dos desgostos, cultivar-se um caráter equânime e também interesses literários e artísticos, o Corpo Vital produzirá uma impressão de delicadeza e de refinamento nos assuntos físicos, e engendrará sentimentos e emoções mais nobres no Corpo de Desejos.

O cultivo das emoções também exerce uma reação sobre os outros veículos, e ajuda a melhorá-los.

As tendências positivas e construtivas do Corpo Vital – veículo do amor – não se prestam facilmente à observação. No entanto, pôde-se comprovar que o contentamento aumenta a vida de cada ser que o cultiva. Portanto, podemos dizer sem medo de enganar-nos, que a criança concebida num ambiente de harmonia e amor tem melhores possibilidades na vida do que aquela que foi concebida num ambiente de paixão, bebida e descontentamento.

O Corpo Vital nasce mais ou menos aos sete anos, isto é, na época da segunda dentição da criança.

Há problemas muito importantes que devem e podem ser tratados, somente durante certos períodos da infância e os pais devem saber quais são. Ainda que os órgãos já estejam formados quando a criatura nasce, as linhas de crescimento se determinam durante os sete primeiros anos e, se não estão bem delineadas, uma criança sadia pode converter-se em um homem ou mulher enferma.

Em tudo o que vive, o Corpo Vital irradia torrentes de luz da força que ele despendeu na construção do Corpo Denso. No estado de saúde, estas irradiações afastam todos os venenos do corpo e o mantêm limpo. Condições similares prevalecem no Corpo Vital da Terra, sendo este o veículo de Cristo. As forças venenosas e destrutivas geradas por nossas paixões são afastadas pelas forças vitais de Cristo, porém, cada pensamento ou ato maléfico traz para Ele uma porção de dor, que se torna parte da Sua Coroa de Espinhos – dizemos coroa porque sempre se considera a cabeça como assento da consciência. Devemos nos conscientizar de que cada má ação que praticamos, por menor que seja, tem um efeito sobre Cristo, como já foi citado, e acrescenta outro espinho de sofrimento em sua coroa.

Não podemos assimilar minerais, pois eles não possuem um Corpo Vital e, portanto, o ser humano não pode elevar as vibrações dos minerais ao seu grau de intensidade. As plantas têm um Corpo Vital, mas não são conscientes de si mesmas, portanto são assimiladas facilmente e permanecem no corpo mais tempo, do que as células dos alimentos animais, que são compenetradas por um Corpo de Desejos. Os corpos dos animais vibram intensamente e, portanto, necessita-se de muita energia para assimilar suas células que se escapam rapidamente. Daí que a dieta carnívora exige que a pessoa se alimente mais frequentemente.

A enfermidade aparece primeiramente no Corpo de Desejos e no Corpo Vital; eles ficam mais tênues em sua textura, e não especializam o fluido vitalizador na mesma proporção, como acontece no estado de saúde. Então, o Corpo Denso cai enfermo. Quando o doente se recupera, os veículos superiores denotam melhora antes que a saúde se manifeste no Mundo Físico.

Quando um vidente examina uma pessoa que está para ficar doente, nota-se que o Corpo Vital está atenuando-se e, quando fica tão tênue que já não pode sustentar o Corpo Denso, este começa a manifestar sinal de enfermidade. Por outro lado, um pouco antes da recuperação física, o Corpo Vital, pouco a pouco, fica mais denso em sua estrutura e logo começa o período de convalescença.

Durante a enfermidade, o Corpo Vital especializa muito pouca energia solar, então, por um período, o corpo visível parece alimentar-se do Corpo Vital e, assim, este veículo fica mais transparente e mais tênue, ao mesmo tempo em que o corpo visível demonstra sinais de extenuação. As radiações eliminadoras faltam quase completamente durante a enfermidade e, portanto, as complicações são frequentes.

O homem tendo um Corpo Denso positivo possui um Corpo Vital negativo, e, portanto, não pode resistir à enfermidade tão bem como a mulher, que tem um Corpo Denso negativo, mas seu Corpo Vital é positivo. Esta é a razão pela qual a mulher pode suportar tantas enfermidades, que matariam um homem que tivesse o dobro de seu peso e aparentasse ter muito mais vitalidade. A mulher sofre mais intensamente que o homem, porém, suporta a dor com mais coragem. Quando ela começa a se recuperar, seu Corpo Vital polarizado positivamente parece sugar a energia solar, como se tivesse milhões de bocas. Ele se incha e começa quase que imediatamente a irradiar as torrentes de luz, tão características da saúde e, como resultado, o Corpo Denso se recupera rapidamente.

Por outro lado, quando um homem se debilitou muito por causa de uma enfermidade, uma vez passada a crise, seu Corpo Vital polarizado negativamente, se parece com uma esponja. Absorverá toda a energia solar que possa, mas sem a avidez que caracteriza o Corpo Vital da mulher. Em consequência, demora-se largo tempo no umbral da morte, mas como é mais fácil desistir do que lutar, sucumbe mais frequentemente que a mulher.

Olhando uma pessoa enferma com a visão espiritual, nota-se que o Corpo Vital está muito debilitado e atenuado, em proporção aos desgastes feitos pela enfermidade. Não se vêm mais as irradiações em linhas retas como quando o corpo é são, e sim emanações débeis que se encurvam formando redemoinhos e espirais, em torno do Corpo Denso. A coloração não é rosada purpúreo, como deveria ser, senão cinzento-opaco na maioria das partes do corpo, e a região particularmente enferma está envolta em algo que se parece uma massa negra gelatinosa. Isto é, como poderíamos chamar a vibração de enfermidade, e, quando o enfermo recebe o tratamento magnético, esta venenosa massa negra é absorvida pelas mãos do curador. Quando ele a arremessa de si com um vigoroso movimento, a massa cai no chão e, se o paciente passar por esse lugar, vai absorvê-la. Portanto, o autor sempre teve o costume de jogar estes miasmas pela janela ou numa lareira, onde se queimam, e, então, não podem fazer mal.

Enquanto um órgão está enfermo, sempre gera esta massa venenosa que flutua a seu redor, e impede as correntes do Corpo Vital de penetrar nele. O trabalho do magnetizador consiste simplesmente em limpar o órgão enfermo e, assim, abrir caminho para o fluxo das correntes de vida e saúde. O alívio geralmente é só temporário, pois o órgão enfermo e debilitado continua gerando os miasmas venenosos, e então, em seguida, se necessita de outra “limpeza” por parte do magnetizador. Este estado de coisas subsiste até que as correntes vitais se fortaleçam, o bastante para vencer e jogar fora os eflúvios daninhos, e limpar o órgão por seus próprios esforços. Então, a saúde retorna.

O osteopata vê a enfermidade por outro ângulo, e manipula os nervos que são as avenidas das correntes vitais. Estas massagens fortalecem as correntes e dispersam os miasmas que estão se formando na parte enferma do corpo. No entanto, geralmente, requer uma série de tratamentos da parte do osteopata antes que a saúde seja restaurada, pois o miasma venenoso obstrui outra vez os nervos pouco tempo depois das massagens. Portanto, na opinião do autor, embora ele não tenha experimentado, o melhor seria a combinação dos dois métodos: abrir caminho para as correntes nos nervos, e fortalecê-los por meio de tratamentos osteopáticos, extraindo, ao mesmo tempo, os miasmas envenenados por tratamentos magnéticos, e tendo o cuidado de queimá-los ou jogá-los fora. Estes dois métodos combinados poderiam facilitar extraordinariamente o tratamento da doença.

O baço é a entrada das forças solares, mas, a transmutação da energia solar em um fluido ligeiramente rosado acontece na posição referencial do Plexo Celíaco, onde o Átomo-semente prismático do Corpo Vital se localiza.

Com relação ao que ocorre quando o baço foi removido, devemos recordar que o Corpo Denso se acomoda da melhor maneira possível às condições alteradas. Se uma ferida em determinada parte do corpo impossibilita o sangue de fluir por vasos normais, ele encontra outra rede de veias pelas quais possa realizar seu circuito. Porém, um órgão nunca se atrofia enquanto possa servir a um propósito útil. O mesmo acontece com o Corpo Vital formado de Éteres. Quando um membro foi amputado, a parte etérea do mesmo já não é necessária na economia do corpo, e gradualmente se dissolve. Porém, no caso de um órgão como o baço, em que a contraparte etérea tem uma função importante, como porta de acesso das energias solares, naturalmente não se produz semelhante desintegração.

Também, deve ser lembrado que, quando uma enfermidade no veículo físico se manifesta, a parte correspondente do Corpo Vital se debilitou e atenuou previamente, ficou doente e foi sua a impossibilidade de suprir à quantidade necessária de energia vital, que provocou a manifestação dos sintomas físicos da doença. Inversamente, quando a saúde retorna, o Corpo Vital é o primeiro que se restabelece, e esta convalescença logo se manifesta no Corpo Denso. Portanto, se o baço físico fica enfermo, é evidente que a contraparte etérea não está bem e, então, é muito duvidoso que a extração do órgão seja útil. No entanto, se é feita, o corpo tratará de acomodar-se às novas condições, e a contraparte etérea do baço continuará funcionando como antes.

A tendência natural do Corpo de Desejos é endurecer e consolidar tudo quanto se põe em contato com ele. O pensamento materialista acentua esta tendência de tal modo que, geralmente, produz como resultado, em vidas futuras, a horrenda enfermidade chamada tuberculose, que é um endurecimento dos pulmões, os quais devem ser brandos e elásticos. Ocorre, algumas vezes, que o Corpo de Desejos comprime o Corpo Vital, de modo que este não pode contra restar o processo de endurecimento e, então, temos a tuberculose galopante. Em alguns casos, o materialismo torna o Corpo de Desejos frágil, por assim dizer, e, então, ele não pode realizar devidamente seu trabalho de endurecimento do Corpo Denso e, como resultado, produz o raquitismo ou enfraquecimento ósseo. Vemos, portanto, os perigos que corremos ao manter tendências materialistas, que dão origem ao endurecimento das partes brandas do corpo, como na tuberculose, ou o enfraquecimento das partes duras, ósseas, como no raquitismo. Naturalmente, nem todos os casos de tuberculose demonstram que a pessoa foi um materialista em vida anterior, porém, os ensinamentos das ciências ocultas afirmam que esse resultado geralmente é produzido pelo materialismo.

No caso da pessoa que está preparada para receber a Iniciação, a aceleração das vibrações é maior do que para o homem ou mulher comuns. Portanto, não requer exercícios para acelerar esta vibração, mas, necessita de determinados exercícios espirituais, ajustados individualmente para ele, que farão com que se adiante em seu próprio caminho.

Se essa pessoa, neste período crítico, se encontrasse com um indivíduo que, por maldade ou ignorância lhes desses exercícios respiratórios que o interessado cumprisse fielmente, com a esperança de obter resultados rápidos, esses resultados seriam obtidos, mas não da maneira que ele buscava. A vibração dos átomos do corpo, em um período muito curto, teria acelerado de tal maneira que pareceria como se estivesse caminhando sobre o ar. Também poderia produzir-se uma indevida separação do Corpo Vital com o Corpo Denso, o que traria a tuberculose ou insanidade como resultado.

Quando anestésicos são usados, o Corpo Vital é expulso parcialmente do Corpo Denso, junto com os demais veículos e, se a aplicação é demasiadamente forte, produz-se a morte. O mesmo fenômeno pode ser observado no caso dos médiuns materializadores. Na verdade, a diferença entre um médium dessa classe e um homem ou mulher comum é que, nestes últimos, o Corpo Vital e o Corpo Denso estão, no atual estado de evolução, estreitamente interligados, enquanto que no médium esta relação é débil. Não foi sempre assim, e virá um tempo em que o Corpo Vital poderá abandonar normalmente o Corpo Denso, o que, no presente, não acontece. Quando um médium permite que seu Corpo Vital seja usado por entidades do Mundo do Desejo que querem materializar-se, o Corpo Vital sai pelo lado esquerdo através do baço, que é sua “porta” particular. Então, as forças vitais não podem fluir no organismo, como geralmente o fazem, e o médium fica exausto, e alguns deles se vêm obrigados a fazer uso de estimulantes, o que, com o tempo, faz com que se convertam em alcoólatras incuráveis.

A força vital do Sol que nos rodeia como um fluido incolor, é absorvida pelo Corpo Vital por meio da contraparte etérea do baço, onde sofre uma curiosa transformação de cor. Fica rosa pálido e circula pelos nervos através de todo o Corpo Denso. Com relação aos nervos, é o que a eletricidade é para o telégrafo. Ainda que haja fios, aparelhos e telegrafistas se, falta a eletricidade, não se pode enviar as mensagens. O Ego, o cérebro e o sistema nervoso podem estar em perfeita ordem, mas se faltar a força vital que possa levar as mensagens do Ego através dos nervos e dos músculos, o Corpo Denso permanecerá inerte. Isto é precisamente o que acontece quando uma parte do corpo se paralisa; o Corpo Vital fica doente e a força vitalizadora já não pode mais fluir. Em tais casos, como na maioria das enfermidades, a perturbação é dos veículos invisíveis e sutis. O reconhecimento consciente ou inconsciente deste fato, faz com que os médicos mais afamados empreguem a sugestão que trabalha sobre os veículos superiores, como um auxiliar da medicina. Quanto mais fé e esperança possa o médico imbuir em seu paciente, tanto mais rápido se desvanecerá a enfermidade, dando lugar a uma perfeita saúde.

Durante a saúde, o Corpo Vital especializa uma superabundância de força vital a qual, depois de passar pelo Corpo Denso, se irradia em linhas retas em todas as direções desde a sua periferia, como os raios de um círculo irradiam desde o centro; porém, em casos de enfermidade, quando o Corpo Vital se atenua, não pode absorver a mesma quantidade de força e, além disso, o Corpo Denso dela se alimenta. Então, as linhas de fluido vital que se exteriorizam curvam-se e caem, mostrando a falta de força ou a debilidade que se produziu. No estado de saúde, estas irradiações expulsam os germes e micróbios inimigos da saúde do Corpo Denso, mas na enfermidade, quando a força vitalizadora é débil, essas emanações não eliminam tão facilmente os germes nocivos. Portanto, o perigo de contrair uma enfermidade é muito maior quando as forças vitais são escassas, do que quando se está com saúde perfeita.

Nos casos em que se amputam partes do corpo, o Éter planetário é o único que acompanha a parte separada. O Corpo Vital e o Corpo Denso se desintegram sincronicamente depois da morte, e o mesmo acontece com a contraparte etérea do membro ou parte amputada. Ela irá gradualmente se desintegrando na medida em que a parte densa se decompõe, porém, nesse meio tempo, o fato de que o ser humano possui o membro etéreo, faz com que ele afirme sentir os dedos e também dor neles. Existe certa relação entre o membro amputado e a parte etérea, independente da distância. Sabe-se de um caso em que um ser humano sentiu uma forte dor, como se tivesse cravado um prego na perna que fora amputada, dor que persistiu até que o membro foi exumado, e soube-se que tinham cravado um prego quando o encaixotaram para enterrá-lo. O prego foi removido e a dor instantaneamente cessou. De acordo com este fato, estão todos os casos em que as pessoas sofrem dores nos membros amputados, durante dois ou três anos depois da operação. Depois a dor passa. Isto é devido a que a enfermidade ainda permanece na parte etérea do membro amputado, porém, quando a parte densa amputada se desintegra, desintegra-se também a etérea e a dor cessa.

É de conhecimento geral entre aqueles que auxiliam os acidentados, que eles não sofrem tanto na hora do acidente quanto sofrem depois; isto é, devido a que o Corpo Vital está são no momento do acidente e, portanto, todo o efeito do acidente só será sentido quando este veículo se atenuar, e não estiver mais em condições de ajudar os processos vitais. Assim, vemos que se produzem mudanças no Éter do ser humano e, de acordo com o axioma místico, “como é acima, é abaixo” e vice-versa, produzem-se também mudanças no Éter Planetário, que constitui o Corpo Vital do Espírito da Terra. Assim como a recordação consciente dos últimos acontecimentos que são, por algum tempo, muito vivos no ser humano se desvanecem pouco a pouco, assim também o registro etéreo, que é o aspecto inferior da Memória da Natureza, vai apagando-se.

Quando um corpo adquire certa velocidade em sua queda, os Éteres Superiores abandonam o Corpo Denso, deixando a pessoa acidentada insensível. Quando o corpo atinge o chão, ele fica muito machucado, porém, a pessoa pode recobrar a consciência quando o Éter se organizar outra vez. Então, começa a sofrer as consequências físicas da queda. Se a queda continua depois que os Éteres Superiores saíram do corpo, a crescente velocidade da queda acaba por desalojar também os Éteres inferiores, e o Cordão Prateado é tudo o que fica ligado ao Corpo Denso. . . este cordão se rompe ao se produzir o impacto contra o chão e o Átomo-semente passa, então, ao ponto de ruptura, onde se mantém na forma usual.

Com base nestes fatos, chegamos à conclusão, de que é a pressão atmosférica normal que mantém o Corpo Vital dentro do Corpo Denso. Quando nos movemos com uma velocidade anormal, a pressão fica suspensa em algumas partes do corpo, formando-se assim um vazio parcial, resultando que os Éteres abandonem o corpo e penetrem nesse vazio. Os dois Éteres Superiores, que estão menos aderidos, são os primeiros que desaparecem e deixam a pessoa inconsciente depois de haver produzido, como em um relâmpago, o panorama de sua vida. Então, se a queda continua aumentando a pressão aérea diante do corpo e o vazio atrás, os Éteres Inferiores mais apegados ao corpo, também são impulsionados para o exterior, e então o corpo está realmente morto antes de chegar ao solo.

Examinando certo número de pessoas em estado de saúde normal, descobrimos que cada um dos átomos prismáticos que compõem os Éteres inferiores, irradiavam de si linhas de força que faziam girar o átomo físico, no qual estavam inseridos, dotando todo o corpo com vida. A irradiação de todas estas unidades de força está em direção à periferia do corpo, e constitui o que se denomina “Fluido Ódio”, embora também designado com outros nomes. Quando a pressão atmosférica exterior diminui nas grandes altitudes, manifesta-se certo nervosismo, porque a força etérea é impelida de dentro para fora, sem controle, e, se o ser humano não pudesse conter esse fluxo de energia solar, ao menos parcialmente por um esforço da vontade, ninguém poderia viver nestes lugares.

Agora chegamos ao ponto crucial de nossa explicação. O Éter é uma matéria física e, enquanto os indivíduos feridos no campo de batalha por pequenas armas de fogo, possam às vezes caminhar um pouco atordoados, mas conscientes, as terríveis detonações dos grandes canhões empregados em grande escala, têm o efeito de dar volta aos átomos prismáticos e destroçar a envoltura áurica, formada pelos Éteres Luminoso e Refletor, Éteres que constituem a base da percepção sensorial e da memória. Até que com o tempo tudo volte ao normal, o ser humano fica em estado de choque e em coma, condição que pode demorar semanas. Sob semelhantes condições, a substância sutil etérea não se presta à formação de imagens da vida passada, pois, está congelada até certo grau.

Quando uma pessoa se asfixia ou se afoga, ela se sente muito tranquila e sossegada depois da primeira luta, embora se dê conta, em certa medida, do perigo, o Corpo Vital sai antes da ruptura do Cordão Prateado e, portanto, conserva a capacidade de atrair materiais do Mundo Físico. Por isso, houve casos de pessoas mortas por asfixia ou afogamento, que apareceram a seus parentes a milhares de quilômetros de distância, talvez só por um instante, porém, pareciam estar vivos. Talvez tenha sido o desejo que sentiram por muito tempo de ver seus   entes queridos, e voltar até eles, e o fato de que estavam agora livres de suas cadeias corporais, que os transportou ali imediatamente nas asas do desejo. Ao chegar onde queriam, o Corpo Vital atraiu quantidade suficiente de partículas da atmosfera para se fazer visível ao ser querido. Porém, talvez nesse momento, rompeu-se o Cordão Prateado, o Corpo Vital entrou em colapso e, então, a visão desapareceu.

Não é raro que se vejam fantasmas de seres vivos. Tudo o que é necessário é que o Corpo Denso esteja num sono muito profundo ou inconsciente, como normalmente ocorre quando uma pessoa está perto do umbral da morte. Pode ser que esteja se afogando ou sob o choque de uma queda de um cavalo, de um carro, ou condições similares, ou que haja recebido um golpe na cabeça, ou que esteja muito enferma sobre o leito, muito enfraquecida e extenuada, perto da morte. Então, a maior parte do Éter que constitui o Corpo Vital pode ser extraída do Corpo Denso, deixando este em estado de transe, estado que não se prolonga mais que alguns minutos, mas, como a distância não é uma barreira nos mundos invisíveis, então o desejo da pessoa assim momentaneamente liberado, pode levá-la ao fim do mundo, para aparecer ao ser querido a milhares de quilômetros do lugar onde seu corpo jaz.

É muito mais fácil para o Espírito do caso anterior se materializar, do que para os que já abandonaram seu corpo ao morrer, porque os primeiros têm o Cordão Prateado ainda intacto, subsistindo assim a conexão com o Átomo-Semente no coração.

Exercícios respiratórios indiscriminados não produzem o desdobramento, senão que tendem a desconectar o Corpo Vital do Denso. E, desta maneira, em alguns casos, as conexões entre os centros dos sentidos etéreos e as células cerebrais se rompem, ou se estiram, resultando na loucura. Em outros casos, a desconexão se verifica entre os Éteres Químico e de Vida e, como o Éter de Vida é o material básico da assimilação, e a avenida para a especialização da energia solar, essa ruptura produz a tuberculose.

Unicamente mediante os exercícios apropriados se verifica a separação requerida. Quando a pureza de vida levou a força sexual não usada, gerada no Éter de Vida, ao coração, esta força serve para manter a limitada circulação sanguínea necessária durante o sono. Desta maneira, as funções físicas e o desenvolvimento espiritual correm juntos, seguindo linhas harmoniosas.

O autor esteve muito receoso com relação às consequências que a guerra poderia trazer, quanto ao firme entrelaçamento dos Corpos de Desejo e Vital, dando assim, vida a legiões de monstros para aflição das gerações futuras. Porém, agora está muito satisfeito em poder dizer que não devemos ter este tipo de temor. Somente quando as pessoas são premeditadamente maliciosas ou vingativas, e persistentemente abrigam um desejo e um propósito de desforra, se esses pensamentos e sentimentos são fomentados e mantidos, eles endurecem o Corpo Vital, e o relacionam mais estreitamente com o Corpo de Desejos. Sabemos das lembranças, da grande guerra, que nas fileiras dos exércitos não havia mais sentimentos de ódio de um para o outro, e que os inimigos conversavam como amigos quando, por casualidade, se encontravam em condições propícias. Assim, embora a guerra seja responsável pela terrível mortalidade atual e será a causa de uma deplorável mortalidade infantil no futuro, não será culpada com relação aos terríveis males gerados pela obsessão, e os crimes instigados por Corpos de Pecado demoníacos.

Embora as desordens mentais, quando são congênitas, tenham por causa geral o abuso da função criadora em vidas passadas, existe pelo menos uma exceção notável a esta regra, mencionada no Conceito Rosacruz do Cosmos, e em outros escritos, que é a seguinte: quando um Espírito, que tem uma vida especialmente dura diante de si, desce para renascer e, ao entrar na matriz sente ou percebe o panorama da vida que vai começar,  e considera essa existência demasiadamente terrível para ser suportada, às vezes, tenta escapar da escola da vida. Naquele momento, os Anjos do Destino ou seus agentes, já tinham feito a conexão necessária entre o Corpo Vital e os centros sensoriais no cérebro do feto em formação, por isso, o esforço do Espírito para escapar da matriz de sua mãe é frustrado, mas, o arranco que o Ego dá, desajusta a conexão entre os centros sensoriais físicos e etéreos, de modo que o Corpo Vital não fica concêntrico com o Corpo Denso, fazendo com que a cabeça etérea saia do crânio físico. Então, é impossível que o Espírito possa usar seu veículo denso, encontrando-se atado a um corpo sem Mente, que não pode utilizar e a encarnação fica praticamente perdida.

Também acontecem casos que, mais tarde, na vida, um grande choque faz com que o Espírito tente escapar com os veículos invisíveis, resultando uma torção similar nos centros sensoriais do cérebro, causando desequilíbrio na expressão mental. Nós todos tivemos uma impressão parecida quando levamos um grande susto: uma sensação como se algo tentasse escapar do Corpo Denso, isto é, os Corpos Vital e de Desejos que são tão rápidos em sua ação, que mesmo um trem expresso parece com uma lesma quando comparado, vêm e sentem o perigo antes que o medo haja sido transmitido ao comparativamente inerte Corpo Denso, no qual estão ancorados, e que os impede de escapar em condições normais.

A insanidade é sempre causada pela ruptura na cadeia de veículos entre o Ego e o Corpo Denso. Esta ruptura pode ocorrer entre os centros cerebrais e o Corpo Vital, ou entre o Corpo Vital e o de Desejos, ou entre o Corpo de Desejos e a Mente, ou entre a Mente e o Ego. Além disso, a ruptura pode ser completa ou somente parcial.

Quando a ruptura se produz entre os centros cerebrais e o Corpo Vital, ou entre este e o Corpo de Desejos, temos os casos de idiotismo. Quando a ruptura é entre o Corpo de Desejos e a Mente, então predomina o violento e impulsivo Corpo de Desejos, e se apresenta o caso dos maníacos desvairados. Quando a ruptura é entre o Ego e a Mente, a Mente é que governa os demais veículos, e este é o caso dos maníacos astutos que podem enganar seus guardiões, fazendo-os crer que são completamente inofensivos, enquanto tramam algum plano diabólico e malicioso. Então, podem demonstrar subitamente sua mentalidade insana e causam uma terrível catástrofe.

Existe uma causa de insanidade que convém explicar, porque, muitas vezes, é possível evitá-la. Quando o Ego regressa do mundo invisível para um novo renascimento, lhe são mostradas as diversas encarnações possíveis. Então, ele contempla sua próxima vida em suas grandes linhas e acontecimentos gerais, como se fosse uma fita cinematográfica passando diante de seus olhos. Geralmente, neste momento, ele pode escolher entre as diferentes vidas. Ele vê as lições que tem de aprender, o destino que criou por si mesmo em vidas passadas, e que parte deste destino pode liquidar em cada uma das reencarnações que lhe são oferecidas. Então, faz sua escolha e logo é guiado pelos Agentes dos Anjos do Destino, para o país e a família em que terá que viver em sua próxima existência.

Esta visão panorâmica lhe é apresentada no Terceiro Céu, onde o Ego está despido de seus veículos, e se sente espiritualmente por cima de toda sórdida consideração material. É muitíssimo mais sábio do que logo parece ser na Terra, onde se encontra fascinado pela carne numa medida quase inconcebível. Mais tarde, quando a concepção já aconteceu e o Ego penetra na matriz da mãe, em torno do décimo oitavo dia depois da concepção, põe se em contato com o molde etéreo de seu novo Corpo Denso, que foi formado pelos Anjos do Destino, para estruturar o cérebro que dará ao Ego as tendências necessárias para a elaboração e liquidação de seu destino.

Ali, o Ego vê novamente os quadros panorâmicos de sua próxima vida, da mesma forma que a pessoa que se afoga vê o panorama de sua vida passada em um relâmpago. Nesse tempo, o Ego já está parcialmente cego com relação a sua natureza espiritual, de modo que sua próxima encarnação pode lhe parecer muito dura e, às vezes, tenta retroceder e não entrar na matriz, estabelecendo as conexões cerebrais adequadas. Pode tentar escapar em seguida e, então, ao invés dos Corpos Denso e Vital ficarem concêntricos, o Corpo Vital, formado de Éter, pode ficar parcialmente fora do crânio físico. Nesse caso, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo Vital e do Corpo Denso fica desajustada e o resultado é o idiotismo, a epilepsia, a doença de San Vito ou outras afecções nervosas congênitas.

A insanidade é a ruptura na cadeia de veículos entre o Ego e o Corpo Denso. Essa desconexão pode ocorrer entre o Ego e a Mente, entre a Mente e o Corpo de Desejos, entre os Corpos de Desejos e o Vital e também entre este último e o Corpo Denso. Se a ruptura de produziu entre o Corpo Denso e o Vital, ou entre o Corpo Vital e o de Desejos, o Ego estará perfeitamente são no Mundo do Desejo imediatamente após sua morte, porque já terá descartado os dois corpos afligidos.

Quando a ruptura ocorre entre o Corpo de Desejos e a Mente, o Corpo de Desejos está ainda desenfreado depois da morte, e é causa de muitas calamidades durante sua existência no Mundo do Desejo. O Ego, evidentemente nunca está insano. O que parece insanidade, provém do fato de que o Ego não tem nenhum domínio sobre seus veículos; o pior caso é, sem dúvida, quando a Mente está afetada e o Ego está atado à personalidade por muito tempo, até que os veículos se desintegrem.

Vimos que, no estado de vigília, os Corpos Denso e Vital estão rodeados e interpenetrados por uma nuvem ovoide, formada pelo Corpo de Desejos e a Mente. Todos esses veículos são concêntricos e formam como se fossem elos de uma corrente. É a interpolação de um com o outro, de maneira que os centros sensoriais se ajustem corretamente, o que permite que o Ego manipule este complexo organismo e efetue de uma maneira ordenada, os processos vitais a que chamamos de razão, palavra e ação. Se existe um desajuste em alguma parte, o Ego está obstruído em sua manifestação. Este equilíbrio perfeito é a saúde, o oposto da enfermidade.

A enfermidade tem várias formas e uma é a insanidade que também é de diferentes tipos. Quando a conexão entre os centros sensoriais do Corpo Denso e do Corpo Vital é oblíqua e quando, às vezes, a cabeça do Corpo Vital eleva-se acima da cabeça do Corpo Denso ao invés de ficar concêntrica, o Corpo Vital está fora de ajuste com os veículos superiores e com o Corpo Denso. Então, nós temos um idiota dócil. Quando os Corpos Denso e Vital estão ajustados, mas a ruptura está entre o Corpo Vital e o de Desejos, a situação é a mesma, mas quando a ruptura é entre o Corpo de Desejos e a Mente, nós temos o maníaco delirante que é mais ingovernável que um animal selvagem, pois este último é controlado pelo Espírito Grupo, e neste caso, todas as tendências animais são seguidas cegamente.

Enquanto muito poucos defendem o abuso da função criadora, muitas pessoas que seguem os preceitos espirituais em outras coisas, ainda acham que a indulgência frequente do desejo de prazer sexual não faz mal. Alguns acham que é tão necessário quanto o exercício de uma função orgânica. Isto é errado por duas razões: a primeira é que cada ato criador requer uma quantidade de força que queima tecido, o qual deve ser reabastecido por uma quantidade extra de comida. Isto reforça e aumenta o Éter Químico; a segunda, como a força propagadora trabalha através do Éter de Vida, este elemento do Corpo Vital é também aumentado a cada indulgência. Consequentemente, os dois Éteres inferiores, enviando a força criadora para baixo, para a gratificação de nosso desejo por prazer, aderem-se mais aos dois Éteres Superiores que formam o Corpo-Alma, e essa aderência se torna maior e mais poderosa à medida que o tempo passa. Como a evolução de nossas forças anímicas e a faculdade de viajar em nossos veículos mais sutis, dependem da separação entre os Éteres inferiores e o Corpo-Alma, é evidente que frustramos o objetivo que temos em mente, e retardamos o desenvolvimento pela indulgência da natureza inferior.

Nos preparativos para o Renascimento, assim que o Corpo Vital é colocado, o Ego renascente, com sua envoltura em forma de sino, paira constantemente perto de sua futura mãe. Ela, sozinha, trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito a vinte e um dias depois da fertilização e, então, o Ego entra no corpo da mãe, dirigindo sua envoltura para baixo e envolvendo o feto. A abertura na parte de baixo fecha-se, e o Ego é uma vez mais encarcerado em seu Corpo Denso.

O momento da entrada no ventre da mãe é de grande importância na vida, pois, quando o Ego renascente primeiro contata a matriz do Corpo Vital, ele vê outra vez o panorama da vida que foi impresso pelos Anjos do Destino, na referida matriz, para dar a ele as tendências necessárias para trabalhar o destino maduro, que deve ser liquidado na vida que se vai iniciar.

Neste momento, o Ego está tão cego pelo véu da matéria que não distingue o benefício final, da mesma maneira imparcial quando fez sua escolha na Região do Pensamento Abstrato e, quando uma vida particularmente dura se revela diante de sua visão, no momento em que ele está entrando no ventre da mãe, acontece às vezes que ele fica tão apavorado que tenta escapar. A conexão não pode ser cortada, no entanto, pode ser forçada, de modo que, ao invés de ficar concêntrica, a cabeça do Corpo Vital pode ficar acima da cabeça do Corpo Denso. Então, nós temos um idiota congênito.

Assim como um vampiro suga o Éter do Corpo Vital de sua vítima e se alimenta dele, assim também, repetidos pensamentos de arrependimento e remorso se transformam em um elemental de desejo, que age como um vampiro e suga a vida da pobre alma que lhe deu forma e, como semelhante atrai semelhante, ele fomenta a continuidade deste hábito de arrependimento mórbido.

Se nos permitimos arrependimentos e remorsos durante as horas de vigília como certas pessoas o fazem, estamos sobrepujando o Purgatório, pois, embora o tempo que passamos lá seja gasto na erradicação do mal, a consciência surge de cada imagem na medida em que é arrancada pela força de repulsão. Lá, por causa da ligação do Corpo de Desejos com o Corpo Vital, estamos habilitados a dar vida a uma imagem em nossa memória quantas vezes desejamos e, enquanto o Corpo de Desejos é gradualmente dissolvido no Purgatório pela purgação do panorama da vida, certa quantidade foi acrescentada quando nós estávamos vivendo no Mundo Físico, tomando o lugar daquela matéria que foi expulsa pelo remorso. Concluindo, remorso e arrependimento quando continuamente repetidos em nosso interior, têm o mesmo efeito sobre o Corpo de Desejos que os banhos excessivos sobre o Corpo Vital. Ambos os veículos ficam exauridos por limpeza excessiva, e, por esta razão, é perigoso para a saúde moral e espiritual permitir sentimentos de arrependimento e remorso indiscriminadamente, assim como é fatal para o bem-estar físico tomar banhos demais. O discernimento deve prevalecer em ambos os casos.

Assim como a força latente na pólvora e em substâncias explosivas afins, podem ser usadas para promover os melhores objetivos da civilização, ou os mais selvagens atos de barbarismo, assim também essa emoção de remorso pode ser mal-usada, de modo a causar dano e obstáculo ao Ego ao invés de ajuda. Quando nos remoemos diariamente e a toda hora, nós estamos despendendo um grande poder que pode ser usado para a mais nobre finalidade da vida, pois, o constante arrependimento, afeta o Corpo de Desejos de maneira similar à dos banhos excessivos do Corpo Denso A água tem uma grande afinidade pelo Éter e o absorve vorazmente. Quando tomamos banho em condições normais, ele remove uma grande quantidade de Éter venenoso e miasmático de nosso Corpo Vital, no caso de ficarmos de molho um espaço de tempo razoável. Depois de um banho, o Corpo Vital fica de certa forma, atenuado e consequentemente nos dá uma sensação de fraqueza, mas se estamos em boa forma e não ficamos no banho muito tempo, a deficiência é logo reparada pela corrente de força que flui para dentro do corpo através do baço. Quando o influxo de Éter fresco substituiu a substância envenenada carregada pela água, sentimos com renovado vigor que atribuímos ao banho, embora não soubéssemos nada do que foi dito anteriormente.

Porém, quando uma pessoa que não está em sua perfeita saúde tem o hábito de tomar banhos diários, duas ou três vezes, um excesso de Éter é retirado do Corpo Vital. O suprimento que entra pelo baço é também diminuído por causa da perda de vibração do Átomo-semente, localizado na posição referencial do Plexo Celíaco e do enfraquecimento do Corpo Vital. Daí ser impossível para tais pessoas recuperarem-se entre tais frequentes e repetidos esgotamentos e, como consequência, a saúde do Corpo Denso sofre; elas perdem força continuamente e podem se tornar inválidas.

Capítulo III – No Sono e nos Sonhos

O Corpo Vital é tão ativo nas horas de sono quanto nas horas de vigília e pode ser influenciado pelo poder da sugestão. O sono pode ser induzido pela hipnose.

Nós temos, em nosso Corpo, dois sistemas nervosos, o voluntário e o involuntário. O primeiro é influenciado diretamente pelo Corpo de Desejos e controla os movimentos do Corpo e sua tendência é quebrar e destruir, só parcialmente restringido em sua tarefa cruel pela Mente. O sistema involuntário tem seu campo de ação específico no Corpo Vital. Ele governa os órgãos digestivos e respiratórios que reconstroem e restauram o Corpo Denso.

É esta guerra entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos que produz consciência no Mundo Físico, mas se a Mente não agisse como um freio sobre o Corpo de Desejos, nossas horas de vigília seriam muito curtas e também nossa vida, pois o Corpo Vital seria logo esgotado em seu trabalho beneficente pelo imprudente Corpo de Desejos, como está evidenciado na exaustão que segue um ataque de nervos, pois a raiva é uma situação em que o ser humano “perde o controle e o Corpo de Desejos reina livremente”.

Apesar de todos os seus esforços, o Corpo Vital, pouco a pouco, perde terreno com o passar do dia, os tecidos envenenados e deteriorados se acumulam e impedem o fluxo do fluido vital e seus movimentos tornam-se cada vez mais lentos. Como consequência, o Corpo visível mostra sinais de exaustão. Finalmente, o Corpo Vital sofre um colapso, o fluido vital cessa de fluir nos nervos em quantidade suficiente para manter o equilíbrio do Corpo Denso e este se rende inconsciente e, portanto, inadequado para ser usado pelo Espírito. É o sono.

O mesmo acontece com o templo do Ego, nosso Corpo Denso, quando fica exausto. É, então, necessário que o Ego, a Mente e o Corpo de Desejos se afastem e deem amplos poderes ao Corpo Vital para que ele possa restaurar o tônus do Corpo Denso e, então, quando o Corpo Denso vai dormir, há uma separação. O Ego e a Mente, envolvidos pelo Corpo de Desejos, se separam do Corpo Vital e do Corpo Denso, estes dois permanecendo na cama, enquanto os veículos superiores pairam sobre ou perto do Corpo adormecido.

O processo de restauração começa agora. Numa luta no Mundo Físico, os ferimentos nunca são de um só lado; o vencedor também tem algumas lesões. Quanto mais violenta é a luta e mais nivelados são os combatentes, mais lesões sofre cada um. Assim acontece com o Corpo Vital e o de Desejos; o Corpo de Desejos vence sempre, embora sua vitória seja sempre uma derrota, pois ele é forçado a deixar o campo de batalha, e o prêmio, o Corpo Denso, nas mãos do derrotado Corpo Vital, retirando-se para reparar sua própria harmonia despedaçada.

Quando o Espírito se afasta do Corpo adormecido, ele entra no mar de força e harmonia chamado Mundo do Desejo. Lá ele repassa as cenas do dia em ordem inversa, dos efeitos para as causas, colocando em ordem o emaranhado do dia, formando imagens verdadeiras para substituir as impressões erradas, devido à limitação da vida no Corpo Denso e, assim como as harmonias do Mundo do Desejo o permeiam e a sabedoria e a verdade substituem o erro, ele readquire seu ritmo e tom. O tempo necessário para a restauração varia de acordo com o dia, se foi ilusório, impulsivo ou extenuante.

Então, e só então, o trabalho de restauração dos veículos deixados na cama começa, e o Corpo de Desejos, restaurado, começa a reavivar o Corpo Vital bombeando energia rítmica dentro dele, e este, por sua vez, começa a trabalhar sobre o Corpo Denso, eliminando os produtos deteriorados, principalmente por meio do sistema nervoso simpático. Como resultado, o Corpo Denso fica restaurado e repleto de vida. O Corpo de Desejos, a Mente e o Ego entram nele pela manhã, fazendo com que ele acorde.

No entanto, às vezes, acontece que nós ficamos tão absorvidos e interessados nas atividades de nossa existência mundana que, mesmo depois que o Corpo Vital entrou em colapso e deixou o Corpo Denso inconsciente, nós não conseguimos nos libertar para que o trabalho de restauração se inicie. O Corpo de Desejos fica aderido, é retirado só parcialmente pelo Ego e começa a ruminar os acontecimentos do dia naquela posição.

Durante o estado de vigília, quando o Ego está funcionando conscientemente no Mundo Físico, seus diferentes veículos são concêntricos – ocupam o mesmo espaço – mas à noite, quando o Corpo se deita para dormir, a separação acontece. O Ego, vestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, libera-se do Corpo Denso e do Corpo Vital que foram deixados na cama. Os veículos superiores pairam acima e perto. Eles estão conectados com os veículos inferiores pelo Cordão Prateado, um cordão fino e brilhante que tem a forma de dois números seis, com uma extremidade ligada ao Átomo-semente no coração e outra no vórtice central do Corpo de Desejos.

Durante o sono, o Ego também sai do Corpo Denso, mas o Corpo Vital permanece e o Cordão Prateado fica intacto.

O Mundo do Desejo é um oceano de sabedoria e harmonia. Quando os veículos inferiores adormecem, o Ego leva a Mente e o Corpo de Desejos para o Mundo do Desejo. Lá, o primeiro cuidado do Ego é a restauração do ritmo e da harmonia da Mente e do Corpo de Desejos. Esta restauração é realizada gradativamente enquanto as vibrações harmoniosas do Mundo do Desejo fluem através destes veículos. Há uma essência no Mundo do Desejo que corresponde ao fluido que permeia o Corpo Denso por meio do Corpo Vital. Os veículos superiores, por assim dizer, embebem-se neste elixir de vida. Quando fortalecidos, eles começam o trabalho sobre o Corpo Vital que foi deixado com o Corpo Denso. Então, o Corpo Vital começa a especializar a energia solar mais uma vez, reconstruindo o Corpo Denso, usando particularmente o Éter Químico como meio no processo de restauração.

No estado de vigília, os diferentes veículos do EgoMente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso – são todos concêntricos. Eles ocupam o mesmo espaço e o Ego se manifesta no Mundo Físico. Mas, à noite, durante o sono sem sonhos, o Ego revestido pelo Corpo de Desejos e pela Mente, se retira, deixando o Corpo Denso e o Vital sobre a cama, não havendo conexão entre os veículos superiores e os inferiores, salvo por um fino e brilhante cordão chamado de Cordão Prateado. Acontece, no entanto, que, às vezes, o Ego trabalhou tanto no Mundo Físico e o Corpo de Desejos ficou tão agitado que ele se recusa a deixar os veículos inferiores e só se retira parcialmente ou pela metade. Então, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo de Desejos e os do cérebro físico ficam rompidos parcialmente. O Ego percebe as visões e as cenas do Mundo do Desejo que são extremamente fantásticas e ilusórias e elas são transmitidas aos centros cerebrais sem serem conectadas pela razão. Daí resulta todos os sonhos tolos e fantásticos que temos.

Acontece, no entanto, que, às vezes, o Corpo de Desejos não se retira completamente e, assim, parte dele permanece conectado ao Corpo Vital, o veículo de percepção sensorial e memória. O resultado é que a restauração é realizada somente em parte e as cenas e ações do Mundo do Desejo são trazidas para a consciência física como sonhos. Naturalmente, a maioria dos sonhos é confusa porque o eixo da percepção está distorcido por causa da relação imperfeita de um Corpo com o outro. A memória é também confusa pela relação incongruente dos veículos e, como resultado da perda da força restauradora, o sono cheio de sonhos não é reparador e o Corpo se sente cansado ao acordar.

O Corpo Vital, pode-se dizer que é formado de pontos que se estendem em todas as direções, para dentro, para fora, para cima e para baixo, através de todo o Corpo, e cada pequeno ponto passa através do centro de um dos átomos químicos, fazendo-o vibrar mais intensamente que sua velocidade natural. Este Corpo Vital interpenetra o Corpo Denso do nascimento à morte em todas as situações exceto quando, por exemplo, a circulação do sangue para num certo ponto, como quando descansamos a mão sobre a extremidade de uma mesa por algum tempo e ela “adormece”, por assim dizer. Então, se formos Clarividentes, poderemos ver a mão etérea do Corpo Vital pendurada sob a mão visível como se fosse uma luva, e os átomos químicos da mão recaída em seu natural e lento grau de vibração. Quando batemos na mão fazendo com que “acorde”, por assim dizer, a sensação peculiar de formigamento que temos é causada pelos pontos do Corpo Vital que, então, entram novamente nos átomos adormecidos da mão, iniciando uma vibração renovada.

O Corpo Vital deixa o Corpo Denso de modo semelhante a quando uma pessoa está morrendo. Afogados que foram ressuscitados experimentam uma intensa agonia causada pela entrada desses pontos que eles sentem como um formigamento.

Durante o dia, quando o fluido solar está sendo absorvido pelo ser humano em grande quantidade, estes pontos do Corpo Vital são estendidos ou expandidos, por assim dizer, pelo fluido vital, mas à medida que o dia passa e os venenos da deterioração obstruem o Corpo Denso cada vez mais, o fluido vital flui menos rapidamente; à noite, chega a hora em que os pontos no Corpo Vital não conseguem um suprimento completo do fluído vital, eles murcham e os átomos do Corpo movem-se mais vagarosamente em consequência. Então, o Ego sente o Corpo pesado e cansado. Finalmente, chega a hora em que, por assim dizer, o Corpo Vital entra em colapso e as vibrações dos átomos densos se tornam tão vagarosas que o Ego não pode mais mover o Corpo. É forçado a retirar-se para que o veículo possa se recuperar. Então dizemos que o Corpo foi dormir.

O sono não é um estado inativo, no entanto; se fosse, não haveria diferença de manhã e nenhum poder de restauração durante o mesmo. A própria palavra restauração implica em atividade.

Quando um edifício ficou dilapidado após uso constante e é necessário renová-lo e restaurá-lo, os moradores têm que se mudar para dar aos trabalhadores liberdade de ação. Por razões semelhantes, o Ego sai da sua moradia à noite. Assim como os operários trabalham no prédio para que fique adequado à reocupação, assim também, o Ego tem que trabalhar sua moradia antes que ela esteja pronta para ser reocupada. E este trabalho é feito por nós durante a noite, embora não estejamos conscientes dele nas nossas horas de vigília. É esta atividade que remove o veneno do sistema e, como resultado, o Corpo está restaurado e vigoroso de manhã, quando o Ego entra na hora do despertar. Depende da maneira pela qual usamos nosso Corpo Denso durante o dia, o tempo que o Corpo de Desejos necessita para realizar o trabalho de restauração do ritmo do Corpo Vital e do Corpo Denso. Se usarmos nosso Corpo estrenuamente durante o dia, naturalmente as desarmonias serão proeminentes e o Corpo de Desejos levará a maior parte da noite para restaurar a harmonia e o ritmo. Em consequência, o ser humano estará atado ao seu Corpo dia e noite. Mas, quando ele aprende a agir inteligentemente, controla sua energia durante o dia e não gasta sua força com palavras e ações desnecessárias, quando ele começa a dominar seu temperamento e para com a desarmonia proveniente de observações incorretas, o Corpo de Desejos não fica ocupado durante todo o sono restaurando o Corpo Denso. Uma parte da noite pode ser usada para trabalhar fora. Se os centros sensoriais do Corpo de Desejos estão suficientemente desenvolvidos, como acontece com a maioria das pessoas inteligentes, o ser humano pode soltar as amarras e penetrar no Mundo do Desejo. Ele percebe as cenas, embora não se lembre delas até que tenha efetuado a separação entre a parte superior e a inferior do Corpo Vital, como foi previamente explicado.

No sono natural, o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, se retira do Corpo Denso e, geralmente, paira sobre o Corpo, ou pelo menos permanece perto dele, conectado pelo Cordão Prateado, enquanto o Corpo Vital e o Corpo Denso estão descansando sobre a cama.

É, então, possível influenciar a pessoa, instilando no seu cérebro pensamentos e ideias que desejamos comunicar. No entanto, não podemos fazer com que ela faça qualquer coisa ou nutra qualquer ideia, exceto aquela que está de acordo com seu temperamento. É impossível dar ordens para que ela faça algo e forçar obediência, como acontece quando alguém foi tirado de seu estado consciente pelos passes de um hipnotizador, pois, é o cérebro que move os músculos; e, durante o sono natural seu cérebro está interpenetrado por seu próprio Corpo Vital e ele está em perfeito controle de si mesmo, enquanto que, durante o sono hipnótico, os passes do hipnotizador afastam o Éter do seu cérebro, em direção aos ombros da vítima; esse Éter fica em volta do pescoço, lembrando a gola de um suéter. O cérebro denso é, então, aberto ao Éter do Corpo Vital do hipnotizador, que substitui o Éter do próprio dono. Consequentemente, no sono hipnótico, a vítima não tem escolha quanto às ideias que tem, ou aos movimentos que faz com seu Corpo, enquanto que, no sono comum, a pessoa é sempre um agente livre. De fato, este método de sugestão durante o sono é algo que as mães acharão extremamente benéfico no tratamento de crianças teimosas, pois se a mãe se sentar perto da cama da criança que dorme, segurar sua mão, conversar com ela como se ela estivesse acordada, instilar em seu cérebro ideias que gostaria que ela tivesse, ela verá que no estado de vigília muitas destas ideias criarão raízes. Também, ao lidar com uma pessoa que é doente ou viciada em bebida, se a mãe, enfermeira ou outra pessoa usar este método, será possível instilar esperança, cura e recuperação futura ou ajudar no seu autocontrole.

Este método pode, naturalmente, ser usado para o mal, mas não podemos deixar de publicá-lo, já que acreditamos que o bem que pode ser feito deste modo irá compensar mais do que os poucos casos em que pessoas, de má índole, possam usar o método com propósito errado.

Do ponto de vista de uma só vida, os métodos, como, por exemplo, aqueles empregados pelos curadores do movimento de Emmanuel[13], são indubitavelmente produtores de um imenso benefício. O paciente, sentado numa cadeira, é posto para dormir e, lá, ele recebe certas “sugestões”, como são chamadas. Ele levanta e está curado de seu mau hábito. Se for um alcoólatra, ele se torna um cidadão respeitável que se preocupa com sua esposa e família e, sob esse aspecto, o benefício é inegável.

Porém, olhando mais profundamente pela ótica do ocultista, que vê essa vida como sendo uma em muitas, e observando o efeito que isso tem sobre os veículos invisíveis do ser humano, o caso é completamente diferente. Quando um ser humano entra num sono hipnótico, o hipnotizado faz passes sobre ele que têm o efeito de expelir o Éter da cabeça do seu Corpo Denso e substituí-lo pelo do hipnotizador. O ser humano fica então sob total domínio do outro. Não tem vontade própria e, por isso, as chamadas “sugestões” são na realidade comandos que a vítima não tem outra escolha senão obedecer. Além disso, quando o hipnotizador retira seu Éter e acorda a vítima, é incapaz de remover todo o Éter que ele colocou nela. Similarmente, assim como uma partícula do magnetismo infundida num dínamo elétrico, antes de ser ligado pela primeira vez, permanece como magnetismo residual para ativar os campos do dínamo toda vez que ele é ligado, assim também lá permanece uma partícula do Éter do Corpo Vital do hipnotizador na medula oblongada da vítima, que é um bastão que o hipnotizador mantém sobre ela em toda sua vida, e é devido a este fato que as sugestões a serem executadas num período subsequente ao despertar da vítima são invariavelmente seguidas.

Capítulo IV – Na Morte e nos Mundos Invisíveis

Na hora da morte, há uma separação no Corpo Vital e a parte superior entra nos Mundos invisíveis. Seu Átomo-semente é retido pelo Ego ao passar pelos Mundos celeste para ser usado como um núcleo para o Corpo Vital de um futuro renascimento.

Esta vida na Terra dura até que o ciclo de acontecimentos prenunciados na roda do destino, o horóscopo, tenha se completado. E quando o Espírito de novo alcança o reino de Samael, o Anjo da Morte, a mística oitava Casa, o Cordão Prateado se rompe e o Espírito retorna a Deus, até que a aurora de outro dia na Escola da Terra o chame a um novo nascimento para que adquira mais conhecimento nas artes e ofícios da construção do templo.

Por meio da morte foi possível para os Anjos ensinar a humanidade, entre a morte e um novo nascimento, a construir um Corpo gradualmente melhor. Tivesse o ser humano aprendido, num passado longínquo, a renovar seu Corpo Vital como foi ensinado a gerar um veículo denso à sua vontade, então a morte teria sido de fato uma impossibilidade e o ser humano teria se tornado imortal como os deuses. Porém, ele teria imortalizado suas imperfeições e o progresso teria sido impossível. É a renovação deste Corpo Vital que está expressa na Bíblia como “comer da Árvore da Vida”. Quando o ser humano recebeu esclarecimento relativo à procriação, ele era um ser espiritual cujos olhos não estavam ainda cegos pelo mundo material e podia ter aprendido o segredo da vitalização de seu corpo segundo sua vontade, consequentemente frustrando a evolução. Daí vemos que a morte, quando ela vem naturalmente, não é uma maldição, mas nossa maior e melhor amiga, pois ela nos livra de um instrumento com o qual não mais podemos aprender; ela nos tira de um ambiente que não nos serve mais para que possamos aprender a construir um Corpo melhor em um ambiente de maior amplitude no qual poderemos fazer mais progresso em direção à meta da perfeição.

Durante a vida, o colapso do Corpo Vital à noite limita nossa visão do mundo em torno de nós, e nos perdemos na inconsciência do sono. Quando o Corpo Vital sofre um colapso logo após a morte e o panorama da vida está terminado, nós também perdemos a consciência por um tempo que varia de acordo com o indivíduo. Uma escuridão parece cair sobre o Espírito. Então, após algum tempo, ele acorda e começa indistintamente a perceber a luz do outro mundo, e só se acostuma às novas condições gradualmente. É uma experiência parecida com aquela que temos quando saímos de um quarto escuro para a luz do Sol, que nos cega com seu brilho, até que as pupilas de nossos olhos se contraem de modo a admitir a quantidade de luz suportável por nosso organismo.

Quando um ser humano passa pela morte, ele leva consigo a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital, sendo este último o armazém das cenas de sua vida passada. E, durante três dias e meio após a morte estas cenas são gravadas no Corpo de Desejos para formar a base de sua vida no Purgatório e no Primeiro Céu, onde o mal é expurgado e o bem assimilado. A experiência da vida em si é esquecida, assim como esquecemos o processo de aprender a escrever, mas retemos a faculdade. Assim, o extrato cumulativo de todas as suas experiências, tanto das vidas passadas e das existências anteriores no Purgatório e nos vários Céus, é retido pelo ser humano e formam seu patrimônio no próximo nascimento. As dores que ele suportou falam-lhe como a voz da consciência, e o bem que ele fez lhe dá um caráter cada vez mais altruísta.

Não importa por quantos anos possamos evitar que o Espírito efetue sua passagem, pois, finalmente, chega a hora em que nenhum estimulante pode manter o corpo vivo e o último suspiro é dado. Então, o Cordão Prateado, do qual fala a Bíblia, que mantém os veículos superiores e inferiores juntos, rompe-se repentinamente no coração e faz com que este órgão pare. Sua ruptura liberta o Corpo Vital e ele, com o Corpo de Desejos e a Mente, flutua sobre o Corpo visível por um tempo que vai de um a três dias e meio, enquanto o Espírito está ocupado em rever a vida passada, uma parte excessivamente importante de sua experiência pós-morte. Desta recapitulação depende toda sua existência desde a morte até um novo nascimento.

Todos os povos antigos, tanto no Oriente como no Ocidente, sabiam muito sobre nascimento e morte, o que foi esquecido nos tempos modernos, porque uma segunda visão prevalecia entre eles naquela época. Até o presente (época em que o livro foi escrito), por exemplo, muitos camponeses na Noruega afirmam possuir a capacidade de ver o Espírito saindo do Corpo na morte, como uma nuvem branca e fina que é, naturalmente, o Corpo Vital; e o ensinamento Rosacruz que afirma que os mortos pairam em volta de sua morada terrena, por algum tempo depois da morte, adotam um corpo luminoso e são penosamente afligidos pela dor de seus entes queridos, foi um conhecimento comum entre os antigos que viviam no Norte. Quando o falecido Rei Helge da Dinamarca se materializou para aliviar a dor de sua esposa, e ela exclamou angustiada: “O orvalho da morte banhou teu corpo guerreiro”, ele respondeu:

És tu, Sigruna,

A única causa

De que Helge seja banhado

Pelo orvalho da tristeza.

Não queres pôr fim a teu pesar

Nem as amargas lágrimas secar.

Cada lágrima ensanguentada

Cai em meu peito gelada

Elas não me deixam descansar.

Quando a autora de “O Ministério dos Anjos[14] tinha seus dezoito anos, uma amiga chamada Maggie, de repente, ficou muito doente e morreu em seus braços. Imediatamente depois que seu coração parou de bater, ela diz, “E vi, distintamente, algo semelhante à fumaça ou vapor que sobe de uma chaleira, na qual a água está fervendo, ascender de seu corpo. A emanação subiu só até uma certa altura e lá tomou a forma de minha amiga que tinha acabado de falecer. Esta forma, indefinida a princípio, gradualmente se transformou até se tornar nítida e revestida por uma roupagem que parecia uma nuvem branco-perolada, embaixo da qual os contornos da pessoa eram distintamente visíveis. A face era a da minha amiga, mas glorificada sem nenhum traço de espasmo da dor que tinha se apoderado dela momentos antes de sua morte”.

Isto é exatamente o que temos ensinado: no momento da morte, quando o Cordão Prateado se rompe no coração, o Corpo Vital se retira através das suturas do crânio e paira alguns centímetros acima do Corpo.

Quando um Espírito está se desprendendo do Corpo, ele leva com ele o Corpo de Desejos, a Mente e o Corpo Vital, e este é, naquela hora, o armazém das cenas da vida que termina. Estas cenas são então gravadas no Corpo de Desejos durante três dias e meio imediatamente após a morte. Então, o Corpo de Desejos transforma-se no árbitro do destino do ser humano no Purgatório e no Primeiro Céu. Os sofrimentos causados pela purgação do mal e a alegria causada pela contemplação do bem são levados para a próxima vida como consciência, para deterem o ser humano da perpetuação dos erros das vidas anteriores e induzi-lo a fazer o que causou alegria na vida anterior de modo mais abundante.

No momento da morte, quando o Átomo-semente do coração que contém toda a experiência da vida passada em uma imagem panorâmica se rompe, o Espírito deixa seu Corpo Denso, levando consigo os Corpos mais sutis. Ele paira sobre o Corpo Denso que agora está morto, como se diz comumente, por um tempo que varia de algumas horas até três dias e meio. O fator determinante do tempo é a força do Corpo Vital, veículo que constitui o Corpo-Alma de que a Bíblia fala. Há então uma reprodução pictórica da vida, um panorama em ordem inversa, da morte ao nascimento, e as cenas são gravadas sobre Corpo de Desejos por meio do Éter Refletor neste Corpo Vital. Durante este período, a consciência do Espírito está concentrada no Corpo Vital, ou pelo menos deveria estar, e não tem, por isso, nenhum sentimento a respeito. As cenas que são impressas sobre o veículo do sentimento e da emoção, o Corpo de Desejos, são a base do subsequente sofrimento da vida no Purgatório pelas más ações, e de satisfação no Primeiro Céu, devido ao que foi feito de bom na vida que passou.

Estes foram os principais fatos que o autor foi capaz de observar, pessoalmente, sobre a morte no período em que os Ensinamentos lhe foram dados e quando ele foi apresentado, por ajuda do Mestre, às reproduções panorâmicas da vida de pessoas que estavam passando pelo portal da morte; investigações de anos mais tarde revelaram o fato adicional de que há um outro processo em andamento durante estes dias importantes que seguem o da morte.

Uma separação acontece no Corpo Vital, semelhante àquela do processo de Iniciação. Grande parte deste veículo, que pode ser chamado de “alma”, une-se com os veículos superiores e é a base da consciência nos Mundos invisíveis depois da morte. A parte inferior, que é descartada, volta ao Corpo Denso e flutua sobre o túmulo, na maioria dos casos, como está declarado no Conceito Rosacruz do Cosmos. Esta separação no Corpo Vital não é a mesma em todas as pessoas, mas depende da natureza da vida vivida e do caráter da pessoa que se vai. Em casos extremos, esta divisão é muito diferente do normal. Este ponto importante foi descoberto em muitos casos de suposta obsessão que foram investigados pela Sede Central. De fato, foram estes casos que desenvolveram as extensas e estarrecedoras descobertas reveladas por nossas mais recentes pesquisas sobre a natureza da obsessão, que pessoas que apelaram para nós estavam sofrendo. Como era esperado, naturalmente, a divisão nestes casos mostrava uma preponderância do mal, e esforços foram então feitos para descobrir se não havia também uma outra classe de pessoas onde uma divisão diferente, com preponderância de bem, acontece. É um prazer registrar que isto realmente acontecia e, depois de pesar os fatos descobertos, comparando um com outro, o que segue parece ser a correta descrição das condições e suas razões:

O Corpo Vital tem o objetivo de construir o físico toda vez que nossos desejos e emoções o destroem. É a luta entre o Corpo Vital e o de Desejos que produz consciência no Mundo Físico e que endurece os tecidos, de forma que o corpo brando da criança se torna rijo e encolhido na idade avançada, seguido pela morte. A moralidade ou imoralidade de nossos desejos e emoções age de maneira similar no Corpo Vital. Quando a devoção a elevados ideais é a mola mestra da ação, quando se permite que a natureza devocional se expresse livremente e frequentemente por muitos anos e, particularmente, quando isto foi acompanhado pelos exercícios científicos dados aos Probacionistas na Fraternidade Rosacruz, a quantidade de Éter Químico e de Vida gradualmente diminui, enquanto que os apetites carnais se desvanecem e uma quantidade aumentada de Éter Luminoso e Refletor toma o lugar deles. Como consequência, a saúde física não é tão boa entre aqueles que seguem o caminho superior, como entre aqueles cuja indulgência com a natureza inferior atrai os Éteres: Químico e de Vida numa proporção tal que os leva à parcial ou total exclusão dos dois Éteres Superiores.

Várias consequências muito importantes conectadas com a morte seguem este fato. Como é o Éter Químico que cimenta as moléculas do corpo em seus lugares e as mantém lá durante a vida, quando somente uma mínima parte deste Éter está presente, a desintegração do veículo físico depois da morte é muito rápida.

Na morte, a separação acontece. O Átomo-semente é retirado do ápice do coração pelo saturnino nervo pneumogástrico através dos ventrículos e pelo crânio (Gólgota); todos os átomos do Corpo Vital são liberados da cruz do Corpo Denso pelo mesmo movimento espiral que desatarraxa cada átomo prismático de Éter de sua envoltura física.

Este processo se desenvolve com maior ou menor violência de acordo com a causa da morte. Uma pessoa de idade, cuja vitalidade foi vagarosamente diminuindo, pode dormir e acordar no outro lado do véu sem a menor consciência de como a mudança acontece; uma pessoa devota e religiosa, que se preparou pela prece e meditação sobre o além, também será capaz de fazer uma passagem fácil; pessoas que morrem congeladas encontram o que o autor acredita ser a mais fácil maneira de morrer por acidente, sendo que o afogamento é a segunda melhor situação.

Porém, quando uma pessoa é jovem e saudável, especialmente se tem uma maneira de pensar materialista ou não religiosa, o átomo etéreo prismático está tão fortemente entrelaçado pelo átomo físico que um puxão considerável é necessário para separar o Corpo Vital. Quando a separação entre o Corpo Denso e os veículos superiores foi concluída e a pessoa está morta, como normalmente se diz, os Éteres Luminoso e Refletor se separam do átomo prismático. É esta matéria, como está explicado no Conceito Rosacruz do Cosmos, que é modelada em imagens da última vida e gravada no Corpo de Desejos, que então começa a fazer sentir tudo o que houve de sofrimento ou de prazer na vida. A parte do Corpo Vital composta pelos átomos prismáticos Químico e de Vida então retornam ao Corpo Denso, pairando acima da sepultura e desintegrando-se sincronicamente com ele.

Os veículos superiores – Corpo Vital, de Desejos e Mente – são vistos deixando o Corpo Denso com um movimento em espiral, levando com eles a alma de um átomo denso. Não o átomo em si, mas as forças que trabalharam através dele. Os resultados das experiências passadas por meio do Corpo Denso durante a vida que terminou foram impressos neste átomo específico. Enquanto todos os outros átomos do Corpo Denso se renovaram de tempos em tempos, este átomo é permanente. Permanece estável não só durante uma vida, mas foi parte de todos os Corpos Densos usados pelo Ego. Ele é retirado na morte só para despertar na aurora de uma outra vida física para servir, outra vez, como núcleo em torno do qual é construído o novo Corpo Denso a ser usado pelo mesmo Ego. É, por isso, chamado de Átomo-semente. Durante a vida, o Átomo-semente está situado no ventrículo esquerdo do coração, perto do ápice. Na morte, ele sobe ao cérebro, passando pelo nervo pneumogástrico, deixando o Corpo Denso juntamente com os veículos superiores, pelo caminho das suturas entre os ossos parietal e occipital.

Quando os veículos superiores deixam o Corpo Denso, eles ficam ainda conectados por um fino, brilhante e prateado Cordão em forma muito parecida a dois seis invertidos, um na vertical e outro na horizontal, conectados nas extremidades do gancho.

Uma extremidade se liga ao coração por meio do Átomo-semente, e é a ruptura deste átomo que faz parar o coração. O Cordão não se rompe até que o panorama da vida, contido no Corpo Vital, tenha sido revisto.

Deve-se tomar cuidado, no entanto, para não cremar ou embalsamar o Corpo até pelo menos três dias após a morte, pois enquanto o Corpo Vital está com os veículos superiores e eles estão ainda conectados com o Corpo Denso por meio do Cordão Prateado, qualquer exame pós-morte ou ferimento praticado no Corpo Denso será sentido de certo modo pelo morto. A cremação deve ser particularmente evitada nos três primeiros dias depois da morte porque tende a desintegrar o Corpo Vital, o qual deve permanecer intacto até que o panorama da última tenha sido gravado no Corpo de Desejos.

O Cordão Prateado se rompe no ponto em que os dois seis se unem, metade permanecendo com o Corpo Denso e a outra metade com os veículos superiores. No momento em que o cordão se rompe, o Corpo Denso está morto.

No início do ano de 1906 o Dr. Mc Dougall[15] fez uma série de experiências no Hospital Geral de Massachusetts para determinar, se possível, se alguma coisa invisível deixava o Corpo por ocasião da morte. Para este fim, ele construiu uma balança capaz de registrar diferenças de um décimo de uma onça[16].

A pessoa agonizante e sua cama foram colocadas numa das plataformas da balança que foi equilibrada por pesos colocados na plataforma oposta. No exato momento em que a pessoa deu seu último suspiro, a plataforma que continha os pesos, subitamente e surpreendentemente, desceu, elevando a cama e o corpo, mostrando que algo invisível, mas tendo peso, tinha deixado o corpo. Logo após, os jornais de todo o país anunciaram em brilhantes manchetes que o Dr. Mc Dougall tinha “pesado a alma”.

O ocultismo aclama com alegria as descobertas da ciência moderna, quando elas invariavelmente corroboram com o que a ciência oculta vem ensinando há muito tempo. As experiências do Dr. Mc Dougall mostraram conclusivamente que algo oculto para a visão comum deixou o Corpo na hora da morte, como os Clarividentes treinados têm visto e tem sido afirmado em palestras e literatura muitos anos antes da descoberta do Dr. Mc Dougall.

Mas esta “coisa” invisível não é a alma. Há uma grande diferença. Os repórteres tiraram conclusões erradas quando afirmaram que os cientistas tinham “pesado a alma”. A alma pertence aos planos superiores e não pode nunca ser pesada em balanças físicas, embora eles tenham registrado variações de um milionésimo de um grão em vez de um décimo de uma onça.

Foi o Corpo Vital que os cientistas pesaram. Ele é formado pelos quatro Éteres que pertencem ao Mundo Físico.

Como vimos, uma quantidade de Éter é adicionada ao Éter que envolve as partículas do corpo humano e é confinada lá durante a vida física, aumentando em pequeno grau o peso do Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano. Na morte, ele escapa, daí a diminuição do peso notada pelo Dr. Mc Dougall quando as pessoas que ele observou expiraram.

Esta característica da vida após a morte é similar à que acontece quando alguém está se afogando ou caindo de grande altura. Nestes casos, o Corpo Vital também deixa o Corpo Denso e o ser humano vê sua vida num relance porque ele perde a consciência simultaneamente. É evidente que o Cordão Prateado não está rompido ou ele não voltaria à vida.

Quando a força do Corpo Vital atingiu seu limite, ele entra em colapso da forma descrita quando estávamos considerando o fenômeno do sono. Durante a vida física, quando o Ego controla seus veículos, este colapso interrompe com as horas de vigília; depois da morte, o colapso do Corpo Vital conclui o panorama da vida e força o ser humano a entrar no Mundo do Desejo. O Cordão Prateado se rompe no ponto em que os seis se unem e a mesma divisão que se processa durante o sono é feita, mas com uma importante diferença, a de que embora o Corpo Vital retorne ao Corpo Denso, ele não mais o interpreta, mas simplesmente paira sobre ele. Ele permanece flutuando sobre o túmulo, desintegrando-se sincronicamente com o veículo denso. Daí, para o Clarividente treinado ser o cemitério uma visão repugnante e, se mais pessoas pudessem ver, pouco seria preciso para induzir as mesmas a mudar o método não higiênico de acomodar os mortos para o método mais racional da cremação, que retorna os elementos à sua condição primordial sem as desagradáveis características inerentes ao processo de desintegração lenta.

O processo de abandono do Corpo Vital é muito parecido ao do Corpo Denso. As forças vitais de um átomo são levadas para serem usadas como núcleo do Corpo Vital do futuro renascimento. Assim, quando entra no Mundo do Desejo, o ser humano tem os Átomos-semente dos Corpos Denso e Vital além de seu Corpo de Desejos e da Mente.

Quando uma pessoa morre, parece que seu Corpo Vital se avoluma; ela tem a sensação de crescer em imensas proporções. Esta impressão não é devida ao fato de que o Corpo cresça realmente, mas de que as faculdades de percepção recebam tantas impressões de várias fontes, tudo parecendo estar perto e à mão.

Quando o ser humano morre e perde seus Corpos Denso e Vital, a situação é a mesma de quando alguém dorme. O Corpo de Desejos, como foi explicado, não tem órgãos prontos para serem usados. É agora transformado de um ovoide para uma figura que se parece com o Corpo Denso que ele abandonou. Podemos facilmente compreender que deve haver um intervalo de inconsciência parecida com o sono e, então, o ser humano acorda no Mundo do Desejo. No entanto, frequentemente acontece que estas pessoas ficam incapazes de entender o que lhe aconteceu por um longo período. Não compreendem que morreram. Elas sabem que são capazes de se mover e de pensar. É às vezes, muito difícil fazê-las acreditar que estão verdadeiramente “mortas”. Elas sabem que algo está diferente, mas não são capazes de entender o que é.

Quando o momento que marca o fim da vida no Mundo Físico chega, a utilidade do Corpo Denso termina e o Ego retira-se pela cabeça, levando consigo a Mente e o Corpo de Desejos, como acontece todas as noites durante o sono; mas, agora, o Corpo Vital está inútil e se retira também, e quando o “Cordão Prateado” que uniu os veículos superiores com os inferiores se rompe, não pode ser reparado.

Lembramos que o Corpo Vital é composto de Éter, sobreposto ao Corpo Denso da planta, animal e do ser humano durante a vida. Éter é matéria física e, por isso, tem peso. A única razão pela qual os cientistas não podem pesá-lo é porque são incapazes de juntar uma quantidade e colocá-lo numa balança. Mas quando ele deixa o Corpo Denso na morte, uma diminuição de peso acontece, mostrando que algo que tinha peso, embora invisível, deixou o Corpo Denso naquele momento.

O Cordão Prateado que une os veículos superiores e os inferiores termina no Átomo-semente no coração. Quando a vida material finda de maneira natural, as forças do Átomo-semente se desprendem, passam pelo nervo pneumogástrico atrás da cabeça e ao longo do Cordão Prateado, junto com os veículos superiores. É a ruptura no coração que marca a morte física, mas o Cordão Prateado não se rompe em certos casos por vários dias.

Na palestra nº 3, dissemos que o Corpo Vital é o armazém das memórias consciente e inconsciente; sobre o Corpo Vital, todos os atos e experiências da vida que passou são gravados indelevelmente como uma paisagem sobre uma placa fotográfica exposta. Quando o Ego se retira do Corpo Denso, toda a vida registrada na memória é exposta aos olhos da Mente. É o afrouxamento parcial do Corpo Vital que faz com que uma pessoa que está se afogando veja sua vida, mas só de relance, precedendo a inconsciência; o Cordão Prateado permanece intacto, ou não haveria volta à vida. No caso do Espírito passando pela morte, o movimento é mais lento; o ser humano é um espectador enquanto as imagens se sucedem na ordem inversa, da morte para o nascimento, de modo que ele vê primeiro os acontecimentos anteriores à morte e então os anos da vida adulta se desenrolam; juventude e infância seguem até terminar no nascimento. O ser humano, no entanto, não tem nenhum sentimento a respeito. O objetivo é meramente gravar o panorama no Corpo de Desejos, que é o assento do sentimento, e, dessa gravação, o sentimento será extraído quando o Ego entrar no Mundo do Desejo, mas podemos notar aqui que a intensidade do sentimento depende do tempo consumido no processo de gravação e da atenção dada a isso pelo ser humano. Se ele não for incomodado por longo período por barulho ou histeria, uma profunda e clara impressão será feita sobre o Corpo de Desejos. Ele sentirá o mal que fez mais agudamente no Purgatório e suas boas qualidades serão abundantemente reforçadas no Céu e, embora a experiência seja esquecida na vida futura, os sentimentos permanecerão como uma “voz silenciosa”. Quando os sentimentos penetram profundamente no Corpo de Desejos de um Ego, esta voz não falará com palavras vagas ou incertas. Isso, o impelirá, sem dúvida, forçando-o a desistir daquilo que causou sofrimento na vida anterior e compelindo-o a ceder ao que é bom. Por isso, o panorama passa em ordem inversa de modo que o Ego primeiro vê os efeitos e depois as respectivas causas.

No que diz respeito ao que determina a duração do panorama, lembramos que foi o colapso do Corpo Vital que forçou os veículos superiores a se retirarem; assim, depois da morte, quando o Corpo Vital entra em colapso, o Ego tem que se retirar e então o panorama chega ao fim. A duração do panorama depende, por isso, do tempo que a pessoa possa permanecer desperta. Algumas pessoas podem ficar despertas só umas poucas horas, outras aguentam alguns dias, dependendo da força de seu Corpo Vital.

Quando o Ego deixa o Corpo Vital, este gravita de volta ao Corpo Denso, pairando acima do túmulo, desintegrando-se com o Corpo Denso e é realmente uma visão repugnante ao Clarividente atravessar um cemitério e observar todos aqueles Corpos Vitais, cujo estado de decomposição claramente indicam o estado de deterioração do que está na sepultura. Se houvesse mais Clarividentes, a incineração seria logo adotada como medida de proteção aos nossos sentimentos, além das razões higiênicas.

Nossas últimas investigações indicam que, quando um ser humano espiritualiza seus veículos, a constituição do Corpo Vital, formado de Éter, é transformada. No ser humano comum há sempre uma preponderância dos dois Éteres Inferiores – o Éter Químico e o de Vida – que têm a ver com a construção e a propagação do Corpo Denso, e um mínimo de Éter Luminoso e Refletor, que têm relação com a percepção sensorial e com as elevadas qualidades espirituais. Após a morte, o Corpo do ser humano comum é colocado no túmulo e o Corpo Vital paira cerca de dois pés[17] acima do túmulo, gradualmente se desintegrando. O Corpo Denso se desintegra simultaneamente. No entanto, quando dizemos que ele se deteriora, realmente queremos dizer que ele se torna mais vivo do que era quando o ser humano o habitava, pois, cada pequena molécula se encarrega agora de uma vida individual separada. Ela começa a se associar com suas vizinhas e a unidade de uma vida individual é substituída por uma comunidade de muitas vidas.

Portanto, falamos de tais cadáveres em decomposição como estando vivos e cheios de vermes. Quanto mais denso e grosseiro este veículo for, mais tempo ele precisará para se decompor, porque o Corpo Vital pairando acima dele tem um domínio magnético tenaz que mantém as moléculas densas controladas. Os dois Éteres Superiores vibram numa frequência muito mais rápida que os Inferiores e, quando um ser humano, com pensamentos espirituais, reuniu em torno dele um grande volume deste Éter que compõe seu Corpo Vital, as vibrações do Corpo Denso também se tornam mais intensas. Consequentemente, quando um ser humano deixa seu corpo na morte, há pouco ou nada do Corpo Vital deixado para trás para manter os componentes do Corpo Denso sob controle. A desintegração é, portanto, muito rápida. Isto não pode ser facilmente provado porque muito poucas pessoas são suficientemente espiritualizadas para que a diferença seja notada, mas você deve se lembrar de que na Bíblia está escrito que certos personagens foram trasladados. O corpo de Moisés era tão vibrante que brilhava e não foi encontrado, etc. Estes foram casos em que o corpo rapidamente retornou aos elementos e, quando o corpo de Cristo foi colocado no túmulo, sua desintegração foi quase instantânea.

No entanto, enquanto o arquétipo do Corpo Denso persiste, ele se esforça em atrair para si matéria física que ele modela de acordo com a forma do Corpo Vital. Assim é difícil para o Auxiliar Invisível que sai de seu Corpo abster-se de se materializar. No momento em que ele relaxa a sua vontade de manter longe de si todos os impedimentos físicos, matéria da atmosfera que o circunda se adere a ele, como as limalhas do ferro são atraídas para o ímã, e ele se torna visível e tangível quanto desejar. Consequentemente, ele é capaz de realizar um trabalho físico onde for necessário, não importa que esteja milhares de milhas longe de seu corpo. Por outro lado, o que realmente provoca a morte é o colapso do arquétipo do Corpo Denso. Portanto, os Espíritos que fazem a passagem desta vida terrena são incapazes de se materializar, salvo através de um médium quando eles extraem seu Corpo Vital, revestem-se com ele e, então, atraem as substâncias necessárias para fazê-los visíveis para os espectadores.

Durante a vida e no estado de consciência de vigília, os veículos do Ego estão todos juntos e concêntricos, mas, na morte o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, retira-se do Corpo Denso e, como as funções vitais estão no fim, o Corpo Vital é também retirado do Corpo Denso, deixando-o inanimado sobre a cama. Um pequeno átomo no coração é retirado e o resto do corpo se desintegra a seu tempo. Mas, neste momento, há um processo extremamente importante se realizando e os que velam o Espírito, que se vai, devem ser muito cuidadosos para que a máxima quietude reine lá e em toda a casa, pois as imagens da vida que passou e que estão armazenadas no Corpo Vital estão passando diante dos olhos do Espírito numa lenta e ordenada progressão, em ordem inversa, desde a morte até o nascimento. Este panorama da vida dura de algumas horas até três dias e meio. O tempo depende da força do Corpo Vital, o que determina quanto tempo um ser humano pode ficar desperto sob o mais severo estresse. Algumas pessoas podem trabalhar cinquenta, sessenta ou setenta horas antes de caírem exaustos, enquanto outras são capazes de ficar despertas somente algumas poucas horas. A razão pela qual é importante que deva haver silêncio na casa durante os três dias e meio imediatamente seguintes à morte é: durante este tempo, o panorama da vida está sendo gravado no Corpo de Desejos, que será o veículo enquanto o ser humano permanecer no Purgatório e no Primeiro Céu, onde ele irá colher o bem e o mal que semeou, de acordo com suas ações praticadas quando estava em seu Corpo Denso.

Quando a vida está cheia de acontecimentos e o Corpo Vital do ser humano está forte, mais tempo será dedicado à esta gravação do que sob condições em que o Corpo Vital é fraco, mas durante todo este tempo o Corpo Denso está conectado com os veículos superiores pelo Cordão Prateado e qualquer ferimento no Corpo Denso é sentido de certa forma pelo Espírito; assim, embalsamamento, exames pós-morte e cremação são todos sentidos. Portanto, eles devem ser evitados durante os três dias e meio depois da morte, pois quando o panorama foi completamente gravado no Corpo de Desejos, então o Cordão Prateado se rompe, o Corpo Vital gravita de volta ao Corpo Denso e não há mais conexão com o Espírito que está livre para ir para sua vida superior.

Quando o Corpo é enterrado, o Corpo Vital se desintegra vagarosamente junto com o Corpo Denso de forma que, por exemplo, quando um braço se desintegra, o braço etéreo do Corpo Vital que paira sobre o túmulo também desaparece, e assim acontece com todo o Corpo até que o último vestígio desapareça. Mas, quando a cremação é feita, o Corpo Vital se desintegra imediatamente e também as imagens armazenadas da vida que terminou. Estas imagens são gravadas no Corpo de Desejos e formam a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu; se elas forem destruídas pela cremação efetuada antes que três dias e meio tenham passado, será uma grande calamidade para o Espírito. A menos que uma ajuda seja dada, o Espírito não poderá manter o Corpo Vital íntegro. E isto é parte do trabalho que é feito pelos Auxiliares Invisíveis a favor da humanidade. Às vezes, eles são ajudados pelos Espíritos da Natureza e outros indicados pelas Hierarquias Criadoras ou líderes da humanidade. Há também uma perda quando a pessoa é cremada antes que o Cordão Prateado se rompa naturalmente, a impressão sobre o Corpo de Desejos não é tão profunda quanto deveria ser e isto tem um efeito sobre as vidas futuras, pois quanto mais profundas sejam as impressões da vida que passou sobre o Corpo de Desejos, mais agudo será o sofrimento no Purgatório pelo mal cometido e mais forte será o prazer no Primeiro Céu, resultante do bem que foi praticado em vida. É o sofrimento e o prazer de nossas vidas passadas que criam o que chamamos de consciência, de forma que, se deixamos de sofrer, perdemos a noção que nos impedirá, nas vidas futuras, de cometer os mesmos erros repetidamente. Por isso, os efeitos negativos da cremação prematura são incalculáveis.

Um fenômeno similar ao panorama da vida geralmente acontece quando uma pessoa está se afogando. Pessoas que voltaram à vida dizem que viram sua vida toda num relance. Isto é porque, sob tais condições, o Corpo Vital se afasta do Corpo Denso. Naturalmente, não há ruptura do Cordão Prateado, ou a vida não poderia ser restaurada. Nos casos de afogamento, a pessoa se torna inconsciente, enquanto que, na revisão pós-morte, a consciência continua até que o Corpo Vital entra em colapso da mesma maneira como acontece quando vamos dormir. Então, a consciência cessa por um momento e o panorama está terminado.

Portanto, o tempo ocupado pelo panorama também varia de pessoa para pessoa; depende de que o Corpo Vital esteja forte e saudável, ou tenha se tornado fino e definhado por doença prolongada. Quando mais tempo for gasto na revisão e mais silencioso e cheio de paz for o ambiente, mais profunda será a gravação que é feita no Corpo de Desejos.

Como já foi dito, isto tem um efeito importante e incalculável, pois então o sofrimento que o Espírito experimentará no Purgatório, devido aos maus hábitos e más ações, será mais profundo do que se ele tivesse só uma impressão superficial, e, numa vida futura, a voz silenciosa da consciência o avisará mais insistentemente contra os erros que causaram sofrimento no passado.

Desde quando o mundo existe, nunca houve tanto sofrimento universal quanto no presente (1914). E, além disso, não devemos esquecer que estamos armazenando para nós mesmos uma grande quantidade de sofrimento futuro, pois, como foi explicado na literatura Rosacruz, é impossível para estas pessoas que são agora tão cruéis e de repente são afastadas de seu corpo, reverem sua vida que passou porque a gravação do panorama da vida não se processa como deveria. Portanto, estes Egos não colherão o fruto de sua presente existência como deveriam fazê-lo no Purgatório e no Primeiro Céu. Eles voltarão em vida futura com esta experiência a menos e será necessário, para que possam recuperar o que perderam, morrer na infância de modo a terem seu novo Corpo de Desejos e Vital impressos com a essência de sua vida presente.

Vimos que, quando o Ego terminou seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão expulsou seu Corpo Denso na morte e depois seu Corpo Vital, que é o próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejo mais densa acumulada pelo Ego como roupagem pelos seus desejos mais inferiores é purgada por esta força centrífuga. Nos planos mais elevados, só a Força de Atração domina e mantém o bem com ação centrípeta que tende a atrair tudo da periferia para o centro.

No Segundo Céu, tanto quanto no Corpo Vital o Espírito de Vida trabalhou, transformou, espiritualizou, e, portanto, salvou da decomposição a que o resto do Corpo Vital está sujeito, será amalgamado com o Espírito de Vida para garantir um Corpo Vital e um temperamento melhor nas vidas seguintes.

Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, chega ao ponto em que alcança o Terceiro Céu, depois de descartar o Corpo Denso na morte, o Corpo Vital logo depois, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, finalmente, antes de deixar o Segundo Céu, ele também deixa o revestimento da Mente para trás e, então, entra no Terceiro Céu completamente livre de empecilhos. Todos os veículos descartados se desintegram, só o Espírito persiste, banhando-se no grande reservatório de força espiritual a que chamamos de Terceiro Céu, a fim de se fortalecer para o próximo renascimento na Terra.

O Corpo Vital é composto de quatro Éteres. Os dois Éteres Inferiores são avenidas de crescimento e propagação. No Corpo Vital de uma pessoa cuja preocupação principal é a vida física, que vive inteiramente para o prazer sensual, estes dois Éteres predominam, enquanto que numa pessoa que é bastante indiferente à satisfação material e procura avançar espiritualmente, os dois Éteres Superiores formam a parte mais volumosa do Corpo Vital. Eles são o que São Paulo chama de soma psuchicon ou Corpo-Alma que permanece com o ser humano durante suas experiências no Purgatório e no Primeiro Céu, onde a essência da vida é extraída. Este extrato é a alma, cujas principais qualidades são consciência e virtude. A consciência é o fruto dos erros das vidas passadas que, no futuro, guiará o Espírito corretamente e o ensinará como evitar passos errados semelhantes. Virtude é a essência de tudo o que foi bom nas vidas anteriores e age como um incentivo para manter o Espírito se esforçando ardentemente no caminho da aspiração. No Terceiro Céu a virtude é amalgamada e se torna parte do Espírito. Consequentemente, no curso de suas vidas, o ser humano se torna mais espiritualizado e as qualidades anímicas, consciência e virtude, tornam-se mais fortemente operantes guiando os princípios de conduta.

Porém, há pessoas de natureza tão inferior que levam uma vida de vícios e práticas degeneradas, uma vida brutal, tendo prazer em produzir sofrimento. Às vezes, elas cultivam as artes ocultas por propósitos de maldade para que possam ter mais poder sobre suas vítimas. Então, sua perversidade e práticas imorais resultam em um endurecimento do Corpo Vital.

Em tais casos extremos, quando a natureza animal foi predominante, onde não houve expressão de alma na última vida terrena, a divisão no Corpo Vital a que nos referimos antes não acontece na morte, pois não há linha divisória. Neste caso, se o Corpo Vital pudesse gravitar de volta ao Corpo Denso e lá gradualmente se desintegrar, o efeito da vida demoníaca não seria tão grande, mas, infelizmente, há, nestes casos, um entrelaçamento do Corpo Vital e do Corpo de Desejos que evita a separação. Vimos que, quando um ser humano vive mais sua natureza superior, seus veículos espirituais são alimentados em detrimento dos inferiores. Inversamente, quando sua consciência está centrada nos veículos inferiores, ele os fortalece imensamente. Deve-se compreender que a vida do Corpo de Desejos não termina pela partida do Espírito; ele tem uma vida residual e consciência. O Corpo Vital é também capaz de sentir, de certo modo, por alguns dias depois da morte nos casos comuns (daí o sofrimento causado pelo embalsamamento, exames pós-morte, etc., imediatamente depois da morte), mas quando uma vida inferior o endureceu e o alimentou com grande força, ele tem um tenaz apelo à vida e uma habilidade de se alimentar de odores e bebidas. Às vezes, como um parasita, ele age como um vampiro em pessoas com as quais entra em contato.

Estes seres, são, portanto, uma das grandes ameaças à sociedade. Eles já mandaram incontáveis vítimas para a prisão, destruíram lares e causaram uma quantidade inimaginável de infelicidade. Sempre abandonam suas vítimas quando elas são apanhadas pelas garras da lei. Regozijam-se com o sofrimento e a desgraça de suas vítimas, sendo isso uma parte de seu esquema diabólico. Há outras classes de seres que de deleitam em fazer-se passar por “anjos” nas sessões espíritas. Eles também encontram vítimas lá e ensinam-lhes práticas imorais. O chamado “Poltergeist”, que se diverte quebrando pratos, levantando mesas, fazendo voar chapéus sobre as cabeças de um público que vibra com estas brincadeiras, está também incluído neste grupo. A força e a densidade do Corpo Vital de tais seres facilitam mais as manifestações físicas do que naqueles que entram no Mundo do Desejo; de fato, o Corpo Vital deste grupo de Espíritos é tão denso que eles são quase físicos e tem sido um mistério para o autor que pessoas que são incorporadas por tais entidades não as possam ver. Fossem elas descobertas, a visão de suas faces demoníacas e zombeteiras apagariam a ilusão de que são anjos.

Toda vez que morre uma pessoa que abrigou malícia e ódio em seu coração, estes sentimentos entrelaçam o Corpo Vital e o de Desejos, e ela se transforma numa ameaça mais séria para a comunidade do que se pode imaginar.

Espíritos apegados à Terra são atraídos para as regiões inferiores do Mundo do Desejo que interpenetram o Éter e estão em constante contato com pessoas encarnadas mais favoráveis a ajudá-los em seus desejos maléficos. Em geral, eles ficam apegados à Terra por 50, 60 ou 75 anos, mas casos extremos foram encontrados em que tais seres permaneceram por séculos. Segundo o que o autor foi capaz de pesquisar até o presente, parece que não há limite para o que possam fazer ou por quanto tempo permanecerão. Porém, eles estão amontoando para si próprios uma terrível carga de pecado da qual não escaparão sem sofrer, pois, o Corpo Vital reflete e grava profundamente no Corpo de Desejos todas as suas más ações. E quando finalmente entrarem na existência purgatorial, encontrarão a retribuição que merecem. Este sofrimento é naturalmente longo, na proporção ao tempo em que eles continuaram suas práticas nefastas depois da morte do Corpo Denso – outra prova de que “Embora os moinhos de Deus moam vagarosamente, eles não deixam nada sem moer”.

A nuvem vermelha do ódio[18] está se desvanecendo, o véu negro do desespero se foi, não há explosões vulcânicas de paixão nem nos vivos nem nos mortos, mas de acordo com os sinais dos tempos, que o autor é capaz de ler na aura das nações, há um propósito definido de levar o processo até o fim. Mesmo nos lares privados de muitos membros, isto parece ser válido. Há uma intensa saudade dos amigos que estão no além, mas não há ódio pelo adversário na Terra. Esta saudade é compartilhada pelos amigos no Mundo invisível e muitos estão penetrando o véu, pois a intensidade da sua saudade está despertando nos “mortos” o poder de se manifestar, atraindo o Éter e o gás que frequentemente é tirado do Corpo Vital de um amigo “sensível”, da mesma forma como os Espíritos que se materializam usam o Corpo Vital de um médium incorporador. Assim, os olhos cegos pelas lágrimas são frequentemente abertos por um coração terno, de modo que pessoas queridas, agora no mundo do espírito, encontram-se outra vez face a face, coração a coração. Este é o método que a Natureza usa para cultivar o sexto sentido que, finalmente, capacita todos saber que o ser humano é um Espírito imortal e a continuidade da vida é uma realidade na natureza.

Em toda morte, as lágrimas derramadas servem para dissolver o véu que esconde o Mundo invisível de nossa contemplação saudosa. O sentimento de profunda saudade e a dor na partida de pessoas que se amam, tanto as que ficam como as que se vão, estão rasgando o véu e, num dia não muito distante, o efeito acumulado de tudo isto revelará o fato de que a morte não existe, e que aqueles que passaram além deste véu estão mais vivos do que nós. A potência destas lágrimas, desta dor e desta saudade não é igual em todos os casos. Os efeitos diferem muito, de acordo com o despertar do Corpo Vital de pessoas por atos de altruísmo e serviço, e de acordo com a máxima de que todo desenvolvimento ao longo das linhas espirituais começa no Corpo Vital. Ele é a base e nenhuma estrutura pode ser construída sem que esta fundação tenha sido colocada.

Capítulo V – A Caminho do Renascimento

Quando um Ego está no caminho para o seu renascimento o Átomo-semente do Corpo Vital reúne novo material. A polaridade deste material determina seu sexo na próxima vida.

O Átomo-semente do Corpo Vital é o próximo a entrar em atividade, mas o seu processo de formação não é tão simples como no caso no caso da Mente e do Corpo de Desejos, pois é preciso lembrar que estes veículos estavam comparativamente não organizados, enquanto que o Corpo Vital e o Corpo Denso são mais organizados e muito complexos. O material de quantidade e qualidade determinadas, é atraído de mesma maneira e sob a obediência da mesma lei como no caso dos corpos superiores, mas a construção do novo corpo e sua colocação no ambiente adequado são feitas por quatro grandes Seres de incomensurável sabedoria, que são os Anjos do Destino, os “Senhores do Destino”. Eles impressionam o Éter Refletor do Corpo Vital de tal maneira que nele se refletem os quadros da próxima vida. Ele (o Corpo Vital) é construído pelos habitantes do mundo celestial e os espíritos elementais de tal modo a formar um tipo particular de cérebro. Mas note que, o Ego que retorna, ele próprio, incorpora então a quintessência de seus Corpos Vitais anteriores e além disso ainda realiza um pequeno trabalho original. Isso é feito de modo que na próxima vida possa haver lugar para expressão original e individual, não predeterminada por ações passadas.

O Corpo Vital, tendo sido moldado pelos Senhores do Destino, dará forma ao Corpo Denso, órgão por órgão. A matriz ou molde é então colocada no útero da futura mãe. O Átomo-semente do Corpo Denso está na cabeça triangular de um dos espermatozoides no sêmen do pai. Só isso torna a fertilização possível e aqui está a explicação para o fato de tantas vezes as uniões sexuais serem infrutíferas. Os componentes químicos do fluído seminal e dos óvulos são os mesmos todo o tempo e se fossem só esses os requisitos, a explicação do fenômeno da infertilidade, se procurada só no mundo material visível, não seria encontrada. Quando compreendemos que assim como as moléculas d’ água se congelam segundo as linhas de força na água e se manifestam como cristais de gelo em vez de se congelarem numa massa homogênea, torna-se evidente, portanto, como seria o caso se não existissem as linhas de força previamente à coagulação, não poderia assim existir a construção do Corpo Denso enquanto não houvesse um Corpo Vital no qual se construir o material; além do mais precisa haver um Átomo-semente para o Corpo Denso agir como padrão de qualidade e quantidade do material que será moldado naquele Corpo Denso. Também, no atual estágio do desenvolvimento nunca há total harmonia nos materiais do corpo, porque aquele que a tivesse seria um corpo perfeito, porém a desarmonia não pode ser tão grande a ponto de ser destruidora do organismo. Uma vez realizada a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele de dezoito a vinte-e-um dias, o Ego permanece fora em seu invólucro do Corpo de Desejos e da Mente, embora sempre em estreito contato com a mãe. Após a expiração desse tempo o Ego entra no corpo da mãe. Os veículos em forma de sino dirigem-se para sobre a cabeça do Corpo Vital e o sino fecha-se em baixo. Dessa hora em diante o Ego paira sobre o seu futuro instrumento até o nascimento da criança e a nova vida terrena do Ego, que retorna, começa.

Acha-se escrito no Conceito Rosacruz do Cosmos que o Corpo Vital da mulher é positivo e que o Corpo Vital do ser humano é negativo. Quando os agentes dos Anjos do Destino estão assistindo um Ego que vai renascer, o tipo do sexo já foi determinado, tanto pela lei de alternação como por uma modificação dessa lei por circunstâncias específicas na vida individual do Espírito, e o Ego é então ajudado a captar para si quantidade suficiente de diferentes tipos de Éteres exigidos pelo seu desenvolvimento. Esses materiais são de uma certa polaridade, seja positiva ou negativa. Quando a matriz feita apenas de átomos etéricos positivos é colocada no útero da futura mãe, estes átomos irão infalivelmente atrair para si átomos físicos negativos, e o corpo resultante da criança, torna-se, em consequência, feminino. Se, de outro modo, a matriz que for colocada no útero da mãe for composta de átomos etéricos negativos, irá atrair os átomos densos positivos e o resultado é que os órgãos sexuais masculinos são mais desenvolvidos e, portanto, o sexo é masculino. A vida, como a eletricidade, necessita ambas expressões positiva e negativa, de outro modo não se pode manifestar.

Quando o Ego no seu caminho para renascer passa pela Região do Pensamento Concreto, o Mundo de Desejo, e a Região Etérica, ele atrai uma certa quantidade de material de cada uma delas. A qualidade desse material é determinada pelo Átomo-semente, pelo princípio de que semelhante atrai semelhante. A quantidade depende da quantidade de matéria requerida pelo arquétipo por nós mesmos construído no Segundo Céu. Da quantidade dos átomos etéricos prismáticos que são apropriados para um certo Espírito, os Anjos do Destino e seus agentes constroem uma forma etérica que é então colocada no útero da mãe e gradualmente revestida com matéria física que depois forma o corpo visível do recém-nascido.

O Cordão Prateado que cresceu do Átomo-semente do Corpo Denso (localizado no coração) desde a concepção, é preso à parte que brotou do vórtice central do Corpo de Desejos, (localizado no fígado), e quando o Cordão Prateado é preso pelo Átomo-semente ao Corpo Vital, (localizado na posição referencial do Plexo Celíaco), o Espírito morre para a vida no mundo supersensível e anima o corpo que vai usar em sua futura vida na Terra.

Capítulo VI – As Crianças

O Corpo Vital de uma criança ao nascer não se acha organizado. Daí, até aproximadamente a idade de sete anos, quando o Corpo Vital individual nasce, ela se abastece do Corpo Vital macrocósmico.

No período logo após o nascimento os diferentes veículos se interpenetram entre si, como, em exemplo anterior, a areia penetra na esponja e a água penetra tanto a areia quanto a esponja. Mas, embora eles estejam todos presentes, como na vida adulta, acham-se meramente presentes. Nenhuma de suas faculdades positivas acha-se presente. O Corpo Vital não pode usar as forças que operam pelo polo positivo dos Éteres. A assimilação, que trabalha pelo polo positivo do Éter Químico, é muito delicada durante a infância, e o que dela existe é devido ao Corpo Vital macrocósmico, cujos Éteres atuam como um útero para o Corpo Vital da criança até aos sete anos, amadurecendo gradualmente durante esse período. A faculdade de propagação, que funciona pelo polo positivo do Éter de Vida, também está latente. O aquecimento do corpo, que é efetuado através do polo positivo do Éter Luminoso, e a circulação sanguínea são devidos ao Corpo Vital macrocósmico, os Éteres agindo na criança e desenvolvendo-a lentamente até o ponto em que ela possa controlar, por si mesma, essas funções. As forças, operando pelo polo negativo dos Éteres, são sem dúvida as mais ativas. A excreção de sólidos efetuada pelo polo negativo do Éter Químico (correspondendo à subdivisão sólida da Região Química) é muito desenfreada, como é também a excreção de fluidos, que é executada pelo polo negativo do Éter de Vida (correspondendo à Segunda ou divisão fluida da Região Química). O sentido passivo da percepção, que é devido às forças negativas do Éter de Luz, é também excessivamente proeminente. A criança é muito impressionável e é “toda olhos e ouvidos”.

Embora o Corpo Vital de uma criança esteja ainda comparativamente não organizado pela ocasião do nascimento, o Éter que deverá ser usado para o seu completamente está dentro da aura pronto para ser assimilado; e se alguém a sua volta acontecer de estar fraco ou anêmico, um vampiro inconsciente, ele ou ela retira do armazenamento não assimilado de Éter do recém-nascido muito mais facilmente do que do de um adulto, cujo Corpo Vital está totalmente organizado. Naturalmente a pessoa fraca retira mais facilmente Éter que está negativamente polarizado, como no corpo de um bebê do sexo masculino, do que Éter positivo de uma menina recém-nascida… Massagem do baço e estímulo dos nervos esplênicos, cuidadosa e conservadoramente praticada, irá ajudar a contraparte etérea deste órgão, em suas atividades de especialização da energia solar da qual os processos vitais são tão dependentes quanto os pulmões são de ar.

Normalmente pensamos que quando uma criança nasce, ela nasce e isso é tudo; mas, assim como durante o período de gestação o Corpo Denso acha-se protegido do impacto do mundo externo, por estar situado dentro do útero protetor da mãe até chegar à maturidade suficiente para enfrentar as condições externas, assim também estão o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente num estado de gestação e nascem em ocasiões posteriores, porque eles ainda não têm atrás de si uma evolução tão longa quanto a do Corpo Denso e, portanto, para eles chegarem a um estado suficiente de maturidade, para tornarem-se individualizados, leva mais tempo. O Corpo Vital nasce no sétimo ano, quando o período de excessivo crescimento marca a sua vinda.

Apenas uma pequena porção do Éter adequada para um determinado Ego é, então, usada e o Corpo Vital remanescente da criança, ou melhor o material do qual esse veículo será feito, fica então fora do Corpo Denso. Por esse motivo, o Corpo Vital de uma criança projeta-se para muito além da periferia do Corpo Denso do que o do adulto. Durante o período de crescimento esse armazenamento de átomos de Éter é retirado para vitalizar os crescimentos dentro do corpo até que ao atingir a idade adulta, o Corpo Vital se projeta apenas de uma a uma-e-meia polegada[19] além da periferia do Corpo Denso.

Do primeiro ao sétimo ano o Corpo Vital cresce e, vagarosamente, amadurece dentro do útero do Corpo Vital macrocósmico e devido à superior sabedoria desse veículo do macrocósmico o corpo da criança é mais roliço e bem construído, que posteriormente na vida.

Enquanto o Corpo Vital macrocósmico guiar o crescimento do corpo da criança ela é resguardada dos perigos que mais tarde a ameaçam quando a insensato Corpo Vital individual descontrola desenfreado. Isso acontece no sétimo ano quando tem início o perigoso período de excessivo crescimento que continua pelos próximos sete anos. Durante esse período o Corpo de Desejos macrocósmico realiza a função de útero para o Corpo de Desejos individual.

Tivesse o Corpo Vital preponderância contínua e irrestrita no reino humano, como tem no vegetal, o ser humano cresceria a um tamanho enorme. Houve ocasião, num passado distante, em que o ser humano tinha a constituição semelhante à de um vegetal, e possuía apenas o Corpo Denso e o Corpo Vital. As tradições da mitologia e folclore em todo o mundo, com respeito a existência de gigantes em tempos remotos, são absolutamente verdadeiras, porque então os seres humanos eram tão altos quanto as árvores, e pelos mesmos motivos.

O Corpo Vital da planta constrói folha após folha, levando o tronco a ficar cada vez mais alto. Não fosse pelo Corpo de Desejos macrocósmico, o crescimento continuaria assim indefinidamente, mas o Corpo de Desejos macrocósmico interfere num ponto determinado e restringe a continuação do crescimento. A força não mais necessária para o crescimento fica disponível então para outros propósitos e é usada para construir a flor e a semente. De igual modo o Corpo Vital do ser humano, quando o Corpo Denso fica sob sua preponderância, após os sete anos, faz o Corpo Denso crescer muito rapidamente, mas por volta dos quatorze anos o Corpo de Desejos individual nasce do útero do Corpo de Desejos macrocósmico e fica, então, livre para trabalhar sobre o Corpo Denso. O crescimento excessivo é, então, restringido e a força, anteriormente usada para este propósito, torna-se disponível para a propagação, para que a planta humana floresça e se multiplique. Portanto o nascimento do Corpo de Desejos pessoal marca o período da puberdade. Desse período em diante é sentida a atração pelo sexo oposto, sendo especialmente ativa e desenfreada no terceiro período setenário da vida: dos quatorze aos vinte e um anos, porque a Mente controladora ainda não nasceu. Vale lembrar que a assimilação e o crescimento dependem das forças operando pelo polo positivo do Éter Químico do Corpo Vital. Este é libertado no sétimo ano, junto com o equilíbrio do Corpo Vital. Só o Éter Químico está totalmente maduro por essa época; as outras partes necessitam de mais amadurecimento. No décimo quarto ano o Éter de Vida do Corpo Vital, que tem a ver com a propagação, acha-se completamente amadurecido. Durante o período dos sete aos quatorze anos de idade a excessiva assimilação armazenou uma quantidade de força que vai para aos órgãos sexuais e está pronta, na ocasião em que o Corpo de Desejos é libertado.

Por volta do sétimo ano o Corpo Vital da criança alcançou suficiente perfeição para lhe permitir receber impactos do mundo exterior. Ela perde sua camada protetora de Éter e começa uma vida livre. E agora tem início a época em que o educador pode trabalhar sobre o Corpo Vital e ajudá-lo na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos e um temperamento harmonioso.

Autoridade e Discipulado são os lemas dessa época, quando a criança deve aprender o significado das coisas. Na primeira fase ela aprende como as coisas são, mas não deve ser incomodada sobre os seus significados, exceto naquilo que ela capta por livre vontade; mas na segunda fase, dos sete aos quatorze anos, é essencial que a criança aprenda o significado das coisas, mas deverá aprender a apanhá-las sob a autoridade dos pais e professores, memorizando as explicações, em vez de raciocinando por elas mesmas, pois raciocínio pertence a um desenvolvimento posterior, e pois deve fazê-lo de livre vontade, com proveito. É prejudicial nessa fase forçá-la a pensar.

Não se deve imaginar, entretanto, que quando o pequeno corpo de uma criança nasceu está completo o processo do nascimento. O denso Corpo Denso tem a evolução mais longa, e como um sapateiro que trabalhou no seu ofício por muitos anos é mais especializado que um aprendiz e pode fazer melhores sapatos e mais rápido, assim também o Espírito que construiu muitos Corpos físicos os produz com mais rapidez, mas o Corpo Vital é uma aquisição mais tardia do ser humano. Portanto, não estamos tão especializados na construção deste veículo. Consequentemente demora mais construí-lo a partir de materiais não consumidos na confecção do revestimento do arquétipo, e assim o Corpo Vital não nasce antes do sétimo ano.

Quando o Corpo Vital nasce, na idade de sete anos, um período de crescimento tem início e um novo lema, ou uma relação preferencial, é estabelecida entre os pais e a criança. Isso tem que ser expresso em duas palavras Autoridade e Discipulado. Nesse período é ensinada a criança certas lições que a faz ter fé na autoridade de seus educadores, quer em casa ou na escola e como a memória é uma faculdade do Corpo Vital ele pode, agora, memorizar o que aprendeu.

É, portanto, eminentemente suscetível ao aprendizado, particularmente porque ela é sem preconceito às opiniões preconcebidas que são um obstáculo para que muitos de nós aceitemos novos pontos de vista. No final desse segundo período, por cerca dos doze aos quatorze anos, o Corpo Vital está tão bem desenvolvido que a puberdade é alcançada.

As crianças que morrem antes dos sete anos só nascem no que diz respeito ao Corpo Denso e ao Corpo Vital e não são responsáveis ante a Lei de Consequência. Mesmo depois dos doze ou quatorze anos o Corpo de Desejos acha-se em processo de gestação, como será melhor explicado noutra ocasião. E, como o que ainda não despertou, não pode morrer, apenas os Corpos Denso e Vital entram em decomposição quando uma criança morre. Ela retém seu Corpo de Desejos e a Mente para o próximo nascimento. Portanto, ela não percorre todo o caminho que o Ego normalmente faz num ciclo de vida, mas apenas ascende ao Primeiro Céu para aprender lições necessárias, e depois de esperar de um a vinte anos ela renasce, frequentemente, na mesma família como um filho mais novo.

PARTE III – O CORPO VITAL DOS ANIMAIS E DAS PLANTAS

Capítulo I – Natureza e Funções

Os animais e as plantas também possuem um Corpo Vital. Embora esse veículo falte ao mineral, a desintegração de duras rochas, etc. afeta o Corpo Vital da Terra.

Quando consideramos a planta, o animal e o ser humano, em relação à Região Etérica, notamos que cada um tem um Corpo Vital separado além de serem penetrados pelo Éter planetário que forma a Região Etérica. Há, entretanto, uma diferença entre os Corpos Vitais das plantas e os Corpos Vitais do animal e do ser humano. No Corpo Vital da planta só os Éteres Químico e de Vida estão completamente ativos. Por isso a planta pode crescer pela ação do Éter Químico e propagar suas espécies através da atividade do Éter de Vida do Corpo Vital separado que ela possui. O Éter Luminoso acha-se presente, mas está parcialmente latente ou adormecido e o Éter Refletor está faltando. Então é evidente que as faculdades de percepção sensorial e memória, que são as qualidades desses Éteres, não podem ser expressas pelo reino vegetal.

Dirigindo nossa atenção para o Corpo Vital do animal vemos que nele os Éteres Químico, Vital e Luminoso acham-se dinamicamente ativos. Portanto, o animal tem as faculdades de assimilação e crescimento, proporcionadas pelas atividades do Éter Químico e a faculdade de propagação por meio do Éter de Vida, sendo estas de igual modo que nas plantas. Além disso, em relação à ação do terceiro Éter, o Luminoso, ele tem a faculdade de gerar calor interior e gerar o sentido da percepção. O quarto Éter, entretanto, acha-se inativo no animal, por isso ele não pode pensar, nem possuir memória. O que aparece como tal, mais tarde, será mostrado ser de uma natureza diferente.

O Ego separado está definitivamente segregado dentro do Espírito Universal na Região do Pensamento Abstrato. Isso demonstra que só o ser humano possui a cadeia completa de veículos correlacionando-o a todas as divisões dos três Mundos. Ao animal falta um elo da cadeia: a Mente; à planta faltam dois elos: a Mente e o Corpo de Desejos; e ao mineral faltam três elos na cadeia de veículos necessários para que funcione de modo autoconsciente no Mundo Físico: a Mente, e os Corpos Vital e de Desejos.

Quando um animal está para nascer, o Espírito-Grupo, ajudado pelos espíritos da natureza e os Anjos, moldam o Corpo Vital do animal que vai nascer, que é então depositado no útero da mãe e os Átomos-sementes são depositados no sêmen do macho; então ocorre a gestação e um animal nasce. Sem a presença do Átomo-semente e a matriz do Corpo Vital, o Corpo Denso do animal não pode ser formado. Condições similares governam a fecundação no caso de um ovo, ou de uma semente. Eles são como o óvulo da fêmea: eles são inúmeras oportunidades. Se um ovo é colocado numa incubadora ou sob uma galinha, o Espírito-Grupo envia a vida indispensável, aceitando a oportunidade de Corporificação. Se uma semente é jogada no solo, é também fertilizada, quando as condições adequadas forem conseguidas para o seu desenvolvimento, nunca antes. Quando um ovo é quebrado ou cozido ou de algum modo desqualificado para a sua designação primordial, ou quando uma semente é armazenada por anos talvez, não há vida, e consequentemente não agimos mal ao usarmos estes produtos como alimento. É até um benefício para as plantas quando os seus frutos maduros são arrancados, porque assim eles deixam de retirar desnecessariamente a seiva da árvore.

O animal ainda não possui Espírito “individual”, mas possui o chamado Espírito-Grupo, que passa informação a todos os membros de uma espécie. Os animais em separado têm três Corpos: um Denso, um Vital e um de Desejos; mas não têm um elo da cadeia: a Mente. Em consequência, os animais normalmente não pensam, mas do mesmo modo que “induzimos” eletricidade num fio colocando-o junto a outro que se acha carregado, assim de forma análoga, quando em contato com o ser humano, algo semelhante ao pensamento está sendo “induzido” nos animais domésticos superiores como o cachorro, o cavalo e o elefante. Os outros animais obedecem ao estímulo (ao que chamamos de instinto) do Espírito-Grupo animal. Eles não vêm os objetos claramente delineados como o ser humano. Nas espécies inferiores, a consciência animal se expressa cada vez mais numa “consciência pictórica” interna, semelhante ao estado de sono do ser humano, exceto que seus quadros não são confusos, mas transmitem perfeitamente para o animal os estímulos do Espírito-Grupo.

O Espírito animal atingiu, na sua descida, apenas o Mundo de Desejo. Ainda não evoluiu ao ponto de poder “entrar” num Corpo Denso. Por esse motivo o animal não tem um Espírito individual, mas um Espírito-Grupo, que o dirige de fora. O animal tem o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos, mas o Espírito-Grupo que o dirige está de fora. O Corpo Vital e o Corpo de Desejos de um animal não se acham inteiramente dentro do Corpo Denso, especialmente no que se diz respeito à cabeça. Por exemplo, a cabeça etérea de um cavalo se projeta bem além e acima da cabeça do Corpo Denso.

Quando, como acontece em casos raros, a cabeça etérea de um cavalo entra na cabeça do Corpo Denso, esse cavalo pode aprender a ler, contar e resolver exemplos de aritmética elementar. Essa peculiaridade é também devida ao fato de que cavalos, cães, gatos e outros animais domesticados sentem o Mundo do Desejo, embora nem sempre percebendo a diferença entre este e o Mundo Físico. O cavalo se assustará com a visão de uma figura invisível para o cocheiro; um gato fará movimentos de se esfregar em pernas invisíveis. O gato vê o espírito, entretanto, sem perceber que não existem pernas densas disponíveis para o atrito. O cão, mais esperto que o gato e o cavalo, frequentemente perceberá que há algo que ele não compreende na aparência de um dono morto, cujas mãos ele não pode lamber. Vai latir num lamento e retirar-se para um canto com seu rabo entre as pernas.

Dr. McDougall[20] também pesou em suas balanças animais morrendo. Nesse caso não houve diminuição, embora um dos animais fosse um enorme cão São Bernardo. Isso foi feito para demonstrar que os animais não possuem almas. Pouco tempo depois, entretanto, o Professor La V. Twining, chefe do Departamento de Ciência da Escola Politécnica de Los Angeles, fez experiências com ratos e gatinhos que ele encarcerou em vidros hermeticamente fechados. Suas balanças eram as mais sensíveis conseguidas e foram colocadas dentro de uma caixa de vidro da qual foi removida toda a umidade. Descobriu-se que todos os animais estudados perderam peso ao morrer. Um rato bem grande pesando 12,886 gramas, subitamente perdeu 3,1 miligramas ao morrer.

Um gatinho usado em outra experiência perdeu 100 miligramas ao agonizar, e quando exalou seu último alento perdeu mais 60 miligramas. A seguir foi perdendo peso lentamente, devido â evaporação.

Deste modo os ensinamentos da Ciência Oculta relativos aos Corpos Vitais dos animais foram também comprovados quando se empregaram balanças suficientemente sensíveis. O caso mencionado – o das balanças que não acusaram qualquer diminuição de peso quando morreu o cão São Bernardo – deve-se ao fato de que o Corpo Vital dos animais é proporcionalmente mais leve que o do ser humano.

Os Anjos são particularmente ativos nos Corpos Vitais das plantas, porque o sopro de vida vivificando este reino começou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos, e trabalhavam com as plantas como hoje trabalhamos com os nossos minerais. Há, portanto, uma afinidade específica entre os Anjos e o Espírito-Grupo das plantas. Assim podemos explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também ficou enorme na Segunda Época, ou Hiperbórea, quando os Anjos tiveram então responsabilidade especial. Assim é com a criança em sua segunda setenária época de vida, porque é quando os Anjos têm total influência, e no final dessa época, aos quatorze, a criança alcança a puberdade e está apta a reproduzir sua espécie; também devido ao trabalho dos Anjos.

Eles foram os modelos que extraíram de si mesmos o material denso para formar os Corpos das plantas atuais e também as formas das plantas do passado, que estão incrustadas nas camadas geológicas de nosso Globo Terrestre.

Essas formas etéreas vegetais foram ajudadas em suas formações quando o calor veio do exterior, após a separação da Terra do Sol e da Lua. Esse calor deu-lhes a força vital para extraírem para elas próprias a substância mais densa. O Corpo Vital é o princípio mais importante da planta é ele que faz a planta crescer o caule e as folhas em sucessão alternada, fazendo a planta crescer mais e mais; mas não há variedade, a planta segue repetindo o tempo todo. Caule, folha e galho: sempre a mesma coisa.

As plantas têm apenas um Corpo Denso e um Corpo Vital; daí não poderem sentir, nem pensar. Elas não têm Corpo de Desejos nem Mente, e assim um maior distanciamento existe entre a planta e seu Espírito-Grupo do que entre o animal e seu Espírito-Grupo; daí a consciência das plantas ser correspondentemente mais fraca, assemelhando-se ao nosso estado de sono sem sonho.

O mineral possui apenas o Corpo Denso. Faltam-lhe três ligações para conectá-lo com seu Espírito-Grupo. Portanto, ele é inerte e sua inconsciência assemelha-se à do Corpo Denso humano no estado de “transe”, quando o Espírito humano, o Ego, passou correspondentemente além dele.

Como conclusão, notemos que os três Mundos no qual vivemos não se acham separados pelo espaço. Estão todos por aí, como a luz e a cor, encravados na matéria física, como as linhas de clivagem no mineral. Se deixarmos congelar um prato de água, e examiná-lo num microscópio, veremos os cristais de gelo divididos uns dos outros por linhas. Elas estavam presentes na água embora sem serem vistas como linhas de força, invisíveis até que condições adequadas fizeram-nas aparecer. Então um Mundo acha-se encerrado no próximo-superior, sem ser visto por nós até provermos as condições apropriadas; mas quando nos tivermos adaptados, a Natureza, que está sempre pronta a nos revelar suas maravilhas, expressa ardente alegria por todos aqueles que, como auxiliares na evolução, dessa forma alcançam a cidadania nos reinos invisíveis.

Como vimos na Conferência no. 3[21], as plantas têm um Corpo Denso e um Corpo Vital, que as capacitam a executar os seus trabalhos; suas consciências vimos também, eram tão profundas como somos sem sonhos. Assim é fácil para o Ego dominar as células vegetais e subjugá-las por longo tempo; daí o grande poder nutritivo dos vegetais. Para funcionar em qualquer dos Mundos e expressar as qualidades peculiares a cada um, precisamos primeiro possuir um veículo feito do material de cada Mundo. Para funcionarmos no denso Mundo Físico precisamos possuir um Corpo Denso adaptado ao nosso meio ambiente. De outro modo seriamos fantasmas, como comumente são chamados os invisíveis para a maioria dos seres físicos. Portanto, temos primeiro que ter um Corpo Vital para que possamos expressar vida, crescimento ou exteriorizar as demais qualidades da Região Etérea.

Quando examinamos os quatro reinos em relação à Região Etérica, vemos que o mineral não possui um Corpo Vital separado, e logo constatamos a razão dele não poder crescer, propagar-se ou mostrar vida consciente. Como uma hipótese necessária para justificar outros fatos conhecidos, a ciência material sustenta que no sólido mais denso, assim como no gás mais rarefeito e tênue, não há dois átomos que se toquem; que há um invólucro de Éter em cada átomo; e que os átomos no universo flutuam num oceano de Éter[22].

Assim como a sensação nos animais e no ser humano é devida a seus Corpos Vitais serem separados, assim também a sensibilidade da Terra é particularmente ativa em sua sexta camada, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender o prazer que ela sente quando a rocha dura é desintegrada por processos de mineração, e a dor quando jazidas se acumulam, precisamos lembrar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, e para nos fornecer um ambiente no qual possamos viver e adquirir experiências, ela teve que cristalizar seu Corpo na atual condição sólida.

O Corpo Vital da planta é composto por apenas dois Éteres mais densos: o Éter Químico e o Éter de Vida, que possibilitam à planta crescer e propagar-se, mas faltam-lhe, os dois Éteres superiores: o Éter Luminoso e o Éter Refletor. Por isso ela não tem sensação ou memória do que se passa à sua volta. Por esse motivo, a amputação de um ramo não será sentida pela planta, e no caso do rochedo que é dinamitado, só o Éter Químico se acha presente, por isso os cristais nada sentem. Ainda estaria errado inferir que não há sentimento em ambos os casos; já que plantas e minerais não possuem veículos individuais de sentido, eles acham-se envoltos e interpenetrados pelos Éteres e o Mundo do Desejo do Planeta, e o Espírito Planetário sente tudo pelo mesmo princípio de que nosso dedo não pode sentir, por não possuir Corpo de Desejos individual, mas nós, os Espíritos internos que habitamos o Corpo sentimos qualquer corte sofrido pelo dedo.

PARTE IV – A RELAÇÃO DO CORPO VITAL COM O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL

Capítulo I – Um Fator Importante

Para progredir espiritualmente o ser humano precisa desenvolver mais ainda o seu Corpo Vital.

Estamos agora nos preparando para a rápida aproximação da Era de Aquário com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do adormecido Corpo Vital, cuja palavra-chave é Repetição.

O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estas são as suas ferramentas e da qualidade e condição delas depende o quanto, para mais ou para menos, o Ego poderá realizar seu trabalho de colher experiência em cada vida. Se os instrumentos são pobres e apáticos vai haver pouco crescimento espiritual e a vida será improdutiva, no que diz respeito ao Espírito.

A vida superior (Iniciação) não começa, entretanto, até que o trabalho no Corpo Vital tenha início. O meio usado para dar início a essa atividade é o amor, ou melhor, o altruísmo. A palavra Amor tem sido tão deturpada que não tem mais o significado requerido aqui.

A segunda ajuda que agora a humanidade possui é a Religião do Filho, a Religião Cristã, cujo objetivo é a união com o Cristo, pela purificação e o controle do Corpo Vital.

Enquanto os veículos invisíveis, especialmente o Corpo Vital, estiverem adormecidos, o ser humano poderá seguir numa carreira materialista; mas uma vez que esses veículos sejam despertados e provem do pão da vida, é como o Corpo Denso: fica sujeito à fome, fome da alma, e seus anseios não serão negados, a não ser após uma luta extremamente dura.

Tem sido dito aqui que a humanidade, pelo menos a maior parte dela, está trabalhando hoje em dia sobre seus Corpos de Desejos, e tentando refrear seus desejos por meio da lei. Quando o desenvolvimento oculto ocorrer, quando o ser humano se tornar um pioneiro, será no Corpo Vital que se irá trabalhar. O Corpo Vital é particular e peculiarmente desenvolvido pela repetição.

É necessário educar e trabalhar o Corpo Vital de tal modo que ele possa ser usado em voos da alma. Este veículo, como sabemos, é composto de quatro Éteres. É por meio deste corpo que manipulamos o mais denso de todos os nossos veículos, o Corpo Denso, o qual normalmente imaginamos ser o ser humano completo. O Éter Químico e de Vida formam uma matriz para os nossos Corpos físicos. Cada molécula do Corpo Denso acha-se encerrada numa rede de Éter que o permeia e o impregna de vida.

Através desses Éteres as funções corporais, tais como respiração, etc., são executadas e a densidade e consistência dessas matrizes de Éter determinam o estado de saúde. Mas a parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres superiores, o Éter Luminoso e o Éter Refletor, é a que podemos chamar de Corpo-Alma; quer dizer, ela é a que está mais intimamente ligada ao Corpo de Desejos e a Mente e também a mais receptiva ao toque do Espírito do que se acha a parte formada pelos dois Éteres inferiores. O Corpo-Alma é o veículo do intelecto, e responsável por tudo que faz do indivíduo, um ser humano. Nossas observações, nossas aspirações, nosso caráter, etc., são devidos ao trabalho do Espírito nesses dois Éteres superiores, que se tornam mais ou menos luminosos de acordo com a natureza de nosso caráter e hábitos. Outrossim, do mesmo modo que o Corpo Denso assimila partículas de alimento e assim adquire carne, os dois Éteres superiores assimilam nosso bem agir durante a vida e assim também crescem em volume.

De acordo com nossos feitos nessa vida atual, aumentamos ou diminuímos desse modo à bagagem que trouxemos ao nascer. Se nascermos com um bom caráter, expresso nesses dois Éteres superiores, não nos será fácil mudá-lo porque o Corpo Vital tornou-se muito, muito firme durante as miríades de anos em que o desenvolvemos. Por outro lado, se fomos frouxos, negligentes e indulgentes em relação aos hábitos que consideramos maus, se formamos um mau caráter em vidas anteriores, aí vai ser difícil superá-los porque isso estabeleceu a natureza do Corpo Vital, e anos de constante esforço serão precisos para mudar sua estrutura. É por isso que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental afirmam que todo desenvolvimento místico tem início no Corpo Vital.

Cada vez que prestamos serviço a alguém nós aumentamos o brilho de nosso Corpo-Alma, que é construído de Éter. É o Éter de Cristo que atualmente movimenta o nosso globo, e é bom lembrar que se desejamos um dia trabalhar pela Sua libertação, precisamos que um número suficiente desenvolva seus Corpos Alma ao ponto em que eles possam fazer a Terra flutuar. Então, poderemos carregar Seu fardo e libertá-Lo da dor da existência física.

Além do fato de que a Escola Oriental de Ocultismo baseia seus ensinamentos no Hinduísmo, enquanto que, a Escola de Sabedoria Ocidental promulga o Cristianismo, a religião do Ocidente, há uma grande, fundamental, irreconciliável discrepância entre os ensinamentos dos modernos representantes do Leste e o dos Rosacruzes. De acordo com a versão do Ocultismo Oriental o Corpo Vital, que é chamado Linga Sharira, é comparativamente pouco importante, por ser ele incapaz de se desenvolver como um veículo de consciência. Serve somente como um canal para a força solar “prama”, e como uma ligação entre o Corpo Denso e o Corpo de Desejos, que é chamado Kama Rupa, e também de “corpo astral”. Este, eles dizem, é o veículo do Auxiliar Invisível.

A Escola da Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital, e o autor, como seu representante público, tem estado, por esse motivo, muito ocupado desde o início do nosso movimento tentando reunir e disseminar o conhecimento sobre os quatro Éteres e o Corpo Vital. Muita informação foi dada no Conceito Rosacruz do Cosmos e nos livros que o sucederam, mas as lições e cartas mensais transmitem os resultados de nossas atuais pesquisas. Estamos constantemente exibindo este Corpo Vital (vital em um duplo sentido) para as Mentes dos estudantes para que aprendendo e pensando sobre ele, assim como, lendo e observando os agradáveis “pequenos sermões” que usamos para veicular essa informação, eles possam, consciente e inconscientemente, tecer o Dourado Manto Nupcial. Advertiremos a todos que estudem essas lições cuidadosamente ano após ano; pode haver muito refugo, mas há ouro entre elas.

Temos aqui a descrição de como os estigmas ou perfurações foram produzidas no Herói do Evangelho, embora as localizações não estejam perfeitamente descritas, e o processo esteja representando em forma de narrativa diferindo amplamente da maneira pela qual esses fatos realmente ocorreram. Mas deparamos aqui com um mistério que deve continuar secreto para o profano, embora os fatos místicos fundamentais estejam claros como o dia para aqueles que têm o conhecimento. O Corpo Denso não é de modo algum o ser humano verdadeiro. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos, é realmente a parte mais morta do ser humano, cristalizado numa matriz de veículos superiores que são invisíveis à nossa visão física comum. Se colocarmos uma bacia com água numa temperatura de congelamento, a água em pouco tempo vira gelo, e quando examinamos o gelo, descobrimos que é feito de inúmeros pequenos cristais em variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Há linhas etéreas de forças que estão presentes na água antes dela congelar.

Assim como a água endureceu e moldou-se entre essas linhas, assim também os nossos Corpos Físicos congelaram e solidificaram em meio às linhas etéricas de força de nosso invisível Corpo Vital, que está assim no curso normal da vida, indissoluvelmente vinculado ao Corpo Denso, acordado ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa amarra. Mas como a Iniciação acarreta a libertação do ser humano real do Corpo do Pecado e da morte, de modo a que ele possa se elevar às esferas mais sutis e retornar ao Corpo se desejar, é óbvio que antes que isso aconteça, antes que o propósito da Iniciação seja alcançado, o tenaz entrelaçamento entre o Corpo Denso e o veículo etéreo, que é muito forte e rígido na humanidade comum, tem que ser dissolvido. Como eles estão mais fortemente unidos nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços em romper a conexão nesses três pontos, e produzir os estigmas de modo invisível.

A Maçonaria Esotérica, que é apenas a capa da Ordem Mística formada pelos Filhos de Caim, tem nos tempos modernos atraído o elemento masculino e seus veículos físicos positivamente polarizados, e os educados na indústria e nas funções de Estado, controlando assim o desenvolvimento material do mundo. Os filhos de Seth, que constituem o clero, têm lançado seus encantos sobre os Corpos Vitais positivos do elemento feminino para dominarem o desenvolvimento espiritual. E, enquanto que os filhos de Caim, trabalhando através da Franco-Maçonaria e movimentos congêneres, têm brigado abertamente pelo poder temporal, o clero tem brigado arduamente, e talvez de modo mais efetivo sub-repticiamente, para reter seu domínio sobre o desenvolvimento espiritual do elemento feminino.

À medida que a humanidade avança na evolução, o Corpo Vital se torna mais permanentemente polarizado de maneira positiva, dando a ambos os sexos uma maior aspiração de espiritualidade e, embora mudemos do masculino para o feminino, em encarnações alternativas, a polaridade positiva do Corpo Vital está se tornando mais pronunciada, independente do sexo. Isso explica a crescente tendência ao Altruísmo que ainda está vindo à luz pelo sofrimento vinculado à grande guerra que estamos lutando agora (1918), pois todos concordam que as nações estão buscando obter uma paz duradoura, onde as espadas possam ser transformadas em relhas de arado e as lanças em podões.

Sabemos que nosso Corpo Denso gravita na direção do centro da Terra, portanto, uma mudança precisa acontecer; além disso, São Paulo nos diz que carne e sangue não podem herdar o Reino dos Céus. Mas ele também chama a atenção de que temos um “soma psuchicon” (traduzido incorretamente por corpo natural), um Corpo-Alma, e este é feito de Éter, o qual é mais leve que o ar e por isso capaz de levitar. Isto é o Manto Dourado de Bodas, a Pedra Filosofal, ou a Pedra da Vida, mencionado em algumas filosofias antigas como a Alma de Diamante, por sua luminosidade, brilho e resplendor – uma gema de valor incalculável. Era também chamado de corpo astral pelos alquimistas medievais, por causa da habilidade por ele conferida, ao que o possuía, de poder transpor as regiões estreladas. Mas não se deve confundi-lo com o Corpo de Desejos que alguns pseudos-ocultistas modernos, erroneamente, chamam de corpo astral. Esse veículo, o Corpo-Alma, irá posteriormente ser desenvolvido pelo total da humanidade, mas durante a mudança da Época Ariana para as condições etéreas da Nossa Galileia, haverá pioneiros que antecederão seus irmãos, assim como os Semitas Originais foram os precursores durante a mudança da Época Atlântica para a Ariana. Cristo mencionou esse grupo no Evangelho segundo São Mateus, Capítulo XI, versículo 12, quando disse: “O Reino dos Céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.”. Esta não é uma tradução correta.

Deveria ser, “O Reino dos Céus foi invadido” (em grego está biaxetai) e os invasores apoderaram-se dele. Os homens e as mulheres já aprenderam, por meio de uma vida santa e útil, a abandonar o Corpo de carne e sangue, intermitente ou permanentemente, e a caminhar nos céus com pés alados, atentos aos trabalhos do seu Senhor, vestidos pelo manto etéreo de bodas da nova dispensação.

Repetição é a palavra-chave do Corpo Vital e o extrato do Corpo Vital é a Alma Intelectual, que é o alimento do Espírito de Vida, o verdadeiro Princípio Crístico no ser humano. Como o trabalho particular do Mundo Ocidental é desenvolver esse Princípio Crístico, para formar o Cristo interno que poderá brilhar através da escuridão material atual, é absolutamente essencial à reiteração de ideias.

Um impacto muito pequeno é feito sobre o Corpo Vital quando ideias e ideais nele penetram através do invólucro da aura, mas o que ele recebe de estudos, sermões, conferências ou leituras é de natureza mais duradoura, e muitos impactos na mesma direção criam impressões poderosas para o bem ou para o mal, segundo sua natureza.

Não podem ser obtidas informações dos Anjos; eles trabalham com o Corpo Denso, mas não diretamente; eles usam o Corpo Vital como transmissor, e não podem se fazer compreendidos por seres que raciocinam por meio de um cérebro. Eles obtêm conhecimento sem raciocinar, pois, irradiam todo o seu amor em sua obra e a sabedoria cósmica flui de volta. O ser humano também cria por meio do amor, mas seu amor é egoísta; ele ama porque deseja cooperação na reprodução; pois ele usa apenas metade de sua força criadora para a procriação, a outra metade ele guarda egoisticamente para construir seu próprio órgão de raciocínio, o cérebro, e também usa essa metade de forma egoísta para pensar, porque deseja conhecimento. Por conseguinte, ele tem que trabalhar e raciocinar para obter sabedoria, mas com o tempo ele atingirá um estágio muito mais elevado que os Anjos ou Arcanjos. Terá então superado a necessidade dos órgãos de procriação inferiores; ele criará por meio da laringe, e será capaz de “fazer da palavra, carne”.

A razão é o produto do egoísmo. É criada pela Mente recebida pelos “Poderes das Trevas”, num cérebro construído pelo egoísmo, guardando metade da força sexual, e impelido pelos Lucíferos egoístas, pois ela é “o fruto da serpente”, e embora transmutada em sabedoria por meio da dor e o sofrimento, ela precisa dar lugar a algo mais elevado: a intuição, que significa ensinamento brotado de dentro. Esta é uma faculdade espiritual, também presente em todos os Espíritos, que embora funcionando no momento presente, tanto em homens como em mulheres, se expressa de maneira mais marcante nos encarnados em corpos femininos, pois neles a contraparte do Espírito de Vida, o Corpo Vital, é masculino e positivo. Intuição, a faculdade do Espírito de Vida, pode, portanto, ser chamada apropriadamente de “semente da mulher”, de onde todas as tendências altruísticas brotam, e por meio da qual todas as nações estão sendo lentamente, mas firmemente, trazidas juntas numa Fraternidade Universal do amor, não importando a raça, o sexo ou a cor.

O que é agora o Corpo Denso foi o primeiro veículo adquirido pelo ser humano como uma forma de pensamento; tem passado por um imenso período de evolução e organização até ter se tornando no esplendido instrumento que é agora, servindo-o tão bem aqui; mas é resistente, rígido e difícil de ser trabalhado. O veículo adquirido em seguida foi o Corpo Vital, que também passou por um longo período de desenvolvimento e foi condensado à consistência de Éter. O terceiro veículo, o Corpo de Desejos, foi comparativamente adquirido mais recentemente e acha-se num estado comparativo de fluxo. Por fim, vem à Mente, que é apenas como uma nuvem sem forma, não merecendo ser chamada de veículo, sendo ainda apenas uma ligação entre os três veículos do ser humano e o Espírito.

Esses três veículos, o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, juntos com o vínculo da Mente, são as ferramentas do Espírito em sua evolução, e, contrariamente à ideia comum, a habilidade do Espírito para investigar os reinos superiores não depende dos mais sutis desses corpos tanto quanto do mais denso. A prova dessa afirmação não está muito longe do alcance de qualquer um, e certamente, alguém que já tenha tentado seriamente, já obteve essa prova por si mesmo. Senão ele vai tê-la dentro em breve simplesmente mudando as condições de sua Mente. Digamos que uma pessoa adquiriu certos hábitos de pensamento dos quais ela não goste. Talvez, após uma experiência religiosa, ela descubra que apesar de toda a sua vontade, esses hábitos de pensamento não vão abandoná-la. Mas, se ela decide limpar sua Mente de maneira que ela só tenha puros e bons pensamentos, ela pode fazer isso simplesmente se recusando a admitir pensamentos impuros. Ela vai descobrir que após uma ou duas semanas sua Mente está notadamente mais limpa que no começo de seu esforço; que sua Mente guarda de preferência os pensamentos religiosos que a pessoa vem buscando gerar em sua Mente. Até a Mente mais anormalmente degenerada pode ser totalmente limpa dentro de poucos meses. Isto é conhecimento verdadeiro para os muitos que já o tentaram, e alguém que queira e for suficientemente persistente pode passar pela mesma experiência e apreciar uma Mente limpa em bem pouco tempo.

A parte do Corpo Vital que tenha sido trabalhada pelo Espírito de Vida, converte-se na Alma Intelectual, e esta constrói o Espírito de Vida, porque aquele aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital.

Na vida comum muitas pessoas vivem para comer, elas bebem, gratificam a paixão sexual de modo desenfreado, e se descontrolam à menor provocação. Embora aparentemente essas pessoas possam ser bem “respeitáveis”, elas estão quase todos os dias de suas vidas, causando uma confusão quase que ilimitada em sua estrutura. Todo o período que passam dormindo é gasto pelos Corpos de Desejos e Vital na reparação do dano causado durante o dia, não sobrando, de nenhum modo, tempo para o trabalho exterior. Mas se o indivíduo começa a sentir a necessidade de uma vida superior, controla a força sexual e o temperamento, e cultiva uma disposição serena, assim menos perturbação é causada nos veículos durante as horas que passa acordado; consequentemente menos tempo é requerido durante o sono, para reparar os danos. Assim torna-se possível deixar o Corpo Denso por longos períodos durante as horas de sono, e funcionar nos Mundos internos por meio dos veículos superiores. Como o Corpo de Desejos e a Mente não se acham ainda organizados, eles não são de utilidade como veículos separados da consciência. Nem pode o Corpo Vital deixar o Corpo Denso, pois isso causaria a morte. É evidente que medidas precisam ser tomadas para se proporcionar um veículo organizado, que seja fluído e construído de modo a preencher as necessidades do Ego nos Mundos internos, como assim faz o Corpo Denso no Mundo Físico.

O Corpo Vital é um veículo tão organizado que se de algum modo puder vir a ser separado do Corpo Denso, sem provocar a morte, o problema poderá ser resolvido. Além disso, o Corpo Vital é à base da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta à nossa consciência física as lembranças das experiências suprafísicas e delas obterem, assim, total benefício.

Lembremos que os Hierofantes dos antigos Mistérios dos Templos segregaram algumas pessoas em castas e tribos como os Bramanes e Levitas, com o propósito de fornecer Corpos para o uso desses Egos que já estavam avançados o bastante para a Iniciação. Isso foi feito de tal modo que o Corpo Vital ficou separado em duas partes, como eram os Corpos de Desejos de toda a humanidade no princípio do Período Terrestre. Quando o Hierofante tirou os alunos para fora de seus Corpos, ele deixou uma parte do Corpo Vital, correspondente ao primeiro e segundo Éteres, para exercer as funções puramente animais (elas são as únicas ativas durante o sono); o aluno levou consigo um veículo capaz de percepção, por causa de sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso; e também capaz de memória. Ele possuía essas capacidades porque era composto pelo terceiro e quarto Éteres, que são os meios de percepção sensorial e memória.

Essa é, de fato, a parte do Corpo Vital que o Aspirante retém vida após vida, e imortaliza como a Alma Intelectual.

Desde que Cristo veio e “levou embora o pecado do mundo” (não o individual), purificando o Corpo de Desejos de nosso Planeta, a conexão entre todos os Corpos Densos e Vitais dos humanos tem se afrouxado de tal maneira que, pelo treinamento, eles são capazes de separação como acima descrita. Portanto a Iniciação é possível a todos.

A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de separação na maioria das pessoas (de fato, elas possuíam esta capacidade antes mesmo da vinda de Cristo). É então, quando, pela concentração e o uso da fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos terem sido segregadas para uso durante o sono, ou em qualquer outra ocasião, as partes inferiores dos Corpos de Desejos e Vital são, ainda, deixadas para executar o processo de restauração no veículo denso, uma parte meramente animal.

Esta parte do Corpo Vital que se retira é altamente organizada, como vimos. Ela é uma perfeita contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente, não sendo organizados, são de uso apenas por estar conectados com o Corpo Denso, altamente organizado. Quando estão separados dele são apenas pobres instrumentos. Portanto, antes que o ser humano possa retirar-se do Corpo Denso, os centros sensoriais do Corpo de Desejos precisam ser acordados.

O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de se absorver, quando desejar, qualquer assunto de sua escolha, ou melhor, não a um assunto normalmente, mas a um simples objeto, que ele imagine. Então, quando as condições apropriadas ou o ponto de absorção tenham sido alcançados com seus sentidos completamente serenos, ele concentra seu pensamento sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e eles começam a girar.

Deveríamos ser muito agradecidos pelo instrumento material que temos, pois é o mais útil de todos os nossos veículos. Enquanto, que é perfeitamente verdade que nosso Corpo Denso é o mais inferior de nossos veículos, é também um fato que esse veículo é o mais completo de nossos instrumentos, e sem ele os demais veículos seriam de pouco uso para nós no momento. Pois, enquanto que este esplendidamente bem organizado instrumento nos possibilita enfrentar mil e uma condições na Terra, nossos veículos superiores acham-se praticamente não organizados. O Corpo Vital é formado órgão a órgão como o nosso Corpo Denso, mas até estar treinado pelos exercícios esotéricos ele não é um instrumento adequado para funcionar sozinho. O Corpo de Desejos tem apenas certo número de centros sensoriais que não são realmente ativos na grande maioria das pessoas, e quanto à Mente, ela é uma nuvem sem forma para a grande maioria. No momento devemos ter como objetivo espiritualizar o instrumento físico, e deveríamos compreender que temos que treinar nossos veículos superiores antes que possam ser de utilidade. Para o maior número de pessoas isso vai levar muito, muito tempo. Portanto, o melhor é cumprirmos com as obrigações que estão ao nosso alcance. Assim apressamos o dia em que estaremos capacitados a usar os veículos superiores, pois, esse dia depende de nós.

Todos nós nos tornamos muito mais impregnados de materialismo mais do que percebemos, e isso é um obstáculo em nossa conquista. Como Estudantes Rosacruzes da Filosofia Rosacruz, nos acostumamos a considerar a vida individual e intermitente num Corpo Vital como uma conquista possível para poucos, mas o total da humanidade poderá viver permanentemente por toda uma época no ar! Verdadeiramente, isso me faz prender o fôlego quando percebo que a Bíblia significa exatamente o que diz quando afirma que encontraremos o Senhor no ar e com Ele ficaremos por toda essa Época.

Quando o Cristianismo tiver completamente espiritualizado o Corpo Vital, um degrau ainda mais alto será a Religião do Pai, que como o mais alto Iniciado do Período de Saturno vai ajudar o ser humano a espiritualizar o Corpo Denso que foi iniciado no Período de Saturno. Então até a Fraternidade será ultrapassada; não haverá nem eu nem vós, pois todos serão Unos em Deus conscientemente, e o ser humano terá se emancipado pela ajuda dos Anjos, Arcanjos e Poderes Superiores.

Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios

Orações, rituais e exercícios são importantes na espiritualização do Corpo Vital.

Se, pelas orações frequentes, obtivermos o perdão pelas injúrias que fizemos aos outros e se fizermos toda reparação possível, purificando nossos Corpos Vitais perdoando aqueles que erraram contra nós, e eliminarmos todo mal sentimento, nos livraremos de muitos infortúnios post-mortem, além de prepararmos o lugar para a Irmandade Universal, que depende em particular da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. Em forma de memória, o Corpo de Desejos impressiona no Corpo Vital a ideia de vingança. Um temperamento sereno diante dos vários aborrecimentos da vida diária significa vitória, por isso o Aspirante deve procurar controlar o seu temperamento, pois isso inclui trabalho em ambos os corpos. A Oração do Senhor inclui isso também, pois quando vemos que estamos fazendo alguém sofrer, nós observamos e procuramos encontrar a causa. Perda de controle é uma dessas causas com origem no Corpo de Desejos.

Muitas pessoas abandonam a vida física com o mesmo temperamento que trouxeram, mas o Aspirante tem que sistematicamente subjugar todas as tentativas do Corpo de Desejos de assumir o comando. Isso pode ser feito concentrando-se em ideais elevados, que fortalecem o Corpo Vital, sendo muito mais eficaz que as orações comuns da igreja. Os cientistas ocultos usam concentração em vez da oração, porque aquela está acompanhada da ajuda da Mente, que é fria e sem sentimento, enquanto que a oração é normalmente ditada pela emoção. Quando ditada por uma devoção pura e altruísta a elevados ideais, a oração é muito superior a uma fria concentração. A oração nunca pode ser fria e sim deve apoiar-se nas asas do Amor para levar os eflúvios do místico para a Divindade.

O Espírito de Vida, na oração do Pai Nosso, roga à sua contraparte, o Filho, pela sua contraparte na natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.

A oração que trata das necessidades do Corpo Vital é “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.

O Corpo Vital é o assento da memória. Nela estão armazenados os registros subconscientes de todos os acontecimentos passados de nossa vida, bons ou maus, incluindo todos os sofrimentos infligidos ou sofridos, e os benefícios recebidos, ou os dados. Lembramos que o registro da vida é feito a partir dessas imagens logo após a saída do Corpo Denso por ocasião da morte, e que todos os sofrimentos da existência post-mortem são os resultados dos acontecimentos registrados nessas imagens.

O Corpo Vital sendo o depósito do panorama de nossas vidas, nossos próprios pecados e os erros que sofremos nas mãos dos outros lá estão gravados, daí que a quinta oração, “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos quem nos tenha ofendido”, anuncia as necessidades do Corpo Vital. Ressalta-se que essa oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras ‘perdoa-nos’, e a Lei de Consequência nas palavras ‘assim como nós perdoamos’, fazendo da nossa própria atitude para com os outros a medida de nossa emancipação.

Essa (A Oração Rosacruz) é o modelo de oração que eleva, que enobrece o ser humano, e quanto mais o ser humano cultive essa atitude mental, e alimente essas elevadas aspirações, mais ele estará elevando os dois Éteres superiores para fora do Corpo Vital. As igrejas dizem “ore, ore, ore”, e elas estão bem em sintonia com o ensinamento oculto, pois desse modo o Corpo Vital está sendo trabalhado pela constante repetição das elevadas aspirações.

É desse modo que age tudo aquilo que tem Corpo Vital; então quando queremos atuar sobre o Corpo Vital devemos fazê-lo pelo método da repetição. Temos os quatro Éteres presentes no Corpo Vital, e os dois Éteres inferiores cuidam das funções físicas, como nos lembramos em particular da conferência sobre Visão e Intro-visão Espiritual. Vimos nela que os dois Éteres superiores tinham que ser levados conosco quando queríamos funcionar nos Mundos superiores; e é esse repetido impacto que torna a divisão entre os dois Éteres inferiores e os dois superiores possível. É nesse aspecto que as igrejas são ainda fatores do desenvolvimento espiritual, porque elas dizem para os devotos que eles têm que orar sem cessar. Mas não devemos orar de modo egoísta, temos que orar altruisticamente, e em harmonia com o Bem Universal. Quando rezamos para chover e nosso vizinho reza pela estiagem, tem que prevalecer o caos, se as orações forem atendidas. Nem devemos supor que seja para se negociar com Deus, como parece ser a concepção daqueles que bradam mais alto nas reuniões de oração. Existe certa atitude espiritual a ser alcançada que o místico conhece muito bem quando ele entra em seus aposentos.

A lei é um freio para a natureza de desejos, mas quando o progresso oculto, ou melhor, dizendo, o espiritual é almejado, a espiritualização do Corpo Vital deve ser também realizada. E isso é conseguido por meio da arte da religião, em impactos repetidos com frequência, pois a nota chave do Corpo Vital é Repetição, como podemos ver, observando as plantas que possuem apenas um Corpo Denso e um Corpo Vital. Seus galhos e folhas seguem uns aos outros em sucessão contínua; as plantas os fazem crescer alternadamente. Foi o Corpo Vital que construiu as vértebras da coluna espinhal dos seres humanos, uma após a outra em constante repetição. E a memória, por exemplo, que é uma das faculdades do Corpo Vital, é fortalecida e desenvolvida pela iteração e reiteração constantes.

Quando os Protestantes saíram da Igreja Católica, eles em verdade deixaram muitos abusos para trás, mas também abandonaram quase tudo de valor. Eles abandonaram o ritual que todos deviam conhecer e compreender, apesar da má enunciação por parte do padre. Conhecendo o ritual, o leigo poderia enviar seus pensamentos na mesma direção do pensamento do padre que tivesse lendo, e assim uma enorme quantidade de pensamentos espirituais idênticos seriam reunidos juntos e projetados sobre a comunidade para bem ou para mal.

Aqueles que vão a uma igreja Católica compreendendo o ritual são, ainda hoje, capazes de unir seus pensamentos em conclave espiritual e guardar na memória o que se passou. Então, eles estão a todo o momento adicionando um pouco mais à espiritualização de seus Corpos Vitais, enquanto que os membros da igreja Protestante foram afetados apenas em suas naturezas emocionais cujo efeito é logo perdido. A Bíblia nos diz para orarmos sem cessar, e muitos escarneceram dizendo que se Deus é omnisciente e Ele sabe do que necessitamos sem orarmos, e se Ele não o é, provavelmente não é onipotente, e por esse motivo nossas orações não serão atendidas, sendo então inútil orar. Mas, aquele mandamento foi estabelecido a partir do conhecimento da natureza do Corpo Vital, que necessita daquela repetição para que seja espiritualizado.

Antes de um ritual atingir seu efeito máximo, entretanto, aqueles que desse modo se destinam a crescer, precisam tornar-se afinados com ele. Isso envolve trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos estão ainda em formação.

É assunto de conhecimento oculto que o nascimento é um feito quádruplo, e que o nascimento do Corpo Denso é apenas um passo no processo. O Corpo Vital também passa por um desenvolvimento análogo ao do crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce em torno do sétimo ano de vida.

Durante os sete anos seguintes o Corpo de Desejos amadurece e nasce em torno do décimo quarto ano, quando se atinge a adolescência, e a Mente nasce aos vinte e um, quando tem início a idade adulta.

Esses fatos ocultos são bem conhecidos pela Hierarquia Católica, e enquanto os ministros Protestantes trabalham sobre a natureza emocional, que está sempre procurando algo novo e sensacional sem perceber a inutilidade da luta e o fato de que é esse seu veículo mais exuberante que leva as pessoas das igrejas em busca de algo novo e mais sensacional, a Hierarquia Católica ocultamente informada concentra seus esforços nas crianças. “Dê-nos as crianças até sete anos e serão nossas para sempre”, eles dizem, e eles estão certos. Durante esses importantes sete anos eles impregnam os plásticos Corpos Vitais, de que estão encarregados nesse propósito, através da repetição. As orações repetidas, a duração e o tom dos vários cantos, e o incenso, tudo tem um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em crescimento.

Então, todos os esforços para elevar a humanidade trabalhando-se sobre o instável Corpo de Desejos são e sempre serão inúteis. Isso foi reconhecido por todas as escolas ocultas em todos os tempos e elas têm, portanto, se dirigido para a mudança do Corpo Vital, trabalhando com sua nota chave que é a repetição. Para esse propósito, elas escreveram vários rituais adequados à humanidade nos diferentes estágios de seu desenvolvimento e desse modo elas têm favorecido o crescimento anímico, lenta, mas firmemente, sem se importar se o ser humano estava ou não ciente de estar sendo influenciado desse modo. O Antigo Templo de Mistério Atlante, do qual falamos no Tabernáculo do Deserto, tinha certos ritos prescritos no Monte pela divina Hierarquia que foi seu Mestre particular. Alguns rituais eram realizados durante os dias úteis. Outros ritos eram usados no Sábado, e ainda outros nas épocas de Lua Nova e nos grandes festivais solares. Ninguém abaixo do mais alto sacerdote tinha poder de alterar o ritual, sob pena de punição por morte.

Durante o sono as correntes do Corpo de Desejos fluem, e seus vórtices movem-se e giram com enorme rapidez. Mas logo que entra no Corpo Denso suas correntes e vórtices quase que são parados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que levam e trazem as mensagens do cérebro. É o objetivo do exercício de retrospecção aquietar o Corpo Denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que prevalece durante o sono, embora o Espírito interno esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Por isso estabelecemos uma condição onde os centros sensoriais do Corpo de Desejos podem começar a girar, enquanto permanece dentro do Corpo Denso.

Esses exercícios (Concentração e Retrospecção) serão improdutivos em resultados se não forem acompanhados por atos de amor, pois o amor será a nota-chave da idade que se aproxima, assim como a lei é a norma atual. A intensa expressão da primeira qualidade aumenta a luminosidade fosforescente e a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais, as correntes de fogo rompem a ligação com o traje mortal e o ser humano, uma vez nascido da água ao emergir da Atlântida, agora nasce do espírito no Reino de Deus. A força dinâmica de seu amor abriu um caminho para a terra do amor, e indescritível é o júbilo entre os que já se encontram quando chegam novos invasores, pois cada um que chega apressa a vinda do Senhor e o estabelecimento definitivo do Reino dos Céus.

É uma máxima mística que “todo desenvolvimento espiritual começa com o Corpo Vital”. Esse Corpo é o mais próximo ao Corpo Denso em densidade. Sua nota-chave é a Repetição, e é o veículo dos hábitos sendo isso de certo modo difícil mudá-lo ou influenciá-lo, mas uma vez que a mudança tenha sido feita e um hábito adquirido pela repetição, seu desempenho torna-se automático de algum modo. Essa característica tanto é boa quanto má em relação à oração, pois a impressão gravada nos Éteres desse veículo vai impelir o Estudante Rosacruz a ser fiel à sua devoção em ocasiões estabelecidas, mesmo que ele tenha perdido o interesse no exercício e suas orações se tornado meras fórmulas. Se não fosse por essa tendência do Corpo Vital de formar hábitos, os Aspirantes acordariam para o perigo logo que o verdadeiro amor começasse a diminuir e seria, então, mais fácil reparar a perda e permanecer no Caminho. Por esse motivo o Aspirante deveria se examinar cuidadosamente de tempos em tempos para ver se ele ainda tem asas e poder com os quais sem hesitação e com firmeza possa se elevar ao Pai no Céu. As asas são em número de duas. Amor e Aspiração são seus nomes, e o poder irresistível que as impele é intensa ânsia. Sem esses e uma compreensão inteligente para direcionar a invocação, a oração é apenas um murmúrio; se realizada apropriadamente é o método mais poderoso de crescimento da alma.

Os átomos nos Corpos dos menos evoluídos vibram num ritmo extremamente lento, e quando no decorrer do tempo, uma dessas pessoas se desenvolve ao ponto em que seja possível favorecê-la no caminho da realização, é necessário aumentar essa frequência vibratória do átomo de modo que o Corpo Vital, que é o meio do crescimento oculto, possa de algum modo ser liberado das forças enfraquecedoras do átomo físico. Esse resultado é obtido por meio de exercícios respiratórios, que com o tempo aceleram as vibrações do átomo, e possibilita o crescimento espiritual necessário para o indivíduo realizar-se.

Anos atrás, quando o autor se iniciou no Caminho e estava imbuído da impaciência comum aos buscadores ardentes do conhecimento ele leu sobre os exercícios respiratórios publicados por Swami Vivekananda[23] e começou a seguir as instruções, e o resultado foi que depois de dois dias o Corpo Vital foi expulso do Corpo Denso. Isso produziu uma sensação de andar no ar, de ser incapaz de pôr os pés no chão duro; o Corpo todo parecia estar vibrando em enorme frequência. O bom senso veio em seu auxílio. Os exercícios foram interrompidos, mas foram necessárias duas semanas inteiras até a recuperação da condição normal de andar no chão com passo firme, e até o cessar das vibrações anormais.

O Corpo Vital é como um espelho, ou melhor, como a película de um filme; ele retrata as imagens do mundo externo segundo nossa faculdade de observação, e as ideias internas do Espírito que o habita segundo a clareza e o treino da Mente. Devoção e discernimento, ou ainda emoção e intelecto, determinam a nossa atitude para com essas imagens, e sua ação equilibrada leva a um desenvolvimento harmonioso. Quando suficientemente desenvolvidos, eles inevitavelmente trazem à tona o processo de purificação. O ser humano compreenderá que para alcançar o objetivo ele precisa abandonar tudo o que entrava as rodas do progresso. Um bom mecânico almeja ter as melhores ferramentas e mantê-las em perfeita ordem, pois ele sabe o valor delas na execução de um bom trabalho. Nossos corpos são ferramentas do Espírito e dependendo de como estejam desajustadas, impedem sua manifestação. O discernimento nos ensina o que está entravando o progresso e a devoção a uma vida superior ajuda a eliminar os hábitos os traços de caráter indesejáveis, suplantando o mero desejo.

FIM


[1] Nota ao leitor: Este livro O Corpo Vital é uma compilação de materiais de vários livros. Um espaço entre os parágrafos indica que o próximo parágrafo é de um livro diferente ou de uma sessão diferente do mesmo livro – os dois parágrafos não estão relacionados. Se não há espaço entre os dois parágrafos, então o próximo parágrafo continua do parágrafo anterior.

[2] N.T.: Corpo Denso

[3] N.T.: Veja no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – cap. XII

[4] N.T.: Do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos

[5] N.T.: Em torno de 1,3 cm

[6] N.T.: Ou Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena glândula situada na cabeça

[7] N.T.: Aproximadamente 4 cm.

[8] N.T.: Aproximadamente 4 cm.

[9] N.T.: Prosper-René Blondlot foi um físico francês

[10] N.T.: Augustin Charpentier foi um físico francês

[11] N.T.: Uma cidade francesa

[12] N.T.: Eusápia Palladino (1854 – 1918) foi uma médium italiana. Foi a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época.

[13] N.T.: O movimento Immanuel ou Emmanuel é uma abordagem baseada na psicológica para a cura religiosa introduzida em 1906, como uma extensão da igreja Emmanuel em Boston, Massachusetts.

[14] N.T.: Mrs. Joy Snell

[15] N.T.: Dr. Duncan “Om” MacDougall (c.1866-1920) – médico americano

[16] N.T.: Medida de peso inglesa equivalente a 28,349 g.

[17] N.T.: aproximadamente 60 cm

[18] N.T.: da 1ª Guerra Mundial

[19] N.T.: 2,54 cm a 3,8 cm, aproximadamente

[20] N.T.:  Dr. Duncan “Om” MacDougall (c.1866-1920) – médico americano

[21] N.T. do Livro Cristianismo Rosacruz – Max Heindel

[22] N.T.: Esse conceito de Éter prevaleceu na ciência oficial no início do século XX.

[23] N.T.: foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É considerado uma figura chave na introdução da Vedanta e da Yoga no Ocidente, sobretudo na Europa e América.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como Conheceremos Cristo quando Voltar?

A fim de facilitar o estudo desse assunto dividiremos nas seguintes partes:

  1. Quem é Cristo?
  2. Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
  3. Por que Ele deve vir outra vez?
  4. Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

Deste modo, será mais fácil, para aqueles que não estudaram os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, compreenderem a ideia.

Há 3 meios de você acessar esse Livro:

1. Em formato PDF (para download):

Quando Conheceremos Cristo quando Ele voltar? – Max Heindel

2. Em forma audiobook ou audiolivro:

Como Conheceremos Cristo quando Voltar? – Max Heindel – audiobook

3. Para estudar no próprio site:

COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO VOLTAR

Relatório Taquigrafado de uma Palestra Proferida em Los Angeles Study Center, Rx. F., em 18 de maio de 1913, por Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, How shall we know Crist at his coming, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

PARTE I – QUEM É CRISTO?

PARTE II – POR QUE CRISTO VEIO À TERRA PELA PRIMEIRA VEZ?

PARTE III – POR QUE ELE DEVE VIR OUTRA VEZ

PARTE IV – COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO ELE VOLTAR?

INTRODUÇÃO

Relatório Taquigrafado de uma Palestra Proferida em Los Angeles Study Center, Rx. F., em 18 de maio de 1913, por Max Heindel

Existe um quadro em minha Mente, ele está lá há anos; algumas vezes, quando tenho tempo disponível para voltar-me para dentro de mim mesmo e olhar aquele arquivo, este aparece. Deixe-me descrevê-lo: Acompanhe-me, regredindo no tempo, cerca de dois mil anos. A cena passa-se na Palestina; as colinas estão desertas; vê-se um pequeno grupo de homens e no rosto de cada um reflete-se a tristeza. Eles estão pranteando. Aquele que, pensavam, tinha vindo para fazer grandes coisas foi-lhes tirado por mãos implacáveis e Sua vida parecia-lhes destruída, e eles perguntavam-se: “Será este o fim”? Isto emocionava-os profundamente. Ele os tinha chamado de amigos. Disse-lhes: “Vós sois meus amigos[1], e eles choravam por Ele, como a um amigo. Disse-lhes também: “Se Eu for embora, Eu virei novamente[2], e eles discutiam, ansiosamente, procurando saber quando esse advento ocorreria.

Assim foi o início, mas, desde então, isto continua sendo um assunto de interesse para todos que, pela graça de Cristo, intitulam-se Seus amigos. Tem sido um tema de entusiástica e constante indagação: Quando Ele virá novamente, e como O conheceremos quando Ele voltar?

Ele disse a Seus seguidores na Palestina que muitos viriam para enganar: que se lhes fosse dito para irem ao deserto, a este ou aquele lugar para procurá-Lo, eles não deveriam ir. Disse-lhes, também, que os Anjos no céu não sabiam o dia em que Ele retornaria; que mesmo o Filho não sabia, mas somente o Pai. Como descrevi antes, eles estavam discutindo, procurando saber o tempo aproximado do advento e, particularmente, como cada um poderia conhecê-Lo quando Ele aparecesse.

Pretendentes – tem havido muitos desde aquele dia – têm alegado ser Cristo; alguns enganam-se a si próprios e aos outros, acreditando que são realmente aquele exaltado e elevado Mestre. Existem outros que, deliberada e maliciosamente, procuram usurpar Seu lugar. Portanto, há um interesse permanente na pergunta: Como vamos reconhecê-Lo?

Há um ano atrás, apareceu em uma revista inglesa, um artigo intitulado “Arautos Ocultos”. Nele foram apresentados resumos dos Ensinamentos dos Mistérios Ocidentais como são fornecidos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e do Ocultismo Oriental, representado por uma sociedade que promulga aquela doutrina. Os líderes das duas sociedades e suas obras foram comparados. Semelhanças foram encontradas, mas o autor do artigo também percebeu, com notável perspicácia, o que Estudantes superficiais dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental não perceberam, isto é, a diferença Vital e irreconciliável nos dois ensinamentos, no que diz respeito a Cristo e Sua vinda. Foi mostrado que, de acordo com os ensinamentos Orientais, tanto Cristo quanto Buda foram homens de vida comum, enquanto nos ensinamentos do Mistério Ocidental diz-se, com ênfase, que Cristo é um Hierarca divino, não de nossa evolução, mas, “que por nós, homens, veio” e que, tendo uma vez deixado o Corpo Denso, Ele jamais aparecerá em um veículo físico.

Como esta é uma das principais diferenças entre a Sabedoria do Ocidente e os Ensinamentos Orientais, constituindo isto um dos maiores problemas atuais, parece Vital que todos os Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental compreendam perfeitamente o assunto.

Para sistematizar nossa exposição, vamos dividi-la em quatro partes, cada uma dedicada à consideração de uma questão que tenha relação definida com nosso assunto:

  1. Quem é Cristo?
  2. Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
  3. Por que Ele deve vir outra vez?
  4. Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

Deste modo, será mais fácil para aqueles que não estudaram os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, compreenderem a ideia.

 PARTE I – QUEM É CRISTO?

O primeiro ponto que precisamos colocar é a identidade de Cristo, como é ensinada na Escola dos Mistérios Ocidentais. De acordo com a figura anterior, “Os Sete Dias da Criação”, o ser humano passou por um período de involução compreendendo os Períodos de Saturno, Solar e Lunar, como também metade do Período Terrestre. Nesta peregrinação através da matéria, ele adquiriu os veículos que hoje possui.

Durante o Período de Saturno, quando éramos semelhantes aos minerais, alguns seres eram humanos como nós somos hoje, mas eram de uma onda de evolução diferente. Desde então, eles têm avançado e tornaram-se os Senhores da Mente. O mais elevado daquela evolução – da Onda de Vida que estava, então, no estágio humano – é chamado no esoterismo de o Pai.

O mais elevado Iniciado do Período Solar, quando aqueles seres, que agora são Arcanjos, eram humanos, é chamado o Filho, ou seja, o Cristo.

Os Anjos atuais eram humanos no Período Lunar e o mais elevado Iniciado, que agora chamamos de Jeová, é também chamado Espírito Santo.

Temos aqui a categoria dos três mais ativos grandes seres – os líderes da evolução.

A humanidade do Período Solar não podia descer mais no mar da matéria além do Mundo do Desejo (veja a figura acima), portanto, seu veículo inferior era o Corpo de Desejos e, como é uma lei cósmica que nenhum ser pode criar um veículo que não aprendeu a construir durante sua evolução, era impossível para o Espírito Cristo nascer em um Corpo Denso. Ele não poderia formar tal veículo. Nem poderia formar o Corpo Vital, feito de Éter. Faltava-Lhe também a habilidade de funcionar na última substância, pois Ele nunca a havia adquirido em Sua evolução. Para fornecer os veículos necessários para Cristo, Jesus, um ser humano da nossa evolução – um homem nascido de um pai e de uma mãe, ambos altos Iniciados, que fizeram do ato criador um sacrifício e chegaram à concepção imaculada sem paixão – entregou seus Corpos Denso e Vital no Batismo para o Espírito Sol, Cristo, que, então, entrou no mundo material e tornou-se mediador, possuindo todos os veículos necessários para funcionar entre Deus e o ser humano. Cristo Jesus é, portanto, absolutamente único, e a Bíblia nos diz que não há nenhum outro nome pelo qual devemos ser salvos, a não ser pelo nome de Cristo Jesus. Este é o único Credo Cristão autorizado.

Tendo explicado a identidade de Cristo e de Jesus, como é apresentada nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, nosso problema seguinte é:

 PARTE II – POR QUE CRISTO VEIO À TERRA PELA PRIMEIRA VEZ?

No Gólgota, o Corpo Denso de Jesus foi destruído, ao mesmo tempo em que se manifestavam certos fenômenos relatados na Bíblia, e o Espírito de Cristo penetrou na Terra. Até aquele momento, a Terra vinha sendo governada de fora. Do mesmo modo que os Espíritos-Grupo guiam os animais de fora, também a Terra foi guiada em sua órbita e a humanidade também o foi, no caminho de evolução, dirigida quase que inteiramente por Jeová, mas, desde aquele momento, o Cristo se tornou nosso Espírito Interno da Terra. Agora, Ele guia nosso Planeta em sua órbita e está procurando substituir o regime de guerra, inaugurado por Jeová de um lado e pelos marciais espíritos Lucíferos de outro, por um regime de altruísmo, um reino de Fraternidade Universal. Ouvimos falar muito sobre Fraternidade Universal, mas não é necessário formarem-se sociedades para proclamar que somos irmãos. Todos sabemos disto, não há necessidade de chamar atenção para este fato. Irmãos e irmãs nem sempre são harmoniosos, mas devem procurar sê-lo, se pretendem ser amigos. Cristo instituiu um ideal muito mais elevado, quando chamou Seus Discípulos de amigos: “Vós sois meus amigos se fizerdes tudo que Eu vos mandar[1].

 PARTE III – POR QUE ELE DEVE VIR OUTRA VEZ

Enquanto temos a promessa enfática do retorno de Cristo, existem muitos Cristãos que não acreditam no Segundo Advento, de maneira que será melhor, analisar se existe alguma razão compelindo Seu retorno.

Para elucidar este ponto, tomemos um episódio iluminador de “Fausto”. Embora escrito por Goethe, este drama não foi uma ficção, pois a lenda de Fausto é mais velha que a história; é um dos mitos que expressa, em termos fantasiosos, pictóricos, a história da alma em busca da luz. Estes contos foram transmitidos à humanidade infantil para que pudesse, subconscientemente, absorver os ideais que, em épocas posteriores, deveria viver. Na verdade, usamos o mesmo método de instrução quando damos a nossos filhos livros com ilustrações para inculcar-lhes ideias que não podem captar intelectualmente, por serem muitos novos.

Fausto leu livros durante sua vida inteira e, gradualmente, aprendeu que nós sabemos somente o que vivemos. Se não for para aplicação prática na vida diária, o aprendizado através de livros não terá nenhum valor. Quando a alma desperta para este fato, coloca-se no limiar do verdadeiro conhecimento olhando em direção à LUZ. Mas, a estrada se bifurca: um caminho é tranquilo e fácil, por toda sua extensão existem guias serviçais e risonhos prontos para encorajar o viajante e assisti-lo em tudo que desejar, e, no final, está Lúcifer, o portador da luz, disposto a dar honras mundanas àqueles que lhe prestam culto. O outro caminho é áspero, escarpado e perigoso; algumas vezes é muito escuro; muitos corações doloridos estão nele e, frequentemente, podemos ouvir o grito de angústia: “Quanto tempo mais, Ó, Senhor! Quanto tempo”? Mas, ainda que a alma lute aparentemente sozinha, sempre escuta uma voz interior, suave, tênue e silenciosa, mas inconfundivelmente clara: “Vinde, vós que estais fatigados e sobrecarregados e Eu vos darei repouso[2]. Às vezes, a “Verdadeira Luz”, Cristo, a meta da alma que procura, é vista através de uma brecha nas nuvens tempestuosas, que precisam ser transpostas para que o aspirante alcance o topo da realização e, a partir da visão beatificada, a alma que busca reúne novas forças.

No caminho escuro, Lúcifer favorece todos os apetites sem restrições ou reserva. Enquanto a alma é levada pela correnteza, tudo aparenta ser fácil e o prazer parece estar a espera a cada passo. No entanto, quanto a alma finalmente chega ao fim do rio da vida, em lugar de voar muito alto em direção à própria meta, é arrastada para baixo pelos apetites vis que se uniram a ela, como a polpa de sua fruta verde está colada na presente; e ela experimenta, com uma intensidade mil vezes maior, a dor que sobrevém quando pretende se libertar dos grilhões consolidados pelo pecado.

Thomas A. Kempis menciona o desejo da maioria de viver uma longa vida e como poucos se preocupam em viver uma boa vida. Eu posso parafrasear isto, exclamando: “Oh, quantos desejam alcançar poderes espirituais, mas como são poucos os que se esforçam para cultivar a espiritualidade”! A história de Fausto dá-nos uma visão daquilo que pode acontecer, se exclamássemos com toda a intensidade de nosso ser, como ele o fez:

“Oh! Há Espíritos no ar,

Que flutuam entre o céu e a terra em domínio atuando?

Inclinai-vos aqui de vossa atmosfera dourada,

Para cenários, nova vida e plena rendição ides me guiando.

Se eu possuísse um manto mágico, simplesmente,

Para transportar-me como que em invisíveis asas, largamente,

Muito mais do que custosas vestes eu prezaria,

E nem por um manto real o trocaria”.

Por esta impaciência e desejo de obter alguma coisa em troca de nada, de colher onde não semeou, ele atrai para si um espírito de natureza indesejável, pois os habitantes dos Mundos invisíveis não são, de modo algum, diferentes das pessoas daqui. Um filantropo não é encontrado a cada curva do caminho neste mundo, nem encontramos Anjos por todos os lados quando atravessamos fronteira, e a única proteção é esforçar-nos para sermos dignos de entrar conscientemente naqueles reinos. Quando tivermos alcançados o caráter requerido, não teremos que esperar.

Não precisamos referir-nos ao tipo de barganha que foi proposta a Fausto por Lúcifer, que seguiu sua vítima em perspectiva até seu gabinete; mas, quando ele se volta para a porta e está prestes a sair, ele vê, aflito, uma estrela de cinco pontas, com duas pontas viradas para a porta e uma ponta à sua frente. Esta, ele pede a Fausto que a remova, mas ao ser rigorosamente interpelado e convidado a sair pela janela ou chaminé, Lúcifer finalmente confessa:

“Para os fantasmas e espíritos é uma lei

Por onde entrarmos, por aí sair devemos”.

Isto é um ponto muito importante, pois, assim como Lúcifer entrou no gabinete de Fausto pela porta e é forçado a sair pelo mesmo caminho, Cristo entrou na Terra por meio do Corpo Vital de Jesus e precisa, em Seu retorno, sair da Terra redimida por esse mesmo caminho em direção ao Sol, Seu lar celestial. Nenhum outro veículo o fará.

Mas existem mais coisas de interesse nesta situação e na ligação entre Fausto e Lúcifer. A porta está aberta, então, por que a estrela de cinco pontas iria barrar a saída de Lúcifer, especialmente quando ele a havia transposto ao entrar no gabinete?

A estrela de cinco pontas é o emblema do ser humano com seus membros separados e braços estendidos; uma ponta está no topo, representando a cabeça que é a porta natural do espírito. Por aí ele entra em seu futuro Corpo cerca de 18 dias depois da concepção, daí saindo quando o Corpo dorme, retornando pela mesma passagem pela manhã. Para os Auxiliares Invisíveis esta é, também, a saída e a entrada. Finalmente, quando a morte chega, o espírito se retira por meio da cabeça.

Por esta razão, a estrela de cinco pontas, com uma ponta para cima, como está representada no emblema da Fraternidade Rosacruz, é o símbolo de magia branca, que trabalha por meios naturais, em harmonia com a lei de evolução.

O Estudante de uma Escola de Mistérios aprende a dirigir a força criadora para cima, para o cérebro e transmutá-la em poder anímico através de uma vida de castidade e auto sacrifício. Esse poder anímico ele o usa para projetar-se nas esferas superiores por meio da cabeça. O seguidor da magia negra, incapaz de auto sacrifício, obtém o poder através do uso pervertido da força de vida de suas vítimas, que o projetam para baixo por meio dos pés, e ele deve retornar pelo mesmo caminho. O Cordão Prateado, então, projeta-se através do órgão inferior. Portanto, a estrela de cinco pontas, com duas pontas apontando para cima e uma para baixo, é o símbolo da magia negra. Foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto porque as duas pontas da estrela estavam apontando para a entrada, mas, quando ele quis sair e defrontou-se com uma ponta do símbolo, sua alma pervertida foi repelida pelo emblema da pureza e do amor.

Realmente, não temos qualquer prova legal de que Cristo tenha entrado na Terra e esteja lá parcialmente confinado, como estamos confinados em nossos Corpos Densos, mas existe nisto muita evidência mística e, pela Lei da Analogia, está evidente que Cristo, passa Seus dias-santos, parte dentro e parte fora da Terra.

Câncer, regido pela Lua, é o Signo que rege a concepção. Os Egípcios o retrataram como um besouro e, para eles, o escaravelho era o símbolo da alma. Quando a Luz do Mundo, o Sol, entra em Câncer, em Junho, o poder criador do último ciclo que deu vida à Terra foi gasto e, para renovar esta vida, que caso contrário se desvaneceria, o Sol precisa descer novamente. No Equinócio de Setembro, a balança se inclina e a força germinativa entra em nossa Terra, alcançando o Centro no Natal, quando o Sol está em seu ponto mais baixo de declínio, o Solstício de Dezembro. Daí a força germinante, o raio de Cristo, se irradia para frutificar novamente a matéria e alcançar a periferia da Terra no momento em que o Sol cruza o equador celeste, no Equinócio de Março. Então, o Salvador, o Cordeiro de Deus, morre para o Mundo, mas se torna vivo para as esferas superiores.

Assim como estamos confinados em nossos Corpos Densos, de manhã até a noite pelas atividades do dia, também Cristo está confinado na Terra, do Equinócio de Setembro até o Equinócio de Março, que é o período em que as atividades físicas estão bastante inativas, mas onde os esforços espirituais trazem melhores resultados. E, da mesma forma que somos libertados de nossos Corpos à noite e entramos nos Mundos invisíveis para recuperar-nos (para o espírito) das condições difíceis da existência física, o Cristo também é temporariamente libertado da Terra na cruz (cificação) quando vemos o Sol passar o equador celeste e elevar-se às alturas celestiais. Esta é, portanto, a ocasião em que sentimos o impulso espiritual enfraquecer e utilizamos nossa energia nas atividades físicas, no cultivo do solo, fazendo crescer duas folhas de erva onde havia apenas uma.

De acordo com a opinião comum sobre o assunto, Cristo completou o Sacrifício no Gólgota, mas, na verdade, aquilo foi só o início. Ele ainda está confinado à Terra como nós estamos em nossos “Corpos de Morte”. Ele sofre como nós sofremos, mas com uma intensidade que não podemos avaliar. Ele ainda está “gemendo e labutando esperando pela manifestação dos Filhos de Deus[3], que somos nós mesmos. Quando um número suficiente de pessoas sentir o nascimento do Cristo Interno, de modo que possam suportar a carga de seus irmãos e dar suas vidas como Cristo está agora dando a Sua, então, a hora da libertação soará e Cristo poderá retornar permanentemente para o Sol. Mas, da mesma forma que Ele entrou na periferia da Terra quando veio, assim também, sob a lei que acabamos de explicar, Ele deve voltar para a superfície da Terra e isto, em si, é o que constitui a Segunda Vinda.

Não existe na Bíblia aviso mais enfático do que aquele dado por Cristo contra os que pretendem ser Cristos. Ele declarou que alguns produziriam sinais e maravilhas que poderiam enganar o próprio escolhido, e nós devemos lembrar-nos de Suas palavras, quando começamos a considerar nossa última pergunta:

PARTE IV – COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO ELE VOLTAR?

Cristo disse: “Tende cuidado para que nenhum ser humano vos engane; pois muitos virão em meu nome, dizendo, Eu sou Cristo; e enganarão muitos. E, se algum ser humano vos disser, olhai, aqui está Cristo, ou olhai, ele está lá, não acrediteis nele. Pois falsos Cristos e falsos profetas surgirão e produzirão sinais e milagres para enganar, se isto fosse possível, o verdadeiro escolhido… então, eles verão o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória … Ele enviará Seus Anjos e juntará Seu escolhido dos quatro ventos …, mas, deste dia e hora, nenhum ser humano o sabe, nem os Anjos que estão no céu, nem o Filho, mas só o Pai”.[4]

Por essas passagens, vemos como precisamos ser cuidadosos para não sermos atraídos por impostores. Existe, também, muita luz a guiar-nos para o caminho certo e alguns sinais são os indicadores pelos quais podemos, certamente, reconhecer Cristo dos imitadores. O sinal mais conclusivo dos impostores é que, não importa quanto seu argumento possa ser inteligente, eles vêm revestidos em um Corpo físico. Existem boas razões para entendermos que:

Cristo Não Virá em um Corpo Físico[5]

Nenhum veículo poderia suportar a tremenda vibração de tão grande Espírito. Pelas Escrituras, sabemos que Cristo frequentemente afastava-Se de Seus Discípulos. Nessas ocasiões, Ele levava o Corpo de Jesus para os Essênios, que eram homens de nossa evolução e hábeis médicos esotéricos, peritos nos cuidados com o Corpo. Eles restauravam o seu vigor e energia e, dessa forma, mantiveram o Corpo de Jesus unido por três anos. Do Gólgota, o Corpo foi levado para o túmulo e, como a influência coesiva foi retirada, os átomos espalharam-se em todas as direções e quando o túmulo foi aberto, somente a vestimenta foi encontrada.

Para obter outro veículo físico para a Segunda Vinda, da mesma maneira que o primeiro foi preparado, seria muito difícil, mas poderia ser conseguido. No entanto, sob a lei de que um espírito deve sair por onde entrou, somente aquele único Corpo de Jesus seria utilizado e, como foi destruído, é impossível que Cristo apareça em um veículo físico. Portanto, como já foi dito, possuir tal Corpo revela o impostor.

Supondo que essa “lei” seja uma invenção da imaginação do autor e que a Lei de Analogia, citada como defesa, seja somente uma coincidência, nossa argumentação é ainda apoiada pela Bíblia, não obstante todas as outras evidências. Cristo disse: “Se eles disserem para vós; Olhai, Ele está no deserto; não ides. Olhai, Ele está nas câmaras secretas; não acrediteis[6]. Assim Cristo não deve ser encontrado em nenhum lugar físico. São Paulo também declara enfaticamente que “carne e sangue” não herdarão o reino. Se nós estamos para ser “revestidos com uma casa que nos vem do céu”, por que o líder da Nova Dispensação deveria Ter um veículo físico?

A Bíblia não abandona o assunto e diz-nos onde não procurar Cristo. Ele disse enfaticamente: “O Filho do Homem virá nas nuvens[7]. Quando Ele finalmente deixou Seus Discípulos, “Ele foi levado para cima, e uma nuvem O recebeu, sem ser visto por eles. E, enquanto eles olhavam fixamente para o céu, à medida que Ele subia, dois homens permaneceram perto deles em trajes branco, os quais também disseram: Ele voltará do mesmo modo que O vistes ir para o céu” (At 1:10-11). São Paulo diz: “O Senhor, Ele mesmo descerá do céu… depois nós … seremos arrebatados por entre nuvens para encontrar o Senhor, no ar” (ITes 4:16-17). São João viu o primeiro céu e a terra desaparecerem – o mar secou e uma cidade santa desceu do céu, da qual Cristo era o regente. Estas coisas são, evidentemente, impossibilidades físicas. Um Corpo de carne e sangue não pode elevar-se no ar, e São Paulo afirma, categoricamente, que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Se nós não podemos entrar naquele traje, como pode Cristo, o líder, usar um Corpo físico em um universo de lei?

Se pudéssemos, agora, descobrir que tipo de veículo Ele usou, saberíamos como reconhecê-Lo e, também, como seremos constituídos, pois “seremos como Ele” de acordo com São João: “Amados, agora nós somos os filhos de Deus, e não aparece ainda o que seremos: mas nós saberemos que, quando Ele aparecer, nós seremos como Ele.” (IJo 3:2). São Paulo diz: “nossa comunidade (não conversação, como foi traduzido; a palavra grega é “politeuma” – forma de governo ou comunidade e é usada pelo apóstolo para se referir ao novo céu e terra) está no céu, de onde também estamos esperando o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso Corpo vil, fazendo-o semelhante ao Seu Corpo glorioso.” (Fp 3:20-21).

O Corpo que Cristo usou depois do evento do Gólgota era também capaz de entrar em uma sala com portas fechadas, pois Ele assim apareceu para Seus Discípulos e deixou Tomás tocá-lo. Podem pseudo-Cristos, em um Corpo físico, fazer isto? Acredito que não.

Este fato requer um veículo mais sutil que o físico e nenhum sofisma poderá invalidar este argumento, isto é, de que Cristo usará um veículo mais sutil que o físico. A Bíblia diz que Cristo usou um Corpo tão sutil depois da ressurreição, que Ele ascendeu ao Céu dentro dele, que Ele deverá voltar neste mesmo Corpo e que, neste aspecto, nós mudaremos para um estado onde seremos como Ele.

Surge a pergunta final: Ensina-nos a Bíblia que veículo é esse e existe alguma informação pela qual possamos obter conhecimento completo e definitivo com respeito a este novo veículo? Devemos procurar a resposta no inimitável capítulo XV da 1ª Epístola aos Coríntios, onde São Paulo ensina a doutrina do Renascimento por meio dos Átomos-semente, tão claramente quanto a dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental de hoje.

Na versão inglesa, o versículo 44 diz: “Existe um Corpo natural e um Corpo espiritual”; mas o Novo Testamento não foi escrito em inglês e, como os tradutores nada sabiam dos ensinamentos internos, não tinham ideia de como traduzir a palavra grega que para eles parecia sem sentido, por isso, a traduziram como a compreenderam. Contudo, deixarei que vocês a traduzam, mesmo que não sejam Estudantes de grego. A palavra que é usada e traduzida como “corpo natural” é soma psuchicon. Soma é uma palavra grega que, todos concordam, é Corpo – não há dúvidas quanto a isto. Mas Psuchicon – psuche – (psyche) – a alma – um Corpo-Alma do qual nunca ouviram falar; provavelmente pareceu-lhes tolice, de maneira que traduziram a palavra como “Corpo natural”. É verdade que São Paulo diz na 1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:23, que o ser de todo ser humano é Espírito, Alma e Corpo, mas, provavelmente, eles interpretaram alma e espírito como sinônimos. Existe, porém, uma grande diferença, como é explicado nos Mistérios Rosacruzes: este Corpo-Alma é o veículo a que São Paulo se refere e no qual encontraremos Cristo. É composto de Éter e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez.

De início, parece muito estranho saber que encontraremos o Senhor “no ar”, que esta terra vai ser deixada para trás. Mas não é estranho se considerarmos que o caminho da evolução sempre foi de dentro para fora. Na última parte da Época Lemúrica, quando esta terra estava em um estado ígneo, o ser humano vivia na crosta que estava sendo formada próxima ao centro ígneo, em um Corpo que começava também a ser formado. Ele viveu na Época Atlante, nas bacias da Terra, sob a densa neblina que se levantava da terra que se esfriava, como é mencionado no capítulo segundo do Livro do Gênesis. Então, a humanidade foi chamada, como relata a história folclórica alemã “Niebelungen” – Niebel, que significa neblina e Ungen, filhos: Filhos da Neblina. A Bíblia conta-nos como eles foram guiados por seus mestres e, gradualmente, como esta atmosfera nebulosa da terra condensou-se quando o Planeta resfriou e, finalmente, como as águas desceram do céu no chamado “o dilúvio”.

Nessa ocasião, sabemos que o ser humano deixou as terras baixas, que estavam submersas pela neblina condensada, o mar, e entrou em uma nova era de desenvolvimento sob as atuais condições. Então, ele viu o arco-íris pela primeira vez, quando o Sol brilhou sobre as nuvens e foi-lhe dito que, enquanto aquele sinal permanecesse, a sucessão de mudanças, que conhecemos como estações, continuaria. Enquanto tivermos as atuais condições atmosféricas, esta era de alternâncias continuará. Devagar, mas seguramente, estamos subindo em direção aos cumes da terra; procuramos níveis cada vez mais altos.

Quanto mais elevada for a evolução das raças, mais elas quererão subir em direção ao ar e, gradualmente, vão deixando as terras baixas.

Como aconteceu na época de Noé, dia virá que ocorrerá uma grande mudança cósmica. Cristo refere-se a isto ao falar de Sua vinda: “Assim como foi nos dias de Noé, assim será nos dias do Filho do homem[8]. Pessoas movimentavam-se como sempre o haviam feito. Casavam-se e eram dadas em casamento; comiam e bebiam e viviam suas vidas mundanas. Mas, de repente, o dilúvio desceu sobre a antiga Atlântida e os veículos que tinham não lhes eram mais úteis. Necessitavam de veículos onde pudessem adaptar-se às novas condições atmosféricas, da mesma maneira que o bebê, quando nasce, precisa instantaneamente adaptar-se, da respiração que tinha dentro da água, à respiração no ar. Se não puder fazer isto, ele morrerá e foi o mesmo no caso dos Atlantes que estavam acostumados a respirar em sua atmosfera aquosa e nebulosa. Aqueles que não estavam fisiologicamente ajustados para esta mudança, afogaram-se.

Cristo disse que uma condição semelhante ocorrerá à Sua vinda. Aqueles que viviam na Atlântida, talvez não tenham percebido o desenvolvimento fisiológico que ocorreu em alguns e que os preparou para mudar da respiração aquosa para a respiração do ar, usando diretamente os pulmões. Do mesmo modo, há uma mudança acontecendo na humanidade, não observável por aqueles que não cultivam a visão espiritual. É um fato que uma atmosfera áurica envolve todo ser humano. Sabemos que, frequentemente, sentimos a presença de uma pessoa que não vemos e sentimos isto porque existe esta atmosfera fora de nossos Corpos Densos. Ela está, pouco a pouco, mudando; está se tornando cada vez mais dourada no Oeste. Quanto mais caminhamos com Cristo, mais esta cor dourada aumentará – esta que é a cor do Cristo e dos semelhantes a Ele: os Santos que os pintores retrataram com uma auréola. Gradualmente, estamos nos tornando mais semelhantes a Ele e esse “soma psuchicon” ou Corpo-Alma está adquirindo forma, está sendo preparada como nosso “traje nupcial”.

Um número crescente de pessoas está se tornando capaz de funcionar neste veículo e muitos estão se preparando para o dia da vinda de Cristo. Esta mudança não é realizada por processo físico, mas pelo serviço, pelo amor, pelo que conhecemos no mundo ocidental como altruísmo, que está se difundindo cada vez mais na sociedade. Estamos ficando mais humanos; cada vez mais iguais a Cristo, embora longe de sermos perfeitos. Talvez o dia da vinda de Cristo não seja nesse século ou no outro, nem no próximo milênio, não obstante, podemos observar uma mudança espiritual acontecendo na humanidade e depende de nós apressarmos o dia da vinda de Cristo, pois como Ele mesmo disse: “Este dia nenhum ser humano conhece[9]. Nenhum ser humano está habilitado a dizer quando e quantas pessoas terão desenvolvido o soma psuchicon, de tal forma que estejam capacitados a fazer a obra que Ele está agora fazendo para nós.

Descemos até ao vale da matéria e, por nossa causa, foi necessário que Cristo entrasse na Terra para nos ajudar de dentro. Por nossa causa, Ele está agora sofrendo e labutando lá, esperando pela manifestação dos filhos de Deus e depende de nós apressarmos ou retardarmos este dia. Cada ato nosso tem algum efeito nesse sentido – cada um de nós tem seu trabalho neste mundo e quanto mais cedo aprendermos a fazê-lo, melhor será para nós. Não deveríamos procurar o Cristo fora – Ele não se encontra lá. Ele mesmo disse, “Não vás para o deserto”. Não O procuremos nestes lugares: o Cristo é formado de dentro. O Corpo-Alma que está, gradualmente, tornando-se capaz de elevar-se sobre as montanhas, é o resultado do esforço de cada aspirante que esforça para ser admitido à vida superior. Como diz Fausto:

“Duas almas, oh! Moram dentro do meu peito,

E aí lutam por um indivisível reino;

Uma aspira pela terra, como vontade apaixonada

À íntimas entranhas ainda está ligada.

Acima das névoas, a outra aspira, de certeza,

Com ardor sagrado por esferas onde reine a pureza”.

Amigos, em cada um de nós há essa luta travada entre a natureza superior e a inferior. São Paulo teve que lutar essa batalha e toda alma que procura deve lutar, também. Mas, não pensem que é saindo para o extenso mundo e nele lutar, que encontraremos o que procuramos. Sir Launfal saiu de sua casa ainda jovem, passou toda uma vida procurando o Graal. Quando voltou para seu castelo, encontrou o mesmo mendigo que ele havia desdenhosamente ignorado quando partiu de casa, mas, quando agiu certo, quando o amoroso espírito do serviço entrou nele, então, o Cristo se manifestou.

“Ele partiu em duas, sua única côdea de pão,

Ele quebrou o gelo da beira do córrego;

E ao leproso deu de comer e beber pela mão”.

O Salvador, diante dele, disse: “Este é meu Corpo e este é meu sangue”.

“Santa Ceia é mantida, na verdade,

Por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade”

Não é o que damos, mas é o que compartilhamos que realmente tem valor. Aqueles que dão somente quando têm em abundância, quando dão coisas que não necessitam – coisas que são realmente um peso para eles, coisas de que não sentem falta – não sabem o que é dar a vida por um amigo. Enquanto não se derem, suas dádivas serão estéreis. “Não há maior amor que o do ser humano que dá sua vida por um amigo”. Este não deve ser um único ato – o dar a vida por um amigo – mas sim um auto sacrifício constante, diário. “Eu estava com fome e tu me deste de comer; eu estava com sede e tu me deste de beber … eu estava doente e tu me visitaste[10]. Este é o único requisito. Que nós possamos aprendê-lo, amigos. Não precisamos procurá-Lo tão longe: está perto de nós, ao nosso lado.

Conhecemos aquele pequeno poema sobre deixar nossa luz brilhar exatamente onde estamos. Nem todos podem ser uma estrela, nem podem brilhar, nem ser um líder, mas cada um pode fazer algo, acender sua própria velinha e deixar que ela dissipe um pouco a escuridão ao redor. Isto é o que temos que fazer e se fizermos somente este tanto, descobriremos que aquela vela será como uma estrela ardente para guiar-nos para o Cristo, na Sua próxima vinda. Então, teremos certeza de reconhecê-Lo, pois encontraremos a resposta dentro de nós. Diz-se que O conheceremos porque seremos como Ele e, como Ele não tem Corpo Denso para vir, temos que desenvolver aquele veículo da alma, o soma psuchicon. Para que nós possamos encontrá-Lo quando Ele aparecer, mas deveremos estar trajados com o “Dourado Manto Nupcial”.

F I M


[1] N.T.: Jo 15:14

[2] N.T.: Mt 11:28

[3] N.T.: Rm 8:18

[4] N.T.: Mt 24 4-36 e Mc 13:5-32

[5] N.T.: em um Corpo Denso

[6] N.T.: Mt 24:26

[7] N.T.: Mt 24:30; Lc 21:27 e Mc 13:26

[8] N.T.: Mt 24:37

[9] N.T.: Mt 24:36

[10] N.T.: Mt 25:35-36

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Interpretação Mística da Páscoa

As informações contidas nesse livreto foram trazidas das conferências e de outros escritos de Max Heindel e publicadas de tempos em tempos, em forma de revista ou trechos em livros.

Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota.

O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós.

Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo-interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria.

Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.

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Há 4 meios de você acessar esse Livro:

1.Em formato PDF (para download ou imprimir):

Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel

2.Em formato de audiobook ou audiolivro:

Audiobook – Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel

3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas/featured

aqui:

Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel em videobook

4. Para estudar no próprio site:

INTERPRETAÇÃO MÍSTICA DA PÁSCOA

 Por

Max Heindel

(1865-1919)

Compilado de vários escritos e conferências de um místico

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, The Mystical Interpretation of Easter, editada por Max Heindel

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

PREFÁCIO

As informações contidas nesse livreto provêm das conferências e escritos de Max Heindel, e foram publicadas uma e outra vez em forma de artigos de revista e/ou em livros. O Boletim Echoes, editado pela primeira vez em junho de 1913, por Max Heindel, contém uma grande quantidade de conhecimentos e sabedoria sobre esse e outros importantes acontecimentos de significado místico. Alguns capítulos sobre a Páscoa são, também, encontrados nos livros Coletâneas de um Místico e Ensinamentos de um Iniciado.

Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota. O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós. Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo Interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria. Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.

ÍNDICE

CAPÍTULO I

O CRISTO CÓSMICO

CAPÍTULO II

UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO

CAPÍTULO III

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Primeira Parte

CAPÍTULO IV

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA.

Segunda Parte

CAPÍTULO V

A LIÇÃO DE PÁSCOA

CAPÍTULO VI

O SÍMBOLO DO OVO

CAPITULO VII

A CRUZ DE CRISTO

CAPITULO VIII

QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?

CAPÍTULO I

O CRISTO CÓSMICO

“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,

se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada.

Olharás em vão a Cruz do Gólgota,

enquanto não fizeres um Gólgota de teu coração também”.

AngelusSilésius[1]

A canção popular de hoje, que todo mundo canta com entusiasmo, mas que é esquecida amanhã; o espetáculo que é levado à cena, talvez, cem noites seguidas, para depois ser abandonado e relegado ao pó, e todas as outras coisas que são evanescentes demonstram, claramente, que não tem um valor intrínseco. O brilho de uma estrela cadente ilumina o céu por um momento, mas embora o brilho das outras estrelas seja mais fraco e atraia menos a nossa atenção, suas luzes confortam ao caminhante, noite após noite, através dos tempos. Somente as canções que, por seu valor, são reproduzidas sempre de novo, cuja música não nos cansa nunca, têm realmente algo de valioso na vida. O mesmo acontece nos ciclos cósmicos que sempre se repetem, marcados pelas festas do ano. Como elas são recorrentes, sempre nos ensinam as mesmas antigas lições, sempre sob um novo ponto de vista.

O impulso de vida do Cristo Cósmico que entrou na Terra no último mês de setembro, manifestou-se no nascimento Místico no Natal e realizou sua maravilhosa magia de fecundação do mês de setembro até março e se libertou da cruz da matéria para ascender novamente ao trono do Pai, na Páscoa deixa a Terra coberta de uma glória verde dos próximos meses, pronta para as atividades físicas[1].

Como é em cima, assim também é em baixo. Os processos que se desenvolvem em larga escala na Terra manifestam-se, também, no ser humano. Durante os meses de setembro a março nós fomos completamente impregnados pelas vibrações espirituais que predominaram nos últimos meses, muito mais do que foi possível sob as condições mais materiais que prevalecem entre março e setembro. Chegou-nos em setembro com um novo impulso para a vida superior; culminou na Noite Santa, e sua magia trabalhou dentro de nós e em nossas naturezas na proporção que aproveitamos nossas oportunidades. De acordo com a nossa aplicação ou descuido no último período, o progresso será acelerado ou atrasado no próximo período, porque não existem palavras mais verdadeiras do que aquelas que nos ensinam que somos exatamente aquilo que fizermos de nós mesmos. O serviço que prestamos ou deixamos de prestar determina se a nova oportunidade, para um serviço maior, nos proporciona um impulso mais forte para cima; e não será nunca demais repetir que é inútil esperar libertação da cruz da matéria, antes que tenhamos usado nossas oportunidades aqui e, então obter uma mais ampla capacidade de sermos úteis. Os “cravos” que prendem a Cristo na Cruz do Calvário prendem você e eu, até que o impulso dinâmico de amor flua de nós em ondas e correntes rítmicas, tal como a maré de amor que, anualmente, entra na Terra, e a impregna com vida renovada.

Conhecemos a analogia entre o ser humano – que entra nos seus veículos, quando desperta pela manhã, vive neles e trabalha por meio deles, e a noite é um Espírito livre, livre da escravidão do Corpo Denso – e o Espírito de Cristo que mora em nossa Terra, uma parte do ano. Nós todos sabemos que grilhão e que prisão esse Corpo representa; como nós somos cerceados pelas doenças e sofrimentos, porque não existe ninguém que esteja sempre em perfeita saúde, de maneira que nunca estamos livres de sentir as ânsias de dor, pelo menos ninguém que esteja no estreito caminho espiritual.

A mesma coisa acontece com o Cristo Cósmico, que dirige Sua atenção para a nossa pequena Terra, focando Sua consciência neste Planeta, para que tenhamos vida.  Ele tem que vitalizar esta massa morta (que nós mesmos cristalizamos fora do Sol) todos os anos; e isso é um grilhão, um peso e um aprisionamento para Ele. Esse é o motivo justo e próprio pelo qual devemos nos alegrar quando Ele chega à época doNatal, todos os anos, e nasce, novamente, no nosso mundo para nos ajudar a transformar para melhor essa massa informe, com a qual nos sobrecarregamos. Nossos corações, nessa época, devem voltar-se para Ele, em gratidão pelo sacrifício que Ele faz por nossa causa, durante os meses de: setembro, outubro, novembro e dezembro, permeando este Planeta com Sua Vida, para despertá-lo da hibernação, no qual permaneceria se não fosse Ele, pelo seu nascimento, para dar-lhe vida.

Durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro Ele sofre agonias de torturas, “gemendo, trabalhando e esperando pelo dia da libertação[2], a qual chega no tempo em que nós falamos nas igrejas ortodoxas: Semana da Paixão, mas nós afirmamos que, de acordo com os ensinamentos místicos, essa semana é exatamente a culminação ou ponto mais alto dos Seus sofrimentos, e que Ele, então, sai de Sua prisão; e quando o Sol cruza o Equador, Ele é suspenso na Cruz, exclamando: “Consummatum est!” – “Está consumado!”[3]; ou “Está cumprido!”. Isto quer dizer que o Seu trabalho, para aquele dia, foi cumprido. Não é um grito de agonia, mas um grito de triunfo, um grito de alegria, pois a hora da libertação chegou e, mais uma vez, Ele pode se elevar, por mais um período, se livrando da prisão e do peso do nosso Planeta.

O ponto para o qual desejo chamar vossa atenção é que deveríamos nos alegrar com Ele, nessa grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação, quando Ele exclama: “Está cumprido”. Sintonizemos os nossos corações para esse grande acontecimento Cósmico; alegremo-nos com o Cristo, nosso Salvador, que o tempo de Seu sacrifício anual se completou, mais uma vez; sintamo-nos agradecidos, do fundo dos nossos corações, que Ele está, agora, prestes a ser libertado da prisão terrena; pois a vida que Ele imbuiu no nosso Planeta é suficiente para conservar-se até o próximo Natal.

A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Por isso, quando queremos conhecer a Deus precisamos estudar a Natureza, lembrando-nos sempre que existe um propósito emtoda a manifestação; que a vida é uma escola e aprendendo suas muitas lições a humanidade evolui lentamente de uma chispa divina para a Divindade. Se tivéssemos aprendido as lições da vida, tal como nos foram dadas, não teria havido necessidade do grande sacrifício que foi feito e que é anualmente repetido pelo Espírito de Cristo, que é a personificação do Amor. Por egoísmo, desobediência às Leis e práticas do mal fomos cristalizando rapidamente, não somente nossos corpos, mas, também a Terra na qual vivemos, a um nível que ambos estavam se tornando inúteis como meios de evolução. Quando já não nos podíamos salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o Cristo compassivo ofereceu a Si mesmo e o seu grande Poder de Amor para romper essas condições cristalizadas dos corpos humanos e da Terra. Durante três anos Ele ensinou a Humanidade pela palavra, pelo preceito e exemplo.

Quando Ele foi crucificado no Gólgota o seu Grande Sacrifício pela humanidade apenas começou. Cada ano, desde esse tempo, quando o Sol passa do Signo zodiacal de Virgem para o de Libra, o Espírito de Cristo, retornando à nossa Terra, toca a sua atmosfera. Ele começa a sua jornada de descida em torno de 21 de junho[4], no Solstício de Junho, quando o Sol entra no Signo de Câncer. Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de dezembro. Aí Ele fica por três dias e, depois, começa a voltar. Esta volta completa-se na Páscoa. Da Páscoa até o Solstício de Junho Ele está passando pelos Mundos Espirituais e chega ao Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai, a 21 de junho[5]. Durante julho e agosto, quando o Sol está em Câncer e Leão, Ele reconstrói o seu veículo Espírito de Vida, que Ele trará ao mundo, novamente, e, com esse veículo, Ele voltará a rejuvenescer a Terra e os reinos de vida que nela evolucionam. Do Natal até a Páscoa Ele se dá a Si mesmo sem limitações nem medida, imbuindo com vida, não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra.

Sem essa infusão da vida e energia Divinas, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso seria frustrado, no que concerne à nossa presente linha de desenvolvimento. Essa atividade germinativa da vida do Pai, que nos é trazida por Cristo e entregue amplamente no tempo da Páscoa, que renova o crescimento e intensifica a atividade na planta, no animal e no ser humano, nessa especial parte do ano. Cristo não deixa a Terra na Páscoa senão depois de dar de Si Mesmo até ao máximo. É, então, que a infusão de Sua Vida, junto com os raios quase verticais do Sol, faz as sementes germinarem; as árvores florirem; os pássaros acasalarem, dirigidos pelos seus Espíritos-Grupo, e construírem seus ninhos. A humanidade, então, é fortificada e imbuída com a energia e a coragem necessárias para enfrentar, aproveitar e crescer por meio das experiências inesperadas providas pelos diversos e perplexos problemas da vida.

Para aqueles que se decidiram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei Cósmica, a Páscoa tem um grande significado. Para eles significa a libertação anual do Espírito de Cristo das restrições dolorosas da Terra e Sua gloriosa ascensão ao mundo do Seu verdadeiro lar, para lá permanecer um período junto ao seio do Pai. E se os seus olhos estão verdadeiramente abertos eles podem ver as hostes Angélicas que O estão esperando, prontos para acompanhá-Lo na Sua viagem em direção ao céu; se os seus ouvidos estão sintonizados com os sons celestiais, eles ouvem os coros celestiais cantando Seu louvor e hosanas jubilosos, elevados ao Deus Altíssimo.

Para as almas iluminadas a Páscoa traz uma profunda compreensão do fato de que toda a humanidade é peregrina na Terra; que a verdadeira pátria do Espírito são os Mundos Espirituais e para alcançar esse reino devemos nos esforçar em aprender as lições da escola da vida o mais rápido possível, de maneira que possamos ser capazes de ver para o amanhecer de um dia que nos liberaremos, permanentemente, da escravidão da Terra. Então, da mesma forma como o Cristo libertado, chegaremos a uma realização dessa gloriosa imortalidade, como recompensa da conquista do Espírito perfeito. Para as almas iluminadas, a Páscoa simboliza o amanhecer de um dia feliz, quando toda a humanidade, semelhante ao Cristo, será permanentemente livre das restrições materiais, e ascenderão aos Reinos celestes, tornando-se pilares de força na Casa do Pai, de onde não mais sairão.

CAPÍTULO II

UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO

Para onde eu vou não podes agora seguir-me; mas

depois me seguirás … Aquele que crê em mim

também fará as obras que eu faço

e as fará maiores do que estas.

Jo 13:36; 14:12

Se fôssemos a uma igreja ortodoxa num Domingo de Páscoa, provavelmente ouviríamos a história de Jesus, o Filho de Deus, concebido sem pecado e que, com a idade de 30 anos, assumiu um sacerdócio que durou três anos e que terminou em crucificação e morte por nós; que através de seu sangue podemos ser salvos. Provavelmente, poderíamos ouvir, também, que no dia da Páscoa ele levantou-se novamente dos mortos, subindo depois para o Pai onde está agora sentado à direita da majestade de Deus, de onde retornará para julgar os vivos e os mortos na última Ressurreição.

Porém, mesmo sabendo – em virtude de podermos ler na Memória da Natureza – que Jesus viveu e morreu, que teve uma missão mística da máxima importância para a evolução humana e que os principais acontecimentos daquela grande vida se deram realmente conforme relata o Evangelho, sabemos também que a missão do Cristo Místico é algo infinitamente mais gloriosa do que aquilo que já penetrou no coração dos que conhecem apenas a interpretação ortodoxa dos Evangelhos.

Em primeiro lugar, a festa da Ressurreição, chamada Páscoa, não comemora simplesmente a ressurreição de um indivíduo, mas significa um evento cósmico. Seria extrema tolice celebrar-se a morte e ressurreição de uma pessoa, ocorrida em certo dia do ano, com uma festa móvel que é determinada pelas posições do Sol e da Lua no Signo zodiacal de Áries, o carneiro ou cordeiro.

Cada ano uma onda espiritual de vitalidade invade a Terra no Solstício de Junho, a fim de despertar a semente que hiberna no solo gelado e infundir nova vida ao mundo em que vivemos. Este trabalho se processa durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto o Sol transita pelos Signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes. Então, ele cruza o equador celestial vindo do Sul, onde esteve durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro; esse cruzamento ou crucificação (crucifixão) é então relacionado, cosmicamente, com a sua entrada no Signo de Áries, o carneiro ou cordeiro. Então, o Sol se eleva para os Signos dos céus setentrionais a fim de promover, com seus raios aquecedores, o crescimento da semente no solo já revitalizada pela onda de vida Crística nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Sem essa onda mística anual de energia vital oriunda do Cristo Cósmico, a vida física seria uma impossibilidade. Sem ela não poderia haver nem pão e vinho físicos, nem a transubstanciada tintura espiritual, preparada pela alquimia vinda do sangue do coração do Discípulo.

O cordeiro foi morto quando da fundação do mundo da Época Ária, em que agora vivemos. Seu sangue foi o símbolo que salvou da morte o povo escolhido de Deus quando este deixou o lendário Egito, a pátria de adoração do boi Touro ou Apis. A partir dali, tornou-se idolatria para todos os que haviam sido salvos pelo sangue do cordeiro, adorar o bezerro de ouro, pois as velhas Religiões do boi Touro tinham sido superadas pela Religião do cordeiro, quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, deixou o Signo de Touro e entrou no Signo celestial de Áries, o cordeiro ou carneiro. Completado o tempo em que o Sol, por Precessão dos Equinócios, havia alcançado os sete graus no Signo do carneiro, Cristo veio no corpo de Jesus para estabelecer um novo pacto sob o selo e símbolo dos místicos pão e água da vida. Mas o Cordeiro de Deus precisava morrer, e isto aconteceu individualmente quando Cristo deixou o corpo de Jesus e, cosmicamente quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, saiu do Signo de Áries. Então um novo símbolo precisava ser dado àqueles que seriam os mensageiros durante a entrante Era de Peixes, por conseguinte, Ele, Ele próprio representou na última ceia do cordeiro do sacrifício. O pão e a água da vida foram dados como símbolo do seu corpo e do seu sangue, devendo ser usados para recordá-Lo durante a próxima Era. Há, portanto, uma ligação entre o vinho místico e o sangue, como também entre o pão místico e o corpo, que precisamos compreender se quisermos conhecer o verdadeiro sentido místico da morte e da ressurreição.

Em sua evolução o ser humano recebeu o alimento apropriado ao desenvolvimento de cada um dos seus veículos. Um veículo como o nosso corpo físico, formado de compostos químicos, só pode ser nutrido com substâncias químicas. Analogamente, só Espírito pode atuar sobre Espírito, portanto o vinho foi acrescentado à dieta do ser humano para ajudá-lo a dissolver as pesadas moléculas da carne e estimulá-lo na batalha da existência. A isto se refere à história de Noé (Gn 9:2-20), o qual com seus seguidores, representa a humanidade na era do arco-íris em que a assim chamada “dieta mista” e o vinho constituem a alimentação necessária à presente fase de evolução.

Fortalecido pela Mente carnívora e pelo Espírito do álcool, o ser humano se afastou cada vez mais do caminho da fraternidade, pois nutrindo-se com o mesmo alimento dos carnívoros ele se tornou necessariamente tão feroz quanto um animal predador, passando a caçar instintivamente ao seu próprio semelhante. Enquanto o sistema de procriação e casamento dentro da mesma tribo prendia-o firmemente aos seus companheiros de clã, ele ao menos demonstrava amá-los. Mas desde que os casamentos intertribais entraram em voga e ele começou a emancipar-se gradativamente do Espírito de raça, passou a saquear, ao próprio ser humano e até à própria família. O egoísmo tomou-se ilimitado, nada mais foi sagrado aos olhos cobiçosos, e cada ser humano passou a viver em guarda contra todos os outros. Além da ação que tais coisas trazem, não há descanso, não há paz duradoura nem felicidade na senda da paixão e da autogratificação. Portanto, chega a hora em que o ser humano deseja um fim permanente para os seus sofrimentos mais do que qualquer outra coisa, e aí começa a buscar o caminho da paz, que é também o caminho da pureza e da abnegação. Então ele é introduzido nos mistérios do Gólgota, do Sangue Purificador e da Cruz das Rosas, como segue:

Purificar o sangue do egoísmo é o Mistério no Gólgota. O processo começou quando o sangue de Jesus foi derramado e continuou através das guerras entre nações Cristãs todas as vezes que o ser humano lutou por um ideal, e prosseguirá até que o contraste entre os horrores da guerra e a beleza da fraternidade tenham impressionado suficientemente a espécie humana. Abaixo de nós na escala da evolução estão os vegetais e os animais, acima estão os deuses. Anatomicamente nós pertencemos ao reino animal e, em nossas vidas passadas, vivemos abaixo da nossa condição de humanos. Como os animais, gratificávamos nossos desejos sexuais e nossos apetites, mas enquanto aqueles eram mantidos sob controle por um sábio Espírito-Grupo nós não exercemos nenhum domínio sobre os nossos desejos, pelo que a doença, a dor e o sofrimento tornaram-se o nosso quinhão. Agora, contudo, aspiramos palmilhar a senda da paz em direção à serena felicidade dos deuses. Para isso devemos nos tomar como as plantas, isto é, puros e sem paixões. Consideremos o antigo Templo de Mistérios Atlante, também chamado “O Tabernáculo no Deserto”. Na velha Dispensação, quando a carne oferecida em sacrifício pelos pecados era queimada sobre o altar do sacrifício, seu odor elevava-se aos céus como um atestado da repugnante natureza da transgressão, da paixão e da impureza. Mas dentro do Tabernáculo havia o candelabro de sete braços, que queimava a essência das oliveiras sem desprender odor desagradável. Toda carne foi concebida sob a paixão e o pecado, mas a geração da planta é pura e imaculada. Por conseguinte, a flor aromática, especialmente a rosa vermelha, mantém-se em simbólica e direta oposição à carne corrompida. A flor é o órgão gerador da planta. Ela nos diz que a concepção sem mácula, em amor e pureza, é o caminho da paz e do progresso. Em Sua última reunião com seus Discípulos, Cristo estabeleceu os símbolos do novo pacto, do Testamento: deu-lhes pão para comer, simbolizando o Seu corpo, e a taça simbolizando o Seu sangue. Não uma taça comum para qualquer líquido, nem que o líquido por si só tivesse o poder suficiente para ratificar o novo pacto. O mistério jaz no fato de que a taça e seu conteúdo eram partes essenciais e necessárias de um sublime todo. O nome que designava essa taça mística em latim era “Calix”, em grego era “Poterion”.

Na velha Dispensação só a água era usada nos serviços do templo, mas com o tempo o vinho tornou-se um fator na evolução humana. Um deus do vinho – Baco – passou a ser adorado, e orgias da mais brutal natureza eram celebradas para que, sufocando as aspirações do Espírito, o ser humano se voltasse mais para a conquista do Mundo Físico. Mesmo sob a Dispensação mosaica os sacerdotes eram rigorosamente proibidos de usar o vinho enquanto oficiassem no templo, mas Cristo em sua primeira aparição em público mudou a água em vinho, aprovando deste modo o seu uso na ordem de coisas então existentes. Note-se, todavia, que isso foi feito em público, e que esse foi Seu primeiro ato como sacerdote do povo, mas na última reunião esotérica de Cristo com Seus Discípulos, quando o novo pacto foi dado, não havia nem carne de carneiro (Áries) – conforme estabelecia a ordem Mosaica – nem vinho, mas tão somente pão, um produto vegetal e o cálice do qual falaremos após ouvirmos as palavras que Ele proferiu naquela ocasião: “Não mais beberei deste fruto da videira até o dia em que hei de beber, novo, convosco no Reino dos Céus[6]. O suco novo, recém-espremido da uva, não contém o Espírito da fermentação e da decomposição, mas é um alimento vegetal nutritivo e puro. Por conseguinte, os seguidores da doutrina esotérica foram instruídos por Cristo a não consumirem alimentos cárneos nem alcoólicos.

Geralmente supõe-se que o cálice usado por Cristo na Última Ceia continha vinho, muito embora não haja fundamento bíblico para tal suposição. Existem três relatos dos preparativos para a Páscoa. Mesmo que Marcos e Lucas refiram-se aos mensageiros enviados a certa cidade em busca de um homem que carregava um cântaro de água, nenhum dos evangelistas diz que o cálice continha vinho. Além disso, investigações na Memória da Natureza mostram que a água é que foi usada, e no que diz respeito aos esoteristas o vinho não tinha mais vez. Daquele ato, data também a inauguração do movimento de temperança, pois tais mudanças cósmicas envolvem longos preparativos nos Mundos Espirituais internos antes que possam manifestar-se nas sociedades do Mundo externo. Assim, milhares de anos quase nada significam nesses processos.

O uso da água na Última Ceia também se harmoniza com os requisitos astrológicos e éticos. O Sol saía de Áries – o Signo do Cordeiro – e entrava em Peixes, um Signo de Água. Ia soar uma nova nota de aspiração. Na Era de Peixes entrante ia iniciar-se uma nova fase de soerguimento humano. A autoindulgência ia ser suplantada pela autonegação. O pão, a matéria da vida, que é feito do grão gerado imaculadamente, não estimula paixões como a carne, nem nosso sangue se agita tão apaixonadamente quando recebe água do que quando recebe vinho. Portanto, pão e água são os alimentos e símbolos apropriados aos ideais da Era Peixes-Virgem, pois representam pureza. A Igreja Católica dá aos seus fiéis a água de Peixes na porta dos templos, como dá também o pão da Virgem no altar, mas nega-lhes o cálice de vinho do ofício. Todavia, as considerações acima não conduzem no âmago do mistério oculto no “Cálice do Novo Pacto”.

A taça de vinho velho, que nos foi dada no início da Época Ária – terra da geração – estava cheia de destruição, morte e veneno, de modo que a palavra que então aprendemos a falar é morta e destituída de poder.

A taça de vinho novo, mencionada como o ideal da futura época – a Nova Galileia (não a confundir com a Era de Aquário) – é um órgão etérico construído no interior da cabeça e da garganta pela força sexual economizada, o qual órgão é visto pelos Clarividentes como a haste de uma flor que ascende da parte inferior do tronco. Este cálice, ou taça-semente, é verdadeiramente um órgão criador capaz de emitir a palavra, a vida e o poder.

A palavra atual é produzida por movimentos musculares rudimentares que combinam laringe, língua e lábios de tal modo que a passagem do ar saído dos pulmões gera determinados sons. Mas o ar é um veículo pesado, difícil de mover-se, comparado as forças mais sutis da Natureza como a eletricidade, que se propaga no Éter, de modo que, quando este órgão tiver alcançado pleno desenvolvimento, ele terá o poder de falar a palavra da vida e infundir vitalidade nas substâncias que até ali estiverem inertes. Este órgão está sendo agora construído por nós, através do serviço.

Recorde-se que Cristo não deu o cálice ao povo, mas sim aos Seus Discípulos, Seus mensageiros e servos da Cruz. Nos dias atuais, aqueles que bebem do cálice da auto-abnegação para poderem usar a força no serviço aos outros estão construindo esse órgão e, também, o Corpo-Alma, que é o traje nupcial. Estão aprendendo a usá-lo aos poucos, como Auxiliares Invisíveis, quando fora de seus corpos à noite precisam emitir a palavra de poder para dissipar doenças e produzir tecidos sadios.

Quando a Época Atlante se aproximava do seu fim e a humanidade abandonava o lar de sua infância, onde viveu sob a orientação direta de Guias Divinos, o velho pacto foi feito dando ao ser humano carne e vinho, e estes dois elementos, juntamente com o uso descontrolado da força sexual, tornaram a Época Ária uma era de morte e destruição. Agora estamos nos aproximando do fim dessa era. Estamos em busca do Reino dos Céus, da Nova Galileia, e a fim de preparar-nos para essa época. Cristo nos deu o pão e a água da vida, ordenando-nos ao mesmo tempo não cedermos a luxúria. Tendo feito este novo pacto, Ele foi para a cruz da libertação, deixando atrás de Si o corpo da morte e pairando nas alturas em um veículo de vida, o Corpo Vital. Mas Ele deu aos Seus seguidores a certeza de que, embora eles não O pudessem seguir então ao lugar para onde ia, mais tarde o seguirão. Cada pessoa é um Cristo-em-formação e algum dia acontecerá a “Páscoa” para cada um de nós.

CAPÍTULO III

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Primeira Parte

“Toda a vida de Cristo foi uma cruz e um martírio,

e tu buscas para ti mesmo folga e prazer? Quanto

maior o avanço espiritual de um indivíduo mais

pesadas as cruzes com que ele se depara frequentemente,

pois as dores do seu desterro aumentam

com o fortalecimento do seu amor”.

Thomas de Kempis[7]

Na manhã da Sexta-Feira Santa de 1857, Richard Wagner[8], o maior artista do século dezenove, sentou-se à varanda de uma vivenda suíça que se debruçava às bordas do lago de Zurich[9]. O panorama que se descortinava ao redor estava banhado por um glorioso brilho do Sol; paz e boa vontade pareciam vibrar por toda a Natureza. A criação inteira palpitava de vida e o ar estava carregado da deliciosa fragrância dos bosques de pinho – bálsamo gratificante para um coração atormentado e uma Mente agitada.

Então, de súbito, como um raio caído do céu azul, surgiu na alma profundamente mística de Wagner a lembrança do execrável significado daquele dia – o mais sombrio e mais doloroso do ano Cristão. Essa lembrança o inundou de tristeza, pelo contraste com o que via. Era uma incongruência marcante entre o alegre cenário que tinha diante de si, a clara atividade notável da Natureza, em luta pela renovação da vida após o longo sono hibernal, e o mortal esforço do Salvador torturado na cruz; entre os gorjeios plenos de vida e amor dos milhares de cantores de pena do bosque, na charneca e no prado, e os hediondos gritos de ódio duma turba enfurecida que insultava e zombava do mais nobre ideal que o mundo já conheceu; entre a maravilhosa energia criadora manifestada pela Natureza na primavera[10] e o elemento destruidor no ser humano, que assassinou o caráter mais nobre que já agraciou a Terra.

Enquanto Wagner meditava assim sobre os paradoxos da vida, ocorreu-lhe a pergunta: “há alguma relação entre a morte do Salvador por crucificação, na Páscoa, e a energia vital que se manifesta tão abundantemente na primavera quando a Natureza começa a vida de um novo ano?”.

Mesmo que Wagner não percebesse, conscientemente, o significado total da relação entre a morte do Salvador e o rejuvenescimento da Natureza, não obstante ele havia dado com a chave de um dos mais sublimes mistérios com que o Espírito humano já deparou em sua peregrinação da Terra à Deus.

Na noite mais escura do ano, quando a Terra dorme mais profundamente no abraço do frio Boreal, quando as atividades materiais descem ao nível mais baixo, uma onda de energia espiritual transporta em sua crista a “Palavra do Céu”, divina e criadora, para um nascimento místico no Natal. Então, como uma nuvem luminosa, o impulso espiritual paira sobre o mundo que “não o conheceu[11] porque ele “brilha nas trevas[12] do inverno, quando a Natureza está paralisada e muda.

Essa divina “Palavra” criadora contém uma mensagem e tem uma missão. Nasceu para “salvar o mundo[13] e “para dar sua vida pelo mundo”. Deve, necessariamente, sacrificar sua palavra para conseguir o rejuvenescimento da Natureza. Gradativamente sepulta-se na Terra e passa a infundir sua própria energia vital nas milhões de sementes que jazem adormecidas no solo. Sussurra a “palavra de vida” nos ouvidos dos animais e pássaros, até que o evangelho das boas novas tenha sido pregado a todas as criaturas. O sacrifício se completa totalmente na época do ano em que o Sol cruza seu nódulo oriental no Equinócio de Março. Então a divina palavra criadora expira. Em um sentido místico, ela morre na cruz da Páscoa, emitindo um último brado de triunfo: “Está Consumado[14] (Consummatum est).

Porém, do mesmo modo que o eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também o canto celestial de vida se repete sobre a Terra. A criação inteira entoa um cântico de louvor, que é repetido sem cessar pelo coro de uma legião de línguas. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado de flores multicores, toma o lugar da mortalha do imaculado branco gelado. Dos animais de pelo e pena, em todos a palavra de vida ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito libertou-se para uma vida mais abundante.

Podemos, assim, observar todos os anos, misticamente, o nascimento, a morte e a ressurreição do Salvador como o fluxo e o refluxo de um impulso espiritual que culmina no Solstício de Dezembro – Natal – e sai da Terra logo após a Páscoa, quando a “palavra” sobe ao Céu, no Domingo de Pentecostes. Mas lá não fica para sempre. Foi-nos ensinado que “dali retornará”, “no Juízo”. Portanto, quando o Sol desce pelo equador, em outubro, através do Signo de Libra – época em que os frutos do ano são colhidos, pesados e classificados por tipos – começa a descida do Espírito do novo ano, culminando esta descida no nascimento, no Natal.

O ser humano é uma miniatura da Natureza. O que acontece em grande escala na vida de um Planeta, como a nossa Terra, ocorre em escala menor ao longo da vida do ser humano. Um Planeta é o corpo de um grande, maravilhoso e exaltado Ser, um dos Sete Espíritos diante do Trono (do Pai Sol). O ser humano também é um Espírito “feito à sua imagem e semelhança”. Assim como um Planeta gira em seu caminho cíclico ao redor do Sol, de onde é emanado, assim também o Espírito humano se move numa órbita em volta de sua fonte central – Deus. Sendo elípticas as órbitas planetárias, possuem pontos muitíssimo próximos e pontos extremamente afastados dos seus centros solares. De maneira análoga, a órbita do Espírito humano é elíptica. Nós estamos mais perto de Deus quando nossa jornada cíclica nos leva à esfera de atividade celeste – o Céu – e estamos mais separados d’Ele durante a vida terrena. Tais mudanças são necessárias ao nosso crescimento anímico. Assim como as festividades do ano assinalam o caráter repetitivo de acontecimentos importantes na vida de um Grande Espírito, do mesmo modo nossos nascimentos e mortes são fatos de repetição periódica. É tão impossível para o Espírito permanecer definitivamente no Céu ou na Terra como o é para um Planeta deter-se em sua órbita. A mesma imutável lei de periodicidade que determina a ininterrupta sequência das estações, a alternação do dia com a noite e os fluxos e refluxos das marés, governa também a marcha progressiva do Espírito humano tanto no Céu quanto na Terra.

Dos domínios de luz celestial onde vivemos em liberdade, sem as limitações do tempo e do espaço, onde vibramos em uníssono com a infinita harmonia das esferas, nós descemos para nascer no Mundo Físico, onde nossa visão espiritual torna-se obscurecida pela corda enrolada que nos agrilhoa a esta fase de limitações da nossa existência. Vivemos uns tempos aqui, depois morremos e subimos aos céus, para renascer e morrer outra vez. Cada vida terrena é um capítulo da história seriada da vida, extremamente humilde em seu começo, mas crescendo em interesse e importância à medida que ascendemos para estágios de responsabilidade humana, cada vez mais altos. Nenhum limite é concebível, pois somos divinos em essência e, portanto, temos latentes em nós as infinitas possibilidades de Deus. Quando tivermos aprendido tudo o que este mundo tem para ensinar-nos, uma órbita mais ampla, uma esfera maior de utilidade sobre-humana, abrir-se-á às nossas maiores capacidades.

“Mas, e Cristo?” – Pode alguém perguntar. “Você não acredita n’Ele? Você está discorrendo sobre a Páscoa, o feriado que comemora a morte cruel do Salvador e Sua gloriosa e triunfante ressurreição, todavia parece referir-se a Ele mais como uma alegoria que como um fato.”.

Certamente nós cremos em Cristo; amamo-Lo de todo o coração e com toda a nossa alma, mas queremos enfatizar a crença de que Cristo é a primícia da raça. Ele disse que nós poderíamos fazer as coisas que Ele fez, “e maiores ainda”. Portanto, somos Cristos-em-formação.

Estamos muito habituados a buscar um Salvador externo ao mesmo tempo que abrigamos um demônio interno, mas até que Cristo seja formado EM NÓS, conforme disse São Paulo, buscaremos em vão, porque assim como é impossível para nós percebermos a luz e a cor ao nosso redor sem o registro de suas vibrações pelo nosso nervo ótico, e assim como permanecemos inconscientes do som quando o tímpano dos nossos ouvidos está insensível, do mesmo modo permanecemos cegos à presença de Cristo e surdos à Sua voz enquanto não despertarmos nossa natureza espiritual interna. No entanto, uma vez despertada essa natureza espiritual, o Senhor do Amor se revela como uma realidade primordial, baseado no princípio de que, fazendo-se vibrar um diapasão, outro diapasão de mesmo tom começará também a vibrar, enquanto outros de tons diferentes ficarão mudos. Por isso Cristo disse que Suas ovelhas conheciam-No pelo som de Sua voz, à qual respondiam, mas não ouviam a voz do estranho (Jo 10:5). Não importam nossos credos, todos somos irmãos de Cristo, portanto regozijemo-nos: o Senhor ressuscitou! Busquemos a Ele e esqueçamos nossos credos e outras diferenças de menor importância.

CAPÍTULO IV

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Segunda Parte

O sinal da Cruz estará no céu quando o Senhor

vier para julgar. Então, todos os que servem a

Cruz e que na vida se tenham harmonizado com o

Crucificado poderão aproximar-se de Cristo com

toda coragem.

Thomas de Kempis

Mais uma vez chegamos ao ato final do drama cósmico que envolve a descida do Raio solar de Cristo ao interior da matéria de nossa Terra, o qual se completa no nascimento místico celebrado no Natal e na Morte Mística e Libertação, celebradas logo após o Equinócio de Março, quando o Sol do novo ano inicia sua ascenção às esferas superiores dos céus setentrionais, depois de verter sua vida para salvar a humanidade e revigorar todas as coisas sobre a Terra. Nessa época do ano uma nova vida, uma energia intensificada, circula com força irresistível nas veias e artérias de todos os seres vivos, inspirando e instilando neles novas esperanças, novas ambições e nova vida, e impelindo-os a novas atividades pelas quais possam aprender novas lições na escola da experiência. Consciente ou inconscientemente, tudo o que tem vida beneficia-se desse manancial de energia fortalecida. Até a planta responde por um aumento de circulação de seiva, que resulta em uma renovação de folhas, flores e frutos, meios pelos quais esta classe de vida expressa-se a si mesma e evolui para um estado superior de consciência.

Mas ainda que maravilhosas sejam essas manifestações físicas externas, e ainda que possa ser chamada de gloriosa essa transformação da Terra de um deserto de neve e gelo em um formoso jardim florido, isso é insignificante diante das atividades espirituais paralelas que se efetuam ao mesmo tempo. As características salientes do drama cósmico são idênticas em termos de época com os efeitos materiais do Sol nos quatro Signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), porque os eventos mais significativos ocorrem nos pontos equinociais e solsticiais.

Realmente, é de fato verdadeiro que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser[15]. Fora d’Ele não poderíamos existir; vivemos por e através de Sua vida; movimentamo-nos e agimos por e através de sua fortaleza; é o Seu poder que sustenta nossa morada, a Terra, e sem Seus incessantes e invariáveis esforços o universo desintegrar-se-ia por si mesmo. Sabemos que o ser humano foi feito à semelhança de Deus, e nos é dado compreender que, consoante a lei de analogia, possuímos internamente certos poderes latentes idênticos àqueles que vemos tão poderosamente manifestados pela Deidade na obra do universo. Isso desperta, em nós, um particular interesse no drama cósmico anual em que envolve a morte e ressurreição do Sol. A vida do Deus-Homem, Cristo-Jesus, foi moldada de conformidade com a história solar e prenuncia, de modo idêntico, tudo o que pode acontecer ao Homem-Deus, a quem Cristo-Jesus profetizou quando disse: “As obras que eu faço vós fareis também, e maiores ainda[16]; para onde vou agora vós não podeis ir, mas depois podereis seguir-me”[17].

A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Ela nada faz em vão ou arbitrariamente, mas existe um propósito por trás de todas as coisas e de todos os atos. Por conseguinte, devemos estar alertas e considerar cuidadosamente os sinais nos céus, porque eles possuem um significado profundo e importante referentes às nossas próprias vidas. A compreensão inteligente desses propósitos capacita-nos a trabalhar mais eficazmente com Deus em Seus maravilhosos esforços para emancipar nossa raça da escravidão das leis da Natureza e, mediante essa liberação, alcançarmos a plena estatura de filhos de Deus, coroados de glória, honra e imortalidade; livres do poder do pecado, da doença e do sofrimento que agora encurtam nossas existências terrenas em razão de nossa ignorância e de inconformidade às leis de Deus. O propósito divino visa essa emancipação, e ser ela conseguida através do longo e tedioso processo evolutivo ou ser alcançada através do caminho muitíssimo mais curto da Iniciação, isso depende da nossa vontade de cooperar ou não. A maioria da humanidade atravessa a vida com olhos que não veem e ouvidos que não ouvem. Segue absorvida em seus negócios materiais, comprando e vendendo, trabalhando e divertindo-se sem a devida apreciação ou compreensão dos propósitos da existência e, ainda que tais propósitos se tornassem claros, é provável que dificilmente se conformasse em virtude do sacrifício que isso envolve.

Não é de estranhar que Cristo chame especialmente o pobre e enfatize a dificuldade do rico entrar no Reino dos Céus, pois mesmo hoje, quando a humanidade já avançou dois milênios na escola da evolução desde aquela data, vemos que a grande maioria ainda dá mais valor às suas casas e terras, às suas roupas e chapéus, aos prazeres sociais, festas e banquetes do que aos tesouros celestiais, que se juntam pelo serviço aos outros e sacrifício de si mesmo. Ainda que essa maioria possa perceber intelectualmente a beleza da vida espiritual, a conveniência desta torna-se insignificante aos seus olhos quando comparada ao sacrifício exigido para alcançá-la. Como o moço rico, ela seguiria, voluntariamente, a Cristo não fora a necessidade de tanto sacrifício. Prefere ir-se quando percebe que o sacrifício é a única condição para ingressar-se no discipulado. Portanto, para tais pessoas a Páscoa não é mais que uma ocasião de regozijo porque se trata do fim de um momento especial e começo de outro momento especial diferente, que convida manifestações de alegrias.

Mas para aqueles que escolheram, definitivamente, a senda do auto sacrifício que conduz à libertação, a Páscoa é o sinal anual que evidencia as bases cósmicas de suas esperanças e aspirações.

No Sol da Páscoa, que no Equinócio de Março começa a percorrer os céus setentrionais, após verter sua vida na Terra, temos o símbolo cósmico da veracidade da ressurreição. Quando o consideramos como um fato cósmico enquadrado na lei de analogia, que relaciona o macrocosmo com o microcosmo, o importante é saber que algum dia alcançaremos a consciência cósmica e conheceremos positivamente por nós mesmos, por nossa própria experiência, que a morte não existe, mas o que isso parece é apenas uma transição para uma esfera mais sutil.

É um símbolo anual para fortalecer as nossas almas no afã das boas-obras, para que possamos tecer o manto dourado nupcial requerido para converter-nos em filhos de Deus no sentido mais elevado e mais santo. É literalmente verdadeiro que enquanto não andarmos na luz, como Ele na luz está, não seremos fraternais uns com os outros. Mas, fazendo sacrifícios e prestando os serviços que se requerem de nós para ajudar na emancipação da raça humana, estamos assim construindo um Corpo-Alma de radiante luz dourada, que é a substância especial emanada do e pelo Espírito do Sol, o Cristo Cósmico. Quando esta substância dourada nos envolver com densidade suficiente, então seremos capazes de imitar o Sol da Páscoa e pairar em esferas mais elevadas.

Com esses ideais firmemente impressos em nossas Mentes, a época da Páscoa se converte em uma estação apropriada para revisarmos nossas vidas durante o ano que passou e tomarmos novas resoluções que adiantem nosso crescimento anímico até ao próximo. É uma época em que o símbolo do Sol ascendente deve levar-nos a uma compreensão profunda do fato de que na Terra não somos mais que peregrinos e forasteiros; que, como Espíritos, nossa verdadeira pátria é o Céu; e que devemos esforçar-nos para aprender as lições desta vida tão depressa quanto nos permitam os caminhos apropriados. O Dia da Páscoa marca a ressurreição e libertação do Espírito de Cristo dos planos inferiores, e essa libertação deve lembrar-nos de buscar continuamente a aurora do dia em que estaremos permanentemente livres das malhas da matéria, do corpo de pecado e morte, juntamente com todos os nossos irmãos em escravidão. Nenhum aspirante sincero poderia conceber uma libertação que não incluísse a todos que estivessem na mesma situação.

Esta é uma tarefa gigantesca. Enfrentá-la pode muito bem desalentar o mais valente coração, de modo que se estivéssemos sozinhos não poderíamos realizá-la, mas as Hierarquias Divinas, que têm guiado a humanidade no caminho evolutivo desde o começo da jornada, ainda estão ativas e trabalhando conosco desde os Mundos Espirituais siderais, de maneira que com sua ajuda seremos, oportunamente, capazes de conseguir o soerguimento da humanidade como um todo e alcançar uma condição individual de glória, honra e imortalidade. Com esta enorme esperança dentro de nós mesmos, com esta grande missão no mundo trabalhemos como nunca para sermos melhores homens e mulheres, de forma que, por nossos exemplos, possamos despertar nos outros o desejo de levar uma vida que conduza à libertação.

CAPÍTULO V

A LIÇÃO DE PÁSCOA

“Porque se morreres com Ele, também com Ele

viverás, e se partilhares dos Seus sofrimentos,

da Sua glória também partilharás”.

Thomas de Kempis

Outra vez a Terra alcança o Equinócio de Março, em seu movimento anual de translação em torno do Sol, e assim chegamos à Páscoa. O raio espiritual emitido pelo Cristo Cósmico nesse período, para reativar a esgotada vitalidade da Terra, está quase subindo de volta ao Trono do Pai. Às atividades espirituais de fecundação e germinação, levadas a efeito durante os últimos seis meses, seguir-se-ão os processos de crescimento físico e amadurecimento durante os próximos seis meses, sob a influência do Espírito da Terra. O ciclo termina no “Lar da Colheita”. Deste modo o grande Drama do Mundo é encenado e reencenado ano após ano, numa eterna disputa entre a vida e a morte, sendo cada uma por vez vencedora e vencida na sequência dos ciclos.

Os grandes fluxos e refluxos cíclicos não estão limitados em seus efeitos à Terra, à sua flora e fauna. Exercem igualmente uma influência dominante sobre a humanidade, mesmo que a grande maioria não se aperceba das causas que a impelem a agir numa e noutra direção. Não obstante, essa ignorância, permanece o fato de que a mesma vibração terrestre que adorna vistosamente as aves e outros animais nesses próximos três meses, responde também pelo desejo humano de se vestir com cores alegres e roupas mais claras nessa época do ano. É, também, “o apelo do silvestre campo”, que nos subsequentes três meses convida o ser humano a relaxar no meio rural, onde os Espíritos da natureza exercitaram suas artes mágicas nos campos e florestas, para recuperar-se da tensão das condições artificiais reinantes nas cidades congestionadas.

Por outro lado, é a “queda” do raio espiritual do Sol nos meses de setembro, outubro e novembro que causa o reinício das atividades mentais e espirituais nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A mesma força germinadora que fermenta a semente na terra e a prepara para reproduzir sua espécie multiplicada, também ativa a Mente humana e fomenta atividades altruístas que tornam o mundo melhor. Caso essa grande onda de desprendido Amor Cósmico não culminasse no Natal, com vibrações de paz e boa-vontade, não poderia haver nenhuma sensação festiva em nossos corações de modo a gerar o desejo de fazer os outros igualmente felizes. O costume universal de dar presentes no Natal seria impossível, e todos nós sofreríamos essa perda.

Quando Cristo andava, dia após dia, pelas colinas e vales da Judeia e Galileia, ensinando às multidões, todos foram beneficiados. Mas Ele convivia mais com Seus Discípulos, e estes cresciam rapidamente cada dia. À medida que o tempo passava esses laços de amor estreitavam-se ainda mais, até que, um dia, mãos impiedosas tiraram o amado Mestre e o levaram a morte desonrosa. Contudo, mesmo que tenha morrido na carne, Ele continuou a conviver intimamente com Seus Discípulos por algum tempo, em Espírito. Mas por fim subiu às esferas superiores, perdendo-se assim o contato direto com Ele, e aqueles homens olharam-se tristemente, cara a cara e perguntaram-se: “É este o fim?”. Eles haviam esperado tanto, haviam alimentado tão elevadas aspirações que, apesar da verdejante paisagem continuar brilhante e beijada pelo Sol como antes de Sua Partida, a Terra parecia fria e monótona, pois sombria desolação oprimia os seus corações.

Algo semelhante também acontece conosco quando buscamos seguir o Espírito e lutar contra a carne, mesmo que a analogia não tenha sido aparente até aqui. Quando, nos meses de setembro, outubro e novembro a “queda” do raio Crístico começa anunciando a época da supremacia espiritual, logo o sentimos e começamos avidamente a banhar nossas almas nessa bendita maré. Experimentamos uma sensação semelhante à dos Apóstolos, quando andavam com Cristo, e à medida que os meses avançam torna-se cada vez mais fácil comungar com Ele, face a face, como antes. Mas, no curso anual dos acontecimentos, a Páscoa e Ascenção do raio de Cristo “ressuscitado” para o Pai, deixa-nos em idêntica posição à dos Apóstolos quando seu querido Mestre se afastou. Nós ficamos desolados e tristes, vemos o mundo como um deserto monótono e não podemos atinar com a razão de nossa perda, que é tão natural como os fluxos e refluxos das marés ou como os dias e as noites – fases da era atual dos ciclos alternados.

Existe um perigo nesta atitude mental. Se permitirmos que ela nos domine, é possível que abandonemos o nosso trabalho no mundo e nos convertamos em sonhadores desiludidos, percamos, nosso equilíbrio e provoquemos, contra nós, a crítica muito justa dos demais. Este tipo de conduta é inteiramente errado, pois, assim como a Terra emprega o seu esforço material para produzir abundantemente em um período, após haver recebido o ímpeto espiritual em outro período, é nosso dever, também, envidar os maiores esforços ao trabalho do mundo quando possuímos o privilégio de comunicar com o Espírito. Assim fazendo, é possível que despertemos nos outros o Espírito de emulação e o de reprovação.

Estamos acostumados a pensar no avaro como alguém que junta ouro, sendo essa classe de pessoas objeto de desprezo, de modo geral. Mas há indivíduos que lutam tão tenazmente para adquirir conhecimento, quanto se esforça o avaro para acumular ouro, não hesitando em usar qualquer meio ou subterfúgio para alcançar seu intento e guardando consigo seus conhecimentos, tão egoisticamente quanto o avaro guarda o seu tesouro. Não compreendem que por tal método eles fecham de fato as portas à uma sabedoria maior. A antiga teologia nórdica continha uma parábola que, simbolicamente, esclarece o assunto. Dizia que todos os que morriam no campo de batalha (as almas fortes que combateram o bom combate até o fim) eram levados ao Valhalla[18], a estar com os deuses, enquanto os que morriam na cama ou por doenças (as almas fracas, que vagavam pela vida) iam para o lúgubre Niflheim. No Valhalla, os valentes guerreiros banqueteavam-se diariamente com a carne de um javali chamado Scrimner, que se caracterizava por uma particularidade: sempre se cortava um pedaço de suas carnes, imediatamente outro crescia no lugar, de modo que seu corpo nunca era consumido, não importa quanto se cortasse dele. Isto simbolizava adequadamente o “conhecimento”, pois, não importa quanto dele possamos dar aos outros, o original sempre fica conosco.

Existe, portanto, certa obrigação de transmitirmos os conhecimentos que possuímos, pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido”[19]. Se acumularmos as bênçãos espirituais que temos recebido, o mal nos ronda, por isso imitemos a Terra nesta época da Páscoa. Externemos no Mundo Físico da ação, os frutos do Espírito semeados em nossas almas durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Habilitemo-nos a receber bênçãos cada vez maiores de ano para ano.

CAPÍTULO VI

O SÍMBOLO DO OVO

“E quando este corpo incorruptível se revestir de incorruptibilidade,

e o que é mortal se revestir de imortalidade,

e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”.

ICor 15 :54

Para os nossos irmãos e irmãs do hemisfério norte passaram-se os sombrios e monótonos dias do inverno (meses de dezembro, janeiro e fevereiro). A Mãe Natureza remove o manto frio de gelo que cobre a terra, permitindo a milhões e milhões de sementes abrigadas no chão macio, romperem sua crosta e vestirem o solo com trajes de verão numa orgia de cores alegres e vistosas, preparando as “câmaras nupciais” para os animais e aves se acasalarem.

Na presente estação a Mente do mundo volta-se para a festividade que chamamos Páscoa, na qual se comemora a morte e ressurreição do nobre indivíduo que o mundo conhece pelo nome de Jesus, cuja história de sua vida foi escrita nos Evangelhos. Mas um Cristão Místico tem uma visão mais profunda e mais ampla desse evento cósmico que se repete anualmente. Para este, o que existe é uma impregnação anual da Terra com a vida do Cristo Cósmico. Uma inalação que tem lugar durante os meses de setembro, outubro, e novembro, culminando no Solstício de Dezembro, quando celebramos o Natal, e uma exalação que chega ao fim na época da Páscoa.

O drama cósmico de vida e morte é representada anualmente, por todas as criaturas e coisas evoluintes, da maior à menor, porque até o grande e sublime Cristo Cósmico, em Sua compaixão, torna-se sujeito à morte quando entra nas condições enclausurantes da Terra, em um período do ano. Por conseguinte, é oportuno recordar alguns pontos relativos à morte e renascimento que, às vezes, podemos esquecer.

Entre os símbolos cósmicos conservados desde a antiguidade, nenhum é mais comum que o do ovo. Acha-se em toda Religião. Encontramo-lo no Antigo Eddas dos Escandinavos, venerável pela idade, que nos fala do mundano esfriado pelo sopro gelado do Niebelheim, mas aquecido pelo hálito quente do Muspelheim, antes que os vários Mundos Espirituais e o próprio ser humano viessem a existir. Se nos voltarmos para o ensolarado sul, podemos achar nos Vedas da Índia a mesma história no mito Kalahansa, o Cisne do tempo e do espaço, o qual pôs o ovo que veio a ser, finalmente, o mundo. Entre os egípcios encontramos o globo alado e as serpentes ovíparas, simbolizando a sabedoria manifestada neste nosso mundo. Os gregos utilizaram esse simbolismo, reverenciando-o em seus Mistérios. Foi preservado pelos Druidas; tal símbolo era também conhecido dos construtores do grande outeiro da serpente, em Ohio; e conservou seu lugar na simbologia sagrada até hoje, muito embora a grande maioria de seres humanos seja cega ao grande mistério que ela encerra e revela – o mistério da vida.

Quando quebramos a casca de um ovo, achamos apenas fluídos viscosos de coloração variada e consistências diversas. Mas se submetido a uma temperatura adequada logo se dá uma série de mudanças e assim, em pouco tempo, uma criatura viva pode romper a casca e surgir pronta para assumir seu lugar entre os de sua espécie. Os magos dos laboratórios podem duplicar as substâncias do ovo e injetá-las numa casca de maneira que, conforme as experiências feitas até aqui, uma réplica perfeita do ovo natural pode ser produzida. Contudo, este difere do ovo natural em um ponto, isto é nenhuma coisa viva pode ser incubada no produto artificial. Fica evidente, portanto, que alguma coisa intangível deve estar presente em um e ausente em outro.

Esse mistério de todos os tempos que produz o ser vivo é que nós chamamos vida. Visto que a Vida não pode ser detectada em meio aos elementos do ovo, nem mesmo através do mais potente microscópio (ainda que ela ali esteja para produzir as mudanças que se notam), é de concluir-se que ela deve ser capaz de existir independentemente da matéria. Aprendemos, pois, através do sagrado simbolismo do ovo que, apesar da vida ser capaz de modelar a matéria, não depende, entretanto, desta para existir. Ela é autoexistente e não tendo princípio não pode também ter fim. Isto é simbolizado pela forma ovoide do ovo.

Quando nos apercebemos do verdadeiro conhecimento contido no simbolismo do ovo de que a vida nunca teve princípio e nunca terá fim, habilitamo-nos a criar coragem e admitir que aqueles que se retiram agora da existência física estão apenas atravessando uma jornada cíclica idêntica à da vida do Cristo Cósmico, vida que penetra a Terra no outono e a abandona na Páscoa. Vemos assim como a grande Lei da Analogia atua em todas as circunstâncias e em todas as fases da vida. O que acontece no grande mundo ao Cristo Cósmico verifica-se também nas vidas daqueles que são Cristos-em-formação.

Devemos admitir que a morte é uma necessidade cósmica nas atuais circunstâncias, porque se fôssemos aprisionados num corpo como o que agora usamos, e fôssemos colocados num ambiente tal e qual este em que nos encontramos hoje, para assim viver perenemente, as enfermidades do corpo e as condições insatisfatórias do ambiente bem cedo nos fariam cansar da vida e implorar por libertação. Isso impediria todo progresso e tornaria impossível para nós evoluirmos às alturas mais elevadas, tais como os que podemos alcançar por meio do nascimento em novos veículos e novos ambientes que nos permitam novas possibilidades de crescimento. Por conseguinte, devemos agradecer a Deus o fato de que, enquanto o nascimento em um corpo concreto tem sido necessário para um desenvolvimento futuro, a liberação pela morte tem sido proporcionada para libertar-nos do instrumento esgotado pelo uso; e a ressurreição e um novo nascimento sob o céu alegre de um novo ambiente fornecem-nos outras oportunidades para recomeçar a vida com a ficha limpa e aprender as lições que não conseguimos assimilar antes. Por este método seremos, algum dia, perfeitos como o Cristo ressuscitado. Ele assim determinou e nos ajudará a consegui-lo.

CAPÍTULO VII

A CRUZ DE CRISTO

“Se alguém quiser vir após mim,

negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Mt 16:24

De acordo com uma antiga lenda, quando expulso do Paraíso, Adão levou consigo três mudas da árvore da vida, as quais, plantadas pelo seu filho Seth, vingaram e cresceram. De uma delas se fez mais tarde o cajado de Aarão, com o qual este operou milagres diante do Faraó. Outra foi levada ao Templo de Salomão para servir de pilar ou coisa semelhante ali, mas, como não serviu para nada no interior do edifício, foi então utilizada como uma ponte sobre um regato que corria fora do Templo. A terceira foi usada para fazer-se a cruz de Cristo, sobre a qual Ele sofreu por nós, libertou-se finalmente, penetrou na Terra e tornou-se o Espírito Planetário do nosso globo, no qual Ele agora sofre e geme esperando o dia da libertação.

Existe um grande significado nessa lenda antiga. A primeira muda da árvore representa o poder espiritual exercido pelas Hierarquias Divinas na infância da humanidade, isto é, um poder exercido por outrem para o nosso próprio benefício. A segunda era para ser usada no Templo de Salomão. Ninguém pode apreciá-la, exceto a Rainha de Sabá, nenhuma serventia foi achada para ela, pois o Templo de Salomão era a consumação das artes e ofícios e em uma civilização materialista nada que seja espiritual é apreciado. Os Filhos de Caim conseguiam sua salvação ao longo de linhas materiais, portanto não precisavam de poderes espirituais. Assim, “ela foi usada como ponte sobre o regato”. Sempre existiram almas – os reais, os verdadeiros Maçons Místicos – capazes de usar essa ponte que vai do visível ao invisível, e de voltarem ao Jardim do Éden; ao Paraíso, através da mesma. Foi a terceira muda da árvore da vida que deu a cruz de Cristo. Erguido naquela cruz foi que Ele conseguiu se libertar desta existência física e entrar nas esferas superiores. De modo semelhante nós também, ao tomarmos nossa cruz e segui-Lo, podemos desenvolver nossos poderes anímicos e ingressar numa esfera de maior utilidade nos Mundos invisíveis. Esforcemo-nos todos de modo que, dia após dia, sejamos encontrados de joelhos e vencedores, agarrados à cruz de Cristo para que, num dia não muito distante, possamos subir à nossa própria cruz e dali alcançarmos a gloriosa libertação, a ressurreição da vida da qual Cristo foi e continua sendo os primeiros frutos para toda alma crente. Esta é a autêntica, a verdadeira mensagem da Páscoa e devemos compreender que todos somos Cristos-em-formação, e que quando Cristo nasce real e verdadeiramente dentro de nós Ele então nos mostrará o caminho da cruz a partir da Árvore do Conhecimento pela qual conseguimos avançar. Essa cruz trouxe morte à Árvore da Vida no Corpo Vital, mas trouxe também a imortalidade.

CAPÍTULO VIII

QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste Tabernáculo se desfizer,

temos da parte de Deus um edifício,

casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.

IICor 5: 1

Que fim teve o Corpo Denso de Jesus, colocado no túmulo, mas não encontrado na manhã do domingo de Páscoa? E se o Corpo Vital de Jesus foi preservado para ser usado novamente por Cristo, como pode ele, Jesus, estar nesse meio tempo funcionando num Corpo Vital? Não teria sido mais fácil conseguir para Cristo, em Sua segunda vinda, outro Corpo Vital?

Essas perguntas foram respondidas assim, no “Ecos” de 1914[20]:

Estudos nas Escrituras revelam o fato de que Cristo costumava afastar-se de Seus Discípulos e que estes ignoravam para onde Ele ia nessas ocasiões ou, se não ignoravam, isso jamais foi mencionado. O motivo desses afastamentos, porém, era que, sendo Ele um Espírito tão glorioso, Suas vibrações eram demasiado elevadas mesmo para o melhor e mais puro dos veículos físicos, fazendo-se, portanto, necessário retirar-se deste veículo, frequentemente, para um período de completo repouso, de modo que o padrão vibratório de seus átomos pudesse baixar ou voltar ao normal. Por conseguinte, Cristo habitualmente buscava os Essênios em tais momentos, aos cuidados de quem deixava o Corpo, uma vez que eles eram peritos em lidar com o Corpo Denso. Cristo nada sabia de como tratar o veículo que recebera de Jesus. Não fora esses repousos e os cuidados recebidos, o corpo de Jesus ter-se-ia desintegrado bem antes de se haverem completado os três anos do Seu ministério, e assim o Gólgota não teria sido alcançado.

Quando o tempo se esgotou e o ministério terreno chegou ao fim, os Essênios pararam de intervir, então as coisas tomaram o seu curso natural e a tremenda força vibratória que atuava sobre os átomos físicos espalhou-os aos quatro ventos de modo que, quando o túmulo foi aberto poucos dias depois, nenhum sinal do corpo foi encontrado.

Isso se harmoniza perfeitamente com as leis naturais que conhecemos e com o seu modo de atuarem no Mundo Físico. A corrente elétrica de baixa potência queima e até mata, enquanto a alta voltagem pode atravessar o corpo sem prejudicá-lo. A luz, que possui elevadíssimo grau vibratório, é agradável e benéfica ao corpo, mas quando focalizada através de uma lente esse grau vibratório é reduzido, produzindo-se então o fogo que queima e destrói. De modo idêntico, quando Cristo, o Grande Espírito Solar, entrou no Corpo Denso de Jesus, reduzindo Seu padrão vibratório em virtude de resistência da matéria densa, tê-lo-ia queimado – como na cremação – caso não tivessem sido tomadas medidas para evitá-lo. A força era a mesma, os resultados idênticos, exceto num pormenor: o fogo que consumiu o corpo de Jesus não produziu cinzas, conforme aconteceria com o fogo comum que produz chamas. A propósito, é bom recordar que o fogo, embora invisível, encontra-se latente em todas as coisas. É verdade que não o vemos na planta, no animal ou na pedra, não obstante, ele ali está perceptível à visão interna e capaz de manifestar-se a qualquer momento na substância física em forma de chama.

Uma das nossas ilusões é a de que o corpo que habitamos é vivo. Isto de fato não acontece. Pelo menos a porção deste corpo que pode ser verdadeiramente chamada de viva é tão pequena que a afirmação acima é praticamente verdadeira. O resto dele existe absolutamente adormecido, se não inteiramente morto. Este fato é bem conhecido pela ciência e é algo que a razão nos demonstra ser verdade: nosso poder espiritual é tão pequeno que não pode dotar de vida este veículo por tempo suficientemente longo, de modo que, na medida em que nos incapacitamos para vitalizar o corpo, este começa a assemelhar-se a um pesado torrão de barro que devemos arrastar penosamente conosco até que alguns poucos anos depois ele se cristaliza a tal ponto que se nos torna impossível manter o trabalho vibratório por mais tempo. Então, somos forçados a abandoná-lo, e aí se diz que ele morre. Inicia-se, assim, um lento processo de desintegração que devolve o átomo à sua condição original de liberdade.

Confronte agora a condição das coisas quando um desses mesmos corpos terrenos é possuído por um poderoso Espírito como o de Cristo. Pode-se achar uma analogia com o caso de um indivíduo reanimado após um afogamento. Em tais casos o Corpo Vital se retira e a ação vibratória dos átomos físicos quase cessa, quando não para totalmente. Restauradas as condições que permitem ao Corpo Vital voltar a interpenetrar o corpo físico, aquele entra imediatamente a acionar e pôr em vibração todos os átomos deste. Esta tentativa de despertar os átomos inertes provoca aquela intensa e desagradável sensação de formigamento que o afogado descreve depois de reanimado, sensação que persiste até os átomos físicos alcançarem o grau vibratório de uma oitava abaixo daquele em que vibra o Corpo Vital. Chegado a esse ponto acaba a sensação, nada mais é sentido, salvo aquilo que se sente normalmente.

Agora consideremos o caso de Cristo entrando no Corpo Denso de Jesus, cujos átomos naturalmente moviam-se numa velocidade muito inferior àquela das forças vibratórias do Espírito Cristo. Consequentemente, uma aceleração tinha de acontecer, de tal maneira que, durante os três anos de ministério, essa notável aceleração de vibração desses átomos teria desintegrado o corpo não fora a atuação da poderosa vontade do Mestre para conservá-lo inteiro, reforçada pela habilidade dos Essênios. Se os átomos do corpo de Jesus estivessem adormecidos no momento em que Cristo dele se retirou – conforme ocorre aos nossos átomos quando abandonamos nossos corpos – um longo processo de putrefação ter-se-ia feito necessário para desintegrar aquele corpo. No entanto eles estavam altamente sensibilizados e vivos, portanto, era impossível ficarem presos após o Espírito ter-se retirado. Em futuras épocas, quando tenhamos aprendido a manter nossos corpos vivos, não precisaremos mudar átomos nem trocar de corpos tão frequentemente. Quando isso acontecer, o processo de putrefação não exigirá tanto tempo para se completar, conforme acontece presentemente. O sepulcro não foi fechado hermeticamente, portanto não podia oferecer obstáculo à passagem dos átomos.

Ao morrer o Corpo Denso de Jesus, os Átomos-semente retomaram ao seu primitivo dono. Durante os três anos de intervalo entre o batismo, em que ele renunciou a seus veículos, e a crucificação, quando pôde reaver os Átomos-semente, Jesus formou um veículo etérico, do mesmo modo que um Auxiliar Invisível junta matéria física sempre que se faça necessário materializar um corpo ou parte dele. Contudo, matéria que não corresponda ao Átomo-semente não pode ser utilizada de modo permanente: desintegra-se tão logo desapareça a força de vontade que a atraiu. Portanto, aquilo foi para Jesus apenas um expediente de ocasião. Quando o Átomo-semente do seu Corpo Vital retornou, então um novo corpo foi formado, e em tal veículo Jesus vem funcionando desde então, trabalhando com as igrejas. Nunca mais utilizou um Corpo Denso, embora seja perfeitamente capaz de fazer um. Presumivelmente isto se dá em virtude de seu trabalho ser totalmente desligado das coisas materiais e diferir diametralmente da obra de Christian Rosenkreuz, que tem muito a ver com problemas de governos, industriais e políticos, pelo que precisa de um corpo físico em que possa aparecer ao público.

A razão pela qual o Corpo Vital de Jesus é conservado para a segunda vinda de Cristo ao invés de Lhe providenciar um novo veículo pode ser encontrada em “Fausto”, mito que apresenta em sentido figurado grandes verdades espirituais de valor inestimável à alma sedenta. Fausto, em seu esforço para obter poder espiritual antes de merecê-lo, atrai um Espírito disposto a auxiliá-lo em seus desejos mediante uma compensação, pois em tal classe de Espírito o altruísmo é uma virtude que simplesmente não existe. Quando Lúcifer se volta para sair, nota apavorado a existência de um pentagrama diante da porta, uma das pontas em sua direção. Pede, então, a Fausto que retire dali o símbolo para que ele possa sair, ao que este lhe pergunta por que não sai pela janela ou pela chaminé. Lúcifer, relutantemente, admite que:

Para os fantasmas e Espíritos é lei

que por onde entramos, devemos sair.

Quando, no curso natural dos acontecimentos, o Espírito volta a nascer, ele entra no Corpo Denso pela cabeça, trazendo consigo os veículos superiores. Ao deixar o corpo à noite, sai pelo mesmo lugar, para reentrar do mesmo modo na manhã seguinte. O Auxiliar Invisível também sai do seu corpo e nele reentra da mesma maneira. E quando por fim nossa vida terrena chega a seu termo, é pela cabeça que saímos do nosso corpo pela última vez. Vemos, pois, que a cabeça é a porta natural do corpo e, por conseguinte, o pentagrama com uma ponta para cima é o símbolo da magia branca, que atua em harmonia com a lei de progressão.

O mago negro, que atua contrariamente à natureza, perverte a força da vida dirigindo-a para baixo, através dos órgãos inferiores. O portal da cabeça está fechado para ele, mas ele se retira pelos pés, o cordão prateado estendendo-se através dos órgãos inferiores. Portanto, foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto, pois o pentagrama com duas pontas voltadas para ele representava o símbolo da magia negra, mas ao tentar sair depara com uma só ponta em sua direção, e então se amedronta diante do sinal da magia branca. Ele só podia sair pela porta inferior porque por ali é que havia entrado, por isso ficou preso quando essa porta inferior foi bloqueada.

De maneira análoga, Cristo era livre para escolher Seu veículo para entrar na Terra onde agora se acha confinado, mas uma vez escolhido o veículo de Jesus a este ficou limitado como único meio de sair dela. Se esse veículo houvesse sido destruído, Cristo teria de ficar enclausurado no globo até que a Terra se dissolvesse no caos. Isso seria uma calamidade imensurável, portanto o veículo usado por Ele está sendo guardado com o máximo cuidado pelos Irmãos Maiores.

Nesse meio tempo Jesus perdeu todo o crescimento anímico alcançado durante seus trinta anos na Terra, antes do batismo, e contido no veículo dado a Cristo. Isto foi e continua sendo um grande sacrifício feito por nós, mas redundará em glória maior no futuro, como todas as boas ações. Porque esse veículo, utilizado como foi, e a ser usado novamente por Cristo em Sua vinda para estabelecer e aperfeiçoar o Reino de Deus será tão espiritualizado e glorificado que, quando for devolvido a Jesus na época em que Cristo entregar o Reino ao Pai será também o mais maravilhoso de todos os veículos humanos. E, ainda que isto não tenha sido ensinado, o autor acredita que Jesus será, por isso mesmo, o mais alto fruto do Período Terrestre, seguido de Christian Rosenkreuz. Porque “nenhum homem tem maior amor do que aquele que dá a própria vida[21] e dar não somente o Corpo Denso, mas também o Corpo Vital, e por tempo tão prolongado, certamente é o máximo dos sacrifícios.

F I M


[1] N.R.: Independentemente da inversão das estações, uma coisa que se mantém idêntica no Norte e no Sul: a distância maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. No Solstício de Dezembro, o Sol se encontra mais próximo da Terra: a Terra é permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual (inspiração de crescimento anímico nos seres humanos). No Solstício de Junho, a Terra no máximo afastamento do Sol: diminuição de espiritualidade com a intensificação de vitalidade física.

[2] N.R.: Rm 8:22

[3] N.R.: Jo 19:30

[4] O Solstício de Junho varia entre 20 e 21 de junho, dependendo do ano.

[5] N.R.: ou 20, dependendo do ano.

[6] N.R.: Mt 26:26-29

[7] N.R.: Também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi Monge e escritor alemão.

[8] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão.

[9] N.R.: ou Zurique é a maior cidade da Suíça, um país do hemisfério norte.

[10] N.R.: a Suíça fica no hemisfério norte, onde, em março, é a estação da primavera.

[11] N.R.: Jo 1:10

[12] N.R.: Jo 1:5

[13] N.R.: Jo 12:47

[14] N.R.: Jo 19:30

[15] N.R.: At 17:28

[16] N.R.: Jo 14:12

[17] N.R.: Jo 13:36

[18] N.R.: Valhala, Valíala, Valhalla ou Palácio dos Einherjar (em português “Palácio dos mortos heroicos”), na mitologia nórdica e nas religiões pagãs nórdicas, como a popular Ásatrú, é um palácio com enorme salão com 540 quartos — situado em Asgard e dominado pelo deus Odin — no qual metade dos guerreiros mais nobres e destemidos mortos em batalha são levados pelas valquírias após a morte para viverem com Odin (enquanto a outra metade vai para os campos Folkvang da deusa Freia), onde participam de combates diários, para manter o exercício da luta e preparar-se para o dia de Ragnarök (em português “o dia do fim do mundo”).

[19] N.R.: Lc 12:48

[20] N.R.: Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship.

[21] N.R.: Jo 15:13

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Carta de Max Heindel: Meios Antinaturais para Obter Espiritualidade: quais são?

Meios Antinaturais para Obter Espiritualidade: quais são?

Setembro de 1915

Quando investigamos um determinado assunto nos Mundos invisíveis, abre-se para nós inúmeros e fascinantes caminhos. Constantemente distraímo-nos da linha principal de investigação por este, aquele ou outro motivo que atrai a nossa atenção, com o grande perigo de perder de vista a meta e vaguearmos num labirinto de incoerências. Algumas vezes, a tentação de seguir um impulso é mais forte do que o meu poder de resistência e, recentemente, enquanto estava escrevendo “a Teia do Destino”, a figura de um eremita com o corpo consumido pela fome, o que o fazia parecer um esqueleto – e que se açoitava até fazer brotar sangue das suas chagas que nunca tinha deixado cicatrizar pensando que servia a Deus com estas austeridades – levou-me a procurar a origem dessas horrorosas práticas. Sobre isto escrevi um longo artigo na nossa revista, mas o assunto é tão importante e são tantos os estudantes da Fraternidade que não são assinantes da revista, que julguei melhor relatar aqui os pontos principais.

Nos antigos Templos de Mistério, as grandes verdades, agora ensinadas pela Fraternidade Rosacruz relativas ao Corpo Vital, eram dadas ao Aspirante na Iniciação. Ele aprendia que este veículo era composto de quatro Éteres: o Éter Químico que é necessário pela a assimilação; o Éter de Vida que impulsiona o crescimento e a propagação; o Éter de Luz que é o veículo da percepção dos sentidos e o Éter Refletor, receptáculo da memória.

O Aspirante era instruído a respeito dos dois Éteres inferiores e a relação destes com os dois superiores.

Aprendeu que todas as funções puramente animais do corpo dependiam da densidade dos dois Éteres inferiores, e que os dois Éteres superiores compunham o Corpo-Alma, o veículo do serviço no Mundos Invisíveis. Cultivava esta gloriosa vestimenta por meio da abnegação própria, reprimindo as inclinações da natureza inferior pela força de vontade, tal como nós o fazemos hoje em dia.

Mas alguém, extremamente zeloso para alcançar a meta não importando como, esqueceu-se que só por meio do serviço e do altruísmo é que desenvolvemos o “Dourado Manto Nupcial”, composto pelos dois Éteres superiores. Julgou que a máxima oculta: “ouro no cadinho, impureza no fogo; ligeiro como o vento, alçar cada vez mais alto”, seria para expulsar as impurezas da natureza inferior, não importando de que forma isso fosse feito. Refletiu que sendo o Éter Químico o agente da assimilação, podia ser eliminado do Corpo Vital pelo esgotamento do Corpo Denso. Pensou igualmente que sendo o Éter de Vida a avenida da propagação, podia destrui-lo vivendo em celibato. Então, ficariam só os dois Éteres superiores, ou pelo menos aumentariam consideravelmente o seu volume em relação aos dois inferiores.

Para esse fim praticou toda a espécie imaginável de austeridade; o jejum entre outros. Por tal processo antinatural, o corpo perdeu a saúde e definhou. A natureza passional, que procura satisfação pelo exercício da função propagadora, foi aplacada com o castigo. É certo que, por essa horrível maneira, a natureza inferior parece estar subjugada. Entretanto, é igualmente verdade que, quando as funções corporais sofrem tão enorme enfraquecimento, visões ou mesmo alucinações são o resultado que essa pessoa obtém. A verdadeira espiritualidade não pode ser obtida pela profanação ou destruição do “Templo de Deus”, o Corpo, e o jejum pode chegar a ser tão inconveniente como a gula.

Esforcemo-nos por usar a moderação em todas as coisas, para sermos exemplos para os outros e alcançarmos a admissão ao Templo através de um justo viver.

(Carta nº 58 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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O Esotérico “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry

O “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry é uma das joias da literatura esotérica destinadas a crianças (grandes).

Vamos o simbolismo por parte de algumas partes, personagens e coisas.

1. Para fazer download ou imprimir (ter acesso às figuras que muito ajudam na compreensão):

O Esotérico “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry

2. Para estudar no próprio site:

O esotérico “Pequeno Príncipe”

O “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry é uma das joias da literatura esotérica destinadas a crianças (grandes).

Como não temos espaço para explanar longamente a estória, vamos sintetizá-la em seus pontos essenciais:

  1. Um menino se impressionou com a ilustração de uma cobra “boa” engolindo um animal. Faz o desenho de uma cobra estufada pela forma de um elefante que engolira. Mostra-os aos “adultos” e eles o interpretam como um chapéu.

Ele se entristece e faz outro desenho em “raio x”, mostrando o elefante de pé, dentro da cobra.

Aí os adultos o dissuadem de desenhar e aconselham-no a estudar as coisas humanas para ser “pessoa sensata”.

  • O menino se torna moço e aviador. Um dia, como piloto de prova, seu avião sofre uma “pane” e é obrigado a fazer um pouso de emergência no deserto de Saara.
  • Está tentando reparar o defeito do motor quando lhe aparece, em meio à solidão do deserto, um menino trajado de príncipe, com uma espada na mão,

a pedir que lhe faça um desenho de ovelha.

Ele faz um e o menino rejeita porque lhe parece uma ovelha triste;

faz outro e também recusa porque parece velha;

faz outra, mas ele alega que é muito grande para seu pequeno país; então desenha uma caixa furada e diz que a ovelha está lá dentro. O menino fica satisfeito.

  • O menino se preocupa com a possibilidade da ovelha comer a única flor que ele tem em seu asteroide. O aviador, impaciente, retrucava-lhe que isto não tem importância. O menino fica triste e desaparece. Ele fica desesperado e se põe a procurá-lo. Quando está outra vez a consertar o avião, o menino reaparece e ele se desculpa e busca soluções para o asteroide.
  • Conversavam à noite. O menino começa a relatar sua vida no asteroide, onde ele vivia só, com seus três vulcões (um extinto e dois que ele limpava sempre); seus baobás (plantas que podiam crescer e ele tinha de cortar, para que não tomassem conta do asteroide) e a rosa que florescera.

Com a rosa aprendera como era ignorante. Saiu, pois, de seu asteroide para aprender alguma coisa do Universo que o tornasse capaz de melhor dirigir seu asteroide.

  • Levado pelas aves pousa em sete planetas:
  • Planeta do Rei que estava triste porque não tinha sobre quem reinar
  • Planeta do vaidoso megalomaníaco
  • Planeta do bebedor que fugia de si mesmo
  • Planeta do negociante preocupado com seus lucros
  • Planeta do homem que acendia os lampiões
  • Planeta do geógrafo
  • Na Terra conheceu em primeiro lugar a serpente, cuja picada tinha o condão de levar a alma aos céus.

Depois conheceu um jardim cheio de rosas

e finalmente uma raposa arisca, a quem domesticou e do qual se tornou amigo.

  • Neste ponto da narrativa acaba a água do aviador e ele fica transtornado. O menino disse que há um poço. O aviador receia perder-se no deserto e o menino vai à frente, guiando-o com segurança até as águas.

Bebem muita água, a ponto de ela ficar chocalhando na barriga. Voltam ao avião e, finalmente, o aviador consegue por o avião em funcionamento.

  • O menino se afasta e ao procurá-lo, o aviador o encontra dependurado em um muro, onde havia uma serpente, que tinha lhe picado.

Chora de tristeza e o leva ao avião. Conversam um pouco, o menino se despede, dizendo que ele não fique triste, porque continuará ouvindo seu riso, não apenas de seu asteroide, mas de todas as estrelas do céu.  Vão dormir. O menino desaparece. O aviador o procura em vão, pelo deserto. É noite. Das estrelas chegam o riso do pequeno príncipe.

O aviador decola e vai ao encontro do céu.

Os simbolismos:

  1. O aviador representa uma pessoa pura e elevada, que busca algo essencial como razão da vida. A serpente é símbolo de sabedoria. A figura do elefante dentro da cobra é a imensidão que existe escondida na sabedoria do mundo e do ser. Mas ninguém enxerga. Todos veem apenas a aparência, a superfície. Assim a sociedade abafa os anseios puros de uma criança elevada.
  2. Essa pessoa cresce insatisfeita com a superficialidade do mundo e vai buscar coisas elevadas (voar). Em uma de suas investigações mais sérias, não encontrando solução externa, entra em crise. Permanece em solidão (deserto) buscando uma solução interna (procura consertar a pane). Mas a solução não está na Mente.
  3. Ele clama e tem a revelação interna que lhe corrige e os conceitos condicionadores de que a criatura deva ser uma pessoa triste ou pensar em idade (porque o espírito é eterno) ou ter ideias de grandeza. Leva-o a compreender as coisas essenciais, além das aparências, que ele mesmo via em criança (a ovelha dentro da caixa).
  4. Mas a tendência de continuar buscando solução humana continua sem dar a devida importância aos lampejos internos (pequeno príncipe), e, por não dar interesse maior a eles, perde contato com o íntimo que deseja preservar as faculdades nascentes (a rosa desabrochada). Depois cai em si e retorna à busca do Ser interno e o reencontra quando está em quietude nos seus esforços de elevação (consertando o avião). Dedica mais interesse, então, aos reclamos divinos,
  5. Conversar à noite com o menino significa a comunhão interna, para conhecimento de si. O asteroide em que o “pequeno príncipe” mora é nosso corpo. Os três vulcões representam três veículos que temos (o Corpo Denso – já eterificado no Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente). Um deles já estava purificado (Denso eterificado) e permitiu o voo. Os baobás são os vícios que podem crescer pelo hábito e escravizar-nos, devendo ser cortados pela raiz. A rosa é o florescimento das faculdades divinas latentes. No início de nossa evolução espiritual é que tomamos consciência de nossa ignorância. “Não saber que nada sabemos” é ignorância: “saber que nada sabemos” é o começo da sabedoria. É o ponto inicial da Busca.
  6. Levados pela intuição e pelos pequeninos “Eus” nobres que formamos em nós (os pássaros), vamos tomar consciência de nosso íntimo (sete indica uma série). Aí chegamos à triste constatação do quanto ainda somos sedentos de poder (rei); escravos da vaidade (vaidoso); escapista (bebedor que fugia de sua própria realidade); apegados à segurança e sedução dos bens (negociante); dominados pelos fatores terrenos de tempo e espaço, que nos aumenta cada vez mais o ritmo febricitante das atividades e desenvolve a impaciência (homem do lampião); o quanto estamos condicionados pelos conceitos humanos da realidade do ser (geógrafo) e, finalmente resolvemos conhecer nossa parte humana (Terra) que deve ser transmutada.
  7. Só, então, nos advém a sabedoria (serpente) e a prudência (raposa) que nos ensinam a lidar com a natureza humana e transformá-la. Neste ponto veremos em cada semelhante o mesmo ser espiritual e a humanidade como um imenso jardim de rosas. Oportuno lembrar a carta de despedida da raposa: “O essencial é invisível para os olhos. Não se vê bem, a não ser com o coração”.
  8. Assim preparado, o Ser pode ser guiado pelo íntimo (pequeno príncipe) a fonte de água viva do Cristo interno. Acaba-se a água do conhecimento humano e passamos a nos dessedentar daquela água que Cristo prometeu à Samaritana. Aí restauramos os recursos para voar, agora em melhores condições (o avião consertado).
  9. Elevando-nos internamente (menino que se dependura no muro) chegamos ao despertar espiritual para esferas mais altas. É o picar da serpente, ou seja, o fogo espinhal que se eleva e toca os centros superiores da cabeça. Aí nos elevamos a outros planos e passamos a ver a divina essência em tudo (decolar com o avião e escutar o riso do “pequeno príncipe” em cada estrela).

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de out/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

UMA PALAVRA AO SÁBIO

O fundador da Religião Cristã emitiu uma máxima oculta quando disse: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10:15). Todos os ocultistas reconhecem a imensa importância desse ensinamento de Cristo, e tratam de “vivê-lo” dia a dia.

Quando uma nova filosofia se apresenta ao Mundo é encarada de forma diferente pelas mais diversas pessoas. Algumas se apoderam avidamente de qualquer novo esforço filosófico, procurando ver em que proporção ele serve de apoio às suas próprias ideias. Para essas a filosofia em si mesma é de pouca valia. Terá valor se reforçar as SUAS ideias. Se a obra os satisfizer a esse respeito, adotá-la-ão entusiasticamente, a ela aderindo com o mais desarrazoado partidarismo. Caso contrário, afastarão o livro, aborrecidos e desapontados como se o autor os tivesse ofendido pessoalmente.

Outras adotam uma atitude cética tão logo descobrem que a obra contém alguma coisa a cujo respeito nada leram nem ouviram anteriormente, ou sobre a qual ainda não lhes ocorrera pensar. E, provavelmente, repelirão como extremamente injustificável a acusação de que sua atitude mental é o cúmulo da autossatisfação e da intolerância. Contudo, esse é o caso, e desse modo fecham suas Mentes à verdade que eventualmente possa estar contida naquilo no que rejeitam.

Ambas as classes se mantêm na sua própria luz. Suas ideias pré-estabelecidas os tornam invulneráveis aos raios da Verdade. A tal respeito “uma criança” é precisamente o oposto dos adultos, pois não está imbuída do sentimento dominador de superioridade, nem inclinada a tomar aparência de sábio ou ocultar, sob um sorriso ou um gracejo, sua ignorância em qualquer assunto. É ignorante com franqueza, não tem opiniões preconcebidas nem julga antecipadamente, portanto é eminentemente ensinável. Encara todas as coisas com essa formosa atitude de confiança a que denominamos “fé infantil”, na qual não existe sombra de dúvida, conservando os ensinamentos que recebe até comprovar para si mesmo a certeza ou o erro.

Em todas as escolas ocultistas o aluno é primeiramente ensinado a esquecer de tudo o que aprendeu ao ser-lhe ministrado um novo ensinamento, a fim de que não predomine o juízo antecipado nem o da preferência, mas para que mantenha a Mente em estado de calma e de digna expectativa. Assim como o ceticismo efetivamente nos cega para a verdade, assim também essa calma atitude confiante da Mente permitirá à intuição ou “sabedoria interna” apoderar-se da verdade contida na proposição. Essa é a única maneira de cultivar uma percepção absolutamente certa da verdade.

Não se pede ao aluno que admita de imediato ser negro determinado objeto que ele observou ser branco, ainda que se lhe afirme. Pede-se a ele sim, que cultive uma atitude mental suscetível de “admitir todas as coisas” como possíveis. Isto lhe permitirá pôr de lado momentaneamente até mesmo aquilo que geralmente se considera um “fato estabelecido”, e investigar se existe algum outro ponto de vista até então não notado sob o qual o objeto em referência possa parecer negro. Certamente ele nada considerará como fato estabelecido, porque compreenderá perfeitamente quanto é importante manter a sua Mente no estado fluídico de adaptabilidade que caracteriza a criança. Compreenderá, com todas as fibras do seu ser, que “agora vemos como em espelho, obscuramente” e, como Ajax, estará sempre alerta, anelando por “luz, mais luz”.

A grande vantagem dessa atitude mental quando se investiga determinado assunto, ideia ou objeto, é evidente. Afirmações que parecem positivas e inequivocamente contraditórias, e que causam intermináveis discussões entre os respectivos partidários, podem, não obstante, conciliar-se, conforme se demonstra em exemplo mais adiante. Só a Mente aberta descobre o vínculo da concordância. Embora essa obra possa parecer diferente das outras, o autor solicitaria um auditório imparcial, como base, para julgamento subsequente. Se, ao ponderar esse livro, alguém o considerasse de pouco fundamento, o autor não se lamentaria. Teme unicamente um julgamento apressado e baseado na falta de conhecimento do sistema que ele advoga, ou que diga que a obra não tem fundamento, sem, previamente, dedicar-lhe atenção imparcial. E deve acrescentar, ainda: a única opinião digna de ser levada em conta precisa basear-se no conhecimento.

Há mais uma razão para que se tenha muito cuidado ao emitir um juízo: muitas pessoas têm suma dificuldade em retratar-se de qualquer opinião prematuramente expressa. Portanto, pede-se ao leitor que suspenda suas opiniões, de elogio ou de crítica, até que o estudo razoável da obra convença do seu mérito ou demérito.

O Conceito Rosacruz do Cosmos não é dogmático nem apela para qualquer autoridade que não seja a própria razão do Estudante. Não é uma controvérsia. Publica-se com a esperança de que possa ajudar a esclarecer algumas das dificuldades que no passado assediaram a Mente dos Estudantes das filosofias profundas. Todavia, a fim de evitar equívocos graves, deve ser firmemente gravado na Mente do Estudante que não há, sobre esse complicado assunto, qualquer revelação infalível que abranja tudo quanto está debaixo ou acima do sol.

Dizer que essa exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente. Até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que eles mesmos enganam-se, às vezes, nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor dessa obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes.

A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo, e a tal respeito o autor adquiriu algum conhecimento durante os muitos anos que consagrou exclusivamente ao estudo do assunto. Pelo que pôde investigar por si próprio, os ensinamentos desse livro estão de acordo com os fatos tais como ele os conhece. Todavia, tem a convicção de que o Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre esse assunto e de que, à medida que avançamos, apresentam-se aos nossos olhos novos aspectos e esclarecem-se muitas coisas que, antes, só víamos “como em espelho, obscuramente”. Ao mesmo tempo crê firmemente que todas as outras filosofias do futuro seguirão as linhas mestras dessa filosofia, por lhe parecerem absolutamente certas.

Ante o exposto, compreender-se-á claramente que o autor não considera essa obra como o Alfa e o Ômega, ou o máximo do conhecimento oculto. Embora tenha por título “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, deseja o autor salientar com firmeza que essa filosofia não deve ser entendida como uma “crença entregue de uma vez para sempre” aos Rosacruzes pelo fundador da Ordem ou por qualquer outro indivíduo. Convém enfatizar que essa obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os ensinamentos Rosacruzes relativos ao mistério do mundo, revigorados por suas investigações pessoais nos mundos internos, a respeito dos estados pré-natal e pós-morte do ser humano, etc. O autor tem plena consciência da responsabilidade em que incorre quem, bem ou mal, guia intencionalmente a outrem, desejando ele precaver-se contra tal contingência e também prevenir aos outros para que não venham a errar.

O que nessa obra se afirma deve ser aceito ou rejeitado pelo leitor segundo o seu próprio critério. Pôs-se todo o empenho em tornar compreensíveis os ensinamentos e foi necessário muito trabalho para poder expressá-los em palavras de fácil compreensão. Por esse motivo, em toda a obra usa-se o mesmo termo para expressar a mesma ideia. A mesma palavra tem o mesmo significado em qualquer parte. Quando pela primeira vez o autor emprega uma palavra que expressa determinada ideia, apresenta a definição mais clara que lhe foi possível encontrar. Empregando as palavras mais simples e expressivas, o autor cuidou constantemente de apresentar descrições tão exatas e definidas quanto lhe permitia o assunto em apreço, a fim de eliminar qualquer ambiguidade e para apresentar tudo com clareza. O Estudante poderá julgar em que extensão o autor logrou o seu intento. Entretanto, tendo-se esforçado o possível para sugerir as ideias verdadeiras, considera-se também na obrigação de defender-se da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos Ensinamentos Rosacruzes. Sem essa recomendação esse trabalho teria mais valor para alguns Estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que nesse trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão dessa advertência.

Segundo uma narrativa hindu, aquele que tenha duas linhas semicirculares na palma da mão, na articulação exterior do polegar “leva consigo um grão de arroz”. Isto quer dizer que será bem recebido e hospitaleiramente tratado onde quer que vá. O autor tem o sinal mencionado, e, no seu caso, o prognóstico se cumpriu maravilhosamente. Em todos os lugares encontrou amigos, e por eles foi bem tratado. O mesmo aconteceu com o “Conceito Rosacruz do Cosmos”. A Dra. Alma Von Brandis facilitou os meios para a primeira aproximação com os ensinamentos Rosacruzes. Comandante Kingsmill e Jessie Brewster auxiliaram-no lealmente na parte literária, Mrs. M. E. Rath Merril e Miss Allen Merril executaram certo número de desenhos, e quanto a Wm. M. Patterson não só prestou ao autor serviços pessoais, mas ainda prestou o seu auxílio financeiro para que esse livro pudesse ser oferecido pelo preço de custo. Esse trabalho foi, portanto, produzido com Amor. Ninguém, com ele relacionado, recebeu e deve receber um centavo de recompensa. Todos, desinteressadamente, deram tempo e dinheiro. Portanto, o autor deseja expressar todo o reconhecimento a eles, esperando que venham a encontrar outras e maiores oportunidades de exercerem os seus préstimos com igual desinteresse.

Max Heindel

Acréscimo nas Edições Posteriores: Durante os quatro anos decorridos, desde que foram escritos os parágrafos anteriores, o autor continuou suas investigações nos Mundos invisíveis e experimentou a expansão de consciência relativa a esses Reinos da natureza, o que se consegue mediante a prática dos preceitos ensinados pela Escola de Mistérios do Ocidente. Outros que também seguiram o método de desenvolvimento anímico aqui prescrito, e particularmente apropriado aos povos ocidentais, de igual modo foram capazes de constatar, por si mesmos, muitas das coisas expostas nessa obra. Desse modo o autor teve certa confirmação do que compreendera dos ensinamentos ditados pelos Irmãos Maiores, parecendo-lhe que os mesmos foram substancialmente corretos, pelo que se julga no dever de dar essa explicação para que sirva de estímulo aos que ainda não são capazes de ver por si próprios.

Seria mais exato dizer que o Corpo Vital é formado por prismas em vez de pontos, posto que, refratando-se através desses minúsculos prismas é que o fluído solar incolor muda para um tom rosáceo, tal como outros escritores, além do autor, têm indicado.

Fizeram-se outras novas e importantes descobertas. Por exemplo: sabemos agora que em cada vida nasce um novo Cordão Prateado; que uma parte do mesmo surge do Átomo-semente do Corpo de Desejos, situado no grande vórtice do fígado; que a outra parte surge do Átomo-semente do Corpo Denso, no coração; que as duas partes se encontram no Átomo-semente do Corpo Vital no plexo solar, e que essa união dos veículos superiores com os inferiores produz o despertar do feto. O desenvolvimento ulterior do Cordão entre o coração e o plexo solar, durante os primeiros sete anos, tem importante relação com o mistério da infância, assim como o seu maior desenvolvimento, do fígado ao plexo solar, que ocorre no segundo período setenário, é fator contribuinte para a adolescência. A formação total do Cordão Prateado marca o fim da vida infantil. A partir desse momento a energia solar que entra pelo baço, e que se cobre pela refração através do Átomo-semente prismático do Corpo Vital situado no plexo solar, começa a dar um colorido individual e característico à aura que observamos nos adultos.

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