No mês passado, prometi dar continuidade à explicação sobre a Ordem Rosacruz a sua relação com a Fraternidade, mas não me lembrei que a Páscoa estava próxima e que essa data deveria merecer uma atenção especial. Espero que concordem que é muito importante estudar esse grande acontecimento cósmico, particularmente por vivermos numa terra Cristã e por sermos, espero, Cristãos de coração. Na verdade, a palavra-chave deste mês é: um apelo pela Igreja. Foi com este propósito que publiquei no final da lição o poema “Credo ou Cristo”.
Todos somos Cristos em formação. A natureza do amor está desabrochando em todos nós, portanto, por que não nos identificarmos com uma ou outra das igrejas cristãs que acalentam o ideal de Cristo? Alguns dos melhores obreiros da Fraternidade são membros e ministros de igrejas. Muitos estão famintos pelo alimento que temos para lhes dar. Não podemos compartilhar desse alimento com eles mantendo-nos afastados. Prejudicamo-nos pela negligência em não aproveitar a grande oportunidade de ajudar na elevação da Igreja.
Naturalmente, não há coação nisso. Não pedimos que se unam ou cuidem da Igreja, mas se formos até ela com espírito de ajuda, afirmo-lhes que experimentarão um maravilhoso crescimento de alma em um curto espaço de tempo. Os Anjos do Destino, que dão a cada nação a religião mais apropriada às suas necessidades, colocaram-nos em uma terra Cristã, porque a Religião Cristã favorece um amplo crescimento anímico. Mesmo admitindo que a Igreja tenha sido obscurecida pelo credo e pelo dogma, não devemos permitir que isso nos impeça de aceitar os ensinamentos que são bons, porque isso seria tão infrutífero como centralizar a nossa atenção sobre as manchas do Sol recusando ver a sua luz gloriosa.
Medite sobre este assunto, querido amigo, e tomemos por lema deste mês: Maior Utilidade, para que possamos crescer, empenhando-nos sempre no aperfeiçoamento das oportunidades surgidas.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 04)
Maçonaria, Co-Maçonaria e Catolicismo
No final da lição do mês passado, nos referimos a algumas pessoas que são praticantes da Maçonaria Mística, e isso poderá parecer que fazemos parte de uma Co-Maçonaria. Devemos dizer, enfaticamente, que não é essa a realidade, embora, por princípio ético, nunca tenhamos falado depreciativamente de qualquer movimento legítimo. Em particular, temos advertido constantemente os nossos estudantes contra a religião oriental, porque é perigosa para o mundo ocidental, ainda que perfeitamente adaptada para ao Oriente. A Co-Maçonaria é o resultado do crescimento de uma sociedade promulgadora do Hinduísmo. No inverno de 1899 a 1900, a presidente daquela sociedade esteve em Roma e uma das suas auxiliares encontrou, acidentalmente, os ritos maçônicos na biblioteca do Vaticano. Ela copiou-os sem autorização e deu-os à sua superiora que, por sua vez, acrescentou neles um grau extra. Esses são, agora, os ritos da Co-Maçonaria.
As afirmações anteriores são fatos que podemos provar; mas deixamos os nossos estudantes em liberdade para que tirem as suas próprias conclusões sobre a eficiência ética e os poderes de desenvolvimento anímico que pode possuir um movimento baseado em ritos obtidos desse modo. Além disso, ainda que nós saibamos positivamente que os ritos vieram de Roma, duvidamos que uma pessoa pudesse iludir a vigilância que há naquela biblioteca. Acreditamos que ela tenha agido, inconscientemente, pelas mãos do Vaticano. Assim, a Co-Maçonaria é tanto indiana como católica em sua origem. Não é reconhecida pelas corporações Maçônicas regulares, apesar de que possam alegar os seus fundadores.
No final da lição sobre Maçonaria e Catolicismo, resumimos os pontos correspondentes às suas relações cósmicas com o objetivo de extrair a essência do ensinamento. Agora, a última palavra – a quinta essência do nosso argumento:
A palavra franco-Maçom deriva do vocábulo egípcio phree messen, “Filhos da Luz”. Essas palavras foram originalmente empregadas para designar os construtores do Templo de Deus – a alma humana.
A palavra Católica significa “universal”, e originalmente foi empregada para diferenciar a abrangente Religião Mundial – o Cristianismo – das Religiões de Raça, como o Hinduísmo.
O sangue é o veículo do Espírito e, sob o regime de Jeová e dos Espíritos de Lúcifer, se contaminou com o egoísmo. Tanto a Maçonaria como o Catolicismo anseiam purificar o sangue e estimular o altruísmo.
A Maçonaria ensina o candidato a conquistar a sua própria salvação; o Catolicismo deixa o candidato dependente do sangue de Jesus. Aqueles que usam o método positivo se tornam, naturalmente, almas mais fortes; dessa forma, a Maçonaria deveria ser fomentada mais propriamente do que o Catolicismo.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 29)
A Razão de Tantos Cultos Diferentes
O pensamento fundamental da lição passada, e o que devemos ponderar devidamente, é a razão da existência de tantos cultos diferentes, cada um com seu credo próprio, defendendo a ideia de somente ele conter a verdade. A causa disto, como se constata nesta lição, baseia-se no fato de que o ego se limitou a si mesmo ao penetrar em um veículo que o separa de todos. Devido a essa limitação torna-se incapaz de apreciar a absoluta e universal verdade. Por conseguinte, as religiões ensinam uma verdade apenas parcial.
A luta engendrada no mundo pelas influências segregacionistas dos credos não constitui nenhum benefício, pois se todos tivéssemos a mesma opinião acerca da grande questão – Que é a verdade? – não haveria empenho em buscar a luz ou conhecimento, e a verdade não produziria em nós a forte impressão deixada pela luta travada pelo que acreditamos. Por outro lado, o conflito entre as Igrejas mostra àqueles que, como os da vanguarda, estão aceitando um campo de visão mais amplo, reconhecendo que ninguém possui mais que um raio da verdade.
Sabendo existir uma razão cósmica para os credos, não devemos forçar nossas ideias àqueles ainda limitados pelo espírito do convencionalismo, não imitando o espírito missionário das igrejas. Como afirma a Bíblia, devemos dar as pérolas do nosso conhecimento somente àqueles que, não se alimentando de restos, anseiam pelo verdadeiro pão da vida.
Discorrer sobre assuntos relacionados com um conhecimento superior pode ajudar aqueles despertados de sua letargia espiritual, desgraçadamente tão comum em nossos dias. A argumentação, contudo, não ensejará proveito algum, pois quem se encontra disposto a criticar, não se convence facilmente do que lhe possam dizer. A concepção da verdade é suficientemente poderosa, por si só, para derrubar as barreiras da limitação que engendra os credos. Isto, porém, deve partir de dentro e não de fora.
Devemos manter-nos dispostos a responder às perguntas formuladas por aqueles que desejam saber alguma coisa, explicando-lhes as razões de nossas crenças. Mas, devemos também permanecer dentro de certos limites, não procurando impor nossas convicções aos demais. Se os libertamos de determinados grilhões, não os atemos a outros, porquanto a liberdade é a herança mais apreciada da alma. Daí os Irmãos Maiores não aceitarem nenhum discípulo que não esteja livre de outros compromissos. E eles zelam para que o aspirante não se lhes apegue.
Esta é a única forma pela qual pode dissolver-se o Anel dos Nibelungos. Possamos viver a vida de um ideal de liberdade absoluta, e concomitantemente, cuidar de não abalar o direito e o livre arbítrio de nossos semelhantes.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 37)
A Incorporação e os Planos Futuros da Fraternidade
Este mês¹ tenho várias comunicações importantes a fazer e, para tal, usarei a carta mensal. Devem estar lembrados de que no ano passado, na série de lições intituladas “Nosso trabalho no Mundo”, falei da incorporação da Fraternidade Rosacruz e de constituir um conselho diretor para a direção de suas atividades. Assim, tudo pertencente à obra poderá ser preservado dentro de seus propósitos altruístas pelos séculos vindouros. Tal incorporação foi realizada estritamente de acordo com as leis da Califórnia, e a Fraternidade possui agora uma posição legal no mundo. O local da Sede, com os edifícios que a constituem, e todo o material e utensílios necessários para a continuidade de seu trabalho são de propriedade exclusiva da Fraternidade e estão a salvo de qualquer ambição individual.
Isso aliviou um pouco a carga sobre os meus ombros e os de Sra. Heindel. Juntamos os donativos e contribuições feitos à Fraternidade, que variam desde um simples selo de correio a modestas importâncias em dinheiro (até agora não recebemos grandes quantias). Com esses exíguos recursos, cuidadosamente empregados, estabelecemos os alicerces de algo tão imensamente grande que está muito além de minha capacidade de narração. Cada um, com sua contribuição voluntária, ajudou Mount Ecclesia sob o ponto de vista material. Ela é de todos, e de todos continuará sendo, pois nem a Sra. Heindel nem eu temos o menor interesse em valores ou propriedades terrenas, mas apenas a glória pelo inestimável privilégio de termos sido úteis. É evidente que muito mais é necessário para que o trabalho possa florescer ao máximo, mas estamos seguros da assistência dos Irmãos Maiores, e confiamos que, quando estivermos prontos para alcançar um desenvolvimento maior, prestando os serviços a que está destinada a Fraternidade Rosacruz, as coisas necessárias chegarão. Entretanto, continuamos trabalhando, dia após dia, com os meios que temos atualmente ao nosso alcance, pois assim e somente desse modo, podemos ser merecedores a um serviço maior.
É também uma grande satisfação informar que, embora não tivéssemos de início grande ajuda, conseguimos reunir agora nesta Sede um grupo de auxiliares capazes e fiéis. Não obstante o nosso corpo de ajudantes ter duplicado nestes últimos meses, também o trabalho aumentou em todos os departamentos e a atividade é tão intensa como sempre. Devemos recordar que a nossa literatura já mencionou que Ciência, Arte e Religião divorciaram-se nos tempos modernos. Esta separação foi necessária para que cada uma pudesse obter o seu completo desenvolvimento. Também dissemos que, assim como a Ciência, a Arte e a Religião foram ensinadas juntas nos antigos Templos de Mistérios, assim também haverá uma nova união no futuro, porque isto é necessário para o nosso crescimento espiritual. Em junho , começará a funcionar uma escola em Mount Ecclesia para nela ministrarmos esses ensinamentos, com ênfase particular sobre a arte de curar. Prospectos e detalhes complementares serão enviados aos estudantes interessados, mediante solicitação feita a esta Sede. As despesas serão cobertas pelos donativos que nos enviarem.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 28)
[1] Ano de 1913
Fraternidade Rosacruz, um Centro Espiritual
Em 28 do mês passado1, fez um ano que escavamos o terreno para a construção do primeiro edifício em Mount Ecclesia. Foi um glorioso dia de Sol, típico na Califórnia, sem uma nuvem que empanasse o céu e cujo azul intenso rivalizava com o azulado do Oceano Pacífico que, dos terrenos da Sede Central onde estávamos, podia ser visto além de cento e sessenta quilômetros. Éramos um pequeno grupo de nove, a maioria visitantes.
Ao olharmos a leste, para o encantador vale verde de San Luis Rey, em direção às grandes montanhas cobertas de neve, e ao contemplarmos as paredes brancas, os telhados vermelhos e a cúpula dourada da Missão Católica de San Luis Rey, onde os padres franciscanos tanto trabalharam ensinando mexicanos e índios durantes séculos, pareceu-nos de bom augúrio.
Aqui estávamos, uns poucos entusiastas, sobre um pedaço de terra vazia onde aspirávamos fundar um Centro Espiritual. Aqueles antigos padres tinham-se encontrado em situação parecida, melhor em alguns casos e pior noutros. Os meios de locomoção e transportes modernos permitem-nos chegar hoje a todas as partes do mundo, enquanto o campo de ação deles se achava, nessa época, limitado às proximidades imediatas. Viram-se obrigados a lavrar a terra, assim como cuidar das almas do seu rebanho, e a trabalhar para obter a sua subsistência. Pediram ajuda para o trabalho físico enquanto delineavam seus planos e, mediante esforços conjuntos, foi erigido um templo onde todos puderam prestar culto. Nesse aspecto estiveram em melhores condições do que nós; todos os seus membros estavam presentes no local, prontos para dar ajuda física na construção da Missão, que era para eles o que nossa Sede será para a Fraternidade Rosacruz. Mas, nós não temos pupilos, não exercemos autoridade e repudiamos a interferência na liberdade individual por ser diametralmente oposta aos Ensinamentos Rosacruzes, que são os mais elevados do mundo. “Se queres ser Cristo, ajuda-te a ti mesmo”, isso é o que se transmite ao candidato que almeja a Iniciação quando ele geme ao peso da prova. Ninguém que for dependente, pode ser ao mesmo tempo um auxiliar; cada um deve aprender a conduzir-se sozinho.
Nossos associados são hoje, em número, quatro vezes maiores do que há um ano atrás, por conseguinte, o trabalho aumentou consideravelmente. O sistema e a maquinaria possibilitam a três de nós, que trabalhamos nas oficinas, fazer o trabalho que exigiria um grande número de colaboradores. Os trabalhos caseiros e os de jardinagem são pagos. Mesmo assim, o trabalho normal de preparação de cartas e lições dos vários cursos, a correção das lições, o envio mensal de umas 1.500 cartas individuais para ajudar os nossos estudantes a ultrapassar as suas dificuldades; além dos cursos por correspondência, algumas vezes, sobrecarregam-nos. Há momentos em que nos julgamos impossibilitados de atender todas as solicitações por falta de ajuda na parte mecânica do trabalho. Mas, milagrosamente, parece que o céu de repente se abriu, inventamos um método novo para fazer uma certa parte do trabalho com maior rapidez e menor esforço, e sentimo-nos preparados para um novo crescimento. Como dissemos, temos hoje quatro vezes mais trabalho do que há um ano, com menos ajuda e menos esforço.
Mas, enquanto a Fraternidade pôde ser atendida, a Sede em si sofreu algum descuido. A pretendida Escola de Cura, o Sanatorium, e o mais importante de tudo, a Ecclesia- onde a Panaceia deve ser preparada para os poderosos serviços de cura espalharem por todo o mundo a saúde física e moral – tudo isto são ainda ideias germinais. Como o grito de sofrimento da humanidade chega até nós através de milhares de cartas, nosso desejo pela realização dos planos dos Irmãos Maiores torna-se cada vez mais intenso, e é tão agudo que parece incorporar a vontade concentrada de todos aqueles que apelam para nós por se encontrarem tristes e enfermos.
A nossa Fraternidade está espalhada por todo o planeta. Não podemos seguir o exemplo dos padres espanhóis e pedir aos nossos estudantes que façam tijolos físicos e os venham colocar, um a um, em um trabalho de amor.
Nunca solicitei um centavo de ninguém – o trabalho da Fraternidade Rosacruz vem sendo inteiramente mantido por donativos voluntários e pelo modesto produto da venda dos meus livros – nem tampouco farei um apelo para obter um fundo para a construção do edifício. Isto deve partir do coração dos amigos. Mas, quando o sentimos aqui na Sede o intenso grito de dor no mundo, sou forçado a procurar os meios para realizar o plano de fazer da Sede da Fraternidade Rosacruz um Centro Espiritual o mais eficiente possível.
Há um ano escrevi aos estudantes indicando-lhes o momento exato em que abriríamos o terreno em Mount Ecclesia, e pedia todos que entrassem nos seus quartos e estivessem conosco em oração, já que não o podiam fazer pessoalmente. Foi maravilhoso sentir a elevação espiritual daquele esforço coletivo. O impulso inicial favoreceu e, por essa razão, sinto-me outra vez inclinado a pedir a ajuda de todos.
O movimento Cientista Cristão “demonstrou” quando quis erguer edifícios, como o dinheiro aluiu aos seus cofres; os prosélitos do Novo Pensamento enviam um “pedido” e os cristãos de todas as denominações “rezam” por fundos. Todos eles usam o mesmo método, mas empregam nomes diferentes. Todos querem colunas magníficas de pedras e vidros, e conseguem obtê-las. Eu sei que são necessários um lugar e um edifício apropriados à dignidade de nosso trabalho, mas, apesar de ter tanta necessidade deles, não posso pedir colunas de pedras, nem posso rogar aos estudantes que as façam; mas posso, quero e suplico a todos, para que se unam comigo em oração para que a sede da Fraternidade Rosacruz possa tornar-se o mais eficaz e poderoso Centro Espiritual. Rezem com toda a sua alma para que os que trabalham na Sede alcancem a graça de levar este trabalho adiante. Focalizem-nos em seus amorosos pensamentos para que sejamos capazes de irradiar essa graça para o mundo faminto de tal amor. Nós mesmos somos fracos, mas, com as orações de todos e a Graça de Deus, poderemos ser uma poderosa força no mundo e, se procurarmos primeiro o Reino de Deus, os pedidos para a construção de edifícios necessários ao nosso trabalho surgirão no momento oportuno, sem que degrademos a oração ao convertê-la num meio para adquirir posses materiais.
___________________________________________________________________
[1] N.R.: outubro de 1912
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 24)
Pelos ensinamentos da lição do mês passado, compreendemos que não há absolutamente qualquer fundamento em relação ao ponto de vista, comumente aceito, sobre as almas perdidas. Não há uma só palavra na Bíblia que leve em si a ideia que costumamos atribuir à palavra “para sempre”. A palavra grega é aionian e significa “um período de tempo indefinido, uma era”, e quando lemos na Bíblia as palavras “eternamente e para sempre”, deveríamos interpretá-las “por séculos e séculos”. Além disso, como é uma verdade da natureza que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, uma alma perdida significaria que uma parte de Deus se havia perdido e, naturalmente, isto é inconcebível.
Depois que escrevi a lição anterior, ocorreu-me outro ponto que mostrará como a “perda” de um Período está relacionada com o próximo. Devem lembrar-se que falamos dos espíritos de Lúcifer como atrasados do Período Lunar, e dissemos que não poderiam achar campo para a sua evolução no presente esquema de manifestação. Os Arcanjos habitam o Sol, os Anjos têm a seu cargo todas as Luas, mas os espíritos de Lúcifer foram incapazes de residir em qualquer desses luminares. Não podiam ajudar na geração, pura e desinteressadamente, como o fazem os Anjos, uma vez que atuavam sob as forças da paixão e dos desejos egoístas, pelo que houve necessidade alojá-los num lugar separado. Assim, foram colocados no Planeta Marte, fato bem conhecido pelos antigos astrólogos, que atribuíam à Marte a Regência sobre Áries, que tem domínio sobre a cabeça (lembrem-se que o cérebro é construído por forças sexuais subvertidas), e também comprovaram que aquele Planeta é o Regente de Escorpião, que governa os órgãos de reprodução. Áries está na primeira Casa de um horóscopo e denota o princípio da vida; Escorpião está na oitava, significando a morte; nisso está contida a lição de que tudo o que é gerado pela paixão e pelos desejos está condenado à dissolução. Assim, Marte é esotericamente e astrologicamente “o Diabo”; e Lúcifer, o chefe entre os Anjos caídos, é realmente o adversário de Jeová, que dirige a força de fecundação vinda do Sol por meio da atividade lunar.
No entanto, os Espíritos de Lúcifer estão ajudando o processo de evolução. Deles recebemos o ferro que, por si só, torna possível viver numa atmosfera oxigenada. Foram e continuam sendo os agitadores para o progresso material, portanto, não temos o direito de antagonizá-los. A Bíblia tacitamente proíbe-nos de ultrajar os deuses. Conforme lemos na Epístola de São Judas, nem o Arcanjo Miguel ousou ultrajar Lúcifer, e no livro de Jó fala-se como estando entre os filhos de Deus. O seu Embaixador na Terra, Samael, é o Anjo da morte, representado por Escorpião, mas é também o Anjo da vida e da ação simbolizada por Áries. Se não fossem pelos ativos impulsos marcianos, talvez não sentíssemos as dores tão agudamente como as sentimos, nem tão pouco poderíamos progredir na mesma proporção, e é seguramente melhor “cansar-se do que enferrujar-se”.
Deste modo, podemos constatar que estas “ovelhas perdidas” de uma era anterior, recebem todas as oportunidades de recuperar o seu atraso no atual esquema de evolução. Estão atrasadas, e como atrasadas aparecem sempre como más, mas não estão “perdidas para além da redenção”. Podem salvar-se servindo-nos, provavelmente mediante a transmutação de Escorpião em Áries, quer dizer, a geração em regeneração.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 17)
Janeiro de 1915
A saudação costumeira nesses dias é: “Desejo-lhe um Feliz e Próspero Ano Novo”. Com isso o autor está inteiramente de acordo e estende esses augúrios a todos, embora com um alcance algo diferente do que normalmente se almeja, já que o principal objetivo de tal desejo consiste numa prosperidade material; por isso, o autor deseja a você que o ouro que você obtenha se aquele que forja pela alquimia da alma, transformando o metal básico da experiência do próximo ano na Pedra Filosofal, o maior bem que esse mundo pode dar. As riquezas mundanas são sempre uma fonte de cuidados para o seu possuidor, mas essa, a joia das joias, nos traz uma paz que ultrapassa todo entendimento.
Além disso, se trabalharmos unicamente para a aquisição de coisas materiais, a nossa tarefa irá nos parecer penosa e ingrata, mesmo que tentemos quebrar esse ritmo nos entregando ao que chamamos de prazeres. Uma vez por outra um pensamento poderá nos assaltar: “Para que tudo isto?”. Contudo, quando nós trabalhamos na “vinha de Cristo”, quando fazemos tudo em nosso trabalho e fora dele como “se fosse para o Senhor”, então o aspecto muda inteiramente. Cristo disse: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve“[1], e essa é uma verdade sempre real, ainda que não no sentido comum. O autor, e outros que tem estado com ele durante muitos anos, pode dar testemunha de que, ainda que a experiência pessoal tenha sido baseada em árduo trabalho tanto mental como fisicamente e, algumas vezes, o corpo tenha ficado tão esgotado que se tornou quase impossível a sua recuperação na manhã seguinte, a satisfação, o regozijo e o prazer foram imensos, de uma forma que muitos não conhecem, nem podem compreender. Os anos dedicados a essa tarefa têm sido tão gratificantes, que nada no mundo poderia compensar e satisfazer tanto o autor e todos os que o acompanham. Ano após ano ele o estima ser um grande privilégio executar esse trabalho, e os outros que estão com ele tem exatamente o mesmo sentimento.
E, quanto a você, querido amigo e querida amiga? Estamos no princípio de um ano novo, um novo começo. A Fraternidade Rosacruz, como uma organização, depende de unidade e se desejamos progredir espiritualmente, a tarefa deve ser empreendida por todos. Temos que ser mais fervorosos, mais sérios, mais devotados aos ideais que os Irmãos Maiores nos deram. Sabemos que na Fraternidade Rosacruz há trabalhadores aplicados; você é um deles? Não é suficiente estudar e meditar sobre os Ensinamentos Rosacruzes; temos que os incluir em nossas vidas e nos tornar luzes brilhantes em nossa comunidade. Devemos viver a vida, não só no mundo externo, mas dentro de nossos lares, de maneira que os membros do nosso lar possam sentir a luz e ser conduzidos para ela. Sabemos que muitos fazem isso, mas há outros que são indiferentes, que ainda permanecem no limiar e não querem aceitar o jugo. Agora o jugo deve ser carregado, não importa se fiquemos calejados pelo esforço. Na verdade, cada esforço é um fator adicional na construção do Corpo-Alma, o glorioso “Dourado Manto Nupcial”, com o qual nos apresentaremos perante o Senhor quando Ele aparecer.
O mais profundo desejo do autor é que cada Estudante da Fraternidade Rosacruz aceite o seu jugo com mais fervor, para que, tanto individual como coletivamente, possamos acumular um tesouro no céu que será nosso ao fim de um dia, ao final de um ano, quando aceitarmos as provações e as responsabilidades.
[1] N.T: Mt 11:28
(Carta nº 50 do Livro Carta aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
O Voto Feminino e a Igualdade Moral
Pela carta do mês passado, por estranho que pareça, ficou evidente que a ópera Tannhauser é a causa legendária e muito discutida sobre o voto da mulher, do qual tanto ouvimos falar nos tempos modernos.
Também é evidente, como dissemos no mês passado, que o semelhante atrai o semelhante, e uma mulher tímida e medrosa que foi levada à força e de maneira brutal ao matrimônio, que se vê aprisionada como um animal, sem liberdade para exteriorizar suas ideias e sentimentos, não pode gerar uma descendência nobre, forte e destemida, com coragem e determinação para aderir aos seus ideais.
Portanto, enquanto mantivermos a mulher na escravidão, negando-lhe seu legítimo lugar no mundo como cooperadora e companheira do homem, estaremos retardando o nosso desenvolvimento e o da raça. Essa é a razão esotérica pela qual deve haver uma perfeita igualdade entre os dois sexos.
Se os seres humanos compreendessem e concebessem totalmente a ideia de que renascemos em corpos alternados, rapidamente acederiam às justas petições da mulher – nem que fosse pela simples e egoística razão de que, na sua próxima vida, aqueles que agora estão ocupando um corpo masculino terão que possuir um veículo feminino e viver sob as condições que agora ditam. Desse modo, os homens que agora negam os justos privilégios da mulher algum dia terão que viver nas mesmas condições, enquanto os que agora estão revestidos de um corpo feminino desfrutarão dos mesmos privilégios pelos quais agora lutam. O autor que vê o assunto não está limitado a falar somente sobre o direito de voto. A questão é de maior importância, pois refere-se à igualdade moral que a mulher tem o direito de possuir tanto quanto o homem, e que lhe foi outorgada por Deus.
Um ponto exposto em Tannhauser chama particularmente a atenção dos que anseiam viver a vida superior.
Tannhauser é julgado totalmente responsável por seu crime de depravação, tanto por seus amigos como pela Igreja. Não há duplo padrão de moralidade na Natureza. Pecado é pecado para qualquer um que o cometa e, mais do que isso, aquele a quem muito é dado, muito será exigido.
Portanto, as pessoas que alcançaram um estado elevado de iluminação devem aprender a viver uma vida pura e honesta, em harmonia com os seus ideais. Se, pela iluminação, elevamo-nos acima da lei, não empreguemos a nossa liberdade, como diz São Paulo, para satisfazer a carne. A doutrina “das almas irmãs” e das “afinidades” tem arruinado muitas vidas que, se não fosse por isso, teriam sido aquinhoadas com grande crescimento anímico.
O que a sombra é para a luz, o que o “demônio” é para Deus, a luxúria é para o amor. O amor é divino, um companheirismo das almas livres. A luxúria é diabólica e o transgressor é escravo do pecado, mesmo tendo sido a união legalizada pelo Estado ou abençoada pela Igreja.
Amemo-nos uns aos outros, mais pelo espírito do que pela carne.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nº 43)
Concentração no Trabalho Rosacruz
Meditando sobre a utilidade da Fraternidade Rosacruz, surgiu-me a pergunta: “Qual o obstáculo mais comum que impede o nosso progresso no trabalho espiritual?” E a resposta foi: “A falta de concentração”.
Todos têm uma família que depende de nós e que tem direito a uma parte da nossa atenção. Nosso trabalho no mundo não deve ser negligenciado sob qualquer aspecto. Estamos aqui para executar certas tarefas e aprender por meio delas. Depois de atender a esses deveres, vejamos se ainda nos sobra algum tempo para aplicá-lo, justa e apropriadamente, no nosso próprio desenvolvimento. É tão importante usar acertadamente esse tempo, como o é cumprir os nossos deveres terrenos com a nossa família e com nossas obrigações sociais.
Na vida cotidiana, não tentamos ser médicos hoje, trabalhar amanhã numa indústria e no dia seguinte começar uma nova atividade. Sabemos que tal procedimento não nos levaria a lugar nenhum. Tampouco vamos viver hoje numa família como marido ou mulher, para assumir amanhã idênticos relacionamentos num lar diferente. Também não mudamos nosso círculo social tão frequentemente como mudamos de roupa ou de sapatos. Se assim procedêssemos, nossas condições sociais e profissionais ficariam comprometidas e prejudicadas.
Devemos seguir uma linha de trabalho no mundo; cuidar de uma só família; concentrar os esforços nesses departamentos da nossa vida com exclusão de todos os outros. Por que não aplicar o mesmo bom senso em nossos esforços espirituais? Normalmente, esforçamo-nos nos nossos negócios, desenvolvemos os planos traçados, trabalhamos intensamente para alcançar o êxito. Da mesma forma, estudamos e planejamos as necessidades da nossa família. Sabemos que o progresso social e profissional depende da soma de concentração, planejamento e perseverança que tivermos. Então, se nos mostramos tão sábios e prudentes no que diz respeito às coisas do mundo, que duram apenas os poucos anos da nossa vida terrena, por que não nos empenhamos em usar o mesmo bom senso e não o aplicamos de corpo e alma às coisas espirituais que são eternas?
Na Época Atlante, quando os Semitas originais foram escolhidos entre os seus irmãos, muitos deles consideraram isso uma grande provação. Eles, os “Filhos de Deus”, se casaram com “as filhas dos homens”, e a consequência disso pode ser estudada no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”.
Atualmente, estamos noutra grande bifurcação de caminhos. Uma “Igreja” ou comunidade de seres humanos foi designada como precursora da próxima grande raça. Muitos caminhos conduzem a Roma e ao Reino de Cristo, mas se esbanjamos o nosso tempo andando hoje numa direção para amanhã escolher um caminho diferente, o nosso fracasso é certo. Por conseguinte, peço a todos os estudantes que simpatizam com os ensinamentos da Fraternidade Rosacruz, que abandonem todas as demais sociedades religiosas e se consagrem, com todo o coração, mente e espírito, a viver e difundir esses conhecimentos.
Para as nossas atividades terrenas necessitamos de trabalhadores experientes, hábeis e dedicados. No Reino Celestial, a lealdade e a devoção são também fatores primordiais. Recordemos e concentremo-nos nos três primeiros versículos do primeiro Salmo, pois certamente queremos obter a maior colheita possível pelos nossos esforços espirituais e também pelos materiais.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 52)
Crescimento Anímico por meio do Trabalho
Espero que tenham estudado profundamente a lição de Natal e estejam familiarizados com o fenômeno do fluxo e refluxo espiritual que ocorre no Universo, de forma a estarem conscientes da razão de sua fé na “Noite de Natal”. O intento da lição deste mês é transmitir um conhecimento adicional, ainda não ensinado publicamente. Há outros ensinamentos nesta pequena lição, os quais lançam uma luz mais clara sobre o mistério do nascimento imaculado, que não foram dados anteriormente, e espero que os estudem com atenção durante o próximo mês, para que possam compreender toda a transcendental beleza dos sublimes Ensinamentos Rosacruzes sobre esse assunto.
Mas, ainda que tenham estudado a lição de Natal e estejam aptos para discutir sobre o fluxo e refluxo espirituais, ou se sintam preparados para expor o que sabem sobre a Imaculada Concepção, tudo isso terá uma importância secundária comparada à resposta que derem a esta pergunta: “Aproveitaram o fluxo espiritual do Natal para auxiliar alguém que estivesse sofrendo, como foi sugerido no último parágrafo daquela lição? Praticaram alguma ação altruísta no trabalho do mundo?” Espero que assim tenham feito, pois somente quando praticamos os ensinamentos no nosso círculo de influência, é que eles produzem o fruto do crescimento anímico. Podemos ler até chegar a uma indigestão mental, mas as ações falam mais alto que as palavras. Diz-se que está em má situação quem tiver somente boas intenções. Portanto, queridos amigos, permitam mostrar-lhes a necessidade de trabalhar! Trabalhar! Trabalhar!
Muitas vezes constatamos no nosso lar, no trabalho, na rua ou em reuniões, certas coisas que deveriam ser feitas.
Mas a atitude do homem é a de esquivar-se. Afasta-se dizendo: “Por que devo ser eu a fazê-lo? Que outra pessoa cuide disso”. No entanto, devíamos raciocinar de forma diferente. Não devíamos pensar o quão pouco queremos fazer. Se assim procedermos, não estamos obrando para tornar-nos Auxiliares Invisíveis. Se virmos que há um trabalho a fazer, devemos decidir “Alguém terá que fazê-lo, por que não eu?”.
No próximo mês, queridos amigos, tomemos como um exercício espiritual, o seguinte lema: “Por que não eu?” Se seguirmos persistentemente esse caminho, colheremos bênçãos bem maiores do que as que já temos recebido.
Que Deus os abençoe abundantemente e os fortaleça em seus esforços.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 02)