A Cada Dia Seus Cuidados
Foi-nos dito: “A cada dia os seus cuidados”. “Não penseis no que haveis de comer ou vestir; olhai os lírios dos campos. Nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles; olhai os passarinhos dos céus: não fiam, não entesouram, mas o Pai celestial os alimenta. E se Deus não deixa faltar à erva do campo e aos pássaros, quanto mais a vós, homens, que sois muito mais do que eles?” (Mt 6:25-34).
Então, a ordem é mesmo “não fazer planos”? É “buscar primeiramente o Reino de Deus e sua Justiça, pois o demais nos vem por acréscimo”?
É! Contudo, devemos interpretar devidamente os ensinamentos Cristãos. Se eles não servissem para imediata aplicação na vida prática, seriam inúteis. Não é possível que os princípios tenham podido subsistir através de vinte séculos, se não portassem bom senso e sabedoria aplicáveis à vida de todos os dias.
Ninguém colhe antes de plantar. E plantando, ninguém pode abreviar a colheita, além das possibilidades naturais. E dentro dos recursos naturais a terra nos dará os frutos correspondentes à sementeira e aos cuidados no cultivo. Se houver geada, ou seca ou chuva demasiada, sê-lo-á por circunstância imprevista e independente dos cuidados atuais, mas não injusta. Terá uma ligação com o passado.
Igualmente se passa na seara interna e social. Devemos cuidar do AQUI E AGORA. O ontem já passou. O amanhã ainda não chegou. Pensar no passado é perder o presente; pensar no futuro é querer vivê-lo duas vezes: uma, antecipada e hipoteticamente; outra, quando o vivermos realmente. A primeira vez foi inútil.
Se vivermos realmente bem o dia de hoje, estamos de acordo com a Bíblia e vida prática. Seguramente virão os frutos correspondentemente bons. Mas não basta plantar; é preciso cultivar, cuidar, proteger, para que a semente atinja o objetivo. Isso se aplica a qualquer campo de atividades: moral, artístico, técnico, intelectual, sentimental. A negligência do cultivo é que originou o brocardo: “a felicidade é fácil de ser conquistada, mas difícil de ser conservada”.
Se, apesar de nossos esforços presentes, a adversidade nos fustiga e dificulta, há uma explicação lógica: ou representam consequências de ações erradas do passado, ou de erros presentes, por ignorância. Nesse caso deve o agricultor estudar, aqui e agora, como melhorar. Como consequência de causas passadas, pode a terra estar cansada; pode estar cheia de formigueiros que não foram erradicados; pode não servir para a planta que ali está e sim a outra, a menos que a preparemos quimicamente, havendo vantagem; pode haver falhas presentes ou então como a chuva, seca, de imprevistos fatores, pode ser o que chamamos “má sorte”, “azar”, “desgraça”, mas que realmente tem sua explicação: efeito inevitável de causas erradas, que devemos pagar sem murmúrio e nem desânimo quanto ao futuro.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1970)
A Economia da Nova Era
Consta como definição no dicionário que economia “é a ciência que investiga as condições e leis relacionadas com a produção, distribuição e consumo da riqueza”, i.e. de bens e serviços.
A economia, porém, é mais do que, simplesmente, um estudo da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia tem uma relação simbiótica com a religião e a filosofia.
A economia pode ser melhor definida como aquela área do pensamento filosófico na qual se baseia a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A ideia de que a economia possa existir, divorciada quer da filosofia, quer da religião é um engano. As ideias filosóficas e religiosas moldam o pensamento econômico. A filosofia econômica duma pessoa não é mais do que o reflexo de sua filosofia de vida, quer seja política, religiosa ou materialista.
Para entender melhor a economia, devemos primeiro adquirir a compreensão das três filosofias de vida básicas, das quais a economia é dependente.
A Teoria Materialista sustenta que a vida é uma viagem do ventre à tumba; que a Mente é um produto da matéria; que o ser humano é a mais elevada inteligência no Cosmos; e que essa inteligência morre quando o corpo se dissolve, na morte.
A Teoria Teológica afirma que em cada nascimento, uma alma recém-criada por Deus, entra na arena da vida; que no fim do breve espaço de tempo de uma vida material passa pelo portão da morte para o além invisível, para lá ficar; e que sua felicidade ou desdita no além é determinada para toda a eternidade, em função das crenças que mantinha enquanto vivo.
A Teoria do Renascimento ensina que cada alma é uma parte integrante de Deus, que abriga todas as potencialidades divinas, assim como a semente tem em si a planta; que, por meio de repetidas existências num corpo terreno, gradualmente aperfeiçoável, desenvolve lentamente aqueles poderes latentes, em energia dinâmica; que ninguém se perde, mas que todos os Egos atingirão, por fim, o objetivo da perfeição e reunião com Deus.
Algumas teorias econômicas diferentes foram produzidas em consequência dessas filosofias de vida. A teoria de vida materialista gerou o capitalismo, o comunismo, o socialismo e o fascismo. Um grande número de pessoas que mantém a Teoria da Teologia na base de sua filosofia de vida, também se sentiram inclinadas a adaptar uma das acima mencionadas teorias econômicas.
Voltemos à ideia de que a filosofia econômica duma pessoa não é mais do que o reflexo de sua filosofia de vida. Infelizmente, poucas pessoas têm uma ideia clara do que seja a sua filosofia de vida e muito menos do que deva ser sua filosofia econômica. Muitos de nós aceitam cegamente, como Verdade, aquilo que nos foi ensinado na infância. A aceitação do que nos foi ensinado significa que também aceitamos a filosofia de vida na qual esses ensinamentos foram baseados. Se, por exemplo, nos ensinaram coisas dum ponto de vista materialista, aceitamo-las inconscientemente, e vivemos o nosso dia a dia usando um dos sistemas econômicos nutridos por aquele sistema filosófico. Apesar de tudo, sentimo-nos frustrados e inquietos. Só quando descobrimos que há outras filosofias de vida, encontramos esperança no futuro, mas, muito frequentemente, esta esperança desvanece-se. Concluímos que mesmo que mudemos nossa filosofia de vida, continuamos sentindo inquietude e frustração. Isso é devido ao fato de que, embora tenhamos mudado a nossa filosofia de vida, digamos, de materialista para espiritualista, ainda continuamos a seguir a filosofia econômica materialista no nosso viver e pensar quotidianos. Fazendo assim, realmente continuamos sendo materialistas, embora tentemos seguir a senda espiritual. Não admira que nos sintamos inquietos e frustrados.
Devemos desenvolver uma filosofia econômica espiritual que se ajuste com a nossa filosofia de vida espiritual. Somente então nos sentiremos mais à vontade e venceremos os nossos sentimentos de frustração.
Achamos que é possível para alguém mudar de uma filosofia materialista de vida para, digamos, uma visão teológica de vida, ao mesmo tempo que conserva as suas velhas ideias sobre economia, sem, no início notar qualquer conflito. Mesmo aqueles que adaptaram a Teoria do Renascimento como sua filosofia de vida, em muitos casos conservaram suas velhas ideias materialistas no que se refere à economia. Todavia, se se é sincero quer no ideal teológico, quer no ideal espiritual adaptados, tem que surgir uma situação de constrangimento, porque não podemos servir a Deus e a Mamon simultaneamente.
Tanto o materialista como a teológica são capazes de viver com suas filosofias econômicas, até certo ponto. Quanto mais conscientes forem de suas filosofias de vida e econômica, mais susceptíveis estarão de se se sentir frustrados, ter uma sensação de inquietação e um sentimento de insatisfação. O materialista sente-se frustrado, porque cedo aprende que o dinheiro não se constitui na solução de seus problemas.
O dinheiro não compra felicidade. Alguns que seguem a filosofia de vida teológica chegam à conclusão de que não podem confinar os seus sentimentos religiosos às práticas dominicais. Descobrem que uma vida espiritual tem que ser vivida vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Muitos sentem-se frustrados quando intentam reconciliar seus ideais religiosos com o viver diário. São confrontados com o antigo conflito de servir a Deus ou a Mamon. Esse conflito e sua consequente frustração resultam do fato de que sua filosofia econômica está baseada numa filosofia de vida materialista. A desarmonia dessas filosofias conflitantes produz frustração.
Esses sentimentos são também compartilhados por aqueles que adaptam, ao mesmo tempo, a Teoria do Renascimento e uma das acima mencionadas Filosofias econômicas materialistas.
Os sentimentos de frustração, inquietude e insatisfação do materialista e do teólogo resultam do fato de que suas teorias econômicas são baseadas em teorias de vida falsas. Portanto as suas ideias sobre economia são também falsas. Podemos ver agora por que muitas pessoas que adaptaram simultaneamente as ideias do renascimento e uma das filosofias econômicas materialistas sentem-se frustradas, inquietas e insatisfeitas: elas estão tentando viver com duas filosofias ao mesmo tempo. Estão tentando seguir uma vida espiritual e ao mesmo tempo trilhar um caminho materialista.
Os sistemas econômicos correntes, criam, alimentam e encorajam a cupidez. Os estudos espirituais têm a finalidade de desenvolver o altruísmo. Em qualquer época de sua vida terão que escolher um ou outro.
Por que é que aquelas teorias econômicas correntes são incapazes de resolver os nossos problemas do dia a dia, para não falar nos nossos problemas mundiais? A razão é simples. O pensamento econômico corrente é baseado na teoria materialista que criou as seguintes ilusões; a prosperidade universal é possível; sua consecução é possível na base da teoria materialista de “Enriquecei-vos”; este é o caminho para a paz… A ênfase da teoria econômica corrente repousa em bens materiais e prosperidade material.
Como E. F. Schumacher no seu livro “Small is Beautiful” diz: Qual o significado de democracia, liberdade, dignidade humana padrão de vida, autoafirmação, realização? É uma questão de bens ou de pessoas? É claro que é uma questão de pessoas…, mas as pessoas só podem ser elas próprias em pequenos grupos abrangentes. Portanto temos que aprender a pensar em termos de uma estrutura articulada que possa abrigar uma multiplicidade de unidades de pequena escala. Se o pensamento econômico não pode compreender o significado disso, é inútil. Se não pode ir além de suas vastas abstrações, a receita nacional, a taxa de crescimento, a taxa de rendimento de capital, análise de absorção de capital e rendimento, rotatividade de mão de obra, tome contato com as realidades humanas de pobreza, frustração, alienação, desespero, ruína, crime, escapismo, fadiga, fealdade e morte espiritual, e então joguemos fora a economia e recomecemos de novo.
Voltemos à ideia de que a filosofia econômica é o produto da filosofia de vida. Verificando que tanto o conceito de vida materialista como o teológico, em virtude de seus ensinamentos errados no que concerne à vida e à morte, produziram filosofias econômicas incapazes de resolver os nossos problemas pessoais ou mundiais, voltamo-nos para o renascimento na esperança de encontrar uma filosofia econômica sólida. A Teoria do Renascimento, como é ensinada pela Fraternidade Rosacruz, é uma filosofia de vida espiritual, baseada em ensinamentos cristãos. Mediante essa filosofia de vida, encontraremos uma política econômica pela qual possamos guiar as nossas vidas.
Se, na verdade, o pensamento econômico é o resultado do pensamento filosófico, então para mudar as políticas econômicas do mundo, teremos que mudar os pensamentos filosóficos dominantes no mundo atual.
Teremos que nos voltar para uma filosofia fundamentada não no materialismo ou no objetivo limitado da dialética teológica, mas para uma filosofia que ofereça uma esperança de solução para todas as angústias da humanidade.
Todas as correntes econômicas atuais fazem convergir a atenção do ser humano para o mundo material. A tudo se confere um preço. Pensamos em termos de propriedade, de compra e de venda. Andamos em busca de empregos com melhores salários, de carros mais caros, e de lazer mais sofisticado e dispendioso. Nossa atenção está concentrada no mundo material.
Para que sobrevivamos, temos que compreender que a existência material é somente uma pequena parte de nossa peregrinação evolutiva. Temos que equilibrar a nossa atenção entre as nossas necessidades espirituais e materiais. Temos que refrear os nossos Corpos de Desejos, mantendo-os sob controle; devemos concentrar-nos nas reais necessidades da vida e não em todos os nossos desejos caprichosos. Devemos encarar o trabalho como um meio de desenvolver as nossas faculdades. A tecnologia deve servir ao ser humano — não o indivíduo a tecnologia. Devemos encarar as oito horas de trabalho como oito horas de vida e saber que a vida de um homem é tão valiosa como a de seu semelhante.
Os nossos novos programas de economia devem brotar de meditações sobre o renascimento e a Vida de Nosso Mestre e Senhor, Cristo Jesus.
Somente encarando a humanidade através do alcance do progresso espiritual sem limites e usando a Vida de Cristo como nosso ideal, teremos alguma esperança de encontrar, algum dia, uma solução para todos os problemas de frustração, alienação, desespero e aniquilamento espiritual.
“Procura primeiro o Reino de Deus e todas as coisas te serão dadas, por acréscimo”.
(Traduzido da Revista Rays from The Rose Cross e Publicado na revista Serviço Rosacruz –9/49)
Resposta: Essa pergunta aplica-se não somente aos Probacionistas, mas a todo aquele que se esforça por viver a vida superior. Foi isso que respondemos no nosso boletim “Echoes from the Mount Ecclesia”, para que todos os estudantes fiquem cientes que não é um mero sentimento que influencia a nossa opinião de que não deveríamos tomar quaisquer tóxicos ou drogas (p.exe: bebidas alcoólicas e fumo) que embotem o cérebro. Esse órgão é o maior e o mais importante instrumento que nos permite realizar o nosso trabalho no Mundo Físico e, a menos que esteja em perfeitas condições, não poderemos progredir.
A carne e o álcool tendem a tornar o ser humano mais feroz e a desviar a sua visão espiritual dos Mundos superiores, focalizando-a no presente plano material. Por esse motivo, a Bíblia relata que no início da Era do Arco-Íris, cuja atmosfera se constituía de um ar puro e límpido, tão diferente da condição atmosférica úmida da Atlântida, citada no segundo capítulo do Gênesis, Noé deixou fermentar o vinho. O desenvolvimento material ocorreu em decorrência da focalização das nossas energias no mundo material, estimuladas pelo consumo da carne e do vinho. O primeiro milagre de Cristo foi transformar a água em vinho. Ele havia recebido o espírito universal no Batismo, e não precisava de estimulantes artificiais. Ele transformou a água em vinho para dá-lo aos menos evoluídos.
Mas nenhum “bebedor de vinho” pode herdar o Reino de Deus. A razão esotérica é essa: enquanto os Éteres inferiores vibram em direção aos Átomos-semente localizados no Plexo Celíaco e no coração, assim mantendo vivo o Corpo físico, os Éteres superiores vibram em direção ao Corpo pituitário e à Glândula pineal. Absorvendo esse falso espírito rebelde fermentado fora do Corpo, portanto, diferente do espírito fermentado internamente por meio do açúcar, esses órgãos ficam temporariamente entorpecidos e não conseguem vibrar para os mundos superiores. Se a pessoa ingerir uma quantidade excessiva desse espírito do álcool, os órgãos citados podem despertar ligeiramente, de modo que ela vê a região inferior do Mundo do Desejo com todas as coisas más contidas nele; isso acontece no decorrer da doença conhecida como “delirium tremens”. Em resumo, como a evolução da alma depende da aquisição dos dois Éteres superiores com os quais é tecido o Dourado Manto Nupcial, e como esses Éteres harmonizam-se com o Átomo-semente do coração e o Átomo-semente do Plexo Celíaco, podemos compreender imediatamente os efeitos mortais provocados pelo álcool e pelas drogas no ser humano espiritual. Para melhor elucidação, citarei um fato da vida real.
Há um provérbio antigo que diz: “Uma vez Maçom, sempre Maçom”. Isso significa que quando alguém é iniciado na ordem Maçônica e, em virtude disso, torna-se um maçom, não pode mais renunciar a ela, pois não pode abandonar os conhecimentos e os segredos aprendidos, da mesma forma que uma pessoa que frequenta uma faculdade não pode devolver a cultura recebida. Portanto, “uma vez Maçom, sempre Maçom”. Da mesma maneira, uma vez aluno ou irmão leigo de uma escola de mistérios, sempre aluno ou irmão leigo dessa mesma escola de mistérios. Mas, embora isso seja válido e, vida após vida, voltemos sempre ligados à mesma ordem à qual nos filiamos em vidas passadas, podemos, em qualquer das vidas, conduzir-nos de tal maneira que nos seja impossível abranger o sentido disso em nosso cérebro físico. Citarei, como já o disse, em benefício de todos os estudantes, um caso sobre o assunto.
Quando fui levado ao Templo da Ordem Rosacruz na Alemanha, fiquei surpreso ao ver um ser humano que eu tinha conhecido na Costa do Pacífico. Isso é, eu o vira algumas vezes, mas nunca tínhamos conversado. Ele parecia, naquela época, ocupar uma posição bem superior à minha na sociedade à qual estávamos ambos ligados, e eu nunca havia mantido qualquer relação pessoal com ele. Contudo, ele me cumprimentou calorosamente e parecia compreender tudo a respeito de sua ligação com a sociedade mencionada, sobre o nosso encontro lá, etc.
Ao voltar para os Estados Unidos da América, procurei conseguir mais notícias desse irmão para quando tivesse a felicidade de cumprimentá-lo no Oeste.
Quando cheguei à cidade onde ele se encontrava, foi me comunicado, por amigos em comum, que ele me esperava e aguardava ansiosamente a oportunidade de me receber. Quando o vi, dirigi-me a ele imediatamente e apertei-lhe a mão. Ele também pareceu reconhecer-me e chamou-me pelo nome. Tudo indicava que ele sabia de todos os fatos que se sucederam enquanto estávamos ambos fora do Corpo, porque ele tinha-me dito, no Templo, que se lembrava de tudo que lhe acontecia quando estava fora do Corpo. É claro que acreditei nisso, pois ele pertencia a um grau muito mais elevado do que o primeiro no qual eu acabara de ser admitido.
No dia desse nosso encontro físico, após alguns minutos de conversa, eu disse algo que o fez fitar-me pálido.
Eu tinha-me referido a um fato ocorrido durante o nosso encontro no Templo, e ele pareceu claramente não saber nada a respeito. No entanto, eu já havia falado demais e me vi obrigado a continuar para não fazer papel ridículo. Disse-lhe que ele havia declarado lembrar-se de tudo. Isto ele negou e, no fim do encontro, suplicou-me muito sinceramente, que eu tentasse descobrir por que ele era um irmão leigo da Ordem Rosacruz, já que não podia lembrar-se do que acontecia durante sua ausência do Corpo. Ele fazia parte, segundo eu verifiquei, de vários ofícios do Templo. Ele participava deles, contudo, em seu cérebro físico, ele ignorava totalmente aquilo que ocorrera. O mistério dissipou-se pouco depois quando, já fora do Corpo, ele informou-me que fumava cigarros e usava drogas que lhe toldavam o cérebro, a tal ponto que lhe era impossível recordar qualquer coisa de suas experiências psíquicas. Disse-lhe que, uma vez dentro do Corpo, ele devia fazer um esforço heroico para livrar-se desses vícios. No entanto, após algum tempo de abstinência, ele descobriu não conseguir passar sem as drogas e os cigarros, por essa razão, até hoje ele foi excluído de qualquer tipo de conscientização da vida superior. Esse é um caso muito triste e, sem dúvida, deve haver muitos outros semelhantes. Eles ilustram o quanto devemos ser cuidadosos em relação aos nossos hábitos, considerar o nosso Corpo como o Templo de Deus, abstendo-nos para não o macular como o faríamos em relação a uma Igreja construída com pedras e argamassa, a qual não é nem uma milionésima parte tão sagrada quanto o Corpo com o qual fomos dotados.
(Pergunta 138 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)
O Nosso Templo Divino: como você está cuidando do seu?
A autoridade, a firmeza suave, é indispensável na condução dos veículos humanos pelo espírito.
As antigas tendências muitas vezes buscam levar a falsos caminhos, à fraude; procuram habilmente justificar certos atos errôneos. Mas o Eu superior atento, vigilante, cheio de discernimento, imparcial, não pode consentir que a personalidade transforme o templo do corpo num “covil de salteadores” (“Não sabeis que sois templos do Altíssimo que habita em vós? O Reino de Deus está dentro de vós”).
Não devemos permitir que em nosso íntimo se aceitem vícios e enganos, hipocrisia e “venda” de coisas que devem servir para o sacrifício ao Cristo interno; não podemos vender nosso Cristo por favores, prestígios e confortos.
Há muitas formas de cobrar… E quantas vezes permitimos que nossos veículos se tornem vendilhões e exploradores de coisas sagradas, comprando prazeres, vendendo emoções animalescas, em detrimento de nossas potencialidades sacrossantas? Por isso não devemos permitir que a personalidade nos atravesse o templo de leste a oeste (percorra a coluna de baixo para a cabeça) conduzindo os animais dos instintos à cabeça, como imaginações eróticas ou egoístas. Só os sacerdotes devem entrar (sublimação de forças que se elevam para servir a Deus).
Em certas ordens religiosas usavam chicotes de cordéis para martirizar o Corpo Denso quando apareciam os impulsos instintivos.
Mas o Corpo Denso não tem culpa.
Ao contrário, ele deve ser preservado como instrumento útil, sadio, a serviço do espírito. O azorrague deve descer sobre os instintos do corpo de desejos. Não sugerimos violência geradora de recalques, ainda mais prejudiciais que os atos cometidos. Repetimos: firmeza suave, autoridade, disciplinando a pouco e pouco os maus hábitos passados e construindo, paciente e firmemente, novos e melhores hábitos. Daí a importância que o Cristo dá à intenção, à ideia inicial. Nessa causa primeira é que deve estar nossa vigilância, nosso azorrague.
Reconhecer o que é errado é o primeiro passo. Desejar corrigir é o segundo; decidir expulsar os “vendilhões” é o terceiro e grande passo para a realização interna.
Condescendência própria é ignorância, quando não sabemos discernir; é fraqueza, quando desejamos permanecer no vício. Mas para assumirmos a direção de nossa vida, como Melquisedeque (rei e sacerdote de nosso templo corporal) em Jerusalém (paz interna), é indispensável o DISCERNIMENTO, a DECISÃO e a FIRMEZA.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/77)
Pergunta: As condições atuais são também passageiras?
Resposta: As condições dominantes, nessa idade de Noé, são tão temporárias, como as das idades precedentes. O processo de condensação que ainda continua, transformou a nevoa ígnea da Lemúria na atmosfera densa e úmida da Atlântida e, mais tarde, converteu esta umidade em água que inundou as cavidades da Terra – o Dilúvio – e impeliu a humanidade para as terras altas, para as mesetas. Tanto a atmosfera, como as condições fisiológicas estão mudando. É um alerta para a Mente compreensiva, referente à aurora de uma nova idade sobre o horizonte do tempo, a idade de unificação a que a Bíblia chama o Reino de Deus.
(Revista Serviço Rosacruz – 07/74 – Fraternidade Rosacruz – SP)