Resposta: Sabiam os alquimistas que as naturezas física e moral do ser humano haviam se embrutecido, por causa das paixões infundidas pelos Espíritos Lucíferos e que, em consequência, era necessário um processo de purificação, de refinamento, para eliminar tais características elevando-o as sublimes alturas, onde nunca se eclipsa o fulgor do Espírito. Consideravam o Corpo Denso como um laboratório e falavam do processo espiritual em termos químicos. Eles observavam que esse processo espiritual começa e tem seu peculiar campo de atividade na espinha dorsal, o elo entre dois órgãos criadores: o cérebro, ou campo de operação dos inteligentes mercurianos, e os órgãos genitais, onde tem sua mais vantajosa posição os passionais e luxuriosos Espíritos de Lúcifer. A Força Criadora, empregada por Deus, para a manifestação de um Sistema Solar, e a energia empregada pelas Hierarquias Criadoras, para construir os veículos físicos dos Reinos inferiores, que dirigem como Espíritos-Grupo, manifestam-se em forma dual de Vontade e Imaginação. É a mesma força que, agindo no macho e na fêmea, os une para gerar um Corpo Denso!
Em épocas remotas éramos bissexuais. Cada um de nós podia propagar a espécie, sem a cooperação do outro. Porém, a metade da nossa força sexual criadora foi dirigida na construção de um cérebro e de uma laringe, para que fosse capaz de expressar a criação mentalmente, de manifestar os pensamentos e de enunciar a palavra de poder, que transformará seus pensamentos em realidade material. Nesta operação, tomaram parte três grandes Hierarquias Criadoras: os Anjos Lunares, os Senhores de Mercúrio e os Espíritos Lucíferos de Marte.
Os alquimistas relacionaram os Anjos Lunares, que governam as marés, com o elemento sal; os Espíritos Lucíferos de Marte com o elemento enxofre e os Senhores de Mercúrio com o metal mercúrio.
Valeram-se desta simbólica representação, porque a intolerância religiosa não permitia outros ensinamentos, além dos sancionados pelas pessoas que promulgavam o Cristianismo Exotérico, dogmático e superficial ao Cristianismo Esotérico, daquela época e, também, porque a Humanidade não estava apta para compreender as verdades contidas na filosofia dos alquimistas.
A tripartida coluna vertebral era, para os alquimistas, o crisol da consciência. Sabiam que os Anjos Lunares eram especialmente ativos na secção simpática da espinha dorsal, que rege as funções relacionadas com a conservação e bem-estar do corpo. Designavam a dita secção pelo elemento sal.
Viam, claramente, que os Espíritos Lucíferos marcianos governavam a secção relacionada com os nervos motores, que difundem a energia dinâmica, armazenada no corpo pelos alimentos. Simbolizavam esta secção pelo enxofre.
A terceira secção, que assinala e registra as sensações, transmitidas pelos nervos, recebeu o nome de mercúrio. Diziam estar regida pelos seres espirituais de Mercúrio.
Contrariamente ao que afirmam os anatomistas, o canal formado pelas vértebras não contém, além da medula, um líquido, mas um gás, semelhante ao vapor d’agua, que se condensa, quando exposto à ação atmosférica. Pode ser superaquecido pela atividade vibratória do Espírito, até se converter no brilhante e luminoso fogo de regeneração.
Os alquimistas falavam, também, de um quarto elemento, Azoth – nome em que entram a primeira e a última letras do alfabeto, como se quisessem significar a mesma ideia que “alfa e ômega”, ou seja, o que tudo encerra e inclui. Dito elemento referia-se ao que, agora, conhecemos como o raio espiritual de Netuno, a oitava superior de Mercúrio, a sublimada essência do poder espiritual. Este é o campo onde atuam as grandes Hierarquias Espirituais de Netuno, e é designado Azoth pelos alquimistas. Este fogo espiritual não é o mesmo, nem brilha igualmente, em todos os seres humanos: sua intensidade depende do grau de evolução espiritual do indivíduo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1976 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Pergunta: Como poderão ser despertados os órgãos de percepção espiritual?
Resposta: Por meio do treinamento esotérico, cujos métodos são parcialmente expostos ao público.
Pergunta: Para sensibilizar tais órgãos é necessário que a corrente ascendente esteja ativa?
Resposta: Na maioria das pessoas pouco existe de corrente ascendente. Isso ocorre porquanto uma parte da força sexual criadora, que deveria ser usada legitimamente no processo de perpetuação da espécie, é desperdiçada na gratificação dos sentidos.
Pergunta: Quando se evidencia tal desenvolvimento?
Resposta: Quando o Aspirante à vida superior começa a dominar esses impulsos rasteiros e devotar-se à práticas espirituais, com esforço e sinceridade. Então, o Clarividente treinado pode observar a ascensão da força sexual criadora não utilizada.
Pergunta: Que direção toma essa corrente?
Resposta: Ela se eleva em proporções cada vez maiores, atravessando o coração e a laringe, ou o cordão espinhal e a laringe, ou ainda ambos, para então passar entre as Glândulas Pituitária e Pineal, em direção ao ponto situado na raiz, o “Vigilante Silencioso”.
Pergunta: Qual o caminho percorrido normalmente pela corrente?
Resposta: Ela não segue um caminho com a completa exclusão do outro. Em geral, um caminho é percorrido pelo maior volume da corrente, de acordo com o temperamento do Aspirante à vida superior. Quando o candidato à vida superior possui tendências ocultistas, isto é, procura desenvolver-se seguindo linhas puramente intelectuais, a corrente passa pelo cordão espinhal e somente uma pequena parte atinge o coração. Quem procura desenvolver-se pela devoção, procurando sentir as coisas antes de conhecê-las, enquadra-se entre os místicos, nos quais, as correntes fluem para cima através do coração.
Pergunta: Essa corrente é o único requisito necessário?
Resposta: Essa corrente em si mesma não é tudo. Mesmo que atinja as proporções do Niágara e flua até o soar das trombetas do Juízo Final, ela por si só não dotará o Aspirante à vida superior de visão interna.
Podemos conceituá-la como um pré-requisito para o trabalho consciente nos Mundos internos, devendo ser cultivada em alguma extensão antes que o verdadeiro treinamento esotérico possa iniciar-se.
Pergunta: Quando o Aspirante à vida superior estaria pronto para o início do treinamento esotérico?
Resposta: Quando tenha vivido a vida dentro de elevados padrões morais e espirituais por tempo suficiente para formar a corrente de força anímica. Ao qualificar-se para receber instruções esotéricas, ser-lhe-ão ministrados determinados Exercícios Esotéricos a fim de que coloque em vibração a Glândula Pituitária.
Pergunta: Como isso se processa?
Resposta: A vibração faz com que o Glândula Pituitária desvie levemente a linha de força mais próxima. Com o aumento da vibração, as linhas de força vão sendo gradativamente desviadas até atingirem a Glândula Pineal estabelecendo-se como que uma ponte entre os dois órgãos. Essa é a ponte entre o Mundo exterior e o Mundo do Desejo. Quando construída, o ser humano torna-se um Clarividente, podendo dirigir sua visão para onde lhe aprouver.
Pergunta: Torna-se dessa maneira um Clarividente treinado?
Resposta: Não é ainda um Clarividente treinado, mas um Clarividente Voluntário.
Pergunta: Como poderemos compará-lo com o médium?
Resposta: A faculdade de um Clarividente Voluntário difere muito daquela possuída pelo médium. Esse é um Clarividente Involuntário, podendo ver somente aquilo que surgir ante a sua visão de uma forma negativa. O Clarividente Voluntário encontra-se em contato contínuo com os Mundos internos. Esse contato estabelece-se debaixo de sua vontade. Aprende a controlar a vibração da Glândula Pituitária, o que lhe permite manter-se em contato consciente com qualquer das regiões dos Mundos internos em que deseje penetrar.
Pergunta: Isso se realiza no estado de transe?
Resposta: Não lhe é necessário ficar em tal estado ou em qualquer outra condição anormal a fim de ascender a sua consciência ao Mundo do Desejo. Basta apenas desejar ver e os Mundos internos se descortinarão ante sua visão.
Na medida do seu desenvolvimento e aprimoramento de caráter, outros Exercícios Esotéricos ser-lhe-ão ministrados a fim de possibilitar-lhe construir um veículo com que possa funcionar nos planos internos conscientemente.
(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – maio/1972 – Fraternidade Rosacruz – SP)
No dia 12 de setembro de 1917 tivemos o prazer de solenizar o primeiro casamento na Pro Ecclesia em Mount Ecclesia, quando dois membros do Centro Rosacruz de Los Angeles, EUA deram as mãos para uma parceria de vida.
Embora essa seja a época do ano em que o sul da Califórnia é mais árido de flores, várias pessoas em Mount Ecclesia conseguiram reunir o suficiente para decorar a Pro Ecclesia da maneira mais bonita, e na hora marcada fechamos os escritórios e gráficas para que todos pudessem estar presentes na cerimônia. Quando todos estavam sentados, os acordes inspiradores da Marcha Nupcial ressoaram do órgão com acompanhamento de violino, enquanto Max Heindel conduzia os noivos pelo corredor central até a frente, onde os noivos se sentaram, enquanto Max Heindel tomava seu lugar em um ambão. Depois que as tensões comoventes da Marcha Nupcial diminuíram, ele fez substancialmente o seguinte discurso:
Minhas queridos Irmãos, Irmãs e Amigos,
Nós nos reunimos aqui, hoje, para testemunhar uma cerimônia muito importante que unirá em casamento de dois de nossos amigos. É para eles uma ocasião muito importante e, de fato, para todos nós, pois a vida ou vidas vividas por indivíduos se refletem na comunidade; a vida doméstica é o pano de fundo e a base da vida pública. Se os nossos jovens amigos, que agora começam juntos a vida matrimonial, estiverem dispostos a se sacrificar um pelo outro, cada um procurando sempre o bem do outro e tentando se conformar ao outro, como nós sinceramente esperamos e oramos para que eles façam, isso resultará uma vida de companheirismo ideal que é, de fato, uma antecipação do Céu na Terra; então cada um deles será abençoado por isso e, juntos, eles irradiarão do lar que eles fizeram uma influência do maior benefício possível para a comunidade. Por outro lado, se cada um persistir em seguir seu próprio caminho, independentemente do conforto e da felicidade do outro, eles terão diante de si uma vida de tal miséria que será realmente um inferno na Terra; a influência irradiada de tal casa só poderá ser prejudicial para a comunidade em que vivem. Todos devemos orar fervorosamente para que eles tomem cuidado com as rochas e os baixios do egoísmo, que certamente destruirão a felicidade da vida, e cultivem aquela solicitude conjugal pelo bem-estar um do outro, o que levará a uma vida de bem-aventurança celestial.
O casamento, então, é um perigo e para entender por que uma condição tão perigosa, que é, infelizmente, muitas vezes fonte de tristeza, foi imposta à humanidade é necessário examinar os registros ocultos e tomar uma visão mais ampla da jornada evolutiva da humanidade, mais ampla do que a geralmente aberta à grande maioria das pessoas. Houve um tempo, chamado pelos ocultistas da Escola de Sabedoria Ocidental, de Época Hiperbórea, quando o ser humano-em-formação era como uma planta em sua constituição e, assim, macho-fêmea, conforme registrado pela Bíblia. Portanto, ele podia, naquela época, como muitas plantas hoje, fertilizar-se e reproduzir sua espécie sem cooperação externa. Com o tempo, o corpo humano endureceu e se tornou como o dos animais em sua construção. Mas o Ego humano, o ser humano real, é uma inteligência criadora e divina, aprendendo na escola da vida; somos todos deuses-em-formação e a criação de coisas físicas por meios físicos é apenas uma lição elementar. Eventualmente, devemos aprender a imitar os métodos criadores de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, que por Sua Palavra falada trouxe todas as coisas à existência, como tão maravilhosamente ensinado naquela joia de misticismo, o primeiro capítulo do Evangelho Segundo São João, em que se diz: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo o que foi feito foi feito por Ele e nada do que tem sido feito foi feito sem Ele. N’Ele estava a vida e a vida era a luz do homens; a luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam”.
Expressar o pensamento criador aqui, no entanto, requer um cérebro no Mundo Físico e falar o Fiat Criador requer uma laringe; portanto, era necessário que esses órgãos fossem fornecidos ao ser humano-em-formação para que ele pudesse crescer gradualmente até a estatura divina. Portanto, as grandes Hierarquias Criadoras, que guiaram e alguns continuando guiando a nossa evolução, desviaram uma parte da força criadora do ser humano-em-formação para cima, para que pudesse construir esses órgãos. Em alguns, expressaram o polo negativo (passivo) dessa força criadora e surgiu a fêmea; nos outros, expressaram o polo positivo (ativo) da força criadora e surgiu o macho. Mas, isso deixou apenas metade da força criadora disponível para a reprodução da Onda de Vida humana aqui e, assim, a partir de então, a humanidade foi dividida em sexos, como os vemos hoje, e se tornou necessário que cada um busque seu complemento para que a dupla força criadora, masculina e feminina, possa ser combinada para perpetuar a espécie humana e possa fornecer novos veículos para os Egos que perdem os seus devido à morte aqui. Naqueles primeiros dias, quando os Anjos da Guarda estavam encarregados da humanidade infantil, eles reuniam seus protegidos em grandes templos, em certas épocas do ano, quando as linhas de força interplanetárias eram propícias à procriação, e a geração era realizada como um sacramento, um sagrado rito religioso.
Se essa condição continuasse, a humanidade também permaneceria até hoje infantil e inocente, dócil e feliz, como as crianças. Mas à medida que o cérebro foi gradualmente formado, os Anjos caídos, chamados na Bíblia de Espíritos de Lúcifer, ensinaram à humanidade o uso desenfreado, ou melhor, o abuso, da função criadora para a satisfação dos sentidos físicos, independentemente das condições astrais. Assim, o amor deu lugar à luxúria, o parto tornou-se doloroso e a morte, mais frequente. O ser humano caiu de um estado santificado para um estado pecaminoso e desde então uma era de angústia, tristeza profunda, sofrimento, luta e conflito tem ocorrido na Terra; se analisarmos as condições ao máximo, hoje, descobriremos que toda forma de tristeza e doença é devida a essa relação sexual anormal. Portanto, aguardamos ansiosamente o tempo da vinda de Cristo para o estabelecimento do Reino de Deus, quando não haverá casamento nem entrega em casamento, porque cada um terá o poder dentro de si para falar a palavra criadora e a morte será engolida pela imortalidade.
No entanto, enquanto mantemos esses ideais em relação à condição futura, devemos lidar com os fatos como os encontramos hoje e há grandes e maravilhosas lições a serem aprendidas dentro do estado do matrimônio. Portanto, devemos fazer o nosso melhor para torná-lo frutífero — tanto fisicamente como mental, moral e espiritualmente. Sempre devemos lembrar que é um esforço para a unidade que só pode ser alcançado pelo esquecimento de si mesmo. Deve haver no lar apenas um pensamento, uma voz e um objetivo na vida, mas esses devem ser um pensamento, uma voz e um objetivo compostos. Ambas as partes devem se esforçar para combinar suas ideias para o bem comum; e se for descoberto, como indubitavelmente será, que nenhum acordo pode ser alcançado em alguns pontos, então deve-se evitar tais assuntos com tato até que o tempo tenha mudado um, o outro ou ambos. Deve haver um respeito mútuo pelos direitos de cada um e o naufrágio do interesse próprio pelo bem comum. Rezamos fervorosamente para que nossos jovens amigos aqui, que estão entrando nesta grande aventura, esforcem-se desde o início para viver a vida amorosa, que é tão essencial para criar um adequado ambiente doméstico para a criação dos filhos, que será um crédito para a comunidade.
Um deve carregar os fardos do outro. Jovem esposo, não limite seu interesse aos negócios ou ao escritório e implore para ser dispensado de compartilhar as preocupações inerentes ao cuidado de uma casa e dos filhos. Jovem esposa, não alimente a ideia de que seus problemas e provações no lar sejam primordiais e que seu marido não tenha preocupações em comparação com as suas. Lembre-se: esta é uma parceria em tudo e qualquer coisa. Tenha interesse inteligente no negócio dele; encoraje-o em suas ambições e o incentive a maiores esforços por meio da apreciação inteligente. Quanto mais vocês souberem dos assuntos um do outro, mais próxima será sua parceria, mais fácil vocês suportarão os fardos da vida e conseguirão fazer com que seu empreendimento matrimonial seja valioso. E todos nós oramos para que Deus possa dar Sua maior bênção a vocês dois e que essa união possa estar cheia de lições que os elevarão tanto fisicamente como moral, mental e espiritualmente na grande escola da vida.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
Max Heindel escreveu que o uso das palavras para expressar o pensamento é o mais alto privilégio humano. Podemos encontrar na Bíblia diversas passagens que expressam o poder da palavra.
Desde o início da criação em Gênesis 1:1 (“Deus disse: ‘Faça-se a luz’! E a luz se fez. ‘Faça-se um firmamento entre as águas, separando umas das outras’. E Deus fez o firmamento”) até no Novo Testamento com os ensinamentos de Cristo, como, por exemplo, quando Cristo-Jesus acalma a tempestade quando Ele e seus discípulos estavam num barco, em Mateus 8:24-27: “…Ele levantou-se e intimou aos ventos e ao mar e se fez grande bonança. E os homens se admiraram dizendo: ‘Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?’”. Ou em João 1:1: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo o que feito, foi feito por ele e nada do que tem sido feito foi feito sem ele”, Onde se mostra o Segundo aspecto do Ser Supremo que, por meio da palavra, trouxe a existência tudo que há.
E assim é porque a palavra é criadora. Agora, por que ela é criadora? Porque ela advém de uma parte da nossa força sexual criadora.
Tudo começou ainda quando éramos todos, hermafroditas, capazes de nos reproduzir sozinhos, mas éramos inconscientes dos nossos Corpos e, portanto, incapazes de criar e de se expressar nesse Mundo Físico.
Quando tomamos posse desses nossos Corpos (ou veículos de expressão) foi necessário construir o cérebro e a laringe para podermos criar nesse Mundo Físico. Estávamos na Época Lemúrica. Por falar nela, vale lembrar aqui, que nessa Época considerávamos a palavra como algo santo. Era empregada sobre a orientação das Hierarquias Criadoras que nos guiavam. Cada som emitido por nós lá tinha poder: sobre os semelhantes, os animais e sobre a Natureza circundante. Oras, trata-se de dois órgãos físicos criadores, portanto, necessitaram de força criadora para serem construídos!
Assim, metade da nossa força criadora sexual foi utilizada para a construção desses dois importantes órgãos. A laringe se formou em nós, quando nossos Corpos Densos ainda tinham a forma de um saco dilatado. Podemos ter a ideia de como era observando um embrião humano, quando passamos pela fase Lemúrica da gestação.
Conforme o Corpo Denso foi tomando a posição vertical, como é hoje, parte dessa força sexual criadora permaneceu com a parte inferior do Corpo Denso, nos órgãos sexuais, e parte com a parte superior convertendo-se na laringe e no cérebro. Assim, o poder da palavra é criador!
Como lemos em Gênesis: 1:26: “Façamos o homem à nossa imagem e segundo nossa semelhança”. Ou seja: a habilidade criativa de Deus está refletida em nós. Nós somos deuses em formação e, toda vez que falamos nós estamos exercitando esse poder dado por Deus. Nós estamos aprendendo, por tentativa e erro e por meio da Lei de Causa e Efeito, de tudo que nós criamos. Cristo disse: “Toda palavra que o homem falar, ele deve dar conta dela no dia do seu julgamento. Pelas suas palavras será justificado e pelas suas palavras será condenado” (Mt 12:36). Isso está se referindo ao processo da criação do nosso pessoal “Livro da Vida”. O Éter que respiramos junto com o ar está carregado com uma precisa quantidade e qualidade de todas as nossas: pensamentos, sentimentos, emoções, desejos e palavras, ações, atos e obras. Esses são transmitidos dos pulmões para o sangue que circula pelo coração a cada instante da nossa vida. Na sua passagem pelo ápice no ventrículo esquerdo do coração é gravada toda essa imagem fidedigna no Átomo-semente do Corpo Denso que lá está, e que constitui o nosso “Livro da Vida” pelo qual seremos julgados após o término de cada existência aqui na Terra. Por isso é que devemos evitar o quanto pudermos o bulício dos seres humanos no nosso ambiente ao redor.
Mas, por que razão nos atraem as falas e conversas supérfluas, a imensa maioria calcada no inferior, na fofoca, no mal? Gostamos tanto de falar porque pretendemos, com essas conversas, sermos consolados uns pelos outros e desejamos aliviar o coração fatigado por preocupações diversas que se resumem na falta de fé em Deus.
E, assim, perdemos o nosso precioso tempo sentindo prazer em falar e pensar, ora nas coisas que muito amamos e desejamos, ora nas que nos contrariam. Mas que ilusão a nossa!
Em vão buscamos esse tipo de consolação exterior que decididamente afasta a verdadeira consolação que é a interior e divina. Cumpre, portanto, de nos vigiar e orar, para que não passemos o nosso tempo ociosamente. Se for lícito e oportuno falar, que seja de coisas edificantes!
É certo que o mau costume e o descuido do nosso progresso espiritual concorrem muito para o desenfreamento de nossa língua. E o descuido do nosso progresso espiritual está com a eterna desculpa de falta de tempo.
Se nos abstivermos de conversações supérfluas como também de ouvir novidades e boatos acharemos tempo suficiente e adequado para cuidarmos do nosso progresso espiritual.
Como disse Sêneca na Epístola n.7: “Sempre que estive entre os homens, menos homem voltei”. Isso experimentamos muitas vezes, quando falamos muito. Mas fácil é calar de todo, do que não tropeçar em alguma palavra. Portanto, utilizemos o uso da nossa palavra o mais santamente que possamos.
Sabemos que a Fraternidade Rosacruz simboliza o futuro desenvolvimento do ser humano. Quando ficamos de pé, com os braços estendidos de modo que formemos uma cruz, nós encontramos que a posição da laringe corresponde a posição da rosa branca do Símbolo Rosacruz. O sangue sem paixão da planta ascende através do seu caule até o seu órgão reprodutor, o cálice da planta. Assim também, quando dirigimos toda a nossa força sexual criadora para cima, a laringe se torna espiritualizada, tornando-se o receptáculo da purificada, conservada e transmutada força sexual criadora. A voz terá o poder: da benção, da cura e da criação. A mesma cura pela palavra que vemos feita por Cristo em diversas passagens na Bíblia, como por exemplo, na cura do paralítico em Jerusalém, em João 5:8: “Ordenou-lhe Cristo-Jesus: ‘levanta-te, toma o leito e anda’. No mesmo instante aquele homem ficou curado, tomou o leito e andou”. A mesma criação que vemos feita por Cristo em diversas passagens na Bíblia, como por exemplo, na multiplicação dos pães em João 6:10-13: “Disse André a Cristo-Jesus: ‘está aqui um menino que tem cinco pães e dois peixes, mas o que é isso para tanta gente?’ Sentaram-se, pois, os homens em número de uns cinco mil. Cristo-Jesus, então, tomou os pães e, dando graças, deu aos que estavam sentados e, também, os peixes, tanto quanto quiseram. Depois de saciados, disse aos seus discípulos: ‘recolhei os pedaços que sobraram, para não se perderem’ Recolhendo, encheram doze cestos de pedaços que dos cinco pães de cevada sobraram”.
Ou seja: a laringe falará a Palavra Perdida, ou Fiat Criador no passado empregado por nós, sob a orientação das Hierarquias Criadoras na Época Lemúrica. Seremos um criador de verdade e não na forma relativa e convencional do presente. Empregando a palavra apropriada poderemos criar um corpo. Portanto, tratemos de expressar palavras unicamente quando houver oportunidades de serem construtivas. Caso contrário, guardemos em nosso silêncio. Como dizem, o silêncio é de ouro. Na verdade, através dele podemos guardar a nossa força sexual criadora expressa em nossas palavras a fim de ser utilizada quando realmente for necessário.
E como lemos nos Preceitos para o Estudante Rosacruz: “Considerando que o silêncio, em verdade, é um dos maiores auxiliares para o crescimento da alma, procuremos sempre no ambiente onde se encontramos predominar: a paz, a harmonia e a calma”.
Vamos, então, fazer cada esforço para sermos guiados pelo nosso Cristo interno, contraparte do Cristo externo, nosso guia e salvador, falando somente o que é bom e nos esforçando para exercitar nossas habilidades criativas para a glória de Deus.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
Visto em toda sua plenitude, esse maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em espírito humano interno.
No entanto, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante.
Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva.
Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
Esse símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às Raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Esse lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o Corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro Corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro Corpo.
A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo,quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, e foi perdendo a sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.
Mesmo presentemente o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles,jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o Corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa branca está colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da Raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma Aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por esse motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentesrespondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.
Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3:9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o Aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da Raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mental, moral, financeira e fisicamente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um Corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
UM LEMBRETE MUITO IMPORTANTE:
A EXPOSIÇÃO PÚBLICA DO SÍMBOLO ROSACRUZ QUE CONTÉM A ROSA BRANCA VISÍVEL deve ser feita publicamente somente nos momentos em que os Rituais Rosacruzes (do Templo, de Cura, dos Equinócios e Solstícios, de Véspera da Noite Santa) forem oficiados com mais um detalhe: descobri-lo depois do Hino Rosacruz de Abertura e recobri-lo antes do Hino Rosacruz de Encerramento.
E Após o Ritual o Símbolo Rosacruz deve ser guardado, em local apropriado, não visível publicamente.
Pergunta: Qual o propósito da divisão dos sexos?
Resposta: A divisão dos sexos foi efetuada num estágio bem antigo da evolução humana, quando o ser humano ainda não tinha cérebro ou laringe. Metade da força criadora foi, então, dirigida para cima, para que estes dois órgãos pudessem ser construídos.
O cérebro foi criado com o intuito de permitir a evolução do pensamento, que torna o o ser humano capaz de criar no Mundo Físico. Casas, cidades, navios, ferrovias, tudo quanto é realizado pela mão do ser humano, é pensamento humano cristalizado.
A laringe foi também formada pela força criadora do sexo, para que o ser humano pudesse expressar seus pensamentos. A conexão entre estes órgãos e a força expressa através do órgão criador inferior, torna-se evidente ao lembrar-mo-nos que a voz do menino, que possui a força criadora positiva, muda na época da puberdade, quando ele se torna capaz de perpetuar a sua espécie.
Recordamos também que o ser humano que abusa da energia sexual torna-se um idiota, enquanto o pensador profundo, que concentra quase toda a sua força criadora no pensamento, terá pouca ou nenhuma inclinação para as práticas amorosas.
Antes desta divisão, o ser humano era, a exemplo de certas plantas, uma unidade criadora completa capaz de perpetuar a sua espécie sem o auxílio de outrem.
As faculdades de pensamento e da fala foram adquiridas em detrimento desta força criadora; mas hoje, esta metade da força criadora, que é expressa através do cérebro e da laringe, pode ser empregada na criação dos elementos terrenos – casas, navios etc.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 07 – Max Heindel)