Qual é o conceito de felicidade que a Escola Rosacruz preconiza
Chegado é o tempo de nós, seres humanos, já bem conscientes de nossos deveres e finalidades da nossa existência, verificarmos se realmente estamos vivendo como esperaria Deus, de quem somos filhos e partes integrantes, dentro do nível particular da nossa evolução.
Em tempos bastante remotos, nada conhecíamos de nós mesmos como indivíduos; nada sabíamos de nós próprios, nem física nem espiritualmente. Com o decorrer de milhões de anos, vida após vida, fomo-nos gradativamente elevando da inconsciência para a consciência, chegando hoje à possibilidade de saber muito a respeito do homem real, o tríplice espírito interior. Dessa grande realidade não são todos ainda conhecedores; mas nem por isso ela deixa de ser real. Como as estrelas, o oceano, a luz e todas as demais coisas que se revelam ao sentido da visão, existem em realidade, embora os cegos não as possam ver, assim também são as coisas espirituais, em relação ao ser humano materializado. Ora, assim como nós acreditamos nos altos postulados da ciência, embora pessoalmente não tenhamos recursos intelectuais para comprová-los, também as pessoas descrentes poderiam, por analogia, encontrar razões para confiar nas dezenas de testemunhos convergentes daqueles que relatam as coisas espirituais, como um homem normal a descrever para o cego as realidades da natureza física.
Basta aplicarmos a lógica para que tudo se torne mais coerente e simples. Dura é aquela verdade expressa nos Evangelhos: “Cego é o que, vendo, não vê”. Ao nosso redor a natureza fornece todos os elementos de correlação para avaliarmos a realidade da vida e dos mundos espirituais. Permito-me ainda lembrar ao caro leitor que, se antes não nos era possível conhecer a nós mesmos, por falta de consciência e razão, hoje não se justifica mais nossa ignorância em assunto tão vital. A graça que me foi dada, de mais profundamente conhecer o cristianismo e a realidade do meu ser, quero compartilhá-la com você, leitor e leitora, oferecendo-lhe a mais formosa filosofia que já foi dada ao mundo: a Filosofia Rosacruz.
Talvez você esteja bastante desiludido com tudo o que diga respeito à religião. Não há razão para isso: as falhas são dos seres humanos e não dos princípios Cristãos. Mais desiludido ainda talvez esteja com as chamadas coisas reais do mundo. Também não há razão para isso. Tudo é sagrado e bom. O mal está no mau uso que os seres humanos fazem de tudo, na pretensão de que possam possuí-las, quando em realidade são eles os possuídos pelas coisas e têm de abandoná-las, ao morrer.
Em verdade, você pode e deve ser feliz, porém isso depende da harmonia interna e de uma visão correta das coisas. Você é um estrangeiro, disse o Cristo; o seu reino, a sua pátria não é deste mundo. Sua felicidade, portanto, não reside na posse de artigos materiais, na fama que possa desfrutar entre seus semelhantes, no poder que possa exercer sobre os outros, nem no amor, esse amor comum e desvirtuado. Essas são as motivações da ação, os meios de atrair e fazer evoluir os seres humanos que ainda não encontraram interesse em coisas elevadas. Essas são fontes comuns de amargura, sofrimentos e desilusões. Não conduzem a algo efetivo ou real. São apenas meios e tentações terríveis onde o desprevenido amiúde afunda.
Veja por si mesmo: os resultados dessa dolorosa e sombria felicidade que sempre termina em dor ou enfermidade. Devemos culpar o mundo, as coisas ou nós mesmos? Seguramente, isso depende de nós. A real felicidade, escrita com letra maiúscula, de que estamos tratando está à sua espera como já esteve à espera dos que hoje vivem uma vida diferente. E estará esperando enquanto houver uma ovelha transviada, porque escrito está que haverá “um só rebanho e um só Pastor”. Essa felicidade jamais deixará de ser sentida, buscada ou vivida. Ela é o próprio fluir da harmonia cósmica que, por reflexo, escorre no microcosmo, no “homem real”, o espiritual, que nunca nasceu e jamais morrerá: você.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1966)
Faz sentido ter Temor às Provas quando no grau do Probacionismo?
Há dias, encontrei-me com um amigo e perguntei-lhe: “Como vai você no caminho Rosacruz? ”. Respondeu-me: “Recusei o Probacionismo. Disseram-me que a vida da gente piora quando se entra nesse grau”.
Esclareci-o. Não o encontrei mais, depois daquele dia.
A conversa que tivemos e as meditações que ela suscitou, me fizeram pensar neste artigo. Creio ser útil a muita gente.
O Probacionismo, ou melhor, o PROBATÓRIO – como registra o dicionário – de fato concerne à prova: “é o grau que serve de prova; que contém prova”. Notem bem: Ele NÃO leva à prova; NÃO conduz à prova exterior; ele SERVE de prova; CONTÉM prova – porque traz à tona da consciência as falhas internas; porque convida à purificação dos próprios defeitos. Não se trata de nos expormos a uma série de provas que os Mestres programam e às quais nos submetemos. Não! É a nossa própria prova; é nos convidar a remover, a pouco e pouco, aquelas limitações de caráter que nos retardam a caminhada.
Assim como ajudamos o Corpo, com uma pomada especial, a amadurecer e soltar o carnegão de um furúnculo que nos incomoda; assim também temos de tomar consciência de nossas limitações, para não mais repeti-las. O alimento dos hábitos errôneos é a ignorância. Quando compreendemos que eles são prejudiciais à nossa caminhada e ficamos alertas para não cair na repetição mecânica a que o hábito induz – eles vão perdendo força e se dissipam. Por isso diz Max Heindel: “Todo esforço Iniciático começa pelo Corpo Vital”.
Mas é preciso ter cuidado. O Corpo Vital é um veículo de hábitos, formados pela repetição. Por falta de esclarecimento ou por fraqueza (condescendência ao vício dominador) podemos repetir hábitos inconvenientes e fortalecê-los desse modo – reforçando os grilhões que nos condicionam.
São Paulo apóstolo disse: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém; examinai de tudo e escolhei o melhor”. Temos livre arbítrio. Somos livres para morrer ou para viver; para descer ou para subir pela escada evolutiva. Mas um aspirante à espiritualidade tem um só propósito: SUBIR.
Pensar em espiritualidade é admitir, de início, a TRANSFORMAÇÃO, sem a qual é impossível atingi-la. Alcançar a Iniciação, continuando a ser o mesmo ser vicioso de hoje, é um absurdo. A “queda do homem” não foi geográfica: foi de consciência. Embrutecemo-nos; caímos de sensibilidade, de vibração, de sintonia com o Divino. Evoluir é conscientemente conquistar maior sensibilidade, pela remoção das escórias que nos pesam.
Para descer ao fundo do mar e vencer a resistência da água, o mergulhador leva pesado escafandro. Qualquer um de nós sabe que ao mergulharmos a certa profundidade para alcançar o fundo temos de vencer a pressão da água. Mas para voltar à superfície é muito fácil: a própria pressão da água nos impele de volta à superfície.
Assim também com nossa natureza espiritual. A tendência natural da Essência divina é buscar o alto. O que nos mantém nos baixos estados de consciência é a ignorância, a crença falsa de que não podemos viver sem certos vícios, vícios esses que podemos reunir em um único: o tirano apego! Como o macaco preso à cumbuca, de punhos fechados, agarrados às ilusões e hábitos daninhos, não podemos desprender-nos!
Além desse apego ignorante, há outro fator retardante: a COVARDIA. O ser humano de nível comum é medroso, é covarde, é comodista. Quer alcançar as coisas sem esforço e a curto prazo. Quer alcançar certas coisas sem pagar o preço correspondente – como os alunos que procuram escolas desonestas e pagam bem para obter um diploma que envergonha a classe, a profissão. De onde vem essa pretensão idiota? Da personalidade. Ela quer pegar sem pagar. Já viram um PEGUE sem PAGUE? Tudo, no mundo, é um balanceamento de direito e de dever. A cada direito há um dever.
Ainda mais: no desenvolvimento das faculdades, há sempre o sacrifício de uma para dar nascimento a outra. Por exemplo: sacrificou-se metade (ou um polo) da força criadora unitiva do ser hermafrodita de antanho, para com ela formar-se a laringe e o cérebro, que nos atendessem as funções superiores e criadoras da palavra e do pensamento.
Tal é o preço na transformação do ser interior. Os olhos estão se transformando para alcançar a visão etérica; o Corpo Denso está se eterizando, aos poucos, nos espiritualistas sinceros que seguem as normas do Probacionismo de: “uma Mente pura, um Coração amoroso e um Corpo são”.
Para a Mente ficar pura; para o Coração tornar-se nobre e amoroso; para o Corpo se tornar são é indispensável uma transformação de hábitos, uma purificação gradual e decidida.
Que pensaríamos de uma pessoa que se recusasse a entrar na escola e submeter-se à sua disciplina – para não ter o trabalho de estudar; para ficar livre de horários? É claro: permanece ignorante.
O mesmo se dá em relação ao probatório: por que vou recusá-lo?
Para não me livrar dos vícios e limitações ignorantes? Seria o mesmo que permanecer no fundo d’água; não querer sair dali – e ao mesmo desejar o ar e o céu. Para alcançar uma coisa é preciso deixar outra. TRANSFORMAÇÃO pressupõe movimento: transitar para além da forma atual de ser. Tirar o pé do degrau de baixo para pô-lo no degrau de cima. Do contrário, não posso subir a escada; fico onde estou. Querer subir, sem “desgrudar o pé de baixo”, é impossível.
É uma triste pretensão querer brilhar como um brilhante e ao mesmo tempo negar-se ao despojamento das escórias que enfeiam o diamante bruto. É uma má compreensão querer que a árvore dê belos e abundantes frutos, sem submetê-la à poda. Ora, a poda existe igualmente na espiritualidade. Temos energia potencial; se a utilizamos egoisticamente, apenas na promoção da personalidade, ficaremos uma árvore folhuda, bonita por fora, mas completamente inútil, estéril. Lá, diz o Evangelho: “a árvore que não dá frutos, será cortada e lançada ao fogo”. Mas se podamos, isto é, se reservamos uma parte da energia potencial aos propósitos fisiológicos do corpo e dirigimos a parte sobrante aos propósitos espirituais, seremos aquele ser equilibrado e produtivo; aquele que, na definição de Max Heindel: “Assume perante si mesmo a obrigação de servir, obedecer e amar ao Eu verdadeiro e superior. ”
Só há um Eu verdadeiro – que chamamos de EU real. Mas o dizemos verdadeiro e superior, para destacá-lo claramente de outro eu falso e inferior – formado pela ignorância. Esse “eu” falso, inferior, o ladrão de nossas energias – a grande prostituta referida na Bíblia, que prostitui ou desvirtua a pureza dos intentos espirituais.
Atualmente estamos decaídos e divididos. Pensamos no “eu” pessoal e no Eu espiritual – como se fôssemos dois. O Cristo interno, à parte e separado do “eu” humano – a natureza inferior. Mas não há essa divisão. Há um só EU – que é o VERDADEIRO E SUPERIOR…
Enquanto houver a dualidade ilusória, é sinal de que “a casa estará dividida contra si mesma, sem possibilidade de subsistir”. Enquanto houver a identificação com um “eu” inferior e falso – haverá uma válvula de escape – que desviará as energias do EU REAL para propósitos egoístas.
Ora, o que se propõe no probatório é o despojamento do “eu” inferior e falso – até certa medida que nos permita alcançar o portal da iniciação, onde contaremos com mais recursos para uma purificação mais intensa e esclarecida, mercê dos recursos extrassensoriais.
No probatório contamos com uma ajuda preciosa durante o sono, que nos esclarecerá, na medida de nossa consciência, sobre os pontos falhos e o despojamento deles. No probatório se amplia nossa possibilidade de servir, porque somos aproveitados para constituir equipes de auxílio e de cura no trabalho inconsciente durante o sono, após a restauração do corpo. E, com o tempo, segundo a sinceridade e esforço de cada Probacionista, ocorrem vislumbres para mostrar-lhe a seriedade do trabalho.
Sim: o probatório é um grau que serve de prova; que contém prova para aqueles que desejam entrar pela porta da escola, enfrentando lealmente as próprias limitações – não para os covardes, os desonestos, os comodistas que tiram os diplomas pelos fundos, a um preço “X”, iludindo-se a si mesmos e conservando-se na ignorância estagnadora.
A vida é um convite de subida, para descortinar horizontes mais largos, visões mais amplas. Mas cobra o preço do esforço da subida.
Quem não quer pagá-lo tem o direito de permanecer nas fraldas escuras da montanha, de mãos estendidas, a pedir luz, que ninguém lhe pode dar.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1976)
Para quem embarcou na Jornada para o “Reino dos Céus” todas as ideias metafísicas são mais interessantes ou menos, têm seu lugar e uso. Todavia, o que mais o preocupa é o aquilo que deve fazer para ajudar a si próprio em seu progresso e como deve comportar-se em suas relações com seu ambiente e semelhantes a fim de obter o máximo de benefício espiritual. Para chegar a um entendimento adequado do que é necessário, vamos considerar um pouco o lado mundano da vida. Vemos os seres humanos do mundo lutando e esforçando-se para realizar suas diversas ambições e propósitos na vida; enfrentando decepções, sofrimentos, tristezas e problemas de inumeráveis tipos. Todas essas dificuldades, provações, decepções e sofrimentos têm seu proveito e espaço, na ordem Divina. Eles vêm para separar nossos corações do mundo, para afrouxar o domínio do mundo dos sentidos sobre nós, para nos fazer buscar a paz e descansar onde ela pode ser encontrada.
Quando um ser humano chega a ver que o mundo material e externo nunca dá e nunca pode dar a paz e felicidade permanentes, ele precisa de pouco para se iniciar no Caminho Celestial. No entanto, para quem começou há pouco tempo, ainda existem problemas e provações, pelo menos por um tempo, mas agora com um propósito diferente: aperfeiçoar o caráter. Nenhuma qualidade ou virtude, por mais desejável que seja, pode realmente se tornar parte do nosso caráter até que a incorporemos à nossa natureza, vivendo-a na vida cotidiana, às vezes sob condições árduas, difíceis.
Podemos pensar e meditar frequentemente sobre a virtude da paciência; contudo, a menos que tenhamos oportunidades frequentes para o seu exercício, sob as condições difíceis da vida diária, nunca seremos positivamente fortes nessa virtude. Assertiva essa válida para a humildade, a mansidão, a brandura e todas as outras virtudes Cristãs. O crescimento só vem do exercício. Assim, os vários problemas, decepções, tristezas e aborrecimentos da vida tornam-se apenas muitas oportunidades de exercitar a fé e o amor, a bondade e a paciência. Toda tentação simplesmente aponta para um ponto fraco em nossa natureza. Não poderia ser uma tentação, se fôssemos fortes. Toda tristeza, problema ou irritação afeta apenas uma parte do nosso orgulho, egocentrismo ou egoísmo.
O egoísmo, em algumas de suas muitas formas, é a causa primária de todos os nossos problemas — amor próprio, orgulho egoísta, vontade própria, opinião egoísta, egoísmo. Ele, em suas variadas formas, é o único inimigo que temos que vencer e, ao vencer, vencemos o mundo; como só podemos superar nossa natureza egoísta pelo poder da natureza do Cristo interior, quando completamos esta, a maior de todas as conquistas, nós nos tornamos um com a natureza de Cristo. Ao nos tornarmos unos com o Cristo, manifestaremos amor puro, altruísta e santo por todos os homens e, desse amor, florescerá natural e inevitavelmente toda a virtude Cristã. “O amor é o cumprimento da lei”.
A liberdade de Cristo, mencionada em vários lugares da Bíblia, é a liberdade ou emancipação obtida pelo desapego do mundo e pela superação do egoísmo. Vivemos então no mundo, mas não somos do mundo. A obtenção da perfeita tranquilidade de mente e coração, inabalável por qualquer agente, é a evidência da superação. É a base da paz duradoura e o fundamento de uma felicidade sempre crescente.
Desse modo, vê-se que a vida nada mais é do que uma grande escola espiritual. E cada um de nós está em uma classe, sozinho, e ela é composta pelas várias circunstâncias e condições de nossa vida, as situações mais adequadas para promover o crescimento espiritual. É um reflexo da nossa condição espiritual. O que vemos em nosso ambiente é uma imagem de nós mesmos. Portanto, se não gostamos de uma condição ou circunstância específica, devemos olhar para dentro de nós próprios e aprender a lição que ela pretende ensinar. Logo, fazemos uso dessa condição e a superamos. “Recusar-se a ser escravizado por qualquer coisa externa ou acontecimento, vendo isso como lição para nosso uso e educação: isso é Sabedoria. Ser paciente em todas as circunstâncias e aceitar todas as situações como fatores necessários em nosso treinamento significa elevar-nos, tornar-nos superiores a todas as condições dolorosas e superá-las com uma vitória que é certa, porque pelo poder da obediência à Lei elas serão totalmente mortas”.
A grande maioria da humanidade ainda está na turma do jardim de infância, aprendendo as lições simples e fundamentais da vida, progredindo lentamente ao longo do caminho evolutivo. Entretanto, para aqueles que, sabendo o que buscam, estão se esforçando para alcançar o estado Celestial, todos os dias trazem oportunidades para sacrificar o egoísmo, servir seus semelhantes e amá-los. Cada erro que eles cometem e toda queda contêm lições de humildade, paciência, coragem. Eis que todas as coisas são boas. “Todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam o Senhor, daqueles que são chamados de acordo com o Seu propósito.” Sim, e todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que Deus ama — Ele pode dar algo que não seja bom e nós podemos eliminar algo dado por Ele?
Esse entendimento não oferece uma base razoável para a fé ou a confiança no Pai Celestial? Não podemos perceber que a verdadeira sabedoria consiste em dar um dia de cada vez para Deus, deixando a ordem de todas as nossas vidas para Aquele que sempre busca nossa perfeição e felicidade? Nossa perfeição é realizada não tanto pelo que fazemos, mas por permitir que a Vontade Divina aja através de nós. É mais cedendo nossa vontade em obediência, “desejando fazer a vontade Dele”, do que por nossos próprios esforços em direção à perfeição. As Leis universais são perfeitas em sua operação e, mesmo quando impedidas por nosso entendimento imperfeito, levam-nos pelo caminho mais curto e fácil para alcançar a perfeição adequada da mente e do coração, que é a vontade do Pai Celestial para cada um de nós. Devemos acreditar que tudo o que for necessário para o nosso crescimento e desenvolvimento sempre virá e na hora certa. O caminho da vida é muito simples. É pela obediência, pela confiança. Temos nossa parte a fazer — é a obediência. Sempre podemos confiar que o Pai Celestial faça Sua parte. Cristo disse: “A semente brota, não sabe como; primeiro a folha, depois a espiga, depois o milho cheio na espiga”. Nosso desenvolvimento espiritual não é sentido pelo ser humano natural. É um crescimento interior, tão silencioso e gentil que escapa à observação comum. Somente comparando o presente com o passado somos capazes de discernir a mudança em nossa natureza. Cada passo nos aproxima do estado celestial. Emerson disse: “Nada se torna nossos lábios, senão pausas de louvor e agradecimento”. Não podemos escapar do bem.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
O que está errado no Mundo?
A avalanche de mudanças de condições e problemas que se abateu sobre todos nós, supostamente inesperada e repentina, não foi surpresa para os astrólogos, filósofos e estudantes da Bíblia. Eles estavam preparados para isso.
Para os astrólogos, os sinais eram claros, sabendo que as mãos do Zodíaco, o relógio dos céus, operado pela Lei Universal, apontavam para uma nova época – e que grandes mudanças estavam chegando tanto ao universo, como à Terra e aos seus habitantes ao nos aproximarmos da conclusão de um ciclo e do começo de uma nova Era – à medida que passamos da Era de Peixes para a dispensação na Era de Aquário, várias centenas de anos a partir de agora.
Os filósofos, conhecendo a Lei de Causa e Efeito, têm a certeza que dela não se pode fugir sem colher a consequência negativa, já que a presente condição das nações e dos indivíduos tem sido causada por violações lamentáveis e repetitivas da Lei Cósmica. Se nós estivéssemos vivendo e administrando os assuntos mundanos em harmonia com a Lei, agora no final dessa dispensação se poderia misturar à nova dispensação sem essa situação de pensar e fazer as coisas erraticamente e não claramente em harmonia.
O que estamos passando agora não deveria ser chamado de uma depressão ou repressão, mas um despertar, de um modo em pensar como nunca pensamos antes. Estamos começando a usar uma faculdade que há muito tempo estava adormecida e que é altamente essencial para nosso avanço sob essas condições variáveis.
Para entender a causa desses grandes problemas que nos confrontam, devemos voltar à história e desvendar o passado. Há sempre uma solução para cada problema, mas às vezes não é do modo que queremos nem do modo de estamos pensando.
Para chegarmos a uma conclusão lógica, devemos considerar o plano invisível, assim como o visível (também conhecidos como o plano criador e o plano onde se pratica, respectivamente), uma vez que nos manifestamos em ambos os planos, e como são interdependentes, eles não podem ser separados.
O Livro do Gênesis na Bíblia nos fornece o nosso primeiro conhecimento da nossa existência, como ser humano, mostrando que somos uma alma vivente, e como tal fomos criados pela primeira vez no plano Invisível, à imagem de Deus: um ser andrógino, masculino e feminino. Com o tempo, fomos constituídos do pó do chão, uma substância densa e material. Tivemos o auxílio na construção de um corpo para nos manifestar e evoluindo fomos desenvolvendo as qualidades necessárias para dominar um plano material. Então, Deus considerou apropriado nos fornece uma ajuda, não só para que facilitasse a nossa aprendizagem, mas que pudéssemos criar aqui nesse mundo material. Nesse momento, nos tornamos sexuados; quando renascido como homem retemos o polo positivo da força criadora e quando renascido como mulher retemos polo negativo ou intuitivo da força criadora. Quando a assim chamada “serpente” apareceu, ele pôde tentar Eva (o estereótipo da nossa encarnação como mulher), porque era possível se comunicar com ela através de sua faculdade intuitiva. Adão (o estereótipo da nossa encarnação como homem) não poderia ser atingido devido a não ter desenvolvido essa faculdade a bom termo.
Quando olhamos para o céu e observamos o glorioso Sol, a Lua e as estrelas movendo-se em perfeito equilíbrio; os maravilhosos oceanos, lagos, rios e florestas sobre a terra, respondendo às leis naturais; os animais, pássaros e insetos cumprindo seu destino, vivendo em liberdade e se alimentando; o nascer do Sol, a neve e a chuva para variar o clima e nutrir nossa vegetação; os vastos recursos sob a nossa disposição, com as riquezas nas montanhas e nos vales – quando vemos tudo isso, somos inundados de êxtase pelo maravilhoso sistema criado e pelo plano estabelecido pelo Criador.
E perguntamos, por que tudo isso foi criado e com que finalidade?
Novamente, consultando o Gênesis, vimos que nós deveríamos ser o Regente dessa Terra. Tudo deveria estar sob nossa tutela. Certamente, deveríamos ter feito alguma coisa, em nossa existência passada, para sermos merecedores de uma herança tão grande – mas, com esse presente generoso, veio a responsabilidade e um teste de integridade.
Repetidamente, em cada dispensação espera-se que nós entendamos e aprendamos o que é ensinado e necessário. A história registra as oportunidades que nos foram dadas para resolver os nossos problemas, mas nós escolhemos o nosso próprio caminho, e, ao fazê-lo, sofremos tristezas e misérias incalculáveis, e impérios caíram, para nunca mais se levantar.
Deus nos deu uma ajuda para nos confortar, nos inspirar e para equilibrar nossas decisões e nossos deveres; contudo, nós nunca a reconhecemos como tal, nem mesmo as qualidades que antes eram nossas. Durante séculos, quando renascidos como homem consideramos a mulher inferior, esmagamos as aspirações dela e a tratamos como um brinquedo para o nosso prazer e nossa diversão, a considerando necessária apenas para povoar a Terra – tornando-a, assim, nossa dependente. Quando renascidos como mulheres permanecemos sem voz nos problemas mundiais, fomos forçados a nos embelezar e a recorrer a todo tipo de subterfúgios para agradar aos renascidos como homens e obter favores; pois nossa própria vida e existência, quando renascidos como mulheres, dependiam do nosso tato, da nossa astúcia e do nosso poder de enganar. Como o renascimento é, normalmente, alternado, cada um de nós praticamos isso, ora como homem, ora como mulher!
Mesmo em nossos dias, frequentemente, a pergunta é feita: será que quando renascidos como mulher chegaremos a expressar aqui a capacidade intelectual de quando renascido como homem? Por que não perguntar, também, se quando renascido como homem chegaremos a expressar aqui as qualidades intuitivas de quando renascido como mulher?
O homem real é positivo e criativo e possui excelentes qualidades de força, bravura e nobreza, enquanto a mulher real tem as qualidades adoráveis da bondade, simpatia e generosidade. Tudo isso é essencial e necessário – uma combinação maravilhosa para governar e promover uma administração harmoniosa no lar e fora dele.
Contudo, nós preferimos viver no paraíso dos tolos – lutando contra a guerra e o crime, que são filhos de uma força concentrada e positiva na sua pior forma. Nós, ainda, estamos usando a força para tentar trazer paz e harmonia. Nada jamais produzirá o oposto de seu tipo!
Os cientistas nos dizem que o Universo adquire seu equilíbrio por meio da combinação harmoniosa entre as forças positivas e negativas. Nós temos usado a força positiva apenas em nossa decisão. Agora tornou-se pesado e fora de seu controle e é como uma locomotiva correndo a esmo. Tudo o que precisa é da força negativa, para reverter o acelerador e, assim, evitar a completa destruição.
Guerra, armamento para defesa, manutenção de exércitos e marinhas: esses são os obstáculos mais estupendos para o avanço de uma nação, minando a própria vida dos cidadãos; esvaziando suas bolsas e enchendo o mundo de tristeza, pobreza e dependentes desamparados chorando por pão em meio à abundância – tudo por causa da nossa visão errada e da administração de um sistema desequilibrado.
Mais uma vez, algo está fadado a fracassar ou a ser destruído, devido a presença de certos “sinais ruins” ou “maus presságios”. Estamos no momento em que as implicações positivas e negativas desses atos estão sendo considerados e decisões estão sendo tomadas e, para complicar, nos encontramos carentes. Traímos nossa grande confiança. No entanto, continuamos a fazer Conferências, participando de reuniões entre nações e de alianças diplomáticas secretas – o que apenas o fará se envolver ainda mais e que não dará em nada, a menos que revertamos as rodas de ação da força para a razão, e a menos que cada um de nós, em nossa vida cotidiana, assim como no governo, reconheçamos as nossas responsabilidades, não apenas para com o outro ser humano – nosso irmão e semelhante-, mas para com o nosso Criador, pela parte que assumimos no Seu plano.
A menos que ajudemos a construir, em vez de destruir, e nos tornemos mais abrangentes em nossas ideias, mais amáveis em nossos corações, a história se repetirá e a civilização será novamente destruída. Grandes e nobres mestres vieram em cada ciclo para nos ajudar a emancipar e nos provar a imortalidade da nossa alma e a existência de uma vida eterna. Porém, eles receberam apenas a nossa ingratidão. Eles receberam o cálice do veneno e foram queimados na fogueira e até mesmo o glorioso corpo de Cristo-Jesus foi crucificado por nós!
Todos foram mal compreendidos, quando tentavam nos poupar exatamente pelo que estamos passando agora. Contudo, Deus é misericordioso e compassivo, e nos fornece a chance de se redimir em cada Era. Não podemos alegar desconhecimento de um Plano para nos guiar. A astrologia, a ciência das estrelas, revela a nossa vida desde o seu nascimento e através de nossas vidas anteriores. Isso nos revela nossas características individuais e, a partir delas, podemos saber no que mais encaixamos e qual a vocação deveríamos seguir para ser bem-sucedido. Para as nações, mostra um “plano azul” de seu destino; os eventos importantes na vida, os seus dirigentes e os problemas que eles enfrentarão.
Os arqueólogos nos dizem que nas paredes internas da Grande Pirâmide do Egito as mudanças dos ciclos estão escritas em sinais e símbolos, quando esperá-los, também o passado, presente e futuro das raças dos seres humanos e das nações. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento na Bíblia nos mostra a ascensão, o declínio e a queda das nações, e as causas disso; e a história comprova isso. Patriarcas, filósofos, profetas, de uma vida exemplar e antiga, nos deram um modelo, um projeto, e nos disseram como lidar com o nosso próximo. Todos eles esperavam que a gente despertasse no devido tempo o conhecimento da verdade e encontrasse a sua filosofia de vida.
Do mesmo modo que a rosa tenta insistente e firmemente se desenvolver nesse solo nada fértil e consegue, finalmente, desabrochar as suas pétalas uma a uma até alcançar a beleza suprema, também assim as nossas glórias serão manifestas e surgirão da noite longa e escura, quando percebermos que Deus tem um propósito para nós, bem como para o universo do qual nós, permanentemente, fazemos parte, e compreenderemos o valor das qualidades positivas e negativas e as utilizaremos para equilibrar e harmonizar nossos assuntos materiais e nossa vida cotidiana. Assim, a paz e a felicidade serão a nossa recompensa na Nova Era, cujo amanhecer já vislumbramos!
(Publicado na Revista ‘The Rosicrucian Magazine’ – “Rays from the Rosecross” de fevereiro/1940 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A psicologia profunda fala do inconsciente coletivo, uma espécie de tenebroso repositório de gravações não iluminadas pela consciência e que tem importante papel nos impulsos da humanidade ou de um determinado grupo humano. É formado por impulsos e hábitos, de grupos ou nações, que não foram esclarecidos nem regenerados.
Ele tem uma réplica individual: o inconsciente.
A Filosofia Rosacruz explica isso de forma altamente satisfatória. O ser humano tem muitas áreas obscuras em seu íntimo. A Mente subconsciente toma a maior parte de nossa memória e impulsos, transformando, por isso, o ser humano em algo muito complicado. E como nós, o Globo terráqueo tem um registro subconsciente que afeta e é afetado pelos indivíduos.
A Mente subconsciente se forma automaticamente. Tomando o exemplo de Max Heindel: quando um fotógrafo produz uma fotografia, leva geralmente em conta certos detalhes que lhe interessam, mas não todos. Ao revelar o filme, verificará que ele reproduziu fielmente tudo o que havia na cena, tenha sido observado ou não por ele. Igualmente, como fiéis imagens objetivas, captamos de nosso redor, através do Éter contido no ar que respiramos, uma gravação de tudo que ali está. Essas imagens entram em nós com o ar que inalamos através dos pulmões e caem na circulação sanguínea, gravando-se em um átomo especial que fica localizado no ventrículo esquerdo do coração. É o Átomo-semente ou permanente cujas forças levamos após a morte do Corpo Denso, a fim de nos proporcionar material de experiência para o crescimento anímico, por meio da assimilação.
O registro inconsciente se forma desde que nascemos e explica as manifestações de muitas crianças revoltadas e adultos complexados, em virtude da negligência de pais ignorantes sobre esse processo, cujos lares pouco favoreceram a formação construtiva dos pequeninos a seu cuidado. A educação e o ambiente em que somos formados têm sua porcentagem de importância na concepção da Mente subconsciente. No entanto, a escolha dos pais tem relação com o destino maduro do Ego renascente. Cada qual nasce no lugar apropriado ao seu grau e necessidade evolutivos, o que não exime os pais de sua responsabilidade. Tudo o que pensamos e sentimos grava-se em nossos familiares próximos, mormente na sensitiva criança.
Quando, pelo ocultismo, tomamos conhecimento do mecanismo do subconsciente (abaixo do consciente, o porão de nossa atividade mental) e nos propomos a “vigiar” para que, dessa data em diante, influamos em sua formação, verificamos:
O tema astrológico ajuda muito. Aconselhamos que todos aprendam Astrologia Rosacruz e se dediquem ao seu estudo para ajudar a si mesmos e aos outros. Referimo-nos à astrologia espiritual, ensinada pela Fraternidade Rosacruz, porque outros interesses têm deturpado muito essa divina ciência.
Os leitores esoteristas já devem ter ouvido falar no “Guardião do Umbral”, uma impressionante entidade que nos barra a entrada nos Planos Invisíveis e tem nossa fisionomia, mas em uma figura do sexo oposto. Pois ele é, nada mais nada menos, a incorporação de todas as experiências e impulsos não regenerados, não iluminados, não compreendidos e não resgatados de nosso passado. Com um persistente e amoroso esforço, segundo a orientação da Fraternidade Rosacruz, pode um indivíduo chegar a dissolver essa entidade e alcançar ingresso à Iniciação. Foi o que fez Cristo em relação à Terra para nos possibilitar essa liberação.
Entretanto, a tomada de consciência de todas as experiências de nosso longínquo passado é algo muito profunda. Desde que nos diferençamos de nosso Pai Celestial, em busca da individualização através dos estados de consciência de transe profundo (equivalente à dos minerais), consciência de sono sem sonhos (como os vegetais), consciência pictórica (sono com sonhos, como os animais), até atingir o estado de vigília consciente, de seres racionais, gravamos um mundo de experiências que deverão ser conscientemente revistas e assimiladas a fim de nos proporcionar, no futuro estado de Criadores, a expansão de consciência e o poder criador. Com isso formaremos a consciência própria de imagens conscientes (no Período de Júpiter), uma consciência objetiva, autoconsciente e criadora (no Período de Vênus), até a mais elevada consciência espiritual (Período de Vulcano).
Não nos lembramos de nosso passado mais recente, como humanos. Quanto mais dos outros estados de trabalho inconsciente! Outrora fomos ajudados de fora por Hierarquias Criadoras. Os Senhores da Chama, no Período de Saturno, deram-nos os germes do Corpo Denso e do Espírito Divino, emanações do Pai. No Período solar, os Senhores da Sabedoria nos deram o germe do Corpo Vital e os Querubins, o germe do Espírito de Vida, emanações do Filho. No Período Lunar, os Senhores da Individualidade nos deram o germe do Corpo de Desejos e os Serafins, o germe do Espírito Humano, emanados do Espírito Santo. No atual Período Terrestre, os Senhores da Forma tomaram a seu cargo nossa evolução, até conquistarmos a Mente em meados da Época Atlante. Então o ser humano foi deixado a seu próprio cuidado. Tais Hierarquias, chamadas na Bíblia de “Elohim”, afastaram-se. Foi, então, dito que “Deus descansou”.
Esses são os “Sete Dias da Criação”, sumariamente expostos como fórmula algébrica, nos versículos de 1 a 27 do Gênesis.
É incalculável o tempo que se levou para a formação dos Corpos que hoje possuímos e a conquista dos aspectos espirituais que nos tornaram “à imagem e semelhança de Deus”.
Nesse largo espaço para a constituição do ser humano, formamos um enorme inconsciente que devemos conquistar e assimilar conscientemente. Pelo caminho mais longo e espiral, da humanidade comum, esse processo levará muito tempo. No entanto, pela Iniciação, o “caminho mais curto e reto” no Caduceu, poderá ser feito em poucos renascimentos, segundo o estado em que o candidato se encontre, a orientação que receba e o esforço que faça em tal sentido.
Vejamos, a seguir, as correlações entre a Bíblia e a Filosofia Rosacruz em relação aos “Sete Dias da Criação” e sua correspondência com as cinco Iniciações menores.
1) — A primeira Iniciação Menor desvela o Período de Saturno e permite a assimilação das condições prevalecentes naquela afastada infância evolutiva. Foi o primeiro Dia da Criação. Na Bíblia, Gênesis 1, versículo 2°: “A Terra era vasta, desabitada, a obscuridade pairava sobre a face do abismo e os Espíritos dos Elohim pairavam sobre o abismo”.
No princípio da manifestação, o que agora é a Terra fazia parte de um imenso globo que mais tarde, depois da expulsão dos Planetas, converteu-se no sol de nosso Sistema Solar. Era um globo obscuro e quente, não informe, indefinido e separado do frio do espaço exterior. Os Espíritos Virginais, em matéria mental e concreta, davam forma ao imenso globo sob as vibrações dos Senhores da Chama, que agiam de fora. Essas condições foram sendo recapituladas, espirais dentro de espirais, nos estágios posteriores e correspondentes.
2) — A segunda Iniciação Menor descobre à consciência do Iniciado as condições evolutivas do Período Solar. Foi esse o segundo Dia da Criação. Na Bíblia, Gênesis 1, versículo 3°: “E os Elohim disseram: faça-se a luz, e a luz foi feita”. Sob o contínuo esforço vibratório dos Senhores da Chama, o imenso globo foi adquirindo luz própria e tornou-se brilhante, destacando-se bem do espaço exterior. Mas ainda não tinha a luminosidade atual de Sol.
3) — A terceira Iniciação Menor revela à consciência do Iniciado as condições evolutivas prevalecentes no Período Lunar e recapitulações posteriores correspondentes, no Período Terrestre. Na Bíblia, Gênesis 1, versículo 6°: “E os Elohim disseram: haja uma expansão nas águas para que a água se separe da água”. O calor emanado do globo ígneo, ao contato com a fria atmosfera exterior, produzia uma neblina quente (água em expansão) que, subindo, condensava-se no frio espaço, liquefazendo-se e caindo sobre o globo, que fazia de novo evaporar a água, ciclo após ciclo… O calor interno do globo e a umidade externa, nos ciclos já descritos, foram aos poucos formando as primeiras solidificações etéreas na superfície do globo. Isso ocorreu na Época Polar da quarta revolução terrestre e está assim expresso no versículo 9° de Gênesis: “E Elohim disse: que as águas se separem da terra seca. E chamou à terra seca de Terra”. Esse foi o terceiro Dia da Criação. Todo o anterior é comprovado pela teoria científica moderna, que diz ter havido primeiramente o calor obscuro, depois a nebulosa brilhante, umidade externa, calor interno e, finalmente, a solidificação. Só discorda, aparentemente, em relação ao tempo de expulsão da Terra e da Lua, dizendo que aconteceu antes da cristalização do globo. É preciso interpretar bem o sentido da Bíblia, no trecho a seguir. Do ponto de vista oculto, essa cristalização, como as linhas de força da formação dos blocos de gelo, era simplesmente etérea. Nessas condições é que ocorreu a diferenciação do nosso Planeta, não havendo, pois, uma divergência. Os globos relativamente pequenos da Terra e da Lua se resfriaram rapidamente depois.
4) — A quarta Iniciação Menor leva à consciência do Iniciado as condições evolutivas prevalecentes na metade marciana do Período Terrestre e correspondentes aos 4°, 5° e 6° Dias da Criação. Na Bíblia, Gênesis 1, do versículo 11° ao 19°: “E Elohim criou o reino vegetal, o Sol, a Lua, as Estrelas”. Aquele globo em evolução tornou-se o Sol apenas quando dele foram diferenciados os sete Planetas (Netuno e Plutão não pertencem ao nosso Sistema Solar). Livre daquelas partes que já não podiam suportar elevadas vibrações do globo e ao mesmo tempo o tolhiam, tornou-se ele o Sol, centro de um Sistema Solar, em torno do qual começaram a girar as esferas à distância correspondente ao grau de vibração que podiam suportar seus habitantes. A ciência concorda com estas citações: primeiramente, o reino mineral e, depois, o vegetal. Tornamos a esclarecer que os globos da Terra e da Lua eram ainda etéricos, quando foram diferenciados. Depois, o calor do Sol que passou a banhar os dois globos proporcionou força vital para agrupamento ao seu redor de matéria de solidificação. Foi assim também que se solidificaram os atuais corpos vegetais. Esse foi o quarto Dia da Criação, corresponde à Época Hiperbórea. Na Bíblia, Gênesis 1, versículo 20 a 21: “E os Elohim disseram: que as águas tenham coisas que respirem vida e aves, e os Elohim formaram os grandes anfíbios e todas as coisas viventes, de acordo com suas espécies e todas as aves com asas”. A ciência concorda novamente: os anfíbios precederam as aves. Esse foi o quinto Dia da Criação e corresponde à Época Lemúrica. Na Bíblia, Gênesis 1, versículo 24: “E os Elohim disseram: ‘Que a terra produza coisas que respirem vida e mamíferos’”. E os Elohim formaram o ser humano à sua semelhança; isto é, macho e fêmea como Eles (Elohim) — versículo 27. Refere-se à primeira metade da Época Atlante e ao 6° Dia da Criação. Realmente, só então é que surgiu a condição humana. Antes, estávamos na condição animal. Por isso não se toca na condição hermafrodita existente na Época Lemúrica, em que o Espírito Virginal ainda não havia conquistado a Mente e, portanto, não chegara à condição humana.
5) — Esse ponto corresponde à condição que o Iniciado conquista na 5ª Iniciação Menor, o ponto em que o ser, na evolução da forma, atinge a condição humana relativamente livre. O Iniciado, na conquista da consciência de seus estados evolutivos passados, chega à condição de PRIMOGÊNITO, o que nasce pela primeira vez para a evolução, em realidade, porque já conquistou o passado. Então supera todas as diferenças, todas as aflições que num tema põem dificuldades de associação entre as pessoas.
Nas antigas Iniciações falava-se dos três dias e meio de transe. É o simbolismo dos três Períodos e meio correspondentes à involução do Espírito e desenvolvimento da FORMA. O despertar do SOL (Espírito), no 4° dia, é a forma mística usada para mostrar essa condição, em que o Iniciado completa a 4ª Iniciação Menor e ingressa na 5ª. E, como a clara atmosfera da Atlântida se fez sob a promessa do Arco-íris, o portal da nova Época (a Ariana e atual), o Espírito deixa as nebulosas condições do passado e ingressa, livre, rumo à conquista do arco ascendente da evolução.
No passado evolutivo, quando os Mensageiros de Deus, os Senhores de Vênus, tiveram que deixar a Terra, depois de haver preparado uma elite para dirigir a humanidade, deram as Iniciações Maiores aos humanos mais avançados (Irmãos Maiores), para que pudessem substitui-Los. Diz-se, na Bíblia, que no sétimo Dia “Deus descansou”. Realmente, os Irmãos Maiores foram, desde então, os elos entre Deus e a humanidade. Embora Eles não apareçam publicamente nem façam sinais (senão em ocasiões especiais e incognitamente, em suas missões), são Eles os autênticos Guias e Mestres da Humanidade.
Para encerrar estes comentários e associações, esclarecemos que a 5ª Iniciação Menor, começada naquela etapa de nossa evolução passada, prolonga-se, em seus graus, num conhecimento geral da segunda metade (a mercuriana) do Período Terrestre, atingindo até o primeiro dos cinco globos obscuros, a Região do Pensamento Abstrato, o Caos das noites cósmicas. É a condição que São Paulo, o Apóstolo, atingiu, conforme nos esclarece naquela citação que veladamente faz de si mesmo: “Conheço um ser humano que foi arrebatado ao Terceiro Céu e lá viu coisas que não lhe é lícito contar”. São Paulo foi um Iniciado do quinto grau Menor.
A 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Iniciações Menores consistem, em seus variados graus, de um acurado estudo e tomada de consciência sobre a segunda metade mercuriana do Período Terrestre.
Assim exposto o assunto, como síntese teórica, aparenta ser uma coisa simples. Lembramos, por oportuno, que não se trata de mera teoria. Para atingir-se o portal da Iniciação é mister que se prove excepcionais méritos mentais e morais. As condições ulteriores, então, pressupõem qualidades internas equivalentes que a vivência do ser humano comum não pode sequer imaginar.
Para meditação e aprofundamento deste assunto, pelos interessados, damos uma tabela de correlação entre as Iniciações e os graus de consciência, os veículos humanos e macrocósmicos e os passos da vida de Cristo, conforme é exposto na literatura Rosacruz de Max Heindel. Em cada ocasião de reunião, o Templo Etérico é cercado por uma barreira vibratória que não permite a passagem de candidatos de grau inferior ao daquele dia. A gradativa expansão de consciência, através dos diversos níveis, torna o candidato capacitado a penetrar em seus Mundos internos e, ao mesmo tempo, nos estratos da Terra, o que lhe permite conhecer e dominar as forças que regem os diversos Planos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de Setembro/1970-Fraternidade Rosacruz – SP)
Uma exposição elementar sobre o seu desenvolvimento e o da humanidade
Quando abrimos o Conceito Rosacruz do Cosmos, lemos na página do título que o livro professa ser uma exposição elementar da evolução passada do ser humano, da sua constituição atual e do seu desenvolvimento futuro; em outras palavras, uma solução para o enigma da existência. — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? Uma olhada nas páginas e no índice revela o fato de que o livro aborda os assuntos de um ponto de vista que esteja acima e além do conhecimento da maioria das pessoas e, portanto, a questão surge de modo natural na Mente dos sérios: o que há neste livro que justifique o seu estudo? Não é melhor e mais seguro evitar as visões e imaginações de alguém? Estou cansado dos ditados e dogmas que exigem que eu tenha fé e sinto que a única base segura é confiar na rocha da razão e depender dos fatos exatos, desenvolvidos pela ciência. Os cuidadosos investigadores científicos não usam sentimentalismo, fé ou imaginação, mas dependem apenas do que descobrem por meio de pesquisas sobre os segredos da natureza; eles não nos dão sentimentos obscenos, mas FATOS científicos.
À primeira vista, tal atitude parece razoável e lógica, mas uma inspeção um pouco mais detalhada mostrará em breve sua falsidade e seus pontos fracos. Durante vários anos temos acreditado que a ciência seja infalível, que ela nos dê fatos e não requeira fé, que seja absolutamente desprovida de imaginação e dependa apenas de resultados que são demonstrados em vários ramos por experiências de pesquisadores qualificados; no entanto, com certeza esse não é o caso, como o leitor verá quando abrir The Riddle of the Universe (O Enigma do Universo), de Ernst Haeckel, um dos principais expoentes de uma ciência monística que visa explicar tudo o que há no mundo por meio de causas físicas, negligenciando inteiramente o sobrenatural, como o chama. A propósito, esta é uma de suas principais falácias: tudo o que é, é natural, não há qualquer coisa que seja antinatural, não pode haver, nem existe algo sobrenatural.
O que essas pessoas realmente querem dizer é que elas explicam tudo a partir de uma base física e não reconhecem algo metafísico ou além do mundo físico. Porém, em relação ao conhecimento supostamente extenso e preciso da ciência, temos uma ideia muito diferente nas páginas 299 e 300 do livro mencionado. O Professor Haeckel diz:
“Quando não temos certeza de algo, nós dizemos eu acredito nisso. Nesse sentido, somos obrigados a fazer uso da fé mesmo na própria ciência; conjeturamos ou assumimos que existe uma certa relação entre dois fenômenos, embora não a conheçamos com certeza. Quando se trata de uma causa, formamos uma hipótese: a explicação de muitos fenômenos conectados pela suposição de uma causa comum é chamada de teoria. Tanto na teoria quanto na hipótese, a “fé” (no sentido científico) é indispensável, pois aqui novamente é a imaginação que preenche as lacunas deixadas pela inteligência, em nosso conhecimento sobre a conexão das coisas. Portanto, uma teoria deve sempre ser considerada apenas uma aproximação à verdade; deve-se entender que ela possa ser substituída por outra que seja melhor fundamentada. Mas, apesar dessa incerteza admitida, a teoria é imperativa para toda verdadeira ciência; ela elucida fatos postulando uma causa para eles.”
Teorias importantes, de primeira classe:
— Teoria da gravitação, em Astronomia (Newton);
— Teoria Nebular, na cosmogonia (Kant e Laplace);
— Princípio de energia, em Física (Meyer e Helmholtz);
— Teoria atômica, em Química (Dalton);
— Teoria vibratória, em óptica (Huyghens);
— Teoria celular, em Histologia (Schleiden e Schwann);
— Teoria em Descida, em Biologia (Lamarck e Darwin).
As teorias acima explicam um mundo inteiro de fenômenos naturais pela suposição de uma causa comum a todos os vários fatos de suas respectivas áreas, mostrando que todos os fenômenos estejam interconectados e sejam controlados por leis que resultam da causa comum, ainda que a causa em si possa permanecer obscura em caráter ou ser apenas uma “hipótese provisória”. A “força da gravidade”, na teoria da gravitação e cosmogonia; a própria “energia”, em sua relação com a matéria; o “éter” da óptica e da eletricidade; o “átomo” do químico; o “protoplasma” vivo da histologia; a “hereditariedade” do evolucionista — essas e outras concepções semelhantes de outras grandes teorias podem ser consideradas por um filósofo cético “meras hipóteses” e o resultado da “fé” científica; contudo, elas são indispensáveis para nós até serem substituídas por melhores hipóteses.
Haeckel afirma, como uma necessidade indispensável, o uso livre e irrestrito da imaginação com o objetivo de completar lacunas entre fatos isolados que foram descobertos pelo cientista; ele também denuncia, em termos não-qualificados, como estúpidos os cientistas que se recusam a fazer uso da fé e da crença.
Imaginação e fé são um “bom molho” para o ganso científico e, de fato, não pode prosperar sem elas; no entanto, quando são usadas na religião, lemos na página 301 que a “A diferença essencial entre essa superstição e a fé racional está no fato de que ela pressuponha forças e fenômenos sobrenaturais que são desconhecidos e inadmissíveis para a ciência e que são o resultado de ilusão e fantasia; sendo, portanto, irracional”. Assim, de acordo com o Prof. Haeckel, que pode ser considerado, hoje, um representante do mundo científico, a fé e a imaginação são indispensáveis à ciência e os cientistas que se esforçam para sobreviver sem elas são “mal-intencionados”; entretanto, a fé religiosa é o resultado de ilusões e fantasias; além disso, é superstição.
Assim, a religião parece não ser o único autor de ditados e dogmas; aqueles que se curvam diante do santuário científico ouvem, sem que haja vergonha ou pedido de desculpas, que, embora todas essas teorias possam se tornar, mais tarde, enganosas, hoje são a única fonte de crença correta e a ciência exige que sejam aceitas sem reservas por qualquer um que tenha o selo científico de sanidade.
O capítulo de abertura do Conceito Rosacruz do Cosmos é intitulado “Uma palavra para o sábio” e é literalmente significativo, pois aqueles que são ignorantes também são, nessa medida, ensináveis, por isso o Cristo apontou uma criança pequena como ideal. Quanto mais completamente perdermos o senso de nossa própria grandeza e conhecimento, melhor estaremos em posição de adquirir informações. Este escritor recorda, a esse respeito, ter chegado à pequena cidade de S. há alguns anos, pretendendo oferecer um curso feito de palestras. Estava preparado para pagar suas próprias despesas com o aluguel de salas e outras coisas, mas procurou obter ajuda de uma certa sociedade da cidade […] e uma reunião foi realizada com o objetivo de discutir alguns assuntos. Só alguns membros compareceram, mas foram bastante unânimes e capazes de expressar os sentimentos da sua sociedade, que foram os seguintes: tivemos o Sr. X aqui, bebemos vinho, jantamos e contratamos um teatro para ele, mas ele não pôde ensinar qualquer coisa para nós. Também tivemos a Sra. Y — ela não foi melhor. Então o Sr. Z. apareceu, não sabia coisa alguma e, portanto, não lhe queremos nem queremos suas palestras: você não pode nos ensinar qualquer coisa! E, na verdade, estavam certos: quem tem opiniões tão definidas, que é tão sábio em sua própria opinião presunçosa, que condena um ensinamento sem sequer ouvi-lo ou ponderá-lo pelo equilíbrio da razão, é incapaz de ser instruído nos Mistérios da Vida. Portanto, nosso Salvador insistiu apropriadamente em que todo aquele que não receber o Reino dos Céus como criança não entrará nele com sabedoria. A criança pequena não é prejudicada por opiniões pré-concebidas, não se sente obrigada a esconder sua ignorância; portanto, é notavelmente ensinável e assume tudo com confiança até que sua experiência de vida, que vem mais tarde, prove ser verdadeiro ou falso. Então a criança utiliza sua razão para se apegar àquilo que é bom, descartando o que for preciso ignorar. Essa é a atitude mental que todos devem cultivar, antes de poder estudar adequadamente e com lucro alguma filosofia de vida.
O Conceito Rosacruz do Cosmos vai um passo além: ele sustenta que o ser humano, sendo criado à imagem do seu criador divino, não se limita necessariamente aos cinco sentidos com os quais ele agora é dotado. Atrás de nós, na escala da evolução, encontramos criaturas que carecem de vários sentidos com os quais fomos abençoados e, logo, é razoável deduzir que devamos ter em nós mesmos a capacidade de desenvolver outros sentidos com os quais poderemos saber algo em que agora temos de acreditar. Esse é o caso, como afirmado pelo Conceito Rosacruz do Cosmos; ele diz que tais sentidos estejam latentes em todos e cada um de nós e que é possível, por exercícios científicos e apropriados, desenvolvê-los antes que estejam disponíveis para uso, no curso normal da evolução. Alguns experimentaram esses métodos e verificaram que sejam verdadeiros; outros, com a persistência e perseverança necessárias, descobrirão que seja possível seguir os seus passos.
O Estudante Rosacruz deve ler o capítulo “Uma palavra para o sábio” para entender completamente a fonte de informação subjacente ao Conceito Rosacruz do Cosmos, devendo também compará-lo aos métodos declaradamente especulativos da ciência. Sobre isso é digno de nota que as “fotografias” do Prof. Haeckel de um feto em diferentes estágios, que professam apresentar um panorama pictórico da vida intrauterina, sejam parcialmente “inventadas” pela especulação sobre o que deve ter ocorrido para conectar os desenvolvimentos mostrados pelas fotografias genuínas da série. Nenhuma palavra foi dita sobre essa interpolação de “elos perdidos” por desenhos teóricos, quando a série foi publicada e anunciada como a maior das realizações científicas; e quando o professor foi acusado mais tarde de métodos fraudulentos, ele se defendeu apelando à “necessidade científica” que tornou mandatório preencher com especulação o que não pôde ser aprendido pela observação.
Quando o Estudante Rosacruz domina completamente os fundamentos das asserções científicas e as compara à fonte de informação do Conceito Rosacruz do Cosmos, não deve ser difícil escolher ou mostrar aos outros como escolher.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em 05/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)
O Espírito de Natal
“O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre”.
(Sl 121:8)
Essa passagem do livro dos Salmos revela o conhecimento esotérico do autor, de especial interesse para nós, agora, nos festejos natalinos.
Revela que o mistério do nascimento e da morte por meio do qual o Espírito sobe e desce através da evolução e involução seja uma expressão da eternidade. O Espírito, morrendo para o mundo celeste, entra no Mundo Físico pelo nascimento e vice-versa: saindo do Mundo Físico pela morte, nasce ou entra no mundo celeste. A involução traz o Espírito à matéria por sua cristalização em corpos, ao passo que a Evolução o liberta da matéria pela espiritualização dos veículos, transformando-os em alma.
Não podemos, com nossa mente ainda em estado mineral, conceber o princípio da imersão do espírito na matéria. No entanto, apesar dessa limitação, podemos definir o Ser Ilimitado como o ABSOLUTO ou Raiz da Existência, do qual procede o Ser Supremo. Desse Grande Ser é emanado o Verbo, o Fiat Criador, o Filho Unigênito, nascido de Seu Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos (mas que não é, absolutamente, o Cristo). Esse Verbo trouxe todas as formas de vida à existência e sem Ele “nada do que se fez seria feito”. No princípio do Dia de Manifestação Cósmica, os três aspectos do Ser Supremo eram o PODER idealizando o VERBO que modelou a Substância Raiz Cósmica e o MOVIMENTO que preparou essa Substância Raiz. Do Ser Supremo procederam os Sete Grandes Logos contendo em si mesmos todas as Grandes Hierarquias que foram se diferenciando cada vez mais, à medida que se difundiam pelos vários Planos Cósmicos.
No Mundo mais elevado do Sétimo Plano Cósmico está o Deus do nosso Sistema Solar e os Deuses de todos os outros Sistemas Solares do Universo. Esses Grandes Seres são também tríplices em Sua manifestação, sendo os seus aspectos a Vontade, a Sabedoria e a Atividade.
Antes da manifestação, Deus, nossa Chama Central ou Sol Espiritual, incorporou em Si o Princípio Universal da Vida em forma de Espírito Virginal. Durante a manifestação, Deus diferenciou DENTRO de Si mesmo esses Espíritos Virginais como centelhas de uma Chama. Tendo natureza idêntica à do seu Criador, essas centelhas poderão tornar-se Chamas por meio da Evolução, por terem sido feitas à imagem de Deus. Assim, o ser humano tornou-se uma chama individual, ou Ego, revestida dos germes da Vontade, da Sabedoria e da Atividade. O ser humano, como Espírito, saiu de Deus pela Involução, encerrando-se em substâncias de diferentes densidades para poder agir nos diferentes mundos e, tendo adquirido agora a consciência de si mesmo, procura retornar ao seu Criador. Os corpos velhos e decaídos, destituídos de serventia, são abandonados. Mas o valioso conhecimento adquirido por meio de tais instrumentos são os tesouros ou dádivas que o filho oferece a seu Pai, quando regressa à casa paterna.
O Ser Supremo dos Planos Cósmicos é refletido no Deus dos nossos Mundos; assim, em nossas existências, o Verbo torna-se Cristo e o Princípio Criador torna-se o Sol Central e Espiritual do nosso Sistema Solar. É essa chama central de amor que estamos tentando produzir em nossos corações a fim de sermos semelhantes a Ele, transformando-nos conforme Sua Imagem. O ser humano saiu desse centro e a Ele retornará.
Paracelso afirmou que o sangue humano contém um espírito ígneo e aéreo que tem seu centro no coração, onde é mais condensado, de onde se irradia e aonde novamente retorna. Ele estabeleceu a correspondência universal “Como em cima, assim é embaixo”, pois o espírito ígneo do mundo interpenetra a atmosfera, vindo de seu centro, o sol, irradia do centro da terra e retorna àquele centro. De novo, vemos a saída e a entrada.
A Filosofia Rosacruz afirma que tudo se originou de uma semente primordial e que cada corpo ou veículo do ser humano tem seu próprio Átomo-semente do qual cresce e se desenvolve. Esses Átomos-sementes são implantados na matriz microcósmica (o útero materno) pelo Ego, no processo de renascimento, e são recuperados pelo Ego, por ocasião da morte dos seus veículos, tornando-se o núcleo de outra expressão ou nascimento. O Átomo-semente do corpo físico, durante a vida, está situado no ápice do ventrículo esquerdo do coração; depois da morte, sobe pelo nervo pneumogástrico e se retira pela comissura existente no crânio, entre os ossos occipital e parietal. O Átomo-semente do Corpo Vital está localizado no baço, cujo órgão etérico está intimamente relacionado com a distribuição da força solar pelas partes do corpo, sendo para o sistema nervoso o mesmo que a eletricidade é para o sistema telegráfico. Esse baço etérico é, no corpo, o centro do qual a vida é irradiada.
Como Estudantes da doutrina Rosacruz, nossa finalidade é o estudo do ser humano por intermédio da religião, da arte e da ciência. Isso é feito pela involução ou descida do espírito na matéria (um processo de cristalização) e pela evolução, que é a ascensão do espírito a partir da matéria e o seu retorno à natureza original com o correspondente acréscimo de conhecimento ou poder (resultante de sua viagem ou experiência). Em geral, a involução termina e começa a evolução quando o Ego está completamente dentro de seus diferentes veículos, atingindo a CONSCIÊNCIA DE SI MESMO. Estamos agora nesse estado e procuramos “despir” o espírito de suas vestes; isto é, espiritualizar a matéria tão depressa quanto possível e acrescentar esse poder à glória do ser espiritual, quando retornarmos ao lar celestial. Nosso trabalho fundamental é o aperfeiçoamento do corpo físico para nos habilitar a trabalhar no Corpo Vital a fim de extrairmos dele o veículo constituído dos dois Éteres superiores. Quando o Dourado Manto Nupcial estiver tecido, Ele poderá agir no internamente e nós possuiremos então a CONSCIÊNCIA DO CRISTO MENINO em nós como uma verdade viva, pois devemos SENTIR para realmente CONHECERMOS.
Todo poder procede do centro para fora e o centro do corpo é o coração, a sede dos sentimentos dos quais o maior é o AMOR. Pela transmutação do amor físico em amor espiritual nós construímos o corpo para o Cristo entrar em nós. Quando atingirmos isso, AGIREMOS RETAMENTE porque SENTIREMOS RETAMENTE e PENSAREMOS RETAMENTE. Nossa compreensão intelectual dos Planos Cósmicos dos Mundos, Regiões, Períodos, Épocas e muito mais, em relação ao ser humano, tem sido satisfeita em grande extensão. O progresso desde o Absoluto até seu estado atual de ser humano inteligente é razoável e, agora, crendo em nosso coração naquilo que nossa razão sancionou, nós começaremos a viver a vida religiosa: “AMARÁS o Senhor teu Deus com todo o teu CORAÇÃO, com toda tua ALMA e com toda a tua MENTE; e ao PRÓXIMO, como a TI MESMO”.
O progresso é sempre acompanhado de sofrimentos e dificuldades; quando nos aproximarmos do tempo em que Cristo viaja para o centro da terra, a natureza fica inquieta, o que transtorna os Gnomos, as Ondinas e as Salamandras, resultando um tempo tempestuoso. As condições cristalizadas da Terra estão sendo quebradas à proporção que as forças etéricas a penetram, preparando-a para o nascimento do Cristo Menino pelo Natal. Aí, o Espírito de Cristo renasce para nós, quando o Sol do nosso Sistema Solar, por sua declinação começa sua jornada à parte norte dos céus.
O Sol agora passa pelo Signo de Sagitário, o terceiro aspecto e o mais espiritual da Trindade Reprodutora. Nossos pensamentos estão naturalmente voltados para o nascimento do Espírito de Natal e nossas aspirações elevam-se ao Abstrato. O Fogo da Mentalidade Espiritual é libertado pelos Senhores da Mente, a Hierarquia Criadora de Sagitário que constituiu a humanidade do Período de Saturno, a fim de nos ajudar a construir uma mente organizada em seu estado mineral.
Damos as boas-vindas ao Espírito do Natal, do CRISTO RENASCIDO, com dádivas de amor aos outros, pois Ele, o nosso Redentor, veio a nós saindo de Seu Pai. E nós, tendo-O recebido, como gratidão deveremos dar-nos NÓS MESMOS AOS OUTROS. Proporcionalmente a essa dádiva construiremos o templo que o Cristo usará.
Viver a Vida do Cristo não é questão de doutrina; é, antes, UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA. A Consciência Crística, como força ou poder, procura caminho para exprimir-se através da vida e da consciência do indivíduo.
Que o Espírito de Cristo neste Natal traga a todos a grande realização do mágico mistério do AMOR.
“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro? Meu socorro vem do Senhor, que fez o Céu e a Terra” (Sl 121:1-2).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro de 1971)
O Sol Místico da Meia Noite no Natal
Mais uma vez, a dança circular mística revelada do Sol vai sendo executada em sua órbita e, novamente, ficamos aguardando com um regozijo antecipado o nascimento de um novo Sol para nos levar ao próximo ano. Não obstante a Grande Guerra[1], o Espírito do Natal está no ar, o espírito da expectativa, o sentimento de que algo novo está entrando em nossas vidas e que o futuro será mais brilhante do que o passado e isso tudo será para todos. Embora todas as calamidades e sofrimentos contidos na Caixa de Pandora[2] pareçam estar no lado de fora nesse momento, a Esperança, o presente celestial dos Deuses, sorri nos encorajando, enquanto ela aponta para o revestimento prateado da grande nuvem da guerra e, nos diz que, por trás dessa nuvem, o Sol da paz e alegria será mais luminoso do que nunca, e que atualmente iluminará a Terra com um esplendor tal que nunca foi apreciado por nós.
Contudo, existem alguns que são fisicamente cegos e, embora o Sol nunca brilhe tão intensamente, eles não o percebem. Também, existem aqueles que são espiritualmente cegos e, consequentemente, incapazes de ver a grande onda espiritual que desce anualmente sobre a Terra. Devemos ter dentro de nós esse órgão de percepção, pois, como diz Angelus Silesius:
“Embora Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma seguirá extraviada.
Olharás em vão a cruz do Gólgota,
Enquanto ela, também, não se erguer em teu coração”.
Ano após ano, o místico iluminado vê esse grande Drama Cósmico, da descida do Espírito na matéria, ocorrendo ante sua visão espiritual. Não é uma visão vaga e indefinida e dependente de certos sentimentos, mas é uma apresentação clara e precisa nos mínimos detalhes. Não é necessário que o espírito nos Mundos invisíveis assuma uma determinada forma definida, exatamente como fazemos no Mundo Físico, pois, qualquer forma que tenha um certo contorno nítido implica em limitação.
Um espírito pode permitir que sua forma se misture com às formas de outros espíritos, podendo permear até os Corpos Densos de outros e ainda reter sua própria individualidade, porque ele vibra em um certo tom ou nota-chave diferente daquela de todos os outros. Assim, em setembro, o Clarividente iluminado percebe o Espírito Crístico Cósmico como uma poderosa Onda de Luz de supremo esplendor, descendo sobre a Terra que Ele permeia.
Em torno do dia 21 de dezembro, essa luz celestial alcança o centro de nossa esfera terrestre. Então os dias são mais curtos, as noites são mais longas e mais escuras, “mas a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”. Os impulsos vibratórios motrizes fornecidos à Terra, durante os primeiros meses de cada ano, quase se esgotaram; no Natal, a Terra está cristalizada, morta e fria, e se essa nova vida do Espírito de Cristo não fosse derramada na Terra para renovar suas energias por mais um ano, toda a vida em nosso Planeta pereceria.
Sempre houve muita especulação sobre a natureza da estrela que brilhou em Belém à meia-noite. A opinião Ortodoxa sustenta que a Imaculada Concepção e o Nascimento de Jesus são os únicos na história da onda de vida humana; ela supõe que a Estrela de Cristo foi vista no firmamento apenas naquela ocasião; mas os sábios que, pela alquimia do crescimento anímico, estão se esforçando para construir dentro de si a pedra angular que foi rejeitada pelos construtores, mas que é valorizada por todos os filósofos, sabem que a Luz de Cristo não pode ser encontrada fora de nós.
Eles sabem que o axioma hermético que expressa a lei da analogia “como acima é embaixo” também se aplica nesse caso, e que o Cristo formado dentro deles deve procurar a Estrela do Cristo dentro da Terra, pois, novamente citando Angelus Silesius, “seria impossível para um Cristo salvar o Mundo, estando fora da Terra, como é para um Cristo no Gólgota nos salvar”. Até que o Cristo nasça dentro de nós, e até que o Cristo nasça dentro da Terra, Ele não pode realizar Sua missão.
Portanto, na noite mais longa e mais escura de cada ano, o Místico se ajoelha em silenciosa adoração, olhando internamente por meio da visão espiritual. Cultivada por ele, em direção ao centro da Terra, onde a maior e mais elevada Luz que já brilhou na terra ou no mar, ilumina o mundo inteiro com resplendor e luminosidade que são avassaladores.
E então, o ser humano sábio traz seus dons e os oferece aos pés do recém-nascido Salvador. Ele pode ser pobre diante dos bens materiais do mundo; pode até não ter um lugar para descansar a cabeça, no entanto, seus dons são mais preciosos do que qualquer quantia extremamente grande de dinheiro que se possa imaginar. Durante sua vida de Aspiração, ele cultivou bens preciosos e o primeiro a ser oferecido no altar do sacrifício é o Amor.
“O amor não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconveniente, não busca os seus interesses, (…) não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; (…) se houver profecias, falharão, e se houver ciência desaparecerá, porque agora permanecem a Fé, a Esperança e Amor, mas, a maior das virtudes é o Amor”[3]. “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”[4]. E esse grande presente não foi dado para sempre, mas, a cada ano o Filho de Deus renasce, novamente na Terra, para vivificar esse Planeta com Suas vibrações superiores, para que possamos ter vida e vida em abundância.
Assim como o Espírito Humano morre no plano espiritual quando nasce no Mundo Físico, também o Espírito de Cristo morre na Esfera Solar quando, por nossa causa, nasce na Terra na época do Natal. É confinado pelo ambiente de cristalização que criamos. Verdadeiramente, “ninguém tem maior amor do que dar a vida por seus amigos”[5], e Cristo disse: “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu mando, (…) e esse é o meu mandamento: amar uns aos outros” [6].
Portanto, o Amor do místico, oferecido sobre o altar de sacrifício no grande festival da noite Santa, não é abstrato, mas se expressa em atos concretos para com todos com quem ele entra em contato durante o ano seguinte. Seu segundo presente para o recém-nascido Salvador é a devoção. O fogo do entusiasmo deve arder no peito de todo Aspirante, pois nenhuma observância fria dos ritos religiosos, nenhuma entrega de presentes sem esse sentimento intensamente devocional pode ter qualquer valor na luz espiritual. Foi dito que um dos antigos Reis Israelitas praticou o mal com ambas as mãos avidamente; assim também o Aspirante deve praticar o bem com ambas as mãos avidamente: todo o seu coração, toda a sua alma e toda a sua Mente devem ser oferecidos sobre o altar do sacrifício, e como se diz: do mesmo modo que o incenso dos sábios, mencionados na Bíblia, encheu o lugar da natividade com perfume, assim também, deve esse fogo de entusiasmo acender nossa devoção, para que o incenso possa penetrar em todo o ambiente com a devoção para a causa do Mestre.
Contudo, o Amor, a Devoção e o Entusiasmo oferecidos pelo místico sobre o altar do recém-nascido Cristo não são separados e afastados de d’Ele mesmo. Ele não pode dar sem incluir o maior e melhor de todos os presentes, o único presente valioso; ou seja, Ele mesmo. Não importa qual seja sua posição na vida, elevada ou baixa, rica ou pobre, essa não é uma preocupação de Cristo. O espírito falando com ele sempre lhe diz: “Filho, eu não desejo aquilo que é teu, pois isso já é Meu; a Terra e a sua plenitude, o gado nas mil colinas, todos foram feitos por Mim e através de Mim[7], contudo, o que eu desejo é você mesmo, o seu coração. Dá-me o teu coração, Filho, e eu te darei o que é mais do que tudo, a Paz que supera todo o entendimento”[8]. E possa a Pomba da Paz, o Amor de Cristo, logo encontrar um novo apoio em nosso mundo desgastado por essa guerra.
(De Max Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)
[1] N.T.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial
[2] N.T.: Caixa de Pandora é um artefato da mitologia grega, tirada do mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A “caixa” era na verdade um grande jarro dado a Pandora, que continha todos os males do mundo.
[3] N.T.: ICor 13:4-13
[4] N.T.: Jo 3:16
[5] N.T.: Jo 15:13
[6] N.T.: Jo 15:14-17
[7] N.T.: Sl 50:10
[8] N.T.: Pb 23:26 e Fp 4:7
Valorizar a Sua Vida aqui na Terra
Trabalho dos mais complexos é o que o Ego executa nos planos internos no intervalo entre duas existências objetivas, ou seja, duas encarnações aqui na Terra.
Na Região do Pensamento Concreto, também denominada Segundo Céu, a vida é extremamente dinâmica. O Ego, além de assimilar o valor educativa das experiências de sua última manifestação no plano físico, prepara o arcabouço dos veículos a serem utilizados no próximo renascimento. E mais: prepara o ambiente de sua nova manifestação. É lógico, não realiza seu trabalho sozinho, nem a seu bel prazer. Outros Egos também participam desse processo, pois de uma forma ou de outra os destinos dos seres humanos se interligam. O clima, a flora, a fauna, as variadas condições da Terra são alteradas pelos seres humanos sob a direção de elevados Seres. O mundo é um reflexo do nosso trabalho individual e coletivo.
Na Região do Pensamento Concreto desenvolve-se todo esse maravilhoso processo que nos desperta a mais profunda reverência. Tudo se desenrola sob a égide da Inteligência Cósmica Criadora.
O ser humano, como microcosmos, é parte integrante dessa Inteligência Cósmica Criadora. Seu destino é converter-se também em Inteligência Criadora. Sendo assim, na Região do Pensamento Concreto ele se ocupa ativamente em aprender a construir um corpo que seja o melhor meio para expressar-se. Ninguém pode habitar um corpo mais eficiente do que aquele que é capaz de construir. Aprende-se primeiramente a construir o corpo, e, depois, aprende-se a viver nele.
Todos os seres humanos durante a vida antenatal trabalham inconscientemente na construção de seus corpos, até chegar o momento em que a retida quintessência dos veículos anteriores seja neles amalgamada. Além disso, realiza, também, um pequeno trabalho original, isto é, sempre se acrescenta algo novo.
É importante lembrar que na Região do Pensamento Concreto encontram-se os arquétipos de todas as formas existentes no Mundo Físico. Os arquétipos não são simples modelos ou desenhos das formas que vemos ao nosso redor. São modelos viventes, vibrantes. Preexistem às formas e quaisquer modificações que estas sofram ocorrem primeiramente nos arquétipos.
O Ego, logicamente, antes de renascer forma o arquétipo de seu futuro Corpo Denso. Toda e qualquer deficiência no corpo indica um arquétipo igualmente deficiente. Isto nos traz à mente um importante ensinamento oculto: é possível prolongar a vida acrescentando vitalidade ao arquétipo.
Todas as nossas ações produzem um efeito direto no arquétipo do nosso corpo. Se pensamos, sentimos e agimos em harmonia com as leis cósmicas; se entendemos os verdadeiros objetivos da vida e procuramos contribuir conscientemente para o avanço da raça humana, os Seres Exaltados que dirigem nossa evolução se interessarão em prolongar nossa vida. Assim, o arquétipo será vitalizado com o consequente prolongamento da nossa existência. Isso é sumamente importante, pois aprenderemos mais e adquiriremos valiosas experiências.
Como Estudantes da ciência esotérica cabe-nos viver de acordo com esse ensinamento oculto, valorizando ao máximo nossas vidas aqui na Terra.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09_10/88)
Renovação: os 4 Princípios
É sempre possível encontrar uma melhor maneira de fazer qualquer trabalho. A renovação e o aprimoramento constituem os alicerces do progresso. Quando o ser humano se estagna e já não encontra novas motivações para suas atividades, quando não exercita seu poder criador epigenético, não só deixa de progredir, como retrocede.
Descartes, o filósofo francês, o Iniciado inspirado pelos Irmãos Maiores da Rosacruz, deixou a propósito da ordem, da disciplina e da racionalização quatro princípios interessantes.
1 — Princípio da Evidência — Só se deve aceitar algo como verdadeiro, se realmente o for. Para o exame é mister que se evitem as ideias preconcebidas. Só assim podemos estudar os fenômenos e fatos, sejam quais forem.
2 — Princípio da Análise — Divida-se cada uma das dificuldades que se examine, em um número de parcelas que sejam possíveis e exigidas para a sua completa solução. (O impossível é divisível por pequenos possíveis).
3 — Princípio da Síntese — Devemos estudar e ordenar os fatos em nosso pensamento, partindo dos mais simples e mais fáceis para os mais complexos. Quando não encontrarmos, naturalmente indicada, certa ordem de sucessão, entre esses elementos deveremos estabelecê-la, embora ficticiamente, de modo a permitir uma orientação racional ao nosso pensamento.
4 — Princípio da Numeração — Faça-se, em tudo e por toda parte, enumeração tão completa e revisões tão gerais até que se esteja certo de nada haver sido omitido.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1970)