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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Quem é o “O cego vê e o surdo ouve” e quem não é

Quem é o “O cego vê e o surdo ouve” e quem não é

Enquanto a incapacidade física causada pela cegueira é, sem dúvida, uma grande aflição, há uma cegueira que tenha efeito mais prejudicial sobre aqueles que dela sofrem: a cegueira do coração. Um velho provérbio diz: “Ninguém é tão cego quanto aquele que não quer ver”. Toda grande religião trouxe ao povo a quem foi dada certas verdades vitais e necessárias para o seu desenvolvimento e o próprio Cristo nos disse que a Verdade nos libertaria. Muitas das sublimes verdades contidas nos ensinamentos cristãos foram, no entanto, obscurecidas por credos e dogmas com os quais as várias seitas e denominações se contentaram. Contrata-se um ministro e o encarregam de expor a verdade da Bíblia, mas sua língua está atada ao credo de sua denominação específica; ele é proibido, sob pena de desgraça pública e dispensa, de publicar ou pregar algo que não esteja em estrito acordo com o tipo particular de religião desejado por aqueles que lhe pagam o salário. Cada ministro recebe um par de óculos que são coloridos de acordo com o credo específico que ele representa, e ai dele, se ousar enxergar a Bíblia com outros óculos sobre o nariz: fazer isso significa sua ruína financeira e ostracismo social, que poucos são corajosos o suficiente para enfrentar.

Enquanto o ministro mantiver seus óculos denominacionais, não haverá perigo; contudo, às vezes algum ministro retira os óculos, porque planejou ou por acidente. Ele pode ser de natureza aventureira e, de alguma forma, tem a sensação de que haja alguma coisa fora da sua esfera de visão particular, ou pode ter acidentalmente perdido seus óculos. Mas, em ambos os casos, se ele tropeça na verdade nua da palavra de Deus, torna-se infeliz. Este escritor falou com vários ministros que confessaram ter a ciência de certas verdades, mas não ousavam pregá-las porque isso jogaria a fúria de sua congregação sobre eles, por perturbar as condições estabelecidas. E isso não é de se admirar; mesmo o rei James, um monarca e autocrata, advertiu os tradutores da Bíblia para não a traduzirem de maneira que a nova versão perturbasse as ideias estabelecidas, porque ele sabia que, no momento em que novos pontos fossem introduzidos, haveria uma controvérsia entre os defensores da antiga visão religiosa e os da nova, o que provavelmente resultaria uma guerra civil. A maioria das pessoas sempre está pronta para sacrificar a verdade pelo bem da paz; portanto, hoje estamos presos, apesar de nossa liberdade vangloriada, e não importa o quanto seja aguçada a nossa visão física, um grande número entre nós está cego por uma escama tão opaca que quase obscurece completamente sua visão espiritual.

No entanto, apesar de tudo, a verdade surge e às vezes nos lugares mais inesperados, como mostra o recorte a seguir. Isto soa mais como as reflexões de um místico do que os escritos de um ministro presbiteriano, anotações ligadas à terrível doutrina da predestinação e ao compromisso das almas com o fogo eterno do inferno, onde torturas terríveis são suportadas pela eternidade, mesmo por bebês que foram predestinados a sofrer para sempre pelo seu criador. Foi escrito por J. R. Miller, um conhecido pastor da Filadélfia, e é apenas outra indicação do fato de que um sexto sentido esteja se desenvolvendo lentamente e, frequentemente, como dito, nos lugares mais inesperados, esmagando o credo com evidências e conhecimentos místicos. O reverendo Miller diz:

“Todos nós projetamos uma sombra. Há sobre nós uma espécie de penumbra — algo estranho e indefinível — que chamamos de influência pessoal e tem efeito em todas as outras vidas que ela toca. Vai conosco aonde quer que vamos. Não é algo que possamos ter ou retirar quando quisermos, como uma roupa. É uma coisa que sempre brota da nossa vida, como a luz de uma lâmpada, o calor de uma chama, o perfume de uma flor”.

Certa vez, quando Cristo estava sozinho com seus Discípulos, Ele lhes perguntou: “Que dizem os homens que Eu, o Filho do Homem, sou?”. E eles responderam e disseram: “Alguns dizem que Tu és Elias; outros, Jeremias; e outros dizem que és um dos profetas”. E Cristo respondeu e disse: “Mas quem dizeis que Eu sou?”. E Pedro disse em resposta a essa pergunta: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Ele havia descoberto a verdade, tinha visto o Cristo. E a resposta de Cristo veio rapidamente: “Bendito és tu, Simão, filho de Jonas, porque a carne e o sangue não te revelaram isso, mas meu Pai que está no Céu; a ti darei as chaves do Reino dos Céus e do Inferno”.

Aqui, a religião materialista, que tantas vezes desvalorizou a Arte a seu serviço, pode ver apenas uma chave material e, portanto, encontramos fotos em que Pedro esteja com uma chave enorme na mão; porém o místico descobre nesse incidente que os discípulos receberam o ensinamento de uma grande verdade da natureza: o renascimento! Pela chave da iniciação, esse mistério foi descoberto, as portas do Céu e do Inferno foram abertas para mostrar a imortalidade do Espírito e nossa volta a essa esfera de ação para aprender novas e maiores lições vida após vida, como uma criança aprende suas lições na escola, dia após dia.

Se o renascimento não fosse um fato natural, o retorno de espíritos que partiram, como Jeremias, Elias e outros, para então ocupar o corpo de Jesus, seria um absurdo e teria sido o dever de Jesus, como Mestre dos discípulos, explicar que tais ideias fossem ridículas. Em vez disso, Ele mantém o assunto para descobrir a profundidade do seu discernimento e pergunta — “Quem então você diz que Eu sou?”. E quando a resposta chega, mostrando que eles percebem n’Ele alguém acima dos profetas e da raça humana, o Cristo, o Filho do Deus vivo, Ele nota que estejam prontos à Iniciação que resolve, na Mente dos discípulos, o problema do renascimento para além de qualquer disputa. Nenhuma quantidade de leitura de livros, conversas ou explicações pode solucionar esse ponto para além de qualquer possibilidade de confusão. O candidato deve saber por si mesmo. Portanto, nas atuais Escolas de Mistérios, após a primeira Iniciação abrir-lhe o mundo invisível, ele tem a oportunidade de se satisfazer com o renascimento e lhe é mostrada uma criança que recentemente saiu do corpo físico. Por causa de seus poucos anos, ela renasce rapidamente, provavelmente dentro de um ano após a morte. O recém-iniciado observa essa criança até que finalmente ela entre no útero da mãe para emergir como um bebê recém-nascido de novo. A razão pela qual ele assiste a uma criança e não a um adulto é porque este fica fora da vida física por aproximadamente mil anos, enquanto um bebê renasce em poucos anos; alguns chegam a encontrar um novo ambiente depois de alguns meses e renascem dentro de um ano. Durante esse período, o iniciado também tem oportunidades de estudar a vida e as ações daqueles que estão no Purgatório e no Primeiro Céu, que são o Céu e o Inferno mencionados na Bíblia. Foi isso que Cristo ajudou seus Discípulos a fazer: ver e saber. Sobre a rocha dessa verdade a Igreja foi fundada, pois se não houvesse renascimento, não haveria progresso evolutivo e, consequentemente, todo avanço seria uma impossibilidade.

Contudo, qual é o caminho para a realização? Eis a grandíssima questão e, para isso, existe e pode haver apenas uma resposta — o desenvolvimento do sexto sentido por meio do qual o místico descobre essa sombra imortal da qual o reverendo Miller fala. O Céu e o Inferno são relativos a nós: nossas vidas passadas e as vidas de nossos contemporâneos foram jogadas na tela do tempo e estão prontas para serem lidas a qualquer momento, mas devemos construir nossos sentidos para poder ler.

A luz elétrica, quando focada através de uma lente estereótica, projeta a imagem brilhante de um slide, quando há escuridão; contudo, não deixa marcas visíveis quando os raios do Sol atingem a tela. Nós também, se quisermos ler o pergaminho místico de nosso passado, devemos aprender a acalmar nossos sentidos para que o mundo externo desapareça nas trevas. Então, pela luz do espírito, veremos as imagens do passado tomarem o lugar do presente.

Tal sombra, vista pelo pastor Miller ao redor do corpo, é análoga à fotosfera, a Aura do Sol e dos Planetas. Cada um desses grandes corpos tem uma sombra invisível; ou melhor, invisível em condições normais. Vemos a fotosfera do Sol quando a esfera física é obscurecida durante um eclipse, mas em nenhum outro momento. O mesmo acontece com a sombra ou fotosfera do ser humano; quando aprendemos a controlar nosso senso de visão para que possamos observar um ser humano sem ver sua forma física, então essa fotosfera ou aura pode ser vista em todo seu esplendor, pois as cores da Terra são opacas em comparação com os fogos vivos e espirituais que envolvem e emanam de cada ser humano.

O fantástico jogo da aurora boreal nos dá uma noção de como essa fotosfera, ou sombra, age. Está em movimento incessante; dardos de força e chamas estão constantemente disparando de todas as suas partes, mas particularmente ativos ao redor da cabeça; e as cores e tons dessa atmosfera áurica mudam a cada pensamento ou movimento. Essa sombra é observável apenas para quem fecha os olhos a todas as visões da Terra; quem deixou de se preocupar com o louvor ou a culpa dos seres humanos, mas está concentrado apenas no Pai Celestial; quem está pronto e disposto a defender a verdade e somente ela; quem vê com o coração e no coração dos seres humanos que eles possam descobrir dentro de si mesmos o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Tampouco é o que nos rodeia uma sombra que desaparece quando o Sol da vida deixa de brilhar no corpo físico. Longe disso, é o vestuário resplandecente do espírito humano, obscurecido durante a existência material pela roupa opaca feita de carne e sangue. Quando John L. McCreery escreve sobre os amigos que faleceram, que: Eles deixaram cair o manto de barro para colocar uma roupa brilhante, ele está incorreto. Seu traje é realmente “brilhante”; no entanto, eles não o colocam na ocasião da morte. Seria mais correto conceber a nós mesmos como vestindo uma roupa de substância de alma que seja intensamente brilhante, porém escondida por uma “camada de pele” escura e sem brilho: um corpo físico. Quando o deixamos de lado, a magnífica Casa do Céu mencionada por Paulo no quinto capítulo da Segunda Carta aos Coríntios torna-se nossa habitação normal de Luz. É o soma psuchicon ou Corpo-Alma, traduzido de forma incorreta como “corpo natural”, no capítulo 15 da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, no quadragésimo quarto verso, onde encontraremos o Senhor em Sua vinda, mas “carne e sangue”, como usamos atualmente, não podem herdar o Reino de Deus.

Há muita diferença nessas emanações áuricas que foram observadas pelo reverendo Miller; de fato, existem tantos tipos áuricos diferentes quanto pessoas. O jogo das cores nunca é o mesmo. Se assistíssemos ao nascer e ao pôr do Sol por toda a vida, nunca encontraríamos dois exatamente iguais quanto à cor, efeito das nuvens ou tantos outros detalhes. Da mesma forma, quando observamos o jogo das emoções humanas, revelado na aura, há uma variedade incontável inclusive na mesma pessoa, quando em posições e condições idênticas, porém momentos diferentes. Em certo sentido, todos os pores do Sol são iguais; certas pessoas não percebem diferenças, mas para o artista o jogo de cores variado às vezes é realmente doloroso em sua intensidade. Alguns também podem não apreciar a importância dessa nuvem áurica e luminosa. Contudo, quando um Cristo vê as lutas prometeanas da pobre humanidade cega, que maravilha que Ele grite: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes Eu lhe teria reunido sob minhas asas!”. A menos que estejamos preparados para nos tornar “homens de dor”, não devemos desejar a extensão da visão que permite ao seu possuidor penetrar a opacidade do corpo que revela, assim, a alma, pois a partir de então seremos obrigados a suportar, além das nossas, também as dores de nossos irmãos. No entanto, quem assim se tornar um “Servo” terá, ao lado de toda essa tristeza, também alegria e paz que ultrapassam qualquer entendimento.

Quando abrirmos os olhos espirituais e aprendemos a ter a visão celestial do Cristo dentro dos corações dos seres humanos, haverá outros passos que nos levarão mais adiante no caminho. Quando aprendemos a fechar nossos ouvidos à multidão que só clama e reclama, às brigas de indivíduos sobre isto, aquilo ou qualquer outra coisa que não seja essencial; quando aprendemos que os credos, dogmas e todas as opiniões terrenas não tenham valor e que exista apenas uma voz no universo que seja digna de ouvirmos, a voz de nosso Pai que fala sempre aos que buscam o Seu rosto — então seremos capazes de ouvir a Canção das Esferas mencionada no imortal “Fausto”, nestas inspiradas palavras:

                        O Sol entoa sua velha canção,

                        Entre os cânticos rivais das esferas irmãs,

                        Seu caminho predestinado vai trilhar

                        Através dos anos, em retumbante marchar.

O que ocorre no caso da fotosfera do Sol, que é vista apenas durante um eclipse, quando sua esfera física é obscurecida, também acontece com a Canção das Esferas: ela não é ouvida até que todos os outros sons tenham sido silenciados, pois é a voz do Pai. Nesta sublime harmonia, as notas-chaves de Sabedoria, Força e Beleza reverberam por todo o Universo e, nessas vibrações, nós vivemos, nós nos movemos e temos o nosso ser. O Amor divino Se derrama sobre nós em medida irrestrita através de cada acorde cósmico para animar os desanimados e instigar os retardatários. “São vendidos dois pardais por quase nada e nenhum deles cai no chão sem que o Pai saiba; sois mais do que muitos pardais”. “Vinde a mim, vós que sois fracos e carregam peso”. Repousem sobre o grande coração cósmico do Pai. Sua voz confortará e fortalecerá a alma.

A cada ano e idade, esse grande Canto Cósmico muda; a cada vida aprendemos a cantar uma nova música. Deus, em todos e através de todos, opera Seus milagres na natureza e no ser humano. Geralmente, estamos surdos à mágica produzida pelo som silencioso da Palavra divina; entretanto, se pudermos aprender a “ouvir”, sentiremos a verdadeira proximidade de nosso Pai, que está mais perto do que as mãos e os pés, e saberemos que nunca estejamos sozinhos, nunca fora do Seu cuidado amoroso.

Assim como o Sol e os Planetas produzem luz e som, o ser humano também tem sua estrutura de luz e som. Na Medula, queima uma luz como a chama de uma vela, mas não de maneira constante, silenciosa e quieta. Ela pulsa e, ao mesmo tempo, emite um som que varia do nascimento à morte e pode-se dizer que nunca seja o mesmo. À medida que muda, também mudamos, pois é a tônica do ser humano. Aí estão expressas nossas esperanças e medos, nossas tristezas e alegrias como foram trabalhadas no mundo físico, porque esse fogo é aceso pelo arquétipo do Corpo Denso. O arquétipo é uma esfera vazia; contudo, ao soar uma nota específica, atrai para si todas as concreções físicas que vemos aqui como manifestação — o Corpo Denso que chamamos de ser humano. Nessa chama sonora o maior número dos nervos do corpo humano tem sua raiz e origem. Esse lugar é o ponto vital do ser humano, a sede da vida, o núcleo da sombra da qual o pastor Miller falou. Quando atingimos esse ponto, quase chegamos ao coração do ser humano.

Para alcançar esse local supremo são necessários outros passos; no entanto, geralmente estamos tão envolvidos com nossos próprios interesses, independentemente dos negócios e cuidados das outras pessoas, que somos egocêntricos. Isso deve ser superado; precisamos aprender a enterrar nossas próprias tristezas e alegrias, a sufocar nossos próprios sentimentos, porque assim como a luz do Sol esconde a fotosfera e o opaco corpo físico do ser humano oculta a bela atmosfera áurica, assim também nossos sentimentos, emoções pessoais e interesses nos tornam insensíveis aos sentimentos dos outros. Quando aprendemos a acalmar o sentimento de nossos próprios corações, a pensar pouco em nossas próprias tristezas e alegrias, começamos a sentir as batidas do grande Coração Cósmico que agora está trabalhando para trazer muitos filhos à glória.

As dores do nascimento de nosso Pai-Mãe no Céu são sentidas apenas pelo Místico em seus momentos mais altos e sublimes, quando ele sufoca inteiramente os gemidos egoístas de seu próprio coração, pois esse é o inimigo mais forte e mais difícil de superar. No entanto, quando isso é alcançado, ele sente, como foi dito, o Grande Coração do nosso Pai Celestial. Assim, passo a passo, nós nos aproximamos da Luz, até mesmo do Pai das Luzes em quem “não há sombra”. É importante que deixemos o seguinte muito claro, portanto:

Pode ser uma marca de conquista ser capaz de ver “a sombra”.

Pode marcar um passo mais alto na conquista poder ouvir “a voz no silêncio”.

Acima de tudo, porém, vamos nos esforçar para sentir as batidas do coração de nossos semelhantes, para tornar nossas as suas tristezas, regozijar-nos em suas realizações e guiá-las ao seio de nosso Pai, por paz e conforto.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Equilíbrio entre os Dois Polos

O Equilíbrio entre os Dois Polos

3 — Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem e o homem, o cabeça da mulher e Deus, o cabeça de Cristo.

4 — Todo homem que ora ou profetiza tendo a cabeça coberta desonra a sua própria cabeça.

5 — Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapado.

6 — Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso que raspe o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar o véu.

7 — Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do varão.

8 — Pois o homem não foi feito da mulher e, sim, a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher e, sim, a mulher por causa do homem.

9 — Portanto, deve a mulher, por causa dos Anjos, trazer véu sobre a cabeça como sinal de autoridade.

10 — No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher.

11 — Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher e tudo vem de Deus.

12 — Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?

13 — Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar o cabelo comprido?

14 — E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo comprido lhe foi dado em lugar de mantilha.

(ICor 11:3-14)

A Bíblia foi escrita de modo a apresentar um significado para as massas e outro para o estudante esoterista. No capítulo acima, do ponto de vista esotérico, o homem e a mulher referem-se aos princípios masculino e feminino, não aos dois sexos em suas formas físicas. A “vontade” denota a qualidade masculina da alma e a “imaginação”, o princípio feminino.

Quando a vontade é o atributo mais forte, o Ego constrói um corpo masculino. Quando a imaginação predomina, o corpo é feminino. Contudo, seja o sexo masculino ou feminino, as qualidades opostas encontram-se presente em um estado rudimentar.

Mediante a Iniciação, ambos os polos são desenvolvidos equilibradamente (vide o versículo 2: Eu vos felicito, porque em tudo vos lem­brais de mim e guardais as minhas instruções tais como eu vo-las transmiti). Essa é a mensagem oferecida por São Paulo no presente capítulo. Os versículos 5 e 6 têm um belo significado espiritual, quando analisados à luz da compreensão interna; é impossível traduzir literalmente de um idioma para outro. Assim como “desnudo” significa esotericamente estar sem Corpo-Alma, a cabeça da mulher, coberta, significa o desenvolvimento espiritual do princípio do coração, que é feminino. Compreende o despertar da Glândula Pineal, do Corpo Pituitário e o funcionamento harmonioso do ventrículo cerebral, formando no neófito a coroa de espinhos e no espiritualmente desenvolvido, a coroa da eterna glória.

Ao homem aconselha-se permanecer descoberto porque esse desenvolvimento é a obra essencial do princípio feminino. Através de todas as operações da natureza, o princípio masculino é o que planta a semente, enquanto o propósito da mulher, ou princípio feminino, é nutrir e desenvolver o que foi plantado.

No versículo 7 lemos isto: “O homem é a imagem e a glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão”. O “varão”, aqui, diz respeito ao equilíbrio de ambos os princípios, pois só o Adepto é feito realmente à imagem e semelhança de Deus. “A mulher é a glória do varão” significa que nenhum homem, nenhum humano possa chegar a tal estado de desenvolvimento até que o princípio feminino, o coração, seja despertado inteiramente, pois esse é o grande princípio de Cristo.

O versículo 9 não se refere à inferioridade ou submissão da mulher, como foi ensinado durante muito tempo. Significa que a parte mais importante do desenvolvimento é o despertamento do grande princípio feminino, o Cristo interno.

O desejo de explicar literalmente este capítulo deu lugar a muitos conceitos errôneos. O versículo 10, por exemplo, segundo alguns dos padres primitivos, significa que uma concepção santa poderia ter lugar através dos ouvidos: “Tu, que concebeste através dos ouvidos”, reza um antigo hino em latim e dedicado a Maria. Há também uma antiga superstição oriunda do Talmud, segundo a qual tanto os bons como os maus espíritos poderiam fecundar a mulher através dos ouvidos. E mesmo nos dias de hoje algumas dessas interpretações permanecem tão literais ao ponto de, em algumas igrejas, não se permitir a entrada de mulheres, a menos que estejam com a cabeça coberta. A formosa verdade espiritual ensinada por São Paulo no versículo 10 alude à elevação do fogo espinhal à cabeça por meio de uma vida pura e regenerada, despertando os órgãos espirituais ali situados. Então, a vida do homem torna-se como a dos Anjos: isenta da mácula passional. Vive e ama como os Anjos e as flores.

Os versículos 14 e 15 são os mais interessantes à luz do presente desenvolvimento. O cabelo é um produto do Corpo Vital e simboliza as qualidades femininas. A mulher tem usualmente os cabelos longos, porque evidencia preponderantemente as qualidades femininas. O cabelo do homem é curto, representando em maior escala as qualidades masculinas.

A aproximação da Era de Aquário, chamada de a Era da Mulher, marcará a realização do trabalho de elevação do, agora decaído, polo feminino, tanto no homem como na mulher; ou seja, um maior equilíbrio entre os dois princípios.

O fortalecimento do polo masculino na mulher é a causa de suas atitudes masculinas nos tempos atuais; isto é, o uso de cabelos curtos e a competição com o homem no trabalho do mundo. O homem, por sua vez, mediante um processo oposto, está expressando mais as qualidades femininas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Será que almejar ideais elevadíssimos é presunção?

Será que almejar ideias elevadíssimos é presunção?

Eu Sou a videira e Meu Pai é o lavrador. Como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós não podeis, se não estiverdes em Mim.” (Jo 15:1-4).

Aprendemos que “estar” seja sinônimo de morar, encontrando-se em certo local. Assim, estamos adotando a disciplina de estar, de “morar” na Consciência Crística.

Suas palavras constituem novamente segura orientação para as nossas vidas, se desejamos alcançar resultados espirituais que sejam positivos. Ele simplificava o processo chamando-o de “dar frutos”. Repetimos: para “dar frutos” temos de “estar n’Ele”.

Os frutos que almejamos consistem na habilidade de fazer as mesmas obras que Ele fez, conforme afirmou que poderíamos. E nos lembramos, com toda a humildade, consoante Suas palavras, que as obras que faremos poderão ser maiores ainda.

Tal ideia causa impacto tão forte que, de imediato, recorremos a desculpas para justificar nossas fraquezas, raciocinando covardemente que, por certo, seria demais esperar por “isso” nesta mesma vida. Concordamos tratar-se de uma promessa um pouco aterradora. Ele, porém, não nos deixou sem um Consolador. E São Paulo faz ruir as eventuais desculpas quando diz: “Eis AGORA o tempo aceitável, eis AGORA o dia da salvação”.

Esse tipo de justificativa em relação a nossos pontos falhos causa o mau uso do conhecimento que recebemos em relação ao renascimento. A recusa em maximizar o aprendizado e progresso nesta vida, mediante o argumento de que isso poderá ser logrado em existências futuras, constitui mau uso do conhecimento. No livro Mistérios Rosacruzes Max Heindel afirma: “Após a morte que sucede a vida, retornamos mais tarde ao Plano material, suportando circunstâncias criadas segundo nosso aproveitamento em vidas anteriores”. Assim, almejar ideais elevadíssimos não é presunção, constituindo, ademais, um dever cujo cumprimento respaldará nossa evolução espiritual não somente nesta, mas em vidas futuras.

É de capital importância para o Estudante “ficar ligado à Vinha”, à Consciência Crística. E isso deve ser feito AGORA.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Não dê esmolas diante de outras pessoas

Não dê esmolas diante de outras pessoas

Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa, Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz tua mão direita; para que a tua esmola fique em segredo: e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará”. (Mt 6:1-4)

Aqui encontramos também a distinção feita entre o “exterior” e o “interior”, entre a forma de conduta humana e a realidade da consciência espiritual.

O desejo de quererem ser vistos é um dos traços mais comuns dos seres humanos; esse traço pertence essencialmente à personalidade e ao velho regime de estado de separação e cumprimento externo da lei, que será descartado inteiramente sob a religião unificadora de Cristo. O altruísmo é a nota-chave da nova ordem das coisas, e toda recompensa por nosso serviço a Deus mediante o serviço a nosso próximo será somente o crescimento espiritual interno que não é visto pelos demais seres humanos.

A hipocrisia, a falsa assunção de virtude, foi tratada por nosso Mestre, que podia ler o coração e conhecer imediatamente se o ser humano era sincero. Aos hipócritas Ele lhes disse:

Comeis nas casas das viúvas, e por pretexto fazeis longas orações: por isso levareis um julgamento mais sério… dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé: isso tinha que ser feito, e não deixar o outro… limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro, estes estão repletos de avareza e cobiça… sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia”.

Felizmente, o próprio Espírito é sincero e desinteressado e, à medida que ganha domínio sobre a personalidade, ele pode dar aos outros o amor sem pensar em agradecimentos. A chispa individualizada de Deus compreende que é parte do Todo, e que a ideia separatista é uma ilusão adquirida durante a nossa permanência através da materialidade. Quando amamos e servimos aos demais mantemos o fogo interior aceso brilhantemente e dessa maneira se sente o impulso para compartilhar com outros o que temos, se não for feito pensando na aparência exterior, nós obtemos uma recompensa invisível para o desenvolvimento da consciência.

Na vida do Sir Launfal encontramos o Cristo Ideal expressado nas palavras do leproso:

“Melhor para mim é a côdea de pão que o pobre me dá,

e melhor a benção deste

Ainda que de mãos vazias de sua porta me deva afastar.

As esmolas que só com as mãos ofertadas, não são as verdadeiras.

Inúteis são o ouro e as riquezas dadas

Só porque lhe parece um dever fazê-lo.

Mas o que parte sua pobreza

E dá para quem está fora de sua vista

Esse fio de Beleza, sustentador Universal,

Que tudo penetra e o une.

A mão não consegue abarcar todas suas esmolas,

O coração estende seus braços ansiosos

Porque um Deus acompanha a doação e provê a alma

que antes estava padecendo na escuridão. ”

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross Nov-Dez/1983 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renovação e Consagração

Renovação e Consagração

Páscoa significa renovação. É a estação do novo crescimento e o impulso para purificar-nos é universal. Agora, novamente consagramos nossas vidas, decidindo ser mais conscientes em nossos esforços diários. Somos estimulados a novos esforços e aspirações conforme sentimos a natureza responder às forças da vida que ascende, liberada por meio da crucificação. Essa “ascensão” é de natureza cíclica e ocorre anualmente, entre a Páscoa e o Domingo de Pentecostes.

A máxima “como é em cima é embaixo” sugere-nos o princípio unificante fundamental de toda a vida, e as mudanças cósmicas de natureza cíclica inevitavelmente encontram sua expressão na existência humana. Assim como o Ego, ou Espírito Virginal, procura renascer, igualmente as leis naturais ou princípios cósmicos buscam sua manifestação externa ou personificação por meio da forma, secundária expressão da vida. O nascimento e a ressurreição de Cristo-Jesus são expressões externas das mudanças das estações.

Ambos, o Natal e a Páscoa, são pontos alternantes marcando o fluxo e o refluxo de um impulso de vida cósmica sem o qual a vida na Terra seria uma impossibilidade. Na época em que o Sol transita pelo Signo celestial da Virgem, tem lugar a Imaculada Concepção. Uma onda da luz solar de Cristo se concentra na Terra. Gradualmente essa luz penetra mais fundo até alcançar o ponto máximo na noite mais longa do ano, que chamamos Natal. Esse é o nascimento místico de um impulso de vida cósmica que impregna e fertiliza o planeta e constitui a base da vida terrestre. Sem ele não germinaria semente alguma, não existiriam a humanidade e os animais ou forma alguma de vida. Desde o solstício até o equinócio esse impulso segue seu caminho até a superfície da Terra, infundindo nova vida a todas as formas em evolução.

O conhecimento do fluxo e refluxo dessas forças cósmicas será muito útil para nós, porquanto nos enseja poder “agarrar o tempo pelos cabelos”.

Durante esta estação, da Páscoa até o Domingo de Pentecostes, quando a natureza abunda em nova vida, devemos empreender todo esforço para sintonizar-nos com esse impulso universal, para expressar uma vida mais harmoniosa. Este é o momento para despendermos os maiores esforços no sentido de alcançarmos níveis superiores de consciência. Devemos ter em conta, também, que não há tons menores neste “canto de Primavera”. Sua nota-chave é alegria. O evento da ascensão de Cristo é cantado com grande regozijo nos planos espirituais. E nós também, se nos alinharmos com a Lei Cósmica, sentir-nos-emos felizes e alegres nesta época do ano.

A lei da analogia se mantém pura em todos os departamentos da vida. Os alegres cantos primaveris são ecos, tons harmônicos de uma ressurgente harmonia cósmica. Se penetrarmos no espírito da estação poderemos, também, receber o estímulo resultante do rápido florescimento de todas as formas da natureza.

A ajuda que estamos recebendo para a aquisição do conhecimento direto deveria merecer especial atenção nesta ocasião. Esse auxílio, como ensina o Conceito, resume-se em: Observação, Discernimento, Concentração, Meditação, Contemplação e Adoração. A Observação e o Discernimento são disciplinas a serem exercitadas durante todas as nossas horas de vigília. A Concentração, a Meditação, a Contemplação e a Adoração são graus progressivos de exercícios especiais para o desenvolvimento da clarividência.

O pensamento é o meio mais poderoso para a obtenção do conhecimento. Se dominarmos necessária força mental nada existirá além da humana compreensão. Por meio da concentração do poder mental podemos solucionar problemas que de outra maneira não chegaríamos a entender.

Nossos primeiros esforços de concentração são, frequentemente, insatisfatórios. Mesmo assim poderemos obter algum êxito em concentrar nossos pensamentos antes de que estejamos preparados para graus Superiores de Meditação e Contemplação. O objeto da Concentração pode bem ser qualquer coisa, uma simples figura geométrica ou, de preferência, algum ideal. Qualquer que seja nossa escolha, é necessário mantermos firmes nossos pensamentos na figura mental criada, sem permitir desvios.

O pensamento é o poder que utilizamos para construir imagens mentais ou pensamento-formas e como é nossa força primordial devemos dominá-lo.

Quando o aspirante, por intermédio da Concentração, obtiver êxito para construir o pensamento-forma VIVENTE de um ideal, então já estará preparado para o passo seguinte, ou seja, a Meditação. Através dela, ele aprende tudo referente ao objeto criado em sua mente. Terá acesso a conhecimentos jamais sonhados, pois através da Meditação suas criações mentais podem falar-lhe, por assim dizer.

Os graus superiores — a Contemplação e a Adoração — geralmente não se alcançam até que estejamos bem treinados na Observação e no Discernimento, disciplinas mentais que deveríamos praticar continuamente. É importante tudo vermos com clareza, com contornos bem delineados e riquezas de detalhes.

A visão etérica é uma extensão ou refinamento da visão física e facilitamos seu desenvolvimento através da prática sistemática de observar cuidadosamente todas as coisas.

Enquanto praticamos o exercício da Observação, devemos aprender a discernir e a tirar conclusões do que vemos. Pela observação e discernimento cultivamos a faculdade de raciocinar logicamente. E a lógica, segundo nos foi ensinado, é o melhor guia em qualquer mundo. Pelo desenvolvimento do Discernimento e da Observação preparamo-nos para os dois passos seguintes: a Contemplação e a Adoração. Através da Meditação aprendemos tudo a respeito da forma das nossas criações mentais. Porém, na Contemplação, a parte que concerne à vida revela seus segredos. Na verdade, a unidade da vida se nos põe de manifesto pela Contemplação e nos impressionamos com a verdade suprema de que não existe senão uma vida: a Vida Universal de Deus. Quando alcançamos esse estágio, através da Contemplação, ainda resta um passo a dar, ou seja, a Adoração. Por meio dessa, o aspirante se UNIFICA com a Fonte Universal de todas as coisas. Nesta estação do ano, quando a vida fecunda toda a natureza, deveríamos, todos, tratar de fazer grandes progressos pela renovação dos nossos esforços para dominar esses seis graus ou disciplinas. Assim, sintonizando-nos com as forças vitais que ressurgem na Terra e culminam no Domingo de Pentecostes, evoluiremos de modo tal como não seria possível de outra maneira.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de março e abril/87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Almas perdidas ou atrasadas na evolução?

Almas perdidas ou atrasadas na evolução?

 

Não existe, absolutamente, nenhum fundamento que justifique a ideia generalizada a respeito de “almas perdidas”. Não há, na Bíblia, uma só palavra que exprima a ideia a que todos nos habituamos sobre eternidade com o sentido de para sempre. A palavra grega aionian significa “um período indefinido de tempo”, “um longo período de tempo” e, quando lemos na Bíblia as palavras “eternamente” ou “para sempre”, deveríamos interpretá-las como “pelos séculos dos séculos”. Além disso, como é uma verdade que “em Deus vivemos, movemos e temos o nosso ser”, uma alma perdida seria o mesmo que se tivesse perdido uma parte de Deus e isto não é possível!

Desde que escrevi a lição anterior ocorreu-me outro ponto que mostrará como a perda de um período de anos está relacionada ao próximo período, sendo até mesmo compreendida por ele. Lembremos que no Período Lunar desse atual Esquema de Evolução  que espíritos lucíferos não puderam achar campo para a sua evolução no presente esquema de manifestação.

Os Arcanjos habitam o Sol; os Anjos têm a seu cargo todas as luas; porém os espíritos de Lúcifer foram incapazes de residir em qualquer desses luminares. Não podiam ajudar a geração pura e desinteressadamente como fazem os Anjos, mas atuavam sob o império do desejo, da paixão vil e egoísta, pelo que foi necessário separá-los dos seus irmãos mais adiantados e fixá-los num lugar apropriado às suas condições.

O ambiente que necessitavam era o de Marte, a quem os antigos astrólogos atribuíram o poder sobre o signo zodiacal de Áries, o Carneiro, que tem domínio sobre a cabeça dos seres humanos — convém recordar que o cérebro foi construído com as energias subvertidas dos órgãos sexuais —, o que comprova que aquele planeta exerce igualmente o seu domínio sobre o signo zodiacal de Escorpião, o regente dos órgãos da reprodução. Carneiro é a primeira casa do horóscopo, regendo o começo da vida; Escorpião é a oitava casa do horóscopo, a que nos fala da morte. Em tudo isso está contida uma lição, ensinando-nos que tudo aquilo que foi gerado pelos desejos vis é chamado à dissolução, à morte.

Assim, pois, Marte é, esotérica e astrologicamente, o que se chama de diabo e Lúcifer, o mais notável dos Anjos caídos, é realmente o adversário de Jeová, quem dirige o poder fecundante do Sol por meio da ação lunar. Todavia, os espíritos de Lúcifer estão ajudando a nossa evolução. Deles recebemos o ferro que, por si só, torna possível a vida em uma atmosfera oxigenada. Foram e continuam sendo os agitadores das forças que impulsionam o progresso material e, por isso, não temos o direito de os anatemizar. A Bíblia tacitamente nos proíbe ultrajar os deuses. O próprio apóstolo Judas declara que mesmo o Arcanjo Miguel não se atreveu a denegrir Lúcifer — Porém o Arcanjo Miguel, quando, lutando contra o diabo, disputava o corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo blasfemo, mas disse: ‘Repreenda-te o Senhor’. E no livro de Jó vemos Lúcifer como um dos filhos de Deus. O seu embaixador na Terra, Samael, é o Anjo da morte, representado pelo signo zodiacal de Escorpião, mas também é o anjo da vida e ação, simbolizado pelo Carneiro: a vida que desabrocha.

Se não fossem os impulsos marcianos, agitadores e belicosos, talvez não sentíssemos as aflições tão ao vivo como sentimos, mas também não poderíamos progredir na mesma proporção e é seguramente melhor “gastar-se ao criar bolor”.

Desse modo, podemos compreender que a essas “ovelhas perdidas” de uma era anterior foi concedida a oportunidade para recuperar, no atual esquema de evolução, o tempo que perderam. Ficaram atrasadas e, por esse motivo, são consideradas más, como no caso dos Anjos caídos; entretanto, “não se perderam; apenas afastaram-se da redenção”. Podem se salvar e certamente conseguirão, servindo-nos e provavelmente ajudando a transmutar a natureza de Escorpião na de Carneiro, levando-nos a sublimar em nós mesmos tudo que for grosseiro e mau.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José?

Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José, e de Maria, sua mãe?

Resposta: Se procurarmos as genealogias de Jesus nos Evangelhos segundo São Mateus e São Lucas, verificaremos que o parentesco é traçado desde José até Adão, e nenhuma palavra encontramos a respeito de Maria. Como já o dissemos numa resposta anterior, um copista pode ter interpolado a passagem citada para provar o sentido materialista da Imaculada Concepção.

Contudo, se considerarmos a doutrina esotérica da Imaculada Concepção, tal suposição torna-se desnecessária.

Jeová, o Espírito Santo, o guia dos Anjos, aparece em várias partes da Bíblia como o dador de filhos. Seus mensageiros foram a Sarah anunciar-lhe o nascimento de Isaac; para Hannah anunciaram o nascimento de Samuel; para Maria anunciaram o advento de Jesus, cujos veículos (Corpo Denso e Vital) foram, posteriormente, dados ao Cristo. O poder do Espírito Santo fecunda tanto o óvulo humano como a semente do grão na terra, e o pecado original ocorreu quando Adão conheceu a sua mulher, contrariando a recomendação de Jeová.

Essa transgressão acarretou a marca do pecado sobre uma função sagrada, mas quando uma vida santa purifica os desejos, o ser humano se inunda com esse espírito puro e pode efetuar a função procriadora sem paixão. A concepção torna-se, assim, Imaculada. A criança que nasce sob tais condições é naturalmente superior, porque a concepção realizou-se como um rito sagrado de autossacrifício e não como um ato de autossatisfação.

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Perg. Nº 106 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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A Cura e o Perdão dos Pecados

No Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 9, Versículos de 2-5 lemos: “Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade. Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: ‘Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados’”. Ouvindo isso, alguns escribas murmuraram entre si: “Este homem blasfema”. Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: “Por que pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te – disse ele ao paralítico – toma a tua maca e volta para tua casa”. Levantou-se aquele homem e foi para sua casa. Vendo isso, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: ‘Segue-me’. O homem levantou-se e o seguiu”.
Já no Evangelho Segundo São João, Capítulo 5 lemos: “Então lhe disse Jesus: Levanta-te, toma teu leito e anda. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais para que não te suceda coisa pior”.

Pouca gente imagina a possibilidade de uma relação entre a cura e o Perdão dos Pecados. Aliás, quase ninguém sequer cogita dessa realidade que é o Perdão dos Pecados.

Mas, como se define o pecado?

Objetivamente podemos afirmar que é uma ação contrária à lei. Se você pensou que estamos falando da Lei de Moisés, os Dez Mandamentos, pensou corretamente. A Lei, em verdade, é algo muito mais amplo e profundo do que o decálogo recebido por Moisés na montanha. É tão importante que o Cristo asseverou categoricamente que não viera revogá-la, mas cumpri-la. Ele a observou, mas propôs dois mandamentos que a abrangem e transcendem: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a Si mesmo.

Do ponto de vista esotérico, o pecado é uma transgressão a uma lei natural. As leis naturais se harmonizam e mantêm o equilíbrio no Cosmos. Toda vez que alguém as transgrida provoca um desequilíbrio e em consequência uma reação em forma de sofrimento. Portanto, a dor é uma maneira do indivíduo aprender a lição da harmonia. O apóstolo São Pedro, em uma de suas Epístolas, afirmou: “O que o homem semear, isso mesmo ele colherá”.

A luz do ocultismo, se cometemos um erro somos inexoravelmente penalizados? Realmente não. O Perdão dos Pecados é um fato. Entretanto, há pré-requisitos para que ele opere. Um deles é a vontade aliada à iniciativa. Há necessidade de ação que se manifeste através do arrependimento, reforma e restituição.

  • ARREPENDIMENTO: João Batista não pregou filosofias ou doutrinas. Sua mensagem era o arrependimento dos pecados cometidos. Era um meio de preparar as pessoas para o Cristianismo. Sabia que o Cristo ofereceria a Graça, o Perdão dos Pecados, mas isto depende da transformação da consciência de cada um. Arrependimento é uma mudança da mente e do coração em relação ao ato pecaminoso. Porém, o remorso exagerado é nocivo, debilitando as correntes do Corpo de Desejos e afetando as glândulas endócrinas. Vemos, então, como tudo depende de um processo interno.
  • REFORMA: Só o arrependimento não é suficiente para o recebimento da Graça. Quem para no arrependimento fica apenas na intenção. É necessária uma ação efetiva, dinâmica, que se consubstancie na reforma de caráter. Isso ocorre quando o indivíduo transmuta seus maus hábitos nas virtudes opostas. Reforma significa restauração, renovação e reconstrução. Envolve discernimento. É uma prova de valor e paciência. Quando o ser humano se transforma internamente tudo se modifica em sua vida.
  • RESTITUIÇÃO: Quando prejudicamos alguém devemos promover a restituição, a compensar, de alguma forma, o mal que lhe fizemos. Se não pudemos reparar, pela ausência do prejudicado ou outra razão qualquer, podemos fazê-lo servindo a outra pessoa. Eis porque a tônica da Fraternidade Rosacruz — SERVIÇO — tem um cunho libertador. O serviço amoroso e desinteressado para com os demais envolve-nos na consciência da UNIDADE. Através dele sentimo-nos UNOS com toda a criação, tornando-nos incapazes de ferir, ofender ou prejudicar qualquer ser vivo.

O indivíduo se liberta dos pecados quando em sua consciência admite ter errado e se propõe a não mais repetir a falta cometida. A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. O desenvolvimento dessa consciência ocorre principalmente através do Exercício noturno de Retrospecção. Max Heindel afirma que talvez esse seja o mais importante Ensinamento Rosacruz.

A Retrospecção oferece-nos uma visão objetiva de nós mesmos. A constância e sinceridade com que é praticada acaba por limpar o Átomo-semente das gravações indesejáveis ali impressas ensejando, assim, a evitar o sofrimento purgatorial. Se a pessoa praticar com fidelidade o exercício de Retrospecção, partindo decididamente para o arrependimento, reforma e restituição, demonstrará ter aprendido as lições nesta encarnação, não necessitando fazê-lo futuramente. Isto é o Perdão dos Pecados.

O ensinamento alusivo ao Carma, ensinado pelas escolas orientais, não satisfaz plenamente as necessidades humanas. Os princípios Cristãos abrangem tanto a Lei de Causa e Efeito como o Perdão dos Pecados.

Esse ato volitivo começa com o Corpo Vital. No Pai Nosso encontramos uma oração exclusiva para o Corpo Vital: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Através da repetição forma-se a Alma Intelectual, importante no processo de criação de bons hábitos.

Um bom hábito é não reagir emocionalmente diante de uma situação ou circunstância desequilibrante ou de uma provocação. Se não reagirmos emocionalmente não estaremos implicados na questão e em suas consequências, além do que tudo isso diz respeito à nossa saúde. O pecado ou transgressão afeta a saúde. Platão afirmou que jamais deveríamos tentar curar o corpo sem antes fazê-lo com a alma. Cristo deixou bem claro que o que quer que aconteça no exterior tem sua origem no padrão existente na mente do indivíduo. Se analisarmos todas as suas curas verificaremos que três são as condições para que se realizem: 1) Não pecar mais; 2) Ter bom ânimo; 3) Ter fé. Portanto, tudo depende do estado de consciência de cada um, principalmente o Perdão dos Pecados e a saúde física, mental e emocional.

No Livro de Ezequiel Capítulo 36:33-35 percebemos como isso é verdade: “Assim diz o Senhor Deus: No dia em que Eu vos purificar de todas as vossas iniquidades, então farei que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos. Lavrar-se-á a terra deserta em vez de estar desolada aos olhos de todos os que passavam. Dir-se-á: Esta terra desolada ficou como o Jardim do Éden; as cidades desertas, desoladas e em ruínas estão fortificadas e habitadas”.

As cidades bíblicas representam nosso estado de consciência. Quando somos dominados pelo medo, desânimo, ressentimento, nossas almas são como que cidades vencidas, conquistadas e arrasadas. Se procuramos a presença de Deus onde aparentemente há alguma desarmonia, as cidades desertas (nossa consciência) transformam-se no Jardim do Éden.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro/fevereiro/1988-Fraternidae Rosacruz em São Paulo-SP)

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O Evangelho de São João: os 5 primeiros versículos

O Evangelho de São João: os 5 primeiros versículos

Lendo atentamente o Evangelho de São João, o Evangelista, que foi Discípulo de São João, o Batista, somos gradativamente absorvidos pela admiração da desenvoltura e sublimidade do seu trabalho. Ao iniciá-lo, coloca como primeiro título a grande boa nova, já na expressiva frase: “A Encarnação do Verbo”. Essa Encarnação, prezados leitores e leitoras, representa o ponto de intercessão entre duas Eras. A primeira delas, em que vigorava a lei — o olho por olho e dente por dente -, representada por Moisés. A segunda é representada por Cristo-Jesus, o Cordeiro que tirou o pecado do mundo e purificou o Corpo de Desejos da Terra. Ademais, pôs ao alcance da humanidade todos os meios de que ela necessitava para sua salvação; vejam, então, prezados leitores e leitoras, a extraordinária importância que tem esse glorioso Ser para todos nós. É de tal autoridade, como bem salienta São João, o Evangelista, que se sentirmos por Ele uma profunda gratidão durante as 24 horas do dia, ainda será pouco. Aliás, a melhor maneira de manifestarmos nossa gratidão é servirmos diligentemente, colaborando de coração no formoso trabalho iniciado pelos Irmãos Maiores.

Durante a primeira dessas Eras, consubstanciada no Velho Testamento, sobretudo no último livro do Pentateuco, quem errasse seria punido, pois não havia perdão e tudo se acertava com a espada da justiça. O Cristo, ao contrário, embora cumprindo a lei, é a tônica do amor através do qual une tudo o que existe ou venha a existir, e não só aqui no Planeta Terra, mas também nos demais do nosso Sistema Solar, sem excetuar outros Sistemas Solares no Universo. Ele é o Amor que tudo liga, transforma e vivifica.

Lá, no primeiro capítulo, no primeiro versículo, diz-nos São João: “No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Notem bem, estimados amigos, como ele mostra, entre outras coisas, de maneira concisa, cujo vigor ultrapassa toda expectativa, a nossa origem Divina. Ele transformou o Verbo na Causa primeira de tudo. D’Ele é que saiu tudo aquilo que veio ou vem à existência e, para Ele, tudo volta, como disse bem Santo Agostinho, que assim se expressou: “Viemos da Divindade e para Ela voltaremos”.

Prosseguindo, afirma São João, o Evangelista, no versículo 2°: “Ele estava, no princípio, com Deus”. São João, para facilitar nosso entendimento, reforça aqui o que disse no versículo anterior. Vindo de Deus, Cristo-Jesus é, evidentemente, Deus feito homem.

Referindo-se ao Verbo, comenta São João, no 3° versículo: “Tudo foi feito por Ele e nada do que foi feito se fez sem Ele”. Vemos aqui, mais uma vez, São João, o Evangelista, mostrar, com extraordinária exuberância, nossa origem Divina. Insiste ele e com toda a razão ser o Verbo a gênese de tudo aquilo que existe. Vivendo o amor permanentemente e conhecendo bem a natureza humana é que São João supunha conveniente insistir nesse e em outros pontos.

Continuando a leitura, vamos para o 4° versículo que, reportando-se ao Verbo, esclarece: “A vida estava Nele e a vida era a Luz dos homens”. De fato, aquela vida que estava Nele é a nossa Luz, o Cristo interno que habita em cada um de nós. É a Centelha divina que nos impulsiona constantemente às coisas superiores, os eventos do espírito. Com isso realizamos também uma sutilização de nossos veículos, as ferramentas do Ego, ampliando o seu campo de atividade.

Dando continuidade à leitura do Evangelho de São João, encontramos no versículo 5°, ainda no capítulo l°, que se tornou nosso, o seguinte: “A Luz resplandeceu nas trevas e as trevas não prevaleceram contra Ela”. Realmente, porque essa Luz infinita espanca as trevas.

Trevas da ignorância e más qualidades que são desfeitas pelo amor, sabedoria e atividade nas boas coisas. A propósito, certa vez um Discípulo de Hermes Trismegisto lhe perguntou: “Mestre, qual é o pior mal do mundo?”. Ao que Hermes prontamente respondeu: “A ignorância”.

É por ela, na verdade, que surgem os desentendimentos, malquerenças e inimizades. Max Heindel, o fiel mensageiro da Ordem Rosacruz, afirma, logo na introdução do Conceito Rosacruz do Cosmos: “Se Buda, grande e sublime, foi a Luz da Ásia, pode-se afirmar que Cristo seja a Luz do Mundo”.

(Pulicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A tentação como fator na vida superior

A tentação como fator na vida superior

No “Prolog in Heaven”, que precede Fausto, Goethe mostra o propósito interior da tentação. Quando Lúcifer pede permissão para tentar Fausto, Deus responde:

“… O homem é muito propenso a fugir,

Imperturbável, em repouso ele viveria,

Portanto, este companheiro propositalmente eu dou,

Quem agita, excita e deve como o diabo trabalha.”

No livro de Jó, Deus também sanciona a tentação de um homem bom. Quando comparamos a história da Bíblia em que Jeová levou Davi a fazer o recenseamento as pessoas (2Sm 24:1) com ICro 21:1, que diz que Satanás provocou Davi a contar as pessoas, não podemos escapar da confusão de achar que Jeová e Satanás são idênticos e, do ponto de vista comum, veja que parece extremamente injusto que tal punição severa seja aplicada a Davi, por esse ato que foi movido a fazê-lo. Mas, olhando pelo ponto de vista esotérico, todas as dificuldades desaparecem.

Jeová era o líder divino dos Semitas Originais, os antepassados ​​da raça Ária, que estavam destinados a evoluir pela razão, a faculdade pela qual “provamos todas as coisas”, para que possamos “manter firme o que é bom”. Disseram a Davi que confiasse em Jeová, que lutou por Israel quando outras pessoas obedeceram às suas ordens. Existe apenas uma maneira de tentar, quando ele ou qualquer outra pessoa se apegar ao bem – dando-lhes a chance de deixar ir; e é dever dos que são responsáveis em auxiliar que esse Esquema de Evolução prossiga verificar por tentação se aprendemos nossas lições, do mesmo modo que é dever dos professores das escolas que estudamos para a nossa educação durante essa encarnação examinar seus alunos. Cada método traz à tona pontos fracos do aluno para que o professor possa extrair uma base verdadeira para futuros esforços educacionais. Portanto, Davi foi movido por Jeová a fazer o recenseamento de Israel, para que fosse mostrado a ele se confiava na força de combate do número de homens ou no invisível Jeová, que lutou pelo Seu povo escolhido. Com esse ato, Jeová se tornou, momentaneamente, o adversário (Satanás) de Davi.

Independentemente, se esse tentador aparecer em forma corporal ou como uma voz interior, o motivo pelo qual Davi deveria ter lhe dito é que o poderoso braço de Jeová contava com mais de milhões de homens, e ele deveria ter dito a si mesmo ou a seu tentador externo: Qual é a utilidade de contar Israel? Jeová é o nosso escudo! Em vez disso, ele enviou homens para contar Israel, conforme sugerido; ele estava, sem dúvida, inflado com uma sensação de poder; talvez ele se sentiu suficientemente capaz de dispensar Jeová e seguir seus próprios ditames.

Portanto, tornou-se necessário para o Líder divino provar que ele estava enganado diante de todas as pessoas e, como eram uma raça teimosa, propensa a discordar, a lição deve ser salutar para impedir que imitem o exemplo de seu líder. A pestilência diminuiu seu número em poucos dias a tal ponto que ficou evidente, para todos, que Jeová é mais forte do que qualquer número de homens. Assim, a fé e a obediência, sem as quais nenhum líder divino pode promover novas faculdades sob suas acusações, foram fortalecidas, e Israel havia dado um passo distinto no caminho do progresso.

Todo mundo que já encarnou em um Corpo Denso foi tentado; nem mesmo Cristo escapou, e quanto mais evoluídos formos, mais sutis serão as tentações colocadas em nosso caminho. Além disso, essas tentações, frequentemente, surgem por alguém em quem confiamos plenamente, para que possamos aprender a diferenciar quanto ao mérito intrínseco de qualquer sugestão, independentemente de nossa simpatia ou antipatia, seja quem for que a sugere.

(Publicado na: Rays From The Rose Cross – jan. /1916 – Traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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