O tempo do Advento – do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a” – (quatro domingos) é conhecido como um tempo de purificação e preparação. É o momento em que o Aspirante à vida superior se sincroniza mais intensamente com os regozijos do próximo fluxo de Cristo no Natal, que se aproxima. E se você sabe algo sobre o significado da Iniciação Cristã Mística, entrará com uma compreensão muito mais profunda nas disciplinas de tempo do Advento.
Os primeiros Discípulos de Cristo observavam esse período como muito apropriado para receberem novas revelações do alto, particularmente propícias para o desenvolvimento espiritual deles. Realizavam uma preparação específica para o que eles esperavam receber quando o Advento alcançasse seu cume no momento da Noite Santa.
Note que em harmonia com as influências zodiacais, o Advento ocorre quando o Sol está passando pelo Signo de Sagitário. Esse é o Signo do verdadeiro êxtase da alma e da vidência. Os antigos devotos, frequentemente, se referiam a esse período de Sagitário como o “Festival de Luz”, uma vez que é o momento em que a radiação da luz de Cristo permeia a Terra de forma mais completa!
Normalmente, o Advento começa no último domingo de novembro e culmina na áurea glória do Solstício de Dezembro. Para o Cristão esotérico abarca as três etapas ou graus que alcançam seu máximo à meia-noite da Noite Santa. Esse período de preparação e progresso se refere não somente às quatro semanas de Advento, mas também a determinados estágios de desenvolvimento espiritual relacionados com essas quatro semanas.
Durante a semana que segue o primeiro domingo do Advento, o trabalho é preparatório ou de primeiro grau: grau da Anunciação. O grau da Anunciação se relaciona, especialmente, com o cultivo da pureza: pensamentos, sentimentos, palavras e atos.
Durante a semana que segue o segundo domingo do Advento cultivemos o segundo grau: grau da Imaculada Concepção. O grau da Anunciação se relaciona, especialmente, com o cultivo de que um dia a morte não mais existirá – como achamos que existe. E como ela, não existirão mais enfermidades, doenças e sofrimentos, pois a concepção de novos seres humanos será imaculada, sem mácula, fruto de uma relação em que a fraternidade e o verdadeiro amor estarão presentes continuamente.
Durante a semana que segue o terceiro e quarto domingo do Advento cultivemos o terceiro grau: grau do Sagrado Nascimento. Aqui nos aproximamos de coração nos Mistérios Cristãos: Cristo veio como supremo indicador do Caminho! O que Ele alcançou, alcançaremos algum dia. Aqui cabe o que o místico alemão Angelus Silesius expressou quando disse: “Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti, tua alma seguirá extraviada”.
Por Corinne Heline no livro O Mistério do Christos
INTRODUÇÃO
Vamos conceituar, primeiro, o que é um Audiobook ou Audiolivro: nada mais é do que a transcrição em áudio de um livro impresso digital ou fisicamente.
Basicamente, é a gravação de um narrador lendo o livro de forma pausada e o arquivo é disponibilizado para o público por meio de sites. Assim, ao invés de ler, o interessado pode escolher ouvi-lo.
Um audiobook que obedece ao conceito de “livro-falado” tenta ser uma versão a mais aproximada possível do “livro em tinta” (livro impresso), a chamada “leitura branca”, que, mesmo desprovida de recursos artísticos e de sonoplastia, obedece às regras da boa impostação de voz e pontuação, pois parte do princípio de que quem tem de construir o sentido do que está sendo lido é o leitor e não o ledor (pessoas que utilizam a voz para mediar o acesso ao texto impresso em tinta para pessoas visualmente limitadas).
Para que serve audiolivro?
O audiolivro é um importante recurso, na inserção do no ecossistema da leitura, para:
O audiolivro é apreciado por um público de diversas idades, que ouve tanto para aprendizado como para entretenimento.
************************************************************************************************************
FIM
1.
A data do Natal marca o retorno da atenção do Cristo ao nosso Planeta Terra. O “nascimento anual” do Cristo que chega, mais uma vez, no centro do nosso Planeta Terra. Por isso, no ofício do Ritual do Serviço Devocional de Véspera de Natal (ou Noite Santa) – que oficiamos no dia 24 de dezembro – leremos o relato da Anunciação e do Nascimento de Jesus. A partir desse momento cósmico, todos os anos, um raio do Cristo Cósmico “nasce” no centro do nosso Planeta Terra com o objetivo de continuar o Seu Plano de Salvação até que possamos, nós mesmos, manter esse Campo de Evolução chamado Planeta Terra em perfeito funcionamento.
2.
Esse seu trabalho anual de estar, do centro do nosso Planeta emanando todo o Seu Amor, toda a Sua Vida e toda Sua Luz é de vital importância para a nossa evolução. Sem Ele fatalmente morreríamos e perderíamos todas as oportunidades de crescimento espiritual, pois perderíamos esse Campo de Evolução, seja pela cristalização, seja pela insistência em não seguir o Plano Divino.
3.
A Ele e a esse Seu trabalho, nós devemos essa disposição de ser: fraternos, irmãos, dispostos a servir, a ajudar, a amar, a cooperar com o Plano de Deus para a nossa evolução.
4.
Solstício e Equinócio, termos que escutaremos, são termos emprestados da Astronomia. Estão relacionados com o movimento que o nosso Planeta Terra faz em torno do Sol durante todo um ano. Determinam o início das Estações do Ano.
5. Para o hemisfério sul:
Equinócio de 21, 22 ou 23 de Setembro – marca o início da Primavera
Solstício de 21 ou 22 de Dezembro – marca o início do Verão
Equinócio de 20 ou 21 de Março – marca o início do Outono
Solstício de 20 ou 21 de Junho – marca o início do Inverno
6.
No Solstício de Dezembro o Sol está mais perto da Terra, independente do hemisfério em que se está, e nesse momento a Terra está permeada, mais fortemente, pela aura do Sol Espiritual, com o relativo aumento do Fogo Sagrado inspirador para o nosso Crescimento Anímico, o Crescimento da Alma.
No Solstício de Junho o Sol está mais perto da Terra, independente do hemisfério em que se está, e nesse momento a Terra está permeada por uma diminuição de espiritualidade, com a relativa intensificação e pujança de vitalidade física.
No Equinócio de Setembro o Sol cruza o equador da Terra, independente do hemisfério em que se está, e é a partir desse Equinócio de Setembro que a espiritualidade áurica do Sol começa a se aproximar (as pessoas começam a sentir maior atração pelos estudos mais profundos do mistério da vida) e, consequentemente, a vitalidade física começa a reduzir.
No Equinócio de Março o Sol cruza o equador da Terra, independente do hemisfério em que se está, e é a partir desse Equinócio de Março que começa uma redução da espiritualidade áurica do Sole, consequentemente, a aumento da vitalidade física (onde as pessoas se sentem mais atraídas a se dedicar aos assuntos materiais).
7.
A Filosofia Rosacruz nos ensina que Solstícios e Equinócios têm a ver com o trabalho do Cristo:
QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ
Quanto a misericórdia, a Primeira Epístola de São Paulo a Timóteo nos ensina, referindo-se a ele mesmo:
“… a mim que anteriormente fui blasfemo, perseguidor e insolente; mas alcancei misericórdia, porque o fiz por ignorância e na minha incredulidade.” (ITim 1:13).
É, na verdade, uma virtude saber mostrar misericórdia aos ignorantes. Quantas vezes por dia nos tornamos perturbados – e com razão – por causa daqueles que não se importam com pessoa alguma e desconhecem o próximo.
Quando um carro nos “corta” subitamente, numa rodovia, qual é a nossa reação? É de raiva ou desdém? Quando, em uma reunião, ouvimos alguém fazer um comentário que para nós não é totalmente válido, por estar sendo encarado do ponto de vista terreno, condenamos esse alguém por sua ignorância ou rimos pela sua falta de compreensão?
Quando vemos um criminoso na T.V. ou lemos sobre ele nos jornais, qual é nossa reação? Dizemos: “bem-feito, era isso que ele merecia”, esquecendo que ele é fraco e está perdido num mundo sensacionalista do crime?
Se respondermos “sim”, com toda a honestidade, a qualquer dessas perguntas, então somos fracos, ignorantes e negligentes em relação aos outros. Ter misericórdia é conscientizarmo-nos da fraqueza do próximo e ajudá-lo com compreensão, enviando-lhe pensamentos positivos, ao invés de negativos. Misericórdia exige que uma coisa esteja ativa: o autoesquecimento, uma vez que encontramos em nosso desdém, raiva e improbidade, um elemento de nosso “Eu inferior” (Personalidade) que, no caso, age como juiz – nós nos arvoramos em juízes. É fácil que nos deixemos “cair” nesse estado de ignorar os outros, até porque estamos cercados de outras pessoas que não ligam para ninguém. No entanto, isso não nos isenta de culpa; somos tão culpados quanto aqueles que nos cercam. Deveríamos, portanto, tentar nos precaver contra esses hábitos, à medida que eles começam a dominar nossos pensamentos, nossos sentimentos, desejos, nossas emoções, palavras, nossos atos, nossas obras e ações.
Uma maneira de começar a trabalhar nisso é dizer-nos, quando alguém nos empurra ao passar por nós: “Quantas vezes já me senti culpado por isso; quantas vezes agi dessa forma?” – lembrando o quanto temos que mudar. Se procurarmos com verdadeira seriedade, descobriremos que nosso desdém, raiva e improbidade refletem uma única coisa: egoísmo.
Assim, misericórdia, segundo Timóteo, é o perdão da ignorância ou do egoísmo. Se pudermos perdoar aqueles que nos ofendem, encontraremos uma compreensão em nosso caráter, pois, aquilo que damos, também conservamos. Se dermos compreensão e misericórdia, retemos a compreensão sob a forma de conhecimento e grandeza interior. Tente agir assim e descobrirá que quanto mais ajudar os outros sob esse aspecto, mais aprenderá sobre você mesmo.
Na verdade, o objetivo de “viver a vida” não devia ser rebaixado a ponto de só se “dar” se houver recompensa. Porém, se seguirmos a fórmula mencionada anteriormente, sentiremos uma reação bastante marcante: quanto mais nos conhecemos, mais procuramos servir nossos irmãos e nossas irmãs. Quanto mais sentirmos a nossa Individualidade atuar em nós, mais perceberemos que estamos aqui para ajudar os outros e, com alegria e regozijo, colocaremos toda nossa energia nisso.
A seguir vem a piedade. O que é piedade? Segundo o Dicionário, piedade é “tristeza pelo sofrimento e desgraça alheia”.
O que isso significa para nós? Para aqueles que anseiam uma vida espiritual, significa muitas coisas que a maioria das pessoas nem percebe. Piedade é o primeiro passo para a compaixão. Precisamos ser capazes de sentir a dor alheia. Como Parsifal (o ser puro que almeja uma vida superior, personalizado na obra Parsifal de Richard Wagner), precisamos sentir a tentação e a dor da “queda”, pois, sem a compreensão do fracasso e da vitória, não poderemos dar consolo àqueles que foram tentados. Piedade, então, deve ser a capacidade de sentir o sofrimento ou a desgraça alheia, como foi definido acima.
Mas, como podemos compreender isso? Como podemos sentir a dor de outra pessoa? Uma das melhores maneiras é através das nossas próprias experiências; o que sentimos em determinada situação poderá ser transmitido para outro, em situação similar. Mas, como nos sentimos quando não experimentamos uma situação similar? O que poderá nos despertar para os sentimentos alheios? O que poderemos usar como modelo?
Sabemos que no passado remoto da nossa existência devemos ter sentido, provavelmente, todas as mágoas, todas as tristezas que alguém possa sentir. Mas, isso não está à nossa disposição assim tão prontamente, de maneira que precisamos encontrar um meio que nos faça lembrar, talvez não detalhadamente, esse sentimento do passado.
Uma maneira ou modelo é a imaginação. Ao nos colocarmos no lugar de outro, talvez possamos perceber como ele se sente e daí, então, compreender seu dilema. “O ser humano é aquilo que seu coração diz”. Se pensarmos ou imaginarmos aquilo que uma determinada pessoa está passando na vida, através de nossa própria experiência nesta vida, seremos capazes de despertar, em nós, a compreensão e o sentimento latente de amor por aqueles que sofrem e são desafortunados.
Descobrimos, assim, um modelo para nos ajudar a sentir piedade e, também, compreensão para a tristeza alheia. Mas, o que significa piedade para nós, em se tratando de grau de evolução? Piedade é um termômetro dos nossos próprios sentimentos, visto que para sentir piedade de alguém, no sentido mais verdadeiro da palavra, precisamos conhecer e estar conscientes dos nossos próprios sentimentos. Mas, sentir piedade é dar um passo mais adiante do que simplesmente sentir pena pela tristeza alheia, pois, nos leva a uma compreensão superior e a maior compaixão.
Quando sentimos “pena” de um amigo ou de uma amiga doente ou de alguém com problemas emocionais, talvez o abracemos e digamos: “Oh! coitadinho!”. Mas isso adianta? Isso lhe dá coragem para continuar vivendo? Talvez, não sei. Mas, quando sentimos uma compreensão ou compaixão verdadeira e desejo de ajudar a minorar o sofrimento diremos: “Está bem, você está doente e precisa de ajuda, o que você quer, o que você pretende fazer?”.
É uma ajuda e um conforto deixar alguém chorar nos nossos ombros, mas, só ajudaremos se fizermos algo para que ele possa vencer sua dificuldade. Há muitas pessoas no mundo que sentem pena dos animais, que até fundaram sociedade para protegê-los contra maus tratos. Mas, essas pessoas continuam comendo essas mesmas criaturas que eles intencionam salvar (ou animais de estimação são “diferentes” dos outros animais, apesar de pertencerem ao mesmo Reino, a Onda de Vida Animal?). Isso é piedade? Compaixão? Até certo ponto talvez, mas será verdadeira quando puderem dizer “eu sinto tanto por eles que estou preparada a renunciar comê-los”. A verdadeira piedade é o desejo de sacrificar ou desistir de algo, por uma ideia. Sentimos muito quando uma pessoa está doente, mas se dermos muita atenção a essa pessoa, ela poderá ficar doente por muito tempo, só pela atenção que lhe damos. Descobrimos, então, que precisamos controlar nosso sentimento pessoal de piedade e ajudá-lo, com amor e inteligência.
Compaixão também tem severidade, mas com a finalidade de ajudar, de algo bom. Sentimos a dor alheia, mas sabemos que ela precisa ser superada e a pessoa tem que lutar para que a saúde vença. Ajudar a pessoa a lutar, com firmeza e interesse.
Uma ótima ajuda e que realmente ajudará a pessoa doente ou enferma é solicitar a ela que se inscreva no Departamento de Cura de um Centro Rosacruz que o possua (mais informações, encontre aqui: Como os Rosacruzes Curam os Enfermos e aqui Como Funciona a Cura Rosacruz e como Solicitar Auxílio.
Vemos, então, que piedade é um passo que nos leva a um melhor entendimento de nós mesmos e a nossa capacidade de ajudar o próximo.
A seguir vem a paz, algo que todos nós almejamos. Thomas Kempis nos diz sobre a paz: “Poderíamos aproveitar a paz se não nos preocuparmos com o que os outros dizem ou fazem, pois isso não é de nossa alçada”.
Como alguém pode ter paz por um longo período se ele se intromete sempre na vida dos outros; vagueia sem sossego e não se esforça em perdoar?
Se procuramos o mundo e seus supostos tesouros, certamente não podemos esperar paz em nossas Mentes e em nossos Corações. A única paz verdadeira é a quietude que nos cerca, onde quer que estejamos ou o que for que estivermos fazendo. A chave para essa paz é sermos honestos. Quando alguém possui essa virtude de verdade, ele está em paz. Mas, o que é a honestidade? Na verdade, enquanto estivermos procurando as muitas diversidades do mundo não podemos estar em paz. Mesmo que nos concentremos em um único objetivo no mundo como ter um carro novo ou uma nova televisão ou um cargo mais alto no trabalho, a paz dura somente até o momento em que aquilo for alcançado; aí passaremos a procurar outra coisa. Consequentemente, o que devemos procurar não está no mundo. Deve estar, se é que está, em algum lugar, dentro de nós.
Quando procuramos essa paz interior, um novo mundo se abre, o mundo de Cristo. Dentro de cada um de nós há essa chama de Luz e quando encontrada, a televisão, o carro, o cargo no trabalho terão a sua validade, mas não como antes, isto é, não serão mais uma pedra dentro da nossa alma. O que realmente estávamos procurando em todas essas coisas era o Maná para saciar uma fome que não sabíamos definir. Perceberemos que, dentro de nossas almas, há desejos e a única maneira de saciar essas dores interiores é a consolação interior. O alimento dessa consolação é a Luz. Podemos perguntar: “o que preciso fazer para conseguir essa fonte interior de alimento e de onde vem esse alimento?” Em poucas palavras podemos dizer: “Orando e vivendo a vida em sua plenitude”.
A prece procura nos elevar a esferas que crescem tanto quanto nós e ainda mais do que nós mesmos, à medida que somos capaz de compreendê-la. Essa grandeza é a expansão eterna, é o nosso desenvolvimento espiritual.
Paz, então, é prece, mas prece que expande e alerta o Espírito – a Individualidade –, além dos confins da Terra, para a realização do todo. Fomos ensinados a orar sem parar e isso é viver a vida (como São Paulo nos ensina); procurar o Cristo Interno e viver de acordo com aquelas Leis de Deus, do qual somos toda uma parte. Quando nossa vida for honesta, para perceber as maravilhas de Deus, teremos paz. Uma paz que supera toda compreensão.
Agora é a vez do maior sentimento de todos: amor. O que se pode dizer sobre amor? Muitas coisas foram ditas sobre amor e todos os anos na época do Natal sua forçaestá mais perto do que imaginamos. Na Noite da Véspera do Natal (Noite Santa) celebramos o simbólico “nascimento do corpo de Jesus” e para a maioria das pessoas, isso é suficiente; suficiente para encher-lhes o coração por algum tempo, com o espírito de dar. Para alguns é a época de comidas sofisticadas, luzes, presentes, reuniões mundanas e enfeites de Natal. Para muitas pessoas é uma época agitada, ocupada em coisas só materiais. É uma época agitada porque há algo mais no ar do que só “pinheiros e comidas”. Há o Cristo!
Cristo, agora, está entre nós, mais próximo do que o ar. Não é dizer que Ele está conosco somente no Natal, mas agora é uma época muito especial porque Ele nos prestou um dos mais lindos serviços que se possam encontrar. Ele nos deu Seu dom de liberdade e está, agora, nos mostrando o caminho para a libertação, embora esteja preso no interior da Terra. Tudo isso e mais ainda. O que Ele está mostrando com o dom da liberdade é o Amor. É aquela força libertadora que abre as correntes e soltas as amarras da Terra. Não aquele tipo de amor que diz que “você é meu e eu sou sua”, mas aquele tipo de amor que diz estarmos aqui para nos ajudar mutuamente a crescer, de modo a podermos nos entender conscientemente. Aprenderemos, pela experiência, que somos um no amor, um individualmente, mas provenientes da mesma fonte.
William Blake diz que “somos postos na Terra para gerar os raios do amor”. Isso é verdade. Precisamos tornarmo-nos flexíveis para a ginástica da vida e quanto mais resistência tivermos, mais fortes serão nossos músculos. Temos que tomar conhecimento das coisas gradualmente, entendê-las bem e estar preparados a resolvê-las quando nos colocarmos em contato com elas. Até atingirmos o ponto de expansão interior, nossa cura é vagarosa, nossos corações não podem, ainda, suportar a verdadeira Paixão de Cristo.
Paixão é dor e a dor do despertar do Cristo Interno eventualmente transcende o corpo e nos encontramos nos Mundos espirituais. É somente com um grande Treinamento Esotérico, com domínio próprio, que compreendemos que nos livramos dos valores do Mundo Físico. Isso não quer dizer que não exista alegria neste Mundo Físico, porque suportando essa Paixão ou Cruz, estamos se alegrando e dilatando o nosso Coração e a nossa Mente para regiões inexplicáveis para os menos atentos. A alegria, no entanto, está em todos os lugares e em todas as coisas. Está sempre perto, como Anjos cantando, suavemente, mas corretamente, no ouvido interior – cantando louvores para outro nascimento de Cristo e para a expansão d’Ele em nós.
(Publicado na Revista “Serviço Rosacruz” – setembro/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Dezembro de 1916
Cristo comparou as almas aspirantes de Seu tempo aos servos que haviam recebido um certo número de talentos do senhor deles e deveriam negociar com eles para aumentar o capital confiado aos cuidados deles[1]. Podemos compreender, por essa Parábola, que a todos os que aspiram servi-Lo é exigido, igualmente, usar os seus talentos fornecidos por Deus, de tal maneira que possam mostrar um aumento de crescimento da alma quando, no devido tempo, forem chamados a prestar contas de sua administração.
Essa contabilidade, ao que diz respeito à maioria da humanidade, é adiada até que o Ceifador tenha fechado o livro de registros da vida e essa grande maioria da humanidade se encontre no Purgatório, para auferir o resultado das ações praticadas durante a vida aqui recém-terminada, tenham sido elas cometidas porque a pessoa quis ou porque nem sabia que fez, o que achou que era para o bem ou para o mal.
Mas, o que pensaríamos de um empresário que praticasse um método tão imprudente, como o simbolizado pela Parábola dos Talentos, em conduzir seus negócios? Não nos pareceria que ele estivesse se encaminhando diretamente para a falência, se não equilibrasse as suas contas e fizesse um balanço dos seus ativos e passivos anualmente? Certamente concluiríamos que ele mereceu o fracasso, devido a sua insistência em não seguir os métodos do seu negócio mais apropriados para a questão.
Se nós percebemos o valor de um sistema e o benefício de constantemente conhecer com precisão, como nos posicionarmos em relação aos nossos assuntos materiais, nós também devemos buscar os mesmos métodos seguros em relação aos nossos assuntos espirituais. Não, devemos ser muito mais circunspectos na conduta dos assuntos celestiais do que na dos assuntos mundanos, pois nossa prosperidade material é tão somente um manter-se acordado em uma noite comparada ao bem-estar eterno do Espírito.
Estamos nos aproximando do Solstício de Dezembro, que é o começo de um Ano Novo do ponto de vista espiritual, e estamos ansiosos pela nova efusão de amor do nosso Pai Celestial por meio do Cristo Menino. Portanto, essa é a melhor época para fazer um balanço e nos questionar de que forma empregamos as ofertas de amor do ano passado, de como temos nos esforçados para juntar tesouros nos céus. E nós devemos experimentar um grande benefício, se abordarmos esse levantamento com o estado de espírito apropriado e no momento mais auspicioso, pois há um tempo para semear e um tempo para colher, e para tudo que está debaixo do Sol há um tempo em que poderá ser feito com maiores chances de êxito do que em qualquer outra época[2].
As estrelas são os marcadores dos tempo celestiais. Delas procedem as forças que nos influenciam ao longo da vida. Na Noite Santa, entre os dias 24 e 25 de dezembro, à meia-noite, no lugar onde você habita, você verificará que a retrospecção e as resoluções engendradas nessa ocasião para o Ano Novo serão mais eficazes.
Em Mount Ecclesia e nos vários Centros Rosacruzes se celebra o Serviço da Meia-noite na Noite Santa[3], e os Estudantes Rosacruzes que participam desse Serviço são, por isso, liberados de quaisquer atividades de comunhão consigo mesmo, como explicada no parágrafo anterior. Outros podem não conseguir ficar despertos até este momento e por várias razões. Para esses, oficiar o Serviço da Meia-noite Santa em qualquer uma das primeiras horas da noite ou da manhã terá a mesma eficácia. Mas, vamos nos unir todos nesta noite num esforço espiritual concentrado de aspiração; e que cada Estudante Rosacruz, não apenas ore pelo crescimento anímico individual no próximo ano, mas que todos se unam em uma oração pelo crescimento coletivo do nosso movimento. Todos da Sede Mundial também solicitam seus pensamentos de ajuda.
Se, neste momento, todos trabalharem arduamente, fazendo um esforço extenuante, nós teremos a certeza de que receberemos uma bênção individual e coletiva excepcional e teremos um ano espiritualmente próspero.
(Carta nº 73 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: A Parábola dos Talentos: Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’” Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’ (Mt 25:14-30).
[2] N.T.: “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras; tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Ecl 3:1-8).
[3] N.T.: O Ritual Devocional do Serviço de Véspera de Natal.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
É isso que trataremos nesse livro.
Há 2 meios de você acessar esse livreto:
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN CORRELACIONADAS COM AS NOVE INICIAÇÕES
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês em 1963, Beethoven’s Nine Symphonies correlated with the Nine Spiritual Mysteries – Corinne Heline – Publicado pela New Age Bible & Philosophy Center
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – PRIMEIRA SINFONIA – DO MAIOR – OPUS 21. 12
CAPÍTULO II – SEGUNDA SINFONIA – RÉ MAIOR – OPUS 36. 19
CAPÍTULO III – TERCEIRA SINFONIA – MI BEMOL MAIOR – OPUS 55 – EROICA 27
CAPÍTULO IV – QUARTA SINFONIA – SI BEMOL MAIOR – OPUS 60 36
CAPÍTULO V – QUINTA SINFONIA – DÓ MENOR – OPUS 67. 42
CAPÍTULO VI – SEXTA SINFONIA – FÁ MAIOR – OPUS 68. 49
CAPÍTULO VII – SÉTIMA SINFONIA – LÁ MAIOR – OPUS 92. 58
CAPÍTULO VIII – OITAVA SINFONIA – FA MAIOR – OPUS 93. 66
CAPÍTULO IX – NONA SINFONIA – RÉ MENOR – OPUS 125. 73
UM ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA.. 78
O que segue é a descrição de Beethoven por um amigo do grande compositor, transcrito por Ernest Newman em seu livro intitulado “O Inconsciente Beethoven”[1]:
“Um grupo de amigos estava em um restaurante quando Beethoven entrou. Era um homem de média estatura com cabeça típica do Signo de Leão, cabeleira comprida e grisalha e olhos brilhantes e penetrantes. Ele se moveu como num sonho e sentou-se com olhar atordoado. Ao falarem com ele, levantou suas pálpebras como uma águia que acorda assustada e esboçou um sorriso triste. De vez em quando, tirava um livro de seu casaco e começava a escrever. Um dia, alguém perguntou o que ele estava escrevendo: ‘Ele está compondo, mas escreve palavras e não notas musicais. A arte se tornou uma ciência com ele e ele sabe o que pode fazer. Sua imaginação obedece à sua insondável reflexão.’”.
“Para um amigo íntimo, Beethoven uma vez descreveu seu método de trabalho: ‘Eu carrego minhas ideias comigo por longo tempo antes de escrevê-las. Minha memória é tão precisa que tenho a certeza de não esquecer um tema que me vem à mente mesmo no decorrer de vários dias. Eu o altero muitas vezes até ficar satisfeito e, então, começa o trabalho em minha cabeça. Como já estou consciente do que quero, a ideia fundamental nunca me abandona, ela sobe, ela cresce. Eu vejo diante de minha Mente a imagem em toda a sua extensão, como se estivesse numa simples projeção e nada deixa de ser feito a não ser o trabalho de escrever. Isso caminha de acordo com o tempo que tenho para escrevê-la, pois, às vezes, tenho vários trabalhos para fazer ao mesmo tempo, mas nunca confundo um com outro’. (…) Beethoven foi mais do que um simples músico. Foi um super-homem… Sua riqueza de ideias o coloca ao lado de Shakespeare e de Michelangelo, na história do espírito humano… Suas Sinfonias[2] são para ele o que o Sermão da Montanha é para a vida de Cristo Jesus; suas sonatas são a luta interna de Cristo Jesus no Jardim de Getsemani.
(…) Beethoven foi o Titã[3] do mundo musical. Outros músicos famosos podem ser comparados uns com os outros, mas Beethoven não tem comparação. Ele está sozinho. Ele foi o Prometheus[4] que foi erguido para trazer para nós a música espiritual do céu – música que cativa e encantará a humanidade enquanto o mundo existir. Este foi Beethoven.” [5]
Edmond Bordeaux em Ludwig Von Beethoven
“Diante da Sinfonia de Beethoven, nós estamos frente a um marco de um novo período na história da arte universal, pois, através dela, apareceu um fenômeno raríssimo no mundo da arte musical de todos os tempos.”[6]
Ludwig Van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. Ele veio à Terra com uma missão definida. Citando as palavras de Johan Herder[7] em seus estudos filosóficos da História da Humanidade: “Deus age sobre a Terra por intermédio de seres humanos superiores escolhidos.”
Beethoven não nasceu para uma vida de facilidade e felicidade. Como a maioria das almas avançadas, desde a juventude, ele foi “um homem cheio de tristeza e familiarizado com a desgraça”, pois geralmente estava em pobreza desesperadora, cercado de pessoas incompatíveis e ambiente desarmônico. Ele disse para si mesmo: “Eu não tenho amigos, tenho que viver só; mas sei que em meu coração Deus está mais perto de mim do que de outros. Eu me aproximo d’Ele sem medo e sempre O conheci. Também não estou preocupado com minha música, que possa ser levada por um destino adverso, pois ela libertará aquele que a compreenda da miséria que aflige outros”.
O gênio musical de Beethoven tornou-se evidente muito cedo. Ainda bem jovem, ele foi mandado para Viena onde estudou por algum tempo. Fez sua primeira apresentação naquela cidade em 1795, tocando seu concerto para piano em si bemol maior.
“Na meia idade”, escreve Charles O’Connell[8] no livro Victor Book of the Symphony, “numa época em que o republicanismo era uma traição, ele ousou ser republicano, mesmo quando recebia o apoio de cortesãos e príncipes. Quando ser liberal era ser herege, ele viveu uma grande religião de humanista sem desrespeitar a ortodoxia estabelecida. Quando aristocratas perfumados olhavam de esguelha sua figura atarracada, de maneiras grotescas, traje ridículo, ele reagia rispidamente à mesquinhez. Grande demais para ser ignorado, pobre demais para ser respeitado, excêntrico demais para ser amado, ele viveu, uma das mais estranhas figuras em toda a história.”
“A tragédia o seguiu como um cão. Ficou surdo e seus últimos anos foram vividos num vazio de silêncio. Silêncio! De onde tirava os sons que o mundo todo adorou ouvir e ele deve ter ouvido antes de todos!”.
No início da civilização, as Iniciações foram instituídas com o propósito de nos ensinar sobre nossas faculdades e poderes latentes, de modo a nos capacitar para investigar a vida e o trabalho dos Mundos superiores, sobre os nossos veículos mental e espiritual e sobre a Terra.
Muitos clássicos literários contêm informação relativa às Iniciações, por exemplo, a Divina Comédia[9] de Dante[10] e o Paraíso Perdido e Recuperado[11] de Milton[12]. Beethoven os descreveu musicalmente em suas Nove Sinfonias.
O caminho da Iniciação conduz a uma investigação das maravilhas e glórias que pertencem aos planos internos deste Planeta. Nós somos muito mais do que um Corpo como é visto pelos olhos físicos. Somos compostos de outros veículos sutis que se interpenetram e, também, se estendem além da periferia do Corpo Denso. Assim, também a Terra está composta de mais que um globo físico. Ela tem veículos que a interpenetram e que se estendem para o espaço adentro. Por meio da Iniciação, nos tornamos ciente dos nossos corpos e veículos mais sutis e das funções deles e adquirimos conhecimento dos vários veículos da Terra e das funções deles.
Durante o século XIX, Egos humanos evoluídos renasceram para trazer à compreensão vários conceitos de verdade espiritual relativos à Iniciação – conceitos que foram deixados de lado e esquecidos durante os séculos do materialismo que envolveu o mundo. Essas verdades eram para ser revividas por aqueles que as aceitassem, de modo que pudessem ser fortalecidas e preparadas para os árduos e trágicos dias do século XX.
Richard Wagner, outro grande músico Iniciado, entendeu e apreciou a grande missão de Beethoven no mundo. Ele percebeu o sublime significado interno e o êxtase da alma na Nona Sinfonia. Ele a considerou a suprema dádiva musical para a humanidade. Quando construiu seu lindo santuário da música em Bayreuth, ele a inaugurou com as cordas imortais da celestial Nona de Beethoven.
Berlioz[13] escreveu sobre a Nona Sinfonia: “Qualquer coisa que se possa dizer desta Sinfonia, o fundamental é que, quando terminou seu trabalho e contemplou a grandiosidade do monumento que tinha acabado de erguer, Beethoven deve ter dito a si mesmo: ‘Deixe a morte vir agora, minha tarefa está cumprida’.”
A culminância do trabalho de Beethoven foi alcançada nas suas nove Sinfonias. Ele começou a primeira quando o mundo estava no limiar do século XIX. A Primeira Sinfonia foi escrita em 1802. A Nona e última foi completada e dada ao mundo em 1824. Com essa sublime composição, sua missão terrestre se aproximava de sua conclusão gloriosa. Seu chamado veio em 1827.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
Cada Iniciação é acompanhada por música celestial – música que Beethoven trouxe para a Terra e traduziu para nós nas Nove Sinfonias. Quando o ser alcança o exaltado lugar da nona Iniciação, ele chega à mais elevada fase das Iniciações. Está pronto para se tornar um Adepto. Então, ele é capaz de chegar à presença do Senhor Cristo e receber Sua suprema bênção.
É reconhecido, sem sombra de dúvida que, em Beethoven, a maior e mais poderosa forma de música instrumental encontrou seu maior e mais poderoso expoente.
E. Markham Lee[14] em The Story of Symphonies
A primeira das Nove Sinfonias teve sua pré-estreia em Viena sob a direção do próprio Beethoven em 2 de abril de 1800. Essa foi a primeira da grandiosa e imortal série que é o monumento colossal da música deste tempo. O ano em que foi produzida sugere que foi o “canto do cisne” instrumental do século XVIII.
A missão de Beethoven foi a de servir como mensageiro da música cósmica. Era seu destino alcançar além da superfície deste plano e trazer para a humanidade a gloriosa música do espaço, e essa missão foi cumprida em suas Nove Sinfonias. Nessas composições, Beethoven, nas palavras do Sr. Lee, “reserva algumas de suas maiores e mais graves declarações. A perspectiva”, ele continua, “é invariavelmente grande, todo o método de concepção é de uma grandiosidade e de uma força titânica. Ele enfoca o assunto com seriedade e o resultado é grandioso e sereno.”
A nota-chave espiritual da Primeira Sinfonia é Poder. O número “um” – “1” – é indicado por uma coluna vertical, o primeiro símbolo da Divindade, como foi adorada pelo ser humano primitivo do início da civilização. O número “um” também significa o Ego, a Individualidade, cujo propósito de jornada através da evolução é manifestar sua divindade inata.
Fiel à forma sinfônica, essa Sinfonia está dividida em quatro movimentos[15]. Um Allegro[16], que é precedido por um Adágio[17] introdutório expressando poder, fornece as notas-chaves da composição. O segundo movimento, um Andante[18], e o terceiro, um Minueto[19] que é mais um Scherzo[20], sustentam uma convicção de uma fidelidade a esse poder que tudo permeia, mas que está latente. O Finale[21], num espírito de exaltação, chega a um clímax nas cordas triunfantes: “E Deus criou o Céu e a Terra e tudo o que está nela; Ele viu que Seu trabalho era bom”.
A Primeira Sinfonia é uma precursora das belezas e glórias dos Nove Graus de Iniciação pelos quais o ser humano se torna um “super-homem” e um “homem-deus”. Nela, Beethoven sobe às alturas e desce às profundezas de um modo que poucos no seu tempo puderam prever ou compreender. Aquele que consegue perceber os valores incorporados na estrutura interna dessa Sinfonia irá colocá-la entre as melhores inspirações desse magnífico gênio musical.
As composições de Beethoven seguem modelos pré-concebidos. Esse grande músico não fez nada sem um objetivo claro. Assim, por exemplo, não se pode considerar como acidental que a introdução da Primeira Sinfonia seja formada por doze compassos[22], cada um dos quais pode ser considerado como abrindo a porta a cada um dos doze Signos zodiacais, cujas forças desempenham seu papel na música verdadeiramente cósmica em sua expansão e natureza. Os doze compassos estão divididos em três grupos de quatro, cada grupo dos quais anuncia a melodia que se seguirá. Os quatro formam uma amalgamação das forças que fluem através dos quatro elementos da natureza: Fogo, Ar, Terra e Água.
O Adágio introdutório consiste em doze compassos, iniciando em Fá Maior e continuando em Dó Maior, tonalidades que têm rico poder tonal. Em contraste, o segundo tema expressa os atributos femininos de gentileza e
O Minueto, arauto do Scherzo, é um tempo rápido. Um crítico musical escreveu: “Ele se move livremente sobre extravagâncias divinas de modulação de um modo que perturbava os ortodoxos de 1800”.
O Finale é introduzido por três compassos nos quais os primeiros violinos revelam a escala ascendente do tema pouco a pouco. As progressões tonais e as passagens rápidas pressagiam o término da Idade Antiga e a busca para o começo da Nova.
No terceiro movimento, a música recapitula o trabalho dos dois movimentos anteriores num andamento acelerado que representa o júbilo do alcance espiritual. Esse movimento contém 353 compassos cujo valor numérico é 11, o número da perfeita polaridade. Tanto o Minueto como o Trio estão em Dó.
No Finale, que é descrito por um rondó[23], a métrica[24] numérica é oito, o número da sabedoria. “O primeiro motivo cadencia na dominante dentro de oito compassos e é seguido por um motivo acompanhado de mais oito compassos que levam ao completo final”.
Esse movimento se centraliza em um diálogo entre os sopros de madeira[25] e as cordas[26], tipificando os sentidos purificados, a Mente espiritualizada. Trompetes[27] e tímpanos[28] acrescentam forças amalgamadas do ser humano completo. Aqui, o três-oito-sete, que soma dezoito ou nove, indica as bases da Grande Obra.
O fraseado do Allegro é composto de quatro compassos e é dividido em dois-mais-dois que acentua o princípio fundamental da polaridade sobre a qual toda a criação está baseada e que forma a pedra angular de todos os ensinamentos da Iniciação. Beethoven aqui projeta princípios cósmicos ou fornece uma cópia do universo como é ensinado nas Escolas de Iniciação Musical que, como todos os antigos Templos de Mistérios, incluindo os da antiga Maçonaria, incluíam em seus currículos matemática e astronomia, além da música. O Allegro consiste em 288 compassos que soma o valor numérico nove, que é o “número do homem” e o “número da Iniciação”.
O segundo movimento compõe-se de 250 compassos, o valor numérico do sete, um número fundamental na evolução humana. Ele define o movimento que é introduzido por sete compassos não usuais. Mais adiante, há o retorno dos quatro compassos, após o qual é empregado um simples compasso para confirmar o começo da individualização.
Beethoven introduz nesse movimento um solo dos tímpanos independente. Ele está nos dizendo que o ser humano deve aprender a refletir o Espírito na ação. Esse fato é produzido pelo tema principal, sendo primeiramente dividido entre as cordas agudas e as graves, tipificando o caminho entre as naturezas inferior e superior. Mais adiante, o tema principal é outra vez repetido entre as cordas e as madeiras, assim definindo o caminho musical da transmutação pela qual o desejo é transmutado em Espírito.
A Iniciação nos Mistérios capacita a pessoa, quando envolvida por seus melhores e mais sutis corpos, a entrar e estudar as verdades maravilhosas que estão escondidas nas mais elevadas e sutis camadas da Terra.
Na Primeira Iniciação o candidato penetra nos planos internos da Terra. As forças e as atividades que se manifestam nesses planos, que são nove Estratos, correlacionam-se com cada uma das Nove Iniciações. Em cada uma dessas Nove Iniciações o candidato é ensinado a estudar essas várias atividades e a trabalhar com essas poderosas forças dos planos internos.
Quando a humanidade se tornar suficientemente clarividente para ser capaz de investigar esses planos, um admirável mundo novo será revelado a ela e a geologia será uma das mais fascinantes ciências materiais. Essa última expressão é um falso nome, pois, na realidade, não há uma ciência material, pois quando o coração de qualquer ciência é totalmente revelado, ela se torna verdadeiramente espiritual em sua natureza essencial. Assim, ela revela o amor e o cuidado de Deus por seu Planeta Terra e todas as Ondas de Vida em evolução que vivem nela. A música das Nove Sinfonias, quando musicalmente interpretada, abre novas visões de idealismo e compreensão até agora não sonhadas.
A Primeira Iniciação está relacionada com a Terra física. Na Memória da Natureza estão escondidos os maravilhosos segredos relativos ao longo período evolucionário deste planeta. Na Primeira Iniciação, aquele que se tornou capaz é ensinado a ler nos registros da Região Etérica do Mundo Físico e a aprender algo das maravilhas da história passada da Terra. Nesses registros, ele é capaz de ver as enormes florestas verdes e os gigantescos animais da Época Lemúrica. As majestosas florestas vermelhas da Califórnia são vestígios da antiga Época Lemuriana.
Essa Época foi seguida pelo cinzento e enevoado continente Atlante – Atlântida –, na Época Atlante. As formas dos animais se tornaram menores e a flora mais variada e delicada em sua textura e cor. Depois da Atlântida, a presente Época do arco-íris nasceu, uma Época em que o Sol brilha claro numa atmosfera oxigenada e a presente humanidade, a Quinta Raça Atlante – Raça Ária –, surgiu.
A majestade da Primeira Sinfonia é a descrição da tremenda transformação da Terra. Em seus quatro movimentos é como se o compositor estivesse colocando em música o fiat criador de Deus. A música cresce cada vez mais, culminando no voo do Finale que traduz em imortal som o pronunciamento do final dos seis dias da Criação registrado no Livro Gênesis de que tudo o que foi feito era bom[29], “era muito bom”.
Esta Sinfonia é música que transpira serenidade, beleza, jovialidade e coragem.
Philip Hale em “Boston Symphony Notes”
A segunda das Nove Sinfonias foi apresentada pela primeira vez em Viena em 5 de abril de 1803. Sua nota espiritual é Amor. O número dois expressa o feminino ou o princípio materno de Deus. Esse princípio se manifesta como amor supremo, poder que anima toda a Sinfonia, conferindo à música tal beleza e doçura que muitos devotos das Sinfonias de Beethoven declararam ser a mais bonita de todas. A proteção aconchegante do espírito materno brota em alguns de seus movimentos. Em outros, o espírito do sacrifício, inseparável do amor materno, encontra expressão em certas melodias ternas. O scherzo transpira felicidade tão refinada que é como uma brisa de ar perfumado. Tem o efeito de elevar e refrescar um espírito desanimado.
A surdez crescente de Beethoven serviu para livrá-lo das distrações do mundo físico, de modo que ele deve ter captado as harmonias celestiais que estão sempre vibrando através do nosso cosmos ordenado.
A qualidade tonal da Segunda Sinfonia é cheia de cores orquestrais que conferem à sua música uma qualidade e uma luminosidade desde o início até o final.
O primeiro movimento produz um efeito de um brilhante nascer do Sol. O larghetto[30] soa em cores suaves como um variado jogo de luz e sombra numa superfície clara. O scherzo brilha e faísca em júbilo vivaz e beleza, explodindo em contrastes dinâmicos no finale.
Sob apelos melódicos delicados e um tom de esplendor, essa Sinfonia está cheia de “episódios ousados” com insinuações de outros mundos e ecos tênues que confundiram os críticos da época.
Esse movimento, com suas súbitas explosões de acordes e modulações caprichosas, foi severamente criticado pelos revisores do tempo de Beethoven, mas foram também eles que reconheceram seus efeitos tonais como verdadeiramente magníficos. Beethoven sempre trabalhou dentro de estrutura de espaços ilimitados.
Berlioz, em seu comentário sobre essa Sinfonia, afirma que “o andante é uma canção pura e franca… cujo caráter não é removido do sentimento de ternura que forma o estilo nítido da ideia principal. É uma figura encantadora”, ele continua, “de prazer inocente que é dificilmente obscurecida por uns poucos acentos melancólicos”. Berlioz então descreve o scherzo como “francamente alegre na sua fantástica volubilidade como o andante foi completo e serenamente feliz; pois essa Sinfonia está sorrindo o tempo todo; as explosões do primeiro Allegro estão totalmente livres de violência; há só o ardor juvenil de um nobre coração no qual as mais bonitas ilusões da vida são preservadas imaculadas. O compositor ainda acredita em glória imortal, em amor e devoção. Que naturalidade em sua jovialidade… É como se você estivesse vendo os esportes mágicos dos espíritos graciosos de Oberon[31]”.
“O ‘Finale’, ele acrescenta, “é da mesma natureza”. “Um segundo scherzo em binário e sua jovialidade tem talvez algo ainda mais delicado, mas picante.”
Depois de uma das primeiras apresentações dessa Sinfonia em Leipzig[32] em 1804, um crítico de discernimento maior que o contemporâneo asseverou que era uma composição de ideias tão boas e ricas que permaneceria viva e que “sempre seria ouvida com renovado prazer mesmo quando mil coisas que hoje estão em moda estivessem enterradas”.
Como essa Sinfonia foi escrita sob circunstâncias de uma natureza depressiva, em virtude de enfermidades físicas que o compositor sofria e as notícias esmagadoras sobre Guilietta Guicciardi[33], uma aluna por quem tinha se apaixonado e que se casara com o Conde Gallenberg, os críticos não deixaram de comentar a contradição entre o sentimento pessoal melancólico do compositor e a música jovial e adorável que ele escreveu em sua Segunda Sinfonia.
A resposta à questão feita por essa circunstância é geralmente dada por um comentarista que concluiu que “em vista da tragédia daquele verão, esta Sinfonia deve talvez ser vista como um escape”.
Se Beethoven tivesse vivido para fins pessoais, tal explicação seria, com toda a probabilidade, completamente verdadeira. Mas Beethoven viveu para servir a objetivos universais e impessoais. Ele dedicou sua vida para trazer para a humanidade a cura e as forças redentoras da beleza através da mais elevada de todas as artes, a arte da música. Beethoven foi um Ego titânico funcionando dentro das limitações de uma forma pessoal. Quando ele se entregou para trazer do Mundo celeste suas comunicações musicais inspiradas, sua consciência ascendeu a níveis onde o que é puramente pessoal se perde no universal. Daí, concluímos sobre o caráter de Beethoven e sobre o propósito espiritual que, no caso da composição da Segunda Sinfonia, a alegria e o amor que ela irradia não é o resultado de um esforço desesperado da vontade de escapar da sua provação pessoal e atribulação, mas a renúncia às suas preocupações pessoais, sejam elas de natureza pesarosa ou de natureza exultante de alegria, a transmissão impessoal daquilo que o mundo do som era capaz de conferir ao homem através de um Ego qualificado para servir com tão exaltada capacidade.
Marion M. Scott[34], em “Master Musicians Series”, observa, com relação à Segunda Sinfonia, que, enquanto Beethoven andava nas campinas de Heiligenstadt[35], sua Mente perambulava pelos Campos Elíseos[36]. Em outras palavras, enquanto sua Personalidade estava andando aqui, na Terra, seu “Eu superior” estava voando lá em cima, nos Céus. Foi então que ele viu, nas palavras de Marion Scott, “como acontece nas cadeias de montanhas além do mar e nas cadeias de montanhas intermediárias uma radiante visão das montanhas distantes no horizonte – ele viu a Alegria”. Aquela visão, ele nos deixou na Segunda Sinfonia.
Como previamente foi dito, o tema principal da Segunda Sinfonia é Amor. Do amor brota confiança, serenidade, alegria e aquela grande paz que ultrapassa a compreensão. Todas essas qualidades são lindamente expressas através da Sinfonia que conclui na nota triunfante de que o Espírito é supremo e que é possível para ele permanecer liberto e intocado por todas as desarmonias e desilusões do mundo externo. Emerson[37] expressou isso muito apropriadamente quando escreveu: “É só o finito que tem trabalhado e sofrido; o infinito descansa em repouso sorridente”. Essa é a mensagem inspiradora da Segunda Sinfonia.
A Segunda Iniciação está conectada com o segundo envoltório da Terra chamado de Estrato Fluídico. Nele, estão refletidas as forças harmoniosas e pulsantes da Região Etérica do Mundo Físico. O trabalho dessa Iniciação tem a ver com o segredo dos Éteres, incluindo os seres que habitam essa Região. Neles, estão incluídos os Espíritos da Natureza que fazem muito para embelezar a Terra. A Região Etérica do Mundo Físico transcende a esfera de escuridão e morte. Aqui o ser se move em luz perpétua e numa região de vida imortal.
Existem quatro Éteres com os quais estamos relacionados. Os dois Éteres inferiores estão relacionados com a nossa vida no plano físico, na Região Química do Mundo Físico; quanto mais terreno for o nosso caráter, mais densos são estes dois Éteres no nosso Corpo Vital. Os dois Éteres superiores se relacionam com as nossas atividades espirituais e estéticas. Têm a ver com nossas faculdades superiores. Por isso, quanto mais sensível a nossa natureza, mais nos tornamos orientados para o desenvolvimento espiritual e mais rápido é o nosso avanço no caminho.
São Paulo se referiu ao nosso corpo como o Templo do Deus vivo. Os dois pilares que apoiam esse templo são os dois sistemas nervosos, o cérebro-espinhal e o simpático. Esses dois sistemas estão diretamente relacionados com as Iniciações. Diz-se que, nestes tempos caóticos e incertos, a grande maioria da humanidade está afetada de certa maneira por desajustamentos nervosos. Isso é porque nós não aprendemos a adaptar corretamente a nossa vida e as atividades ao fluxo e refluxo das forças etéricas. Quando entendermos essas forças internas e vivermos mais em harmonia com as leis que governam os planos Etéricos, nos tornaremos sensíveis e receptivos a essa bela e sutil influência. O corpo humano do futuro será enormemente diferente do que é hoje. Possuirá faculdades de tal ordem que dificilmente são imaginadas no presente.
O primeiro movimento com suas súbitas explosões de acordes caracteriza a Hierarquia dos Anjos, que é especialista na manipulação das forças Etéricas. Os Anjos, que prestam auxílio à Terra, entram em contato com ela através do plano Etérico. Embora estejam presentes no espaço que a envolve, sua presença não é sentida por causa da falta de visão Etérica. Essa oitava superior da visão se tornará bastante comum no curso da Era de Aquário. Uma maravilhosa irmandade e um companheirismo serão então estabelecidos entre os Reinos de Vida Humano e dos Anjos.
Na terna beleza e delicadeza, na doçura e pureza de muitas passagens dessa Segunda Sinfonia, Beethoven descreve algo da sublimidade dessa Região e a beleza e luz dos seres angélicos que a habitam.
Novamente citando o Sr. Scott, “Havia em Beethoven algo que transcendia a ética de Ésquilo[38] e Sófocles[39] – algo que o colocava ao lado do cego Homero[40] e Virgílio[41] cujos altos pensamentos refletiam o brilho de algum dia misterioso que ainda não chegou”. Como eles, ele podia passar pela tragédia para um conhecimento maior além, onde nascimento e morte, alegria e sofrimento são só lados diferentes da mesma moeda dourada da vida cunhada por Deus na eternidade.
O grande poder espiritual das Iniciações aumenta com cada grau ascendente. Na gloriosa música da Segunda Sinfonia, soa um eco e uma repetição desse eco daquela força espiritual que só atingirá sua perfeição e plenitude na música da Nona Sinfonia.
Beethoven se inspirou nas montanhas durante a composição dessa Sinfonia. Os picos mais altos que ele frequentemente contemplava com enlevo podem bem ser vistos como um reflexo físico do elevado reino espiritual no qual seu espírito era envolvido em êxtase, quando ele se empenhava em transcrever em música o elevado significado das Iniciações.
Na Segunda Iniciação, entramos na Região Etérica para estudar os mistérios das flores e das plantas e o ministério dos Anjos conectados com elas. A peculiar doçura da Segunda Sinfonia é fragrante com esses segredos raros.
Com a aproximação da Nova Era, nos tornaremos cada vez mais Clarividentes. Isso revelará um fascinante mundo novo. Seremos capazes de observar a vida e as atividades dos Espíritos da Natureza e, também, a dos mensageiros angélicos que dirigem e supervisionam nossas atividades através de todo o Reino de Vida Vegetal. Como resultado desse desenvolvimento, a botânica se transformará em uma das mais interessantes de todas as ciências.
Um dos mais fascinantes aspectos da botânica da Nova Era será a experimentação que lida com os efeitos do pensamento humano concentrado sobre a vida e o crescimento do Reino de Vida Vegetal. Algumas experiências importantes nesse assunto estão sendo conduzidas no mundo todo. Seus resultados certamente serão enormemente importantes e muito mais abrangentes do que podemos prever agora. Significará expansão de fronteiras em termos de consciência humana e uma amplitude de sua esfera de vida.
“O coração de Beethoven estava cheio de fogo divino e ele não conhecia a fronteira; todo o Céu e toda a Terra eram seus campos de exploração onde ele amava, sonhava, sofria imensamente e despejava seus sentimentos dentro de sua arte. Transformava tudo o que tocava, tornando luminoso com fogo divino. Em Viena, ouvi pela primeira vez uma de suas sinfonias, a Eroica. A partir daí, tive só um pensamento: estar em contato com este grande gênio e vê-lo pelo menos uma vez.”
Rossini[42]
“Seus gloriosos temas e a majestosa beleza de seu pensamento musical permitem que ela permaneça mais de cem anos após sua composição como uma das principais obras da criatividade musical.”
E. Markham Lee
“A música da Eroica é profunda, magnificamente ilustrativa de um heroísmo idealístico. Tipifica o puro espírito do heroísmo idealizado e universalizado. O Primeiro Movimento expressa o heroísmo da intrepidez dentro da qual a fé se torna o grande poder transformador que purifica e exalta. A Marcha Fúnebre não contém a representação da morte como tal, mas eleva, exalta e proclama os poderes da Vida Eterna, pois o amplo perfil do conceito de Beethoven não contém nenhuma sombra da morte.
O Scherzo expressa e mantém esta confiança e serenidade enquanto o Finale é ansioso e alegre com todo o conhecimento consciente do grande profeta musical, um brilhante prenúncio das forças do nascer do Sol mais tarde realizadas nos inspiradores compassos da Nona Sinfonia.”
John N. Burk em “Life and Works of Beethoven”
A Terceira das Nove Sinfonias, conhecida como Eroica[43], foi iniciada em 1803 e finalizada no ano seguinte. Foi apresentada pela primeira vez em Viena em 1805.
A nota-chave espiritual da Terceira Sinfonia é “Força”.O número três é formado pela união do “um” (poder) com o “dois” (amor). Nasce, dessa união, o terceiro atributo, a “força”. É esse poder anímico da força que se torna o tema básico da Terceira Sinfonia de Beethoven.
A verdadeira grandeza de Beethoven começou a se manifestar nesse estupendo trabalho. Aqui está a música de força concentrada e dinâmica. Sua concepção é tão vasta que a caneta era incapaz de acompanhar o esquema cósmico que foi revelado a ele em todas as suas proporções colossais. Cada compasso traz um heroico timbre. Essa não é uma música convencional, mas uma transcrição de celestiais melodias que, como uma melodia não interrompida, move-se em longas correntes de altos e baixos, uma poderosa sinfonia na qual as correntes da vida e da morte, ou vida transcendente, competem entre si em glória celestial.
Todos os críticos concordam com o espírito de universalidade que permeia essa Sinfonia. A magia tonal sobe aos picos das montanhas e desce aos vales subterrâneos, banhando toda a Terra com luz fulgurante. A recapitulação reafirma os temas num ritmo de crescente força e beleza.
A Terceira Sinfonia foi especialmente querida ao coração de Beethoven. Muitos dos que o conheceram intimamente disseram que essa Sinfonia, a Eroica, era sua favorita. A maioria dos comentaristas associaram essa Sinfonia a um significado político especial. No entanto, são os mais profundos e esotéricos aspectos nos quais estamos primeiramente interessados.
Essa sinfonia, como todas as Nove Sinfonias de Beethoven, está dividida em quatro partes designadas de Allegro, Marcha Fúnebre, Scherzo e Finale.
A natureza e sequência das quatro partes ocasionaram muitas e variadas especulações sobre o que o compositor tinha em mente quando criou a sinfonia. O alegre Scherzo que segue a Marcha Fúnebre tem deixado os comentaristas perplexos, mas, nas palavras de Robert Bagar e Louis Biancolli no livro “Concert Companion”, “ao musicólogo, ao historiador e ao romancista podem ser permitidas interpretações, mas a música permanece como um monumento à uma Mente grande e poderosamente expressiva cujos pensamentos e imaginações, quaisquer que tenham sido, se cristalizaram no brilhante e irresistível modelo de uma criação eterna”.
Com relação à impropriedade do alegre Scherzo vir imediatamente depois da Marcha Fúnebre que alguns sentiram, isso não apresenta dificuldade de interpretação à luz da profunda experiência anímica. Quando um Aspirante à vida superior entra sinceramente no Caminho da Transmutação da natureza inferior em superior, as experiências adquiridas são frequentemente cheias de falhas e frustrações, com dor e tristeza. Muitas vezes, os sons no coração do buscador, os solenes e enlutados tons da marcha fúnebre, retratam a renúncia do “Eu inferior”. Com o alcance dessa recém encontrada força anímica, no entanto, o Espírito renovado canta sua alegria e seu deleite, como expressado no Scherzo. Nas palavras de Davi, o doce cantor de Israel, “A tristeza permanece à noite, mas a alegria vem de manhã”[44].
O Iniciado músico Richard Wagner expressou-se sobre os valores internos e profundos incorporados nessa Sinfonia com tal inspiração espiritual que nós transcrevemos aqui. Em suas palavras inspiradas, o primeiro movimento “é para ser considerado em seu sentido amplo e nunca é para ser entendido, de forma alguma, como relacionado meramente a um herói militar. Se nós entendemos, no sentido amplo, por ‘herói’, o ser humano total e completo no qual estão presentes todos os sentimentos de amor puramente humanos, de dor, de força em sua mais alta suficiência, então nós iremos corretamente entender o que o artista desperta em nós nas acentuações de seu trabalho tonal. O espaço artístico desse trabalho está cheio de variados e crescentes sentimentos de uma individualidade forte e consumada, para a qual nenhum humano é um estranho, e inclui verdadeiramente dentro de si todo o sentimento humano, exprimindo isso de tal maneira que, depois de manifestar francamente toda a paixão nobre, termina dentro de uma enorme suavidade de sentimento, apegado à mais energética força. A tendência heroica desse trabalho artístico é o progresso em direção à conquista final”.
Para Wagner, o primeiro movimento “abraça, como num forno brilhante, todas as emoções de uma natureza ricamente abençoada no auge de uma juventude inquieta, contudo, todos esses sentimentos brotam de uma principal faculdade e esta é a ‘força’… Vemos um Titã lutando com os deuses”.
Do segundo movimento, com sua “força destruidora que alcança a crise trágica, o poeta musical reveste sua proclamação na forma musical de uma Marcha Fúnebre. A emoção subjugada por profunda aflição, movendo-se em tristeza solene, conta-nos sua história em tons agitados”.
Romaine Rolland[45] considerou a Marcha Fúnebre “uma das mais grandiosas coisas em música. É um cortejo”, ele observa, “das atribulações mundanas mais do que uma elegia para Napoleão”, e Pitts Sanborn[46] denominou-a “uma das mais tremendas lamentações concebidas em qualquer arte”.
Do terceiro movimento, Wagner diz: “força roubada de sua arrogância destrutiva – pela castidade de seu profundo pesar – o terceiro movimento mostra em si toda a sua flutuante alegria. Sua indisciplina selvagem modelou-se em fresca e alegre atividade; temos diante de nós agora esse adorável homem feliz que passa cordial pelos campos da Natureza”. Esse é o primeiro Scherzo de Beethoven e é considerado por muitos como sendo um entre os melhores.
No Finale, tremendas doses de força exultante são libertadas proclamando o alcance do autodomínio. É música dentro da qual cada átomo físico se afina com a música das esferas.
Como entendido por Wagner, o Finale representa o ser humano todo, isto é, “o ser humano profundamente sofredor e o ser humano feliz e alegre, os dois vivendo harmoniosamente nessas emoções em que a memória do sofrimento se torna a força formadora de nobres feitos”.
As citações wagnerianas nós devemos a Laurence Gilman em seu livro “Stories of Symphonic Music”.
A linguagem humana pode, no máximo, transmitir muito deficientemente a essência espiritual e o significado de trabalhos artísticos que brotam de uma consciência capaz de afinar com os mais altos planos espirituais através de uma Personalidade que possui a rara habilidade de transcrevê-las para uma clara audição humana. Que Wagner tenha a percepção de reconhecer valores internos na Terceira Sinfonia de Beethoven, mais completa e claramente que outros mortais, está amplamente demonstrado no esoterismo que forma a estrutura interna de todos os seus trabalhos imortais. Então, o que ele tem a dizer sobre a Terceira Sinfonia de Beethoven é mais do que uma coisa superficial, mais do que alcançar seu significado por uma mera audição.
Por exemplo, quando Wagner fala do Finale como sendo um resumo das tristezas e lutas do ser humano finalmente combinadas harmoniosamente em suas experiências criativas e alegres, das quais brota uma forma de arte que possui “força para nobres realizações”, ele está concordando com Pitágoras, que deu ao “três” o atributo da harmonia e também afirmou a verdade de que as experiências adquiridas estão sempre repletas de falhas, e o simbolismo do número “três” da Maçonaria que suporta os pilares da sabedoria, da força e da beleza.
Mais do que isto, Wagner fala do Finale como representativo do “ser humano total”, o “ser humano total que grita para nós a declaração de sua Divindade”.
Considerem essa afirmativa em relação ao campo vibratório do “três” dentro do qual a Terceira Sinfonia toma forma. Em toda parte, entre os antigos, o número “três” era considerado o mais sagrado dos números. Não há símbolo mais importante do que o triângulo equilátero usado como símbolo da Divindade. Platão viu nele a imagem do Ser Supremo e, de acordo com Aristóteles, o número “três” contém dentro de si o princípio e o fim. Era na Trindade que Platão se identificava com o Ser Supremo que criou o ser humano ou, nas palavras de Wagner, “o todo, o ser humano total, o ser humano que grita para nós a declaração de sua Divindade”. Nesse breve comentário de Wagner, nós temos uma declaração de um Iniciado interpretando o que um ser de eminente criatividade compôs para a audição de ouvidos que percebem menos.
Da Terceira Sinfonia, Pitts Sanborn tem para dizer: “O ‘três’ incorpora os desenvolvimentos com os quais Beethoven revolucionou a Sinfonia. Em amplitude e opulência, nenhum movimento sinfônico igualou ou mesmo se aproximou do inicial Allegro con brio, e podemos duvidar se algum o exceder subsequentemente. Ouvintes sensíveis, ouvindo-o pela primeira vez, poderiam bem ter gritado como Miranda: ‘Ó bravo novo mundo!’”.
A luta suprema que confronta todo ser humano é a conquista da Personalidade pelos poderes do espírito. Essa é a batalha na qual todo Ego está engajado muitas vezes em todo ciclo de vida e, quando a vitória é finalmente consumada, o Espírito se levanta livre, emancipado, vitorioso. É esse conflito e vitória que Beethoven descreveu tão magnificamente em sua “Eroica”. É sem dúvida por essa razão que Beethoven afirmou que essa composição era a sua Sinfonia favorita.
A Terceira Iniciação Menor está conectada com o terceiro Estrato da Terra conhecido como Estrato Vaporoso. Nesse Estrato está refletido o Mundo do Desejo. Aqui, compreendemos como nunca a relação entre nós e o Planeta em que vivemos. Aqui entendemos como a nossa indomável natureza de desejo influencia e libera certas forças sinistras dentro da correspondente camada na Terra. Também compreendemos como o controle dos desejos dentro de nós tende a impedir a operação das forças destrutivas dentro do corpo da Terra. Por exemplo: se a totalidade da humanidade tivesse um completo domínio sobre a sua natureza de desejos, haveria menos devastação pelo fogo, pela água, ciclones, erupções vulcânicas e outros violentos transtornos da natureza. Isso pode, à primeira vista, parecer estranho e inacreditável para aquele que não penetrou nos segredos internos da natureza e do ser humano. Foi o completo controle da natureza inferior nos três homens sagrados descritos no Livro de Daniel que os capacitou a se manterem vivos na “fornalha de fogo”[47]. Pela mesma razão, homens sagrados na Índia e em outros lugares atravessam florestas sem serem molestados por animais ferozes e répteis venenosos. Ao meditar sobre estes fatos, compreendemos mais profundamente o significado das palavras de Salomão: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que toma uma cidade”[48]. Richard Wagner expressou essa mesma verdade em Parsifal[49] dando como sua nota-chave “Grande é a força do desejo, mas maior é a força da superação”. Esse é o poder que forma o tema da Terceira Sinfonia de Beethoven.
Somente aquele que atingiu o completo domínio de si mesmo, tal como Beethoven descreve na “Eroica”, pode entrar com segurança e investigar os reinos do Mundo do Desejo da Terra.
Na Terceira Iniciação as magníficas cores do Mundo do Desejo se refletem no terceiro ou Estrato de Vapor da Terra e se transformam em um verdadeiro arco-íris de beleza translúcida. Muitas das cores ali refletidas nunca foram vistas no plano físico, pois suas frequências vibratórias são altas demais para serem captadas pela visão física. Ali, o candidato aprende a controlar os ritmos do desejo dentro de seu corpo e a transformá-los em poder espiritual. Nas Iniciações Maiores ele também aprende como controlar as correntes de desejo no Mundo externo como, por exemplo, em certos ajuntamentos de pessoas onde as emoções tendem a disparar como numa corrida; essa pessoa evoluída possui o poder de dominar essas emoções e, assim, evitar o desastre ou a tragédia.
“A Quarta Sinfonia é como uma donzela grega entre dois gigantes Nórdicos.”
Robert Schumann[50]
A Quarta das Nove Sinfonias foi composta no verão de 1806. Foi feita numa das mais agradáveis cercanias e sob condições de serenidade interna e externa. À sinfonia, que então surgiu, Romaine Rolland[51] se referiu poeticamente como “uma pura e perfumada flor que guarda como um tesouro o perfume daqueles dias”.
Foi dito anteriormente que o número “três” (força) é uma emanação masculina dos valores vibratórios combinados do número “um” (poder) e do número “dois” (amor). O número “quatro” (beleza) é uma emanação feminina formada pela mistura do número “um” (poder), número “dois” (amor) e número “três” (força). Assim, há uma íntima relação entre força e beleza. As duas principais colunas na entrada do Templo de Salomão têm gravadas as palavras força e beleza. É interessante notar que vários escritores encontram nas Sinfonias de Beethoven uma estreita relação entre a Terceira e a Quarta. A Terceira Sinfonia está centralizada em poder e força e a Quarta Sinfonia, em amor e beleza. “Em suas características masculinas”, escreve Alexander Wheelock Thayer[52], “Beethoven atinge o cimo das montanhas com fogo celestial; em suas características femininas, ele enche os vales com doçura celestial”. Esta, a proeminentemente feminina Quarta Sinfonia, ele ouve como a “sinfonia do sonho”.
No desenvolvimento da força anímica pura, a beleza está sempre latente em seu coração, e a essência da verdadeira beleza espiritual será sempre encontrada para possuir uma certa força interna. A Quarta Sinfonia tem sido chamada de Sinfonia da felicidade e seus quatro movimentos identificados com as qualidades de serenidade, felicidade, beleza e paz.
Considerando as quatro partes, o introdutório Adagio é caracterizado por uma doçura angelical; possui uma profunda e mística serenidade. “Sua forma é tão pura e o efeito de sua melodia tão angelical”, escreve Hector Berlioz, “e tão irresistível ternura que a arte prodigiosa através da qual essa perfeição é atingida desaparece completamente. Desde os primeiros compassos, somos tomados por uma emoção que chega ao final tão poderosa em sua intensidade, que só entre os gigantes da arte poética podemos encontrar algo comparável com essa sublime página do gigante da música”; ele conclui, “a impressão produzida por esse Adagio se parece com aquela que experimentamos quando lemos o comovente episódio de Francesca da Rimini[53] na Divina Comédia[54].
O segundo movimento, um Adagio em Mi bemol Maior, respira um fervor que outra vez alguns comentaristas procuraram ligar à vida amorosa pessoal do compositor. Mas aqui, Berlioz, como Wagner, percebe a verdadeira, sublime e impessoal fonte de inspiração de Beethoven. “O ser que escreveu tal maravilha de inspiração como esse movimento”, diz Berlioz, “não é um homem. Deve ser a canção do Arcanjo Miguel quando contempla a sublevação do limiar do Céu”.
O terceiro movimento (Allegro Vivace[55]) invoca um completo deleite. É brilhante e fascinante. Há felicidade nas cordas, nos instrumentos de sopro e no harmônico soar dos tambores. É uma verdadeira canção de beleza que a alma receptiva vem realizar como imortal em si mesma, não tendo nem começo nem fim. Nesse ponto, somos levados a exclamar com Wagner de que é música que não pode ser entendida de outra forma a não ser através da “ideia de magia”.
O Finale termina numa “brilhante perspectiva em que a harmonia dos Mundos visível e invisíveis se encontram e se comunicam. Ele respira uma doce e terna bênção de paz. É a paz que vem só para a alma que aprendeu a transmutar as dificuldades e problemas em pura beleza anímica. O mais alto significado do número “quatro” é essa habilidade do iluminado, ou cristianizado, se elevar sobre as limitações da vida humana e vagarosa, mas certamente, transformar o áspero Ashlar[56] em um perfeito cuboide.
A Quarta Iniciação está relacionada com a quarta camada da Terra chamada de Estrato Aquoso. Lá estão refletidas as forças da esfera mental da Terra conhecida como Região do Pensamento Concreto. A Terceira Iniciação tem a ver com a superação da natureza de desejo. O próximo passo na realização é a iluminação ou espiritualização da Mente. Isso envolve longos e árduos processos e necessita de muitas vidas para sua completa consumação. Para a pessoa comum, a Mente é escrava da Personalidade. A vida está completamente centrada no “Eu” ou naquilo que se relaciona com a vida pessoal. Quando o ser entra no Caminho, aprende a desligar a Mente da Personalidade gradualmente e a ligá-la com o Espírito. É então que a Mente se torna uma luz, uma luz que ilumina o mundo. A vida e o trabalho de tal ser traz a marca da imortalidade.
Um dos mais profundos livros da Bíblia e uma das mais belas lendas iniciáticas em toda a literatura mundial é o Livro de Jó. É a história do Grande Triunfo. Enquanto o Espírito está ligado aos três amigos, o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente, a Personalidade está sujeita a todas as dificuldades e limitações da vida física tais como pobreza, doença e morte.
O acontecimento supremo na vida de Jó foi o aparecimento de Eliú[57]. Sua vinda vitoriosa representa a separação da Mente da Personalidade e sua união com o Espírito. Essa iluminação ou Cristianização da Mente é a realização relatada na Quarta Iniciação e descrita musicalmente na Quarta Sinfonia. Quando Jó alcança esse estágio de desenvolvimento espiritual, seu Corpo Denso é recuperado, sua saúde se restabelece e até a vida de seus filhos é restituída. Jó é agora, nas palavras do poeta, “o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”[58].
Na Quarta Iniciação, as forças do Mundo do Pensamento estão refletidas na quarta camada, chamada de Estrato Aquoso. Esse reino não é composto de água como pensamos desse elemento, mas é cheio de uma névoa luminosa e prateada, na qual estão refletidos os modelos arquetípicos que estão por trás de todas as coisas criadas.
O Mundo do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu, é o lar de todos esses modelos arquetípicos. É lá, entre as vidas na Terra, que o Ego passa muito tempo aprendendo como construir o Arquétipo que será o modelo do seu próximo corpo terreno.
É importante notar que é no plano mental que esses modelos arquetípicos são construídos, pois isso nos dá um conceito mais claro do tremendo poder do pensamento criador. Na Quarta Iniciação, o candidato aprende como usar o poder construtivo e criativo do pensamento e a realização de que, por esse modo, ele constrói ou destrói sua vida. Pelo poder do pensamento, ele pode se degradar ou se glorificar. Os movimentos metafísicos Cristãos estão prestando um importantíssimo serviço no mundo de hoje ao considerarem o poder do pensamento construtivo como seu ensinamento fundamental. É verdade que os pensamentos são coisas. A Bíblia expressa essa profunda verdade na citação: “Como um homem pensa em seu coração, assim ele é.”[59].
“O espírito de Beethoven está encarnado em sua música e aquele que ouviu a Quinta Sinfonia, ouviu Beethoven.”
Sir Oliver Lodge[60]
A Quinta Sinfonia é uma canção dos quatro Elementos: Fogo, Ar, Terra e Água. É surpreendente em sua intensidade e poder. As pessoas sensitivas que viviam nos dias de Beethoven disseram ter sido lançadas em convulsões pelas grandes marés de verdadeiro fogo cósmico.
Assim é como Wagner descreve a “gigantesca energia” do primeiro movimento desta sinfonia: “Ele (Beethoven) rouba as ondas do mar e deixa vazio o fundo do oceano que para as nuvens em seu curso, dissipa o nevoeiro e revela o puro céu azul e a face ardente do Sol”.
Nas suas quatro partes, a sinfonia canta a canção de cada Elemento. Enquanto cada uma dessas partes está separada e distinta da outra, elas estão magicamente ligadas por uma linha dourada de harmonia. Os críticos frequentemente comentam sobre a concordância rítmica dos quatro Elementos.
O primeiro movimento (Allegro con brio[61]) é a chave do Elemento Fogo. O segundo (Andante con moto[62]) está relacionado com o Ar. É o mais irregular dos quatro movimentos. O terceiro (Allegro) está intimamente ligado ao primeiro, embora não se torne, de modo algum, uma repetição dele. Ele exprime um misterioso caráter tremeluzente e aquoso. Então, no Finale, é como o corpo todo da Terra que se estende em triunfo para receber, unido e integrado, esse cósmico poder dos quatro Elementos.
A Quinta Sinfonia foi composta no final do ano de 1807 ou no início de 1808. Tanto ela como a sua sucessora, a Sexta Sinfonia, foram apresentadas pela primeira vez em 22 de dezembro de 1808 em Viena.
A nota-chave espiritual da Quinta Sinfonia é liberdade.
Das nove grandes Sinfonias de Beethoven, esta é, provavelmente, a mais popular. Foi considerada “infalível na concepção e sem falhas na construção… um sublime e resistente monumento ao gênio incomparável e habilidade executiva de seu autor”. É música que se eleva acima do pessoal e transitório na vida; não contém nenhuma referência à cena externa e passageira, mas incorpora, dos níveis cósmicos, uma força moral designada para reforçar o ser interno de todos os que a ouvem. É música pura, refinada e abstrata com o objetivo de agitar a alma do ser humano dentro da lembrança de sua natureza divina e imortal, e aumentar seus poderes para dar um passo para cima. E isso ela realmente faz, haja reconhecimento consciente do fato ou não. Aqui está uma estrutura tonal erguida para uma “declaração cósmica”. Ela fala de modo redentor ao espírito interno do ser humano porque seus modelos sonoros são completamente harmoniosos com as atividades do “Grande Ser do Universo” e Sua reflexão no ser humano microcósmico da Terra.
Cada um dos quatro movimentos é, por si mesmo, uma brilhante criação. Considerados em conjunto, constituem um trabalho de imponente grandiosidade.
O primeiro movimento, Allegro con brio, inicia com quatro notas em uníssono que Beethoven uma vez explicou que soam como o Destino batendo à porta. O segundo movimento, Andante con moto, carrega uma nota de tristeza; no entanto, é maravilhosamente lindo e é realçado mais adiante por um daqueles temas marciais que só Beethoven pôde conceber.
Considerando o primeiro e o segundo movimento juntos, eles são uma verdadeira explosão de desafio da vontade que cresce mais veemente e intensa até que as forças de resistência são derrotadas. Como um comentarista expressou, os dois primeiros movimentos são a canção de um Ego de forte vontade, determinado a quebrar os laços do destino e se elevar acima de suas limitações.
Destino, deve ser acrescentado, é outro nome para a Lei de Causa e Efeito. Não é uma abstração fria e isolada. É um poder vivo e ativo entretecido numa fábrica de vida. Assim como um ser humano ou uma nação semeia, assim eles devem também colher. O ser humano, tanto individual como coletivamente, ressente-se dessa verdade antes de estar espiritualmente acordado. Ele se recusa a aceitar o fato de que seus sofrimentos e desgraças são o resultado de seus próprios erros e más ações. A raiva, a amargura, a indiferença e a contradição que a alma desperta enfrenta estão representadas nos dois primeiros movimentos da Quinta Sinfonia.
Com o terceiro movimento, uma grande transformação ocorre. Agora, a música se torna linda e cheia de um estranho misticismo que pressagia grandes baixos e impenetráveis altos, até agora não alcançados e inexplorados. Aqui, gradual, mas inevitavelmente, tão suaves e lindas como as pétalas de uma flor que se abre, o espírito é despertado mais profundamente para o verdadeiro propósito e mistério da vida. Uma nova e mais profunda realização nasce, mas quando as leis da vida são entendidas e harmoniosamente aplicadas, vemos que não são más e sim boas.
O terceiro movimento, ou Scherzo, tem algumas passagens básicas eloquentes e suas figuras rítmico-tonais são cheias de velado mistério e pesadas com presságios escuros. Ele se insinua dentro do “orgulhoso e ardente” Finale perto da Coda[63] que é de surpreendente brilho, finalizando com um Presto.
Não há nada mais etereamente lindo em toda a música do que a transição do Scherzo para o Finale, dentro do qual essa realização nasce completamente no âmago da alma que desperta ou se ilumina. É então, com uma canção de júbilo, que o espírito se liberta por toda a existência e eternidade, para não mais ficar atado à Lei de Causa e Efeito. A música gloriosa do Scherzo e do Finale soa como a canção triunfante de alguém que alcançou a espiritualidade. Essa sublime “música de liberdade” é a divina herança de toda alma que aprende a se emancipar, passando da condição finita da vida pessoal para a condição infinita do ser eterno.
Nas palavras de Charles O’Connell, “No sentido amplo, essa não é a expressão do pensamento ou sentimento de um homem. Essa é a declaração de uma humanidade confusa e sarcástica – e finalmente triunfante. Essa é a voz do povo, de um mundo sofredor e débil; embora contendo dentro de si os elementos da grandeza final … certamente, a Quinta Sinfonia tem um apelo à natureza humana mais poderoso, direto e universal do que qualquer outra grande música existente”.
O Finale é de tal magnitude e riqueza que, em comparação com ele, há poucas peças musicais que possam ser tocadas sem ser completamente esmagadas.
E. Markham Lee em “The Story of the Symphony” escreve sobre a Quinta Sinfonia: “Colossal em seu poder majestoso, romântica em sua essência e titânica em suas ideias inerentes, a Sinfonia em Dó Menor levanta-se como uma das mais nobres e mais características dos trabalhos de Beethoven. Vinda no meio das suas nove Sinfonias, não é como suas companheiras e, por sua nobreza e majestade, mantém sua cabeça orgulhosa com uma dignidade que é bem capaz de sustentar. Beethoven começou a compô-la logo após terminar a Eroica e a mesma seriedade é óbvia”.
Essa poderosa, magnífica e ao mesmo tempo maravilhosa música descreve a gloriosa liberdade que só o espírito pode conhecer quando quebra a cadeia que o prende à Personalidade e desperta para o êxtase do puro espírito. Essa Sinfonia é a sublime canção da emancipação. É a interpretação musical da luta épica do ser humano em níveis anímicos. É uma exultante canção de triunfo na qual o ser emancipado quebra os laços do finito e passa vitoriosamente para a gloriosa liberdade do infinito.
A Quinta Iniciação está conectada com a quinta camada ou Estrato Germinal da Terra, como é determinado na terminologia Rosacruz. Nessa camada da Terra está refletida a mais elevada Região do Mundo do Pensamento que é conhecida como Região do Pensamento Abstrato. É nesse nível ou plano que a Mente está ligada ao Ego.
É de conhecimento geral que a origem da vida se encontra na semente. No entanto, geralmente não é compreendido que a origem do pensamento se encontra também na semente. No Estrato Germinal ou quinta camada da Terra, estão armazenados os pensamentos gerados por toda a humanidade. Se uma pessoa pensa intensamente por um período numa ideia específica, um pensamento-forma dessa natureza ficará implantado nesse reino. Lá, irá germinar e dará nascimento a um fruto semelhante. Sendo esses os efeitos do poder criativo da Mente, não só a pessoa que pensou irá colher os resultados dele, mas outros também serão influenciados ou afetados em vários graus de acordo com sua afinidade. Então, por exemplo, quando um poderoso indivíduo como um Alexandre, o Grande, ou um Napoleão direciona sua Mente para conquistar o mundo, o resultado pode afetar outros de Mente semelhante por séculos, sendo multiplicado muitas vezes. Naturalmente, a lei opera de maneira semelhante em aqueles que possuem pensamentos elevados e nobres. Os bons pensamentos gerados por São Francisco de Assis, por exemplo, não pararam de dar frutos, e assim ele continua sendo semeado em nosso mundo por um santo moderno como Mahatma Gandhi.
Quando uma pessoa está para começar uma nova peregrinação na Terra, ela é trazida a essa quinta camada para começar a construção de seu novo veículo, pois, como a pessoa vive hoje, ela está construindo o amanhã. É na Quinta Iniciação que se ensina a ler o registro das vidas passadas na Terra, na Memória da Natureza, e a projetar a vida futura.
Há uma linha de demarcação que separa as cinco primeiras Iniciações Menores das quatro últimas. Através das cinco primeiras Iniciações, o Aspirante à vida superior recapitula e leva à perfeição o trabalho que é fornecido ao noviço. Isso envolve purificação e controle da natureza de desejo e uma espiritualização que entrega a Mente receptiva e obediente aos ditames do Ego mais do que sujeita às inclinações e impulsos da Personalidade.
Quando se passa através das cinco primeiras Iniciações Menores, o Cristo interno do ser humano é despertado e começa a governar suas ações. Quando ele passa pelas quatro Iniciações Menores finais e elevados graus, o Cristo interno floresce completamente. De agora em diante, ele é um “homem-deus” que participa dos ritos sagrados iniciatórios.
A Quinta Sinfonia é geralmente conhecida como a Sinfonia da Vitória. Essa designação é mais significativa em sua interpretação espiritual. Ela significa muito mais do que uma vitória do “homem sobre o homem” ou de uma nação sobre outra nação, pois se refere à conquista de si mesmo. O mais sábio de todos os sábios bíblicos sabia bem o significado dessa conquista de si mesmo quando disse: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”[64].
A quinta Iniciação marca um período de transição na vida do Aspirante à vida superior. É aqui que os últimos grilhões da vida pessoal são quebrados, de modo que o Ego pode se elevar, livre, nas alturas. Esse período de transição marca a fusão do temporal com o atemporal e do finito com o infinito. São Paulo descreveu esta mudança como “livrar-se do velho homem e despertar o novo”[65].
Em sua magnífica Quinta Sinfonia, Beethoven descreve esse período de transição no qual o apelo da carne é quebrado e o poder do Ego reina supremo. Nunca se pode compreender e apreciar totalmente a tremenda força e impacto da Quinta Sinfonia até que se esteja qualificado para interpretá-la espiritualmente. Então, é que o ser se levanta em Espírito sobre as praias de um vasto e encantado mar iluminado pela maravilha do mistério, sim, e com o terror, bem como a beleza, do novo e do inexplorado, enquanto acima, miríades de vozes celestiais são ouvidas cantando triunfalmente. O ser agora se levanta diante o limiar da vida eterna que o guia finalmente para uma união com o Abençoado que é a Luz do Mundo.
“Existe música no suspiro de um junco,
Existe música no alvoroçar de um riacho,
Existe música em todas as coisas, se o homem tiver ouvidos.
A Terra é somente o eco das esferas.”
Lord Byron[66]
A Sexta Sinfonia é uma das melhores peças musicais em toda classe de música absoluta. Beethoven nem uma vez transgrediu os grandes princípios da forma e do equilíbrio nessa Sinfonia. O movimento de abertura é um verdadeiro retrato campestre cheio de tônicas e dominantes da alegria do verão. O aroma do riacho com seu sonolento e repetido desenho na corrente das cordas é o refrão sempre soando na Natureza.
Romaine Rolland em “Beethoven”.
Beethoven foi um grande poeta que segurou a natureza com uma das mãos e o homem com a outra.
Autor Desconhecido
A Sexta Sinfonia foi terminada em 1808 e primeiramente apresentada em Viena no mesmo ano.
Há um triângulo cósmico composto por Deus, o Ser Humano e a Natureza. O ser humano é o pequeno deus no Grande Indivíduo. Quanto mais próximo o ser humano entra em sintonia com Deus, mais profundamente ele penetra nos mistérios da natureza.
É bastante significativo que, para a Sexta ou Sinfonia da Natureza, Beethoven tenha escolhido o tom de Fá Maior. Fá é a nota-chave musical da Terra e que verde é a sua cor. Estudantes de musicoterapia estão cientes do fato de que o uso de composições musicais nessa tonalidade produzirão efeitos benéficos sobre várias formas de tensão nervosa e sobre nítidos e prolongados efeitos da insônia. Qualquer pessoa que tenha ficado cansada ou debilitada por excesso de tensão e que tenha passado apenas uma só noite numa floresta de pinheiros, respirando sua suave fragrância, não duvida da força curadora da natureza nem dos efeitos rejuvenescedores da cor verde, pois, na verdade, essa é a cor da vida.
Em seu livro “Essais De Technique Et D’Esthetique Musicales”, Elie Poirée[67] observa que a Sinfonia Pastoral de Beethoven que está escrita em Fá Maior tem a “cor-auditiva” correspondente à cor verde. Compreendendo como ele compreendia a profunda importância espiritual das diferentes tonalidades, Beethoven escolheu com o maior cuidado a nota-chave de cada uma das nove Sinfonias.
Também deve-se notar o fato de que a nota-chave da Sexta Sinfonia está correlacionada com Virgem, o sexto Signo do Zodíaco. Virgem é um Signo feminino e pertence à triplicidade da Terra. Está, portanto, afinado com a Mãe Natureza. Seu símbolo é a virgem segurando um feixe de trigo. Entre as notas-chaves espirituais de Virgem, está o “Serviço” por meio do som e da beleza. Esses atributos também caracterizaram os motivos musicais da bela Sexta Sinfonia de Beethoven ou, como é popularmente chamada, a Sinfonia Pastoral.
Nessa Sinfonia, que é verdadeiramente “um Hino sublime à Natureza”, Beethoven procurou transcrever algo das harmonias existentes nas operações do triângulo cósmico de “Deus, Natureza e Ser Humano”. Daí, ela exprimir muito mais que uma viagem através dos bosques ou uma caminhada entre cenas silvestres. Na repentina tempestade de verão, tão graficamente expressa no quarto movimento, Beethoven está descrevendo a batalha pela supremacia entre os Espíritos da Natureza que sempre ocorre numa tempestade. O trovão é a voz do Ar, o relâmpago, do Fogo, e a chuva, da Água, sendo a tempestade a sua luta pelo domínio sobre a Terra. Essa é uma magnífica visão e um som magnífico para aqueles que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. A linda canção no Finale é uma transcrição direta para a percepção humana da música daqueles Seres Celestiais que guiam e dirigem a vida e as atividades de toda a natureza. Como Beethoven mesmo declarou, “Nos campos, parece que eu ouço cada árvore repetindo ‘Sagrado, Sagrado, Sagrado’”.
Do segundo movimento, o Andante, chamado pelo compositor de “Uma Cena perto de um Riacho”, Vincent d´Indy[68] diz: “É a mais admirável expressão da natureza genuína em existência”, acrescentando que “só há algumas poucas passagens em Siegfried e em Parsifal de Wagner que podem ser comparadas com ela”. A propósito da comparação aqui feita, pode ser lembrado que Wagner, em seu trabalho, procurou combinar em seus dramas musicais o que Beethoven procurou expressar em suas Sinfonias, e Shakespeare em seus dramas. Pode ser que Wagner, em suas passagens sobre a natureza, tenha se inspirado na Sinfonia Pastoral de Beethoven.
Ainda citando Vincent d´Indy em seu comentário sobre o segundo movimento: “Enquanto o fluxo do riacho proporciona base para todo o segundo movimento, melodias adoráveis brotam expressivamente e o tema feminino do Allegro inicial emerge de novo sozinho, como se estivesse inquieto com a falta de seu companheiro. Cada seção do movimento é completada pela entrada de um tema de algumas notas, puras como uma prece. É o artista que fala, que reza, que ama e que se delicia em coroar as partes de seu trabalho com um tipo de aleluia. Esse tema expressivo termina as exposições sobre os passos do desenvolvimento, no meio dos quais as tonalidades obscuras provocam uma sombra por cima da Terra. Então, seguindo os episódios leves do canto dos pássaros, o tema é repetido três vezes, para concluir com uma afirmação comovente”.
A mensagem dessa Sinfonia, como Beethoven disse, é “Uma aproximação ao conhecimento de Deus através da Natureza”.
Um escritor definiu admiravelmente a fé de Beethoven que era cósmica e não cega, dizendo: “A Natureza era a Divindade para Beethoven; dela, ele tinha aprendido a aceitar todos os fenômenos como reflexões da Mente de Deus. Ele se sentia um ser escolhido de revelação sobrenatural, um herói, um salvador que tinha sofrido e, elevando-se, tinha sentido a vida divina dentro dele… À doutrina da Natureza em Deus e Deus na Natureza, de Deus imanente no universo, ele acrescentou uma mística compreensão de Deus como habitando em um simples indivíduo artístico e criativo”.
Há uma grande Sinfonia soando para sempre através da natureza, uma rara Sinfonia de harmonia e beleza que é inaudível para os ouvidos humanos e invisível para os olhos humanos até que se tenha elevado a consciência ao ponto onde ela possa se comunicar com os poderes que funcionam no lado interno da vida. O som do vento nas árvores, o estrondo da tempestade, o tamborilar da chuva, o melancólico chamado do cuco e o terno som da canção do rouxinol que são tão graficamente transcritos nessa Sinfonia, não são mais do que um aspecto da beleza e da harmonia da natureza. Em sons musicais refinados e Etéricos, o compositor transmite a música rarefeita do brotar da tenra grama, o desdobrar das pétalas das flores, o movimento das novas forças vitais nas folhas que brotam, no movimento rítmico dos Espíritos do Ar e no canto alegre de seres angelicais – todas essas coisas delicadas e intangíveis que pertencem ao lado oculto da natureza, Beethoven expressou no segundo e terceiro movimentos com tal delicadeza e beleza que suas maiores interpretações provavelmente não conseguiram descrever.
Beethoven era um filósofo musical profundo que possuiu não só a faculdade de perceber o lado vital da natureza, mas também teve o incomparável dom de transcrever algo da linguagem espiritual para que todos a ouvissem. Todos, no entanto, não desenvolveram a sensibilidade para perceber os tons superiores espirituais que ele foi capaz de colocar dentro de suas composições divinamente inspiradas. Mas, eles estão lá esperando reconhecimento, enquanto a humanidade se eleva suficientemente em consciência para acompanhar o compositor aos planos dos quais ele retirou sua sublime inspiração. Nesse meio tempo, aqueles que não são ainda capazes de compartilhar completamente em tudo o que o compositor experimentou na criação de seus trabalhos imortais são, no entanto, beneficiários do que eles realmente ouvem num maior sentido vital do que geralmente é reconhecido.
A música origina-se no Mundo celeste e, se o ser humano está ciente do fato ou não, ela serve para preservar nele, embora de maneira muito tênue, alguma recordação das esferas divinas das quais ele veio e para as quais ele está destinado a voltar. Torna-se um fator importante prevenir o ser humano de cair no esquecimento de seu verdadeiro lar.
E assim, ouvindo a Sinfonia Pastoral de Beethoven, o Ego humano é realmente colocado em contato com mais do que impressões de natureza externa qualquer que possa ser o grau de sua percepção consciente do que é então conectado. Lá está; ela colide com seus veículos mais sutis e deixa uma impressão que é refinadora, sensibilizadora, construtiva e redentora.
Portanto, não é somente música da natureza, como esse termo é geralmente compreendido, que Beethoven deu ao mundo em sua Pastoral. Não é uma tentativa de descrever programaticamente cenas físicas e efeitos atmosféricos. Para aqueles que podem perceber as nuances espirituais desta criação sinfônica, melodias alegres de pássaros transportam comunicações angélicas, águas correntes carregam uma paz interior, os campos abertos expandem os horizontes, enquanto florestas são transformadas em grandes catedrais e montanhas em elevadas cidadelas de Deus.
A nota-chave espiritual da Sexta Sinfonia é “unidade”. Seis é um número que expressa luz, amor e beleza. Esses são os humores musicais prevalecentes da Sexta Sinfonia.
A Sexta Sinfonia está relacionada com a sexta camada da Terra. É o Estrato Ígneo. Nessa conexão, não temos que considerar o fogo no sentido literal, pois esta sexta camada é luminosa. O ocultista entende a diferença entre Fogo e Chama. Fogo é uma força espiritual e Chama é o aspecto material daquela força. Moisés esteve diante da sarça ardente que não era consumida, o que significa que ele esteve na presença do ser espiritual da Luz que queimava, mas não se consumia.
Essa sexta camada da Terra reflete as forças espirituais daquele plano elevado que é conhecido metafisicamente como o Mundo da Consciência Crística. É o plano no qual todo o sentido de separatividade foi transcendido e a verdadeira universalidade de toda a vida é realizada. Aqui, a unidade completa prevalece. Se, em obediência à admoestação de São João, nós andamos na luz como Ele está na luz, teremos fraternidade entre todos. Este é o efeito da música da Sexta Sinfonia que podemos supor que foi escrita sob a inspiração da sublime visão da inclusiva e harmoniosa fraternidade existente nesse plano espiritual elevado.
Beethoven estava sempre nutrindo em seu coração o ideal da fraternidade humana. Era profundo e intenso; isso tocava o incomum e o cósmico. Na Sexta Sinfonia estão projetadas essas qualidades com relação à Natureza, a exteriorização de Deus no qual nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. É sobre esse mesmo ideal de fraternidade que ele leva o ouvinte nas asas do êxtase para os altos planos da glória no Finale da sua Nona Sinfonia poderosa. É só quando esse estado de consciência está desenvolvido que as glórias internas da Natureza podem ser reveladas e o sublime trabalho da Sexta Iniciação pode ser empreendido com sucesso.
Como foi dito anteriormente, depois da quinta Iniciação, o trabalho se torna tão elevado que pouco pode ser dito sobre ele. Para interpretar algo sobre a Sexta Iniciação, Beethoven invocou o Espírito da Natureza. Ao estudar a natureza com reverência e devoção cada vez mais crescentes, mais seus sublimes mistérios são revelados ao ser humano, e mais próximo ele se afina com Deus. Um sábio mestre advertiu os aspirantes que procuram entrar nos profundos mistérios da vida dizendo que eles “estudassem a natureza, pois ela contém a marca da divindade”.
Beethoven considerava essa admoestação. É como ele expressou sua fé na sabedoria a ser aprendida, um texto que ele copiou de forma a tê-lo sempre com ele e, também, diante dele. Assim: “O ser pode corretamente denominar a Natureza de escola do coração; ela nos mostra claramente nossos deveres para com Deus e nosso vizinho. Portanto, eu desejo me tornar um discípulo dessa escola e oferecer a Ele o meu coração. Desejoso de instrução, eu tentaria obter aquela sabedoria que nenhuma desilusão pode rebater; eu ganharia um conhecimento de Deus e através desse conhecimento, eu obteria um antegozo da felicidade celestial”.
A Sexta Iniciação está relacionada com a Iniciação do Fogo. O segredo da vida está conectado com o fogo e é nessa Sexta Iniciação que a pessoa chega diante dessa poderosa verdade. Aqui, ela aprende a distinguir a chama do fogo. A chama é reconhecida pelos cinco sentidos físicos, enquanto o espírito do fogo é percebido só através das faculdades espirituais. Aquele que conhece os segredos da Iniciação do Fogo pode passar sem se queimar através da chama. Vários exemplos disso estão registrados no mais profundo dos livros ocultos, a Bíblia. Tal é a trasladação de Elias para o céu numa carruagem de fogo, a passagem dos três homens sagrados através do fogo como está escrito no Livro de Daniel e as línguas de fogo que estão colocadas nas cabeças dos Discípulos em Pentecostes. Essas são todas descrições dos vários estágios ou aspectos da Iniciação pelo Fogo, e todas relatam, em certo grau, o Sexto Mistério.
Os ciclos de renascimentos através dos quais o espírito individualizado tem que passar é o processo pelo qual as potencialidades divinas são despertadas e desenvolvidas em chama vivente. Essa é a luz a que São João se referiu quando disse: “Se nós andamos na luz como Ele está na luz, teremos fraternidade uns com os outros”. É só quando o ser humano desperta essa luz em si mesmo que ele pode conhecer o verdadeiro significado da fraternidade. A humanidade não pode oferecer ao Criador maior presente do que aquele de manifestar uma fraternidade universal e um mundo unido.
Beethoven compôs a Sétima das Nove Sinfonias em toda a exuberância de sua maturidade criativa, e cada um dos seus quatro movimentos transbordam a ardente essência de sua inspiração. O ouvinte é dominado pela abundância de sua beleza. Nesta Sinfonia, você sente o gênio de Beethoven como algo inesgotável, glorificado em sua própria força titânica, como se fosse uma divindade ignorando sua casta, orgulhoso de seu conhecimento de força invencível, liberto, despreocupado, salvo quando o Allegretto admite uma divina melancolia.
Pitts Sanborn[69]
A primeira apresentação dessa Sinfonia foi em Viena, em 8 de dezembro de 1813, fazendo assim um intervalo de cinco anos entre a Sexta e a Sétima. Durante esse período, Beethoven esteve aprofundando sua consciência espiritual e captando uma afinação mais próxima às forças da música celestial. O que ele produziu na Sétima Sinfonia oferece ampla evidência da verdade que a avaliação do Sr. Sanborn fez acima.
A nota-chave espiritual da Sétima Sinfonia é Exaltação. Sete marca a conclusão de um ciclo em termos de duração de tempo. A trindade do espírito (o Tríplice Espírito) se eleva triunfante sobre o quatro da matéria[70]. O espiritual se torna primário agora e o material, secundário. É esse triunfo do Espírito que é o glorioso tema da Sétima. Tanto Richard Wagner como Franz Liszt[71] olharam a Sinfonia como a “apoteose da dança”. O mais profundo espírito da dança representa ritmicamente a ascensão no caminho da Iniciação que termina em divina harmonia com a Eterna Luz. Do ponto de vista da interpretação, a Sétima Sinfonia é verdadeiramente uma Apoteose da Dança.
Wagner identificou essa Sinfonia com a dança em sua mais alta expressão como a realização do corpo em forma ideal. Ninguém melhor que ele sabia que a dança teve sua origem nos movimentos das esferas planetárias e que a missão de Beethoven era recapturar algo destas harmonias estelares.
No primeiro movimento (Poco sostenuto[72], vivace[73]), acordes exultantes e dominantes repetem esta canção triunfante acompanhada do inebriante ritmo do tema principal. Essa introdução desdobra os temas que se seguem numa sucessão de escalas ascendentes que foram descritas como escadas gigantes. Beethoven aqui está afinando os ouvidos humanos com os ritmos planetários. Ele traz à Terra insinuações da música das esferas pelas quais os sistemas solares são impelidos em seus movimentos. Assim, sua música se torna uma escada que vai até as estrelas. Ele carrega o ouvinte para as grandes alturas e profundezas, transcendendo a pequena e limitada esfera na qual o ser humano mortal se move em seu estado sem inspiração.
No segundo movimento (Allegretto), um tom de solenidade é introduzido. Ele passa de Lá Maior para Lá menor, já que é mais fácil recapturar os ecos da música celestial em tons menores. É como se o Espírito estivesse perplexo na realização da responsabilidade que vem com tal consecução. Esse tom solene e misterioso persiste por todo o movimento. Foi comparado a uma procissão através das catacumbas.
O terceiro movimento (Presto, presto meno assai) toca uma nota ainda mais exultante do que a que foi ouvida no primeiro movimento. Ritmos alegres e emocionantes são introduzidos pelas cordas com uma resposta alegre dos instrumentos de sopro. Há arpejos dançantes e um espírito de scherzo nele todo.
O Finale (Allegro com brio) é colossal e magnífico. É como se o Céu e a Terra se juntassem num poderoso coro de majestade e poder. É a voz do espírito extaticamente proclamando: “Estou livre, estou livre, para sempre e para toda a eternidade. Estou livre”.
Esse Espírito de exultante liberdade naturalmente trouxe à expressão a companhia da arte da dança. Wagner, que anteriormente se referiu à essa conexão, sentiu que não havia nada tão torpe e surdo que pudesse resistir à fórmula mágica; os galhos, as latas e as xícaras, o cego e o aleijado, etc., cairiam na dança.
A celebrada Isadora Duncan[74] dançou todos os movimentos dessa Sinfonia, exceto o primeiro, no Metropolitan Opera House em Nova York em 1908, e o Ballet Russo de Monte Carlo também transcreveu o trabalho todo em poesia do movimento. A coreografia que a Sinfonia evoca tem um caráter mais etérico e espiritual do que físico; isto foi declarado por um comentarista que pensou nela expressando uma dança cerimonial que deve ter sido realizada pelos coribantes[75], os sacerdotes de Cibele[76] em volta do berço do infante Zeus.
UMA VISÃO DO CAMINHO
Um viajante se aproxima de uma enorme e elevada montanha, cujo topo coberto de neve brilha à luz do Sol como uma coroa de diamantes. A subida dessa montanha é íngreme e perigosa, o caminho estreito e escarpado. Frequentemente, o viajante perde seu passo e cai de bruços no chão, mas sempre a silenciosa voz interior firmemente o impele “Para frente e para cima, para sempre”. Às vezes ele toma o caminho errado e tem que retroceder pelo longo e estreito caminho, mas sempre a voz interior, gentil, mas insistente, é ouvida dizendo: “Você nunca falhará enquanto persistir, pois a única falha está em parar de tentar”. Outra vez, o caminho leva através de escuras e estreitas fendas onde o Sol está longe da vista. É, então, que em sua visão mental ele pode ver o pico coberto de neve acima. O topo está rodeado por grandes conjuntos de rochas perpendiculares, escondendo toda a visão do caminho. Para concluir a subida, o viajante tem que possuir muita coragem, persistência e uma vontade que é dominada pelo Espírito.
Finalmente, o topo é alcançado e oh! a maravilhosa glória da vista! Lá em baixo, ao longe, estão as planícies e os vales rodeados por montes humildemente entremeados por cintilantes riachos. Há também grandes cidades nas quais a humanidade se ocupa com sua rotina diária, a maioria estando tão ocupada e tão descuidada para levantar seus olhos e pegar a inspiração dos lindos picos brancos lá em cima.
Quando o viajante eleva seus olhos, ele se enche de espanto, pois o topo no qual ele está, o qual ele pensou estar tão alto e ser o final, está diminuído por montanhas mais altas, cujos picos estão completamente longe da vista no imenso azul. As palavras do poeta místico Kalil Gibran[77] vêm à mente com um novo significado: “Quando você chega ao topo da montanha, então é que você começará a subir”.
É então que o viajante grita: “O que está além dos majestosos picos, cujas alturas se perdem nos céus?”. E a voz, em alegre exaltação, responde: “o infinito”. “E o que está além do infinito?”. Como uma bênção vinda de lugares distantes, em sons de doçura sobrenatural, a voz responde: “Um infinito de infinitos”.
Essa é a canção da alma da Sétima Sinfonia de Beethoven, o Espírito triunfante e exultante cantando: “Sempre para frente e para cima, pois o caminho da verdade não tem fim e a busca é eterna”.
A Sétima Iniciação Menor está conectada com o sétimo Estrato da Terra conhecido como Estrato Refletor. Esse estrato está correlacionado com o Mundo do Espírito Divino e está permeado com o poder espiritual desse Mundo celestial.
Fiel ao seu nome descritivo, o Estrato Refletor na Terra reage exatamente à natureza dos pensamentos e desejos do ser humano que podem ser construtivos ou destrutivos, pois, sob a Lei de Causa e Efeito, tanto os seres humanos como as nações colhem como semeiam. Assim age a Lei Divina ao operar no Mundo do Espírito Divino, que é a contraparte superior do Estrato Refletor da Terra.
A história oculta registra a submersão do Continente Atlante e a destruição de sua adiantada civilização, devido à muito difundida prática da magia negra. Nos tempos históricos, lemos sobre a queda da Babilônia, uma das mais famosas e bonitas cidades da Terra, seus jardins suspensos tendo sido classificados entre as Sete Maravilhas do Mundo. Em Pompéia, os arqueologistas descobriram evidências do descuido moral e depravação que existia entre os habitantes, que agiam por meio das forças localizadas no Estrato Refletor da Terra, no desastre natural que enterrou a cidade sob lava e cinzas. Também, na Bíblia, lemos a destruição de Sodoma e Gomorra, devido às maldades desenfreadas nessas cidades.
O ser humano é um ser sétuplo. O Tríplice Espírito está conectado com o Tríplice Corpo pelo elo da Mente. O propósito principal das peregrinações dele na Terra é capacitar o Tríplice Espírito a trabalhar sobre o Tríplice Corpo para refinar, sensibilizar e espiritualizar estes Corpos mais inferiores e transmutá-los em poderes anímicos.
Antes que esteja pronto para passar através do portal que se dirige a Sétima Iniciação Menor, grande parte desse trabalho tem necessariamente que estar realizado. No sétimo Estrato Refletor da Terra estão guardados os chamados sete grandes segredos da Natureza. Esses segredos estão conectados com os quatro elementos – Fogo, Ar, Água e Terra. Nesse grau, aprendem-se os muitos e variados modos nos quais esses elementos são transmutados com resultados que capacitam o controle das muitas Leis da Natureza. A Sétima Iniciação Menor é o Grau da Divina Sublimação. Quando se passa por esse Grau, o poder alcançado torna possível a jornada dentro dos lugares mais profundos da Terra e nas alturas do espaço interplanetário.
O Iniciado da Sétima Iniciação Menor é ensinado a investigar e compreender mais profundamente algo dos quatro poderes conhecidos como Fogo, Ar, Água e Terra. Esses poderes operam sob a direção dos altos seres celestiais. Muito pouco pode ser dito abertamente com relação a esse trabalho, exceto que, sob o poder do Fogo e do Ar, novos e maiores segredos são ensinados com relação à transmutação e, sob o poder da Água e da Terra são ensinados os mais profundos significados relativos ao equilíbrio e à polaridade.
Nessa elevada esfera para onde o Iniciado é trazido e colocado face a face com as verdades pertencentes a Sétima Iniciação Menor, ele se torna um verdadeiro trabalhador milagroso. Ele aprende o que é passar sem se molestar através do fogo e da água, a dominar a lei da gravidade e a trabalhar em harmonia com a lei da levitação. Ele agora é um verdadeiro mago branco, havendo aprendido a transformar os metais em ouro. Ele ganhou a liberdade da limitação que esse Planeta impõe a ele. É algo desse maravilhoso Espírito de Liberdade que é descrito na gloriosa e inesquecível música da Sétima Sinfonia.
Tal é a magia exercida pela música da Sétima Sinfonia de Beethoven, que o comentarista Philip Hale[78] fez a seguinte observação: “Toda vez que a música é tocada, toda vez que ela entra na Mente, ela desperta novos pensamentos e cada um sonha seus próprios sonhos”.
Há tal poder místico impregnado nessa Sinfonia que ela tem a magia de despertar na alma de um Aspirante à vida superior a visão dos passos que guiam progressivamente na escada ascendente da realização. Mais do que isso, ela realmente irradia energias tonais que emprestam uma força para a alma no caminho da Iniciação, para seguir os passos até que a busca seja finalmente consumada nas glórias celestiais do Reino Celeste.
Nunca a arte ofereceu ao mundo algo tão sereno como as Sinfonias em Lá e em Fá Maior e todos aqueles trabalhos tão intimamente relacionados a elas que o mestre produziu durante o período divino de sua surdez. O seu primeiro efeito sobre um ouvinte é colocá-lo livre de um sentimento de culpa, enquanto dá nascimento a um sentimento de paraíso perdido ao retornar ao mundo dos fenômenos. Desse modo, esses maravilhosos trabalhos preconizam arrependimento e reparação no sentido da divina revelação.
Nesta Sinfonia, há pensamentos musicais intensos, há passagens que, por um momento, soam as profundezas e alcançam as alturas… Sem a grandiosidade da Quinta Sinfonia ou o romance da Sétima, ela contém um final perfeito e um rico estoque de bom humor.
Romaine Rolland[79]
A Oitava Sinfonia teve sua primeira apresentação em Viena, em 20 de abril de 1813. Sua nota-chave espiritual é harmonia.
Os antigos declararam que o número oito contém a marca da divindade e isso é o que a Oitava Sinfonia representa. Berlioz[80] declara que o modelo dessa Sinfonia foi formulado no céu e caiu dentro do cérebro do compositor. Um crítico de arte, escrevendo sobre essa Sinfonia, diz que ela é um brinquedo divino na região do pensamento tonal. Mais adiante, ele diz que a Sétima é uma arte épica ao máximo, então a Oitava Sinfonia é arte lírica em sua plenitude. A Oitava tem sido chamada de “um épico de humor”. Suas quatro divisões são permeadas com um sopro de alegria e transbordam em excêntrico humor. Um leve e caprichoso espírito de felicidade se difunde completamente. É deliciosa em sua totalidade. Dizem que Beethoven olhava-a com ternura e se referia a ela como sua “pequenina”. Talvez fosse por causa de seu espírito despreocupado e, também, porque é a menor das nove.
As duas primeiras partes estão cheias de alegria e suas harmonias extasiantes continuam a tecer e a entretecer através de toda a terceira parte. Ao invés do usual Scherzo, esse terceiro movimento é um lindo e majestoso minueto. Embora delicadamente caprichoso, ele, ao mesmo tempo, toca uma nota mais grave. Foi comparado por alguns escritores a uma exultante risada. E é verdade. Ele soa uma gargalhada triunfante de uma alma emancipada que encontrou sua própria herança divina de imortalidade consciente e a divina bem-aventurança da liberdade cósmica. Como Pitts Sanborn diz “não é o riso de regozijo infantil ou de frivolidade desesperante e imprudente”. Pelo contrário, é o “vasto e interminável riso de que Shelley[81] fala em Prometheus Unbound[82]. É o riso de um homem que amou e sofreu e, escalando as alturas, alcançou o cume. Só uma ou outra nota de rebeldia se intromete momentaneamente; e, às vezes, em repouso lírico… uma intimidação da Divindade mais do que o ouvido descobre”.
O Finale sobe a alturas ilimitadas em ritmo e fantasia. Irregularidades repentinas e ritmos interrompidos servem para criar uma atmosfera de mistificação deliberada. É fantasia altamente carregada designada para levar o ouvinte além dos estreitos confins da mente concreta.
A Oitava Sinfonia é, no entanto, uma outra composição que o grande gênio criativo de Beethoven deu ao ser humano para ajudá-lo em seus objetivos espirituais, que era seu verdadeiro destino perseguir e cumprir.
George Grove[83], em seu trabalho “Beethoven´s Nine Immortals” descreve o poder de Beethoven de abstrair-se do mundo externo e viver num mundo de sonho dele próprio. Seu ideal, como o de todos os grandes heróis, teve pouco interesse no mundo e nas poucas pessoas em volta dele. Ele foi um pico de uma montanha solitária e elevada que olhava para os vales. Seus olhos testemunhavam um solitário homem espiritualmente faminto. Seu idealismo sobrepassava seu julgamento. Era difícil para ele aceitar coisas realmente diferentes das que ele idealizava. Nos seus últimos anos ele mergulhou em profunda ternura e doce melancolia, resultando no que ele denominou sua “tendência feminina”.
Beethoven foi um instrumento usado pelo Espírito da Música para se realizar mais do que um homem que meramente compôs música. Em sua música, sempre criando mundos, seu grande gênio foi mostrado em seus movimentos rápidos, pois eles refletem os ritmos das órbitas celestes que se movem com mais velocidade que a luz.
Gustav Nottebohn[84], em seus Esboços de Eroica, observa que Beethoven alcançou um tipo de melodia que alguns chamaram de absoluta e, compondo seus últimos trabalhos, ele ficava verdadeiramente “possuído”. Sua Mente Superior assumiu a direção. Então, não trabalhou do pormenor para o todo, mas começou do todo para o pormenor. Sob um estado subconsciente, uma composição era como um todo antes que ele começasse a pensar nos detalhes. Um poeta expressou essa mesma verdade nas palavras: “Você não teria me procurado a menos que já tivesse me encontrado”.
Referimo-nos repetidamente às Nove Sinfonias como música cósmica. Quando Beethoven as escreveu, elas eram obviamente para demonstrar musicalmente as verdades fundamentais da polaridade. As Sinfonias ímpares possuem a grandiosidade, a rapidez, a ousadia, a coragem, a inovação e todas as qualidades masculinas dominantes. As de números pares são doces, ternas, dóceis, calmas, características do feminino.
A Quinta em Dó Menor teria seguido a Terceira, ou a Eroica. Beethoven colocou em prática esboços como elas originalmente chegaram a ele, de acordo com seus biógrafos. Algo em sua natureza antecipou isso até que a mais gentil Sinfonia em Si Maior, a Quarta, inseriu-se num modelo divino que a colocou imediatamente depois da poderosa Terceira. Então, seguindo a Épica Quinta, segue-se a Sexta ou Sinfonia Pastoral como um companheiro contemplativo.
Outra vez, após um espaço de quatro anos, Beethoven produziu outro par de afinidades complementares: a Sétima, de força masculina, e a Oitava, de atributos femininos, as duas produzidas em 1862 em sequência.
Finalmente, quase dez anos mais tarde, apareceu a magnífica mistura de opostos, que tinham se alternado nas precedentes oito Sinfonias e culminou na grandiosidade da Nona.
A oitava Iniciação está relacionada com a oitava camada da Terra conhecida como Estrato Atômico. O poder dessa Iniciação é tal que um objeto situado nesse Estrato, quando usado como um núcleo, pode ser multiplicado à vontade. Era o poder dessa oitava Iniciação que o Senhor estava demonstrando aos Discípulos quando multiplicou os cinco pães e os dois peixes e alimentou cinco mil – com doze cestas cheias de sobra[85].
Muito pode ser dito sobre essa Iniciação, excetuando que o participante tem que ter conquistado domínio sobre si mesmo e sobre o Mundo material. Uma harmonia básica é um requisito para a entrada nesse elevado Rito. As essências da experiência adquiridas através das Iniciações que precederam são aqui transformadas em poder anímico de tal força que uma tão esperada harmonia se torna a nota-chave da vida. O ser nunca mais explodirá numa experiência emocional, nem será indevidamente sacudido por eventos dolorosos ou agradáveis. Ele achou agora para sempre aquela profunda e intensa calma e paz à qual São Paulo se referiu quando disse que de fato nenhuma das coisas do mundo exterior o comoviam.
A esfera celestial chamada no ocultismo de Mundo dos Espíritos Virginais está refletida no oitavo Estrato da Terra. É nesse nível de vida que Deus diferencia dentro d´Ele as entidades que constituem uma Onda de Vida evolutiva. É desse plano que esses seres divinos em embrião entram em sua jornada evolutiva eterna através do tempo, espaço e matéria. Nesse estágio, os Espíritos Virginais possuem só consciência divina. O fim a ser atingido através de sua Involução dentro da matéria é a autoconsciência, quando o processo evolutivo o leva de volta à consciência Divina.
Na oitava Iniciação, o Iniciado é levado para muito além do mundo humano. As palavras são inadequadas para descreverem as maravilhas e as glórias daquele Mundo espiritual no qual ele é permitido entrar. A sublime música da Oitava Sinfonia transcreve algumas das maravilhas daquele Mundo.
Toda alma iluminada canta sua própria canção de realização. Essa canção é, às vezes, uma expressão de aspiração, busca, agonia, desilusão e mesmo de completa escuridão. Então, como a agonia continua, segue-se uma nova, fresca e sempre profunda dedicação, que culmina eventualmente numa vitória de completa conquista de si próprio. Essa foi a canção de alma que Moisés cantou na vitória do Mar Vermelho, uma vitória que se referiu não tanto a uma ocorrência física, mas a uma transmutação perfeita em seu interior. Outras canções de alma de tal alcance são os imortais Salmos de Davi e a melhor de todas as canções de amor, o 13º capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios[86]. Também a Canção do Cisne de Lohengrin naquele magnífico drama musical que leva o seu nome.
É essa mesma Canção de Realização que é ouvida na Oitava Sinfonia de Beethoven composta não em palavras, mas na linguagem tonal trazida inspiradamente do mundo celeste do som. O Finale dessa Sinfonia ressoa toda a profunda alegria do Ser Emancipado. É a Canção de Alma daquele que aprendeu, por sua divindade inata, a reivindicar sua herança que é a Liberdade Cósmica. Essa é a nota-chave da oitava Iniciação e o elevado tema musical da Oitava Sinfonia.
O elevado trabalho dessa oitava Iniciação está exemplificado na música dessa Sinfonia que é tão suave, linda e cheia de tal corrente de força que parece cantar a habilidade de acalmar a violenta tempestade ou de remover montanhas de seus lugares. A música da Oitava Sinfonia é a expressão do Feminino altamente aperfeiçoado, aquele poder espiritual que o alquimista descreveu como o Feminino em Exaltação.
(Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)
A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua transparente beleza de ideia, há pouco no mundo da música que possa se aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas ideias são tão ricas em variedade, tão delicadas em orquestração e, também, tão profundamente simpáticas, que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime … Ninguém pode negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente espalhadas.
Autor Desconhecido
Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante esse intervalo houve, evidentemente, uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.
Quando os Senhores do Destino procuram um mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e elevará a humanidade, muito tempo e cuidado são dedicados à sua escolha. Precauções especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo exterior.
Um mensageiro assim escolhido para uma grande missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a se tornar um canal claro e livre para seu objetivo.
No funeral de Beethoven foi dito: “ele não tinha esposa para chorar por ele, filho, filha – mas o mundo todo lamenta junto ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um músico – a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, talvez isso foi sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das Hierarquias Criadoras. Essa música é tão sublime e etérea que os sons dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza e beleza. E, assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um transmissor mais perfeito para essa música celeste. Muito embora o espírito possa estar ciente de seu elevado destino, enquanto ele está confinado dentro do corpo humano, terá que lutar com as limitações de seu instrumento mortal. E, assim, havia momentos em que Beethoven dava espaço à melancolia e ao desespero, às vezes, voltando-se contra o destino.
O verdadeiro propósito do sofrimento é servir de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” lê-se que “antes que os olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade, e que antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade, e que antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados no sangue do coração”.
Como Edward Carpenter[87] escreve sobre Beethoven em seu livro Angel´s Wings:“Embora sua vida exterior, pela surdez, doença, pelas preocupações financeiras e pela pobreza fosse despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de ser humano. O que essa luta deve ter sido entre suas condições internas e externas – de seu “eu real” com os solitários e pobres arredores nos quais estava encarnado – nós só sabemos através de sua música. Quando nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isso possa abraçar e redimir a humanidade”.
A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É, também, o número da Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o ser humano retorna à união com Deus.
Notou-se previamente que as Sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Essas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento da alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona Sinfonia.
Como foi dito anteriormente, as Sinfonias ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio, um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio Místico. Essa união marca o supremo alcance do ser humano sobre as coisas terrenas. Beethoven captou o lindo coro do Querubim na glória da Nona Sinfonia para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de seu poder espiritual.
O escritor John Naglee Burk[88], em seu livro “Life and Works of Beethoven”, se refere a esses ecos celestiais como “murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo celestial que Beethoven interiormente percebia se tornaram cada vez mais claros e mais fortes; enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de suspense até que o tema em si é revelado… e proclamado fortíssimo pela orquestra toda em uníssono. “Ninguém”, ele acrescenta, “igualou esse poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por essa página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida, lembrou-a quando descreveu a serenidade elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.
“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill[89] em seu trabalho intitulado The Symphony, “é comparável aos vigorosos trabalhos como a Eroica e a Quinta Sinfonia, num plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas ideias musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo parece nebuloso e mal definido emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Essa abertura portentosa é em seguida reformulada… e o tema todo é transferido, ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação desse tema gigante que temos e esse, em sequências que se elevam, marcha para frente sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale”.
“É difícil se encontrar algo mais requintado em toda a música”, escreve E. Markham Lee[90] no livro “The Story of the Symphony”, “do que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão majestoso em suas ideias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é maravilhosa e suas qualidades expressivas… são excelentes”.
O segundo movimento, um Scherzo, embora realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu “ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco como uma dança”. Berlioz o comparou ao ar puro e claro que acompanha o nascer do Sol numa manhã brilhante de maio.
“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee, “para comentar adequadamente o Adagio (terceiro movimento), uma das mais perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard Shore[91], falando desse terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”, afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável Toscanini[92] ao apresentar essa parte “fez todo o esforço para transferir o toque de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. ‘No Paraíso!’, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e nunca foi permitido que se tornassem apaixonadas – só etéreas.
Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza – perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final”.
Beethoven experimentou uma grande liberdade interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que esse mundo já conheceu. Sigmund Spaeth[93] em seu livro “A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A Sinfonia alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele, grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda a música daí por diante é música numa longa tarde”.
Ludwig Von Beethoven foi um dos mais importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipação, da igualdade e da eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.
Beethoven também mostrou sua completa harmonia com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio[94], o fiel. Em sua heroína, Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam se tornar realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornarão universais. São essas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a Nona Sinfonia.
O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa. A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito e voltamos para o infinito.
Rabindranath Tagore[95]
Como mencionado anteriormente, Beethoven foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição humana. Essa “pressão interna levou-o a escolher uma vida de autoabnegação e retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações do mundo numa época, e entre pessoas amplamente entregues à busca do prazer”.
Por música cósmica, queremos dizer música das Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na celebração dos Ritos do Matrimônio Místico da nona Iniciação que Beethoven gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.
A humanidade não poderá vivenciar a alta exaltação espiritual desse Rito até que tenha aprendido a construir e a viver em um Mundo Unificado – um mundo em que a Paternidade de Deus e a Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade universal foi seu supremo objetivo; para esse fim, seu grande gênio estava completamente dedicado.
Para o Coral, Beethoven usou o poema de Schiller[96], Ode à Alegria. Esse poema, que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a Fraternidade Universal.
Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce voo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora! [97]
Por razões políticas, Schiller não usa a palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores, para contatar seres celestes que habitam aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.
No primeiro movimento, os céus emitem poderosos sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.
O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os primeiros raios do sol nascente de maio”.
O Adagio se expressa em variações de crescente complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas Sinfonias é uma divina aventura em espírito. O Espírito, quando despertado (iluminado), não pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico tem para oferecer.
O Finale nos fala sobre isso. Ele questiona e procura avidamente por mais luz. Uma sugestão dessa alta realização cantada pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então gradualmente desdobrado em Ré Maior (ainda uma experiência no plano terrestre).
No quarto movimento, Beethoven, pela primeira vez, introduz palavras numa Sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou essa Ode para expressar solidariedade humana. Esse coro sublime eleva a Terra para perto do Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.
A nona Iniciação conduz ao coração da Terra. Nesse centro, está refletido o plano espiritual mais elevado, o Mundo de Deus. Esse é um plano onde reside o Absoluto. Aqui, o Espírito se une com a matéria, o finito funde-se com o Infinito e Deus e o ser humano se encontram face a face.
É aqui que os Deuses de outros Sistemas Planetários comungam com o Deus deste Sistema. É aqui que os sagrados Mistérios da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este Planeta pode traduzir a maravilha e a glória dessa sublime experiência, excetuando o magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.
O diagrama 18 do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham alcançado seus mais altos degraus. Somente aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste, o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos Cristianizados alcançando as mais elevadas esferas da consciência. Porém, esse é o alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se faça merecedora da ascensão divina.
Na Noite Santa, quando a nona Iniciação é celebrada, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase. Os ecos dessa gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.
No coração da Terra, há três centros de poder que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras, há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.
A participação na nona Iniciação é possível somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de perfeito equilíbrio, com a Mente espiritualmente iluminada, o Coração um transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da força vital regenerada. Essa realização alcança o clímax se encontrando face a face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É essa a gloriosa experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, a nona Iniciação.
A única música que pode adequadamente descrever o êxtase da alma dessa experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de tecer na Nona Sinfonia. É só por meio dessa música celestial que sua importância espiritual pode ser entoada. É música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o ser humano é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.
Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho de Beethoven estava completo; seu destino se cumpriu. Esse é o seu canto do cisne, sua mais magnífica realização. Essa composição incomparável, como foi dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827, ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu Senhor!”[98].
F I M
[1] N.T.: da obra The Unconscious Beethoven (de 1927) de Ernest Newman (1868-1959) que foi um crítico musical e musicólogo inglês.
[2] N.T.: Composição musical para orquestra, em forma de sonata, dividida em três ou quatro partes (alegro, andante, scherzo ou minueto e final ou rondó).
[3] N.T.: Os titãs (masculino), na mitologia grega, estão entre as entidades que enfrentaram Zeus e os demais deuses olímpicos na sua ascensão ao poder.
[4] N.T.: ou Prometeu (em grego: “antevisão”), na mitologia grega, filho de Jápeto (filho de Urano; um incesto entre Urano e Gaia) e irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio. Algumas fontes citam sua mãe como sendo Tétis, enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia oriental, também chamada de Clímene, filha de Oceano. Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo de Héstia e dá-lo aos mortais.
[5] N.T.: da obra Ludwig Van Beethoven de Edmond Bordeaux Szekely (1905-1979) que foi um filólogo/linguista húngaro, filósofo, psicólogo e entusiasta da vida natural.
[6] N.T.: da obra Beethoven de Wilhelm Richard Wagner (1813—1883) que foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, primeiramente conhecido por suas óperas (ou “dramas musicais”, como ele posteriormente chamou).
[7] N.T.: Johann Gottfried von Herder (1744–1803) foi um filósofo, teólogo, poeta e crítico literário alemão.
[8] N.T.: Maestro e escritor americano (1900-1962)
[9] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da Terra Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do Mar Morto, onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante, num poema envolvendo todos os personagens bíblicos do Antigo ao Novo Testamento, que são costumeiramente encontrados nas entranhas do Inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada, Virgílio – o próprio autor da Eneida.
[10] N.T.: Dante Alighieri (1265-1321) foi um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália. É considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana.
[11] N.T.: Paraíso Recuperado (em inglês: Paradise Regained) é um livro do século XVII do poeta inglês John Milton, publicado em 1671. É, por assim dizer, uma continuação de seu anterior livro “Paraíso Perdido”. O poema foi composto na casa de Milton em Chalfont St Giles em Buckinghamshire, e foi baseado no Evangelho de Lucas.
[12] N.T.: John Milton (1608-1674) foi um poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês, servindo como Secretário de Línguas Estrangeiras da Comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell. Escreveu em um momento de fluxo religioso e agitação política, e é mais conhecido por seu poema épico Paraíso Perdido. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos Anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem. Após uma invocação à Musa, o poeta descreve brevemente a rebelião dos Anjos liderados por Lúcifer, a qual, fracassada, lhes custou o paraíso. Despertando no inferno depois de nove dias de confusão, estes deliberam sobre o que fazer, e Lúcifer, daí por diante chamado Satanás (do hebraico Satan: adversário), faz saber de um novo mundo e uma nova criatura – o homem – que seriam criados por Deus. Os demônios decidem corromper esse novo ser e desviá-lo do Criador, seu inimigo. Entrementes, no paraíso, Deus segreda a seu Filho a iminente transgressão do homem e todo o sofrimento que se lhe seguirá, e o Filho se oferece a si mesmo em sacrifício pela redenção da humanidade. Para assegurar que o homem seja responsável por seus atos, Deus envia um Anjo para notificar Adão e Eva do perigo; no entanto, a despeito da advertência, Eva é seduzida por Satanás, então no corpo de uma serpente, e come o fruto proibido, fazendo-o comer também a Adão. Os pais da humanidade são expulsos do Jardim do Éden e tomam conhecimento, como toda a sua descendência, do pecado e da morte; mas uma revelação do futuro consola o primeiro homem, que testemunha o nascimento e a morte do Cristo e a remissão dos nossos pecados.
[13] N.T.: Louis-Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor e maestro romântico francês.
[14] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1976) foi compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[15] N.T.: Um movimento é uma parte independente de uma composição ou forma musical. Enquanto movimentos individuais ou selecionados de uma composição são realizados às vezes separadamente, uma execução do trabalho completo exige que todos os movimentos sejam executados em sucessão. Um movimento é uma seção, “uma grande unidade estrutural percebida como resultado da coincidência de um número relativamente grande de fenômenos estruturais”.
[16] N.T.: Allegro (“alegre” em italiano) – (120-128 BPM – batidas por minuto) – é um andamento musical leve e ligeiro, mais rápido que o allegretto (112-120 BPM – batidas por minuto) e mais lento que o presto (168-200 BPM – batidas por minuto, muito rápido). Costuma ser de maior dificuldade técnica que andante (176-108 BPM – batidas por minuto, ritmo de caminhada) ou adagio (66-76 BPM – batidas por minuto, devagar) por ter caráter mais contínuo e rápido que esses citados. É muitas vezes o movimento mais lembrado de Sinfonias e de concertos por ter uma movimentação musical mais engajadora e uma construção mais focada no desenvolvimento da invenzio apresentada do que em outros tempos mais melódicos (como adagio e andante).
[17] N.T.: Adágio é um andamento musical lento, por consequência composições musicais com esse tempo são conhecidas como adágios. O termo deriva de “ad agio” (comodamente). Costuma situar-se entre 66 e 76 batidas por minuto em um metrônomo tradicional, sendo, portanto, mais rápido que o lento e mais lento que o adagietto (72-76 BPM – batidas por minuto, bastante devagar, ligeiramente mais rápido que o adagio)e o andante. São comumente adágios o segundo mine e o segundo ou terceiro movimento de uma Sinfonia.
[18] N.T.: Denomina-se Andante o tempo depois de ter um andamento que se forma um trecho musical. É o andamento que vai determinar com precisão a duração do som ou do silêncio representado pelas figuras musicais.
[19] N.T.: Minueto ou minuet é uma dança em compasso de 3/4, de origem francesa ou uma composição musical que integra suítes e Sinfonias.
[20] N.T.: O scherzo (no plural scherzi, pronunciados isquêrtso, isquêrtsi) é um gênero musical de nome dado a certas obras ou a alguns movimentos de uma composição que possui maior duração, como uma sonata ou uma Sinfonia. Significa “piada” em italiano. Frequentemente se refere a um movimento que substitui o minueto como o terceiro movimento em um trabalho de quatro movimentos, como uma Sinfonia, sonata, ou quarteto de cordas.
[21] N.T.: Um Finale é o último movimento de uma Sonata, Sinfonia ou Concerto; o final de uma peça de música clássica não vocal que tem vários movimentos.
[22] N.T.: Na notação musical, um compasso é uma forma de dividir quantitativamente em grupos os sons de uma composição musical, com base em batidas e pausas.
[23] N.T.: O rondó é uma forma musical instrumental, que começou a ser mais claramente estabelecida em meados do Barroco Musical (2. med. séc. XVII), mas foi solidificada durante a transição entre Barroco e Classicismo Musical (1. med. séc. XVIII). No plano estrutural genérico, essa forma envolve a presença de diversas seções musicais (indicadas por letras maiúsculas) com variedade em número e conteúdo, começando e terminando com uma seção principal (A), que é normalmente reiterada durante peça, mas alternando com uma ou mais seções secundárias (B, C, D, etc.).
[24] N.T.: Métrica, em música, é a divisão de uma linha musical em compassos marcados por tempos fortes e fracos, representada na notação musical ocidental por um símbolo chamado de fórmula de compasso.
[25] N.T.: também chamado de naipe das madeiras em uma orquestra, é formado basicamente por instrumentos de sopro, como flauta, flautim, oboés, corne inglês, clarinetes, fagotes e contrafagotes. As flautas doces, por exemplo, são de metal, assim como o saxofone. E para quem estranha o saxofone estar nessa família, explicamos: apesar de feito de metal, suas características de funcionamento se assemelham às dos instrumentos do naipe de madeira. Já a flauta, até pouco tempo atrás, era de madeira, então mesmo quando surgiram as versões metálicas elas permaneceram nesta família. Com isso, podemos concluir que os instrumentos não são definidos pela matéria prima e sim pelo funcionamento, principalmente pelas palhetas e pelo sistema de chaves. Na orquestra, a família das madeiras fica no centro, em frente ao maestro e logo acima e atrás das cordas. Geralmente as flautas e oboés vem primeiro e os clarinetes e fagotes logo atrás, em frente aos metais. Esses instrumentos são responsáveis pela ligação entre as cordas e os metais e ajudam a manter a afinação da orquestra.
[26] N.T.: também conhecido como naipe de cordas. Diversos instrumentos utilizam as cordas para emitir música e eles são divididos em três categorias: a família das cordas friccionadas, a das cordas dedilhadas e a das cordas percutidas. Na primeira, o som resulta principalmente do atrito do arco com as cordas, a exemplo dos violinos, da viola, da rabeca, do armontino e do cello. Na segunda, é o dedilhar dos dedos ou das palhetas que extrai a música, como no violão, na guitarra, no alaúde, no baixo, no bandolim, no cavaquinho, na cítara, na harpa e no ukulelê. Por fim, na terceira categoria, o som é emitido quando as cordas são percutidas, como no piano, no cravo e no berimbau. Além dessa classificação, há uma enorme diferença no tamanho dos instrumentos. Isso ocorre porque quanto maior, mais grave é o som que emite (e vice-versa). Por isso, como o violino é o menor instrumento da sua família, é também o que produz o som mais agudo, seguido da viola, do violoncelo e do contrabaixo. Na orquestra, os violinos ainda são divididos em duas vozes, os primeiros e os segundos violinos, e localizam-se logo à esquerda do maestro. Já a viola fica à frente do regente, o cello à direita e o contrabaixo logo atrás do violoncelo.
[27] N.T.: que pertence ao naipe dos metais: é formado basicamente por instrumentos de sopro, como a corneta, a surdina, a trompa, o eufônio, o clarim, a vuvuzela, o berrante, o melofone, a bucina, entre outros. Mas os representantes mais conhecidos são o trompete, a trompa, a tuba e o trombone.
[28] N.T.: que pertence ao naipe da percussão: é dividido em dois grupos. O primeiro reúne instrumentos que emitem mais de uma nota musical, como marimba, tímpano, xilofone, glockenspiel, metalofone e carrilhão; e o segundo é formado pelos que produzem apenas uma nota, como pratos, triângulo, pandeiro e bombo.
[29] N.T.: Livro do Gênesis, Capítulo 1.
[30] N.T.: andamento musical moderadamente lento (60-66 BPM – batidas por minuto). Menos lento que o largo (40-60 BPM – batidas por minuto).
[31] N.T.: Oberon ou Oberão é o rei dos elfos, é um dos principais personagens de William Shakespeare, aparecendo em sua obra Sonhos de Uma Noite de Verão. Esposo de Titania.
[32] N.T.: é uma cidade independente do estado da Saxónia na Alemanha.
[33] N.T.: ou Julie Guicciardi (1784-1856) foi uma condessa austríaca e brevemente aluna de piano de Ludwig van Beethoven. Ele dedicou a ela sua Sonata para Piano nº 14, mais tarde conhecida como Sonata ao Luar
[34] N.T.: Marion Margaret Scott (1877-1953) foi uma violinista, musicóloga, escritora, crítica musical, editora, compositora e poetisa inglesa.
[35] N.T.: Heiligenstadt foi um município independente até 1892 e hoje faz parte de Döbling, o 19º distrito de Viena. Nos meses de verão, Heiligenstadt era um ponto turístico. Ludwig van Beethoven viveu lá de abril a outubro de 1802, enquanto enfrentava sua crescente surdez. Foi um momento difícil para o compositor.
[36] N.T.: A Avenue des Champs-Élysées é uma prestigiada avenida de Paris, na França.
[37] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[38] N.T.: Ésquilo foi um trágico grego antigo e, muitas vezes, é descrito como o pai da tragédia.
[39] N.T.: Sófocles (497 ou 496 A.C.- 406 ou 405 A.C) foi um dramaturgo grego, um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo e Eurípedes, dentre aqueles cujo trabalho sobreviveu. Suas peças retratam personagens nobres e da realeza.
[40] N.T.: Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
[41] N.T.: Públio Virgílio Maro ou Marão (70 A.C.-19 a.C.) foi um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas, e a Eneida.
[42] N.T.: Gioachino Antonio Rossini (1792-1868) foi um compositor erudito italiano, muito popular em seu tempo, que criou 39 óperas, assim como diversos trabalhos para música sacra e música de câmara. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão Il barbiere di Siviglia (“O Barbeiro de Sevilha”), La Cenerentola (“A Cinderela”) e Guillaume Tell (“Guilherme Tell”).
[43] N.T.: em italiano significa “heroica”.
[44] N.T.: Sl 30:5
[45] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[46] N.T.: John Pitts Sanborn (1879–1941) foi um crítico musical, poeta, romancista estadunidense.
[47] N.T.: Dn 3:16-18
[48] N.T.: Pb 16:32
[49] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e fariam com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.
[50] N.T.: Robert Alexander Schumann (1810-1856) foi um pianista, compositor e crítico musical alemão.
[51] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[52] N.T.: Alexander Wheelock Thayer (1817-1897) foi um bibliotecário e jornalista americano que se tornou o autor da primeira biografia acadêmica de Ludwig van Beethoven, ainda após muitas atualizações considerada uma obra padrão de referência sobre o compositor.
[53] N.T.: Francesca da Rimini (Francisca da Polenta) (1255–1285) foi uma nobre medieval italiana, filha de Guido da Polenta, governante de Ravena, fonte de inspiração de Dante Alighieri, que a retratou na Divina Comédia. Seu pai, Guido da Polenta, era o governante da cidade e estava em guerra com a família Malatesta, de Rimini. Quando as famílias negociaram um acordo de paz, por conveniência, Guido concedeu Francesca em casamento para Giovanni Malatesta (Gianciotto), o filho mais velho de Malatesta da Verucchio, lorde de Rimini. Giovanni era um homem culto, porém de péssima aparência e tinha o corpo deformado. Guido sabia que Francesca não concordaria com o casamento de modo que ele foi realizado por procuração através do irmão mais novo, Paolo Malatesta, que era jovem e bonito. Francesca e Paolo não demoraram a se apaixonar. De acordo com Dante, Francesca e Paolo foram seduzidos pela leitura da história de Lancelote e Ginevra, e se tornaram amantes. Posteriormente foram surpreendidos e assassinados por Giovanni. Dante utilizou o romance de Lancelot, a fim de caber no âmbito do regime de amor poesia lírica, que emula Francesca no Canto V do Inferno.
[54] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
[55] N.T.: Chama-se de andamento o grau de velocidade do compasso. No italiano, idioma utilizado tradicionalmente na música, andamento se traduz como tempo, frequentemente usado como marca em partituras. Por exemplo o Allegrissimo ou Allegro vivace – é muito rápido: 172–176 bpm (batidas
por minuto).
[56] N.T.: Ashlar é a melhor unidade de alvenaria de pedra, geralmente cuboide retangular, mencionada por Vitruvius como opus isodomum, ou menos frequentemente trapezoidal. Cortado com precisão “em todas as faces adjacentes às de outras pedras”, o silhar é capaz de fazer juntas muito finas entre os blocos, e a face visível da pedra pode ter a face da pedreira ou apresentam uma variedade de tratamentos: trabalhado, polido suavemente ou processado com outro material para efeito decorativo. Os blocos de Ashlar têm sido usados na construção de muitos edifícios como uma alternativa ao tijolo ou outros materiais. A palavra é atestada no inglês médio e deriva do francês antigo aisselier, do latim axilla, diminutivo de axis, que significa “prancha”.
[57] N.T.: ou Elihu é um crítico de Jó e seus três amigos no Livro de Jó da Bíblia Hebraica. Diz-se que ele era filho de Barachel e descendente de Buz, que pode ter sido da linha de Abraão (Gn 22:20-21 menciona Buz como sobrinho de Abraão). Eliú é apresentado em Jó 32:2, no final do Livro de Jó. Seus discursos compreendem os capítulos 32-37, e ele abre seu discurso com mais modéstia do que os outros consoladores. Eliú se dirige a Jó pelo nome (Jó 33:1, 33:31, 37:14) e suas palavras diferem daquelas dos três amigos em que seus monólogos discutem a providência divina, que ele insiste estar cheia de sabedoria e misericórdia. O prefácio do narrador Jó 32:4-5 e as próprias palavras de Eliú em Jó 32:11 indicam que ele estava ouvindo atentamente a conversa entre Jó e os outros três homens. Ele também admite seu status como alguém que não é um ancião (32:6-7). Como revela o monólogo de Eliú, sua raiva contra os três anciãos era tão forte que ele não conseguia se conter (32:2-4). Um “jovem raivoso”, ele critica tanto Jó quanto seus amigos: Tenho palavras para responder a você e seus amigos também. Eliú afirma que os justos têm sua parte de prosperidade nesta vida, não menos que os ímpios. Ele ensina que Deus é supremo, e que a pessoa deve reconhecer e se submeter a essa supremacia por causa da sabedoria de Deus. Ele extrai exemplos de benignidade, por exemplo, das constantes maravilhas da criação e das estações. Os discursos de Elihu terminam abruptamente e ele desaparece “sem deixar rastro”, no final do Capítulo 37.
[58] N.T.: do poema “Invictus” do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903).
[59] N.T.: Pb 23:7
[60] N.T.: Oliver Joseph Lodge (1851-1940) foi um físico e escritor inglês.
[61] N.T.: Em um ritmo rápido e com espírito (literalmente “com brilho”) (87 a 174 BPM)
[62] N.T.: Andamento com movimento, confortável, relaxado, sem pressa (69 a 84 BPM)
[63] N.T.: (que traduzindo do idioma italiano para o português quer dizer cauda) é a seção com que se termina uma música. Nessa seção o compositor ou arranjador poderá ou não utilizar ideias musicais já apresentadas ao longo da composição
[64] N.T.: Pb 16:32
[65] N.T.: Ef 4:22-23
[66] N.T.: George Gordon Byron (1788-1824), conhecido como Lord Byron, foi um poeta britânico e uma das figuras mais influentes do romantismo.
[67] N.T.: Elie Émile Gabriel Poirée (1850-1925) – compositor e crítico musical francês
[68] N.T.: Paul Marie Théodore Vincent d’Indy (1851-1931) foi um compositor e professor francês.
[69] N.T.: Nascido John Pitts (187-1941) foi um crítico de música, poeta e novelista estadunidense.
[70] N.T.: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
[71] N.T.: Franz Liszt (1811-1886) foi um compositor, pianista, maestro, professor e terciário franciscano húngaro do século XIX. Seu nome em húngaro é Liszt Ferenc.
[72] N.T.: conhecido por suas longas escalas ascendentes e uma série em cascata de dominantes aplicadas que facilitam as modulações em C maior e Fá maior. (marca do metrônomo: semínima = 69)
[73] N.T.: Vivace é utilizado como um andamento musical indicando que um movimento tem cadência com vivacidade e, portanto, está em um andamento rápido. Difere do Allegro e outros movimentos rápidos por seu carácter dançante, geralmente também é escrito em 3/4 ,3/8 e variantes. Nas sonatas e concertos costuma ser o último movimento por ser mais leve.
[74] N.T.: Angela Isadora Duncan (1877- 1927) foi uma coreógrafa e bailarina norte-americana, considerada a precursora da dança moderna.
[75] N.T.: Coribantes eram divindades menores na mitologia grega, cujos centros de culto antigos encontravam-se nas ilhas de Rodes e Cós e no interior anatólico.
[76] N.T.: Cibele era uma deusa originária da Frígia. Designada como “Mãe dos Deuses” ou Deusa mãe, simbolizava a fertilidade da natureza.
[77] N.T.: Gibran Khalil Gibran (1883-1931), também conhecido como Khalil Gibran (em inglês, referido como Kahlil Gibran[a]) foi um ensaísta, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, também considerado um filósofo, embora ele mesmo rejeitou esse título.
[78] N.T.: Philip Hale (1854-1934) foi um crítico de música norte-americano.
[79] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[80] N.T.: Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor romântico francês.
[81] N.T.: Percy Bysshe Shelley (1792-1822) foi um dos mais importantes poetas românticos ingleses.
[82] N.T.: Prometheus Unbound é um drama lírico em quatro atos de Percy Bysshe Shelley, publicado pela primeira vez em 1820. Trata-se dos tormentos da figura mitológica grega Prometeu, que desafia os deuses e dá fogo à humanidade, pelo qual é submetido ao castigo eterno e sofrimento nas mãos de Zeus.
[83] N.T.: Sir George Grove CB (1820-1900) foi um engenheiro e escritor inglês sobre música, conhecido como o editor fundador do Grove’s Dictionary of Music and Musicians.
[84] N.T.: Martin Gustav Nottebohm (1817-1882) foi um pianista, professor, editor musical e compositor que passou a maior parte de sua carreira em Viena. Ele é particularmente celebrado por seus estudos de Beethoven.
[85] N.T.: Cristo Jesus, ouvindo isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto, afastado. Assim que as multidões o souberam, vieram das cidades, seguindo-o a pé. Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas, Cristo Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. Disse Cristo Jesus: “Trazei-os aqui”. E, tendo mandado que as multidões se acomodassem na grama, tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu e abençoou. Em seguida, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. (Mt 14:13-21)
[86] N.T.: Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade. (ICor 13:1-13)
[87] N.T.: Edward Carpenter (1844-1929) foi um poeta inglês, socialista, filósofo, antologista e um dos primeiros ativistas políticos.
[88] N.T.: (1891-1967) escritor estadunidense.
[89] N.T.: (1900-1950) foi um escritor sobre música inglês.
[90] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1956) foi um compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[91] N.T.: (1896-1985) foi um violista e autor inglês.
[92] N.T.: Arturo Toscanini (1867-1957) foi um maestro italiano. Um dos mais aclamados músicos do século XIX e XX, ele foi renomado pela sua brilhante intensidade, seu inquieto perfeccionismo, seu fenomenal ouvido para detalhes e sonoridade da orquestra e sua memória fotográfica. Ele é especialmente considerado um competente intérprete das obras de Giuseppe Verdi, Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms e Richard Wagner.
[93] N.T.: Sigmund Gottfried Spaeth (1885-1965) foi um musicólogo americano.
[94] N.T.: Fidelio (em português Fidélio), Op. 72b, é um Singspiel em dois atos, de Ludwig van Beethoven, com libretto de Joseph Sonnleithner e Georg Friedrich Treitschke baseado no libreto de Léonore ou L’Amour Conjugal (1798), peça em “prosa entremeada de canto”, de Jean-Nicolas Bouilly, baseada nas memórias do autor sobre os acontecimentos da França durante o Terror, quando ele era promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours.
[95] N.T.: (1861-1941) foi um polímata bengali que trabalhou como poeta, escritor, dramaturgo, compositor, filósofo, reformador social e pintor.
[96] N.T.: Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, foi um poeta, filósofo, médico e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII e, assim como Goethe, Wieland e Herder, é um dos principais representantes do Classicismo de Weimar, e é tido como um dos precursores do Romantismo alemão. Sua amizade com Goethe rendeu uma longa troca de cartas que se tornou famosa na literatura alemã.
[97] N.T.: o original em alemão:
O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!
Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer’s nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!
Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.
Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt’gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.
Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über’m Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such’ ihn über’m Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.
[98] N.T.: Mt 25:23
No coração da Noite Santa, todas as almas que irão encontrar seus lares terrestres no próximo ano, partem em viagem. Quando o mundo todo estiver cheio de amor e cada coração estiver transbordando de paz e boa vontade, será muito fácil para os corpos tênues dos Egos atraídos para a Terra penetrar nos corações e lares de sua escolha. Assim, na Noite Santa, uma nova onda de ternura envolve cada futura mãe; mãos macias a acariciam; rostos de flores curvam-se sobre ela; e belas lembranças a banham como acordes de uma música quase esquecida. A suave fragrância de pétalas de rosas brancas a traz para uma consciência mais nova e mais etérea. Ah, a felicidade requintada que acena nessa Noite Santíssima para as mães, enquanto os Anjos cantam a chegada do Menino. Leia mais aqui: A Eterna Rosa Branca – Uma Lenda da Noite Santa
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Assim como o indivíduo aprende a compreender e comemorar o mistério da mudança das estações, assim também os Anjos sabem e mantêm vigília sagrada nesses tempos sagrados. Entretanto, sempre devemos lembrar que a Onda de Vida Angélica atinge um plano muito mais elevado de consciência espiritual do que o ser humano. Consequentemente, os Anjos conhecem um significado mais profundo e recebem um influxo maior de êxtase espiritual na época dos quatro festivais solares sazonais.
Resposta: Não; a Estrela de Belém brilha à meia-noite em todas as noites, como brilhou na noite registrada na Bíblia, e pode ser vista por qualquer um entre os sábios de hoje, embora seja oculta aos demais.
A chave do mistério é a seguinte:
Os Evangelhos não são simplesmente relatos da vida de um indivíduo; eles retratam, dramaticamente e em símbolos, os incidentes no caminho da realização espiritual; eles são fórmulas de Iniciação.
Todos os anos, desde meados de junho até meados de setembro, quando a Terra se esforça para produzir o pão da vida para todos os que vivem nela, o Sol, que se encontra elevado nos céus e mais distante da Terra, emite seus raios vitais em direção ao nosso Planeta. Então, todas as atividades físicas estão em primeiro plano e o ser humano é absorvido pelas ocupações materiais necessárias à sua existência. Mas, desde meados de dezembro até meados de março, quando o Sol está abaixo do Equador e mais perto da Terra, a natureza está inativa, e as influências espirituais que o Sol emite são as mais potentes. Quando a escuridão física aumenta, a luz espiritual brilha com mais intensidade e culmina com o nascimento de salvadores, entre vinte e quatro e vinte e cinco de dezembro, quando o Sol inicia sua jornada em direção ao norte para salvar a humanidade do frio e da fome que resultariam se permanecesse nas latitudes meridionais.
Nesta noite particular, as vibrações espirituais são as mais fortes do ano. É, por excelência, a Noite Santa do ano. Nesta noite é a mais fácil para o neófito se sintonizar, conscientemente, com as vibrações espirituais. Portanto, era costumeiro conduzir os neófitos aos Templos nessa Noite Santa. Lá eles entravam em transe sob a orientação de homens sábios e eram ensinados a deixar seus corpos, conscientemente, por um ato de vontade própria. Então, a Terra se tornava transparente diante dos seus olhares fixos e atentos e, por detrás dela, viam o Sol da meia-noite – a estrela flamejante. Claro que não era o Sol físico, mas o Sol espiritual que é a verdadeira Estrela de Cristo, pois o Cristo Cósmico é o mais elevado Iniciado entre os luminosos espíritos solares, os Arcanjos.
(Pergunta nº 94 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Assim como o indivíduo aprende a compreender e comemorar o mistério da mudança das estações, assim também os Anjos sabem e mantêm vigília sagrada nesses tempos sagrados. Entretanto, sempre devemos lembrar que a Onda de Vida Angélica atinge um plano muito mais elevado de consciência espiritual do que o ser humano. Consequentemente, os Anjos conhecem um significado mais profundo e recebem um influxo maior de êxtase espiritual na época dos quatro festivais solares sazonais.
Assim como o ser humano trabalhou em épocas passadas com o Reino Animal e o ajudou na formação de seus corpos, assim são os Anjos prestando ajuda ao Reino Vegetal.
Uma de suas tarefas mais gratificantes tem sido incorporar no Reino das Flores os mais elevados ideais e as mais nobres concepções do ser humano. Alegremente, eles tecem toda a fragrância e beleza de seus pensamentos e ações mais elevados em símbolos de flores de terna beleza.
O quão jubiloso é sua alegria quando descobre que alguém, apesar de ainda estar usando uma vestimenta de carne, é capaz de ver e compreender seu trabalho com as flores e, ainda, interpretar as mensagens místicas que estão inscritas em cada pétala colorida.
Há uma época do ano em que os cientistas chamam de Equinócio de Setembro e que o Místico conhece como a estação do grande influxo espiritual. Os Anjos, também, observam reverentemente este festival sagrado, pois eles têm o privilégio de ver, lá do alto nos reinos etéricos, aquele Raio de Luz Cósmica que desce gradualmente sobre a Terra, envolvendo e impregnando o Planeta até que, para os olhos não cegos pelo véu da mortalidade, tudo parece se tornar um corpo de ouro vibrante e radiante. Leia aqui: A Luz Dourada – Uma Lenda da Goldenrod
Durante os últimos 2000 anos o Mundo Ocidental vem celebrando o nascimento do “Cristo Menino”, o nascimento do Menino Jesus. Anualmente, inúmeros seres humanos relembram esse maravilhoso acontecimento que marcou a aurora de uma nova era, o fim de uma velha ordem de coisas, o começo de um novo regime.
Desde o início, observada à luz da sabedoria material, essa nova Religião foi vítima de perseguições. Nem o próprio nascimento pôde ter um lugar num ambiente humano normal. Esse espírito brilhante; essa joia da coroa da humanidade ao entrar no cenário de sua provação e agonia, não teve sequer os menores confortos de um modesto lar camponês.
O perigo rondou sua vida infantil. Herodes tentou matá-lo. Mas, apesar de todos os obstáculos, esse Ego escolhido levou avante, resolutamente, o trabalho que devia executar.
A atenção de todos os que respondem aos Raios do Cristo tem sido concentrada sobre os incidentes da infância de Jesus. E particularmente pelo Natal, tais incidentes tornam-se profunda realidade na consciência do Mundo Ocidental. Tal consciência é retrospectiva. É uma realização, por meio do estudo da vida do nosso grande Irmão Maior Jesus e de Cristo-Jesus da distante mudança que deverá ter lugar antes de que qualquer progresso real possa ser feito durante Seu regime. Mais ainda, por esse estudo temos um vislumbre do que vem sendo feito por Jesus atualmente para auxiliar-nos, de Sua atividade nos negócios da complicada vida e evolução humanas.
Poucos Egos existem no Plano Terrestre que estão além da massa humana. Esses poucos desenvolveram poderes e faculdades além da compreensão da maioria não desenvolvida. À frente desse grupo de pioneiros está nosso Irmão Maior Jesus. O exemplo da nossa Onda de Vida. E esses pioneiros, com seus poderes e faculdades adquiridos pela aplicação ao serviço, podem atingir os planos nos quais Jesus age. Devido a esse contato, eles conhecem o trabalho levado a efeito e, obedientemente, transmitem seus conhecimentos aos Estudantes Rosacruzes sinceros e fiéis aos Ensinamentos Rosacruzes que trilham o Caminho da Preparação e Iniciação Rosacruz.
Desde o sacrifício do Gólgota, Jesus tem continuado o ministério de curar os doentes e de ensinar a humanidade pecadora. Seu auxílio nunca foi negado.
Muitas pessoas conhecem o quadro intitulado “O Companheiro Branco”. Descreve um campo de combate de Flandres durante a guerra de 1914 pejado de cadáveres. Um soldado ajuda um companheiro ferido. A seu lado está Jesus, com vestes brancas e glorioso, olhando com sublime compaixão para a vítima do ódio humano. Realmente o artista mostrou conhecer algo do serviço realizado por nosso Irmão Maior.
Jesus visita os hospitais e irradia amor e compaixão a todas as almas que sofrem. Ele sente a dor que as abate, pois estão pagando as dívidas que contraíram pela violação das Leis de Deus, e Seu compassivo coração pulsa forte ao testemunhar tanta agonia. Na verdade, está onde a necessidade é maior. Mas passa sem ser visto.
O Natal é a ocasião especial para Jesus entrar em contato com Seus fiéis seguidores. Como a Noite Santa veste-se de paz e os seres humanos e Anjos cantam “Paz na Terra e boa vontade entre os homens” lá, no ambiente do primeiro aniversário do Cristianismo abre-se aos nossos olhos uma visão gloriosa se realmente pudermos “ver”.
Ele é uma forma radiante que ultrapassa qualquer descrição terrestre; Sua voz soa com o tom da música das esferas e ressoa nos Éteres do espaço, e o grupo de almas enlevadas em adoração experimenta viva alegria e harmonia.
Aos corações ansiosos, Ele envia uma mensagem:
“Bem-aventurados vós que trilhais os caminhos das penas e misérias terrenas; vós que estais engajados na batalha entre o bem e o mal; vós que tendes combatido na luta aparentemente desigual, por vezes permanecendo eretos, e outras vezes caídos no pó da humilhação e do fracasso, mas que levantais de novo e travais o combate interminável pelo vosso objetivo. O caminho que agora trilhais, Eu o percorri há muitos anos. Conheço vossas tristezas e sofro convosco.”
“Vossa paciência foi provada ao máximo, mas permanecestes firmes, firmes até a morte. Mas, agora, o tempo de provações passou. A vitória das Hostes de Deus desponta no horizonte. Coragem e paciência são as palavras de passe. Os Poderes da Luz juntam-se para a destruição final daquilo que impede a vinda do Reino de Cristo. Sede calmos e equilibrados para que as sutilezas do inimigo não vos confundam. Esperai em prontidão para quando vier o chamado estejais prontos para responder. “
“As infalíveis leis de retidão e de justiça dirigirão o curso de todos os acontecimentos, e desta escuridão, desta tristeza surgirá a aurora de um NOVO DIA.”
Que as bênçãos de Deus e a paz do Natal possam renovar em vós a força para ganhardes a batalha.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro de 1969 e de 1971 – da Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)