Arquivo de categoria Estudos Bíblicos Rosacruzes: Novo Testamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Fé: a confiança n’Ele

: a confiança n’Ele

Não é estranho que poucos seres humanos possuam uma fé real e viva em Deus? Mesmo entre os cristãos professos, há relativamente poucos que realmente confiem no Pai Celestial. não significa simplesmente a crença na existência de Deus; significa confiança — é nos colocar em Suas mãos.

A fé, como todas as outras qualidades e virtudes, só cresce por meio do exercício. Aprenda a confiar no Pai em tudo, tanto nas menores coisas da vida quanto nas maiores. Isso significa libertação dos cuidados, medos e preocupações dos quais o mundo está tão cheio: Mente e Coração abertos para receber a verdade de qualquer fonte que venha, acreditando que o bom Deus nos tenha em Sua guarda. Pois quando depositamos nossa confiança em Deus, fazemos uso de uma Lei Divina que nos apoia em todas as provações e problemas da vida. É como se tivéssemos agarrado a Mão Todo-Poderosa, que é capaz de fazer tudo e superar todas as coisas por nós. Estabelece a conexão entre nossa fraqueza e Sua força, que é maior que tudo.

A fé é fraca no início e às vezes é necessário estarmos em estado extremo, antes de podermos pedir ajuda a Deus; porém até mesmo a menor medida de fé fará com que o Pai Celestial venha em nosso auxílio. “A fraqueza do homem é a oportunidade de Deus.”. Ele é O sempre fiel. Lembre-se do que Ele disse: “Nunca te deixarei nem te desampararei”.

A simplicidade desse caminho o faz parecer fácil demais para a maioria dos homens. É que eles procuram grandes dificuldades para superar, no caminho do estabelecimento de uma fé que os conecte ao Pai Celestial. Isso, no entanto, requer alguma simplicidade de caráter, uma Mente semelhante à infantil. Você lembra que o Cristo disse que devamos nos tornar criancinhas? Trata-se, em grande parte, de relaxar, de deixar ir, de afastar da Mente e do coração qualquer fardo ou problema que surgir, olhando simplesmente para Ele e aceitando da Sua Mão o que vier. E não podemos fazer algo mais agradável a Ele ou mais útil a nós mesmos do que exercer essa confiança em todas as condições. E nossa capacidade de fé cresce com esse exercício. Quanto mais o praticarmos, mais fé teremos. Então chegará um momento em nosso crescimento onde não temeremos qualquer coisa — seja neste mundo ou em qualquer outro. Atingiremos o equilíbrio, a paz de espírito e a serenidade de alma, uma tranquilidade de coração que deva ser a antecipação da bem-aventurança Celestial. Perceberemos a suprema sabedoria de permitir que todas as coisas sejam ordenadas pela perfeita Sabedoria e pelo Amor perfeito; perceberemos que nossa própria vontade, devido ao nosso entendimento imperfeito, seja propensa a contrariar Sua Vontade, que sempre objetiva nossa perfeição e felicidade.

“O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que n’Ele confiam.”

“Eu, o Senhor, seguro a tua mão direita, dizendo: não temas; Eu te ajudo.”

“Em todos os teus caminhos, reconheça-O e Ele direcionará teus passos.”

“Quem muito confia no Senhor, feliz é.”

“Embora Ele me mate, eu ainda confio Nele.”

“Tu manterás em perfeita paz aquele cuja Mente esteja firme em Ti, porque ele confia em Ti.”

Há muitas, muitas passagens na Bíblia que nos pedem para confiar n’Ele. Leia o vigésimo terceiro Salmo e o nonagésimo primeiro. O escritor desse texto pode ser muito crédulo, mas acredita que essa confiança seja o remédio soberano para todos os problemas ou perigos, sejam eles ocultos ou não, e que, ao nos apegarmos a Ele, somos mantidos em segurança até o fim.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 05/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

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O Poder Que Flui Através de Nós

O Poder Que Flui Através de Nós

Quando ligamos o ferro elétrico e ele não funciona, examinamos a resistência, o fio ou os fusíveis. Não desesperamos diante do ferro, exclamando: Ó eletricidade, por favor, desça ao meu ferro e faça-o funcionar.

Sabemos muito bem que embora o mundo todo esteja cheio daquela força misteriosa a que chamamos de eletricidade, somente aquela porção que flui ao encontro da resistência do ferro é que o faz funcionar.

O mesmo princípio se aplica à energia criativa de Deus. Todo o universo está cheio dela, mas apenas a porção que flui através de nosso ser realmente nos beneficia.

Muitas vezes tentamos fazer esse poder criador operar em nós por meio de preces e pedidos a Deus para que faça isto ou aquilo. E como Ele não faz nem uma coisa e nem outra, nós concluímos que não há valor na oração, uma vez que Deus age como entende, sem consultar aos nossos desejos. Em outras palavras, duvidamos da disposição ou da habilidade divina em realmente produzir em nossas vidas os resultados que desejamos. Não duvidamos de nossa própria habilidade em chegarmos à Sua Presença e enchermo-nos d’Ela, mas sim de Sua Disposição em chegar-se a nós e encher-nos d’Ele.

Deus está tanto dentro de nós como em nosso redor. Ele é a Fonte de toda a vida, o Criador do Universo com as inimagináveis profundidades interastrais. Mas Ele é também a vida que habita em nosso pequeno Ego. E, assim como todo o mundo cheio de eletricidade não iluminará uma casa a menos que a casa esteja preparada para receber eletricidade, assim a vida infinita e eterna de Deus não nos pode ajudar, a menos que estejamos preparados para receber aquela vida em nós mesmos. Somente a quantidade de Deus que pode caber em nós, a nosso proveito, operará.

“O Reino de Deus está dentro de vós”, disse Cristo Jesus. E a Luz Interna que em nós habita, o lugar secreto da Consciência do Altíssimo em nossos corações é que constituem o Reino de Deus em sua manifestação terrena. Aprender a viver no Reino dos Céus é aprender a acender a luz de dentro de nós.

Devemos aprender que Deus não é um soberano irracional e impulsivo, que quebra suas leis à vontade. Logo que aprendemos que Deus faz coisas por nosso intermédio e não para nós, o assunto se torna tão simples e impressivo como o nascer do Sol.

“Mas Deus é onipotente!”, dizem alguns. “Ele pode fazer o que quer!” Certamente, mas Ele criou um mundo que se rege por leis e Ele não gosta de quebrar essas leis.

Poucos de nós, no hemisfério setentrional, pediriam a Deus a produção de rosas viçosas no ar livre de janeiro. Mas Ele pode fazer isso mesmo se adaptarmos as nossas estufas às condições necessárias para o crescimento da rosa. Também Ele pode produzir viçosas respostas à oração, se nós adaptarmos os tabernáculos terrestres de nossa habitação às Suas Leis de Amor e , de forma que se estabeleçam os pré-requisitos da oração respondida.

Algum dia o mundo virá a entender esse fato da mesma forma que hoje entende o milagre das ondas sonoras, pois, os milagres de uma geração são os lugares comuns da geração seguinte.

Algum dia nós entenderemos os princípios científicos que subjazem aos poderes milagrosos de Deus, e aceitaremos Sua intervenção com tanta naturalidade como aceitamos o rádio.

O Dr. Alexis Carrell, médico e cientista, declara que já viu um câncer desaparecer diante do comando da fé. Isso não foi quebra das leis da Natureza. Foi a superimposição duma lei mais alta da vida sobre outra mais baixa. Foi, portanto, o cumprimento das leis da Natureza. Se se pensa sobre o milagre não como a quebra das leis de Deus, mas como o uso que Ele mesma faz de Suas leis, então o mundo está cheio de milagres.

Já vi pneumonias destruídas em quinze minutos, enquanto a temperatura do paciente caía de 103 ºF ao normal e a respiração exsudava de seu corpo encharcando os lençóis. Isso era quase tão grande milagre como o milagre da geada a desenhar cambiante.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1970)

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Uma Delineação do Caminho Iniciático: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida – ninguém vem ao Pai senão por Mim”

Uma Delineação do Caminho Iniciático: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida – ninguém vem ao Pai senão por Mim”

Essa frase de Cristo, encontrada no 14º Capítulo do Evangelho de São João, é algo transcendentalmente profundo e significativo a ponto de merecer zelosos estudos e reverente meditação por parte do estudante esotérico. É uma delineação do caminho Iniciático.

Em virtude de São João ter conhecimentos atinentes ao Período Júpiter e pelo fato de ter sido o “discípulo amado” de Cristo, podemos imaginar a grandiosidade de seus ensinamentos. A interpretação dos ensinamentos de Cristo, tais como os apresentados por São João, à luz do ocultismo, distancia-se muito do significado pretendido pelos cristãos populares. Após essa ligeira apreciação, vamos considerar essa frase pelo seu revestimento eminentemente transcendental.

Surge imediatamente dentro da unidade da frase uma trindade. A unidade é o “EU SOU”, desdobrando-se na trindade “O Caminho, a Verdade e a Vida”. Sabemos que o “EU SOU” é o Cristo. Os três aspectos acham-se na trindade.

O que é o “Caminho”? Sem dúvida é o “EU SOU”, o Espírito Perfeito e Absoluto em quem não há trevas, como afirma São João na Primeira Epístola, ao expressar a verdade de que DEUS É LUZ. Também encontramos referência análoga nos primeiros versículos do Evangelho já mencionado, onde lemos algo a respeito do Verbo (O LOGOS), de quem foi feito tudo o que existe. O “EU SOU” é o Espírito Absoluto pelo qual o aspirante deve encontrar o caminho. Por meio do nosso Espírito caminhamos no Espírito de Cristo.

A segunda pergunta é esta: o que é a Verdade do “EU SOU”? Ele intentava dizer aos seres humanos que ninguém conhece a Verdade Absoluta. Ele tinha em si a Verdade, pois achou-se no “ABSOLUTO”. Temos então de encontrar o ABSOLUTO que sempre existiu em Cristo desde o princípio das coisas. O ABSOLUTO apresenta-se pela existência da ETERNIDADE. Essa é a Verdade de que Cristo fala, da existência desde a eternidade do passado para a eternidade do futuro. Assim, a Verdade é a eternidade.

Chegamos assim ao terceiro aspecto da frase: eu sou a vida. Coincide novamente com os primeiros versículos do primeiro Capítulo: e a Luz era a vida dos homens. Cristo é a vida, o terceiro aspecto do “EU SOU” no espírito infinito do Poder, Sabedoria e Criação. A Criação coincide com a vitalidade manifesta, objetiva em todas as criações; por isso o Caminho, a Verdade e a Vida manifestam-se objetivamente. O universo é vitalizado por intermédio de Cristo. “NA CASA DE MEU PAI HÁ MUITAS MORADAS E NINGUÉM VEM AO PAI SENÃO POR MIM”.

Resumindo: o “EU SOU” é o “ESPÍRITO ABSOLUTO”. Seu primeiro aspecto é o Caminho, que é o Seu Espírito. Seu segundo aspecto é a Verdade, que é a Eternidade. Seu terceiro aspecto é a Vida, que é a Sua manifestação objetiva.

Como os três aspectos divinos encontram-se na Centelha Divina do ser humano, deduz-se que ao seu devido tempo o candidato reconheça a união dos aspectos em si mesmo, o que o leva à união com o Cristo e, consequentemente, com o Pai.

(de Francisco F. Preuss – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)

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Milagres?

Milagres?

São Pedro não ressuscitou Dorcas, assim como O Cristo não ressuscitou Lázaro nem ninguém, o que aliás, Ele não pretendeu ter feito. Ele disse: “Lázaro não está morto: dorme”.

Para que essa asserção possa ser bem compreendida devemos explicar o que se passa por ocasião da morte e em que essa difere da letargia, pois as pessoas acima mencionadas estavam nesse estado na ocasião em que os supostos milagres foram executados.

Durante a vigília, enquanto o Ego age conscientemente no Mundo Físico seus diversos veículos estão concêntricos: ocupam o mesmo espaço. Contudo, à noite, durante o sono, ocorre uma separação: o Ego, revestido do Corpo de Desejos e da Mente, desliga-se dos Corpos Denso e Vital que ficam sobre o leito. Os veículos superiores flutuam próximo e acima deles. Estão ligados aos outros dois corpos pelo Cordão Prateado, um fio estreito e brilhante com três segmentos, onde dois deles tem a forma de dois seis invertidos e do qual uma das extremidades está ligada ao Átomo-semente no coração e a outra no Átomo-semente do Corpo de Desejos.

No momento da morte, esse fio desliga-se do coração. As forças do Átomo-semente passam pelo nervo pneumogástrico, pelo terceiro ventrículo do cérebro, através da sutura entre os ossos parietal e occipital, subindo aos veículos superiores que estão fora, por intermédio do Cordão Prateado. O Corpo Vital também se separa do Corpo Denso com essa ruptura (aliás é essa à única ocasião em que se dá essa separação) e junta-se aos veículos superiores que estão flutuando sobre o cadáver. Aí o Corpo Vital permanece cerca de três dias e meio. Depois desse tempo, os veículos superiores se desligam do Corpo Vital que começa a se desintegrar simultaneamente com o Corpo Denso, nos casos comuns.

No momento dessa última separação, o Cordão Prateado rompe-se pelo meio, no lugar da união dos dois seis, e o Ego encontra-se livre de qualquer contato com o mundo material (a Região Química do Mundo Físico).

Durante o sono, o Ego também se retira do Corpo Denso, mas o Corpo Vital continua interpenetrando esse último, e o Cordão Prateado permanece inteiro.

Acontece, às vezes, que o Ego não torna a entrar no corpo pela manhã, para despertá-lo como de hábito, porém fica fora durante algum tempo que varia. Nesse caso, porém, o Cordão Prateado não se rompeu. Quando ocorre essa ruptura, não será possível nenhuma restauração. O Cristo e os Apóstolos eram Clarividentes: sabiam que não tinha havido ruptura nos casos mencionados, e daí a afirmação: “Ele não está morto, dorme”. Eles possuíam o poder de obrigar o Ego a entrar no seu corpo e de restaurar as condições normais.

Assim foram feitos os supostos milagres.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/88)

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Sabedoria Ocidental: a tomada de juramentos

Sabedoria Ocidental: a tomada de juramentos

 “Outrossim, ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor’. Eu vos digo, porém, que de maneira nenhuma jureis: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela Terra, porque é o escabelo de Seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei; nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o teu falar: ‘Sim, sim. Não, não’. Porque o que passa disso é de procedência maligna”.

Mt 5:33-37

O “tempo antigo ou passado” refere-se ao regime jeovístico, predominante antes de Cristo tornar-se o Regente da Terra. Era a época de Jeová. Os indivíduos viviam debaixo da Lei, debaixo do preceito do “olho por olho, dente por dente”. Era ensinado aos judeus que um juramento não feito em nome de Deus não era válido (vide Mt 23:16- 20).

Qualquer um que fizesse um juramento apelava a Deus como testemunha para julgar a veracidade de suas palavras e, portanto, ficando sob uma obrigação “ante o Senhor”. Fazer isso sem sinceridade era “abjurar” ou tomar o nome do Senhor em vão. Admite-se a ocorrência de tal fato durante a onda de egoísmo que floresceu sob o regime de Jeová, a despeito da injunção contrária. Daí tornar-se meio de fraude e de eivar a nossa linguagem com imprecações.

Cristo-Jesus nos deu um ensinamento superior: “Não jurar”. A palavra do verdadeiro cristão é suficientemente verdadeira para dispensar o uso do juramento. Daí a admoestação: “Seja o teu falar: ‘Sim, sim. Não, não’”. Eis porque algumas seitas cristãs encaram com repulsa a aceitação de juramento.

A interligação de ideias nos leva mais além. O tema em pauta é juramento. Juramento sugere palavra. E, para penetrarmos com maior profundidade no assunto, devemos compreender o significado completo do poder da palavra. À luz da filosofia oculta, a palavra falada pelo ser humano manifesta-se como um microcosmos da palavra macrocósmica (que trouxe à existência o nosso mundo). Daí a natureza sagrada do som articulado. Max Heindel expressou-se da seguinte maneira com respeito à questão: “O uso das palavras para exprimir o pensamento é o mais alto privilégio humano, exercitado somente por uma entidade racional e pensante como o ser humano”. Um dos objetivos a serem colimados pelo estudante ocultista é aprender a falar a “palavra de vida e poder”, o que todos nós concretizaremos em tempos futuros.

A Filosofia Rosacruz nos ensina também que, no Período de Júpiter, um elemento de natureza espiritual será adicionado à linguagem, afastando toda e qualquer possibilidade de equívocos. Quando um indivíduo dos tempos jupiterianos disser “vermelho” ou pronunciar o nome de um objeto, uma reprodução clara e exata da tonalidade particular do vermelho a respeito do qual esteja pensando ou do objeto referido apresentar-se-á à sua visão espiritual interna, tornando-se também visível para aquele que o ouve.

O novo cálice, mencionado como um ideal da época futura, é um órgão etérico construído dentro da cabeça e da laringe pela força sexual não empregada de forma egoísta. Tal órgão, à vista espiritual, aparecerá como o caule de uma flor ascendendo da parte inferior do tronco. Esse cálice ou semente do cálice é realmente o órgão criador capaz de emitir a palavra de vida e poder. Esse órgão, estamos atualmente construindo por meio do serviço amoroso e desinteressado prestado aos demais, conforme preconiza o ritual Rosacruz.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1970)

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A Língua: tenha cuidado com ela

A Língua: tenha cuidado com ela

Lendo a tua monumental Epístola, de São Tiago, desejei muito ver-te de perto, conhecer-te pessoalmente, abraçar-te, dar-te meus parabéns por tão grandioso quão útil trabalho que tens realizado neste mundo, mediante a tua magnificente Carta. Certo de que nosso encontro ainda demora muito, peço-te permissão para escrever alguma coisa sobre a língua, baseado no teu ensino.

— A língua “é um pequeno membro”, não é, São Tiago? É sim, eu o sei. Pois bem; sobre ela muito já disseram grandes pensadores, escreveram eminentes escritores e poderão falar e escrever os que, sabendo manejar bem a pena, arranhem também o seu idioma.

Desejando escrever algumas linhas sobre esse “pequeno membro”, não lhe desconhecendo o poder de inflamar (“COM O FOGO DAS PAIXÕES”) “a roda do nosso viver”, faço-o à proteção dos bombeiros sagrados, entre os quais estás, na certeza de que não serei, afinal, consumido pelas chamas. Que achas?

— Muito bem. — Vou começar. Faze de conta que sou teu aluno e vou fazer uma prova. Corrige os erros.

  1. A LÍNGUA É VAIDOSA. Lede, amigos, o que diz o Apóstolo prático: “Assim também a língua é um pequeno membro, mas GLORIA-SE de grandes coisas” (Tg 3:5). É.… a língua não é simplesmente vaidosa: é vaidade. O grifo é meu.

Balanceando a vida da língua, estou em perigo de ser açoitado por ela mais uma vez, não o ignoro. Portanto, para continuar este pesado trabalho busco, uma vez que a língua é fogo dos grandes vultos, a luz que sobre a tela da sabedoria projetam, a fim de, aquecido por ela, poder neutralizar a sua ação ígnea e dizer sem medo de errar: João Crisóstomo — escreve Manuel Bernardes — “assenta que não tem o demônio órgão ou instrumento mais à feição e propósito do seu ofício que a nossa língua”. Todo cuidado com a língua é pouco.

  1. A LÍNGUA “É UM FOGO”. A ação do fogo é tremenda, é destruidora; quem a poderá suportar? É assim a língua. Ela também consome, destrói…

“Nada menos convém ao homem que trata de servir a Deus e caminha para a perfeição”, — sentencia Lourenço Justiniano — “como a língua desenfreada e solta das ataduras da moderação, porque ela lhe destrói e mata o recolhimento e união de espírito”.

  1. A LÍNGUA É INÍQUA. E não se diga que é exagerada esta declaração. São Tiago vai mais adiante. Para ele, a língua não é apenas uma [coisa] iníqua, senão “um mundo de iniquidade”. Haverá nesta sentença de São Tiago uma hipérbole? Contudo, tirando-se a hipérbole talvez ainda fique, pelo menos, um quarto de mundo de iniquidade! É pouco?
  2. A LÍNGUA É CONTAGIOSA. Enquanto eu estiver imprimindo esta fotografia da língua, permite-me, São Tiago, [que] continue sempre atrás de ti; tenho muito medo de língua. Acabei de escrever que a língua seja contagiosa. Se, por este motivo, perseguirem-me, direi que aprendi contigo, pois tu disseras que ela “contamina todo o corpo”. E vai nisto notável diferença. Uma coisa é ser contagiosa, outra bem diferente é contaminar.

Se me perguntardes, caros leitores, como é que a língua “contamina todo o corpo”, dir-vos-ei: levando-o a pecar. Sobre o mesmo assunto, vede o que diz o filho de Mônica — Agostinho —, o bispo de Hipona: “Deve vigiar-se o homem de duas partezinhas que na sua carne nunca envelhecem e todas as mais levam consigo a rastros PARA O PECADO. São esses o coração e a LÍNGUA. O coração é incansável engenheiro de novos pensamentos: e a LÍNGUA, o oficial expedito para copiar as invenções do coração”. São meus os grifos.

  1. A LÍNGUA É UMA FERA INDOMÁVEL. — Sei que não estou poupando o couro da língua, irmão Tiago. As línguas vão dizer que as minhas palavras são muito duras. Para defender-me, se for necessário, posso citar IPSIS LITERIS os versículos 7 e 8 do capítulo terceiro da tua Epístola, que tenho em mãos? — Pode, sim. — Pois bem. Vou continuar.

De que a língua é realmente o que acabo de escrever ninguém pode duvidar. São Tiago é muito claro sobre o assunto. Lede aqui suas palavras: “Porque todas as espécies de alimárias, de aves, de répteis e de outros animais se domam; têm sido domados pela natureza humana; porém a língua, nenhum homem a pode domar…” (3:7 e 8, primeira parte).

Para que não digais que eu e o irmão Tiago somos demasiadamente ríspidos no que escrevemos sobre a língua, deixo-vos aqui algumas palavras de Pedro Damião, que deveis considerar: “Note-se de caminho que, se a língua é mais indomável que as aves, feras e serpentes, é porque em si contém essencialmente, das aves, a ligeireza; das feras, a braveza e das serpentes, a peçonha e malícia”.

“Como são despolidas estas palavras de Pedro Damião! Como são duras… BRAVEZA das feras, PEÇONHA e MALÍCIA das serpentes…”, dirá alguém, sem dúvida, caros leitores. O nosso Damião escreveu a pura verdade; a verdade é dura, mas VERITAS SUPER OMNIA [A verdade está acima de tudo]. Antes que escrevesse Pedro Damião, escrevera São Tiago: “… a língua… (ESTÁ) cheia de veneno mortífero” (3:8). Que diferença há entre “peçonha de serpente” e “veneno mortífero”? Tanto faz dizer que a língua tem PEÇONHA de serpente como dizer que está cheia de “veneno mortífero”. Já se vê logo que nenhum dos dois escritores foi desabrido.

De que a língua merece, com justiça, o que se tem dito dela não resta dúvida. Deve ter-se, portanto, todo cuidado com ela.

Para os grandes males da língua, diletos amigos, deixo-vos aqui uma cópia da receita do grande proverbialista dos tempos antigos: “É ao homem que pertence preparar a sua alma e ao Senhor, o governar-lhe a língua” (Pb 16:1). Se alguém, pois, tem a língua desenfreada, peça a Deus que a governe e não se esqueça de fazer a sua parte, segundo o ensino de São Pedro: “Porque o que quer amar a vida e ver dias felizes, refreie sua língua do mal e os seus lábios não profiram enganos” (IPe 3:10).

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1969)

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Zaqueu, o Publicano

Zaqueu, o Publicano

No Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 19, lemos:

 “Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que um homem chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de baixa estatura. Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-Lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em sua casa. Ele desceu a toda pressa e o recebeu com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que Ele se hospedara com homem pecador. Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e se alguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então Jesus lhe disse: Hoje houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”.

Amigo leitor, alguém já escreveu a sua biografia? Alguém já escreveu uma peça teatral baseada na sua realidade quotidiana, tendo você como protagonista? Provavelmente você dirá que não. Entretanto, sua história é bem antiga e já foi escrita. Ela se encontra na Bíblia. Aliás, à Bíblia contém sua história desde os primórdios de sua manifestação aqui na Terra. E já vai tempo, muito tempo. É um relato sem ficção ou fantasia. É a pura realidade abrangendo tudo a seu respeito: suas quedas, lutas, alegrias, tristezas, enfermidades, frustrações e vitórias. Os símbolos e alegorias bíblicos falam sobre esses momentos de suas existências. Um símbolo é um sinal de uma ideia. Não é a coisa em si, porém representa-a.

Tudo na Bíblia é significativo. Todos os personagens ilustram e dramatizam certos estados de espírito que podem acontecer e acontecem às pessoas nos dias de hoje, em qualquer lugar do mundo.

Todos os personagens das Sagradas Escrituras simbolizam um estado de nossa alma: Maria, Herodes, Pedro, O Filho Pródigo, Lázaro, Zaqueu, etc. Veja como Herodes se manifesta por meio do egoísmo. O desprendimento de alguém nos faz lembrar a viúva pobre e sua oferenda humilde, mas altruísta.

Contudo, os fatos bíblicos também significam alguma coisa ou algo que pode nos ocorrer: a peregrinação pelo deserto, a tentação, o Getsemani, São Paulo na estrada de Damasco. Por exemplo, veja como você já foi tentado em sua vida. Você nunca derrotou o Golias? Sim, o Golias, representação de sua natureza inferior, que aos olhos do mundo parece invencível.

Os nomes da Bíblia não fogem dessa regra. Indicam certas faculdades ou condições da alma humana, Moisés, para exemplificar, significa “salvo das águas”. As águas esotericamente simbolizam o Mundo do Desejo, a natureza emocional. Quem consegue dominar suas paixões é um “salvo das águas” e por certo se fará merecedor de cumprir uma elevada missão, tal como Moisés.

Na Bíblia, os rios, as montanhas, lagos e desertos representam certos estados de consciência. Cristo-Jesus foi tentado no deserto. Moisés recebeu o decálogo na montanha.

Fixemo-nos agora em um personagem da Bíblia: Zaqueu, o publicano. Analise-o. Observe-o. Veja como você tem algo a ver com ele. Veja se você se encontra nele.

Zaqueu tinha consciência de sua baixa estatura, mas almejava ver o Cristo. Para tanto deveria subir, elevar-se ao nível daquele Ser Superior. Procurou um meio de atingir seu objetivo, empenhou-se a fundo e encontrou um sicômoro. O Mestre é sempre atraído pela luz que o discípulo irradia. O Cristo observou Zaqueu no sicômoro e correspondeu àquela procura: ”Zaqueu desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”.

Casa, templo, tabernáculo, tudo isso simboliza o próprio ser humano. A partir daquele momento decididamente o Cristo foi despertado no íntimo de Zaqueu.

“Hoje houve salvação nesta casa”. Salvação esotericamente quer dizer evolução. O esforço de Zaqueu em elevar-se à altura do Cristo representa um grande passo no caminho da evolução. Às vezes o indivíduo está pronto. Basta apenas a sintonia com o ideal, o encontro. O mesmo ocorre com todo estudante sincero. Quando estiver pronto e resolver subir no sicômoro, seguramente viverá a maior experiência de sua vida: o encontro com Cristo, o Cristo no seu íntimo.

(De Gilberto A V Silos – Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mar/abr./88 )

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A Interpretação Esotérica da Parábola do Semeador

A Interpretação Esotérica da Parábola do Semeador

Nesta parábola, Cristo Jesus referiu-se não apenas às verdades espirituais que a humanidade em geral tinha tal necessidade no tempo de Seu ministério de três anos, mas também descreveu diferentes tipos de pessoas e suas reações a Seus ensinamentos. A atitude das três primeiras classes que Ele descreve explica o fato de que uma parte tão grande da humanidade estava no ponto de retrocesso quando o Raio de Cristo veio à Terra como seu Espírito planetário residente.

Havia então, como agora, muitas pessoas que fizeram tão pouco esforço e progresso ao longo das linhas espirituais que não entendem quando alguém fala com elas sobre as leis espirituais subjacentes à existência. Desde o tempo, Éons e Éons atrás, que os Espíritos Virginais foram diferenciados dentro de Deus e começaram a mergulhar na matéria, muitos exerceram seus poderes divinos tão ligeiramente e se tornaram tão emaranhados na materialidade que perderam a percepção de serem seres espirituais e responde pouco à voz do Eu Superior. As forças subversivas estão em ação constante para liderar essa classe, que constitui aqueles que “receberam semente no esquecimento”, longe das influências edificantes que poderiam colocá-los entre os mais avançados.

Há outro tipo de pessoas que são instáveis, não tendo a fixidez de propósito ou força de caráter para manter os ensinamentos espirituais e padronizar suas vidas por eles, mesmo que possam aceitar as verdades quando ouvidas. Eles ouvem livremente todos os ensinamentos que podem ser promulgados, mas não discriminam e fazem de suas concepções intelectuais uma parte de sua base para a vida diária. Eles não permitem que a “palavra” forme “raiz” em seus seres e, portanto, constituem um “terreno pedregoso”, onde a “semente” desaparece.

Uma terceira classe de pessoas tornou-se tão absorta em suas buscas materiais e desejos egoístas que eles não permitem que um conhecimento das verdades espirituais interfira em sua maneira sensual de existir. Eles vivem em suas emoções e desejos: comendo, bebendo e se divertindo. Suas casas e terras, seus “gastos e gastos”, suas vaidades pessoais, etc., ocupam seu tempo e seus pensamentos. Os “espinhos”, ou natureza inferior, sufocam a “semente” e impedem seu crescimento. Felizmente, há ainda outro tipo de ser humano, como referido na parábola: aqueles que “ouvem a palavra”. Estes são aqueles que ouvem a voz do Eu Superior, o Cristo interior, e se esforçam para viver de acordo com a parábola, ou seja, de acordo com as verdades espirituais dadas à humanidade, como um padrão para o progresso pelos nossos Irmãos Maiores. Suas vidas diárias estão cheias de pensamentos e atos de amor e serviço para com os outros, em emulação de Cristo Jesus, o ideal para a humanidade presente. Assim, eles se preparam para a Nova Era alimentando a “semente” até que ela cresça e floresça em um glorioso e luminoso fruto: a vestimenta do Casamento de Ouro, ou Corpo-Alma, a evidência do Cristo interior.

(Publicado na Rays from the Rose Cross Magazine, February, 1975 e traduzido pelo Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil)

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A Origem do Tabernáculo: a primeira Igreja da humanidade

A Origem do Tabernáculo: a primeira Igreja da humanidade

Lemos na Bíblia a história de como Noé e a sua família foram salvos do Dilúvio e formaram o núcleo da humanidade da Época do Arco-Íris, aquela em que vivemos agora. Também se diz que Moisés guiou seu povo fora do Egito, a terra do touro (do Signo de Touro) através das águas e o estabeleceu como o povo escolhido para adorar o Carneiro, o Signo de Áries, em cujo Signo havia já entrado o Sol pelo movimento de Precessão dos Equinócios. Esses dois relatos se referem ao mesmo incidente, a saber, a aparição da infante humanidade do continente submerso da Atlântida (na Época Atlante), nesta época de ciclos alternados: verão e inverno, dia e noite, fluxo e refluxo.

Como a humanidade acabara de receber a Mente, ela começou a dar conta da perda da visão espiritual que até então possuía. Sentiu um anelo pelo mundo do espírito e seus guias divinos, que persiste, todavia, pois ainda não cessou de lamentar essa perda. Por essa razão foi-lhe dado o Tabernáculo no Deserto, antigo Templo de Mistérios Atlante, para que pudesse encontrar o Senhor quando estivesse qualificada por meio do serviço e domínio da natureza inferior pelo Eu Superior. Tendo sido delineado por Jeová, foi a incorporação de grandes verdades cósmicas, ocultas por um véu de simbolismo que falava ao Eu interno ou Eu Superior.

Em primeiro lugar, é importante saber: esse plano divino do Tabernáculo foi dado a um povo escolhido, que devia construí-lo por meio de sacrifícios. E aqui há uma lição particular consistindo em nunca se dar à pessoa alguma a norma do caminho do progresso se primeiramente não se fez um convênio com Deus para servi-lo e estar disposto a oferecer o sangue do seu coração numa vida de serviço totalmente desinteressado. A palavra “phree messen” é um termo egípcio significando “filho da luz”. Na literatura iniciática fala-se de Deus como o Grande Arquiteto. Arche é uma palavra grega significando “substância primordial”.

Diz-se que José, pai de Jesus, foi um “carpinteiro”, porém a palavra grega é “tekton” — construtor. Também se diz que Jesus foi um “tekton”, um “construtor”.

Por conseguinte, cada verdadeiro Iniciado é um filho da luz, um construtor que se esforça em edificar o templo místico de acordo com o plano divino dado por nosso Pai nos Céus. A esse fim dedica todo o seu Coração, Alma e Mente. Ele deve aspirar a ser “o maior no Reino de Deus”, e, portanto, há de ser o servo de todos.

(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 02/1978)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Divina presença que existe dentro de você e o que fazer com ela

A Divina presença que existe dentro de você e o que fazer com ela

Na Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 3, Versículos 16 e 17 lemos: “Não sabeis que sois o santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, porque o santuário de Deus que sois vós é sagrado”.

Parece incrível, mas essas palavras tão coerentemente claras produzem confusão e dúvida no espírito das pessoas. Para um cristão afeito à ortodoxia religiosa tentar entender o que São Paulo quis dizer nesses versículos constitui um exercício perigoso, uma aventura capaz de abalar-lhe a fé. Aprofundar-se na ideia de que o “Espírito de Deus habita em nós” é algo temerário. Afinal, o Espírito de Deus só pode ser o próprio Deus. Deus no ser humano, dando vida ao seu santuário? Por que ir além? Mas, para o próprio estudante esoterista sobrevém, a princípio, grande dificuldade em aceitar a realidade do Deus Interno. Ora, durante toda sua vida habituou-se a venerar e recorrer a uma Inteligência Superior, abstrata, permeando o espaço cósmico. A certeza da existência de um Deus externo trouxe-lhe, sempre, uma certa segurança, ainda mais que esta Divindade lhe oferece seu Filho Unigênito — o Cristo — para redimi-lo de suas transgressões.

A ideia de que Cristo é um ser interno, um princípio inerente à nossa condição de espíritos, que desabrocha e evolui através de várias existências de pureza e serviço não é fácil de se aceitar. A ideia de que é esse Cristo interno que salva e não o Cristo exterior pode ser assustadora, pois revela, e como isso é duro, que a salvação é um problema individual, interno e intransferível.

É responsabilidade exclusiva de cada um. Logicamente ninguém está só, no desenvolvimento desse processo. Pode-se recorrer à oração científica que, quando acompanhada de esforços sinceros e serviço altruísta atrairá a ajuda dos Seres Iluminados.

A centelha divina tem em si as mesmas sementes de perfeição do Deus Macrocósmico. Quanto mais ampla for a nossa consciência de que esta Divindade habita em nós, maiores serão seus canais de manifestação.

O ser humano comum, aquele que alardeia seu agnosticismo ou vive condicionado a uma crença num ente exterior, pode se abalar com as crises desta época. Pode padecer de todas as desesperanças, apavorar-se com todas as mudanças, porque falta-lhe a energia positiva de quem admite a presença de Deus dentro de si mesmo.

O esoterista cristão sobrepõe-se espiritual, mental, emocional, fisicamente e a todas as condições transitórias desse mundo. Nada teme, porque está convencido de que a única realidade possível é o Deus Interno.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mar./abr./1988)

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