INTRODUÇÃO
Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.
Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.
Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).
Para que serve audiolivro?
O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:
O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.
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Este livro temos uma representação simbólica da comunhão angelical com o ser humano por meio de flores.
Já no Prelúdio vemos uma descrição de como é a relação entre os Anjos, os Espíritos-Grupo de todo Reino Vegetal, e as flores.
1. Para fazer download ou imprimir (e ter acesso as figuras, que muito ajudam na compreensão):
Livro: Os Jardins Mágicos-Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
OS JARDINS MÁGICOS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
3ª Edição em Inglês, Magic Gardens – 1971 – editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Dedicado à
MAX HEINDEL
cuja
apreciação
e encorajamento foram
os maiores responsáveis pela
geração dessa páginas.
Na Terra das Flores os sussurros do
céu podem se tornar audíveis para crianças;
pois também as hostes celestes
têm um jeito de “dizer isso com as flores”.
ÍNDICE
PRELÚDIO – O Senhor Deus plantou um Jardim.. 8
A FLOR DA PAZ – A Lenda do Jasmim.. 15
A ANÊMONA – A Alma dos Ventos. 18
O IDÍLIO DE NARCISO – Um Prelúdio para Aquelas que esperam ser Mamães. 21
A LEMBRANÇA DA ALMA – A Lenda do Alecrim.. 31
UMA DIVINA AVENTURA COM UM NARCISO E O MAR.. 35
SINOS ASTRAIS – O Ministério da Fúcsia. 42
UM CALENDÁRIO FLORAL – A Lenda da Poinsétia. 45
UMA MENSAGEM DE AMOR – Como Cresceu a Violeta Branca. 50
ALMAS-JUVENIs – A Mensagem do Amor-Perfeito. 53
O AMOR NASCIDO DA DOR – A Lenda da Flor da Paixão. 62
O CAMINHO DAS TREVAS – O Cereus que Floresce à Noite. 80
A LUZ DOURADA – Uma Lenda da Goldenrod. 83
A MISSÃO DA PAPOULA – Uma Folha do Coração da Noite. 87
VALE DAS LÁGRIMAS – Como Surgiu o Salgueiro Chorão. 92
IDEIAIS PERDIDOS – A Canção de uma Calçada da Cidade para uma Flor Destruída. 95
IMORTELLE – A Flor da Alma. 99
A COROA DA MATERNIDADE – O Lírio do Vale. 102
SACRIFÍCIO E SERVIÇO – Uma Lenda do Visco. 105
A ETERNA ROSA BRANCA – Uma Lenda da Noite Santa. 108
O carvalho falante
para o ancião falou,
mas qualquer árvore
me falará
sobre as verdades
que eu sei que conquistei.
Mas aqueles que querem falar e contar,
e aqueles que não querem ser ouvintes,
nunca ouvirão uma sílaba
dos lábios de nenhuma árvore.
– Mary Carolyn Davies
PRELÚDIO – O Senhor Deus plantou um Jardim
O Senhor Deus plantou um jardim
Nos primeiros dias claros do mundo,
E ele colocou lá um anjo guardião
Em uma vestimenta de luz desfraldada.
O beijo do sol para o perdão,
O canto dos pássaros para o júbilo,
Alguém está mais perto do coração de Deus em um jardim
Do que em qualquer outro lugar da Terra.
Por Dorothy Frances Gurney
Cada flor carrega uma marca Estrelada, declarou o clarividente iluminado, Paracelso. Do Zodíaco veem os verdadeiros segredos de Deus. Os Anjos Estrelares são os transmissores e as flores se tornam símbolos de suas comunicações. Quanto mais próxima for nossa comunhão com os Anjos, mais profundo será o nosso entendimento dos mistérios do Reino vegetal e maior será a nossa compreensão do ministério espiritual do mundo das flores.
Cada uma das Hierarquias Zodiacais cria seus próprios padrões de flores cósmicas nos reinos celestes. Esses padrões estão em conformidade com a forma, o tamanho, a cor e o tom – cada flor canta – com a nota-chave do seu Signo. Esses protótipos cósmicos são perfeitos em todos os detalhes. Nos céus mais elevados, eles vivem e florescem em uma beleza tão maravilhosa que inspirou muitas lendas que lhe proporciona uma forma humilde para trazer à Terra uma leve concepção de sua glória transcendente dos Mundos superiores e, também, o significado deles para os povos da Terra. Imbuídos de vida eterna, eles nunca desaparecem, mas vivem e florescem com um esplendor cada vez maior através dos tempos.
É a partir desses padrões perfeitos nos Mundos celestiais, que os Anjos constroem os reflexos que nós, que vivemos na Terra, conhecemos como flores e que, quando assim compreendidos, nos tornamos um dos mais sublimes mestres terrestres. Cada família de flores têm seu próprio trabalho especial para realizar. Cada planta traz, no fundo de seu coração, uma mensagem para a família humana.
Nos primeiros estágios de seu desenvolvimento, as flores, mesmo lindas, não tinham fragrância, pois o perfume é a alma da flor, e a alma só é adquirida por meio do serviço.
Cada família de flores foi formada pelos Anjos para representar alguma qualidade ou atributo específico a ser despertado no ser humano. À medida que as hostes angélicas imprimem esse ideal em um arquétipo floral, sua corporificação física se torna um arauto radiante dessa mensagem celestial. Portanto, as flores são, literalmente, um meio de contato entre os Iluminados e aqueles que vivem na Terra, sua fragrância se desenvolve e aumenta como um belo testemunho de seu trabalho como mediadores. À medida que o ser humano se tornar cada vez mais sensível, começará a interpretar essa linguagem das flores, e na medida em que o faz e vive de acordo com seu alto idealismo em seus contatos diários com seus semelhantes, o perfume de nossas amigas flores se intensifica, e as cores se tornarão mais requintadas e as pétalas delicadas terão maior durabilidade.
Cada planta traz em suas forças vitais a assinatura de sua criação estelar. Essa impressão criadora toma forma dentro do coração da semente, e aquele que possui a “visão abençoada” pode observar, dentro dela, a imagem completa da planta que mais tarde virá a ter uma expressão física na Terra. Da mesma forma, aqueles que possuem a “sabedoria interior” podem discernir a mensagem que as flores trazem sobre as realidades do céu, e que estão aguardando manifestação no plano físico.
À medida que o ser humano aprenda a responder aos ideais incutidos pelos seres angélicos nos corações das flores, ele também desenvolverá uma qualidade de alma que irradiará em fragrância rara e bela. Ele caminhará em uma aura de luz radiante e conhecerá a glória de uma vida imortal que nunca desaparecerá.
O JARDIM DA ALMA
Um jardim é uma coisa adorável
Deus sabe!
Terreno de rosas,
Piscina adornada,
Gruta coberta com samambaias.
A verdadeira escola de paz;
E ainda o tolo
afirma que Deus não está.
Não Deus! Nos jardins! quando a véspera é fria?
Não, mas eu tenho um sinal –
Tenho certeza de que Deus está em mim.
Por Thomas Edward Brown.
Porque o ambiente físico é apertado e limitado, e uma vez que a alma deve ter liberdade para crescer e se expandir, para estudar e sonhar, chegam regozijosas peregrinações em horizontes mais amplos, em campos de exploração mais extensos, distantes, irrestritos, livres. Na página em branco de um pergaminho infinito, o Dedo da Verdade imprime muitas lições indeléveis. Das altas esferas nos céus, essas lições são levadas para a terra, onde lutam para se expressar, muitas vezes nebulosas, outras vezes nítidas, mas nunca com a clareza cristalina que existe lá no alto.
Numa dessas viagens, avistei ao longe algo que parecia uma grande mancha de sangue carmesim no horizonte. Ao me aproximar, descobri um enorme jardim de rosas vermelhas. De todos os lados, elas acenavam com as lindas cabeças ou estendiam as mãos macias e aveludadas para me abraçar. Seus corações suntuosos emitiam um perfume glamoroso que me cativou, embora o excesso fosse enjoativo e repugnante. O forte aroma do ar era quebrado apenas pelo zumbido das asas dos pássaros de plumagem brilhante, enquanto passavam, gloriosamente coloridos, porém, curiosamente silenciosos.
Apesar das cores radiantes que marcavam esse jardim, ele era desprovido de qualquer som. Eu parecia sentir apenas uma vaga corrente subterrânea de inquietação que permeava todas as coisas, e acima da revelação de cores pairava um silêncio profundo e impenetrável.
A frente caminhava uma donzela, o próprio espírito do jardim encarnado em toda a sua beleza brilhante e apaixonada. Ela acariciou um cacho de rosas vermelhas, mas muito rapidamente, elas murcharam, e quando ela atirou para longe, num gesto de cansaço, elas caíram murchas a seus pés, estranhamente como cinzas de esperanças e sonhos desfeitos.
Enquanto eu ansiava intensamente por conhecer o mistério deste lugar sedutor, uma voz surgiu do silêncio: “Esse é o jardim do amor sensual em toda a sua beleza evanescente e fugaz; é o jardim da rosa vermelha que representa o amor que é apenas humano. Aqui, cada alma retorna muitas vezes e permanece por muito tempo, vagando por esse selva emaranhada de beleza carmesim. É somente após uma longa jornada através das lágrimas e sombras que o coração desperta para a compreensão de que as rosas que crescem aqui nunca podem se tornar imortais. O glamour desse jardim nunca pode ser eterno”.
Relutante em ir, porém, com um desejo inato de partir, me afastei, e assim que os meus olhos se afastaram das estranhas luzes do jardim carmesim, surgiu diante de minha visão outro recinto. Aqui o ar era mais claro, mais fino, mais raro. Ao contrário da apatia inquietante do Jardim das Rosas Vermelhas, a própria atmosfera estava carregada de um apelo impulsivo, clamoroso e suplicante que pressionou minha alma até que ela recuou tremendo, com medo de se aventurar mais longe.
Esse jardim também estava cheio de rosas, não carmesim como no outro, mas de um rosa brilhante. Havia uma grande quantidade delas crescendo de todas as maneiras concebíveis. Cada perfume com uma intensidade que parecia ter um apelo insistente em direção a algum objetivo superior. Inúmeros pássaros permaneceram aqui também. Eles eram com muitas tonalidades mais claras do que os do jardim carmesim e de suas gargantas musicais fluíram um refrão melodioso.
Aqui, também, vagou uma bela donzela incorporando o próprio espírito de seu entorno. Com sorrisos nos lábios e sonhos ternos nos olhos, ela juntou cachos de rosas e os segurou contra o rosto. Diferentemente das rosas vermelhas, estas não murcharam rapidamente, mas brilhavam com luzes revigoradas e puras como ideais recém-despertados.
“Eu poderia ficar aqui para sempre”, murmurei.
“Sim”, respondeu a voz, “pois esse é o Jardim das Rosas Cor-de-rosa; é o lar da aspiração, formado pela mistura da rosa vermelha do amor humano com a rosa branca da pureza. A alma deve passar por muitas experiências de vida antes de poder construir seu santuário de pureza. Muitas pétalas são rasgadas e despedaçadas durante a formação. Muitos construtores de rosas descobrem que suas flores apresentam um tom carmesim muito profundo para viver nesse jardim, então ele deve recomeçar a construí-la novamente. Mas, a cada dia as rosas ficam mais bonitas e as pétalas ficam mais brilhantes com novos ideais e novas aspirações manifestados”.
Mais uma vez fui impulsionada e impelida em direção ao que parecia ser uma estrela brilhante no horizonte, mas, quando visto de perto, provaram ser dois portões formados por luzes brilhantes que jogava para frente e para trás, e entre os quais fluíam correntes que pareciam um rio brilhante. Era a única entrada que dava a um outro jardim fechado. Maravilhada e calada, aproximei-me dos portões, quando mais uma vez a voz sussurrou: “Você não pode entrar aqui. Você deve primeiro ser libertada de todas as manchas da terra”.
Oh, o brilho indescritível desse jardim. Nada aqui além de rosas brancas! Uma infinidade de flores se fundi em uma rara harmonia de som; o ar estava tão trêmulo de luz que brilhava diante de olhos humanos como gotas de orvalho girando em fios de prata. Aquilo que teria sido apenas silêncio para os ouvidos humanos estremeceu com a melodia, e cada flor branca e perfeita exalava sua bênção em música universal.
Como uma figura de luz, o Espírito branco do Jardim, portando uma das flores perfeitas, aproximou-se dos portões perto dos quais ela parou e falou assim: “Essa rosa branca é imortal; é o ideal da realização da alma. Cada espírito deve construir seus próprios portões de luz individuais e, no brilho dessa luz, descobrir dentro de si a glória de seu próprio Jardim de Rosas Brancas, o lugar interior de paz. Ore – medite – compreenda – realize”.
Relutantemente, fui arrastada de volta aos caminhos da terra novamente. Abrindo minha janela para saudar o sol da manhã, uma rosa vermelha, uma rosa cor de rosa e uma rosa branca acenaram para mim do jardim abaixo, enquanto um passarinho cantava em uma árvore próxima.
A FLOR DA PAZ – A Lenda do Jasmim
“Oh, se de fato as nações tivessem plantado uma rosa
Ao invés de uma concha no caminho de seus inimigos”.
Os Anjos conversam entre si e com os mortais por meio da cor. Uma reunião de Anjos, quando envolvidos em orações de cura para a concessão de bênçãos sobre à humanidade, aparecem como uma glória de nuvens matizadas, que salpicam o céu nas horas do amanhecer ou no pôr do Sol.
Particularmente, em dias que foram reservados como feriados nacionais em comemoração daqueles que entregaram suas vidas nos campos de batalha de seu país, os Anjos que trabalham mais intimamente com o ser humano são, particularmente, ativos em transmitir pensamentos e orações pela paz em todo o mundo. Dentro de cada coração receptivo, eles instilam esse ideal e, em cada Mente receptiva, imprimem seu nobre impulso e poder. Os Anjos são auxiliados, nesse trabalho, por aqueles na Terra que abnegadamente colocaram suas vidas no altar do sacrifício para o bem de seu país.
O branco é a luz que impregna uma terra ao observar nacionalmente a sagrada memória de seus mortos em tempos de guerra. Acima das altas hastes de mármore que se erguem tão orgulhosamente em direção ao azul do céu, e sob as quais dormem os homenageados, os Anjos pairam em poderosas companhias de paz. Seus corais são do tempo em que a guerra não existirá mais. Eles cantam sobre o dia vindouro da fraternidade, quando os corações de toda a humanidade estiverem indissoluvelmente unidos por laços de amizade e amor. Enquanto cantam sobre esse mundo mais nobre e pacífico, sua semelhança é impressa nos Éteres em padrões ideais que se estendem pelos céus onde todos aqueles, cuja visão interior está ativa, podem ver e saber o que é. Nesta imagem celestial de promessa pode-se ver o regozijo das pessoas, o brilho de seus semblantes e o amor e a confiança que todos têm uns pelos outros. Seus belos domicílios são adornados com obras de arte e recobertos de cachos de frutas e flores. Pináculos delgados brilhando como silhuetas de tapeçarias antigas são formados entre as estrelas. É um reino de delícias pela beleza, harmonia e graça eternas, uma terra que nunca pode ser devastada por estilhaços ou bombas. Seus portões estão sempre abertos para quem deseja entrar e saborear aquela paz maravilhosa que ultrapassa todo o entendimento.
Foi uma imagem como essa que o profeta Isaías viu quando escreveu: “Eles transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices; nação não levantará espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra. — Eles não ferirão nem destruirão em toda a minha montanha sagrada; porque a terra se encherá do conhecimento de Deus, como as águas cobrem o mar”.
Os Anjos também parecem extasiados de regozijo pela beleza divina desse ideal que eles elaboram acima da Terra e que, pelo poder e ritmo de suas canções celestiais, parecem incutir nas próprias almas dos seres humanos. Tão poderosas são suas radiações e tão intensos os ritmos, que toda a Terra está começando a sentir o significado de uma paz mundial.
Flutuando através das vastas extensões etéreas, hostes de Anjos reúnem algumas das flores mais belas, brancas e perfumadas que adornam a Terra da Paz Eterna. Essas flores eles trazem para os corredores habitualmente frequentados de poeira da terra. Eles são de brancura etérica e doçura celestial, pois de todas as flores, o Jasmim é o mais perfumado.
A brancura nevada da flor de Jasmim reflete a paz divina; sua fragrância, as orações dos Anjos. Do coração dessa flor oriunda de uma semente, flâmulas de boa vontade irradiam para todo o mundo; de suas pétalas são transmitidos os poderes.
Durante as horas silenciosas da noite, quando as estrelas sozinhas vigiam as cidades sepulcrais brancas construídas para a memória daqueles que morreram para a melhoria do ser humano, os Anjos fazem uma pausa para cantar sobre o dia que se aproxima, quando esses terrenos silenciosos não existirão mais. Então, será quando a fragrância do Jasmim, a flor da paz, pairando em uma magia branca e curativa acima do coração do mundo adormecido.
A ANÊMONA – A Alma dos Ventos
Ensine-me o segredo da tua formosura,
Que sendo sábio, eu posso aspirar a ser
Tão bonito em pensamento, e tão expresso
Verdades imortais para a mortalidade terrestre.
Embora, também, a capacidade da minha alma seja menor
Agradeço a você, ó doce anêmona[1].
Por Madison Cawein[2].
Quanto mais espiritual uma pessoa se tornam, mais completamente cada objeto de seu conhecimento exterior, corresponde simbolicamente à sua vida interior e ao desenvolvimento de seus poderes espirituais. Assim, o Reino da Flor reflete as qualidades do ser humano com quem ele é, na verdade, relacionados em um sentido mais profundo do que geralmente se reconhece. As flores são um verdadeiro livro inscrito com as assinaturas da alma. Neles são expressos os elementos mais sutis da natureza humana.
As flores que dormem no coração da Mãe Terra durante os longos meses de inverno e despertam com a chegada das forças da maré da primavera, revestindo toda a natureza com novos mantos de vegetação e cor, são símbolos apropriados dessa divindade inata dormindo dentro do coração de cada ser humano – que, quando despertado, faz com que ele se afaste do velho e se ligue ao novo.
Foi a compreensão dessa iluminação mística que animou o enlevado canto da alma de Isaías: “Levanta-te e cantai, vós que habitais no pó, porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas”[3]. São Paulo fez referência a esse mesmo processo de transfiguração quando escreveu: “nem todos dormiremos, mas todos seremostransformados”[4].
Para comemorar esse extraordinário processo de transformação na vida do ser humano, os Anjos moldaram uma flor. Essa flor é formada pela doçura e pelo perfume dos ventos, e derrama sua beleza fragrante sobre o mundo na alegre Época da Ressurreição.
A anêmona, flor da transformação, está envolta em todo o mistério do período inicial, quando os Anjos caminhavam com os seres humanos e os instruíam na tradição das ciências celestiais. Adônis, de acordo com a antiga lenda, era o amado da deusa Vênus. Mesmo morto, o sangue fluiu de suas feridas e, ao tocar a terra, misturou-se com as lágrimas de luto de Vênus, e vejam! Lá surgiu em milagre a anêmona, a adorável e frágil flor dos ventos.
No sangue está o mistério dos processos de transformação do ser humano, cuja tônica é a pureza. O corpo de um ser Iluminado é sempre adornado com flores ou estrelas interiores. Esses são centros de luz ou ímãs de força espiritual. Assim, a anêmona é a representação daquela força formada dentro do próprio templo sagrado do ser humano por meio do poder redentor do amor, ou a deusa Vênus da antiga lenda.
Por um dia, a anêmona leva a mensagem desse extraordinário milagre da alma para a Terra e, então, suas tênues pétalas se fecham e o espírito da sua beleza é levado de volta ao céu, para adicionar nova vibração e significado à canção dos Anjos sobre a futura emancipação do ser humano.
Mas seja teu sangue uma flor
… Para tal mudança?
Daí uma flor, de cor rosa semelhante
Como aquelas árvores produzem, cujos frutos encerram,
dentro da casca flexível, seus grãos roxos.
Sandys’ Ovid, livro X[5].
O IDÍLIO DE NARCISO – Um Prelúdio para Aquelas que esperam ser Mamães
Parecia
Como se a água estivesse viva.
Ele mesmo,
Apaixonado por si próprio, permaneceu imóvel
De um olhar longo e firme, como o escultural mármore de Parian;
E viu, como em um espelho, dois doces olhos,
Seu próprio reflexo, como se fossem estrelas.
por Ovid.[6].
I
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Os gregos contam a lenda da ninfa da floresta Narciso que, ao olhar longa e firmemente a sua imagem espelhada na água de uma lago cristalino, se apaixonou por seu próprio e lindo reflexo. Essa água mística sempre estava estranhamente parada e tinha a aparência de prata derretida. Para esse lugar tranquilo, os pastores nunca conduziam seus rebanhos, nem qualquer animal da montanha se aproximava dele: nem foi desfigurado com folhas ou galhos que poderiam cair nele.
A água é um símbolo do plano etérico ou reflexo da natureza. Todas as verdades espirituais são refletidas nessa água silenciosa prateada, e aquele que é suficientemente sábio, esteja ele nessa esfera terrestre ou nos reinos mais elevados, pode ler nessas reluzentes páginas. É aqui que linhas tênues de luz, como novelos emaranhados, marcam o contato da alma com a alma e mantêm intactos os padrões estabelecidos em muitos encontros de vida do passado.
Narciso, o jovem radiante, é aquele que aprendeu a ler esse pergaminho místico, visível somente para a visão cultivada impessoal. Quando Narciso se enamorou por sua bela personalidade, suas lágrimas caíram na água e distorceram a sua imagem. Os olhos, que ainda são canais para as lágrimas, não conseguem discernir as letras nessas folhas tênues. É aqui que os Egos, ao entrarem na vida terrena, encontram seu legítimo lugar, e onde as mães, que são suficientemente sábias, podem se encontrar e conhecê-los no seu íntimo.
Por amor a si mesmo, Narciso perdeu sua beleza radiante (seus contatos espirituais), e quando ele morreu, angustiadamente houve lamentação entre as ninfas aquáticas. É o amor pela personalidade, que sempre faz com que essas águas infinitas se turvem no esquecimento. O corpo de Narciso se desvaneceu, mas em sua memória os Anjos colocaram nas margens desse lago prateado uma flor que leva o seu nome e que, em seu esplendor e beleza perfumada, carrega a marca de sua história.
No gramado ele colocou a cabeça cansada,
A morte fechou os olhos que amavam o charme de seu dono
Nenhum cadáver estava naquele lugar, eles encontraram uma flor,
Amarela no centro, com pétalas brancas como a neve.
Por Ovid
“O visível é passageiro, o invisível é eterno. O céu se reflete na terra”. Assim falam os Anjos na beleza mágica das flores de Narciso.
II
“Os seres humanos são o que suas mães os fazem. Quando cada um sai do ventre de sua mãe, a porta dos presentes se fecha atrás dele”.
Por Emerson[7]
As largas colunatas de um antigo pórtico sinuoso, cintilam suave e branco no crepúsculo violeta-acinzentado que se aprofunda. A casa fala em tons baixos e abafados de mistério e respira romance cor-de-rosa. Tentáculos de videiras perfumadas se agarram suavemente à grande varanda e formam uma fricção com o céu azul através do qual as estrelas noturnas brilham como velas de prata.
Uma jovem mulher se senta perdida nas maravilhas incessantes do entardecer que se aproxima. Essa é a sua hora favorita do dia. O crepúsculo sempre traz o êxtase dos sonhos. Para ela, a noite é como um grande pássaro preto que, com penas macias e fofas, cobre o coração do dia e o embala para descansar. Fantasias arejadas voam por sua Mente como melodias, em parte cantadas e em parte tocadas em cordas enfadadas. Desde a infância tem sido assim. Ela sempre se esforçou para encontrar na alma alguma verdade rara que sempre a escapa, deixando apenas uma sombra de vaga insatisfação que ainda é tingida de alguma exaltação estranha.
“Oh, como eu espero”, ela meditou, “que o pequenino que está vindo para mim em breve, recolherá as madeixas da vida que as abandonei e as desvendei; espero que seja capaz de encontrar e, de alguma forma, dar ao mundo os significados internos das coisas que eu descobri e das quais sei que a forma externa é apenas um mero simbolismo – algo que será um acréscimo duradouro à beleza e à verdade do mundo”.
Ela então sonhou, e seus sonhos estavam perfumados enquanto as sombras caíram, e o inquieto pássaro negro da noite aninhava-se suavemente ao redor do coração do dia, entoando uma canção adormecida de extrema doçura.
Nos reinos dos não nascidos, um Ego, novamente, aguarda ansiosamente o retorno à Terra. Sonhos elevados de se tornar um artista famoso havia escolhido na vida terrena anterior. Mas esses sonhos não foram realizados. Obstáculos, um após o outro, frustraram suas aspirações. No entanto, nem tudo estava perdido. Das dificuldades e decepções, ele aprendeu a suportar bravamente a cruz da derrota e a coroa dos anseios impossíveis.
Durante o tempo de preparação para o renascimento nos reinos mais elevados, essa alma havia trabalhado para encontrar a razão de seu fracasso, de modo que pudesse, agora, construir de novo um corpo sobre bases melhores do que havia no passado. Recebendo o chamado para outra vida terrena, ele respondeu alegremente. A música em sua alma de artista respondeu aos sonhos de desejo dessa futura mãe. Mantendo as cores dos reinos mais elevados sempre em sua consciência, ele saiu mais uma vez com grande esperança e nobre propósito de trazer seus ideais à realização terrena.
III
O sol da tarde entrou pela janela, inundando o lindo apartamento com uma luz suave e dourada. O quarto era grande e magnificamente mobiliado. Com raras tapeçarias e com tesouros artísticos de muitas partes do mundo que o adornavam, evidenciando um bom gosto cultivado e grande riqueza.
Ao lado da janela aberta estava a dona desse rico domicílio, uma mulher jovem e bela. Seus olhos, vagando por seus belos bens, cintilavam de prazer, sua cor se intensificava e toda a sua atitude denotava exultação ao pensar na criança com quem logo seria capaz de compartilhar esses tesouros mundanos. Em breve, ela deveria receber sob sua guarda uma alma que estava empenhada em outra peregrinação na forma terrena.
Com orgulho, ela espera um filho, e muitos são os planos que ela faz para a vida dele. Sua posição social e riqueza ilimitada darão a ele oportunidades que poucos possuem. Ela pensa e planeja, a aspiração sendo sua companheira constante, à medida que os dias se estendem e se transformam nas semanas na qual ela está ajudando a construir a casa terrena para seu novo herdeiro.
Os acordes de sua aspiração se estendem até o plano onde as almas estão aguardando o renascimento; nesse reino, eles suscitam a resposta de um Ego de disposição semelhante, cuja ânsia de retornar à vida terrena é tão forte quanto o desejo dessa futura mamãe de proporcionar a oportunidade.
Um Ego fortemente atraído pelos desejos da Terra anseia pelo mundo da forma e as oportunidades que lhe são ofertadas para exercer as faculdades adicionais adquiridas, durante o intervalo de espera entre as vidas terrenas. Pela lei da atração, os desejos e as ambições mundanos, da futura mamãe e do Ego que aguarda o renascimento, atraíram os dois para uma união ainda mais estreita, até que cada um encontre a realização no outro.
IV
Novamente, uma mulher, jovem e bela, está pensando no tempo em que uma alma será confiada aos seus cuidados. Mas não há esperanças de grandes ambições, sem fantasias sonhadoras; apenas a vida simples e prática de todos os dias. Seus pensamentos não vagam além do presente ou, se o fazem, ela os traz de volta bruscamente. “Qual é a utilidade de perder tempo com conjecturas extravagantes?”, ela se pergunta. “A vida presente é tudo o que sabemos com certeza. Nossos cinco sentidos não podem nos dar mais. Vou ficar satisfeita com esta vida e vivê-la como a considero, deixando todas as especulações fantasiosas para aqueles que têm tempo para se dar ao luxo”.
E, assim ela viveu sua vida dia após dia, completamente inconsciente de que uma mãe, por meio de seus pensamentos, seus sonhos e suas aspirações estão moldando o caráter, a condição e a atmosfera da alma em que um Ego, quando entra, toma forma.
Dos muitos Espíritos que aguardam um retorno à vida terrena, não há nenhum para quem os planos internos guardem tanto tédio e monotonia quanto para o materialista. Tendo falhado em reconhecer a realidade dos Mundos espirituais, ele cegou sua própria consciência para sua existência. Não tendo, além disso, feito qualquer preparação para a vida após a morte, ele sai daqui cego e de mãos vazias e com muito pouco ou nada para trabalhar, enquanto está nos planos internos. Assim, esse intervalo torna-se um período de espera cansativa pelo retorno a outra experiência física.
Um Ego que esperou durante todo esse intervalo de tempo sombrio recebe o convite de uma futura mãe com alegria. Assim, a mulher que fechou os olhos à luz das coisas espirituais, abre a porta do seu coração para acolher essa alma que entra.
V
O Ego que vai renascer, ao se preparar para o trabalho da vida terrena vindoura, é obscurecido e permeado pelo Espírito Universal. Este mesmo Espírito inquieto demais e protetor encontra a mais sublime manifestação na Terra no amor materno. A mãe de Mente espiritualizada está sintonizada com o Princípio Feminino Cósmico e coopera, de forma compreensiva (sob permanentemente), com a Lei universal da Vida e do Amor. São as mães que se tornarão as portadoras da tocha da Nova Raça.
A futura mãe da Nova Era, vivendo no topo das montanhas do pensamento, frequentemente experimenta êxtases que quase impressionam até mesmo sua alma pura com sua beleza indescritível. Envolvida no esplendor do Espírito, com o qual ela está trabalhando conscientemente e para quem está moldando um novo corpo, ela se torna uma luz para todas as futuras mães, pela qual podem ver mais claramente o privilégio divino que é delas ao darem inclinação pré-natal a uma alma que chega. Ao sintonizar seus pensamentos e sua vida com o bom, o belo e o verdadeiro, faz dela uma vestimenta mística com a qual se envolve e, também, o Ego que se aproxima, com o qual está ligada por laços de outras vidas. Com muitos regozijos está se aproximando o dia em que toda mulher se ajoelhará diante desse santuário da Verdade e, assim, ganhará uma coroa de eterna imortalidade para sua fronte.
VI
A velha casa ainda respira romance em tons de rosa doce e sussurra mensagens misteriosas do passado. A pequena Tecelã dos Sonhos[8] ainda está sentada atrás das colunatas brancas e observa o mundo cada vez mais escuro. Como sempre, ela se deleita com o mistério e a beleza da vida.
Aquele que veio até ela nos últimos anos é, agora, um mestre da cor. Suas pinturas são poemas vivos. Ele parece ter captado todas as suas fantasias aéreas e as tecido em uma harmonia de luzes e sombras mais etéreas do que qualquer outra que o mundo já conheceu. Eles são ecos estremecedor de música que foram abafados apenas para cantar em tons coloridos. Eles mantêm a luz de fogos estranhos, um toque do sangue do coração, um perfume de flores imortais, uma sagrada beleza interior da alma. Para essa mãe, agora vem a felicidade adicional de perceber que ela havia usado suas próprias faculdades artísticas para ajudar o Ego que se tornou seu filho. Vivendo seu ideal todos os dias, ela impregnou sua consciência com sua verdade, isso tudo inconsciente, ela abriu a porta das dádivas para um Espírito maravilhoso entrar.
VII
Uma mulher de cabelos grisalhos e um rosto, no qual a decepção desenhou muitas linhas, está sentada ao lado da janela de um magnífico apartamento. Enquanto seus olhos vagueiam pelos tesouros à sua frente, ela pensa com tristeza no passado e se lembra de quantos anos atrás, ao lado daquela mesma janela, ela havia planejado um futuro tão brilhante para o filho que seria seu. Com o coração dolorido, ela revê sua juventude tão cheia de promessas.
Ainda está em sua lembrança que, com o passar dos anos, suas ambições pareciam se tornar insaciáveis. Ele cumpriu os planos que ela tinha para ele – e muito mais. No entanto, sua vida não foi cheia de sonhos mundanos a serem realizados, com o acúmulo de mais riquezas para seu tesouro já inchado e a conquista de uma posição social mais elevada, que ele não tinha tempo ou pensamento para o amor ou a mãe. Recentemente, ele sucumbiu a uma breve doença em um país estrangeiro.
“De que adianta!”, ela gemeu em seu coração. “Depois que todas as minhas ambições foram realizadas, o que eles me deram? Eu o havia planejado muito antes de vir até mim. Ele mais do que cumpriu minhas maiores esperanças de glória terrena. Ainda assim onde está a felicidade? Estou propensa a acreditar que aquele que busca conquistas mundanas é, afinal, apenas um caçador de arco-íris. Eu gostaria de poder viver minha vida novamente”.
As lágrimas caíram em seu rosto pálido. E ao longe, lágrimas de gotas de chuva caíram sobre o túmulo recém-construído e ecoaram: “Um caçador de arco-íris”.
VIII
Uma mãe que se gabava de sua lógica sadia, de seu bom senso e de sempre ter “os pés no chão” sentava-se observando com olhos de adoração uma menina esguia que se reclinava no divã. Por seus movimentos, pode-se perceber que a menina é cega. De repente, a menina exclamou: “Mãe, não é uma desgraça tão terrível ser cega fisicamente quando se pode ver luzes interiores tão maravilhosas como eu. Elas são tão brilhantes, tão deslumbrantes, e todas parecem estar dançando. Às vezes, ouço a música flutuante mais estranha e, no entanto, tudo parece estar dentro de mim. Não consigo descrever, mas nessas horas não tenho consciência de que possuo um corpo físico. Parece que vivo em pleno ar. Temos sofrido juntas tantas vezes por causa de minha enfermidade, e agora um pensamento tão estranho me ocorre, querida mãe; talvez eu tenha vivido outra vida em algum lugar, e talvez eu fosse como você é agora, cética em relação a todas as coisas que não podem ser provadas pelos cinco sentidos e condenando amargamente, como você faz, todos aqueles que tem outras crenças. Então, porque eu era cega para as coisas espirituais, e possivelmente retirei a luz dos outros, a Lei fez com que eu ficasse fisicamente cega agora. Tem uma parte de mim que ainda quer acreditar nas suas teorias materialistas, mas, minha mãe, quando essas experiências maravilhosas vêm a mim, então duvidar é inútil, eu sei”.
Com as vidas que são dedicadas a trabalharem juntas para o mais elevado, com corações transbordando de amor pela humanidade e com almas perfumadas com o aroma das boas ações, a mãe espiritualmente desperta e a sábia a quem ela concedeu renascer adequadamente, estão se aproximando do anoitecer de suas atividades terrenas. A vida tem sido para elas uma alegre canção de serviço, uma sinfonia de aspiração e idealismo na qual os tons de terra suaves e sombreados durante o dia se misturam com os tons triunfantes da noite. Suas vidas uniram a realização consciente de Auxiliares Invisíveis com seu maravilhoso ministério do dia. Elas possuem a chave que abre a porta de presentes para os Egos que aguardam uma oportunidade para novas experiências terrenas. Elas encontraram a luz direcionando para o novo dia da maternidade desperta, quando uma maior compreensão permitirá aos iluminados a viver e trabalhar em perfeita harmonia com a Lei Cósmica.
As mães, então, em reconhecimento do tempo sagrado quando estão preparando um novo templo que é o corpo para um Espírito que irá renascer, ascenderão com a bem-aventurada Maria à região montanhosa da consciência, lá para se encontrarem e reivindicarem os seus.
A LEMBRANÇA DA ALMA – A Lenda do Alecrim
Ali está o alecrim – que é para a recordação.
Por Shakespeare[9]
Frequentemente, há duas almas que caminham juntas pelas estradas da vida. Uma dessas duas está vestida com a luz da manhã e usa a beleza do nascer do sol. Ele irradia a alegria da primavera, o regozijo da criação. Seu hálito é o perfume das flores e a sua voz a música da esperança no coração da juventude.
Enquanto ele toca seu arco de luz sobre um violino mágico vibrante com harmonia, a música regozijosa transfigura a face de toda a natureza e ecoa através do espaço infinito. Uma luz difusa suaviza a paisagem, o mar cintila em uma cadência suave; e as flores se curvam sob o esplendor de uma nova beleza. Tudo se transforma. O mundo inteiro canta um hino de regozijo.
O jovem músico desenvolve seu arco como se fosse repiques de risadas: “Veja como a terra, o ar e o céu me obedecem! Onde quer que eu vá, tudo é meu. O belo fica mais belo ao meu toque; o justo infinitamente mais justo. Eu sou a alma de todas as coisas, pois sou a Alma do Regozijo”.
Outro, atraído pelo poder da música, se aproxima e se acerca dele com os braços estendidos. O companheiro da Alma do Regozijo permaneceu imóvel durante o feitiço lançado pela música fascinante. Seu olhar fixo contém o mistério de visões distantes, e seu rosto, a Tristeza e Angústia Profundas do conhecimento profundo. Há nele um perfume de flores estranhas, flores que cresceram em solidão nas alturas varridas pelo vento em meio a neves eternas.
No silêncio cada vez mais profundo, ele puxa o violino para perto do coração e começa a tocar. Primeiro, há uma nota de lamento terno que parece extraído das próprias cordas do coração, gradualmente se fundindo em um canto choroso e lamentoso. Por fim, o som se transforma em uma tempestade selvagem de agonia que, finalmente, termina em uma tremulação de resignação.
A face da natureza muda em uníssono com os humores do violino. Os ventos soluçam por entre as árvores, blocos de nuvens flutuantes obscurecem a lua, as ondas do mar batem sobre a costa como as batidas agonizantes de algum grande coração ferido. Enquanto a música desvanece no silêncio, uma estranha beleza sobrenatural envolve a noite. As nuvens desaparecem contra o céu escuro-azulado. Sobre caminhos ásperos e pedregosos, flores da primavera não plantadas por mãos humanas. O mar murmura uma canção de ninar envolta pela luz do luar mais formoso do que qualquer mortal conheça. Em todos os lugares, as flores desabrocham com uma beleza terna e ardente que é lustrosa com uma resplandecência que lembra as lágrimas.
À medida que essa música inusitada passa para outros reinos, a beleza sobrenatural da noite envolve o músico. Ele se levanta, uma chama viva estremecendo com anseios indizíveis e desejos não expressos, verdades insondáveis. Ele se volta para a Alma do Regozijo que está transfixada pela admiração.
“Você diz que torna o belo mais belo, o justo, infinitamente mais justo. Você sempre cria; você constrói de novo. Mas eu ressuscito, eu transmuto. O árido eu o torno belo. O horrível, o malformado, eu traduzo numa nova vida. Acho beleza onde antes não existia; arranco a paz das profundezas e faço com que ela viva nas alturas. Trago perfeição, conclusão. Mesmo você, Oh Alma do Regozijo, nunca poderá ser conhecida no seu íntimo sem mim, pois eu sou a Alma da Dor”.
Aquele que havia estado tão perto da Alma do Regozijo agora se vira e avança ansiosamente para encontrar esse Ser estranho, uma nova luz despontando em seus olhos. A Alma da Dor estende suas mãos em terna bênção dizendo: “Ó Espírito do Homem, eu te abençoo”.
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No silêncio profundo da alma, dormem muitos segredos esquecidos que o Espírito conheceu antes de renascer nesses véus cegantes de carne, altos anseios claros que intuitivamente tateia em seus momentos profundos, e que em tais momentos relampejam como vagas lembranças de algum tempo distante.
Antes que os Espíritos deixem sua morada celestial para outro período de experiência aqui, na sombria Terra, clara é a visão e esse conhecimento superior. É apenas o manto da mortalidade que obscurece o conhecimento dos verdadeiros valores da vida e causa as buscas incessantes e inquietas que levam à desilusão e à dor. Os Anjos estão tristes por causa dessa cegueira mortal e, assim, no fundo do coração de uma de suas flores de amor eles entoaram uma canção que é mais ou menos assim:
“A vida não é feita de prazer, mas de experiência. Quer suas notas mais profundas soem em alegria ou em lágrimas, a alma que carrega o legado mais rico em seu retorno a Deus é aquela que viveu plenamente cada momento da vida, extraindo ao máximo a essência de sua experiência e construindo-o, em ouro, a sua aura resplandecente”.
Assim canta o pequeno Alecrim, a flor da lembrança, para todos aqueles que farão uma pausa e ficarão quietos por um tempo suficiente para ouvir sua canção. “Só aquele que encontrou as lágrimas que brilham no coração por cada júbilo e êxtase e que medita à luz de cada dor é sábio o suficiente para ouvir o canto do Alecrim e recordar”. Assim, os Anjos cantam enquanto exalam uma bênção perfumada sobre suas pétalas estreladas.
UMA DIVINA AVENTURA COM UM NARCISO E O MAR
Eu vaguei por uma pista de luz dourada,
E encontrei um vale intocado, por ninguém trilhado,
E com o narciso para assistente
Eu desnudei minha alma para todos os bosques – e para Deus.
Por Stephen Moylan Bird[10]
Um dia, enquanto vagava pelo mar, símbolo daquela inquietante e maternal Sobre-alma[11], na qual despejo todas as minhas fantasias e que me devolve em sonhos tão raros que tateio por palavras para expressá-los, eu estava lendo um conjunto de desconhecidos e lindos poemas sobre o renascimento e pareciam apenas à beira da lembrança. O mar gritava com uma música estranha e insistente: “’Você não se lembra? Você não se lembra? Aproxima-te. Abaixe mais. Deixe-me pegar sua mão e levar para além das limitações físicas, através do vasto passado e acima de horizontes infinitos, para vistas do amanhã. Um poder maravilhoso é meu, que um dia também será seu para comandar”.
A única companheira de meu sonho era uma flor perfeita que se aninhava por perto e parecia palpitar em solidariedade com meu profundo amor pelo mar. Ao contemplar seu coração radiante, ela me devolveu reflexões místicas e indizíveis em Seu perfume.
Enquanto eu lia e refletia, decidi deixar de lado a minha flor companheira sonhar no centro de um lago calmo e adormecido entre as pedras. Logo minha consciência externa estava arrebatada em seguir as aventuras de uma alma para qual a morte e o nascimento não eram mais que um sono e um esquecimento. De repente, a subida da maré varreu as rochas e carregou minha florzinha para o mar. Corri pela praia, mas sem sucesso. Três ondas enormes rolaram sobre ela. À medida que cada onda a atingia, as pequeninas pétalas se dobravam como acontece com a dor. Desprezada, as lágrimas vieram, e eu estendi os meus braços com um grito: “Ó meu amado mar! Como você pode? Como você pode? Quando eu te amo tanto”.
Então, alguma coisa naquele momento me instigou para que me virasse e observasse o sol se pondo atrás das colinas que estava cintilando como grandes pilhas de folhas de junco esmagadas, peneiradas em canteiros de violetas. Maravilhosamente confortado, como sempre, por chegar perto do belo, me afastei. Olhando de relance para o lago aninhado entre as pedras, vi um objeto vagando à deriva. Aproximando-me, caí de joelhos na areia, pois ali estava a minha flor, sem nenhuma mancha ou hematoma, tão doce e bela como se tivesse se aninhado imperturbável no centro de algum calmo jardim. Estendi os braços com um grito de agradecimento ao meu amado mar.
A resposta veio em meio a um ressonante redemoinho azul claro de risos: “Você não se lembra? Você não se lembra? Aproxima-te. Incline mais. Deixe-me pegá-la pela mão e levá-la para longe acima de horizontes infinitos para as vistas do amanhã. Um poder maravilhoso é meu, que um dia também será seu para comandar”.
UMA LENDA DO HELIOTRÓPIO
Filhos de tão gentil nascimento,
Aqui essas flores se encontram,
Amor que nunca tocou a Terra completamente,
Eles – e você e eu.[12]
Por B. R. O. Low
Sobre a ampla e brilhante estrada da Vida, a alma de uma Mulher está em pé meditando. Em seu braço ela carrega uma cesta cheia de pacotes, e sobre ela fixa os seus olhos pensativamente. Depois de longo tempo, ela retira um pacote que tem uma estranha luminosidade; e sobre ele está gravado: “O que o Mundo Conhece como Amor”. Então, abre o pacote com muito cuidado e, por algum tempo, olha para aquele brilho um tanto estranho, depois o deixa de lado dizendo com tristeza: “Nada além de enfeites, nada além de algo superficialmente atraente ou glamoroso, mas de pouco valor real”. Ela escolhe outro pacote de luz cintilante, às vezes emitindo uma escrita brilhante e, novamente, em um exame mais minucioso, vê apenas um brilho pálido. Este está assinalado como “Ambição”. Depois de um tempo, ela também coloca este de lado com um suspiro cansado e examina por algum tempo e com seriedade o restante do conteúdo da cesta. Finalmente, ela escolhe um próximo ao fundo da cesta. Está rotulado como “Posses Mundanas”. Observando-o ansiosamente por um tempo ela também o vê, começando a desmoronar e desvanecendo. “Cinzas e frutos do mar morto”, ela murmura amargamente, jogando-o fora.
Ela abre outro pacote que está bem usado e parece ter sido muito manuseado. Este é chamado de “Fama”. É frio ao tocar, então ela tenta aquecê-lo colocando-o contra o coração dela. Não encontrando resposta, ela se vira e diz: “Não há felicidade aqui, devo procurar mais”. Vê um que parece estar encolhendo e, ainda assim, com admiração ela desembrulha o pacote acinzentado e lilás e se agarra ao último dos pacotes. Sobre este está gravado “Morte”. Enquanto ela o examina com curiosidade, surge dançando na sua frente o que parece ser uma bolha de Fadas, tudo fluindo com uma luz rara que não parece pertencer à Terra. Por um momento, ela paira bem acima de sua cabeça; então, enquanto ela se esforça para alcançá-la, ela flutua para os Éteres azuis; mas sempre que está prestes a desaparecer, ela desvia graciosamente e se aproxima da Terra novamente, iluminando a brilhante estrada da Vida pelo longo caminho por onde quer que sua sombra seja lançada.
Quando a luz incide sobre ela, o pacote cinza em suas mãos se derrete. “O meu sonho de amor que os Anjos me deram”, a alma da mulher chora baixinho. “O amor que sobrevive a eternidade e o imenso ciclo de vidas; o verdadeiro amor de alma pela alma que em seu idealismo e pureza não conhece limites e transmuta até a própria morte em vida”.
Ela cai de joelhos em adoração, enquanto aquela nova luz estranha precipita sobre ela, envolvendo-a com onda após onda de esplendor quase celestial.
Na região onde os Anjos aguardam em oração as decisões da alma de uma mulher, ressoa um cântico de louvor e ação de graças. Para comemorar a chegada deste novo ideal ao mundo, eles fizeram com que uma flor nascesse. Suas flores são tão emplumadas que dificilmente podem suportar a luz do dia, pois a flor não pode ser mais forte do que a concepção que a gerou. Azul é a cor do amor espiritual, portanto azul é o tom da cor com que esta flor, recém-chegada do Mundo celeste, sussurra sua mensagem à alma da mulher. Tão frágeis são as pétalas que é como se os Anjos as tivessem simplesmente emprestado à humanidade como promessa ou prenúncio de um sonho ainda não totalmente realizado. No momento, as flores em toda sua beleza perfeita podem viver na atmosfera terrestre apenas por um curto período; sob o pensamento dos humanos, e o toque logo murcham e escurecem, deixando apenas uma lembrança fugaz do ideal que simbolizam.
À medida que a beleza e pureza da mensagem que essa pequena flor retém na fragrância roxa de seu coração, torna-se mais profundamente implantada na alma da mulher, e à medida que a sagrada concepção da qual nasceu, derrama sua bênção por todo o mundo, essa pequenina mensageira dos Anjos, a mais etérea de todas as flores, gradativamente, perderá sua tênue fragilidade e alegrará por mais tempo os corações daqueles que aprenderam a ler seu significado na beleza perfeita de seu desabrochar.
O AMARANTO DOURADO
Sua coroa foi tecida com amaranto e ouro;
Amaranto imortal, uma flor que uma vez
No Paraíso, rapidamente pela árvore da vida
Começou a florescer.
Por Milton[13]
Quando o chamado da Terra soa no Céu, multidões de Espíritos somente com seus Átomos-sementes são reunidos pelos Anjos guardiões, e aqueles que estão prontos para uma nova experiência humana são preparados para responder aos chamados.
Os Egos, em seu estado de consciência no Mundo celeste, sabem que a bondade e a verdade, a vida e o amor são imortais. À medida que cada alma encontra seu lugar na longa descida processional para trilhar os caminhos da Terra novamente, o brilho desse conhecimento interior, sem entraves da carne, se espalha para longe até que as multidões aparecem transformadas em uma glória como de fogos descendo.
Um Anjo poderoso está diante dos confins exteriores do plano terrestre, segurando em suas mãos um cálice estrelado que pisca e cintila, como se estivesse definido com os mais brilhantes sóis dos céus. Envolto sobre esse cálice está uma bela flor que leva o nome de amaranto, que significa “eterno” ou “imortal”.
Cada Espírito que retorna, ao passar por trás dos véus da mortalidade, participa desse cálice e, enquanto ele bebe, o Anjo coloca em sua mão uma dessas frágeis flores douradas. Esse é o Cálice do Esquecimento, o cálice que faz com que o ser humano esqueça de que não existe a morte. Tudo é vida. A alma é imortal e cada extensão da terra é apenas uma página do livro da vida. Apenas por referência a todo esse livro, o significado das múltiplas experiências da vida pode ser razoavelmente interpretado e adequadamente compreendido. Mas, uma vez que há muito conteúdo nas páginas anteriores, que ainda não somos fortes o suficiente para ler com serenidade, é bom que nem tudo seja lembrado. Portanto, é que alguns que apreendem essas verdades interiores têm chamado esse cálice de Poção da Compaixão e o Anjo que o carrega, o Mensageiro da Caridade.
Para cada Ego que chega, esse Anjo benéfico dá uma flor dourada da imortalidade para servir como um lembrete da vida eterna, para que essa grande verdade jamais possa ser esquecida. Poucos mantiveram essa florzinha dentro de seus corações, onde ela vive e floresce em beleza perpétua. Esses são os professores de pessoas que percorrem o mundo proclamando verdades espirituais a todos os que desejam ouvir. Porém, a maior parte perdeu sua preciosa flor e tropeça cegamente nas estradas da vida terrena, o Espírito tateando incerto, sempre desejando recuperar sua herança perdida e inestimável de conhecimento.
Os gregos possuindo, como possuíam, muita compreensão do Mundo interior, coroaram seus heróis e seus mortos com uma grinalda amarantino, como um símbolo da eventual recuperação por todos os seres humanos dessa sabedoria interior.
SINOS ASTRAIS – O Ministério da Fúcsia
Eu já viajei muito nos reinos de ouro.
Por Keats[14]
As pequenas flores que “escrevem música no ar”
No branco silencioso do Céus, não há linha de demarcação entre o dia e a noite; todas as coisas e todos os seres são continuamente banhados por um brilho dourado e luminoso que não conhece superação nem lentidão no desenvolvimento ou progresso. No entanto, quando as sombras se alongam sobre a Terra:
“Galhos de carvalhos altos encantados por estrelas cuidadosas,
Sonhe, e então sonhe a noite toda sem se mexer”.
Uma quieta calma, após um ruído, cai sobre as “cortes do Céus”; os Anjos cantam com mais suavidade, e a música de seus movimentos parece respirar em cadências mais suaves. Esse é o único sinal naquela terra brilhante que indica que a escuridão da noite desceu sobre a Terra.
Além desse silêncio suavizado repica, em certos intervalos, a música dos sinos, música que muitas vezes pode ser ouvida mesmo na Terra por aqueles que ouvem seu toque. Esses sinos tocam em certos momentos específicos, quando a batida do coração da Terra está mais intimamente sintonizada com o coração dos Céus. Essas horas mortais são conhecidas como meia-noite e amanhecer.
Os sinos astrais emitem o chamado para que legiões de Espíritos saiam em missões de Amor e misericórdia em prol de todos aqueles que sofrem, e por outros que conquistaram o privilégio, por meio de tal serviço, de ascender aos reinos espirituais para receber instruções dos Anjos. É verdade que o poeta expressou essa visão ao se referir às “escadas do altar do grande mundo que se inclinam das trevas até Deus”[15].
Aqueles que ouviram a música desses sinos estão sempre conscientes da melodia etérica que soa para sempre em seus corações; com facilidade a alma se eleva em êxtase em resposta à memória que ela evoca.
Os Anjos também adoram ouvir essa música dos sinos das Fadas e, no ritmo de seus compassos, formaram uma flor que capta o eco e o espalha novamente pelo mundo. As flores fúcsia[16] são réplicas angelicais desses sinos astrais. Apenas à meia-noite e ao amanhecer elas ficam trêmulos com a melodia; as pétalas delicadas se dobram sob o influxo de harmonia, e os ternos pistilos[17] balançam ritmicamente enquanto ecoam, em música suave, o toque desses conjuntos de sinos celestiais.
Há certos grupos de Anjos que trabalham exclusivamente com o Reino Vegetal; permeiam a semente com o Éter de Vida para que os poderes adormecidos possam despertar em resposta às forças da mãe Terra. Eles moldam ternamente as folhas, pétalas, os estames[18] e os pistilos; suavemente eles colorem cada veia delicada, enquanto modelam padrões minuciosos e intrincados de rara beleza e graça. Os mortais seriam cautelosos ao lidar com esses raros dons dos Anjos, se acaso pudessem observar o amor reverente e o cuidado dispensado à formação deles.
Os Anjos ficam muito tristes diante da lamentável visão da mutilação impensada e intencional do seres humanos aos seus preciosos filhos das flores e, assim, quando os pequenos Sinos Fúcsias repicam sobre a Terra, um eco dos doces conjuntos de sinos astrais dos Céus, tropas de Anjos das flores voam em todo o mundo e reúnem as flores que foram machucadas e dilaceradas, ou deixadas de lado, pelos desatentos e incompreensíveis para murchar e morrer. Depois de imprimir uma bênção nas formas físicas cansadas e frágeis, os Anjos retiram ternamente as essências vitais e as carregam como fitas de teia de arrasto de volta aos Céus, para serem usadas novamente em seus gentis ministérios de construção de outros padrões de flores com os quais possa abençoar e embelezar a casa terrestre da humanidade.
Não está longe o tempo em que a ciência verificará essas verdades o suficiente para que cada um compreenda algo da dor e do regozijo experimentados pelos habitantes do Mundo das Flores.
E é a minha crença, que cada flor
Aproveite o ar que respira.
Assim canta Wordsworth[19], sumo sacerdote entre os poetas das flores. Mas, suas palavras são ignoradas, exceto por aqueles poucos que, com uma “visão abençoada” perceberam algo do ministério angelical de seu trabalho com a vida vegetal.
Enquanto isso, os pequenos Sinos Fúcsia fazem soar um chamado à meia-noite e ao amanhecer, convocando os Anjos da misericórdia para ministrar a todos os que afligem e sofrem nos distantes reinos da Terra das Flores.
UM CALENDÁRIO FLORAL – A Lenda da Poinsétia
Quando eles beberam profundamente
Dos copos cheios de orvalho,
Você pôde ouvir suas risadas douradas
Por todo o jardim.
Por Clinton Scollard [20]
Em tempos remotos, quando o ser humano caminhava na terra de mãos dadas com os Anjos, conhecendo apenas sua inocência imaculada e irradiando apenas sua beleza perfeita, e que nenhum pensamento maldoso ainda havia impregnado sua consciência e nem projetava suas sombras no ambiente externo, e as flores eram reflexos da consciência, todas brilhavam no mais puro branco, fazendo do mundo um verdadeiro jardim de sonho de beleza pura e perfumada.
À medida que o tempo passava e as vibrações de uma poderosa estrela abriram os portais da matéria para a entrada do ser humano, e o Espírito tornou-se mais firmemente enredado em sua forma material, as pétalas delicadamente sensíveis gradualmente captaram e mantiveram as cores dadas a elas pelos vários pensamentos e emoções da humanidade, e apenas as mais raras e belas almas-flores foram capazes de florescer em toda a sua pureza primitiva.
Mas, por muito tempo cresceu uma flor tão branca que competia com o sopro das neves da montanha; o pescoço do cisne era pálido ao lado dela. A tradição afirma que, onde quer que uma alma pura vivesse sem maculas no mundo, essas flores desabrochariam em abundância. Ao longo do caminho, impregnados de meditações elevadas, estas almas brilhavam tão formosamente quanto os pensamentos que refletiam.
Na primeira Noite Santa, quando os pastores estavam vigiando as colinas da Judeia, e a Estrela dourada os guiou em seu caminho para a manjedoura sagrada, seu caminho foi salpicado com essas flores brancas místicas, nas quais os raios da Estrela do Oriente transformaram em prata cintilante.
Quando o Santo carregava a cruz na subida íngreme do Gólgota, o chão estava acarpetado de branco com sua beleza. Elas se aglomeraram amorosamente ao redor de Seus pés machucados, como se de bom grado pudessem consertar os pregos cruéis e a coroa de espinhos. Silenciosamente, suas faces brancas assistiam o apelo mudo da encenação da Crucificação. As frágeis pétalas estremeceram em compaixão com os tremores cósmicos que ocorreram quando o Espírito Mestre rompeu seu cativeiro de carne.
Enquanto o sangue escorria devido a perfuração dos pregos e da coroa de espinhos, uma gota sagrada caiu profundamente no coração de uma pequena flor branca. Lá está aninhado. Quase imperceptivelmente, as pétalas se curvaram sob a homenagem; então suavemente, gentilmente elas flamearam em carmesim. Por todo o coração da Terra, essa força foi sentida, resultando em que, onde quer que essas flores místicas florescessem, elas mudariam de branco puro para vermelho-sangue.
A alma mais pura de todo o mundo das flores através dos tempos deve banhar seu coração no sangue do Cristo e dar ao mundo sua mensagem através da beleza das pétalas flamejantes.
I
É chegado o tempo de encerramento do ano-flor, e a cada mês de pétala foi transformado em fragrantes feixes de memória. Os Tecedores da Terra das Flores se reúnem em um conselho para decidir qual flor será considerada sagrada no Natal.
Que flor é justa o suficiente para representar o mês do Nascimento Cósmico? Em sedas pinhões de vento, mensagens foram enviadas às Deidades Guardiãs dos meses, pedindo-lhes que viessem e apresentassem suas reivindicações perante o conselho do Mundo das Flores.
Cantando a canção adormecida do inverno em notas fracas da luz do Sol cintilante, chega o pálido janeiro vestido com vestes de zibelina. Seus braços brancos como a neve estão carregados com frágeis sinos de jacinto que estremecem em música suave ao canto de saudade que sua alma deve sempre cantar do Silêncio e do Sono.
Perto do fim dos dias curtos, do outro lado da borda oeste de um céu baixo e escuro, fevereiro traça uma linha dourada, enquanto do coração cinza da Terra ela coleta gotas de lágrimas, transmutando-as em narcisos dourados de promessa para o mundo cansado. Milagres que ela traz à terra e ao céu, pois seu nome é Esperança.
Março envolve a Terra em véus de um verde vago e tenro, e permanece com as mãos entrelaçadas e ansiosas, enquanto a alma do mundo desempenha o prelúdio da vida ressuscitada. Violetas tão azuis quanto o céu para o qual eles deixaram seus olhos, brotam de seus pensamentos, pois o nome interno de março é Aspiração.
A virgem Abril, coberta de lágrimas cintilantes, se curva sobre o mundo cansado. Reunindo sua dor e tristeza, ela pressiona lábios de lírio sobre eles. Quando eles são preenchidos com uma consciência sagrada de paz, ela os molda na doçura do lírio e os comissiona a soprar sobre a humanidade o segredo de sua alma – a Conquista.
Maio, com uma risada alegre, sussurra profundamente no coração da floresta, fazendo-a abrir as portas de seu tesouro para ela. Em seguida, ela se envolve em guirlandas de Fadas para despertar o espírito da beleza. Pois maio é a alma da Harmonia que traz à vida as belezas latentes de todo o Mundo das Flores.
O jovem Junho, a Alma do Amor, numa música extática de sonhos, mergulha o pincel nos pigmentos do céu, no carmesim do crepúsculo, nas brumas brancas da madrugada, no rubor róseo do nascer do Sol e no âmbar do crepúsculo. Ela adiciona a isso o brilho suave da luz das estrelas e o doce sopro de sonhos que brotam dos corações humanos, quando, eis que o mundo conhece o nascimento de uma rosa.
Descansando preguiçosamente sobre almofadas azuis e nebulosas do céu, com colchas formadas por nuvens brancas e felpudas, respirando um incenso destilado dos corações de milhões de papoulas de tons suaves, repousa o calmo julho, a Casa do Repouso.
Elevando-se fileiras e mais fileiras de flores majestosas que moldaram suas pétalas com o ouro da luz do Sol e teceram em seus corações o amor de seu Deus, que representa o mês da glória que é o próprio sopro do Sol – majestoso agosto, a Alma da Beleza Perfeita.
Setembro, a mãe cósmica, cujo nome mais íntimo é Pureza e Paz, brilha no céu, construindo os tesouros de seus pensamentos secretos em ricos ramos de hastes douradas ondulantes para acariciar o mundo e torná-lo mais justo, enquanto ela o mantém em seu coração.
Na calma quietude, interrompida apenas por um suspiro intermitente por entre as árvores, outubro, a Alma da Meditação, inclina a cabeça. Antes de todos os lugares e ao redor dela, florestas magníficas estão derramando lágrimas douradas, em parte melancólicas, pela beleza decadente que vem, e lágrimas escarlate com medo pela desolação que se aproxima.
Com aparência semelhante e passo imponente chega novembro real, coroado pelo tesouro conquistado e atributos dourado, e carregando o crisântemo real. Este amado desabrochar de seu coração nasceu de uma consciência de excesso de orgulho. Novembro respira tentação, e tão sutilmente que até os Anjos mais brilhantes caíram diante dela.
Uma canção de conquistas proclama a chegada de dezembro, cujo coração é o Sacrifício. Suas flores são maravilhosamente altas e imponentes, com pétalas carmesim que envolvem um coração de ouro. Involuntariamente, os Tecedores da Terra das Flores prestam homenagem a eles, enquanto as belezas dos outros meses permanecem um pouco esquecidas. Durante todos os longos anos, a gota sagrada de sangue viveu no coração da pequena flor sussurrando dia a dia o significado místico de sua mensagem até que, preenchida com a alegria de saber, as pétalas flamejantes cresceram e o coração de ouro se expandiu no perfeição de sua beleza imponente. Pois, enquanto as pétalas brancas brilhavam com sangue carmesim, essa mais pura alma-flor despertou para a beleza de sua missão cósmica e sabia que também deveria assumir a cor do corpo e sair para o Mundo das Flores para trazer sua alma de volta para uma compreensão da pureza e do amor que se manifestam apenas nas pétalas do mais puro branco.
E assim acontece a cada ano, quando a vida de Cristo nasce na Terra na época do Natal, o espírito da Poinsétia[21] surge em lindos mantos sacrificais de vermelho para levar sua mensagem ao Mundo das flores e dos seres humanos.
UMA MENSAGEM DE AMOR – Como Cresceu a Violeta Branca
Junto a relva
Lá pode ser visto
Um pensamento de Deus
Em branco e verde.
É tão sagrado
E o cuidado tão humilde
Que você apreciaria
A Sua graça e o seu dom natural.
E não destruir
A flor viva?
Então você deve agradecer
e cair de joelhos.
Por Anna B. deBary
Há um grupo de espíritos por quem os Anjos são muito afáveis durante o intervalo entre as vidas terrenas. Esse grupo é composto de seres que estão se esforçando para vir ao mundo, mas são impedidos de fazê-lo pela Lei do Destino, uma vez que ainda há lições que devem, primeiro, ser aprendidas nas regiões iluminadas dos Mundos espirituais. Nesse grupo estão reunidos Egos que enfrentarão árduas lições em outro dia terrestre e que devem, portanto, estar bem-preparados para enfrentar as pesadas provações e situações difíceis que estão por vir. Os Anjos, sabendo disso, lhes concede muitos pensamentos amorosos e ternos cuidados para que eles utilizem durante esse tempo de preparação.
Entre uma futura mãe e o Ego, cujo corpo físico está se formando sob o coração, há uma faixa magnética como um cordão prateado reluzente. Esse “cordão” contém a história do relacionamento passado entre eles e os laços precedentes que ligavam a alma com a alma e a vida com a vida. Assim, não é no primeiro encontro terrestre entre Egos que acontece o relacionamento íntimo como mãe e filho.
Quando o Espírito se aproxima dos confins do Mundo Físico e, então, é forçado a voltar atrás, o reajuste às condições do plano interno torna-se, necessariamente, muito difícil. Tal pessoa está envolvida no pagamento de dívidas pesadas frustrando, deliberada e reiteradamente, os planos de outras pessoas, resistindo e derrotando a realização de esforços humanitários nobremente concebidos.
Sempre há muita dor, tristeza e angústias profundas associadas numa tentativa frustrada de reentrar na vida terrena novamente, e esse sofrimento aumenta tremendamente o vínculo entre o Ego e os futuros pais. Às vezes, até os Anjos devem ocultar o rosto da sombra que essa tristeza se molda, enquanto o cordão prateado que une mãe e filho é desconectado e flutua como uma teia de renda etérea atada fortemente pela névoa de lágrimas.
As almas que chegaram tão perto de um ambiente físico estão claramente conscientes da dor de seus pais terrenos e se esforçam para amenizar essa profunda tristeza, tanto quanto esteja ao seu alcance. Acompanhados pelos Anjos, muitas vezes, eles flutuam pelos lares que foram preparados para eles e deixam uma bênção de amor e graça como um lembrete gentil da presença deles. Mas, infelizmente, nem sempre é possível para os olhos marejados de uma tristeza profunda discernir a vinda deles ou para os ouvidos entorpecidos ouvirem seus sussurros suaves, que eles aprenderam com seus mestres Anjos a recolher a tênue teia do cordão prateado que prendia a mãe ao filho, ligando coração a coração, e que se tornou tão pesado com as lágrimas que o vínculo foi rompido.
A partir desse fio etéreo, os Anjos formaram frágeis pétalas de flores do mais puro branco e exalando em seus lábios uma fragrância delicada tão doce e profunda quanto o vínculo de amor entre uma mãe e seu filho, ainda não nascido. Essas pequenas flores delicadas foram espalhadas por toda a Terra como uma mensagem de amor do espírito aos não nascidos para as futuras mães. É assim que a Violeta Branca passou a viver no mundo dos seres humanos.
ALMAS-JUVENIS – A Mensagem do Amor-Perfeito
Uma verdadeira história para crianças e para adultos também.
Comemorativo do ministério de cura de M. W.
E há amores-perfeitos – isso é para pensamentos.
Por Shakespeare[22]
Essa é a história de um de nossos irmãos mais jovens que conheceu uma vida terrena, somente por alguns breves meses e, ainda assim, naquela época mostrou tanto amor e abnegação que as crianças e, também, os adultos, fariam bem em segui-los.
Amor-perfeito era uma gatinha cinzenta e desamparada com um rosto em forma de flor pensativamente triste, de olhos grandes e suaves que guardavam memórias de muitas experiências tristes. Pois os olhos dos animais contam suas numerosas vidas terrenas, do mesmo modo que os olhos dos seres humanos e para a sua história se faz necessário apenas saber como lê-los.
Um dia, enquanto tentava descobrir o que tinha o grande mundo, Amor-perfeito caiu e suas pequenas costas frágeis se quebraram. Sob o peso da dor, seus grandes olhos ficaram mais pensativamente tristes e o rosto em forma de flor se tornou mais fino e mais nitidamente definido.
Nesse tempo, uma Fada madrinha abençoada encontrou Amor-perfeito e a levou para morar em uma bela casa à beira-mar. Então, todos os dias difíceis acabaram, pois a bela senhora tinha uma verdadeira compreensão divina para com seus irmãos mais novos e não deixou nada por fazer para preencher os dias do Amor-perfeito com cuidado e ternura, para que a pequena vida pudesse colher todos os benefícios dessa experiência terrena. Mas, apesar de tudo, o corpinho ficou mais frágil e mais atenuado. O minúsculo Corpo Vital podia ser visto por olhos ocultos, às vezes, por estar quase livre da forma física, e foi somente através de sua resposta devotada ao amor e bondade derramados sobre ela para que fosse capaz de permanecer no plano terrestre.
Ao longo dos dias, enquanto a Fada madrinha estava envolvida em seus trabalhos de cura, Amor-perfeito se sentava na janela e observava os Auxiliares Invisíveis – ela pensava que eram Anjos – enchendo o quarto da Fada madrinha com belos pensamentos e imagens. Quando a Fada madrinha voltava para casa à noite, ela os reunia para o futuro trabalho, ajudando a aliviar as tristezas do mundo. Embora Amor-perfeito fosse incapaz de raciocinar sobre essas questões, instintivamente, ela sabia que aqueles lindos seres estavam trazendo amor e felicidade para sua Fada madrinha, pois quando ela entrava na sala, o seu rosto se iluminava como se o sol brilhasse por trás dela. Então, o pequeno coração batia muito rápido sob seu pequeno casaco cinza, e luzes dançantes brilhavam dentro de seus olhos ternos. Mas aqueles que não entendem, apenas viam uma pequena gatinha cinza ronronando no parapeito da janela.
Do lado de fora da janela, da casa da Fada madrinha, crescia uma linda roseira branca, e Amor-perfeito logo descobriu que ela usava as rosas para algum propósito especial em seu trabalho, já que as cuidava com muita cautela e sempre demonstrava a mais profunda satisfação e gratidão ao encontrar uma flor perfeita. À noite, Amor-perfeito estava acostumada a observar os Espíritos da Natureza modelando as flores. Nos dias solitários antes de encontrar a Fada madrinha, ela havia passado por todos e agora que descobriu o quanto a roseira significava para sua guardiã, ela escolheu torná-la sua responsabilidade particular. Nas noites de Lua Cheia, os Espíritos da Natureza eram especialmente ativos. Nessas horas, Amor-perfeito ficava sentada observando-os cuidadosamente durante toda a noite. Às vezes, seu corpinho ficava muito cansado e a dor das costas quebrada era quase insuportável. Mas não eram suas vigílias noturnas um serviço e um sacrifício de amor? Foi com esse espírito que Amor-perfeito, imóvel e em silêncio, observou os Espíritos da Natureza por horas, enquanto eles moldavam as pétalas tenras, e ficava com os olhos fixos nas belas Fadas enquanto exalavam fragrâncias nos corações das flores. Mas, de todo esse desempenho etérico, os olhos humanos não viam mais do que uma gatinha cinza olhando fixamente para a noite.
Devido a sua atenção amorosa que aquelas rosas cresciam, Amor-perfeito se sentiu ricamente recompensada quando viu sua Fada madrinha aparecer pela manhã para colher e levar com ternura as flores brancas perfumadas em sua bela missão de cura. Sempre que a oportunidade aparecia, Amor-perfeito andava ao lado de sua amada protetora, enquanto sua pouca força permitia, e quando ela não podia ir mais longe, ainda a seguia com seus olhos tristes até que a figura da amada se perdia de vista por completo, além das colinas. Voltando para casa sozinha, o corpinho de Amor-perfeito ficou tão cansado que ela foi forçada a descansar muitas vezes à sombra da grama alta à beira do caminho, mas o tempo todo o coraçãozinho batia feliz e o rosto melancólico iluminava-se com lembranças de ternas carícias e palavras gentis.
Apesar do grande amor que mantinha vivo o coração fiel de Amor-perfeito, o domínio sobre o corpo frágil diminuiu. Um dia a dor era quase insuportável, mas ela rastejou até onde cresciam as rosas brancas para observar a chegada da Fada madrinha. Exatamente, naquele dia ela chegou mais tarde do que o normal, pois muitas pessoas solicitavam seus serviços amorosos. Frequentemente, o pequeno corpo deficiente de Amor Perfeito tentava se erguer ao ouvir passos distantes, e a luz fraca brilharia de novo nos olhos sombreados. Mas quando o crepúsculo caiu sobre o mar, o corpinho cansado caiu para a frente na grama, e quando a Fada madrinha chegou, o coração gentil havia parado de bater. Com ternura, ela ergueu o corpo frágil e levou-a embora, pois na grandeza de seu coração ela encontrou lugar para todas as criaturas de Deus. Ninguém é tão pequeno e bastante humilde para escapar do amor dela.
Com reverência, ela colocou o corpinho de Amor-perfeito sob as rosas brancas, onde tantas vezes manteve suas longas vigílias. E agora, para aqueles que veem, quando a luz da Lua está cheia e os Espíritos da Natureza estão mais ocupados, muitas vezes, entre as sombras, surge uma pequena forma cinzenta saltando tão forte quanto as próprias Fadas, pois o pequeno dorso não está mais com a aparência irregular ou disforme. E muitas vezes, quando os belos Anjos estão enchendo a sala com pensamentos de amor pela Fada madrinha, o rostinho em forma de flor está ao lado deles. E eles também sorriem ternamente para isso, pois em seus grandes corações nenhum amor é pequeno por demais para passar despercebido ou não ser recompensado. Mas para aqueles que não podem ver tudo isso, há apenas um pequeno monte sob a grama, no qual as pétalas de rosa branca caem suavemente como flocos de neve perfumada.
Os belos serviços que os Anjos prestam ao ser humano não abrangem toda a sua missão na Terra. Nossos irmãos mais novos do Reino Animal também estão sob seus cuidados protetores. Aqueles que tratam dos negócios do Pai nos Mundos celestiais sabem que não há separação real entre os vivos e os mortos, por isso eles voltam frequentemente para inundar suas antigas moradas terrenas com amor e bênçãos. Em tênues formas de sombra, os animais também revisitam seus antigos lares e ficam perto daqueles a quem amavam durante a manifestação na Terra.
Naquela grande abertura de luz que divide o que é visto do que não é visto e do que é perceptível ou não, e que para o conhecimento da morte aparece como uma porta ou passagem, representa um ser glorioso que dirige e orienta a todos aqueles que passam de um lado para outro entre os Mundos internos do real e os externos que são seus reflexos. Esse belo ser é conhecido como a Maria Divina, a Senhora Abençoada com Mãos de Luz – mãos tão iluminadas por causa de seu ministério constante e amoroso por todas as coisas vivas. De suas mãos derramam raios de luz resplandecente que inundam eternamente essa Ponte de Transição entre os vivos e os mortos.
Na linguagem das flores, os Anjos tornam tangível essa verdade para todos aqueles que irão recebê-la, e assim eles moldaram a primorosa Amor-perfeito como um reflexo das multidões de rostos de bebês que muitas vezes pairam sobre os entes queridos a quem foram emprestados por tão breve estada. Em suas pétalas de veludo estão inscritas as orações amorosas de bebês que circundam a Terra quando os Anjos penduram as cortinas do crepúsculo, marcadas pelas estrelas dos céus.
E é assim que essa amada florzinha leva o nome de Amor-perfeito – pense em mim – pense em mim.
AS FLORES DE ACÁCIA
A luz que você carrega que ainda não vejo
Será um farol para você e para mim,
Ainda assim, serei seu guia.
— Mensagem da Mulher para o Homem
Ao final da tarde a luz minguante brilhava, refletida em um trecho do mar suave e longo. Faixas cinzentas de nuvens pairavam pesadas sobre o horizonte, encerrando o dia com aquela sensação de proximidade do infinito e aquela liberdade da alma que o espírito do mar sempre proporciona. Um homem e uma mulher estavam juntos na areia, olhando para a imensa porção de águas escuras, enquanto a maré vazante batia contra a costa fazendo um som característico, mas baixinho, como um coração aflito. O ritmo foi quebrado por uma gaivota grasnando baixinho pelo seu companheiro. Quando a luz da tarde foi se obscurecendo, uma longa linha dourada rastejou através do banco de nuvens e destacou em relevo os contornos de um barco se aproximando da costa. À medida que o barco se aproximava, o rosto da mulher se iluminava, enquanto uma sombra caía sobre as feições do homem. A mulher se voltou para o homem e, com um sorriso radiante, estendeu as suas mãos solicitantes para que fossem seguradas.
– “Você vem comigo?”, ela perguntou a ele.
Ele se virou e olhou fixamente para as águas cinzentas.
– “Você não está vendo a luz dourada que rapidamente rompe as nuvens cinzentas?
– Oh, mas você vem? – ela perguntou novamente – “pois, atrás daquela cortina de ouro que a cada dia estava mais transparente, já posso ver as Colinas Azuis da Realização agigantando-se contra o céu com sua crista brilhante de sonhos. Suas alturas são tão deslumbrantes que ainda não ouso tentar olhar para elas; mas se você vier comigo, juntos encontraremos seus picos mais elevados”.
– “Não consigo ver nada”, declarou o homem, “a não ser os bancos de nuvens suspensos sobre o mar. Por que devemos embarcar em águas desconhecidas em busca de uma aventura estranha, quando há tanto a fazer aqui? Por que você não pode ficar comigo e nos dar por satisfeitos com as coisas como elas são, sermos feliz no viver, amarmos e trabalharmos no mundo que conhecemos?”.
A mulher desviou seu olhar triste para longe, enquanto respondia:
– “Realmente, para compreender e fazer o nosso melhor trabalho com o que sabemos, devemos ter algum conhecimento do desconhecido. Meu trabalho deve alcançar os efeitos que são vistos e tocar as causas que não são vistas. Você não consegue perceber que não há barreira entre nós, exceto aquela que seu próprio pensamento inferior criou? Ambos estamos seguindo o mesmo caminho, só que você escolheu o lado que foi suavizado e nivelado pelos muitos renascimentos, enquanto eu estou seguindo o caminho solitário que poucos ousaram percorrer até agora. Enquanto seguirmos nossos caminhos separados, a Obra deve permanecer incompleta e iremos tropeçar, mutilados e incapacitados, devido a falhas miseráveis e aos equívocos. A realização perfeita do nosso compromisso só pode vir por meio de uma combinação harmoniosa do nosso duplo poder. Por muitos milhares de anos, através das estranhas complexidades da vida, nós nos tocamos e nos separamos, apenas para descobrir em cada novo encontro, sombreado por vagas lembranças e perturbado por sonhos, em parte, familiares. Por quanto tempo mais você vai atrasar na realização de um plano que é divino em sua plenitude?”.
– “Não entendo”, respondeu o homem; “Não consigo ver e não sinto o chamado estranho que lhe atrai. Parece-me que você é vítima de estranhas fantasias, de noções bizarras que não têm nenhum fundamento na realidade e na verdade. Você está disposta a esquecer o amor e o dever por sonhos utópicos”.
A mulher olhou para ele com compaixão enquanto ouvia, contudo, uma ternura ansiosa, meio maternal, tomou conta dela. Quando ele parou de falar, ela gentilmente respondeu:
– “Se eu não tivesse conhecido esse grande amor, nunca teria encontrado a chave que abre a porta dos mistérios da vida. Nenhuma mulher pode começar a compreender a divindade que dorme no âmago das coisas, até que tenha encontrado o seu próprio ser divino através do amor da alma”.
Seu rosto ficou extasiado enquanto ela continuava: “No caminho que leva ao topo daquelas Colinas Azuis da Realização posso ouvir a batida do coração de séculos, à medida que os homens e as mulheres da Onda de Vida Humana escalam juntos, e aquela luz indescritível que coroa seu ápice é um reflexo dos rostos daqueles que encontraram a verdade que lá habita. Há um cordão invisível e sutil que se estende entre o homem e a mulher, ligando-os sempre juntos, e até mesmo não percebido por muitos, mas, ainda assim, é a força mais poderosa em todo o universo. Quando o homem compreender essa lei, ele saberá que não pode machucar a mulher sem machucar a si mesmo. A mulher saberá que não pode se levantar sem puxar o homem.”. Com essas palavras, ela fez uma pausa e, olhando para ele com o amor de longos séculos brotando em seus olhos, ela continuou: “Nenhum dos dois pode ir sozinho. Há uma altura que só pode ser atingida quando o homem e a mulher sobem de mãos dadas”.
O barco se aproximou da areia e esperou como um estranho pássaro pronto para voar. A mulher se virou e olhou para o homem de forma minuciosa e com seriedade. Mais uma vez, ela falou com ternura:
– “A alma da mulher salta para as estrelas em um salto nas asas da intuição, e lá ela espera pacientemente enquanto o homem escala lenta e laboriosamente pela longa escada da razão e do intelecto, mas os dois devem se encontrarem e se reunirem para sempre no cume da Consumação Divina. Estarei sempre à sua espera, ó alma da minha alma”. Beijando-o na testa com reverência, ela se virou cambaleando em direção ao barco, cega pelas lágrimas.
Mudo, silencioso, com uma estranha dor no coração, o homem observou o barco deslizar sobre as águas cinzentas. À medida que aumentava a distância entre eles, sentiu sensivelmente puxando a corda que os unia e, ao mesmo tempo, uma estranha premonição angélica o emocionou, de que algum dia ele também viajaria por aquele mesmo caminho. Quase inconscientemente, ele se esforçou para imaginar as Colinas Azuis do Sonho contra o horizonte e, ao fazê-lo viu a grande névoa se abrir sobre o barco e uma estrela dourada brilhar sobre ele. Ao mesmo tempo, o cordão invisível se alongava e se alongava, mas ele sentia em seu coração que nunca poderia se quebrar.
Todos os dias, os Anjos enviam seus Auxiliares através do mundo terreno para reunir todos os ideais e concepções que nascem da humanidade. Eles estão sempre à espreita de belos sonhos que flutuam através dos Éteres; eles reúnem a essência de nobres aspirações e a fragrância de muitas ações que são desconhecidas e pouco divulgadas: esses eles carregam para os reinos que os Anjos chamam de lar, e lá eles são modelados em flores que os Anjos devolvem novamente à Terra. Cada flor nasce de uma bela concepção, ou tipificam algum ideal nobre que vive no coração da humanidade.
Para simbolizar o belo vínculo entre o homem e a mulher, os Anjos geraram a Acácia. E é por isso que foi escolhido por uma das Fraternidades místicas mais importantes, cujos ritos são fundados no amálgama dos princípios masculino e feminino, para uso cerimonial como um símbolo de Vida Eterna e de Amor.
O AMOR NASCIDO DA DOR – A Lenda da Flor da Paixão
Oh coração, oh sangue que congela
Sangue que queima,
Retornos da Terra
Por séculos inteiros de loucura,
Barulho e pecado,
Feche-os,
Com seus triunfos e suas glórias e o repouso – o amor é o melhor.
Por Robert Browning
As emoções pertencentes aos planos inferiores do Reino conhecido como Desejo, emitem suas notas de vida em uma massa rodopiante de forma e cor e, aqui também, os Anjos encontram trabalho para fazer. Fora desse redemoinho de sorrisos e lágrimas, de esperanças e decepções, de medo e dor, em que a maior parte da humanidade constrói tão inconscientemente, ainda assim, constantemente, os Anjos auxiliares estão ativamente empenhados em tecer padrões de flores que tomarão forma e crescerão na Terra. Muitas flores vivem e florescem como símbolos dessa influência gerada pelos pensamentos e desejos de homens e mulheres no mundo.
Há um vasto jardim onde as flores deslumbrantes florescem com uma beleza carmesim e exuberante. Até o Sol parece captar o reflexo de sua luz vívida e brilhante, com uma tonalidade mais avermelhado. Todo o ar está parado e carregado com um perfume lânguido, pois este é o jardim onde só crescem as flores da paixão. Nas primeiras horas da madrugada, quando a essência espiritual do céu está sendo soprada sobre a Terra e, assim, é mais fácil despertar a alma do ser humano para as realidades da vida, e novamente na hora mística do crepúsculo, quando a Terra mantém uma conversa silenciosa com as estrelas, uma bela Fada entra suavemente neste jardim e caminha ansiosamente por seus variados caminhos. Frequentemente, ela tenta pressionar as pétalas carmesim contra o peito, mas elas apenas deixam uma mancha de tonalidade escura e sombria, e preenchem seu coração com um estranho desejo. Ela deve se afastar por muito tempo desconsolada – pois o Espírito de Felicidade nunca pode encontrar aqui um lugar permanente para habitar.
As flores do jardim tornam-se mais abundantemente exuberantes e de uma beleza selvagem, enquanto a cada visita o Espírito de Felicidade se torna mais frágil e atenuado, até que, finalmente, sua presença gentil é como uma lembrança de alguma coisa doce.
Um dia ela entrou no jardim muito devagar, mas ainda se curvando ansiosamente sobre as flores brilhantes, com seus dedos frágeis mal tendo forças para fazer sua costumeira impressão escarlate em seu peito. Quando ela se vira cansada, cai inconsciente no chão, enquanto um pólen leve e nauseante penetra rapidamente sobre ela até que ela quase se perde de vista.
De repente, um vento frio sopra sobre o jardim e todas as flores da paixão inclinam docilmente em suas hastes, enquanto uma flor rara e branca, que não parece pertencer à Terra, permanece como uma presença sagrada no meio delas.
Sob essa nova influência, o Espírito de Felicidade revive e luta para ficar de pé. Ansiosamente, ela banha seu coração ferido na suavidade de seu perfume, e seus dedos perdem suas manchas carmesim em meio ao veludo de suas pétalas.
As Flores da Paixão inclinam cada vez mais em seus caules até que seus rostos estejam completamente escondidos na poeira, enquanto a estranha flor branca cresce mais alta e mais bela e enchendo o jardim com sua glória celestial.
“A Felicidade é um atributo da alma muito raro para ser tratado com ociosidade”, dizem os Anjos, inclinando sobre a borda do mundo, olham para o jardim prostrado abaixo. “A Flor do Amor não nasceu naquele dia mais cedo, pois a Felicidade não poderia mais ter sobrevivido em meio a tanta solidão e dor”.
Uma grande onda de luz inunda o jardim. Não se pode dizer se vem da flor branca que ergue seu rosto tão orgulhosamente para as estrelas, ou dos rostos dos Anjos com asas dobradas e mãos quietas que se ajoelham para orar.
UMA SINFONIA DE LÍRIOS
O sopro do crepúsculo caiu suavemente no jardim, como alguma melodia de fragrância assustadora e pouco lembrada. Uma sinfonia em branco e dourado, o jardim estava todo lindo e silencioso e sob o céu um pôr-do-sol tingido de opalina [23]. Lírios, lírios – havia lírios por toda parte. A partir de exóticos raros, impregnados pelo seu rico perfume, às pequeninas flores brancas com que os beijos da floresta em seus lábios.
Para a Mulher com o Coração de Lágrimas, eles trouxeram uma mensagem de paz de suas profundezas perfumadas. Em sua beleza pura e branca com corações dourados, ela os comparou a sua própria criança Lily, uma garotinha que costumava brincar por lá, há muito tempo. Mas foi então que a Mulher manteve a luz do verão em seu coração.
Uma noite, quando as estrelas estavam brilhando e os lírios inclinavam suas cabeças sob uma dor de gotas de orvalho peroladas, a alma da criança Lily foi levada aos cuidados de Deus tão suavemente, da mesma maneira como a doçura de seu jardim flutuou para cima nas asas da noite. Era por causa do coraçãozinho que os amava tanto, que os lírios se tornaram mais belos e as flores mais doces. Quando a Mulher com o Coração de Lágrimas os enrugou em sua dor, eles espalharam um perfume que era como uma bênção sobre ela. Às vezes, ela até imaginava que a alma de sua filha Lily respirava novamente em sua beleza e que o aroma de seu amor brotava de seus corações perfeitos.
Uma noite de outono, quando os ventos tocavam pequenas melodias menores com as folhas rugosas, e os lírios, como memórias assombradas, ficaram brancos e elevados e ainda assim, a Mulher com o Coração de Lágrimas viu quando se ajoelhou entre eles, uma criança adormecida, meio escondida em suas sombras perfumadas. Uma pequena criança abandonada talvez, mas semelhante em sua maravilhosa justiça para com a criança Lily de muito tempo atrás. O cabelo dourado estava emaranhado entre as pétalas brancas e macias. As mãos daquela criança agarraram uma quantidade de flores murchas contra o peito. Ela havia vagado por este santuário guardado apenas pelos Lírios sentinela. Mas eles não perceberam a diferença e se agruparam com tanto amor em torno dessa linda cabeça como se aninharam sobre o terno coração que por tanto tempo permanecera frio e quieto.
De alguma forma estranha, em que a tristeza se mesclava com uma espécie de doçura menor, e a ternura se mesclava com a dor, a pequenina sorriu com a essência de seus sonhos mais profundos do Coração de Lágrimas da Mulher. O sopro dos lírios sonolentos tomou conta dela em cadências de música oral, enquanto essas palavras em ritmos cadenciados de fragrância, despertavam em seu coração uma melodia persistente: “Quem receber uma dessas crianças em Meu nome, a Mim recebe.”[24].
Os sorrisos que cruzaram o rostinho eram para a Mulher com o Coração de Lágrimas como as carícias de um raio de sol em mármore delicadamente cinzelado. Os olhos que de repente se abriram e cruzaram com os dela, eram estrelas que haviam descido do céu, ainda retendo um pouco do azul de seu cenário celestial. Com toda a intuição de uma criança, ela sentiu o desejo do amor materno inclinar-se sobre ela. Estendendo suas mãozinhas desatentas de infância, mas feliz, sua risada infantil despertou um eco no Coração de Lágrimas da Mulher que se fechava de tristeza, já que a pequena sepultura foi feita como uma cicatriz na bela face do jardim. Ao reunir a criança em sua vida solitária, suas lágrimas caíram suavemente sobre os lírios esmagados e iluminaram-nos quando um novo amor despertou em seu coração.
Com o nascimento deste amor veio à luz de uma grande compreensão, aquela que se encontra inevitavelmente na sombra de um amor que é matizado com o divino. Ali ao lado da pequena cama onde os doces sonhos da criança Lily haviam adquirido forma tangível nas flores de Lírio que se curvavam sobre ela, a Mulher com o Coração de Lágrimas aprendeu que o Amor é a chave mágica da vida e de seus infinitos mistérios. A imutável lei da compensação foi investida de um poder e uma beleza que ela nunca havia conhecido antes.
Ela percebeu como é infinitamente bom saber que não há nuvem escura demais para que a luz do sol se dissolva e nenhum rosto tão belo que não esteja manchado de lágrimas e mesmo assim ser tão belo para eles. Só o amor purifica o pecado, torna a tristeza sagrada e põe a resignação como uma estrela na fronte da dor.
O incenso das esperanças enterradas retornou a ela, revivificado no glorioso tema que os Anjos cantam diante do Trono de Deus: “E agora permanece a fé, a esperança e o amor, porém, a maior destas virtudes é o Amor.”[25].
No panorama dos anos subsequentes, cheios de possibilidades se estendendo diante dela, a tonalidade da dor que sombreava todas as coisas, desapareceu. O mundo estava em tonalidades dourados. Ela sabia que os acordes de amor, pelo conhecimento da fraternidade de toda a humanidade, tocavam profundamente em seu coração, respirando através de sua alma a inefável harmonia, de sua unidade com o Infinito. Esta é a concepção divina do Amor.
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No decorrer da noite, os ventos vergaram os lírios sobre seus caules delgados, o pequeno monte abaixo deles estava coberto com a ternura verde da doçura do coração. E a fragrância do jardim parecia derreter em uma música – uma Sinfonia de Lírios.
A CATEDRAL DA NOITE
“Uma asa de Anjo bate em cada janela,
Mas apenas os ouvintes ouvem e se levantam.”
Por Anon
Os suaves portais de cor púrpura abrem no crepúsculo, e lá estava a vasta Catedral da Noite, empoeirada de anseios e sombreada por sonhos, repleta de pontas de chamas douradas que brilham e cintilam, e derramam seus segredos sobre o coração de um mundo adormecido.
O interior dessa imponente catedral é o lar de harmonia e ritmo inefável. A vasta extensão é apoiada por infinitas colunas panorâmicas espirais formadas em uma requintada simetria. Permanecendo como a alma de algum mármore raro transformado no Espírito da Juventude, da Inocência, da Alegria e da Beleza, elas emitem um etérico esplendor de Luz. Entre essas colunas, os corredores perfumados conduzem a um altar cintilando em sua brancura de neve como o mais puro alabastro[26]. Em perspectivas maravilhosas, essas colunatas como fadas, estendem-se ao longe, e são mais belas à medida que vão recuando, até se perderem sobre o altar em um êxtase branco e luminoso.
De repente, a luz se intensificou. As notas de um coro triunfal soaram ao longe, aproximando-se cada vez mais, até que toda a vasta catedral estivesse vibrando com a música. Gradualmente, cada átomo do espaço é preenchido – preenchido com os espíritos de crianças pequenas, alegres, radiantes, livres.
Nos seus lares físicos, enquanto os pequenos corpos estão repousando no sono, as almas flutuam pela silenciosa Catedral da Noite. Aqui, eles formam belas amizades com outras almas de crianças que também estão temporariamente libertas de seus corpos terrestres. Guiadas e dirigidas pelos Anjos, que são professores sábios e amorosos, eles estão aprendendo, por meio de brincadeiras alegres, a tecer com fios de ouro em suas vidas terrenas alguns reflexos tênues do Mundo celeste. Esses lindos Anjos reúnem esses espíritos em procissões longas e vestidas de branco, que percorrem seus incontáveis caminhos pela Catedral. Primeiro eles entram no Salão do Silêncio, guardado por imensos portões de ouro que sempre se abrem, convidando qualquer um a entrar, e nunca fechando a não ser ao som de uma palavra falada quando, por alguma magia estranha, eles se tornam barreiras imensas e impenetráveis, bloqueando as belezas primorosas que está além deles.
As paredes deste Sala são compostas por inúmeros mosaicos construídos de sonhos. Eles formam uma sinfonia de cores vivas e iridescentes (furta-cor). Alguns dos padrões são estranhamente fantasiosos, outros são cativantemente belos, enquanto outros são tão bizarros e estranhos que existem aqueles que ficam perdidos em admiração diante deles. Cada um que entra aqui, encontra um padrão para estudar. (Pois não somos todos sonhadores no coração?) Alguns desses sonhos cintilam e brilham com todo o esplendor de uma vida sempre crescente porque foram trazidos à fruição na Terra; outros, meio envoltos nas sombras do crepúsculo, estão lentamente desaparecendo nas coisas escuras esquecidas. Eles são incapazes de suportar porque nunca receberam vida no “mundo dos homens”. (O que se vê é que muitas das mais belas almas, mesmo assim, com desejo ardente estão se afastando).
O chão desta Sala do Silêncio é de luz suave e se compara a névoa de um dia de primavera que se eleva toda prata e creme do coração de um rio. As paredes se tornam mais claras e luminosas, à medida que mais alto eles se ascendem, até que se perdem em um esplendor indescritível no espaço infinito. Os padrões estão mudando constantemente à medida que novos sonhadores entram no Salão e lá inscrevem seus sonhos. Uma das principais verdades ensinadas pelos mestres Anjos é o valor inestimável da alma a ser adquirido frequentando a Sala do Silêncio, e a importância que assume em termos de conhecimento, orientação e conforto nos tempos que virão para toda a humanidade.
Ao deixar este Salão, muitas das crianças veem um belo Espírito, distinguível onde quer que ela vá por meio da joia usada em seu peito. Essa joia fica maior e aumenta a luminosidade a cada serviço prestado a um necessitado. Ao conceder tal ajuda, ela brilha com uma luz gloriosa. Este é o Espírito de Serviço. Ela nunca é encontrada sozinha, mas de todas as formas entre as multidões. Onde o escuro sombrio do outono, são mais longos e profundos, a luz da joia preciosa em seu coração brilha como uma estrela de amor caindo sobre um mundo cansado e acalmando-o em uma paz infinita.
Os raios brilhantes do Sol do Espírito de Amor resplandecem e transfiguram aqueles cujos corações e mãos estão aprendendo a seguir seus caminhos de ajuda ministerial. À medida que as almas avançam em conjunto, elas encontram a entrada para uma vasta sala, uma sala cujas dimensões são indescritíveis. Através de seus portais sempre abertos, os raios de uma Estrela brilhante lançam sua luz, e todos que cruzam seu raio de ação, nele devem entrar. O interior desta sala é formado por numerosas bainhas de pérolas. Os pisos que se estendem por uma distância infinita e as paredes cujos limites estão além da visão são todos mais iluminados com seu brilho suave. A luz aqui é tranquila e moderada como a luz de uma Lua nova brilhando nas florestas profundas. Roubando pelo ar, estão as melodias menores sonhadoras tocadas em harpas de ouro.
Alguns daqueles a quem a Estrela guiou até a porta veio com lamentos e gritos doloridos de dor; outros veem de boa vontade com sinais de gratidão pelo que eles reconhecem como uma oportunidade de aprender lições importantes e muito necessárias. Após sua permanência terrena, cada alma deve novamente cruzar este mesmo limiar, pois é aqui que a Lei de Causa e Efeito imprime seu registro na forma retratada. Os mortais conheceram esse lugar como a Sala da Tristeza e do Pesar Profundos. Suas joias mais preciosas são formadas pelas lágrimas cristalizadas da humanidade. Inúmeras pérolas belíssimas de sacrifício e renúncia podem ser encontradas aqui. Esses são mostrados àqueles que têm olhos para ver por meio dos Anjos que servem como professores. Todos os dias pérolas são adicionadas na bela estrutura; nenhum está perdida. É por isso que a sala deve ser tão grande e seus limites são incomensuráveis.
A coisa mais bonita nessa grande sala de luz é o Altar das Pérolas. Cada gema é perfeita em tamanho, cor e forma e é iluminada com uma beleza suave e amorosa. Essas são as lágrimas cristalizadas das mães. É nesse altar que os espíritos tristes se aproximam de Deus. É aqui que a próprio Sala da Tristeza e do Pesar Profundos vive quando está longe de sua casa no Mundo celestial. Nesse reino elevado, ela sempre se encontra perto do Espírito de Amor. É assim que a tristeza sempre paira sobre a glória branca do Amor. Esse é o ensinamento dos Anjos às almas das crianças visitantes, e esse conhecimento está profundamente gravado em seus corações para que as experiências terrenas, quando retornam, possam se tornar mais compreensíveis. Depois de tal instrução, muitos reconhecem, intuitivamente, a Sala da Tristeza e do Pesar Profundos como doce, justo e amigável, e assim perdendo todo o medo, saúdam-na com os braços abertos. A Sala da Tristeza e do Pesar Profundos está sempre vestido de branco, simbolizando o fato de que ela não se arrepende. Quando uma alma reconhece sua verdadeira missão, a tristeza desaparece porque se transmutou em amor. Os Egos dessas crianças são instruídos a lembrar que, para um Espírito desperto, a tristeza é apenas o cadinho no qual se testa a força de caráter.
Ao lado da entrada dessa vasta Sala da Tristeza e do Pesar Profundos encontra-se uma figura que parece a própria essência da luz. Cercado por um halo de vibração palpitante, que se estende muito além da linha de visão e penetrando profundamente no coração de tudo que toca, ele atrai um eco em esplendores refletidos. Muitas almas veem da Sala da Tristeza e do Pesar Profundos, algumas acompanhadas e outras sozinhas, mas este Espírito brilhante lança, em cada um e em todos, um raio de luz. Poucos entre eles têm consciência da luz que os circunda, e com exceção das almas raras e excepcionais podem ver o Espírito sublime.
Esse Espírito, raramente, é visível para aqueles que aparecem acompanhados; quando visto, é quase sempre, por quem anda sozinho. Os Anjos explicam que este é o sublime Espírito da Verdade. Em sua verdadeira casa, no Mundo celestial, ele vive mais perto de Deus do que qualquer outro Espírito, exceto o do Amor. Embora os Egos possam permanecer na luz que emana dele, porém, podem nunca se aproximar do grande Espírito. Quando alguém tenta alcançá-lo, ele sempre recua; no entanto, a LUZ SE TORNA MAIOR. Jamais, alguém estará consciente da plena glória desta grande luz, exceto aqueles que trazem em seus corações uma impressão da Sala da Tristeza e do Pesar Profundos.
Em grandes grupos, as almas das crianças se reúnem em torno do glorioso Altar Branco da Catedral. Este é o altar do Amor e é iluminado com a luz branca e pura que desce do próprio trono de Deus. A luz que emana deste altar inunda o edifício majestoso em todo o seu comprimento, largura e profundidade. Os Anjos explicam para as crianças como a luz sempre retrata o amor. Nunca pode haver luz sem amor, visto que o último é a causa do primeiro. Sempre que observarem a luz de um novo dia, eles devem se lembrar que é uma expressão do amor de Deus pelo mundo. Sempre que virem o Sol, o coração de nosso Sistema Planetário, eles devem saber que ele também é um símbolo do amor de Deus.
Pairando sobre esse altar está muitos almas aguardando a convocação para renascer. Cada um, como o chama o Anjo da Vida, reúne uma oferta do altar do Amor para levar em seu coração ao mundo, pois esses são os mais doces mensageiros de Deus para o ser humano. Além do altar do Amor está a entrada para o que parece ser o domínio da Terra Sombria. À medida que as crianças se aproximam dessa entrada, elas hesitam como se uma onda de dor as envolvesse; uma escuridão sombria permeia o espaço que é delineado por um friso suave de lágrimas. Incontáveis pequeninos envoltos nas sombras suaves são vagamente discerníveis, e o que parecia um grito lamurioso como de sons de arrependimento de orquestras formadas por sombras.
Os Anjos explicam que essa é a casa daqueles que estão esperando para retomar suas vidas terrenas, e que quando o Anjo da Vida os chamar, eles devem ir, cada um para o seu lar, onde serão estrangeiros e desconhecidos, e onde não serão bem-vindo. É por isso que, intuitivamente, evitam sair pelo fato de estarem envoltos em sombras. Eles não vivem tão perto do grande altar do Amor como aqueles que vão para os lares de amor, onde sua chegada é esperada com ternura e ansiosa expectativa. Esses pequeninos da Terra Sombria, às vezes, se esquecem de levar uma oferta do altar do Amor, quando vão para o mundo terreno, e por causa dessa falta em seus corações, suas vidas serão muito difíceis até que encontrem o amor por meio do serviço aos outros. Como semeamos, devemos colher: esses desafortunados semearam na escuridão; agora eles devem colher sombras até que a tristeza e o sofrimento os tenham levado à realização da Lei perfeita.
De repente, através do ar, são subtraídas harmonias inefáveis que surgem de um jogo sinfônico de cores. Lavandas suaves derretem em cinzas requintados, e tons de violeta se entrelaçam com rosa em tons mutáveis de beleza tão raros e delicados que parecem apenas sonhos delirantes. Cada cor respira na suave e indescritível fragrância musical – fechando os acordes meio lamentosos, apenas para se perder na distância com ecos de Fadas. Flutuando, mudando, tecendo e se separando, eles abrem perspectivas atraentes de um mundo de sonho à frente. Montanhas e prados, vales e planícies cobertos de flores se estendem em uma beleza estranha e sobrenatural iluminada e irradiada por um Sol dourado. A luz penetrou no coração de cada árvore e flor e deixou ali um raio de si mesma para testemunhar a glória da luz e do amor. O ar é tão luminoso com essas cores cintilantes que nenhum olho mortal poderia suportar o brilho por muito tempo.
Do coração desta terra dos sonhos vem uma figura feminina de majestade sobrenatural, mas não tão bela quanto os Anjos. Ela é assistida por muitas belas figuras que estão espalhando papoulas com cheiro de sonho ao longo de seu caminho. Doces imortais e o perfume de tranquilidade se mesclam com a fragrância de seus pensamentos em terna saudação. “Quem você acha que eu sou?”, ela pergunta. As crianças ficam em silêncio em um êxtase reverente. “Eu sou o Espírito da Morte”, responde ela.
Para as exclamações de alegria que saúdam esse anúncio, ela oferece mais informações sobre si mesma. “Sim, eu sei”, diz ela, “que a pobre humanidade iludida sempre me imaginou como uma criatura carregando uma caveira e ossos cruzados, ou em outras formas aterrorizantes que instilam nos mortais um medo geral de minha presença; mas se eles apenas entendessem, me reconheceriam como um amigo. Quanto mais o ser humano aprende de mim, mais ele saberá de si mesmo”.
Carinhosamente acariciando os grupos que se reuniam ao seu redor, ela continua: “Amo todos os que vêm a mim e levo cada um ao meu coração como uma mãe faz com um filho cansado. Afinal, quase todos são apenas crianças – alguns deles muito cansados e a maioria extremamente assustados com a mudança. Ensinem ao mundo, meus pequeninos, quando vocês voltarem, que não há nada a temer. A morte é apenas uma passagem de um sonho para a realidade – a realidade que está por trás do sonho. Todos esses que me atendem recebem e cuidam dos pequeninos que vêm da Terra e não têm nenhum dos seus entes queridos aqui para encontrá-los e ajudá-los a se acomodarem em seu novo ambiente. O serviço que presto com o maior prazer”, acrescenta baixinho, “é acalmar um coração cansado e dar descanso a uma alma cansada”.
A cortina de cores se levanta, novamente, revelando cenas de beleza fascinante e respirando música tão estranhamente doce que até mesmo os Anjos são obrigados a fazer uma pausa para ouvir; o Espírito da Morte diz às crianças que neste mundo de cores cada movimento emite um som. O ar é tão rarefeito e as vibrações tão suaves que as almas podem ouvir o som das coisas crescendo; as árvores, flores e a grama se unem em uma música de maravilhosa harmonia. Soma-se a isso a sinfonia composta pelos tons emitidos dos pensamentos e movimentos dos Anjos e de seus responsáveis.
Com relação a essa música dos reinos mais sutis, o Anjo da Morte diz a seus ávidos ouvintes: “Os Espíritos da Natureza também fornecem essa música ao mundo, mas aqueles que vivem na Terra estão tão imersos em sons da materialidade que não podem ouvir essa música celestial. Por causa de sua sensibilidade, os pássaros chegam perto o suficiente da música do Mundo celestial para sugerir que pelo menos ressoe essas harmonias celestiais.”.
“Dos tons de cores dos planos superiores, as flores captaram seus matizes variados, e os pensamentos de amor dos Anjos são transmitidos em sua fragrância. Seus pensamentos de amor, beleza e verdade assumem a forma de flores nessa esfera. Esses Anjos moldam essas flores terrestres e as devolvem para enriquecer sua vida. Além disso, os Anjos imprimem seus próprios pensamentos de amor nessas mesmas flores que se tornam, por assim dizer, uma emanação de seu próprio ser. Portanto, da próxima vez que inalar a fragrância de uma flor, lembre-se de que está recebendo uma mensagem de amor do Anjo que a criou. Também, o que foi dito sobre os belos pensamentos se aplica aos pensamentos poucos nobres. Eles também acabam sendo externalizados. Eles ficam congelados e áridos e acabam murchando e estragando as flores da bondade e da verdade. No entanto, em pouco tempo o Espírito de Amor irá permear o Mundo Físico de tal forma que todos os pensamentos rudes e inverídicos serão dissolvidos. Assim, a Terra se tornará sintonizada com as oitavas superiores, e seus habitantes verão e compreenderão muitas coisas que até então não sabiam. E o mais incrível acima de tudo, é que ninguém terá medo da morte. Todos perceberão sua verdadeira missão. Ajude-nos a tornar este dia mais próximo”.
Seu sorriso era como a fragrância branca do luar, onde uma vez mais as cores se separaram. Quando elas se fecharam novamente, o belo espírito desapareceu, não deixando nenhum som, exceto a música de sua partida.
Contudo, o tempo passa rápido e outras lições ainda precisam ser dadas aos filhos antes que o amanhecer que se aproxima os chame para retomar para suas vidas terrenas. Assim guiados por seus Anjos-professores, eles avançam em direção a um jardim onde muitos pessoas estão sendo instruído a utilizar os lindos tons de cores do pôr-do-sol na pintura. À medida que as multidões avançam, passam por um belo Espírito em pé meio na sombra e meio na luz. Devido a pressa, apenas alguns prestam atenção em sua presença. Nessa caminhada, em longos intervalos, alguém se afasta desta multidão e por um pequeno tempo, vai até lá para tocar a bainha de sua vestimenta. Quando isso acontece, uma alegria imensa ilumina seu semblante; de outro modo, fica entristecido por tantos que passam despercebidos por ela. Esse é o Espírito da Memória, cujo lugar deve permanecer por muito tempo nas sombras. Rara é a alma que toca suas vestes e, assim, carrega uma lembrança do Mundo celestial para a consciência da vida terrena. Para cada um que faz esse contato, há uma alegria no coração do Espírito da Memória, pois essas almas despertas tornam-se professores na Terra das verdades da vida eterna.
Aquele que veio ao Espírito da Memória é dotado de uma visão que vê a luz além das sombras, da mesma forma de quando vemos o arco-íris brilhando entre as nuvens de tempestade. Tal pessoa compartilha alegremente as tristezas da humanidade no esquecimento de si mesma. Ele caminha de boa vontade nos lugares sombrios para que outros que lutam ali possam receber mais luz solar. Com gratidão escolhe os caminhos difíceis, pois sabe que é seguindo o caminho da dor, que tão rapidamente se condicionou a estar diante do Santuário do Espírito.
Assim, os Egos que conhecemos enquanto crianças se encontram no meio de um jardim de Fadas que parece ser feito de arco-íris. Doze belos espíritos estão agrupados em um semicírculo perto da entrada. Os Anjos-professores explicam que esses são os Espíritos das Horas.
“Existem doze para as horas do dia e doze para as horas da noite. Eles cercam a Terra e seu círculo nunca é quebrado. Os doze Espíritos que guardam a noite estão agora no mundo onde formam o outro semiarco do círculo.”.
“Esses Anjos da Noite estão ocupados reunindo os belos pensamentos e as boas ações que deixaram sua impressão na Terra durante o dia. Retornando aos Anjos, que vocês veem trabalhando aqui e que os transformam em cores com as quais pintam o céu. Sob a orientação do Espírito do Amanhecer e do Espírito do Pôr do Sol, hostes de Anjos auxiliares que estão ensinando entidades desencarnadas a trabalhar com as cores da Terra. Embora pareçam transparentes, eles são, na realidade, muito mais intensos e cintilam e brilham com o esplendor da própria vida, aqui estão os vermelhos brilhantes da vida humana graduando-se na oitava superior dos tons de rosa; as forças laranja que magnetizam a existência física e fazem soar o apelo para o serviço à humanidade; verdes suaves que acalmam em doce compaixão; azuis de harmonia e felicidade derretendo-se no azul suave dos sonhos místicos, e alfazema que respiram tristezas divinamente nascidas, ascendendo às luzes violetas do espírito.
“Toda essa gama de cores é ofuscada pelos tons gloriosos do amor. Cada dia deve haver um pouco de ouro no pôr do Sol, porque tem havido pensamentos de amor no mundo, e este é seu reflexo dourado. Bem distante, no interior do jardim, estão outros seres que trabalham com cores que nenhuma palavra pode descrever. Eles não estarão disponíveis para uso na Terra até que as crianças que são atraídas aqui, noite após noite, tenham crescido e aprendido como aplicá-los em suas vidas terrenas. Então, a Terra será suficientemente rarefeita para entrar em contato com essas cores mais sutis”.
Próximo à entrada do jardim, um chafariz jorra águas perfumadas de matizes multicoloridos. Sobre as miríades de flores perfumadas em sua névoa calmante, sonhando estão algumas que se assemelham às místicas flores de lótus do oriente. Os espíritos que conhecemos quando crianças aprendem que essa é a Fonte da Esperança. Suas águas nunca se acalmam, pois, “a esperança é a última que morre”. As vestes do Espírito da Esperança são formadas por todas as esperanças multicoloridas que vivem no mundo, e as flores místicas em sua testa veem do coração das águas.
Enquanto as crianças se deleitam com as belezas arrebatadoras do jardim, elas veem vários internos de Terra Sombria se aproximando da fonte. Em resposta às suas indagações, os Anjos dizem-lhes que cada um, antes de ir para a vida terrena, fazem a visita na Fonte da Esperança. Como já aprendemos, as almas da Terra das Sombras, às vezes, não conseguem receber uma oferenda do Altar do Amor. Mas eles nunca partem sem participar das Águas da Esperança que estão em constante renovação.
Agora, o círculo das Horas está mudando em um ritmo de compassos majestosos. Os espíritos da noite são vistos à distância, e os Anjos das horas da manhã estão se aproximando da entrada do mundo, enquanto o amanhecer aparece no horizonte em uma glória multicolorida. O tom predominante de sua vinda soa a nota dourada do Amor, pois é o Amor que está chamando os Egos que ainda estão ligados por corpos terrestres e que, em resposta ao chamado, deslizam suave e silenciosamente para longe.
As mães sábias agem, suavemente, quando almas preciosas voltam para elas nos braços da manhã. Eles se curvam e veem a luz do céu que ainda permanece em seus olhos. Eles se ajoelham em adoração diante da fragrância angelical de seus lábios.
O CAMINHO DAS TREVAS – O Cereus que Floresce à Noite
“Verdades maravilhosas e tão maravilhosas variedades,
Deus escreveu naquelas estrelas acima,
Mas não menos nas flores brilhantes sob de nós
Suporta a revelação de Seu amor.”
Por Longfellow[27]
Os Anjos são divididos em grupos de acordo com seu talento e habilidade, da mesma forma que os seres humanos. E como nós, cada um desses vários grupos tem um diferencial distintivo ou uma função. No entanto, há uma diferença muito importante entre as características de identificação dos humanos e dos Anjos. Entre os Anjos, o significado de lealdade ao grupo é uma questão de realização e não um mero motivo decorativo a ser anexado à pessoa exterior. É, exclusivamente, uma qualidade da alma, um desenvolvimento do espírito e, portanto, só pode ser vista por aqueles que têm olhos para ver.
Há um grupo que realiza um serviço particularmente colorido e bonito para o ser humano, em reconhecimento, onde essas pessoas usam em suas testas uma joia de luz cintilante como uma estrela. Eles são daquele grupo que observa a tristeza causada pela morte na Terra, e que se dedicam em buscar o seu alívio. Seu serviço prossegue ininterruptamente e, em sua execução, eles são, entre todos os Anjos, os mais abençoados. O Anjo da morte é sempre seguido por uma sequência brilhante desses Anjos auxiliares que cantam as glórias da vida imortal. Eles enchem a câmara silenciosa da morte com uma torrente de luz e poder que chega como um suave bálsamo celestial aos corações dos aflitos – uma emanação daquela grande paz que ultrapassa todo o entendimento.
Muitas pessoas terão que testificar que em seus insuportáveis momentos de profunda separação e tristeza causados pela perda de um bem-amado, eles têm a consciência da presença desses mensageiros angélicos. Certamente, entre os muitos e variados ofícios de amor e serviço prestados aos seres humanos por esses irmãos angélicos, este é um dos mais belos e de longo alcance em seus efeitos. Eles não apenas aliviam a agonia da separação, mas colocam dentro do coração entristecido uma minúscula flor da esperança a ser nutrida no amor até que cresça, se expanda e floresça em uma certeza da consciência de que não existe morte.
Visto que esta é a realização mais gloriosa que o ser humano pode conhecer vivendo na Terra, a concepção da flor que a incorpora é de uma analogia esplendorosa. Essa flor é a do Cereus que desabrocha à noite.
“Esta transição é apenas uma morte que não é morte.”. Assim, canta as vozes angélicas a todos os corações receptivos, e durante todo o tempo, enquanto a flor da estrela brilhante da esperança cria raízes e, por fim, dá origem a novas flores. Mas isto não é tudo; ainda resta muito trabalho a ser feito antes que o véu do desespero, da dúvida e da incerteza que obscurece a visão das massas seja levantado. E enquanto isso for verdade, o lindo Cereus floresce apenas à noite e, apesar da beleza e magnitude de suas flores, vive apenas algumas horas na atmosfera opressiva e incompatível da Terra.
Isto é, somente quando as longas sombras da noite caem e a Terra se silencia na calma bênção da noite que se aproxima, é que as pétalas brancas do Cereus começam a se desdobrar. Quando a mística hora da meia-noite se aproxima, seu doce coração dourado é exposto às estrelas. Uma das mais perfumadas de todas as flores, sendo elevada com as orações dos Anjos, ela se ergue como uma sentinela branca de luz proclamando as boas novas de um novo dia que acaba de romper sobre o mundo em que “a morte será tragada pela vitória” e “Deus enxugará todas as lágrimas”.
Quando a compreensão do ser humano sobre esta verdade tiver se tornado clara e forte, e ele tiver aprendido a “andar na Luz assim como Ele na Luz está”, o belo Cereus, símbolo deste reconhecimento da vida imortal, possuirá força renovada que o capacitará para desdobrar suas pétalas macias, mesmo antes do Sol do meio-dia. Ainda assim, ele deve dobrar suas asas sobre a doçura de seu coração e esperar o dia em que o ser humano viverá na consciência de sua natureza eterna, após o que sua glória etérica e passageira se tornará imortal na Terra.
A LUZ DOURADA – Uma Lenda da Goldenrod
Goldenrod[28]
“Quando os emaranhados à beira do caminho pegarem fogo
No sol baixo de setembro,
Quando as flores dos raios de verão
Caírem e murcharem uma a uma,
Alcançando através de arbustos e sarças
Uma sobrancelha suntuosa de coração e fogo
Ostentando alto, o vento balançou a pluma,
Admirável com a riqueza da flor nativa –
Goldenrod!
A natureza encontra-se desalinhada, pálida,
Com ela febril em pedaços –
Dia a dia os pulsos falham
Mais perto de seu coração pulsante.
No entanto, porventura mantém esse apertado,
Armazenamento de ouro puro e genuíno
Rápido você volta forte e livre
Espécie de toda a riqueza a ser,
Goldenrod!”
Por Elaine Goodale Eastman
Assim como o indivíduo aprende a compreender e comemorar o mistério da mudança das estações, assim também os Anjos sabem e mantêm vigília sagrada nesses tempos sagrados. Entretanto, sempre devemos lembrar que a Onda de Vida Angélica atinge um plano muito mais elevado de consciência espiritual do que o ser humano. Consequentemente, os Anjos conhecem um significado mais profundo e recebem um influxo maior de êxtase espiritual na época dos quatro festivais solares sazonais.
Assim como o ser humano trabalhou em épocas passadas com o Reino Animal e o ajudou na formação de seus corpos, assim são os Anjos prestando ajuda ao Reino Vegetal.
Uma de suas tarefas mais gratificantes tem sido incorporar no Reino das Flores os mais elevados ideais e as mais nobres concepções do ser humano. Alegremente, eles tecem toda a fragrância e beleza de seus pensamentos e ações mais elevados em símbolos de flores de terna beleza.
O quão jubiloso é sua alegria quando descobre que alguém, apesar de ainda estar usando uma vestimenta de carne, é capaz de ver e compreender seu trabalho com as flores e, ainda, interpretar as mensagens místicas que estão inscritas em cada pétala colorida.
Há uma época do ano em que os cientistas chamam de Equinócio de Setembro e que o Místico conhece como a estação do grande influxo espiritual. Os Anjos, também, observam reverentemente este festival sagrado, pois eles têm o privilégio de ver, lá do alto nos reinos etéricos, aquele Raio de Luz Cósmica que desce gradualmente sobre a Terra, envolvendo e impregnando o Planeta até que, para os olhos não cegos pelo véu da mortalidade, tudo parece se tornar um corpo de ouro vibrante e radiante.
Essa Luz torna-se mais brilhante e mais poderosa até que penetra no próprio coração da Terra. É o momento em que os Anjos não podem mais conter seu grande regozijo pelo serviço de redenção que eles sabem, que está sendo realizado tanto para a humanidade como para o Planeta no qual ela habita. E, com isso, eles enchem o mundo todo com suas canções de regozijo.
Às vezes, há aqueles que são puros, o suficiente, para vislumbrar essa grande Luz e captar o ecoar desse coro angelical, e por isso chamamos esse tempo de êxtase espiritual de Noite Santa. Os Anjos dedicam, reverentemente, muito tempo no serviço de transmitir um pouco da essência desta Luz Divina em seu protótipo espiritual, as flores. Após a conclusão de seu trabalho e, em suas suaves plumas de brilho dourado, floresce a cada ano desde meados de setembro, outubro, novembro até meados de dezembro a flor que simboliza a emanação da própria cor de Cristo, a Goldenrod exala um reflexo dos raios do Sol.
Uma antiga lenda Gaulesa torna Setembro o sinônimo de paz, porque este foi o mês do nascimento da Mãe Imaculada daquele que cujo nome é Paz. Para comemorar essa verdade em flores, os Anjos deram à Terra uma preponderância de flores douradas desde os meados de setembro, outubro, novembro até meados de dezembro.
Um poeta que captou essa mensagem canta:
Oh, paz! a mais bela criança do céu
A quem foi dado o reinado silvestre.
Durante os meses em que a luz dourada do Cristo Cósmico está impregnando a Terra, os Anjos a envolveram com flores da mesma cor adorável. O principal deles é a Goldenrod que carrega a mensagem do novo ingresso de Vida e Luz, quando “a paz está na Terra e no ar”.
Essas flores brilhantes, tecidas pelos Anjos para espalhar as mensagens do amor de Cristo entre os seres humanos, foram apropriadamente escolhidas como a flor nacional pelos grandes pioneiros do novo mundo, cujo ideal é a Paz e cujo Sonho é a Fraternidade. E é assim que, durante os meses sagrados do Ingresso do Cristo na Terra, este sagrado símbolo de Sua vinda dá as boas novas em chuvas de flores e anuncia em sua beleza aquele coro angelical que logo ressoará: “Paz na Terra e boa vontade entre homens”.
A MISSÃO DA PAPOULA – Uma Folha do Coração da Noite
“A flor do sono balança sua cabeça por entre o trigal,
Pesada com sonhos como aquele com pão.”
Por Francis Thompson[29]
A longa linha de prédios brancos e regulares ficam tensos com o silêncio sob as mãos silenciosas da noite. Em sua beleza suave e mística, estrelas trêmulas iluminam a escuridão. O mundo dorme em meio ao silêncio flutuante. Dentro dos amplos salões há sombras grotescas e luzes suaves e sombreadas que aumentam e diminuem.
O silêncio flamejante é interrompido por tons ásperos de campainhas, ou o suave tom monótono do sono interrompido por soluços, respirações intermitentes de dor e passos apressados de enfermeiras vestidas de branco em suas missões suaves.
Deitado em um berço esplendido, uma figura envolta em bandagens se agita incansavelmente, tremendo e gemendo como se lutasse contra inimigos intangíveis e invisíveis aos olhos mortais. As luzes sombreadas brilham e cintilam com o sopro irregular do vento noturno, mostrando em contornos tênues as estranhas figuras curvadas sobre o corpo prostrado.
Através da luz suave, figuras tênues dançam em alegria demoníaca. Elevando-se acima da cama e incitando os seres estranhos a maiores esforços, há um espectro horroroso de se ver. A figura malformada parece fazer parte das sombras fantásticas que giram sobre o quarto mal iluminado. Dos braços oscilantes projeta-se uma varinha com um ponto vermelho brilhante e opaco. Quando esse ser estranho concentra seu olhar sobre esse ponto, a sala se enche instantaneamente de forças sinistras em uma atmosfera de vermelho escuro. Pegando as ondas dessas cores espessas, estes vários demônios pequenos se prendem nas mãos e nos pés de sua vítima, fazendo-o se contorcer em paroxismos[30] de agonia, para seu deleite sádico.
De repente, uma figura benéfica aparece em cena e quase paralisa os demônios. Uma luz em tons de rosa enche o quarto. Agora, o Espírito de Cura, como sempre, chega para lutar pelo corpo do homem. Envolto em uma aura de serviço amoroso, o Espírito medita: “Oh, corpo de homem, quão pouco você me compreendeu. Quão mais perto posso chegar até a natureza do que de você! A Terra me entrega seus segredos. Meu é o suave calmante que o atrai para as florestas. Vivo na fragrância perfumada que o saúda das colinas. As flores me conhecem e os animais me procuram. Mas você, oh homem sozinho, que a Mente colocou no caminho entre as flores e os deuses, me repele. Somente quando os limites da dor lhe prostrarem poderei provar meu poder. Venham, mensageiros do sono, meus servidores mais fiéis”.
Aqui o opalescente[31], na luz rosada se aprofunda, e inúmeras pequenas Fadas tropeçam nos travesseiros, espalhando pétalas perfumadas de sono sobre o corpo agora quieto. Gradualmente, os músculos ficam menos tensos e os traços distorcidos relaxam. Em vão os demônios jogam fora seus pensamentos malignos de vermelho escuro. Eles são instantaneamente capturados e transformados em tons de rosa suaves e sombreados de amor e cura à medida que a noite avança.
Mas os olhos mortais podem ver apenas enfermeiras vestidas de branco ocupadas com seus cuidados gentis.
Entre as sombras escuras de um quarto distante, o Espírito da Cura permanece desconsolado. Em vão os mensageiros tranquilizadores espalham pétalas perfumadas de sono pela cama. Seu brilho suave e rosado se transforma em tons persistentes acinzentado, e logo eles estremecem e se enrugam com uma doçura em declínio.
Até os demônios parecem ter se cansado de ver o sofrimento de suas vítimas, enquanto as artérias incham e inflamam sob suas cruéis barras carmesins.
Nenhum som praticado por ouvidos mortais consegue interromper o silêncio, exceto a respiração da enfermeira toda vez que ela se inclina sobre seu paciente com as mãos calmantes.
De repente, uma onda de luz paira sobre a cama, e de seu esplendor ecoa uma voz: “Pare com suas negociações sobre este último remanescente de minha mortalidade. Eu sou o Ego que moldou esses átomos na sua forma atual; assim, o poder de desintegrá-los é meu. Através de milhares de anos e grandes esforços, encontrei o caminho que leva à paz infinita. Pela luz do Conhecimento Cósmico, aprendi quão pobre é este frágil cortiço em que moro. Oh, minha casa, juntos trabalhamos e sofremos, e do seu coração minha alma construirá um templo mais nobre para habitar. A respeito desses átomos, antes que eu delibere a sua volta à ordem que é o caos, deixarei a marca da divindade”.
Quando a voz se cala, uma luz trêmula percorre o corpo. Por um instante ela repousa sobre a cabeça e forma uma auréola de glória quando o Cordão Prateado é rompido e uma alma ansiosa é libertada.
A Mente física sabe apenas que a respiração ofegante cessou e que a morte com sua solene majestade veio reivindicá-la.
A longa fila de edifícios brancos e regulares aguarda o despertar sob o céu da manhã. As estrelas desaparecem nas volumosas dobras brancas de suas vestes. O mundo está se agitando para o milagre do dia. Os primeiros raios do sol nascente entram por uma janela aberta e iluminam os cantos de sua escuridão habitual. Dentro do quarto reina um silêncio suave. Apenas algumas pétalas frágeis, como folhas de rosa murchas, pendem pesadamente acima da cama em evidência do combate que acabara de ser travado ali com tanta ferocidade.
Mas os olhos físicos veem apenas uma figura vestida de branco curvando-se ternamente sobre a forma silenciosa.
Os Anjos desejavam dar ao ser humano, por meio do mundo das flores, um símbolo das infinitas complexidades da noite, quando o corpo é colocado de lado para descansar e restaurar seus poderes, enquanto o espírito interior toma liberdade de voar para horizontes distantes. “Noites brancas”, diz Walter Pater[32], “não devem ser noites de negro esquecimento, mas passadas em contínuos sonhos apenas meio velado pelo sono”.
Estas noites brancas de lembrança! Quão abençoado é o privilégio deles. Conhecem o chamado do navio afundando, a dor das enfermarias do hospital, o grito do mineiro sepultado, a voz do campo de batalha, os presos delirantes em um prédio em chamas, as dúvidas ou a calma daqueles que fazem a transição da morte.
Ainda são poucos os que guardam essas horas na santa recordação e assim, a flor construída em torno desse ideal é tão frágil e tênue quanto essa memória flutuante. Suas pétalas agitam e caem com o menor balançar dos ventos. As atividades da prolongada recordação das noites do ser humano darão maior força e resistência à Papoula que, entretanto, oscila em toda a sua frágil beleza, indicativo das atividades aladas da alma humana quando separada e livre de seu caixilho físico do dia.
Se os ouvidos embotados da Terra não forem muito pesados, pode-se escutar e ouvir acima desses campos de flores cadenciadas e ondulantes a música das Fadas da Canção da Papoula: “Participe do meu sono e se lembre”.
VALE DAS LÁGRIMAS – Como Surgiu o Salgueiro Chorão
“Pelo pequeno rio
Mesmo assim, intenso e pardo,
O cantar dos graciosos salgueiros
Mergulhando suavemente.
Elas eram donzelas de água
Há muito tempo atrás
Que eles se inclinam tão tristemente
Olhando para baixo?
No crepúsculo enevoado
Você pode ver seus cabelos,
Donzelas de água chorando
Isso já foi tão justo”
Por Walter Prichard Eaton
Os longos e graciosos festões da Árvore do Salgueiro sempre foram expressivos de lamentação. Num dos salmos mais belos de Davi, que descreve a tristeza dos israelitas exilados, aprendemos sobre lamentações ao som de harpas, e que os instrumentos assim usados foram mais tarde pendurados no salgueiro. Assim, a árvore se tornou um emblema de tristeza e, portanto, muitas vezes se diz de quem está triste que “Ele pendurou sua harpa em um salgueiro”.
O Salgueiro sempre foi associado à tristeza que vem pela morte. Nos primeiros cerimoniais de sacrifício, as vítimas eram enfeitadas com seus galhos, e hoje em dia é uma das decorações favoritas daquele solo sagrado em que os corpos dos mortos amados são sepultados. Há uma razão especial para isso, que era conhecida e compreendida pelo ser humano antes que o véu que separa a terra dos vivos da dos mortos se tornasse tão denso como agora.
De todos aqueles que permanecem na Terra, muitos já aprenderam como é prudente e correto orar pelos entes queridos que passaram para o outro lado, mas, ainda, poucos sabem que um dos primeiros deveres impostos àqueles que fazem a passagem é orar pelos aflitos que ficaram conscientemente neste Mundo Físico. E é assim que orações de amor, força, cura e coragem são continuamente levadas de um lado para o outro entre o Céu e a Terra. A cada dia se conhece a agonia da despedida e a da dor, que só pode ser amenizada por meio desse intercâmbio de orações amorosas entre os que estão na Terra e os que estão no lado invisível da vida.
Essas orações de amor se elevam e descem em correntes de força viva ou de luz que repousa sobre a Terra em um esplendor contínuo, pois o pensamento é criativo e seu intercâmbio entre corações recém-separados é uma fonte de poder que os Anjos reúnem e usam em seus esforços para atenuar o véu que agora paira entre o visível e o invisível. A cada ano que passa, multidões crescentes dão alegre testemunho da eficácia dessa obra.
Para que os filhos da Terra ainda cegos, e para que possam ter uma percepção crescente dessa comunhão contínua entre o “aqui” e o “lá”, devem moldar a essência dessas orações de cura na forma da sombra dessa bela árvore. A intensidade das orações enviadas para o alto da terra é construída em suas raízes e tronco. As Mensagens amorosas das almas recém-libertas das limitações da escravidão física, inclina-se em uma terna e pendente bênção entrelaçadas em seus galhos para cair sobre corações que ainda estão solitários e rostos que ainda estão manchados de lágrimas.
O verde é a tonalidade da cor da simpatia e da compaixão, e é nos verdes mais suaves e ternos que os Anjos envolvem essa árvore, um símbolo de lágrimas. Diariamente sussurram, curvando-se sobre ela: “Não há morte para quem ama, porque o amor é vida e a vida é amor”.
A Árvore do Salgueiro deve suportar este sinônimo de lágrimas até que os filhos e filhas da Terra compreendam essa mensagem em que os Anjos imprimiram dentro de seu coração, pois somente a partir da separação na morte é que não poderá mais existir.
IDEIAIS PERDIDOS – A Canção de uma Calçada da Cidade para uma Flor Destruída
Eu usei este dia como uma roupa desgastada e malfeita
Impaciente por estar no meio disso,
E até, como eu o tirei dos meus ombros,
Essa joia ficou presa no meu cabelo.
Por Anon
A cada ano, um número crescente de pessoas estão percebendo a proximidade das hostes angélicas ao mundo dos seres humanos, porém, poucos ainda estão cientes do significado de seus serviços. Há muito tempo essa Terra teria sido dissolvida no caos se não fosse pelos cuidados amorosos deles.
É maravilhosa a visão das hostes luminosas acima de nossas cidades adormecidas durante as horas noturnas. Os maus pensamentos, as más palavras e ações dos seres humanos pairam acima, como grandes aves de rapina negras, prontas para descer novamente em forma de doença, carência, aflição e de vários outros males que o Ego nunca deveria conhecer.
Todas as noites surgem hostes de Anjos servidores para dissipar essas forças miasmáticas na glória do seu amor transformador. Atarefados durante as horas silenciosas eles precipitam chuvas de bênçãos douradas sobre a Terra adormecida, e quando as barras multicoloridas da aurora opalescente brincam no céu eles voam em seu caminho, cercados por uma mistura de cores e canções através do horizonte distante e são invisíveis para a visão humana nos esplendores das brumas etéricas. Seus olhos amorosos e brilhantes vasculham o mundo em busca de sofredores humanos que estão desamparados ou perdidos, e quando estão sempre prontos para curar e abençoar.
Uma noite, durante as vigílias silenciosas, um ser luminoso desceu com toda a glória de uma estrela cadente e inclinou-se sobre uma flor que tinha sido pisoteada e avariada, sendo esquecida em uma rua deserta da cidade. “Uma flor avariada significa ideais perdidos”, murmurou o Anjo. “Em algum lugar nessa noite, um coração está pesado de tristeza”.
O Anjo inclinou-se sobre a florzinha e, ao fazê-lo, tomou consciência da sonoridade musical, música que se elevava em ondas de estranha beleza tonal das profundezas inferiores. Então ele soube que estava ouvindo um eco das experiências do dia que acabara de encerrar, pois ainda perduravam na impressão o que havia acontecido nas ruas da cidade.
As extensas calçadas de uma metrópole são os teclados brancos da humanidade sobre os quais tocam os variados passos. Estendendo-se sempre calmos e quietos, eles absorvem e retêm essa música humana. Oh, o sofrimento agitado que estremece por meio de alguma nota! Aquele que tem uma boa audição pode ouvir a música de gotas de lágrimas caindo – caindo. Em alegres arpejos vêm os passos da juventude, tão leves quanto o brilho da manhã e tão perfumados de esperança quanto as flores da floresta antes que o Sol do meio-dia tenha roubado o orvalho de seus corações.
As vacilantes notas de tons menores de desespero, às vezes, se insinuam nas harmonias, tão prolongadas que as próprias calçadas são tocadas com simpatia. A corrida apressada da multidão, já sem fôlego, esperaria e ouviria se eles pudessem ouvir até mesmo o seu sussurro mais fraco. Mas, infelizmente, eles estão tão atentos, mediante ao simples conhecimento externo, que passaram descuidadamente, e somente as calçadas – os longos teclados brancos da humanidade – registram a canção da tristeza.
Em delicados trinados que estremecem com doçura humana, suavemente como a música da catedral soa os passos da futura mãe. Na beleza de sua passagem brilha o mistério de algum sonho encantado.
Formando um profundo subtom ao som da música, segue os passos dos solitários. Tantos são as notas que soam daqui que, às vezes, parece que os outros tons estão todos abarrotados. No entanto, são belos para os ouvidos atentos — aqueles tons de pés solitários. Alguns deles se misturam em raras combinações, produzindo uma música que o mundo nunca teria conhecido.
Em toda essa orquestra pulsante e ecoante, sempre soa uma nota insistente percorrendo as luzes e sombras, cantando em oitavas de maiores e prelúdios de menores – o Poderoso Acorde das Aspirações Insatisfeitas. Oh, a música ansiosa dessa multidão em busca, vagando sem rumo ou procurando ansiosamente! Um legato de súplicas inconscientes lamenta, por quê? Por quê? Por quê? seguido por um vasto crescendo de tons de soluço perguntando Onde? Onde? Onde?
À medida que as sombras se alongam, lá vem a música cansada e sem som, feita por pés cansados. Você já ouviu isso e se perguntou por que em todo o mundo de Deus deveria haver uma nota dissonante na hora que anuncia a passagem do dia quando toda a Terra está cercada de oração?
Você já ouviu o suspiro suave que sussurra no coração da noite na incessante correria da música dançante dos passos daqueles que, indiferentes à sua beleza incomparável, buscam apenas os lampejos do prazer?
Mas para aqueles que entendem – oh, a suave compensação da noite! A noite suave e inclinada com seu vasto coração de estrelas. E o réquiem da escuridão que acalma as feridas e as mágoas reunidas na correria do dia!
Ouça a música das calçadas com suas mil notas de rodapé. Ouça as notas vacilantes, esperançosas, cansadas, radiantes, sonhadoras e saudosas que juntas formam um coro que se mistura em uma unidade divina de estranha beleza, uma estupenda canção de sombra da cidade.
Assim que o Anjo ergueu a pequena flor e a colocou suavemente contra seu coração, ele suspirou suavemente, dizendo: “E aquele que eleva sua alma acima das mãos apegadas à Terra pode ouvi-la cantar”.
IMORTELLE – A Flor da Alma
“O alto que provou ser muito alto,
O heroico para a Terra demasiado difícil,
A paixão que saiu do chão
Para se libertar do céu,
pelo apaixonado e o poeta.
Bastando que Ele ouvisse uma vez
Nós vamos ouvi-la aos poucos.”
Por Robert Browning[33]
O ar estava muito quieto no Jardim da Alma; e uma tranquilidade tomou conta do lugar. A ampla Calçada da Meditação que se estendia em direção aos Portões do Conhecimento estava cercada, de ambos os lados, com o suave Jasmim da Memória. O Caminho da Retrospecção, margeado de ervas agridoces, escureceu-se no silêncio de distantes vagas que conduziam ao próprio Santuário da Oração. Aqui o ar era fresco e reconfortante, e cheio da fragrância dos lírios brancos que se amontoavam ao redor do Santuário e que elevavam seus rostos puros às estrelas, carregados com o incenso que ascende da aspiração sagrada.
Diante desse santuário, a Mulher com o Coração Cansado gostava mais de ficar. Aqui ela lutou para encontrar dentro de sua alma torturada uma doce paz que envolvia o santuário da Oração. No dia de Bach, quando suas forças permitiam, ela recomeçava a peregrinação que a conduzia às encostas longínquas do jardim, sempre nuas e frias.
“Foi aqui que enterrei meu sonho de felicidade”, ela sussurrou em meio às lágrimas.
Essa extremidade do jardim sempre foi estranhamente estéril. Em vão a Mulher do Coração Cansado havia plantado bálsamo e ternura sobre ele. Ela regou as plantas em crescimento com suas lágrimas, mas elas caíram e murcharam, deixando o lugar vazio e sem vida. Era como uma ferida no coração que nunca pode ser curada.
“Foi um sonho tão terno”, ela pensou, “todos velados nos mistérios que ocultam as coisas celestes do conhecimento humano, e tudo muito frágil e bonito para suportar o brilho manchado da Terra. Assim, os Anjos que me deram, o levaram de volta para o céu, que é seu lar legítimo e lá, algum dia, o encontrarei novamente”. Enquanto a Mulher do Coração Cansado se encontrava pensativa, ainda assim, estava consciente de uma presença brilhante pairando sobre dela. O ar ficou estranhamente doce e puro, como se tivesse acabado de vir do alto de alguma montanha. Ela soube então, que um Anjo estava diante dela, pois os Anjos tem acesso livre no ir e vir no Jardim da Alma.
Do silêncio uma voz sussurrou: “Você ainda não aprendeu que qualquer coisa grande e boa que foi dada à Terra nunca pode ser perdida? Seu sonho daquele puro e perfeito amor de alma por alma destrancou os portões do Céu, e no esplendor de sua luz você verá, através dos próximos anos, o amor nos corações dos homens e das mulheres se tornando uma coisa sagrada. O animalesco será elevado ao celestial e o sensual tornará divino. Mesmo que você deva sempre seguir seu caminho sozinha, seu coração encontrará paz em saber que o ideal que a sua alma acalentou ao longo dos anos solitários deve, um dia, se tornar real nos corações da humanidade”.
Quando a voz cessou, o jardim ficou muito quieto e parecia envolto em fragrância. Maravilhosa, a Mulher do Coração Cansado abriu os olhos e olhou a sua volta. O lugar que há muito era frio e estéril estava coberto com uma massa maravilhosa de Imortelles, a flor do despertar da alma.
Acho que Deus deve ter sorrido sobre o jardim.
A COROA DA MATERNIDADE – O Lírio do Vale
“Deus não poderia estar em todos os lugares e por isso fez as mães”
Um dia, o grande Anjo Gabriel, que é o criador de todas as flores que estão sobre a Terra, reuniu seus Anjos, enchendo suas mãos e corações de doce paz celestial, e mandou-os espalhar essa paz celestial sobre as dores do mundo. Ele, também, os instruiu para lhe trazer, no fim do dia, a coisa mais bonita da terra, para transformá-la numa flor rara e perfeita, e para devolvê-la a Terra, a fim de servir de auxílio e inspiração para as crianças.
Todos esses Anjos partiram, alegremente, para cumprir sua bela missão, exceto um dentre eles, mais jovem e tímido que os outros, foi ficando para trás, caminhando lentamente.
“O que é que vou dar?”, pensou, enquanto ele flutuava silenciosamente sobre os vales e colinas, envoltas em nuvens. “O mundo inteiro me parece tão bonito.”
As horas passaram rapidamente e os Anjos retornaram triunfalmente ao céu, um seguido do outro, trazendo, todos eles, uma coisa maravilhosa que tinham colhido da Terra. Um havia colhido a névoa perolada do amanhecer; outro trouxe o orvalho que repousa na pétala interna de uma rosa; outro trouxe a música que se eleva dentro de uma catedral e um outro capturou os sonhos do coração de uma filha jovem.
Quando as sombras da noite começaram a cair, o pequeno Anjo ficou cada vez mais triste e suas asas pareciam cada vez mais pesadas; então, passando perto de uma janela aberta, de repente ele parou e olhou para dentro da casa: uma jovem mãe ajoelhada, em profunda adoração ante uma pequena cama, onde um bebê estava dormindo. Um sorriso brotou do seu rosto fofinho e, como se o Anjo tivesse se inclinado para ouvir, a mamãe sussurrou: “Oh! Pequena flor bem-amada, que acaba de vir do paraíso, não olhe para trás nos seus sonhos, você foi separado, recentemente, dos Anjos da guarda? Traga ao meu coração um pouco de luz celestial, com a qual eu possa protegê-lo e orientá-lo”.
E quando ela se curvou para beijar o rosto sorridente dele, murmurou respeitosamente: “Meu Deus, eu Te agradeço pelo mais maravilhoso de todos os presentes: a coroa da maternidade”.
Quando ela olhou para cima, uma lágrima brilhante, com toda a beleza e glória do amor maternal, apareceu sob os cílios da criança adormecida. Houve, de repente, um farfalhar suave de asas e o pequeno Anjo, com a lágrima apertada em seu coração, retornou feliz, ao seu lar celestial.
Ao cruzar as “Portas”, o Anjo Gabriel estava sentado em seu grande trono branco, juntamente com os demais. “Então, pequeno Anjo retardatário”, grunhiu, ternamente, vendo-o se aproximar, “Qual é a coisa mais bonita que você me trouxe da Terra?”.
“Ah, Anjinho retardatário”, ele repreendeu com ternura, enquanto ela se aproximava, “qual é a coisa mais linda que você me trouxe da terra?”
Timidamente, ele deslizou para fora de seu coração, a lágrima de um amor de mãe.
Quando o Anjo Gabriel a viu, sua face ficou tão bonita, que mesmo os Anjos nunca a tinha visto assim. Ele, delicadamente, a pegou e a segurou em suas mãos, e foi cercado por um halo de luz de tal forma que todos os Anjos baixaram a cabeça e oraram.
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Ele ficou em silêncio por um longo tempo e, quando, enfim, ele estendeu suas mãos para eles, e disse: “O lírio do vale é o presente dos Anjos às mães do Mundo”.
SACRIFÍCIO E SERVIÇO – Uma Lenda do Visco
Toda a estrada
É rigorosa
Vida e morte
O toque do amor transfigura,
E tudo o que mente
Entre
O amor santifica,
Uma vez que a centelha celestial é acesa,
Uma vez no amor, dois corações unidos,
Nunca mais
Será que foi tudo
Como antes.
Por Robert Browning
Quando os Anjos retornam ao céu vindo de seu trabalho diário no mundo, muitas vezes, contam suas experiências uns aos outros. E muitas vezes o Anjo Gabriel, que é seu Mestre – pois os Anjos aprendem coisas maravilhosas o tempo todo, assim como as crianças da Terra – muitas vezes ouve essas histórias e, às vezes, também conta as coisas que encontrou no reino onde as lágrimas fluem.
Certa vez, quando ele reuniu seus Anjos auxiliares, contou essa história a eles no crepúsculo dos céus:
Um homem e uma mulher andaram de mãos dadas por muitos anos sobre a Terra e conheceram uma felicidade tão rara e bela que outros mortais não a compreendiam. Um dia, enquanto caminhavam juntos sob a sombra de grandes árvores, a mulher disse: “Rezo para que nos seja possível demonstrar que nosso amor é maior do que qualquer outro antes”.
O homem sorriu e respondeu: “Esse também é o desejo que guardo em meu coração”.
“Aqui”, disse o Anjo Gabriel, “estão as duas almas que procurei no mundo até encontrar”. E fez com que uma imagem se formasse no coração da mulher, na qual se diz estar caminhando sozinha. E fez soar um refrão na Mente do homem que ecoava: “Conhecer o maior amor é sacrificar a Personalidade e trabalhar apenas para o bem do todo”.
Eles se entreolharam longa e seriamente, e então a mulher perguntou ansiosamente: “Oh, diga-me, isso não quer dizer que eu posso suportar qualquer outra coisa!” O homem respondeu tristemente: “Significa apenas isso”.
Eles permaneceram em silêncio por um longo tempo e então o homem sussurrou baixinho: “Você é forte o suficiente para isso?”. Todas as tristezas do mundo pareciam sussurrando, enquanto a mulher murmurava soluçando: “Eu sou”.
Ela se agarrou a ele enquanto sussurrava tristemente: “E você – você pode continuar sozinho?”. A dor de todas as despedidas que já aconteceram pareceu preencher o silêncio enquanto o homem respondia lentamente: “Eu posso”.
Os caminhos por onde andaram juntos não os conheciam mais. Enquanto um esplendor radiante do Espírito envolvia seu trabalho, seus corações humanos estavam partidos pela tristeza daquela despedida.
“Eles vieram para os Mundos celestes?”, questionaram os Anjos ansiosamente, “Vamos encontrá-los e confortá-los”.
O Anjo Gabriel sorriu compreensivamente e respondeu: “Eles ainda não são heróis, pois ambos são jovens e tem muito o que fazer no mundo dos humanos, antes que possam conhecer um tempo de descanso, mas olhe para isso”, disse ele, segurando um caixão cheio de joias brilhantes. “Todos os dias, ao crepúsculo, a mulher, cansada e solitária, vem ao santuário de oração, e ali recolhi algumas das lágrimas que caem de seu coração; e todos os dias, ao crepúsculo, o homem com os pés doloridos e cansado, vem ao santuário de oração, e eu recolhi algumas das lágrimas que caem de seu coração. Eu guardo as lágrimas neste caixão, e quando o homem e a mulher vierem morar conosco, esse será meu presente para recebê-los”.
“Mas não há lágrimas aqui agora”, disseram os Anjos. “O caixão está cheio de pérolas que são preenchidas com um brilho maravilhoso”.
“Você não sabe”, disse o Anjo Gabriel, “que aquelas lágrimas foram formadas de sacrifício e serviço, as duas joias mais brilhantes da coroa do Mestre? E não há lágrimas no céu, quando eu as trouxe aqui elas se transformaram em joias como os atributos de que foram formadas.
“E agora que flor você dará aos filhos da Terra para comemorar minha história?”, perguntou Gabriel.
Os Anjos se reuniram ao redor do caixão de joias que pareciam refletir o brilho de seus rostos e pesavam muito. Quando voltaram para o Anjo Gabriel, uma massa de bagas branco-pérola brilhou em seus corações como lágrimas que brilham com o brilho terno de um amor que é divino.
Assim, o Visco é imortal como sempre pertencente aos amantes.
A ETERNA ROSA BRANCA – Uma Lenda da Noite Santa
“Branco como um silêncio incorporado;
Um verdadeiro êxtase de branco;
Um casamento de silêncio e luz,
Branco, branco como a maravilha imaculada
Da Eva recém-desperta no Paraíso;
Não, branco como o angelical de uma criança,
Que olha nos próprios olhos de Deus.”
Harriet McEwen Kimball[34]
O Espírito da Maternidade está onde os portais do tempo guardam as fronteiras da Terra Invisível, vestido com longos mantos de branco esvoaçante que se perdem na distância como sonhos sem fim. Em torno de sua linda cabeça está envolto um véu enevoado, tecido de fios de sorrisos e lágrimas que se prendem suavemente ao redor de sua garganta como leves apertos de mãos. Seus olhos são faróis acesos brilhando como estrelas gêmeas de esperança. Ao seu redor, e muito distante, brilha uma luz suave, que é um mero reflexo da luz do amor em seu coração. Em suas mãos ela segura uma maravilhosa rosa branca que parece ser feita de uma multidão de rostos de crianças. Cada pétala macia reflete um semblante brilhante, tornando um conjunto tão encantadoramente adorável e carregado de tanta ternura que todo o mundo cansado se torna mais brilhante por meio de sua luz.
Milhões de almas ansiosas que sentem o desejo de retornar à vida terrena estão constantemente lotando os portais do Tempo. Cada um fica sob a sombra da grande rosa branca, e a cada um a quem é concedida a oportunidade de caminhar novamente pelos caminhos da Terra, o Espírito da Maternidade concede uma pétala dessa rosa. Para cada pétala que é removida, outra vem tomar o seu lugar. Enquanto houver almas que anseiam pela experiência terrena, as pétalas não devem continuar a se renovar, pois, nunca murchando e nunca caindo, a Rosa Branca Eterna, em todos os seus requintados mistérios, idealiza além do mundo.
No coração da Noite Santa, todas as almas que irão encontrar seus lares terrestres no próximo ano, partem em viagem. Quando o mundo todo estiver cheio de amor e cada coração estiver transbordando de paz e boa vontade, será muito fácil para os corpos tênues dos Egos atraídos para a Terra penetrar nos corações e lares de sua escolha. Assim, na Noite Santa, uma nova onda de ternura envolve cada futura mãe; mãos macias a acariciam; rostos de flores curvam-se sobre ela; e belas lembranças a banham como acordes de uma música quase esquecida. A suave fragrância de pétalas de rosas brancas a traz para uma consciência mais nova e mais etérea.
Ah, a felicidade requintada que acena nessa Noite Santíssima para as mães, enquanto os Anjos cantam a chegada do Menino.
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Ao longo de um horizonte interminável, sombra de nuvens cinza-lavanda; aqui e ali a face brilhante de uma estrela pode ser vista. Um brilho prateado de névoa cobre todas as coisas, com apenas um ocasional respingo de luz malva olhando para anunciar o amanhecer que se aproxima. A névoa suave agita-se suavemente como uma cortina de um lado para o outro, abrindo os braços ternos para saudar o retorno das pequenas almas de suas jornadas amorosas. Milhares de Querubins felizes, seus rostos brilhando com um brilho de luar, deslizam por trás das brumas prateadas para aguardar seu chamado Estelar no próximo ano.
F I M
[1] N.T.: Belas e encantadoras, as anêmonas são flores da primavera. Por trás de seu nome incomum, mitologia grega: deriva da palavra “anemone” – junção de “Ánemos”, deus do vento, e “one”, sufixo que diz respeito à filha, ou seja, filha de Ánemos. Por isso, é conhecida também como flor do vento.
[2] N.T.: do poema: To a Wind-Flower.
[3] N.T.: Is 26:19
[4] N.T.: ICor 15:51
[5] N.T.: George Sandys, Ovid’s Metamorphosis (1632)
[6] N.T.: Pūblius Ovidius Nāsō (43 AC-17/18 DC), conhecido em inglês como Ovid foi um poeta romano que viveu durante o reinado de Augusto. Ele foi contemporâneo do mais velho Virgílio e Horácio, com quem é frequentemente classificado como um dos três poetas canônicos da literatura latina. O erudito imperial Quintiliano considerou-o o último dos elegistas amorosos latinos. Embora Ovídio tenha desfrutado de enorme popularidade durante sua vida, o imperador Augusto o baniu para uma província remota no Mar Negro, onde permaneceu até sua morte.
[7] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[8] N.T.: do Livro “The Weaver of Dreams” de Edna G. Thorne que é um conto surpreendentemente bem escrito, permeado por algo que evoca pena e tristeza, mas delicado e expressando uma bela filosofia cristã.
[9] N.T.: da obra Hamlet
[10] N.T.: Poeta americano (1897-1919).
[11] N.T.: termo cunhado por Emerson em: “The Over-Soul”, um ensaio de Ralph Waldo Emerson, publicado pela primeira vez em 1841. Com a alma humana como assunto principal, vários temas gerais são tratados: (1) a existência e a natureza da alma humana; (2) a relação entre a alma e o ego pessoal; (3) o relacionamento de uma alma humana com outra; e (4) o relacionamento da alma humana com Deus.
[12] N.T.: Heliotropo ou heliotrópio é uma variedade de calcedónia de cor verde-claro a verde-escuro, com pontuações vermelhas (devidas a jaspe ou a óxidos de ferro). O nome tem raiz grega, significando trópico solar.
[13] N.T.: John Milton (1608-1676), Paradise Lost. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem.
[14] N.T.: John Keats foi um poeta inglês. Foi o último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer.
[15] N.T.: do poema: The Here and the Hereafter, de Alfred Tennyson, In Memoriam A.H.H. (1849)
[16] N.T.: Fúcsia, da fam. das onagráceas, que reúne 100 espécies na América Central e do Sul, arbustos em sua maioria, geralmente escandentes, ou árvores com flores solitárias ou em corimbos, quase sempre campaniformes, grandes, vistosas, carnosas e pêndulas, com os lobos do cálice maiores que as pétalas e longos estames, e bagas vermelhas, ger. comestíveis; brinco-de-princesa, lágrima, mimo. São especialmente cultivadas por seu alto valor ornamental; as flores contêm fucsina, e combinam uma, duas ou mais cores ao tom de cor-de-rosa homônimo (fúcsia).
[17] N.T.: corresponde ao conjunto de órgãos femininos das flores das Angiospermas: o estigma, o estilete, e o ovário.
[18] N.T.: O estame é o órgão masculino das plantas que produzem flores: Angiospermas. Um estame é constituído por três partes: antera, conectivo e filete.
[19] N.T.: William Wordsworth foi o maior poeta romântico inglês que, ao lado de Samuel Taylor Coleridge, ajudou a lançar o romantismo na literatura inglesa com a publicação conjunta, em 1798, das Lyrical Ballads.
[20] N.T.: (1860-1932) foi um poeta e escritor de ficção americano.
[21] N.T.: também designada pelos nomes de manhã de Páscoa (em Portugal), bico-de-papagaio, rabo-de-arara e papagaio (no Brasil), cardeal, flor-do-natal, ou estrela-do-natal é uma planta originária do México, onde é espontânea. É uma planta muito utilizada para fins decorativos, especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas.
[22] N.T.: William Shakespeare (1564–1616) – Hamlet, act 4, scene 5, lines 199-201; 204-20
[23] N.T.: é um cristal especial, criado pelo ser humano a partir de outras pedras como a Opala e a Dolomita
[24] N.T.: Mt 18:5
[25] N.T.: ICor 13:13
[26] N.T.: Alabastro é uma designação aplicada a dois minerais distintos: gesso e calcita. Atenção, não confundir este “gesso” com o gesso em pó ou Gesso de Paris; quando se fala aqui de alabastro de gesso, trata-se de um mineral estruturado e não o pó de gesso obtido por mistura
[27] N.T.: do poema Voices of the Night 1839
[28] N.T.: As goldenrods são plantas características no leste da América do Norte, onde ocorrem cerca de 60 espécies. Eles são encontrados em quase todos os lugares – nas florestas, pântanos, nas montanhas, nos campos e ao longo das estradas – e formam uma das principais glórias florais do outono, desde as Grandes Planícies até o Atlântico.
[29] N.T.: Francis Thompson (1859-1907) foi um poeta católico místico inglês.
[30] N.T.: espasmo agudo ou convulsão
[31] N.T.: A opalescência é a propriedade óptica de um material transparente ou translúcido que lhe dá um aspecto ou uma tonalidade leitosa, com reflexos irisados que recordam a opala
[32] N.T.: Walter Horatio Pater (1839-1894) foi um ensaísta e crítico literário inglês.
[33] N.T.: do poema Abt Vogler de Robert Browning (1812-1889) foi um poeta e dramaturgo inglês
[34] N.T.: Harriet McEwen Kimball (1834-1917) foi uma poetisa americana, compositora de hinos e filantropa.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
É isso que trataremos nesse livro.
Há 2 meios de você acessar esse livreto:
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN CORRELACIONADAS COM AS NOVE INICIAÇÕES
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês em 1963, Beethoven’s Nine Symphonies correlated with the Nine Spiritual Mysteries – Corinne Heline – Publicado pela New Age Bible & Philosophy Center
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – PRIMEIRA SINFONIA – DO MAIOR – OPUS 21. 12
CAPÍTULO II – SEGUNDA SINFONIA – RÉ MAIOR – OPUS 36. 19
CAPÍTULO III – TERCEIRA SINFONIA – MI BEMOL MAIOR – OPUS 55 – EROICA 27
CAPÍTULO IV – QUARTA SINFONIA – SI BEMOL MAIOR – OPUS 60 36
CAPÍTULO V – QUINTA SINFONIA – DÓ MENOR – OPUS 67. 42
CAPÍTULO VI – SEXTA SINFONIA – FÁ MAIOR – OPUS 68. 49
CAPÍTULO VII – SÉTIMA SINFONIA – LÁ MAIOR – OPUS 92. 58
CAPÍTULO VIII – OITAVA SINFONIA – FA MAIOR – OPUS 93. 66
CAPÍTULO IX – NONA SINFONIA – RÉ MENOR – OPUS 125. 73
UM ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA.. 78
O que segue é a descrição de Beethoven por um amigo do grande compositor, transcrito por Ernest Newman em seu livro intitulado “O Inconsciente Beethoven”[1]:
“Um grupo de amigos estava em um restaurante quando Beethoven entrou. Era um homem de média estatura com cabeça típica do Signo de Leão, cabeleira comprida e grisalha e olhos brilhantes e penetrantes. Ele se moveu como num sonho e sentou-se com olhar atordoado. Ao falarem com ele, levantou suas pálpebras como uma águia que acorda assustada e esboçou um sorriso triste. De vez em quando, tirava um livro de seu casaco e começava a escrever. Um dia, alguém perguntou o que ele estava escrevendo: ‘Ele está compondo, mas escreve palavras e não notas musicais. A arte se tornou uma ciência com ele e ele sabe o que pode fazer. Sua imaginação obedece à sua insondável reflexão.’”.
“Para um amigo íntimo, Beethoven uma vez descreveu seu método de trabalho: ‘Eu carrego minhas ideias comigo por longo tempo antes de escrevê-las. Minha memória é tão precisa que tenho a certeza de não esquecer um tema que me vem à mente mesmo no decorrer de vários dias. Eu o altero muitas vezes até ficar satisfeito e, então, começa o trabalho em minha cabeça. Como já estou consciente do que quero, a ideia fundamental nunca me abandona, ela sobe, ela cresce. Eu vejo diante de minha Mente a imagem em toda a sua extensão, como se estivesse numa simples projeção e nada deixa de ser feito a não ser o trabalho de escrever. Isso caminha de acordo com o tempo que tenho para escrevê-la, pois, às vezes, tenho vários trabalhos para fazer ao mesmo tempo, mas nunca confundo um com outro’. (…) Beethoven foi mais do que um simples músico. Foi um super-homem… Sua riqueza de ideias o coloca ao lado de Shakespeare e de Michelangelo, na história do espírito humano… Suas Sinfonias[2] são para ele o que o Sermão da Montanha é para a vida de Cristo Jesus; suas sonatas são a luta interna de Cristo Jesus no Jardim de Getsemani.
(…) Beethoven foi o Titã[3] do mundo musical. Outros músicos famosos podem ser comparados uns com os outros, mas Beethoven não tem comparação. Ele está sozinho. Ele foi o Prometheus[4] que foi erguido para trazer para nós a música espiritual do céu – música que cativa e encantará a humanidade enquanto o mundo existir. Este foi Beethoven.” [5]
Edmond Bordeaux em Ludwig Von Beethoven
“Diante da Sinfonia de Beethoven, nós estamos frente a um marco de um novo período na história da arte universal, pois, através dela, apareceu um fenômeno raríssimo no mundo da arte musical de todos os tempos.”[6]
Ludwig Van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. Ele veio à Terra com uma missão definida. Citando as palavras de Johan Herder[7] em seus estudos filosóficos da História da Humanidade: “Deus age sobre a Terra por intermédio de seres humanos superiores escolhidos.”
Beethoven não nasceu para uma vida de facilidade e felicidade. Como a maioria das almas avançadas, desde a juventude, ele foi “um homem cheio de tristeza e familiarizado com a desgraça”, pois geralmente estava em pobreza desesperadora, cercado de pessoas incompatíveis e ambiente desarmônico. Ele disse para si mesmo: “Eu não tenho amigos, tenho que viver só; mas sei que em meu coração Deus está mais perto de mim do que de outros. Eu me aproximo d’Ele sem medo e sempre O conheci. Também não estou preocupado com minha música, que possa ser levada por um destino adverso, pois ela libertará aquele que a compreenda da miséria que aflige outros”.
O gênio musical de Beethoven tornou-se evidente muito cedo. Ainda bem jovem, ele foi mandado para Viena onde estudou por algum tempo. Fez sua primeira apresentação naquela cidade em 1795, tocando seu concerto para piano em si bemol maior.
“Na meia idade”, escreve Charles O’Connell[8] no livro Victor Book of the Symphony, “numa época em que o republicanismo era uma traição, ele ousou ser republicano, mesmo quando recebia o apoio de cortesãos e príncipes. Quando ser liberal era ser herege, ele viveu uma grande religião de humanista sem desrespeitar a ortodoxia estabelecida. Quando aristocratas perfumados olhavam de esguelha sua figura atarracada, de maneiras grotescas, traje ridículo, ele reagia rispidamente à mesquinhez. Grande demais para ser ignorado, pobre demais para ser respeitado, excêntrico demais para ser amado, ele viveu, uma das mais estranhas figuras em toda a história.”
“A tragédia o seguiu como um cão. Ficou surdo e seus últimos anos foram vividos num vazio de silêncio. Silêncio! De onde tirava os sons que o mundo todo adorou ouvir e ele deve ter ouvido antes de todos!”.
No início da civilização, as Iniciações foram instituídas com o propósito de nos ensinar sobre nossas faculdades e poderes latentes, de modo a nos capacitar para investigar a vida e o trabalho dos Mundos superiores, sobre os nossos veículos mental e espiritual e sobre a Terra.
Muitos clássicos literários contêm informação relativa às Iniciações, por exemplo, a Divina Comédia[9] de Dante[10] e o Paraíso Perdido e Recuperado[11] de Milton[12]. Beethoven os descreveu musicalmente em suas Nove Sinfonias.
O caminho da Iniciação conduz a uma investigação das maravilhas e glórias que pertencem aos planos internos deste Planeta. Nós somos muito mais do que um Corpo como é visto pelos olhos físicos. Somos compostos de outros veículos sutis que se interpenetram e, também, se estendem além da periferia do Corpo Denso. Assim, também a Terra está composta de mais que um globo físico. Ela tem veículos que a interpenetram e que se estendem para o espaço adentro. Por meio da Iniciação, nos tornamos ciente dos nossos corpos e veículos mais sutis e das funções deles e adquirimos conhecimento dos vários veículos da Terra e das funções deles.
Durante o século XIX, Egos humanos evoluídos renasceram para trazer à compreensão vários conceitos de verdade espiritual relativos à Iniciação – conceitos que foram deixados de lado e esquecidos durante os séculos do materialismo que envolveu o mundo. Essas verdades eram para ser revividas por aqueles que as aceitassem, de modo que pudessem ser fortalecidas e preparadas para os árduos e trágicos dias do século XX.
Richard Wagner, outro grande músico Iniciado, entendeu e apreciou a grande missão de Beethoven no mundo. Ele percebeu o sublime significado interno e o êxtase da alma na Nona Sinfonia. Ele a considerou a suprema dádiva musical para a humanidade. Quando construiu seu lindo santuário da música em Bayreuth, ele a inaugurou com as cordas imortais da celestial Nona de Beethoven.
Berlioz[13] escreveu sobre a Nona Sinfonia: “Qualquer coisa que se possa dizer desta Sinfonia, o fundamental é que, quando terminou seu trabalho e contemplou a grandiosidade do monumento que tinha acabado de erguer, Beethoven deve ter dito a si mesmo: ‘Deixe a morte vir agora, minha tarefa está cumprida’.”
A culminância do trabalho de Beethoven foi alcançada nas suas nove Sinfonias. Ele começou a primeira quando o mundo estava no limiar do século XIX. A Primeira Sinfonia foi escrita em 1802. A Nona e última foi completada e dada ao mundo em 1824. Com essa sublime composição, sua missão terrestre se aproximava de sua conclusão gloriosa. Seu chamado veio em 1827.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
Cada Iniciação é acompanhada por música celestial – música que Beethoven trouxe para a Terra e traduziu para nós nas Nove Sinfonias. Quando o ser alcança o exaltado lugar da nona Iniciação, ele chega à mais elevada fase das Iniciações. Está pronto para se tornar um Adepto. Então, ele é capaz de chegar à presença do Senhor Cristo e receber Sua suprema bênção.
É reconhecido, sem sombra de dúvida que, em Beethoven, a maior e mais poderosa forma de música instrumental encontrou seu maior e mais poderoso expoente.
E. Markham Lee[14] em The Story of Symphonies
A primeira das Nove Sinfonias teve sua pré-estreia em Viena sob a direção do próprio Beethoven em 2 de abril de 1800. Essa foi a primeira da grandiosa e imortal série que é o monumento colossal da música deste tempo. O ano em que foi produzida sugere que foi o “canto do cisne” instrumental do século XVIII.
A missão de Beethoven foi a de servir como mensageiro da música cósmica. Era seu destino alcançar além da superfície deste plano e trazer para a humanidade a gloriosa música do espaço, e essa missão foi cumprida em suas Nove Sinfonias. Nessas composições, Beethoven, nas palavras do Sr. Lee, “reserva algumas de suas maiores e mais graves declarações. A perspectiva”, ele continua, “é invariavelmente grande, todo o método de concepção é de uma grandiosidade e de uma força titânica. Ele enfoca o assunto com seriedade e o resultado é grandioso e sereno.”
A nota-chave espiritual da Primeira Sinfonia é Poder. O número “um” – “1” – é indicado por uma coluna vertical, o primeiro símbolo da Divindade, como foi adorada pelo ser humano primitivo do início da civilização. O número “um” também significa o Ego, a Individualidade, cujo propósito de jornada através da evolução é manifestar sua divindade inata.
Fiel à forma sinfônica, essa Sinfonia está dividida em quatro movimentos[15]. Um Allegro[16], que é precedido por um Adágio[17] introdutório expressando poder, fornece as notas-chaves da composição. O segundo movimento, um Andante[18], e o terceiro, um Minueto[19] que é mais um Scherzo[20], sustentam uma convicção de uma fidelidade a esse poder que tudo permeia, mas que está latente. O Finale[21], num espírito de exaltação, chega a um clímax nas cordas triunfantes: “E Deus criou o Céu e a Terra e tudo o que está nela; Ele viu que Seu trabalho era bom”.
A Primeira Sinfonia é uma precursora das belezas e glórias dos Nove Graus de Iniciação pelos quais o ser humano se torna um “super-homem” e um “homem-deus”. Nela, Beethoven sobe às alturas e desce às profundezas de um modo que poucos no seu tempo puderam prever ou compreender. Aquele que consegue perceber os valores incorporados na estrutura interna dessa Sinfonia irá colocá-la entre as melhores inspirações desse magnífico gênio musical.
As composições de Beethoven seguem modelos pré-concebidos. Esse grande músico não fez nada sem um objetivo claro. Assim, por exemplo, não se pode considerar como acidental que a introdução da Primeira Sinfonia seja formada por doze compassos[22], cada um dos quais pode ser considerado como abrindo a porta a cada um dos doze Signos zodiacais, cujas forças desempenham seu papel na música verdadeiramente cósmica em sua expansão e natureza. Os doze compassos estão divididos em três grupos de quatro, cada grupo dos quais anuncia a melodia que se seguirá. Os quatro formam uma amalgamação das forças que fluem através dos quatro elementos da natureza: Fogo, Ar, Terra e Água.
O Adágio introdutório consiste em doze compassos, iniciando em Fá Maior e continuando em Dó Maior, tonalidades que têm rico poder tonal. Em contraste, o segundo tema expressa os atributos femininos de gentileza e
O Minueto, arauto do Scherzo, é um tempo rápido. Um crítico musical escreveu: “Ele se move livremente sobre extravagâncias divinas de modulação de um modo que perturbava os ortodoxos de 1800”.
O Finale é introduzido por três compassos nos quais os primeiros violinos revelam a escala ascendente do tema pouco a pouco. As progressões tonais e as passagens rápidas pressagiam o término da Idade Antiga e a busca para o começo da Nova.
No terceiro movimento, a música recapitula o trabalho dos dois movimentos anteriores num andamento acelerado que representa o júbilo do alcance espiritual. Esse movimento contém 353 compassos cujo valor numérico é 11, o número da perfeita polaridade. Tanto o Minueto como o Trio estão em Dó.
No Finale, que é descrito por um rondó[23], a métrica[24] numérica é oito, o número da sabedoria. “O primeiro motivo cadencia na dominante dentro de oito compassos e é seguido por um motivo acompanhado de mais oito compassos que levam ao completo final”.
Esse movimento se centraliza em um diálogo entre os sopros de madeira[25] e as cordas[26], tipificando os sentidos purificados, a Mente espiritualizada. Trompetes[27] e tímpanos[28] acrescentam forças amalgamadas do ser humano completo. Aqui, o três-oito-sete, que soma dezoito ou nove, indica as bases da Grande Obra.
O fraseado do Allegro é composto de quatro compassos e é dividido em dois-mais-dois que acentua o princípio fundamental da polaridade sobre a qual toda a criação está baseada e que forma a pedra angular de todos os ensinamentos da Iniciação. Beethoven aqui projeta princípios cósmicos ou fornece uma cópia do universo como é ensinado nas Escolas de Iniciação Musical que, como todos os antigos Templos de Mistérios, incluindo os da antiga Maçonaria, incluíam em seus currículos matemática e astronomia, além da música. O Allegro consiste em 288 compassos que soma o valor numérico nove, que é o “número do homem” e o “número da Iniciação”.
O segundo movimento compõe-se de 250 compassos, o valor numérico do sete, um número fundamental na evolução humana. Ele define o movimento que é introduzido por sete compassos não usuais. Mais adiante, há o retorno dos quatro compassos, após o qual é empregado um simples compasso para confirmar o começo da individualização.
Beethoven introduz nesse movimento um solo dos tímpanos independente. Ele está nos dizendo que o ser humano deve aprender a refletir o Espírito na ação. Esse fato é produzido pelo tema principal, sendo primeiramente dividido entre as cordas agudas e as graves, tipificando o caminho entre as naturezas inferior e superior. Mais adiante, o tema principal é outra vez repetido entre as cordas e as madeiras, assim definindo o caminho musical da transmutação pela qual o desejo é transmutado em Espírito.
A Iniciação nos Mistérios capacita a pessoa, quando envolvida por seus melhores e mais sutis corpos, a entrar e estudar as verdades maravilhosas que estão escondidas nas mais elevadas e sutis camadas da Terra.
Na Primeira Iniciação o candidato penetra nos planos internos da Terra. As forças e as atividades que se manifestam nesses planos, que são nove Estratos, correlacionam-se com cada uma das Nove Iniciações. Em cada uma dessas Nove Iniciações o candidato é ensinado a estudar essas várias atividades e a trabalhar com essas poderosas forças dos planos internos.
Quando a humanidade se tornar suficientemente clarividente para ser capaz de investigar esses planos, um admirável mundo novo será revelado a ela e a geologia será uma das mais fascinantes ciências materiais. Essa última expressão é um falso nome, pois, na realidade, não há uma ciência material, pois quando o coração de qualquer ciência é totalmente revelado, ela se torna verdadeiramente espiritual em sua natureza essencial. Assim, ela revela o amor e o cuidado de Deus por seu Planeta Terra e todas as Ondas de Vida em evolução que vivem nela. A música das Nove Sinfonias, quando musicalmente interpretada, abre novas visões de idealismo e compreensão até agora não sonhadas.
A Primeira Iniciação está relacionada com a Terra física. Na Memória da Natureza estão escondidos os maravilhosos segredos relativos ao longo período evolucionário deste planeta. Na Primeira Iniciação, aquele que se tornou capaz é ensinado a ler nos registros da Região Etérica do Mundo Físico e a aprender algo das maravilhas da história passada da Terra. Nesses registros, ele é capaz de ver as enormes florestas verdes e os gigantescos animais da Época Lemúrica. As majestosas florestas vermelhas da Califórnia são vestígios da antiga Época Lemuriana.
Essa Época foi seguida pelo cinzento e enevoado continente Atlante – Atlântida –, na Época Atlante. As formas dos animais se tornaram menores e a flora mais variada e delicada em sua textura e cor. Depois da Atlântida, a presente Época do arco-íris nasceu, uma Época em que o Sol brilha claro numa atmosfera oxigenada e a presente humanidade, a Quinta Raça Atlante – Raça Ária –, surgiu.
A majestade da Primeira Sinfonia é a descrição da tremenda transformação da Terra. Em seus quatro movimentos é como se o compositor estivesse colocando em música o fiat criador de Deus. A música cresce cada vez mais, culminando no voo do Finale que traduz em imortal som o pronunciamento do final dos seis dias da Criação registrado no Livro Gênesis de que tudo o que foi feito era bom[29], “era muito bom”.
Esta Sinfonia é música que transpira serenidade, beleza, jovialidade e coragem.
Philip Hale em “Boston Symphony Notes”
A segunda das Nove Sinfonias foi apresentada pela primeira vez em Viena em 5 de abril de 1803. Sua nota espiritual é Amor. O número dois expressa o feminino ou o princípio materno de Deus. Esse princípio se manifesta como amor supremo, poder que anima toda a Sinfonia, conferindo à música tal beleza e doçura que muitos devotos das Sinfonias de Beethoven declararam ser a mais bonita de todas. A proteção aconchegante do espírito materno brota em alguns de seus movimentos. Em outros, o espírito do sacrifício, inseparável do amor materno, encontra expressão em certas melodias ternas. O scherzo transpira felicidade tão refinada que é como uma brisa de ar perfumado. Tem o efeito de elevar e refrescar um espírito desanimado.
A surdez crescente de Beethoven serviu para livrá-lo das distrações do mundo físico, de modo que ele deve ter captado as harmonias celestiais que estão sempre vibrando através do nosso cosmos ordenado.
A qualidade tonal da Segunda Sinfonia é cheia de cores orquestrais que conferem à sua música uma qualidade e uma luminosidade desde o início até o final.
O primeiro movimento produz um efeito de um brilhante nascer do Sol. O larghetto[30] soa em cores suaves como um variado jogo de luz e sombra numa superfície clara. O scherzo brilha e faísca em júbilo vivaz e beleza, explodindo em contrastes dinâmicos no finale.
Sob apelos melódicos delicados e um tom de esplendor, essa Sinfonia está cheia de “episódios ousados” com insinuações de outros mundos e ecos tênues que confundiram os críticos da época.
Esse movimento, com suas súbitas explosões de acordes e modulações caprichosas, foi severamente criticado pelos revisores do tempo de Beethoven, mas foram também eles que reconheceram seus efeitos tonais como verdadeiramente magníficos. Beethoven sempre trabalhou dentro de estrutura de espaços ilimitados.
Berlioz, em seu comentário sobre essa Sinfonia, afirma que “o andante é uma canção pura e franca… cujo caráter não é removido do sentimento de ternura que forma o estilo nítido da ideia principal. É uma figura encantadora”, ele continua, “de prazer inocente que é dificilmente obscurecida por uns poucos acentos melancólicos”. Berlioz então descreve o scherzo como “francamente alegre na sua fantástica volubilidade como o andante foi completo e serenamente feliz; pois essa Sinfonia está sorrindo o tempo todo; as explosões do primeiro Allegro estão totalmente livres de violência; há só o ardor juvenil de um nobre coração no qual as mais bonitas ilusões da vida são preservadas imaculadas. O compositor ainda acredita em glória imortal, em amor e devoção. Que naturalidade em sua jovialidade… É como se você estivesse vendo os esportes mágicos dos espíritos graciosos de Oberon[31]”.
“O ‘Finale’, ele acrescenta, “é da mesma natureza”. “Um segundo scherzo em binário e sua jovialidade tem talvez algo ainda mais delicado, mas picante.”
Depois de uma das primeiras apresentações dessa Sinfonia em Leipzig[32] em 1804, um crítico de discernimento maior que o contemporâneo asseverou que era uma composição de ideias tão boas e ricas que permaneceria viva e que “sempre seria ouvida com renovado prazer mesmo quando mil coisas que hoje estão em moda estivessem enterradas”.
Como essa Sinfonia foi escrita sob circunstâncias de uma natureza depressiva, em virtude de enfermidades físicas que o compositor sofria e as notícias esmagadoras sobre Guilietta Guicciardi[33], uma aluna por quem tinha se apaixonado e que se casara com o Conde Gallenberg, os críticos não deixaram de comentar a contradição entre o sentimento pessoal melancólico do compositor e a música jovial e adorável que ele escreveu em sua Segunda Sinfonia.
A resposta à questão feita por essa circunstância é geralmente dada por um comentarista que concluiu que “em vista da tragédia daquele verão, esta Sinfonia deve talvez ser vista como um escape”.
Se Beethoven tivesse vivido para fins pessoais, tal explicação seria, com toda a probabilidade, completamente verdadeira. Mas Beethoven viveu para servir a objetivos universais e impessoais. Ele dedicou sua vida para trazer para a humanidade a cura e as forças redentoras da beleza através da mais elevada de todas as artes, a arte da música. Beethoven foi um Ego titânico funcionando dentro das limitações de uma forma pessoal. Quando ele se entregou para trazer do Mundo celeste suas comunicações musicais inspiradas, sua consciência ascendeu a níveis onde o que é puramente pessoal se perde no universal. Daí, concluímos sobre o caráter de Beethoven e sobre o propósito espiritual que, no caso da composição da Segunda Sinfonia, a alegria e o amor que ela irradia não é o resultado de um esforço desesperado da vontade de escapar da sua provação pessoal e atribulação, mas a renúncia às suas preocupações pessoais, sejam elas de natureza pesarosa ou de natureza exultante de alegria, a transmissão impessoal daquilo que o mundo do som era capaz de conferir ao homem através de um Ego qualificado para servir com tão exaltada capacidade.
Marion M. Scott[34], em “Master Musicians Series”, observa, com relação à Segunda Sinfonia, que, enquanto Beethoven andava nas campinas de Heiligenstadt[35], sua Mente perambulava pelos Campos Elíseos[36]. Em outras palavras, enquanto sua Personalidade estava andando aqui, na Terra, seu “Eu superior” estava voando lá em cima, nos Céus. Foi então que ele viu, nas palavras de Marion Scott, “como acontece nas cadeias de montanhas além do mar e nas cadeias de montanhas intermediárias uma radiante visão das montanhas distantes no horizonte – ele viu a Alegria”. Aquela visão, ele nos deixou na Segunda Sinfonia.
Como previamente foi dito, o tema principal da Segunda Sinfonia é Amor. Do amor brota confiança, serenidade, alegria e aquela grande paz que ultrapassa a compreensão. Todas essas qualidades são lindamente expressas através da Sinfonia que conclui na nota triunfante de que o Espírito é supremo e que é possível para ele permanecer liberto e intocado por todas as desarmonias e desilusões do mundo externo. Emerson[37] expressou isso muito apropriadamente quando escreveu: “É só o finito que tem trabalhado e sofrido; o infinito descansa em repouso sorridente”. Essa é a mensagem inspiradora da Segunda Sinfonia.
A Segunda Iniciação está conectada com o segundo envoltório da Terra chamado de Estrato Fluídico. Nele, estão refletidas as forças harmoniosas e pulsantes da Região Etérica do Mundo Físico. O trabalho dessa Iniciação tem a ver com o segredo dos Éteres, incluindo os seres que habitam essa Região. Neles, estão incluídos os Espíritos da Natureza que fazem muito para embelezar a Terra. A Região Etérica do Mundo Físico transcende a esfera de escuridão e morte. Aqui o ser se move em luz perpétua e numa região de vida imortal.
Existem quatro Éteres com os quais estamos relacionados. Os dois Éteres inferiores estão relacionados com a nossa vida no plano físico, na Região Química do Mundo Físico; quanto mais terreno for o nosso caráter, mais densos são estes dois Éteres no nosso Corpo Vital. Os dois Éteres superiores se relacionam com as nossas atividades espirituais e estéticas. Têm a ver com nossas faculdades superiores. Por isso, quanto mais sensível a nossa natureza, mais nos tornamos orientados para o desenvolvimento espiritual e mais rápido é o nosso avanço no caminho.
São Paulo se referiu ao nosso corpo como o Templo do Deus vivo. Os dois pilares que apoiam esse templo são os dois sistemas nervosos, o cérebro-espinhal e o simpático. Esses dois sistemas estão diretamente relacionados com as Iniciações. Diz-se que, nestes tempos caóticos e incertos, a grande maioria da humanidade está afetada de certa maneira por desajustamentos nervosos. Isso é porque nós não aprendemos a adaptar corretamente a nossa vida e as atividades ao fluxo e refluxo das forças etéricas. Quando entendermos essas forças internas e vivermos mais em harmonia com as leis que governam os planos Etéricos, nos tornaremos sensíveis e receptivos a essa bela e sutil influência. O corpo humano do futuro será enormemente diferente do que é hoje. Possuirá faculdades de tal ordem que dificilmente são imaginadas no presente.
O primeiro movimento com suas súbitas explosões de acordes caracteriza a Hierarquia dos Anjos, que é especialista na manipulação das forças Etéricas. Os Anjos, que prestam auxílio à Terra, entram em contato com ela através do plano Etérico. Embora estejam presentes no espaço que a envolve, sua presença não é sentida por causa da falta de visão Etérica. Essa oitava superior da visão se tornará bastante comum no curso da Era de Aquário. Uma maravilhosa irmandade e um companheirismo serão então estabelecidos entre os Reinos de Vida Humano e dos Anjos.
Na terna beleza e delicadeza, na doçura e pureza de muitas passagens dessa Segunda Sinfonia, Beethoven descreve algo da sublimidade dessa Região e a beleza e luz dos seres angélicos que a habitam.
Novamente citando o Sr. Scott, “Havia em Beethoven algo que transcendia a ética de Ésquilo[38] e Sófocles[39] – algo que o colocava ao lado do cego Homero[40] e Virgílio[41] cujos altos pensamentos refletiam o brilho de algum dia misterioso que ainda não chegou”. Como eles, ele podia passar pela tragédia para um conhecimento maior além, onde nascimento e morte, alegria e sofrimento são só lados diferentes da mesma moeda dourada da vida cunhada por Deus na eternidade.
O grande poder espiritual das Iniciações aumenta com cada grau ascendente. Na gloriosa música da Segunda Sinfonia, soa um eco e uma repetição desse eco daquela força espiritual que só atingirá sua perfeição e plenitude na música da Nona Sinfonia.
Beethoven se inspirou nas montanhas durante a composição dessa Sinfonia. Os picos mais altos que ele frequentemente contemplava com enlevo podem bem ser vistos como um reflexo físico do elevado reino espiritual no qual seu espírito era envolvido em êxtase, quando ele se empenhava em transcrever em música o elevado significado das Iniciações.
Na Segunda Iniciação, entramos na Região Etérica para estudar os mistérios das flores e das plantas e o ministério dos Anjos conectados com elas. A peculiar doçura da Segunda Sinfonia é fragrante com esses segredos raros.
Com a aproximação da Nova Era, nos tornaremos cada vez mais Clarividentes. Isso revelará um fascinante mundo novo. Seremos capazes de observar a vida e as atividades dos Espíritos da Natureza e, também, a dos mensageiros angélicos que dirigem e supervisionam nossas atividades através de todo o Reino de Vida Vegetal. Como resultado desse desenvolvimento, a botânica se transformará em uma das mais interessantes de todas as ciências.
Um dos mais fascinantes aspectos da botânica da Nova Era será a experimentação que lida com os efeitos do pensamento humano concentrado sobre a vida e o crescimento do Reino de Vida Vegetal. Algumas experiências importantes nesse assunto estão sendo conduzidas no mundo todo. Seus resultados certamente serão enormemente importantes e muito mais abrangentes do que podemos prever agora. Significará expansão de fronteiras em termos de consciência humana e uma amplitude de sua esfera de vida.
“O coração de Beethoven estava cheio de fogo divino e ele não conhecia a fronteira; todo o Céu e toda a Terra eram seus campos de exploração onde ele amava, sonhava, sofria imensamente e despejava seus sentimentos dentro de sua arte. Transformava tudo o que tocava, tornando luminoso com fogo divino. Em Viena, ouvi pela primeira vez uma de suas sinfonias, a Eroica. A partir daí, tive só um pensamento: estar em contato com este grande gênio e vê-lo pelo menos uma vez.”
Rossini[42]
“Seus gloriosos temas e a majestosa beleza de seu pensamento musical permitem que ela permaneça mais de cem anos após sua composição como uma das principais obras da criatividade musical.”
E. Markham Lee
“A música da Eroica é profunda, magnificamente ilustrativa de um heroísmo idealístico. Tipifica o puro espírito do heroísmo idealizado e universalizado. O Primeiro Movimento expressa o heroísmo da intrepidez dentro da qual a fé se torna o grande poder transformador que purifica e exalta. A Marcha Fúnebre não contém a representação da morte como tal, mas eleva, exalta e proclama os poderes da Vida Eterna, pois o amplo perfil do conceito de Beethoven não contém nenhuma sombra da morte.
O Scherzo expressa e mantém esta confiança e serenidade enquanto o Finale é ansioso e alegre com todo o conhecimento consciente do grande profeta musical, um brilhante prenúncio das forças do nascer do Sol mais tarde realizadas nos inspiradores compassos da Nona Sinfonia.”
John N. Burk em “Life and Works of Beethoven”
A Terceira das Nove Sinfonias, conhecida como Eroica[43], foi iniciada em 1803 e finalizada no ano seguinte. Foi apresentada pela primeira vez em Viena em 1805.
A nota-chave espiritual da Terceira Sinfonia é “Força”.O número três é formado pela união do “um” (poder) com o “dois” (amor). Nasce, dessa união, o terceiro atributo, a “força”. É esse poder anímico da força que se torna o tema básico da Terceira Sinfonia de Beethoven.
A verdadeira grandeza de Beethoven começou a se manifestar nesse estupendo trabalho. Aqui está a música de força concentrada e dinâmica. Sua concepção é tão vasta que a caneta era incapaz de acompanhar o esquema cósmico que foi revelado a ele em todas as suas proporções colossais. Cada compasso traz um heroico timbre. Essa não é uma música convencional, mas uma transcrição de celestiais melodias que, como uma melodia não interrompida, move-se em longas correntes de altos e baixos, uma poderosa sinfonia na qual as correntes da vida e da morte, ou vida transcendente, competem entre si em glória celestial.
Todos os críticos concordam com o espírito de universalidade que permeia essa Sinfonia. A magia tonal sobe aos picos das montanhas e desce aos vales subterrâneos, banhando toda a Terra com luz fulgurante. A recapitulação reafirma os temas num ritmo de crescente força e beleza.
A Terceira Sinfonia foi especialmente querida ao coração de Beethoven. Muitos dos que o conheceram intimamente disseram que essa Sinfonia, a Eroica, era sua favorita. A maioria dos comentaristas associaram essa Sinfonia a um significado político especial. No entanto, são os mais profundos e esotéricos aspectos nos quais estamos primeiramente interessados.
Essa sinfonia, como todas as Nove Sinfonias de Beethoven, está dividida em quatro partes designadas de Allegro, Marcha Fúnebre, Scherzo e Finale.
A natureza e sequência das quatro partes ocasionaram muitas e variadas especulações sobre o que o compositor tinha em mente quando criou a sinfonia. O alegre Scherzo que segue a Marcha Fúnebre tem deixado os comentaristas perplexos, mas, nas palavras de Robert Bagar e Louis Biancolli no livro “Concert Companion”, “ao musicólogo, ao historiador e ao romancista podem ser permitidas interpretações, mas a música permanece como um monumento à uma Mente grande e poderosamente expressiva cujos pensamentos e imaginações, quaisquer que tenham sido, se cristalizaram no brilhante e irresistível modelo de uma criação eterna”.
Com relação à impropriedade do alegre Scherzo vir imediatamente depois da Marcha Fúnebre que alguns sentiram, isso não apresenta dificuldade de interpretação à luz da profunda experiência anímica. Quando um Aspirante à vida superior entra sinceramente no Caminho da Transmutação da natureza inferior em superior, as experiências adquiridas são frequentemente cheias de falhas e frustrações, com dor e tristeza. Muitas vezes, os sons no coração do buscador, os solenes e enlutados tons da marcha fúnebre, retratam a renúncia do “Eu inferior”. Com o alcance dessa recém encontrada força anímica, no entanto, o Espírito renovado canta sua alegria e seu deleite, como expressado no Scherzo. Nas palavras de Davi, o doce cantor de Israel, “A tristeza permanece à noite, mas a alegria vem de manhã”[44].
O Iniciado músico Richard Wagner expressou-se sobre os valores internos e profundos incorporados nessa Sinfonia com tal inspiração espiritual que nós transcrevemos aqui. Em suas palavras inspiradas, o primeiro movimento “é para ser considerado em seu sentido amplo e nunca é para ser entendido, de forma alguma, como relacionado meramente a um herói militar. Se nós entendemos, no sentido amplo, por ‘herói’, o ser humano total e completo no qual estão presentes todos os sentimentos de amor puramente humanos, de dor, de força em sua mais alta suficiência, então nós iremos corretamente entender o que o artista desperta em nós nas acentuações de seu trabalho tonal. O espaço artístico desse trabalho está cheio de variados e crescentes sentimentos de uma individualidade forte e consumada, para a qual nenhum humano é um estranho, e inclui verdadeiramente dentro de si todo o sentimento humano, exprimindo isso de tal maneira que, depois de manifestar francamente toda a paixão nobre, termina dentro de uma enorme suavidade de sentimento, apegado à mais energética força. A tendência heroica desse trabalho artístico é o progresso em direção à conquista final”.
Para Wagner, o primeiro movimento “abraça, como num forno brilhante, todas as emoções de uma natureza ricamente abençoada no auge de uma juventude inquieta, contudo, todos esses sentimentos brotam de uma principal faculdade e esta é a ‘força’… Vemos um Titã lutando com os deuses”.
Do segundo movimento, com sua “força destruidora que alcança a crise trágica, o poeta musical reveste sua proclamação na forma musical de uma Marcha Fúnebre. A emoção subjugada por profunda aflição, movendo-se em tristeza solene, conta-nos sua história em tons agitados”.
Romaine Rolland[45] considerou a Marcha Fúnebre “uma das mais grandiosas coisas em música. É um cortejo”, ele observa, “das atribulações mundanas mais do que uma elegia para Napoleão”, e Pitts Sanborn[46] denominou-a “uma das mais tremendas lamentações concebidas em qualquer arte”.
Do terceiro movimento, Wagner diz: “força roubada de sua arrogância destrutiva – pela castidade de seu profundo pesar – o terceiro movimento mostra em si toda a sua flutuante alegria. Sua indisciplina selvagem modelou-se em fresca e alegre atividade; temos diante de nós agora esse adorável homem feliz que passa cordial pelos campos da Natureza”. Esse é o primeiro Scherzo de Beethoven e é considerado por muitos como sendo um entre os melhores.
No Finale, tremendas doses de força exultante são libertadas proclamando o alcance do autodomínio. É música dentro da qual cada átomo físico se afina com a música das esferas.
Como entendido por Wagner, o Finale representa o ser humano todo, isto é, “o ser humano profundamente sofredor e o ser humano feliz e alegre, os dois vivendo harmoniosamente nessas emoções em que a memória do sofrimento se torna a força formadora de nobres feitos”.
As citações wagnerianas nós devemos a Laurence Gilman em seu livro “Stories of Symphonic Music”.
A linguagem humana pode, no máximo, transmitir muito deficientemente a essência espiritual e o significado de trabalhos artísticos que brotam de uma consciência capaz de afinar com os mais altos planos espirituais através de uma Personalidade que possui a rara habilidade de transcrevê-las para uma clara audição humana. Que Wagner tenha a percepção de reconhecer valores internos na Terceira Sinfonia de Beethoven, mais completa e claramente que outros mortais, está amplamente demonstrado no esoterismo que forma a estrutura interna de todos os seus trabalhos imortais. Então, o que ele tem a dizer sobre a Terceira Sinfonia de Beethoven é mais do que uma coisa superficial, mais do que alcançar seu significado por uma mera audição.
Por exemplo, quando Wagner fala do Finale como sendo um resumo das tristezas e lutas do ser humano finalmente combinadas harmoniosamente em suas experiências criativas e alegres, das quais brota uma forma de arte que possui “força para nobres realizações”, ele está concordando com Pitágoras, que deu ao “três” o atributo da harmonia e também afirmou a verdade de que as experiências adquiridas estão sempre repletas de falhas, e o simbolismo do número “três” da Maçonaria que suporta os pilares da sabedoria, da força e da beleza.
Mais do que isto, Wagner fala do Finale como representativo do “ser humano total”, o “ser humano total que grita para nós a declaração de sua Divindade”.
Considerem essa afirmativa em relação ao campo vibratório do “três” dentro do qual a Terceira Sinfonia toma forma. Em toda parte, entre os antigos, o número “três” era considerado o mais sagrado dos números. Não há símbolo mais importante do que o triângulo equilátero usado como símbolo da Divindade. Platão viu nele a imagem do Ser Supremo e, de acordo com Aristóteles, o número “três” contém dentro de si o princípio e o fim. Era na Trindade que Platão se identificava com o Ser Supremo que criou o ser humano ou, nas palavras de Wagner, “o todo, o ser humano total, o ser humano que grita para nós a declaração de sua Divindade”. Nesse breve comentário de Wagner, nós temos uma declaração de um Iniciado interpretando o que um ser de eminente criatividade compôs para a audição de ouvidos que percebem menos.
Da Terceira Sinfonia, Pitts Sanborn tem para dizer: “O ‘três’ incorpora os desenvolvimentos com os quais Beethoven revolucionou a Sinfonia. Em amplitude e opulência, nenhum movimento sinfônico igualou ou mesmo se aproximou do inicial Allegro con brio, e podemos duvidar se algum o exceder subsequentemente. Ouvintes sensíveis, ouvindo-o pela primeira vez, poderiam bem ter gritado como Miranda: ‘Ó bravo novo mundo!’”.
A luta suprema que confronta todo ser humano é a conquista da Personalidade pelos poderes do espírito. Essa é a batalha na qual todo Ego está engajado muitas vezes em todo ciclo de vida e, quando a vitória é finalmente consumada, o Espírito se levanta livre, emancipado, vitorioso. É esse conflito e vitória que Beethoven descreveu tão magnificamente em sua “Eroica”. É sem dúvida por essa razão que Beethoven afirmou que essa composição era a sua Sinfonia favorita.
A Terceira Iniciação Menor está conectada com o terceiro Estrato da Terra conhecido como Estrato Vaporoso. Nesse Estrato está refletido o Mundo do Desejo. Aqui, compreendemos como nunca a relação entre nós e o Planeta em que vivemos. Aqui entendemos como a nossa indomável natureza de desejo influencia e libera certas forças sinistras dentro da correspondente camada na Terra. Também compreendemos como o controle dos desejos dentro de nós tende a impedir a operação das forças destrutivas dentro do corpo da Terra. Por exemplo: se a totalidade da humanidade tivesse um completo domínio sobre a sua natureza de desejos, haveria menos devastação pelo fogo, pela água, ciclones, erupções vulcânicas e outros violentos transtornos da natureza. Isso pode, à primeira vista, parecer estranho e inacreditável para aquele que não penetrou nos segredos internos da natureza e do ser humano. Foi o completo controle da natureza inferior nos três homens sagrados descritos no Livro de Daniel que os capacitou a se manterem vivos na “fornalha de fogo”[47]. Pela mesma razão, homens sagrados na Índia e em outros lugares atravessam florestas sem serem molestados por animais ferozes e répteis venenosos. Ao meditar sobre estes fatos, compreendemos mais profundamente o significado das palavras de Salomão: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que toma uma cidade”[48]. Richard Wagner expressou essa mesma verdade em Parsifal[49] dando como sua nota-chave “Grande é a força do desejo, mas maior é a força da superação”. Esse é o poder que forma o tema da Terceira Sinfonia de Beethoven.
Somente aquele que atingiu o completo domínio de si mesmo, tal como Beethoven descreve na “Eroica”, pode entrar com segurança e investigar os reinos do Mundo do Desejo da Terra.
Na Terceira Iniciação as magníficas cores do Mundo do Desejo se refletem no terceiro ou Estrato de Vapor da Terra e se transformam em um verdadeiro arco-íris de beleza translúcida. Muitas das cores ali refletidas nunca foram vistas no plano físico, pois suas frequências vibratórias são altas demais para serem captadas pela visão física. Ali, o candidato aprende a controlar os ritmos do desejo dentro de seu corpo e a transformá-los em poder espiritual. Nas Iniciações Maiores ele também aprende como controlar as correntes de desejo no Mundo externo como, por exemplo, em certos ajuntamentos de pessoas onde as emoções tendem a disparar como numa corrida; essa pessoa evoluída possui o poder de dominar essas emoções e, assim, evitar o desastre ou a tragédia.
“A Quarta Sinfonia é como uma donzela grega entre dois gigantes Nórdicos.”
Robert Schumann[50]
A Quarta das Nove Sinfonias foi composta no verão de 1806. Foi feita numa das mais agradáveis cercanias e sob condições de serenidade interna e externa. À sinfonia, que então surgiu, Romaine Rolland[51] se referiu poeticamente como “uma pura e perfumada flor que guarda como um tesouro o perfume daqueles dias”.
Foi dito anteriormente que o número “três” (força) é uma emanação masculina dos valores vibratórios combinados do número “um” (poder) e do número “dois” (amor). O número “quatro” (beleza) é uma emanação feminina formada pela mistura do número “um” (poder), número “dois” (amor) e número “três” (força). Assim, há uma íntima relação entre força e beleza. As duas principais colunas na entrada do Templo de Salomão têm gravadas as palavras força e beleza. É interessante notar que vários escritores encontram nas Sinfonias de Beethoven uma estreita relação entre a Terceira e a Quarta. A Terceira Sinfonia está centralizada em poder e força e a Quarta Sinfonia, em amor e beleza. “Em suas características masculinas”, escreve Alexander Wheelock Thayer[52], “Beethoven atinge o cimo das montanhas com fogo celestial; em suas características femininas, ele enche os vales com doçura celestial”. Esta, a proeminentemente feminina Quarta Sinfonia, ele ouve como a “sinfonia do sonho”.
No desenvolvimento da força anímica pura, a beleza está sempre latente em seu coração, e a essência da verdadeira beleza espiritual será sempre encontrada para possuir uma certa força interna. A Quarta Sinfonia tem sido chamada de Sinfonia da felicidade e seus quatro movimentos identificados com as qualidades de serenidade, felicidade, beleza e paz.
Considerando as quatro partes, o introdutório Adagio é caracterizado por uma doçura angelical; possui uma profunda e mística serenidade. “Sua forma é tão pura e o efeito de sua melodia tão angelical”, escreve Hector Berlioz, “e tão irresistível ternura que a arte prodigiosa através da qual essa perfeição é atingida desaparece completamente. Desde os primeiros compassos, somos tomados por uma emoção que chega ao final tão poderosa em sua intensidade, que só entre os gigantes da arte poética podemos encontrar algo comparável com essa sublime página do gigante da música”; ele conclui, “a impressão produzida por esse Adagio se parece com aquela que experimentamos quando lemos o comovente episódio de Francesca da Rimini[53] na Divina Comédia[54].
O segundo movimento, um Adagio em Mi bemol Maior, respira um fervor que outra vez alguns comentaristas procuraram ligar à vida amorosa pessoal do compositor. Mas aqui, Berlioz, como Wagner, percebe a verdadeira, sublime e impessoal fonte de inspiração de Beethoven. “O ser que escreveu tal maravilha de inspiração como esse movimento”, diz Berlioz, “não é um homem. Deve ser a canção do Arcanjo Miguel quando contempla a sublevação do limiar do Céu”.
O terceiro movimento (Allegro Vivace[55]) invoca um completo deleite. É brilhante e fascinante. Há felicidade nas cordas, nos instrumentos de sopro e no harmônico soar dos tambores. É uma verdadeira canção de beleza que a alma receptiva vem realizar como imortal em si mesma, não tendo nem começo nem fim. Nesse ponto, somos levados a exclamar com Wagner de que é música que não pode ser entendida de outra forma a não ser através da “ideia de magia”.
O Finale termina numa “brilhante perspectiva em que a harmonia dos Mundos visível e invisíveis se encontram e se comunicam. Ele respira uma doce e terna bênção de paz. É a paz que vem só para a alma que aprendeu a transmutar as dificuldades e problemas em pura beleza anímica. O mais alto significado do número “quatro” é essa habilidade do iluminado, ou cristianizado, se elevar sobre as limitações da vida humana e vagarosa, mas certamente, transformar o áspero Ashlar[56] em um perfeito cuboide.
A Quarta Iniciação está relacionada com a quarta camada da Terra chamada de Estrato Aquoso. Lá estão refletidas as forças da esfera mental da Terra conhecida como Região do Pensamento Concreto. A Terceira Iniciação tem a ver com a superação da natureza de desejo. O próximo passo na realização é a iluminação ou espiritualização da Mente. Isso envolve longos e árduos processos e necessita de muitas vidas para sua completa consumação. Para a pessoa comum, a Mente é escrava da Personalidade. A vida está completamente centrada no “Eu” ou naquilo que se relaciona com a vida pessoal. Quando o ser entra no Caminho, aprende a desligar a Mente da Personalidade gradualmente e a ligá-la com o Espírito. É então que a Mente se torna uma luz, uma luz que ilumina o mundo. A vida e o trabalho de tal ser traz a marca da imortalidade.
Um dos mais profundos livros da Bíblia e uma das mais belas lendas iniciáticas em toda a literatura mundial é o Livro de Jó. É a história do Grande Triunfo. Enquanto o Espírito está ligado aos três amigos, o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente, a Personalidade está sujeita a todas as dificuldades e limitações da vida física tais como pobreza, doença e morte.
O acontecimento supremo na vida de Jó foi o aparecimento de Eliú[57]. Sua vinda vitoriosa representa a separação da Mente da Personalidade e sua união com o Espírito. Essa iluminação ou Cristianização da Mente é a realização relatada na Quarta Iniciação e descrita musicalmente na Quarta Sinfonia. Quando Jó alcança esse estágio de desenvolvimento espiritual, seu Corpo Denso é recuperado, sua saúde se restabelece e até a vida de seus filhos é restituída. Jó é agora, nas palavras do poeta, “o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”[58].
Na Quarta Iniciação, as forças do Mundo do Pensamento estão refletidas na quarta camada, chamada de Estrato Aquoso. Esse reino não é composto de água como pensamos desse elemento, mas é cheio de uma névoa luminosa e prateada, na qual estão refletidos os modelos arquetípicos que estão por trás de todas as coisas criadas.
O Mundo do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu, é o lar de todos esses modelos arquetípicos. É lá, entre as vidas na Terra, que o Ego passa muito tempo aprendendo como construir o Arquétipo que será o modelo do seu próximo corpo terreno.
É importante notar que é no plano mental que esses modelos arquetípicos são construídos, pois isso nos dá um conceito mais claro do tremendo poder do pensamento criador. Na Quarta Iniciação, o candidato aprende como usar o poder construtivo e criativo do pensamento e a realização de que, por esse modo, ele constrói ou destrói sua vida. Pelo poder do pensamento, ele pode se degradar ou se glorificar. Os movimentos metafísicos Cristãos estão prestando um importantíssimo serviço no mundo de hoje ao considerarem o poder do pensamento construtivo como seu ensinamento fundamental. É verdade que os pensamentos são coisas. A Bíblia expressa essa profunda verdade na citação: “Como um homem pensa em seu coração, assim ele é.”[59].
“O espírito de Beethoven está encarnado em sua música e aquele que ouviu a Quinta Sinfonia, ouviu Beethoven.”
Sir Oliver Lodge[60]
A Quinta Sinfonia é uma canção dos quatro Elementos: Fogo, Ar, Terra e Água. É surpreendente em sua intensidade e poder. As pessoas sensitivas que viviam nos dias de Beethoven disseram ter sido lançadas em convulsões pelas grandes marés de verdadeiro fogo cósmico.
Assim é como Wagner descreve a “gigantesca energia” do primeiro movimento desta sinfonia: “Ele (Beethoven) rouba as ondas do mar e deixa vazio o fundo do oceano que para as nuvens em seu curso, dissipa o nevoeiro e revela o puro céu azul e a face ardente do Sol”.
Nas suas quatro partes, a sinfonia canta a canção de cada Elemento. Enquanto cada uma dessas partes está separada e distinta da outra, elas estão magicamente ligadas por uma linha dourada de harmonia. Os críticos frequentemente comentam sobre a concordância rítmica dos quatro Elementos.
O primeiro movimento (Allegro con brio[61]) é a chave do Elemento Fogo. O segundo (Andante con moto[62]) está relacionado com o Ar. É o mais irregular dos quatro movimentos. O terceiro (Allegro) está intimamente ligado ao primeiro, embora não se torne, de modo algum, uma repetição dele. Ele exprime um misterioso caráter tremeluzente e aquoso. Então, no Finale, é como o corpo todo da Terra que se estende em triunfo para receber, unido e integrado, esse cósmico poder dos quatro Elementos.
A Quinta Sinfonia foi composta no final do ano de 1807 ou no início de 1808. Tanto ela como a sua sucessora, a Sexta Sinfonia, foram apresentadas pela primeira vez em 22 de dezembro de 1808 em Viena.
A nota-chave espiritual da Quinta Sinfonia é liberdade.
Das nove grandes Sinfonias de Beethoven, esta é, provavelmente, a mais popular. Foi considerada “infalível na concepção e sem falhas na construção… um sublime e resistente monumento ao gênio incomparável e habilidade executiva de seu autor”. É música que se eleva acima do pessoal e transitório na vida; não contém nenhuma referência à cena externa e passageira, mas incorpora, dos níveis cósmicos, uma força moral designada para reforçar o ser interno de todos os que a ouvem. É música pura, refinada e abstrata com o objetivo de agitar a alma do ser humano dentro da lembrança de sua natureza divina e imortal, e aumentar seus poderes para dar um passo para cima. E isso ela realmente faz, haja reconhecimento consciente do fato ou não. Aqui está uma estrutura tonal erguida para uma “declaração cósmica”. Ela fala de modo redentor ao espírito interno do ser humano porque seus modelos sonoros são completamente harmoniosos com as atividades do “Grande Ser do Universo” e Sua reflexão no ser humano microcósmico da Terra.
Cada um dos quatro movimentos é, por si mesmo, uma brilhante criação. Considerados em conjunto, constituem um trabalho de imponente grandiosidade.
O primeiro movimento, Allegro con brio, inicia com quatro notas em uníssono que Beethoven uma vez explicou que soam como o Destino batendo à porta. O segundo movimento, Andante con moto, carrega uma nota de tristeza; no entanto, é maravilhosamente lindo e é realçado mais adiante por um daqueles temas marciais que só Beethoven pôde conceber.
Considerando o primeiro e o segundo movimento juntos, eles são uma verdadeira explosão de desafio da vontade que cresce mais veemente e intensa até que as forças de resistência são derrotadas. Como um comentarista expressou, os dois primeiros movimentos são a canção de um Ego de forte vontade, determinado a quebrar os laços do destino e se elevar acima de suas limitações.
Destino, deve ser acrescentado, é outro nome para a Lei de Causa e Efeito. Não é uma abstração fria e isolada. É um poder vivo e ativo entretecido numa fábrica de vida. Assim como um ser humano ou uma nação semeia, assim eles devem também colher. O ser humano, tanto individual como coletivamente, ressente-se dessa verdade antes de estar espiritualmente acordado. Ele se recusa a aceitar o fato de que seus sofrimentos e desgraças são o resultado de seus próprios erros e más ações. A raiva, a amargura, a indiferença e a contradição que a alma desperta enfrenta estão representadas nos dois primeiros movimentos da Quinta Sinfonia.
Com o terceiro movimento, uma grande transformação ocorre. Agora, a música se torna linda e cheia de um estranho misticismo que pressagia grandes baixos e impenetráveis altos, até agora não alcançados e inexplorados. Aqui, gradual, mas inevitavelmente, tão suaves e lindas como as pétalas de uma flor que se abre, o espírito é despertado mais profundamente para o verdadeiro propósito e mistério da vida. Uma nova e mais profunda realização nasce, mas quando as leis da vida são entendidas e harmoniosamente aplicadas, vemos que não são más e sim boas.
O terceiro movimento, ou Scherzo, tem algumas passagens básicas eloquentes e suas figuras rítmico-tonais são cheias de velado mistério e pesadas com presságios escuros. Ele se insinua dentro do “orgulhoso e ardente” Finale perto da Coda[63] que é de surpreendente brilho, finalizando com um Presto.
Não há nada mais etereamente lindo em toda a música do que a transição do Scherzo para o Finale, dentro do qual essa realização nasce completamente no âmago da alma que desperta ou se ilumina. É então, com uma canção de júbilo, que o espírito se liberta por toda a existência e eternidade, para não mais ficar atado à Lei de Causa e Efeito. A música gloriosa do Scherzo e do Finale soa como a canção triunfante de alguém que alcançou a espiritualidade. Essa sublime “música de liberdade” é a divina herança de toda alma que aprende a se emancipar, passando da condição finita da vida pessoal para a condição infinita do ser eterno.
Nas palavras de Charles O’Connell, “No sentido amplo, essa não é a expressão do pensamento ou sentimento de um homem. Essa é a declaração de uma humanidade confusa e sarcástica – e finalmente triunfante. Essa é a voz do povo, de um mundo sofredor e débil; embora contendo dentro de si os elementos da grandeza final … certamente, a Quinta Sinfonia tem um apelo à natureza humana mais poderoso, direto e universal do que qualquer outra grande música existente”.
O Finale é de tal magnitude e riqueza que, em comparação com ele, há poucas peças musicais que possam ser tocadas sem ser completamente esmagadas.
E. Markham Lee em “The Story of the Symphony” escreve sobre a Quinta Sinfonia: “Colossal em seu poder majestoso, romântica em sua essência e titânica em suas ideias inerentes, a Sinfonia em Dó Menor levanta-se como uma das mais nobres e mais características dos trabalhos de Beethoven. Vinda no meio das suas nove Sinfonias, não é como suas companheiras e, por sua nobreza e majestade, mantém sua cabeça orgulhosa com uma dignidade que é bem capaz de sustentar. Beethoven começou a compô-la logo após terminar a Eroica e a mesma seriedade é óbvia”.
Essa poderosa, magnífica e ao mesmo tempo maravilhosa música descreve a gloriosa liberdade que só o espírito pode conhecer quando quebra a cadeia que o prende à Personalidade e desperta para o êxtase do puro espírito. Essa Sinfonia é a sublime canção da emancipação. É a interpretação musical da luta épica do ser humano em níveis anímicos. É uma exultante canção de triunfo na qual o ser emancipado quebra os laços do finito e passa vitoriosamente para a gloriosa liberdade do infinito.
A Quinta Iniciação está conectada com a quinta camada ou Estrato Germinal da Terra, como é determinado na terminologia Rosacruz. Nessa camada da Terra está refletida a mais elevada Região do Mundo do Pensamento que é conhecida como Região do Pensamento Abstrato. É nesse nível ou plano que a Mente está ligada ao Ego.
É de conhecimento geral que a origem da vida se encontra na semente. No entanto, geralmente não é compreendido que a origem do pensamento se encontra também na semente. No Estrato Germinal ou quinta camada da Terra, estão armazenados os pensamentos gerados por toda a humanidade. Se uma pessoa pensa intensamente por um período numa ideia específica, um pensamento-forma dessa natureza ficará implantado nesse reino. Lá, irá germinar e dará nascimento a um fruto semelhante. Sendo esses os efeitos do poder criativo da Mente, não só a pessoa que pensou irá colher os resultados dele, mas outros também serão influenciados ou afetados em vários graus de acordo com sua afinidade. Então, por exemplo, quando um poderoso indivíduo como um Alexandre, o Grande, ou um Napoleão direciona sua Mente para conquistar o mundo, o resultado pode afetar outros de Mente semelhante por séculos, sendo multiplicado muitas vezes. Naturalmente, a lei opera de maneira semelhante em aqueles que possuem pensamentos elevados e nobres. Os bons pensamentos gerados por São Francisco de Assis, por exemplo, não pararam de dar frutos, e assim ele continua sendo semeado em nosso mundo por um santo moderno como Mahatma Gandhi.
Quando uma pessoa está para começar uma nova peregrinação na Terra, ela é trazida a essa quinta camada para começar a construção de seu novo veículo, pois, como a pessoa vive hoje, ela está construindo o amanhã. É na Quinta Iniciação que se ensina a ler o registro das vidas passadas na Terra, na Memória da Natureza, e a projetar a vida futura.
Há uma linha de demarcação que separa as cinco primeiras Iniciações Menores das quatro últimas. Através das cinco primeiras Iniciações, o Aspirante à vida superior recapitula e leva à perfeição o trabalho que é fornecido ao noviço. Isso envolve purificação e controle da natureza de desejo e uma espiritualização que entrega a Mente receptiva e obediente aos ditames do Ego mais do que sujeita às inclinações e impulsos da Personalidade.
Quando se passa através das cinco primeiras Iniciações Menores, o Cristo interno do ser humano é despertado e começa a governar suas ações. Quando ele passa pelas quatro Iniciações Menores finais e elevados graus, o Cristo interno floresce completamente. De agora em diante, ele é um “homem-deus” que participa dos ritos sagrados iniciatórios.
A Quinta Sinfonia é geralmente conhecida como a Sinfonia da Vitória. Essa designação é mais significativa em sua interpretação espiritual. Ela significa muito mais do que uma vitória do “homem sobre o homem” ou de uma nação sobre outra nação, pois se refere à conquista de si mesmo. O mais sábio de todos os sábios bíblicos sabia bem o significado dessa conquista de si mesmo quando disse: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”[64].
A quinta Iniciação marca um período de transição na vida do Aspirante à vida superior. É aqui que os últimos grilhões da vida pessoal são quebrados, de modo que o Ego pode se elevar, livre, nas alturas. Esse período de transição marca a fusão do temporal com o atemporal e do finito com o infinito. São Paulo descreveu esta mudança como “livrar-se do velho homem e despertar o novo”[65].
Em sua magnífica Quinta Sinfonia, Beethoven descreve esse período de transição no qual o apelo da carne é quebrado e o poder do Ego reina supremo. Nunca se pode compreender e apreciar totalmente a tremenda força e impacto da Quinta Sinfonia até que se esteja qualificado para interpretá-la espiritualmente. Então, é que o ser se levanta em Espírito sobre as praias de um vasto e encantado mar iluminado pela maravilha do mistério, sim, e com o terror, bem como a beleza, do novo e do inexplorado, enquanto acima, miríades de vozes celestiais são ouvidas cantando triunfalmente. O ser agora se levanta diante o limiar da vida eterna que o guia finalmente para uma união com o Abençoado que é a Luz do Mundo.
“Existe música no suspiro de um junco,
Existe música no alvoroçar de um riacho,
Existe música em todas as coisas, se o homem tiver ouvidos.
A Terra é somente o eco das esferas.”
Lord Byron[66]
A Sexta Sinfonia é uma das melhores peças musicais em toda classe de música absoluta. Beethoven nem uma vez transgrediu os grandes princípios da forma e do equilíbrio nessa Sinfonia. O movimento de abertura é um verdadeiro retrato campestre cheio de tônicas e dominantes da alegria do verão. O aroma do riacho com seu sonolento e repetido desenho na corrente das cordas é o refrão sempre soando na Natureza.
Romaine Rolland em “Beethoven”.
Beethoven foi um grande poeta que segurou a natureza com uma das mãos e o homem com a outra.
Autor Desconhecido
A Sexta Sinfonia foi terminada em 1808 e primeiramente apresentada em Viena no mesmo ano.
Há um triângulo cósmico composto por Deus, o Ser Humano e a Natureza. O ser humano é o pequeno deus no Grande Indivíduo. Quanto mais próximo o ser humano entra em sintonia com Deus, mais profundamente ele penetra nos mistérios da natureza.
É bastante significativo que, para a Sexta ou Sinfonia da Natureza, Beethoven tenha escolhido o tom de Fá Maior. Fá é a nota-chave musical da Terra e que verde é a sua cor. Estudantes de musicoterapia estão cientes do fato de que o uso de composições musicais nessa tonalidade produzirão efeitos benéficos sobre várias formas de tensão nervosa e sobre nítidos e prolongados efeitos da insônia. Qualquer pessoa que tenha ficado cansada ou debilitada por excesso de tensão e que tenha passado apenas uma só noite numa floresta de pinheiros, respirando sua suave fragrância, não duvida da força curadora da natureza nem dos efeitos rejuvenescedores da cor verde, pois, na verdade, essa é a cor da vida.
Em seu livro “Essais De Technique Et D’Esthetique Musicales”, Elie Poirée[67] observa que a Sinfonia Pastoral de Beethoven que está escrita em Fá Maior tem a “cor-auditiva” correspondente à cor verde. Compreendendo como ele compreendia a profunda importância espiritual das diferentes tonalidades, Beethoven escolheu com o maior cuidado a nota-chave de cada uma das nove Sinfonias.
Também deve-se notar o fato de que a nota-chave da Sexta Sinfonia está correlacionada com Virgem, o sexto Signo do Zodíaco. Virgem é um Signo feminino e pertence à triplicidade da Terra. Está, portanto, afinado com a Mãe Natureza. Seu símbolo é a virgem segurando um feixe de trigo. Entre as notas-chaves espirituais de Virgem, está o “Serviço” por meio do som e da beleza. Esses atributos também caracterizaram os motivos musicais da bela Sexta Sinfonia de Beethoven ou, como é popularmente chamada, a Sinfonia Pastoral.
Nessa Sinfonia, que é verdadeiramente “um Hino sublime à Natureza”, Beethoven procurou transcrever algo das harmonias existentes nas operações do triângulo cósmico de “Deus, Natureza e Ser Humano”. Daí, ela exprimir muito mais que uma viagem através dos bosques ou uma caminhada entre cenas silvestres. Na repentina tempestade de verão, tão graficamente expressa no quarto movimento, Beethoven está descrevendo a batalha pela supremacia entre os Espíritos da Natureza que sempre ocorre numa tempestade. O trovão é a voz do Ar, o relâmpago, do Fogo, e a chuva, da Água, sendo a tempestade a sua luta pelo domínio sobre a Terra. Essa é uma magnífica visão e um som magnífico para aqueles que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. A linda canção no Finale é uma transcrição direta para a percepção humana da música daqueles Seres Celestiais que guiam e dirigem a vida e as atividades de toda a natureza. Como Beethoven mesmo declarou, “Nos campos, parece que eu ouço cada árvore repetindo ‘Sagrado, Sagrado, Sagrado’”.
Do segundo movimento, o Andante, chamado pelo compositor de “Uma Cena perto de um Riacho”, Vincent d´Indy[68] diz: “É a mais admirável expressão da natureza genuína em existência”, acrescentando que “só há algumas poucas passagens em Siegfried e em Parsifal de Wagner que podem ser comparadas com ela”. A propósito da comparação aqui feita, pode ser lembrado que Wagner, em seu trabalho, procurou combinar em seus dramas musicais o que Beethoven procurou expressar em suas Sinfonias, e Shakespeare em seus dramas. Pode ser que Wagner, em suas passagens sobre a natureza, tenha se inspirado na Sinfonia Pastoral de Beethoven.
Ainda citando Vincent d´Indy em seu comentário sobre o segundo movimento: “Enquanto o fluxo do riacho proporciona base para todo o segundo movimento, melodias adoráveis brotam expressivamente e o tema feminino do Allegro inicial emerge de novo sozinho, como se estivesse inquieto com a falta de seu companheiro. Cada seção do movimento é completada pela entrada de um tema de algumas notas, puras como uma prece. É o artista que fala, que reza, que ama e que se delicia em coroar as partes de seu trabalho com um tipo de aleluia. Esse tema expressivo termina as exposições sobre os passos do desenvolvimento, no meio dos quais as tonalidades obscuras provocam uma sombra por cima da Terra. Então, seguindo os episódios leves do canto dos pássaros, o tema é repetido três vezes, para concluir com uma afirmação comovente”.
A mensagem dessa Sinfonia, como Beethoven disse, é “Uma aproximação ao conhecimento de Deus através da Natureza”.
Um escritor definiu admiravelmente a fé de Beethoven que era cósmica e não cega, dizendo: “A Natureza era a Divindade para Beethoven; dela, ele tinha aprendido a aceitar todos os fenômenos como reflexões da Mente de Deus. Ele se sentia um ser escolhido de revelação sobrenatural, um herói, um salvador que tinha sofrido e, elevando-se, tinha sentido a vida divina dentro dele… À doutrina da Natureza em Deus e Deus na Natureza, de Deus imanente no universo, ele acrescentou uma mística compreensão de Deus como habitando em um simples indivíduo artístico e criativo”.
Há uma grande Sinfonia soando para sempre através da natureza, uma rara Sinfonia de harmonia e beleza que é inaudível para os ouvidos humanos e invisível para os olhos humanos até que se tenha elevado a consciência ao ponto onde ela possa se comunicar com os poderes que funcionam no lado interno da vida. O som do vento nas árvores, o estrondo da tempestade, o tamborilar da chuva, o melancólico chamado do cuco e o terno som da canção do rouxinol que são tão graficamente transcritos nessa Sinfonia, não são mais do que um aspecto da beleza e da harmonia da natureza. Em sons musicais refinados e Etéricos, o compositor transmite a música rarefeita do brotar da tenra grama, o desdobrar das pétalas das flores, o movimento das novas forças vitais nas folhas que brotam, no movimento rítmico dos Espíritos do Ar e no canto alegre de seres angelicais – todas essas coisas delicadas e intangíveis que pertencem ao lado oculto da natureza, Beethoven expressou no segundo e terceiro movimentos com tal delicadeza e beleza que suas maiores interpretações provavelmente não conseguiram descrever.
Beethoven era um filósofo musical profundo que possuiu não só a faculdade de perceber o lado vital da natureza, mas também teve o incomparável dom de transcrever algo da linguagem espiritual para que todos a ouvissem. Todos, no entanto, não desenvolveram a sensibilidade para perceber os tons superiores espirituais que ele foi capaz de colocar dentro de suas composições divinamente inspiradas. Mas, eles estão lá esperando reconhecimento, enquanto a humanidade se eleva suficientemente em consciência para acompanhar o compositor aos planos dos quais ele retirou sua sublime inspiração. Nesse meio tempo, aqueles que não são ainda capazes de compartilhar completamente em tudo o que o compositor experimentou na criação de seus trabalhos imortais são, no entanto, beneficiários do que eles realmente ouvem num maior sentido vital do que geralmente é reconhecido.
A música origina-se no Mundo celeste e, se o ser humano está ciente do fato ou não, ela serve para preservar nele, embora de maneira muito tênue, alguma recordação das esferas divinas das quais ele veio e para as quais ele está destinado a voltar. Torna-se um fator importante prevenir o ser humano de cair no esquecimento de seu verdadeiro lar.
E assim, ouvindo a Sinfonia Pastoral de Beethoven, o Ego humano é realmente colocado em contato com mais do que impressões de natureza externa qualquer que possa ser o grau de sua percepção consciente do que é então conectado. Lá está; ela colide com seus veículos mais sutis e deixa uma impressão que é refinadora, sensibilizadora, construtiva e redentora.
Portanto, não é somente música da natureza, como esse termo é geralmente compreendido, que Beethoven deu ao mundo em sua Pastoral. Não é uma tentativa de descrever programaticamente cenas físicas e efeitos atmosféricos. Para aqueles que podem perceber as nuances espirituais desta criação sinfônica, melodias alegres de pássaros transportam comunicações angélicas, águas correntes carregam uma paz interior, os campos abertos expandem os horizontes, enquanto florestas são transformadas em grandes catedrais e montanhas em elevadas cidadelas de Deus.
A nota-chave espiritual da Sexta Sinfonia é “unidade”. Seis é um número que expressa luz, amor e beleza. Esses são os humores musicais prevalecentes da Sexta Sinfonia.
A Sexta Sinfonia está relacionada com a sexta camada da Terra. É o Estrato Ígneo. Nessa conexão, não temos que considerar o fogo no sentido literal, pois esta sexta camada é luminosa. O ocultista entende a diferença entre Fogo e Chama. Fogo é uma força espiritual e Chama é o aspecto material daquela força. Moisés esteve diante da sarça ardente que não era consumida, o que significa que ele esteve na presença do ser espiritual da Luz que queimava, mas não se consumia.
Essa sexta camada da Terra reflete as forças espirituais daquele plano elevado que é conhecido metafisicamente como o Mundo da Consciência Crística. É o plano no qual todo o sentido de separatividade foi transcendido e a verdadeira universalidade de toda a vida é realizada. Aqui, a unidade completa prevalece. Se, em obediência à admoestação de São João, nós andamos na luz como Ele está na luz, teremos fraternidade entre todos. Este é o efeito da música da Sexta Sinfonia que podemos supor que foi escrita sob a inspiração da sublime visão da inclusiva e harmoniosa fraternidade existente nesse plano espiritual elevado.
Beethoven estava sempre nutrindo em seu coração o ideal da fraternidade humana. Era profundo e intenso; isso tocava o incomum e o cósmico. Na Sexta Sinfonia estão projetadas essas qualidades com relação à Natureza, a exteriorização de Deus no qual nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. É sobre esse mesmo ideal de fraternidade que ele leva o ouvinte nas asas do êxtase para os altos planos da glória no Finale da sua Nona Sinfonia poderosa. É só quando esse estado de consciência está desenvolvido que as glórias internas da Natureza podem ser reveladas e o sublime trabalho da Sexta Iniciação pode ser empreendido com sucesso.
Como foi dito anteriormente, depois da quinta Iniciação, o trabalho se torna tão elevado que pouco pode ser dito sobre ele. Para interpretar algo sobre a Sexta Iniciação, Beethoven invocou o Espírito da Natureza. Ao estudar a natureza com reverência e devoção cada vez mais crescentes, mais seus sublimes mistérios são revelados ao ser humano, e mais próximo ele se afina com Deus. Um sábio mestre advertiu os aspirantes que procuram entrar nos profundos mistérios da vida dizendo que eles “estudassem a natureza, pois ela contém a marca da divindade”.
Beethoven considerava essa admoestação. É como ele expressou sua fé na sabedoria a ser aprendida, um texto que ele copiou de forma a tê-lo sempre com ele e, também, diante dele. Assim: “O ser pode corretamente denominar a Natureza de escola do coração; ela nos mostra claramente nossos deveres para com Deus e nosso vizinho. Portanto, eu desejo me tornar um discípulo dessa escola e oferecer a Ele o meu coração. Desejoso de instrução, eu tentaria obter aquela sabedoria que nenhuma desilusão pode rebater; eu ganharia um conhecimento de Deus e através desse conhecimento, eu obteria um antegozo da felicidade celestial”.
A Sexta Iniciação está relacionada com a Iniciação do Fogo. O segredo da vida está conectado com o fogo e é nessa Sexta Iniciação que a pessoa chega diante dessa poderosa verdade. Aqui, ela aprende a distinguir a chama do fogo. A chama é reconhecida pelos cinco sentidos físicos, enquanto o espírito do fogo é percebido só através das faculdades espirituais. Aquele que conhece os segredos da Iniciação do Fogo pode passar sem se queimar através da chama. Vários exemplos disso estão registrados no mais profundo dos livros ocultos, a Bíblia. Tal é a trasladação de Elias para o céu numa carruagem de fogo, a passagem dos três homens sagrados através do fogo como está escrito no Livro de Daniel e as línguas de fogo que estão colocadas nas cabeças dos Discípulos em Pentecostes. Essas são todas descrições dos vários estágios ou aspectos da Iniciação pelo Fogo, e todas relatam, em certo grau, o Sexto Mistério.
Os ciclos de renascimentos através dos quais o espírito individualizado tem que passar é o processo pelo qual as potencialidades divinas são despertadas e desenvolvidas em chama vivente. Essa é a luz a que São João se referiu quando disse: “Se nós andamos na luz como Ele está na luz, teremos fraternidade uns com os outros”. É só quando o ser humano desperta essa luz em si mesmo que ele pode conhecer o verdadeiro significado da fraternidade. A humanidade não pode oferecer ao Criador maior presente do que aquele de manifestar uma fraternidade universal e um mundo unido.
Beethoven compôs a Sétima das Nove Sinfonias em toda a exuberância de sua maturidade criativa, e cada um dos seus quatro movimentos transbordam a ardente essência de sua inspiração. O ouvinte é dominado pela abundância de sua beleza. Nesta Sinfonia, você sente o gênio de Beethoven como algo inesgotável, glorificado em sua própria força titânica, como se fosse uma divindade ignorando sua casta, orgulhoso de seu conhecimento de força invencível, liberto, despreocupado, salvo quando o Allegretto admite uma divina melancolia.
Pitts Sanborn[69]
A primeira apresentação dessa Sinfonia foi em Viena, em 8 de dezembro de 1813, fazendo assim um intervalo de cinco anos entre a Sexta e a Sétima. Durante esse período, Beethoven esteve aprofundando sua consciência espiritual e captando uma afinação mais próxima às forças da música celestial. O que ele produziu na Sétima Sinfonia oferece ampla evidência da verdade que a avaliação do Sr. Sanborn fez acima.
A nota-chave espiritual da Sétima Sinfonia é Exaltação. Sete marca a conclusão de um ciclo em termos de duração de tempo. A trindade do espírito (o Tríplice Espírito) se eleva triunfante sobre o quatro da matéria[70]. O espiritual se torna primário agora e o material, secundário. É esse triunfo do Espírito que é o glorioso tema da Sétima. Tanto Richard Wagner como Franz Liszt[71] olharam a Sinfonia como a “apoteose da dança”. O mais profundo espírito da dança representa ritmicamente a ascensão no caminho da Iniciação que termina em divina harmonia com a Eterna Luz. Do ponto de vista da interpretação, a Sétima Sinfonia é verdadeiramente uma Apoteose da Dança.
Wagner identificou essa Sinfonia com a dança em sua mais alta expressão como a realização do corpo em forma ideal. Ninguém melhor que ele sabia que a dança teve sua origem nos movimentos das esferas planetárias e que a missão de Beethoven era recapturar algo destas harmonias estelares.
No primeiro movimento (Poco sostenuto[72], vivace[73]), acordes exultantes e dominantes repetem esta canção triunfante acompanhada do inebriante ritmo do tema principal. Essa introdução desdobra os temas que se seguem numa sucessão de escalas ascendentes que foram descritas como escadas gigantes. Beethoven aqui está afinando os ouvidos humanos com os ritmos planetários. Ele traz à Terra insinuações da música das esferas pelas quais os sistemas solares são impelidos em seus movimentos. Assim, sua música se torna uma escada que vai até as estrelas. Ele carrega o ouvinte para as grandes alturas e profundezas, transcendendo a pequena e limitada esfera na qual o ser humano mortal se move em seu estado sem inspiração.
No segundo movimento (Allegretto), um tom de solenidade é introduzido. Ele passa de Lá Maior para Lá menor, já que é mais fácil recapturar os ecos da música celestial em tons menores. É como se o Espírito estivesse perplexo na realização da responsabilidade que vem com tal consecução. Esse tom solene e misterioso persiste por todo o movimento. Foi comparado a uma procissão através das catacumbas.
O terceiro movimento (Presto, presto meno assai) toca uma nota ainda mais exultante do que a que foi ouvida no primeiro movimento. Ritmos alegres e emocionantes são introduzidos pelas cordas com uma resposta alegre dos instrumentos de sopro. Há arpejos dançantes e um espírito de scherzo nele todo.
O Finale (Allegro com brio) é colossal e magnífico. É como se o Céu e a Terra se juntassem num poderoso coro de majestade e poder. É a voz do espírito extaticamente proclamando: “Estou livre, estou livre, para sempre e para toda a eternidade. Estou livre”.
Esse Espírito de exultante liberdade naturalmente trouxe à expressão a companhia da arte da dança. Wagner, que anteriormente se referiu à essa conexão, sentiu que não havia nada tão torpe e surdo que pudesse resistir à fórmula mágica; os galhos, as latas e as xícaras, o cego e o aleijado, etc., cairiam na dança.
A celebrada Isadora Duncan[74] dançou todos os movimentos dessa Sinfonia, exceto o primeiro, no Metropolitan Opera House em Nova York em 1908, e o Ballet Russo de Monte Carlo também transcreveu o trabalho todo em poesia do movimento. A coreografia que a Sinfonia evoca tem um caráter mais etérico e espiritual do que físico; isto foi declarado por um comentarista que pensou nela expressando uma dança cerimonial que deve ter sido realizada pelos coribantes[75], os sacerdotes de Cibele[76] em volta do berço do infante Zeus.
UMA VISÃO DO CAMINHO
Um viajante se aproxima de uma enorme e elevada montanha, cujo topo coberto de neve brilha à luz do Sol como uma coroa de diamantes. A subida dessa montanha é íngreme e perigosa, o caminho estreito e escarpado. Frequentemente, o viajante perde seu passo e cai de bruços no chão, mas sempre a silenciosa voz interior firmemente o impele “Para frente e para cima, para sempre”. Às vezes ele toma o caminho errado e tem que retroceder pelo longo e estreito caminho, mas sempre a voz interior, gentil, mas insistente, é ouvida dizendo: “Você nunca falhará enquanto persistir, pois a única falha está em parar de tentar”. Outra vez, o caminho leva através de escuras e estreitas fendas onde o Sol está longe da vista. É, então, que em sua visão mental ele pode ver o pico coberto de neve acima. O topo está rodeado por grandes conjuntos de rochas perpendiculares, escondendo toda a visão do caminho. Para concluir a subida, o viajante tem que possuir muita coragem, persistência e uma vontade que é dominada pelo Espírito.
Finalmente, o topo é alcançado e oh! a maravilhosa glória da vista! Lá em baixo, ao longe, estão as planícies e os vales rodeados por montes humildemente entremeados por cintilantes riachos. Há também grandes cidades nas quais a humanidade se ocupa com sua rotina diária, a maioria estando tão ocupada e tão descuidada para levantar seus olhos e pegar a inspiração dos lindos picos brancos lá em cima.
Quando o viajante eleva seus olhos, ele se enche de espanto, pois o topo no qual ele está, o qual ele pensou estar tão alto e ser o final, está diminuído por montanhas mais altas, cujos picos estão completamente longe da vista no imenso azul. As palavras do poeta místico Kalil Gibran[77] vêm à mente com um novo significado: “Quando você chega ao topo da montanha, então é que você começará a subir”.
É então que o viajante grita: “O que está além dos majestosos picos, cujas alturas se perdem nos céus?”. E a voz, em alegre exaltação, responde: “o infinito”. “E o que está além do infinito?”. Como uma bênção vinda de lugares distantes, em sons de doçura sobrenatural, a voz responde: “Um infinito de infinitos”.
Essa é a canção da alma da Sétima Sinfonia de Beethoven, o Espírito triunfante e exultante cantando: “Sempre para frente e para cima, pois o caminho da verdade não tem fim e a busca é eterna”.
A Sétima Iniciação Menor está conectada com o sétimo Estrato da Terra conhecido como Estrato Refletor. Esse estrato está correlacionado com o Mundo do Espírito Divino e está permeado com o poder espiritual desse Mundo celestial.
Fiel ao seu nome descritivo, o Estrato Refletor na Terra reage exatamente à natureza dos pensamentos e desejos do ser humano que podem ser construtivos ou destrutivos, pois, sob a Lei de Causa e Efeito, tanto os seres humanos como as nações colhem como semeiam. Assim age a Lei Divina ao operar no Mundo do Espírito Divino, que é a contraparte superior do Estrato Refletor da Terra.
A história oculta registra a submersão do Continente Atlante e a destruição de sua adiantada civilização, devido à muito difundida prática da magia negra. Nos tempos históricos, lemos sobre a queda da Babilônia, uma das mais famosas e bonitas cidades da Terra, seus jardins suspensos tendo sido classificados entre as Sete Maravilhas do Mundo. Em Pompéia, os arqueologistas descobriram evidências do descuido moral e depravação que existia entre os habitantes, que agiam por meio das forças localizadas no Estrato Refletor da Terra, no desastre natural que enterrou a cidade sob lava e cinzas. Também, na Bíblia, lemos a destruição de Sodoma e Gomorra, devido às maldades desenfreadas nessas cidades.
O ser humano é um ser sétuplo. O Tríplice Espírito está conectado com o Tríplice Corpo pelo elo da Mente. O propósito principal das peregrinações dele na Terra é capacitar o Tríplice Espírito a trabalhar sobre o Tríplice Corpo para refinar, sensibilizar e espiritualizar estes Corpos mais inferiores e transmutá-los em poderes anímicos.
Antes que esteja pronto para passar através do portal que se dirige a Sétima Iniciação Menor, grande parte desse trabalho tem necessariamente que estar realizado. No sétimo Estrato Refletor da Terra estão guardados os chamados sete grandes segredos da Natureza. Esses segredos estão conectados com os quatro elementos – Fogo, Ar, Água e Terra. Nesse grau, aprendem-se os muitos e variados modos nos quais esses elementos são transmutados com resultados que capacitam o controle das muitas Leis da Natureza. A Sétima Iniciação Menor é o Grau da Divina Sublimação. Quando se passa por esse Grau, o poder alcançado torna possível a jornada dentro dos lugares mais profundos da Terra e nas alturas do espaço interplanetário.
O Iniciado da Sétima Iniciação Menor é ensinado a investigar e compreender mais profundamente algo dos quatro poderes conhecidos como Fogo, Ar, Água e Terra. Esses poderes operam sob a direção dos altos seres celestiais. Muito pouco pode ser dito abertamente com relação a esse trabalho, exceto que, sob o poder do Fogo e do Ar, novos e maiores segredos são ensinados com relação à transmutação e, sob o poder da Água e da Terra são ensinados os mais profundos significados relativos ao equilíbrio e à polaridade.
Nessa elevada esfera para onde o Iniciado é trazido e colocado face a face com as verdades pertencentes a Sétima Iniciação Menor, ele se torna um verdadeiro trabalhador milagroso. Ele aprende o que é passar sem se molestar através do fogo e da água, a dominar a lei da gravidade e a trabalhar em harmonia com a lei da levitação. Ele agora é um verdadeiro mago branco, havendo aprendido a transformar os metais em ouro. Ele ganhou a liberdade da limitação que esse Planeta impõe a ele. É algo desse maravilhoso Espírito de Liberdade que é descrito na gloriosa e inesquecível música da Sétima Sinfonia.
Tal é a magia exercida pela música da Sétima Sinfonia de Beethoven, que o comentarista Philip Hale[78] fez a seguinte observação: “Toda vez que a música é tocada, toda vez que ela entra na Mente, ela desperta novos pensamentos e cada um sonha seus próprios sonhos”.
Há tal poder místico impregnado nessa Sinfonia que ela tem a magia de despertar na alma de um Aspirante à vida superior a visão dos passos que guiam progressivamente na escada ascendente da realização. Mais do que isso, ela realmente irradia energias tonais que emprestam uma força para a alma no caminho da Iniciação, para seguir os passos até que a busca seja finalmente consumada nas glórias celestiais do Reino Celeste.
Nunca a arte ofereceu ao mundo algo tão sereno como as Sinfonias em Lá e em Fá Maior e todos aqueles trabalhos tão intimamente relacionados a elas que o mestre produziu durante o período divino de sua surdez. O seu primeiro efeito sobre um ouvinte é colocá-lo livre de um sentimento de culpa, enquanto dá nascimento a um sentimento de paraíso perdido ao retornar ao mundo dos fenômenos. Desse modo, esses maravilhosos trabalhos preconizam arrependimento e reparação no sentido da divina revelação.
Nesta Sinfonia, há pensamentos musicais intensos, há passagens que, por um momento, soam as profundezas e alcançam as alturas… Sem a grandiosidade da Quinta Sinfonia ou o romance da Sétima, ela contém um final perfeito e um rico estoque de bom humor.
Romaine Rolland[79]
A Oitava Sinfonia teve sua primeira apresentação em Viena, em 20 de abril de 1813. Sua nota-chave espiritual é harmonia.
Os antigos declararam que o número oito contém a marca da divindade e isso é o que a Oitava Sinfonia representa. Berlioz[80] declara que o modelo dessa Sinfonia foi formulado no céu e caiu dentro do cérebro do compositor. Um crítico de arte, escrevendo sobre essa Sinfonia, diz que ela é um brinquedo divino na região do pensamento tonal. Mais adiante, ele diz que a Sétima é uma arte épica ao máximo, então a Oitava Sinfonia é arte lírica em sua plenitude. A Oitava tem sido chamada de “um épico de humor”. Suas quatro divisões são permeadas com um sopro de alegria e transbordam em excêntrico humor. Um leve e caprichoso espírito de felicidade se difunde completamente. É deliciosa em sua totalidade. Dizem que Beethoven olhava-a com ternura e se referia a ela como sua “pequenina”. Talvez fosse por causa de seu espírito despreocupado e, também, porque é a menor das nove.
As duas primeiras partes estão cheias de alegria e suas harmonias extasiantes continuam a tecer e a entretecer através de toda a terceira parte. Ao invés do usual Scherzo, esse terceiro movimento é um lindo e majestoso minueto. Embora delicadamente caprichoso, ele, ao mesmo tempo, toca uma nota mais grave. Foi comparado por alguns escritores a uma exultante risada. E é verdade. Ele soa uma gargalhada triunfante de uma alma emancipada que encontrou sua própria herança divina de imortalidade consciente e a divina bem-aventurança da liberdade cósmica. Como Pitts Sanborn diz “não é o riso de regozijo infantil ou de frivolidade desesperante e imprudente”. Pelo contrário, é o “vasto e interminável riso de que Shelley[81] fala em Prometheus Unbound[82]. É o riso de um homem que amou e sofreu e, escalando as alturas, alcançou o cume. Só uma ou outra nota de rebeldia se intromete momentaneamente; e, às vezes, em repouso lírico… uma intimidação da Divindade mais do que o ouvido descobre”.
O Finale sobe a alturas ilimitadas em ritmo e fantasia. Irregularidades repentinas e ritmos interrompidos servem para criar uma atmosfera de mistificação deliberada. É fantasia altamente carregada designada para levar o ouvinte além dos estreitos confins da mente concreta.
A Oitava Sinfonia é, no entanto, uma outra composição que o grande gênio criativo de Beethoven deu ao ser humano para ajudá-lo em seus objetivos espirituais, que era seu verdadeiro destino perseguir e cumprir.
George Grove[83], em seu trabalho “Beethoven´s Nine Immortals” descreve o poder de Beethoven de abstrair-se do mundo externo e viver num mundo de sonho dele próprio. Seu ideal, como o de todos os grandes heróis, teve pouco interesse no mundo e nas poucas pessoas em volta dele. Ele foi um pico de uma montanha solitária e elevada que olhava para os vales. Seus olhos testemunhavam um solitário homem espiritualmente faminto. Seu idealismo sobrepassava seu julgamento. Era difícil para ele aceitar coisas realmente diferentes das que ele idealizava. Nos seus últimos anos ele mergulhou em profunda ternura e doce melancolia, resultando no que ele denominou sua “tendência feminina”.
Beethoven foi um instrumento usado pelo Espírito da Música para se realizar mais do que um homem que meramente compôs música. Em sua música, sempre criando mundos, seu grande gênio foi mostrado em seus movimentos rápidos, pois eles refletem os ritmos das órbitas celestes que se movem com mais velocidade que a luz.
Gustav Nottebohn[84], em seus Esboços de Eroica, observa que Beethoven alcançou um tipo de melodia que alguns chamaram de absoluta e, compondo seus últimos trabalhos, ele ficava verdadeiramente “possuído”. Sua Mente Superior assumiu a direção. Então, não trabalhou do pormenor para o todo, mas começou do todo para o pormenor. Sob um estado subconsciente, uma composição era como um todo antes que ele começasse a pensar nos detalhes. Um poeta expressou essa mesma verdade nas palavras: “Você não teria me procurado a menos que já tivesse me encontrado”.
Referimo-nos repetidamente às Nove Sinfonias como música cósmica. Quando Beethoven as escreveu, elas eram obviamente para demonstrar musicalmente as verdades fundamentais da polaridade. As Sinfonias ímpares possuem a grandiosidade, a rapidez, a ousadia, a coragem, a inovação e todas as qualidades masculinas dominantes. As de números pares são doces, ternas, dóceis, calmas, características do feminino.
A Quinta em Dó Menor teria seguido a Terceira, ou a Eroica. Beethoven colocou em prática esboços como elas originalmente chegaram a ele, de acordo com seus biógrafos. Algo em sua natureza antecipou isso até que a mais gentil Sinfonia em Si Maior, a Quarta, inseriu-se num modelo divino que a colocou imediatamente depois da poderosa Terceira. Então, seguindo a Épica Quinta, segue-se a Sexta ou Sinfonia Pastoral como um companheiro contemplativo.
Outra vez, após um espaço de quatro anos, Beethoven produziu outro par de afinidades complementares: a Sétima, de força masculina, e a Oitava, de atributos femininos, as duas produzidas em 1862 em sequência.
Finalmente, quase dez anos mais tarde, apareceu a magnífica mistura de opostos, que tinham se alternado nas precedentes oito Sinfonias e culminou na grandiosidade da Nona.
A oitava Iniciação está relacionada com a oitava camada da Terra conhecida como Estrato Atômico. O poder dessa Iniciação é tal que um objeto situado nesse Estrato, quando usado como um núcleo, pode ser multiplicado à vontade. Era o poder dessa oitava Iniciação que o Senhor estava demonstrando aos Discípulos quando multiplicou os cinco pães e os dois peixes e alimentou cinco mil – com doze cestas cheias de sobra[85].
Muito pode ser dito sobre essa Iniciação, excetuando que o participante tem que ter conquistado domínio sobre si mesmo e sobre o Mundo material. Uma harmonia básica é um requisito para a entrada nesse elevado Rito. As essências da experiência adquiridas através das Iniciações que precederam são aqui transformadas em poder anímico de tal força que uma tão esperada harmonia se torna a nota-chave da vida. O ser nunca mais explodirá numa experiência emocional, nem será indevidamente sacudido por eventos dolorosos ou agradáveis. Ele achou agora para sempre aquela profunda e intensa calma e paz à qual São Paulo se referiu quando disse que de fato nenhuma das coisas do mundo exterior o comoviam.
A esfera celestial chamada no ocultismo de Mundo dos Espíritos Virginais está refletida no oitavo Estrato da Terra. É nesse nível de vida que Deus diferencia dentro d´Ele as entidades que constituem uma Onda de Vida evolutiva. É desse plano que esses seres divinos em embrião entram em sua jornada evolutiva eterna através do tempo, espaço e matéria. Nesse estágio, os Espíritos Virginais possuem só consciência divina. O fim a ser atingido através de sua Involução dentro da matéria é a autoconsciência, quando o processo evolutivo o leva de volta à consciência Divina.
Na oitava Iniciação, o Iniciado é levado para muito além do mundo humano. As palavras são inadequadas para descreverem as maravilhas e as glórias daquele Mundo espiritual no qual ele é permitido entrar. A sublime música da Oitava Sinfonia transcreve algumas das maravilhas daquele Mundo.
Toda alma iluminada canta sua própria canção de realização. Essa canção é, às vezes, uma expressão de aspiração, busca, agonia, desilusão e mesmo de completa escuridão. Então, como a agonia continua, segue-se uma nova, fresca e sempre profunda dedicação, que culmina eventualmente numa vitória de completa conquista de si próprio. Essa foi a canção de alma que Moisés cantou na vitória do Mar Vermelho, uma vitória que se referiu não tanto a uma ocorrência física, mas a uma transmutação perfeita em seu interior. Outras canções de alma de tal alcance são os imortais Salmos de Davi e a melhor de todas as canções de amor, o 13º capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios[86]. Também a Canção do Cisne de Lohengrin naquele magnífico drama musical que leva o seu nome.
É essa mesma Canção de Realização que é ouvida na Oitava Sinfonia de Beethoven composta não em palavras, mas na linguagem tonal trazida inspiradamente do mundo celeste do som. O Finale dessa Sinfonia ressoa toda a profunda alegria do Ser Emancipado. É a Canção de Alma daquele que aprendeu, por sua divindade inata, a reivindicar sua herança que é a Liberdade Cósmica. Essa é a nota-chave da oitava Iniciação e o elevado tema musical da Oitava Sinfonia.
O elevado trabalho dessa oitava Iniciação está exemplificado na música dessa Sinfonia que é tão suave, linda e cheia de tal corrente de força que parece cantar a habilidade de acalmar a violenta tempestade ou de remover montanhas de seus lugares. A música da Oitava Sinfonia é a expressão do Feminino altamente aperfeiçoado, aquele poder espiritual que o alquimista descreveu como o Feminino em Exaltação.
(Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)
A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua transparente beleza de ideia, há pouco no mundo da música que possa se aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas ideias são tão ricas em variedade, tão delicadas em orquestração e, também, tão profundamente simpáticas, que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime … Ninguém pode negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente espalhadas.
Autor Desconhecido
Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante esse intervalo houve, evidentemente, uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.
Quando os Senhores do Destino procuram um mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e elevará a humanidade, muito tempo e cuidado são dedicados à sua escolha. Precauções especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo exterior.
Um mensageiro assim escolhido para uma grande missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a se tornar um canal claro e livre para seu objetivo.
No funeral de Beethoven foi dito: “ele não tinha esposa para chorar por ele, filho, filha – mas o mundo todo lamenta junto ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um músico – a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, talvez isso foi sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das Hierarquias Criadoras. Essa música é tão sublime e etérea que os sons dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza e beleza. E, assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um transmissor mais perfeito para essa música celeste. Muito embora o espírito possa estar ciente de seu elevado destino, enquanto ele está confinado dentro do corpo humano, terá que lutar com as limitações de seu instrumento mortal. E, assim, havia momentos em que Beethoven dava espaço à melancolia e ao desespero, às vezes, voltando-se contra o destino.
O verdadeiro propósito do sofrimento é servir de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” lê-se que “antes que os olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade, e que antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade, e que antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados no sangue do coração”.
Como Edward Carpenter[87] escreve sobre Beethoven em seu livro Angel´s Wings:“Embora sua vida exterior, pela surdez, doença, pelas preocupações financeiras e pela pobreza fosse despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de ser humano. O que essa luta deve ter sido entre suas condições internas e externas – de seu “eu real” com os solitários e pobres arredores nos quais estava encarnado – nós só sabemos através de sua música. Quando nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isso possa abraçar e redimir a humanidade”.
A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É, também, o número da Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o ser humano retorna à união com Deus.
Notou-se previamente que as Sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Essas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento da alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona Sinfonia.
Como foi dito anteriormente, as Sinfonias ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio, um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio Místico. Essa união marca o supremo alcance do ser humano sobre as coisas terrenas. Beethoven captou o lindo coro do Querubim na glória da Nona Sinfonia para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de seu poder espiritual.
O escritor John Naglee Burk[88], em seu livro “Life and Works of Beethoven”, se refere a esses ecos celestiais como “murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo celestial que Beethoven interiormente percebia se tornaram cada vez mais claros e mais fortes; enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de suspense até que o tema em si é revelado… e proclamado fortíssimo pela orquestra toda em uníssono. “Ninguém”, ele acrescenta, “igualou esse poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por essa página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida, lembrou-a quando descreveu a serenidade elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.
“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill[89] em seu trabalho intitulado The Symphony, “é comparável aos vigorosos trabalhos como a Eroica e a Quinta Sinfonia, num plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas ideias musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo parece nebuloso e mal definido emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Essa abertura portentosa é em seguida reformulada… e o tema todo é transferido, ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação desse tema gigante que temos e esse, em sequências que se elevam, marcha para frente sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale”.
“É difícil se encontrar algo mais requintado em toda a música”, escreve E. Markham Lee[90] no livro “The Story of the Symphony”, “do que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão majestoso em suas ideias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é maravilhosa e suas qualidades expressivas… são excelentes”.
O segundo movimento, um Scherzo, embora realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu “ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco como uma dança”. Berlioz o comparou ao ar puro e claro que acompanha o nascer do Sol numa manhã brilhante de maio.
“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee, “para comentar adequadamente o Adagio (terceiro movimento), uma das mais perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard Shore[91], falando desse terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”, afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável Toscanini[92] ao apresentar essa parte “fez todo o esforço para transferir o toque de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. ‘No Paraíso!’, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e nunca foi permitido que se tornassem apaixonadas – só etéreas.
Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza – perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final”.
Beethoven experimentou uma grande liberdade interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que esse mundo já conheceu. Sigmund Spaeth[93] em seu livro “A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A Sinfonia alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele, grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda a música daí por diante é música numa longa tarde”.
Ludwig Von Beethoven foi um dos mais importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipação, da igualdade e da eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.
Beethoven também mostrou sua completa harmonia com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio[94], o fiel. Em sua heroína, Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam se tornar realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornarão universais. São essas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a Nona Sinfonia.
O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa. A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito e voltamos para o infinito.
Rabindranath Tagore[95]
Como mencionado anteriormente, Beethoven foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição humana. Essa “pressão interna levou-o a escolher uma vida de autoabnegação e retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações do mundo numa época, e entre pessoas amplamente entregues à busca do prazer”.
Por música cósmica, queremos dizer música das Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na celebração dos Ritos do Matrimônio Místico da nona Iniciação que Beethoven gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.
A humanidade não poderá vivenciar a alta exaltação espiritual desse Rito até que tenha aprendido a construir e a viver em um Mundo Unificado – um mundo em que a Paternidade de Deus e a Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade universal foi seu supremo objetivo; para esse fim, seu grande gênio estava completamente dedicado.
Para o Coral, Beethoven usou o poema de Schiller[96], Ode à Alegria. Esse poema, que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a Fraternidade Universal.
Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce voo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora! [97]
Por razões políticas, Schiller não usa a palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores, para contatar seres celestes que habitam aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.
No primeiro movimento, os céus emitem poderosos sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.
O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os primeiros raios do sol nascente de maio”.
O Adagio se expressa em variações de crescente complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas Sinfonias é uma divina aventura em espírito. O Espírito, quando despertado (iluminado), não pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico tem para oferecer.
O Finale nos fala sobre isso. Ele questiona e procura avidamente por mais luz. Uma sugestão dessa alta realização cantada pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então gradualmente desdobrado em Ré Maior (ainda uma experiência no plano terrestre).
No quarto movimento, Beethoven, pela primeira vez, introduz palavras numa Sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou essa Ode para expressar solidariedade humana. Esse coro sublime eleva a Terra para perto do Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.
A nona Iniciação conduz ao coração da Terra. Nesse centro, está refletido o plano espiritual mais elevado, o Mundo de Deus. Esse é um plano onde reside o Absoluto. Aqui, o Espírito se une com a matéria, o finito funde-se com o Infinito e Deus e o ser humano se encontram face a face.
É aqui que os Deuses de outros Sistemas Planetários comungam com o Deus deste Sistema. É aqui que os sagrados Mistérios da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este Planeta pode traduzir a maravilha e a glória dessa sublime experiência, excetuando o magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.
O diagrama 18 do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham alcançado seus mais altos degraus. Somente aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste, o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos Cristianizados alcançando as mais elevadas esferas da consciência. Porém, esse é o alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se faça merecedora da ascensão divina.
Na Noite Santa, quando a nona Iniciação é celebrada, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase. Os ecos dessa gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.
No coração da Terra, há três centros de poder que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras, há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.
A participação na nona Iniciação é possível somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de perfeito equilíbrio, com a Mente espiritualmente iluminada, o Coração um transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da força vital regenerada. Essa realização alcança o clímax se encontrando face a face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É essa a gloriosa experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, a nona Iniciação.
A única música que pode adequadamente descrever o êxtase da alma dessa experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de tecer na Nona Sinfonia. É só por meio dessa música celestial que sua importância espiritual pode ser entoada. É música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o ser humano é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.
Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho de Beethoven estava completo; seu destino se cumpriu. Esse é o seu canto do cisne, sua mais magnífica realização. Essa composição incomparável, como foi dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827, ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu Senhor!”[98].
F I M
[1] N.T.: da obra The Unconscious Beethoven (de 1927) de Ernest Newman (1868-1959) que foi um crítico musical e musicólogo inglês.
[2] N.T.: Composição musical para orquestra, em forma de sonata, dividida em três ou quatro partes (alegro, andante, scherzo ou minueto e final ou rondó).
[3] N.T.: Os titãs (masculino), na mitologia grega, estão entre as entidades que enfrentaram Zeus e os demais deuses olímpicos na sua ascensão ao poder.
[4] N.T.: ou Prometeu (em grego: “antevisão”), na mitologia grega, filho de Jápeto (filho de Urano; um incesto entre Urano e Gaia) e irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio. Algumas fontes citam sua mãe como sendo Tétis, enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia oriental, também chamada de Clímene, filha de Oceano. Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo de Héstia e dá-lo aos mortais.
[5] N.T.: da obra Ludwig Van Beethoven de Edmond Bordeaux Szekely (1905-1979) que foi um filólogo/linguista húngaro, filósofo, psicólogo e entusiasta da vida natural.
[6] N.T.: da obra Beethoven de Wilhelm Richard Wagner (1813—1883) que foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, primeiramente conhecido por suas óperas (ou “dramas musicais”, como ele posteriormente chamou).
[7] N.T.: Johann Gottfried von Herder (1744–1803) foi um filósofo, teólogo, poeta e crítico literário alemão.
[8] N.T.: Maestro e escritor americano (1900-1962)
[9] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da Terra Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do Mar Morto, onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante, num poema envolvendo todos os personagens bíblicos do Antigo ao Novo Testamento, que são costumeiramente encontrados nas entranhas do Inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada, Virgílio – o próprio autor da Eneida.
[10] N.T.: Dante Alighieri (1265-1321) foi um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália. É considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana.
[11] N.T.: Paraíso Recuperado (em inglês: Paradise Regained) é um livro do século XVII do poeta inglês John Milton, publicado em 1671. É, por assim dizer, uma continuação de seu anterior livro “Paraíso Perdido”. O poema foi composto na casa de Milton em Chalfont St Giles em Buckinghamshire, e foi baseado no Evangelho de Lucas.
[12] N.T.: John Milton (1608-1674) foi um poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês, servindo como Secretário de Línguas Estrangeiras da Comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell. Escreveu em um momento de fluxo religioso e agitação política, e é mais conhecido por seu poema épico Paraíso Perdido. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos Anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem. Após uma invocação à Musa, o poeta descreve brevemente a rebelião dos Anjos liderados por Lúcifer, a qual, fracassada, lhes custou o paraíso. Despertando no inferno depois de nove dias de confusão, estes deliberam sobre o que fazer, e Lúcifer, daí por diante chamado Satanás (do hebraico Satan: adversário), faz saber de um novo mundo e uma nova criatura – o homem – que seriam criados por Deus. Os demônios decidem corromper esse novo ser e desviá-lo do Criador, seu inimigo. Entrementes, no paraíso, Deus segreda a seu Filho a iminente transgressão do homem e todo o sofrimento que se lhe seguirá, e o Filho se oferece a si mesmo em sacrifício pela redenção da humanidade. Para assegurar que o homem seja responsável por seus atos, Deus envia um Anjo para notificar Adão e Eva do perigo; no entanto, a despeito da advertência, Eva é seduzida por Satanás, então no corpo de uma serpente, e come o fruto proibido, fazendo-o comer também a Adão. Os pais da humanidade são expulsos do Jardim do Éden e tomam conhecimento, como toda a sua descendência, do pecado e da morte; mas uma revelação do futuro consola o primeiro homem, que testemunha o nascimento e a morte do Cristo e a remissão dos nossos pecados.
[13] N.T.: Louis-Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor e maestro romântico francês.
[14] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1976) foi compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[15] N.T.: Um movimento é uma parte independente de uma composição ou forma musical. Enquanto movimentos individuais ou selecionados de uma composição são realizados às vezes separadamente, uma execução do trabalho completo exige que todos os movimentos sejam executados em sucessão. Um movimento é uma seção, “uma grande unidade estrutural percebida como resultado da coincidência de um número relativamente grande de fenômenos estruturais”.
[16] N.T.: Allegro (“alegre” em italiano) – (120-128 BPM – batidas por minuto) – é um andamento musical leve e ligeiro, mais rápido que o allegretto (112-120 BPM – batidas por minuto) e mais lento que o presto (168-200 BPM – batidas por minuto, muito rápido). Costuma ser de maior dificuldade técnica que andante (176-108 BPM – batidas por minuto, ritmo de caminhada) ou adagio (66-76 BPM – batidas por minuto, devagar) por ter caráter mais contínuo e rápido que esses citados. É muitas vezes o movimento mais lembrado de Sinfonias e de concertos por ter uma movimentação musical mais engajadora e uma construção mais focada no desenvolvimento da invenzio apresentada do que em outros tempos mais melódicos (como adagio e andante).
[17] N.T.: Adágio é um andamento musical lento, por consequência composições musicais com esse tempo são conhecidas como adágios. O termo deriva de “ad agio” (comodamente). Costuma situar-se entre 66 e 76 batidas por minuto em um metrônomo tradicional, sendo, portanto, mais rápido que o lento e mais lento que o adagietto (72-76 BPM – batidas por minuto, bastante devagar, ligeiramente mais rápido que o adagio)e o andante. São comumente adágios o segundo mine e o segundo ou terceiro movimento de uma Sinfonia.
[18] N.T.: Denomina-se Andante o tempo depois de ter um andamento que se forma um trecho musical. É o andamento que vai determinar com precisão a duração do som ou do silêncio representado pelas figuras musicais.
[19] N.T.: Minueto ou minuet é uma dança em compasso de 3/4, de origem francesa ou uma composição musical que integra suítes e Sinfonias.
[20] N.T.: O scherzo (no plural scherzi, pronunciados isquêrtso, isquêrtsi) é um gênero musical de nome dado a certas obras ou a alguns movimentos de uma composição que possui maior duração, como uma sonata ou uma Sinfonia. Significa “piada” em italiano. Frequentemente se refere a um movimento que substitui o minueto como o terceiro movimento em um trabalho de quatro movimentos, como uma Sinfonia, sonata, ou quarteto de cordas.
[21] N.T.: Um Finale é o último movimento de uma Sonata, Sinfonia ou Concerto; o final de uma peça de música clássica não vocal que tem vários movimentos.
[22] N.T.: Na notação musical, um compasso é uma forma de dividir quantitativamente em grupos os sons de uma composição musical, com base em batidas e pausas.
[23] N.T.: O rondó é uma forma musical instrumental, que começou a ser mais claramente estabelecida em meados do Barroco Musical (2. med. séc. XVII), mas foi solidificada durante a transição entre Barroco e Classicismo Musical (1. med. séc. XVIII). No plano estrutural genérico, essa forma envolve a presença de diversas seções musicais (indicadas por letras maiúsculas) com variedade em número e conteúdo, começando e terminando com uma seção principal (A), que é normalmente reiterada durante peça, mas alternando com uma ou mais seções secundárias (B, C, D, etc.).
[24] N.T.: Métrica, em música, é a divisão de uma linha musical em compassos marcados por tempos fortes e fracos, representada na notação musical ocidental por um símbolo chamado de fórmula de compasso.
[25] N.T.: também chamado de naipe das madeiras em uma orquestra, é formado basicamente por instrumentos de sopro, como flauta, flautim, oboés, corne inglês, clarinetes, fagotes e contrafagotes. As flautas doces, por exemplo, são de metal, assim como o saxofone. E para quem estranha o saxofone estar nessa família, explicamos: apesar de feito de metal, suas características de funcionamento se assemelham às dos instrumentos do naipe de madeira. Já a flauta, até pouco tempo atrás, era de madeira, então mesmo quando surgiram as versões metálicas elas permaneceram nesta família. Com isso, podemos concluir que os instrumentos não são definidos pela matéria prima e sim pelo funcionamento, principalmente pelas palhetas e pelo sistema de chaves. Na orquestra, a família das madeiras fica no centro, em frente ao maestro e logo acima e atrás das cordas. Geralmente as flautas e oboés vem primeiro e os clarinetes e fagotes logo atrás, em frente aos metais. Esses instrumentos são responsáveis pela ligação entre as cordas e os metais e ajudam a manter a afinação da orquestra.
[26] N.T.: também conhecido como naipe de cordas. Diversos instrumentos utilizam as cordas para emitir música e eles são divididos em três categorias: a família das cordas friccionadas, a das cordas dedilhadas e a das cordas percutidas. Na primeira, o som resulta principalmente do atrito do arco com as cordas, a exemplo dos violinos, da viola, da rabeca, do armontino e do cello. Na segunda, é o dedilhar dos dedos ou das palhetas que extrai a música, como no violão, na guitarra, no alaúde, no baixo, no bandolim, no cavaquinho, na cítara, na harpa e no ukulelê. Por fim, na terceira categoria, o som é emitido quando as cordas são percutidas, como no piano, no cravo e no berimbau. Além dessa classificação, há uma enorme diferença no tamanho dos instrumentos. Isso ocorre porque quanto maior, mais grave é o som que emite (e vice-versa). Por isso, como o violino é o menor instrumento da sua família, é também o que produz o som mais agudo, seguido da viola, do violoncelo e do contrabaixo. Na orquestra, os violinos ainda são divididos em duas vozes, os primeiros e os segundos violinos, e localizam-se logo à esquerda do maestro. Já a viola fica à frente do regente, o cello à direita e o contrabaixo logo atrás do violoncelo.
[27] N.T.: que pertence ao naipe dos metais: é formado basicamente por instrumentos de sopro, como a corneta, a surdina, a trompa, o eufônio, o clarim, a vuvuzela, o berrante, o melofone, a bucina, entre outros. Mas os representantes mais conhecidos são o trompete, a trompa, a tuba e o trombone.
[28] N.T.: que pertence ao naipe da percussão: é dividido em dois grupos. O primeiro reúne instrumentos que emitem mais de uma nota musical, como marimba, tímpano, xilofone, glockenspiel, metalofone e carrilhão; e o segundo é formado pelos que produzem apenas uma nota, como pratos, triângulo, pandeiro e bombo.
[29] N.T.: Livro do Gênesis, Capítulo 1.
[30] N.T.: andamento musical moderadamente lento (60-66 BPM – batidas por minuto). Menos lento que o largo (40-60 BPM – batidas por minuto).
[31] N.T.: Oberon ou Oberão é o rei dos elfos, é um dos principais personagens de William Shakespeare, aparecendo em sua obra Sonhos de Uma Noite de Verão. Esposo de Titania.
[32] N.T.: é uma cidade independente do estado da Saxónia na Alemanha.
[33] N.T.: ou Julie Guicciardi (1784-1856) foi uma condessa austríaca e brevemente aluna de piano de Ludwig van Beethoven. Ele dedicou a ela sua Sonata para Piano nº 14, mais tarde conhecida como Sonata ao Luar
[34] N.T.: Marion Margaret Scott (1877-1953) foi uma violinista, musicóloga, escritora, crítica musical, editora, compositora e poetisa inglesa.
[35] N.T.: Heiligenstadt foi um município independente até 1892 e hoje faz parte de Döbling, o 19º distrito de Viena. Nos meses de verão, Heiligenstadt era um ponto turístico. Ludwig van Beethoven viveu lá de abril a outubro de 1802, enquanto enfrentava sua crescente surdez. Foi um momento difícil para o compositor.
[36] N.T.: A Avenue des Champs-Élysées é uma prestigiada avenida de Paris, na França.
[37] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[38] N.T.: Ésquilo foi um trágico grego antigo e, muitas vezes, é descrito como o pai da tragédia.
[39] N.T.: Sófocles (497 ou 496 A.C.- 406 ou 405 A.C) foi um dramaturgo grego, um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo e Eurípedes, dentre aqueles cujo trabalho sobreviveu. Suas peças retratam personagens nobres e da realeza.
[40] N.T.: Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
[41] N.T.: Públio Virgílio Maro ou Marão (70 A.C.-19 a.C.) foi um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas, e a Eneida.
[42] N.T.: Gioachino Antonio Rossini (1792-1868) foi um compositor erudito italiano, muito popular em seu tempo, que criou 39 óperas, assim como diversos trabalhos para música sacra e música de câmara. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão Il barbiere di Siviglia (“O Barbeiro de Sevilha”), La Cenerentola (“A Cinderela”) e Guillaume Tell (“Guilherme Tell”).
[43] N.T.: em italiano significa “heroica”.
[44] N.T.: Sl 30:5
[45] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[46] N.T.: John Pitts Sanborn (1879–1941) foi um crítico musical, poeta, romancista estadunidense.
[47] N.T.: Dn 3:16-18
[48] N.T.: Pb 16:32
[49] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e fariam com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.
[50] N.T.: Robert Alexander Schumann (1810-1856) foi um pianista, compositor e crítico musical alemão.
[51] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[52] N.T.: Alexander Wheelock Thayer (1817-1897) foi um bibliotecário e jornalista americano que se tornou o autor da primeira biografia acadêmica de Ludwig van Beethoven, ainda após muitas atualizações considerada uma obra padrão de referência sobre o compositor.
[53] N.T.: Francesca da Rimini (Francisca da Polenta) (1255–1285) foi uma nobre medieval italiana, filha de Guido da Polenta, governante de Ravena, fonte de inspiração de Dante Alighieri, que a retratou na Divina Comédia. Seu pai, Guido da Polenta, era o governante da cidade e estava em guerra com a família Malatesta, de Rimini. Quando as famílias negociaram um acordo de paz, por conveniência, Guido concedeu Francesca em casamento para Giovanni Malatesta (Gianciotto), o filho mais velho de Malatesta da Verucchio, lorde de Rimini. Giovanni era um homem culto, porém de péssima aparência e tinha o corpo deformado. Guido sabia que Francesca não concordaria com o casamento de modo que ele foi realizado por procuração através do irmão mais novo, Paolo Malatesta, que era jovem e bonito. Francesca e Paolo não demoraram a se apaixonar. De acordo com Dante, Francesca e Paolo foram seduzidos pela leitura da história de Lancelote e Ginevra, e se tornaram amantes. Posteriormente foram surpreendidos e assassinados por Giovanni. Dante utilizou o romance de Lancelot, a fim de caber no âmbito do regime de amor poesia lírica, que emula Francesca no Canto V do Inferno.
[54] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
[55] N.T.: Chama-se de andamento o grau de velocidade do compasso. No italiano, idioma utilizado tradicionalmente na música, andamento se traduz como tempo, frequentemente usado como marca em partituras. Por exemplo o Allegrissimo ou Allegro vivace – é muito rápido: 172–176 bpm (batidas
por minuto).
[56] N.T.: Ashlar é a melhor unidade de alvenaria de pedra, geralmente cuboide retangular, mencionada por Vitruvius como opus isodomum, ou menos frequentemente trapezoidal. Cortado com precisão “em todas as faces adjacentes às de outras pedras”, o silhar é capaz de fazer juntas muito finas entre os blocos, e a face visível da pedra pode ter a face da pedreira ou apresentam uma variedade de tratamentos: trabalhado, polido suavemente ou processado com outro material para efeito decorativo. Os blocos de Ashlar têm sido usados na construção de muitos edifícios como uma alternativa ao tijolo ou outros materiais. A palavra é atestada no inglês médio e deriva do francês antigo aisselier, do latim axilla, diminutivo de axis, que significa “prancha”.
[57] N.T.: ou Elihu é um crítico de Jó e seus três amigos no Livro de Jó da Bíblia Hebraica. Diz-se que ele era filho de Barachel e descendente de Buz, que pode ter sido da linha de Abraão (Gn 22:20-21 menciona Buz como sobrinho de Abraão). Eliú é apresentado em Jó 32:2, no final do Livro de Jó. Seus discursos compreendem os capítulos 32-37, e ele abre seu discurso com mais modéstia do que os outros consoladores. Eliú se dirige a Jó pelo nome (Jó 33:1, 33:31, 37:14) e suas palavras diferem daquelas dos três amigos em que seus monólogos discutem a providência divina, que ele insiste estar cheia de sabedoria e misericórdia. O prefácio do narrador Jó 32:4-5 e as próprias palavras de Eliú em Jó 32:11 indicam que ele estava ouvindo atentamente a conversa entre Jó e os outros três homens. Ele também admite seu status como alguém que não é um ancião (32:6-7). Como revela o monólogo de Eliú, sua raiva contra os três anciãos era tão forte que ele não conseguia se conter (32:2-4). Um “jovem raivoso”, ele critica tanto Jó quanto seus amigos: Tenho palavras para responder a você e seus amigos também. Eliú afirma que os justos têm sua parte de prosperidade nesta vida, não menos que os ímpios. Ele ensina que Deus é supremo, e que a pessoa deve reconhecer e se submeter a essa supremacia por causa da sabedoria de Deus. Ele extrai exemplos de benignidade, por exemplo, das constantes maravilhas da criação e das estações. Os discursos de Elihu terminam abruptamente e ele desaparece “sem deixar rastro”, no final do Capítulo 37.
[58] N.T.: do poema “Invictus” do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903).
[59] N.T.: Pb 23:7
[60] N.T.: Oliver Joseph Lodge (1851-1940) foi um físico e escritor inglês.
[61] N.T.: Em um ritmo rápido e com espírito (literalmente “com brilho”) (87 a 174 BPM)
[62] N.T.: Andamento com movimento, confortável, relaxado, sem pressa (69 a 84 BPM)
[63] N.T.: (que traduzindo do idioma italiano para o português quer dizer cauda) é a seção com que se termina uma música. Nessa seção o compositor ou arranjador poderá ou não utilizar ideias musicais já apresentadas ao longo da composição
[64] N.T.: Pb 16:32
[65] N.T.: Ef 4:22-23
[66] N.T.: George Gordon Byron (1788-1824), conhecido como Lord Byron, foi um poeta britânico e uma das figuras mais influentes do romantismo.
[67] N.T.: Elie Émile Gabriel Poirée (1850-1925) – compositor e crítico musical francês
[68] N.T.: Paul Marie Théodore Vincent d’Indy (1851-1931) foi um compositor e professor francês.
[69] N.T.: Nascido John Pitts (187-1941) foi um crítico de música, poeta e novelista estadunidense.
[70] N.T.: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
[71] N.T.: Franz Liszt (1811-1886) foi um compositor, pianista, maestro, professor e terciário franciscano húngaro do século XIX. Seu nome em húngaro é Liszt Ferenc.
[72] N.T.: conhecido por suas longas escalas ascendentes e uma série em cascata de dominantes aplicadas que facilitam as modulações em C maior e Fá maior. (marca do metrônomo: semínima = 69)
[73] N.T.: Vivace é utilizado como um andamento musical indicando que um movimento tem cadência com vivacidade e, portanto, está em um andamento rápido. Difere do Allegro e outros movimentos rápidos por seu carácter dançante, geralmente também é escrito em 3/4 ,3/8 e variantes. Nas sonatas e concertos costuma ser o último movimento por ser mais leve.
[74] N.T.: Angela Isadora Duncan (1877- 1927) foi uma coreógrafa e bailarina norte-americana, considerada a precursora da dança moderna.
[75] N.T.: Coribantes eram divindades menores na mitologia grega, cujos centros de culto antigos encontravam-se nas ilhas de Rodes e Cós e no interior anatólico.
[76] N.T.: Cibele era uma deusa originária da Frígia. Designada como “Mãe dos Deuses” ou Deusa mãe, simbolizava a fertilidade da natureza.
[77] N.T.: Gibran Khalil Gibran (1883-1931), também conhecido como Khalil Gibran (em inglês, referido como Kahlil Gibran[a]) foi um ensaísta, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, também considerado um filósofo, embora ele mesmo rejeitou esse título.
[78] N.T.: Philip Hale (1854-1934) foi um crítico de música norte-americano.
[79] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[80] N.T.: Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor romântico francês.
[81] N.T.: Percy Bysshe Shelley (1792-1822) foi um dos mais importantes poetas românticos ingleses.
[82] N.T.: Prometheus Unbound é um drama lírico em quatro atos de Percy Bysshe Shelley, publicado pela primeira vez em 1820. Trata-se dos tormentos da figura mitológica grega Prometeu, que desafia os deuses e dá fogo à humanidade, pelo qual é submetido ao castigo eterno e sofrimento nas mãos de Zeus.
[83] N.T.: Sir George Grove CB (1820-1900) foi um engenheiro e escritor inglês sobre música, conhecido como o editor fundador do Grove’s Dictionary of Music and Musicians.
[84] N.T.: Martin Gustav Nottebohm (1817-1882) foi um pianista, professor, editor musical e compositor que passou a maior parte de sua carreira em Viena. Ele é particularmente celebrado por seus estudos de Beethoven.
[85] N.T.: Cristo Jesus, ouvindo isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto, afastado. Assim que as multidões o souberam, vieram das cidades, seguindo-o a pé. Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas, Cristo Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. Disse Cristo Jesus: “Trazei-os aqui”. E, tendo mandado que as multidões se acomodassem na grama, tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu e abençoou. Em seguida, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. (Mt 14:13-21)
[86] N.T.: Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade. (ICor 13:1-13)
[87] N.T.: Edward Carpenter (1844-1929) foi um poeta inglês, socialista, filósofo, antologista e um dos primeiros ativistas políticos.
[88] N.T.: (1891-1967) escritor estadunidense.
[89] N.T.: (1900-1950) foi um escritor sobre música inglês.
[90] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1956) foi um compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[91] N.T.: (1896-1985) foi um violista e autor inglês.
[92] N.T.: Arturo Toscanini (1867-1957) foi um maestro italiano. Um dos mais aclamados músicos do século XIX e XX, ele foi renomado pela sua brilhante intensidade, seu inquieto perfeccionismo, seu fenomenal ouvido para detalhes e sonoridade da orquestra e sua memória fotográfica. Ele é especialmente considerado um competente intérprete das obras de Giuseppe Verdi, Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms e Richard Wagner.
[93] N.T.: Sigmund Gottfried Spaeth (1885-1965) foi um musicólogo americano.
[94] N.T.: Fidelio (em português Fidélio), Op. 72b, é um Singspiel em dois atos, de Ludwig van Beethoven, com libretto de Joseph Sonnleithner e Georg Friedrich Treitschke baseado no libreto de Léonore ou L’Amour Conjugal (1798), peça em “prosa entremeada de canto”, de Jean-Nicolas Bouilly, baseada nas memórias do autor sobre os acontecimentos da França durante o Terror, quando ele era promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours.
[95] N.T.: (1861-1941) foi um polímata bengali que trabalhou como poeta, escritor, dramaturgo, compositor, filósofo, reformador social e pintor.
[96] N.T.: Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, foi um poeta, filósofo, médico e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII e, assim como Goethe, Wieland e Herder, é um dos principais representantes do Classicismo de Weimar, e é tido como um dos precursores do Romantismo alemão. Sua amizade com Goethe rendeu uma longa troca de cartas que se tornou famosa na literatura alemã.
[97] N.T.: o original em alemão:
O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!
Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer’s nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!
Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.
Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt’gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.
Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über’m Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such’ ihn über’m Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.
[98] N.T.: Mt 25:23
De tempos em tempos, Estudantes de ocultismo de diversas partes do mundo nos perguntam qual deveria ser a atitude deles perante a guerra[1] e qual o propósito dela sob o ponto de vista espiritual. Já indicamos a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra em vários artigos nossos, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. (trecho da Carta aos Estudantes nº 92).
É isso que trataremos nesse livreto.
Há 2 meios de você acessar esse livreto:
1.Em formato PDF (para download): O Lado Oculto da Guerra – Uma Operação de Catarata Espiritual – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – em PDF
2. Em forma audiobook ou audiolivro:
3.Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/@fraternidaderosacruzcampinasbr/videos
aqui:
4.Para ler no próprio site:
O LADO OCULTO DA GUERRA
– UMA OPERAÇÃO DE CATARATA ESPIRITUAL
Por
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, War an Operation for Spiritual Cataract – 1st Part in Rays from the Rose Cross Magazine – a Magazine of Mystic Light – November 1915; 2nd Part in Rays from the Rose Cross Magazine – a Magazine of Mystic Light – December 1915; 3rd Part in Rays from the Rose Cross – a Magazine of Mystic Light – January 1916
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – A PARTE DA GUERRA TRAVADA NOS MUNDOS INVISÍVEIS. 8
CAPÍTULO II – EXEMPLOS DA ATUAÇÃO DOS ESPÍRITOS DE RAÇA, CONFUNDIDOS COM OUTROS SERES DIVINOS. 15
CAPÍTULO III – VISÃO ESPIRITUAL ABERTA TEMPORARIAMENTE.. 21
CAPÍTULO IV – SOLICITANDO UMA EXPLICAÇÃO AO IRMÃO MAIOR.. 24
CAPÍTULO V – “OS DEZESSEIS CAMINHOS PARA A DESTRUIÇÃO”. 30
Você já deve ter estudado, no livro Conceito Rosacruz do Cosmos, que houve uma Raça no final da Época Lemúrica, sete Raças na Época Atlante, sete Raças na Época Ária e haverá uma na vindoura Época Nova Galileia, totalizando dezesseis Raças. Você também se lembra que essas dezesseis Raças são chamadas pelos Irmãos Maiores de “os dezesseis caminhos para a destruição”, porque o risco de se enredar nos corpos de qualquer Raça é tão alto, que o Espírito ficará incapaz de seguir os outros Espíritos ao longo do Caminho da Evolução. Durante os Períodos e as Épocas sempre há tempo suficiente para que os Líderes da humanidade possam reunir e ordenar da forma mais adequada e eficaz os que estão sob as suas responsabilidades. Contudo, os judeus são o exemplo do que pode acontecer a um povo que se tornou tão intensamente imbuído do espírito racial, que eles se recusam totalmente a abandonar tal espírito racial. Eles continuam como uma anomalia entre o restante da humanidade, um povo sem uma pátria, um rei ou outro qualquer dos fatores que impulsionam a evolução racial.
Essa foi a tendência entre as nações da Europa até a guerra atual[1]. Assim, o patriotismo e o ideal de Raça são fomentados, o que as conduz para longe de Deus. As inúmeras descobertas científicas foram precedidas por uma era de dúvida e de ceticismo, e as Raças pioneiras no mundo ocidental foram levadas muito próximas à beira da destruição. Por conseguinte, se tornou necessário que os Irmãos Maiores concebessem medidas para que a humanidade abandonasse o caminho do prazer e cultivasse o caminho da devoção, e isso só poderia ser feito removendo a catarata espiritual de um número suficientemente grande de pessoas para que, então, superar a dúvida e o ceticismo do restante da humanidade.
Quando nós habitávamos sob as águas na primitiva Época Atlante, éramos, como você sabe, incapazes de ver o Corpo Denso ou até mesmo senti-lo, porque a nossa consciência estava focada nos reinos espirituais. Víamo-nos uns aos outros, alma a alma. Estávamos inconscientes tanto do nascimento como da morte, e não sentíamos a separação daqueles que amávamos. Mas, quando nós, gradualmente, nos tornamos conscientes dos nossos Corpos Densos, e a nossa consciência foi focada no Mundo Físico desde ao nascimento até a morte aqui, e nos Mundos espirituais da morte até o nascimento lá, houve uma separação e o consequente pesar devido ao advento da morte. No entanto, em tempos passados, havia muitos seres humanos que eram capazes ver em ambos os mundos; eles formavam um número considerável entre toda a população humana. Os testemunhos desses seres humanos sobre a continuidade da vida foram um grande conforto para aqueles que ficavam desolados com a morte, pois eles acreditavam plenamente que aqueles que haviam morrido ainda estavam vivos e felizes, embora incapazes de se dar a conhecer. Mas, gradualmente, o mundo se tornou cada vez mais materialista; a fé na realidade da vida após a morte aqui se desvaneceu, e tornando-se mais intensa e profunda a angústia, a tristeza e até o arrependimento pela perda dos entes queridos, e ainda hoje muitos acreditam que a separação é definitiva. Para esses, a palavra “renascimento” é uma palavra vazia de sentido e, portanto, a angústia profunda e pungente é imensa.
Mas essa angústia profunda e pungente é o remédio da natureza para a catarata espiritual. Tão certo como o desejo de crescimento construiu o complicado canal alimentar desde o começo mais simples para que o anseio de crescimento pudesse ser satisfeito; tão certamente quanto o desejo de movimento desenvolveu as maravilhosas articulações, os tendões e ligamentos com os quais isso é realizado; com a mesma certeza, o intenso anseio de continuar os relacionamentos rompidos pela morte construirá o órgão para sua gratificação – o olho espiritual. Portanto, essa matança em massa de milhões de seres humanos ajudou e está ajudando mais a preencher o abismo entre os Mundos invisível e o Mundo visível do que mil anos de pregação poderiam fazer. Ao longo da história do mundo, foi registrado que os guerreiros (das batalhas e guerras) viram as chamadas manifestações sobrenaturais, e há muitos testemunhos de que estas visões também foram vistas na guerra atual. O choque da ferida, os sofrimentos nos hospitais, as lágrimas das viúvas, dos viúvos e dos órfãos, tudo isso está abrindo os olhos espirituais da Europa, e os tempos da dúvida e do ceticismo, aos poucos, desaparecerá. Em lugar de ficar envergonhado por ter fé em Deus, o mundo honrará o ser humano mais por sua devoção do que por suas proezas, e isso num futuro não muito distante. Elevemos uma prece para este dia chegar.
Max Heindel
De fato, seria novidade para a grande maioria das pessoas, se lhes disséssemos que a grande guerra[2] que está sendo travada tão arduamente na Europa, envolvendo uma grande destruição de corpos humanos e de construções muitas centenárias, testemunhas da civilização, esteja sendo travada com mais ferocidade nos Mundos invisíveis e que os participantes do lado oculto da vida têm ainda mais em jogo do que as coisas que são consideradas valiosas neste mundo, como aquisição territorial, indenização financeira, etc. Tal é, no entanto, o caso. A guerra começou nos Mundos invisíveis antes de se cristalizar em ação física. E lá deve cessar, antes de uma paz permanente ser negociada. Quem vê e conhece também sabe que essa grande influência espiritual que causou a guerra foi instigada pelos Espíritos de Raça dos vários países, que se ampliaram com o intenso patriotismo demonstrado por toda parte entre os povos da Europa.
Cada Espírito de Raça luta através do seu povo e por seu povo, como mostramos na palestra nº 13 do Livro Cristianismo Rosacruz, cuja tema “Anjos como fatores de evolução” [3] e embora muitas pessoas possam zombar e caçoar, os fatos permanecem.
Cada Espírito de Raça luta através do seu povo e por seu povoe embora muitas pessoas possam escarnecer, os fatos permanecem.
Instâncias e evidências dessa liderança invisível na guerra atual[4] podemos ver na Retirada dos Aliados de Mons[5]. Afirmou-se, com confiança, que vários oficiais haviam presenciado então um curioso fenômeno na forma de uma estranha nuvem que se interpôs entre os alemães e os britânicos. Essa afirmação foi confirmada por um correspondente do jornal “Light” de 8 de maio, afirmando que “na ação de retaguarda, houve um momento especialmente crítico, quando a cavalaria alemã avançava rapidamente e superava em muito as nossas forças; de repente, vimos uma espécie de nuvem luminosa ou neblina, que se interpôs entre os alemães e nossos homens. Nessa nuvem parecia haver objetos brilhantes se movendo. No momento em que apareceu, o ataque alemão pareceu receber um xeque. Os cavalos podiam ser vistos empinando e deixaram de avançar”. Essa intervenção angelical, na opinião do narrador, salvou toda a força da aniquilação.
A história anterior parece ser a mesma narrada pelo Dr. R. F. Horton[6] em um sermão recente na Igreja de Brighton, em Manchester. Ele descreve a ocorrência relatada a ele por tantas testemunhas que, se algo pode ser estabelecido por evidência corroborativa, deve ser verdade. “Uma seção da linha de batalha”, disse o Dr. Horton, “estava em perigo iminente e parecia que seria derrubada e eliminada. Alguns dos homens presentes viram uma companhia de Anjos interposta entre eles e a cavalaria alemã, quando os cavalos dos alemães bateram os pés. Evidentemente os animais viram o que os nossos homens viram. Os soldados alemães tentaram trazer os cavalos de volta para a linha, mas eles fugiram e isso foi a salvação dos nossos homens”. Outro relato, derivado de outras testemunhas da ocorrência, é citado em uma carta conforme a seguir.
“No domingo passado encontrei a senhorita Marrable, filha do conhecido cônego Marrable, e ela me disse que conhecia os oficiais que tinham visto os Anjos que salvaram nossa ala esquerda dos alemães, quando eles os atacaram durante a Grande Retirada de Mons.”.
“Eles esperavam aniquilação, pois estavam quase indefesos quando, para seu espanto, os alemães ficaram atordoados e nem sequer tocaram em suas armas ou se mexeram, até que nos viramos e escapamos por alguma encruzilhada.”
“Um dos amigos da senhorita Marrable, que não era um homem religioso, disse a ela que viu uma tropa de Anjos entre nós e o inimigo e tem sido um homem transformado desde então. Ela conheceu o outro homem em Londres, na semana passada, e perguntou a ele se ele ouviu falar sobre a maravilhosa história dos Anjos. Ele disse que os viu pessoalmente. Enquanto ele e sua companhia estavam recuando, eles ouviram a cavalaria alemã correndo atrás deles. Eles correram para um lugar onde pensaram que um abrigo pudesse ser feito com alguma esperança de segurança, mas antes que pudessem alcançá-lo a cavalaria alemã estava sobre eles; então se viraram e enfrentaram o inimigo, esperando a morte instantânea; então, para sua surpresa, viram entre eles e o inimigo uma tropa inteira de Anjos. Os cavalos dos alemães se viraram apavorados e dispararam. Os homens puxavam suas rédeas, enquanto os pobres cavalos se afastavam na direção oposta aos nossos homens. Ele jurou que viu os Anjos, a quem os cavalos alemães viram claramente, talvez até mesmo os soldados alemães, e isso deu aos nossos homens tempo para chegar ao pequeno forte, ou qualquer que fosse o abrigo, e se salvarem”.
Uma contribuição adicional para esses registros da Retirada de Mons foi fornecida pelo Sr. Lancaster, um clérigo de Weymouth, em seu sermão de 30 de maio. O reitor leu no púlpito uma carta de um soldado da linha de frente que se encontrava em Retirada de Mons e dizia, na carta, que o seu regimento estava sendo perseguido por muitos homens da cavalaria alemã, da qual se refugiaram em uma grande pedreira onde os alemães os encontraram e estavam a ponto de matá-los. Naquele momento, afirmou o autor da carta, toda a borda superior da pedreira estava forrada de Anjos, que foram vistos por todos os soldados e pelos alemães. Os alemães pararam de repente, deram meia-volta e galoparam em alta velocidade. O narrador acrescenta que isso é atestado não apenas pelos Tommies[7], mas também pelos oficiais do regimento.
Vemos aqui certas variantes do que aparentemente seja a mesma história; mas, no primeiro caso a aparição surge apenas como uma nuvem estranha; no segundo, como uma nuvem com objetos brilhantes movendo-se dentro dela; e no terceiro, quarto e quinto aparece definitivamente como uma companhia de Anjos. Não parece improvável que a mesma aparição tenha se mostrado com essas variações devido ao acordo entre ela, o temperamento psíquico e o desenvolvimento do observador.
É um fato oculto e óbvio para quem é dotado de visão espiritual que um Espírito de Raça governa seu povo na forma de uma nuvem. Nele, ou dentro dele, eles realmente vivem, movem-se e têm o seu ser. Seus pensamentos e ideias os permeiam com o que é chamado de “espírito nacional” e é bastante concebível que sob a tensão e o estresse da batalha, um ou outro dos Espírito de Raça, vendo seu povo em terrível aflição, ofereça ajuda e se interponha entre eles e seus inimigos.
Se voltarmos à Bíblia, encontraremos uma ocorrência semelhante na época em que os israelitas foram tirados do Egito. Eles foram então perseguidos pelo exército do Faraó, e El Shaddai (em hebraico, Deus Todo-poderoso), o Senhor dos Exércitos, que os guiou na forma de uma coluna de nuvem, interpôs-Se entre os israelitas e os egípcios até que as águas do mar se dividiram e eles estivessem prontos para atravessar. Então o pilar de nuvem foi até eles de novo e os guiou pela água. Seus inimigos, que os seguiram, foram engolidos pelo mar.
Em circunstâncias normais, as pessoas podem não ser capazes de perceber essas vibrações mais elevadas e sentir os seres que estão sempre ao nosso redor, invisíveis, mas, ainda assim, muito mais vivos do que nós, potentes também como fatores para o bem ou para o mal. Mas quando chega um momento de grande estresse, quando um grupo de homens se encontra em um canto muito apertado, por assim dizer, cara-a-cara com a morte, quando a tensão nervosa é elevada a um nível suficientemente alto, eles começam a sentir o mundo suprafísico e os seres que estão com eles. Essa tem sido a regra em todas as épocas. Sir Walter Scott[8], em um dos seus livros, conta certos casos de natureza semelhante; mas, embora a manifestação sobrenatural, em cada caso citado, tenha sido testemunhada por muitas pessoas, Sir Walter Scott procura desacreditar seu testemunho e menosprezar a ocorrência como superstição, um método que tem sido seguido por vários jornais ingleses em relação à ocorrência na Retirada de Mons.
Ele diz que “mesmo no campo da morte e em meio ao próprio cabo de combate mortal, uma forte crença operou a mesma maravilha que até agora mencionamos como ocorrendo na solidão e em meio à escuridão, e aqueles que estavam, eles próprios, à beira do mundo dos espíritos ou ocupados em enviar outros para as regiões sombrias imaginavam ter visto a aparição dos seres a quem sua mitologia nacional associava a tais cenas. Nesses momentos de batalha indecisa, em meio à violência, pressa e confusão de ideias inerentes à situação, os antigos gregos supunham ver suas divindades Castor e Pólux lutando na vanguarda para seu encorajamento; o escandinavo viu as Valquírias, as Escolhedoras dos Mortos; e os católicos não foram menos facilmente levados a reconhecer na guerra São Jorge ou São Tiago bem na frente da luta, mostrando-lhes o caminho da conquista. Tais aparições sendo geralmente visíveis para uma multidão, em todos os tempos foram apoiadas pela maior força do testemunho”.
O primeiro exemplo citado por Sir Walter Scott é do livro História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha de Don Bemal Diaz del Castillo[9], um dos companheiros do célebre Cortez em sua conquista mexicana. Depois de obter uma grande vitória contra todas as probabilidades, ele menciona o relato inserido na contemporânea crônica de Gomara, de que São Tiago apareceu em um cavalo branco na vanguarda do combate e levou seus amados espanhóis à vitória.
É muito curioso observar a convicção interna do cavaleiro castelhano de que o boato surgiu de um engano, cuja causa ele explica por sua própria observação, enquanto ao mesmo tempo não se atreve a negar o milagre. O honesto conquistador reconhece que ele mesmo não viu essa aparição angélica; ou melhor, ele viu um cavaleiro chamado Francisco de Moria montado em um cavalo castanho e lutando arduamente no mesmo lugar onde São Tiago supostamente teria aparecido. No entanto, em vez de concluir que toda a sua companhia estivesse alucinada, o devoto Conquistador exclama: “Pecador que sou, quem sou eu para ter visto o abençoado Apóstolo!”.
Segue-se o outro exemplo do que Sir Walter Scott chama de “o caráter infeccioso da superstição”.
“No ano de 1686, nos meses de junho e julho, diz o honesto cronista, muitos ainda vivos podem testemunhar isso sobre o Crossford Boat, aproximadamente dois quilômetros abaixo de Lanark, especialmente no Mains, na água de Clyde, muitas pessoas se reuniram por várias tardes, onde houve chuvas de gorros, chapéus, revólveres e espadas que cobriram as árvores e o chão; companhias de homens armados marchando em ordem à beira-mar; grupos conhecendo grupos e passando por outros; depois todos caindo no chão e desaparecendo; outras companhias imediatamente apareciam marchando da mesma maneira… Fui lá três tardes e, como observei, dois terços das pessoas viram e um terço não viu; embora eu não pudesse ver qualquer coisa, havia tanto medo e tremor naqueles que viam, que era perceptível a todos os que não viam.
“Havia um cavalheiro de pé ao meu lado que falava como muitos outros e disse: ‘Um bando de malditos bruxos e bruxas que têm a segunda visão! O diabo não vejo’; e imediatamente houve uma mudança perceptível em seu semblante. Com tanto medo e tremor como qualquer mulher que vi ali, ele gritou: ‘Todos vocês que não veem, não digam coisa alguma; pois eu os convenço de que é fato e discernível para todos os que não são cegos’; então aqueles que viram disseram que aparência as armas tinham, qual era seu comprimento e largura; também falaram que cabo as espadas tinham, se eram pequenos, de três barras ou do tipo Highland Guard, e os nós dos gorros, se pretos ou azuis. Aqueles viram, sempre que estavam no exterior, observaram um gorro e uma espada cair no caminho.
No segundo livro de Samuel, no capítulo 22, nos versículos de 7 a 18, lemos.
“Na minha angústia invoquei a Iahweh, ao meu Deus lancei meu grito, ele escutou do seu Templo a minha voz e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. “E a terra tremeu e vacilou, os fundamentos do céu se abalaram (pela sua ira eles oscilaram); fumo se elevou de suas narinas e da sua boca um fogo devorador (carvões inflamados saíam dele). Ele inclinou os céus e desceu, uma névoa escura debaixo dos seus pés; cavalgou um querubim e alçou voo, planou sobre as asas do vento. Fez das trevas a sua companhia e sua tenda, treva d’água, nuvem sobre nuvem; um fulgor adiante dele inflamou granizo e brasas de fogo. Iahweh trovejou desde os céus, o Altíssimo fez ouvir a sua voz; disparou setas e as espalhou, fez cintilar os relâmpagos e os dissipou. O leito dos mares apareceu, os fundamentos do mundo se descobriram, pela repreensão de Iahweh e ao sopro do vento de suas narinas. Enviou das alturas e me tomou, e me tirou das águas profundas; livrou-me do feroz inimigo, de adversários mais fortes do que eu.”.
No trecho acima, Davi dá uma descrição do Senhor dos Exércitos saindo para guerra para ajudar seus seguidores. E no décimo capítulo de Daniel (6-7) é dito como esses Arcanjos realmente ajudam uma nação contra outra a fim de trazer vitória ou derrota onde quer que seja necessário punição ou recompensa.
Daniel nos diz que “seu corpo tinha a aparência do Crisólito e seu rosto o aspecto do relâmpago seus olhos como lâmpadas de fogo, seus braços e suas pernas como o fulgor do bronze polido, e o som de suas palavras como o clamor de uma multidão. Somente eu, Daniel, vi esta aparição. Os homens que estavam comigo não viam a visão e, no entanto, um grande tremor se abateu sobre eles, a ponto de fugirem para se esconderem.” (Esse é outro caso em que um viu, enquanto outros sentiram a presença).
O Arcanjo disse a Daniel (10-13): “O Príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias, mas Miguel, um dos primeiros Príncipes, veio em meu auxílio. Eu o deixei afrontando os reis da Pérsia”.
“Então ele disse: “Sabes por que vim ter contigo? Mas vou anunciar-te o que está escrito no Livro da Verdade. Tenho de voltar para combater o Príncipe da Pérsia: quando eu tiver partido, deverá vir o Príncipe de Javã. Ninguém me presta auxílio para estas coisas senão Miguel, vosso Príncipe, meu apoio para me prestar auxílio e me sustentar.” (Dn 10:20a-21b e 11:1).
Do exposto fica claro que em todas as épocas, quando as pessoas estavam em grande estresse, sua visão espiritual foi aberta de forma temporária.
Vamos ver, agora, como a guerra é realmente uma operação para remover a catarata espiritual, um meio de abrir permanentemente a visão espiritual da humanidade.
Por muitos meses um assunto tem sido o principal nas Mentes de milhões de pessoas no mundo ocidental: a saber, a guerra. Foi lamentada por todos; todos os combatentes tentaram se desculpar por participar e buscaram colocar a responsabilidade sobre os ombros dos seus adversários. Assim, pela primeira vez na história do mundo, os senhores da guerra admitem que a guerra seja um erro. Toneladas de tinta e papel têm sido usadas pelas potências em conflito para culpar seus inimigos e poderem se desculpar, aliviando uma consciência dolorida. Mas nem desculpas nem tentativas de incriminação podem aliviar os corações doloridos de milhões de pessoas que clamam por uma solução para o problema e, às vezes, perguntam se Deus ainda Se importa com o Seu mundo ou se Ele está permitindo passivamente esse terrível massacre.
Para chegar a uma compreensão correta do assunto é necessário perceber que cada ser humano é cercado por uma aura sutil que é invisível para a maioria das pessoas, mas prontamente percebida por aquele que cultivou sua percepção espiritual. Essa aura é colorida de acordo com as vibrações que cada indivíduo estabelece em seu interior, por seus gostos e desgostos; é um índice de cor preciso do seu caráter. À medida que seus hábitos mudam, essa nuvem de cores assume diferentes tonalidades. Através dessa aura ele vê o mundo como através de um vidro e colore todos com quem entra em contato, de modo que imagina que eles tenham as mesmas virtudes e vícios que ele próprio possui e, com base no princípio de que quando um diapasão é tocado, ele evoca sons em outros de igual afinação, ele realmente evoca naqueles que encontra os traços que estão em si mesmo, um fato dentro da experiência de todos. Quem nunca foi despertado para a raiva, quando na presença de alguém que perdeu a paciência; quem ainda não sentiu irritabilidade, ao discutir qualquer assunto com um homem irritável? Da mesma forma, as nações se veem através da nuvem invisível do nacional Espírito de Raça e imaginam umas às outras como muito diferentes do que realmente são.
É significativo que homens e mulheres ingleses que viviam na Alemanha antes do início da guerra estivessem firmemente convencidos de que aquele país estivesse certo, antes de serem obrigados a voltar para casa; e que os alemães que residiam na Inglaterra fossem igualmente fanáticos em seu apoio a esse país, denunciando a Alemanha como agressora. No entanto, seu retorno à sua terra nativa, onde respiraram o espírito de Raça nacional, logo mudou sua atitude e todos começaram a ver “o outro lado” e apresentar sua fidelidade ao seu próprio Espírito de Raça.
Assim sendo, a guerra não é o resultado de ódio individual, pois não ouvimos que os soldados nas trincheiras confraternizavam sempre que surgisse uma oportunidade? Mas é o trabalho dos Espíritos de Raça que guiam as nações em seu caminho de progresso; ou melhor, deveríamos dizer, é permitido por eles, pois são os Irmãos da Sombra, as forças negras que fomentaram o lado maligno da vida nacional; orgulho, arrogância e busca de prazer para afastar a humanidade do lado mais sério da vida. Portanto, os espíritos raciais das nações, que estão sempre trabalhando para o bem, permitiram esta guerra não exatamente como um castigo, mas um meio de trazê-las de volta ao verdadeiro propósito da existência.
Isso já é conhecido há muito tempo pelo escritor, mas ele sabia e sentia no íntimo do seu coração que deveria haver outro propósito maior e que o bem a ser alcançado deveria ser proporcional ao sofrimento envolvido em sua obtenção; portanto, deve ser um grande e maravilhoso bem, uma bênção para a humanidade de inestimável importância. Mas o quê? Recordemos as palavras de Cristo: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Sempre consideramos a paz como um ideal, no entanto, e não conseguimos conciliar essa sentença com o Sermão da Montanha. Será que há uma virtude oculta na guerra que não percebemos até agora, uma virtude que possa justificá-la como um meio para um fim? Esse era um problema desconcertante.
Longos meses este escritor sofreu em silêncio por causa da terrível carnificina que vem acontecendo na Europa. Não é fácil trabalhar todas as noites entre as cenas angustiantes do campo de batalha, trazendo socorro aos feridos e trabalhando com os mortos de muitas nações, nos mundos invisíveis, em um esforço para aliviar sua angústia e acalmar seu ressentimento e, ao mesmo tempo, manter-se suficientemente preparado para continuar o trabalho na sede durante o dia. Durante esse tempo, estudantes de vários países pediram que tomássemos uma posição a favor do lado que eles defendiam e escrevêssemos nossas ideias sobre a guerra. Naturalmente, não tomaríamos posição contra qualquer um de nossos irmãos. A Fraternidade inclui o mundo inteiro e o amor universal nunca foi mais necessário do que agora. Nós nos esforçamos por lhe dar a expressão mais completa possível. E quanto à “escrita”: enquanto sentíamos e sabíamos que o resultado dessa grande calamidade deveria ser bom, não tínhamos luz e nunca foi nosso costume lidar com chavões ou encher nossas páginas com palavras, apenas palavras; então trabalhamos e oramos por luz, mês após mês, até que finalmente o suspense se tornou insuportável.
Ultimamente, a agonia daquela vasta massa de humanidade entre a qual trabalhamos há tantos meses parecia concentrar-se em nossa presença como um grande “Por quê?” escrito em letras de sangue e chamas durante nossas horas de vigília e, embora sozinho e tudo estivesse exteriormente quieto, o som daquele enorme “Por quê?” parecia preencher o Céu e a Terra em seu apelo intensamente apaixonado por uma resposta.
Por fim, não aguentei mais e quando o Irmão Maior que é o meu mentor apareceu em resposta ao meu grito de angústia, fiz a pergunta. A regra da Grande Ordem é que os Irmãos Leigos devem usar todos os esforços para resolver seus próprios problemas e apenas pedir ajuda como último recurso; contudo, até então tímido por causa disso, a agonia de um milhão de seres humanos parecia subir pela minha garganta quando eu o vi tão calmo e sereno: “Sei que o seu coração não é calejado, Irmão, que bate com tanta compaixão pelos milhões que até mesmo essa agonia de simpatia que agora dilacera o meu peito é nada em comparação; como então você pode ficar tão calmo enquanto milhões de pessoas sofrem inacreditavelmente! Qual é o propósito desse conflito cruel?”.
Nunca a música soou tão docemente ao meu ouvido; nunca experimentei uma sensação de alívio tão grande, uma modificação tão completa de sentimentos. Eu parecia saltar do pântano do desespero para o pináculo do louvor e da ação de graças, quando a resposta veio naquela voz sempre vibrante de bondade e compaixão, mas nessa ocasião essas qualidades foram tão intensificadas que as palavras não conseguem descrever.
Pare com sua tristeza, meu Irmão, e tenha bom ânimo; se você tivesse um amigo que tivesse perdido a visão por causa de uma catarata e ele fosse forçado a se submeter a uma operação, você provavelmente sentiria pena da dor atual, mas você se alegraria com a restauração iminente de sua visão e, talvez, na alegria da antecipação, você quase esquecesse a dor presente.
Da mesma forma, no caso desta guerra, o mundo, que se tornou espiritualmente cego, não admitirá pelo intelecto coisa alguma que não possa provar como demonstra um problema matemático. A dúvida e o ceticismo cresceram como enormes ervas daninhas entre os líderes do pensamento e os levou à louca busca do prazer; agora, a indulgência dos sentidos e a indiferença em relação a qualquer coisa que contribua para o crescimento da alma são características comuns entre as massas. Nem a pregação nem a oração podem despertar o mundo. Portanto, os Líderes Invisíveis da Evolução permitiram aos Irmãos da Sombra tentar os governantes das nações e, assim, os cães da guerra foram soltos junto do que parecem ser resultados absolutamente calamitosos.
Mas alegre-se, esta é na realidade uma operação de catarata espiritual em grande escala. É a sentença de morte da era do agnosticismo e do ceticismo em relação às verdades espirituais, pois abrirá a visão espiritual de tantos que seu testemunho terá sentido para aqueles que permanecem cegos; assim, o mundo ocidental se voltará para Deus com um novo zelo que não poderia ser despertado por mil anos de pregação.
Como lhes ensinamos no início e como está registrado no Conceito Rosacruz do Cosmos, a humanidade ainda está na parte mais perigosa do caminho do progresso, que chamamos de “os 16 Caminhos para a destruição”, e nunca em todas as anteriores corridas chegou tão perigosamente perto da beirada. Mas regozijai-vos e novamente digo: regozijai-vos! Pois o perigo já passou, a guerra salvou o mundo de um destino infinitamente pior e logo ressoará com louvor a Deus pela bênção forjada pela maldição da guerra.
Como os nossos leitores que não estão familiarizados com os Ensinamentos Rosacruzes podem não entender a referência aos 16 Caminhos e sua relação com esse problema e, também, como pode não ser intuitivo a todos o que se entende por “operação de catarata espiritual”, ou como a guerra pode abrir a visão espiritual, continuaremos este artigo no próximo mês com o propósito de elucidar esses pontos. Enquanto isso, os seguintes artigos do Literary Digest mostrarão que a previsão feita já começa a ser verificada.
No parágrafo final do nosso artigo sobre esse assunto afirmamos que o ser humano está agora passando pelo período mais perigoso do seu desenvolvimento: “as Dezesseis Raças”. E que a guerra salvou a humanidade de um destino infinitamente pior do que o atual massacre em massa. Os fatos são os seguintes: durante o desenvolvimento da humanidade em nosso atual Período Terrestre, a Terra mudou para proporcionar ao ser humano o ambiente adequado à sua constituição versátil e aos requisitos evolutivos. As grandes divisões de tempo ocupadas por essas mudanças são chamadas de Épocas. As Época Polar, Época Hiperbórea, Época Lemúrica e Época Atlante já passaram; agora estamos na Época Ária. Quando ela acabar, outra Época, a Época Nova Galileia, será inaugurada.
Durante as duas primeiras Épocas, o ser humano era tão inocente da sua Individualidade quanto as crianças atualmente; mas, no final da Época Lemúrica alguns eram diferentes da maioria e formavam o que poderia ser chamado de Raça. Havia sete Raças na Época Atlante; cinco nasceram desde então e mais duas devem aparecer na Época Ária; uma delas nascerá no início da Época Nova Galileia. Com a última das dezesseis Raças, a humanidade estará novamente unida em Amor e Fraternidade, mas enquanto os líderes da evolução tiveram muito tempo para guiar a humanidade nas primeiras Épocas, em que longos períodos de tempo foram consumidos na evolução de uma certa faculdade, nos períodos de tempo em que há Raças, por essas serem comparativamente evanescentes, há um grande perigo de que algumas pessoas possam ficar tão enredadas no ideal de Raça que não consigam prosseguir para o próximo estágio superior; portanto, as Dezesseis Raças são chamadas de “os dezesseis caminhos para a destruição”.
As mudanças mais profundas na formação geológica da Terra e na constituição fisiológica do ser humano ocorreram no último terço da Atlântida (na Época Atlante), quando a Época Ária estava prestes a ser inaugurada, porque essas Épocas sempre se sobrepõem, de modo que uma começa antes que a anterior esteja inteiramente terminada. As mudanças foram as seguintes.
Essas mudanças geológicas e fisiológicas tiveram, como dissemos, consequências de longo alcance e são diretamente responsáveis pela opressão individual e pela guerra, como veremos.
Durante as Épocas anteriores, quando o Espírito moldava o veículo que estava destinado a habitar, o ser humano, em formação, quase não tinha consciência física e mesmo nos primeiros dois terços da Atlântida, quando o Espírito entrou em sua morada, a consciência se concentrava principalmente nos Mundos espirituais e a neblina escura impossibilitava que os atlantes percebessem claramente o Corpo Denso uns dos outros; mas eles viam a alma e “caminhavam com Deus”, o Divino Hierarca que os guiava como Pai, pois Ele era visível para eles como uma entidade espiritual. Portanto, tudo era paz.
Então veio o dilúvio e limpou a atmosfera com os seguintes resultados: aqueles que evoluíram a visão física, viram seus semelhantes com clareza e aprenderam a diferenciar entre “Eu” e “Você”, “Meu” e “Teu”, lançando as bases para o egoísmo e a luta. Assim, a humanidade, como um todo, não podia mais ser guiada por um líder, mas foi subdividida e guiada por vários Espíritos de Raça que, como “poderes do ar”, assumiram o controle da laringe e dos pulmões do povo. A cada respiração as pessoas inalavam esse Espírito de Raça, até que ele penetrou todo o seu ser e suas cordas vocais vibraram em seu tom peculiar, tornando a fala de um grupo diferente da de outras Raças; assim, ele envolveu todo o seu povo como uma nuvem, colorindo ambos, o povo e as paisagens, da sua terra natal, com suas próprias vibrações de cores específicas; isso foi sentido por todos os seus dependentes como um vínculo sagrado que os une uns aos outros e à terra que habitam. Tão forte é o domínio sobre o pulmão, a laringe e a terra mantido pelo Espírito de Raça, que seu povo lutará até o último suspiro pela língua materna e pela pátria.
Esse sentimento de companheirismo incutido pelo Espírito de Raça em seus dependentes é chamado de patriotismo. Era o objetivo dos Espíritos de Raça, fomentando o amor pela família, educar a humanidade a amar sua nação ou seus compatriotas. Através do patriotismo eles esperavam gerar o altruísmo, que transcende todas as fronteiras imaginárias no mapa, em um esforço para abraçar a todos no amor universal.
No entanto, em vez de realizar esse nobre propósito, o patriotismo, o amor à família e à pátria fomentaram, em muitos, o ódio a todas as outras nações junto ao desejo de persegui-las e submetê-las ao seu próprio engrandecimento. Na medida em que qualquer Raça, nação ou povo fez isso, provou ser contrária ao bem universal, pois deve ser lembrado que as Raças são apenas um aspecto da Personalidade, somente os corpos são carimbados com características raciais, mas os Espíritos não estão sob tais restrições ilusórias, quando desencarnados.
Assim, há grande perigo de que, por excesso de patriotismo, os Espíritos se tornem tão enredados nos grilhões da família e do país que não deixem a Raça quando o impulso evolutivo seguir adiante, esforçando-se para perpetuar a Raça indefinidamente, procurando renascer repetidamente nela, como os judeus fizeram e, assim, ir para a ruína através de um daqueles dezesseis caminhos de destruição, como os Irmãos Maiores chamam as dezesseis Raças. Por isso Cristo disse: “Não vim trazer a paz, mas a espada”. Portanto, as nações Cristãs têm sido as mais militantes sobre a Terra, talvez com exceção dos maometanos, que são seus parentes, e há amplo testemunho em quase toda guerra para mostrar que um número de pessoas teve sua visão espiritual aberta, pelo menos temporariamente, de modo que a guerra sempre foi um meio de remover a catarata espiritual que nos cega para a unidade de toda a vida.
Nas três Épocas anteriores, o ser humano não sabia que possuía um Corpo Denso, embora o usasse como usamos nossos pulmões, independentemente do fato de nunca os termos vistos; ele estava inconsciente do nascimento e da morte, também, embora tenha passado por ambos repetidamente, pois sua consciência estava focada nos Mundos espirituais e permaneceu ininterrupta pelas vicissitudes do Corpo. Porém, no alvorecer da Época Ária, quando a atmosfera clareou, ele se percebeu fisicamente e aprendeu que a consciência que anima o Corpo Denso o deixa frio e morto, após um período mais longo ou mais curto. O véu da carne escondia os Mundos espirituais, onde moram os chamados mortos, da visão física dele, como uma catarata espiritual que se adensou com o passar do tempo, até que hoje em dia aqueles que não negam ativamente a existência dos Mundos interiores se resignaram à ideia de que nada pode ser conhecido do estado dos chamados de mortos.
Por causa dessa falsa ideia, essa cegueira, a dor intensa pela perda de entes queridos que estão além da nossa visão física, obscureceu os olhos de todo o mundo. Lágrimas correram em torrentes dos olhos dos enlutados, mas não em vão: pois cada lágrima suaviza a catarata espiritual, cada pontada de dor pela perda de um ente querido é um corte pela faca do Grande Cirurgião que se esforça para restaurar nossa visão espiritual, para que possamos continuar nosso companheirismo com os amigos e com as amigas que abandonaram a espiral mortal. E tão certo como o desejo de crescer desenvolveu e aperfeiçoou o canal alimentar e a luz preexistente construiu o olho para sua percepção, assim também e com certeza o desejo intenso por nossos entes queridos que ultrapassaram o limiar da morte quebrará a casca da catarata e abrirá nossa visão espiritual. Aqueles que vivem a chamada “vida superior” e são fortalecidos em tempos de angústia por uma compreensão mais avançada do fenômeno da morte, muitas vezes, sentem que a intensa dor dos enlutados que ignoram esses fatos é imprópria e prejudicial à saúde do Espírito que abandonou o Corpo Denso. E assim é, quando expresso durante os primeiros dias após a mudança; mas, ao mesmo tempo, essa dor intensa e a tensão incidentes com a aproximação da morte são os meios pelos quais a multidão, que percorre o Caminho da Evolução, acabará por preencher a lacuna e recuperar a consciência espiritual. Assim sendo, ela toma o lugar dos Exercícios Esotéricos dados nas Escolas de Mistérios, como a Fraternidade Rosacruz.
A criação da prisão corporal emparedou o Espírito e excluiu os Mundos espirituais de seu alcance.
A destruição dos corpos dos Discípulos, como um sacrifício vivente, restaura seu contato consciente com os Mundo invisíveis, despertando sua visão espiritual por um processo de magia branca.
A destruição do corpo de outra pessoa pelo sacrifício na guerra tem o mesmo efeito. Os vapores do sangue, o rugido dos tiros, os gritos dos feridos e moribundos, sejam audíveis ou inaudíveis, mas carregados da mais intensa dor e tristeza, são sentidos por todos como um poder psíquico que tende a atrair cada um dos participantes à beira da Grande Divisão e, que maravilha que os olhos deles estejam temporariamente abertos e eles vejam os habitantes dos reinos suprafísicos que estão sempre entre nós, mas particularmente quando e onde alguém esteja passando pela fronteira da nossa esfera para a deles.
Além disso, aqueles que morreram também não são passivos; o seu desejo de ser visto por seus entes queridos é um grande fator para estabelecer a comunicação. Muitos casos foram registrados, comprovando esse fato; há o da mãe que, por exemplo, se materializou e chamou seus pequeninos para longe de um poço que estava sendo cavado, embora ela não possuísse os segredos da Iniciação. Seu intenso desejo forjou para ela uma temporária vestimenta física. Ora, quanto mais não pode ser feito quando meses ou anos de matança aumentaram a tensão nervosa de milhões de pessoas, todas ansiando por relações com algum ente querido nesse ou no outro mundo! Esse grande desejo resultará um despertar permanente da visão espiritual de um número de pessoas grande demais para ser ignorado!
Em todas as câmaras da morte estamos perto do portal dos Mundos invisíveis e um grande número daqueles que estão desmaiando vê seus entes queridos esperando ao redor da cama para recebê-los, regozijando-se pela morte, que os libertou do Corpo Denso e os fez nascer no Além. A tensão nervosa sentida pelo homem e pela mulher comum é extraordinariamente alta e propícia para provocar a ligeira extensão da visão necessária para perceber a multidão que espera do outro lado; não fosse o horror irracional que os faz fugir quando ocorrem manifestações e esconder o fato de terem visto alguma coisa, muitos saberiam que não há morte, mas que a continuidade da vida é um fato na natureza.
Esse processo é lento, no entanto; e periodicamente as pessoas se afundam em um estado de incredulidade e indiferença. Então as guerras são permitidas para acelerar a evolução pela matança massiva que separa o Espírito do seu Corpo Denso. As pessoas são, então, desviadas da busca do prazer para enfrentar os fatos da Vida e da Morte.
Portanto, a guerra fará mais que mil anos de pregação, para acabar com a era do agnosticismo e levar o povo a Deus, além disso, quando esse contato com os Mundos espirituais for restabelecido, não poderá haver mais guerras, pois todos aprenderão que há, na realidade, não o judeu, nem o gentio, nem o grego ou o romano, que todas as Raças são manifestações ilusórias e evanescentes e que somos todos filhos de Deus, assim, através da carnificina, o perigo de destruição nas Raças terá passado e a humanidade começará a expressar o ideal da próxima Raça que é a Fraternidade Universal.
Assim, o propósito da guerra é despertar a visão espiritual através da dor e da saudade intensa por aqueles que faleceram. É também o propósito de fazer com que aqueles que partiram se esforcem para retornar e gerar a visão espiritual em todos os combatentes, pela tensão e pelo estresse da batalha, restabelecendo assim a comunicação entre os dois Mundos, roubando da morte seu terror e promovendo elevando ideais, em vez das preocupações sórdidas da existência concreta.
FIM
[1] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
[2] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial
[3] N.T.: CONFERÊNCIA Nº 13 – OS ANJOS COMO FATORES DA EVOLUÇÃO
Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.
O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isso formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”.
Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isso foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou essa teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.
Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? Que papel desempenharam no passado? Qual o seu trabalho no presente?”. Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.
Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.
Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.
Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no mundo material. Esse foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.
Desse modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.
Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.
Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.
Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo Cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Esse pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.
No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.
Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.
No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.
Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “humanos aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:
1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;
2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;
3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.
O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.
Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi essa Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.
Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que a humanidade do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.
Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida em evolução emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.
Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.
Na primeira – ou Época Polar – “Adão” ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.
Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.
Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra em evolução condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos Corpos Densos ao fim do Período Terrestre.
Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras Ondas de Vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.
Os Anjos atuam particularmente nos Corpos Vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.
A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.
Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Essas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Nesse Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.
Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já tivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Desse modo, os seres humanos não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um desses ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isso foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, os quais, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.
Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Essa preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.
Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. São Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.
São Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Nesse caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.
Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.
Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isso os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.
Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.
Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Esses poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, esse tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.
As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que esse recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isso foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).
Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.
Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).
Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de Raça – Jeová. Sob o reinado desse, todas as Religiões de Raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque esse foi obtido no Período Lunar.
Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem, independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.
Quando o Cristianismo houver espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente “Um” em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.
[4] N.T.: o autor se refere à Primeira Guerra Mundial.
[5] N.T.: A Grande Retirada, também conhecida como a Retirada de Mons, foi a longa retirada para o rio Marne em agosto e setembro de 1914 pela Força Expedicionária Britânica (BEF) e pelo Quinto Exército Francês. As forças franco-britânicas na Frente Ocidental na Primeira Guerra Mundial foram derrotadas pelos exércitos do Império Alemão na Batalha de Charleroi (21 de agosto) e na Batalha de Mons (23 de agosto). Uma contraofensiva do Quinto Exército, com alguma ajuda do BEF, na Primeira Batalha de Guise (Batalha de St. Quentin 29-30 de agosto) não conseguiu acabar com o avanço alemão e a retirada continuou sobre o Marne. De 5 a 12 de setembro, a Primeira Batalha do Marne encerrou a retirada aliada e forçou os exércitos alemães a se retirarem em direção ao rio Aisne e a lutar na Primeira Batalha do Aisne (13 a 28 de setembro). Tentativas recíprocas de flanquear os exércitos adversários ao norte, conhecidas como Corrida para o Mar, ocorreram de 17 de setembro a 17 de outubro.
[6] N.T.: Robert Forman Horton (1855-1934), escritor inglês e pastor da Igreja Protestante Não-Conformista.
[7] N.T.: gíria britânica na época que quer dizer soldado sem patente.
[8] N.T.: Sir Walter Scott, PRSE (1771-1832) foi um romancista, poeta, dramaturgo e historiador escocês, o criador do verdadeiro romance histórico. Principais obras: A dama do lago (1810); Waverley (1814); Guy Mannering (1815); Rob Roy (1817); Ivanhoé (1819); Uma lenda de Montrose (1819); Kenilworth (1821); Peveril of the peak (1822); Woodstock (1826); Ano de Geirstein (1829). Ivanhoé é a mais conhecida e tornou-se filmes, seriados e peças de teatro.
[9] N.T.: Bernal Díaz del Castillo (1492-1584) foi um conquistador e cronista espanhol, que escreveu um relato da conquista espanhola do México liderada por Hernán Cortés, junto de quem serviu.
Max Heindel, considerado por alguns o maior espiritualista ocidental do século XX, oferece um método simples e prático de levantar horóscopo utilizando a Astrologia Rosacruz, que traz a arte e o ofício para o domínio de qualquer pessoa que saiba fazer matemática básica. Você vai aprender a interpretar as Casas do Zodíaco, a lidar com fusos horários, a entender os Signos Ascendentes, a calcular as posições dos Astros, etc.
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Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 4
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 5
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 6
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 7
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo VI – Os Aspectos
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo VII – Como fazer o Índice
Astrologia Científica Simplificada – Parte 2 – Enciclopédia Filosófica de Astrologia-P.1
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INTRODUÇÃO – O VALOR PRÁTICO DA ASTROLOGIA
Há um lado da Lua que nunca vemos; contudo, essa metade oculta é um fator tão poderoso em causar o fluxo e refluxo das marés da Terra, tanto quanto o é a parte visível da Lua. De maneira análoga, há uma parte invisível do ser humano que exerce uma poderosa influência na vida, e como as marés são medidas pelo movimento do Sol e da Lua, assim também, as possibilidades da existência são medidas pelos Astros que circulam, podendo, portanto, serem chamados de “Relógio do Destino”, e a importância desse conhecimento é de um poder imenso, pois para o astrólogo competente o horóscopo revela todos os segredos da vida.
Por conseguinte, quando você entrega a um astrólogo a data do seu nascimento, você deu a ele a chave do mais íntimo da sua alma, e não há segredo que ele não possa desvendar, pesquisando cuidadosamente. Esse conhecimento pode ser usado tanto para o bem como para o mal, tanto para ajudar como para prejudicar, de acordo com a natureza do astrólogo. Somente a um amigo considerado bom, fiel e experimentado deve ser confiado essa chave da sua alma, e nunca deve ser entregue a alguém que tenha condições suficientes para prostituir uma ciência espiritual por meio de ganhos materiais.
Para um ou uma profissional de saúde, a Astrologia Rosacruz é de valor inestimável no diagnóstico de doenças ou enfermidades e na prescrição de remédios, pois, ela revela a causa oculta de todos os distúrbios do corpo ou de todas as doenças e enfermidades. Essa fase da ciência é abordada no livro “A Mensagem das Estrelas”, que fornece muitos horóscopos para demonstrar como as indicações de várias doenças e enfermidades aparecem na escrita astral. O autor diagnostica, infalivelmente, por esse método, os distúrbios do corpo, as doenças e enfermidades dos pacientes de várias partes do mundo e o amor também iluminará o caminho para todos aqueles que almejam seguir os passos de Cristo como curadores dos enfermos e dos doentes.
Se você é um pai, uma mãe ou um responsável por uma criança, o horóscopo irá lhe ajudar a identificar o mal latente na criança e lhe ensinar a aplicar as medidas preventivas. Também lhe mostrará os aspectos bons, para que você possa ajudar essa criança, que foi confiada aos seus cuidados, a ser uma pessoa melhor. Revelará as fraquezas do organismo dela e habilitará você a preservar a saúde da criança; mostrará que talentos ela possui e como a vida pode ser vivida em sua plenitude. Portanto, a mensagem dos Astros em movimento é de máxima importância e, pelo que temos demonstrado sobre o grande perigo de se fornecer os dados de nascimento a qualquer pessoa, só nos resta uma saída: cada um de nós estudar pessoalmente essa ciência.
Esse livro e o método simplificado que ele contém para levantar um horóscopo, de maneira completamente científica, é publicado para possibilitar que qualquer pessoa que saiba somar e subtrair possa fazer todos os cálculos e atividades sozinha, em vez de confiá-los a outra pessoa. Desse modo, a pessoa obterá um conhecimento mais profundo das causas que atuam em sua vida, ao invés de confiar naquilo que qualquer astrólogo profissional desconhecido possa lhe oferecer.
CAPÍTULO I
OS PLANETAS: OS SETE ESPÍRITOS DIANTE DO TRONO
A Teoria Nebular explica com uma maravilhosa engenhosidade, do ponto de vista material, de como um Sistema Solar constituído do Sol e dos Astros pode ser formado a partir de uma névoa ígnea central, desde que essa névoa ígnea seja posta em movimento. Para alguém que não conhece sobre a névoa ígnea, pode julgá-la desnecessária como início de tudo, no entanto, como demonstrado por Herbert Spencer, que rejeitou a teoria nebular porque implica um Argumento da causa primeira[1], porém, não foi capaz de enunciar uma hipótese além dessa que é uma imperfeição questionável que reduz ou dificulta o convencimento, segundo ele. Assim, a teoria científica da origem de um Sistema Solar coincide com o ensino religioso de um Argumento da causa primeira, chame-a de Deus ou de qualquer outro nome, que é a inteligência superior que ordena o caminho das esferas em movimento, visando um fim e um objetivo definido. Talvez, nós não sejamos ainda capazes de perceber totalmente esse fim, mas em nosso planeta e a nossa volta, se observarmos não podemos deixar de notar que um desenvolvimento ordenado de todas as coisas rumo à perfeição, e pode se inferir que um processo semelhante de evolução deve estar em andamento em todos os demais Planetas, naturalmente variando em consonância com as diversas condições existentes em cada um deles.
O ensinamento místico sobre a formação de um Sistema Solar está de acordo com a Teoria Nebular que afirma que os anéis foram lançados da massa central do Sol formando, em sucessão, os vários Planetas, sendo que os mais distantes do Sol foram os primeiros a serem formados, enquanto Vênus e Mercúrio, os mais próximos do Sol, foram formados por último.
Por trás de cada ato existe um pensamento, e por trás de cada fenômeno visível há uma causa invisível. Portanto, na formação dos Planetas em um Sistema Solar, há uma razão espiritual para formação deles, bem como uma explicação material.
Podemos considerar a névoa ígnea central como a primeira manifestação visível do Deus Trino, o Senhor dos Exércitos[2], em Quem contém dentro de Seu Ser uma multidão de outros seres em diferentes estágios de desenvolvimento. As diversas necessidades desses seres exigem diferentes ambientes externos. Com a finalidade de proporcionar as condições apropriadas, vários Planetas foram lançados da massa central, sendo cada um diferentemente constituído e cada um tendo uma condição climática diferente dos demais. Contudo, eles estão todos no Reino de Deus, o Sistema Solar. “N’Ele vivem, se movem e têm o seu ser” no sentido mais literal, pois todo o Sistema Solar pode ser considerado como o corpo de Deus e os Planetas como os órgãos naquele corpo, animados por Sua Vida, movendo-se em Sua Força e de acordo com Sua Vontade.
Cada Planeta visível é a incorporação de uma grande e exaltada inteligência espiritual; essa é o ministro de Deus naquele departamento de Seu Reino, se esforçando para cumprir a Sua Vontade, focando no bem supremo[3], apesar do mal temporário.
Esses Espíritos Planetários exercem uma influência particular sobre os seres que evoluem no Planeta, que é a incorporação d’Eles, mas também exercem uma influência sobre os seres em evolução em outros Planetas, de acordo com o desenvolvimento alcançado por tais seres. Quanto mais baixo um ser se encontra na escala evolutiva, mais poderosos são os efeitos das influências planetárias; e quanto mais elevado, mais sábio e mais individualizado for um ser, mais capacitado estará em moldar o seu próprio curso e estará menos sujeitos às vibrações astrais. É por isso que a Astrologia Rosacruz nos ajuda, quando aplicada diariamente a nossa vida. Ela nos fornece um conhecimento das nossas fraquezas e as tendências para o mal em nossa natureza; ela nos mostra forças nossas qualidades ou nosso estado de ser forte, seja na capacidade de esforço ou na resistência e os momentos na nossa vida aqui mais propícios para o desenvolvimento de maior potência para o bem. Em todas as Religiões ouvimos falar dos Sete Gênios Planetários: o Hindu fala de Sete Rishi, a Persia de Sete Ameshapentas, o Maometano de Sete Arcanjos e a nossa Religião Cristã tem os seus Sete Espíritos diante do Trono.
[1] N.T.: O Argumento da causa primeira ou Argumento cosmológico é um raciocínio filosófico que visa buscar uma causa primeira (ou uma causa sem causa) para o Universo. Por extensão, esse argumento é frequentemente utilizado para a existência de um ser incondicionado e supremo, identificado como Deus.
A premissa básica é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na lei da causalidade, que diz que toda coisa finita ou contingente é causada agora por algo além de si mesma.
Esse argumento é tradicionalmente conhecido como argumento a partir da causalidade universal, argumento da causa primeira, argumento causal ou o argumento da existência. Qualquer que seja o termo empregado, há três variantes básicas do argumento cosmológico, cada uma com distinções sutis, mas importantes: os argumentos da causa (causalidade), da essência (essencialidade), do devir (tornando-se), além do argumento da contingência. Esse raciocínio tem sido utilizado por vários teólogos e filósofos ao longo dos séculos, desde a Grécia Antiga com Platão e Aristóteles, passando pela Idade Média com São Tomás de Aquino.
[2] N.T.: Designação de Deus no Antigo Testamento (por exemplo em ISm 1:3)
[3] N.T.: o único bem que é desejável por si mesmo (como um fim em si mesmo) e não por causa de outra coisa (como um meio para algum outro fim).
O astrônomo moderno separa o aspecto espiritual da ciência celestial, a Astrologia, que ele expressa o seu desprezo como “uma superstição notória”, da fase material, a Astronomia, considerando oito Planetas iniciais[1] em nosso Sistema Solar – Netuno, Urano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus, Mercúrio. Ele demostra, por meio do telescópio, que os Planetas existem e com isso ele pensa que conseguiu provar que a Religião nada sabe a esse respeito quando afirma que existem sete Planetas no Sistema Solar. No entanto, o Místico ressalta a Lei de Bode[2] como que justificando a sua afirmação de que Netuno não pertence realmente ao nosso Sistema Solar[3].
A Lei é a seguinte: se escrevermos uma série de 4 e somamos 3 ao segundo, 6 ao terceiro, 12 ao quarto, etc., toda vez sempre dobrando o número adicionado, a série de números resultante será uma aproximação bem próxima às distâncias relativas dos Planetas ao Sol, com exceção de Netuno[4]. Assim, segue a ilustração:
MERCÚRIO | VÊNUS | TERRA | MARTE | ASTERÓIDES | JÚPITER | SATURNO | URANO | NETUNO |
4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 |
– | 3 | 6 | 12 | 24 | 48 | 96 | 192 | 384 |
4 | 7 | 10 | 16 | 28 | 52 | 100 | 196 | 388 |
Se dividirmos essa série por 10 (dez) obtemos “1” para a distância da Terra ao Sol e, os outros números representam as distâncias dos outros Planetas em termos da distância da Terra. A proximidade com que essa lei simples estabelece a distância é mostrada da seguinte forma: sendo a coluna intitulada “Bode”, mostra as distâncias de acordo com essa Lei, enquanto a coluna intitulada “Distância” fornece os valores exatos em termos de distâncias da Terra.
Bode | Distância | Bode | Distância | |||
Mercúrio | 0,4 | 0,4 | Júpiter | 5,2 | 5,2 | |
Vênus | 0,7 | 0,7 | Saturno | 10,0 | 9,5 | |
Terra | 1,0 | 1,0 | Urano | 19,6 | 19,2 | |
Marte | 1,6 | 1,5 | Netuno | 38,8 | 30,0 | |
Asteroides | 2,8 | 2,6 | Plutão | 40,0 | 77,2 |
Assim, podemos ver que, com exceção dos valores encontrados para o caso de Netuno[5], os números representam, muito próximos, as distâncias proporcionais relativas do Sol, dos sete Planetas e até da camada de asteroides[6] que estão dentro de nosso Sistema Solar, mas falham definidamente quando aplicados a Netuno[7], sendo esse a externalização de um Grande Espírito das Hierarquias Criadoras que normalmente nos influenciam a partir do Zodíaco. Esse gênio planetário trabalha, especificamente, com aqueles que estão se preparando para a Iniciação[8] e, parcialmente, com aqueles que estudam Astrologia e a praticam em suas vidas diariamente, pois estes também estão se preparando para o caminho da realização espiritual. As cintilações das estrelas fixas que estão fora do nosso Sistema Solar são as pulsações dos impulsos espirituais enviados pelos guardiões dos Mistérios Maiores[9]; e os Mercurianos, os Deuses da Sabedoria, enviam impulsos similares referentes aos Mistérios Menores[10], razão pela qual, Mercúrio cintila como uma estrela fixa.
Os Planetas orbitam em torno do Sol[11] em variadas taxas de velocidades, os Planetas menores, que são os mais próximos do Sol, movem-se muito mais rapidamente do que os maiores que, além disso, descrevem círculos mais amplos.
Mercúrio faz um período orbital[12] em torno do Sol em | 88 dias |
Vênus faz um período orbital em torno do Sol em | 224,5 dias |
Terra faz um período orbital em torno do Sol em | 365,25 dias |
Marte faz um período orbital em torno do Sol em | 1 ano/322 dias |
Júpiter faz um período orbital em torno do Sol em | 12 anos |
Saturno faz um período orbital em torno do Sol em | 29,5 anos |
Urano faz um período orbital em torno do Sol em | 84 anos |
Netuno faz um período orbital em torno do Sol em | 165 anos |
Plutão faz um período orbital em torno do Sol em | 248 anos |
A velocidade horária dos Planetas em suas órbitas é a seguinte:
quilômetros por hora | |
Mercúrio | 172.000 |
Vênus | 124.000 |
Terra | 105.000 |
Marte | 85.000 |
Júpiter | 47.000 |
Saturno | 34.000 |
Urano | 24.000 |
Netuno | 19.000 |
Plutão | 17.000 |
Além de girarem em suas órbitas ao redor do Sol, os Planetas também giram sobre seus eixos na mesma direção em que giram em suas órbitas; isto é, de Oeste para Leste. Esse movimento é chamado de rotação diurna[13].
O tempo estimado pela rotação diurna dos Planetas é o seguinte:
O Sol também gira em torno de um eixo, mas requer cerca de 608 horas ou 25 dias e 1/3 do dia para completar uma rotação.
O eixo de um Planeta pode ser perpendicular ou oblíquo à sua órbita. As atuais inclinações aproximadas dos eixos são as seguintes:[16]
A inclinação do eixo do Sol ao plano da eclíptica é de cerca de 7,5 graus.
As inclinações dos eixos acima não coincidem em todos os casos com os números determinados pela ciência física, nem endossamos seu ponto de vista de que essas inclinações permanecem praticamente inalteradas, salvo por um leve movimento oscilatório chamado Nutação[17]. Há um terceiro movimento extremamente lento dos Planetas, pelo qual, o atual Polo Norte da Terra, no futuro, como fez no passado, apontará diretamente para o Sol. Mais tarde estará na posição onde agora está o Polo Sul, e no devido tempo alcançará novamente a sua posição atual. Assim, o clima tropical e as épocas glaciais se sucedem em todos os pontos de cada Planeta.
Além disso, esse movimento gradual de, aproximadamente, de 50 segundos de espaço por século, pelo qual uma volta ao eixo da Terra se completa em, aproximadamente, dois milhões e meio de anos, também ocorreram mudanças repentinas numa época em que o que é agora o Polo Norte apontava diretamente para o Sol. O hemisfério sul se encontrava, então, continuamente na escuridão e frio.
As condições resultantes causaram, na última vez, uma melhoria muito grande e súbita em todo o nosso globo. Entretanto, desde essa época o Espírito, que anteriormente guiava a Terra de fora, penetrou dentro de sua esfera e tal acontecimento será impossível no futuro.
O Sr. Pierre Bezian, um mecânico francês, construiu um aparelho que demonstrava esse terceiro movimento. Ele disse ter recebido essa ideia de um estudo dos ensinamentos promulgados entre vários povos antigos, por meio de sacerdotes, que eram dotados de conhecimento místico, particularmente os Egípcios. Ele demonstrou como esse terceiro movimento explicava a flora e a fauna tropicais encontradas no gelado do norte, que não podem ser explicados de outra forma. Ele, também, demonstrou que durante o curso desse terceiro movimento, a inclinação do eixo de um Planeta se torna maior que os 90 graus e seu Polo Norte começa a apontar em direção ao sul, os satélites desse Planeta parecerão girar na direção oposta à dos satélites de outros Planetas, como é o caso dos satélites de Urano e Netuno; um fato que deixa os astrônomos perplexos e em busca de uma explicação.
Em relação a Urano e Netuno, o Sol também nasce no oeste e se põe no leste pela mesma razão: a inversão de seus polos.
Como uma última diferença entre os ensinamentos da ciência moderna e os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes, podemos observar que os astrônomos de hoje falam de Vênus e Mercúrio como Planetas inferiores, porque aparecem sempre próximos ao Sol; Vênus é visto apenas como uma “estrela da manhã ou da tarde”; Mercúrio raramente é visto, pois está muito próximo do Sol.
Os outros Planetas são chamados superiores, porque são vistos de todas as distâncias do Sol, mesmo se posicionando no ponto oposto do horizonte do Sol.
Essa denominação de inferior e superior, o místico teria um ponto de vista oposto, pois para ele é evidente que o Sol é a externalização da mais alta inteligência espiritual em nosso Sistema Solar. No início de nossa atual fase evolutiva, tudo o que está agora fora do Sol, estava dentro, mas nem todos os seres podiam continuar vibrar na elevadíssima taxa de vibração que era estabelecida ali; alguns ficaram para trás, cristalizaram-se e, com o tempo, tornaram-se um empecilho para outras classes. Com a cristalização, eles se dirigiram para os polos, onde o movimento é lento, mas gradualmente com o aumento da densidade deles, foram impelidos para o equador, onde o movimento é mais rápido e, consequentemente, foram expelidos do Sol pela força centrífuga.
Mais tarde, outros seres também não conseguiram se manter nesse movimento vibratório, ficando para trás e foram expelidos a uma distância apropriada para que as vibrações solares pudessem lhes fornecer a rapidez necessária ao desenvolvimento deles.
Os Espíritos mais avançados permaneceram mais tempo no Sol e, consequentemente, se a denominação inferior e superior é para ser aplicada, deveria ser usada de maneira inversa.
A fim de evitar qualquer mal-entendido, pode-se dizer que Júpiter foi expelido com um enorme volume de substância ígnea, porque os jupterianos alcançaram um grau elevadíssimo de desenvolvimento, onde precisavam tanto de altas vibrações como de autonomia. Júpiter é, portanto, em alguns aspectos, uma exceção à regra; um caso em que uma lei superior prevalece sobre uma inferior.
Concluindo, nós reiteramos que os Planetas do nosso Sistema Solar são externalizações visíveis dos Sete Espíritos diante do Trono de Deus, o Sol, e assim como nos é possível transmitir por telégrafo sem fio a força que move a chave do telégrafo, que acende uma lâmpada, que puxa uma alavanca, etc., assim também esses Grandes Espíritos exercem uma influência sobre os seres humanos, numa proporção ao nosso grau de individualidade. Se almejamos agir em harmonia com as Leis do Deus, nos elevemos acima de todas as leis e nos tornemos uma lei em nós mesmo; colaboradores de Deus e auxiliares na natureza. Isso é nosso privilégio, mas se deixarmos de viver de acordo com nossas mais elevadas possibilidades, isso será o nosso fracasso.
Esforcemo-nos, portanto, em saber o que podemos fazer e, acima de tudo, tomemos cuidado para não prostituir a Ciência dos Astros, colocando-a como mera adivinhação. O Ouro de Mamon[18] pode ser nosso se lutarmos por isto, mas a “paz de Deus que excede todo o entendimento”[19] nos trará um regozijo duradouro, se usarmos nosso conhecimento no serviço altruísta aos outros.
[1] N.T.: e Plutão depois de 1930.
[2] N.T.: A lei de Titius-Bode (às vezes denominado de Lei de Bode) é uma lei matemática que define, muito aproximadamente, as distâncias planetárias. Foi desenvolvida em 1766 por Johan Daniel Tietz (1729–1796), mais conhecido por seu nome latinizado Titius (pronuncia-se Tícius) e muito divulgada pelo astrônomo alemão Johann Elert Bode (1747–1826), diretor do Observatório de Berlim, que acabou definindo a sequência final, que hoje conhecemos como Lei de Titius-Bode.
[3] N.T.: e nem Plutão, depois de descoberto em 1930
[4] N.T.: e, também, de Plutão, depois de 1930.
[5] N.T.: e Plutão, depois de 1930.
[6] N.T.: situados entre a órbita do Planeta Marte e do Planeta Júpiter.
[7] N.T..: e a Plutão, depois de 1930.
[8] N.T.: no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz são os Estudantes Rosacruzes que estão, no mínimo, no grau de Discípulo.
[9] N.T.: Também denominadas Iniciações Maiores ou Iniciações Cristãs.
[10] N.T.: Também denominadas Iniciações Menores.
[11] N.T.: Conhecido como movimento de translação em torno do Sol.
[12] N.T.: O período orbital (também conhecido como período de revolução) é o tempo que um determinado objeto astronômico leva para completar uma órbita em torno de outro objeto e se aplica em astronomia geralmente a Planetas ou asteroides orbitando o Sol, para o nosso Sistema Solar. Depois de 1930, consideremos Plutão que faz um período orbital em torno do Sol de 248 anos.
[13] N.T.: O movimento diurno (ou rotação diurna) é um termo astronômico que se refere ao movimento aparente do Sol ao redor de um Planeta – no nosso Sistema Solar -, ou mais precisamente, movimento em torno dos dois polos celestes, ao longo de um dia. É causado pela rotação do Planeta em torno de seu eixo. Isso também resulta em observarmos que quase todas as estrelas parecem seguir um caminho de arco circular chamado círculo diurno.
[14] N.T.: Últimas observações científicas feitas através dos satélites artificiais na década de 90, pela NASA
[15] N.T.: Últimas observações científicas feitas através dos satélites artificiais na década de 90, pela NASA
[16] N.T.:
[17] N.T.: A Nutação é, na astronomia, uma pequena oscilação periódica do eixo de rotação da Terra com um ciclo de 18,6 anos, sendo causada pela força gravitacional da Lua sobre a Terra.
[18] N.T.: Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade.
[19] N.T.: Fp 4:7
CAPÍTULO II
O TEMPO E O LUGAR COMO FATORES NO CÁLCULO DO HORÓSCOPO
Parte 1
Um horóscopo é simplesmente um mapa dos céus mostrando uma determinada posição dos Astros[1] e Signos Zodiacais em relação entre si e em relação à Terra. As constelações permanecem na mesma posição uma em relação à outra e, portanto, são chamadas de “estrelas fixas”, mas a Terra e os outros Astros mudam suas posições constantemente. Eles não retornam à mesma posição relativa antes de decorridos, aproximadamente, vinte e seis mil anos. Assim, todo horóscopo calculado de forma cientifica é absolutamente individual e mostra uma influência astral diferente daquela experimentada em qualquer outra vida iniciada numa época diferente. Por causa da rotação da Terra sobre o seu próprio eixo é acrescido um novo grau ao Zodíaco, a cada quatro minutos percorridos, assim mesmo os horóscopos de gêmeos podem diferir consideravelmente. Por isso, o Estudante Rosacruz deve perceber a importância da Hora como um fator preponderante em um horóscopo. Há, contudo, vários métodos para determinar a hora e erigir um horóscopo correto para quem não sabe a hora exata de seu nascimento, mas esse assunto pertence a um nível mais avançado deste estudo.
No entanto, a hora não é a mesma em todo o mundo. Quando o Sol nasce onde vivemos, ele se põe em outro lugar, e isso estabelece outra diferença nos horóscopos mesmo se calculados para crianças nascidas no mesmo horário, mas em lugares opostos do globo, pois se for meio-dia no local de nascimento de uma delas, o Sol estará elevado nos céus acima no globo terrestre, e no local de nascimento de outra criança seria meia-noite, mas com o Sol diretamente abaixo no globo terrestre. Sabemos que o efeito químico do raio solar tem variação de acordo com sua posição, de maneira que, quando a mudança é fisicamente perceptível, o efeito espiritual também deve diferir. Portanto, é evidente que a hora e o lugar são fatores básicos no cálculo de um horóscopo. Mas, primeiro mostraremos como determinar o lugar de nascimento e depois abordaremos a questão da hora.
O LUGAR
Geograficamente, a Terra está dividida por dois conjuntos imaginários de círculos. Um círculo que corre de leste para o oeste, a meio caminho entre os polos norte e sul, como ilustrado nos gráficos abaixo, é chamado de Equador.
Outros círculos, chamados Paralelos de Latitude, são imaginados, estendendo-se paralelamente ao Equador, sendo utilizados para medir a distância de qualquer lugar ao Norte ou ao Sul do Equador. Agora tomemos um atlas e olhemos o mapa da América do Norte. Ao longo das bordas direita e esquerda, você verá ver alguns números. Note que uma linha curva se estende desde o número 50 à direita até o número 50 à esquerda no mapa. Esse é o Paralelo 50 graus de latitude. Todas as cidades situadas ao longo dessa linha, na América, Europa ou Ásia estão equidistantes do Equador e, assim, podemos dizer que estão localizadas na “Latitude 50 graus Norte”.
Outra linha se estende do número 40 do lado esquerdo até o número 40 do lado direito. Podemos observar algumas das principais cidades sobre essa linha ou próximas a ela. São Francisco está um pouco mais ao sul; Denver está em cima da linha; Chicago e Nova York um pouco ao norte. Agora, tomemos o mapa da Europa. Há os números da direita e da esquerda, cujos círculos de conexão também são latitudes, e no número 40 você verá Lisboa (um pouco para baixo) e Madri (quase em cima). Prosseguindo para leste, Roma e Istambul aparecem um pouco ao norte (ou para cima) dessa linha.
Pode-se dizer, para fins de ensino elementar, que esses lugares estão no mesmo grau de latitude e, portanto, outro determinador deve ser usado para diferenciar a localização de cada um dos lugares.
Isso é feito dividindo a Terra longitudinalmente, de polo a polo, por outro conjunto de círculos imaginários chamados Meridianos de Longitude e que são mostrados na figura abaixo.
Todos os lugares ao longo desses círculos têm o meio-dia igual para todos, independentemente de quão distantes possam estar do Equador, ou de quão perto estejam do Polo Norte ou Sul.
Agora, olhemos novamente para o mapa da Europa. Lá você verá linhas numeradas traçadas da parte superior até a parte inferior do mapa. Essas são as linhas de longitude. Uma é numerada como “0”. Se você seguir essa linha, encontrará Londres e, perto dela, um lugar chamado Greenwich. Essa é a localização do maior observatório do mundo[2] e, para fins de cálculo astronômico, todos os pontos da Terra são considerados como sendo tantos graus a oeste ou a leste de Greenwich[3].
Assim, por Latitude obtemos a localização de um determinado lugar ao norte ou ao sul do Equador.
Por Longitude, designamos sua posição se é a leste ou a oeste de Greenwich.
Quando a localização de um ponto é estabelecida em termos de latitude e longitude, isso estabelece um determinado ponto fora de qualquer possibilidade de confusão com qualquer outro lugar e fornece ao astrólogo um dos fatores primordiais que são necessários para calcular um horóscopo científico: o lugar[4].
A latitude é o principal fator na localização dos Signos do Zodíaco por meio das “Tabelas das Casas”[5], as quais se aplicam a todos os lugares em um determinado grau de latitude. Essas tabelas são praticamente imutáveis como o são as estrelas fixas às quais se aplicam; elas permanecem as mesmas de ano para ano, e sua alteração é tão pequena que não é significativa no decorrer de toda uma vida.
A longitude é o fator principal em todos os cálculos relacionados aos Astros móveis. Para calcular suas posições no momento do nascimento de uma pessoa é necessário ter um almanaque astronômico do ano de nascimento. Esse recebe o nome de Efemérides pois registra a posição efêmera ou transitória dos Astros, conforme vistos pelo observatório de Greenwich diariamente ao meio-dia[6].
[1] N.T.: Sol, Lua e os Planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão)
[2] N.T.: O autor se refere no início do século XX.
[3] N.T.: a oeste (ou seja, à sua esquerda – olhando o mapa de frente para você) ou a leste (ou seja, à sua direita)
[4] N.T.: Por exemplo: um lugar situado à 38º53’ de Latitude Norte e 77º de Longitude Oeste. Atualmente é mais fácil consultar na internet. É só pesquisar no seu navegador (Google Chrome, Mozilla Firefox, Safari e Microsoft Edge) colocando: o nome da cidade, estado e/ou país e acrescentar as palavras: latitude e longitude (para a Astrologia Rosacruz escolha sempre os valores expressos em graus, minutos e segundos – exe: 23º32’19” – e não expressos em pontos decimais depois dos graus – exe: 23,0256).
[5] N.T.: Aqui já há muitas cidades com suas respectivas latitudes e longitudes: Tabelas das Casas Científica e Simplificada – Latitude 1 a 66 Graus – The Rosicrucian Fellowship
[6] N.T.: para facilitar temos as Efemérides Rosacruzes, já levantadas para serem utilizadas na Astrologia Rosacruz. Aqui alguns exemplos: Efemérides Científica e Simplificada – Calculada para Meio-dia (Noon) Greenwich
A HORA
Um Dia Solar é o período de tempo que o Sol leva para se mover de um determinado Meridiano de longitude até retornar ao mesmo Meridiano no dia seguinte. Devido ao movimento variável da Terra em sua órbita e da obliquidade da eclíptica, o caminho do Sol, os dias solares não tem todos a mesma duração, mas como o propósito da vida social e civil necessitam de uma divisão uniforme, uma média foi adotada para todos os dias solares do ano, e isso leva o nome de Dia Solar Médio. Esse começa à meia-noite, quando o Sol está no nadir. Os relógios são regulados para mostrar seu início, seu fim e, também, suas divisões em 24 horas diárias. Há, portanto, uma diferença entre a hora Solar e a hora do relógio[1].
A partir do momento que o Sol se encontra mais perto da Terra (Periélio) – por volta de catorze dias após o Solstício de Dezembro (próximo do dia 4 de janeiro –, até o momento em que se encontra o mais distante da Terra (Afélio) – por volta do dia 4 de julho –, a hora do relógio está adiantada em relação à hora Solar. De 21 de junho a 24 de dezembro, o Sol está adiantado em relação ao relógio, ocorrendo a diferença maior, de 16 minutos, no início de novembro.
Quando o movimento desigual da Terra em sua órbita e a obliquidade da eclíptica atuam juntas, a diferença entre a hora Solar e a hora do relógio é a maior; mas, quatro vezes ao ano elas se igualam: 15 de abril, 15 de junho, 1º de setembro e 24 de dezembro.
Um Dia Sideral é o tempo que decorre entre a saída de uma estrela fixa, a um certo grau de longitude, até que ela retorne ao mesmo ponto no dia seguinte. Esse é o tempo exato de uma revolução[2] completa da Terra sobre seu eixo; e é o único movimento absolutamente uniforme observado nos céus, não tendo sofrido nenhuma alteração desde as primeiras observações registradas.
Devido ao movimento da Terra em sua órbita[3] em torno do Sol, um Dia Solar é mais longo do que um Dia Sideral, pois como o Sol se adianta mais para o leste durante o período de rotação diária da Terra sobre seu eixo, a Terra precisa girar um pouco mais em seu eixo para que um certo Meridiano se alinhe com o Sol. O Dia Solar é, portanto, cerca de quatro minutos mais longo que o Dia Sideral, porém, devido ao movimento variável da Terra em sua órbita e à obliquidade da eclíptica mencionada anteriormente, essa diferença também varia a cada dia.
Antigamente, a hora dos relógios de cada cidade ou cada pequena vila se diferenciavam das horas dos relógios de todos os outros lugares, uma vez que todos eles eram ajustados para a Hora Local, porém, isso causava muita confusão para as pessoas que viajavam; portanto, em 18 de novembro de 1883, a América adotou o que conhecemos por Hora Padrão[4]. Para as pessoas nascidas após aquela data é necessário se fazer uma correção, em que se converte a hora indicada pelos relógios em Hora Local Exata, pois essa é a hora utilizada para calcular um horóscopo. O diagrama ajudará os Estudantes Rosacruzes a entenderem o que é a Hora Padrão, como desfazer quaisquer confusões e como é elaborada a correção mencionada anteriormente.
Foi sugerido que, se o país fosse dividido em zonas horárias[5], em que cada uma teria cerca 15 graus de longitude de largura (por ser essa a distância que o Sol viaja em uma hora), e sendo todos os relógios de cada divisão acertados para uma hora uniforme, estabelecido por um Meridiano localizado no centro da zona horária correspondente, a confusão para os viajantes seria evitada.
Consequentemente, os Estados Unidos da América foi dividido em quatro dessas zonas por três linhas imaginárias, conforme está ilustrado no diagrama.
Na Zona Horária do Leste, os relógios são ajustados seguindo o Meridiano 75 graus, com 5 horas a menos da Hora de Greenwich.
Na Zona Horária Central, a hora é regulado pelo Meridiano 90 graus, que é 6 horas a menos da Hora de Greenwich.
Na Zona Horária das Montanhas, os relógios são regulados de acordo com o Meridiano 105 graus, que é 7 horas a menos da Hora de Greenwich.
Na Zona Horária do Pacífico, o horário é regulado para o Meridiano 120 graus, que é 8 horas a menos da Hora de Greenwich.
(Há uma quinta zona no extremo leste, compreendendo Maine, Nova Escócia, etc. Essa zona foi omitida para que nosso diagrama pudesse abranger um espaço maior.).[6]
Em todas as cidades localizadas no mesmo Meridiano padrão (veja o diagrama), tais como Filadélfia e Denver, a Hora Padrão é também a Hora Local Exata e nenhuma correção de horário é necessária para o cálculo dos horóscopos. Mas Detroit[7], que está posicionado na linha divisória entre a Zona Leste e a Zona Central, e que está a 7 graus a leste do Meridiano 90º e, portanto, seus relógios estão 28 minutos atrasados, pois quando assinalam meio-dia, de acordo com o Meridiano Padrão de 90º, a Hora Local Exata é de 28 minutos depois do meio-dia (12h28 P.M.[8]). Você verá que Chicago está um pouco a leste do Meridiano de 90 graus (em torno de 2 graus). Quando os relógios assinalam meio-dia, na verdade são 12h08 P.M. Os relógios de São Francisco assinalam meio-dia quando a Hora Local Exata é ainda 11h50 A.M., porque essa cidade está 2 graus e 30 minutos (2º30’) a oeste do Meridiano Padrão 120º. Assim, a correção se faz necessária.
A regra para obter a Hora Local Exata é a seguinte:
Para o Horário do Meridiano Padrão mais próximo:
Quando uma criança nasce, deve-se notar o momento exato em que ela respira pela primeira vez, já que este momento, e não a hora do parto, é a hora do nascimento do ponto de vista do astrólogo.
A razão pela qual se toma a hora da primeira inspiração que vem, geralmente, acompanhada de um choro, como o momento do nascimento se deve à condição química da atmosfera que muda a cada momento à medida que mudam as vibrações astrais. Notamos tal mudança na atmosfera de acordo com a posição do Sol no céu durante as diferentes horas do dia ou da noite. O ar noturno é diferente da atmosfera ao meio-dia. Essas não são mudanças repentinas, mas são provocadas por e para nós em níveis imperceptíveis. Nós, que somos mais insensíveis às mudanças contínuas, não as sentimos, mas a forma pouco sensível de uma criança recém-nascida é eminentemente suscetível à irrupção dessa primeira carga de ar em seus pulmões e, à medida que o oxigênio contido nessa carga se espalha por todo o corpo, em virtude da mistura com o sangue, cada átomo recebe uma impressão peculiar que se mantém ao longo da vida, embora os átomos mudem, da mesma forma que uma cicatriz se perpetua no corpo, apesar da mudança de átomos. Essa primeira impressão é a base física das idiossincrasias e características instáveis que fazem com que cada um de nós aja diferentemente sob as mesmas condições astrais; é a base das tendências da nossa natureza física e está em harmonia com nosso estágio de realização, conforme estabelecido pela Lei de Causa e Efeito, que nos proporciona em cada vida as faculdades desenvolvidas durante todas as nossas existências anteriores. Assim, não temos um determinado destino porque nascemos em um determinado momento, mas nascemos no momento em que os raios astrais nos fornecem as tendências para cumprir o destino gerado em vidas passadas.
Essa distinção é muito importante, pois marca a diferença entre o ponto de vista do astrólogo materialista e o conceito religioso da Astrologia.
Em março de 1918, o governo dos EUA aprovou o “Daylight Saving Act” (“horário de verão”), pelo qual todos os relógios deveriam ser adiantados uma hora à meia-noite anterior ao último domingo do mês de março, e depois atrasados uma hora à meia-noite anterior ao último domingo do mês de outubro. Esse Ato vigorou somente em 1918 e 1919. Portanto, todas as datas de nascimento registradas nesse período devem ter uma hora subtraída para obter a Hora Padrão.
[1] N.T.: a hora do relógio é também chamada de hora legal.
[2] N.T.: também chamada de rotação: cada giro da Terra em torno do seu próprio eixo define um dia.
[3] N.T.: Movimento de Translação
[4] N.T.: Embora se use também a expressão “Hora Padrão”, a denominação mais consagrada aqui no Brasil é “Hora Legal”.
[5] N.T.: As zonas horárias ou fusos horários são cada uma das vinte e quatro áreas em que se divide a Terra e que seguem a mesma definição de tempo
[6] N.T.: Note com bastante atenção, então, que os Meridianos padrões para o Estados Unidos são: 60o, 75o, 90o, 105o e 120o
Já no Brasil os Meridianos padrões são: 30o, 45o, 60o e 75o
[7] N.T.: Detroit adotou a Hora Padrão Leste a 15 de maio de 1915.
[8] N.T.: Em grande parte dos países de língua inglesa é costume especificar as horas do dia de um a doze, seguidas de AM ou PM conforme o período. Nesses países é necessário informar sempre o período a que se refere a hora indicada. Por exemplo, 15h corresponde a 3:00 PM.
AM e PM (podendo ser escrita em maiúsculas ou minúsculas, com ou sem pontos a seguir às letras) são duas siglas com origem no latim utilizadas para referir cada um dos dois períodos de 12 horas em que está dividido o dia: AM (Ante Meridiem) significa “antes do meio-dia” e PM (Post Meridiem) significa “após o meio-dia”.
AM é o período com início à meia-noite (00:00) e término às 11:59; PM é o período com início ao meio-dia (12:00) e término às 23:59. Assim, meio-dia se escreve como 12:00 PM e meia-noite se escreve como 12:00 AM.
CAPÍTULO 3 – OS SIGNOS E AS CASAS
Embora estejamos muitos milhões de quilômetros mais próximos do Sol[1] durante os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, seus raios transmitem menos calor do que nos meses de junho, julho, agosto e setembro, quando nos encontramos mais afastados dele[2] ; por conseguinte, é evidente que a distância não influência na transmissão dos raios de calor, mas à medida que o Sol se eleva ao nascer em direção ao zênite, seja no verão ou no inverno, o calor aumenta, sendo o máximo alcançado no meio do verão, quando os raios solares estão mais próximos do ângulo perpendicular, ocasião em que, consequentemente, se registram as temperaturas mais elevadas. Por isso, é evidente que o ângulo do raio[3] é o único fator determinante de sua influência.
A Astrologia trata com ângulos astrais e os efeitos deles observados na humanidade; e para determinar esses ângulos e tabular essas considerações, as estrelas fixas, ao longo da trajetória do Sol, foram divididas em grupos ou constelações, e a Terra, como vista a partir do lugar do nascimento de uma criança foi dividida em Casas. A grande maioria dos novos Estudantes Rosacruzes muitas vezes se confundem em diferenciar o que são Signos e o que são Casas, mas se memorizarem que os Signos são divisões dos Céus, e as Casas são divisões da Terra, não haverá nenhuma dificuldade. Os Signos influenciam determinadas partes do Corpo Denso; as Casas governam as condições da vida.
Como em qualquer outro círculo[4], o Zodíaco é dividido em 360 graus, de modo que cada um dos doze Signos tem 30 graus[5]. Os nomes e os símbolos deles são mostrados no diagrama acima. As partes do Corpo Denso governadas por esses Signos são as seguintes[6]:
Signo | Parte do Corpo Denso |
Áries | Cabeça |
Touro | Cerebelo e Pescoço |
Gêmeos | Braços e Pulmões |
Câncer | Estômago |
Leão | Coração e Medula Espinhal |
Virgem | Intestinos |
Libra | Rins |
Escorpião | Órgãos Sexuais e Reto |
Sagitário | Quadris e Coxas |
Capricórnio | Joelhos |
Aquário | Tornozelos |
Peixes | Pés |
Essas doze constelações constituem o Zodíaco Natural e estão sempre nas mesmas posições relativas, mas devido ao movimento dos polos da Terra, o Sol cruza o equador num ponto ligeiramente diferente a cada ano no Equinócio de Março, e esse ponto de mudança é considerado na Astrologia como sendo o primeiro grau de Áries, o início do que chamamos de Zodíaco Intelectual. Esse Zodíaco muda a uma taxa, em média, de 50,1 segundos de ano para ano, 1 grau em 72 anos, 1 Signo em 2.156 anos, completando o círculo de 12 Signos em, aproximadamente, 25.868 anos. Esse movimento retrógrado é chamado de “Precessão dos Equinócios”.
Do ponto de vista materialista, parece não haver razão para essa alteração do Zodíaco, mas do ponto de vista do místico não é de modo algum arbitrária, ao contrário, é necessária e está em harmonia com o caminho espiral da evolução, seguido tanto pela estrela fixa quanto pela estrela do mar, observável em toda a natureza. Após a conclusão de cada ciclo, os Zodíacos Intelectual e Natural se ajustam (a última vez aconteceu em 498 d.C.), então começa um novo período mundial, uma nova fase de evolução, um ciclo da espiral mais elevado em que estamos sempre caminhando em direção a Deus. Mesmo sob o ponto de vista material é evidente que o caminho em espiral do Sistema Solar, observado pelos astrônomos, deve mudar o ângulo de incidência dos raios luminosos das estrelas fixas, e como o ângulo de incidência dos raios do Sol sobre nossa Terra possui o efeito de produzir as mudanças climáticas de verão e inverno, é razoável que uma mudança semelhante deve suceder-se à nossa mudança de posição em relação às estrelas fixas, o que pode ser responsável por mudanças graduais de condições, tais como estações de inverno menos frios e estações de verão menos quentes em algumas partes do mundo.
[1] N.T.: em torno de 147,1 milhões de quilômetros, atingindo o periélio por volta de catorze dias após o solstício de dezembro, próximo do dia 4 de janeiro.
[2] N.T.: em torno de 152,1 milhões de quilômetros, atingindo o afélio por volta de catorze dias após o solstício de junho, próximo do dia 4 de julho.
[3] N.T.: inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol – 23,5 graus. Graças a ela, os raios solares incidem de forma diferente ao longo do ano.
[4] N.T.: como estudamos na geometria
[5] N.T.: invariavelmente
[6] N.T.: aqui são listadas somente a parte principal regida por cada Signo. Para uma lista completa consultar o Livro Astrodiagnose e Astroterapia.
Além do mais, observou-se que as condições climáticas dispõem de um impacto nítido em nossas características ou inclinações habituais ou, ainda, no nosso modo de responder às emoções – nos sentimos de maneira diferente tanto no verão como no inverno – e não pode essa mudança lenta em relação às estrelas fixas ser a causa dessa mudança na humanidade, que conhecemos por evolução? O místico afirma que sim. Assim como os raios do Sol, pela mudança do ângulo de incidência, suscitam as folhas e flores da planta em determinado momento, e em outro as fazem murchar, assim também os raios das estrelas fixas suscitam e produzem as maiores mudanças na flora e fauna; eles são responsáveis pela ascensão e queda das nações e pela mudança marcada pela sensibilidade excessiva e alterações de humor impulsivas que chamamos de civilização.
Indo mais longe com a analogia, o Zodíaco Natural é composto pelas constelações que são vistas nos céus, e o Zodíaco Intelectual começa sua mudança no exato ponto onde o Sol cruza o Equador no Equinócio de Março. Essa é a época em que a Natureza faz nascer tudo aquilo que ela germinou no ventre dela no inverno anterior. Assim, o horóscopo do mundo muda de ano para ano. “Como em cima, assim embaixo”, é a Lei da Analogia e os mesmos pontos salientes são observáveis na evolução do ser humano, do micróbio, da estrela do céu e da estrela do mar.
No mapa natal do ser humano temos, também, o que pode ser chamado de horóscopo natural, que é o mapa levantado e calculado segundo as regras da Astrologia, em que qualquer Signo pode estar no Ascendente ou na Primeira Casa. A mudança do Equinócio de Março corresponde ao primeiro grau de Áries, no Zodíaco Intelectual, assim, o Ascendente no horóscopo de qualquer ser humano também tem uma influência correspondente a esse grau. A Segunda Casa corresponde a Touro, a Terceira Casa a Gêmeos, e assim por diante, formando a contraparte do Zodíaco Intelectual no horóscopo do ser humano.
Assim como os raios do Sol se intensificam quando focalizados através de uma lente, do mesmo modo ocorre com a vida espiritual do Sol quando focalizada através das duas Casas de Marte[1] para trazer uma vida a partir dos Mundos invisíveis.
Câncer, o primeiro dos Signos de Água, era representado como um escaravelho (besouro) entre os antigos Egípcios, que era o emblema deles da alma, e os ocultistas sabem que o Átomo-semente do Corpo é implantado[2] quando o Sol da Vida (o Ego) está em Câncer, a esfera da Lua, o Astro da fecundação.
Quatro meses depois, quando o Sol da Vida passa pelo segundo Signos de Água, Escorpião, que está sob a regência de Marte, o Planeta da paixão e da emoção, o Cordão Prateado está vinculado, ligando o Corpo de Desejos aos veículos inferiores[3], e temos a ‘vivificação’ quando o feto principia a mostrar vida senciente. A essa altura, o Ego já dissolveu os corpúsculos sanguíneos nucleados através dos quais a vida da mãe já se manifestou naquele organismo crescente, e então pode começar a funcionar no fluido vital e manifestar sinais de vida separada no Corpo até que o Sol da Vida tenha completado o ciclo de vida dele e, novamente, alcance a mística Oitava Casa.
Oito meses depois que o Átomo-semente foi introduzido naquele ambiente apropriado, o Sol da Vida, o Espírito, entra em Peixes, o último dos Signos de Água do Zodíaco místico, o qual está sob o expansivo e benéfico raio de Júpiter. Sob essa benévola influência, as águas do parto se avolumam e rompem as paredes distendidas do útero, quando se completam, mais ou menos, os nove meses de gestação, lançando a alma recém-nascida no Oceano da Vida ao primeiro ponto de Áries, onde é aquecida e animada pela combinação dos raios de Marte, como Regente do Signo de Áries, e do Sol no Signo de Áries, onde o Sol está em Exaltação. Assim, ele é preparado para a batalha da existência pelo energético deus da guerra, e sua fonte de vida, seja ela grande ou pequena, é totalmente preenchida pelo Sol, do grande reservatório cósmico de energia vital.
AS CASAS
Num horóscopo o lugar do nascimento é sempre suposto estar no ponto mais alto da Terra. Ele é indicado por uma seta na figura abaixo e o ponto bem acima dele no céu é chamado de Meio-do-Céu. Como um observador no hemisfério norte precisa sempre olhar na direção sul para ver o Sol do meio-dia, segue que o leste fica à sua esquerda e o oeste à sua direita. Os astrólogos chamam o horizonte oriental de Ascendente, porque nesse ponto as estrelas nascem ou ascendem em direção ao Meio-do-Céu, e pela razão inversa chamam o horizonte ocidental de Descendente. Os raios de estrelas localizadas nesses pontos extremos incidem no lugar do nascimento em diferentes ângulos, portanto, a influência deles pode variar e, também, pode haver uma diferença considerável do efeito nos pontos intermediários entre o horizonte e o Meio-do-Céu, além do que, os Astros posicionados abaixo da Terra também exercem a capacidade de influenciar, embora não na mesma proporção de quando posicionados acima do lugar do nascimento. A influência dos Astros nos vários departamentos da vida tem sido observada como se segue:
1ª Casa | a condição física do Corpo como um todo ou das suas partes; a forma física do Corpo; o ambiente durante a infância; o lar na infância |
2ª Casa | as finanças |
3ª Casa | a literatura; as habilidades e os métodos de assuntos práticos (tecnologia, manufatura e artesanato); a inteligência prática (a capacidade de aplicar, usar e implementar o que a pessoa sabe); as jornadas de curta duração (viagens, processos curtos de aprendizagem ou de autodescoberta); irmãos e irmãs |
4ª Casa | o lar e as condições na fase de senilidade (quando estamos experimentando o processo patológico de envelhecimento) dessa vida |
5ª Casa | os meios de se divertir ou se entreter; os namoros; os filhos; as especulações (formar uma teoria ou conjectura sem evidência firme) |
6ª Casa | a saúde; empregados (as) ou funcionários (as); o trabalho que produz valor de uso (servir) e não somente valor de troca |
7ª Casa | as parcerias e sociedades; os casamentos e as uniões conjugais; as belas-artes (como pintura, escultura ou música) focadas, principalmente, com a criação de belos objetos; o público |
8ª Casa | as heranças (de coisas tangíveis: recursos financeiros, bens físicos, propriedades e coisas afins); a morte |
9ª Casa | a Religião; a filantropia; o idealismo; a justiça; as jornadas de longa duração (viagens, processos longos de aprendizagem ou de autodescoberta) |
10ª Casa | a profissão; a posição social (a posição da pessoa em uma dada sociedade ou cultura); a ambição (o desejo de alcançar um determinado fim e que requer determinação e árduo trabalho) |
11ª Casa | os amigos; as esperanças; os desejos |
12ª Casa | as prisões e os aprisionamentos; os hospitais; as angústias profundas, as tristezas, os arrependimentos; os problemas, as dificuldades |
[1] N.T.: que são a Primeira Casa (Áries) e Oitava Casa (Escorpião) num horóscopo natural.
[2] N.T.: O Átomo-semente do Corpo Denso é colocado na cabeça do espermatozoide do papai que irá fecundar o óvulo e o Átomo-semente do Corpo Vital é colocado no útero da futura mamãe.
[3] N.T.: Corpo Denso e Corpo Vital.
CAPÍTULO 4 – O SIGNO ASCENDENTE E AS DOZE CASAS
Para ilustrar como se levanta um horóscopo, nós, primeiro, levantaremos quatro horóscopos de quatro pessoas nascidas na cidade de Chicago – Estado de Illinois, EUA – em 2 de agosto de 1909, uma às 2h15 A.M., outra às 8h15 A.M., outra às 2h15 P.M e a última às 8h15 P.M., até o ponto de encontrarmos e inserirmos os Signos nas Cúspides das Casas. As Cúspides são as linhas divisórias entre duas Casas.
Localizando a cidade de Chicago no mapa[1], notamos que ela está situada próximo aos 42 graus de latitude norte e próximo dos 88 graus de longitude oeste de Greenwich.
Nosso primeiro passo é calcular a Hora Local Exata do Nascimento. Primeiramente, retornemos à regra fornecida no Capítulo 2 que diz: “para o Horário do Meridiano Padrão mais próximo, some quatro minutos para cada grau quando o lugar de nascimento estiver a leste do Meridiano correspondente a esse horário.
Se o lugar de nascimento estiver a oeste desse Meridiano, subtraia quatro minutos para cada grau em que estiver a oeste dele”.
A Hora do Meridiano Padrão mais próxima é a Hora Central aferida pelo meridiano 90 graus. Chicago localizada a 88 graus de longitude oeste, se encontra a 2 graus a leste do Meridiano 90 graus. Portanto, somamos duas vezes quatro, ou oito minutos, ao horário mostrado pelo relógio a fim de encontrar a Hora Local Exata. No caso do primeiro horário do nascimento, quando o relógio marcava 2h15 A.M., em 2 de agosto, a Hora Local Exata é, portanto, 2h23 A.M. Essa Hora Local Exata do Nascimento será usada em todos os cálculos subsequentes do horóscopo. Observe, no entanto, que essa correção da Hora Padrão para a Hora Local se aplica aos Estados Unidos da América para datas posteriores a 18 de novembro de 1883, quando a Hora Padrão foi adotada[2].
Agora procederemos para encontrar a Hora Sideral (abreviatura: H.S.[3]) do lugar e da hora do nascimento. Como ponto de partida para nossos cálculos tomemos a H.S. (Hora Sideral) de Greenwich ao meio-dia. A partir disso, podemos calcular a Hora Sideral no lugar e na hora de nascimento pela seguinte regra:
À Hora Sideral (H.S.) do meio-dia anterior à Hora Local Exata do nascimento (encontrado nas Efemérides) some:
Primeiro: 10 segundos de correção para cada 15 graus de longitude, se o lugar de nascimento ficar a oeste de Greenwich.
Segundo: intervalo entre o meio-dia anterior e o nascimento.
Terceiro: correção de 10 segundos para cada hora desse intervalo.
Seguindo a regra acima, consultemos novamente a Efemérides do ano de 1909, em que encontraremos a coluna intitulada Sideral Time (S.T. ou Hora Sideral). Como nossa primeira hora de nascimento é 2 de agosto com a Hora Local Exata de 2:23 A.M., notamos que o meio-dia anterior é 1º de agosto. Ao lado dessa data, encontramos a Hora Sideral (S.T.), como sendo 8 horas e 37 minutos, que colocamos assim:
HORA SIDERAL – H.S. | HH MM SS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento | 08:37:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste do Lugar de nascimento (SOMAR) | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior (1º de agosto) e a Hora Local Exata do nascimento (2 de agosto às 2:23 A.M.) | 14:23:00 |
Correção de 10 segundos por hora de intervalo entre o meio-dia anterior e a H.L.E. (2:23 A.M.) que é igual a 144 segundos ou 2 minutos e 24 segundos | 00:02:24 |
Hora Sideral (H.S.) no lugar e hora do nascimento | 23:03:23 |
Quando o lugar de nascimento se encontra na longitude leste, a correção da longitude é subtraída. Se a criança tivesse nascido em 2 de agosto às 2:15 A.M., nos 42 graus de latitude norte, mas à 88 graus de longitude leste, a Hora Sideral seria calculada da seguinte forma:
HORA SIDERAL – H.S. | HH MM SS |
H.S em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento | 08:37:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Leste do Lugar de nascimento (SUBTRAIR) | 00:00:59 |
Resultado parcial | 08:36:01 |
Intervalo entre o meio-dia anterior (1º de agosto) e a Hora Local Exata do nascimento (2 de agosto às 2:23 A.M.) | 14:23:00 |
Correção de 10 segundos por hora de intervalo entre o meio-dia anterior e a H.L.E. (2:23 A.M.) que é igual a 144 segundos ou 2 minutos e 24 segundos | 00:02:24 |
Hora Sideral (H.S.) no lugar e hora do nascimento | 23:01:25 |
Como as Casas são regulamentadas pela latitude, usa-se a mesma Tabela de Casas para a criança que nasce em Chicago.
Com o cálculo dessa Hora Sideral, voltamos à Tabela de Casas e procuremos a latitude do lugar de nascimento, 42 graus. Lá encontraremos uma coluna com o título SIDERAL TIME que é a nossa Hora Sideral (H.S.) para o nascimento de 23:03:23. E o mais próximo dessa hora é 23:04:46. De acordo com essa Hora Sideral encontraremos os vários graus dos Signos a serem colocados em nosso horóscopo.
Na primeira coluna sob a latitude 42º N acompanhamos até encontrar o número 15 que se encontra na mesma linha que corresponde à Hora Sideral que encontramos de 23:04:46s; e no topo da coluna encontramos o Signo de Peixes, e acima dele o número 10, significando que os 15º graus de Peixes devem ser colocados na Cúspide da 10ª Casa, conforme mostra o horóscopo abaixo:
Na coluna seguinte, seguindo a mesma linha da nossa Hora Sideral (Sideral Time), encontramos o número 20, seguindo a coluna para cima encontramos o Signo de Áries, e no topo está o número 11, significando que os 20 graus de Áries devem ser colocados na Cúspide da 11ª Casa.
Na terceira coluna, de acordo com a nossa Hora Sideral (Sideral Time), está o número 1, seguindo a coluna para cima encontramos o Signo de Gêmeos, e no topo está o número 12, significando que o 1º grau de Gêmeos deve ser colocado na Cúspide da 12ª Casa.
A coluna mais larga, que vem a seguir marca o Ascendente (ASC). Nela encontramos os algarismos 8:10 alinhados com a nossa Hora Sideral (H.S.), e o Signo de Gêmeos no topo, mas desconsideramos esse Signo porque o Signo de Câncer está colocado entre nossa linha e o topo e sempre pegamos o primeiro Signo acima de nossa linha. Assim, colocamos os 8 graus e 10 minutos de Câncer no Ascendente.
Prosseguindo em nossa linha, vemos o próximo número 27 na primeira coluna logo depois da coluna do ASC. No topo está o Signo de Câncer, novamente, e o número 2. Assim, colocamos os 27 graus de Câncer na Cúspide da 2ª Casa.
Na coluna da extrema direita encontramos o número 19, o Signo de Leão e o número 3 no topo da coluna. Portanto, vamos colocar os 19 graus de Leão na Cúspide da 3ª Casa.
Obtivemos, assim, números para seis de nossas Casas; agora nas seis Casas opostas colocamos os Signos e graus opostos das seis já encontradas.
Tendo os 15 graus de Peixes na 10ª Casa, colocamos os mesmos 15 graus no Signo oposto de Virgem, na Cúspide da 4ª Casa, que é oposta à 10ª Casa.
Áries nos 20 graus na 11ª Casa é o oposto de Libra nos 20 graus colocado na Cúspide da 5ª Casa.
Sagitário no 1º grau colocado na Cúspide da 6ª Casa, forma exatamente o oposto de Gêmeos em 1º grau da 12ª Casa.
O Ascendente é sempre oposto à 7ª Casa e Capricórnio colocado no Ascendente é o oposto de Câncer a 8º10’ na 7ª Casa.
Os 27 graus de Câncer na 2ª Casa serão apropriadamente opostos aos 27 graus de Capricórnio na 8ª Casa, e os 19 graus de Aquário colocado na 9ª Casa está em oposição aos 19 graus de Leão na 3ª Casa.
Assim, todas as cúspides das Casas estão preenchidas, mas devido à inclinação do eixo da Terra, alguns dos Signos podem estar Interceptados entre duas Cúspides, portanto, é necessário verificar se todos os doze Signos estão em nosso horóscopo antes de prosseguirmos. Começando por Áries, depois vemos Gêmeos a seguir. Notamos que Touro está ausente e, portanto, o colocamos em sua devida posição entre Áries e Gêmeos.
Quando um determinado Signo é interceptado, seu oposto também estará ausente. Portanto, podemos de imediato colocar Escorpião em sua devida posição entre Libra e Sagitário.
Constatamos, agora, que todos os doze Signos estão colocados em nosso horóscopo, dos quais Câncer e Capricórnio estão ocupando, cada um, duas Cúspides. Ao colocarmos, assim, os Signos em suas devidas posições em relação às Casas, aqui finalizamos essa parte, completando-a, e deixemo-la de lado, por enquanto, uma vez que este é o ponto até onde pretendíamos tratar do assunto no momento.
[1] N.T.: atualmente é mais fácil encontrar diretamente tanto a latitude como a longitude de uma localidade na internet, por meio de uma simples pesquisa.
[2] N.T.: Para os outros países há que consultar a partir de que data a Hora Padrão foi adotada. Por exemplo, no Brasil a Hora Padrão foi adotada em 1º de janeiro de 1914.
[3] N.T.: em inglês S.T. ou ST.
CAPÍTULO 4 – O SIGNO ASCENDENTE E AS DOZE CASAS
Calcularemos, agora, outro para uma pessoa nascida no mesmo dia e lugar, porém, seis horas mais tarde: em Chicago, na data de 2 de agosto, às 8h15 da manhã (A.M.).
Primeiro, nós precisamos calcular a Hora Local Exata do Nascimento (H.L.E.). Conforme visto acima, acrescentamos oito minutos à hora indicada pelo relógio, ou seja, 8h15 A.M. Isso resulta em 8h23, que é a Hora Local Exata do Nascimento.
Nossa regra para encontrar a Hora Sideral (H.S.) na hora e local do nascimento requer que observemos o seguinte:
HORA SIDERAL – H.S. | HHMMSS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento (1º de agosto), conforme indicado nas Efemérides | 08:37:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste no local de nascimento (Chicago, 88º O) | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior (1º de agosto) e a hora do nascimento (2 de agosto as 8:23 A.M.) | 20:23:00 |
Correção de 10 segundos para cada hora de intervalo (20:23) que é igual a 204 segundos ou 3 minutos e 24 segundos | 00:03:24 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 29:04:23 |
Subtrair um ciclo de 24 horas | -24:00:00 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 05:04:23 |
Como um dia só pode ter 24 horas, então devemos subtrair 24 quando necessário e trabalhamos com o restante, nesse caso 05:04:23 que é a Hora Sideral em Chicago na data do nascimento. Procuremos no livro Tabela de Casas para a latitude de Chicago, que é 42º N, essa hora encontrada ou a mais próxima dela.
A hora mais próxima é 05:03:30, e seguindo a mesma linha encontramos os graus para as várias cúspides das nossas Casas. Na primeira coluna da latitude de 42º N seguindo a linha da Hora Sideral (H.S.) está o número 17. No topo da coluna está o Signo de Touro e o número 10. Mas, veja que entre o número 17 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Gêmeos. Assim, colocamos os 17 graus de Gêmeos na cúspide da 10ª Casa.
Na próxima coluna à direita está o número 21. No topo da coluna, o Signo de Gêmeos e o número 11. Mas, veja que entre o número 21 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Câncer, então colocamos os 21 graus de Câncer na cúspide da 11ª Casa.
A próxima coluna da direita tem o número 22. Logo no topo encontramos o Signo de Câncer e o número 12. Mas, veja que entre o número 22 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Leão, assim, colocamos os 22 graus de Leão na cúspide da 12ª Casa.
A grande coluna marcada com Ascendente (ASC) tem o Signo de Leão no topo e na linha da Hora Sideral o número 18:56, então colocamos 18 graus e 56 minutos (18:56). Mas, veja que entre o número 18:56 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Virgem; assim colocamos no Ascendente ou na 1ª Casa os 18:56 de Virgem do nosso horóscopo.
Ao lado da coluna do Ascendente na sua direita, veremos o número 14. Logo no topo encontramos o Signo de Virgem e o número 2. Mas, veja que entre o número 14 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Libra, assim, colocamos os 14 graus de Libra na cúspide da 2ª Casa.
Na coluna da extrema direita encontramos o número 13. Logo no topo encontramos o Signo de Libra e o número 3. Mas, veja que entre o número 13 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Escorpião, assim, colocamos os 13 graus de Escorpião na cúspide da 3ª Casa.
Já colocamos os seis Signos em suas respectivas Casas, agora podemos colocar os seis Signos opostos nas Casas opostas restantes como fizemos antes: veja que na cúspide da 10ª Casa temos Gêmeos a 17 graus, portanto, seu oposto é a 4ª Casa em Sagitário, onde colocaremos também os 17 graus. Seguindo, na cúspide da 11ª Casa temos Câncer a 21 graus, em seu oposto está a 5ª Casa em Capricórnio a 21 graus. Na cúspide da 12ª Casa está Leão a 22 graus e no seu oposto colocamos Aquário a 22 graus na 6ª Casa. Na próxima temos no Ascendente o Signo de Virgem a 18:56 e no seu oposto colocamos Peixes a 18:56 na cúspide da 7ª Casa. Na cúspide da 2ª Casa está Libra a 14 graus e em seu oposto na 8ª Casa vamos colocar Áries a 14 graus e, na cúspide da 3ª Casa temos Escorpião a 13 graus, portanto, no seu oposto vamos colocar Touro a 13 graus na 9ª Casa.
Agora todas as cúspides do horóscopo estão preenchidas e, a seguir contemos os Signos para sabermos se todos estão presentes ou se é necessário colocar algum que pode estar interceptado. Começamos por Áries e descobrimos que todos os doze Signos estão representados. Portanto, estando esta parte concluída, deixamo-la de lado, por enquanto.
Vamos, agora, erigir o horóscopo de uma pessoa nascida em Chicago em 2 de agosto às 2:15 P.M. A Hora Local Exata do nascimento é 8 minutos mais tarde, ou seja, 2:23 P.M. Vemos que o meio-dia anterior é de 2 de agosto e, assim, começamos nossos cálculos da seguinte forma:
HORA SIDERAL – H.S. | HHMMSS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento (2 de agosto) | 08:4:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste no local de nascimento (88º O) | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior e a hora do nascimento (meio-dia às 2:23 P.M.) | 02:23:00 |
Correção de 10 segundos para cada hora de intervalo | 00:00:24 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 11:05:23 |
Voltando à nossa Tabela de Casas para a latitude 42ºNorte, verificando a H.S. mais próxima de 11:05:23 será de 11:04:45.
Seguindo a linha da Hora Sideral, na coluna da latitude 42º N. está o número 15, colocando o dedo em cima desse número e correndo o dedo para cima veremos o Signo de Virgem e no topo da coluna está o número 10. Portanto, os 15 graus de Virgem vamos colocar na cúspide da 10ª Casa.
Na segunda coluna temos o número 16, colocando o dedo em cima desse número e correndo o dedo para cima veremos o Signo de Libra e no topo o número 11, assim, os 16 graus de Libra devem ser colocados na cúspide da 11ª Casa.
O número 10 está na terceira coluna, e logo acima o Signo de Escorpião e chegando ao topo observamos o número 12e colocamos os 10 graus de Escorpião na cúspide da 12ª Casa.
Na coluna mais larga vemos o número 29:16, e no topo encontramos o Ascendente (ASC) e, assim, colocamos no Ascendente o Signo de Escorpião.
Na coluna à direita da do Ascendente vemos o número 1 e acima dele está o Signo de Capricórnio e, no topo vemos o número 2. Portanto, colocamos 1 grau do Signo de Capricórnio na cúspide da 2ª Casa.
A coluna da extrema direita mostra o número 8 e um pouco acima encontramos o Signo de Aquário e no topo da coluna o número 3. Assim, colocamos 8 graus de Aquário na cúspide da 3ª Casa.
Agora, com as seis das nossas cúspides preenchidas, passemos a colocação dos Signos opostos e graus nas outras seis cúspides, conforme demonstrado detalhadamente nos dois primeiros horóscopos. Quando isso tenha sido feito, contamos os nossos Signos a partir de Áries para ver se todos estão representados dentro do horóscopo. Notamos o fato da ausência de Gêmeos e Sagitário, portanto, vamos inseri-los em seus devidos lugares – Gêmeos entre Touro e Câncer, Sagitário entre Escorpião e Capricórnio. Assim, completamos nosso horóscopo no que tange aos Signos e Casas, mas vamos parar por aqui para erigir a última de nossas quatro datas de exemplos para uma pessoa nascida em Chicago, 2 de agosto de 1909, às 8:15 P.M. A Hora Local Exata do lugar de nascimento é de 8 minutos mais tarde ao horário de nascimento, ou 8:23 P.M.
Como antes, notamos o:
HORA SIDERAL – H.S. | HHMMSS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento (2 de agosto) | 08:41:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste no local de nascimento | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior e a hora do nascimento | 08:23:00 |
Correção de 10 segundos para cada hora de intervalo entre o meio-dia anterior e o nascimento | 00:01:24 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 17:06:00 |
Com esta Hora Sideral, voltamos às Tabelas de Casas para a latitude do local de nascimento, 42º N, e encontramos a H.S..S.H. mais próxima de 17:06:00 que é 17:07:49.
Na primeira coluna sob latitude 42º N, encontramos o número 18. No topo dessa coluna está Sagitário e o número 10, portanto, vamos colocar os 18 graus de Sagitário na Cúspide da 10ª Casa.
Na segunda coluna encontramos o número 9. Capricórnio está logo acima e no topo da coluna está o número 11, dessa maneira, colocamos os 9 graus de Capricórnio na Cúspide da 11ª Casa.
A terceira coluna estreita tem o número 2 com o Signo de Aquário logo acima e no topo da coluna temos o número 12, assim, encontramos os 2 graus de Aquário que pode ser colocado na cúspide da 12ª Casa.
Na coluna mais larga está o número 7:8 do Signo de Peixes acima e no topo está o ASC (Ascendente), então colocamos 7:8 (7/8 sete graus e oito minutos) de Peixes na cúspide do Ascendente.
À direita da coluna larga encontramos o número 25; logo acima está Áries e no topo da coluna está o número 2, assim, podemos colocar 25 graus de Áries na cúspide da 2ª Casa.
A coluna da extrema direita tem o número 26 e o Signo de Touro está logo acima na coluna e no topo encontramos o número 3. Dessa maneira, vamos completar colocando os 26 graus de Touro na cúspide da 3ª Casa.
Havendo completado as seis cúspides, passemos ao preenchimento das seis cúspides opostas com os seus respectivos Signos.
Assim, temos 18 graus de Gêmeos na 4ª Casa em oposição a 18 graus de Sagitário na 10ª Casa. Temos 9 graus de Câncer na 5ª Casa em oposição a 9 graus de Capricórnio na 11ª Casa, e assim por diante. Quando todas as cúspides estiverem preenchidas, contamos os Signos para ver se todos os doze estão presentes; dessa maneira, verificamos que nosso horóscopo alcançou o mesmo estágio que o dos demais calculados anteriormente.
CAPÍTULO 4 – O SIGNO ASCENDENTE E AS DOZE CASAS
Esses horóscopos das quatro crianças nascidas na mesma cidade (Chicago), no mesmo dia e no mesmo ano (2 de agosto de 1909), mas, em horas diferentes, mostram graficamente que as pessoas podem nascer e nascem, sob a influência de todos os doze Signos em qualquer lugar, dia e ano.
Quando nós comparamos os quatro horóscopos que levantamos, podemos aprender várias lições importantes. Em primeiro lugar, podemos ver a inutilidade das afirmações que tantas vezes ouvimos: “Nasci no Signo de Touro” ou “Nasci no Signo de Escorpião”, o que simplesmente significa que a pessoa nasceu em maio ou novembro, quando o Sol transitava nesses Signos. Tal declaração expõe, ao mesmo tempo, que a pessoa se mostra ignorante da ciência da Astrologia e revela o fato de que, se ela tem o seu horóscopo em mãos, esse foi levantado por um astrólogo incompetente. Essas são, às vezes, as propagandas para atrair a atenção de quem quer ter um horóscopo seu: “adivinhamos tudo desde o seu berço até o seu túmulo” por uma quantia muito pequena. Mas, um Astrólogo consciencioso não pode dar um simples delineamento de caráter sem gastar, pelo menos, uma hora em cálculo e concentração focada e, fazer previsões que abrangem uma vida inteira exigiria vários dias de trabalho árduo. O Astrólogo científico pode afirmar que uma pessoa tem Touro ou Escorpião no Ascendente e, essa afirmação imediatamente mostra que foram feitos cálculos levando em consideração ano, mês, dia, hora e local do nascimento, o que torna o horóscopo absolutamente individual; enquanto o outro tipo de horóscopo (?) é determinado unicamente pelo mês em que a pessoa nasceu, sem levar em conta o dia, a hora ou até mesmo o ano.
Se um horóscopo pudesse ser levantado por tal método, ou melhor, sem nenhum método, certamente haveria na Terra somente doze tipos de pessoas e todas as nascidas no mesmo mês teriam o mesmo destino. Tal coisa, definitivamente, não é o caso; de fato, não há duas pessoas cujas experiências sejam exatamente iguais, e uma Astrologia que não faça tal distinção não pode ser uma ciência verdadeira.
O astrólogo científico solicita primeiro o ano de nascimento porque sabe que os Astros não entram nas mesmas posições relativas mais de uma vez em um Grande Ano Sideral[1]; assim, o horóscopo de uma criança levantado para 1909 não poderá ser duplicado por 25868 anos. Depois disso, ele pergunta o mês, porque disso dependerá a posição do Sol, que está em um Signo diferente a cada mês do ano.
O dia determina, particularmente, a posição da Lua, que transita de um Signo para outro a cada dois dias e meio; e a hora também é algo necessário para fixar a posição da Lua, já que ela se move, aproximadamente, 12 graus por dia.
Mesmo com todos esses dados, o horóscopo careceria de individualidade, pois se uma criança nascesse a cada segundo, isso significaria que 3600 pessoas nasceriam na mesma hora. Se pudermos reduzir esses dados para caber em dez minutos da hora real do nascimento, teríamos meios para calcular as posições relativa dos Astros, de tal modo que caberia apenas 600 das pessoas na Terra. Se acrescentarmos o último dado, o lugar de nascimento, que nos permite calcular o Signo Ascendente e o grau dele, então, teremos um horóscopo absolutamente individual, pois, de fato, raramente duas pessoas nascem no mesmo lugar, na mesma hora e no mesmo minuto. Mesmo os gêmeos nascem com intervalos de vinte minutos a várias horas e, podemos, prontamente, compreender que um dos gêmeos teria um grau diferente em seu Ascendente. E quando o final de um Signo é Ascendente para um dos gêmeos, geralmente, o outro nascerá sob o Signo seguinte como Ascendente. Como o Signo Ascendente é um dos principais significadores na moldagem do Corpo Denso, a aparência do segundo gêmeo pode ser totalmente diferente da do primeiro gêmeo.
Uma comparação dos Signos Ascendentes mostra uma aparente falta de uniformidade no movimento diurno da Terra. Às 2h15 A.M., o Signo de Câncer está ascendendo a 8º10’, enquanto, doze horas depois temos Escorpião no Ascendente a 29º16’, mostrando que o local de nascimento avançou apenas cerca de 141 graus nessas doze horas. Porém, para completar a volta toda no círculo ele deve percorrer 219 graus nas doze horas restantes. Mas, como a rotação diurna da Terra em seu eixo é uniforme, a falta de uniformidade no movimento observado acima se deve ao fato de que esse não é um movimento diurno verdadeiro. Essa condição é causada pela obliquidade da Eclíptica e a consequente divisão desigual destes últimos pelos planos que separam as Casas, sendo esses planos o do horizonte e do meridiano e quatro intermediários em intervalos de 30 graus. Por essa razão, certos Signos ascendem mais lentamente do que outros e, portanto, são chamados de Signos de Ascensão Longa, enquanto seus opostos são chamados de Signos de Ascensão Curta. Ficará evidente que a maioria das pessoas nascem sob os Signos de Ascensão Longa – Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário no Hemisfério Norte, e seus opostos no Hemisfério Sul.
[1] N.T: Ano Sideral é contado por meio do aparente movimento do Sol na abóbada celeste, em relação às 12 constelações zodiacais. O Sol percorre todo o Zodíaco em cerca de 25.868 anos.
CAPÍTULO 5 – COMO CALCULAR A POSIÇÃO DOS ASTROS
Como as Efemérides Rosacruzes são calculadas para Greenwich e para o momento em que o relógio do Observatório de Greenwich marca 12 horas (meio-dia), é necessário fazer correções para outros horários e lugares a leste ou oeste daquele ponto quando se deseja calcular os dados de um horóscopo.
Acrescentando-se à Hora Local Exata do nascimento quatro minutos por cada grau de longitude, se o local do nascimento fica a oeste de Greenwich, nós obtemos a Hora Média de Greenwich, como marcada pelo relógio do Observatório. Esse horário se escreve apenas pelas suas iniciais: H.M.G.
Podemos aplicar essa regra para calcular a H.M.G. para o horóscopo de 2 de agosto, às 8:15 A.M. em Chicago (EUA), que se situa nos 88 graus de longitude oeste:
HH MM SS | ||
Hora Local Exata do nascimento (como calculamos anteriormente) | 08:23:00 AM | De 2 de agosto |
Correção de 4 minutos que vezes 88 graus é igual a 352 minutos | 05:52:00 | |
Hora Média de Greenwich (H.M.G.) | 02:15:00 PM | De 2 de agosto |
Observe: multiplicando-se os graus de longitude oeste de Chicago (88 graus) por 4 minutos temos 352 minutos, que dividimos por 60, porque cada hora tem 60 minutos. Obtemos assim 5 horas e 52 minutos, que somamos à Hora Local Exata do nascimento, 8 horas e 23 minutos da manhã, e o resultado é 2 horas e 15 minutos da tarde, a qual é a H.M.G.
Isto quer dizer que no mesmo momento em que a criança nascia e os relógios de Chicago marcavam 8:15 da manhã (AM), o relógio do Observatório de Greenwich marcava 2:15 da tarde (PM).
Esse último horário é o que se deve usar para calcular as posições dos Astros (Sol, Lua e Planetas) e, para que se tenha em mente tão somente o mínimo indispensável de fatores, sugerimos que o principiante esqueça a Hora Local do nascimento, uma vez calculada a H.M.G.
Nas longitudes ocidentais a H.M.G. pode avançar no dia seguinte ao do nascimento, em virtude da soma dos 4 minutos por cada grau de longitude. Nos casos em que a longitude do lugar do nascimento é a leste de Greenwich, os 4 minutos por cada grau de longitude são subtraídos e, portanto, a H.M.G. pode retroceder para o dia que antecede ao do nascimento. Desse modo não falemos de data ou horário de nascimento, mas de data e horário H.M.G. [1]
O que precisamos fazer agora é achar o movimento dos Astros no dia H.M.G., que vai do meio-dia anterior à H.M.G. até ao meio-dia posterior à H.M.G. As posições dos Astros são fornecidas pelas Efemérides Rosacruzes[2].
Como a nossa H.M.G. é 2:15 A.M. do dia 2 de agosto de 1909, se queremos calcular o percurso diário do Sol anotamos a longitude dele ao meio-dia de 2 de agosto (meio-dia anterior à H.M.G.) e a do dia 3 de agosto (meio-dia posterior à H.M.G.). Como vamos subtrair, escrevamos em cima a posição do Astro no meio-dia seguinte, pois isso facilita a operação.
HH MM SS | |
A longitude do Sol ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 10:28 |
A longitude do Sol ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 09:31 |
Percurso do Sol no dia da H.M.G. | 00:57 |
O passo seguinte é achar o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo, pois isto também é uma base para a nossa correção. No horóscopo que estamos utilizando a H.M.G. é 2:15 P.M. de 2 de agosto. O meio-dia mais próximo é, obviamente, às 12 horas A.M. do mesmo dia 2 de agosto, e o intervalo entre as 12:00 A.M. e as 2:15 P.M. é, assim, 2 horas e 15 minutos[3].
Tendo encontrado o percurso do Astro no dia H.M.G. e o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo, nosso problema pode ser posto assim:
Se o Sol percorre 57 minutos de espaço em 24 horas, quanto ele percorre em 2 horas e 15 minutos? A resposta é: 5 minutos[4].
Esse método de trabalhar com correções pela simples proporção pode ser utilizado com vantagem quando o percurso do Astro é menor que 1 grau; nos casos de Vênus, Mercúrio e, particularmente, no caso da Lua, é muito mais rápido, muito mais seguro e muito mais exato fazer as correções por meio dos logaritmos. Nas últimas páginas das Efemérides Rosacruzes de qualquer ano se encontra uma Tabela de Logaritmos, que também pode ser encontrada no apêndice desse livro e seu uso é extremamente simples.
No alto dessa Tabela há uma sequência de números, de 0 a 23. Esses números tanto são para nos fornecer as horas como para nos fornecer os graus (já que ambos são divididos em 60 minutos); no lado esquerdo há uma coluna que nos fornecem os minutos (tanto para as horas como para os graus) com números de 0 a 59.
Se queremos achar o logaritmo de certo número que está em horas e minutos (ou em graus e minutos), simplesmente pomos nosso dedo indicador no número correspondente ao de horas (ou graus) desejados, daí descendo pela coluna até alcançarmos a linha correspondente aos minutos dados. No ponto em que a linha de minutos intercepta a coluna de horas (ou graus) temos o valor do logaritmo procurado.
Por exemplo, o percurso diário do Sol no horóscopo que estamos calculando é de 0 grau e 57 minutos. Pomos nosso indicador na coluna com o “0” no topo. Corremos o dedo página abaixo até alcançarmos a linha com o número “57” que representa os minutos. No ponto em que essa linha intercepta ou encontra a coluna do “0” vemos o número 1.4025, que é o logaritmo do percurso do Sol no dia H.M.G., que vai do meio-dia de 2 de agosto ao meio-dia de 3 de agosto.
De modo semelhante podemos achar o logaritmo do intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo. Neste caso, como calculamos acima, o intervalo é de 2 horas e 15 minutos. Corremos nosso indicador de cima para baixo na coluna encabeçada pelo número “2” e achamos o número 1.0280 na linha com o número “15”, na coluna dos minutos. Este é o logaritmo do intervalo: 1.0280.
O movimento diário de cada Astro difere do movimento diário de todos os outros Astros. Portanto, o percurso de cada um deles precisa ser calculado separadamente e o respectivo logaritmo precisa ser encontrado, mas o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo se aplica igualmente no cálculo de todos os Astros, de forma que, uma vez determinado o intervalo, seu logaritmo pode ser usado no cálculo das posições de todos os Astros.
[1] N.T.: Exemplo: 1) uma pessoa que nasceu na data de 2 de agosto de 1909, às 8:15 P.M. em Chicago (EUA), que se situa nos 88 graus de longitude oeste. Calculando veremos que a HLE será 8:23 PM. E a HMG será 8:23 PM + 5:52 = 2:15 AM do dia 3 de agosto de 1909.
2) uma pessoa que nasceu na data de 31 de dezembro de 1909, às 8:15 P.M. em Chicago (EUA), que se situa nos 88 graus de longitude oeste. Calculando veremos que a HLE será 8:23 PM. E a HMG será 8:23 PM + 5:52 = 2:15 AM do dia 1 de janeiro de 1910.
[2] N.T.: Aqui a página com as Efemérides para o mês de agosto de 1909 com as longitudes dos Astros:
[3] N.T.: já que 02:15 PM é o mesmo que 14:15, pensemos assim, talvez facilite: 14:15 – 12:00 = 02:15.
[4] N.T.: é só aplicar a “regra de 3 simples”: 57 -> 60 então 5 -> x; x = 5,2 ou arredondando 5 minutos.
Continuando nossos cálculos:
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso do Sol no dia da H.M.G. (00:57) | 1.4025 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pelo Sol durante o Intervalo | 2.4305 |
O valor desse logaritmo em graus e minutos é determinado ao achar o mesmo valor na Tabela dos Logaritmos Proporcionais, ou o que seja mais próximo do Logaritmo da Distância Percorrida pelo Sol durante o Intervalo, calculado acima. No exemplo acima o logaritmo mais próximo é 2,4594[1]. Esse número está na coluna encabeçada pelo grau 0, e na mesma linha que tem o número 5 na coluna dos minutos, que é a primeira da esquerda. Por conseguinte, o valor correspondente do logaritmo é 0 grau e 5 minutos que é o Incremento de Correção. E assim obtemos o mesmo resultado para o nosso problema (Quando o Sol percorre 57 minutos em 24 horas, quanto percorrerá em 2 horas e 15 minutos?), tanto usando logaritmos quanto o método proporcional. Esse último pode parecer mais fácil ao principiante, mas uma vez determinado o Logaritmo do Intervalo, o método logarítmico será considerado mais fácil, rápido e mais preciso, pois as respostas obtidas pelos dois métodos nem sempre coincidem perfeitamente e, particularmente, no caso da Lua o método logarítmico deve ser usado.
Tendo encontrado a distância percorrida pelo Astro durante o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo, para achar a posição do Astro na H.M.G. (que é o fim e objetivo de todos os nossos cálculos) devemos somar esse Incremento de Correção à longitude do Astro no meio-dia mais próximo ao dia H.M.G. Se essa H.M.G. for P.M., é porque neste caso o Astro foi além da posição mostrada nas Efemérides Rosacruzes.
Se, por outro lado, a H.M.G. for anterior ao meio-dia (A.M.) o Astro ainda não alcançou a posição indicada pelas Efemérides ao meio-dia, pelo que se faz necessário subtrair a distância percorrida no intervalo – o Incremento de Correção – da longitude do Astro dado pelas Efemérides no meio-dia mais próximo à H.M.G.
No caso presente a H.M.G. é posterior ao meio-dia (P.M.), portanto, nós somamos:
SIGNO | GG MM | |
Longitude do Sol no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Leão | 09:31 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 00:05 | |
Resultado é a Longitude do Sol à H.M.G. | Leão | 09:36 |
Essa é a posição do Sol que deve ser inserida no horóscopo.
Para conveniência do Estudante nós, agora, enunciaremos os passos da regra para encontrar as posições dos Astros, na devida ordem de cálculo:
6.a) Quando a H.M.G. é anterior ao meio-dia (A.M.), subtraia o Incremento de Correção da Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
6.b) Quando a H.M.G. é posterior ao meio-dia (P.M.), some o Incremento de Correção à Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
NOTA IMPORTANTE: Quando o Astro está Retrógrado, inverta-se as condições do item 6[7].
O resultado, em qualquer um dos casos acima, será a posição exata do Astro na H.M.G, e deve ser inserido no horóscopo, no seu devido lugar.
Essas regras são aplicadas no cálculo da posição de um Astro – o Sol –, mas como a H.M.G. (no caso, 2:15 P.M. de 2 de agosto) e o Logaritmo do Intervalo (1.0280) são os mesmos para todos os Astros, nós não precisamos calculá-los (nem a H.M.G e nem o Logaritmo do Intervalo), como vimos nos itens 1) e 2) acima. Assim, vamos começar nossos cálculos sobre a Lua e outros Planetas a partir do item 3) acima:
SIGNO | HH MM SS | |
A longitude da Lua ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Peixes | 02:39 |
A longitude da Lua ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Aquário | 17:55 |
Percurso da Lua no dia da H.M.G. | 14:44 |
O Estudante deve se lembrar que cada Signo tem 30 graus e que cada grau tem 60 minutos. Na subtração acima foi necessário tomar emprestado 1 grau[8] e somar seus 60 minutos aos 39, pois somente assim podemos tirar 55 do total de 99 minutos, conforme exigia a operação, sobrando ainda 44 minutos[9]. De modo semelhante, tomamos emprestado um Signo inteiro (30 graus) para acrescentá-lo ao 1 grau que sobrou de Peixes após tomar dele 1 grau para efetuar a subtração de minutos[10]. Portanto, subtraímos 31 de 17 graus, o que deixa um resto de 14 graus.
De acordo com o item 4) da nossa regra, fazemos:
HH MM SS | |
Logaritmo do Percurso da Lua no dia da H.M.G. (14:44) | 0.2119 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pela Lua durante o Intervalo | 1.2399 |
Aplicando a regra no seu item 5) que nos diz como achar o valor desse logaritmo, e em nossa Tabela de Logaritmos Proporcionais podemos verificar como o valor mais próximo o 1.2393. Acima dele, no topo da coluna, vemos o número 1, na extremidade esquerda está o número 23, significando isso que a Lua se deslocou 1 grau e 23 minutos durante o intervalo (entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo). Esse é, pois, o Incremento de Correção.
O item 6.b acima diz que devemos somar esse Incremento de Correção à Longitude da Luz no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides de agosto de 1909:
SIGNO | GG MM | |
Longitude da Lua no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Aquário | 17:55 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 01:23 | |
Resultado é a Longitude do Sol à H.M.G. | Aquário | 19:18 |
[1] N.T.: pois 2.4594 – 2.4305 = 0.0289 e 2.4305 – 2.3802 = 0.1503; assim 2.4594 está mais próximo de 2.4305 e esse que deve ser utilizado.
[2] N.T.: suponhamos que a longitude do lugar de nascimento é 88 graus oeste e a H.L.E. é 8:23 AM de 2 de agosto: Então, façamos 4 x 88 = 352 minutos ou 05:52. Como a longitude do lugar de nascimento é oeste, então somemos: 8:23 + 5:52 = 2:15 P.M de 2 de agosto. Esse é o valor da H.M.G.
[3] N.T.: se a H.M.G. é 2:15, então o valor do Logaritmo do Intervalo será, consultando a Tabela, de 1.0280.
[4] N.T.: Por exemplo, se o percurso do Astro no dia H.M.G. foi de 0 grau e 57 minutos, então vamos à Tabela de Logaritmos Proporcionais com esse valor e encontramos: 1.405 que é o Logaritmo do Percurso do Astro durante o dia H.M.G.
[5] N.T.: Se o Logaritmo do Percurso do Astro durante o dia H.M.G. é 1.405 e o Logaritmo do Intervalo é 1.0280, então o Logaritmo do Percurso do Astro durante o Intervalo é 2.4305.
[6] N.T.: Se o Logaritmo do Percurso do Astro durante o Intervalo é de 2.4305, então, vamos à Tabela de Logaritmos Proporcionais com esse valor e encontramos: 0 grau e 5 minutos (00:05).
[7] N.T.: 6.a) Quando a H.M.G. é anterior ao meio-dia (A.M.), SOME o Incremento de Correção da Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
6.b) Quando a H.M.G. é posterior ao meio-dia (P.M.), SUBTRAIA o Incremento de Correção à Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
[8] N.T. …do valor 02:39 e, assim, os 2 graus viraram 1 grau e os 39 minutos viraram 60 + 39 = 99 minutos. Com isso podemos escrever os 02:39 como 01:99.
[9] N.T.: fizemos a primeira parte da conta, começando pelos minutos: 99 – 55 = 44 minutos.
[10] N.T.: pois após a operação com os minutos, ao invés de 2 graus de Peixes, ficamos com 1 grau de Peixes. Tomando 30 graus emprestados, ficamos com 31 graus.
O movimento de Netuno, Urano, Saturno e Júpiter no dia H.M.G. do meio-dia de 2 de agosto ao meio-dia de 3 de agosto pode se ver numa consulta às Efemérides de agosto de 1909[1], em poucos minutos. Consequentemente, a distância que eles percorreram no intervalo é insignificante, pelo que se escreve no horóscopo as posições que eles têm no meio-dia mais próximo à H.M.G. de 2 agosto. Marte se moveu 15 minutos no dia H.M.G., portanto, podemos acrescentar 1 minuto para o deslocamento durante o intervalo à longitude (ou posição) dele em 2 de agosto, como mostrado nas Efemérides; assim, anotamos no horóscopo a posição de Marte como estando em Áries 03:58 (ou 3º58’).
Vênus precisará da correção logarítmica[2]:
SIGNO | HH MM SS | |
A longitude de Vênus ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 06:21 |
A longitude de Vênus ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 05:09 |
Percurso de Vênus no dia da H.M.G. | 01:12 |
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso de Vênus no dia da H.M.G. (01:12) | 1.3010 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Vênus durante o Intervalo | 2.3290 |
O Incremento de Correção (o valor do logaritmo 2.3290 ou do valor mais próximo encontrado na Tabela de Logaritmos Proporcionais, que neste caso é 2.3133) é 00:07 (ou 00º07’).
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Vênus no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Virgem | 05:09 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 00:07 | |
Resultado é a Longitude de Vênus à H.M.G. (e que será inserido no horóscopo) | Virgem | 05:16 |
Mercúrio também se moveu o suficiente para exigir cálculo de sua posição exata na H.M.G. do nascimento por meio da correção logarítmica:
SIGNO | HH MM SS | |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 – após a H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 09:22 |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 – antes da H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 07:17 |
Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. | 02:05 |
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. (02:05) | 1.0614 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Mercúrio durante o Intervalo | 2.0894 |
O Incremento de Correção (o valor do logaritmo 2.0894 ou do valor mais próximo encontrado na Tabela de Logaritmos Proporcionais, que neste caso é 2.0792) é 00:12 (ou 00º12’).
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Mercúrio no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Leão | 07:17 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 00:12 | |
Resultado é a Longitude de Mercúrio à H.M.G. (e que será inserido no horóscopo) | Leão | 07:29 |
[1] N.T.: Efemérides de agosto de 1909, para o meio-dia, com as longitudes dos Astros:
[2] N.T.: A Tabela de Logaritmos Proporcionais:
Agora, vamos encontrar as posições da Cabeça do Dragão, ou Nodo Lunar, e da Cauda do Dragão. A longitude da Cabeça do Dragão em 2 de agosto, ao meio-dia mais próximo da H.M.G., encontrada na Efemérides de agosto de 1909, está em Gêmeos 13:47 (ou 13º47’). A Cauda do Dragão ocupa o ponto oposto, ou seja: Sagitário 13:47 (ou 13º47’). Essas posições devem ser anotadas no horóscopo.
Ainda resta outro fator para completar o horóscopo: a Parte da Fortuna[1],um ponto imaginário calculado a partir das longitudes do Sol, da Lua e do Ascendente. A conceituação da Parte da Fortuna está em saber que o corpo humano é produzido pelas forças lunares. No momento da concepção[2] pode ser matematicamente demonstrado que a Lua se encontrava no mesmo grau do Ascendente no nascimento, ainda que na ocasião do nascimento ela esteja numa longitude diferente. Pode-se dizer que numa dessas posições a Lua magnetizou o polo positivo, e em outra, magnetizou o polo negativo do Átomo-semente[3], o qual, à semelhança de um ímã, atrai para si as substâncias químicas que formam o Corpo Denso. As forças solares vitalizam o Corpo Denso, mas como esse sofre um processo constante de deterioramento, se faz necessário uma suspensão ou solução de nutrientes em estado adequado para absorção – um pábulo – a fim de reparar as perdas. Esse tipo de associação de nutrientes e todas as posses materiais são, portanto, astrologicamente falando, derivadas das influências combinadas do Sol e das duas posições da Lua mencionadas acima. Quando os Aspectos relativos à Parte da Fortuna com os outros Astros são benéficos, o sucesso e a prosperidade materiais são favorecidos; quando são adversos, podem ser esperadas dificuldades ao lidar com assuntos materiais. A natureza do Astro que está com algum Aspecto com a Parte da Fortuna, bem como o Signo e a Casa em que a Parte da Fortuna se encontra, são as fontes das quais podemos esperar uma coisa ou outra, nos mostrando, assim, para onde direcionar as nossas energias ou o que devemos evitar.
Os Signos do Zodíaco são contados a partir de Áries, que é o primeiro Signo, e são assim numerados:
Nome | Número Equivalente | Nome | Número Equivalente | |
Áries | 1 | Libra | 7 | |
Touro | 2 | Escorpião | 8 | |
Gêmeos | 3 | Sagitário | 9 | |
Câncer | 4 | Capricórnio | 10 | |
Leão | 5 | Aquário | 11 | |
Virgem | 6 | Peixes | 12 |
Para encontrarmos a posição da Parte de Fortuna:
Some: a longitude do Ascendente (Signo, Grau e Minutos) com a longitude da Lua (Signo, Grau e Minutos);
Dessa soma, subtraia a longitude do Sol (Signo, Grau e Minutos);
O resultado é a longitude de Parte da Fortuna (Signo, Grau e Minutos).
Aplicando essa regra ao horóscopo que estamos levantando, anotamos os fatores envolvidos no cálculo da seguinte forma:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
A longitude do Ascendente | Virgem | 6 | 18:56 |
A longitude do Sol | Leão | 5 | 09:36 |
A longitude da Lua | Aquário | 11 | 19:18 |
Seguindo as regras acima, somamos:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
A longitude da Lua | Aquário | 11 | 19:18 |
A longitude do Ascendente | Virgem | 6 | 18:56 |
RESULTADO DA SOMA | 18 | 08:14 |
E, em seguida, subtrair:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
RESULTADO DA SOMA | 18 | 08:14 | |
A longitude do Sol | Leão | 5 | 09:36 |
Longitude da Parte da Fortuna | Peixes | 12 | 28:38 |
O 12º Signo é Peixes, portanto, a longitude da Parte da Fortuna no horóscopo é: Peixes em 28:38 (ou 28º38’).
No exemplo acima, o Estudante perceberá que quando somamos os graus da Lua e do Ascendente: 19 + 18 e mais 1 grau, tomado da soma dos minutos, o resultado foi “38”, mas como só existem 30 graus num Signo, então um Signo foi levado e somados aos outros Signos, do mesmo modo como somamos 60 minutos aos graus ou às horas.
Se, depois da subtração da longitude do Sol, houver mais que 12 signos, subtraímos o círculo total de 12 e ficamos com o que sobrar.
Também pode acontecer que a longitude do Signo onde está o Sol exceda as longitudes da Lua e a do Ascendente, sendo impossível se efetuar a subtração. Por exemplo, se a:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
A longitude do Ascendente | Áries | 1 | 25:55 |
A longitude da Lua | Áries | 1 | 25:50 |
RESULTADO DA SOMA | 3 | 21:45 |
Se o Sol está em Capricórnio, o 10º Signo, não podemos subtrair 10 de 3, portanto, somamos um ciclo de 12 Signos:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
RESULTADO DA SOMA | 3 | 21:45 | |
Ciclo de 12 Signos | 12 | 00:00 | |
RESULTADO DA SOMA | 15 | 21:45 |
Então, podemos subtrair da Longitude do Sol:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
RESULTADO DA SOMA | 15 | 21:45 | |
A longitude do Sol | Capricórnio | 10 | 29:55 |
Longitude da Parte da Fortuna | Câncer | 4 | 21:50 |
Assim, o 4º Signo é Câncer, portanto, a longitude da Parte da Fortuna no horóscopo seria: Câncer em 21:50 (ou 21º50’).
Na subtração acima: 45 minutos menos 55, tomamos “emprestado” 1 grau, ou 60 minutos, e adicionamos aos 45 minutos e, então, dessa soma, 105 minutos, subtraímos os 55, restando, portanto, 50 minutos.
Vamos continuar a operação: repare que depois da operação acima não temos mais 21 graus (do RESULTADO DA SOMA), mas sim 20 graus, pois tomamos “emprestado” 1 grau para a subtração dos minutos. Assim, para subtrairmos 29 graus dos 20 graus, também tomamos “emprestado” 1 Signo dos 15 (do RESULTADO DA SOMA). Os 30 graus desse Signo somamos aos 20 graus, o que totaliza 50 graus. Agora sim, destes 50 graus subtraímos os 29 graus, restando 21 graus. Como dos 15 tomamos “emprestado” 1 Signo, sobraram 14 e, assim, subtraindo 10 desses 14 restaram 4. O 4º Signo é Câncer, por conseguinte, a longitude da Parte da Fortuna é Câncer 21:50 (ou 21º50’).
[2] N.T.: Na concepção, o óvulo maduro é fertilizado por um espermatozoide. A fertilização acontece quando o espermatozoide atinge o óvulo e consegue perfurar com sucesso a membrana externa dele.
[3] N.T.: Átomo-semente do Corpo Denso.
Agora faremos uma lista das Longitudes dos Astros como nós temos calculado, antes de inseri-los no horóscopo:
Nome do Astro | Signo | Longitude | |
Grau | Minutos | ||
Sol | Leão | 9 | 36 |
Lua | Aquário | 19 | 18 |
Netuno | Câncer | 17 | 42 |
Urano | Capricórnio | 18 | 15 M |
Saturno | Áries | 23 | 13 |
Júpiter | Virgem | 15 | 10 |
Marte | Áries | 3 | 58 |
Vênus | Virgem | 5 | 16 |
Mercúrio | Leão | 7 | 29 |
Parte da Fortuna | Peixes | 28 | 38 |
Cabeça do Dragão | Gêmeos | 13 | 47 |
Cauda do Dragão | Sagitário | 13 | 47 |
Os Astros podem ser inseridos no horóscopo.
Ao inserir os Astros, o Estudante Rosacruz deve considerar, de modo especial, dois pontos:
Primeiro – Que os Astros são inseridos nas próprias Casas onde calculamos e na devida ordem. Os Signos e os respectivos graus do Zodíaco seguem na direção indicada na ordem natural deles; consequentemente, começando por Áries 0º (que deve estar na 7ª Casa, já que Áries nos 14º está na cúspide da 8ª Casa), vemos que Marte está em Áries 3:58, portanto colocamo-lo na 7ª Casa mais próximo à cúspide da 8ª Casa do que da 7ª Casa. Como Áries nos 14º está na cúspide ou na linha que assinala a entrada na 8ª Casa, e Saturno está em Áries a 23:13, colocamos esse na 8ª Casa, e mais perto da cúspide dessa Casa do que da 9ª Casa. Assim, ambos os Planetas estão em relação adequada um com o outro e com as Casas, e eles estão colocados de tal maneira que, vendo-os não podemos nos enganar quanto ao Signo em que se encontram. Se Marte fosse colocado mais perto da cúspide da 7ª Casa, à primeira vista pareceria estar em Peixes, e Saturno posto mais perto da cúspide da 9ª Casa pareceria estar em Touro. Isso causaria um erro na leitura, o qual pode ser evitado com um cuidado mínimo. Se o Estudante observar cuidadosamente o método aqui utilizado para colocação dos Astros nesse horóscopo, nunca terá dúvidas quanto aos Signos em que os Astros estão ocupando.
Segundo – As posições dos Astros devem ser legíveis sem a necessidade de virar ou inclinar a Folha do Horóscopo, o que contraria as condições para uma boa concentração. Se as posições dos Astros nas 3ª, 4ª, 9ª e 10ª Casas forem anotadas conforme anotamos as de Netuno e Urano, tal inconveniente não existirá.
O horóscopo agora está levantado e está completo. A maioria dos astrólogos, agora, começa a interpretá-lo, mas que essa interpretação seja mais completa é necessário fazer um índice, tal como apresentamos no último capítulo desta parte.
Com o objetivo de familiarizar bem o Estudante com o modo de levantar um horóscopo, primeiramente vamos completar o horóscopo que levantamos parcialmente da data de 2 agosto às 8:15 P.M.[1], pois esse horóscopo oferece certas peculiaridades que vale a pena darmos atenção, conforme exporemos a seguir.
Para determinar a H.M.G. de 2 de agosto, somamos à Hora Local Exata de Nascimento (08:23:00 P.M.) os 4 minutos por cada um dos 88 graus (4 x 88) de Longitude oeste de Greenwich em que se situa o lugar do nascimento, que convertido temos 05:52:00, resultado a H.M.G que já cai no dia seguinte, 3 de agosto no horário de 02:15:00 A.M.
Colocando em uma tabela:
HH MM SS | ||
Hora Local Exata do nascimento (como calculamos anteriormente) | 08:23:00 PM | De 2 de agosto |
Correção de 4 minutos que vezes 88 graus é igual a 352 minutos | 05:52:00 | |
Hora Média de Greenwich (H.M.G.) | 02:15:00 AM | De 3 de agosto |
Aqui está um ponto importante. Quando acrescentamos 5 horas e 52 minutos às 08:23:00 P.M. levamos a H.M.G para o dia seguinte; isso significa que no mesmo instante em que essa criança nascia em Chicago, com os relógios marcando 8:15 da noite de 2 de agosto, o relógio do Observatório de Greenwich marcava 2:15 da madrugada de 3 de agosto. Assim, o meio-dia de 3 de agosto é o mais próximo da H.M.G., e o intervalo entre a H.M.G. (2:15 A.M.) e o meio-dia mais próximo é, portanto, 9 horas e 45 minutos, cujo logaritmo é 0,3912.
Executemos, agora, os cálculos e as operações matemáticas prescritas no início deste Capítulo V:
HH MM | |
A longitude do Sol ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 10:28 |
A longitude do Sol ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 09:31 |
Percurso do Sol no dia da H.M.G. | 00:57 |
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso do Sol no dia da H.M.G. (00:57) | 1,4025 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pelo Sol durante o Intervalo | 1,7937 |
O valor do logaritmo 1,7937, ou seja, o Incremento de Correção é 0 grau e 23 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude do Sol no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Leão | 10:28 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 00:23 | |
Resultado é a Longitude do Sol à H.M.G. | Leão | 10:05 |
Essa é a posição em que inserimos para o Sol no horóscopo, ou seja: 10 graus e 5 minutos do Signo de Leão.
Observe que no horóscopo anterior (o de 2 agosto às 8:15 A.M., em Chicago (EUA)) nós somamos o Incremento de Correção à longitude de cada Astro (Sol, Lua e Planetas), porque a H.M.G. era após ao meio-dia. No atual horóscopo (o de 2 agosto às 8:15 P.M., em Chicago (EUA)) a H.M.G. é antes do meio-dia, assim subtraímos do Incremento de Correção da longitude de cada Astro no meio-dia mais próximo da H.M.G., conforme determina o item 6.b da regra que usamos para calcular a posição exata do Astro na H.M.G.[2].
SIGNO | HH MM | |
A longitude da Lua ao meio-dia após à H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Peixes | 02:39 |
A longitude da Lua ao meio-dia antes da H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Aquário | 17:55 |
Percurso da Lua no dia da H.M.G. | 14:44 |
HH MM | |
Logaritmo do Percurso da Lua no dia da H.M.G. (14:44) | 0,2119 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pela Lua durante o Intervalo | 0,6031 |
O valor do logaritmo 0,6031, ou seja, o Incremento de Correção é 5 graus e 59 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude da Lua no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Peixes | 02:39 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 05:59 | |
Resultado é a Longitude da Lua à H.M.G. | Aquário | 26:40[3] |
Conforme fizemos no primeiro horóscopo, neste também podemos dispensar cálculos para as posições de Netuno, Urano e Saturno sem a correção (fornecida por meio do Incremento de Correção), e apenas anotando as longitudes de cada um deles no meio-dia mais próximo à H.M.G. O percurso de Marte no dia H.M.G. é de 15 minutos, e seu percurso durante o intervalo de 9 horas e 45 minutos[4] deve, portanto, ser aproximadamente 6 minutos[5]. subtraindo 6 minutos da posição de Marte em 3 de agosto (no meio-dia mais próximo à H.M.G.), a posição de Marte no horóscopo será Áries 04:06. Do mesmo modo, Júpiter requer uma correção de 4 minutos[6], ficando sua posição em Virgem 15:17.
[1] N.T.: Atente bem que no início do Capítulo V nós calculamos os dados para um horóscopo que levantamos parcialmente da data de 2 agosto às 8:15 A.M., em Chicago (EUA).
[2] N.T.: veja no início desse Capítulo V
[3] N.T.: Uma maneira prática de fazer essa conta de subtração (quanto a parcela superior é menor do que a parcela inferior). Repare que estamos em uma circunferência e lá medimos as distâncias em graus e minutos. Sabemos, também que cada Signo tem 30 graus (sempre). E aqui sabemos que depois de Aquário vem Peixes, ou, antes de Peixes vem Aquário:
Outro modo: considerando uma reta de 0º a 360º, segmentada de 30 em 30 graus (o tamanho invariável de cada Signo), e sabendo que Aquário vem depois de Peixes, podemos considerar o ponto 2:39º de Peixes como se fosse o ponto 32:39 de Aquário. Agora se fizermos a subtração 32:39 – 05:59 = 31:99 – 05:59 = 26:40.
[4] N.T.: que é o intervalo de tempo entre a H.M.G., que é 2h15 AM de 3 de agosto, e o meio-dia mais próximo da H.M.G., que é o meio-dia do próprio 3 de agosto: 12:00 – 02:15 = 11:60 – 02:15 = 9:45.
[5] N.T.: ou seja: entre o meio-dia mais próximo à H.M.G. e a própria H.M.G (intervalo de 9 horas e 45 minutos). Ora se Marte se movimenta 15 minutos de 2 a 3 de agosto (portanto, 24 horas), então quanto ele se deslocou em 9 horas e 45 minutos? Apliquemos a Regra de Três simples: 15 m – > 24 h assim como x <- 9h45m, ou seja: 9h45m x 15m = 9,75h x 15m = 146,3 e 146,3/24 = 6,1 minutos, arredondando para baixo: 6 minutos!
[6] N.T.: O percurso de Júpiter no dia H.M.G. é de 11 minutos. Assim, entre o meio-dia mais próximo à H.M.G. e a própria H.M.G, ou seja, o intervalo de 9 horas e 45 minutos. Ora se Júpiter se movimenta 11 minutos de 2 a 3 de agosto (portanto, 24 horas), então quanto ele se deslocou em 9 horas e 45 minutos? Apliquemos a Regra de Três simples: 11 m – > 24 h assim como x <- 9h45m, ou seja: 9h45m x 11m = 9,75h x 11m = 107 e 107/24 = 4,4 minutos, arredondando para baixo: 4 minutos!
SIGNO | HH MM | |
A longitude de Vênus ao meio-dia após à H.M.G. – 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 06:21 |
A longitude de Vênus ao meio-dia antes à H.M.G. – 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 05:09 |
Percurso de Vênus no dia da H.M.G. | 01:12 |
HH MM | |
Logaritmo do Percurso de Vênus no dia da H.M.G. (01:12) | 1,3010 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Vênus durante o Intervalo | 1,6922 |
O valor do logaritmo 1,6922, ou seja, o Incremento de Correção é 0 graus e 29 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Vênus no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Virgem | 06:21 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 00:29 | |
Resultado é a Longitude de Vênus à H.M.G. | Virgem | 05:52[1] |
Mercúrio é o último Planeta que temos que calcular:
SIGNO | HH MM | |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia após à H.M.G. – 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 09:22 |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia antes à H.M.G. – 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 07:17 |
Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. | 02:05 |
HH MM | |
Logaritmo do Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. (01:12) | 1,0614 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Mercúrio durante o Intervalo | 1,4526 |
O valor do logaritmo 1,4526, ou seja, o Incremento de Correção é 0 graus e 51 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Mercúrio no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Leão | 09:22 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 00:51 | |
Resultado é a Longitude de Mercúrio à H.M.G. | Virgem | 08:31[2] |
As posições da Cabeça do Dragão (<), ou Nodo Lunar, e da Cauda do Dragão (>) também precisam ser encontradas. Segundo as Efemérides, no dia 3 de agosto, o meio-dia mais próximo da H.M.G., a Cabeça do Dragão está em Gêmeos 13:44[3]. A Cauda do Dragão ocupa o ponto oposto, ou seja, de Sagitário 13:44.
Agora só resta calcular a Parte da Fortuna (ou Roda da Fortuna), e para tal dispomos os fatores do cálculo como segue:
SIGNO | GG MM | |
Longitude do Ascendente no 12º Signo | Peixes | 07:08 |
Longitude do Sol no 5º Signo | Leão | 10:05 |
Longitude da Lua no 11º Signo | Aquário | 26:40 |
Procedemos de acordo com a regra fornecida:
Nº do SIGNO | GG MM | |
Longitude do Ascendente no 12º Signo | 12 | 07:08 |
Longitude da Lua no 11º Signo | 11 | 26:40 |
SOMANDO OS DOIS | 23 | 33:48 |
MENOS: | ||
Longitude do Sol no 5º Signo | 5 | 10:05 |
RESULTADO | 18 | 23:43 |
Como passou de 12 (o máximo número de Signos, então SUBTRAIMOS: | 12 | |
RESULTADO: Posição da Parte da Fortuna | 6 | 23:43 |
Ou: a Longitude da Parte da Fortuna é: Virgem em 23:43
Agora, façamos uma lista dos Astros (Sol, Lua e Planetas) e os Elementos astrológicos calculados, a fim de inseri-los no horóscopo:
ASTRO ou ELEMENTO ASTROLÓGICO | SIGNO | GG MM |
Sol | Leão | 10:05 |
Lua | Aquário | 26:40 |
Netuno | Câncer | 17:44 |
Urano | Capricórnio | 18:13M |
Saturno | Áries | 23:14 |
Júpiter | Virgem | 15:17 |
Marte | Áries | 04:06 |
Vênus | Virgem | 05:52 |
Mercúrio | Leão | 08:31 |
Parte da Fortuna | Virgem | 23:43 |
Cabeça do Dragão | Gêmeos | 13:44 |
Cauda do Dragão | Sagitário | 13:44 |
Acabamos de erigir dois horóscopos, e uma comparação entre ambos revela o fato de que, embora sejam de duas pessoas nascidas na mesma cidade e no mesmo dia e ano, as características de uma pessoa são inteiramente opostas às da outra e, uma vez que o caráter é o determinador do destino, as vidas dessas duas pessoas deverão ser totalmente opostas.
Antes de podermos interpretar esses dois horóscopos é necessário que nós obtenhamos uma clara concepção das relações dos Astros (Sol, Lua e Planetas) entre si, dos Astros com os Signos do zodíaco, e dos Astros com as Casas, conforme se encontram em cada um dos dois horóscopos, e com esta finalidade nós faremos um índice que deve revelar esses relacionamentos num relance, de maneira que nossas mentes não possam ser embaraçadas pela matemática no momento de interpretarmos o horóscopo, mas sejam livres e concentradas no significado dos diferentes Aspectos astrológicos e nas posições dos Signos, Astros e Elementos astrológicos.
RETROGRADAÇÃO
Na página das Efemérides Rosacruzes, que tem uma amostra nesse livro[4], você encontrará nas colunas de Saturno, Urano e Marte uma letra “R” em maiúsculo. Esse símbolo tem o seguinte significado:
Os Planetas do nosso Sistema Solar se movem em uma única direção, do oeste para leste, mas suas órbitas em torno do Sol têm amplitudes variáveis, a mesma coisa se dando com as suas velocidades. A Terra desloca-se a uma velocidade de, aproximadamente, 108.000 quilômetros por hora e, ainda, sua circunferência da órbita – em torno do Sol – é tão grande que requer em torno de 365 dias para que ela contorne o Sol. Mercúrio descreve uma circunferência da órbita bem menor em volta do Sol, mas se desloca a uma velocidade de, aproximadamente, 180.000 quilômetros por hora, de modo que completa sua revolução em torno de 88 dias. A velocidade de Urano é de apenas, aproximadamente, 27.000 quilômetros por hora, mas sua órbita é tão grande que requer em torno de 84 anos para completá-la. Os demais Planetas mostram semelhantes variações de velocidade. Se eles se deslocassem em linha reta, os menores e mais rápidos logo deixariam para trás os mais pesados e mais lentos, mas como se movem em círculos, eles cruzam um ponto de observação repetidas vezes. Se tal ponto fosse central e estacionário, esse constante movimento para a frente dos Planetas, em suas respectivas órbitas, seria perceptível a todos os observadores, mas essa é a questão, não há ponto estacionário; toda partícula de Júpiter, o gigante do nosso Sistema Solar, à menor partícula de “poeira”, se move incessantemente em torno de um centro comum e, por conseguinte, às vezes um Planeta se desloca quase transversalmente ao curso de outro corpo em movimento, e isso fica parecendo, por algum tempo, que ele fica parado em sua órbita. Os astrônomos dizem que tal Planeta está Estacionário. Outras vezes, esse movimento oblíquo dos Planetas, em relação à posição da Terra em sua órbita, os faz parecer se moverem para trás no Zodíaco, e a esse movimento chamamos Retrógrado. Nas Efemérides vemos um símbolo parecendo com um “R” maiúsculo na linha do dia em que o Planeta começa, aparentemente, a retroceder, e essa retrogradação continua até onde se encontra um “D” maiúsculo, o qual indica que volta a se observar o movimento do Planeta para a frente.
Embora esse movimento retrógrado de um Planeta seja apenas aparente, ele tem um efeito muito real no que tange à influência exercida por tal Planeta, pois é o ângulo do seu raio que determina a influência de um Planeta. Os Planetas são focos que transmitem e intensificam as propriedades das estrelas fixas, de tal maneira que nos afetam em um grau muito maior do que quando não se acham focalizados sobre o ponto de observação, o lugar do nascimento.
Vamos supor que no momento do nascimento de uma criança observamos Saturno e por detrás dele, diretamente em linha com o nosso ponto de observação, vemos a estrela fixa Antares, que se acha próxima aos 8 graus de Sagitário; a criança então está propensa a sofrer afecções nos olhos, as quais são suficientemente graves mesmo que o Planeta se mova “direto” em sua órbita, como geralmente acontece, pois então Antares sairá de foco gradativamente, e Saturno não voltará a formar a Conjunção adversa com Antares antes de completar sua revolução em torno do Sol (que leva cerca de 29 anos). Se, por outro lado, vemos que no dia seguinte ao nascimento Saturno retrograda um pouco e ainda mais no dia seguinte, e desse modo por uma ou duas semanas, então também nesse caso Antares sai fora de foco, mas há essa diferença importante, que em vez de demorar 29 anos para formar a Conjunção adversa seguinte, Saturno pode se voltar a ficar “direto”, e forma a segunda Conjunção adversa com Antares, dentro de poucas semanas após o nascimento, e essa repetição do raio adverso pode agravar o defeito inato a tal ponto que a criança poderá se tornar cega. Assim, nós reiteramos que, mesmo sendo apenas aparente, o movimento retrógrado de um Planeta exerce uma influência muito real sobre os interesses humanos.
[1] N.T.: 06:21 – 00:29 = 05:81 – 00:29 = 05:52
[2] N.T.: 09:22 – 00:51 = 08:82 – 00:51 = 08:31
[3] N.T. Efemérides de Agosto de 1909 – Longitude dos Astros
[4] N.T.:
CAPÍTULO 6 – OS ASPECTOS
O círculo do Zodíaco, como qualquer outro círculo, é dividido em 360 graus. Dentro desse círculo os corpos celestes do nosso Sistema Solar se movem, ainda que seus movimentos estejam longe de ser uniformes, como mostrado no primeiro capítulo. Portanto, aqueles Astros que se deslocam mais lentamente são alcançados, ultrapassados e novamente ultrapassados pelos Astros mais rápidos.
Quando um Astro (Sol, Lua e Planetas) se encontra a certo número de graus de outro Astro dizemos que estão em Aspecto[1]:
Tabela de Aspectos | |
A Oposição | os Astros estão a 180 graus um do outro. |
A Quadratura | os Astros estão a 90 graus um do outro. |
O Sextil | os Astros estão a 60 graus um do outro. |
O Trígono | os Astros estão a 120 graus um do outro. |
A Conjunção | os Astros estão a 0 graus um do outro. |
O Aspecto Paralelo acontece quando dois Astros têm o mesmo grau de Declinação, não importando que um esteja ao norte (Declinação Norte) e outro ao sul (Declinação Sul) do Equador Terrestre. Isto será esclarecido nos cálculos que se seguirão mais tarde.
Dos Aspectos mencionados na Tabela anterior, a Oposição e a Quadratura dizemos que são adversos; o Sextil e o Trígono dizemos que são benéficos, enquanto a Conjunção e o Paralelo se classificam como indeterminados (benéficos ou adversos); se a Conjunção ou o Paralelo ocorrem entre os chamados Astros benéficos, eles possuem uma influência benéfica, mas se ocorrem entre os chamados Astros adversos, eles possuem uma influência adversa. Um horóscopo é considerado como trazendo alguma coisa boa não prevista como certa (ou seja: é um horóscopo auspicioso) se nele há mais Sextis e Trígonos do que Quadraturas e Oposições. Um horóscopo é considerado como não auspicioso se nele há mais Quadraturas e Oposições do que Sextis e Trígonos.
Tal ponto de vista é errado. No Reino do Pai não há o “mal”. O que parece ser “mal” é apenas o “bem” em formação. Quando um lapidador de joias lapida uma pedra preciosa, ele aplica o esmeril a cada um dos lados da pedra bruta, e a cada esmerilhada nós podemos ouvir um grito alto da pedra, como se estivesse sentindo uma dor. Entretanto, gradualmente, como consequência do processo de esmerilhamento rigoroso, a pedra preciosa adquire uma superfície lindamente polida, com inúmeras facetas capazes de receber, refletir e refratar a luz solar brilhante.
Deus e Seus Ministros — os Sete Espíritos Planetários diante do Trono — são os lapidários, e nós somos um diamante bruto. Para polir e revelar sua natureza espiritual são necessárias várias experiências. Tais experiências podem ser agradáveis ou não, conforme indiquem os comumente chamados Aspectos benéficos ou adversos. Mas, pode se dizer com segurança que as experiências adversas que nos chegam sob os chamados Aspectos adversos são tão potentes desenvolvedores de músculos espirituais, removendo muito do nosso egoísmo, servindo para nos tornar mais tolerantes e compassivos, do mesmo modo que o duro esmeril serve para remover a crosta áspera do diamante. Embora um horóscopo repleto de Quadraturas e Oposições possa indicar o que normalmente é chamado de uma vida difícil, tal horóscopo é infinitamente preferível (sob o ponto de vista espiritual) àquele que só tenha Aspectos “benéficos”, pois, enquanto esse último proporciona apenas uma existência insípida, o horóscopo “ruim” proporciona ação e uma qualidade agradavelmente excitante à vida em uma ou outra direção.
Além disso, como as “estrelas” não obrigam, mas apenas proporcionam tendências, cabe a nós, em grande medida, afirmar nossa Individualidade e transmutar o “mal” presente em “bem” futuro. Assim, trabalharemos em harmonia com as “estrelas” e as regemos pela obediência à Lei Cósmica.
A influência de um Aspecto entre os Planetas[2] no nascimento é sentida mesmo que eles não estejam exatamente a 0, 60, 90, 120 ou 180 graus um do outro; admite-se uma “Órbita de Influência”, por assim dizer, de 6 graus.
No horóscopo que serve de exemplo, abaixo, Saturno e Júpiter estão dentro da “Órbita de Influência”, porque um está a 1 grau de Áries e o outro está a 7 graus do mesmo Signo, Áries. Saturno estando a 1 grau de Áries, também está dentro “Órbita de Influência” dos Aspectos com Marte (3 graus) e Mercúrio (5 graus), mas não dentro da “Órbita de Influência” do Aspecto com o Sol, ou com a Lua e nem com Vênus, pois há mais de 6 graus de 1 grau (de Saturno) a 10, 12 e 14 graus do Sol, da Lua e de Vênus, respectivamente[3].
A razão espiritual para essa “Órbita de Influência” é a seguinte: além do corpo visível percebido por nossos sentidos[4], também possuímos veículos invisíveis chamados por S. Paulo de corpos espirituais, sendo que nós somos Espíritos. Quando tivermos desenvolvido a faculdade da visão espiritual, faculdade essa latente em todos nós, poderemos ver esses Corpos mais sutis[5] sobressaindo muito além do Corpo Denso que está localizado no centro dessa “aura”[6], do mesmo modo que a gema de um ovo está no centro desse ovo, rodeada de clara por todos os lados.
Antes que dois seres humanos entrem em contato físico próximos, suas “auras” se interpenetram; essa é a razão pela qual “sentimos a presença do outro”, às vezes antes de o percebermos por meio de nossos sentidos comuns[7].
“Como é em cima, assim é embaixo”. Somos feitos à imagem de Deus e de Seus Ministros, os Anjos-estelares. Cada Planeta tem Seus Mundos invisíveis[8] que sobressaem no espaço, além da esfera densa visível e perceptível pelo olho físico[9]. Quando essas “auras” planetárias entram em Aspecto, uma influência é sentida, embora ainda possam faltar 6 graus na formação de um Aspecto ou eles podem ter ultrapassado os 6 graus do Aspecto.
Para determinar rapidamente qual é o Aspecto que os Planetas formam entre si em um horóscopo, quando dentro das Órbitas de Influência, observemos as divisões dos Signos do Zodíaco:
Os Planetas em Signos Cardeais estão em Conjunção, Quadratura ou Oposição, se dentro da Órbita de Influência. Os Planetas em Signos Fixos também estão em Conjunção, Quadratura ou Oposição se dentro dessa Órbita de Influência, e o mesmo acontece com os Planetas em Signos Comuns. Uma rápida olhada no horóscopo revelará qual dos três Aspectos está formado.
Outra divisão do Zodíaco é: Signos de Fogo, Signos de Terra, Signos de Ar e Signos de Água:
Os Planetas em Signos de Fogo estão em Conjunção ou Trígono, se dentro da Órbita de Influência. Os Planetas em Signos de Terra estão em Trígono ou Conjunção; assim também estão os Planetas em Signos de Ar e de Água, conforme se vê no diagrama acima.
Essencialmente Dignificados e em Exaltação:
Diz-se que o Planeta “rege” ou está “Essencialmente Dignificado” em certos Signos onde a natureza essencial tanto do Planeta quanto do Signo concorda. Quando estão em Signos opostos – àqueles que estão Essencialmente Dignificados – diz-se que eles estão em “Detrimento” e, portanto, em desarmonia com o ambiente.
Os Planetas são mais poderosos em certos Signos do que em outros, pelo que se diz estarem “em Exaltação” quando colocados em tais Signos. Quando ocupam os Signos Opostos – àqueles que estão em Exaltação – eles estão em “Queda” e, portanto, comparativamente fracos.
A Tabela de Potências Astrais a seguir mostrará os Astros e os Signos nos quais eles são fortes ou fracos, de acordo com o exposto acima. Note-se que cada um dos Planetas, exceto Urano e Netuno, rege dois Signos, ao passo que o Sol e a Lua regem apenas um cada. Observe também que Urano e Saturno são co-Regentes de Aquário, e que Netuno e Júpiter são co-Regentes de Peixes.
Tabela de Potências Astrais
Graus Críticos:
A Tabela de Graus Críticos dos Signos a seguir mostra certos graus do Zodíaco que são designados como “Graus Críticos”. Quando um Astro se encontra dentro da Órbita de Influência de três graus de quaisquer desses pontos[10], tal Astro exercerá uma influência muito mais forte na vida do que de outra forma. Essa influência tenderá a aumentar a intensidade de uma “Exaltação”, como também a compensar a fraqueza resultante de um Astro estar “em Queda” ou “em Detrimento”. Também aumentará a força dos Aspectos desse Astro.
Signos Cardinais | Signos Fixos | Signos Comuns |
1O 13O 26O | 9O 21O | 4O 17O |
Áries | Touro | Gêmeos |
Câncer | Leão | Virgem |
Libra | Escorpião | Sagitário |
Capricórnio | Aquário | Peixes |
Tabela de Graus Críticos dos Signos
Elevação:
Diz-se estar “Elevado” o Astro que está na 9ª ou 10ª Casa ou próximo a elas. Quanto mais próximo do Meio-do-Céu, mais Elevado se encontra. O Astro Elevado é muito mais poderoso, tanto quando está com Aspecto benéfico ou quando está com Aspecto adverso, do que quando colocado em um local mais baixo.
Ângulos:
Quando os Astros se encontram nos “Ângulos” do horóscopo (primeira, quarta, sétima e décima Casas), diz-se que estão Angulares ou Acidentalmente Dignificados. Quando assim posicionados, eles exercem uma influência maior tanto quando está com Aspecto benéfico ou quando está com Aspecto adverso do que quando localizados nas outras Casas.
Quando o Estudante tiver assimilado as informações acima, ele deve prosseguir para fazer uma Tabela ou um Índice de Relacionamento dos Astros, conforme o exemplo abaixo:
Tabela ou um Índice de Relacionamento dos Astros
[1] N.T.: São somente esses Aspectos astrológicos que a Astrologia Rosacruz considera como necessários e suficientes para uma completa interpretação astrológica utilizando o método da Astrologia Rosacruz. O motivo disso, o próprio Max Heindel e a própria Augusta Foss Heindel nos fornecem a explicação no Livro “A Mensagem das Estrelas”, que replicamos aqui: … uma galáxia completa de Aspectos que envolva bi-Quintil, Sesquiquadratura e outras insensatezes altissonantes e absurdas forem incluídas também, certamente o Astrólogo se perderá no labirinto matemático de tal modo que será incapaz de ler uma única sílaba da “mensagem das estrelas”. Durante o primeiro ano de seus estudos astrológicos, um dos autores, originalmente de natureza matemática, tinha o hábito de levantar horóscopos e tabular os Aspectos de forma tão maravilhosa e ousada que tais tabulações superavam o proverbial “enigma chinês”; eram verdadeiros “Nós Górdios”, pelos quais o destino de um ser humano ficava tão emaranhado em cada mapa que nem o autor daquela abominação, nem outra qualquer pessoa poderiam esperar desembaraçar dele a pobre alma envolvida. Possa ele ser perdoado, pois já se corrigiu e agora é extremamente cuidadoso no eliminar do horóscopo tudo o que não seja essencial, mas como estava envolvido pelo labirinto da matemática, sua experiência deve servir como uma advertência. Nossas Mentes, no melhor dos casos, são instrumentos frágeis para compreender o destino e, certamente, teremos uma grande oportunidade de ser bem-sucedidos se aplicarmos nosso conhecimento a fatores mais importantes e esses, geralmente, são os mais simples.
[2] N.T.: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.
[3] N.T.: 8, 11 e 13 graus, respectivamente.
[4] N.T.: o Corpo Denso.
[5] N.T.: Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
[6] N.T.: Corpo Vital e Corpo de Desejos.
[7] N.T.: visão, audição, olfato, paladar e tato.
[8] N.T.: Região Etérica do Mundo Físico, Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento.
[9] N.T.: o Corpo Denso dele que nada mais é do que a Região Química do Mundo Físico.
[10] N.T.: Sol no 15o de Áries está em “Grau Crítico”, pois está a 2 graus da culminação do “Grau Crítico” 13 graus de Áries (15 – 13 = 2 graus), portanto dentro da “Órbita de Influência” de 3 graus.
CAPÍTULO 7 – COMO FAZER O ÍNDICE
Olhando para o horóscopo levantado para as 8:15 P.M., notamos que Saturno e Marte estão em Áries, um Signo Cardinal. Assim sendo, pomo-los no Índice na linha dos Signos Cardinais. Netuno está em Câncer, que é o Signo Cardinal seguinte, portanto, esse também vai para a linha dos Signos Cardinais. Libra, o terceiro Signos Cardinais, não tem Astro algum. Capricórnio é o último dos Signos Cardinais; Urano está em Capricórnio e quando o inseridos no Índice, nós completamos a lista dos Astros que, nesse horóscopo, estão situados nos Signos Cardinais.
O Signos Fixos são Touro, Leão, Escorpião e Aquário. Em Touro não há Astros. O Sol e Mercúrio estão em Leão, assim, os colocamos no Índice, na linha dos “Signos Fixos”. Em Escorpião não há Astros, mas a Lua está em Aquário. Ela é, então, inserida no Índice na linha dos “Signos Fixos”.
Nesse horóscopo os Signos Comuns de Gêmeos, Sagitário e Peixes não têm Astros, mas Virgem, outro Signo Comum, tem Júpiter e Vênus, os quais pomos na linha dos Signos Comuns, juntamente com a Parte da Fortuna.
Isso completa a nossa classificação dos Astros no que tange ao temperamento, e, para nos certificarmos de que pusemos todos no Índice, devemos contá-los: quatro estão em Signos Cardinais; três estão classificados como Signos Fixos e dois como Signos Comuns, perfazendo um total de nove Astros, além da Parte da Fortuna.
Está correto; então, vamos prosseguir do mesmo modo anotando os Astros nos Signos de Fogo. Colocamo-los no Índice. A seguir os de Signos de Terra, os Signos de Ar e os Signos de Água. Temos, portanto, nossa classificação de acordo com os Elementos e, novamente, para nos certificarmos de que anotamos todos os Astros, contamo-los de novo. Quatro estão em Signos de Fogo; três estão em Signos de Terra; um está em Signo de Ar e um em Signo de Água. O total perfaz nove, que está correto!
Em seguida anotamos os Astros que estão em Exaltação, etc.[1], conforme exige o Índice.
Agora estamos preparados para notar os Aspectos, e solicitamos de modo especial ao Estudante para seguirem o sistema que esboçamos aqui; pois ele não permite a omissão de nenhum Aspecto.
Ponha o dedo indicador da mão esquerda sobre o primeiro Astro à esquerda, na linha dos Signos Cardinais do Índice (nesse caso, Marte). Com a mão direita, ponha a ponta do lápis sobre o próximo Astro à direita, na mesma linha dos Signos Cardinais (nesse caso, Saturno). Observe no horóscopo se estes dois Astros estão dentro das esferas ou Órbitas de Influência um do outro (6 graus). A resposta aqui é não. Um está no 4º grau, o outro está no 23º grau. Portanto, eles não estão formando um Aspecto. Mantenha o dedo indicador da mão esquerda no mesmo lugar, mas desloque a ponta do lápis para a direita, até o Astro seguinte (aqui Netuno), e verifique igualmente se estão dentro das esferas ou Órbitas de Influência um do outro (6 graus) – novamente a resposta é não. Desloque, novamente, a ponta do lápis para a direita, até o último Astro na linha dos Signos Cardinais (Urano); examinando se ambos os Planetas, o do dedo indicador da mão esquerda e o da ponta do lápis na mão direita, formam aspecto entre si. Constatamos que não.
Assim, concluímos que o Planeta sob o nosso indicador esquerdo (Marte), não forma Aspectos com nenhum outro Astros em Signos Cardinais. Agora, então, movimentamos nosso indicador da mão esquerda para uma posição à direita (para Saturno), pomos a ponta do lápis sobre o próximo Planeta à direita daquele (em Netuno aqui) e, novamente, repetimos a pergunta: os dois Planetas, o do indicador da mão esquerda e o da ponta do lápis à direita (aqui Saturno e Netuno) estão dentro da Órbita de Influência de algum Aspecto? Uma olhada ao horóscopo mostra que eles formam; um está no 17º grau e o outro no 23º grau. Assim, eles estão em Aspecto. Nossa regra estabelece que os Astros em Signos Cardinais, Fixos ou Comuns podem formar Conjunções, Quadraturas ou Oposições, se estiverem em Órbita de Influência.
Uma olhada nas posições de Saturno e Netuno mostra que ambos não estão em Conjunção, nem estão em Oposição; devem, então, estarem em Quadratura um com outro. Assim sendo, desenhamos a figura de um quadrado e o símbolo de Saturno na linha de Netuno, no Índice; também desenhamos a figura de um quadrado e o símbolo de Netuno na linha de Saturno. Temos assim anotado este Aspecto.
Deixamos nosso indicador da mão esquerda sobre Saturno, mas movimentemos a ponta do lápis para a direita, até Urano. E repetimos a nossa questão: Estão ou não dentro da Órbita de Influência um do outro? A resposta é sim, e suas posições indicam que o Aspecto é uma Quadratura. Isso é anotado nas linhas de Saturno e Urano, conforme o fizemos no caso anterior. Temos, então, anotados todos os Aspectos de Saturno aos Astros a sua direita, e agora movemos o indicador da nossa mão esquerda para a direita (para Netuno e Urano) e repetimos a nossa questão se estão em Órbita de Influência. A resposta é sim. Netuno e Urano estão dentro da Órbita de Influência um do outro formando, assim, uma Oposição. Esse Aspecto é também anotado no Índice e completa os Aspectos de Netuno.
E assim anotamos, de um modo completo e sistemático, todos os Aspectos entre os Astros na linha Cardinal. O mesmo modo de proceder nós empregaremos com os Astros nas outras linhas, percorrendo invariavelmente cada linha da esquerda para a direita. Se esse método for seguido, nenhum Aspecto poderá ser esquecido de ser anotado.
Em se tratando de Astros em Signos de Fogo, de Ar, de Terra e de Água, lembramo-nos, naturalmente, que eles formam Trígonos ou Conjunções, se estiverem dentro da Órbita de Influência.
Para se obter os Sextis é necessário usar um método diferente. Comecemos com Marte (aqui no 4º grau de Áries), somemos 60 graus, o que resulta em 4 graus de Gêmeos[2]. Faça a pergunta: há algum Astro dentro da Órbita de Influência do 4º de Gêmeos? A resposta é não. Passemos o indicador da mão esquerda ao Planeta seguinte no horóscopo (Saturno). Ele está em 23º de Áries; somando 60 graus esses 23 graus, temos o 23º de Gêmeos. Aqui também não existe nenhum Astro dentro da Órbita de Influência. O indicador a mão esquerda é passado para o Astro seguinte (Netuno) no 17º de Câncer. Nós somando 60 graus, temos o 17º de Virgem. Façamos nossa pergunta: há algum Astro na Órbita de Influência neste ponto? A resposta é sim – Júpiter no 15º de Virgem. Então, Netuno e Júpiter estão em Sextil e anotamos no Índice, nas linhas de ambos os Astros.
Prosseguindo, movimentamos o indicador da mão esquerda por cada Astro no horóscopo; somando 60 graus e repetindo a nossa pergunta. Quando completarmos a volta ao círculo, teremos também anotado todos os Sextis, sem omitirmos nenhum.
A Cabeça do Dragão e a Cauda do Dragão exercem uma influência no horóscopo somente quando em Conjunção com um Astro ou com o Ascendente. Uma Órbita de Influência de apenas 2 graus ou, no máximo, até 3 graus, é permitida. A Cabeça do Dragão é considerada benéfica, sendo sua influência análoga à daquela do Sol em Áries, e seu efeito jupiteriano. A Cauda do Dragão é considerada adversa, sendo saturnina em qualidade e tendo uma influência semelhante à de Saturno em Libra. No caso presente, nem a Cabeça nem a Cauda do Dragão estão em Conjunção com algum Astro, pelo que não há Aspectos a anotar no Índice.
Mas ainda restam os Paralelos. Para determiná-los, precisamos consultar a página das Efemérides[3] para o mês do nascimento (no caso, agosto), que se encontra no fim desse livro[4]. No topo da página nós temos os nomes dos Astros: Netuno, Urano, Saturno, etc., embaixo de cada um deles sua Declinação para os dias do mês, que constam na coluna à esquerda.
Como nossa H.M.G. é na parte da manhã do dia 3 de agosto, anotamos no Índice as Declinações de 3 de agosto, ao lado de cada Astro.
Uma exceção é a Declinação da Lua, que requer uma correção logarítmica de acordo com a H.M.G. Essa correção é feita pelo mesmo método usado para se obter a Longitude (ou posição) da Lua. Assim, nós achamos a Declinação da Lua como 17 graus e 02 minutos (17:02).
A Declinação da Parte da Fortuna é a mesma do Sol quando esse se encontra no mesmo Signo e no mesmo Grau.
Aqui a Parte da Fortuna está em Virgem 23:43. Tome uma Efemérides de qualquer ano e veja quando o Sol passa ali. A data é 17 de setembro, e a Declinação do Sol nessa data é 2:25 (Efemérides de 1909). Esta é, pois, a Declinação da Parte da Fortuna. Caso se queira, as Declinações do Meio-do-Céu e do Ascendente podem ser determinadas do mesmo modo.
Anotadas todas as Declinações no Índice, ponha o indicador da mão esquerda sobre a Declinação de Netuno lá embaixo; a ponta do lápis sobre a Declinação mais próxima acima (Urano); se pergunte se elas estão dentro da Órbita de Influência de 1 grau e meio (01:30). A resposta é sim e, portanto, anote-as na coluna dos Aspectos Paralelos. Movimente a ponta do lápis para cima, notando, a cada passo, se as Declinações dos Astros sob o indicador da mão esquerda e a ponta do lápis estão dentro da Órbita de Influência (um grau e meio). Quando a ponta do lápis alcançar o topo da coluna, todos os Paralelos sob o dedo indicador da mão esquerda terão sido verificados e anotados. Então, movimente o indicador da mão esquerda para o Astro seguinte acima (Urano), e a ponta do lápis para a Declinação do próximo Astro sobre aquele; note se estão em Paralelo; movimente a ponta do lápis para cima para a Declinação seguinte, passo a passo, seguindo o mesmo método de partir debaixo para cima para achar a Declinação, do mesmo modo seguindo pela movimentação do dedo indicador da mão esquerda e da ponta do lápis da esquerda para a direita, para determinar as Conjunções, Quadraturas, Trígonos e Oposições.
Quando os Paralelos tiverem sido anotados, o Índice estará terminado; e se colocado abaixo do horóscopo, numa folha de papel, conforme mostrado na ilustração abaixo, o estudante terá, prontamente, à mão todos os meios para interpretar o Horóscopo sem precisar desviar sua atenção para o cálculo dos Aspectos. Desse modo se consegue uma maior concentração mental. Tampouco o processo de fazer o Índice é tão complicado quanto o processo de descrevê-lo; de fato, em si mesmo ele é simples, já que não envolve cálculos matemáticos, mas apenas o uso metódico e adequado do indicador da mão esquerda e a movimentação da ponta de um lápis para a direita ou para cima com a pergunta: os Astros na ponta do dedo indicador da mão esquerda e da ponta do lápis estão dentro da Órbita de Influência? Seguindo esse método o estudante nunca omitirá um Aspecto e será capaz de fazer um Índice completo entre 15 e 20 minutos.
Figura: Índice do Horóscopo de 2 de agosto de 1909, às 8:15 PM
Para um melhor desempenho, o estudante deve se esforçar por fazer o Índice do horóscopo levantado para 2 de agosto, 8:15:00 A.M.
Aspectos formados com o Ascendente, que representa o Corpo Denso, influem sobre a saúde. Aspectos formados com o Meio-do-Céu indicam a natureza das oportunidades que a pessoa pode ter para o avanço espiritual. Mas desde que raramente se conhece a hora exata do nascimento, e já que um pequeno erro nessa resulta em vários graus de diferença no Ascendente e no Meio-do-Céu, previsões baseadas nos Aspectos formados com esses pontos não são, provavelmente, dignas de confiança. Por isso deixamos de anotá-los no Índice.
___________
NOTA: Uma observação muito importante ao que foi exposto acima: Planetas nos últimos 6 graus de qualquer Signo devem ser comparados com todos os Planetas nos primeiros 6 graus dos outros Signos, pois esses podem formar Aspectos entre si, mesmo sem estarem enquadrados em qualquer das regras precedentes. Aqui alguns exemplos desses casos:
Marte em Áries 24:30 está em Conjunção com Vênus em Touro 00:30; Mercúrio em Touro 26:00 está em Sextil com Júpiter em Leão 02:00; Saturno em Gêmeos 27:00 está em Quadratura com Urano em Libra 02:00; Netuno em Câncer 28:00 está em Trígono com Marte em Sagitário 03:00; Vênus em Leão 29:30 está em Oposição a Mercúrio com Peixes 05:30.
OBSERVAÇÃO AOS ESTUDANTES:
Os capítulos precedentes descrevem as bases da Astrologia e ilustram, em detalhes, o método de erigir horóscopos. Indicam, também, os elementos da Ciência de interpretar um horóscopo. Uma grande quantidade de informações adicionais nesse sentido é fornecida na Enciclopédia Filosófica que vem a seguir. Mas o próximo volume dessa série, o livro A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz, é o livro-texto da Fraternidade Rosacruz sobre a Ciência da Interpretação Astrológica e da aplicação da Astrologia em nossa vida diária. Ele contém uma exposição completa dos métodos usados na interpretação do horóscopo radical, também usada na progressão de um horóscopo e nas previsões a partir desta. A Astrologia Médica e o Diagnóstico de Doenças são abordados de modo compreensível, como também o são o papel da Astrologia na evolução, na Natureza em geral e nos efeitos das vibrações astrais. Recomendamos esse livro a todos os que desejam se a
[1] N.T.: Essencialmente Dignificado (no Regente), Angulares, Graus Críticos e quem é o Regente do horóscopo.
[2] N.T.: Fica mais fácil se você olhar a roda astrológica dada no início desse Capítulo: se estamos em 4 graus de Áries e somarmos 30 graus, alcançaremos os 4 graus de Touro. Agora, se somarmos mais 30 graus, alcançaremos os 4 graus de Gêmeos.
[3] N.T.: que se refere às “Declinações dos Planetas”
[4] N.T.: e, também, aqui:
II PARTE
ENCICLOPÉDIA FILOSÓFICA DE ASTROLOGIA
Aflição:
Um Astro (Sol, Lua ou Planetas) está afligido quando está em Paralelo, em algumas Conjunções com, em Quadratura com ou em Oposição a: Marte, Saturno, Urano ou Netuno, ou quando em Quadratura ou Oposição a quaisquer outros Astros (veja Combustão).
Angular:
Diz-se que um Astro é angular quando ele está nos Ângulos de um horóscopo. Essa posição fortalece consideravelmente a influência do Astro para “o bem ou para o mal”, dependendo da natureza desse Astro e de seus Aspectos.
Ângulos:
É uma denominação que se dá às: 1ª Casa, 4ª Casa, 7ª Casa e 10ª Casa.
O Ângulo oriental com Áries, onde Marte é o Regente, sugere o Sol nascendo para as atividades materiais do dia. Como o Sol, significador do Espírito, está sob a cruz, significadora da matéria, mas ascendendo para ela, isso significa o começo da Vida no mundo material, e Marte, o Regente, representa a natureza do desejo, que atrai o Espírito para a existência material a fim de que ele possa conquistar a matéria.
O Ângulo meridional com Capricórnio, onde Saturno é o Regente, sugere o Sol cruzando o meridiano, como o faz ao meio-dia. O Sol percorreu metade da sua jornada prescrita pelo céu, portanto o semicírculo é omitido e o outro semicírculo é retido sob a cruz, no símbolo de Saturno. Portanto, Saturno denota persistência, habilidade mecânica, etc., e a 10ª Casa significa as realizações mundanas do ser humano.
O Ângulo ocidental com Libra em equilíbrio e onde as atividades materiais se voltam para o âmbito espiritual, divide o dia da noite, o movimentado verão do inativo inverno. Transforma as horas de vigília dedicadas à vida material ativa, na noite onde o ser humano contata os Mundos invisíveis. Portanto, o círculo – Espírito – está acima da cruz da matéria, a natureza do desejo foi conquistada, e o símbolo de Marte virado de cabeça para baixo, de tal maneira que se torna o símbolo de Vênus, o Planeta do amor que rege essa Casa, a qual é, também, a casa das uniões, das parcerias, a Casa que denota o mais próximo e querido para nós.
O Ângulo setentrional, com o Signo de Câncer, marca o momento em que o Sol está no seu ponto mais baixo. O Signo é simbolizado por dois sóis, com linhas de força projetando-se de cada um, mas em direções opostas. A linha do Sol que aponta para o leste indica a direção em que o Sol físico se move. O Sol cuja linha aponta para oeste indica o caminho para o qual se voltam as influências espirituais após o Sol físico haver cessado suas atividades. Esse Ângulo, portanto, é o Ângulo de mistério, do ocultismo e do lado obscuro e invisível da natureza humana; portanto, tem como seu Regente o luminar da noite: a Lua.
Ano Sideral:
É o período de tempo que decorre entre uma Conjunção do Sol com qualquer estrela fixa e seu retorno, outra vez, à mesma Conjunção.
Antares:
Ver “Estrelas fixas”.
Aparência Física:
O tipo físico é determinado por quatro fatores principais. Esses são: pelo Ascendente ou Signo Ascendente, que representa o Corpo Denso, pelo Regente do Ascendente, pelos Astros no Ascendente, ou seja, pelos Astros na 1ª Casa, particularmente quando estão no Signo que ocupa a cúspide dessa Casa, e pelo Signo onde está o Sol. Note-se, porém, que o Sol deve ter alguma Força Astral em questão de posição (p. exe.: Regente, Exaltado) e de Aspectos para evidencias as características físicas do seu Signo. Os elementos acima são organizados pela ordem de sua importância. Sua combinação determina se a uma pessoa tende a ser alta ou baixa, clara ou escura, e assim com todas as demais peculiaridades físicas. Para maiores detalhes sobre o assunto veja o livro “A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz”.
Ascelli:
Ver “Estrelas Fixas”.
Ascendente:
É o grau do Zodíaco que está no horizonte oriental em um determinado momento do tempo. Um novo grau desponta a cada quatro minutos, um novo Signo a cada duas horas aproximadamente, e os doze Signos despontam em todos os lugares da Terra a cada vinte e quatro horas. Qualquer que seja o Signo no Ascendente, é chamado Signo Ascendente. Ver “Hyleg”.
Ascensão:
Sob esse título podem ser agrupados: Signos de Ascensão Longa, Signos de Ascensão Curta, de Ascensão Reta e de Ascensão Oblíqua.
Os Signos de Ascensão Longa são: Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário.
Os Signos de Ascensão Curta são: Capricórnio, Aquário, Peixes, Áries, Touro e Gêmeos.
São assim chamados porque os Signos de Ascensão Longa se elevam lentamente nas latitudes setentrionais, despendendo muito mais tempo que as duas horas necessárias, se todos os doze Signos se elevassem a uma velocidade uniforme durante as vinte e quatro horas. Leão leva cerca de duas horas e quarenta e cinco minutos na Latitude 40 Norte, onde se situa Nova York-EUA, e Peixes e Áries, dois Signos de Ascensão Curta, levam somente uma hora e dez minutos. O motivo reside na obliquidade da Eclíptica[1]. O efeito disso é que, no Hemisfério norte, a maioria das pessoas nasce sob os Signos de Ascensão Longa.
No Hemisfério sul os Signos relacionados acima como de Ascensão Curta são Signos de Ascensão Longa, pelo que a maioria das pessoas deste hemisfério nascem sob os mesmos, enquanto os Signos setentrionais de Ascensão Longa elevam-se rapidamente no sul, sendo, portanto, relativamente poucas as pessoas que nascem sob os mesmos. Assim, as pessoas de hemisférios opostos são também opostas em suas naturezas internas, apresentando características diferentes.
A Ascensão Reta e a Ascensão Oblíqua são usadas no sistema astrológico geralmente em voga, exceto no cálculo das Casas, coisa com que a média dos Estudantes não se preocupa. A longitude é medida sobre a Eclíptica — ou caminho do Sol —, desde o primeiro grau de Áries, mas a Ascensão Reta é medida sobre o Equador equinocial ou Equador celestial.
[1] N.T.: Vamos a um exemplo para ajudar na compreensão: uma comparação dos Signos Ascendentes mostra uma aparente falta de uniformidade no movimento diurno da Terra. Por exemplo, às 2h15 A.M., o Signo de Câncer está ascendendo a 8º10’, enquanto, doze horas depois temos Escorpião no Ascendente a 29º16’, mostrando que o local de nascimento avançou apenas cerca de 141 graus nessas doze horas. Porém, para completar a volta toda no círculo ele deve percorrer 219 graus nas doze horas restantes. Mas, como a rotação diurna da Terra em seu eixo é uniforme, a falta de uniformidade no movimento observado acima se deve ao fato de que esse não é um movimento diurno verdadeiro. Essa condição é causada pela obliquidade da Eclíptica e a consequente divisão desigual destes últimos pelos planos que separam as Casas, sendo esses planos o do horizonte e do meridiano e quatro intermediários em intervalos de 30 graus. Por essa razão, certos Signos ascendem mais lentamente do que outros e, portanto, são chamados de Signos de Ascensão Longa, enquanto seus opostos são chamados de Signos de Ascensão Curta. Ficará evidente que a maioria das pessoas nascem sob os Signos de Ascensão Longa – Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário no Hemisfério norte, e seus opostos no Hemisfério sul.
George du Maurier descreve nesse Livro: “Peter Ibbetson” como um prisioneiro pode reviver as ocorrências de sua infância, se vendo a si mesmo, a seus companheiros de brinquedo, a seus pais, a todo o seu ambiente pela reprodução do registro etérico de sua vida infantil, e até de vidas passadas.
Qualquer um que conheça o segredo de como se colocar em contato com tais imagens, pode encontrar e ler a vida das pessoas com as quais mantém contato.
Sobre isso, podemos ler no Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos: “Quando chega o tempo de passar ao segundo grau (a segunda Iniciação Menor), ao neófito é solicitado dirigir sua atenção às condições da segunda Revolução do Período Terrestre, conforme registradas na Memória da Natureza. Então, em plena consciência, observa os progressos alcançados nesse tempo pelos Espíritos Virginais, tal como Peter Ibbetson (o herói da obra “Peter Ibbetson”, de George du Maurier, cuja leitura recomendamos por ser uma descrição gráfica de certas fases de subconsciência) observava sua vida infantil durante as noites em que ‘sonhava de verdade’.”.
E isso só é possível porque, do mesmo modo que sabemos que os movimentos da humanidade de hoje podem ser reproduzidos, graças à câmara cinematográfica, mesmo depois que se tenham transcorridos muitos anos da morte de seus verdadeiros atores, também, iluminados pelas últimas descobertas, podemos preparar nossas Mentes para aceitar a ideia de que existe um registro automático de cada vida humana e também das vidas de comunidades, preservado, no que podemos chamar, por falta de melhor denominação, na Memória da Natureza.
Essa nos mostra os estados de evolução alcançados por todos os seres viventes e proporciona aos ministros de Deus, os Anjos Relatores, a perspectiva necessária de nos ajudar no esforço para alcançarmos a sabedoria, o conhecimento e o poder; eis os motivos pelos quais estas lições são necessárias para nosso avanço no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Acesse-o aqui: Livro: Peter Ibbetson – George Du Maurier
INTRODUÇÃO
Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.
Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.
Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).
Para que serve audiolivro?
O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:
O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.
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INTRODUÇÃO
Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.
Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.
Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).
Para que serve audiolivro?
O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:
O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.
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Como indicado no Livro: Mensagem das Estrelas, Capítulo XVIII, A Doutrina da Delineação em Poucas Palavras (para acessá-lo clique aqui), Max Heindel utilizou a técnica da combinação das palavras-chave de todos os outros Astros e Aspectos da Tabela que consta naquele capítulo para fazer as interpretações desses horóscopos e sugere que os Estudantes Rosacruzes também o façam. Nas palavras dele: “Isso os capacitará a uma boa leitura de qualquer horóscopo, mesmo com pouca prática. Para mais demonstrações práticas desse método sugerimos aos Estudantes que examinem os horóscopos de crianças publicados nos Livros Interpretações Astrológicas de Temas de Criança. Esses horóscopos constituem uma fonte de ensino que nenhum Estudante Rosacruz desejoso de se aperfeiçoar na ciência estelar pode dispensar. As palavras-chave proporcionarão o que foi dito a respeito da natureza geral dos Astros sob consideração; isso ele poderá combinar com a natureza dos Signos e das Casas em que os Astros estão, caso queira uma interpretação completa.”.
Essas interpretações astrológicas dos horóscopos feitas por Max Heindel, mensageiro dos Irmãos Maiores da Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz, foram publicadas primeiramente na Revista da Fraternidade Rosacruz, Rays from the Rose Cross, durante os meses de setembro de 1915 a outubro de 1916.
Não foram impressas anteriormente em formato de livro, mas a base espiritual de sua apresentação, juntamente com sua clareza e concisão, as fez merecedoras de uma audiência maior.
Acreditamos que todos os Estudantes de Astrologia irão achar o estudo dessas vinte e oito delineações de um valor especial para aprender a interpretar corretamente os diferentes Aspectos dos Astros, assim como a sintetizar o mapa como um todo.
O conselho sábio dado aos pais das crianças representadas é outro recurso valioso dessas leituras.
“Se você é um pai ou uma mãe o horóscopo ajudará você a detectar as más intenções em seu filho ou sua filha e ensinará você como é melhor “prevenir do que remediar”. Também mostrará a você os pontos positivos nele ou nela, de modo que você possa ajudar a formar, a partir do seu filho ou filha, um homem ou uma mulher bem melhor, com o Ego que lhe foi confiado. O horóscopo lhe revelará fraquezas sistemáticas e permitirá que você proteja a saúde do seu filho ou da sua filha; mostrará quais talentos existem e como a vida pode ser vivida em toda a sua plenitude. Portanto, a mensagem dos Astros que estão em marcha é tão importante que você não pode se dar o luxo de ignorar isso tudo.”
Max Heindel
Oceanside CA, Setembro de 1915
1. Para fazer download ou imprimir:
Interpretações Astrológicas de Temas de Crianças – Vol. III
2. Para estudar no próprio site:
INTERPRETAÇÕES ASTROLÓGICAS DE TEMAS DE CRIANÇAS
Por
Max Heindel
VOLUME 3
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, Your Child’s Horoscope Vol. 3 editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Esse é o terceiro volume das interpretações astrológicas dos horóscopos feitas por Max Heindel, mensageiro dos Irmãos Maiores da Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz. Elas foram publicadas primeiramente na Revista da Fraternidade Rosacruz, Rays from the Rose Cross, durante os meses de outubro de 1916 a julho de 1917.
Não foram impressas anteriormente em formato de livro, mas a base espiritual de sua apresentação, juntamente com sua clareza e concisão, as fez merecedoras de uma audiência maior. Acreditamos que todos os Estudantes de Astrologia irão achar o estudo dessas vinte e oito delineações de um valor especial para aprender a interpretar corretamente os diferentes Aspectos dos Astros, assim como a sintetizar o mapa como um todo. O conselho sábio dado aos pais das crianças representadas é outro recurso valioso dessas leituras.
“Se você é um pai ou uma mãe o horóscopo ajudará você a detectar as más intenções em seu filho ou sua filha e ensinará você como é melhor “prevenir do que remediar”. Também mostrará a você os pontos positivos nele ou nela, de modo que você possa ajudar a formar, a partir do seu filho ou filha, um homem ou uma mulher bem melhor, com o Ego que lhe foi confiado. O horóscopo lhe revelará fraquezas sistemáticas e permitirá que você proteja a saúde do seu filho ou da sua filha; mostrará quais talentos existem e como a vida pode ser vivida em toda a sua plenitude. Portanto, a mensagem dos Astros que estão em marcha é tão importante que você não pode se dar ao luxo de ignorar isso tudo.”
Max Heindel
Oceanside CA, Setembro de 1915
ÍNDICE
ALICE F.S. – NASCIDA EM 7 DE JUNHO DE 1906 ÀS 10:30 AM… 6
BLANCHE LEONE K. – NASCIDA EM 12 DE JUNHO DE 1914 ÀS 1:15 AM… 9
CHRISTIAN R. S. – NASCIDO EM 15 DE JUNHO DE 1911 ÀS 3:10 PM… 12
DOUGLAS L. – NASCIDO EM 11 DE NOVEMBRO DE 1915 ÀS 11:17 PM… 16
ERNEST T. – NASCIDO EM 19DE MAIO DE 1909 ÀS 5 AM… 19
EUGENE HOWARD L. – NASCIDO EM 5 DE NOVEMBRO DE 1908 ÀS 9:47 PM… 23
FLORENCE A. A. – NASCIDA EM 19 DE JULHO DE 1916 ÀS 5:05 AM… 26
FRANCIS B. E. – NASCIDO EM 10 DE FEVEREIRO DE 1907 ÀS 2:30 PM… 30
GEORGE B. – NASCIDO EM 22 DE SETEMBRO DE 1910 ÀS 11:42 PM… 33
GEORGE W. R. – NASCIDO EM 19 DE JUNHO DE 1908 ÀS 6 AM… 36
GEORGE WILLIAM B. – NASCIDO EM 7 DE ABRIL DE 1911 ÀS 2:30 AM… 39
GERTRUDE A. K. – NASCIDA EM 9 DE AGOSTO DE 1907 ÀS 2:10 PM… 43
HAROLD VAN DER W. – NASCIDO EM 10 DE DEZEMBRO DE 1904 ÀS 11:00 PM 47
HARRIET S. – NASCIDA em 7 DE SETEMBRO DE 1910 ÀS 6:00 PM… 51
IRENE LA M. – 16 DE AGOSTO DE 1913, POR VOLTA DAS 4:00 PM… 54
JOHN MELVIN L. – NASCIDO EM 7 DE NOVEMBRO DE 1907 ÀS 4:15 PM… 57
LEONARD S. J. – NASCIDO EM 29 DE SETEMBRO DE 1913 ÀS 11:32 PM… 60
LILLIAN C. – NASCIDA EM 18 DE MARÇO DE 1915 ÀS 1:40 AM… 64
MARGUERITE K. – NASCIDA EM 8 DE MAIO DE 1915 ÀS 5:50 AM… 67
MARY V. G. – NASCIDA EM 25 DE JULHO DE 1917 ÀS 10:15 AM… 71
MILDRED MARION H. – NASCIDA EM 18 DE JUNHO DE 1918 ÀS 8:40 AM… 75
MORRIS B. – NASCIDO EM 3 DE ABRIL DE 1910, 00:03 am… 78
RICHMOND VAN D. – NASCIDO EM 5 DE JANEIRO DE 1912 ÀS 5:36 PM… 81
ROSE E. K. – NASCIDA EM 24 DE NOVEMBRO DE 1916 ÀS 7:00 AM… 85
RUTH R. – NascidA EM 14 DE JULHO DE 1904 ÀS 1:45 PM… 89
SARAH W. S. – NASCIDA EM 25 DE SETEMBRO DE 1907 ÀS 3:18 AM… 93
WATANA PAULINE E. – NASCIDA EM 18 DE ABRIL DE 1913 ÀS 6:55 A M… 96
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ALICE F.S. – NASCIDA EM 7 DE JUNHO DE 1906 ÀS 10:30 AM
EM MINNEAPOLIS, MINN., EUA
Alice, certamente, nasceu sob “estrelas da afortunadas”, com o vivificante Sol, o benevolente Júpiter e o versátil Mercúrio na 10ª Casa, pois esses estão entre os sinais mais seguros de sucesso geral na vida.
Marte, o Planeta da energia dinâmica, também está no Signo mercurial, Gêmeos. Isso lhe proporcionará uma boa memória, um raciocínio rápido e uma resposta pronta na ponta da língua, para que não seja facilmente surpreendida ou fique perplexa. Isso lhe proporcionará um sucesso financeiro acima da média, uma disposição honesta, correta, direta e aberta, que garantirá para ela o favor de pessoas acima dela na escala social, que a ajudarão a subir na vida e obter uma posição de confiança no funcionalismo público, ou um emprego lucrativo em uma grande empresa.
Esse é o lado bom e não mencionamos metade das possibilidades para alguém tão capaz e versátil como Alice, mas também há outro lado de sua natureza que é bastante feio. Essas características são indicadas pelo malicioso, destrutivo e teimoso Saturno em Quadratura com o bombástico e indolente Júpiter, o desonesto e mentiroso Mercúrio e o preguiçoso e não ambicioso Sol. O que fácil fica nervoso, imprudente e egoísta Marte também se opõe à Lua, vacilante e emocional. Essas configurações proporcionarão a ela um temperamento ruim com uma tendência infeliz de manter o rancor e tentar se vingar de qualquer pessoa que ela imagine que a machucou. Há crises de melancolia e teimosia, quando ela sente como se o mundo inteiro estivesse contra ela e, novamente, uma raiva e rebelião, tudo menos belo de se ver. Essas tendências já devem ter se mostrado e Alice agora tem idade suficiente para ser racional.
Mostre a ela esse texto e diga a ela que está escrito nas estrelas que se ela permitir que esse lado feio de sua natureza governe, isso vai roubar seus amigos e fortuna, vai prejudicar sua saúde e torná-la uma naufraga no mar da vida; todo mundo vai querer ficar longe dela por causa da sua feia disposição; portanto, ela deve se esforçar, e vocês devem ajudá-la, a cultivar as muitas boas qualidades latentes na configuração mencionada nos parágrafos anteriores. Lembre-se também de que todos os Astros benéficos estavam entre a 7ª e 12ª Casas, ou seja, acima do horizonte na época de seu nascimento, por isso eles são muito mais poderosos para o amor, a vida e a alegria do que Saturno, o Planeta da tristeza, que é o principal criador de dificuldades. Assim, com a sua ajuda e uma verdadeira boa vontade da parte de Alice, ela pode superar o mal e colher todo o bem que há em seu horóscopo.
Com relação à saúde, vemos que o quente e inflamatório Marte está no Signo de Gêmeos, que rege os pulmões; Sol e Júpiter, que vivificam, também estão lá, mas estão todos em Quadratura com Saturno, o Planeta da obstrução. Isso mostra que os pulmões são o elo mais fraco no organismo de Alice, e será necessário que ela tome cuidado para não pegar um resfriado.
Quando isso acontecer, certifique-se de tomar todas as medidas necessárias para superá-lo o mais rápido possível; não o deixe complicar, nem pense que ele vai melhorar por si mesmo. Você está vivendo em um clima muito rigoroso e severo. Se possível, Alice deve ser levada para um lugar como o sul da Califórnia, onde não estará sujeita ao frio extremo. Mas não há indícios de que deva ter medo, e se você tomar os cuidados normais e corretos, não há dúvida de que Alice se recuperará bem e gozará de boa saúde.
BLANCHE LEONE K. – NASCIDA EM 12 DE JUNHO DE 1914 ÀS 1:15 AM
EM CLAYTON, MICH., EUA
Na época do nascimento de Blanche, quatro Signos Cardeais estavam nos ângulos. Isso ajuda a tornar a vida ativa, fecunda em experiência. O Signo marcial de Áries estava no Ascendente e o dador da vida, o Sol, estava em Sextil com o Regente de Áries, Marte, o Planeta da energia dinâmica, e em Trígono com Júpiter, o grande benéfico. Isso fortalece as forças vitais e, embora o Sol esteja em Conjunção com o Saturno obstrutivo, podemos julgar que Blanche terá uma boa quantidade de vitalidade e energia. Como a Conjunção do Sol e Saturno ocorre em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões, vocês descobrirão que esse é seu ponto mais fraco e que ela estará sujeita a resfriados no peito, a menos que ela esteja protegida.
Vocês não precisam temer nenhum desenvolvimento sério dessa tendência, pois o Sextil do Sol com Marte, o Planeta da energia dinâmica, proporcionará a ela poderes de recuperação suficientes para se livrar da doença, se ela adoecer por isso. Com respeito à mentalidade, descobrimos que Mercúrio, o Planeta da razão, está sem Aspectos, então ela nunca será muito boa em raciocinar, mas também encontramos a Lua, o outro significador da Mente, o Astro da imaginação, em Conjunção com Urano, o Planeta da intuição, e isso mostra que Blanche obterá as respostas para seus problemas sem a necessidade de raciociná-los. A solução chegará a ela por intuição tão rapidamente quanto um clarão de luz, e se ela cultivar essa faculdade, sempre será capaz de confiar em seus pensamentos.
O Trígono do Sol com Júpiter, o Planeta da opulência, a levará a uma situação financeira confortável, de modo que ela sempre será cuidadosa por toda a vida a esse respeito. Essa posição também oferece amigos influentes que a ajudarão a progredir na vida social e economicamente.
O Sol em Conjunção com Saturno, o Planeta da parcimônia, economia e premeditação, a tornará cuidadosa e gananciosa. Mas como o Sol é o significador do cônjuge no horóscopo de uma mulher, essa Conjunção é o reverso do bem, pois significa uma negação do casamento ou então uma união com alguém que é muito mais velho do que ela, alguém que será autoritário e dominador, deixando-a muito desconfortável.
Então esse parceiro morrerá, e ela provavelmente se casará mais de uma vez depois disso, mas invariavelmente, alguém com uma disposição saturnina, que a tratará de maneira mesquinha e desprezível.
Portanto, será muito melhor para Blanche não tentar nenhum empreendimento matrimonial, e vocês aumentarão sua felicidade ao influenciá-la nessa direção quando chegar a hora. Vênus em Conjunção com Netuno mostra que ela tem um talento latente para música, mas como Mercúrio está sem Aspecto, não está claro se ela será capaz de compreender e seguir nessa direção; porém, vale a pena tentar.
Seu pior defeito é a falta de aplicação mental, demonstrada pela Lua errante em Conjunção com o espasmódico Urano. Isso a tornará muito original em suas ideias, mas ela se preocupará e se irritará, se as coisas não acontecerem imediatamente como ela acha que deveria. Certifiquem-se de que sempre que vocês lhe derem uma tarefa, ela a cumprirá até que seja concluída, de modo que ela cultive o hábito da aplicação na infância.
Essa configuração da Lua e de Urano também a torna um tanto boêmia em caráter; e para seu próprio bem ela deve ser ensinada que devemos respeitar as convenções, mesmo evitando a aparência do mal.
EM NÁPOLES, ITÁLIA
O primeiro ponto que notamos é a esplêndida posição e os Aspectos de Mercúrio, o Planeta da Mente, expressão e destreza; está em seu próprio Signo, Gêmeos, Sextil com Marte, o Planeta da energia dinâmica, coragem, construção e do vigor; Marte está forte em seu próprio Signo, Áries. Mercúrio também está em Trígono com a Lua, que é o outro significador da Mente, e em Sextil com Vênus, o Planeta do amor, da arte e da música, estando esse altamente elevado no horóscopo perto do Meio do Céu e, portanto, muito poderoso.
Esses Aspectos proporcionarão a Christian uma Mente excepcionalmente brilhante, uma disposição amável e amorosa, uma habilidade e destreza na música e um modo de expressão agradável, porém vigoroso, que o tornará extraordinariamente popular e atrairá, ao seu redor, um grande círculo de amigos e admiradores; esse último benefício é baseado no fato de que Mercúrio é o senhor da 11ª Casa que governa os amigos, as esperanças e os desejos, de forma que aprendemos com isso que suas ambições e desejos na vida serão amplamente satisfeitos.
Podemos ainda dizer que a sua vocação na vida será de natureza artística; é difícil dizer exatamente qual ramo da arte, pois ele é muito versátil e tem uma destreza incomum, portanto, provavelmente será bem-sucedido em várias linhas, embora se especialize em uma. Há todas as indicações, como já foi dito, de que dessa maneira sua vida receberá a maior satisfação, que seus objetivos e ambições, provavelmente, serão realizados em uma medida justa e, assim podemos dizer que sua vida será muito bem-sucedida; ele nasceu sob um conjunto muito bom de Aspectos benéficos, de fato.
Com respeito à recompensa financeira que receberá por seus trabalhos, as indicações não são tão boas, pois Júpiter, o Planeta da opulência, está em Quadratura com a Lua e Vênus; isso mostra que seu julgamento comercial é pobre e, portanto, ele não será um homem muito rico, mas provavelmente ganhará o suficiente para o dia a dia. Também há indícios de um legado.
Talvez, conhecendo esses fatos, seja possível aos pais orientar sua educação de modo que seu conhecimento dos negócios seja aprimorado até certo ponto. Se isso puder ser feito, provavelmente, o poupará de uma considerável decepção com as perdas totalmente inesperadas que são previstas pela Conjunção de Urano com a Lua. O Sextil de Saturno, o Planeta da ordem, sistema e método, com Netuno, a oitava espiritual de Mercúrio, mostra que Christian terá uma inclinação para o aprendizado místico e, provavelmente, encontrará muita satisfação e conforto no estudo dos assuntos mais profundos de vida. Isso tornará sua natureza mais séria e atenciosa. Quando começamos a discutir a questão da saúde, infelizmente deixamos a luz ensolarada para trás e entramos no reino das sombras, pois os pontos mais fracos na natureza física de Christian estão intimamente ligados aos pontos fracos na constituição moral, e as falhas deste reagem sobre o outro.
Em primeiro lugar, notamos que ele não possui grande vitalidade, pois o Sol está na 8ª Casa e sem Aspectos. A segunda observação nos mostra Saturno, o Planeta da obstrução, no Signo de Touro, que governa a garganta; provavelmente isso produzirá adenoides e amigdalite, especialmente na idade da puberdade; mas tenha muito cuidado para não o submeter a cirurgias, pois as tonsilas não são tão supérfluas quanto os médicos querem que acreditemos. Saturno também afeta Escorpião, o Signo que governa os órgãos geradores, e lá encontramos um Júpiter retrógrado, o Planeta da autoindulgência, em Conjunção com a Cauda do Dragão saturnina e em Quadratura com Vênus e Lua femininos. Observe também Urano, o Planeta da relação sexual ilícita, está em Conjunção com a Lua. Esses testemunhos mostram uma tendência da parte de Christian em condescender com a natureza passional inferior com consequências muito sérias para si mesmo, pois as doenças que são contraídas por causa de tal má conduta são muito profundas e de longo alcance; elas têm resultados tão graves, que é terrível até mesmo contemplá-los.
Mas vamos agradecer a Deus que Christian ainda está nos anos de infância, quando a personalidade é plástica e pode ser moldada, pois vocês, como pais, terão a oportunidade de educá-lo nesses assuntos e mostrá-lo, desde o primeiro momento, que vocês podem orientá-lo a respeito da santidade e da sacralidade da função criadora sexual e os terríveis resultados que seguem seu abuso. Se vocês mostrarem a ele as tendências de seu caráter e lidar com este assunto delicadamente, mas sem minimizar a importância, vocês podem acumular um grande tesouro no céu salvando essa alma de um destino tão sério, e nós sinceramente esperamos que vocês se mostrem à altura da tarefa.
EM HOLLYWOOD, CALIFÓRNIA, EUA
No momento do nascimento do Douglas, encontramos quatro Signos Fixos nos ângulos, mostrando que ele será muito determinado e focado em seu caráter. Portanto, é importante que os pais comecem seu treinamento durante os primeiros anos de vida, quando ele é pelo menos um pouco impressionável, pois mais tarde será praticamente impossível moldar o caráter e erradicar quaisquer falhas ocultas que possam ser encontradas.
Primeiro notamos que o Sol, doador de vida, está em Trígono com Júpiter, o Planeta da benevolência, opulência, jovialidade e boa camaradagem. Esse é um dos melhores sinais de uma vida bem-sucedida, pois transmite aos que a possuem uma saúde radiante, um bom humor, uma bondade e disponibilidade que atrai outros a eles por laços de amizade e solidariedade. As pessoas gostam de suas maneiras geniais. Portanto, Douglas tende a ter uma disposição otimista, esperançosa e prestativa, forte e autossuficiente, o que o tornará muito popular entre seus associados e, também, lhe proporcionará uma boa capacidade executiva para que se encontre em uma situação financeira confortável.
Saturno, o Planeta do tato, da diplomacia, do sistêmico, método, da memória e premeditação, está em Trígono com o Sol, que proporciona a vida e, também, Saturno está em Trígono com Júpiter, o Planeta da autoridade e capacidade executiva. Isso fortalece o Aspecto anterior entre o Sol e Júpiter, proporcionando-lhe, além disso, poderes de penetração aguçados da Mente, uma premeditação, memória, um tato, uma Mente calma, clara, imparcial, um julgamento com discernimento e em assuntos que o habilitarão a manter uma posição responsável e se tornar um líder em sua esfera de vida.
Mercúrio, o Planeta da expressão, mental e da destreza manual, está em Conjunção com Vênus, o Planeta da beleza, arte e música, no Signo marcial energético de Escorpião. Isso lhe proporcionará uma mentalidade artística, adicionará agudeza ao seu poder de raciocínio e lhe proporcionará uma expressão fluente e suave; também uma destreza considerável para que ele seja capaz de direcionar sua habilidade para quase qualquer coisa.
Esse é o lado mais forte da natureza de Douglas, pois o Aspecto de Trígono entre Saturno, Sol e Júpiter terá a influência mais poderosa em sua vida. Mas também há um outro lado que não é tão bom.
Isso é indicado pelo turbulento Planeta Marte no Signo selvagem e bestial de Leão, em Quadratura com o Sol doador de vida, mostrando que, às vezes, ele pode ficar sujeito a acessos irracionais de ficar muito zangado e ter muita raiva que o machucarão fisicamente por enfraquecer o coração e provocando uma tendência à palpitação.
Possivelmente, se isso for levado longe o suficiente, pode ocorrer, até mesmo, tipos de cardiopatias e, portanto, deve ser o cuidado de vocês treiná-lo, desde os primeiros anos de idade, para se manter frio em todas as circunstâncias.
Esse Aspecto proporcionará a tendência a febres e doenças inflamatórias, também a queimaduras e outros acidentes, mas como Saturno e Júpiter estão apoiando o Sol, que dá a vida, vocês não precisam ter medo do resultado final. Ele, com certeza, sobreviverá. No entanto, existe um perigo que o ameaça de outra parte. Isso é mostrado por Mercúrio, o Planeta da Mente, em Quadratura com Netuno, sua oitava superior, e com a Lua, o luminar da ilusão e alucinação. Netuno e a Lua também estão em Oposição a partir da sexta e décima segunda Casas, que têm a ver com doença, tristeza, problemas, autodestruição, mediunidade, etc., e indica que ele formará uma forte atração em algum momento de vida para fenômenos espirituais. Se ele ceder a esse desejo, poderá perder o controle de si mesmo e ficar obsidiado por espíritos desencarnados, que podem causar uma perda do seu equilíbrio mental. Por isso nunca se deve permitir que esteja na companhia de pessoas de mentalidade mediúnica ou que assista a reuniões em que se evocam espíritos.
EM TOKYO, JAPÃO
No momento do Nascimento de Ernest encontramos o Signo mercurial de Gêmeos no Ascendente com seu Regente Mercúrio, o Planeta da expressão, Mente e destreza manual na 1ª Casa em Sextil com Saturno, o Planeta da
premeditação, memória, organização e ordem. Isto proporcionará a Ernest uma Mente perspicaz, a capacidade de pensar profundamente e se concentrar nos problemas que o confrontarem, de modo que ele possa agir com premeditação, cautela, tato e diplomacia, de uma maneira prática que, certamente, o ajudará a ser bem-sucedido na vida. Isso, também, o capacitará a fazer estudos científicos e proporcionará a ele a paciência e perseverança necessárias para realizar seu trabalho para uma conclusão com sucesso. Proporcionará sucesso na literatura ou em posições de confiança e responsabilidade.
Mercúrio também está em Trígono com Marte, o Planeta da energia dinâmica, ambição e construção, que está altamente elevado no Signo intelectual de Aquário. Isso aumentará a agudeza de sua Mente e uma natureza prática. Isso o tornará repleto de recursos, engenhoso, hábil e destemido, além de lhe proporcionar uma disposição espirituosa, bem-humorada e alegre que o ajudará a obter resultados, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, por despertar nos outros o empreendedorismo e o entusiasmo que ele próprio sente. Também lhe proporcionará habilidade como desenhista ou engenheiro mecânico, ou o ajudará em quase qualquer profissão que escolher.
A Lua está em Sextil com Netuno, a oitava superior de Mercúrio, e em Trígono com Urano, o Planeta da intuição e originalidade. Isso adicionará inspiração e intuição às qualidades já mencionadas e tornará o sucesso de Ernest mais seguro, por causa de métodos originais e independentes. Isso proporcionará uma virada criativa para a Mente no nível quase de um gênio. Mas a Lua é um Planeta psíquico, assim como Urano e Netuno; a Lua está em uma Casa oculta (a 12ª), Netuno está em um Signo psíquico (Câncer) e Urano está em uma Casa mental (a 9ª). Todos esses testemunhos mostram uma forte tensão espiritual em Ernest e parece que seus esforços e trabalho de pesquisa serão mais bem-sucedidos nas linhas ocultas, se ele sentir uma inclinação para esse tipo de trabalho.
Tendo estudado seus pontos positivos e apontado as linhas de sucesso, vamos agora dar uma olhada também no lado negro do horóscopo de Ernest, para que possamos saber o que fazer para ajudá-lo a superar e evitar esses percalços. Isso nós encontramos indicado por Vênus, o Planeta da preguiça e do desperdício, em Quadratura com Júpiter, o Planeta do julgamento, da autoindulgência e dissipação. Isso lhe proporcionará o desejo de exibição exteriores, mas impede a aquisição de dinheiro para satisfazer o desejo por luxo. Consequentemente, ele é responsável, sob aspectos desfavoráveis, por jogar todo o cuidado ao vento e esquecer todos os seus melhores instintos, por entrar em especulação, jogo de azar ou métodos semelhantes de enriquecimento rápido, com o resultado de que ele pode encontrar recursos financeiros e desastre social. Vocês devem, desde os primeiros dias da infância dele, reafirmar que a honestidade é a melhor e a única política segura a longo prazo, e que uma vida limpa conta mais do que roupas e ostentação. Se vocês o vir jogar qualquer um dos jogos de azar, frequentemente jogados pelos meninos, certifique-se de mostrar a ele o perigo e, em seu lar, evite jogar cartas ou qualquer outro jogo de azar. Nunca o leve para ver uma corrida de cavalos ou qualquer outro jogo de especulação, pois se o fizer, vocês contribuirão para a queda dele, em vez de ajudá-lo a superá-lo.
No que diz respeito à saúde, encontramos o Sol e a Lua no Signo vital de Touro, e Mercúrio, o senhor do Ascendente, bem fortificado. Esses são testemunhos muito bons para a saúde, embora as indicações mostrem que Ernest tem uma natureza muito tensa e nervosa, que deve tomar cuidado para não exagerar, para que a tensão mental não seja demais para o organismo. Marte em Aquário, em Trígono com Mercúrio, atua no Signo oposto de Leão, que governa o coração e fornece energia à circulação. Mas isso é um tanto impedido pela Quadratura de Júpiter e Vênus. Saturno, o Planeta da obstrução, em Áries o Signo que governa a cabeça, mostra que existe uma tendência à
dor de cabeça. Julgamos que isso vem do estômago porque Netuno está em Quadratura com Saturno, esse em Câncer.
O harmonioso, adorável e afetuoso Vênus em Sextil ao otimista, opulento e benevolente Júpiter ajudará a iluminar a vida de Florence. Ele compensa, em grande medida, os efeitos indesejáveis da Conjunção de Saturno e Mercúrio, tendendo a uma visão mais alegre da vida.
Já consideramos a questão da saúde até certo ponto, mas, além disso, podemos dizer que o quente e inflamatório Marte em Virgem, o Signo que governa os intestinos, e em Oposição à Lua, que é o principal significador da saúde para um mulher, confirma ainda o testemunho anterior de problemas abdominais e intestinais, que podem resultar de práticas dietéticas descuidadas. Júpiter em Touro, o Signo que governa o palato, em Sextil com Vênus no Signo do estômago, Câncer, indica a pessoa que adora comer bem e do melhor, e se ela não for ensinada a ser frugal, ela terá problemas digestivos nos anos posteriores. A Conjunção de Saturno com Mercúrio na 12ª Casa mostra tendência à surdez. Se vocês treinarem sua audição na infância, também podem evitar isso.
EM LOS ANGELES, CALIFÓRNIA, EUA
No momento do nascimento de Eugene encontramos quatro Signos Cardeais nos ângulos, mostrando que é provável que sua vida seja muito ativa. O opulento Júpiter está em Sextil com o vital, digno e possuidor de uma autoridade reconhecida e evidente Sol, e em Trígono com o avançado, original, independente, amante da liberdade e inventivo Urano. Esses estão entre os melhores Aspectos de toda a gama, pois trazem saúde, recursos e felicidade. Ele tende a ter uma disposição alegre, jovial, humana e gentil, assim tende a fazer muitos amigos e a ser amado e estimado por todos com quem tiver contato. Essas configurações também lhe proporcionarão uma boa cabeça para os negócios e uma esplêndida habilidade executiva, para que tenha certeza de ascender na vida e obter ajuda de amigos influentes; assim, ele acumulará uma competência confortável.
Ele também tem propensões para ser atraído pelas artes ocultas e, provavelmente, se tornará membro de alguma instituição de ensino. O Sol em Trígono com o oculto, profético, inspirador e espiritual Netuno também conta um pouco da mesma história com respeito às conexões ocultas. A magnética e imaginativa Lua está em Áries, perto do Meio-do-Céu, elevada acima de todos os outros Planetas e do Sol. Isso tende torná-lo muito independente, disposto a conseguir o que quer e agressivo, mas às vezes apto a ser imprudente e mergulhar nas coisas sem o devido pensar antes. Saturno, o Planeta da obstrução, em Áries tem uma influência calmante e os Aspectos anteriormente mencionados entre Júpiter e o Sol irão ajudá-lo como regra, mas mesmo se ele falhar, ele tem uma coragem destemida e imediatamente começará a reconstruir o que ele pode perder, de modo que, no final, ele tenha a certeza de ter sucesso na vida. Todos esses são bons testemunhos, mas naturalmente onde há luz, e luz forte, há também uma sombra forte. Isso é demonstrado pela tendência fervente em se zangar facilmente e apaixonadamente de Marte, na 4ª Casa, que governa o lar, e em Oposição à Lua. Como a Lua é a companheira de casamento de um homem, ela mostra uma tendência a ser autoritária e tirânica no lar e, se isso não for superado, é um presságio de infelicidade na vida de casada. Saturno, o Planeta da profunda tristeza e sofrimento, em Oposição a Vênus, também é outra indicação de que ele pode tornar a vida um fardo para o cônjuge por causa de um lado suspeito e ciumento de sua natureza. Essa é a única coisa que ameaçará o sucesso na vida, e se houver alguma maneira em que vocês possam pensar para educá-lo a depositar mais fé e confiança no sexo oposto, isso o ajudará muito materialmente. Embora ele seja liberal em todas as outras direções, este é o único ponto em que ele mostrará uma natureza mesquinha, então se vocês puderem encorajá-lo a ser livre e generoso com suas amigas, isso provavelmente pode ajudar e pavimentar o caminho para um semelhante atitude mais tarde na vida.
Júpiter em Trígono com o original e inventivo Urano, no Signo da 10ª Casa, em Capricórnio, é uma indicação de considerável capacidade inventiva, que ele deve ser encorajado a cultivar ao máximo, pois parece que essa será sua principal linha de esforço em vida.
No que diz respeito à saúde, descobrimos que Saturno, o Planeta da obstrução, em Áries, o Signo que rege a cabeça, e em Oposição a Vênus, regendo a circulação venosa, causará uma congestão na cabeça. A Lua também em Áries e em Oposição ao inflamatório Marte, reforça o testemunho de que ele pode sofrer violentas dores de cabeça, também por ação reflexa em Libra, podendo resultar em problemas renais. Mas se ele for ensinado a viver tão bem quanto vocês sabem que é correto, e se a ele for ensinado exercícios como mover a cabeça semelhante à maneira como um pião se move em seu pivô ou ponto, flexibilizando assim os músculos da garganta e do pescoço, é provável que ele consiga superar essas tendências, pois, é um ditado antigo e verdadeiro que “mais vale prevenir do que remediar”. Se ele começar assim na juventude, antes de os músculos ficarem tensos e definidos, ela terá muito mais chance de sucesso do que se começar mais tarde, quando talvez as dores de cabeça tenham se tornado crônicas.
EM ROCHESTER, N.Y., EUA
No momento do nascimento de Florence quatro Signos Cardinais estavam nos ângulos. Isto proporcionará a ela uma vida ativa, mas o fraco e aquoso Signo de Câncer no Ascendente com o dador da vida Sol em Conjunção com a saturnina Cauda do Dragão mostra que sua composição física, especialmente com respeito à saúde, a força e a aparência, não é muito forte.
Portanto, será necessário lhe prestar o maior cuidado, principalmente na infância. Saturno, o Planeta da obstrução, também está em Conjunção com o Sol em Câncer, o Signo que rege o estômago, e isso torna a digestão pobre. Portanto, para obter conforto e fazer a vida valer a pena, Florence deve aprender a comer bem. Ela terá todos os tipos de noções e desejará se entregar a coisas que não são boas para ela, mas vocês devem ser firmes e ensiná-la, por preceito e exemplo, a ficar satisfeita com os alimentos que são mais facilmente assimilados. Ao fazer isso, vocês salvarão de uma infelicidade mais tarde; pois vocês devem sempre lembrar que, embora as “estrelas impelem” para um determinado curso de ação e se inclinem para gostos particulares, elas não podem e “não obrigam”; portanto, é possível para Florence e todos os outros seres humanos governar “suas estrelas” e superar as fraquezas ou falhas físicas apresentadas, se apenas a força de vontade e uma premeditação suficientes forem exercidas.
O cauteloso, metódico e atencioso Saturno, em Conjunção com o perspicaz, estudioso e intelectual Mercúrio, fornece a ela uma memória esplêndida que será de grande ajuda para ela na vida; também o poder de concentração que a capacitará, por premeditação, a mapear sua vida e torná-la um sucesso, se ela apenas seguir suas próprias ideias. Também lhe proporciona a organização, o método e o tato tão necessários nos negócios e no trato com outras pessoas, e a economia que lhe garante ter sempre os meios para enfrentar os dias chuvosos da vida. Mas Saturno em Conjunção com Mercúrio a torna tímida ao se dirigir às pessoas, principalmente aos estranhos. Ela estará inclinada a fazer de si mesma uma reclusa e será muito tímida para tomar a dianteira. Portanto, vocês devem se esforçar para ajudá-la a superar essas desvantagens durante a infância; e, acima de tudo, sejam muito insistentes em ensiná-la a falar a verdade sempre e em todas as circunstâncias, pois se ela não aprender a não falar a verdade, em algum momento da vida, isso vai lhe trazer muita dor de cabeça, como mostra o fato de Saturno e Mercúrio estarem em Conjunção na 12ª Casa, denotando tristeza, problemas e autodestruição.
O arrogante e altivo Sol em Conjunção com o reservado e desconfiado Saturno tende a torná-la melancólica, pessimista e desconfiada dos outros, embora ela possa não demonstrar isso. Mas se na infância vocês puderem ensinar-lhe a visão otimista, isso a ajudará. Pegue, por exemplo, a história de “Pollyanna”[1] e leia para ela.
Conta como uma garotinha espalhou a luz do sol por todo o ambiente pela atitude que assumiu em relação a todas as coisas na vida. Em seguida, comece a ensiná-la assim que ela puder entender a diferença entre o luminosidade solar e a escuridão. Saturno tem pouco poder sobre as crianças e, provavelmente, vocês conseguirão mantê-la fora de suas garras, se fizer isso a tempo.
O harmonioso, adorável e afetuoso Vênus em Sextil ao otimista, opulento e benevolente Júpiter ajudará a iluminar a vida de Florence. Ele compensa, em grande medida, os efeitos indesejáveis da Conjunção de Saturno e Mercúrio, tendendo a uma visão mais alegre da vida.
Já consideramos a questão da saúde até certo ponto, mas, além disso, podemos dizer que o quente e inflamatório Marte em Virgem, o Signo que governa os intestinos, e em Oposição à Lua, que é o principal significador da saúde para um mulher, confirma ainda o testemunho anterior de problemas abdominais e intestinais, que podem resultar de práticas dietéticas descuidadas. Júpiter em Touro, o Signo que governa o palato, em Sextil com Vênus no Signo do estômago, Câncer, indica a pessoa que adora comer bem e do melhor, e se ela não for ensinada a ser frugal, ela terá problemas digestivos nos anos posteriores. A Conjunção de Saturno com Mercúrio na 12ª Casa mostra tendência à surdez. Se vocês treinarem sua audição na infância, também podem evitar isso.
EM COVINGTON, LA., EUA
No momento do nascimento de Francis, encontramos o deliberado, perseverante, diplomático, cauteloso, metódico e atencioso Saturno em Trígono com o oculto, inspirador, espiritual e devocional, Netuno. Isso proporcionará a Francis o espírito de profecia e devoção, inspiração e aspiração a ideais mais elevados. Isso, também, proporcionará a ele o caráter filosófico e a capacidade de concentração profunda. O Sextil do mecânico Saturno ao avançado, original, independente e amante da liberdade, o inventivo Urano lhe proporcionará habilidades originais, intuitivas e inventivas, mas também uma aversão à contenção e ao convencionalismo.
Consequentemente, ele tende a se comportar fora, em separado e diferente do comum da humanidade e pode ser muito mal compreendido.
O harmonioso, artístico, bonito, suave e adorável Vênus em Sextil com o mental, alerta, eloquente, literário e hábil Mercúrio irá acelerar a mentalidade, lhe proporcionar considerável facilidade de expressão e a poder ser um bom orador e que tem uma boa conversa.
Também lhe proporcionará habilidade vocal, instintos literários e artísticos, com considerável destreza manual que lhe resultará em uma técnica musical de qualidade sem igual.
O Trígono de Mercúrio com o obediente à lei, conservador, reverente, religioso, opulento e benevolente Júpiter poderá acrescentar as qualidades acima, além de lhe fornecer uma disposição livre, franca, jovial, alegre e otimista.
Isso também lhe proporcionará uma capacidade executiva e um grau moderado de sucesso financeiro.
Mas tudo isso depende de até que ponto Francis superará a falta em sua natureza que é primariamente indicada pelo preguiçoso, sem ambição, e sem Aspectos Sol e a negativa, sonhadora, visionária, vacilante e, também, sem Aspectos Lua, cujas indicações são reforçadas pelo Signo fraco e aquoso Câncer no Ascendente. Tudo isso mostra que falta a Francis ambição, energia e iniciativa para trazer à tona as boas qualidades. A menos que ele possa ser despertado e levado a se esforçar, ele fará de sua vida um fracasso. O inquieto, profano e mentiroso Mercúrio está em Quadratura com o destrutivo, discordante e temperamental Marte, proporcionando-lhe outras características indesejáveis, e lamentamos não ter tido o privilégio de levantar esse horóscopo há dez anos atrás, para podermos termos avisado vocês. Mas ele ainda é jovem e vocês, provavelmente, observaram algumas dessas tendências e se esforçaram para corrigi-las. Assim, com mais energia nessa direção e com um apelo à sua melhor natureza, indicado pelos Aspectos benéficos, ele ainda pode mudar para melhor e vocês terão prestado um grande serviço à essa alma. Acima de tudo, certifiquem-se de não fomentar a preguiça que está latente nele, mas a usar todos os meios que forem necessários, mesmo que sejam duros, para levá-lo à esforços físicos e mentais, pois desde que ele não seja forçado, durante a infância, a ser submetido à esforços extremos, ele enterrará tudo o que é bom para escapar da labuta.
No que diz respeito à saúde, vemos que o Signo fraco de Câncer está no Ascendente, com o sonhador e indolente Netuno, também no Ascendente, em Oposição a Urano, o Planeta da ação espasmódica. Isso mostra que Francis não é uma criança muito forte e neste fato ele pode ver e vocês podem encontrar uma desculpa para a lassidão e a falta de esforço, e é uma conclusão precipitada que ele sempre será mais ativo mentalmente do que fisicamente. No entanto, para preservar a saúde e se manter bem, ele deve fazer uma certa quantidade de exercícios e, a menos que a fraqueza inerente seja fortalecida pelo exercício, essa condição piorará, em vez de melhorar, com o passar dos anos. Saturno em Peixes, o Signo que rege os pés, tem tendência para o frio naquela região e, também, pode ter algo a ver com a debilidade geral. Portanto, deve-se ter cuidado para que essas extremidades sejam mantidas aquecidas e secas. Ele não será muito robusto em nenhum momento, mas não há razão para que, com os cuidados normais, ele não deva gozar de boa saúde, se uma dieta simples for adotada, pois Netuno em Câncer, o Signo que rege o estômago, não permitirá grande excessos sem causar problemas.
EM LANDSKRONA, SUÉCIA
No momento do nascimento de George, encontramos o Sol, digno, ambicioso, vital e aventureiro em Conjunção com o empreendedor, enérgico, entusiástico e construtivo Marte e, também, com o perspicaz, versátil, eloquente e hábil Mercúrio. Isso lhe proporciona uma disposição ambiciosa e digna e, embora o fraco Signo de Câncer esteja no Ascendente, a configuração que acabamos de mencionar lhe fornecerá uma boa medida de saúde por toda a sua vida. Isso vai fortalecer a formação física, especialmente com respeito a estrutura e aparência do seu Corpo Denso, e torná-lo capaz de suportar as tarefas mais difíceis, e isso lhe proporciona uma determinação intrépida e coragem para enfrentar todas as adversidades. Sempre que ele recebe um plano a seguir, pode-se confiar que ele superará todos os obstáculos físicos, pois ele tem capacidade executiva e construtiva, juntamente com uma vontade indomável que se recusa a reconhecer a derrota.
Ele é franco e aberto, mas muitas vezes rude e brusco, porque é muito inclinado a fazer o que quer fazer para perder tempo com polidez e suavidade, de modo que é capaz de afastar os convencionalismos sem escrúpulos e, portanto, pode incorrer a antipatia de pessoas com sensibilidade muito fina. Ele será essencialmente um homem de ação e um pioneiro no trabalho do mundo, pois seu empreendimento e sua energia não permitirão que ele se torne um seguidor; mas ele sempre se esforçará para liderar e abrir um caminho para si mesmo. O entusiasta e construtivo Marte, unido ao hábil e versátil Mercúrio, lhe fornecerá uma grande desenvoltura e, também, a capacidade de se expressar com considerável força, de modo a impressionar os outros com seus pontos de vista. Isso também o tornará um tanto argumentativo e apaixonado pelo debate, e isso lhe proporcionará um grande fundo de sagacidade e bom humor, às vezes misturado com uma veia de sarcasmo que sempre atinge seu alvo. No entanto, essa configuração ocorre no Signo de Libra, que é governado por Vênus; portanto, ele não será cruel ou malicioso.
Esse Aspecto também lhe fornecerá uma destreza considerável, de modo que ele será capaz de direcionar sua mão para qualquer tarefa que for necessária e executá-la com uma velocidade, facilidade e expedição que é, no mínimo, surpreendente. Ele não pode fazer nada lentamente ou pela metade; tudo o que ele fizer será feito com o uma vontade robusta e com muito entusiasmo e ele sempre colocará toda a sua energia nisso, para que possa realizar a tarefa e fazê-la bem.
Esses Aspectos lhe proporcionarão um sucesso considerável na vida e o tornarão muito respeitado pelas pessoas ao seu redor por sua habilidade mecânica. A magnética, emocional e imaginativa Lua, em Trígono com o avançado, independente, original, amante da liberdade e inventivo Urano e em Sextil com o oculto, profético, inspirador, devocional e musical Netuno, fornecerão a George uma originalidade e independência de espírito, uma mentalidade rápida e intuitiva, muito viva em sua imaginação e, também, uma capacidade inventiva. É provável que lhe traga algumas experiências com os Mundos suprafísicos, por meio de sonhos e visões, mas ele provavelmente será de natureza prática demais para se dedicar a qualquer coisa que seja sonhadora e visionária.
Sua principal falha é uma tendência a um temperamento muito ruim, indicada pela Conjunção do Sol, Marte e Mercúrio, também pelo bombástico e ostentoso Júpiter em Quadratura com o licencioso, não convencional e irreprimível Urano, e o fraudulento, enganoso, desonesto, sutil Netuno. Isso mostra que, às vezes, ele está apto a agir de maneira muito impulsiva e imprudente, a ser pródigo, extravagante e bombástico. Portanto, vocês devem se esforçar durante a infância para treiná-lo de maneira que esses traços de caráter sejam eliminados.
Com respeito à saúde, descobrimos que o imprudente e impulsivo Marte, em Conjunção com o Sol, pode torná-lo sujeito a acidentes, febres e doenças inflamatórias. Saturno, o Planeta da obstrução, em Touro, o Signo que rege a garganta, indica uma tendência a resfriados e dores de garganta. Marte em Libra, o Signo que rege os rins, também é uma indicação de problemas com esses órgãos. Mas, aplicando o máximo de prevenção durante a infância, muitos problemas podem ser evitados mais tarde na vida.
GEORGE W. R. – NASCIDO EM 19 DE JUNHO DE 1908 ÀS 6 AM
EM LEAVENWORTH, WASHINGTON, EUA
No momento do nascimento de George, o fraco Signo de Câncer estava no Ascendente, e isso não é um bom presságio no que diz respeito à saúde, mas encontramos Marte, o Planeta da energia dinâmica, no Ascendente e, também, o doador de vida Sol em Trígono com a Lua, que é o Regente do Ascendente, e essas configurações ajudam a compensar a falta de vitalidade mostrada pelo Signo Ascendente. Para que George seja bastante saudável terá que aprender a manter a cabeça fria, pois há uma tendência à extrema irritabilidade, demonstrada pela Oposição do errático Urano com Mercúrio, o Planeta que governa o sistema nervoso, com Marte, o governante, do sistema muscular e com Vênus, o governante da circulação venosa. E se vocês permitirem que essa tendência à irritação cresça, com o passar dos anos, facilmente poderá, então, haver um grande perigo de ataque de nervos e de problemas no estômago e de um arruinamento geral do organismo.
Portanto, durante os anos da infância, deve ser o cuidado particular de vocês em ensiná-lo a cultivar um temperamento alegre, pois esse será seu bem mais valioso na vida, e a falta dele prejudicará suas chances de sucesso, mais do que normalmente acontece. Vocês também devem ensiná-lo a frugalidade, pois George vai ter mais dinheiro do que ele saberá como usar. Uma das coisas para as quais ele poderá erroneamente usá-lo é para encher demais o estômago, como mostrado por Marte em Câncer e, se o fizer, terá de pagar por isso.
Quando dizemos que ele terá mais dinheiro do que pode usar, julgamos isso pelo fato de Júpiter, o Regente da 10ª Casa, estar na 2ª Casa, que lida com as finanças. E, também, está em Trígono com Saturno, o Planeta da economia e da parcimônia, o que mostra que ele vai se agarrar ao que tem. Na verdade, não faria mal a vocês inculcarem nele um espírito de generosidade, pois conhecemos muitas pessoas com Júpiter na 2ª Casa que eram muito ricas, mas eram muito relutantes em se separar de qualquer parte dessa riqueza. Esta é uma mania muito errada, pois não podemos levar nada conosco e apenas guardamos o que damos. Claro que devemos usar o discernimento adequado e não jogar dinheiro fora a torto e a direito, simplesmente porque não o perderemos. Isso também não é nada útil e, não obstante pode induzir os outros, às vezes, a sentir encorajado à inatividade ou à indolência e, ainda, a ser relaxado nas atividades do mundo. Mas onde o dinheiro é distribuído com o devido discernimento para ajudar outros a se ajudarem, o doador ganha um crescimento de alma considerável. E vocês podem ajudar muito George, fomentando nele um espírito de benevolência com discernimento, durante os anos em que sua Mente e pensamentos ainda são plásticos. Vocês não verão nenhuma dessas coisas se materializarem até que George tenha completado trinta anos. Todos os Astros estão confinados em sua 12ª Casa, e é provável que ele se atrapalhe e pareça não estar fazendo nenhum progresso terreno. Mesmo assim, mantenham a fé de vocês nele. Algum dia ele se encontrará e, então, será completamente diferente do que era antes. Ele tem uma Mente brilhante e perspicaz, demonstrada por Mercúrio, o Planeta da razão, em Conjunção com Marte, o Planeta da energia dinâmica, e no Signo lunar de Câncer. Isso também lhe proporcionará muita imaginação, de modo que verá oportunidades onde outros perderão.
EM CHICAGO, ILLINOIS, EUA
No momento do nascimento de George, encontramos o vital, ousado, digno e ambicioso Sol em Sextil com o empreendedor, enérgico, entusiasta e construtivo Marte. O Sol está em Áries, o Signo que Marte rege, e esse é também o Signo de Exaltação do Sol que fornece a vida; portanto, é a própria fonte de vida e vitalidade, conforme se manifesta no brotar de milhões de sementes que rompem a crosta terrestre no momento em que o Sol passa por aquele Signo na primavera do hemisfério Norte, transformando a vestimenta branca de inverno da Terra em um tapete bordado de flores verdes, e fazendo das florestas um caramanchão nupcial para o acasalamento de animais e pássaros. Essa grande força vital também encontra sua expressão nos filhos de Áries – o Signo solar – entre os quais encontramos o George.
Isso proporciona a ele um transbordamento de vida e energia a tal ponto que, muitas vezes, será muito difícil controlá-lo para mantê-lo dentro dos limites da segurança e do bom senso. Também lhe proporcionará muita autoconfiança e agressividade até certo ponto, sempre o líder de seus companheiros, desdenhoso de segui-lo, turbulento e radical em todos os seus pensamentos, ideias e ações, aventurando-se à beira da temeridade. Estando tão cheio de energia vital e ambição, está presente para ele a faculdade de infundir energia e entusiasmo em qualquer pessoa com quem possa estar associado no trabalho e, portanto, tem a capacidade de ser um capataz ou superintendente de primeira linha, embora haja dúvidas que ele seja bem-sucedido em qualquer empreendimento de seu próprio interesse.
Ele nunca se contenta em entrar em nada pela metade e, portanto, se ele pegar uma causa, seja social, política ou religiosa, ele trabalhará por essa causa com toda energia e todo vigor de sua natureza enérgica. Se, por outro lado, ele se tornar um viciado, toda a intensidade de sua natureza será voltada para a satisfação daquela parte particular da natureza inferior; portanto, vocês tem uma grande responsabilidade de apresentar a ele, por preceito e exemplo, a melhor e mais nobre forma ou conduta de que vocês serão capazes, pois o Signo dele é, talvez, o mais impressionável do Zodíaco, e os hábitos formados, as lições aprendidas na infância e juventude, geralmente, se apegará a ele e seus semelhantes ao longo da vida, tornando-o muito bom ou muito mau.
Sejam particularmente cuidadosos ao inculcar nele a abstinência de bebidas alcoólicas, pois, se uma criança de Áries se tornar viciada nesse mal hábito, geralmente ela não poderá mais ser salva e, não raro, ficará sujeita ao delírio. Seu pior defeito é indicado pela negativa, vacilante, insípida e frívola Lua, em Oposição ao licencioso, não convencional, fanático e irreprimível Urano; e o dissoluto, sensual, vulgar e preguiçoso Vênus, em Quadratura com o egoísta, discordante, destrutivo, apaixonado, impulsivo e temperamental Marte. Isso lhe proporcionará um temperamento terrível, um desprezo absoluto pelos convencionalismos, uma disposição muito voluptuosa e sensual, sujeita a excessos na satisfação das paixões, que minarão sua vitalidade; pode até ser levado ao extremo, quebrar a esplêndida constituição saudável que ele tem e, no final, deixá-lo um náufrago no mar da vida, se lhe for permitido as rédeas soltas.
Essas configurações tenderá a fazê-lo extravagante e pródigo, especialmente no que diz respeito ao sexo oposto; ele pode, por conta disso, gastar mais do que pode pagar. Além do que ele pode desperdiçar em tais amores, haverá outros caros gostos que podem colocá-lo em dificuldades financeiras, embora ele tenha esplêndidos poderes de ganho, e ele pode, portanto, tornar-se um réu no tribunal do devedor. Por isso, vocês devem treiná-lo com muito cuidado sobre economia e controle do temperamento.
Ninguém gosta de ver seu próprio rosto distorcido de lágrimas e raiva e descobrimos que se as crianças forem colocadas em um canto de frente para um espelho, ou talvez dois espelhos em ângulos retos entre si, para que não possam escapar da visão de suas próprias feições, isso irá refrear rapidamente sua paixão. Se vocês tiverem dificuldades em ensiná-lo de outra forma, talvez descubra que isso pode ser eficaz. Aconselhamos também a uma criança, como essa, uma dieta muito simples e não estimulante; nem carne, peixe, nem qualquer outro alimento desse tipo deve ser fornecido a ele. O horóscopo também mostra uma tendência para fugir de casa e mudar seu nome, de modo a se afastar totalmente da família; portanto, é melhor não serem muito duros com ele, ou mais tarde vocês podem sentir vontade de se culparem quando isso acontecer.
EM SALT LAKE CITY, UTAH, EUA
No momento do nascimento de Gertrudes, encontramos o Sol no Signo real do Zodíaco, Leão, que é regido pelo Sol, e na 9ª Casa. Isso lhe proporcionará uma natureza nobre, ambiciosa e aspirante, e a ajudará a desprezar as coisas mesquinhas, sórdidas e pequenas. Também a ajudará a não se rebaixar para fazer um ato inferior, mesmo sob grande provocação ou forte desejo de interesse próprio. Fornece uma natureza amorosa muito forte e ardente. Nenhum inconveniente ou sacrifício é grande demais para ela servir àqueles que ama. Ajudará a ela em ser uma amiga leal e verdadeira para aqueles a quem honra com sua amizade, ela os manterá nos bons e maus momentos. Leão é um Signo Fixo e fornece a seus filhos uma força de vontade considerável, de modo que geralmente conseguem chegar ao topo apesar de todas as desvantagens e obstáculos; portanto, não importa quais sejam os contratempos, ela certamente encontrará seu caminho na vida.
Ela é muito determinada em suas opiniões, porém, se ela abraçar qualquer causa, geralmente, a manterá e trabalhará por ela da maneira mais entusiástica, pois ela não pode fazer nada sem entusiasmo. Como Leão é um Signo de Fogo, isso a fornecerá poder, vitalidade e entusiasmo e, também, providenciará uma boa memória, especialmente porque Mercúrio, o Planeta da Mente, está em Trígono com Saturno, o Planeta da memória. Sua principal falha é uma disposição mental explosiva, comum a todos os leoninos, mas no caso dela aumentado pelo fato de que o egoísta, discordante, impulsivo e temperamental Marte está em Conjunção com o inconvencional e irreprimível Urano. Isso proporcionará a ela um comportamento literal de um paiol de pólvora ambulante e sujeita a explodir a qualquer momento e à menor provocação.
Portanto, é muito necessário que vocês a treinem no autocontrole. Ela já deve ter mostrado, em grande medida, essa característica e não vai melhorar com os anos, mas piorar; portanto, é imperativo que todos os meios sejam usados para conter essa disposição mental explosiva e permitir que ela ganhe autocontrole. É claro que vocês perceberão que o castigo corporal não ajuda uma criança a atingir o autocontrole, mas existe um método que elucidamos no horóscopo de George V., que foi considerado muito bem-sucedido onde quer que tenha sido tentado.
O perspicaz, versátil, eloquente e hábil Mercúrio ergue-se antes do Sol e está em Conjunção com o conservador, otimista, opulento e benevolente Júpiter, e ambos estão em Trígono com o cauteloso, deliberado, metódico e diplomático Saturno.
Isso mostra que vocês tem um bom material para trabalhar, pois fornece uma disposição basicamente alegre e otimista, com a capacidade de ver o lado bom das coisas e manter o ânimo nas horas de adversidade. Isso lhe proporcionará uma Mente ampla e versátil, uma capacidade de raciocinar corretamente e de formar julgamentos confiáveis por meio de cuidadosa deliberação.
A infusão saturnina mostra que ela não será muito precipitada em suas decisões; ela vai precisar de tempo para pensar sobre o que quer que seja apresentado a ela, mas uma vez que ela tenha chegado a uma conclusão, que geralmente será considerada incontestável, pois Saturno atua como um freio sobre a Mente volúvel e isso lhe dará seriedade, profundidade e concentração, que têm um valor inestimável na vida. Às vezes ela tende a ser melancólica, em vez de alegre, mas talvez essa premeditação e capacidade de raciocínio profundo sejam de maior ajuda para ela do que qualquer outro recurso. Isso proporcionará paciente persistência a ela em tudo o que empreender, de modo que nenhuma falha temporária será permitida no caminho do sucesso final.
A cautela e a diplomacia de Saturno proporcionarão a ela uma condição invencível no longo prazo. Será muito difícil a ela se submeter à derrota.
No que diz respeito à saúde, descobrimos que o Sol e a Lua, sendo a Lua o principal significador da saúde para uma mulher, estão sem Aspectos, exceto por um Paralelo, mas estão bem colocados, altamente elevados no Signo forte de Leão; portanto, é provável que se possa esperar uma boa saúde durante a vida. O ponto mais fraco é encontrado nos membros e pés, pois Marte em Conjunção com Urano em Capricórnio, o Signo que rege os joelhos, predispõe à nevralgia, e Saturno no Signo de Peixes, que rege os pés, mostra que há uma tendência ao frio em as extremidades, mas por reflexo exerce influência sobre os intestinos, governados por Virgem; portanto, a região abdominal deve ser especialmente protegida contra resfriados e doenças semelhantes.
HAROLD VAN DER W. – NASCIDO EM 10 DE DEZEMBRO DE 1904 ÀS 11:00 PM
EM PRETORIA, ÁFRICA DO SUL
No momento do nascimento de Harold o dador da vida Sol estava em Sextil com Saturno, o Planeta da ordem, organização, diplomacia e do tato; em Sextil com Marte, o Planeta do dinamismo, da energia, ambição e do empreendimento, e em Trígono com Júpiter, o Planeta da opulência, benevolência e da boa camaradagem.
Do Sextil do Sol com Marte, ele tem a sua disposição uma natureza ambiciosa, enérgica e empreendedora, cheia de entusiasmo e autossuficiência em tudo que empreende. Essa configuração também lhe fornece a resistência física e a força de vontade e determinação para levar seus projetos até uma consumação bem-sucedida, mesmo que isso tenha que ser feito por pura força de vontade. Marte no Signo de Libra também ajuda a fortalecer o intelecto. Do Sextil do Sol com Saturno ele tem a sua disposição o equilíbrio necessário para neutralizar a impulsividade marcial. Isso lhe proporcionará o ser conservador, diplomático, cheio de tato e, também, lhe fornecerá a persistência paciente e a capacidade de organização necessária para garantir o sucesso em seus empreendimentos. Ele tende a ser bem-sucedido, em especial, em empresas relacionadas com mineração ou terras.
O Trígono do Sol com Júpiter aumenta sua autoconfiança e habilidade executiva. Isso também lhe proporcionará a filantropia, humanidade e benevolência, radiante de amizade e companheirismo, o que atrairá para ele amigos ricos e influentes que o ajudarão materialmente em seus negócios, e essa configuração também lhe proporcionará riqueza e uma bondade genial para desfrutar da sociedade, juntamente com uma simpatia pronta para aqueles que estão em circunstâncias infelizes, e um desejo de ajudá-los. Assim, ele conquistará o respeito de ricos e pobres na comunidade e, provavelmente, será promovido a cargos de honra pública.
Existem outros Aspectos nesse horóscopo que mostram que o sucesso o aguarda, pois Marte, o Planeta da energia dinâmica, está em Trígono com Saturno, o Planeta da paciência, persistência, premeditação e do método.
Isso lhe proporcionará iniciativa e coragem para empreender tarefas incomuns ou perigosas e, também, a força e a resistência para as levar até o fim, apesar da oposição ou obstrução.
A Lua, que é o significador da Mente, está em Conjunção com Vênus, o Planeta do amor; isso lhe proporcionará uma boa disposição e possibilidade de ganhar popularidade em geral.
Mas embora todos esses Aspectos benéficos mostrem virtudes e, consequentemente, sejam indícios de sucesso, há nesse horóscopo, assim como em todos os outros, um lado negro que também deve ser levado em consideração.
Existem rochas e baixios onde o seu navio da vida pode naufragar e dos quais ele deve ter cuidado. Esses pontos de perigo são indicados pela Quadratura de Marte, o Planeta da imprudência e do impulso, com Mercúrio, o Planeta da fala, da Mente e da razão.
Marte também está em Quadratura com Netuno, que é a oitava superior de Mercúrio. O problema também é indicado pela Quadratura de Vênus com Júpiter, o Planeta da autoindulgência, licenciosidade e libertinagem. A Quadratura de Vênus com Júpiter nos diz que existe o perigo dele perder o bom alvo e agarrar a sombra em vez da substância, pois a Quadratura sempre traz o pior lado dos planetas; consequentemente, isso lhe proporcionará uma tendência para a arrogância, ostentação ou brilho e fascinação, e para a autoindulgência com a natureza inferior. Se ele cair nessa armadilha, a Quadratura de Marte com Mercúrio e Netuno o envolverá em um escândalo em relação ao sexo oposto, e trará problemas por conta de palavras e ações impulsivas, que podem arruinar sua chance na vida e fazer com que ele perca o respeito pela comunidade.
Portanto, vocês, como pais, devem ter muito cuidado para inculcar nele um forte amor pela verdade e uma retidão inabalável, não importa quais sejam os ganhos de outra conduta. É um pouco tarde para começar este treinamento, se vocês ainda não começaram, mas provavelmente essas tendências se manifestaram em alguma medida, então, provavelmente, vocês já levantaram o assunto com ele, e se agora vocês podem mostrar a ele como o horóscopo revela essas tendências e que é possível, para ele, procurar o bom caminho, em vez daquele que inevitavelmente o levará à destruição, vocês podem levá-lo a ver o ponto de perigo e formar uma resolução firme para ficar do lado certo da estrada.
Com relação à saúde, descobrimos que Harold é bem cuidado. Os Aspectos benéficos entre o Sol, Marte e Júpiter proporcionam a ele uma constituição forte, mas há uma chance de que problemas nervosos se desenvolvam por causa das Quadraturas de Marte com Netuno e com Mercúrio. Isso, entretanto, é bastante remoto e não precisa ser levado muito a sério.
HARRIET S. – NASCIDA em 7 DE SETEMBRO DE 1910 ÀS 6:00 PM
EM SPRINGVILLE, NOVA YORK, EUA
No momento do nascimento de Harriet, encontramos o vital, aventureiro e autoritário Sol em Conjunção com o empreendedor, enérgico, entusiástico e construtivo Marte, também em Sextil com a Lua, e embora o Sol esteja no Signo fraco de Virgem, e há quatro Signos Comuns nos ângulos, isso irá sobrepujar o testemunho do mal, fornecer uma esplêndida energia vital e uma saúde radiante por toda a vida. Isso fortalecerá a estrutura e a composição física e a tornará capaz de suportar tarefas muito mais difíceis do que de outra forma; também fornecerá a energia e o entusiasmo para lutar a batalha da vida, mesmo em face de adversidades consideráveis. Ela terá capacidade executiva e construtiva e vontade de vencer, de modo que não será derrotada facilmente. Isso, também, proporcionará a ela uma disposição franca e aberta, mas às vezes será bastante contundente em seu discurso, e isso pode fazer com que várias pessoas, que são bastante sensíveis, não gostem dela.
O Sextil do Sol com a Lua asseguram-lhe sucesso geral na vida, boas condições financeiras, um bom ambiente doméstico, com amigos fiéis e estima na comunidade. Também favorecem uma ascensão na vida para ela por causa de sua habilidade inata, que vai ganhar para ela o reconhecimento de pessoas em posição de ajudá-la a subir e, também, por sua própria energia ela ajudará a abrir seu caminho até o topo. Essa configuração dos luminares também é excelente para a saúde porque a Lua é o significador particular da saúde para uma mulher, e o Sol, a fonte da vitalidade, seus Aspectos benéficos sempre trazem uma abundância de vitalidade e vigor. Além disso, esse Aspecto entre os luminares favorece um casamento bem-sucedido, pois o Sol é o significador desse evento no horóscopo de uma mulher, e isso se aplica particularmente no caso de Harriet, porque o Sol em seu horóscopo está na 7ª Casa, o que trata do assunto casamento.
O melancólico, pessimista e obstrutivo Saturno está em Oposição à visionária e preocupante Lua. Isso, às vezes, lhe proporcionará a tendência de olhar para o lado mais escuro das coisas e, se não for cuidadosa, pode, sob essas condições, causar a si mesma uma grande quantidade de problemas por comentários e ações maliciosas que a deixarão sujeita a escândalo e desfavor.
Isso, também, lhe proporcionará uma tendência para manter o rancor, e ela deve ser particularmente cuidadosa com sua saúde na época da puberdade, quando a Lua chega à Conjunção com Saturno e à Oposição de seu próprio lugar, pois então ela está sujeita a obstruir o fluido menstrual e a causar problemas dessa forma. Isso não é tão sério no caso dela como seria se o Sol não houvesse o Sextil entre Marte e Lua, como já foi elucidado, mas com certeza há alguma indicação de problema no período mencionado; portanto, um prevenido vale por dois. Vocês podem, conhecendo esses fatos, tomar precauções que não pensariam de outra forma.
O entusiasta e enérgico Marte está em Trígono com o intuitivo, original e inventivo Urano. Isso adiciona ambição e originalidade às características de Harriet. Isso proporcionará a ela engenhosidade e intuição, muitos recursos em um alto grau e capacidade de lidar com dificuldades em circunstâncias difíceis. Além disso, proporcionará a ela uma mentalidade um tanto inventiva e será bem-sucedida em trazer suas ideias à prática. Nesse momento, quando as mulheres estão entrando em profissões que normalmente são tomadas ou consideradas exclusivamente para os homens, seria um benefício para Harriet se ela pudesse estudar e aprender a ciência da eletricidade, pois com as configurações em seu horóscopo é bastante provável que ela irá desenvolver algo que irá beneficiar tanto ela quanto a comunidade. Além do que dissemos a respeito da saúde, podemos acrescentar que, embora a Conjunção do Sol com Marte lhe proporcione uma vitalidade esplêndida, às vezes, a tornará sujeita a queixas febris ou inflamatórias, naturalmente de uma forma muito efêmera ou de natureza passageira, pois ela será capaz de se recuperar rapidamente. Acidentes relacionados com calor ou fogo também são mostrados por essa configuração e, portanto, seria bom avisá-la que ela deve ter cuidado ao manusear fogo ou qualquer coisa carregada de calor.
IRENE LA M. – 16 DE AGOSTO DE 1913, POR VOLTA DAS 4:00 PM
EM SAN DIEGO, CALIFÓRNIA, EUA
No nascimento da Irene, encontramos quatro Signos Cardeais nos ângulos, o que proporciona uma vida ativa para essa garotinha, e Júpiter, o grande Planeta benéfico e benevolente, está no Ascendente no Signo saturnino de Capricórnio, combinando as qualidades Jupiteriana e Saturnina. Isso lhe proporcionará uma natureza com muito empenho para alcançar os seus objetivos; isso a ajudará a se tornar muito autossuficiente e aspirante a ascender à posição mais elevada possível na vida.
Infelizmente, Júpiter está em Oposição a Vênus, o Planeta do amor, mostrando que ela tende a se exibir e a criar inimigos entre seus companheiros, de modo que é provável que haja um atrito considerável, se essa tendência for seguida por ela. Ela também será muito ostentosa em seus gostos e um grande apego ao prazer pode espantar seus pretendentes.
Se vocês puderem ensiná-la a ser simples, direta e econômica em suas roupas, em seu desejo de prazeres e em outras despesas, vocês poderão poupá-la de muitos problemas na vida.
A Lua é a significadora da Mente instintiva, ela provê a imaginação e o modo de ver; Urano, o Planeta da intuição, originalidade, independência e invenção, está em Conjunção com a Lua no Signo intelectual de Aquário; a posição desses dois Astros proporciona muito brilhantismo e muita intuição, rápida como um raio para compreender uma situação, sem a necessidade de raciocinar sobre todos os pontos envolvidos. Mas, a Lua está em Oposição ao Sol, e isso mostra que é necessário cuidado com relação à sua educação, pois ela tende a incorrer em grande antipatia entre seus companheiros. Isso também pode torná-la muito rápida e livre em sua fala; também é provável que seja muito instável e vacilante, muito apta a mudar sua atitude com respeito a qualquer assunto, sem a devida deliberação e inclinada a voar de um lado para o outro sem terminar o que começou. Vocês devem, portanto, tentar incutir em seu caráter a necessidade de continuar tudo que ela começar insistindo para que ela termine qualquer tarefa que vocês deem a ela, antes que ela comece a fazer qualquer outra coisa.
Sua ocupação deve ser principalmente mental; é onde ela brilhará, porque Mercúrio, o Planeta da Mente, da razão e da expressão, está em Sextil com Marte, o Planeta da energia dinâmica; além disso, Marte está no Signo mercurial, Gêmeos, adicionando força e poder. Essa configuração lhe proporcionará muito entusiasmo em tudo o que fizer; por enquanto, isso será de um interesse totalmente absorvente para ela e ela colocará nisso toda a energia de sua natureza. Isso também provê todas as condições para que ela seja uma oradora muito magnética e é mais provável que ela venha a ter destaque diante do público, porque a 7ª Casa, que rege a publicidade, está bem fortificada com três Planetas; entre eles encontramos o oculto, profético e inspirador Netuno, e ele está no Signo psíquico de Câncer. Isso mostra que ela será fortemente atraída pelo ocultismo e, provavelmente, seguirá essa linha em seu trabalho público.
Com relação à saúde, descobrimos que o frio e obstrutivo Saturno está em Conjunção com o quente e inflamatório Marte em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões. Isso indica que os pulmões são o ponto mais fraco de toda a anatomia e que, portanto, seria bom que vocês cuidassem bem dela a esse respeito. Ela está vivendo no melhor, mais belo e saudável clima da face da Terra. Até agora tudo bem; mas Vênus está em Câncer, e em Oposição a Júpiter, Netuno também estando em Câncer, mostra que ela gosta demais dos prazeres da mesa e que, com o tempo, se seu apetite não for excessivamente controlado, isso causará problemas digestivos; então, como a maioria dos resfriados vem de um organismo obstruído, os pulmões podem ficar congestionados com catarro, e outras complicações podem surgir; portanto, é melhor ter muito cuidado na escolha dos alimentos para Irene, e também no que diz respeito à quantidade. Se ela for ensinada a viver bem, não há dúvida de que as tendências do horóscopo podem ser totalmente evitadas.
JOHN MELVIN L. – NASCIDO EM 7 DE NOVEMBRO DE 1907 ÀS 4:15 PM
EM PHILADELPHIA, PA., EUA
No momento do nascimento de John encontramos Mercúrio, o Planeta da Mente, do humor, da inteligência e expressão, em Conjunção com Vênus, o Planeta do amor, da arte e beleza. Isso proporciona a John um temperamento bem-humorado, amável e alegre, o que o torna popular entre seus companheiros, especialmente as mulheres.
Isso o proporcionará muita sociabilidade e o ajudará a apreciar as coisas bonitas, um bom entretenimento e prazer. Essa posição ajudará a atrair muitos amigos e lhe proporcionará muita satisfação na vida.
Essas indicações são fortalecidas pelo Trígono da Lua com Júpiter, o Planeta da benevolência, opulência, lei e boa comunhão, pois esse raio fortalecerá o bom julgamento de João e o ajudará a ser uma pessoa reta e honesta, simpática e bondosa, cheia de sentimento de solidariedade, otimismo e ânimo, que resultarão no cativo, por ele, do amor, da confiança e do respeito do seu círculo de associados, aproximando dele amigos e um sucesso financeiro, a felicidade no casamento e uma boa dose de possibilidade para ser bem-sucedido.
Ele não obterá todas essas coisas boas por nada, entretanto, todos nós temos que ganhar o que obtemos, e o Sextil da Lua com Marte, o Planeta da energia, do empreendimento e da construção mostra que John tem uma Mente cheia de recursos e energia e não tem medo de trabalho árduo, quando necessário, para cumprir seu objetivo.
Ele não desanimará facilmente, pois também há uma persistência paciente, uma virada conservadora, pensativa e metódica na Mente, conferida pelo Sol em Trígono com Saturno, o Planeta da persistência, do tato e da organização. Isso o capacitará a resistir à oposição e ainda continuar na linha que traçou para o sucesso, não importa o quão perigosa ou árdua seja a tarefa. Portanto, suas chances de ter o sucesso final são realmente grandes.
Vocês não devem imaginar, no entanto, que tudo é fácil para John; existem dificuldades e obstáculos em todas as vidas, todos nós temos nossos vícios, bem como nossas virtudes, e o principal obstáculo de John é mostrado pela Quadratura do Sol ao impulsivo, imprudente e arrogante Marte, também em sua Quadratura com o Júpiter bombástico, arrogante e esportivo. Esse irá, às vezes, quando os trânsitos favorecerem, proporcionar uma tendência a ser temerário e arriscado, de modo que pode resultar em um acidente, ou pode fazê-lo se inflar de um falso orgulho, inclinado a ser bombástico, dominador e arrogante, para que possa em um momento perder amigos e o prestígio que levou anos para ganhar. Nessas ocasiões, ele também estará sujeito a ficar com muita raiva e se zangar criando muita turbulência em sua volta, e os resultados de tal erupção podem, posteriormente, causar-lhe muito pesar e infelicidade. Portanto, deve ser o trabalho de vocês, como pais, ensiná-lo a refrear essas tendências indesejáveis, tanto pelo exemplo como pelo preceito, pois assim fazendo vocês o resguardarão de muitas tristezas na vida.
A natureza básica é principalmente boa, como mostram os outros Aspectos benéficos astrais, mas essa falta de autocontrole pode desfazer tanto e tão rapidamente que nunca mais poderá ser consertada ou remendada. Mercúrio, Vênus e o Sol estão na 7ª Casa e, portanto, podemos considerar que as chances de John ser bem-sucedido no casamento são boas. Como a Lua está na 8ª Casa e em Trígono com Júpiter, que é o governante da 8ª Casa, é evidente que John não apenas obterá ganhos financeiros por seus próprios esforços, mas também obterá recursos financeiros por casamento e legados. Assim, seu conforto e bem-estar material estão garantidos.
No que diz respeito à saúde, vemos que o quente e inflamatório Marte está em Quadratura com o Sol que dá vida, e isso, como já foi dito, proporciona tendências a acidentes, febres e queixas inflamatórias, causadas por métodos inadequados de dieta, e Netuno em Câncer tem tendência para indigestão e problemas intestinais. Portanto, vocês devem ensinar a John, tanto por preceito quanto por exemplo, a viver uma vida simples e frugal, e não condescender com o apetite. Ele deve comer para viver em vez de viver para comer.
LEONARD S. J. – NASCIDO EM 29 DE SETEMBRO DE 1913 ÀS 11:32 PM
EM LOS ANGELES, CALIFORNIA, EUA
No momento do nascimento de Leonard, quatro Signos Cardeais estão nos ângulos e os Astros espalhados pela maioria das Casas no horóscopo. Isso mostra que ele será de uma natureza versátil e terá uma vida ativa pela frente. Há três Aspectos benéficos no horóscopo. Mercúrio, o Planeta da razão, está em Trígono com Saturno, o Planeta do pensar ou de planejar com antecedência, do tato, da organização, da ordem, do método e da perseverança. O doador de vida, Sol, está em Trígono com Urano, o Planeta da originalidade, intuição e independência; e Vênus, o Planeta do amor e da atração, está em Trígono com Júpiter, o Planeta da benevolência, da filantropia e do bom companheirismo. Esses Aspectos mostram um lado da natureza de Leonard e nos dizem que ele tem um excelente intelecto, uma Mente intuitiva e original; que ele é empreendedor e prático, possuidor de bom senso e com a habilidade de pensar ou planejar cuidadosamente sobre o futuro, que sabe manter a ordem, organizado e naturalmente metodológico; e ele tem a qualidade da perseverança em tudo que empreende. Além disso, ele é benevolente, gentil e simpático, hospitaleiro e muito popular devido as boas qualidades e, se esses Aspectos forem os mais ativados, a vida será acompanhada, geralmente, por circunstâncias afortunadas.
Tudo isto é muito lindo, e seria esplendido se isso fosse tudo o que haveria para ser dito, mas infelizmente todos nós temos o nosso lado fraco, assim como os nossos pontos positivos.
Portanto, Leonard não é exceção a este respeito, e a necessidade dele é a oportunidade para vocês, pois os pontos positivos sempre cuidarão de si mesmos; mas é com respeito aos pontos adversos que ele precisa da ajuda e assistência de vocês durante os anos de infância, quando os hábitos são formados; e a parte desagradável que temos agora a relatar é, portanto, a que é a mais valiosa para vocês e para ele, de modo que vocês possam promover seus pontos positivos e ajudá-lo a suprimir o lado fraco de sua natureza. Marte, o Planeta do calor da Mente, da tendência à raiva, da imprudência, do impulso e da agressão, está na 12ª Casa, a Casa da angústia e tristeza profunda, das dificuldades e da autodestruição, assim como Saturno, o Planeta da obstrução e decepção; é por meio de seus Aspectos adversos com os outros Astros que ele aprenderá na escola da vida. Em primeiro lugar, vemos que o doador de vida, o Sol, está em Quadratura com o turbulento Marte e com o bombástico, extravagante e da gratificação excessiva dos próprios apetites, desejos e caprichos Júpiter.
Isso o deixará, às vezes, com um estado mental fácil para se zangar e fácil para se acalmar, embora ele não possua malícia alguma nisso; mesmo assim tem uma tendência a ficar angustiado, profundamente triste e gerar confusão, a ponto de perder o respeito pelos outros. Isso lhe proporcionará um certo modo bombástico, um falso orgulho e uma consideração muito forte por seus confortos, e isso lhe roubará a perseverança, demonstrada pelos melhores Aspectos em tais ocasiões, e constitui um sério obstáculo para o sucesso na vida. Então, vemos que a Lua está em Conjunção com a saturnina Cauda do Dragão e em Quadratura com Saturno. O movimento diário de Saturno nos céus e o movimento da Lua no horóscopo, que chamamos de “progressão”, são praticamente os mesmos.
Portanto, é provável que isso o acompanhe por toda a vida e traga preocupações e desapontamentos, que ele precisará de toda a precaução, demonstrada por Mercúrio em Trígono com Saturno, para neutralizar tudo aquilo. Se vocês notarem uma tendência nele de se tornar taciturno na infância, tome cuidado para despertá-lo instantaneamente, voltando sua atenção para outra coisa. Isso pode salvá-lo de muitos momentos amargos nos anos posteriores, pois vocês podem ver como essas coisas modificam as boas indicações mostradas pelos Aspectos que acabamos de mencionar, e o bom senso lhe dirá como trabalhar com o bem e contra o mal.
Com relação à saúde, vemos que o Signo fraco de Água, Câncer, está no Ascendente. Isso por si só mostra uma baixa vitalidade, e a Oposição de Marte com Júpiter indica que o sangue não está em muito bom estado.
A Lua em Conjunção com a saturnina Cauda do Dragão, em Quadratura com Saturno, o Planeta da obstrução em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões, mostra que há um ponto fraco e vocês devem protegê-lo bem contra as gripes. Vocês, provavelmente, conseguirão mantê-lo com boa saúde lhe permitido que ele faça muitos exercícios ao ar livre e coma alimentos que não sejam muito ricos em hidratos de carbono, que têm uma tendência a obstruir o organismo, mas o principal é que mantenha seu ânimo, pois se ele se permitir adquirir o hábito de mau humor e melancolia, então a vitalidade do seu organismo, provavelmente, entrará em colapso, pois, em primeiro lugar, seu organismo não é forte.
LILLIAN C. – NASCIDA EM 18 DE MARÇO DE 1915 ÀS 1:40 AM
EM SANTA BARBARA, CALIFÓRNIA, EUA
No momento do nascimento de Lillian, quatro Signos Cardeais estavam nos ângulos do horóscopo, mostrando que lhe será proporcionada uma vida ativa, cheia de experiências que contribuem para o crescimento da sua alma.
Vênus, o Planeta do amor, da arte e música, está em Conjunção com Urano, o Planeta da originalidade, independência e intuição no Signo no qual é o Regente, Aquário, onde ele é mais forte. Isso mostra que Lillian tem um amor inato pela arte e pela música, com a capacidade de se expressar dessa forma. Isso lhe proporciona muita inspiração e intuição, rapidez para captar as coisas, original, independente e de uma personalidade muito adorável que será muito admirada pelo sexo oposto. Também atrairá muitos amigos que a ajudarão na vida.
Saturno, o Planeta da memória, premeditação, ordem, do método e sistema, em Trígono com Mercúrio, o Planeta da Mente, ambos nos Signos intelectuais de Aquário e Gêmeos, respectivamente, fornecem a ela uma memória esplêndida e a capacidade de se concentrar em qualquer problema que venha a ela, para que ela possa resolvê-lo e provar pela razão o que sua intuição lhe diz ser verdadeiro, além de colocá-lo em prática com a certeza de estar certa. Suas qualidades mentais incomuns são ainda mais fortalecidas pelo Sextil de Saturno com a Lua, o luminar da imaginação. Portanto, isso proporcionará a ela uma Mente muito profunda e a capacidade de assumir grandes responsabilidades e de ocupar importantes cargos executivos de confiança, especialmente em uma grande empresa que lide com terras, minas ou coisas semelhantes. Também lhe proporcionará a habilidade de lidar com os homens e com as mulheres com o intuito de superar as dificuldades com tato e diplomacia. Isso devido a capacidade de ser muito cautelosa e possuir uma grande premeditação que a ajuda a se orientar em todos os assuntos; portanto, tudo isso a proporcionar a facilidade em ser uma líder ou a ocupar cargos representativos e sua educação deve ser tal que a habilite para este trabalho. Marte, o Planeta da coragem, construção e energia dinâmica, está em Conjunção com Júpiter, o Planeta da benevolência e opulência, na 2ª Casa, que governa as finanças. Isso lhe proporcionará a vitalidade, o vigor e entusiasmo em tudo o que empreender e isso, juntamente com a perseverança saturnina já mencionada, assegurará sua ampla recompensa financeira por seus esforços. Isso, também, lhe proporcionará considerável desenvoltura e aumentará sua capacidade executiva, além de torná-la franca, generosa, aberta e filantrópica, sempre ansiosa por ajudar qualquer pessoa ou causa de valor.
Vênus, Urano e Mercúrio no Signo intelectual de Aquário mostram que ela tem uma capacidade raciocinadora independente, tão distante da ortodoxia quanto o oriente está do ocidente. Mas o Sol, doador de vida, em Trígono com Netuno, o Planeta da espiritualidade dos Signos psíquicos de Câncer e Peixes, mostra que ela tem a habilidade de cultivar os poderes latentes da alma e despertar o sexto sentido, que a colocará em contato com os Mundos invisíveis. Se ela fará isso ou não, é claro que dependerá de si mesma e das circunstâncias em que viverá. Mas não pode haver dúvida de que ela será fortemente atraída pelo ocultismo de uma forma ou de outra e, como já foi dito, ela tem muito entusiasmo e é uma líder nata; portanto, não é provável que ela permaneça na periferia e se contente com um conhecimento superficial da ciência sagrada.
Há apenas uma desvantagem em tudo isso, e ela depende da questão da saúde. Vemos que Saturno, o Planeta da obstrução, está em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões, e em Quadratura com o Sol que, dá a vida, no Signo de Peixes na 12ª Casa, que rege hospitais e instituições de confinamento semelhantes.
Isso mostra que o ponto fraco de Lillian está nos pulmões e vocês também podem procurar alguma aflição no coração; mas um prevenido vale por dois, e se vocês cuidarem bem dela durante a infância para que ela seja educada de maneira higiênica, com uma alimentação saudável e nutritiva, com exercícios físicos adequados, também exercícios respiratórios que desenvolvam os pulmões, não há dúvida de que vocês podem superar essa tendência, pois essa ocorre nos Signos Comuns que não são tão fatais quanto os Signos Fixos. Fora isso, este é um horóscopo esplêndido e podemos dizer que Lillian realmente nasceu sob “estrelas da sorte”.
MARGUERITE K. – NASCIDA EM 8 DE MAIO DE 1915 ÀS 5:50 AM
EM SANTA MONICA, CALIFÓRNIA, EUA
Marguerite nasceu sob uma das configurações mais benéficas de toda a gama. Em seu nascimento, o doador de vida Sol estava no Ascendente do robusto, vital e enérgico Signo de Touro, em Sextil com a Lua, que é o significador específico da saúde para uma mulher e, também, em Sextil com Júpiter, o Planeta da benevolência, opulência e do bom companheirismo.
Isso mostra que Marguerite tem uma estrutura e composição física excepcionalmente forte e é provável que goze de uma saúde esplêndida durante toda a vida, pois caso ocorra qualquer ligeira indisposição temporária, ela terá um maravilhoso poder de recuperação para se restabelecer rapidamente. Isso demonstra que ela tem uma natureza gentilmente amável e radiante com boa vontade para com todos com quem entre em contato e, portanto, conquistará muito respeito na comunidade e muitos amigos que se empenharão em ajudá-la da maneira que ela desejar, e que serão de grande benefício material para ela. Isso, também, proporciona sucesso financeiro acima da média e, assim, ela pode ter certeza de que terá à disposição todos os confortos da vida.
Além disso, ela merecerá certamente tudo o que conseguir, por causa de seu caráter, sua natureza altruísta e do bom uso que fará do que possui.
Sua 11ª Casa, indicando amigos, é a mais bem fortificada de todas as Casas nesse horóscopo, tendo Vênus, o Planeta do amor, Júpiter, o Planeta da benevolência, e a Lua, que é o Planeta da fecundação que faz acontecer o que é prometido no horóscopo. Isso mostra que ela será totalmente voltada para os seus amigos e eles serão tudo em tudo para ela; esse é o princípio da reciprocidade: não podemos obter a menos que doemos, não podemos ter amigos a menos que sejamos amigáveis com eles também.
No que diz respeito às suas qualidades mentais, encontramos Mercúrio, o Planeta da razão, em Sextil com Júpiter, o Planeta da lei, ordem, benevolência, etc., mostrando que ela tem uma Mente extremamente bem equilibrada. Mercúrio também é o Planeta da expressão e está próximo da cúspide de Gêmeos, seu próprio Signo.
Isso indicaria que ela possui a arte e a faculdade de expressão até o ponto da eloquência, com a capacidade de colocar seus pensamentos por escrito. E como Urano, o Planeta da intuição e originalidade, está em Sextil com Vênus, o Planeta da arte e da música, podemos julgar que ela tem uma habilidade musical latente que, em algum tempo, a poderá lhe proporcionar a proeminência perante o público, devido a sua capacidade artística. Esses talentos proporcionarão a ela o amor do público em geral e a recompensa financeira mencionada na primeira parte dessa interpretação astrológica.
O Sol e a Lua são significadores do cônjuge para o homem e a mulher, portanto, o Sextil entre os dois, nesse horóscopo, indica que a vida de Marguerite também será bem satisfatória a esse respeito, e que sua felicidade aumentará devido ao casamento. Assim, tudo o que ela ou qualquer pessoa possa esperar, provavelmente, será cumprido, isto é, desde que ela siga o curso reto.
Mas, como não há luz sem sua sombra, também nesse horóscopo encontramos indícios de problemas se o caminho da retidão for abandonado. Urano é o Planeta da originalidade e da independência e quando está sob tensão, tende ao desrespeito imprudente das convenções sociais. Está 10ª Casa, que rege a honra e a posição social, e está em Quadratura com o Sol, que significa o cônjuge. Isso mostra que há uma tendência a condutas imprudentes, tanto em Marguerite quanto na pessoa com quem ela vai se casar, mesmo com seus amigos do sexo oposto em geral. Por causa disso, ela está sujeita a se envolver em escândalos e ser caluniada por pessoas que têm ideias mais conservadoras.
Essa tendência é compensada, em uma medida considerável, por um Sextil do Sol com Júpiter, o Planeta da lei e da ordem, pois isso proporciona a ela uma valorização e a opinião da comunidade de uma maneira geral, como já foi dito; mas a Quadratura de Urano com o Sol proporcionará a ela, sob certas configurações astrais posteriores, a tendência de fazê-la agir impulsiva e precipitadamente, com desconsideração da opinião pública, e ela sofrerá por isso, mesmo que não tenha cometido nenhum mal real.
Portanto, vocês, como pais, devem tentar inculcar nela o mais elevado respeito pelas convenções e seu lema deve ser evitar até mesmo a mais leve aparência do mal, pois, assim fazendo vocês pouparão a ela muitas tristezas e muitos problemas.
MARY V. G. – NASCIDA EM 25 DE JULHO DE 1917 ÀS 10:15 AM
EM SAN DIEGO, CALIFÓRNIA, EUA
No momento do nascimento de Mary encontramos quatro Signos Cardeais nos ângulos e isso mostra a promessa de uma vida ativa para ela. O versátil, perspicaz, eloquente, literário e habilidoso Mercúrio em Sextil à magnética, imaginativa, plástica e mutável Lua proporciona a ela uma natureza brilhante e versátil, um raciocínio rápido, uma imaginação vívida e uma personalidade magnética, instintos literários, a capacidade para se adaptar em quase todos os lugares e situações e “ser pau para toda obra”. Há uma tendência para mudanças frequentes, mas geralmente ela se aperfeiçoará por meio delas.
O obediente à lei, conservador, reverente, otimista, opulento e benevolente Júpiter em Sextil com o vital, aventureiro e autoritário Sol proporcionará a ela uma disposição alegre, ensolarada e jovial e a tornará uma líder em sua esfera de vida. Isso lhe fornecerá respeito e estima na comunidade e, também, lhe proporcionará uma capacidade executiva que a levará à frente como uma líder e uma personagem pública, tornando-a proeminente na política e nos assuntos ligados à filantropia. Isso lhe proporcionará uma riqueza considerável, pois Saturno, o Planeta da aquisição, também está em Sextil com Júpiter, o Planeta da opulência. Isso lhe fornece a facilidade em ter muitos amigos sinceros e influentes e desfrutará das coisas boas da vida em um grau incomum.
O Sextil de Júpiter com o cauteloso, deliberado, metódico, perseverante, atencioso, diplomático e econômico Saturno proporcionará a ela uma personalidade forte, perseverante, paciente e persistente em tudo que empreenda; cautelosa, diplomática e atenciosa em suas relações com os outros de modo que, geralmente, será capaz de ganhar pontos, não importa o quão forte seja a oposição, mas sendo sincera e imbuída de um forte senso de justiça, pode-se confiar que ela não tomará indevidas vantagem de ninguém. Esse Aspecto também fortalecerá a capacidade executiva e de organização conferida pelo Sextil de Júpiter com o Sol e a proporcionará a facilidade de julgar com competência o valor dos investimentos, agregando também a aquisição e a economia necessárias para manter a união e aumentar o que ela adquire por legado, casamento e seus próprios esforços.
O Sextil de Júpiter com o oculto, profético, espiritual, devocional e musical Netuno proporciona a ela uma forte tendência ao ocultismo em sua constituição que, provavelmente, tomará expressão independentemente da tendência jupteriana à ortodoxia, amor à burocracia e respeitabilidade. Isso pode lhe proporcionar uma leve tendência a se rebaixar aos olhos de fanáticos como os que podem ser encontrados em toda parte, mas não lhe dará a satisfação de alma encontrada de nenhuma outra maneira.
O empreendedor, enérgico, entusiástico e construtivo Marte em Sextil o harmonioso, artístico, belo e suave Vênus lhe proporcionará mais força, vigor e vitalidade, amor ao prazer e uma disposição muito afetuosa e demonstrativa e um temperamento equilibrado. Esse também é um bom Aspecto para ganhar dinheiro, mas a torna livre e generosa nas despesas por prazer. Assim, ela nunca será avarenta, como se a ganância saturnina governasse sozinha. Mesmo Júpiter não é excessivamente livre para gastar, a menos que esteja sob tensão.
Mas depois de ver o lado ensolarado de seu horóscopo, devemos também dar uma olhada nas sombras, pois talvez seja mais importante descobrir o que atrapalha do que o que ajuda na vida. Se pudermos remover os obstáculos da estrada, teremos maior probabilidade de correr a corrida da vida sem tropeçar.
O ponto de perigo na vida de Mary é indicado pelo sensual, indolente, dissoluto, vulgar e preguiçoso Vênus em Oposição ao licencioso, não convencional, fanático e irreprimível Urano.
Os Aspectos benéficos anulam a maioria dessas características indesejáveis. Eles a ajudaram a nunca ser indolente e preguiçosa e tem muito respeito pela estima da comunidade para fazer algo abertamente não convencional.
Ao mesmo tempo, esse Aspecto indica pontos de vista muito avançados sobre a questão do sexo, especialmente durante os anos mais jovens e o período de namoro será considerado particularmente perigoso. Portanto, ela deve ser cuidadosamente ensinada a reverenciar as ideias estabelecidas sobre este assunto e a evitar até mesmo a mais leve aparência do mal, pois os erros da juventude, às vezes, lançam uma sombra sobre toda a vida.
Como “um prevenido vale por dois” com cuidado vigilante e o ensino correto, vocês podem, sem dúvida, ajudá-la durante as crises.
Com respeito à saúde, descobrimos que o Sol, que dá vida, está em Conjunção com o obstrutivo Saturno em Leão, o Signo que rege o coração. Isso mostra que existe uma tendência a problemas cardíacos, mas, como todas as outras coisas, isso pode ser superado se for bem tratado e levado a tempo. Diz-se que a corrente não é mais forte do que seu elo mais fraco, mas se uma tensão muito grande para o elo mais fraco não for colocada na corrente, ela aguentará de qualquer maneira. Portanto, tome cuidado durante a infância e durante os anos de crescimento para que ela não se entregue a exercícios extenuantes; correr, pular e esses esportes mais radicais devem ser particularmente evitados ou muito moderados.
Vocês não podem, é claro, amarrá-la em uma cadeira e enrolá-la em algodão, mas dizendo a ela e sendo cuidadosos com o que ela pode fazer, vocês podem ajudá-la a fortalecer o coração durante os anos de crescimento, quando os órgãos estão mais presentes passível de ser sobrecarregado. Então, mais tarde na vida, se vocês fizerem isso, provavelmente o órgão fará bem o seu trabalho. Há uma coisa a seu favor: ela tem um temperamento muito equilibrado, de modo que não é provável que o coração fique sobrecarregado a partir desse ponto. A Lua é o significador particular da saúde para uma mulher e ela está em Libra, o Signo regido por Vênus. Esse é um excelente testemunho de saúde e se vocês ensinarem a ela os cuidados normais com o Corpo Denso que uma criança deve ser ensinada e a ser moderada em sua dieta, provavelmente ela passará pela vida com uma saúde razoavelmente boa.
MILDRED MARION H. – NASCIDA EM 18 DE JUNHO DE 1918 ÀS 8:40 AM
EM PORTLAND, OREGON, EUA
No momento do nascimento de Mildred, encontramos quatro Signos Fixos nos ângulos, mostrando que ela tem uma Mente bem-controlada e “quando ela quer, ela vai, e vocês podem confiar nisso, mas quando ela não quer, ela não vai, e essa é a decisão final.”
O sagaz, lógico, versátil, eloquente e o mentalmente hábil e habilidoso Mercúrio, em Sextil com o pensativo, cauteloso, metódico e diplomático Saturno, proporcionará a ela uma Mente profunda e pensativa, capaz de se concentrar para resolver os problemas que possam surgir em sua vida. Isso a tornará sistemática e metódica e quando ela começar a fazer qualquer coisa, ela irá perseverar até que tenha realizado seu desejo. Isso, também, lhe proporcionará uma boa memória para que se beneficie, ao máximo, com tudo o que aprender e poderá alcançar seus fins com tato e diplomacia, quando essas qualidades puderem ser utilizadas. Também podemos notar que ela é muito habilidosa com as mãos.
O otimista, opulento e benevolente Júpiter, em Conjunção com o digno, vital e corajoso Sol e em Trígono com a emocional, magnética e imaginativa Lua, proporcionará a ela uma atitude digna, benevolente e gentil; coragem e ambição de empreender qualquer trabalho nobre, altruísta e humanitário; a visão e imaginação para levá-la ao sucesso; e as confortáveis circunstâncias financeiras necessárias para satisfazer essas nobres aspirações.
Como o Sol e Júpiter estão na 12ª Casa, indicando amigos, esperanças e desejos, isso mostra que Mildred estará cercada por amigos influentes que se empenharão em ajudá-la na realização de suas esperanças, seus desejos e suas ambições.
Essas são as indicações mais fortes e evidentes, mas há outro lado da natureza de Mildred mostrado pelo bombástico, indolente, pródigo Júpiter em Quadratura com o egoísta e temperamental Marte. Isso indica que Mildred tem uma tendência a se enraivecer e, em tais ocasiões, pode ser muito autoritária e dominadora; se essa tendência se manifestar, inevitavelmente, levará à perda de amigos e prestígio, que ela tanto preza. Portanto, deve ser a parte de vocês ensiná-la a se conter por todos os meios ao seu alcance. Há também uma tendência ao pessimismo e à melancolia que roubará a alegria da vida e fará com que ela olhe para o lado escuro das coisas. Isso é demonstrado pela Quadratura do melancólico, pessimista e preocupante Saturno com Vênus, o Planeta do amor, do afeto e do prazer.
Às vezes, quando vocês virem essas características surgindo, desperte-a por todos os meios, conduza seus pensamentos para canais mais brilhantes, para que ela não se envolva em pensamentos-formas de medo e preocupação que pode excluir a vida e o amor.
No que diz respeito à saúde, encontramos Saturno, o Planeta da obstrução, em Leão o Signo que rege o coração e em Quadratura com Vênus, o Planeta que governa a circulação venosa. Isso mostra que há uma obstrução e tendência a problemas cardíacos. Mas se vocês tiverem o cuidado de contê-la, principalmente no que diz respeito à tendência a se enraivecer, isso provavelmente não lhe causará nenhum problema sério. Por outro lado, se a tendência a se enraivecer governar e ela se entregar a exercícios extenuantes, o assunto pode se tornar sério ao longo dos anos e causar confinamento em um hospital, como mostra a presença de Saturno na 12ª Casa. O quente e inflamatório Marte em Virgem, o Signo que governa os intestinos, e em Quadratura com o vivificante Sol e Júpiter em Gêmeos, o Signo que rege os pulmões, também mostra tendência a queixas febris, mas vocês conhecem a dieta que superará esta tendência.
MORRIS B. – NASCIDO EM 3 DE ABRIL DE 1910, 00:03 am
EM BUTTE, MONTANA, EUA
No momento do nascimento de Morris encontramos Marte, o Planeta da energia dinâmica, no Signo mercurial de Gêmeos, e Mercúrio, o Planeta da razão e expressão, no Signo marcial de Áries.
Portanto, eles estão em mútua recepção e mais fortemente conectados do que de qualquer outra forma. Marte também está em Trígono com Júpiter, o Planeta da benevolência, que é o Regente do Ascendente, e Júpiter está no Meio do Céu, o ponto mais elevado do horóscopo.
Isto proporcionará a Morris uma natureza muito ambiciosa e entusiasmada. Fornecerá a ele qualidades de empreendedorismo e de energia; proporcionará a ele um excelente talento para negócios e uma habilidade mecânica prática; uma mente perspicaz, arguta e afiada, com uma resposta ou argumento sempre pronto na ponta da língua. Quando Marte está em Sextil com Mercúrio e nenhuma outra influência opera na Mente há uma tendência a ser impulsivo, mas no caso de Morris, Saturno, o Planeta da obstrução, está em Trígono com Urano, o Planeta da intuição, invenção e originalidade. Como já afirmamos muitas vezes, a influência de Saturno sobre as qualidades mentais é favorável à concentração, pois ele, por assim dizer, reprime a Mente volúvel e, quando em Aspectos benéficos, ele também oferece premeditação, tato e diplomacia.
Portanto, podemos dizer que Morris terá uma Mente forte e profunda, uma natureza séria e determinada, dada à premeditação, com a capacidade de originar, organizar e sistematizar, qualidades que são todos grandes fatores para o sucesso na vida. Esse é o lado bom dele; mas há também o outro, onde ele precisará de ajuda e cooperação dos pais para superar. Em primeiro lugar, vemos que Saturno, o Planeta da obstrução, está na 4ª Casa, que indica o lar, e em Quadratura com Vênus, o Planeta do amor e do prazer. Isso mostra que os pais tendem a ser muito rigorosos com ele, colocar um freio em seu entusiasmo e lhe negar a liberdade de expressão, necessária para o desenvolvimento de sua natureza. Isso está errado, e se vocês querem que seu filho cresça e tenha o melhor sucesso possível na vida, vocês devem parar de dizer “não faça” a tudo que ele faz. Ele está fadado a cometer erros às vezes e se meter em encrencas, mas será melhor para ele e para vocês dois se ele puder vir até vocês com a confiança de que receberá a simpatia e os conselhos adequados. Se vocês não derem a ele, vocês o forçarão a ir buscar isso em outro lugar e ele se afastará de vocês. Ele precisa de encorajamento, pois o Aspecto do qual falamos (Saturno em Trígono com Urano), fornecendo a ele determinação e premeditação, é compensado em uma medida pela Quadratura entre o Sol e a Lua, que tem uma tendência a torná-lo vacilante e irresoluto. Se ele for desencorajado em casa e sempre for impedido ou ser criticado por tudo que faz, isso pode sempre predominar como resultado das situações e arruinar suas chances na vida em uma grande extensão.
É verdade que há uma tendência a ele ser egoísta, bombástico e autoritário, também ser orgulhoso e falso, demonstrado por Mercúrio e o Sol em Oposição a Júpiter, o Regente do horóscopo, mas isso é apenas a efervescência do Espírito em uma criança em crescimento; vocês podem mostrar a ele que tal atitude mental é errada e, se isso for feito de maneira gentil, não temos dúvidas de que com o tempo ele vencerá essas qualidades ruins.
Com respeito à saúde, vemos que Saturno está em Touro, o Signo que governa a garganta, e Marte está em Gêmeos, o Signo que governa os pulmões; já o Sol em Quadratura com a Lua diminui a vitalidade.
Sob tais condições, ele estará mais sujeito a resfriados na garganta e nos brônquios. Também vemos Netuno no Signo de Câncer, que Rege o estômago, e em Oposição à lua. Isso mostra uma tendência para bebidas fortes e alimentos de difícil digestão e que, provavelmente, serão a raiz das gripes e resfriados aos quais nos referimos. Sob tais condições também pode haver problemas com o processo de excreção, já que Escorpião, que rege o reto, está em é o Signo oposto onde está Saturno, em Touro.
Portanto, na causa-raiz de qualquer problema que ocorra, vocês poderão procurar por uma seleção errada de alimentos, que provoca o efeito da má digestão e excreção deficiente. Se vocês cuidarem da alimentação dele, em primeiro lugar, e lhe ensinarem a viver uma vida simples na infância, ele certamente terá menos problemas mais tarde e, provavelmente, eliminará todos esses problemas, desde que persista a continuar a viver assim.
RICHMOND VAN D. – NASCIDO EM 5 DE JANEIRO DE 1912 ÀS 5:36 PM
EM PORTERVILLE, CALIFÓRNIA, EUA
Alguém escreveu nesse horóscopo “tendência muito forte de se enraivecer feroz”, e parece que isso foi retirado da carta pedindo uma interpretação do seu horóscopo. Isso enfaticamente não é verdade, se sua hora de nascimento foi informada corretamente. O Signo psíquico de Câncer no Ascendente com o oculto, profético, inspirador e devocional Netuno, o torna um pouco místico, uma criança diferente no comportamento do que se espera ou se conceitua como normal, difícil de se entender. O Sol no Signo saturnino de Capricórnio e em Trígono com Saturno, o Planeta da profunda agonia e tristeza, proporciona a ele uma natureza séria e atenciosa e, às vezes, pode parecer que ele está melancolicamente em silêncio; vocês podem então despertar o fogo marcial estimulando-o, quando deveriam tentar o Trígono magnético da Lua, com o benevolente e otimista Júpiter e o harmonioso e adorável Vênus.
Vocês podem atraí-lo para perto de vocês por meio de um vínculo de profundo afeto. Ele pode se sentir como um animal enjaulado que está sendo cutucado com uma vara. Se ele se irrita quando está de mau humor, vocês não podem culpar Saturno e Marte em Touro se eles forem despertados para uma manifestação de raiva. Deixe-os em paz e eles adormecerão.
De acordo com o horóscopo, ele é um jovem bom. Existem quatro Signos Cardeais nos ângulos, prometendo uma vida ativa, e o galante, empreendedor e enérgico Marte está em Trígono com o avançado, original, independente e amante da liberdade Urano, mostrando que ele tem um fundo inesgotável de energia e entusiasmo com o qual pode abrir seu caminho na vida e alcançar o sucesso. Ele é engenhoso e cheio de ideias, então ele é capaz de lidar com quaisquer dificuldades que possa encontrar e, assim, levar suas ideias e capacidade inventiva à realização bem-sucedida. Vocês descobrirão que ele deixará sua marca no mundo. No que diz respeito às finanças, notamos que a Lua magnética está na 2ª Casa, que rege esse assunto, em Trígono com Júpiter, o Planeta da opulência, que está forte em seu próprio Signo, Sagitário. A Lua também está em Trígono com Vênus, o Planeta da atração, e isso mostra que ele terá uma renda financeira muito confortável. O harmonioso, artístico e suave Vênus em Conjunção com o obediente às leis, caridoso, conservador, reverente e otimista Júpiter, mostra que ele terá todas as qualidades mais refinadas que tornam a vida e o relacionamento social agradáveis, como já foi dito, favorecendo o acúmulo de riqueza e gozo de todos os luxos da vida. É uma boa indicação, ocorrendo como na 5ª Casa, para um namoro bem-sucedido e feliz, que terminará em um casamento harmonioso. Proporciona o prestígio social e o respeito de todos com quem ele provavelmente entrará em contato, e neutraliza em grande medida as tendências sombrias do Sol em Trígono com Saturno; às vezes, isso o imbuirá de uma visão otimista, generosa e de amável da vida. Ele será muito hospitaleiro e ativo em medidas filantrópicas, gostará de desfrutar e viajar, e será capaz de aproveitar a vida ao máximo. Esse aspecto, provavelmente, também lhe proporcionará algum talento e habilidade musical.
A única coisa que realmente nos incomoda nesse horóscopo é que, com exceção da Oposição de Netuno e Urano, não há aflições; Saturno e Marte estão com Aspectos benéficos, eles estão naturalmente colocados em Touro e, às vezes, quando ele for severamente provado ou excitado e não conseguir se livrar do aborrecimento, eles o farão mostrar aquela facilidade em ficar intensamente enraivecido, assunto que vocês estão reclamando, mas não virá para a superfície, salvo sob provocação.
Com relação à saúde, vemos que Saturno, o Planeta da obstrução, e Marte, o Planeta do calor e da inflamação, estão ambos em Touro, o Signo que rege a garganta e, também, tem governo, por ação reflexa, sobre o Signo de Escorpião, que está conectado com os órgãos de geração e eliminação. Tanto Saturno quanto Marte estão com Aspectos benéficos, no entanto, sua própria presença mostra que há uma tendência a alguns problemas com os órgãos situados na região nomeada, e recomendamos especialmente que vocês tomem cuidado para não ter que fazer cirurgias nas tonsilas ou adenoides. Se problemas se desenvolverem com essas partes, é possível encontrar meios de controlar durante o período da puberdade, quando é mais provável que isso se manifeste. Depois disso, isso não lhe causará problemas e o salvará das dificuldades experimentadas por todos os que fizeram essas cirurgias. Netuno no Signo de Câncer, que rege o estômago, mostra que esse é outro ponto fraco, talvez o mais fraco da cadeia e, portanto, seria bom educá-lo minuciosamente para cuidar dos órgãos digestivos, não para comer ou comer demais, coisas que não concordam com o seu organismo e não se misturam. Se vocês o ensinarem corretamente nesses assuntos, sem dúvida, ele poderá desfrutar de uma saúde razoavelmente boa por toda a vida.
ROSE E. K. – NASCIDA EM 24 DE NOVEMBRO DE 1916 ÀS 7:00 AM
EM QUEEN CITY, N.Y., EUA
No momento do nascimento de Rose encontramos Mercúrio, o Planeta da Mente, da expressão e destreza manual, em Trígono com Saturno, o Planeta da concentração, premeditação, cautela, do tato e da diplomacia. Isso proporciona a Rose uma Mente profunda e penetrante, capaz de olhar para frente, planejar cada etapa da sua vida, para que ela sempre possa ser capaz de fazer a coisa certa na hora certa. Isso lhe fornecerá uma memória esplêndida, que é um recurso muito valioso na vida e, também, cautela, tato e diplomacia, para que ela não apenas pense antes de agir, mas seja capaz de seus objetivos da maneira mais surpreendente.
Essas qualidades proporcionarão a ela um bom preparo para ocupar uma posição de grande responsabilidade na vida. Isso, também a ajudará a se elevar socialmente e, assim, desfrutará do respeito e da estima de todos que a conhecem. Ela será bastante séria ainda na infância e mostrará preferência pela companhia de pessoas mais velhas. Isso, também, proporcionará a ela habilidade mecânica e destreza com as mãos.
Marte, o Planeta da energia, do empreendimento e entusiasmo, em Sextil com Vênus, o Planeta da beleza, do amor e da arte mostra que, embora cautelosa e cuidadosa, Rose será entusiasta tanto no trabalho quanto no lazer, dotada de um agudo instinto de negócios, e capaz de ganhar um dinheiro considerável, mas também livre e generosa com ele para satisfazer seu desejo por roupas, exibições e prazer. Tendo em vista a configuração entre Mercúrio e Saturno, o Planeta da economia e da aquisição, é seguro dizer que ela sempre guardará parte do que ganha e verá que está bem investido, para que haja um equilíbrio confortável, no lado do crédito de sua caderneta bancária.
Marte também está em Trígono com Júpiter, o Planeta da opulência, do otimismo e da benevolência. Isso aumenta o testemunho dos Aspectos anteriores, proporcionando a Rose uma capacidade executiva adicional, poderes de ganho, vitalidade e vigor. Isso a ajudará a se tornar mais livre, generosa, ambiciosa, otimista e opulenta, aumentando o respeito que ela terá na comunidade.
Também encontramos o vital, empreendedor e confiável Sol em Trígono com o deliberativo, perseverante, diplomático, cauteloso, metódico e atencioso Saturno. Isso proporcionará a Rose coragem e cautela, de modo que, embora às vezes possa parecer precipitada, ela nunca será temerária, mas considerará cuidadosamente o custo de um empreendimento e avaliará os obstáculos; assim, ela certamente alcançará seu objetivo.
Ela não usará a força, no entanto, preferirá o tato, a diplomacia e perseverança. Isso a ajudará a ser muito ordeira, sistemática e metódica, qualidades que contribuem para o sucesso na vida. O Sol atrai dinheiro e Saturno, como já foi dito, é o Planeta da parcimônia e ele a ajudará a acumular uma fortuna confortável que crescerá com investimentos cuidadosos.
Esse é o lado bom da vida, testemunhado pelos vários Aspectos descritos acima, mas também há um lado sombrio na natureza de Rose, como em qualquer outro ser humano. Isso é indicado por uma negativa, sonhadora, visionária, vacilante e preocupante
Lua, em Quadratura com o não convencional, fanático e irreprimível Urano, também o malicioso, melancólico, pessimista e obstrutivo Saturno, em Quadratura com a sensual e indolente Vênus. Isso mostra que, em certas condições astrais, Rose pode exibir algumas dessas características indesejáveis, mas como os Aspectos benéficos são tão preponderantes e fortes, não há necessidade de grande preocupação quanto a isso.
Convém, no entanto, ter essas questões em mente e ordenar sua educação durante os anos de infância de forma a erradicá-los tanto quanto possível. Pois lembrem-se de que é durante os primeiros anos, quando o cérebro e a Mente são mais plásticos, que as impressões duradouras são feitas, que permanecem por toda a vida, e se vocês se esforçarem para ensiná-la a maneira correta de viver, não há dúvida de que, pelo menos, ter uma influência considerável na vida mais tarde. Assim, vocês a ajudarão muito a superar suas falhas. E como há quatro Signos Comuns nos ângulos, parece certo de que ela é suficientemente plástica para vocês fazerem um grande bem com os esforços educacionais adequados.
No que diz respeito à saúde, encontramos o vital Sol em Trígono com o persistente e perseverante Saturno. Isso mostra que qualquer vitalidade que ela tenha será conservada ao máximo e, portanto, ela terá um controle forte e tenaz da vida. Mas Saturno está em Leão, o Signo que governa o coração, e podemos, portanto, considerá-lo o ponto mais fraco do organismo dela. Vocês devem ter cuidado para não permitir que ela sobrecarregue esse órgão com exercícios muito extenuantes. Se vocês a ensinarem por preceito e exemplo a viver uma vida simples, ela será muito auxiliada por isso.
RUTH R. – NascidA EM 14 DE JULHO DE 1904 ÀS 1:45 PM
EM COLUMBUS, OHIO, EUA
No momento do nascimento de Ruth, havia quatro Signos Fixos nos ângulos com o material Signo de Escorpião no Ascendente e Marte, o Regente, estava em Trígono com o Ascendente. Encontramos no horóscopo cinco Aspectos principais, dois deles são chamados de benéficos e três são chamados de adversos, embora, como sempre dizemos, tais termos não sejam realmente aplicáveis, pois aprendemos tanto pelos Aspectos benéficos quanto pelos adversos, já que aprender as lições da vida é o objetivo desta escola, que é a nossa vida, na qual somos colocados desde o nosso nascimento até a nossa morte.
Primeiro, o Sol que dá vida está em Conjunção com Vênus, o Planeta do amor, da arte e da música.
Então, temos Júpiter, o Planeta da benevolência e opulência, em Trígono com Urano, o Planeta da originalidade, intuição e independência. Em seguida temos Mercúrio, o Planeta do rumor e das confusões verbais, e Vênus, o Planeta da desordem, em Quadratura com Júpiter, o Planeta da autoindulgência. Também a Lua está em Oposição a Saturno, o Planeta da obstrução.
Tomando o primeiro desses Aspectos, o Sol que dá vida em Conjunção com Vênus, o Planeta da música, arte e do amor, descobrimos que ele proporciona a Ruth uma natureza amável, afetuosa, gentil e simpática a todos com quem ela entra em contato, uma disposição alegre que espalha sol em seu entorno, um gosto pela música e arte; ela também tem alguma habilidade nessa direção e está ávida por prazer, conforto, luxo e lazer. Isso a tornará muito popular, garantirá uma ascensão na vida e uma renda confortável. Quando chegar a hora de se casar, ela encontrará um companheiro que irá expor sua natureza amorosa ao máximo e resultará em uma união ideal, enchendo sua taça de felicidade até a borda.
Júpiter, o Planeta da benevolência e opulência, em Trígono com Urano, o Planeta da independência e originalidade, proporciona a ela uma Mente aberta e independente em pensamento e ação. Isso a ajuda a chegar a suas conclusões por meio de métodos mentais surpreendentes e únicos, que muitas vezes surpreenderão os outros. Este Aspecto também proporciona chance de ser bem-sucedida na vida e uma vocação ligada à filosofia superior, artes ocultas ou sociedades onde seus instintos humanitários podem encontrar espaço para expressão.
Uma educação no mercado de edição e impressão agora a beneficiará muito nos anos posteriores.
Mas não há rosa sem seus espinhos, nem sempre a vida corre suavemente; todos nós temos cantos agudos em nossos personagens que precisam ser arredondados; é exatamente para isso que serve esta escola da vida, e Ruth não é exceção a essa regra. A Quadratura de Mercúrio, o Planeta da calúnia e das confusões verbais, e Vênus, o Planeta da preguiça e desordem, com Júpiter, o Planeta da autoindulgência, mostra que ela é capaz de se expressar com demasiada nitidez às vezes, para satisfazer sua disposição em espalhar rumores e se acalmar demais e adotar uma atitude descuidada com respeito às convenções de um modo muito intenso. Isso a deixará sujeita a calúnias que, por sua vez, pode lhe gerar muita infelicidade, a menos que ela seja ensinada que devemos evitar a aparência de atos errados tanto quanto os próprios atos errados, e quanto mais cedo ela aprender esta lição, mais tristeza ela se salvará.
Haverá obstáculos suficientes em sua vida de qualquer maneira, apesar de seus melhores esforços, porque a Lua está em Oposição a Saturno, o Planeta da obstrução, que sempre traz decepção na vida, de modo que quando você pensa que tem algo bem ao seu alcance, imprevistos acontecem e seu palácio dos sonhos desmorona como um castelo de cartas. Isso ela não pode evitar, pois a configuração é em Signos Fixos, mostrando que é um destino maduro trazido de vidas passadas, mas se ela tomar a atitude certa pode tirar proveito de cada lição e aprender a ter paciência e coragem. Não é a experiência em si que importa tanto quanto a forma como a encaramos, além disso, haverá tanto bem em sua vida para compensar o mal que vai superá-lo em muito.
Com respeito à saúde, vemos que Câncer é um dos Signos mais fracos do Zodíaco, de modo que, quando o Sol, que dá vida, está ali, as forças vitais não estão em seu nível mais elevado. Encontramos também a Lua, que é o significador particular da saúde da mulher, em Leão, o Signo que governa o coração, e em Oposição a Saturno, o Planeta da obstrução. Isso mostra que a ação do coração é organicamente fraca e, embora externamente ela possa no momento não mostrar quaisquer sinais disso, há, no entanto, problemas latentes daquela direção. Por conta disso, ela deve economizar tanto quanto possível qualquer exercício desnecessário ou extenuante, conservando suas forças vitais na juventude para que mais tarde ela possa ter vitalidade suficiente para suportar o desgaste dos anos.
A Conjunção de Marte, o Planeta da energia dinâmica, com Netuno, o Planeta do caos, em Câncer, o Signo que rege o estômago, mostra que há uma tendência também a problemas digestivos e, portanto, a vida simples e a atenção à dieta irão salvar Ruth muitos problemas nos anos posteriores. Ela deve lembrar que é com força e vitalidade como uma conta bancária ou uma renda: não importa quanto tenhamos, se gastarmos mais seremos pobres, mas seremos ricos se soubermos viver com nossas posses, independente de quão escassa nossa porção possa ser.
SARAH W. S. – NASCIDA EM 25 DE SETEMBRO DE 1907 ÀS 3:18 AM
EM LOS ANGELES, CALIFORNIA, EUA
No momento do nascimento de Sarah, encontramos o cumpridor e obediente da lei, conservador, reverente, otimista, opulento e benevolente Júpiter em Sextil com o afetuoso e artístico Vênus. Isso proporcionará a ela uma disposição jovial e otimista, sempre em busca de visões amplas e brilhantes em todas as vicissitudes da vida. Ela vai gostar muito da arte e música; extremamente suave, educada e hospitaleira, muito apreciadora dos prazeres sociais.
Consequentemente, ela tende a ser popular nos círculos sociais de sua esfera de vida, onde fará muitos amigos e aproveitará a vida ao máximo.
A magnética e imaginativa Lua, muito Elevada e muito poderosa em seu Signo de Exaltação Touro, em Sextil com o oculto, profético, inspirador e devocional Netuno, no Signo psíquico de Câncer, proporcionará a Sarah uma vida interior extraordinariamente rica, cheia de sonhos e visões de um mundo mais brilhante.
Isso fornecerá a ela muita inspiração e alguns poderes sobrenaturais, como a psicometria, talvez até uma visão espiritual natural. Esse aspecto também indica viagens em considerável número.
O vital, aventureiro e distinto Sol em Conjunção com o harmonioso, afetuoso e artístico Vênus proporcionará a ela um olho muito voltado para a arte e beleza, uma natureza ambiciosa, honrada e corajosa e uma disposição afetuosa para com seu companheiro, o que tende a torná-la feliz na vida matrimonial.
Mas antes da consumação desse feliz evento, há um grave perigo para Sarah, pois o impulsivo Marte, que significa o elemento masculino no horóscopo de uma mulher, está na 5ª Casa, que rege o namoro; o não convencional e licencioso Urano está lá também e afligido por uma Quadratura com Mercúrio, o Planeta da razão, e por uma Oposição de Netuno, o Planeta da fraude e do decepção. Isso mostra que Sarah pode ser abusada durante os primeiros anos da infância e, portanto, vocês devem ter muito cuidado quando ela atingir a puberdade, digamos, começando por volta dos doze anos, e continuar a vigiá-la até que ela se case. Esse é um assunto muito sério. Será necessário todo o cuidado de vocês e, também, engenhosidade para evitar uma calamidade. Sugerimos que vocês também comecem cedo a ensinar-lhe a santidade da fonte da vida, a beleza de uma maternidade virtuosa. Certifique-se também de fornecer a ela as condições do lar que lhe deem uma saída natural para sua demonstração de amor, pois isso deve ter sua expressão. É tão vital para ela quanto a própria vida, e se vocês forem frios e indiferentes, vocês a levarão a buscar o afeto que ela anseia em outro lugar; portanto, vocês devem assumir uma responsabilidade muito grande se negligenciar a isso.
O Sol em Conjunção com Vênus, o Planeta da atração, na 2ª Casa governando as finanças, e o Sextil de Vênus com Júpiter, o Planeta da opulência, mostra que Sarah terá circunstâncias financeiras muito confortáveis ao longo da vida.
Com respeito à saúde, vemos que o Sol doador de vida está em Conjunção com Vênus e o Signo vital de Leão está no Ascendente. Essa é uma boa indicação, mas Marte, o Planeta de energia dinâmica, em Trígono com a Lua, que é o significador particular da saúde no horóscopo de uma mulher, é muito melhor, e as indicações são, portanto, de que Sarah terá uma saúde excepcionalmente boa. A única exceção a isso é mostrada por Saturno no Signo de Peixes, que governa os pés. Isso pode produzir alguns problemas nessas extremidades e, também, algumas irregularidades na região abdominal. Mas se vocês a ensinarem a seguir uma dieta saudável, provavelmente, ela será capaz de superar essas tendências.
WATANA PAULINE E. – NASCIDA EM 18 DE ABRIL DE 1913 ÀS 6:55 A M
BESSEMER, ALABAMA, EUA
Aqui temos uma senhorita destinada a se apresentar como uma musicista inspiradora, pois o harmonioso e artístico Vênus está forte no Ascendente, no seu Regente, Signo de Touro, que governa a garganta, e a magnética, imaginativa e emocional Lua está em Sextil com o inspirador e musical Netuno.
O original e inventivo Urano está altamente Elevado e forte no seu Regente, o intelectual Aquário, em Trígono com o metódico, sistemático e perseverante Saturno. Isso mostra que ela tem muita persistência.
Ela trabalhará duro e perseverantemente para alcançar o sucesso e nunca desistirá até que alcance seu objetivo. O entusiasta, empreendedor e enérgico Marte na 11ª Casa, denotando amigos, em Sextil ao otimista, benevolente e influente Júpiter, mostra que ela terá admiradores influentes, firmes e entusiastas que se empenharão em ajudá-la a obter suas esperanças, seus desejos, e suas aspirações.
Assim, ela terá a certeza de ter uma vida de sucesso e uma situação financeira confortável.
Um grave perigo a ameaça, pois o não convencional e licencioso Urano está em Quadratura com o sensual Vênus na 12ª Casa, a Casa da tristeza, dos problemas e da autodestruição. Isso indica casos de amor clandestinos e possivelmente estupro. Por volta do décimo ano, o Sol, que designa o elemento masculino no horóscopo feminino, entra em Conjunção com Vênus e faz a Quadratura com Urano. Isso excitará a condição e será imperativo proteger a criança, digamos, do nono ao décimo terceiro ano. Ela também deve ser cuidadosa durante toda a vida, mas a necessidade não é tão grande como nesse momento específico.
O obediente às leis, conservador e benevolente Júpiter, em Sextil com o energético Marte, nos fornece a esperança de que vocês terão sucesso em salvá-la; mas, como uma dica de ajuda adicional, podemos dizer-lhe que o perigo provavelmente virá de alguém com influência para ajudá-la a seguir a carreira pública para a qual está destinada. Ele é descrito pelo Sol em Áries. Certifique-se de ensinar à criança com muito cuidado a retidão moral que é tão necessária para ela, pois em algum momento de sua vida o escândalo ameaça sua carreira, mas amigos fortes e influentes que a apoiarão com firmeza provavelmente a salvarão. O sagaz e lógico Mercúrio em Sextil ao diplomático Saturno proporcionará a ela uma Mente profunda e pensativa e uma memória esplêndida que a capacitará a considerar seriamente e compreender os problemas da vida. Portanto, vocês têm um material mais excelente para trabalhar.
No que diz respeito à saúde, descobrimos que o forte Signo vital de Touro está no Ascendente, que a dinâmica de Marte está elevada e bem-aspectada, a Lua também estando sem aflições. Esses são sinais de boa saúde, mas o Sol em Áries, que governa a cabeça, em Quadratura com o nervoso Netuno, indica tendência a dores de cabeça. Saturno em Gêmeos, que rege os pulmões, mostra tendência a resfriados e ela deve ser cuidadosamente protegida contra eles. Considerando todas as coisas, no entanto, podemos julgar que uma boa saúde mediana está reservada para Watana.
F I M
[1] N.T.: Pollyanna é um livro de Eleanor H. Porter, publicado em 1913 e considerado um clássico da literatura infantojuvenil. Pollyanna, uma menina de onze anos, após a morte de seu pai, um missionário pobre, se muda de cidade para ir morar com uma tia rica e severa que não conhecia anteriormente. No seu novo lar, passa a ensinar às pessoas o “jogo do contente” que havia aprendido com o seu pai. O jogo consiste em procurar extrair algo de bom e positivo em tudo, mesmo nas coisas aparentemente mais desagradáveis. Por exemplo Uma vez eu tinha pedido bonecas e ganhei muletas. Mas fiquei feliz porque não precisava delas. Este é um trecho do livro Pollyanna.