Os Hinos Astrológicos Rosacruzes são para serem lidos (ou cantados, ou ainda, ouvidos) nos Rituais, como parte dos Exercícios para Treinamento Esotérico.
Na tradução, como a de qualquer música, para o português foi procurado, ao máximo, conciliar a fidelidade do original inglês com a métrica dos versos e o acento musical necessários para o canto.
Os Hinos Astrológicos Rosacruzes são os Hinos dos doze Signos.
Eles possuem música e letra escritas por Emma Wendt, Estudante da Fraternidade Rosacruz, contemporânea de Max Heindel.
Eles fazem parte quando oficiamos o Ritual Devocional do Serviço do Templo e o Ritual Devocional do Serviço de Cura, quando são cantados (ou declamados) após o canto (ou o declamo) do Hino Rosacruz de Abertura.
Os dias dos meses do ano para cada um seguem o Trânsito do Sol por cada Signo (o dia de início e o de fim dependem do ano):
Áries – março/abril
Touro – abril/maio
Gêmeos – maio/junho
Câncer – junho/julho
Leão – julho/agosto
Virgem – agosto/setembro
Libra – setembro/outubro
Escorpião – outubro/novembro
Sagitário – novembro/dezembro
Capricórnio – dezembro/janeiro
Aquário – janeiro/fevereiro
Peixes – fevereiro/março
Clique aqui para obter as letras de todos os HINOS ASTROLÓGICOS ROSACRUZES.
Clique abaixo para ter acesso a cada um cantado:
Áries – Para Frente e Acima
______________________________
Touro – Harmonia Cósmica
____________________________________
Gêmeos – Procurando a Verdade
______________________
Câncer – Do Silêncio
____________________________
Leão – Fogo Vivo de Deus
_______________________________
Virgem – Servindo com Deus
_______________________________
Libra – A Barra do Teu Manto
_______________________________
Escorpião – Mistério da Vida
____________________________________
Sagitário – O Canto do Peregrino
_____________________________
Capricórnio – Consagração
______________________________
Aquário – O Amor Universal
Unidos trabalhemos
ao Sol ou tempestade.
Sejamos condutores
de toda a Humanidade.
____________________
Peixes – Lei Divina
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Clique abaixo para ter acesso a cada um tocado em órgão:
Áries – Para Frente e Acima
Touro – Harmonia Cósmica
Gêmeos – Procurando a Verdade
Câncer – Do Silêncio
Leão – Fogo Vivo de Deus
Virgem – Servindo com Deus
Libra – A Barra do Teu Manto
Escorpião – Mistério da Vida
Sagitário – O Canto do Peregrino
Capricórnio – Consagração
Aquário – O Amor Universal
Peixes – Lei Divina
“É assunto de conhecimento comum entre os místicos que o caminhar evolucionário da Humanidade está indissoluvelmente ligado às Hierarquias Divinas que regem os Astros e os Signos do Zodíaco e que a passagem do Sol e dos Planetas através dos doze Signos assinala o progresso do ser humano no espaço e no tempo.”
Max Heindel
Há um prazer mesclado a uma profunda gratidão, em poder citar o que Max Heindel disse em seu Livro “A Mensagem das Estrelas”. Em minha juventude, quando me debatia em meio às dificuldades Religiosas, seus livros estiveram entre aqueles que ofereceram grande conforto, liberdade e iluminação. Todos aqueles que pertencem à nossa geração e que se perturbam com as dúvidas suscitadas pela Religião ortodoxa ou estão sedentos de uma compreensão espiritual que possa satisfazer tanto o coração como o intelecto, todos reconhecem nele uma das luzes direcionais pela contribuição dada à decifração da mensagem celestial e à solução do enigma do universo.
Entre todas as artes e ciências que se propõem a revelar a nós a nossa natureza interna e explicar a nós as Leis da Natureza, não há mais bem qualificada para assim proceder do que a mais velha de todas as Ciências — a Ciência da Astrologia Rosacruz. Seu estudo vem exercendo irresistível atração aos verdadeiros Estudantes Rosacruzes; em todos os tempos, as pessoas que aceitam implicitamente as descobertas e luz reveladora dela têm inspirado inúmeras gerações, desde o mais remoto passado ao presente. Provavelmente, nenhuma outra Ciência no mundo registrou uma história mais completa e interessante do desenvolvimento da Terra e da evolução da Humanidade. A relação dela com todas as grandes Religiões, incluindo a Religião Cristã, é demonstrada não somente pelas alegorias astrológicas e referências feitas nos livros sagrados e na mitologia, mas também por inscrições e ilustrações de símbolos nos antigos Templos. Referências à Lua Nova e Lua Cheia, aos Eclipses Solares e Lunares, aos Solstícios e Equinócios e às Conjunções dos maiores Astros, mostrando sua importante influência sobre nós e sobre a Terra, têm sido registradas pelas grandes civilizações, não importando quando ou onde tenham existido. Os antigos sábios, por repetidas observações, estavam capacitados a descobrir todos aqueles fenômenos naturais e a determinar a influência que os corpos celestes exercem sobre as pessoas. Assim, eles nos deram um sistema filosófico que tem desempenhado importante papel na moral, na Religião, na ciência e na evolução espiritual da Humanidade.
A Astrologia Rosacruz, a sua aplicação por meio da Astrodiagnose e a Filosofia Rosacruz sempre tiveram um lugar no nosso pensamento e nos nossos sentimentos, embora fossem muito obscurecidas em certas épocas. Que assim tenha sido não é de causar surpresa, ao considerarmos que a Astrologia Rosacruz é o maior sistema de pensamentos organizados que já concebido. As interpretações dela sobre a origem do cosmos e sobre a nossa origem são o mais antigo sistema de Filosofia Religiosa. Muito antes do Cristianismo e de outras grandes Religiões, a Astrologia já era conhecida e estudada (infelizmente, ao longo do tempo, muitos a difamaram, deturpando o seu uso). Assim, foi-nos transmitida como Religião e Filosofia. A Astrologia Rosacruz é uma fase da Religião, em virtude da santa e exaltada concepção dos corpos celestes, do Seu Criador, pelo profundo sentimento religioso e pela reverência que vem inspirando em cada Estudante Rosacruz sincero que pesquisa seus segredos. É uma Filosofia, considerando-se que não pretende proporcionar poderes mágicos e conhecimentos sobrenaturais, mas chegar a conclusões por raciocínio, provindo da causa ao efeito.
Desde muito tempo, observamos que o Sol, em seu trajeto anual ao redor dos doze Signos do Zodíaco, determina as estações do ano: primavera, verão, outono, inverno. Observamos o movimento dos Astros e notamos que suas influências estão na dependência de suas naturezas intrínsecas, verificando-se as poderosas tendências que projetam sobre nós, tanto para o bem como para o mal, desde o nascimento até a morte. Por meio da interpretação desses fenômenos podemos explicar as diferenças inerentes em pessoas e, especialmente, a causa das suas doenças e enfermidades nessa vida, resultado das más ações geradas pelas próprias pessoas. Assim, no curso do tempo, nos tornamos aptos a prever, por meio do símbolo dos Astros, o destino que está reservado as pessoas e aos assuntos nos quais estão inseridos.
A Astrologia Rosacruz oferece, de forma completa e viva, maravilhosos e interessantes lampejos de eventos pré-históricos que fizeram a história do nosso Planeta e de seus habitantes.
A Astrologia Rosacruz é uma ciência que proporciona um discernimento sobre a verdade, em sua concepção de realidade universal em todos os aspectos e em todas as particularidades.
Na parte básica da Astrologia Rosacruz aprendemos que em ambos os lados do caminho solar há um número de estrelas fixas que se agrupavam em doze constelações. A partir daí definimos o que chamamos de Signos astrológicos. Para entendermos um pouco sobre esse assunto imaginemos uma faixa circular projetada a partir da Terra e dividida em doze setores iguais. Isso é o que astrologicamente chamamos de Signos Astrológicos ou Zodiacais. Observemos que algumas constelações celestes levam o mesmo nome dos Signos astrológicos e é por isso que muita gente confunde e acha que Signos e constelações são a mesma coisa. Cada Signo exerce influências, tem características similares e peculiaridades expressas por diferentes animais. Ainda observamos que, quando o Sol, a Lua ou os Astros, em seu percurso, entra em um desses Signos, os raios sutis e invisíveis do Signo reagem sobre a vibração astral e se fazia sentir na natureza e em milhares de seres humanos distanciados entre si. Essas projeções dos corpos celestes influenciam o destino de cada um de nós e, dessa forma, de todos os assuntos que fazem parte da vida terrestre. Assim, a arte horoscópica é uma realidade. O horóscopo, originário do instante em que a criança inala a primeira golfada de oxigênio, indica, pela posição dos Astros nos Zodíaco e pelos Aspectos que formam entre si, o caráter da pessoa e o destino dela.
A Astrologia Rosacruz deve ser utilizada com o propósito de auxiliar à cura das doenças e enfermidades (físicas, emocionais, mentais). E para isso qualquer assunto (detalhado pelas Casas astrológicas) pode ser o motivo de se manter uma doença ou enfermidade latente ou de ativá-la e causar o sofrimento, a dor e as tristezas da pessoa nessa vida.
De todas as contribuições para o conhecimento, duas descobertas são de suma importância: a primeira é a correlação das várias partes do Corpo Denso com os vários Astros e Signos; a segunda, a compreensão adquirida da Precessão dos Equinócios.
A regência das partes do Corpo Denso pelos Astros é uma parte importantíssima no relacionamento da Astrologia Rosacruz com o estudo das doenças e enfermidades. O horóscopo, levantado por meio da Astrologia Rosacruz mostra as doenças e enfermidades incipientes desde o nascimento até a morte de uma pessoa e, desse modo, ter tempo suficiente para aplicar uma dose de prevenção e, talvez, escapar de uma doença ou enfermidade ou, pelo menos, minimizar sua severidade, quando ela tiver tomado conta da pessoa. A Astrologia Rosacruz indica o dia em que as crises vão se manifestar e, assim avisada, a pessoa pode tomar medidas extras de precaução para superar o ponto crítico. Ela indica quando as influências adversas estão diminuindo, e fortalece a pessoa para que suporte os sofrimentos presentes com a força nascida do conhecimento de que a recuperação é certa em determinado momento. Assim, a Astrologia Rosacruz oferece ajuda e esperança de uma maneira impossível de se obter por outro método, pois seu campo é mais amplo do que o de todos os outros sistemas e penetra na própria alma do Ser.
Todas as influências causadoras de desordens mentais, morais e físicas ou as indicações de como um medicamento deva ser administrado, bem como o tempo favorável para tal, foram investigados e estudados nos tempos de Ptolomeu, Paracelso e, modernamente, por Max Heindel e Augusta Foss Heindel.
Usando como base a Astrologia Rosacruz obtemos por meio da Astrodiagnose – que é a arte de se obter conhecimento científico sobre doenças e suas causas, bem como os meios de superá-las, através de indicações dos Astros. Logicamente, a Astrodiagnose não é uma ciência que despreze as escolas de medicina e diagnose tradicionais, mas sim é um acréscimo às mesmas. É claro que qualquer pessoa com Mente aberta está pronta a aceitar um novo e avançado método de diagnose, desde que a confiabilidade desse seja comprovada.
É um fato que a dependência total de sintomas externos para identificar as doenças ou enfermidades e a confiança unicamente na ação de remédios já custaram e custam a vida de muitas pessoas. Mas conforme nos tornamos mais esclarecidos, com uma mentalidade bastante ampla vamos nos libertando de velhos métodos que provaram, por meio de muitos erros e sacrifícios de muitas vidas, serem inadequados. A ciência médica tradicional, sem dúvida, com seus instrumentos e procedimentos aperfeiçoados, deu grandes passos em direção a melhores métodos de diagnose. Mas não está longe o tempo em que se admitirá, publicamente, que o melhor caminho a seguir é saber, previamente, onde está o elo humano mais fraco para entender, por meio da Astrologia Rosacruz, onde o praticante pode encontrar o problema. Então, os profissionais de saúde poderão chegar mais rápido às causas das doenças e enfermidades (físicas, emocionais e mentais) e, também, poderão conhecer quais os melhores métodos de cura. Quando tais profissionais de saúde forem capazes de usar o horóscopo, levantado por meio da Astrologia Rosacruz, poderão descobrir o tratamento mais adequado que cada pessoa doente ou enferma poderá melhor responder. Ainda mais, tais profissionais de saúde conhecerão o caráter pessoa doente ou enferma; se a vontade dessa é fraca e se é de natureza negativa ou emocional. Então, de acordo com as informações obtidas, tais profissionais de saúde serão guiados em seus métodos de tratamentos. As doenças e enfermidades podem ser classificadas em dois tipos: latentes e ativas. Os “sintomas” fornecem indicação que a doença ou enfermidade está em processo de materialização. As tendências latentes para doenças e enfermidades são mostradas pelos Aspectos adversos (Quadraturas, Oposições e Conjunções adversas) nos Astros, verificadas no horóscopo natal. Em alguns casos, essas tendências são capazes de permanecer latentes por toda a vida, porque a pessoa pode viver de tal modo que nenhuma tensão seja aplicada ao Corpo Denso, tensão essa que daria aos Astros oportunidade de desenvolver suas fraquezas latentes. Pois se há um elo fraco em uma corrente, mas nenhuma pressão se faz sobre este, ela continuará inteira. A mesma coisa ocorre com os Aspectos adversos (Quadraturas, Oposições e Conjunções adversas) entre os Astros: elas continuarão latentes. Mas tão logo a pessoa abuse do Corpo Denso dela, esses pontos fracos poderão se manifestar. Isto nos proporciona a segunda classe de doenças: as do tipo ativas. Quando os Aspectos entre os Astros são ativados e a doença ou enfermidade aparece, as posições dos Astros progredidos fornecem a chave para o diagnóstico. Quando profissionais da saúde, cientistas, pessoas que trilham o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz e Astrólogos Rosacruzes verdadeiros chegarem a um entendimento amigável; quando recentes descobertas e pensamentos mais tolerantes das pessoas deixarem de divergir tanto uns dos outros, então saberemos que o terror e a dor da sala de cirurgias serão coisas do passado. Uma saúde radiante será desfrutada universalmente, pois seremos ensinados a viver de modo que evitaremos sofrimentos. Os profissionais de saúde viverão tão ansiosos por manter as pessoas sadias como estão agora para ajudá-las a se recuperarem de doenças e enfermidades.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1973-Fraternidade Rosacruz-SP)
INTRODUÇÃO
Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.
Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.
Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).
Para que serve audiolivro?
O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:
O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.
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FIM
Este livro temos uma representação simbólica da comunhão angelical com o ser humano por meio de flores.
Já no Prelúdio vemos uma descrição de como é a relação entre os Anjos, os Espíritos-Grupo de todo Reino Vegetal, e as flores.
1. Para fazer download ou imprimir (e ter acesso as figuras, que muito ajudam na compreensão):
Livro: Os Jardins Mágicos-Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
OS JARDINS MÁGICOS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
3ª Edição em Inglês, Magic Gardens – 1971 – editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Dedicado à
MAX HEINDEL
cuja
apreciação
e encorajamento foram
os maiores responsáveis pela
geração dessa páginas.
Na Terra das Flores os sussurros do
céu podem se tornar audíveis para crianças;
pois também as hostes celestes
têm um jeito de “dizer isso com as flores”.
ÍNDICE
PRELÚDIO – O Senhor Deus plantou um Jardim.. 8
A FLOR DA PAZ – A Lenda do Jasmim.. 15
A ANÊMONA – A Alma dos Ventos. 18
O IDÍLIO DE NARCISO – Um Prelúdio para Aquelas que esperam ser Mamães. 21
A LEMBRANÇA DA ALMA – A Lenda do Alecrim.. 31
UMA DIVINA AVENTURA COM UM NARCISO E O MAR.. 35
SINOS ASTRAIS – O Ministério da Fúcsia. 42
UM CALENDÁRIO FLORAL – A Lenda da Poinsétia. 45
UMA MENSAGEM DE AMOR – Como Cresceu a Violeta Branca. 50
ALMAS-JUVENIs – A Mensagem do Amor-Perfeito. 53
O AMOR NASCIDO DA DOR – A Lenda da Flor da Paixão. 62
O CAMINHO DAS TREVAS – O Cereus que Floresce à Noite. 80
A LUZ DOURADA – Uma Lenda da Goldenrod. 83
A MISSÃO DA PAPOULA – Uma Folha do Coração da Noite. 87
VALE DAS LÁGRIMAS – Como Surgiu o Salgueiro Chorão. 92
IDEIAIS PERDIDOS – A Canção de uma Calçada da Cidade para uma Flor Destruída. 95
IMORTELLE – A Flor da Alma. 99
A COROA DA MATERNIDADE – O Lírio do Vale. 102
SACRIFÍCIO E SERVIÇO – Uma Lenda do Visco. 105
A ETERNA ROSA BRANCA – Uma Lenda da Noite Santa. 108
O carvalho falante
para o ancião falou,
mas qualquer árvore
me falará
sobre as verdades
que eu sei que conquistei.
Mas aqueles que querem falar e contar,
e aqueles que não querem ser ouvintes,
nunca ouvirão uma sílaba
dos lábios de nenhuma árvore.
– Mary Carolyn Davies
PRELÚDIO – O Senhor Deus plantou um Jardim
O Senhor Deus plantou um jardim
Nos primeiros dias claros do mundo,
E ele colocou lá um anjo guardião
Em uma vestimenta de luz desfraldada.
O beijo do sol para o perdão,
O canto dos pássaros para o júbilo,
Alguém está mais perto do coração de Deus em um jardim
Do que em qualquer outro lugar da Terra.
Por Dorothy Frances Gurney
Cada flor carrega uma marca Estrelada, declarou o clarividente iluminado, Paracelso. Do Zodíaco veem os verdadeiros segredos de Deus. Os Anjos Estrelares são os transmissores e as flores se tornam símbolos de suas comunicações. Quanto mais próxima for nossa comunhão com os Anjos, mais profundo será o nosso entendimento dos mistérios do Reino vegetal e maior será a nossa compreensão do ministério espiritual do mundo das flores.
Cada uma das Hierarquias Zodiacais cria seus próprios padrões de flores cósmicas nos reinos celestes. Esses padrões estão em conformidade com a forma, o tamanho, a cor e o tom – cada flor canta – com a nota-chave do seu Signo. Esses protótipos cósmicos são perfeitos em todos os detalhes. Nos céus mais elevados, eles vivem e florescem em uma beleza tão maravilhosa que inspirou muitas lendas que lhe proporciona uma forma humilde para trazer à Terra uma leve concepção de sua glória transcendente dos Mundos superiores e, também, o significado deles para os povos da Terra. Imbuídos de vida eterna, eles nunca desaparecem, mas vivem e florescem com um esplendor cada vez maior através dos tempos.
É a partir desses padrões perfeitos nos Mundos celestiais, que os Anjos constroem os reflexos que nós, que vivemos na Terra, conhecemos como flores e que, quando assim compreendidos, nos tornamos um dos mais sublimes mestres terrestres. Cada família de flores têm seu próprio trabalho especial para realizar. Cada planta traz, no fundo de seu coração, uma mensagem para a família humana.
Nos primeiros estágios de seu desenvolvimento, as flores, mesmo lindas, não tinham fragrância, pois o perfume é a alma da flor, e a alma só é adquirida por meio do serviço.
Cada família de flores foi formada pelos Anjos para representar alguma qualidade ou atributo específico a ser despertado no ser humano. À medida que as hostes angélicas imprimem esse ideal em um arquétipo floral, sua corporificação física se torna um arauto radiante dessa mensagem celestial. Portanto, as flores são, literalmente, um meio de contato entre os Iluminados e aqueles que vivem na Terra, sua fragrância se desenvolve e aumenta como um belo testemunho de seu trabalho como mediadores. À medida que o ser humano se tornar cada vez mais sensível, começará a interpretar essa linguagem das flores, e na medida em que o faz e vive de acordo com seu alto idealismo em seus contatos diários com seus semelhantes, o perfume de nossas amigas flores se intensifica, e as cores se tornarão mais requintadas e as pétalas delicadas terão maior durabilidade.
Cada planta traz em suas forças vitais a assinatura de sua criação estelar. Essa impressão criadora toma forma dentro do coração da semente, e aquele que possui a “visão abençoada” pode observar, dentro dela, a imagem completa da planta que mais tarde virá a ter uma expressão física na Terra. Da mesma forma, aqueles que possuem a “sabedoria interior” podem discernir a mensagem que as flores trazem sobre as realidades do céu, e que estão aguardando manifestação no plano físico.
À medida que o ser humano aprenda a responder aos ideais incutidos pelos seres angélicos nos corações das flores, ele também desenvolverá uma qualidade de alma que irradiará em fragrância rara e bela. Ele caminhará em uma aura de luz radiante e conhecerá a glória de uma vida imortal que nunca desaparecerá.
O JARDIM DA ALMA
Um jardim é uma coisa adorável
Deus sabe!
Terreno de rosas,
Piscina adornada,
Gruta coberta com samambaias.
A verdadeira escola de paz;
E ainda o tolo
afirma que Deus não está.
Não Deus! Nos jardins! quando a véspera é fria?
Não, mas eu tenho um sinal –
Tenho certeza de que Deus está em mim.
Por Thomas Edward Brown.
Porque o ambiente físico é apertado e limitado, e uma vez que a alma deve ter liberdade para crescer e se expandir, para estudar e sonhar, chegam regozijosas peregrinações em horizontes mais amplos, em campos de exploração mais extensos, distantes, irrestritos, livres. Na página em branco de um pergaminho infinito, o Dedo da Verdade imprime muitas lições indeléveis. Das altas esferas nos céus, essas lições são levadas para a terra, onde lutam para se expressar, muitas vezes nebulosas, outras vezes nítidas, mas nunca com a clareza cristalina que existe lá no alto.
Numa dessas viagens, avistei ao longe algo que parecia uma grande mancha de sangue carmesim no horizonte. Ao me aproximar, descobri um enorme jardim de rosas vermelhas. De todos os lados, elas acenavam com as lindas cabeças ou estendiam as mãos macias e aveludadas para me abraçar. Seus corações suntuosos emitiam um perfume glamoroso que me cativou, embora o excesso fosse enjoativo e repugnante. O forte aroma do ar era quebrado apenas pelo zumbido das asas dos pássaros de plumagem brilhante, enquanto passavam, gloriosamente coloridos, porém, curiosamente silenciosos.
Apesar das cores radiantes que marcavam esse jardim, ele era desprovido de qualquer som. Eu parecia sentir apenas uma vaga corrente subterrânea de inquietação que permeava todas as coisas, e acima da revelação de cores pairava um silêncio profundo e impenetrável.
A frente caminhava uma donzela, o próprio espírito do jardim encarnado em toda a sua beleza brilhante e apaixonada. Ela acariciou um cacho de rosas vermelhas, mas muito rapidamente, elas murcharam, e quando ela atirou para longe, num gesto de cansaço, elas caíram murchas a seus pés, estranhamente como cinzas de esperanças e sonhos desfeitos.
Enquanto eu ansiava intensamente por conhecer o mistério deste lugar sedutor, uma voz surgiu do silêncio: “Esse é o jardim do amor sensual em toda a sua beleza evanescente e fugaz; é o jardim da rosa vermelha que representa o amor que é apenas humano. Aqui, cada alma retorna muitas vezes e permanece por muito tempo, vagando por esse selva emaranhada de beleza carmesim. É somente após uma longa jornada através das lágrimas e sombras que o coração desperta para a compreensão de que as rosas que crescem aqui nunca podem se tornar imortais. O glamour desse jardim nunca pode ser eterno”.
Relutante em ir, porém, com um desejo inato de partir, me afastei, e assim que os meus olhos se afastaram das estranhas luzes do jardim carmesim, surgiu diante de minha visão outro recinto. Aqui o ar era mais claro, mais fino, mais raro. Ao contrário da apatia inquietante do Jardim das Rosas Vermelhas, a própria atmosfera estava carregada de um apelo impulsivo, clamoroso e suplicante que pressionou minha alma até que ela recuou tremendo, com medo de se aventurar mais longe.
Esse jardim também estava cheio de rosas, não carmesim como no outro, mas de um rosa brilhante. Havia uma grande quantidade delas crescendo de todas as maneiras concebíveis. Cada perfume com uma intensidade que parecia ter um apelo insistente em direção a algum objetivo superior. Inúmeros pássaros permaneceram aqui também. Eles eram com muitas tonalidades mais claras do que os do jardim carmesim e de suas gargantas musicais fluíram um refrão melodioso.
Aqui, também, vagou uma bela donzela incorporando o próprio espírito de seu entorno. Com sorrisos nos lábios e sonhos ternos nos olhos, ela juntou cachos de rosas e os segurou contra o rosto. Diferentemente das rosas vermelhas, estas não murcharam rapidamente, mas brilhavam com luzes revigoradas e puras como ideais recém-despertados.
“Eu poderia ficar aqui para sempre”, murmurei.
“Sim”, respondeu a voz, “pois esse é o Jardim das Rosas Cor-de-rosa; é o lar da aspiração, formado pela mistura da rosa vermelha do amor humano com a rosa branca da pureza. A alma deve passar por muitas experiências de vida antes de poder construir seu santuário de pureza. Muitas pétalas são rasgadas e despedaçadas durante a formação. Muitos construtores de rosas descobrem que suas flores apresentam um tom carmesim muito profundo para viver nesse jardim, então ele deve recomeçar a construí-la novamente. Mas, a cada dia as rosas ficam mais bonitas e as pétalas ficam mais brilhantes com novos ideais e novas aspirações manifestados”.
Mais uma vez fui impulsionada e impelida em direção ao que parecia ser uma estrela brilhante no horizonte, mas, quando visto de perto, provaram ser dois portões formados por luzes brilhantes que jogava para frente e para trás, e entre os quais fluíam correntes que pareciam um rio brilhante. Era a única entrada que dava a um outro jardim fechado. Maravilhada e calada, aproximei-me dos portões, quando mais uma vez a voz sussurrou: “Você não pode entrar aqui. Você deve primeiro ser libertada de todas as manchas da terra”.
Oh, o brilho indescritível desse jardim. Nada aqui além de rosas brancas! Uma infinidade de flores se fundi em uma rara harmonia de som; o ar estava tão trêmulo de luz que brilhava diante de olhos humanos como gotas de orvalho girando em fios de prata. Aquilo que teria sido apenas silêncio para os ouvidos humanos estremeceu com a melodia, e cada flor branca e perfeita exalava sua bênção em música universal.
Como uma figura de luz, o Espírito branco do Jardim, portando uma das flores perfeitas, aproximou-se dos portões perto dos quais ela parou e falou assim: “Essa rosa branca é imortal; é o ideal da realização da alma. Cada espírito deve construir seus próprios portões de luz individuais e, no brilho dessa luz, descobrir dentro de si a glória de seu próprio Jardim de Rosas Brancas, o lugar interior de paz. Ore – medite – compreenda – realize”.
Relutantemente, fui arrastada de volta aos caminhos da terra novamente. Abrindo minha janela para saudar o sol da manhã, uma rosa vermelha, uma rosa cor de rosa e uma rosa branca acenaram para mim do jardim abaixo, enquanto um passarinho cantava em uma árvore próxima.
A FLOR DA PAZ – A Lenda do Jasmim
“Oh, se de fato as nações tivessem plantado uma rosa
Ao invés de uma concha no caminho de seus inimigos”.
Os Anjos conversam entre si e com os mortais por meio da cor. Uma reunião de Anjos, quando envolvidos em orações de cura para a concessão de bênçãos sobre à humanidade, aparecem como uma glória de nuvens matizadas, que salpicam o céu nas horas do amanhecer ou no pôr do Sol.
Particularmente, em dias que foram reservados como feriados nacionais em comemoração daqueles que entregaram suas vidas nos campos de batalha de seu país, os Anjos que trabalham mais intimamente com o ser humano são, particularmente, ativos em transmitir pensamentos e orações pela paz em todo o mundo. Dentro de cada coração receptivo, eles instilam esse ideal e, em cada Mente receptiva, imprimem seu nobre impulso e poder. Os Anjos são auxiliados, nesse trabalho, por aqueles na Terra que abnegadamente colocaram suas vidas no altar do sacrifício para o bem de seu país.
O branco é a luz que impregna uma terra ao observar nacionalmente a sagrada memória de seus mortos em tempos de guerra. Acima das altas hastes de mármore que se erguem tão orgulhosamente em direção ao azul do céu, e sob as quais dormem os homenageados, os Anjos pairam em poderosas companhias de paz. Seus corais são do tempo em que a guerra não existirá mais. Eles cantam sobre o dia vindouro da fraternidade, quando os corações de toda a humanidade estiverem indissoluvelmente unidos por laços de amizade e amor. Enquanto cantam sobre esse mundo mais nobre e pacífico, sua semelhança é impressa nos Éteres em padrões ideais que se estendem pelos céus onde todos aqueles, cuja visão interior está ativa, podem ver e saber o que é. Nesta imagem celestial de promessa pode-se ver o regozijo das pessoas, o brilho de seus semblantes e o amor e a confiança que todos têm uns pelos outros. Seus belos domicílios são adornados com obras de arte e recobertos de cachos de frutas e flores. Pináculos delgados brilhando como silhuetas de tapeçarias antigas são formados entre as estrelas. É um reino de delícias pela beleza, harmonia e graça eternas, uma terra que nunca pode ser devastada por estilhaços ou bombas. Seus portões estão sempre abertos para quem deseja entrar e saborear aquela paz maravilhosa que ultrapassa todo o entendimento.
Foi uma imagem como essa que o profeta Isaías viu quando escreveu: “Eles transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices; nação não levantará espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra. — Eles não ferirão nem destruirão em toda a minha montanha sagrada; porque a terra se encherá do conhecimento de Deus, como as águas cobrem o mar”.
Os Anjos também parecem extasiados de regozijo pela beleza divina desse ideal que eles elaboram acima da Terra e que, pelo poder e ritmo de suas canções celestiais, parecem incutir nas próprias almas dos seres humanos. Tão poderosas são suas radiações e tão intensos os ritmos, que toda a Terra está começando a sentir o significado de uma paz mundial.
Flutuando através das vastas extensões etéreas, hostes de Anjos reúnem algumas das flores mais belas, brancas e perfumadas que adornam a Terra da Paz Eterna. Essas flores eles trazem para os corredores habitualmente frequentados de poeira da terra. Eles são de brancura etérica e doçura celestial, pois de todas as flores, o Jasmim é o mais perfumado.
A brancura nevada da flor de Jasmim reflete a paz divina; sua fragrância, as orações dos Anjos. Do coração dessa flor oriunda de uma semente, flâmulas de boa vontade irradiam para todo o mundo; de suas pétalas são transmitidos os poderes.
Durante as horas silenciosas da noite, quando as estrelas sozinhas vigiam as cidades sepulcrais brancas construídas para a memória daqueles que morreram para a melhoria do ser humano, os Anjos fazem uma pausa para cantar sobre o dia que se aproxima, quando esses terrenos silenciosos não existirão mais. Então, será quando a fragrância do Jasmim, a flor da paz, pairando em uma magia branca e curativa acima do coração do mundo adormecido.
A ANÊMONA – A Alma dos Ventos
Ensine-me o segredo da tua formosura,
Que sendo sábio, eu posso aspirar a ser
Tão bonito em pensamento, e tão expresso
Verdades imortais para a mortalidade terrestre.
Embora, também, a capacidade da minha alma seja menor
Agradeço a você, ó doce anêmona[1].
Por Madison Cawein[2].
Quanto mais espiritual uma pessoa se tornam, mais completamente cada objeto de seu conhecimento exterior, corresponde simbolicamente à sua vida interior e ao desenvolvimento de seus poderes espirituais. Assim, o Reino da Flor reflete as qualidades do ser humano com quem ele é, na verdade, relacionados em um sentido mais profundo do que geralmente se reconhece. As flores são um verdadeiro livro inscrito com as assinaturas da alma. Neles são expressos os elementos mais sutis da natureza humana.
As flores que dormem no coração da Mãe Terra durante os longos meses de inverno e despertam com a chegada das forças da maré da primavera, revestindo toda a natureza com novos mantos de vegetação e cor, são símbolos apropriados dessa divindade inata dormindo dentro do coração de cada ser humano – que, quando despertado, faz com que ele se afaste do velho e se ligue ao novo.
Foi a compreensão dessa iluminação mística que animou o enlevado canto da alma de Isaías: “Levanta-te e cantai, vós que habitais no pó, porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas”[3]. São Paulo fez referência a esse mesmo processo de transfiguração quando escreveu: “nem todos dormiremos, mas todos seremostransformados”[4].
Para comemorar esse extraordinário processo de transformação na vida do ser humano, os Anjos moldaram uma flor. Essa flor é formada pela doçura e pelo perfume dos ventos, e derrama sua beleza fragrante sobre o mundo na alegre Época da Ressurreição.
A anêmona, flor da transformação, está envolta em todo o mistério do período inicial, quando os Anjos caminhavam com os seres humanos e os instruíam na tradição das ciências celestiais. Adônis, de acordo com a antiga lenda, era o amado da deusa Vênus. Mesmo morto, o sangue fluiu de suas feridas e, ao tocar a terra, misturou-se com as lágrimas de luto de Vênus, e vejam! Lá surgiu em milagre a anêmona, a adorável e frágil flor dos ventos.
No sangue está o mistério dos processos de transformação do ser humano, cuja tônica é a pureza. O corpo de um ser Iluminado é sempre adornado com flores ou estrelas interiores. Esses são centros de luz ou ímãs de força espiritual. Assim, a anêmona é a representação daquela força formada dentro do próprio templo sagrado do ser humano por meio do poder redentor do amor, ou a deusa Vênus da antiga lenda.
Por um dia, a anêmona leva a mensagem desse extraordinário milagre da alma para a Terra e, então, suas tênues pétalas se fecham e o espírito da sua beleza é levado de volta ao céu, para adicionar nova vibração e significado à canção dos Anjos sobre a futura emancipação do ser humano.
Mas seja teu sangue uma flor
… Para tal mudança?
Daí uma flor, de cor rosa semelhante
Como aquelas árvores produzem, cujos frutos encerram,
dentro da casca flexível, seus grãos roxos.
Sandys’ Ovid, livro X[5].
O IDÍLIO DE NARCISO – Um Prelúdio para Aquelas que esperam ser Mamães
Parecia
Como se a água estivesse viva.
Ele mesmo,
Apaixonado por si próprio, permaneceu imóvel
De um olhar longo e firme, como o escultural mármore de Parian;
E viu, como em um espelho, dois doces olhos,
Seu próprio reflexo, como se fossem estrelas.
por Ovid.[6].
I
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Os gregos contam a lenda da ninfa da floresta Narciso que, ao olhar longa e firmemente a sua imagem espelhada na água de uma lago cristalino, se apaixonou por seu próprio e lindo reflexo. Essa água mística sempre estava estranhamente parada e tinha a aparência de prata derretida. Para esse lugar tranquilo, os pastores nunca conduziam seus rebanhos, nem qualquer animal da montanha se aproximava dele: nem foi desfigurado com folhas ou galhos que poderiam cair nele.
A água é um símbolo do plano etérico ou reflexo da natureza. Todas as verdades espirituais são refletidas nessa água silenciosa prateada, e aquele que é suficientemente sábio, esteja ele nessa esfera terrestre ou nos reinos mais elevados, pode ler nessas reluzentes páginas. É aqui que linhas tênues de luz, como novelos emaranhados, marcam o contato da alma com a alma e mantêm intactos os padrões estabelecidos em muitos encontros de vida do passado.
Narciso, o jovem radiante, é aquele que aprendeu a ler esse pergaminho místico, visível somente para a visão cultivada impessoal. Quando Narciso se enamorou por sua bela personalidade, suas lágrimas caíram na água e distorceram a sua imagem. Os olhos, que ainda são canais para as lágrimas, não conseguem discernir as letras nessas folhas tênues. É aqui que os Egos, ao entrarem na vida terrena, encontram seu legítimo lugar, e onde as mães, que são suficientemente sábias, podem se encontrar e conhecê-los no seu íntimo.
Por amor a si mesmo, Narciso perdeu sua beleza radiante (seus contatos espirituais), e quando ele morreu, angustiadamente houve lamentação entre as ninfas aquáticas. É o amor pela personalidade, que sempre faz com que essas águas infinitas se turvem no esquecimento. O corpo de Narciso se desvaneceu, mas em sua memória os Anjos colocaram nas margens desse lago prateado uma flor que leva o seu nome e que, em seu esplendor e beleza perfumada, carrega a marca de sua história.
No gramado ele colocou a cabeça cansada,
A morte fechou os olhos que amavam o charme de seu dono
Nenhum cadáver estava naquele lugar, eles encontraram uma flor,
Amarela no centro, com pétalas brancas como a neve.
Por Ovid
“O visível é passageiro, o invisível é eterno. O céu se reflete na terra”. Assim falam os Anjos na beleza mágica das flores de Narciso.
II
“Os seres humanos são o que suas mães os fazem. Quando cada um sai do ventre de sua mãe, a porta dos presentes se fecha atrás dele”.
Por Emerson[7]
As largas colunatas de um antigo pórtico sinuoso, cintilam suave e branco no crepúsculo violeta-acinzentado que se aprofunda. A casa fala em tons baixos e abafados de mistério e respira romance cor-de-rosa. Tentáculos de videiras perfumadas se agarram suavemente à grande varanda e formam uma fricção com o céu azul através do qual as estrelas noturnas brilham como velas de prata.
Uma jovem mulher se senta perdida nas maravilhas incessantes do entardecer que se aproxima. Essa é a sua hora favorita do dia. O crepúsculo sempre traz o êxtase dos sonhos. Para ela, a noite é como um grande pássaro preto que, com penas macias e fofas, cobre o coração do dia e o embala para descansar. Fantasias arejadas voam por sua Mente como melodias, em parte cantadas e em parte tocadas em cordas enfadadas. Desde a infância tem sido assim. Ela sempre se esforçou para encontrar na alma alguma verdade rara que sempre a escapa, deixando apenas uma sombra de vaga insatisfação que ainda é tingida de alguma exaltação estranha.
“Oh, como eu espero”, ela meditou, “que o pequenino que está vindo para mim em breve, recolherá as madeixas da vida que as abandonei e as desvendei; espero que seja capaz de encontrar e, de alguma forma, dar ao mundo os significados internos das coisas que eu descobri e das quais sei que a forma externa é apenas um mero simbolismo – algo que será um acréscimo duradouro à beleza e à verdade do mundo”.
Ela então sonhou, e seus sonhos estavam perfumados enquanto as sombras caíram, e o inquieto pássaro negro da noite aninhava-se suavemente ao redor do coração do dia, entoando uma canção adormecida de extrema doçura.
Nos reinos dos não nascidos, um Ego, novamente, aguarda ansiosamente o retorno à Terra. Sonhos elevados de se tornar um artista famoso havia escolhido na vida terrena anterior. Mas esses sonhos não foram realizados. Obstáculos, um após o outro, frustraram suas aspirações. No entanto, nem tudo estava perdido. Das dificuldades e decepções, ele aprendeu a suportar bravamente a cruz da derrota e a coroa dos anseios impossíveis.
Durante o tempo de preparação para o renascimento nos reinos mais elevados, essa alma havia trabalhado para encontrar a razão de seu fracasso, de modo que pudesse, agora, construir de novo um corpo sobre bases melhores do que havia no passado. Recebendo o chamado para outra vida terrena, ele respondeu alegremente. A música em sua alma de artista respondeu aos sonhos de desejo dessa futura mãe. Mantendo as cores dos reinos mais elevados sempre em sua consciência, ele saiu mais uma vez com grande esperança e nobre propósito de trazer seus ideais à realização terrena.
III
O sol da tarde entrou pela janela, inundando o lindo apartamento com uma luz suave e dourada. O quarto era grande e magnificamente mobiliado. Com raras tapeçarias e com tesouros artísticos de muitas partes do mundo que o adornavam, evidenciando um bom gosto cultivado e grande riqueza.
Ao lado da janela aberta estava a dona desse rico domicílio, uma mulher jovem e bela. Seus olhos, vagando por seus belos bens, cintilavam de prazer, sua cor se intensificava e toda a sua atitude denotava exultação ao pensar na criança com quem logo seria capaz de compartilhar esses tesouros mundanos. Em breve, ela deveria receber sob sua guarda uma alma que estava empenhada em outra peregrinação na forma terrena.
Com orgulho, ela espera um filho, e muitos são os planos que ela faz para a vida dele. Sua posição social e riqueza ilimitada darão a ele oportunidades que poucos possuem. Ela pensa e planeja, a aspiração sendo sua companheira constante, à medida que os dias se estendem e se transformam nas semanas na qual ela está ajudando a construir a casa terrena para seu novo herdeiro.
Os acordes de sua aspiração se estendem até o plano onde as almas estão aguardando o renascimento; nesse reino, eles suscitam a resposta de um Ego de disposição semelhante, cuja ânsia de retornar à vida terrena é tão forte quanto o desejo dessa futura mamãe de proporcionar a oportunidade.
Um Ego fortemente atraído pelos desejos da Terra anseia pelo mundo da forma e as oportunidades que lhe são ofertadas para exercer as faculdades adicionais adquiridas, durante o intervalo de espera entre as vidas terrenas. Pela lei da atração, os desejos e as ambições mundanos, da futura mamãe e do Ego que aguarda o renascimento, atraíram os dois para uma união ainda mais estreita, até que cada um encontre a realização no outro.
IV
Novamente, uma mulher, jovem e bela, está pensando no tempo em que uma alma será confiada aos seus cuidados. Mas não há esperanças de grandes ambições, sem fantasias sonhadoras; apenas a vida simples e prática de todos os dias. Seus pensamentos não vagam além do presente ou, se o fazem, ela os traz de volta bruscamente. “Qual é a utilidade de perder tempo com conjecturas extravagantes?”, ela se pergunta. “A vida presente é tudo o que sabemos com certeza. Nossos cinco sentidos não podem nos dar mais. Vou ficar satisfeita com esta vida e vivê-la como a considero, deixando todas as especulações fantasiosas para aqueles que têm tempo para se dar ao luxo”.
E, assim ela viveu sua vida dia após dia, completamente inconsciente de que uma mãe, por meio de seus pensamentos, seus sonhos e suas aspirações estão moldando o caráter, a condição e a atmosfera da alma em que um Ego, quando entra, toma forma.
Dos muitos Espíritos que aguardam um retorno à vida terrena, não há nenhum para quem os planos internos guardem tanto tédio e monotonia quanto para o materialista. Tendo falhado em reconhecer a realidade dos Mundos espirituais, ele cegou sua própria consciência para sua existência. Não tendo, além disso, feito qualquer preparação para a vida após a morte, ele sai daqui cego e de mãos vazias e com muito pouco ou nada para trabalhar, enquanto está nos planos internos. Assim, esse intervalo torna-se um período de espera cansativa pelo retorno a outra experiência física.
Um Ego que esperou durante todo esse intervalo de tempo sombrio recebe o convite de uma futura mãe com alegria. Assim, a mulher que fechou os olhos à luz das coisas espirituais, abre a porta do seu coração para acolher essa alma que entra.
V
O Ego que vai renascer, ao se preparar para o trabalho da vida terrena vindoura, é obscurecido e permeado pelo Espírito Universal. Este mesmo Espírito inquieto demais e protetor encontra a mais sublime manifestação na Terra no amor materno. A mãe de Mente espiritualizada está sintonizada com o Princípio Feminino Cósmico e coopera, de forma compreensiva (sob permanentemente), com a Lei universal da Vida e do Amor. São as mães que se tornarão as portadoras da tocha da Nova Raça.
A futura mãe da Nova Era, vivendo no topo das montanhas do pensamento, frequentemente experimenta êxtases que quase impressionam até mesmo sua alma pura com sua beleza indescritível. Envolvida no esplendor do Espírito, com o qual ela está trabalhando conscientemente e para quem está moldando um novo corpo, ela se torna uma luz para todas as futuras mães, pela qual podem ver mais claramente o privilégio divino que é delas ao darem inclinação pré-natal a uma alma que chega. Ao sintonizar seus pensamentos e sua vida com o bom, o belo e o verdadeiro, faz dela uma vestimenta mística com a qual se envolve e, também, o Ego que se aproxima, com o qual está ligada por laços de outras vidas. Com muitos regozijos está se aproximando o dia em que toda mulher se ajoelhará diante desse santuário da Verdade e, assim, ganhará uma coroa de eterna imortalidade para sua fronte.
VI
A velha casa ainda respira romance em tons de rosa doce e sussurra mensagens misteriosas do passado. A pequena Tecelã dos Sonhos[8] ainda está sentada atrás das colunatas brancas e observa o mundo cada vez mais escuro. Como sempre, ela se deleita com o mistério e a beleza da vida.
Aquele que veio até ela nos últimos anos é, agora, um mestre da cor. Suas pinturas são poemas vivos. Ele parece ter captado todas as suas fantasias aéreas e as tecido em uma harmonia de luzes e sombras mais etéreas do que qualquer outra que o mundo já conheceu. Eles são ecos estremecedor de música que foram abafados apenas para cantar em tons coloridos. Eles mantêm a luz de fogos estranhos, um toque do sangue do coração, um perfume de flores imortais, uma sagrada beleza interior da alma. Para essa mãe, agora vem a felicidade adicional de perceber que ela havia usado suas próprias faculdades artísticas para ajudar o Ego que se tornou seu filho. Vivendo seu ideal todos os dias, ela impregnou sua consciência com sua verdade, isso tudo inconsciente, ela abriu a porta das dádivas para um Espírito maravilhoso entrar.
VII
Uma mulher de cabelos grisalhos e um rosto, no qual a decepção desenhou muitas linhas, está sentada ao lado da janela de um magnífico apartamento. Enquanto seus olhos vagueiam pelos tesouros à sua frente, ela pensa com tristeza no passado e se lembra de quantos anos atrás, ao lado daquela mesma janela, ela havia planejado um futuro tão brilhante para o filho que seria seu. Com o coração dolorido, ela revê sua juventude tão cheia de promessas.
Ainda está em sua lembrança que, com o passar dos anos, suas ambições pareciam se tornar insaciáveis. Ele cumpriu os planos que ela tinha para ele – e muito mais. No entanto, sua vida não foi cheia de sonhos mundanos a serem realizados, com o acúmulo de mais riquezas para seu tesouro já inchado e a conquista de uma posição social mais elevada, que ele não tinha tempo ou pensamento para o amor ou a mãe. Recentemente, ele sucumbiu a uma breve doença em um país estrangeiro.
“De que adianta!”, ela gemeu em seu coração. “Depois que todas as minhas ambições foram realizadas, o que eles me deram? Eu o havia planejado muito antes de vir até mim. Ele mais do que cumpriu minhas maiores esperanças de glória terrena. Ainda assim onde está a felicidade? Estou propensa a acreditar que aquele que busca conquistas mundanas é, afinal, apenas um caçador de arco-íris. Eu gostaria de poder viver minha vida novamente”.
As lágrimas caíram em seu rosto pálido. E ao longe, lágrimas de gotas de chuva caíram sobre o túmulo recém-construído e ecoaram: “Um caçador de arco-íris”.
VIII
Uma mãe que se gabava de sua lógica sadia, de seu bom senso e de sempre ter “os pés no chão” sentava-se observando com olhos de adoração uma menina esguia que se reclinava no divã. Por seus movimentos, pode-se perceber que a menina é cega. De repente, a menina exclamou: “Mãe, não é uma desgraça tão terrível ser cega fisicamente quando se pode ver luzes interiores tão maravilhosas como eu. Elas são tão brilhantes, tão deslumbrantes, e todas parecem estar dançando. Às vezes, ouço a música flutuante mais estranha e, no entanto, tudo parece estar dentro de mim. Não consigo descrever, mas nessas horas não tenho consciência de que possuo um corpo físico. Parece que vivo em pleno ar. Temos sofrido juntas tantas vezes por causa de minha enfermidade, e agora um pensamento tão estranho me ocorre, querida mãe; talvez eu tenha vivido outra vida em algum lugar, e talvez eu fosse como você é agora, cética em relação a todas as coisas que não podem ser provadas pelos cinco sentidos e condenando amargamente, como você faz, todos aqueles que tem outras crenças. Então, porque eu era cega para as coisas espirituais, e possivelmente retirei a luz dos outros, a Lei fez com que eu ficasse fisicamente cega agora. Tem uma parte de mim que ainda quer acreditar nas suas teorias materialistas, mas, minha mãe, quando essas experiências maravilhosas vêm a mim, então duvidar é inútil, eu sei”.
Com as vidas que são dedicadas a trabalharem juntas para o mais elevado, com corações transbordando de amor pela humanidade e com almas perfumadas com o aroma das boas ações, a mãe espiritualmente desperta e a sábia a quem ela concedeu renascer adequadamente, estão se aproximando do anoitecer de suas atividades terrenas. A vida tem sido para elas uma alegre canção de serviço, uma sinfonia de aspiração e idealismo na qual os tons de terra suaves e sombreados durante o dia se misturam com os tons triunfantes da noite. Suas vidas uniram a realização consciente de Auxiliares Invisíveis com seu maravilhoso ministério do dia. Elas possuem a chave que abre a porta de presentes para os Egos que aguardam uma oportunidade para novas experiências terrenas. Elas encontraram a luz direcionando para o novo dia da maternidade desperta, quando uma maior compreensão permitirá aos iluminados a viver e trabalhar em perfeita harmonia com a Lei Cósmica.
As mães, então, em reconhecimento do tempo sagrado quando estão preparando um novo templo que é o corpo para um Espírito que irá renascer, ascenderão com a bem-aventurada Maria à região montanhosa da consciência, lá para se encontrarem e reivindicarem os seus.
A LEMBRANÇA DA ALMA – A Lenda do Alecrim
Ali está o alecrim – que é para a recordação.
Por Shakespeare[9]
Frequentemente, há duas almas que caminham juntas pelas estradas da vida. Uma dessas duas está vestida com a luz da manhã e usa a beleza do nascer do sol. Ele irradia a alegria da primavera, o regozijo da criação. Seu hálito é o perfume das flores e a sua voz a música da esperança no coração da juventude.
Enquanto ele toca seu arco de luz sobre um violino mágico vibrante com harmonia, a música regozijosa transfigura a face de toda a natureza e ecoa através do espaço infinito. Uma luz difusa suaviza a paisagem, o mar cintila em uma cadência suave; e as flores se curvam sob o esplendor de uma nova beleza. Tudo se transforma. O mundo inteiro canta um hino de regozijo.
O jovem músico desenvolve seu arco como se fosse repiques de risadas: “Veja como a terra, o ar e o céu me obedecem! Onde quer que eu vá, tudo é meu. O belo fica mais belo ao meu toque; o justo infinitamente mais justo. Eu sou a alma de todas as coisas, pois sou a Alma do Regozijo”.
Outro, atraído pelo poder da música, se aproxima e se acerca dele com os braços estendidos. O companheiro da Alma do Regozijo permaneceu imóvel durante o feitiço lançado pela música fascinante. Seu olhar fixo contém o mistério de visões distantes, e seu rosto, a Tristeza e Angústia Profundas do conhecimento profundo. Há nele um perfume de flores estranhas, flores que cresceram em solidão nas alturas varridas pelo vento em meio a neves eternas.
No silêncio cada vez mais profundo, ele puxa o violino para perto do coração e começa a tocar. Primeiro, há uma nota de lamento terno que parece extraído das próprias cordas do coração, gradualmente se fundindo em um canto choroso e lamentoso. Por fim, o som se transforma em uma tempestade selvagem de agonia que, finalmente, termina em uma tremulação de resignação.
A face da natureza muda em uníssono com os humores do violino. Os ventos soluçam por entre as árvores, blocos de nuvens flutuantes obscurecem a lua, as ondas do mar batem sobre a costa como as batidas agonizantes de algum grande coração ferido. Enquanto a música desvanece no silêncio, uma estranha beleza sobrenatural envolve a noite. As nuvens desaparecem contra o céu escuro-azulado. Sobre caminhos ásperos e pedregosos, flores da primavera não plantadas por mãos humanas. O mar murmura uma canção de ninar envolta pela luz do luar mais formoso do que qualquer mortal conheça. Em todos os lugares, as flores desabrocham com uma beleza terna e ardente que é lustrosa com uma resplandecência que lembra as lágrimas.
À medida que essa música inusitada passa para outros reinos, a beleza sobrenatural da noite envolve o músico. Ele se levanta, uma chama viva estremecendo com anseios indizíveis e desejos não expressos, verdades insondáveis. Ele se volta para a Alma do Regozijo que está transfixada pela admiração.
“Você diz que torna o belo mais belo, o justo, infinitamente mais justo. Você sempre cria; você constrói de novo. Mas eu ressuscito, eu transmuto. O árido eu o torno belo. O horrível, o malformado, eu traduzo numa nova vida. Acho beleza onde antes não existia; arranco a paz das profundezas e faço com que ela viva nas alturas. Trago perfeição, conclusão. Mesmo você, Oh Alma do Regozijo, nunca poderá ser conhecida no seu íntimo sem mim, pois eu sou a Alma da Dor”.
Aquele que havia estado tão perto da Alma do Regozijo agora se vira e avança ansiosamente para encontrar esse Ser estranho, uma nova luz despontando em seus olhos. A Alma da Dor estende suas mãos em terna bênção dizendo: “Ó Espírito do Homem, eu te abençoo”.
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No silêncio profundo da alma, dormem muitos segredos esquecidos que o Espírito conheceu antes de renascer nesses véus cegantes de carne, altos anseios claros que intuitivamente tateia em seus momentos profundos, e que em tais momentos relampejam como vagas lembranças de algum tempo distante.
Antes que os Espíritos deixem sua morada celestial para outro período de experiência aqui, na sombria Terra, clara é a visão e esse conhecimento superior. É apenas o manto da mortalidade que obscurece o conhecimento dos verdadeiros valores da vida e causa as buscas incessantes e inquietas que levam à desilusão e à dor. Os Anjos estão tristes por causa dessa cegueira mortal e, assim, no fundo do coração de uma de suas flores de amor eles entoaram uma canção que é mais ou menos assim:
“A vida não é feita de prazer, mas de experiência. Quer suas notas mais profundas soem em alegria ou em lágrimas, a alma que carrega o legado mais rico em seu retorno a Deus é aquela que viveu plenamente cada momento da vida, extraindo ao máximo a essência de sua experiência e construindo-o, em ouro, a sua aura resplandecente”.
Assim canta o pequeno Alecrim, a flor da lembrança, para todos aqueles que farão uma pausa e ficarão quietos por um tempo suficiente para ouvir sua canção. “Só aquele que encontrou as lágrimas que brilham no coração por cada júbilo e êxtase e que medita à luz de cada dor é sábio o suficiente para ouvir o canto do Alecrim e recordar”. Assim, os Anjos cantam enquanto exalam uma bênção perfumada sobre suas pétalas estreladas.
UMA DIVINA AVENTURA COM UM NARCISO E O MAR
Eu vaguei por uma pista de luz dourada,
E encontrei um vale intocado, por ninguém trilhado,
E com o narciso para assistente
Eu desnudei minha alma para todos os bosques – e para Deus.
Por Stephen Moylan Bird[10]
Um dia, enquanto vagava pelo mar, símbolo daquela inquietante e maternal Sobre-alma[11], na qual despejo todas as minhas fantasias e que me devolve em sonhos tão raros que tateio por palavras para expressá-los, eu estava lendo um conjunto de desconhecidos e lindos poemas sobre o renascimento e pareciam apenas à beira da lembrança. O mar gritava com uma música estranha e insistente: “’Você não se lembra? Você não se lembra? Aproxima-te. Abaixe mais. Deixe-me pegar sua mão e levar para além das limitações físicas, através do vasto passado e acima de horizontes infinitos, para vistas do amanhã. Um poder maravilhoso é meu, que um dia também será seu para comandar”.
A única companheira de meu sonho era uma flor perfeita que se aninhava por perto e parecia palpitar em solidariedade com meu profundo amor pelo mar. Ao contemplar seu coração radiante, ela me devolveu reflexões místicas e indizíveis em Seu perfume.
Enquanto eu lia e refletia, decidi deixar de lado a minha flor companheira sonhar no centro de um lago calmo e adormecido entre as pedras. Logo minha consciência externa estava arrebatada em seguir as aventuras de uma alma para qual a morte e o nascimento não eram mais que um sono e um esquecimento. De repente, a subida da maré varreu as rochas e carregou minha florzinha para o mar. Corri pela praia, mas sem sucesso. Três ondas enormes rolaram sobre ela. À medida que cada onda a atingia, as pequeninas pétalas se dobravam como acontece com a dor. Desprezada, as lágrimas vieram, e eu estendi os meus braços com um grito: “Ó meu amado mar! Como você pode? Como você pode? Quando eu te amo tanto”.
Então, alguma coisa naquele momento me instigou para que me virasse e observasse o sol se pondo atrás das colinas que estava cintilando como grandes pilhas de folhas de junco esmagadas, peneiradas em canteiros de violetas. Maravilhosamente confortado, como sempre, por chegar perto do belo, me afastei. Olhando de relance para o lago aninhado entre as pedras, vi um objeto vagando à deriva. Aproximando-me, caí de joelhos na areia, pois ali estava a minha flor, sem nenhuma mancha ou hematoma, tão doce e bela como se tivesse se aninhado imperturbável no centro de algum calmo jardim. Estendi os braços com um grito de agradecimento ao meu amado mar.
A resposta veio em meio a um ressonante redemoinho azul claro de risos: “Você não se lembra? Você não se lembra? Aproxima-te. Incline mais. Deixe-me pegá-la pela mão e levá-la para longe acima de horizontes infinitos para as vistas do amanhã. Um poder maravilhoso é meu, que um dia também será seu para comandar”.
UMA LENDA DO HELIOTRÓPIO
Filhos de tão gentil nascimento,
Aqui essas flores se encontram,
Amor que nunca tocou a Terra completamente,
Eles – e você e eu.[12]
Por B. R. O. Low
Sobre a ampla e brilhante estrada da Vida, a alma de uma Mulher está em pé meditando. Em seu braço ela carrega uma cesta cheia de pacotes, e sobre ela fixa os seus olhos pensativamente. Depois de longo tempo, ela retira um pacote que tem uma estranha luminosidade; e sobre ele está gravado: “O que o Mundo Conhece como Amor”. Então, abre o pacote com muito cuidado e, por algum tempo, olha para aquele brilho um tanto estranho, depois o deixa de lado dizendo com tristeza: “Nada além de enfeites, nada além de algo superficialmente atraente ou glamoroso, mas de pouco valor real”. Ela escolhe outro pacote de luz cintilante, às vezes emitindo uma escrita brilhante e, novamente, em um exame mais minucioso, vê apenas um brilho pálido. Este está assinalado como “Ambição”. Depois de um tempo, ela também coloca este de lado com um suspiro cansado e examina por algum tempo e com seriedade o restante do conteúdo da cesta. Finalmente, ela escolhe um próximo ao fundo da cesta. Está rotulado como “Posses Mundanas”. Observando-o ansiosamente por um tempo ela também o vê, começando a desmoronar e desvanecendo. “Cinzas e frutos do mar morto”, ela murmura amargamente, jogando-o fora.
Ela abre outro pacote que está bem usado e parece ter sido muito manuseado. Este é chamado de “Fama”. É frio ao tocar, então ela tenta aquecê-lo colocando-o contra o coração dela. Não encontrando resposta, ela se vira e diz: “Não há felicidade aqui, devo procurar mais”. Vê um que parece estar encolhendo e, ainda assim, com admiração ela desembrulha o pacote acinzentado e lilás e se agarra ao último dos pacotes. Sobre este está gravado “Morte”. Enquanto ela o examina com curiosidade, surge dançando na sua frente o que parece ser uma bolha de Fadas, tudo fluindo com uma luz rara que não parece pertencer à Terra. Por um momento, ela paira bem acima de sua cabeça; então, enquanto ela se esforça para alcançá-la, ela flutua para os Éteres azuis; mas sempre que está prestes a desaparecer, ela desvia graciosamente e se aproxima da Terra novamente, iluminando a brilhante estrada da Vida pelo longo caminho por onde quer que sua sombra seja lançada.
Quando a luz incide sobre ela, o pacote cinza em suas mãos se derrete. “O meu sonho de amor que os Anjos me deram”, a alma da mulher chora baixinho. “O amor que sobrevive a eternidade e o imenso ciclo de vidas; o verdadeiro amor de alma pela alma que em seu idealismo e pureza não conhece limites e transmuta até a própria morte em vida”.
Ela cai de joelhos em adoração, enquanto aquela nova luz estranha precipita sobre ela, envolvendo-a com onda após onda de esplendor quase celestial.
Na região onde os Anjos aguardam em oração as decisões da alma de uma mulher, ressoa um cântico de louvor e ação de graças. Para comemorar a chegada deste novo ideal ao mundo, eles fizeram com que uma flor nascesse. Suas flores são tão emplumadas que dificilmente podem suportar a luz do dia, pois a flor não pode ser mais forte do que a concepção que a gerou. Azul é a cor do amor espiritual, portanto azul é o tom da cor com que esta flor, recém-chegada do Mundo celeste, sussurra sua mensagem à alma da mulher. Tão frágeis são as pétalas que é como se os Anjos as tivessem simplesmente emprestado à humanidade como promessa ou prenúncio de um sonho ainda não totalmente realizado. No momento, as flores em toda sua beleza perfeita podem viver na atmosfera terrestre apenas por um curto período; sob o pensamento dos humanos, e o toque logo murcham e escurecem, deixando apenas uma lembrança fugaz do ideal que simbolizam.
À medida que a beleza e pureza da mensagem que essa pequena flor retém na fragrância roxa de seu coração, torna-se mais profundamente implantada na alma da mulher, e à medida que a sagrada concepção da qual nasceu, derrama sua bênção por todo o mundo, essa pequenina mensageira dos Anjos, a mais etérea de todas as flores, gradativamente, perderá sua tênue fragilidade e alegrará por mais tempo os corações daqueles que aprenderam a ler seu significado na beleza perfeita de seu desabrochar.
O AMARANTO DOURADO
Sua coroa foi tecida com amaranto e ouro;
Amaranto imortal, uma flor que uma vez
No Paraíso, rapidamente pela árvore da vida
Começou a florescer.
Por Milton[13]
Quando o chamado da Terra soa no Céu, multidões de Espíritos somente com seus Átomos-sementes são reunidos pelos Anjos guardiões, e aqueles que estão prontos para uma nova experiência humana são preparados para responder aos chamados.
Os Egos, em seu estado de consciência no Mundo celeste, sabem que a bondade e a verdade, a vida e o amor são imortais. À medida que cada alma encontra seu lugar na longa descida processional para trilhar os caminhos da Terra novamente, o brilho desse conhecimento interior, sem entraves da carne, se espalha para longe até que as multidões aparecem transformadas em uma glória como de fogos descendo.
Um Anjo poderoso está diante dos confins exteriores do plano terrestre, segurando em suas mãos um cálice estrelado que pisca e cintila, como se estivesse definido com os mais brilhantes sóis dos céus. Envolto sobre esse cálice está uma bela flor que leva o nome de amaranto, que significa “eterno” ou “imortal”.
Cada Espírito que retorna, ao passar por trás dos véus da mortalidade, participa desse cálice e, enquanto ele bebe, o Anjo coloca em sua mão uma dessas frágeis flores douradas. Esse é o Cálice do Esquecimento, o cálice que faz com que o ser humano esqueça de que não existe a morte. Tudo é vida. A alma é imortal e cada extensão da terra é apenas uma página do livro da vida. Apenas por referência a todo esse livro, o significado das múltiplas experiências da vida pode ser razoavelmente interpretado e adequadamente compreendido. Mas, uma vez que há muito conteúdo nas páginas anteriores, que ainda não somos fortes o suficiente para ler com serenidade, é bom que nem tudo seja lembrado. Portanto, é que alguns que apreendem essas verdades interiores têm chamado esse cálice de Poção da Compaixão e o Anjo que o carrega, o Mensageiro da Caridade.
Para cada Ego que chega, esse Anjo benéfico dá uma flor dourada da imortalidade para servir como um lembrete da vida eterna, para que essa grande verdade jamais possa ser esquecida. Poucos mantiveram essa florzinha dentro de seus corações, onde ela vive e floresce em beleza perpétua. Esses são os professores de pessoas que percorrem o mundo proclamando verdades espirituais a todos os que desejam ouvir. Porém, a maior parte perdeu sua preciosa flor e tropeça cegamente nas estradas da vida terrena, o Espírito tateando incerto, sempre desejando recuperar sua herança perdida e inestimável de conhecimento.
Os gregos possuindo, como possuíam, muita compreensão do Mundo interior, coroaram seus heróis e seus mortos com uma grinalda amarantino, como um símbolo da eventual recuperação por todos os seres humanos dessa sabedoria interior.
SINOS ASTRAIS – O Ministério da Fúcsia
Eu já viajei muito nos reinos de ouro.
Por Keats[14]
As pequenas flores que “escrevem música no ar”
No branco silencioso do Céus, não há linha de demarcação entre o dia e a noite; todas as coisas e todos os seres são continuamente banhados por um brilho dourado e luminoso que não conhece superação nem lentidão no desenvolvimento ou progresso. No entanto, quando as sombras se alongam sobre a Terra:
“Galhos de carvalhos altos encantados por estrelas cuidadosas,
Sonhe, e então sonhe a noite toda sem se mexer”.
Uma quieta calma, após um ruído, cai sobre as “cortes do Céus”; os Anjos cantam com mais suavidade, e a música de seus movimentos parece respirar em cadências mais suaves. Esse é o único sinal naquela terra brilhante que indica que a escuridão da noite desceu sobre a Terra.
Além desse silêncio suavizado repica, em certos intervalos, a música dos sinos, música que muitas vezes pode ser ouvida mesmo na Terra por aqueles que ouvem seu toque. Esses sinos tocam em certos momentos específicos, quando a batida do coração da Terra está mais intimamente sintonizada com o coração dos Céus. Essas horas mortais são conhecidas como meia-noite e amanhecer.
Os sinos astrais emitem o chamado para que legiões de Espíritos saiam em missões de Amor e misericórdia em prol de todos aqueles que sofrem, e por outros que conquistaram o privilégio, por meio de tal serviço, de ascender aos reinos espirituais para receber instruções dos Anjos. É verdade que o poeta expressou essa visão ao se referir às “escadas do altar do grande mundo que se inclinam das trevas até Deus”[15].
Aqueles que ouviram a música desses sinos estão sempre conscientes da melodia etérica que soa para sempre em seus corações; com facilidade a alma se eleva em êxtase em resposta à memória que ela evoca.
Os Anjos também adoram ouvir essa música dos sinos das Fadas e, no ritmo de seus compassos, formaram uma flor que capta o eco e o espalha novamente pelo mundo. As flores fúcsia[16] são réplicas angelicais desses sinos astrais. Apenas à meia-noite e ao amanhecer elas ficam trêmulos com a melodia; as pétalas delicadas se dobram sob o influxo de harmonia, e os ternos pistilos[17] balançam ritmicamente enquanto ecoam, em música suave, o toque desses conjuntos de sinos celestiais.
Há certos grupos de Anjos que trabalham exclusivamente com o Reino Vegetal; permeiam a semente com o Éter de Vida para que os poderes adormecidos possam despertar em resposta às forças da mãe Terra. Eles moldam ternamente as folhas, pétalas, os estames[18] e os pistilos; suavemente eles colorem cada veia delicada, enquanto modelam padrões minuciosos e intrincados de rara beleza e graça. Os mortais seriam cautelosos ao lidar com esses raros dons dos Anjos, se acaso pudessem observar o amor reverente e o cuidado dispensado à formação deles.
Os Anjos ficam muito tristes diante da lamentável visão da mutilação impensada e intencional do seres humanos aos seus preciosos filhos das flores e, assim, quando os pequenos Sinos Fúcsias repicam sobre a Terra, um eco dos doces conjuntos de sinos astrais dos Céus, tropas de Anjos das flores voam em todo o mundo e reúnem as flores que foram machucadas e dilaceradas, ou deixadas de lado, pelos desatentos e incompreensíveis para murchar e morrer. Depois de imprimir uma bênção nas formas físicas cansadas e frágeis, os Anjos retiram ternamente as essências vitais e as carregam como fitas de teia de arrasto de volta aos Céus, para serem usadas novamente em seus gentis ministérios de construção de outros padrões de flores com os quais possa abençoar e embelezar a casa terrestre da humanidade.
Não está longe o tempo em que a ciência verificará essas verdades o suficiente para que cada um compreenda algo da dor e do regozijo experimentados pelos habitantes do Mundo das Flores.
E é a minha crença, que cada flor
Aproveite o ar que respira.
Assim canta Wordsworth[19], sumo sacerdote entre os poetas das flores. Mas, suas palavras são ignoradas, exceto por aqueles poucos que, com uma “visão abençoada” perceberam algo do ministério angelical de seu trabalho com a vida vegetal.
Enquanto isso, os pequenos Sinos Fúcsia fazem soar um chamado à meia-noite e ao amanhecer, convocando os Anjos da misericórdia para ministrar a todos os que afligem e sofrem nos distantes reinos da Terra das Flores.
UM CALENDÁRIO FLORAL – A Lenda da Poinsétia
Quando eles beberam profundamente
Dos copos cheios de orvalho,
Você pôde ouvir suas risadas douradas
Por todo o jardim.
Por Clinton Scollard [20]
Em tempos remotos, quando o ser humano caminhava na terra de mãos dadas com os Anjos, conhecendo apenas sua inocência imaculada e irradiando apenas sua beleza perfeita, e que nenhum pensamento maldoso ainda havia impregnado sua consciência e nem projetava suas sombras no ambiente externo, e as flores eram reflexos da consciência, todas brilhavam no mais puro branco, fazendo do mundo um verdadeiro jardim de sonho de beleza pura e perfumada.
À medida que o tempo passava e as vibrações de uma poderosa estrela abriram os portais da matéria para a entrada do ser humano, e o Espírito tornou-se mais firmemente enredado em sua forma material, as pétalas delicadamente sensíveis gradualmente captaram e mantiveram as cores dadas a elas pelos vários pensamentos e emoções da humanidade, e apenas as mais raras e belas almas-flores foram capazes de florescer em toda a sua pureza primitiva.
Mas, por muito tempo cresceu uma flor tão branca que competia com o sopro das neves da montanha; o pescoço do cisne era pálido ao lado dela. A tradição afirma que, onde quer que uma alma pura vivesse sem maculas no mundo, essas flores desabrochariam em abundância. Ao longo do caminho, impregnados de meditações elevadas, estas almas brilhavam tão formosamente quanto os pensamentos que refletiam.
Na primeira Noite Santa, quando os pastores estavam vigiando as colinas da Judeia, e a Estrela dourada os guiou em seu caminho para a manjedoura sagrada, seu caminho foi salpicado com essas flores brancas místicas, nas quais os raios da Estrela do Oriente transformaram em prata cintilante.
Quando o Santo carregava a cruz na subida íngreme do Gólgota, o chão estava acarpetado de branco com sua beleza. Elas se aglomeraram amorosamente ao redor de Seus pés machucados, como se de bom grado pudessem consertar os pregos cruéis e a coroa de espinhos. Silenciosamente, suas faces brancas assistiam o apelo mudo da encenação da Crucificação. As frágeis pétalas estremeceram em compaixão com os tremores cósmicos que ocorreram quando o Espírito Mestre rompeu seu cativeiro de carne.
Enquanto o sangue escorria devido a perfuração dos pregos e da coroa de espinhos, uma gota sagrada caiu profundamente no coração de uma pequena flor branca. Lá está aninhado. Quase imperceptivelmente, as pétalas se curvaram sob a homenagem; então suavemente, gentilmente elas flamearam em carmesim. Por todo o coração da Terra, essa força foi sentida, resultando em que, onde quer que essas flores místicas florescessem, elas mudariam de branco puro para vermelho-sangue.
A alma mais pura de todo o mundo das flores através dos tempos deve banhar seu coração no sangue do Cristo e dar ao mundo sua mensagem através da beleza das pétalas flamejantes.
I
É chegado o tempo de encerramento do ano-flor, e a cada mês de pétala foi transformado em fragrantes feixes de memória. Os Tecedores da Terra das Flores se reúnem em um conselho para decidir qual flor será considerada sagrada no Natal.
Que flor é justa o suficiente para representar o mês do Nascimento Cósmico? Em sedas pinhões de vento, mensagens foram enviadas às Deidades Guardiãs dos meses, pedindo-lhes que viessem e apresentassem suas reivindicações perante o conselho do Mundo das Flores.
Cantando a canção adormecida do inverno em notas fracas da luz do Sol cintilante, chega o pálido janeiro vestido com vestes de zibelina. Seus braços brancos como a neve estão carregados com frágeis sinos de jacinto que estremecem em música suave ao canto de saudade que sua alma deve sempre cantar do Silêncio e do Sono.
Perto do fim dos dias curtos, do outro lado da borda oeste de um céu baixo e escuro, fevereiro traça uma linha dourada, enquanto do coração cinza da Terra ela coleta gotas de lágrimas, transmutando-as em narcisos dourados de promessa para o mundo cansado. Milagres que ela traz à terra e ao céu, pois seu nome é Esperança.
Março envolve a Terra em véus de um verde vago e tenro, e permanece com as mãos entrelaçadas e ansiosas, enquanto a alma do mundo desempenha o prelúdio da vida ressuscitada. Violetas tão azuis quanto o céu para o qual eles deixaram seus olhos, brotam de seus pensamentos, pois o nome interno de março é Aspiração.
A virgem Abril, coberta de lágrimas cintilantes, se curva sobre o mundo cansado. Reunindo sua dor e tristeza, ela pressiona lábios de lírio sobre eles. Quando eles são preenchidos com uma consciência sagrada de paz, ela os molda na doçura do lírio e os comissiona a soprar sobre a humanidade o segredo de sua alma – a Conquista.
Maio, com uma risada alegre, sussurra profundamente no coração da floresta, fazendo-a abrir as portas de seu tesouro para ela. Em seguida, ela se envolve em guirlandas de Fadas para despertar o espírito da beleza. Pois maio é a alma da Harmonia que traz à vida as belezas latentes de todo o Mundo das Flores.
O jovem Junho, a Alma do Amor, numa música extática de sonhos, mergulha o pincel nos pigmentos do céu, no carmesim do crepúsculo, nas brumas brancas da madrugada, no rubor róseo do nascer do Sol e no âmbar do crepúsculo. Ela adiciona a isso o brilho suave da luz das estrelas e o doce sopro de sonhos que brotam dos corações humanos, quando, eis que o mundo conhece o nascimento de uma rosa.
Descansando preguiçosamente sobre almofadas azuis e nebulosas do céu, com colchas formadas por nuvens brancas e felpudas, respirando um incenso destilado dos corações de milhões de papoulas de tons suaves, repousa o calmo julho, a Casa do Repouso.
Elevando-se fileiras e mais fileiras de flores majestosas que moldaram suas pétalas com o ouro da luz do Sol e teceram em seus corações o amor de seu Deus, que representa o mês da glória que é o próprio sopro do Sol – majestoso agosto, a Alma da Beleza Perfeita.
Setembro, a mãe cósmica, cujo nome mais íntimo é Pureza e Paz, brilha no céu, construindo os tesouros de seus pensamentos secretos em ricos ramos de hastes douradas ondulantes para acariciar o mundo e torná-lo mais justo, enquanto ela o mantém em seu coração.
Na calma quietude, interrompida apenas por um suspiro intermitente por entre as árvores, outubro, a Alma da Meditação, inclina a cabeça. Antes de todos os lugares e ao redor dela, florestas magníficas estão derramando lágrimas douradas, em parte melancólicas, pela beleza decadente que vem, e lágrimas escarlate com medo pela desolação que se aproxima.
Com aparência semelhante e passo imponente chega novembro real, coroado pelo tesouro conquistado e atributos dourado, e carregando o crisântemo real. Este amado desabrochar de seu coração nasceu de uma consciência de excesso de orgulho. Novembro respira tentação, e tão sutilmente que até os Anjos mais brilhantes caíram diante dela.
Uma canção de conquistas proclama a chegada de dezembro, cujo coração é o Sacrifício. Suas flores são maravilhosamente altas e imponentes, com pétalas carmesim que envolvem um coração de ouro. Involuntariamente, os Tecedores da Terra das Flores prestam homenagem a eles, enquanto as belezas dos outros meses permanecem um pouco esquecidas. Durante todos os longos anos, a gota sagrada de sangue viveu no coração da pequena flor sussurrando dia a dia o significado místico de sua mensagem até que, preenchida com a alegria de saber, as pétalas flamejantes cresceram e o coração de ouro se expandiu no perfeição de sua beleza imponente. Pois, enquanto as pétalas brancas brilhavam com sangue carmesim, essa mais pura alma-flor despertou para a beleza de sua missão cósmica e sabia que também deveria assumir a cor do corpo e sair para o Mundo das Flores para trazer sua alma de volta para uma compreensão da pureza e do amor que se manifestam apenas nas pétalas do mais puro branco.
E assim acontece a cada ano, quando a vida de Cristo nasce na Terra na época do Natal, o espírito da Poinsétia[21] surge em lindos mantos sacrificais de vermelho para levar sua mensagem ao Mundo das flores e dos seres humanos.
UMA MENSAGEM DE AMOR – Como Cresceu a Violeta Branca
Junto a relva
Lá pode ser visto
Um pensamento de Deus
Em branco e verde.
É tão sagrado
E o cuidado tão humilde
Que você apreciaria
A Sua graça e o seu dom natural.
E não destruir
A flor viva?
Então você deve agradecer
e cair de joelhos.
Por Anna B. deBary
Há um grupo de espíritos por quem os Anjos são muito afáveis durante o intervalo entre as vidas terrenas. Esse grupo é composto de seres que estão se esforçando para vir ao mundo, mas são impedidos de fazê-lo pela Lei do Destino, uma vez que ainda há lições que devem, primeiro, ser aprendidas nas regiões iluminadas dos Mundos espirituais. Nesse grupo estão reunidos Egos que enfrentarão árduas lições em outro dia terrestre e que devem, portanto, estar bem-preparados para enfrentar as pesadas provações e situações difíceis que estão por vir. Os Anjos, sabendo disso, lhes concede muitos pensamentos amorosos e ternos cuidados para que eles utilizem durante esse tempo de preparação.
Entre uma futura mãe e o Ego, cujo corpo físico está se formando sob o coração, há uma faixa magnética como um cordão prateado reluzente. Esse “cordão” contém a história do relacionamento passado entre eles e os laços precedentes que ligavam a alma com a alma e a vida com a vida. Assim, não é no primeiro encontro terrestre entre Egos que acontece o relacionamento íntimo como mãe e filho.
Quando o Espírito se aproxima dos confins do Mundo Físico e, então, é forçado a voltar atrás, o reajuste às condições do plano interno torna-se, necessariamente, muito difícil. Tal pessoa está envolvida no pagamento de dívidas pesadas frustrando, deliberada e reiteradamente, os planos de outras pessoas, resistindo e derrotando a realização de esforços humanitários nobremente concebidos.
Sempre há muita dor, tristeza e angústias profundas associadas numa tentativa frustrada de reentrar na vida terrena novamente, e esse sofrimento aumenta tremendamente o vínculo entre o Ego e os futuros pais. Às vezes, até os Anjos devem ocultar o rosto da sombra que essa tristeza se molda, enquanto o cordão prateado que une mãe e filho é desconectado e flutua como uma teia de renda etérea atada fortemente pela névoa de lágrimas.
As almas que chegaram tão perto de um ambiente físico estão claramente conscientes da dor de seus pais terrenos e se esforçam para amenizar essa profunda tristeza, tanto quanto esteja ao seu alcance. Acompanhados pelos Anjos, muitas vezes, eles flutuam pelos lares que foram preparados para eles e deixam uma bênção de amor e graça como um lembrete gentil da presença deles. Mas, infelizmente, nem sempre é possível para os olhos marejados de uma tristeza profunda discernir a vinda deles ou para os ouvidos entorpecidos ouvirem seus sussurros suaves, que eles aprenderam com seus mestres Anjos a recolher a tênue teia do cordão prateado que prendia a mãe ao filho, ligando coração a coração, e que se tornou tão pesado com as lágrimas que o vínculo foi rompido.
A partir desse fio etéreo, os Anjos formaram frágeis pétalas de flores do mais puro branco e exalando em seus lábios uma fragrância delicada tão doce e profunda quanto o vínculo de amor entre uma mãe e seu filho, ainda não nascido. Essas pequenas flores delicadas foram espalhadas por toda a Terra como uma mensagem de amor do espírito aos não nascidos para as futuras mães. É assim que a Violeta Branca passou a viver no mundo dos seres humanos.
ALMAS-JUVENIS – A Mensagem do Amor-Perfeito
Uma verdadeira história para crianças e para adultos também.
Comemorativo do ministério de cura de M. W.
E há amores-perfeitos – isso é para pensamentos.
Por Shakespeare[22]
Essa é a história de um de nossos irmãos mais jovens que conheceu uma vida terrena, somente por alguns breves meses e, ainda assim, naquela época mostrou tanto amor e abnegação que as crianças e, também, os adultos, fariam bem em segui-los.
Amor-perfeito era uma gatinha cinzenta e desamparada com um rosto em forma de flor pensativamente triste, de olhos grandes e suaves que guardavam memórias de muitas experiências tristes. Pois os olhos dos animais contam suas numerosas vidas terrenas, do mesmo modo que os olhos dos seres humanos e para a sua história se faz necessário apenas saber como lê-los.
Um dia, enquanto tentava descobrir o que tinha o grande mundo, Amor-perfeito caiu e suas pequenas costas frágeis se quebraram. Sob o peso da dor, seus grandes olhos ficaram mais pensativamente tristes e o rosto em forma de flor se tornou mais fino e mais nitidamente definido.
Nesse tempo, uma Fada madrinha abençoada encontrou Amor-perfeito e a levou para morar em uma bela casa à beira-mar. Então, todos os dias difíceis acabaram, pois a bela senhora tinha uma verdadeira compreensão divina para com seus irmãos mais novos e não deixou nada por fazer para preencher os dias do Amor-perfeito com cuidado e ternura, para que a pequena vida pudesse colher todos os benefícios dessa experiência terrena. Mas, apesar de tudo, o corpinho ficou mais frágil e mais atenuado. O minúsculo Corpo Vital podia ser visto por olhos ocultos, às vezes, por estar quase livre da forma física, e foi somente através de sua resposta devotada ao amor e bondade derramados sobre ela para que fosse capaz de permanecer no plano terrestre.
Ao longo dos dias, enquanto a Fada madrinha estava envolvida em seus trabalhos de cura, Amor-perfeito se sentava na janela e observava os Auxiliares Invisíveis – ela pensava que eram Anjos – enchendo o quarto da Fada madrinha com belos pensamentos e imagens. Quando a Fada madrinha voltava para casa à noite, ela os reunia para o futuro trabalho, ajudando a aliviar as tristezas do mundo. Embora Amor-perfeito fosse incapaz de raciocinar sobre essas questões, instintivamente, ela sabia que aqueles lindos seres estavam trazendo amor e felicidade para sua Fada madrinha, pois quando ela entrava na sala, o seu rosto se iluminava como se o sol brilhasse por trás dela. Então, o pequeno coração batia muito rápido sob seu pequeno casaco cinza, e luzes dançantes brilhavam dentro de seus olhos ternos. Mas aqueles que não entendem, apenas viam uma pequena gatinha cinza ronronando no parapeito da janela.
Do lado de fora da janela, da casa da Fada madrinha, crescia uma linda roseira branca, e Amor-perfeito logo descobriu que ela usava as rosas para algum propósito especial em seu trabalho, já que as cuidava com muita cautela e sempre demonstrava a mais profunda satisfação e gratidão ao encontrar uma flor perfeita. À noite, Amor-perfeito estava acostumada a observar os Espíritos da Natureza modelando as flores. Nos dias solitários antes de encontrar a Fada madrinha, ela havia passado por todos e agora que descobriu o quanto a roseira significava para sua guardiã, ela escolheu torná-la sua responsabilidade particular. Nas noites de Lua Cheia, os Espíritos da Natureza eram especialmente ativos. Nessas horas, Amor-perfeito ficava sentada observando-os cuidadosamente durante toda a noite. Às vezes, seu corpinho ficava muito cansado e a dor das costas quebrada era quase insuportável. Mas não eram suas vigílias noturnas um serviço e um sacrifício de amor? Foi com esse espírito que Amor-perfeito, imóvel e em silêncio, observou os Espíritos da Natureza por horas, enquanto eles moldavam as pétalas tenras, e ficava com os olhos fixos nas belas Fadas enquanto exalavam fragrâncias nos corações das flores. Mas, de todo esse desempenho etérico, os olhos humanos não viam mais do que uma gatinha cinza olhando fixamente para a noite.
Devido a sua atenção amorosa que aquelas rosas cresciam, Amor-perfeito se sentiu ricamente recompensada quando viu sua Fada madrinha aparecer pela manhã para colher e levar com ternura as flores brancas perfumadas em sua bela missão de cura. Sempre que a oportunidade aparecia, Amor-perfeito andava ao lado de sua amada protetora, enquanto sua pouca força permitia, e quando ela não podia ir mais longe, ainda a seguia com seus olhos tristes até que a figura da amada se perdia de vista por completo, além das colinas. Voltando para casa sozinha, o corpinho de Amor-perfeito ficou tão cansado que ela foi forçada a descansar muitas vezes à sombra da grama alta à beira do caminho, mas o tempo todo o coraçãozinho batia feliz e o rosto melancólico iluminava-se com lembranças de ternas carícias e palavras gentis.
Apesar do grande amor que mantinha vivo o coração fiel de Amor-perfeito, o domínio sobre o corpo frágil diminuiu. Um dia a dor era quase insuportável, mas ela rastejou até onde cresciam as rosas brancas para observar a chegada da Fada madrinha. Exatamente, naquele dia ela chegou mais tarde do que o normal, pois muitas pessoas solicitavam seus serviços amorosos. Frequentemente, o pequeno corpo deficiente de Amor Perfeito tentava se erguer ao ouvir passos distantes, e a luz fraca brilharia de novo nos olhos sombreados. Mas quando o crepúsculo caiu sobre o mar, o corpinho cansado caiu para a frente na grama, e quando a Fada madrinha chegou, o coração gentil havia parado de bater. Com ternura, ela ergueu o corpo frágil e levou-a embora, pois na grandeza de seu coração ela encontrou lugar para todas as criaturas de Deus. Ninguém é tão pequeno e bastante humilde para escapar do amor dela.
Com reverência, ela colocou o corpinho de Amor-perfeito sob as rosas brancas, onde tantas vezes manteve suas longas vigílias. E agora, para aqueles que veem, quando a luz da Lua está cheia e os Espíritos da Natureza estão mais ocupados, muitas vezes, entre as sombras, surge uma pequena forma cinzenta saltando tão forte quanto as próprias Fadas, pois o pequeno dorso não está mais com a aparência irregular ou disforme. E muitas vezes, quando os belos Anjos estão enchendo a sala com pensamentos de amor pela Fada madrinha, o rostinho em forma de flor está ao lado deles. E eles também sorriem ternamente para isso, pois em seus grandes corações nenhum amor é pequeno por demais para passar despercebido ou não ser recompensado. Mas para aqueles que não podem ver tudo isso, há apenas um pequeno monte sob a grama, no qual as pétalas de rosa branca caem suavemente como flocos de neve perfumada.
Os belos serviços que os Anjos prestam ao ser humano não abrangem toda a sua missão na Terra. Nossos irmãos mais novos do Reino Animal também estão sob seus cuidados protetores. Aqueles que tratam dos negócios do Pai nos Mundos celestiais sabem que não há separação real entre os vivos e os mortos, por isso eles voltam frequentemente para inundar suas antigas moradas terrenas com amor e bênçãos. Em tênues formas de sombra, os animais também revisitam seus antigos lares e ficam perto daqueles a quem amavam durante a manifestação na Terra.
Naquela grande abertura de luz que divide o que é visto do que não é visto e do que é perceptível ou não, e que para o conhecimento da morte aparece como uma porta ou passagem, representa um ser glorioso que dirige e orienta a todos aqueles que passam de um lado para outro entre os Mundos internos do real e os externos que são seus reflexos. Esse belo ser é conhecido como a Maria Divina, a Senhora Abençoada com Mãos de Luz – mãos tão iluminadas por causa de seu ministério constante e amoroso por todas as coisas vivas. De suas mãos derramam raios de luz resplandecente que inundam eternamente essa Ponte de Transição entre os vivos e os mortos.
Na linguagem das flores, os Anjos tornam tangível essa verdade para todos aqueles que irão recebê-la, e assim eles moldaram a primorosa Amor-perfeito como um reflexo das multidões de rostos de bebês que muitas vezes pairam sobre os entes queridos a quem foram emprestados por tão breve estada. Em suas pétalas de veludo estão inscritas as orações amorosas de bebês que circundam a Terra quando os Anjos penduram as cortinas do crepúsculo, marcadas pelas estrelas dos céus.
E é assim que essa amada florzinha leva o nome de Amor-perfeito – pense em mim – pense em mim.
AS FLORES DE ACÁCIA
A luz que você carrega que ainda não vejo
Será um farol para você e para mim,
Ainda assim, serei seu guia.
— Mensagem da Mulher para o Homem
Ao final da tarde a luz minguante brilhava, refletida em um trecho do mar suave e longo. Faixas cinzentas de nuvens pairavam pesadas sobre o horizonte, encerrando o dia com aquela sensação de proximidade do infinito e aquela liberdade da alma que o espírito do mar sempre proporciona. Um homem e uma mulher estavam juntos na areia, olhando para a imensa porção de águas escuras, enquanto a maré vazante batia contra a costa fazendo um som característico, mas baixinho, como um coração aflito. O ritmo foi quebrado por uma gaivota grasnando baixinho pelo seu companheiro. Quando a luz da tarde foi se obscurecendo, uma longa linha dourada rastejou através do banco de nuvens e destacou em relevo os contornos de um barco se aproximando da costa. À medida que o barco se aproximava, o rosto da mulher se iluminava, enquanto uma sombra caía sobre as feições do homem. A mulher se voltou para o homem e, com um sorriso radiante, estendeu as suas mãos solicitantes para que fossem seguradas.
– “Você vem comigo?”, ela perguntou a ele.
Ele se virou e olhou fixamente para as águas cinzentas.
– “Você não está vendo a luz dourada que rapidamente rompe as nuvens cinzentas?
– Oh, mas você vem? – ela perguntou novamente – “pois, atrás daquela cortina de ouro que a cada dia estava mais transparente, já posso ver as Colinas Azuis da Realização agigantando-se contra o céu com sua crista brilhante de sonhos. Suas alturas são tão deslumbrantes que ainda não ouso tentar olhar para elas; mas se você vier comigo, juntos encontraremos seus picos mais elevados”.
– “Não consigo ver nada”, declarou o homem, “a não ser os bancos de nuvens suspensos sobre o mar. Por que devemos embarcar em águas desconhecidas em busca de uma aventura estranha, quando há tanto a fazer aqui? Por que você não pode ficar comigo e nos dar por satisfeitos com as coisas como elas são, sermos feliz no viver, amarmos e trabalharmos no mundo que conhecemos?”.
A mulher desviou seu olhar triste para longe, enquanto respondia:
– “Realmente, para compreender e fazer o nosso melhor trabalho com o que sabemos, devemos ter algum conhecimento do desconhecido. Meu trabalho deve alcançar os efeitos que são vistos e tocar as causas que não são vistas. Você não consegue perceber que não há barreira entre nós, exceto aquela que seu próprio pensamento inferior criou? Ambos estamos seguindo o mesmo caminho, só que você escolheu o lado que foi suavizado e nivelado pelos muitos renascimentos, enquanto eu estou seguindo o caminho solitário que poucos ousaram percorrer até agora. Enquanto seguirmos nossos caminhos separados, a Obra deve permanecer incompleta e iremos tropeçar, mutilados e incapacitados, devido a falhas miseráveis e aos equívocos. A realização perfeita do nosso compromisso só pode vir por meio de uma combinação harmoniosa do nosso duplo poder. Por muitos milhares de anos, através das estranhas complexidades da vida, nós nos tocamos e nos separamos, apenas para descobrir em cada novo encontro, sombreado por vagas lembranças e perturbado por sonhos, em parte, familiares. Por quanto tempo mais você vai atrasar na realização de um plano que é divino em sua plenitude?”.
– “Não entendo”, respondeu o homem; “Não consigo ver e não sinto o chamado estranho que lhe atrai. Parece-me que você é vítima de estranhas fantasias, de noções bizarras que não têm nenhum fundamento na realidade e na verdade. Você está disposta a esquecer o amor e o dever por sonhos utópicos”.
A mulher olhou para ele com compaixão enquanto ouvia, contudo, uma ternura ansiosa, meio maternal, tomou conta dela. Quando ele parou de falar, ela gentilmente respondeu:
– “Se eu não tivesse conhecido esse grande amor, nunca teria encontrado a chave que abre a porta dos mistérios da vida. Nenhuma mulher pode começar a compreender a divindade que dorme no âmago das coisas, até que tenha encontrado o seu próprio ser divino através do amor da alma”.
Seu rosto ficou extasiado enquanto ela continuava: “No caminho que leva ao topo daquelas Colinas Azuis da Realização posso ouvir a batida do coração de séculos, à medida que os homens e as mulheres da Onda de Vida Humana escalam juntos, e aquela luz indescritível que coroa seu ápice é um reflexo dos rostos daqueles que encontraram a verdade que lá habita. Há um cordão invisível e sutil que se estende entre o homem e a mulher, ligando-os sempre juntos, e até mesmo não percebido por muitos, mas, ainda assim, é a força mais poderosa em todo o universo. Quando o homem compreender essa lei, ele saberá que não pode machucar a mulher sem machucar a si mesmo. A mulher saberá que não pode se levantar sem puxar o homem.”. Com essas palavras, ela fez uma pausa e, olhando para ele com o amor de longos séculos brotando em seus olhos, ela continuou: “Nenhum dos dois pode ir sozinho. Há uma altura que só pode ser atingida quando o homem e a mulher sobem de mãos dadas”.
O barco se aproximou da areia e esperou como um estranho pássaro pronto para voar. A mulher se virou e olhou para o homem de forma minuciosa e com seriedade. Mais uma vez, ela falou com ternura:
– “A alma da mulher salta para as estrelas em um salto nas asas da intuição, e lá ela espera pacientemente enquanto o homem escala lenta e laboriosamente pela longa escada da razão e do intelecto, mas os dois devem se encontrarem e se reunirem para sempre no cume da Consumação Divina. Estarei sempre à sua espera, ó alma da minha alma”. Beijando-o na testa com reverência, ela se virou cambaleando em direção ao barco, cega pelas lágrimas.
Mudo, silencioso, com uma estranha dor no coração, o homem observou o barco deslizar sobre as águas cinzentas. À medida que aumentava a distância entre eles, sentiu sensivelmente puxando a corda que os unia e, ao mesmo tempo, uma estranha premonição angélica o emocionou, de que algum dia ele também viajaria por aquele mesmo caminho. Quase inconscientemente, ele se esforçou para imaginar as Colinas Azuis do Sonho contra o horizonte e, ao fazê-lo viu a grande névoa se abrir sobre o barco e uma estrela dourada brilhar sobre ele. Ao mesmo tempo, o cordão invisível se alongava e se alongava, mas ele sentia em seu coração que nunca poderia se quebrar.
Todos os dias, os Anjos enviam seus Auxiliares através do mundo terreno para reunir todos os ideais e concepções que nascem da humanidade. Eles estão sempre à espreita de belos sonhos que flutuam através dos Éteres; eles reúnem a essência de nobres aspirações e a fragrância de muitas ações que são desconhecidas e pouco divulgadas: esses eles carregam para os reinos que os Anjos chamam de lar, e lá eles são modelados em flores que os Anjos devolvem novamente à Terra. Cada flor nasce de uma bela concepção, ou tipificam algum ideal nobre que vive no coração da humanidade.
Para simbolizar o belo vínculo entre o homem e a mulher, os Anjos geraram a Acácia. E é por isso que foi escolhido por uma das Fraternidades místicas mais importantes, cujos ritos são fundados no amálgama dos princípios masculino e feminino, para uso cerimonial como um símbolo de Vida Eterna e de Amor.
O AMOR NASCIDO DA DOR – A Lenda da Flor da Paixão
Oh coração, oh sangue que congela
Sangue que queima,
Retornos da Terra
Por séculos inteiros de loucura,
Barulho e pecado,
Feche-os,
Com seus triunfos e suas glórias e o repouso – o amor é o melhor.
Por Robert Browning
As emoções pertencentes aos planos inferiores do Reino conhecido como Desejo, emitem suas notas de vida em uma massa rodopiante de forma e cor e, aqui também, os Anjos encontram trabalho para fazer. Fora desse redemoinho de sorrisos e lágrimas, de esperanças e decepções, de medo e dor, em que a maior parte da humanidade constrói tão inconscientemente, ainda assim, constantemente, os Anjos auxiliares estão ativamente empenhados em tecer padrões de flores que tomarão forma e crescerão na Terra. Muitas flores vivem e florescem como símbolos dessa influência gerada pelos pensamentos e desejos de homens e mulheres no mundo.
Há um vasto jardim onde as flores deslumbrantes florescem com uma beleza carmesim e exuberante. Até o Sol parece captar o reflexo de sua luz vívida e brilhante, com uma tonalidade mais avermelhado. Todo o ar está parado e carregado com um perfume lânguido, pois este é o jardim onde só crescem as flores da paixão. Nas primeiras horas da madrugada, quando a essência espiritual do céu está sendo soprada sobre a Terra e, assim, é mais fácil despertar a alma do ser humano para as realidades da vida, e novamente na hora mística do crepúsculo, quando a Terra mantém uma conversa silenciosa com as estrelas, uma bela Fada entra suavemente neste jardim e caminha ansiosamente por seus variados caminhos. Frequentemente, ela tenta pressionar as pétalas carmesim contra o peito, mas elas apenas deixam uma mancha de tonalidade escura e sombria, e preenchem seu coração com um estranho desejo. Ela deve se afastar por muito tempo desconsolada – pois o Espírito de Felicidade nunca pode encontrar aqui um lugar permanente para habitar.
As flores do jardim tornam-se mais abundantemente exuberantes e de uma beleza selvagem, enquanto a cada visita o Espírito de Felicidade se torna mais frágil e atenuado, até que, finalmente, sua presença gentil é como uma lembrança de alguma coisa doce.
Um dia ela entrou no jardim muito devagar, mas ainda se curvando ansiosamente sobre as flores brilhantes, com seus dedos frágeis mal tendo forças para fazer sua costumeira impressão escarlate em seu peito. Quando ela se vira cansada, cai inconsciente no chão, enquanto um pólen leve e nauseante penetra rapidamente sobre ela até que ela quase se perde de vista.
De repente, um vento frio sopra sobre o jardim e todas as flores da paixão inclinam docilmente em suas hastes, enquanto uma flor rara e branca, que não parece pertencer à Terra, permanece como uma presença sagrada no meio delas.
Sob essa nova influência, o Espírito de Felicidade revive e luta para ficar de pé. Ansiosamente, ela banha seu coração ferido na suavidade de seu perfume, e seus dedos perdem suas manchas carmesim em meio ao veludo de suas pétalas.
As Flores da Paixão inclinam cada vez mais em seus caules até que seus rostos estejam completamente escondidos na poeira, enquanto a estranha flor branca cresce mais alta e mais bela e enchendo o jardim com sua glória celestial.
“A Felicidade é um atributo da alma muito raro para ser tratado com ociosidade”, dizem os Anjos, inclinando sobre a borda do mundo, olham para o jardim prostrado abaixo. “A Flor do Amor não nasceu naquele dia mais cedo, pois a Felicidade não poderia mais ter sobrevivido em meio a tanta solidão e dor”.
Uma grande onda de luz inunda o jardim. Não se pode dizer se vem da flor branca que ergue seu rosto tão orgulhosamente para as estrelas, ou dos rostos dos Anjos com asas dobradas e mãos quietas que se ajoelham para orar.
UMA SINFONIA DE LÍRIOS
O sopro do crepúsculo caiu suavemente no jardim, como alguma melodia de fragrância assustadora e pouco lembrada. Uma sinfonia em branco e dourado, o jardim estava todo lindo e silencioso e sob o céu um pôr-do-sol tingido de opalina [23]. Lírios, lírios – havia lírios por toda parte. A partir de exóticos raros, impregnados pelo seu rico perfume, às pequeninas flores brancas com que os beijos da floresta em seus lábios.
Para a Mulher com o Coração de Lágrimas, eles trouxeram uma mensagem de paz de suas profundezas perfumadas. Em sua beleza pura e branca com corações dourados, ela os comparou a sua própria criança Lily, uma garotinha que costumava brincar por lá, há muito tempo. Mas foi então que a Mulher manteve a luz do verão em seu coração.
Uma noite, quando as estrelas estavam brilhando e os lírios inclinavam suas cabeças sob uma dor de gotas de orvalho peroladas, a alma da criança Lily foi levada aos cuidados de Deus tão suavemente, da mesma maneira como a doçura de seu jardim flutuou para cima nas asas da noite. Era por causa do coraçãozinho que os amava tanto, que os lírios se tornaram mais belos e as flores mais doces. Quando a Mulher com o Coração de Lágrimas os enrugou em sua dor, eles espalharam um perfume que era como uma bênção sobre ela. Às vezes, ela até imaginava que a alma de sua filha Lily respirava novamente em sua beleza e que o aroma de seu amor brotava de seus corações perfeitos.
Uma noite de outono, quando os ventos tocavam pequenas melodias menores com as folhas rugosas, e os lírios, como memórias assombradas, ficaram brancos e elevados e ainda assim, a Mulher com o Coração de Lágrimas viu quando se ajoelhou entre eles, uma criança adormecida, meio escondida em suas sombras perfumadas. Uma pequena criança abandonada talvez, mas semelhante em sua maravilhosa justiça para com a criança Lily de muito tempo atrás. O cabelo dourado estava emaranhado entre as pétalas brancas e macias. As mãos daquela criança agarraram uma quantidade de flores murchas contra o peito. Ela havia vagado por este santuário guardado apenas pelos Lírios sentinela. Mas eles não perceberam a diferença e se agruparam com tanto amor em torno dessa linda cabeça como se aninharam sobre o terno coração que por tanto tempo permanecera frio e quieto.
De alguma forma estranha, em que a tristeza se mesclava com uma espécie de doçura menor, e a ternura se mesclava com a dor, a pequenina sorriu com a essência de seus sonhos mais profundos do Coração de Lágrimas da Mulher. O sopro dos lírios sonolentos tomou conta dela em cadências de música oral, enquanto essas palavras em ritmos cadenciados de fragrância, despertavam em seu coração uma melodia persistente: “Quem receber uma dessas crianças em Meu nome, a Mim recebe.”[24].
Os sorrisos que cruzaram o rostinho eram para a Mulher com o Coração de Lágrimas como as carícias de um raio de sol em mármore delicadamente cinzelado. Os olhos que de repente se abriram e cruzaram com os dela, eram estrelas que haviam descido do céu, ainda retendo um pouco do azul de seu cenário celestial. Com toda a intuição de uma criança, ela sentiu o desejo do amor materno inclinar-se sobre ela. Estendendo suas mãozinhas desatentas de infância, mas feliz, sua risada infantil despertou um eco no Coração de Lágrimas da Mulher que se fechava de tristeza, já que a pequena sepultura foi feita como uma cicatriz na bela face do jardim. Ao reunir a criança em sua vida solitária, suas lágrimas caíram suavemente sobre os lírios esmagados e iluminaram-nos quando um novo amor despertou em seu coração.
Com o nascimento deste amor veio à luz de uma grande compreensão, aquela que se encontra inevitavelmente na sombra de um amor que é matizado com o divino. Ali ao lado da pequena cama onde os doces sonhos da criança Lily haviam adquirido forma tangível nas flores de Lírio que se curvavam sobre ela, a Mulher com o Coração de Lágrimas aprendeu que o Amor é a chave mágica da vida e de seus infinitos mistérios. A imutável lei da compensação foi investida de um poder e uma beleza que ela nunca havia conhecido antes.
Ela percebeu como é infinitamente bom saber que não há nuvem escura demais para que a luz do sol se dissolva e nenhum rosto tão belo que não esteja manchado de lágrimas e mesmo assim ser tão belo para eles. Só o amor purifica o pecado, torna a tristeza sagrada e põe a resignação como uma estrela na fronte da dor.
O incenso das esperanças enterradas retornou a ela, revivificado no glorioso tema que os Anjos cantam diante do Trono de Deus: “E agora permanece a fé, a esperança e o amor, porém, a maior destas virtudes é o Amor.”[25].
No panorama dos anos subsequentes, cheios de possibilidades se estendendo diante dela, a tonalidade da dor que sombreava todas as coisas, desapareceu. O mundo estava em tonalidades dourados. Ela sabia que os acordes de amor, pelo conhecimento da fraternidade de toda a humanidade, tocavam profundamente em seu coração, respirando através de sua alma a inefável harmonia, de sua unidade com o Infinito. Esta é a concepção divina do Amor.
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No decorrer da noite, os ventos vergaram os lírios sobre seus caules delgados, o pequeno monte abaixo deles estava coberto com a ternura verde da doçura do coração. E a fragrância do jardim parecia derreter em uma música – uma Sinfonia de Lírios.
A CATEDRAL DA NOITE
“Uma asa de Anjo bate em cada janela,
Mas apenas os ouvintes ouvem e se levantam.”
Por Anon
Os suaves portais de cor púrpura abrem no crepúsculo, e lá estava a vasta Catedral da Noite, empoeirada de anseios e sombreada por sonhos, repleta de pontas de chamas douradas que brilham e cintilam, e derramam seus segredos sobre o coração de um mundo adormecido.
O interior dessa imponente catedral é o lar de harmonia e ritmo inefável. A vasta extensão é apoiada por infinitas colunas panorâmicas espirais formadas em uma requintada simetria. Permanecendo como a alma de algum mármore raro transformado no Espírito da Juventude, da Inocência, da Alegria e da Beleza, elas emitem um etérico esplendor de Luz. Entre essas colunas, os corredores perfumados conduzem a um altar cintilando em sua brancura de neve como o mais puro alabastro[26]. Em perspectivas maravilhosas, essas colunatas como fadas, estendem-se ao longe, e são mais belas à medida que vão recuando, até se perderem sobre o altar em um êxtase branco e luminoso.
De repente, a luz se intensificou. As notas de um coro triunfal soaram ao longe, aproximando-se cada vez mais, até que toda a vasta catedral estivesse vibrando com a música. Gradualmente, cada átomo do espaço é preenchido – preenchido com os espíritos de crianças pequenas, alegres, radiantes, livres.
Nos seus lares físicos, enquanto os pequenos corpos estão repousando no sono, as almas flutuam pela silenciosa Catedral da Noite. Aqui, eles formam belas amizades com outras almas de crianças que também estão temporariamente libertas de seus corpos terrestres. Guiadas e dirigidas pelos Anjos, que são professores sábios e amorosos, eles estão aprendendo, por meio de brincadeiras alegres, a tecer com fios de ouro em suas vidas terrenas alguns reflexos tênues do Mundo celeste. Esses lindos Anjos reúnem esses espíritos em procissões longas e vestidas de branco, que percorrem seus incontáveis caminhos pela Catedral. Primeiro eles entram no Salão do Silêncio, guardado por imensos portões de ouro que sempre se abrem, convidando qualquer um a entrar, e nunca fechando a não ser ao som de uma palavra falada quando, por alguma magia estranha, eles se tornam barreiras imensas e impenetráveis, bloqueando as belezas primorosas que está além deles.
As paredes deste Sala são compostas por inúmeros mosaicos construídos de sonhos. Eles formam uma sinfonia de cores vivas e iridescentes (furta-cor). Alguns dos padrões são estranhamente fantasiosos, outros são cativantemente belos, enquanto outros são tão bizarros e estranhos que existem aqueles que ficam perdidos em admiração diante deles. Cada um que entra aqui, encontra um padrão para estudar. (Pois não somos todos sonhadores no coração?) Alguns desses sonhos cintilam e brilham com todo o esplendor de uma vida sempre crescente porque foram trazidos à fruição na Terra; outros, meio envoltos nas sombras do crepúsculo, estão lentamente desaparecendo nas coisas escuras esquecidas. Eles são incapazes de suportar porque nunca receberam vida no “mundo dos homens”. (O que se vê é que muitas das mais belas almas, mesmo assim, com desejo ardente estão se afastando).
O chão desta Sala do Silêncio é de luz suave e se compara a névoa de um dia de primavera que se eleva toda prata e creme do coração de um rio. As paredes se tornam mais claras e luminosas, à medida que mais alto eles se ascendem, até que se perdem em um esplendor indescritível no espaço infinito. Os padrões estão mudando constantemente à medida que novos sonhadores entram no Salão e lá inscrevem seus sonhos. Uma das principais verdades ensinadas pelos mestres Anjos é o valor inestimável da alma a ser adquirido frequentando a Sala do Silêncio, e a importância que assume em termos de conhecimento, orientação e conforto nos tempos que virão para toda a humanidade.
Ao deixar este Salão, muitas das crianças veem um belo Espírito, distinguível onde quer que ela vá por meio da joia usada em seu peito. Essa joia fica maior e aumenta a luminosidade a cada serviço prestado a um necessitado. Ao conceder tal ajuda, ela brilha com uma luz gloriosa. Este é o Espírito de Serviço. Ela nunca é encontrada sozinha, mas de todas as formas entre as multidões. Onde o escuro sombrio do outono, são mais longos e profundos, a luz da joia preciosa em seu coração brilha como uma estrela de amor caindo sobre um mundo cansado e acalmando-o em uma paz infinita.
Os raios brilhantes do Sol do Espírito de Amor resplandecem e transfiguram aqueles cujos corações e mãos estão aprendendo a seguir seus caminhos de ajuda ministerial. À medida que as almas avançam em conjunto, elas encontram a entrada para uma vasta sala, uma sala cujas dimensões são indescritíveis. Através de seus portais sempre abertos, os raios de uma Estrela brilhante lançam sua luz, e todos que cruzam seu raio de ação, nele devem entrar. O interior desta sala é formado por numerosas bainhas de pérolas. Os pisos que se estendem por uma distância infinita e as paredes cujos limites estão além da visão são todos mais iluminados com seu brilho suave. A luz aqui é tranquila e moderada como a luz de uma Lua nova brilhando nas florestas profundas. Roubando pelo ar, estão as melodias menores sonhadoras tocadas em harpas de ouro.
Alguns daqueles a quem a Estrela guiou até a porta veio com lamentos e gritos doloridos de dor; outros veem de boa vontade com sinais de gratidão pelo que eles reconhecem como uma oportunidade de aprender lições importantes e muito necessárias. Após sua permanência terrena, cada alma deve novamente cruzar este mesmo limiar, pois é aqui que a Lei de Causa e Efeito imprime seu registro na forma retratada. Os mortais conheceram esse lugar como a Sala da Tristeza e do Pesar Profundos. Suas joias mais preciosas são formadas pelas lágrimas cristalizadas da humanidade. Inúmeras pérolas belíssimas de sacrifício e renúncia podem ser encontradas aqui. Esses são mostrados àqueles que têm olhos para ver por meio dos Anjos que servem como professores. Todos os dias pérolas são adicionadas na bela estrutura; nenhum está perdida. É por isso que a sala deve ser tão grande e seus limites são incomensuráveis.
A coisa mais bonita nessa grande sala de luz é o Altar das Pérolas. Cada gema é perfeita em tamanho, cor e forma e é iluminada com uma beleza suave e amorosa. Essas são as lágrimas cristalizadas das mães. É nesse altar que os espíritos tristes se aproximam de Deus. É aqui que a próprio Sala da Tristeza e do Pesar Profundos vive quando está longe de sua casa no Mundo celestial. Nesse reino elevado, ela sempre se encontra perto do Espírito de Amor. É assim que a tristeza sempre paira sobre a glória branca do Amor. Esse é o ensinamento dos Anjos às almas das crianças visitantes, e esse conhecimento está profundamente gravado em seus corações para que as experiências terrenas, quando retornam, possam se tornar mais compreensíveis. Depois de tal instrução, muitos reconhecem, intuitivamente, a Sala da Tristeza e do Pesar Profundos como doce, justo e amigável, e assim perdendo todo o medo, saúdam-na com os braços abertos. A Sala da Tristeza e do Pesar Profundos está sempre vestido de branco, simbolizando o fato de que ela não se arrepende. Quando uma alma reconhece sua verdadeira missão, a tristeza desaparece porque se transmutou em amor. Os Egos dessas crianças são instruídos a lembrar que, para um Espírito desperto, a tristeza é apenas o cadinho no qual se testa a força de caráter.
Ao lado da entrada dessa vasta Sala da Tristeza e do Pesar Profundos encontra-se uma figura que parece a própria essência da luz. Cercado por um halo de vibração palpitante, que se estende muito além da linha de visão e penetrando profundamente no coração de tudo que toca, ele atrai um eco em esplendores refletidos. Muitas almas veem da Sala da Tristeza e do Pesar Profundos, algumas acompanhadas e outras sozinhas, mas este Espírito brilhante lança, em cada um e em todos, um raio de luz. Poucos entre eles têm consciência da luz que os circunda, e com exceção das almas raras e excepcionais podem ver o Espírito sublime.
Esse Espírito, raramente, é visível para aqueles que aparecem acompanhados; quando visto, é quase sempre, por quem anda sozinho. Os Anjos explicam que este é o sublime Espírito da Verdade. Em sua verdadeira casa, no Mundo celestial, ele vive mais perto de Deus do que qualquer outro Espírito, exceto o do Amor. Embora os Egos possam permanecer na luz que emana dele, porém, podem nunca se aproximar do grande Espírito. Quando alguém tenta alcançá-lo, ele sempre recua; no entanto, a LUZ SE TORNA MAIOR. Jamais, alguém estará consciente da plena glória desta grande luz, exceto aqueles que trazem em seus corações uma impressão da Sala da Tristeza e do Pesar Profundos.
Em grandes grupos, as almas das crianças se reúnem em torno do glorioso Altar Branco da Catedral. Este é o altar do Amor e é iluminado com a luz branca e pura que desce do próprio trono de Deus. A luz que emana deste altar inunda o edifício majestoso em todo o seu comprimento, largura e profundidade. Os Anjos explicam para as crianças como a luz sempre retrata o amor. Nunca pode haver luz sem amor, visto que o último é a causa do primeiro. Sempre que observarem a luz de um novo dia, eles devem se lembrar que é uma expressão do amor de Deus pelo mundo. Sempre que virem o Sol, o coração de nosso Sistema Planetário, eles devem saber que ele também é um símbolo do amor de Deus.
Pairando sobre esse altar está muitos almas aguardando a convocação para renascer. Cada um, como o chama o Anjo da Vida, reúne uma oferta do altar do Amor para levar em seu coração ao mundo, pois esses são os mais doces mensageiros de Deus para o ser humano. Além do altar do Amor está a entrada para o que parece ser o domínio da Terra Sombria. À medida que as crianças se aproximam dessa entrada, elas hesitam como se uma onda de dor as envolvesse; uma escuridão sombria permeia o espaço que é delineado por um friso suave de lágrimas. Incontáveis pequeninos envoltos nas sombras suaves são vagamente discerníveis, e o que parecia um grito lamurioso como de sons de arrependimento de orquestras formadas por sombras.
Os Anjos explicam que essa é a casa daqueles que estão esperando para retomar suas vidas terrenas, e que quando o Anjo da Vida os chamar, eles devem ir, cada um para o seu lar, onde serão estrangeiros e desconhecidos, e onde não serão bem-vindo. É por isso que, intuitivamente, evitam sair pelo fato de estarem envoltos em sombras. Eles não vivem tão perto do grande altar do Amor como aqueles que vão para os lares de amor, onde sua chegada é esperada com ternura e ansiosa expectativa. Esses pequeninos da Terra Sombria, às vezes, se esquecem de levar uma oferta do altar do Amor, quando vão para o mundo terreno, e por causa dessa falta em seus corações, suas vidas serão muito difíceis até que encontrem o amor por meio do serviço aos outros. Como semeamos, devemos colher: esses desafortunados semearam na escuridão; agora eles devem colher sombras até que a tristeza e o sofrimento os tenham levado à realização da Lei perfeita.
De repente, através do ar, são subtraídas harmonias inefáveis que surgem de um jogo sinfônico de cores. Lavandas suaves derretem em cinzas requintados, e tons de violeta se entrelaçam com rosa em tons mutáveis de beleza tão raros e delicados que parecem apenas sonhos delirantes. Cada cor respira na suave e indescritível fragrância musical – fechando os acordes meio lamentosos, apenas para se perder na distância com ecos de Fadas. Flutuando, mudando, tecendo e se separando, eles abrem perspectivas atraentes de um mundo de sonho à frente. Montanhas e prados, vales e planícies cobertos de flores se estendem em uma beleza estranha e sobrenatural iluminada e irradiada por um Sol dourado. A luz penetrou no coração de cada árvore e flor e deixou ali um raio de si mesma para testemunhar a glória da luz e do amor. O ar é tão luminoso com essas cores cintilantes que nenhum olho mortal poderia suportar o brilho por muito tempo.
Do coração desta terra dos sonhos vem uma figura feminina de majestade sobrenatural, mas não tão bela quanto os Anjos. Ela é assistida por muitas belas figuras que estão espalhando papoulas com cheiro de sonho ao longo de seu caminho. Doces imortais e o perfume de tranquilidade se mesclam com a fragrância de seus pensamentos em terna saudação. “Quem você acha que eu sou?”, ela pergunta. As crianças ficam em silêncio em um êxtase reverente. “Eu sou o Espírito da Morte”, responde ela.
Para as exclamações de alegria que saúdam esse anúncio, ela oferece mais informações sobre si mesma. “Sim, eu sei”, diz ela, “que a pobre humanidade iludida sempre me imaginou como uma criatura carregando uma caveira e ossos cruzados, ou em outras formas aterrorizantes que instilam nos mortais um medo geral de minha presença; mas se eles apenas entendessem, me reconheceriam como um amigo. Quanto mais o ser humano aprende de mim, mais ele saberá de si mesmo”.
Carinhosamente acariciando os grupos que se reuniam ao seu redor, ela continua: “Amo todos os que vêm a mim e levo cada um ao meu coração como uma mãe faz com um filho cansado. Afinal, quase todos são apenas crianças – alguns deles muito cansados e a maioria extremamente assustados com a mudança. Ensinem ao mundo, meus pequeninos, quando vocês voltarem, que não há nada a temer. A morte é apenas uma passagem de um sonho para a realidade – a realidade que está por trás do sonho. Todos esses que me atendem recebem e cuidam dos pequeninos que vêm da Terra e não têm nenhum dos seus entes queridos aqui para encontrá-los e ajudá-los a se acomodarem em seu novo ambiente. O serviço que presto com o maior prazer”, acrescenta baixinho, “é acalmar um coração cansado e dar descanso a uma alma cansada”.
A cortina de cores se levanta, novamente, revelando cenas de beleza fascinante e respirando música tão estranhamente doce que até mesmo os Anjos são obrigados a fazer uma pausa para ouvir; o Espírito da Morte diz às crianças que neste mundo de cores cada movimento emite um som. O ar é tão rarefeito e as vibrações tão suaves que as almas podem ouvir o som das coisas crescendo; as árvores, flores e a grama se unem em uma música de maravilhosa harmonia. Soma-se a isso a sinfonia composta pelos tons emitidos dos pensamentos e movimentos dos Anjos e de seus responsáveis.
Com relação a essa música dos reinos mais sutis, o Anjo da Morte diz a seus ávidos ouvintes: “Os Espíritos da Natureza também fornecem essa música ao mundo, mas aqueles que vivem na Terra estão tão imersos em sons da materialidade que não podem ouvir essa música celestial. Por causa de sua sensibilidade, os pássaros chegam perto o suficiente da música do Mundo celestial para sugerir que pelo menos ressoe essas harmonias celestiais.”.
“Dos tons de cores dos planos superiores, as flores captaram seus matizes variados, e os pensamentos de amor dos Anjos são transmitidos em sua fragrância. Seus pensamentos de amor, beleza e verdade assumem a forma de flores nessa esfera. Esses Anjos moldam essas flores terrestres e as devolvem para enriquecer sua vida. Além disso, os Anjos imprimem seus próprios pensamentos de amor nessas mesmas flores que se tornam, por assim dizer, uma emanação de seu próprio ser. Portanto, da próxima vez que inalar a fragrância de uma flor, lembre-se de que está recebendo uma mensagem de amor do Anjo que a criou. Também, o que foi dito sobre os belos pensamentos se aplica aos pensamentos poucos nobres. Eles também acabam sendo externalizados. Eles ficam congelados e áridos e acabam murchando e estragando as flores da bondade e da verdade. No entanto, em pouco tempo o Espírito de Amor irá permear o Mundo Físico de tal forma que todos os pensamentos rudes e inverídicos serão dissolvidos. Assim, a Terra se tornará sintonizada com as oitavas superiores, e seus habitantes verão e compreenderão muitas coisas que até então não sabiam. E o mais incrível acima de tudo, é que ninguém terá medo da morte. Todos perceberão sua verdadeira missão. Ajude-nos a tornar este dia mais próximo”.
Seu sorriso era como a fragrância branca do luar, onde uma vez mais as cores se separaram. Quando elas se fecharam novamente, o belo espírito desapareceu, não deixando nenhum som, exceto a música de sua partida.
Contudo, o tempo passa rápido e outras lições ainda precisam ser dadas aos filhos antes que o amanhecer que se aproxima os chame para retomar para suas vidas terrenas. Assim guiados por seus Anjos-professores, eles avançam em direção a um jardim onde muitos pessoas estão sendo instruído a utilizar os lindos tons de cores do pôr-do-sol na pintura. À medida que as multidões avançam, passam por um belo Espírito em pé meio na sombra e meio na luz. Devido a pressa, apenas alguns prestam atenção em sua presença. Nessa caminhada, em longos intervalos, alguém se afasta desta multidão e por um pequeno tempo, vai até lá para tocar a bainha de sua vestimenta. Quando isso acontece, uma alegria imensa ilumina seu semblante; de outro modo, fica entristecido por tantos que passam despercebidos por ela. Esse é o Espírito da Memória, cujo lugar deve permanecer por muito tempo nas sombras. Rara é a alma que toca suas vestes e, assim, carrega uma lembrança do Mundo celestial para a consciência da vida terrena. Para cada um que faz esse contato, há uma alegria no coração do Espírito da Memória, pois essas almas despertas tornam-se professores na Terra das verdades da vida eterna.
Aquele que veio ao Espírito da Memória é dotado de uma visão que vê a luz além das sombras, da mesma forma de quando vemos o arco-íris brilhando entre as nuvens de tempestade. Tal pessoa compartilha alegremente as tristezas da humanidade no esquecimento de si mesma. Ele caminha de boa vontade nos lugares sombrios para que outros que lutam ali possam receber mais luz solar. Com gratidão escolhe os caminhos difíceis, pois sabe que é seguindo o caminho da dor, que tão rapidamente se condicionou a estar diante do Santuário do Espírito.
Assim, os Egos que conhecemos enquanto crianças se encontram no meio de um jardim de Fadas que parece ser feito de arco-íris. Doze belos espíritos estão agrupados em um semicírculo perto da entrada. Os Anjos-professores explicam que esses são os Espíritos das Horas.
“Existem doze para as horas do dia e doze para as horas da noite. Eles cercam a Terra e seu círculo nunca é quebrado. Os doze Espíritos que guardam a noite estão agora no mundo onde formam o outro semiarco do círculo.”.
“Esses Anjos da Noite estão ocupados reunindo os belos pensamentos e as boas ações que deixaram sua impressão na Terra durante o dia. Retornando aos Anjos, que vocês veem trabalhando aqui e que os transformam em cores com as quais pintam o céu. Sob a orientação do Espírito do Amanhecer e do Espírito do Pôr do Sol, hostes de Anjos auxiliares que estão ensinando entidades desencarnadas a trabalhar com as cores da Terra. Embora pareçam transparentes, eles são, na realidade, muito mais intensos e cintilam e brilham com o esplendor da própria vida, aqui estão os vermelhos brilhantes da vida humana graduando-se na oitava superior dos tons de rosa; as forças laranja que magnetizam a existência física e fazem soar o apelo para o serviço à humanidade; verdes suaves que acalmam em doce compaixão; azuis de harmonia e felicidade derretendo-se no azul suave dos sonhos místicos, e alfazema que respiram tristezas divinamente nascidas, ascendendo às luzes violetas do espírito.
“Toda essa gama de cores é ofuscada pelos tons gloriosos do amor. Cada dia deve haver um pouco de ouro no pôr do Sol, porque tem havido pensamentos de amor no mundo, e este é seu reflexo dourado. Bem distante, no interior do jardim, estão outros seres que trabalham com cores que nenhuma palavra pode descrever. Eles não estarão disponíveis para uso na Terra até que as crianças que são atraídas aqui, noite após noite, tenham crescido e aprendido como aplicá-los em suas vidas terrenas. Então, a Terra será suficientemente rarefeita para entrar em contato com essas cores mais sutis”.
Próximo à entrada do jardim, um chafariz jorra águas perfumadas de matizes multicoloridos. Sobre as miríades de flores perfumadas em sua névoa calmante, sonhando estão algumas que se assemelham às místicas flores de lótus do oriente. Os espíritos que conhecemos quando crianças aprendem que essa é a Fonte da Esperança. Suas águas nunca se acalmam, pois, “a esperança é a última que morre”. As vestes do Espírito da Esperança são formadas por todas as esperanças multicoloridas que vivem no mundo, e as flores místicas em sua testa veem do coração das águas.
Enquanto as crianças se deleitam com as belezas arrebatadoras do jardim, elas veem vários internos de Terra Sombria se aproximando da fonte. Em resposta às suas indagações, os Anjos dizem-lhes que cada um, antes de ir para a vida terrena, fazem a visita na Fonte da Esperança. Como já aprendemos, as almas da Terra das Sombras, às vezes, não conseguem receber uma oferenda do Altar do Amor. Mas eles nunca partem sem participar das Águas da Esperança que estão em constante renovação.
Agora, o círculo das Horas está mudando em um ritmo de compassos majestosos. Os espíritos da noite são vistos à distância, e os Anjos das horas da manhã estão se aproximando da entrada do mundo, enquanto o amanhecer aparece no horizonte em uma glória multicolorida. O tom predominante de sua vinda soa a nota dourada do Amor, pois é o Amor que está chamando os Egos que ainda estão ligados por corpos terrestres e que, em resposta ao chamado, deslizam suave e silenciosamente para longe.
As mães sábias agem, suavemente, quando almas preciosas voltam para elas nos braços da manhã. Eles se curvam e veem a luz do céu que ainda permanece em seus olhos. Eles se ajoelham em adoração diante da fragrância angelical de seus lábios.
O CAMINHO DAS TREVAS – O Cereus que Floresce à Noite
“Verdades maravilhosas e tão maravilhosas variedades,
Deus escreveu naquelas estrelas acima,
Mas não menos nas flores brilhantes sob de nós
Suporta a revelação de Seu amor.”
Por Longfellow[27]
Os Anjos são divididos em grupos de acordo com seu talento e habilidade, da mesma forma que os seres humanos. E como nós, cada um desses vários grupos tem um diferencial distintivo ou uma função. No entanto, há uma diferença muito importante entre as características de identificação dos humanos e dos Anjos. Entre os Anjos, o significado de lealdade ao grupo é uma questão de realização e não um mero motivo decorativo a ser anexado à pessoa exterior. É, exclusivamente, uma qualidade da alma, um desenvolvimento do espírito e, portanto, só pode ser vista por aqueles que têm olhos para ver.
Há um grupo que realiza um serviço particularmente colorido e bonito para o ser humano, em reconhecimento, onde essas pessoas usam em suas testas uma joia de luz cintilante como uma estrela. Eles são daquele grupo que observa a tristeza causada pela morte na Terra, e que se dedicam em buscar o seu alívio. Seu serviço prossegue ininterruptamente e, em sua execução, eles são, entre todos os Anjos, os mais abençoados. O Anjo da morte é sempre seguido por uma sequência brilhante desses Anjos auxiliares que cantam as glórias da vida imortal. Eles enchem a câmara silenciosa da morte com uma torrente de luz e poder que chega como um suave bálsamo celestial aos corações dos aflitos – uma emanação daquela grande paz que ultrapassa todo o entendimento.
Muitas pessoas terão que testificar que em seus insuportáveis momentos de profunda separação e tristeza causados pela perda de um bem-amado, eles têm a consciência da presença desses mensageiros angélicos. Certamente, entre os muitos e variados ofícios de amor e serviço prestados aos seres humanos por esses irmãos angélicos, este é um dos mais belos e de longo alcance em seus efeitos. Eles não apenas aliviam a agonia da separação, mas colocam dentro do coração entristecido uma minúscula flor da esperança a ser nutrida no amor até que cresça, se expanda e floresça em uma certeza da consciência de que não existe morte.
Visto que esta é a realização mais gloriosa que o ser humano pode conhecer vivendo na Terra, a concepção da flor que a incorpora é de uma analogia esplendorosa. Essa flor é a do Cereus que desabrocha à noite.
“Esta transição é apenas uma morte que não é morte.”. Assim, canta as vozes angélicas a todos os corações receptivos, e durante todo o tempo, enquanto a flor da estrela brilhante da esperança cria raízes e, por fim, dá origem a novas flores. Mas isto não é tudo; ainda resta muito trabalho a ser feito antes que o véu do desespero, da dúvida e da incerteza que obscurece a visão das massas seja levantado. E enquanto isso for verdade, o lindo Cereus floresce apenas à noite e, apesar da beleza e magnitude de suas flores, vive apenas algumas horas na atmosfera opressiva e incompatível da Terra.
Isto é, somente quando as longas sombras da noite caem e a Terra se silencia na calma bênção da noite que se aproxima, é que as pétalas brancas do Cereus começam a se desdobrar. Quando a mística hora da meia-noite se aproxima, seu doce coração dourado é exposto às estrelas. Uma das mais perfumadas de todas as flores, sendo elevada com as orações dos Anjos, ela se ergue como uma sentinela branca de luz proclamando as boas novas de um novo dia que acaba de romper sobre o mundo em que “a morte será tragada pela vitória” e “Deus enxugará todas as lágrimas”.
Quando a compreensão do ser humano sobre esta verdade tiver se tornado clara e forte, e ele tiver aprendido a “andar na Luz assim como Ele na Luz está”, o belo Cereus, símbolo deste reconhecimento da vida imortal, possuirá força renovada que o capacitará para desdobrar suas pétalas macias, mesmo antes do Sol do meio-dia. Ainda assim, ele deve dobrar suas asas sobre a doçura de seu coração e esperar o dia em que o ser humano viverá na consciência de sua natureza eterna, após o que sua glória etérica e passageira se tornará imortal na Terra.
A LUZ DOURADA – Uma Lenda da Goldenrod
Goldenrod[28]
“Quando os emaranhados à beira do caminho pegarem fogo
No sol baixo de setembro,
Quando as flores dos raios de verão
Caírem e murcharem uma a uma,
Alcançando através de arbustos e sarças
Uma sobrancelha suntuosa de coração e fogo
Ostentando alto, o vento balançou a pluma,
Admirável com a riqueza da flor nativa –
Goldenrod!
A natureza encontra-se desalinhada, pálida,
Com ela febril em pedaços –
Dia a dia os pulsos falham
Mais perto de seu coração pulsante.
No entanto, porventura mantém esse apertado,
Armazenamento de ouro puro e genuíno
Rápido você volta forte e livre
Espécie de toda a riqueza a ser,
Goldenrod!”
Por Elaine Goodale Eastman
Assim como o indivíduo aprende a compreender e comemorar o mistério da mudança das estações, assim também os Anjos sabem e mantêm vigília sagrada nesses tempos sagrados. Entretanto, sempre devemos lembrar que a Onda de Vida Angélica atinge um plano muito mais elevado de consciência espiritual do que o ser humano. Consequentemente, os Anjos conhecem um significado mais profundo e recebem um influxo maior de êxtase espiritual na época dos quatro festivais solares sazonais.
Assim como o ser humano trabalhou em épocas passadas com o Reino Animal e o ajudou na formação de seus corpos, assim são os Anjos prestando ajuda ao Reino Vegetal.
Uma de suas tarefas mais gratificantes tem sido incorporar no Reino das Flores os mais elevados ideais e as mais nobres concepções do ser humano. Alegremente, eles tecem toda a fragrância e beleza de seus pensamentos e ações mais elevados em símbolos de flores de terna beleza.
O quão jubiloso é sua alegria quando descobre que alguém, apesar de ainda estar usando uma vestimenta de carne, é capaz de ver e compreender seu trabalho com as flores e, ainda, interpretar as mensagens místicas que estão inscritas em cada pétala colorida.
Há uma época do ano em que os cientistas chamam de Equinócio de Setembro e que o Místico conhece como a estação do grande influxo espiritual. Os Anjos, também, observam reverentemente este festival sagrado, pois eles têm o privilégio de ver, lá do alto nos reinos etéricos, aquele Raio de Luz Cósmica que desce gradualmente sobre a Terra, envolvendo e impregnando o Planeta até que, para os olhos não cegos pelo véu da mortalidade, tudo parece se tornar um corpo de ouro vibrante e radiante.
Essa Luz torna-se mais brilhante e mais poderosa até que penetra no próprio coração da Terra. É o momento em que os Anjos não podem mais conter seu grande regozijo pelo serviço de redenção que eles sabem, que está sendo realizado tanto para a humanidade como para o Planeta no qual ela habita. E, com isso, eles enchem o mundo todo com suas canções de regozijo.
Às vezes, há aqueles que são puros, o suficiente, para vislumbrar essa grande Luz e captar o ecoar desse coro angelical, e por isso chamamos esse tempo de êxtase espiritual de Noite Santa. Os Anjos dedicam, reverentemente, muito tempo no serviço de transmitir um pouco da essência desta Luz Divina em seu protótipo espiritual, as flores. Após a conclusão de seu trabalho e, em suas suaves plumas de brilho dourado, floresce a cada ano desde meados de setembro, outubro, novembro até meados de dezembro a flor que simboliza a emanação da própria cor de Cristo, a Goldenrod exala um reflexo dos raios do Sol.
Uma antiga lenda Gaulesa torna Setembro o sinônimo de paz, porque este foi o mês do nascimento da Mãe Imaculada daquele que cujo nome é Paz. Para comemorar essa verdade em flores, os Anjos deram à Terra uma preponderância de flores douradas desde os meados de setembro, outubro, novembro até meados de dezembro.
Um poeta que captou essa mensagem canta:
Oh, paz! a mais bela criança do céu
A quem foi dado o reinado silvestre.
Durante os meses em que a luz dourada do Cristo Cósmico está impregnando a Terra, os Anjos a envolveram com flores da mesma cor adorável. O principal deles é a Goldenrod que carrega a mensagem do novo ingresso de Vida e Luz, quando “a paz está na Terra e no ar”.
Essas flores brilhantes, tecidas pelos Anjos para espalhar as mensagens do amor de Cristo entre os seres humanos, foram apropriadamente escolhidas como a flor nacional pelos grandes pioneiros do novo mundo, cujo ideal é a Paz e cujo Sonho é a Fraternidade. E é assim que, durante os meses sagrados do Ingresso do Cristo na Terra, este sagrado símbolo de Sua vinda dá as boas novas em chuvas de flores e anuncia em sua beleza aquele coro angelical que logo ressoará: “Paz na Terra e boa vontade entre homens”.
A MISSÃO DA PAPOULA – Uma Folha do Coração da Noite
“A flor do sono balança sua cabeça por entre o trigal,
Pesada com sonhos como aquele com pão.”
Por Francis Thompson[29]
A longa linha de prédios brancos e regulares ficam tensos com o silêncio sob as mãos silenciosas da noite. Em sua beleza suave e mística, estrelas trêmulas iluminam a escuridão. O mundo dorme em meio ao silêncio flutuante. Dentro dos amplos salões há sombras grotescas e luzes suaves e sombreadas que aumentam e diminuem.
O silêncio flamejante é interrompido por tons ásperos de campainhas, ou o suave tom monótono do sono interrompido por soluços, respirações intermitentes de dor e passos apressados de enfermeiras vestidas de branco em suas missões suaves.
Deitado em um berço esplendido, uma figura envolta em bandagens se agita incansavelmente, tremendo e gemendo como se lutasse contra inimigos intangíveis e invisíveis aos olhos mortais. As luzes sombreadas brilham e cintilam com o sopro irregular do vento noturno, mostrando em contornos tênues as estranhas figuras curvadas sobre o corpo prostrado.
Através da luz suave, figuras tênues dançam em alegria demoníaca. Elevando-se acima da cama e incitando os seres estranhos a maiores esforços, há um espectro horroroso de se ver. A figura malformada parece fazer parte das sombras fantásticas que giram sobre o quarto mal iluminado. Dos braços oscilantes projeta-se uma varinha com um ponto vermelho brilhante e opaco. Quando esse ser estranho concentra seu olhar sobre esse ponto, a sala se enche instantaneamente de forças sinistras em uma atmosfera de vermelho escuro. Pegando as ondas dessas cores espessas, estes vários demônios pequenos se prendem nas mãos e nos pés de sua vítima, fazendo-o se contorcer em paroxismos[30] de agonia, para seu deleite sádico.
De repente, uma figura benéfica aparece em cena e quase paralisa os demônios. Uma luz em tons de rosa enche o quarto. Agora, o Espírito de Cura, como sempre, chega para lutar pelo corpo do homem. Envolto em uma aura de serviço amoroso, o Espírito medita: “Oh, corpo de homem, quão pouco você me compreendeu. Quão mais perto posso chegar até a natureza do que de você! A Terra me entrega seus segredos. Meu é o suave calmante que o atrai para as florestas. Vivo na fragrância perfumada que o saúda das colinas. As flores me conhecem e os animais me procuram. Mas você, oh homem sozinho, que a Mente colocou no caminho entre as flores e os deuses, me repele. Somente quando os limites da dor lhe prostrarem poderei provar meu poder. Venham, mensageiros do sono, meus servidores mais fiéis”.
Aqui o opalescente[31], na luz rosada se aprofunda, e inúmeras pequenas Fadas tropeçam nos travesseiros, espalhando pétalas perfumadas de sono sobre o corpo agora quieto. Gradualmente, os músculos ficam menos tensos e os traços distorcidos relaxam. Em vão os demônios jogam fora seus pensamentos malignos de vermelho escuro. Eles são instantaneamente capturados e transformados em tons de rosa suaves e sombreados de amor e cura à medida que a noite avança.
Mas os olhos mortais podem ver apenas enfermeiras vestidas de branco ocupadas com seus cuidados gentis.
Entre as sombras escuras de um quarto distante, o Espírito da Cura permanece desconsolado. Em vão os mensageiros tranquilizadores espalham pétalas perfumadas de sono pela cama. Seu brilho suave e rosado se transforma em tons persistentes acinzentado, e logo eles estremecem e se enrugam com uma doçura em declínio.
Até os demônios parecem ter se cansado de ver o sofrimento de suas vítimas, enquanto as artérias incham e inflamam sob suas cruéis barras carmesins.
Nenhum som praticado por ouvidos mortais consegue interromper o silêncio, exceto a respiração da enfermeira toda vez que ela se inclina sobre seu paciente com as mãos calmantes.
De repente, uma onda de luz paira sobre a cama, e de seu esplendor ecoa uma voz: “Pare com suas negociações sobre este último remanescente de minha mortalidade. Eu sou o Ego que moldou esses átomos na sua forma atual; assim, o poder de desintegrá-los é meu. Através de milhares de anos e grandes esforços, encontrei o caminho que leva à paz infinita. Pela luz do Conhecimento Cósmico, aprendi quão pobre é este frágil cortiço em que moro. Oh, minha casa, juntos trabalhamos e sofremos, e do seu coração minha alma construirá um templo mais nobre para habitar. A respeito desses átomos, antes que eu delibere a sua volta à ordem que é o caos, deixarei a marca da divindade”.
Quando a voz se cala, uma luz trêmula percorre o corpo. Por um instante ela repousa sobre a cabeça e forma uma auréola de glória quando o Cordão Prateado é rompido e uma alma ansiosa é libertada.
A Mente física sabe apenas que a respiração ofegante cessou e que a morte com sua solene majestade veio reivindicá-la.
A longa fila de edifícios brancos e regulares aguarda o despertar sob o céu da manhã. As estrelas desaparecem nas volumosas dobras brancas de suas vestes. O mundo está se agitando para o milagre do dia. Os primeiros raios do sol nascente entram por uma janela aberta e iluminam os cantos de sua escuridão habitual. Dentro do quarto reina um silêncio suave. Apenas algumas pétalas frágeis, como folhas de rosa murchas, pendem pesadamente acima da cama em evidência do combate que acabara de ser travado ali com tanta ferocidade.
Mas os olhos físicos veem apenas uma figura vestida de branco curvando-se ternamente sobre a forma silenciosa.
Os Anjos desejavam dar ao ser humano, por meio do mundo das flores, um símbolo das infinitas complexidades da noite, quando o corpo é colocado de lado para descansar e restaurar seus poderes, enquanto o espírito interior toma liberdade de voar para horizontes distantes. “Noites brancas”, diz Walter Pater[32], “não devem ser noites de negro esquecimento, mas passadas em contínuos sonhos apenas meio velado pelo sono”.
Estas noites brancas de lembrança! Quão abençoado é o privilégio deles. Conhecem o chamado do navio afundando, a dor das enfermarias do hospital, o grito do mineiro sepultado, a voz do campo de batalha, os presos delirantes em um prédio em chamas, as dúvidas ou a calma daqueles que fazem a transição da morte.
Ainda são poucos os que guardam essas horas na santa recordação e assim, a flor construída em torno desse ideal é tão frágil e tênue quanto essa memória flutuante. Suas pétalas agitam e caem com o menor balançar dos ventos. As atividades da prolongada recordação das noites do ser humano darão maior força e resistência à Papoula que, entretanto, oscila em toda a sua frágil beleza, indicativo das atividades aladas da alma humana quando separada e livre de seu caixilho físico do dia.
Se os ouvidos embotados da Terra não forem muito pesados, pode-se escutar e ouvir acima desses campos de flores cadenciadas e ondulantes a música das Fadas da Canção da Papoula: “Participe do meu sono e se lembre”.
VALE DAS LÁGRIMAS – Como Surgiu o Salgueiro Chorão
“Pelo pequeno rio
Mesmo assim, intenso e pardo,
O cantar dos graciosos salgueiros
Mergulhando suavemente.
Elas eram donzelas de água
Há muito tempo atrás
Que eles se inclinam tão tristemente
Olhando para baixo?
No crepúsculo enevoado
Você pode ver seus cabelos,
Donzelas de água chorando
Isso já foi tão justo”
Por Walter Prichard Eaton
Os longos e graciosos festões da Árvore do Salgueiro sempre foram expressivos de lamentação. Num dos salmos mais belos de Davi, que descreve a tristeza dos israelitas exilados, aprendemos sobre lamentações ao som de harpas, e que os instrumentos assim usados foram mais tarde pendurados no salgueiro. Assim, a árvore se tornou um emblema de tristeza e, portanto, muitas vezes se diz de quem está triste que “Ele pendurou sua harpa em um salgueiro”.
O Salgueiro sempre foi associado à tristeza que vem pela morte. Nos primeiros cerimoniais de sacrifício, as vítimas eram enfeitadas com seus galhos, e hoje em dia é uma das decorações favoritas daquele solo sagrado em que os corpos dos mortos amados são sepultados. Há uma razão especial para isso, que era conhecida e compreendida pelo ser humano antes que o véu que separa a terra dos vivos da dos mortos se tornasse tão denso como agora.
De todos aqueles que permanecem na Terra, muitos já aprenderam como é prudente e correto orar pelos entes queridos que passaram para o outro lado, mas, ainda, poucos sabem que um dos primeiros deveres impostos àqueles que fazem a passagem é orar pelos aflitos que ficaram conscientemente neste Mundo Físico. E é assim que orações de amor, força, cura e coragem são continuamente levadas de um lado para o outro entre o Céu e a Terra. A cada dia se conhece a agonia da despedida e a da dor, que só pode ser amenizada por meio desse intercâmbio de orações amorosas entre os que estão na Terra e os que estão no lado invisível da vida.
Essas orações de amor se elevam e descem em correntes de força viva ou de luz que repousa sobre a Terra em um esplendor contínuo, pois o pensamento é criativo e seu intercâmbio entre corações recém-separados é uma fonte de poder que os Anjos reúnem e usam em seus esforços para atenuar o véu que agora paira entre o visível e o invisível. A cada ano que passa, multidões crescentes dão alegre testemunho da eficácia dessa obra.
Para que os filhos da Terra ainda cegos, e para que possam ter uma percepção crescente dessa comunhão contínua entre o “aqui” e o “lá”, devem moldar a essência dessas orações de cura na forma da sombra dessa bela árvore. A intensidade das orações enviadas para o alto da terra é construída em suas raízes e tronco. As Mensagens amorosas das almas recém-libertas das limitações da escravidão física, inclina-se em uma terna e pendente bênção entrelaçadas em seus galhos para cair sobre corações que ainda estão solitários e rostos que ainda estão manchados de lágrimas.
O verde é a tonalidade da cor da simpatia e da compaixão, e é nos verdes mais suaves e ternos que os Anjos envolvem essa árvore, um símbolo de lágrimas. Diariamente sussurram, curvando-se sobre ela: “Não há morte para quem ama, porque o amor é vida e a vida é amor”.
A Árvore do Salgueiro deve suportar este sinônimo de lágrimas até que os filhos e filhas da Terra compreendam essa mensagem em que os Anjos imprimiram dentro de seu coração, pois somente a partir da separação na morte é que não poderá mais existir.
IDEIAIS PERDIDOS – A Canção de uma Calçada da Cidade para uma Flor Destruída
Eu usei este dia como uma roupa desgastada e malfeita
Impaciente por estar no meio disso,
E até, como eu o tirei dos meus ombros,
Essa joia ficou presa no meu cabelo.
Por Anon
A cada ano, um número crescente de pessoas estão percebendo a proximidade das hostes angélicas ao mundo dos seres humanos, porém, poucos ainda estão cientes do significado de seus serviços. Há muito tempo essa Terra teria sido dissolvida no caos se não fosse pelos cuidados amorosos deles.
É maravilhosa a visão das hostes luminosas acima de nossas cidades adormecidas durante as horas noturnas. Os maus pensamentos, as más palavras e ações dos seres humanos pairam acima, como grandes aves de rapina negras, prontas para descer novamente em forma de doença, carência, aflição e de vários outros males que o Ego nunca deveria conhecer.
Todas as noites surgem hostes de Anjos servidores para dissipar essas forças miasmáticas na glória do seu amor transformador. Atarefados durante as horas silenciosas eles precipitam chuvas de bênçãos douradas sobre a Terra adormecida, e quando as barras multicoloridas da aurora opalescente brincam no céu eles voam em seu caminho, cercados por uma mistura de cores e canções através do horizonte distante e são invisíveis para a visão humana nos esplendores das brumas etéricas. Seus olhos amorosos e brilhantes vasculham o mundo em busca de sofredores humanos que estão desamparados ou perdidos, e quando estão sempre prontos para curar e abençoar.
Uma noite, durante as vigílias silenciosas, um ser luminoso desceu com toda a glória de uma estrela cadente e inclinou-se sobre uma flor que tinha sido pisoteada e avariada, sendo esquecida em uma rua deserta da cidade. “Uma flor avariada significa ideais perdidos”, murmurou o Anjo. “Em algum lugar nessa noite, um coração está pesado de tristeza”.
O Anjo inclinou-se sobre a florzinha e, ao fazê-lo, tomou consciência da sonoridade musical, música que se elevava em ondas de estranha beleza tonal das profundezas inferiores. Então ele soube que estava ouvindo um eco das experiências do dia que acabara de encerrar, pois ainda perduravam na impressão o que havia acontecido nas ruas da cidade.
As extensas calçadas de uma metrópole são os teclados brancos da humanidade sobre os quais tocam os variados passos. Estendendo-se sempre calmos e quietos, eles absorvem e retêm essa música humana. Oh, o sofrimento agitado que estremece por meio de alguma nota! Aquele que tem uma boa audição pode ouvir a música de gotas de lágrimas caindo – caindo. Em alegres arpejos vêm os passos da juventude, tão leves quanto o brilho da manhã e tão perfumados de esperança quanto as flores da floresta antes que o Sol do meio-dia tenha roubado o orvalho de seus corações.
As vacilantes notas de tons menores de desespero, às vezes, se insinuam nas harmonias, tão prolongadas que as próprias calçadas são tocadas com simpatia. A corrida apressada da multidão, já sem fôlego, esperaria e ouviria se eles pudessem ouvir até mesmo o seu sussurro mais fraco. Mas, infelizmente, eles estão tão atentos, mediante ao simples conhecimento externo, que passaram descuidadamente, e somente as calçadas – os longos teclados brancos da humanidade – registram a canção da tristeza.
Em delicados trinados que estremecem com doçura humana, suavemente como a música da catedral soa os passos da futura mãe. Na beleza de sua passagem brilha o mistério de algum sonho encantado.
Formando um profundo subtom ao som da música, segue os passos dos solitários. Tantos são as notas que soam daqui que, às vezes, parece que os outros tons estão todos abarrotados. No entanto, são belos para os ouvidos atentos — aqueles tons de pés solitários. Alguns deles se misturam em raras combinações, produzindo uma música que o mundo nunca teria conhecido.
Em toda essa orquestra pulsante e ecoante, sempre soa uma nota insistente percorrendo as luzes e sombras, cantando em oitavas de maiores e prelúdios de menores – o Poderoso Acorde das Aspirações Insatisfeitas. Oh, a música ansiosa dessa multidão em busca, vagando sem rumo ou procurando ansiosamente! Um legato de súplicas inconscientes lamenta, por quê? Por quê? Por quê? seguido por um vasto crescendo de tons de soluço perguntando Onde? Onde? Onde?
À medida que as sombras se alongam, lá vem a música cansada e sem som, feita por pés cansados. Você já ouviu isso e se perguntou por que em todo o mundo de Deus deveria haver uma nota dissonante na hora que anuncia a passagem do dia quando toda a Terra está cercada de oração?
Você já ouviu o suspiro suave que sussurra no coração da noite na incessante correria da música dançante dos passos daqueles que, indiferentes à sua beleza incomparável, buscam apenas os lampejos do prazer?
Mas para aqueles que entendem – oh, a suave compensação da noite! A noite suave e inclinada com seu vasto coração de estrelas. E o réquiem da escuridão que acalma as feridas e as mágoas reunidas na correria do dia!
Ouça a música das calçadas com suas mil notas de rodapé. Ouça as notas vacilantes, esperançosas, cansadas, radiantes, sonhadoras e saudosas que juntas formam um coro que se mistura em uma unidade divina de estranha beleza, uma estupenda canção de sombra da cidade.
Assim que o Anjo ergueu a pequena flor e a colocou suavemente contra seu coração, ele suspirou suavemente, dizendo: “E aquele que eleva sua alma acima das mãos apegadas à Terra pode ouvi-la cantar”.
IMORTELLE – A Flor da Alma
“O alto que provou ser muito alto,
O heroico para a Terra demasiado difícil,
A paixão que saiu do chão
Para se libertar do céu,
pelo apaixonado e o poeta.
Bastando que Ele ouvisse uma vez
Nós vamos ouvi-la aos poucos.”
Por Robert Browning[33]
O ar estava muito quieto no Jardim da Alma; e uma tranquilidade tomou conta do lugar. A ampla Calçada da Meditação que se estendia em direção aos Portões do Conhecimento estava cercada, de ambos os lados, com o suave Jasmim da Memória. O Caminho da Retrospecção, margeado de ervas agridoces, escureceu-se no silêncio de distantes vagas que conduziam ao próprio Santuário da Oração. Aqui o ar era fresco e reconfortante, e cheio da fragrância dos lírios brancos que se amontoavam ao redor do Santuário e que elevavam seus rostos puros às estrelas, carregados com o incenso que ascende da aspiração sagrada.
Diante desse santuário, a Mulher com o Coração Cansado gostava mais de ficar. Aqui ela lutou para encontrar dentro de sua alma torturada uma doce paz que envolvia o santuário da Oração. No dia de Bach, quando suas forças permitiam, ela recomeçava a peregrinação que a conduzia às encostas longínquas do jardim, sempre nuas e frias.
“Foi aqui que enterrei meu sonho de felicidade”, ela sussurrou em meio às lágrimas.
Essa extremidade do jardim sempre foi estranhamente estéril. Em vão a Mulher do Coração Cansado havia plantado bálsamo e ternura sobre ele. Ela regou as plantas em crescimento com suas lágrimas, mas elas caíram e murcharam, deixando o lugar vazio e sem vida. Era como uma ferida no coração que nunca pode ser curada.
“Foi um sonho tão terno”, ela pensou, “todos velados nos mistérios que ocultam as coisas celestes do conhecimento humano, e tudo muito frágil e bonito para suportar o brilho manchado da Terra. Assim, os Anjos que me deram, o levaram de volta para o céu, que é seu lar legítimo e lá, algum dia, o encontrarei novamente”. Enquanto a Mulher do Coração Cansado se encontrava pensativa, ainda assim, estava consciente de uma presença brilhante pairando sobre dela. O ar ficou estranhamente doce e puro, como se tivesse acabado de vir do alto de alguma montanha. Ela soube então, que um Anjo estava diante dela, pois os Anjos tem acesso livre no ir e vir no Jardim da Alma.
Do silêncio uma voz sussurrou: “Você ainda não aprendeu que qualquer coisa grande e boa que foi dada à Terra nunca pode ser perdida? Seu sonho daquele puro e perfeito amor de alma por alma destrancou os portões do Céu, e no esplendor de sua luz você verá, através dos próximos anos, o amor nos corações dos homens e das mulheres se tornando uma coisa sagrada. O animalesco será elevado ao celestial e o sensual tornará divino. Mesmo que você deva sempre seguir seu caminho sozinha, seu coração encontrará paz em saber que o ideal que a sua alma acalentou ao longo dos anos solitários deve, um dia, se tornar real nos corações da humanidade”.
Quando a voz cessou, o jardim ficou muito quieto e parecia envolto em fragrância. Maravilhosa, a Mulher do Coração Cansado abriu os olhos e olhou a sua volta. O lugar que há muito era frio e estéril estava coberto com uma massa maravilhosa de Imortelles, a flor do despertar da alma.
Acho que Deus deve ter sorrido sobre o jardim.
A COROA DA MATERNIDADE – O Lírio do Vale
“Deus não poderia estar em todos os lugares e por isso fez as mães”
Um dia, o grande Anjo Gabriel, que é o criador de todas as flores que estão sobre a Terra, reuniu seus Anjos, enchendo suas mãos e corações de doce paz celestial, e mandou-os espalhar essa paz celestial sobre as dores do mundo. Ele, também, os instruiu para lhe trazer, no fim do dia, a coisa mais bonita da terra, para transformá-la numa flor rara e perfeita, e para devolvê-la a Terra, a fim de servir de auxílio e inspiração para as crianças.
Todos esses Anjos partiram, alegremente, para cumprir sua bela missão, exceto um dentre eles, mais jovem e tímido que os outros, foi ficando para trás, caminhando lentamente.
“O que é que vou dar?”, pensou, enquanto ele flutuava silenciosamente sobre os vales e colinas, envoltas em nuvens. “O mundo inteiro me parece tão bonito.”
As horas passaram rapidamente e os Anjos retornaram triunfalmente ao céu, um seguido do outro, trazendo, todos eles, uma coisa maravilhosa que tinham colhido da Terra. Um havia colhido a névoa perolada do amanhecer; outro trouxe o orvalho que repousa na pétala interna de uma rosa; outro trouxe a música que se eleva dentro de uma catedral e um outro capturou os sonhos do coração de uma filha jovem.
Quando as sombras da noite começaram a cair, o pequeno Anjo ficou cada vez mais triste e suas asas pareciam cada vez mais pesadas; então, passando perto de uma janela aberta, de repente ele parou e olhou para dentro da casa: uma jovem mãe ajoelhada, em profunda adoração ante uma pequena cama, onde um bebê estava dormindo. Um sorriso brotou do seu rosto fofinho e, como se o Anjo tivesse se inclinado para ouvir, a mamãe sussurrou: “Oh! Pequena flor bem-amada, que acaba de vir do paraíso, não olhe para trás nos seus sonhos, você foi separado, recentemente, dos Anjos da guarda? Traga ao meu coração um pouco de luz celestial, com a qual eu possa protegê-lo e orientá-lo”.
E quando ela se curvou para beijar o rosto sorridente dele, murmurou respeitosamente: “Meu Deus, eu Te agradeço pelo mais maravilhoso de todos os presentes: a coroa da maternidade”.
Quando ela olhou para cima, uma lágrima brilhante, com toda a beleza e glória do amor maternal, apareceu sob os cílios da criança adormecida. Houve, de repente, um farfalhar suave de asas e o pequeno Anjo, com a lágrima apertada em seu coração, retornou feliz, ao seu lar celestial.
Ao cruzar as “Portas”, o Anjo Gabriel estava sentado em seu grande trono branco, juntamente com os demais. “Então, pequeno Anjo retardatário”, grunhiu, ternamente, vendo-o se aproximar, “Qual é a coisa mais bonita que você me trouxe da Terra?”.
“Ah, Anjinho retardatário”, ele repreendeu com ternura, enquanto ela se aproximava, “qual é a coisa mais linda que você me trouxe da terra?”
Timidamente, ele deslizou para fora de seu coração, a lágrima de um amor de mãe.
Quando o Anjo Gabriel a viu, sua face ficou tão bonita, que mesmo os Anjos nunca a tinha visto assim. Ele, delicadamente, a pegou e a segurou em suas mãos, e foi cercado por um halo de luz de tal forma que todos os Anjos baixaram a cabeça e oraram.
____:____
Ele ficou em silêncio por um longo tempo e, quando, enfim, ele estendeu suas mãos para eles, e disse: “O lírio do vale é o presente dos Anjos às mães do Mundo”.
SACRIFÍCIO E SERVIÇO – Uma Lenda do Visco
Toda a estrada
É rigorosa
Vida e morte
O toque do amor transfigura,
E tudo o que mente
Entre
O amor santifica,
Uma vez que a centelha celestial é acesa,
Uma vez no amor, dois corações unidos,
Nunca mais
Será que foi tudo
Como antes.
Por Robert Browning
Quando os Anjos retornam ao céu vindo de seu trabalho diário no mundo, muitas vezes, contam suas experiências uns aos outros. E muitas vezes o Anjo Gabriel, que é seu Mestre – pois os Anjos aprendem coisas maravilhosas o tempo todo, assim como as crianças da Terra – muitas vezes ouve essas histórias e, às vezes, também conta as coisas que encontrou no reino onde as lágrimas fluem.
Certa vez, quando ele reuniu seus Anjos auxiliares, contou essa história a eles no crepúsculo dos céus:
Um homem e uma mulher andaram de mãos dadas por muitos anos sobre a Terra e conheceram uma felicidade tão rara e bela que outros mortais não a compreendiam. Um dia, enquanto caminhavam juntos sob a sombra de grandes árvores, a mulher disse: “Rezo para que nos seja possível demonstrar que nosso amor é maior do que qualquer outro antes”.
O homem sorriu e respondeu: “Esse também é o desejo que guardo em meu coração”.
“Aqui”, disse o Anjo Gabriel, “estão as duas almas que procurei no mundo até encontrar”. E fez com que uma imagem se formasse no coração da mulher, na qual se diz estar caminhando sozinha. E fez soar um refrão na Mente do homem que ecoava: “Conhecer o maior amor é sacrificar a Personalidade e trabalhar apenas para o bem do todo”.
Eles se entreolharam longa e seriamente, e então a mulher perguntou ansiosamente: “Oh, diga-me, isso não quer dizer que eu posso suportar qualquer outra coisa!” O homem respondeu tristemente: “Significa apenas isso”.
Eles permaneceram em silêncio por um longo tempo e então o homem sussurrou baixinho: “Você é forte o suficiente para isso?”. Todas as tristezas do mundo pareciam sussurrando, enquanto a mulher murmurava soluçando: “Eu sou”.
Ela se agarrou a ele enquanto sussurrava tristemente: “E você – você pode continuar sozinho?”. A dor de todas as despedidas que já aconteceram pareceu preencher o silêncio enquanto o homem respondia lentamente: “Eu posso”.
Os caminhos por onde andaram juntos não os conheciam mais. Enquanto um esplendor radiante do Espírito envolvia seu trabalho, seus corações humanos estavam partidos pela tristeza daquela despedida.
“Eles vieram para os Mundos celestes?”, questionaram os Anjos ansiosamente, “Vamos encontrá-los e confortá-los”.
O Anjo Gabriel sorriu compreensivamente e respondeu: “Eles ainda não são heróis, pois ambos são jovens e tem muito o que fazer no mundo dos humanos, antes que possam conhecer um tempo de descanso, mas olhe para isso”, disse ele, segurando um caixão cheio de joias brilhantes. “Todos os dias, ao crepúsculo, a mulher, cansada e solitária, vem ao santuário de oração, e ali recolhi algumas das lágrimas que caem de seu coração; e todos os dias, ao crepúsculo, o homem com os pés doloridos e cansado, vem ao santuário de oração, e eu recolhi algumas das lágrimas que caem de seu coração. Eu guardo as lágrimas neste caixão, e quando o homem e a mulher vierem morar conosco, esse será meu presente para recebê-los”.
“Mas não há lágrimas aqui agora”, disseram os Anjos. “O caixão está cheio de pérolas que são preenchidas com um brilho maravilhoso”.
“Você não sabe”, disse o Anjo Gabriel, “que aquelas lágrimas foram formadas de sacrifício e serviço, as duas joias mais brilhantes da coroa do Mestre? E não há lágrimas no céu, quando eu as trouxe aqui elas se transformaram em joias como os atributos de que foram formadas.
“E agora que flor você dará aos filhos da Terra para comemorar minha história?”, perguntou Gabriel.
Os Anjos se reuniram ao redor do caixão de joias que pareciam refletir o brilho de seus rostos e pesavam muito. Quando voltaram para o Anjo Gabriel, uma massa de bagas branco-pérola brilhou em seus corações como lágrimas que brilham com o brilho terno de um amor que é divino.
Assim, o Visco é imortal como sempre pertencente aos amantes.
A ETERNA ROSA BRANCA – Uma Lenda da Noite Santa
“Branco como um silêncio incorporado;
Um verdadeiro êxtase de branco;
Um casamento de silêncio e luz,
Branco, branco como a maravilha imaculada
Da Eva recém-desperta no Paraíso;
Não, branco como o angelical de uma criança,
Que olha nos próprios olhos de Deus.”
Harriet McEwen Kimball[34]
O Espírito da Maternidade está onde os portais do tempo guardam as fronteiras da Terra Invisível, vestido com longos mantos de branco esvoaçante que se perdem na distância como sonhos sem fim. Em torno de sua linda cabeça está envolto um véu enevoado, tecido de fios de sorrisos e lágrimas que se prendem suavemente ao redor de sua garganta como leves apertos de mãos. Seus olhos são faróis acesos brilhando como estrelas gêmeas de esperança. Ao seu redor, e muito distante, brilha uma luz suave, que é um mero reflexo da luz do amor em seu coração. Em suas mãos ela segura uma maravilhosa rosa branca que parece ser feita de uma multidão de rostos de crianças. Cada pétala macia reflete um semblante brilhante, tornando um conjunto tão encantadoramente adorável e carregado de tanta ternura que todo o mundo cansado se torna mais brilhante por meio de sua luz.
Milhões de almas ansiosas que sentem o desejo de retornar à vida terrena estão constantemente lotando os portais do Tempo. Cada um fica sob a sombra da grande rosa branca, e a cada um a quem é concedida a oportunidade de caminhar novamente pelos caminhos da Terra, o Espírito da Maternidade concede uma pétala dessa rosa. Para cada pétala que é removida, outra vem tomar o seu lugar. Enquanto houver almas que anseiam pela experiência terrena, as pétalas não devem continuar a se renovar, pois, nunca murchando e nunca caindo, a Rosa Branca Eterna, em todos os seus requintados mistérios, idealiza além do mundo.
No coração da Noite Santa, todas as almas que irão encontrar seus lares terrestres no próximo ano, partem em viagem. Quando o mundo todo estiver cheio de amor e cada coração estiver transbordando de paz e boa vontade, será muito fácil para os corpos tênues dos Egos atraídos para a Terra penetrar nos corações e lares de sua escolha. Assim, na Noite Santa, uma nova onda de ternura envolve cada futura mãe; mãos macias a acariciam; rostos de flores curvam-se sobre ela; e belas lembranças a banham como acordes de uma música quase esquecida. A suave fragrância de pétalas de rosas brancas a traz para uma consciência mais nova e mais etérea.
Ah, a felicidade requintada que acena nessa Noite Santíssima para as mães, enquanto os Anjos cantam a chegada do Menino.
____//____
Ao longo de um horizonte interminável, sombra de nuvens cinza-lavanda; aqui e ali a face brilhante de uma estrela pode ser vista. Um brilho prateado de névoa cobre todas as coisas, com apenas um ocasional respingo de luz malva olhando para anunciar o amanhecer que se aproxima. A névoa suave agita-se suavemente como uma cortina de um lado para o outro, abrindo os braços ternos para saudar o retorno das pequenas almas de suas jornadas amorosas. Milhares de Querubins felizes, seus rostos brilhando com um brilho de luar, deslizam por trás das brumas prateadas para aguardar seu chamado Estelar no próximo ano.
F I M
[1] N.T.: Belas e encantadoras, as anêmonas são flores da primavera. Por trás de seu nome incomum, mitologia grega: deriva da palavra “anemone” – junção de “Ánemos”, deus do vento, e “one”, sufixo que diz respeito à filha, ou seja, filha de Ánemos. Por isso, é conhecida também como flor do vento.
[2] N.T.: do poema: To a Wind-Flower.
[3] N.T.: Is 26:19
[4] N.T.: ICor 15:51
[5] N.T.: George Sandys, Ovid’s Metamorphosis (1632)
[6] N.T.: Pūblius Ovidius Nāsō (43 AC-17/18 DC), conhecido em inglês como Ovid foi um poeta romano que viveu durante o reinado de Augusto. Ele foi contemporâneo do mais velho Virgílio e Horácio, com quem é frequentemente classificado como um dos três poetas canônicos da literatura latina. O erudito imperial Quintiliano considerou-o o último dos elegistas amorosos latinos. Embora Ovídio tenha desfrutado de enorme popularidade durante sua vida, o imperador Augusto o baniu para uma província remota no Mar Negro, onde permaneceu até sua morte.
[7] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[8] N.T.: do Livro “The Weaver of Dreams” de Edna G. Thorne que é um conto surpreendentemente bem escrito, permeado por algo que evoca pena e tristeza, mas delicado e expressando uma bela filosofia cristã.
[9] N.T.: da obra Hamlet
[10] N.T.: Poeta americano (1897-1919).
[11] N.T.: termo cunhado por Emerson em: “The Over-Soul”, um ensaio de Ralph Waldo Emerson, publicado pela primeira vez em 1841. Com a alma humana como assunto principal, vários temas gerais são tratados: (1) a existência e a natureza da alma humana; (2) a relação entre a alma e o ego pessoal; (3) o relacionamento de uma alma humana com outra; e (4) o relacionamento da alma humana com Deus.
[12] N.T.: Heliotropo ou heliotrópio é uma variedade de calcedónia de cor verde-claro a verde-escuro, com pontuações vermelhas (devidas a jaspe ou a óxidos de ferro). O nome tem raiz grega, significando trópico solar.
[13] N.T.: John Milton (1608-1676), Paradise Lost. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem.
[14] N.T.: John Keats foi um poeta inglês. Foi o último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer.
[15] N.T.: do poema: The Here and the Hereafter, de Alfred Tennyson, In Memoriam A.H.H. (1849)
[16] N.T.: Fúcsia, da fam. das onagráceas, que reúne 100 espécies na América Central e do Sul, arbustos em sua maioria, geralmente escandentes, ou árvores com flores solitárias ou em corimbos, quase sempre campaniformes, grandes, vistosas, carnosas e pêndulas, com os lobos do cálice maiores que as pétalas e longos estames, e bagas vermelhas, ger. comestíveis; brinco-de-princesa, lágrima, mimo. São especialmente cultivadas por seu alto valor ornamental; as flores contêm fucsina, e combinam uma, duas ou mais cores ao tom de cor-de-rosa homônimo (fúcsia).
[17] N.T.: corresponde ao conjunto de órgãos femininos das flores das Angiospermas: o estigma, o estilete, e o ovário.
[18] N.T.: O estame é o órgão masculino das plantas que produzem flores: Angiospermas. Um estame é constituído por três partes: antera, conectivo e filete.
[19] N.T.: William Wordsworth foi o maior poeta romântico inglês que, ao lado de Samuel Taylor Coleridge, ajudou a lançar o romantismo na literatura inglesa com a publicação conjunta, em 1798, das Lyrical Ballads.
[20] N.T.: (1860-1932) foi um poeta e escritor de ficção americano.
[21] N.T.: também designada pelos nomes de manhã de Páscoa (em Portugal), bico-de-papagaio, rabo-de-arara e papagaio (no Brasil), cardeal, flor-do-natal, ou estrela-do-natal é uma planta originária do México, onde é espontânea. É uma planta muito utilizada para fins decorativos, especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas.
[22] N.T.: William Shakespeare (1564–1616) – Hamlet, act 4, scene 5, lines 199-201; 204-20
[23] N.T.: é um cristal especial, criado pelo ser humano a partir de outras pedras como a Opala e a Dolomita
[24] N.T.: Mt 18:5
[25] N.T.: ICor 13:13
[26] N.T.: Alabastro é uma designação aplicada a dois minerais distintos: gesso e calcita. Atenção, não confundir este “gesso” com o gesso em pó ou Gesso de Paris; quando se fala aqui de alabastro de gesso, trata-se de um mineral estruturado e não o pó de gesso obtido por mistura
[27] N.T.: do poema Voices of the Night 1839
[28] N.T.: As goldenrods são plantas características no leste da América do Norte, onde ocorrem cerca de 60 espécies. Eles são encontrados em quase todos os lugares – nas florestas, pântanos, nas montanhas, nos campos e ao longo das estradas – e formam uma das principais glórias florais do outono, desde as Grandes Planícies até o Atlântico.
[29] N.T.: Francis Thompson (1859-1907) foi um poeta católico místico inglês.
[30] N.T.: espasmo agudo ou convulsão
[31] N.T.: A opalescência é a propriedade óptica de um material transparente ou translúcido que lhe dá um aspecto ou uma tonalidade leitosa, com reflexos irisados que recordam a opala
[32] N.T.: Walter Horatio Pater (1839-1894) foi um ensaísta e crítico literário inglês.
[33] N.T.: do poema Abt Vogler de Robert Browning (1812-1889) foi um poeta e dramaturgo inglês
[34] N.T.: Harriet McEwen Kimball (1834-1917) foi uma poetisa americana, compositora de hinos e filantropa.
Max Heindel, considerado por alguns o maior espiritualista ocidental do século XX, oferece um método simples e prático de levantar horóscopo utilizando a Astrologia Rosacruz, que traz a arte e o ofício para o domínio de qualquer pessoa que saiba fazer matemática básica. Você vai aprender a interpretar as Casas do Zodíaco, a lidar com fusos horários, a entender os Signos Ascendentes, a calcular as posições dos Astros, etc.
Há 2 meios de você acessar esse Livro:
1.Em formato PDF (para download):
Astrologia Científica e Simplificada – Introdução – O Valor Prático da Astrologia
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo III – Os Signos e as Casas – Parte 1
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo III – Os Signos e as Casas – Parte 2
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo IV – O Signo Ascendente e as Doze Casas – Parte 1
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo IV – O Signo Ascendente e as Doze Casas – Parte 2
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo IV – O Signo Ascendente e as Doze Casas – Parte 3
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 1
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 2
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 3
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 4
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 5
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 6
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo V – Como Calcular as Posições dos Astros – Parte 7
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo VI – Os Aspectos
Astrologia Científica e Simplificada – Capítulo VII – Como fazer o Índice
Astrologia Científica Simplificada – Parte 2 – Enciclopédia Filosófica de Astrologia-P.1
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INTRODUÇÃO – O VALOR PRÁTICO DA ASTROLOGIA
Há um lado da Lua que nunca vemos; contudo, essa metade oculta é um fator tão poderoso em causar o fluxo e refluxo das marés da Terra, tanto quanto o é a parte visível da Lua. De maneira análoga, há uma parte invisível do ser humano que exerce uma poderosa influência na vida, e como as marés são medidas pelo movimento do Sol e da Lua, assim também, as possibilidades da existência são medidas pelos Astros que circulam, podendo, portanto, serem chamados de “Relógio do Destino”, e a importância desse conhecimento é de um poder imenso, pois para o astrólogo competente o horóscopo revela todos os segredos da vida.
Por conseguinte, quando você entrega a um astrólogo a data do seu nascimento, você deu a ele a chave do mais íntimo da sua alma, e não há segredo que ele não possa desvendar, pesquisando cuidadosamente. Esse conhecimento pode ser usado tanto para o bem como para o mal, tanto para ajudar como para prejudicar, de acordo com a natureza do astrólogo. Somente a um amigo considerado bom, fiel e experimentado deve ser confiado essa chave da sua alma, e nunca deve ser entregue a alguém que tenha condições suficientes para prostituir uma ciência espiritual por meio de ganhos materiais.
Para um ou uma profissional de saúde, a Astrologia Rosacruz é de valor inestimável no diagnóstico de doenças ou enfermidades e na prescrição de remédios, pois, ela revela a causa oculta de todos os distúrbios do corpo ou de todas as doenças e enfermidades. Essa fase da ciência é abordada no livro “A Mensagem das Estrelas”, que fornece muitos horóscopos para demonstrar como as indicações de várias doenças e enfermidades aparecem na escrita astral. O autor diagnostica, infalivelmente, por esse método, os distúrbios do corpo, as doenças e enfermidades dos pacientes de várias partes do mundo e o amor também iluminará o caminho para todos aqueles que almejam seguir os passos de Cristo como curadores dos enfermos e dos doentes.
Se você é um pai, uma mãe ou um responsável por uma criança, o horóscopo irá lhe ajudar a identificar o mal latente na criança e lhe ensinar a aplicar as medidas preventivas. Também lhe mostrará os aspectos bons, para que você possa ajudar essa criança, que foi confiada aos seus cuidados, a ser uma pessoa melhor. Revelará as fraquezas do organismo dela e habilitará você a preservar a saúde da criança; mostrará que talentos ela possui e como a vida pode ser vivida em sua plenitude. Portanto, a mensagem dos Astros em movimento é de máxima importância e, pelo que temos demonstrado sobre o grande perigo de se fornecer os dados de nascimento a qualquer pessoa, só nos resta uma saída: cada um de nós estudar pessoalmente essa ciência.
Esse livro e o método simplificado que ele contém para levantar um horóscopo, de maneira completamente científica, é publicado para possibilitar que qualquer pessoa que saiba somar e subtrair possa fazer todos os cálculos e atividades sozinha, em vez de confiá-los a outra pessoa. Desse modo, a pessoa obterá um conhecimento mais profundo das causas que atuam em sua vida, ao invés de confiar naquilo que qualquer astrólogo profissional desconhecido possa lhe oferecer.
CAPÍTULO I
OS PLANETAS: OS SETE ESPÍRITOS DIANTE DO TRONO
A Teoria Nebular explica com uma maravilhosa engenhosidade, do ponto de vista material, de como um Sistema Solar constituído do Sol e dos Astros pode ser formado a partir de uma névoa ígnea central, desde que essa névoa ígnea seja posta em movimento. Para alguém que não conhece sobre a névoa ígnea, pode julgá-la desnecessária como início de tudo, no entanto, como demonstrado por Herbert Spencer, que rejeitou a teoria nebular porque implica um Argumento da causa primeira[1], porém, não foi capaz de enunciar uma hipótese além dessa que é uma imperfeição questionável que reduz ou dificulta o convencimento, segundo ele. Assim, a teoria científica da origem de um Sistema Solar coincide com o ensino religioso de um Argumento da causa primeira, chame-a de Deus ou de qualquer outro nome, que é a inteligência superior que ordena o caminho das esferas em movimento, visando um fim e um objetivo definido. Talvez, nós não sejamos ainda capazes de perceber totalmente esse fim, mas em nosso planeta e a nossa volta, se observarmos não podemos deixar de notar que um desenvolvimento ordenado de todas as coisas rumo à perfeição, e pode se inferir que um processo semelhante de evolução deve estar em andamento em todos os demais Planetas, naturalmente variando em consonância com as diversas condições existentes em cada um deles.
O ensinamento místico sobre a formação de um Sistema Solar está de acordo com a Teoria Nebular que afirma que os anéis foram lançados da massa central do Sol formando, em sucessão, os vários Planetas, sendo que os mais distantes do Sol foram os primeiros a serem formados, enquanto Vênus e Mercúrio, os mais próximos do Sol, foram formados por último.
Por trás de cada ato existe um pensamento, e por trás de cada fenômeno visível há uma causa invisível. Portanto, na formação dos Planetas em um Sistema Solar, há uma razão espiritual para formação deles, bem como uma explicação material.
Podemos considerar a névoa ígnea central como a primeira manifestação visível do Deus Trino, o Senhor dos Exércitos[2], em Quem contém dentro de Seu Ser uma multidão de outros seres em diferentes estágios de desenvolvimento. As diversas necessidades desses seres exigem diferentes ambientes externos. Com a finalidade de proporcionar as condições apropriadas, vários Planetas foram lançados da massa central, sendo cada um diferentemente constituído e cada um tendo uma condição climática diferente dos demais. Contudo, eles estão todos no Reino de Deus, o Sistema Solar. “N’Ele vivem, se movem e têm o seu ser” no sentido mais literal, pois todo o Sistema Solar pode ser considerado como o corpo de Deus e os Planetas como os órgãos naquele corpo, animados por Sua Vida, movendo-se em Sua Força e de acordo com Sua Vontade.
Cada Planeta visível é a incorporação de uma grande e exaltada inteligência espiritual; essa é o ministro de Deus naquele departamento de Seu Reino, se esforçando para cumprir a Sua Vontade, focando no bem supremo[3], apesar do mal temporário.
Esses Espíritos Planetários exercem uma influência particular sobre os seres que evoluem no Planeta, que é a incorporação d’Eles, mas também exercem uma influência sobre os seres em evolução em outros Planetas, de acordo com o desenvolvimento alcançado por tais seres. Quanto mais baixo um ser se encontra na escala evolutiva, mais poderosos são os efeitos das influências planetárias; e quanto mais elevado, mais sábio e mais individualizado for um ser, mais capacitado estará em moldar o seu próprio curso e estará menos sujeitos às vibrações astrais. É por isso que a Astrologia Rosacruz nos ajuda, quando aplicada diariamente a nossa vida. Ela nos fornece um conhecimento das nossas fraquezas e as tendências para o mal em nossa natureza; ela nos mostra forças nossas qualidades ou nosso estado de ser forte, seja na capacidade de esforço ou na resistência e os momentos na nossa vida aqui mais propícios para o desenvolvimento de maior potência para o bem. Em todas as Religiões ouvimos falar dos Sete Gênios Planetários: o Hindu fala de Sete Rishi, a Persia de Sete Ameshapentas, o Maometano de Sete Arcanjos e a nossa Religião Cristã tem os seus Sete Espíritos diante do Trono.
[1] N.T.: O Argumento da causa primeira ou Argumento cosmológico é um raciocínio filosófico que visa buscar uma causa primeira (ou uma causa sem causa) para o Universo. Por extensão, esse argumento é frequentemente utilizado para a existência de um ser incondicionado e supremo, identificado como Deus.
A premissa básica é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na lei da causalidade, que diz que toda coisa finita ou contingente é causada agora por algo além de si mesma.
Esse argumento é tradicionalmente conhecido como argumento a partir da causalidade universal, argumento da causa primeira, argumento causal ou o argumento da existência. Qualquer que seja o termo empregado, há três variantes básicas do argumento cosmológico, cada uma com distinções sutis, mas importantes: os argumentos da causa (causalidade), da essência (essencialidade), do devir (tornando-se), além do argumento da contingência. Esse raciocínio tem sido utilizado por vários teólogos e filósofos ao longo dos séculos, desde a Grécia Antiga com Platão e Aristóteles, passando pela Idade Média com São Tomás de Aquino.
[2] N.T.: Designação de Deus no Antigo Testamento (por exemplo em ISm 1:3)
[3] N.T.: o único bem que é desejável por si mesmo (como um fim em si mesmo) e não por causa de outra coisa (como um meio para algum outro fim).
O astrônomo moderno separa o aspecto espiritual da ciência celestial, a Astrologia, que ele expressa o seu desprezo como “uma superstição notória”, da fase material, a Astronomia, considerando oito Planetas iniciais[1] em nosso Sistema Solar – Netuno, Urano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus, Mercúrio. Ele demostra, por meio do telescópio, que os Planetas existem e com isso ele pensa que conseguiu provar que a Religião nada sabe a esse respeito quando afirma que existem sete Planetas no Sistema Solar. No entanto, o Místico ressalta a Lei de Bode[2] como que justificando a sua afirmação de que Netuno não pertence realmente ao nosso Sistema Solar[3].
A Lei é a seguinte: se escrevermos uma série de 4 e somamos 3 ao segundo, 6 ao terceiro, 12 ao quarto, etc., toda vez sempre dobrando o número adicionado, a série de números resultante será uma aproximação bem próxima às distâncias relativas dos Planetas ao Sol, com exceção de Netuno[4]. Assim, segue a ilustração:
MERCÚRIO | VÊNUS | TERRA | MARTE | ASTERÓIDES | JÚPITER | SATURNO | URANO | NETUNO |
4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 |
– | 3 | 6 | 12 | 24 | 48 | 96 | 192 | 384 |
4 | 7 | 10 | 16 | 28 | 52 | 100 | 196 | 388 |
Se dividirmos essa série por 10 (dez) obtemos “1” para a distância da Terra ao Sol e, os outros números representam as distâncias dos outros Planetas em termos da distância da Terra. A proximidade com que essa lei simples estabelece a distância é mostrada da seguinte forma: sendo a coluna intitulada “Bode”, mostra as distâncias de acordo com essa Lei, enquanto a coluna intitulada “Distância” fornece os valores exatos em termos de distâncias da Terra.
Bode | Distância | Bode | Distância | |||
Mercúrio | 0,4 | 0,4 | Júpiter | 5,2 | 5,2 | |
Vênus | 0,7 | 0,7 | Saturno | 10,0 | 9,5 | |
Terra | 1,0 | 1,0 | Urano | 19,6 | 19,2 | |
Marte | 1,6 | 1,5 | Netuno | 38,8 | 30,0 | |
Asteroides | 2,8 | 2,6 | Plutão | 40,0 | 77,2 |
Assim, podemos ver que, com exceção dos valores encontrados para o caso de Netuno[5], os números representam, muito próximos, as distâncias proporcionais relativas do Sol, dos sete Planetas e até da camada de asteroides[6] que estão dentro de nosso Sistema Solar, mas falham definidamente quando aplicados a Netuno[7], sendo esse a externalização de um Grande Espírito das Hierarquias Criadoras que normalmente nos influenciam a partir do Zodíaco. Esse gênio planetário trabalha, especificamente, com aqueles que estão se preparando para a Iniciação[8] e, parcialmente, com aqueles que estudam Astrologia e a praticam em suas vidas diariamente, pois estes também estão se preparando para o caminho da realização espiritual. As cintilações das estrelas fixas que estão fora do nosso Sistema Solar são as pulsações dos impulsos espirituais enviados pelos guardiões dos Mistérios Maiores[9]; e os Mercurianos, os Deuses da Sabedoria, enviam impulsos similares referentes aos Mistérios Menores[10], razão pela qual, Mercúrio cintila como uma estrela fixa.
Os Planetas orbitam em torno do Sol[11] em variadas taxas de velocidades, os Planetas menores, que são os mais próximos do Sol, movem-se muito mais rapidamente do que os maiores que, além disso, descrevem círculos mais amplos.
Mercúrio faz um período orbital[12] em torno do Sol em | 88 dias |
Vênus faz um período orbital em torno do Sol em | 224,5 dias |
Terra faz um período orbital em torno do Sol em | 365,25 dias |
Marte faz um período orbital em torno do Sol em | 1 ano/322 dias |
Júpiter faz um período orbital em torno do Sol em | 12 anos |
Saturno faz um período orbital em torno do Sol em | 29,5 anos |
Urano faz um período orbital em torno do Sol em | 84 anos |
Netuno faz um período orbital em torno do Sol em | 165 anos |
Plutão faz um período orbital em torno do Sol em | 248 anos |
A velocidade horária dos Planetas em suas órbitas é a seguinte:
quilômetros por hora | |
Mercúrio | 172.000 |
Vênus | 124.000 |
Terra | 105.000 |
Marte | 85.000 |
Júpiter | 47.000 |
Saturno | 34.000 |
Urano | 24.000 |
Netuno | 19.000 |
Plutão | 17.000 |
Além de girarem em suas órbitas ao redor do Sol, os Planetas também giram sobre seus eixos na mesma direção em que giram em suas órbitas; isto é, de Oeste para Leste. Esse movimento é chamado de rotação diurna[13].
O tempo estimado pela rotação diurna dos Planetas é o seguinte:
O Sol também gira em torno de um eixo, mas requer cerca de 608 horas ou 25 dias e 1/3 do dia para completar uma rotação.
O eixo de um Planeta pode ser perpendicular ou oblíquo à sua órbita. As atuais inclinações aproximadas dos eixos são as seguintes:[16]
A inclinação do eixo do Sol ao plano da eclíptica é de cerca de 7,5 graus.
As inclinações dos eixos acima não coincidem em todos os casos com os números determinados pela ciência física, nem endossamos seu ponto de vista de que essas inclinações permanecem praticamente inalteradas, salvo por um leve movimento oscilatório chamado Nutação[17]. Há um terceiro movimento extremamente lento dos Planetas, pelo qual, o atual Polo Norte da Terra, no futuro, como fez no passado, apontará diretamente para o Sol. Mais tarde estará na posição onde agora está o Polo Sul, e no devido tempo alcançará novamente a sua posição atual. Assim, o clima tropical e as épocas glaciais se sucedem em todos os pontos de cada Planeta.
Além disso, esse movimento gradual de, aproximadamente, de 50 segundos de espaço por século, pelo qual uma volta ao eixo da Terra se completa em, aproximadamente, dois milhões e meio de anos, também ocorreram mudanças repentinas numa época em que o que é agora o Polo Norte apontava diretamente para o Sol. O hemisfério sul se encontrava, então, continuamente na escuridão e frio.
As condições resultantes causaram, na última vez, uma melhoria muito grande e súbita em todo o nosso globo. Entretanto, desde essa época o Espírito, que anteriormente guiava a Terra de fora, penetrou dentro de sua esfera e tal acontecimento será impossível no futuro.
O Sr. Pierre Bezian, um mecânico francês, construiu um aparelho que demonstrava esse terceiro movimento. Ele disse ter recebido essa ideia de um estudo dos ensinamentos promulgados entre vários povos antigos, por meio de sacerdotes, que eram dotados de conhecimento místico, particularmente os Egípcios. Ele demonstrou como esse terceiro movimento explicava a flora e a fauna tropicais encontradas no gelado do norte, que não podem ser explicados de outra forma. Ele, também, demonstrou que durante o curso desse terceiro movimento, a inclinação do eixo de um Planeta se torna maior que os 90 graus e seu Polo Norte começa a apontar em direção ao sul, os satélites desse Planeta parecerão girar na direção oposta à dos satélites de outros Planetas, como é o caso dos satélites de Urano e Netuno; um fato que deixa os astrônomos perplexos e em busca de uma explicação.
Em relação a Urano e Netuno, o Sol também nasce no oeste e se põe no leste pela mesma razão: a inversão de seus polos.
Como uma última diferença entre os ensinamentos da ciência moderna e os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes, podemos observar que os astrônomos de hoje falam de Vênus e Mercúrio como Planetas inferiores, porque aparecem sempre próximos ao Sol; Vênus é visto apenas como uma “estrela da manhã ou da tarde”; Mercúrio raramente é visto, pois está muito próximo do Sol.
Os outros Planetas são chamados superiores, porque são vistos de todas as distâncias do Sol, mesmo se posicionando no ponto oposto do horizonte do Sol.
Essa denominação de inferior e superior, o místico teria um ponto de vista oposto, pois para ele é evidente que o Sol é a externalização da mais alta inteligência espiritual em nosso Sistema Solar. No início de nossa atual fase evolutiva, tudo o que está agora fora do Sol, estava dentro, mas nem todos os seres podiam continuar vibrar na elevadíssima taxa de vibração que era estabelecida ali; alguns ficaram para trás, cristalizaram-se e, com o tempo, tornaram-se um empecilho para outras classes. Com a cristalização, eles se dirigiram para os polos, onde o movimento é lento, mas gradualmente com o aumento da densidade deles, foram impelidos para o equador, onde o movimento é mais rápido e, consequentemente, foram expelidos do Sol pela força centrífuga.
Mais tarde, outros seres também não conseguiram se manter nesse movimento vibratório, ficando para trás e foram expelidos a uma distância apropriada para que as vibrações solares pudessem lhes fornecer a rapidez necessária ao desenvolvimento deles.
Os Espíritos mais avançados permaneceram mais tempo no Sol e, consequentemente, se a denominação inferior e superior é para ser aplicada, deveria ser usada de maneira inversa.
A fim de evitar qualquer mal-entendido, pode-se dizer que Júpiter foi expelido com um enorme volume de substância ígnea, porque os jupterianos alcançaram um grau elevadíssimo de desenvolvimento, onde precisavam tanto de altas vibrações como de autonomia. Júpiter é, portanto, em alguns aspectos, uma exceção à regra; um caso em que uma lei superior prevalece sobre uma inferior.
Concluindo, nós reiteramos que os Planetas do nosso Sistema Solar são externalizações visíveis dos Sete Espíritos diante do Trono de Deus, o Sol, e assim como nos é possível transmitir por telégrafo sem fio a força que move a chave do telégrafo, que acende uma lâmpada, que puxa uma alavanca, etc., assim também esses Grandes Espíritos exercem uma influência sobre os seres humanos, numa proporção ao nosso grau de individualidade. Se almejamos agir em harmonia com as Leis do Deus, nos elevemos acima de todas as leis e nos tornemos uma lei em nós mesmo; colaboradores de Deus e auxiliares na natureza. Isso é nosso privilégio, mas se deixarmos de viver de acordo com nossas mais elevadas possibilidades, isso será o nosso fracasso.
Esforcemo-nos, portanto, em saber o que podemos fazer e, acima de tudo, tomemos cuidado para não prostituir a Ciência dos Astros, colocando-a como mera adivinhação. O Ouro de Mamon[18] pode ser nosso se lutarmos por isto, mas a “paz de Deus que excede todo o entendimento”[19] nos trará um regozijo duradouro, se usarmos nosso conhecimento no serviço altruísta aos outros.
[1] N.T.: e Plutão depois de 1930.
[2] N.T.: A lei de Titius-Bode (às vezes denominado de Lei de Bode) é uma lei matemática que define, muito aproximadamente, as distâncias planetárias. Foi desenvolvida em 1766 por Johan Daniel Tietz (1729–1796), mais conhecido por seu nome latinizado Titius (pronuncia-se Tícius) e muito divulgada pelo astrônomo alemão Johann Elert Bode (1747–1826), diretor do Observatório de Berlim, que acabou definindo a sequência final, que hoje conhecemos como Lei de Titius-Bode.
[3] N.T.: e nem Plutão, depois de descoberto em 1930
[4] N.T.: e, também, de Plutão, depois de 1930.
[5] N.T.: e Plutão, depois de 1930.
[6] N.T.: situados entre a órbita do Planeta Marte e do Planeta Júpiter.
[7] N.T..: e a Plutão, depois de 1930.
[8] N.T.: no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz são os Estudantes Rosacruzes que estão, no mínimo, no grau de Discípulo.
[9] N.T.: Também denominadas Iniciações Maiores ou Iniciações Cristãs.
[10] N.T.: Também denominadas Iniciações Menores.
[11] N.T.: Conhecido como movimento de translação em torno do Sol.
[12] N.T.: O período orbital (também conhecido como período de revolução) é o tempo que um determinado objeto astronômico leva para completar uma órbita em torno de outro objeto e se aplica em astronomia geralmente a Planetas ou asteroides orbitando o Sol, para o nosso Sistema Solar. Depois de 1930, consideremos Plutão que faz um período orbital em torno do Sol de 248 anos.
[13] N.T.: O movimento diurno (ou rotação diurna) é um termo astronômico que se refere ao movimento aparente do Sol ao redor de um Planeta – no nosso Sistema Solar -, ou mais precisamente, movimento em torno dos dois polos celestes, ao longo de um dia. É causado pela rotação do Planeta em torno de seu eixo. Isso também resulta em observarmos que quase todas as estrelas parecem seguir um caminho de arco circular chamado círculo diurno.
[14] N.T.: Últimas observações científicas feitas através dos satélites artificiais na década de 90, pela NASA
[15] N.T.: Últimas observações científicas feitas através dos satélites artificiais na década de 90, pela NASA
[16] N.T.:
[17] N.T.: A Nutação é, na astronomia, uma pequena oscilação periódica do eixo de rotação da Terra com um ciclo de 18,6 anos, sendo causada pela força gravitacional da Lua sobre a Terra.
[18] N.T.: Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade.
[19] N.T.: Fp 4:7
CAPÍTULO II
O TEMPO E O LUGAR COMO FATORES NO CÁLCULO DO HORÓSCOPO
Parte 1
Um horóscopo é simplesmente um mapa dos céus mostrando uma determinada posição dos Astros[1] e Signos Zodiacais em relação entre si e em relação à Terra. As constelações permanecem na mesma posição uma em relação à outra e, portanto, são chamadas de “estrelas fixas”, mas a Terra e os outros Astros mudam suas posições constantemente. Eles não retornam à mesma posição relativa antes de decorridos, aproximadamente, vinte e seis mil anos. Assim, todo horóscopo calculado de forma cientifica é absolutamente individual e mostra uma influência astral diferente daquela experimentada em qualquer outra vida iniciada numa época diferente. Por causa da rotação da Terra sobre o seu próprio eixo é acrescido um novo grau ao Zodíaco, a cada quatro minutos percorridos, assim mesmo os horóscopos de gêmeos podem diferir consideravelmente. Por isso, o Estudante Rosacruz deve perceber a importância da Hora como um fator preponderante em um horóscopo. Há, contudo, vários métodos para determinar a hora e erigir um horóscopo correto para quem não sabe a hora exata de seu nascimento, mas esse assunto pertence a um nível mais avançado deste estudo.
No entanto, a hora não é a mesma em todo o mundo. Quando o Sol nasce onde vivemos, ele se põe em outro lugar, e isso estabelece outra diferença nos horóscopos mesmo se calculados para crianças nascidas no mesmo horário, mas em lugares opostos do globo, pois se for meio-dia no local de nascimento de uma delas, o Sol estará elevado nos céus acima no globo terrestre, e no local de nascimento de outra criança seria meia-noite, mas com o Sol diretamente abaixo no globo terrestre. Sabemos que o efeito químico do raio solar tem variação de acordo com sua posição, de maneira que, quando a mudança é fisicamente perceptível, o efeito espiritual também deve diferir. Portanto, é evidente que a hora e o lugar são fatores básicos no cálculo de um horóscopo. Mas, primeiro mostraremos como determinar o lugar de nascimento e depois abordaremos a questão da hora.
O LUGAR
Geograficamente, a Terra está dividida por dois conjuntos imaginários de círculos. Um círculo que corre de leste para o oeste, a meio caminho entre os polos norte e sul, como ilustrado nos gráficos abaixo, é chamado de Equador.
Outros círculos, chamados Paralelos de Latitude, são imaginados, estendendo-se paralelamente ao Equador, sendo utilizados para medir a distância de qualquer lugar ao Norte ou ao Sul do Equador. Agora tomemos um atlas e olhemos o mapa da América do Norte. Ao longo das bordas direita e esquerda, você verá ver alguns números. Note que uma linha curva se estende desde o número 50 à direita até o número 50 à esquerda no mapa. Esse é o Paralelo 50 graus de latitude. Todas as cidades situadas ao longo dessa linha, na América, Europa ou Ásia estão equidistantes do Equador e, assim, podemos dizer que estão localizadas na “Latitude 50 graus Norte”.
Outra linha se estende do número 40 do lado esquerdo até o número 40 do lado direito. Podemos observar algumas das principais cidades sobre essa linha ou próximas a ela. São Francisco está um pouco mais ao sul; Denver está em cima da linha; Chicago e Nova York um pouco ao norte. Agora, tomemos o mapa da Europa. Há os números da direita e da esquerda, cujos círculos de conexão também são latitudes, e no número 40 você verá Lisboa (um pouco para baixo) e Madri (quase em cima). Prosseguindo para leste, Roma e Istambul aparecem um pouco ao norte (ou para cima) dessa linha.
Pode-se dizer, para fins de ensino elementar, que esses lugares estão no mesmo grau de latitude e, portanto, outro determinador deve ser usado para diferenciar a localização de cada um dos lugares.
Isso é feito dividindo a Terra longitudinalmente, de polo a polo, por outro conjunto de círculos imaginários chamados Meridianos de Longitude e que são mostrados na figura abaixo.
Todos os lugares ao longo desses círculos têm o meio-dia igual para todos, independentemente de quão distantes possam estar do Equador, ou de quão perto estejam do Polo Norte ou Sul.
Agora, olhemos novamente para o mapa da Europa. Lá você verá linhas numeradas traçadas da parte superior até a parte inferior do mapa. Essas são as linhas de longitude. Uma é numerada como “0”. Se você seguir essa linha, encontrará Londres e, perto dela, um lugar chamado Greenwich. Essa é a localização do maior observatório do mundo[2] e, para fins de cálculo astronômico, todos os pontos da Terra são considerados como sendo tantos graus a oeste ou a leste de Greenwich[3].
Assim, por Latitude obtemos a localização de um determinado lugar ao norte ou ao sul do Equador.
Por Longitude, designamos sua posição se é a leste ou a oeste de Greenwich.
Quando a localização de um ponto é estabelecida em termos de latitude e longitude, isso estabelece um determinado ponto fora de qualquer possibilidade de confusão com qualquer outro lugar e fornece ao astrólogo um dos fatores primordiais que são necessários para calcular um horóscopo científico: o lugar[4].
A latitude é o principal fator na localização dos Signos do Zodíaco por meio das “Tabelas das Casas”[5], as quais se aplicam a todos os lugares em um determinado grau de latitude. Essas tabelas são praticamente imutáveis como o são as estrelas fixas às quais se aplicam; elas permanecem as mesmas de ano para ano, e sua alteração é tão pequena que não é significativa no decorrer de toda uma vida.
A longitude é o fator principal em todos os cálculos relacionados aos Astros móveis. Para calcular suas posições no momento do nascimento de uma pessoa é necessário ter um almanaque astronômico do ano de nascimento. Esse recebe o nome de Efemérides pois registra a posição efêmera ou transitória dos Astros, conforme vistos pelo observatório de Greenwich diariamente ao meio-dia[6].
[1] N.T.: Sol, Lua e os Planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão)
[2] N.T.: O autor se refere no início do século XX.
[3] N.T.: a oeste (ou seja, à sua esquerda – olhando o mapa de frente para você) ou a leste (ou seja, à sua direita)
[4] N.T.: Por exemplo: um lugar situado à 38º53’ de Latitude Norte e 77º de Longitude Oeste. Atualmente é mais fácil consultar na internet. É só pesquisar no seu navegador (Google Chrome, Mozilla Firefox, Safari e Microsoft Edge) colocando: o nome da cidade, estado e/ou país e acrescentar as palavras: latitude e longitude (para a Astrologia Rosacruz escolha sempre os valores expressos em graus, minutos e segundos – exe: 23º32’19” – e não expressos em pontos decimais depois dos graus – exe: 23,0256).
[5] N.T.: Aqui já há muitas cidades com suas respectivas latitudes e longitudes: Tabelas das Casas Científica e Simplificada – Latitude 1 a 66 Graus – The Rosicrucian Fellowship
[6] N.T.: para facilitar temos as Efemérides Rosacruzes, já levantadas para serem utilizadas na Astrologia Rosacruz. Aqui alguns exemplos: Efemérides Científica e Simplificada – Calculada para Meio-dia (Noon) Greenwich
A HORA
Um Dia Solar é o período de tempo que o Sol leva para se mover de um determinado Meridiano de longitude até retornar ao mesmo Meridiano no dia seguinte. Devido ao movimento variável da Terra em sua órbita e da obliquidade da eclíptica, o caminho do Sol, os dias solares não tem todos a mesma duração, mas como o propósito da vida social e civil necessitam de uma divisão uniforme, uma média foi adotada para todos os dias solares do ano, e isso leva o nome de Dia Solar Médio. Esse começa à meia-noite, quando o Sol está no nadir. Os relógios são regulados para mostrar seu início, seu fim e, também, suas divisões em 24 horas diárias. Há, portanto, uma diferença entre a hora Solar e a hora do relógio[1].
A partir do momento que o Sol se encontra mais perto da Terra (Periélio) – por volta de catorze dias após o Solstício de Dezembro (próximo do dia 4 de janeiro –, até o momento em que se encontra o mais distante da Terra (Afélio) – por volta do dia 4 de julho –, a hora do relógio está adiantada em relação à hora Solar. De 21 de junho a 24 de dezembro, o Sol está adiantado em relação ao relógio, ocorrendo a diferença maior, de 16 minutos, no início de novembro.
Quando o movimento desigual da Terra em sua órbita e a obliquidade da eclíptica atuam juntas, a diferença entre a hora Solar e a hora do relógio é a maior; mas, quatro vezes ao ano elas se igualam: 15 de abril, 15 de junho, 1º de setembro e 24 de dezembro.
Um Dia Sideral é o tempo que decorre entre a saída de uma estrela fixa, a um certo grau de longitude, até que ela retorne ao mesmo ponto no dia seguinte. Esse é o tempo exato de uma revolução[2] completa da Terra sobre seu eixo; e é o único movimento absolutamente uniforme observado nos céus, não tendo sofrido nenhuma alteração desde as primeiras observações registradas.
Devido ao movimento da Terra em sua órbita[3] em torno do Sol, um Dia Solar é mais longo do que um Dia Sideral, pois como o Sol se adianta mais para o leste durante o período de rotação diária da Terra sobre seu eixo, a Terra precisa girar um pouco mais em seu eixo para que um certo Meridiano se alinhe com o Sol. O Dia Solar é, portanto, cerca de quatro minutos mais longo que o Dia Sideral, porém, devido ao movimento variável da Terra em sua órbita e à obliquidade da eclíptica mencionada anteriormente, essa diferença também varia a cada dia.
Antigamente, a hora dos relógios de cada cidade ou cada pequena vila se diferenciavam das horas dos relógios de todos os outros lugares, uma vez que todos eles eram ajustados para a Hora Local, porém, isso causava muita confusão para as pessoas que viajavam; portanto, em 18 de novembro de 1883, a América adotou o que conhecemos por Hora Padrão[4]. Para as pessoas nascidas após aquela data é necessário se fazer uma correção, em que se converte a hora indicada pelos relógios em Hora Local Exata, pois essa é a hora utilizada para calcular um horóscopo. O diagrama ajudará os Estudantes Rosacruzes a entenderem o que é a Hora Padrão, como desfazer quaisquer confusões e como é elaborada a correção mencionada anteriormente.
Foi sugerido que, se o país fosse dividido em zonas horárias[5], em que cada uma teria cerca 15 graus de longitude de largura (por ser essa a distância que o Sol viaja em uma hora), e sendo todos os relógios de cada divisão acertados para uma hora uniforme, estabelecido por um Meridiano localizado no centro da zona horária correspondente, a confusão para os viajantes seria evitada.
Consequentemente, os Estados Unidos da América foi dividido em quatro dessas zonas por três linhas imaginárias, conforme está ilustrado no diagrama.
Na Zona Horária do Leste, os relógios são ajustados seguindo o Meridiano 75 graus, com 5 horas a menos da Hora de Greenwich.
Na Zona Horária Central, a hora é regulado pelo Meridiano 90 graus, que é 6 horas a menos da Hora de Greenwich.
Na Zona Horária das Montanhas, os relógios são regulados de acordo com o Meridiano 105 graus, que é 7 horas a menos da Hora de Greenwich.
Na Zona Horária do Pacífico, o horário é regulado para o Meridiano 120 graus, que é 8 horas a menos da Hora de Greenwich.
(Há uma quinta zona no extremo leste, compreendendo Maine, Nova Escócia, etc. Essa zona foi omitida para que nosso diagrama pudesse abranger um espaço maior.).[6]
Em todas as cidades localizadas no mesmo Meridiano padrão (veja o diagrama), tais como Filadélfia e Denver, a Hora Padrão é também a Hora Local Exata e nenhuma correção de horário é necessária para o cálculo dos horóscopos. Mas Detroit[7], que está posicionado na linha divisória entre a Zona Leste e a Zona Central, e que está a 7 graus a leste do Meridiano 90º e, portanto, seus relógios estão 28 minutos atrasados, pois quando assinalam meio-dia, de acordo com o Meridiano Padrão de 90º, a Hora Local Exata é de 28 minutos depois do meio-dia (12h28 P.M.[8]). Você verá que Chicago está um pouco a leste do Meridiano de 90 graus (em torno de 2 graus). Quando os relógios assinalam meio-dia, na verdade são 12h08 P.M. Os relógios de São Francisco assinalam meio-dia quando a Hora Local Exata é ainda 11h50 A.M., porque essa cidade está 2 graus e 30 minutos (2º30’) a oeste do Meridiano Padrão 120º. Assim, a correção se faz necessária.
A regra para obter a Hora Local Exata é a seguinte:
Para o Horário do Meridiano Padrão mais próximo:
Quando uma criança nasce, deve-se notar o momento exato em que ela respira pela primeira vez, já que este momento, e não a hora do parto, é a hora do nascimento do ponto de vista do astrólogo.
A razão pela qual se toma a hora da primeira inspiração que vem, geralmente, acompanhada de um choro, como o momento do nascimento se deve à condição química da atmosfera que muda a cada momento à medida que mudam as vibrações astrais. Notamos tal mudança na atmosfera de acordo com a posição do Sol no céu durante as diferentes horas do dia ou da noite. O ar noturno é diferente da atmosfera ao meio-dia. Essas não são mudanças repentinas, mas são provocadas por e para nós em níveis imperceptíveis. Nós, que somos mais insensíveis às mudanças contínuas, não as sentimos, mas a forma pouco sensível de uma criança recém-nascida é eminentemente suscetível à irrupção dessa primeira carga de ar em seus pulmões e, à medida que o oxigênio contido nessa carga se espalha por todo o corpo, em virtude da mistura com o sangue, cada átomo recebe uma impressão peculiar que se mantém ao longo da vida, embora os átomos mudem, da mesma forma que uma cicatriz se perpetua no corpo, apesar da mudança de átomos. Essa primeira impressão é a base física das idiossincrasias e características instáveis que fazem com que cada um de nós aja diferentemente sob as mesmas condições astrais; é a base das tendências da nossa natureza física e está em harmonia com nosso estágio de realização, conforme estabelecido pela Lei de Causa e Efeito, que nos proporciona em cada vida as faculdades desenvolvidas durante todas as nossas existências anteriores. Assim, não temos um determinado destino porque nascemos em um determinado momento, mas nascemos no momento em que os raios astrais nos fornecem as tendências para cumprir o destino gerado em vidas passadas.
Essa distinção é muito importante, pois marca a diferença entre o ponto de vista do astrólogo materialista e o conceito religioso da Astrologia.
Em março de 1918, o governo dos EUA aprovou o “Daylight Saving Act” (“horário de verão”), pelo qual todos os relógios deveriam ser adiantados uma hora à meia-noite anterior ao último domingo do mês de março, e depois atrasados uma hora à meia-noite anterior ao último domingo do mês de outubro. Esse Ato vigorou somente em 1918 e 1919. Portanto, todas as datas de nascimento registradas nesse período devem ter uma hora subtraída para obter a Hora Padrão.
[1] N.T.: a hora do relógio é também chamada de hora legal.
[2] N.T.: também chamada de rotação: cada giro da Terra em torno do seu próprio eixo define um dia.
[3] N.T.: Movimento de Translação
[4] N.T.: Embora se use também a expressão “Hora Padrão”, a denominação mais consagrada aqui no Brasil é “Hora Legal”.
[5] N.T.: As zonas horárias ou fusos horários são cada uma das vinte e quatro áreas em que se divide a Terra e que seguem a mesma definição de tempo
[6] N.T.: Note com bastante atenção, então, que os Meridianos padrões para o Estados Unidos são: 60o, 75o, 90o, 105o e 120o
Já no Brasil os Meridianos padrões são: 30o, 45o, 60o e 75o
[7] N.T.: Detroit adotou a Hora Padrão Leste a 15 de maio de 1915.
[8] N.T.: Em grande parte dos países de língua inglesa é costume especificar as horas do dia de um a doze, seguidas de AM ou PM conforme o período. Nesses países é necessário informar sempre o período a que se refere a hora indicada. Por exemplo, 15h corresponde a 3:00 PM.
AM e PM (podendo ser escrita em maiúsculas ou minúsculas, com ou sem pontos a seguir às letras) são duas siglas com origem no latim utilizadas para referir cada um dos dois períodos de 12 horas em que está dividido o dia: AM (Ante Meridiem) significa “antes do meio-dia” e PM (Post Meridiem) significa “após o meio-dia”.
AM é o período com início à meia-noite (00:00) e término às 11:59; PM é o período com início ao meio-dia (12:00) e término às 23:59. Assim, meio-dia se escreve como 12:00 PM e meia-noite se escreve como 12:00 AM.
CAPÍTULO 3 – OS SIGNOS E AS CASAS
Embora estejamos muitos milhões de quilômetros mais próximos do Sol[1] durante os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, seus raios transmitem menos calor do que nos meses de junho, julho, agosto e setembro, quando nos encontramos mais afastados dele[2] ; por conseguinte, é evidente que a distância não influência na transmissão dos raios de calor, mas à medida que o Sol se eleva ao nascer em direção ao zênite, seja no verão ou no inverno, o calor aumenta, sendo o máximo alcançado no meio do verão, quando os raios solares estão mais próximos do ângulo perpendicular, ocasião em que, consequentemente, se registram as temperaturas mais elevadas. Por isso, é evidente que o ângulo do raio[3] é o único fator determinante de sua influência.
A Astrologia trata com ângulos astrais e os efeitos deles observados na humanidade; e para determinar esses ângulos e tabular essas considerações, as estrelas fixas, ao longo da trajetória do Sol, foram divididas em grupos ou constelações, e a Terra, como vista a partir do lugar do nascimento de uma criança foi dividida em Casas. A grande maioria dos novos Estudantes Rosacruzes muitas vezes se confundem em diferenciar o que são Signos e o que são Casas, mas se memorizarem que os Signos são divisões dos Céus, e as Casas são divisões da Terra, não haverá nenhuma dificuldade. Os Signos influenciam determinadas partes do Corpo Denso; as Casas governam as condições da vida.
Como em qualquer outro círculo[4], o Zodíaco é dividido em 360 graus, de modo que cada um dos doze Signos tem 30 graus[5]. Os nomes e os símbolos deles são mostrados no diagrama acima. As partes do Corpo Denso governadas por esses Signos são as seguintes[6]:
Signo | Parte do Corpo Denso |
Áries | Cabeça |
Touro | Cerebelo e Pescoço |
Gêmeos | Braços e Pulmões |
Câncer | Estômago |
Leão | Coração e Medula Espinhal |
Virgem | Intestinos |
Libra | Rins |
Escorpião | Órgãos Sexuais e Reto |
Sagitário | Quadris e Coxas |
Capricórnio | Joelhos |
Aquário | Tornozelos |
Peixes | Pés |
Essas doze constelações constituem o Zodíaco Natural e estão sempre nas mesmas posições relativas, mas devido ao movimento dos polos da Terra, o Sol cruza o equador num ponto ligeiramente diferente a cada ano no Equinócio de Março, e esse ponto de mudança é considerado na Astrologia como sendo o primeiro grau de Áries, o início do que chamamos de Zodíaco Intelectual. Esse Zodíaco muda a uma taxa, em média, de 50,1 segundos de ano para ano, 1 grau em 72 anos, 1 Signo em 2.156 anos, completando o círculo de 12 Signos em, aproximadamente, 25.868 anos. Esse movimento retrógrado é chamado de “Precessão dos Equinócios”.
Do ponto de vista materialista, parece não haver razão para essa alteração do Zodíaco, mas do ponto de vista do místico não é de modo algum arbitrária, ao contrário, é necessária e está em harmonia com o caminho espiral da evolução, seguido tanto pela estrela fixa quanto pela estrela do mar, observável em toda a natureza. Após a conclusão de cada ciclo, os Zodíacos Intelectual e Natural se ajustam (a última vez aconteceu em 498 d.C.), então começa um novo período mundial, uma nova fase de evolução, um ciclo da espiral mais elevado em que estamos sempre caminhando em direção a Deus. Mesmo sob o ponto de vista material é evidente que o caminho em espiral do Sistema Solar, observado pelos astrônomos, deve mudar o ângulo de incidência dos raios luminosos das estrelas fixas, e como o ângulo de incidência dos raios do Sol sobre nossa Terra possui o efeito de produzir as mudanças climáticas de verão e inverno, é razoável que uma mudança semelhante deve suceder-se à nossa mudança de posição em relação às estrelas fixas, o que pode ser responsável por mudanças graduais de condições, tais como estações de inverno menos frios e estações de verão menos quentes em algumas partes do mundo.
[1] N.T.: em torno de 147,1 milhões de quilômetros, atingindo o periélio por volta de catorze dias após o solstício de dezembro, próximo do dia 4 de janeiro.
[2] N.T.: em torno de 152,1 milhões de quilômetros, atingindo o afélio por volta de catorze dias após o solstício de junho, próximo do dia 4 de julho.
[3] N.T.: inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol – 23,5 graus. Graças a ela, os raios solares incidem de forma diferente ao longo do ano.
[4] N.T.: como estudamos na geometria
[5] N.T.: invariavelmente
[6] N.T.: aqui são listadas somente a parte principal regida por cada Signo. Para uma lista completa consultar o Livro Astrodiagnose e Astroterapia.
Além do mais, observou-se que as condições climáticas dispõem de um impacto nítido em nossas características ou inclinações habituais ou, ainda, no nosso modo de responder às emoções – nos sentimos de maneira diferente tanto no verão como no inverno – e não pode essa mudança lenta em relação às estrelas fixas ser a causa dessa mudança na humanidade, que conhecemos por evolução? O místico afirma que sim. Assim como os raios do Sol, pela mudança do ângulo de incidência, suscitam as folhas e flores da planta em determinado momento, e em outro as fazem murchar, assim também os raios das estrelas fixas suscitam e produzem as maiores mudanças na flora e fauna; eles são responsáveis pela ascensão e queda das nações e pela mudança marcada pela sensibilidade excessiva e alterações de humor impulsivas que chamamos de civilização.
Indo mais longe com a analogia, o Zodíaco Natural é composto pelas constelações que são vistas nos céus, e o Zodíaco Intelectual começa sua mudança no exato ponto onde o Sol cruza o Equador no Equinócio de Março. Essa é a época em que a Natureza faz nascer tudo aquilo que ela germinou no ventre dela no inverno anterior. Assim, o horóscopo do mundo muda de ano para ano. “Como em cima, assim embaixo”, é a Lei da Analogia e os mesmos pontos salientes são observáveis na evolução do ser humano, do micróbio, da estrela do céu e da estrela do mar.
No mapa natal do ser humano temos, também, o que pode ser chamado de horóscopo natural, que é o mapa levantado e calculado segundo as regras da Astrologia, em que qualquer Signo pode estar no Ascendente ou na Primeira Casa. A mudança do Equinócio de Março corresponde ao primeiro grau de Áries, no Zodíaco Intelectual, assim, o Ascendente no horóscopo de qualquer ser humano também tem uma influência correspondente a esse grau. A Segunda Casa corresponde a Touro, a Terceira Casa a Gêmeos, e assim por diante, formando a contraparte do Zodíaco Intelectual no horóscopo do ser humano.
Assim como os raios do Sol se intensificam quando focalizados através de uma lente, do mesmo modo ocorre com a vida espiritual do Sol quando focalizada através das duas Casas de Marte[1] para trazer uma vida a partir dos Mundos invisíveis.
Câncer, o primeiro dos Signos de Água, era representado como um escaravelho (besouro) entre os antigos Egípcios, que era o emblema deles da alma, e os ocultistas sabem que o Átomo-semente do Corpo é implantado[2] quando o Sol da Vida (o Ego) está em Câncer, a esfera da Lua, o Astro da fecundação.
Quatro meses depois, quando o Sol da Vida passa pelo segundo Signos de Água, Escorpião, que está sob a regência de Marte, o Planeta da paixão e da emoção, o Cordão Prateado está vinculado, ligando o Corpo de Desejos aos veículos inferiores[3], e temos a ‘vivificação’ quando o feto principia a mostrar vida senciente. A essa altura, o Ego já dissolveu os corpúsculos sanguíneos nucleados através dos quais a vida da mãe já se manifestou naquele organismo crescente, e então pode começar a funcionar no fluido vital e manifestar sinais de vida separada no Corpo até que o Sol da Vida tenha completado o ciclo de vida dele e, novamente, alcance a mística Oitava Casa.
Oito meses depois que o Átomo-semente foi introduzido naquele ambiente apropriado, o Sol da Vida, o Espírito, entra em Peixes, o último dos Signos de Água do Zodíaco místico, o qual está sob o expansivo e benéfico raio de Júpiter. Sob essa benévola influência, as águas do parto se avolumam e rompem as paredes distendidas do útero, quando se completam, mais ou menos, os nove meses de gestação, lançando a alma recém-nascida no Oceano da Vida ao primeiro ponto de Áries, onde é aquecida e animada pela combinação dos raios de Marte, como Regente do Signo de Áries, e do Sol no Signo de Áries, onde o Sol está em Exaltação. Assim, ele é preparado para a batalha da existência pelo energético deus da guerra, e sua fonte de vida, seja ela grande ou pequena, é totalmente preenchida pelo Sol, do grande reservatório cósmico de energia vital.
AS CASAS
Num horóscopo o lugar do nascimento é sempre suposto estar no ponto mais alto da Terra. Ele é indicado por uma seta na figura abaixo e o ponto bem acima dele no céu é chamado de Meio-do-Céu. Como um observador no hemisfério norte precisa sempre olhar na direção sul para ver o Sol do meio-dia, segue que o leste fica à sua esquerda e o oeste à sua direita. Os astrólogos chamam o horizonte oriental de Ascendente, porque nesse ponto as estrelas nascem ou ascendem em direção ao Meio-do-Céu, e pela razão inversa chamam o horizonte ocidental de Descendente. Os raios de estrelas localizadas nesses pontos extremos incidem no lugar do nascimento em diferentes ângulos, portanto, a influência deles pode variar e, também, pode haver uma diferença considerável do efeito nos pontos intermediários entre o horizonte e o Meio-do-Céu, além do que, os Astros posicionados abaixo da Terra também exercem a capacidade de influenciar, embora não na mesma proporção de quando posicionados acima do lugar do nascimento. A influência dos Astros nos vários departamentos da vida tem sido observada como se segue:
1ª Casa | a condição física do Corpo como um todo ou das suas partes; a forma física do Corpo; o ambiente durante a infância; o lar na infância |
2ª Casa | as finanças |
3ª Casa | a literatura; as habilidades e os métodos de assuntos práticos (tecnologia, manufatura e artesanato); a inteligência prática (a capacidade de aplicar, usar e implementar o que a pessoa sabe); as jornadas de curta duração (viagens, processos curtos de aprendizagem ou de autodescoberta); irmãos e irmãs |
4ª Casa | o lar e as condições na fase de senilidade (quando estamos experimentando o processo patológico de envelhecimento) dessa vida |
5ª Casa | os meios de se divertir ou se entreter; os namoros; os filhos; as especulações (formar uma teoria ou conjectura sem evidência firme) |
6ª Casa | a saúde; empregados (as) ou funcionários (as); o trabalho que produz valor de uso (servir) e não somente valor de troca |
7ª Casa | as parcerias e sociedades; os casamentos e as uniões conjugais; as belas-artes (como pintura, escultura ou música) focadas, principalmente, com a criação de belos objetos; o público |
8ª Casa | as heranças (de coisas tangíveis: recursos financeiros, bens físicos, propriedades e coisas afins); a morte |
9ª Casa | a Religião; a filantropia; o idealismo; a justiça; as jornadas de longa duração (viagens, processos longos de aprendizagem ou de autodescoberta) |
10ª Casa | a profissão; a posição social (a posição da pessoa em uma dada sociedade ou cultura); a ambição (o desejo de alcançar um determinado fim e que requer determinação e árduo trabalho) |
11ª Casa | os amigos; as esperanças; os desejos |
12ª Casa | as prisões e os aprisionamentos; os hospitais; as angústias profundas, as tristezas, os arrependimentos; os problemas, as dificuldades |
[1] N.T.: que são a Primeira Casa (Áries) e Oitava Casa (Escorpião) num horóscopo natural.
[2] N.T.: O Átomo-semente do Corpo Denso é colocado na cabeça do espermatozoide do papai que irá fecundar o óvulo e o Átomo-semente do Corpo Vital é colocado no útero da futura mamãe.
[3] N.T.: Corpo Denso e Corpo Vital.
CAPÍTULO 4 – O SIGNO ASCENDENTE E AS DOZE CASAS
Para ilustrar como se levanta um horóscopo, nós, primeiro, levantaremos quatro horóscopos de quatro pessoas nascidas na cidade de Chicago – Estado de Illinois, EUA – em 2 de agosto de 1909, uma às 2h15 A.M., outra às 8h15 A.M., outra às 2h15 P.M e a última às 8h15 P.M., até o ponto de encontrarmos e inserirmos os Signos nas Cúspides das Casas. As Cúspides são as linhas divisórias entre duas Casas.
Localizando a cidade de Chicago no mapa[1], notamos que ela está situada próximo aos 42 graus de latitude norte e próximo dos 88 graus de longitude oeste de Greenwich.
Nosso primeiro passo é calcular a Hora Local Exata do Nascimento. Primeiramente, retornemos à regra fornecida no Capítulo 2 que diz: “para o Horário do Meridiano Padrão mais próximo, some quatro minutos para cada grau quando o lugar de nascimento estiver a leste do Meridiano correspondente a esse horário.
Se o lugar de nascimento estiver a oeste desse Meridiano, subtraia quatro minutos para cada grau em que estiver a oeste dele”.
A Hora do Meridiano Padrão mais próxima é a Hora Central aferida pelo meridiano 90 graus. Chicago localizada a 88 graus de longitude oeste, se encontra a 2 graus a leste do Meridiano 90 graus. Portanto, somamos duas vezes quatro, ou oito minutos, ao horário mostrado pelo relógio a fim de encontrar a Hora Local Exata. No caso do primeiro horário do nascimento, quando o relógio marcava 2h15 A.M., em 2 de agosto, a Hora Local Exata é, portanto, 2h23 A.M. Essa Hora Local Exata do Nascimento será usada em todos os cálculos subsequentes do horóscopo. Observe, no entanto, que essa correção da Hora Padrão para a Hora Local se aplica aos Estados Unidos da América para datas posteriores a 18 de novembro de 1883, quando a Hora Padrão foi adotada[2].
Agora procederemos para encontrar a Hora Sideral (abreviatura: H.S.[3]) do lugar e da hora do nascimento. Como ponto de partida para nossos cálculos tomemos a H.S. (Hora Sideral) de Greenwich ao meio-dia. A partir disso, podemos calcular a Hora Sideral no lugar e na hora de nascimento pela seguinte regra:
À Hora Sideral (H.S.) do meio-dia anterior à Hora Local Exata do nascimento (encontrado nas Efemérides) some:
Primeiro: 10 segundos de correção para cada 15 graus de longitude, se o lugar de nascimento ficar a oeste de Greenwich.
Segundo: intervalo entre o meio-dia anterior e o nascimento.
Terceiro: correção de 10 segundos para cada hora desse intervalo.
Seguindo a regra acima, consultemos novamente a Efemérides do ano de 1909, em que encontraremos a coluna intitulada Sideral Time (S.T. ou Hora Sideral). Como nossa primeira hora de nascimento é 2 de agosto com a Hora Local Exata de 2:23 A.M., notamos que o meio-dia anterior é 1º de agosto. Ao lado dessa data, encontramos a Hora Sideral (S.T.), como sendo 8 horas e 37 minutos, que colocamos assim:
HORA SIDERAL – H.S. | HH MM SS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento | 08:37:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste do Lugar de nascimento (SOMAR) | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior (1º de agosto) e a Hora Local Exata do nascimento (2 de agosto às 2:23 A.M.) | 14:23:00 |
Correção de 10 segundos por hora de intervalo entre o meio-dia anterior e a H.L.E. (2:23 A.M.) que é igual a 144 segundos ou 2 minutos e 24 segundos | 00:02:24 |
Hora Sideral (H.S.) no lugar e hora do nascimento | 23:03:23 |
Quando o lugar de nascimento se encontra na longitude leste, a correção da longitude é subtraída. Se a criança tivesse nascido em 2 de agosto às 2:15 A.M., nos 42 graus de latitude norte, mas à 88 graus de longitude leste, a Hora Sideral seria calculada da seguinte forma:
HORA SIDERAL – H.S. | HH MM SS |
H.S em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento | 08:37:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Leste do Lugar de nascimento (SUBTRAIR) | 00:00:59 |
Resultado parcial | 08:36:01 |
Intervalo entre o meio-dia anterior (1º de agosto) e a Hora Local Exata do nascimento (2 de agosto às 2:23 A.M.) | 14:23:00 |
Correção de 10 segundos por hora de intervalo entre o meio-dia anterior e a H.L.E. (2:23 A.M.) que é igual a 144 segundos ou 2 minutos e 24 segundos | 00:02:24 |
Hora Sideral (H.S.) no lugar e hora do nascimento | 23:01:25 |
Como as Casas são regulamentadas pela latitude, usa-se a mesma Tabela de Casas para a criança que nasce em Chicago.
Com o cálculo dessa Hora Sideral, voltamos à Tabela de Casas e procuremos a latitude do lugar de nascimento, 42 graus. Lá encontraremos uma coluna com o título SIDERAL TIME que é a nossa Hora Sideral (H.S.) para o nascimento de 23:03:23. E o mais próximo dessa hora é 23:04:46. De acordo com essa Hora Sideral encontraremos os vários graus dos Signos a serem colocados em nosso horóscopo.
Na primeira coluna sob a latitude 42º N acompanhamos até encontrar o número 15 que se encontra na mesma linha que corresponde à Hora Sideral que encontramos de 23:04:46s; e no topo da coluna encontramos o Signo de Peixes, e acima dele o número 10, significando que os 15º graus de Peixes devem ser colocados na Cúspide da 10ª Casa, conforme mostra o horóscopo abaixo:
Na coluna seguinte, seguindo a mesma linha da nossa Hora Sideral (Sideral Time), encontramos o número 20, seguindo a coluna para cima encontramos o Signo de Áries, e no topo está o número 11, significando que os 20 graus de Áries devem ser colocados na Cúspide da 11ª Casa.
Na terceira coluna, de acordo com a nossa Hora Sideral (Sideral Time), está o número 1, seguindo a coluna para cima encontramos o Signo de Gêmeos, e no topo está o número 12, significando que o 1º grau de Gêmeos deve ser colocado na Cúspide da 12ª Casa.
A coluna mais larga, que vem a seguir marca o Ascendente (ASC). Nela encontramos os algarismos 8:10 alinhados com a nossa Hora Sideral (H.S.), e o Signo de Gêmeos no topo, mas desconsideramos esse Signo porque o Signo de Câncer está colocado entre nossa linha e o topo e sempre pegamos o primeiro Signo acima de nossa linha. Assim, colocamos os 8 graus e 10 minutos de Câncer no Ascendente.
Prosseguindo em nossa linha, vemos o próximo número 27 na primeira coluna logo depois da coluna do ASC. No topo está o Signo de Câncer, novamente, e o número 2. Assim, colocamos os 27 graus de Câncer na Cúspide da 2ª Casa.
Na coluna da extrema direita encontramos o número 19, o Signo de Leão e o número 3 no topo da coluna. Portanto, vamos colocar os 19 graus de Leão na Cúspide da 3ª Casa.
Obtivemos, assim, números para seis de nossas Casas; agora nas seis Casas opostas colocamos os Signos e graus opostos das seis já encontradas.
Tendo os 15 graus de Peixes na 10ª Casa, colocamos os mesmos 15 graus no Signo oposto de Virgem, na Cúspide da 4ª Casa, que é oposta à 10ª Casa.
Áries nos 20 graus na 11ª Casa é o oposto de Libra nos 20 graus colocado na Cúspide da 5ª Casa.
Sagitário no 1º grau colocado na Cúspide da 6ª Casa, forma exatamente o oposto de Gêmeos em 1º grau da 12ª Casa.
O Ascendente é sempre oposto à 7ª Casa e Capricórnio colocado no Ascendente é o oposto de Câncer a 8º10’ na 7ª Casa.
Os 27 graus de Câncer na 2ª Casa serão apropriadamente opostos aos 27 graus de Capricórnio na 8ª Casa, e os 19 graus de Aquário colocado na 9ª Casa está em oposição aos 19 graus de Leão na 3ª Casa.
Assim, todas as cúspides das Casas estão preenchidas, mas devido à inclinação do eixo da Terra, alguns dos Signos podem estar Interceptados entre duas Cúspides, portanto, é necessário verificar se todos os doze Signos estão em nosso horóscopo antes de prosseguirmos. Começando por Áries, depois vemos Gêmeos a seguir. Notamos que Touro está ausente e, portanto, o colocamos em sua devida posição entre Áries e Gêmeos.
Quando um determinado Signo é interceptado, seu oposto também estará ausente. Portanto, podemos de imediato colocar Escorpião em sua devida posição entre Libra e Sagitário.
Constatamos, agora, que todos os doze Signos estão colocados em nosso horóscopo, dos quais Câncer e Capricórnio estão ocupando, cada um, duas Cúspides. Ao colocarmos, assim, os Signos em suas devidas posições em relação às Casas, aqui finalizamos essa parte, completando-a, e deixemo-la de lado, por enquanto, uma vez que este é o ponto até onde pretendíamos tratar do assunto no momento.
[1] N.T.: atualmente é mais fácil encontrar diretamente tanto a latitude como a longitude de uma localidade na internet, por meio de uma simples pesquisa.
[2] N.T.: Para os outros países há que consultar a partir de que data a Hora Padrão foi adotada. Por exemplo, no Brasil a Hora Padrão foi adotada em 1º de janeiro de 1914.
[3] N.T.: em inglês S.T. ou ST.
CAPÍTULO 4 – O SIGNO ASCENDENTE E AS DOZE CASAS
Calcularemos, agora, outro para uma pessoa nascida no mesmo dia e lugar, porém, seis horas mais tarde: em Chicago, na data de 2 de agosto, às 8h15 da manhã (A.M.).
Primeiro, nós precisamos calcular a Hora Local Exata do Nascimento (H.L.E.). Conforme visto acima, acrescentamos oito minutos à hora indicada pelo relógio, ou seja, 8h15 A.M. Isso resulta em 8h23, que é a Hora Local Exata do Nascimento.
Nossa regra para encontrar a Hora Sideral (H.S.) na hora e local do nascimento requer que observemos o seguinte:
HORA SIDERAL – H.S. | HHMMSS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento (1º de agosto), conforme indicado nas Efemérides | 08:37:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste no local de nascimento (Chicago, 88º O) | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior (1º de agosto) e a hora do nascimento (2 de agosto as 8:23 A.M.) | 20:23:00 |
Correção de 10 segundos para cada hora de intervalo (20:23) que é igual a 204 segundos ou 3 minutos e 24 segundos | 00:03:24 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 29:04:23 |
Subtrair um ciclo de 24 horas | -24:00:00 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 05:04:23 |
Como um dia só pode ter 24 horas, então devemos subtrair 24 quando necessário e trabalhamos com o restante, nesse caso 05:04:23 que é a Hora Sideral em Chicago na data do nascimento. Procuremos no livro Tabela de Casas para a latitude de Chicago, que é 42º N, essa hora encontrada ou a mais próxima dela.
A hora mais próxima é 05:03:30, e seguindo a mesma linha encontramos os graus para as várias cúspides das nossas Casas. Na primeira coluna da latitude de 42º N seguindo a linha da Hora Sideral (H.S.) está o número 17. No topo da coluna está o Signo de Touro e o número 10. Mas, veja que entre o número 17 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Gêmeos. Assim, colocamos os 17 graus de Gêmeos na cúspide da 10ª Casa.
Na próxima coluna à direita está o número 21. No topo da coluna, o Signo de Gêmeos e o número 11. Mas, veja que entre o número 21 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Câncer, então colocamos os 21 graus de Câncer na cúspide da 11ª Casa.
A próxima coluna da direita tem o número 22. Logo no topo encontramos o Signo de Câncer e o número 12. Mas, veja que entre o número 22 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Leão, assim, colocamos os 22 graus de Leão na cúspide da 12ª Casa.
A grande coluna marcada com Ascendente (ASC) tem o Signo de Leão no topo e na linha da Hora Sideral o número 18:56, então colocamos 18 graus e 56 minutos (18:56). Mas, veja que entre o número 18:56 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Virgem; assim colocamos no Ascendente ou na 1ª Casa os 18:56 de Virgem do nosso horóscopo.
Ao lado da coluna do Ascendente na sua direita, veremos o número 14. Logo no topo encontramos o Signo de Virgem e o número 2. Mas, veja que entre o número 14 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Libra, assim, colocamos os 14 graus de Libra na cúspide da 2ª Casa.
Na coluna da extrema direita encontramos o número 13. Logo no topo encontramos o Signo de Libra e o número 3. Mas, veja que entre o número 13 e o topo da coluna temos o símbolo do Signo de Escorpião, assim, colocamos os 13 graus de Escorpião na cúspide da 3ª Casa.
Já colocamos os seis Signos em suas respectivas Casas, agora podemos colocar os seis Signos opostos nas Casas opostas restantes como fizemos antes: veja que na cúspide da 10ª Casa temos Gêmeos a 17 graus, portanto, seu oposto é a 4ª Casa em Sagitário, onde colocaremos também os 17 graus. Seguindo, na cúspide da 11ª Casa temos Câncer a 21 graus, em seu oposto está a 5ª Casa em Capricórnio a 21 graus. Na cúspide da 12ª Casa está Leão a 22 graus e no seu oposto colocamos Aquário a 22 graus na 6ª Casa. Na próxima temos no Ascendente o Signo de Virgem a 18:56 e no seu oposto colocamos Peixes a 18:56 na cúspide da 7ª Casa. Na cúspide da 2ª Casa está Libra a 14 graus e em seu oposto na 8ª Casa vamos colocar Áries a 14 graus e, na cúspide da 3ª Casa temos Escorpião a 13 graus, portanto, no seu oposto vamos colocar Touro a 13 graus na 9ª Casa.
Agora todas as cúspides do horóscopo estão preenchidas e, a seguir contemos os Signos para sabermos se todos estão presentes ou se é necessário colocar algum que pode estar interceptado. Começamos por Áries e descobrimos que todos os doze Signos estão representados. Portanto, estando esta parte concluída, deixamo-la de lado, por enquanto.
Vamos, agora, erigir o horóscopo de uma pessoa nascida em Chicago em 2 de agosto às 2:15 P.M. A Hora Local Exata do nascimento é 8 minutos mais tarde, ou seja, 2:23 P.M. Vemos que o meio-dia anterior é de 2 de agosto e, assim, começamos nossos cálculos da seguinte forma:
HORA SIDERAL – H.S. | HHMMSS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento (2 de agosto) | 08:4:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste no local de nascimento (88º O) | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior e a hora do nascimento (meio-dia às 2:23 P.M.) | 02:23:00 |
Correção de 10 segundos para cada hora de intervalo | 00:00:24 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 11:05:23 |
Voltando à nossa Tabela de Casas para a latitude 42ºNorte, verificando a H.S. mais próxima de 11:05:23 será de 11:04:45.
Seguindo a linha da Hora Sideral, na coluna da latitude 42º N. está o número 15, colocando o dedo em cima desse número e correndo o dedo para cima veremos o Signo de Virgem e no topo da coluna está o número 10. Portanto, os 15 graus de Virgem vamos colocar na cúspide da 10ª Casa.
Na segunda coluna temos o número 16, colocando o dedo em cima desse número e correndo o dedo para cima veremos o Signo de Libra e no topo o número 11, assim, os 16 graus de Libra devem ser colocados na cúspide da 11ª Casa.
O número 10 está na terceira coluna, e logo acima o Signo de Escorpião e chegando ao topo observamos o número 12e colocamos os 10 graus de Escorpião na cúspide da 12ª Casa.
Na coluna mais larga vemos o número 29:16, e no topo encontramos o Ascendente (ASC) e, assim, colocamos no Ascendente o Signo de Escorpião.
Na coluna à direita da do Ascendente vemos o número 1 e acima dele está o Signo de Capricórnio e, no topo vemos o número 2. Portanto, colocamos 1 grau do Signo de Capricórnio na cúspide da 2ª Casa.
A coluna da extrema direita mostra o número 8 e um pouco acima encontramos o Signo de Aquário e no topo da coluna o número 3. Assim, colocamos 8 graus de Aquário na cúspide da 3ª Casa.
Agora, com as seis das nossas cúspides preenchidas, passemos a colocação dos Signos opostos e graus nas outras seis cúspides, conforme demonstrado detalhadamente nos dois primeiros horóscopos. Quando isso tenha sido feito, contamos os nossos Signos a partir de Áries para ver se todos estão representados dentro do horóscopo. Notamos o fato da ausência de Gêmeos e Sagitário, portanto, vamos inseri-los em seus devidos lugares – Gêmeos entre Touro e Câncer, Sagitário entre Escorpião e Capricórnio. Assim, completamos nosso horóscopo no que tange aos Signos e Casas, mas vamos parar por aqui para erigir a última de nossas quatro datas de exemplos para uma pessoa nascida em Chicago, 2 de agosto de 1909, às 8:15 P.M. A Hora Local Exata do lugar de nascimento é de 8 minutos mais tarde ao horário de nascimento, ou 8:23 P.M.
Como antes, notamos o:
HORA SIDERAL – H.S. | HHMMSS |
H.S. em Greenwich ao meio-dia anterior ao nascimento (2 de agosto) | 08:41:00 |
Correção de 10 segundos para cada 15 graus de longitude Oeste no local de nascimento | 00:00:59 |
Intervalo entre o meio-dia anterior e a hora do nascimento | 08:23:00 |
Correção de 10 segundos para cada hora de intervalo entre o meio-dia anterior e o nascimento | 00:01:24 |
Hora Sideral (H.S.) no local e hora do nascimento | 17:06:00 |
Com esta Hora Sideral, voltamos às Tabelas de Casas para a latitude do local de nascimento, 42º N, e encontramos a H.S..S.H. mais próxima de 17:06:00 que é 17:07:49.
Na primeira coluna sob latitude 42º N, encontramos o número 18. No topo dessa coluna está Sagitário e o número 10, portanto, vamos colocar os 18 graus de Sagitário na Cúspide da 10ª Casa.
Na segunda coluna encontramos o número 9. Capricórnio está logo acima e no topo da coluna está o número 11, dessa maneira, colocamos os 9 graus de Capricórnio na Cúspide da 11ª Casa.
A terceira coluna estreita tem o número 2 com o Signo de Aquário logo acima e no topo da coluna temos o número 12, assim, encontramos os 2 graus de Aquário que pode ser colocado na cúspide da 12ª Casa.
Na coluna mais larga está o número 7:8 do Signo de Peixes acima e no topo está o ASC (Ascendente), então colocamos 7:8 (7/8 sete graus e oito minutos) de Peixes na cúspide do Ascendente.
À direita da coluna larga encontramos o número 25; logo acima está Áries e no topo da coluna está o número 2, assim, podemos colocar 25 graus de Áries na cúspide da 2ª Casa.
A coluna da extrema direita tem o número 26 e o Signo de Touro está logo acima na coluna e no topo encontramos o número 3. Dessa maneira, vamos completar colocando os 26 graus de Touro na cúspide da 3ª Casa.
Havendo completado as seis cúspides, passemos ao preenchimento das seis cúspides opostas com os seus respectivos Signos.
Assim, temos 18 graus de Gêmeos na 4ª Casa em oposição a 18 graus de Sagitário na 10ª Casa. Temos 9 graus de Câncer na 5ª Casa em oposição a 9 graus de Capricórnio na 11ª Casa, e assim por diante. Quando todas as cúspides estiverem preenchidas, contamos os Signos para ver se todos os doze estão presentes; dessa maneira, verificamos que nosso horóscopo alcançou o mesmo estágio que o dos demais calculados anteriormente.
CAPÍTULO 4 – O SIGNO ASCENDENTE E AS DOZE CASAS
Esses horóscopos das quatro crianças nascidas na mesma cidade (Chicago), no mesmo dia e no mesmo ano (2 de agosto de 1909), mas, em horas diferentes, mostram graficamente que as pessoas podem nascer e nascem, sob a influência de todos os doze Signos em qualquer lugar, dia e ano.
Quando nós comparamos os quatro horóscopos que levantamos, podemos aprender várias lições importantes. Em primeiro lugar, podemos ver a inutilidade das afirmações que tantas vezes ouvimos: “Nasci no Signo de Touro” ou “Nasci no Signo de Escorpião”, o que simplesmente significa que a pessoa nasceu em maio ou novembro, quando o Sol transitava nesses Signos. Tal declaração expõe, ao mesmo tempo, que a pessoa se mostra ignorante da ciência da Astrologia e revela o fato de que, se ela tem o seu horóscopo em mãos, esse foi levantado por um astrólogo incompetente. Essas são, às vezes, as propagandas para atrair a atenção de quem quer ter um horóscopo seu: “adivinhamos tudo desde o seu berço até o seu túmulo” por uma quantia muito pequena. Mas, um Astrólogo consciencioso não pode dar um simples delineamento de caráter sem gastar, pelo menos, uma hora em cálculo e concentração focada e, fazer previsões que abrangem uma vida inteira exigiria vários dias de trabalho árduo. O Astrólogo científico pode afirmar que uma pessoa tem Touro ou Escorpião no Ascendente e, essa afirmação imediatamente mostra que foram feitos cálculos levando em consideração ano, mês, dia, hora e local do nascimento, o que torna o horóscopo absolutamente individual; enquanto o outro tipo de horóscopo (?) é determinado unicamente pelo mês em que a pessoa nasceu, sem levar em conta o dia, a hora ou até mesmo o ano.
Se um horóscopo pudesse ser levantado por tal método, ou melhor, sem nenhum método, certamente haveria na Terra somente doze tipos de pessoas e todas as nascidas no mesmo mês teriam o mesmo destino. Tal coisa, definitivamente, não é o caso; de fato, não há duas pessoas cujas experiências sejam exatamente iguais, e uma Astrologia que não faça tal distinção não pode ser uma ciência verdadeira.
O astrólogo científico solicita primeiro o ano de nascimento porque sabe que os Astros não entram nas mesmas posições relativas mais de uma vez em um Grande Ano Sideral[1]; assim, o horóscopo de uma criança levantado para 1909 não poderá ser duplicado por 25868 anos. Depois disso, ele pergunta o mês, porque disso dependerá a posição do Sol, que está em um Signo diferente a cada mês do ano.
O dia determina, particularmente, a posição da Lua, que transita de um Signo para outro a cada dois dias e meio; e a hora também é algo necessário para fixar a posição da Lua, já que ela se move, aproximadamente, 12 graus por dia.
Mesmo com todos esses dados, o horóscopo careceria de individualidade, pois se uma criança nascesse a cada segundo, isso significaria que 3600 pessoas nasceriam na mesma hora. Se pudermos reduzir esses dados para caber em dez minutos da hora real do nascimento, teríamos meios para calcular as posições relativa dos Astros, de tal modo que caberia apenas 600 das pessoas na Terra. Se acrescentarmos o último dado, o lugar de nascimento, que nos permite calcular o Signo Ascendente e o grau dele, então, teremos um horóscopo absolutamente individual, pois, de fato, raramente duas pessoas nascem no mesmo lugar, na mesma hora e no mesmo minuto. Mesmo os gêmeos nascem com intervalos de vinte minutos a várias horas e, podemos, prontamente, compreender que um dos gêmeos teria um grau diferente em seu Ascendente. E quando o final de um Signo é Ascendente para um dos gêmeos, geralmente, o outro nascerá sob o Signo seguinte como Ascendente. Como o Signo Ascendente é um dos principais significadores na moldagem do Corpo Denso, a aparência do segundo gêmeo pode ser totalmente diferente da do primeiro gêmeo.
Uma comparação dos Signos Ascendentes mostra uma aparente falta de uniformidade no movimento diurno da Terra. Às 2h15 A.M., o Signo de Câncer está ascendendo a 8º10’, enquanto, doze horas depois temos Escorpião no Ascendente a 29º16’, mostrando que o local de nascimento avançou apenas cerca de 141 graus nessas doze horas. Porém, para completar a volta toda no círculo ele deve percorrer 219 graus nas doze horas restantes. Mas, como a rotação diurna da Terra em seu eixo é uniforme, a falta de uniformidade no movimento observado acima se deve ao fato de que esse não é um movimento diurno verdadeiro. Essa condição é causada pela obliquidade da Eclíptica e a consequente divisão desigual destes últimos pelos planos que separam as Casas, sendo esses planos o do horizonte e do meridiano e quatro intermediários em intervalos de 30 graus. Por essa razão, certos Signos ascendem mais lentamente do que outros e, portanto, são chamados de Signos de Ascensão Longa, enquanto seus opostos são chamados de Signos de Ascensão Curta. Ficará evidente que a maioria das pessoas nascem sob os Signos de Ascensão Longa – Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário no Hemisfério Norte, e seus opostos no Hemisfério Sul.
[1] N.T: Ano Sideral é contado por meio do aparente movimento do Sol na abóbada celeste, em relação às 12 constelações zodiacais. O Sol percorre todo o Zodíaco em cerca de 25.868 anos.
CAPÍTULO 5 – COMO CALCULAR A POSIÇÃO DOS ASTROS
Como as Efemérides Rosacruzes são calculadas para Greenwich e para o momento em que o relógio do Observatório de Greenwich marca 12 horas (meio-dia), é necessário fazer correções para outros horários e lugares a leste ou oeste daquele ponto quando se deseja calcular os dados de um horóscopo.
Acrescentando-se à Hora Local Exata do nascimento quatro minutos por cada grau de longitude, se o local do nascimento fica a oeste de Greenwich, nós obtemos a Hora Média de Greenwich, como marcada pelo relógio do Observatório. Esse horário se escreve apenas pelas suas iniciais: H.M.G.
Podemos aplicar essa regra para calcular a H.M.G. para o horóscopo de 2 de agosto, às 8:15 A.M. em Chicago (EUA), que se situa nos 88 graus de longitude oeste:
HH MM SS | ||
Hora Local Exata do nascimento (como calculamos anteriormente) | 08:23:00 AM | De 2 de agosto |
Correção de 4 minutos que vezes 88 graus é igual a 352 minutos | 05:52:00 | |
Hora Média de Greenwich (H.M.G.) | 02:15:00 PM | De 2 de agosto |
Observe: multiplicando-se os graus de longitude oeste de Chicago (88 graus) por 4 minutos temos 352 minutos, que dividimos por 60, porque cada hora tem 60 minutos. Obtemos assim 5 horas e 52 minutos, que somamos à Hora Local Exata do nascimento, 8 horas e 23 minutos da manhã, e o resultado é 2 horas e 15 minutos da tarde, a qual é a H.M.G.
Isto quer dizer que no mesmo momento em que a criança nascia e os relógios de Chicago marcavam 8:15 da manhã (AM), o relógio do Observatório de Greenwich marcava 2:15 da tarde (PM).
Esse último horário é o que se deve usar para calcular as posições dos Astros (Sol, Lua e Planetas) e, para que se tenha em mente tão somente o mínimo indispensável de fatores, sugerimos que o principiante esqueça a Hora Local do nascimento, uma vez calculada a H.M.G.
Nas longitudes ocidentais a H.M.G. pode avançar no dia seguinte ao do nascimento, em virtude da soma dos 4 minutos por cada grau de longitude. Nos casos em que a longitude do lugar do nascimento é a leste de Greenwich, os 4 minutos por cada grau de longitude são subtraídos e, portanto, a H.M.G. pode retroceder para o dia que antecede ao do nascimento. Desse modo não falemos de data ou horário de nascimento, mas de data e horário H.M.G. [1]
O que precisamos fazer agora é achar o movimento dos Astros no dia H.M.G., que vai do meio-dia anterior à H.M.G. até ao meio-dia posterior à H.M.G. As posições dos Astros são fornecidas pelas Efemérides Rosacruzes[2].
Como a nossa H.M.G. é 2:15 A.M. do dia 2 de agosto de 1909, se queremos calcular o percurso diário do Sol anotamos a longitude dele ao meio-dia de 2 de agosto (meio-dia anterior à H.M.G.) e a do dia 3 de agosto (meio-dia posterior à H.M.G.). Como vamos subtrair, escrevamos em cima a posição do Astro no meio-dia seguinte, pois isso facilita a operação.
HH MM SS | |
A longitude do Sol ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 10:28 |
A longitude do Sol ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 09:31 |
Percurso do Sol no dia da H.M.G. | 00:57 |
O passo seguinte é achar o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo, pois isto também é uma base para a nossa correção. No horóscopo que estamos utilizando a H.M.G. é 2:15 P.M. de 2 de agosto. O meio-dia mais próximo é, obviamente, às 12 horas A.M. do mesmo dia 2 de agosto, e o intervalo entre as 12:00 A.M. e as 2:15 P.M. é, assim, 2 horas e 15 minutos[3].
Tendo encontrado o percurso do Astro no dia H.M.G. e o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo, nosso problema pode ser posto assim:
Se o Sol percorre 57 minutos de espaço em 24 horas, quanto ele percorre em 2 horas e 15 minutos? A resposta é: 5 minutos[4].
Esse método de trabalhar com correções pela simples proporção pode ser utilizado com vantagem quando o percurso do Astro é menor que 1 grau; nos casos de Vênus, Mercúrio e, particularmente, no caso da Lua, é muito mais rápido, muito mais seguro e muito mais exato fazer as correções por meio dos logaritmos. Nas últimas páginas das Efemérides Rosacruzes de qualquer ano se encontra uma Tabela de Logaritmos, que também pode ser encontrada no apêndice desse livro e seu uso é extremamente simples.
No alto dessa Tabela há uma sequência de números, de 0 a 23. Esses números tanto são para nos fornecer as horas como para nos fornecer os graus (já que ambos são divididos em 60 minutos); no lado esquerdo há uma coluna que nos fornecem os minutos (tanto para as horas como para os graus) com números de 0 a 59.
Se queremos achar o logaritmo de certo número que está em horas e minutos (ou em graus e minutos), simplesmente pomos nosso dedo indicador no número correspondente ao de horas (ou graus) desejados, daí descendo pela coluna até alcançarmos a linha correspondente aos minutos dados. No ponto em que a linha de minutos intercepta a coluna de horas (ou graus) temos o valor do logaritmo procurado.
Por exemplo, o percurso diário do Sol no horóscopo que estamos calculando é de 0 grau e 57 minutos. Pomos nosso indicador na coluna com o “0” no topo. Corremos o dedo página abaixo até alcançarmos a linha com o número “57” que representa os minutos. No ponto em que essa linha intercepta ou encontra a coluna do “0” vemos o número 1.4025, que é o logaritmo do percurso do Sol no dia H.M.G., que vai do meio-dia de 2 de agosto ao meio-dia de 3 de agosto.
De modo semelhante podemos achar o logaritmo do intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo. Neste caso, como calculamos acima, o intervalo é de 2 horas e 15 minutos. Corremos nosso indicador de cima para baixo na coluna encabeçada pelo número “2” e achamos o número 1.0280 na linha com o número “15”, na coluna dos minutos. Este é o logaritmo do intervalo: 1.0280.
O movimento diário de cada Astro difere do movimento diário de todos os outros Astros. Portanto, o percurso de cada um deles precisa ser calculado separadamente e o respectivo logaritmo precisa ser encontrado, mas o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo se aplica igualmente no cálculo de todos os Astros, de forma que, uma vez determinado o intervalo, seu logaritmo pode ser usado no cálculo das posições de todos os Astros.
[1] N.T.: Exemplo: 1) uma pessoa que nasceu na data de 2 de agosto de 1909, às 8:15 P.M. em Chicago (EUA), que se situa nos 88 graus de longitude oeste. Calculando veremos que a HLE será 8:23 PM. E a HMG será 8:23 PM + 5:52 = 2:15 AM do dia 3 de agosto de 1909.
2) uma pessoa que nasceu na data de 31 de dezembro de 1909, às 8:15 P.M. em Chicago (EUA), que se situa nos 88 graus de longitude oeste. Calculando veremos que a HLE será 8:23 PM. E a HMG será 8:23 PM + 5:52 = 2:15 AM do dia 1 de janeiro de 1910.
[2] N.T.: Aqui a página com as Efemérides para o mês de agosto de 1909 com as longitudes dos Astros:
[3] N.T.: já que 02:15 PM é o mesmo que 14:15, pensemos assim, talvez facilite: 14:15 – 12:00 = 02:15.
[4] N.T.: é só aplicar a “regra de 3 simples”: 57 -> 60 então 5 -> x; x = 5,2 ou arredondando 5 minutos.
Continuando nossos cálculos:
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso do Sol no dia da H.M.G. (00:57) | 1.4025 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pelo Sol durante o Intervalo | 2.4305 |
O valor desse logaritmo em graus e minutos é determinado ao achar o mesmo valor na Tabela dos Logaritmos Proporcionais, ou o que seja mais próximo do Logaritmo da Distância Percorrida pelo Sol durante o Intervalo, calculado acima. No exemplo acima o logaritmo mais próximo é 2,4594[1]. Esse número está na coluna encabeçada pelo grau 0, e na mesma linha que tem o número 5 na coluna dos minutos, que é a primeira da esquerda. Por conseguinte, o valor correspondente do logaritmo é 0 grau e 5 minutos que é o Incremento de Correção. E assim obtemos o mesmo resultado para o nosso problema (Quando o Sol percorre 57 minutos em 24 horas, quanto percorrerá em 2 horas e 15 minutos?), tanto usando logaritmos quanto o método proporcional. Esse último pode parecer mais fácil ao principiante, mas uma vez determinado o Logaritmo do Intervalo, o método logarítmico será considerado mais fácil, rápido e mais preciso, pois as respostas obtidas pelos dois métodos nem sempre coincidem perfeitamente e, particularmente, no caso da Lua o método logarítmico deve ser usado.
Tendo encontrado a distância percorrida pelo Astro durante o intervalo entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo, para achar a posição do Astro na H.M.G. (que é o fim e objetivo de todos os nossos cálculos) devemos somar esse Incremento de Correção à longitude do Astro no meio-dia mais próximo ao dia H.M.G. Se essa H.M.G. for P.M., é porque neste caso o Astro foi além da posição mostrada nas Efemérides Rosacruzes.
Se, por outro lado, a H.M.G. for anterior ao meio-dia (A.M.) o Astro ainda não alcançou a posição indicada pelas Efemérides ao meio-dia, pelo que se faz necessário subtrair a distância percorrida no intervalo – o Incremento de Correção – da longitude do Astro dado pelas Efemérides no meio-dia mais próximo à H.M.G.
No caso presente a H.M.G. é posterior ao meio-dia (P.M.), portanto, nós somamos:
SIGNO | GG MM | |
Longitude do Sol no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Leão | 09:31 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 00:05 | |
Resultado é a Longitude do Sol à H.M.G. | Leão | 09:36 |
Essa é a posição do Sol que deve ser inserida no horóscopo.
Para conveniência do Estudante nós, agora, enunciaremos os passos da regra para encontrar as posições dos Astros, na devida ordem de cálculo:
6.a) Quando a H.M.G. é anterior ao meio-dia (A.M.), subtraia o Incremento de Correção da Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
6.b) Quando a H.M.G. é posterior ao meio-dia (P.M.), some o Incremento de Correção à Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
NOTA IMPORTANTE: Quando o Astro está Retrógrado, inverta-se as condições do item 6[7].
O resultado, em qualquer um dos casos acima, será a posição exata do Astro na H.M.G, e deve ser inserido no horóscopo, no seu devido lugar.
Essas regras são aplicadas no cálculo da posição de um Astro – o Sol –, mas como a H.M.G. (no caso, 2:15 P.M. de 2 de agosto) e o Logaritmo do Intervalo (1.0280) são os mesmos para todos os Astros, nós não precisamos calculá-los (nem a H.M.G e nem o Logaritmo do Intervalo), como vimos nos itens 1) e 2) acima. Assim, vamos começar nossos cálculos sobre a Lua e outros Planetas a partir do item 3) acima:
SIGNO | HH MM SS | |
A longitude da Lua ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Peixes | 02:39 |
A longitude da Lua ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Aquário | 17:55 |
Percurso da Lua no dia da H.M.G. | 14:44 |
O Estudante deve se lembrar que cada Signo tem 30 graus e que cada grau tem 60 minutos. Na subtração acima foi necessário tomar emprestado 1 grau[8] e somar seus 60 minutos aos 39, pois somente assim podemos tirar 55 do total de 99 minutos, conforme exigia a operação, sobrando ainda 44 minutos[9]. De modo semelhante, tomamos emprestado um Signo inteiro (30 graus) para acrescentá-lo ao 1 grau que sobrou de Peixes após tomar dele 1 grau para efetuar a subtração de minutos[10]. Portanto, subtraímos 31 de 17 graus, o que deixa um resto de 14 graus.
De acordo com o item 4) da nossa regra, fazemos:
HH MM SS | |
Logaritmo do Percurso da Lua no dia da H.M.G. (14:44) | 0.2119 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pela Lua durante o Intervalo | 1.2399 |
Aplicando a regra no seu item 5) que nos diz como achar o valor desse logaritmo, e em nossa Tabela de Logaritmos Proporcionais podemos verificar como o valor mais próximo o 1.2393. Acima dele, no topo da coluna, vemos o número 1, na extremidade esquerda está o número 23, significando isso que a Lua se deslocou 1 grau e 23 minutos durante o intervalo (entre a H.M.G. e o meio-dia mais próximo). Esse é, pois, o Incremento de Correção.
O item 6.b acima diz que devemos somar esse Incremento de Correção à Longitude da Luz no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides de agosto de 1909:
SIGNO | GG MM | |
Longitude da Lua no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Aquário | 17:55 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 01:23 | |
Resultado é a Longitude do Sol à H.M.G. | Aquário | 19:18 |
[1] N.T.: pois 2.4594 – 2.4305 = 0.0289 e 2.4305 – 2.3802 = 0.1503; assim 2.4594 está mais próximo de 2.4305 e esse que deve ser utilizado.
[2] N.T.: suponhamos que a longitude do lugar de nascimento é 88 graus oeste e a H.L.E. é 8:23 AM de 2 de agosto: Então, façamos 4 x 88 = 352 minutos ou 05:52. Como a longitude do lugar de nascimento é oeste, então somemos: 8:23 + 5:52 = 2:15 P.M de 2 de agosto. Esse é o valor da H.M.G.
[3] N.T.: se a H.M.G. é 2:15, então o valor do Logaritmo do Intervalo será, consultando a Tabela, de 1.0280.
[4] N.T.: Por exemplo, se o percurso do Astro no dia H.M.G. foi de 0 grau e 57 minutos, então vamos à Tabela de Logaritmos Proporcionais com esse valor e encontramos: 1.405 que é o Logaritmo do Percurso do Astro durante o dia H.M.G.
[5] N.T.: Se o Logaritmo do Percurso do Astro durante o dia H.M.G. é 1.405 e o Logaritmo do Intervalo é 1.0280, então o Logaritmo do Percurso do Astro durante o Intervalo é 2.4305.
[6] N.T.: Se o Logaritmo do Percurso do Astro durante o Intervalo é de 2.4305, então, vamos à Tabela de Logaritmos Proporcionais com esse valor e encontramos: 0 grau e 5 minutos (00:05).
[7] N.T.: 6.a) Quando a H.M.G. é anterior ao meio-dia (A.M.), SOME o Incremento de Correção da Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
6.b) Quando a H.M.G. é posterior ao meio-dia (P.M.), SUBTRAIA o Incremento de Correção à Longitude do Astro no meio-dia mais próximo à H.M.G., como lido das Efemérides do mês e do ano de nascimento.
[8] N.T. …do valor 02:39 e, assim, os 2 graus viraram 1 grau e os 39 minutos viraram 60 + 39 = 99 minutos. Com isso podemos escrever os 02:39 como 01:99.
[9] N.T.: fizemos a primeira parte da conta, começando pelos minutos: 99 – 55 = 44 minutos.
[10] N.T.: pois após a operação com os minutos, ao invés de 2 graus de Peixes, ficamos com 1 grau de Peixes. Tomando 30 graus emprestados, ficamos com 31 graus.
O movimento de Netuno, Urano, Saturno e Júpiter no dia H.M.G. do meio-dia de 2 de agosto ao meio-dia de 3 de agosto pode se ver numa consulta às Efemérides de agosto de 1909[1], em poucos minutos. Consequentemente, a distância que eles percorreram no intervalo é insignificante, pelo que se escreve no horóscopo as posições que eles têm no meio-dia mais próximo à H.M.G. de 2 agosto. Marte se moveu 15 minutos no dia H.M.G., portanto, podemos acrescentar 1 minuto para o deslocamento durante o intervalo à longitude (ou posição) dele em 2 de agosto, como mostrado nas Efemérides; assim, anotamos no horóscopo a posição de Marte como estando em Áries 03:58 (ou 3º58’).
Vênus precisará da correção logarítmica[2]:
SIGNO | HH MM SS | |
A longitude de Vênus ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 06:21 |
A longitude de Vênus ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 05:09 |
Percurso de Vênus no dia da H.M.G. | 01:12 |
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso de Vênus no dia da H.M.G. (01:12) | 1.3010 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Vênus durante o Intervalo | 2.3290 |
O Incremento de Correção (o valor do logaritmo 2.3290 ou do valor mais próximo encontrado na Tabela de Logaritmos Proporcionais, que neste caso é 2.3133) é 00:07 (ou 00º07’).
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Vênus no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Virgem | 05:09 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 00:07 | |
Resultado é a Longitude de Vênus à H.M.G. (e que será inserido no horóscopo) | Virgem | 05:16 |
Mercúrio também se moveu o suficiente para exigir cálculo de sua posição exata na H.M.G. do nascimento por meio da correção logarítmica:
SIGNO | HH MM SS | |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 – após a H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 09:22 |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 – antes da H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 07:17 |
Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. | 02:05 |
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. (02:05) | 1.0614 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 1.0280 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Mercúrio durante o Intervalo | 2.0894 |
O Incremento de Correção (o valor do logaritmo 2.0894 ou do valor mais próximo encontrado na Tabela de Logaritmos Proporcionais, que neste caso é 2.0792) é 00:12 (ou 00º12’).
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Mercúrio no meio-dia mais próximo à H.M.G., 2 de agosto, como lido das Efemérides de agosto de 1909 | Leão | 07:17 |
SOMA-SE ao Incremento de Correção | 00:12 | |
Resultado é a Longitude de Mercúrio à H.M.G. (e que será inserido no horóscopo) | Leão | 07:29 |
[1] N.T.: Efemérides de agosto de 1909, para o meio-dia, com as longitudes dos Astros:
[2] N.T.: A Tabela de Logaritmos Proporcionais:
Agora, vamos encontrar as posições da Cabeça do Dragão, ou Nodo Lunar, e da Cauda do Dragão. A longitude da Cabeça do Dragão em 2 de agosto, ao meio-dia mais próximo da H.M.G., encontrada na Efemérides de agosto de 1909, está em Gêmeos 13:47 (ou 13º47’). A Cauda do Dragão ocupa o ponto oposto, ou seja: Sagitário 13:47 (ou 13º47’). Essas posições devem ser anotadas no horóscopo.
Ainda resta outro fator para completar o horóscopo: a Parte da Fortuna[1],um ponto imaginário calculado a partir das longitudes do Sol, da Lua e do Ascendente. A conceituação da Parte da Fortuna está em saber que o corpo humano é produzido pelas forças lunares. No momento da concepção[2] pode ser matematicamente demonstrado que a Lua se encontrava no mesmo grau do Ascendente no nascimento, ainda que na ocasião do nascimento ela esteja numa longitude diferente. Pode-se dizer que numa dessas posições a Lua magnetizou o polo positivo, e em outra, magnetizou o polo negativo do Átomo-semente[3], o qual, à semelhança de um ímã, atrai para si as substâncias químicas que formam o Corpo Denso. As forças solares vitalizam o Corpo Denso, mas como esse sofre um processo constante de deterioramento, se faz necessário uma suspensão ou solução de nutrientes em estado adequado para absorção – um pábulo – a fim de reparar as perdas. Esse tipo de associação de nutrientes e todas as posses materiais são, portanto, astrologicamente falando, derivadas das influências combinadas do Sol e das duas posições da Lua mencionadas acima. Quando os Aspectos relativos à Parte da Fortuna com os outros Astros são benéficos, o sucesso e a prosperidade materiais são favorecidos; quando são adversos, podem ser esperadas dificuldades ao lidar com assuntos materiais. A natureza do Astro que está com algum Aspecto com a Parte da Fortuna, bem como o Signo e a Casa em que a Parte da Fortuna se encontra, são as fontes das quais podemos esperar uma coisa ou outra, nos mostrando, assim, para onde direcionar as nossas energias ou o que devemos evitar.
Os Signos do Zodíaco são contados a partir de Áries, que é o primeiro Signo, e são assim numerados:
Nome | Número Equivalente | Nome | Número Equivalente | |
Áries | 1 | Libra | 7 | |
Touro | 2 | Escorpião | 8 | |
Gêmeos | 3 | Sagitário | 9 | |
Câncer | 4 | Capricórnio | 10 | |
Leão | 5 | Aquário | 11 | |
Virgem | 6 | Peixes | 12 |
Para encontrarmos a posição da Parte de Fortuna:
Some: a longitude do Ascendente (Signo, Grau e Minutos) com a longitude da Lua (Signo, Grau e Minutos);
Dessa soma, subtraia a longitude do Sol (Signo, Grau e Minutos);
O resultado é a longitude de Parte da Fortuna (Signo, Grau e Minutos).
Aplicando essa regra ao horóscopo que estamos levantando, anotamos os fatores envolvidos no cálculo da seguinte forma:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
A longitude do Ascendente | Virgem | 6 | 18:56 |
A longitude do Sol | Leão | 5 | 09:36 |
A longitude da Lua | Aquário | 11 | 19:18 |
Seguindo as regras acima, somamos:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
A longitude da Lua | Aquário | 11 | 19:18 |
A longitude do Ascendente | Virgem | 6 | 18:56 |
RESULTADO DA SOMA | 18 | 08:14 |
E, em seguida, subtrair:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
RESULTADO DA SOMA | 18 | 08:14 | |
A longitude do Sol | Leão | 5 | 09:36 |
Longitude da Parte da Fortuna | Peixes | 12 | 28:38 |
O 12º Signo é Peixes, portanto, a longitude da Parte da Fortuna no horóscopo é: Peixes em 28:38 (ou 28º38’).
No exemplo acima, o Estudante perceberá que quando somamos os graus da Lua e do Ascendente: 19 + 18 e mais 1 grau, tomado da soma dos minutos, o resultado foi “38”, mas como só existem 30 graus num Signo, então um Signo foi levado e somados aos outros Signos, do mesmo modo como somamos 60 minutos aos graus ou às horas.
Se, depois da subtração da longitude do Sol, houver mais que 12 signos, subtraímos o círculo total de 12 e ficamos com o que sobrar.
Também pode acontecer que a longitude do Signo onde está o Sol exceda as longitudes da Lua e a do Ascendente, sendo impossível se efetuar a subtração. Por exemplo, se a:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
A longitude do Ascendente | Áries | 1 | 25:55 |
A longitude da Lua | Áries | 1 | 25:50 |
RESULTADO DA SOMA | 3 | 21:45 |
Se o Sol está em Capricórnio, o 10º Signo, não podemos subtrair 10 de 3, portanto, somamos um ciclo de 12 Signos:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
RESULTADO DA SOMA | 3 | 21:45 | |
Ciclo de 12 Signos | 12 | 00:00 | |
RESULTADO DA SOMA | 15 | 21:45 |
Então, podemos subtrair da Longitude do Sol:
SIGNO | Número Equivalente | HH MM SS | |
RESULTADO DA SOMA | 15 | 21:45 | |
A longitude do Sol | Capricórnio | 10 | 29:55 |
Longitude da Parte da Fortuna | Câncer | 4 | 21:50 |
Assim, o 4º Signo é Câncer, portanto, a longitude da Parte da Fortuna no horóscopo seria: Câncer em 21:50 (ou 21º50’).
Na subtração acima: 45 minutos menos 55, tomamos “emprestado” 1 grau, ou 60 minutos, e adicionamos aos 45 minutos e, então, dessa soma, 105 minutos, subtraímos os 55, restando, portanto, 50 minutos.
Vamos continuar a operação: repare que depois da operação acima não temos mais 21 graus (do RESULTADO DA SOMA), mas sim 20 graus, pois tomamos “emprestado” 1 grau para a subtração dos minutos. Assim, para subtrairmos 29 graus dos 20 graus, também tomamos “emprestado” 1 Signo dos 15 (do RESULTADO DA SOMA). Os 30 graus desse Signo somamos aos 20 graus, o que totaliza 50 graus. Agora sim, destes 50 graus subtraímos os 29 graus, restando 21 graus. Como dos 15 tomamos “emprestado” 1 Signo, sobraram 14 e, assim, subtraindo 10 desses 14 restaram 4. O 4º Signo é Câncer, por conseguinte, a longitude da Parte da Fortuna é Câncer 21:50 (ou 21º50’).
[2] N.T.: Na concepção, o óvulo maduro é fertilizado por um espermatozoide. A fertilização acontece quando o espermatozoide atinge o óvulo e consegue perfurar com sucesso a membrana externa dele.
[3] N.T.: Átomo-semente do Corpo Denso.
Agora faremos uma lista das Longitudes dos Astros como nós temos calculado, antes de inseri-los no horóscopo:
Nome do Astro | Signo | Longitude | |
Grau | Minutos | ||
Sol | Leão | 9 | 36 |
Lua | Aquário | 19 | 18 |
Netuno | Câncer | 17 | 42 |
Urano | Capricórnio | 18 | 15 M |
Saturno | Áries | 23 | 13 |
Júpiter | Virgem | 15 | 10 |
Marte | Áries | 3 | 58 |
Vênus | Virgem | 5 | 16 |
Mercúrio | Leão | 7 | 29 |
Parte da Fortuna | Peixes | 28 | 38 |
Cabeça do Dragão | Gêmeos | 13 | 47 |
Cauda do Dragão | Sagitário | 13 | 47 |
Os Astros podem ser inseridos no horóscopo.
Ao inserir os Astros, o Estudante Rosacruz deve considerar, de modo especial, dois pontos:
Primeiro – Que os Astros são inseridos nas próprias Casas onde calculamos e na devida ordem. Os Signos e os respectivos graus do Zodíaco seguem na direção indicada na ordem natural deles; consequentemente, começando por Áries 0º (que deve estar na 7ª Casa, já que Áries nos 14º está na cúspide da 8ª Casa), vemos que Marte está em Áries 3:58, portanto colocamo-lo na 7ª Casa mais próximo à cúspide da 8ª Casa do que da 7ª Casa. Como Áries nos 14º está na cúspide ou na linha que assinala a entrada na 8ª Casa, e Saturno está em Áries a 23:13, colocamos esse na 8ª Casa, e mais perto da cúspide dessa Casa do que da 9ª Casa. Assim, ambos os Planetas estão em relação adequada um com o outro e com as Casas, e eles estão colocados de tal maneira que, vendo-os não podemos nos enganar quanto ao Signo em que se encontram. Se Marte fosse colocado mais perto da cúspide da 7ª Casa, à primeira vista pareceria estar em Peixes, e Saturno posto mais perto da cúspide da 9ª Casa pareceria estar em Touro. Isso causaria um erro na leitura, o qual pode ser evitado com um cuidado mínimo. Se o Estudante observar cuidadosamente o método aqui utilizado para colocação dos Astros nesse horóscopo, nunca terá dúvidas quanto aos Signos em que os Astros estão ocupando.
Segundo – As posições dos Astros devem ser legíveis sem a necessidade de virar ou inclinar a Folha do Horóscopo, o que contraria as condições para uma boa concentração. Se as posições dos Astros nas 3ª, 4ª, 9ª e 10ª Casas forem anotadas conforme anotamos as de Netuno e Urano, tal inconveniente não existirá.
O horóscopo agora está levantado e está completo. A maioria dos astrólogos, agora, começa a interpretá-lo, mas que essa interpretação seja mais completa é necessário fazer um índice, tal como apresentamos no último capítulo desta parte.
Com o objetivo de familiarizar bem o Estudante com o modo de levantar um horóscopo, primeiramente vamos completar o horóscopo que levantamos parcialmente da data de 2 agosto às 8:15 P.M.[1], pois esse horóscopo oferece certas peculiaridades que vale a pena darmos atenção, conforme exporemos a seguir.
Para determinar a H.M.G. de 2 de agosto, somamos à Hora Local Exata de Nascimento (08:23:00 P.M.) os 4 minutos por cada um dos 88 graus (4 x 88) de Longitude oeste de Greenwich em que se situa o lugar do nascimento, que convertido temos 05:52:00, resultado a H.M.G que já cai no dia seguinte, 3 de agosto no horário de 02:15:00 A.M.
Colocando em uma tabela:
HH MM SS | ||
Hora Local Exata do nascimento (como calculamos anteriormente) | 08:23:00 PM | De 2 de agosto |
Correção de 4 minutos que vezes 88 graus é igual a 352 minutos | 05:52:00 | |
Hora Média de Greenwich (H.M.G.) | 02:15:00 AM | De 3 de agosto |
Aqui está um ponto importante. Quando acrescentamos 5 horas e 52 minutos às 08:23:00 P.M. levamos a H.M.G para o dia seguinte; isso significa que no mesmo instante em que essa criança nascia em Chicago, com os relógios marcando 8:15 da noite de 2 de agosto, o relógio do Observatório de Greenwich marcava 2:15 da madrugada de 3 de agosto. Assim, o meio-dia de 3 de agosto é o mais próximo da H.M.G., e o intervalo entre a H.M.G. (2:15 A.M.) e o meio-dia mais próximo é, portanto, 9 horas e 45 minutos, cujo logaritmo é 0,3912.
Executemos, agora, os cálculos e as operações matemáticas prescritas no início deste Capítulo V:
HH MM | |
A longitude do Sol ao meio-dia de 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 10:28 |
A longitude do Sol ao meio-dia de 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | 09:31 |
Percurso do Sol no dia da H.M.G. | 00:57 |
LOGARÍTMOS | |
Logaritmo do Percurso do Sol no dia da H.M.G. (00:57) | 1,4025 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pelo Sol durante o Intervalo | 1,7937 |
O valor do logaritmo 1,7937, ou seja, o Incremento de Correção é 0 grau e 23 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude do Sol no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Leão | 10:28 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 00:23 | |
Resultado é a Longitude do Sol à H.M.G. | Leão | 10:05 |
Essa é a posição em que inserimos para o Sol no horóscopo, ou seja: 10 graus e 5 minutos do Signo de Leão.
Observe que no horóscopo anterior (o de 2 agosto às 8:15 A.M., em Chicago (EUA)) nós somamos o Incremento de Correção à longitude de cada Astro (Sol, Lua e Planetas), porque a H.M.G. era após ao meio-dia. No atual horóscopo (o de 2 agosto às 8:15 P.M., em Chicago (EUA)) a H.M.G. é antes do meio-dia, assim subtraímos do Incremento de Correção da longitude de cada Astro no meio-dia mais próximo da H.M.G., conforme determina o item 6.b da regra que usamos para calcular a posição exata do Astro na H.M.G.[2].
SIGNO | HH MM | |
A longitude da Lua ao meio-dia após à H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Peixes | 02:39 |
A longitude da Lua ao meio-dia antes da H.M.G. (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Aquário | 17:55 |
Percurso da Lua no dia da H.M.G. | 14:44 |
HH MM | |
Logaritmo do Percurso da Lua no dia da H.M.G. (14:44) | 0,2119 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida pela Lua durante o Intervalo | 0,6031 |
O valor do logaritmo 0,6031, ou seja, o Incremento de Correção é 5 graus e 59 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude da Lua no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Peixes | 02:39 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 05:59 | |
Resultado é a Longitude da Lua à H.M.G. | Aquário | 26:40[3] |
Conforme fizemos no primeiro horóscopo, neste também podemos dispensar cálculos para as posições de Netuno, Urano e Saturno sem a correção (fornecida por meio do Incremento de Correção), e apenas anotando as longitudes de cada um deles no meio-dia mais próximo à H.M.G. O percurso de Marte no dia H.M.G. é de 15 minutos, e seu percurso durante o intervalo de 9 horas e 45 minutos[4] deve, portanto, ser aproximadamente 6 minutos[5]. subtraindo 6 minutos da posição de Marte em 3 de agosto (no meio-dia mais próximo à H.M.G.), a posição de Marte no horóscopo será Áries 04:06. Do mesmo modo, Júpiter requer uma correção de 4 minutos[6], ficando sua posição em Virgem 15:17.
[1] N.T.: Atente bem que no início do Capítulo V nós calculamos os dados para um horóscopo que levantamos parcialmente da data de 2 agosto às 8:15 A.M., em Chicago (EUA).
[2] N.T.: veja no início desse Capítulo V
[3] N.T.: Uma maneira prática de fazer essa conta de subtração (quanto a parcela superior é menor do que a parcela inferior). Repare que estamos em uma circunferência e lá medimos as distâncias em graus e minutos. Sabemos, também que cada Signo tem 30 graus (sempre). E aqui sabemos que depois de Aquário vem Peixes, ou, antes de Peixes vem Aquário:
Outro modo: considerando uma reta de 0º a 360º, segmentada de 30 em 30 graus (o tamanho invariável de cada Signo), e sabendo que Aquário vem depois de Peixes, podemos considerar o ponto 2:39º de Peixes como se fosse o ponto 32:39 de Aquário. Agora se fizermos a subtração 32:39 – 05:59 = 31:99 – 05:59 = 26:40.
[4] N.T.: que é o intervalo de tempo entre a H.M.G., que é 2h15 AM de 3 de agosto, e o meio-dia mais próximo da H.M.G., que é o meio-dia do próprio 3 de agosto: 12:00 – 02:15 = 11:60 – 02:15 = 9:45.
[5] N.T.: ou seja: entre o meio-dia mais próximo à H.M.G. e a própria H.M.G (intervalo de 9 horas e 45 minutos). Ora se Marte se movimenta 15 minutos de 2 a 3 de agosto (portanto, 24 horas), então quanto ele se deslocou em 9 horas e 45 minutos? Apliquemos a Regra de Três simples: 15 m – > 24 h assim como x <- 9h45m, ou seja: 9h45m x 15m = 9,75h x 15m = 146,3 e 146,3/24 = 6,1 minutos, arredondando para baixo: 6 minutos!
[6] N.T.: O percurso de Júpiter no dia H.M.G. é de 11 minutos. Assim, entre o meio-dia mais próximo à H.M.G. e a própria H.M.G, ou seja, o intervalo de 9 horas e 45 minutos. Ora se Júpiter se movimenta 11 minutos de 2 a 3 de agosto (portanto, 24 horas), então quanto ele se deslocou em 9 horas e 45 minutos? Apliquemos a Regra de Três simples: 11 m – > 24 h assim como x <- 9h45m, ou seja: 9h45m x 11m = 9,75h x 11m = 107 e 107/24 = 4,4 minutos, arredondando para baixo: 4 minutos!
SIGNO | HH MM | |
A longitude de Vênus ao meio-dia após à H.M.G. – 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 06:21 |
A longitude de Vênus ao meio-dia antes à H.M.G. – 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Virgem | 05:09 |
Percurso de Vênus no dia da H.M.G. | 01:12 |
HH MM | |
Logaritmo do Percurso de Vênus no dia da H.M.G. (01:12) | 1,3010 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Vênus durante o Intervalo | 1,6922 |
O valor do logaritmo 1,6922, ou seja, o Incremento de Correção é 0 graus e 29 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Vênus no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Virgem | 06:21 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 00:29 | |
Resultado é a Longitude de Vênus à H.M.G. | Virgem | 05:52[1] |
Mercúrio é o último Planeta que temos que calcular:
SIGNO | HH MM | |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia após à H.M.G. – 3 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 09:22 |
A longitude de Mercúrio ao meio-dia antes à H.M.G. – 2 de agosto de 1909 (como fornecido pelas Efemérides Rosacruzes de 1909) | Leão | 07:17 |
Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. | 02:05 |
HH MM | |
Logaritmo do Percurso de Mercúrio no dia da H.M.G. (01:12) | 1,0614 |
SOMA-SE ao Logaritmo do Intervalo | 0,3912 |
Resultado é o Logaritmo da Distância Percorrida por Mercúrio durante o Intervalo | 1,4526 |
O valor do logaritmo 1,4526, ou seja, o Incremento de Correção é 0 graus e 51 minutos.
SIGNO | GG MM | |
Longitude de Mercúrio no meio-dia mais próximo da H.M.G. | Leão | 09:22 |
SUBTRAIA do Incremento de Correção | 00:51 | |
Resultado é a Longitude de Mercúrio à H.M.G. | Virgem | 08:31[2] |
As posições da Cabeça do Dragão (<), ou Nodo Lunar, e da Cauda do Dragão (>) também precisam ser encontradas. Segundo as Efemérides, no dia 3 de agosto, o meio-dia mais próximo da H.M.G., a Cabeça do Dragão está em Gêmeos 13:44[3]. A Cauda do Dragão ocupa o ponto oposto, ou seja, de Sagitário 13:44.
Agora só resta calcular a Parte da Fortuna (ou Roda da Fortuna), e para tal dispomos os fatores do cálculo como segue:
SIGNO | GG MM | |
Longitude do Ascendente no 12º Signo | Peixes | 07:08 |
Longitude do Sol no 5º Signo | Leão | 10:05 |
Longitude da Lua no 11º Signo | Aquário | 26:40 |
Procedemos de acordo com a regra fornecida:
Nº do SIGNO | GG MM | |
Longitude do Ascendente no 12º Signo | 12 | 07:08 |
Longitude da Lua no 11º Signo | 11 | 26:40 |
SOMANDO OS DOIS | 23 | 33:48 |
MENOS: | ||
Longitude do Sol no 5º Signo | 5 | 10:05 |
RESULTADO | 18 | 23:43 |
Como passou de 12 (o máximo número de Signos, então SUBTRAIMOS: | 12 | |
RESULTADO: Posição da Parte da Fortuna | 6 | 23:43 |
Ou: a Longitude da Parte da Fortuna é: Virgem em 23:43
Agora, façamos uma lista dos Astros (Sol, Lua e Planetas) e os Elementos astrológicos calculados, a fim de inseri-los no horóscopo:
ASTRO ou ELEMENTO ASTROLÓGICO | SIGNO | GG MM |
Sol | Leão | 10:05 |
Lua | Aquário | 26:40 |
Netuno | Câncer | 17:44 |
Urano | Capricórnio | 18:13M |
Saturno | Áries | 23:14 |
Júpiter | Virgem | 15:17 |
Marte | Áries | 04:06 |
Vênus | Virgem | 05:52 |
Mercúrio | Leão | 08:31 |
Parte da Fortuna | Virgem | 23:43 |
Cabeça do Dragão | Gêmeos | 13:44 |
Cauda do Dragão | Sagitário | 13:44 |
Acabamos de erigir dois horóscopos, e uma comparação entre ambos revela o fato de que, embora sejam de duas pessoas nascidas na mesma cidade e no mesmo dia e ano, as características de uma pessoa são inteiramente opostas às da outra e, uma vez que o caráter é o determinador do destino, as vidas dessas duas pessoas deverão ser totalmente opostas.
Antes de podermos interpretar esses dois horóscopos é necessário que nós obtenhamos uma clara concepção das relações dos Astros (Sol, Lua e Planetas) entre si, dos Astros com os Signos do zodíaco, e dos Astros com as Casas, conforme se encontram em cada um dos dois horóscopos, e com esta finalidade nós faremos um índice que deve revelar esses relacionamentos num relance, de maneira que nossas mentes não possam ser embaraçadas pela matemática no momento de interpretarmos o horóscopo, mas sejam livres e concentradas no significado dos diferentes Aspectos astrológicos e nas posições dos Signos, Astros e Elementos astrológicos.
RETROGRADAÇÃO
Na página das Efemérides Rosacruzes, que tem uma amostra nesse livro[4], você encontrará nas colunas de Saturno, Urano e Marte uma letra “R” em maiúsculo. Esse símbolo tem o seguinte significado:
Os Planetas do nosso Sistema Solar se movem em uma única direção, do oeste para leste, mas suas órbitas em torno do Sol têm amplitudes variáveis, a mesma coisa se dando com as suas velocidades. A Terra desloca-se a uma velocidade de, aproximadamente, 108.000 quilômetros por hora e, ainda, sua circunferência da órbita – em torno do Sol – é tão grande que requer em torno de 365 dias para que ela contorne o Sol. Mercúrio descreve uma circunferência da órbita bem menor em volta do Sol, mas se desloca a uma velocidade de, aproximadamente, 180.000 quilômetros por hora, de modo que completa sua revolução em torno de 88 dias. A velocidade de Urano é de apenas, aproximadamente, 27.000 quilômetros por hora, mas sua órbita é tão grande que requer em torno de 84 anos para completá-la. Os demais Planetas mostram semelhantes variações de velocidade. Se eles se deslocassem em linha reta, os menores e mais rápidos logo deixariam para trás os mais pesados e mais lentos, mas como se movem em círculos, eles cruzam um ponto de observação repetidas vezes. Se tal ponto fosse central e estacionário, esse constante movimento para a frente dos Planetas, em suas respectivas órbitas, seria perceptível a todos os observadores, mas essa é a questão, não há ponto estacionário; toda partícula de Júpiter, o gigante do nosso Sistema Solar, à menor partícula de “poeira”, se move incessantemente em torno de um centro comum e, por conseguinte, às vezes um Planeta se desloca quase transversalmente ao curso de outro corpo em movimento, e isso fica parecendo, por algum tempo, que ele fica parado em sua órbita. Os astrônomos dizem que tal Planeta está Estacionário. Outras vezes, esse movimento oblíquo dos Planetas, em relação à posição da Terra em sua órbita, os faz parecer se moverem para trás no Zodíaco, e a esse movimento chamamos Retrógrado. Nas Efemérides vemos um símbolo parecendo com um “R” maiúsculo na linha do dia em que o Planeta começa, aparentemente, a retroceder, e essa retrogradação continua até onde se encontra um “D” maiúsculo, o qual indica que volta a se observar o movimento do Planeta para a frente.
Embora esse movimento retrógrado de um Planeta seja apenas aparente, ele tem um efeito muito real no que tange à influência exercida por tal Planeta, pois é o ângulo do seu raio que determina a influência de um Planeta. Os Planetas são focos que transmitem e intensificam as propriedades das estrelas fixas, de tal maneira que nos afetam em um grau muito maior do que quando não se acham focalizados sobre o ponto de observação, o lugar do nascimento.
Vamos supor que no momento do nascimento de uma criança observamos Saturno e por detrás dele, diretamente em linha com o nosso ponto de observação, vemos a estrela fixa Antares, que se acha próxima aos 8 graus de Sagitário; a criança então está propensa a sofrer afecções nos olhos, as quais são suficientemente graves mesmo que o Planeta se mova “direto” em sua órbita, como geralmente acontece, pois então Antares sairá de foco gradativamente, e Saturno não voltará a formar a Conjunção adversa com Antares antes de completar sua revolução em torno do Sol (que leva cerca de 29 anos). Se, por outro lado, vemos que no dia seguinte ao nascimento Saturno retrograda um pouco e ainda mais no dia seguinte, e desse modo por uma ou duas semanas, então também nesse caso Antares sai fora de foco, mas há essa diferença importante, que em vez de demorar 29 anos para formar a Conjunção adversa seguinte, Saturno pode se voltar a ficar “direto”, e forma a segunda Conjunção adversa com Antares, dentro de poucas semanas após o nascimento, e essa repetição do raio adverso pode agravar o defeito inato a tal ponto que a criança poderá se tornar cega. Assim, nós reiteramos que, mesmo sendo apenas aparente, o movimento retrógrado de um Planeta exerce uma influência muito real sobre os interesses humanos.
[1] N.T.: 06:21 – 00:29 = 05:81 – 00:29 = 05:52
[2] N.T.: 09:22 – 00:51 = 08:82 – 00:51 = 08:31
[3] N.T. Efemérides de Agosto de 1909 – Longitude dos Astros
[4] N.T.:
CAPÍTULO 6 – OS ASPECTOS
O círculo do Zodíaco, como qualquer outro círculo, é dividido em 360 graus. Dentro desse círculo os corpos celestes do nosso Sistema Solar se movem, ainda que seus movimentos estejam longe de ser uniformes, como mostrado no primeiro capítulo. Portanto, aqueles Astros que se deslocam mais lentamente são alcançados, ultrapassados e novamente ultrapassados pelos Astros mais rápidos.
Quando um Astro (Sol, Lua e Planetas) se encontra a certo número de graus de outro Astro dizemos que estão em Aspecto[1]:
Tabela de Aspectos | |
A Oposição | os Astros estão a 180 graus um do outro. |
A Quadratura | os Astros estão a 90 graus um do outro. |
O Sextil | os Astros estão a 60 graus um do outro. |
O Trígono | os Astros estão a 120 graus um do outro. |
A Conjunção | os Astros estão a 0 graus um do outro. |
O Aspecto Paralelo acontece quando dois Astros têm o mesmo grau de Declinação, não importando que um esteja ao norte (Declinação Norte) e outro ao sul (Declinação Sul) do Equador Terrestre. Isto será esclarecido nos cálculos que se seguirão mais tarde.
Dos Aspectos mencionados na Tabela anterior, a Oposição e a Quadratura dizemos que são adversos; o Sextil e o Trígono dizemos que são benéficos, enquanto a Conjunção e o Paralelo se classificam como indeterminados (benéficos ou adversos); se a Conjunção ou o Paralelo ocorrem entre os chamados Astros benéficos, eles possuem uma influência benéfica, mas se ocorrem entre os chamados Astros adversos, eles possuem uma influência adversa. Um horóscopo é considerado como trazendo alguma coisa boa não prevista como certa (ou seja: é um horóscopo auspicioso) se nele há mais Sextis e Trígonos do que Quadraturas e Oposições. Um horóscopo é considerado como não auspicioso se nele há mais Quadraturas e Oposições do que Sextis e Trígonos.
Tal ponto de vista é errado. No Reino do Pai não há o “mal”. O que parece ser “mal” é apenas o “bem” em formação. Quando um lapidador de joias lapida uma pedra preciosa, ele aplica o esmeril a cada um dos lados da pedra bruta, e a cada esmerilhada nós podemos ouvir um grito alto da pedra, como se estivesse sentindo uma dor. Entretanto, gradualmente, como consequência do processo de esmerilhamento rigoroso, a pedra preciosa adquire uma superfície lindamente polida, com inúmeras facetas capazes de receber, refletir e refratar a luz solar brilhante.
Deus e Seus Ministros — os Sete Espíritos Planetários diante do Trono — são os lapidários, e nós somos um diamante bruto. Para polir e revelar sua natureza espiritual são necessárias várias experiências. Tais experiências podem ser agradáveis ou não, conforme indiquem os comumente chamados Aspectos benéficos ou adversos. Mas, pode se dizer com segurança que as experiências adversas que nos chegam sob os chamados Aspectos adversos são tão potentes desenvolvedores de músculos espirituais, removendo muito do nosso egoísmo, servindo para nos tornar mais tolerantes e compassivos, do mesmo modo que o duro esmeril serve para remover a crosta áspera do diamante. Embora um horóscopo repleto de Quadraturas e Oposições possa indicar o que normalmente é chamado de uma vida difícil, tal horóscopo é infinitamente preferível (sob o ponto de vista espiritual) àquele que só tenha Aspectos “benéficos”, pois, enquanto esse último proporciona apenas uma existência insípida, o horóscopo “ruim” proporciona ação e uma qualidade agradavelmente excitante à vida em uma ou outra direção.
Além disso, como as “estrelas” não obrigam, mas apenas proporcionam tendências, cabe a nós, em grande medida, afirmar nossa Individualidade e transmutar o “mal” presente em “bem” futuro. Assim, trabalharemos em harmonia com as “estrelas” e as regemos pela obediência à Lei Cósmica.
A influência de um Aspecto entre os Planetas[2] no nascimento é sentida mesmo que eles não estejam exatamente a 0, 60, 90, 120 ou 180 graus um do outro; admite-se uma “Órbita de Influência”, por assim dizer, de 6 graus.
No horóscopo que serve de exemplo, abaixo, Saturno e Júpiter estão dentro da “Órbita de Influência”, porque um está a 1 grau de Áries e o outro está a 7 graus do mesmo Signo, Áries. Saturno estando a 1 grau de Áries, também está dentro “Órbita de Influência” dos Aspectos com Marte (3 graus) e Mercúrio (5 graus), mas não dentro da “Órbita de Influência” do Aspecto com o Sol, ou com a Lua e nem com Vênus, pois há mais de 6 graus de 1 grau (de Saturno) a 10, 12 e 14 graus do Sol, da Lua e de Vênus, respectivamente[3].
A razão espiritual para essa “Órbita de Influência” é a seguinte: além do corpo visível percebido por nossos sentidos[4], também possuímos veículos invisíveis chamados por S. Paulo de corpos espirituais, sendo que nós somos Espíritos. Quando tivermos desenvolvido a faculdade da visão espiritual, faculdade essa latente em todos nós, poderemos ver esses Corpos mais sutis[5] sobressaindo muito além do Corpo Denso que está localizado no centro dessa “aura”[6], do mesmo modo que a gema de um ovo está no centro desse ovo, rodeada de clara por todos os lados.
Antes que dois seres humanos entrem em contato físico próximos, suas “auras” se interpenetram; essa é a razão pela qual “sentimos a presença do outro”, às vezes antes de o percebermos por meio de nossos sentidos comuns[7].
“Como é em cima, assim é embaixo”. Somos feitos à imagem de Deus e de Seus Ministros, os Anjos-estelares. Cada Planeta tem Seus Mundos invisíveis[8] que sobressaem no espaço, além da esfera densa visível e perceptível pelo olho físico[9]. Quando essas “auras” planetárias entram em Aspecto, uma influência é sentida, embora ainda possam faltar 6 graus na formação de um Aspecto ou eles podem ter ultrapassado os 6 graus do Aspecto.
Para determinar rapidamente qual é o Aspecto que os Planetas formam entre si em um horóscopo, quando dentro das Órbitas de Influência, observemos as divisões dos Signos do Zodíaco:
Os Planetas em Signos Cardeais estão em Conjunção, Quadratura ou Oposição, se dentro da Órbita de Influência. Os Planetas em Signos Fixos também estão em Conjunção, Quadratura ou Oposição se dentro dessa Órbita de Influência, e o mesmo acontece com os Planetas em Signos Comuns. Uma rápida olhada no horóscopo revelará qual dos três Aspectos está formado.
Outra divisão do Zodíaco é: Signos de Fogo, Signos de Terra, Signos de Ar e Signos de Água:
Os Planetas em Signos de Fogo estão em Conjunção ou Trígono, se dentro da Órbita de Influência. Os Planetas em Signos de Terra estão em Trígono ou Conjunção; assim também estão os Planetas em Signos de Ar e de Água, conforme se vê no diagrama acima.
Essencialmente Dignificados e em Exaltação:
Diz-se que o Planeta “rege” ou está “Essencialmente Dignificado” em certos Signos onde a natureza essencial tanto do Planeta quanto do Signo concorda. Quando estão em Signos opostos – àqueles que estão Essencialmente Dignificados – diz-se que eles estão em “Detrimento” e, portanto, em desarmonia com o ambiente.
Os Planetas são mais poderosos em certos Signos do que em outros, pelo que se diz estarem “em Exaltação” quando colocados em tais Signos. Quando ocupam os Signos Opostos – àqueles que estão em Exaltação – eles estão em “Queda” e, portanto, comparativamente fracos.
A Tabela de Potências Astrais a seguir mostrará os Astros e os Signos nos quais eles são fortes ou fracos, de acordo com o exposto acima. Note-se que cada um dos Planetas, exceto Urano e Netuno, rege dois Signos, ao passo que o Sol e a Lua regem apenas um cada. Observe também que Urano e Saturno são co-Regentes de Aquário, e que Netuno e Júpiter são co-Regentes de Peixes.
Tabela de Potências Astrais
Graus Críticos:
A Tabela de Graus Críticos dos Signos a seguir mostra certos graus do Zodíaco que são designados como “Graus Críticos”. Quando um Astro se encontra dentro da Órbita de Influência de três graus de quaisquer desses pontos[10], tal Astro exercerá uma influência muito mais forte na vida do que de outra forma. Essa influência tenderá a aumentar a intensidade de uma “Exaltação”, como também a compensar a fraqueza resultante de um Astro estar “em Queda” ou “em Detrimento”. Também aumentará a força dos Aspectos desse Astro.
Signos Cardinais | Signos Fixos | Signos Comuns |
1O 13O 26O | 9O 21O | 4O 17O |
Áries | Touro | Gêmeos |
Câncer | Leão | Virgem |
Libra | Escorpião | Sagitário |
Capricórnio | Aquário | Peixes |
Tabela de Graus Críticos dos Signos
Elevação:
Diz-se estar “Elevado” o Astro que está na 9ª ou 10ª Casa ou próximo a elas. Quanto mais próximo do Meio-do-Céu, mais Elevado se encontra. O Astro Elevado é muito mais poderoso, tanto quando está com Aspecto benéfico ou quando está com Aspecto adverso, do que quando colocado em um local mais baixo.
Ângulos:
Quando os Astros se encontram nos “Ângulos” do horóscopo (primeira, quarta, sétima e décima Casas), diz-se que estão Angulares ou Acidentalmente Dignificados. Quando assim posicionados, eles exercem uma influência maior tanto quando está com Aspecto benéfico ou quando está com Aspecto adverso do que quando localizados nas outras Casas.
Quando o Estudante tiver assimilado as informações acima, ele deve prosseguir para fazer uma Tabela ou um Índice de Relacionamento dos Astros, conforme o exemplo abaixo:
Tabela ou um Índice de Relacionamento dos Astros
[1] N.T.: São somente esses Aspectos astrológicos que a Astrologia Rosacruz considera como necessários e suficientes para uma completa interpretação astrológica utilizando o método da Astrologia Rosacruz. O motivo disso, o próprio Max Heindel e a própria Augusta Foss Heindel nos fornecem a explicação no Livro “A Mensagem das Estrelas”, que replicamos aqui: … uma galáxia completa de Aspectos que envolva bi-Quintil, Sesquiquadratura e outras insensatezes altissonantes e absurdas forem incluídas também, certamente o Astrólogo se perderá no labirinto matemático de tal modo que será incapaz de ler uma única sílaba da “mensagem das estrelas”. Durante o primeiro ano de seus estudos astrológicos, um dos autores, originalmente de natureza matemática, tinha o hábito de levantar horóscopos e tabular os Aspectos de forma tão maravilhosa e ousada que tais tabulações superavam o proverbial “enigma chinês”; eram verdadeiros “Nós Górdios”, pelos quais o destino de um ser humano ficava tão emaranhado em cada mapa que nem o autor daquela abominação, nem outra qualquer pessoa poderiam esperar desembaraçar dele a pobre alma envolvida. Possa ele ser perdoado, pois já se corrigiu e agora é extremamente cuidadoso no eliminar do horóscopo tudo o que não seja essencial, mas como estava envolvido pelo labirinto da matemática, sua experiência deve servir como uma advertência. Nossas Mentes, no melhor dos casos, são instrumentos frágeis para compreender o destino e, certamente, teremos uma grande oportunidade de ser bem-sucedidos se aplicarmos nosso conhecimento a fatores mais importantes e esses, geralmente, são os mais simples.
[2] N.T.: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.
[3] N.T.: 8, 11 e 13 graus, respectivamente.
[4] N.T.: o Corpo Denso.
[5] N.T.: Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
[6] N.T.: Corpo Vital e Corpo de Desejos.
[7] N.T.: visão, audição, olfato, paladar e tato.
[8] N.T.: Região Etérica do Mundo Físico, Mundo do Desejo e Mundo do Pensamento.
[9] N.T.: o Corpo Denso dele que nada mais é do que a Região Química do Mundo Físico.
[10] N.T.: Sol no 15o de Áries está em “Grau Crítico”, pois está a 2 graus da culminação do “Grau Crítico” 13 graus de Áries (15 – 13 = 2 graus), portanto dentro da “Órbita de Influência” de 3 graus.
CAPÍTULO 7 – COMO FAZER O ÍNDICE
Olhando para o horóscopo levantado para as 8:15 P.M., notamos que Saturno e Marte estão em Áries, um Signo Cardinal. Assim sendo, pomo-los no Índice na linha dos Signos Cardinais. Netuno está em Câncer, que é o Signo Cardinal seguinte, portanto, esse também vai para a linha dos Signos Cardinais. Libra, o terceiro Signos Cardinais, não tem Astro algum. Capricórnio é o último dos Signos Cardinais; Urano está em Capricórnio e quando o inseridos no Índice, nós completamos a lista dos Astros que, nesse horóscopo, estão situados nos Signos Cardinais.
O Signos Fixos são Touro, Leão, Escorpião e Aquário. Em Touro não há Astros. O Sol e Mercúrio estão em Leão, assim, os colocamos no Índice, na linha dos “Signos Fixos”. Em Escorpião não há Astros, mas a Lua está em Aquário. Ela é, então, inserida no Índice na linha dos “Signos Fixos”.
Nesse horóscopo os Signos Comuns de Gêmeos, Sagitário e Peixes não têm Astros, mas Virgem, outro Signo Comum, tem Júpiter e Vênus, os quais pomos na linha dos Signos Comuns, juntamente com a Parte da Fortuna.
Isso completa a nossa classificação dos Astros no que tange ao temperamento, e, para nos certificarmos de que pusemos todos no Índice, devemos contá-los: quatro estão em Signos Cardinais; três estão classificados como Signos Fixos e dois como Signos Comuns, perfazendo um total de nove Astros, além da Parte da Fortuna.
Está correto; então, vamos prosseguir do mesmo modo anotando os Astros nos Signos de Fogo. Colocamo-los no Índice. A seguir os de Signos de Terra, os Signos de Ar e os Signos de Água. Temos, portanto, nossa classificação de acordo com os Elementos e, novamente, para nos certificarmos de que anotamos todos os Astros, contamo-los de novo. Quatro estão em Signos de Fogo; três estão em Signos de Terra; um está em Signo de Ar e um em Signo de Água. O total perfaz nove, que está correto!
Em seguida anotamos os Astros que estão em Exaltação, etc.[1], conforme exige o Índice.
Agora estamos preparados para notar os Aspectos, e solicitamos de modo especial ao Estudante para seguirem o sistema que esboçamos aqui; pois ele não permite a omissão de nenhum Aspecto.
Ponha o dedo indicador da mão esquerda sobre o primeiro Astro à esquerda, na linha dos Signos Cardinais do Índice (nesse caso, Marte). Com a mão direita, ponha a ponta do lápis sobre o próximo Astro à direita, na mesma linha dos Signos Cardinais (nesse caso, Saturno). Observe no horóscopo se estes dois Astros estão dentro das esferas ou Órbitas de Influência um do outro (6 graus). A resposta aqui é não. Um está no 4º grau, o outro está no 23º grau. Portanto, eles não estão formando um Aspecto. Mantenha o dedo indicador da mão esquerda no mesmo lugar, mas desloque a ponta do lápis para a direita, até o Astro seguinte (aqui Netuno), e verifique igualmente se estão dentro das esferas ou Órbitas de Influência um do outro (6 graus) – novamente a resposta é não. Desloque, novamente, a ponta do lápis para a direita, até o último Astro na linha dos Signos Cardinais (Urano); examinando se ambos os Planetas, o do dedo indicador da mão esquerda e o da ponta do lápis na mão direita, formam aspecto entre si. Constatamos que não.
Assim, concluímos que o Planeta sob o nosso indicador esquerdo (Marte), não forma Aspectos com nenhum outro Astros em Signos Cardinais. Agora, então, movimentamos nosso indicador da mão esquerda para uma posição à direita (para Saturno), pomos a ponta do lápis sobre o próximo Planeta à direita daquele (em Netuno aqui) e, novamente, repetimos a pergunta: os dois Planetas, o do indicador da mão esquerda e o da ponta do lápis à direita (aqui Saturno e Netuno) estão dentro da Órbita de Influência de algum Aspecto? Uma olhada ao horóscopo mostra que eles formam; um está no 17º grau e o outro no 23º grau. Assim, eles estão em Aspecto. Nossa regra estabelece que os Astros em Signos Cardinais, Fixos ou Comuns podem formar Conjunções, Quadraturas ou Oposições, se estiverem em Órbita de Influência.
Uma olhada nas posições de Saturno e Netuno mostra que ambos não estão em Conjunção, nem estão em Oposição; devem, então, estarem em Quadratura um com outro. Assim sendo, desenhamos a figura de um quadrado e o símbolo de Saturno na linha de Netuno, no Índice; também desenhamos a figura de um quadrado e o símbolo de Netuno na linha de Saturno. Temos assim anotado este Aspecto.
Deixamos nosso indicador da mão esquerda sobre Saturno, mas movimentemos a ponta do lápis para a direita, até Urano. E repetimos a nossa questão: Estão ou não dentro da Órbita de Influência um do outro? A resposta é sim, e suas posições indicam que o Aspecto é uma Quadratura. Isso é anotado nas linhas de Saturno e Urano, conforme o fizemos no caso anterior. Temos, então, anotados todos os Aspectos de Saturno aos Astros a sua direita, e agora movemos o indicador da nossa mão esquerda para a direita (para Netuno e Urano) e repetimos a nossa questão se estão em Órbita de Influência. A resposta é sim. Netuno e Urano estão dentro da Órbita de Influência um do outro formando, assim, uma Oposição. Esse Aspecto é também anotado no Índice e completa os Aspectos de Netuno.
E assim anotamos, de um modo completo e sistemático, todos os Aspectos entre os Astros na linha Cardinal. O mesmo modo de proceder nós empregaremos com os Astros nas outras linhas, percorrendo invariavelmente cada linha da esquerda para a direita. Se esse método for seguido, nenhum Aspecto poderá ser esquecido de ser anotado.
Em se tratando de Astros em Signos de Fogo, de Ar, de Terra e de Água, lembramo-nos, naturalmente, que eles formam Trígonos ou Conjunções, se estiverem dentro da Órbita de Influência.
Para se obter os Sextis é necessário usar um método diferente. Comecemos com Marte (aqui no 4º grau de Áries), somemos 60 graus, o que resulta em 4 graus de Gêmeos[2]. Faça a pergunta: há algum Astro dentro da Órbita de Influência do 4º de Gêmeos? A resposta é não. Passemos o indicador da mão esquerda ao Planeta seguinte no horóscopo (Saturno). Ele está em 23º de Áries; somando 60 graus esses 23 graus, temos o 23º de Gêmeos. Aqui também não existe nenhum Astro dentro da Órbita de Influência. O indicador a mão esquerda é passado para o Astro seguinte (Netuno) no 17º de Câncer. Nós somando 60 graus, temos o 17º de Virgem. Façamos nossa pergunta: há algum Astro na Órbita de Influência neste ponto? A resposta é sim – Júpiter no 15º de Virgem. Então, Netuno e Júpiter estão em Sextil e anotamos no Índice, nas linhas de ambos os Astros.
Prosseguindo, movimentamos o indicador da mão esquerda por cada Astro no horóscopo; somando 60 graus e repetindo a nossa pergunta. Quando completarmos a volta ao círculo, teremos também anotado todos os Sextis, sem omitirmos nenhum.
A Cabeça do Dragão e a Cauda do Dragão exercem uma influência no horóscopo somente quando em Conjunção com um Astro ou com o Ascendente. Uma Órbita de Influência de apenas 2 graus ou, no máximo, até 3 graus, é permitida. A Cabeça do Dragão é considerada benéfica, sendo sua influência análoga à daquela do Sol em Áries, e seu efeito jupiteriano. A Cauda do Dragão é considerada adversa, sendo saturnina em qualidade e tendo uma influência semelhante à de Saturno em Libra. No caso presente, nem a Cabeça nem a Cauda do Dragão estão em Conjunção com algum Astro, pelo que não há Aspectos a anotar no Índice.
Mas ainda restam os Paralelos. Para determiná-los, precisamos consultar a página das Efemérides[3] para o mês do nascimento (no caso, agosto), que se encontra no fim desse livro[4]. No topo da página nós temos os nomes dos Astros: Netuno, Urano, Saturno, etc., embaixo de cada um deles sua Declinação para os dias do mês, que constam na coluna à esquerda.
Como nossa H.M.G. é na parte da manhã do dia 3 de agosto, anotamos no Índice as Declinações de 3 de agosto, ao lado de cada Astro.
Uma exceção é a Declinação da Lua, que requer uma correção logarítmica de acordo com a H.M.G. Essa correção é feita pelo mesmo método usado para se obter a Longitude (ou posição) da Lua. Assim, nós achamos a Declinação da Lua como 17 graus e 02 minutos (17:02).
A Declinação da Parte da Fortuna é a mesma do Sol quando esse se encontra no mesmo Signo e no mesmo Grau.
Aqui a Parte da Fortuna está em Virgem 23:43. Tome uma Efemérides de qualquer ano e veja quando o Sol passa ali. A data é 17 de setembro, e a Declinação do Sol nessa data é 2:25 (Efemérides de 1909). Esta é, pois, a Declinação da Parte da Fortuna. Caso se queira, as Declinações do Meio-do-Céu e do Ascendente podem ser determinadas do mesmo modo.
Anotadas todas as Declinações no Índice, ponha o indicador da mão esquerda sobre a Declinação de Netuno lá embaixo; a ponta do lápis sobre a Declinação mais próxima acima (Urano); se pergunte se elas estão dentro da Órbita de Influência de 1 grau e meio (01:30). A resposta é sim e, portanto, anote-as na coluna dos Aspectos Paralelos. Movimente a ponta do lápis para cima, notando, a cada passo, se as Declinações dos Astros sob o indicador da mão esquerda e a ponta do lápis estão dentro da Órbita de Influência (um grau e meio). Quando a ponta do lápis alcançar o topo da coluna, todos os Paralelos sob o dedo indicador da mão esquerda terão sido verificados e anotados. Então, movimente o indicador da mão esquerda para o Astro seguinte acima (Urano), e a ponta do lápis para a Declinação do próximo Astro sobre aquele; note se estão em Paralelo; movimente a ponta do lápis para cima para a Declinação seguinte, passo a passo, seguindo o mesmo método de partir debaixo para cima para achar a Declinação, do mesmo modo seguindo pela movimentação do dedo indicador da mão esquerda e da ponta do lápis da esquerda para a direita, para determinar as Conjunções, Quadraturas, Trígonos e Oposições.
Quando os Paralelos tiverem sido anotados, o Índice estará terminado; e se colocado abaixo do horóscopo, numa folha de papel, conforme mostrado na ilustração abaixo, o estudante terá, prontamente, à mão todos os meios para interpretar o Horóscopo sem precisar desviar sua atenção para o cálculo dos Aspectos. Desse modo se consegue uma maior concentração mental. Tampouco o processo de fazer o Índice é tão complicado quanto o processo de descrevê-lo; de fato, em si mesmo ele é simples, já que não envolve cálculos matemáticos, mas apenas o uso metódico e adequado do indicador da mão esquerda e a movimentação da ponta de um lápis para a direita ou para cima com a pergunta: os Astros na ponta do dedo indicador da mão esquerda e da ponta do lápis estão dentro da Órbita de Influência? Seguindo esse método o estudante nunca omitirá um Aspecto e será capaz de fazer um Índice completo entre 15 e 20 minutos.
Figura: Índice do Horóscopo de 2 de agosto de 1909, às 8:15 PM
Para um melhor desempenho, o estudante deve se esforçar por fazer o Índice do horóscopo levantado para 2 de agosto, 8:15:00 A.M.
Aspectos formados com o Ascendente, que representa o Corpo Denso, influem sobre a saúde. Aspectos formados com o Meio-do-Céu indicam a natureza das oportunidades que a pessoa pode ter para o avanço espiritual. Mas desde que raramente se conhece a hora exata do nascimento, e já que um pequeno erro nessa resulta em vários graus de diferença no Ascendente e no Meio-do-Céu, previsões baseadas nos Aspectos formados com esses pontos não são, provavelmente, dignas de confiança. Por isso deixamos de anotá-los no Índice.
___________
NOTA: Uma observação muito importante ao que foi exposto acima: Planetas nos últimos 6 graus de qualquer Signo devem ser comparados com todos os Planetas nos primeiros 6 graus dos outros Signos, pois esses podem formar Aspectos entre si, mesmo sem estarem enquadrados em qualquer das regras precedentes. Aqui alguns exemplos desses casos:
Marte em Áries 24:30 está em Conjunção com Vênus em Touro 00:30; Mercúrio em Touro 26:00 está em Sextil com Júpiter em Leão 02:00; Saturno em Gêmeos 27:00 está em Quadratura com Urano em Libra 02:00; Netuno em Câncer 28:00 está em Trígono com Marte em Sagitário 03:00; Vênus em Leão 29:30 está em Oposição a Mercúrio com Peixes 05:30.
OBSERVAÇÃO AOS ESTUDANTES:
Os capítulos precedentes descrevem as bases da Astrologia e ilustram, em detalhes, o método de erigir horóscopos. Indicam, também, os elementos da Ciência de interpretar um horóscopo. Uma grande quantidade de informações adicionais nesse sentido é fornecida na Enciclopédia Filosófica que vem a seguir. Mas o próximo volume dessa série, o livro A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz, é o livro-texto da Fraternidade Rosacruz sobre a Ciência da Interpretação Astrológica e da aplicação da Astrologia em nossa vida diária. Ele contém uma exposição completa dos métodos usados na interpretação do horóscopo radical, também usada na progressão de um horóscopo e nas previsões a partir desta. A Astrologia Médica e o Diagnóstico de Doenças são abordados de modo compreensível, como também o são o papel da Astrologia na evolução, na Natureza em geral e nos efeitos das vibrações astrais. Recomendamos esse livro a todos os que desejam se a
[1] N.T.: Essencialmente Dignificado (no Regente), Angulares, Graus Críticos e quem é o Regente do horóscopo.
[2] N.T.: Fica mais fácil se você olhar a roda astrológica dada no início desse Capítulo: se estamos em 4 graus de Áries e somarmos 30 graus, alcançaremos os 4 graus de Touro. Agora, se somarmos mais 30 graus, alcançaremos os 4 graus de Gêmeos.
[3] N.T.: que se refere às “Declinações dos Planetas”
[4] N.T.: e, também, aqui:
II PARTE
ENCICLOPÉDIA FILOSÓFICA DE ASTROLOGIA
Aflição:
Um Astro (Sol, Lua ou Planetas) está afligido quando está em Paralelo, em algumas Conjunções com, em Quadratura com ou em Oposição a: Marte, Saturno, Urano ou Netuno, ou quando em Quadratura ou Oposição a quaisquer outros Astros (veja Combustão).
Angular:
Diz-se que um Astro é angular quando ele está nos Ângulos de um horóscopo. Essa posição fortalece consideravelmente a influência do Astro para “o bem ou para o mal”, dependendo da natureza desse Astro e de seus Aspectos.
Ângulos:
É uma denominação que se dá às: 1ª Casa, 4ª Casa, 7ª Casa e 10ª Casa.
O Ângulo oriental com Áries, onde Marte é o Regente, sugere o Sol nascendo para as atividades materiais do dia. Como o Sol, significador do Espírito, está sob a cruz, significadora da matéria, mas ascendendo para ela, isso significa o começo da Vida no mundo material, e Marte, o Regente, representa a natureza do desejo, que atrai o Espírito para a existência material a fim de que ele possa conquistar a matéria.
O Ângulo meridional com Capricórnio, onde Saturno é o Regente, sugere o Sol cruzando o meridiano, como o faz ao meio-dia. O Sol percorreu metade da sua jornada prescrita pelo céu, portanto o semicírculo é omitido e o outro semicírculo é retido sob a cruz, no símbolo de Saturno. Portanto, Saturno denota persistência, habilidade mecânica, etc., e a 10ª Casa significa as realizações mundanas do ser humano.
O Ângulo ocidental com Libra em equilíbrio e onde as atividades materiais se voltam para o âmbito espiritual, divide o dia da noite, o movimentado verão do inativo inverno. Transforma as horas de vigília dedicadas à vida material ativa, na noite onde o ser humano contata os Mundos invisíveis. Portanto, o círculo – Espírito – está acima da cruz da matéria, a natureza do desejo foi conquistada, e o símbolo de Marte virado de cabeça para baixo, de tal maneira que se torna o símbolo de Vênus, o Planeta do amor que rege essa Casa, a qual é, também, a casa das uniões, das parcerias, a Casa que denota o mais próximo e querido para nós.
O Ângulo setentrional, com o Signo de Câncer, marca o momento em que o Sol está no seu ponto mais baixo. O Signo é simbolizado por dois sóis, com linhas de força projetando-se de cada um, mas em direções opostas. A linha do Sol que aponta para o leste indica a direção em que o Sol físico se move. O Sol cuja linha aponta para oeste indica o caminho para o qual se voltam as influências espirituais após o Sol físico haver cessado suas atividades. Esse Ângulo, portanto, é o Ângulo de mistério, do ocultismo e do lado obscuro e invisível da natureza humana; portanto, tem como seu Regente o luminar da noite: a Lua.
Ano Sideral:
É o período de tempo que decorre entre uma Conjunção do Sol com qualquer estrela fixa e seu retorno, outra vez, à mesma Conjunção.
Antares:
Ver “Estrelas fixas”.
Aparência Física:
O tipo físico é determinado por quatro fatores principais. Esses são: pelo Ascendente ou Signo Ascendente, que representa o Corpo Denso, pelo Regente do Ascendente, pelos Astros no Ascendente, ou seja, pelos Astros na 1ª Casa, particularmente quando estão no Signo que ocupa a cúspide dessa Casa, e pelo Signo onde está o Sol. Note-se, porém, que o Sol deve ter alguma Força Astral em questão de posição (p. exe.: Regente, Exaltado) e de Aspectos para evidencias as características físicas do seu Signo. Os elementos acima são organizados pela ordem de sua importância. Sua combinação determina se a uma pessoa tende a ser alta ou baixa, clara ou escura, e assim com todas as demais peculiaridades físicas. Para maiores detalhes sobre o assunto veja o livro “A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz”.
Ascelli:
Ver “Estrelas Fixas”.
Ascendente:
É o grau do Zodíaco que está no horizonte oriental em um determinado momento do tempo. Um novo grau desponta a cada quatro minutos, um novo Signo a cada duas horas aproximadamente, e os doze Signos despontam em todos os lugares da Terra a cada vinte e quatro horas. Qualquer que seja o Signo no Ascendente, é chamado Signo Ascendente. Ver “Hyleg”.
Ascensão:
Sob esse título podem ser agrupados: Signos de Ascensão Longa, Signos de Ascensão Curta, de Ascensão Reta e de Ascensão Oblíqua.
Os Signos de Ascensão Longa são: Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário.
Os Signos de Ascensão Curta são: Capricórnio, Aquário, Peixes, Áries, Touro e Gêmeos.
São assim chamados porque os Signos de Ascensão Longa se elevam lentamente nas latitudes setentrionais, despendendo muito mais tempo que as duas horas necessárias, se todos os doze Signos se elevassem a uma velocidade uniforme durante as vinte e quatro horas. Leão leva cerca de duas horas e quarenta e cinco minutos na Latitude 40 Norte, onde se situa Nova York-EUA, e Peixes e Áries, dois Signos de Ascensão Curta, levam somente uma hora e dez minutos. O motivo reside na obliquidade da Eclíptica[1]. O efeito disso é que, no Hemisfério norte, a maioria das pessoas nasce sob os Signos de Ascensão Longa.
No Hemisfério sul os Signos relacionados acima como de Ascensão Curta são Signos de Ascensão Longa, pelo que a maioria das pessoas deste hemisfério nascem sob os mesmos, enquanto os Signos setentrionais de Ascensão Longa elevam-se rapidamente no sul, sendo, portanto, relativamente poucas as pessoas que nascem sob os mesmos. Assim, as pessoas de hemisférios opostos são também opostas em suas naturezas internas, apresentando características diferentes.
A Ascensão Reta e a Ascensão Oblíqua são usadas no sistema astrológico geralmente em voga, exceto no cálculo das Casas, coisa com que a média dos Estudantes não se preocupa. A longitude é medida sobre a Eclíptica — ou caminho do Sol —, desde o primeiro grau de Áries, mas a Ascensão Reta é medida sobre o Equador equinocial ou Equador celestial.
[1] N.T.: Vamos a um exemplo para ajudar na compreensão: uma comparação dos Signos Ascendentes mostra uma aparente falta de uniformidade no movimento diurno da Terra. Por exemplo, às 2h15 A.M., o Signo de Câncer está ascendendo a 8º10’, enquanto, doze horas depois temos Escorpião no Ascendente a 29º16’, mostrando que o local de nascimento avançou apenas cerca de 141 graus nessas doze horas. Porém, para completar a volta toda no círculo ele deve percorrer 219 graus nas doze horas restantes. Mas, como a rotação diurna da Terra em seu eixo é uniforme, a falta de uniformidade no movimento observado acima se deve ao fato de que esse não é um movimento diurno verdadeiro. Essa condição é causada pela obliquidade da Eclíptica e a consequente divisão desigual destes últimos pelos planos que separam as Casas, sendo esses planos o do horizonte e do meridiano e quatro intermediários em intervalos de 30 graus. Por essa razão, certos Signos ascendem mais lentamente do que outros e, portanto, são chamados de Signos de Ascensão Longa, enquanto seus opostos são chamados de Signos de Ascensão Curta. Ficará evidente que a maioria das pessoas nascem sob os Signos de Ascensão Longa – Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e Sagitário no Hemisfério norte, e seus opostos no Hemisfério sul.
Max Heindel
Durante uma palestra em Portland, Oregon, alguns anos atrás ainda em 1908, este escritor foi um convidado do Sr. George Kyle, que era, na época, vice-presidente da Ferrovia Oregon and Northern. A família havia contraído o “germe astrológico” e estava gravemente infectada com a “doença”, mas o Sr. Kyle, como convinha a um homem de negócios obstinado, ficou indiferente, até uma noite em que estávamos sentados à mesa, na sala de jantar, e o horóscopo de uma jovem veio para análise. Era evidente que ela fosse mais do que anticonvencional, mas o escritor interveio, dizendo que ela nunca teve chance e foi usada na infância por quem deveria tê-la protegido; ou seja, o pai. As circunstâncias eram conhecidas por alguns dos presentes e eles concordaram que o padrasto era o responsável por ela ser assim.
Esse teste atingiu a Mente do Sr. Kyle. Ele viu que devia haver algo na Astrologia ou que aquela afirmação íntima nunca poderia ser feita por alguém que não conhecesse as circunstâncias. Ele começou a fazer perguntas, parecendo um tanto desapontado quando lhe disseram que era necessário saber a hora e, se possível, o minuto exato do nascimento para fazer um horóscopo correto, porque ele disse que isso o impedia, pois também não sabia. Foi então explicado a ele que existe um método de acertar um horóscopo, como se acerta um relógio: se você acertar uma hora de forma adiantada, o relógio continuará a estar muito à frente do tempo real. Se você definir no horóscopo um ou dois Signos da mesma forma, continuará a haver muitos Signos, ou o número correspondente de meses, à frente nas previsões.
No entanto, o escritor disse: “Eu sou um bom formador de opinião mesmo com poucas ou até nenhum evidência e, geralmente, sou capaz de situar as pessoas em seus lugares adequados”. Você está, em minha opinião, sob a regência de Sagitário; podemos fazer um horóscopo de teste para o meio desse Signo, calcular alguns eventos em sua vida e ver se isso se encaixa nas características gerais. Assim foi feito e começamos a contar ao Sr. Kyle quais eram seus hábitos, seus pontos fracos e fortes. Com tudo isso ele concordou. Em seguida, calculamos o dia exato em que ele recebeu a vice-presidência da ferrovia em que serviu. Isso também foi descoberto na hora, de modo que não houve, nesse caso, a necessidade de fazer dois ou três horóscopos, antes que o certo fosse feito.
Mas, enquanto estávamos lendo, o Sr. Kyle, que é muito perspicaz, apontou para o símbolo de Netuno e disse: “Mas o que é isso, Sr. Heindel? Posso ver que você está fugindo disso o tempo todo e não parece querer dizer algo sobre isso”. Isso mostrou sua penetração, pois era realmente verdade. Netuno foi colocado em tal posição e com Aspectos de tal forma que parecesse implicar que o sujeito cometeria traição em algum momento da sua vida, estando sujeito à prisão e escândalo público por causa disso.
Parecia uma ideia tão exagerada que não nos importamos de expressá-la. Em outras palavras e para nossa vergonha, duvidamos das “estrelas”; contudo, quando pegos, rimos admitindo que tal fosse o caso. As indicações mostravam traição e provável prisão. Então todos riram, pois, é claro, a ideia parecia tão ridícula para eles quanto para o escritor.
Entretanto, de repente uma mudança pareceu vir primeiro em um rosto e depois em outro, até que todos ficaram muito sérios. Nós nos olhamos mudos de admiração e espanto. Finalmente, o Sr. Kyle disse: “Bem, afinal isso também está certo”. Ele então disse ao escritor que alguns anos atrás ele havia sido chamado para Transvaal, África do Sul, a fim de construir uma ferrovia lá. Isso foi na época em que o ataque Jamieson foi realizado. O Sr. Kyle estava envolvido naquele caso e apenas uma fuga apressada do Transvaal o salvou de ser preso. Além disso, ele também admitiu que, há alguns anos, enquanto estava empenhado na construção de um trecho da Estrada de Ferro Canadense do Pacífico, o governo canadense alegou que havia uma conspiração de sua parte para contratar mão-de-obra americana em detrimento e exclusão dos canadenses. Naquela época, houve uma discussão considerável nos jornais, ele nos disse, e finalmente ele foi forçado a deixar o país vizinho e voltar para os Estados Unidos.
Assim, como de costume, os Astros tinham falado a verdade e o escritor se envergonhou de confessar que, apesar da sua ostentada fé nelas, não teve coragem suficiente para externar a sua mensagem, quando lhe parecia estar fora de todas as probabilidades.
Há nisso uma lição tanto para o jovem Astrólogo Rosacruz como para os mais velhos: você pode estar absolutamente certo de que a “Mensagem das Estrelas” é verdadeira até o âmago. Acredite nas “estrelas” e você sempre encontrará sua fé justificada.
(Publicada na Revista Rays from the Rose Cross de fevereiro de 1916 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação |
2 – Imaculada Concepção |
3 – Nascimento |
4 – Fuga para o Egito |
5 – Ensinamentos no Templo |
6 – Batismo |
7 – Tentação |
8 – Transfiguração |
9 – Getsemani |
10 – Crucificação |
11 – Ressurreição |
12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o regia e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no Signo de sua Exaltação, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a Exaltação e a Ressurreição foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O Astrológo Rosacruz, um esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Corinne Heline em A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas
O Astro-diagnóstico ou Astro-diagnose, ou ainda, diagnóstico através dos Astros é a ciência e a arte de obter conhecimento a respeito das enfermidades, doenças e suas causas, bem como os meios de evitá-las ou curá-las, pelas indicações dos Astros.
A nosso ver, a definição de medicina deveria ser: “A ciência de promover a saúde”, e não a “Ciência de curar”, como registram os dicionários.
O velho método de diagnóstico pelo sintoma é muito falho. Hoje se acrescentaram os exames de raios X, o diagnóstico pela íris, as análises de sangue, de urina, etc., para alcançar melhores métodos de diagnóstico, e sempre há os avanços tecnológicos que permitem uma precisão muito mais aguda e melhor. No entanto, a medicina ainda se perde nos efeitos e não nas causas, visto que tudo aquilo que é material, incluindo as doenças físicas, tem origem espiritual.
Mas o ideal é surpreender as tendências e os estágios latentes para evitar que a enfermidade e a doença se desencadeie. Cremos não estar longe do dia em que médicos e os profissionais de saúde, oficialmente nomeados, se dedicarão a esclarecer a humanidade a evitar as doenças e enfermidades; mas essa dedicação sempre deverá estar pautada com a Lei de Consequência.
Então, o Astro-diagnóstico exercerá um importante papel.
Podemos considerar as doenças e enfermidades sob dois aspectos:
1. A Latente
2. A Ativa.
As tendências latentes estão indicadas pelas configurações adversas em um horóscopo.
Se os pais são astrólogos ou tomam a sério as orientações fornecidas em um Departamento de Cura de um Centro Rosacruz – que executa o astro-diagnóstico –, a respeito das tendências de seus filhos, poderão ajudá-los de modo que as doenças e enfermidades possam ser evitadas ou, no caso em que isso não for possível, a pessoa possa ter condições de melhor lidar com ela e extrair o crescimento anímico que a doença ou a enfermidade lhe proporciona. É a mesma lei que diz: “se um elo de uma corrente está fraco, mas nunca a esticamos além do que ela pode, jamais se romperá”. Todavia, se as mesmas tendências de outras vidas, os abusos e as transgressões às leis de harmonia continuam nesta existência, aí se manifestarão os pontos débeis. Primeiramente surgem os sintomas: são indícios de que a enfermidade ou a doença se acha em processo de materialização (pois ela sempre começará nos veículos suprafísicos: Corpo Vital, Corpo de Desejos de Desejos e Mente, para, finalmente, manifestar-se no Corpo Denso).
Quando se provocam os Aspectos adversos e a doença ou enfermidade aparece, as posições Progredidas dos Astros orientam o médico ou o profissional de saúde a estabelecer um quadro completo do caso.
Nossa esperança é que muitos médicos e profissionais de saúde de Mentes amplas e aquarianas, dispostos a estudar um método mais avançado de diagnóstico, se achem dispostos a empregá-lo uma vez comprovada a sua eficácia.
Só o exame global de um horóscopo nos pode dar orientação segura do caráter da pessoa e o melhor modo de ajudá-la. A natureza física é indicada pelo Ascendente; pela posição e Aspectos do Regente e suas configurações. Também precisamos examinar a sexta Casa, que rege a saúde e enfermidade. Isto tudo nos fornecerá uma chave da natureza da enfermidade ou doença e o modo de removê-la ou contemporizá-la em estado latente. Por outro lado, devemos ver o papel que o enfermo ou doente deve desempenhar, em colaboração: e aí entra sua disposição física e suas tendências morais, marcadas pela posição do Sol e outros pontos do horóscopo.
Apenas como linhas gerais, para início de estudos, vejamos como ajudar enfermos e doentes que tenham os diversos Signos como Ascendente (especificamente nos graus de 11 a 20 e sem nenhum Astro na primeira Casa; caso não for essa condição, o que é dito a seguir sofrerá alterações que um Astrólogo Rosacruz facilmente identificará):
Áries: impulsivo, agressivo, age e fala rapidamente. Excesso de energia e tendência a dissipá-las. Não guarda rancor. Prático. Suporta 3 ou 4 graus de febre mais que as pessoas de outros Signos. É positivo e se confia no médico, na médica, no profissional de saúde ou no curador, colabora decididamente.
Touro: teimoso e persistente. Negativo: quando contrai a enfermidade ou a doença, mantém-se nela obstinadamente. Medo de ficar enfermo ou cair dente. Nunca devemos dar a impressão de que está mal, porque seu medo atrai condições piores. É mister doçura e otimismo.
Gêmeos: negligente com a saúde e com os hábitos desorganizados. Constitui a maioria dos tuberculosos. Quando ajudado, pode curar-se facilmente.
Câncer: vitalidade baixa. Tímido. Não colabora e tem a tendência de fazer justamente o contrário do que se recomenda para sua saúde. Cheio de justificativas, sem fé nos demais, difícil de tratar. Mas, se adquire fé no curador, é fiel e colabora. Sensitivo, não perdoa facilmente. É preciso tato para tratá-lo. Em geral, os males provêm de distúrbios digestivos, daí a necessidade da dieta.
Leão: grande vitalidade, difícil de ficar enfermou ou cair doente. Quando se entrega está muito enfermo ou muito doente. Restabelecimento rápido. Orgulhoso, não gosta de dar trabalho aos outros, quando doente. Positivo, impulsivo: põe desnecessariamente muita energia no que faz, comprometendo seus pontos fracos: coração e baço, com seus distúrbios e anemia. Faz-lhe bem o banho de sol pela manhã (baço), sucos frescos, dieta vegetariana, carinho e equilíbrio, no tratamento.
Virgem: negativo e feminino. Tem resistência porque é de temperamento nervoso. Mas, quando enfermo ou doente tem dificuldades para libertar-se do mal. Disposição negativa, não exerce a própria vontade para libertar-se das circunstâncias limitadoras. Como Virgem é o sexto Signo, correspondente a sexta Casa, das enfermidades e doenças, assim os que têm Ascendente e Sol em Virgem a tendência é de entregar-se a elas e se converterem em doentes crônicos. Embora sejam excelentes enfermeiros, enfermeiras, cuidadores e cuidadoras, não devem exercer tal atividade, porque atraem enfermidades e doenças dos pacientes. Devem ser tratados com firmeza racional: explicando-lhes o porquê e não admitindo desobediência.
Libra: débil, idealista, oscilando entre alegrias e tristezas, nem sempre reage favoravelmente quando enfermo ou doente. Jamais devemos desanimá-lo em suas esperanças porque acaba doente ou enfermo. Carece e deve exercitar o equilíbrio. O melhor modo de tratá-lo é com bom gosto, tudo bonito, flores, conversas e leitura, músicas e pintura. Tudo positivo e alegre, idealista e animador.
Escorpião: é de tipo variado: o menos compreendido. Natureza retraída, tímida, reservada, às vezes; outras vezes discutidor, até cruel. Regra geral explosivo, o que é a causa geral de seus males. Frequentemente sensual. Deve ser tratada com bom humor, equilíbrio, compreensão e atenção, pois atende pelo coração. Pode ser bom médico, boa médica, bom cirurgião, boa cirurgiã, bom profissional da saúde e bom enfermeiro ou boa enfermeira.
Sagitário: gentil, positivo, facilmente curável. Natureza bondosa, franca, colaboradora. Mas, pode ser influenciado negativamente por alguns de seus inúmeros amigos que lhe digam: “você está amarelo” ou coisa semelhante. O mais importante é que sejam protegidos de tais sugestões.
Capricórnio: dificilmente sucumbem à enfermidade ou à doença. Persistentes e estoicos sofrem muito a dor antes de acamar. E uma vez enfermos ou doentes são lentos e persistentes nesse estado tornando-se, não raro, hipocondríacos. Devemos tratá-los com diplomacia para romper-lhes a cristalização. Às vezes, resistem à ajuda e até evitam as pessoas que o intentem. Super-sensitivos, retraídos, reservados, melancólicos e desalentados. É preciso paciência, tato, diplomacia, persistência e distração do seu pensamento para coisas que atraiam pessoalmente o enfermo ou o doente.
Aquário: fixo, de forte vontade, porém dado a melancolia, pessimismo e sensibilidade. Mas, pode ir ao outro extremo: temerário, atrevido. Isto lhe dá nervosismo. Tendência a excessos, não mede os esforços para atingir o objetivo de sua ambição. Facilita a ajuda do médico e coopera. Atende muito pela razão cientifica. Quando enfermo ou doente fica em extrema sensibilidade nervosa, como se pelo corpo andassem pequenos insetos, numa sensação de deslizamento. Faz-lhe bem o relaxamento e alimentos ricos em vitamina B (coalhada, germe de trigo, levedo de cerveja, ameixa preta, brócolis, etc.) dentro de uma dieta de frutas, verduras, legumes, ovos, bem equilibrada.
Peixes: linfático, negativo, psíquico. Responde muito bem as sugestões, tanto boas como más. Quando enfermo ou doente, devemos colocar na porta do quarto, no lado de fora, um cartaz que diga: “proibida à entrada aos simpáticos”. Essas pessoas simpáticas que animam o doente a contar seu mal em pormenores, lamentando com ele as circunstâncias e que depois da visita lhe provocam a recaída. Deve, pois, ser protegido contra as sugestões negativas. As visitas devem ser instruídas a desviar o assunto da enfermidade ou doença e tratar de coisas alegres e animadoras. A tendência dos piscianos ao luxo, comodismo e alimentos ricos, pede uma dieta eliminadora, música, banhos (hidroterapia), massagens, caminhar um pouco, etc.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – junho/1976 – Fraternidade Rosacruz – São Paulo – SP)
Cada Signo tem regência sobre as partes anatômicas e fisiológicas do nosso Corpo Denso.
Junto com as mesmas propriedades dos Astros (veja mais detalhes, clicando aqui), compomos as informações básicas para aplicarmos a Astro-diagnose e a Astro-terapia.
Afinal, o único propósito que o Estudante Rosacruz deve ter para estudar a Astrologia Rosacruz é: curar os doentes, curar os enfermos. Afinal todos os problemas, seja qual for o conceito e abrangência que consideramos, de uma pessoa tem a sua causa espiritual, manifestado por meio das doenças e enfermidades, físicas, emocionais, psicológicas e mentais. Qualquer outro propósito que se utilize a Astrologia Rosacruz é má utilização dessa ciência sagrada. É, então, um sacrilégio.
A favor dessa postura correta do Estudante Rosacruz temos, atualmente, que a completa dependência dos sintomas externos para localizar da doença focando apenas sobre a ação dos medicamentos nos custou milhões de vidas em épocas passadas.
Mas agora estamos acordando para a luz; estamos adquirindo uma mentalidade ampla que impede que nos apeguemos teimosamente aos velhos tempos, o que tem sido provado por seus muitos erros e com o sacrifício de muitas vidas, que tais abordagens, até então, são inadequadas.
A ciência médica, com melhores instrumentos, raios-x, diagnósticos pela íris, exames de sangue, etc. tem feito grandes esforços para melhores métodos de diagnóstico.
Mas não está muito longe o dia em que se admita, geralmente nós sabemos de antemão, qual é o elo mais fraco da cadeia, que é conhecido pela ciência dos Astros, onde médico encontrará a causa da doença, é o melhor meio indubitavelmente.
Os médicos conhecerão a origem da enfermidade e da doença e, também, os melhores métodos para efetuar uma cura.
Quando eles utilizarem a chave da alma – o horóscopo – também encontrarão o tratamento que o paciente responderá melhor.
Além disso, eles vão conhecer o caráter do paciente, bem como se a sua vontade é fraca ou se é de natureza negativa ou emocional, etc. Só então, o médico vai saber muito bem os métodos que devem ser usados para a cura, de acordo com as informações obtidas utilizando essa astro-diagnose e astro-terapia.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Todos sabemos que a Lua controla as marés e que muitos fazendeiros plantam batatas, beterrabas “na escuridão da Lua”, enquanto que os vegetais que crescem na superfície, como o alface, desenvolvem-se melhor quando plantados “à luz da Lua”.
Pouco, porém, têm-se falado a respeito da influência lunar sobre as cirurgias. Na verdade, a posição da Lua exerce uma influência poderosa sobre a saúde na espécie humana. Felizmente, nossa época vem se tornando mais e mais uma época de irvestigação onde os indivíduos pensantes desejam conhecer a verdade dos fatos.
A Astrologia Rosacruz é uma ciência que, quando bem estudada, prova ser de valor inestimável para numerosas fases da vida.
De acordo com a Astrologia Rosacruz, as diferentes partes do Corpo Denso são regidas por seus respectivos Signos. Áries governa a cabeça, Touro o pescoço e o cerebelo e assim por diante. Um médico cirurgião pode facilmente verificar a afirmação de Ptolomeu, o “pai da Astrologia”, que existe uma pressão sanguínea maior na parte do Corpo Denso regida pelo Signo no qual a Lua se movimenta em determinada ocasião.
Por exemplo, considerando-se uma cirurgia nasal, o especialista não deveria efetuá-la quando a Lua estiver em Áries, mas sim esperar poucos dias até que a Lua entre em Touro ou Libra. Dessa forma, teria uma menor possibilidade de hemorragia. Melhor ainda se operasse quando a Lua estivesse no Signo oposto aquele que rege a parte anatômica a ser operada.
Considerando a importância do assunto, cremos ser aconselhável se reportar à obra Astro-diagnose: Um Guia para a Cura Definitiva, de Max Heindel e Augusta Foss Heindel que, juntamente com a Efemérides do ano corrente, possibilitará a fácil localização da Lua em qualquer dia.
Mais fácil, ainda, é recorrer à Folha Astrológica Rosacruz, ou à Datas e Períodos: Tratamento e Cirurgias editada mensalmente pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil.
(de Hamilton Petito – Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz de São Paulo-SP novembro-dezembro/1994)