Pergunta: Qual a diferença entre Alma e Corpo-Alma?
Resposta: Esta é uma das perguntas mais profundas que já foi feita, e não pode ser respondida diretamente, mas unicamente por meio de uma ilustração. Da mesma forma que as crianças aprendem certas verdades intelectuais, que estão além do seu alcance, por ilustração pictórica, a humanidade nascente aprendeu profundas verdades religiosas por meio dos mitos e alegorias.
O Corpo Vital é composto de quatro Éteres. Os dois Éteres inferiores são as vias particulares de crescimento e propagação. No Corpo Vital de uma pessoa, cujo interesse principal é a vida física e que vive, por assim dizer, inteiramente voltada para o prazer sensual, estes dois Éteres predominam, enquanto numa pessoa que é indiferente ao prazer material da vida, mas que procura progredir espiritualmente, os dois Éteres superiores formam a maior parte do Corpo Vital. Eles representam o que Paulo chamou de “soma psuchicon”, ou Corpo-Alma, que permanece junto ao ser humano durante as suas experiências no Purgatório e no Primeiro Céu, onde a essência da vida vivida é extraída. Esse extrato é a Alma, cujas duas qualidades principais são a consciência e a virtude.
O sentimento da consciência é o fruto dos erros em vidas terrenas passadas, os quais, no futuro, guiarão o Espírito corretamente e ensiná-lo-ão como evitar tais erros semelhantes. A virtude é a essência de tudo o que houve de bom em vidas passadas, e atua como um incentivo que mantém o Espírito em seu esforço ardente no caminho da aspiração. No Terceiro Céu, essas duas qualidades amalgamam-se totalmente com o Espírito tornando-se parte integrante dele. Desse modo, no decorrer de suas vidas, o ser humano eleva-se e as qualidades anímicas de consciência e de virtude tornam-se mais fortemente atuantes como princípios orientadores de conduta.
Talvez consigamos ter uma ideia melhor da diferença entre a Alma e o Corpo-Alma se considerarmos a alegoria contida no antigo Templo Atlante de Mistérios, o Tabernáculo no Deserto. Esse símbolo, dado por Deus, era provido com todos os elementos de crescimento da Alma necessários ao desenvolvimento da humanidade. Entre eles havia no Tabernáculo, a Mesa dos Pães da Proposição. Sobre esta mesa havia doze pãezinhos dispostos em duas pilhas de seis pães cada uma, e sobre cada pilha havia um pequeno monte de incenso. Lembremos que o grão, dos quais se originaram esses pães, foi dado por Deus ao ser humano, mas era necessário que o ser humano o plantasse, arasse o solo, regasse e alimentasse as minúsculas plantinhas. Devia colhê-las, debulhar o grão e triturá-lo transformando-o em farinha. Em seguida, devia preparar a massa e assar o pão antes de poder trazê-lo para o templo e apresentá-lo como produto do seu trabalho, executado com o grão ofertado por Deus. Esse grão dado por Deus representa a oportunidade.
Doze tipos de oportunidades apresentam-se ao ser humano a cada ano através dos doze departamentos da vida representados pelas doze casas em seu horóscopo. Mas muitos podem descuidar dessas oportunidades, da mesma forma que os antigos israelitas lançavam seu grão a um canto, esquecendo-o. Sendo assim, o ser humano não terá pão para apresentar ao Senhor. Será comparado ao servo que pegou seu único talento e o enterrou. Por outro lado, se ele arasse o solo e alimentasse o grão da oportunidade por serviços na vinha do Senhor, teria, como resultado, um acréscimo que poderia colher e preparar para ofertá-lo no templo do Senhor no momento apropriado, demonstrando ter cultivado fielmente todas as oportunidades de serviço, fazendo o máximo de acordo com a sua capacidade.
Observamos, no entanto, que estes doze pães da Proposição não eram realmente oferecidos ao Senhor, mas que sobre cada pilha de seis havia um pequeno monte de incenso, que representava a essência do pão. Por analogia, esta é a essência do nosso serviço; compreenderemos a razão disto por meio de outra pequena ilustração encontrada nas experiências pelas quais passamos para adquirir as faculdades físicas.
Todos nos lembramos de como na época em que íamos à escola e aprendíamos a escrever, fazíamos os mais desajeitados movimentos e contorções com o braço e o corpo tentando desenhar as letras sobre o papel.
Manchávamos os nossos cadernos de textos, que ficavam com uma aparência horrível, e nossas tentativas para escrever não eram nada bonitas. Não obstante, aos poucos, fomos adquirindo a faculdade e, ao longo dos anos, esquecemos tudo que se refere à experiência dos dias iniciais, quando nos esforçávamos em cultivá-la. Aqui está o ponto: se não tivéssemos passado por essa experiência incômoda, não possuiríamos hoje a faculdade de escrever, e há outro ponto a considerar: após termos adquirido a faculdade, é desnecessário recordar os métodos enfadonhos na sua aquisição. Similarmente, a substância física grosseira, o grão do Pão da Proposição, não devia ser ofertado ao Senhor, mas apenas a essência ou aroma dela, a faculdade do serviço hábil, a benevolência cultivada por nós ao fazer o bem aos outros.
As duas pequenas pilhas de incenso eram, então, levadas ao altar do incenso, em frente ao segundo véu e aí eram acesas. Erguia-se dali uma nuvem de fumaça para o exterior ou parte leste do templo, mas apenas o aroma, puro e livre da fumaça, penetrava através do véu para dentro do santuário interno. Por analogia, podemos comparar os Pães da Proposição às experiências pelas quais passamos ao servir e auxiliar os outros; o incenso, que se encontra no topo da pilha de pães, pode ser comparado à essência da simpatia e dos préstimos que extraímos desses serviços, o crescimento da Alma neles contido. Vemo-lo ao nosso redor como uma aura dourada, a qual constitui o Corpo-Alma. Mas, embora esse veículo glorioso seja feito dos dois Éteres mais sutis, não poderia, por qualquer processo que seja, amalgamar-se com o Espírito em si, da mesma forma que o incenso não pode queimar sem desprender a fumaça e deixar um resíduo de cinzas. Por conseguinte, pela alquimia espiritual do exercício noturno da Retrospecção, ou no processo na purgação após a morte, este Corpo-Alma é queimado sem o véu (no primeiro céu), e o aroma ou a Alma penetra o véu até o mais recôndito santuário como alimento para o Espírito.
Desse modo, o Espírito leva consigo o aroma de todas as suas vidas passadas. Uma Alma mais jovem, que só teve poucas existências das quais pudesse tirar experiências e alcançar o crescimento anímico, é cruel e egoísta, pois não prestou serviço aos outros. Mas, alguém que já teve muitas vidas, que aprendeu, através da amargura e do sofrimento, a sentir e auxiliar os demais, responde instantaneamente ao grito de dor, pois nesse alguém, a Alma é a quintessência do serviço, portanto, está sempre pronto a ajudar seu semelhante a despeito do conforto e dos prazeres pessoais.
(Perg. 159 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Salvando da morte dois missionários de uma tribo árabe
Esta história conta como alguns missionários foram salvos da morte na Arábia.
Aconteceu numa sexta-feira à noite, quando alguns Auxiliares Invisíveis se dirigiram a uma aldeia árabe, num lugar onde haviam dois missionários brancos amarrados a uma parede. Eles pretendiam matar o homem e sua esposa, porque ousaram ir à sua aldeia falando a respeito de sua própria religião, e assim, desestabilizando a religião muçulmana e Alá.
O Auxiliar Invisível perguntou a sua companheira se ela poderia cuidar deles.
“Eu não sei”, respondeu ela.
“Siga-me e não fuja “, disse o Auxiliar Invisível.
Tinha uns cinco ou seis homens, com as mãos cheias de punhais, prontos para atirar no homem e na mulher para matá-los. O primeiro árabe já estava pronto para atirar a sua faca. E assim que apareceu, o Auxiliar Invisível disse: “Pare”.
O homem soltou um grito, e o demais homens rodearam os Auxiliares Invisíveis como um enxame de abelhas.
“Por que matá-los?”, perguntou o Auxiliar Invisível. “Eles não prejudicaram nem feriram ninguém”.
“Alá não quer estrangeiros aqui, e todos os que vierem devem morrer, e você também”, declarou o chefe do grupo, enquanto acenava com a mão. “Mate a todos e me traga os seus anéis”, ele ordenou, mas ninguém se mexeu.
Ele ordenou novamente, mas ninguém se mexeu. O chefe se voltou e chamou o profeta, que prontamente veio com todos os seus trabalhos de mágicas para servi-lo, se dirigiu aos Auxiliares Invisíveis e iniciou seu trabalho.
“Faça essas coisas desaparecerem”, disse o Auxiliar Invisível, e elas desapareceram. O então chamado profeta ficou parado com grande surpresa e desgostoso devido a esse acontecimento incomum.
“Eu não vim ferir ou prejudicar você ou o seu Alá, mas você não fará mal aos filhos de Deus”, disse o Auxiliar Invisível ao povo.
Ele chamou os missionários e disse: “Venha adiante, meus amigos”, e eles foram até os Auxiliares Invisíveis. Então os Auxiliares Invisíveis disseram ao chefe: “Alimente-os, dê-lhes um lugar para descansar e deixe-os continuar seu caminho, caso você não deseje ouvir o que eles têm a dizer”.
“Onde está nosso Alá?”, o chefe perguntou ao profeta.
“Ele não nos deixou antes!”
“Talvez ele tenha expulsado Alá”, disse o profeta. “Ninguém pode se mover. Ele fez os objetos desaparecerem. Eu não faço nada. Agora, Alá não é mais bom. Seu Deus é o melhor. Adote esse Deus. Ele faz grandes coisas”.
“Seu Alá está aqui, mas ele não quer que você mate pessoas” disse o Auxiliar Invisível. “Ele nunca vai deixa-lo”.
“Outros cães vieram aqui e todos morrem; Alá seja louvado”, disse o chefe intrigado.
“Todos os verdadeiros Cristãos são protegidos pelo seu Deus, e os falsos morrem”, disse o Auxiliar Invisível.
“Sim, eles morrem e você morrerá”, declarou o chefe. Mais uma vez ele ordenou que seus seguidores matassem os estranhos, mas ninguém se mexeu.
“Sr. Chefe, você precisa de uma boa lição e eu vou lhe ensinar uma que você e os demais nunca esquecerão”, disse o Auxiliar Invisível.
Ele se aproximou do chefe, pegou sua faca e a quebrou.
Depois pegou sua túnica, retirou sua coroa, a colocou sobre os joelhos e a entortou com suas mãos. “Rasteje até aprender a poupar vidas humanas”, disse ele.
Depois disso, o Auxiliar Invisível olhou para a multidão e encontrou uma garota com um belo Corpo-Alma, e a chamou. “Senhorita, farei de você rainha, e você deve governar justa e gentilmente, e ninguém ou qualquer coisa poderá prejudicá-la”, disse ele. “Você vai fazer isso?”
“Sim, eu vou”, disse a moça.
O Auxiliar Invisível colocou a túnica sobre ela, depois colocou a coroa e disse ao povo: “Salve a rainha”.
Todas as pessoas caíram de joelhos e se deitaram de bruços. A moça caminhou sobre eles, como o ex-chefe fazia.
Esse era o sinal de submissão e obediência daquele povo. Os homens baixaram suas cabeças em direção as suas barbas e as mulheres esconderam seus olhos.
O Auxiliar Invisível disse à rainha para cuidar do homem e da mulher e mandá-los de volta, e ela disse que faria isso. O Auxiliar Invisível perguntou onde estavam seus pais e ela disse: “Alá os levou”, o que significa que eles estavam mortos.
“O ex-chefe não será morto pelas cobras e pelos animais selvagens?”, a Auxiliar Invisível perguntou.
“Nada vai prejudicá-lo, e quando ele decidir parar de matar, ele vai andar novamente”, disse a sua companheira.
Ele se virou e falou com os missionários. “De onde vocês vieram?”, ele perguntou.
“Dos Estados Unidos”, disse um deles.
Ambos os missionários tinham belos Corpos-Alma, mas não tinham visão espiritual. Nem a nova rainha, mas ela estará protegida. Essa tribo de árabes vivi longe no deserto e era feroz e guerreira, mas os Auxiliares Invisíveis acreditavam que a moça iria subjugá-los.
“Vocês são Anjos?”, um dos missionários perguntou aos Auxiliares Invisíveis.
“Não”, ela disse, “somos pessoas dos Estados Unidos e ajudamos a todos aqueles que precisam”.
Enquanto isso acontecia, o ex-chefe estava rastejando, mas ninguém prestou atenção nele. Os Auxiliares Invisíveis se despediram do povo, liberaram suas auras, desaparecendo fisicamente e seguiram seu caminho.
(IH – de Amber M. Tuttle)
Pergunta: Qual será a situação daqueles que não tiverem preparado o Dourado Manto Nupcial quando Cristo chegar? Permanecerão na Terra continuando a evoluir?
Resposta: Isso é muito difícil de responder. Muitos daqueles que foram deixados para trás na Atlântida, por não terem desenvolvido pulmões para poderem viver em nossa atmosfera, ainda não se tornaram capazes de nos alcançar. Paira uma grande dúvida sobre esse fato, isto é, se as pessoas que não tiverem preparado o Manto Nupcial ao ponto de adquirir um crescimento real, possam viver nessa Era. Talvez tenham que viver posteriormente e separado de nós.
(Perg. 133 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Janeiro de 1915
A saudação costumeira nesses dias é: “Desejo-lhe um Feliz e Próspero Ano Novo”. Com isso o autor está inteiramente de acordo e estende esses augúrios a todos, embora com um alcance algo diferente do que normalmente se almeja, já que o principal objetivo de tal desejo consiste numa prosperidade material; por isso, o autor deseja a você que o ouro que você obtenha se aquele que forja pela alquimia da alma, transformando o metal básico da experiência do próximo ano na Pedra Filosofal, o maior bem que esse mundo pode dar. As riquezas mundanas são sempre uma fonte de cuidados para o seu possuidor, mas essa, a joia das joias, nos traz uma paz que ultrapassa todo entendimento.
Além disso, se trabalharmos unicamente para a aquisição de coisas materiais, a nossa tarefa irá nos parecer penosa e ingrata, mesmo que tentemos quebrar esse ritmo nos entregando ao que chamamos de prazeres. Uma vez por outra um pensamento poderá nos assaltar: “Para que tudo isto?”. Contudo, quando nós trabalhamos na “vinha de Cristo”, quando fazemos tudo em nosso trabalho e fora dele como “se fosse para o Senhor”, então o aspecto muda inteiramente. Cristo disse: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve“[1], e essa é uma verdade sempre real, ainda que não no sentido comum. O autor, e outros que tem estado com ele durante muitos anos, pode dar testemunha de que, ainda que a experiência pessoal tenha sido baseada em árduo trabalho tanto mental como fisicamente e, algumas vezes, o corpo tenha ficado tão esgotado que se tornou quase impossível a sua recuperação na manhã seguinte, a satisfação, o regozijo e o prazer foram imensos, de uma forma que muitos não conhecem, nem podem compreender. Os anos dedicados a essa tarefa têm sido tão gratificantes, que nada no mundo poderia compensar e satisfazer tanto o autor e todos os que o acompanham. Ano após ano ele o estima ser um grande privilégio executar esse trabalho, e os outros que estão com ele tem exatamente o mesmo sentimento.
E, quanto a você, querido amigo e querida amiga? Estamos no princípio de um ano novo, um novo começo. A Fraternidade Rosacruz, como uma organização, depende de unidade e se desejamos progredir espiritualmente, a tarefa deve ser empreendida por todos. Temos que ser mais fervorosos, mais sérios, mais devotados aos ideais que os Irmãos Maiores nos deram. Sabemos que na Fraternidade Rosacruz há trabalhadores aplicados; você é um deles? Não é suficiente estudar e meditar sobre os Ensinamentos Rosacruzes; temos que os incluir em nossas vidas e nos tornar luzes brilhantes em nossa comunidade. Devemos viver a vida, não só no mundo externo, mas dentro de nossos lares, de maneira que os membros do nosso lar possam sentir a luz e ser conduzidos para ela. Sabemos que muitos fazem isso, mas há outros que são indiferentes, que ainda permanecem no limiar e não querem aceitar o jugo. Agora o jugo deve ser carregado, não importa se fiquemos calejados pelo esforço. Na verdade, cada esforço é um fator adicional na construção do Corpo-Alma, o glorioso “Dourado Manto Nupcial”, com o qual nos apresentaremos perante o Senhor quando Ele aparecer.
O mais profundo desejo do autor é que cada Estudante da Fraternidade Rosacruz aceite o seu jugo com mais fervor, para que, tanto individual como coletivamente, possamos acumular um tesouro no céu que será nosso ao fim de um dia, ao final de um ano, quando aceitarmos as provações e as responsabilidades.
[1] N.T: Mt 11:28
(Carta nº 50 do Livro Carta aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
As Faculdades Espirituais e sua Ética
Muitas pessoas não se dão conta de que os homens ou mulheres com os quais nos relacionamos diariamente talvez sejam, alguns, é claro, possuidores de algum grau de Vidência. Há vários estágios de desenvolvimento espiritual dos quais constantemente ouvimos falar.
As exibições dessa faculdade geralmente são feitas por videntes negativos, pouco ou nada conhecedores das forças com as quais se põem em contato. Outras vezes essas demonstrações são realizadas por aqueles que, tendo obtido um insignificante conhecimento das coisas espirituais, “atrevem-se a pisar onde os Anjos temem voar”.
O clarividente positivamente desenvolvido sabe, por experiência, que uma única demonstração não convence ao incrédulo, servindo-lhe apenas para exigir mais uma. Um ser espiritualizado, compreendendo as forças que o cercam, nunca prostituirá seu dom com a finalidade de auferir benefícios materiais.
Jamais o empregará com propósitos banais, sabendo que poderá perdê-lo se o fizer. Nem a salvação e muito menos as evoluções podem ser compradas. Cristo curou e alimentou as multidões, mas não usou Seus poderes para fugir ao Gólgota.
É possível convivermos com um clarividente positivo sem nunca o sabermos. Ele não se identificará como tal.
Durante muitos anos certo homem foi meu sócio em vários negócios. Há pouco tempo, entretanto, é que, em uma palestra casual, descobri tratar-se de um estudante de filosofia oculta. Isto, todavia, não é de se admirar, como parece à primeira vista. Revendo os vários anos de relacionamento com esse esoterista, percebi nunca tê-lo ouvido pronunciar a menor crítica ou ofensa a quem quer que fosse. Em circunstâncias onde o ser humano comum age com intolerância, ele sempre manifestou condescendência. Sempre respeitou todas as religiões e as opiniões alheias, embora tivesse seus pontos de vista. Quando eu desrespeitava as coisas sagradas em sua presença, ele me repreendia sutil e silenciosamente.
Esse homem me intrigava e eu o interrogava o mais que podia. As respostas fluíam com simplicidade e paciência, exceto quando eu me tornava impertinente. Quando, por exemplo, eu lhe perguntava sobre sua condição de grau 33 na Maçonaria, ele imediatamente mudava de assunto. Mais tarde vim a compreender como minha pergunta era indiscreta.
O espírito possui diversos veículos Corpos Denso, Vital, de Desejos e o veículo Mente, os quais usa para adquirir experiência e evoluir. O Corpo Denso é formado de matéria deste mundo em que vivemos e, naturalmente, é visível a quem tenha os órgãos da visão perfeitos. Os outros veículos são formados de substâncias pertinentes às regiões onde têm origem.
Da mesma forma como um indivíduo portador de cegueira não pode perceber o mundo ao seu redor, o ser humano profano não distingue os corpos mais sutis nem os mundos a que se relacionam.
O grande inventor Thomas A. Edison, pouco antes de seu falecimento declarou que a ciência nos últimos cem anos fizera notáveis progressos no campo da física, mas no próximo século o grande campo de investigações seria o da metafísica; sabe-se, através de relatório elaborado pela senhora Edison, que nos últimos anos que precederam a morte de seu esposo, ele esteve ocupado em aperfeiçoar uma máquina que possibilitaria o contato com os planos espirituais. Os cientistas ocultistas afirmam que o único instrumento perfeito para tal função deve ser desenvolvido pelo ser humano e dentro de si mesmo. Edison pode ter-se enganado ao pensar em aperfeiçoar tal instrumento fora de si próprio, mas por outro lado, pode ser que fosse dotado de visão espiritual e pretendesse demonstrar sua existência àqueles que não a possuem.
Encontramos as “chaves” da clarividência positiva no desenvolvimento do corpo pituitário e da glândula pineal. O reto viver, por sua vez, é a chave desse desenvolvimento. Da mesma forma como os vários graus de visão espiritual podem ser desenvolvidos, outras faculdades superiores são suscetíveis de florescimento.
Uma delas é a possibilidade de ingressar nos planos invisíveis da natureza e neles funcionar conscientemente.
Depende da habilidade de cada pessoa, em efetuar a separação dos éteres superiores dos inferiores do Corpo Vital. Isto se torna realidade mediante uma vivência pura e amorosa, mesclada com práticas devocionais e serviço altruísta e desinteressado prestado ao próximo.
Os Éteres de Luz e Refletor formam o chamado “Vestido Dourado de Bodas”, simbolizado pela estrela dourada do Emblema Rosacruz. Constituem, nessa circunstância, um verdadeiro corpo espiritual, através do qual o Ego percorre livremente os mundos internos, enquanto o Corpo Denso jaz repousando. O indivíduo dotado de elevado desenvolvimento anímico, pode, durante o sono, utilizar seus veículos superiores para trabalhar como Auxiliar Invisível, principalmente no labor de curar os enfermos.
Muitas vezes, durante o sono, encontramos amigos ou nos achamos em lugares estranhos. Em várias ocasiões, tais experiências são consideradas como meros sonhos. Às vezes, porém, são experiências reais que muito nos impressionam quando despertos.
No primeiro estágio, o Auxiliar Invisível é inconsciente. Mais tarde, como decorrência normal de seu desenvolvimento, torna consciente. Qual o requisito básico para alguém tornar-se um Auxiliar Invisível? É simples: primeiramente deve converter-se em um Auxiliar Visível, isto é, deve servir da maneira que puder aqui no mundo material. Não há outro caminho.
Hoje em dia, com essa profusão de livros sobre ocultismo e psiquismo à venda nas livrarias, fala-se muito em sexto sentido. Um dos primeiros sinais de desenvolvimento do sexto sentido consiste na receptividade às vibrações dos planos suprafísicos. Nesta classe encontramos a maioria dos estudantes de filosofia oculta. O simples fato de serem estudantes esoteristas e aceitarem a verdade contida nos ensinamentos abraçados, demonstra sua sensibilidade às vibrações suprafísicas. O importante é desenvolverem suas faculdades espirituais sempre no sentido positivo.
(Traduzido de ‘The Rosicrucian Magazine’)
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ 04/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Uma Verdadeira Escola Espiritual
Muitas vezes, pode parecer a um investigador menos avisado, que a Fraternidade Rosacruz tem por escopo oferecer aos seus Estudantes o desenvolvimento de seus poderes “ocultos” e que, para tanto, irá lhes fornecer alguns exercícios “especiais”. Mas após um curto tempo, o suficiente para tomar contato com os ensinamentos da Escola podemos notar em seus semblantes a amarga decepção. Quanta ilusão traziam dentro de suas Mentes a respeito da Fraternidade! Poucos são os que compreendem que a missão de uma legítima Escola Espiritual é indicar a Via Libertadora que, desta vida de morte e pesares, conduz-nos à Vida brilhante, plena de liberdade.
Uma genuína Escola Espiritual nunca favorecerá um indivíduo, seja ele quem for, na realização de seus projetos mundanos, porque o Reino almejado por seus adeptos não é deste mundo (em grego a palavra é Kosmos, que significa: “ordem de coisas”).
O que a verdadeira Rosacruz pode ensinar ao iniciando é aspirar sinceramente por esta outra ordem de coisas e viver a vida consoante os ensinamentos recebidos. Somente no contato social, familiar, na própria vivência diária é que se torna possível um amadurecimento integral. Por isso a Fraternidade diz ao aluno: “Não fuja do mundo”. “Viva a Vida e aplique suas capacidades em favor da humanidade”.
“A Senda do serviço, do auto esquecimento, é a mais alegre, mais curta via para atingir-se a meta: Deus”.
Com um tipo imaturo, inapto, a Escola nunca poderá contar. Hoje ele poderá dizer aos quatro ventos que ama a Escola. Amanhã, porém, quando por força do próprio caminho no qual enveredou, lhe for pedido tudo, então reagirá de forma espantosa e recuará atemorizado ante a iminência do sacrifício próximo. Mas isso é natural, reconhecemos, pois, é próprio da natureza humana, quando ainda imatura, esse instinto de auto conservação. Assim, muitas vezes, a estória do jovem rico da parábola evangélica se repete.
Pode surgir a pergunta seguinte, então: “Como se desenvolve a vida do aspirante, dentro da Rosacruz? O que deve ele fazer para atingir esse estado ideal?”. Como anteriormente dissemos, as únicas coisas que deve fazer, são: ASPIRAR e VIVER A VIDA. O mandamento: “Aquele que quiser ser o maior dentre vós seja o servidor de todos”, lhe serve de guia. Atuando dessa forma, atrairá os elementos essenciais à construção de seu Corpo-Alma. Sob os auspícios do Campo formado pela Escola, verá seus poderes espirituais latentes desabrocharem-se dia a dia.
Diariamente a Escola lhe proporcionará o pão e o Vinho que alimenta a alma. Não o pão material ou o espírito do vinho fermentado “fora”, que produz a embriaguez e a loucura, mas o pão de vida, e o espírito fermentado “dentro”, o produtor de Sabedoria.
Estes pão e vinho lhe são dados na Antecâmara da Rosacruz. Com o auxílio da Hierarquia de Cristo e a força crística contida na energia solar, absorvida por uma Vida da aspiração, o candidato constrói seu corpo solar ou espiritual. Este é um verdadeiro Templo construído “sem ruído de martelo”.
Por aí, vemos o grande erro que se comete ao confundir-se a Fraternidade Rosacruz com uma escola de “magia”.
Há grande diferença entre Magia e magia. A sra. Blavatsky fez alusão a essa diferença, quando disse que, entre a Verdadeira Arte ou Arte Real e os artifícios ocultos, há uma longa distância. Os artifícios pertencem às pseudo-escolas espirituais que oferecem toda sorte de poderes e vantagens pessoais a troco de algumas moedas.
A Arte Real ou verdadeira Magia não pode ser vendida. Conhecê-la e aplicá-la requer total inegoísmo, completo abandono do “eu” ilusório, que deseja obter, dominar, brilhar, endeusar-se.
Segundo Paracelso, a sabedoria humana somente cria “sapos”, enquanto a Sabedoria Divina cria “lírios”. Em outras palavras poderíamos dizer: os artifícios causam sensação em toda parte, devido ao grande alarde que fazem os seus adeptos. São semelhantes aos sapos, muitas vezes mestres na magia negra, criaturas desprezíveis.
A Arte Real, porém, cria lírios, cheios de formosura, símbolos da pureza, deleite para os olhos cansados de ver tanta torpeza, tanto mal e tanta tristeza. Para o conhecimento da Verdadeira Arte é mister a Sabedoria Divina. Fique bem claro, porém, que, como Magia entendemos, como também o entendia Paracelso, O Espírito Divino ou Deus da Natureza.
A sabedoria humana atua na horizontal e pode, por meio de artifícios, obter algum resultado, mas este será também horizontal. Somente Divina Sophia pode rasgar verticalmente o luminoso caminho rumo ao Infinito, à Liberdade dos Filhos de Deus.
Portanto, tudo se resume no seguinte: A Fraternidade Rosacruz não oferece ao aluno um céu remoto, que pode ser conseguido por meio de artes mágicas ou então um despertar súbito dos poderes esotéricos latentes. Ensina sim, a buscar primeiramente o Reino dos Céus e Sua Justiça, porque, o resto, virá por acréscimo.
O desenvolvimento de tais poderes advirá como consequência lógica do trilhar o Caminho da Libertação. Isto equivale a dizer que a Rosacruz não faz um fim daquilo que é um meio. Esses poderes são, quando desabrochados, marcos indicadores de que estamos no Caminho. E como tais, deverão ser deixados para trás a cada passo que dermos em busca de coisas maiores.
Se, porém, nos deixamos entreter pelas fontes e pequenos poços em meio do caminho que nos leva ao cume da montanha, acabaremos nos esquecendo que nossa meta é o Grande Manancial donde jorram Águas Vivas.
Por isso dissemos que, para ser aluno da verdadeira Rosacruz, isto é, dos Irmãos Maiores, é necessária maturidade. E isto somente o tempo e as experiências podem trazer. A maturidade dá o necessário discernimento para distinguir-se o falso do verdadeiro, o certo do errado, o essencial do supérfluo.
O aluno nestas condições encontra-se apto a conhecer a diferença entre a Verdadeira Arte e os artifícios.
Consequentemente não mais se contentará com os mãe-pastos, as comidas dos porcos. Por isso, levantar-se-á e irá para seu Pai, conforme a parábola evangélica do Filho Pródigo. E para este retorno, o que necessita não são alguns “exercícios ocultos”, algumas práticas mágicas ou algum outro artifício. Estes, não acrescentam um átomo sequer ao Templo da Alma. É o toque da força espiritual da Escola, do Espírito Santo prometido pelo Senhor que, numa apoteose semelhante a Pentecostes acende o Divino Fogo Regenerador em seu ser, fazendo de sua alma uma virgem. O pão e o vinho ofertados na Antecâmara lhe servem de alimento durante a jornada. Entretanto, tudo isso requer pureza moral e total dedicação de sua personalidade ao serviço» da Grande Obra. Tal dedicação demonstra-se na vida diária do discípulo. O intenso desejo de servir a humanidade doente e moralmente abatida deve ser sua tônica constante.
Concluindo: a Senda Rosacruz nada oferece além daquilo que o próprio aspirante possui e seja suscetível de despertamento. Por outro lado, exige tudo do discípulo. Na brilhante obra “Iniciação Antiga e Moderna” encontramos o seguinte: “Devemos estar preparados todo instante para obedecer ao Cristo Interno quando nos disser: Segue-me… porque, sem este abandono decidido e completo de tudo na vida pela Luz, pelos propósitos superiores e espirituais, não pode haver grande progresso nesse caminho de perfeição”.
E concluímos, ainda, com as palavras da citada obra: “Da mesma forma como o Espírito Santo desceu sobre Jesus ao sair da água batismal da consagração, assim também o maçom místico que se banha no Lavabo do Mar Fundido, começa a ouvir debilmente a voz do Senhor dentro de seu coração, ensinando-lhe os segredos da Arte que deve usar para o benefício de seus semelhantes”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 9/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“Quando o Ensinamento Oculto oriental foi apresentado para o Mundo Ocidental, quarenta anos atrás, suas explicações sobre o universo foram aceitas como razoáveis por muitos estudantes. O Conceito Rosacruz do Cosmos, publicado em 1909, era similar em alguns aspectos no que se refere às leis que governam o universo. A questão que, naturalmente, surge sobre seu escopo e propósito, o motivo pelo qual foi dado, e porque seus ensinamentos e métodos de desenvolvimento são mais adequados para uma civilização mais avançada e moderna. Este tratado foi escrito em resposta a esse questionamento e para corrigir as conclusões errôneas, baseadas em exames superficiais, que ambos os ensinamentos são iguais.”
Alcance aqui um excelente material para estudar sobre: algumas diferenças entre os Ensinamentos do Ocidente e do Oriente com ênfase em particular no método Ocidental de desenvolvimento da alma.
1. Para fazer download ou imprimir:
Cristo ou Buda? – de Annet C. Rich
2. Para estudar no próprio site:
CRISTO OU BUDA?
Por
Annet C. Rich
Com Prefácio de
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, Christ or Buddha?, 1914, editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
PREFÁCIO
O seguinte tratado foi escrito pela autora a meu pedido, com o objetivo mencionado nos dois primeiros parágrafos, e tendo ela dedicado anos nos estudos de ambos os sistemas Religiosos Orientais e Ocidentais, na minha opinião, ela tem uma visão mais abrangente do tema. Ela se simpatizou mais com o ensinamento oriental e assim se tornou uma alma iluminada. Assim, o espírito deste pequeno livro não é controverso em nenhum sentido, pois nós não acreditamos em tentar construir nossa própria Religião lançando aspersões sobre a Religião de outras pessoas. Estamos tão certos de que a Religião do Oriente é perfeitamente adequada para as pessoas que vivem lá como que a Religião Cristã é a Religião para o povo Ocidental. Se Buda estivesse ensinando hoje e um estudante do Ocidente perguntasse a sua opinião sobre se ele deveria segui-lo ou a Cristo, tenho certeza de que ele iria direcionar o inquiridor para a Luz do Mundo. Este pequeno livro é, portanto, enviado com a esperança de que ele possa mostrar aos estudantes ocidentais que sua Religião é a Religião Cristã, e que eles devem deixar a Religião Oriental para o povo oriental, abraçando com todo o seu coração e alma a Religião do Cristo.
Max Heindel
ÍNDICE
Involução, Evolução e Epigênese
O Mistério da Mortalidade Infantil
O Cristo do Ocidente não é o Cristo do Oriente
Quando o Ensinamento Oculto oriental foi apresentado para o Mundo Ocidental, quarenta anos atrás, suas explicações sobre o universo foram aceitas como razoáveis por muitos estudantes. O Conceito Rosacruz do Cosmos, publicado em 1909, era similar em alguns aspectos no que se refere às leis que governam o universo. A questão que, naturalmente, surge sobre seu escopo e propósito, o motivo pelo qual foi dado, e porque seus ensinamentos e métodos de desenvolvimento são mais adequados para uma civilização mais avançada e moderna.
Este tratado foi escrito em resposta a esse questionamento e para corrigir as conclusões errôneas, baseadas em exames superficiais, que ambos os ensinamentos são iguais.
O capítulo oito da Epístola de São Paulo aos Hebreus conta sobre um tempo por vir onde não será necessário ensinar ao ser humano sobre como conhecer a Deus, pois todos, do menor ao maior, terão Suas leis inscritas em seus Corações e Mentes, e todos O conhecerão. A percepção espiritual atual está obscurecida em vários graus pelo véu da carne e do sangue que “não poderá entrar no Reino de Deus”. Agora estamos tateando pela verdade que nos libertará dos grilhões da carne e nos trará as faculdades espirituais requeridas para conhecer a Deus. É uma promessa do Cristo que se nós buscarmos, nós encontraremos. Ele não fez exceções; não devemos temer que alguém ficará “perdido”. Mas muito esforço será poupado se buscarmos na direção certa, e por isto nos sentimos impelidos a colocar, diante dos estudantes Ocidentais, algumas diferenças entre os Ensinamentos do Ocidente e do Oriente com ênfase em particular no método Ocidental de desenvolvimento da alma, um método naturalmente adaptado para as pessoas que vivem no Ocidente e que leva em conta as diferenças mentais e raciais entre as civilizações ocidentais e orientais (ou povos).
Nós queremos acrescentar que após muitos anos de estudo das religiões antigas falamos sem preconceitos e com gratidão pela luz recebida por meio delas. Portanto, nos sentimos livres para dar voz a nossa convicção de que a Religião Cristã é a mais avançada do que qualquer uma de suas predecessores; que os Ensinamentos de Mistérios Cristãos, agora promulgados pela Ordem Rosacruz por meio da Fraternidade Rosacruz, são ambas científicas e especialmente adaptadas para nossa civilização avançada; e que repudiar a Religião Cristã por qualquer sistema antigo é análogo a preferir os textos científicos antigos ao invés das edições que estão atualizadas com as descobertas atuais.
Não precisamos mais ficar relembrando que vivemos em tempos repletos de inovações. Todos os departamentos de nossa civilização são varridos pelo intrépido, invasivo espírito da pesquisa, das investigações e análises. Também não podemos deixar de observar que estamos vivendo em uma época em que o intelecto está atingindo sua expressão mais prática e intensa; que está se arrogando com uma confiança real e autossuficiente, o direito de desafiar qualquer código de ética, qualquer teoria da vida ou Religião, qualquer marco da civilização ou qualquer hipótese da ciência e exigir a prova de seu direito à existência. Nada, no universo é demasiado colossal para sua investigação ou demasiado infinitesimal para sua análise. A sociedade deixou de se encolher dos ataques revolucionários das descobertas científicas que há muitos anos vêm derrotando a ignorância, o preconceito e dogmatismo com força irresistível. Esses tiveram seu dia, e agora são impotentes para retardar o progresso; a humanidade está avançando querendo ou não.
Em nenhum departamento da vida o espírito da pesquisa, do esquadrinhamento da investigação está mais intimamente manifestado do que na Religião. Nesse domínio do mistério e da tradição, nas profundezas de sua origem, no reino de sua autoridade marchou o implacável espírito da pesquisa, que não parou nem se encolheu, nem se voltou, embora todos os baluartes sagrados do credo ameaçavam desmoronar antes da invasão. O intelecto está exigindo um direito superior ao do sacerdote para interpretar a verdade da Religião, afirmando com confiança que se não pode discernir a verdade ou penetrar além das fronteiras do invisível para o conhecimento de Deus, nenhuma outra faculdade existe capaz de conhecer a Deidade.
Se olhamos para trás ao longo dos séculos da história, notamos que a idade intelectual e material atual é fruto de um passado longo e significativo; a crista de uma onda de progresso que seguiu um impulso enviado desde o início da corrida. O nosso vislumbre sobre as civilizações da Índia, do Egito, da Pérsia ou Grécia pode ser vago ou inseguro, no entanto, podemos notar que desde o nascimento da raça Ária a linha de progresso está à disposição da glória do pôr-do-sol.
Quando a Índia atingiu o auge de sua grandeza, a Religião hindu ensinou uma concepção de Deus e Sua onipotência que em toda a história não foi excedida para a espiritualidade elevada. Da crista da onda de progresso brilhou, ao longo dos séculos, a luz da maravilhosa verdade da unidade da vida e de uma Presença divina no universo. Então, com profunda quietude, a onda recuou para reaparecer na Pérsia, acrescentando uma nova luz para estimular o progresso humano.
Não costumamos associar a ideia de desenvolvimento material ao Oriente, mas ele nasceu lá. Como a nota-chave da Religião hindu é a unidade, realizando a Deidade em todas as partes do universo, então a nota-chave da Religião Persa ou Zoroástrica é pureza; pureza de conduta e nos assuntos da vida. Zoroastro veio para afastar o seu povo da preguiça e da ociosidade em que haviam caído e para despertá-los do estado de apatia e contemplação inativa da vida interior, muito comum entre os hindus, à consideração da verdade espiritual adaptada a seu dia. Como todas as grandes religiões enfatizou o lado prático da vida ao invés do metafísico, e seu lema de “pensamentos puros, palavras puras, atos puros” revela quão antiga é a doutrina do pensamento correto e do viver correto.
Séculos mais tarde, o Buda veio para re-anunciar as antigas verdades que estavam ocultas sob os escombros do egoísmo e das castas, e sentindo o sofrimento e o pecado do mundo que está enraizado no desejo não realizado, seu coração compassivo procurou aliviar a tristeza, por meio da doutrina de superar todo o desejo e, assim, alcançar a paz, uma doutrina que caiu como uma benção sobre as vidas perturbadas de seus contemporâneos, e que ainda vive no coração de seus seguidores.
Com a passagem do grande mestre oriental, a glória do Oriente começou a desvanecer. Mais uma vez a onda espiritual recuou para reaparecer entre os gregos. Uma vez que os gregos não conseguiram nenhum tipo mais elevado de intelecto puro do que o deles tinham alcançado; a arte deles, sua filosofia sempre fala na linguagem do repouso, da dignidade, do autocontrole. Para eles, VERDADE e BELEZA eram pérolas de grande valor. Eles inscreveram nos seus templos “Conhece-te a Ti mesmo”, pois se conhecer é conhecer a verdade. Quer se manifestando através do poder consciente de seu deus Apolo, saindo de seu templo para defender pessoalmente o santuário sagrado, quer refletido nas esplêndidas conquistas de Péricles ou a filosofia elevada de Pitágoras, Sócrates ou Platão, encontramos sempre nos gregos a presença do poder intelectual e da autossuficiência, mas a Grécia caiu diante do militarismo organizado de Roma.
Do seu auge da supremacia militar, Roma olhava com complacência para o mundo que conquistara. De forma simples, ela sonhou que derrubaria a força espiritual, deixando uma herança de lei, ordem e justiça para uma geração posterior.
Vislumbrar a miséria e a degradação do mundo aos pés de Roma, escravizada pelo vício, pela apatia e pela superstição, é perceber, embora vagamente, até que ponto a humanidade se afastou dos altos preceitos dos antigos Instrutores. As antigas notas-chave de unidade e pureza soou, ainda em tudo muito fraco, entre o murmúrio do preconceito da raça e da separação entre raças. O Egito estava envolto na escuridão de um sacerdócio degenerado; a Índia estava encadeada por castas; Pérsia dormia debaixo de suas coberturas de joias; a glória da Grécia estava ofuscada; Roma, fervente com vício e dissipação, afrontava os deuses com seus fogos de acampamento; e quase parecia como se Deus tivesse esquecido Seu mundo. Mas, “Ele permanece imóvel ainda que dentro da sombra, vigiando acima do Seu próprio”[1]. Novamente chegou a hora de uma dessas manifestações divinas que, de tempos em tempos, ocorrem para ajudar a humanidade. Tal manifestação invariavelmente ocorre quando a opressão das trevas parece muito pesada e um novo impulso é necessário para acelerar o crescimento espiritual.
Nesse lamaçal de um império em decadência, no cansaço de um mundo desesperado, no meio de um povo perdido e desprezado, desceu o Espírito do Sol, Cristo, manifestando “a maior das medidas divinas ainda postas para a elevação do mundo”[2]. Cristo não veio sozinho para resgatar a verdade do esquecimento, para trazer de volta os antigos ensinamentos ou para restabelecer a lei, mas para lhes acrescentar o maior princípio de todos – o Amor; para revelar à humanidade a doutrina do coração; como podemos alcançar uma sabedoria mais sublime pelo caminho do amor do que podemos alcançar pela razão. Ele veio para substituir as Religiões de Raça que foram instituídas por e sob a orientação de Jeová, com uma RELIGIÃO CÓSMICA, promovendo a Amizade Universal bem como a Fraternidade Universal; uma Religião em que o reinado da Lei deve ser substituído pelo reinado do Amor, e onde o espírito de antagonismo e separação, que está na raiz de todas as Religiões de Raça, seja transmutado em serviço desinteressado; cada um para todos; para que as nações possam transformar suas espadas em arados e o reinado da Amizade e da Paz comece.
Em todas as religiões anteriores haviam verdades mais profundas do que foram dadas às massas. Os sacerdotes eram os guardiões desse conhecimento interior, e a Iniciação estava aberta apenas a alguns. A humanidade, como um todo, não estava suficientemente avançada para recebê-la. Aqueles que foram iniciados nos antigos Mistérios necessitavam da mediação dos sacerdotes, e somente o Sumo Sacerdote podia entrar no mais íntimo Templo de Deus. Quando Cristo veio, gerado do Pai, Ele trouxe diretamente para a humanidade a luz e o poder do Sol espiritual. Ele derramou na vida humana o Raio Cósmico de Si mesmo. Ele é o elo entre Deus e o ser humano, o Caminho, a Verdade e a Vida, preenchendo em si o ofício de Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, Ele mesmo Iniciador; e agora “todo aquele que quiser, tome a água da vida livremente”.
Parece paradoxal considerar o crescimento material e a supremacia da civilização moderna como, em qualquer sentido real, o resultado de um impulso enviado pelo gentil Nazareno, mas o nascimento da Religião Cristã deu um estímulo direto e especial para a realização INDIVIDUAL, pois ela quebrou as barreiras de casta e raça e revelou o fato de que todos os seres humanos são iguais aos olhos de Deus. Que todos são irmãos é um fato na natureza, mas sob o regime de Jeová alguns eram preferidos e outros não; portanto, Cristo veio para nivelar as diferenças. A própria Galileia era um lugar mais apropriado para uma nova ordem das coisas do que a princípio parece. Obscuro como é hoje, há dois mil anos, a Galileia era a Meca dos viajantes que se reuniam lá de todas as partes conhecidas do mundo. Era tão cosmopolita quanto a própria Roma, uma espécie de “caldeirão”, proporcionando condições favoráveis ao nascimento de um corpo e de um cérebro diferentes do tipo comum, e um ambiente onde a adaptabilidade aos novos impulsos pudesse encontrar alcance e de onde novas concepções poderiam ser enviadas para o mundo.
Na nova Religião Cristã, os antigos ideais de escravo e mestre, judeus e gentios, sacerdotes e povos, brâmanes e párias foram substituídos pelos ideais de IGUALDADE, INDEPENDÊNCIA e LIBERDADE INDIVIDUAL. Até os mais humildes começaram a erguer a cabeça como pessoas livres e a alcançar a realização individual e o desenvolvimento individual; e com essa nova sensação de liberdade em seus corações, é de admirar que começaram a saciar sua primeira sede de auto expressão por meio das águas da prosperidade material, que nunca antes haviam fluido tão abundantemente aos seus pés. Nossa civilização moderna é uma consequência normal desse impulso dado ao desenvolvimento individual, tanto no pensamento quanto na ação.
As realizações materiais e intelectuais da civilização moderna evoluíram naturalmente o espírito crítico e analítico que acompanha sempre o crescimento individual. Isso foi acentuado pelo nascimento da ciência moderna. Hoje, o intelecto está entronizado no conhecimento que adquiriu e se recusa a aceitar qualquer coisa como verdade que não pode ser vista, medida ou analisada. Mas, embora a ciência física possa zombar da Religião Cristã de amor e auto sacrifício, como sendo não-científica e contrária às leis de autopreservação e sobrevivência dos mais aptos, os ensinamentos do humilde Nazareno inocentaram silenciosa e quase imperceptivelmente o Mundo Ocidental com um espírito de altruísmo, impelindo a humanidade a suportar os fardos uns dos outros e tornar a causa do bem-estar individual a causa do todo.
Todo estudante sabe que a civilização moderna não foi alcançada por estágios de crescimento constante e uniforme. Seguindo o impulso inicial do Cristianismo veio a horrível Idade das Trevas com seu manto de superstição e intolerância. A Religião Cristã foi usada como uma escada para a ganância e ambição, e os ensinamentos ocultos de Cristo foram submergidos sob o dogmatismo teológico que ameaçou prender o progresso humano por causa da supremacia eclesiástica. Os grilhões do sacerdócio autocrático foram, por fim, quebrados pela ciência moderna, e a RAZÃO saltou para a perigosa e tirânica supremacia que mantém ainda hoje.
O intelecto, em sua revolta contra a superstição, logo mostrou uma inclinação para o ultra-materialismo. Para que esse poder não engolisse a verdade espiritual, surgiu no século XIV um grande Mestre com o nome simbólico de Christian Rosenkreuz para lançar nova luz sobre os incompreendidos ensinamentos Cristãos, preservá-los e guiá-los por meio das iminentes controvérsias materialistas e científicas. Ele é um guardião da Sabedoria Oculta do Ocidente, que sozinha pode satisfazer, AMBOS, Coração e Mente.
Estamos hoje no meio de uma civilização nascida do estresse, da luta e da ultra-atividade; uma civilização cortada pela espada e arrastada pelo sangue humano. Verdadeiramente, Cristo refuta a prosperidade física ou saudável do seu povo. Para o conhecimento desse e de outros ramos da ciência, o Ensinamento da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes fornece certas explicações, novas e abrangentes, que orienta a uma solução racional para muitos dos problemas da evolução.
Além de apresentar a teoria da Involução da VIDA e a Evolução Sincrônica da FORMA, o ensino ocidental inclui um terceiro fator, a Lei da EPIGÊNESE. O ser humano é ele mesmo um fator na construção de seus corpos. Durante a vida pré-natal, ele trabalha inconscientemente, construindo na “quintessência da formação de Corpos”; mais tarde ele começa a trabalhar conscientemente, e quanto mais avançado ele é, melhor pode construir. Em cada encarnação ele faz algum TRABALHO ORIGINAL, de modo que “há um afluxo de causas novas e originais o tempo todo”, e este processo de tomar a iniciativa, de criar novas possibilidades de crescimento, é chamado de “Epigênese”. Isso permite que o ser humano se torne um GÊNIO e um colaborador das Hierarquias Criadoras do Mundo. Se a evolução consistisse simplesmente no desenvolvimento de possibilidades germinais ou latentes, o ser humano não poderia se tornar um criador. O ensinamento oriental não diz nada sobre este princípio de longo alcance.
Logo após a promulgação da teoria da evolução de Darwin, foram apresentadas certas objeções que nunca foram respondidas satisfatoriamente pela ciência, mas que recebem uma explicação razoável no Ensinamento da Sabedoria Ocidental. Estas objeções à teoria darwiniana da evolução são:
Há sempre um movimento na natureza, e como o ser humano passou por vários reinos, ele evoluiu e ocupou formas adaptadas a cada estágio de desenvolvimento. “É uma lei na natureza que ninguém pode habitar um Corpo mais eficiente do que ele é capaz de construir”. Quando a forma atinge o limite de sua capacidade de utilidade, começa a degenerar, tendo servido seu propósito como um veículo de crescimento. Ao longo do caminho sempre houve alguns que se recusaram a avançar e foram deixados para trás, como retardatários. À medida que os pioneiros passavam para os Corpos mais adequados para o progresso, os modelos arquetípicos de seus veículos desgastados e degenerados eram ocupados pelos menos evoluídos e pelos retardatários, que os utilizavam como trampolins até que os Corpos correspondentes cristalizassem ao ponto de serem inúteis para a possibilidade da vida em evolução. A ciência fala da evolução das formas, mas há também essa linha de formas degeneradas usada pelos menos evoluídos e pelos retardatários. Os Antropóides superiores pertencem a esta última classe e, em vez de serem os progenitores do ser humano, são, na realidade, retardatários que ocupam as formas degeneradas, já utilizadas pelo ser humano no passado. O ensino oriental atribui sua existência às relações impróprias do ser humano primitivo com os animais.
Esse é outro problema na evolução, completamente omitido pelo ocultismo oriental, nem explicado satisfatoriamente pela ciência, mas recebe uma solução racional no Ensinamento da Sabedoria Ocidental. Resumidamente:Até que os animais se tornem animados por espíritos individuais habitados dotados de razão para guiá-los conscientemente ou subconscientemente DE DENTRO, a Mãe Natureza designa sabiamente um Espírito-Grupo que os guia DE FORA em harmonia com a lei cósmica; e o que chamamos de “instinto” é uma manifestação da sabedoria deste Espírito-Grupo. Quando os animais de diferentes espécies se acasalam, sua progênie não está totalmente sob o controle de qualquer um dos Espíritos-Grupo que guiam seus pais. Se os híbridos pudessem se propagar, eles ficariam ainda mais longe da orientação e do controle do Espírito-Grupo; seria uma onda desamparada no mar da vida, não tendo nem instinto nem razão. Portanto, os Espíritos-Grupo retiram beneficamente o Átomo-semente necessário à fertilização dos híbridos, que são, portanto, estéreis.O fato observado cientificamente de “hemólise”, ou destruição de sangue quando misturado artificialmente, também tem um importante papel nesse assunto. Isso é totalmente elucidado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos, para o qual os estudantes que desejam investigar o assunto em profundidade farão bem em se referir.
Este fato, tão aparente que não pode escapar da percepção do observador mais superficial, não é claramente explicado pelo ocultismo oriental, mas recebe tratamento completo e lógico no Ensinamento da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes.
As plantas extraem seu sustento do solo, os animais se alimentam das plantas e os seres humanos tomam seu alimento dos reinos inferiores. Assim, em última análise, todas as formas minerais, vegetais, animais e humanas são compostas dos mesmos constituintes químicos da Terra.
Além deste mundo de forma física que vemos, há domínios invisíveis aos olhos, mas perceptíveis por um sexto sentido latente na maioria, mas despertado em alguns. Esta visão espiritual revela a existência de:
Como uma forma construída de matéria química é necessária para a vida no Mundo Físico, também é necessário ter um veículo feito da substância dos outros reinos da natureza, a fim de expressar suas qualidades. Além disso, a vida em evolução está sempre buscando a expansão da consciência. Para isso, as formas se tornam mais complexas à medida que subimos na escala do mineral para o ser humano, e veículos invisíveis também são adicionados à forma física. O ser humano só tem veículos que o correlacionam a todos os quatro reinos, o que resulta em quatro estados de consciência análogos aos possuídos pelos quatro reinos:
Em sessões espirituais, entidades invisíveis realizam a proeza de materialização extraindo do corpo de um médium, formando-o como desejam, e enchendo essa urdidura a qualquer densidade desejada com uma trama de partículas físicas flutuando na atmosfera. O corpo do médium é assim separado dos veículos superiores que o ligam ao espírito, daí o médium está em um estado de profunda inconsciência que chamamos de “transe”. Como o mineral tem apenas um corpo físico, pode-se dizer que ele tem uma consciência de transe.
Quando olhamos para uma pessoa envolvida em um sono sem sonhos, o corpo parece inerte; mas quando focalizamos nossa visão espiritual sobre a pessoa dormindo, vemos uma atividade interior. Os processos de digestão, assimilação, secreção, etc., são levados a um propósito ainda melhor do que no estado de vigília. Isto é porque o Corpo Denso é interpenetrado por um Corpo Vital feito do Éter, mas os veículos superiores flutuam alguns metros acima do Corpo Denso. Quando examinamos as plantas, descobrimos que elas também têm um Corpo Denso e um Corpo Vital, que lhes permite digerir e assimilar alimentos, respirar o ar, etc., e podemos, portanto, dizer que as plantas têm uma consciência análoga ao sono sem sonhos.
Às vezes, quando estamos indevidamente atentos aos assuntos deste mundo, os veículos superiores não se separam adequadamente quando vamos dormir. Os Corpos Densos e Vitais são então parcialmente interpenetrados pelo Corpo de Desejos que gera emoção e incentivo ao movimento. Devido aos centros de sentido de nossos veículos mais elevados estarem inclinados em relação ao nosso cérebro, vemos uma galáxia de imagens de sonhos selvagens, e somos atirados sobre a cama sob o balanço das emoções causadas por essas visões. Não podemos raciocinar sobre eles, pois a Mente está fora do Corpo Denso e, portanto, aceitamos inquestionavelmente até as situações mais impossíveis.
Um Corpo Vital e um Corpo de Desejos interpenetram o Corpo Denso de animais, mas não são concêntricos com ele. Imagens são projetadas pelo sábio Espírito-Grupo nesses Corpos, e os animais, sem Mente, seguem cegamente o curso sugerido por essas imagens. Assim, vemos que a consciência dos animais é análoga ao nosso próprio estado de sonho, com a importante diferença de que as imagens sugestivas projetadas pelo Espírito-Grupo não são irracionais, mas encarnam uma sabedoria maravilhosa que chamamos de instinto.
A inteligência supernormal e a razão observável em animais domesticados são induzidas pela associação com o ser humano, no mesmo princípio que a eletricidade da baixa tensão é induzida quando um fio não carregado é trazido próximo a outro que carrega uma corrente da tensão elevada.
No estado de vigília todos os veículos do ser humano são concêntricos, e ele tem a capacidade da vontade e razão. O mineral não pode escolher se cristalizará ou não, nem a planta tem a livre vontade; ela é obrigada a florescer por condições fora de seu controle. O leão deve caçar, e o coelho deve entrar na toca. Cada espécie tem certos hábitos genéricos, e todas as plantas ou animais separados de uma determinada família agem da mesma forma sob condições semelhantes, porque é impelido à ação pelo Espírito-Grupo comum. Portanto, se conhecemos os hábitos de qualquer animal, conhecemos as características de toda a família. Não é assim com o ser humano, QUE É GUIADO DE DENTRO. Cada um é uma espécie, uma lei em si mesmo, e não importa quanto estudamos, nunca podemos dizer o que alguém fará em um determinado caso, sabendo como outro agiu. Nem podemos escrever a biografia de uma rosa, ou de um leão. Apenas um ser humano, cuja vida é diferente de todos os outros, pode ser assim esboçado.
Assim, a supremacia mental e moral do ser humano sobre os animais e os reinos inferiores se deve ao fato de que ele é um ego individual, habitante, conhecendo a si mesmo como “EU SOU”, uma denominação não aplicável a um animal. O ser humano é capaz de iniciar a ação de dentro por um “EU QUERO”, enquanto os animais são guiados de fora por um Espírito-Grupo e não têm vontade própria.
Aqui também os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é mais abrangente e explícito que o ocultismo oriental. Distingue-se entre:
Durante o período de involução, quando o ser humano estava construindo seus Corpos e estava em contato mais íntimo com os Mundos espirituais do que agora, esses órgãos eram veículos de consciência por meio dos quais ele entrava em contato com os mundos internos que eram, então, tão reais para ele quanto o mundo físico é hoje. Mas à medida que mergulhava mais profundamente na matéria e começava a focalizar sua consciência aqui, esses órgãos eram um obstáculo, pois por meio deles sua atenção era desviada da obra do Mundo Físico. Por isso ficaram adormecidos. O ser humano, no entanto, evolui em espiral, e à medida que ele se eleva para cima, esses centros tornar-se-ão novamente ativos para lhe permitir recontatar os Mundos espirituais. Portanto, eles não se atrofiaram como teriam feito se seu propósito tivesse sido inteiramente servido.
Depois de muitos anos de estudo das glândulas de secreção interna, o Dr. C. E. de Sajons publicou um profundo tratado sobre o Corpo Pituitário, onde ele mostra que este órgão exerce um controle central sobre todo o nosso organismo físico; que, em vez de ser um órgão rudimentar ou atrofiado, como os fisiologistas têm afirmado há muito tempo, serve como ponto de controle sobre o Corpo. O sistema nervoso simpático, as secreções vitais da Glândula Tireoide e as Suprarrenais são reguladas por conexão direta com o Corpo Pituitário, bem como o trato digestivo e os nervos vasodilatador e vasoconstritor. Estas declarações científicas sobre a importância do Corpo Pituitário para o nosso sistema físico são especialmente interessantes à luz dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental sobre a função futura deste órgão.
O coração pertence a esta classe. É um músculo involuntário, mas é investido com as listras transversais peculiares aos músculos voluntários, e estas listras transversais tornar-se-ão mais e mais fortes, como o Ego ganha o controle sobre este órgão. Todos os músculos são a expressão do Corpo de Desejos, e quando o ser humano evolui os desejos espirituais e cresce em poder espiritual, o coração se tornará um músculo voluntário e a circulação do sangue passará sob controle voluntário. Então, ele terá o poder de reter o sangue das áreas do cérebro dedicadas a propósitos egoístas e dirigi-lo para outros centros dedicados a ideais altruístas.
Nas escrituras cristãs as doutrinas seguintes recebem grande destaque:
A doutrina do sangue é escrita em todas as páginas da Bíblia desde Gênesis até o Apocalipse. É inegável que o sangue é a base de todas as formas com vida senciente; mas até onde a escritora tem sido capaz de aprender, o ocultismo oriental não tem uma palavra sobre esse assunto importante. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, por outro lado, lança uma luz sobre o “Mistério do Sangue” que esclarece muitos dos problemas mais intrincados da vida. Tais Ensinamentos apresentam várias ideias extensas e profundas sobre o sangue. Eles denominam o sangue de “terreno vantajoso do espírito”, o veículo direto e individual pelo qual o ser humano, por meio do seu calor, controla e dirige seu corpo físico.
Quando o ser humano entrou no reino humano e estava desenvolvendo sua individualidade, o controle sobre suas ações foi, em certa medida, exercido pelo ESPÍRITO DE RAÇA, que, de uma maneira um tanto análoga ao controle do Espírito-Grupo sobre o reino animal, manteve o domínio sobre eles preservando a pureza do sangue tribal ou familiar; quanto mais íntimo o entrelaçamento de sangue pelo casamento no clã, casta ou tribo, mais forte o poder do Espírito de Raça. Como o sangue é o veículo do Ego, o portador de seus sentimentos e emoções e o gravador de sua memória, o entrelaçamento do sangue da família teve o efeito de reproduzir as imagens mentais dos pais em seus descendentes, que se viam nessa Memória da Natureza, através de uma longa linhagem de antepassados. Os acontecimentos na vida de seus antepassados assim pareciam ter acontecido a si mesmos. Foi através dessa consciência comum ou memória que se disse que um indivíduo viveu muitas gerações. Quando lemos que Adão viveu 900 anos e os patriarcas viveram durante séculos, significa que eles não viveram tanto tempo, mas que seus descendentes se sentiram como Adão, Matusalém, etc., porque o sangue ancestral, transmitido diretamente através de casamentos dentro da tribo, clã ou nação, era o armazém de toda a experiência, e carregava os retratos da memória da vida destes patriarcas. Assim, certas faculdades e traços foram construídos e o tipo fortalecido até que a humanidade pudesse caminhar com seus próprios pés, sem o auxílio do espírito da família ou da raça. Nos princípios da evolução do ser humano na busca do estado de consciência de si mesmo, ele viveu sob o reinado da lei, que submeteu o indivíduo à nação, tribo ou família.
Há evidências de que os primeiros judeus tinham um ensinamento especial sobre o sangue, como mostrado no versículo 14 do capítulo 17 do Livro de Levítico, onde foram proibidos de comer o sangue porque a “alma de toda a carne está no sangue”. Entre eles, o Espírito de Raça era mais forte do que o indivíduo, pois todo judeu pensava em si próprio primeiro como pertencente a uma certa tribo ou família, e seu maior orgulho era ser “semente de Abraão”.
Os Semitas originais foram os primeiros a desenvolver o livre arbítrio. Em certa medida, romperam com o Espírito da Raça ao se casarem com outras tribos, e essa introdução de sangue estranho interrompeu a consciência comum que compartilhavam com seus antepassados e que foi substituída pela consciência individual. Mas por esse ato, também, gradualmente perderam a chamada “segunda visão”, mantida até hoje por muitos escoceses que se casam dentro do clã.
O grande significância da Religião Cristã reside no ensinamento de que Cristo veio preparar o caminho para a emancipação da humanidade da influência do Espírito de Raça e unir a multiplicidade das raças numa fraternidade universal; para substituir o reino da lei pelo reino do amor e auto sacrifício; para incutir na nova raça o ideal da AMIZADE UNIVERSAL, um ideal que acabará por nivelar todas as distinções e trazer paz sobre a terra e boa vontade entre os seres humanos. Ele trouxe uma espada por causa da paz final, pois o Reino de Deus só poderá ser construído depois que o reino dos homens seja destruído – o Reino de Deus, que é construído DE DENTRO mediante o livre arbítrio do ser humano como um indivíduo auto-governante, cooperando com a vontade divina.
O ser humano está construindo em todos os Mundos e, apesar de, às vezes, parecer que ele está apenas construindo para o eu separado, existe no mundo atual um ideal de amizade e altruísmo que era pouco conhecido nas civilizações antigas. Através desta expressão de altruísmo, o ser humano está evoluindo para a perfeição de seu CORPO VITAL, QUE É A MAIOR EXPRESSÃO DO SANGUE. Este veículo é também o assento da memória e está correlacionado com o Espírito de Vida unificador. Os corpúsculos sanguíneos dos animais inferiores são nucleados, e esses núcleos são a base para a atuação dos Espíritos-Grupo, que controlam cada espécie por meio desses centros de vida. Quando a individualidade evolui, os núcleos desaparecem, como nos mamíferos superiores que estão se aproximando da individualização. No feto humano os corpúsculos sanguíneos são nucleados durante as primeiras semanas, enquanto a mãe trabalha no corpo; mas estes, o Ego, que renascerá nesse corpo, desintegra esses núcleos, quando toma posse de seu corpo como um indivíduo, pois não pode haver outro princípio governante onde o espírito é residente. Assim, o sangue de cada ser humano é diferente do sangue de qualquer outro indivíduo, fato esse que logo será descoberto pela ciência. Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos é ensinado que o Corpo Vital será nosso veículo mais denso no próximo ciclo ascendente, portanto a necessidade de seu desenvolvimento apropriado é prontamente necessária. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental fornecem explicações claras sobre os Éteres constituintes do Corpo Vital, suas funções no desenvolvimento do ser humano e a relação do desenvolvimento do Corpo Vital com a segunda vinda de Cristo. Inclui instruções para esse desenvolvimento, purificando o sangue, e este método é adequado à Mente e ao Corpo que evoluímos sob os ideais modernos e progressistas do Ocidente. É um MÉTODO OCIDENTAL PARA POVOS OCIDENTAIS; portanto, é seguro e certo, como a escritora sabe por experiência.
À medida que estudamos mais de perto esses ensinamentos maravilhosos, podemos entender o intrincado problema do sangue racial que tem desempenhado um papel tão importante na história do mundo e na perpetuação de ideias familiares, tribais e nacionais. A ciência ainda está procurando seu significado; reconhece o fato de que a transfusão de sangue de um animal de uma espécie superior para um de espécie inferior mata o último (hemólise). Contudo, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental explica que à medida que a humanidade evolui para a estatura divina, a mistura do sangue humano se tornará impossível. Em uma idade distante, a propagação da raça não será mais necessária, pois o ser humano terá aprendido a criar a partir de dentro de si, PELA PALAVRA. Ainda hoje o ser humano está construindo um Corpo mais sutil e melhor do que no passado, mais flexível, mais adaptável; ele está aprendendo a conhecer suas funções e está começando a se libertar da influência cristalizadora do sangue racial e a se tornar um cidadão do mundo.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental também dão a solução do problema do sexo e seu propósito. “O próprio Ego, ao contrário da ideia geralmente aceita, é bissexual”. Essa dualidade não se manifesta como sexo nos mundos internos, mas como vontade e imaginação, representando as forças solar e lunar, respectivamente. Durante a época em que a Terra estava dentro do Sol “as forças solares abasteciam o ser humano com todas as substâncias necessárias, e ele, inconscientemente, irradiava o excedente para o propósito da propagação”. Mas quando o Ego começou a habitar dentro do corpo e a controlá-lo, foi necessário usar parte dessa força criadora para construir um cérebro e uma laringe para que o ser humano pudesse ser equipado com instrumentos para a auto expressão. À medida que o corpo físico se tornava ereto, a dupla força criadora foi dividida, uma parte sendo dirigida para cima para construir o cérebro e a laringe e a outra para baixo para construir os órgãos que servem para a procriação. Como resultado dessa mudança, apenas uma parte da força essencial para a criação de outro corpo estava disponível em cada indivíduo e a cooperação de outro se tornou necessária para a propagação. Assim, o ser humano obteve a consciência do cérebro ao custo de metade de seu poder criador, mas ganhou um instrumento com o qual ele poderia criar no Mundo do Pensamento, nos domínios da música, poesia e arte e entrar na herança da beleza do mundo; e se por esse ato seus olhos foram abertos ao conhecimento da morte, dor e tristeza, eles também foram abertos ao conhecimento de sua própria divindade e ao conhecimento da lei do sacrifício, amor e serviço. O ocultismo oriental ensina o fato da separação em sexos, mas os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental MOSTRAM O PROPÓSITO DA SEPARAÇÃO.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental também têm uma explicação lógica para a mortalidade infantil, que provocado tanta tristeza e sofrimento ao mundo; é realmente uma ação misericordiosa da lei beneficente que previne uma calamidade maior ainda. Uma compreensão do funcionamento dessa lei nos mostrará como podemos prevenir essa anormalidade e nos salvar do incidente de sofrimento da partida prematura desses raios de sol muito amados, os quais, aliás, frequentemente deixam nossa terra fria e desolada.
Imediatamente após a morte o panorama da vida que acaba de finalizar passa diante do espírito. Pela contemplação, o panorama é gravado no Corpo de Desejos, e quando o Ego entra no Mundo do Desejo, ele sente, de uma forma incompreendida por nós neste presente estado, os erros da vida passada, enquanto passa pelas cenas onde fez algo de errado. Isto é o Purgatório, e com o sofrimento a alma tece a CONSCIÊNCIA para se proteger de maus atos em vidas futuras. Ele também goza as virtudes com uma intensidade inacreditável das boas obras feitas na vida passada. Isto é o Primeiro Céu, e por meio dessa alegria vem o incentivo para viver até IDEAIS ainda maiores no futuro. Assim, o Espírito colhe os frutos de consciência e de aspiração elevada da contemplação imperturbável e do panorama, imediatamente após a morte.
Quando essa contemplação é perturbada, como no caso de morte no campo de batalhas, ou por fogo, afogamento ou outros acidentes, as circunstâncias angustiantes fazem com que seja impossível para o espírito que possa dar a devida atenção ao panorama revisto da vida passada. Esse é também o resultado quando explosões histéricas de familiares agem de forma igualmente desconcertantes. Em tais condições a gravação no Corpo de Desejos é fraca, e consequentemente as sensações de alegria e tristeza não são sentidas com o entusiasmo na existência post-mortem para gerar a consciência, e que servirá para guiar o espírito em sua próxima vida na terra, ou ideais para encorajá-lo adiante. Semeou, mas não colheu; a vida foi vivida em vão, e em sua próxima vida na Terra o ser humano ainda estará sujeito aos vícios da vida que acabou de passar; as virtudes adquiridas na vida anterior teriam que ser trabalhadas novamente. Assim, o Espírito seria lançado ao mar da vida como um navio sem bússola para guiá-lo em seu refúgio de descanso, e seria condenado a uma vida à deriva e sem rumo. Estranho como possa parecer, a mortalidade infantil, sob tais circunstâncias, foi desenhada pela bondade amorosa de Deus, para evitar essa calamidade causada pela selvageria, descuido ou falta de consideração, e dar ao espírito entrante um começo justo na vida. O método para atingir esse objetivo é o seguinte:
Em seu caminho para o renascimento o espírito recolhe material para sua nova Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso. Como o período de gestação precede ao nascimento do Corpo Denso, assim acontece com as vestes mais finas. O nascimento do Corpo Vital, aos sete anos, inaugura o crescimento rápido; do Corpo de Desejos, aos catorze anos, traz a adolescência e emerge a idade emocional; e aos vinte e um anos, quando a Mente nasce, a razão ilumina o caminho para subjugar as emoções e guiar-nos pela vida.
O que não nasceu também não pode morrer; e quando um Corpo Denso de uma criança morre antes da idade da adolescência, a gestação do Corpo de Desejos será completada no Primeiro Céu, uma parte do Mundo do Desejo (chamado de “Terra do Verão” por alguns) onde os ideais nobres e a aversão ao mal são instilados por professores devotados. Ali são ensinadas às crianças a moralidade superior, enquanto ficam engajadas em brincar com cores e brinquedos vivos tão lindos, que se pudéssemos vê-los, nós iríamos esquecer nosso sofrimento e agradecer a Deus por Sua bondade. Após alguns anos esses sortudos, muitas vezes, renascem na mesma família, mais nobres do que eles seriam se eles não tivessem a experiência resultante de uma morte na infância.
O Ocultismo Oriental nos diz que não devemos lamentar por aqueles que passam, porque o nascimento é tão certo para os que morrem como a morte é para os que nasceram. Isto é verdadeiro, mas é tão frio como o ocultismo em si. A mortalidade infantil é tão triste, aparentemente é uma anormalidade da natureza, que desejamos um raio de esperança para confortar nossos corações doloridos quando o Anjo da Morte toma o sol de nossos lares. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental falam para o Coração e a Mente igualmente; nos mostram uma lei trabalhando para o bem, para corrigir nossos erros; iluminam o caminho do sofrimento com um raio de esperança, e nos mostram como podemos nos salvar desse sofrimento em vidas futuras, abolindo a Guerra, cuidando para evitar acidentes, e sendo atenciosos com a partida de amigos na hora de sua morte, não os distraindo com lamentações egoístas.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dão inestimáveis instruções no cuidado dos moribundos e mostram como podemos ajudá-los, na hora da passagem, a realizar o maior crescimento de alma possível da vida que acaba de terminar. Portanto, esses ensinamentos são de benefício prático em cada contingência da vida e da morte.
Embora a ideia de que a morte é apenas um deslocamento de atividades deste Mundo Físico para Mundos mais sutis, o Mundo celestial, é aceita pelos estudantes mais sérios, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental explica o funcionamento da lei natural, em relação à duração da vida terrena e ao colapso do Corpo Denso. O ser humano constrói o arquétipo de seu Corpo Denso no Mundo Celestial. Este arquétipo é, naturalmente, construído de acordo com suas capacidades inerentes. Às vezes, uma vida se prolonga para além da duração normal, quando os Seres Compassivos percebem que ela pode colaborar mais, mas de modo geral o arquétipo persiste até que a vibração, iniciada no nascimento, cesse.
Quando a vida física chega ao fim, a ascensão do Espírito é retardada pela matéria do desejo que se agarra a ele, depois que o Cordão Prateado foi rompido. A partir disso, ele procura se libertar por força centrífuga, seguindo a mesma lei natural pela qual um Planeta se liberta da parte que está se cristalizando em si mesmo. Então, primeiramente, a matéria mais inferior do Corpo do Desejos é descartada. Ela é eliminada pela força centrífuga da PURGAÇÃO, que arranca o mal e permite que o espírito ascenda às regiões superiores, que constituem o Mundo celeste. Nessa conexão, o ensinamento mais importante dado é a necessidade de gravar corretamente o panorama da vida passada no Corpo de Desejos, para que o Ego possa ver seus sucessos e seus fracassos, onde era forte e onde era fraco; para que ele possa ver o propósito da dor e o caminho que leva à sua erradicação. Cada geração, ao ascender ao Mundo celeste, canta um cântico de suas realizações que ela fez na Terra. Assim, cada uma entoa um canto diferente na harmonia de nossa esfera, e da mesma forma que sementes quando colocadas sobre uma placa de vidro são organizados de maneira diversas, quando tons definidos fazem a placa vibrar, assim estas variações na canção mundial são as causas que mudam o clima, a flora e a fauna terrestre. Se fôssemos aplicados durante a nossa vida anterior, ao chegarmos ao Mundo celeste, cantaríamos sobre uma terra de abundância, e seria isso que nós encontraríamos quando retornassem. Se negligenciarmos a nossa terra e passarmos nosso tempo na especulação metafísica, nossa canção no Mundo celeste será muito diferente, e quando retornamos à vida terrena, nos encontraremos em uma terra de fome, inundação e desolação. Todas as coisas no céu e na terra são governadas pela Lei de Consequência, que é imutável e que mantém o equilíbrio do mundo.
Enquanto os pontos anteriores são importantes para mostrar os conceitos superiores dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental em relação aos do ocultismo Oriental, eles se tornam insignificantes em comparação com as diferenças entre os dois ensinamentos referentes ao Cristo, a Sua identidade, a Sua missão, e a natureza do Seu advento. Sobre este ponto importante, diz Edith Ward em The Occult Review[4], há uma diferença tão radical e irreconciliável que ambos não podem ser, simultaneamente, verdadeiros. Ela chega a esta conclusão comparando o Livro Conceito Rosacruz do Cosmo, de Max Heindel, com os escritos de um líder da principal sociedade que promulga o hinduísmo entre os povos do Ocidente.
Até novembro de 1909, quando o Conceito Rosacruz do Cosmo foi publicado, esta sociedade tinha muito pouco a dizer sobre um Cristo; mas desde então eles têm feito disto uma característica. Em um de seus livros mais recentes, seu líder afirma que as vidas de Cristo sempre tiveram uma relação muito estreita com os membros mais dedicados desta sociedade. Jesus é dito ter recentemente renascido como um hindu, e no momento está à cargo desse líder, que afirma estar preparando-o para o governo espiritual do mundo.Nós não temos nenhuma discussão com aqueles que acreditam nisso. É contrário à política da Fraternidade Rosacruz falar de forma depreciativa de pessoas de outra crença ou burlar de suas crenças sinceras; mas reivindicamos o direito ético de comparar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, que está em pleno acordo com as escrituras cristãs em que acreditamos, com os Ensinamentos da escola do Oriente, que tem o propósito de mostrar que o Cristo a quem todos os cristãos procuram por luz e esperança NÃO é o Cristo proclamado por esta sociedade.Com esse objetivo há referências mais volumosas, mas a seguinte será suficiente. As letras “X” e “Z” são usadas para designar duas citações de escritores da escola do Oriente.De acordo com “X”, afirma-se que “quando chegou o momento em que era esperado que a humanidade estivesse pronta para cuidar de si mesma, os mais avançados que haviam alcançado o estágio de adeptos eram dois amigos ou irmãos cujo desenvolvimento tinham o mesmo grau. Estes foram Lord Gautama e Lord Maitreya. O primeiro foi quem atingiu o estágio primeiro, o outro o seguiu, porém, centenas de anos mais tarde …. Buda cedeu seu cargo de governante da Religião e educação para Lord Maitreya, a quem o povo ocidental chama de Cristo, e que tomou o corpo do discípulo Jesus, durante os últimos três anos de sua vida no plano físico …. Senhor Maitreya teve vários nascimentos antes de ter o ofício que possui agora”. “Z” traça uma linha semelhante de nascimentos -“O Senhor Maitreya, no devido tempo, apareceu como Shri Krishna, e faleceu em idade adulta precocemente, voltando para sua casa no Himalaia. Então ele veio novamente, usando o corpo de seu querido discípulo, Jesus, o hebreu, e por três anos brilhou na perfeita ternura de Cristo…. e agora novamente nós estamos esperando, por Sua vinda”.Mas que essas pessoas não esperam o Cristo dos Evangelhos, ou do mundo cristão e dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é um fato que se há de se cuidar de imprimir sobre seus leitores, como se segue:“Z” Escreve:“Ao considerar o retorno do Cristo quero distinguir claramente entre o Cristo dos evangelhos e a quem eu me refiro. Tudo o que eles têm em comum é o nome Jesus…. É necessário enfatizar o fato que o Jesus, cujo imediato retorno eu espero, não pode de forma alguma ser confundido com o seu Cristo …. Se você permanecer fiel em suas escrituras – cuja autenticidade eu nego – eles irão protegê-lo contra …. confundindo o profeta cujo imediato retorno proclamo e o Cristo dos Evangelhos”.“X” diz:“Quando examinamos através da clarividência a vida do fundador do Cristianismo…. nós não encontramos vestígio dos doze Apóstolos…. O autor dos evangelhos parece ter concebido a ideia de lançar alguns dos grandes fatos da iniciação em um forma narrativa e misturando-os com alguns pontos fora da vida do Jesus real, que nasceu 105 a.C”.Com isto “Z” concorda:“Sua fé na sua divindade surge de sua fé na história de sua vida, como registrado por seus discípulos. Mas tanto quanto eu sei, estes Discípulos nunca existiram, e a história de sua vida, e a deles é uma criação da IMAGINAÇÃO…. o Cristo a quem me refiro…. viveu na terra cerca de um século antes do tempo que se supõe que esses eventos ocorreram na Palestina, mas não foi assim”.Não parece estranho que escritor a que repudia as escrituras Cristãs e qualifica a história de Cristo e Seus Apóstolos como uma invenção da imaginação, exclama pateticamente como segue, o motivo pelo qual o novo Cristo é repudiado por muitos membros de sua sociedade:“Será que a história irá se repetir e a história da Judeia, de Jerusalém, e até mesmo do calvário mais uma vez acontecerá?”.Como pode repetir-se algo que nunca aconteceu? E não é estranho que um líder que faz uma campanha mundial repudiando o Cristo do Mundo Ocidental e das escrituras Cristãs e que anuncia outro Cristo, assumindo dizer:“Eu quase nada sei deste Jesus, cujo retorno eu prevejo”.Não é estranho que alguém que diz sem rodeios e sem reservas, “Eu não sou um Cristão”, deveria ter sido confiada a grande missão de proclamar o retorno de Cristo?Deixe o leitor responder a estas perguntas e ele pensar nas evidências dos méritos. Mas nós acreditamos, ou melhor, nós sabemos que o Cristo de todos os Cristãos devotos e crentes é totalmente diferente do anunciado pelos novos líderes da escola oriental do ocultismo.
Os ensinamentos da Sabedoria Ocidental fornecem uma descrição abrangente da cosmogênese. Três grandes Períodos evolutivos precederam nosso estado atual. O Pai é o Iniciado mais elevado do primeiro ou do Período Saturno. O Filho (Cristo) é o mais elevado Iniciado do segundo ou Período Solar, e Jeová é o mais elevado Iniciado do terceiro ou Período Lunar.
Sob o regime de Jeová e seus Anjos a separação dos sexos ocorreu e também uma divisão da humanidade em tribos e nações. A natureza do desejo era desenfreada, e por isso as Leis foram dadas, e “o temor do Senhor” foi colocado contra “os desejos da carne”. Todas as Religiões de Raça foram concebidas por Jeová, cada uma adaptada à nação particular a quem foi dada. Todas essas formas de culto se destinavam a preparar a humanidade para o reinado de Cristo, cuja missão é nos emancipar do Estado de direito, segundo o qual tudo é pecado; substituindo pelo reino do Amor, onde tudo servirá.
Jeová trabalhou na Terra e na humanidade, DE FORA, da mesma forma que os Espíritos-Grupo trabalham com os animais. Mas há 2.000 anos, no Batismo, o Espírito de Cristo tomou os Corpos Denso e Vital de Jesus e até a tragédia no Gólgota, quando entrou na Terra e tomou posse como Espírito planetário. Imediatamente Cristo começou a purificar o Mundo do Desejo, que estava repleto de brutalidade e do egoísmo gerados sob a Lei, e também a irradiar o amor e o altruísmo, que permeia, lenta e seguramente, o Mundo. Assim, com o tempo, certamente veremos “paz na terra, boa vontade entre os homens”[5].
Mas o Grande Sacrifício SOMENTE COMEÇOU no Gólgota; o Cristo ainda está “gemendo e trabalhando”, e deve continuar a fazê-lo “até o dia da manifestação dos Filhos de Deus” [6], o dia em que teremos evoluído o suficiente para guiar o nosso próprio Planeta em sua órbita e cuidar dos nossos irmãos mais fracos. Não esqueçamos que podemos acelerar ou retardar o dia da Sua vinda pelos tipos de vidas que vivemos. Se vivemos para o Mundo, prolongamos a Sua prisão e agonia; e, portanto, se deve observar sua última admoestação, para que tudo o que fazemos, seja feito EM MEMÓRIA DELE; pois então estaremos trabalhando para liberá-Lo, acelerando assim o tempo em que O encontraremos “no ar”, à medida que Ele for saindo do centro da Terra em direção à superfície e, então, para o Sol, de onde Ele veio.
O trabalho da raça ariana é a evolução da razão; conseguiu bem cumprir esse propósito. Mas, doravante, a humanidade deve aprender a iluminar a sua razão pela luz interior do espírito e unir o seu CONHECIMENTO CEREBRAL com o conhecimento do CORAÇÃO. Deve aprender a iniciar por meio de seu próprio livre arbítrio toda ação de dentro, e essa ação deve resultar em Serviço.
Foi dito que a “a flor da Religião sempre foi dada para a flor da humanidade”, e que religiões mais gloriosas ainda estão por vir. No entanto, o mundo de hoje está apenas começando a ter fracos vislumbres da elevada missão de Cristo, que é elevar a humanidade para a realidade vivente da FRATERNIDADE UNIVERSAL.
Nos Ensinamentos de Mistérios Atlante, registrado no Antigo Testamento, descobrimos que o ser humano, por sua própria liberdade, comeu da “Árvore do Conhecimento”, que trouxe dor e morte ao Mundo e, como resultado, ele foi “expulso do jardim de Deus, vagou pelo deserto do mundo”[7]; que Deus, por piedade, fez uma aliança com o ser humano; que um Tabernáculo foi construído, dentro do qual foi colocada a Arca, simbolizando o espírito humano, que nunca morre; que os bastões da Arca nunca foram removidos, para que o ser humano, um peregrino, nunca descanse até alcançar, por sua própria vontade, o objetivo humano. Dentro desta Arca estava o “pote de maná dourado”, MAN, caído do céu, juntamente com uma declaração de leis divinas que ele deve aprender em sua “peregrinação pelo deserto da matéria”; havia, também, o “bastão mágico” de Aarão, o símbolo do poder espiritual, que está dentro de cada um, exortando-o a caminhar para Templo Místico de Salomão[8]. No Antigo Testamento é detalhada a descendência do ser humano que desceu do céu, suas transgressões aos mandamentos de Jeová, que o orientaram e o guiaram com dor e tristeza pelo deserto da matéria em direção ao reino da paz, que será conduzido por Cristo.
O mundo já começou a viver os ensinamentos internos do Cristianismo, mas de maneira bem parcial; apenas ligeiramente começou a entender seu significado; ainda que lenta, mas seguramente, estamos a caminho do próximo ciclo de progresso, a grande Sexta Época, da qual Cristo deve ser o líder, uma Época que congregará toda a humanidade, seja “Filhos de Caim” ou “Filhos de Seth”, para trabalhar em harmonia no Reino de seu Senhor; a Época que os raios da Rosacruz derramarão a luz do entendimento sobre todas as instituições dos seres humanos, de modo que toda diferença se transformará em serviço amoroso e desinteressado para o bem de todos, e a amizade unirá as almas dispersas no Reino de Cristo. Quando Ele aperfeiçoar completamente a unificação do Reino, Ele o cederá ao Pai, conforme indicado na Bíblia.
Nos Ensinamentos de Mistérios Ocidental é revelada a missão de Cristo, que veio mostrar e preparar o caminho para o Seu Reino e que não só os atrasados podem ser elevados, mas que todos os que estão prontos para entrar na senda reta e estreita podem encontrar a Luz e o Caminho. Já não é Ele “o que virá”, mas o ÚNICO QUE VOLTARÁ. NUNCA APARECERÁ NOVAMENTE EM CARNE – pois, como disse São Paulo, a carne não pode herdar o Reino – mas em CORPO-ALMA. Quando a humanidade evoluir a consciência etérica poderá encontrá-Lo “no ar”. Mas “daquele dia e hora, ninguém conhece, nem mesmo os Anjos que estão no céu, nem o Filho, mas o Pai”. Então, a Lei que foi dada por Moisés será substituída pela “graça e verdade que veio por Jesus Cristo”[9], e a humanidade que surgiu no seu curso designado testemunhará como filhos legítimos de Deus que é possível obedecer ao comando divino: “Sede perfeitos, assim como o vosso Pai Celestial é perfeito”[10].
CONCLUSÃO
Nas páginas anteriores, abordamos, um pouco, a riqueza da sabedoria encontrada nos Ensinamentos do Mistério Cristão difundidos por meio da Fraternidade Rosacruz. Mas foi suficiente para convencer qualquer pessoa familiarizada com o ensino do ocultismo oriental e que esteja aberta à convicção. Embora ambos contenham as mesmas grandes verdades básicas comuns a todas as religiões, antigas e modernas, estão muito longe de ser O MESMO e que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental está tão longe do ocultismo oriental como BUDA, a luz da ÁSIA, ESTÁ DISTANTE DO NOSSO GLORIOSO CRISTO, A LUZ DO MUNDO, cuja chegada assistimos e oramos.
Fim de
[1] N.T.: do poema: The Present Crisis de James Russell Lowell (1819–1891)
[2] N.T.: do capítulo XV – Cristo e Sua Missão do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel
[3] N.T.: Gorilas, Orangotangos, Chimpanzés e Bonobos são os antropoides superiores.
[4] N.T.: The Occult Review foi uma importante revista britânica que existiu de 1905 até 1951 com Ralph Shirley como editor, este que foi vice-presidente do Instituto Internacional de Investigação Psíquica. A revista foi chamada por algum tempo como The London Forum. A descrição da revista dizia “ Revista mensal devotada a investigação do sobrenatural e o estudo de problemas psicológicos.”.
[5] N.T.: Lc 2:14
[6] N.T.: Rm 8:19
[7] N.T.: do Livro Maçonaria de Catolicismo – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[8] N.T.: Veja mais sobre a simbologia do Tabernáculo do Deserto no livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.
[9] N.T.: Jo 1:17
[10] N.T: Mt: 5:48
Pergunta: Qual o significado das letras I.N.R.I. colocadas, às vezes, no topo da cruz?
Resposta: Segundo a narração tirada do Evangelho, Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras “Jesus Nazarenus Rex Judaeorem” e isto é traduzido, normalmente, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”.
Mas, as iniciais I.N.R.I colocadas sobre a cruz representam os nomes em hebraico de quatro elementos: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Iabeshah, terra. Esta é a chave oculta do mistério da crucificação, pois ela simboliza, em primeiro lugar, o sal, enxofre, mercúrio e azoto, que foram utilizados pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o “elixir-vitae”. Os dois primeiros (Iam e Iabeshah), representam a água salina lunar: a – em um estado fluídico que contém sal em solução; b – o extrato coagulado desta água: o “sal da terra”; em outras palavras, os sutis veículos fluídicos do ser humano e seu Corpo Denso. N (nour) representa o fogo em hebraico, e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo, são muito necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria impossível. O Ego, sem esta condição de calor no sangue, não poderia funcionar no corpo, nem conseguiria uma forma de expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth que funciona na Mente mercurial. Assim, as quatro letras: I.N.R.I. colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato dos Evangelhos, representam o ser humano composto, o Pensador, no momento de seu desenvolvimento espiritual, quando começa a se libertar da cruz de seu veículo denso.
Ampliando mais a elucidação deste ponto, notamos que I.N.R.I. é o símbolo do candidato crucificado pelas razões seguintes:
Iam, a palavra hebraica para água, o fluido ou elemento lunar, que constitui a maior parte do corpo humano (cerca de 87%). Esta palavra é também o símbolo dos mais sutis veículos fluídicos do desejo e da emoção.
Nour, a palavra hebraica para fogo, é a representação simbólica do calor produtor do sangue vermelho que está carregado de ferro, fogo e energia do marcial Marte, e esse sangue é visto pelo ocultista como um gás circulando pelas veias e artérias do corpo humano infundindo-lhe energia e ambição, sem as quais não haveria progresso espiritual nem material. Também representa o enxofre e fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, como já anteriormente mencionado.
Ruach, a palavra hebraica para indicar o espírito ou ar vital, é um símbolo excelente do Ego envolvido pela Mente mercurial, que torna Espírito Virgem manifestado um ser humano, capacitando-o a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma forma racional.
Iabeshah, a palavra hebraica para terra, representando a parte sólida, a carne do ser humano, e forma o corpo terrestre cruciforme cristalizado dentro dos veículos mais sutis ao nascer e separado deles ao morrer no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender as gloriosas esferas superiores por uns tempos.
Este estágio do desenvolvimento espiritual do Místico Cristão requer uma reversão da força criadora de seu curso normal, de onde normalmente desperdiça energia para satisfazer suas paixões, uma corrente dirigida para baixo através do tríplice cordão espinhal, cujos três segmentos são regidos, respectivamente, pela Lua, Marte e Mercúrio, e de onde os raios de Netuno acendem o Fogo Regenerador Espiritual da Espinha Dorsal. Esta consciente elevação coloca em vibração o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal, abrindo a visão espiritual. Isto golpeia o sinus frontal, o que dá início aos efeitos da coroa de espinhos; o latejar da dor, à medida que a ligação com o corpo físico é consumida pelo sagrado Fogo Espiritual, que desperta este centro de sua milenar letargia começando a vibrar em direção a outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Elas também são vitalizadas e todos os veículos iluminam-se com o “Dourado Manto Nupcial”, o Corpo-Alma. Então, num arranco final, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, fica livre e a energia marciana, contida nesse veículo, impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado devido aos estigmas da cabeça, mãos e pés que estão situados na mesma posição dos da estrela de cinco pontas), o qual ascende através da caveira (Gólgota) enquanto o Cristão crucificado lança o grito triunfante: “Consummatum est” (está consumado), e começa a elevar-se as sublimes esferas siderais ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, é companheiro inseparável. Jesus é seu Mestre e seu guia para o reino de Cristo, onde todos estaremos unidos num só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, e onde no reino Ele possa ser tudo em Todos.
(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Perg. Nº 78 – Fraternidade Rosacruz – SP)
As páginas da Bíblia encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização.
Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal.
Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos.
A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço.
Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
1. Para fazer download ou imprimir:
A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas – Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
A BÍBLIA: O MARAVILHOSO LIVRO DAS ÉPOCAS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1954, The Bible: wonder book of the ages, editada por Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
Parte I: Destaques importantes sobre Iniciação no Antigo Testamento 5
CAPÍTULO I – Abraão – O modelo cósmico para o ser humano da quinta raça raiz 7
CAPÍTULO II – Jacó e Moisés – Filhos iniciados da sabedoria antiga. 14
CAPÍTULO III – Davi e Salomão – Acrescentando revelações de verdade e sabedoria 20
A Missão de Salomão para o Mundo. 23
Iniciação Suprema de Salomão. 27
CAPÍTULO IV – Sons de Iniciação. 30
Cântico dos Cânticos – um canto matrimonial místico. 33
Parte II: Destaques importantes sobre Iniciação no Novo Testamento 39
GetsÊmani: O jardim da Aflição. 57
Correspondências astrológicas desde a Anunciação até a Ascensão. 66
CAPÍTULO VII – Os doze imortais 70
CAPÍTULO VIII – O CAMINHO DE DAMASCO.. 85
A LUZ GLORIOSA EM DAMASCO.. 89
O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO INTERIOR. 93
Parte III: O Mistério do Cristo no Cosmos 102
CAPÍTULO IX – Os Doze Caminhos Através do Zodíaco. 104
CAPÍTULO X – O Mistério de Cristo nos Céus 112
CAPÍTULO XI – O Cristo Cósmico e o Cristo Planetário. 122
CAPÍTULO XII – O Ciclo do Ano com Cristo. 128
O Primeiro Trimestre: Janeiro, Fevereiro e Março. 128
O Segundo Trimestre: Abril, Maio e Junho. 129
O Terceiro Trimestre: Julho, Agosto e Setembro. 130
O Quarto Trimestre: Outubro, Novembro e Dezembro. 133
A Bíblia é o maravilhoso livro das épocas. Suas páginas encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização. Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal. Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos. A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço. Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
Seus segredos foram cuidadosamente colocados no texto bíblico, espiral dentro de espiral, de tal modo que quanto mais espiritual o ser humano se torna, mais profundos significados se revelarão para ele.
Como está escrito no Zohar, “Infeliz é o homem que somente enxerga no Torah (a Lei) simples recitações de palavras comuns! …. Cada palavra do Torah contém elevados significados e mistérios sublimes… A observação simples é capaz de revelar somente as vestimentas do Torah e seus versos… O homem mais instruído não presta atenção à vestimenta, mas ao corpo que a envolve”.
A Bíblia acompanhará o ser humano para as mesmas portas da Nova Era, onde descobrirá que suas páginas revelam um conceito totalmente novo a respeito dos mistérios da vida espiritual, como este livro maravilhoso é o verdadeiro livro da Vida sobre o qual serão baseadas as ciências da alma da Nova Era de Aquário.
Quando se lê a história da Bíblia sob a luz das interpretações da Nova Era, em que se relacionam todos os personagens e eventos ao ser humano individual, para que estas qualidades e atributos sejam cultivados ou erradicados, ocorre que as Escrituras se convertem em PALAVRAS VIVAS, aplicadas imediatamente aos problemas pessoais atuais da vida diária. Os aspectos históricos, então, retrocedem a um segundo plano. A Bíblia deixa de ser um livro de um passado diferente e morto e passa a ser um guia para um presente vivo e pulsante.
Abraão cujo nome significa “pai das multidões” foi o primeiro dos mestres iniciados enviados a nova Quinta Raça Raiz que habitaram a Terra depois da destruição do continente Atlântico pelo Dilúvio. Ele veio de Ur, cidade da “luz”, e se estabeleceu em Haran, “um lugar alto”. Sarah e Lot viajaram com ele. Sara, significa “princesa” e representa o princípio do feminino ou do amor, e Lot, identificado principalmente com Sodoma, que representa a natureza inferior. Assim, Abraão viaja para a nova terra, acompanhado por ambos os elementos superiores e inferiores que estão dentro de sua própria natureza.
Como um pioneiro, Abraão representa astrologicamente, Saturno, que preside o princípio da manifestação e quem as forças modelam a forma da substância que emerge do Caos.
Os espiritualmente iluminados sempre consideraram que cada lugar mencionado na Bíblia representa o aqui e agora, e cada personagem mencionado é você, você mesmo. Assim, por exemplo, as duas esposas de Abraão, Sarah e Hagar, tipificam respectivamente as naturezas superior e inferior do ser humano, e os dois filhos que nasceram, representam os atributos e as obras resultantes das atividades destas duas naturezas opostas no ser humano. Agar e seu filho Ismael, personificam o ser inferior e Sara e seu filho Isaac, caracteriza o superior. O nome Isaac significa alegria, a alegria que vem ao mais alto Ego com a vida verdadeira.
Abraão foi inicialmente conhecido como Abrão (Abram) e sua mulher Sarah como Saray. A partir da primeira Iniciação de Abraão a letra H (Abram antes da Iniciação; após a Iniciação seu nome passou a ser escrito como Abraham) se incluiu em seu nome, a letra “H”, uma letra feminina, que quando adicionado ao nome de Abram e Saray, indica que em sua experiência iniciatória eles despertaram o princípio feminino dentro de si ou princípio intuitivo. O despertar desse princípio dá origem a Isaac que, no recente contexto significa a alegria que a alma experimenta quando se estabelece ações retas e harmoniosas com a Super-Alma.
Abraão (ou Abraham) personifica o que se poderia chamar de arquétipo da quinta Raça Raiz. Portanto, os principais eventos que ocorreram em sua vida, como é relatada na Bíblia, devem ser imitados em seu significado essencial por todo o indivíduo que pertence à está presente Raça Raiz.
Abraão alcançou tão elevada condição na realização espiritual que pôde se comunicar face a face com mesmo Senhor dos Céus. No entanto, quanto mais alta a alma ascende, mais sutis serão as tentações, e mais severos serão as provas e testes que deverão ser superadas. Isso é bem verdade, pois “muitos retrocederam e não mais caminharam com Cristo”[1]. Em seu progresso espiritual, Abraão finalmente enfrentou uma de suas maiores provas no Caminho Iniciático, a denominada Grande Renúncia. Assim como se lê em Gênesis 22:7-12:
“Isaac dirigiu-se a seu pai Abraão e disse: ‘Meu pai!’. Ele respondeu: ‘Sim, meu filho!’. — ‘Eis o fogo e a lenha,’, retomou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o holocausto?’. Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho’, e foram-se os dois juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o altar, dispôs a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e apanhou o cutelo para imolar seu filho. Mas o anjo de Iahweh o chamou do céu e disse: ‘Abraão! Abraão!’. Ele respondeu: ‘Eis-me aqui!’. O anjo disse: ‘Não estendas a mão contra o menino! Não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus: tu não me recusaste teu filho, teu único’.”
Esta passagem revela uma completa renúncia de si mesmo para Deus. Ele tinha a vontade, a coragem e a força para passar por esse teste com sucesso. Deste modo, ele abriu a porta para um eflúvio de poder e iluminação que não é nem sonhado por aqueles que ainda não foram testados e provados neste nível. Ele não questionou a fé para obedecer ao comando do Senhor (Lei), não importava o custo. Este é o caminho da pessoa qualificada para tomar parte dos grandes planos de Deus para o ser humano. A sentença de Cristo que diz “aquele que encontrou sua vida, a perderá; e aquele que perdeu sua vida por minha causa, a encontrará”, é um ensinamento do Templo que pertence às eras.
Novamente em Gênesis 22:13 lemos:
“Abraão ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num arbusto; Abraão foi pegar o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar de seu filho.”.
O carneiro é o símbolo de Áries. Tal símbolo foi chamado por muitos anos de “o cordeiro da apresentação”. Em seu aspecto superior, as palavras-chave para Áries são: pureza, serviço e sacrifício. É o Signo da ressurreição. Peixes é o último Signo do Zodíaco, é um lugar de pesar, um jardim de lágrimas, o Getsemani no Caminho. Suas portas se fecham e apenas abrem no primeiro Signo zodiacal, Áries, anunciando a chegada do recém-nascido. Abraão agora chegou até este ponto em seu desenvolvimento Iniciático.
Uma das supremas experiências espirituais da vida de Abraão foi seu encontro com Melquisedeque, que foi um dos maiores mestres iniciadores. Ele foi um dos principais Altos Sacerdotes da Atlântida e Mestre daqueles indivíduos remanescentes que sobreviveram da destruição pelo Dilúvio. Noé e sua família são os nomes genéricos daqueles sobreviventes.
Melquisedeque deu a Abraão os profundos ensinamentos espirituais que mais tarde se tornaram conhecidos no mundo Cristão como a Missa Cristã, e que o Cristianismo Ortodoxo o denomina como a Sagrada Comunhão. Uma versão superior desse mesmo mistério espiritual foi o último e mais sublime ensinamento que o Senhor Cristo deu aos mais avançados Discípulos durante seus três anos de ministério na Terra. Uma revelação ainda maior desse sagrado mistério tornar-se-á o centro dos ensinamentos e do ritualismo da Religião da Nova Era Aquariana.
Depois que tudo isso aconteceu, a palavra do SENHOR veio a Abrão em visão, dizendo: “Não temas, Abrão! Eu sou o teu escudo, tua recompensa será muito grande.”[2]. Então disse Abrão: “Meu Senhor Iahweh, que me darás? Continuo sem filho… e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliezer?”[3]. Essa questão guarda a chave do entendimento de um dos mais ocultos capítulos da Bíblia. Uma interpretação bem resumida: o nome Eliezer significa “ajuda de Deus”. Tal nome simboliza o despertar dos poderes do Ser Divino interno. Eliezer é um mordomo e um fiel devoto da família de Abraão, que aqui representa o corpo. Ele é da cidade de Damasco, cidade que na simbologia bíblica significa um centro de iluminação e um lugar onde as flores são vigorosas e perpétuas. Privado da descendência, aquilo que Abraão pergunta ao Senhor é, em efeito, o que ele deveria fazer, pois verificou que seu Deus interno está agora funcionando como um espírito de luz que agora está no comando de seus atributos e faculdades.
Tal experiência nos mundos internos confirma a mensagem da escritura que mostra que seu encontro com o Senhor foi uma VISÃO. Além disso, a promessa feita a Abraão pelo Senhor de que o herdeiro que ele buscava nasceria de suas próprias entranhas, ou de seu ser interior, denota o aspecto espiritual dessa experiência. Sua descendência espiritual seria impossível de contar, assim como as estrelas do céu. Abraão acreditou sem embargo que a “mente mortal”, que são os sentidos físicos, a parte incrédula do ser humano, cederia espaço para a percepção clara de sua alma de verdade nos planos da consciência ao qual ele tinha agora ascendido.
O Senhor também prometeu que daria a sua descendência a Terra que se estende “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[4]. Abraão, então, perguntou como ele saberia que esta seria a sua herança. O Senhor respondeu enigmaticamente: “Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.” (Gn 15:9).
Assim ele fez. Mas este não foi um sacrifício sanguinário pelo qual se viu chamado a realizar. Toda experiência relatada neste capítulo ocorreu nos planos internos ou no nível suprafísico. Para se aprender o significado interno em seus mínimos detalhes, deve-se considerar que as palavras que descrevem tais experiências trazem termos simbólicos. Lembre-se sempre que as maiores verdades espirituais nunca são passadas de maneira escrita, mas transmitidas oralmente de Mestre para Discípulo de acordo com o entendimento e méritos deste último. Na medida em que são ou podem ser transmitidas de modo escrito, símbolos e cifras de vários tipos são também utilizados, pois eles traduzem da melhor maneira aquilo que as palavras sozinhas não podem fazer.
Assim sendo, como referências escritas são feitas para as mais exaltadas experiências da alma, e como a natureza das palavras é obscura e enigmática, exceto para aqueles que já conseguiram um estado de consciência que penetra a alma das coisas e possibilita observações e corroborações inteiramente novas. Quando se lê a Bíblia a luz do conhecimento esotérico, as cerimônias das Religiões exotéricas são apenas frações mutiladas dos verdadeiros rituais que se encontram nela.
Regressando ao tema do sacrifício animal, não foi exatamente essa oferenda de Abraão. As “asas que a alma forja para uma ascensão elevada” não se constroem da agonia e morte de qualquer coisa vivente, mas mediante simpatia, compaixão e por um amor unificante e que abraça a todos. Isso inclui todas as criaturas de Deus, do mais alto ao mais baixo. Essa é a única maneira de construir as qualidades internas da alma necessárias para que um Iniciado, como Abraão, alcançasse uma realização superior.
Apliquemos a chave astrológica aos sacrifícios que foi ordenado a Abraão. Um bezerro é um símbolo do Signo de Touro e seu sacrifício significa a renúncia de todos os desejos primários e do amor egoísta. A cabra é o símbolo de Capricórnio. Isso significa o sacrifício do poder mundano e da ambição. O carneiro é o símbolo de Áries e representa a ressurreição dos poderes vitais, por meio da castidade e pela transmutação. A rolinha e o pombo são os símbolos de Libra, a Balança, e se refere às experiências sutis que testam a sensatez do estado de realização.
Deve-se também notar que o sacrifício de Abraão ocorreu em Mambré que quer dizer fortaleza, e na cerca de Hebrón que significa unidade.
Pondo-se o Sol, um profundo sono caiu sobre Abraão; e eis que grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. Então disse a Abraão: “e eis que foi tomado de grande pavor. Iahweh disse a Abrão: ‘Sabe, com certeza, que teus descendentes serão estrangeiros numa terra que não será a deles. Lá eles serão escravos, serão oprimidos durante quatrocentos anos.’” (Gn 15:12-13).
Este é um resumo de tudo o que pode ser dado publicamente a respeito do processo de certa Iniciação. Isso relata o êxtase do espírito que acompanha “a grande escuridão”. Quando Abraão perde a consciência no plano físico, está acordado nos planos etéricos internos. Então no Livro de Recordação de Deus se lê que os quadros cósmicos de eventos futuros conectados as pessoas de Áries, aqueles que serão liderados por ele. A semente de Abraão, os frutos do espírito, não está em sua morada durante sua estadia na Terra. Eles são desconhecidos, são passageiros estão ao serviço da matéria e sujeitos a suas limitações até que o quaternário inferior da forma (400 anos) tenha sido transcendido por um poder trino do espírito.
E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades (Gn 15:17).
O calor, a fumaça e o fogo são inseparáveis dos processos de depuração que levam a iluminação. Está muito claro que Abraão passou com muito sucesso através do “crisol” e se qualificou para um serviço mais alto, e “no mesmo dia” celebrou a aliança com o Senhor que lhe disse que a sua descendência a Terra que se estende: “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[5].
O poder escondido do fruto da videira era reconhecido pelos primeiros Padres, como se pode concluir a partir do estudo das seguintes passagens dos escritos de Justino Mártir: “A palavra sangue da uva foi usada com o propósito de expressar que Cristo possui sangue não proveniente da semente humana, mas do poder de Deus. Desta maneira, o homem não produz o sangue da videira, mas Deus o produz. Assim, esta passagem anuncia que o sangue de Cristo não era de origem humana, mas do poder de Deus, e tal profecia revela que Cristo não é um homem, engendrado do homem, segundo as leis comuns dos homens”.
Um historiador eclesiástico do século quarto, fez um comentário desta passagem: “… Os homens são redimidos pelo sangue da uva que é espiritual e em que Deus mora”.
Conclui-se, a partir dessas declarações, que aquilo que é referido como “o sangue da uva” possui um grande significado. Esse sangue se refere à purificação e à transmutação do sangue comum. Cristo disse a seus Discípulos: “Eu sou a videira, vocês são os ramos”[6]. Por meio do pão e do vinho, um verdadeiro Aspirante se coloca em sintonia mais perfeita e mais próxima de Cristo e pode tanto desenvolver como manifestar poderes Crísticos dentro de si mesmo.
Tanto Justino Mártir como Clemente de Alexandria afirma que foi Cristo que apareceu a Jacó em um sonho. Neste sonho, ele viu uma escada que se estendia da Terra até o Céu, com Anjos do Senhor, subindo e descendo por ela. Acima dela estava o Senhor, que disse: “Eu sou o Senhor Deus de Abraão, teu pai e Deus de Isaac.” (Gn 28:13). Cipriano, citando Gênesis 35:1 escreve: “… Acreditando, como todos os Padres acreditaram que foi Cristo, o Deus, que falou e apareceu a Jacó quando este fugia de Essau – ou Esaú”.
Conforme mencionado no terceiro volume de nosso livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, os Mestres iluminados ao longo das eras têm ensinado seus Discípulos sobre o trabalho das Escolas de Mistérios, sendo que suas várias formas de Iniciações não eram senão passos preparatórios para a vinda de um Mestre Supremo do Mundo, o Senhor Cristo. Esta afirmação se mantém verdadeira em relação aos mestres profetas da Dispensação do Antigo Testamento. Eles e seus seguidores estavam se preparando para que mais tarde, pudessem servir a Cristo. Em seus Sonhos, era ensinado a Jacó ler na Memória da Natureza. Ali, ele viu a escada de involução e evolução que se estendia desde o Céu até a Terra, com multidões de espíritos que descendiam para reencarnarem e ascendiam para Céu depois que as lições da Terra tinham sido aprendidas.
O Caminho do Discipulado tem sido similar de tempos em tempos. Os Aspirantes devem enfrentar e superar provas similares e percorrerem o mesmo caminho. Há apenas mudanças particulares no curso de épocas sucessivas. O caminho Iniciático é descrito com excepcional precisão e fidelidade na vida de Jacó. Em Gênesis 32:25-26 registra que quando Jacó foi deixado sozinho “lutou com ele um homem, até que a aurora surgiu”. Ao final deste incidente, ficou claro que foi Aquele que prevaleceu sobre Jacó, o novo nome de Israel, que significa aquele que preserva. “Porque”, disse Ele, “como um príncipe tem lutado com Deus e com os homens” (Gn 32:29). A experiência aqui relatada é de profundo significado: que o Senhor Cristo foi o Mestre e Guardião de Jacó, conforme relatado por Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Ireneo.
A experiência de Jacó de lutar a noite toda com o Anjo e não permissão de que ele fosse embora, até que recebesse uma benção, é bem conhecida na Senda do Discipulado. Os Poderes Espirituais latentes em cada Aspirante tornam-se suficientemente vibrantes que logo se tornam evidentes em sua vida. “Deixe que Cristo seja formado em você” foi a séria exortação de S. Paulo aos seus Discípulos. Isto é um requisito necessário antes que alguém possa se tornar um pioneiro da Dispensação de Cristo.
Isto se levou a cabo na vida de Jacó. Ele abandonou para sempre Essau – ou Esaú (a natureza inferior) – Gn 33:12. Em concordância com a mudança interna que, então ocorreu, ele não mais foi mais chamado de Jacó, mas sim de Israel, um nome que também significa “aquele vê a Deus”. Jacó agora era um herói conquistador e um dedicado servo. Ele estava qualificado para se tornar um trabalhador no vinhedo do Senhor Cristo, que declarou: “Aquele que quiser ser o maior entre vós seja o servo de todos”[7].
Novamente ao verso do Gênesis que diz: “Jacó foi deixado sozinho e lutou com ele um homem”, Orígenes escreve: “Quem mais pode ser do que Aquele que é chamado de homem e Deus, que lutou e argumentou com Jacó, aquele que falava em diferentes ocasiões e de diversas maneiras com o Pai” (Hb 1:1). A Palavra sagrada que é chamada Senhor e Deus, que também abençoou Jacó e chamou a ele de Israel, dizendo: “Tu tens prevalecido com Deus”. “Foi assim que os homens daqueles dias mantiveram a Palavra de Deus, como nossos apóstolos disseram: “O que era desde o princípio, o que ouvimos o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram a Palavra da vida” (1Joa 1:1) cuja Palavra da Vida, Jacó, também viu e acrescentou: “Eu vi Deus face a face”[8].
Passada tal experiência fragorosa, que terminou com a vitória de Jacó, este ascendeu para Betel, onde construiu um altar e dedicou sua vida a Deus. Muitos que passaram por esta experiência exaltadora possuem a consciência da presença de Cristo e do derramamento de Sua terna benção sobre seus Discípulos valentes. Betel significa “a casa de Deus” e é como um candidato vitorioso que realiza completa dedicação.
Hipólito, um escritor eclesiástico do terceiro século e pupilo de Ireneo, pronunciou a seguinte declaração com referência a Cristo, em relação à profecia de Jacó (Gn 49:9) e, também, do Livro do Apocalipse (5:5): “Agora, uma vez que o Senhor Jesus Cristo, que é Deus, por causa da realeza e glória, foi descrito, antes, como um leão”.
Quatro dos mais distintos Padres da Igreja (Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Ireneo e Tertuliano), afirmaram que não foi outro, senão o Cristo que apareceu a Moisés no episódio da sarça ardente. Tal fenômeno foi reflexo do Cristo Cósmico, conforme Ele se aproximou mais da Terra, antes de Sua encarnação humana. Cristo é o Senhor do Sol e Chefe dos espíritos de Fogo, os Arcanjos. A Dispensação Cristã está intimamente guiada pela Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Assim, a Iniciação de Fogo é diretamente ligada aos Mistérios de Cristo. Este fogo não é uma chama que queima, mas uma luz que purifica e transmuta. A sarça que “queimava” tornou-se chama com a luz, por isso não foi consumida. Esta experiência de Moisés é uma forma velada de exaltação que acompanha a Iniciação do Fogo.
A Iniciação de Fogo está muito relacionada aos processos de Purificação e Transmutação. Todos os altos processos preparatórios Iniciáticos são acompanhados por música celestial. Richard Wagner, um real iniciado musical, trouxe a Terra, pela sua música, algo da magnificência e esplendor que acompanha a Iniciação pelo Fogo. Por meio de seus dramas musicais, como A Valquíria e Siegfried, deu ao mundo a glória da Música de Fogo. A sublimidade destas ressonâncias celestiais e, também, dos acordes finais de O Crepúsculo dos Deuses, soa como ecos e ressonâncias das tonalidades dos reinos mais altos do céu.
Justino Mártir, em concordância com muitos Padres da Igreja, acreditou que Cristo falou com Moisés desde a sarça, e isto estava em desacordo com aqueles que confundiram Deus-Pai com seu Filho. “Aqueles que pensam que sempre foi Deus-Pai que falava com Moisés, considerando que Aquele que falou com ele foi o Filho de Deus, a quem também é chamado um Anjo (e um Apóstolo), estão convencidos tanto pelo espírito profético e pelo próprio Cristo, de que não conhecem nem o Pai nem o Filho. Aqueles que dizem que o Filho é o Pai, não possuem nenhuma certeza de conhecer o Pai nem de entender que o Deus do Universo tem um Filho, ao qual, sendo a Palavra unigênita de Deus, é também Deus. E formalmente Ele apareceu a Moisés e aos profetas em forma de fogo como uma imagem incorpórea”.
Clemente de Alexandria é outra autoridade que relata que foi o próprio Cristo que disse a Moisés: “Eu sou o Senhor Deus que os trouxe da terra do Egito.”[9]. É o poder de Cristo que sempre move o Aspirante para fora do Egito, a simbólica terra de escravidão dos sentidos e da obscuridade da Mente mortal.
A Moisés se permitiu ver a Terra Prometida, a terra que fluía leite e mel (a Dispensação de Cristo do ciclo Aquário-Leão). Santo Orígenes nos diz que foi Cristo que deu a Moisés, na Montanha Sagrada, as Tábuas da Lei, quando ele aprendeu a ler os Arquivos da Memória da Natureza. Ele viu que a civilização da Quinta Raça Raiz teria seus fundamentos baseados nas leis conhecidas como os Dez Mandamentos. Mais adiante, ele viu que o mesmo Cristo traria a extensão destas leis, a qual pronunciou mediante os preceitos enunciados no Sermão da Montanha. A Humanidade da Quinta Raça Raiz ainda está longe dos preceitos de desenvolvimento programados pelo divino plano. Poucos membros alcançaram o status de evolução que está em acordo com os Dez Mandamentos. Menor número de membros aprendeu algum conceito da importância espiritual do Sermão da Montanha.
Conforme enunciado na série A INTERPRETAÇÃO DA NOVA ERA, polaridade é a palavra-chave do Cristianismo Místico. As duas colunas da polaridade são formadas pelos Dez Mandamentos (a coluna masculina) e o Sermão da Montanha (a coluna feminina). Para o homem Crístico que virá da Raça Léo-Aquariana, conforme ele se eleva a dimensões superiores de desenvolvimento, os Dez Mandamentos serão a base sobre a qual se constituirá a vida cotidiana, enquanto o Sermão da Montanha será sua superestrutura.
A elevação de Elias aos céus em um carro de fogo é a descrição de outro espírito iluminado, que estava sendo preparado, por meio da Iniciação de Fogo, para trabalhar, tanto nos planos internos, como nos externos, se antecipando à vinda do Cristo. Essa foi, igualmente, a Iniciação dos Três Homens Santos que foram introduzidos em um forno ardente e saíram incólumes, como lemos no Livro de Daniel[10]. Esse Livro contém, em sua totalidade, muita informação sobre a Iniciação de Fogo
O Livro de Daniel está estreitamente relacionado com o trabalho da Hierarquia do Signo de Fogo, Leão. É a Iniciação de Fogo que conserva o umbral dos Mistérios Cristãos, que o Supremo Mestre se referiu quando disse a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do espírito (Fogo), não poderá entrar no Reino de Deus.”, a nova ordem de Cristo.
Frequentemente nos referimos à Bíblia como “O maravilhoso Livro das Épocas”. Isto é evidenciado pelo fato de que quanto mais se avança no caminho espiritual, mais se revelam os maravilhosos segredos escondidos nas Escrituras. Como indicado previamente, conforme o ser humano ingressa na iluminação da Era de Aquário, compreende que a Bíblia não é apenas um Livro Supremo da Luz, mas um Livro que desperta na sua consciência os profundos mistérios e verdades inimagináveis.
Muitas verdades eternas sobre Davi e Salomão estão encobertas no registro bíblico. Ambos possuíam poderes Iniciáticos de alto grau. Para evitar que verdades espirituais pudessem ser profanadas ou abusadas por pessoas incapazes de captar e aplicar adequadamente tais verdades que foram entregues ao mundo, elas foram encobertas por símbolos pouco atrativos ou por histórias que estavam em consonância com o desenvolvimento primitivo e sensual então prevalecente.
Um antigo ensinamento expressa que: “Se você conhece a doutrina, você deve viver a vida”. Sendo tal declaração verdadeira, alguém deve concluir que Davi e Salomão – duas almas qualificadas para assumirem um papel de liderança espiritual de seu povo – não foram culpados pela conduta repressora da interpretação literal de alguns relatos bíblicos atribuídos a eles. Por exemplo, mulher na vida de Davi indica estágios definitivos de seu desenvolvimento espiritual, ao invés de uniões poligâmicas como parece indicar uma leitura literal. Foi dito que Salomão teve setecentas mulheres e trezentas concubinas. Numericamente, a soma de sete e três resulta em dez, o número da realização espiritual. Tal é o significado do número que é empregado por todo o Antigo Testamento.
Salomão é referido como o mais alto iniciado da Dispensação do Antigo Testamento. O grande amor que ele professava pelas mulheres não deve ser considerado como uma cega paixão pessoal, mas como um meio de transmitir o fato de ter experimentado o êxtase, pelo fato de ter alcançado a união com o exaltado Princípio Feminino, estado este que é um requisito para o alto grau iniciatório que ele alcançou. Por outro lado, as várias mulheres na vida de Salomão, esotericamente, representam os diversos passos no progresso de um Aspirante, assim como Miguel simboliza os poderes marciais de Marte que foram dados como uma armadilha para Davi: Eglah[11], o pessoal e amor íntimo de Vênus; Camaam[12], a expansividade da consciência Jupteriana; Hagith[13], a Lei e a ordem da natureza bem desenvolvida de Saturno; Abital os atributos incrementados da fé e a sabedoria, geralmente associadas a Mercúrio. O matrimônio de Davi com Abigail simboliza um elevado estado de consciência espiritual (1Sm 25:2-42).
Abigail implora por Nabal, o tolo, que representa a natureza inferior do ser humano. Nabal refuta compartilhar com Davi certas qualidades espirituais, as quais um tolo mortal não possui compreensão. Após ter enviado Homens de Davi e participar de uma orgia alcoólica, Nabal viveu apenas dez anos. A morte de Nabal (a natureza baixa) foi seguida da união com Abigail (a graça de Deus) e Davi (o bem-amado). Isto significa a união com o “eterno feminino, que nos incita sempre para cima e para frente” – por esta exemplificação da coroação de Davi em Hebraico (a unidade) como Rei de Judá (amor e aclamação). Davi começou o verdadeiro trabalho vocacional somente após esse CASAMENTO MÍSTICO.
Davi, agora como Rei de Judá, se preparou durante sete anos para uma posição mais elevada: Rei de Jerusalém, a Cidade da Paz. Foi-lhe ensinado a ler nas gravações da Memória da Natureza e a estudar os arquétipos do mais altíssimo Templo de Mistérios, externalizado, mais tarde, por seu filho Salomão.
Assim como existe certos centros espirituais no corpo do ser humano, há também centros correspondentes de energia espiritual que vem do Planeta Terra. Por incontáveis milhares de anos, os locais onde os Templos de Mistérios foram constituídos eram exatamente nas localizações de tais centros terrestres. Cada um destes Templos emana verdades espirituais avançadas para as pessoas que permanecem dentro de sua área de radiação. Jerusalém, a Cidade da Paz, foi um destes locais de emanação de poder.
Esotericamente, Jerusalém está bem no coração da Terra. De acordo com o testemunho da Clarividência, ela foi escolhida e consagrada pelos mais Sábios que estavam sob a liderança dos líderes angélicos, desde o início da civilização humana. Foi nesta Cidade que Melquisedeque, o Sacerdote Misterioso e um dos mais exaltados membros da Grande Fraternidade Branca, trabalhou e ensinou. Ele trouxe para a Raça Ariana a sabedoria sagrada dos Atlantes antes de sua inundação final (registrada biblicamente como Dilúvio). Neste lugar sagrado, chamado por ele de Salém, Cidade da Paz, Melquisedeque iniciou Abraão, o primeiro mistério que culminou na Santa Ceia do Senhor, o Banquete de Pão e Vinho. Mais tarde, esta mesma eminência se tornou o local para o Templo de Salomão e, também, onde Abraão passou pelo supremo teste no Rito da Renúncia, quando lhe foi ordenado para sacrificar seu próprio filho Isaac.
Quando esta cidade sagrada passou pelas mãos dos Jesuítas, eles a renomearam JEBU e estabeleceram sobre essa cidade um Templo dedicado ao culto de Astarte[14]. Aproximadamente no ano de 1.000 A.C., depois de se tornar rei, tanto de Judá como de Israel, Davi foi inspirado a fazer da cidade sua capital, e a renomeou como Cidade de Davi. De Jerusalém, localizada em uma colina que permite observar o amplo território circundante, sempre houve um poderoso eflúvio de energia espiritual. E apesar de ser o coração central de toda a Terra e a casa de Judá, do Signo real de Leão, apropriadamente, se tornou a cidade do Rei.
Além disso, Jerusalém foi o centro de foco dos primeiros Mistérios Cristãos – pelo qual o trabalho de Davi e seus serviços celebrados no Templo de Salomão constituíram sua preparação. E foi destinado a se tornar o centro dos Mistérios Cristãos na preparação para a segunda vinda de Cristo. De fato, este local sagrado foi uma MECA de Iniciados de ambas as Dispensações: do Velho e do Novo Testamento. Foi o palco de atividade de todos os profetas do Antigo Testamento, com exceção de Amós e Oséias. Dentro deste contexto, os Livros do Antigo Testamento foram concebidos e não escritos. Ambos, José e a Mãe Sagrada foram acolhidos no tempo de Jerusalém.
Jerusalém foi também o cenário da maior parte do trabalho do Mestre, de seus Discípulos e de seus seguidores diretos. Muitos destes receberam sua preparação nas comunidades localizadas próximas de sua elevada irradiação espiritual, como por exemplo, o Monte das Oliveiras onde Davi passou por um de seus testes de regeneração e onde Cristo Jesus fez sua última e completa renúncia – de acordo com a vontade do Pai. E foi no ponto de maior carga espiritual da cidade que a crucificação e a ressurreição de Cristo Jesus ocorreram.
De acordo com a lenda, o nascimento de Salomão foi presenciado por uma Hoste de Anjos cantando corais triunfantes, assim como ocorreu no nascimento de Jesus. Também se diz que o Arcanjo Gabriel, guardião das mães e das crianças estava presente para derramar sua benção sobre o infante.
Natan, um profeta de Deus que guiou Davi nos caminhos da Verdade, foi um mestre guia e guardião do jovem Salomão. Assim, a criança cresceu e se desenvolveu em um ambiente de sabedoria e retidão, qualificando-se, desta maneira, para desempenhar seu grande trabalho de elevação da Humanidade.
Um dia, quando Salomão tinha aproximadamente treze anos de idade, a Corte se reuniu no majestoso Salão dos Cedros, quando um Anjo apareceu e colocou uma folha de ouro nas mãos do Rei Davi. Sobre esta folha estava escrito perguntas de caráter místico. Davi anunciou: “Aquele que responder essas perguntas se tornará Rei de Israel depois de mim”. Davi anunciou: “O que é tudo e o que é nada?”. Quebrando o silêncio que procedeu a questão, Salomão respondeu: “Deus é tudo e o mundo é nada”. Davi continuou: “O que é que mais importa e o que menos importa?”. Mais uma vez Salomão respondeu: “Paz é o que mais importa e medo é o que menos importa”.
O trabalho mais notável de Salomão foi à construção do Grande Templo dos Mistérios. Ensinamentos emanados serviram para toda a atual Quinta Raça Raiz durante sua duração evolutiva. O Monte Moriah, assim como o Monte das Oliveiras previamente descrito, foi uma área de grande poder espiritual. Sobre este lugar, Salomão foi instruído a construir o Templo e dedicá-lo ao serviço do divino propósito de trazer redenção à Humanidade. Foi-lhe ordenado que o Senhor Cristo deveria ser recebido dentro deste Templo e que o maravilhoso significado de missão deveria ser comunicado para o mundo daquele lugar. A Humanidade, no entanto, não viveu de acordo com os divinos princípios de Salomão e, mais tarde, os servidores do Templo não reconheceram o esperado Messias quando Ele veio. Assim, o dia da Crucificação iniciou a ruína do Templo. Foi apenas uma questão de tempo até a sua completa destruição.
Jesus, prevendo o destino de Jerusalém e do Templo, clamou a tragédia que sucedeu a ambos. Ele sabia que os habitantes da cidade tinham falhado em alcançar o alto destino que tinha sido preparado para eles. Assim, quando Ele viu os longos séculos pela frente, também viu um futuro cheio de conflitos e guerras devastadoras antes do dia da redenção. Davi e Salomão, ambos iniciados, viveram na Terra com o propósito de trabalhar para regeneração da raça humana na antecipação da gloriosa vinda do Senhor Abençoado. Não foram eles que falharam. Ao invés disso, foi toda a Quinta Raça Raiz.
Graças aos seus poderes Iniciáticos, Salomão era capaz de controlar os habitantes dos reinos superiores e inferiores. Foram-lhe abertos os quarenta e nove caminhos da sabedoria, segundo a lenda mística descreve (4 mais 9 resultam em 13, o número iniciatório que pertence a então Dispensação Cristã que se aproximava). Ele, até mesmo, transmutou os brutais poderes dos demônios em poderes que serviam para o bem da Humanidade. Ele controlava Espíritos da Natureza e por sua vontade, podia mandá-los para os mais remotos confins do mundo. Salvou muitas pessoas que estavam escravizadas pela Lei e obsessão.
O macrocosmo é um reflexo do microcosmo. O Corpo Denso do ser humano, seu templo, é um reflexo do Templo solar do Universo. O Mestre ensinou que era este templo humano que deveria ser destruído e então, por meio da Iniciação, ser reconstruído em três dias. Na maçonaria Mística, este é o Templo erigido por dois reis e pelo filho da viúva. Este último, de nome Hiram de Khurum, se tornou o Mestre construtor – seu nome significa ELEVADO, BRANCO, ASCENDIDO. O Rei Salomão representa o coração. O Rei Hiram de Tiro, a cabeça. Hiram, o mestre construtor é um filho da viúva, simboliza o Aspirante que trabalha para unir o poder amoroso do coração com o intelecto da cabeça.
Cada candidato maçônico é instruído a manter suas ferramentas de trabalho na coluna de Joaquim, a cabeça. Boaz, a coluna feminina do coração, é um pilar caído que não pode ser levantado até que o poder do amor se equilibre com a razão. Somente quando o amor for verdadeiro, “o cumprimento da lei” fará com que a coluna de Boaz seja reerguida e retome sua posição. Estas são as duas colunas que guardam a entrada de todos os Templos Iniciáticos, e todo neófito deve passar por entre ambas em sua busca pela verdade.
Muitas das lendas são relacionadas ao Mar Fundido. Este mar, em forma de flor, era (e é) sustentado por doze bois. Como um filho da viúva (o neófito), se converte em um mestre construtor mediante a alquimia da transmutação dentro de si mesmo e seu “mar fundido” se converte em um Cristal onde os esboços do passado, do presente e do futuro estão indubitavelmente impressos. Esta habilidade lhe capacita transformar seu veículo físico em um “veículo florescido” de um Iniciado – um labor realizado sob a liderança de um instrutor das doze Hierarquias Zodiacais. Foi essa a realização que colocou Salomão entre os Seres mais Sábios de todas as eras. E o “mar” sobre o qual ele parou para saudar a Rainha de Sabá, simboliza seu “mar fundido” pessoal.
O trono de Salomão foi confeccionado com fino ouro de Ophir, incrustado com mármore e com joias raras. Em cada um dos seis degraus que conduziam ao trono, havia dois leões de ouro e duas águias de ouro colocados cara a cara, indicativo da Era Leão-Aquário e que seus pioneiros haviam aprendido a construir a gloriosa luz do corpo tipificado pelo Templo de Salomão. Nenhum trabalhador ficou doente, durante os sete anos que o Tempo estava sendo construído, nem se deterioraram as condições perfeitas de suas ferramentas. “Quando completado, o Templo brilhava como uma colina de ouro assentada sobre uma montanha de prata. O Altar de Bronze se ampliou tanto que podia abarcar a TERRA. O Mar Fundido envolvia o espírito de todas as ÁGUAS. As cortinas agarravam e sustentavam a tremula sombras dos ARES azuis; e os candelabros, a glória do FOGO celestial”. Aos arredores do Templo estava um bosque com árvores de ouro que sustentavam frutos perpétuos que caíam apenas quando um inimigo se aproximava. Dentro do santuário uma vara de marfim, que a seu toque gerava injúrias e doenças aos impuros, mas era, provadamente, inofensiva aos puros. O muro transparente dentro do interior do santuário permanecia claro como um Cristal pela aproximação dos retos, mas se escurecia quando os indignos se aproximavam dele.
Na dedicação do Templo, essas palavras eram faladas pelo Senhor, a manifestação espiritual da lei: “Ouvi a oração e a súplica que me dirigiste. Consagrei esta casa que construíste, nela colocando meu Nome para sempre; meus olhos e meu coração aí estarão para sempre.” (1Rs 9:3). A lenda diz que Salomão colocou uma chave de ouro na porta da Sala Santo dos Santos no ritmo da música dos cantos celestiais: “Abra bem a porta de entrada do Santo dos Santos, que o Rei da Glória pode ir a seu descanso”.
“A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e veio pô-lo à prova por meio de enigmas. Chegou a Jerusalém com numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas, grande quantidade de ouro e de pedras preciosas. Apresentou-se diante de Salomão e lhe expôs tudo o que tinha no coração, mas Salomão a esclareceu sobre todas as suas perguntas e nada houve por demais obscuro para ele, que não pudesse solucionar.” (1Rs 10:1-3).
A vinda dessa bela rainha da sabedoria foi uma coroação triunfal para a vida de Salomão. A sabedoria, pela qual ele canta como sendo mais valiosa que os rubis, foi, finalmente, sua posse pessoal. Antes dessa conquista, ele jamais poderia escrever o CÂNTICO DOS CÂNTICOS, a Música do casamento Místico, descrita como “uma canção de amor purificada por Lírios”. Essa canção proclama a mescla final da natureza inferior com a superior, à sublimação do material para o espiritual. Este é o mais alto ponto de alcance da divina alquimia. Esta realização ocorre dentro da consciência e da vida do Discípulo, pois, lhe põe em comunhão com os planos celestiais onde a perfeição de cantar se converte em suas experiências pessoais.
O nome Sabá significa SETE e tem interpretações sétuplas: “o Belo, o Velho, o Um, o Dador, o Perigoso, o Primeiro e o Último”. Ela era a Rainha de todas as flores Árabes; Balkirs, seu nome significa BENÇÃO. Salomão se preparou durante três anos para sua chegada. Ele construiu dois muros poderosos que iniciava na fronteira de Israel e terminava nos muros de Jerusalém. Um muro era de prata e outro de ouro, e entre eles estava o lago de Cristal pelo qual todo o mundo refletia. Foi desta a maneira que ele aguardou sua chegada. Sabá veio vestida com sete véus sutis como se fossem tecidos de ar, e se aproximou de Salomão, que permanecia parado sobre este lago de Cristal como se ele estivesse sobre a água. Seus presentes ao rei foram pérolas sem preço, enquanto os presentes de Salomão para a rainha foram oito rosas verdes da Mística árvore de Damasco, todas germinadas em flores e jarras contendo águas de vida eterna do poço de Siloé – sendo esta última, uma frase pertencente de um antigo Templo de Mistérios Egípcios.
“Quando a rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão, o palácio que fizera para si, as iguarias de sua mesa, os aposentos de seus oficiais, as funções e vestes de seus domésticos; seus copeiros, os holocaustos que ele oferecia ao templo de Iahweh, ficou fora de si e disse ao rei: ‘Realmente era verdade o quanto ouvi na minha terra a respeito de ti e da tua sabedoria! Eu não queria acreditar no que diziam antes de vir e ver com meus próprios olhos, mas de fato não me haviam contado nem a metade: tua sabedoria e tua riqueza excedem tudo quanto ouvi. Felizes das tuas mulheres, felizes destes teus servos, que estão continuamente na tua presença e ouvem a tua sabedoria!’” (1Rs 10:4-8).
Na grande tenda do rei, os convidados que se reunira, para a recepção dos presentes, foram encobertos por invisíveis hostes de coros angélicos. Salomão saudou a justa rainha com as palavras: “Você é santa como a Arca de Deus; seu corpo é Sua casa”. Por estas palavras de saudação do rei, muitos dos convidados titubearam e partiram, mas Balkris, Rainha de Sabá, se inclinou, se manteve firme e sozinha no meio da tenda real.
“Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”.[15]
Muitos outros também vacilaram e partiram incapazes de percorrer o caminho do Mestre – o caminho estreito e reto da Iniciação que leva aos portais do Templo Místico, onde dádivas são concedidas ao Aspirante triunfante que está dedicado a sabedoria e aprendeu a glória da casa não feita pelas mãos, mas sim por eternidades do céu. Ao terminar de construir essa “casa” que ganha os tributos do Mestre e adquire a habilidade de viajar a terras estrangeiras – a suprema realização para os pioneiros da raça humana.
Salomão reinou desde Jerusalém em toda Israel, durante o período cabalístico de quarenta anos. No momento de sua transição, seus olhos contemplaram uma visão do futuro: a destruição do tabernáculo terreno porque este era transitório e não permanente. Outro grande Iniciado Cristão disse: “Coisas visíveis são temporais; coisas não visíveis são eternas”[16]. Salomão, Rei da paz, levantando ao alto o sagrado anel que tinha um nome indizível, advertiu: “Edificai um Templo invisível e eterno”.
Tanto os Salmos como o Livro dos Provérbios do Antigo Testamento foram usados de diferentes maneiras nos magníficos Templos cerimoniais. Eles, no entanto, não eram apenas lidos ou falados, mas sempre cantados e oficiados, normalmente acompanhados por ritmos graciosos da dança sagrada. Era ensinado aos Aspirantes que tal som, ou entonação, era a emanação ou benção de Deus, o Pai; a harmonia era a emanação ou benção do Cristo Cósmico; e o movimento rítmico era a emanação ou benção do Espírito Santo. Era assim que em todos os Templos cerimoniais se expressava o poder da Santíssima Trindade.
Os Salmos expressam vários níveis de realização espiritual.
O Salmo nonagésimo primeiro é um canto de proteção. Pelo seu uso, o Discípulo aprende como inundar seu corpo com uma luz pura e branca de poder que nenhum mal pode tocá-lo, pela repetição continuada da afirmação de proteção segura e poderosa: “Mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita, mas nenhum chegará a ti”.
O Salmo vigésimo terceiro é um de promessa. “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos.”. Estes inimigos não são meros inimigos pessoais que nos desejam mal; são, também, os inimigos mais perigosos que existem dentro de nós mesmos: pensamentos errados, falsos apetites e emoções descontroladas, especialmente as emoções destrutivas de medo, ódio, malícia e os desejos mais ásperos da personalidade não regenerada. “Unges a minha cabeça com óleo” (o despertar dos órgãos espirituais da cabeça). “O meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor (a Lei espiritual) por longos dias.” (Sl 23:5-6).
O Salmo 24 é um canto de Regozijo: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória?”. A resposta a essa questão é que o Senhor é o Rei da Glória; mas o Aspirante entende que esse canto também se refere ao “Cristo Interno”, pois cada ser humano é espírito, é um feito à imagem e semelhança de Deus.
Muitas vezes, em nossos escritos, temos nos referido as gloriosas procissões que ocorriam nos mundos internos e que eram liderados pelo próprio Cristo. Aqueles que são merecedores ganham permissão para testificar essas procissões e tomar parte delas. Isto, no entanto, não pode ocorrer antes do despertar do Cristo dentro da própria natureza do Aspirante. É por isso que este Salmo possui dois significados: o gozo que se conhece quando o Espírito de Cristo entrou no coração do Discípulo e o reconhecimento que, por este evento, ele se tornou merecedor de permanecer na presença de nosso supremo Senhor Cristo, enquanto ele ouve o coro jubilante dos Anjos: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, e o Rei da Glória fará sua entrada”.
Nos Templos antigos, os Provérbios foram empregados como poderosos mantras de cura. A ciência oculta entende que o corpo humano é composto por certos grupos conhecidos como femininos ou negativos. O primeiro grupo está sob o domínio ou regência do cérebro e do sistema nervoso central. O segundo grupo está sob a regência do coração e do sistema nervoso simpático. O que causa a maioria das enfermidades é a interação desarmônica entres esses sistemas. Conforme o Discípulo progride espiritualmente, ambos os sistemas gradativamente começam a funcionar em perfeita harmonia. Uma relação perfeita entre esses dois sistemas é conhecida como a Balança, ou Polaridade no sentido espiritual, e com isto, o corpo se torna impenetrável a enfermidades. Esse é o segredo dos corpos perfeitos dos Mestres da Sabedoria e os altos Iniciados, que já conquistaram elevada estatura espiritual e estão além da enfermidade e morte.
Em Provérbios podemos ler a seguinte verdade: “A sabedoria já edificou sua casa, ela já lavrou seus sete pilares.” (Pr 9:1). E para o Discípulo ansioso e pronto, é dado o mandamento: “Vinde, come do meu pão e beba do meu vinho que eu preparei.” (Pr 9:5).
Por isso Provérbios e Eclesiastes são especialmente os livros didáticos de iluminação pelos quais se personifica a Sabedoria como um princípio feminino de Deus, enquanto o Entendimento, como se utiliza nos Provérbios, é um princípio masculino. A Sabedoria é o fluir da revelação cósmica, mas o Entendimento é alcançado por meio da razão e do trabalho Iniciático. Por isso o Livro dos Provérbios inicia com a seguinte instrução: “Obtenha sabedoria e entendimento.”(Pr 1:2). Esta é, em verdade, a nota chave de toda a obra. Salomão declara repetidamente que a Sabedoria é o principal objetivo de sua busca.
É significativa que a música do Templo esotérico era tanta masculina como feminina, e era tocada em instrumentos harmonizados aos seus respectivos ritmos. O canto usado no Livro dos Provérbios foi programado para vibrar diretamente sobre as duas correntes que fluem dentro do Corpo Vital. Assim, o tema musical, tanto do Livro dos Provérbios quanto de Eclesiastes, pode ser chamado de polaridade e equilíbrio.
O equilíbrio perfeito entre os polos do espírito humano nunca poderá ser efetuado, até que o inferior feminino tenha sido elevado através de uma vida pura e de aspirações. Este termo, “inferior feminino”, se refere à natureza emocional que ainda se mantém sujeita a vida dos sentidos e sob o jugo de objetivos e propósitos egoístas. Na maioria das escrituras antigas a “alma” ou espírito (Ego) humano era chamado de feminino, e, assim, o aspecto inferior da natureza da alma era chamado de “feminino caído” que deve ser elevado e redimido.
Os cânticos do Livro dos Provérbios utilizados na Igreja primitiva ocorriam, principalmente, aos domingos entre o Solstício de Dezembro (Natal) e Equinócio de Março (Páscoa), sendo essa época do ano a mais propícia para transmutação e a mais santa das estações. O ritmo dual do Livro dos Provérbios, que vibra sobre as duas correntes do Corpo-Alma e os dois sistemas nervosos, é claramente reconhecido em muitos de seus versos, como, por exemplo, no Livro dos Provérbios 14:1; 15:20; 19:26; 6:20- 21.
“Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”.
“O filho sábio alegra seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe”.
“O que aflige o seu pai, ou manda embora sua mãe, é filho que traz vergonha e desonra”.
“Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe”.
“Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço”.
A palavra Sabá significa sete, e a visita da Rainha de Sabá a Salomão constitui a preparação para as delícias da alma do Matrimonio Místico, que é o motivo espiritual do Cântico dos Cânticos.
Para aqueles, cujos olhos estão abertos ao verdadeiro significado da Missão, esta antiga lenda de Sabá e de Salomão, contêm muitas premissas relacionadas com o propósito da preparação, necessários para a feliz conclusão da Missão. Salomão, o Sábio Vidente, encontrou o Caminho e aprendeu a caminhar ali, preparando-se para a futura encarnação Daquele que deveria vir como uma mais completa e perfeita demonstração “do Caminho, da Verdade e da Vida”. Este sublime livro, “Cânticos do Cânticos” atribuído a Salomão, canta, em seus inspirados compassos, o que é necessário para a preparação e para o Caminho.
Neste cantar, o autor alquimista expressou, de maneira alegórica, a fórmula para fabricar a Pedra Filosofal. O relato em si mesmo é completamente simples. Ele nos conta que o Rei Salomão, ao visitar seu vinhedo no Monte de Líbano, se surpreende ao ver uma moça Sulamita. Ela foge dele. Mais tarde, no entanto, ele a visita, disfarçado de ovelha, e consegue ganhar seu amor e a clama como sua rainha. O poema abre com um recital de seu casamento no palácio real.
O Cântico de Salomão tem duas principais características, uma masculina e outra feminina. A primeira responde pelo nome de Shelomah (Pacífica), a segunda responde pelo nome de Shulamith (perfeito). É de notar que ambos os nomes são variações da mesma palavra raiz, sendo que essa variação indica diferença do gênero. Shulamith é a forma feminina de Salomão. Na tradução inglesa os dois caracteres não podem ser diferenciados tal como são diferenciados em Hebreu.
Esses dois polos do ser espiritual eram reconhecidos em todos os antigos Templos de ensinamentos e eram simbolizados nas duas colunas ou pilares que se erguiam antes dos Templos dos Mistérios. Na entrada do Templo de Salomão, se elevavam dois pilares, Jachin e Boaz, que juntos simbolizavam a Força e a Estabilidade e, também, a Beleza; eles eram, também, conhecidos como as duas Colunas da Vitória. Sempre o candidato deveria passar entre estes dois pilares na busca pela Luz, a Luz que está no Leste.
O Cântico Místico de Salomão é um delineamento poético e alegórico dos passos ou graus que levam ao desenvolvimento da consciência cósmica, parcialmente evidenciada nos clarividentes. Estes níveis, às vezes denominados “véus” nas Escolas de Mistérios, são sete em números e são enumerados deste modo:
Primeiro grau: A Missão
Segundo grau: O Despertar do Amor (o Místico)
Terceiro grau: A Realização do Conhecimento (O Oculto)
Quarto grau: O Desprendimento
Quinto grau: A Unificação
Sexto grau: A Aniquilação
Sétimo grau: A Consumação
A nota exultante que soa na Canção do Rei Salomão toma forma real nas palavras preciosas que são repetidas, frequentemente, em todas as partes: “Meu bem-amado é meu e eu sou dele”, enquanto a frase que completa o canto “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios” (Ct 2:16), é característica do Caminho que culmina na Consumação divina.
Essa culminante mescla dos dois polos do Espírito que constitui o Matrimônio Místico é representada nos versículos que S. João abre seu Evangelho: “O Verbo estava com Deus”; e sua música acompanha cada verso do lindo canto nupcial de Salomão. Velado para aquele que não está pronto para experimentar a Missão, sob a aparência de uma canção de um terno amor humano, o Cântico dos Cânticos é para o iluminado uma revelação do Santo dos Santos, no qual ele permanece na Luz Eterna que agora não mais vista “como por espelho, obscuramente”, mas com clareza transcendente, “Face a Face”.
Mais do que qualquer outro livro, o Livro do Jó é o único, no Antigo Testamento, que se adapta às necessidades e requisitos do Discípulo do mundo moderno. O Discípulo pode aceitar esse livro como um manual de instrução, um texto para meditação e como um exemplo de santidade e fortaleza espiritual de comportamento cotidiano.
Há duas leis supremas que governam o Planeta Terra. Uma é a Lei do Espírito, a outra é a Lei da Materialidade. Cada ser humano possui o livre-arbítrio e a habilidade de escolher entre a lei que deseja estar sob jugo, seja no âmbito da casualidade material ou na liberdade de toda escravidão pelo Espírito. Os frutos de sua vida serão evidenciados por essa escolha.
No livro de Jó os dois caminhos são representados por Elifaz – o caminho do Espírito – e por seus três amigos – o Caminho da Materialidade. Os três amigos são conhecidos por nós, pois eles representam à enganosa sedução dos sentidos humanos que se expressam através do Corpo Denso, dos desejos (ou Corpo de Desejos) e pela Mente material ou “mortal”.
A Bíblia manifesta claramente que Deus ama quem castiga. Na verdade, o castigo não é um indicativo de punição, mas sim o meio pelo qual é possível trazer seus filhos de volta ao caminho da regeneração. O Livro de Jó pode ser denominado, adequadamente, como o Padrão Cósmico Típico de aperfeiçoamento do ser humano através do sofrimento. Membros de sua família são tirados dele. Todas as suas posses materiais são perdidas e, também sua reputação, e até seu nome. Por fim, Jó acaba atacado por uma enfermidade repugnante. Foi neste momento que sua esposa lhe aconselha a “amaldiçoar a Deu e morrer”. Isto representa o caminho estreito em que muitos acabam se suicidando equivocadamente, tentando escapar dos problemas da vida.
O interessante é que é neste mesmo ponto crítico que ocorreu uma coisa maravilhosa na vida de Jó: a chegada de Elifaz, que representa o despertar da espiritualização da Mente, que é conhecido no Cristianismo esotérico como a Cristificação da Mente. Aqui o Cristão aprende a ter apenas pensamentos Cristãos, falar somente palavras Cristãs e a realização somente de obras Cristãs. S. Paulo se referia a isto como a grande transformação: “morrendo o homem velho e nascendo o homem novo” (Col 3:9-10). Para ele isto ocorreu, exatamente, na estrada de Damasco. Ele entrou nesta estrada como um inimigo amargo e perseguidor de Cristo e dos Cristãos. No entanto, ele abandonou este jeito de ser e se tornou um dos servos mais devotos do Cristo. Seu nome permanecerá como uma das mais brilhantes luzes do Cristianismo, por todo o tempo.
Com a transformação de Jó, sua família retornou para ele, seus bens foram restituídos e multiplicados por dez. Sua reputação foi reestabelecida e seu corpo ficou totalmente curado. Finalmente, ele compreender o significado das palavras: “O homem é feito a imagem e semelhança de Deus”.
Deus é Amor – Deus é Todo Bondade – e quanto mais o ser humano se tornar semelhante a Deus, maior bondade será manifestada em sua vida. Quando alguém percebe a si próprio rodeado por más companhias ou submerso em um ambiente desarmônico, se este for um verdadeiro sábio, não procurará mudar tais condições com recursos e tentativas externos, mas procurará a solução dentro de si mesmo. Semelhante atrai semelhante e aquilo que doamos, inevitavelmente, retornará para nós.
Voltamos a repetir que, de todos os Livros do Antigo Testamento, o Livro de Jó é o que mais se adéqua as necessidades do Discípulo moderno, como manual de meditação e para viver a vida. Na atualidade, o Discípulo, assim como Jó, vive no meio de provas e confusão; é o tempo todo invadido por forças do mal que vem de dentro e de fora. Tais como as questões feitas por Jó, o Discípulo também as faz; e novamente, como Jó, ele receberá as respostas necessárias que virão do alto. Se persistir, terá sua recompensa: domínio de si mesmo e do mundo por meio da continuada comunhão com a Sabedoria do Eterno.
Os quatro Evangelhos apresentam quatro registros distintos da vida e da missão de Cristo Jesus. Eles se diferem tanto na abordagem como no tratamento deste assunto mais profundo. Os céticos que apresentam a denominada “maior crítica” consideram algumas dessas variações como inconsistências, e em alguns casos, como contradições. Tais variações poderiam, então, provocar algumas dúvidas a respeito da autenticidade dos registros do Novo Testamento como um todo. No entanto, quando os Evangelhos são estudados juntos e separadamente, sob a luz da Iniciação, será possível perceber que seus conteúdos, ainda que separados, suportam os ensinamentos como um todo. Essa noção ocorrerá em um nível ainda nem sonhado pelos comuns intérpretes desses documentos sagrados.
Assim, por exemplo, S. Mateus e S. Lucas iniciam seus registros com o nascimento do menino Jesus. Este fato é inteiramente omitido nos Evangelhos de S. Marcos e S. João. S. Marcos inicia seu Evangelho com o Batismo de Jesus, momento em que Cristo se encarnou em forma humana. S. João abre seus registros, não com uma apresentação do Mestre Jesus, mas do Verbo – o Verbo que é identificado com o Cristo Cósmico. Em seguida, segue a apresentação do Cristo em conexão com o milagre realizado nas bodas de Canaã, quando Ele transformou água em vinho.
Das muitas referências que S. Paulo faz aos vários mistérios conectados com a vida e trabalho de Cristo Jesus, não há dúvida de que, como resultado das muitas experiências profundas que ele próprio experimentou, em relação aos Mundos Espirituais, ele reconheceu que a natureza de muitas delas estavam fora do alcance daqueles que ainda não tinham realizado a preparação suficiente para essa assimilação e aceitação. Ele expressou tal reconhecimento nas palavras que são, frequentemente, citadas: “Dá-se leite para as crianças e carnes para os fortes” (ICor 3:2).
Qualquer pessoa que fizer um estudo cuidadoso das Epístolas de S. Paulo não pode deixar de notar a extensão pela qual elas lidam com as atividades do plano interno. Ele escreve, por exemplo, “Eu fui arrebatado ao terceiro céu, se no corpo ou fora dele, eu não sei” (IICor 12:2). Esta é uma experiência familiar a muitos Discípulos de nossos dias.
Naquele momento de transcendental iluminação ocorrido com S. Paulo na estrada de Damasco, o mundo externo foi tão obscurecido que toda a sua atenção foi totalmente voltada para a vida e atividades do mundo interior. Então, por isso, lhe foi permitido ir até a presença do Senhor Cristo e entender o significado da missão que Ele havia empreendido ao se tornar o Regente planetário interno desta Terra e o significado profundo disto para o futuro da Humanidade e para a redenção da Terra.
S. Paulo, que antes de sua experiência de Damasco foi um arqui-inimigo de Cristo e Seus seguidores, mais tarde se tornou uma pessoa com a maior e profunda dedicação e o mais ardente missionário de todos os seguidores do Mestre.
S. Paulo enfatiza que é devido ao Cristo, um ser divino encarnado em forma humana, ter sofrido como um ser humano sofre que Ele é o único capaz de se compadecer por todos aqueles que são fracos e oprimidos. Seu amor e compaixão são de tal natureza e se expressa com tamanho poder e universalidade que O faz ser o Salvador e Redentor do mundo. Como um poeta lindamente expressou: “A rosa não produz toda a sua fragrância até que suas pétalas sejam esmagadas. A verdadeira simpatia só é emanada de um coração compadecido”.
Foi a incapacidade de compreender o significado interno dos eventos da vida de Cristo Jesus que fez com que houvesse as provocações feitas por muitos que O seguiram enquanto ele carregava Sua cruz para o Calvário: “Ele salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo”[17]. Mas foi a missão de Cristo mostrar ao ser humano o caminho e ensiná-lo como seguir Seus passos. “Aquele que quiser me seguir”[18], Ele disse aos seus Discípulos, “negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e me siga”[19].
E assim, como o supremo Guia do Caminho era para Ele carregar a cruz até as encostas do Gólgota para sua própria crucificação. Foi também no padrão divino que Ele viveu a traição no plano físico, que ilustra, na vida do ser humano, como a natureza inferior está sempre traindo a superior, ou o Cristo Interno, até que chegue o tempo em que a natureza inferior seja transmutada, e finalmente, destrua a si mesmo, assim como Judas, o traidor, o fez.
Um estudo, do que se pode denominar o conteúdo interno do Evangelho, traz a luz os sucessivos passos que devem ser percorridos no caminho que leva a Iniciação. Os passos totalizam 12. Eles são estabelecidos nos principais eventos registrados da vida de Cristo Jesus. Eles têm início na Imaculada Concepção, Ressurreição e Ascensão. A vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro passo no caminho está descrito no Evangelho de S. Mateus e S. Lucas. Os passos mais avançados são registrados por S. Marcos e S. João. Conforme previamente observado, S. Marcos inicia seus escritos com a vida de Jesus, com o Batismo feito por S. João, o Precursor. S. João, o mais avançado de todos os Discípulos do Mestre, inicia seu registro com a descrição do milagre em Canaã.
Se todas as Escolas de Mistérios que ensinam o caminho da Iniciação fossem abolidas da Terra, seus trabalhos secretos seriam passíveis de serem descobertos na Bíblia. Pelo reconhecimento de tal fato é que as principais ferramentas da Loja Maçônica são: a Bíblia, o Esquadro e o Compasso. Dentro de seu simbolismo, a Fraternidade Maçônica preserva os elementos essenciais para os processos iniciatórios e como estes são delineados de muitos pontos de vista do livro supremo da vida, as Escrituras Cristãs.
Em suas interpretações iniciatórias, os quatro Evangelhos são transmissores das quatro correntes de energia que se manifestam no plano físico em elementos conhecidos como fogo, água, ar e terra. Esta verdade foi bem compreendida e ensinada pelos Cristãos dos: primeiro e segundo séculos.
Citamos de uma fonte não identificada: “Na Palestina, S. Mateus O proclamou como Aquele que colocou a pedra final no Reino de Deus, da qual foram lançadas as bases em Israel”. Em Roma, S. Marcos O apresentou como um Conquistador que fundou Seu direito divino como o Rei do Mundo sobre Seus poderes miraculosos. Na Grécia, S. Lucas O descreveu como um Divino Filantropo encarregado de levar a cabo a obra da divina graça e compaixão pelos piores pecadores. Na Ásia Menor, S. João O retratou como a Palavra tornada carne – a Luz e Vida Eterna que desceu até o mundo temporal:
Cristo, o Messias de Israel…………………………………………. Mateus
Cristo, o Poderoso Senhor da Natureza………………………. S. Marcos
Cristo, o Amigo e Pastor de toda a Humanidade…………. S. Lucas
Cristo, a Vida e Luz do Mundo…………………………………. S. João
Do que foi descrito acima, se torna aparente que as diferenças nos quatro Evangelhos, que, para algumas pessoas, comprovam as inconsistências, são variações de apresentações de diferentes estados de desenvolvimento na vida do Aspirante. Assim, um Evangelho amplia os outros em seus recitais da vida e missão de Cristo. Nisto, eles provêm evidência irrefutável da sabedoria insondável que é incorporada nesta e em todas as partes das Sagradas Escrituras.
Os 12 principais eventos da vida de Cristo Jesus e suas correspondências na vida do Aspirante são as seguintes:
1. Anunciação | 7. Tentação |
2. Imaculada Concepção | 8. Transfiguração |
3. Nascimento | 9. Getsemani |
4. Viagem para o Egito | 10. Crucificação |
5. Ensinando no Templo | 11. Ressurreição |
6. Batismo | 12. Ascensão |
Em S. Lucas 1:26-27 lemos: “E, no sexto mês, foi o Anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”.
Entre os primeiros Iniciados Cristãos, não era a pessoa de Maria que era adorada, glorificada e exaltada; o objeto de veneração era a emanação feminina do Cristo Cósmico que é inata, potencialmente divina dentro de cada ser humano e a realização pelo qual é o supremo trabalho da Iniciação.
O princípio feminino é criador na natureza, deste modo, a Anunciação Angélica era que a Virgem ou Mãe Santa daria à luz a um menino. Em sua aplicação universal, a Anunciação deve ser compreendida como o nascimento do Cristo místico no coração do ser humano regenerado.
Em S. Lucas 1:38-39 “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o Anjo ausentou-se dela. E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá”.
Dentro da vida de cada neófito de sucesso, o processo da Anunciação é promulgado. Ele se torna consciente, depois de certo período de preparação, de mudanças particulares que ocorrem dentro de si como um resultado da incorporação de Éteres Superiores em sua natureza, como consequência de uma vida devotada ao propósito do serviço espiritual.
A Imaculada Concepção pode ocorrer somente após um Aspirante a vida superior ter se dedicado a viver em obediência a lei espiritual e ao espírito do Cristo Interno. O intervalo entre a Anunciação e a Imaculada Concepção é um período de provas, quando o neófito precisa ser preparado, no que tange ao uso de seus poderes espirituais despertados. As provas consistem em averiguar se ele utilizará seus poderes para benefício próprio ou se os devotará para promover o bem dos outros. Neste estágio, muitos vacilam e nunca passam além do primeiro estágio, a Anunciação. Um exemplo de alguém que foi forte o bastante para alcançar o segundo passo, a Imaculada Concepção, foi Maria, a mãe de Jesus. Após o sucesso, ela proclamou em êxtase: “A Minh’alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador. Pois Ele me contemplou na humildade da sua serva. Pois desde agora e para sempre me considerarão bem-aventurada” (Lc 1:46-55).
Foi por meio da exaltação do princípio feminino que Maria se tornou a noiva do Espírito Santo. Uma sublime experiência similar espera cada um e a todos que decidem seguir os passos que conduzem até a Imaculada Concepção, passos percorridos por aqueles que já caminharam adiante e nos abriu o caminho.
Os passos ou níveis de Iniciação são similares, em seu delineamento, em todas as Escolas de Mistérios. Suas diferenças referem-se principalmente ao método de desenvolvimento que podem variar de acordo com os requisitos particulares e estágios evolucionários das raças que essas Escolas são designadas a servir. Foi por isso que os grandes Mestres do mundo nasceram de mães virgens e suas vindas foram proclamadas pela Anunciação Angelical. Eles, também, foram concebidos de modo imaculado e os nascimentos ocorreram em grutas, cavernas ou estábulos. O exaltado Ego de um Mestre do mundo é cuidadosamente preparado pelos Seres Divinos responsáveis pela evolução da Humanidade. Deles é um santo Nascimento e, como tal, é sempre um acontecimento acompanhado por alegres hosanas de Anjos e Arcanjos.
Para incutir os passos de realização na consciência da Humanidade, o nascimento é representado como ocorrendo em um lugar escuro, ou onde animais ferozes são alimentados, simbolizando um nascimento espiritual desde os elementos mais baixos e não regenerados da natureza mortal da Humanidade.
Simbolicamente, o neófito deve deixar Nazaré, o lugar onde o tempo é utilizado para a vida pessoal, e entrar no caminho que conduz a Belém, “Casa do pão”, em preparação para o Nascimento Sagrado. No presente estado de consciência em massa, a Mente está tão ocupada com preocupações materiais que o espírito não pode nunca encontrar uma completa hospitalidade. A cabeça, ou o interno, está tão cheio de materialismo que o espírito deve procurar acomodação em vários lugares, até encontrar.
Por várias e amplas razões muitos ainda não percebem que o tempo de nascimento de Jesus é uma estação de grande regozijo tanto nos planos internos como no externo. A encarnação física de Jesus foi feita com o propósito de auxiliar, no ser humano, o nascimento de seu próprio Cristo Interno, assim, deste modo, ele também poderá vir a conhecer, pessoalmente, a sublime experiência da Noite Santa. Este é o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Os portais desta Nova Era foram abertos na noite do nascimento do Mestre Jesus. A Terra, então, respondeu a um novo ritmo que era estabelecido pelos Anjos que proclamaram: “Paz na terra e boa vontade entre os homens”[20].
Mt 2:13-16.
“Após sua partida, eis que o Anjo do Senhor se manifestou em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito. (…). Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo”.
Os Evangelhos, como previamente mencionado, são fórmulas de Iniciação de vários degraus que abarcam variações em seus registros. Assim, por exemplo, S. Lucas não faz menção da fuga para o Egito, um evento que simboliza a ascensão temporária do ser humano sobre a divina natureza. A Fuga para o Egito representa a terra da escuridão e materialismo, reflete na vida do neófito lutando, em seus primeiros passos, no desenvolvimento para a Iniciação, como relatado por S. Mateus. O Evangelho de S. Lucas, que expressa uma fase mais alta de realização, passa diretamente dos Rituais do Templo da preparação até os quatro passos conhecidos como Os Ensinamentos do Templo.
Lc 2:40-42; 46-49:
E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. (…) Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Num ponto de vista pessoal ao episódio do Templo, Jesus representa o espírito interno desperto e iluminado, e os Rabinos, a Mente intelectualizada ou a faculdade mental desprovida que não consegue penetrar em qualquer coisa além do reino dos cinco sentidos. Maria, a mãe, tipifica o feminino ou forma-imagem da qualidade da alma, a quem o espírito acha necessário, às vezes, admoestar: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
A idade de doze anos é um tempo importante na vida de uma criança. É o tempo que inicia a puberdade e, também, em Egos avançados, o nascimento do Corpo de Desejos, o despertar da Alma. A luz espiritual que foi gerada no curso das vidas passadas irradia da cabeça da criança no nascimento como os artistas místicos retratam esse fato, não apenas em Jesus, mas também em S. João Batista, o menino Samuel e outros personagens bíblicos de alta realização espiritual.
O Ensinamento no Templo marcou um estágio definido do despertar dos poderes do menino Jesus. Nós lemos: “Maria conservava todas essas coisas em seu coração”. Ela relatou estes acontecimentos a S. Lucas que registrou os mesmos com excepcional maestria em seu Evangelho.
Mc 1:10-11:
“E, logo ao subir da água, ele viu os céus rasgando e o Espírito, como uma pomba, descer até Ele, e uma voz dos céus: ‘Tu és o meu Filho amado, em Ti me comprazo.’”.
Todos os ritos místicos Iniciáticos incluem o cerimonial de purificação com água. O festival dos Mistérios Eleusinos da Grécia[21], incluíam banhos; o Tabernáculo do Deserto possuía um Lavabo de Bronze; e na vida do grande Condutor da Humanidade da Religião Cristã, Cristo Jesus, é o seu Batismo que marca o próximo grande passo que devemos alcançar se seguirmos seu caminho.
O uso e aplicação da água é símbolo da purificação espiritual. O Batismo marca o estágio e que o coração do neófito já despertou para as necessidades de interesses dos outros. Ele não pode mais viver sozinho ou com propósitos egoístas. Seu coração se transborda de simpatia e suas mãos de ações práticas para aliviar o sofrimento e para confortar aqueles que estão em desespero e sofrimento. Quando uma pessoa experimentou o despertar espiritual que vem com o verdadeiro Batismo, seus interesses e atividade não podem mais ficar limitados a sua própria família ou limitado círculo, mas deve encontrar uma expansão que estende para uma área cada vez mais ampla, até que abarque o mundo e toda a Humanidade. Amor e compaixão, então, se manifestam em atitude de redenção. Há sofrimento por aqueles que violam a lei, civil e moral, pelos criminosos condenados à morte, pelas misérias da vida em suas profundas depressões e pela crueldade infligida aos nossos irmãos menores do reino animal. Com o fluxo espiritual no momento do verdadeiro Batismo, a realização se manifesta na consciência que a família humana é única dentro da Divindade toda-abrangente que nos anima e, consequentemente, o bem de alguém é o bem para todos e a dor de um é a dor de todos. Uma sensação profunda de responsabilidade é, então, aceita, abarcando todas as maneiras possíveis que concorda com amor, verdade e justiça.
“Apresente seus corpos para um sacrifício vivo, sendo aceitável perante Deus” exorta aquele que é admitido e passa pelo ritual do Batismo. Sobre sua cabeça pousa a pomba do poder espiritual e aonde ele vai, se dissipam as nuvens da escuridão e da ignorância, de tal maneira que ele também escuta a voz de Deus dizendo: “Tu és meu filho amado”.
Lendas místicas dizem que, no momento do Batismo, grandes esferas de fogo apareceram sobre as águas do Rio Jordão. Isto estabelece o significado interno de que as faculdades poderosas, a Mente e o Coração foram unificados na vida de Jesus, o protótipo espiritual ideal da Humanidade. Esta mescla é o ideal supremo da evolução humana e sua culminação ocorreu no maior Iniciado dessa Terra, em que ocorreu a declaração: “Este é meu filho amado, em quem Eu me comprazo”.
O Ego conhecido como Jesus deixou seu corpo no Batismo e o Arcanjo, o Cristo, desceu como uma pomba para habitar aquele corpo durante três anos de Seu Ministério terreno. O Corpo de Jesus foi o meio pelo qual Cristo pode ingressar na Terra. O Plano de redenção foi possível devido àquela união. Como S. Paulo escreveu, em um senso muito literal: “Há um só Deus, e um só entre Deus e os homens, um homem Cristo Jesus” (1Tm 2:5).
Em Mt 4:1-11 lemos:
“Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. Então, aproximando-se o tentador, disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães’. Mas Jesus respondeu: ‘Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’. Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus’. Tornou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo com o seu esplendor e disse-lhe: ‘Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares’. Aí Jesus lhe disse: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto.’. Com isso, o diabo o deixou. E os anjos de Deus se aproximaram e puseram-se a servi-lo.”.
De todas as lições que Cristo passou no drama de Sua vida, nenhuma é mais importante do que a Tentação. Igualmente, nenhuma outra experiência é tão mal compreendida como essa experiência. Em verdade, Ele foi submetido aos testes do corpo, da Mente e da alma, para que pudesse deixar à raça humana um exemplo divino de inspiração incessante, d’Aquele Único Ser que foi tentado em todas as coisas e, mesmo assim, permaneceu sem pecado, conforme S. Paulo afirma.
A reação que o neófito tem frente à Tentação mostra claramente o nível que está no Caminho, mas esta não é a única razão das provas do Caminho. As provas são importantes porque elas permitem o desenvolvimento moral, a força mental e espiritual, assim como o exercício físico e o labor desenvolvem a saúde e a força do Corpo Denso. Cristo Jesus deu-se a Si mesmo para ser nosso Exemplo, a fim de que nós pudéssemos saber a maneira exata de sofrer a Tentação, ou provas, ou qualquer tipo de ocasião de teste no Caminho.
Assim como Cristo Jesus foi tentado depois de Seu Batismo, experiência essa que constituiu uma Iniciação, igualmente o neófito será tentado, ou testado, depois de cada iluminação ou elevação no Caminho. Esses testes vêm para ele com o propósito de lhe mostrar suas próprias fraquezas. Falhas em qualquer um destes testes não significam que ele deve retornar aos caminhos do mundo, mas significa que ele deve se esforçar ainda mais, para superar suas debilidades e defeitos e, deste modo, quando for “tentado” novamente, ou testado, ele poderá permanecer firme.
Todas as tentações, ou testes, pertencem a três categorias gerais: do corpo, da alma e da Mente. A Iniciação simbolizada no Batismo de Cristo Jesus confere, sobre o neófito, novos poderes da alma e da Mente, que vem da realização que toda a vida é una em Deus, e que ele não deve, jamais, usar tais poderes egoisticamente, não importa o tamanho da necessidade, mas somente para beneficiar seu próximo.
É agora que a ambição pessoal, de repente, floresce e de modo bastante inesperado, o neófito acredita que ele superou todos os desejos do mundo. Ele renunciou conscientemente tais desejos insignificantes e sem real valor, e sabe que tornou possível, para ele, satisfazer todos os desejos e assim ele deve depurar seus sentimentos e emoções para ter certeza de que apenas o amor de Deus e para com a Humanidade motivarão suas ações. Isto não é sempre fácil de determinar, porque muitas ambições pessoais são inocentes em si mesmas e são consideradas maléficas em relação à orientação espiritual do neófito no Caminho. Autorrespeito, por exemplo, é mantido, mas não pode ser confundido com vaidade ou egoísmo. O corpo é conscientemente cuidado, porque ele é o templo de seu deus interior, mas a saúde física e o bem-estar não são o objetivo da vida; o corpo é visto como um instrumento do espírito. A alma é encorajada a apreciar as artes, os ofícios e a contemplar as belezas da Natureza, mas tudo isto é visto em relação a Deus como sua verdadeira fonte e origem e, se entende o gênio criativo como um aspecto em si mesmo do Poder Criador da Suprema Unidade em quem o ser humano vive, se move e tem o seu ser. O intelecto deve ser treinado e seu poder cultivado, por meio da educação e da razão, mas a aquisição do conhecimento pode ser um falso deus, a menos que isto esteja relacionado com toda a vida; e quanto mais poderoso for o intelecto, mais será a necessidade de humildade para que a Mente não fique fechada a novos aspectos da verdade e da consciência. Para o intelecto, a regra é sempre a seguinte: “Que a Mente seja em você o que também foi em Cristo Jesus, que fez de Si mesmo, nenhuma reputação… e se tornou servidor de todos, até a morte”.
Essas são sutis tentações que o Discípulo iluminado encontra pelo Caminho e Cristo Jesus mostra como elas devem ser enfrentadas. Ele renunciou-se completamente e entregou sua vontade ao serviço dos outros, mas com total conhecimento de Sua Divindade instaurada sempre alerta.
Cada fase sucessiva do desenvolvimento espiritual carrega uma prova especial e específica, de acordo com o temperamento e grau de espiritualidade do indivíduo; ainda, porém, por mais variados que possam ser estes testes, o exemplo de Cristo mostra o caminho da vitória. A espiritualização da Mente, por meio da completa dedicação a verdade e ao Espírito, constitui a armadura inexpugnável do neófito que não lhe protege apenas por um dia, mas a todo tempo, pelas pequenas, insidiosas tentações da vida comum, que são as mais perigosas na medida em que são dificilmente reconhecíveis como tal. Daí a advertência de um dos mestres da sabedoria: “Orar sem cessar”.
Mc: 9:2-8:
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: ‘Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que dizer, porque estavam atemorizados. E uma nuvem desce, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho amando: ouvi-O’. E de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”.
Foi a partir da Transfiguração que o trabalho de Cristo Jesus e toda a sua vida na Terra realmente começaram. Tendo experimentado as provas da tentação que, para Ele, elas não foram meramente pessoais, mas experiências cósmicas, o Corpo Denso pelo qual Ele apareceu como um homem entre os homens foi completamente transmutado em espírito. Este corpo não foi Seu próprio corpo, mas um corpo dado para Ele utilizar pelo Mestre Jesus, o mais puro e mais perfeito corpo humano já produzido pela raça humana. Séculos se passaram em sua preparação, por meio de hereditariedade controlada e cuidadosa, entre as mais belas e mais fortes famílias que viveram naquelas épocas, famílias de príncipes da Casa de Davi, de quem o herdeiro do trono foi sempre chamado de Messias.
Na repentina revelação Crística, pela Glória Arcangélica que estava, então, dentro do corpo do Mestre Jesus, os Discípulos souberam que estavam na presença de um Poder Cósmico. Anteriormente, outros Iniciados também contemplaram da mesma Glória, mas longe do Sol, ou em ocasiões raras como a presença Arcangélica no templo ou em locais sagrados da Terra, tais como o Campo de Ardath na Babilônia ou no Monte Sinai e outros.
Certos Iniciados que viviam em outros lugares do mundo estavam, também, conscientes da Presença no Monte da Transfiguração na Galileia. Mas estes três Discípulos, Pedro, Tiago e João, viram diretamente a Glória juntos a eles, ajoelharam-se e foram envolvidos por ela, imediatamente. Foi à mesma Glória Solar, conhecida por todos os Iniciados de todas as Escolas de Mistérios, tanto no Oriente como no Ocidente, mas agora brilhou como uma Luz sobre a Terra em si, não uma Luz do astro solar sozinho. Nos últimos séculos, os Iniciados contemplariam, novamente, esta Glória no Sol e experimentariam Sua Imagem projetada na Terra, onde seu “Raio” concentrou e inflamou.
Foi o Cristo Cósmico, localizado no meio da Glória Solar, que ensinou a Seus Discípulos os mistérios mais profundos da nova fé na nova Era, a Era de Peixes, que eles iriam, então, transmitir ao grupo de Discípulos mais próximos do futuro.
De todos os Quatro Evangelhos, o Evangelho de S. Mateus fornece a mais detalhada noção deste sublime evento. Para se entender o que é ali revelado, nós devemos compreender que Cristo vem de um lugar que nós chamamos de o Mundo do Espírito de Vida, que é outro nome dado para o Reino da Consciência Universal ou Consciência Crística. Este mundo é o Seu lar. No monte da Transfiguração, Ele apareceu para seus três mais avançados Discípulos, trajando uma vestimenta de gloriosa luz que pertence àquele alto plano celeste; os três estavam ali com Ele, em consciência, embora para a visão física, eles todos estavam em pé sobre o plano terrestre, no que diz respeito ao corpo.
S. João, mais tarde, descreve este brilho transcendente da seguinte maneira: “Nós contemplamos a Sua Glória, a Glória como a do Unigênito do Pai”[22].
Neste mundo universal, as figuras cósmicas são encontradas como pertencentes ao nosso Esquema de Evolução, um completo e imperecível registro de tudo o que foi experimentado pelo ser humano e os estelares que pertencem a esse Esquema de Evolução, desde o alvorecer da criação; pois este é o mais elevado dos mundos que possui o Livro da Memória de Deus e no qual os Anjos podem ler. Os Discípulos foram levados, conscientemente, a este plano superior. Quando nós olhamos para o passo correspondente do Caminho, na vida do neófito, descobrimos que a transfiguração marca um alto grau ou uma grande realização. A essência da vida conservada e transmutada dentro do corpo, verdadeiramente, ilumina com radiação espiritual, que é uma luz na escuridão, significando sabedoria no meio da ignorância. Ele compreende de uma maneira nova e diferente as palavras do maior dos três Discípulos, que compartilharam o Mistério da Transfiguração com o Cristo: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros”(IJo 1:7).
Sobre o Monte da Glória, a benção ouvida no Batismo, no início dos três anos de ministério, é ouvida novamente: “Este é meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mt 3:17 e 17:5); mas esta benção marca uma nova e mais elevada fase do Trabalho do Cristo. No Batismo, quando a Voz falou sobre o Jordão, as palavras foram para a multidão. Aqui, sobre o Monte da Transfiguração, a Voz fala para os três mais avançados Discípulos, aqueles que estavam prontos para a visão cósmica e para o serviço cósmico. Desta Transfiguração, o Cristo foi para o Getsemani e para a consumação de Seu trabalho na Terra.
Após a transfiguração, que marca a culminação de um padrão cósmico de desenvolvimento, restavam, agora, os passos que levam à Liberação.
Em S. Marcos 14:26-28; 32-34 lemos:
“Depois de terem cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras. Jesus disse-lhe: “Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que Eu ressurgir, Eu vos precederei na Galileia”.
“E foram a um lugar cujo nome é Getsemani. E Ele disse a seus discípulos: ‘Sentai-vos aqui enquanto vou orar’. E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e a angustiar-se. E disse-lhes: ‘A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai.’”.
A palavra Getsemani é formada por duas palavras em Hebraico: GATH “espremer” e, também, “amargura”, e SHEMEN, “óleo” (compreensão e sabedoria). A Sabedoria é sempre carregada de dor, até que o Discípulo tenha desenvolvido uma elevada consciência em que dor não tem poder sobre ele, nem para feri-lo, nem para instruí-lo. O “corpo diamante” do adepto é impenetrável à dor e ao sofrimento e é, também, indestrutível. Cristo Jesus já habitava esse corpo quando Ele foi para o Getsemani e para o Caminho da Cruz, com o propósito de mostrar à Humanidade o Caminho da Sabedoria.
Este é um dos verdadeiros e profundos mistérios da vida, onde a origem da aflição e do sofrimento não é compreendida, enquanto o ser humano somente anseia pela felicidade e tranquilidade, sem se esforçar.
O místico ainda sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Na medida em que o espírito se desapega, sua intimidade divina que é imagem e semelhança de Deus que, por sua vez, é amor, o Getsemani deixa de ser um local pessoal de aflição e se converte em um local de pesar para as dores do mundo, como foi para o Cristo. Suas plantas são regadas com suas lágrimas de sofrimento da Humanidade, e para angústias das multidões de criaturas indefesas que vivem e que não podem falar a voz da Humanidade. Assim, conforme uma pessoa avança no Caminho da alta realização espiritual, ela se torna cada vez mais sensível às dores de todas as coisas vivas existentes. Ela sente cada espasmo de dor como se fosse seu, e os armazena em seu coração.
A lição suprema Getsemani é aprender a ficar sozinho e dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a Tua”. Muitas vezes temos de seguir Jesus Cristo em tal Monte sozinho e beber deste cálice, até que a lição tenha sido aprendida.
Devemos jogar fora o conteúdo do cálice que é impuro, pois é por meio da dor acumulada da compaixão, que bem perto desfalece o coração, e, deste modo finalmente podemos morrer para o eu pessoal e viver, daí por diante, com o único fim de dar-nos a nós mesmos, sem reservas, para a cura e serviço no mundo. Quando, por uma espécie de alquimia divina, isto for realizado, a paixão transformada em compaixão, a consciência despertada para a compreensão divina trará consigo o poder de aliviar os cansados e curar os enfermos.
Não é mais possível culpar os outros pelos nossos sofrimentos, julgar duramente, criticar ou odiar. O Discípulo pede um único privilégio: o sacrifício de si próprio sobre o altar da Humanidade; sem esperar favores, agradecimentos e compreensão, tanto daqueles que estão mais próximos e como dos mais queridos.
Ele deseja apenas viver para servir. Este é um ideal extremamente elevado, mas é o único que devemos aceitar como uma meta em nossa vida, antes de estarmos preparados para a última libertação do Getsemani.
Em S. Lucas capítulo 23, versículo 24 lemos:
“Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam”.
Na Crucificação estamos de frente com um dos mistérios santos que deve permanecer selado ao profano. Na preparação para este rito sagrado, Cristo Jesus foi espancado e açoitado. Suas vestes foram rasgadas e retiradas de seu corpo e UM CERTO MANTO FOI COLOCADO SOBRE ELE. Uma coroa de espinhos foi colocada sobre Sua cabeça e foi pressionada sobre Suas têmporas tão forte que o sangue fluiu dali.
Do evento de flagelação e coração com espinhos até o carregamento da cruz e a crucificação no Gólgota, Cristo Jesus nos mostra o mistério da estigmatização. As mesmas feridas que Ele sofreu aparecem sobre o corpo do místico devoto que medita, profundamente, sobre o Caminho do Calvário e ele sente fisicamente estas feridas que foram produzidas psicologicamente. A maior parte da dor é sentida pelas feridas da cabeça, que são sentidas como se uma coroa de espinhos fosse pressionada sobre o crânio. Tal dor resulta do despertar dos nervos cranianos; estes são os mais sensíveis nervos do corpo. É o fogo ascendente espiritual que produz tais efeitos de dor, que são particularmente notadas nas mãos, nos pés e no lado, correspondendo às cinco sagradas feridas do corpo de Nosso Senhor.
Nas escolas de Mistérios, tais feridas são também sentidas, no entanto, elas permanecem invisíveis, pois o Iniciado caminha pela Via Dolorosa secretamente, embora, de fato, totalmente visível, mas não visto pela multidão cega.
Em Mateus 27:27-29 lemos:
“Em seguida, os soldados do governador, levando Jesus para o Pretório, reuniram contra ele toda a coorte. Despiram-no e puseram-Lhe uma capa escarlate. Depois, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em Sua cabeça e um caniço na mão direita. E, ajoelhando-se diante dele, diziam-Lhe, caçoando: ‘Salve, rei dos judeus!’.”.
O manto escarlate é a insígnia da realeza, mas para o místico isso simboliza exatamente as palavras do Cristo de que aquele que quiser ser o maior entre todos os homens deve ser o servo de todos. A verdadeira realeza é aquela que se sacrifica pelo nosso próximo. Escarlate é a cor do sangue da vida derramado em sacrifício, não um sangue sacrificado em morte, mas um sacrifício vivo. Ele segura a cana com Sua mão direita, o que é representativo de um cetro de um Rei, significando o poder do Iniciado que caminha de modo justo, ou o caminho positivo e justo do poder sobre o mal. No Evangelho de S. Marcos, Jesus é golpeado na cabeça com uma cana, indicativo da fase de desenvolvimento em que a “vara do poder” golpeia o cérebro com sua força ardente.
Apenas os Evangelhos de S. Mateus e S. Marcos mencionam a cana e a coroa de espinhos. Ambos representam as primeiras manifestações dos poderes do Cristo despertados, a Força ardente do Espírito de Vida, que, primeiro flagela o corpo e converte-o em um templo de divindade interior. O processo culmina na crucificação simbólica do Iniciado, onde a Força ardente do Cristo, tendo transmutado o aparente corpo “morto”, o levanta para a Vida eterna.
O Cristo sublime, o supremo Indicador do Caminho, enquanto Ele está na cruz, é o perfeito símbolo, de modo geral e em particular, do Caminho da verdade e de realização espiritual para toda a Humanidade – o caminho do progresso para toda a raça humana.
Em S. João capítulo 20, versículos de 1 a 2 lemos:
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro, e vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: ‘Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram’.”.
Em S. João capítulo 20, versículos de 11 a 14 lemos:
“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Disseram-lhe então: ‘Mulher, por que choras?’. Ela lhes diz: ‘Levaram o meu Senhor e não sei onde O colocaram!’. Dizendo isso, voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus.”.
O Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de S. João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. S. João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a Humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como S. Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer.” (Jo 14:12).
“Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da saudação de Cristo aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
No Grau da Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
Não é o Cristianismo apenas que ensina o caminho da Iniciação. A fórmula da Iniciação foi incorporada em todas as grandes Religiões do mundo, nos principais eventos das vidas dos Grandes Mestres e Salvadores onde esse ensinamento é o acontecimento principal.
Conforme a nova Era de Aquário se aproxima mensageiros dos reinos da Luz vem para estabelecer uma comunhão íntima entre o Cristo, os Discípulos e todos aqueles na Terra que aspiram seguir o ritual místico com seus doze passos ou graus, tal como se há indicado acima.
No mundo da alma, o verdadeiro Discípulo ainda experimenta, hoje, o sofrimento e a crucificação de toda a raça humana, e o Cristo, também, continua sofrendo a crucificação permanente. Ele está, todavia, conosco até o fim dos tempos, como Ele disse, e a Libertação que ele oferece para nós é a Consumação da Cruz. As Litanias da Crucificação são cantos de Iniciação que tratam sobre a fórmula Iniciática, como é descrita nos Evangelhos. A nota chave desta realização é:“Que o Cristo se forme em ti”.
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação | 7 – Tentação |
2 – Imaculada Concepção 3 – Nascimento | 8 – Transfiguração 9 – Getsemani |
4 – Fuga para o Egito 5 – Ensinamentos no Templo | 10 – Crucificação 11 – Ressurreição |
6 – Batismo | 12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos de que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o REGIA e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no SIGNO DE SUA EXALTAÇÃO, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a EXALTAÇÃO e a RESSURREIÇÃO foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a Humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Anunciação; a Imaculada Concepção | A Lua Exaltada em Touro | A Lua governa o princípio formativo ou feminino e a Hierarquia dos Anjos que tem a seu encargo a geração. |
O Nascimento | Marte Exaltado em Capricórnio | Transmutação do desejo, que desperta a vida de Cristo dentro da pessoa. |
Fuga para o Egito | Saturno Exaltado em Libra | Saturno é o tentador ou provador. Libra a balança ou portão do julgamento. |
Ensinando no Templo | Mercúrio Exaltado em Virgem | Mercúrio rege Virgem. Esotericamente, o Templo é o Corpo; Virgem é castidade e pureza da Mente e da Alma. Mercúrio Exaltado em Virgem é a Sabedoria obtida por meio da pureza de Mente, do Corpo e da Alma. |
Batismo | Júpiter Exaltado em Câncer | Câncer é a porta do nascimento e os portões do céu. As senhas para entrar são: amor, unidade e fraternidade. O Batismo pela água é símbolo do Batismo pelo Espírito. |
Tentação; Transfiguração | Urano Exaltado em Escorpião | O poder de geração quando exaltado leva a regeneração. Esta é a mais poderosa das exaltações presentes no desenvolvimento do ser humano. |
Getsemani; Crucifixão | Vênus Exaltado em Peixes | Amor na casa do sofrimento. O amor pessoal se eleva a exaltação do amor impessoal, abarcando toda a vida. Cada Ego conhece o Jardim do Gólgota da vida amorosa. É por meio do sofrimento que a paixão é exaltada em compaixão e o amor por um, pelo amor por todos. |
Ressurreição | O Sol Exaltado em Áries | Elevando o fogo espiritual da coluna espinhal (a força da vida cósmica) para cabeça, ajuda a construir o corpo celestial, no qual o ser humano é ressuscitado da tumba da carne. |
Ascensão | Netuno Exaltado em Câncer | A divindade chamada de Cristo Interno eleva o ser humano aos altos reinos suprafísicos, onde o espírito pode entrar em muitas moradas preparadas por ele pelo Cristo Cósmico. |
Nada foi dito, até o momento, sobre a recente descoberta do Planeta Plutão que rodeia o Sol, mas com órbita além da órbita de Netuno e que muitas vezes se cruzam. Os astrônomos supõem que esse Planeta mais externo pode eventualmente ter sido uma lua de Netuno e que poderia retornar de volta para este Planeta um dia. Hoje, porém, como um Planeta independente, deve ser considerado como uma potência no horóscopo, mas a sua verdadeira natureza é ainda indeterminada. Alguns astrólogos acham que é da natureza de Marte, constituindo uma “oitava” daquele Planeta, enquanto outros veem nele a “oitava” da Terra. A “oitava” de um Planeta é considerada como sendo seu “alter-ego” ou “Eu Superior” que é uma maior reflexão de si mesmo. Como oitava da Terra, Plutão teria influência especial sobre as condições que afetam a profundidade da nossa evolução planetária, ou seja, a parte esotérica do nosso desenvolvimento.
Plutão se move de modo tão lento em torno do Sol que permanece na mesma posição por um longo período de tempo; com isso ele forma os mesmos aspectos em milhares de temas astrológicos. Estes aspectos se “colocam em marcha” pelas forças transitórias, com os Planetas rápidos, as lunações, os eclipses, os asteroides e os cometas, precipitando, assim, grandes movimentos de massas e alterações revolucionárias. Igual situação é verdadeira com respeito aos outros Planetas em seus relacionamentos com Plutão.
Os astrólogos Iniciados devem, eventualmente, resolver todos esses problemas. Haverá uma Nova Astrologia na Nova Era que lidará com configurações cósmicas, não apenas para os Planetas de um sistema, mas com a inter-relação dos muitos sistemas solares e seus Planetas e até mesmo considerando influências daquelas galáxias.
“Cristo Jesus escolheu os doze antes de ter vindo ao mundo. Ele escolheu doze poderes e os recebeu dos doze Salvadores do Tesouro da Luz. Quando Ele desceu ao mundo, os lançou como chispas no ventre de suas mães, de tal modo que o mundo inteiro pudesse ser salvo”.
Pitis Sophia
Os doze Discípulos representam os doze principais atributos a serem desenvolvidos no ser humano, alcançado pelo despertar do poder do Cristo Interno. Isto ocorre pelos muitos estágios exemplificados nos eventos das vidas dos Doze Discípulos, conforme relatado no Novo Testamento. Tais eventos não são compreendidos como meras lembranças da vida pessoal de cada Discípulo. Em verdade, tudo o que está escrito revela fórmulas sobre como trilhar o Caminho da Realização. A Bíblia é de significado universal. Os registros biográficos são secundários. Seu significado primário está nas entrelinhas e refere-se ao caminho de desenvolvimento espiritual de todo ser humano.
Isso não quer dizer que a história dos Discípulos também não tenha significado histórico. As doze “Chispas” que encarnaram nos doze Apóstolos referem-se aos poderes cósmicos emanados do Zodíaco. Também mostram as doze grandes Religiões do mundo e seus Mestres fundadores, que são Salvadores. Assim, de acordo com os Evangelhos e a correlação material dos documentos esotéricos, tais como os de Pitis Sophia, Cristo enviou a Terra doze Salvadores ou Fundadores das doze Religiões mundiais, que O cercava, assim como os doze Signos rodeiam o Sol. Os estudiosos da Bíblia geralmente não conseguem enxergar a verdade esotérica na mensagem de Pitis Sophia, que revela todos os grandes Salvadores do mundo como precursores de Cristo. Eles vieram a Terra antes d’Ele, com o objetivo de preparar o Caminho. Deste modo, o Mestre de Nazaré encarnou e eles também renasceram para serem Seus auxiliares e emissários imediatos para o Mundo. A vida dos Apóstolos, então, não só possui um significado para os Cristãos, mas para todas as demais Religiões do mundo.
Em Mateus 19:28 lemos:
“Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade vos digo que, quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, também vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.’”.
Este versículo mostra a realização final do caminho do discipulado, quando, pela regeneração ou Iniciação é mostrada a vida de Cristo. Aqui, a natureza carnal é deixada de lado, tendo sido transmutada em poderes do Espírito. Isso ocorre quando o velho dá lugar ao novo, o natural dá lugar ao sobrenatural. Para os primeiros Discípulos, essa realização ocorre no dia de Pentecostes. Nele, aprendemos o significado essencial de todos os eventos da vida do Aspirante que poderia, de outro modo, permanecer obscura, visto que Pentecoste é a sua meta, hoje, como era nos tempos de Cristo.
Os Zelotes eram uma seita da Galileia, patriota por natureza, que numa intensidade terrível, odiava tudo que era romano. Reuniam-se com a sombria determinação de libertar sua amada terra da tirania Romana, sendo o fogo e a espada o meio que acreditavam em poder alcançar tal propósito. Simão era um zelote. Ele tinha disposição intensa e dedicava seu corpo e alma para realizar as tarefas dos Zelotes. Ele se tornou um dos guias da seita. Como a maior parte dos patriotas e bandos revolucionários, tal seita se degenerou na multidão e atraiu para si, ladrões e foras da lei, que agiam nem sempre por patriotismo. Mesmo assim, os Zelotes mantinham o comum objetivo de libertar sua nação dos romanos.
Então, chegou até Simão a influência do gentil Nazareno. A partir daí tudo mudou. Ao encontrar Cristo Jesus, Simão, que havia alimentado amarguras animalescas e ódio racial, não mais alimentou tais sentimentos e captou os mais nobres impulsos que despertaram em seu ser. Ele agora incorporou em seu coração a lei do Novo Regime: amor aos inimigos, resistir ao mal e sobrepujar o mal com o bem.
Tal é a lei que governará a Nova Era e sua palavra-chave é o Amor. Este é o nível em que seu Amor é aplicado aos problemas cotidianos que irão determinar a adequação do Discípulo para entrar na fase Aquariana da Dispensação de Cristo que está sendo introduzida agora.
O Mestre, como todos os grandes professores espirituais, ensina a necessidade de transmutar o mal em bem, e dá instruções de como realizar tal façanha. Agindo sob sua instrução, cada Escola de Mistérios, celebra um ritual à meia noite em que o miasma do mal do globo é aglomerado e transmutado em bondade. Isso não é figurativo, mas algo que ocorre literalmente. O trabalho é feito todas as noites, a meia noite, em todos os lugares, por todo o globo, através das vinte e quatro horas do dia. É um trabalho contínuo, incessante, como é sugerido no mosaico característico do piso do Templo Maçônico.
O Discípulo Simão, o grandioso Zelote, presenciou a obra da renovação realizada por Cristo e seu círculo de Iniciados e, desta maneira, mudou de ressentido patriota para amoroso e terno Discípulo, desejoso de receber e suportar o ridículo, a mortificação e a perseguição de seus antigos amigos e associados com o único fim de poder dar sua vida a seus amigos semelhantes.
Judas é o símbolo da limitação e da incompletude que age como um incentivador negativo ao progresso. “A Natureza aborrece o Vazio” (Nature abhors a vacuum) e cada alma humana, quando se torna sensitiva ao seu vazio espiritual, procura por preenchê-la por si mesmo. Todas as coisas trabalham juntas para o bem, S. Paulo diz: “O maior pecador pode se tornar o mais santo”.
Judas representa a natureza inferior no ser humano, que trai, a todo tempo, o elevado Cristo Interno. Essa traição causa grande dor e paixão, e deve sempre ocorrer no Jardim da Agonia (Getsemani). No caminho do progresso espiritual, é necessário ser um preâmbulo a Crucificação que traz a liberação, a liberdade e a realização. Isto pode ser realizado apenas pelo mau ou pela limitação (Judas), destruindo a si mesmo, para que a divina natureza possa se revelar. Matias, um homem santo, é escolhido para substituí-lo.
A lenda diz que a mãe de Judas foi avisada em sonho que ele se tornaria o filho da perdição. Ela então, o colocou em uma cesta e o lançou o ao mar. Ali o bebê foi encontrado por um rei, que o adotou e o criou como seu filho; mas Judas matou seu irmão (filho do rei) e foi compelido a fugir. Ele se tornou um pajem para Pôncio Pilatos e depois tratou de seguir o Cristo.
Judas representa a aquisição de posses, o amor ao poder que cresce da possessão das coisas materiais. Ele era o Discípulo que cuidava do dinheiro – da bolsa. Intenso, apaixonado, seus olhos se enchiam com estranhas luzes e seus cabelos eram como uma chama vermelha. Foi acusado na infância de ter sido possuído pelo demônio. Ele é também ligado, em alguns sentidos, a Maria Madalena, em termos de amor sensual, os dois representam o caminho da transmutação, pelo qual a natureza mortal e baixa é deixada de lado em favor da nova e Cristificada vida.
Um poeta canta sobre a juventude de S. João, o Discípulo amado, que “ao se tornar adulto, foi como uma bela e rápida tempestade”. “Filhos do Trovão” foi como o Mestre chamou João e seu irmão Tiago. Foi a extraordinária intensidade interna que levou Tiago a se tornar o primeiro a entregar sua vida e, também, deu a João, o lugar do Discípulo mais amado de Cristo. Isso significa que seu avanço espiritual foi tamanho que lhe permitiu ser aquele que mais se aproximou do Espírito de Cristo. Desde cedo, os olhos de águia de João visualizaram o resplendor dos Anjos e seu coração ouvia seus gloriosos cantos. Nas sombras de suas asas, as chamas brancas do amor nasceram dentro dele e este amor se transformou em poder. Mais tarde este poder foi vertido em seu Livro, o que é o maior tesouro da memória do Ministério de Cristo na Terra. Por meio do seu amor, foi capaz de ver a glória daquelas mansões que o Mestre preparou para aqueles que O ama, e fazem de si merecedores de lá habitar. Foi no espírito do seu amor, que era como o dos Anjos, que ele foi capaz de tocar a palavra-chave que soou a liminar “Amai uns os outros, assim como Eu vos amei”, e na Sua promessa, “E, quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”.
Foi em Éfeso que S. João se preparou para o grande trabalho de cura e de ensinar, após sua separação dos Discípulos. Lá ele viveu e ensinou multidões ansiosas pelo significado do AMOR COMO UM PODER. Os Anjos cantam hosanas quando, pela primeira vez, ele se encontrou com o Senhor, e essas hosanas foram proclamadas quando seu radiante espírito deixou a Terra para reunir nos mundos celestiais com seu bem-amado Mestre. A fragrância emanada de suas palavras de despedida, ditas para seus Discípulos, ainda permanece como a respiração das raras e exóticas flores: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
S. Tiago, irmão de S. João, foi o primeiro dos Discípulos. Estava entre os primeiros a seguir o Mestre e foi que sofreu o martírio.
Em Mateus 4:21-22 lemos: “Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou. Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.”.
A rede do pescador, na simbologia esotérica, se refere à sabedoria extraída das experiências do cotidiano. O pescador é aquele que se despertou espiritualmente para o significado e propósito da existência física. O Novo Testamento contém muitas referências do trabalho dos Discípulos com redes. Por vezes, estas são quebradas e novamente, são emendadas. Elas representam à substância extraída que é o Corpo-Alma, o etérico Corpo da Nova Era que é necessário para todo ser humano.
S. Tiago representa a suprema qualidade da esperança que “nasce eternamente no peito do ser humano”. Foi pelo poder da esperança que S. Tiago foi capaz de deixar seu pai, apesar dos protestos do mesmo, dizendo: “Eu devo ir, pois Jesus chegou”.
Banhado nesta luz branca da esperança que vem do Altar mais elevado da Alma, S. Tiago foi capaz de passar calmamente pela amarga experiência de perseguição e martírio.
Antes do poder de Herodes o ter alcançado, para “matar Tiago pela espada”, os Discípulos plantaram na Terra a semente da nova fé Cristã. Lendas Místicas declaram que após o martírio de S. Tiago, os Discípulos colocaram seu corpo em um barco que foi impulsionado por Anjos até alcançar à costa da Espanha, e ali, uma enorme pedra se abriu, por si mesma, para recebê-lo – uma referência das verdades da Iniciação e da nova pedra branca que ele ensinou. Nesta lenda, temos outra faceta do Mistério do Graal, em que o castelo, construído por homens e Anjos, permaneceu em algum lugar e por muito tempo nas montanhas da Espanha, antes que fosse agraciado pelos altares de Glastonbury no tempo do Rei Arthur e seus cavaleiros; mas alguns dizem que esse castelo ficou primeiro na Grã-Bretanha.
Judas significa louvor. Este Discípulo, deste modo, representa uma das mais importantes qualidades que deve ser desenvolvida por aquele que está buscando a luz interior. Toda a verdadeira instrução espiritual enfatiza a necessidade de cultivar o espírito de louvor. A lei do louvor é a lei do crescimento; assim, aquilo que louvamos, multiplicamos. Quanto mais uma pessoa se espiritualiza, mais ela se torna capaz de praticar o louvor em seu dia a dia. Isso é exemplificado pelo Livro dos Salmos. Conforme o Salmista se tornava mais afinado com a música das esferas, mais ardente se tornava seus cantos de louvores, até que sua própria vida ressoava com um olhar: “Bendize ao Senhor, ó minha alma, e tudo que em mim bendiga Seu Santo Nome!” (Salmo 102 (103)).
Assim, louvar é aquilo que associamos com Judas, o primo de Jesus e filho de Maria que era a irmã da Virgem e sua colaboradora no culto Misterioso dos Essênios, a Comunidade dos Eleitos.
Tomé representa a dúvida e o ceticismo que necessariamente nasce durante o treinamento intelectual. Dúvida e ceticismo são dois dos maiores impedimentos enfrentados pelo moderno Aspirante, na aquisição direta do conhecimento. As palavras do Mestre para Tomé: “não sejas incrédulo, mas crê”, ainda estão ecoando através dos Éteres. Não podemos esperar progressos longos no Caminho, enquanto o estágio de Tomé de desenvolvimento não passe.
Tomé estava no limiar da compreensão, como por exemplo, quando testemunhou a ressurreição de Lázaro, mas na ocasião em que o Mestre foi preso em Getsemani, ele foi dominado pela dúvida e conflito, e no momento da Crucificação, ele fugiu. Na sua Mente tortuosa, ele carregou a memória do corpo quebrado e do lado ferido, mas em seu coração, ele reteve como uma música escondida, as cadências divinas: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
No final da triste semana da Paixão do Mestre, ele retornou a Jerusalém, onde os Éteres já eram vibrantes com os ritmos dos hinos Iniciáticos alegres da Ressurreição: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. Aqui, sua dedicação foi completa. Com as palavras, “Meu senhor e meu Deus”[23] um novo Tomé surgiu ao mundo, e seu coração incendiou e seus lábios se tocaram com aquela Luz que nasceu da sintonia do amor que é eterno.
Na Índia, existe uma seita numerosa, com milhares de membros que se intitulam: “Os Cristãos S. Tomé”, testemunhando os dias em que grandes trabalhos e milagres foram realizados pelo iluminado santo Discípulo que fundou esta Ordem.
A história da vida de S. Mateus revela que era um publicano pecador, e por meio do encontro com Cristo, se tornou um dos maiores e gloriosos Santos e Apóstolos que escreveu o Evangelho que carrega seu nome. Mateus, o cobrador de impostos, simboliza aquisição e posse. Essa qualidade manifestava-se primeiramente no plano físico, mas em sua equivalência transmutada, passou a manifestar uma virtude correspondente na alquimia da iluminação espiritual. Por meio de tristeza e sofrimento, a qualidade de aquisição e posse foi elevada de um nível para outro, até se tornar o poder pelo qual ele era um coletor, pela experiência, de sabedoria, em essência.
Em sua luxuosa vila, ao lado das águas azuis do lago da Galileia, S. Mateus celebrou sua renúncia da vida antiga e sua dedicação para a nova vida, servindo um grande banquete. Este banquete foi frequentado por muitos publicanos e pecadores, amigos e companheiros da vida antiga e, também, agraciada e abençoada pela presença do gracioso Senhor. Por isso, o banquete constitui um verdadeiro evento espiritual em que os atributos da vida antiga não regenerada foram elevados e transformados pela presença e poder de Cristo.
A transformação de S. Mateus ocorreu pela experiência gloriosa de participar do Sermão da Montanha do Senhor. Desde então, seus olhos foram elevados com um mistério especial e de seus lábios ecoaram a nova palavra do Espírito de Vida. Em contraste com sua luxuosa vida que viveu, antes de encontrar o Mestre, S. Mateus se tornou uma pessoa absolutamente sóbria e ascética que, de seus lábios e corpo, gradualmente iniciou a emanar uma luz transcendente que eram como uma irradiação divina do Mestre. Sua grande obra foi concentrada amplamente na Etiópia, onde trabalhou por aproximadamente 23 anos. S. Mateus significa o grande propósito e poder de transmutação da vida humana.
André é o Discípulo que representa a humildade e a auto abnegação. Foi o primeiro a ser escolhido e mesmo assim, jamais se tornou um dos mais íntimos do círculo espiritual dos Apóstolos. Contentou-se sempre em brilhar a Glória refletida de seu irmão mais novo, S. Pedro. Sonhos e anseios pelas coisas do espírito o elevaram, cedo, a ser um dos seguidores de S. João Batista. Deste modo, ele se preparou para um serviço mais elevado e profundo que era servir ao Mestre Supremo. A Bíblia misticamente descreve sua preparação quando cita que ele estava lançando redes quando Cristo Jesus chegou.
André foi um dos escolhidos por um Grande Iniciador para servir no milagre dos peixes e pães. O propósito deste milagre era ensinar aos Discípulos como manifestar a substância física de um dado núcleo, bem como demonstrar a fraternidade de compartilhar. Após receber os grandiosos poderes conferidos aos Discípulos no Pentecostes, saíram pelo mundo para promoverem a Grande Obra. André cruzou os sete mares e as lendas místicas relatam que ele foi o primeiro a dar, para a Escócia, a nova e bendita Palavra de Vida. A cruz de Santo André é um “X”, desenhado em vermelho fogo, é o símbolo do sangue sacrificado: no lugar onde se é torturado e martirizado, grandes árvores floridas surgem adornadas com flores oriundas do sangue derramado. Pela simbologia Maçônica e Cristã esotérica, podemos encontrar repetidamente o ensinamento que onde sangue de sacrifício foi derramado, uma recordação viva cresce em forma de uma árvore florida.
O caminho sangrento desenhado pelas pegadas impressionantes de Hiram Abiff, de acordo com os escritores maçônicos, descreve esse “X” da Cruz de Santo André, e a árvore de florescência sagrada em sua memória é a Acácia. A simbologia ilustra o processo de Iniciação.
S. Pedro, o hesitante, o vacilante, “’o homem-onda’ que mais tarde tornou-se o ‘homem-pedra’”, é um exemplo daquele que alcançou o domínio sobre as fraquezas pessoais e a indecisão. Sua história revela que teve mais falha e limitações do que qualquer outro Apóstolo. Ainda assim, finalmente conseguiu desenvolver os atributos espirituais transcendentais que cada verdadeiro Discípulo aspira.
S. Pedro, primeiramente, recebeu ensinamentos na escola esotérica de S. João Batista. Quando Cristo o encontrou, estava voltado, totalmente, em emendar redes. Ele tipifica a ação e serviço e, finalmente, o alcançar o lugar elevado onde ele simboliza a fé – fé como um poder, não apenas uma abstração. É sobre esse poder recém-descoberto da fé, que a Igreja da Nova Era, ou corpo do Iniciado, é construído.
Quando o amor, a fé e a esperança se tornam manifestadas como trabalhos realizados dentro da consciência do Aspirante moderno, então, eles, também se tornarão capazes de acompanhar Cristo nas Suas obras mais elevadas e maravilhosas, como Pedro, Tiago e João, os Discípulos que simbolizam essas qualidades. Nossas maiores falhas se tornarão nossos passos que nos guiará a um maior desenvolvimento, como ocorreu com Pedro. Ele não pode jamais esquecer sua negação a Cristo, e em sua própria crucificação ele pediu para que fosse crucificado de cabeça para baixo, como não merecedor de morrer do mesmo modo que seu Senhor.
A mais preciosa história de S. Pedro foi seu encontro com o Mestre naquela alvorada luminosa, após a Ressurreição, quando lhe foi permitido renovar e dedicar novamente sua vida, como uma resposta mais profunda ao Mestre que lhe perguntou: “Me amas?”[24]. Magnificamente, Pedro cumpriu o mandamento do Mestre de apascentar suas ovelhas. Reza a lenda sagrada que até mesmo sua sombra tinha o poder de curar; mas sabemos que não era sua sombra, mas as maravilhosas emanações anímicas de seu Amor a Cristo que curava. Estas emanações caíam sobre todo aquele que chegava perto dele.
A vida de S. Pedro se desenvolvia entre a luz e a sombra, isto é, a escuridão do conflito e erro, entre provas e debilidades, produzindo arranques intermitentes de glória até que finalmente ele se rendeu a morte em um radiante branco resplendor de fé que foi verdadeiramente divino.
Tudo que era fraco e humano, finalmente, foi erradicado em uma grande explosão de fogo espiritual que consumiu a carne. Sua vida ilustra, talvez como em nenhuma outra, a verdade da afirmação de um vidente moderno: “o único e verdadeiro fracasso é deixar de tentar”. Mais do que qualquer dos Discípulos, S. Pedro é o Apóstolo do esforço incessante. Devido suas muitas e variadas experiências, da sabedoria e da compreensão que elas produziram que S. Pedro é conhecido como o guardador das chaves do paraíso e do inferno. O estudante de ocultismo sabe que o real propósito da vida não é felicidade, mas adquirir experiência.
Dentre os doze, Natanael foi um sonhador e místico, “um israelita em que não há dolo” (Jo 1:47) foram as palavras que o Mestre utilizou para descrevê-lo. Era Natanael, filho de Tolomé, e por isso chamado Bar-Tolomé ou Bartolomeu, sendo seu nome Natanael Bar-Tolomé. Seu pai era um encarregado dos parreirais e foi em meio a sombras frescas e fragrâncias de sua casa, num morro, que Natanael sonhou seus sonhos, até que, para ele, o canto dos pássaros foi misturado com ao dos coros dos Anjos e os brilhos das estrelas, que, para ele, pareciam tochas de fogo apontando as escadas do céu. Assim, filosofando e vivendo seus sonhos que foram menos reais para ele do que o mundo precioso que o rodeava, este jovem Galaad[25] de espírito se preparou para a eterna busca. Filipe, seu amigo, sabedor da profunda ansiedade de Natanael para a vinda de um iluminado para iluminá-lo em sua busca, um dia o chamou com entusiasmo apaixonado e fervor ao anunciar que havia “encontrado o Messias” (Jo 1:45).
Natanael significa pureza. Ele havia conseguido dominar o eu inferior, em preparação para a chegada do Grande Mestre. Por toda a Bíblia, o figo simboliza a geração. “Enquanto estava debaixo da figueira, eu te vi” (Jo 1:48), disse o Mestre no primeiro momento da saudação; e previu: “verás as portas do céu e os Anjos do Senhor subindo e descendo” (Jo 1:51), referindo-se aos poderes da Iniciação que ele viria desenvolver. Pureza é o requisito supremo da Iniciação e nenhum verdadeiro poder espiritual pode ser alcançado sem ela. Natanael se tornou um dos curadores mais maravilhosos entre os Discípulos, e foi por esta razão que foi apedrejado até a morte pelos sacerdotes da antiga Religião, pois temiam o seu poder.
As forças de cura são forças de vida e pureza, tal como a de Natanael, que é o fruto da vida regenerada e que aumenta a força de cura mil vezes. Devido a ele ter alcançado este estado de pureza, os poderes pessoais são elevados pelas forças cósmicas que se alinham com as próprias potencialidades universais do Discípulo.
Filipe era o Discípulo de Betsaida, que em Hebreu, significa a casa das redes. Esotericamente, isso significa o despertar ou infundir-se com espiritualidade. A história de vida de Filipe contém o processo ou fórmula para espiritualização da Mente. Este é um longo e árduo processo de aceitação da divindade do Senhor. Muitas vezes, durante este processo de despertar espiritual, a Mente grita e protesta: “Mostra-nos o Pai e isso bastará”. Difícil é o ensinamento que nos faz compreender a resposta do Mestre: “Não crês que eu estou no Pai e o Pai em Mim?”.
Filipe era filho de um pai Hebreu e uma mãe Grega. Tornou-se o primeiro evangelista para o mundo Grego. Ele foi a mão que abriu a porta para o Cristianismo na Europa; e foi nomeado o Hermes de Cristo.
A maior influência em sua vida, com exceção do Mestre, foi a amizade de Natanael. Eles constituem um inseparável dois – o Davi e o Jônatas (1Sam 20:16) do Novo Testamento. Eram inseparáveis na vida e juntos, enfrentaram o martírio. Filipe trouxe Natanael para Cristo e Natanael viu a passagem do espírito luminoso de Filipe, em seu martírio, ao encontro do Mestre. Filipe viajou pela Terra, compartilhando a luz dos novos ensinamentos do Messias que ele tão ardentemente defendia, e por causa da multidão de seus seguidores e das muitas curas maravilhosas que realizava, ele foi crucificado em frente ao Templo. Fortalecido por uma visão do Cristo glorioso e pela presença terrena de seu amado Natanael, o espírito radiante de Filipe deixou seu corpo na Terra, voando a caminho ascendente da alegria daqueles que permaneceram fiéis até a morte.
S. Tiago e Judas eram filhos de Maria, uma irmã da virgem e Cléofas. Ambos passaram sua infância na mesma casa com Jesus, na comunidade essênica, mas a aceitação de Sua divindade e missão, só foi aceita por eles, sem reservas, depois da Ressurreição e Ascensão. S. Tiago recebeu de sua mãe a notícia da Ressurreição e declarou que ele não beberia ou comeria até que ele visse o Mestre ressuscitado. Logo o Salvador apareceu para ele e lhe disse: “traga a mesa, a comida e a bebida como evidência da nova vida”.
S. Tiago se tornou o mais devoto dos Discípulos e, até sua morte, foi líder da nova igreja em Jerusalém. Tão nobre e fino era seu caráter que era altamente estimado até por aqueles que não tinham reverência pelo novo Messias. Acredita-se que ele era o líder dos Essênios em Jerusalém, antes de ele se tornar chefe da nova igreja.
Inimigos da nova seita Cristã induziram o santo Tiago a aparecer no parapeito do Templo, perante a multidão reunida, durante a semana de Páscoa, sob a ideia de que deveria dizer algo sobre o Mestre que tanto amava. Conforme ele falava fervorosamente sobre Jesus como o Messias de Deus, a multidão iniciou seu apedrejamento; ele caiu terraço abaixo, onde morreu, sem qualquer malícia sobre seus perseguidores, do mesmo modo que seu Mestre havia morrido anteriormente. Assim, seu grande espírito passou para os reinos internos com as palavras daquela prece sublime sobre seus lábios: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
Foi tão amado este Mestre Essênio pelo povo, que a notícia de sua morte causou pânico e horror entre os seres humanos devotos de todas as partes. Disseram que Jerusalém tinha sofrido grande tristeza devido a este crime. Durante este tempo, ou logo após os exércitos romanos destruírem a cidade, tanto Judeus como Cristãos disseram que foi a morte do santo Tiago que trouxe a catástrofe como punição de Deus.
Três são os passos principais de instrução e disciplina, fornecidos tanto pelas Escolas Iniciáticas antigas como pelas modernas. Estes passos exigidos pelos candidatos e, entre os Cristãos primitivos, eram conhecidos como: Dedicação, Purificação e Iluminação; também por: Preparação, Purificação e Perfeição. Eles esboçam o trabalho da Provação, Discipulado e Iniciação, como são conhecidos entre as escolas atuais.
S. Paulo, um dos Cristãos primitivos mais ilustres, forneceu diversas informações sobre as experiências que marcam o progresso do Aspirante no Caminho da Santidade. Para S. Paulo, foi o Caminho de Damasco que o levou para a culminação da Glória da Iluminação. Foi corretamente mencionado que a Bíblia possui significados alegóricos em suas histórias e, portanto, o Caminho de Damasco significa o Caminho da Luz, porque o desabrochar Iniciático de S. Paulo ocorreu neste Caminho. Isso não significa que a história de S. Paulo constitui um mito ou algo que nunca ocorreu. É, de fato, uma história verdadeira e sua verdade é estampada em cada aspecto descrito, mas também pode ser observada como uma pintura que revela experiências de iluminação em que todo Aspirante alcançará.
Isto é uma verdade para todo ser humano. A vida do mais humilde, desde o nascimento até a morte, pode ser levada em toda a sua totalidade e sublimes mistérios podem ser derivados de suas numerosas experiências. Compreendemos o modo como isto pode ocorrer quando nos conscientizamos dos padrões de vida existentes nos céus e, que a vida na Terra, nada mais é que uma sombra que se funde no tempo e espaço, de acordo com tais padrões divinos. Imperfeita como a vida pode ser, não obstante, o padrão divino pode ainda ser inferido a partir dos contornos das sombras.
A Estrada de Damasco foi o começo do Caminho de Saulo, que se tornou Paulo. Se alguém for cético sobre os ensinamentos das Verdades da Iniciação e dos mistérios contidos na Bíblia, permita-o estudar cuidadosamente a respeito das Três Jornadas de S. Paulo, conforme descrito no Livro dos Atos e em suas Epístolas contidas no Novo Testamento. Então, este cético encontrará um significado novo e profundo nas palavras de S. Paulo: “Dá leite para as crianças e carne para os mais fortes”.
Foi dito, verdadeiramente, que “S. Paulo foi uma das maiores vozes que o mundo já ouviu. Por quarenta anos depois da Transfiguração, sua vida foi uma sublime e terrível aventura”.
Sua vida foi uma potente pintura caleidoscópica de eventos sensacionais. Vemo-lo como Saulo, resguardando as capas daqueles que apedrejaram Estevão; seu primeiro encontro com o Discípulo Pedro; nós observamos sua grande iluminação na Estrada de Damasco; depois, como Apóstolo Paulo, num dado momento foi apedrejado e escarnecido, num outro, foi adorado como um deus. Ouvimo-lo articulando com os Atenienses no Areópago, e, então, subir nas asas da inspiração, conforme ele canta seu cântico imortal, em que o amor prevalece sobre a fé e a esperança; um hino de êxtase que traduz as canções dos Anjos para nós e carregado com uma beleza e poder que lhe assegura um lugar nos corações dos seres humanos de todos os tempos que virão.
Mais tarde, encontramos S. Paulo no Sinédrio. Vemo-lo lançando a víbora ao fogo, e finalmente, sua nobre cabeça abaixo do carrasco, na penumbra púrpura dos grandes pinheiros de Roma. Assim, observamos S. Paulo, o intrépido, o corajoso, o vitorioso, cuja máxima de vida foi adotada centenas de anos mais tarde, por uma grande fraternidade oculta como um abre-te-sésamo para seu Templo, que continham as palavras: “Eu desejo nada além de Cristo Jesus e Ele crucificado”.
Cada quadro da vida de S. Paulo atinge uma nota chave específica e marca uma fase de desenvolvimento específico. Um progresso similar do avanço da alma, passo a passo, caracteriza o Aspirante que consegue atingir a exaltada estatura espiritual de S. Paulo. Saulo, o perseguidor de Estevão, tem pouca semelhança com S. Paulo, o autor da canção divinamente inspirada de amor, excetuando-se apenas no fervor de seu temperamento. Foi a mudança de caráter e consciência que levou a mudança do nome de Saulo para Paulo, este espírito ávido e árduo, onde, esotericamente, esses nomes são a expressão vibratória da ideia que elas representam.
Saulo de Tarso foi totalmente erradicado da consciência de S. Paulo que escreveu no final de sua Epístola a Timóteo, a epístola que descreve o objetivo superior para todos os Discípulos modernos, seus filhos em espírito: “Eu lutei a boa luta, eu mantive a fé, eu terminei a jornada”.
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S. Paulo colocou chaves místicas em cada uma de suas Epístolas, como uma ajuda aos seus Discípulos que entram no Caminho na busca pela compreensão profunda do mistério da vida. Quatorze dos vinte e sete Livros que compõem o Novo Testamento testificam o trabalho do grande evangelizador, e “cada letra de S. Paulo é uma pintura de S. Paulo” (Adolf Deissman). Quando organizado em ordem cronológica, as treze Epístolas de S. Paulo podem ser classificadas em quatro grupos:
A……. I e II Tessalonicenses
Escritas durante a Segunda Jornada 51 D.C.
B……. I e II Coríntios, Gálatas e Romanos
Escritas durante a Terceira Jornada 52 a 56 D.C.
C……. Filipenses, Éfeso, Colossenses e Filipenses
Escritas durante a prisão em Roma 59 a 61 D.C.
D……. Tito, I e II Timóteo
Escritas antes do Martírio
Saulo nasceu na cidade de Tarso, provincial de Cicília, durante os dias mais emocionantes do Império Romano. Ele era da tribo de Benjamin (Câncer) que sempre permaneceu fiel a Judeia (Leão). Aproximadamente no mesmo tempo em que Saulo nasceu, Anjos proclamavam o nascimento da Criança Santa em Belém. O mundo estava passando por um estado de transição na preparação para a Nova Dispensação, a chegada de Cristo Jesus. Saulo, o jovem, foi educado de acordo com a doutrina farisaica. Sua primeira visita a Jerusalém foi realizada quando tinha trinta anos, quando ele foi estudar com Gamaliel, o maior de todos os doutores da Lei. Observe essa idade e a compare com a de Jesus, que aos 12 anos ensinou no templo. Estes são os anos da adolescência, que em um plano superior de desenvolvimento, marcam o despertar da Alma Emocional. Leal a seita dos Fariseus, desdenhoso e desafiante aos ensinamentos do novo culto dos Nazarenos, estava indignado das presunçosas aclamações em nome de seu Mestre e determinado a exterminá-los a qualquer custo. Por herança e preceito, essa era a atitude instalada dentro de Saulo de Tarso; esta era a sua base que o levou a se tornar S. Paulo, o Cristão, cuja vida, após a conversão, foi dedicada ao propósito: “para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus”[26].
Nomeado pelo Sinédrio para perseguir os Judeus que se tornaram seguidores do Nazareno, Saulo viajou para Damasco para eliminar a heresia das comunidades dos Judeus que lá viviam. Ele quase completou sua jornada e estava próxima da cidade antiga, quando um evento ocorreu que o transformou em outro homem e colocou sua vida em um novo e perigoso curso.
Em Atos dos Apóstolos, 9:3-9, lemos:
“Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saul, Saul, por que me persegues?’. Ele perguntou: ‘Quem és, Senhor?’. E a resposta: ‘Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer’. Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu.”.
É de grande significado que este evento ocorreu no ambiente áurico da cidade de Damasco. Mesmo naquele tempo Damasco era uma das mais antigas vivas cidades do mundo, uma cidade que nunca conheceu a morte. Muitas cidades belas, poderosas e grandes floresceram na antiguidade, mas Damasco sobreviveu a todas.
No oriente de Damasco, na terra erma, havia comunidades místicas, onde os iniciados se comunicavam com Deus dentro do coração e com os anfitriões dos céus, governantes dos elementos e dos egrégios Anjos e Arcanjos. Seus hinos ecoam a música das esferas e se diz que um de seus cantos da luz da alvorada veio até nós pelos versos iniciais do Evangelho de S. João. Em Damasco, estas comunidades eram similares aos Essênios do Mar Morto da Palestina, e havia constante comunicação, em uma peregrinação de idas e vindas.
Na cidade de Damasco, havia uma comunidade de chefes de família, assim como sugere o Livro dos Atos dos Apóstolos, com condições similares as da Sagrada Família em Nazaré e, em suas casas, se veneravam os Sagrados Mistérios desde antes da preparação da vinda de Cristo. Para estes, S. Paulo foi encaminhado para que pudessem cuidar dele durante o período de três dias de cegueira externa, de onde sua alma interior foi despertada.
Damasco é uma cidade preciosa e mística que todo o Aspirante se aproxima quando está realizando um contato iluminado com o Cristo. Abrão, como Saulo, se dirigiu a esta cidade excepcional quando se preparou para a realização interna que alterou seu nome para Abraão, igualmente a Saulo, que se converteu em Paulo, depois deste derrame torrencial de poder espiritual;
Saulo, um nome Judeu famoso, e Paulo, um nome Latino com origem e forma grega, representa as duas naturezas do ser humano, denominados: a baixa (carnal) e alta (espiritual) naturezas. Saulo de Tarso, o intolerante, o vingativo, o perseguidor, surge de sua experiência como Paulo, o novo homem. Nele, o velho Adão morreu e o Cristo Interno nele nasceu. Sua ambição se tornou humildade; seu sectarismo dogmático se transformou em uma fraternidade e compaixão que abraça a todos. Seu intenso zelo pela família de Israel foi absorvido em amor pela Humanidade. Seu futuro brilhante foi trocado por uma carreira unificante de sofrimento e renúncia, enquanto honras e adulações foram alegremente trocadas por escárnio e prisão. Renunciou, voluntariamente, a tudo aquilo que o mundo lhe oferecia para que se tornasse o menor dentre os apóstolos de Cristo, e “deste modo, pudesse salvar alguns”.
De que maneira se realizou está completa transformação? Em seu trabalho sobre a vida de S. Paulo, Adolf Deissman ficou perto da verdade oculta quando disse que a Religião de S. Paulo é o “Cristianismo Místico” e que sua jornada para Damasco marcou o início de sua internalização de Cristo. Por três dias e três noites Paulo não enxergou a luz com seus olhos, não comeu e nem bebeu. Durante este intervalo místico, seus olhos se abriram e sua consciência focalizou nos planos internos espirituais. Sua luz, neste período, não foi provinda do Mundo Físico, mas dos reinos celestes superiores.
Foi essa grande e gloriosa visão que trouxe iluminação a S. Paulo e o fez ser dedicado de corpo e alma, sem reservas ou hesitação, para um trabalho voluntário e profundo. Foi este evento estupendo que ele se referiu quando disse: “Não me mostrei rebelde à visão celeste”[27].
Muitos tentam realizar o caminho que leva a mística cidade de Damasco, mas poucos conseguem, com êxito, cruzar seus portais. A luz dos céus é, primeiramente, a chama interna do espírito despertado; é a luz que nunca falha em atrair o Mestre que virá abrir o caminho para instruções e iluminação mais aprofundada.
A aquisição do conhecimento, em primeira mão, sobre a vida e as condições nos mundos suprafísicos, o contato com os Grandes Seres que guiam o destino da Humanidade, a partir dos reinos espirituais, e a obediência a suas instruções são os requisitos necessários para a verdadeira Iniciação Espiritual. Tal iluminação é possível hoje, mas uma posição espiritual mais elevada do indivíduo que a grande maioria da Humanidade comum é essencial e são poucos os que realmente conseguem preencher estes requisitos de uma dieta pura, pensamentos construtivos e harmoniosos e uma vida pura e casta. Estes são requisitos fundamentais e não podem ser ignorados ou sobre passados.
Durante o intervalo sublime de cegueira das condições do mundo exterior, Paulo foi esclarecido sobre a real missão esotérica de Cristo Jesus e sobre o início da Nova Dispensação Cristã. Após anos de escárnios e perseguições aos seguidores do gentil Nazareno, a resplandecente luz de iluminação clareou sua alma e teve o privilégio de vislumbrar acontecimentos que ocorreram ao longo dos séculos. Vislumbrou o novo céu e uma nova Terra, na qual o companheirismo e a fraternidade eram uma realidade; um tempo em que Isaias, outro Iniciado, havia declarado o que iria ocorrer, onde os seres humanos trocariam suas espadas por foices e suas lanças por arados[28]. Quando em palavras repetidas posteriormente por um profeta ulterior – “o conhecimento da lei espiritual (o Senhor), cobrirá toda a Terra como as águas cobrem o mar”[29].
Após sua experiência iniciática, na comunidade de Damasco, Paulo foi para o deserto da “Arábia”, como ele diz, onde permaneceu por três anos[30]. Por isso, compreendemos que ele foi para o, conhecido como, deserto da Peréia[31], a qual se refere, vagamente, em suas epistolas. Indubitavelmente ele fez peregrinação para a comunidade do Mar Morto e, também, para outros lugares.
Durante seu confinamento na Arábia, Paulo se comunicou, incessantemente, com o Cristo Ressuscitado e com os Grandes Seres que dirigem e governam a evolução da Humanidade em seu avanço em direção à libertação. Este foi o verdadeiro início de Paulo na Escola de Deus, a Escola do Universo, e de seus Mistérios divinos. Ele aprendeu a ler no grande Livro da Memória da Natureza descrito por Enoque, que está localizado no estrato etérico da aura da Terra, e, ainda mais maravilhoso, que também é encontrado em reinos mais superiores[32]. Ele viu tudo isso e compreendeu a admirável fórmula de Iniciação que foi difundida ao mundo na vida de Cristo Jesus, em Sua Morte, Sepultamento, Ressurreição e Ascensão. No mesmo maravilhoso Livro de Deus ele leu os futuros eventos que ocorreriam em sua própria vida aqui na Terra.
No Livro dos Atos 9:22, lemos:
“Saulo, porém, crescia mais e mais em poder e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.”.
Já, no mesmo Livro dos Atos 9:15-16, lemos:
“Mas o Senhor insistiu: ‘Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome’.”.
A experiência de S. Paulo nos Mundos suprafísicos, nos três dias e noites em Damasco, deixou impressões, de vários modos, em cada uma das suas Epístolas, cartas que proclamam a imortalidade, cujas páginas brilham com o esplendor da vida eterna. Cada uma de suas Epístolas contém mensagens tanto internas como externas. Em cada uma delas colocou alimento leve para crianças e alimento sólido para os fortes.
O trabalho principal de S. Paulo está dividido em três fases de viagens. Sempre há três passos que conduzem para a culminação final da Grande Obra, que são delineados em qualquer Escola de Iniciação. Demonstramos que, antigamente, estes três passos eram denominados de: Preparação, Purificação e Perfeição; que correspondem a etapas modernas atuais que conhecemos como: Probacionismo, Discipulado e Iniciação. S. Paulo ocultou esses passos em sua descrição dos eventos ocorridos e dos trabalhos realizados durante as suas três jornadas.
A primeira jornada durou dois anos, a segunda três e a terceira quatro. Assim o total é de nove anos, número este que novamente refere-se a uma chave mística dos nove passos ou níveis maçônicos conhecidos como: Aprendizado, Companheirismo e Mestre. Na vida do Supremo Iniciador, tais passos estão representados pelo: Nascimento, Batismo e Transfiguração. Passadas estas experiências, sempre seguem as grandes obras ou ministérios. Todo neófito que percorre o Caminho encontra “provas” que o confrontam. Essas provas encontram correspondência histórica com a vida de S. Paulo, como: a prova ante Félix, a prova ante Festus e a prova ante Agripa. Esta foi a maneira como S. Paulo passou estes testes que lhe deu a autoridade para declarar: “Desde já está me reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a Sua Aparição”[33].
Foi durante o trabalho de sua segunda peregrinação que S. Paulo começou a escrever suas inigualáveis Epístolas; a primeira delas foi enviada a igreja de Tessália. O amor manifesto, pelo forte laço entre o mestre espiritual e seus pupilos, é expresso nas linhas: “Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vos tínhamos”[34].
A Epístola dos Tessalonicenses contém a mensagem da Ressurreição para uma Nova Vida em todos os seus significados internos, a saber: a habilidade de funcionar conscientemente fora do Corpo Denso, fato este que ninguém descreveu com mais precisão do que este grande Iniciado Cristão.
Ele descreve de modo muito simples o Caminho da Iniciação:
Na Primeira Epístola aos Tessalonicenses 4:13 e 17 lemos:
“Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. (…) em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim, estaremos para sempre com o Senhor.”.
Alguém que tenha adquirido a habilidade de funcionar nos reinos mais sutis ou reinos etéricos, sabe da verdadeira imortalidade do espírito, a continuidade da vida. A morte que ele encontra nada mais é do que uma transição de um plano de atividade para outro. Foi esta realização imortal que fez S. Paulo declarar: “Oh, morte, onde está sua vitória? Oh, morte, onde está seu aguilhão?” (ICor 15:55). Aquele que alcançou este estado de consciência, não mais deve dizer: “Eu acredito” ou “Eu penso”; ele proclama triunfante como S. Paulo: “Eu sei, pois eu vi”. Então vem a realização: “A morte não o há tocado; ainda que sua morada pereça”.
Esta realização trará a Humanidade uma das bênçãos supremas que lhe aguarda na Nova Era Etérica que está diante de nós.
Corinto, a cidade dos prazeres frívolos e de errantes, significa as sutis tentações dos sentidos. A vida alegre e dissoluta desta cidade se manifesta ao redor do belo Templo de Vênus. Ali, todos os tipos de prazeres, inocentes e maldosos, florescem. Não havia outra cidade onde mais se necessitava a manifestação da influência da Dispensação Cristã.
Em Atos dos Apóstolos 18:9-11 lemos:
“Uma noite, disse o Senhor a Paulo, em visão: ‘Não temas. Continua a falar e não te cales. Eu estou contigo, e ninguém porá a mão sobre ti para fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade’. Assim, permaneceu ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.”
As Epístolas aos Coríntios são cheias de significados místicos e internos, compreendidos em todo o seu dignificado somente por aqueles que estão seguindo o mesmo caminho e determinados a seguir similar consecução.
A Primeira Epístola aos Coríntios ensina ao neófito a morrer diariamente na subjugação de seu corpo, ou natureza inferior; e que esta é sempre o primeiro e fundamental ensinamento dado por qualquer escola verdadeira de misticismo.
A Segunda Epístola aos Coríntios contém mensagens mais profundas, dadas apenas para aqueles que encontraram a transformação por meio do VIVER A VIDA.
Em IICor 5:17 lemos:
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova”.
Nos ensinamentos dados por Hermes Trismegisto[35] há instruções similares aos dados por S. Paulo, em ICor 15, em que ele fala de corpos incorruptíveis, de corpos naturais e corpos celestiais. Hermes diz com referência a esta transformação: “Posto que temos uma corrente de água e terra, a de fogo e de ar fluindo em nós, que renova nossos corpos e mantém nossas casas unidas”.
“Recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um”[36]. Aqui, S. Paulo está recontando, para aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, o processo e o número de suas Iniciações. Quarenta menos um é igual a 39, que numericamente resulta: em 3 e 3 vezes 3 ou 9 – os passos das realizações que pertencem a terceira jornada ou graus de Mestre. Novamente ele está descrevendo a mesma realização de Maestria, quando diz em IICor 12:2-4:
“Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu — se em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe! E sei que esse homem — se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe! — foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir.”.
Na Epístola aos Gálatas, talvez a mais profunda esotérica de todas as Epístolas, S. Paulo proclama que ele “não fala com carne e sangue”[37].
Em Gálatas 1:17 lemos: “Nem subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim, mas fui à Arábia, e voltei novamente a Damasco”.
Estes versículos se referem novamente aos ensinamentos sobre os planos internos do Templo de Mistérios e ao trabalho Daqueles Seres Iluminados que ministram lá. S. Paulo nos diz que estes ensinamentos que foram revelados para ele, podem ser dados apenas de modo privado para aqueles que possuem “reputação”, o que significa para aqueles qualificados para recebê-los. Isto é um sinal de ratificação dos ensinamentos do Mestre para não jogar pérolas aos porcos.
As Epístolas aos Gálatas encerram com as expressões mais místicas de S. Paulo em Gálatas 6:17: “Doravante ninguém mais me moleste. Pois trago em meu corpo as marcas de Jesus”. Estas palavras não se referem às marcas físicas de golpes, apedrejamentos e açoites, mas a certas marcas de luz que é discernida apenas pela visão espiritual. Aqueles que possuem estas marcas são os que estão Cristificados, os elegidos do Senhor que tomam seu lugar a sua mesa santa em comunhão com o Salvador.
A Epístola aos Romanos foi escrita perto do final da terceira jornada. A gloriosa confirmação do teste de S. Paulo pelos três grandes trabalhos ou jornadas, estava, pois, perto do fim. Permanecendo na luz branca do Mestrado, ele tocou a palavra-chave deste trabalho elevado com as Palavras: “ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” (Rm 12:1).
Allen R. Brown, em seu livro intitulado “Paulo o semeador”, que é um estudo sobre o objetivo e significado da Epístola aos Romanos, apresenta uma interpretação muito próxima a fornecida por esse livro: a Interpretação da Bíblia da Nova Era, quando diz: “Paulo utiliza as palavras ‘em Cristo’ 150 vezes; estas palavras não se referem ao Jesus histórico, mas denotam uma relação contínua com o Cristo presente no coração; Paulo não está consumando o sofrimento de Cristo (Cl 1:24), mas leva em seu próprio corpo o sofrimento de Cristo”.
Todas as “Interpretações da Bíblia da Nova Era” lida com o despertar dos poderes Crísticos dentro do ser humano. “Até que Cristo se forme em vós”: esta declaração do Grande Iniciado Cristão contém a solução para todos os problemas do universo, quando completamente compreendidos e desenvolvidos, inaugurarão o Novo Céu e a Nova Terra. Quando S. Paulo iniciou sua última Jornada, para chegar a sua última prova e, assim, libertar seu glorioso e brilhante espírito na morte, ele estava completamente absorvido em atrair o interesse do Centurião (que, junto a um bando de soldados o acompanharam até o Portão de Ostain em Roma[38]) para o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Até o último pensamento de sua Mente foi trazer os outros ao serviço do Cristo.
Chegando a seu destino, sob as grandes sombras dos pinheiros, ele pediu um tempo para meditação e oração. Eles que o assistiram assumir a forma de uma cruz e, com seus braços estendidos, direcionou em Hebreu algumas presenças invisíveis. Este Glorioso Ser, que deu Sua Benção a S. Paulo em sua primeira iluminação, estava presente para abençoá-lo e acelerar seu caminho assim que ele entregou seu corpo em Seu nome, em uma total dedicação e inabalável devoção até o final. Sempre foi fiel a suas próprias palavras: “Se vamos viver em Cristo, devemos abandonar a nós mesmos e morrer com Ele”.
Os portadores de tirso[39] são muitos, mas os verdadeiros místicos são poucos[40]. Reto é o caminho e a porta é estreita e poucos há que a encontram. Este é o caminho para a cidade mística de Damasco, com o seu tesouro espiritual. É apenas para aqueles que, como o Grande S. Paulo, aprenderam a “morrer em Cristo”.
O Batismo proclamava o início do ministério terrestre do Senhor Cristo e a Crucificação, o ponto alto da Sua missão sacrificial. Na Crucificação, Ele que veio como um mediador entre Deus e o ser humano, entre os Céus e a Terra, penetrou no coração do Planeta e tornou-se seu Espírito Planetário. Desde então, o Seu ministério continuou tanto dentro e como fora do nosso Corpo planetário.
O coração da Terra é o Seu centro planetário. A cada ano, o Seu Espírito penetra nele com intensidade e volume cada vez maiores, tornando, assim, mais fácil, a este impulso espiritual, entrar e encontrar uma morada no coração do ser humano. Esta foi a revelação maravilhosa que S. Paulo experimentou no caminho de Damasco, e que, mais tarde, foi incorporada na instrução dada aos seus Discípulos.
Aqueles que defendem que Cristo, como uma personalidade, nunca viveu e que a história de Sua vida é apenas uma representação simbólica do caminho Iniciático, perdem o ponto crucial do Cristianismo Esotérico ou Místico.
Mil anos com o Senhor são como um dia. No Segundo Dia da Criação, como registrado em Gênesis, e conhecido no ocultismo como o Período Solar, os Arcanjos estavam passando por uma fase de desenvolvimento que corresponde a nossa atual evolução humana. No entanto, os seus veículos ou corpos não eram como o nosso, mas eram formados de uma substância não menos densa do que a do desejo ou plano astral. (O próximo veículo mais denso, o Corpo Vital, não veio à existência até o próximo Dia da Criação, ou Período Lunar, nem o Corpo Denso até o dia seguinte, o nosso atual Período Terrestre). O Cristo era e é a própria cabeça da Onda de Vida Arcangélica, e foi naquele passado longínquo acima referido como o Período Solar que Ele dedicou a Si mesmo a servir e guiar a Terra, bem como toda a sua progênie no seu desenvolvimento evolutivo. Então, eras e eras se passaram antes que a nossa Terra estivesse pronta para recebê-Lo no seu centro.
Quando o Sol estava passando por precessão através de Áries, o Signo do Cordeiro, o Cristo veio como o Bom Pastor às ovelhas que tinham perdido o seu caminho.
Os preparativos para a Sua vinda começaram quando o Sol passou por precessão através de Libra, o Signo oposto Áries, aproximadamente a 10 mil anos antes. Seres humanos Iniciados foram enviados, como instrutores, para diferentes partes do mundo, cada um com uma mensagem semelhante, a fim de preparar um círculo interno de Discípulos para esse glorioso evento: a vinda da Luz encarnada do Sol que era para ser a Luz do Mundo.
Quando o Sol entra em Libra no Equinócio de Setembro a glória de Cristo toca a aura externa do Planeta Terra, e ocorre uma aceleração cósmica. Pouco a pouco, durante os meses de novembro e dezembro o Espírito de Cristo penetra no interior do Planeta, camada por camada, até atingir o coração da Terra, na época do Natal. O Raio do Cristo é dourado, quando é visto pela visão espiritual, como o Sol Espiritual de onde Ele emana, e é verdadeiramente esta luz que ilumina o Caminho da Santidade para o Discípulo que sincera e seriamente inicia a busca[41], no período do Equinócio de Setembro. Futuramente, em algum Solstício de Dezembro, ele receberá a Luz Divina, o renascer no coração da Terra, pois o Solstício de Dezembro é o tempo para a dedicação da alma ao Caminho de Cristo.
Antes que ele possa alcançar este objetivo, o Aspirante deve aprender a lição cósmica de Libra: “Então você entenderá o que é justo, direito e certo e aprenderá os caminhos do bem” (Pr 2:9). A lição ensinada por Libra no Equinócio de Setembro é: distinguir, ou seja, separar aquilo que é real daquilo que é ilusão.
Para o Discípulo que está no Caminho de Cristo, é dada uma das mais importantes lições, uma lição que é fundamental para todas as fases posteriores: descobre-se que ele próprio é um Deus em formação, feito à imagem e semelhança de seu Pai, em sua verdadeira e essencial individualidade; e ele procura ver a si mesmo, conhecer a si mesmo, como Deus o vê e conhece. A isso se chama: estabelecer contato com o Deus interior. Neste trabalho, a Hierarquia de Libra, os Senhores da Individualidade, está divinamente qualificada para ajudá-lo. Eles são mais que professores. Eles testam e experimentam a alma, e as provações do Discípulo neste momento têm o objetivo de desenvolver o seu poder de discernimento, um atributo dos mais importantes para Aspirante no Caminho do Discipulado, quando as tentações assumem a natureza da sutileza mais enganadora.
No Caminho da Santidade, o Discípulo utiliza o período de Escorpião para a transmutação, enquanto segue o dourado Raio do Cristo para o coração da Terra. Então, em cada fase da sua vida diária, ele se esforça para sublimar: o mal em bem, a escuridão em luz, os negativos em positivos. Ele consagra-se, a si mesmo, a tarefa de transmutar o metal básico de sua natureza inferior no ouro puro do espírito. O laboratório físico onde ele realiza essa “Grande Obra” é o sistema nervoso central, especialmente a medula espinhal e o cérebro, os quais são comumente conhecidos como o Caminho do Discipulado.
Quando o fogo do espírito é despertado no Discípulo pela primeira vez, ele é sentido na base da coluna vertebral. À medida que o fogo do espírito ascende, este se unirá com o correspondente que vem de cima para baixo; gradualmente ambos se intensificam em volume e força, até que todo o corpo se enche de luz. Assim, ele alcança uma iluminação que é visível para aqueles que possuem visão interna.
É então, quando, pela primeira vez, a sua natureza inferior é, literalmente, consumida pelo fogo celestial, e ele próprio se torna uma tocha, tornando-o capaz de caminhar em sua própria luz através do Caminho de Luz, traçado por Cristo, em direção ao interior da Terra, onde o esplendor de Cristo habita em plenitude. Quanto maior sua sinceridade, mais ardente será sua devoção, mais intensa a sua aplicação e mais ele penetra no Caminho, em cada Semana Santa que ocorre, até que, finalmente, ele será declarado digno de participar da Festa da Luz que se celebra na Noite Santa.
Biblicamente, bem como astrologicamente, Escorpião, o Signo que o Sol entra em torno de 20 de outubro, tem duas palavras chaves para o neófito: a primeira sendo “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”[42] e a segunda, para o Discípulo iluminado: “publicarei coisas que têm sido mantidas em segredo desde a fundação do mundo”[43].
Quando o Sol passa por Sagitário, no mês de dezembro, Cristo ilumina os reinos internos e forma um verdadeiro traje espiritual para o nosso Planeta. Visto com visão espiritual, a partir do espaço sideral, a Terra aparece como uma bola de ouro fundida. O Discípulo que vê este resplendor, a partir da superfície do Planeta, caminha em um oceano de luz dourada. Todo o brilho e cor das festividades de Natal são apenas um pálido reflexo da luz e da glória dos reinos planetários internos quando a Glória de Cristo está operando ali dentro. Se um Discípulo no Caminho da Santidade tem trabalhado fiel e efetivamente com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, ele se encontrará atraído para aquele grande e glorioso esplendor.
Cada evento das celebrações sagradas do Natal simboliza o desenvolvimento de um poder espiritual específico dentro do próprio Discípulo. À medida que esses poderes são despertados, ele experimenta uma intensidade cada vez maior de unidade íntima com as atividades cósmicas que ocorrem durante o Solstício de Dezembro.
Sagitário tem sido simbolizado por uma série de lâmpadas acesas, e o Discípulo que tem sido persistente em seus trabalhos espirituais agora descobre que estas lâmpadas foram acesas dentro de sua própria aura, e até mesmo dentro de seu próprio corpo-templo. Estas são as lâmpadas que iluminam o seu percurso para o centro da Terra. Lá ele estará na presença do Senhor Cristo, a Luz do Mundo. Lá ele receberá a Sua bênção e O ouvirá entoar o mantra que tem sido utilizado em cada Templo de Iniciação, antiga ou moderna: “Muito bem, servo bom e fiel… entra tu para a alegria do teu Senhor”[44].
A força Crística dourada, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, como antes mencionado, passa pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passa pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chega ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Quando a força do Cristo penetra no centro da Terra, uma profunda calma e quietude permeiam a natureza. Essa é a Noite Santa de todo ano.
Segue-se um poderoso aumento das forças de vida do Planeta. Essa nova infusão de vida na Natureza é belamente descrita nas lendas da Noite Santa, em que é dito que mesmo os animais e as plantas fazem reverência ao Menino Cristo à meia-noite mística sagrada.
Ano a ano a Glória do Cristo penetra a Terra com seu poder de harmonia e de cura. Ano a ano a Terra é vivificada com a vida cósmica. Pouco a pouco, o ódio, a inimizade e o conflito estão sendo superados, e pouco a pouco o espírito da fraternidade vai crescendo. Finalmente, o ideal imaginado por Isaías há muito tempo se tornará uma realidade: “De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra.” (Is 2:4).
A constelação de Aquário é o lar da Hierarquia de ministério dos Anjos, adorada em todas as lendas sagradas de todas as Religiões. O campo de atuação dessa Hierarquia é a Região Etérica do Mundo Físico e, uma vez que o Corpo de um Anjo é formado por Éter, ele se torna visível mesmo para pessoas que tenha um mínimo de visão suprafísica. Muitas crianças tiveram um conhecimento em primeira mão dos seres angelicais e espíritos da natureza, que, como os Anjos, habitam os reinos vizinhos.
Os Anjos são especialistas em trabalhar com a substância Etérica e as Forças Vitais. Eles moldam os muitos e variados padrões florais nas cores azuis e douradas dos Éteres Superiores; e são esses padrões que as Fadas transmitem para a Terra como flores para enfeitar a Terra.
Quando o Sol está em Aquário, a Força de Cristo concentra suas atividades na Região Etérica do Mundo Físico. Ele derrama o Seu amor e Suas bênçãos sobre os Anjos e as almas desencarnadas da Humanidade da Terra que estão vivendo e servindo nestes reinos. Aqui também é uma parte da pátria celeste de crianças que morreram na infância; e aqui eles são ensinados e acompanhados pelos Anjos. Tais espíritos das crianças não vivem sempre nesse reino etérico, já que o seu verdadeiro lugar é nas regiões mais altas do Mundo da Alma, do Mundo do Desejo; no entanto, em momentos especiais, eles são trazidos por seus instrutores angelicais para dentro dos Éteres superiores, onde eles podem aprender as alegrias da natureza e das Fadas.
É também na Região Etérica do Mundo Físico que são encontrados os Templos Iniciáticos que, nos tempos antigos, também existiram em forma física. À medida que a Humanidade perdeu a luz interior eles foram removidos de nosso plano de manifestação e continuaram a existir apenas no nível etérico. Por isso, atualmente eles se tornaram assuntos de lenda e de poesia. No entanto, agora, o tempo se aproxima para serem externalizados novamente. Nesse meio tempo, para o Discípulo iluminado os Templos Etéricos são acessíveis, e aparecem como algo real na Região Etérica do Mundo Físico, assim como são as estruturas físicas neste plano físico.
Um desses Templos, o mais bonito para todos os Cristãos, está localizado em cima da cidade de Jerusalém. Os Anjos estão intimamente associados ao trabalho conduzido ali, e em todos os Templos situados nos planos internos. Eles são livres para entrar à vontade nestes santuários, e se regozijam em servir nesses lugares sagrados, pertencentes aos filhos da Terra.
Diz-se que um Anjo da Guarda pairava acima da cadeira de cada cavaleiro que se sentava à mesa-redonda no Templo do Rei Arthur. Isso é uma lenda, mas profundas verdades espirituais estão escondidas em lendas e, especialmente, nas lendas do Graal da Idade Média. O Templo do Graal é realmente uma parte da Escola de Mistérios Cristãos. O significado mais profundo das lendas espirituais é velado por poetas e artistas, que os relaciona com os costumes da época em que apareceram pela primeira vez. Não há mistério mais profundo no Cristianismo do que o do Santo Graal, pois pertence à história da Última Ceia e se refere às profundas verdades cósmicas transmitidas por Cristo aos seus Discípulos, e, especialmente, para S. João, o Discípulo bem-amado, que “repousava sobre seu peito” (Jo 13:23-25).
Através do serviço da Hierarquia de Capricórnio, o Discípulo aprende a ministrar como um Auxiliar Invisível às pessoas que ainda vivem encarnadas no Mundo Físico. Esse trabalho é ampliado, à medida que o Caminho da Santidade passa através de Aquário. Aqui o Discípulo aprende, sob a orientação dos Anjos, como trabalhar com os seres que habitam os reinos internos.
O Discípulo qualificado, que tem seguido a Cristo até aqui é agora capaz de entrar CONSCIENTEMENTE nos reinos Etéricos. Lá ele observa os mais variados e belos serviços realizados pelos Anjos para o benefício não só da Humanidade, mas de todos os reinos da Terra. Muitos dos segredos da natureza são revelados a ele, tanto por meio das atividades dos espíritos da natureza como por meio das Fadas. Deste modo ele se encontra em um mundo encantado, um mundo tênue, onde conhecimento das Fadas tem a sua origem, pois o reino dos Éteres superiores é verdadeiramente a terra das Fadas. Muitos escritores inspirados ou místicos teceram fantasias sobre as maravilhas desta região. Um exemplo maravilhoso é o livro Blue Bird (Pássaro Azul) de Maeterlinck[45], que, embora seja uma fantasia de uma criança representa, verdadeiramente, a natureza e as características da Região Etérica do Mundo Físico.
Quando o Sol passa através de Aquário a glória de Cristo já está subindo para fora da Terra, em preparação para sua Libertação na Páscoa. Durante o mês de março, com o passar Sol pelo Signo de Peixes, que é o Signo da dor e do sofrimento, a Igreja Cristã entra nos sacrifícios quaresmais, e na participação do sofrimento de Cristo no Gólgota. Peixes é o Signo da Crucificação, o Signo do Messias. A Crucificação do Cristo Cósmico começa quando o Sol está em Libra, no Equinócio de Setembro, quando a Glória desce para o “Hades”[46] do Planeta Terra. As observâncias comemorativas do mundo Cristão na Páscoa, quando o Sol caminha em direção ao Solstício de Junho, não é a Sua Crucificação, mas Sua Ressurreição cósmica. O Planeta Terra fica, então, consciente de certo vazio, um vazio espiritual, enquanto a Glória Cósmica se afasta. Esta é a origem da mistura de tristeza e da alegria no tempo pascal do Equinócio de Março.
À medida que o Discípulo viaja pelo CAMINHO DA SANTIDADE, que conduz aos reinos espirituais, as experiências vividas se tornam cada vez mais maravilhosa e transformadora. Nesses níveis celestiais da existência, não há véu que separa aqueles que vivem na terra daqueles que habitam os planos internos de luz. Deste plano suprafísico, junto com os Anjos e com reinos ainda mais elevados, é possível testemunhar e entender as ações das almas humanas durante o período que vai da morte no plano físico até o renascimento em uma encarnação. Aqui, também, é onde pode se observar o funcionamento dos Espíritos da Natureza e reparar como suas atividades são as bases do que a ciência se refere como as leis da natureza. Aqui em cada manhã de Páscoa, em meio à hosanas triunfantes dos Anjos e Arcanjos, o Cristo, após a Sua liberação a partir da encarnação anual na Terra, aparece em glória radiante. No Templo dos Mistérios Cristãos a procissão gloriosa de Páscoa é formada em torno de Sua presença luminosa, não como um mero espetáculo, mas como um meio pelo qual se transmite um poder transcendente sobre todos aqueles que foram considerados dignos de serem contados entre Sua companhia santificada.
O Cristão Místico comemora a Páscoa, não apenas como um evento histórico, mas como uma ocorrência espiritual anual. Ao longo do ano solar, depois de Sua descida ao coração da Terra na época do Natal, Ele começa, novamente, no período entre a Páscoa e a Ascensão, a ascender ao trono do Pai, que está nos céus, para restaurar os seus poderes antes de, mais uma vez, iniciar o seu retorno à esfera física no Equinócio de Setembro.
Foi no momento da Sua crucificação que o Cristo deixou o corpo de Jesus, no qual Ele tinha funcionado durante Seu ministério de três anos entre os seres humanos, e transferiu o Seu próprio Espírito para o corpo planetário para, assim, se tornar o seu Regente. Há um significado profundo nas palavras que Ele pronunciou aos Seus Discípulos depois da Ressurreição: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[47].
Quando a raça humana sucumbiu à sedução de espíritos de Lúcifer, o ritmo atômico do corpo físico do ser humano foi alterado de tal modo que o fogo espírito vertebral entrou em sintonia com as forças lucíferas e recebeu a impressão destes Seres de fogo. É a missão de Cristo neutralizar essa condição, substituindo pelo Seu ritmo e impressão àquelas dos Lucíferos – já que Cristo, como um Arcanjo, é também um Ser de Fogo. Quando isso tiver sido realizado, a vibração atômica do corpo do ser humano irá torná-lo imune à doença e morte. Os indivíduos da Nova Era, trazem em si mesmo a imagem gloriosa de Cristo.
A Hierarquia de Áries contém um padrão arquetípico do ser humano como ele foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. Este padrão se manifestará cada vez mais na Nova Era. As seis constelações acima do equador (setentrionais) contêm, por assim dizer, esses padrões em miniatura e as Hierarquias dessas constelações meridionais trabalham com a Humanidade para trazer tais padrões para serem cumpridos aqui na Terra. Por exemplo, a Hierarquia de Áries conserva este padrão perfeito do ser humano Cristificado. Libra, o Signo oposto a Áries é o lar dos Senhores da Individualidade, diminui este padrão cósmico de Áries e está ajudando o ser humano a manifestá-lo.
Esse é o conhecimento que tem motivado os grandes mestres do mundo para ajudar a Humanidade a trazer o padrão divino a ser manifestado neste plano. O trabalho é árduo. Mas, ao longo dos séculos, as almas corajosas que têm sido fortes o suficiente para prosseguir no Caminho da Santidade nos reinos espirituais, retornam inflamadas com o que elas contemplaram como “um novo céu e uma nova terra”, habitados por uma Humanidade Cristificada. Elas sabem, como o Cristo sabia, que, em verdade, “o Verbo era Deus”.
Quando o Sol passa por Touro, durante o mês de maio, a força de Cristo sobe cada vez mais alta, acima da aura espiritual da Terra. O Discípulo que está trilhando o caminho da Santidade segue na esteira da Luz ascendente de Cristo e entra numa esfera onde encontra a si mesmo, interiormente, harmonizado e fortalecido pelo poder criativo da música. Os Seres Celestiais que habitam este reino falam uma linguagem musical. Cada um dos seus movimentos emana música. Eles moldam e formatam todos os tipos de forma por meio de tons musicais. Neste reino todas as coisas que crescem são alimentadas pelo poder da música, enquanto as várias cores das flores são produzidas por variações no tom. A música é, certamente, o poder criativo supremo deste reino elevado.
A constelação de Touro é o lar dos padrões cósmicos para tudo quanto existe na Terra. Esses padrões são prefigurados pelo seu Signo oposto, Escorpião, casa dos Senhores da Forma. Esta Hierarquia ensina a construir formas a partir do plano físico; e da constelação de Touro ressoa o tom misterioso que Deus usou na criação, a Palavra criadora, pela qual: “tudo o que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele”. Esta é a nota chave bíblica de Touro.
Os Senhores de Touro mantêm o padrão cósmico do órgão mais maravilhoso destinado a se tornar parte do futuro corpo humano. Este novo órgão, semelhante a uma rosa dourada, será localizado na garganta, e será o centro através do qual a Palavra Criadora será projetada pelo ser humano da Nova Era. Por seu poder, a geração se tornará regeneração, e o ser humano será capaz de moldar uma substância sobretudo o que desejar. No reino onde os poderes taurinos são mais ativos somente um iluminado pode contemplar uma visão desta perfeição e meditar sobre ela. Ele percebe o desenvolvimento glorioso que o espera no futuro e percebe o significado literal das palavras do salmista: “Tu o fizeste um pouco menor que os Anjos, e de glória e de honra o coroaste”[48].
Quando o Sol se eleva em direção ao seu ponto mais setentrional no céu em junho, ele transita pelo Signo de Gêmeos, a constelação que define uma dupla impressão sobre o corpo-templo humano. Ele rege as dualidades do corpo: pulmões, ombros, braços e mãos, em particular. Ele também mantém o padrão cósmico do andrógino perfeito no qual as potências masculinas e femininas estão em equilíbrio. Isso é a realização dos Iniciados dos Grandes Mistérios de Cristo. Esta realização traz imunidade contra doença e velhice. E uma vez que a consciência permanece intacta, independente se esses Iniciados estão encarnados ou desencarnados, a morte como nós a conhecemos nunca é vivida por eles, porque a sua consciência está centrada na ininterrupta imortalidade.
A vida Arcangélica alcançou o estado onde funciona em corpos perfeitamente polarizados. Isso não é verdade nos reinos angélico e humano, menos evoluídos. É, por consequência, possível aos membros desses reinos quando descem do seu elevado estado para formas inferiores de expressão. A queda dos Anjos é registrada biblicamente no relato da guerra no céu, quando Lúcifer e seus seguidores foram expulsos dali, e a Queda do Homem ocorreu, de acordo com o relato de Gênesis, quando Adão e Eva (a Humanidade infantil) foram expulsos do Jardim do Éden. A redenção, a partir destas quedas, necessita um poder maior do que estava disponível para qualquer uma destas ondas de vida. Tinha que vir a partir da vida Arcangélica. E assim se fez. O Senhor Cristo, o mais evoluído dos Arcanjos, tornou-se o professor e redentor de ambos: os Anjos caídos e a Humanidade. Esta é uma das verdades mais profundas associadas ao mistério de Cristo.
O padrão do andrógino perfeito foi projetado pela Hierarquia de Gêmeos no seu Signo oposto, Sagitário. A Hierarquia de Sagitário (Senhores da Mente) fornece este ensinamento esclarecedor aos pioneiros mais avançados da Terra. Após a vinda de Cristo, o maior desenvolvimento da Mente humana passou da orientação de Escorpião para a orientação de Sagitário. Considerando-se as maravilhas da Mente, os seus poderes criativos e sua capacidade de envolver o mundo em um instante de tempo e contemplar a vastidão do espaço cósmico – apesar de, atualmente, apenas uma fração do que é ativo – temos um fraco vislumbre da glória transcendente da Hierarquia de Sagitário, cujo veículo inferior, correspondente ao Corpo Denso do ser humano, é composto de substância mental. Ele também indica os poderes sublimes que aguardam o ser humano quando este atinge aquele desenvolvimento.
Para uma alma desperta, o propósito supremo de cultivar a Mente é que ela se tornará Cristificada. Até o momento esta é a realização de alguns poucos entre nós. A maioria está mergulhada no materialismo da Mente concreta, que é focada principalmente em atividades mundanas e interesses do eu separado. Enquanto tais preocupações reivindicarem a atenção do ser humano, haverá uma falta de percepção espiritual e uma realização escassa das realidades que pertencem ao mundo interno e à Mente universal. Nem haverá qualquer continuidade da consciência e pouco, se alguma, indicação das experiências vividas nos Mundos Espirituais, durante os intervalos entre vidas terrenas. O resultado de consciência, vedada a partir de realidades espirituais, é o materialismo que condiciona o mundo hoje. Isso, no entanto, é apenas uma fase temporária da evolução da Humanidade. Como há um acréscimo de luz no caminho daqueles que se esforçam para a santidade, a realização das realidades espirituais se tornará mais clara e mais forte. O impulso insistente desses Aspirantes a se tornarem dignos de andar no Caminho da Santidade vai trazer mais e mais luz.
O Sol, em seu trânsito anual, quando chega a Câncer atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte, no momento do Solstício de Junho. Então, sua radiação física alcança o máximo nível no hemisfério norte, de modo que os dias são mais longos e as noites mais curtas. É o meio-dia mais elevado do ano, e a sua tônica é LUZ.
Câncer é o Signo feminino mais importante dos céus. Em harmonia com este fato, o Signo contém um pequeno aglomerado de estrelas dispostas que se assemelha a uma manjedoura. Do coração de Câncer surgem as águas da vida eterna, em que são germinadas formas-sementes que animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer (em torno de 21 de Junho) e, também, está em sintonia com o princípio da fecundidade. É em obediência a este princípio ativo na natureza que as sementes irrompem em um ciclo de manifestação. Luz, liberdade e alegria são qualidades dominantes da temporada do verão. Consequentemente, muitas pessoas, em especial na Europa, observam esta época do ano com música, dança e festividades exuberantes.
A Hierarquia de Câncer é conhecida, biblicamente, como os Querubins. É ministério desta Hierarquia guardar lugares sagrados. Eles pairam acima do Santo dos Santos[49]. Através dos processos de Iniciação ao Aspirante é ensinado a construir este Santo dos Santos dentro de si mesmo. O pote dourado de maná, dentro da Arca da Aliança, é um símbolo do Cálice do Graal do próprio indivíduo e da sua própria força sagrada de vida. A Humanidade perdeu o Jardim do Éden por mau uso dessa força de vida, e, a partir desse momento, os Querubins guardam os portões do Éden para que a Humanidade não regenerada não tente voltar, prematuramente. A Bem-Aventurada Virgem Maria e os Discípulos alegaram terem comungado com os Querubins depois de Pentecostes, o que significa que eles tinham aprendido estas verdades sagradas dessa Hierarquia Divina.
Assim como o Sol atinge sua maior ascensão[50], o Espírito de Cristo ascende ao trono do Pai. Sua atividade, então, é focada no mais elevado nível da aura planetária da Terra, onde Ele traz mais iluminação e renovadas bênçãos para os Seres celestiais que habitam este reino; e, também, para as almas que, em seu progresso espiritual, entre as encarnações físicas, subiram para este elevado plano. Em harmonia com isso, também é no verão que um ser iluminado, que está seguindo o Cristo no caminho da Santidade, eleva a consciência a este reino para comungar com seus habitantes celestes e aprender mais sobre as forças da natureza. Aqui se percebe como os elementais do Ar e da Terra, os Silfos[51] e Gnomos, trabalham no outono e inverno com a vida vegetal, desintegrante e moribunda. É neste plano exaltado que o que segue o Caminho da Santidade fica diante do mistério real da própria vida.
Só os puros de coração alcançam este plano. Aqueles cujas mãos estão manchadas com o sangue nunca pode levantar o véu deste lugar santo. Aquele que procura descobrir o segredo da vida nunca vai encontrá-lo até que suas mãos e o seu coração estejam castos e limpos. Somente para este virá a realização da unidade de toda a vida.
Estas são verdades que pertencem particularmente à Hierarquia de Câncer, e não é possível transmiti-la, diretamente, para o plano terrestre. Por isso, elas são passadas pelos Querubins à Hierarquia de Capricórnio, o Signo oposto a Câncer e lar dos Arcanjos que, sendo de uma posição hierárquica inferior à dos Querubins e, portanto, mais perto da consciência para a Humanidade, as disseminam àqueles da Terra que estão prontos e dispostos a recebê-los.
Assim, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível a encarnação do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador do Cristo.
Diz-se que quando o Sol transita o Signo de Câncer e Leão, durante julho e agosto, o Cristo ascende ao trono do Pai, onde Ele se banha na transcendente glória do Pai. É aqui que Ele renova e revitaliza a Si mesmo, atraindo as maiores e mais elevadas forças espirituais para continuar o Seu ministério terreno quando Ele voltar para o reino da Humanidade no Equinócio de Setembro. Durante Sua estada nesses elevados céus, os clarividentes observam que a Terra aparece iluminada com Suas irradiações; e o observador alcança uma profunda compreensão do significado de Sua afirmação de que “Todo o poder me foi dado no céu e na terra”[52].
Quando o Sol transita pelos Signos de Câncer e Leão, um ser iluminado que trilha o Caminho da Santidade ascende aos mais altos reinos espirituais deste Planeta e entra em uma consciência mais profunda do poder transcendente. Ele começa a entender que o amor, em seu aspecto mais elevado, não é paixão ou sentimento, mas uma fase da própria divindade. Foi com esse poder do amor que S. Pedro estava imbuído. Ele próprio se referiu a este poder do amor quando ele disse ao homem coxo ao lado da porta do Templo, chamada Formosa: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”[53]. Novamente, foi esse mesmo poder que S. Paulo, tão animado, apesar de todas as perseguições e prisões, foi capaz de pronunciar por meio dessas palavras sublimes: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”[54].
Quando um Aspirante atinge esse grau de realização espiritual, o Cristo é tudo em todos, para ele. Servir como Ele serviu, e amar como Ele amou se torna sua maior aspiração. A tônica bíblica de Leão é soada com as palavras “o amor é o cumprimento da lei”[55].
Enquanto o Sol está em Leão, o espírito de Cristo é revigorado e reformado pelas glórias do Reino do Pai. É neste contexto que as linhas de Tennyson em Sir Galahad são descritas: “Minha força é como a força de dez, porque meu coração é puro”[56].
Este é o atributo que tornou Parsifal[57] imune ao ataque contra ele pelo malvado Klingsor[58]. A lança do ódio que o cavaleiro negro atirou em Parsifal foi desviada do seu curso. Nesse mesmo momento, e pela virtude deste poder, Parsifal fez o sinal da cruz e provocou o completo colapso para o castelo do mal, construído por Klingsor.
Embora Virgem detenha o segredo da Imaculada Conceição, é através do seu Signo oposto, Peixes, que este presente foi trazido para Terra e demonstrado pelo Mestre supremo feminino: Maria de Belém. Foi sob a Hierarquia de Sagitário (Arcanjos), que a própria Maria foi concebida imaculadamente; e foi sob a tutela espiritual da Hierarquia de Virgem que ela nasceu no Mundo Físico.
Um candidato que é digno de tocar o reino celestial de Virgem encontra-se diante do mistério da Imaculada Conceição e descobre que este dom divino não foi concedido a apenas um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os padrões do tipo que a Humanidade como um todo está destinada a imitar. Nesta morada celestial aqueles que são espiritualmente iluminados ouvem os Anjos entoando sobre o dia em que, em um novo Céu e uma nova Terra, a Imaculada Conceição será a herança de toda a raça humana.
Como mencionado anteriormente, a Hierarquia de Touro mantém o padrão cósmico da forma; a Hierarquia de Câncer, da vida, a Hierarquia de Virgem, o poder pelo qual a vida anima a forma. Estas três constelações, o Triângulo Feminino dos céus, administram todos os reinos de vida na Terra.
Atente-se que aquele que segue o Caminho da Santidade através dos seis Signos zodiacais acima do equador alcançou esse lugar elevado de iluminação onde ele é considerado digno de estar diante dos mistérios sublimes das quatro maiores Iniciações. O Discípulo que trilha este caminho, como é descrito nos seis Signos abaixo do equador, está sendo preparado para receber o trabalho dos nove Mistérios Menores.
A Bíblia é um dos maiores livros de mistérios de todos os tempos. Muito poucos percebem suas profundezas infinitas. Cristo disse às multidões desatentas: “a fim de que vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam” (Mc 4:12).
Entre os milhares de livros que foram escritos sobre a vida de Cristo, não há mais que dois ou três que mencionem os mistérios mais profundos sobre Ele, ou seja, o Mistério de Cristo no Cosmos. Até porque, em nosso tempo, talvez, não seja essencial que este mistério fosse ensinado abertamente.
Hoje entramos na Era Espacial e o Cristo Cósmico será a figura central da vindoura Religião da Era de Aquário. Nós, que temos o privilégio de começar aqui e agora a estudar estas verdades cósmicas profundas, preparando-nos para sermos os pioneiros da Era que está se aproximando, devemos aceitar essa responsabilidade. Essas são as responsabilidades do Discípulo da Nova Era ensinadas pelo Cristo Ressurreto ou por Seus emissários.
Entretanto, avaliando o Caminho de Cristo através das estrelas nós devemos nos esforçar e, ao mesmo tempo, investigar os padrões do discipulado da Nova Era, o “Aquele que Despertou”, que aprende a andar no mesmo Caminho de Luz que Cristo andou mostrando o Caminho para aqueles que devem vir após Ele.
O Mistério de Cristo é tão sublime e tão poderoso em Sua importância que transcende qualquer definição humana. Tão profundo é o Seu significado que nunca pode ser dosado ou expresso por meras palavras; só pode ser sentido no silêncio da contemplação espiritual.
No livro Conceito Rosacruz do Cosmos[59], Max Heindel nos informa que: “No primeiro CAPÍTULO de S. João, este grande Ser é chamado Deus. Deste Ser Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, ‘sem o qual nada do que foi feito se fez’. Este Verbo é o Filho unigênito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos, mas positivamente não é o Cristo”. Aqui Max Heindel faz uma distinção entre o Cristo Jesus Cósmico em Seus aspectos planetários e históricos; e continua: “Grande e glorioso como Cristo é, elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele não é esse Exaltado Ser. Certamente o ‘Verbo se fez carne’, não no sentido limitado da carne de um corpo, mas carne de tudo quanto existe neste e em milhões de outros Sistemas Solares”.
O Pai canaliza o princípio da Vontade; Cristo canaliza o princípio do Amor-Sabedoria; o Espírito Santo canaliza o princípio da Atividade. O Espírito Santo infunda, literalmente, as formas com vida. O Espírito Santo trabalha com o princípio da vida, que está presente em toda a criação; e é o guardião da força sagrada, o princípio criativo de Deus. Portanto, todos os seres viventes estão sob a sua tutela. Deus cria e Cristo manifesta, enquanto o Espírito Santo ativa a forma.
A diferença entre Cristo da Terra e o Cristo Cósmico é mais bem entendido por meio de uma ilustração. Imagine uma lâmpada no centro de uma grande esfera oca de metal polido. A lâmpada envia raios de luz de si para todos os pontos da esfera e os refletirá em vários lugares. Do mesmo modo, o Cristo Cósmico – o mais elevado Iniciado do Período Solar – envia Seus raios emitidos.
O Sol do nosso Sistema Solar é o tríplice. Podemos ver o Sol físico. Por trás dele, ou escondido por ele, está o Sol espiritual, de onde vem o impulso do Espírito do Cristo Cósmico. Além, e externo, a esses dois está algo que chamamos de Vulcano – não um Planeta – que pode ser visto apenas como um meio globo. No ocultismo nós dizemos que é o corpo do Pai. Quando tínhamos nos desenvolvido o suficiente, Cristo veio e encarnou aqui na Terra; então um raio do Cristo Cósmico veio aqui e encarnou no Corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Após o sacrifício no Gólgota Ele entrou na Terra, e tornou-se Seu Espírito Planetário Interno.
O Cristo Planetário é um Arcanjo glorioso, supremo entre a Hoste Arcangélica. A Hierarquia de Capricórnio é o lar dos Arcanjos; mas durante o período de Sua missão nesse Planeta, Cristo e Seus ministros Arcangélicos faz Seus lares no revestimento espiritual do Sol – pois cada corpo celestial tem um revestimento espiritual estendendo além do espaço da sua parte visível. Do mesmo modo, cada ser humano tem uma extensão espiritual, além do seu veículo físico.
Desde bem do início da civilização, a maioria das Religiões primitivas prestavam homenagens a esse Grande Ser residente no Sol. Os Sumos Sacerdotes dos Templos de Mistérios ensinaram seus mais avançados Discípulos a verdade em relação a esse glorioso Ser Solar, e eles procuravam o momento quando Ele desceria à Terra e tornaria o Redentor do mundo. Aqueles que eram clarividentes podiam ver o Senhor do Sol, a quem eles prestavam homenagem para esse grande Ser residente no Sol, e, assim, eles sabiam que Sua encarnação entre a Humanidade era iminente. De nação para nação; de profeta para mestre; de mestre para instrutor; de instrutor para Discípulo se passavam as boas novas de que o Senhor Abençoado, que era o Salvador do mundo, estava perto da Terra.
Quando nós falamos de uma elevação espiritual no espaço interno é para ser entendido que “para cima” e “para dentro” são virtualmente sinônimos; ainda, no mesmo tempo, para a visão do clarividente, a Glória do Cristo realmente tem a aparência de uma “elevação” ascendente para o Sol a partir da superfície da Terra; assim como o Divino Hermes do antigo Egito dizia: “como é encima, é embaixo”.
O Caminho do Discipulado também segue de fora para dentro, que, também, é para cima. Max Heindel comparou esse Caminho à torre de uma igreja que se torna cada vez mais estreita e fina até que no cume é um ponto, suportando a cruz. Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”[60].
A cruz da renúncia, simbolizada na Quaresma e no período da Páscoa, deve ser aceita por cada verdadeiro Discípulo que se esforça para percorrer o Caminho da Santidade. Seu Corpo-Alma nunca poderá ser construído até que ele adquira domínio sobre si mesmo, e deseje privar-se dos tão conhecidos prazeres do mundo dos sentidos. Os poderes da alma alcançados pelo esforço próprio capacitam o iluminado a trocar a cruz por uma coroa.
Diz-se que a constelação de Peixes será o lar da Onda de Vida humana quando todos alcançarem a perfeição. Peixes é chamada a constelação da Onda de Vida humana, assim como a de Aquário é a dos Anjos. Aqueles que seguem a Cristo até o mais elevado objetivo se libertam do ciclo de encarnação mortal; eles estão livres da roda de nascimentos e mortes. “Não saem mais”, e é então, que como seres espirituais, por assim dizer, agrupam-se entre as estrelas da constelação de Peixes.
Seus débitos de destino maduro estão pagos e todos os seus vínculos terrestres são desfeitos. Tais humanos são conhecidos como Seres Compassivos, os Irmãos Maiores da Onda de Vida humana que não mais necessitam de lições terrestres. Eles estão livres para passar para uma existência gloriosa dentro da constelação de Peixes. Entretanto, esses grandes Seres podem retornar, por livre vontade, e em obediência ao preceito de que aquele que ama deve servir melhor, frequentemente eles desistem dessas oportunidades bem-aventuradas daquele plano divino, para servir os seres humanos menos evoluídos que estão, ainda, lutando nas labutas com seus próprios destinos maduros. Humildade, obediência e serviço são as notas chaves de suas vidas.
Tal renúncia é ilustrada na vida de Maria de Belém, que, tendo aprendido todas as lições da Terra e tendo sido exaltada a reinar com os Anjos, retornou para esse Planeta para ensinar a Humanidade um dos mais supremos mistérios celestes, que é o da Imaculada Concepção. Sabendo que ela poderia ser mal compreendida, perseguida e injuriada, ainda assim ela persistiu, para que pudesse ser, para a Humanidade, um Exemplo tão próximo da divindade que, até hoje, passados quase dois mil anos, ainda é dificilmente compreendida por uns poucos e permanece inteiramente desconhecida pela maioria. Trabalhando sob a lei do serviço, ela descendeu à mortalidade, dizendo: “Faça-se segundo a tua palavra”. É isso que se espera de um ser humano perfeito: tal elevado estado de realização espiritual, construído por meio de sacrifício, humildade do espírito e perfeita harmonia com a lei da obediência.
O Aspirante que reflita seriamente sob o significado dos 12 Signos Zodiacais que envolve nosso cosmos próximo consegue correlacionar corretamente a meditação de Peixes com as experiências dos 12 imortais durante a estação que precede a “crucificação” anual de Cristo. Assim como a dor e o sofrimento no Gólgota são tragados pela glória dourada da manhã de Páscoa, o Discípulo que conseguiu suplantar seu “eu pessoal” e que percorre, até o final, o Caminho da Santidade, por meio de Peixes, descobrirá que ele trocou sua cruz pela glória dourada do “vestido de bodas” no qual funciona, livre e triunfante, com o Cristo Ressurreto.
A história da Humanidade, desde o Sacrifício de Cristo no Gólgota pode parecer ter alcançado pouco desenvolvimento até agora; mas esse momento é a Era de Peixes, que como nós temos informado, é o Signo da estabilização das dívidas dos destinos maduros. As dívidas que o ser humano deve para outro ser humano e nações devem para outras nações devem, agora, serem pagas, e à medida que essa Velha Era de Peixes desapareça no tempo a Nova Era de Aquário tomará o seu lugar; uma harmonia que estende a todo o mundo será alcançada, com um governo mundial das nações, pleno em fraternidade e em paz, pois Aquário é o Signo do Filho do Homem.
As gotas de sangue físico que foram derramadas no Monte na Crucifixão não eram os verdadeiros agentes da salvação da Terra. Esses são as Redentoras asas ígneas de luz e poder, que são a Glória do Cristo, enchendo internamente e passando por através do Planeta. A Luz Arcangélica é Seu verdadeiro sangue, e é esta que salva.
Agora, todo ano quando Raio de Cristo resplandecente ascende, uma vez mais, do centro da Terra, Sua elevação é sentida na Natureza, como uma força atrativa; e quando chega a uma certa altura Suas forças são focadas, novamente, no Mundo do Desejo do Planeta. As intensas emoções da Humanidade são, agora, o campo especial de Seu ministério e durante o tempo da Páscoa, a Humanidade sente que uma grande tranquilidade preenche sua alma desde uma fonte desconhecida. Pela intensificação desse poder, ano a ano, a Humanidade, lenta, mas com toda a segurança, vai se convertendo em um Cristo em formação.
A ressurreição cósmica ocorre em março, quando o Espírito de Cristo é libertado da esfera terrestre e entra, novamente, nas esferas celestiais. É quando as Hierarquias de Áries e Peixes se juntam aos Anjos e Arcanjos em triunfante jubilação para esse evento. O ritmo dos seus hinos cósmicos encontra uma transcrição aqui na Terra no Coro Aleluia de Händel[61]. As cerimônias pré-Cristãs celebrando o retorno da Primavera e a vitória da luz sobre as trevas estavam sintonizadas com esses ritmos.
O Equinócio de Março é um dos mais elevados pontos do ano para o Discípulo. Suas notas chaves são a liberdade e a emancipação que conduz a uma vida mais ampla. É também o momento em que o Cristo Cósmico é libertado dos grilhões terrestres que Ele se aprisionou, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Por isso, é o momento mais propício para um Discípulo avançado romper os laços que o prendem e entrar na liberdade jubilosa do espírito.
A Igreja observa a Festa eclesiástica da Anunciação, em março, quando a natureza comemora a Festa cósmica da Anunciação, pois há uma íntima relação entre o ser humano e a natureza. A natureza é Deus em manifestação.
O ser humano é um deus em construção. Entretanto, um se reflete no outro. A maioria dos rituais sagrados observados pelo ser humano estão em sintonia com as transições das estações do ano. Os poetas cantam em louvor o espírito de regozijo da primavera, enquanto o verde e dourado do esplendor da natureza fornece a evidência de que as forças vitais, que retornam, estão respondendo em um triunfante impulso de ressurreição da própria natureza.
Um avançado seguidor do Caminho entende que chegou o tempo de fundir a tristeza e as lágrimas propostas pela vida pessoal (Peixes) com os fogos transformadores de Áries. Concomitantemente a essa realização, ele se junta ao poderoso coro que é ecoado e repetidamente ecoado pelos Anjos e Arcanjos: “O Cristo ressuscitou, porque Cristo ressuscitou agora dentro de mim”.
Os antigos persas denominavam o mês de abril como o mês do paraíso, e os primeiros pais Cristãos declaravam que era durante essa estação de encantamento quando o Sol entrava em Áries que Deus moldou o Planeta Terra, e tudo que nele habita. Abril é, geralmente, considerado um mês de ressurreição.
Quando o Senhor Cristo faz Sua ascensão aos reinos internos, esses assumem a aparência de uma massa fundida de ouro brilhante. Na lenda do Santo Graal, os Cavaleiros diziam que na Sexta-feira Santa uma pomba descia do céu para repor a água da vida no Cálice Sagrado, e que eles eram capazes de retirar a nutrição espiritual dele ao longo do ano que se seguia. Por isso, é que o Senhor ressuscitado derrama o Seu amor e espírito para nutrir todos os seres vivos sobre o Planeta Terra. Se não fosse por esta reposição anual, os campos seriam estéreis e as árvores e videiras não produziriam frutos. À luz desse fato, pode-se observar que o Senhor Cristo proferiu uma profunda e literal verdade quando disse aos Seus Discípulos na Última Ceia: “Isto (pão) é o meu corpo que é dado por vós: … Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós”[62].
Uma das mais lindas festividades do ano é a da Ascensão, que acontece quando o Sol passa por Touro (maio) indo para Gêmeos (junho). É quando falanges após falanges de Seres Celestiais se ajoelham para adorar a presença exaltada de Cristo, e mesmo as estrelas se unem em uma sinfonia proclamando Sua majestade e glória. Durante essa festividade divina Sua radiação permeia a Terra com uma refulgência impossível de descrever, tornando resplandecente, ambos, os reinos espirituais e físico. Como a natureza está em perfeita harmonia com as correntes elevadas do Cristo durante os quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão, o período é de um significado espiritual tão elevado que é um esperançoso tempo para o Discípulo despertar, dentro de si mesmo, os poderes de Clarividência, clariaudiência e outros dons do espírito pertencentes ao verdadeiro discipulado.
Durante o mês de junho, Cristo torna-se um canal de radiações enviadas pelos Serafins, a Hierarquia de Gêmeos. É lá que o Cristo entra em contato com o Espírito Santo, o terceiro aspecto da Trindade. Uma das notas chaves de Gêmeos é ATIVIDADE; repare: é também uma das notas chaves do Espírito Santo. Por meio dessa atividade os Serafins transmitem, para baixo, os mistérios do Espírito Santo para o Signo oposto a Gêmeos, qual seja, Sagitário, os Senhores da Mente. Aqui, então, eles aguardam que o ser humano se desenvolva e se ilumine até o ponto onde ele seja capaz de compreender e aplicar os poderes do Espírito Santo em seu cotidiano. No momento, a Humanidade só é capaz de absorver fracamente os mistérios relacionados com o princípio e os poderes do terceiro aspecto da Trindade.
Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas; também, é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a Humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre. Por meio da operação do Cristo Cósmico, é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para os Arcanjos. Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, nasceu sob o Signo de Capricórnio. A observância conhecida eclesiasticamente como a Festividade de S. João Batista, o precursor do Cristo, ocorre durante a estação do Solstício de Junho.
Em julho a alma da Terra está impregnada de puro êxtase. O céu se inclina, enquanto a Terra é elevada. No intercâmbio divino de forças espirituais o Casamento Místico entre o céu e a Terra é consumado. Em um intervalo de quatro dias, as correntes de desejos são acalmadas de tal modo que as forças espirituais vão se tornando cada vez mais operantes. A Terra vai, então, sendo literalmente inundada com a luz pura e branca do espírito. O Discípulo que aprende como se sintonizar com esse influxo poderoso receberá um despertar jamais sonhado de consciência espiritual.
À medida que o Sol atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte[63], o Cristo também sobe para o reino espiritual descrito na Bíblia como o trono do Pai. Isso é conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, a morada do Deus desse Sistema Solar. Deus é Amor e Deus é Luz. AMOR e LUZ são notas chaves da Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama (Amor). Sob a supervisão dos Senhores da Chama, e unido com os poderes do Pai, o primeiro aspecto da Trindade, o Senhor Cristo trabalha com o supremo poder do amor, a força estabilizadora da Terra. Aqui Ele se torna o canal daquele poder, enquanto Ele roteia a Terra sobre o seu eixo e a gira, em sua órbita, em torno do Sol. Esse poder do amor é transmitido para baixo pela Hierarquia de Leão para o seu Signo oposto, Aquário; assim, será esse o poder que animará a nova Era Aquariana.
Nessa estação, as influências cósmicas fornecem o maior auxílio para o Discípulo Aspirante para fazer do amor a força dominante e motivadora da sua vida. É tempo para embelezar cada palavra, pensamento e ato seu com essa magia do coração.
O décimo terceiro capítulo da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, uma das maiores canções de amor da alma, é o mantra perfeito tanto para meditação como para a motivação, durante o período em que o Sol está transitando pelo Signo majestoso de Leão.
Em setembro, o Senhor Cristo volta da glória dos mais elevados céus e começa Seu descenso para os reinos físicos[64]. Por todo esse mês, a ternura, a beleza ansiosa da natureza se manifesta diferente de em qualquer outra estação, pois o Cristo está começando a cobrir a Terra com sua terna tristeza e Ele sente como sentiu quando chorou em Jerusalém a muito tempo atrás[65]. Suas lágrimas foram derramadas porque Ele sabia o longo tempo de dor e sofrimento por meio dos quais a Humanidade deveria passar, tendo escolhido a escuridão ao invés da luz. Seu grandioso coração se entristeceu com as nuvens negras que envolveriam Jerusalém, mesmo o coração do Planeta que Ele tinha dedicado em Seu próprio serviço e em que Ele tinha derramado Seu imenso amor.
Setembro é outro mês de preparação para o Discípulo. Uma das palavras chaves de Virgem é SACRIFÍCIO. Um Discípulo fervoroso, preparando-se por meio do sacrifício e da renúncia de si próprio para tomar parte das festividades dos últimos meses do ano que se avizinha[66], medita frequentemente sobre a nota chave de Virgem: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”.
Quando o Sol entra em Libra, que anuncia a chegada de outubro, a força dourada do Cristo passa pelos reinos terrestres enquanto esse sublime Ser inicia, novamente o Seu sacrifício anual, um evento denominado A CRUCIFICAÇÃO CÓSMICA. A isso S. Paulo se refere na Epístola aos Romanos 8:22: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente”. Essa estação do Equinócio de Setembro é um tempo para o Discípulo renovar sua dedicação para percorrer no caminho do Senhor a despeito de quaisquer vicissitudes e obstáculos que podem afetar seu caminhar.
Durante novembro o Espírito do Cristo permeia o Mundo do Desejo da Terra. Esse é um tempo propício para que o Discípulo trabalhe na purificação da sua natureza inferior e, assim, se torne mais habilitado para auxiliar os Seres Superiores em seus trabalhos de purificação do Mundo do Desejo da Terra. Um esforço suplementar é, então, feito para torná-lo um servidor consciente mais eficiente tanto nos planos internos como nos externos da vida.
Em estágios evolutivos anteriores do desenvolvimento humano, a Hierarquia de Escorpião, que preside o mês zodiacal de novembro, auxiliou o despertar do Ego[67] no ser humano[68] e, fazendo isso lançou o ser humano na estrada da individualização. Durante o presente estágio de evolução humana o Discípulo, trabalhando sob a orientação dos Senhores da Individualidade (Libra) e dos Senhores da Forma (Escorpião), está aprendendo a substituir a sua capacidade de fazer valer a própria opinião diante de outras pessoas pela humildade e pelo sacrifício pessoal do “eu” pelo impessoal: “nós”; em outras palavras, atualmente vive-se o ideal de O MAIOR BEM PARA O MAIOR NÚMERO. A Estação do Advento se estende pelo mês de dezembro e é anunciada como uma Festividade de Luz. O impulso espiritual da estação prepara a Humanidade para o derramamento das forças celestiais acompanhando o renascimento do Cristo Cósmico em nossa esfera terrestre. Esse período é seguido pela estação do Solstício de Dezembro que se estende de 21 de dezembro a 24 de dezembro e culmina com o dia seguinte, o 25 de dezembro, no Natal, o dia mais profundamente reverenciado em toda a Cristandade. A observância da festividade dessa estação santa nunca cessará para os Aspirantes, até que o Cristo tenha nascido dentro de nossas próprias almas. O quanto desse êxtase o Discípulo tenha experimentado nesse momento depende do degrau que ele tenha alcançado, e o regozijo pela sua participação cada vez mais crescente da mistura nessa estação entre o terreno e o divino é sentido com uma intensidade nunca alcançada em outro momento do ano.
[1] N.T.: Jo 6:66
[2] N.T.: Gn 15:1
[3] N.T.: Gn 15:2
[4] N.T.: Js 1:4
[5] N.T.: Js 1:4
[6] N.T.: Jo 15:5
[7] N.T.: Mt 20:27 e Mc 10:43
[8] N.T.: Gn 32:30
[9] N.T.: Ex 20:2
[10] N.T.: Dn 3:21-23
[11] N.T.: também escrito como: Egla ou Eglá – 2Sm 3-5
[12] N.T.: também escrito como: Chimham ou Quimã – 2Sm 37-42
[13] N.T.: também escrito como: Haggith, Aggith ou Hagite – 2Sm 3-4
[14] N.T. personagem do panteão fenício e na tradição bíblico-hebraica conhecida como deusa dos Sidônios (I Reis 11:2).
[15] Mt 22:14
[16] 2Cor 4:18
[17] N.T.: Mt 27:42
[18] N.T.: Mt 16:42
[19] N.T.: Mt 16:42
[20] N.T.: Lc 2:14
[21] NT: eram ritos de Iniciação ao culto das deusas agrícolas Demeter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade da Grécia próxima a Atenas.
[22] N.T.: Jo 1:14
[23] N.T.: Jo 20:28
[24] N.T.: Jo 21:15-19
[25] N.T.: Um dos Cavaleiros do Rei Arthur, buscador do Santo Graal, reconhecido por sua pureza e coragem.
[26] N.T.: Ef 3:19
[27] N.T.: At 26:19
[28] N.T.: Is 2:4
[29] N.T.: Hab 2:4
[30] N.T.: Gl 1:17-18
[31] N.T.: região leste do Rio Jordão
[32] N.T.: refere-se ao Mundo do Espírito de Vida, onde está a Memória da Natureza, em toda sua plenitude e clareza.
[33] N.T.: IITm 4:9
[34] N.T.: ITs 2:8
[35] N.T.: Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus; “Hermes, o três vezes grande”) era um legislador egípcio, pastor e filósofo, que viveu na região de Ninus por volta de 1.330 a.C. ou antes desse período; a estimativa é de 1.500 a.C a 2.500 a.C.
[36] N.T.: IICor 11:24
[37] N.T.: Gl 1:16
[38] N.T.: At 27:1-44
[39] N.T.: Um tirso (em grego: thyrsos; em latim: thyrsus) era um bastão envolvido em hera e ramos de videira e encimado por uma pinha. Na mitologia grega (assim como na romana), era usado pelo deus Dioniso (ou Baco) e pelas seguidoras do deus, as ménades (ou bacantes). A hera e a videira eram de resto as plantas emblemáticas deste deus. Segundo os textos gregos, as ménades utilizariam os tirsos como uma espécie de arma, sendo conhecidos os cortejos frenéticos em honra a Dionísio (os tíasos) aos quais estas se entregavam.
[40] N.T.: do Diálogo Platônico “Fedão” ou Fédon, seguindo: “E no meu modo de entender, são estes, apenas, os que se ocuparam com a filosofia, em sua verdadeira acepção”.
[41] N.T.: pelo desenvolvimento espiritual
[42] N.T.: Mt 5:8
[43] N.T.: Mt 13:34-35
[44] N.T.: Mt 25:21
[45] N.T.: Maurice Polydore Marie Bernard Maeterlinck1 (1862 -1949) foi um dramaturgo, poeta e ensaísta belga de língua francesa, e principal expoente do teatro simbolista.
[46] N.T.: profundezas
[47] N.T.: Mt 28:18
[48] N.T.: Sl 8:5-7 – Hb 2:7
[49] N.T.: Sala no extremo Oeste do Tabernáculo do Deserto
[50] N.T.: para o Hemisfério norte
[51] N.T.: ou Sílfides
[52] N.T.: Mt 28:16-20
[53] N.T.: At 3:6
[54] N.T.: ICor 13:1
[55] N.T.: Rm 13:11
[56] N.T.: Sir Galahad é um poema escrito por Alfred Tennyson, poeta inglês
[57] N.T.: obra-mestra de Richard Wagner, baseado na lenda de Parsifal, cuja origem está envolta no mistério em que se desenvolveu a infância da raça humana; Parsifal simboliza a nova raça, que se eleva pela geração pura, em harmonia com as leis da natureza.
[58] N.T.: o mago negro, o “cavaleiro negro”, na obra Parsifal; simboliza a natureza inferior.
[59] N.T.: CAPÍTULO V – A Relação do Ser Humano com Deus
[60] N.T.: Mt 16; 24 – Mc 8:34 – Lc 9:23
[61] N.T.: Georg Friedrich Händel, célebre compositor da Alemanha, naturalizado cidadão britânico; 42º movimento (o célebre “Aleluia” – HALLELUJAH CHORUS) da obra: o oratório Messias (Messiah)
[62] N.T.: Lc 22:19-20
[63] N.T.: o ponto mais alto de ascensão norte é no Solstício de Junho.
[64] N.T.: reinos do Mundo Físico: Região Química e Região Etérica do Mundo Físico.
[65] N.T.: quando da sua primeira vinda.
[66] N.T.: outubro, novembro e dezembro.
[67] N.T.: o Espírito Virginal manifestado, nós
[68] N.T.: nos seus Corpos: Denso, Vital e de Desejos e o veículo: Mente.
A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, declara Max Heindel.
É por esse motivo e com o propósito de apresentar, numa forma concisa e de fácil compreensão, todas as informações importantes que Max Heindel escreveu em várias cartas, lições e livros a respeito do veículo etérico, que este material compilado se acha publicado em forma de livro.
Para o leigo em estudos ocultos, assim como para o estudante avançado, seu conteúdo é de enorme valor prático.
Há 4 meios de você acessar esse Livro:
1. Em formato PDF (para download):
O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
2. Em forma audiobook ou audiolivro:
O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – audiobook
3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas/featured
aqui:
O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – videobook
4. Para ler no próprio site::
O CORPO VITAL
Por
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
3ª Edição em Inglês, 2011, The Vital Body, editada por The Rosicrucian Fellowship
1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
PARTE I – EVOLUÇÃO PASSADA DO CORPO VITAL DO SER HUMANO 7
Capítulo I – Durante Períodos e Revoluções. 7
Capítulo II – Durante as Épocas. 17
PARTE II – O CORPO VITAL DO SER HUMANO NA ATUAL ÉPOCA ÁRIA 24
Capítulo I – Natureza e Funções. 24
Capítulo II – Na Saúde e na Doença. 46
Capítulo III – No Sono e nos Sonhos. 66
Capítulo IV – Na Morte e nos Mundos Invisíveis. 75
Capítulo V – A Caminho do Renascimento. 99
Capítulo VI – As Crianças. 102
PARTE III – O CORPO VITAL DOS ANIMAIS E DAS PLANTAS. 108
Capítulo I – Natureza e Funções. 108
PARTE IV – A RELAÇÃO DO CORPO VITAL COM O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL.. 116
Capítulo I – Um Fator Importante. 116
Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios. 129
nota[1]
A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, declara Max Heindel, um Iniciado da Ordem Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz. É por esse motivo e com o propósito de apresentar, numa forma concisa e de fácil compreensão, todas as informações importantes que Max Heindel escreveu em várias cartas, lições e livros a respeito do veículo etérico, que este material compilado se acha publicado em forma de livro. Para o leigo em estudos ocultos, assim como para o Estudante Rosacruz avançado, seu conteúdo é de enorme valor prático.
Muitos Estudantes Rosacruzes zelosos dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental deram de modo desinteressado e amoroso, seu tempo e esforços no preparo desse material para publicação, e eles rogam que cada exemplar possa levar sua mensagem de luz e inspiração a todo Aspirante espiritual, que esteja se empenhando em seguir o Caminho de Cristo.
A Filosofia Rosacruz ensina que o ser humano é um Espírito Tríplice, possuindo uma Mente através da qual ele governa o Tríplice Corpo, que ele emanou de si mesmo para adquirir experiência. Ele transmuta esse Tríplice Corpo numa Tríplice Alma, da qual ele avançada impotência à onipotência. O Espírito Divino emana de si mesmo o Corpo Denso extraindo, como alimento, a Alma Consciente; o Espírito de Vida emana de si mesmo o Corpo Vital, extraindo, como alimento, a Alma intelectual; o Espírito Humano emana de si mesmo o Corpo de Desejos, extraindo, como alimento, a Alma Emocional. O Corpo Vital é feito de Éter e permeia o corpo visível,[2] como o Éter permeia todas as demais formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma maior quantidade do Éter universal que as outras formas. Esse corpo etéreo é nosso instrumento para a especialização da energia vital do Sol.
Também é ensinado pela Filosofia Rosacruz que nosso esquema evolucionário é levado através de cinco dos sete Mundos ou estados de matéria (Físico, do Desejo, do Pensamento, do Espírito de Vida e do Espírito Divino) em sete grandes Períodos de Manifestação (Períodos de: Saturno, Solar, Lunar, Terrestre, Júpiter, Vênus e Vulcano) durante os quais o Espírito Virginal, ou vida evolucionante, torna-se primeiro, um ser humano e depois, um Deus. Estamos, agora, no quarto período, ou Período Terrestre, que se acha dividido em sete Revoluções, assim como as sete Épocas seguintes: a Polar, a Hiperbórea, a Lemúrica, a Atlante, a Ária, a Nova Galileia e o Reino de Deus, essas últimas duas ainda por vir[3]. No começo do Período de Saturno doze grandes Hierarquias Criadoras estavam ativas no trabalho da evolução. Duas dessas Hierarquias fizeram algum trabalho para ajudar bem no início…. E, então, retiraram-se da existência limitada para a liberação. Mais três Hierarquias Criadoras seguiram-nas no início do Período Terrestre: os Senhores da Chama, os Querubins e os Serafins, deixando sete Hierarquias em serviço ativo quando o Período Terrestre teve início: os Senhores da Sabedoria, os Senhores da Individualidade, os Senhores da Forma, os Senhores da Mente, os Arcanjos, os Anjos e os Espíritos Virginais.
A evolução do Corpo Vital e do Espírito de Vida, do qual é uma contraparte, se iniciou no segundo Período ou Período Solar dos sete Grandes Dias de Manifestação. Desde então, foi reconstruído e atingirá a perfeição no Período de Júpiter. Num estágio futuro a Humanidade não mais terá necessidade desse veículo, mesmo assim, sua quintessência será retida.
O Espírito de Vida e o Corpo Vital iniciaram sua evolução no Período Solar e, por conseguinte, são responsabilidades específicas do Filho.
Eles (os Senhores da Chama) forneceram, anteriormente, o germe do Corpo Denso e, na primeira metade da Revolução de Saturno do Período Solar estavam ocupados com certos melhoramentos a serem feitos nele.
No Período Solar a formação do Corpo Vital estava para ter início, com todas as decorrentes implicações de capacidade para assimilação, crescimento, propagação, desenvolvimento das glândulas, etc.
Os Senhores da Chama incorporaram no germe do Corpo Denso apenas a capacidade de desenvolver os órgãos dos sentidos. Na ocasião, agora em consideração, foi necessário mudar o germe de tal modo que permitisse a interpenetração do Corpo Vital, e, também a capacidade de desenvolver glândulas e um tubo digestivo. Isso foi feito pela ação conjunta dos Senhores da Chama, que forneceram o germe original, e os Senhores da Sabedoria, que se encarregaram da evolução material no Período Solar.
Quando os Senhores da Chama e os Senhores da Sabedoria tinham, na Revolução de Saturno do Período Solar, reconstruído conjuntamente o Corpo Denso germinal, os Senhores da Sabedoria, na Segunda Revolução, deram início ao trabalho propriamente dito, do Período Solar, irradiando de seus próprios corpos o germe do Corpo Vital, tornando-o capaz de interpenetrar o Corpo Denso e dando ao germe a capacidade de crescimento ulterior, de propagação e de sensibilização dos centros sensoriais do Corpo Denso e possibilitando-o a se mover. Em suma, eles deram, em germe ao Corpo Vital, todas as faculdades que ele está agora expandindo para tornar-se um instrumento perfeito e flexível para o uso do Espírito.
Notamos também que, como a Primeira Revolução ou Revolução de Saturno, de qualquer período, diz respeito ao trabalho no Corpo Denso (porque este teve início numa primeira Revolução), assim, a Segunda, ou Revolução Solar, de qualquer período se acha relacionada com melhorias no Corpo Vital, porque este teve início numa Segunda Revolução.
Pode-se dizer que o ser humano, no Período Solar, passou pela existência do vegetal. Ele tinha um Corpo Denso e um Corpo Vital, como têm as plantas. Sua consciência, tal como a dos vegetais, era a de um sono sem sonhos.
Então havia duas classes ou reinos no Período Solar, isto é, os atrasados do Período de Saturno, que ainda eram minerais, e os pioneiros do Período de Saturno, que foram capazes de receber o germe do Corpo Vital e tornaram-se semelhantes às plantas.
No meio da sétima Revolução do Período Solar, os Senhores da Sabedoria se encarregaram do Espírito de Vida germinal, dado pelos Querubins na Sexta Revolução do Período Solar. Eles assim o fizeram com o propósito de conectá-lo ao Espírito Divino. Sua maior atividade, nesse trabalho, foi alcançada na Noite Cósmica intermediária entre os Períodos Solar e Lunar. No primeiro despertar do Período Lunar, à medida que a Onda de Vida se pôs em marcha em sua nova peregrinação, os Senhores da Sabedoria reapareceram, trazendo com eles os veículos germinais do ser humano em evolução. Na Primeira Revolução, ou de Saturno do Período Lunar, eles cooperaram com os “Senhores da Individualidade”, que tinham como encargo especial a evolução material do Período Lunar. Juntos eles reconstruíram o germe do Corpo Denso trazido do Período Solar. Esse germe tinha desdobrado os órgãos embrionários dos sentidos, os órgãos da digestão, as glândulas, etc. e foi interpenetrado por um Corpo Vital germinal que difundiu certo grau de vida no Corpo Denso embrionário. Certamente, ele não era sólido e visível como é agora, embora numa certa forma já tivesse algo desenvolvido e era perfeitamente distinguível pela visão Clarividente treinada do investigador competente, que procure na Memória da Natureza por cenas desse distante passado.
Na Segunda, ou Revolução Solar do Período Lunar, o Corpo Vital foi modificado para tornar-se capaz de ser interpenetrado pelo Corpo de Desejos, e, também acomodar-se ao sistema nervoso, muscular, esqueleto, etc. Os Senhores da Sabedoria, que foram os criadores do Corpo Vital, ajudaram também os Senhores da Individualidade em seu trabalho.
Na Sexta Revolução do Período Lunar os Querubins reapareceram e vivificaram o Espírito de Vida daqueles atrasados do Período Solar, mas que desde então tinham alcançado o estágio necessário de desenvolvimento, e, também naqueles atrasados do Período Solar que tinham então desenvolvido o Corpo Vital durante sua existência vegetal no Período Lunar.
Os pioneiros da nova Onda de Vida passaram por um estágio inferior da existência vegetal; entretanto a maioria deles desenvolveu o Corpo Vital suficientemente para permitir o despertar do Espírito de Vida.
Portanto, todos os três últimos mencionados possuíam os mesmos veículos no início do Período Terrestre, embora só os dois primeiros mencionados pertençam à nossa Onda de Vida e têm a chance de até nos ultrapassarem se passarem pelo ponto crítico que virá na próxima Revolução do Período Terrestre. Os que não conseguirem ultrapassar esse ponto ficarão retidos, até que alguma evolução futura alcance um estágio onde eles possam ser incorporados e continuar com seu desenvolvimento em um novo período humano. Eles serão impedidos de prosseguir com a nossa Humanidade, porque esta terá avançado muito além de suas condições e seria um sério entrave ao nosso progresso arrastá-los conosco. Eles não serão destruídos, mas, simplesmente retidos esperando por outro período de evolução.
No fim do Período Lunar essas classes possuíam os veículos como estão classificados no Diagrama 10 e começaram com eles no início do Período Terrestre.
Diagrama 10 – Classes no início do Período Terrestre
Durante o tempo que transcorreu desde então, o reino humano vem desenvolvendo o elo mental, e tem desse modo logrado total consciência de vigília. Os animais obtiveram um Corpo de Desejos; as plantas um Corpo Vital; os atrasados da Onda de Vida, que entraram na evolução no Período Lunar, escaparam das duras e pesadas condições de formações de rochas e agora seus Corpos Densos compõem nossos solos mais macios; enquanto a Onda de Vida que entrou na evolução aqui no Período Terrestre forma as rochas mais duras e as pedras.
Vemos então, que ao término do Período Lunar o ser humano possuía um Tríplice Corpo em vários estágios de desenvolvimento; e, também o germe do Tríplice Espírito. O ser humano possuía Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e o Espírito: Divino, de Vida e Humano. Só lhe faltava o elo para conectá-los.
Outra Hierarquia Criadora tinha encargo especial dos três germes dos Corpos: Denso, Vital e de Desejos, conforme estavam evoluindo. Eram aqueles que, sob a direção das mais elevadas ordens fizeram praticamente o trabalho inicial nesses Corpos, usando a vida evolucionante como uma espécie de instrumento. Essa Hierarquia chama-se “Senhores da Forma”.
Eles estavam, então, tão evoluídos que receberam o encargo do terceiro aspecto do Espírito no ser humano, o Espírito Humano, no Período Terrestre que se aproximava.
Vamos, portanto, analisar o assunto e ver o que temos direito de esperar de quem pretende ser um professor. Para fazê-lo temos que primeiro nos indagar: Qual o propósito da existência no universo da matéria? Podemos responder a isso dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando éramos como minerais em nossa constituição, nossa consciência era a de um médium afastado de seu corpo por espíritos em uma seção de materialização, onde uma grande parte dos Éteres que compõem o Corpo Vital tenha sido removida. O Corpo Denso fica então num transe bem profundo. No Período Solar, quando nossa constituição era similar a das plantas, nossa consciência era como a de um sono sem sonhos, quando o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito ficam fora do corpo, deixando os Corpos Físico e Vital sobre a cama. No Período Lunar tivemos um quadro de consciência como a que temos nos sonhos, quando o Corpo de Desejos se acha só parcialmente removido do veículo Denso e do Corpo Vital. Aqui, no Período Terrestre, nossa consciência se alargou para sentir os objetos fora de nós, colocando-se todos os veículos numa posição concêntrica, como quando estamos acordados.
O Período Terrestre é proeminentemente o Período da Forma, pois aqui a forma ou a parte material da evolução atinge seu maior e mais pronunciado estado. Aqui o Espírito está mais indefeso e subjugado e a Forma é o fator mais predominante; daí a proeminência dos Senhores da Forma.
Durante essa Revolução (a Segunda ou Revolução Solar do Período Terrestre) o Corpo Vital foi reconstruído para acomodar o germe da Mente. O Corpo Vital foi moldado para ficar mais semelhante ao Corpo Denso, de modo que pudesse tornar-se adequado para uso como o veículo mais denso durante o Período de Júpiter, quando o Corpo Denso terá se espiritualizado.
Os Anjos, a “Humanidade” do Período Lunar, foram ajudados nessa reconstrução pelos Senhores da Forma. A organização do Corpo Vital acha-se agora em uma eficiência próxima ao do Corpo Denso. Alguns escritores deste assunto chamam o Corpo Vital de um elo, e sustentam que ele é meramente um molde do Corpo Denso e não um veículo separado.
Embora não desejando criticar, e admitindo que essa controvérsia se acha justificada pelo fato de que o ser humano, no presente estágio da evolução, não pode habitualmente usar o Corpo Vital como um veículo separado, porque ele sempre permanece com o Corpo Denso, e retirá-lo totalmente iria causar a morte do Corpo Denso, sem dúvida houve uma época em que ele não estava tão firmemente incorporado a este último, como veremos mais adiante.
Durante essas Épocas da história de nossa Terra, que já foram mencionadas como a Lemúrica e a Atlante, o ser humano era involuntariamente Clarividente, e foi precisamente essa debilidade de conexão entre os Corpos Denso e Vital que tornava o ser humano assim (Os Iniciadores daquela época ajudavam o candidato a afrouxar ainda mais essa conexão, como no Clarividente voluntário).
Desde então o Corpo Vital tornou-se muito mais firmemente entretecido com o Corpo Denso na maioria das pessoas, mas em todos os sensitivos essa conexão está frouxa. É essa frouxidão que constitui a diferença entre o parapsíquico e a pessoa comum que é inconsciente de tudo, exceto das vibrações captadas pelos cinco sentidos. Todos os seres humanos tiveram que passar por esse período de estreita conexão dos veículos e experimentar a consequente limitação de consciência. Há, portanto, duas classes de sensitivos, aqueles que não se tenham firmemente enredado na matéria, como a maioria dos hindus, indianos, etc., que possuem certo e pequeno grau de clarividência, ou seja, sensíveis aos sons da natureza, e aqueles que se acham na vanguarda da evolução. Os últimos estão surgindo do nadir da materialidade, e estão também divididos em dois tipos, um dos quais se desenvolve de modo passivo e fraco de vontade. Pela ajuda de outros eles tornam a despertar o plexo solar e outros órgãos de conexão com o sistema nervoso involuntário. Esses são, portanto, Clarividentes involuntários, médiuns que não possuem controle de sua faculdade. Eles retrocederam. O outro tipo é formado por aqueles que, pela própria vontade, desenvolveram o poder vibratório dos órgãos atualmente conectados com o sistema nervoso voluntário e assim tornaram-se ocultistas treinados, controlando seus próprios corpos e exercendo a faculdade de clarividência como desejem. Eles são chamados de Clarividentes voluntários ou treinados.
No Período de Júpiter o ser humano vai funcionar em seu Corpo Vital como agora ele faz em seu Corpo Denso e como nenhum desenvolvimento é súbito na natureza, o processo de separar os dois Corpos já começou. O Corpo Vital irá no futuro alcançar um grau muito maior de eficiência que o que tem o Corpo Denso de hoje. Como ele é um veículo muito mais flexível, o espírito estará então capacitado a usá-lo de um modo impossível de imaginar com nosso atual veículo Denso.
O Corpo Vital começou na Segunda Revolução do Período Solar e foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre, e irá alcançar a perfeição no Período de Júpiter, que é o seu quarto estágio, assim como o Período Terrestre é o quarto estágio do Corpo Denso.
Nada é desperdiçado na natureza. No Período de Júpiter as forças do Corpo Denso irão se superpor ao Corpo Vital completado. Este veículo possuirá, então, os poderes do Corpo Denso além de suas próprias faculdades e será, por isso, um instrumento de muito mais valia para o Tríplice Espírito expressar-se do que se fosse construído a partir de suas próprias forças.
De modo similar, o Globo D do Período de Vênus estará localizado no Mundo do Desejo, e daí nem o Corpo Denso nem o Vital poderão ser usados como instrumentos conscientes. Por esse motivo as essências dos Corpos Denso e Vital aperfeiçoadas serão incorporadas ao Corpo de Desejos completo, tornando-se assim, este último, um veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado e assim sensível ao mais leve desejo do Espírito interno do que em nossas atuais limitações, o que se acha além de toda a concepção.
Até mesmo a eficiência desse esplêndido veículo estará superada quando no Período de Vulcano sua essência, junto com as essências dos Corpos Denso e Vital, agregarão a Mente, tornando-a o mais elevado dos veículos do ser humano, contendo dentro de si a quintessência do que houver de melhor em todos os veículos. Se o veículo do Período de Vênus está tão além de nosso atual poder de compreensão, que dirá aquele que estará a serviço dos seres divinos no Período de Vulcano!
As Épocas Polar, Hiperbórea, Lemúrica e Atlante foram recapitulações das etapas que os Espíritos Virginais atravessaram. Consequentemente, o Corpo Vital sofreu modificações durante aquelas épocas.
Quando o ser humano apareceu na Terra, na Época Polar o Corpo Denso foi constituído e na Época Hiperbórea foi vitalizado pela interpenetração do Corpo Vital. Naquelas Épocas o ser humano era parecido com os Anjos, macho-fêmea, uma completa unidade criadora, capaz de criar por si mesmo projetando toda sua força criadora que é amor.
Quando a Terra surgiu do Caos, encontrava-se primeiramente na etapa vermelho escuro, que conhecemos como Época Polar. Então, a Humanidade desenvolveu primeiro, um Corpo Denso que não era, absolutamente, como nosso corpo atual. Quando o estado da Terra se fez ígneo, na Época Hiperbórea, o Corpo Vital foi agregado e o ser humano se converteu em algo similar às plantas, isto é, tinha os mesmos veículos que têm as plantas atualmente, e, também uma consciência similar, ou melhor, uma inconsciência parecida à que temos durante o sono sem sonhos, quando só os Corpos Denso e Vital ficam no leito.
Os Senhores da Forma apareceram na Época Hiperbórea, juntamente com os Anjos (“Humanidade” do Período Lunar), e envolveram a forma densa do ser humano com um Corpo Vital.
Como a Época Polar era realmente uma recapitulação do Período de Saturno, pode-se dizer que, durante este tempo, o ser humano passou através do estado mineral; tinha o mesmo veículo – o Corpo Denso – e uma consciência semelhante à do estado de transe. Por razões análogas, o estado vegetal foi atravessado durante a Época Hiperbórea, pois o ser humano tinha um Corpo Denso e um Vital, e sua consciência era semelhante à da de sono sem sonhos.
Absorvendo os cristaloides preparados pelos vegetais, o ser humano desenvolveu um Corpo Vital na Época Hiperbórea, e se converteu em algo semelhante às plantas, tanto por sua constituição como por sua natureza, pois vivia sem fazer esforço algum e tão inconscientemente quanto às plantas.
Na segunda época, a Hiperbórea, um Corpo Vital de Éter foi acrescentado, então, o ser humano, em desenvolvimento, já possuía um corpo constituído como o das plantas atuais. Ele não era uma planta, mas algo semelhante à planta.
Caim, o ser humano desta Época, é descrito como um agricultor; seus alimentos vinham unicamente dos vegetais, pois as plantas contêm mais Éter do que qualquer outra estrutura.
Descreve-se Caim como um agricultor. Ele simboliza o ser humano da Segunda Época. Tinha um Corpo Vital análogo ao das plantas, que o sustentava.
Na segunda Época, a Hiperbórea, Deus disse: “Faça-se a Luz”; o calor se converteu numa massa ígnea luminosa semelhante à do Período Solar, e o Corpo Denso humano foi vestido com um Corpo Vital, flutuando aqui e acolá sobre a Terra ígnea, como uma coisa grande em forma de saco ou bolsa. O ser humano era, então, análogo ao vegetal porque tinha os mesmos veículos que têm as plantas atuais, e os Anjos eram seus auxiliares na organização de seu Corpo Vital, e continuam sendo até os dias atuais.
Isto pode parecer uma anomalia, pois os Anjos são a “Humanidade” do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Porém, não é assim, porque, só no Período Lunar, a Terra evolucionante se condensou em Éter, tal como o que agora forma nosso Corpo Vital e, lá a “Humanidade”, os Anjos atuais, aprenderam a construir seus corpos mais densos com matéria etérea, assim como, estamos aprendendo a formar os nossos com sólidos, líquidos e gases, da Região Química do Mundo Físico. Eles se tornaram especialistas na construção daqueles corpos, assim como nós o seremos na construção de um Corpo Denso, quando finalizar o Período Terrestre.
Na Época Polar, o ser humano tinha somente um Corpo Denso pobremente organizado; era inconsciente e imóvel como os minerais que agora são assim, constituídos. Na Época Hiperbórea, seu Corpo Denso ficou envolto em um Corpo Vital e o Espírito pairava fora. Os efeitos desta natureza podem ser observados nos vegetais, que agora estão constituídos analogamente.
Neles vemos repetição constante, construção de talos e folhas para cima em sucessão alternada, o que continuaria ‘ad infinitum’, se não houvesse outra influência. Porém, como a planta não tem Corpo de Desejos separado, o Corpo de Desejos da Terra, o Mundo do Desejo, endurece o vegetal e freia seu intenso crescimento na medida certa. A força criadora, que não consegue fazer uma determinada planta continuar a crescer, busca outra saída: forma a flor e se acumula na semente, para que possa crescer outra vez em uma nova planta.
Na Época Hiperbórea, na qual o ser humano se encontrava em condições parecidas, seu Corpo Vital o fazia crescer até alcançar um tamanho enorme. O Mundo do Desejo, agindo sobre ele, fazia com que ele produzisse umas sementes semelhantes a esporos, que ou eram apropriados por outros Egos humanos ou eram empregados pelos Espíritos da Natureza, para formar os corpos animais que começavam a emergir do Caos (a Onda de Vida superior começa primeiro, no princípio de um período, e é a última que vai ao Caos; as ondas de vida que se seguem – animal, vegetal e mineral – surgem mais tarde e se vão mais depressa).
Deste modo, na Época Hiperbórea, quando o ser humano era análogo aos vegetais, seu Corpo Vital formava vértebra, pós-vértebra, e teria continuado assim se não lhe tivesse sido dado um Corpo de Desejos na Época Lemúrica. Esse corpo começou a endurecer a estrutura e a dominar a tendência a crescer, e, como resultado, o crânio, a flor sobre o “talo” da coluna espinhal, foi incipientemente formado.
Impedida em seus esforços de construir uma forma mais alta, fez-se necessário que a força criadora do Corpo Vital buscasse outra saída, pela qual pudesse continuar crescendo para cima em outro ser humano. Então, o ser humano tornou-se hermafrodita, capaz de gerar um novo corpo de si mesmo.
Então chegamos à segunda época, a Hiperbórea, quando o ser humano possuía um Corpo Denso e um Corpo Vital; que era o seu estágio análogo ao vegetal. Alimentava-se de vegetais e se fala de Caim como de um agricultor. Imediatamente depois, temos a Época Lemúrica, quando o ser humano já tinha um Corpo de Desejos, isto é, possuía três veículos, igual aos animais.
Então chegamos à etapa em que o ser humano necessitava de alimentos para manter seus três Corpos. Ele os obtém de animais viventes e se diz que Abel era um pastor.
Quando o ser humano adquiriu seu Corpo Vital, na Época Hiperbórea, o Sol, a Lua e a Terra estavam ainda unidos e as forças solares-lunares penetravam em cada ser uniformemente, de modo que todos podiam perpetuar sua espécie através de brotos e esporos, como fazem as plantas atuais. Os esforços do Corpo Vital para abrandar o veículo denso e mantê-lo vivo, então, não sofriam intervenção, e esses corpos primitivos, parecidos com as plantas, viviam séculos. Porém, como o ser humano era inconsciente e imóvel como as plantas, não fazia nenhum esforço vigoroso. A inclusão de um Corpo de Desejos agregou estímulos e desejos, e a consciência surgiu como resultado do estado de guerra entre o Corpo Vital que constrói, e o Corpo de Desejos que destrói o Corpo Denso.
Então, a dissolução tornou-se só uma questão de tempo, especialmente porque a energia construtiva do Corpo Vital foi também necessariamente dividida, uma parte ou polo sendo usada nas funções vitais do corpo, e a outra para substituir o veículo perdido pela morte. Porém, como os dois polos de um magneto ou dínamo são requisitos para a manifestação, assim também dois seres de sexos diferentes são necessários para a geração; então, casamento e nascimento foram instituídos para compensar o efeito da morte. A morte, então, é o preço que pagamos pela consciência no mundo atual. O casamento e os nascimentos repetidos são nossas armas contra o maior terror da Humanidade, até que mude nossa constituição e nos tornemos seres semelhantes aos Anjos.
Os veículos superiores dos primitivos Atlantes não estavam em posição concêntrica com relação ao Corpo Denso como estão os nossos. O Espírito não era ainda um Espírito interno; estava parcialmente no exterior e, portanto, não podia controlá-los tão facilmente, como quando habita internamente. A cabeça do Corpo Vital estava fora e se mantinha muito mais acima que a do Corpo Denso. Há um ponto entre as sobrancelhas, a meia polegada[1] abaixo da pele, que tem um ponto correspondente no Corpo Vital. Esse ponto não é o Corpo Pituitário[2], que está muito mais dentro da cabeça do Corpo Denso. Pode chamar-se de “raiz do nariz”. Quando esses dois pontos, do Corpo Vital e do Físico se colocam em correspondência, como acontece com o ser humano atual, o Clarividente treinado os vê como uma pequena mancha negra, ou melhor dizendo, como um espaço vazio, semelhante à parte invisível da chama do gás. Este é o assento do Espírito interno do ser humano, o Santo dos Santos (Sanctum Sanctorum) do templo do corpo humano, fechado para tudo o que não seja o Espírito que habita aquele corpo, o Ego. O Clarividente desenvolvido pode ver com maior ou menor clareza, de acordo com sua capacidade e treinamento, todos os diferentes corpos que formam a aura humana. Esse ponto está oculto para ele. É a “Isis”, cujo véu ninguém pode se levantar. Nem mesmo o ser mais evoluído da Terra pode tirar o véu do Ego da mais humilde ou menos desenvolvida criatura. Isto, e unicamente isto, sobre a Terra, é tão sagrado que está completamente a salvo de toda intrusão.
Estes dois pontos que acabamos de citar – um no Corpo Denso e sua contraparte no Corpo Vital – estavam muito separados no ser humano dos primitivos tempos da Atlântida, como estão nos animais atuais. A cabeça do Corpo Vital do cavalo está muito separada da cabeça de seu Corpo Denso. Esses dois pontos estão mais próximos no cachorro do que em qualquer outro animal, com exceção talvez do elefante. Se chegar a juntar-se, acontece o caso dos animais prodígios que podem contar, soletrar, etc.
Devido à distância entre esses dois pontos, o poder de percepção do Atlante era muito mais agudo nos mundos internos do que no Mundo Físico, obscurecida pela atmosfera de neblina densa e pesada. Com o tempo, no entanto, a atmosfera foi ficando gradualmente mais clara, ao mesmo tempo, que o ponto citado no Corpo Vital foi-se aproximando, pouco a pouco, do correspondente no Corpo Denso. Conforme se iam aproximando, o ser humano ia perdendo seu contato com os mundos internos, que ficavam mais escuros à medida que o físico clareava. Finalmente, na terceira e última parte da Época Atlante, o ponto do Corpo Vital se uniu ao do Corpo Denso correspondente. Até esse momento, o ser humano não estava plenamente consciente do Mundo Físico, porém, ao mesmo tempo, que se obteve a plena visão e percepção do Mundo Físico, a maioria da Humanidade, perdeu gradualmente a capacidade de perceber os mundos superiores.
Durante a existência da Raça dos Semitas Originais a atmosfera da Atlântida começou a clarear definitivamente e o ponto, já mencionado, do Corpo Vital se colocou em correspondência com o respectivo ponto no Corpo Denso. A combinação dos acontecimentos deu ao ser humano a capacidade de ver os objetos com clareza e nitidez, com contornos bem definidos; porém, isto também provocou a perda de sua visão dos mundos internos.
Durante as idades que transcorreram desde a Época Lemúrica, a Humanidade desenvolveu, pouco a pouco, o sistema nervoso cérebro-espinhal, que está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, tal sistema se desenvolveu bastante para permitir ao Ego tomar plena posse do Corpo Denso. Então, foi o momento (como já foi mencionado) em que o ponto no Corpo Vital e o ponto no Corpo Denso, se corresponderam na raiz do nariz, e o Espírito interno despertou no Mundo Físico, e a grande maioria da Humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.
A Humanidade está evoluindo atualmente na Época Ária. O Corpo Vital tem funções, cor, forma, estrutura atômica e polaridade. Sua existência pode ser provada.
Vimos que o ser humano é um ser complexo e se compõe de:
O objetivo da vida é transformar os poderes latentes do Ego em energia dinâmica, por meio da qual ele poderá controlar, perfeitamente, seus diferentes veículos e atuar como lhe pareça melhor. Sabemos que o Ego não tem domínio completo, pois, se assim fosse, não haveria guerra em nosso interior entre o Espírito e a carne, melhor dizendo, entre o Espírito e o Corpo de Desejos. É esta guerra que desenvolve o músculo espiritual, assim como a luta constrói o músculo físico. É fácil mandar que outros façam isso ou aquilo, mas impor obediência a si próprio é a tarefa mais difícil no mundo, e diz-se, com razão, que “o ser humano que conquista a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”. Goethe, o grande poeta iniciado, nos dá razão quando diz:
“De todos os poderes que encadeiam o mundo, o ser humano se libertará quando adquirir autocontrole”.
Além do corpo visível do ser humano que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que são invisíveis para a grande maioria da Humanidade. No entanto, não são acessórios inúteis do Corpo Denso; pelo contrário, são muito importantes pelo fato de serem impulsionadores de toda ação. Se não existissem esses veículos sutis, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.
O primeiro desses veículos sutis, o qual chamamos de “Corpo Vital” por ser a avenida da vitalidade, e faz fermentar a massa morta de nossa envoltura mortal em seus anos de vida, e nos dá o poder de nos movermos.
Quando nosso corpo visível atual brotou, primeiramente no Espírito, era um pensamento-forma, porém, gradualmente, foi-se condensando e solidificando até se converter na cristalização química atual. O Corpo Vital foi o próximo emanado pelo Espírito, também como um pensamento-forma, e se encontra agora em seu terceiro grau de solidificação, que é o etéreo.
Além do Corpo Denso, que é visível aos nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que interpenetra esse Corpo Denso e que impulsiona e vitaliza as atividades daquele. Um deles é o Corpo Vital, composto de Éter, o qual tomou a seu cargo a construção do Corpo Denso, por meio dos alimentos que ingerimos em nosso organismo. Ele controla todas as funções vitais, tais como a respiração, a digestão, a assimilação, etc., trabalhando por meio do sistema nervoso simpático. Outro veículo, ainda mais sutil, é o Corpo de Desejos; é o veículo de nossas emoções, sentimentos e desejos que gasta as energias acumuladas no Corpo Denso pelos processos vitais, graças ao controle que exerce sobre o sistema nervoso cérebro-espinhal ou voluntário. Durante sua atividade, o Corpo de Desejos está destruindo e rompendo continuamente os tecidos formados pelo Corpo Vital: é a guerra entre estes dois veículos que produz o que chamamos de consciência no Mundo Físico. As forças etéreas do Corpo Vital operam de tal maneira que convertem em sangue a maior parte possível dos alimentos, e o sangue é a mais alta expressão do Corpo Vital.
A propagação é uma faculdade do Corpo Vital, que é o reflexo do Espírito de Vida, o segundo aspecto do Espírito Tríplice do ser humano.
Conta-se que dois Querubins com espadas flamejantes se converteram em guardiões do Éden, quando o ser humano foi expulso dali, para que não comesse o fruto da Árvore da Vida, tornando-se imortal. Os Querubins são a grande Hierarquia Criadora que se encarregou da Terra no Período Solar, quando o Corpo Vital germinou e o Espírito de Vida foi despertado.
Em nossa Bíblia, há uma descrição dos primeiros seres humanos da Terra. São chamados de Adão e Eva, porém, interpretando corretamente, Adão e Eva querem dizer a raça humana, à qual pouco a pouco se arrogou a faculdade de procriar, convertendo-se assim em seres livres. Dessa maneira, a Humanidade obteve sua liberdade e se fez responsável perante a Lei de Consequência, pois, arrogando-se o direito de criar corpos, separou-se, então, da Árvore da Vida e de um estado que reconhecemos agora como etéreo. Quando aprendermos que temos um Corpo Vital feito de Éter, e que é a Árvore da Vida de cada ser humano, o qual nos proporciona a vitalidade necessária para nos movermos, então, compreenderemos porque o poder de recriar e regenerar nossos corpos nos foi tirado para que aprendêssemos como vitalizar nosso imperfeito Corpo Denso. E compreenderemos também porque, assim como está na Bíblia, havia Querubins com espadas flamejantes no portão do Jardim do Éden para proteger aquela região.
Foi para um bom propósito que esta faculdade nos foi tirada. Não por maldade, ou para que o ser humano sofresse aflições e dores, mas porque somente por meio de existências ou vidas repetidas em corpos inferiores podemos aprender a construir, para nós, um veículo adequado e bastante perfeito para ser imortalizado. Gradualmente, o ser humano saiu de sua condição etérea até alcançar sua condição sólida atual. Naquela época, podia viver em condições etéreas facilmente, como podemos viver hoje em dia nos três elementos do Mundo Físico. Na sua última etapa etérea estava em contato interno com as correntes de vida que agora contatamos inconscientemente.
Podia, então, centralizar em seu corpo a energia solar, absorvendo-a de uma maneira distinta da que emprega atualmente. Essa faculdade foi sendo retirada gradualmente, à medida que ia entrando na etapa sólida atual.
O Corpo Vital, assim chamado nas Escolas de Mistérios do Ocidente, como já vimos, é composto de quatro Éteres de diferentes densidades e o Éter é a via de ingresso da força vital, proveniente do Sol, e o campo de ação da natureza que promove as atividades de assimilação, crescimento e propagação.
Esse veículo é a contraparte exata de nosso corpo visível, molécula por molécula, órgão por órgão, com uma exceção, da qual falaremos mais tarde. Porém, é um pouco maior e se estende além da periferia de nosso Corpo Denso cerca de uns quatro centímetros.
O baço é a entrada particular das forças que vitalizam o Corpo Denso. Na contraparte etérea desse órgão a energia solar se transmuta em um fluido vital de cor rosa pálido. Daí se estende por todo o sistema nervoso e, uma vez cumprido o seu trabalho no corpo, sai, irradiando torrentes de luz que se eriçam parecidas com os pelos do porco espinho.
Durante o dia, o Corpo Vital especializa o fluido solar incolor que nos rodeia, por meio do órgão a que chamamos baço. Essa força vital permeia todo o organismo e os Clarividentes a veem como um fluido de cor rosa pálido, pois foi transmutada ao entrar no Corpo Denso. Flui por todos os nervos e, quando os centros cerebrais a enviam em quantidades particularmente grandes, aciona os músculos governados pelos nervos.
Durante o estado de vigília, há uma guerra constante entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos. Os desejos e os impulsos do Corpo de Desejos golpeiam continuamente o Corpo Denso, obrigando-o à ação, sem olhar o dano que lhe possa ocasionar, sempre que seja satisfeito o desejo. É o Corpo de Desejos que incita o alcoólatra a encher-se de álcool para que a combustão química acelere as vibrações do Corpo Denso a um diapasão que fará dele um instrumento dócil a todo impulso desenfreado, gastando assim a energia acumulada com imprudente prodigalidade. O Corpo Vital, por outro lado, não tem outro interesse a não ser a conservação do Corpo Denso. Através do baço, especializa a energia solar incolor, que preenche o espaço, e, por meio de um processo químico misterioso, transforma-a em fluido vital em um lindíssimo rosa pálido, enviando-o, então, por todos os nervos e fibras do corpo. O Corpo Vital está sempre tratando de economizar a energia que acumulou no Corpo Denso e, portanto, está constantemente reparando os tecidos que foram destruídos pelos impactos do desenfreado Corpo de Desejos.
Quatro cores do Corpo Vital são indescritíveis, mas a quinta – que fica no meio das cinco – é similar ao matiz da flor de pessegueiro recém-aberta. Essa é realmente a cor do Corpo Vital.
Os Corpos Denso e Vital do ser humano possuem forma definida, mas seu Corpo de Desejos é, ainda, de forma ovoide.
Já foi demonstrado pela ciência que os átomos de nosso Corpo Denso estão mudando constantemente, de tal maneira que todo o material que atualmente compõe nosso veículo terá desaparecido em uns poucos anos. No entanto, é de conhecimento comum que as cicatrizes e outras manchas se conservem desde a infância à velhice. A razão disto é que os átomos etéreos prismáticos que compõem nosso Corpo Vital permanecem inalterados do berço ao túmulo.
Eles estão sempre nas mesmas posições relativas, isto é, os átomos etéreos prismáticos que fazem vibrar os átomos dos dedos dos pés ou das mãos não mudam de situação e não emigram para as mãos, pernas ou outras partes do corpo, senão que permanecem exatamente no mesmo lugar em que foram colocados no princípio. Uma lesão nos átomos físicos implica em uma impressão similar nos átomos etéreos prismáticos. A nova substância física que se modela sobre eles continua, então, tomando a forma e a textura similares aos que tinha originalmente.
Estas observações se aplicam exclusivamente aos átomos prismáticos que correspondem aos sólidos e aos líquidos no Mundo Físico, porque assumem certa forma definida os conservam. Porém, além disso, na atual etapa da Evolução, cada ser humano tem certa quantidade de Éteres Luminoso e Refletor, que são os veículos da percepção sensorial e da memória, entremesclados no seu Corpo Vital. Poderíamos dizer que o Éter Luminoso corresponde aos gases do Mundo Físico; talvez, a melhor descrição que poderíamos dar ao Éter Refletor é a de chamá-lo hiper-etérico. É uma substância vácua, de cor azulada, que se parece, por seu matiz, com o centro azul de uma chama de gás. Apresenta-se transparente e parece revelar tudo o que está em seu interior, mas, na realidade, oculta todos os segredos da natureza e da Humanidade. Nele se encontra um registro da Memória da Natureza.
Os Éteres Luminoso e Refletor são de característica exatamente oposta à dos átomos etéreos prismáticos e estacionários. São voláteis e migratórios. Seja qual for a quantidade que o ser humano possua desses Éteres, sempre são a frutificação das experiências da vida. Dentro do corpo, misturam-se com o sangue, e quando vão crescendo pelo serviço e sacrifício na escola da vida, de modo que já não podem ficar contidos dentro do corpo, pode-se observá-los fora deste como um corpo anímico matizado de ouro e azul. O azul é o que mostra o tipo mais elevado de espiritualidade, por ser o menor em volume e pode comparar-se ao núcleo azul da chama de gás, enquanto a cor dourada forma a parte maior e corresponderia à parte de luz amarela que rodeia o núcleo azul da citada chama de gás. A cor azul não aparece fora do corpo, salvo nas pessoas de extraordinária santidade e somente o amarelo é geralmente observado. Na hora da morte, esta parte do Corpo Vital se grava no Corpo de Desejos, com o panorama da vida que contém. Então, imprime-se no Átomo-semente a quintessência de toda nossa experiência na vida, como consciência ou virtude, que é o que nos induzirá a evitar o mal e a realizar o bem nas próximas vidas.
Quando analisamos o ser humano, vemos que os quatro Éteres são dinamicamente ativos no altamente organizado Corpo Vital. Graças às atividades do Éter Químico, o ser humano é capaz de assimilar os elementos e crescer; as forças que trabalham no Éter de Vida permitem-no propagar sua espécie; as forças do Éter Luminoso proveem o Corpo Denso com calor, trabalham sobre o sistema nervoso e sobre os músculos, abrindo assim as portas de comunicação com o mundo externo por meio dos sentidos; e o Éter Refletor permite ao Espírito governar seus veículos por meio do pensamento. Este Éter também guarda as experiências passadas como memória.
O Corpo Vital da planta, do animal e do ser humano se estende além da periferia do Corpo Denso, como acontece com a Região Etérea, que nada mais é do que o Corpo Vital do Planeta, que se estende além da sua parte densa, mostrando uma vez mais a veracidade do axioma hermético: “assim como é acima, é abaixo”. A extensão do Corpo Vital do ser humano além do Corpo Denso é mais ou menos de uma polegada e meia[3]. A parte que está fora do Corpo Denso é muito luminosa e tem uma cor parecida com a de uma flor de pessegueiro recém-aberta. É vista frequentemente por pessoas que possuem alguma clarividência involuntária. O autor, falando com essas pessoas, notou que geralmente elas não estão cientes de que veem algo incomum e não sabem o que se passa diante de sua visão.
O Corpo Denso é construído na matriz deste Corpo Vital, durante a vida pré-natal e com uma única exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital. Assim como as linhas de força na água são os condutores para a formação dos cristais de gelo, assim também as linhas de força no Corpo Vital determinam a forma do Corpo Denso. Através da vida toda, o Corpo Vital é o construtor e restaurador das formas densas.
Se assim não fosse, se o coração etéreo não restaurasse o coração físico, logo este se romperia sob a tensão contínua com que o sobrecarregamos. Todos os abusos a que submetemos o Corpo Denso fazem o Corpo Vital reagir, no que está em seu poder, e ele está permanentemente lutando contra a morte do Corpo Denso.
A exceção anteriormente mencionada é que o Corpo Vital do homem é feminino ou negativo, enquanto o da mulher é masculino ou positivo.
Neste fato, temos a chave de numerosos problemas intrincados da vida. A mulher dá saída a suas emoções pela polaridade indicada, porque seu Corpo Vital positivo gera um excesso de sangue e a obriga a trabalhar sob uma pressão interna enorme, que romperia o Corpo Denso se não houvesse uma válvula de segurança, o fluxo periódico, e outra válvula, que são as lágrimas, e que limitam a pressão em ocasiões especiais, pois as lágrimas são realmente uma “hemorragia branca”.
O homem pode ter e tem emoções tão fortes quanto às das mulheres, porém, geralmente, pode suprimi-las sem lágrimas, porque seu Corpo Vital negativo não gera mais sangue do que pode dominar com facilidade.
De modo contrário ao que sucede com os veículos superiores da Humanidade, o Corpo Vital não abandona regularmente o Corpo Denso até a morte deste último. Então, as forças químicas do Corpo Denso já não estão mais sob o domínio da vida evolucionante. Elas prosseguem com seu trabalho para restituir a matéria à sua condição primitiva, desintegrando-a e tornando-a apta para a formação de outros corpos na economia da natureza. A desintegração é, pois, devido à atividade das forças planetárias no Éter Químico.
A textura do Corpo Vital pode comparar-se, até certo ponto, com uma dessas figuras formadas por centenas de peças de madeira entrecruzadas e que apresentam inumeráveis pontos ao observador. O Corpo Vital também apresenta milhões de pontos ao observador. Estes pontos entram nos centros ocos dos átomos densos e, ao lhes imbuir força vital, vibram muito mais intensamente que os minerais da Terra que não foram ainda acelerados e vivificados.
Quando uma pessoa se afoga, ou cai de uma grande altura, ou fica congelada, o Corpo Vital abandona o Corpo Denso, cujos átomos ficam temporariamente inertes em consequência, mas, quando volta a si, os “pontos” tornam a penetrar nos átomos densos. A inércia dos átomos faz com que resistam um pouco a voltar a vibrar como antes, e esta é a causa dessa sensação de intensa dor e formigamento que se nota em tais ocasiões.
Há certos casos em que parte do Corpo Vital deixa o Corpo Denso, como acontece quando uma mão fica dormente, por exemplo. Então, a mão etérea do Corpo Vital pode ser vista flutuando sobre o braço denso, como uma luva, e os pontos produzem uma sensação especial de formigamento quando ela entra novamente na mão física. Em alguns casos de hipnose, a cabeça do Corpo Vital se divide e fica pendurada do lado de fora da cabeça densa, a metade cai sobre cada ombro, ou permanece em torno do pescoço como a gola de um suéter. A ausência de formigamento ao despertar em tais casos é devida a que, durante a hipnose, parte do Corpo Vital da vítima foi substituída pela do hipnotizador.
Os átomos do Éter Químico e de Vida reunidos em torno do núcleo do Átomo-semente, localizado no plexo solar, têm uma forma prismática. Estão todos situados de tal maneira que, quando a energia solar entra no corpo pelo baço, o raio que se refrata é vermelho. Esta é a cor do aspecto criador da Trindade, ou seja, Jeová, o Espírito Santo, regente da Lua, o Astro da fecundação. Por conseguinte, o fluido vital do Sol, que penetra no corpo humano pelo baço, se tinge com uma ligeira cor rosada, que muitas vezes os videntes podem observar circulando pelos nervos como se fosse a eletricidade passando pelos condutores de uma instalação elétrica. Assim carregados, os Éteres Químico e de Vida são vias de assimilação, que preservam o indivíduo, e de fecundação, que perpetuam a raça.
Durante a vida, cada átomo prismático penetra um átomo físico e o faz vibrar. Para se ter uma ideia desta combinação, podemos imaginar uma cesta de arame, em forma de pera, que tivesse paredes de arame curvado espiralmente que fosse de um polo a outro obliquamente. Este é o átomo físico cuja forma é muito parecida com a nossa Terra, e o átomo prismático vital está inserido de cima para baixo, a partir do topo, que é mais amplo e que corresponderia ao polo norte de nossa Terra.
Assim, a ponta do prisma penetra o átomo físico no ponto mais estreito, que corresponde ao polo sul de nossa terra, e todo o conjunto parece com um pião que gira e bamboleia enquanto vibra intensamente. É desta maneira que nosso corpo se enche de vida e é capaz de se mover (É digno de nota que nossa Terra está compenetrada, de maneira similar, por um corpo cósmico de Éter e as manifestações da natureza que chamamos de Aurora Boreal e Aurora Austral são correntes etéreas que circundam a Terra do polo ao Equador como fazem as correntes do átomo físico).
Os Éteres Luminoso e Refletor são as avenidas da consciência e da memória. No indivíduo comum encontram-se um tanto atenuados e não tomaram ainda uma forma definida. Interpenetram o átomo da mesma forma que o ar interpenetra uma esponja e formam algo assim como uma ligeira atmosfera áurica por fora de cada átomo.
Se tivéssemos dito que o Corpo Vital está formado de prismas ao invés de pontos, teria sido mais exato, pois é pela refração através destes diminutos prismas que o fluido solar incolor se transforma em rosáceo, como foi indicado por outros escritores, além do autor.
Foram feitos outros descobrimentos novos e importantes, por exemplo: agora sabemos que nasce um Cordão Prateado novo a cada renascimento e que uma parte dele brota do Átomo-semente do Corpo de Desejos no grande vórtice do fígado; que a outra parte nasce do Átomo-semente do Corpo Denso no coração, que as duas partes se unem com o Átomo-semente do Corpo Vital no plexo solar e que esta união dos veículos superiores e inferiores produz o despertar do feto. O desenvolvimento posterior do Cordão entre o coração e o plexo solar durante os primeiros sete anos tem uma importante relação com o mistério da infância, assim como o seu desenvolvimento mais amplo do fígado ao plexo solar, que tem lugar no segundo período setenário da vida da criança, contribui para a adolescência.
A realização total do Cordão Prateado marca o final da vida infantil e, desde tal momento, a energia solar, que entra pelo baço e se tinge pela refração através do Átomo-semente prismático do Corpo Vital situado no plexo solar, começa a dar um colorido individual e distinto à aura que observamos nos adultos.
Assim como o Éter leva à placa sensível da câmera escura da máquina fotográfica uma impressão fiel da paisagem, em torno em seus menores detalhes, sem ter em conta se o fotógrafo os observou ou não, assim também, o Éter contido no ar que respiramos leva consigo uma imagem fiel e detalhada de tudo ao nosso redor e não somente das coisas materiais, como também das condições que existem em cada momento em nossa aura. O mais fugaz pensamento, sentimento ou emoção se transmite aos pulmões onde é injetado no sangue. O sangue é um dos produtos mais elevados do Corpo Vital porque é o agente que leva alimento a todas as partes do corpo e é também o veículo direto do Ego. As imagens que contém imprimem-se sobre os átomos negativos do Corpo Vital para servir como árbitros do destino do ser humano no estado post-mortem.
Em muitas mulheres, nas quais o Corpo Vital é positivo e nas pessoas mais evoluídas de ambos os sexos, cujos Corpos Vitais estão sensibilizados por uma vida pura e santa, pela oração e concentração, esta memória supra consciente, inerente ao Espírito de Vida, está, até certo ponto, além da necessidade de envolver-se em matéria mental ou de desejos para compelir à ação. Nem sempre necessita correr o risco de ver-se subjugada e até submetida pelo processo de raciocínio. Algumas vezes, em forma de intuição ou de ensinamento interno, imprime-se diretamente sobre o Éter Refletor do Corpo Vital. Quanto mais dispostos nos encontremos para reconhecer e seguir seus ditados, tanto mais amiúde falará, para nosso eterno benefício.
Por suas atividades durante as horas de vigília, o Corpo de Desejos e a Mente estão constantemente destruindo o veículo denso. Cada pensamento e movimento destroem tecidos. Por outro lado, o Corpo Vital se dedica totalmente a restaurar a harmonia e a reconstruir o que outros veículos estão destruindo. No entanto, não é capaz de sempre resistir completamente aos poderosos impactos dos impulsos e dos pensamentos.
Gradualmente, vai perdendo terreno e, por último, chega um momento em que sofre um colapso. Seus “pontos” enrugam-se, por assim dizer. O fluido vital cessa de circular pelos nervos em quantidade necessária; o corpo se torna sonolento; o Pensador se encontra tolhido por sua sonolência e se vê obrigado a sair dele, elevando-se o Corpo de Desejos consigo. Esta saída dos veículos superiores deixa o Corpo Denso, interpenetrado pelo Corpo Vital no estado a que chamamos sono.
Como um sábio general, o Ego segue uma conduta análoga. Não começa sua campanha adquirindo domínio sobre uma das glândulas, pois estas são expressões do Corpo Vital, nem seria possível adquirir domínio sobre os músculos voluntários, porque estão muito bem defendidos pelo inimigo. Essa parte do sistema muscular involuntário que está sob o domínio do sistema nervoso simpático seria também inútil para esse objetivo. O Ego deve conseguir um contato mais direto com o sistema nervoso cérebro-espinhal.
Para fazer isso e assegurar uma base de operações no mesmo campo inimigo, ele deve controlar um músculo que é involuntário e que, não obstante está relacionado com o sistema nervoso voluntário. Este músculo é o coração.
O sangue é a expressão mais elevada do Corpo Vital porque nutre todo o organismo físico. É também, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente, e está em contato com a Memória da Natureza, situada na divisão mais elevada da Região Etérea. O sangue carrega as imagens da vida dos antepassados aos descendentes durante gerações quando é um sangue comum como o que se produz pela endogamia.
O amor e a unidade no Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérea, à qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, sendo este último o que produz o amor e a união sexual. O Espírito de Vida tem seu assento primeiramente no Corpo Pituitário e secundariamente no coração, por onde passa o sangue que nutre os músculos.
Olhando o assunto do ponto de vista oculto, toda consciência no Mundo Físico é o resultado da guerra constante entre os Corpos de Desejos e Vital.
A tendência do Corpo Vital é a de abrandar e construir. Sua expressão principal é o sangue e as glândulas, bem como o sistema nervoso simpático, havendo obtido ingresso na fortaleza do Corpo de Desejos (sistemas: muscular e nervoso voluntário) quando começou a converter o coração em músculo voluntário.
Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na sutil substância da Região do Pensamento Abstrato que especializamos dentro da periferia de nossa aura individual. Dali, obtemos as impressões de que nos produz o mundo externo sobre o Corpo Vital através dos sentidos, junto com os sentimentos e emoções gerados por eles no Corpo de Desejos e refletidos na Mente.
Todas as coisas estão em constante vibração. As vibrações dos objetos que nos rodeiam nos alcançam constantemente e levam, a nossos sentidos, o conhecimento do mundo externo. As vibrações do Éter atuam sobre nossos olhos de maneira a que possamos ver e as vibrações do ar transmitem os sons a nossos ouvidos.
O Sol trabalha no Corpo Vital e é a força que desperta a vida e luta contra as forças lunares relacionadas com a morte.
Assim como nas águas de um lago as árvores aparecem invertidas, parecendo que a folhagem se acha no mais profundo da água, assim também o aspecto mais elevado do Espírito (Espírito Divino) encontra sua contraparte no mais inferior dos três corpos (Corpo Denso). O Espírito imediatamente inferior (Espírito de Vida) se reflete no corpo imediatamente superior (Corpo Vital). O terceiro Espírito (Espírito Humano) e seu reflexo, o terceiro corpo (Corpo de Desejos), aparece como o mais próximo de todos ao espelho refletor, que é a Mente, correspondendo essa à superfície do lago, o meio refletor de nossa analogia.
Assim como os Corpos Vital e de Desejos planetários interpenetram a matéria densa da Terra, assim também os Corpos Vital e de Desejos interpenetram o Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano.
Um Corpo Vital de Éter compenetra o corpo visível, como o Éter permeia todas as outras formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma quantidade maior de Éter universal do que as outras formas. Este Corpo Etéreo é o instrumento que usamos para especializar a energia vital do Sol. O Corpo Vital, que finalmente se transforma e se espiritualiza convertendo-se em alma, é de polaridade oposta. Está formado, órgão por órgão, exatamente como o Corpo Denso com uma exceção, o que explica muitos fatos que de outra maneira seriam inexplicáveis. Como a mulher tem um Corpo Vital positivo, ela amadurece antes que o homem, e as partes do corpo que têm certa semelhança com as plantas, como o cabelo, crescem mais e são mais exuberantes. Naturalmente, um Corpo Vital positivo gera mais sangue do que um Corpo Vital negativo, como o que possui o homem, daí que exista na mulher uma pressão sanguínea maior, da qual tem necessidade de se livrar mediante o fluxo mensal, produzindo-se, ao cessar na menopausa, uma espécie de segundo crescimento na mulher a qual adquire os caracteres que chamamos “matrona”.
Os impulsos do Corpo de Desejos empurram o sangue através de todo o sistema com diferentes graus de velocidade, de acordo com a força das emoções. Como a mulher tem um excesso de sangue, ela atua sob uma pressão muito mais elevada que o homem, e, se bem que esta pressão diminua durante o fluxo menstrual, há momentos em que necessita de uma válvula de escape extra: são as lágrimas femininas que, em realidade, constituem uma hemorragia branca, que age como uma válvula de segurança para remover o fluido excessivo. O homem, ainda que seja capaz de sentir emoções talvez tão fortes quanto a mulher, não é tão propenso às lágrimas porque não tem mais sangue do que pode utilizar normalmente.
Em consequência de sua polarização positiva na Região Etérica do Mundo Físico, o campo de ação da mulher tem sido a casa e a igreja, onde está rodeada de amor e paz, enquanto o homem atua na luta dos fortes para que sobreviva o mais apto, uma luta sem quartel no denso Mundo Físico, onde seu corpo é positivo.
Desta forma, a mulher foi à precursora da cultura, sendo a primeira a desenvolver a ideia de uma “vida boa”, e graças a isso ela se tornou um expoente muito estimado entre os antigos e tem estado nobremente na vanguarda desde então. Como todos os Egos encarnam alternadamente como homens ou como mulheres, não há, na verdade, proeminência alguma. É simplesmente que os que encarnam num Corpo Denso do sexo feminino têm um Corpo Vital positivo e são, portanto, mais sensíveis às coisas espirituais do que quando o Corpo Vital é negativo como o do varão.
A mulher tem um Corpo Vital positivo e, portanto, está em contato intuitivo com as vibrações espirituais do universo. Ela tem mais ideais elevados e uma imaginação mais fértil que o homem. Em consequência, ela se interessa por todas as coisas que ajudam o desenvolvimento moral da raça. E, hoje em dia, é somente pelo crescimento moral e espiritual que a Humanidade pode se adiantar e a mulher é, realmente, fator primordial na evolução.
Seria de muito proveito para as raças se a mulher obtivesse direitos iguais aos dos homens, pois somente então poderemos esperar ver executadas as reformas que propugnam a união da Humanidade. Se, por analogia, olharmos dentro de uma casa, veremos que a mulher é o pilar central, em torno da qual se agrupam o marido e os filhos. De acordo com suas aptidões e habilidades, ela faz a casa à sua imagem e nota-se sua influência aglutinadora, pois é ela quem mantém a harmonia e a paz do lar. O pai pode abandonar a casa, seja por falecimento ou de outra maneira; os filhos também podem ir-se, mas enquanto a mãe está o lar permanece. No entanto, quando a morte leva a mãe, tudo se desmorona.
Já dissemos, anteriormente, que o Corpo Vital é a contraparte exata do Corpo Denso, com uma única exceção: é de sexo oposto, ou melhor dito, de polaridade oposta. Como sabemos que o Corpo Vital nutre o veículo denso podemos compreender que o sangue é sua mais alta expressão visível e, também que um Corpo Vital positivo deve gerar mais sangue que um corpo negativo. A mulher, fisicamente negativa, tem um Corpo Vital positivo, daí gerar um excesso de sangue que é aliviado pelo fluxo periódico. Está também mais propensa às lágrimas, uma hemorragia branca, que o homem, cujo Corpo Vital negativo não gera mais sangue do que pode normalmente utilizar. Portanto, não necessita ter as saídas que aliviam a mulher do excesso de sangue.
Os Anjos, a “humanidade” do Período Lunar, trabalham no ser humano, no animal e na planta, pois no Período Lunar o universo era de consistência etérea e os Corpos Vitais dos três reinos acima citados estão compostos por esta substância. Os Anjos são, portanto, verdadeiros auxiliares para as funções vitais tais como a assimilação, o crescimento e a propagação e em seu trabalho com a Humanidade, são espíritos familiares. São eles que aumentam a família, multiplicam os ganhos e dão boa colheita nos campos.
Desde os tempos antigos, os Anjos Lunares se colocaram particularmente a cargo dos Corpos Vitais aquáticos e úmidos formados pelos quatros Éteres, cuidando da propagação e alimentação das espécies, enquanto a atividade intensa dos Espíritos Lucíferes se desenvolvia nos secos e ígneos Corpos de Desejos. A função do Corpo Vital é construir e sustentar o Corpo Denso, enquanto a do Corpo de Desejos é a destruição dos tecidos. Deste modo, há uma guerra constante entre o Corpo Vital e o de Desejos, e esta guerra nos céus ocasiona nossa consciência física na Terra.
Por mais estranho que possa parecer nossa afirmação, é verdade que a grande maioria da Humanidade está parcialmente adormecida a maior parte do tempo, não obstante seus corpos físicos pareçam estar sumariamente ocupados, trabalhando ativamente. Sob condições ordinárias, o Corpo de Desejos da grande maioria é a parte mais desperta do complexo ser humano, o qual vive quase completamente de emoções e sentimentos, mas raramente pensa no problema da existência além daquilo que necessita para sobreviver. A maioria destes seres provavelmente nunca pensou seriamente nos três grandes problemas da vida: “De onde viemos, por que estamos aqui e para onde iremos?” de uma forma mais séria e consistente. Seus Corpos Vitais estão trabalhando para reparar os destroços feitos pelo Corpo de Desejos no Corpo Denso e subministrando a vitalidade que será logo malgastada na gratificação de seus desejos e emoções.
Este combate intenso entre o Corpo Vital e o de Desejos é que gera a consciência no Mundo Físico e faz homens e mulheres tão ativos que, do ponto de vista do Mundo Físico, nossa afirmação de que eles estão parcialmente adormecidos parece ser uma mentira. No entanto, examinando todos os fatos, chegamos à conclusão de que é assim e podemos acrescentar que este estado de coisas está de acordo com os desígnios das Grandes Hierarquias que estão a cargo de nossa evolução.
Essa destruição efetua-se constantemente e não é possível salvaguardar-se de todos esses destruidores, nem essa é a intenção. Se o Corpo Vital tivesse um poder ininterrupto, construiria cada vez mais, usando toda a energia com esse propósito. Não haveria consciência ou pensamento algum.
A consciência se desenvolve porque o Corpo de Desejos restringe e endurece as partes internas.
O Tríplice Espírito lançou uma Tríplice sombra sobre o mundo da matéria e assim se desenvolveu o Corpo Denso, como contraparte do Espírito Divino, seguido do Corpo Vital, réplica do Espírito de Vida e logo o Corpo de Desejos, imagem do Espírito Humano. Finalmente, formou-se o elo da Mente entre o Tríplice Espírito e o Tríplice Corpo. Este foi o começo da consciência individual e marca o ponto onde termina a involução do Espírito na matéria e começa o processo evolutivo, através do qual a sua libertação se inicia. A involução envolve a cristalização do Espírito em corpos, porém, a evolução depende da dissolução dos corpos, a extração da substância anímica desses corpos e a alquímica amalgamação da Alma com o Espírito.
Há vários meios para demonstrar a realidade e a existência do Corpo Vital. Em primeiro lugar, existe uma máquina fotográfica. Talvez se possa encontrar entre os espíritas de sua cidade um capaz de tirar fotografia dos espíritos. Embora existam truques bem conhecidos dos fotógrafos para produzir retratos falsos, foi provado que, sob condições, onde a fraude é impossível foram tiradas fotos de pessoas que já haviam morrido. Estas pessoas puderam envolver-se em Éter, matéria com a qual o Corpo Vital é construído e que é visível para a lente fotográfica. Com o próprio autor aconteceu uma vez ser fotografado quando viajava em seu Corpo Vital de Los Angeles a São Pedro para despedir-se de um amigo, a bordo de um navio a vapor. Coincidentemente, ele estava entre aquele amigo e a máquina fotográfica de outro amigo que, naquele momento, fotografava o barco e a semelhança foi tanta que muitos o reconheceram.
Além disso, temos o fenômeno dos cachorros que seguem certas pessoas pelo cheiro de sua roupa usada a qual está impregnada de Éter do Corpo Vital, Éter que se estende mais ou menos uma polegada e meia[4] além do Corpo Denso. Portanto, a cada passo que damos este fluido invisível e radiante penetra a Terra. No entanto, comprovou-se que cães de caça que estavam perseguindo um criminoso em fuga ficaram desnorteados e perderam a pista quando o fugitivo calçou patins e continuou sua fuga sobre o gelo. Os patins o elevaram acima do solo e, então, o Corpo Vital, que se estendia por baixo de seus pés, não pôde impregnar o gelo e, então, ficando sem pista, os cachorros não puderam descobri-lo. Resultados similares foram obtidos com uma pessoa que usou pernas de pau para se afastar do lugar de seu crime.
Temos também o caso do magnetizador que extrai de seu paciente as partes enfermas do Corpo Vital, as quais são substituídas por Éter renovado, permitindo, assim, às forças vitais circularem pelo órgão físico enfermo, efetuando-se a cura. Se o magnetizador não tiver cuidado de tirar de si o fluido etéreo escuro e gelatinoso, isto é, os miasmas humanos que extraiu e absorvê-lo em seu próprio corpo, então, ficará enfermo. Se não houvesse aquele fluido invisível, o fenômeno da cura do enfermo e da enfermidade do magnetizador não se produziria.
Finalmente, poderíamos dizer que, se se reúnem as condições necessárias e não falta à decisão, existe uma possibilidade muito grande para que uma grande quantidade de pessoas veja por si mesma o Corpo Vital. É mais fácil nos países do Sul, onde os defuntos são enterrados logo após seu falecimento. Deve-se escolher um dia que seja o mais próximo da Lua Cheia. Então, deve-se ler os avisos fúnebres nos jornais e ir ao cemitério na noite que se segue ao funeral de alguém falecido nas últimas vinte e quatro horas. Provavelmente, veremos sobre o túmulo, oscilando ao clarão da lua, a forma membranácea do Corpo Vital que fica neste lugar e se desintegra sincronicamente com o corpo dentro da sepultura. O Clarividente pode ver esta forma em qualquer momento, mas, somente na primeira noite depois do funeral ela está bastante densa para ser visível à pessoa comum. Se a forma não aparece logo, pode-se andar em volta do túmulo, olhando fixamente de diferentes ângulos. Então, você conseguirá a prova ocular mais convincente.
Embora a ciência não tenha observado este Corpo Vital humano diretamente, em várias ocasiões ela postulou sua existência como necessária para explicar certos problemas da vida. Suas radiações foram captadas por vários cientistas em diferentes condições e em épocas distintas. Blondot[5] e Charpentier[6] chamaram a essas radiações raios “N”, nome dado por terem sido observados na cidade de Nantes[7]. Outros as chamaram de “Fluido Ódico”. Investigadores científicos, que conduziram pesquisas sobre fenômenos psíquicos, fotografaram o Corpo Vital quando era extraído através do baço por espíritos materializadores. Dr. Hotz, por exemplo, obteve duas fotografias de uma materialização, graças ao médium alemão Minna-Demmler. Sobre uma delas, vê-se uma nuvem de Éter sem forma saindo do lado esquerdo do médium. A segunda foto, tirada uns instantes mais tarde, mostra o espírito já materializado, de pé ao lado do médium.
Outras fotografias tiradas do médium italiano Eusápia Palladino[8] por cientistas mostram uma nuvem luminosa flutuando sobre seu lado esquerdo.
O Corpo Vital tem um papel importante na saúde e na enfermidade. Ele é afetado por amputações, acidentes, anestésicos, afogamentos, choques, arrependimentos e remorsos. Quando não está em posição concêntrica com relação aos outros veículos do Ego, pode resultar em insanidade ou idiotice.
Se estivermos atentos à higiene e à dieta, o Corpo Denso é principalmente o mais beneficiado, porém, ao mesmo tempo, produz-se, também um efeito sobre os Corpos Vital e de Desejos, porque quanto mais puros e melhores forem os alimentos empregados na construção do Corpo Denso, as partículas ficam envoltas em Éter planetário e matéria de desejos mais puros. Desta forma, as partes planetárias do Corpo Vital e do Corpo de Desejos se tornam mais puras. Se se dedica atenção unicamente à higiene e ao alimento, os Corpos Vitais e de Desejos individuais, poderão permanecer quase tão impuros como antes, mas, no entanto, será mais fácil colocar-se em contato com o bem do que se tivessem sido empregados alimentos grosseiros.
Por outro lado, se apesar dos desgostos, cultivar-se um caráter equânime e, também interesses literários e artísticos, o Corpo Vital produzirá uma impressão de delicadeza e de refinamento nos assuntos físicos, e engendrará sentimentos e emoções mais nobres no Corpo de Desejos.
O cultivo das emoções também exerce uma reação sobre os outros veículos, e ajuda a melhorá-los.
As tendências positivas e construtivas do Corpo Vital – veículo do amor – não se prestam facilmente à observação. No entanto, pôde-se comprovar que o contentamento aumenta a vida de cada ser que o cultiva. Portanto, podemos dizer sem medo de enganar-nos, que a criança concebida num ambiente de harmonia e amor tem melhores possibilidades na vida do que aquela que foi concebida num ambiente de paixão, bebida e descontentamento.
O Corpo Vital nasce mais ou menos aos sete anos, isto é, na época da segunda dentição da criança.
Há problemas muito importantes que devem e podem ser tratados, somente durante certos períodos da infância e os pais devem saber quais são. Ainda que os órgãos já estejam formados quando a criatura nasce, as linhas de crescimento se determinam durante os sete primeiros anos e, se não estão bem delineadas, uma criança sadia pode converter-se em um homem ou mulher enferma.
Em tudo o que vive, o Corpo Vital irradia torrentes de luz da força que ele despendeu na construção do Corpo Denso. No estado de saúde, estas irradiações afastam todos os venenos do corpo e o mantêm limpo. Condições similares prevalecem no Corpo Vital da Terra, sendo este o veículo de Cristo. As forças venenosas e destrutivas geradas por nossas paixões são afastadas pelas forças vitais de Cristo, porém, cada pensamento ou ato maléfico traz para Ele uma porção de dor, que se torna parte da Sua Coroa de Espinhos – dizemos coroa porque sempre se considera a cabeça como assento da consciência. Devemos nos conscientizar de que cada má ação que praticamos, por menor que seja, tem um efeito sobre Cristo, como já foi citado, e acrescenta outro espinho de sofrimento em sua coroa.
Não podemos assimilar minerais, pois eles não possuem um Corpo Vital e, portanto, o ser humano não pode elevar as vibrações dos minerais ao seu grau de intensidade. As plantas têm um Corpo Vital, mas não são conscientes de si mesmas, portanto são assimiladas facilmente e permanecem no corpo mais tempo, do que as células dos alimentos animais, que são compenetradas por um Corpo de Desejos. Os corpos dos animais vibram intensamente e, portanto, necessita-se de muita energia para assimilar suas células que se escapam rapidamente. Daí que a dieta carnívora exige que a pessoa se alimente mais frequentemente.
A enfermidade aparece primeiramente no Corpo de Desejos e no Corpo Vital; eles ficam mais tênues em sua textura, e não especializam o fluido vitalizador na mesma proporção, como acontece no estado de saúde. Então, o Corpo Denso cai enfermo. Quando o doente se recupera, os veículos superiores denotam melhora antes que a saúde se manifeste no Mundo Físico.
Quando um vidente examina uma pessoa que está para ficar doente, nota-se que o Corpo Vital está atenuando-se e, quando fica tão tênue que já não pode sustentar o Corpo Denso, este começa a manifestar sinal de enfermidade. Por outro lado, um pouco antes da recuperação física, o Corpo Vital, pouco a pouco, fica mais denso em sua estrutura e logo começa o período de convalescença.
Durante a enfermidade, o Corpo Vital especializa muito pouca energia solar, então, por um período, o corpo visível parece alimentar-se do Corpo Vital e, assim, este veículo fica mais transparente e mais tênue, ao mesmo tempo em que o corpo visível demonstra sinais de extenuação. As radiações eliminadoras faltam quase completamente durante a enfermidade e, portanto, as complicações são frequentes.
O homem tendo um Corpo Denso positivo possui um Corpo Vital negativo, e, portanto, não pode resistir à enfermidade tão bem como a mulher, que tem um Corpo Denso negativo, mas seu Corpo Vital é positivo. Esta é a razão pela qual a mulher pode suportar tantas enfermidades, que matariam um homem que tivesse o dobro de seu peso e aparentasse ter muito mais vitalidade. A mulher sofre mais intensamente que o homem, porém, suporta a dor com mais coragem. Quando ela começa a se recuperar, seu Corpo Vital polarizado positivamente parece sugar a energia solar, como se tivesse milhões de bocas. Ele se incha e começa quase que imediatamente a irradiar as torrentes de luz, tão características da saúde e, como resultado, o Corpo Denso se recupera rapidamente.
Por outro lado, quando um homem se debilitou muito por causa de uma enfermidade, uma vez passada a crise, seu Corpo Vital polarizado negativamente, se parece com uma esponja. Absorverá toda a energia solar que possa, mas sem a avidez que caracteriza o Corpo Vital da mulher. Em consequência, demora-se largo tempo no umbral da morte, mas como é mais fácil desistir do que lutar, sucumbe mais frequentemente que a mulher.
Olhando uma pessoa enferma com a visão espiritual, nota-se que o Corpo Vital está muito debilitado e atenuado, em proporção aos desgastes feitos pela enfermidade. Não se vêm mais as irradiações em linhas retas como quando o corpo é são, e sim emanações débeis que se encurvam formando redemoinhos e espirais, em torno do Corpo Denso. A coloração não é rosada purpúrea, como deveria ser, senão cinzento-opaco na maioria das partes do corpo, e a região particularmente enferma está envolta em algo que se parece uma massa negra gelatinosa. Isto é, como poderíamos chamar a vibração de enfermidade, e, quando o enfermo recebe o tratamento magnético, esta venenosa massa negra é absorvida pelas mãos do curador. Quando ele a arremessa de si com um vigoroso movimento, a massa cai no chão e, se o paciente passar por esse lugar, vai absorvê-la. Portanto, o autor sempre teve o costume de jogar estes miasmas pela janela ou numa lareira, onde se queimam, e, então, não podem fazer mal.
Enquanto um órgão está enfermo, sempre gera esta massa venenosa que flutua a seu redor, e impede as correntes do Corpo Vital de penetrar nele. O trabalho do magnetizador consiste simplesmente em limpar o órgão enfermo e, assim, abrir caminho para o fluxo das correntes de vida e saúde. O alívio geralmente é só temporário, pois o órgão enfermo e debilitado continua gerando os miasmas venenosos, e então, em seguida, se necessita de outra “limpeza” por parte do magnetizador. Este estado de coisas subsiste até que as correntes vitais se fortaleçam o bastante para vencer e jogar fora os eflúvios daninhos, e limpar o órgão por seus próprios esforços. Então, a saúde retorna.
O osteopata vê a enfermidade por outro ângulo, e manipula os nervos que são as avenidas das correntes vitais. Estas massagens fortalecem as correntes e dispersam os miasmas que estão se formando na parte enferma do corpo. No entanto, geralmente, requer uma série de tratamentos da parte do osteopata antes que a saúde seja restaurada, pois o miasma venenoso obstrui outra vez os nervos pouco tempo depois das massagens. Portanto, na opinião do autor, embora ele não tenha experimentado, o melhor seria a combinação dos dois métodos: abrir caminho para as correntes nos nervos, e fortalecê-los por meio de tratamentos osteopáticos, extraindo, ao mesmo tempo, os miasmas envenenados por tratamentos magnéticos, e tendo o cuidado de queimá-los ou jogá-los fora. Estes dois métodos combinados poderiam facilitar extraordinariamente o tratamento da doença.
O baço é a entrada das forças solares, mas, a transmutação da energia solar em um fluido ligeiramente rosado acontece no plexo solar, onde o Átomo-semente prismático do Corpo Vital se localiza.
Com relação ao que ocorre quando o baço foi removido, devemos recordar que o Corpo Denso se acomoda da melhor maneira possível às condições alteradas. Se uma ferida em determinada parte do corpo impossibilita o sangue de fluir por vasos normais, ele encontra outra rede de veias pelas quais possa realizar seu circuito. Porém, um órgão nunca se atrofia enquanto possa servir a um propósito útil. O mesmo acontece com o Corpo Vital formado de Éteres. Quando um membro foi amputado, a parte etérea desse membro já não é necessária na economia do corpo, e gradualmente se dissolve. Porém, no caso de um órgão como o baço, em que a contraparte etérea tem uma função importante, como porta de acesso das energias solares, naturalmente não se produz semelhante desintegração.
Também, deve ser lembrado que, quando uma enfermidade no veículo físico se manifesta, a parte correspondente do Corpo Vital se debilitou e atenuou previamente, ficou doente e foi sua a impossibilidade de suprir à quantidade necessária de energia vital, que provocou a manifestação dos sintomas físicos da doença. Inversamente, quando a saúde retorna, o Corpo Vital é o primeiro que se restabelece, e esta convalescença logo se manifesta no Corpo Denso. Portanto, se o baço físico fica enfermo, é evidente que a contraparte etérea não está bem e, então, é muito duvidoso que a extração do órgão seja útil. No entanto, se é feita, o corpo tratará de acomodar-se às novas condições, e a contraparte etérea do baço continuará funcionando como antes.
A tendência natural do Corpo de Desejos é endurecer e consolidar tudo quanto se põe em contato com ele. O pensamento materialista acentua esta tendência de tal modo que, geralmente, produz como resultado, em vidas futuras, a horrenda enfermidade chamada tuberculose, que é um endurecimento dos pulmões, os quais devem ser brandos e elásticos. Ocorre, algumas vezes, que o Corpo de Desejos comprime o Corpo Vital, de modo que este não pode conter o processo de endurecimento e, então, temos a tuberculose galopante. Em alguns casos, o materialismo torna o Corpo de Desejos frágil, por assim dizer, e, então, ele não pode realizar devidamente seu trabalho de endurecimento do Corpo Denso e, como resultado, produz o raquitismo ou enfraquecimento ósseo. Vemos, portanto, os perigos que corremos ao manter tendências materialistas, que dão origem ao endurecimento das partes brandas do corpo, como na tuberculose, ou o enfraquecimento das partes duras, ósseas, como no raquitismo. Naturalmente, nem todos os casos de tuberculose demonstram que a pessoa foi um materialista em vida anterior, porém, os ensinamentos das ciências ocultas afirmam que esse resultado geralmente é produzido pelo materialismo.
No caso da pessoa que está preparada para receber a Iniciação, a aceleração das vibrações é maior do que para o homem ou mulher comuns. Portanto, não requer exercícios para acelerar esta vibração, mas, necessita de determinados exercícios espirituais, ajustados individualmente para ele, que farão com que se adiante em seu próprio caminho.
Se essa pessoa, nesse período crítico, se encontrasse com um indivíduo que, por maldade ou ignorância, lhe desse exercícios respiratórios que o interessado cumprisse fielmente, com a esperança de obter resultados rápidos, esses resultados seriam obtidos, mas não da maneira que ele buscava. A vibração dos átomos do corpo, em um período muito curto, teria acelerado de tal maneira que pareceria como se estivesse caminhando sobre o ar. Também poderia produzir-se uma indevida separação do Corpo Vital com o Corpo Denso, o que traria a tuberculose ou insanidade como resultado.
Quando anestésicos são usados, o Corpo Vital é expulso parcialmente do Corpo Denso, junto com os demais veículos e, se a aplicação é demasiadamente forte, produz-se a morte. O mesmo fenômeno pode ser observado no caso dos médiuns materializadores. Na verdade, a diferença entre um médium dessa classe e um homem ou mulher comum é que, nestes últimos, o Corpo Vital e o Corpo Denso estão, no atual estado de evolução, estreitamente interligados, enquanto no médium esta relação é débil. Não foi sempre assim, e virá um tempo em que o Corpo Vital poderá abandonar normalmente o Corpo Denso, o que, no presente, não acontece. Quando um médium permite que seu Corpo Vital seja usado por entidades do Mundo do Desejo que querem materializar-se, o Corpo Vital sai pelo lado esquerdo através do baço, que é sua “porta” particular. Então, as forças vitais não podem fluir no organismo, como geralmente o fazem, e o médium fica exausto, e alguns deles se vêm obrigados a fazer uso de estimulantes, o que, com o tempo, faz com que se convertam em alcoólatras incuráveis.
A força vital do Sol que nos rodeia como um fluido incolor, é absorvida pelo Corpo Vital por meio da contraparte etérea do baço, onde sofre uma curiosa transformação de cor. Fica rosa pálido e circula pelos nervos através de todo o Corpo Denso. Com relação aos nervos, é o que a eletricidade é para o telégrafo. Ainda que haja fios, aparelhos e telegrafistas se falta a eletricidade, não se pode enviar as mensagens. O Ego, o cérebro e o sistema nervoso podem estar em perfeita ordem, mas se faltar a força vital que possa levar as mensagens do Ego através dos nervos e dos músculos, o Corpo Denso permanecerá inerte. Isto é precisamente o que acontece quando uma parte do corpo se paralisa; o Corpo Vital fica doente e a força vitalizadora já não pode mais fluir. Em tais casos, como na maioria das enfermidades, a perturbação é dos veículos invisíveis e sutis. O reconhecimento consciente ou inconsciente deste fato, faz com que os médicos mais afamados empreguem a sugestão que trabalha sobre os veículos superiores, como um auxiliar da medicina. Quanto mais fé e esperança possa o médico imbuir em seu paciente, tanto mais rápido se desvanecerá a enfermidade, dando lugar a uma perfeita saúde.
Durante a saúde, o Corpo Vital especializa uma superabundância de força vital a qual, depois de passar pelo Corpo Denso, se irradia em linhas retas em todas as direções desde a sua periferia, como os raios de um círculo irradiam desde o centro; porém, em casos de enfermidade, quando o Corpo Vital se atenua, não pode absorver a mesma quantidade de força e, além disso, o Corpo Denso dela se alimenta. Então, as linhas de fluido vital que se exteriorizam curvam-se e caem, mostrando a falta de força ou a debilidade que se produziu. No estado de saúde, estas irradiações expulsam os germes e micróbios inimigos da saúde do Corpo Denso, mas na enfermidade, quando a força vitalizadora é débil, essas emanações não eliminam tão facilmente os germes nocivos. Portanto, o perigo de contrair uma enfermidade é muito maior quando as forças vitais são escassas, do que quando se está com saúde perfeita.
Nos casos em que se amputam partes do corpo, o Éter planetário é o único que acompanha a parte separada. O Corpo Vital e o Corpo Denso se desintegram sincronicamente depois da morte, e o mesmo acontece com a contraparte etérea do membro ou parte amputada. Ela irá gradualmente se desintegrando na medida em que a parte densa se decompõe, porém, nesse meio tempo, o fato de que o ser humano possui o membro etéreo, faz com que ele afirme sentir os dedos e, também dor neles. Existe certa relação entre o membro amputado e a parte etérea, independente da distância. Sabe-se de um caso em que um ser humano sentiu uma forte dor, como se tivesse cravado um prego na perna que fora amputada, dor que persistiu até que o membro foi exumado, e soube-se que tinham cravado um prego quando o encaixotaram para enterrá-lo. O prego foi removido e a dor instantaneamente cessou. De acordo com este fato, estão todos os casos em que as pessoas sofrem dores nos membros amputados, durante dois ou três anos depois da operação. Depois a dor passa. Isto é devido a que a enfermidade ainda permanece na parte etérea do membro amputado, porém, quando a parte densa amputada se desintegra, desintegra-se, também a etérea e a dor cessa.
É de conhecimento geral entre aqueles que auxiliam os acidentados, que eles não sofrem tanto na hora do acidente quanto sofrem depois; isto é, devido a que o Corpo Vital está são no momento do acidente e, portanto, todo o efeito do acidente só será sentido quando este veículo se atenuar, e não estiver mais em condições de ajudar os processos vitais. Assim, vemos que se produzem mudanças no Éter do ser humano e, de acordo com o axioma místico, “como é acima, é abaixo” e vice-versa, produzem-se, também mudanças no Éter Planetário, que constitui o Corpo Vital do Espírito da Terra. Assim como a recordação consciente dos últimos acontecimentos que são, por algum tempo, muito vivos no ser humano se desvanecem pouco a pouco, assim também o registro etéreo, que é o aspecto inferior da Memória da Natureza, vai apagando-se.
Quando um corpo adquire certa velocidade em sua queda, os Éteres Superiores abandonam o Corpo Denso, deixando a pessoa acidentada insensível. Quando o corpo atinge o chão, ele fica muito machucado, porém, a pessoa pode recobrar a consciência quando os Éteres se organizarem outra vez. Então, começa a sofrer as consequências físicas da queda. Se a queda continua depois que os Éteres Superiores saíram do corpo, a crescente velocidade da queda acaba por desalojar também os Éteres Inferiores, e o Cordão Prateado é tudo o que fica ligado ao Corpo Denso. . . este cordão se rompe ao se produzir o impacto contra o chão e o Átomo-semente passa, então, ao ponto de ruptura, onde se mantém na forma usual.
Com base nestes fatos, chegamos à conclusão, de que é a pressão atmosférica normal que mantém o Corpo Vital dentro do Corpo Denso. Quando nos movemos com uma velocidade anormal, a pressão fica suspensa em algumas partes do corpo, formando-se assim um vazio parcial, resultando que os Éteres abandonem o corpo e penetrem nesse vazio. Os dois Éteres Superiores, que estão menos aderidos, são os primeiros que desaparecem e deixam a pessoa inconsciente depois de haver produzido, como em um relâmpago, o panorama de sua vida. Então, se a queda continua aumentando a pressão aérea diante do corpo e o vazio atrás, os Éteres Inferiores mais apegados ao corpo, também são impulsionados para o exterior, e então o corpo está realmente morto antes de chegar ao solo.
Examinando certo número de pessoas em estado de saúde normal, descobrimos que cada um dos átomos prismáticos que compõem os Éteres Inferiores, irradiavam de si linhas de força que faziam girar o átomo físico, no qual estavam inseridos, dotando todo o corpo com vida. A irradiação de todas estas unidades de força está em direção à periferia do corpo, e constitui o que se denomina “Fluido Ódio”, embora também designado com outros nomes. Quando a pressão atmosférica exterior diminui nas grandes altitudes, manifesta-se certo nervosismo, porque a força etérea é impelida de dentro para fora, sem controle, e, se o ser humano não pudesse conter esse fluxo de energia solar, ao menos parcialmente por um esforço da vontade, ninguém poderia viver nestes lugares.
Agora chegamos ao ponto crucial de nossa explicação. O Éter é uma matéria física e, enquanto os indivíduos feridos no campo de batalha por pequenas armas de fogo, possam às vezes caminhar um pouco atordoados, mas conscientes, as terríveis detonações dos grandes canhões empregados em grande escala, têm o efeito de dar volta aos átomos prismáticos e destroçar a envoltura áurica, formada pelos Éteres Luminoso e Refletor, Éteres que constituem a base da percepção sensorial e da memória. Até que com o tempo tudo volte ao normal, o ser humano fica em estado de choque e em coma, condição que pode demorar semanas. Sob semelhantes condições, a substância sutil etérea não se presta à formação de imagens da vida passada, pois, está congelada até certo grau.
Quando uma pessoa se asfixia ou se afoga, ela se sente muito tranquila e sossegada depois da primeira luta, embora se dê conta, em certa medida, do perigo, o Corpo Vital sai antes da ruptura do Cordão Prateado e, portanto, conserva a capacidade de atrair materiais do Mundo Físico. Por isso, houve casos de pessoas mortas por asfixia ou afogamento, que apareceram a seus parentes a milhares de quilômetros de distância, talvez só por um instante, porém, pareciam estar vivos. Talvez tenha sido o desejo que sentiram por muito tempo de ver seus entes queridos, e voltar até eles, e o fato de que estavam agora livres de suas cadeias corporais, que os transportou ali imediatamente nas asas do desejo. Ao chegar onde queriam, o Corpo Vital atraiu quantidade suficiente de partículas da atmosfera para se fazer visível ao ser querido. Porém, talvez nesse momento, rompeu-se o Cordão Prateado, o Corpo Vital entrou em colapso e, então, a visão desapareceu.
Não é raro que se vejam fantasmas de seres vivos. Tudo o que é necessário é que o Corpo Denso esteja num sono muito profundo ou inconsciente, como normalmente ocorre quando uma pessoa está perto do umbral da morte. Pode ser que esteja se afogando ou sob o choque de uma queda de um cavalo, de um carro, ou condições similares, ou que haja recebido um golpe na cabeça, ou que esteja muito enferma sobre o leito, muito enfraquecida e extenuada, perto da morte. Então, a maior parte do Éter que constitui o Corpo Vital pode ser extraída do Corpo Denso, deixando este em estado de transe, estado que não se prolonga mais que alguns minutos, mas, como a distância não é uma barreira nos mundos invisíveis, então o desejo da pessoa assim momentaneamente liberado, pode levá-la ao fim do mundo, para aparecer ao ser querido a milhares de quilômetros do lugar onde seu corpo jaz.
É muito mais fácil para o Espírito do caso anterior se materializar, do que para os que já abandonaram seu corpo ao morrer, porque os primeiros têm o Cordão Prateado ainda intacto, subsistindo assim a conexão com o Átomo-Semente no coração.
Exercícios respiratórios indiscriminados não produzem o desdobramento, senão que tendem a desconectar o Corpo Vital do Denso. E, desta maneira, em alguns casos, as conexões entre os centros dos sentidos etéreos e as células cerebrais se rompem, ou se estiram, resultando na loucura. Em outros casos, a desconexão se verifica entre os Éteres Químico e de Vida e, como o Éter de Vida é o material básico da assimilação, e a avenida para a especialização da energia solar, essa ruptura produz a tuberculose.
Unicamente mediante os exercícios apropriados se verifica a separação requerida. Quando a pureza de vida levou a força sexual não usada, gerada no Éter de Vida, ao coração, esta força serve para manter a limitada circulação sanguínea necessária durante o sono. Desta maneira, as funções físicas e o desenvolvimento espiritual correm juntos, seguindo linhas harmoniosas.
O autor esteve muito receoso com relação às consequências que a guerra poderia trazer, quanto ao firme entrelaçamento dos Corpos de Desejo e Vital, dando assim, vida a legiões de monstros para aflição das gerações futuras. Porém, agora está muito satisfeito em poder dizer que não devemos ter este tipo de temor. Somente quando as pessoas são premeditadamente maliciosas ou vingativas, e persistentemente abrigam um desejo e um propósito de desforra, se esses pensamentos e sentimentos são fomentados e mantidos, eles endurecem o Corpo Vital, e o relacionam mais estreitamente com o Corpo de Desejos. Sabemos das lembranças, da grande guerra, que nas fileiras dos exércitos não havia mais sentimentos de ódio de um para o outro, e que os inimigos conversavam como amigos quando, por casualidade, se encontravam em condições propícias. Assim, embora a guerra seja responsável pela terrível mortalidade atual e será a causa de uma deplorável mortalidade infantil no futuro, não será culpada com relação aos terríveis males gerados pela obsessão, e os crimes instigados por Corpos de Pecado demoníacos.
Embora as desordens mentais, quando são congênitas, tenham por causa geral o abuso da função criadora em vidas passadas, existe pelo menos uma exceção notável a esta regra, mencionada no Conceito Rosacruz do Cosmos, e em outros escritos, que é a seguinte: quando um Espírito, que tem uma vida especialmente dura diante de si, desce para renascer e, ao entrar na matriz sente ou percebe o panorama da vida que vai começar, e considera essa existência demasiadamente terrível para ser suportada, às vezes, tenta escapar da escola da vida. Naquele momento, os Anjos do Destino ou seus agentes, já tinham feito a conexão necessária entre o Corpo Vital e os centros sensoriais no cérebro do feto em formação, por isso, o esforço do Espírito para escapar da matriz de sua mãe é frustrado, mas, o arranco que o Ego dá, desajusta a conexão entre os centros sensoriais físicos e etéreos, de modo que o Corpo Vital não fica concêntrico com o Corpo Denso, fazendo com que a cabeça etérea saia do crânio físico. Então, é impossível que o Espírito possa usar seu veículo denso, encontrando-se atado a um corpo sem Mente, que não pode utilizar e a encarnação fica praticamente perdida.
Também acontecem casos que, mais tarde, na vida, um grande choque faz com que o Espírito tente escapar com os veículos invisíveis, resultando uma torção similar nos centros sensoriais do cérebro, causando desequilíbrio na expressão mental. Nós todos tivemos uma impressão parecida quando levamos um grande susto: uma sensação como se algo tentasse escapar do Corpo Denso, isto é, os Corpos Vital e de Desejos que são tão rápidos em sua ação, que mesmo um trem expresso parece com uma lesma quando comparado, vêm e sentem o perigo antes que o medo haja sido transmitido ao comparativamente inerte Corpo Denso, no qual estão ancorados, e que os impede de escapar em condições normais.
A insanidade é sempre causada pela ruptura na cadeia de veículos entre o Ego e o Corpo Denso. Esta ruptura pode ocorrer entre os centros cerebrais e o Corpo Vital, ou entre o Corpo Vital e o de Desejos, ou entre o Corpo de Desejos e a Mente, ou entre a Mente e o Ego. Além disso, a ruptura pode ser completa ou somente parcial.
Quando a ruptura se produz entre os centros cerebrais e o Corpo Vital, ou entre este e o Corpo de Desejos, temos os casos de idiotismo. Quando a ruptura é entre o Corpo de Desejos e a Mente, então predomina o violento e impulsivo Corpo de Desejos, e se apresenta o caso dos maníacos desvairados. Quando a ruptura é entre o Ego e a Mente, a Mente é que governa os demais veículos, e este é o caso dos maníacos astutos que podem enganar seus guardiões, fazendo-os crer que são completamente inofensivos, enquanto tramam algum plano diabólico e malicioso. Então, podem demonstrar subitamente sua mentalidade insana e causam uma terrível catástrofe.
Existe uma causa de insanidade que convém explicar, porque, muitas vezes, é possível evitá-la. Quando o Ego regressa do mundo invisível para um novo renascimento, lhe são mostradas as diversas encarnações possíveis. Então, ele contempla sua próxima vida em suas grandes linhas e acontecimentos gerais, como se fosse uma fita cinematográfica passando diante de seus olhos. Geralmente, neste momento, ele pode escolher entre as diferentes vidas. Ele vê as lições que tem de aprender, o destino que criou por si mesmo em vidas passadas, e que parte deste destino pode liquidar em cada uma das reencarnações que lhe são oferecidas. Então, faz sua escolha e logo é guiado pelos Agentes dos Anjos do Destino, para o país e a família em que terá que viver em sua próxima existência.
Esta visão panorâmica lhe é apresentada no Terceiro Céu, onde o Ego está despido de seus veículos, e se sente espiritualmente por cima de toda sórdida consideração material. É muitíssimo mais sábio do que logo parece ser na Terra, onde se encontra fascinado pela carne numa medida quase inconcebível. Mais tarde, quando a concepção já aconteceu e o Ego penetra na matriz da mãe, em torno do décimo oitavo dia depois da concepção, põe-se em contato com o molde etéreo de seu novo Corpo Denso, que foi formado pelos Anjos do Destino, para estruturar o cérebro que dará ao Ego as tendências necessárias para a elaboração e liquidação de seu destino.
Ali, o Ego vê novamente os quadros panorâmicos de sua próxima vida, da mesma forma que a pessoa que se afoga vê o panorama de sua vida passada em um relâmpago. Nesse tempo, o Ego já está parcialmente cego com relação a sua natureza espiritual, de modo que sua próxima encarnação pode lhe parecer muito dura e, às vezes, tenta retroceder e não entrar na matriz, estabelecendo as conexões cerebrais adequadas. Pode tentar escapar em seguida e, então, ao invés dos Corpos Denso e Vital ficarem concêntricos, o Corpo Vital, formado de Éter, pode ficar parcialmente fora do crânio físico. Nesse caso, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo Vital e do Corpo Denso fica desajustada e o resultado é o idiotismo, a epilepsia, a doença de San Vito ou outras afecções nervosas congênitas.
A insanidade é a ruptura na cadeia de veículos entre o Ego e o Corpo Denso. Essa desconexão pode ocorrer entre o Ego e a Mente, entre a Mente e o Corpo de Desejos, entre os Corpos de Desejos e o Vital e, também entre este último e o Corpo Denso. Se a ruptura se produziu entre o Corpo Denso e o Vital, ou entre o Corpo Vital e o de Desejos, o Ego estará perfeitamente são no Mundo do Desejo imediatamente após sua morte, porque já terá descartado os dois corpos afligidos.
Quando a ruptura ocorre entre o Corpo de Desejos e a Mente, o Corpo de Desejos está ainda desenfreado depois da morte, e é causa de muitas calamidades durante sua existência no Mundo do Desejo. O Ego, evidentemente nunca está insano. O que parece insanidade, provém do fato de que o Ego não tem nenhum domínio sobre seus veículos; o pior caso é, sem dúvida, quando a Mente está afetada e o Ego está atado à personalidade por muito tempo, até que os veículos se desintegrem.
Vimos que, no estado de vigília, os Corpos Denso e Vital estão rodeados e interpenetrados por uma nuvem ovoide, formada pelo Corpo de Desejos e a Mente. Todos esses veículos são concêntricos e formam como se fossem elos de uma corrente. É a interpolação de um com o outro, de maneira que os centros sensoriais se ajustem corretamente, o que permite que o Ego manipule este complexo organismo e efetue de uma maneira ordenada, os processos vitais a que chamamos de razão, palavra e ação. Se existe um desajuste em alguma parte, o Ego está obstruído em sua manifestação. Este equilíbrio perfeito é a saúde, o oposto da enfermidade.
A enfermidade tem várias formas e uma é a insanidade que, também é de diferentes tipos. Quando a conexão entre os centros sensoriais do Corpo Denso e do Corpo Vital é oblíqua e quando, às vezes, a cabeça do Corpo Vital eleva-se acima da cabeça do Corpo Denso ao invés de ficar concêntrica, o Corpo Vital está fora de ajuste com os veículos superiores e com o Corpo Denso. Então, nós temos um idiota dócil. Quando os Corpos Denso e Vital estão ajustados, mas a ruptura está entre o Corpo Vital e o de Desejos, a situação é a mesma, mas quando a ruptura é entre o Corpo de Desejos e a Mente, nós temos o maníaco delirante que é mais ingovernável que um animal selvagem, pois este último é controlado pelo Espírito Grupo, e neste caso, todas as tendências animais são seguidas cegamente.
Enquanto muito poucos defendem o abuso da função criadora, muitas pessoas que seguem os preceitos espirituais em outras coisas, ainda acham que a indulgência frequente do desejo de prazer sexual não faz mal. Alguns acham que é tão necessário quanto o exercício de uma função orgânica. Isto é errado por duas razões: a primeira é que cada ato criador requer uma quantidade de força que queima tecido, o qual deve ser reabastecido por uma quantidade extra de comida. Isto reforça e aumenta o Éter Químico; a segunda, como a força propagadora trabalha através do Éter de Vida, este elemento do Corpo Vital é também aumentado a cada indulgência. Consequentemente, os dois Éteres Inferiores, enviando a força criadora para baixo, para a gratificação de nosso desejo por prazer, aderem-se mais aos dois Éteres Superiores que formam o Corpo-Alma, e essa aderência se torna maior e mais poderosa à medida que o tempo passa. Como a evolução de nossas forças anímicas e a faculdade de viajar em nossos veículos mais sutis, dependem da separação entre os Éteres Inferiores e o Corpo-Alma, é evidente que frustramos o objetivo que temos em mente, e retardamos o desenvolvimento pela indulgência da natureza inferior.
Nos preparativos para o Renascimento, assim que o Corpo Vital é colocado, o Ego renascente, com sua envoltura em forma de sino, paira constantemente perto de sua futura mãe. Ela, sozinha, trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito a vinte e um dias depois da fertilização e, então, o Ego entra no corpo da mãe, dirigindo sua envoltura para baixo e envolvendo o feto. A abertura na parte de baixo fecha-se, e o Ego é uma vez mais encarcerado em seu Corpo Denso.
O momento da entrada no ventre da mãe é de grande importância na vida, pois, quando o Ego renascente primeiro contata a matriz do Corpo Vital, ele vê outra vez o panorama da vida que foi impresso pelos Anjos do Destino, na referida matriz, para dar a ele as tendências necessárias para trabalhar o destino maduro, que deve ser liquidado na vida que se vai iniciar.
Neste momento, o Ego está tão cego pelo véu da matéria que não distingue o benefício final, da mesma maneira imparcial quando fez sua escolha na Região do Pensamento Abstrato e, quando uma vida particularmente dura se revela diante de sua visão, no momento em que ele está entrando no ventre da mãe, acontece às vezes que ele fica tão apavorado que tenta escapar. A conexão não pode ser cortada, no entanto, pode ser forçada, de modo que, ao invés de ficar concêntrica, a cabeça do Corpo Vital pode ficar acima da cabeça do Corpo Denso. Então, nós temos um idiota congênito.
Assim como um vampiro suga o Éter do Corpo Vital de sua vítima e se alimenta dele, assim também, repetidos pensamentos de arrependimento e remorso se transformam em um elemental de desejo, que age como um vampiro e suga a vida da pobre alma que lhe deu forma e, como semelhante atrai semelhante, ele fomenta a continuidade deste hábito de arrependimento mórbido.
Se nos permitimos arrependimentos e remorsos durante as horas de vigília como certas pessoas o fazem, estamos sobrepujando o Purgatório, pois, embora o tempo que passamos lá seja gasto na erradicação do mal, a consciência surge de cada imagem na medida em que é arrancada pela força de repulsão. Lá, por causa da ligação do Corpo de Desejos com o Corpo Vital, estamos habilitados a dar vida a uma imagem em nossa memória quantas vezes desejamos e, enquanto o Corpo de Desejos é gradualmente dissolvido no Purgatório pela purgação do panorama da vida, certa quantidade foi acrescentada quando nós estávamos vivendo no Mundo Físico, tomando o lugar daquela matéria que foi expulsa pelo remorso. Concluindo, remorso e arrependimento quando continuamente repetidos em nosso interior, têm o mesmo efeito sobre o Corpo de Desejos que os banhos excessivos sobre o Corpo Vital. Ambos os veículos ficam exauridos por limpeza excessiva, e, por esta razão, é perigoso para a saúde moral e espiritual permitir sentimentos de arrependimento e remorso indiscriminadamente, assim como é fatal para o bem-estar físico tomar banhos demais. O discernimento deve prevalecer em ambos os casos.
Assim como a força latente na pólvora e em substâncias explosivas afins, podem ser usadas para promover os melhores objetivos da civilização, ou os mais selvagens atos de barbarismo, assim também essa emoção de remorso pode ser mal-usada, de modo a causar dano e obstáculo ao Ego ao invés de ajuda. Quando nos remoemos diariamente e a toda hora, nós estamos despendendo um grande poder que pode ser usado para a mais nobre finalidade da vida, pois, o constante arrependimento, afeta o Corpo de Desejos de maneira similar à dos banhos excessivos do Corpo Denso. A água tem uma grande afinidade pelo Éter e o absorve vorazmente. Quando tomamos banho em condições normais, ele remove uma grande quantidade de Éter venenoso e miasmático do nosso Corpo Vital, no caso de ficarmos de molho um espaço de tempo razoável. Depois de um banho, o Corpo Vital fica de certa forma, atenuado e consequentemente nos dá uma sensação de fraqueza, mas se estamos em boa forma e não ficamos no banho muito tempo, a deficiência é logo reparada pela corrente de força que flui para dentro do corpo através do baço. Quando o influxo de Éter fresco substituiu a substância envenenada carregada pela água, sentimos com renovado vigor que atribuímos ao banho, embora não soubéssemos nada do que foi dito anteriormente.
Porém, quando uma pessoa que não está em sua perfeita saúde tem o hábito de tomar banhos diários, duas ou três vezes, um excesso de Éter é retirado do Corpo Vital. O suprimento que entra pelo baço é também diminuído por causa da perda de vibração do Átomo-semente, localizado no plexo solar e do enfraquecimento do Corpo Vital. Daí ser impossível para tais pessoas recuperarem-se entre tais frequentes e repetidos esgotamentos e, como consequência, a saúde do Corpo Denso sofre; elas perdem força continuamente e podem se tornar inválidas.
O Corpo Vital é tão ativo nas horas de sono quanto nas horas de vigília e pode ser influenciado pelo poder da sugestão. O sono pode ser induzido pela hipnose.
Nós temos, em nosso Corpo, dois sistemas nervosos, o voluntário e o involuntário. O primeiro é influenciado diretamente pelo Corpo de Desejos e controla os movimentos do Corpo e sua tendência é quebrar e destruir, só parcialmente restringido em sua tarefa cruel pela Mente. O sistema involuntário tem seu campo de ação específico no Corpo Vital. Ele governa os órgãos digestivos e respiratórios que reconstroem e restauram o Corpo Denso.
É esta guerra entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos que produz consciência no Mundo Físico, mas se a Mente não agisse como um freio sobre o Corpo de Desejos, nossas horas de vigília seriam muito curtas e, também nossa vida, pois o Corpo Vital seria logo esgotado em seu trabalho beneficente pelo imprudente Corpo de Desejos, como está evidenciado na exaustão que segue um ataque de nervos, pois a raiva é uma situação em que o ser humano “perde o controle e o Corpo de Desejos reina livremente”.
Apesar de todos os seus esforços, o Corpo Vital, pouco a pouco, perde terreno com o passar do dia, os tecidos envenenados e deteriorados se acumulam e impedem o fluxo do fluido vital e seus movimentos tornam-se cada vez mais lentos. Como consequência, o Corpo visível mostra sinais de exaustão. Finalmente, o Corpo Vital sofre um colapso, o fluido vital cessa de fluir nos nervos em quantidade suficiente para manter o equilíbrio do Corpo Denso e este se rende inconsciente e, portanto, inadequado para ser usado pelo Espírito. É o sono.
O mesmo acontece com o templo do Ego, nosso Corpo Denso, quando fica exausto. É, então, necessário que o Ego, a Mente e o Corpo de Desejos se afastem e deem amplos poderes ao Corpo Vital para que ele possa restaurar o tônus do Corpo Denso e, então, quando o Corpo Denso vai dormir, há uma separação. O Ego e a Mente, envolvidos pelo Corpo de Desejos, se separam do Corpo Vital e do Corpo Denso, estes dois permanecendo na cama, enquanto os veículos superiores pairam sobre ou perto do Corpo adormecido.
O processo de restauração começa agora. Numa luta no Mundo Físico, os ferimentos nunca são de um só lado; o vencedor também tem algumas lesões. Quanto mais violenta é a luta e mais nivelados são os combatentes, mais lesões sofre cada um. Assim acontece com o Corpo Vital e o de Desejos; o Corpo de Desejos vence sempre, embora sua vitória seja sempre uma derrota, pois ele é forçado a deixar o campo de batalha, e o prêmio, o Corpo Denso, nas mãos do derrotado Corpo Vital, retirando-se para reparar sua própria harmonia despedaçada.
Quando o Espírito se afasta do Corpo adormecido, ele entra no mar de força e harmonia chamado Mundo do Desejo. Lá ele repassa as cenas do dia em ordem inversa, dos efeitos para as causas, colocando em ordem o emaranhado do dia, formando imagens verdadeiras para substituir as impressões erradas, devido à limitação da vida no Corpo Denso e, assim como as harmonias do Mundo do Desejo o permeiam e a sabedoria e a verdade substituem o erro, ele readquire seu ritmo e tom. O tempo necessário para a restauração varia de acordo com o dia, se foi ilusório, impulsivo ou extenuante.
Então, e só então, o trabalho de restauração dos veículos deixados na cama começa, e o Corpo de Desejos, restaurado, começa a reavivar o Corpo Vital bombeando energia rítmica dentro dele, e este, por sua vez, começa a trabalhar sobre o Corpo Denso, eliminando os produtos deteriorados, principalmente por meio do sistema nervoso simpático. Como resultado, o Corpo Denso fica restaurado e repleto de vida. O Corpo de Desejos, a Mente e o Ego entram nele pela manhã, fazendo com que ele acorde.
No entanto, às vezes, acontece que nós ficamos tão absorvidos e interessados nas atividades de nossa existência mundana que, mesmo depois que o Corpo Vital entrou em colapso e deixou o Corpo Denso inconsciente, nós não conseguimos nos libertar para que o trabalho de restauração se inicie. O Corpo de Desejos fica aderido, é retirado só parcialmente pelo Ego e começa a ruminar os acontecimentos do dia naquela posição.
Durante o estado de vigília, quando o Ego está funcionando conscientemente no Mundo Físico, seus diferentes veículos são concêntricos – ocupam o mesmo espaço – mas à noite, quando o Corpo se deita para dormir, a separação acontece. O Ego, vestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, libera-se do Corpo Denso e do Corpo Vital que foram deixados na cama. Os veículos superiores pairam acima e perto. Eles estão conectados com os veículos inferiores pelo Cordão Prateado, um cordão fino e brilhante que tem a forma de dois números seis, com uma extremidade ligada ao Átomo-semente no coração e outra no vórtice central do Corpo de Desejos.
Durante o sono, o Ego também sai do Corpo Denso, mas o Corpo Vital permanece e o Cordão Prateado fica intacto.
O Mundo do Desejo é um oceano de sabedoria e harmonia. Quando os veículos inferiores adormecem, o Ego leva a Mente e o Corpo de Desejos para o Mundo do Desejo. Lá, o primeiro cuidado do Ego é a restauração do ritmo e da harmonia da Mente e do Corpo de Desejos. Esta restauração é realizada gradativamente enquanto as vibrações harmoniosas do Mundo do Desejo fluem através destes veículos. Há uma essência no Mundo do Desejo que corresponde ao fluido que permeia o Corpo Denso por meio do Corpo Vital. Os veículos superiores, por assim dizer, embebem-se neste elixir de vida. Quando fortalecidos, eles começam o trabalho sobre o Corpo Vital que foi deixado com o Corpo Denso. Então, o Corpo Vital começa a especializar a energia solar mais uma vez, reconstruindo o Corpo Denso, usando particularmente o Éter Químico como meio no processo de restauração.
No estado de vigília, os diferentes veículos do Ego – Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso – são todos concêntricos. Eles ocupam o mesmo espaço e o Ego se manifesta no Mundo Físico. Mas, à noite, durante o sono sem sonhos, o Ego revestido pelo Corpo de Desejos e pela Mente, se retira, deixando o Corpo Denso e o Vital sobre a cama, não havendo conexão entre os veículos superiores e os inferiores, salvo por um fino e brilhante cordão chamado de Cordão Prateado. Acontece, no entanto, que, às vezes, o Ego trabalhou tanto no Mundo Físico e o Corpo de Desejos ficou tão agitado que ele se recusa a deixar os veículos inferiores e só se retira parcialmente ou pela metade. Então, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo de Desejos e os do cérebro físico ficam rompidos parcialmente. O Ego percebe as visões e as cenas do Mundo do Desejo que são extremamente fantásticas e ilusórias e elas são transmitidas aos centros cerebrais sem serem conectadas pela razão. Daí resulta todos os sonhos tolos e fantásticos que temos.
Acontece, no entanto, que, às vezes, o Corpo de Desejos não se retira completamente e, assim, parte dele permanece conectado ao Corpo Vital, o veículo de percepção sensorial e memória. O resultado é que a restauração é realizada somente em parte e as cenas e ações do Mundo do Desejo são trazidas para a consciência física como sonhos. Naturalmente, a maioria dos sonhos é confusa porque o eixo da percepção está distorcido por causa da relação imperfeita de um Corpo com o outro. A memória é também confusa pela relação incongruente dos veículos e, como resultado da perda da força restauradora, o sono cheio de sonhos não é reparador e o Corpo se sente cansado ao acordar.
O Corpo Vital, pode-se dizer que é formado de pontos que se estendem em todas as direções, para dentro, para fora, para cima e para baixo, através de todo o Corpo, e cada pequeno ponto passa através do centro de um dos átomos químicos, fazendo-o vibrar mais intensamente que sua velocidade natural. Este Corpo Vital interpenetra o Corpo Denso do nascimento à morte em todas as situações exceto quando, por exemplo, a circulação do sangue para num certo ponto, como quando descansamos a mão sobre a extremidade de uma mesa por algum tempo e ela “adormece”, por assim dizer. Então, se formos Clarividentes, poderemos ver a mão etérea do Corpo Vital pendurada sob a mão visível como se fosse uma luva, e os átomos químicos da mão recaída em seu natural e lento grau de vibração. Quando batemos na mão fazendo com que “acorde”, por assim dizer, a sensação peculiar de formigamento que temos é causada pelos pontos do Corpo Vital que, então, entram novamente nos átomos adormecidos da mão, iniciando uma vibração renovada.
O Corpo Vital deixa o Corpo Denso de modo semelhante à quando uma pessoa está morrendo. Afogados que foram ressuscitados experimentam uma intensa agonia causada pela entrada desses pontos que eles sentem como um formigamento.
Durante o dia, quando o fluido solar está sendo absorvido pelo ser humano em grande quantidade, estes pontos do Corpo Vital são estendidos ou expandidos, por assim dizer, pelo fluido vital, mas à medida que o dia passa e os venenos da deterioração obstruem o Corpo Denso cada vez mais, o fluido vital flui menos rapidamente; à noite, chega a hora em que os pontos no Corpo Vital não conseguem um suprimento completo do fluído vital, eles murcham e os átomos do Corpo movem-se mais vagarosamente em consequência. Então, o Ego sente o Corpo pesado e cansado. Finalmente, chega a hora em que, por assim dizer, o Corpo Vital entra em colapso e as vibrações dos átomos densos se tornam tão vagarosas que o Ego não pode mais mover o Corpo. É forçado a retirar-se para que o veículo possa se recuperar. Então dizemos que o Corpo foi dormir.
No entanto, o sono não é um estado inativo; se fosse, não haveria diferença de manhã e nenhum poder de restauração durante o sono. A própria palavra restauração implica em atividade.
Quando um edifício ficou arruinado após uso constante e é necessário renová-lo e restaurá-lo, os moradores têm que se mudar para dar aos trabalhadores liberdade de ação. Por razões semelhantes, o Ego sai da sua moradia à noite. Assim como os operários trabalham no prédio para que fique adequado à reocupação, assim também, o Ego tem que trabalhar sua moradia antes que ela esteja pronta para ser reocupada. E este trabalho é feito por nós durante a noite, embora não estejamos conscientes dele nas nossas horas de vigília. É esta atividade que remove o veneno do sistema e, como resultado, o Corpo está restaurado e vigoroso de manhã, quando o Ego entra na hora do despertar. Depende da maneira pela qual usamos nosso Corpo Denso durante o dia, o tempo que o Corpo de Desejos necessita para realizar o trabalho de restauração do ritmo do Corpo Vital e do Corpo Denso. Se usarmos nosso Corpo estrenuamente durante o dia, naturalmente as desarmonias serão proeminentes e o Corpo de Desejos levará a maior parte da noite para restaurar a harmonia e o ritmo. Em consequência, o ser humano estará atado ao seu Corpo dia e noite. Mas, quando ele aprende a agir inteligentemente, controla sua energia durante o dia e não gasta sua força com palavras e ações desnecessárias, quando ele começa a dominar seu temperamento e para com a desarmonia proveniente de observações incorretas, o Corpo de Desejos não fica ocupado durante todo o sono restaurando o Corpo Denso. Uma parte da noite pode ser usada para trabalhar fora. Se os centros sensoriais do Corpo de Desejos estão suficientemente desenvolvidos, como acontece com a maioria das pessoas inteligentes, o ser humano pode soltar as amarras e penetrar no Mundo do Desejo. Ele percebe as cenas, embora não se lembre delas até que tenha efetuado a separação entre a parte superior e a inferior do Corpo Vital, como foi previamente explicado.
No sono natural, o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, se retira do Corpo Denso e, geralmente, paira sobre o Corpo, ou pelo menos permanece perto dele, conectado pelo Cordão Prateado, enquanto o Corpo Vital e o Corpo Denso estão descansando sobre a cama.
É, então, possível influenciar a pessoa, instilando no seu cérebro pensamentos e ideias que desejamos comunicar. No entanto, não podemos fazer com que ela faça qualquer coisa ou nutra qualquer ideia, exceto aquela que está de acordo com seu temperamento. É impossível dar ordens para que ela faça algo e forçar obediência, como acontece quando alguém foi tirado de seu estado consciente pelos passes de um hipnotizador, pois, é o cérebro que move os músculos; e, durante o sono natural seu cérebro está interpenetrado por seu próprio Corpo Vital e ele está em perfeito controle de si mesmo, enquanto que, durante o sono hipnótico, os passes do hipnotizador afastam o Éter do seu cérebro, em direção aos ombros da vítima; esse Éter fica em volta do pescoço, lembrando a gola de um suéter. O cérebro denso é, então, aberto ao Éter do Corpo Vital do hipnotizador, que substitui o Éter do próprio dono. Consequentemente, no sono hipnótico, a vítima não tem escolha quanto às ideias que tem, ou aos movimentos que faz com seu Corpo, enquanto, no sono comum, a pessoa é sempre um agente livre. De fato, este método de sugestão durante o sono é algo que as mães acharão extremamente benéfico no tratamento de crianças teimosas, pois se a mãe se sentar perto da cama da criança que dorme, segurar sua mão, conversar com ela como se ela estivesse acordada, instilar em seu cérebro ideias que gostaria que ela tivesse, ela verá que no estado de vigília muitas destas ideias criarão raízes. Também, ao lidar com uma pessoa que é doente ou viciada em bebida, se a mãe, enfermeira ou outra pessoa usar este método, será possível instilar esperança, cura e recuperação futura ou ajudar no seu autocontrole.
Este método pode, naturalmente, ser usado para o mal, mas não podemos deixar de publicá-lo, já que acreditamos que o bem que pode ser feito deste modo irá compensar mais do que os poucos casos em que pessoas, de má índole, possam usar o método com propósito errado.
Do ponto de vista de uma só vida, os métodos, como, por exemplo, aqueles empregados pelos curadores do movimento de Emmanuel[9], são indubitavelmente produtores de um imenso benefício. O paciente, sentado numa cadeira, é posto para dormir e, lá, ele recebe certas “sugestões”, como são chamadas. Ele se levanta e está curado de seu mau hábito. Se for um alcoólatra, ele se torna um cidadão respeitável que se preocupa com sua esposa e família e, sob esse aspecto, o benefício é inegável.
Porém, olhando mais profundamente pela ótica do ocultista, que vê essa vida como sendo uma em muitas, e observando o efeito que isso tem sobre os veículos invisíveis do ser humano, o caso é completamente diferente. Quando um ser humano entra num sono hipnótico, o hipnotizado faz passes sobre ele que têm o efeito de expelir o Éter da cabeça do seu Corpo Denso e substituí-lo pelo do hipnotizador. O ser humano fica então sob total domínio do outro. Não tem vontade própria e, por isso, as chamadas “sugestões” são na realidade comandos que a vítima não tem outra escolha senão obedecer. Além disso, quando o hipnotizador retira seu Éter e acorda a vítima, é incapaz de remover todo o Éter que ele colocou nela. Similarmente, assim como uma partícula do magnetismo infundida num dínamo elétrico, antes de ser ligado pela primeira vez, permanece como magnetismo residual para ativar os campos do dínamo toda vez que ele é ligado, assim também lá permanece uma partícula do Éter do Corpo Vital do hipnotizador na medula oblongada da vítima, que é um bastão que o hipnotizador mantém sobre ela em toda sua vida, e é devido a este fato que as sugestões a serem executadas num período subsequente ao despertar da vítima são invariavelmente seguidas.
Na hora da morte, há uma separação no Corpo Vital e a parte superior entra nos Mundos invisíveis. Seu Átomo-semente é retido pelo Ego ao passar pelos Mundos celeste para ser usado como um núcleo para o Corpo Vital de um futuro renascimento.
Esta vida na Terra dura até que o ciclo de acontecimentos prenunciados na roda do destino, o horóscopo, tenha se completado. E quando o Espírito de novo alcança o reino de Samael, o Anjo da Morte, a mística oitava Casa, o Cordão Prateado se rompe e o Espírito retorna a Deus, até que a aurora de outro dia na Escola da Terra o chame a um novo nascimento para que adquira mais conhecimento nas artes e ofícios da construção do templo.
Por meio da morte foi possível para os Anjos ensinar a Humanidade, entre a morte e um novo nascimento, a construir um Corpo gradualmente melhor. Tivesse o ser humano aprendido, num passado longínquo, a renovar seu Corpo Vital como foi ensinado a gerar um veículo denso à sua vontade, então a morte teria sido de fato uma impossibilidade e o ser humano teria se tornado imortal como os deuses. Porém, ele teria imortalizado suas imperfeições e o progresso teria sido impossível. É a renovação deste Corpo Vital que está expressa na Bíblia como “comer da Árvore da Vida”. Quando o ser humano recebeu esclarecimento relativo à procriação, ele era um ser espiritual cujos olhos não estavam ainda cegos pelo mundo material e podia ter aprendido o segredo da vitalização de seu corpo segundo sua vontade, consequentemente frustrando a evolução. Daí vemos que a morte, quando ela vem naturalmente, não é uma maldição, mas nossa maior e melhor amiga, pois ela nos livra de um instrumento com o qual não mais podemos aprender; ela nos tira de um ambiente que não nos serve mais para que possamos aprender a construir um Corpo melhor em um ambiente de maior amplitude no qual poderemos fazer mais progresso em direção à meta da perfeição.
Durante a vida, o colapso do Corpo Vital à noite limita nossa visão do mundo em torno de nós, e nos perdemos na inconsciência do sono. Quando o Corpo Vital sofre um colapso logo após a morte e o panorama da vida está terminado, nós também perdemos a consciência por um tempo que varia de acordo com o indivíduo. Uma escuridão parece cair sobre o Espírito. Então, após algum tempo, ele acorda e começa indistintamente a perceber a luz do outro mundo, e só se acostuma às novas condições gradualmente. É uma experiência parecida com aquela que temos quando saímos de um quarto escuro para a luz do Sol, que nos cega com seu brilho, até que as pupilas de nossos olhos se contraem de modo a admitir a quantidade de luz suportável por nosso organismo.
Quando um ser humano passa pela morte, ele leva consigo a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital, sendo este último o armazém das cenas de sua vida passada. E, durante três dias e meio após a morte estas cenas são gravadas no Corpo de Desejos para formar a base de sua vida no Purgatório e no Primeiro Céu, onde o mal é expurgado e o bem assimilado. A experiência da vida em si é esquecida, assim como esquecemos o processo de aprender a escrever, mas retemos a faculdade. Assim, o extrato cumulativo de todas as suas experiências, tanto das vidas passadas e das existências anteriores no Purgatório e nos vários Céus, é retido pelo ser humano e formam seu patrimônio no próximo nascimento. As dores que ele suportou falam-lhe como a voz da consciência, e o bem que ele fez lhe dá um caráter cada vez mais altruísta.
Não importa por quantos anos possamos evitar que o Espírito efetue sua passagem, pois, finalmente, chega a hora em que nenhum estimulante pode manter o corpo vivo e o último suspiro é dado. Então, o Cordão Prateado, do qual fala a Bíblia, que mantém os veículos superiores e inferiores juntos, rompe-se repentinamente no coração e faz com que este órgão pare. Sua ruptura liberta o Corpo Vital e ele, com o Corpo de Desejos e a Mente, flutua sobre o Corpo visível por um tempo que vai de um a três dias e meio, enquanto o Espírito está ocupado em rever a vida passada, uma parte excessivamente importante de sua experiência pós-morte. Desta recapitulação depende toda sua existência desde a morte até um novo nascimento.
Todos os povos antigos, tanto no Oriente como no Ocidente, sabiam muito sobre nascimento e morte, o que foi esquecido nos tempos modernos, porque uma segunda visão prevalecia entre eles naquela época. Até o presente (época em que o livro foi escrito), por exemplo, muitos camponeses na Noruega afirmam possuir a capacidade de ver o Espírito saindo do Corpo na morte, como uma nuvem branca e fina que é, naturalmente, o Corpo Vital; e o ensinamento Rosacruz que afirma que os mortos pairam em volta de sua morada terrena, por algum tempo depois da morte, adotam um corpo luminoso e são penosamente afligidos pela dor de seus entes queridos, foi um conhecimento comum entre os antigos que viviam no Norte. Quando o falecido Rei Helge da Dinamarca se materializou para aliviar a dor de sua esposa, e ela exclamou angustiada: “O orvalho da morte banhou teu corpo guerreiro”, ele respondeu:
És tu, Sigruna,
A única causa
De que Helge seja banhado
Pelo orvalho da tristeza.
Não queres pôr fim a teu pesar
Nem as amargas lágrimas secar.
Cada lágrima ensanguentada
Cai em meu peito gelada
Elas não me deixam descansar.
Quando a autora de “O Ministério dos Anjos”[10] tinha seus dezoito anos, uma amiga chamada Maggie, de repente, ficou muito doente e morreu em seus braços. Imediatamente depois que seu coração parou de bater, ela diz, “E vi, distintamente, algo semelhante à fumaça ou vapor que sobe de uma chaleira, na qual a água está fervendo, ascender de seu corpo. A emanação subiu só até uma certa altura e lá tomou a forma de minha amiga que tinha acabado de falecer. Esta forma, indefinida a princípio, gradualmente se transformou até se tornar nítida e revestida por uma roupagem que parecia uma nuvem branco-perolada, embaixo da qual os contornos da pessoa eram distintamente visíveis. A face era a da minha amiga, mas glorificada sem nenhum traço de espasmo da dor que tinha se apoderado dela momentos antes de sua morte”.
Isto é exatamente o que temos ensinado: no momento da morte, quando o Cordão Prateado se rompe no coração, o Corpo Vital se retira através das suturas do crânio e paira alguns centímetros acima do Corpo.
Quando um Espírito está se desprendendo do Corpo, ele leva com ele o Corpo de Desejos, a Mente e o Corpo Vital, e este é, naquela hora, o armazém das cenas da vida que termina. Estas cenas são então gravadas no Corpo de Desejos durante três dias e meio imediatamente após a morte. Então, o Corpo de Desejos transforma-se no árbitro do destino do ser humano no Purgatório e no Primeiro Céu. Os sofrimentos causados pela purgação do mal e a alegria causada pela contemplação do bem são levados para a próxima vida como consciência, para deterem o ser humano da perpetuação dos erros das vidas anteriores e induzi-lo a fazer o que causou alegria na vida anterior de modo mais abundante.
No momento da morte, quando o Átomo-semente do coração que contém toda a experiência da vida passada em uma imagem panorâmica se rompe, o Espírito deixa seu Corpo Denso, levando consigo os Corpos mais sutis. Ele paira sobre o Corpo Denso que agora está morto, como se diz comumente, por um tempo que varia de algumas horas até três dias e meio. O fator determinante do tempo é a força do Corpo Vital, veículo que constitui o Corpo-Alma de que a Bíblia fala. Há então uma reprodução pictórica da vida, um panorama em ordem inversa, da morte ao nascimento, e as cenas são gravadas sobre Corpo de Desejos por meio do Éter Refletor neste Corpo Vital. Durante este período, a consciência do Espírito está concentrada no Corpo Vital, ou pelo menos deveria estar, e não tem, por isso, nenhum sentimento a respeito. As cenas que são impressas sobre o veículo do sentimento e da emoção, o Corpo de Desejos, são a base do subsequente sofrimento da vida no Purgatório pelas más ações, e de satisfação no Primeiro Céu, devido ao que foi feito de bom na vida que passou.
Estes foram os principais fatos que o autor foi capaz de observar, pessoalmente, sobre a morte no período em que os Ensinamentos lhe foram dados e quando ele foi apresentado, por ajuda do Mestre, às reproduções panorâmicas da vida de pessoas que estavam passando pelo portal da morte; investigações de anos mais tarde revelaram o fato adicional de que há um outro processo em andamento durante estes dias importantes que seguem o da morte.
Uma separação acontece no Corpo Vital, semelhante àquela do processo de Iniciação. Grande parte deste veículo, que pode ser chamado de “alma”, une-se com os veículos superiores e é a base da consciência nos Mundos invisíveis depois da morte. A parte inferior, que é descartada, volta ao Corpo Denso e flutua sobre o túmulo, na maioria dos casos, como está declarado no Conceito Rosacruz do Cosmos. Esta separação no Corpo Vital não é a mesma em todas as pessoas, mas depende da natureza da vida vivida e do caráter da pessoa que se vai. Em casos extremos, esta divisão é muito diferente do normal. Este ponto importante foi descoberto em muitos casos de suposta obsessão que foram investigados pela Sede Central. De fato, foram estes casos que desenvolveram as extensas e estarrecedoras descobertas reveladas por nossas mais recentes pesquisas sobre a natureza da obsessão, que pessoas que apelaram para nós estavam sofrendo. Como era esperado, naturalmente, a divisão nestes casos mostrava uma preponderância do mal, e esforços foram então feitos para descobrir se não havia também uma outra classe de pessoas onde uma divisão diferente, com preponderância de bem, acontece. É um prazer registrar que isto realmente acontecia e, depois de pesar os fatos descobertos, comparando um com outro, o que segue parece ser a correta descrição das condições e suas razões:
O Corpo Vital tem o objetivo de construir o físico toda vez que nossos desejos e emoções o destroem. É a luta entre o Corpo Vital e o de Desejos que produz consciência no Mundo Físico e que endurece os tecidos, de forma que o corpo brando da criança se torna rijo e encolhido na idade avançada, seguido pela morte. A moralidade ou imoralidade de nossos desejos e emoções age de maneira similar no Corpo Vital. Quando a devoção a elevados ideais é a mola mestra da ação, quando se permite que a natureza devocional se expresse livremente e frequentemente por muitos anos e, particularmente, quando isto foi acompanhado pelos exercícios científicos[11] dados aos Probacionistas na Fraternidade Rosacruz, a quantidade de Éter Químico e de Vida gradualmente diminui, enquanto os apetites carnais se desvanecem e uma quantidade aumentada de Éter Luminoso e Refletor toma o lugar deles. Como consequência, a saúde física não é tão boa entre aqueles que seguem o caminho superior, como entre aqueles cuja indulgência com a natureza inferior atrai os Éteres: Químico e de Vida numa proporção tal que os leva à parcial ou total exclusão dos dois Éteres Superiores.
Várias consequências muito importantes conectadas com a morte seguem este fato. Como é o Éter Químico que cimenta as moléculas do corpo em seus lugares e as mantém lá durante a vida, quando somente uma mínima parte deste Éter está presente, a desintegração do veículo físico depois da morte é muito rápida.
Na morte, a separação acontece. O Átomo-semente é retirado do ápice do coração pelo saturnino nervo pneumogástrico através dos ventrículos e pelo crânio (Gólgota); todos os átomos do Corpo Vital são liberados da cruz do Corpo Denso pelo mesmo movimento espiral que desatarraxa cada átomo prismático de Éter de sua envoltura física.
Este processo se desenvolve com maior ou menor violência de acordo com a causa da morte. Uma pessoa de idade, cuja vitalidade foi vagarosamente diminuindo, pode dormir e acordar no outro lado do véu sem a menor consciência de como a mudança acontece; uma pessoa devota e religiosa, que se preparou pela prece e meditação sobre o além, também será capaz de fazer uma passagem fácil; pessoas que morrem congeladas encontram o que o autor acredita ser a mais fácil maneira de morrer por acidente, sendo que o afogamento é a segunda melhor situação.
Porém, quando uma pessoa é jovem e saudável, especialmente se tem uma maneira de pensar materialista ou não religiosa, o átomo etéreo prismático está tão fortemente entrelaçado pelo átomo físico que um puxão considerável é necessário para separar o Corpo Vital. Quando a separação entre o Corpo Denso e os veículos superiores foi concluída e a pessoa está morta, como normalmente se diz, os Éteres Luminoso e Refletor se separam do átomo prismático. É esta matéria, como está explicado no Conceito Rosacruz do Cosmos, que é modelada em imagens da última vida e gravada no Corpo de Desejos, que então começa a fazer sentir tudo o que houve de sofrimento ou de prazer na vida. A parte do Corpo Vital composta pelos átomos prismáticos Químico e de Vida então retornam ao Corpo Denso, pairando acima da sepultura e desintegrando-se sincronicamente com ele.
Os veículos superiores – Corpo Vital, de Desejos e Mente – são vistos deixando o Corpo Denso com um movimento em espiral, levando com eles a alma de um átomo denso. Não o átomo em si, mas as forças que trabalharam através dele. Os resultados das experiências passadas por meio do Corpo Denso durante a vida que terminou foram impressos neste átomo específico. Enquanto todos os outros átomos do Corpo Denso se renovaram de tempos em tempos, este átomo é permanente. Permanece estável não só durante uma vida, mas foi parte de todos os Corpos Densos usados pelo Ego. Ele é retirado na morte só para despertar na aurora de uma outra vida física para servir, outra vez, como núcleo em torno do qual é construído o novo Corpo Denso a ser usado pelo mesmo Ego. É, por isso, chamado de Átomo-semente. Durante a vida, o Átomo-semente está situado no ventrículo esquerdo do coração, perto do ápice. Na morte, ele sobe ao cérebro, passando pelo nervo pneumogástrico, deixando o Corpo Denso juntamente com os veículos superiores, pelo caminho da sutura entre os ossos parietal e occipital.
Quando os veículos superiores deixam o Corpo Denso, eles ficam ainda conectados por um fino, brilhante e prateado Cordão em forma muito parecida a dois seis invertidos, um na vertical e outro na horizontal, conectados nas extremidades do gancho.
Uma extremidade se liga ao coração por meio do Átomo-semente, e é a ruptura deste átomo que faz parar o coração. O Cordão não se rompe até que o panorama da vida, contido no Corpo Vital, tenha sido revisto.
Deve-se tomar cuidado, no entanto, para não cremar ou embalsamar o Corpo até pelo menos três dias após a morte, pois enquanto o Corpo Vital está com os veículos superiores e eles estão ainda conectados com o Corpo Denso por meio do Cordão Prateado, qualquer exame pós-morte ou ferimento praticado no Corpo Denso será sentido de certo modo pelo morto. A cremação deve ser particularmente evitada nos três primeiros dias depois da morte porque tende a desintegrar o Corpo Vital, o qual deve permanecer intacto até que o panorama da última tenha sido gravado no Corpo de Desejos.
O Cordão Prateado se rompe no ponto em que os dois seis se unem, metade permanecendo com o Corpo Denso e a outra metade com os veículos superiores. No momento em que o cordão se rompe, o Corpo Denso está morto.
No início do ano de 1906 o Dr. Mc Dougall[12] fez uma série de experiências no Hospital Geral de Massachusetts para determinar, se possível, se alguma coisa invisível deixava o Corpo por ocasião da morte. Para este fim, ele construiu uma balança capaz de registrar diferenças de um décimo de uma onça[13].
A pessoa agonizante e sua cama foram colocadas numa das plataformas da balança que foi equilibrada por pesos colocados na plataforma oposta. No exato momento em que a pessoa deu seu último suspiro, a plataforma que continha os pesos, subitamente e surpreendentemente, desceu, elevando a cama e o corpo, mostrando que algo invisível, mas tendo peso, tinha deixado o corpo. Logo após, os jornais de todo o país anunciaram em brilhantes manchetes que o Dr. Mc Dougall tinha “pesado a alma”.
O ocultismo aclama com alegria as descobertas da ciência moderna, quando elas invariavelmente corroboram com o que a ciência oculta vem ensinando há muito tempo. As experiências do Dr. Mc Dougall mostraram conclusivamente que algo oculto para a visão comum deixou o Corpo na hora da morte, como os Clarividentes treinados têm visto e tem sido afirmado em palestras e literatura muitos anos antes da descoberta do Dr. Mc Dougall.
Mas esta “coisa” invisível não é a alma. Há uma grande diferença. Os repórteres tiraram conclusões erradas quando afirmaram que os cientistas tinham “pesado a alma”. A alma pertence aos planos superiores e não pode nunca ser pesada em balanças físicas, embora eles tenham registrado variações de um milionésimo de um grão em vez de um décimo de uma onça.
Foi o Corpo Vital que os cientistas pesaram. Ele é formado pelos quatro Éteres que pertencem ao Mundo Físico.
Como vimos, uma quantidade de Éter é adicionada ao Éter que envolve as partículas do corpo humano e é confinada lá durante a vida física, aumentando em pequeno grau o peso do Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano. Na morte, ele escapa, daí a diminuição do peso notada pelo Dr. Mc Dougall quando as pessoas que ele observou expiraram.
Esta característica da vida após a morte é similar à que acontece quando alguém está se afogando ou caindo de grande altura. Nestes casos, o Corpo Vital também deixa o Corpo Denso e o ser humano vê sua vida num relance porque ele perde a consciência simultaneamente. É evidente que o Cordão Prateado não está rompido ou ele não voltaria à vida.
Quando a força do Corpo Vital atingiu seu limite, ele entra em colapso da forma descrita quando estávamos considerando o fenômeno do sono. Durante a vida física, quando o Ego controla seus veículos, este colapso interrompe com as horas de vigília; depois da morte, o colapso do Corpo Vital conclui o panorama da vida e força o ser humano a entrar no Mundo do Desejo. O Cordão Prateado se rompe no ponto em que os seis se unem e a mesma divisão que se processa durante o sono é feita, mas com uma importante diferença, a de que embora o Corpo Vital retorne ao Corpo Denso, ele não mais o interpreta, mas simplesmente paira sobre ele. Ele permanece flutuando sobre o túmulo, desintegrando-se sincronicamente com o veículo denso. Daí, para o Clarividente treinado ser o cemitério uma visão repugnante e, se mais pessoas pudessem ver, pouco seria preciso para induzir as mesmas a mudar o método não higiênico de acomodar os mortos para o método mais racional da cremação, que retorna os elementos à sua condição primordial sem as desagradáveis características inerentes ao processo de desintegração lenta.
O processo de abandono do Corpo Vital é muito parecido ao do Corpo Denso. As forças vitais de um átomo são levadas para serem usadas como núcleo do Corpo Vital do futuro renascimento. Assim, quando entra no Mundo do Desejo, o ser humano tem os Átomos-semente dos Corpos Denso e Vital além de seu Corpo de Desejos e da Mente.
Quando uma pessoa morre, parece que seu Corpo Vital se avoluma; ela tem a sensação de crescer em imensas proporções. Esta impressão não é devida ao fato de que o Corpo cresça realmente, mas de que as faculdades de percepção recebam tantas impressões de várias fontes, tudo parecendo estar perto e à mão.
Quando o ser humano morre e perde seus Corpos Denso e Vital, a situação é a mesma de quando alguém dorme. O Corpo de Desejos, como foi explicado, não tem órgãos prontos para serem usados. É agora transformado de um ovoide para uma figura que se parece com o Corpo Denso que ele abandonou. Podemos facilmente compreender que deve haver um intervalo de inconsciência parecida com o sono e, então, o ser humano acorda no Mundo do Desejo. No entanto, frequentemente acontece que estas pessoas ficam incapazes de entender o que lhes aconteceu por um longo período. Não compreendem que morreram. Elas sabem que são capazes de se mover e de pensar. É às vezes, muito difícil fazê-las acreditar que estão verdadeiramente “mortas”. Elas sabem que algo está diferente, mas não são capazes de entender o que é.
Quando o momento que marca o fim da vida no Mundo Físico chega, a utilidade do Corpo Denso termina e o Ego retira-se pela cabeça, levando consigo a Mente e o Corpo de Desejos, como acontece todas as noites durante o sono; mas, agora, o Corpo Vital está inútil e se retira também, e quando o “Cordão Prateado” que uniu os veículos superiores com os inferiores se rompe, não pode ser reparado.
Lembramos que o Corpo Vital é composto de Éter, sobreposto ao Corpo Denso da planta, animal e do ser humano durante a vida. Éter é matéria física e, por isso, tem peso. A única razão pela qual os cientistas não podem pesá-lo é porque são incapazes de juntar uma quantidade e colocá-lo numa balança. Mas quando ele deixa o Corpo Denso na morte, uma diminuição de peso acontece, mostrando que algo que tinha peso, embora invisível, deixou o Corpo Denso naquele momento.
O Cordão Prateado que une os veículos superiores e os inferiores termina no Átomo-semente no coração. Quando a vida material finda de maneira natural, as forças do Átomo-semente se desprendem, passam pelo nervo pneumogástrico atrás da cabeça e ao longo do Cordão Prateado, junto com os veículos superiores. É a ruptura no coração que marca a morte física, mas o Cordão Prateado não se rompe em certos casos por vários dias.
Na palestra nº 3, dissemos que o Corpo Vital é o armazém das memórias consciente e inconsciente; sobre o Corpo Vital, todos os atos e experiências da vida que passou são gravados indelevelmente como uma paisagem sobre uma placa fotográfica exposta. Quando o Ego se retira do Corpo Denso, toda a vida registrada na memória é exposta aos olhos da Mente. É o afrouxamento parcial do Corpo Vital que faz com que uma pessoa que está se afogando veja sua vida, mas só de relance, precedendo a inconsciência; o Cordão Prateado permanece intacto, ou não haveria volta à vida. No caso do Espírito passando pela morte, o movimento é mais lento; o ser humano é um espectador enquanto as imagens se sucedem na ordem inversa, da morte para o nascimento, de modo que ele vê primeiro os acontecimentos anteriores à morte e então os anos da vida adulta se desenrolam; juventude e infância seguem até terminar no nascimento. O ser humano, no entanto, não tem nenhum sentimento a respeito. O objetivo é meramente gravar o panorama no Corpo de Desejos, que é o assento do sentimento, e, dessa gravação, o sentimento será extraído quando o Ego entrar no Mundo do Desejo, mas podemos notar aqui que a intensidade do sentimento depende do tempo consumido no processo de gravação e da atenção dada a isso pelo ser humano. Se ele não for incomodado por longo período por barulho ou histeria, uma profunda e clara impressão será feita sobre o Corpo de Desejos. Ele sentirá o mal que fez mais agudamente no Purgatório e suas boas qualidades serão abundantemente reforçadas no Céu e, embora a experiência seja esquecida na vida futura, os sentimentos permanecerão como uma “voz silenciosa”. Quando os sentimentos penetram profundamente no Corpo de Desejos de um Ego, esta voz não falará com palavras vagas ou incertas. Isso, o impelirá, sem dúvida, forçando-o a desistir daquilo que causou sofrimento na vida anterior e compelindo-o a ceder ao que é bom. Por isso, o panorama passa em ordem inversa de modo que o Ego primeiro vê os efeitos e depois as respectivas causas.
No que diz respeito ao que determina a duração do panorama, lembramos que foi o colapso do Corpo Vital que forçou os veículos superiores a se retirarem; assim, depois da morte, quando o Corpo Vital entra em colapso, o Ego tem que se retirar e então o panorama chega ao fim. A duração do panorama depende, por isso, do tempo que a pessoa possa permanecer desperta. Algumas pessoas podem ficar despertas só umas poucas horas, outras aguentam alguns dias, dependendo da força de seu Corpo Vital.
Quando o Ego deixa o Corpo Vital, este gravita de volta ao Corpo Denso, pairando acima do túmulo, desintegrando-se com o Corpo Denso e é realmente uma visão repugnante ao Clarividente atravessar um cemitério e observar todos aqueles Corpos Vitais, cujo estado de decomposição claramente indicam o estado de deterioração do que está na sepultura. Se houvesse mais Clarividentes, a incineração seria logo adotada como medida de proteção aos nossos sentimentos, além das razões higiênicas.
Nossas últimas investigações indicam que, quando um ser humano espiritualiza seus veículos, a constituição do Corpo Vital, formado de Éter, é transformada. No ser humano comum há sempre uma preponderância dos dois Éteres Inferiores – o Éter Químico e o de Vida – que têm a ver com a construção e a propagação do Corpo Denso, e um mínimo de Éter Luminoso e Refletor, que têm relação com a percepção sensorial e com as elevadas qualidades espirituais. Após a morte, o Corpo do ser humano comum é colocado no túmulo e o Corpo Vital paira cerca de dois pés[14] acima do túmulo, gradualmente se desintegrando. O Corpo Denso se desintegra simultaneamente. No entanto, quando dizemos que ele se deteriora, realmente queremos dizer que ele se torna mais vivo do que era quando o ser humano o habitava, pois, cada pequena molécula se encarrega agora de uma vida individual separada. Ela começa a se associar com suas vizinhas e a unidade de uma vida individual é substituída por uma comunidade de muitas vidas.
Portanto, falamos de tais cadáveres em decomposição como estando vivos e cheios de vermes. Quanto mais denso e grosseiro este veículo for, mais tempo ele precisará para se decompor, porque o Corpo Vital pairando acima dele tem um domínio magnético tenaz que mantém as moléculas densas controladas. Os dois Éteres Superiores vibram numa frequência muito mais rápida que os Inferiores e, quando um ser humano, com pensamentos espirituais, reuniu em torno dele um grande volume deste Éteres que compõe seu Corpo Vital, as vibrações do Corpo Denso também se tornam mais intensas. Consequentemente, quando um ser humano deixa seu corpo na morte, há pouco ou nada do Corpo Vital deixado para trás para manter os componentes do Corpo Denso sob controle. A desintegração é, portanto, muito rápida. Isto não pode ser facilmente provado porque muito poucas pessoas são suficientemente espiritualizadas para que a diferença seja notada, mas você deve se lembrar de que na Bíblia está escrito que certos personagens foram trasladados. O corpo de Moisés era tão vibrante que brilhava e não foi encontrado, etc. Estes foram casos em que o corpo rapidamente retornou aos elementos e, quando o corpo de Cristo foi colocado no túmulo, sua desintegração foi quase instantânea.
No entanto, enquanto o arquétipo do Corpo Denso persiste, ele se esforça em atrair para si matéria física que ele modela de acordo com a forma do Corpo Vital. Assim é difícil para o Auxiliar Invisível que sai de seu Corpo abster-se de se materializar. No momento em que ele relaxa a sua vontade de manter longe de si todos os impedimentos físicos, matéria da atmosfera que o circunda se adere a ele, como as limalhas do ferro são atraídas para o ímã, e ele se torna visível e tangível quanto desejar. Consequentemente, ele é capaz de realizar um trabalho físico onde for necessário, não importa que esteja milhares de milhas longe de seu corpo. Por outro lado, o que realmente provoca a morte é o colapso do arquétipo do Corpo Denso. Portanto, os Espíritos que fazem a passagem desta vida terrena são incapazes de se materializar, salvo através de um médium quando eles extraem seu Corpo Vital, revestem-se com ele e, então, atraem as substâncias necessárias para fazê-los visíveis para os espectadores.
Durante a vida e no estado de consciência de vigília, os veículos do Ego estão todos juntos e concêntricos, mas, na morte o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, retira-se do Corpo Denso e, como as funções vitais estão no fim, o Corpo Vital é também retirado do Corpo Denso, deixando-o inanimado sobre a cama. Um pequeno átomo no coração é retirado e o resto do corpo se desintegra a seu tempo. Mas, neste momento, há um processo extremamente importante se realizando e os que velam o Espírito, que se vai, devem ser muito cuidadosos para que a máxima quietude reine lá e em toda a casa, pois as imagens da vida que passou e que estão armazenadas no Corpo Vital estão passando diante dos olhos do Espírito numa lenta e ordenada progressão, em ordem inversa, desde a morte até o nascimento. Este panorama da vida dura de algumas horas até três dias e meio. O tempo depende da força do Corpo Vital, o que determina quanto tempo um ser humano pode ficar desperto sob o mais severo estresse. Algumas pessoas podem trabalhar cinquenta, sessenta ou setenta horas antes de caírem exaustos, enquanto outras são capazes de ficar despertas somente algumas poucas horas. A razão pela qual é importante que deva haver silêncio na casa durante os três dias e meio imediatamente seguintes à morte é: durante este tempo, o panorama da vida está sendo gravado no Corpo de Desejos, que será o veículo enquanto o ser humano permanecer no Purgatório e no Primeiro Céu, onde ele irá colher o bem e o mal que semeou, de acordo com suas ações praticadas quando estava em seu Corpo Denso.
Quando a vida está cheia de acontecimentos e o Corpo Vital do ser humano está forte, mais tempo será dedicado à esta gravação do que sob condições em que o Corpo Vital é fraco, mas durante todo este tempo o Corpo Denso está conectado com os veículos superiores pelo Cordão Prateado e qualquer ferimento no Corpo Denso é sentido de certa forma pelo Espírito; assim, embalsamamento, exames pós-morte e cremação são todos sentidos. Portanto, eles devem ser evitados durante os três dias e meio depois da morte, pois quando o panorama foi completamente gravado no Corpo de Desejos, então o Cordão Prateado se rompe, o Corpo Vital gravita de volta ao Corpo Denso e não há mais conexão com o Espírito que está livre para ir para sua vida superior.
Quando o Corpo é enterrado, o Corpo Vital se desintegra vagarosamente junto com o Corpo Denso de forma que, por exemplo, quando um braço se desintegra, o braço etéreo do Corpo Vital que paira sobre o túmulo também desaparece, e assim acontece com todo o Corpo até que o último vestígio desapareça. Mas, quando a cremação é feita, o Corpo Vital se desintegra imediatamente e, também as imagens armazenadas da vida que terminou. Estas imagens são gravadas no Corpo de Desejos e formam a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu; se elas forem destruídas pela cremação efetuada antes que três dias e meio tenham passado, será uma grande calamidade para o Espírito. A menos que uma ajuda seja dada, o Espírito não poderá manter o Corpo Vital íntegro. E isto é parte do trabalho que é feito pelos Auxiliares Invisíveis a favor da Humanidade. Às vezes, eles são ajudados pelos Espíritos da Natureza e outros indicados pelas Hierarquias Criadoras ou líderes da Humanidade. Há também uma perda quando a pessoa é cremada antes que o Cordão Prateado se rompa naturalmente, a impressão sobre o Corpo de Desejos não é tão profunda quanto deveria ser e isto tem um efeito sobre as vidas futuras, pois quanto mais profundas sejam as impressões da vida que passou sobre o Corpo de Desejos, mais agudo será o sofrimento no Purgatório pelo mal cometido e mais forte será o prazer no Primeiro Céu, resultante do bem que foi praticado em vida. É o sofrimento e o prazer de nossas vidas passadas que criam o que chamamos de consciência, de forma que, se deixamos de sofrer, perdemos a noção que nos impedirá, nas vidas futuras, de cometer os mesmos erros repetidamente. Por isso, os efeitos negativos da cremação prematura são incalculáveis.
Um fenômeno similar ao panorama da vida geralmente acontece quando uma pessoa está se afogando. Pessoas que voltaram à vida dizem que viram sua vida toda num relance. Isto é porque, sob tais condições, o Corpo Vital se afasta do Corpo Denso. Naturalmente, não há ruptura do Cordão Prateado, ou a vida não poderia ser restaurada. Nos casos de afogamento, a pessoa se torna inconsciente, enquanto, na revisão pós-morte, a consciência continua até que o Corpo Vital entra em colapso da mesma maneira como acontece quando vamos dormir. Então, a consciência cessa por um momento e o panorama está terminado.
Portanto, o tempo ocupado pelo panorama também varia de pessoa para pessoa; depende de que o Corpo Vital esteja forte e saudável, ou tenha se tornado fino e definhado por doença prolongada. Quando mais tempo for gasto na revisão e mais silencioso e cheio de paz for o ambiente, mais profunda será a gravação que é feita no Corpo de Desejos.
Como já foi dito, isto tem um efeito importante e incalculável, pois então o sofrimento que o Espírito experimentará no Purgatório, devido aos maus hábitos e más ações, será mais profundo do que se ele tivesse só uma impressão superficial, e, numa vida futura, a voz silenciosa da consciência o avisará mais insistentemente contra os erros que causaram sofrimento no passado.
Desde quando o mundo existe, nunca houve tanto sofrimento universal quanto no presente (1914). E, além disso, não devemos esquecer que estamos armazenando para nós mesmos uma grande quantidade de sofrimento futuro, pois, como foi explicado na literatura Rosacruz, é impossível para estas pessoas que são agora tão cruéis e de repente são afastadas de seu corpo, reverem sua vida que passou porque a gravação do panorama da vida não se processa como deveria. Portanto, estes Egos não colherão o fruto de sua presente existência como deveriam fazê-lo no Purgatório e no Primeiro Céu. Eles voltarão em vida futura com esta experiência a menos e será necessário, para que possam recuperar o que perderam, morrer na infância de modo a terem seu novo Corpo de Desejos e Vital impressos com a essência de sua vida presente.
Vimos que, quando o Ego terminou seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão expulsou seu Corpo Denso na morte e depois seu Corpo Vital, que é o próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejo mais densa acumulada pelo Ego como roupagem pelos seus desejos mais inferiores é purgada por esta força centrífuga. Nos planos mais elevados, só a Força de Atração domina e mantém o bem com ação centrípeta que tende a atrair tudo da periferia para o centro.
No Segundo Céu, tanto quanto no Corpo Vital o Espírito de Vida trabalhou, transformou, espiritualizou, e, portanto, salvou da decomposição a que o resto do Corpo Vital está sujeito, será amalgamado com o Espírito de Vida para garantir um Corpo Vital e um temperamento melhor nas vidas seguintes.
Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, chega ao ponto em que alcança o Terceiro Céu, depois de descartar o Corpo Denso na morte, o Corpo Vital logo depois, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, finalmente, antes de deixar o Segundo Céu, ele, também deixa o revestimento da Mente para trás e, então, entra no Terceiro Céu completamente livre de empecilhos. Todos os veículos descartados se desintegram, só o Espírito persiste, banhando-se no grande reservatório de força espiritual a que chamamos de Terceiro Céu, a fim de se fortalecer para o próximo renascimento na Terra.
O Corpo Vital é composto de quatro Éteres. Os dois Éteres Inferiores são avenidas de crescimento e propagação. No Corpo Vital de uma pessoa cuja preocupação principal é a vida física, que vive inteiramente para o prazer sensual, estes dois Éteres predominam, enquanto numa pessoa que é bastante indiferente à satisfação material e procura avançar espiritualmente, os dois Éteres Superiores formam a parte mais volumosa do Corpo Vital. Eles são o que São Paulo chama de soma psuchicon ou Corpo-Alma que permanece com o ser humano durante suas experiências no Purgatório e no Primeiro Céu, onde a essência da vida é extraída. Este extrato é a alma, cujas principais qualidades são consciência e virtude. A consciência é o fruto dos erros das vidas passadas que, no futuro, guiará o Espírito corretamente e o ensinará como evitar passos errados semelhantes. Virtude é a essência de tudo o que foi bom nas vidas anteriores e age como um incentivo para manter o Espírito se esforçando ardentemente no caminho da aspiração. No Terceiro Céu a virtude é amalgamada e se torna parte do Espírito. Consequentemente, no curso de suas vidas, o ser humano se torna mais espiritualizado e as qualidades anímicas, consciência e virtude, tornam-se mais fortemente operantes guiando os princípios de conduta.
Porém, há pessoas de natureza tão inferior que levam uma vida de vícios e práticas degeneradas, uma vida brutal, tendo prazer em produzir sofrimento. Às vezes, elas cultivam as artes ocultas por propósitos de maldade para que possam ter mais poder sobre suas vítimas. Então, sua perversidade e práticas imorais resultam em um endurecimento do Corpo Vital.
Em tais casos extremos, quando a natureza animal foi predominante, onde não houve expressão de alma na última vida terrena, a divisão no Corpo Vital a que nos referimos antes não acontece na morte, pois não há linha divisória. Neste caso, se o Corpo Vital pudesse gravitar de volta ao Corpo Denso e lá gradualmente se desintegrar, o efeito da vida demoníaca não seria tão grande, mas, infelizmente, há, nestes casos, um entrelaçamento do Corpo Vital e do Corpo de Desejos que evita a separação. Vimos que, quando um ser humano vive mais sua natureza superior, seus veículos espirituais são alimentados em detrimento dos inferiores. Inversamente, quando sua consciência está centrada nos veículos inferiores, ele os fortalece imensamente. Deve-se compreender que a vida do Corpo de Desejos não termina pela partida do Espírito; ele tem uma vida residual e consciência. O Corpo Vital é também capaz de sentir, de certo modo, por alguns dias depois da morte nos casos comuns (daí o sofrimento causado pelo embalsamamento, exames pós-morte, etc., imediatamente depois da morte), mas quando uma vida inferior o endureceu e o alimentou com grande força, ele tem um tenaz apelo à vida e uma habilidade de se alimentar de odores e bebidas. Às vezes, como um parasita, ele age como um vampiro em pessoas com as quais entra em contato.
Estes seres, são, portanto, uma das grandes ameaças à sociedade. Eles já mandaram incontáveis vítimas para a prisão, destruíram lares e causaram uma quantidade inimaginável de infelicidade. Sempre abandonam suas vítimas quando elas são apanhadas pelas garras da lei. Regozijam-se com o sofrimento e a desgraça de suas vítimas, sendo isso uma parte de seu esquema diabólico. Há outras classes de seres que de deleitam em fazer-se passar por “anjos” nas sessões espíritas. Eles também encontram vítimas lá e ensinam-lhes práticas imorais. O chamado “Poltergeist”, que se diverte quebrando pratos, levantando mesas, fazendo voar chapéus sobre as cabeças de um público que vibra com estas brincadeiras, está também incluído neste grupo. A força e a densidade do Corpo Vital de tais seres facilitam mais as manifestações físicas do que naqueles que entram no Mundo do Desejo; de fato, o Corpo Vital deste grupo de Espíritos é tão denso que eles são quase físicos e tem sido um mistério para o autor que pessoas que são incorporadas por tais entidades não as possam ver. Fossem elas descobertas, a visão de suas faces demoníacas e zombeteiras apagariam a ilusão de que são anjos.
Toda vez que morre uma pessoa que abrigou malícia e ódio em seu coração, estes sentimentos entrelaçam o Corpo Vital e o de Desejos, e ela se transforma numa ameaça mais séria para a comunidade do que se pode imaginar.
Espíritos apegados à Terra são atraídos para as regiões inferiores do Mundo do Desejo que interpenetram o Éter e estão em constante contato com pessoas encarnadas mais favoráveis a ajudá-los em seus desejos maléficos. Em geral, eles ficam apegados à Terra por 50, 60 ou 75 anos, mas casos extremos foram encontrados em que tais seres permaneceram por séculos. Segundo o que o autor foi capaz de pesquisar até o presente, parece que não há limite para o que possam fazer ou por quanto tempo permanecerão. Porém, eles estão amontoando para si próprios uma terrível carga de pecado da qual não escaparão sem sofrer, pois, o Corpo Vital reflete e grava profundamente no Corpo de Desejos todas as suas más ações. E quando finalmente entrarem na existência purgatorial, encontrarão a retribuição que merecem. Este sofrimento é naturalmente longo, na proporção ao tempo em que eles continuaram suas práticas nefastas depois da morte do Corpo Denso – outra prova de que “Embora os moinhos de Deus moam vagarosamente, eles não deixam nada sem moer”.
A nuvem vermelha do ódio[15] está se desvanecendo, o véu negro do desespero se foi, não há explosões vulcânicas de paixão nem nos vivos nem nos mortos, mas de acordo com os sinais dos tempos, que o autor é capaz de ler na aura das nações, há um propósito definido de levar o processo até o fim. Mesmo nos lares privados de muitos membros, isto parece ser válido. Há uma intensa saudade dos amigos que estão no além, mas não há ódio pelo adversário na Terra. Esta saudade é compartilhada pelos amigos no Mundo invisível e muitos estão penetrando o véu, pois a intensidade da sua saudade está despertando nos “mortos” o poder de se manifestar, atraindo o Éter e o gás que frequentemente é tirado do Corpo Vital de um amigo “sensível”, da mesma forma como os Espíritos que se materializam usam o Corpo Vital de um médium incorporador. Assim, os olhos cegos pelas lágrimas são frequentemente abertos por um coração terno, de modo que pessoas queridas, agora no mundo do espírito, encontram-se outra vez face a face, coração a coração. Este é o método que a Natureza usa para cultivar o sexto sentido que, finalmente, capacita todos saber que o ser humano é um Espírito imortal e a continuidade da vida é uma realidade na natureza.
Em toda morte, as lágrimas derramadas servem para dissolver o véu que esconde o Mundo invisível de nossa contemplação saudosa. O sentimento de profunda saudade e a dor na partida de pessoas que se amam, tanto as que ficam como as que se vão, estão rasgando o véu e, num dia não muito distante, o efeito acumulado de tudo isto revelará o fato de que a morte não existe, e que aqueles que passaram além deste véu estão mais vivos do que nós. A potência destas lágrimas, desta dor e desta saudade não é igual em todos os casos. Os efeitos diferem muito, de acordo com o despertar do Corpo Vital de pessoas por atos de altruísmo e serviço, e de acordo com a máxima de que todo desenvolvimento ao longo das linhas espirituais começa no Corpo Vital. Ele é a base e nenhuma estrutura pode ser construída sem que esta fundação tenha sido colocada.
Quando um Ego está no caminho para o seu renascimento o Átomo-semente do Corpo Vital reúne novo material. A polaridade deste material determina seu sexo na próxima vida.
O Átomo-semente do Corpo Vital é o próximo a entrar em atividade, mas o seu processo de formação não é tão simples como no caso no caso da Mente e do Corpo de Desejos, pois é preciso lembrar que estes veículos estavam comparativamente não organizados, enquanto o Corpo Vital e o Corpo Denso são mais organizados e muito complexos. O material de quantidade e qualidade determinadas, é atraído de mesma maneira e sob a obediência da mesma lei como no caso dos corpos superiores, mas a construção do novo corpo e sua colocação no ambiente adequado são feitas por quatro grandes Seres de incomensurável sabedoria, que são os Anjos do Destino, os “Senhores do Destino”. Eles impressionam o Éter Refletor do Corpo Vital de tal maneira que nele se refletem os quadros da próxima vida. Ele (o Corpo Vital) é construído pelos habitantes do mundo celestial e os espíritos elementais de tal modo a formar um tipo particular de cérebro. Mas note que, o Ego que retorna, ele próprio, incorpora então a quintessência de seus Corpos Vitais anteriores e, além disso, ainda realiza um pequeno trabalho original. Isso é feito de modo que na próxima vida possa haver lugar para expressão original e individual, não predeterminada por ações passadas.
O Corpo Vital, tendo sido moldado pelos Senhores do Destino, dará forma ao Corpo Denso, órgão por órgão. A matriz ou molde é então colocada no útero da futura mãe. O Átomo-semente do Corpo Denso está na cabeça triangular de um dos espermatozoides no sêmen do pai. Só isso torna a fertilização possível e aqui está a explicação para o fato de tantas vezes as uniões sexuais serem infrutíferas. Os componentes químicos do fluído seminal e dos óvulos são os mesmos todo o tempo e se fossem só esses os requisitos, a explicação do fenômeno da infertilidade, se procurada só no mundo material visível, não seria encontrada. Quando compreendemos que assim como as moléculas d’ água se congelam segundo as linhas de força na água e se manifestam como cristais de gelo em vez de se congelarem numa massa homogênea, torna-se evidente, portanto, como seria o caso se não existissem as linhas de força previamente à coagulação, não poderia assim existir a construção do Corpo Denso enquanto não houvesse um Corpo Vital no qual se construir o material; além do mais precisa haver um Átomo-semente para o Corpo Denso agir como padrão de qualidade e quantidade do material que será moldado naquele Corpo Denso. Também, no atual estágio do desenvolvimento nunca há total harmonia nos materiais do corpo, porque aquele que a tivesse seria um corpo perfeito, porém a desarmonia não pode ser tão grande a ponto de ser destruidora do organismo. Uma vez realizada a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele de dezoito a vinte-e-um dias, o Ego permanece fora em seu invólucro do Corpo de Desejos e da Mente, embora sempre em estreito contato com a mãe. Após a expiração desse tempo o Ego entra no corpo da mãe. Os veículos em forma de sino dirigem-se para sobre a cabeça do Corpo Vital e o sino fecha-se em baixo. Dessa hora em diante o Ego paira sobre o seu futuro instrumento até o nascimento da criança e a nova vida terrena do Ego, que retorna, começa.
Acha-se escrito no Conceito Rosacruz do Cosmos que o Corpo Vital da mulher é positivo e que o Corpo Vital do ser humano é negativo. Quando os agentes dos Anjos do Destino estão assistindo um Ego que vai renascer, o tipo do sexo já foi determinado, tanto pela lei de alternação como por uma modificação dessa lei por circunstâncias específicas na vida individual do Espírito, e o Ego é então ajudado a captar para si quantidade suficiente de diferentes tipos de Éteres exigidos pelo seu desenvolvimento. Esses materiais são de uma certa polaridade, seja positiva ou negativa. Quando a matriz feita apenas de átomos etéricos positivos é colocada no útero da futura mãe, estes átomos irão infalivelmente atrair para si átomos físicos negativos, e o corpo resultante da criança, torna-se, em consequência, feminino. Se, de outro modo, a matriz que for colocada no útero da mãe for composta de átomos etéricos negativos, irá atrair os átomos densos positivos e o resultado é que os órgãos sexuais masculinos são mais desenvolvidos e, portanto, o sexo é masculino. A vida, como a eletricidade, necessita ambas as expressões positiva e negativa, de outro modo não se pode manifestar.
Quando o Ego no seu caminho para renascer passa pela Região do Pensamento Concreto, o Mundo de Desejo, e a Região Etérica, ele atrai uma certa quantidade de material de cada uma delas. A qualidade desse material é determinada pelo Átomo-semente, pelo princípio de que semelhante atrai semelhante. A quantidade depende da quantidade de matéria requerida pelo arquétipo por nós mesmos construído no Segundo Céu. Da quantidade dos átomos etéricos prismáticos que são apropriados para um certo Espírito, os Anjos do Destino e seus agentes constroem uma forma etérica que é então colocada no útero da mãe e gradualmente revestida com matéria física que depois forma o corpo visível do recém-nascido.
O Cordão Prateado que cresceu do Átomo-semente do Corpo Denso (localizado no coração) desde a concepção, é preso à parte que brotou do vórtice central do Corpo de Desejos, (localizado no fígado), e quando o Cordão Prateado é preso pelo Átomo-semente ao Corpo Vital, (localizado no plexo solar), o Espírito morre para a vida no mundo supersensível e anima o corpo que vai usar em sua futura vida na Terra.
O Corpo Vital de uma criança ao nascer não se acha organizado. Daí, até aproximadamente a idade de sete anos, quando o Corpo Vital individual nasce, ela se abastece do Corpo Vital macrocósmico.
No período logo após o nascimento os diferentes veículos se interpenetram entre si, como, em exemplo anterior, a areia penetra na esponja e a água penetra tanto a areia quanto a esponja. Mas, embora eles estejam todos presentes, como na vida adulta, acham-se meramente presentes. Nenhuma de suas faculdades positivas acha-se presente. O Corpo Vital não pode usar as forças que operam pelo polo positivo dos Éteres. A assimilação, que trabalha pelo polo positivo do Éter Químico, é muito delicada durante a infância, e o que dela existe é devido ao Corpo Vital macrocósmico, cujos Éteres atuam como um útero para o Corpo Vital da criança até aos sete anos, amadurecendo gradualmente durante esse período. A faculdade de propagação, que funciona pelo polo positivo do Éter de Vida, também está latente. O aquecimento do corpo, que é efetuado através do polo positivo do Éter Luminoso, e a circulação sanguínea são devidos ao Corpo Vital macrocósmico, os Éteres agindo na criança e desenvolvendo-a lentamente até o ponto em que ela possa controlar, por si mesma, essas funções. As forças, operando pelo polo negativo dos Éteres, são sem dúvida as mais ativas. A excreção de sólidos efetuada pelo polo negativo do Éter Químico (correspondendo à subdivisão sólida da Região Química) é muito desenfreada, como é também a excreção de fluidos, que é executada pelo polo negativo do Éter de Vida (correspondendo à Segunda ou divisão fluida da Região Química). O sentido passivo da percepção, que é devido às forças negativas do Éter de Luz, é também excessivamente proeminente. A criança é muito impressionável e é “toda olhos e ouvidos”.
Embora o Corpo Vital de uma criança esteja ainda comparativamente não organizado pela ocasião do nascimento, o Éter que deverá ser usado para o seu completamente está dentro da aura pronto para ser assimilado; e se alguém a sua volta acontecer de estar fraco ou anêmico, um vampiro inconsciente, ele ou ela retira do armazenamento não assimilado de Éter do recém-nascido muito mais facilmente do que do de um adulto, cujo Corpo Vital está totalmente organizado. Naturalmente a pessoa fraca retira mais facilmente Éter que está negativamente polarizado, como no corpo de um bebê do sexo masculino, do que Éter positivo de uma menina recém-nascida… Massagem do baço e estímulo dos nervos esplênicos, cuidadosa e conservadoramente praticada, irá ajudar a contraparte etérea deste órgão, em suas atividades de especialização da energia solar da qual os processos vitais são tão dependentes quanto os pulmões são de ar.
Normalmente pensamos que quando uma criança nasce, ela nasce e isso é tudo; mas, assim como durante o período de gestação o Corpo Denso acha-se protegido do impacto do mundo externo, por estar situado dentro do útero protetor da mãe até chegar à maturidade suficiente para enfrentar as condições externas, assim também estão o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente num estado de gestação e nascem em ocasiões posteriores, porque eles ainda não têm atrás de si uma evolução tão longa quanto a do Corpo Denso e, portanto, para eles chegarem a um estado suficiente de maturidade, para tornarem-se individualizados, leva mais tempo. O Corpo Vital nasce no sétimo ano, quando o período de excessivo crescimento marca a sua vinda.
Apenas uma pequena porção do Éter adequada para um determinado Ego é, então, usada e o Corpo Vital remanescente da criança, ou melhor o material do qual esse veículo será feito, fica então fora do Corpo Denso. Por esse motivo, o Corpo Vital de uma criança projeta-se para muito além da periferia do Corpo Denso do que o do adulto. Durante o período de crescimento esse armazenamento de átomos de Éter é retirado para vitalizar os crescimentos dentro do corpo até que ao atingir a idade adulta, o Corpo Vital se projeta apenas de uma a uma-e-meia polegada[16] além da periferia do Corpo Denso.
Do primeiro ao sétimo ano o Corpo Vital cresce e, vagarosamente, amadurece dentro do útero do Corpo Vital macrocósmico e devido à superior sabedoria desse veículo do macrocósmico o corpo da criança é mais roliço e bem construído, que posteriormente na vida.
Enquanto o Corpo Vital macrocósmico guiar o crescimento do corpo da criança ela é resguardada dos perigos que mais tarde a ameaçam quando a insensato Corpo Vital individual descontrola desenfreado. Isso acontece no sétimo ano quando tem início o perigoso período de excessivo crescimento que continua pelos próximos sete anos. Durante esse período o Corpo de Desejos macrocósmico realiza a função de útero para o Corpo de Desejos individual.
Tivesse o Corpo Vital preponderância contínua e irrestrita no reino humano, como tem no vegetal, o ser humano cresceria a um tamanho enorme. Houve ocasião, num passado distante, em que o ser humano tinha a constituição semelhante à de um vegetal, e possuía apenas o Corpo Denso e o Corpo Vital. As tradições da mitologia e folclore em todo o mundo, com respeito a existência de gigantes em tempos remotos, são absolutamente verdadeiras, porque então os seres humanos eram tão altos quanto as árvores, e pelos mesmos motivos.
O Corpo Vital da planta constrói folha após folha, levando o tronco a ficar cada vez mais alto. Não fosse pelo Corpo de Desejos macrocósmico, o crescimento continuaria assim indefinidamente, mas o Corpo de Desejos macrocósmico interfere num ponto determinado e restringe a continuação do crescimento. A força não mais necessária para o crescimento fica disponível então para outros propósitos e é usada para construir a flor e a semente. De igual modo o Corpo Vital do ser humano, quando o Corpo Denso fica sob sua preponderância, após os sete anos, faz o Corpo Denso crescer muito rapidamente, mas por volta dos quatorze anos o Corpo de Desejos individual nasce do útero do Corpo de Desejos macrocósmico e fica, então, livre para trabalhar sobre o Corpo Denso. O crescimento excessivo é, então, restringido e a força, anteriormente usada para este propósito, torna-se disponível para a propagação, para que a planta humana floresça e se multiplique. Portanto o nascimento do Corpo de Desejos pessoal marca o período da puberdade. Desse período em diante é sentida a atração pelo sexo oposto, sendo especialmente ativa e desenfreada no terceiro período setenário da vida: dos quatorze aos vinte e um anos, porque a Mente controladora ainda não nasceu. Vale lembrar que a assimilação e o crescimento dependem das forças operando pelo polo positivo do Éter Químico do Corpo Vital. Este é libertado no sétimo ano, junto com o equilíbrio do Corpo Vital. Só o Éter Químico está totalmente maduro por essa época; as outras partes necessitam de mais amadurecimento. No décimo quarto ano o Éter de Vida do Corpo Vital, que tem a ver com a propagação, acha-se completamente amadurecido. Durante o período dos sete aos quatorze anos de idade a excessiva assimilação armazenou uma quantidade de força que vai para aos órgãos sexuais e está pronta, na ocasião em que o Corpo de Desejos é libertado.
Por volta do sétimo ano o Corpo Vital da criança alcançou suficiente perfeição para lhe permitir receber impactos do mundo exterior. Ela perde sua camada protetora de Éter e começa uma vida livre. E agora tem início a época em que o educador pode trabalhar sobre o Corpo Vital e ajudá-lo na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos e um temperamento harmonioso.
Autoridade e Discipulado são os lemas dessa época, quando a criança deve aprender o significado das coisas. Na primeira fase ela aprende como as coisas são, mas não deve ser incomodada sobre os seus significados, exceto naquilo que ela capta por livre vontade; mas na segunda fase, dos sete aos quatorze anos, é essencial que a criança aprenda o significado das coisas, mas deverá aprender a apanhá-las sob a autoridade dos pais e professores, memorizando as explicações, em vez de raciocinando por elas mesmas, pois raciocínio pertence a um desenvolvimento posterior, e pois deve fazê-lo de livre vontade, com proveito. É prejudicial nessa fase forçá-la a pensar.
Não se deve imaginar, entretanto, que quando o pequeno corpo de uma criança nasceu está completo o processo do nascimento. O denso Corpo Denso tem a evolução mais longa, e como um sapateiro que trabalhou no seu ofício por muitos anos é mais especializado que um aprendiz e pode fazer melhores sapatos e mais rápido, assim também o Espírito que construiu muitos Corpos físicos os produz com mais rapidez, mas o Corpo Vital é uma aquisição mais tardia do ser humano. Portanto, não estamos tão especializados na construção deste veículo. Consequentemente demora mais construí-lo a partir de materiais não consumidos na confecção do revestimento do arquétipo, e assim o Corpo Vital não nasce antes do sétimo ano.
Quando o Corpo Vital nasce, na idade de sete anos, um período de crescimento tem início e um novo lema, ou uma relação preferencial, é estabelecida entre os pais e a criança. Isso tem que ser expresso em duas palavras Autoridade e Discipulado. Nesse período é ensinada a criança certas lições que a faz ter fé na autoridade de seus educadores, quer em casa ou na escola e como a memória é uma faculdade do Corpo Vital ele pode, agora, memorizar o que aprendeu.
É, portanto, eminentemente suscetível ao aprendizado, particularmente porque ela é sem preconceito às opiniões preconcebidas que são um obstáculo para que muitos de nós aceitemos novos pontos de vista. No final desse segundo período, por cerca dos doze aos quatorze anos, o Corpo Vital está tão bem desenvolvido que a puberdade é alcançada.
As crianças que morrem antes dos sete anos só nascem no que diz respeito ao Corpo Denso e ao Corpo Vital e não são responsáveis ante a Lei de Consequência. Mesmo depois dos doze ou quatorze anos o Corpo de Desejos acha-se em processo de gestação, como será mais bem explicado noutra ocasião. E, como o que ainda não despertou, não pode morrer, apenas os Corpos Denso e Vital entram em decomposição quando uma criança morre. Ela retém seu Corpo de Desejos e a Mente para o próximo nascimento. Portanto, ela não percorre todo o caminho que o Ego normalmente faz num ciclo de vida, mas apenas ascende ao Primeiro Céu para aprender lições necessárias, e depois de esperar de um a vinte anos ela renasce, frequentemente, na mesma família como um filho mais novo.
Os animais e as plantas também possuem um Corpo Vital. Embora esse veículo falte ao mineral, a desintegração de duras rochas, etc. afeta o Corpo Vital da Terra.
Quando consideramos a planta, o animal e o ser humano, em relação à Região Etérica, notamos que cada um tem um Corpo Vital separado além de serem penetrados pelo Éter planetário que forma a Região Etérica. Há, entretanto, uma diferença entre os Corpos Vitais das plantas e os Corpos Vitais do animal e do ser humano. No Corpo Vital da planta só os Éteres Químico e de Vida estão completamente ativos. Por isso a planta pode crescer pela ação do Éter Químico e propagar suas espécies através da atividade do Éter de Vida do Corpo Vital separado que ela possui. O Éter Luminoso acha-se presente, mas está parcialmente latente ou adormecido e o Éter Refletor está faltando. Então é evidente que as faculdades de percepção sensorial e memória, que são as qualidades desses Éteres, não podem ser expressas pelo reino vegetal.
Dirigindo nossa atenção para o Corpo Vital do animal vemos que nele os Éteres Químico, Vital e Luminoso acham-se dinamicamente ativos. Portanto, o animal tem as faculdades de assimilação e crescimento, proporcionadas pelas atividades do Éter Químico e a faculdade de propagação por meio do Éter de Vida, sendo estas de igual modo que nas plantas. Além disso, em relação à ação do terceiro Éter, o Luminoso, ele tem a faculdade de gerar calor interior e gerar o sentido da percepção. O quarto Éter, entretanto, acha-se inativo no animal, por isso ele não pode pensar, nem possuir memória. O que aparece como tal, mais tarde, será mostrado ser de uma natureza diferente.
O Ego separado está definitivamente segregado dentro do Espírito Universal na Região do Pensamento Abstrato. Isso demonstra que só o ser humano possui a cadeia completa de veículos correlacionando-o a todas as divisões dos três Mundos. Ao animal falta um elo da cadeia: a Mente; à planta faltam dois elos: a Mente e o Corpo de Desejos; e ao mineral faltam três elos na cadeia de veículos necessários para que funcione de modo autoconsciente no Mundo Físico: a Mente, e os Corpos Vital e de Desejos.
Quando um animal está para nascer, o Espírito-Grupo, ajudado pelos espíritos da natureza e os Anjos, moldam o Corpo Vital do animal que vai nascer, que é então depositado no útero da mãe e os Átomos-sementes são depositados no sêmen do macho; então ocorre a gestação e um animal nasce. Sem a presença do Átomo-semente e a matriz do Corpo Vital, o Corpo Denso do animal não pode ser formado. Condições similares governam a fecundação no caso de um ovo, ou de uma semente. Eles são como o óvulo da fêmea: eles são inúmeras oportunidades. Se um ovo é colocado numa incubadora ou sob uma galinha, o Espírito-Grupo envia a vida indispensável, aceitando a oportunidade de Corporificação. Se uma semente é jogada no solo, é também fertilizada, quando as condições adequadas forem conseguidas para o seu desenvolvimento, nunca. Quando um ovo é quebrado ou cozido ou de algum modo desqualificado para a sua designação primordial, ou quando uma semente é armazenada por anos talvez, não há vida, e consequentemente não agimos mal ao usarmos estes produtos como alimento. É até um benefício para as plantas quando os seus frutos maduros são arrancados, porque assim eles deixam de retirar desnecessariamente a seiva da árvore.
O animal ainda não possui Espírito “individual”, mas possui o chamado Espírito-Grupo, que passa informação a todos os membros de uma espécie. Os animais em separado têm três Corpos: um Denso, um Vital e um de Desejos; mas não têm um elo da cadeia: a Mente. Em consequência, os animais normalmente não pensam, mas do mesmo modo que “induzimos” eletricidade num fio colocando-o junto a outro que se acha carregado, assim de forma análoga, quando em contato com o ser humano, algo semelhante ao pensamento está sendo “induzido” nos animais domésticos superiores como o cachorro, o cavalo e o elefante. Os outros animais obedecem ao estímulo (ao que chamamos de instinto) do Espírito-Grupo animal. Eles não vêm os objetos claramente delineados como o ser humano. Nas espécies inferiores, a consciência animal se expressa cada vez mais numa “consciência pictórica” interna, semelhante ao estado de sono do ser humano, exceto que seus quadros não são confusos, mas transmitem perfeitamente para o animal os estímulos do Espírito-Grupo.
O Espírito animal atingiu, na sua descida, apenas o Mundo de Desejo. Ainda não evoluiu ao ponto de poder “entrar” num Corpo Denso. Por esse motivo o animal não tem um Espírito individual, mas um Espírito-Grupo, que o dirige de fora. O animal tem o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos, mas o Espírito-Grupo que o dirige está de fora. O Corpo Vital e o Corpo de Desejos de um animal não se acham inteiramente dentro do Corpo Denso, especialmente no que se diz respeito à cabeça. Por exemplo, a cabeça etérea de um cavalo se projeta bem além e acima da cabeça do Corpo Denso.
Quando, como acontece em casos raros, a cabeça etérea de um cavalo entra na cabeça do Corpo Denso, esse cavalo pode aprender a ler, contar e resolver exemplos de aritmética elementar. Essa peculiaridade é também devida ao fato de que cavalos, cães, gatos e outros animais domesticados sentem o Mundo do Desejo, embora nem sempre percebendo a diferença entre este e o Mundo Físico. O cavalo se assustará com a visão de uma figura invisível para o cocheiro; um gato fará movimentos de se esfregar em pernas invisíveis. O gato vê o espírito, entretanto, sem perceber que não existem pernas densas disponíveis para o atrito. O cão, mais esperto que o gato e o cavalo, frequentemente perceberá que há algo que ele não compreende na aparência de um dono morto, cujas mãos ele não pode lamber. Vai latir num lamento e retirar-se para um canto com seu rabo entre as pernas.
Dr. McDougall[17] também pesou em suas balanças animais morrendo. Nesse caso não houve diminuição, embora um dos animais fosse um enorme cão São Bernardo. Isso foi feito para demonstrar que os animais não possuem almas. Pouco tempo depois, entretanto, o Professor La V. Twining, chefe do Departamento de Ciência da Escola Politécnica de Los Angeles, fez experiências com ratos e gatinhos que ele encarcerou em vidros hermeticamente fechados. Suas balanças eram as mais sensíveis conseguidas e foram colocadas dentro de uma caixa de vidro da qual foi removida toda a umidade. Descobriu-se que todos os animais estudados perderam peso ao morrer. Um rato bem grande pesando 12,886 gramas, subitamente perdeu 3,1 miligramas ao morrer.
Um gatinho usado em outra experiência perdeu 100 miligramas ao agonizar, e quando exalou seu último alento perdeu mais 60 miligramas. A seguir foi perdendo peso lentamente, devido â evaporação.
Deste modo os ensinamentos da Ciência Oculta relativos aos Corpos Vitais dos animais foram também comprovados quando se empregaram balanças suficientemente sensíveis. O caso mencionado – o das balanças que não acusaram qualquer diminuição de peso quando morreu o cão São Bernardo – deve-se ao fato de que o Corpo Vital dos animais é proporcionalmente mais leve que o do ser humano.
Os Anjos são particularmente ativos nos Corpos Vitais das plantas, porque o sopro de vida vivificando este reino começou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos, e trabalhavam com as plantas como hoje trabalhamos com os nossos minerais. Há, portanto, uma afinidade específica entre os Anjos e o Espírito-Grupo das plantas. Assim podemos explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também ficou enorme na Segunda Época, ou Hiperbórea, quando os Anjos tiveram então responsabilidade especial. Assim é com a criança em sua segunda setenária época de vida, porque é quando os Anjos têm total influência, e no final dessa época, aos quatorze, a criança alcança a puberdade e está apta a reproduzir sua espécie; também devido ao trabalho dos Anjos.
Eles foram os modelos que extraíram de si mesmos o material denso para formar os Corpos das plantas atuais e, também as formas das plantas do passado, que estão incrustadas nas camadas geológicas de nosso Globo Terrestre.
Essas formas etéreas vegetais foram ajudadas em suas formações quando o calor veio do exterior, após a separação da Terra do Sol e da Lua. Esse calor deu-lhes a força vital para extraírem para elas próprias a substância mais densa. O Corpo Vital é o princípio mais importante da planta é ele que faz a planta crescer o caule e as folhas em sucessão alternada, fazendo a planta crescer mais e mais; mas não há variedade, a planta segue repetindo o tempo todo. Caule, folha e galho: sempre a mesma coisa.
As plantas têm apenas um Corpo Denso e um Corpo Vital; daí não poderem sentir, nem pensar. Elas não têm Corpo de Desejos nem Mente, e assim um maior distanciamento existe entre a planta e seu Espírito-Grupo do que entre o animal e seu Espírito-Grupo; daí a consciência das plantas ser correspondentemente mais fraca, assemelhando-se ao nosso estado de sono sem sonho.
O mineral possui apenas o Corpo Denso. Faltam-lhe três ligações para conectá-lo com seu Espírito-Grupo. Portanto, ele é inerte e sua inconsciência assemelha-se a do Corpo Denso humano no estado de “transe”, quando o Espírito humano, o Ego, passou correspondentemente além dele.
Como conclusão, notemos que os três Mundos no qual vivemos não se acham separados pelo espaço. Estão todos por aí, como a luz e a cor, encravados na matéria física, como as linhas de clivagem no mineral. Se deixarmos congelar um prato de água, e examiná-lo num microscópio, veremos os cristais de gelo divididos uns dos outros por linhas. Elas estavam presentes na água embora sem serem vistas como linhas de força, invisíveis até que condições adequadas fizeram-nas aparecer. Então um Mundo acha-se encerrado no próximo-superior, sem ser visto por nós até provermos as condições apropriadas; mas quando nos tivermos adaptados, a Natureza, que está sempre pronta a nos revelar suas maravilhas, expressa ardente alegria por todos aqueles que, como auxiliares na evolução, dessa forma alcançam a cidadania nos reinos invisíveis.
Como vimos na Conferência no. 3[18], as plantas têm um Corpo Denso e um Corpo Vital, que as capacitam a executar os seus trabalhos; vimos, também, que suas consciências eram tão profundas como sonhos sem sonhos. Assim é fácil para o Ego dominar as células vegetais e subjugá-las por longo tempo; daí o grande poder nutritivo dos vegetais. Para funcionar em qualquer dos Mundos e expressar as qualidades peculiares a cada um, precisamos primeiro possuir um veículo feito do material de cada Mundo. Para funcionarmos no denso Mundo Físico precisamos possuir um Corpo Denso adaptado ao nosso meio ambiente. De outro modo seriamos fantasmas, como comumente são chamados os invisíveis para a maioria dos seres físicos. Portanto, temos primeiro que ter um Corpo Vital para que possamos expressar vida, crescimento ou exteriorizar as demais qualidades da Região Etérea.
Quando examinamos os quatro reinos em relação à Região Etérica, vemos que o mineral não possui um Corpo Vital separado, e logo constatamos a razão dele não poder crescer, propagar-se ou mostrar vida consciente. Como uma hipótese necessária para justificar outros fatos conhecidos, a ciência material sustenta que no sólido mais denso, assim como no gás mais rarefeito e tênue, não há dois átomos que se toquem; que há um invólucro de Éter em cada átomo; e que os átomos no universo flutuam num oceano de Éter[19].
Assim como a sensação nos animais e no ser humano é devida a seus Corpos Vitais serem separados, assim também a sensibilidade da Terra é particularmente ativa em sua sexta camada, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender o prazer que ela sente quando a rocha dura é desintegrada por processos de mineração, e a dor quando jazidas se acumulam, precisamos lembrar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, e para nos fornecer um ambiente no qual possamos viver e adquirir experiências, ela teve que cristalizar seu Corpo na atual condição sólida.
O Corpo Vital da planta é composto por apenas dois Éteres mais densos: o Éter Químico e o Éter de Vida, que possibilitam à planta crescer e propagar-se, mas faltam-lhe, os dois Éteres Superiores: o Éter Luminoso e o Éter Refletor. Por isso ela não tem sensação ou memória do que se passa à sua volta. Por esse motivo, a amputação de um ramo não será sentida pela planta, e no caso do rochedo que é dinamitado, só o Éter Químico se acha presente, por isso os cristais nada sentem. Ainda estaria errado inferir que não há sentimento em ambos os casos; já que plantas e minerais não possuem veículos individuais de sentido, eles acham-se envoltos e interpenetrados pelos Éteres e o Mundo do Desejo do Planeta, e o Espírito Planetário sente tudo pelo mesmo princípio de que nosso dedo não pode sentir, por não possuir Corpo de Desejos individual, mas nós, os Espíritos internos que habitamos o Corpo sentimos qualquer corte sofrido pelo dedo.
Para progredir espiritualmente o ser humano precisa desenvolver mais ainda o seu Corpo Vital.
Estamos agora nos preparando para a rápida aproximação da Era de Aquário com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do adormecido Corpo Vital, cuja palavra-chave é Repetição.
O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estas são as suas ferramentas e da qualidade e condição delas depende o quanto, para mais ou para menos, o Ego poderá realizar seu trabalho de colher experiência em cada vida. Se os instrumentos são pobres e apáticos vai haver pouco crescimento espiritual e a vida será improdutiva, no que diz respeito ao Espírito.
A vida superior (Iniciação) não começa, entretanto, até que o trabalho no Corpo Vital tenha início. O meio usado para dar início a essa atividade é o amor, ou melhor, o altruísmo. A palavra Amor tem sido tão deturpada que não tem mais o significado requerido aqui.
A segunda ajuda que agora a Humanidade possui é a Religião do Filho, a Religião Cristã, cujo objetivo é a união com o Cristo, pela purificação e o controle do Corpo Vital.
Enquanto os veículos invisíveis, especialmente o Corpo Vital, estiverem adormecidos, o ser humano poderá seguir numa carreira materialista; mas uma vez que esses veículos sejam despertados e provem do pão da vida, é como o Corpo Denso: fica sujeito à fome, fome da alma, e seus anseios não serão negados, a não ser após uma luta extremamente dura.
Tem sido dito aqui que a Humanidade, pelo menos a maior parte dela, está trabalhando hoje em dia sobre seus Corpos de Desejos, e tentando refrear seus desejos por meio da lei. Quando o desenvolvimento oculto ocorrer, quando o ser humano se tornar um pioneiro, será no Corpo Vital que se irá trabalhar. O Corpo Vital é particular e peculiarmente desenvolvido pela repetição.
É necessário educar e trabalhar o Corpo Vital de tal modo que ele possa ser usado em voos da alma. Este veículo, como sabemos, é composto de quatro Éteres. É por meio deste corpo que manipulamos o mais denso de todos os nossos veículos, o Corpo Denso, o qual normalmente imaginamos ser o ser humano completo. O Éter Químico e de Vida formam uma matriz para os nossos Corpos físicos. Cada molécula do Corpo Denso acha-se encerrada numa rede de Éter que o permeia e o impregna de vida.
Através desses Éteres as funções corporais, tais como respiração, etc., são executadas e a densidade e consistência dessas matrizes de Éter determinam o estado de saúde. Mas a parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres Superiores, o Éter Luminoso e o Éter Refletor, é a que podemos chamar de Corpo-Alma; quer dizer, ela é a que está mais intimamente ligada ao Corpo de Desejos e a Mente e, também a mais receptiva ao toque do Espírito do que se acha a parte formada pelos dois Éteres Inferiores. O Corpo-Alma é o veículo do intelecto, e responsável por tudo que faz do indivíduo, um ser humano. Nossas observações, nossas aspirações, nosso caráter, etc., são devidos ao trabalho do Espírito nesses dois Éteres Superiores, que se tornam mais ou menos luminosos de acordo com a natureza de nosso caráter e hábitos. Outrossim, do mesmo modo que o Corpo Denso assimila partículas de alimento e assim adquire carne, os dois Éteres Superiores assimilam nosso bem agir durante a vida e assim também crescem em volume.
De acordo com nossos feitos nessa vida atual, aumentamos ou diminuímos desse modo à bagagem que trouxemos ao nascer. Se nascermos com um bom caráter, expresso nesses dois Éteres Superiores, não nos será fácil mudá-lo porque o Corpo Vital tornou-se muito, muito firme durante as miríades de anos em que o desenvolvemos. Por outro lado, se fomos frouxos, negligentes e indulgentes em relação aos hábitos que consideramos maus, se formamos um mau caráter em vidas anteriores, aí vai ser difícil superá-los porque isso estabeleceu a natureza do Corpo Vital, e anos de constante esforço serão precisos para mudar sua estrutura. É por isso que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental afirmam que todo desenvolvimento místico tem início no Corpo Vital.
Cada vez que prestamos serviço a alguém nós aumentamos o brilho de nosso Corpo-Alma, que é construído de Éter. É o Éter de Cristo que atualmente movimenta o nosso Globo, e é bom lembrar que se desejamos um dia trabalhar pela Sua libertação, precisamos que um número suficiente desenvolva seus Corpos Alma ao ponto em que eles possam fazer a Terra flutuar. Então, poderemos carregar Seu fardo e libertá-Lo da dor da existência física.
Além do fato de que a Escola Oriental de Ocultismo baseia seus ensinamentos no Hinduísmo, enquanto, a Escola de Sabedoria Ocidental promulga o Cristianismo, a Religião do Ocidente, há uma grande, fundamental, irreconciliável discrepância entre os ensinamentos dos modernos representantes do Leste e o dos Rosacruzes. De acordo com a versão do Ocultismo Oriental o Corpo Vital, que é chamado Linga Sharira, é comparativamente pouco importante, por ser ele incapaz de se desenvolver como um veículo de consciência. Serve somente como um canal para a força solar “prama”, e como uma ligação entre o Corpo Denso e o Corpo de Desejos, que é chamado Kama Rupa e, também, de “corpo astral”. Este, eles dizem, é o veículo do Auxiliar Invisível.
A Escola da Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital, e o autor, como seu representante público, tem estado, por esse motivo, muito ocupado desde o início do nosso movimento tentando reunir e disseminar o conhecimento sobre os quatro Éteres e o Corpo Vital. Muita informação foi dada no Conceito Rosacruz do Cosmos e nos livros que o sucederam, mas as lições e cartas mensais transmitem os resultados de nossas atuais pesquisas. Estamos constantemente exibindo este Corpo Vital (vital em um duplo sentido) para as Mentes dos estudantes para que aprendendo e pensando sobre ele, assim como, lendo e observando os agradáveis “pequenos sermões” que usamos para veicular essa informação, eles possam, consciente e inconscientemente, tecer o Dourado Manto Nupcial. Advertiremos a todos que estudem essas lições cuidadosamente ano após ano; pode haver muito refugo, mas há ouro entre elas.
Temos aqui a descrição de como os estigmas ou perfurações foram produzidas no Herói dos Evangelhos, embora as localizações não estejam perfeitamente descritas, e o processo esteja representando em forma de narrativa diferindo amplamente da maneira pela qual esses fatos realmente ocorreram. Mas deparamos aqui com um mistério que deve continuar secreto para o profano, embora os fatos místicos fundamentais estejam claros como o dia para aqueles que têm o conhecimento. O Corpo Denso não é de modo algum o ser humano verdadeiro. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos, é realmente a parte mais morta do ser humano, cristalizado numa matriz de veículos superiores que são invisíveis à nossa visão física comum. Se colocarmos uma bacia com água numa temperatura de congelamento, a água em pouco tempo vira gelo, e quando examinamos o gelo, descobrimos que é feito de inúmeros pequenos cristais em variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Há linhas etéreas de forças que estão presentes na água antes dela congelar.
Assim como a água endureceu e moldou-se entre essas linhas, assim também os nossos Corpos Físicos congelaram e solidificaram em meio às linhas etéricas de força de nosso invisível Corpo Vital, que está assim no curso normal da vida, indissoluvelmente vinculado ao Corpo Denso, acordado ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa amarra. Mas como a Iniciação acarreta a libertação do ser humano real do Corpo do Pecado e da morte, de modo a que ele possa se elevar às esferas mais sutis e retornar ao Corpo se desejar, é óbvio que antes que isso aconteça, antes que o propósito da Iniciação seja alcançado, o tenaz entrelaçamento entre o Corpo Denso e o veículo etéreo, que é muito forte e rígido na Humanidade comum, tem que ser dissolvido. Como eles estão mais fortemente unidos nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços em romper a conexão nesses três pontos, e produzir os estigmas de modo invisível.
A Maçonaria Esotérica, que é apenas a capa da Ordem Mística formada pelos Filhos de Caim, tem nos tempos modernos atraído o elemento masculino e seus veículos físicos positivamente polarizados, e os educados na indústria e nas funções de Estado, controlando assim o desenvolvimento material do mundo. Os Filhos de Seth, que constituem o clero, têm lançado seus encantos sobre os Corpos Vitais positivos do elemento feminino para dominarem o desenvolvimento espiritual. E, enquanto os Filhos de Caim, trabalhando através da Franco-Maçonaria e movimentos congêneres, têm brigado abertamente pelo poder temporal, o clero tem brigado arduamente, e talvez de modo mais efetivo sub-repticiamente, para reter seu domínio sobre o desenvolvimento espiritual do elemento feminino.
À medida que a Humanidade avança na evolução, o Corpo Vital se torna mais permanentemente polarizado de maneira positiva, dando a ambos os sexos uma maior aspiração de espiritualidade e, embora mudemos do masculino para o feminino, em encarnações alternativas, a polaridade positiva do Corpo Vital está se tornando mais pronunciada, independente do sexo. Isso explica a crescente tendência ao Altruísmo que ainda está vindo à luz pelo sofrimento vinculado à grande guerra que estamos lutando agora (1918), pois todos concordam que as nações estão buscando obter uma paz duradoura, onde as espadas possam ser transformadas em relhas de arado e as lanças em podões.
Sabemos que nosso Corpo Denso gravita na direção do centro da Terra, portanto, uma mudança precisa acontecer; além disso, São Paulo nos diz que carne e sangue não podem herdar o Reino dos Céus. Mas ele, também chama a atenção de que temos um “soma psuchicon” (traduzido incorretamente por corpo natural), um Corpo-Alma, e este é feito de Éter, o qual é mais leve que o ar e por isso capaz de levitar. Isto é o Manto Dourado de Bodas, a Pedra Filosofal, ou a Pedra da Vida, mencionado em algumas filosofias antigas como a Alma de Diamante, por sua luminosidade, brilho e resplendor – uma gema de valor incalculável. Era também chamado de corpo astral pelos alquimistas medievais, por causa da habilidade por ele conferida, ao que o possuía, de poder transpor as regiões estreladas. Mas não se deve confundi-lo com o Corpo de Desejos que alguns pseudo-ocultistas modernos, erroneamente, chamam de corpo astral. Esse veículo, o Corpo-Alma, irá posteriormente ser desenvolvido pelo total da Humanidade, mas durante a mudança da Época Ariana para as condições etéreas da Nossa Galileia, haverá pioneiros que antecederão seus irmãos, assim como os Semitas Originais foram os precursores durante a mudança da Época Atlântica para a Ariana. Cristo mencionou esse grupo no Evangelho segundo São Mateus, Capítulo XI, versículo 12, quando disse: “O Reino dos Céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.”. Esta não é uma tradução correta.
Deveria ser, “O Reino dos Céus foi invadido” (em grego está biaxetai) e os invasores apoderaram-se dele. Os homens e as mulheres já aprenderam, por meio de uma vida santa e útil, a abandonarem os seus Corpos de carne e sangue, intermitente ou permanentemente, e a caminharem nos céus com pés alados, atentos aos trabalhos do seu Senhor, vestidos pelo manto etéreo de bodas da nova dispensação.
Repetição é a palavra-chave do Corpo Vital e o extrato do Corpo Vital é a Alma Intelectual, que é o alimento do Espírito de Vida, o verdadeiro Princípio Crístico no ser humano. Como o trabalho particular do Mundo Ocidental é desenvolver esse Princípio Crístico, para formar o Cristo interno que poderá brilhar através da escuridão material atual, é absolutamente essencial à reiteração de ideias.
Um impacto muito pequeno é feito sobre o Corpo Vital quando ideias e ideais nele penetram através do invólucro da aura, mas o que ele recebe de estudos, sermões, conferências ou leituras é de natureza mais duradoura, e muitos impactos na mesma direção criam impressões poderosas para o bem ou para o mal, segundo sua natureza.
Não podem ser obtidas informações dos Anjos; eles trabalham com o Corpo Denso, mas não diretamente; eles usam o Corpo Vital como transmissor, e não podem se fazer compreendidos por seres que raciocinam por meio de um cérebro. Eles obtêm conhecimento sem raciocinar, pois, irradiam todo o seu amor em sua obra e a sabedoria cósmica flui de volta. O ser humano também cria por meio do amor, mas seu amor é egoísta; ele ama porque deseja cooperação na reprodução; pois ele usa apenas metade de sua força criadora para a procriação, a outra metade ele guarda egoisticamente para construir seu próprio órgão de raciocínio, o cérebro, e, também usa essa metade de forma egoísta para pensar, porque deseja conhecimento. Por conseguinte, ele tem que trabalhar e raciocinar para obter sabedoria, mas com o tempo ele atingirá um estágio muito mais elevado que os Anjos ou Arcanjos. Terá então superado a necessidade dos órgãos de procriação inferiores; ele criará por meio da laringe, e será capaz de “fazer da palavra, carne”.
A razão é o produto do egoísmo. É criada pela Mente recebida pelos “Poderes das Trevas”, num cérebro construído pelo egoísmo, guardando metade da força sexual, e impelido pelos Lucíferos egoístas, pois ela é “o fruto da serpente”, e embora transmutada em sabedoria por meio da dor e o sofrimento, ela precisa dar lugar a algo mais elevado: a intuição, que significa ensinamento brotado de dentro. Esta é uma faculdade espiritual, também presente em todos os Espíritos, que embora funcionando no momento presente, tanto em homens como em mulheres, se expressa de maneira mais marcante nos encarnados em corpos femininos, pois neles a contraparte do Espírito de Vida, o Corpo Vital, é masculino e positivo. Intuição, a faculdade do Espírito de Vida, pode, portanto, ser chamada apropriadamente de “semente da mulher”, de onde todas as tendências altruísticas brotam, e por meio da qual todas as nações estão sendo lentamente, mas firmemente, trazidas juntas numa Fraternidade Universal do amor, não importando a raça, o sexo ou a cor.
O que é agora o Corpo Denso foi o primeiro veículo adquirido pelo ser humano como uma forma de pensamento; tem passado por um imenso período de evolução e organização até ter se tornando no esplendido instrumento que é agora, servindo-o tão bem aqui; mas é resistente, rígido e difícil de ser trabalhado. O veículo adquirido em seguida foi o Corpo Vital, que, também passou por um longo período de desenvolvimento e foi condensado à consistência de Éter. O terceiro veículo, o Corpo de Desejos, foi comparativamente adquirido mais recentemente e acha-se num estado comparativo de fluxo. Por fim, vem a Mente, que é apenas como uma nuvem sem forma, não merecendo ser chamada de veículo, sendo ainda apenas uma ligação entre os três veículos do ser humano e o Espírito.
Esses três veículos, o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, juntos com o vínculo da Mente, são as ferramentas do Espírito em sua evolução, e, contrariamente à ideia comum, a habilidade do Espírito para investigar os reinos superiores não depende dos mais sutis desses corpos tanto quanto do mais denso. A prova dessa afirmação não está muito longe do alcance de qualquer um, e certamente, alguém que já tenha tentado seriamente, já obteve essa prova por si mesmo. Senão ele vai tê-la dentro em breve simplesmente mudando as condições de sua Mente. Digamos que uma pessoa adquiriu certos hábitos de pensamento dos quais ela não goste. Talvez, após uma experiência religiosa, ela descubra que apesar de toda a sua vontade, esses hábitos de pensamento não vão abandoná-la. Mas, se ela decide limpar sua Mente de maneira que ela só tenha puros e bons pensamentos, ela pode fazer isso simplesmente se recusando a admitir pensamentos impuros. Ela vai descobrir que após uma ou duas semanas sua Mente está notadamente mais limpa que no começo de seu esforço; que sua Mente guarda de preferência os pensamentos religiosos que a pessoa vem buscando gerar em sua Mente. Até a Mente mais anormalmente degenerada pode ser totalmente limpa dentro de poucos meses. Isto é conhecimento verdadeiro para os muitos que já o tentaram, e alguém que queira e for suficientemente persistente pode passar pela mesma experiência e apreciar uma Mente limpa em bem pouco tempo.
A parte do Corpo Vital que tenha sido trabalhada pelo Espírito de Vida, converte-se na Alma Intelectual, e esta constrói o Espírito de Vida, porque aquele aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital.
Na vida comum muitas pessoas vivem para comer, elas bebem, gratificam a paixão sexual de modo desenfreado, e se descontrolam à menor provocação. Embora aparentemente essas pessoas possam ser bem “respeitáveis”, elas estão quase todos os dias de suas vidas, causando uma confusão quase que ilimitada em sua estrutura. Todo o período que passam dormindo é gasto pelos Corpos de Desejos e Vital na reparação do dano causado durante o dia, não sobrando, de nenhum modo, tempo para o trabalho exterior. Mas se o indivíduo começa a sentir a necessidade de uma vida superior, controla a força sexual e o temperamento, e cultiva uma disposição serena, assim menos perturbação é causada nos veículos durante as horas que passa acordado; consequentemente menos tempo é requerido durante o sono, para reparar os danos. Assim torna-se possível deixar o Corpo Denso por longos períodos durante as horas de sono, e funcionar nos Mundos internos por meio dos veículos superiores. Como o Corpo de Desejos e a Mente não se acham ainda organizados, eles não são de utilidade como veículos separados da consciência. Nem pode o Corpo Vital deixar o Corpo Denso, pois isso causaria a morte. É evidente que medidas precisam ser tomadas para se proporcionar um veículo organizado, que seja fluído e construído de modo a preencher as necessidades do Ego nos Mundos internos, como assim faz o Corpo Denso no Mundo Físico.
O Corpo Vital é um veículo tão organizado que se de algum modo puder vir a ser separado do Corpo Denso, sem provocar a morte, o problema poderá ser resolvido. Além disso, o Corpo Vital é à base da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta à nossa consciência física as lembranças das experiências suprafísicas e delas obterem, assim, total benefício.
Lembremos que os Hierofantes dos antigos Mistérios dos Templos segregaram algumas pessoas em castas e tribos como os Brâmanes e Levitas, com o propósito de fornecer Corpos para o uso desses Egos que já estavam avançados o bastante para a Iniciação. Isso foi feito de tal modo que o Corpo Vital ficou separado em duas partes, como eram os Corpos de Desejos de toda a Humanidade no princípio do Período Terrestre. Quando os Hierofantes tiravam os alunos para fora de seus Corpos, eles deixavam uma parte do Corpo Vital, correspondente ao primeiro e segundo Éteres, para exercer as funções puramente animais (elas são as únicas ativas durante o sono); os alunos levavam consigo um veículo capaz de percepção, por causa de sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso; e, também, com o poder de memória. Ele possuía essas capacidades porque era composto pelo terceiro e quarto Éteres, que são os meios de percepção sensorial e memória.
Essa é, de fato, a parte do Corpo Vital que o Aspirante retém vida após vida, e imortaliza como a Alma Intelectual.
Desde que Cristo veio e “levou embora o pecado do mundo” (não o individual), purificando o Corpo de Desejos de nosso Planeta, a conexão entre todos os Corpos Densos e Vitais dos humanos tem se afrouxado de tal maneira que, pelo treinamento, eles são capazes de separação como acima descrita. Portanto a Iniciação é possível a todos.
A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de separação na maioria das pessoas (de fato, elas possuíam esta capacidade antes mesmo da vinda de Cristo). É então, quando, pela concentração e o uso da fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos terem sido segregadas para uso durante o sono, ou em qualquer outra ocasião, as partes inferiores dos Corpos de Desejos e Vital são, ainda, deixadas para executar o processo de restauração no veículo denso, uma parte meramente animal.
Essa parte do Corpo Vital que se retira é altamente organizada, como vimos. Ela é uma perfeita contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente, não sendo organizados, são de uso apenas por estarem conectados com o Corpo Denso, altamente organizado. Quando estão separados dele são apenas pobres instrumentos. Portanto, antes que o ser humano possa retirar-se do Corpo Denso, os centros sensoriais do Corpo de Desejos precisam ser acordados.
O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de se absorver, quando desejar, qualquer assunto de sua escolha, ou melhor, não a um assunto normalmente, mas a um simples objeto, que ele imagine. Então, quando as condições apropriadas ou o ponto de absorção tenham sido alcançados com seus sentidos completamente serenos, ele concentra seu pensamento sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e eles começam a girar.
Deveríamos ser muito agradecidos pelo instrumento material que temos, pois é o mais útil de todos os nossos veículos. Enquanto, que é perfeitamente verdade que nosso Corpo Denso é o mais inferior de nossos veículos, é também um fato que esse veículo é o mais completo de nossos instrumentos, e sem ele os demais veículos seriam de pouco uso para nós no momento. Pois, enquanto este esplendidamente bem-organizado instrumento nos possibilita enfrentar mil e uma condições na Terra, nossos veículos superiores acham-se praticamente não organizados. O Corpo Vital é formado órgão a órgão como o nosso Corpo Denso, mas até estar treinado pelos Exercícios Esotéricos ele não é um instrumento adequado para funcionar sozinho. O Corpo de Desejos tem apenas certo número de centros sensoriais que não são realmente ativos na grande maioria das pessoas, e quanto a Mente, ela é uma nuvem sem forma para a grande maioria. No momento devemos ter como objetivo espiritualizar o instrumento físico, e deveríamos compreender que temos que treinar nossos veículos superiores antes que possam ser de utilidade. Para o maior número de pessoas isso vai levar muito, muito tempo. Portanto, o melhor é cumprirmos com as obrigações que estão ao nosso alcance. Assim apressamos o dia em que estaremos capacitados a usar os veículos superiores, pois, esse dia depende de nós.
Todos nós nos tornamos muito mais impregnados de materialismo mais do que percebemos, e isso é um obstáculo em nossa conquista. Como Estudantes Rosacruzes da Filosofia Rosacruz, nos acostumamos a considerar a vida individual e intermitente num Corpo Vital como uma conquista possível para poucos, mas o total da Humanidade poderá viver permanentemente por toda uma época no ar! Verdadeiramente, isso me faz prender o fôlego quando percebo que a Bíblia significa exatamente o que diz quando afirma que encontraremos o Senhor no ar e com Ele ficaremos por toda essa Época.
Quando o Cristianismo tiver completamente espiritualizado o Corpo Vital, um degrau ainda mais alto será a Religião do Pai, que como o mais alto Iniciado do Período de Saturno vai ajudar o ser humano a espiritualizar o Corpo Denso que foi iniciado no Período de Saturno. Então até a Fraternidade será ultrapassada; não haverá nem eu nem vós, pois todos serão Unos em Deus conscientemente, e o ser humano terá se emancipado pela ajuda dos Anjos, Arcanjos e Poderes Superiores.
As Orações, os Rituais e Exercícios são importantes na espiritualização do Corpo Vital.
Se, pelas orações frequentes, obtivermos o perdão pelas injúrias que fizemos aos outros e se fizermos toda reparação possível, purificando nossos Corpos Vitais perdoando aqueles que erraram contra nós, e eliminarmos todo mal sentimento, nos livraremos de muitos infortúnios post-mortem, além de prepararmos o lugar para a Irmandade Universal, que depende em particular da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. Em forma de memória, o Corpo de Desejos impressiona no Corpo Vital a ideia de vingança. Um temperamento sereno diante dos vários aborrecimentos da vida diária significa vitória, por isso o Aspirante deve procurar controlar o seu temperamento, pois isso inclui trabalho em ambos os corpos. A Oração do Senhor inclui isso também, pois quando vemos que estamos fazendo alguém sofrer, nós observamos e procuramos encontrar a causa. Perda de controle é uma dessas causas com origem no Corpo de Desejos.
Muitas pessoas abandonam a vida física com o mesmo temperamento que trouxeram, mas o Aspirante tem que sistematicamente subjugar todas as tentativas do Corpo de Desejos de assumir o comando. Isso pode ser feito concentrando-se em ideais elevados, que fortalecem o Corpo Vital, sendo muito mais eficaz que as orações comuns da igreja. Os cientistas ocultos usam concentração em vez da oração, porque aquela está acompanhada da ajuda da Mente, que é fria e sem sentimento, enquanto a oração é normalmente ditada pela emoção. Quando ditada por uma devoção pura e altruísta a elevados ideais, a oração é muito superior a uma fria concentração. A oração nunca pode ser fria e sim deve apoiar-se nas asas do Amor para levar os eflúvios do místico para a Divindade.
O Espírito de Vida, na oração do Pai Nosso, roga à sua contraparte, o Filho, pela sua contraparte na natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.
A oração que trata das necessidades do Corpo Vital é “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.
O Corpo Vital é o assento da memória. Nela estão armazenados os registros subconscientes de todos os acontecimentos passados de nossa vida, bons ou maus, incluindo todos os sofrimentos infligidos ou sofridos, e os benefícios recebidos, ou os dados. Lembramos que o registro da vida é feito a partir dessas imagens logo após a saída do Corpo Denso por ocasião da morte, e que todos os sofrimentos da existência post-mortem são os resultados dos acontecimentos registrados nessas imagens.
O Corpo Vital sendo o depósito do panorama de nossas vidas, nossos próprios pecados e os erros que sofremos nas mãos dos outros lá estão gravados, daí que a quinta oração, “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos quem nos tenha ofendido”, anuncia as necessidades do Corpo Vital. Ressalta-se que essa oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras ‘perdoa-nos’, e a Lei de Consequência nas palavras ‘assim como nós perdoamos’, fazendo da nossa própria atitude para com os outros a medida de nossa emancipação.
Essa (a Oração Rosacruz) é o modelo de oração que eleva, que enobrece o ser humano, e quanto mais o ser humano cultive essa atitude mental, e alimente essas elevadas aspirações, mais ele elevará os dois Éteres Superiores para fora do Corpo Vital. As igrejas dizem “ore, ore, ore”, e elas estão bem em sintonia com o ensinamento oculto, pois desse modo o Corpo Vital está sendo trabalhado pela constante repetição das elevadas aspirações.
É desse modo que age tudo aquilo que tem Corpo Vital; então quando queremos atuar sobre o Corpo Vital devemos fazê-lo pelo método da repetição. Temos os quatro Éteres presentes no Corpo Vital, e os dois Éteres Inferiores cuidam das funções físicas, como nos lembramos em particular da conferência sobre Visão e Introvisão Espiritual. Vimos nela que os dois Éteres Superiores tinham que ser levados conosco quando queríamos funcionar nos Mundos superiores; e é esse repetido impacto que torna a divisão entre os dois Éteres Inferiores e os dois superiores possível. É nesse aspecto que as igrejas são ainda fatores do desenvolvimento espiritual, porque elas dizem para os devotos que eles têm que orar sem cessar. Mas não devemos orar de modo egoísta, temos que orar altruisticamente, e em harmonia com o Bem Universal. Quando rezamos para chover e nosso vizinho reza pela estiagem, tem que prevalecer o caos, se as orações forem atendidas. Nem devemos supor que seja para se negociar com Deus, como parece ser a concepção daqueles que bradam mais alto nas reuniões de oração. Existe certa atitude espiritual a ser alcançada que o místico conhece muito bem quando ele entra em seus aposentos.
A lei é um freio para a natureza de desejos, mas quando o progresso oculto, ou melhor, dizendo, o espiritual é almejado, a espiritualização do Corpo Vital deve ser também realizada. E isso é conseguido por meio da arte da Religião, em impactos repetidos com frequência, pois a nota chave do Corpo Vital é Repetição, como podemos ver, observando as plantas que possuem apenas um Corpo Denso e um Corpo Vital. Seus galhos e folhas seguem uns aos outros em sucessão contínua; as plantas os fazem crescer alternadamente. Foi o Corpo Vital que construiu as vértebras da coluna espinhal dos seres humanos, uma após a outra em constante repetição. E a memória, por exemplo, que é uma das faculdades do Corpo Vital, é fortalecida e desenvolvida pela iteração e reiteração constantes.
Quando os Protestantes saíram da Igreja Católica, eles em verdade deixaram muitos abusos para trás, mas também abandonaram quase tudo de valor. Eles abandonaram o ritual que todos deviam conhecer e compreender, apesar da má enunciação por parte do padre. Conhecendo o ritual, o leigo poderia enviar seus pensamentos na mesma direção do pensamento do padre que estivesse lendo, e assim uma enorme quantidade de pensamentos espirituais idênticos seriam reunidos juntos e projetados sobre a comunidade para bem ou para mal.
Aqueles que vão a uma igreja Católica compreendendo o ritual são, ainda hoje, capazes de unir seus pensamentos em conclave espiritual e guardar na memória o que se passou. Então, eles estão a todo o momento adicionando um pouco mais à espiritualização de seus Corpos Vitais, enquanto os membros da igreja Protestante foram afetados apenas em suas naturezas emocionais cujo efeito é logo perdido. A Bíblia nos diz para orarmos sem cessar, e muitos escarneceram dizendo que se Deus é omnisciente e Ele sabe do que necessitamos sem orarmos, e se Ele não o é, provavelmente não é onipotente, e por esse motivo nossas orações não serão atendidas, sendo então inútil orar. Mas, aquele mandamento foi estabelecido a partir do conhecimento da natureza do Corpo Vital, que necessita daquela repetição para que seja espiritualizado.
Antes de um ritual atingir seu efeito máximo, entretanto, aqueles que desse modo se destinam a crescer, precisam tornar-se afinados com ele. Isso envolve trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos estão ainda em formação.
É assunto de conhecimento oculto que o nascimento é um feito quádruplo, e que o nascimento do Corpo Denso é apenas um passo no processo. O Corpo Vital também passa por um desenvolvimento análogo ao do crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce em torno do sétimo ano de vida.
Durante os sete anos seguintes o Corpo de Desejos amadurece e nasce em torno do décimo quarto ano, quando se atinge a adolescência, e a Mente nasce aos vinte e um, quando tem início à idade adulta.
Esses fatos ocultos são bem conhecidos pela Hierarquia Católica, e enquanto os ministros Protestantes trabalham sobre a natureza emocional, que está sempre procurando algo novo e sensacional sem perceber a inutilidade da luta e o fato de que é esse seu veículo mais exuberante que leva as pessoas das igrejas em busca de algo novo e mais sensacional, a Hierarquia Católica ocultamente informada concentra seus esforços nas crianças. “Dê-nos as crianças até sete anos e serão nossas para sempre”, eles dizem, e eles estão certos. Durante esses importantes sete anos eles impregnam os plásticos Corpos Vitais, de que estão encarregados nesse propósito, através da repetição. As orações repetidas, a duração e o tom dos vários cantos, e o incenso, tudo tem um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em crescimento.
Então, todos os esforços para elevar a Humanidade trabalhando-se sobre o instável Corpo de Desejos são e sempre serão inúteis. Isso foi reconhecido por todas as escolas ocultas em todos os tempos e elas têm, portanto, se dirigido para a mudança do Corpo Vital, trabalhando com sua nota chave que é a repetição. Para esse propósito, elas escreveram vários rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios de seu desenvolvimento e desse modo elas têm favorecido o crescimento anímico, lenta, mas firmemente, sem se importar se o ser humano estava ou não ciente de estar sendo influenciado desse modo. O Antigo Templo de Mistério Atlante, do qual falamos no Tabernáculo no Deserto, tinha certos ritos prescritos no Monte pela divina Hierarquia que foi seu Mestre particular. Alguns rituais eram realizados durante os dias úteis. Outros ritos eram usados no Sábado, e ainda outros nas épocas de Lua Nova e nos grandes festivais solares. Ninguém abaixo do mais alto sacerdote tinha poder de alterar o ritual, sob pena de punição por morte.
Durante o sono as correntes do Corpo de Desejos fluem, e seus vórtices movem-se e giram com enorme rapidez. Mas logo que entra no Corpo Denso suas correntes e vórtices quase que são parados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que levam e trazem as mensagens do cérebro. É o objetivo do exercício de retrospecção aquietar o Corpo Denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que prevalece durante o sono, embora o Espírito interno esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Por isso estabelecemos uma condição em que os centros sensoriais do Corpo de Desejos podem começar a girar, enquanto permanece dentro do Corpo Denso.
Esses exercícios (Concentração e Retrospecção) serão improdutivos em resultados se não forem acompanhados por atos de amor, pois o amor será a nota-chave da idade que se aproxima, assim como a lei é a norma atual. A intensa expressão da primeira qualidade aumenta a luminosidade fosforescente e a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais, as correntes de fogo rompem a ligação com o traje mortal e o ser humano, uma vez nascido da água ao emergir da Atlântida, agora nasce do espírito no Reino de Deus. A força dinâmica de seu amor abriu um caminho para a terra do amor, e indescritível é o júbilo entre os que já se encontram quando chegam novos invasores, pois cada um que chega apressa a vinda do Senhor e o estabelecimento definitivo do Reino dos Céus.
É uma máxima mística que “todo desenvolvimento espiritual começa com o Corpo Vital”. Esse Corpo é o mais próximo ao Corpo Denso em densidade. Sua nota-chave é a Repetição, e é o veículo dos hábitos sendo isso de certo modo difícil mudá-lo ou influenciá-lo, mas uma vez que a mudança tenha sido feita e um hábito adquirido pela repetição, seu desempenho torna-se automático de algum modo. Essa característica tanto é boa quanto má em relação à oração, pois a impressão gravada nos Éteres desse veículo vai impelir o Estudante Rosacruz a ser fiel à sua devoção em ocasiões estabelecidas, mesmo que ele tenha perdido o interesse no exercício e suas orações se tornado meras fórmulas. Se não fosse por essa tendência do Corpo Vital de formar hábitos, os Aspirantes acordariam para o perigo logo que o verdadeiro amor começasse a diminuir e seria, então, mais fácil reparar a perda e permanecer no Caminho. Por esse motivo o Aspirante deveria se examinar cuidadosamente de tempos em tempos para ver se ele ainda tem asas e poder com os quais sem hesitação e com firmeza possa se elevar ao Pai no Céu. As asas são em número de duas. Amor e Aspiração são seus nomes, e o poder irresistível que as impele é intensa ânsia. Sem esses e uma compreensão inteligente para direcionar a invocação, a oração é apenas um murmúrio; se realizada apropriadamente é o método mais poderoso de crescimento da alma.
Os átomos nos Corpos dos menos evoluídos vibram num ritmo extremamente lento, e quando no decorrer do tempo, uma dessas pessoas se desenvolve ao ponto em que seja possível favorecê-la no caminho da realização, é necessário aumentar essa frequência vibratória do átomo de modo que o Corpo Vital, que é o meio do crescimento oculto, possa de algum modo ser liberado das forças enfraquecedoras do átomo físico. Esse resultado é obtido por meio de exercícios respiratórios, que com o tempo aceleram as vibrações do átomo, e possibilita o crescimento espiritual necessário para o indivíduo realizar-se.
Anos atrás, quando o autor se iniciou no Caminho e estava imbuído da impaciência comum aos buscadores ardentes do conhecimento ele leu sobre os exercícios respiratórios publicados por Swami Vivekananda[20] e começou a seguir as instruções, e o resultado foi que depois de dois dias o Corpo Vital foi expulso do Corpo Denso. Isso produziu uma sensação de andar no ar, de ser incapaz de pôr os pés no chão duro; o Corpo todo parecia estar vibrando em enorme frequência. O bom senso veio em seu auxílio. Os exercícios foram interrompidos, mas foram necessárias duas semanas inteiras até a recuperação da condição normal de andar no chão com passo firme, e até o cessar das vibrações anormais.
O Corpo Vital é como um espelho, ou melhor, como a película de um filme; ele retrata as imagens do mundo externo segundo nossa faculdade de observação, e as ideias internas do Espírito que o habita segundo a clareza e o treino da Mente. Devoção e discernimento, ou ainda emoção e intelecto, determinam a nossa atitude para com essas imagens, e sua ação equilibrada leva a um desenvolvimento harmonioso. Quando suficientemente desenvolvidos, eles inevitavelmente trazem à tona o processo de purificação. O ser humano compreenderá que para alcançar o objetivo ele precisa abandonar tudo o que entrava as rodas do progresso. Um bom mecânico almeja ter as melhores ferramentas e mantê-las em perfeita ordem, pois ele sabe o valor delas na execução de um bom trabalho. Nossos corpos são ferramentas do Espírito e dependendo de como estejam desajustadas, impedem sua manifestação. O discernimento nos ensina o que está entravando o progresso e a devoção a uma vida superior ajuda a eliminar os hábitos os traços de caráter indesejáveis, suplantando o mero desejo.
FIM
[1] N.T.: Em torno de 1,3 cm
[2] N.T.: Ou Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena glândula situada na cabeça
[3] N.T.: Aproximadamente 4 cm.
[4] N.T.: Aproximadamente 4 cm.
[5] N.T.: Prosper-René Blondlot foi um físico francês
[6] N.T.: Augustin Charpentier foi um físico francês
[7] N.T.: Uma cidade francesa
[8] N.T.: Eusápia Palladino (1854 – 1918) foi uma médium italiana. Foi a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época.
[9] N.T.: O movimento Immanuel ou Emmanuel é uma abordagem baseada na psicológica para a cura religiosa introduzida em 1906, como uma extensão da igreja Emmanuel em Boston, Massachusetts.
[10] N.T.: Mrs. Joy Snell
[11] N.T.: os chamados Exercícios Esotéricos Rosacruzes, bem detalhado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos
[12] N.T.: Dr. Duncan “Om” MacDougall (c.1866-1920) – médico americano
[13] N.T.: Medida de peso inglesa equivalente a 28,349 g.
[14] N.T.: aproximadamente 60 cm
[15] N.T.: da 1ª Guerra Mundial
[16] N.T.: 2,54 cm a 3,8 cm, aproximadamente
[17] N.T.: Dr. Duncan “Om” MacDougall (c.1866-1920) – médico americano
[18] N.T. do Livro Cristianismo Rosacruz – Max Heindel
[19] N.T.: Esse conceito de Éter prevaleceu na ciência oficial no início do século XX.
[20] N.T.: foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É considerado uma figura chave na introdução da Vedanta e da Yoga no Ocidente, sobretudo na Europa e América.