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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é o Purgatório, o que é Purgar e quais os Resultados Práticos para a Nossa Vida

A morte é a passagem do indivíduo de um Mundo para outro, uma remoção para outro plano onde vivemos sem qualquer alteração, pois apenas o nosso ambiente e as condições exteriores são alterados. Essa ida de um Mundo para outro é, geralmente, acompanhada por mais inconsciência ou menos. Quando despertamos no Mundo do Desejo, nós somos, com uma exceção, a mesma pessoa com todos os aspectos que tínhamos antes da morte. Qualquer um que nos visse lá iria nos reconhecer, se nos conheceu aqui, na Região Química do Mundo Físico.

Não há poder transformador na morte; o nosso caráter não muda! O ser humano perverso e o bêbado continuam perverso e bêbado; o avarento ainda é um avarento; o ladrão é tão desonesto como antes. Mas há uma grande e importante mudança em todos eles: todos perderam seu Corpo Denso e isso faz toda a diferença em relação à satisfação de seus vários desejos. O bêbado não pode beber nada, pois ele não tem estômago (nem físico e nem vital) e embora tente de todas as maneiras possíveis satisfazer o seu desejo de bebida alcoólica, é estritamente impossível e em consequência disso ele sofre as torturas de Tântalo[1] até que, finalmente, o desejo se queima por falta de satisfação, como acontece com todos os desejos, sentimentos e emoções, inclusive na nossa vida física aqui.

Note que não é uma Divindade vingadora que mede o sofrimento no Purgatório, nem um demônio que executa o julgamento; mas os desejos, sentimentos e as emoções malignos, cultivados em cada vida terrena por nós e incapazes de gratificação no Mundo do Desejo, é que causam o sofrimento, até que, com o tempo, eles são dissipados. Assim, o sofrimento é estritamente proporcional à força de cada hábito maligno praticado na vida recém-finda.

Enquanto nossos maus hábitos são tratados dessa maneira geral, nossas ações más e específicas são tratadas da seguinte maneira: no momento da morte, antes que nós, o Espírito ou Ego humano, vestido com a bainha da Mente e do Corpo de Desejos, seja inteiramente retirado da forma física, um Panorama da Vida prestes a terminar é gravado no Corpo de Desejos e esse panorama começa a se desdobrar para trás da morte ao nascimento, após nossa entrada no Purgatório, que está localizado nas três Regiões inferiores do Mundo do Desejo. No Corpo de Desejos de alguns existe uma preponderância de matéria de desejo grosseira ou inferior e, em outros, de matéria de desejo fina ou superior; isso faz a diferença no nosso ambiente e status quando entramos no Mundo do Desejo após a morte, pois então a matéria do Corpo de Desejos, enquanto assume o aspecto e a forma do Corpo Denso que foi descartado, ao mesmo tempo se organiza de modo que a matéria mais sutil e pertencente às Regiões superiores do Mundo do Desejo forma o centro do veículo, enquanto a matéria das três Regiões inferior fica na periferia desse Corpo.

Quando mais uma vida terrena nossa termina, nós exercemos uma força centrífuga para nos libertarmos do nossos Corpos. Seguindo a mesma lei que faz um Planeta lançar ao espaço a parte de si mesmo que é mais densa e cristalizada, primeiramente descartamos o nosso Corpo Denso. E isso nós chamamos de “morte”. Esse é o momento em que o Panorama da Vida é gravado no nosso Corpo de Desejos. Quando entramos no Mundo do Desejo, essa força centrífuga continua a agir de modo a lançar a matéria mais grosseira ou inferior desse Corpo de Desejos para fora; assim somos forçados a permanecer nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, o Purgatório, até ser purgado dos desejos, sentimentos e emoções mais grosseiros que foram incorporados à nossa matéria de desejo. A matéria de desejo mais grosseira ou inferior está, portanto, sempre na periferia do nosso Corpo de Desejos, enquanto passamos pelo Purgatório, sendo gradualmente eliminada pela força centrífuga.

Durante esse tempo, o Panorama da Vida é, gradualmente, desdobrado para trás, da morte ao nascimento, como dito acima, a uma taxa de, aproximadamente, três vezes a velocidade da nossa vida física, de modo que alguém que tivesse sessenta anos no momento da morte viveria sua vida no Mundo do Desejo em vinte anos. No Purgatório, enquanto o Panorama da Vida que acabou se desenvolve, o bem contido nele não causa qualquer impressão em nós, mas todo o mal reage sobre nós de tal forma que, nas cenas em que nós fizemos outro ser sofrer, nós próprios nos sentimos sofrendo como o ser que fizemos sofrer sofreu. Sofremos toda a dor e angústia que nossa vítima sentiu; como a velocidade da vida é triplicada aqui, o sofrimento também é! E ainda mais agudo, pois o Corpo Denso tem uma vibração tão lenta que diminui até mesmo o sofrimento, mas no Mundo do Desejo, quando estamos sem o veículo físico, o sofrimento é muito mais intenso e quanto mais nítida a impressão panorâmica da vida passada for gravada no Corpo de Desejos no momento da morte, mais sofreremos e mais claramente sentiremos em nossas vidas futuras que a transgressão deve ser evitada, ou que “vida do transgressor é dura e sofrida” (Pb 13:15).

Assim, somos purgados de todo tipo de mal, pois a missão do Purgatório é erradicar os nossos hábitos prejudiciais, tornando nossa gratificação impossível. É por causa do nosso sofrimento lá que aprendemos a agir gentilmente, honestamente e com tolerância para com os outros aqui. Quando nascemos de novo, estamos livres dos maus hábitos e nova obra, ação ou todo novo ato malignos que cometemos vem do livre-arbítrio. Às vezes, essas tendências nos tentam, proporcionando-nos uma oportunidade de nos posicionar do lado da misericórdia, da compaixão, da paciência e da virtude, contra o vício e a crueldade.

Mas para indicar o ato, a ação ou a obra correta e nos ajudar a resistir às armadilhas e artimanhas da tentação, temos o sentimento resultante da expurgação de hábitos malignos e da expiação dos atos errados de vidas passadas: a consciência moral produzida pelo sofrimento purgatorial. Se dermos atenção a esse sentimento e nos abstermos do mal a tentação cessará: nós nos libertaremos dela para sempre. Se cedermos, porém, experimentaremos um sofrimento mais agudo do que antes até que finalmente tenhamos aprendido a viver pela Regra de Ouro (Mt 7:12), porque o “caminho do transgressor é muito difícil”. Logo, o Purgatório tem influência fundamental no Crescimento da Alma.

Entretanto aprendemos na Fraternidade Rosacruz que há um benefício inestimável em conhecer o método e o objetivo dessa purgação, porque assim somos capazes de evitá-la, vivendo nosso Purgatório aqui e agora, dia a dia, avançando muito mais rápido do que seria possível de outra forma. Um exercício é fornecido na última parte do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz, cuja intenção é a purificação como ajuda para o desenvolvimento da visão espiritual. Consiste em refletir sobre os acontecimentos do dia após se retirar para dormir, à noite, e julgar cada incidente para verificar se agimos corretamente ou não. Se dessa maneira superarmos conscientemente nossas fraquezas, também faremos um avanço muito objetivo na Escola da Evolução. Mesmo se falharmos em corrigir nossas ações, teremos um imenso benefício ao julgar a nós mesmos, gerando assim aspirações para o bem que, com o tempo, certamente darão frutos em forma de ações corretas.

Arrependimento e reforma íntima também são fatores poderosos para encurtar a existência purgatorial, pois a natureza nunca desperdiça esforços em processos inúteis. Quando percebemos o erro de certos hábitos ou atos em nossa vida e determinamos erradicar esse hábito e compensar o erro, nós drenamos suas imagens da Memória ou Mente Subconsciente e eles não estarão no Purgatório para nos julgar após a morte. Mesmo que não sejamos capazes de fazer a restituição por um erro cometido, a sinceridade do nosso arrependimento será suficiente. A indenização pode ser oferecida à nossa vítima de outras maneiras.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de maio de 1916, e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Em sua história, conta-se que, ousando testar a omnisciência dos deuses, roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, em um vale abundante em vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água essa escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob a força do vento. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular “Tão perto e, ainda assim, tão longe”.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Quais os Astros ou Signos estão mais intimamente associados ao sentimento de consciência? A consciência é, naturalmente, a base da lei, da ética, da justiça, da virtude, etc.?

Resposta: Antes de mais nada, vamos conceituar o que o perguntante entende por “consciência”. A consciência aqui referida difere-se da Consciência de Vigília e/ou dos elementos que são passíveis de serem percebidos por uma pessoa (tomar conhecimento de). No presente artigo, o termo “consciência” se refere ao resultado das reações sentidas pelo Ego sobre as experiências de uma vida, normalmente, produzida durante a estada no Purgatório e Primeiro Céu. Sabe-se que o Exercício Esotérico Rosacruz noturno de Retrospecção, quando realizado adequadamente, também permite a formação desta consciência moral.  

De acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, quando o Espírito sai da vida física por ocasião da morte, ele vê diante de si, o Panorama de sua Vida passada, em ordem inversa. Nessa ocasião, os quadros que compõem a história de sua vida são gravados nos veículos mais sutis que o Ego leva consigo para os Mundos invisíveis. A reação aos quadros em que o Espírito fez algum mau ato constitui sua experiência de purgação. Essa purgação extirpa desses quadros do Panorama da Vida, mas deixa um “aroma” – que nós chamamos consciência – para prevenir ao Espírito, em sua vida seguinte, de não fazer as coisas que anteriormente lhe causaram sofrimentos de purgação.

O escrúpulo é a qualidade positiva da consciência negativa. A consciência nos previne de não fazer aquilo que é errado; o escrúpulo nos incita a fazer aquilo que é correto.

Mitologicamente, Saturno é o ceifeiro com a foice e a ampulheta. O “anjo da morte”, que nos tira da vida terrestre para uma existência de purgação onde colhemos o que semeamos. Neste sentido, portanto, Saturno está na base da consciência.

Ele nos admoestará sempre, dizendo “não, não, não”, e se ouvimos sua voz no passado e o temos atualmente numa boa posição em relação aos outros Astros (Planetas, Sol e Lua), especialmente Júpiter, o Planeta da lei, da ordem e da ética, e também o Sol, que nos fornece nossos ideais mais elevados; seremos, então, homens e mulheres realmente conscientes, e sempre executaremos nossa tarefa na vida, não importa quão árdua ela seja e quanta perseverança e persistência seja necessária, ou quanto autossacrifício seja exigido.

A consciência, portanto, não é produto de um só Astro, mas é necessária a combinação das virtudes mais elevadas envolvendo vários Astros para originá-la em sua expressão mais nobre e sublime.

Naturalmente há muitas pessoas que são conscientes devido à influência de outros Astros, mas a fase mais elevada exige a cooperação do Sol, de Júpiter e Saturno.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Duas Formas de Caridade

Duas são as formas de exercer a caridade: anímica e material. Essa que podemos chamar beneficência consiste em distribuir por certo número de nossos semelhantes o pão material, dar-lhes o nosso apoio, socorrê-los nas suas necessidades. Aquela, porém, que abrange a totalidade da Humanidade deve abraçar a todos os que participam de nossa existência neste mundo. Não mais consiste em esmolas, porém numa benevolência que deve envolver todos os seres humanos, desde o mais bem dotado em virtudes até ao mais criminoso.

A verdadeira caridade é paciente e indulgente. Não ofende e nem desdenha pessoa alguma; é tolerante e mesmo procurando orientar a outrem, o faz sempre com doçura, humildade, sem maltratar e sem atacar ideias enraizadas. Essa caridade, porém, é rara.

Certo fundo de egoísmo nos leva, muitas vezes, a observar, a criticar os defeitos do próximo sem primeiro reparar nossos próprios defeitos. Existindo em nós tantas imperfeições, empregamos ainda a astúcia em fazer sobressair às qualidades ruins dos nossos semelhantes. Por isso, não há verdadeira superioridade moral ou anímica sem caridade e modéstia. Não temos o direito de condenar nos outros as faltas que nós mesmos estamos expostos a cometer, contudo, devemos nos lembrar que houve tempo em que nos debatíamos contra a paixão e o vício.

Conhece-se o ser humano caridoso, não tanto pelos seus atos públicos, mas, e principalmente, pelas suas obras e atos exercitados às ocultas, longe das vistas do mundo.

Devemos sempre preferir ao invés dos aplausos dos seres humanos, o assentimento da nossa consciência, que é a manifestação sensível da aprovação dessa lei moral, escrita no nosso ser espiritual.

Mesmo o Cristo já se tinha pronunciado a esse respeito aos seus discípulos: “guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis a recompensa da mão de vosso Pai que está nos céus. Mas, quando derdes a esmola que vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita” (Mt 6:1-6).

Difícil é, para o frágil ser humano deste mundo, tão baldo de virtudes, a prática dessa caridade aconselhada por Cristo-Jesus, porque ela exige de quem a pratica uma grande soma de desprendimento, coragem e intrepidez. A caridade, essa que brota, que nasce do amor e tem suas raízes no ser moral, na alma, impõe a imolação de todos os maus e baixos sentimentos, desejos e más e baixas emoções que tanto nos degradam.

A caridade, na sua mais ampla expressão e na sua mais alta cultura, abrange o universo, a totalidade das criaturas, estende-se a todos os seres. Não tem pátria, não é sectária, não conhece bandeiras, marco divisório e nem fronteiras; porque todo o universo é sua pátria, toda a Humanidade, sua família. Ela é a irmã caridosa de todas as criaturas e a elas une-se em doce e amorosíssimo consórcio, acompanhando-as, seguindo-as através das vicissitudes da existência; ora guiando-as as devesas sorridentes da esperança e da fé; ora auxiliando-as, ajudando-as, qual corajoso cireneu a carregar a cruz pesadíssima das provações; ora a desviá-las dos abismos cavados a seus pés pelas injunções dos maus e os estímulos da carne.

Livrai-nos de fazer sofrer a quem quer que seja, mesmo por uma palavra insignificante ou por um simples olhar, pois que o sublime da caridade está, muitas vezes, naquilo que passa despercebido às vistas dos seres humanos. Lembre-se que nem sempre a soma grandiosa da dádiva traduz a verdadeira caridade, mas que ela transparece e se afirma no insignificante óbolo feito com sacrifício e desprendimento. E, a esse respeito, ouçamos as judiciosas palavras de Cristo-Jesus, com referência à pobre viúva que, no templo de Jerusalém, após as largas espórtulas, que eram vultosas doações, deitadas no gasofilácio (que era lugar do templo em que se guardavam os vasos e se recolhiam as oferendas) pelos ricos deitou por sua vez uma diminuta moeda de cobre: “Na verdade vos digo que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros, porque todos deitaram no seu supérfluo, porém esta deitou da sua mesma indigência tudo o que tinha e tudo o que lhe restava para seu sustento” (Lc 21:3).

Faça sempre acompanhar a sua “esmola” (que nunca seja  as “moedas que você separa e deixa no carro para dar”; que não seja o dinheiro que você dá para quem pede e sim o que você compra com esse dinheiro para atender a necessidade de quem o pediu) de doce e carinhoso olhar, que traduz fielmente a emoção de vossas almas. E mais edificante seria ainda que ao prestar um benefício, o fizesse de tal modo que se julgasse que fosse você mesmo o beneficiado. Sempre dê sem muito indagar se o que recebe é digno da sua esmola; dê primeiro, indague depois: lembre-se que os frutos da caridade são muitas vezes tardios, que a verdadeira dedicação não conta com os frutos quando planta a semente ou quando enxerta o arbusto.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz novembro/1968 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossa Memória e uma Dica de Treinamento

Quantas vezes, quando leio os belos ensinamentos dos Irmãos Maiores e percebo a maravilhosa verdade que encerram e, também, a necessidade de vivenciá-los, desejo poder sempre lembrá-los e agir de acordo.

Quando, em particular, encontro uma verdade vital que parece uma inspiração viva, muitas vezes desejo poder agarrá-la e mantê-la para sempre; mas, infelizmente, logo desvanece e quando chega o momento em que seria mais útil – tarde demais – desaparece e é esquecida.

A sede da memória é o Corpo Vital e ele é desenvolvido pela repetição, então, os ensinamentos que eu manteria diante de minha consciência devem ser indelevelmente impressos ali pela repetição constante. A partir disso pode-se inferir que o progresso nessa linha depende muito da repetição e a questão surge naturalmente: como pode essa repetição ser mais bem usada?

Bem, há muitas maneiras de fazer isso, eu sei, mas aqui está uma boa maneira para aqueles que são sinceros. Quando você encontrar uma verdade clara que se aplica a você em particular, uma virtude que lhe falta muito ou que você deseja muito alcançar, escreva-a com muito cuidado em um pedaço de papel junto de alguns outros que você deseja lembrar em particular e se esforce para lê-los e realizá-los todas as manhãs antes de começar a trabalhar. Digo “esforço” porque você se esquecerá de fazer isso muitas vezes no início.

Mas não deixe isso desencorajá-lo. Torne um hábito como o de usar uma escova de dentes ou lavar o rosto todas as manhãs. Isso é repetição com força total e, se você for sincero, logo descobrirá que o crescimento da alma supera o seu desejo por isso.

As primeiras manhãs serão boas e a compreensão do que você deseja fazer percorrerá sua própria alma, mas logo chegará um momento em que você descobrirá que, afinal, não deseja essa virtude nem mesmo por alguns minutos.

Agora, este é o ponto crítico, esta é a razão pela qual você nunca teve essa virtude antes. Este é o momento em que um grama de sentimento certo e devidamente plantado produzirá várias toneladas de frutos mais tarde. Pode ser uma tarefa difícil, mas não desista! Endireite sua Mente e force em sua consciência a mesma compreensão que você sentiu antes. Quando você sente a mesma vontade de fazer o bem e percebe plenamente o seu erro de pensar e agir, o ponto mais difícil dessa prática é ultrapassado e da próxima vez será mais fácil.

Ao adicionar lentamente o que você mais deseja saber, você não terá mais que suspirar pelo conhecimento que escapou da sua Mente em certo momento psicológico e a realização estará mais próxima do seu alcance do que nunca!

(Publicado no Echoes from Mount Ecclesia de outubro/1914 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que ocorre quando a a nossa existência Purgatorial termina, ou seja, quando termina a nossa passagem pelo Purgatório?

Resposta: Nós ascendemos ao Primeiro Céu, que está localizado nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. O resultado do sofrimento purgatorial é incorporado, como consciência, ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, para que no futuro possamos ter internamente a percepção entre o bem e o mal, naqueles pontos que transgredimos na última vida vivida aqui.

O reto sentir é a conquista adquirida nesse processo, impulsionando-nos para o bem e advertindo-nos contra as mesmas tendências e tentações.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida” – para quem serve essa sentença?

Já chegamos a um ponto de nossa evolução em que se torna necessário saber aquilo que o peregrino vai encontrar na Senda que conduz ao Reino, nesse ponto em que a VOZ INTERIOR deve ser reconhecida e aceita como a orientadora.

O solitário viajante se converteu num Discípulo à prova; o “filho pródigo” retorna à casa do Pai.

Após um longo período de provas, tendo demonstrado que nada pode desviá-lo da sua determinação de atingir a meta, deve o Discípulo enfrentar a última prova, a suprema prova desse período. Ocorrerá então uma profunda e íntima experiência anímica, na qual se verá obrigado a fazer uma escolha entre um querido ideal ou um simples e penoso dever.

Se escolhe o “dever”, como certamente acontecerá, se pede auxílio a esse infalível Guia Interior – O Cristo interno – então penetrará em uma nova etapa da sua jornada, mais brilhante, porque sua dedicação demonstrou ser uma consagração espiritual e não uma mera dedicação da Mente ou do Coração humano. É aceito porque se converteu num verdadeiro Discípulo e desse instante em diante vai se tornando cada vez mais consciente de um Guia Interior definido, que vai cada vez falando mais claramente e com maior insistência à proporção que o desinteresse do seu coração vai se acentuando.

Gradualmente, começa a aprender que toda a vez em que concentra a sua atenção no interior de si mesmo encontra um Ser Sábio e Poderoso, sempre pronto a ensinar, auxiliar e fortalecer, sempre que se lhe pede.

A voz que ali reside e que com tanta autoridade diz: “EU SOU O CAMINHO, A VIDA E A VERDADE E NINGUÉM CHEGA AO PAI SENÃO POR MIM”, é a voz do Cristo Interno, sempre falando no íntimo do coração quando a Mente está tão tranquila.

O Discípulo começa então a compreender de um modo definitivo que ele não é a sua Mente, nem as suas preocupações, que aliás devem ser reduzidas a silêncio, mas que, em uma forma maravilhosa e natural, ele mesmo faz parte e pode entrar realmente na Consciência desse Cristo Interno e, desde ali, ordenar que a Mente se aquiete, obrigando-a a obedecer.

E não tarda a descobrir que, enquanto se acha na Consciência, ele é o MESTRE, mas que, quando se acha na sua consciência cerebral então, não é mais que um Discípulo. E descobre, ainda, que quando abre seu coração, deixando que o amor brote nele, pode penetrar no interior, tornando-se ele mesmo – puro amor e que, nesse estado de consciência, ele e o CRISTO são UM, formando-se nessa ocasião a consciência, tal qual a tivera Jesus, que sentia ser o Caminho, o “único” Caminho, a Vida e a Verdade. A consciência cerebral não é mais que uma consciência individual, que ELE está exercitando, desenvolvendo e disciplinando, para convertê-la em Seu perfeito instrumento de expressão.

A “Mente cerebral” começa a conformar-se, se deixar levar, sem resistência, limitando-se ao papel de espectador daquilo que ocorre, que tudo o que é necessário fazer, quando o Discípulo tem que ensinar ou ajudar a outrem é: abrir a boca e dizer as palavras que nesse momento lhe são dadas, ou pôr-se a realizar qualquer tarefa – seja qual for – sem nenhuma preocupação, POIS UM PODER SÁBIO E PODEROSO LHE DÁ, NESSE INSTANTE, a habilidade e a capacidade para realizá-la. Similarmente, se deseja saber algo, basta que peça com calma e oportunamente observa a sabedoria que surge e inunda sua consciência.

E assim é que pouco a pouco, de maneira lenta e gradativa, a “Mente cerebral” vai aprendendo o seu verdadeiro lugar, que consiste simplesmente em “ATENDER-TE A TI, QUE MORAS AGORA NA CONSCIÊNCIA DO CRISTO INTERNO”.

“Quando te encontrares nessa consciência serás verdadeiramente o Mestre, enquanto, a consciência cerebral, esta, que neste momento, está lendo e escutando estas palavras, tratando de compreendê-las, não é mais do que o Discípulo humilde e simples, ou que aspira sê-lo”.

Se pudermos compreender tudo o que isso significa, compreenderemos, também, gradualmente, que à medida que o Discípulo consente que o Mestre obre por seu intermédio vai convertendo a sua consciência de tal forma que o Mestre estará realmente vivendo a sua vida, e fazendo nele a Sua Vontade. Como resultado de tudo isso, o Discípulo se encontra na situação em que o Mestre pode realizar, por seu intermédio, a Obra que Ele veio fazer aqui e para a qual esteve disciplinando e aperfeiçoando, em todo esse tempo, Seu Discípulo.

Agora trabalham como um só, em perfeita harmonia com todos os demais irmãos que compõem o Reino, servindo a grande causa da Fraternidade, sob a direção do Supremo Senhor e Mestre: o Cristo de Deus.

Nada mais se pode dizer sobre o caminho, posto que isso já é o máximo que a Mente pode conceber, de acordo com o seu atual estado de desenvolvimento.

Pelo exposto podereis compreender que o verdadeiro Discípulo se conhece sempre pela obra que faz, pelo seu espírito de abnegação e de sacrifício.

Vive só para servir os demais seres; todos os seus pensamentos e interesses tendem a esse fim, porque agora se converteu numa parte integral da Grande Fraternidade de Servidores que moram em Cristo e só a Ele obedecem.

É assim que o Cristo Interno, o Mestre, se revela àqueles que são dignos de conhecê-Lo: seus Discípulos. Os demais só podem ver no Discípulo uma pessoa sempre disposta a ajudar os outros, a antecipar-se às suas necessidades, e a trabalhar desinteressadamente.

Se compreendermos bem isso, notaremos que são bem poucos os Discípulos realmente aceitos. A maior parte, não são mais do que Discípulos à prova; mas, mesmo assim, é muito maior o número de aspirantes que pouco a pouco, respondendo ao estímulo provocado por nossos trabalhos, chegarão gradualmente à etapa do verdadeiro Discipulado.

Entretanto, essas palavras foram escritas para os Discípulos, para aqueles que, conscientemente, estão procurando o Reino de Deus, obedecendo instintivamente ao impulso que brota do seu interior, embora o seu cérebro especule e diga outra coisa.

Essas palavras têm por objeto descobrir aquilo que intrinsecamente a alma é, com relação à Mente cerebral, de tal forma que ela possa voltar novamente à Casa do Seu PAI – à Consciência Crística – e conhecer ali a Obra que a espera.

Todos aqueles que sentem a virtude dessas palavras, conhecendo instintivamente a verdade que encerram, estão destinados a serem Discípulos ainda nesta vida.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é Consciência?

Uma bolha do infinito que se emaranhou na matéria e que lentamente está voltando à sua fonte no Espírito Eterno. Assim como a manteiga evoluiu a partir do creme, da mesma forma o universo manifesto evoluiu a partir da Substância não manifestada e Infinita. E como as bolhas de leitelho (o soro de leite coalhado) são capturadas na massa de manteiga, também na Criação universal as bolhas do Espírito Infinito são capturadas na matéria.

Como uma bolha de ar que é liberada da sua escravidão na lama no fundo de um lago sobe lenta, mas seguramente, através da lama, do lodo e da água até atingir a superfície, onde se expande, explode e se une ao seu próprio elemento, assim também é o progresso do Ego individual em sua jornada ascendente para a união final com Deus. Nos primeiros estágios da sua evolução, no Reino mineral, o Ego individual, ou consciência, é fortemente oprimido pela matéria grosseira — isso é, a matéria pressiona tão fortemente a consciência que “sua vida é completamente esmagada”; daí, o seu estado de “inconsciência”. Mas, no Reino vegetal a pressão da matéria é um tanto aliviada e o Ego torna-se semiconsciente; uma forma ainda mais elevada de consciência é aparente no Reino animal; mas a autoconsciência não se torna manifesta até que o Reino humano seja alcançado.

Mas, também no Reino humano, em vários momentos e sob diversas condições, todas as formas inferiores são encontradas. Mesmo a autoconsciência assume várias formas — como a imaginativa, a intelectual, a intuitiva, a “classe” e os estados cósmicos. O verdadeiro Ego, ou “Eu superior”, “Aquilo que em ti conhece”, é claro, nada mais é do que a consciência. É Aquilo que pensa e sente, que move e age, que tem vontade. Percebendo isso, os problemas da vida, do desenvolvimento individual e da autoevolução tornam-se simplesmente uma questão de uso ou expansão da própria consciência, sendo ilimitada a extensão de tal uso ou sua expansão.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de junho/1918 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Diagrama – Classificação do Reino Animal: em quatro divisões primárias e treze subdivisões

A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante.

Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que está evoluindo passou através de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda teremos de passar, bem como às quatro Grandes Iniciações.

Dentro desses quatro estados de consciência já passados há treze graus. Do estado atual do ser humano até a última das Grandes Iniciações há treze Iniciações: os nove graus dos Mistérios Menores e as quatro Grandes Iniciações.

Uma divisão similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma é a expressão da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde, necessariamente, a um desenvolvimento de consciência.

Primeiramente, Cuvier[5] dividiu o Reino Animal em quatro classes primárias, mas não soube dividir essas classes em subclasses. O embriologista Karl Ernst Von Baer[6], o Prof. Agassiz[7] e outros cientistas classificam o Reino Animal em quatro divisões primárias e treze subdivisões, como a seguir:

Classificando o Reino Animal em quatros divisões primárias e treze subdivisões

As primeiras três divisões correspondem às três Revoluções da metade mercurial do Período Terrestre e suas nove subdivisões correspondem aos nove graus de Mistérios Menores, que serão alcançados pela humanidade quando tenha chegado à metade da última Revolução do Período Terrestre.

A quarta divisão na lista do Reino Animal mais avançado tem quatro subdivisões: peixes, répteis, aves e mamíferos. Os graus de consciência indicados correspondem a estados análogos de desenvolvimento que alcançará a humanidade respectivamente ao final dos Períodos: Terrestre, de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, mas que o Aspirante pode obter atualmente por meio da Iniciação. A primeira das Grandes Iniciações produz o estado de consciência que alcançará a humanidade comum no final do Período Terrestre; a segunda, o estado que alcançará no final do Período de Júpiter; a terceira, a extensão de consciência que se alcançará ao finalizar o Período de Vênus; e a quarta fornece ao iniciado o poder e a onisciência que alcançará a humanidade no final do Período de Vulcano.

(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)

Que as rosas floresçam em vossa cruz


[1] N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, Águas-vivas

[2] N.R. – “sem cabeça”

[3] N.R. – “pés nos intestinos”

[4] N.R. – “pés na cabeça”; exe. Polvo

[5] N.R.: Jean Léopold Nicolas Frédéric Cuvier (1769-1832) – naturalista e zoologista francês

[6] N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) – biólogo, geólogo, meteorologista e médico prussio-estoniano

[7] N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) – naturalista, geologista e professor suíço

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